Vous êtes sur la page 1sur 76

COPPE/UFRJ

“TCC”
Trabalho de Conclusão de Curso
O Gás Natural e sua Importância na Matriz Energética Brasileira
Contextualizada à Geração Termoelétrica

Pós Graduação Executiva em Petróleo e Gás


20 de fevereiro de 2014 / 12 de março de 2015
32ª Turma

Coordenadora: Suzana Kahn Ribeiro


Armando Masayoshi Yoshida
O GÁS NATURAL E SUA IMPORTÂNCIA NA MATRIZ ENERGÉTICA
BRASILEIRA CONTEXTUALIZADA À GERAÇÃO TERMOELÉTRICA.

ARMANDO MASAYOSHI YOSHIDA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO


MBP/COPPE/UFRJ COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A
OBTENÇÃO DO DIPLOMA DE ESPECIALIZAÇÃO EM MBP – PÓS GRADUAÇÃO
EXECUTIVA EM PETRÓLEO E GAS NATURAL.

Aprovada por:

_____________________________________________
Coordenadora: Suzana Kahn Ribeiro, D.Sc

_____________________________________________
Vice – coordenador: Marcio S.S. Almeida, Ph.D.

Nota: _______

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL


MAIO/2015
Dedicatória

Aos meus pais Yassumassa e Tomeka In memoriam; à Kazuko minha esposa e


grande incentivadora; aos meus filhos, Marcus Vinicius, Daniella e Gilberto pelo
apoio incondicional, e aos meus netos Rodrigo e Adriana, por serem tão queridos e
especiais.

ii
Agradecimentos

Não podia esquecer de meus amigos e companheiros de trabalho na Construtora


Andrade Gutierrez S.A., pelo incentivo e apoio irrestrito que foram necessários e
motivadores para realização deste importante Projeto.

iii
Epigrafe

Nunca é tarde para estudar e aprender! O Conhecimento é a energia que nos


alimenta e move em nossa longa caminhada!

iv
Resumo

Resumo do Trabalho apresentado à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos


necessários para obtenção do Diploma de Especialização em MBP - Pós-Graduação
Executiva em Petróleo e Gás.

O GÁS NATURAL E SUA IMPORTÂNCIA NA MATRIZ ENERGÉTICA


BRASILEIRA CONTEXTUALIZADA À GERAÇÃO TERMOELÉTRICA.

Armando Masayoshi Yoshida

Maio- 2015

Orientadores: Profª Suzana Kahn Ribeiro

Este trabalho analisa a geopolítica atual e futura do Gás Natural no contexto atual de
fatos e fatores que afetam as reservas, produção, demanda, logística e valores desta
importante fonte primária de energia. Analisa também a situação atual e futura da
matriz energética Brasileira, e sugere medidas que possam minimizar ou superar as
constantes crises de abastecimento de energia elétrica, cruciais para o
desenvolvimento pleno e sustentado do Brasil.

Palavras Chave: Gás Natural, Centrais Termoelétricas, Ciclo Combinado,


Termoeletricidade, Matriz Energética’.

Abstract

This paper analyzes the current geopolitical and future of natural gas in the current
context of facts and factors affecting reserves, production, demand, logistics and
values of this important primary energy source. It also analyzes the current and future
situation of the Brazilian energy matrix, and suggests measures that can minimize or
overcome the constant electricity supply crises, crucial to the full and sustainable
development of Brazil.

Key Words: Natural Gas, Thermal Electric Power Plants, Combined Cycle,
Thermoelectricity, Energy Matrix.

v
Currículo Resumido: Armando Masayoshi Yoshida

Engenheiro Industrial Mecânico pela Faculdade de Engenharia Industrial


da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - FEI-PUC-SP em 1969,
Engenheiro de Segurança pela EEI-Escola de Engenharia Industrial de
São Jose dos Campos/SP, em 1974, Bacharel em Administração pela
Faculdade de Ciências Econômicas e, Contábeis e Administração da
Universidade Mackenzie – São Paulo, em 1986, e Ciclo de Estudos de
Política e Estratégia promovido pela ADESG-SP Associação dos
Diplomados da Escola Superior de Guerra, em 1987.

Iniciou suas atividades no setor de óleo & gás em 1970 na COMGAS –


Companhia Municipal de Gás S.A. como engenheiro de projetos para
implantação de uma Usina de Produção de Gás Manufaturado, utilizando
nafta petroquímica; posteriormente, na Pibigas do Brasil S.A. atuou como
gerente de projetos para ampliação de tancagem de GLP ao longo da
costa Brasileira, além de estações de engarrafamento de GLP e
instalações industriais para grandes consumidores de GLP; a partir de
1975, desempenhou funções de Engenheiro Mecânico, Coordenador de
Projetos, Gerente de Projetos e Diretor Superintendente da Divisão de
Engenharia na A. Araújo S.A. – Engenharia e Montagens, até 1996; e
como Diretor de óleo e gás na Jaakko Poyry Engenharia Ltda. a partir de
1996, onde atuou até o ano de 2004. Aposentou-se em 2015 na função de
Superintendente de Engenharia de Projetos de Unidades Industriais na
Construtora Andrade Gutierrez S.A., liderando uma equipe de engenheiros
seniores multidisplinar para apoiar o Desenvolvimento de Negócios,
Preparação de Propostas em regime EPC e Apoio aos Contratos EPC ora
em curso na empresa no Brasil e no Exterior.

Acumulou experiência em desenvolvimento de projetos de engenharia de


Unidades de Refino de Petróleo, Plataformas Offshore Fixas e Flutuantes
para Produção de Petróleo e Gás Natural, Plantas de Processamento de
Gás Natural, Estações Compressoras de Gás Natural, Unidades
Petroquímicas, Plantas Químicas, Centrais Termoelétricas, Usinas de
Açúcar e Álcool, e Plantas de Celulose e Papel.
O autor agradece pelas críticas, comentários e sugestões! Favor enviar para:
armando.masayoshi@terra.com.br

vi
Índice das Tabelas.

0-1 Evolução do Consumo Final de Energia Primária por Fonte (Ktep)............1


1.3-1 Previsão de Demanda de GN por Região (bcm) até 2040..........................9
1.4-1 Comercialização de GN através de Gasodutos em 2013 (bcm)................10
1.4-2 Comercialização de GN como GNL – Ano de 2013 (bcm).........................10
1.7-2 Evolução do Preço do GN em Diversos Mercados de Referência
(1984 a 2013).............................................................................................21
2.1-1 Produção de Energia Primária no Brasil (2004 a 2013).............................23
2.2-1 Reservas Totais de Gás Natural por Localização (Terra e Mar) e
Unidade da Federação – Período de 2004 a 2013...................................25
2.2-2 Reserva Provadas de Gás Natural por Localização (Terra e Mar)
e Unidade da Federação – Período de 2004 a 2013.................................26
2.2-3 Produção de Gás Natural por Localização (Terra e Mar) e por
Unidade da Federação entre 2004 a 2013.................................................27
2.5.2-1 UPGNs Existentes e Respectivos Índices de Recuperação de
GN Seco.....................................................................................................35
2.6-1 Evolução dos Preços de Gás Natural entre 2009 a 2014 por
Origem e Área de Utilização......................................................................42
4.1-1 Capacidade dos Reservatórios por Área em 2004 e 2015........................49
4.2-1 Potencial de Geração dos Recursos Hídricos (MW)..................................53
4.2-2 Bacia Amazônica – Caracterização dos Impactos Ambientais no
Potencial Hidroeletrico...............................................................................54

vii
Índice das Figuras.

1.2-1 Resumo dos Tipos de Gás Natural (ANP)...................................................6


1.4-3 Principais Fluxos de GN e GNL em 2013 (bcm)........................................11
1.5-1 Demanda de GN por Setor Econômico (bcm)............................................11
1.6.1.5-1 Principais Bacias de Exploração e Produção de Gás não
Convencional nos USA..............................................................................14
1.6.2.-1 Consumo de Combustíveis Fosseis no Japão para Geração de
Energia Elétrica (2010 a 2012)...................................................................17
1.6.2-2 Média Mensal do Preço de GNL Spot para o Japão e
Coreia do Sul (2009 a 2011)......................................................................17
1.7-1 Preços do GNL em Diversos Mercados de Referência (1966 a 2013)......20
2.1-2 Produção de Energia Primária no Brasil entre 1970 e 2013......................24
2.3.2-1 Matriz Energética Brasileira – Consumo Final por Fonte 2012 e 2013......29
2.3.3-1 Origem das Fontes Primarias de Energia Ofertadas em 2013..................30
2.3.3-2 Comparação das Fontes Primarias de Energia Disponibilizadas entre
2012 e 2013...............................................................................................30
2.4-1 Gás Natural como Matéria Prima para Industria Química e
Petroquimica..............................................................................................32
2.5.2-2 Localização das UPGNs............................................................................35
2.5.3-1 Infraestrutura de Dutos para Produção e Movimentação de
Gás Natural – 2013....................................................................................37
2.5.4-1 Alvos para Estocagem de GN em Cavernas Localizadas no
Bloco de Bauru – SP..................................................................................40
2.6-2 Comportamento dos Preços de GN e GNL Importados entre
2009 e 2014...............................................................................................42
2.6-3 Preços do GN Produzido no Brasil no Período de 2009 a 2014................43
3.1-1 Emissões de CO 2 do Carvão, Óleo Combustível e Gás
Natural................46
3.1-2 Esquema Típico de um Ciclo Combinado Brayton x Rankine....................47
3.2-1 Oferta Interna de Energia Elétrica por Fonte.............................................48

viii
Lista de Siglas

ANEEL – Agencia Nacional de Energia Elétrica


ANP – Agencia Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
BEN – Balanço Energético Nacional - EPE
BP – British Petroleum
BTU – British Thermal Unit
CAPEX – Capital Expenditure.
CE – Comunidade Europeia
CNPC – China National Petroleum Company
CNPE – Conselho Nacional de Política Energética
COFINS – Contribuição para Financiamento da Seguridade Social
EPA – Environmental Protection Agency - USA
EPE – Empresa de Pesquisa Energética – Ministério das Minas e Energia
EXXONMOBIL – ExxonMobil Corporation
GASBOL – Gasoduto Bolívia – Brasil
GASENE – Transportadora GASENE S.A.
GASPETRO – Petrobras Gás S.A.
GAZPROM – GAZPROM Internacional
GN – Gás Natural
GNL – Gás Natural Liquefeito
GNV – Gás Natural Veicular
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDH – índice de Desenvolvimento Humano
IEA – International Energy Agency
MME – Ministério das Minas e Energia
OECD – Organization for Economic Cooperation and Development
OIE – Oferta Interna de Energia
ONS – Operador do Sistema Nacional
OPEX – Operational Cost Expenditure
PEMAT-2022 – Plano Decenal de Expansão da Malha de Transporte Dutoviario
PNE – Plano Nacional de Energia do Ministério das Minas e Energia
PETROBRAS – Petróleo Brasileiro S.A.

ix
PIB – Produto Interno Bruto
PIS – Programa de Integração Social.
ToP – Take-or-Pay
UPGN – Unidade de Processamento de Gás Natural
USGS – U.S. Geological Survey

x
Unidades:

bcf = bilhôes de pés cubicos


bep = barril equivalente de petroleo
tcf = trilhões de pés cubicos
tcm = trilhões de metros cubicos
tep = toneladas equivalente de petroleo
Kbep = mil toneladas de petroleo equivalente
MMBtu = milhoes de Btu

Fatores de Conversão de Unidades:

xi
Sumário
Introdução...................................................................................................................1
Capitulo 1 – O Gás Natural no Mundo......................................................................2
1.1. Histórico...............................................................................................................2
1.2. Características do Gás Natural............................................................................5
1.3. Produção e Demanda de GN no Mundo..............................................................6
1.4. Principais Fluxos Mundiais de GN & GNL...........................................................9
1.5. A Participação do GN na Matriz Elétrica Mundial..............................................11
1.6. Principais Ocorrências Recentes que Afetaram a Demanda e os Preços
de GN no Mundo................................................................................................12
1.6.1. A Revolução do GN não Convencional nos Estados Unidos da
América..........................................................................................................12
1.6.1.1. Introdução......................................................................................................12
1.6.1.2. Gás Não Convencional................................................................................. 13
1.6.1.3. Reservas........................................................................................................13
1.6.1.4. Impacto Ambiental.........................................................................................13
1.6.1.5. A “Revolução” Americana..............................................................................14
1.6.2. Tsunami de 11 de março de 2011 em Fukushima – Japão..........................15
1.6.3. A Crise Rússia x Ucrânia e o Contrato de Venda de GN à China.................18
1.7. A Volatilização do Preço do GN no Mercado Internacional...............................19

Capitulo 2 – O Gás Natural no Brasil......................................................................22


2.1. Histórico do Gás Natural no Brasil.....................................................................22
2.2. Produção e Demanda de GN.............................................................................24
2.3. A Participação do GN na Matriz Energética Brasileira......................................27
2.3.1. Retrospectiva 2012 & 2013...........................................................................27
2.3.2. A Matriz Energética Brasileira entre 2012 & 2013.........................................28
2.3.3. Origem das Fontes de Energia Ofertadas em 2013......................................29
2.4. Potencial para Ampliar a Participação do GN na Matriz Energética Brasileira..31
2.5. Infraestrutura do Setor de Gás Natural no Brasil...............................................33
2.5.1. Terminais de Recebimento e Regaseificação de GNL..................................34
2.5.2. UPGN – Unidade de Processamento de Gás Natural...................................34
2.5.3. Rede de Dutos...............................................................................................36

xii
2.5.4. Estocagem Subterrânea de GN.....................................................................39
2.6. Previsões dos Preços do GN Nacional e Importado Colocados no Brasil.........41

Capitulo 3 - A Utilização do GN na Geração Termoelétrica..................................45


3.1. Geração Termoelétrica a GN – Fundamentos e Estado da Arte.......................45
3.2. A Matriz da Energia Elétrica Brasileira..............................................................48

Capitulo 4 – Situação Atual e Futura para o Setor de Energia Elétrica...............49


4.1. Crise Atual no Abastecimento de Energia Elétrica............................................49
4.2. Geração Termoelétrica a GN ou Geração Hidroelétrica....................................52

Capitulo 5 – Conclusões e Recomendações para Ampliar a Participação


do GN na Matriz Elétrica Brasileira.........................................................................54
5.1 Principais Óbices...............................................................................................55
5.1.1. Cenário Nacional: Desafios e Barreiras.........................................................55
5.1.2. Incertezas Quanto à Oferta...........................................................................55
5.1.3. Inexistência de Incentivos para Exploração tanto de Gás Convencional
e Não-Convencional.....................................................................................55
5.1.4. Altos Preços do GN Inibem o Crescimento da Demanda..............................55
5.1.5. Quadro Institucional e Regulatório Desfavorece a Competitividade.............56
5.2. Propostas para o Desenvolvimento da Industria de GN no Brasil.....................57
5.2.1. Políticas Governamentais..............................................................................57
5.2.2. Criação de Demanda Sustentável.................................................................58
5.2.3. Marco Regulatório.........................................................................................59
4. Referencias Bibliográficas................................................................................60

xiii
Introdução

No período compreendido entre as últimas quatro décadas, o consumo final de


energia no Brasil cresceu a razão de 3,0% ao ano e apresentou importantes
alterações estruturais (Ministério de Minas e Energia, PNE 2030). No ano de 1970, o
principal componente da matriz energética era a lenha e o carvão vegetal,
representando 48% das necessidades brasileiras no uso final de energia. O petróleo,
no mesmo ano, já representava 36% da demanda. Entre 1970 e 1990, o consumo
de lenha reduziu para uma taxa de 2,9% ao ano. Com a crise energética dos anos
70, o Brasil investiu nas fontes energéticas hidráulicas e de cana-de-açúcar, que
tiveram um ritmo de crescimento de 6,6% ao ano, entre os anos de 1970 e 2005.
Nos dias atuais, (BEN-2014) em termos de oferta interna de energia, o petróleo
predomina na matriz energética com 39,3% de participação, seguido pela cana de
açúcar e derivados com 16,1%, ficando o terceiro posto com o gás natural e
hidráulica com 12,8% e 12,5% respectivamente. Observa-se ainda as seguintes
tendências para o próximo decênio: Com a inserção do etanol na matriz, através da
adição à gasolina e mais recentemente com a popularização dos veículos flex-fuel, a
cana-de-açúcar representa 12% de participação na matriz energética nacional. Na
Tabela a seguir, detalha-se a evolução do consumo final de Energia do Brasil em
milhares de Ktep (1000 toneladas equivalente de petróleo).

Destaca-se também a introdução recente de uma nova fonte renovável através de


geradores eólicos que começa a despontar como um grande potencial de energia,
embora não firme. Esta modalidade de energia gerou e entregou no ano de 2004 um
total 61 GW.h, e no ano de 2013 esta quantidade já atingiu 6.576 GWh.

Acreditamos ainda que a utilização de células fotovoltaicas seja viabilizada


economicamente na próxima década e sua aplicação seja intensificada na produção
de energia elétrica através de fonte renovável e não poluidora.

Tabela 0-1 – Evolução do Consumo Final de Energia Primária por Fonte (Kbep)

Fontes 1970 1980 1990 2000 2005 2010 2013 Var. % 1970 @ 2013
Derivados de Petroleo 21.040 44.770 44.944 84.238 71.997 85.977 100.766 378,9%
Eletricidade 3.231 10.189 18.123 28.510 32.267 39.964 44.404 1274,3%
Produtos de Cana 3.158 6.221 10.414 19.838 28.113 42.107 41.379 1210,3%
Lenha e Carvão Vegetal 28.345 21.862 15.636 18.441 22.367 21.700 20.343 -28,2%
Gas Natural 3 320 1.385 7.115 12.663 15.435 17.756 591766,7%
Outros 3.306 9.506 15.038 13.813 14.862 18.325 19.263 482,7%
TOTAL ( 1000 bep) 59.083 92.868 105.540 171.955 182.269 223.508 243.911 312,8%
Fonte: BEM – EPE.

O GN que apresentava uma timida participação em 1970, cerca de 3 Kbep saltou


para 17.700 Kbep em 2013, poderá continuar aumentando sua participação na
Matriz Energetica Brasileira, em função de sua abundancia no mercado internacional
como GNL e do potencial da produção nacional que segue em ritmo crescente. O
acrescimo na participação do GN na Matriz Eletrica Brasileira,dependerá da
disponibilidade e dos niveis de preços deste combustivel nos pontos de entregas das
Centrais Termoeletricas a GN. Há de se realizar uma ampla reforma politica,
tributaria e regulatoria na atual logistica de transmissão de gas natural atraves da
2

malha de dutos, para que o gas natural possa ser entregue as Centrais Termicas à
preços competitivos.

Desnecessário destacar algumas vantagens tecnicas, ambientais e operacionais das


Centrais Termicas em Ciclo Combinado em comparação com outras modalidades de
geração de energia eletrica, dentre os quais destacamos:

a) Menor emissão de gases de combustão reponsaveis pelo efeito estufa,


comparados com outras modalidades com combustão de combustiveis
fosseis e biomassa;

b) Menor prazo de implantação, cerca de 36 meses, comparado com usinas


hidroeletricas, que podem exigir cerca de 10 anos desde sua concepção e
viabilização hidrologica, passando pelas aprovações socio-ambientais, até a
partida das mesmas;

c) Menor area de influencia pois estará mais limitado em localização e area de


implantação dependendo basicamente de: existencia de GN na sua
proximidade, disponibilidade agua de reposição do sistema de resfriamento
e condensação de vapor dágua, estudo de dispersão das emissões aereas,
e proximidades de redes de transmissão;

d) Devem ser implantadas prioritariamente proximos aos pontos de consumo


de energia eletrica, minimizando assim extensas redes de trasmissão;

e) Maior flexibilidade operacional pois pode responder de determinada carga,


cerca de 15 a 20% até100% em algums minutos;

f) Alta confiabilidade e alta disponibilidade;

O presente trabalho objetiva estudar como ponto focal a participação atual e futura
do GN na Matriz Elétrica Brasileira, tendo em vista que os recursos hidraulicos ainda
não explorados em sua plenitude e localizados na Bacia Amazonica correm serios
riscos de se tornarem inexploráveis devidos as recentes disputas nas esferas socio-
ambientais.

1. Capitulo 1 – O Gás Natural no Mundo.


1.1. Histórico.
Registros antigos demonstram que a descoberta do GN natural ocorreu no Irã, entre
6.000 e 2.000 AC. O GN também era conhecido na China desde 900 AC, mas foi a
partir de 211 AC que o pais começou a extrair este combustível, para secagem de
pedras de sal. O GN era extraído utilizando-se de bambus e a profundidade que
podiam chegar até 1.000 metros.

O GN também é citado por Caio Plínio II, historiador, e militar durante a expansão do
império romano. No extremo oriente, que hoje constitui a China, existem citações de
chamas escapando de fendas, relatado por mercadores da outrora rota da seda.
3

Na Europa, o gás natural só foi descoberto no ano de 1659, não despertando


interesse por causa da grande aceitação do gás resultante do carvão carbonizado
(town gás), que foi o primeiro combustível responsável pela iluminação de casas e
ruas desde 1790 (SANTOS et al., 2002).

A primeira descoberta de GN em escala foi registrada em Fredonia nos USA pelos


idos de 1.821. O metano (CH 4 ) um dos componentes mais importantes do GN foi
extraído das minas de carvão e utilizado para iluminação publica durante o século
dezoito. Existem registros de que o primeiro poço profundo, com cerca de 370
metros foi perfurado em Erie nos USA em 1.854. A primeira empresa estabelecida
para exploração, produção e comercialização de GN foi a Fredonia Gas Light &
Water Works, estabelecida em 1.858.

A primeira tentativa de transportar GN natural foi feita em 1.870 em Bloomfield, USA.


Um poço em chamas foi apagado e conectado a tubulação fabricada de tora de
pinus branco perfurados internamente para um diâmetro de escoamento de 202 mm.
Esta empreitada foi abandonada em função da grande quantidade de vazamentos
detectados. Finalmente, em 1.873 a municipalidade de Titusville nos USA conseguiu
ser suprida com GN natural através de tubulação de ferro fundido de 50 mm e
extensão de 6.300 metros.

Entre os anos de 1.870 e 1.900, o interesse se voltou para perfuração de poços na


região de Appalachian, nos USA, onde GN foi encontrado junto com petróleo (gás
associado).

Por volta de 1870, iniciou-se na Inglaterra, a produção de gás utilizando o carvão


mineral, que consistia na pirolise deste e sobre o qual se adicionava água
pulverizada. Este gás também chamado de “town-gas” era constituído de uma
mistura de CH 4 , CO, CO 2 , H 2 e outros inertes. Inicia se na Inglaterra a construção
de extensa rede de gasodutos para distribuição deste gás manufaturado, que era
distribuído a pressões muito baixas e possuía também um baixo poder calorífico.

Após este período de busca de GN, principalmente para iluminação e aquecimento


residencial, os interesses se voltaram para a prospecção e explotação de petróleo,
sendo o GN associado ventado ou flerado. Até mesmo poços contendo somente GN,
eram descartados e o GN aproveitado somente para iluminação e aquecimento
residencial, sendo seu excedente descartado ou flerado.

O interesse pelo GN se extinguiu com o advento da energia elétrica, que era mais
pratica, limpa e a um preço bastante acessível.

O mercado de GN teve muito pequeno desenvolvimento entre as primeiras décadas


do século XX, suportado quase que somente pelo consumo domiciliar, visto que as
grandes metrópoles começaram a instalar extensas redes de distribuição de GN
para fins de utilização domestica.

O GN iniciou nova era de desenvolvimento durante e após a segunda guerra


mundial, pois havia uma carência de combustíveis para atender a indústria bélica.
4

Inicia-se então a construção de centrais térmicas ainda utilizando o ciclo de Rankine,


com baixa eficiência térmica.

Após a segunda guerra mundial, o GN passou a ser utilizado como matéria prima
para produção de produtos químicos, petroquímico, fibras sintéticas, fertilizantes,
detergentes, e outras aplicações.

Por volta do final da década de 50 do século passado, inicia-se a construção de


centrais termoelétricas utilizando turbinas a gás, operando em ciclo termodinâmico
de Brayton, ainda em ciclo aberto.

A partir de 1.980 as centrais térmicas à GN começam a florescer com o advento dos


ciclos combinados Brayton & Rankine também denominados CCGT, ou seja,
turbinas a gás em ciclo combinado. Esta tecnologia permitiu que a eficiência térmica
saltasse dos 40% para cerca de 60%. Esta tecnologia, porém, não era viável para
alguns países que não tinham disponibilidade de GN, e utilizavam alternativas
energéticas distintas, como o carvão mineral, principalmente nos USA, na Alemanha
e na China. Durante este período surgiram outras tecnologias igualmente
competitivas com grande apelo de não queimarem combustíveis fosseis e não
contribuírem, portanto com o efeito estufa. Iniciava-se então o ciclo virtuoso das
Centrais Térmicas Nucleares.

Durante a última década do século XX e o inicio da primeira década do século XXI,


inicia-se as grandes transações intercontinentais utilizando GN Liquefeito, ou seja, o
GNL. Como consequência disseminou-se a utilização do GN seja como insumo
petroquímico ou para geração de energia elétrica. Esta alternativa permitia que
países que não dispunham deste energético e não podiam receber o mesmo através
de extensas redes de dutos terrestres e oceânicos pudesse se beneficiar deste
nobre combustível. Durante este período houve uma grande pressão na demanda
mundial de GN e por consequência os preços começaram a iniciar um período de
altas saltando do patamar de US$ 6,5/MMBtu para algo em torno de US$
11,0/MMBtu. Durante este período de altas sucessivas no preço do GN, houve o
ingresso de novos “players” como: Angola, Qatar, Nigéria, Noruega, Iran, e Trinidad
Tobago. Observou-se também um significativo acréscimo de produção em países já
tradicionais produtores de GN dentre eles: Austrália, Índia, Indonésia, Argélia e
Argentina. Um fato relevante foi o inicio de produção em larga e crescente escala, do
gás não convencional nos USA, a partir de 2.008, que contribuiu para arrefecer a
tendência de alta de preços do GN.

Este equilíbrio viria a ser quebrado em março de 2011, com o acidente Nuclear da
Central Térmica Daiichi em Fukushima, que forçou a parada por decisão
governamental de 54 reatores nucleares, e a readequação das centrais térmicas
existentes, e a construção de novas centrais termoelétricas para consumirem
preferencialmente o GN. Este fato isolado está causando uma reação em cadeia
visto que outros países estão adotando idênticas medidas.

O Japão não sofreu em curto prazo o peso da conta GN no seu balanço de


pagamentos, visto que havia suficiente reserva de disponibilidade de GN no
mercado internacional, pois o USA já tinha atingido sua autossuficiência em GN.
5

É esperada para os próximos anos uma forte expansão na demanda de GNL por
conta da diminuição do ritmo de crescimento de novas centrais nucleares, e também
o apelo de ambientalistas por melhorias das condições do ar atmosférico, e
restrições a construções de grandes barragens para aproveitamentos hidroelétricos.

Entretanto há de se considerar que estão sendo criadas novas fronteiras para o GN


e GNL através da implantação de megaprojetos, dentre os quais podemos destacar:
Moçambique, Costa Oeste do Canadá, Sakhalin na Rússia, e ainda a ampliação e
novos campos produtores em: Kazakistão, Malásia, China, Argélia, Turkmenistão,
Qatar, Indonésia e Austrália. Os USA também deverão passar a ser um grande
exportador de GNL provenientes do gás não convencional, ou seja, o shale-gas, tão
logo as autoridades governamentais daquele pais autorize exportar seu excedente.
Não podemos deixar de registrar a importância e o potencial de produção futura de
GN nas bacias do pré-sal do Brasil, África, China e outros países.

1.2. Características do Gás Natural.

O GN é um combustível fóssil que se encontra na natureza, associado ou não ao


petróleo, formado por hidrocarbonetos com predominância de metano (CH 4 ), e à
temperatura ambiente e pressão atmosférica permanece em estado gasoso. Trata-
se de uma importante fonte de energia para prover eletricidade e calor, além de ser
utilizado como combustível em automóveis e como matéria prima na indústria
química. É um dos energéticos mais importantes do mundo moderno, atrás apenas
do petróleo e do carvão.

O GN é encontrado no subsolo em rochas porosas, isoladas do exterior por rochas


impermeáveis. Suas reservas podem estar associadas ou não a depósitos
petrolíferos. É o resultado da degradação da matéria orgânica de forma anaeróbica
oriunda de quantidades extraordinárias de micro-organismos que, em eras pré-
históricas, se acumulavam nas águas litorâneas dos mares da época. Esta matéria
orgânica foi soterrada a grandes profundidades e, por isto, sua degradação se deu
fora do contato com o ar, a grandes temperaturas e sob extremamente altas
pressões.

O GN é classificado de acordo como é encontrado na natureza, em GN


Convencional e GN não Convencional. O GN convencional é encontrado no subsolo,
em depósitos ou reservatórios isolados por rochas impermeáveis, e pode ou não ser
associado a petróleo. Já o gás não convencional pode ser considerado todo GN cuja
extração é mais complexa e menos atrativa economicamente, conceito que varia no
tempo e de reservatório para reservatório. Atualmente, o termo se refere
principalmente ao gás de xisto (“gas-containing shales” ou simplesmente “shale
gas”). Mas essencialmente existem diversas categorias de gás não convencional:
alocado em reservatórios a grande profundidade (“deep gas”) ou em águas
profundas (“deep water”); em formações pouco permeáveis (“tight gas”); gás de
carvão (“coalbed methane”); gás de zonas geopressurizadas (“geopressurized
zones”) e hidratos submarinos e árticos.
6

Fig. 1.2-1 Resumo dos Tipos de Gás Natural (ANP)

Tanto o GN Convencional como o não Convencional, são processados em


complexos denominadas UPGN – Unidade de Processamento de Gás Natural. Tais
unidades de processamento estão localizadas próximas aos locais onde os mesmos
são extraídos para remoção de seus condensáveis, ou sejam de produtos com maior
valor agregado tais como:

a) Fração C 2 , para serem comercializados como matéria prima para a indústria


petroquímica, para produção dos diversos compostos da cadeira
petroquímica;

b) Fração C3 + C4 para serem comercializados como GLP – Gás Liquefeito de


Petróleo, também conhecido como gás de botijão;

c) Fração C 5 +, para serem entregues a uma refinaria de petróleo para serem


processados ou misturados com os produtos ali refinados e especificarem
produtos tais como: gasolina automotiva, querosene de aviação, óleo diesel,
naftas, e outros derivados.

d) Para remoção de impurezas tais como enxofre, mercúrio e demais metais


pesados e umidade, para evitar que os mesmos venham contaminar o GN
ou as frações acima enumeradas.

O GN assim processado conterá algo em torno de 90% de CH 4 e estará pronto para


ser transportado e distribuído para os consumidores finais através de gasodutos.
Caso o GN seja destinado a um consumidor transoceânico ou para regiões remotas
que não sejam atendidas por gasodutos, deverá ser liquefeito a uma temperatura de
–163ºC para ter seu volume reduzido a cerca de 600 vezes e estar assim
condicionado para transporte transoceânico através de navios metaneiros de GN.

1.3. Produção e Demanda de GN no Mundo.

Segundo dados da EXXONMOBIL publicados em seu prospecto Panorama


Energéticos – Perspectivas para 2040 – Destaques, e que transcrevemos a seguir, o
GN será a principal fonte de energia que mais crescerá no mundo. A demanda
global deverá aumentar em cerca de 65% no período 2010-2040, sendo responsável
por cerca de 40% do crescimento das necessidades energéticas globais.
7

A demanda global por GN irá crescer em 215 bcf por dia ao longo do período de
2010 a 2040. Isto é equivalente ao acréscimo de três vezes o volume de GN
consumido nos USA em 2010.Por volta de 2025, o GN deverá ultrapassar o carvão
como segunda maior fonte de energia, logo atrás do petróleo.

Os recursos de GN são abundantes. As estimativas da IEA são de que os recursos


recuperáveis em todo o mundo sejam de cerca de 28.600 trilhões de pés cúbicos
(tcf), cerca de 200 vezes o consumo anual global atual. Recursos de GN são
geograficamente diversificados, seis entre sete regiões detêm, cada uma, 10% ou
mais dos recursos recuperáveis restantes no mundo.

As estimativas de GN recuperável dobraram nos últimos 10 a 15 anos, pois o


fraturamento hidráulico e as tecnologias de perfuração horizontal permitiram a
recuperação de gás não convencional. Cerca de 65% do crescimento no
fornecimento de gás deverá ser proveniente de fontes não convencionais, que serão
responsáveis por um terço da produção mundial em 2040.

Os USA irá liderar a produção de gás não convencional, ficando responsável por
mais da metade do crescimento durante a maior parte o período 2010 a 2040.
Espera-se que os USA passe de importador liquido para exportador liquido de GN
até 2020.

Existe também um grande potencial para produção de gás não convencional em


outras regiões, notadamente na Asia-Pacífico. Austrália, China e Indonésia,
juntamente com a Argentina e outros países, estão promovendo ativamente a
exploração e o desenvolvimento de seus recursos de gás não convencional. O ritmo
dessa evolução dependerá da geologia, de adaptações tecnológicas apropriadas, de
políticas governamentais e da economia.

Uma parte crescente da demanda global por gás deverá ser atendida por
importações de GNL. O volume de GNL deverá triplicar durante o período de 2010 a
2040, para atender cerca de 20% da demanda global de gás. Este crescimento de
GNL irá facilitar o comercio entre as regiões, ajudando a equilibrar a oferta e a
demanda global por GN.

Segundo o World Energy Outlook 2014 publicado pelo IEA- International Energy
Agency, a utilização do GN continuara a crescer, em todos os Cenários
considerados por esta entidade, a partir dos dados coletados em 2014 (ano base de
2013) mantendo esta tendência até o ano de 2020, quando divergências poderão
ocorrer dependendo da política governamental adotada. No modelo New Police
Scenario, a demanda de GN de 5,4 tcm no ano de 2040 praticamente se iguala a
demanda de carvão, superados somente pelo petróleo.

Dentro deste contexto a IEA idealizou três cenários possíveis que descrevemos a
seguir:

a) O Current Policies Scenario esta baseado nas atuais políticas de governo e


as medidas de execução que tinham sido formalmente adotadas até
meados de 2014.
8

b) A New Policies Scenario, modelo central do WEO-2014 da IEC, leva em


conta as políticas e medidas de implementação que afetam os mercados
de energia que serão adotadas a partir de meados de 2014, juntamente
com as relevantes propostas políticas, mesmo que tais medidas
específicas que precisam ser colocadas em prática ainda tenham que ser
completadas e desenvolvidas. Recomenda-se apenas a implementação
cautelosa de tais compromissos e planos.

c) O 450 Scenario estabelece um patamar de energia que é consistente com


50% da chance de cumprir a meta de limitar o aumento a longo prazo da
temperatura média global a 20C em relação aos níveis pré-industriais. Para
o período de 2020, o 450 Scenário pressupõe ação política mais vigorosa
na aplicação integral do Acordo de Cancun que é assumida no New
Policies Scenario. O 450 Scenario neste relatório difere em aspectos
importantes do WEO de 2013, e é semelhante ao que, no WEO Special
Report: Redesenhando o Mapa da Energia-Clima. Nos anos seguintes a
2020, os países da OCDE e outras grandes economias deverão levar em
consideração os custos para mitigar ou reduzir o CO2 na geração de
energia e indústria, visto que todos os subsídios aos combustíveis fósseis
serão removidos em todas as regiões, exceto no Oriente Médio. O
consumo de energia no setor dos transportes e moradia será reduzido
através de uma extensão e reforço das normas mínimas de desempenho.
O conjunto de políticas garante coletivamente uma trajetória de emissões
consistente com a estabilização da concentração de gases de efeito estufa
em 450 partes por milhão.

(continua na próxima pagina)


9

Demanda Prevista de GN por Região Conforme IEA-2014 (bcm)

Tabela 1.3-1- Previsão de Demanda de GN por Região (bcm) até 2040


Fonte: WEO-2014

1.4. Principais Fluxos Mundiais de GN & GNL.

Fatores Naturais como o Tsunami de Fukushima em Março de 2011; Inovações


Tecnológicas que permitiram viabilizar a produção de Gás não convencional a partir
do inicio do século XXI principalmente nos USA; Fatores Geopolíticos decorrentes
do embargo econômico ao Irã, e o recente conflito Rússia/Ucrânia; Explosão da
Economia de países emergentes como a China, Índia e Paquistão, e a entrada de
novos “players” no seleto grupo de países produtores de gás natural dentre os quais
podemos citar: Nigéria, Angola, Qatar, Moçambique, Turkmenistão, Indonésia e
China e as recentes descobertas de óleo & gás no pré-sal Brasileiro causaram
profundas e sensíveis alterações no fluxo de GN e GNL a nível mundial.
Os quadros e figuras abaixo ilustram estas ocorrências.
10

Comercio Mundial de GN através de Gasodutos – 2013 (bcm)

Tabela 1.4-1 – Comercialização de GN através de Gasodutos em 2013 (bcm)


Fonte: BP Statistical Review-of-world-energy – 2014.

Comercialização de GN como GNL – Ano de 2013 (bcm)

Tabela 1.4-2 - Comercialização de GN como GNL – Ano de 2013 (bcm)


Fonte: BP Statistical review-of-world-energy – 2014
11

Principais Fluxos Comerciais de GN & GNL – 2013 (bcm)

Figura 1.4-3 Principais Fluxos de GN e GNL em 2013 (bcm)


Fonte: BP Statistical review-of-world-energy – 2014

1.5. A Participação do GN na Matriz Elétrica Mundial.

De acordo com o WEO-2014 (World Energy Outlook – 2014) editado pela IEA –
International Energy Agency, o setor de Energia Elétrica continuará sendo o maior
demandante de GN no período de 2014 a 2040. A utilização do GN para geração de
eletricidade e aquecimento doméstico será responsável pelo acréscimo no consumo,
de mais de 2,1 tcm de GN em 2040 com um incremento anual médio de 2,1%,
conforme demonstra a figura 1.5-1 a seguir.

Figura 1.5-1– Demanda de GN por Setor Econômico (bcm)


Conforme New Police Scenario – Fonte IEA – 2014

O GN será o único combustível fóssil que terá um acréscimo em seu consumo (de
22% em 2013 para 24% em 2040), enquanto o carvão terá sua participação
12

diminuída neste mesmo período, e o óleo combustível terá somente uma


participação marginal.

Dos 700 tcm previstos no acréscimo de consumo de GN para geração de


eletricidade e calor no período de 2012 a 2040, cerca de 80% serão em países não
membros do OECD – Organization for Economic Cooperation Development, onde o
a geração de energia elétrica e calor utilizando GN superará o dobro da oferta atual
atingindo 1.440 GW em 2040.

O GN tem sido escolhido como combustível preferencial para geração de energia


elétrica e calor, graças as seguintes vantagens competitivas sobre seus
concorrentes: alta eficiência térmica, grande flexibilidade operacional, menor custo
de implantação (CAPEX), menor prazo para implantação, além de ter o menor
impacto na emissão de gases do efeito estufa. Entretanto a utilização de GN na
geração de eletricidade e calor tem de ser avaliada com extremo cuidado devido a
sua alta sensibilidade em seus custos comparada com outros combustíveis fosseis.
Importante também destacar que medidas governamentais para controle de balança
de pagamentos, políticas ambientais e outras medidas também poderão impactar na
viabilidade de se utilizar este nobre combustível.

Prevê-se que o GN suplantará o carvão na geração de energia e calor nos países


não membros do OECD em meados de 2020. Entretanto o carvão continuará
ocupando uma importante posição na geração de energia elétrica e calor,
principalmente nos países não membros do OECD, que possuem políticas e
legislação ambientais mais brandas associadas ainda à disponibilidade de carvão,
nem sempre de boa qualidade, mas a um bom preço.

1.6. Principais Ocorrências Recentes que Afetaram a Demanda e os Preços do


GN no Mundo.

O GN se apresenta no cenário atual, como um dos mais importantes “commodities”


dos tempos modernos, pois é um energético quase que insubstituível para calefação
principalmente nos países com invernos rigorosos, na geração de energia elétrica,
no aquecimento dos processos industriais em geral, na mobilidade urbana, e na
produção de inúmeros insumos para a indústria petroquímica. Daí o fato dos
compradores deste energético procurarem assegurar seu suprimento por longos
períodos, mesmo ao sabor da flutuação dos preços do GN decorrentes de
catástrofes naturais, guerras, inovações tecnológicas e outros agentes que possam
influenciar o preço deste estratégico energético. Descrevem se a seguir alguns fatos
recentes que certamente contribuíram para a flutuação dos preços do GN no
mercado globalizado.

1.6.1. A revolução do GN não Convencional nos Estados Unidos da América.


1.6.1.1. Introdução
A busca por fontes não convencionais de gás tem levado as empresas do setor a
explorar densas formações de xisto, um tipo de rocha de onde se pode tirar gás
natural. Para isso, é necessário injetar no solo uma mistura de água, ácido, chumbo
e benzeno. Esses produtos criam fissuras nas rochas, que permitem que o gás de
xisto (“shale gás”) escape. A exploração do xisto vem sendo apontada como um
13

sucesso tecnológico e econômico nos Estados Unidos, movimentando bilhões de


dólares.
Esse fato a princípio, pode soar como positivo para a economia, mas também pode
ser considerado prejudicial para a sustentabilidade ambiental. E é assim porque a
tecnologia de extração do gás de xisto, denominada de “fracking”, baseia-se em
processos invasivos das camadas geológicas e causa impactos ambientais que,
embora ainda pouco conhecidos, podem ser irreversíveis.

1.6.1.2. Gás não Convencional


A diferença entre o gás convencional e o não convencional tecnicamente está na
forma como esses recursos são explorados O gás não convencional é encontrado
em folhelhos e sua extração, em regra, exige a aplicação de uma tecnologia de
fraturamento hidráulico (“fracking”). Quanto ao gás convencional, pode ser
encontrado em reservatórios com permeabilidade e porosidade tradicionais. A
tecnologia de “fracking” consiste na perfuração de poços horizontais a partir de
poços verticais (de cada poço vertical derivam vários horizontais em diversas
direções), e no fracionamento das rochas sedimentares por meio de explosões
controladas, seguidas de injeção de uma mistura de água, areia e produtos
químicos. Muitas críticas têm sido feitas ao uso do “fracking” desde o uso da água
em imensas quantidades até a eventual contaminação de lençóis freáticos.

1.6.1.3. Reservas
As reservas de gás de xisto, tecnicamente recuperáveis, são estimadas em 200
trilhões de metros cúbicos. A China ocupa a liderança com 36,1 trilhões, seguida
pelos Estados Unidos, com 24,4 trilhões, Argentina, com 21,9 trilhões e México, com
19,3 trilhões (IEA/ARI, 2013).

No Brasil, a produção de gás não convencional praticamente inexiste. A única


exploração é feita pela Petrobras, no município de São Mateus do Sul (PR), onde se
produzem apenas 130 mil metros cúbicos de gás por dia. Estima-se que o Brasil
tenha 6,4 trilhões de metros cúbicos de reservas de gás de xisto, o que o colocaria
em 10º lugar no mundo (EIA/ARI, 2013). Admite-se que, apesar das incertezas em
relação às atuais tecnologias não convencionais, à medida que elas forem
disseminadas e ao mesmo tempo aperfeiçoadas e tornadas convencionais, revelem
um aumento das reservas mundiais.

1.6.1.4. Impacto Ambiental


O gás de xisto inicialmente saudado, principalmente nos EUA, como uma alternativa
de energia limpa, e com menores taxas de emissões de CO 2 comparadas ao carvão
para a geração de energia elétrica, atualmente é criticado por muitos, devido a
problemas ambientais decorrentes da sua exploração. Esse impacto ambiental
estaria relacionado aos seguintes fatores:

(1) Risco de contaminação dos lençóis freáticos: O xisto está aprisionado em


pequenas formações rochosas altamente impermeáveis. Sua exploração consiste na
fratura das rochas, com a injeção de grande volume de água sob alta pressão,
explosivos e substâncias químicas que podem causar vazamentos e chegar aos
lençóis subterrâneos de água.
14

(2) Uso intensivo de água no processo de fratura: As estimativas indicam que é


usado cerca de 20 milhões de litros de água por poço perfurado, o que pode chegar
a proporções gigantescas, caso se considere a previsão da abertura de um milhão
de poços no mundo.

(3) Poluição do ar: Na exploração do xisto, as rochas são bombardeadas com uma
mistura de água, areia e produtos químicos. A pressão causa fissuras no subsolo e
faz com que o gás suba em direção à superfície.

(4) Abalos sísmicos: A explosão de rochas subterrâneas inclui o risco de pequenos


abalos sísmicos nas áreas exploradas.

(5) Receio da possibilidade de o gás de xisto desbancar fontes renováveis de


energia, como a eólica e a solar: Admite-se que não se pode reduzir emissões de
CO2 sem reduzir o uso do carvão, e o gás de xisto já está destronando o carvão nos
EUA. Mesmo que alguma fonte mais limpa se torne posteriormente viável, ainda
precisaremos do gás natural como energético para auxiliar na transição para uma
economia menos carbono intensivo.

1.6.1.5. A “Revolução” Americana


Nos EUA, o excesso de produção de gás natural tem levado empresas
petroquímicas e fabricantes de fertilizantes a construir novas fábricas. Trata-se de
uma grande mudança, após anos de transferência de unidades de produção para o
exterior. É a chamada “revolução americana” do xisto. Esse movimento começou no
final dos anos 90, quando foi perfurado o primeiro poço moderno há alguns
quilômetros de Fort Worth, no Texas.

A Figura 1.6.1.5-1 a seguir demonstra a magnitude deste tipo de exploração e


produção de Gás não Convencional nos USA.

Fig. 1.6.1.5-1 – Principais Bacias de Exploração e Produção de Gás não Convencional nos USA.
Fonte: Valor Econômico 01-07-2013 – Sergio Lamucci
15

O avanço da indústria de gás e petróleo de xisto nos EUA tem produzido um impacto
considerável sobre a economia americana, tendência que deverá se aprofundar nos
próximos anos e afetará também a economia global. As previsões apontam um
crescimento mais forte no PIB, maior geração de empregos, mais receitas para os
cofres públicos e um impulso importante para industrialização dos EUA, ao baratear
o custo da energia. Estima-se que em 2020 o PIB americano será de 2% a 3,3%
maior do que seria, devido ao impacto cumulativo da nova produção de gás e
petróleo, em grande parte devido à indústria do xisto (Citigroup Global Markets,
2013).

A fatia do gás de xisto na produção total de gás natural dos EUA pulou de 4% para
5% em meados da década passada, para 34% em 2012, e em 2040 deve atingir
50% (IEA/ARI, 2013). Um fator crítico, que tem favorecido a exploração do gás de
xisto nos EUA, é a propriedade privada das reservas de gás no subsolo. Nos EUA, o
subsolo pertence aos proprietários das terras e não à União. Dessa forma, os
exploradores do gás podem tratar a atividade de exploração diretamente com os
donos dos direitos de mineração, dispostos a vendê-los por uma participação nos
lucros. Os EUA têm um ambiente regulatório mais ágil e uma regulação ambiental
menos restritiva, quando comparados com outros países. É um sistema que garante
o máximo de aproveitamento dos recursos naturais, mas tende a comprometer a
sustentabilidade ambiental.

A combinação de direitos sobre o subsolo nas mãos de particulares, a existência de


empresas menores de gás para atuar na produção e desenvolver tecnologia, a
disponibilidade de dados geológicos e a existência de uma vasta malha de
gasodutos, já amortizada, constituem um modelo empresarial peculiar aos EUA e, ao
que parece inexistente em outro lugar do mundo.

As empresas têm encontrado obstáculos ao tentar reproduzir a experiência


americana em outros continentes, o que pode resultar em demora na produção do
gás de xisto. Entre os motivos desse ritmo lento está o fato de os governos fora dos
EUA serem donos dos direitos sobre o subsolo, da escassez de água, da existência
de preocupações ambientais e da falta de infraestrutura de perfuração e transporte
de hidrocarbonetos. A tudo isso, acrescente-se a inexistência de estradas
adequadas, prestadores de serviços e padrões de segurança modernos. Ademais, o
conhecimento da geologia local é bem menor na maioria dos países fora dos EUA,
país onde se perfuram poços há mais de um século.

1.6.2. O Tsunami de 11 de março de 2011 em Fukushima-Japão.

Em 11 de Março de 2011, um terremoto avassalador de 9.0 na escala Richter atingiu


o litoral de Fukushima nas Ilhas de Honshu no Japão, obrigando que os sistemas de
resfriamento e auxiliares da Usina Nuclear Daiichi em Fukushima operassem com
geradores de emergência. Quarenta e um minutos após, um maremoto de
proporções gigantescas inundou a sala dos geradores de emergência, e os reatores
nucleares desta usina, ficaram por consequência sem o necessário resfriamento,
que culminaram com a fusão seguida de explosão de três dos seis reatores,
liberando materiais radioativos para o mio ambiente. Este acidente é considerado o
maior desastre nuclear de todos os tempos superando os de Three Mile Island nos
USA e Chernobyl na antiga União Soviética. O governo japonês informou em
dezembro de 2011, que as operações de rescaldo da referida Usina Nuclear Daiichi
16

haviam sido completadas e que os reatores tinham atingido o status de “cold-


shutdown”. Entretanto a Tokyo Electric Power Company – TEPCO operadora da
referida Central Nuclear, informou que os trabalhos de descomissionamento da
referida planta poderia levar até 40 anos. Estima-se que a área em torno da Usina
Nuclear Daiichi poderá ser liberada para fins habitacionais dentro dos próximos 20
anos.

Portanto a avaliação das perdas humanas, materiais, financeiras e econômicas


somente nos arredores da Central Nuclear de Daiichi são incalculáveis e
irreparáveis.

O Terremoto seguido do Tsunami em Fukushima, e, por conseguinte a retirada de


operação da Central Nuclear de Daiichi causou uma perda de 30,6 GW,
primariamente na região nordeste do Japão (8,8 GW Nuclear, 15,8 GW Térmicas a
óleo e carvão e 6,0 GW de Hidroelétricas), ou seja, de 13,4% da capacidade total do
Japão. Este fato exigiu o imediato suprimento adicional de combustíveis fosseis (GN,
Óleo Combustível e Carvão), além de medidas para conter a volatilidade destes
combustíveis fosseis adicionais.

O referido acidente, além da perda da capacidade de geração nuclear foi


acompanhado de decisões governamentais que exigiram imediata parada de
Centrais Nucleares localizadas em áreas sujeitas a riscos de terremotos e tsunamis,
além da consolidação de um programa de inspeções e testes das demais Centrais
Nucleares. Como resultado destas exigências, o governo anunciou em maio de
2012, que 54 reatores nucleares responsáveis pela geração de 48,96 GW deveriam
ser desligados.

O governo elaborou também um programa de racionamento voluntario de energia


elétrica e implantou também um programa de interligação de suas redes de
transmissão de energia elétrica, acrescido ainda de um programa de expansão de
algumas centrais térmicas movidas a combustíveis fosseis, e o resultado final deste
programa resultou já no verão de 2011, numa redução na demanda de pico de 18%
comparada com o mesmo período do ano anterior.

O incremento de combustíveis fóssil requeridos pelo Japão entre os períodos de


verão de 2011 e 2012, ou seja, um ano após o acidente da Central Nuclear Daiichi,
foram de: 87,7% para Óleo Pesado, 143,1% para Petróleo, e 26,7% para LNG,
conforme pode ser verificado na figura 1.6.2-1 a seguir.

(continua na próxima pagina)


17

Fig. 1.6.2-1 Consumo de Combustíveis Fosseis no Japão para Geração de Energia Elétrica
(2010 A 2012)
Fonte: FECJ – Federation of Electric Power Companies of Japan – 2012

O preço do LNG no mercado spot para a Ásia teve um alta após o desastre de
Fukushima. A figura 1.6.2-2 a seguir demonstra o preço spot de LNG para o Japão e
Korea do Sul (Platts´s LNG Japan Korea Market ou JKM) que passou de US$
9,7/MMBtu em fevereiro de 2011 para US$ 11,5/MMBtu três meses após o desastre
de Fukushima e US$ 18,34/ em maio de 2012.

Fig. 1.6.2-2 – Média Mensal do Preço do GNL - Spot para Japão e Coreia do Sul
(2009 A 2011).
Fonte: JKM – 2012

Não se reportou acréscimos dos preços do LNG na Europa (UK National Balancing
Point) nem mesmo nos USA (Henry Hub), como supervenientes do acidente de
Fukushima. Tal fato decorreu devido à existência de razoável quantidade de GNL
disponível no mundo, decorrente da explosão de produção de Shale-Gas nos USA,
que assim deixou de importar este energético, e também pela entrada de novos
“players” no mercado de LNG como a Nigéria e Angola.
18

1.6.3. A Crise Rússia x Ucrânia e o Contrato de Venda de GN a China.

Por detrás dos bastidores das disputas atuais de ordem política e econômica
envolvendo a Rússia e a Ucrânia, existe de fato um cenário da maior importância
para estes dois países. Trata-se do suprimento de GN não só para a Ucrânia, mas
principalmente para a CE-Comunidade Europeia. Portanto as discussões
envolvendo a anexação da Crimeia pela Rússia e outros fatores associados são
meramente pano de fundo para encobrir o verdadeiro motivo destas disputas.

A Rússia tem como maior fonte de divisas, ou seja, cerca de 60% através da venda
de GN seja para a Ucrânia, seja para a CE.

A rede de gasodutos ucraniana garante a passagem de 65 dos 133 bilhões de m3


de gás anuais comprados da Rússia pelos países da CE, de acordo com os dados
da “Gas Security Commission” da CE.

A Ucrânia consome 50 bilhões de m3 de gás por ano. O país produz 20 bilhões e


compra os 30 bilhões restantes da Rússia, segundo dados de 2013.

A CE esta atenta a esta disputa política e comercial com a Ucrânia, pois caso a
Rússia decida interromper o suprimento de GN para a Ucrânia, a CE certamente
ficara desabastecida deste vital energético. Somente para avaliar a gravidade e o
risco decorrente desta possibilidade, destacamos que a Alemanha terá cerca de
40% de suas necessidades de GN reduzidas. Fato mais grave são os países bálticos
que dependem totalmente do GN proveniente da Rússia.

Este cenário tem incrementado estudos alternativos de suprimentos de GN. A


Ucrânia, através da Naftohaz Ukrainy sua estatal de GN esta desenvolvendo
projetos para implantação de terminais para recebimento e regaseificação de NLG,
provenientes do Oriente Médio. A CE também estuda a possibilidade de importar
LNG do Oriente Médio, transportado em navios metaneiros. Uma grande dificuldade,
porém, é o fato de os alemães não contarem com um terminal que possibilite o
descarregamento. Se houver uma longa interrupção no abastecimento, os
compradores poderiam instalar outros dutos de transporte a partir da Nigéria ou da
Noruega.

Caso o trajeto que passa pela Ucrânia seja bloqueado, o gás russo poderia ser
enviado a outros países da CE através do Mar Báltico e chegar diretamente à
Alemanha. Outra opção é o gasoduto na Península de Iamal, que cruza Belarus e
Polônia antes de chegar a território alemão.

Em longo prazo, a CE poderia ainda importar gás do Irã, caso o país mostre uma
maior abertura. O Irã tem uma posição geográfica relativamente boa, que possibilita
a exportação, por exemplo, para o Paquistão e para a Índia.

Diante desta articulação da Ucrânia e da CE, aliado ao fato da Rússia não poder
abrir mão de sua dependência comercial com os países membros da CE, pois é tido
atualmente como o terceiro parceiro comercial mais importante. Em 2012, os russos
exportaram 215 bilhões de euros para a Europa e dela importaram 123,4 bilhões. A
19

Alemanha é o terceiro parceiro comercial mais importante da Rússia, para onde


exporta automóveis, máquinas e produtos químicos. Já os russos ocupam o 11º
lugar na lista de parceiros comerciais mais importantes dos alemães, pouco atrás da
Polônia.

Diante destes fatos a Rússia acelerou negociações com a China que se arrastavam
por mais de 10 anos, e assinaram em 15 de maio de 2014 um acordo de
fornecimento de GN entre a GAZPROM da Rússia e a CNPC da China, avaliado em
400 bilhões de dólares por 30 anos, após uma década de negociações. O acordo
prevê ainda que o GN será comercializado a um preço entre 350 e 400 dólares por
1.000 m3. Isto significaria algo entre US$ 9,72/MMBtu e US$ 11,00/MMBtu.

De acordo com a CNPC, o contrato indica que a Rússia fornecerá gás à segunda
maior economia mundial a partir de 2018, e o volume entregue aumentará
progressivamente "para alcançar com o tempo 38 bilhões de metros cúbicos (m3)
anuais".

Somente a titulo de comparação, deve-se ter em mente que, em 2000, a China


consumia 25 bcm (68.5 milhões de m³/dia, equivalente à média brasileira atual) e em
2012 já atingia 144 bcm (crescimento médio de 15.9% ao ano). E a expectativa é de
que chegue até 2015 aos 230 bcm e cerca de 420 bcm em 2020. A dependência de
importações se elevaria dos 17 bcm em 2010 (1,5 o volume do Bolívia-Brasil) para
93,5 bcm em 2015 (8 vezes o volume importado da Bolívia atualmente).

Os termos de um acordo anterior assinado em 2009 previam inicialmente que o


volume de gás fornecido pela Rússia poderia aumentar com o tempo para quase 70
bilhões de m3, um número que foi reduzido à metade no acordo final.

Por outro lado, a assinatura do megacontrato acontece no momento em que as


relações entre a Rússia e os países ocidentais atravessam um período de tensões
devido à crise ucraniana.

1.7. A volatilização do Preço do GN no mercado internacional.


O gráfico a seguir registra uma alteração na tendência de preços a partir de 2008.
Neste ano registra-se a forte recessão econômica que se abateu sobre os USA e se
propagou para seus demais parceiros comerciais. O mercado de GN teve que
ajustar seus preços para acomodar uma queda significativa na demanda deste
energético. Entretanto o maior motivo para a redução dos preços do GN também
ocorreu nos USA visto que a partir de 2008, iniciou se uma nova era, com o domínio
da tecnologia de “fracking” que resultou no surgimento de um novo capitulo na
historia do gás não convencional. Os reflexos deste marco histórico ainda não se
esgotaram em função de novos complexos petroquímicos ora em fase de instalação
nos USA às custas de um GN de baixo custo, ou seja cerca de 1/3 dos preços
praticados antes desta inovação tecnológica. Outro fato que poderá acontecer por
volta de 2020, é ter os USA como um grande país exportador de GNL. Observa-se
ainda no gráfico a seguir, que o preço do GN em US$/MMBtu, continuam a baixar de
acordo com o Henry Hub.

Os preços médios do GN para a Alemanha (Average German Import Prices), e UK


NBP(National Balancing Point) tiveram altas a partir de 2009, e foram resultados dos
20

conflitos políticos e econômicos entre a Rússia e a Ucrânia, que impactaram com a


oferta de GN para a CE. A própria CE também esta estudando suprimentos
alternativos de LNG de outros mercados para não se constituírem em dependentes
da Rússia. Destacamos ainda o recente acordo assinado em março de 2013 entre a
Rússia e China, que poderá reduzir ainda mais a oferta de GN para a CE, não
obstante a Rússia tenha iniciado a ampliação de novos campos produtores de GN
na Sibéria e em Sakhalin no extremo leste da Rússia.

Os efeitos do Tsunami em Fukushima que resultou no fechamento da Usina Nuclear


Daiichi no Japão, e seu impacto na parada de outras centrais nucleares no Japão
parecem estar controlados, embora o Japão seja o pais que tem pago os maiores
preços pelo LNG, cerca de quatro vezes superiores aos observados no Henry Hub.

Preços do GN no Mercado Internacional 1996 a 2013 – US$/MMBtu

Figura: 1.7-1 - Preços do GN em Diversos Mercados de Referencia (1996 a 2013).


Fonte: BP – Statistical Review of World Energy – 2014

(continua na proxima pagina)


21

Preços Históricos do GN em Diversos Mercados (US$/MMBtu)

Tabela: 1.7-2 – Evolução do Preço do GN em Diversos Mercados de Referência (1984 a 2013).


Fonte: BP – Statistical Review of World Energy – 2014
22

Capitulo 2 – O Gás Natural no Brasil.

2.1. Histórico do Gás Natural no Brasil.

A história do gás natural no Brasil começa com a instalação das primeiras lâmpadas
a gás no Rio de Janeiro em 1854. Pouco depois, em 1873, o mesmo sistema de
iluminação pública, cujo gás era produzido a partir de carvão mineral, passa a ser
instalado em São Paulo. Ao longo do século XX, as distribuidoras de gás canalizado
também iniciam o uso de materiais como hulha e nafta para a produção de gás. Já o
gás liquefeito de petróleo (GLP), por sua vez, começa a ser utilizado para cocção a
partir de 1936.
Somente na década de 1950 o gás natural começa a ser usado no Nordeste. Sua
produção teve início no estado da Bahia e era praticamente toda destinada às
indústrias. Em 1959, verificou-se uma produção de 1 milhão de m3/dia e, logo uma
década depois, esse número saltou para 3,3 milhões de m3/dia.
Na região Sudeste, o combustível começou a ser produzido a partir dos anos 1980
na Bacia de Campos, no estado do Rio de Janeiro. Outro fator fundamental para a
consolidação da atual conjuntura de oferta de gás foi a construção do gasoduto
Bolívia Brasil (GASBOL), com capacidade de transporte de até 30 milhões de metros
cúbicos por dia. O GASBOL que demandou negociações entre o Brasil e Bolívia
durante cerca de 25 anos, entre 1.974 com a visita do então presidente do Brasil á
época, general Ernesto Geisel à Bolívia que culminou com o acordo firmado com o
presidente general Hugo Banzer, e posteriormente ratificado em diversos protocolos
que culminaram com o contrato final assinado entre os presidentes do Brasil Jose
Sarney e da Bolívia Paz Estensoro em 1.988, entrou em operação em fevereiro de
1.999. Naquele momento, acreditava-se que a grande disponibilidade de gás natural
proporcionada pelo GASBOL seria suficiente para desenvolver o mercado interno de
gás natural. Entretanto, não foi isso o que ocorreu na prática. A falta de um mercado
maduro, aliada à urgência de recuperação do capital investido, levou o país a adotar
medidas emergenciais de certa maneira precipitadas para o desenvolvimento do gás
natural. Tais medidas foram inevitáveis devido ao modelo de contrato adotado com a
Bolívia, conhecido como take or pay, em que o comprador é obrigado a pagar um
percentual sobre o gás contratado, caso não consuma o valor estipulado em
contrato.
Diante desse impasse comercial, foi criado através do Decreto 3.371 de 24-02-2000,
o Programa Prioritário de Termoeletricidade (PPT) que previa a construção imediata
de termoelétricas movidas a GN em todo território nacional. No entanto, o programa
corria grande risco financeiro por conta de dois fatores: deficiências regulatórias e
alto custo de produção (em comparação à hidroeletricidade). Dessa maneira, apesar
de alguns projetos conduzidos pela Petrobrás, que posteriormente se mostraram
improdutivos, a potência instalada não foi suficiente para evitar a crise elétrica de
2001, popularmente conhecida como "apagão".
Na última década, as reservas brasileiras de gás natural aumentaram
consideravelmente, principalmente após a descoberta de petróleo e gás associada
às camadas do pré-sal na costa brasileira. Em 2000, as reservas provadas do país
eram de 221.000 milhões de m3, e, em 2010, subiram para 423.000 milhões de m3,
segundo dados do Balanço Energético Nacional 2011, publicado pela Empresa de
Pesquisa em Energia (EPE) do Ministério de Minas e Energia (MME).
23

Outra fonte de Gás Natural para o Brasil poderá ser o desenvolvimento das técnicas
de explotação do chamado Gás-Não-Convencional, também chamados de “Shale-
Gas” ou Gas de Xisto Betuminoso, e a viabilização de sua cadeia de produção que
compreende o completo domínio das técnicas de “Fracking”, produção, separação, e
transporte até seu ponto de entrega, a preços competitivos frente aos demais
energéticos. Neste sentido, a ANP-Agencia Nacional de Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis realizou em novembro de 2013 a 12ª rodada de Licitações
ofertando diversos blocos em diversos estados Brasileiros. Os licitantes escolheram
os blocos localizados nas seguintes bacias sedimentares: Sergipe-Alagoas;
Parnaíba; Acre-Madre de Dios; Paraná e Recôncavo Baiano.
Os resultados não atingiram os resultados esperados pelos promotores do leilão, e
as seguintes empresas além da Petrobras, adquiriram blocos para exploração
destas bacias sedimentares: Alvopetro (Colombia), GDF Suez (França), Geopark
(Bermudas) e Trayectoria (Panamá).
A exploração do Gás não Convencional tem sido alvo de criticas de diversos setores
Brasileiros e entidades internacionais, principalmente dos ambientalistas, que
alertam sobre a possível contaminação do Aquífero de Guarany, além de causarem
danos geofísicos com possibilidade de abalos sísmicos, riscos de explosões devido
à possibilidade do gás se infiltrar no subsolo e vazando para o ambiente em áreas
urbanas. Outra critica mais recente alega que a exploração do gás não convencional
poderia competir com o pré-sal Brasileiro, forçando os preços do óleo e gás
produzidos “offshore” caírem abaixo de seus custos de produção.
Não obstante toda esta problemática relacionada com as reservas confirmadas e
potenciais de GN no Brasil, o consumo de gás também aumentou na última década,
com contribuições de 9,29% em relação às outras fontes de energia. Apesar disso,
seu percentual de contribuição ainda é muito baixo em relação à média mundial. Isto
fica patente quando se compara a participação do gás natural na matriz energética
brasileira com a média observada no restante do mundo (Figura 1).

Produção de Energia Primaria Brasil - 2004 a 2013

Tabela: 2.1-1 – Produção de Energia Primaria no Brasil (2004 a 2013)


Fonte: BNE-2014 – EPE-MME
24

Histórico da Produção de Energia Primaria no Brasil – 1970 a 2013

Figura: 2.1-2 – Produção de Energia Primaria no Brasil 1.970 a 2013


Fonte: BNE-2014 – EPE-MME

2.2. Produção e Demanda de GN.


Conforme o Anuário Estatístico da ANP publicado em 2014 reportando os dados
referentes ao ano de 2013, que reportamos a seguir, o consumo de GN ao longo do
ano de 2013 foi de 44,7 bcm sendo 28,2 bcm de produção domestica e 16,5 bcm
importados, sendo 11,6 bcm provenientes da Bolívia através do GASBOL e 4,9 bcm
como LNG importados através dos Terminais do Rio de Janeiro e do PECEM no
Ceará. A importação de GN teve um incremento de 25,7 % em comparação ao ano
de 2012. O dispêndio com a importação de gás natural foi de US$ 4 bilhões, 11,6%
maior que em 2012, a um valor médio de US$ 347,35/mil m3, 4% mais baixo que em
2012. Por sua vez, o dispêndio com GNL teve acréscimo de 79,6%, fixando-se em
US$ 2,9 bilhões, a um valor médio de US$ 599,20/mil m3, 10,7% maior que no ano
anterior. Em 2013, o Brasil exportou 37,4 milhões de m3 de GNL para a Argentina, a
um valor médio de US$ 1.194,45/mil m3, obtendo receita de US$ 44,65 milhões.

A produção e a demanda doméstica de GN têm crescido na última década graças ao


esforço da Petrobras na exploração de óleo e gás “offshore”. Conforme pode ser
observada na tabela 2.2-1 a seguir, entre os anos de 2004 a 2013 houve um
acréscimo de 68,5% nas reservas totais de GN. As reservas totais em terra
contribuíram com 13,8 % e as reservas no mar com 86,2%. As reservas totais de GN
em terra praticamente mantiveram os mesmos volumes, entretanto as reservas
totais no mar tiveram um acréscimo de 90,1%.
(continua na próxima página)
25

Reservas Totais de Gás Natural por Localização (Terra e Mar) por Unidade da
Federação – Período 2004 a 2013

Tabela 2.2-1– Reservas Totais de Gás Natural, por Localização (Terra e Mar) e Unidade da
Federação Período de 2004 a 2013 – Fonte ANP Anuário Estatístico – 2014.

Relativamente as Reservas Provadas, e no mesmo período de 2004 a 2013,


conforme Tabela 2.2-2 a seguir, constatou se um acréscimo de 68,5% nas reservas
comprovadas de GN. Neste mesmo período comprovou-se que as reservas em
terra responderiam com 15,2% e as reservas comprovadas no mar com 84,8%. As
reservas comprovadas em terra tiveram uma redução de 5,3% e as reservas
comprovadas no mar, um acréscimo de 53,9%. Destacamos que neste mesmo
período as reservas comprovadas no mar tiveram em media, um acréscimo de 3,6%
ao ano. Observou se também uma queda de 0,2% nas reservas provadas entre os
anos de 2012 e 2013, que totalizaram 458,2 bilhões de m3. Este volume
representava 54,6% das reservas totais, que em 2013 somavam 839,6 bilhões de
m3, ou seja, 8,6% menor que 2013.
(continua na próxima página)
26

Reservas Provadas de Gás Natural por Localização (Terra e Mar) segundo Unidades
da Federação – Período de 2004 a 2013.

Tabela 2.2-2– Reservas Provadas de Gás Natural por Localização (Terra e Mar) segundo Unidades
da Federação – Período de 2004 a 2013 – Fonte: ANP – Anuário Estatístico – 2014.

Produção de Gás Natural por Localização (Terra e Mar) por Unidade da Federação
entre 2004 e 2013.

Conforme Tabela 2.2-3 a seguir, a produção de GN entre os anos de 2012 e 2013


teve um acréscimo de 9,1%, totalizando 28,2 bilhões de m3 em 2013. Nos últimos 10
anos, a produção nacional de GN apresentou crescimento médio de 5,8% ao ano. A
produção no mar correspondeu a 73,3% do gás produzido no País, após alta de
4,8%, totalizando 20,7% bilhões de m3. A produção em terra também subiu 22,7% e
alcançou 7,5% bilhões de m3.

Destacamos a produção no estado do Maranhão, cujo aumento se situou em 1,4


bilhão de m3. Este resultado corresponde ao desenvolvimento e produção da Bacia
do Parnaíba, cujo campo de Gavião Real, primeiro a entrar em produção nesta
bacia, é o maior campo privado de produção de GN em terra no país e o sexto maior
em terra e mar. Com uma produção média de 3,9 milhões de m3/d, o estado de
Maranhão foi responsável por 5% do volume produzido no país em 2013.A produção
no pré-sal foi de 3,7 bilhões de m3, em 2013, após alta de 78,5% em relação ao ano
anterior.

Os acréscimos na produção verificados ao longo do ano de 2013, fez com que a


relação R/P (reserva/produção) de GN baixasse de 19,2 anos em 2003 para 16,3
anos, ou seja a uma taxa anual média de 1,8% neste período.
27

Tabela 2.2-3- Produção de Gás Natural por Localização (Terra e Mar) e por Unidade da Federação
entre 2004 e 2013. Fonte: ANP – Anuário Estatístico-2014.

Do total de GN produzido em 2013, 66,6% (18,8 bilhões de m3) eram de gás


associado ao petróleo, cujo volume de produção em relação ao ano de 2012 subiu
828 milhões de m3. A produção de GN não associado cresceu 1,5 bilhões de m3 em
2013.

A ANP divulgou em seu Boletim da Produção da ANP (baixado em 10/03/2015) que


o Brasil obteve novo recorde na produção de gás natural. No mês de janeiro de 2015
a produção de GN atingiu a marca media diária de 96,6 milhões de m3. Tal valor
corresponde a um acréscimo de 20,2% comparada com o mesmo mês de 2014, e
1,5% comparada com a produção do mês anterior, ou seja, dezembro de 2014.
Somente a produção do pré-sal, oriundas de 43 poços, foi responsável por 24,5
milhões de m3/dia.

2.3 A Participação do GN na Matriz Energética Brasileira


Transcrevemos a seguir dados coletados e comentários registrados no BEN-2014
preparados e divulgados pela EPE/MME. Por se tratar de registros históricos, o autor
optou em preservar as ilustrações assim como a grande maioria dos comentários e
observações registradas no referido BEN-2014.

2.3.1.Retrospectiva 2012 & 2013.

A média diária de produção de GN no ano de 2013 foi de 77,2 milhões de m³/dia e o


volume de gás natural importado foi, em média, 46,5 milhões de m³/dia. Com isto, a
participação do gás natural na matriz energética nacional atingiu o patamar de
12,8%.
28

A demanda industrial por gás natural registrou em 2013, um decréscimo de 1,1% em


relação ao ano anterior, com destaque para os setores ferro-gusa e aço (-4,5%) e
química (-8,1%).

Na geração térmica a gás natural (incluindo autoprodutores e usinas de serviço pú-


blico) houve um acréscimo de 47,6%, atingindo o patamar de 69,0 TWh. Em 2013 o
gás natural destinado à geração de energia elétrica alcançou na média 42,7 milhões
m³/dia, representando um aumento de 57,8% ante 2012.

2.3.2. A Matriz Energética Brasileira entre 2012 & 2013.

Conforme descrito no Anuário Estatístico Brasileiro de Petróleo, Gás Natural e


Biocombustíveis de 2014 publicado pela ANP, em 2013, a oferta interna de energia
(total de energia demandada no país) atingiu 296,2 Mtep, registrando uma taxa de
crescimento de 4,5% ante à evolução do PIB nacional de 2,3%, segundo o último
dado divulgado pelo IBGE.

Gás natural, petróleo e derivados responderam por 80% deste incremento. Isto se
deveu basicamente à redução na oferta interna de hidroeletricidade por dois anos
consecutivos com consequente aumento de geração térmica, seja gás natural,
carvão mineral ou óleo. Outro aspecto refere-se ao consumo do setor de transporte,
que pelo segundo ano consecutivo cresceu significativamente. Cabe ressaltar que,
em 2013, este aumento foi suprido em grande parte por etanol, diferentemente do
ano 2012 cujo destaque foi a gasolina.

O segmento de transporte, em valores absolutos, liderou o crescimento da demanda


energética no ano de 2013, agregando 4,1 milhões de tep. O consumo agregado do
setor cresceu à expressiva taxa de 5,2%.

A produção e o consumo de etanol cresceram respectivamente 17,6% e 19,9% em


relação ao ano anterior. Cabe ressaltar que a partir de maio de 2013, o governo
determinou o aumento da proporção de álcool anidro na gasolina, de 20 para 25%, e
atualmente de 27%. Diante deste contexto, o consumo de gasolina registrou queda
de 0,2%.

Pelo segundo ano consecutivo, devido às condições hidrológicas desfavoráveis


observadas ao longo do período, houve redução da oferta de energia hidráulica. Em
2013 o decréscimo foi de 5,4%. A menor oferta hídrica explica o recuo da
participação de renováveis na matriz elétrica, de 84,5% em 2012 para 79,3% neste
ano, apesar do incremento de 1.724 MW na potência instalada do parque
hidrelétrico.

A potência eólica atingiu 2.202 MW, o que proporcionou um acréscimo de 30,2% na


geração de eletricidade a partir dessa fonte.

O aumento do consumo final de eletricidade no país em 2013, de 3,6%, com


destaque para os setores residencial e comercial, foi atendido a partir da expansão
da geração térmica, especialmente das usinas movidas a carvão mineral (+75,7%),
gás natural (+47,6%), bagaço de cana (+19,2%), cujas participações na matriz
elétrica, na comparação de 2013 contra 2012, cresceram de 1,6 para 2,6%, de 7,9
para 11,3%, e de 4,2 para 4,9%, respectivamente.
29

A figura a seguir ilustra o consumo de energia por fonte observadas em 2012 &
2013.

Figura 2.3.2-1 – Matriz Energética Brasileira – Consumo Final por Fonte - 2012 & 2013
Fonte: BEN – 2014 EPE/MME

2.3.3. Origem das Fontes de Energia Ofertadas – 2013.


As fontes de energia no Brasil passam por momentos de transição de um modelo
outrora predominantemente hidráulica, para outras formas de energia tais como
combustíveis fosseis (derivados de petróleo, gás natural, carvão mineral), biomassa,
lenha e carvão vegetal, eólica, nuclear e outras formas de energia. Entretanto devido
a diversidade de fontes primarias de energia disponíveis no Brasil, os grupos de
energia renovavam ainda participam de forma notável (42,3% em 2012 e 41,0% em
2013) comparadas com outros países do mundo. As causas para o acréscimo de
fontes não renováveis foram a redução na geração hidráulica de energia por conta
da adversidade de clima, e a necessidade de ampliar a produção de energia elétrica
utilizando as centrais térmicas utilizando combustíveis fosseis.
(continua na próxima página)
30

A figura a seguir ilustra as formas de energia primária ofertadas para gerar as


diversas modalidades de energia utilizadas no ano de 2013.

Figura 2.3.3-1– Origem das Fontes Primaria de Energia Ofertada em 2013.


Fonte: BEN – 2014 – EPE/MME

A variação das fontes de energia disponibilizadas entre os anos de 2012 e 2013


podem ser observadas a seguir. Notar que neste período, os maiores decréscimos
ocorreram na Energia Hidráulica e Nuclear, respectivamente -5,4% e -9,1% e os
maiores acréscimos na Biomassa de Cana e Gás Natural respectivamente de 9,3%
e 15,9%.

Comparação da Oferta de Fontes Primarias de Energia em 2012 & 2013.

Figura 2.3.3-2 – Comparação das Fontes Primárias de Energia Disponibilizadas entre 2012 &
2013.
Fonte: BEN – 2014 – EPE/MME
31

2.4. Potencial para Ampliar a Participação do GN na Matriz Energética


Brasileira.
Para o Brasil, prevê-se uma expansão das reservas provadas de gás natural, com
elevação da produção nacional, para cerca de 250 milhões de m3/dia até 2030. Isso
significa um ritmo de crescimento médio de 6,3% ao ano. Deverá permanecer como
principal consumidor o setor industrial que continuamente substituirá outros
energéticos, como o óleo combustível. No que se refere à geração de eletricidade,
estima-se que o consumo previsto de 76 milhões m3/dia possa se elevar de 45% a
55%, o que aumentará a participação do gás na matriz nacional de maneira
expressiva, passando de 9% em 2005, para mais de 15% em 2030.
Adicionalmente, embora de forma inexpressiva, o governo está estimulando a
produção de gás não convencional, haja visto o Leilão da 12ª rodada de licitação de
áreas de exploração onshore de gás natural convencional e não convencional
realizada pela ANP em 28 de novembro de 2013. Como era aguardado,
pressionados por ambientalistas, a Justiça Federal do Paraná, suspendeu o
prosseguimento exploratórios de gás não convencional, adjudicados à Petrobras,
Cowan, Petra-Energia, e outros, na Bacia do Paraná. Portanto este é ainda um
longo caminho a ser percorrido pois este tema tem de ser analisado, discutido e
aceito pelas comunidades e autoridades ambientais pois é um bem comum em
exploração por diversos países do mundo (embora existam países que ainda relutam
em aceita-los como a França, Reino Unido, Alemanha e outros) e o Brasil tem ainda
a oportunidade de usufruir desta riqueza existente em seu subsolo, em função das
reservas estimadas de cerca de 226 trilhões de pés cúbicos (sendo a ANP)
distribuídos ao longo das Bacias Sedimentares de: Paraná, São Francisco, Parecis,
Parnaíba e do Recôncavo.
Desde que o GN seja disponível a preços competitivos, existem atualmente no
Brasil, segmentos ávidos por este energético/matéria prima e que listamos como
mais representativos: Centrais Termoelétricas em Ciclo-Combinado; Utilização como
GNV; Industria Petroquímica, principalmente na produção de gás de síntese (H 2 e
CO) para a cadeia de plásticos e de fertilizantes nitrogenados e na Industria
Siderúrgica onde o GN seria utilizado na produção de gás de síntese para utilização
na Redução Direta do Minério de Ferro. Destacamos ainda que o GN estaria
deslocando o carvão vegetal e a utilização de alto-forno e a rota do ferro-gusa, com
notória vantagem ambiental pois estaria substituindo as florestas e reflorestamentos
por gás natural.
O diagrama a seguir ilustra os principais produtos da cadeia química e petroquímica
utilizando o GN como matéria prima.
(continua na próxima página)
32

Figura 2.4-1 – Gás Natural como Matéria Prima para Industria Química & Petroquímica
Fonte: Gás Energy – ABIQUIM

A Geração de Energia Elétrica utilizando Ciclos Combinados com Turbinas a Gás, é


sem dúvida o grande mercado existente e já maduro para o Gás Natural. Como já
exposto acima, esta alternativa de geração de energia elétrica traz as seguintes
vantagens: menor prazo de implantação comparada com as usinas hidroelétricas ou
nucleares, significativamente menor nível de emissão de gases estufas comparado
com os demais combustíveis fosseis como o óleo combustível e o carvão mineral,
maior flexibilidade operacional possibilitando ajustamento a curva de demanda de
energia elétrica em questão de minutos, maior disponibilidade da planta, no mínimo
de 94% ao ano, possibilidade de se instalar centrais térmicas em ciclo combinado
próximo aos centros de consumo, minimizando investimentos com linhas de
transmissão, e finalmente a desnecessidade de alagamento de áreas para
construção de barragens e bacias de acumulação de agua.

Relativamente ao GNV, destaca-se que o Brasil tem peculiaridades próprias como


ausência de modal ferroviário e fluvial aliado as dimensões continentais do país. O
Brasil optou pelo modal rodoviário para movimentação de sua riqueza e mobilidade
de seus cidadãos. Aliado a este fato o Brasil optou também pelo transporte individual
na mobilidade urbana. Estes fatos culminaram com a grande demanda por
combustíveis líquidos para transporte intermunicipal, interestadual e urbano. O
usuário Brasileiro muito atento aos preços de combustíveis automotores adotou de
imediato a alternativa que começava a ser disponibilidade na região sudeste,
notadamente nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo.

O GNV passou a ser utilizado em veículos leves operando em Ciclo Otto a partir dos
anos 80 do século passado. Tinha utilização restrita para taxis e frotistas além de
inexistir uma ampla rede de venda deste combustível. Sua utilização para o público
em geral ocorreu em 1996 através do Decreto 1787 de 12/01/1996. Sua utilização
33

passou a se intensificar pelas vantagens econômicas deste combustível comparados


com a gasolina e o álcool etílico, mas exigiam a instalação de um “kit” de conversão
para permitir que o veículo pudesse utilizar GNV ou Gasolina visto não poder contar
com uma ampla rede de abastecimento para GNV.

Tendo em vista que o GNV não está ainda disponível em todo o território Brasileiro,
as montadoras de veículos não oferecem esta alternativa, ou sejam veículos
fabricados exclusivamente para utilizarem GNV como combustível automotor e,
portanto, aqueles que desejarem utilizar o GNV deverão ainda realizar a instalação
de um kit de conversão Gasolina ou Álcool para GNV. Apesar destas limitações, o
Brasil possui atualmente uma frota de cerca de 1,6 Milhões de automóveis e
utilitários que se utilizam deste combustível alternativo, ocupando o terceiro lugar no
ranking, atrás do Paquistão e Argentina que possuem respectivamente 2,0 Milhões e
1,7 Milhões de veículos movidos a GNV.

Portanto o GNV é também um mercado altamente promissor para ampliar a


participação do GN na Matriz Energética Brasileira.

2.5- Infraestrutura para o setor de GN no Brasil.


O GN é um combustível fóssil que possui características físico-químicas peculiares
ou sejam: liquefaz-se à pressão ambiente a -163ºC, tem densidade relativa no
estado gasoso de 0,57 a 0,64 @ 20oC (o GNL possui densidade relativa de 0,43 a
0,48) e se expande cerca de 600 vezes entre os estados liquido e gasoso. É
também um combustível altamente inflamável com Índices de Inflamabilidade entre 5
a 15 vol.GN/vol. Ar.

O GN é encontrado na natureza, em regiões inóspitas, longe de seus pontos de


consumo e exige, portanto, uma infraestrutura própria e sofisticada para
disponibilizá-lo economicamente em seus pontos de consumo.

A movimentação de GN é realizada através de gasodutos e estações compressoras


de GN e a movimentação de LNG através de navios metaneiros.

Lista-se a seguir, os principais componentes de infraestruturas necessários para o


GN e para o GNL:

a) Para o GNL: Píer Marítimo com sistema de recebimento de navios metaneiros,


sistema para descarregamento de LNG, gaseificação de GNL para GN, dutos de
transferência de GN, estação compressora de GN, interligação ao gasoduto de
transmissão, e gasoduto de transmissão até o city-gate de conexão com a rede
de distribuição de GN;

b) Para GN Associado: Dutos de transferência dos campos de produção até a UPGN


– Unidade de Processamento de GN, estação compressora de GN, gasoduto de
transferência, gasoduto de transmissão até o city-gate de conexão com a rede de
distribuição de GN;

c) Para o GN Não Associado: UPGN, estação compressora de GN, e gasoduto de


transmissão até o city-gate de conexão com a rede de distribuição de GN.
34

2.5.1. Terminais de Recebimento e Regaseificação de GNL.

Este tipo de infraestrutura é relativamente recente no Brasil, iniciando-se em 2009.


Sua implantação se deveu ao fato do pais não poder ficar dependente de um único
fornecedor internacional de GN, e a farta disponibilidade de LNG no mercado
internacional por conta da redução de importações até então realizadas pelos USA.

A ANP autorizou que fossem construídas e implantadas as seguintes unidades de


Recebimento de GNL e sua Regaseificação:

a) Bahia da Guanabara – Rio de Janeiro, com capacidade para 20 MMm3/dia;


b) PECEN – Ceará, com capacidade para 7 MMm3/dia;
c) Bahia de Todos os Santos – Bahia, com capacidade para 14 MMm3/dia.

2.5.2. UPGN – Unidade de Processamento de Gás Natural.


A Tabela a seguir relaciona as UPGNs existentes e operando no Brasil, com suas
respectivas capacidades de processamento de GN Rico (contendo os condensáveis
C2, C3/C4 e C5+) e os índices de recuperação de GN Seco.
(continua na próxima página)
35

Tabela 2.5.2-1 UPGNs Existentes e Respectivos Indices de Recuperação de GN Seco


36

A figura a seguir permite visualizar a localização das UPGNs acima referidas

Figura 2.5.2-2 – Localização da UPGNs

As expansões anunciadas de capacidade de processamento de gás natural


envolvem tanto ampliações das UPGNs de Cabiúnas (adição de 13 MMm3/d) e
UTGCA (adição de 10 MMm3/d) quanto a construção de uma nova UPGN no sítio do
COMPERJ (21 MMm3/d). A UPGN do COMPERJ foi definida após a decisão de
escoamento do gás natural do pré-sal da Bacia de Santos a partir do Gasoduto de
Escoamento da Produção – “Rota 3”.

2.5.3. Rede de Dutos

Segundo a ANP em seu Anuário Estatístico de 2014, havia no Brasil em 2013, 601
dutos destinados à movimentação de petróleo, derivados, gás natural e outros
produtos, perfazendo 19,7 mil km. Destes, 150 dutos (14,3 mil km) eram destinados
ao transporte e 451 (5,4 mil km) à transferência.
Para a movimentação de gás natural, havia 110 dutos, com extensão de 11,7 mil km,
enquanto para os derivados eram 5,9 mil km. Outros 32 dutos, com quase 2 mil km,
destinavam-se à movimentação de petróleo. E os 76 km restantes, compostos por
37 dutos, eram reservados à movimentação dos demais produtos, tais como etanol e
solventes.
37

Malha Dutoviária para Movimentação de Gás Natural - 2013

Figura 2.5.3-1 – Infraestrutura de Dutos para Produção e Movimentação de Gás Natural – 2013
Fonte: ANP – Anuário Estatístico - 2014

Segundo matéria veiculada no Valor Econômico de 14-01-2014, o governo


desenhou uma nova rede de grandes dutos que irão cortar o país para atender a
demanda crescente de gás natural até 2022. Sem contar o consumo de usinas
termelétricas, essa demanda subirá dos atuais 40,6 milhões para 89,7 milhões de
metros cúbicos, segundo estimativas oficiais.

Em uma tentativa de mapear a infraestrutura de gasodutos necessária para suportar


esse crescimento, o Ministério de Minas e Energia concluiu o esboço de um inédito
plano decenal de expansão da malha de transporte dutoviário.
38

O PEMAT, como é conhecido esse plano, vinha sendo aguardado pelo mercado
desde 2011. Ele ficou em consulta pública até o dia 26 de fevereiro de 2014. Além
das projeções de demanda, para um horizonte de dez anos, o documento tem
simulações de investimentos nos gasodutos e propostas de traçados para a nova
rede. Pela legislação do setor, que está em vigência desde 2009, leilões de novos
dutos podem ser feitos com base em projetos do próprio governo ou da iniciativa
privada. O ministério propõe, conforme as diretrizes da nova Lei do Gás, quatro
grandes interligações entre centros de produção do insumo e polos de consumo.
Não há uma previsão global dos investimentos porque três das quatro interligações
têm alternativas diferentes de execução. Dependendo das ligações a serem feitas,
os investimentos nessas conexões podem variar de R$ 7,3 bilhões a R$ 8,6 bilhões.

Malha Dutoviária Sudeste & Sul:

O gasoduto mais importante do plano, tanto em termos de extensão quanto em


valor, é entre a malha integrada do Sudeste e a região Sul. Duas alternativas são
elencadas.

Uma é a ampliação do GASBOL (Gasoduto Bolívia-Brasil) em um trecho de 1.170


quilômetros, entre os municípios de Campinas (SP) e Canoas (RS), com
investimentos de R$ 4,6 bilhões. Essa “duplicação” tem a vantagem de aproveitar a
faixa de passagem do duto existente.

Outra possibilidade é criar um novo gasoduto, de Penápolis (SP) a Canoas (RS),


com 1.051 quilômetros de extensão e R$ 4,2 bilhões de desembolso. Requer a
criação de um corredor de passagem, o que pode aumentar sua complexidade, mas
pesa a seu favor o fato de fechar um “anel” de dutos.

Ambas as alternativas preveem capacidade para transportar até 8,5 milhões de


metros cúbicos por dia de gás.

Malha Dutoviária Norte & Nordeste:

Também estão previstas as interligações entre Bacia do São Francisco-região


metropolitana de Belo Horizonte e malha Sudeste-Vale do Aço (MG). O plano fala
ainda na construção de um gasoduto em sistema isolado, entre os municípios de
Santo Antônio dos Lopes (MA) e Barcarena (PA), levando até 4,6 milhões de m³/dia
de gás oriundo de descobertas recentes na Bacia do Parnaíba ao complexo
industrial localizado nos arredores de Belém.

Apesar de ter crescido significativamente nos últimos 20 anos, com a entrada em


operação do GASBOL e do GASENE (Sudeste-Nordeste), a malha brasileira de
gasodutos ainda é ínfima quando comparada com outros países são 9.244
quilômetros de rede. Nos Estados Unidos, que têm a maior malha, a extensão dos
dutos já alcançou 485 mil quilômetros. A Argentina tem 15 mil km.
O ministério tem concluído o PEMAT-2022 em sua versão final desde 19-03-2014, e
a Minuta do Edital de Chamada Publica para Contratação de Capacidade de
Transporte de Gás Natural, de Nr. 01/2014 está concluída pela ANP desde março de
2014. Empresas privadas ou estatais também podem sugerir outros conjuntos de
39

gasodutos. Um exemplo é o gasoduto Itaboraí-Guapimirim, no Rio de Janeiro,


pleiteado pela Petrobras. O projeto terá apenas 11 km de extensão e conectará o
COMPERJ ao Gasduc III. A licitação destas obras de infraestruturas dutoviarias
ainda não ocorreu e certamente causará impactos na inauguração do sistema de
concessões de novos gasodutos.

2.5.4. Estocagem Subterrânea de GN.


O Brasil tornou-se um comprador de LNG, com a implantação dos terminais de
recebimento e regaseificação no Rio de Janeiro, Fortaleza e Salvador. Foi uma
decisão sabia pois possibilitou que o país tivesse uma alternativa ao gás importado
da Bolívia, além de possibilitar de forma rápida o atendimento da crescente
demanda por este energético. Este modelo, entretanto, obriga o país a comprar LNG
no mercado spot sem a mínima possibilidade de se programar compras em períodos
sazonais mais vantajosos, como nos períodos de verão no hemisfério norte, sem
falarmos da questão da segurança de abastecimento pois uma intervenção militar ou
um fenômeno da natureza (terremotos, maremotos e tsunamis) poderia afetar a
disponibilidade e consequentemente os preços do LNG necessários para
complementar a demanda requerida pelo país.

Por outro lado, ou seja, do consumidor, e mais especificamente as centrais


termoelétricas, são obrigados por força de contrato a assumirem condições ToP –
Take or Pay para compra de GN. Nestas condições as centrais termoelétricas terão
de arcar com os custos (OPEX) do volume mínimo de GN sem a contrapartida da
receita pela geração de energia elétrica quando não despachadas, e ainda não
poderem contar com uma receita adicional quando poderiam estar despachando
acima dos MW.h contratados por não terem a garantia do suprimento adicional de
GN.

Como consequência do cenário acima, torna-se necessária a adoção de


armazenamento de LNG em terra para se constituir numa reserva técnica e
operacional para minimizar os efeitos da volatilidade dos preços e disponibilidade do
GNL a nível internacional. Ocorre, porém, que a estocagem criogênica de GNL é
uma alternativa de altíssimos investimentos tanto a nível de CAPEX mas também de
OPEX, que exigem instalações dedicadas para manter o GNL a algo em torno de -
1600C.

Uma solução de estocagem de GN muito empregada nos USA e CE, é a chamada


Estocagem Subterrânea ou em Cavernas, ou ainda Estocagem Geológica de GN.
Esta modalidade prevê a estocagem de GN em Campos de Petróleo e/ou Gás
exauridos ou depletados, em aquíferos e em cavernas em domos ou camadas
salinas.

A localização deste tipo de estocagem de GN leva em consideração as condições


geológicas locais, ou seja, da existência potencial de formações geológicas que
permitam a instalação destes reservatórios subterrâneos, mas devem levar ainda em
consideração a proximidade de seus principais centros de carga industrial e urbanos,
e existência de infraestrutura dutoviaria nas proximidades que permitam entregar o
GN nestes reservatórios a preços competitivos.
40

Alguns estudos têm sido desenvolvidos por entidades públicas e privadas, dentre os
quais podemos citar os trabalhos geológicos conduzidos pelo IPT de São Paulo
(APPI-2005). Neste trabalho estão relacionados alguns sítios mais promissores para
uma avaliação mais detalhada quanto a viabilidade de utiliza-los como Estocagem
subterrânea de Gás Natural. O IPT avaliou algumas áreas na área de influência do
GASBOL e nas Bacias Sedimentares do Paraná também próximas ao traçado do
GASBOL. Esta área possui ainda uma grande demanda de Gás Natural para
Geração Térmica e Fins Industriais.

A figura a seguir indica a localização de cada alvo prospectado pelo IPT em 2005.

Figura 2.5.4-1 – Alvos para Estocagem de GN em Cavernas Localizados no Bloco de Baurú - SP


Fonte: Adaptados de APPI et All, 2005 p.160-165

Os estudos conduzidos pelo IPT em 2005, concluíram que existe potencial para
viabilizar nestas áreas prospectadas, volumes úteis (cerca de 50% do volume total)
entre 80 a 800 milhões de m3 de GN, o que equivaleria ao abastecimento
ininterrupto de GN do GASBOL por cerca de 10 dias. Caso as condições geológicas
do reservatório permitirem trabalhar com mais de uma pressão de operação, iniciar-
se-ia as operações com uma determinada pressão, aumentando a mesma de acordo
com o crescimento da demanda. Nestas condições, o reservatório poderia suportar
uma demanda equivalente ao GASBOL por até 70 dias ininterrupto.

Há de se considerar ainda a possibilidade de se utilizar reservatórios exauridos ou


depletados localizados no mar, e mais especificamente: na Bacia de Campos no Rio
de Janeiro; no litoral do Espirito Santo e nas bacias de Sergipe, Alagoas, e Rio
41

Grande do Norte cujos reservatórios sejam atendidos por sistema de dutos


submarinos que transportariam o GN até as UPGNs correspondentes.

Outras possibilidades a serem avaliadas seriam os poços depletados localizados em


terra no Estado da Bahia, notadamente na área do Recôncavo, Bacia do Tucano e
Itaparica. Outras regiões com potencial para instalação de estocagem subterrânea
“onshore” de GN seriam: área produtora de óleo e gás de Sergipe e Alagoas, e
Mossoró no Rio Grande do Norte.

Portanto esta alternativa de estocagem subterrânea de GN deverá ser avaliada com


maiores detalhes, ajustando-se também as regulamentações governamentais, pois
contribuiria sobremaneira para aumentar a segurança do sistema de abastecimento
de GN e na redução do preço do gás no “city-gate”.

2.6- Previsões do Preços do GN Nacional e Importado Colocados no Brasil.

O preço do GN no Brasil é estabelecido em função de sua origem, ou sejam:

a) GN de produção nacional, oriundos de campos terrestres e de campos


“offshore”;

b) GN importado da Bolívia através do GASBOL;

c) GN importado na forma de GNL através dos Terminais do Rio de Janeiro-RJ,


Pecem-CE e Bahia de Todos os Santos-BA, onde são regaseificados para GN
antes de serem conectados aos gasodutos de transmissão.

Não obstante a turbulência entre oferta e demanda internacional de GN e de GNL


decorrentes dos fatos reportados no item 1.6, os preços do GN importado não
tiveram alterações expressivas entre 2011 e 2014, conforme tabela 2.6-1 a seguir,
obtidos no site do IBP. Todos os preços ali discriminados são referidos ao “city-gate”,
no ponto de entrega, e incluem os custos de Recebimento de GNL, sua
regaseificação, sua compressão, a utilização de gasodutos de transporte até o “city-
gate”. Os preços do GN importado pagos pelo Brasil ainda são significantemente
maiores daqueles praticados nos “hubs” Internacionais como: US-Henry Hub, UK
(NBP), Canada (Alberta), Average German Import Prices, devidos aos custos de
Regaseificação, transporte através de dutos, taxas, impostos, royalties e
contrapartidas sócio ambientais.
42

A tabela 2.6.-1, a seguir demonstra estas diferenças no horizonte 2009 a 2014


(junho de 2014)

Tabela 2.6-1 – Evolução dos Preços do Gas Natural entre 2009 a 2014 por Origem e Area de
Utilização – Fonte: IBP

Os preços medios expressos em US$/MMBTU para o GN importado através do


GASBOL ou dos terminais de recebimento e regaseificação na forma de LNG estão
plotados a seguir.

Figura 2.6-2 – Comportamento dos Preços de GN e GNL Importados entre 2009 e 2014
Fonte: IBP

A variação do preço do GN importado da Bolivia atraves do GASBOL, atendem as


regiões Centro Oeste, Sudeste e Sul. O pequeno decrescimo dos preços observados
entre 2012 e 2014 foram ocasionados pela redução da demanda de petroleo por
parte dos USA que re-equilibraram sua matriz energetica com o Shale-Gas,
diminuindo a pressão sobre a demanda de GNL no mercado internacional. Os
valores previstos para 2015 deverão registrar novos decrescimos de preços diante
da redução do preço do petroleo que é um dos precificadores do GN no mercado
internacional.
43

Figura 2.6-3 – Preços do GN Produzido no Brasil no Periodo de 2009 a 2014


Fonte IBP

Relativamente ao GN produzido localmente, também ocorreu uma redução de


preços no periodo entre 2012 e 2014, devido principalmente à retração no consumo
industrial notadamente nos setores de ferro-gusa, e quimica, devido a situação das
economias internacionais. Neste mesmo periodo, a utilização do GN para fins de
geração de energia eletrica teve um acrescimo significativo registrando entre 2012 e
2014 um acrescimo de 75% principalmente em função dos despachos realizados
para conter os volumes dos reservatorios das hidroeletricas.

Há que destacar ainda que o Brasil adota ao critério de precificar o GN no city-gate


utilizando o método de Netback (custo de oportunidade para este energético),
diferentemente dos utilizados no Hubs acima que praticam de modo geral o método
competitivo. Esta modalidade, é típica em regimes de monopólio que é o regime
observado e praticado no Brasil.

O preço final do gás natural resulta da soma de diversos custos ao longo de sua
cadeia de produção. O preço ao consumidor final é formado pela soma dos custos
de produção, de transporte e de distribuição, adicionados dos respectivos impostos.
Esse preço deve ser de tal grandeza que remunere o produtor pelos custos de
exploração, desenvolvimento e produção (upstream), o transportador pelos custos
de transporte e o distribuidor pelos custos de distribuição local e comercialização.
Para garantir a remuneração dos investimentos realizados na cadeia é importante a
utilização de contratos de longo prazo e a fidelização do consumidor final.

O preço final do gás natural, além de remunerar os ativos dos agentes envolvidos na
cadeia produtiva, deve chegar ao consumidor de forma competitiva, principalmente
frente a seu substituto imediato, o óleo combustível. No caso do Brasil, o preço do
gás natural deve chegar ao usuário final com preços 10% inferiores ao óleo
combustível. Desta forma, fica claro que o netback value é um modelo de
44

precificação característico de situações de monopólio, já que a base para formação


dos preços é um energético semelhante e regulado pelo governo.

Relativamente as previsões para os próximos anos, os indicadores econômicos e


setoriais indicam a possibilidade de uma redução no preço do gás, principalmente do
GNL em função de vários fatores geopolíticos dentre os quais listamos como os mais
significativos os seguintes:

a) A redução do ritmo de crescimento econômico dos países industrializados


que reduziram o crescimento do PIB de 3,5 para 3,0%;

b) A redução dos preços do petróleo durante o ano de 2014 e que servem de


parâmetros para reajuste do preço do GNL. Embora esteja sinalizado uma
retomada nos preços do petróleo a partir de janeiro de 2015, existe um lag-
temporal a ser observado no reajustamento dos preços do GNL, o que poderá
garantir preços baixos deste energético no decorrer do ano de 2015.

c) O distanciamento entre os preços do GN no “Henry Hub” e NBP (National


Balance Point da Inglaterra, por conta da superprodução do Shale-Gas nos
USA, confirma a influência direta dos contratos de importação da Rússia que
utiliza o petróleo como indexador do GN exportado para a CE.

d) Os preços do GNL no Japão, baseados em contratos de fornecimento de


longo prazo tiveram uma redução relevante, ou seja US$ 18,3 por MMBtu em
março de 2014 para US$ 7,6 por MMBtu em março de 2015 (METI, 2015).

e) Estima-se (FERC, 2015) que o GNL seja comercializado em média a razão de


US$ 6,74 por MMBtu na Europa e US$ 7,10 por MMBtu na América Latina.

Conforme exposto, nos colocamos como meros expectadores, pois nenhum dos
itens citados estão sob controle do governo e autoridades brasileiras. Mas
certamente os fatos acima afetarão os preços do GN e do GNL e por consequência
a economia brasileira como um todo. Portanto deveremos empreender maior esforço
no aumento da produção brasileira de GN para que possamos blindar a economia
brasileira e promover um desenvolvimento amplo e sustentável do Brasil
45

Capitulo 3 – A Utilização do GN na Geração Termoelétrica.

3.1 – Geração Termelétrica a Gás Natural – Fundamentos e Estado da Arte.

A geração de energia elétrica utilizando GN é feita pela queima do gás combustível


em turbinas a gás, cujo desenvolvimento é relativamente recente (após a Segunda
Guerra Mundial). As turbinas a gás são regidas pelo ciclo Termodinâmico conhecido
como Ciclo Brayton. A utilização mais expressiva dessa tecnologia tem ocorrido
somente nos últimos 20 anos. As restrições de oferta de gás natural, o baixo
rendimento térmico das turbinas e os custos de capital relativamente altos foram,
durante muito tempo, as principais razões para o baixo grau de difusão dessa
tecnologia na geração termoelétrica de energia.

Este quadro tem-se modificado substancialmente nos dias atuais, tornando o gás
natural uma das principais alternativas de expansão da capacidade de geração de
energia elétrica em vários países, inclusive no Brasil. Atualmente, as maiores
turbinas a gás chegam a gerar 370 MW de potência e os rendimentos térmicos
atingem 40% em um único “train”. Em 1999, os menores custos de capital foram
inferiores a US$ 200 por kW instalado, em várias situações e faixas de potência
(110-330 MW).

Entre as vantagens adicionais da geração termelétrica a gás natural estão o prazo


relativamente curto de maturação e implantação deste tipo de empreendimento e a
flexibilidade para o atendimento de variação de cargas inclusive de ponta.
Importante destacar que as turbinas a gás possuem rápida resposta para atender
demandas de pico, ou seja sair de algo em torno de 10 a 15% de capacidade de
geração e atingir a plenitude de sua capacidade nominal em alguns minutos. Por
outro lado, as turbinas a gás são máquinas extremamente sensíveis às condições
climáticas, principalmente em relação à temperatura ambiente e altitude em relação
ao nível médio do mar, e apresentam também alterações substanciais de rendimento
térmico no caso de operação em cargas parciais. São maquinas de alta
confiabilidade que permitem assegurar uma operação continua de até 8.000
horas/ano com uma disponibilidade de 92 a 97%, e uma média de 95% em cinco
anos. Estas maquinas necessitam de uma parada geral (“general overhaul”) a cada
2,0 a 2,5 anos de parada total para manutenção.

Importante ainda destacar que uma turbina a gás emite cerca de 600 kg CO 2 /MW.h,
ou seja 35% menos CO 2 (gás do efeito estufa) comparada com outros combustíveis
fosseis tais como carvão e óleo combustível.

(continua na próxima página)


46

Figura: 3.1-1 Emissões de CO 2 do Carvão, Oleo Combustivel e Gás Natural

Apesar dos ganhos alcançados no rendimento térmico das turbinas a gás operando
em ciclo simples, seu desempenho tem sido prejudicado pela perda de energia nos
gases de exaustão. Entre outras tecnologias empregadas na recuperação dessa
energia, destaca-se a de ciclo combinado, que compreende na instalação de um
ciclo denominado Rankine constituído de uma Caldeira Recuperadora de Calor e
uma Turbina a Vapor e respectivo gerador para produção de potência adicional.
Tem-se, assim, uma combinação dos ciclos de turbinas a gás (Brayton) e turbinas a
vapor (Rankine). Esse processo ainda pode ser melhorado com a queima de
combustível suplementar à jusante dos gases de combustão das turbinas a gás,
principalmente quando há disponibilidade de combustíveis residuais.

Os ciclos combinados foram propostos nos anos 60, mas apenas nos anos 70 é que
as primeiras unidades geradoras, de pequena capacidade (a maioria na faixa de 15
MW a 20 MW), foram construídas e postas em operação. O rendimento térmico
nominal das primeiras unidades era apenas da ordem de 40%. Em virtude do
aumento da oferta de gás natural e da redução de seus preços, além dos avanços
tecnológicos alcançados, os ciclos combinados têm-se tornado uma alternativa
importante para a expansão da capacidade de geração de energia elétrica.

Atualmente, os ciclos combinados são comercializados em uma ampla faixa de


capacidades, módulos de 2 MW até 600 MW em um simples “train”, ou seja, uma
turbina/geradora a gás e uma caldeira de recuperação de calor e uma
turbina/geradora a vapor, com rendimentos térmicos próximos de 60%. Portanto
pode se compor módulos do tipo 2+2+1 (2 turbo-geradores a gás+ 2 caldeiras de
recuperação e 1 turbo-gerador a vapor), ou 3+3+2, e alcançar até 2.000 MW em
uma Central Termoelétrica. Na pratica, tem sido mais vantajoso construir centrais
térmicas na faixa de 600 a 800 MW próximo aos centros de cargas elétricas, pois
unidades maiores exigiriam grandes volumes de GN no ponto de entrega da central
além da disponibilidade de grandes volumes de agua para os condensadores das
turbinas a vapor.
47

Figura: 3.1-2 – Esquema Típico de Um Ciclo Combinado Brayton x Rankine


Fonte: GASNET

Os fabricantes de turbinas a gás desenvolvem intensa atividade de pesquisa e


desenvolvimentos tecnológicos para tornar estes equipamentos ainda mais
competitivos que permitam atingir rendimentos térmicos de até 70%, num período
relativamente curto. Pesquisas paralelas com engenharia de materiais e
desenvolvimento de combustores mais eficientes, e menor emissão de poluentes
atmosféricos como o NOx estão em desenvolvimento para possibilitar que tais
turbinas a gás operem a temperaturas mais elevadas ou seja da ordem de 1.600°C
(atualmente, a temperatura máxima das turbinas atinge 1.450°C). Uma alternativa é
o uso da chamada combustão sequencial, em que há reaquecimento dos gases de
exaustão.

Outros melhoramentos importantes são a redução das irreversibilidades nas


caldeiras de recuperação e a redução das perdas térmicas entre os dois ciclos
Brayton & Rankine. As reduções das irreversibilidades já estão sendo
implementadas com a geração de vapor em diferentes níveis de pressão. Sistemas
de maior capacidade têm sido projetados e construídos para dois ou três níveis de
pressão, com a possibilidade de reaquecimento no nível de pressão intermediária.
Já a redução das perdas pode ser viabilizada com a diminuição da temperatura dos
gases de exaustão, o que controlaria ainda a formação de NOx térmico.
48

3.2- A Matriz da Energia Elétrica Brasileira.

Conforme descrito no BEM-2014 da EPE/MME a geração de energia elétrica no


Brasil em centrais de serviço público e autoprodutores atingiu 570,0 TWh em 2013,
resultado 3,2% superior ao de 2012.
As centrais elétricas de serviço público, com 84,9% da geração total, permanecem
como principais contribuintes. A principal fonte de geração de energia elétrica é
hidráulica, embora tal fonte tenha apresentado uma redução de 5,9% na
comparação com o ano anterior.
A geração elétrica a partir de não renováveis representou 20,7% do total nacional,
contra 15,5% em 2012. A geração de autoprodutores em 2013 participou com 15,1%
do total produzido, considerando o agregado de todas as fontes utilizadas.
Importações líquidas de 39,9 TWh, somadas à geração nacional, asseguraram uma
oferta interna de energia elétrica de 609,9 TWh, montante 2,9% superior a 2012. O
consumo final foi de 516,3 TWh, um acréscimo de 3,6% em comparação com 2012.
O próximo gráfico apresenta a estrutura da oferta interna de eletricidade no Brasil
em 2013, por fonte de energia primaria:

Figura: 3.2-1- Oferta Interna de Energia Elétrica por Fonte (BEN-2014, ano base 2013)

O Brasil dispõe de uma matriz elétrica de origem predominantemente renovável,


com destaque para a geração hidráulica que responde por 64,9% da oferta interna.
As fontes renováveis representam 79,3% da oferta interna de eletricidade no Brasil,
que é a resultante da soma dos montantes referentes à produção nacional mais as
importações, que são essencialmente de origem renovável.
Do lado do consumo, o setor residencial apresentou crescimento de 6,2%. O setor
industrial registrou uma ligeira alta de 0,2% no consumo eletricidade em relação ao
ano anterior.
Os demais setores – público, agropecuário, comercial e transportes – quando anali-
sados em bloco apresentaram variação positiva de 4,8% em relação ao ano anterior.
O setor energético cresceu 12,6%.
Em 2013, a capacidade total instalada de geração de energia elétrica do Brasil
(centrais de serviço público e autoprodutoras) alcançou 126.743 MW, acréscimo de
aproximadamente 5,8 GW.
49

Na expansão da capacidade instalada, as centrais hidráulicas contribuíram com


30%, enquanto as centrais térmicas responderam por 65% da capacidade
adicionada. Por fim, as usinas eólicas foram responsáveis pelos 5% restantes de
aumento do “grid” nacional.

4. Situação Atual e Futura para o Setor de Energia Elétrica.

4.1. A Crise Atual no Abastecimento de Energia Elétrica.

O Brasil vive atualmente sob um clima de incerteza relativamente a possível


necessidade de recorrer a um racionamento de energia elétrica, tendo em vista os
baixos níveis de agua nos reservatórios que suprem as principais usinas
hidroelétricas do pais. Esta necessidade de possível racionamento de energia
elétrica já está sendo minimizado pelo baixo desempenho econômico do Brasil como
consequência do desaquecimento global da economia, principalmente nos USA, CE,
e China, Japão e Coreia do Sul.

A Tabela 4.1-1 a seguir, fornecido pelo ONS, expresso em % da capacidade nominal


dos reservatórios de cada região hidrográfica, ilustra o baixo nível dos reservatórios
em 2014, comparados com os respectivos meses de 2015, já passado o período de
chuvas nas regiões sul, centro-sul e sudeste.

Região - 2014 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
SE/CO % 40,28 34,61 36,26 38,77 37,42 36,33 34,36 30,26 25,30 18,68 16,01 19,36
SUL % 57,56 37,30 46,07 43,90 54,93 94,75 90,47 73,49 75,48 84,49 65,70 57,40
SECO/SUL % 42,47 35,10 36,97 39,19 37,38 41,44 39,32 34,89 29,25 25,68 19,79 22,72
NORTE % 60,75 80,92 86,10 90,21 92,97 91,64 84,87 64,73 42,70 32,85 28,05 33,36
NORDESTE % 42,62 42,13 41,54 43,62 40,80 36,56 32,30 27,25 21,93 15,70 13,03 17,73
N/NE % 46,32 50,84 51,42 53,90 52,73 49,22 43,98 36,80 27,61 20,42 46,40 21,20

REGIÃO - 2015 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
SE/CO % 16,84 20,58 28,54 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
SUL % 59,41 51,11 39,30 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
SECO/SUL % 20,60 23,29 29,50 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
NORTE % 34,70 39,07 61,94 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
NORDESTE % 16,41 18,34 23,52 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
N/NE % 20,47 22,94 32,06 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Tabela 4.1-1 Capacidade dos Reservatórios por Área em 2014 e 2015
Fonte: ONS

Os números acima comprovam a necessidade de se ampliar o despacho das


térmicas, notadamente as movidas a gás natural, que causará um aumento
significativo na energia elétrica gerada, onerando diretamente os consumidores
sejam eles grandes industrias ou até mesmo o consumidor doméstico.

Felizmente o Brasil já possui um parque termoelétrico a gás natural de razoável


capacidade que poderá ser utilizado alternativamente para atender despachos
emergenciais e para cobrir os déficits da geração hidroelétrica. Estima-se que a
capacidade instalada de centrais térmicas a gás natural de pequeno, médio e grande
porte seja da ordem de 12,0 GW, sem contar os diversos projetos que se encontram
em fase de projeto e de instalação.
50

Na realidade existe uma demanda reprimida para novas e modernas centrais


térmicas a GN em função da indisponibilidade de GN para viabilizar projetos de
grande porte para o qual é exigido um contrato de suprimento de GN por 20 (vinte)
anos. Outro fator preponderante associado ao GN é seu preço no city-gate, que
pode representar um acréscimo quando comparados aos Hubs Internacionais (Henry
Hub e NBP) de até 150 a 200%. O cenário atual e de médio prazo sinalizam preços
relativamente baixos para o GNL no mercado internacional. Entretanto o Brasil não
poderá se aproveitar desta oportunidade para realizar estoques estratégicos pois
não possui instalações para estocagem/armazenamento deste referido gás em
forma de GNL em instalações criogênicas ou GN em estocagens subterrâneas.

A geração de energia elétrica através de centrais térmicas a GN é a mais importante


alternativa a curto e longo prazo. No curto prazo já existe uma capacidade instalada
de cerca de 12,0 GW que poderá ser despachada de imediato desde que haja
suprimento de GN na quantidade e a preços competitivos. Se levarmos em
consideração as centrais térmicas ora em fase de instalação, teremos algo em torno
de 4,0 GW de capacidade adicional nos próximos 2 a 3 anos.

Conforme ABBUD, a crise de energia elétrica no Brasil está fundamentada nos


tópicos que são apresentados a seguir:

a) A primeira delas está na construção de usinas hidrelétricas sem reservatórios


também chamadas de usinas hidrelétricas a fio d’agua onde isso é possível,
em descumprimento, inclusive, da legislação vigente, que determina o
chamado aproveitamento ótimo dos potenciais hídricos nacionais. Tais
modelos estão sendo colocadas em pratica atendendo pressões de natureza
política e socioambientais.
Para que se tenha ideia dos efeitos dessa política pública “de fato”, que vem
sendo posta em prática há anos, em razão das pressões contra as usinas
hidrelétricas, dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)
mostram que de 42 empreendimentos leiloados entre 2000 e 2012, que
somam 28.834,74 MW de potência, apenas dez constituem usinas com
reservatórios. Essas dez usinas agregam somente 1.940,6 MW de potência
instalada ao sistema elétrico. Os outros 32 empreendimentos, num total de
26.894,14 MW, são de usinas a fio d’água, ou seja, sem qualquer capacidade
de armazenar água para geração de eletricidade nos períodos secos. Apenas
6,73% da capacidade de geração desses empreendimentos são, portanto,
provenientes de usinas com reservatório.
O resultado é que a capacidade de acumulação de água para o período seco
nas usinas hidrelétricas brasileiras vem caindo em face do aumento da
demanda. Essa capacidade, que já foi plurianual, no passado, e era de 5,6
meses, em 2012, cairá para cinco meses, em 2016, e para 3,24 meses, em
2022, de acordo com o Plano Decenal do Ministério de Minas e Energia.
Além de diminuir a segurança energética do País, a construção de usinas
sem reservatórios, segundo a técnica recomendável, tem preço alto para o
consumidor. Os reservatórios não construídos são necessariamente
substituídos por térmicas, mais caras e poluentes, visto ser esta a única
modalidade de geração em nossa matriz que compensa a falta de geração
hidrelétrica de maneira segura. As demais, eólica e solar, são apenas
complementares, por dependerem da natureza. A geração nuclear, apesar de
51

bastante segura, sofre as restrições conhecidas, inclusive as que servem


apenas a fins demagógicos.
Segundo TANCREDI, D., et al, o consumidor brasileiro deverá arcar com os
custos adicionais decorrentes desta alternativa. Consideremos a título de
exemplo a usina de Belo Monte, para entender o custo financeiro da renúncia
aos reservatórios. Na bacia do Xingu foram abandonados cerca de 5 mil MW
de energia firme e eliminou se o reservatório de Belo Monte, com a finalidade
de reduzir a área de alagamento. Embora isso tenha viabilizado politicamente
a usina, a diferença entre os custos de geração desses 5 mil MW médios
(gerados nos projetos a montante, a estimados R$ 77,97/MWh, preço de Belo
Monte, num valor total de R$ 3,37 bilhões/ano), e os mesmos 5 mil MW
médios, gerados por térmicas a gás (a R$ 426,24/MWh, num total de R$ 18,6
bilhões/ano), montaria a R$ 15,3 bilhões/ano, isso sem computar os prejuízos
ambientais das emissões de CO2 decorrentes da geração térmica.
Além disso, alerta TANCREDI, D., et al, a Usina Belo Monte ficou mais cara
por esse novo projeto, pois a solução escolhida, para proporcionar um ganho
de energia firme da ordem de 20% (de 3.970 MW médios para 4.796 MW
médios), elevou a potência instalada em quase 40% (de 8.009 MW para
11.181 MW), com consequente piora da relação custo/benefício do
empreendimento.

b) O segundo fator que contribui fortemente para a insegurança energética que


vivemos é o atraso na construção de novas usinas e linhas de transmissão.
Os motivos são diversos e vão desde atrasos no licenciamento ambiental,
falta de recursos financeiros, embargos e ações públicas paralisando as obras
mesmo com o devido licenciamento ambiental, greves por parte dos
trabalhadores, gerenciamento do projeto e das obras de forma incorreta ou
precária, disputas entre os consorciados construtores, atrasos na entrega por
terceiros de obras de infraestruturas para suportar um empreendimento desta
magnitude, atrasos na construção das linhas de transmissão, discussões
contratuais decorrentes de alterações ou modificações no projeto executivo,
motivos de força maior como chuvas e inundações não previstas em
contrato.
Na construção de linhas de transmissão, dados da ANEEL de 2013, mostram
que 96 obras de transmissão da Chesf sofreram atrasos e chegaram a
apresentar atraso médio de 495 dias. Havia, entre as obras, linhas com
atrasos de até 2.294 dias. Furnas, por sua vez, chegou a ter, segundo a
ANEEL, 39 obras atrasadas, com um atraso médio de até 710 dias. Entre as
obras não concluídas, havia atrasos de até 2.525 dias. A Eletronorte chegou a
ter 49 atrasos em obras, tendo alcançado a média de 344 dias de atraso.
Houve obra com atraso de 1.736 dias em sua carteira. A estatal federal em
melhor situação era a Eletrosul, que tinha um atraso médio de apenas 51
dias.
Não podemos nos esquecer de que a Medida Provisória nº 579, de 2012,
retirou dessas estatais grande parte da sua renda, descapitalizando as,
quando se apropriou dos seus lucros com a geração de energia elétrica para
promover, de forma artificial, a redução tarifária para os consumidores. Elas
só não enfrentam ainda o efeito pleno dessas dificuldades em virtude das
indenizações que estão recebendo, em decorrência das regras estabelecidas
52

na MP. Mas essa não é uma fonte inesgotável, e a Eletrobras terá que
conseguir recursos para dar prosseguimento às muitas obras que contratou.

c) Outro fator que tem influenciado fortemente, principalmente na implantação de


usinas hidroelétricas e suas linhas de transmissão, é o licenciamento
ambiental, que de longa data dificulta o cumprimento de prazos de
implantação destas obras. Para as usinas termoelétricas a restrição mais
relevante à concessão de licenças ambientais foi a edição, em 2009, da
Instrução Normativa nº 7, do IBAMA, que criou contrapartidas mitigatórias,
mas foi embargada por determinação da Justiça.
O Comitê de Revitalização do Modelo do Setor Elétrico, criado pela Câmara
de Gestão da Crise de Energia (GCE), em 2001, promoveu um amplo debate
com todos os agentes do setor elétrico e com a sociedade, com o objetivo de
“encaminhar propostas para corrigir as disfuncionalidades correntes e propor
aperfeiçoamentos para o modelo” de gestão do setor. Ao final de seus
trabalhos, dentre as várias medidas propostas estava a de agilização do
processo de licenciamento ambiental. A recomendação era no sentido de que
todos os empreendimentos já fossem licitados com a Licença Ambiental
Prévia obtida. A MP nº 145, um dos instrumentos da reformulação da
legislação feita em 2003, acatou apenas parcialmente essa recomendação,
dando à EPE a possibilidade de escolher para quais empreendimentos ela
buscaria obter as licenças ambientais. Os licenciamentos dos demais
empreendimentos ficariam a cargo dos concessionários.
Independente dos fatos acima mencionados, o processo de licenciamento de
aproveitamentos hidroelétricos e linhas de transmissão continuam muito
lentos e constituem atualmente no maior entrave na implementação de
aproveitamentos energéticos desta ainda abundante fonte renovável de
energia. Exemplo disso é que há, atualmente, na ANEEL, algo entre seis e
sete mil MW de outorgas de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) que não
podem ser expedidas pela Agência sem a emissão da Licença Ambiental
Prévia. PCHs, por definição legal, não podem alagar mais que três
quilômetros quadrados. Ainda assim, demoram, às vezes, nove anos para
obter sua Licença de Instalação, como aconteceu com uma PCH de Mato
Grosso, que só recentemente foi licenciada.

4.2- Geração Termoelétrica a GN ou Geração Hidroelétrica.

Conforme exposto, o Brasil optou sabiamente por diversificar sua matriz elétrica para
flexibilizar a obtenção de energia elétrica necessária e fundamental para seu
desenvolvimento sustentado, e ter assim alternativas para fazer face a imprevistos
consequentes por longos períodos de estiagem, mas também para não sofrer as
consequências de alguma possível adversidade geopolítica que poderiam afetar o
suprimento de combustíveis fosseis.

Entretanto é necessário que o pais continue investindo na geração hidroelétrica, mas


ao mesmo tempo investindo na ampliação da capacidade de produção nacional de
GN tanto “onshore” como no pre-sal brasileiro, além de outras fontes de gás não
convencional, para que possamos nos tornar independentes deste importante
energético.
53

É importante destacar que o pais passará por momentos de tensão até 2019 por
ocasião da renovação do contrato de fornecimento de GN por parte da Bolívia,
embora este fato esteja mitigado com as três Unidades de Recebimento de GNL do
Rio de Janeiro-RJ, Pecem-CE e Bahia de Todos os Santos-BA.

Relativamente a Geração Termoelétrica utilizando GN, é preciso destacar que além


das já descritas vantagens, tais como: menor prazo para sua implantação,
segurança, eficiência, confiabilidade, disponibilidade e flexibilidade, estas
instalações necessitam porém de uma infraestrutura própria, complexa e de altos
investimentos, compreendendo terminais de recebimento de GNL, estações de
regaseificação, quando se tratar de GN importado e ainda de UPGNs para GN
oriundos de campos “onshore” e “offshore” localizados no Brasil, além de estações
de compressão de GN, e extensa rede de gasodutos. Importante esclarecer
finalmente que a rotulação de que as centrais termoelétricas à GN são poluidoras e
responsáveis pela emissão de gases que causam o efeito estufa, são coisas do
passado, pois atualmente já existe tecnologia viável economicamente para
separação e tratamento/destinação do CO 2 evitando sua liberação para a atmosfera.
O EPA Agencia de Proteção Ambiental dos USA não autoriza a partir de 2015 a
instalação de novas centrais termoelétricas que utilizem combustíveis fosseis sem o
correspondente sistema de captura e destinação do CO 2 .

Para as Usinas Hidroelétricas, é preciso alertar os resultados dos estudos realizados


por SOUZA e JACOBI que discordam que a potência instalada em Hidroelétricas no
Brasil, cerca de 78,0 GW, possuem potencial de atingir cerca de 250,0 GW em 2030
segundo o PNE do MME. Segundo SOUZA e JACOBI a expansão hidroelétrica
prevista para o mesmo período seria algo próximo de 95 GW. Deste total, o PNE
espera que a bacia do Rio Amazonas produza 77% do que o planejado para ser
incorporado ao sistema elétrico brasileiro, conforme tabela 3.4-1 a seguir. Destaque-
se que embora a bacia do rio Amazonas tenha 77,0 GW de potencial hidroelétrico,
62% tem algum tipo de restrição de natureza socioambiental.

Potencial de Geração dos Recursos Hídricos (MW)


Bacia Bacia Demais
Expansões Potenciais Total
Amazônica Tocantins/Araguaia Bacias
Potencial Aproveitado 835 12.198 64.744 77.777
Expansão Potencial até 2015 12.153 2.428 5.563 20.244
Expansão Potencial 2015-2020 16943 1.600 5.000 23.543
Expansão Potencial 2020-2030 44200 3.200 5.000 52.400
TOTAL 74.231 19.426 80.307 173.964
Tabela 4.2-1 – Potencial de Geração dos Recursos Hídricos (MW)
Dados Extraídos PNE-2030 MME - EPE (2007)

O percentual com restrição de uso do potencial hidroelétrico não significa


necessariamente que o mesmo não possa ser utilizado, mas os atuais planejadores
do setor elétrico brasileiro, segundo SOUZA e JACOBI, esperam que uma bacia que
tem 77,0 GW a aproveitar, contribua com 73,0 GW nos próximos anos, mesmo
sabendo que 47.800 MW têm alguma restrição à sua utilização, conforme tabela
4.2.-2 a seguir.
54

Tabela 4.2-2 – Bacia do Amazonas


Caracterização do potencial hidroelétrico segundo os impactos ambientais (MW)
Impacto Total %
Sem impacto significativo 29.196 37,9
Reserva Indígena 34.158 44,3
Parque nacional 9.330 12,1
Quilombo 2.883 3,7
Reserva de desenvolvimento sustentável 968 1,3
Floresta nacional 420 0,5
Área de preservação ambiental (APA) 53 0,1
Reserva biológica 50 0,1
Demais impactos (*) <0,5
(*) cidades, área populosa, rio virgem, área alagada, custo da terra e infraestrutura de importância
significativa.
Tabela 4.2-2 – Bacia Amazônica – Caracterização dos Impactos Ambientais no Potencial
Hidroelétrico.
Dados Extraídos PNE-2030 MME- EPE (2007).

Diante do exposto os planejadores de energia deverão considerar os cenários acima


para definir a melhor alternativa que venha atender aos anseios socioambientais e
econômicos para um desenvolvimento sustentado do Brasil.

5- Conclusões e Recomendações para Ampliar a Participação do GN na


Matriz Elétrica Brasileira.

Conclui-se que o quadro atual do planejamento energético é caótico e com risco


iminente de racionamentos e potenciais “black-outs”. O regime pluviométrico é
dependente de fenômenos da natureza e, portanto, incontrolável e imprevisível,
embora se possa gerenciar as consequências através da construção de
reservatórios de acumulação para atender os períodos de longa estiagem, mas tais
medidas não são aceitas por aqueles que defendem o aspecto socioambiental
destas medidas.

Enquanto isso, no Brasil, as autoridades, que deveriam se ocupar do planejamento


estratégico de energia e com a formulação de um Plano Plurianual, cuidam da
administração da pluviometria dos reservatórios para definir se as termelétricas irão
despachar e se a Petrobras terá que importar GNL no mercado “spot” com sérios
impactos na soberania nacional e na balança de pagamentos do país.

Diante deste quadro, relaciona-se a seguir os principais óbices e recomendações no


âmbito governamental e regulatório a serem avaliadas, discutidas com a sociedade
civil e implementadas não só para ampliar a participação do GN na Matriz Energética
Brasileira, mas também para que a energia elétrica não venha a se constituir no
impedimento para o crescimento sustentável do Brasil. Conforme GOMES, O Brasil
tem amplas condições de desenvolver o mercado de GN, desde que solucionados
ou definidos ações para corrigir os óbices e as ações abaixo discriminadas.
55

5.1- Principais Óbices.

5.1.1. Cenário Nacional: Desafios e Barreiras.

O consumo de gás para geração de energia elétrica quadruplicou entre 2011 e 2014,
enquanto que o consumo nos outros setores (industrial, residencial e transporte) tem
estado praticamente estagnado, fruto da falta de políticas setoriais para o gás e de
preços pouco competitivos.
O Brasil precisa de gás natural, pois é o combustível que reúne qualidades que não
se encontram em outros energéticos: é mais limpo que o carvão e o petróleo; é
versátil, podendo ser consumido em todos os segmentos (residencial, industrial,
transportes, geração de eletricidade); é um combustível imprescindível para a
qualidade dos produtos industriais; e não é intermitente, como o vento ou a energia
solar. Além de reservas pouco mapeadas de gás convencional, o Brasil tem
enormes reservas de gás de folhelho, ocupando a décima posição mundial, segundo
estudo do Departamento de Energia dos EUA.
Uma série de entraves institucionais, fiscais e regulatórios colocam em evidência a
fragilidade e a dependência energética crescente do Brasil:

5.1.2. Incertezas Quando à Oferta

Dependência acentuada e crescente de importações de gás natural e GNL. A


situação deverá se agravar a partir de 2019 quando expira o contrato de gás
boliviano, pois a Bolívia não dispõe de reservas suficientes para garantir o
suprimento do Brasil aos volumes atuais por mais 20 anos.

Falta um cronograma anual e estável de rodadas de exploração de petróleo e gás


natural. As rodadas, até então anuais, foram interrompidas em 2008 e retomadas em
2013; aparentemente não vão ocorrer nem 2014, nem em 2015, gerando incertezas
junto aos investidores, e prejudicando a reposição das reservas brasileiras de
petróleo e gás no longo prazo.

5.1.3. Inexistência de incentivos para Exploração tanto de Gás Convencional


e Não-Convencional.

Diferentemente de outros países, como os EUA, Inglaterra e China, que oferecem


diversos incentivos fiscais e econômicos, o Brasil não diferencia o gás do petróleo e
não oferece incentivos para produção de gás natural. O leilão de blocos de gás
realizado em novembro de 2013 foi decepcionante: de 240 blocos ofertados,
somente 72 foram arrematados, 49 dos quais pela Petrobrás, refletindo a falta de
incentivos e incertezas regulatórias.

5.1.4. Altos Preços do GN Inibem o Crescimento da Demanda.

Os preços de gás no Brasil são dos mais altos no mundo – isso apesar de 65% do
gás nacional ser associado e, portanto, com custo de produção baixo, já embutido
no custo de produção de petróleo. Em dezembro de 2013 o preço ao consumidor
industrial era quase três vezes o preço nos EUA e de 10 a 37% mais caro do que
nos países europeus. O preço ao consumidor residencial chega a 450% do preço
residencial nos EUA e é 26% mais caro que no Reino Unido. Preços altos e
56

indefinição quanto à oferta inibem a maior penetração do gás na indústria e


residências.
Vários fatores contribuem para o preço alto do gás natural no Brasil: preço elevado
da molécula, baixo consumo individual no setor residencial devido ao clima ameno,
alta carga tributária, ausência de competição na oferta e dependência crescente de
gás importado.
A carga tributária sobre o preço do gás é muito elevada, equivalendo a 27% do
preço do gás sem tributos; em muitos casos os impostos excedem as margens de
distribuição.
Distorções criadas por políticas populistas de redução de preços de eletricidade
impedem o desenvolvimento do mercado de cogeração, que além de ser um dos
usos mais eficientes do gás, possibilitaria o descongestionamento das redes de
distribuição de eletricidade.
O consumo de gás na geração de eletricidade cresceu 300% entre 2011 e 2014;
apesar do perfil cada vez mais hidrotérmico do sistema elétrico brasileiro, as
condições de despacho do Operador Nacional do Sistema (ONS) e as regras
restritivas dos leilões de energia – por exemplo, preços incompatíveis com preços de
mercado e exigência de comprovação de reservas de gás por 20-25 anos –
impedem a assinatura de contratos de gás de longo prazo e a participação de
investidores privados em projetos de usinas elétricas a gás natural. Como
consequência, a Petrobrás é obrigada a comprar GNL no mercado spot/curto prazo
para impedir que falte energia elétrica no Brasil, pagando preços altos, similares aos
do Japão. Em 2013 o custo de importação de GNL foi superior a US$ 3 bilhões,
situação que deverá se repetir em 2014.

5.1.5. Quadro Institucional e Regulatório Desfavorece a Competitividade.

Decorridos quase 20 anos após a emenda constitucional quebrando o monopólio


estatal do petróleo, e apesar de existirem mais de 70 empresas explorando ou
produzindo petróleo e gás no Brasil, a Petrobrás detém o monopólio de fato no
suprimento de gás natural no País. A Petrobrás controla todo o suprimento de gás
aos Estados, todos os pontos de importação e ainda participa com poder de veto da
maioria das distribuidoras de gás no Brasil.
Como consequência do monopólio não regulado no suprimento, o gás natural é
precificado no city-gate ao custo de oportunidade com o óleo combustível, sem
qualquer relação com custos de produção. Não existe transparência quanto ao custo
da matéria-prima e do transporte. O gás nacional sem desconto é 20% mais caro
que o gás importado da Bolívia. Além disso, produtores associados vendem o gás
para a Petrobrás a preços baixos na boca-do-poço, por falta de acesso ao mercado,
sem que esse benefício seja repassado aos consumidores.
A venda de gás ao consumidor final é controlada pelas distribuidoras estaduais de
gás canalizado, com contratos de concessão exclusiva de 30-50 anos, renováveis
por mais 20 anos. Apesar de margens permitindo a recuperação de custos e
investimentos, apenas a Gas Fenosa (RJ) e a COMGAS (SP) têm investido no
crescimento da infraestrutura e na penetração do gás nos segmentos residencial e
comercial. As duas empresas respondem por 93% dos consumidores e por 73% das
redes de distribuição de gás natural.
O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que tem como função
assessorar a Presidência na formulação de políticas e diretrizes relacionadas ao
setor de energia, tem sido pouco atuante, com representatividade pouco expressiva
57

da sociedade civil. Inexiste coordenação entre os órgãos reguladores estaduais e


federais.
Apesar de vários estados permitirem a existência de consumidores “livres”, não
existem incentivos para que tal aconteça, devido à falta de competição no
suprimento de gás e margens de distribuição que praticamente não diferenciam
consumidores livres e cativos.
No cenário internacional, os grandes consumidores industriais de energia deverão
ampliar seus investimentos em países com custos de produção baixos e energia
competitiva: EUA, Oriente Médio, China e Índia, em detrimento de países e regiões
onde o preço da energia não é competitivo, como o Japão, Europa e, possivelmente,
o Brasil.
Além de perda de investimentos industriais e de oportunidades de geração de
emprego, o Brasil corre o risco de precisar recorrer a usinas termelétricas
emergenciais a óleo combustível, mais caros e poluentes, tal como vem ocorrendo
em países que não conseguiram viabilizar uma produção doméstica sustentável de
gás natural, por exemplo Bangladesh e Paquistão.

5.2. Propostas para o Desenvolvimento da Indústria de GN no Brasil

5.2.1. Políticas Governamentais.

O Brasil precisa urgentemente de uma política efetiva de Governo para o gás


natural. O modelo atual não está funcionando e não atende às necessidades da
sociedade brasileira, pois:

a) não reduziu, ao contrário aumentou, a dependência de gás importado;


b) não estimulou a competição no suprimento;
c) não contribuiu para baixar os preços aos consumidores;
d) está desestimulando o investimento industrial no Brasil;
e) não está possibilitando a construção de termelétricas a gás a preços competitivos.

O Governo Federal deve coordenar ações prioritárias visando estimular a indústria


de gás no Brasil, dentre as quais:

Definição de política de gás natural com participação efetiva da sociedade, com


metas de investimentos por parte do Governo e do setor privado e ações efetivas
para superar os entraves. O CNPE deveria ser reformulado para cumprir seu papel
estatutário, com ampliação da participação da sociedade civil.

Choque de Oferta, visando aumentar a produção de gás no Brasil e incentivar a


competição no suprimento. É imprescindível uma ação imediata, pois o efeito
somente se fará sentir no longo prazo tendo em vista os horizontes de maturação de
projetos de gás natural (5-10 anos).

Compromisso do governo federal de manter um cronograma anual e previsível de


rodadas de exploração de petróleo e gás natural.

Mapeamento geológico detalhado pela ANP das reservas de gás no Brasil.


58

Revisão pela ANP e Ministério de Minas e Energia das regras de licitação visando
oferecer incentivos ao investimento na exploração de gás natural: redução ou
abolição dos bônus de assinatura e participação especial, abrandamento dos
requerimentos de conteúdo local, concessão de incentivos fiscais para produção de
gás natural, redução/isenção dos royalties, concessão de financiamento em termos
favoráveis para construção de infraestrutura de escoamento de gás.

Obrigatoriedade da Petrobrás e produtores privados de informar a disponibilidade de


gás no curto e longo prazos, visando o planejamento de investimentos pelos
consumidores finais.

A ANP deve organizar leilões periódicos de compra de gás produzido por empresas
independentes e parceiros da Petrobrás, com acesso garantido à infraestrutura de
transporte e transferência de gás, com remuneração do uso da infraestrutura
definida pela ANP.

Viabilização inicial pelo Governo de infraestrutura de transporte de gás produzido em


zonas distantes dos centros consumidores, com emissão de “bonds” de
infraestrutura.

Incentivar através de financiamentos, incentivos fiscais e medidas regulatórias a


concessão para a instalação de Estocagem Subterrânea de GN, objetivando
minimizar o impacto da demanda sobre a já precária rede de dutos de transmissão
de GN. Esta alternativa objetiva também a redução do preço do GN para o usuário
final visto que esta estocagem teria também a função de formação de estoques
reguladores, permitindo a compra de GN no mercado nacional ou internacional em
condições mais favoráveis durante o período cíclico de baixa demanda.

5.2.2. Criação de Demanda Sustentável

A política de preços deve encorajar a penetração do gás em todos os segmentos do


mercado. Enquanto não houver competição no suprimento, o Governo deveria
regular as atividades monopolísticas através de:

a) Separação contábil e aprovação pelo Governo dos custos da molécula e


transporte de gás.

b) Preço de gás no city-gate pelo custo do serviço em lugar de custo da


oportunidade.

c) Investimentos realizados pela Petrobras em projetos “estratégicos” de baixa


utilização, tais como o gasoduto GASENE, não deverão ser repassados ao
consumidor final. Se aprovados pelo Governo, deverão ser objeto de políticas
específicas de financiamento.

d) Redução da carga tributária sobre o gás natural: isenção de PIS/COFINS e


redução do ICMS.
59

e) O transporte de gás é um monopólio de fato. Portanto, à semelhança de outros


países, a ANP deverá publicar e moderar as tarifas de transporte de gás
natural.

f) Coordenação entre ANP e órgãos reguladores estaduais para harmonização de


margens e tarifas de distribuição de gás.

g) Incentivos ao uso sustentável de gás nos segmentos de transporte (GNV),


cogeração industrial, geração distribuída e residencial: financiamento a juros
baixos da infraestrutura de transporte e distribuição, conversão de
consumidores, compra de veículos e postos de GNV; eliminação dos subsídios
ao gás de botijão (GLP) em regiões dispondo de redes de gás canalizado;
eliminação das distorções regulatórias entravando o crescimento da geração
distribuída.

h) O Governo Federal deverá reformular as regras dos leilões de energia visando


atrair investidores privados na construção de termelétricas a gás: leilões por
fonte de energia, preços realistas e compatíveis com o mercado, abolição da
exigência de comprovação de reservas de gás por 20-25 anos e custos fixos
compatíveis com as obrigações de suprimento de contratos de gás natural.
Isso permitiria ao investidor firmar contratos de gás/GNL de longo prazo,
economizando bilhões de dólares para o País.

5.2.3. Marco Regulatório.

É imprescindível a reformulação do Marco Regulatório, visando incentivar a


eficiência e atrair investimentos.

a) O Governo precisa coordenar a abertura da infraestrutura de gás a terceiros


interessados mediante remuneração justa e transparente para diversificar a
oferta e aumentar a competição, aí incluídos os gasodutos de transporte,
escoamento e transferência, redes de distribuição e terminais de GNL.

b) O marco regulatório do setor de gás deve efetivamente regular os monopólios


naturais visando o justo equilíbrio entre a proteção ao consumidor e a atração
de investimentos. A experiência bem-sucedida nos EUA e países europeus
mostra que esses princípios têm sido a mola propulsora da oferta e da
competitividade do gás natural.

c) O Reino Unido e países europeus optaram por um operador único privado,


para o sistema nacional de transporte de gás natural. Nos EUA coexistem
diversos operadores todos privados. O que existe em comum entre esses
países: os transportadores de gás não podem ser comercializadores, devido
ao conflito de interesse. O Brasil deveria implementar um modelo semelhante,
seja através da venda dos ativos de transporte da Petrobrás para um operador
neutro, ou através da criação de um operador independente do Sistema
Nacional de Gás, à semelhança do que ocorre no setor elétrico.

d) Para garantir a diversificação de suprimentos e a competição na oferta, a


Comunidade Europeia obrigou os monopólios nacionais de gás a liberarem
60

10% dos contratos de gás e da capacidade de transporte para terceiros, o que


facilitou a competição e a atuação de comercializadores independentes. O
Brasil poderia adotar políticas similares, visando encorajar a competição no
suprimento.

6- Referências Bibliográficas
ABRACE – Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres;
Conceitos e definições do setor de gás natural. Disponível em < http://www.abrace.org.br > Acesso em maio-
2015.

ALMEIDA E., - Energia e Desenvolvimento: em Busca do Elo Perdido – Grupo de Economia da Energia –
Blog Infopetro- Disponível em https://infopetro.wordexpress.com/os-autores > baixado em março-2015.

ALMEIDA J. R. U. C., et al. - Estocagem de Gas Natural como Beneficio Econômico para o Despacho
Hidrotérmico do Sistema Interligado Nacional: Uma Abordagem Conceitual – Trabalho apresentado no Rio
Oil & Gas – 2014. Disponível em < www.riooilgas.com.br > Identificação do trabalho IBP1814-14, baixado em
janeiro de 2015.

ALMEIDA J. R. U. C., A importância da Flexibilidade na Oferta e na Demanda de Gas Natural – O Caso do


Mercado Brasileiro – Dissertação de Mestrado para Obtenção do Grau de Mestre em Ciências em
Planejamento Energético, apresentado em maio de 2008 no COPPE-UFRJ. Disponível em
www.ppe.ufrj.br/ppe/production/tesis/ricardo_uchoa@20.pdf , baixado em abril de 2015.

AMUSUH – Associação Nacional dos Munícipios Sedes de Usinas Hidroelétricas – Reservatórios do Sudeste
estão no nível mais baixo desde 2001. Disponível em http://www.amusuh.org.br Acesso em maio -2015

APPI, C.J., IYOMASA, W. S., GORAIEB, C. L. Estocagem subterrânea de gás natural: tecnologia
para suporte ao crescimento do setor de gás natural no Brasil. 1ª ed. São Paulo: Páginas e
Letras Editora Ltda., 2005. 226 p.

BP – British Petroleum - Statistical Review of World Energy 2011. Reino Unido: BP, 2011.

CECCHI, José Cesário. Indústria Brasileira de gás natural: regulação atual e desafios. Rio de Janeiro: ANP,
2001.

CHANDRA, V. – Fundamentals of Natural Gas: An International Perspective – Penn Well Corportion, Tulsa,
Oklahoma, USA, 2006, 202 p.

COLOMER M., - Estocagem de Gas Natural no Brasil como Solução para o Conflito entre a Industria de
Gás e o Setor Elétrico – Grupo de Economia da Energia – Blog Infopetro – Disponível em <
https://infopetro.wordpress.com/os-autores > baixado em Março de 2015.

COLOMER M., - O Setor Elétrico e as Indefinições da Política de Gas Natural no Brasil, Grupo Economia da
Energia – Blog Infopetro – Disponível em < https://infopetro.wordpress.com/os-autores/ >, baixado em abril-2015.

COLOMER M., - Os Impactos da Queda do Preço do Petróleo no Mercado de Gas Natural, Grupo Economia da
Energia – Blog Infopetro – Disponível em < https://infopetro.wordexpress.com/os-autores/ > baixado em março
de 2015.

COLOMER M., - Uma Agenda para o Gás Natural no Novo Governo – Grupo de Economia da Energia – Blog
Infopetro – Disponível em < https://infopetro.wordexpress.com/os-autores > baixado em abril-2015.

EPE - Empresa de Pesquisa Energética. Plano Nacional de Energia 2030. Rio de Janeiro, EPE: 2007 –
Disponível em < http://www.epe.gov.br > Baixado em Fev-2015.

EPE – Empresa de Pesquisa Energética – MME – BEN – Balanço Energético Nacional – 2014 – Disponível em
< http://www.epe.gov.br >, baixado em abril-2015.

EPE – Empresa de Pesquisa Energética - MME - Anuário Estatístico de Energia Elétrica - 2014 – Disponível
em < www.epe.gov.br/Estudos >, baixado em abril-2015.

FIOREZE, M.; HEDLUND, K. F. Soares; GRAEPIN, C.; SILVA, T. C. Nova; AZEVEDO, F.C. Gomes; KEMERICH
P. D. da Cunha - Gas Natural: Potencialidade de Utilização no Brasil – UFSM/CESNORS – abril – 2013.
61

Disponível em < cascavel.ufsm.br/revistas/ojs-2.2.2/index.php/reget/article/view/7896 >. Baixado em janeiro-


2015.

IEA – International Energy Agency – World Energy Outlook – 2014 – Published by OECD/IEA in 2.014 – Paris –
France, 2014, 726 p.

GOMES, I. – Visões para o desenvolvimento da Industria do Gás Natural – Disponível em


< www.visoesdogas.com.br/pdfsespecialistas/Ieda-Gomes.pdf. >, baixado em janeiro de 2015.

GOMES, M. J., Estudo do Mercado Brasileiro de Gas Natural Contextualizado ao Shale Gas, Trabalho de
Diplomação em Engenharia Química, apresentado na Escola de Engenharia da UFRGS – Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, em dezembro de 2011. Disponível em:
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/38375/000823873.pdf?sequence=1 ,baixado em dez-2014.

LAMUCCI S., - Gás de Xisto Estimula Economia dos EUA e pode Derrubar Preço do Petróleo – Valor Econômico
01-07-2013, - Disponível em < https://www.outrapolitica.wordexpress.com/gas-de-xisto >, baixado em janeiro-
2015.

LOM W. L. – Liquefied Natural Gas – Applied Science Publishers Ltd – London – UK, 1974, 178 p.

LOURENÇO, S.R.; Uma contribuição para a inserção do gás natural como alternativa viável na matriz
energética nacional. 2006. Tese (Pós-Graduação em engenharia química) – Faculdade de Engenharia
Química, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP.

MEDICE, M. – The Natural Gas Industry – A review of World Resources and Industrial Applications – Published
by Newnes – Butterworths an imprint of the Butterworths Group. – London-UK, 1974, 356 p.

MELO Filho, M., A história do gás natural: do Rio de Janeiro para o Brasil. Rio de Janeiro, 2005.

ROCHA, D. de Q. et. al. Analise da Estrutura de Formação de Preços no Mercado de Gás Natural. TCC
apresentado na Escola Politécnica da UFRJ em agosto-2003.

SANTOS, E. M. dos; FAGÁ, M. T. W.; BARUFI, C. B.; POULALLION, P. L. Gás natural: a construção de uma
nova civilização. Estudos Avançados, São Paulo; v. 21, n. 59, p. 67-90, 2007.

SANTOS et. al. Gás natural: estratégias para uma energia nova no Brasil. São Paulo: Annabume, Fapesp,
Petrobrás,2002.

SOUZA, A do N. e JACOBI, P.R. – Expansão da Matriz Hidrelétrica no Brasil: as Hidrelétricas da Amazônia


e a perspectiva de mais conflitos socioambientais. Disponível em < www.anppas.org.br>, baixado em maio-
2015.

STRAIT, R. e NAGVEKAR M. – Carbon dioxide capture and storage in the nitrogen and syngas industries
– KBR Technology – Disponível em <www.kbr.com >, baixado em maio-2015.

TANCREDI, D et al. – Por que o Brasil está trocando as hidroelétricas e seus reservatórios por energia
mais cara e poluente? Núcleo de Estudos e Pesquisas do Senado – Disponível em <www.anacebrasil.org.br>,
baixado em maio-2015.

TAVARES M., Os Desafios do Mercado Brasileiro de Gas Natural – Revista Interesse Nacional – Ano 6 –
Número 22, julho-setembro 2013, disponível em < http://interessenacional.uol.com.br/site/wp-
content/uploads/2013/07/revista-interessenacional-Edicao-22.pdf > baixado em setembro de 2014.

TUSIANI, Michael D. and SHEARER G. – LNG A Nontechnical Guide – 2.007 – PennWell Corporation – Tulsa,
Oklahoma, USA, 2007, 436 p.

VASCONCELOS, Claudemir D. – Analise da malha nacional de gasodutos com vistas a viabilidade de


implantação do Plano Decenal de Energia. Dissertação de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-
graduação em Energia da Universidade Federal do ABC, em 2012.

ABRACE, ABEGAS & CNI – Visões do Gas – Uma Contribuição para o Futuro do Brasil – Disponível em: <
www.visoesdogas.com.br > baixado em dezembro de 2014.
62

Vous aimerez peut-être aussi