Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
1) Leia o trecho de Macunaíma e as afirmações que se fazem. Em seguida, assinale a alternativa verdadeira.
"Jiguê teve raiva porque peixe andava rareando e caça inda mais. Foi na praia do rio pra ver si escava alguma coisa e
topou com o feiticeiro Tzaló que tem uma perna só. O catimbozeiro possuía uma cabaça encantada feita com a metade
duma casca de jerimum. Mergulhou a cabaça no rio, encheu de água até o meio e despejou na praia. Caiu um
despropósito de peixe. Jiguê reparou bem como que o feiticeiro fazia. Tzaló largou da cabaça por aí e principiou matando
peixe com um porrete. Então Jiguê roubou a cabaça do feiticeiro Tzaló que tem uma perna só.
Mais pra adiante fez que-nem tinha reparado e veio muito peixe, veio pirandira veio pacu veio ascudo veio bagre veio
jundiá tucunaré, todos esses peixes e Jiguê voltou carregado pra tapera depois de esconder a cabaça na raiz do cipó.
Todos ficaram sarapantados com aquele mundo de peixe e Comeram bem. Macunaíma desconfiou. No outro dia esperou
com o olho esquerdo dormindo que Jiguê fosse pescar, saiu atrás. Descobriu tudo. Quando o mano foi-se embora
Macunaíma largou da gaiola de legornes no chão pegou na cabaça escondida e fez que-nem o mano. Isso vieram muitos
peixes, veio acará veio piracanjuba veio aviú guarijuba, piramutaba mandi surubim, todos esses peixes. Macunaíma atirou
a cabaça por aí, na pressa de matar todos os peixes, cabaça caiu numa lapa e Jiguê mergulhou no rio."
I. A perspectiva primitiva, que aceita a intervenção de forças ocultas e a manifestação de poderes mágicos, é apresentada
no trecho e na obra como algo inverossímil e o narrador põe em dúvida a veracidade dos acontecimentos, ao exagerá-los.
II. A traição e a astúcia não é uma característica exclusiva de Macunaíma, mas o trecho revela que o herói sem nenhum
caráter é ao mesmo tempo engenhoso, esperto e inconseqüente, irresponsável.
III. As enumerações que o trecho apresenta são um recurso freqüentemente empregado na obra e tem sempre a
finalidade de apresentar a fartura da cultura e da natureza brasileiras.
IV. As histórias formadas por episódios que se repetem de modo muito parecido, os nomes de peixes e divindades, a
apresentação repetida do epíteto em forma de rima (i.Tzalóque tem uma perna sóln) são resultado das pesquisas
folclóricas do autor, que compôs uma obra em que se cruzam referências à cultura popular, à linguagem regional, às
formas de falar e de narrar de extratos mais incultos da
população.
a) Todas as afirmações estão corretas. b. c. d. e.
b) Somente as afirmações I, II e III são corretas.
c) Somente as afirmações II e IV são corretas.
d) Somente as afirmações II, III e IV são corretas.
e) Somente as afirmações I e IV são corretas.
3) (PUC) O título da obra Macunaíma é especificado como anti-herói sem nenhum caráter. A alternativa que não é
verdadeira em relação à especificação é:
a) O caráter do herói é ele não ter caráter definido.
b) O protagonista assume várias esferas de ação, daí ser simultaneamente herói e anti-herói.
c) A fragilidade de caráter do protagonista faz com que este perca, no decorrer da obra, sua característica de herói.
d) O herói se configura por suas qualidades paradoxais, ele é ao mesmo tempo: preguiçoso e esperto, irreverente e
simpático, valente e covarde.
e) O caráter do herói é contraditório, pois ele se caracteriza como um i.sonso-sabidoló.
4) (PUC-SP) Analise a alternativa que apresenta o nome do texto acima e também o nome de outra obra do
mesmo autor:
a) Manifesto Pau-Brasil e Memórias Sentimentais de João Miramar.
b) A Vida Passada a Limpo e A Rosa do Povo.
c) Angústia e Caetés.
d) Macunaíma e Amar, Verbo Intransitivo.
e) Ciclo do Cangaço e Fogo Morto .
5) (PUC-SP) Nas duas primeiras linhas, tem-se o contato inicial com a cidade. O modo de apresentá-la, e,
principalmente, o uso de expressões como ioboca-da-noitelo, iomacotal- e i.igarapélc revelam que:
a) narrador não é brasileiro.
b) esse texto é do século XIX, daí usar expressões desconhecidas.
c) esse texto foi extraído de um romance indianista.
d) autor não domina o código da língua portuguesa.
e) narrador, assumindo o modo de ver da personagem, usa sua linguagem.
TEXTO IV
Às mui queridas súbditas nossas, Senhoras, Amazonas. Trinta de Maio de Mil Novecentos e Vinte e Seis. Senhoras:
Não pouco vos surpreenderá, por certo, o endereço e a literatura desta missiva. Cumpre-nos, entretanto, iniciar estas
linhas de saudades e muito amor, com desagradável nova. É bem verdade que na boa cidade de São Paulo Œ a maior do
universo, no dizer de seus prolixos habitantes Œ não sois conhecidas por ‚‚icamiabas™™, voz espúria, sinão que pelo
apelativo de Amazonas; e de vós, se afirma, cavalgardes ginetes belígeros e virdes da Hélade clássica; e assim sois
chamadas. Muito nos pesou a nós, Imperator vosso, tais dislates da erudição porém heis de convir conosco que, assim,
ficais mais heróicas e mais conspícuas, tocadas por essa plátina respeitável da tradição e da pureza antiga. (...) Recebei a
benção do vosso Imperador e mais saúde e fraternidade. Acatai com respeito e obediência estas mal traçadas linhas; e,
principalmente, não vos esqueçais das alvíçaras e das polonesas, de que muito hemos mister. Ci guarde a Vossas Excias.
Macunaíma, Imperador.
ANDRADE, Mário de. Macunaíma Œ o herói sem nenhum caráter. 6ª ed., São Paulo: Ed. Martins, 1970.
7) Mário de Andrade, ao inserir em Macunaíma esta ‚Carta prás Icamiabas™™, escrita com erudição e em língua
portuguesa elaborada, que destoa do conjunto da obra, teve como
intenção
a) satirizar a língua natural e simples, de característica popular, e valorizar a construção clássica e gramaticalmente correta.
b) denunciar o pedantismo do brasileiro, que é o de escrever português de lei, e criticar a incoerência dos que imitam essa
linguagem desusada.
c) valorizar a língua de Camões e contrapor-se ao uso abusivo da linguagem coloquial.
d) alertar as icamiabas sobre os perigos da civilização e denunciar que‚ pouca saúde e muita saúva, os males do Brasil são.
e) ser coerente com o comportamento lingüístico vigente na época que era o de ‚‚ falar numa língua e escrever noutra.
9) (UFU-MG) Leia as afirmativas seguintes sobre a obra Macunaíma, de Mário de Andrade, e assinale a alternativa
INCORRETA.
a) Sendo uma rapsódia, a obra caracteriza-se pelo acolhimento e assimilação de elementos variados de nossa cultura. Por
esse caráter multifacetado, Macunaíma é inviável enquanto representação de nossa identidade.
b) O herói Macunaíma é um tipo criado a partir de contos populares e está ligado a personagens do folclore brasileiro,
como Pedro Malazarte. Mais recentemente, pode-se aproximá-lo a João Grilo, da peça Auto da Compadecida.
c) São elementos da obra a mitologia indígena, o folclore nacional, a nossa língua falada, os costumes brasileiros. Os
costumes brasileiros, Mário de Andrade retira-os da cidade de São Paulo, onde Macunaíma passa um bom tempo.
d) Há um acentuado procedimento parodístico sustentando a obra. A paródia recai, inclusive, sobre obras da Literatura
Brasileira, como Iracema, de José de Alencar, e também sobre a Carta do achamento do Brasil, de Pero Vaz de Caminha.
10) (UFMG-MG) As histórias de Macunaíma foram contadas pelo papagaio ao narrador, que vai continuar
contando-as: i ponteei na violinha e em toque rasgado botei a boca no mundo cantando na fala impura as frases e
os casos de Macunaíma,herói de nossa gente. Sabe-se que o livro Macunaíma foi considerado, por seu autor, uma
rapsódia.
Com relação a esse fato, é CORRETO afirmar que
a) a palavra rapsódia significa narrativa acompanhada de viola.
b) as histórias populares, tradicionalmente chamadas de rapsódia, são moralizadoras.
c) o narrador iaalinhavalm, na rapsódia, histórias da tradição oral.
d) rapsódia é o nome que se dá às narrativas orais recuperadas por escritores.
QUESTÕES DISCURSIVAS
Uma feita a Sol cobrira os três manos duma escaminha de
suor e Macunaíma se lembrou de tomar banho. Porém no rio
era impossível por causa das piranhas tão vorazes que de quan-
do em quando na luta pra pegar uma naco de irmã espedaçada,
pulavam aos cachos pra fora d™água metro em mais.
Então Macunaíma enxergou numa lapa bem no meio do
rio uma cova cheia d™água. E a cova era que-nem a marca
dum pé gigante. Abicaram. O herói depois de muitos gritos
por causa do frio da água entrou na cova e se lavou inteirinho.
Mas a água era encantada porque aquele buraco na lapa era
marca do pezão do Sumé, do tempo em que andava pregan-
do evangelho de Jesus pra indiada brasileira.
Quando o herói saiu do banho estava branco louro e de
olhos azuizinhos, água lavara o pretume dele. E ninguém não
seria capaz mais de indicar nele um filho de tribo retinta dos
Tapanhumas. Nem bem Jiguê percebeu o milagre, se atirou
na marca do pezão do Sumé. Porém a água já estava muito
suja da negrura do herói e por mais que Jiguê esfregasse
feito maluco atirando água pra todos os lados só conseguiu
ficar da cor do bronze novo. Macunaíma teve dó e consolou:
- Olhe, mano Jiguê, branco você ficou não, porém pretume
foi-se e antes fanhoso que sem nariz. Maanape então é que
foi se lavar, mas Jiguê esborrifara toda a água encantada pra
fora da cova.
Tinha só um bocado lá no fundo e Maanape conseguiu
molhar só a palma dos pés e das mãos. Por isso ficou negro
bem filho da tribo dos Tapanhumas. Só que as palmas das
mãos e dos pés dele são vermelhas por terem se limpado na
água santa. Macunaíma teve dó e consolouŒ Não se avexe,
mano Maanape, não se avexe não, mais sofreu nosso tio Judas.
E estava lindíssimo na Sol da lapa os três manos um louro um
vermelho outro negro, de pé bem erguidos e nus.
A identificação do narrador, ao final da narrativa, permite
apontar um traço muito importante da produção modernista,
em termos de linguagem. Aponte este elemento e explique
como ele aparece no texto.
Caracterizador da mescla étnica que constitui o povo bra-
sileiro. Com base no fragmento, identifique:
a) os traços caracterizadores das três raças usados por Mário
de Andrade.