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CENTRO UNIVERSITÁRIO MOACYR SREDER BASTOS – RJ.

DIREITO PROCESSUAL PENAL III – 2017.1


Professor Ronald Hurst – ronaldhurst@globo.com

CONTEÚDO:

I – Complementação da Disciplina Direito Processual Penal II - Procedimentos


Especiais:

1) Procedimento de apuração dos crimes falimentares;


2) Procedimento dos crimes praticados por funcionários públicos contra a
Administração Pública;
3) Procedimento dos crimes contra a honra;
4) Procedimento dos crimes contra a propriedade imaterial;
5) Procedimento de apuração dos crimes relacionados a drogas (Lei nº
11.343/2006);
6) Procedimento de apuração das infrações de competência originária dos
Tribunais (Leis nº 8.038/90 e 8.658/93);
7) Prefeitos Municipais: O procedimento do Decreto-Lei nº 201/1967 frente às
regras da Lei nº 8.038/90.

II – Juizados Especiais Criminais.

III – Ações autônomas de impugnação:

1) Habeas Corpus;
2) Mandado de Segurança;
3) Revisão Criminal.

IV – Execução Penal (Lei nº 7.210/1984).


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I – COMPLEMENTAÇÃO DA DISCIPLINA DIREITO PROCESSUAL PENAL II –


PROCEDIMENTOS ESPECIAIS:

1) PROCEDIMENTO DE APURAÇÃO DOS CRIMES FALIMENTARES – Arts. 503 a


512 do Código de Processo Penal.

A Lei nº 11.101/2005 regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a


falência do empresário e da sociedade empresária. CARÁTER PÚBLICO DOS
CRIMES QUE DEFINE – São todos de ação penal pública incondicionada (art.
184). Cabe ação penal privada subsidiária da pública (par. Único do art. 184).
Instituiu os INSTITUTOS da RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL e da RECUPERAÇÃO
JUDICIAL, em substituição à CONCORDATA.

Por meio da RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL a empresa apresenta a seus


credores PLANO DE RECUPERAÇÃO homologado judicialmente, abrangendo o
universo de dívidas, à exceção dos débitos trabalhistas e fiscais.

Já mediante a RECUPERAÇÃO JUDICIAL, a empresa negocia o PLANO DE


RECUPERAÇÃO com todos seus credores, inclusive com os trabalhistas e com o
fisco, podendo ocorrer à convolação em FALÊNCIA, caso ocorrentes as causas
que a autorizam (art. 73).

Aspecto importante se refere à EXTINÇÃO da figura do SÍNDICO, cujas


atribuições passaram a ser exercidas pelo ADMINISTRADOR JUDICIAL,
nomeado pelo Juiz ao deferir o processamento da RECUPERAÇÃO JUDICIAL ou
ao decretar a QUEBRA da empresa.

Em conformidade com o art. 179, tanto no curso da recuperação


judicial e da recuperação extrajudicial como também na falência, equiparam-
se ao devedor ou ao falido, para efeitos penais, os sócios, diretores, gerentes,
administradores e conselheiros da empresa, bem como o administrador
judicial.

CONDIÇÕES DE PUNIBILIDADE: nos termos do art. 180 da lei,


CONDIÇÃO OBJETIVA de punibilidade poderá ser tanto a sentença que decreta
a falência quanto aquela que concede a recuperação judicial e a recuperação
extrajudicial.

PRAZO PARA OFERECIMENTO DE DENÚNCIA PELO MINISTÉRIO


PÚBLICO: Sendo os crimes previstos na Lei nº 11.101/05 de AÇÃO PENAL
PÚBLICA INCONDICIONADA deve o processo respectivo ser iniciado mediante
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DENÚNCIA do Ministério Público. Contudo, na inércia do órgão do MP no


PRAZO LEGAL, cabe o ingresso de QUEIXA SUBSIDIÁRIA, pelo administrador
judicial ou por qualquer credor habilitado. A lei estabeleceu duas possibilidades
distintas quanto ao PRAZO para OFERECIMENTO DE DENÚNCIA: 1ª) Decretada
a falência ou concedida à recuperação judicial, será o MP intimado destas
decisões. Procedida tal intimação, refere o art. 187 que o MP “promoverá
imediatamente a competente ação penal, ou, se entender necessário,
requisitará a abertura de inquérito policial”. A lei não estabelece o que se deve
entender por “imediatamente”. O melhor entendimento é que o PRAZO a ser
considerado será de 5 (cinco) ou 15 (quinze) dias, caso esteja, respectivamente,
PRESA ou SOLTA à pessoa a ser denunciada, devendo ser CONTADO da
INTIMAÇÃO da sentença de quebra ou concessiva da recuperação judicial, ou,
no caso de ter sido requisitado inquérito policial, da respectiva VISTA ao
Promotor de Justiça; 2ª) Estando em liberdade a pessoa a ser denunciada,
pode ocorrer que o MP entenda necessário e pertinente aguardar a
apresentação, pelo administrador judicial, do RELATÓRIO previsto no art. 22, II,
e, da lei. Optando por esta possibilidade, terá o MP o PRAZO de 15 (quinze)
dias, após ser INTIMADO do citado relatório, para oferecer denúncia (art. 187,
§1º).

AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA: Estabelece o art. 184,


par. Único, que decorrido o PRAZO a que se refere o art. 187,§1º, sem que o
órgão do MP ofereça denúncia, qualquer credor habilitado ou o administrador
judicial poderá oferecer ação penal privada subsidiária da pública, observando
o PRAZO DECADENCIAL de 6 (seis) meses.

JUÍZO COMPETENTE: Conforme o art. 183 da lei COMPETE ao JUIZ


CRIMINAL da jurisdição onde tenha sido decretada a falência, concedida à
recuperação judicial ou homologado o plano de recuperação extrajudicial,
conhecer da ação penal pelos crimes previstos na lei.

PRESCRIÇÃO: O art. 182 da Lei nº 11.101/05 estabelece que a


PRESCRIÇÃO dos crimes previstos nesta lei REGER-SE-Á PELAS DISPOSIÇÕES DO
CÓDIGO PENAL, começando a correr do dia da decretação da falência, da
concessão da recuperação judicial ou da homologação do plano de recuperação
extrajudicial. Se o processo penal for inaugurado após a concessão da
recuperação judicial ou da homologação do plano de recuperação extrajudicial,
sobrevindo a decretação da falência do devedor, tal decisão INTERROMPE a
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contagem da prescrição (art. 182, par. Único). Vide: STJ, REsp 1.107.275/SP, 5ª
Turma, DJ de 04.10.2010.

O PROCEDIMENTO DE APURAÇÃO DOS CRIMES FALIMENTARES (ART.


185 DA LEI Nº 11.101/2005: PROCEDIMENTO SUMÁRIO (arts. 531 a 536 do
CPP) – Muito embora o art. 394,§ 1º, II, do CPP, estabeleça que o RITO
SUMÁRIO destina-se à apuração dos crimes a que cominada pena privativa de
liberdade INFERIOR a quatro anos, tal regra é absolutamente irrelevante
quando se tratar dos TIPOS PENAIS FALIMENTARES. O procedimento aplicável
na respectiva apuração será o SUMÁRIO, nos termos disciplinados nos artigos
531 a 536 do CPP e que envolvem, em face do que reza o art. 394,§4º do CPP, a
aplicação das regras dos arts. 395 a 397 do CPP, o mesmo ocorre em relação
aos demais aspectos processuais não regulamentados na Lei nº 11.101/05 (art.
188).

2) PROCEDIMENTO DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS


CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (ARTS. 513 A 518 DO CPP).

Destina-se à apuração dos crimes praticados por funcionários públicos contra a


administração pública.

Os crimes funcionais podem ser classificados em PRÓPRIOS e IMPRÓPRIOS. Os


primeiros são aqueles nos quais a conduta apenas é ilícita quando praticada por um
funcionário público, não havendo qualquer tipificação caso perpetrada pelo particular
(ex: prevaricação, corrupção passiva, abandono de função, etc.). Os segundos, aqueles
cuja conduta é tipificada, independentemente de ser ou não o agente funcionário
público, modificando-se tão somente a caracterização do crime (ex: peculato/furto).

Em que pese tal distinção, tanto os crimes funcionais próprios como os


impróprios são processados segundo o RITO ESPECIAL ditado pelo Código de
Processo Penal, desde que o agente seja um funcionário público ou a ele equiparado
no exercício da função pública e que o delito esteja sendo praticado contra a
administração pública. Em resumo, os crimes previstos nos arts. 312 a 326 do CP e 3º
da lei nº 8.137/1990.

Ressalte-se que, em se tratando de crimes cometidos por funcionários


públicos, ainda que nesta condição, CONTRA PARTICULAR, não há a incidência do rito
especial (ex: art. 150, §2º do CP). Crimes praticados por particulares contra a
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administração pública (arts. 328 a 337 do CP) e crimes contra a administração da


justiça (arts. 338 a 359 do CP) também não seguem o rito especial.

ATOS QUE COMPÕEM O PROCEDIMENTO

É preciso diferenciar se o crime funcional é INAFIANÇÁVEL ou AFIANÇÁVEL. À


exceção dos crimes tipificados nos arts. 316,§1º, do CP (excesso na exação) e 318 do
mesmo código (facilitação de contrabando ou descaminho), bem como do delito
mencionado nos incisos I e II do art. 3º da Lei nº 8.137/1990, todos os demais delitos
sujeitos ao procedimento especial poderão se AFIANÇÁVEIS, já que as penas mínimas
previstas são iguais ou inferiores a dois anos.

Procedimento de apuração em se tratando de CRIMES INAFIANÇÃVEIS:

Tratando-se de CRIME INAFIANÇÁVEL a conduta praticada pelo agente, o


procedimento é praticamente idêntico ao RITO ORDINÁRIO, como se depreende dos
arts. 517 e 518 do CPP, inclusive no que concerne à aplicação dos arts. 395 a 397, na
forma determinada pelo art. 394,§ 4º.

Única diferença encontra-se prevista no art. 513 do CPP, no sentido de que a


queixa ou a denúncia será instruída com documento ou justificação que façam
presumir a existência do delito ou com declaração fundamentada da impossibilidade
de apresentação de qualquer dessas provas, sugerindo a possibilidade de
oferecimento da inicial sem a prova pré-constituída da materialidade do crime. Tal
peculiaridade tem sido bastante questionada, sendo correto o entendimento no
sentido de que esta abertura permitida pelo texto legal pode importar em GRAVE
SITUAÇÃO de CONSTRANGIMENTO ILEGAL (nesse sentido NUCCI, Guilherme de Souza.
Código de Processo Penal Comentado, p.725).

Procedimento de apuração em se tratando de CRIMES AFIANÇÁVEIS:

Sendo o caso de CRIME AFIANÇÁVEL, é necessário conciliar o procedimento


ditado pelos arts. 514 a 516 do CPP com o estabelecido no art. 394,§4º do mesmo
código, ao prever que as disposições dos arts. 395 a 398 (revogado) aplicam-se a todos
os procedimentos de primeiro grau.

A consequência que decorre da conjugação dos arts. 514 a 516 do CPP com o
que dispõe o art. 394,§4º do CPP, é que TERÁ A DEFESA DOIS MOMENTOS PARA SE
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MANIFESTAR no processo dos crimes funcionais afiançáveis: um, antes de recebida a


inicial, pertinente ao que dispõe o art. 514; e, outro, depois, relativo à manifestação de
que tratam os arts. 396 e 396-A.

a) Oferecimento da denúncia e da queixa-crime: a inicial deverá observar os


requisitos do art. 41 do CPP. Deverá a denúncia ou a queixa encontrar-se
instruída com os documentos ou justificações que façam presumir a
existência de crime ou declaração fundamentada quanto à impossibilidade
de fazê-lo (art. 513 CPP). Não previsto número diferenciado de
testemunhas, poderão ser arroladas até o máximo de oito (descontadas as
não compromissadas), o que se deflui não apenas pela simetria deste
procedimento com o rito ordinário, como em razão da aplicação subsidiária
do procedimento ordinário aos procedimentos especiais determinada pelo
art. 394,§5º do CPP.

b) Atuação e notificação para resposta preliminar em 15 (quinze) dias (art.


514 do CPP): não sendo o caso de rejeição liminar com fundamento no art.
395 do CPP, determinará o juízo à notificação do acusado para responder à
acusação.

c) Deliberação quanto ao recebimento ou rejeição da inicial: apresentada a


defesa preliminar, os autos serão conclusos ao magistrado, que terá 2
(duas) opções:

1ª) Rejeitar a denúncia ou a queixa, se verificar a ocorrência de hipóteses


do art. 395 do CPP;
2ª) Receber a exordial acusatória, ordenando a citação do acusado (art.
396 do CPP).

d) Prosseguimento segundo os termos do rito ordinário (art. 518 do CPP):


recebida a exordial, ordenada a citação do réu e apresentada a resposta do
acusado (arts. 396 e 396-A do CPP), determinará o magistrado o
prosseguimento do processo nos exatos termos previstos para o
procedimento ordinário. Caberá ao magistrado analisar a possibilidade de
absolvição sumária do acusado (art. 397 do CPP). É oportuno observar que
os fundamentos elencados no art. 397 do CPP, na medida em que
conduzem à improcedência da ação, acabam enquadrando-se nos motivos
previstos no art. 516 do CPP para a rejeição da inicial. Podemos concluir
que as situações mencionadas no art. 397 do CPP tanto poderão levar o
magistrado à rejeição da inicial quanto à absolvição sumária do réu, tudo
dependendo do momento processual em que detectadas.
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Não sendo o caso de absolvição sumária nesta etapa, aprazará o juiz


audiência de instrução e julgamento para daí a no máximo 60 dias (art. 400,
caput do CPP). Em audiência, produzida a prova oral segundo a ordem legal,
facultará o magistrado às partes requererem diligências (art. 402 CPP). Não
requeridas diligências ou sendo estas indeferidas pelo juízo, as partes
apresentarão alegações orais e, depois, será proferida decisão, sem prejuízo da
possibilidade de o magistrado, considerando a complexidade dos fatos ou o
número de acusados, substituir tais alegações por memoriais escritos e
proferir, após, sentença em dez dias (art. 403,§ 3º CPP). Sendo, opostamente,
requeridas e deferidas diligências, após o cumprimento destas, as partes serão
notificadas para apresentarem memoriais escritos, sendo, depois, proferida a
sentença (art. 404, parágrafo único do CPP).

Observação importante: Funcionário público com “foro privilegiado”:


O rito especial previsto no art. 514 e seguintes do CPP não se aplica a quem
possua foro privilegiado junto ao Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal
de Justiça, Tribunais de Justiça dos Estados e Tribunais Regionais Federais.

Sendo o acusado detentor de foro privilegiado no STF e no STJ (ex:


Deputados Federais, Desembargadores, etc.) e se encontrando no exercício da
função, o procedimento a ser aplicado é o previsto nos arts. 1º a 12 da Lei
8.038/90. A mesma situação ocorre com quem detenha foro privilegiado junto
aos Tribunais de Justiça e Tribunais Regionais Federais (ex: Juízes de Direito,
Promotores de Justiça, etc.), relativamente aos quais a Lei 8.658/93 (art. 1º)
estende as disposições da Lei 8.038/90.

3) PROCEDIMENTO DOS CRIMES CONTRA HONRA (ARTS. 519 A 523 DO CPP).

O procedimento dos crimes contra a honra encontra-se disciplinado nos arts.


519 a 523 do CPP. Trata-se de rito em que atos são idênticos aos previstos para o
procedimento comum ordinário, agregando-se as seguintes modificações:

- Previsão de audiência de tentativa de conciliação previamente ao


recebimento da inicial acusatória (art. 520 do CPP);

- Possibilidade de serem deduzidas, em determinados casos, as exceções da


verdade e da notoriedade do fato (art. 523 do CPP).
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É importante destacar que o procedimento dos arts. 519 a 523 do CPP é


aplicável tão somente às hipóteses em que a pena máxima cominada ao crime for
superior a 02 (dois) anos de prisão. Caso contrário, se a infração classificar-se como
de menor potencial ofensivo, o rito a ser observado será o SUMARÍSSIMO da lei nº
9.099/95 (arts. 77 a 81).

Tratando-se de crimes de ação penal privada, o procedimento tipificado nos


arts. 519 a 523 do CPP será aplicado na sua integralidade.

PEDIDO DE EXPLICAÇÕES (art. 144 do Código Penal): Trata-se o pedido de


explicações de uma medida preliminar ao ingresso de ação penal por crime contra a
honra, que visa a obter do suposto ofensor um esclarecimento sobre o real sentido de
suas expressões.

Tal pedido de explicações não é obrigatório, mas é conveniente seu ingresso


quando se verificar ambiguidade em relação a expressões potencialmente ofensivas.

O pedido possui natureza jurídica de uma INTERPELAÇÃO, processando-se com


base no disposto nos arts. 726 e seguintes do NCPC.

Deduzido no juízo criminal será o autor da frase NOTIFICADO para comparecer


a juízo e prestar os devidos esclarecimentos. Fornecidas as explicações e consignadas
estas, ou certificada a recusa do suposto ofensor em fazê-lo, serão os autos do pedido
de explicações entregues a quem as requereu, que tanto poderá deixar transcorrer o
prazo decadencial para o exercício da ação penal, como ajuizar a ação penal
correspondente.

Se for indeferido o pedido de explicações, deixando o juiz de processá-lo, será


esse pronunciamento APELÁVEL, com base no art. 593, II do CPP, pois se trata de
decisão interlocutória mista terminativa (decisão definitiva) contra a qual não há
previsão de cabimento do recurso no sentido estrito.

4) PROCEDIMENTO DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL (ARTS.


524 A 530 DO CPP).

O procedimento de apuração dos crimes contra a propriedade imaterial


depende da natureza da ação penal correspondente a cada figura típica prevista.

Assim, em se tratando de crime de AÇÃO PENAL PRIVADA, as etapas


procedimentais serão aquelas regulamentadas pelos arts. 524 a 530 do CPP, conforme
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determinação do art. 530-A desse diploma legal. Sendo crime de AÇÃO PENAL
PÚBLICA (INCONDICIONADA OU CONDICIONADA), o rito será aquele determinado
pelos arts. 530-B a 530-H, segundo se depreende do contido no art. 530-I do CPP.

São crimes de AÇÃO PENAL PÚBLICA os previstos no art. 191 da Lei 9.279/96
(por força do art. 199 da mesma lei) e nos §§ 1º, 2º e 3º, do art. 184 do Código Penal,
bem como aqueles perpetrados em desfavor de entidade de direito público, autarquia,
empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação instituída pelo Poder
Público (art. 186, II, III e IV do CP).

Ao contrário, procedem-se mediante QUEIXA-CRIME (AÇÃO PENAL PRIVADA)


os delitos tipificados nos arts. 183 a 190, 192 a 195 da Lei 9.279/96, bem como a figura
incriminada no art. 184, caput, do CP (art. 186, I do CP).

Seja qual for à natureza da ação penal, é certo que as peculiaridades atinentes
ao processo dos crimes contra a propriedade imaterial ocorrem apenas na fase PRÉ-
PROCESSUAL, encontrando-se relacionadas unicamente à materialização do vestígio
deixado com a produção ou reprodução ilícita (se for o caso de infração que deixa
vestígio). Isso porque, oferecida e recebida a inicial acusatória, o procedimento a ser
seguido, de qualquer forma, será idêntico ao rito comum ordinário, conforme prevê o
art. 524 do CPP.

Peculiaridades pré-processuais do rito de apuração dos crimes de ação penal


privada (arts. 524 a 530-A do CPP):

a) Obrigatoriedade da perícia: tratando-se de infração que deixa vestígios, é


indispensável que a queixa seja instruída com a perícia realizada nos
objetos que constituem o corpo de delito, nos termos do art. 525 do CPP.
Trata-se a prova pericial de CONDIÇÃO DE PROCEDIBILIDADE para a ação
penal, não admitindo o suprimento por outro meio de prova.
Desaparecendo os vestígios, a perícia deverá ser indireta.
b) Providências preliminares à ação penal: a Lei 9.279/96 condiciona o
ingresso da ação penal à colheita preliminar de determinadas provas (ex:
apreensão do material que representa a violação da propriedade imaterial,
da marca falsificada). Tratando-se de crime de ação penal privada, o
requerimento destas diligências ao juiz, pelo constrangimento que
representam, deverá ser acompanhada da prova do direito de ação, ou seja,
legitimidade ad causam ativa do postulante.
c) A busca e apreensão: provada a legitimidade ativa e deferida pelo
magistrado à busca e apreensão, esta será cumprida por dois peritos por ele
nomeados, os quais, porém, verificarão, inicialmente, a existência de
fundamento para apreensão. Realizada ou não a apreensão, os experts
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apresentarão ao juízo laudo pericial no prazo de 3 (três) dias acerca do que


constataram (art. 527 do CPP).
d) Homologação pelo juiz: (Art. 528 CPP) encerradas as diligências e
apresentado o laudo, serão os autos conclusos ao juiz para homologação.
Tal homologação não importa em julgamento definitivo sobre a
materialidade do crime. A decisão que homologa o laudo pericial é apelável
(art. 593, II do CPP).
e) Prazo decadencial (art. 529 do CPP): há dúvidas na doutrina e na
jurisprudência quanto à possibilidade de serem harmonizadas as regras dos
arts. 103 do CP e 38 do CPP, estabelecendo a decadência do direito de
queixa em seis meses a partir da data do conhecimento da autoria do crime,
com o art. 529 do CPP, este último dispondo que nos crimes contra a
propriedade imaterial de ação privada não se admitirá a queixa se decorrido
o prazo de 30 dias, após a homologação do laudo. Independente de se
aderir a uma ou outra linha de pensamento (doutrina), no âmbito da
jurisprudência é consolidada a vertente de que, em qualquer caso,
produzido o laudo pericial e constatada a materialidade do crime, o PRAZO
de 30 dias para oferecimento da peça acusatória, flui a partir da
INTIMAÇÃO DA SENTENÇA DE HOMOLOGAÇÃO do laudo pericial. Esta é a
data que deve ser a data a ser considerada como termo inicial do PRAZO de
DECADÊNCIA (vide STJ, AgRg no REsp 402.488/SP, 6ª Turma, DJ 07.12.2009).

f) Ajuizamento da ação penal: uma vez materializada a produção ou


reprodução ilícita e sobrevindo o ajuizamento de ação penal, seguir-se-á,
após o recebimento da queixa o RITO ORDINÁRIO.

Peculiaridades pré-processuais do rito de apuração dos crimes de ação penal


pública (arts. 530-B a 530-I do CPP):

Também aqui, uma vez materializado o vestígio da infração e ajuizada a ação


penal, o procedimento judicial de apuração dos crimes contra a propriedade imaterial
nada mais é do que o próprio RITO ORDINÁRIO. As modificações introduzidas pelos
arts. 530-B a 530-H referem-se à fase pré-processual.

Ao contrário do que ocorre nos crimes de ação penal privada, em que a perícia
deverá ser requerida pelo ofendido ao juiz instruído com prova do direito de ação,
sendo crime de ação penal pública (incondicionada ou condicionada) e deixando
vestígios a infração, a autoridade policial, observadas as restrições constitucionais à
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busca domiciliar, poderá realizar ex officio a apreensão dos bens ilicitamente


produzidos ou reproduzidos, juntamente com os equipamentos que possibilitaram a
existência de tais bens, lavrando-se auto circunstanciado de apreensão subscrito, no
mínimo, por duas testemunhas. Os bens apreendidos serão periciados por perito
oficial (art. 530-D) ou, na falta deste, por pessoa tecnicamente habilitada, produzindo-
se LAUDO que deverá integrar o inquérito ou o processo, sendo, a seguir, depositados
junto aos titulares dos direitos autorais violados. Nos termos do art. 530-F, não
havendo a necessidade de preservação do corpo de delito, poderá o juiz determinar, a
requerimento da vítima, a destruição da produção ou reprodução apreendida, desde
que não haja impugnação quanto à sua ilicitude ou que se trate de hipótese na qual a
ação penal não possa ser iniciada devido à indeterminação do autor do ilícito.

Uma vez materializada a produção ou a reprodução ilícita, sobrevindo o


ajuizamento de ação penal, seguir-se-á, após o recebimento da denúncia, o RITO
ORDINÁRIO, nos mesmos moldes do que ocorre quando se trata de crime de ação
penal privada.

5) PROCEDIMENTO DOS CRIMES RELACIONADOS A DROGAS (LEI


11.343/2006):

O procedimento de tóxicos foi regulamentado, inicialmente, pela Lei


6.368/1976. Em seguida foi editada a Lei 10.409/2002, coligando alterações
procedimentais. Atualmente, os citados diplomas legais encontram-se revogados, em
consequência da entrada em vigor da lei 11.343/2006, que estabeleceu os tipos penais
correspondentes a condutas relacionadas a drogas e introduziu o novo procedimento
penal de apuração.

A prova da materialidade: O art. 50,§1º, da Lei 11.343/06, estabelece que, para


fins de lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento de materialidade a
possibilitar o oferecimento e recebimento de denúncia, é suficiente AUTO DE
CONSTATAÇÃO (LAUDO PROVISÓRIO) firmado por perito oficial ou, na falta deste, por
pessoa idônea (perito leigo). No § 2º, estabelece a ausência de impedimento para que
o perito que tenha firmado a auto de constatação venha a ser um dos que firmarão o
LAUDO DEFINITIVO. Para a condenação do réu deverá ser firmado o LAUDO
TOXICOLÓGICO DEFINITIVO!

Colaboração do criminoso e deleção premiada: Estabelece o art. 41 da lei em


comento que o indiciado ou acusado que colaborar VOLUNTARIAMENTE com a
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investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais coautores ou


partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de
condenação, terá pena reduzida de um terço a dois terços. A delação premiada não
implica em perdão judicial, importando em REDUÇÃO DE PENA, condicionada aos
requisitos legais.

Síntese do procedimento judicial previsto na Lei 11.343/06:

a) Oferecimento da denúncia (art. 54);


b) Notificação do acusado para resposta - defesa preliminar (art. 55);
c) Apresentação de resposta pelo acusado;
d) Decisão do juiz de recebimento ou rejeição da inicial (art. 55,§§ 4º e 5º);
e) Citação do acusado e designação de dia e hora para audiência (art. 56);
f) Audiência de interrogatório, instrução, debates e julgamento (art. 57);
g) Sentença.

6) PROCEDIMENTO DE APURAÇÃO DAS INFRAÇÕES DE COMPETÊNCIA


ORIGINÁRIA DOS TRIBUNAIS (Leis 8.038/90 e 8.658/93):

A Lei 8.038/90, nos arts. 1º a 12, estabeleceu o procedimento dos crimes de


competência originária (“primeiro grau”) no âmbito do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
e do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Posteriormente, com a vigência da Lei 8.658/93,
estendeu-se às ações penais originárias de competência dos TRIBUNAIS DE JUSTIÇA
DOS ESTADOS e dos TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS o mesmo RITO da Lei 8.038/90.

a) Ajuizamento da ação penal ou pedido de arquivamento: Com vistas do


inquérito policial ou das peças de informação, o MP deverá oferecer
denúncia ou promover o respectivo arquivamento no prazo de 15 dias, se o
investigado estiver SOLTO. Se estiver PRESO, o prazo para ajuizamento da
inicial será de 5 dias (art. 1º da lei 8038/90);
b) Resposta: Apresentada denúncia ou queixa ao Tribunal competente, será o
acusado NOTIFICADO para oferecer RESPOSTA no prazo de 15 dias (art. 4º
da lei 8038/90);
c) Notificação do autor da ação: Se, com a resposta apresentada, forem
expostos novos documentos, será INTIMADA a parte contrária para
manifestar-se sobre eles, no prazo de 5 dias (art. 5º da lei 8038/90);
d) Pedido de pauta pelo relator: Segue-se pedido do RELATOR para que o
órgão colegiado competente do Tribunal delibere acerca do recebimento da
inicial, de sua rejeição (art. 395 do CPP), ou, de plano, pela improcedência
da acusação (art. 6º da lei 8038/90);
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e) Recebimento da inicial acusatória: Recebida à denúncia ou a queixa, o


RELATOR designará dia e hora para INTERROGATÓRIO, determinando a
CITAÇÃO do acusado e a intimação do MP, querelante ou assistente, se
houver (art. 7º da lei 8038/90);
f) Interrogatório do acusado: O RELATOR procederá ao INTERROGATÓRIO do
réu, podendo delegar a realização desse ato. No interrogatório, já será
intimado o acusado e seu advogado para apresentar defesa prévia;
g) Defesa prévia: O prazo para a DEFESA PRÉVIA será de 5 dias;
h) Instrução: Desse momento em diante, determina o art. 9º da Lei 8038/90
que se proceda à INSTRUÇÃO, nos termos do PROCEDIMENTO COMUM
ditado pelo CPP;
i) Diligências: Concluída a inquirição das testemunhas, a acusação e a defesa
serão intimadas para, querendo, requererem diligências, no prazo de 5 dias
(art. 10 da lei 8038/90);
j) Alegações escritas: Cumpridas as diligências ou não tendo estas sido
requeridas ou deferidas, determinará o RELATOR sejam acusação e defesa
intimadas, sucessivamente, para apresentarem ALEGAÇÕES ESCRITAS, no
prazo de 15 dias (art. 11 da Lei 8038/90);
k) Saneamento: Segue-se o momento de saneamento, em que o RELATOR
poderá determinar, de ofício, a realização de provas reputadas
imprescindíveis ao julgamento do processo (art. 11, §3º, da Lei 8038/90);
l) Julgamento: Finda a instrução, o Tribunal procederá ao julgamento, que na
forma determinada pelo respectivo REGIMENTO INTERNO, ressaltando-se
que a acusação e a defesa, por ocasião da sessão, terão, sucessivamente,
nessa ordem, prazo de uma hora para sustentação oral, assegurando ao
assistente ¼ do tempo da acusação (art. 12 da Lei 8038/90).

7) PREFEITOS MUNICIPAIS: O PROCEDIMENTO DO DECRETO-LEI Nº 201/1967


FRENTE ÀS REGRAS DA LEI Nº 8.038/1990.

O Decreto-lei 201/67, que dispõe sobre a responsabilidade de Prefeitos e


Vereadores, insere condutas que podem ser classificadas em duas ordens:

a) Crimes de responsabilidade ou funcionais praticadas por Prefeitos: São


CRIMES COMUNS, de ação penal pública incondicionada, puníveis com a
pena de reclusão de dois a doze anos e de detenção de três meses a três
anos, admitindo a prisão preventiva. A denúncia em relação a esta ordem
de delitos compete ao Ministério Público e seu julgamento ao Poder
Judiciário, não possuindo as Câmaras Municipais competência para
14

autorizar ou não o ajuizamento da ação penal. Trata-se das figuras típicas


elencadas no art. 1º do Decreto-lei 201/67.
b) Infrações político-administrativas cometidas por Prefeitos ou Vereadores:
São aquelas sujeitas ao julgamento pelas Câmaras de Vereadores, sendo
sancionadas com a PERDA DO MANDATO. No Decreto-lei 201/67, estão
arroladas nos arts. 4º e 7º.

Diante do previsto no art. 29, X, da CF/88 o Chefe do Executivo Municipal


possui privilégio de foro, assistindo-lhe o direito de ser processado e julgado
nos TRIBUNAIS DE JUSTIÇA ou TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS.
Considerando que o RITO de apuração dos crimes de competência originária
desses tribunais é o disciplinado nos arts. 1ª a 12 da Lei 8.038/90, conclui-se
que este será o procedimento de apuração dos crimes cometidos pelo
Prefeito que ESTIVER NO EXERCÍCIO DO MANDATO NO MOMENTO EM QUE
OFERECIDA A INICIAL, e não mais pelo art. 2º do Decreto-lei 201/67.

Observação: E quanto aos Vereadores, que não possuem foro privilegiado?

Independente de estarem ou não no exercício do mandato, se cometerem


CRIMES COMUNS, serão processados e julgados pelas regras pertinentes ao rito
respectivo, como qualquer pessoa. Perpetrando CRIMES TIPIFICADOS NO Decreto-lei
201/67, o processo tramitará segundo o rito disposto no art. 2º desse diploma legal.

II – JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS (Lei 9.099/1995; Lei 10.259/2001 e Lei


11.313/2006)

Rito Sumaríssimo – O RITO SUMARÍSSIMO foi instituído pela Lei 9099/95, que
determinou também a criação dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais, competentes
para a conciliação e julgamento das contravenções penais e dos crimes de menor
potencial ofensivo, ou seja, todos os crimes e contravenções penais cuja pena
máxima seja menor ou igual a dois (02) anos, incluídos aqueles de deveriam
obedecer a rito específico, como os crimes contra a honra e os crimes praticados por
funcionários públicos.
15

No cálculo da pena máxima em abstrato devem necessariamente ser


consideradas as eventuais causas de aumento ou diminuição de penas relativas ao fato
concretamente praticado.

Se o aumento de pena for variável (ex: de 1/3 a 2/3), deve-se considerar


sempre o aumento máximo. Por outro lado, as causas de diminuição de pena também
devem ser consideradas, aplicando-se, nesse caso, a diminuição mínima.

Se o agente é processado por mais de um crime, embora não seja pacífico,


prevalece que havendo concurso material de infrações, prevalece que as penas
máximas dos delitos cometidos devem ser somadas para efeito da verificação da
aplicabilidade do rito sumaríssimo. Da mesma forma, havendo vários crimes em
continuação delitiva ou concurso formal, deverá ser considerado o respectivo aumento
de pena sempre na fração máxima.

As agravantes e atenuantes, por não interferirem nas balizas legais da pena,


não devem ser consideradas.

Quando a infração de menor potencial ofensivo for cometida em concurso com


outra, que não seja de competência do Juizado Especial, a Lei 11.313/06 determina
que sejam reunidos os processos, no juízo comum ou no júri, conforme impõem as
regras da conexão e continência. ATENÇÃO: Se for esse o caso, o mesmo dispositivo
legal obriga o juiz, comum ou do júri, a aplicar à infração de menor potencial ofensivo
os institutos da transação penal e da composição civil, respeitando-se o disposto no
art. 98 da CF/88.

Quanto ao procedimento, a Lei 9.099/95, admitindo a aplicação subsidiária do


CPP, trouxe inúmeras e importantes inovações.

A primeira novidade consiste na drástica redução da FASE POLICIAL da


persecução penal. A rigor, não existe, nesse procedimento, inquérito policial. Ao tomar
conhecimento da infração, a autoridade policial lavrará TERMO CIRCUNSTANCIADO e
o encaminhará imediatamente ao Juizado com o autor do fato e a vítima,
providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários. Também não se
imporá prisão em flagrante ou se exigirá fiança ao envolvido que for imediatamente
encaminhado ao Juizado ou assumir o compromisso (TERMO DE COMPROMISSO) de a
ele comparecer (art. 69, parágrafo único da Lei 9.099/95). Contrariamente, se o
envolvido NÃO ASSUMIR o referido COMPROMISSO, deverá lavrar-se o FLAGRANTE.

O núcleo das intensas alterações trazidas pela Lei 9.099/95 versa na previsão de
uma importante FASE PRELIMINAR ou CONCILIATÓRIA. Encaminhados o autor e a
vítima ao Juizado Especial Criminal, realizar-se-á AUDIÊNCIA PRELIMINAR. Aberta a
audiência, o juiz fará a PROPOSTA DE COMPOSIÇÃO DOS DANOS (COMPOSIÇÃO
CIVIL). Aceita, a composição civil é homologada por sentença irrecorrível e passa a
16

valer como título executivo. Caso a ação seja privada ou pública condicionada à
representação, a homologação da composição civil acarretará a renúncia tácita (causa
de extinção da punibilidade) ao direito de queixa ou representação.

Caso NÃO ocorra tal extinção da punibilidade, o juiz deverá indagar se o autor
do fato aceita a proposta do Ministério Público de aplicação imediata de pena não
privativa de liberdade (TRANSAÇÃO PENAL) – Vide art. 76,§2º da Lei 9.099/95.
OBSERVAÇÃO: Embora a Lei mencione a possibilidade da proposta apenas nas ações
públicas, tem sido admitida mesmo nas privadas.

Aceita a proposta, deverá o juiz aplicá-la por sentença, recorrível por meio de
APELAÇÃO. A pena aplicada, entretanto, não importará o reconhecimento de culpa,
motivo pelo qual NÃO IMPLICARÁ REINCIDÊNCIA e não poderá ser executada no juízo
cível. Note-se que o MP só deverá formular a proposta de transação penal quando
entender pela existência de elementos suficientes para o oferecimento de denúncia.
Caso faltem estes elementos a atitude correta será o PEDIDO DE ARQUIVAMENTO.

Inexistindo arquivamento ou sentença na fase preliminar, passa-se


efetivamente à FASE PROCESSUAL, segundo o estabelecido RITO SUMARÍSSIMO.

Inicia-se esta com o OFERECIMENTO DA DENÚNCIA ORAL, elaborada com base


no TERMO CIRCUNSTANCIADO, dispensando o inquérito policial. Também não será
necessária, nesse momento, a juntada do EXAME DE CORPO DE DELITO, caso a
materialidade da infração encontre-se comprovada por BOLETIM MÉDICO (B.A.M.) ou
prova equivalente. Ressalte-se que para o julgamento, em se tratando de crime que
deixa vestígios, continua sendo indispensável à apresentação do exame, não
podendo supri-lo sequer a confissão do acusado. Caso a questão seja COMPLEXA,
pode o MP deixar de oferecer a denúncia e requerer ao juiz o encaminhamento das
peças existentes ao juízo comum.

Se a ação for de INICIATIVA PRIVADA, iniciar-se-á com o oferecimento de


QUEIXA, também ORAL, via de regra (Embora não haja nenhum impedimento em
apresentá-la por escrito...). Nesta hipótese, se o juiz entender ser a questão complexa,
poderá remeter as peças ao juízo comum.

Ao oferecer a denúncia, o MP poderá PROPOR A SUSPENSÃO CONDICIONAL


DO PROCESSO, por 2 a 4 anos, nos termos do art. 89,§1º, I a IV, da Lei 9.099/95. É o
denominado “SURSIS PROCESSUAL” que, em vez de suspender a execução da pena,
suspende todo o processo, a partir do recebimento da denúncia. ATENÇÃO: A
suspensão condicional do processo não se limita às infrações de alçada do JECrim. Ela
é possível em todas as infrações penais com PENA MÍNIMA menor ou igual a UM
ANO, abrangidas ou não pela Lei 9.099/95, inclusive os delitos previstos em
legislação especial.
17

Questão: A proposta deve ser feita pelo Promotor e aceita pelo acusado e seu
defensor. E se houver divergência entre ambos?

Vide Súmulas: 723 do STF; 243 do STJ e 696 do STF.

Uma vez aceita, poderá o juiz, recebendo a denúncia, determinar a suspensão


condicional do processo, no prazo e sob as condições da lei. Expirado o prazo da
suspensão SEM REVOGAÇÃO, FICA EXTINTA A PUNIBILIDADE. Caso haja revogação,
retorna-se o curso do processo, a partir do momento em que houve a suspensão.
Importante frisar que a aceitação da suspensão condicional do processo NÃO IMPLICA
reconhecimento de culpa ou confissão. Continua valendo em relação ao acusado a
presunção de inocência. Durante a suspensão do processo NÃO CORRERÁ
PRESCRIÇÃO. Caso não haja a proposta ou tendo sido esta recusada, a denúncia só
será recebida na AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO.

Oferecidas, oralmente, denúncia ou queixa, serão REDUZIDAS A TERMO,


entregando-se cópia ao acusado, se estiver presente. Com isto, fica este
AUTOMATICAMENTE CITADO e INTIMADO da AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO. Caso não
esteja presente, será expedido MANDADO DE CITAÇÃO. Se nessa hipótese, não for
encontrado para ser citado, o juiz encaminhará as peças existentes ao juízo comum
para a adoção do procedimento previsto em lei. Não é possível a CITAÇÃO POR
EDITAL no rito sumaríssimo.

No dia designado para a audiência, e antes de aberta, repetir-se-ão os passos


da fase conciliatória (composição civil e transação penal) caso nesta não tenha havido
a possibilidade da tentativa de conciliação e de oferecimento da proposta do MP.

Malogradas as tentativas, será aberta a audiência, seguindo-se esta sequência


de atos:

a) Palavra ao defensor para responder à acusação;


b) Recebimento ou rejeição da denúncia ou queixa (da qual cabe apelação);
c) Oitiva da vítima;
d) Oitiva das testemunhas de acusação e de defesa;
e) Interrogatório do acusado;
f) Debates orais (Embora não haja previsão legal, na prática é comum a
substituição desses debates por memoriais escritos, a serem apresentados
em prazo assinalado pelo juiz);
g) Sentença.
18

Cumpre observar que estão previstos, na Lei 9.099/95, apenas dois recursos:
APELAÇÃO e EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.

A apelação deve ser interposta no prazo de dez dias, a contar da sentença


(inclusive a que aplica à transação penal), bem como da decisão que rejeitar a
denúncia ou queixa. A Lei 9.099/95 dispõe em seu art. 82, que o recurso de apelação
poderá ser julgado por UMA TURMA composta por três juízes em exercício no
primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do juizado, chamada de TURMA
RECURSAL ou Colégio Recursal.

Os embargos de declaração devem ser opostos perante o próprio juiz, no prazo


de cinco dias, e sua interposição SUSPENDE o prazo para outros recursos (art. 83 da Lei
9.099/95).

E no caso de embargos aos acórdãos das Turmas Recursais, o efeito será de


suspensão ou interrupção?

Atente-se que o efeito de suspensão ocorre tão somente nos embargos contra
decisões do juiz do JECrim (art. 83,§2º), pois, tratando-se de embargos aos acórdãos
das Turmas Recursais, o efeito será de INTERRUPÇÃO, aplicando-se analogicamente
o art. 1026 do NCPC.

Observação: Vide Súmulas 640 do STF e 203 do STJ.

Quanto ao HABEAS CORPUS, garantia constitucional, é admissível no âmbito


dos Juizados Especiais Criminais. Caso a autoridade coatora seja o juiz do Juizado, o
writ será dirigido à respectiva Turma Recursal.

E quando se quiser impetrar habeas corpus contra ato da própria Turma?

Súmula 690 do STF X HC 86.834, STF, DJ de 09.03.2007: A Suprema Corte


firmou posição de que a competência para conhecer do habeas corpus contra ato de
Turma Recursal é do TRIBUNAL DE JUSTIÇA ou do TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL,
conforme o caso, e não o próprio STF.

ATENÇÃO: ESTATUTO DO IDOSO (LEI Nº 10.741/2003) – De acordo com seu


art. 94, aos crimes previstos naquele diploma legal cuja pena máxima privativa de
19

liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei


9.099/95. A interpretação mais aceita é que para esses crimes aplica-se somente o
procedimento sumaríssimo previsto na Lei 9.099/95, não sendo estas infrações de
menor potencial ofensivo, inadmitindo, portanto, a lavratura do termo
circunstanciado na delegacia, bem como os institutos do art. 74 da Lei 9.099/95
(composição civil) e do art. 76 (transação penal).

III – AÇÕES AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO:

Trataremos agora das hipóteses de interposição das ações autônomas de


impugnação em matéria processual penal, que a doutrina não considera recursos,
quais sejam, o habeas corpus, o mandado de segurança e a revisão criminal.

Devemos fazer a distinção entre ações autônomas de impugnação dos recursos,


em matéria processual penal. Acentuadas diferenças ressaltam entre as medidas, eis
que enquanto as ações autônoma de impugnação são completamente independentes,
os recursos constituem mero prolongamento da ação princioal. Enquanto os recursos
consubstanciam uma fase do processo em curso, as açõesm autônomas de
impugnação são completamente diversas do processo que se pretende atacar. Nas
ações autônomas ocorre novo processo, com autos apartados e completa
independência da ação que lhe serve de motivo. Nas ações autônomas constitui-se
nova relação jurídico-processual, nos recursos a ação é a mesma anterior. Devem os
recursos ser interpostos antes do trânsito em julgado, antes que se faça coisa julgada
material, eis que o trânsito em julgado é fato impeditivo para os recursos, o que difere
das ações autônomas, onde o transito não obsta sua propositura, podendo as ações
autônomas serem destinadas a desconstituição da coisa julgada ou mesmo correr
antes de tal fase, quando visa a atacar decisão jurisdicional no curso do processo para
a qual não caiba recurso (ex. art. 581, I, do CPP, que prevê Recurso Em Sentido Estrito
nos casos em que o juiz não receber a denúncia ou queixa. Na hipótese de
recebimento, a lei não prevê recurso, pelo qual deve a defesa valer-se, de habeas
corpus, visando ao trancamento da ação penal). A causa de pedir dos recursos não
podem ser a mesma das ações autônomas, posto que devem visar a objetivos
diferentes, não se valendo do principio da fungibilidade, pertinente aos recursos entre
si. Isto se dá pela flagrante diferença entre suas naturezas jurídicas, pois enquanto os
recursos são instrumentos processuais destinados a reexame, correção ou integração
das decisões jurisdicionais, as ações autônomas são novas ações, bem diversas da
natureza endoprocessual dos recursos

1) Habeas Corpus:
20

Tal expressão traduz-se literalmente como “TOME O CORPO”, isto é, tome a


pessoa presae a apresente ao juiz para decisão quanto â legalidade ou não do
cerceamento â liberdade. A Doutrina diverge quanto ao momento histórico em que
surgiu o habeas corpus, sendo certo que tal instituto surgiu no Brasil no Código De
Processo Criminal do Império de 1832 (art. 340), e foi incluído no texto constitucional
por meio do art. 72, § 22, da Constituição Brasileira de 1891. Hoje é previsto no art 5º,
LXVIII da CF/88.

O HC é ação autônoma de impugnação, constitucionalmente estabelecida e


objetiva preservar ou restabelecer a liberdade de locomoção ilegalmente ameaçada ou
violada.

Apesar de previsto no CPP no titulo que trata dos recursos em geral, não possui
natureza recursal, o que fica evidenciado pela circunstância de que pode ser impetrado
a qualquer tempo, inclusive após o trânsito em julgado da sentença condenatória. Pela
amplitude de sua hipótese de cabimento é que, no Exame de Ordem, o HC torna-se
uma peça “perigosa”. Por isso, a regra é clara: NUNCA SE DEVE AFASTAR A PEÇA
ESPECIFICA PARA A SITUAÇÃO APRESENTADA EM PROL DO HABEAS CORPUS, nem
mesmo sob argumento de que, por ter julgamento célere, é a melhor opção para o
réu.. Na prova da OAB, a escolha do HC deve ter por premissa a AUSÊNCIA DE
QUALQUER OUTRA PEÇA OU RECURSO ESPECIFICO.

Classifica-se o HC em duas espécies a) HABEAS CORPUS REPRESSIVO OU


LIBERATÓRIO, cabível na hipótese de já ter sido consumado o constrangimento ilegal à
liberdade de locomoção. Nesse caso, concedida à ordem, será expedido alvará de
soltura com o intuito de restabelecimento da liberdade (art. 660, § 1º, do CPP); b)
HABEAS CORPUS PREVENTIVO:, IMPETRADO QUANDO houver fundado receio de
constrangimento ilegal à liberdade de locomoção. É preciso que seja, efetivamente,
ameaça séria e concreta, devidamente demonstrada, quanto à iminência de prisão
ilegal, ou seja, PROBABILIDADE do constrangimento à liberdade. Deferido, expede-se
salvo-conduta, impedindo-se, pelo fato objeto do HC, que ocorra a segregação (art.
660, § 4º, do CPP).

OBSERVAÇÃO: Além das hipóteses mencionadas, tem sido, admitida uma


terceira modalidade, denominada pela doutrina de HABEAS CORPUS PROFILÁTICO.
Destinado a suspender atos processuais ou impugnar medidas que possam importar
em PRISÃO FUTURA com APARÊNCIA de legalidade, porém, intrinsecamente
contaminada por ilegalidade anterior. Nesse caso, a impugnação não visa ao
constrangimento ilegal à liberdade de locomoção ja consumada ou à ameaça
iminente de que ocorra esse constrangimento, mas sim a POTENCIALIDADE de que
este constrangimento venha a ocorrer, ( Exemplo: impetração do HC para o
trancamento da ação penal; impetração do HC para que seja alcançada a suspensão do
processo em virtude de questão prejudicial que versa sobre estado das pessoas – art.
21

92 do cpp; impetração do HC para impugnar decisão de improcedência de exceções de


incompetência, ilegitimidade de parte, litispendência ou coisa julgada).

O ART. 647 DO CPP refere-se à coação ilegal como fundamento principal da


impetração do HC. Em sequência art. 648 do mesmo diploma legal contempla as
hipóteses nas quais se considera ILEGAL O CONSTRANGIMENTO.

SUJEITOS DO HABEAS CORPUS: três são os sujeitos do HC: a) PACIENTE assim


considerado quem sofre ou está ameaçado de sofrer o constrangimento ou ameaça de
constrangimento à sua liberdade de locomoção. b) COATOR é quem exerce ou
determina o constrangimento ilegal. O coator pode ser tanto uma AUTORIDADE (
pública) quanto o PARTICULAR; c) IMPETRANTE, trata-se da pessoa que impetra o
HC, podendo ser QUALQUER PESSOA do povo em favor de outrem e, inclusive, o
próprio paciente em seu favor. Para a impetração do HC não se exige a presença de
advogado (art 10, § 1º da Lei 8.906/94. Reconhece-se legitimidade para a PESSOA
JURÍDICA impetrar HC em favor de pessoa física, assinando a petição, nesse caso, o seu
representante legal ( nesse sentido veja: STJ, RHC 3716/PR, DJ 15.08.94 e GOMES, LUIZ
FLÁVIO. Cabe habeas corpus em favor de pessoa jurídica? Disponível em:
WWW.Lfg.com.br). O Ministério Público também pode impetrar HC em favor de
outrem, pois nada o impede ( art. 32, I, da Lei 8625/93; art. 654, CPP; STJ, HC
103.335/RJ, DJ 03.08.2009). Igual faculdade não assiste ao Delegado de Polícia e ao
Juiz de Direito, em relação aos quais, na qualidade de titulares dos cargos
mencionados, não se reconhece legitimidade para impetração do writ em favor de
terceiros, nada impedindo que o façam na condição de pessoas físicas.

Petição do habeas corpus: O art. 654, § 1º, do CPP estabelece os requisitos da


petição do HC: a) O nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou
coação, trata-se da identificação do PACIENTE; b) O nome de quem exercer a violência,
coação ou ameaça; c) A declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de
simples ameaça de coação, as razões em que funda o seu temos, ou seja, é necessário
que a petição de HC demonstre a ilegalidade do constrangimento sofrido ou
ameaçado, expondo as razões e de direito pelas quais assim se entende; d) A
assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou não puder
escrever, e a designação das respectivas residências.

Habeas corpus e estado excepcional (sítio) – O art. 139 da CF/88 admite que, na
vigência do estado de sítio poderão ser tomadas medidas excepcionais contra as
pessoas. Tendo em vista tal previsão constitucional, permitindo a restrição de
garantias individuais, é, em tese, descabido o uso do HC na vigência desse estado
excepcional. Todavia, à semelhança do que ocorre com a prisão disciplinar militar, a
vedação ao HC, nesse caso, se restringe à impugnação do MÉRITO da medida, sendo
possível o seu uso quando, por vício de incompetência ou outros de natureza formal,
mostrar-se flagrantemente ilegal a restrição à liberdade de locomoção.
22

Competência – Quanto à competência para julgamento de HC, a regra geral


encontra-se prevista no art. 650, § 1º, do CPP. Compete ao magistrado de primeiro
grau julgar o HC impetrado contra ato do delegado de Polícia da Comarca, não poderá,
contudo, julgar o writ ingressado contra ato do juiz de outra vara. Hoje está
consolidado o entendimento de que, figurando o Promotor de Justiça como autoridade
coatora, o HC contra ele impetrado deverá ser ajuizado perante o Tribunal que tenha
competência para julgá-lo. Por outro lado, tratando-se de impetração de HC contra
magistrado do Juizado Especial Criminal, é pacificado o entendimento de que a
competência para seu julgamento será da turma Recursal. Hoje o STJ, modificando sua
jurisprudência ( súmula 690 STF ), assentou a competência dos Tribunais de Justiça
estaduais para julgar HC contra ato de Turmas Recursais dos Juizados Especiais.
Evidentemente, tratando-se de HC impetrado contra turmas Recursais dos Juizados
Especiais Federais, a competência para julgamento será dos Tribunais Regionais
Federais.

Vide arts. 102, 105, 108 e 109 da CF/88.

Habeas Corpus substitutivo ? Figura jurisprudêncialmente construída, consistente na


faculdade outorgada ao interessado, sendo lhe negado HC anterior, de optar, em vez
do recurso previsto em lei, pela impetração de outro HC, dirigido este a uma
instância superior.

2) Mandado de segurança:

O art. 1º da lei 12.016, em sintonia com o art. 5º, LXIX, da CF/88, estabelece que
o mandado de segurança destina se a tutela do DIREITO LIQUIDO e CERTO, violado ou
ameaçada em decorrência de ILEGALIDADE ou ABUSO DE PODER cometidos por
autoridade, independentemente de sua categoria e das funções que exerça.

Por DIREITO LIQUIDO E CERTO se compreende aquele em relação ao qual não há


nenhuma dúvida quanto à sua existência, encontrando-se delimitado na sua extensão
e comprovado de plano. Portanto, descabe dilação probatória no mandaso de
segurança, cabendo ao impetrante, já na sua dedução, comprovar documentalmente
os fatos que alega.

Contrariamente, ao habeas corpus (que é cabível contra ato de particular ou


autoridade), no caso do mandado de segurança, o coautor deverá ser,
necessariamente, uma AUTORIDADE PUBLICA, podendo ser tanto a que praticou o ato
impugnado como a que ordenou essa pratica (art. 6º, § 1º da lei 12.016/09) – VIDE
Súmula 510 do STF.
23

OBSERVAÇÃO: O sujeito passivo da relação processual, no mandamus, não será


a pessoa jurídica de direito público, mas sim o agente que a representa – uma pessoa
física. Segundo Vicente Greco Filho , que destaca uma importante distinção entre o
mandado de segurança e as ações em geral, observando que “estas quando são
propostas contra o Estado por ato de seus agentes, o são contra a pessoa jurídica de
direito público (União, Estado e Município ) que eles representam em seu nome de
quem atuam. O mandado de segurança, porém, será proposto contra a autoridade”.

Quanto a legitimação ativa para impetração, poderá ser qualquer pessoa, física
ou jurídica, nacional ou estrangeira, cujo direito liquido e certo tenha sido violado ou
esteja ameaçado em razão de ilegalidade ou abuso de poder. Sob o enfoque
estritamente criminal, o impetrante poderá ser o acusado, o MP, o ofendido, o
querelante e até mesmo terceiros interessados.

Tanto por força do art. 5º, LXIX, CF/88 como em razão do que dispõe o art. 1º da
lei 12.016/09, excluem-se da abrangência protetiva do mandamus a liberdade de
locomoção e o direito à informação, relativamente aos quais há previsão de tutela
própria por meio de habeas corpus e de habeas data, respectivamente.

A competência para o processo e julgamento do mandado de segurança,


embora haja exceções, será, em tese, definida segundo a hierarquia funcional da
autoridade coautora e sua sede funcional, não sendo relevante a matéria deduzida na
impetração.

Natureza jurídica, forma e prazo – Não há dúvida de que o mandado de


segurança não é recurso, e sim ação própria, de natureza mandamental e que poderá
ter eficácia cautelar, quando sustentada no perículum in mora e no fumus boni iuris;
eficácia constitutiva, quando visar à criação, modificação ou extinção de uma
determinada situação jurídica; e,por fim, eficácia declaratória, quando tiver por
objetivo a declaração da existência ou inexistência de uma relação jurídica.

Quanto à forma de impetração, deve ser realizada por petição, incorporando os


respectivos fundamentos e fazendo-se acompanhar da correspondente prova
documental quanto aos fatos sustentados. De acordo com o art. 6º da lei 12.016/09. a
inicial deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual (CPC) e
indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha
vinculada ou da qual exerce atribuições. O pedido deverá ser apresentado em duas
vias, acostando-se cópias dos documentos comprobatórios do direito alegado em
ambas, a fim de que uma delas seja enviada à autoridade apontada como coatora.
Protocolizada a inicial, se a autoridade judicial competente verificar que a hipótese
impugnada não se enquadra entre aquelas que autorizam a dedução do mandado de
segurança, ou que já decorreu o prazo legal para a impetração, a indeferirá de plano,
por meio de decisão fundamentais ( art. 10 da Lei 12.016/09). Ao contrário do HC, o
24

mandado de segurança deverá ser subscrito por quem tenha capacidade


postulatória.

Atente-se que o direito de requerer o mandado de segurança extingue-se caso


decorridos cento e vinte dias (120), contados da ciência, pelo interessado, do ato
impugnado (artt. 23 da lei 12.016/09). Sendo esse prazo de natureza decadencial , não
está sujeito à interrupção tampouco à suspensão. Há, contudo, entendimento
minoritária, de caráter garantista, no sentido de que possa a defesa impetrar o
remédio heróico, mesmo após o decurso do prazo legal, quando se trate de proteger
direito subjetivo público indisponível do acusado.

Procedimento – quando impetrado nos Tribunais De Justiça, Tribunais Regionais


Federais e Tribunais Superiores, o procedimento, em linhas gerais, é definido pelos
respectivos regimentos internos. Por outro lado, se deduzida perante Juiz, à
tramitação obedecerá à cronologia prevista na Lei 12.016/09.

ATENÇÃO: O manejo do writ no âmbito criminal depende muito da hipótese


concreta e, sobretudo, do descabimento de uma via recursal própria para o
insurgimento em relação ao ato a ser impugnado. Assim, temos as seguintes hipóteses
mais comuns: a) Decisão que indefere a habilitação do assistente de acusação; b)
Decisão que determina o seqüestro de bens do individuo à revelia dos requisitos legais
(em que pese o contido no art. 130 do cpp); c) impetração visando a agregar efeito
suspensivo a recurso em que não haja previsão de tal feito ( STJ, HC 66.604/SP, DJ
10.09.2007); Exclusão do nome do impetrante dos registros extensos de antecedentes
criminais após o deferimento da reabilitação criminal.

3) Revisão Criminal:

De acordo com o magistério de Fernando da Costa Tourinho Filho: “ A atividade


jurisdicional, como outra de qualquer setor da atividade humana, está sujeita a
erros... Não houvesse órgãos jurisdicionais hierarquicamente superiores para
controlar e reexaminar as decisões provindas dos órgãos inferiores, inegavelmente a
situação seria descalabro... Mesmo fazendo uso dos meios legais de impugnação da
decisão, há momento em que impossível se torna outro reexame quando se esgotam
todas as instâncias. O ato jurisdicional torna-se irrecorrível, e a sentença, justa ou
injusta, é considerado inatacável e irrecorrível. Torna-se ela, então, inimpugnavel
(coisa julgada formal), impedindo, também, que em outro juízo se instaure outro
processo sobre o mesmo litígio (coisa julgada material)... Uma condenação injusta é
prejudicial ao réu e à sociedade... Por isso, desde épocas remotas se admitem
providências para julgar a injustiça de uma decisão condenatória. A indulgentia
principis era a válvula de segurança para as condenações iníquas, mas não era um
direito do réu, e sim simples providência de natureza administrativa, que muito
dependia de boa vontade soberano... Hoje, em todas as legislações deixa-se
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violentar quando um interesse mais alto a sobrepuja uma sentença condenatória


manifestamente injusta. E o remédio jurídico-processual que permite reabrir o
processo, em que se cometeu a injustiça, rasgando-lhe o selo da intangibilidade, é a
REVISÃO CRIMINAL”.

A revisão criminal é medida que tem por objetivo a desconstituição da decisão


judicial condenatória transitada em julgado. Assim como ocorre em relação ao HC,
também não possui natureza recursal, apesar de se encontrar prevista no CPP como
tal. Trata-se de uma verdadeira ação penal de conhecimento de caráter
desconstitutivo, de uso EXCLUSIVO DA DEFESA, não sujeita a prazos e que pode ser
deduzida, inclusive, após a morte do réu (art. 626 do CPP = PROCEDÊNCIA da revisão,
nomenclatura própria de ações, pois quando se trata de recurso fala-se em
PROVIMENTO).

Pressupostos da revisão criminal: 1 ) Existência de decisão judicial condenatória –


não se admite a utilização da revisão criminal para a desconstituição da sentença
absolutória (Atenção para a sentença absolutória imprópria, lembra-se? Nesse caso,
nada mais sensato do que permitir o ingresso de revisão criminal contra a decisão de
absolvição imprópria objetivando-se a absolvição própria do imputado, isto é, sem a
imposição de medida de segurança – TJSP, Ver Criminall 990081795124, 20.08.2009).
Vide STJ, HC 19.419/DF, DJ 18.11.2002; 2) Ocorrência de trânsito em julgado –
Somente a decisão contra a qual estiverem preclusas todas as vias recursais rende
ensejo à propositura da revisão criminal (art. 625, § 1 º, do CPP).

Cabimento: O art. 621 do CPP disciplina as hipóteses de cabimento da revisão


criminal, as quais são TAXATIVAS, não admitindo ampliação. Logo, se intentada a ação
e não restar enquadrada em nehuma das situações legais que a autorizam, deverá ela
ser INDEFERIDA LIMINARMENTE pelo relator junto ao Tribunal Ou Órgão Colegiado a
que distribuída. Entende-se por contrária ao texto expresso da lei penal, para fins de
revisão criminal, não a decisão que interpretar determinado dispositivo em sentido
oposto ao que entende a maioria, mas sim aquela que contrariar os termos explícitos
do direito objetivo ou interpretá-lo de forma absurda, à revelia de qualquer critério ou
margem de aceitabilidade. Por outro lado, contrária à evidência dos autos é a decisão
que condena o réu sem que nenhuma prova ou com base em elementos aos quais não
se possa conferir o mínimo de razoabilidade. Com relação à sentença condenatória
fundada em depoimentos, exames ou documento falsos, é preciso que tais elementos
tenham sido o alicerce, uma das bases principais da sentença impugnada. A prova da
falsidade deverá acompanhar a PETIÇÃO DE REVISÃO, sob pena de indeferimento in
limine, não se podendo requerer seja feita a comprovação da falsidade no curso da
ação revisional. A PROVA NOVA é aquela que demonstra que o réu não teve agir
reprovável ou de circunstâncias que possa beneficiá-lo na reprimenda aplicada.
Aspecto importante a considerar é o de que a procedência da revisão sob o
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fundamento da PROVA NOVA condiciona-se a que esta seja capaz de produzir um


juízo de certeza irrefutável no órgão julgador da ação. Se dúvidas surgirem em relação
aos novos elementos trazidos à apreciação do Poder Judiciário, elas não poderão ser
interpretadas em favor do réu, e sim em prol da sociedade ( indúbio pro societate),
mantendo-se, neste caso, a condenação transitada em julgado.

ATENÇÃO – DILAÇÃO PROBATÓRIA: Na revisão criminal NÃO HÁ


CONTRADTIÓRIO tampouco FASE INSTRUTÓRIA voltada à produção de provas (art.
625, § 1º do CPP). Quando as provas novas dependem de produção judicial, neste
caso, impõem-se ao acusado, por meio de seu Advogado, REQUERER ao juío de 1ºgrau
a realização de AUDIENCIA DE JUSTIFICAÇÃO PRÉVIA, que consiste em espécie de
AÇÃO CAUTELAR DE NATUREZA PREPARATÓRIA, para que sejam realizadas tais
provas, fundamentando esse pedido na ciscunstâncias de que pretende ingressar com
revisão criminal e embasando-o, por analogia, no art. 381 do NCPC (Mirabete: “para a
revisão, quando se trata de apresentação de provas novas, é necessário que seja ela
produzida judicialmente, no juízo de 1º grau, obedecendo-se príncipio do
contraditório, com a exigência, portanto, da participação do Ministério Publico, Sendo
inadmissível a produção de provas durante a ação revisional, para ser ela obtidam
necessária se torna a JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL. Tal justificação criminal, verdadeira
ação penal cautelar preparatória, deve ser processada perante o juízo da
condenação. “Se for INDEFERIDO o pedido de JUSTIFICAÇÃO CRIIMINAL, importando
essa decisão em prejuízo ao ingresso da AÇÃO REVISIONAL, contra o indeferimento é
possível à impetração de habeas corpus no intuito de que seja determinado ao juízo
competente processar a justificação (STJ, HC 18.963/, DJ 17.12.2007).

Legitimidade para o ajuizamento – Conforme dispõe o art. 623 do CPP, a revisão


criminal pode ser pedida pelo próprio réu ou por procurador legalmente habilitado ou,
no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Apesar do
permissivo incorporado ao art. 623 do CPP, na atualidade predomina o entendimento
de que o ingresso dessa ação exige capacidade postulatória ( O art. 623 do CPP, não
teria sido recepcionado pela CF/88, art,133). Assim, ingressada a revisão diretamente
pelo réu, se não for indeferida in limine, deverá, no mínimo, ser nomeado defensor
dativo ou defensor público para ratificar seus termos, possibilitando, assim, o
recebimento e a tramitação.

Ausência de prazo para o ingresso – Inexiste prazo para o ingresso da revisão


criminal, podendo ela ser ajuizada em qualquer tempo, mesmo depois de cumprida ou
extinta de qualquer modo a pena imposta ao réu e, até mesmo, depois de sua morte.

Competência para julgamento – Pode ocorrer que competente para julgar a


revisão criminal seja o próprio órgão que preferiu o julgamento objeto da revisão, é o
que ocorre, por exemplo, no âmbito do STF ( art. 102, I, J, da CF/88) e do STJ (art. 105,
I, e, da CF/88), competentes que são para o julgamento das revisões criminais
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propostas contra suas próprias decisões. Um pouco mais ampla é a competência


atribuída aos Tribunais de Justiça dos Estados e Tribunais Regionais Federais, isso
porque incumbirá a estes Colegiados o julgamento da revisão, independentemente de
ter sido a decisão proferida por juiz de 1º grau ou por eles próprios em única ( Ação
penal originária) ou em última (Julgamento de recursos) instância.

Conseqüências jurídicas da procedência da revisão criminal – As soluções


possíveis, no caso de revisão criminal, encontram-se previstas no art. 626 do CPP.
Como pode ser visto no citado artigo, todas as hipóteses contemplam conseqüências
processual ou materialmente vantajosas ao acusado, não se admitindo, em nenhuma
hipótese, o agravamento da situação do réu em termos de pena, regime carcerário,
etc. É vedada a reformatio in pejus.

O art. 630 do CPP insere a possibilidade de o tribunal, se assim requerer o


interessado, reconhecer, no julgamento da revisão criminal, o direito de justa
indenização, ao réu condenado, pelos prejuízos sofridos, em montante a ser liquidado
no juízo cível. Art. 5º, LXXV, da CF/88.

Revisão Criminal No Âmbito Dos Juizados Especiais Criminais – Cabe ressaltar


que abordando essa questão, reiterou o STJ o posicionamento de que a competência
para o julgamento da revisão criminal em casos tais será da própria Turma Recursal
dos Juizados Especiais Criminais ( STJ, REsp 470.673/RS, DJ 04.08.20013 / STJ, Conflito
de competência 47.718, DJ 13.08.2008).

IV – EXECUÇÃO PENAL ( LEI 7.210/84 )

O ART. 1º DA LEI Nº 7.210/84 (LEP) , ao tratar do objeto e da aplicação da lei de


Execução Penal, aduz: “A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de
sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração
social do condenado e do internado”.

Tal Artigo estabelece os dois fins primordiais da execução penal: a efetivação do


mandamento incorporado à sentença penal e a reinserção social do condenado ou do
internado. Pelo primeiro, busca-se concretizar o jus puniendi do Estado, realizando-se
o titulo executivo constituído pela sentença. Já o segundo traduz a idéia de ofertar,
durante a execução, os meios necessários a que os apenados e os sujeitos a medida de
segurança possam alcançar a reintegração social.

Podemos observar que a execução penal é uma atividade complexa, que se


desenvolve nos planos jurisdicional e administrativo, havendo autonomia cientifica,
jurídica e legislativa do Direito Penitenciário. No Brasil, são relativamente antigos a
idéia e os estudos para conceder a autonomia legislativa do Direito Penitenciário.
Diante da lei de Execução Penal (LEP), mais apropriado é falar em um Direito de
Execução Penal do que usar a denominação mais restrita de Direito Penitenciário. O
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objeto do Direito de execução penal, diante de algumas flagrantes contradições entre


a cominação e aplicação da pena e sua execução, dirigiu-se ao estudo do
desenvolvimento de meios e métodos para a execução da pena como defesa social e
ressocialização do condenado. A lei estabelece como fim da execução penal não
apenas a solução de questões relacionadas ao cárcere (Direito Penitenciário), mas
também o estabelecimento de medidas que visem à reabilitação do condenado ( daí o
surgimento da expressão Direito de Execução Penal)

O pressuposto fundamental da execução penal é a existência de uma sentença


condenatória ou absolutória imprópria ( Absolvição com imposição de medida de
segurança) Transitadas em julgado. Também estão sujeitos a execução as decisões
homologatórias de transação penal exaradas no âmbito dos juizado Especiais criminais.

Inicio do processo de execução penal – O processo de execução desenvolce-se por


impulso oficial, não havendo necessidade de provocação do juiz pelo MP ou por quem
quer que seja. Transitando em julgado a sentença condenatória ou absolutória
imprópria, cabe ao juiz da execução, recebendo os autos do processo ou copia das
principais peças que o compõem, determinar as providências cabíveis para
cumprimento da pena ou da medida de segurança.

Sujeitos da execução penal – O sujeito ativo da execução penal é o Estado. A


execução da pena é monopólio estatal, independentemente da natureza da ação penal
que gerou a sentença ( pública ou privado). Sendo a execução penal de natureza
pública, cabe ao MP intervir em todos os seus termos, postulando as providências
necessárias para o correto cumprimento da pena imposta ou da medida de segurança.
Já, quanto ao Sujeito Passivo da excução penal, trata-se do executado, isto é, a pessoa
a quem imposta a pena (privativa de liberdade, restritiva de direito ou multa) ou
aplicada medida de segurança (o internado). Conforme previsto no art. 2º, par. Único
da LEP, em se tratando de pena privativa de liberdade, o executado pode ser tanto o
preso definitivo quanto o provisório. Ainda, poderá ser executado o autor do fato que
não cumprir a transação penal homologada no âmbito dos Juizados Especiais
Criminais.

Pena – Princípios da pena:

A pena, que corresponde à sanção imposta ao agente da prática da conduta


criminosa, na sistemática do CPP, possui duas finalidades claras: 1º) Retributiva,
consistente na resposta do Estado à infração cometida; e, 2º) Preventiva, no sentido
de evitar a pratica de novos crimes. Esta finalidade preventiva, desdobra-se em quatro
aspectos: a) Geral Negativo ( significando o poder de intimidação da pena em relação
à sociedade como um todo); b) Geral positivo ( Correspondente à existência e
eficiência do Direito Penal); c) Especial Negativo (visndo demonstrar ao autor do delito
que p Estado não será tolerante em relação à prática de outros crimes que, se
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ocorrerem, implicarão na aplicação de novas penas, muito especialmente a privativa


de liberdade) e, d) Especial positivo ( no sentido de ressocializar o condenado com
vista à sua reintegração à sociedade após a extinção da pena).

Relacionados a estes obejtivos, existem determinados princípios que informar a


pena e que regem todas as fases de aplicação e execução, a saber:

1) Principio da instranscedência da pena – Também conhecido como


principio da personalidade ou da pessoalidade, previsto no art. 5º,
XLV da CF/88, de onde se depreende que a pena e a medida de
segurança não podem passar da pessoa do autor da infração;

2) Principio da legalidade – Consubstanciado na expressão latina


nullum crimen, nulla poena sine praevia lege, que tem origem
constitucional (art. 5º, XXXIX, CF/88) e legal ( art. 1º do cp),
significando que nenhum comportamento pode ser considerado
crime e nenhuma pena pode ser aplicada e executada sem que uma
lei anterior a sua prática assim estabeleça;

3) Principio da inderrogabilidade – Uma vez constatada a prática da


infração penal, a pena não pode deixar de ser aplicada por liberdade
do juiz ou de qualquer outra autoridade. Pesquise e responda, como
fica a aplicação do principio da insignificância diante deste principio;

4) Principio da proporcionalidade – A Pena deve ser proporcional ao


crime praticado. Ou seja, deve existir equilíbrio entre a infração
praticada e a sanção imposta. Tal principio encontra respaldo no art.
5º, XLVI da CF/88, que se refere à individualização da pena. É o
corolário da busca do justo;

5) Principio da individualização da pena – Prevista no art. 5º, XLVI da


CF/88, desenvolve-se a individualização da pena em três fases:
primeira, no âmbito legislativo (individualização legislativa ou
formal), que ocorre no momento da criação do tipo penal
incriminador, quando o legislador estabelece abstratamente o
mínimo e o máximo da pena cominada; segunda, no âmbito judicial
(individualização judicial), quando, diante do caso concreto, O juiz
do processo de conhecimento, a partir dos critérios estabelecidos na
legislação, fixa a pena cabível ao agente; terceiro, no âmbito
executório ( individualização executória ), quando o juiz da execução
penal adapta a pena aplicada na sentença á pessoa do condenado
ou internado, concedendo-lhe ou negando-lhe benefícios como a
progressão de regime, o livramento condicional, a remição, etc.
( vide STF, HC, 104.174/RJ, DJ 18.05.2011 );
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6) Princípio da humanidade – Embora a segurança pública deve ser


resguardada, a CF/88 estabelece como um dos fundamentos da
República a dignidade da pessoa humana, do qual é consectário o
princípio da humanidade das penas. Tal princípio está previsto no
art.5º, incisos XLVII e XLIX.

Jurisdicionalização da execução penal: Princípio da jurisdicionalidade - O art.2º


da LEP refere que “ a jurisdição penal dos juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em
todo o Território Nacional, será exercida, no processo de execução, na conformidade
desta Lei e do Código de Processo Penal”. Assim, depreende-se que a execução penal
rege-se pelo principio da jurisdicionalidade. Isso significa que a intervenção do Juiz não
se esgota com o transito em julgado da sentença proferida no processo de
conhecimento, estendendo-se processo executório da pena. Como conseqüência,
aplicam-se em sede de execução, as garantias da ampla defesa, contraditório, duplo
grau de jurisdição, devido processo legal, imparcialidade do Juiz, etc. A sentença
condenatória penal contém implícita a cláusula rebus sic stantibus, como sentença
determinativa que é: o juiz fica, assim, autorizado, pela natureza mesma de sentença,
a agir por equidade, operando a modificação objetiva da sentença sempre que haja
mutação nas circunstancias fáticas.

Extensão aplicativa da LEP – O parágrafo único do art.2º da LEP dispõe que “ esta
lei aplicar-se-á igualmente ao preso provisório e ao condenado pela Justiça Eleitoral ou
Militar, quando recolhido a estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária”. Preso
provisório, para fins de aplicação da LEP, é somente aquele que se encontra sob prisão
preventiva ( vide Súmula 717 do STF ). Por sua vez, preso definitivo é aquele em
relação ao qual já existe decisão condenatória transitada em julgado. Juízo
competente para a execução provisória – Há duas posições: uma considerando que a
competência para decidir sobre pedidos formulados pelo acusado preso
provisoriamente é do juiz do processo de conhecimento; outra, no sentido de que
compete ao juiz da Vara de Execuções Penais ( VEP ). Já decidiu o STF, quando preso.

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