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Salvador
2017
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Salvador
2017
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- Yasmim Farinha
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RESUMO
ABSTRACT
This work aims to analyze and prove the importance of the presence of motivation
in the aeronautical environment, focused on the co-pilots of the great aircraft to
reach the dreamed command post. Since the occupation needs a rigorous profile
and training, which deals directly with the safety and responsibility of about 200
passengers per flight, not everyone has the financial and emotional ability to
continue to the peak of this career. And where does that motivation go into this
process? From the moment the airman chooses to become a Captain. Motivation is
defined as an impulse that makes people act to achieve their goals, in other words,
if the main objective is to be Captain, the pilot must pass through many challenges,
many studies and the pilot must be extremely competent in your position as copilot,
being these, discussed in this work. It will also analyze the consequences of
deficient motivation caused by the family, financial issues, work colleagues, friends,
personal issues, all of which influence the construction or deconstruction of the
psychophysical aspects and motivation of the pilot. In this work, we can also
analyze the position of medical inspections in the face of the emotional and physical
imbalances caused by stress when facing the complexity of the occupation and the
relationship of the pilot with the environment that lives outside the work
environment. Numerous sources of scientific articles, psychology and health books,
specific research on the aeronautical environment, laws, documents, articles from
major newspapers and also aviation magazines and websites were used to better
verify the contents of this work. And in order to prove the importance of the
motivation of the co-pilots to reach the command, scientific study was made with co-
pilots, through a quantitative questionnaire elaborated by the author of this
monograph.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE TABELAS
CS Consciência Situacional
KB Knowledge-Based errors
PC Piloto Comercial
PP Piloto Privado
RB Ruled-Based errors
SB Skill-Based errors
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................11
2 MOTIVAÇÃO X LIDERANÇA............................................................................13
2.1 OS REQUISITOS PARA SE TORNAR PILOTO DE LINHA AÉREA..............13
2.2 BREVE ABORDAGEM SOBRE A PERSONALIDADE...................................18
2.2.1 A PERSONALIDADE DO PILOTO...............................................................21
2.3 AS TAREFAS E ATIVIDADES DO PILOTO....................................................23
2.4 MOTIVAÇÃO...................................................................................................26
2.4.1 TEORIAS DA MOTIVAÇÃO.........................................................................27
2.4.2 MOTIVAÇÃO NO TRABALHO DO PILOTO.................................................30
2.5 LIDERANÇA....................................................................................................32
2.5.1 A LIDERANÇA APLICADA NO CRM...........................................................34
3 SINTOMAS E CONSEQUÊNCIAS DA DESMOTIVAÇÃO DO PILOTO...........38
3.1 BREVE ABORDAGEM SOBRE PÓS-MODERNO..........................................38
3.2 FATORES QUE DESENCADEIAM A DESMOTIVAÇÃO................................39
3.2.1 ESTRESSE NO AMBIENTE DE TRABALHO..............................................51
3.2.2 FADIGA........................................................................................................57
3.2.2.1 CONSCIÊNCIA SITUACIONAL X FADIGA...............................................58
3.2.2.2 MEDIDAS PREVENTIVAS CONTRA A FADIGA......................................60
3.3 INSPEÇÕES MÉDICAS..................................................................................61
3.3.1 CLASSES E CATEGORIAS DO CERTIFICADO MÉDICO
AERONÁUTICO....................................................................................................62
3.3.2 REQUISITOS PSICOFÍSICOS PARA A OBTENÇÃO DO CMA..................64
4 A MOTIVAÇÃO DO CO-PILOTO PARA CHEGAR AO CARGO DE
COMANDO............................................................................................................67
4.1 REGIME DE TRABALHO DO PILOTO...........................................................67
4.2 FAMILIA VERSUS TRABALHO......................................................................70
4.3 PESQUISA DE CAMPO..................................................................................72
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................83
REFERÊNCIAS.....................................................................................................85
ANEXOS...............................................................................................................92
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1 INTRODUÇÃO
Não é preciso estar na aviação, para sentir a vontade em saciar uma necessidade
de autorrealização ou se sentir motivado para ir em busca de seus grandes
objetivos. Porém, algumas profissões exigem tanto das capacidades físicas e
psicológicas do empregado, em que a motivação para permanecer firme no cargo
se torna um papel essencial. Para exercer o cargo de piloto de grandes aeronaves
é preciso que o mesmo esteja apto para carregar consigo, uma responsabilidade
de grande porte em suas costas, como a vida dos passageiros, tripulação, estar
preparado para qualquer falha ou emergência que surgir durante qualquer etapa do
voo, conhecer a fundo a aeronave que opera, ter consigo a técnica e uma base
teórica impecável para exercer seu cargo com excelência. Poucos imaginam a
verdadeira realidade dos pilotos, e pouquíssimos compreendem o difícil caminho
para usar quatro faixas nos ombros, a periculosidade da profissão, causa muito
desconforto e medo aos que não são do ambiente da aviação. Então, quando o
jovem aviador decide seguir esta carreira, é um pouco difícil ter apoio da família e
dos amigos, devido a esse medo, também há um fator que independe da vontade
do indivíduo em ser aviador, que são as questões financeiras. Para ser obter as
licenças de Piloto Privado, Piloto Comercial e Piloto de Linha Aérea exige
aprovação teórica e prática, assim como também, o Certificado Médico Aeronáutico
tendo um custo muito alto, para quem sonha ser aviador e não se encontra
financeiramente bem, pode causar um certo desânimo. Este alto custo na
formação, filtra não só quem está financeiramente apto, como também quem
realmente tem um vínculo muito grande com a profissão, tornando esta profissão a
sua necessidade de autorrealização. As próprias empresas, que priorizam a
segurança de voo, também priorizam pilotos que estejam preparados de verdade
para a rotina e operação das grandes aeronaves, tornando a profissão de certa
forma, diferente. Ao longo desde trabalho, é possível enxergar as qualidades
essenciais que um piloto deve ter, como o seu espírito de liderança sobre sua
tripulação, aeronave e situações de emergência, e como a motivação pode
influenciar um líder diante os seus liderados. Também pode-se analisar os
requisitos mínimos para se obter as licenças até chegar ao Piloto de Linha Aérea,
uma abordagem resumida sobre a personalidade e se aprofundando na
personalidade do piloto, como é um perfil ideal para que o piloto se adeque ao
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trabalho, as funções que o piloto exerce tanto em solo quanto em voo. Para melhor
entendimento, também é exposto o conceito de motivação e seus termos
motivacionais e os tipos de motivação presentes no cotidiano. Como a profissão de
piloto, independente da tecnologia que vem sempre desenvolvendo algo a favor
para a aviação, ainda há uma grande complexidade entre o homem e a máquina,
principalmente na função de piloto, em que há fases críticas como a decolagem,
aproximação e pouso, inúmeros checks durante toda a jornada de trabalho, em um
ambiente totalmente pequeno e desconfortável fisicamente, portanto, as chances
do piloto desenvolver uma alta carga de estresse, é muito elevada, e o estresse
pode desencadear a doenças, condições psicofísicas seríssimas, levando ao
desânimo ou pior, a depressão. No decorrer do trabalho, veremos os fatores que
desencadeiam a desmotivação, sendo o principal fator, o estresse, que se exceder
os limites psicofísicos de um indivíduo, pode levá-lo a seríssimas doenças, a ponto
de afastá-lo do cargo, podendo levar a depressão, apatia entre outras
consequências. Também é exposto no trabalho, a jornada de trabalho do piloto,
assim como seus limites de operação, para não haver sobrecarga e fadiga ao
exercer sua função, o qual exige uma impecável disposição e saúde. E para
finalizar o trabalho, há uma pesquisa de campo, em que se tem como objetivo,
comprovar de fato, a importância da motivação do copiloto de grandes aeronaves
para se chegar ao comando.
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2. MOTIVAÇÃO E LIDERANÇA
voo. Destas 150, 115 horas em avião e 20 horas em um simulador de voo, voltado
para navegações e voo por instrumentos – IFR. Na tabela 3 a seguir, é possível
analisar os requisitos de cada área curricular no qual o piloto deverá estudar para a
obtenção da licença teórica de Piloto Comercial, apesar de haver algumas
semelhanças com a grade curricular do piloto privado, há maior quantidade de
disciplinas e atividades complementares. Tornando o período de estudo de Piloto
Comercial, maior que o de Piloto Privado.
2.4 MOTIVAÇÃO
Segundo Davidoff (2001) a teoria da Hierarquia de Abraham Maslow diz que o ser
humano nasce com cinco sistemas de necessidades organizados em hierarquia.
Começando com necessidades fisiológicas, como alimento, agua, oxigênio, sono,
sexo, proteção contra temperaturas extremas, estimulação sensorial e atividade.
Essas necessidades – requisitos para sobrevivência – são as mais fortes e
imperiosas. Elas precisam ser satisfeitas em algum grau antes que surjam outras
necessidades. O segundo nível da hierarquia, fica na base da pirâmide, é a
necessidade de segurança, onde estão os itens que fazem os indivíduos se
sentirem seguros, de seu lar até os meios mais complexos, como no trabalho, na
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com outros indivíduos, e precisam se sentir aceitos no meio em que convive, seja
no trabalho, na família ou na comunidade. Quem apresenta a necessidade de
afiliação tende a aceitar as regras do seu grupo de trabalho, dando preferência a
interações pessoais significativas. A terceira necessidade é a do Poder, dividida em
dois diferentes tipos: Pessoais e institucionais. Pessoas que apresentam
necessidade de poder, precisam de um alto poder pessoal e tende a comandar os
demais. Porém, este tipo de dominância não é muito visto para quem está sendo
comandado. Já as pessoas que precisam do poder institucional, estes gostam de
organizar tarefas, atividades e esforços do restante do grupo, visando atingir os
objetivos do grupo. A teoria de McClelland diz que cada indivíduo tem um nível de
necessidade que é totalmente divergente de uma outra pessoa. Mas que essas
necessidades não são nulas, pois sempre haverá, por menor que seja, um traço de
personalidade como a realização, que é a primeira necessidade que um indivíduo
tem durante o início da vida.
Segundo Ferreira (1992), a grande maioria dos pilotos gostam do que fazem, a sua
profissão lhe proporciona um grande prazer. Isso é dito frequentemente em
diferentes modos e ocasiões. Até se chegar ao cargo de piloto de linha aérea, é
investido a dedicação, persistência, tempo e muito dinheiro. Dejours (1987) afirma
que na profissão de aviador, a motivação é objeto de extrema atenção, e em uma
seleção, buscam-se aviadores que desde a infância, demonstram uma atenção
especial ao gosto pela mecânica, aeromodelismo, leitura de aventuras, história de
pilotos, familiarização com os aeroclubes ou influência de algum familiar que
exerce a profissão. Todos esses fatores influenciam na valorização do desejo de
voar para o futuro aviador. O desejo de voar condensa as ambições de
superpotência, de ultrapassagem, e de libertação de distância e velocidade. Existe
uma série de fatores que fazem com que os pilotos se sintam satisfeitos em
exercer seus cargos. A princípio, os pilotos gostam de voar, no voo há o prazer de
ver o mundo de um ângulo privilegiado e de ver as coisas que só se pode ver do
espaço. Os pilotos descrevem as sensações das imagens que têm do espaço, do
sol, oceanos, noites estreladas, nuvens, com poesia e intimidade. O piloto gosta de
sentir o controle sobre uma máquina potente, decolar e pousar a aeronave com
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suas próprias mãos, divergindo as opiniões dos engenheiros, que dizem que não é
preciso de pilotos para executar uma decolagem ou pouso. Também tem como
fator satisfatório, o status. A imagem do piloto para a sociedade é de bravura por
enfrentar perigos e diferenciada por ser uma profissão sem rotina, por conhecer o
mundo inteiro. Porém, de acordo com Ferreira (1992), este estereótipo traz o piloto,
a necessidade de manter esta imagem de super-homem, sendo que ele não é. Da
mesma forma que ele é visto como um super-homem, ele facilmente pode ser visto
como vilão, diante de um acidente por exemplo. Um outro fator que traz muita
pressão, porém ao mesmo tempo é gratificante, é a responsabilidade sobre os
passageiros. A gratidão prevalece quando o voo, apesar de sua complexidade e
riscos, é efetuado com segurança e todos chegam ao destino sem nenhuma
interferência. Mesmo que o piloto consiga se adaptar ao trabalho e a tecnologia
tentar de todas formas adaptar o trabalho ao homem, para que não haja uma
deficiência nas operações. Ainda há altos riscos, devido as condições do trabalho,
que são extremamente difíceis e de alta exigência do piloto. Segundo Dejours
(1987), o trabalho de um piloto possui uma complexidade grandiosa que exige
muita habilidade. Precisando de uma perfeita união de qualidades intelectuais,
físicas, psicológicas. Diferentemente da maioria das profissões, a de piloto, exige
muito teórico e prático e muitas capacidades de um só sujeito, simultaneamente. A
valorização do corpo e do espírito pela condição de trabalho é exemplar da síntese
trabalho intelectual-trabalho manual. Diante dessa complexidade, se o piloto
apresentar desânimo, queda do seu desempenho, demonstrar pouca ou nenhuma
vontade de trabalhar, ele pode ser facilmente dispensado do cargo. Nesta
profissão, o piloto precisa estar sempre motivado e atento, pois um simples
descuido, pode terminar em uma tragédia. A motivação conforme Marques (2015) é
considerada mais como um aspecto intrínseco, ou seja, é uma motivação pessoal,
que vem do interior para realizar uma atividade de interesse íntimo. E no trabalho,
a motivação vai depender do sentido que se dá para a pessoa, o seu valor. No
caso dos pilotos, a necessidade de autorrealização (que é a quinta e principal
necessidade de acordo com a Teoria de Hierarquia do Maslow de motivação) é
voar. Portanto, a busca para saciar esta necessidade, é o que os motiva. A
motivação também é um aspecto muito importante no papel de um líder, pois é
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2.5 LIDERANÇA
Para Bennis & Nanus (1985), a liderança representa a arte em exercer influência,
guia e orientação, assim os gestores tem o conhecimento do que devem fazer,
enquanto os líderes têm o entendimento e a habilidade do que é necessário ser
feito. Ou seja, o líder estimula a realização de mudanças, motivando seus liderados
a efetuar um melhor desempenho na sua função. As qualidades dos líderes vão
muito além da simpatia e da capacidade de impressionar facilmente seus liderados.
O líder necessita juntamente com essa simpatia, ser eficiente. Passar o objetivo
para seus liderados e trabalhar com a equipe, porém sem perder a sua autoridade.
Pois até a maneira de como uma palavra é dita, pode influenciar no desempenho
dos liderados, se o tom houver um uso de poder entrando em um perfil de chefe, os
liderados passarão a realizar suas funções por obrigação, consequentemente, o
resultado esperado de uma equipe, não será atingida. Para Minicucci (1978) um
líder eficiente utiliza a comunicação como um meio de enviar mensagens e de levar
os liderados a agir. Ele deve saber como ler a situação (Sensibilidade situacional),
deve ter a habilidade de mudar uma situação, se necessário, ou de reformulá-la
(habilidade de estão situacional) e deve ter flexibilidade de estilo, isto é, capacidade
de mudar o estilo de liderança conforme as circunstâncias (Flexibilidade de estilo).
A comunicação, além de ser um dos pilares mais importantes no Gerenciamento de
Recursos de Cabine na aviação, é importante para que haja um entendimento e
feedback dos liderados para o líder. A comunicação segundo o DAC (2005) na IAC
– Instrução de Aviação Civil 060-1002A é o processo pelo qual o emissor organiza
uma ideia, de forma racional e coerente, por meio de um conjunto de códigos e
símbolos (mensagem), transmitindo informações, por meios que o emissor achar
apropriado para que seus propósitos sejam expressos ao receptor que a codifica.
Requer interatividade e comprometimento entre o emissor e o receptor da
mensagem. Uma das características da aviação comercial é descrita pela
hierarquização das funções. Dentro da aeronave, o comandante é autoridade
máxima, estando os demais tripulantes a ele subordinados. O processo de trabalho
de um comandante sobre a sua tripulação é muito rígido, porque a aviação
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evoluindo cada liderado, podendo tornar-se exemplo para seus colegas. Tem-se
como resultados, maior motivação e satisfação, serviços de alta qualidade, e boa
produtividade, pois o líder desenvolve as habilidades de líder de seus próprios
liderados, havendo não só uma evolução operacional como também, pessoal. Tudo
isso, sem que o líder não perca a sua autoridade diante do grupo. E na Liderança
Liberal os liderados têm total liberdade nas decisões do grupo, tanto na divisão das
tarefas quanto na escolha dos parceiros de trabalho. O líder apenas faz
comentários irregulares ou fornece informações sobre as tarefas dos liderados se
lhe for pedido, não fazendo tentativa de avaliar ou regular o curso dos
acontecimentos. Há liberdade total para as decisões entre os grupos ou individual
conforme Chiavenato (2004), a participação do líder neste estilo de liderança é
quase inexistente. Os liderados apresentam um alto grau de responsabilidade,
comprometimento e maturidade proporcional, pois este estilo proporciona na
organização, um ambiente criativo, sustentando a iniciativa levando os liderados a
se sentirem importantes para o progresso dos objetivos.
Não só no cotidiano, mas na aviação pode existir barreiras que impedem uma boa
comunicação e isso é um fator agravante para se chegar o erro nas operações e
dinâmica de trabalho de equipe. Como o desnível de experiência; em que
comandante com mais experiência que o copiloto. Insegurança e excesso de
confiança; em que os dois extremos da personalidade podem ocasionar uma
péssima gestão operacional durante o voo, pois a insegurança impede que uma
ação seja feita com medo de represálias e o excesso de confiança pode fazer com
que um piloto tome uma atitude sem pensar nas consequências que possam afetar
a segurança. O estresse; um grande inimigo de qualquer pessoa, mas no ambiente
condicionante de um aviador, dar espaço ao estresse é quase que um suicídio,
pois o estresse é definido pela Lipp (1999) como um estado de tensão que causa a
quebra da harmonia interna do organismo. Podendo causar desequilíbrios físicos e
mentais, e para o piloto, isso afeta fortemente a segurança de voo e
consequentemente termina em fatalidade. Se o piloto apresentar durante a sua
comunicação com a tripulação, preconceito, se distrair facilmente, ter visão
canalizada sobre algo que não é a sua maior prioridade, fazer o uso de linguagem
fora do padrão como gírias e demonstrar conflitos emocionais, então significa que a
comunicação do piloto para a sua tripulação será modificada e prejudicada. Então
para que a comunicação mantenha eficiente tanto do piloto para sua tripulação
como da tripulação para o piloto, é preciso haver técnicas que melhorem a
comunicação, como o Briefing; que é uma revisão de todo o procedimento e
atuação que cada um irá exercer antes do voo acontecer, assim a dinâmica de
trabalho de equipe fluirá corretamente, diminuindo os possíveis erros de operação.
A assertividade; independente do cargo que exerce, é essencial que o tripulante se
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realmente tem valor na vida. A troca de ser pelo estar deixa claro a redução ou
entrega de seu ser pela alienação, condição que interrompe o seu querer. Dessa
forma, a troca do sentir pelo ideal é dissimulada. Segundo Santos (1986), o sujeito
pós-moderno é um sujeito desreferencializado, que compra algo pelo status e não
pela qualidade, e também é dessubstancializado, ou seja, é um sujeito niilista,
ausente de valores, não vive por nada, perde a substância interior, sente-se vazio e
mais propenso a desenvolver a depressão, sendo esta, a doença do século.
sintonia, como uma grande orquestra. Desse modo, o coração bate em um ritmo
adequado às suas funções, pulmões fígado, pâncreas e estômago tem seu próprio
ritmo que se entrosa com o de outros órgãos. A orquestra do corpo toca o ritmo da
vida com equilíbrio preciso. Mas quando o stress se manifesta nesse equilíbrio,
chamado de homeostase pelos especialistas, é quebrado e não há mais
entrosamento entre os vários órgãos do corpo. Durante as suas pesquisas, Seyle
observou que organismos diferentes apresentam modelos de respostas fisiológicas
para estímulos sensoriais ou psicológicos similares, e isso teria efeitos negativos
em quase todos os órgãos, tecidos e processos metabólicos. Seyle dividiu o
estresse em três fases, e nomeou esta pesquisa de Síndrome Geral de Adaptação
ou SGA, que segundo Lipp (1996) consiste na fase do alerta, em que o organismo
se prepara para a reação de luta ou fuga. Os sintomas que se manifestam se
referem ao preparo do corpo e da mente para a preservação da própria vida. Na
fase do alerta, é considerada como uma fase positiva do stress, pois o indivíduo se
energiza através da produção de adrenalina. Os sintomas que se manifestam na
fase do alerta: Mãos/pés frios, boca seca, dor no estômago, tensão e dor muscular,
diarreia passageira, insônia, taquicardia, respiração ofegante, hipertensão súbita e
passageira, mudança de apetite, agitação, entusiasmo súbito e aperto da
mandíbula. Tem também a fase da resistência, é quando o indivíduo
automaticamente tenta lidar com seus agentes estressores de modo a manter seu
equilíbrio interno. Se os fatores que causam o estresse se manterem frequentes e
intensos, ocasiona na quebra da resistência do indivíduo, pois o metabolismo
busca suportar o stress, mas a sua resistência é limitada. Os sintomas que se
manifestam na fase de resistência: Problemas com a memória, mal-estar
generalizado, formigamento nas extremidades, sensação de desgaste físico
constante, mudança de apetite, surgimentos de problemas dermatológicos,
hipertensão arterial, cansaço constante, tontura, sensibilidade emotiva excessiva,
obsessão com o agente estressor, irritabilidade excessiva e desejo sexual
diminuído. E na fase da exaustão, o organismo já não suporta o estado de
resistência, devido ao esforço contínuo e acaba esgotando a sua capacidade de
adaptação. O processo de enfermidade se inicia e os órgãos que possuírem maior
vulnerabilidade genética ou adquirida, passam a sinalizar estágios de deterioração.
Na ausência do alivio para o stress, este atinge a sua fase final, que quando as
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doenças mais graves atingem os órgãos mais vulneráveis, como enfarte, úlceras e
psoríase que é caracterizada segundo Varella (2011) por lesões avermelhadas e
que descamam, normalmente em placas, que geralmente aparecem no couro
cabeludo, cotovelo e joelhos. Os sintomas que se manifestam na fase de exaustão:
Diarreias frequentes, dificuldades sexuais, formigamentos das extremidades,
insônia, tiques nervosos, hipertensão arterial confirmada, problemas
dermatológicos prolongados, mudança extrema de apetite, taquicardia, tontura
frequente, úlcera, impossibilidade de trabalhar, pesadelos, apatia, cansaço
excessivo, irritabilidade, angústia, hipersensibilidade emotiva e perda de senso de
humor. No gráfico 1, pode-se considerar a linha vermelha como trajetória do
estresse diante as diferentes fases do estresse, é notável que o pico do estresse se
apresenta na fase de resistência, e quando o indivíduo já não consegue mais
enfrentar o estresse, o mesmo entra em declínio, rumo à fase de exaustão.
A ansiedade é descrita por Brotto (2017) como um estado psíquico natural benéfico
que serve de alerta para um perigo aparente. O que o torna perigoso, é quando o
dia-a-dia corrido do indivíduo, principalmente nas grandes metrópoles, lidam e se
preocupam excessivamente com as pressões do trabalho, família, problemas
financeiros e consigo mesmo. Isso faz com que a mente não consiga relaxar nos
momentos de descanso ou nas atividades de lazer, desenvolvendo quadros
intensos de ansiedade. Para R.L. Atkinson et. al (2002) a ansiedade é a reação
mais comum do organismo ao lidar com um estressor. A ansiedade é referida como
uma emoção desconfortante, caracterizada normalmente pelas palavras: medo,
tensão, apreensão e preocupação. Pessoas que passam por momentos
traumáticos como um estupro, desastres naturais, sequestros e acidentes,
desenvolvem mais facilmente, um quadro intenso de sintomas relacionados ao
estresse, como por exemplo transtorno de estresse pós-traumático ou TEPT. São
consideradas sintomas de TEPT, a ausência de sensibilidade com o mundo,
isolamento, desinteresse pelas atividades anteriores, reviver o trauma através das
lembranças e sonhos, apresentar dificuldade de concentração, sono e excesso de
vigilância. Segundo Serra (2011), os transtornos de ansiedade incapacitam
severamente o indivíduo, pois compreende a ansiedade generalizada, síndrome do
pânico, fobias, a ansiedade ligada a saúde e hipocondria, transtorno obsessivo
compulsivo e o transtorno de estresse pós-traumático. Hunkeler (2011 apud
Vaboni; Souza & Riul, 2012, p.6) afirma que os tripulantes têm maior
vulnerabilidade em vivenciar experiências traumáticas devido a periculosidade do
trabalho. E é variável a forma como vão lidar com essas situações de ameaça à
vida, se por exemplo, o tripulante já vivenciou um desastre aéreo, as chances de o
mesmo reviver os momentos quando sobrevoar uma área onde ocorreu um
desastre, voar com a mesma aeronave, se voar com a mesma tripulação que
sobreviveu a um acidente ou incidente aéreo, serão altas. Uma pesquisa realizada
por Vaboni et. al (2012) contou com a participação de 40 tripulantes, sendo estes,
20 comissários, dez pilotos e dez copilotos. Nesta pesquisa, foi aplicado um
questionário com dez perguntas fechadas sobre os aspectos da vida pessoal dos
tripulantes, assim como suas rotinas de trabalho e escalas de avaliação de
depressão e ansiedade. Foi aplicado o Inventário de Ansiedade de Beck - BAI, que
é uma escala de auto relato, muito utilizada para determinar a intensidade dos
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Segundo Agência Brasil (2015) a maioria dos pilotos que tem depressão escondem
isso de suas respectivas empresas. Isso porque a análise datada de novembro de
2013, do diretor do Departamento de Medicina da Organização Civil Internacional
da Aviação, Anthony Evans, diz que há um grave déficit no acompanhamento das
inspeções médicas dos pilotos. O que motivaria o piloto esconder a depressão da
empresa em que trabalha, é que poderia ocasionar em um afastamento ou
demissão do seu emprego. Há um estudo dizendo que há cerca de 60% dos pilotos
que apresentam um quadro depressivo, decidem continuar a voar sem comunicar
aos seus superiores. Com base no trabalho de Evans, que estudou cerca de 1200
casos de pilotos com depressão, 15% destes, optam por fazer o tratamento em
segredo e apenas 25% notificam a empresa sobre o seu tratamento. Este fato se
tornou mais evidente depois do acidente que ocorreu em março de 2015 nos Alpes
Franceses, em que o copiloto da empresa alemã Germanwings, Andreas Lubitz
teria deliberadamente derrubado o avião, matando cerca 150 pessoas. Segundo
Lito (2016) o voo 9525 da Germanwings decolou de Barcelona com destino a
Alemanha. O comandante saiu da cabine três minutos após a aeronave ter atingido
a altitude de cruzeiro de 38.000 pés as 10h 27min. Com isso, o copiloto Andreas
Lubitz mudou a altitude da aeronave, de 38.000 pés para 100 pés. Apesar da
descida ter sido controlada, a Torre de Tráfego Aéreo tentou se comunicar com a
aeronave e o comandante solicitou o desbloqueio da porta da cabine, porem
nenhum destes obteve resposta do copiloto. Mesmo tentando arrombar a porta,
sendo esta, blindada por motivos de segurança e após os atentados de 11 de
setembro, também não obteve sucesso para entrar na cabine. As 10h 41 ocorreu o
impacto da aeronave nas montanhas. No relatório final, constatou que um médico,
duas semanas antes do acidente, havia pedido para o Andreas buscar ajuda
psiquiátrica. Pois ele sofria de uma doença mental com sintomas psicóticos. De
acordo com lito (2016) Andreas acreditava que tinha problemas de visão, e que
isso poderia afasta-lo permanentemente da carreira de aviador, sendo que os
médicos haviam lhe avaliado e não encontraram nada, determinando apenas, que
ele estava sofrendo de uma doença psicossomático, e foi receitado a tomar
Mirtazapine. Os seguintes fatores que contribuíram para o acidente, o Andreas
tinha medo de perder sua licença caso fosse declarado como incapaz, os custos
financeiros consequentes da falta de seguro para cobrir os riscos da perda do
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salário caso fosse incapacitado de voar, a falha dos regulamentos alemães quando
há uma ameaça à segurança do público que deve ter precedência sobre a
confidencialidade médica. Conforme a Agência Brasil (2015) nas investigações
alemãs, foi constatado que o Andreas havia feito tratamento psicoterapêutico anos
antes de receber a licença de piloto, para tratar tendências suicidas. E que ele tinha
um atestado médico no dia do acidente, porque estava em tratamento, tudo isso,
sem notificar a empresa em que trabalhava. E por último, o enfraquecimento
cognitivo também é uma resposta ao estressor. Mais à frente das reações
emocionais, quando o indivíduo demonstra dificuldade de concentração e
organização de suas ideias, pensamentos, eles podem facilmente se distrair. Isso
ocorre porque quando o indivíduo se encontra em uma situação de estresse
excessivo, ele acaba enfraquecendo cognitivamente. Segundo R.L. Atkinson et.al
(2002) o enfraquecimento cognitivo pode fluir de duas fontes. Quando há altos
níveis de excitação emocional, podem acabar intervindo no processamento das
informações. Se a pessoa apresentar muita ansiedade ou braveza por exemplo,
após lidar com o estressor, maior é a tendência do enfraquecimento cognitivo. O
enfraquecimento cognitivo pode causar também a distração ao lidar com o
estressor, devido aos pensamentos que surgem devido a este enfraquecimento. As
pessoas podem, muitas vezes adotar posicionamentos rígidos quando não
encontram padrões alternativos. Algumas pessoas podem regredir os seus velhos
comportamentos para infantis por exemplo, sendo totalmente inadequado a
situação o qual está lidando. Uma pessoa cautelosa pode ser mais ainda a ponto
de recuar totalmente, e uma pessoa agressiva pode perder o seu controle e correr
imprudentemente em todas as direções.
durante muito tempo, ainda tem a coluna vertebral e articulações que são
prejudicadas, por sofrerem com a micro vibração causados pelos motores dos
aviões e por absorverem todo o impacto quando o avião efetua o pouso, e em
muitos casos, pilotos tiveram que remover cistos e tumores no cóccix, por conta do
seu desgaste. E como o pouso faz parte do trabalho, não dá para ser evitado. No
gráfico 5 a seguir, pode-se analisar a área da saúde que mais afasta os pilotos dos
seus cargos, a ortopedia e a psiquiatria tem como principais causas para o
afastamento.
3.2.2 FADIGA
consciência situacional do piloto. Sendo este um dos quatro pilares do CRM, que
visa a melhoria da segurança de voo.
As inspeções médicas são importantes para qualquer profissão, toda empresa que
se preocupa com o bem-estar de seus empregados e também com o rendimento
de produção ou serviço, deve ser feito a inspeção médica do empregado. Na
aviação, um meio em que apesar do transporte aéreo ser considerado mais seguro,
é importante saber como está a saúde física e psicológica de quem opera as
grandes aeronaves. Antes mesmo de se chegar as grandes aeronaves, o piloto tira
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a sua licença médica antes de obter a licença de Piloto Privado, e quando o aluno
vai tirando a sua licença de Piloto Comercial, Piloto de Linha Aérea, ele vai
renovando seu CMA – Certificado Médico Aeronáutico também. De acordo com o
RBAC 67 – Regulamento Brasileiro da Aviação Civil 67 que trata os requisitos para
concessão de certificados médicos aeronáuticos, para o credenciamento de
médicos e clínicas e para o convênio com entidades públicas. Para que o aluno tire
a sua licença de Piloto Privado, Piloto Comercial, Piloto de Linha aérea e entre
outras licenças, ele precisa tirar o seu Certificado Médico Aeronáutico. O CMA é
um documento emitido por um examinador ou pela ANAC – Agência Nacional de
Aviação Civil, depois do candidato ter efetuado os exames de saúde periciais,
certificando suas aptidões físicas e psicológicas, para poder pilotar as aeronaves
que deseja. O CMA corresponde ao CCF – Certificado de Capacidade Física. E
para que a pessoa obtenha o seu CMA, ela deverá se apresentar ao examinador,
de acordo com a classe pretendida, apresentar seus documentos que comprovem
sua nacionalidade e dados pessoais. Após a realização dos exames de saúde
pericial e aprovado através de documentos que comprovam a realização dos
exames, o candidato estará apto para receber ou revalidar o seu CMA na classe
pretendida. Se o candidato não for aprovado e o mesmo não concordar com este
julgamento, ele poderá recorrer da decisão junto a ANAC, e solicitar um novo
exame. Caso a ANAC aprove a solicitação do candidato, o mesmo entrará no
processo do recurso, onde ele irá refazer os seus exames, e a ANAC no final, irá
avaliar, aprovando ou não os novos exames. Se o candidato que tenha o CMA, não
tenha revalidado o mesmo há mais de 5 anos, o candidato deverá se submeter a
um novo exame pericial inicial para obter o CMA novamente.
Para que o piloto possa validar o seu Certificado Médico Aeronáutico, é preciso que
o mesmo, esteja com a sua saúde em dia e principalmente, atenda aos requisitos
psicológicos e físicos mínimos para ele possa estar apto para exercer a sua função
de piloto, em suas devidas categorias.
Para que o candidato obtenha com sucesso o seu certificado Médico Aeronáutico,
em seus exames de saúde periciais, o candidato deverá apresentar resultados
satisfatórios quanto suas condições físicas e mentais, para que o examinador
comprove através de documentos que o mesmo se encontra apto para efetuar sua
função em segurança, sendo esta função a de piloto, para o mesmo opere a
aeronave e gerencie sua tripulação com êxito. Conforme o RBAC 67 (2017, p.18),
os requisitos para a aprovação dos exames de saúde periciais vão depender dos
requisitos mentais e comportamentais, em que candidato não deve possuir
transtornos de humor, neuróticos, esquizotípicos e delirante, transtornos
relacionados ao estresse, transtornos de personalidade, retardo mental, depressão,
transtornos comportamental e emocional que costumam apresentar na infância e
síndromes comportamentais ligados aos distúrbios fisiológicos e fatores físicos.
Nos requisitos neurológicos, o candidato não deve apresentar antecedentes de
doenças vasculares, hemiplegia ou hemiparesia, ter epilepsia, infarto cerebral,
insuficiência vascular cerebral, aneurisma, diminuição parcial ou total do nível de
consciência de funções neurológicas, fenômenos oculares e neurológicos focais
transitórios causados por enxaquecas, perda de equilíbrio, sensibilidade,
coordenação neuromuscular e força muscular causados por transtornos
neurológicos. Já nos requisitos pneumológicos, o candidato não deve possuir
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passando pela sua base, sem ser isento do serviço desde que siga a programação
prévia, levando-se em conta as limitações determinadas nesta lei, e a empresa
pode exigir do aeronauta, uma complementação do voo para cumprir a realização
ou conclusão de tarefas inadiáveis, respeitando as leis e sem trazer prejuízo para o
aeronauta. Na seção cinco, referente aos limites de voo e de pouso, o tempo de
voo, para as aeronaves de asa fixa, começa entre o início do deslocamento ou
entre a partida dos motores até a aeronave ficar parada e efetuar o corte dos
motores. De acordo com Brasil (2017) os limites de voo e pousos permitidos para
uma jornada de trabalho variam de acordo com os tipos de tripulação. Na tabela
11, pode-se observar resumidamente, os tipos de tripulação e os seus respectivos
limites de horas de voo e pousos.
De acordo com Brasil (2017), na seção seis, referente aos períodos de repouso do
aeronauta, o repouso é o período em que o tripulante fica dispensado de prestar
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A família pode ser considerada como uma instituição, formada normalmente por um
casal, que unidos matrimonialmente ou unidos de fato, com um ou mais filhos, que
vivem na mesma casa formando um lar. A família tem como responsabilidade, a
promoção da educação dos filhos e influencia-los no comportamento no meio
social. A família tem um papel de extrema importância no desenvolvimento de cada
indivíduo que compõe o lar. Para Duarte (2015), é na família que o indivíduo
garante a sua sobrevivência e proteção integral dos seus filhos e outros membros,
independente da estrutura familiar que o mesmo se encontra. O auxilio afetivo, os
materiais necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos membros é
proporcionado pela família. Exercendo um papel indiscutível sobre a educação
formal e informal do indivíduo, e é na família que são adquiridos os valores
humanitários e éticos. É essencial em um ambiente familiar, existir harmonia,
proteção, todo apoio necessário para o enfrentamento de problemas e conflitos,
seja externo ou interno e afeto. Em uma família em que exista conforto, confiança,
segurança e harmonia, influencia no bem-estar de cada membro que compõe o lar.
Caso contrário, pode influenciar negativamente no desempenho do indivíduo na
escola, nas relações interpessoais e em lidar com problemas financeiros e no
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METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
e 5 a 9 anos, com uma porcentagem de 44% cada, seguido por copilotos que estão
entre 10 a 14 anos na empresa, com 13%.
Segundo Dejours (1987) em seu livro sobre a loucura do trabalho, afirma que existe
uma série de fatores que fazem com que os pilotos se sintam satisfeitos em
exercer seus cargos. A princípio, os pilotos gostam de voar, no voo há o prazer de
ver o mundo de um ângulo privilegiado e de ver as coisas que só se pode ver do
espaço. Os pilotos descrevem as sensações das imagens que têm do espaço, do
sol, oceanos, noites estreladas, nuvens, com poesia e intimidade. O desejo de voar
condensa as ambições de superpotência, de ultrapassagem, e de libertação de
distância e velocidade. O piloto gosta de sentir o controle sobre uma máquina
potente, decolar e pousar a aeronave com suas próprias mãos, divergindo as
opiniões dos engenheiros, que dizem que não é preciso de pilotos para executar
uma decolagem ou pouso. Na pesquisa não foi diferente, cerca de 78% dos
entrevistados se sentem muito realizados ao exercer o cargo de copiloto, seguindo
por 19% dos entrevistados que se sentem realizados, porém poderiam se sentir
mais e depois vem 3% dos entrevistados que as vezes se sentem realizados. Isto
pode ser analisado no gráfico 11. Outra fonte que confirma este fato é Ferreira
(1992) em que diz que a grande maioria dos pilotos gostam do que fazem, a sua
profissão lhe proporciona um grande prazer. Isso é dito frequentemente em
diferentes modos e ocasiões. Até se chegar ao cargo de piloto de linha aérea, é
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Pelo o que está sendo exposto no gráfico 13, que aborda os motivos pelos quais os
copilotos entrevistados são motivados para chegar ao cargo de comando, cerca de
56% dos copilotos entrevistados são motivados pelo tão sonhado auge da carreira,
sendo comandante. Já 38% dos copilotos entrevistados são movidos pelo anseio
em sanar a necessidade de autorrealização, que segundo Davidoff (2001) ao
explicar a Teoria da Hierarquia de Abraham Maslow, afirma que o indivíduo tem as
necessidades de autorrealização. Consegue aproveitar todo o seu potencial,
independência, incluindo o seu autocontrole de seus atos para ter a capacidade de
ir em busca do que gosta, desenvolver seus objetivos, criando metas e atingindo
seus ideais. Depois vem os copilotos entrevistados que tem como motivação o
relacionamento com a família para chegar ao cargo de comandante com um
percentual de 6%
No questionário, foi dado uma outra situação aos copilotos entrevistados, em que
se um piloto estivesse enfrentando problemas internos ou externos, como por
exemplo, problemas financeiros, problemas com a família, problemas com colegas
de trabalho ou até mesmo com a empresa em que o mesmo trabalha, se este terá
dificuldades em permanecer no cargo. No gráfico 15, pode-se observar que o piloto
pode apresentar dificuldade em permanecer no trabalho dependendo dos motivos
que esteja enfrentando segundo 50% dos copilotos entrevistados. 25% dos
copilotos acreditam que se o piloto estiver desmotivado por conta de problemas
externos ou internos, pode sim, dificultar a sua permanência no cargo. Já 16% dos
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No gráfico 16, pode-se analisar uma situação dada aos entrevistados, de um piloto
que sofre com problemas pessoais e vai realizar o voo, o questionamento foi se a
performance do piloto será diferente de forma negativa, se o mesmo voasse sem
estar enfrentando qualquer tipo de problema. Cerca de 53% dos copilotos
entrevistados afirmaram que se o piloto não souber administrar seus problemas
antes de exercer sua função na cabine, o piloto terá sua performance afetada. 28%
dos copilotos entrevistados acreditam que sim, a performance do piloto pode ser
bastante afetada, por conta dos problemas que o mesmo enfrenta. Já 13% dos
entrevistados afirmam que depende da intensidade dos problemas que o piloto
enfrenta, dando a entender de que se o problema não for de grande intensidade, o
piloto pode ser capaz de deixar estes problemas de lado durante a execução do
voo para melhor performance no cargo, porém, se os problemas forem de alta
intensidade, tornando o piloto totalmente vulnerável à deslizes de atenção
enquanto faz um checklist por exemplo, deixando um item passar despercebido,
por ser uma função repetitiva, o piloto o executa no automático. Sendo passível ao
erro. E lapsos de memória em que os acontecimentos internos, geralmente
envolvendo falhas de memória, podendo ocorrer durante o checklist, em que o
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RESULTADOS
E no gráfico 18 a seguir, é possível verificar que cerca de 72% dos entrevistados
afirmam que sim, é importante estar sempre motivado ao exercer o cargo de piloto.
Já 25% dos entrevistados acreditam que é importante e necessário estar motivado,
mas não o tempo inteiro. E apenas 1% se diz indiferente, quanto a motivação ao
exercer seu cargo de copiloto.
A pesquisa então, deixa claro que a performance de voo pode ser negativamente
influenciada por conta dos fatores que desencadeiam a desmotivação, os quais o
copiloto está propenso a passar antes e durante a trajetória da carreira. E a
ausência da motivação no cotidiano do copiloto, pode dificultar muito mais o seu
processo rumo ao grande objetivo de chegar ao cargo de comando.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos concluir que não importa a etapa em que o aviador se encontre, seja na
descoberta da sua paixão pela aviação, durante o curso para tirar suas licenças,
seja na instrução, seja no comando de grandes aeronaves, o aviador tem em si, um
combustível diferente de outras profissões. Um combustível mais do que o
suficiente para segurar uma grande responsabilidade de cerca de 200
desconhecidos, levando-os em segurança para suas casas, passam por inúmeras
dificuldades diante a sociedade, família, financeiro, sempre testando os limites da
física, sempre no alto e sempre à frente. Uma profissão em que não há meio
termos, meias altitudes, meias velocidades, meio conhecimento, meia prática, meio
aviador, o aviador por natureza, é completo, a partir do momento em que se
descobre como tal. Uma profissão com tantas complexidades, tantas
responsabilidades, que se o piloto não souber administrar seus problemas e se
render aos possíveis agentes estressores, o mesmo apresentará indícios de uma
saúde mental e física deficiente, pois o estresse leva a fadiga, e a fadiga retira toda
a força que o indivíduo tem para exercer de funções básicas até exercer as funções
de trabalho, e no ambiente da aviação, a fadiga é um fator agravante para o erro. E
o erro, é totalmente inadmissível na cabine. Um piloto sob efeito do estresse e
fadiga, está vulnerável ao afastamento do cargo, apresentar problemas físicos e o
mais agravante, doenças psicológicas, como a ansiedade, depressão, o
enfraquecimento cognitivo e apatia por exemplo, que facilmente levam o piloto ao
desânimo, e é neste ponto, que foi retratado no trabalho, a importância da
motivação, dando a sua definição, os tipos de motivação e a importância da
mesma, na vida de um piloto. Pilotos buscam se auto realizar, tendo como objetivo
chegar no auge da carreira, independente das dificuldades internas e dos
grandiosos desafios da profissão, ter a maturidade em separar os problemas do
ambiente de trabalho, para que sua performance em voo não seja afetada,
evitando assim, mais um fator que levaria ao erro. Por esta e outras situações, o
piloto está sempre em treinamento, a busca para ser o melhor, para exercer da
forma mais divina a sua função de piloto e o seu amor imensurável pela sensação
única de liberdade ao voar, torna a profissão belíssima e de muito respeito. Sem a
motivação, um aviador não consegue realizar seu grande sonho, não consegue
encontrar o caminho e se frustra. De alguma forma, o aviador busca e abraça a sua
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motivação, seja consigo mesmo, com o apoio da família, seja pelos amigos, seja
pela ambição do auge da carreira, este é o seu combustível para permanecer no ar
e seguir sua viagem, em busca do grandioso cargo de comandante. A motivação
move montanhas, eleva a sua altitude e aumenta a sua velocidade. Mas isso só irá
ocorrer, se o aviador, estiver verdadeiramente motivado.
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REFERÊNCIAS
BENNIS, W.; NANUS, B. Leaders: the strategies for taking charge. Disponível
em: <https://www.iup.edu/workarea/downloadasset.aspx?id=52523>. Acesso em:
30 ago. 2017.
FERREIRA, L.l. Voando com pilotos: Condição de Trabalho dos Pilotos de uma
Empresa de Aviação Comercial. 2 ed. São Paulo: VETOR, 1992.
FREUD, S. O mal estar na civilização: subtítulo do livro. 1 ed. São Paulo: Penguin
E Companhia Das Letras , 1969.
GRICE, R; KATZ, L.. Personality profiles of u.s army initial entry rotary wing
students versus carrer aviators. Sep. 2007. Disponivel em: <www.dtic.mil/get-tr-
doc/pdf?AD=ADA472259> Acesso em: 20 ago.2017.
LIPP, M. O stress está dentro de você. 2 ed. São Paulo: Contexto, 1999. 178 p.
ANEXOS
Questão 1 – Gênero
( ) Feminino
( ) Masculino
( ) Entre 21 a 25 anos
( ) Entre 26 a 30 anos
( ) Entre 31 a 35 anos
( ) Entre 36 a 40 anos
( ) Comandante
( ) Copiloto
( ) Entre 1 a 4 anos
( ) Entre 5 a 9 anos
( ) Entre 10 a 14 anos
( ) Entre 15 a 19 anos
( ) Acima de 20 anos
( ) Na infância
( ) Na pré-adolescência
( ) Na adolescência
( ) Na fase adulta
( ) Sim, bastante
( ) Às vezes sim
( ) Muito pouco
( ) Não
( ) Sim
( ) Às vezes
( ) Muito pouco
( ) Não
( ) A minha família
( ) Meus amigos
( ) Estressado
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( ) Triste
( ) Desanimado
( ) Feliz
( ) Indiferente
( ) Sim
( ) Talvez
( ) Não
( ) Sim, bastante
( ) Não passei por situações de estresse e nunca tive a minha performance em voo
sendo afetada
( ) Não passei por situações de estresse, mas já tive a minha performance em voo
sendo afetada
( ) Sim, sempre
( ) É indiferente