Há uma palavra nos Evangelhos e em todo o Novo Testamento que tem se
tornado um grande desafio para a minha vida. Não um desafio intelectual, mas um desafio existencial. A palavra é: DISCÍPULO. Um discípulo é alguém que aprende e imita o seu mestre, um aluno que aprende suas lições de maneira prática. Esta é a definição clássica para o que é um discípulo que, possivelmente, todos tenhamos em mente. O que às vezes ignoramos é o fato de que o Novo Testamento se refere mais aos crentes como discípulos (mais de 250 vezes) do que como cristãos (apenas 3 vezes). O uso abundante de um termo em detrimento do outro sugere que esta ênfase não é casual, mas intencional. O Autor por trás do autor, o Espírito Santo, desejou que nossos primeiros irmãos na fé fossem identificados como discípulos de Cristo, da mesma forma que deseja que nós também o sejamos. O próprio Jesus estabeleceu os critérios para alguém ser um discípulo dele. Dentre estes critérios podemos enumerar ao menos três. O primeiro deles é a auto- negação (v.26). Jesus está ensinando que tudo aquilo que antes dele era prioritário, deve perder o seu valor. A auto-negação tem como implicação o total senhorio de Cristo sobre nossas vidas, sendo ele a razão primeira para todos os nossos pensamentos, palavras e ações. O segundo critério pode ser denominado como morte pessoal (v.27). “Tomar a cruz” é entender que o discípulo, como resposta ao senhorio de Cristo, está pronto a devotar-se inteiramente à vontade dele. O discípulo deve agir como Cristo agiu, morrendo como ele para satisfazer a vontade de seu Pai (Lc 22.41,42). É fato que Jesus, faz uma séria advertência sobre isso, mostrando que tal atitude deve ser racional e bem refletida (v.28-33) O último critério é o da autenticidade (v.34,35). Ser discípulo é ser sal da terra (Mt 5.13). Existem várias implicações em ser sal, entre elas, fazer a diferença em meio a uma sociedade que se corrompe, assim como o sal preservava os alimentos no passado. Contudo, o sal insípido é aquele que perdeu suas propriedades fundamentais, logo, deixou de ser sal. Autenticidade é o oposto ao nominalismo, ou seja, ser discípulo no nome, mas não nas atitudes (cf. Jo 8.31; 13.35; 15.14). Diante destes critérios, somos desafiados a pensar sobre nossa condição como discípulos. Se formos meros religiosos frequentadores de cultos e assistentes de trabalhos da igreja, corremos o sério risco de estarmos equivocados quanto a nossa condição em Cristo. Que o Senhor tenha misericórdia de nós, para que sejamos uma Igreja de discípulos fiéis a Cristo.