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FERRER E “A PLEBE”
Primeira edição
São Paulo
2018
“Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor do nosso jardim.
E nós não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e nós não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E nós já não podemos dizer nada.”
( Maiakóvski – 1923)
ÍNDICE
INTRODUÇÂO........................................................................
CAPÍTULO I
Francisco Ferrer y Guardia e o avanço do capitalismo na Europa..
CAPITULO II
CAPÍTULO III
1
Deste ponto em diante, será usado o nome FERRER ao se fazer
referência à Francisco Ferrer y Guardia.
Estado, a Igreja e o militarismo
(GONÇALVES, 2004, p.116).
5
França paga ao presidente da República 1.000.000 francos.
Espanha paga ao rei menino e à sua família 9.500.000 francos.
França paga aos seus embaixadores de Londres, São
Pestersburgo e Berlim 40.000 francos.
Para garantir seu sustento, Ferrer trabalhou em diferentes
atividades, todas elas sem muito sucesso, até que, com a ajuda de
outros maçons, conseguiu um emprego de professor de espanhol na
Associação Filotécnica e mais tarde no Liceu Condorcet e, nestes
locais, conheceu pessoas que o fizeram refletir sobre o
republicanismo já instaurado na França, onde ele se põe em contato
com
9
“[...] nem todo irreligioso é um perverso, nem todo ateu é um
criminoso desumano, uma vez que eu, ateu convicto, era um
exemplo vivo contrário à sua preocupação religiosa.” (Tradução da
autora)
Em suas conversas Ferrer colocou a Ernestine Meunie sua
ideia de criar uma escola anticlerical, sem nenhuma influência do
Estado e que tivesse a característica de ser racional e científica. Ao
expor seu ponto de vista ele a convenceu de que:
10
“[...] chegou um momento que me pareceu que se perdia o
tempo se das palavras não se passava às realizações.” (Tradução
da autora)
Em pose dos bens necessários para realizar sua obra
educacional Ferrer voltou à Espanha no mesmo ano e encontrou
Barcelona em grande expansão industrial; com indústrias têxteis, de
mineração, siderurgia, setor vinícola, companhia de navegação e
metalúrgica, empregando mais da metade da mão-de-obra operária
de todo o país, cujos trabalhadores estavam se organizando em
movimentos operários, principalmente, em torno dos ideais do
anarquismo. Alguns movimentos e atentados, em nome do
anarquismo, já haviam ocorrido no período em que Ferrer estava na
França. Jornais e congressos espalhavam o pensamento libertário
por todo o país.
FIGURA 2
11
[…] os progresos da ciência e os multiplicados descobrimentos
têm revolucionado as condições do trabalho e da produção; já não
é possível que a sociedade permaneça ignorante, necessita-se que
ela instrua-se para que a situação económica de um país se
conserve e progrida contra a concorrência universal. Assim
reconhecido, os governos vão querer uma organização cada vez
mais completa da escola, não porque esperam pela educação
renovada da sociedade, e sim, porque necessitam de individuos,
trabalhadores, instrumentos de trabalho mais perfeitos para que
Entretanto, não era este o homem que Ferrer quería formar.
A Escola Moderna de Barcelona, fundada por Ferrer em agosto de
1901, tinha como meta ”[...] hacer que los ninõs y ninãs que se
confíen lleguen a ser personas instruídas, verídica, justas y libres
de todo prejuício”. (Idem, 1912, p.21).12
15
[...] celebrei um convênio com os doutores D. Andrés Martinez
Vargas e D. Odón de Buen, catedráticos da Universidade de
Barcelona, para criar na Escola Moderna uma universidade
popular, em que a ciencia, que no estabelecimento do Estado se
da, ou melhor dizendo, se vende à juventude privilegiada se desse
gratuita a todo povo como uma espécie de restituição, já que todo
ser humano tem direito ao saber, e a ciência não deve vincular-se
à uma classe […]( Tradução da autora)
O nível de pesquisa em educação se dava na medida em que
Ferrer reconhecia a importância de formar professores para a escola
racionalista, que fossem capazes de reconhecer as necessidades de
seus alunos individualmente, já que criticava a uniformidade em
matéria de educação e entendia que os professores deveriam ter a
iniciativa e a liberdade de adequar a instrução aos seus alunos
conforme fosse necessário. Devido a isto o movimento racionalista
atribuía “[...] grande importância à pesquisa em ciências da
educação, mas uma pesquisa absolutamente articulada à prática
pedagógica e, de certo modo, subsidiária dela” (GUSSINYER,
2003, p.43).
FIGURA 5
FIGURA 6
17
“[...] os inimigos agressivos da obra e do obreiro foram seus mais
eficazes cooperadores, facilitando a criação do racionalismo
internacional “ (Tradução da autora)
Ao desenvolver seu método, Ferrer sofreu grande influência
do pensamento do filosofo Rousseau, que se opunha ao processo de
aprendizagem aplicado pelos educadores religiosos, repleto de
normas, memorizações e castigos. “A Pedagogia ativa” de Rosseau
defendia a experiência e a descoberta individual,um espaço onde o
aluno poderia construir seu próprio conhecimento. Os processos
educativos, assim como as relações sociais, têm sempre a noção de
liberdade como direito e dever do homem no pensamento de
Rousseau.
FIGURA 8
Símbolo da Escola Moderna de Barcelona - 1902
Fonte: Fundación Francesc Ferrer i Guárdia - Barcelona
18
A verdade é de todos e socialmente se deve a todo o mundo.
Colocar-la preço, reservá-la como monopólio dos poderosos,
deixar em sistemática ignorância aos humildes e, o que é pior, dar-
lhes uma verdade dogmática e oficial em contradição com a ciência
para que aceitem sem protesto seu desprezível e deplorável
estado, sob um regime político democrático é uma indignidade
intolerável, e, por minha parte, julgo que o mais eficaz protesto e a
mais positiva ação revolucionária consiste em dar aos oprimidos,
aos deserdados e a quantos sentem impulsos justiceiros, essa
verdade que os estafa, determinante das energías suficientes para
a grande obra da regeneração da sociedade. ( Tradução da autora)
A educação da mulher, dentro do pensamento citado acima,
também era de vital importância, já que a mulher, na visão de
Ferrer, não deveria ficar reclusa ao lar, seu âmbito de ação deveria
se abrir para todas as atividades da sociedade, a fim de que esta
fosse realmente a companheira do homem e também capaz de
educar seus filhos dentro do pensamento libertário, livre de dogmas
religiosos tão presentes nas vidas das mulheres daquele período
histórico. Para que isto ocorresse, ela deveria receber os mesmos
conhecimentos, qualitativa e quantitativamente falando, que os
homens.
19
O que palpita, o que vive por todas as partes em nossas
sociedades cristãs como fruto e término da evolução patriarcal, é
que a mulher não pertencendo-se a si mesma, sendo nem mais
nem menos que uma extensão do homem, presa continuamente ao
poder de seu dominio absoluto, às vezes… com corrente de ouro.
O homem que a converteu em perpétua menor, uma vez mutilada
aprenseta-lhe no término uma das seguintes opções: ou a oprime e
Não somente a co-educação de sexos, mas também a de
classes sociais era incentivada por Ferrer. Uma educação social,
entre pobres e ricos a fim de que, ao receberem juntos a mesma
educação, não lhes fosse incutida a ideia de conservação e aceitação
de privilégios e vantagens como ato natural por uma das classes.
Num ensino em que predominava o sentido da cooperação
sobre o da competição e a alegria sobre o mutismo, a importância
dada aos jogos é grande, visto que, por intermédio deles, a criança
poderia manifestar seus desejos, aprender a aceitar as diferenças
alheias e também solidarizar com os demais. O jogo se torna então
um espaço no qual o professor tem a oportunidade de conhecer a
individualidade de seu aluno e, também, um momento de expressão
cooperativa que terá sua continuidade futuramente no ambiente de
trabalho.
O sentido de aptidão ou incapacidade para se desenvolver
nesta ou naquela atividade não existia no ideário da Escola
Moderna, pois, ao acreditar que as crianças adquirem suas ideias ao
longo da vida e por meio das pessoas que a rodeiam dotar-lhe de
um ambiente positivo, racional e verdadeiro faria com que todos
pudessem tornar-se preparados para os estudos e para a vida. A
Escola Racionalista deveria, portanto, tornar todos os alunos aptos
para sair da escola e entrar na vida social e serem seus próprios
mestres e guias, livres de toda tutela, inclusive a dos seus próprios
mestres racionalistas (SAFÓN, 2003).
A aprendizagem se dava pela experiência, por meio de
observação e prática, o que deveria ajudar a criança em seu
desenvolvimento espontâneo, sem ideias pré-concebidas, impostas
e legitimadoras das injustiças sociais.
Além das atitudes rotineiras cobradas pelos professores, os
alunos participavam de conferências semanais sobre práticas
21
Os filhos dos burgueses e dos trabalhadores não são todos de
carne e osso? Então, porque na sociedade hão de ser diferentes
uns dos outros? .( Tradução da autora)
22
A exploração do homem pelo homem é sem piedade,
deshumana e cruel... há de chegar um dia em que os
trabalhadores se unam para exigir que a burguesia pare sempre
tão inócua exploração. ( Tradução da autora)
en evidencia. Sobre todo evitemos dar a
los niños la noción de comparación y de
medida entre los individuos, porque para
que los hombres comprendan y aprecien
la diversidad infinita que hay entre los
caracteres y las inteligencias es
necesario evitar a los escolares la
concepción inmutable de buen alumno
[...] (FERRER, 1912, p.68).23
23
Comecemos por introduzir desde a escola tão saudáveis
costumes: dediquem-se os pedagogos a inspirar o amor ao
trabalho sem sanções arbitrárias, já que existem sanções naturais
e inevitáveis que bastará colocar em evidência. Sobre tudo
evitemos dar às crianças a noção de comparação e de medida
entre os indivíduos, porque para que os homens compreendam e
apreciem a diversidade infinita que existe entre os caráteres e as
inteligências é necessário evitar aos escolares a concepção
imutável de bom aluno [...]( Tradução da autora)
24
“Educar equivale atualmente a domar, adestrar, domesticar.” (
Tradução da autora)
tutela de um professor experimentado com relação a metodologia
de ensino da pedagogia racionalista (Idem,p.50).
25
“Os professores e jovens de ambos os sexos que desejam
dedicar-se ao ensino racional e científico e se encontram
desprovidos de preocupações, supertições e crenças tradicionais
absurdas, podem colocar-se em comunicação com o Diretor da
Escola Moderna para a provisão de vagas disponíveis em varias
escolas.( Tradução da autora)
26 Ferrer não menciona a data de fechamento, somente cita ‘[...]
FIGURA 9
CAPÍTULO II
OS IMIGRANTES E A CONSTRUÇÃO DO
PROLETARIADO NO BRASIL
No final do século XIX e início do século XX, o cenário
europeu era o de grandes concentrações urbanas, forte
industrialização, excesso de mão de obra na Inglaterra, pobreza e
superpopulação das grandes cidades, perseguições políticas e
religiosas, guerras de unificação que haviam sido travadas na
Alemanha e na Itália, levando a fundação do império Alemão e do
reino da Itália.
As lutas internacionais dos últimos vinte anos do século
XIX deram lugar à formação de dois blocos militares hostis, o que
levou a divisão do mercado entre as maiores potências capitalistas
da época: a Inglaterra e a Alemanha. A Grã-Bretanha ocupava o
primeiro lugar no comércio externo e nas exportações de capital, e a
Alemanha tornou-se seu mais perigoso adversário.
A Europa respirava conflitos devido às contradições
imperialistas: as lutas pelo poder entre a Inglaterra e a Alemanha.
Outros dois países europeus, a França e a Rússia, tomaram o lado
da Inglaterra e cooperaram para manter uma frente comum ao seu
maior adversário: a Alemanha.
Devido ao comentado anteriormente, a fome, o fim do
feudalismo e frente à possibilidade de mudar para qualquer lugar
que desejasse a fim de encontrar melhores soluções para seus
problemas de sobrevivência, muitos cidadãos europeus se sentiram
atraídos pelo sonho da América; a posse da terra a ser ocupada. “O
imigrante que vinha para São Paulo acreditava que depois de alguns
anos de trabalho na fazenda de café pudesse comprar seu pedaço de
terra” (PETRONE, 1997, p.117).
Com o telegrafo, a navegação a vapor e a expansão das
redes ferroviárias; tornou-se possível a vinda de mais europeus para
o Brasil que, sequioso de substituir a mão de obra escrava, que
começava a se tornar escassa devido à interdição do tráfico em
1851, trouxe para as fazendas de café grandes levas de imigrantes
que iriam se constituir no braço do trabalhador para a grande
lavoura em substituição ao trabalho escravo.
As nacionalidades dos imigrantes eram variadas, porém
“[...] um terço dos que chegavam em São Paulo eram italianos,
sendo que o segundo grupo era formado por espanhóis e o terceiro
por portugueses” (Idem, 1997, p.104).
FIGURA 10
Família Dusi / Italianos, anarquistas – s/d
FIGURA 1228
28
O texto relata: “Logo que foi declarada a gréve na Companhia
Docas de Santos, a poderosa empresa mandou despejar todos os
trabalhadores que habitavam os barracões infetos de sua
propriedade, pretendendo com este ato brutal e deshumano, abafar
o grito de fome do operariado. Assim procedem todos os tiranos
até que um dia o rude trabalhador, num gesto viril de revolta,
conquiste o direito de viver para todos.” (A PLEBE, s/d).
Fonte:Jornal “A Plebe”, s/d, AEL – UNICAMP.
FIGURA 11
29
Desde a primeira década da República, o Estado e as classes
dominantes atribuíram à ação de estrangeiros as manifestações de
descontentamento e de protesto do movimento operário. Os
militantes anarquistas ou anarco-sindicalistas, apesar das garantias
constitucionais aos cidadãos, eram considerados criminosos
comuns e como tal sujeitos a um estrito controle por parte do
aparelho policial sendo perseguidos, processados e expulsos por
serem propagandistas ardentes e sinceros do socialismo
anarquista.” (BUENO apud PINHEIRO,HALL, 1981, p.241)
O sindicalismo passou a ser o porta - voz de ideologias de
protesto e contestação à ordem vigente, e, por isso, o sindicato
existiu sempre muito ligado ao movimento operário, pois
acreditavam que, somente unidos, os trabalhadores teriam força
para negociar sua força de trabalho, impedindo que fossem
obrigados a aceitar as exigências do capitalista - dono dos meios de
produção.
Uma das correntes do anarquismo, o anarco-sindicalismo,
pretendia acabar com a injustiça social através da luta de classes e
levar o proletário à revolução, que deveria suprimir o Estado e ter
no sindicato, a base da nova ordem social que seria então auto-
gerida pelos trabalhadores. Bakunin, um importante líder anarquista
chamou a atenção da importância do “[...] trabalho dos anarquistas
nos sindicatos como organização natural das massas e como único
instrumento de guerra verdadeiramente eficaz” (FAUSTO, 1977,
p.65).
O sindicato, na visão dos anarco-sindicalistas, seria o órgão
responsável pela distribuição de bens, articulação do processo de
auto-gestão, melhoria nas condições de vida do operariado e sua
emancipação social. Isto seria obtido através de um programa de
propaganda educativa e organizacional, que iria “[...] educar,
organizar e disciplinar o operariado em um Partido de Trabalho,
para que pudessem fazer frente à coalizão capitalista e depois
reorganizar a sociedade [...]” (SFERRA, 1987, p.11).
Suas estratégias de luta consistiam de ação direta, auto-
gestão e solidariedade entre os trabalhadores.
A primeira visava criar condições favoráveis aos
trabalhadores de uma maneira rápida, sem intermediários, sem
compromisso político e sem ligação com o governo – “O que
interessa ao proletário é buscar seus direitos, lutar contra a classe
dominante, não ter peias políticas e institucionais com a burguesia”
(CARONE, 1989, p.41) - utilizando os meios que lhes estivessem
disponíveis: a sabotagem e principalmente a greve geral ou parcial,
que foram instrumentos da ação direta frequentemente utilizada
pelos anarco-sindicalistas.
Acreditavam que a auto-gestão extinguiria a figura do
patrão e faria dos trabalhadores os proprietários da empresa que
seria administrada pelos próprios operários, sendo que todos
poderiam participar das decisões administrativas igualitariamente.
A partir de 1903 o movimento anarco-sindicalista começou
a se desenvolver intensamente no Brasil. Foram fundadas
agrupações, associações, uniões operárias e sociedades de
resistência neste período. Contudo, em nosso território, ele se
constituía mais de uma prática do que uma teoria, não sendo nem
mesmo chamado da maneira que atualmente conhecemos (IDEM,
2004). Não se distinguia anarquistas de anarco-sindicalistas, mesmo
que estes tivessem algumas divergências entre si. A ambos era
comum a ideia da queda do capitalismo frente ao poder da ação
direta desenvolvida pela classe trabalhadora, a diferença estava
somente na forma da ação.
FIGURA 1330
31
Já que em muitos casos o horário de trabalho poderia chegar a
16 horas diárias.
gêneros alimentícios subiram muito. O que era importado tinha
então um custo mais alto do que o normal, e o que era produzido no
país era exportado para atender os países europeus, deixando a
classe proletária, com um poder aquisitivo muito baixo, à míngua,
ao passo que os industriais ficavam cada vez mais ricos com suas
exportações em alta. Os anos de guerra – 1914 a 1918 - revelaram
uma deterioração das condições de existência da classe
trabalhadora. (FAUSTO, 1977). Os preços por atacado de diversos
produtos de subsistência subiram, como o feijão e a farinha de
mandioca e o trigo tornou-se escasso e caro.
O manifesto assinado pelos representantes da Confederação
Operária Brasileira, em 1915, traz um relato da carestia instalada no
período:
FIGURA 14
Flagrante do movimento grevista.
FIGURA 15
Antonio Martinez.34
FIGURA 16
Capa do jornal “A Lanterna” n.1- 1901
35
È interessante lembrar que o jornal “A Plebe”, vem para substituir
o jornal anticlerical“ A Lanterna” no momento de intensificação das
lutas sociais.No primeiro número do jornal“ A Plebe” , Edgard
Leuenroth, seu editor na época, explica esta transição:”[...] apesar
das tremendas dificuldades dominantes aparece A Plebe em
substituição a A Lanterna que, tendo surgido com um título
tradicionalmente anticlerical, para dar combate ao clericalismo,
apresentou-se sempre com uma feição mais ampla, atacando o
padre e a Igreja na sua razão de ser, como elementos perniciosos
alliados perennes dos dominantes [...] A Plebe vem por isso, para
corresponder de maneira mais completa, á magnitude deste
extraordinário momento histórico por que está atravessando a
humanidade” (A PLEBE, 09- 06- 1917).
representava, fazendo assim uma “[...] crítica da ideologia da classe
dominante a partir de uma posição de classe diferente, ou - por
extensão, de um diferente ponto de vista ideológico [...]”
(BOTTOMORE, 2001, p.186), impedindo que a burguesia, o
Estado e a Igreja pudessem
FIGURA 17
Igualdade e fraternidade
36
O termo significa “ fechado” . Usado no meio jornalístico.
vez, alguns de seus membros foram presos, e Leuenroth foi acusado
de ser o mandante de um assalto ocorrido no Moinho Paulista.
Mesmo assim, “A Plebe” se manteve, devido à ajuda de outro jornal
anarquista: “O Combate”, que continuou imprimindo o jornal em
suas oficinas até outubro do mesmo ano. (GONÇALVES, 1988)
FIGURA 18
37
Nome e símbolo do roceiro paulista , quando doente e
desanimado.(AURELIO,s/d,p.699)
CAPÍTULO III
38 Grifo da autora.
mataram a ideia” ao se referir a Ferrer (GHIRALDELLI, 1987,
p.115).
39
“No Brasil o movimento começou em Santos e logo se estendeu
a todo o Estado de São Paulo. Em Curitiba, Paraná, realizaram-se
importantes manifestações com a adesão das sociedades
espanholas, uma das quais arrancou o retrato de Affonso13 da
parede e atirou-o a rua. Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas
Gerais, Espírito Santo, Bahia, Maranhão, Ceará e Estado do Rio de
Janeiro, também organizaram manifestações.(RODRIGUES,
1992,p.36)
Figura 19
42
Para Robin o trabalho era considerado como fundamental
princípio educativo. ”A produção era a própria vida do homem,
portanto, uma educação ligada à vida deveria, naturalmente, levar
em conta a atividade produtiva do homem”. (GHIRALDELLI, 1987,
p.113).A educação integral defendida por Robin não chegou a se
efetivar em experiências concretas no Brasil.
43 Para Kropotkin deveria se obter “[...] uma educação tal, que ao
Figura 21
Figura 22
Derradeiras Machadadas
49
É preciso lembrar que, em 1919, as Escolas Modernas fecham
no Estado de São Paulo mas ainda continuam em atividade em
outros lugares do Brasil; assim como no Pará, no Rio Grande do
Sul (GUIRALDELLI,1987) e outra escola no Paraná, a Escola
Agripino Nazareth em Morretes , que só fechou suas portas em
1923.(RODRIGUES, 1992,p.63)
[...] uma arma poderosa, indispensável.É
o vehiculo para fazer triumphar uma
idéia, Como é a picareta para fazer
derribar um governo.Um jornal é uma
poderosa metralhadora que abre
clareiras nos redutos inimigos, é a
alavanca que dia a dia abala os
alicerces dos thronos e dos altares (A
PLEBE, 12/07/1919).
FIGURA 23
Fonte: Jornal “A Plebe” ,14/10/1917- AEL –
UNICAMP
51
A primeira data escolhida devido ao início do jornal e a segunda devido
ao fechamento da Escola Moderna analisada aqui e a qual era
substancialmente ligada a Ferrer.
Aos movimentos sociais vigentes na época e que buscavam
afastar o operariado da dominação ideológica, fornecida nas escolas
governamentais e religiosas ficava claro que ‘[...]o que deve ser
feito é subtrair a escola a toda influência por parte do governo e da
Igreja.” (MARX, 1952,s/p).
52 Negrito na autora.
tortura – é a GUERRA é este o monstro
(A PLEBE, 09/09/1917).
FIGURA 25
56
“Recordo com sensação prazeirosa aquela hora semanal
dedicada à confraternização e cultura”. ( Tradução da autora)
Fonte: Jornal “A Plebe”, 01/03/1917 – AEL –
UNICAMP
FIGURA 25 57
FIGURA 26
Fonte: Jornal “A Plebe” , 20/12/1919 – AEL-
UNICAMP
FIGURA 27
Edição especial sobre Ferrer.
A memória de Ferrer
FIGURA 28
58
Desejo também que meus amigos falem pouco ou nada de mim,
porque se criam ídolos quando se exalta aos homens, o que é um
grande mal para o porvir humano. Somente os fatos, sejam de que
for, terão que ser estudados, exaltados ou repreendidos,
elogiando-lhes para se se imitem quando pareçam redundar o bem
comum, ou criticando-lhes para que não se repitam se são
considerados nocivos ao bem-estar geral. ( Tradução da autora)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
HILSDORF,M.L.S.História da Educação
Brasileira.Ed.Thompson,São Paulo, SP, 2003.
FONTES PRIMÁRIAS:
- _____________, 09/06/1917
- _____________ ,16/06/1917
- _____________ , 30/06/1917
- _____________ , 09/07/1917
- _____________ , 21/07/1917
- _____________ , 04/08/1917
- _____________ , 09/08/1917
- _____________ , 25/08/1917
- _____________ , 08/09/1917
- _____________ , 22/09/1917
- _____________ , 14/10/1917
- _____________ , 21/10/1917
- _____________ , 30/10/1917
- _____________ , 08/03/1919
- _____________ , 15/03/1919
- _____________ , 22/03/1919
- _____________ , 19/04/1919
- _____________ , 12/04/1919
- _____________ , 17/05/1919
- _____________ , 24/05/1919
- _____________ , 31/05/1919
- _____________ , 21/06/1919
- _____________ , 12/07/1919
- _____________ , 19/07/1919
- _____________ , 09/08/1919
- _____________ , 30/08/1919
- _____________ , 16/09/1919
- _____________ , 17/09/1919
- _____________ , 19/09/1919
- _____________ , 12/10/1919
- _____________ , 19/10/1919
- _____________ , 20/10/1919
- _____________ , 21/10/1919
- _____________ , 23/10/1919
- _____________ , 31/10/1919
- _____________ , 20/12/1919