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Engenharia Ambiental
Uberlândia
2017
1- INTRODUÇÃO
Segundo, Pereira et al., (2007), Elementos são grandezas (variáveis) que caracterizam o
estado da atmosfera, ou seja: radiação solar,temperatura, umidade relativa,pressão, velocidade e
direção do vento, precipitação. Esse conjunto de variáveisdescrevem as condições atmosféricas
num dado local e instante. Já, os Fatores são agentes causais que condicionam os elementos
climáticos.Fatores geográficos tais comolatitude, altitude, continentalidade/maritimidade, tipo de
corrente oceânica, afetam os elementos.
Ademais, o movimento de rotação da terra condiciona em escala diária as condições
meteorológicas como, temperatura, nebulosidade, chuva, umidade relativa, entre outros.
Podendo ser com maior ou menor intensidade de acordo com a região, sendo que, quanto mais
árido maior a variação diária da temperatura.
Já a variação anual da temperatura é devido ao posicionamento relativo entre a Terra e o
Sol, proporcionando as estações do ano. Sendo que, para a linha do Equador a variação é menor,
dessa forma, quanto mais distante da linha do equador maior a variação sazonal.
O objeto de estudo deste trabalho é a cidade de Viçosa – MG, sendo assim, em relação
amacro-escalaquetrata dos fenômenos em escala geográfica, que caracteriza o clima de
grandesáreas pelos fatores geográficos (latitude, altitude, entre outros) e elementos
meteorológicos (nebulosidade, radiação líquida, etc.). A Estação Meteorológica está situada
próximo a Universidade Federal de Viçosa, possui código OMM: 86824, latitude -20.762607° e
Longitude -40.864013° em altitude de 698 metros. Por meio da Figura 1.
Além disso na agricultura, principalmente o cultivo de milho e feijão, é praticada nos vales,
onde ocorre, também, a maior concentração urbana. As encostas são utilizadas para cafeicultura,
fruticultura, pastagens e reflorestamento. Nas últimas décadas, o reflorestamento com eucalipto
e a retomada do cultivo de café em bases tecnológicas mais avançadas foram substancialmente
intensificadas (NEPUT-UFV, 2007).
Ademais, segundo Pereira et al., (2007) a energia radiante que atinge a superfície terrestre
será destinada a alguns processos físicos principais, e dentre esses um (convecção) está
relacionado ao aquecimento do ar e outro (condução) ao aquecimento do solo, sendo assim, as
variações temporal e espacial da temperatura do ar são condicionadas pelo balanço de energia
nasuperfície. Assim, todos os fatores que afetam o balanço de energia na superfície influenciam
também a temperaturado ar. Entre esses fatores destacam-se aqueles que ocorrem:
Naescala macroclimática, com predominância dos efeitos da irradiância solar, ventos,
nebulosidade, transporte convectivo de calor, e concentração de vapor d’água na atmosfera;
Na escala topoclimática, em que a exposição e a configuração do terreno são os
moduladores da temperatura do solo e do ar;
Na escala microclimática, em que o fator condicionante é a cobertura do terreno;
A temperatura, é influenciada por alguns fatores como latitude, ou seja, a temperatura
diminui à medida que se afasta do Equador já que é dependente da incidência dos raios solares,
albedo e espessura da atmosfera, sendo que no Equador esta espessura é menoro, além disso, a
altitude é um fator determinante devido a condição de ar rarefeito em altitudes elevadas, ademais,
como a atmosfera é aquecida de forma indireta, ou seja pelo calor irradiado pela superfície, assim
as regiões mais aquecidas são aquelas de menores altitudes, a recíproca também é verdadeira
(Torres, 2011).
A quantidade de vapor d’água presente na atmosfera é dependente da evaporação da água
das superfícies terrestres e hídricas e da evapotranspiração dos animais e vegetais, portanto,
depende do calor. As suas mudanças de fase desempenham papel importantíssimo em
váriosprocessos físicos naturais, como o transporte e a distribuição de calor na atmosfera, a
evaporação e evapotranspiração, aabsorção de diversos comprimentos de onda da radiação solar
e terrestre, etc.
Ademais, a concentração máxima de vapor de água ou saturação depende da temperatura,
ou seja, com o aumento da temperatura o ar se expande podendo conter mais vapor de água.
Assim, o ar pode chegar a saturação se a temperatura diminuir, mesmo sem acontecer o aumento
da quantidade de vapor d’água .Assim a umidade relativa é inversamente proporcional à
temperatura desde que o ar não esteja saturado de vapor d’água(Torres, 2011).
Dessa forma, o vapor d’água na atmosfera é de grande importância para o controle da
temperatura já que as moléculas de água absorvem parte do calor reirradiado pela superfície
evitando perdas substanciais de energia. Além disso, a umidade relativa é relacionada também
com a precipitação, já que a precipitação é a fonte de alimentação dos recursos hídricos e por
consequência do vapor d’água.
A pressão atmosférica (Patm), segundoPereira et al., (2007), é expressa pela pressão
exercida por todos os constituintesatmosféricos exceto o vapor d'água (Par seco) mais a pressão
exercida pelo vapor d'água (ea).De acordo com a Lei de Dalton das pressões parciais, cada
constituinte atmosférico exerce pressãosobre a superfície independente da presença dos outros,
de tal modo que a pressão total (atmosférica) é igual à soma daspressões de cada gás ou vapor.
Assim, a pressão atmosférica varia de acordo com a latitude, altitude e temperatura. Ou
seja, a temperatura relacionada com a latitude faz a Patm diminuir a medida que aumenta, já que
dessa forma o ar se expande e torna-se mais leve. Dessa forma, as zonas Equatoriais são de baixa
pressão, já nos polos são zonas de alta pressão. Já a altitude influencia, pois quanto maior a
altitude menor a massa de ar sobre a região.
Segundo Tubelis e Nascimento (1984), o aquecimento diferencial de locais próximos
ou distantes da superfície terrestre gera diferenças de pressão atmosférica. Dessa forma, o vento
é geração de gradientes de pressão atmosférica, mas sobre influencias modificadoras do
movimento de rotação da Terra, da força centrífuga e do atrito com a superfície terrestre que
afetam a direção do vento.
A fim de estabelecer o equilíbrio entre as diferentes pressões, o vento se desloca de áreas
de alta pressão para áreas de baixa pressão. Dessa forma, com maior temperatura o ar é aquecido,
se expande, fica mais leve e ascende, dado lugar a outro vento, em geral mais frio. Ou seja, o
vento 1Portanto, alguns fatores influenciam na velocidade do vento como, altitude, cobertura da
superfície e temperatura.
Em relação a precipitação,segundo Pereira et al., (2007) é condicionada pela
condensação do vapor d’água na atmosfera é necessária a presença de núcleos de condensação,
em torno dos quais são formadas as gotículas que constituirão as nuvens, assim como
pelacoalescência das pequenas gotas, de forma que a ação da gravidade supere a força de
sustentação promovendo a precipitação.
Além da presença de núcleos de condensação, o vapor d’água na atmosfera condensa-se
quando as condições tendem à saturação, o que pode ocorrer de duas maneiras: a) pelo aumento
da pressão de vapor d’água devido à evaporação e à transpiração; e b) por resfriamento do ar.
Dessa forma, existem alguns tipos de chuvas diferentes entre si, que são: Chuvas
Frontais, formadas pelo encontro de massas de ar quente e úmida, Chuvas Convectivas,
originadas a partir de correntes convectivas (térmicas) que se resfriam adiabaticamente ao se
elevarem, Chuvas Orográficas, as quais ocorrem em regiões montanhosas, onde o relevo força a
subida da massa de ar úmida.
A radiação solar é fundamental para a vida, pois é diretamente responsável pelos processos
básicos de ordem física, química e biológica, tanto animal quanto vegetal, bem como pelo arranjo
da energia primária para todos os processos terrestres, desde a fotossíntese, até o
desenvolvimento de tempestades, que provocam situações meteorológicas adversas (Souza et al.,
2005).
Então, a ciência de como se comporta a Radiação Solar Global, formada pelas componentes
direta e difusa, acima e no interior das florestas é primordial para o entendimento da
disponibilidade de energia para os diversos processos desse sistema. A atenuação da radiação
solar pela vegetação é um fenômeno físico e o conhecimento de seu perfil vertical no seu interior
permite a definição da distribuição de energia disponível nos seus diferentes estratos e, por
consequência, dos perfis verticais das fontes de calor e de vapor d'água (Marques Filho et al.,
2005).
Segundo Pereira et al., (2007),O espectro de distribuição da radiação solar que chega na
superfície terrestre é constituídopredominantemente de ondas curtas e a distribuição espacial e
estacional dessa radiação é a grande causa dos fenômenos meteorológicos. A radiação de onda
curta, ao interagir com a atmosfera e a superfície, sofre processos de atenuação(absorção, difusão
e reflexão), sendo que uma parte do que chega no limite externo da atmosfera (Qo) atinge
asuperfície, onde outra parte sofre também reflexão de acordo com o coeficiente de reflexão
(albedo). Isto estabelece um balanço de radiação de ondas curtas (ganhose perdas).
Entretanto, para uma superfície terrestre qualquer, a energia disponível depende não
somente desse balanço de ondas curtas, mas com um espectro (distribuição) de comprimento de
ondas longas. Sendo assim, existe um balanço de radiação que é característico da superfície é
composto pelo balanço de ondas curas (BOC) e do balanço de ondas longas (BOL).
Sendo assim, o BOL é composto pelo balaço entre o fluxo de energia radiante emitido
pela atmosfera em direção a superfície, dependente da temperatura do ar, da quantidade de vapor
d’água e da cobertura de nuvens. Além do fluxo de energia radiante emitida pela superfície em
direção à atmosfera. Já o BOC é composto pelo balanço entre a irradiância solar globar recebida
e refletida que varia de acordo com o albedo.
1.2 – Evapotranspiração
2- METODOLOGIA
𝑄𝑔 Eq- 1.3
BOL = −4,903 𝑥 10−9 𝑇 4 (0,56 − 0,25√𝑒𝑎 )(1,35 𝑄𝑔𝑜 − 0,35)
T: temperatura (°C)
ea:pressão parcial de vapor (kPa);
Qg: irradiância global(MJ/m2d)
Qgo: irradiância no topo da atmosfera em um dia totalmente sem nuvem(MJ/m2d)
7,5𝑇
Eq – 2.2
es: 0 6108 10237,3𝑇
O balanço de radiação de ondas longas (BOL), balanço de radiação de ondas curtas (BOC)
e radiação líquida (Rn) climatológico foi calculado com as mesmas equações usados para os
dados meteorológicos. A velocidade do vento a 2m foi encontrada pela Equação 3.1.
900 Eq - 4
0,408 𝑆(𝑅𝑛 − 𝐺) + 𝛾 𝑇+273 𝑢2 (𝑒𝑠 − 𝑒𝑎 )
𝐸𝑡𝑜 =
𝑆 + 𝛾(1 + 0,34 𝑢2 )
ETp = -415,85 + 32,24 Tn – 0,43 Tn² (Tn ≥ 26,5 Cº) Eq- 5.1
I = 12 (0,2 Ta)1,514 sendo Ta = temp. média anual Eq- 5.2
normal
a = 0,49239 + 1,7912. 10−2 + I – 7,71. 10−5 I2 + 6,75 . 10−7 𝐼 3 Eq- 5.3
3- RESULTADO E DISCUSSÕES
Mês T(°C) UR Vméd Qg(MJ/m2d) Chuva Es(kPa) Ea(kPa) BOC BOL(MJm- Rn(MJm-
(%) (m/s) total (MJm- 2
dia-1) 2
dia-1)
2
(mm/mês) dia-1)
Janeiro 23,21 76,00 1,10 21,47 66,6 2,91 2,10 16,32 -5,85 10,47
Fevereiro 22,69 79,26 0,88 18,10 84,0 2,81 2,13 13,76 -4,75 9,01
Março 21,79 79,74 0,68 18,20 81,4 2,68 2,03 13,83 -5,73 8,10
Abril 20,48 81,60 0,63 13,85 44,8 2,47 1,93 10,53 -4,93 5,59
Maio 18,12 83,64 0,59 11,05 51,4 2,13 1,72 8,40 -4,78 3,62
Junho 17,67 82,26 0,63 12,22 18,6 2,09 1,63 9,28 -6,62 2,66
Julho 15,75 78,64 0,53 13,08 1,8 1,85 1,36 9,94 -7,47 2,47
Agosto 17,08 74,23 0,76 15,06 0,8 2,04 1,39 11,45 -7,43 4,01
Setembro 18,97 66,14 1,07 19,63 14,0 2,31 1,36 14,92 -8,85 6,07
Outubro 22,38 66,29 1,32 19,10 47,0 2,80 1,71 14,51 -6,48 8,03
Novembro 22,26 73,70 1,55 16,71 352,8 2,74 1,92 12,70 -4,34 8,36
Tabela 1: Dados meteorológicos para Viçosa- MG
Também forma usados os dados meteorológicos de fotoperíodo, irradiância global em
dia de céu limpo (Qgo) e radiação no topo da atmosfera (Qo) obtidos no primeiro trabalho.
Ademais, a região está em altitude de 698 metros que apesar de ser uma altitude
relativamente baixa a cidade apresenta muitas colinas e fundos de característica marcante da
Zona da Mata mineira, que causam diferenciações altimétricas, que em meso-escala, possuem
papel destacado na distribuição da radiação líquida, na retenção do vapor d’água e no
armazenamento de calor sensível (RIBEIRO apud STEINKE, 2004, p. 32).
Gráfico 1 – BOC para Viçosa Gráfico 2- Irradiância Solar Global para Viçosa
BOC Metereológico Qg Atual Qg Normal
BOC Normal
22
16
14 20
12
2
18
2
10
16
8
6 14
4
12
2
0 10
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Mês
Mês
O Balanço de Ondas Curtas (BOC) é a diferença entre a irradiância solar global (Qg)
(radiação direta + difusa) e a irradiância refletida (Qg vezes albedo) sendo que o albedo
considerado foi de 0,24 específico para um gramado hipotético.
Sendo assim, por meio do Gráfico 1, percebemos que os maiores valores climatológicos de
balanço de ondas curtas (BOC) acontecem entre dezembro e fevereiro, e os menores valores entre
maio e julho, já os maiores valores meteorológicos acontecem em setembro e em janeiro, e os
menores valores se dão de maio a julho. Logo é possível perceber uma diferença significativa
entre os dados climatológicos e meteorológicos no período de setembro a janeiro, já nos outros
meses houve pequenas variações sendo que em abril houve uma correspondência de valores.
No verão apesar de haver maior nebulosidade, existe um maior aporte de energia uma
vez que os raios solares incidem de forma mais perpendicular à superfície e também há um maior
fotoperíodo, fazendo com que o Qg seja maior, dessa forma de acordo com a Equação 1.2 o BOC
é maior, a mesma lógica se aplica para estação de inverno.
BOL Normal
Insolação (n) Nebulosidade Fotoperíodo (N)
BOL Meteorológico
0,0 14
-0,5 80
-1,0
12
-1,5 75
-2,0
Nebulosidade (%)
-2,5 10
70
Radiação (MJ/m .dia)
Horas (H)
-3,0
-3,5 8
2
-4,0 65
-4,5
-5,0 6
-5,5 60
-6,0 4
-6,5 55
-7,0
2
-7,5
-8,0 50
-8,5 0
-9,0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Mês
Mês
Sendo o balanço de ondas longas (BOL) a diferença entre o fluxo de energia radiante
emitido pela atmosfera em direção à superfície e o fluxo de energia radiante emitida pela
superfície em direção à atmofesra e considerando o BOL para tempo úmido, os fatores
correlacionados são: temperatura do ar, pressão parcial de vapor (ea), fotoperíodo (N) e
insolação(n).
Por meio do Gráfico 3, percebemos que para os dados climatológicos o BOL cresce de
agosto a dezembro e descrece de janeiro a julho. Já os valores meteorológicos para o ano de 2017
houve variações significativas comparadas com a normal climatológica, uma vez que não seguiu
o esperado de crescimento e descrescimento, um dos fatores que podem influenciar são os dados
obtidos por meio do Gráfico 4, já que o BOL para clima úmido varia de acordo com os parâmetros
contidos.
Dessa forma, considerando a Equação 1.3, temos que por meio da razão n/N a insolação
(n) tem que ser maior que o fotoperíodo (N), caso contrário a razão dará um valor menor que um
e diminuirá a BOL, ou seja, para ter maior insolação teria que ter menor nebulosidade e isso
acontece na estação de inverno, mas sabemos também que a temperatura está elevado a quarta, e
portanto exerce maior influencia, dessa forma há um balanço entre as variáveis, mas por meio
dos dados sabemos que os maiores valores de BOL estão nas extremidades, ou seja, período de
maior temperatura.
Gráfico 5- Radiação Líquida para a cidade de Viçosa
16
14
12
Radiação (MJ/m .dia)
10
2
8
6
4
2
0
-2
-4
-6
-8
-10
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Mês
O saldo de radiação é a somatória do BOC e BOL, conforme a Equação 1.1, sendo assim
quanto maior a amplitude entre BOC e BOL maior será a radiação líquida. Dessa forma, os
maiores valores climatológicos de Rn acontecem de setembro a março (próximo ao Verão) e os
menores valores se dão entre maio e agosto (próximo ao Inverno).
Já para os dados meteorológicos foi verificado a mesma tendencia com os maiores valores
próximos ao verão e os menores no inverno, o que é explicado pelo aumento de energia uma vez
que há maior incidencia de raios solares de forma próxima a perpendicularidade.Ademais,
constata-se que o BOC exerce maior influencia na radiação líquida do que o BOL, dessa forma,
quando o BOC diminui o saldo de radiação também diminui, como no mês de maio por exemplo.
300 300
80 2,0
Precipitação (mm)
70 250 1,9
250
Precipitação (mm)
1,8
60 200
200
1,7
50
150
150 1,6
40
100 1,5
100
30
50 1,4
50
20
1,3
0
10 0 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Mês
Mês
O Sudeste distingui-se por ser uma região de transição entre os climas quentes das latitudes
baixas e os climas frios mesotérmicos das latitudes médias, mas sua característica principal é ter
estações de seca (abril a setembro) e chuvosa (outubro a março) muito bem definidas, sendo elas
congruentes respectivamente com o inverno e o verão.
Nimer (1989) afirma que a diversidade climática do sudeste brasileiro é produto da
interação entre um conjunto de fatores estáticos e um conjunto de fatores dinâmicos regionais
peculiares, sendo eles a posição latitudinal, a posição na borda ocidental do oceano Atlântico e a
topografia acidentada e o conjunto de fatores que diz respeito aos sistemas de circulação
atmosférica atuantes, além disso ele observa que as chuvas da Região Sudeste são uma
consequência direta da invasão do anticiclone de origem subpolar. Sendo assim os verões são
caracterizados por elevado número de ocorrência diária de chuvas e também por intensos
aguaceiros de notável concentração/hora.
A grande extensão territorial do sudeste colabora para expressivas variantes térmicas e
pluviométricas, que em boa parte são explicadas pelo efeito latitudinal, pois à medida que a latitude
aumenta, diminui a temperatura e aumenta os totais anuais de precipitação. Desse modo, temos
que a temperatura média anual varia de 14 °C a 25 °C e precipitação varia de 700 mm a 2000 mm
(SANT’ANNA NETO, 2005).
A presença das serras do Mar, da Mantiqueira, do Espinhaço, dos Órgãos, da Canastra e de
Caparaó propicia a ocorrência de um clima tropical de altitude e influenciam na distribuição
espacial das chuvas, gerando ilhas úmidas a barlavento e ilhas secas (sombra de chuva) nas
vertentes a sotavento. Localidades acima de 1500 metros de altitude, como Campos do Jordão (SP)
e Itatiaia (RJ), o efeito altimétrico sobre a temperatura do ar condiciona registros mínimos de 0 °C.
Por outro lado, nas áreas de vales fluviais, com altitudes de 500 metros em média, as temperaturas
máximas de verão podem chagar a 40 °C ou mais (SANT’ANNA NETO, 2005).
Por meio do Gráfico 6 é possível perceber que os meses com maiores temperaturas para
dados climatológicos e meteorológicos, estão entre Outono e Março, já os meses de menores
temperaturas estão entre Abril-Setembro, a temperatura é condicionada, entre vários fatores, pela
latitude como Viçosa está situada numa região intertropical verifica-se que os meses de maior
incidência solar são os meses entre Novembro-Março, assim como os meses de menor incidência
solar estão entre Maio-Setembro, devido a inclinação do Sol em relação a terra.
Entretanto, Mora (2009) afirma que os vales situados em maiores altitudes obtiveram
temperaturas mais baixas que os vales situados em menores altitudes, evidenciando a influência
da altitude na variação da temperatura e morfologia do sítio na circulação atmosférica terciária.
Basicamente, os planaltos se sobressaíram por serem 6 ºC mais frios que os fundos de vale,
aproximadamente. Ainda que a variante de altitude tenha se mostrado importante, os principais
controladores dos padrões de temperatura são a incidência da radiação solar, a velocidade do vento,
a umidade do ar e a ascensão das massas de ar.
No inverno, principalmente são comuns as inversões de massa polar atlântica (Pa), que
provocam chuvas frontais. Estando a Zona da Mata próxima do limite em que as massas Ta e Pa
mais avançam para o norte, acontece que de vez quando uma frente fria aí se torna estacionária,
podendo desencadeando chuvas prolongadas e desastrosas, o que observamos é que o mês de
novembro foi atípico, mas não podemos afirmar que não poderia ser previsto, já que Viçosa tem
histórico de grandes quantidades de chuva, que provocam estragos graças a ação da ocupação
humana nesse ambiente, que basicamente impermeabiliza vários quilômetros quadrados em um
sopé de serra.
3.4 - Evapotranspiração
Diferença
Tmed Rn Ventos a 2m
Mês es (kPa) ea (kPa) entre P-M e
(°C) (MJ/m².dia) (m/s)
Thornthwaite
Jan 22,1 2,660 2,168 9,330 1,08 14,9
Fev 22,2 2,676 2,157 8,990 1,02 13,4
Mar 21,8 2,612 2,134 7,690 1,07 18,5
Abr 19,7 2,295 1,905 5,780 1,17 15,1
Mai 17,2 1,962 1,635 3,760 1,20 13,7
Jun 15,9 1,807 1,518 2,800 1,14 13,2
Jul 15,5 1,761 1,442 2,910 1,23 9,6
Ago 16,9 1,925 1,475 4,370 1,59 1,5
Set 18,5 2,130 1,623 6,030 1,41 2,0
Out 20,2 2,367 1,816 7,400 1,35 6,8
Nov 21,1 2,502 2,017 8,450 1,14 12,2
Dez 21,5 2,564 2,123 8,750 1.02 17,0
Tabela 5: Variáveis relacionadas aos dados da Estação Meteorológica de Viçosa
Dados Meteorológicos
Diferença
Tmed Rn Ventos a 2m
Mês es (kPa) ea (kPa) entre P-M e
(°C) (MJ/m².dia) (m/s)
Thornthwaite
Jan 23,21 2,91 2,10 10,47 0,83 21,87
Fev 22,69 2,81 2,13 9,01 0,66 14,07
Mar 21,79 2,68 2,03 8,10 0,51 15,10
Abr 20,48 2,47 1,93 5,59 0,47 18,60
Mai 18,12 2,13 1,72 3,62 0,44 18,27
Jun 17,67 2,09 1,63 2,66 0,47 22,61
Jul 15,75 1,85 1,36 2,47 0,40 10,04
Ago 17,08 2,04 1,39 4,01 0,57 1,12
Set 18,97 2,31 1,36 6,07 0,80 3,19
Out 22,38 2,80 1,71 8,03 0,99 23,29
Nov 22,26 2,74 1,92 8,36 1,16 19,36
Gráfico 8- Evapotranspiração de referência por P-M e Thornthwaite
100
80
ETo (mm/mês)
60
40
20
0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Mês
A evapotranspiração (ET) é influenciada por alguns fatores climáticos, como: Radiação
Líquida (Rn) já que é a fonte de energia do processo, Temperatura pois o aumento provoca o
maior déficit de saturação tornando a demanda de evapotranspiração do ar maior, Umidade
Relativa do ar (UR) que se relaciona também com a temperatura, ou seja, quanto maior a UR
menor a demanda evapotranspirativa do ar e velocidade do vento fazendo o transporte de
horizontal de energia, além de remover o vapor d’água do ar próximo as plantas.
Sendo assim, são inúmeros fatores que condicionam a ET, percebemos que para o
método de Thornthwaite os dados meteorológicos seguiram a mesma tendência de variação ao
longo do ano, sendo crescente de julho a dezembro e decrescente de janeiro a junho, mesmo que
os dados meteorológicos tenham apresentados valores maiores que os climatológicos. Já para o
método Penman-Monteith (P-N) seguiu o mesmo comportamento climatológico, apesar de
também apresentar valores maiores.
250
ETo (mm/mês)
200
150
100
50
-50
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Mês
3.5 Ventos
Gráfico 10 – Velocidade do vento ao longo do ano
Vento Normal
Vento Meteorológico
1,6
1,5
1,4
Velocidade do vento (m/s)
1,3
1,2
1,1
1,0
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Mês
Uma análise do Gráfico 10 indica que de acordo com os dados da normal climatológica da
região de Viçosa os maiores valores da velocidade do tempo, medida a 10m, se dão nos meses
de agosto a outubro. E, os menores de dezembro a fevereiro. No entanto, os dados obtidos
pela estação automática do INMET de janeiro a novembro de 2017 apresentaram valores
inferiores aos climatológicos em todos meses do ano, com exceção de novembro quando
houve uma coincidência de dados. As máximas das velocidades do vento meteorológicas
aconteceram no período de setembro a novembro e, as mínimas de abril a julho. A explicação
para tal diferença pode se dar por inúmeros fatores meteorológicos, ou até mesmo fatores de
microescala relacionados a mudança de uso da terra na região que alterem a rugosidade da
superfície.
Vale ressaltar que Viçosa é uma cidade com relevo montanhoso, uma vez que está
localizada no domínio morfoclimático Mares de Morro na Zona da Mata mineira, logo a
estrutura geomorfológica influencia significativamente a circulação regional dos ventos
atmosféricos criando situações de condensação a barlavento e refrescamento a sotavento
(sobra de chuva). Além disso, durante o dia é notável o evento brisa vale-montanha e durante
a noite a inversão na posição dos centros de pressão origina uma circulação noturna com o ar
mais frio e denso fluindo em direção ao vale dando origem à brisa montanha-vale.
Outra análise pertinente em relação à velocidade do vento está relacionada à
classificação da força do vento de acordo com a escala de Beaufort. Conforme é apresentado
no Gráfico 10 a velocidade do vento para a cidade de Viçosa variou de 2km/h a 4km/h durante
ao longo do ano, dessa forma obteve a classificação de calmo nos meses de mínima e quase
calmo nos meses de máxima.
O Gráfico 11 ilustra a direção do vento nos diferentes meses do ano, de acordo com os
dados obtidos no INMET. Dessa forma, é possível perceber que as direções predominantes do
vento foram norte e nordeste. Conforme mostra o Grafico11 os dados do ano de 2017 da cidade
de Viçosa estão em acordo com a circulação atmosférica do estado de Minas Gerais, dessa forma
as principais massas de ar atuantes sobre a região são:a Tropical Continental (MTC - quente e
seca), a Tropical Atlântica (MTA - quente e úmida) e a Polar Atlântica (MPA - no início fria e
úmida, depois se torna seca).
De acordo com Nimer (1979), o conhecimento dos fatores como relevo, a latitude,
longitude, altitude, dentre outros, agem sobre o clima de determinada região em interação com
os sistemas regionais de circulação atmosférica. Contudo apenas o conhecimento dos fatores
geográficos que interferem na dinâmica atmosférica de um local, não é suficiente para
compreensão de seu clima, uma vez que este não pode ser analisado sem a consideração dos
mecanismos atmosféricos. Dessa forma, para compreender a dinâmica atmosférica da cidade de
Viçosa foi necessário uma análise da circulação de ar em uma meso e macoescala.
Em relação ao BOC, para a cidade de Viçosa, no verão há um maior balanço de ondas
curtas já que nesta estação apesar de haver maior nebulosidade, existe um maior aporte de energia
uma vez que os raios solares incidem de forma mais perpendicular à superfície e também há um
maior fotoperíodo, fazendo com que o Qg seja maior, o mesmo raciocínio se aplica para a estação
de inverno. Em relação ao BOC climatológico, este ano apresentou um balanço maior, seguindo
a Irradiância Solar Global que também foi maior para 2017.
Outrossim, a precipitação teve resultados já esperados, pois é fato que a cidade de Viçosa
possui como característica estações de seca (abril a setembro) e chuvosa (outubro a março) muito
bem definidas, sendo elas congruentes respectivamente com o inverno e o verão, há predominância
da massa tropical atlântica (Ta) no outono, inverno e primavera, apesar de a região estar, toda ela
a mais de 100 km do litoral, em linha reta.
No inverno, principalmente são comuns as inversões de massa polar atlântica (Pa), que
provocam chuvas frontais. Estando a Zona da Mata próxima do limite em que as massas Ta e Pa
mais avançam para o norte, acontece que de vez quando uma frente fria aí se torna estacionária,
podendo desencadear chuvas prolongadas. Os dados de UR, Pressão tanto Meteorologicos e
Climatológicos ficaram parecidos, dentro do esperado.
Já em relação a evapotranspiração, para o método de Thornthwaite os dados
meteorológicos seguiram a mesma tendência de variação ao longo do ano, sendo crescente de
julho a dezembro e decrescente de janeiro a junho, mesmo que os dados meteorológicos tenham
apresentados valores maiores que os climatológicos. Já para o método Penman-Monteith (P-N)
seguiu o mesmo comportamento climatológico, apesar de também apresentar valores maiores.
ANDRADE SILVA, Inácio; SOARES FIALHO, Edson; SOUZA ALVES, Rafael. ANÁLISE
PRELIMINAR DO SÍTIO DE DUAS PEQUENAS CIDADES DA ZONA DA MATA
MINEIRA: UMA CONTRIBUIÇÃO AOS ESTUDOS DE CLIMA URBANO. REVISTA
GEONORTE, [S.l], Edição Especial 2, V.2, N.5, p. 135– 149, 2012.
http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/cap2/cap2-1.html.
http://www.dca.iag.usp.br/www/material/hallak/rad1/apostila_cap_03.pdf
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Alves, Rafael de Souza - Interações entre fatores e elementos do clima no percurso ponte nova –
Viçosa – Ubá, zona da mata mineira: identificação de diferentes ambientes termohigrométricos
http://www.vicosa.mg.gov.br
Batista, Miriam da Silva e Rodrigues, Rafael de Ávila - Análise climática de viçosa associada à
SOARES FIALHO, Edson; DE SOUZA ALVES, Rafael; INGRAN LOPES, Diego. CLIMA E
SÍTIO NA ZONA DA MATA MINEIRA: UMA ANÁLISE EM EPISÓDIOS DE
VERÃO. Revista Brasileira de Climatologia, [S.l.], v. 8, jun. 2011. ISSN 2237-8642.
SOARES FIALHO, Edson; DE SOUZA ALVES, Rafael; INGRAN LOPES, Diego. CLIMA E
SÍTIO NA ZONA DA MATA MINEIRA: UMA ANÁLISE EM EPISÓDIOS DE
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