Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
Benedito Medrado e Jorge Lyra desta obra, desde que não haja fins de lucro e que
seja citada a fonte. Licença:
http://creativecommons.org/licenses/by-nc/3.0/deed.pt
PRODUZINDO MEMÓRIAS
PARA ALIMENTAR UTOPIAS: Edição virtual, disponível a partir
de janeiro de 2015 em:
Narrativas sobre uma organização www.genero.org.br
feminista brasileira que, desde 1997,
ousa trabalhar com homens
e sobre masculinidades. P962 Produzindo memórias para alimentar
utopias: Narrativas sobre uma organização
feminista brasileira que, desde 1997, ousa
trabalhar com homens e sobre masculinidades /
Benedito Medrado; Jorge Lyra – 1.ed. – Recife:
Instituto PAPAI, 2014.
196 p.
Recife | Janeiro de 2015
Inclui referências
7 8
Na verdade, foi ela quem idealizou o Foi ela quem nos ajudou a definir o
PAPAI, incentivando-nos a apresentar “cuidado” como princípio ético norteador
nosso primeiro projeto ao edital da das ações com/sobre homens a partir da
MacArthur, quando finalizávamos nossas perspectiva feminista de gênero, dando
dissertações (em 1997). Apresentamos visibilidade à ideia de que, em nossa
um esboço muito capenga e ela, depois cultura, o cuidado é tanto desvalorizado
de um café e um cigarro, voltou com como radicalmente atribuído às
“gosto de gás” (como se diz por essas mulheres, menos como direito e mais
bandas) e embarcou conosco na viagem. como obrigação, ao passo que os homens
são alijados e muitas vezes se alienam da
Ela elaborou conosco o projeto e possibilidade dessa experiência.
desenhou as principais linhas de ação,
que envolviam, já em seu primeiro Quem teve o prazer de ler as produções
esboço, a tríade ensino, pesquisa e de Fúlvia e conviver com ela, há de
extensão. Essa tríade tinha como concordar conosco que Fúlvia era, na
inspiração os Núcleos Universitários de mesma medida, exigente e cuidadosa.
Estudos sobre a Mulher da década de Apaixonada e apaixonante. Gostava de
1980. Fúlvia nos indicou pessoas de quem tinha paixão pela vida, como ela.
contato. Nos ajudou a escolher o nome
da instituição (segundo ela o ideal seria Para quem quiser acessar uma lista das
uma sigla que fosse também um produções acadêmicas de Fúlvia
substantivo) e a pensar a ideia do boneco Rosemberg, recomendamos uma visita ao
gigante de Olinda como dispositivo seu currículo (disponível jna Plataforma
cultural que poderia promover a Lattes) Fúlvia Maria de Barros Mott
visibilidade de cenas de cuidado Rosemberg, atualizado pela última vez,
promovidas por homens. Até a viagem em 14/08/2014, menos de um mês antes
feita de São Paulo a Recife para articular do seu falecimento (12/09/2014).
parcerias foi paga com suas milhas.
9 10
Neste currículo, ela se apresenta da Como Fúlvia não era, de forma algum,
seguinte forma: “Possui graduação em uma pessoa óbvia ou previsível, não
Psicologia pela Universidade de São temos ideia do ela que escreveria neste
Paulo (1965) e doutorado em prefácio. Contudo, jamais poderíamos
Psychobiologie de l'Enfant - Ecole pedir a alguém para fazê-lo em seu lugar,
Pratique des Hautes Etudes /Université ainda que sejamos profundamente gratos
de Paris (1969). Atualmente é aos amigos e amigas, citados no curso
pesquisadora consultora da Fundação deste texto,2 que, ao longo dessa
Carlos Chagas, professora titular da trajetória, tornaram possível a
Pontifícia Universidade Católica de São construção dessas boas memórias.
Paulo, onde coordena o Negri (Núcleo de
Estudos de gênero, raça e idade). Tem Assim, registramos, aqui mais uma vez,
experiência na área de Psicologia, com nossa gratidão à Fúlvia, eterna
ênfase em Psicologia Social e Estudos educadora, pelos incentivos, trocas,
Sociais da Infância, atuando, confiança, compartilhamento de saberes,
principalmente, nos seguintes temas: boas risadas... e taças de vinho.
relações raciais, relações de gênero,
relações de idade, ação afirmativa,
educação e educação infantil”.
11 12
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
14
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
Como nos alerta Eduardo Galeano, em Tendo essa ideia de memória como
uma série de programas de televisão referência, alertamos, de antemão, que
exibidos pelo Canal Encuentro do não consideramos esta como a única,
Ministerio de Educación de la Nación nem a melhor forma de narrar essa
(Uruguay, 2008), a palavra recordar trajetória. Como bem argumenta nosso
tem origem do latin Recordis, verbo que amigo, o historiador Durval
significa tão somente “voltar a passar Albuquerque Júnior, a história não nos
pelo coração”. revela, não apazigua, mas sim produz
dúvidas, coloca e recoloca problemas
Assim, nos adverte Galeano, a memória sem a intenção de resolvê-los ou
não ocupa só o lugarzinho que a eliminá-los:
ciência lhe atribui, em algum lugar do
cérebro. Ela está no cérebro, no A história não é um ritual de
coração (ou naquilo que assim se apaziguamento, mas de
convencionou chamar a inscrição física devoração, de despedaçamento.
dos afetos) e em todas as partes. Ela não é bálsamo, é fogueira
que reduz a cinzas nossas
Ela é nossa melhor amiga e verdades estabelecidas, que solta
nossa pior inimiga. É nossa fagulhas de dúvidas, que não
melhor amiga quando nos ensina torna as coisas claras, que não
a não voltar a tropeçar na dissipa a fumaça do passado,
mesma pedra. E é nossa pior mas busca entender como esta
inimiga quando nos convida a fumaça se produziu (2007, p.
preferir a nostalgia ao invés da 354).
esperança.4
Nesta perspectiva, situamos a fundação
do Instituto Papai em 10 de janeiro de
1997, quando assinamos um
documento junto à Universidade
USP, o Instituto Fernandes Figueira, entre
outros, são relevantes atores na construção
deste campo.
4 Tradução nossa a partir do vídeo-aula https://www.youtube.com/watch?v=YuImGZL
disponível em: O-hI, acessado em 27 de julho de 2014.
15 16
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
5 Essa relação indissociável entre ensino- 6 Fúlvia Rosemberg e Mary Jane Spink foram
pesquisa-intervenção política compreende os importantes interlocutoras no desenho deste
pilares da produção acadêmica. projeto.
17 18
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
mentoras/avaliadoras Jaqueline
Portanto, por favor, leiam esse texto
Pitanguy e Estela Aquino.
duvidando do que escrevemos, da
mesma maneira que nós, seja por
No processo de institucionalização
lapsos de memória ou por efeitos
formal, foram também de grande inevitáveis de uma leitura pro tempore.
importância as sugestões e
recomendações de Carmem Barroso,
Stuart Burden e Jaqueline Camargo.
19 20
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
de doenças sexualmente
transmissíveis, incluindo o
HIV/Aids. (…). No contexto
destes esforços, a prevenção de
violência contra mulheres e
crianças requer atenção especial
(UNITED NATIONS, 1994).
Em linhas gerais, tanto o movimento
1. UMA HISTÓRIA E UMA LEITURA feminista como o movimento em defesa
MAIS AMPLA dos direitos sexuais questionaram
valores tradicionais, impondo uma
O projeto que deu origem ao PAPAI foi reavaliação da noção de masculinidade
desenvolvido em consonância com as hegemônica: branca, heterossexual,
plataformas de duas conferencias dominante.
internacionais de grande relevância
para o movimento feminista brasileiro: Nessas reflexões se evidenciaram
a IV Conferência Internacional sobre alguns homens e algumas
População e Desenvolvimento, realizada masculinidades, particularmente a
em 1994, no Cairo, e a IV Conferência machista, a homofóbica e a
Mundial sobre a Mulher, realizada em homoerótica. Porém, dessa reflexão,
1995, em Beijim. foram excluídos muitos homens e
diversas expressões de masculinidade e
Nesses dois fóruns de discussão, modos de subjetivação masculina, pois
afirmou-se como diretriz a busca de como bem descreve Robert (hoje,
uma maior participação masculina na Raewyn) Connell (1995),7 a
promoção dos direitos sexuais e masculinidade hegemônica é um
reprodutivos. Como destaca o texto
final do relatório da Conferência do
Cairo:
7 Há cerca de 10 anos, Connell alterou seu
O envolvimento masculino deve nome, de Robert para Raewyn, e passou a
ser estimulado principalmente publicar suas novas obras com essa
em situações associadas à saúde assinatura, além de reeditar os livros antigos.
materno-infantil e à prevenção Submeteu-se também ao tratamento hormonal
e à cirurgia de transgenitalização.
21 22
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
23 24
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
25 26
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
27 28
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
socialização e da instituicionalização de
dispositivos de controle e regulação dos
modos de subjetivação masculina) e o
tempo longo (onde se conformam as
normas sociais, os conceitos, os
valores, ou seja os símbolos e as
formações culturais que definem um
padrão cultural ideal).
29 30
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
31 32
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
33 34
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
35 36
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
37 38
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
39 40
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
41 42
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
oferta de um espaço de escuta para esses Naquela época, era recorrente ouvir
pais. frases do tipo: “Essa é a primeira vez que
alguém conversa comigo sobre isso?”.
Do ponto de vista de uma intervenção Assim, também parecia ser para a nossa
face a face, começamos a realizar equipe: uma primeira vez em que nos
atendimentos na Clínica Psicológica da propúnhamos não apenas a estudar e
UFPE, no formato de aconselhamento pesquisar, ou seja, a produzir boas
psicológico, com enfoque psicossocial, perguntas, mas também tentar ajudar na
oferecidos aos jovens pais que produção de caminhos e de respostas.
demandassem por este tipo de serviço.18
Foram momentos de profunda A população atendida era
aprendizagem, pois não tínhamos nem prioritariamente de população de baixa
literatura, nem experiências brasileiras a renda, embora nos chegassem também
partir das quais poderíamos construir casos de família de classe média, como o
nossas intervenções. de um garoto que foi expulso da escola
porque “havia engravidado” sua
namorada, que estudava em outra
escola. A diretora, ao ser informada sobre
o assunto, disse que não queria “esse
tipo de gente” em sua instituição.19
18 Aida Novelino, nesta época, foi uma especial
parceira, oferecendo-se para dialogar sobre
limites e possibilidades de ação psicossocial de
abordagem clínica, neste contexto e inclusive
orientando trabalhos de iniciação científica de
alunas que se interessassem pelo tema, como 19 Este caso foi noticiado em 1998 pelos
Luciana Melo de Souza Leão. Posteriormente, jornais locais em Recife, com grande
Dolores (Tina) Galindo também veio a repercussão. Na época, além de oferecer apoio
desenvolver seu estágio curricular neste ao Caio (jovem pai) e sua família, produzimos
serviço, atendendo jovens pais e casais um posicionamento público, manifestando
grávidos, sob orientação de Jorge Lyra. Breno, nossa indignação e a necessidade de uma
Augusto, Moisés e Rebeca foram também revisão profunda das práticas pedagógicas que
estudantes de graduação que participaram, de não reconheciam a legitimidade dos direitos
algum modo, desses atendimentos já no reprodutivos dos adolescentes e jovens,
Hospital das Clínicas. preferindo a coersão à educação.
43 44
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
45 46
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
47 48
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
49 50
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
51 52
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
53 54
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
55 56
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
57 58
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
59 60
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
61 62
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
63 64
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
65 66
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
67 68
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
69 70
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
71 72
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
73 74
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
75 76
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
77 78
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
79 80
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
81 82
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
83 84
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
85 86
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
87 88
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
89 90
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
91 92
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
93 94
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
95 96
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
97 98
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
99 100
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
101 102
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
103 104
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
105 106
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
107 108
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
esta lei contou com a participação ativa nenhuma mulher deve ser presa, ficar
do Instituto PAPAI. doente ou morrer por abortar.
109 110
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
111 112
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
113 114
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
115 116
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
117 118
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
119 120
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
121 122
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
123 124
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
125 126
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
127 128
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
129 130
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
131 132
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
133 134
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
53
Recomendamos a visita ao site
www.genero.org.br, para conhecer mais
informações sobre princípios e estratégias de
ação dessas campanhas.
135 136
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
137 138
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
139 140
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
141 142
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
143 144
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
145 146
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
Para além dessas importantes trocas, melhor dizendo, nosso melhor fruto ou
este processo com Aécio gerou também filho.
nosso primeiro Plano Trienal formal.
Posteriormente, em 2007, atualizamos E não tem melhor prazer para um (ou
este Plano, quando contratamos o dois) pai(s) do que ver seu filho existir
consultor Domenico Corcione que nos por si, com autonomia, sem negar suas
permitiu uma maior clareza sobre o origens, mas sem se fixar no passado.
processo cíclico que orienta um Assim, muito nos alegra poder dizer
planejamento institucional trienal e que, ao longo desses anos, o Instituto
sobre a distinção necessária entre PAPAI ampliou suas ações,
metas vinculadas à nossa missão e constituindo uma equipe que vem
vocação política e as metas que se produzindo conhecimentos,
associam à gestão institucional, ao estabelecendo parcerias, integrando
nosso cotidiano e as nossas relações redes, articulações; concretizando
interpessoais. Passamos também a produtos, mas sem lançar mão de sua
pensar a Sistematização como processo utopia por um mundo melhor, dentro e
relevante em nosso Planejamento, fora de casa, com justiça social e
Monitoramento e Avaliação. equidade de gênero. Vida longa!
Hoje, somos professores da UFPE, onde Por fim, queríamos dizer que usamos
seguimos coordenando o Núcleo de propositalmente a palavra “ousar” no
Pesquisas em Gênero e Masculinidades título deste texto, cientes dos riscos
(Gema), vinculado aos cursos de que a interpretação deste termo poderia
graduação e pós-graduação em causar, apesar da polissemia de
Psicologia dessa universidade. sentidos que o inscreve. Em geral,
Afastados do cotidiano e da gestão ousadia quer dizer valentia, coragem,
institucional, seguimos parceiros de arrojo, afoiteza, desembaraço, mas
luta e nos orgulhamos do trabalho que também imprudência, ato realizado
a equipe atual, coordenada por duas sem reflexão ou temeridade,
mulheres (Mariana Azevedo e Regina atrevimento, desobediência e ainda
Souza) e dois homens (Sirley Vieira e excesso de petulância ou audácia,
Thiago Rocha), têm desenvolvido. impavidez.
Talvez seja nosso maior “bem” ou,
147 148
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
149 150
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
151 152
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
153 154
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
155 156
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
Fiquei triste e os dias passaram (cerca de tocou e quando atendi, escutei do outro
um mês). lado a meiga voz de Narinha, que dizia:
“Olha, você foi selecionado para vaga de
Nem pensava mais no PAPAI, pois, já educador!”... Fiquei por alguns segundo
achava que nossos destinos não mais se mudo. Não sabia o que dizer, a surpresa
cruzariam, quando recebi uma ligação da foi grande e inesperada... “Você está
secretária da instituição informando que feliz!?”... Perguntava a doce voz do outro
haviam aberto outra vaga para lado da ligação (acho que por causa do
profissional (educador/a) e queriam meu silêncio)... As únicas palavras que
saber se eu gostaria novamente de me consegui dizer foi: “Sim!... Obrigado por
submeter a vaga. Disse que “sim”!... Mas, me escolherem”.
confesso, estava sem muitas esperanças
de que daria certo dessa vez. Mesmo Realmente agradeço muito pela escolha.
assim, fui a seleção – Uma Não só a escolha que a instituição fez por
particularidade desse momento em que mim, mas, pelas escolhas que fiz como
recebi a ligação, foi que minha primeira “PAPAI”. Pois, no PAPAI, aprendemos
filha havia nascido, ou seja, mesmo que todos os dias, aprendemos que as
não viesse a ser “PAPAI”, eu era um escolhas não são fáceis, mas necessárias.
“papai”. Fiz todo processo de seleção Aprendi que os erros também ensinam.
(novamente) e, depois da entrevista final, Aprendi que uma das coisas mais
ao escutar de Nara (Narinha) e Maristela importantes dessa instituição é o cuidado
(Maris) que eu aguardasse uma reposta com o outro. Aprendi que os
em breve, agradeci educadamente e fui pensamentos loucos são, as vezes, bem
embora. produtivos. Aprendi que é possível um
mundo melhor e aprendi, acima de tudo,
Realmente achando que receberia mais que utopias são possíveis!
uma resposta negativa, ou que nem teria
uma resposta. No dia seguinte – lembro
muito bem que estava acabando de dar
banho em minha filha, o telefone celular
157 158
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
159 160
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
161 162
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
163 164
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
165 166
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
167 168
MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias MEDRADO; LYRA (2014). Produzindo memórias para alimentar utopias
169 170
Memórias em imagens
Aqui estão alguns (dos muitos) registros
fotográficos que fizemos ao longo desses
18 anos de existência do Instituto PAPAI.
São atos públicos, congressos, reuniões de
planejamento, monitoramento e avaliação
da equipe, oficinas, eventos em geral,
encontros e muitos momentos de
descontração, que caracterizaram essa
grande jornada.