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O jantar é dominado pela contenda literário entre Ega e Alencar. Ega, defensor
acérrimo do naturalismo que o considerava como uma ciência (“A forma pura da
arte naturalista devia ser a monografia, o estudo seco de um tipo, de um vicio,
de uma paixão, tal qual como se se tratasse de um caso patológico sem
pitoresco e sem estilo…”- Cap. VI) Envolve-se em disputa verbal e física com
Alencar, o protótipo de poeta ultra romântico.
Alencar cuja aspecto físico era o de um romântico (“…muito alto, todo abotoado
numa sobrecasaca preta, com uma face escaveirada, olhos encuvados, e sob o
nariz aquilino, longos, espeços, românticos bigodes grisalhos: já todo calvo na
frente, os anéis fofos de uma granja muito seca caiam-lhe inspiradamente sobre
a gola: e em toda a sua pessoa havia alguma coisa de antiquado, de artificial e
de lugrube.”-Cap.VI) ataca ferozmente a ideia nova, dirigindo o seu ódio contara
o craveiro, o defensor da nova estética literária e que se satirizara Alencar num
já conhecido epigrama. A discussão literária rapidamente cai nos ataques
pessoais (“…desse craveirote da ideia nova, esse caloteiro, que se não lembra
que a porca da irmã e uma meretriz de doze vinténs em Marco de Canaveses!”-
Cap.VI), sublinhando-se, assim, a pouca credibilidade e seriedade da critica
literária em Portugal.
Resumo do episódio
Carlos e Craft encontram-se no peristilo do Hotel Central, antes do jantar,
quando vêem chegar Maria Eduarda. Subiram até um gabinete, onde Carlos foi
apresentado a Dâmaso, este conhecia aquela mulher, pertencia à família Castro
Gomes. Dâmaso falava sobre a sua preferência por Paris, “aquilo é que é terra”,
ele até lá tinha um tio, o tio Guimarães, quando apareceu “o nosso poeta”,
Tomás de Alencar. Por intermédio de Ega foi apresentado a Carlos.
Pouco tempo depois, a porta abriu-se e Cohen desculpando-se pelo atraso foi
apresentado, por Ega, a Carlos.
Deu-se início ao jantar, com ostras e vinho, falava-se do crime da Mouraria, que
“parecia a Carlos merecer um estudo, um romance”. Isto levou a que se falasse
do Realismo. Alencar suplicou que se não discutisse “literatura «latrinária»”, [...]
que se não mencionasse o «excremento»”.
1. Objetivos
Homenagear o banqueiro Jacob Cohen, uma iniciativa de João da Ega («...
o Ega, alargando pouco a pouco a ideia, convertera-o agora numa festa de
cerimónia em honra do Cohen...»).
Retratar a sociedade lisboeta.
Proporcionar a Carlos da Maia o primeiro contacto com o meio social
lisboeta.
Apresentar a visão crítica de alguns problemas.
A nível da ação central: proporcionar a Carlos o primeiro encontro com
Maria Eduarda.
2. Intervenientes
. João da Ega
. Jacob Cohen
. Tomás de Alencar
. Dâmaso Salcede
. Carlos da Maia
. Craft
1. Literatura
Tomás de Alencar:
defensor do Ultrarromantismo;
opositor do Realismo / Naturalismo, que qualifica depreciativamente
como «pústula», «pus», «literatura latrinária», «o excremento»;
incoerente: condena no presente o que cantara no passado: o estudo
dos vícios da sociedade;
falso moralista: refugia-se na moral por não ter outra arma de defesa,
outros argumentos - considera o Realismo / Naturalismo imoral;
vive desfasado do seu tempo: «... escreveu dois folhetins cruéis;
ninguém os leu...»;
crítico do poeta Craveiro (Antero de Quental?), o «paladino do
Realismo» e da «Ideia Nova»;
defensor da crítica literária de natureza académica:
feita de ataques pessoais e de calúnias;
preocupada com aspetos formais em detrimento dos aspetos
temáticos («... dois erros de gramática, um verso errado...»);
obcecada com o plágio («... uma imagem roubada a
Baudelaire...»).
João da Ega:
defensor do Realismo / Naturalismo;
distorce e exagera as teses realistas / naturalistas (agnosticismo,
positivismo, dependência das anomalias sociais de fatores como a educação,
o meio, a hereditariedade, a raça...);
defensor do cientificismo na literatura;
não distingue Ciência e Literatura.
Carlos:
recusa o ultrarromantismo de Alencar;
defende o romance como análise social: «Esse mundo de fadistas, de
faias, parecia a Carlos merecer um estudo, um romance...»;
considera intoleráveis os ares científicos do Realismo: «... o mais
intolerável no realismo eram os seus grandes ares científicos (...) e a
invocação de Claude Bernard, do experimentalismo, do positivismo, de
Stuart Mill e de Darwin, a propósito de uma lavadeira que dorme com um
carpinteiro!»;
defende que os carateres só se manifestam pela ação;
recusa os exageros do Ega.
Craft:
recusa o Ultrarromantismo de Alencar;
defende a arte como idealização do que de melhor há na natureza;
defende o conceito parnasiano da arte pela arte: «E a obra de arte
(...) vive apenas pela forma...».
Narrador:
recusa o Ultrarromantismo de Alencar;
recusa a distorção do Naturalismo contida nas afirmações de Ega;
defende uma estética próxima da de Craft: «... estilos novos, tão
preciosos e tão dúcteis...» - tendência parnasiana.
Atente-se na proximidade das teses defendidas por Carlos, Craft e pelo narrador
das sustentadas por Eça de Queirós, que advoga uma nova forma para a literatura.
2. Finanças
o país tem absoluta necessidade dos empréstimos ao estrangeiro;
a ocupação dos ministérios é «cobrar o imposto» e «fazer o empréstimo»
(tal como hoje, Portugal vivia de empréstimos ao estrangeiro e da cobrança de
impostos);
Cohen representa a posição oficial: é calculista e cínico, pois, tendo
responsabilidades em razão do cargo que desempenha (Diretor do Banco Nacional),
lava as mãos do assunto e aceita "alegremente" que o país vai direito para a
bancarrota (120 anos depois, o país enfrenta uma situação semelhante);
Ega representa a posição prenunciadora da ideologia anarco-republicana,
vendo na bancarrota a oportunidade ideal para levar a cabo uma revolução: «À
bancarrota seguia-se uma revolução, evidentemente. Um país que vive da
inscrição, em não lha pagando, agarra no cacete. [...] E, passada a crise, Portugal,
livre da velha dívida, da velha gente, dessa coleção grotesca de bestas...».
3. A história política
Ega:
aplaude as afirmações do Cohen e delira com a bancarrota como
determinante da agitação revolucionária;
defende o afastamento violento da Monarquia;
defende a invasão espanhola como forma de arrasar, enterrar o velho
Portugal e construir um Portugal novo, «sério e inteligente, forte e decente,
estudando, pensando, fazendo civilização como outrora... Meninos, nada
regenera uma nação como uma medonha tareia...»;
aplaude a instauração da República;
enumera as consequências do Constitucionalismo:
falta de educação e de higiene («... piolhice dos liceus...»);
doença e devassidão («... roída de sífilis...»);
passividade e inércia («... apodrecida no bolor das
secretarias...»);
comportamentos rotineiros («... arejada apenas ao
domingo...»);
perda da coragem e da dignidade («... perderam o
músculo...»; «... perderam o caráter...»);
centralismo («Lisboa é Portugal! Fora de Lisboa não há
nada.»);
fraqueza física e moral («... a raça mais fraca e mais
cobarde...»).
Alencar:
opõe-se à invasão espanhola, pois considera-a um perigo para a
independência nacional, e dispõe-se a despertar o patriotismo do país com
os seus poemas;
defende o romantismo político:
uma democracia humanitária (de 1848);
uma república governada por génios;
a fraternidade entre os povos, «os Estados Unidos da Europa»;
repudia o talento dos seus conterrâneos, despeitado com o desprezo
«desses politicotes», seus companheiros de farra antes de cumprirem as
suas ambições;
protesta contra a alegre fantasia dos companheiros afirmando
exaltadamente o amor pela pátria.
Cohen:
defende a existência de gente séria e honesta nas camadas políticas
dirigentes;
condescende na necessidade de reformas no país;
considera Ega e Alencar uns exagerados;
em caso de invasão, participaria com o financiamento (as armas e a
artilharia comprar-se-iam na América);
juntamente com Ega, organizaria a guerrilha.
Dâmaso:
exemplo de covardia:
se se desse a invasão espanhola, «raspava-se» imediatamente
para Paris;
considera ainda que toda a gente fugiria como uma lebre.
revela grande reverência relativamente a Carlos.
1. A falta de personalidade:
Alencar muda de opinião quando Cohen assim o pretende;
Ega muda também de opinião quando Cohen o pretende;
Dâmaso, cuja divisa é «Sou forte», aponta o caminho covarde da fuga.
2. A disputa Ultrarromantismo / Naturalismo, reflexo da Questão Coimbrã.
5. O exército:
2. Ambiente
Espaço físico: Teatro da Trindade.
Espaço social: alta sociedade lisboeta analisada através de tipos sociais.
Caracterização da sociedade: inculta, estática e superficial, deformada
pelos excessos e lugares comuns do Ultrarromantismo.
3. Temas tratados
a) Oratória
1. Oradores
1.1. Rufino:
"vozeirão túmido, garganteado, provinciano, de vogais arrastadas em
canto" - tom altissonante;
temas da sua alocução: a caridade, o progresso, a fé, Deus, a sua aldeia, a
imagem do "Anjo da Esmola";
revela falta de originalidade:
- recorre a lugares comuns e a imagens de origem duvidosa (a imagem do «Anjo
da Esmola», que estendera as suas asas benfazejas sibre os deserdados das
inundações destruidoras das belas aldeias onde antes o rouxinol trinava);
- faz uso de chavões retóricos e lirismos banais em torno da caridade e da fé;
a sua retórica é oca e balofa;
é adulador (volta-se constantemente para a zona das cadeiras reais,
considera que a salvação reside no trono de Portugal: "... vir aquele pulha pôr-se
ali a lamber os pés à família real...");
1. Objetivos
Novo contacto de Carlos com a sociedade de Lisboa, incluindo o próprio rei.
Visão panorâmica da sociedade lisboeta (masculina e feminina) sob o olhar
crítico de Carlos.
Tentativa frustrada de igualar Lisboa às capitais europeias, sobretudo Paris.
Criticar o cosmopolitismo postiço da sociedade;
Possibilidade de Carlos encontrar novamente a mulher que viu à entrada do
Hotel Central.
. falta de organização
. pelintrice
. falta de educação
. provincianismo
. a improvisação
. o remendo apressado
. a iniciativa sem base sólida
. os retoques sem gosto
2.6. As corridas
2.7. As personagens
2.7.1. Os jóqueis:
. 1.ª corrida:
-» o Pinheiro - montava o «Escocês»
-» um sujeito - montava o «Júpiter»
. 2.ª corrida:
-» um jóquei - montava o «Rabino»
-» um jóquei espanhol - montava o «Minhoto»
-» um jóquei inglês - montava o «Vladimiro»
. 3.ª corrida:
-» um gentleman - montava um cavalo
-» um jóquei roxo e preto - montava uma pileca
. 4.ª corrida:
-» jóqueis sem identificação
2.7.2. Os homens
O Visconde de Darque:
dono do «Rabino», o favorito, considera a sua participação um
sacrifício;
«... não podia apresentar um cavalo decente, com as suas
cores, senão daí a quatro anos»;
não apurava cavalos para «aquela melancolia de Belém», para
aquele «horror»;
quando há qualquer problema ou dúvida, requisitam-no de
imediato: «Eu sou o dicionário...».
El-Rei: sorridente.
Alencar:
elegantemente vestido;
sempre cortês e bem penteado nesse dia, beija fidalgamente
a mão de D. Maria da Cunha;
encontra nas corridas «... um certo ar de elegância, um
perfume de corte...».
O barão de Craben, pequenino, aos pulinhos.
Craft, que apresenta Clifford a Carlos.
Sequeira:
«... entalado numa sobrecasaca curta que o fazia mais
atarracado, de chapéu branco...»;
considera uma «sensaboria» «... aquela corrida insípida, sem
cavalos, sem jóqueis, com meia dúzia de pessoas a bocejar em
toda...», «... um divertimento que não estava nos hábitos do
país...».
Clifford: «... parecia achar tudo aquilo ignóbil...», acabando por
retirar a «Mist».
Steinbroken: aposta sem conhecer os cavalos.
Conde de Gouvarinho e os seus dislates e ignorância: «... todos os
requintes da civilização se aclimatavam bem em Portugal.»; «O nosso solo
(...) é um solo abençoado!».
Teles da Gama, encarregado de organizar as apostas.
Eusebiozinho, acompanhado pela Concha e pela Carmen.
Dâmaso:
o seu «chique a valer»;
a gabarolice, a falta de educação e de respeito para com as
mulheres, traduzida numa linguagem rude: «... tinha estado (...)
com uma gaja divina...»;
a queixa da troça que o seu véu provocara.
2.7.3. As mulheres
Em geral:
as que vêm no High Life dos jornais
as dos camarotes de S. Carlos
as das terças-feiras dos Gouvarinhos
Em particular:
As duas irmãs do Taveira (diminutivos irónicos);
magrinhas;
loirinhas;
corretamente vestidas.
A viscondessa de Alvim: nédia e branca.
Joaninha Vilar:
cada vez mais cheia e com um quebranto cada vez mais
doce no olhar;
lânguida, parece oferecer o seu «apetitoso peito de
rola!».
As Pedrosos, banqueiras, interessando-se pelas corridas.
Condessa de Soutal: desarranjada, com lama nas saias.
D. Maria da Cunha:
desenvolta, ousada, foi a única com atrevimento
suficiente para se vir sentar junto dos homens, porque «...
não aturava a seca de estar lá em cima perfilada, à espera da
passagem do Senhor dos Passos.»;
bela, apesar da idade;
muito à vontade, era a única a divertir-se;
considera ridículo o «Hino da Carta», porque dá às
corridas um ar de arraial;
casamenteira, apresenta Alencar à sua amiga Concha
e, depois, procura aproximar ainda mais Carlos e a condessa.
A menina Sá Videira:
petulante e pretensiosa;
filha de um rico negociante de sapatos de ourelo;
abonecada;
«... com o arzinho petulante e enojado...»;
«... falando alto inglês...».
A ministra da Baviera, a baronesa Craben:
«... enorme, empavoada...»;
muito gorda: «... com um gluglu grosso de peru...»; «...
feitio de barrica, deixando sair o sebo por todas as costuras
do vestido (...)»; «... a insolente baleia!»;
altiva, insolente e sobranceira.
A Condessa de Gouvarinho:
elegantemente vestida;
sensual e audaz;
é admirada por vários homens;
no dia seguinte, partirá para o Porto para comemorar o
aniversário do pai e quer que Carlos a acompanhe,
congeminando um plano para levar a cabo os seus intentos.
Resumo do Capítulo
Ega regressa a Lisboa, instala-se no Ramalhete e confidencia a Carlos que
a Condessa de Gouvarinho, fala constantemente, irresistivelmente e
imoderadamente dele e conta-lhe que o casal os convidou para jantar na
segunda-feira. Na segunada-feira seguinte Carlos e Ega, dirigem-se a casa
dos Gouvarinho, Ega aproveita para lhe perguntar sobre o seu romance
com a brasileira, e diz a Carlos que soube do romance através de Dâmaso.
Carlos conta-lhe a verdade sobre o romance, embora não se abrindo em
relação aos seus sentimentos pela rapariga.
Entretanto, durante o jantar a própria Gouvarinho toca no assunto do
romance de Carlos com a brasileira deixando Carlos com a sensação que já
todos sabem do romance; a Condessa fica “amuada” com Carlos e dá toda
a atenção a Ega; o Conde denuncia a sua ignorância e falta de memória;
Sousa Neto, acossado por Ega, revela-se ignorante. Já reconciliada com
Carlos, a Condessa simula um exame médico rápido ao filho e marca um
encontro amoroso com ele.
Na tarde seguinte, em visita a Maria Eduarda, Carlos declara-lhe o seu
amor, que é correspondido, e ambos beijam-se pela primeira vez.
Mediante o desejo de Maria Eduarda de viver num lugar mais recatado,
longe da coscuvilhice dos vizinhos, e com espaço livre para Rosa brincar,
Carlos compra a Quinta dos Olivais a Craft, Afonso aprova o investimento,
desconhecendo, contudo, o verdadeiro motivo do mesmo. Carlos conta a
Ega o seu romance com Maria Eduarda e a sua intenção de fugir com ela;
Ega pensa para ele próprio que esta mulher seria para sempre, o seu
irreparável destino.
•Objectivos: •Objectivos:
– Homenagear o banqueiro Jacob – Reunir a alta burguesia e
Cohen; aristocracia;
Análise do episódio
O Diretor e principal redator é Palma Cavalão, um jornalista corrupto. É nesta publicação que
Dâmaso Salcede publica um artigo a satirizar a intimidade da relação de Carlos da Maia e
Maria Eduarda. A suspensão da circulação deste número só é conseguida graças ao Ega e a um
suborno de 100 000 réis.
Eça de Queirós, com o episódio de A Corneta do Diabo e mais tarde com o jornal A Tarde,
retrata a parcialidade do jornalismo da época e mostra a corrupção quando o Palma Cavalão
aceita, por dinheiro, denunciar o autor do artigo comprometedor.
Contextualização do episódio
Junto com Carlos, decidem não a publicar, pois isso só suscitaria a curiosidade da sociedade
lisboeta relativamente à relação de Carlos e Maria.
No entanto, Ega vê Dâmaso com “a sua” Raquel Cohen. Dominado pelo ciúme, resolve
humilhar Dâmaso publicamente.
Dirige-se à redação do jornal A Tarde e tenta convencer o diretor, o Neves, a publicar a carta
de Dâmaso.
Este, inicialmente recusa, pois pensa tratar-se de Dâmaso Guedes, um correligionário político.
Mas quando percebe que se trata do Salcede, acede a publicar a carta, para se vingar do
“manganão” que os “entalara na eleição passada”.
Na sequência da humilhação pública, Dâmaso parte de férias para Itália, e o assunto cai no
esquecimento.
Análise do episódio
É neste jornal que Ega consegue a publicação da carta do Dâmaso, não só como represália da
injúria feita a Carlos da Maia, mas também para se vingar de uma possível ligação do Salcede
com a sua ex-amante Raquel Cohen.
Todo o diálogo do Ega com o Neves e outros funcionários do jornal lisboeta mostra a
atmosfera política, o cinismo e a parcialidade do jornalismo.
Este está também patente na redação de uma notícia sobre o livro do poeta Craveiro, por
pertencer "cá ao partido", mas sobretudo quando Gonçalo, um dos redatores do jornal, depois
de exclamar "Que besta, aquele Gouvarinho!" e de o considerar "uma cavalgadura" afirma que
"- É necessário, homem! Razões de disciplina e de solidariedade partidária... Há uns
compromissos... O Paço quer, gosta dele...". E tudo isto acontece pois " - Há aí umas questões
de sindicatos, de banqueiros, de concessões em Moçambique... Dinheiro, menino, o
omnipotente dinheiro!“.