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Resumo:
Neste trabalho, é relatada uma experiência desenvolvida com base no desenvolvimento e
aplicação de uma abordagem diferenciada para o ensino-aprendizagem do tema ciclo e divisão
celular, para ser trabalhada na disciplina de Biologia do ensino médio. Esta abordagem
diferenciada de ensino-aprendizagem através do uso de quadros conceituais ilustrados,
favorece uma assimilação e contextualização do conteúdo trabalhado em sala de aula e pode
ser utilizada para temas de Biologia, principalmente aqueles que exijam uma maior abstração
por parte dos alunos.
Palavras chave: Atividade diferenciada, ciclo celular, divisão celular, quadros conceituais,
ensino de Biologia.
INTRODUÇÃO
Este trabalho apresenta o desenvolvimento de uma abordagem diferenciada que pode
ser usada em aulas de Biologia, mais especificamente em aulas sobre ciclo celular, conteúdo
curricular geralmente trabalhado na 1ª série do ensino médio. Nesta atividade lançamos mão
do uso de quadros conceituais ilustrados como instrumentos didáticos alternativos na
aquisição de uma aprendizagem significativa.
O estudo do ciclo celular e dos processos de divisão da célula envolve conceitos
fundamentais na compreensão de diversos temas da biologia como desenvolvimento
embrionário, regeneração de tecidos, crescimento, câncer e genética.
Segundo Moreira e Silva (2001) e Canal e Bastos (2001) citados por Fabrício et al.
(2006), um dos temas curriculares que enfrenta problemas mais frequentes no ensino da
Biologia na educação básica, é o conteúdo de Genética, que exige do aluno conhecimentos
prévios em diversas áreas, como: Biologia Molecular (natureza e estrutura das moléculas que
O ciclo celular caracteriza-se por uma sequencia de eventos contínuos que se inicia
com o surgimento de uma célula a partir de outra preexistente e finaliza após a sua completa
divisão em duas células-filhas geneticamente idênticas (Alberts et al., 2006). Segundo Alberts
et al. (2006) em células eucarióticas o ciclo celular é dividido em quatro fases (G1, S, G2 e
M). A fase M compreende a divisão nuclear, denominada mitose, e divisão celular,
denominada citocinese. As fases G1, S e G2 fazem parte da interfase, período entre duas fases
M sucessivas.
Durante a fase S a célula duplica seu DNA. Nas fases G1, e G2 a célula monitora o
meio interno e externo, realizando síntese proteica e checando a duplicação do material
genético.
Grande parte dos estudantes do ensino médio não tem acesso a aulas práticas com
microscópios. Essa deficiência é, em parte, ocasionada pela falta de infraestrutura física e
material de grande parte das escolas e pela falta de capacitação docente para tal. De forma que
o estudo da célula se torna ainda mais abstrato, visto que os alunos são conduzidos a
incorporarem conceitos sem vivenciar a sua dimensão prática, induzindo-se a uma
memorização que facilmente será esquecida com a apresentação de novos conteúdos.
Grande parte das escolas públicas e privadas do Brasil restringem suas aulas a uma
sala, cujos elementos utilizados no processo de ensino e aprendizagem são o quadro, giz ou
marcador, apagador e o uso do livro didático. Nestes ambientes, inúmeros docentes ainda
concebem uma aula como uma exposição de uma série de conceitos estritamente teóricos que
devem ser transmitidos aos seus estudantes (Rodriguez, 2007), ou seja, se preocupam com o
conhecimento científico declarativo.
Essa prática tem colocado os estudantes brasileiros nos níveis mais baixos de
programas de avaliações nacionais e internacionais. É o que se observa nos resultados do
PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) que é organizado pela OCDE
(Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) que avalia os
conhecimentos e habilidades de jovens de 15 anos. No ano 2000, os resultados desse
programa mostraram que, entre os 32 países em desenvolvimento que foram avaliados, entre
eles México, Rússia e Letônia, o Brasil obteve a pior média. Em 2001, após a inclusão de
mais dez países no teste, o Brasil ocupou o 41° lugar (Fabrício et al., 2006).
Resultados como estes nos leva a refletir sobre as práticas pedagógicas desenvolvidas
nas salas de aula e a questionar a validade de determinadas metodologias empregadas no
processo de ensino-aprendizagem.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (Brasil) foram criados para ajudar a
modernização escolar, processo que vem ocorrendo com o objetivo de formar o cidadão e
capacitá-lo a viver em sociedade como participante ativo. Isso fica evidente quando afirmam
que: “Vivemos numa era marcada pela competição e pela excelência, em que progressos
científicos e avanços tecnológicos definem exigências novas para os jovens que ingressarão
no mundo do trabalho” (p. 5).
Contrastando os resultados de pesquisas que avaliam o desempenho dos estudantes
com os objetivos previstos pelos PCN, percebe-se a importância de se introduzir nas salas de
aula novas abordagens metodológicas que visem uma aprendizagem efetiva por parte dos
alunos, fazendo-se também necessária uma análise da qualidade do processo de ensino e
aprendizagem, tidos como elementos-chave na formação do cidadão.
Nesta perspectiva foi planejada e realizada uma atividade de ensino-aprendizagem
tentando-se fugir do esquema tradicional de ensino, por isso caracterizada nesse trabalho
como uma atividade diferenciada, abordando-se um tema do currículo da 1ª série do ensino
médio, em que os participantes tiveram a oportunidade de trabalhar o conteúdo ciclo e divisão
celular através da utilização de quadros conceituais ilustrados, uma metodologia alternativa
que busca alcançar resultados satisfatórios na aquisição do conhecimento visando à
aprendizagem pela atribuição de significados aos conceitos ensinados. Na tentativa de tornar a
abordagem do tema mais interessante, desenvolveu-se simultaneamente uma atividade lúdica
onde foi proposta a resolução de uma cruzadinha contendo termos e palavras-chave
relacionados ao tema em foco.
O conteúdo sobre ciclo e divisão celular foi escolhido por se apresentar como um tema
demasiado abstrato para os estudantes tendo em vista que grande parte destes nunca tiveram
contato com um microscópio ou acesso a fotomicrografias que ilustrassem o processo.
O objetivo desse trabalho foi possibilitar a produção de um quadro conceitual ilustrado
utilizando-se figuras, fotografias e conceitos abordando o conteúdo sobre ciclo e divisão
celular. Além disso, a atividade pode proporcionar ao aluno participante - estimular a
pesquisa de conceitos relativos ao conteúdo em fontes como diferentes livros didáticos e
textos da internet; favorecer a identificar e caracterizar as etapas do ciclo e divisão celular
bem como as suas respectivas fases; tornar o aluno capaz de reconhecer a célula em diferentes
fases da divisão celular através de figuras e fotomicrografias; promover discussões entre os
componentes dos grupos participantes; e disponibilizar meios para que o aluno atribua
significados associados aos conceitos ensinados.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Por isso mesmo, que existem indicadores para que o professor se preocupe em criar
estratégias diversificadas, em seu trabalho docente para desenvolver múltiplas inteligências
em seus alunos (AMARAL; OLIVEIRA, 2007), porque quanto maior a diversidade de
estímulos oferecidos ao aluno, maior será seu envolvimento com a construção do
conhecimento.
Segundo Pliessnig e Kovaliczn (2009) cada vez tem sido um desafio para os
professores que atuam no Ensino Médio tornar os conteúdos de Biologia mais atraentes e
significativos aos alunos, já que requer conhecimento teórico e metodológico atualizados.
Para esses autores, esse desafio aumenta devido às deficiências nas formações iniciais das
licenciaturas e à velocidade com que os conceitos se ampliam no decorrer do surgimento de
novas tecnologias, tornando a formação do professor na graduação rapidamente ultrapassada.
Nesse cenário, muitos professores de Biologia, muitas vezes, utilizam metodologias que nem
sempre promovem a efetiva construção do conhecimento por parte dos alunos.
Esta autora defende que uma atividade prática no ensino de ciências possibilita o
professor trabalhar numa abordagem diferenciada de um conteúdo em função de uma
aprendizagem efetiva dos alunos, “pois as concepções que o aluno tende a conservar são
aquelas que ele considera inteligíveis, plausíveis e proveitosas” (CUNHA, 2008, p. 1).
Hoje, espera-se que a Biologia nas escolas seja trabalhada em uma abordagem crítica e
contextualizada, de forma que possibilite o aluno ser capaz de analisar os fenômenos
ocorridos no ambiente, relacionando-os com a existência do ser humano. Para isso “há
necessidade que haja leitura e conhecimento, por parte do professor, sobre diferentes
metodologias de ensino para que as aulas de Biologia sejam interessantes, produtivas e
resultem em aprendizagem significativa” (PLIESSNIG; KOVALICZN, 2009, p. 4).
Abrangência
- Material utilizado
É feita uma rápida abordagem do tema central da aula, onde é destacada a importância
desse conhecimento para vida do cidadão.
De posse dos materiais, cada grupo iniciou a montagem do quadro fixando as figuras,
fotografias e conceitos nos locais apropriados. Ao mesmo tempo, também foi iniciada a
resolução da cruzadinha. Neste momento, os grupos puderam utilizar os tópicos que foram
destacados na 1ª etapa da atividade para auxiliar nesta atividade. Para facilitar a resolução da
cruzadinha, em cada espaço existia um número que foi posto propositalmente associado a
uma letra. Números iguais seriam equivalentes a letras iguais.
Foi proposto um enigma que abordou o tema desenvolvido e que serviu como
instrumento de avaliação de aprendizagem. Esse enigma foi resolvido em tempo previamente
estipulado, e sua resolução apresentada por cada grupo.
RESULTADOS
Nas etapas finais da oficina foi feita uma avaliação de aprendizagem através da qual
os participantes tiveram a oportunidade de confrontarem o conhecimento adquirido com uma
situação problema. Foram destinados 10 minutos para a resolução do problema, no entanto
todos os participantes obtiveram êxito em menos de 5 minutos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBERTS, B.; BRAY, D.; HOPKIN, K.; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS,
K.; WALTER, P. Fundamentos da Biologia Celular, 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. 866
p.
CUNHA, E. S. Divisão celular: uma forma lúdica para abordar o tema no ensino médio.
Ciência em Tela, v. 1, n. 2, p. 1 -11, 2008.