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Acontecer
David W. Johnson Roger T. Johnson
Francisco Jaborandi - Tradução e adaptação.
9 de Abril de 2018
Resumo
Comparando as aprendizagens colaborativa e cooperativa na forma como elas são aplicadas nas instituições
de nível superior, temos em mente dois propósitos. De um lado, desejamos afirmar os pontos comuns
partilhados por estas duas abordagens, tal como o uso de pequenos grupos para facilitar a aprendizagem. Por
outro lado desejamos esclarecer as diferenças de forma que os professores universitários possam fazer suas
escolhas esclarecidamente sobre como planejar as suas aulas e dispor dos respectivos materiais. Confusões
sobre essas similaridades e diferenças conduz não só a concepções erradas, como também a fortes diferenças
de opinião. Nesse breve artigo, desejamos fazer um trabalho de base para uma convergência de propósitos.
Em última análise, esperamos adotar o desenvolvimento de um emergente campo de pesquisa e prática que
inclui ambas as aprendizagens cooperativa e colaborativa.
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Fazendo a Aprendizagem Cooperativa Acontecer • Janeiro 2018 • Vol. I, No. 1-Monsenhor
Dourado Paper
Essas cinco atividades resultaram no entendi- são estruturadas de forma que os alunos
mento do que é e do que não é esforço coopera- sejam avaliados e pontuados individual-
tivo, os diferentes tipos de aprendizagem coo- mente e não como membros de um grupo.
perativa, os cinco elementos básicos que fazem Eles trocam informações entre si, mas não
com que a aprendizagem cooperativa funcione, têm nenhuma motivação em ensinar o que
e os resultados colhidos quando a cooperação é aprendeu aos colegas do grupo. alguns alu-
cuidadosamente estruturada. nos procuram copiar o trabalho dos colegas
mais capazes, estes, por sua vez, sentem-se
O Que é e o Que Não é Esforço explorados e produzem menos. O resul-
Cooperativo tado é que a soma da aprendizagem como
um todo é maior do que o potencial de
Nem todos os grupos são cooperativos. Não aprendizagem de alguns membros; mas os
existe nada mágico em trabalhar em grupo. Al- alunos mais capazes do grupo produziriam
guns grupos de aprendizagem facilitam a apren- mais se trabalhassem sozinhos.
dizagem do estudante e aumentam a sua qua-
lidade de vida na sala de aula. Outros tipos 3. Grupo de aprendizagem cooperativa: Os alunos
de grupo de aprendizagem dificultam a apren- trabalham juntos para cumprir objetivos
dizagem do estudante e criam desarmonia e compartilhados. Os estudantes procuram
insatisfação. Para usar a aprendizagem coopera- resultados que serão benéficos para todo
tiva efetivamente é necessário entender o que é o grupo. Os alunos discutem o conteúdo
e o que não é um grupo cooperativo (Johnson, entre si, ajudam-se com a fim de entender
Johnson, & Holubec, 1998b [1]). a matéria e encorajam-se a trabalhar com
afinco. A performance individual é regu-
1. Pseudo grupo de aprendizagem: Estudantes larmente verificada para garantir que todos
são reunidos para trabalhar juntos, porém os membros do grupo estão contribuindo
eles não têm interesse em fazê-lo e acredi- e aprendendo. O resultado é que a soma
tam que serão avaliados através da melhor de aprendizagem do grupo é maior do que
e da pior performance de cada um. Os alu- a soma de suas partes e todos os alunos
nos escondem as informações um do outro atingem um rendimento escolar maior do
e tentam confundir o colega e originar des- que teriam se trabalhassem sozinhos.
confiança. O resultado é que a soma do
4. Grupo de aprendizagem cooperativa de alta per-
todo é menor do que o potencial individual
formance: Este é um grupo que está em
de cada membro. Seria melhor que eles
consonância com todos os critérios para ser
trabalhassem sozinhos.
um grupo de aprendizagem cooperativa e
2. Grupo tradicional de aprendizagem em sala de vai além de todas as expectativas esperadas
aula: Os estudantes são associados em gru- em relação aos seus membros. O nível de
pos para trabalhar juntos e aceitam o de- compromisso que os membros têm entre si
ver que lhes é solicitado fazer. As tarefas e para com o sucesso do grupo vai além do
esperado para a maioria dos grupos coope- cooperativa formal) para garantir o processa-
rativos mento cognitivo ativo da informação durante
uma aula (grupo de aprendizagem cooperativa
A qualidade da atuação de qualquer grupo informal) e para fornecer apoio e assistência a
pequeno depende da forma como ele é estru- longo prazo a fim de viabilizar o progresso aca-
turado. Sentar as pessoas próximas umas das dêmico (grupos de base cooperativa) (Johnson,
outras e dizer que elas são um grupo coopera- Johnson, & Holubec, 1998a,1998b [2]).
tivo não faz com que isso seja verdade. Grupos Aprendizagem cooperativa formal consiste de alu-
de estudo, grupos de projetos, grupos de la- nos trabalhando juntos pelo período de uma
boratório e grupos de leitura são grupos, mas aula ou de várias semanas, a fim de atingir me-
não são necessariamente grupos cooperativos. tas de aprendizagem compartilhadas e comple-
Mesmo com a melhor das intenções, os profes- tar tarefas específicas (resolução de problemas,
sores podem estar usando grupos tradicionais escrita de um relatório, condução de uma pes-
de aprendizagem em vez de grupos cooperati- quisa ou experimento, aprendizagem de vocabu-
vos de aprendizagem. a fim de assegurar que lário,ou responder as perguntas no final de um
um grupo seja cooperativo, os educadores de- capítulo) (Johnson, Johnson & Holubec, 1998b
vem entender as diferentes formas de apren- [3]). Qualquer curso ou tarefa pode ser estru-
dizagem cooperativa que devem ser aplicadas turado de maneira cooperativa. em grupos de
e os elementos básicos que precisam ser cui- aprendizagem cooperativa formal, os professo-
dadosamente estruturados em cada atividade res:
cooperativa.
1. Relacionam uma quantidade de decisões pré
Tipos de Aprendizagem Cooperativa instrucionais. Os professores especificam
os objetivos da aula (tanto os acadêmicos
Dois é melhor do que um, por que eles têm uma como os de competências sociais) e deci-
boa recompensa pelo trabalho que realizaram. dem o tamanho dos grupos e o método de
Mas se um cair, o outro levantará o seu compa- escalação dos estudantes em cada grupo, as
nheiro, mas ai daquele que está sozinho, pois funções de cada aluno, os materiais neces-
quando cair não haverá quem o levante...E as- sários para conduzir a aula e a arrumação
sim, um homem pode prevalecer contra o que física da sala.
está sozinho, porém dois irão resistir-lhe. Um
cordão de três fios não se rompe facilmente. 2. Explicar a tarefa e a interdependência posi-
(Eclesiastes 4:9-12) tiva. O professor define claramente a tarefa,
Aprendizagem cooperativa é um procedi- ensina os conceitos e estratégias necessá-
mento versátil e pode ser aplicada a uma varie- rios, especifica a interdependência positiva
dade de propósitos. Grupos de aprendizagem e a responsabilidade individual, fornece os
cooperativa podem ser usados para explicar um critérios de correção e explica as competên-
conteúdo específico (grupos de aprendizagem cias sociais que serão usadas.
e quanto mais complexo e difícil for o tema e portanto, inventamos microscópios, telescó-
de uma disciplina, mais importante se torna a pios, e nossas próprias asas. O professor então,
formação de grupos de base. grupos de base pede para que os alunos virem-se para o co-
também são úteis na estruturação de salas de lega mais próximo e faz as perguntas: "Cite três
aula e quando o professor encontra-se com um limitações humanas, O que foi inventado para
número de conselheiros. vencê-las? e Cite outras limitações humanas que
foram vencidas."
Exemplo do Uso Integrado da Aprendizagem cooperativa formal é usada no
Aprendizagem Cooperativa exemplo seguinte: O professor forma aleatori-
amente 4 grupos de 8 estudantes de um con-
Segue um exemplo do uso integrado da apren- junto de 32 alunos. Os componentes dos grupos
dizagem cooperativa: Os alunos chegam na sala sentam-se em um semi círculo de forma que um
de aula e encontram o seu grupo de base (há um possa ver o outro e também enxergar o profes-
momento de boas vindas), conferem as tarefas sor. A cada membro é associado uma função:
de casa de cada um e certificam-se de que todos pesquisador, redator de resumos, cronometrista,
entenderam a matéria e estão preparados para arquivador , conselheiro técnico, controlador,
a aula e desejam um ao outro que tenham um coletor e corretor. Cada grupo tem uma grande
excelente dia. folha de papel, um pincel marcador, uma folha
O professor começa então uma aula sobre de rascunho, uma folha para explicar a tarefa e
as limitações do ser humano. A fim ajudar na a estrutura cooperativa necessária para cumprir
organização cognitiva dos alunos, ele adianta o objetivo e quatro alunos para realizar checa-
que os alunos devem conhecer as vantagens e gens. A tarefa é projetar um robô de um bilhão
desvantagens do ser humano, o professor está de dólares que supere as limitações humanas
usando a aprendizagem cooperativa informal. relacionadas pela turma e pelo grupo. Os mem-
O professor pede aos alunos que formem trin- bros do grupo desenham um diagrama do robô
cas e pergunta: “Quais são as cinco coisas que na folha de rascunho e quando conseguirem de-
você não poderia fazer com as suas limitações senhar um robô que atenda aos seus requisitos,
humanas, que um robô de um bilhão de dólares passam o esquema para a folha definitiva.
poderia fazer?” Os alunos têm quatro minutos O professor estabelece a interdependência po-
para responder. Nos próximos dez minutos, o sitiva quando pede que seja feito um desenho
professor explica que enquanto um corpo hu- no qual todos os membros do grupo contribuam
mano é um sistema maravilhoso, nós (como os na sua confecção e que possam explicá-lo. O
outros organismos) temos limitações muito es- critério de pontuação é completar o desenho em
pecíficas. Não podemos ver as bactérias em um 30 minutos. O professor observa cada grupo
pingo de água ou enxergar os anéis de Saturno a a fim de garantir que os membros estão cum-
olho nu. Não podemos ouvir tão bem como um prindo as suas funções e qualquer um deles
cervo ou voar como uma águia. Os Humanos possa explicar qualquer parte do desenho em
nunca ficaram satisfeitos com as suas limitações qualquer momento de sua elaboração. O pro-
Realização
A aprendizagem cooperativa assegura que to-
A realização de uma tarefa para nós, não
dos os estudantes estejam significativamente e
é uma coisa, mas sim o produto resultante
ativamente envolvidos no processo de aprendi-
da participação de várias mãos e cabeças.
zagem. Ativamente, por que faz com que os es-
(John Atkinson)
tudantes não apresentem um comportamento de
A respeito da questão de quão exitosos os es- se evadir da obrigação de fazer a tarefa ou que
forços cooperativo, competitivo e individualista apresentem comportamentos nocivos ao grupo.
são na promoção da produtividade e da reali- Aprendizagem cooperativa também assegura
zação das tarefas, mais de 375 estudos foram que os estudantes aumentem o seu potencial e
conduzidos nos últimos 100 anos ([6]). Traba- experimentem o bem estar psicológico propor-
lhar cooperativamente em equipe para concre- cionado pela tarefa bem feita, de maneira que
tizar uma meta em comum, produz realizações eles fiquem motivados a continuar investindo
de alto nível (aqui trabalhos, tarefas, etc NT) e energia e esforços durante o seu processo de
maior produtividade do que trabalhar sozinho. aprendizagem. Aqueles que experimentam o
Isso é muito bem confirmado por diversas pes- fracasso acadêmico arriscam-se à desistência e à
quisas, tanto que esse princípio constitui como o rebeldia o que frequentemente leva a agressões
mais forte da psicologia social e organizacional. verbais ou físicas.