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VÍNCULO EMPREGATÍCIO
Um trabalhador que figurou por quase 20 anos como sócio minoritário no contrato social de
um supermercado conseguiu na Justiça do Trabalho o reconhecimento de que, na verdade, era
empregado.
A decisão foi da 6ª Turma do TRT-MG, ao julgar o recurso ordinário interposto pela empresa
que não se conformava com o vínculo reconhecido em 1º Grau. O voto foi proferido pelo
relator, juiz convocado Eduardo Aurélio Pereira Ferri.
Conforme observou o julgador, a carteira do trabalhador foi anotada pela reclamada por quase
cinco anos, de 1987 a 1992. Por sua vez, testemunhas revelaram que o reclamante fazia as
mesmas atividades dos demais empregados e recebia um salário mínimo. Ninguém sabia da
condição de sócio. O relator apurou ainda que a sociedade era administrada pela sócia que
tinha a maior parte da quotas.
Assim, não há dúvida de que o reclamante sempre foi empregado: "Infere-se que o autor foi
colocado formalmente na condição de sócio, mas era efetivo empregado, havendo fraude aos
preceitos trabalhistas nos termos do art. 9º da CLT. O procedimento adotado, naturalmente,
visou burlar direitos trabalhistas e previdenciários do reclamante, o que é defeso", concluiu o
relator.
Na mesma ação, o trabalhador pediu a declaração da rescisão indireta do contrato de
trabalho, o que também foi reconhecido em 1º Grau e confirmado pela Turma de julgadores.
Isso porque o supermercado descumpriu diversas obrigações trabalhistas por vários anos,
como a de anotar a CTPS, pagar férias, 13º salário e depositar o FGTS.
O descumprimento de obrigações trabalhistas é previsto no artigo 483, "d" da CLT como causa
de rescisão indireta do contrato de trabalho, já que essas faltas graves acabam inviabilizando a
continuidade do vínculo empregatício. A Turma de julgadores acompanhou os entendimentos.
(0000832-03.2011.5.03.0046 RO).