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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Docente: Fernanda Kilduff


Discente: Iorrane Cunha da Silva DRE: 112109497
Disciplina: Controle Penal e Políticas Penitenciárias

O presente trabalho, tem o intuito de ressaltar o referencial abolicionista como


importante fonte crítica no âmbito do direito penal. Os documentários foram de
extrema importância para poder visualizar o debate que é posto nos diferentes textos
apreendidos na disciplina, reafirmando o caráter do crime como estrutural aos
diferentes modos de produção ao longo dos anos, sendo o atual o sistema capitalista,
pois a partir dele o Estado ganha legitimidade para se ter um controle social e
consequentemente punir determinados setores da sociedade.

“O sistema penal não se destina a punir todas as pessoas que


cometem crimes. Não passando a imposição da pena de pura
manifestação de poder, destinada a manter e reproduzir os valores e
interesses dominantes em uma dada sociedade, e encontrando esta
reação punitiva seu suporte e sua força ideológica na necessidade e
no desejo de criação de bodes expiatórios , não seria funcional fazê-la
recair sobre todos os responsáveis por condutas criminalizadas, sendo,
ao contrário, imperativa a individualização de apenas alguns deles,
para que, exemplarmente identificados como criminosos, emprestem
sua imagem à personalização da figura do mau, do inimigo, do
perigoso, possibilitando a simultânea e conveniente ocultação dos
perigos e dos males que sustentam a estrutura de dominação e poder.”
(KARAM, 1997)

O abolicionismo penal foi uma corrente de pensamento que surge na década de 80 e


se orienta para abolição das penas e dos sistemas penais. A eles não interessa uma
política criminal alternativa, mas, sim, uma alternativa à política criminal. Um dos
principais pontos elencados por eles, é a respeito da invisibilidade que a vítima é
posta, enquanto se legitima o Estado, como preservador dos bens jurídicos
indispensáveis.

O documentário, Justiça, de Maria Augusta Ramos, retrata o cotidiano do sistema


judiciário brasileiro, acompanhando a visão de juízes, réus e defensores públicos, e
como os caminhos dos mesmos se entrelaçam no âmbito da justiça. A desigualdade
social fica evidente nesse contexto, ali representado pelo desespero dos familiares
dos réus e o conforto dos funcionários do Judiciário, tal característica que se expande
ao país inteiro. Os réus apresentados no filme exemplificam a perda de identidade
perante a sociedade, quando muitas vezes são considerados suspeitos ou culpados
somente por sua imagem e posição social e é aí que a representação do documentário
cumpre seu objetivo, que é de alertar sobre tais acontecimentos, tanto da
desigualdade quanto do distanciamento compreensivo entre tais posições.

Uma das ideias defendida pelos abolicionistas é devolver às pessoas implicadas o


controle de seus próprios problemas. A vítima deve reapoderar-se do conflito que lhe
foi subtraído pelo Estado. E propõe como ação a construção de uma justiça
participativa, no qual a compensação substitua a pena, conforme um modelo de
sociedades sem Estado forte, que só intervém quando as partes não chegarem a um
acordo, que os habilita para recorrer aos tribunais. Eles dizem que o delito deve deixar
de ser caracterizado por delito e passe a ser uma “situação problema”, fazendo com
que a vítima tenha outro papel.

O abolicionismo não é uma construção teórica preocupada por


requerimentos epistemológicos ou filosóficos dos tipos que
atormentam a criminologia ou o direito penal. Não se concebe si
mesmo como uma disciplina autônoma nem como ciência. Poder-se-ia
dizer que, a serviço de seus objetivos, qualquer método é admissível,
conquanto seja eficaz. ” (ELBERT, 2003)

Baratta, em seu livro: Criminologia crítica do Direito Penal, nos chama atenção para a
imagem criada sobre a criminalidade nos meios de comunicação, que induzem
alarmes sociais manipuladas por forças políticas conservadores que protagonizavam
campanhas eleitorais de “lei e ordem”, à exemplo, podemos citar o Deputado Federal
Jair Bolsonaro, que incita publicamente a repressão violenta como meio de se atingir
a ordem.

“Épocas de desequilíbrio econômico e social, decerto, trazem maior


repressão e mais castigo – e não, como se costuma imaginar e
divulgar, um aumento da criminalidade (Melossi, 1987). São épocas
que exigem o desvio das atenções, para focalizá-las no atrativo
fenômeno da criminalidade, sendo também propícias e necessárias à
demonstração do terrorismo oficial, para, reprimindo a criminalidade e,
assim, a suposta violência, prevenir reações mais consequentes e
transformadoras” (KARAM, 1997)
No documentário, sem pena, uma das palavras de um entrevistado são: Pior do que
ficar preso foram os anos que demorou para ter o processo. Um dos pensadores da
corrente abolicionista é Louk Hulsman, ele é pertencente da corrente radical do
abolicionismo, que defende o fim do sistema penal e acredita que é a sociedade que
deve resolver essas situações negativas e não o Estado. Ele nos diz que o
pensamento burocrático é essencialmente repressivo e o sofrimento da prisão é o
preço que o encarcerado deve pagar por um ato que a justiça fria definiu numa balança
inumana, pelo que se faz dele uma nova vítima.

As vítimas do Estado burocrático e das medidas paliativas que sobrecarregam setores


administrativos também falhos do governo, como a educação e a segurança, são os
negros, pobres e aqueles que estão em moradia em situação de rua.

Como já demonstra a história, o negro não teve ainda uma integração à sociedade de
classes no Brasil, e as consequências desse processo inacabado se refletem no alto
índice de marginalização, de abandono da escolaridade e na admissão de uma vida
amoral dos negros. Não por acaso, as penitenciárias do país têm, em sua maioria,
uma população negra, pobre e masculina; e a sua família, também negra e pobre,
termina por se sujeitar a várias humilhações deixadas pela herança imoral desses
homens e mulheres encarcerados. De acordo com o Levantamento nacional de
informações penitenciarias de junho de 2014, o número de negros no sistema prisional
brasileiro é de 67% e o que mais assusta é a proporção de pessoas negras presas:
dois em cada três presos são negros.

O abolicionismo sustenta que há uma falta de coerência no sistema penal que se


apresenta como racional e justo. Para Baratta, quanto mais desigual é uma sociedade,
tanto mais ela tem necessidade de um sistema de controle social repressivo através
do aparato penal do direito penal.

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