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POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA

COMANDO-GERAL
COMPANHIA DE POLÍCIA MILITAR DE
POLICIAMENTO COM CÃES

APOSTILA PARA A PROVA DE


HABILIDADE ESPECÍFICA
POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA
COMANDO-GERAL
COMPANHIA DE POLÍCIA MILITAR DE
POLICIAMENTO COM CÃES

MANUAL CINOTÉCNICO

TEORIA CINOTÉCNICA

AUTORES: CAPITÃO PM CLAYTON MARAFIOTI MARTINS


1º TENENTE PM CLAUDIONIR DE SOUZA
3º SARGENTO PM JOÃO CARLOS DA SILVEIRA

Ago/2003

REVISADO: Sub Ten PM JOÃO CARLOS DA SILVEIRA


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Mar/2013

I - INTRODUÇÃO

'' O melhor amigo do homem é o cão '' . Esta frase é antiga, mas ex-
prime a maior e extraordinária realidade que se tem notícia, sobretudo, por-
que o cão é um ser que acompanha o homem desde a pré-história e tem se
tornado, até os dias de hoje, um amigo leal e inseparável.
A cinofilia aspira assegurar ao cão, condições de vida adequadas à sua
natureza, que incluem a presença e assistência contínua de seu dono. Quem se
propõe a ter um cão, como companheiro, deverá também ter a obrigação de
lhe oferecer condições adequadas para satisfazer todas as necessidades bási-
cas para a sobrevivência deste animal, tão querido pelo homem.
Muitos criadores ou proprietários tentam estabelecer a pureza das ra-
ças, em função de seu emprego, em contrapartida, muitos executam cruza-
mento ao invés de acasalamento, até mesmo para criar uma nova raça canina.
Para isso devemos saber a diferença entre cruzamento e acasalamento:
- Acasalamento - é a cobertura de cães entre raças idênticas;
- Cruzamento - é a cobertura de cães de raças diferentes.
Através do cruzamento, pode-se criar, sim, uma nova raça, mas é pre-
ciso estabelecer a utilidade que se propõe neste cruzamento. Já o acasalamen-
to, tende a apurar uma determinada raça, através do estudo da árvore genea-
lógica, que é o que vai determinar a pureza de uma raça. Mas o que significa
realmente uma raça pura?
Em zootecnia diz-se que pertence a uma raça pura, aqueles animais
domésticos que ao se reproduzirem, transmitem de maneira constante as pró-
prias características da raça em questão, ou seja, características morfológicas,
psíquicas e suas aptidões para cumprir determinadas tarefas. Entretanto, po-
demos considerar puras, as raças depois de 05 gerações semelhantes. Gera-
ções semelhantes, quer dizer que os filhotes nascidos desses animais, guar-
dam as mesmas características de aparência geral de cor e proporções.
Em suma, a seleção, portanto, tende à aperfeiçoar paulatinamente as
características típicas de cada raça, de modo que os dotes físicos e psíquicos
perpetuem-se nos filhos, tornando o cão cada vez mais apropriado para a vo-
cação da raça a qual pertence.

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II - APARECIMENTO DO CÃO

Qual será o cão mais antigo que se possa encontrar na história do mun-
do? Bem; a maioria dos paleontólogos reconhece o antepassado do cão no
MYACIS, um pequeno mamífero, maior que uma doninha , com pernas cur-
tas, rabo comprido, corpo alongado, pescoço relativamente longo e orelhas
pontudas, membros relativamente curtos, providos de 05 dedos preênsis, do-
tados de garras parcialmente retráteis e mostrava características muito primi-
tivas, especialmente no crânio, que carecia de ampola timpânica ossificada,
por esse motivo alguns cinólogos acreditam ser ele o percursor dos gatos e
ursos, lobos chacais e que alguns tipos canídeos evoluíram a partir de suas
ramificações. Viveu na era Eocenio, à 60 milhões de anos na região que hoje
fica a Ásia.
O myacis é um ancestral tanto dos canídeos como de famílias como a
do Guaxinim, do Urso, da Fuinha, da Hiena e de outros. O myacis deu origem
a uma variedade de canídeos primitivos com características que se asseme-
lhavam a hienas, outros aos ursos e outros aos cães modernos.
Há 20 milhões de anos, existia um animal semelhante ao cão, chamado
de Mesocyon. Tinha mandíbulas menores, cauda e corpo compridos e pernas
atarracadas. As patas traziam 5 dedos separados, diferente do cão atual que
tem 4 dedos juntos.
Entre 15 à 20 milhões de anos atrás, o Myacis evoluiu para um animal
chamado de CYNODICTIS , que era um animal de tamanho médio, mais
comprido que alto e com pelagem densa. O Cynodictis evoluiu, por volta de
10 à 15 milhões de anos, para o chamado TOMARCTUS , que tinha mandíbu-
la comprida e cérebro maior, cauda longa e peluda e já revelava instintos so-
ciais, sendo esse possivelmente o predecessor dos cães atuais, pois tinha for-
mas mais assemelhadas ao gênero Canis: com ampola timpânica volumosa e
bem ossificada e soldada completamente no crânio. É possível que os primei-
ros cães surgiram à aproximadamente 100.000 anos, oriundos dum pequeno
lobo que vivia na Índia. A tese mais difundida pelos cinófilos é que através
do tomarctus, o cão doméstico compartilha um ancestral comum com todos
os outros animais do gênero Canis, inclusive os lobos, chacais, raposas e cães
selvagens.
Raças caninas que hoje conhecemos, apresentam uma diversidade mui-
to acentuada de aspectos distintos, cuja explicação, não está somente na ten-
dência natural do Canis familiaris à variação, mas também nos efeitos de
uma domesticação muito antiga, ou seja, na intervenção do homem que atra-
vés dos tempos trabalhou para obter a fixação dos distintos caracteres físicos
e psíquicos, apropriados para satisfazer diferentes interesses utilitários ou es-
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portivos ou ainda para desenvolver a inclinação à fidelidade e ao afeto que o
cão, único entre os animais, não tardou em manifestar-se.

1. Os Ancestrais do Cão.

Distinguimos nos sítios arqueológicos da Europa vários tipos de cães:


os maiores teriam se originado dos grandes lobos do Norte (tinham o tama-
nho, na cernelha, dos atuais Dogues alemães) e teriam dado origem aos cães
Nórdicos e aos grandes cães pastores. Os menores, morfologicamente perto
dos dingos selvagens atuais, achariam suas origens nos lobos menores da Ín-
dia ou do Oriente Próximo.
Os mais antigos esqueletos de cães descobertos datam de cerca de
30.000 anos depois do aparecimento do homem de Cro-Magnon (Homo sapi-
ens). Eles sempre foram exumados em associação com o resto das ossadas
humanas e é a razão pela qual mereceram, em seguida, a denominação de
Canis familiaris. Parece lógico pensar que o cão doméstico descende de um
canídeo selvagem pré-existente. Entre estes ascendentes em potencial figu-
ram o lobo (Canis lupus), o chacal (Canis aurus) e o coiote (Canis patrans).
Por outro lado, é na China que os antigos vestígios de cães foram des-
cobertos, enquanto que, nem o chacal, nem o coiote foram identificados nes-
tas regiões. Na China também, foram encontradas as primeiras associações
entre o homem e uma variedade de lobos de tamanho pequeno (Canis lupus
variabilis) que remonta a 150.000 anos. A coexistência dessas duas espécies,
num estágio precoce de sua evolução, parece confirmar a teoria do lobo como
ancestral do cão.
Essa hipótese foi reforçada recentemente por várias descobertas, nota-
damente: o aparecimento de certas raças de cães nórdicos diretamente origi-
nados do lobo; o resultado de trabalhos genéticos comparando o DNA mito-
condrial destas espécies, revelando uma semelhança superior a 99,8% entre o
cão e o lobo, enquanto ela não ultrapassa 96% entre o cão e o coiote; a exis-
tência de mais de 45 subespécies de lobos que poderiam estar na origem da
diversidade racial observada nos cães; a semelhança e compreensão recíproca
da linguagem de postura e da linguagem vocal entre essas duas espécies.
A grande semelhança entre cães e lobos complicam o trabalho dos ar-
queólogos para fazer uma distinção precisa entre os vestígios do lobo e do
cão quando estes são incompletos ou quando o contexto arqueológico torna a
coabitação pouco provável. Com efeito, o cão primitivo só se diferencia do
seu ancestral por alguns detalhes pouco fiáveis, como o comprimento do fo-
cinho, a angulação do stop ou ainda à distância entre os molares cortantes e
os tubérculos superiores.
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O número de canídeos predadores certamente foi muito inferior ao de
suas presas, o que vem a diminuir as chances de se descobrir os seus fósseis.
Todas essas dificuldades, as quais se juntam as possibilidades de hibridação
cão-lobo, permitem entender porque os numerosos elos sobre as origens do
cão restam ainda a serem descobertos e, notadamente, as formas de transição
entre Canis lupus variabilis e Canis familiaris que talvez permitirão, algum
dia, encontrar uma resposta entre as diferentes teorias.
Observamos, no entanto, que toda teoria “de difusão” que atribui às
migrações humanas as responsabilidades de adaptações do cão primitivo, não
exclui a teoria “evolucionista” que sustenta que as variedades de cães provém
de diferentes centros de domesticação do lobo.

2. A Batalha das Teorias.

Numerosas teorias fundadas em analogias ósseas e dentárias, há muito


tempo se enfrentaram para atribuir a uma ou outra espécies que são o lobo, o
chacal e o coiote, a qualidade de antepassado do cão. Outras lançaram a hipó-
tese segundo a qual as raças de cães, tão diferentes quanto à do Chow-Chow
ou a do Galgo, poderiam descender de espécies diferentes do mesmo gênero
Canis.
Fiennes, em 1968, atribuía mesmo às quatro subespécies distintas de
lobos (lobo europeu, lobo chinês, lobo indiano e lobo norte-americano) a ori-
gem dos quatro grandes grupos de raças de cães atuais.
Alguns, enfim, supuseram que cruzamentos entre essas espécies pode-
riam estar na origem da espécie canina, argumentando o fato de que os acasa-
lamentos lobo-coiote, lobo-chacal ou ainda chacal-coiote são férteis e podem
produzir híbridos férteis, apresentando todos 39 pares de cromossomos. Esta
última teoria de hibridação, parece agora inválida pelo conhecimento das bar-
reiras ecológicas que separam essas diferentes espécies na época do apareci-
mento do cão e tornavam notadamente impossíveis os encontros entre coiotes
e chacais.
Os lobos, quanto a eles, estavam onipresentes, mas a diferença de
comportamento e de tamanho com as outras duas espécies tornavam os acasa-
lamentos interespecíficos altamente improváveis, o que refutava entre outras,
a hipótese atribuindo a "paternidade" do cão a uma hibridação entre o chacal
(Canis aureus) e o lobo cinzento (Canis lupus).

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3. Conclusão.

A diversidade de opiniões e a fragilidade encontrada na maioria das te-


orias impedem os estudiosos chegarem a uma conclusão concreta.
Os biólogos e cinólogos especulam permanentemente a respeito de
qual canídeo teria sido domesticado para produzir o cão doméstico, sendo que
o lobo e o chacal são tidos como candidatos mais prováveis.

4. A Domesticação do Cão.

Como em toda domesticação, o processo de familiarização do lobo se


fez acompanhar de várias modificações morfológicas e comportamentais em
função de nossa própria evolução. Assim, as mudanças observadas nos esque-
letos demonstram um tipo de regressão juvenil denominada "pedomorfose",
como se os animais, quando se tornavam adultos, tivessem guardado, com o
passar das gerações características e certos componentes imaturos: redução
do tamanho, diminuição da cana nasal, pronunciamento do stop, latidos, ge-
midos, atitudes lúdicas... que fazem certos arqueozoólogos afirmarem que o
cão é um animal que permaneceu no estágio de adolescência, cuja sobrevi-
vência depende estritamente do homem. Paradoxalmente, este fenômeno é
acompanhado de uma redução do período de crescimento, levando a um a-
vanço do período de puberdade e permitindo assim, um acesso à reprodução
mais precoce, que explica porque, nos dias de hoje, a puberdade é mais pre-
coce nas raças de cães de pequeno porte do que nas raças grandes, em todos
os casos mais precoces do que nos lobos (cerca de dois anos).
O Homem e o cão pertencem a grupos sociais diferentes, mas sua asso-
ciação mostrou-se vantajosa para ambas as espécies. Por outro lado o cão fica
a mercê do controle e seleção feita pelo homem.
Segundo dados arqueológicos a domesticação do cão teria ocorrido há
aproximadamente 14.000 anos quando o lobo foi trazido para dentro da estru-
tura social humana. Para tanto o processo de amansamento já estaria ocorren-
do desde o momento que agrupamentos de lobos passaram, graças a facilida-
de na obtenção de alimentos, a habitar próximos aos assentamentos humanos.
Esses grupos tornaram-se isolados reprodutivamente da população mais sel-
vagem dando início ao processo que levaria a linhagem dos cães.
Segundo Hemmer (1990) a principal mudança ocorrida seria a sua
"percepção de mundo". Isto significa que enquanto uma alta sensibilidade e
estado de alerta combinado com reações rápidas ao estresse seriam necessá-
rias para a sobrevivência do animal no estado selvagem, características opos-
tas de docilidade, diminuição do medo e tolerância ao estresse, são os requisi-
tos da domesticação. Para que isto fosse possível mudanças estruturais deve-
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riam ocorrer. Entre outras, mudanças hormonais, redução no tamanho do cé-
rebro, diminuição da acuidade e sensibilidade da audição e visão e retenção
das características e comportamentos juvenis na vida adulta.
Os primeiros cães domesticados, foram provavelmente exemplares de
uma espécie de lobo que se alimentavam de restos da caça que o homem pri-
mitivo deixava ao redor de suas habitações no oriente antigo.
Talvez os primeiros " homo sapiens " tenham caçado estes animais
como alimento e ao criarem os filhotes deles, tenham descoberto sua utilidade
para realização de determinadas tarefas.
Muito embora, a importância histórica não seja equivalente a domesti-
cação do cavalo, por exemplo, a relação entre o homem e o cão, qualquer que
seja a sua origem, levou de maneira rápida, que houvesse uma simbiose e
consequentemente resultados significativos para a cultura e a solidariedade
humana, onde o homem passou a explorar todo potencial existente no cão em
beneficio próprio e de outrem.
O cão, dentre os animais domésticos, têm uma importância fenomenal,
pois nas várias virtudes existentes nele , principalmente no que tange o seu
emprego (guia de cegos, pastor, companhia, de guarda etc.) , eles causam um
efeito psicológico positivo no ser humano.

5. Vejamos agora alguns parentes próximos do cão:

- LOBO CINZENTO - América do Norte, Europa, Ásia e Oriente Médio;


- LOBO CASTANHO - Sudeste dos Estados Unidos;
- COIOTE - Canadá e Estados Unidos;
- CHACAL - África, Europa e Ásia;
- RAPOSA - Em quase todas as partes do mundo;
- CACHORRO DO MATO - Florestas Sul-americanas.

# Estes são os mais conhecidos, entretanto, existem outros, mas sem


importância para o nosso estudo cinotécnico.

III - ZOOLOGIA

É o ramo da biologia que estuda os animais, assim como a botânica ou


fitologia, é outro ramo que estuda os vegetais. Para melhor compreender o
campo de ação da zoologia, é necessário fazer uma pequena exposição sobre
o domínio da biologia; como esta ciência estuda os seres vivos, convém des-
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de logo conhecer os aspectos principais pelos quais se pode estudar um ser
vivo, animal ou vegetal. São eles:
a) Morfologia - estuda formas ou estruturas. É dividida em anatomia, que es-
tuda os órgãos e aparelhos; histologia, que estuda os tecidos que compõe
os órgãos e citologia que estuda as células que formam os tecidos;
b) Fisiologia - estuda as funções;
c) Embriologia - estuda o desenvolvimento dos embriões;
d) Filogenia - estuda o parentesco com outras espécies e sua evolução;
e) Biogeografia - estuda as distribuições geográficas (origem de raça e espé-
cie);
f) Ecologia - estuda o meio que o cerca;
g) Genética - estuda a herança dos seres e suas características com relação
aos pais;
h) Sistemática - estuda a classificação dos seres;
i) Evolução - estuda a evolução através dos tempos;
j) Paleontologia - estuda vidas passadas através de fósseis;
l) Patologia - estuda as doenças;
m) Psicologia - estuda as manifestações mentais e comportamentais dos se-
res;
n) Sociologia - estuda determinados comportamentos em sociedade.

1. Classificação dos Animais.

Classificar , como o próprio nome indica, é reunir em classes, a partir


de uma sistemática lógica, de forma à separar e ordenar os animais confor-
me suas designações científicas. A tarefa da classificação é importante, pois,
há mais de 1 milhão de espécies de animais catalogados, cujo o reconheci-
mento não seria fácil se os animais não fossem agrupados em conjuntos ho-
mogêneos.
Muitos animais aparentemente semelhantes pertencem a grupos dife-
rentes, assim como há animais aparentemente diferentes que pertencem,
também ao mesmo grupo. Um exemplo notório: as aves e os morcegos são
animais voadores, assim como peixes e baleias são animais que nadam e vi-
vem na água, todavia, as baleias e os morcegos, de aparência tão diferentes,
são do mesmo grupo, isto é, mamíferos, pois as estruturas fundamentais são
semelhantes.
Por isso não basta conhecer as semelhanças ou diferenças externas dos
animais, mas as vezes, comparar toda a anatomia interna e o seu desenvolvi-
mento embrionário.

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2. Nomenclatura e Classificação.

Os animais classificados cientificamente, recebem determinadas desig-


nações, estando elas submetidas a um conjunto de regras aceitas internacio-
nalmente conhecidas sob o nome de Regras Internacionais de Nomenclatu-
ra Zoológica. Na classificação de um animal, empregam-se diversas catego-
rias de nomes que correspondem a grupos de hierarquia sistemática (classifi-
cação científica) . Qualquer animal, é submetido às seguintes designações ci-
entíficas: espécie, família, ordem, classe, ramo ou filo, sub-reino e reino.

Para o nosso estudo, o cão doméstico, é assim classificado:

1. ESPÉCIE ....................................... Canis familiaris


2. GÊNERO ....................................... Canis
3. FAMÍLIA ....................................... Canidae
4. ORDEM ........................................ Carnívoro
5. CLASSE ........................................ Mamalia
6. FILO ............................................. Chordata
7. SUB-REINO .................................. Metazoa
8. REINO. ......................................... Animal

A espécie é o conjunto dos indivíduos semelhantes entre si e descen-


dentes um dos outros, e que em condições naturais cruzam-se entre si e rara-
mente com outra espécie próxima;
A espécie é a única categoria que possui nomenclatura binomial, ou
seja, é designada por dois nomes: o nome do gênero iniciando com letra mai-
úscula, seguido do nome específico com letra minúscula; assim quando se
referir ao nome científico do cão, não se diz apenas canis, mas sim Canis fa-
miliaris;
O gênero é o conjunto de espécie, exemplo: o cão doméstico (Canis
familiaris), o lobo (Canis lúpus), o chacal (Canis aureus), pertencem ao gê-
nero Canis .
A família é formada pelo conjunto de gêneros, assim Canis, formam a
família Canidae;
A ordem é constituída pelo conjunto das famílias, por exemplo: as
famílias - Felidae, Canidae, Ursidae, formam a ordem carnívora;
A classe é composta das ordens, assim os carnívoros, edentada, ungu-
lata, primatas, cetáceos..., formam a classe Mamalia;
O filo ou ramo, é formado pelo conjunto de classe, assim, os Pisces,
os Mamalias, as Aves, os Reptilias ...., formam o Filo Chordata;
O sub-reino, é formado pelo conjunto dos ramos, assim os Chordatas,
os Moluscos, os vermes..., formam o sub-reino Metazoa (pluricelulares);
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O reino, é formado pelo conjunto dos sub-reinos: Metazoa (pluricelu-
lares) e Protazoa (unicelulares).

Como já foi colocado o nome científico de qualquer ser vivo é dado de


acordo com um método padrão: primeiro, o nome do gênero, começando por
uma letra maiúscula, e em seguida a espécie, sempre em minúsculas. Os no-
mes científicos usualmente são derivados do latim ou grego, ou ainda "latini-
zações" de nomes próprios. O uso desse tipo de nomenclatura é muito impor-
tante para a comunicação científica: torna possível referir-se a um ser vivo
sem problemas de traduções ou ambigüidades. Você pode não saber o que é
um volk, susi, warg ou wolf, mas qualquer zoólogo, não importa se na Pata-
gônia ou na Sibéria, sabe o que é um Canis lúpus!
Esse é o nome científico do lobo, Canis lúpus. Isso significa que o lobo
pertence ao gênero Canis, que abarca também os coiotes, chacais e o cão sel-
vagem africano, e à espécie lúpus, que é ligeiramente distinta dos coiotes,
chacais e do cão selvagem africano.
Porém, no caso do cão existem muitas divergência quanto a sua ori-
gem, e conseqüentemente diferentes opiniões quanto ao seu nome cientí-
fico. Com relação a isto Breno Pannia Espósito, na página da internet,
http://home.wolfstar.com/~infolobo/Cao.html, coloca que:

"Até há relativamente pouco tempo, o cão doméstico era designa-


do pelo nome científico Canis familiaris, indicando que ele per-
tencia ao mesmo gênero do lobo, chacal, coiote e cão selvagem a-
fricano, porém com algumas diferenças específicas que seriam su-
ficientes para classificá-lo como outra espécie, separada de qual-
quer uma das outras. Como veremos no ponto seguinte, muita coi-
sa mudou aqui!"
"Além da espécie, um terceiro termo pode entrar ainda na compo-
sição do nome científico do animal, que é o da subespécie, ou ra-
ça, ou variedade, e que quando existe aparece logo em seguida ao
da espécie, também em minúsculas. Normalmente, a subespécie
discrimina populações da mesma espécie com pequeníssimas sin-
gularidades causadas, por exemplo, pelo isolamento geográfico. E
é à ciência da taxonomia que compete classificar os seres vivos de
acordo com Reino, Filo, Classe, Ordem, Família, Gênero e Espé-
cie."
"Em 1993, a Sociedade Americana de Mamalogistas e o Smithso-
nian Institute publicaram o manual: Espcies de mamíferos do
Mundo: Uma referência taxonômica e geográfica (em inglês),
editado por D.E. Wilson e D.A.M. Reeder. Nessa obra, conviu-se
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que o nosso cão doméstico deveria ser designado como Canis lú-
pus familiaris, ao invés do anterior Canis familiaris, confirmando
portanto o consenso da comunidade científica que o cão é de fato
exatamente da mesma espécie que o lobo, o que é a mesma coisa
que dizer que o cão é uma "raça" (ou uma variedade, ou uma sub-
espécie) de lobo, como por exemplo o lobo ártico, Canis lúpus
arctos, que é uma outra variedade de lobo. "
"Qualquer uma das mais de 400 raças de cães tem, no máximo,
0,2% de diferença genética com um lobo. Ou seja, o Poodle ou o
Pequinês são, na realidade, um lobo! Logicamente, um lobo que
foi incrivelmente alterado em aparência e comportamento através
de gerações e gerações de seleção artificial. Mas geneticamente
um lobo, afinal!"
"Cães e lobos podem cruzar entre si, gerando descendência fértil
(os famosos "cães-lobo"). A definição clássica de "espécie" é jus-
tamente o conjunto de indivíduos que são capazes de reproduzir-
se entre si. Cavalos e burros não são da mesma espécie, o que sig-
nifica que o produto do seu cruzamento, a mula, tenha baixíssima
fertilidade (aliás, desde os romanos o dito Cum mula peperit,
"Quando a mula parir", é usado para acontecimentos imprová-
veis)."
"Um dos procedimentos que os esquimós empregam algumas ve-
zes para "melhorar o sangue" dos seus cães de trenó é justamente
deixar as fêmeas no cio numa floresta, à espera de que ela seja co-
berta por um lobo. Algumas vezes, entretanto, ela pode ser devo-
rada sem maiores delongas..."
"Na verdade, todos os membros do gênero Canis (lobos, coiotes,
chacais e o cão selvagem africano) podem cruzar entre si, em ca-
tiveiro, gerando descendência fértil. Portanto, se poderia pergun-
tar, "Então, todos eles são da mesma espécie?". A resposta, entre-
tanto, é não. Eu perguntei isso ao corpo técnico do National Mu-
seum of Natural History, e a resposta que me deram era mais ou
menos a seguinte: "Embora animais silvestres possam cruzar entre
si em cativeiro, isso não implica que o façam na natureza. Portan-
to, não se aceitam registros de intercruzamento em cativeiro para
estabelecer a "sinonimização" das espécies. Ou seja, o conceito
de "espécie" leva em conta apenas àqueles cruzamentos que ocor-
rem na natureza, devidamente comprovados, e não em cativeiro."
"As semelhanças entre cães e lobos são tantas, que um cruzamen-
to entre ambos produzirá um animal que pode parecer-se com o
cão, o lobo, ou qualquer coisa intermediária, e apenas observando
é difícil, senão impossível, saber qual a porcentagem de cada no
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filhote. Todas as vacinas que são usadas em lobos podem ser usa-
das em cães e vice-versa, por exemplo."
"Portanto, se você tem algum cão, parabéns! Saiba-se desde já
parte de uma alcatéia doméstica!"
Sendo assim, em virtude de existirem diferentes teorias, e uma grande
quantidade de informações, muitas vezes contraditórias, o cinotécnico deve
conhecer todas elas, principalmente as mais importantes e saber identificá-
las.
Segundo Espósito, Naturalmente, há algumas diferenças entre os cães e
os lobos, e embora a aparência seja a mais chamativa, porém não é a mais
importante. As distinções que vamos discutir servem na verdade para compa-
rar qualquer animal doméstico com o seu antepassado selvagem.
Em primeiro lugar, os cães apresentam neotenia, isto é, a permanência
de características juvenis nos animais adultos. Isto quer dizer que, nos filho-
tes de todos os animais, e nos bebês humanos, as proporções entre os mem-
bros do corpo são muito diferentes das dos adultos. Por exemplo, animais jo-
vens tipicamente têm cabeças, patas e orelhas “grandes demais” para os seus
corpos, mas essa relação vai diminuindo conforme vão atingindo a maturida-
de. (Portanto, se você é um adolescente traumatizado com o tamanho desco-
munal das suas orelhas, braços, mãos ou pés, não se preocupe, que isso vai
passar!) Focinhos, por outro lado, são pequenos em relação ao resto do crânio
nos animais jovens e maiores nos adultos. Pois bem, quando esse ajuste natu-
ral não acontece, ou não acontece totalmente, temos a chamada neotenia: a-
nimais adultos que ainda apresentam pelo menos algumas proporções típicas
de filhotes.
Quando se diz que um cão apresenta neotenia, isso significa que, quan-
do comparamos um cão adulto com um lobo, as proporções corporais do cão
estão mais para o filhote de lobo do que para o lobo adulto. Seu esqueleto es-
tá, em certo sentido, “acriançado”. Além das diferenças físicas, os comporta-
mentos são distintos: os filhotes de lobo podem ser amansados até uma de-
terminada idade (antes de que atinjam a maturidade sexual, aos 22 meses), e
durante esse período de tempo estão abertos para interações sociais, ou seja,
têm aberta a "janela de socialização". Depois disso, já são mais agressivos.
Cães, porém, são consistentemente mais amigáveis. Aliás, é precisamente por
isso que eles são domésticos: a última coisa que qualquer dono desejaria seria
um animal que, de repente, não fosse mais tão dócil e amigável. Animais do-
mésticos foram precisamente selecionados para viverem junto com o homem,
de acordo com as regras humanas.
Finalmente, o padrão de reprodução dos cães é também diferente. Os
lobos, e todos os canídeos selvagens, acasalam-se geralmente no inverno e,
após uma gestação de aproximadamente 63 dias, têm sua única prole do ano.
Acredita-se que na natureza, o cio das fêmeas seja regulado pelo fotoperíodo,
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ou seja, pela duração do dia. No inverno, os dias são mais curtos (o período
de claridade é menor), e essa diferença, aliada a outros possíveis fatores, seria
o “sinal” para o organismo da fêmea de que chegou o período de acasalamen-
to. As cadelas, ao contrário, podem entrar no cio até duas vezes ao ano, e
normalmente esse ciclo não apresenta influências ambientais. A domestica-
ção altera o mecanismo hormonal nativo dos animais.
É por isso que se insiste muito em que um animal doméstico não é a
mesma coisa que um animal amansado. Embora ambos possam ser simpáti-
cos e amigáveis, o primeiro é física, psicológica e biologicamente distinto do
segundo.

IV - UTILIZAÇÃO DO CÃO PARA MISSÕES EM TEMPO


DE GUERRA E PAZ

Há muito tempo e em quase todos os lugares do mundo, foram confia-


das aos cães as mais diversas tarefas, algumas delas pouco pacíficas. São re-
latados casos de cães-de-guerra entre os egípcios, os sumérios e nos exércitos
de Ciro e Alexandre Magno. Os romanos utilizavam de cães, em suas legi-
ões, cobertos de couro e portando fogo em recipientes de bronze, para incen-
diar acampamentos inimigos. Estes também portavam colares com pontas de
ferro e lancetas para ferir e lacerar cavalos e homens.
No século XIV, cães eram forçados a engolir tubos de metal que conti-
nham mensagens e informações, pois só os animais tinham livre trânsito, en-
tre fronteiras. Ao chegarem em seus destinos, eram sacrificados, e assim re-
cuperava-se a mensagem. No século XVI, na guerra franco-britânica, Henri-
que VIII utilizou-se de mais de 500 cães contra Carlos V da França. Os con-
quistadores também usaram cães no aniquilamento dos impérios inca e aste-
ca. Os índios dos Estados Unidos da América (EUA) aproveitavam seus cães
como sentinelas em seus acampamentos, na captura de invasores e como fon-
te alimentar.
No final do século XIX, os alemães utilizaram cães de grande porte
como agentes de ligação ou sentinelas. A Alemanha entrou na guerra em
1914, com aproximadamente 6.000 cães treinados, em clara vantagem contra
os cerca de 250 cães sanitários do exército francês que, em virtude da evolu-
ção do conflito para a guerra de trincheiras, foram desativados e posterior-
mente utilizados para com seu faro apurado, detectar a presença de gases tó-
xicos e outros engenhos químicos.
Com a experiência na utilização dos "pioneiros" cães transportadores
de mensagens, teve início o uso de cães de ligação que, além de transportar
53
uma mensagem na sua coleira, ainda transportavam um pombo correio em
um colete destinado à resposta da mensagem. Outra função bastante desem-
penhada pelos cães durante a 1ª Guerra foi a de transportador de víveres e
munições. Esses cães foram bastante utilizados no pós-guerra na reconstrução
das cidades e na reabilitação dos mutilados no conflito. Também está regis-
trado o emprego de cães na vigilância de campos de prisioneiros e no rastro
de foragidos.
No deflagrar da 2ª Grande Guerra, outra vez os cães foram utilizados. princi-
palmente na prevenção de sabotagens e para economia dos efetivos em fun-
ções de guardas e sentinelas. No dia 15 maio 1941, quando se discutia uma
lei de emergência, para autorizar o sacrifício de todos os animais domésticos,
inclusive os cães, para atenuar a crescente escasses de alimentos produzida
pelo bloqueio dos submarinos alemães. Foi nesse teatro de guerra que o cão
pastor aparece pela primeira vez como elemento ativo e perfeitamente coor-
denado, causando pânico nas linhas de defesa britânicas. Os alemães utiliza-
ram cerca de 30.000 cães de guerra, que dissolveram 18 centros de resistên-
cia, fazendo uma ocupação fantástica, no que culminou com a prisão de 1830
soldados ingleses e gregos. Deve-se ressaltar, nessa fase, o emprego por par-
te da antiga União Soviética de cerca de 40.000 cães "suicidas", armados com
bombas e usados para conter o avanço da divisão Panzer alemã. Em agosto
do mesmo ano, quando os alemães preparavam um grande ataque à Moscou,
as autoridades moscovitas enfrentaram então um grave problema: o de prepa-
rar com urgência um sistema de defesa e ataque contra os blindados alemães.
Foi então que o Capitão Smirnoff sugeriu a idéia do emprego de cães, criando
uma novidade no adestramento para a guerra. Um adestramento de emergên-
cia foi preparado para cães de salvamento e para " vira-latas", que consistia
em condicionar os animais a receberem alimentação em baixo de veículos
blindados semelhantes aos dos alemães. Na madrugada de 09 de outubro de
1941, com uma temperatura de 20º abaixo de zero, foi ordenado o emprego
de todas as unidades caninas em todas as rotas e em todos os pontos de parti-
da considerado ideais para o avanço das tropas russas. A alimentação dos
cães fora cortada anteriormente e os soldados russos permaneceram imóveis
com seus cães famintos nas trincheiras especialmente preparadas para permi-
tir a passagem das força mecanizadas alemãs. Cerca de 3000 tanques atraves-
saram as defesas Soviéticas, deixando atrás de si, núcleos Soviéticos de resis-
tência providos de cães perfeitamente organizados. Estes animais, ao pressá-
gio do ataque inimigo tinham ficado sem comer por dois dias e foram adapta-
dos ao dorso dos cães, cargas explosivas acionadas por uma antena magnéti-
ca. Posteriormente foi dada a ordem para que os cães fossem soltos, partindo
velozmente em direção aos comboios alemães destruindo-os com muita efici-
ência. De acordo com um comunicado posterior, foram destruídos 1500 tan-
ques e mais de 1200 veículos motorizados alemães. Moscou, Leningrado, Ki-
53
ev, eram algumas das cidades tidas como referência para treinamento de cães
de guerra. Durante o período da guerra fria, os russos davam tamanha impor-
tância ao cão de guerra e seus cães tinham um regime alimentar superior aos
do povo.
Na década de 70, os cães também foram bastante utilizados no Oriente
Médio; o exército israelense formou diversas unidades de treinamento para
cães de guerra. Com o advento da Guerra da Coréia, pela primeira vez foram
utilizados cães treinados de forma homogênea e com destinação definida, os
“cães patrulheiros”. Dados estatísticos do K-9 Unity creditam aos cães em-
pregados nesse conflito uma diminuição em cerca de 60% nas baixas de
combatentes norte-americanos nas missões de patrulhas.
Após o término da guerra da Coréia e a observação do emprego de cães
pelo exército dos EUA durante o conflito do Vietnã, o Exército Brasileiro vi-
abiliza a utilização de Cães-de- Guerra; por meio da portaria nº 318-GB, de
12 de outubro de 1967, que aprovava e mandava pôr em execução o Manual
C42-30 Adestramento e Emprego de Cães-de-Guerra e da portaria nº 932, de
24 de junho de 1970, que autorizava o emprego de Cães-de-Guerra nas orga-
nizações militares de Polícia do Exército, no Curso de Operações na Selva e
Ações de Comando e na Brigada de Infantaria Pára-quedista.
Já nos tempos de paz, o cão é empregado principalmente em missões
policiais, em ações de salvamento, busca e salvamento de pessoas desapare-
cidas e ou fugitivas, no combate ao narcotráfico e em competições desporti-
vas, na segurança de pontos e áreas sensíveis, desfiles cívico-militares, escol-
ta e guarda de presos, operações de controle de distúrbios e de garantia da lei
e da ordem, revista de instalações e patrulhamento de área e revista de pesso-
as.

V - DAS CLASSIFICAÇÕES CANINAS

As primeiras enumerações de raças, remontam a Aristóteles, no mundo


greco-romano, que classificava os cães de acordo com sua conformação física
(grandes e pequenos).
Em 1576, Caio escreve o Trattato Delle Razze Canine (Tratado de raça
canina).
Uma outra classificação, surge no ano de 1755, feita por Buffon, que
ordena 30 raças segundo a forma e o porte das orelhas: eretas, semi-eretas e
tombadas.
Sessenta anos depois (1815) , Cuvier (criador da anatomia comparada)
estabelecia uma classificação baseada na conformação do cérebro.
53
Um inglês, chamado Hugh Dalziel, um cinólogo menos ligado a ana-
tomia e mais prático, simplificava a classificação canina como: de caça, de u-
tilidade e caseiro.
Na metade do século XIX, Pierre Mégnin, classificou os cães em 04
(quatro) tipos: Lupo, braco, molosso e lebreiro.
A partir de 1952, os cinólogos se inspiraram ao sistema de Még-
nin, adaptando-o às condições atuais dividindo-o em 06 (seis) tipos:

1. MOLOSSÓIDES (cães do tipo molosso)


2. LUPÓIDES (cães do tipo lobo)
3. LEBREIRÓIDES (cães do tipo lebreiro ou galgo)
4. BRACÓIDES (cães do tipo braco)
5. VULPINÓIDES (cães do tipo vulpino)
6. BASSETÓIDES (cães do tipo bassê)

VII - CRIAÇÃO

Criação é o ramo da Cinofilia em que, através do processo de seleção


dos reprodutores, podemos aprimorar os nossos grupos caninos, produzindo
novos valores e novos exemplares, para engrandecimento e popularização da
nossa cinofilia.

1. Escolha dos Reprodutores.

Na escolha dos reprodutores, existem quatro pontos importantes que


devem merecer especial atenção, que são:
- qualidade dos genitores;
- estado de saúde;
- idade;
- consangüinidade ou grau de parentesco.

A qualidade dos genitores é importante quando se trata de reprodução


de animais “selecionados”, os “pedigrees” nos orientam, pois neles devem
constar o visto do permitido da comissão de criação da entidade em que esti-
ver registrado.
Quanto a idade, o cão só poderá reproduzir, quando atingir 02 (dois)
anos de idade, sendo macho, 20 (vinte) meses ou quando tiver o terceiro cio,
53
para as fêmeas. Antes desse limite de idade, o cão não tem capacidade de
transmitir suas boas características, podendo inclusive nascer filhotes com de-
feitos congênitos.
A consangüinidade se caracteriza pelo acasalamento de cães, com
grau de parentesco, ou seja: irmão com irmã, pai com filha. A consangüini-
dade se verifica dentro da árvore genealógica até os bisavós, podendo, dentro
de análises técnicas e com intenção de reforçar determinada característica, ser
aplicada em determinados casos. O criador é sempre o dono da fêmea repro-
dutora, que deverá ter canil aberto, e registrado, se for Pastor Alemão, na
SBCPA, e, nas demais raças, no Kennel Club, ou outros órgãos especializa-
dos da raça.

2. Pedigree - CRO (Certificado de Registro de Origem).

O pedigree é a certidão de nascimento de um cão. Nele estão inseridos


dados sobre a genealogia, sobre os irmãos, sobre as características individu-
ais, inclusive as ocorridas no decorrer da vida do cão, e informações com-
plementares referentes ao criador, às provas disputadas, às transferências, etc.
No caso dos Pastores Alemães, o caminho a ser percorrido para a ob-
tenção do pedigree é o seguinte:
- Cobertura entre macho e fêmea com pedigree, sendo que ambos devem ter o
“permitido” para o acasalamento ou serem “selecionados”;
- Comunicar o acasalamento através de formulário próprio;
- Verificação da ninhada após 45 (quarenta e cinco) dias do nascimento e
tatuagem dos filhotes. Verifica-se dentição, testículos e pigmentação.

VIII - STANDARDS

Como já foi dito anteriormente, há mais de um século o homem ocupa-


se em selecionar as raças caninas toda raça tem em seu país de origem uma
associação que se preocupa com sua defesa e propagação, estabelecendo o
seu standard.
STANDARD é, portanto, a descrição minuciosa do cão; é o retrato pa-
drão da raça a qual se refere. O que se leva em consideração no standard, são
aspectos como: características gerais (conjunto de aptidões), altura, peso,
conformação anatômica (cabeça, olhos, orelhas, membros, tronco, cauda...),
pelagem , defeitos anatômicos, defeitos que implicam desqualificação etc..

53
1. Aspectos a se considerar num Standard.

1. MEDIDAS - Muito importante no julgamento de um cão, pois não


está em jogo apenas os seus valores, mas sim a harmonia do conjunto ou con-
formação do animal.
Dessa forma, temos como medidas usuais:
a) altura;
b) comprimento do corpo;
c) perímetro torácico;
d) comprimento do crânio;
Damos a seguir, as diversas medidas e as maneiras de obtê-las:

A) Altura - Caracteriza o conjunto das dimensões do cão; se o mesmo


é de porte médio, grande, pequeno ou diminuto. A medição é feita do solo
(almofadas plantares) até à cernelha. De acordo com a sua altura, os cães se
dividem em: hipermétricos (altos), eumétricos (médios) e elipométricos (bai-
xos).

B) Comprimento do corpo - Quanto ao comprimento do corpo, os


cães podem ser divididos em;
- Longilíneos: Quando possuem o corpo comprido; são em geral mais
finos e com o focinho mais comprido, como nos galgos;
- Brevilíneos: Possuem corpo curto e em geral são fortes, atarracados
e com cabeça ossuda e grande, como nos buldogs;
- Mediolíneos: Cães do tipo, intermediário entre os dois tipos anterio-
res.

C) Perímetro toráxico - é a medida obtida com uma fita métrica que


contorna o tórax, passando pelo esterno e pouco atrás da cernelha.

D) Comprimento do crânio - é a distância entre a parte posterior do


crânio (occipital) e os incisivos superiores. Divide-se em:
- Dolicocéfalo: próprio das raças de focinho comprido, (Collie, Afhan
hound, doberman);
- Braquicéfalo: próprio das raças com focinho curto e achatado (Bull-
dog, pequenês);
- Mesaticéfalo: próprio dos cães com comprimento intermediário às
duas divisões anteriores (Pastor alemão),

2. PELAGEM - A pelagem é uma característica importante, podendo


ser curto (chamado liso) ou longo. Os aspectos da pelagem podem ser:
53
Pêlo:
- Ausência de pêlo (alopecia) - pele nua e muito pigmentada;
- Pêlo curto - mais ou menos espessos (Braco, boxer, ...);
- Pêlo longo - pode ter comprimento e forma:
Reto - (vulpinos, Pastor Alemão, Collie,...);
Cortina - (Spaniel, Maltês, Setter, ...);
Arame - (Schnauzer, alguns Terriers ...);
Lanoso - (Poodle, Cães d’água, ...);

Cores - Podem ser agrupadas em 10 tipos:


- Totalmente negro; negro com manchas brancas os pés e peito;
- Negro-fogo - em todas as raças caninas as extensões avermelhadas
são sempre dispostas da mesma maneira, variando apenas no tamanho
e na intensidade do vermelho. Essa disposição é a seguinte: em volta
dos olhos e do focinho, sobre os olhos, nas pernas, no peito, no ventre
e sobre a cauda; o negro - fogo pode ter manchas brancas no focinho,
peito e pés.
- Azul, cinza, cinza escuro, totalmente amarelado, ou com manchas
brancas no peito e pés;
- Completamente branco, ou com manchas mais ou menos grandes;
- Fulvo (da cor palha ao castanho) , freqüentemente com máscara ne-
gra, podendo também ter manchas brancas;
- Vermelho com várias gradações - do laranja pálido ao mogno inten-
so do Setter Irlandês, com ou sem manchas brancas;
- Ruão, ou seja, um fundo branco pontilhado, uniforme e intimamente
de marrom ou negro, com ou sem manchas marrons e negras;
- Marrom mais ou menos intenso, com ou sem branco;
- Tigrado, ou seja, estrias negras mais ou menos clara sobre um fundo
fulvo ou cinza, ou estrias fulvas sobre um fundo negro (Buldog
Inglês ...);
- Cinza - lobo com pêlos claros na base e negro nas extremidades.

3. MORDEDURA - A disposição dos dentes pode ser de vários tipos,


dependendo da posição dos incisivos superiores com relação aos inferiores.
- Em tesoura - considerada mordedura normal, onde os incisivos su-
periores deslizam sobre os inferiores, tocando-lhes a parte dianteira
com sua parte superior;
- Em torquês - a extremidade inferior dos incisivos superiores coinci-
de com a extremidade superior dos incisivos inferiores;
- Mordedura prognata inferior - os incisivos inferiores são mais a-
vançados em relação aos superiores;
53
- Mordedura prognata superior - os incisivos superiores são mais
avançados em relação aos inferiores.

4. OLHOS E ORELHAS - nas diferentes raças, os olhos variam em


forma e cor:
- Cor: - Vermelhos (Chihuahua albino);
- Quase negros (Schnauzer gigante);
- Castanhos com variadas intensidades (Quase
todas as raças);
- Amarelos (Pudelpointer);
- Âmbar (Weimaraner e alguns molossos)
- Forma: - Salientes (Pequinês);
- Afundados (São Bernardo);
- Amendoados (Collie) ;
- Arredondados (Molossos)

- Orelhas: são de formas variadas, dividem-se em:


- Eretas (Pastor Alemão);
- Tombadas (Cocker);
- Sem - eretas (Fox Terrier).

Podem ser também amputadas, sendo justificada, por razões históricas


(tradição da raça, higiênicas, estéticas e utilitárias) .

5. TRONCO, MEMBROS, CAUDA:

- Tronco - parte a que se ligam o pescoço e as pernas podendo ser:


longo, médio ou curto ;

- Membros - podem ser: - Regulares: bem perpendiculares;


- Irregulares (Buldog);
- O posterior pode
ser reto (Chow Chow), anguloso (Galgo),
ou muito anguloso (Pastor Alemão).

- Cauda - pode ser: - Íntegra, mais ou


menos amputada e amputada;
Sua forma pode variar: sobre o dorso (vulpinos) ; cimitarra curva (Col-
lie).

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6. NACIONALIDADE, USO, HISTÓRIA:

- Nacionalidade: é o país de origem, ou aquele que adotou a raça. Ex.:


O Pequinês vem da China mas foi adotada pela Inglaterra;
- Uso: Embora se diga que todos os cães e todas as raças sejam simul-
taneamente de caça, guarda e companhia; há as variantes físicas e psicológi-
cas que tornam cada uma delas particularmente adequada a certo uso; para o
qual foram selecionadas em função dessas variantes.
- História: Na história de cada raça estão inseridas principalmente a o-
rigem da raça ou de como foi feito a seleção da mesma.

Um dos maiores cinólogos do mundo, o belga Charles Huge, após 60


anos de estudos, escreveu que o melhor standard é um bom desenho. É, en-
tretanto, o que poderíamos acrescentar como sendo uma boa foto a cores .

IX - TERMINOLOGIAS TÉCNICAS

É chegado o momento de esclarecer o significado de algumas expres-


sões cinotécnicas que serão ditas pelos futuros cinotécnicos com certa fre-
qüência. Alguns destes conceitos estão também relacionados nos diversos
standards.
- ALTURA: é a medida da cernelha , ou seja, traça-se uma linha perpendicu-
lar da cernelha ao solo. Com freqüência determina os limites duma deter-
minada raça;
- ANDADURA: toda raça tem sua própria andadura, relacionada com o es-
queleto e a musculatura (a passo, trote, galope, marcha) ;
- APRUMO: direção (em linha reta ou não) das pernas dianteiras ou traseiras
(membros anteriores e posteriores);
- BARBELA: pele abundante sob o pescoço. É requerido em algumas raças
(mastins), em outras é um defeito (galgos);
- CANA NASAL: parte da cabeça que vai do stop à ponta do nariz propria-
mente dito. Nos galgos e lupóides a cana nasal é longa, nos molossóides
mais ou menos curta;
- CARACTERÍSTICAS GERAIS: é o conjunto de aptidões dentro de uma
determinada raça;
- CAUDA: apêndice traseiro do corpo do cão, com formas bastante variadas
e próprias de cada raça. Tem a função de proteger o aparelho genital e o â-
nus. Manifesta também às condições psicológicas do cão (alegria, medo, a-
gressividade). A caudotomia também é praticada em determinadas raças
53
para efeitos estéticos, muito embora, em alguns países essa prática é proibi-
da;
- CERNELHA: ponto de encontro entre as omoplatas (escápulas) e a base do
pescoço. É o local onde é feita a medição da altura dos cães;
- CRÂNIO: vai do pescoço ao ângulo formado pelo stop. Pode ser largo nos
molossóides , médio nos lupóides e estreito nos lebreiróides;
- DENTADURA: o filhote nasce desprovido de dentes; por volta da 3ª sema-
na despontam os incisivos e caninos superiores, na 4ª os inferiores, no 1º
mês os pré-molares e molares. A dentição primária (dentes de leite) se com-
pleta até o início do 4º mês com 30 dentes. A dentição permanente inicia-se
no final do 4º mês de vida, podendo variar do 5º mês em diante, que quando
completada terá um total de 42 dentes. A fórmula dentária dum cão adulto é
a seguinte: 2 (I 3/3 C 1/1 P 4/4 M 2/3) = 42 ;
- DORSO: vai da cernelha à garupa e conforme a raça pode ser reto, selado
ou carpado;
- ERGOTS: unha dos membros posteriores, semelhante à espora do ga-
lo, também chamada de dedo de lobo, podendo ser simples ou dupla;
- FOCINHO: osso que liga o stop ao nariz;
- GARUPA: parte do dorso que vai da bacia à raiz da cauda;
- JARRETE: parte que corresponde, nos membros posteriores, à articulação
da tíbia com o tarso;
- LÁBIOS: é composta por mucosa que contorna a boca do cão, variam con-
forme a raça;
- MANCINO: cão com os pés posteriores (somente os pés) voltada para fora,
ou seja, são divergentes. Geralmente o mancinismo é um defeito, mas por
vezes solicitado em alguns cães, como por exemplo no buldogue;
- TRUFA OU MÁSCARA: pigmentação mais ou menos acentuada que se
estende sobre o focinho, muitas vezes rodeando-o;
- NARIZ: ponta do focinho, geralmente negra, podendo ser marrom;
- OUVIDO: órgão da audição. Constituído em grande parte por uma cartila-
gem em forma de concha que varia de indivíduo para indivíduo: curta, lon-
ga, ereta, tombada pequena, grande .... Dependendo da raça, até por questão
de estética pode ser amputada (conchectomia);
- PEDIGREE: Genealogia registrada em livros de origem; também cha-
mado de CRO (Certificado de Registro de Origem);
- PÉS: podem ser de várias formas: tipo gato (recolhido e compacto), lebre
(oval e alongado, aberto (com dedos abertos). São evidentemente em nº de
04, sendo os anteriores providos de 05 dedos e os posteriores de 04 dedos ;
- PESCOÇO: vai da cernelha ao crânio, podendo ser curto (molossóides),
médio (lupóides) e longo (lebreiróides);
- POSTERIOR: é aparte traseira, incluindo os membros; pode ser reto
(chow-chow), anguloso (lebreiros), muito anguloso (pastor alemão). São de-
53
feitos do posterior: jarrete de vaca (são os jarretes voltados para dentro) e as
pernas em 0 (arqueadas, com jarretes voltados para fora);
- QUADRADO / RETÂNGULO: é a construção corpórea, da cernelha à ga-
rupa.
- QUALIFICAÇÃO: definição dada pelo juiz em mostras e provas para sin-
tetizar o valor do cão que está sendo submetido à avaliação (bom, muito
bom, excelente).
- Bom: cão que se enquadra no tipo da raça, embora tenha desfeitos;
- Muito bom: é o cão verdadeiramente típico e com defeitos que não
são graves;
- Excelente: cão propriamente típico e com muitas qualidades. Esse
pode, portanto, receber CAC (certificado de aptidão ao campeonato),
ou CACIB (certificado de aptidão ao campeonato internacional de
beleza) ou ainda CACIT (certificado de aptidão ao campeonato in-
ternacional de trabalho em prova),
- RAÇA: grupo canino diferenciado, com características comuns e hereditá-
rias, inclusive as psicológicas;
- RAIZ DA CAUDA: também chamada de inserção da cauda, é o lugar da
garupa onde se insere a mesma;
- STOP: (depressão naso - frontal), é o ângulo formado pelo fim da fronte e o
inicio da cana nasal;
- TÓRAX: pode ser alto (não chegando até o cotovelo), baixo (até o cotove-
lo), muito baixo (além do cotovelo);
- TRABALHO: cães das mais variadas raças, entre os quais algumas de
guarda, de defesa, de utilidade, pastoreio, alguns terriers, sabujos, cães de
caça etc. E são submetidos à provas de trabalho para obter o título de cam-
peão.

X - OS SENTIDOS DO CÃO

É muito difícil para uma pessoa, compreender como o seu cão percebe
o mundo. No corpo humano grande parte das informações sensitivas que re-
colhemos são visuais, portanto torna-se difícil imaginar um universo domina-
do pelos cheiros. Sem o objetivo de detalhar as capacidades sensoriais da es-
pécie canina, mas sim oferecer algumas informações, para elucidar como os
cães percebem o mundo a sua volta, vamos analisar cada um dos sentidos ca-
ninos.

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Os sentidos dos cães são bem desenvolvidos e dotados de órgãos re-
ceptores, cuja função é perceber os estímulos externos e transmiti-los ao cé-
rebro para a ação apropriada.
Entenda melhor o comportamento dos cães, conhecendo os seus senti-
dos.

Vejamos os sentidos:

- visão: Podemos afirmar que o cão não tem uma boa visão, independente das
variações da acuidade visual de raça para raça. O cão distingue cores, ao
contrário da lenda que se criou de que sua visão seria em preto e branco, a
verdade é que sua capacidade de diferenciar os matizes das cores é muito
menor do que a do homem. Ele tem no fundo do olho um membrana cha-
mada retina que apresenta dois tipos de foto-receptores, os cones e os basto-
netes Os bastonetes transmitem as sensações de claridade e os cones, além
dessas sensações, também transmitem as cores, assim os cães enxergam to-
das as cores no espectro entre violeta e vermelho, mas sem diferenciar sua
tonalidades, ou seja, as enxergam num só tom. Em alguns aspectos o cão
leva vantagem sobre o homem, seu campo de visão é mais largo, em virtude
da posição dos olhos tenderem para os lados da cabeça, fazendo com que e-
les fiquem mais bem inteirados do que ocorre a sua volta, além de enxerga-
rem melhor que o homem em ambientes com pouca luz. Os cães apresentam
uma melhor visão diurna, porém após quarenta minutos de permanência em
ambiente escuro, a sensibilidade da retina aumenta, permitindo também uma
boa visão noturna. A visão não é um sentido primordial para o cão, mas sim
secundário, os estudos até agora efetuados não avançaram muito no conhe-
cimento da visão na espécie canina, ainda não se pode saber exatamente
como os cães vêem o mundo que os rodeia. Todo o cão tem que aprender a
utilizar seus olhos. Em primeiro lugar, tem que aprender o aspecto de sua
mãe, de seu dono e associar certos fatos com aparência. Se for mordido por
um cão preto, é possível que venha a ter medo de todos os cães pretos que
ele vê. Se uma pessoa de chapéu lhe pisa nas patas, pode sentir medo de
qualquer pessoa que use chapéu, até que aprenda que nem todas lhe pisam.
Se toca um pedaço de carvão quente, cor vermelho vivo, e se queima, rejei-
tará todo objeto de cor semelhante por algum tempo. Deste modo, podemos
observar que o cão associa muitos agrados e desagrados por meio de sentido
da visão, o que estará sempre presente no adestramento.

- Audição: Ao contrário da visão, a audição do cão é muito desenvolvida, fa-


zendo com que ele perceba vibrações sonoras de altíssima freqüência, que o
ouvido humano não capta, além de ter a capacidade de diferenciar sons di-
versos, como por exemplo, identificar o ruído do automóvel do dono entre
53
outros automóveis da mesma marca e cilindrada. A audição também é de-
terminante na socialização do cão, a aptidão para reconhecer os diferentes
sons emitidos pelos seus semelhantes, marca o inicio da socialização do fi-
lhote, fazendo com que os exemplares que ouvem mal, desde a sua infância,
por causa de uma deficiência auditiva, encontrem muitas dificuldades em se
integrarem num grupo social. O cão percebe vibrações sonoras entre 10.000
a 40.000 hertz; o homem, entre 16.000 a 20.000 hertz. Assim, o cão percebe
sons que o homem é incapaz de ouvir: os infra-sons e os ultra-sons. Em re-
lação à intensidade, um homem pode perceber um som leve a quatro metros
de distância, enquanto o mesmo som é percebido pelo cão a vinte e cinco
metros, e o localiza com precisão. Daí a conveniência de recordar que o vo-
lume e o tom de voz empregados no adestramento são de suma importância
para o seu sucesso.

- Paladar: Talvez de todos os sentidos dos cães, o que menos conhecemos é


o paladar, sabemos que paladar e faro estão interligados entre si, mas o faro
prevalece sobre o paladar, basta notar que diante de um alimento o cão pri-
meiro cheira, para depois o abocanhar. O cão efetivamente não saboreia,
mas engole sem mastigar ou com poucas mastigadas. Por esta razão, o cão é
um dos animais mais fáceis de se envenenar. Se a substância tóxica não ti-
ver nenhum odor, ele poderá ingeri-la independentemente do gosto que te-
nha.

- Tato: Da sensibilidade externa dos cães, sabemos que eles respondem bem
as carícias. Sensações táteis, térmicas e dolorosas são recebidas pela pele e
pela mucosa, mas nosso conhecimento do seu sentido do tato permanece ru-
dimentar, parece que o tato do cão é muito pouco desenvolvido, pois o teci-
do das almofadas plantares não permite que colham informações muito pre-
cisas. O tato é menos importante para os cães, que qualquer dos outros sen-
tidos. Um cão sente o choque elétrico muito mais forte que o homem, pro-
vavelmente por ter um pouco mais de sal no sangue do que os seres huma-
nos. Daí nossa contra-indicação aos métodos de treinamento que utilizam
correntes elétricas.

- Olfato: Para nós o mundo é feito essencialmente de imagens, enquanto o


dos cães é um mundo de cheiros. Para o homem um objeto deixa de existir
assim que desaparece da sua visão, mas para o cão mesmo quando o objeto
já não está fisicamente ali, ele continua presente durante várias horas ou
mesmo dias, graças a seu cheiro. Entre os sentidos dos cães o mais desen-
volvido é o faro, embora existam diferenças muito grandes de raça para ra-
ça. A sensibilidade olfativa é ainda muito importante para eles, pois o faro
tem um grande papel na sua vida social. Os cães, como os seres humanos,
53
possuem atitudes e limitações intrínsecas em relação aos sensores olfativos.
Sabe-se muito bem que um cão possui a capacidade de detectar rastros de
certos odores e que sua capacidade olfativa é muito superior à do homem.
Algumas raças possuem o sentido do olfato melhor desenvolvido que outras.
A herança, a inteligência e o adestramento variam segundo cada cão. No en-
tanto, a prática contínua de exercícios, melhora não só a produção no traba-
lho, como a atitude discriminatória de sua capacidade olfativa. O mundo,
para o cão, é composto de dezenas de odores que se misturam e mudam con-
tinuamente. Mesmo assim ele é capaz de diferenciar odores que o homem
não tem condições sequer de detectar. Qualquer cão é capaz de detectar uma
gota de sangue em cinco litros de água e pode distinguir com facilidade
cheiros de indivíduos diferentes. No nariz do homem, o setor que contém
células olfativas tem uma área aproximada de quatro centímetros quadrados,
enquanto num cão Pastor Alemão esta área é de cerca de cinqüenta centíme-
tros quadrados. O número de células olfativas que o homem possui limita-se
a cerca de cinco milhões, enquanto que um Basset possui cerca de duzentos
milhões. Nada mais, nada menos que quarenta vezes mais do que o homem!
- O sexto sentido: O que permite que um cão afastando-se da sua casa, volte
para ela mesmo depois de semanas de sacrifícios físicos? Tudo seria expli-
cável se o cão apenas tivesse percorrido caminhos já conhecidos, mas o que
dizer da capacidade de voltar para casa de lugares distantes, as vezes cente-
nas de quilômetros e por caminhos desconhecidos até então. Como explicar
essas proezas que certos cães são capazes. Será que realmente existe um
sexto sentido? Poderá existir telepatia entre o cão e seu dono? Alguns fatos
parecem confirmar a existência do sexto sentido, mas esse fenômeno foge
do nosso conhecimento e ainda está envolto em muitos mistérios.

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POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA
CMDO POLICIAMENTO METROPOLITANO
BATALHÃO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS
CANIL CENTRAL

MANUAL CINOTÉCNICO

NOÇÕES DE VETERINÁRIA

AUTORES: CAPITÃO PM CLAYTON MARAFIOTI MARTINS


1º TENENTE PM CLAUDIONIR DE SOUZA
3º SARGENTO PM JOÃO CARLOS DA SILVEIRA

Ago/2003

53
IV - HIGIENE CANINA

1. Introdução:

Os cães naturalmente são limpos: eles jamais sujarão o local onde dor-
mem, salvo se estiverem doentes. Aos dois meses, o controle de fezes e urina
estão completamente desenvolvidos.
Sua adaptação ao ambiente humano e às regras da casa não é tão com-
plicada, um pouco de paciência no início e sobretudo saídas freqüentes e re-
gulares pela manhã e após as refeições são a chave do sucesso. Mas não se
esqueça: recolha as fezes que seu cão fizer em local público.
O cão não tem a menor noção da diferença entre um pano de chão e um
tapete persa. Para ensiná-lo, podemos colocar jornais no local onde ele fizer
pipi, e aos poucos ir levando o jornal para fora de casa, ele compreenderá ra-
pidamente.

2. Higiene Periódica:

O cão, devido, às suas peculiaridades não pode nem deve ser banhado
seguidamente. Usando sempre um produto neutro (sabão de coco ou xampu
especial para cães), os produtos destinados ao uso humano (mesmo para be-
bês), são bastante ácidos e podem irritar a pele do cão, podemos banhar à ca-
da 15 ou 30 dias preferindo sempre dias ensolarados que facilitarão sua seca-
gem. Diariamente sua pelagem deverá ser rasqueada para retirada dos pêlos
"mortos" os quais quando em grande quantidade, mantêm a pele úmida e di-
minuem a sua resistência às patologias. Ao rasquearmos contra o sentido do
pêlo, observamos alterações da pele (cor, presença de parasitas, falha de pêlo,
descamação excessiva,...) e em seguida fazemos o mesmo trabalho no sentido
de crescimento do pêlo.
Os banhos terapêuticos poderão ser à intervalos menores por critério
médico-veterinário.
Os ouvidos serão protegidos da entrada de água e sabão com uso de al-
godão parafinado antes do banho. O ouvido deve ser limpo semanalmente u-
sando apenas algodão hidrófilo seco.
Quando acostumamos desde filhotes, os cães permitem que sua higiene
bucal seja feita diariamente com o uso de escova dental comum, o que dimi-
nui a incidência de cálculos dentários (tártaros) aumentando a sobrevida dos
dentes e do próprio animal, sem se falar da estética.

53
V - NUTRIÇÃO CANINA

Basicamente o cão passa por 3 fases de vida: filhote-desmame, filhote-


crescimento e maturidade-manutenção

- Filhote-Desmame: ocorre por volta da quarta semana de vida, quan-


do o filhote passa a não contar com o leite materno, recusando algumas vezes
comer outros alimentos. Para diminuir o trauma da mudança na alimentação,
devido a diminuição no aleitamento, a partir da 3ª ou 4ª semana deve ser ofe-
recido alimento sólido ou papa para desmame em comedouro de fácil acesso.
Assim como na próxima fase, não devemos super alimentar o filhote, o que
poderia vir a agravar certas patologias.
- Filhote-Crescimento: Após o desmame total, quando o filhote ne-
cessita duas vezes mais energia que o cão adulto, além de maiores níveis de
proteína (27 à 30%), gordura (9%), necessita de 110 à 120 calorias/Kg peso
ao dia podendo ser suprido com quatro alimentações diárias, sendo duas sóli-
das e duas líquidas.

- Maturidade-Manutenção: Os nutrientes necessários ao cão adulto


dependerão do tipo de atividade física desenvolvidas por este. Suas exigên-
cias calóricas variam de 72 à 110 Cal/Kg peso, devendo ser alterada gradati-
vamente sua alimentação a partir dos 8 meses para 3 tomadas diárias até al-
cançar a idade adulta (16 à 18 meses), se alimentando duas vezes ao dia.

Atualmente existem rações específicas para cada fase da vida do ani-


mal além de tipos diferenciados para cada atividade física desenvolvida ou
estado de saúde pelo qual esteja passando.

NUTRIÇÃO:

Os cães apresentam uma variação muito grande de tamanhos, cores,


conformação; e isto faz com que eles tenham necessidades diferentes quanto
a alimentação, manejo, etc.
Enquanto um São bernardo ainda está fazendo traquinagens, um Chi-
huahua da mesma idade já pode estar tendo sua segunda cria. O que quere-
mos dizer é que além do tamanho que fica fácil de se notar, existem ainda di-
ferenças, quanto a maturidade e fase de vida. Para que possamos entender
melhor estes aspectos, seguem algumas informações.
53
- Tipos de Cães por Tamanho:

Classificação da raça Peso quando adulto Kg


PEQUENAS 1 a 10
MÉDIAS 11 a 25
GRANDES 26 a 45
GIGANTES 46 a 90 ou +

- Raças Pequenas, Médias e Grandes:

O alcance da escala de pesos e de tamanhos entre as diferentes raças


caninas é um dos mais amplos do reino animal. Pode-se distinguir três grupos
de cães na idade adulta: as raças pequenas com menos de 10 kg, as raças mé-
dias de 11 a 25 kg e as raças grandes e gigantes com 25 a 90 kg ou mais. Essa
amplitude conduz a diferenças morfológicas, fisiológicas, metabólicas e
comportamentais entre as diferentes raças. Assim, pode-se observar que:
- A duração média de vida é de 15 anos para as raças pequenas, 13 anos para
as médias e de 10 a 11 anos para as raças grandes.
- A amplitude e duração do crescimento: um filhote de raça pequena na ida-
de adulta terá multiplicado seu peso ao nascimento por 20 em comparação
a cerca de 50 para um filhote de raça média e 80 ou mais para outro de ra-
ça grande.
- Um cão de raça pequena se torna adulto com 8 meses de idade enquanto
que para um cão de raça grande isto ocorre entre 18 e 24 meses.
- O peso e o número de filhotes no nascimento são diferentes: uma cadela de
raça pequena irá gerar de um a três filhotes, cada um deles com peso de
5% do seu, enquanto que uma cadela de raça grande terá ninhadas de oito
a doze filhotes, cada um deles com peso aproximado de 1% ao da mãe.
- O tamanho de determinado órgãos é proporcionalmente diferente: assim,
por exemplo, o peso do tubo digestivo dos cães de raça grande é duas ve-
zes menor que o dos cães de raça pequena.
- As necessidades energéticas de um cão de 50 kg são 3,3 vezes maiores do
que as de um cão de 10 kg, e não 5 vezes. Portanto eles apresentam meta-
bolismo diferente conforme seu peso.
- O temperamento difere também com o tamanho: os cães de raças grandes
em geral são mais calmos dos que os de raças pequenas mas, diferente-
mente desses últimos, eles precisam de mais espaço vital.
- Determinadas doenças, como a displasia da anca e a torção gástrica, atin-
gem especialmente os cães de raças grandes.
53
- Essas diferenças entre raças pequenas, médias e grandes têm conseqüên-
cias maiores no que se refere à saúde, alimentação e às relações de har-
monia que devem prevalecer entre o homem e o cão.

- Fases do Cão na Alimentação: filhote, crescimento, adulto, sênior.

Nascimento: 0 – 3 semanas alimentação exclusivamente à partir do leite


materno. Importante oferecer leite materno nas primeiras 48 horas, pois é
neste período que o filhote absorve o colostro, que é um leite com anticor-
pos. Após este período desaparecem os anticorpos do leite gradativamente,
ao mesmo tempo que o filhote perde a capacidade de assimilar os mesmos.

Desmame: 3 – 8 semanas. A partir da terceira semana inicia-se uma oferta


de alimento sólido, o filhote deve então começar a troca do leite materno pe-
lo alimento sólido, que nesta fase é normalmente uma papinha.

Filhote em crescimento (desmamado): este período muda de acordo com a


raça. Raças pequenas ( 2 aos 10-12 meses), raças médias (2 aos 12-14 me-
ses), raças grandes (2 aos 18 meses), raças gigantes (2 aos 24 meses). So-
mente ao final deste período é que o animal apresenta uma completa estrutu-
ração corporal( ossos, músculos, tecidos, sentidos e aptidão reprodutiva).

Adulto: varia de acordo com a raça do cão. Este período vai do final do
crescimento até os 8 anos nas raças pequenas, 7 anos nas raças médias, 6
anos nas raças grandes e gigantes.
Sênior ou terceira idade ou idade avançada: vai do final do período de
adulto até o final da vida, que em alguns casos de registros já se estendeu
até 28 anos.
- Necessidade Energética Diária (kcal / dia).
Necessidade Energética de Manutenção NEM = 132 x PV (0,73) , onde
PV é peso vivo.

- Alimentos Industrializados: rações.

As indústrias conhecendo a história evolutiva dos carnívoros procurou,


fazer alimentos que além de serem completos, tenham um atrativo para os a-
nimais que a consomem, pois não adianta ter o melhor produto do mundo se
ele não é consumido.

53
- Conceitos:

- DIGESTIBILIDADE – significa o quanto ou o percentual do alimento inge-


rido que foi absorvido pelo animal, isto é o quanto foi aproveitado. Num e-
xemplo fácil, de cada 100g de alimento o quanto que é aproveitado. Este va-
lor vai ser expresso num percentual. Existem alimentos que apresentam qua-
se que zero de digestibilidade como as fibras, e existem alimentos com
100% de digestibilidade como a caseína do ovo. É a digestibilidade que vai
ser o ponto principal para classificação das rações, existem outros fatores
que classificam as rações, mas todos irão acabar exprimindo uma menor ou
maior digestibilidade do alimento, então não seria incorreto afirmar que a
digestibilidade é o fator que classifica as rações.

- PALATABILIDADE: significa o quão palatável é determinado alimento, o


quão saboroso ou atrativo ele pode ser, sendo normalmente expressa por:
baixa, média e alta. Normalmente é acompanhada de uma comparação com
outro alimento semelhante ou produto concorrente.

- Classificação das Rações:

As rações são classificadas de acordo com a ANFAL (Associação Nacional


dos Fabricantes de Alimentos para animais de companhia ) em:

- SUPER PREMIUM: produtos com digestibilidade superior à 84%. São


extremamente tecnificados, os únicos no mundo a apresentar um conceito de
nutrição que leva em conta o tamanho, fase de vida e idade do animal, tendo
produtos específicos para cães de raças pequenas, médias, grandes e gigan-
tes. Tem um programa nutricional que inicia com o leite artificial de cadela,
papinha para desmame e rações que acompanham os diferentes estágios da
vida dos cães.

- PREMIUM: alimentos com digestibilidade entre 80% e 84%. Estes produ-


tos já tem um apelo afetivo, tem a inclusão de sabores, porém ainda são de
alta qualidade e grande digestibilidade. Procuram apresentações mais gené-
ricas, menos específicas.

- STANDARD: são rações com digestibilidade entre 72% e 75%. Estes pro-
dutos são os que constituem o maior volume em quilogramas no mercado.
São um meio termo entre preço e qualidade.
53
- ECONÔMICA: As rações com esta classificação têm 60% ou menos de di-
gestibilidade, podendo chegar até 40%, são produtos de baixo valor nutriti-
vo e econômico; com um forte apelo ao proprietário dos animais e não à nu-
trição. Encarando a alimentação canina como se fosse igual a humana, atri-
buindo mesmos sabores e opções!

VI – SAÚDE CANINA

1. Introdução:

A saúde dos cães depende principalmente de condições básicas para a


manutenção de seu bom estado e qualidade de vida.
Se oferecermos uma alimentação completa e sadia, cuidados corporais
diários, alojamento adequado, repouso racionalmente dosado com sua ativi-
dade e toda atenção necessária, sem esquecer dos cuidados rotineiros do mé-
dico veterinário, teremos um animal feliz, saudável e com uma longa expec-
tativa de vida.

2. Sinais de Saúde:

Diariamente o animal deve ser submetido a uma inspeção criteriosa na


qual avaliaremos as condições de pêlo, pele, secreções (ocular, nasal, prepu-
cial e vaginal), desenvolvimento ao passo e ao trote, postura e atitude. Os
cães não conseguem falar o que sentem nem descrevem os sintomas, cabendo
ao condutor perceber sinais de possível doença e relatar tão logo possa ao
médico veterinário. Detalhes revelam o estado de saúde do animal, quando
verificados com regularidade. Um cão saudável tem postura ereta e atitude
pronta, sempre alerta, observando atentamente o que se passa no ambiente
que o cerca com a cabeça erguida e orelhas seguindo o som. O pêlo deve se
apresentar uniforme e sem falhas, brilhante e sem excesso de gordura e man-
tendo sua tonalidade, a pele é rosada, de aparência saudável e sem escoria-
ções, podendo apresentar leves calosidades em jarrete e cotovelos, as quais
podem vir a se inflamar eventualmente.
A secreção ocular é produzida durante a limpeza dos olhos pela lágri-
ma, não devendo se apresentar em excesso e/ou purulenta. A secreção nasal é
liquida, transparente, incolor e nunca abundante devendo apenas umidificar
as narinas. Não há secreção ótica, vaginal (exceto durante o cio) ou prepucial
perceptíveis.
53
Os movimentos ao passo e ao trote são naturais, harmoniosos e sem
claudicações. O cão sadio não é gordo, devendo a gordura existente ser sufi-
ciente para cobrir as costelas, não impedindo que sejam palpadas com facili-
dade. Normalmente evacua 2 a 3 vezes por dia, fezes firmes com coloração
constante.
Os parâmetros fisiológicos normais, para um animal de porte grande
em repouso são: temperatura retal entre 38°C e 39°C, respiração entre 8 e 16
movimentos por minuto, que devem ser suaves e sem esforço demasiado; fre-
qüência cardíaca entre 70 à 100 batidas por minuto.

3. Stress:

Soma das perturbações orgânicas e psíquicas provocadas por diversos


agentes agressores, tais como: trauma, emoções, choque cirúrgico, intoxica-
ção, fadiga, exposição ao calor ou ao frio etc.
Os cães que trabalham estão submetidos a diversos graus de stress,
como o exercício físico intenso, condições climáticas extremas e a carga psi-
cológica. Ainda que em um grau mínimo um certo nível de stress é necessário
ao adestramento e à melhora do rendimento do animal.
Os animais com a maior predisposição ao stress são exatamente os que
são submetidos aos extremos de suas rotinas, ou vida cotidiana, algo por e-
xemplo que fuja do seu dia a dia. Uma dieta bem equilibrada e de alta quali-
dade, formulada para o cão que trabalha, ajudará a prevenir o início do qua-
dro de stress, ainda que não possa compensar outras situações da vida do cão.
Basicamente o que buscamos é uma dieta que considere a densidade
energética necessária ao desempenho da função do animal, e uma alta diges-
tibilidade. De um modo geral uma alimentação do tipo com alta energia já se-
ria o suficiente.

4. Principais Anunciadores dos Problemas de Saúde:

Incidentes com os filhotes: eles tem a tendência de colocar a boca em


tudo que encontram. Vigie-o ao máximo, tome dele tudo o que possa engolir.
Os 1° sinais revelam-se no comportamento do cão: ele se torna melan-
cólico, introvertido e sem energia. Não confie no focinho do cão como indi-
cador do estado de saúde ou temperatura, devendo a mesma ser medida com
auxílio do termômetro. Consulte seu médico veterinário.

53
Aparência estranha: mesmo aparentando todos os sinais de boa saú-
de, o cão pode apresentar comportamento estranho associado ou não a outros
sinais.

Vômito: quando ocorrer com freqüência, associado ou não a outros si-


nais. Diversas causas provocam vômitos nos cães. Com facilidade é provoca-
do por excesso de volume ingerido ou velocidade de ingestão dos alimentos,
excitação excessiva, ingestão de objetos estranhos, perturbações, condução
no interior de veículos e outros.

Diarréia: Evacuação líquida ou semi-líquida, presença de muco ou


sangue e associado ou não a outros sintomas.

Respiração: deve ser suave e uniforme, estando alterada fisiologica-


mente sob efeito do calor excessivo ou exercícios. Respiração lenta e pesada,
respiração ofegante associada a tosse, respiração rápida ou difícil com corri-
mento nasal e ou ocular, são sinais dignos de nota.

Hemorragia: geralmente tem caráter emergencial, e o médico veteri-


nário deve ser contactado com rapidez. Se ocorrer em local onde existe a pos-
sibilidade de se proceder a aplicação de ataduras, ganha-se tempo e evita-se
maior perda de sangue.

Prurido: a coceira mesmo quando persistente não costuma ser grave,


exceto pelo excessivo stress que causa ao animal. Devemos observar se é lo-
calizada ou não, possibilidade de comprometimento do ouvido, presença de
material escuro/arenoso na pelagem e perda de sub pêlo.

Ferimento: lesões, expostas ou não, claudicações etc., também são


dignas de notas.

53
POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA
COMANDO-GERAL
COMPANHIA DE POLICIAMENTO COM CÃES

MANUAL CINOTÉCNICO

PRÁTICA CINOTÉCNICA

AUTOR: FERNANDO SOARES DE CARVALHO

Out/2011

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MÓDULO II

OBEDIÊNCIA

TEMPERAMENTO:

O comportamento canino, motivado pelas ações instintivas e de memória, al-


gumas congênitas, outras influenciadas pelo meio ambiente e as demais ad-
quiridas, mostra sua forma de reacionar através de seu caráter e temperamen-
to. Com respeito a esse último sabe-se que existem quatro classes de tempe-
ramento:

DÉBIL: São exemplares instáveis que não acatam regularmente as ordens do


seu condutor.Os exercícios que lhes resultam incômodos ou que sejam dífi-
ceis, se negam a cumprí-los, assuntando-se facilmente com estampidos, ruí-
dos muito fortes ou movimentos bruscos.Em suma, diz-se que esses exempla-
res são desprovidos de caráter e não são aptos para o trabalho com o homem.

DESEQUILIBRADO: Indivíduos pertencentes a este grupo aprendem rapi-


damente os exercícios, podendo desenvolver uma grande atividade, mas pos-
suem pouca capacidade para obediência e subordinação, perdem facilmente a
concentração, sendo por esse motivo não aptos ao rastreio e tão pouco são se-
guros em outras funções de trabalho.

LINFÁTICO: Geralmente são exemplares estáveis e equilibrados, mas um


pouco lerdos para aprender; suas reações diante de estímulos externos são
lentas, o que representa um problema na hora de treiná-los. No trabalho de
rastreio não interpretam, ou seja, não codificam de forma satisfatória suas
captações olfativas.

SANGUÍNEO: São cães vivazes, bem dispostos para a aprendizagem e levam


ao fim os exercícios de desdobramento ativo, assim como os de obediência,
com total precisão; de sistema nervoso equilibrado e bem estruturado em sua
estabilidade emocional.
Catalogado como cão ideal para o trabalho, apto para qualquer coisa e de ex-
celente temperamento e caráter.

Sabemos que os cães nascem com um conjunto de fatores e qualidades incor-


poradas genotipicamente, mas uma criação inadequada, isolada socialmente
53
do homem, maus tratos ou uma má educação e adestramento, podem arruiná-
los definitivamente.

APRENDIZADO SEM CONFLITO:

Vamos abordar nesta apostila uma linha de estudo que visa um trabalho de
obediência sem conflito, e não um stress pisicológico que representa os sis-
temas mais antigos de trabalho por “evitamento”.
Para isso vamos usar alguns elementos que compõem um aprendizado sem s-
tress onde utilizamos como reforços positivos alguns tipos de comidas e jo-
gos de presa.Na realidade eles não são os únicos; existem também outros que
são considerados reforços positivos, formadores integrantes da relação entre
homem e cão que determina uma real forma de interagir, que são: amizade,
carinho, lealdade e comunicação, através de um sentimento interno que vin-
cula o treinador e treinado em um caminho iniciado em conjunto.
A dita relação de sentimento, chamada “feeling”, de alguma forma, passa por
identificar os bons momentos intensos e dinâmicos que o sistema propõe a-
través dos jogos, formando uma cadeia de pequenos passos que o cão percor-
re sem dar-se conta. É bem verdade que nem tudo é um “mar de rosas”e as
vezes temos que voltar atrás para poder sustentar tudo que já foi feito até o
momento, já que se sabe que em treinamento canino, não existe uma linha re-
ta.

TIPOS DE CONDICIONAMENTO:

CONDICIONAMENTO CLÁSSICO, RESPONSIVO OU


PAVLOVIANO:

O condicionamento clássico, foi originalmente estudado pelo cientista russo


Ivan Petrovc Pavlov (1849/1936). Ele iniciou suas pesquisas em um cão, em
situação de laboratório. Essa forma de condicionamento é o fundamento de
uma série de comportamentos reflexos involuntários.
O interessante foi que Pavlov entrou para a história da psicologia quase que
por acaso, pois estudando o processo digestivo em cães expostos a diversos
estímulos palatares, que o condicionamento clássico se apresentou a ele. Na
verdade Pavlov era um fisiólogo.
Ao descobrir e iniciar a investigação do condicionamento clássico, como mé-
todo de análise de conduta, Pavlov, através dos seus estudos sobre a conduta
reflexa, embasou tecnicamente a Psicologia da aprendizagem. Para ele o pro-
cesso de aprendizagem consistia na formação de uma conexão no sistema
nervoso central entre um estímulo (S) e uma resposta (R).
53
A idéia básica do condicionamento clássico consiste em que algumas respos-
tas comportamentais são reflexos incondicionados, ou seja, são inatas em vez
de aprendidas, enquanto que outras são reflexos condicionados, aprendidos
através do emparelhamento com situações agradáveis ou aversivas simultane-
as ou imediatamente posteriores. Através da repetição consistente desses em-
parelhamentos é possível criar ou remover respostas fisiológicas e psicológi-
cas em seres humanos e animais.
Essa descoberta abriu caminho para o desenvolvimento da psicologia com-
portamental e mostrou ter ampla aplicação prática, inclusive nos tratamentos
de fobias em animais e humanos e até em anúncios publicitários.

O princípio básico desta teoria estava relacionado com o associacionismo, le-


vando Pavlov a tentar associar, em experiência com animais em laboratório,
um estímulo neutro com uma resposta que em princípio estava associado a
outro estímulo.

Processo de condicionamento clássico:

No condicionamento clássico, um estímulo não condicionado ENC


(COMIDA), resulta em uma resposta não condicionada RNC
(SALIVAÇÃO). Esse condicionamento não requer nenhum treinamento, e é
um resultado previsível: ENC=RNC. Agora, caso se adicione imediatamente
um estímulo neutro EN (ex: som) antes do/ou no mesmo momento que o
ENC, e isso se repita por um determinado tempo, através de um
PAREAMENTO (junção), o estímulo neutro EN tomará forma de estímulo
condicionado EC, ou seja,o EC não precisará da apresentação da comida para
resultar na resposta de salivação.

CONDICIONAMENTO OPERANTE OU INSTRUMENTAL:

O conceito de “Condicionamento Operante” refere-se ao procedimento atra-


vés do qual é modelada uma resposta (ação) no organismo através de reforços
diferenciais e aproximações sucessivas. É onde a resposta gera uma conse-
quência e esta consequência afeta a probabilidade de ocorrer novamente; se a
consequência for reforçadora, aumenta a probabilidade, se for punitiva, além
de diminuir a probabilidade de sua ocorrência futura, gera outros efeitos cola-
terais. Este tipo de comportamento que tem como consequência um estímulo
que afeta sua frequência é chamado de “Comportamento Operante”.

53
O comportamento operante é muito semelhante ao clássico. Enquanto o com-
portamento clássico é controlado por um estímulo precedente, ou seja, o es-
tímulo é apresentado antes e depois vem a resposta, o comportamento operan-
te é controlado por suas consequências, após a resposta vem o reforço. Um
comportamento operante (resposta) é fortalecido pelo reforço ou enfraqueci-
do pela sua ausência (EXTINÇÃO OPERANTE).

Esse tipo de aprendizagem foi amplamente estudado em laboratório pelo psi-


cólogo americano Burrhus Frederic Skinner (1904/1990), que desenvolveu
um equipamento conhecido como caixa de skinner, usado comumente com
animais como ratos e pombos. Os pombos,que são animais muito reativos a
estímulos, mais cedo ou mais tarde acabavam bicando um disco no painel
frontal da caixa, ativando um solenóide, que liberava um fragmento de milho
próximo aos pés da ave. O pombo logo descobre o “truque” e continua a bi-
car o disco.

Uma vez estabelecida a resposta, o reforço não precisa ser dado a cada bica-
da, mas, por exemplo, a cada 5 ou 10 bicadas, ou em intervalos regulares ou
irregulares. Sabe-se que alguns pombos continuavam a bicar quando reforça-
dos a cada 800 bicadas. A aprendizagem com reforço parcial desta natureza é
muito difícil de extinguir-se, e é bem conhecida dos projetistas das máquinas
caça-níqueis, nas quais parte das respostas condicionadas é colocar dinheiro
na máquina.
O reforço, tanto no clássico como no operante, não precisa necessariamente
ser uma recompensa, pode ser algum estímulo aversivo. Está provado que a-
nimais aprendem rapidamente a evitar comer certos tipos de insetos ou plan-
tas por experiências desagradáveis ocorridas anteriormente, seja por uma pi-
cada dolorida ou por algum tipo de toxina (estímulo aversivo).
Os contextos onde existe probabilidade de uma resposta ser reforçada são
chamados de estímulos discriminativos, ou SD; os contextos onde não existe
a probabilidade de resposta ser reforçada, são chamados estímulos delta, ou
SA.

“Assim a principal diferença existente entre condicionamento clássico e operante é que no primeiro o
processo de aprendizado é reflexivo e não depende de conseqüências, e no operante o aprendizado é
mais complexo e depende do tipo de conseqüência provocada pela resposta”

COMUNICAÇÃO

REFORÇO= É TODO ESTÍMULO, QUE QUANDO APRESENTADO,


VAI GERAR ALGUM TIPO DE RESPOSTA, TENDO O PODER DE
53
ALTERAR A FREQUÊNCIADE UM DETERMINADO
COMPORTAMENTO.

TIPOS DE REFORÇOS:

REFORÇO POSITIVO: É todo estímulo cuja apresentação após uma respos-


ta, aumenta a probabilidade de sua ocorrência. Isto é a força da conexão res-
posta-estímulo.

REFORÇO NEGATIVO: Refere-se a qualquer estímulo aversivo (que causa


evitamento) apresentado, e que quando retirado, aumenta a probabilidade de
ocorrência de uma certa resposta.

REFORÇO PRIMÁRIO: São estímulos relacionados as funções de sobrevi-


vência, que tem importância biológica para o organismo. Comida, caça, água,
afetividade e contato sexual, são alguns exemplos por estarem relacionados
as funções vitais.

REFORÇO SECUNDÁRIO: São estímulos relacionados aos primários, por


exemplo: o dinheiro mesmo não sendo de importância biológica para o ho-
mem, é uma forma de conseguir alimento e outras satisfações ligadas à so-
brevivência. Podemos dar um exemplo canino: quando abrimos o armário
onde fica o saco de ração, isso causa uma excitação (resposta) ao cão por es-
tar relacionado a sua comida, fazendo assim uma conexão som do armá-
rio=reforço primário.

REFORÇO TERCIÁRIO: São estímulos relacionados aos estímulos secundá-


rios, e sucessivamente relacionados aos reforços primários.

EXTINÇÃO OPERANTE: Como o reforço é usado para aumentar a probabi-


lidade de uma resposta, a ausência de reforço após um comportamento dimi-
nui a sua probabilidade. Um exemplo que pode ser dado, é quando um cão la-
te continuamente para receber a atenção do dono, mas o dono o ignora, dessa
forma não dando o reforço (atenção), a probabilidade, é que com o tempo
sem o reforço pretendido, o cão pare de latir. A isto chamamos de
EXTINÇÃO OPERANTE.

ESCALA OU ESQUEMA DE REFORÇOS: Tabela que usamos para condi-


cionar condutas.

REFORÇO CONTÍNUO: Refere-se a reforços aplicados a todo comporta-


mento desejável, em uma escala de uma conduta ou resposta=um reforço (1
53
por 1). Usamos para dar força a um comportamento novo que queremos au-
mentar a probabilidade de repetição.

REFORÇO DE INTERVALO VARIÁVEL: Refere-se a presença de reforço


em intervalos não fixos, como por exemplo a cada 2 ou 3 comportamentos é
apresentado o reforço. As vezes retornamos a reforçar no primeiro compor-
tamento, neste caso não existe uma sequência certa.

REFORÇO SELETIVO: É a escala onde apresentamos o reforço, somente


quando a resposta buscada for um comportamento perfeito.

REFORÇO ALEATÓRIO: Nesta situação a apresentação do reforço é impre-


visível por parte do sujeito (cão).Ele nunca sabe exatamente quando o refor-
ço será apresentado, gerando sempre uma expectativa (aumento da produção
de dopamina no organismo) durante a execução das condutas. Neste caso a
apresentação dos reforços são mais espaçadas.

OBS:Temos que ter em mente que o treinamento nunca é 100% linear e que
as vezes temos que voltar um pouco atrás para fortalecer comportamentos já
construidos.

PUNIÇÃO: É um processo de enfraquecimento de um comportamento utili-


zando a apresentação ou a retirada de um estímulo.

PUNIÇÃO POSITIVA: Chamamos de punição positiva quando agregamos


um estímulo aversivo (toque físico, choque, puxões na guia etc...) após um
comportamento indesejável. É considerado um estímulo aversivo, quando a
sua apresentação causa alguma resposta de esquiva, evitamento ou fuga.

PUNIÇAO NEGATIVA: É a retirada do reforço positivo como forma de pu-


nir um comportamento que não queremos. Podemos dar como exemplo a não
apresentação da comida quando o cão não deu o comportamento que pedimos
durante o treino...

“TIME”: É o momento do tempo em que é apresentado ao indivíduo o refor-


ço, a retirada dele ou a aplicação do aversivo, como forma de comunicação
do que queremos ou não queremos (fortalecer ou enfraquecer um comporta-
mento). Alguns comportamentalista dizem que temos de 1 a 10 segundos para
reforçar ou punir um comportamento; outros estudiosos dizem que o ideal é
de 1 a 3 segundos. Eu prefiro trabalhar com um tempo bem curto, entre 1 e 2
segundos, para uma melhor associação resposta-reforço (cond. Operante).

53
CANALIZAÇÃO DE INSTINTOS:

Na etologia (ramo da biologia que estuda o comportamento animal em seu


meio natural), instinto é:o determinante hereditário do comportamento da es-
pécie. O cão tem determinados instintos básicos e inatos que podem ser utili-
zados para a aprendizagem: instinto por comida (fome) ou sobrevivência, ca-
ça, fuga, agressão, perpetuação da espécie (sexo), etc..

De início temos que partir de um ponto: o sujeito tem que ser um indivíduo
com os impulsos mínimos para realizar o trabalho que queremos ou precisa-
mos. Principalmente no caso de cães que vão ser utilizados para o “trabalho”
(policia, esportes, busca e resgate etc...).
Para tal, o sujeito tem que ter os impulsos de sobrevivência e caça em bons
níveis.
Iniciamos fazendo com que o cão se interesse pelo que temos a oferecer, o
que mais tarde vai se transformar em uma valorizada moeda de troca.A isso
chamamos de canalização de instintos. Apresentaremos a seguir 3 tipos de
jogos de recompensa que serão úteis para o aprendizado. A apresentação dos
jogos não precisam necessariamente ter uma ordem específica, pois quem vai
ditar a ordem de apresentação será o cão.

A - Nesse caso utilizaremos comida.O ideal é trabalhar com um tipo de co-


mida úmida, exemplo: salsicha, queijo, mortadela s/pimenta etc... (Podemos
dessa forma observar os tipos de alimento que motivam mais o cão e organi-
zarmos uma tabela de preferência para utlizarmos, na hora certa e necessária
o que mais teremos resposta).
O motivo pelo qual optamos por comida úmida é pela fácil mastigação e para
que o cão não perca a atenção durante a aprendizagem, pois se oferecermos
comida seca ou dura demais, o cão perde tempo mastigando e as vezes procu-
rando o farelo da comida que cai no chão, dessa forma desviando a sua aten-
ção do condutor.Com a comida úmida o cão come rápido e já está pronto para
o próximo petisco.
A primeira etapa é “ensinar” o cão a comer, isto é, comer usando apenas os
incisivos etambém a respeitar as mãos do condutor.
O cão deverá seguir a mão do condutor, lentamente, enquanto o condutor vai
liberando a comida aos poucos.Com isso o condutor vai iniciando uma pe-
quena forma de comunicação através da expressão corporal (seguir os movi-
mentos da mão), pois sabemos que a expressão corporal é a comunicação
primária entre os canídeos, facilitando assim a interação entre condutor e
conduzido.Dessa forma estamos indo ao “mundo” que é familiar ao cão (co-
53
municação corporal). É importante as vezes o condutor retirar a comida por
um breve tempo, para que o cão fique levemente frustrado e crie uma maior
motivação para continuar a seguir a mão do condutor.
Nossa intenção com isso é entrar no mundo de comunicação do cão, usando
para isto um instinto primário (relacionado a sobrevivência) do cão (comida),
fazendo isso de uma maneira totalmente sem conflito, pois dessa forma esta-
mos favorecendo os intintos e canalizando-os a nosso favor.

B - Outro tipo de estímulo utilizado pode ser o “jogo de retriever” (que traz
de volta). Utilizamos algum brinquedo que o cão goste para fazê-lo perseguir,
pegar e trazer de volta. Não existe uma forma específica, mas vou citar aqui a
que uso com maior frequência.
Precisaremos de uma guia longa, uma coleira e o brinquedo do cão (bola, tug,
frisbee etc...).Também precisamos da ajuda de uma pessoa que controlará a
trajetória do cão com a guia. O condutor mostra o brinquedo ao cão e lança o
brinquedo a uma distância não superior a 5 metros.O condutor libera o cão
para buscar o brinquedo. No momento que o cão segura o brinquedo o aju-
dante o direciona de volta ao condutor, mesmo que o cão não queira. Neste
momento o condutor incentiva a volta do cão sem dar nenhum comando, se-
gura o brinquedo e assim que o cão largar inicia o mesmo trabalho.No come-
ço, sempre na mesma direção e não demorando para reiniciar o retrevier no-
vamente, fazendo disso uma dinâmica de perseguir, voltar, soltar o brinquedo
e começar de novo o “jogo”.
O que queremos com isso é que o cão aprenda a retornar e mantenha um rela-
cionamento de confiança com seu condutor, pois se o cão aprende a entregar
e confiar sua caça (brinquedo) ao seu condutor ele demonstra total confiança.

C - Jogo de posse: nesse caso utilizaremos uma guia ou uma corda presa ao
brinquedoe daremos dinâmica ao brinquedo fazendo com que o cão o persiga
e lute pela posse do brinquedo. O cão deve, durante a perseguição, ter sempre
a sensação de poder alcançar a “presa” para se manter motivado a perseguí-
la. Depois do cão executar a mordida devemos manter a presa viva e tentando
escapar para manter o cão focado e fazendo presa.Lembre que o nome desse
jogo é jogo de posse.
Existem 5 possibilidades do jogo se desenvolver:
a primeira é o cão pegar a presa e trazer para lutar com o condutor;
a segunda é o cão lutar com o condutor a distância fazendo um “cabo de
guerra”;
a terceira é o cão ficar na mesma posição com a presa debaixo das patas
“guardando” o brinquedo;
a quarta é ele não manter a boca firma e a presa “fugir” dando sequência a
uma nova perseguição, e
53
a quinta é o cão tentar levar a caça para longe.

Em todas as possibilidades do jogo, quem dita as regras é o cão. O condutor


deve acompanhar o cão em todas as possibilidades.Ex: se o cão quer lutar
próximo, damos sequência iniciando uma disputa próxima ao corpo.
Se ele quer fazer cabo de guerra, entramos em disputa utilizando a ponta da
guia.
Se o cão ficar na defenciva fazendo posse, incentivamos isso tocando o brin-
quedo e forçando o focinho para trás ao contrário da presa.
Se o cão correr com a presa para a “toca” o condutor deve correr junto e a-
companhá-lo (segurando a guia de condução e a guia presa ao brinquedo).
E por último, mas não menos importante, é se o cão procurar água no fim da
sessão devemos provê-la.

O objetivo de usarmos os jogos de recompensa durante a canalização de ins-


tintos é potencializar os instintos a nosso favor usando todas as motivações
possíveis, sem cobrar nada em troca.
Dessa forma você cria resistência física e mental para que o cão aprenda a
permanecer muito tempo interagindo e trabalhandomotivado. Além disso, o
cão cria uma visão do treinador como “provedor” de todas as necessidades,
dessa forma aumentando o vínculo entre os dois e estabelecendo uma hierár-
quia sadia.
As vezes devemos mudar os jogos e as recompensas durante as sessões de
treino antes do cão se cansar, para manter o cão por mais tempo interagindo e
aproveitar melhor todos os impulsos.

O ENSINO

Depois que o cão já sabe seguir a mão, começamos a ensinar as posições e


todos os exercícios básicos de obediência, tipo: foco, marcação de perna, a-
qui, etc.. A preferência por começar com comida é porque fica mais fácil o
trabalho de moldar os exercicios (criar forma). O trabalho com comida con-
centra enquanto o trabalho com brinquedo excita, o que o torna mais indicado
para o trabalho de velocidade.

EXECUÇÃO DOS EXERCÍCIOS BASICOS:


Comandos:
“não” e “liberação”,
sentar,
deitar,
de pé,
ficar na posição,
53
junto,
conversão a direita,
conversão a esquerda
e meia volta (direita/esquerda).
Antes de falarmos sobre os exercícios em si, vamos falar sobre como execu-
tar os exercícios de maneira correta em relação a forma e velocidade.

DISCRIMINAÇÃO

Sabemos que o cão é facilmente condicionado, por isso devemos não apenas
condicioná-lo ao que queremos, mas também separar os exercícios, de forma
que o cão saiba diferenciá-los de outros exercícios e condutas, por mais pare-
cidos que eles sejam. O cão na verdade deve discriminar estímulos verbais,
estímulos estes que terão significados de condutas diferentes.
(PRÁTICO).

GENERALIZAÇÃO

Ato de colocar o atual nível de resposta de uma conduta em lugares, posições


e situações diferentes. (PRÁTICO).

FLUENCY

Uma das traduções para essa palavra é “facilidade de linguagem”. É conse-


guirmos que o cão execute as condutas aprendidas, sem nenhuma ajuda ou
expressão corporal, somente com o comando verbal (PRÁTICO).

OS DOIS CAMINHOS

No começo de nossa comunicação para o aprendizado, devemos mostrar ao


cão uma direção certa e outra direção que não queremos que ele vá.
Vamos falar agora sobre como estabelecer essa comunicação para conse-
guirmos chegar até um objetivo final.

“O CAMINHO DO CÉU”(acerto)

Usando o condicionamento clássico, vamos conectar ou parear as palavras a


serem utilizadas com as condutas corretas. Exemplo:

53
COMANDO DE ENCORAJAMENTO = CLICKER, GOOD,BRAVO,
ISSO....= REFORÇO TERCIÁRIO

RELEASE COMANDO= OK, YES, PAK...=REFORÇO SECUNDÁRIO

COMIDA, BRINQUEDO= REFORÇO PRIMÁRIO.

EXATAMENTE NESSA ORDEM SEMPRE.

“O CAMINHO DO INFERNO”(erro)

Da mesma forma que associamos as condutas com os reforços para mostrar o


que queremos, utilizaremos a conexão para mostrarmos o que não queremos.
Exemplo:

COMANDO DE DESENCORAJAMENTO = HÁ-HÁ, HEI=REFORÇO


TERCIÁRIO

NO, NÃO=REFORÇO SECUNDÁRIO

PUNIÇÃO NEGATIVA OU POSITIVA=CONDUTA ERRADA

SHAPING

O que é shaping? (modelagem):

É tomar uma pequena tendência na direção correta e ir mudando esta condu-


ta, passo a passo a tempo, até a meta final. “Quebrando” uma conduta em
passos fáceis, shaping não tem limites de condicionamento.

AS DEZ LEIS DE SHAPING:


1- Dar passos suficientemente pequenos, de maneira que o sujeito tenha
sempre uma real ocasião de reforço.

2- Sempre treine uma conduta por vez, nunca trate de modelar dois crité-
rios simultaneamente. Uma conduta neutraliza a outra.

53
3- Ponha sempre o atual nível de resposta dentro de um esquema de inter-
valos variáveis de reforços, antes de aumentar ou agregar novos crité-
rios.

4- Quando se introduz um critério novo, deve-se deixar de lado o critério


anterior de condicionamento.

5- Coloque-se/antecipe-se ao sujeito. Faça um planejamento do treino.

6- Nunca mude de treinador na metade do caminho a percorrer.

7- Quando um processo de modelagem não funciona, tem que se buscar


outro.

8- Nunca interrompa uma sessão de treinamento desnecessariamente, isto


constitui um castigo para o treinador e para o cão.

9- Quando uma conduta aprendida fracassa, tem que se rever o sistema de


modelagem.

10-Termine sempre uma sessão de treinamento no positivo, ou seja, quan-


do tudo da certo.

OBS: Essas “leis” também são usadas como regras para o aprendiza-
do em geral.

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POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA
CMDO POLICIAMENTO METROPOLITANO
BATALHÃO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS
CANIL CENTRAL

MANUAL CINOTÉCNICO

EMPREGO POLICIAL DO CÃO

AUTORES: CAPITÃO PM CLAYTON MARAFIOTI MARTINS


1º TENENTE PM CLAUDIONIR DE SOUZA

Ago/2003

53
I - EMPREGO DO CÃO

1. Vantagens do Emprego do Cão.

O emprego de cães em missões policiais será sempre vantajoso, obser-


vando-se logicamente os critérios e a adequabilidade, se for usado com a de-
vida técnica, obtêm-se seguramente:
- economia de efetivo;
- maior efeito psicológico;
- segurança do policial;
- valorização da tropa;
- em determinadas missões resultará em maior possibilidade de êxito;
- o cão facilita a ação policial quando desenvolvida em locais de difícil
acesso ou em locais onde o risco é mais iminente.

2. Critérios para o Emprego de Cães.

O cão, sendo uma suplementação do policiamento ostensivo, pelas suas


próprias características, somente será empregado após observados critérios
táticos e técnicos, tais como:
- o planejamento: é a condição essencial para o emprego do animal e
poderá ser definido em nível estratégico, tático e técnico;
- em nível de decisão estratégica, o alto escalão da corporação decidirá
sobre a conveniência e circunstâncias do emprego da fração de cães nas di-
versas operações;
- não deve haver limite jurisdicional para o emprego de cães. por deci-
são de quem de direito, atua onde sua presença se faça necessário, quer de
forma isolada, quer em apoio a outra OPM;
- ainda no tocante ao planejamento, há que se ressaltar a necessidade de
ser o mais detalhado possível, de forma a possibilitar uma perfeita execução.

3. Emprego de Cães Doentes ( proibição ).

53
O cão sofre os mesmos problemas de saúde do homem, com a desvan-
tagem de nem sempre poder se expressar, estando sujeito a ser acometido de
qualquer doença, podendo até vir a desmaiar ou morrer em plena atividade
operacional.
É importante lembrar que cabe ao condutor do animal a primeira veri-
ficação quanto ao seu estado sanitário. O cão que apresentar qualquer sintoma
de doença será levado a presença do veterinário, para análise dos sintomas
evidenciados, devendo ser afastado das atividades de instrução e serviço,
sendo baixado para tratamento.

4. Emprego de Cães Não Adestrados ( proibição ).

O adestramento constitui princípio eliminatório para o emprego de


cães.
O cão pode ser aproveitado para inúmeras modalidades de serviço,
desde que seu adestramento concilie com a característica da missão. As qua-
lidades natas do cão concorrem para o seu correto emprego, dado ao seu tem-
peramento, a sua atividade e tendência naturais, bastando ao homem saber
aproveitá-las.
O adestramento mínimo do cão de polícia é o básico.

5. Situações Incompatíveis para o Emprego do Cão.

O cão é demasiado versátil para ser empregado em suplemento aos di-


versos tipos de policiamento. Contudo, certas circunstâncias tornam o seu
emprego desaconselhável, haja vista seu temperamento e outras característi-
cas próprias, que colocam sua presença em desarmonia com o próprio ambi-
ente. Vejamos alguns exemplos:
- policiamento numa exposição de animais;
- policiamento em locais de grande movimento, principalmente por o-
casião do “rush”;
- representação em um funeral;
Além dos aspectos supra mencionados, durante o planejamento para o
emprego do cão, os seguintes critérios ainda devem ser observados:
- evitar submeter o animal a longas caminhadas, quando o mesmo pu-
der ser transportado;
- cargas pesadas de trabalho devem ser também evitadas;
- utilizar número adequado de cães em consonância com a tipicidade da
missão;

53
- cadelas prenhas, cães reprodutores em período de cobertura, cadelas
no cio ou lactantes não devem ser lançadas em serviço.

6. Emprego de Cães com PM Não Habilitado ( proibição ).

Somente o PM cinotécnico poderá conduzir o cão em via pública.


A inobservância dessa cautela poderá acarretar incidentes desagradá-
veis que afetarão o animal, o PM, a corporação e, principalmente a sociedade.
Embora adestrado se o cão ainda não está adaptado a trabalhar com determi-
nados policiais-militares, não é conveniente a união dos mesmos para o em-
penho operacional, isto porque o cão mau conduzido equipara-se a uma arma
ou um veículo nas mãos de pessoas não habilitadas.

7. Aspectos Jurídicos.

Sob o enfoque jurídico duas hipóteses poderão ser aventadas:


1) Responsabilidade do homem para com o animal
2) Responsabilidade do homem pelos danos provocados pelo animal

Dentro da 1ª hipótese, vamos encontrar o assunto estabelecido no art


64 da Lei das Contravenções Penais (decreto-lei nº 3.688, de 03 out 1941):
“Crueldade contra animais....
Art. 64 - Tratar com crueldade ou submetê-lo a trabalho excessivo”.

O ilícito é agravado se o tratamento é praticado em exibição ou espetá-


culo público.

Com relação a 2ª hipótese, o assunto é tratado no art 31 da LCP que


diz:
“Omissão de cautela na guarda ou condução de animais.
Art. 31 - Deixar em liberdade, confiar à guarda de pessoa inexperiente,
ou não guardar com a devida cautela animal perigoso:
Pena: - .....
Parágrafo único - incorre na mesma pena quem:
a - ...
b - excita ou irrita o animal, expondo a perigo a segurança alheia;
c - conduz animal em via pública, pondo em perigo a segurança alhei-
a.”
53
O policial-militar deve ter em mente que além da possibilidade de eclo-
são da contravenção penal, antes de mais nada deve cuidar da proteção e se-
gurança do animal, e, principalmente, zelar pela proteção do indivíduo, impe-
dindo o animal de provocar-lhe lesões desnecessárias, causadas, às vezes, por
descuido ou por displicência.

8. Cautela e Segurança.

O Cão pode ser equiparado a uma arma, onde seu emprego exige caute-
la e segurança. O adestrador sempre deve inspecionar o equipamento de con-
dução do cão para evitar que ocorra algum incidente.

II - MISSÕES DE UM CANIL PM

a - Policiamento ostensivo;
b - Operação de busca, resgate e salvamento;
c - Demonstração de cunho educacional/ recreativo;
d - Policiamento em praças desportivas;
e - Controle de distúrbios civis;
f - Provas oficiais de trabalho e estrutura;
g - Controle de rebelião e/ou fuga de presos;
h - Formaturas e desfiles de caráter cívico - militar;
i - Detecção de entorpecentes e artefatos explosivos.
Os cães poderão ser empregados em outras missões para as quais este-
jam treinados, desde que sejam relacionadas com as atividades da Corpora-
ção.

III - GUARDA DE INSTALAÇÕES

Desde os primórdios de sua convivência com o homem o cão é utiliza-


do para guarda. Basicamente, esta é uma atividade instintiva, sendo fácil per-
ceber que até mesmo os cães mais dóceis e sem treinamento executam-na de
maneira espontânea e, dentro do possível, eficaz. Quem de nós já não teve o
desprazer de ser assustado por um “vira lata” que corre de dentro de um quin-

53
tal qualquer ? Está aí o rudimento do primeiro e mais antigo serviço atribuído
ao cão.
O trabalho de guarda pelo cão pode ser realizado de duas maneiras bá-
sicas e diferentes entre si. A primeira maneira é a executada com base no ex-
posto acima, isto é, o instinto e a oportunidade do cão, onde ele executa a ati-
vidade de guarda sem o concurso do homem.
Para que seja eficaz a segurança realizada pelo cão sozinho, devemos
levar em conta alguns fatores :
a. área a ser coberta;
b. dispositivos de segurança existentes;
c. existência ou não de um “corredor de segurança”;
d. vias de acesso e fuga;
e. pontos vulneráveis.
A área de cobertura de um cão vai variar de acordo com sua complei-
ção física, idade, raça e condições do terreno. A existência de outros disposi-
tivos de segurança aumenta a extensão da cobertura na medida em que indi-
que a presença de intrusos por meio de sinal identificável pelo cão. O corre-
dor de segurança a que nos referimos nada mais é que um delimitador do es-
paço de atuação do cão, local em que o cão fica solto, realizando somente a
segurança do perímetro do terreno demarcado. Este corredor deve ser de pas-
sagem obrigatória para qualquer intruso que decida adentrar ao terreno. Nas
vias de acesso e de fuga devemos reforçar a guarda, diminuindo o terreno a
ser coberto, idem aos pontos vulneráveis.
A segunda modalidade de segurança é a tradicional, onde o cão acom-
panha o homem. Neste caso devemos levar em conta os mesmos aspectos an-
teriores, descartando o “corredor de segurança”.
O condutor deverá levar em conta que seu cão é uma arma, pronta a ser
utilizada, e que o mesmo responderá legalmente pelos resultados provocados
pela sua utilização. Em casos de utilização em portarias ou locais de acesso
fácil do público, devemos ter sempre o cuidado de verificar a segurança de
terceiros.
O nível de adestramento necessário para que o cão execute este serviço
é o BÁSICO.

IV - POLICIAMENTO A PÉ COM CÃES

O policiamento a pé é uma variável de utilização do PM onde podemos


utilizar o cão. O policiamento com cães é eminentemente preventivo, sendo
por isso a área de atuação ideal aquela que reúna um índice de criminalidade
53
alto, porém com crimes de baixa periculosidade, tal como furtos e roubos a
transeuntes.
A patrulha é formada por dois policiais e um cão, sendo possível, a cri-
tério de cada comandante, a manutenção de uma patrulha com dois policiais e
dois cães.
Para que o emprego do cão alcance seus objetivos é necessário que o
policial conheça seu setor e esteja munido de comunicação, para que, em pre-
cisando de apoio, o tenha rápido e eficazmente.
O nível de adestramento necessário para que o cão execute este serviço
é o BÁSICO.

V - K-9 (Cão de Patrulha)

O K-9 surgiu nos Estados Unidos da América, durante a década de 60,


devido à polícia daquele país estar enfrentando grandes problemas com o
combate ao narcotráfico.
Inicialmente os "times K-9" foram concebidos para a descoberta de
narcóticos que entravam camuflados nos Estados Unidos nas mais variadas
formas. Com o intuito de localizar essas drogas sem a necessidade de des-
pender grande quantidade de policiais e tempo, iniciou-se um programa de
treinamento de cães para realizar o trabalho de detecção de drogas no menor
tempo possível e com grande percentual de acerto
Já em 1965, o Governo Americano colhia os primeiros resultados, com
apreensões recordes de maconha e cocaína em todas as suas fronteiras. Diante
dos resultados obtidos no combate ao narcotráfico, o policiamento com cães
que apenas era destinado a detecção de drogas, foi estendido ao patrulhamen-
to rotineiro e diário.
Várias cidades pelo mundo adotaram a modalidade de K-9 após os re-
sultados alcançados pelos americanos. Apenas para exemplificar tal afirma-
ção, podemos citar o Departamento de Polícia da cidade de Calgary no Cana-
dá, que no ano de 1999, através de sua unidade canina, atendeu 7.681 ocor-
rências, sendo os cães responsáveis diretamente por 198 prisões e mais 257
prisões realizadas em apoio ao policiamento rotineiro.
O K-9 foi implantado na PMSC em 2000 e constituiu-se na maior mu-
dança na maneira de emprego de cães dos últimos anos. Criado com base na
premissa de que o cão adestrado pode multiplicar a presença do policiamento
ostensivo preventivo, através de sua característica intimidatória, foi posto à
prova diversas vezes, sempre sendo aprovado como um importante instru-
mento de baixa de criminalidade localizada.
53
Atuando sempre por saturamento, ocupa determinada área impedindo a
ocorrência de delitos, ao mesmo tempo em que permite, sendo sua composi-
ção básica dois homens e um cão, atuar de maneira repressiva, apoiando tam-
bém outras viaturas. O K-9 tem demonstrado sua eficiência em razão dos
suspeitos ao serem abordados pela polícia, sentirem-se receosos devido à pre-
sença intimidatória do cão e seguirem fielmente as instruções dadas pelos po-
liciais.
Ressalte-se que o exposto para policiamento a pé também se aplica
nesta modalidade.
O nível de adestramento necessário para que o cão execute este serviço
é o BÁSICO + faro em geral.

1. Vantagens:

- Proporciona mais confiança ao PM;


- Maior área de atuação;
- Serviço simpático à população;
- Difusão de uma especialidade da PMSC;
- O cão da sinais de perigo;
- Segurança nas revistas de suspeitos;
- Imobilizar e conduzir presos;
- Guardar objetos e a própria Vtr;
- Desarmar, perseguir e atacar o oponente;
- Abordagem de edificações e veículos;
- Localizar meliantes escondidos em buracos, túneis, etc.

2. Área de Atuação.

O emprego pode ser realizado em todas as cidades do estado, em áreas


de grande circulação e concentração de estabelecimentos comerciais, bancá-
rios e de ensino.

3. Viatura mais Adequada ao K-9.

A viatura deverá ser preferencialmente um veículo do tipo “perua”, 04


portas, com compartimento para a condução de detidos e adaptação nos ban-
cos com estrado para a acomodação do canino.

53
4. Meios para Execução do Serviço.

a. Pessoal: PM cinotécnico/motorista Cb ou Sd.


b. Canino: cão de raça pastor alemão ou rottweiler
c. Vtr: tipo padrão, com alterações para a condução do cão
d. Fardamento: O 5 P ou 5 O
e. Armamento: revólver ou pistola, Espingarda cal 12
f. Equipamento - são equipamentos indispensáveis à consecução do
serviço: algemas, lanternas de mão, prancheta, formulário, kitis de primeiros
socorros, colete a prova de bala, munição suplementar, enforcador e guias
curta e longa.
g. Comunicações: rádio portátil (HT).

5. Execução do Serviço.

a) O tempo de policiamento deverá ser de 6 até 08 horas.


b) Todo e qualquer atendimento e informação, deve o PM atender fora
da vtr, sempre com o cão ao seu lado.
c) O Policial militar deve se manter no seu setor, realizando vistoria de
autos e abordagem de suspeitos.
d) Pessoa detida será transportada na VTR e conduzida ao DP
e) Em princípio não haverá necessidade de outra VTR, salvo se o nú-
mero de pessoas for maior, comprometendo a segurança do PM na condução.
f) Nas abordagens pessoais, o cão ficará em "Sit" no comando de "A-
tenção", sob o controle do adestrador a frente do suspeito sem a guia afim de
intimidá-lo, enquanto o mesmo executa a revista.

6. Finalidade do K-9:

1- Dar cobertura ao PM/Cão e Vtr nos pontos críticos (criminalidade)


ou lugares de nível de alta insegurança.
2- Cobrir setores tidos como perigosos.
3- Realizar abordagens em edificações e veículos.
4- Capturar meliantes, delinqüentes, etc.
5- Policiar parques, jardins, praias ou lugares difíceis de serem patru-
lhados somente pelo PM (homem), para coibir a ação de delinqüentes que uti-
lizam estas áreas para assalto, depredação, uso e tráfico de tóxicos, etc.
6- Cumpre lembrar que embora de cunho preventivo, a missão pode
transformar-se essencialmente repressiva, caso a situação assim exija. Nesta,

53
o emprego do cão ficará a critério do seu adestrador, que fará uso de seu dis-
cernimento e dos conhecimentos profissionais imprescindíveis.

7. Atribuições da Guarnição K-9.


a. Efetuar a manutenção de primeiro escalão na viatura, antes do patru-
lhamento (óleo, combustível, pneus, lanterna, possíveis danos e equipamen-
to).
b. Patrulhar durante 6 a 8 horas o setor definido pelo Cmdo.
c. Procurar estabelecer um bom contato com a comunidade dando e co-
lhendo informações demonstrando o policiamento, verificando os pontos crí-
ticos.
d. Apoiar à vtr de área por solicitação do COPOM.
e. Proceder no distrito policial da seguinte forma : estabelecer comuni-
cação com o OF. de Sv, sendo que o cão permanecerá na Vtr (segurança).
f. Observar nas abordagens as condições mínimas de segurança, como:
- Número de meliantes (até 2, se houver mais, pedir apoio),
- Local (retaguarda do PM protegido pelo cão)
- Armamento possível dos meliantes, etc.;
h. Obedecer a velocidade do patrulhamento, com velocidade máxima
de 40 km/h.
g. Providenciar via rádio o cerco, quando a situação exigir, não efetuar
perseguição motorizada;
h. Em hipótese alguma abandonar o cão, pois além de se tratar de uma
dupla, há muitos transeuntes no local;
i. Necessitando de um deslocamento para interiores de estabelecimen-
tos ou similares, o cão ficará dentro da viatura fazendo a segurança, devendo
a mesma permanecer totalmente fechada, com apenas pequenas frestas nos
vidros para o cão respirar.
j. No caso de perseguição a pé a vários elementos, o patrulheiro não
deve se separar do cão, e com maior brevidade possível, retornar a viatura pa-
ra encaminhamento e prosseguimento da ocorrência, bem como para proteção
da mesma.
l. Atender todo e qualquer solicitante, seja qual assunto for, fora da via-
tura, tendo sempre o cão junto ao seu lado.
m. Realizando o patrulhamento a pé, o PM deverá trancar a viatura,
mesmo que o deslocamento seja de poucos metros, tendo em vista a possibi-
lidade de envolvimento em ocorrência;
n. No patrulhamento a pé com o cão, o patrulheiro deve dar ciência ao
Oficial de ronda, esclarecendo sua ausência nas comunicações, não perdendo
a viatura de vista.

53
VI - BUSCA EM MATA

1. Procedimentos em Ocorrências dessa Natureza:

a. Comunicar o COPOM imediatamente;


b. Isolar a área e os recintos que possam ter pistas do fugitivo ou desa-
parecido, principalmente se :

I - os locais onde tenha se assentado, deitado ou tocado com as mãos;


II - as trilhas ou locais por onde tenha passado;
III - pegadas visíveis;
IV- qualquer pertence, mantendo-o sem tocar as mãos ( roupas, isquei-
ro, maço de cigarros, sapatos, meias, documentos...). Em casos de necessida-
de, poderão ser transportados, com o uso de luvas novas, para lugar seguro e
preferencialmente frescos, entretanto, esses objetos poderão servir para auxi-
liar o cão em sua busca e deverão ser acondicionados em sacos plásticos evi-
tando assim a vazão do odor, para não confundir o animal;
V) Não conversar, fumar, quebrar galhos de árvores, jogar pedras...
VI) Evitar brincadeiras e ou contato com os cães integrantes da equipe;
VII) Na zona de conflito, isolar o local, evitando aproximação de pes-
soas alheias à operação;
VIII) Dependendo do local, os policiais que chegarem primeiro ao lo-
cal, deverão apenas isolar a área do conflito, bem como realizar o cerco para
evitar a possível fuga do meliante, guarnecendo os possíveis pontos de fuga e
deixar que só a equipe adentre ao local.

c. Evitar :

I - Destruição das pistas;


II - Inutilização de partículas odorantes , causadas pelo pisoteamento
desordenados dos locais suspeitos;
III - Procedimento inadequado de Policial Militar estranho ao Canil
junto à equipe em ação;
IV - Demora na solicitação para o emprego efetivo da equipe.

2. Formação da Equipe.

53
A equipe que atuará na ocorrência será formada basicamente por 05
policiais, podendo haver 02 policiais que ficarão na reserva.
Será assim distribuída:
- Condutor do cão;
- Segurança do condutor ( responsável pela negociação );
- Segurança do flanco esquerdo;
- Segurança do flanco direito;
- Segurança da retaguarda ( serra-fila ).

Os componentes da equipe deverão estar munidos dos seguintes arma-


mentos e equipamentos:

- Pistolas .40 ou 9mm;


- Magnum carabina 3.57;
- Escopeta cal 12;
- Granadas de efeito moral e luz e som; -G
- luva;
- Bússola;
- Faca;
- Material de 1º socorros;
- Coletes balísticos;
- Capacetes balísticos;
- Cantil;
- Lanterna;
- Cordas;
- Rádio de comunicação individual;
- Fardamento camuflado;
- Guias longas e curtas.

VII - DETECÇÃO DE ENTORPECENTES E ARTEFATOS


EXPLOSIVOS

1. Formação da Guarnição.

A equipe que atuará na ocorrência será formada no mínimo por 02 po-


liciais e 01 cão.
Será assim distribuída:
- Guia do cão;
- Auxiliar do Guia.
53
2. Procedimentos da Guarnição em Ocorrências.

a. A equipe irá atuar sempre em reforço, não cabendo fazer abordagem;


b. Após ser feita a abordagem e a área já estar segura, o auxiliar irá se-
gurar o cão pela guia, e o “GUIA” realizará uma revista preliminar no local,
observando:
I - qualquer material que possa oferecer perigo ao cão (fios desencapa-
dos, caco de vidro, materiais suspensos que possam cair e machucar o canino
ou distraí-lo), etc;
II - produtos alimentícios, restos de comida, etc;
III - animais de estimação;
IV- Se as janelas estiverem abertas, fechá-las. Se estiverem fechadas,
deverão ser abertas, para renovação do ar, e em seguida fechá-las novamente;
V) No interior da residência deverão ficar o mínimo de pessoas possí-
vel, de preferência apenas o “GUIA” e seu auxiliar, o proprietário e um segu-
rança;
c. Após feita a revista, o cão deverá ser retirado do local e recompensa-
do;
d. O tempo de atuação do cão deverá ser curto (em torno de 15 ou 20
minutos), e o descanso será sempre o dobro do tempo trabalhado.
e. Os componentes da equipe deverão estar munidos dos seguintes ar-
mamentos e equipamentos:

- Pistolas .40 ou 9mm;


- luva;
- Faca;
- Material de 1º socorros;
- Coletes balísticos;
- Cantil;
- Lanterna;
- Cordas;
- Rádio de comunicação individual;
- Fardamento camuflado;
- Guias longas e curtas;
- Peitoral;
- Marmita (para oferecer água e alimentação para o cão);
- Pequena quantidade de maconha e cocaína, para treinamento.

53
VIII - O EMPREGO DO CÃO EM EVENTOS ESPORTIVOS
E CULTURAIS

Justificando a diversidade de missões que o cão pode desempenhar, é


aconselhável também, seu emprego em eventos onde há acúmulo de pessoas,
tais como :
a. Nas revistas pessoais;
b. Segurança de autoridade;
c. Policiamento ostensivo nas imediações do estádio;
d. Segurança interna do campo;
e. Busca a entorpecentes e explosivos.
Os empregos mais comuns são aqueles relativos à segurança interna e
externa dos eventos. Quanto à segurança externa podemos realizá-la através
do Policiamento a Pé com Cães e do K-9, adequando sempre que necessário
suas características de execução às do evento. Já quanto à segurança interna,
devemos observar alguns preceitos para que o cão realize sua missão. O em-
prego mais freqüente de segurança interna neste tipo de eventos é realizado
em jogos de futebol, em apoio às unidades responsáveis pela segurança geral
do evento. São medidas necessárias ao bom andamento da missão :
a. Adentrar à pista em volta do gramado, após a entrada das equipes;
b. Manter-se voltado de lado ou de frente para a torcida com o cão na
posição de “Sit” ;
c. Não permitir que o cão se deite;
d. Não deixar que se distraia com a bola, gandulas ou torcedores;
e. NUNCA SOLTAR O CÃO, mesmo que ocorra uma invasão;
f. Não segurar o cão pelo mosquetão da guia;
g. No intervalo, lhe oferecer água e local para descanso e necessidades
fisiológicas, não devendo em hipótese alguma permanecer no interior do
gramado, pois sua presença com certeza irá atrair a atenção da torcida, fazen-
do com que o cão seja alvo de provocações;
h. Não executar este serviço sob garoa ou chuva;
i. Deixar o gramado após a saída das equipes e da arbitragem.
Em caso de tentativa de invasão de campo, as patrulhas devem se reu-
nir no local da tentativa de invasão, reforçando sua segurança. Se não for
possível conter o público, ou se a tentativa de invasão ocorrer por pontos di-
versos, deverão se reunir no centro do gramado, ou outro local designado
previamente, para que em conjunto com o restante da tropa faça-se a varredu-
ra e desocupação do gramado.

53
Em se tratando de show, em caso de invasão, os cães podem ser utili-
zados para fazer a segurança dos artistas.
A PRESENÇA DO CÃO NO CAMPO TEM CARÁTER ÚNICO DE
OSTENSIVIDADE, VISA APENAS PREVENIR INVASÕES, NO
ENTANTO, ELE JAMAIS SERÁ SOLTO SE TAL ATO ACONTECER,
POIS AS CENAS QUE PODERÃO OCORRER, SERÃO GRAVADAS
PELA IMPRENSA, E SEM DÚVIDAS NADA DE BOM TRARÃO PARA
A NOSSA CORPORAÇÃO.

IX - CONTROLE DE DISTÚRBIOS CIVIS COM CÃES

A integração de cães na tropa de choque ocorreu naturalmente pela seu


alto poder intimidatório. Assim como os cavalos, os cães causam um alto im-
pacto psicológico nas pessoas, despertando o temor. Porém a tropa com cães
não pode atuar isoladamente em situações de Controle de Distúrbio Civis,
pois não dispõe de proteção coletiva ( escudos ). Por este motivo, o Pelotão
de Canil atua sempre em apoio a um Pelotão ou Companhia de Choque con-
vencional.
A constituição de um Pelotão de CDC com Cães é a seguinte :
- 01 Oficial, 03 Sargentos, 12 Cabos e Soldados, 01 Motorista e 12
Cães.
As formações do pelotão de cães são:

a. COLUNA POR DOIS - É a posição básica de onde partem normal-


mente as demais formações. O pelotão de choque obedecerá uma distância e
intervalo entre os homens de aproximadamente 02 (dois metros). O intervalo
de 02 metros entre os homens, também será obedecido nas demais formações
do pelotão de Choque, quando executadas em demonstração de força. Quan-
do o pelotão for preparado para ação repressiva (carga), esse intervalo será
elevado para 03 metros. Nas mudanças de uma formação para outra, que
houver a necessidade do recuo do grupo, o homem fará a conversão da es-
querda para direita individualmente, retornando ao seu lugar na formação an-
terior.

b. EM LINHA - Partindo da formação em coluna por dois, mediante o


comando, os dois grupos se abrem rapidamente tomando a formação indica-
da. O OFICIAL se posicionará atrás e a direita do homem base nº 1 facilitan-
do uma maior visão e ação de Comando. Os Sgts se posicionaram atrás, fi-
cando o Cmt do 1º grupo (granadeiro) entre os números 5 e 7 na esquerda e o
53
Cmt do 2º grupo (atirador Gas-Gun) entre os nº 4 e 6 na direita. O Sargento
Auxiliar do Cmt ficará um passo atrás e a esquerda do Oficial.

c. EM CUNHA - Partindo da formação em coluna por dois, os dois


grupos formam a cunha. Nas outras formações, para passar para a cunha,
simplesmente, formam em cunha, sem deslocamento do homem - base.

d. ESCALÃO À ESQUERDA - O homem base permanece, enquanto o


grupo da direita avança à frente, formando uma diagonal com o grupo da es-
querda, isto é, a direita avança.
e. ESCALÃO À DIREITA - O homem base permanece parado enquan-
to o grupo da esquerda avança a frente, formando uma diagonal com o grupo
da direita. A esquerda avança.

Cada formação tem sua finalidade específica :

a. ESCALÃO À DIREITA OU À ESQUERDA - para dispersar pesso-


as junto a paredes, recuos de portas, alambrados, etc. Para desviar a direção
da massa e obrigar o seu deslocamento para uma via de escoamento.

b. EM CUNHA - Para penetrar em massa ou público com a finalidade


de dividir, deter agitadores, líderes, delinqüentes, etc.

c. EM LINHA - É uma formação de contenção e prevenção, tendo co-


mo finalidade empurrar a massa em única direção, permitindo uma evacuação
total dos manifestantes.

d. EM COLUNA - É ideal para avançar em ruas estreitas, recebendo


proteção junto a parede dos edifícios, de onde poderão estar sendo lançados
objetos. É a formação de princípio de todas as outras, propiciando embarcar,
desembarcar, enumerar, etc.

Porém, como atua basicamente em apoio, são realizadas as seguintes


formações de apoio :

a. CENTRAL : realizado à retaguarda do pelotão principal, em coluna


por dois. Tem a finalidade de facilitar o deslocamento e permitir a rápida mu-
dança para outras formações.

b. COMPLEMENTAR : realizada na mesma formação do pelotão


principal. O pelotão de apoio se divide em dois, entrando ao lado do último

53
homem de cada grupo do pelotão principal. Tem como finalidade aumentar a
frente do pelotão principal.

c. LATERAL : o pelotão de apoio subdivide-se em dois, entrando cada


grupo atrás do último homem do pelotão principal. Tem como finalidade im-
pedir a penetração de indivíduos da turba pela lateral do pelotão principal.

A guia nas operações de CDC deve ser utilizada na posição número


três. O cão permanece na posição de “stay” ou então sentado ao lado esquer-
do do adestrador.
Os comandos na operação de CDC devem ser dados com clareza e ob-
jetividade, principalmente em razão da dificuldade que é se fazer entender em
meio a uma operação, onde além de todos os obstáculos já conhecidos, temos
ainda o alto grau de excitação dos cães, que latem a todo momento e reque-
rem a atenção dobrada de seus adestradores. São os comandos :

a. COMANDO A VOZ - três tempos:


1) Voz de advertência - pelotão com cães
2) Comando propriamente dito - em linha, em cunha
3). Voz de execução - marche ou marche - marche

b. COMANDO POR GESTOS - quando necessário os comandos por


gestos poderão ser empregados pelos Comandantes em conexão com os co-
mandos à voz.
GESTOS:
REUNIR - braço direito na vertical sobre a cabeça descrevendo peque-
nos círculos.
EM COLUNA - braço direito levantado na vertical com os dedos mé-
dios e indicador acima da cabeça, determina a formação de pelotão em coluna
por dois.
EM LINHA - braços estendidos na lateral horizontal do corpo.
EM CUNHA - braços e mãos estendidas acima da cabeça, formando
uma figura triangular.
EM ESCALÃO À DIREITA - braços estendidos ao lado do corpo for-
mando uma diagonal com este, o braço direito abaixado.
EM ESCALÃO À ESQUERDA - braços estendidos ao lado do corpo
formando com este uma diagonal, o braço esquerdo abaixado.
MARCHE - o braço direito na lateral do corpo e punho fechado, execu-
tando um movimento de cima para baixo.
MARCHE - MARCHE - mesma situação, só que executa-se dois mo-
vimentos.

53
Por atuar em apoio, muitas vezes não há necessidade de ser feito uso de
munição química, porém se for necessário, estes são os procedimentos :
a. Os Sgts lançarão granadas entre os intervalos dos homens formados
em linha, são os granadeiros lançadores e Cmts de grupos.
b. O Sgt portará sacola de munição química, gas-gun, exercendo dupla
função (remuniciador e atirador gas-gun).
Para que cada homem saiba exatamente sua posição dentro do pelotão
de choque devemos comandar ENUMERAR, sendo que na posição de des-
cansar, o homem levanta a mão direita, segurando o suporte da alça da guia, e
pronuncia em voz alta o seu número.
Como veremos ainda, o transporte do pelotão de cães pode ser feito por
vários meios, porém sempre que houver o embarque, o pelotão entra em for-
ma em coluna por dois, em seguida será deslocado para junto da viatura onde
procederá o embarque. Ao comando de "EMBARCAR", cada homem deverá
embarcar primeiramente o seu animal, em seguida embarca o condutor. Em
veículo onde não haja compartimento para o animal, o homem deverá sentar-
se em uma posição que permita o seu cão ficar sentado entre as pernas do seu
condutor, permitindo uma total vigilância lateral.
Para o desembarque, ao se chegar próximo ao destino, os homens já se
preparam, deixando a viatura assim que esta pare, entrando em forma ao lado
do veículo, em coluna por dois. Ao comando de “DESEMBARCAR”, pri-
meiramente desembarca o homem, em seguida o cão, entrando em forma em
coluna por dois.
Quando houver necessidade de executar-se a carga, devemos adotar a
seguinte postura :

a. PREPARAR PARA CARGA - Os homens de números pares darão


um passo lateral a direita e os ímpares um passo lateral a esquerda, só que
apoiando o joelho esquerdo na altura do pescoço do cão, todos passando a fi-
car com intervalo de 03 (três) metros aproximadamente, ao mesmo tempo que
a guia fica na posição nº 3.

b. PARA A CARGA - mão direita introduzida pela alça da guia segu-


rando o suporte da alça e a mão esquerda de punho serrado para cima segu-
rando o suporte do mosquetão. O homem toma uma posição confortável, co-
locando o seu pé direito a frente, tendo o cão a sua esquerda em posição de
alerta. Com a mão direita, baixa a viseira do capacete.

b. AO COMANDO DE CARGA - liberamos a mão esquerda e segu-


ramos a guia firmemente com a mão direita, impulsionando o cão para a fren-
te em direção aos manifestantes, ao mesmo tempo que rompemos passo com
o pé direito.
53
c. Ao término da carga o pelotão entra em forma em coluna por dois no
local determinado pelo Comandante.
O pelotão de CDC com Cães pode ainda atuar em rebeliões e estabele-
cimentos penais. Nestes casos obedecerá a Planos e Ordens específicos, sen-
do certo que o emprego será sempre realizado no sentido de oferecer segu-
rança à tropa, tal como na permanência da vigilância dos presos amotinados
ou então em auxílio no transporte destes, das celas aos pátios.
No caso de revistas, o Pelotão de CDC com Cães atuará também como
segurança da tropa, utilizando seu poder intimidatório.
Para ser empregado neste serviço o cão deverá ter o adestramento
BÁSICO.

X - CONDIÇÕES DE EMPREGO

Para empregarmos cães nas mais diversas tarefas, temos de levar em


consideração algumas limitações a eles impostas pelas variáveis de tempo,
clima, local, e transporte. Ao planejarmos qualquer missão em que iremos
trabalhar com cães temos que respeitar alguns pontos que irão determinar um
melhor resultado. A ignorância a estes limitadores pode não trazer uma con-
seqüência imediata aos cães, porém com certeza estará contribuindo para uma
redução drástica em seu tempo útil de vida, bem como concorrerá para a o-
corrência mais freqüente de problemas com o plantel. São os aspectos mais
importantes :

1. Tempo de emprego : estabeleceu-se como regra que o tempo máxi-


mo de emprego de um cão policial é de 4 (quatro) até 6 (seis) horas de efeti-
vo trabalho. Estas seis horas contam-se do momento em que o cão deixa o
canil até o momento em que retorna à ele. Isto nos leva ao caso prático em
que o policial retira o cão do canil às 13:00 hs, sai em seguida para o patru-
lhamento, devendo retornar às 19:00 hs.
Desta regra excetuam-se os cães de farejadores em geral e o serviço de
K-9, que pela sua característica de trabalho já explanada, têm um regime dife-
rente de trabalho. Das missões do cão de policiamento, a mais estressante é a
de Controle de Distúrbios Civis, pois o cão excita-se quando do deslocamento
e muitas vezes, por não ser empregado de imediato, volta à calma, voltando a
se excitar quando do efetivo emprego. Como em muitas ocasiões este proces-
so se repete inúmeras vezes, ao final da missão o cão estará exausto. Cabe sa-
lientar também que uma vez começada a operação de CDC não há como fa-
zer a troca dos cães, o que acaba por determinar um emprego excessivo.
53
Esta regra não deve ser levada em consideração isoladamente, pois
como veremos a seguir, as condições climáticas e o local influenciam no
tempo de emprego.

2. Condições climáticas : como sabemos, os cães têm condições de se


adequar aos mais diversos climas, porém para que protejamos sua integridade
e poupemos sua saúde, devemos levar em conta que como os seres humanos,
as variações de temperatura e clima também os afetam. Em climas mais
quentes o tempo de emprego deve ser reduzido, ou então subdividido, a fim
de que o cão tenha condições de se restabelecer prontamente, estando apto a
responder quando for solicitado. Em climas frios este tempo pode ser esten-
dido, porém sempre se levando em conta se o benefício desta extensão irá
trazer resultados importantes.
O cão deverá ser poupado também de trabalhar na chuva, devendo ser
seco com muito cuidado, tendo em vista que seu sistema de pêlo e subpêlo,
normalmente mantêm o subpêlo úmido, podendo causar problemas de saúde.
O emprego de cães nestas condições deverá ocorrer somente em casos extre-
mos, sendo necessário um acompanhamento posterior dos cães pela Enferma-
ria Veterinária.

3. Local : o local irá influenciar no emprego do cão na medida em que


não oferecer a mínima condição para que o mesmo possa ter satisfeitas suas
necessidades. Deste modo, locais onde não haja água ou com solo que fira
suas patas são desaconselháveis para o emprego deles, e se aí forem utiliza-
dos, deverá ser previsto todo o suporte necessário para tal.

4. Transporte : para o patrulhamento diário o melhor transporte do cão


é aquele realizado em viatura individual, sobre um tablado, que propicia ao
animal conforto e segurança ( K-9 ). Porém muitas vezes é necessário trans-
portar um ou mais cães em determinada missão. Para realizar este transporte
colocaremos aqui os melhores meios, sendo que infelizmente nem sempre es-
tes estão disponíveis :
a. Aéreo em avião : ideal para longas distâncias, devendo o cão ser a-
condicionado em caixas de fibra ou madeira, com dimensões compatíveis
com seu tamanho, sendo que o cão deverá caber, dentro de sua caixa de
transporte, deitado e em pé, no mínimo. Para transporte em aviões de carreira,
há necessidade de retirar, junto ao Ministério da Agricultura, um documento
de Atestado de Saúde e Vacinação, pois somente com este documento é libe-
rado o embarque pela empresa aérea. Os cães geralmente são embarcados
como carga e colocados no compartimento de carga do avião.
b. Aéreo em helicóptero : ideal para distâncias médias quando há ne-
cessidade de rapidez. O cão acompanha seu adestrador preso pela guia. É in-
53
teressante que se realizem treinamentos com os cães para prepará-los para tal
viagem, porém o cão adestrado, em companhia de seu adestrador, tende a não
apresentar qualquer tipo de problema.
c. Terrestre em veículo especial : veículo especial para transporte de
cães, dotado de caixas individuais que possibilitam ao cão uma viagem, até
para distâncias longas, com um mínimo de conforto. Tal veículo é dotado a-
inda de caixa d’água e local para armazenagem de ração, servindo por isso de
suporte para deslocamentos mais longos.
d. Terrestre em ônibus : alternativa improvisada para transportar cães e
homens, impossibilita viagens longas tendo em vista que devem ser executa-
das paradas freqüentes, para que os cães façam suas necessidades fisiológicas
e também recebam água.
e. Terrestre em “trailler” : ideal para transporte de um pequeno contin-
gente de cães, pode ser construído em módulos de caixas, permitindo o deslo-
camento rápido e seguro. Pode ser tracionado por veículos pequenos. f.
Terrestre em viaturas “pick-up” : meio improvisado para transporte de pe-
queno contingente de cães. Os cães são colocados na caçamba, sendo que esta
deverá ser coberta. Se forem construídas caixas em seu interior tornam-se ap-
tas ao transporte seguro de cães.
g. Fluvial ou marítimo : pode ocorrer de termos de transportar cães
embarcados. Se a embarcação permitir, podemos transportá-los como no avi-
ão, com o benefício de que o mesmo possa receber tratamento durante a via-
gem. Existem certos navios que dispõe inclusive de canis para hospedagem
dos cães. Porém, se a embarcação for pequena, devemos transportar os cães
no mesmo procedimento do helicóptero, sempre ao lado do adestrador, que
deve tomar todas as medidas de segurança, tal como a colocação de colete
salva vidas.

IMPORTANTE : nem sempre aquele que planeja ou comanda uma o-


peração com cães tem conhecimento a respeito destas regras, cabe ao especia-
lista informar seus superiores de como proceder o emprego de seus meios; o
sucesso do emprego de cães é de seu comandante, e o fracasso também!

53
XI - DEMONSTRAÇÕES CANINAS

A Polícia Militar, normalmente, recebe grande número de solicitações


para que sejam efetuadas demonstrações com emprego de cães, principalmen-
te por ocasião das datas cívicas, dia das crianças e festejos diversos.
Pelas demonstrações realizadas, a PM ingressa num seleto grupo de ór-
gãos estatais que, sem prejuízo de suas atividades principais, prestam grande
auxílio à sociedade, sendo uma forma de venda de imagem positiva da Cor-
poração.
As demonstrações visam expor ao público tudo aquilo que um cão po-
licial pode realizar, ao mesmo tempo que animam e divertem crianças, jovens
e adultos.
Realizadas de maneira educacional têm ainda o poder de aproximar a
população da Polícia Militar. Dividem-se em 03 partes :
a. Obediência : são realizados exercícios de adestramento básico, se-
cundário e ornamental;
b. Transposição de Obstáculos : é realizada uma pista com obstáculos
que simulam as possíveis exigências que o cão irá enfrentar em seu dia a dia
(agility).
c. Trabalho Policial : são simuladas atuações policiais, onde o adestra-
dor irá empregar seu cão, demonstrando que o cão adestrado pode ser dócil,
porém quando exigido, irá substituir a arma de fogo na proteção da sociedade
Para este emprego o cão deverá ter adestramento BÁSICO,
SECUNDÁRIO e ORNAMENTAL.
Poderemos também realizar demonstração com os cães farejadores de
drogas, sendo que este deverá ser o primeiro exercício apresentado.

XII - DEMONSTRAÇÕES COM CÃO DE FARO

Demonstrações são valiosas ferramentas para a equipe de faro, se é


para uma organização cívica, outra agência de Execução de Lei, ou um grupo
de juízes e advogados. Uma demonstração próspera dará para a equipe de
faro mais confiança, credibilidade e aceitação dentro da comunidade.
Demonstrações tem um propósito bem útil, elas provém meios para:
 Comunicar ao público as funções de um Programa de Cão de Faro;
 Prover uma base para melhorar as relações públicas entre a Polícia Militar
e a comunidade.

53
 Promover a cooperação entre agências, demonstrando as capacidades da
equipe de faro canino como um recurso investigativo que pode ser
compartilhado.
1. Diretrizes para administrar uma Demonstração:

a. Planejamento e preparação:
O "Guia" deve se preparar tendo um esboço por escrito do tópico a ser
apresentado. Este esboço pode ser um pequeno cartão com anotações (3x5),
que permita que a apresentação flua com conhecimento e preparação.
Onde for possível o "Guia" deve inspecionar a localização física da
demonstração, avaliando possíveis problemas ambientais que possam fazer
parte do exercício. Se o tempo permitir, o "Guia" deveria montar sua
demonstração com um dia de antecedência ou, ao menos, 30 minutos antes da
apresentação.

b. Conheça sua audiência: grupos cívicos, estudantes, grupos de profissionais


liberais, agências de Execução de Lei, etc.:
Um "Guia" bem preparado é aquele que prepara sua apresentação, para
ajustar-se a sua platéia.
Em uma demonstração com estudantes a área a ser enfocada deve ser
diferente da apresentação para Juízes e Advogados.
O "Guia" deveria planejar adequadamente a apresentação verbal e a
apresentação física.

c. O Cão deve se divertir durante a demonstração:


Esta é uma seção freqüentemente negligenciada em uma demonstração;
lembre-se, a razão da platéia é olhar o cão e seu desempenho, não o "Guia".
Explique à platéia que quando o cão está procurando o odor de
entorpecentes é uma brincadeira, de forma que quando ele dá o alerta, é
recompensado, sendo-lhe permitido brincar.
Ao permitir um tempo de “brincadeiras” para o cão durante a
demonstração, esta união da equipe de faro se traduz em uma visão positiva
do policial pela platéia.
Se o "Guia" permitir que a platéia participe da brincadeira
recompensando o cão, então é vital que conheça a fundo sua platéia e tenha
pleno controle sobre a brincadeira. A participação da platéia na brincadeira,
pode ser interpretada pelo seu cão como um desafio, o que poderia ocasionar
que o mesmo defendesse sua recompensa, podendo resultar em um desastre
para a demonstração.

d. O Critério de Demonstração:

53
A demonstração deve ser clara à todas as pessoas e, para as pessoas
que não estão familiarizada com a maneira de trabalho dos cães de faro, deve
ser-lhes dito quais as ações que o cão está demonstrando.
Explique a forma mecânica com que seu cão descobre a fonte de odor
de entorpecentes.
Descreva os sinais físicos que a platéia verá no cão, ex: cauda
levantado, o uso intensivo do nariz e a língua para fora, bem como o pêlo
eriçado, que demonstram a proximidade de drogas.
Discuta a terminologia usada com cães de faro, alerta de área, alerta
específico, mudança de comportamento, odor residual, etc..
Algumas platéias tentarão direcionar o "Guia" em direção a uma
discussão legal de aplicações caninas, a menos que o "Guia" esteja bem
ciente da lei, esta área deveria ser deixada com o Promotor de Justiça ou setor
jurídico da corporação.
É importante que o "Guia" tenha junto a si um esboço de sua
apresentação.

e. O Canino sempre deve ter êxito:


Não há nada mais embaraçoso que após ter preparado a demonstração,
o cão não ache o objeto do treinamento.
Apesar deste acontecimento ser remoto, acontece principalmente por
falta de preparação por parte do "Guia" ou quando este, deseja demonstrar
suas capacidades de “handler” e as capacidades do cão.
O "Guia" deve dirigir o cão para uma procura na área de demonstração,
apenas depois da seguinte preparação:

1) O cão foi treinado para encontrar a substância:


Porquanto, isto pode soar como um pouco de bom senso, incidentes
aconteceram onde o "Guia" colocou seu cão para procurar odores para os
quais ele não tinha sido treinado para descobrir. Por que um "Guia" faria tal
coisa? Podemos visualizar várias razões.
Demonstrações pobremente executadas, que normalmente aconteceram
em situações momentâneas, podem conduzir a situações embaraçosas.
Enquanto a maioria das platéias podem entender o porque do cão não ter
encontrado a substância, algumas pessoas podem ficar com a dúvida quanto a
utilidade e eficácia do uso de cães.

53
2) A demonstração deve ser fixada para a correta exibição dos
talentos de olfato de seu cão:

Lembre-se de manter uma demonstração simples, mas efetiva. Padrões


de procura complicados só servirão para confundir sua platéia e assim
mascarar os talentos de olfato de seu cão.
Uma exibição simples de cheirar bagagem e mostrar um alerta é
freqüentemente uma demonstração clara da habilidade do canino.
Geralmente, a localização física da demonstração ditará que exercício
demonstrará a equipe de faro. Se organizando fora de exercícios, o "Guia"
deveria recordar que alguns fatores externos como vento, temperatura e
odores de distração normalmente estão além do controle do "Guia" e podem
ter um efeito dramático no resultado da demonstração.
Há momentos em que uma demonstração externa é muito efetiva. Em
várias ocasiões se usou um campo de futebol para a descoberta de odores
escondidos dentro de cones, com resultados muito bons.

3) O "Guia" deve ter controle completo na organização da


demonstração:

Houve várias instâncias onde a equipe de faro foi colocada em uma


situação de prova em lugar de promover uma demonstração.
Isto normalmente aconteceu quando as pessoas que organizaram a
demonstração conheciam muito pouco em relação ao trabalho de cães de faro
de entorpecentes. Estes incidentes criaram situações em que a procura vai
além da demonstração.
Pessoas sem experiência e os de pouco conhecimento como
transferência de odor, odor residual e outras áreas de teoria de odor só podem
servir para confundir a equipe de faro e não ajudar na demonstração. Existem
ainda, pessoas dispostas a montar um exercício para derrotar a equipe de faro
e com isto demonstrar sua falibilidade para a platéia. Isto normalmente
acontece quando o "Guia" deixa de coordenar a demonstração.
Geralmente, a demonstração será a primeira vez em que a platéia verá
seu cão. A primeiro impressão é muito importante, a platéia tem que observar
um exercício canino eficiente.

f) Introdução da Demonstração (comentários sobre o "guia" e áreas de


perícias):
Comece a demonstração com uma introdução breve de você e seu
canino.
Neste primeiro contato com a platéia, você poderá decidir deixar seu
cão de fora, caso queira falar em outras áreas de execução de entorpecentes.
53
Descreva os treinamentos que você e seu cão receberam para a descoberta de
entorpecentes e de outras substâncias controladas que seu cão é treinado para
descobrir. Informações adicionais como a rotina de treinamento de sua equipe
de faro, assim como a história de suas descobertas reais, são importantes.
Se sua platéia é formada por pessoas do Poder Judiciário, você pode ter
que explicar que o cão procura o odor que emana das substâncias controladas
e os odores residuais.
Finalmente, esteja sempre disposto e honrado ao dar uma
demonstração, pois nunca sabe quem está sentado na platéia.

g. Assuntos confidenciais:
Freqüentemente, enquanto administrando uma demonstração vocês
receberão perguntas que enfocam aspectos confidenciais de descoberta de
entorpecentes. Tópicos como: “como enganar os cães; e escondendo
entorpecentes assim o cão não os pode descobrir; etc..
Quando esta situação surge, e como isto é freqüente, responde-se que a
pergunta concerne a uma área que é confidencial em natureza e não será
discutida. A maioria das platéias aceitará aquela resposta e passará à outros
tópicos de discussão.

h. Demonstrações de sala de tribunal:


Advogados de defesa podem determinar que você execute uma
demonstração na sala do tribunal, enfocando o caso em questão. Este é um
dos meios pelos quais a defesa tentará desacreditar as habilidades do cão.
Afortunadamente, muitos Juízes e Magistrados demonstraram
sabedoria ao negar tais pedidos aos advogados de defesa.

A maioria dos tribunais sabe que a cena onde a droga foi descoberta,
não poderia ser recriada com precisão na sala do tribunal.

O tribunal revisará as equipes de cães, sua confiabilidade, e os


credenciará como parte da fundação para a admissibilidade de equipes de
faro.
É responsabilidade de “Guias” a educação e informação aos
prossecutores das equipes de faro, treinamento e confiabilidade.
Uma demonstração é uma avaliação dos caninos perante a comunidade.
Se divirta, seja profissional, mostre a platéia que você está orgulhoso de seu
“sócio canino”, e uma demonstração próspera será sua recompensa.

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XII - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. MARTINS, Clayton Marafioti (1º Ten PMSC). Cinotecnia, a Arte de A-


destramento de Cães, Florianópolis, 1999.
2. SOUZA, Claudionir (1º Ten PMSC). Apostila do Curso de Cinotecnia
Para Oficiais - 01/2001, da PMESP, São Paulo, 2001.
3. GRANDJEAN, Dominique. Enciclopédia do Cão, aniwa publishing, Pa-
ris, 2001.
4. VILÀ, Carles; SAVOLAINEN, Peter; MALDONADO, Jesús E.;
AMORIM, Isabel R.; RICE, John E.; HONEYCUTT, Rodney L.;
CRANDALL, Keith A.; LUNDEBERG, Joakim; WAYNE, Robert K..
"Multiple and ancient origins of the domestic dog", Science 1997, 276,
1687-1689.
5. TSUDA, Kaoru; KIKKAWA, Yoshiaki; YONEKAWA, Hiromichi;
TANABE, Yuichi. "Extensive interbreeding occurred among multiple ma-
triarchal ancestors during the domestication of dogs: "Evidence from in-
ter-and intraspecies polymorphisms in the D-loop region of mitochon-
drial DNA between dogs and wolves" Genes Genet. Syst. 1997, 72, 229-
238.
6. WILSON, D. E.; REEDER, D. M.. Mammal Species of the World,
Smithsonian Institution Press, 1993, 1206 pp.
7. GEARY, Michael. Tudo sobre cães. Círculo do Livro, São Paulo, 1978.
8. COREN, Stanley. A Inteligência dos Cães, Editora Ediouro, São Paulo,
1996.
9.ESPÓSITO, Breno Pannia. Em
http://home.wolfstar.com/~infolobo/Cao.html
10. FILHO, Hugo Biagi. Texto em
http://www.allcompany.com.br/selectdog/p _especial.html.
11. Seção de cães de Guerra do Exército Brasileiro texto retirado do site
http://www.exercito.gov.br/05Notici/VO/173/caes.htm

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IX - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. MARTINS, Clayton Marafioti (1º Ten PMSC). Cinotecnia, a Arte de A-


destramento de Cães, Florianópolis, 1999.

2. SOUZA, Claudionir (1º Ten PMSC). Apostila do Curso de Cinotecnia


Para Oficiais - 01/2001 da PMESP, São Paulo, 2001.

3. Reinlein, Marcos Fabiano. Apostila de Noções de Veterinária do Curso


Básico de Cinotecnia - Canil Central/BOE, São José, 2002.
4. Grandjean, Dominique. Enciclopédia do Cão, aniwa publishing, Paris,
2001.
5. VILÀ, Carles; SAVOLAINEN, Peter; MALDONADO, Jesús E.;
AMORIM, Isabel R.; RICE, John E.; HONEYCUTT, Rodney L.;
CRANDALL, Keith A.; LUNDEBERG, Joakim; WAYNE, Robert K..
"Multiple and ancient origins of the domestic dog", Science 1997, 276,
1687-1689.
6. TSUDA, Kaoru; KIKKAWA, Yoshiaki; YONEKAWA, Hiromichi;
TANABE, Yuichi. "Extensive interbreeding occurred among multiple ma-
triarchal ancestors during the domestication of dogs: "Evidence from in-
ter-and intraspecies polymorphisms in the D-loop region of mitochon-
drial DNA between dogs and wolves" Genes Genet. Syst. 1997, 72, 229-
238.
7. WILSON, D. E.; REEDER, D. M.. Mammal Species of the World, Smith-
sonian Institution Press, 1993, 1206 pp.
8. GEARY, Michael. Tudo sobre cães. Círculo do Livro, São Paulo, 1978.
9. ESPÓSITO, Breno Pannia. Em
http://home.wolfstar.com/~infolobo/Cao.html
10. FILHO, Hugo Biagi. Texto em
http://www.allcompany.com.br/selectdog/p _especial.html.
11. 1º Sargento Andrade - Noções de Neonatologia Veterinária, Polícia Mili-
tar do Estado de São Paulo, UNIP, Maternidade de cães, São Paulo, 1996.

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XIII - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. MARTINS, Clayton Marafioti (1º Ten PMSC). Apostila do Curso de En-


torpecentes da Polícia Federal de Campo Grande - MS, 2001.

2. MARTINS, Clayton Marafioti (1º Ten PMSC). Apostila do Curso de


Guia de cão de faro de drogas da Polícia Federal de Brasília - DF,
2001.

3. SOUZA, Claudionir (1º Ten PMSC). Apostila do Curso de Cinotecnia


Para Oficiais - 01/2001 da PMESP, São Paulo, 2001.

4. FILHO, Sebastião Lucas; CARDOSO, Edgar Eleutério; SANTANA, Levi


Feliciano. Emprego de Cães na Segurança Pública, Minas Gerais, 1987.

5. HELFERS, Fred. Procedimentos e Considerações para Programa de K-


9 de Detecção de Narcóticos, 1997. Tradução Eduardo Hahn.

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