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RODOVIÁRIOS
Resumo
O presente trabalho visa apresentar os diferentes conceitos do termo passivo ambiental, tanto
seu significado para a Contabilidade Financeira Ambiental (CFA) quanto para o aspecto físico do
setor de transporte rodoviário. O passivo ambiental de uma empresa representa a dívida que
esta empresa tem com as questões relacionadas ao meio ambiente. No caso das rodovias, para
se recuperar um passivo ambiental deve-se compreender as etapas de: conceituação de passivo
ambiental, levantamento e caracterização do passivo, avaliação das quantidades e condições do
passivo, estimativa dos custos de sua recuperação, programação financeira para recuperação e
plano de execução da recuperação propriamente dita.
Abstract
The present work aims at to present the different concepts of the ambient liability term, as much
its meaning for Ambiental Finance Accounting (AFC) how much for the physical aspect of the
sector of road transport. The ambient liabilities of a company represent the debt that this company
has with the questions related to the environment. In the case of the highways, to recover ambient
liabilities it must be understood the stages of: conceptualization of ambient liabilities, survey and
characterization of the liabilities, evaluation of the amounts and conditions of the liabilities,
estimate of the cost of its recovery, financial programming for recovery and plan of execution of
the recovery properly said.
1- INTRODUÇÃO
As obras de engenharia em geral, particularmente as rodoviárias, interferem significativamente
no meio ambiente podendo gerar passivos ambientais, no caso de construídas, sem o
cumprimento de requisitos, critérios técnicos, procedimentos operacionais e medidas de controle
e ações para prevenir e reduzir os impactos ambientais decorrentes. Esses passivos ambientais
englobam desde erosões, quedas de taludes e assoreamentos que atingem áreas lindeiras das
estradas, até a interferência danosa entre as rodovias e áreas urbanas, com os inúmeros
acidentes envolvendo perdas materiais e humanas, que tanto contribuem para a redução da
qualidade de vida dos envolvidos.
O passivo ambiental é derivado não apenas da qualidade original da construção (na recuperação
de áreas degradadas pelas obras, projetos incompletos, etc.), mas, também, da deficiência da
conservação rodoviária, como já citado anteriormente, da ação dos agentes meteorológicos e de
sinergias entre a estrada e seus componentes com o uso da terra vizinha.
Em geral, as interferências urbanas derivam desta sinergia à medida que a simples presença da
estrada atrai a ocupação urbana de suas margens, tanto em função da maior facilidade de
deslocamento, como das oportunidades de negócios que são oferecidas (BELLIA e SANTOS,
1998).
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Segundo Lal, é muito difícil avaliar precisamente quais são as dimensões (extensão, magnitude e
proporção) da erosão do solo e suas conseqüências econômicas ambientais (LAL, 1994).
Quanto à identificação do passivo ambiental, este serve como elemento de decisão de avaliação
e quantificação de posições, custos e gastos ambientais potenciais pois a responsabilidade e
obrigação da restauração ambiental podem recair sobre novos proprietários da empresa
responsável pela rodovia.
Atualmente, as empresas vem adotando a metodologia de não vincular o passivo ambiental aos
balanços patrimoniais, podendo fazer parte de um relatório específico discriminando-se as ações
e esforços desenvolvidos para eliminação ou redução dos danos ambientais.
Sob o ponto de vista das ciências econômicas (RIBEIRO e LISBOA, 2000), o passivo ambiental
corresponde ao investimento que uma empresa deve fazer para que possa corrigir os impactos
ambientais adversos gerados em decorrência de suas atividades e que não tenham sido
controlados ao longo dos anos de suas operações.
Segundo Iudícibus ( 1997), as características dos passivos ambientais resumem-se nos três
parágrafos a seguir:
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Segundo a ONU ( 1977), os passivos ambientais existem quando:
1- Houver uma obrigação de a entidade prevenir, reduzir ou retificar um dano ambiental, sob a
premissa de que a entidade não possui condições para evitar tal obrigação. Esta ausência de
condições é definida quando:
a- da existência de uma obrigação legal ou contratual
b- de política ou intenções da administração, prática do ramo de atividade, ou expectativas
públicas, ou
c- divulgação, por parte da administração, interna ou externamente, de sua decisão de prevenir,
reduzir ou retificar o dano ambiental de sua responsabilidade.
Sprouse e Moonitz (apud RIBEIRO, 1992), afirmam que ”passivos são obrigações que exigem a
entrega de ativos ou prestação de serviços em um momento futuro, em decorrência de
transações passadas ou presentes”.
Segundo Maimon, D (1999), o passivo ambiental é avaliado mediante auditoria especializada
nas unidades produtivas da empresa, identificado as não conformidade com os requisitos legais
e com sua política ambiental. Faz-se, em seguida, a avaliação da área contaminada para que
finalmente as soluções sejam valorizadas monetariamente. As três principais categorias de
custos que compõe o passivo ambiental, segundo Maimon, são:
(1) Multas, taxas e impostos a serem pagos face a inobservância de requisitos legais;
(2) Custos de implantação de procedimentos e tecnologias que possibilitam o atendimento às
não conformidades;
(3) Dispêndios necessários à recuperação da área degradada e indenização à população
afetada.
2- CONCEITUAÇÃO
2.1- PASSIVO AMBIENTAL
O termo “passivo ambiental“ vem sendo empregado nas últimas três décadas principalmente,
pelos prejuízos ambientais ocorridos no Alasca pelo petroleiro Exxon-Valdez, pelos resíduos de
materiais nucleares de Chernobil, na Rússia, pelo vazamento de gás na Vila Socó, em Cubatão-
São Paulo e pelo famoso vazamento de óleo na Baia de Guanabara, no Rio de Janeiro, em 17
de janeiro de 2000.
As empresas responsáveis em geral estão preocupadas com medidas preventivas para evitar
impactos no meio ambiente, essas medidas são geradas pela responsabilidade social das
empresas. Nem sempre essas empresas estão preparadas para uma disponibilidade financeira
no combate aos danos ambientais em caso de acidentes.
Deve-se procurar todos os mecanismos disponíveis para a identificação e mensuração dos
passivos mesmo sendo aproximadas. As agressões ao meio ambiente e as obrigações nem
sempre são definidos logo no ato do acidente mas isto não isenta a empresa do seu
reconhecimento.
Em contabilidade, a expressão passivo é utilizada para identificar obrigações, tais como: passivo
financeiro, passivo trabalhista etc... O passivo é constituído pelo dinheiro do acionista e pelo
dinheiro tomado por empréstimo e financiamento ( dívidas para com os credores e obrigações
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para com os acionaista. Enquanto o passivo é fonte de recursos, o ativo é o destino. No balanço,
o ativo deve ser equivalente ao passivo.
ATIVO PASSIVO
(destino dos recursos) (fonte de recursos)
Financiamento
Bens
Dívidas
Direitos
Capital do acionista
ATIVO = PASSIVO
Qualquer evento ou transação que venham a refletir na interação da empresa com o meio
ecológico pode-se ter como origem de um passivo ambiental, assim o controle e a reversão dos
impactos das atividades econômicas sobre o meio ambiente são obrigações de todos os custos
do dano.
Sob o ponto de vista de passivos ambientais no meio físico, no caso em rodovias, podem ser
citados:
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- Erosão em taludes de cortes com escorregamento.
Um ativo representa um recurso de propriedade e controle de uma empresa, o qual foi adquirido
em transações no passado e das quais se espera um fluxo de benefício econômico no futuro.
Segundo Milaré (MILARÉ,E. 2005), o ativo ambiental são bens ambientais de uma organização,
como mananciais de água, encostas, reservas, áreas de proteção ambiental etc.
- Aspectos Administrativos
- Aspectos Físicos
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3.1- No Aspecto Administrativo enquadram-se observâncias às normas ambientais e
procedimentos.
- Cumprimento de legislações.
- Efetivação de Estudo e Relatório de Impacto Ambiental- Eia/Rima
- Conformidade das licenças ambientais
- Pendências de infrações, multas e penalidades.
- Acordos comerciais
- Resultados de auditorias ambientais
- Pendência de PBA- Programa Básico Ambiental
- Medidas de compensação, indenização ou minimização pendentes
a- Cumprimento de legislações
Dentre as melhores leis do mundo estão as leis brasileiras e devem ser respeitadas. É muito
importante que as empresas estabeleçam medidas de prevenção à poluição investindo em
iniciativas a fim de evitar passivos ambientais ou processos, dados a sua imagem e perda de
mercado. Atualmente, as empresas que ganham em competitividade, mercado e lucro são
aquelas onde a variável ambiental está sendo respeitada.
Segundo a Lei Federal nº 6.938/81 também chamada Política Nacional do Meio Ambiente, em
seu Artigo 14, parágrafo primeiro afirma que “o poluidor é obrigado, independentemente de
existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros
afetados por sua atividade”.
Esta afirmação representa a regra da Responsabilidade Objetiva na qual o causador do dano é
responsável independentemente de culpa. A simples existência de uma relação entre causa e
efeito é suficiente para que seja possível responsabilizar o autor do dano.
Em outras palavras, todo aquele que sofre prejuízo pelos acontecimentos podem vir a ser
ressarcidos e além do mais, o local danificado deve ser recuperado.
A lei nº 9605/98 chamada Lei de Crimes Ambientais diz respeito à Responsabilidade Penal da
Pessoa Jurídica e em seu Artigo 3º apresenta que as pessoas jurídicas serão responsabilizadas
administrativa, civil e penalmente, além de responsabilizar pessoas físicas, co-autoras do fato.
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- Determinação e caracterização da área de influência do empreendimento;
- Diagnóstico ambiental dos meios físico, biológico e antrópico;
-Prognósticos ambientais relativos ao comportamento dos meios físico, biológico e antrópico,
face à presença do empreendimento;
- Avaliação dos impactos ambientais prognosticados;
- Planificação de programas, projetos, ações, medidas e recomendações institucionais capazes
de realizar a viabilidade ambiental do projeto do empreendimento.
Com base no Eia/Rima pode-se ter um ponto de partida para a identificação dos fatos geradores
dos passivos ambientais e juntamente com auxílio técnico, dar valores pelo custo dos insumos
requeridos, pelos investimentos em máquinas e equipamentos, pela extensão da área a ser
recuperada ou pelo volume de refugos que devem ser tratados, etc... (RIBEIRO e LISBOA -
2000).
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A base de aferição das não-conformidades é a legislação vigente, normas nacionais e
internacionais vinculadas ao negócio e padrões internos auto-impostos pela organização.
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utilizadas devem ser limpas de solo vegetal; as áreas para estoque de agregados, de asfalto ou
usinas devem ser limpas, os tanques de asfalto, tambores e outros materiais devem ser
recolhidos e disposto em lixeiras pré-selecionadas.
c- Restauração de bota-fora
Os impactos significativos da área de bota-fora são poluição do ar causados por nuvens de
poeira ( as nuvens de poeira e a lama interferem com o público nas áreas mais povoadas e são o
suficiente para a ocorrência de acidentes); lixo em áreas habitadas; proliferação de insetos
(inclusive transmissores de doenças endêmicas); degradação de áreas urbanizáveis com má
disposição de bota-fora e erosões e assoreamentos.
Percebe-se que muitos passivos ambientais não serão reconhecidos, quer seja porque não
existem técnicas adequadas para identifica-los ou porque não se consegue definir com
segurança quem gerou efetivamente; ou porque não existe tecnologia adequada para se
recuperar o meio ambiente dos danos provocados; ou porque não se pode definir o montante de
insumos que seria utilizado para combater a degradação.
O passivo ambiental, assim sendo, restringe-se aos valores que podem ser identificados e
mensurados pelos conhecimentos técnicos existentes, o que está longe de representar a
degradação do meio ambiente.
Segundo KRAMER (KRAMER, 2006), o passivo ambiental deve ser reconhecido nos relatórios
financeiros, se é de ocorrência provável e pode ser razoavelmente estimado, existindo padrões
de contingências que devem ser usados para caracterizar o que seria um evento de ocorrência
provável. Havendo dificuldades para estimar seu valor deverá ser provisionado um valor
estimável, registrando os detalhes em notas explicativas.
O termo “due diligence” significa o trabalho feito por especialistas ambientais a fim de indentificar
os aspectos econômico, financeiros e físicos que estejam afetando ou poderão afetar a situação
patrimonial de uma empresa.
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- inspeção do local para avaliar responsabilidades ambientais potenciais;
- rever propriedades adjacentes para avaliar a contaminação potencial de fora do local das
fontes;
- rever ferramentas ambientais e relatórios da propriedade;
- rever ferramentas e bases de dados ambientais reguladoras.
O passivo que representa obrigações para com terceiros devem ser reconhecidos a partir do
momento em que são verificados, mesmo que ainda não haja uma cobrança formal ou legal.
6- CONCLUSÃO
Atualmente, as empresas de iniciativa privada vem sofrendo pressões exercidas pelo público em
relação à qualidade nas relações com o meio ambiente e terceiros, o que possibilita importante
papel no fator determinante de sucesso nos negócios. Essas empresas geram empregos e
conhecimento no domínio técnico de gestão ambiental, na garantia de preservação do meio
ambiente e qualidade de vida das comunidades.
Em se tratando de assuntos ambientais, estes estão crescendo em importância para a
comunidade e cada vez mais o administrador tem que lidar com situações em que parte do
patrimônio das empresas fazem parte de processo que envolvem o ressarcimento de danos
causados ao meio ambiente. Os administradores, em certos casos, se deparam com dificuldades
no tratamento de atividades complexas como os passivos ambientais e necessitam de envolver o
pessoal da alta administração e contabilidade como também engenheiros, advogados, juristas,
arquitetos etc...
A participação da Contabilidade Financeira Ambiental é de extrema importância, do ponto de
vista da empresa e o meio ambiente pois ajuda a classe empresarial a pensar de forma
ecológicamente favorável além de resultar em um relatório de Balanço Patrimonial (BP) ou na
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) para as divulgações das questões ambientais.
(capacidade informativa e transparência aos usuários externos).
A Contabilidade Financeira Ambiental (CFA) é uma técnica nova e apresenta ainda algumas
lacunas a serem definidas.
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6- BIBLIOGRAFIA BÁSICA
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