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Nação

Conceito de nação ou não


Definição operacional de Benedict Anderson: é uma comunidade política imaginada – e
imaginada como sendo intrinsecamente limitada e, ao mesmo tempo soberana.
Ela é imaginada porque os membros da mais minúscula das nações jamais conhecerão ou
nem sequer ouvirão falar da maioria de seus companheiros, embora todos tenham em
mente a imagem viva da comunhão entre eles1. É limitada porque mesmo a maior delas,
que agregue, digamos um bilhão de habitantes, possui fronteiras finitas, ainda que
elásticas, para além das quais existem outras nações2. Soberana porque o conceito nasceu
na época em que o Iluminismo e a Revolução estavam destruindo a legitimidade do reino
dinástico hierárquico de ordem divina3. Ela é imaginada como uma comunidade porque,
independentemente da desigualdade e da exploração efetivas que possam existir dentro
dela a nação é sempre concebida como profunda camaradagem horizontal4.
Se tomarmos como base as considerações de Benedict Anderson de que a possibilidade
de imaginar uma nação só surgiu historicamente quando e onde, três concepções culturais,
todas muito antigas, perderam o domínio axiomático sobre as mentalidades do homem...
A primeira é a ideia de que uma determinada língua escrita oferecia um acesso
privilegiado á verdade ontológica, justamente por seu parte indissociável dessa verdade
- o latim. A segunda a crença de que a sociedade se organizava naturalmente em torno e
abaixo de centros elevados – monarcas à parte dos seres humanos que governavam por
uma espécie de graça cosmológica. A terceira é a concepção da temporalidade em que a
cosmologia e a história se confundem, e as origens do mundo e dos homens são
essencialmente as mesmas5
O declínio lento e irregular dessas convicções mutuamente entrelaçadas, sob impacto da
transformação econômica, das “descobertas” (sociais e científicas) e do desenvolvimento
de meios de comunicação cada vez mais velozes, levou a uma brusca clivagem entre a
cosmologia e a história. Desse modo, não admira que se iniciasse, por assim dizer, de
uma nova maneira de unir significativamente a fraternidade o poder e o tempo. O
elemento que talvez mais catalisou e fez frutificar essa busca foi o capitalismo editorial,

1
ANDERSON, Benedict. Comunidades Imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo.
São Paulo: Companhia da Letras, 2008, pp. 32.
2
Idem, pp. 33.
3
Idem, pp. 34.
4
Idem, Ibidem.
5
Idem, pp. 69.
que permitiu que as pessoas em números sempre maiores, viessem a pensar sobre si
mesmos e a se relacionar com as demais de maneira radicalmente novas.6
Assim, como demonstra Anderson a língua impressa, constitui-se ao mesmo tempo como
um dos possíveis elementos que permite o reconhecimento dos grupos como parte da
comunidade, unindo-os fraternalmente, mas também se faz por meio da indústria editorial
como campo para a criação e recriação da ideia de nação que se propõe imaginar7. É claro
que esse não é o único elemento no caso, por exemplo, das ex-colônias americanas a
língua não pode funcionar como diferenciador entre eles e o nós quando se trata das ex-
metrópoles e, assim, a unidade linguística por si só não responde à necessidade de
construção de laços fortes que unam o “nós” e que ao mesmo tempo indique que não
somos os “outros”.8
Benedict Anderson demonstra como a indústria editorial é fundamental para a
possibilidade de se imaginar a nação, em seu Comunidades Imaginadas o autro analisa
como a convergência do capitalismo e da tecnologia de imprensa sobre a fatal diversidade
da linguagem humana criou a possibilidade de uma forma nova de comunidade
imaginada, que em sua morfologia básica mostrou o cenário para a nação moderna.

Patriotismo e nação
É de se duvidar que a transformação nacional ou as consciências transformadas, por si
mesmas, consigam explicar o apego que os povos sentem pelas invenções de suas
imaginações9.
Colocar na conclusão
(...) as nações inspiram amor, e amiúde um amor de profundo
autosacrifício. Os frutos do nacionalismo – a poesia, a prosa, a música,
as artes plásticas – mostram esse amor com muita clareza, e em milhares
de formas e estilos diversos. Por outro lado, como é difícil encontrar
frutos nacionalistas semelhantes expressando medo e aversão! Mesmo
no caso dos povos colonizados, que todas as razões de sentir ódio de
seus governantes imperialistas, é assombrosamente insignificante o
elemento de ódio nas expressões de sentimento nacional.10

Hobsbawm

6
Idem, pp. 70.
7
Idem, pp. 71-81.
8
Idem, pp. 84.
9
Idem, pp. 199.
10
Idem, pp. 199-200.
As tentativas de se estabelecerem critérios objetivos sobre a existência de
nacionalidade, ou de explicar porque certos grupos se tornam “nações” e outros não,
frequentemente foram feitas om base em critérios simples como a língua ou a etnia ou em
uma combinação de critérios como a língua, o território comum, a história comum, os
traços culturais comuns e outros mais11.
Definir subjetiva12 ou objetivamente13 a nação torna-se algo enganoso, assim,
Hobsbawm propõe como hipótese inicial de trabalho tratar nação como qualquer corpo
de pessoas suficientemente grande cujos membros consideram-se como membros de uma
“nação”14. Não se pode estabelecer se um corpo de pessoas considera-se ou não dessa
maneira simplesmente consultando escritores ou porta-vozes políticos de organizações
que demandaram o status de nação para aquele corpo. O aparecimento de um grupo de
porta-vozes de alguma “ideia nacional” não é insignificante, mas a palavra nação é
atualmente usada de forma tão ampla e imprecisa que o uso do vocabulário nacionalismo
pode significar hoje muito pouco15.
Ao abordar a “questão nacional” o mais profícuo é começar com o conceito de
nação (isto é, com o “nacionalismo”) do que com a realidade que ele representa. Pois “a
‘nação’ tal como concebida pelo nacionalismo pode ser reconhecida prospectivamente,
mas ‘nação’ real pode ser reconhecida apenas a posteriori”16.
Conceitos não são parte de discursos filosóficos flutuantes, mas são histórica,
social e localmente enraizados e, portanto, devem ser explicados em termos destas
realidades17.
Para Hobsbawm:
1. Nacionalismo definido por Gellner = fundamentalmente um princípio que
sustenta a unidade política e nacional dever ser congruente18 agregando a esse
princípio a implicação de que o dever político a organização política que

11
HOBSBAWM, Eric J. Nações e nacionalismo desde 1780: programa, mito e realidade. São Paulo: Paz
e Terra, 2013, pp. 13-14.
12
Hobsbawm aponta como elementos objetivos: um passado histórico comum, uma língua distinta, um
território definido. Idem, pp 14.
13
Hobsbawm aponta como elementos subjetivos: ser uma coletividade de cidadãos, ser passível de aderia
às pessoas. Idem, pp. 18.
14
Idem, pp. 17.
15
Idem, pp. 17.
16
Idem, pp. 17-18.
17
Idem, pp. 18.
18
GELLNER, Ernest. Nations and Nationalism. 2a ed.. New York: Cornell University Press, 2009, pp. 01.
Apud: Idem, pp. 18.
abrange e representa a nação supera a todas as outras obrigações públicas de
qualquer tipo19.
2. A “nação” não é uma entidade social originária ou imutável. A “nação”
pertence exclusivamente a um período particular e historicamente recente. Ela
é uma entidade social apenas quando relacionada a certa forma de Estado
territorial moderno, o “Estado Nação”; não há sentido em discutir nação e
nacionalidade fora dessa relação. Gellner = elemento de artefato, da invenção
e da engenharia social que entra na formação das nações “As nações, postas
como modos naturais ou divinos de classificar os homens, como destino
político (...) inerente, são um mito, o nacionalismo, que às vezes orna culturas
preexistentes e as transforma em nações, algumas vezes as inventa e
transforma em nações, algumas as inventa e frequentemente oblitera as
culturas preexistentes: isto é uma realidade”20
“O nacionalismo vem antes das nações. As nações não formam Estados e os
nacionalismos, mas sim o oposto”21.
3. A “questão nacional” está situada na intersecção da política, da tecnologia e
da transformação social. Nações existem não apenas como funções de um tipo
particular de Estado territorial ou da aspiração em assim se estabelecer –
amplamente falando, o Estado-cidadão da Revolução Francesa – como
também no contexto de um estágio particular de desenvolvimento econômico
e tecnológico. As nações e seus fenômenos associados devem ser analisados
em termos das condições econômicas, administrativas, técnicas, políticas e
outras exigências.
4. As nações são fenômenos duais, constituídos essencialmente pelo alto, mas
que, no entanto, não podem ser compreendidas sem ser analisadas de baixo,
ou seja, em termos das suposições, esperanças, necessidades, aspirações e
interesses das pessoas comuns, as quais não são necessariamente nacionais e
menos ainda nacionalistas.22
5. O desenvolvimento das nações e do nacionalismo em Estados longamente
estabelecidos não foi estudado intensivamente.

19
HOBSBAWM, Eric J. Op. Cit., pp. 17-18.
20
GELLNER, Ernest. Op. Cit., pp. 48-49. Apud. Idem, pp. 19.
21
HOBSBAWM, Eric J. Op. Cit., pp. 18
22
Idem, pp. 19-20.
A consciência nacional se desenvolve desigualmente entre os grupos e regiões
sociais de um país; qualquer diversidade regional e suas razões foram
notavelmente esquecidas no passado; qualquer que seja a natureza dos
primeiros grupos sociais capturados pela “consciência nacional”, as massas
populares – trabalhadores, empregados, camponeses – são as últimas a serem
por ela afetadas; os movimentos sociais são divididos em três fases:
a) A que se desenvolveu na Europa no século XIX, puramente cultural,
literária e folclórica, sem implicações políticas particulares e mesmo
nacionais.
b) Encontramos um conjunto de pioneiros e militantes da ‘ideia nacional’ e o
começo das campanhas políticas em prol dessa ideia.
c) Quando os programas nacionalistas adquirem sustentação de massa – e
não antes – ou, ao menos alguma sustentação de maça que os nacionalistas
dizem representar23.

Nos Estados onde se desenvolveu a agenda política do patriotismo foi formulada


pelos governos e pelas classes dominantes.
Hobsbawm em sua análise sobre a nação e o nacionalismo demonstra como a
prática de utilizar as ideias de necessidade de proteção da pátria foi acionada no contexto
da 1ª Guerra, por meio de uma propaganda fundamentalmente dirigida a civis e cidadãos
– a guerra apresentada como defesa contra a vinda do estrangeiro que se constituía como
ameaça aos ganhos cívicos próprios de seu lado ou países, “todos aprenderam a apresentar
seus objetivos de guerra (embora de alguma forma inconsistentemente) não apenas como
a eliminação de tais ameaças, tais como, de alguma forma, a transformação social do país,
no interesse dos cidadãos mais pobres (‘lares de heróis’)”24.
A discussão estava posta nos caminhos para criar cidadãos, filhos da pátria, em
criar o patriotismo nacional de tornar o país “meu”25, ou de “terra natal”26. Se o Estado
não tomava para si o processo de nacionalização, os homens de letras, de direito e de
ciências criavam projetos de nação, com encaminhamentos diversos o país e esses
nacionalismos se tornaram um instrumento poderoso para o Estado.

23
Idem, pp. 21.
24
Idem, pp. 125.
25
Idem, pp. 124.
26
Idem, pp. 125.
“Só por um impulso forte para formar um ‘povo’ é que os cidadãos de um país se
tronavam uma espécie de comunidade, embora uma comunidade imaginada, e seus
membros, portanto, passaram a procurar (e consequentemente a achar) coisas em comum,
lugares, práticas, personagens, lembranças, sinais, símbolos”27.
Alternativamente, a herança de partes, regiões e localidades do que havia se
tornado a “nação” poderia ser combinada como em uma herança nacional, de modo que
até mesmo os antigos conflitos vieram a simbolizar sua reconciliação em um plano mais
elevado e geral28.
Os Estados e regimes tinham todas as razões para reforçar, se pudessem, o
patriotismo estatal com sentimentos e símbolos da comunidade imaginada, onde e como
eles se originassem, e concentrá-los sobre si mesmos29.
Essencial “educar nossos mestres” “fazer cidadãos”, transformar “camponeses em
brasileiros” e fazer com que todos se ligassem a uma bandeira e a uma nação30.
1880-1914 – ênfase entre o “eles” e “nós” e não há modo mais eficaz de unir as
partes díspares de povos inquietos do que uni-los contra forasteiros31. Estados utilizam a
maquinaria de comunicação, sobretudo as escolas primárias, para difundir a imagem e a
herança da “nação” e inculcar a adesão a ela, bem como liga-los ao país e à bandeira,
frequentemente ‘inventando tradições’, ou mesmo nações com esse objetivo32.
Mais ou menos na segunda metade do século XIX o nacionalismo étnico ganha
reforços por meio da maciça migração geográfica e pela transformação da “raça” em
conceito central nas ciências sociais do século XIX33.
“Por um lado, a velha e estabelecida divisão da humanidade em algumas poucas
‘raças’ que se diferenciavam pela cor da pele passou a ser elaborada agora em um
conjunto de diferenciações ‘raciais’ que separavam pessoas que tinham aproximadamente
a mesma pele clara, como ‘arianos’ e ‘semitas’, ou entre os ‘arianos’ e os nórdicos, os
alpinos e os mediterrâneos. Por outro lado, o evolucionismo darwinista alimentou o
racismo como aquilo que parecia ser um conjunto de razões ‘científicas’ para afastar ou
mesmo, como aconteceu de fato, expulsar e assassinar estranhos”34.

27
Idem, pp. 126.
28
Idem, pp. 127.
29
Idem, pp. 127.
30
Idem, pp. 127.
31
Idem, pp. 127-128.
32
Idem, pp. 128.
33
Idem, pp. 150.
34
Idem, pp. 150-151.
Os liames entre o racismo e o nacionalismo são óbvios. Há uma evidente analogia
entre a insistência dos racistas na pureza racial e nos horrores da miscigenação e também
a insistência de tantas formas de nacionalismo linguísticos – a maioria, talvez – sobre a
necessidade de purificar a língua nacional de elementos estrangeiros35.
1914-1950 = triunfo do nacionalismo, influenciado por fatores:
1) O colapso dos grandes impérios multinacionais da Europa;
2) A Revolução Russa;
3) triunfo da “economia nacional” – aspecto da nação burguesa;

35
Idem, pp.151.

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