que a Juíza de primeiro grau julgou improcedente o pedido de complementação de aposentadoria, sob o fundamento de que o benefício deve ser apurado de acordo com a legislação vigente à época de sua concessão sob a égide de que não houve unilateralidade quanto à escolha do plano de complementação, pois ao empregado foi disponibilizado fazer uma escolha entre Plano de Antecipação de Aposentadoria (PAA) previsto no estatuto de 1997 e o Complemento aposentadoria por tempo de contribuição prevista no Estatuto de 1967. Vislumbro que rezão assiste ao Reclamante. O autor foi contratado em 10.01.80 e aderiu ao Plano de Complementação de aposentadoria administrado pela PREVI sob a égide do Estatuto aprovado em 1967, em vigor a partir de 1972 e, em 01.12.2006, passou a receber o benefício de aposentadoria complementar na modalidade “complemento aposentadoria por tempo contribuição”. O art. 49 do Estatuto PREVI de 01.05.1967 estabelece que o benefício inicial corresponde à média da soma das 12 (doze) últimas remunerações integrais mensais efetivamente recebidas, a qualquer título, pelo associado, exceto gratificações. Tendo o autor sido contratado e se filiado à PREVI sob a égide do Estatuto de 1967, não há dúvidas de que este aderiu ao seu contrato de trabalho e incorporou-se ao seu patrimônio jurídico. Entretanto, ao se aposentar, foi utilizado no cálculo do benefício o Regulamento Plano Benefício 1 que fixa para efeito de cálculo da complementação da aposentadoria a média aritmética dos 36 (trinta e seis) últimos salários-de-participação. Ora, restou evidente o prejuízo causado ao obreiro, em seus proventos de aposentadoria, pela mudança da base de cálculo adotada. Pois bem. A alteração ocorrida em 1997, via norma regulamentar – Estatuto PREVI/1998, que alterou a base de cálculo da apuração da média mensal dos proventos de aposentadoria e o percentual de contribuição aplicado após a jubilação, não tem o condão de alterar o contrato de trabalho do demandante, haja vista que ocasiona prejuízo. Tais alterações somente poderiam ocorrer se fossem para beneficiá-lo, nos termos do art. 468 da CLT e do entendimento do E. TST consubstanciado nas Súmulas nºs 51 e 288, bem como na OJ/SDI-1 nº 18, com redação recentemente alterada, senão vejamos: Súm. 51 – I - As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento (grifo nosso). Súm. 288 – A complementação dos proventos de aposentadoria é regida pelas normas em vigor na data da admissão do empregado, observando-se as alterações posteriores desde que mais favoráveis ao beneficiário do direito (grifo nosso). OJ 18 – (...); IV – A complementação de aposentadoria proporcional aos anos de serviço prestados exclusivamente ao Banco do Brasil somente se verifica a partir da Circular Funci nº 436/93 Os Dispositivos legais acima transcritos são claros quanto a incidência de novas normas regulamentares ao prescreverem que as mesmas só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento e, ainda, desde que as alterações posteriores sejam mais favoráveis ao beneficiário do direito, não havendo qualquer menção sobre a possibilidade de escolha por parte do empregador a respeito da incidência de nova cláusula complementar, sob pena de ilegalidade de incidência de norma menos benéfica ao empregado. Acerca desta matéria, mister transcrever parcialmente o entendimento de Francisco Antônio de Oliveira: À medida que o empregador concede um benefício, este se amalgama ao contrato de trabalho daqueles empregados que à época prestavam serviços à empresa e não poderá ser retirado. O benefício, embora inicialmente constitua liberalidade da empresa, após a concessão, passa a integrar o contrato. Daí para frente ganha o status de direito adquirido e não poderá ser unilateralmente retirado pelo empregador. Suponha-se uma outra hipótese: concessão de aposentadoria. Também não poderá ser modificada unilateralmente, sob o fundamento de que se cuida de mera expectativa de direito, uma vez que o trabalhador ainda não conseguiu reunir os requisitos necessários para a aposentadoria. Aplicam-se ao caso as normas preceptivas contidas no art. 6º, parágrafo 2º, da LICC, in verbis: “Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixado, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem”. (in Comentários aos Enunciados do TST, 4ª Edição. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 1997. p. 140/141) Assim, mesmo tendo em vista que o autor adquiriu o direito ao complemento da aposentadoria em dez/2006, aplicam-se a ele as normas vigentes na data de sua admissão, não aquelas vigentes na data da concessão da aposentadoria. Insta ressaltar que a Lei Complementar 109/2001 não incide no caso em comento, como muito bem foi analisado no RO-01027-2009-012-10-00-1, 10ª Região, julgado em 10.11.2009, que passo a trasladar parcialmente:
Ademais, segundo emana do art. 64 do
Estatuto da Previ de 1967, o 1º Reclamado (Banco do Brasil) exigiu como condição do próprio contrato do trabalho, o ingresso da Reclamante na Caixa de Previdência da PREVI, porque admitida após a aprovação do Estatuto de 1967. Por conseguinte, não incide no caso sub examem a Lei 109/2001, uma vez que a complementação de aposentadoria tratada nestes autos originase do próprio contrato de trabalho e a ele está ligado, enquanto a norma em questão, de caráter geral, abrange as previdências privadas contratadas autonomamente, como bem pontuou a Exma. Juíza Cilene Ferreira Amaro Santos, Relatora do Acórdão proferido no processo 00612.2004.821.10.00.6, publicado em 13/5/2005.
Assim, tendo sido a Autora admitida em
1974, quando vigente o Estatuto da PREVI de 1967, as diretrizes nele contidas integraram automaticamente o contrato de trabalho da Reclamante, não podendo ser suprimidas por norma regulamentar posterior e prejudicial, por força do art 468 da CLT e da Súmula nº 51 do col. TST. Assim, sobrepõe-se à Reclamante o Estatuto PREVI de 1967, no que tange ao cálculo dos proventos de sua aposentadoria, tendo a Autora adquirido o direito de ver aplicado aos seus proventos de aposentadoria as normas previstas naquele estatuto. Diante do exposto, entendo ser devido ao recorrente as diferenças de complementação de aposentadoria que a complementação de aposentadoria, consoante estatuto vigente à época da admissão (Estatuto de 1967 – arts. 49 e 50). É como voto. ELZA CÂNDIDA DA SILVEIRA Desembargadora Federal do Trabalho
A Exclusão Do Benefício Previdenciário de Valor Mínimo para Efeito de Concessão de Benefício Assistencial - Necessidade de Exame Do Caso Concreto em de - IEPREV