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NATAL/RN
2015
BRENDA DE CARVALHO MIRANDA
NATAL/RN
2015
FICHA CATALOGRÁFICA
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Unidade Acadêmica Especializada em Música
Licenciatura em Música
______________________________________________________
Profa. Me. Catarina Aracelle Porto, do Nascimento (UFRN) (Orientadora)
_________________________________________________________
Prof. Dr. Danilo Cesar Guanais de Oliveira (UFRN)
___________________________________________________________
Prof. Me. Danúbio Gomes da Silva (UFRN)
NATAL/RN
2015
Dedico este trabalho a minha mãe,
por todo seu esforço em prol de
minha educação.
AGRADECIMENTOS
Whereas there are, several ways for music making in the educational context,
and many possibilities of learning resources that teachers can use to work the
musical subject. The aim of this work is to present and discuss the prospects of
undergraduate students in music about the use of Musical games as a methodological
resource in the context of basic education, taking as reference their
teaching experiences in this educational context. The adopted methodology refers to
mixed methods. To collect data it was applied a survey with students of the Bachelor's
Degree in Music at the Federal University of Rio Grande do Norte, aiming to profile
these undergraduate students and to understand their views on using the music game as a
teaching resource. For the analysis of questionnaire data, used the method of content
analysis championed by Bardin (2011). The survey results revealed that
all undergraduate participants had already resorted to the use of musical games as a tool
to work with music in the classroom, that due to the characteristics that make them so
attractive games for students, allowing the teacher to achieve the goals smoothly. From
the interviews, we understand that the use of music games in the regular school context
enables significant results in the teaching / learning process for the students. For that, this
resource should be inserted in class by the teacher correctly, from a well-defined
planning ahead, otherwise the music game would be characterized as a hobby defends the
respondents.
1. INTRODUÇÃO..........................................................................................................9
1.1 Metodologia.........................................................................................................10
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...........................................................................13
2.1 Breve histórico do jogo como recurso metodológico......................................13
2.2 O jogo no contexto da educação musical........................................................17
2.2.1 Um recorte sobre o ensino de música na Educação Básica no Brasil..............17
2.2.2 A educação musical e o jogo...................................................................21
3. ANÁLISE DE DADOS.............................................................................................26
3.1 O perfil dos licenciandos................................................................................26
3.2 A perspectiva dos licenciandos sobre o uso dos jogos musicais no contexto da
educação básica........................................................................................................26
4. CONCLUSÃO...........................................................................................................33
REFERÊNCIAS....................................................................................................35
APÊNDICES..........................................................................................................37
9
1 INTRODUÇÃO
1.1 Metodologia
Para a coleta de dados, foi elaborado um questionário com oito questões abertas
(APÊNDICE A), onde as duas primeiras traçar o perfil dos licenciandos participantes. As
questões restantes buscavam provocar uma discussão sobre o uso dos jogos musicais no
contexto da educação básica por parte dos licenciandos, para assim, obter comentários
relevantes para serem utilizados neste trabalho. Nessa perspectiva, Creswell (2007, p.
189) afirma que:
10
O questionário foi aplicado com 20 licenciandos do curso de Licenciatura em
Música da UFRN, que correspondiam às turmas de ingresso nos anos de 2012, 2013 e
2014. De início foi pensado a aplicação do questionário com licenciandos da turma de
2015, porém, foi constatado que a turma em questão não possui nenhuma experiência
docente no ensino regular, não vindo a contribuir com o objetivo deste trabalho. Antes de
aplicar o questionário, foi feito uma busca em relação aos licenciandos que já haviam tido
ou estavam tendo alguma prática de ensino de música na escola regular. Essa busca foi
feita a partir de uma breve conversa com cada licenciando candidato a participar da
pesquisa. Todos os questionários foram recebidos a tempo de realizar a análise.
Sobre a etapa de análise de dados, Creswell (2007, p. 223) afirma que “é a série
de passos dados para verificar a validade dos dados quantitativos e a exatidão dos
resultados qualitativos”. Para isso, a análise de conteúdo foi utilizada para compreender
as respostas dadas pelos participantes da pesquisa, na qual estas foram refletidas a partir
dos autores da literatura referentes a essa temática. Bardin (2011) configura a análise de
conteúdo como um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens.
A temática que norteou a construção deste trabalho abrange duas vertentes. A
primeira discute a historicidade do jogo como uma ferramenta didática e traz
considerações sobre o seu uso no âmbito da escola básica. A segunda maneira,
corresponde ao jogo no contexto da educação musical.
Portanto, a fundamentação teórica para a construção desta pesquisa traz reflexões
da área de autores da Educação, tais como: Almeida (1998), Friedmann (1996), Huizinga
(2005), Kishimoto (2004), Brougeré (1998), complementados por autores da Educação
Musical: Brasil (2013), Brito (2004), Storms (2000), Visconti e Biagione (2002), Queiroz
(2012), entre outros. Esse aporte teórico utilizou-se de pesquisas a partir de textos, como
dissertações, monografias, livros, artigos publicados em periódicos e em anais de
congressos da Associação Brasileira de Educação Musical – ABEM e da Associação
Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música – ANPPOM.
Diante disso, este trabalho está estruturado, além deste, em mais três capítulos que
juntos responderão o questionamento norteador desta pesquisa mencionado
anteriormente.
No segundo capítulo, apresento a fundamentação teórica sob duas vertentes: a
história do jogo como recurso metodológico, apresentando os conceitos e características
que o jogo tinha em períodos distintos da história, considerando as perspectivas das
11
variadas culturas. E um breve histórico da educação musical no Brasil, considerando os
processos metodológicos de cada período para trabalhar a música no âmbito escolar. Ao
fim, fazendo relação com os processos metodológicos, é abordado o uso do jogo musical
como recurso metodológico no contexto do ensino regular, considerando conceitos,
características e categorias determinadas pelos autores citados.
No terceiro capítulo, a análise de dados está dividida em duas partes. Na primeira,
apresento o perfil dos licenciandos a partir de questões relacionadas ao período de curso
da licenciatura em música e sobre a experiência docente no ensino regular. Já na segunda
parte, são discutidas as perspectivas dos licenciandos sobre o uso do jogo musical como
recurso metodológico no contexto do ensino regular a partir de suas experiências docente,
por meio de suas motivações e objetivos pedagógico-musicais. É refletido também sobre
os aspectos em que o uso dos jogos musicais podem contribuir e atrapalhar no processo
de ensino/aprendizagem musical.
No quarto capítulo, concluo refletindo sobre as vantagens de utilizar os jogos
musicais como recurso metodológico em âmbito da escola básica para se trabalhar
conteúdos musicais, dando algumas orientações para que não haja fuga da proposta
devido ao mal-uso deste recurso. Nesse caso, foi considerando os resultados obtidos com
os dados fornecidos pelos licenciandos que participaram respondendo o questionário.
12
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Kishimoto (1994, p. 107-108) afirma que o jogo pode ser visto como: “1) o
resultado de um contexto social; 2) um sistema de regras e 3) um objeto”. No primeiro
caso, a autora diz que “o sentido do jogo depende da linguagem de cada contexto social”,
nesse caso o jogo é resultado sociocultural do contexto onde está inserido. No segundo
caso, “um sistema de regras permite identificar, em qualquer jogo, uma estrutura
sequencial que especifica sua modalidade”, ou seja, cada jogo possui sua especificidade
13
“regras”, que orienta o jogador na fluidez do jogo. E o terceiro caso, trata-se do jogo como
objeto, ou seja, o jogo materializado fisicamente.
Tomando como referência os estudos de autores como Almeida (1998), Ariés
(1981), Brougeré (1998), Huizinga (2005), será apresentado a seguir, um breve histórico
sobre o jogo visto como recurso metodológico em períodos distintos da história.
PERIODO SIGNIFICAÇÕES
14
Renascimento (séc. “Os humanistas começaram a perceber o valor
XVI) educativo dos jogos, e os colégios jesuítas foram os
primeiros a recoloca-los em prática” (ALMEIDA,
1998, p.21).
15
Quando o jogo é voltado para o propósito educacional, recebe a denominação de
jogo educativo, ou seja, o jogo passa a ser utilizado como um recurso pedagógico. Sobre
isso, Kishimoto (1994) afirma que no contexto educacional há uma busca por conciliar a
liberdade dos jogos com a orientação própria dos processos educativos. Nessa
perspectiva, a brincadeira é vista como um recurso para preparar o aluno para
aprendizagem dos conteúdos das diversas áreas de conhecimento.
Os jogos educativos se tornam atraentes no meio educacional, pois segundo
Nicoletti e Filho (2004), possibilitam ao aluno aprender de forma natural, prazerosa e
dinâmica, porque traz desafios que despertam na criança o interesse na busca de
conhecimentos, além de oferecer um maior envolvimento social dos alunos, como
também a formação de conceitos éticos, de solidariedade, de regras de trabalho em grupo,
de respeito mútuo, etc.
Outro aspecto que torna o uso do jogo como recurso pedagógico positivo é que o
mesmo proporciona o aprendizado através do erro, pois quando o aluno erra durante o
jogo, o mesmo reflete sobre todo o processo visando novas estratégias para que consiga
vencer. Essa forma sistematizada que ocorre com o ato de errar/perder no jogo acontece
de forma natural, sem causar embaraço ao jogador. Kishimoto (1994) relaciona isso pelo
fato do jogo ser livre de pressões e avaliações, promovendo um clima adequado para a
investigação e a busca de soluções.
Alguns pesquisadores como Kishimoto (1994), Piaget (1964), Vigotsky (1989),
Brougére (1998), entre outros, abordaram em suas pesquisas a importância dos jogos
voltados para a educação, o que fez com que a visão contrária ao uso dos jogos no meio
educacional fosse modificada. Segundo Lima (2008), existem duas tendências que
ocorrem nas instituições educacionais: a primeira é denominada “Ausência e proibição
da brincadeira”, onde o jogo é tratado como obstáculo para a aprendizagem, pois
desconcentra e dispersa a criança. A outra visão, ainda segundo o autor, é a que tem o
jogo como “Instrumento didático”, no qual a brincadeira é tratada como um meio
preparatório para a aprendizagem e domínio de conteúdos escolares das diversas áreas.
Assim, considerando as falas dos autores citados, vemos que o jogo é o produto
de um contexto social, seus conceitos e características são baseados na cultura de cada
lugar que o mesmo está inserido. Esses mesmos conceitos e características se alteram no
decorrer dos períodos históricos, porém é notório que o jogo sempre teve um caráter
educador pela maioria dos pensadores de épocas passadas, embora existam perspectivas
de que o jogo se trata de uma brincadeira e pode prejudicar na aprendizagem.
16
Nessa perspectiva, os subcapítulos seguintes discutem os conceitos e
características do jogo inserido no contexto da educação musical, focando nas
características e conceitos que se alteram no passar dos anos e em que aspectos seu uso
se faz importante e de que maneiro o mesmo pode prejudicar no ensino.
17
[...] um mais geral, noções de música; e outro mais especifico,
exercícios de canto. No período imperial o canto era bastante
valorizado, e dessa forma era bem visto nas instituições de ensino. Tal
Decreto teve visibilidade somente nos centros educacionais do Distrito
Federal da época, a cidade do Rio de Janeiro. (QUEIROZ, 2012, p.
26)
18
n° 19.890, de 18 de abril de 1931, fica extensivo a todos os estabelecimentos de ensino
dependentes do Ministério da Educação e Saúde Pública” (Brasil, 1934 apud Queiroz,
2012, p. 29). Ainda segundo este autor, o parágrafo único deste artigo enfatiza que a
prática de ensino do canto orfeônico será opcional nos estabelecimentos de ensino
superior, comercial e outros, porém o artigo 12 estabelece a obrigatoriedade desta prática
para o ensino primário.
No ano de 1971, a Lei n° 5.692 (BRASIL, 1971) trouxe para o meio legislativo a
definição da “Educação Artística” como sendo atividade e disciplina obrigatória no
ensino de 1° e 2° graus. Dessa forma, com a Educação Artística consolidou-se o ensino
polivalente das artes, tornando fraca a presença da Música como componente curricular
na escola. O parecer CFE n° 540/77 faz menção às formas do ensino de música que
antecederam à Lei 5.692 (BRASIL, 1971) ficando limitado ao espaço da teoria musical
ou do canto coral. Queiroz (2012, p. 32) nos diz que,
19
incansável de educadores musicais, músicos, gestores, e membros da sociedade em geral.
De acordo com Brasil (2013, p. 7)1,
1
As Diretrizes Nacionais para a operacionalização do ensino de música na Educação Básica aguardam
homologação por parte do Ministério da Educação.
20
LDB estabelecidas pela Lei 11.769/2008, o ensino da música na educação básica passa a
ser considerado importante para a formação dos indivíduos. Toda via, é necessário que
os profissionais da área da educação musical, gere reflexões e ações afim de consolidar a
música como conteúdo que tem suas especificidades no ensino regular do nosso país.
Assim, para o trabalho com a educação musical em tempo passados, eram
utilizadas metodologias voltadas para um ensino tradicional de música. Era ensinado aos
alunos conteúdos que envolviam solfejos, ditados, leitura de notas, compassos, claves,
conteúdos que objetivam uma formação especifica em música para o educando.
Com o passar dos anos, é notória a modificação desses métodos. O fazer musical
no contexto regular de ensino atualmente não objetiva formar músicos profissionais. Para
isso, muitos educadores buscam atividades lúdicas como recurso metodológico para
inserir os conteúdos musicais em sala de aula e é nesse aspecto que o jogo musical se
insere.
Vimos no subcapítulo anterior que a educação musical no Brasil passou por muitas
fases e assim, muitas foram as formas de trabalhar música na escola regular, considerando
que a prática era feita abrangendo as características referentes a cada período. Atualmente
na escola básica, vivemos uma prática do ensino de música que não busca formar músicos
profissionais, mas desenvolver práticas que estimulam o desenvolvimento do aluno em
aspectos sociais, cognitivos, motor, entre outros. Nessa perspectiva, existem uma
variedade de recursos didáticos que o professor pode utilizar como auxiliador para se
trabalhar os conteúdos musicais e assim atingir os objetivos pedagógico-musicais
determinados.
Partindo dessa perspectiva, Brasil (2013, p. 6) compreende que a Educação
Musical na Educação Básica desenvolve atividades que,
Diante dessa afirmação, o jogo musical pode ser um recurso considerável para
estimular ao envolvimento dos alunos na aula. Este recurso pedagógico proporciona uma
maior motivação por parte dos alunos, pois envolve sempre algum tipo de desafio ou
competição. Os jogos musicais tendem a ter uma maior aceitação dos alunos e provocam
também um melhor relacionamento entre os mesmos, auxiliando o professor em
atividades coletivas, colaborando com a perda da timidez por parte dos alunos e
favorecendo com o desenvolvimento da capacidade de se expressar através da linguagem
corporal. Como afirma Ger Stroms (2000, p. 15-16), o jogar
22
Jogo sensório – motor - vinculado à exploração do som e do gesto;
Jogo simbólico – vinculado ao valor expressivo e à significação mesma
do discurso musical;
Jogo com regras – vinculado à organização e à estruturação da
linguagem musical.
23
de sons, jogo de imitação, discussão musical, reconhecendo a canção, história sonora
entre outros. Os jogos citados podem ser encontrados no livro de Ger Storms 100 jogos
musicais.
Estes jogos contribuem para o reconhecimento das habilidades criativas por parte
dos jogadores, contribuindo assim, para um refinamento do espirito inventivo.
Segundo os RCNEI (1998), é na educação infantil que a música tem uma forte
ligação com os jogos e brincadeiras. Este documento, diz que “os jogos e brinquedos
musicais são transmitidos por tradição oral, persistindo nas sociedades urbanas nas quais
a força da cultura de massa é muito intensa, pois são fontes de vivências e
desenvolvimento expressivo musical” (p. 70-71). Na infância, os jogos e brinquedos
musicais incluem os acalantos (cantigas de ninar); as parlendas; as rodas; os jogos de
adivinhação; os romances etc. Exemplos: a máquina de sons, condigo secreto musical,
24
quem sou eu, caça musical ao tesouro. Os jogos citados podem ser encontrados no livro
de Ger Storms 100 jogos musicais.
Os jogos sonoro-musicais, segundo os RCNEI (1998, p. 71), “possibilitam a
vivência de questões relacionadas ao som (e suas características), ao silêncio e a música”.
E a brincadeira de estátuas seria um exemplo de jogo em que, “por meio do contraste
entre som e silêncio, se desenvolve a expressão musical” (p. 72).
Assim, os RCNEI sugerem algumas práticas com modalidades de jogos musicais
distintas que garantem aos alunos os benefícios e as alegrias que a atividade lúdica
proporciona e que, além disso, colaboram para o desenvolvimento de habilidades, atitudes
e conceitos referentes à linguagem musical.
25
3 ANÁLISE DE DADOS
3.2 A perspectiva dos licenciandos sobre o uso dos jogos musicais no contexto da
educação básica
Essa parte do questionário tem seis questões abertas que tem como objetivo,
provocar uma discussão sobre o uso dos jogos musicais no contexto da educação básica
por parte dos licenciandos.
26
A terceira questão visava compreender se os licenciandos a partir das suas
experiências em lecionar música na escola básica, já havia utilizado algum jogo musical
como recurso didático. Considerando que foram vinte licenciandos participantes, as
respostas afirmavam que 95% haviam utilizado o jogo como recurso didático, enquanto
apenas 5% não fez o uso (GRÁFICO 01).
GRÁFICO 01 – O uso dos jogos musicais como recurso didático pelos licenciandos
5%
95%
Não sim
27
GRÁFICO 02 – Os níveis de ensino que os jogos musicais foram trabalhados
43%
28
“Como forma de alcançar as crianças e tornar o aprendizado mais leve
e divertido” (Leon).
“Os jogos musicais trazem o lúdico para sala de aula. A partir do uso
de jogos musicais os alunos aprendem com mais facilidade, pois
através da brincadeira eles participam com mais facilidade” (Malu).
29
fator de aprendizagem”. Kishimoto (1996) afirma que, quando as situações lúdicas são
intencionalmente criadas pelo adulto objetivando estimular certos tipos de aprendizagens,
surgi a dimensão educativa.
A sexta pergunta do questionário buscava saber se os licenciandos haviam
conseguido atingir o objetivo da aula com o uso do jogo musical. Nesse caso, foi
considerado que os mesmos já haviam utilizado o jogo como recurso didático.
“Sim, os jogos atraem os alunos com mais facilidade, fazendo com que
o objetivo seja alcançado com mais praticidade” (Monteiro).
“Sim. Com o jogo musical pude atingir com sucesso todos os meus
objetivos, pois os desafios e a ludicidade proporcionados pelo jogo
fizeram com que os alunos se empenhassem ao mesmo tempo que
aprendiam e se divertiam” (Sofia).
“Sim, na maioria das vezes que utilizei o jogo tive êxito em meu
objetivo. Entendo que o jogo musical deve ser realizado com um
objetivo muito bem traçado, com o intuito de trabalhar conteúdos
musicais. Todas as vezes que eu via o assunto da aula sendo melhor
entendido por meio do jogo realizado com os alunos, mais me
assegurava que ele é um aliado forte em sala de aula. Se o conteúdo da
aula foi compreendido a aula teve êxito, e esse êxito se estende aos
caminhos que foram percorridos durante a aula; o processo. É nesse
processo que o jogo musical se encontra” (Liz).
Considerando esta última pergunta (questão 6), a maioria das respostas dadas
foram positivas em relação aos objetivos, ou seja, dos vintes licenciandos participantes,
dezenove afirmaram que conseguiram atingir o objetivo proposto para sua aula fazendo
o uso do jogo musical como recurso didático. Apenas um licenciando não fez nenhuma
colocação em relação a referida questão 6. Embora a maior parte das respostas eram
consideráveis, foram expostas neste trabalho as que mais problematizaram a questão.
Na questão seguinte foi perguntado aos licenciandos de que maneira eles
acreditavam que os jogos musicais contribuíam no ensino/aprendizagem dos alunos. A
maioria das respostas defendiam que os jogos musicais contribuíam diretamente no
desenvolvimento cognitivo, motor, social, expressivo, criativo, etc., bem como de
30
maneira que o conteúdo era abordado de uma forma mais dinâmica, tornando a prática do
ensino mais satisfatória para eles como docentes, resultando assim o aprendizado dos
alunos satisfatório.
31
aulas e com os objetivos musicais que devem ser alcançados pelo
aluno” (Liz).
A partir das respostas dadas pelos licenciandos, entendemos que o uso do jogo
musical de maneira incoerente com o tema do conteúdo proposto não contribui para o
aprendizado dos alunos. A aula se torna apenas um momento de recreação se
caracterizando como sendo uma atividade de relaxamento, descanso, uma fuga das
atividades “produtivas” da escola. Como solução para que o jogo musical não seja tratado
apenas como uma forma de brincadeira, os licenciandos comentaram sobre os cuidados
que o professor deveria ter em relação ao planejamento da aula, onde os objetivos e o
processo metodológico deveriam ser bem definidos, como também o conteúdo a ser
trabalhado com a turma. Dessa forma, o jogo passa a ser um aliado importante para o
processo de ensino e aprendizagem dos conteúdos determinados para serem
desenvolvidos.
Essa estrutura no planejamento proporciona atividades mais adequadas e
prazerosas, diretamente relacionada com suas intenções. Para Lima (2008, p. 139), “o uso
do jogo como recurso pedagógico exige do professor um conhecimento teórico-prático
que aprimore a sua capacidade de preposição, execução, acompanhamento e avaliação”.
E ainda corroborando essa perspectiva, Friedmann (1996, p 70) nos diz que “o educador
deve definir previamente, em função das necessidades e interesses do grupo, segundo
seus objetivos, qual é o espaço de tempo que o jogo irá ocupar em suas atividades, no dia
a dia”. Nesse caso, o educador deve também determinar o espaço físico onde os jogos
irão acontecer, os objetos, brinquedos que serão utilizados. Esses requisitos contribuem
para iniciar o trabalho com o lúdico .
32
4 CONCLUSÃO
Diante do que foi discutido neste trabalho, vemos que atualmente o fazer musical
na educação básica é bastante abrangente no que se refere aos métodos de ensino. Nesse
aspecto, muitos educadores estão propondo a prática de ensino utilizando atividades que
contemplem o lúdico, tornando as aulas mais dinâmicas, prazerosas e atrativas para os
alunos, de forma que os mesmos se sintam mais motivados a aprender, além de
proporcionar uma maior aproximação entre o professor e o aluno, onde muitas vezes
existe uma distância significativa nessa relação.
Assim, considerando essa variedade de possibilidades para se trabalhar música no
âmbito do ensino regular, foi elaborado um estudo acerca do jogo musical e sua utilização
como recurso metodológico na educação básica, a partir das perspectivas dos licenciandos
participantes.
Chegamos à conclusão que o jogo musical foi tratado como um recurso didático
bastante acessível e prático para os licenciandos que responderam ao questionário. Os
mesmos reconheceram que o uso desse recurso em sala de aula auxilia de forma positiva
no aprendizado dos conteúdos musicais por parte dos alunos. Tendo em vista que muitas
escolas na rede básica de ensino não dispunham de ferramentas específicas de música, o
jogo pode ser um forte aliado do professor para se trabalhar os conteúdos musicais.
Trata-se de um recurso que possibilita o desenvolvimento das habilidades
musicais, auxiliam no aprimoramento de habilidades motoras e da linguagem, como
também nos aspectos culturais e sociais, no desenvolvimento e aperfeiçoamento da
socialização, favorece o aspecto cognitivo, a capacidade de inventar, a motricidade, assim
como contribuem para a aquisição de conhecimentos musicais, promovendo o
desenvolvimento de uma identidade musical no aluno.
Outras vantagens relacionadas ao uso do jogo musical que podem ser citadas:
33
Nos jogos musicais geralmente há um trabalho forte corporal, mas
não uma preocupação acerca do movimento, particularidade que permite incluir
um maior número de pessoas;
Nos jogos, há sempre a ideia de acabamento ou de fechamento de
uma proposta, aspecto essencial na música que é raramente trabalhado nas aulas
tradicionais.
Embora o jogo musical seja um recurso com tantas qualidades como estas citadas
anteriormente, vale levar em consideração os comentários dos licenciandos sobre de que
maneira os jogos musicais podem atrapalhar o processo de ensino/aprendizagem dos
alunos. Foi visto que os mesmos defendiam que o jogo musical por si só, sem está
relacionado a nenhum conteúdo musical, não contribui para o aprendizado. O jogo, nesse
caso, se caracteriza apenas como sendo um passatempo, um momento de lazer para os
alunos.
Nessa perspectiva, visando solucionar tal problema para que o jogo musical não
seja tratado apenas como uma brincadeira na aula, os licenciandos mencionaram sobre os
cuidados que o professor deveria ter em relação ao planejamento da aula que tinha como
recurso didático o jogo musical. Nesse caso, os objetivos deveriam ser bem definidos,
como também o conteúdo a ser trabalhado com a turma. O processo metodológico
também é uma etapa importante, é nesse momento que o professor vai tratar com os
alunos sobre a proposta de trabalhar determinado conteúdo com o jogo musical, no caso
de que maneira vai acontecer o processo do jogo. Assim, um planejamento bem
estruturado proporciona atividades adequadas e prazerosas, relacionadas diretamente com
suas intenções.
Assim, este trabalho nos permite compreender de que maneira o uso do jogo
musical como recurso metodológico se faz importante no âmbito da educação básica,
tendo em vista as perspectivas dos licenciandos participantes acerca da proposta. Nesse
caso, a perspectiva desses licenciandos foi de grande valia para a construção do texto,
promovendo discussões e reflexões relevantes ao que se refere o tema.
34
REFERÊNCIAS
ARIÈS, P. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro: Zahar, 1981. 279p.
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.
35
_______. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Ministério da
educação e do desporto, Secretaria de Educação Fundamental de Brasília: MEC/SEF,
vol.3 P. 43-81.
BRITO, Teca Alencar. Música na Educação Infantil: propostas para a formação integral
da criança. São Paulo: Peirópolis, 2003.
HUIZINGA, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo:
Perspectiva, 1999.
STORMS, Ger. 100 Jogos Musicais: atividades prática na escola. Traduzido por Mário
José Ferreira Pinto. 4. Ed. Lisboa: Asa, 2000.
36
VYGOTSKY, Lev Semenovich, (1896-1934). A Formação social da mente: o
desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 7ª ed. São Paulo: Martins Fontes,
2007.
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APÊNDICE A: Questionário aplicado aos licenciandos
Esta entrevista faz parte de uma pesquisa com a finalidade de obter resultados para a
construção de monografia do curso de Licenciatura em Música pela Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, sob orientação da Profa Ms. Catarina Aracelle Porto do
Nascimento (UFRN). Trata-se de um estudo que visa compreender a visão dos
entrevistados (licenciandos em música) em relação ao uso dos jogos musicais como
recurso metodológico no contexto do ensino regular, considerando o impacto que os
mesmos proporcionam aos alunos da educação básica. Apenas o pseudônimo fornecido
será utilizado, seu nome não será mencionado no trabalho.
2) Você leciona ou já lecionou música na escola básica? E qual o nível de ensino que
você atuou?
4) Caso já tenha utilizado o jogo musical como recurso didático, qual ou quais foram os
níveis de ensino trabalhados?
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5) Por qual motivo você foi levado a recorrer ao jogo musical para trabalhar na aula?
6) Você acredita que conseguiu atingir o objetivo da aula com o uso do jogo musical?
Justifique!
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Esta versão foi revisada e aprovada pelo(a) orientador(a), sendo aceite, pela
Coordenação de Graduação em Música, como versão final válida para depósito
no Repositório de Monografias da UFRN.