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Eficácia Jurídica
Há eficácia jurídica sempre que se verificam determinadas consequências nas quais, através de critérios reconhecidos, ainda
que discutíveis, seja possível apontar as características da juridicidade.
A eficácia jurídica é o produto da aplicação de regras jurídicas (normas e/ou princípios).
A eficácia jurídica é a dimensão dinâmica das situações jurídicas: do movimento depende a existência. Existem 4 tipos de
eficácia:
3- Modificativa:
Uma situação, centrada numa determinada pessoa, aí se conservar, mas com alterações no seu conteúdo.
Ex: o negócio anulável que nos termos do art. 288º, seja confirmado, altera-se por ter sido sanado.
4- Extintiva:
Quando uma situação existente desaparece da ordem jurídica, cumprida uma obrigação, esta extingue-se.
Transmissão e sucessão:
A Transmissão verifica-se quando há a passagem de uma situação jurídica da esfera de uma pessoa para a de outra.
A Sucessão, ocorre a substituição de uma pessoa por outra, mantendo-se estática uma situação jurídica a qual, por
isso, estando inicialmente na esfera de uma pessoa, surge depois da troca, a de outra.
Quanto à eficácia:
- a Transmissão, a situação transferida pode sofrer certas alterações de elementos circundantes,
- a Sucessão, a situação mantém-se totalmente idêntica.
A eficácia pode ainda distinguir-se consoante a natureza das situações jurídicas a que se reporte:
- Há eficácia pessoal quando a situação jurídica que se constitua, transmita, extinga ou modifique não tenha
natureza patrimonial.
- a eficácia revela-se obrigacional, sempre que algumas destas 4 vicissitudes se reportem a situações obrigacionais e
real quando tal ocorra perante situações próprias do Direito das coisas.
Ex: eficácia real do art. 413º ou eficácia obrigacional do art. 1306º.
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O facto jurídico é definido como um evento ao qual o Direito associe determinados efeitos.
Os Factos jurídicos são susceptíveis de múltiplas classificações:
- Factos jurídicos em geral (lato sensu) – para efeitos de eficácia são considerados como eventos naturais.
- Factos jurídicos em sentido estrito (stricto sensu) – como manifestações da vontade humana.
Podem surgir factos stricto sensu que baseados na vontade humana, não tenham eficácia – o Direito trata-a como
ocorrência. Ex, na gestão de negócios (art. 464º) e o enriquecimento sem causa (art. 473º).
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Definição de NJ: acto a que o direito associa a produção de efeitos jurídicos. Ao regime do NJ estao sujeitos
os contratos pré-formulados: consubstanciam a liberdade de estipulação, ainda que de forma diminuta.
Ideia de parte: parte não significa uma só pessoa, podem ser várias pessoas ou associações. Reflectem assim uma
pessoa ou conjunto de pessoas que elaboram uma das declarações de um negócio jurídico.
NJ multilateral: produto de 2 ou mais partes. Cria obrigações para ambas as partes. Ex: doação (940º).
Encontro de duas vontades: proposta + aceitação.
Os 3 atendem ao número de partes envolvidas.
Negócios conjuntos: várias pessoas são titulares de posições jurídicas que só podem ser exercidas em conjunto. Ex:
co-proprietários.
A Deliberação: várias pessoas são titulares de posições jurídicas confluentes que podem, o etanto, ser atuadas em
sentido divergente, prevalecendo entao a posição da maioria. Ex: sociedades e associações.
Estas duas situações aplicam-se quando ao sendo um contrato, um negócio jurídico implique várias pessoas , ou
seja um negócio plural.
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O NJ é atípico quando não conste na lei, mas tenha sido engendrado pelas partes.
Quando as partes celebrem um NJ com elementos típicos e atípicos, fala-se então em NJ Misto (405º). Ex:
contrato de concessão – não está previsto na lei, mas já existe uma tipicidade social.
Podem ainda existir NJ nominados atípicos, as situações em que têm referência legal pelo seu nome mas que não
esteja regulado. Ex: contratos de transporte e de hospedagem (755º a) e b) ).
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O NJ é gratuito quando cada uma das partes dele retire, tão só, vantagens ou sacrifícios.
Ex: doação (940º e seguintes).
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- uma acção humana e pressupõe uma acção ou omissão controlada ou controlável pela vontade da pessoa
humana.
- um acto de exteriorização de uma vontade
- é um acto de validade, porque quem a emite, visa a prossecução de efeitos jurídicos e a sua vinculação à eficácia
jurídica.
- É tácita: quando se deduza de factos que, com toda a probabilidade revelam a manifestação da vontade.
Actuação da qual a manifestação da vontade da qual se possa inferir uma vontade negocial.
Comportamentos típicos que sejam/possam ser imediatamente reconhecidos como manifestando a vontade
negocial.
As situações de convenção, podem as partes atribuir ao silêncio o significado que lhes aprouver. O
declarante pode, no exercício da sua autonomia privada (art. 405º CC), inserir através do silêncio, uma
vontade negocial. Ex: “se nada disseres, considero aceite a proposta”.
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Nas situações de usos, a Doutrina afirma que não basta a prática reiterada mas também o facto de a lei
prever/receber esse uso para que o silêncio possa valer como declaração negocial.
Declarações recipiendas/receptícia e não recipiendas
As declarações que visem negócios unilaterais são não recipiendas – operam por si.
Ex: Testamento
- Teoria da Expedição: O NJ ficaria concluído quando a declaração negocial fosse remetida ou enviada para
o destinatário. Só é válida nos termos do art. 224º º 2.
Ex: o envio de um email ou de uma carta.
- Teoria do Conhecimento: A declaração negocial torna-se eficaz quando o destinatário a recebe e toma
conhecimento do seu conteúdo.
Ex: Ouvir a mensagem no atendedor de chamadas ou ler o email ou carta.
Art. 224º CC
Declaração não recipienda torna-se eficaz:
- Logo que a vontade do declarante se manifeste na forma adequada. Nº 1 2ª parte (teoria da
exteriorização)
- Em qualquer caso a declaração é ineficaz quando seja recebida pelo destinatário em condições de,
sem culpa sua, não poder ser conhecida (relevância negativa da Teoria do conhecimento). – Art. 224º nº 3.
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O tempo da emissão da declaração negocial é ainda relevante no que respeita aos pressupostos de
capacidade e disponibilidade, por parte do declarante, exigidos para os negócios. O nº 1 do art. 226º CC
estatui que a morte ou a incapacidade do declarante, que ocorram posteriormente à emissão da
declaração, não prejudicam, em princípio, a sua eficácia, a não ser que da própria declaração resulte o
contrário. O nº 2 deste mesmo artigo estatui ainda que o declarante não pode perder o poder de
disposição do direito a que se refere a declaração.
- Declarações típicas: em regra em actos ou negócios unilaterais, que visam modificar ou extinguir a
eficácia das declarações anteriores.
Em regra têm natureza não negocial, porque o declarante tem margem para poder escolhe-las mas não
tem poder de estipular quanto aos seus efeitos, os quais estão prefixados a lei.
São as declarações que não comportem liberdade de estipulação, ou seja, o declarante é livre de as
efectuar, mas não de mexer nos seus efeitos que estão predeterminados pelo Direito.
São em regra declarações unilaterais subsequentes.
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Os contratos entre presentes, não há um intervalo de tempo juridicamente relevante entre as declarações
das partes.
Aplica-se a Teoria do conhecimento (art. 224º)
Ex: Um telefonema entre 2 pessoas, uma em Lisboa e a outra em Pequim.
A conclusão do negócio consoante as pessoas estejam ausentes ou presentes é diferente. Quando o nj se
celebra entre presentes, não se torna normalmente aparente a distinção entre diferentes declarações
negociais de cada uma das partes. Se for concluído verbalmente, pode suceder que uma das partes formule
uma proposta e a outra uma aceitação. Se for concluído por escrito, o que acontece normalmente é que as
partes subscrevem um acordo sobre o qual chegaram a acordo.
-- Nos contratos entre ausentes, as declarações entre as partes têm um intervalo de tempo juridicamente
relevante.
Ex: contacto presencial em que só 1 mês depois há aceitação das partes.
No entanto, quando o nj é celebrado entre ausentes, que normalmente se tornam aparentes e claramente
discerníveis as declarações negociais de cada das partes. O nj pode ser celebrado verbalmente (v.g.
telefone) mas verdadeiramente colocam-se os problemas no caso de ser usada a escrita. Estas mensagens
escritas são declarações negociais distintas, quer se trate de propostas, de contrapropostas ou de
aceitações, em relação a cada uma das quais, em termos individuais (em relação a cada uma), se coloca a
problemática da perfeição. Refira-se que nos nj’s unilaterais, já não há lugar a propostas, contrapropostas
ou aceitações, e o nj concluí-se com a declaração negocial única do seu autor, tornando-se perfeita de
acordo com as regras enunciadas nos arts 224º e segs do CC.
Quando for recipienda, torna-se perfeita com a recepção, quer a declaração negocial quer o negócio
propriamente dito. Quando for não recipienda (ex.: promessas públicas, concursos públicos, procurações,
testamentos) a declaração negocial torna-se perfeita logo que a vontade do declarante se manifesta na
forma adequada
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1- O surgimento do negócio
A formação do NJ pode ocorrer de imediato, tal como acontece nas actividades diárias onde através de um
simples assentimento de forma, ou pelo contrário, pode implicar actividades preparatórias muito
complexas.
O CC rege a formação do NJ com base o contrato entre ausentes.
O estudo do modelo básico legal da formação do NJ, a doutrina civil recuperou a ideia de processo.
Diz-se que há processo quando diversos actos jurídicos se encadeiam, de modo a proporcionar um objecto
final.
O resultado final é uma sequência de cada acto jurídico e cada acto é um acto preparatório do resultado
final. (ideia de conjunto)
Os actos preparatórios são todos os actos inseridos num processo negocial quer da parte do preponente,
quer da parte do aceitante. Podem ser:
Negócios unilaterais: ficam completos apenas com a declaração de vontade do seu autor, exteriorizada
pela forma legal. Não há qualquer necessidade de procurar um consenso, necessidade essa que dita o
essencial da complexidade processual negocial.
Negócios por minuta: negócios que se concluem pela adesão ou subscrição, por ambas as partes
contratantes, de um documento (minuta) que comporta o teor negocial. Normalmente é elaborada por
uma terceira pessoa, um advogado.
Negócios comuns: formam-se entre presentes, por simples adesão a formulas apresentadas a todos os
interessados.
Podem ser:
- a aquisição por apreensão ou por indicação seguidas de pagamento:
Ex: a compra de bens no supermercado, feiras ou lojas após pedido do produto.
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- a contratação por escolha em lista, seguida pela utilização ou pelo consumo, com posterior
pagamento: como exemplo os restaurantes.
- a contratação por adesão a clausulas contratuais gerais: corresponde à fórmula comum de fechar
negócios nos sectores da banca, seguros e transportes.
Técnicas de contratação
Chegado ao resultado final, a vontade das partes está consolidada no documento final.
Ambos são preponentes e aceitantes, como se se tratasse de uma negociação entre presentes.
Não é necessário estarem reunidas todas as fases das técnicas de contratação. A fase imprescindível é a da
negociação contratual.
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Pág 163-184
A Forma da Declaração
Forma e formalidades
Negócios formais: modo utilizado para exteriorizar a vontade, desde que seja minimamente solene, isto é,
acompanhado se sinais exteriores sensíveis pelas pessoas que presenciem a declaração, ou que
posteriormente delas tenham conhecimento.
Negócios consensuais: aqueles que produzem efeito por pura manifestação ou pelo mero consenso das
partes, independentemente do modo como surjam.
A evolução mais recente quanto à forma da declaração, surge moldada em algumas variáveis:
- tendência constante para a desformalização (diminuição das exigências formais)
- a recepção de declarações electrónicas e automáticos.
- a reformalização de certos negócios, como melhor modo de tutelar o consumidor.
O Direito português vigente não deixa documentar casos de forma especial de ad probationem, no entanto,
a jurisprudência mais recente veio reanimar essa figura, considerando ad probationem certas formalidades,
como a do reconhecimento presencial a locação financeira.
Da forma há quer distinguir as formalidades: enquanto a forma dá sempre corpo a uma certa exteriorização
da vontade – ela é essa própria exteriorização / a formalidade analisa-se em determinados desempenhos
que, embora não revelem entre si qualquer vontade, são no entanto exigidos para o surgimento válido de
certos negócios jurídicos.
Ex: art. 410º nº3, em determinados contratos-promessa celebrados por escrito se apresentem com
reconhecimento presencial da assinatura e certificação, pelo notário, da existência de habitação ou de
construção (formalidade).
O artigo 219º tipifica o princípio da liberdade de forma, salvo quando a lei assim o exigir.
São decisivas para interpretar e aplicar as regras sobre a forma.
O Direito aplica, à inobservância da forma legalmente prescrita, a sanção máxima da nulidade – art. 220º.
A extensão da forma
As declarações de vontade e os negócios jurídicos deles derivados alargam-se, por vezes abrangendo
diversos aspectos, de natureza variada. O cerne do negócio pode assim, ser complementados por cláusulas
acessórias, i.e., por dispositivos que, não constituindo embora o essencial pretendido pelas partes venham,
o entanto, coadjuvá-lo num ou noutro sentido.
Por isso, pergunta-se até onde vão as exigências da forma, em que medida se devem aplicar, às cláusulas
acessórias, as regras dirigidas ao núcleo negocial. O CC distingue:
- a forma legal, isto é, aquela que por lei seja exigida para determinada declaração negocial;
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- a forma voluntária, a que não seja exigida pela lei ou por convenção, venha a ser adoptada
livremente pelo declarante.
- a forma convencional, corresponde à que as partes tenham acordado/ pactuado adoptar.
Enquanto na forma legal se trata fundamentalmente de apurar o âmbito de aplicação das competentes
normas, nas restantes formas – voluntária e convencional - joga-se o saber se as partes pretendem ou não,
actuar a sua autonomia privada, quando se manifestam de modo não formal, contudo, não se pode
desprender do domínio da forma legal.
Trata-se de uma possibilidade lícita e eficaz, ao abrigo da autonomia privada, a qual implica um pacto
prévio pela qual as partes combinaram emitir as suas declarações por certo modo.
O art. 223º º 1, por influência do CC italiano, estabelece a presunção de que, estipulada cera forma, as
partes não se quiseram vincular senão por ela. Esta presunção só pode ser afastada por prova em contrário
(350º nº 2), demonstrando-se então a revogação do pacto quanto à forma.
Se essa convenção surgir após conclusão do negócio, ou no momento da conclusão, presume-se que a
convenção teve em vista a consolidação do negócio. (223º nº 2).
Formas especiais
O Direito Civil Português reconhece algumas formas especiais para as declarações de vontade, impondo-as
em certos casos.
Tradicionalmente, a exigência jurídica de certas formas para determinados actos implicava o exarar, em
documento escrito, da manifestação em jogo. A tendência universal irá no sentido de se lhe equipararem
“reproduções mecânicas” (368º CC) i.e. os outros modos de reprodução das declarações.
O Código Civil, em conjugação com o Código do Notariado, permite distinguir os seguintes documentos
escritos, base para as correspondentes declarações negociais:
Documentos autênticos: os exarados, com as formalidades legais, pelas autoridades públicas nos
limites da sua competência (artigo 363º/2); Exemplo: escritura pública.
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Documentos particulares: feitos pelos interessados, com exigências mínimas; os não autênticos;
segundo o 363º/2 podem ainda distinguir-se:
- Documentos autenticados/reconhecidos: sempre que se verifique o reconhecimento notarial da
sua letra e assinatura ou apenas da assinatura;
-Documentos escritos simples: dispensa o reconhecimento da assinatura ou a autenticação; assim,
os artigos 410º/2, 415º, 1143º ou 1239º (entre outros).
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Pág 296-303
Actos preparatórios
A proposta e aceitação surgem como elementos necessários, dentro do processo de formação do contrato
entre ausentes. A liberdade das partes podem introduzir outros elementos neste processo, quer para
chegar ao consenso, quer para negociar.
Os aços preparatórios são assim definidos: como todos aqueles que, inserindo-se pelo seu objectivo, no
processo de formação de um contrato, não possam reconduzir-se à proposta, à aceitação ou à rejeição.
Os actos preparatórios são todos os actos inseridos num processo negocial quer da parte do preponente,
quer da parte do aceitante. Podem ser:
Actos típicos:
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Pág 304-316
Negócios Mitigados
O acordo de cortesia ocorre entre relações pessoais, relações do trato social, sem conteúdo patrimonial.
O acordo de cavalheiros pode cair sobre quaisquer assuntos pessoais e patrimoniais, tendo apenas a
particularidade de assentar na palavra dada e na hora de quem a dê.
O acordo de cortesia e o acordo de cavalheiros, não têm qualquer carácter jurídico vinculativo, a não ser
que o substanciem em contrato. Têm carácter social vinculativo, mas não têm juridicidade.
Os negócios celebrados entre acordo de cavalheiros, são nulos nos termos do artigo 280º ou tenha o preço
fixado nos termos do art. 883º nº 1.
Contrato-promessa: celebrado, quando os interessados, não querendo ainda os contratos, se obrigarem no
futuro a conclui-lo.
Podem ser:
- com execução específica: Perante o incumprimento, o lesado em Tribunal podia exigir a conclusão
do contrato.
- sem execução específica: o incumprimento poderia dar lugar apenas a medidas compensatórias.
Contratação mitigada: os vínculos estabelecidos entre pessoas, de conteúdo variável e que teriam em vista
uma futura composição de interesses. Temos:
- Tratativas: abrange a troca de correspondência e abordagens preliminares.
- A Carta de Intenção: uma declaração que consigna uma vontade já sedimentada de, em
determinadas condições, concluir certo contrato, embora sem se obrigar a tanto.
Cartas registo: a carta compreende uma punctação, na qual são consignados os pontos já acordados.
Cartas procedimentais: alinham os pontos negociais subsequentes.
Cartas quadro: traça pontos abertos, fechados, subsequentes e pode também suportar em anexos,
diversos contratos suplementares.
Cartas de execução: permitem às partes iniciar de imediato, actos de execução próprios do contrato
definitivo.
Cartas de hardship: obrigam as partes a negociar.
Em todos os casos, opera a culpa in contrahendo.
- O Acordo de Negociação: consigna uma vontade comum das partes em prosseguir as negociações
dentro de certos parâmetros. Ocorre mais em negócios complexos.
- O Acordo de Base: também em negociações complexas, obtido um acordo em área nuclear,
formalizam-no, mas as negociações continuam.
- O Acordo – quadro: as negociações tendentes a originar múltiplos contratos, as partes assentam
num núcleo comum a todos eles.
- O Protocolo Complementar: tendo em vista um contrato nuclear, as partes concluem um pacto
acessório, tendente a completar o acordo nuclear.
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Def: É a proposta feita por uma das partes que, uma vez aceite pela outra (s), dá lugar à formação de um
NJ.
Completa, no sentido que deve incluir todos os pontos que devam ficar estipulados no futuro contrato. Não
é necessário que conste matéria que possa ser suprida por preceitos dispositivos, mas deve constar tudo
aquilo em que o proponente queira afastar ou modificar o regime dispositivo.
A compleitude da proposta tem o sentido de ela dever comportar tudo o que as partes decidam levar a
contrato, ao abrigo da autonomia privada.
Contudo:
Firme, no sentido em que deve exprimir uma vontade séria e inequívoca de contratar nos precisos moldes
projectados na proposta. Deve exprimir uma intenção negocial de conclusão de um contrato mediante
aceitação. Não respeitam este requisito as declarações que reservem para o proponente alguma margem
de liberdade quanto à conclusão, ou não, do contrato, ou quanto ao seu conteúdo.
O enunciado linguístico deve ser inequívoco e não em termos dubitativos ou hipotéticos.
O critério da determinabilidade deve estar presente para que o destinatário possa apurar qual o produto
que visa o NJ.
A proposta tem de ser jurígena, ou seja, exprimir a vontade do proponente de ficar vinculado.
Formalmente suficiente, no sentido em que a proposta deve revestir uma forma que satisfaça a exigência
formal do contrato proposto. Se este for informal, a proposta poderá revestir qualquer forma. Se estiver,
por lei ou convenção, sujeito a uma especial exigência de forma (ex: escrita) a proposta terá de ser
formulada numa forma que seja suficiente para satisfazer a forma exigida para o contrato.
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Nelson Pimenta FDL24761
A exigência de forma coloca-se para a validade do concreto contrato. Mas na sua falta, pode ocorrer um contrato
diverso, seja pela conversão (293º), seja pela ex-bona fide.
Eficácia e duração:
Emitida uma proposta e tornando-se eficaz (224º), quais os termos dessa eficácia e o tempo que ela deverá
manter-se.
A eficácia da proposta contratual consiste essencialmente em promover, a esfera jurídica do destinatário, o
direito potestativo de, pela aceitação, fazer nascer o contrato proposto. Gera assim uma alteração na
esfera jurídica do proponente.
- Se for fixado prazo para a aceitação pelo preponente, ou por acordo das partes, a proposta matem-se até
ao termo desse prazo (228º nº1, alínea A)
- Se não for fixado prazo mas o proponente pedir resposta imediata, a proposta conserva-se até que ela e a
aceitação cheguem ao seu destino. (228º nº1, alínea B)
Se for um meio de comunicação rápido (telegrama, mensagem electrónica, ou fax) o prazo será de 3
Dias.
No caso de correio normal (art. 128º nº 1, alínea B) será de 6 dias (3+3 dias). art. 248º CPP
- se nada for dito, a proposta subsiste pelo período que, em condições normais, possibilite que ela e a
aceitação, cheguem aos seus destinos, acrescido de 5 dias. (228º nº1, alínea C)
Se for um meio de comunicação rápido (telegrama, mensagem electrónica, ou fax) o prazo será de 8
Dias (3+5).
No caso de correio normal (art. 128º nº 1, alínea B) será de 11 dias (3+3+5 dias). art. 248º CPP
Atenção: no caso do prazo terminar em domingo ou feriado, transfere-se para o primeiro dia útil seguinte
(art. 279º alínea E)
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Nelson Pimenta FDL24761
- Revogação: é um acto unilateral, praticado pelo proponente que tem por conteúdo a extinção da
proposta previamente emitida. Tem de ser antes da aceitação, senão implicaria a revogação do contrato, o
qual só é possível mediante acordo (distrate) entre as partes.
Art. 230º:
- nº 1: quando o proponente se tenha reservado a faculdade de revogar (ele diz que pode revogar na
declaração);
- nº 2: quando o proponente revoga a proposta antes ou ao mesmo tempo que a proposta chega ao
destinatário (o modo de comunicação é indiferente).
- A Aceitação ou Rejeição:
A aceitação faz desaparecer a proposta e a formulação do contrato.
A rejeição conduz ao desaparecimento da proposta por renúncia do destinatário, ao direito
potestativo de aceitar a proposta.
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Oferta ao público
A oferta ao público é uma modalidade particular de proposta contratual, caracterizada por se dirigir a uma
generalidade de pessoas.
Tal como qualquer proposta deve reunir os requisitos fundamentais (completude, firme formal).
Deve distinguir-se a oferta ao público de outras modalidades:
- O convite a contratar: não reúne todos os requisitos fundamentais. Ex: convite publicitário, que
pressupõe negociações ulteriores das quais poderá resultar uma verdadeira proposta.
- A proposta feita a uma pessoa desconhecida ou de paradeiro ignorado: deve revestir a forma de
anúncio público nos termos do art. 225º. Ex: “dou 100€ a quem encontrar o meu cão”.
- As cláusulas contratuais gerais: será analisado depois. Não é necessariamente uma proposta e
devido à rigidez ao encaixa no anúncio público.
A oferta ao público enquanto proposta genérica dirigida a todos os interessados, surge como modo idóneo
de proporcionar muitos contratos com o mínimo de esforço e de custos, por parte dos celebrantes (os
contratos celebrados no dia-a-dia). Ex. os anúncios.
Perante uma eventual aceitação, resulta um contrato.
O código civil não se ocupou, não se ocupou de modo expresso da oferta ao público, excepto para regular a
sua extinção (art. 230º nº 3). Alogicamente, aplicar-se-á o art. 225º.
No convite à oferta, o proponente mostra-se pronto a receber proposta que, depois, poderá aceitar. Nesta
situação falta a firmeza, portadora da vontade de vinculação, própria da verdadeira proposta.
É uma situação na regulada no CC.
Ex: os anúncios, as tabuletas, as proposições inseridas a internet.
As aceitações dos interessados devem ser reconfirmadas pelos oferentes: mesmo quando havendo
“propostas” completas, a sua efectivação depende de haver mercadorias em stock, de ser viável o envio ou
de obter licença bancária para o pagamento.
A invitatio corresponde à técnica de contratação de certos sectores, como o dos seguros. A companhia de
seguros apresenta-se como mera destinatária das propostas que lhe queiram fazer os seus clientes,
contudo mantêm a possibilidade de aceitar ou não as propostas dos interessados.
Apesar de não vinculativa, a invitatio insere-se uma lógica de pré-negocial, logo tem de estar presente o
princípio da boa fé (art. 227º nº1).
O leilão: as regras do leilão (valor mínimo, lances mínimos, a via de entrega do objecto e modo de
pagamento), disponibilizadas pelo leiloeiro ou pelo interessado para adesão de pessoas indeterminadas,
são tecnicamente, cláusulas contratuais gerais, sujeitando-se à competente lei. É reconduzido a um tipo
social de conclusão de contrato.
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Nelson Pimenta FDL24761
1- Aceitação: é uma declaração recipienda, formulada pelo destinatário da proposta negocial ou por
qualquer interessado, quando haja uma oferta ao público, cujo conteúdo exprima uma total concordância
com o teor da declaração do proponente.
Características da Aceitação:
- Traduzir uma concordância total e inequívoca;
- Tempestividade: tem de ser emitida dentro do lapso de tempo que corresponde;
- Revestir a forma exigida para o contrato.
Da aceitação resulta o contrato. O contrato exprime o encontro das declarações confluentes das partes.
Nos termos do art. 217º nº1, a aceitação pode ser expressa ou tácita.
Não há verdadeira aceitação quando a competente declaração de aceitação seja dubitativa ou
condicionada.
Quando a aceitação comporte espaços a preencher pelo destinatário, espaços esses que o proponente
de antemão aceite, ela terá um conteúdo mais vasto, devendo englobar esses mesmos espaços.
Tem de haver acordo sobre todos os pontos da declaração, sob pena de ser uma mera contraproposta.
Sendo uma declaração recipienda, a aceitação produz efeitos nos termos do art. 224º.
Se a aceitação comece a produzir os seus efeitos apenas quando a proposta já não tenha eficácia, haverá,
nos termos do art. 229º uma recepção tardia.
- A aceitação foi expedida fora de tempo:
O proponente se quiser celebrar o contrato tem de fazer nova proposta.
Ou então não há formulação do NJ.
- A aceitação foi expedida em tempo útil:
O proponente deve avisar o aceitante de que o NJ não se chegou a concluir. (deveres de boa fé
pré-negociais)
Se pretender o contrato, basta considerar a aceitação tardia eficaz.
Revogação da aceitação (235º nº2):
- A aceitação pode ser revogada desde que a comunicação da revogação chegue ao conhecimento do
proponente antes ou ao mesmo tempo que a aceitação. (o mesmo que a revogação da proposta (230º º
2))
O contrato tem-se por celebrado no momento em que a aceitação se torne eficaz nos termos do art. 224º
nº 1, sem esquecer as especificações dos nº 2 e 3. Teoria da recepção.
O momento de celebração do contrato marca o início dos seus efeitos
Rejeição da proposta:
A rejeição é um acto unilateral recipiendo pelo qual o destinatário recusa a proposta, renunciado ao direito
a que dera lugar.
Tal como a proposta e a aceitação, a rejeição também pode ser revogada – sendo, consequentemente,
substituída, pela aceitação – desde que:
- a declaração chegue ao poder do proponente, ou dele seja conhecida, ao mesmo tempo que a
rejeição (artigo 235º/1 do CC).
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Nelson Pimenta FDL24761
Contraproposta:
A aceitação da proposta com “aditamentos, limitações ou outras modificações implica a sua rejeição”
(artigo 233º, 1ª parte). A aceitação deve traduzir uma total concordância/consenso entre as partes, quanto
à proposta.
A segunda parte do 233º dispõe que “se a modificação for suficientemente precisa, equivale a nova
proposta”.
Trata-se da contraproposta – esta é, para todos os efeitos, uma proposta contratual, que tem apenas como
particularidade o implicar a rejeição de uma primeira proposta, de sinal contrário.
O requisito deve ser complementado: a contraproposta deve ser completa, deve traduzir a intenção
inequívoca de contratar e deve assumir a forma requerida para o contrato de cuja celebração se trate.
A aceitação parcial não dá azo nem ao contrato nem a uma contraproposta. O contrato só se considera
celebrado quando as partes cheguem a acordo sobre todas as cláusulas ou matérias que alguma delas
tenha suscitado.
Interpretação do artigo:
O contrato surge através da aceitação da proposta, sem que a aceitação precise de ser declarada perante o
proponente, quando tal aceitação não seja de esperar, segundo os costumes do tráfego ou quando o
proponente ba ela tenha renunciado.
O momento na qual caduca a proposta determina-se segundo a própria proposta ou segundo as
circunstâncias depreendidas da vontade do proponente.
Muitas vezes, particularmente nos negócios correntes, uma proposta é logo seguida pela execução a cargo
da outra parte.
EX: Um automobilista que abastece numa bomba não formula qualquer declaração de aceitação,
embora ninguém duvide da conclusão do contrato e o dever de pagar o abastecimento.
24
Nelson Pimenta FDL24761
3- Os usos: o art. 3º nº 1, só os aceita quando haja remissão legal, que é o caso. Permite em especial,
uma sindicância (inquérito), à luz da tutela do consumidor.
A proposta contratual é um NJ unilateral, pelo menos quando o contrato visualizado pelo proponente
tenha natureza negocial.
Quando tal não se suceda, a proposta será um acto jurídico stricto sensu, pelo que:
- A proposta é eficaz i.e.: produz efeitos de direito e faz surgir na esfera jurídica do destinatário, o
direito potestativo à aceitação. É um facto jurídico lato sensu.
- A proposta é livre i.e: o proponente formula-a se quiser, actuando ao abrigo da sua autonomia
privada; há liberdade de celebração. É um acto jurídico lato sensu.
- O conteúdo da proposta é livre i.e.: o proponente pode inserir na proposta as cláusulas que
entender; há liberdade de estipulação, surgindo um negócio jurídico.
O Prof. M.C. diz que a aceitação, juntamente com a rejeição e a contraproposta, um negócio unilateral.
Diz ainda que dentro da categoria de negócios, a proposta e a aceitação, ocupariam uma especial categoria
de actos preparatórios ou prévios.
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Nelson Pimenta FDL24761
O autómato:
Os contratos podem ser celebrados por vias tradicionais (entre presentes ou ausentes) ou então através de
novas formas, por força das novas tecnologias.
Autómatos: dispositivos automáticos que, mediante a introdução de dinheiro, distribuem determinados
bens aos utentes;
O tipo de operações facultadas pelos autómatos alargou-se, acabando por cobrir múltiplos fornecimentos
de bens e serviços – desde o simples fornecimento de coisa móvel, aos múltiplos serviços implícitos num
“estacionamento automático” e à obtenção de bens, informações até outras realidades (reservas, câmbios,
operações bancárias).
Na aparência, estas máquinas praticam meras operações materiais. Contudo, tais operações são
legitimadas pró adequada cobertura negocial.
Teorias da “actuação jurídica” dos autómatos (quem é o proponente? E o aceitante?)
1. Teoria da oferta automática
A simples presença de um autómato pronto a funcionar, mediante adequada solicitação feita por um
utente, deve ser vista como uma oferta ao público. Ex: máquina de parque EMEL
Accionado o autómato, o utente aceitaria a proposta genérica formulada pela entidade a quem fosse
cometida a programação;
Se tiver todos os requisitos da proposta, o proponente é a “máquina” e o aceitante o individuo que a
utiliza.
Notas:
- Se o autómato for uma oferta ao público há contrato com a simples aceitação; qualquer falha
subsequente surgirá como uma violação do contrato perpetrada pela pessoa que recorra a autómatos para
celebrar os seus negócios;
- Se o autómato se limitar a receber propostas, não há violação contratual, no caso de não funcionamento:
há uma mera não-aceitação; (deve devolver o dinheiro)
- Perante os princípios da automação, o autómato funciona como oferta ao público. A pessoa responsável
pelo autómato desfrutaria, ao programá-lo, de liberdade de estipulação, podendo propor o que
entendesse, e o utente apenas poderia aceitar ou recusar a “proposta” automática, colocando-se numa
posição semelhante à de “aceitante”.
- O autómato não tem liberdade de decisão para aceitar ou recusar uma proposta: as opções competentes
foram feitas pelo programador e só por este podem ser alteradas. A última palavra seria do utente.
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Nelson Pimenta FDL24761
- Um autómato pode ser programado para responder a solicitações distintas, por forma adaptada a cada
uma delas – várias ofertas ao público (tantas quanto as opções do utente);
- O autómato reproduz a vontade do seu programador ou da pessoa a quem as actuações deste sejam
imputáveis. Nessa medida, a declaração do autómato podia ser de qualquer tipo, consoante a vontade dos
programadores (aceitação, proposta,…)
Os únicos limites que o Direito opõe a este prolongamento da vontade humana têm a ver com a forma
prescrita para certas celebrações negociais.
A contratação por meios electrónicos ou por internet
A declaração de vontade feita por computador ou por meios de comunicação electrónica vale como tal,
tendo aplicação as regras referentes ao erros e ao dolo. Tratada pelo DL nº 7/2004 de 7/Janeiro.
(A) Declaração entre ausentes: segue as regras gerais do art. 228º.
(B) Quem é o proponente? E o aceitante?
Deve fazer-se uma avaliação casuística. O computador é programado de tal ordem que ele próprio recebe e
processa a declaração do interessado, estando em condições de a aceitar. Temos uma declaração do
computador ou automatizada. Exemplo: livrarias electrónicas negoceiam livros de modo automático.
- A declaração é imputável à pessoa que programou ou mandou programar o PC.
Facilidade com que se podem adquirir bens ou serviços e assumir os inerentes encargos, em termos
imediatamente eficazes através da utilização de cartões bancários obriga o Estado a adoptar medidas para
a protecção do comércio electrónico, como por exemplo a Directriz 97º/7/CE do Parlamento Europeu e do
Conselho:
1. Fixa deveres de informação acrescidos
2. Atribui um direito à resolução do contrato, por parte do adquirente, caso se venha a arrepender da sua
celebração (direito ao arrependimento)
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Nelson Pimenta FDL24761
Documentos electrónicos: aqueles cujo suporte não seja físico, mas “electrónico” (abarca soluções épticas
e electromagnéticas). É-lhes aplicável o regime normal com adaptações.
Assinatura digital: esquema que permite a uma entidade dotada de uma “chave”, reconhecer e autenticar
uma sequência digital proveniente do autor de uma missiva electrónica, de modo a autenticá-la,
DL 165/2004 de 6 de Julho: as declarações electrónicas, com suporte adequado, satisfazem a
exigência legal da forma escrita (equipara a escrita em PC à manuscrita), valendo a assinatura
electrónica (reconhece valor da assinatura digital).
DL nº7/2004 de 7 de Janeiro: refere certos aspectos legais dos serviços da sociedade de informação,
em especial do comércio electrónico, no mercado interno.
- a contratação electrónica é livre, salvo negócios familiares e sucessórios e outros dos quais
seja exigida forma especial.
- as declarações electrónicas, com suporte adequado, satisfazem a exigência legal da forma
escrita.
-A oferta de produtos ou serviços em linha, quando completa, representa uma proposta
contratual; quando isso não suceda é um convite a contratar.
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Pág. 537-616
Nelson Pimenta FDL24761
A própria lei que trata a matéria do conteúdo e do objecto do negócio jurídico, que anda à volta do art.º
280º e 281º, refere-se a requisitos do objecto negocial, mas tanto está aqui a tratar dos problemas de
objecto como a problemas de conteúdo. Os elementos que integram o conteúdo do negócio decorrem do
que foi dito há pouco.
Há elementos que decorrem da vontade das partes – elementos voluntários – que têm a ver com o que as
partes dispuseram no negócio – e há elementos que decorrem da lei – os elementos normativos.
Os elementos normativos são as regras aplicadas àquele negócio jurídico porque a lei assim o determina.
Estes elementos podem ser:
A) Injuntivos ou imperativos: referem-se àquelas regras legais que a vontade das partes não pode
afastar.
B) Supletivos, se decorrem de normas legais que só são aplicáveis na falta de vontade das partes.
O negócio jurídico é composto por cláusulas típicas: são elementos voluntários eventuais porque resultam
da autonomia privada, adoptados pelas partes. São 5:
São cláusulas contratuais típicas que vêm subordinar a eficácia do negócio jurídico a um evento futuro e
incerto.
Podem ser:
- Suspensivas ou resolutivas
Suspensivas: o N.J. só produz efeitos após a sua verificação
Ex: eu dou-te 1 tlm se chover amanha.
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- Causais ou potestativas
Causais: quando o facto seja alheio aos participantes.
Ex: a condição de chover.
- Automáticas e exercitáveis:
Automáticas: não necessitam da manifestação da vontade
Exercitáveis: verificação do momento e manifestação da vontade
- presentes ou passadas:
Presentes: dou-te o meu tlm se X estiver a ganhar o jogo.
Passadas: dou-te o meu tlm se X ganhou o jogo.
Regime jurídico:
Se o N.J. estiver condicionado todo o negócio fica a ele vinculado (art. 271º), logo a invalidade de 1
condição invalida todo o N.J.
Clausula adoptada pelas partes da verificação de um evento futuro e certo quanto à ocorrência.
Pode ser:
- O modo:
É a cláusula típica que só pode ser colocada nos negócios gratuitos. (testamento – art. 2244º; doação – art.
963º )
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Nelson Pimenta FDL24761
Os requisitos do negócio
Esta matéria é tratada nos artigos 280º e 281º. Estes artigos permitem identificar como requisitos
essenciais do objecto e do fim do negócio jurídico os seguintes:
1. Tem que ser um objecto possível;
2. Tem que ser um objecto determinado ou determinável;
3. Tem que ser um objecto lícito;
4. Não pode ser um objecto contrário à ordem pública nem aos bons costumes.
O mesmo para o fim do negócio. Possível, determinável, lícito e não contrário à ordem pública e aos bons
costumes. A consequência de qualquer da falta de verificação destes requisitos é a nulidade. Há que ver
cada um destes requisitos por si.
1. Possibilidade
O objecto do negócio jurídico tem que ser possível. É nulo o negócio jurídico cujo objectivo seja física ou
legalmente impossível. O requisito da possibilidade é reputado tanto a uma possibilidade física como legal.
Deve ter-se em atenção que impossibilidade não quer dizer dificuldade. O negócio só é impossível quando
verdadeiramente ele for inalcançável.
- O objecto do negócio jurídico não pode ser fisicamente intangível ou inexistente. Deolinda não
pode vender a Vítor a Lua.
- Contudo, a impossibilidade do negócio jurídico pode ser legal. Carlos não pode vender a Joaquim a
Torre de Belém. A Torre de Belém não pode ser vendida porque, legalmente, pertence ao domínio público.
A possibilidade é absoluta ou relativa, conforme atinja o objecto do negócio, sejam quais forem as pessoas
envolvidas ou, pelo contrário, opere somente perante os sujeitos concretamente considerados. Em rigor,
apenas a absoluta é verdadeira impossibilidade. Esta distinção explica a possibilidade de negociar coisas
futuras, na hipótese de existirem, mas fora da esfera do disponente – artigos 211º e 401º/2.
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Nelson Pimenta FDL24761
A impossibilidade tem ainda que ser definitiva. O contrato não é nulo se houver uma impossibilidade
meramente temporária. O negócio pode valer como um negócio sobre um bem futuro – quando terminar a
impossibilidade, o negócio pode concluir-se.
2. Determinabilidade
Um negócio jurídico traduz, antes de mais, um conteúdo comunicativo: quer as partes, quer terceiros
tomam conhecimento do que ele signifique, de modo a poderem comportar-se em consonância com o que
dele resulte.
Quando, do negócio, não resulte uma informação clara quanto ao seu conteúdo, ou quanto ao seu objecto,
estamos perante um negócio indeterminável.
Determinado vs determinável.
Nos negócios determinados, em primeira análise não se consegue depreender o seu objecto ou o seu
conteúdo, contudo, tanto as partes como a lei podem comportar dispositivos que facultem a sua
determinação. Ex: 400º - determinação da prestação; 883º determinação quanto ao preço. O negócio surge
determinável.
No negócio indeterminável, ao existem esses mecanismos de determinabilidade.
O objecto ou conteúdo do negócio jurídico tem que ser determinável, ou determinado, como resulta do
artigo 280º/1, sob pena de nulidade.
Não é necessário que à partida já esteja determinado, mas é necessário que seja determinável. Contratar
alguém para faz-tudo é um contrato com objecto indeterminável.
O espaço dado aos particulares, pelo Direito privado, é extenso. Mas tem margens. A licitude é o requisito
dos negócios jurídicos que consiste na não ultrapassagem dos limites injuntivos do ordenamento.
Há ilicitude sempre que sejam ultrapassados os limites injuntivos postos à autonomia privada.
O objeto ou conteúdo do negócio têm que ser lícitos. Não podem o objecto ou conteúdo ser contrários a
uma norma legal imperativa. O negócio não pode ser contrário à lei, como resulta dos artigos 280º/1 e
281º;
É considerado contrário à lei nos termos do artigo 294º: o negócio é contrário à lei quando seja celebrado
contra uma disposição legal que contenha uma norma imperativa. Consequência: em regra, a nulidade.
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Nelson Pimenta FDL24761
Há que ter em atenção que a ilicitude pode reputar-se ao negócio em si mesmo ou ao fim prosseguido no
negócio: artigo 280º/1 para o primeiro, artigo 281º no segundo.
Porquê esta distinção neste caso e não nos outros?
- O regime aplicável não é o mesmo. Se o negócio tiver um objecto contrário à lei, todo ele é nulo.
- Se apenas o fim do negócio for contrário à lei – contratar um contabilista para fazer a contabilidade
de uma empresa que vende droga – a lei estabelece que, quando a contrariedade for atinente ao fim e não
ao objecto, o negócio só é nulo quando o fim for comum a ambas as partes.
A fraude à lei
A fraude à lei é uma ilicitude mais refinada.
As partes, o que fazem é manipular normas legais que em si mesmas não provocam comportamento ilícito,
mas na sua combinação, provocam um resultado contrário à lei. Não há uma contrariedade directa a uma
norma, mas há uma combinação de normas para conseguir um objecto contrário à lei. A ilicitude está no
fim. É contornar a lei, não contrariar a lei.
Note-se também que o negócio jurídico, no seu objecto ou conteúdo, não pode contrariar os bons
costumes nem a ordem pública. O objecto ou o conteúdo do negócio jurídico não podem ofender a ordem
pública ou os bons costumes (280º/1 e 2).
A ilicitude (pelo facto das partes terem tentado, através de artifícios mais ou menos assumidos, conferir ao
N.J. uma feição inócua) = nulidade do N.J.
33
Nelson Pimenta FDL24761 Pág. 673 - 778
A interpretação do negócio
Os negócios resultam de declarações de vontades feitas pelos intervenientes, que são em geral,
composições linguísticas.
O sentido das palavras ao é uniforme, depende do declarante e do declaratório, oscilando em função das
representações, inclinações e dos interesses de ambos os sujeitos. Logo, não equivale à lei.
A declaração da vontade, quando tenha um destinatário, tem à partida, dois sentidos: o que o declarante
lhe quis dar e o que o declaratório entendeu. Assim surgem 2 teorias:
- a teoria da vontade: pela qual a declaração tem o sentido que o autor lhe quis dar; ou como a
vontade do declaratório.
- a teoria da declaração: que valida o sentido da própria declaração.
Logo, existem vários sentidos para a declaração.
A interpretação deve estar ligada aos princípios da boa fé.
As regras de interpretação:
A interpretação do negócio traduz-se o acto de busca do sentido juridicamente relevante do conteúdo do
negócio i.e., visa retirar da declaração negocial o sentido juridicamente relevante.
A interpretação é uma tarefa jurídica – não convoca outras ciências i.e. a interpretação vai para além de
todas as outras ciências.
É importante, no entanto, salientar um facto: o artigo 236º do CC aparenta apontar para uma interpretação
feita declaração a declaração i.e. aparenta dizer que é feita a interpretação de cada declaração, por si só.
Esta ideia não é correcta. Há que interpretar todo o acordo i.e. todas as declarações em conjunto, inseridas
em determinado contexto negocial. Note-se, também, que não é apenas necessário interpretar aquilo que
é duvidoso, mas todo o negócio jurídico.
A Doutrina tem discutido se a interpretação se trata de uma questão de facto ou de uma questão de
direito. Hoje, tem-se estabelecido o entendimento de que a interpretação, além de uma questão de facto, é
também uma questão de direito, procurando-se retirar o sentido juridicamente relevante das declarações
negociais, tendo em conta mais do que apenas os factos resultantes directamente das declarações
negociais.
Há que distinguir a interpretação do negócio da interpretação da lei: no negócio jurídico releva,
essencialmente, a vontade das partes. É portanto uma interpretação menos objectivista do que a
interpretação da lei.
B) Teoria Objectivista: de acordo com estes, deve ser atribuído maior relevo ao sentido da declaração
negocial, tal como ela é compreendida pelo declaratório.
Regras interpretativas:
Como elementos relevantes de natureza circundante, salienta-se:
- o CC distingue a interpretação da integração;
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Nelson Pimenta FDL24761
- o regime da relevância do erro é restritivo (247º); ou seja, em geral, tende a prevalecer a vontade
declarada em prejuízo da vontade real.
- a prova complementar tendente a apurar a vontade real do declaratório só é expressamente
prevista para o propósito do testamento.
Nunca esquecendo a ideia geral de unidade do sistema jurídico e da coerência do sistema, sedo que a
interpretação opera em conjunto com a integração, com a redução e com a conversão.
Directrizes interpretativas:
- o sentido da impressão do declaratório normal art. 236º nº 1, 1ª parte
- o qual, razoavelmente, possa ser imputado ao declarante art. 236º nº 1, 2ª parte
- a vontade real do declarante art. 236º nº 2
Temos ainda:
- regras para os “casos duvidosos” art. 237º, que fazem a integração da matéria interpretativa
no todo mais vasto que é a realização do Direito.
- regras para os negócios formais art. 238º, que se prendem com diversas regras especiais
de interpretação.
- os textos circundantes;
Em qualquer negócio, é viável complementar a manifestação de vontade com elementos a ela alheios,
como o apontar com o dedo, colocando-se o problema da prova: o de saber se a vontade foi manifestada e
entendida. O CC ocupa-se do tema no testamento (2184º)- é muito difícil apurar a vontade do testador.
Quando além do clausulado, o contrato escrito pode comportar outros elementos: um preâmbulo,
definições, notas explicativas. Nestes casos, há que efectuar um trabalho conjunto de interpretação.
De igual modo se procede, quando as partes recorrem a um feixe de diversos contratos coligados ou em
união.
35
Nelson Pimenta FDL24761
- o contexto;
O contexto deve ser desenhado em 3 partes:
- o contexto das próprias cláusulas;
As cláusulas devem ser interpretadas o seu conjunto, ou seja, na globalidade do negócio.
- o contexto horizontal: todas as circunstâncias que acompanham a negociação e a conclusão do N.J.
Está relacionado com o ambiente que circunda o N.J. visto pelas partes. Os gestos, a disposição, etc….
- o contexto vertical: que abrange o modo por que o contrato é entendido e aplicado, pelas próprias
partes.
O que sucede antes e depois da conclusão do contrato. O modo como iniciaram a negociação,
- o objectivo em jogo;
O negócio tem um papel instrumental, as partes pretendem, com ele, servir fins “exteriores” como obter
uma mercadoria, receber dinheiro.
O elemento teleológico integra o horizonte do declaratório (finalidade do negócio). Caso, uma vez
executado o negócio e ele não tenha conduzido à satisfação dos interesses geridos pelas partes, foi por
certo, mal interpretado.
- os elementos jurídicos extra-negociais.
A boa fé deve estar sempre presente.
Regra a do favor negotti: as partes pretenderam, fazer serviço útil, logo as interpretações que conduzam a
invalidades ou que dos negócios, apenas permitam aproveitamentos mínimos, devem ser afastadas.
A diligência do declaratório:
Qual a bitola da diligência requerida ao declaratório?
Deve ser a mediana, mesmo que a real seja acima ou abaixo desse critério. No caso de ser abaixo, vais ser
tratado como se tivesse sido diligente.
No limite, a falta de cuidado do declaratório, pode envolver deslealdade contra bonam fidem. Aplica-se, aí,
o instituto da culpa in contrahendo.
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Nelson Pimenta FDL24761
corresponda à vontade real do declarante, nas condições indicadas. Ou seja, a vontade real resulta da
declaração, mas ao é perceptível pelo destinatário normal: apenas por aquele que conheça a intenção
efectiva do declarante.
Em segundo lugar, é incontornável a necessidade de uma concordância do destinatário, relativamente à
vontade real do declarante.
O art. 236º nº 2, emprega 2 locuções:
- falsa demostratio non nocet: o erro no uso de uma expressão, quando conhecida pela outra parte,
ao prejudica, desde que haja acordo quanto ao fundo, i.e., desde que a vontade real seja conhecida e
concorde. (uma pessoa pode conhecer a vontade real de outra e, no entanto, não pretender aceitá-la. Ao
dar o seu assentimento à declaração formal, que saiba não corresponder à vontade real do declarante, ela
poderá abrir portas ao regime do erro, do dolo ou da culpa in contrahendo.)
- protestatio facto contraria on valet: quando alguém assuma uma atitude com significado negocial
e declare, ao mesmo tempo, uma vontade contrária a esse significado ou então não coincidente.
Ex: estacionar num parque de estacionamento pago sem pretender celebrar o respectivo negócio. A
doutrina diz que as pessoas revelaram uma intenção real de contratar, mas efectuaram uma protestatio
facto contraria (declararam o contrario do que resulta dos factos). Essa protestatio seria ineficaz, pelo que
haveria contrato.
Em suma:
Regra da impressão do declaratário: o sentido da declaração negocial será aquele que um declaratário
normal, colocado na posição do real declaratário, possa deduzir do comportamento do declarante, salvo se
este não puder razoavelmente contar com ele (236º/1);
- Trata-se de uma visão mais objectivista, orientação que é preconizada por Manuel de Andrade.
- Está sujeita a algumas limitações, nomeadamente a parte final do 236º/1 (salvo se este não puder
razoavelmente contar com ele) e o 236º/2 (sempre que o declaratário conheça a vontade real do
declarante, é de acordo com ela que vale a declaração emitida);
- Quando se fala em “declaratário normal”, o legislador remete para a diligência normal i.e. o
conteúdo da declaração deverá ser interpretada segundo padrões de comportamento comum.
O segundo “regime legal” está consagrado na parte final do 236º/1 (salvo se este não puder razoavelmente
contar com ele); O Prof. Menezes Cordeiro entende que se trata de uma ressalva destinada a resolver
certos problemas, relacionados sobretudo com vícios da vontade i.e. aplica-se a situações em que haja um
vício da vontade, e pretende-se assim dar solução a essas hipóteses sem ser necessário aplicar os requisitos
específicos de que depende a aplicação das figuras de vício da vontade que vimos resumidamente. Trata-se
de uma orientação mais subjectivista. Alguns autores defendem que se deverá fazer uma interpretação
restritiva da parte final do 236º/1.
Concessão ao subjectivismo (236º/2): esta preposição consagra a regra falsa demonstratio non nocet. O
professor Menezes Cordeiro entende que deverá ser feita uma interpretação restritiva;
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Nelson Pimenta FDL24761
A interpretação sisa a solução justa. A saída deve passar pela valoração que as partes, no exercício da sua
autonomia, tenham entendido adoptar, para a regulação dos seus interesses.
Em suma:
Negócios formais (238º): nos negócios formais não pode a declaração valer com um sentido que não tenha
um mínimo de correspondência no texto respectivo do documento, ainda que imperfeitamente expresso.
- A regra do nº1 é enfraquecida pelo nº2: “esse sentido pode, todavia, valer, se corresponder à
vontade real das partes e as razões determinantes da forma do negócio se não opuserem a essa validade”
(subjectivismo); quando a forma for decorrente da lei, isto não é aplicável.
Cláusulas ambíguas (11º da Lei das CCG): as cláusulas contratuais gerais ambíguas têm o sentido que lhes
daria o contraente indeterminado normal que se limitasse a subscrevê-las ou aceitá-las, quando colocado
na posição do aderente real (11º/1)
- Em caso de dúvida, prevalece o sentido mais favorável ao aderente (nº2); isto não se aplica, no
entanto, no âmbito das acções inibitórias (nº3).
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Nestas situações, pode suceder que a área lacunosa tenha de ser preenchida para permitir a execução
global do negócio, tendo que se entender, por força do 236º nº 1 e 237º, que não foi intenção
normativamente relevante das partes deixar a área em jogo por regular.
- ou as partes deixaram a matéria para as normas supletivas, às quais compete preencher o ponto
Nesta situação, não há lacuna, porque se aplicam as regras supletivas. Na falta de disposição supletiva,
estaremos perante uma lacuna legal, a integrar de acordo com o art. 10º, nada de especificamente
negocial.
- ou o negócio foi mal conformado aplicando-se, no limite, a regra da nulidade por
indeterminabilidade do conteúdo.
Nas situações de incompleitude insuprível, impõe-se a nulidade nos termos do art. 280º.se a situação for
inicial, ou a cessação por impossibilidade superveniente, segundo os artigos 790º nº 1 e 801º, se for
ulterior.
Assim sendo, para haver lacuna negocial, terão de haver os seguintes requisitos:
- representar um ponto que, pela interpretação, devesse ser regulado pelo contrato.
- sendo inaplicáveis regras supletivas, existentes ou a encontrar nos termos do art. 10º.
- e mantendo-se válido o negócio.
- “em função dos ditames de boa-fé, quando outra seja a solução por eles imposta”
Os limites da vontade hipotética decorrem dos ditames da boa-fé. Aqui implícito na boa fé, está em causa a
tutela da confiança, por um lado – a tutela efectiva e legítima da confiança – e por outro lado o princípio da
materialidade subjacente – toda a lógica do contrato em função dos seus fins.
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Nelson Pimenta FDL24761
Pág. 779 - 909
Os vícios da Vontade e da Declaração
Quadro de vícios
O negócio jurídico, como manifestação de livre escolha do próprio, emerge da declaração de vontade.
Contudo, inúmeros óbices, internos e externos, podem perturbar uma linha perfeita que una a vontade, a
declaração, o negócio e os seus efeitos.
O N.J. vale enquanto manifestação da autonomia privada. Ele revela uma determinada vontade de um
sujeito, que após ser exteriorizada, poderá produzir os seus efeitos. Contudo, podem surgir vícios:
Quadro de vícios:
- Vontade deficiente (o declarante queria celebrar um N.J., mas não naquelas condições)
Por falta de liberdade (coacção moral, art. 258 e seguintes)
Por falta de conhecimentos (erro-vício, art. 251º e 252º e dolo art. 253º e 254º)
Por ambos (incapacidade acidental, art. 257º em parte)
B - Divergências entre a vontade e a declaração (a vontade negocial é bem formada, mas mal
comunicada/ expressa):
- Intencionais (uma parte declara algo diferente da sua vontade, de forma a enganar a outra parte)
Simulação (art. 240º e seguintes)
Reserva metal (art. 244º)
Declarações não sérias (art. 245º)
- Não intencionais
Erro-obstáculo (art. 247º)
Erro de cálculo ou de escrita (art. 249º)
Erro na transmissão (art. 250º)
As soluções que o Direito faz corresponder a estes vícios, são norteadas pelos princípios:
- A autonomia privada – exige que a vontade juridicamente relevante corresponda à vontade real, livre
e esclarecida, do declarante.
- A tutela da confiança – requer a protecção da pessoa que tenha dado crédito à declaração de
outrem, mesmo quando esta não reúna todos os requisitos.
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Nelson Pimenta FDL24761
Verifica-se quando o declarante emite uma declaração negocial sem ter a noção de que vale como tal, ou
será entendida com tal; não há consciência de se estar a fazer uma declaração negocial. Está regulado no
artigo 246º/1, primeira parte, tal como a coacção física, mas diferencia-se desta última – há consciência do
negócio jurídico na coacção física.
Regime jurídico
A declaração não produz qualquer efeito (tutela-se o interesse do declarante); todavia, se o declarante tiver
culpa (negligência), o declarante fica obrigada a indemnizar o declaratário (aqui tutela-se os interesses do
declaratário);
De acordo com o Professor Oliveira Ascensão e o professor Menezes Cordeiro, defendem que nem sequer
há aparência de negócio jurídico, pelo que se verifica a inexistência do NJ.
Deve fazer-se uma interpretação restritiva do artigo 246º i.e. tem de haver total falta de consciência do
declarante, de forma a garantir a segurança jurídica e a tutelar os interesses do declaratário.
Ex: alguém entra uma sala de leilões sem se aperceber de tal e acena a 1 amigo. Tal acto, não deve ser
considerado uma licitação. (junção dos artigos 236º e 247º).
O Prof. M.C. diz que se a falta de consciência puder ser censurada ao declarante – se ele fez a declaração
violando deveres de lealdade, de informação ou se se colocar voluntariamente na situação de o fazer – ele
fica obrigado a indemnizar o declaratório.
Uma pessoa que se encontre, pontualmente, incapaz de entender e/ou de querer: por abuso de bebidas
alcoólicas ou de drogas ou por qualquer superveniência ou anomalia que afecte o seu espírito desde
doença a fadiga ou euforia.
A jurisprudência tem feito uma aplicação restritiva desta figura, exigindo que a incapacidade seja total, que
seja actual, e que seja notória.
Neste caso, a declaração negocial é emitida num momento em que o declarante não estava capacitado
para entender o sentido de tal declaração (ex, estava alcoolizado).
O negócio jurídico é anulável, tendo de preencher um requisito: o facto tem de ser notório ou conhecido do
declaratário ( o declaratário tem de saber da incapacidade acidental do declarante) , nos outros casos, a
declaração e o negócio são válidos. (confiança do destinatário)
Quanto ao nº 2, o declaratório pode ainda incorrer em responsabilidade, por violação dos deveres de
lealdade e de segurança in contrahendo (227º nº1), quando não atente a esses deveres pré-contratuais.
A incapacidade acidental distingue-se das incapacidades legais (menoridade (123º), interdição (139º) e a
inabilitação (153º nº1)).
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A incapacidade acidental ocorre pontualmente e a falta de publicidade, deve ser detectada e apreciada
pelo declaratório. As incapacidades legais, prolongam-se o tempo e são publicitadas através do registo civil.
Na incapacidade acidental, apesar de saber que se encontra no campo negocial, não tem discernimento ou
liberdade para concretizar a actividade jurígena.
A declaração diz-se não séria, quando o declarante, apesar de lhe dar uma configuração jurídica, o faça, não
com o objectivo de concluir um negócio mas, simplesmente, de efectuar uma tirada jocosa, jactante,
publicitária cénica ou ilustrativa.
Ou seja:
Declarações emitidas sem intuito negocial e na expectativa de que o declaratário o saiba; objectivo
anedótico, cénico, didáctico.
Ao declaratório opera apenas o dever geral de prestar atenção ao que se oiça e veja, quando se pretende
concluir um negócio. Se, por ventura, o declaratário não entender a falta de seriedade da proposta, cairá
na reserva mental (art. 244º nº1), pois a declaração negocial terá o intuito de enganar o declaratório.
Regime jurídico
Se a declaração for patentemente não séria, aplica-se o 245º/1, sendo a declaração ineficaz;
Se, porém, a declaração for feita em circunstâncias que induzam o declaratário a aceitar justificadamente a
sua seriedade, existe direito indemnizatório (245º/2), apesar de o negócio não produzir quaisquer efeitos.
Quadro síntese:
- Declaração patentemente não séria – aplica-se o art. 245º nº 1
- Declaração patentemente não séria, mas que por particulares condicionalismos, enganou o declaratório -
aplica-se o art. 245º nº 2
- Declaração negocial secretamente não séria – reserva mental art. 244º, sendo o negócio válido e eficaz.
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Há reserva mental sempre que é emitida uma declaração contrária à vontade real com o intuito de enganar
o declaratário (244º/1) i.e. existe uma divergência intencional entre a vontade real e a vontade declarada
com o objectivo de enganar a outra parte (o declarante quer uma coisa e diz outra).
Verificam-se também casos de reserva bilateral i.e. as partes enganam-se mutuamente, mas sem
conhecimento desse facto.
A reserva mental não prejudica a validade da declaração i.e. a declaração prevalece sobre a vontade do
declarante.
Excepto se a reserva for conhecida do declaratário – neste caso, aplica-se o regime da simulação
(art. 240º).
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A ausência da liberdade
1- Coacção
Em termos gerais, fala-se de situação de coacção quando existe falta/deformação da vontade por falta de
liberdade do declarante; o negócio é concluído sob ameaça, violência, medo, pressão ou coacção moral.
A declaração que decorre da coação física não produz qualquer efeito. De acordo com a Prof. M. C., a
declaração é nula e não ineficaz como preconiza o art. 246º do CC.
Isto evidencia uma total tutela do declarante. Note-se também que não há qualquer dever de
indemnização (não há vontade, logo o declarante é excluído de culpa).
O coagido, mesmo a querer preservar o negócio, por se ter tornado favorável, não o poderá fazer.
A pessoa que exerça a coação física não pode invocar a anulabilidade do negócio, porque aí incorreria em
abuso de direito.
Regime jurídico
A verificação da coacção moral encontra-se sujeita a 4 requisitos cumulativos:
- A ameaça tem de ser ilícita, de forma a afastar as situações em que o medo é causado pelo
exercício normal de um direito de outrem;
- Tem de haver medo (“receio de um mal”) i.e. a declaração tem de ser emitida em situação de
medo; esse medo tem de ser real/objectivo.
Excepção: o nº3 -se estivermos perante um temor referencial (receio de desgostar o pai, a mãe ou outros
superiores a quem se deve respeito, como nas situações laborais), ou a ameaça do exercício normal de 1
direito.
- É preciso que haja perigo de ocorrência de um mal maior, que pode ser causado à pessoa, à sua
honra ou fazenda do declarante ou de terceiro (255º/2); a coacção pode também ser feita por terceiro;
- Tem de existir um nexo de causalidade entre o receio do mal e a declaração i.e. a declaração tem de
ser determinada pelo receio de mal;
Caso se verifiquem todos os requisitos, a declaração é anulável nos termos do art. 256º.
- A tutela do declarante é apenas relativa nesta situação. Porquê? Porque, ainda assim, verifica-se
uma vontade, daí diferenciar-se da coação física;
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Definição: Implica uma avaliação falsa realidade, por actuação própria ou por intervenção, maldosa ou
inocente, da contraparte ou de terceiros; engano. (é a desconformidade entre a realidade e a percepção
dessa realidade)
Valores em questão: autonomia privada (declarante) mandaria rectificar o erro após detecção e a tutela da
confiança (declaratário) obriga à manutenção do que foi dito. – o CC oscila entre estes dois valores.
Os erros podem recair sobre os elementos nucleares do contrato (objecto, conteúdo); nos elementos
circundantes (características acessórias do objecto, clausulas acidentais); ou nos factores relativos as partes
(identidade, qualidade ou função).
Note-se que o erro se diferencia do dissenso. No último, as partes simplesmente nunca chegam a acordo.
A anulação do contrato, por erro na declaração, pode provocar danos no declaratório, o que levará o
declarante a responder por culpa in contrahendo (interesse negativo e positivo)
Atenção:
Uma modalidade particular de erro na declaração é o dissenso.
Esta ocorre quando as partes formulam declarações não coincidentes, convencidas de que concluíram um
contrato. Nesta situação, não há contrato, porque existem 2 propostas não coincidentes, sem aceitação,
sendo ambas válidas, até caducarem. Pode haver erro na declaração ou na própria formação da vontade.
Podem ser anuladas.
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No nº 2: nos casos de dolo do intermediário (dos casos em que este altere propositadamente a
declaração), a lei entendeu dar primazia à autonomia privada, logo o negócio é anulável. O dolo deve ser
provado por quem o invoque, havendo contra o autor do dolo, um direito à indemnização (tanto do
interesse negativo como do positivo) de todos os lesados.
O simples erro de cálculo ou de escrita, relevado no próprio contexto da declaração ou através das
circunstâncias em que a declaração é feita, apenas dá direito à rectificação desta.
- Se não for possível provar o erro objectivamente, aplica-se o 247º.
Quanto à pessoa do declaratório, o erro pode reportar-se à sua identidade ou às suas qualidades.
Se a essencialidade for conhecida pelo declaratário, aplica-se o art. 247º.
Ex: quem contrate 1 oftalmologista para tratar dos dentes comete um erro quanto à identidade da pessoa,
seja quanto às suas qualidades.
Quanto ao objecto, o erro pode reportar-se à identidade do objecto, às suas qualidades e ao seu valor.
O erro sobre o futuro do objecto seguirá o regime do art. 252º e não este em estudo.
O erro na vontade, quanto à pessoa do declaratório como ao objecto, segue o regime do art. 247º.
O erro da vontade é aplicável, com adaptações, a actos não contratuais. O declaratório do art. 247º, terá de
ser substituído pela figura do interveniente normal.
O art. 295º deve estar sempre presente.
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No erro sobre a base do negócio, aplica-se o regime comum do erro: a anulabilidade (art. 247º).
Note-se que o erro sobre a base do negócio se diferencia do erro sobre os motivos do negócio.
O Prof. M.C. defende que ambas as partes têm de estar em erro, quando se trata de um erro sobre a base
do negócio;
Caso só uma das partes esteja em erro, trata-se de erro sobre os motivos do negócio. Assim, se for possível
a modificação, aplica-se directamente o art. 437º; se não for possível, recorrer-se directamente à anulação,
decorrente do art. 252º/2.
Regime geral (251º e 252º): em geral, o negócio é anulável. No entanto, só será anulável se forem
preenchidos todos os requisitos do 247º (remissão do 251º p/ o 247º).
A anulação por dolo é acumulável com a indemnização dos danos causados. Pode fazer-se, em simultâneo,
apelo às regras da culpa in contrahendo, que também podem ser aplicadas a terceiros que provoquem o
erro qualificado por dolo.
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A simulação
Na simulação, as partes acordam em emitir declarações negociais que não correspondem à vontade real,
para enganar terceiros. Trata-se de uma operação complexa que postula três acordos:
- Um acordo simulatório, entre o declarante e o declaratório,
- no sentido de uma divergência entre a declaração (esta fictícia) e a vontade das partes,
- com o intuito de enganar terceiros (que não são parte integrante do negócio).
O sistema diz que a criação de uma aparência por si só é insuficiente, exigindo que a posição jurídica de
terceiros enganados, tenha sido afectada de qualquer forma.
Modalidades/Classificações
- Relativa: sempre que, sobre a simulação, se esconda um negócio verdadeiramente pretendido: o negócio
dissimulado.
As partes pretendem uma efectiva alteração do status real, mas com contornos distintos dos declarados.
Pode ser:
- Objectiva: quando a divergência recaia sobre o objecto do negócio ou sobre o seu conteúdo.
Esta pode ainda ser:
- Total: engloba as simulações sobre a natureza do negócio, i.e., o negócio simulado e o
negócio dissimulado, pertencem a tipos legais ou sociais distintos.
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Ex: celebração de 1 contrato de compra e venda com a intenção de cobrir uma doação.
- Subjectiva: sempre que a divergência recaia sobre as próprias partes (interposição fictícia de
pessoas).
Ex: A vende a B e ambos combinam que se declare vender a C. caso das alienações de licenças.
Pretende-se evitar um específico predicado de B ou usufruir de uma qualidade de C.
Efeitos da simulação:
O art. 240º nº 2 – o negócio simulado não produz efeitos entre as partes e perante terceiros que conheçam
ou devessem conhecer a simulação: os terceiros de “má-fé”.
As únicas excepções, são os artigos 242º e o 243º.
O art. 242º nº 1, dá legitimidade aos próprios simuladores, mesmo na simulação fraudulenta, para
arguirem a simulação. Invocação do tu quoque.
O art. 242º nº 2, atribui uma especial legitimidade aos herdeiros legitimários, de invocarem o vício da
simulação, sempre que haja uma intenção de os prejudicar, desde que o autor da simulação seja vivo. Após
a sua morte, aplica-se o regime geral do art. 286º.
O art. 243º nº 1: para além dos simuladores e todas as demais pessoas que tenham contribuído para a
conclusão do negócio simulado (herdeiros (mesmo que prejudicados), representantes e terceiros), não
podem invocar a nulidade do negócio contra terceiros de boa-fé. Em virtude do abuso do direito (art. 334º).
Art. 243º nº 2: estipula a boa-fé subjectiva ética, ou seja, os negócios convalidam-se, mesmo quando haja
simulação, perante terceiros que há data da constituição de direitos, não sabiam que o negócio era
simulado. Regra da preferência dos direitos do terceiro sobre os direitos do simulador.
Contudo, por uma questão de abuso de direito, se a diferença entre o valor real e o valor declarado
conhecido do preferente, o exercício do direito de preferência é abusivo. O negócio é nulo nos termos do
art. 240º, e só após o trânsito em julgado, o preferente pode exercer a preferência desde que seja do preço
real.
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Art. 241º nº 1: a nulidade do negócio simulado, não afecta a validade do negócio dissimulado. O intérprete-
aplicador terá de averiguar a validade do negócio dissimulado, uma vez que este artigo não diz que ele é
válido.
Art. 241º nº 2:
Sendo a forma do negócio dissimulado mais exigente (quanto ao requisito formal) do que a forma do
negócio simulado, dificilmente se poderá sustentar a conservação do negócio dissimulado, salvo, se o
negócio dissimulado for celebrado secretamente, seguido as exigências legais, comprovado pela existência
de um documento autónomo que comprove a verdadeira intenção das partes. (apenas se aplica aos
negócios sujeitos a forma escrita particular) .
Ex: na doação simulada de compra e venda, não consta no texto do negócio, um animus donandi;
Ex: na compra e veda simulada em doação, não consta o preço.
A problemática reside nas razões determinantes da forma. Na leitura do CC, a exigência de forma especial é
motivada pela natureza do objecto transmitido: bem imóvel.
Assim, conclui-se que tendo o negócio simulado sido celebrado por escritura pública e exigindo a lei, para o
negócio dissimulado a mesma forma, Ada deve obstar ao seu aproveitamento e à consequente declaração
de validade pelo tribunal.
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Invalidades e ineficácia
Ineficácia jurídica: é a situação na qual o negócio jurídico se pode encontrar que leva à não produção de
efeitos jurídicos. (paralisa os efeitos do N.J.)
Extrínsecos: a lei limita a autonomia privada. A autonomia privada tem de ser conforme a lei
Intrínsecos: a vontade das partes é deficientemente exercida pelas partes.
Nulidade
Exemplos de situações de nulidade:
- O N.J. que não respeite a forma legal
- Simulação (art. 240º nº2)
- Reserva mental (art. 244º nº2)
- Declarações não sérias.
- Falta de consciência da declaração e coacção (art. 246º)
- Art.280º º2.
- Fim negocial (art. 281º)
- Art.294º
Tese tradicional: a nulidade aplica-se a vícios mais graves, contrários à ordem pública, enquanto que a
anulabilidade se aplica a vícios menos graves de interesse privado.
Requisitos da nulidade:
É invocável a todo o tempo;
É invocável por qualquer interessado
Pode ser declarada oficiosamente por qualquer tribunal
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Anulabilidade
Ao contrário do que acontece na nulidade, a anulabilidade não se traduz numa falha estrutural do N.J.
É susceptível de ser invocada, quando o interesse de determinada pessoa não foi devidamente atendido na
fase de construção do N.J. assim, a lei permite o direito potestativo de impugnar esse mesmo negócio – é
uma espécie de impugnabilidade.
Art. 281º:
Nº 1: a anulabilidade é sanável mediante confirmação.
Quer isto dizer que no caso de haver coação psicológica, o coagido pode requerer a anulabilidade do
negócio nos termos do art. 287º nº1, contudo, se concordar com o negócio pode, os termos do art. 288º
nº1, confirmar o negócio, tornando-o válido.
Importante: para o Prof. M.C. sempre que o regime se conduzir à inexistência jurídica, ele defende que se
deve aplicar a anulabilidade
Invalidade atípica/mista
Aplica-se nos casos da simulação, porque, por exemplo, nos casos do art. 242º e 243º, há algumas
restrições ao regime geral da nulidade, tais como a inoponibilidade a terceiros de boa-fé.
Quanto à anulabilidade
O Prof. M.C. defende que pode ser invocada extrajudicialmente, pois a exigência de se recorrer ao sistema
judicial constituía um excesso.
Assim, só tem de se recorrer ao sistema judicial nos casos em que a lei o exija expressamente.
Fundamentação: os art. 286º e 287º falam em “invocar” e “arguir” , mas não referem expressamente a
necessidade de recorrer a acção judicial.
A única situação onde é necessária a acção judicial é o caso do art. 291º.
Conclusão: em regra, a anulabilidade não precisa de acção judicial para anulação do negócio jurídico,
excepto nos casos do art. 291º.
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Ineficácia em sentido restrito: o N.J. não apresenta quaisquer vícios, mas existe uma conjugação
de factores extrínsecos que conduzem à não produção de efeitos. Estas podem ser:
Totais iniciais: quando atingem o N.J. à nascença
Totais supervenientes: quando atingem o N.J. posteriormente e podem advir de alterações
legislativas.
Parciais: quando apenas atingem alguma cláusula.
O Prof. M.C diz que só se aplica quando a lei assim o disser expressamente.
EX: art. 81º do Código de insolvências – recuperação de empresas
Inexistência jurídica
A doutrina em geral fala da inexistência jurídica como um desvalor jurídico diferente da nulidade.
O Prof. diz que a inexistência não existe no CC, pois não é um regime autónomo.
Nos casos em que a doutrina tradicional, baseando-se no que o legislador escreveu, aplica a inexistência
(casos do art.º 245º e 246º)
Aplica-se
A NULIDADE
Pois de outro modo levaria a injustiças.
Irregularidades:
Aplica-se no caso, de o menor entre 16 e 18 anos, ao contrair casamento sem autorização dos pais.
Este acto é válido, mas tem restrições no art. 1650º.
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