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QUESTÕES ECONÓMICAS E CONCEITOS
Introdução
Uma grande parte de eventos sociais e problemas na vida real é de natureza económica.
Para se chegar a esta conclusão é suficiente que se observe o mundo que nos circunda.
Diariamente os meios de comunicação alertam-nos para este facto. A ciência económica
ocupa-se do estudo destes eventos e problemas. Mas, afinal, o que é exactamente a
economia?
1.1.1 Recursos
Os recursos de uma sociedade consistem de: (i) dotações naturais tais como terra,
florestas e minérios; (ii) dotações humanas (físicas e mentais); (iii) meios técnicos e
físicos de produção tais como máquinas e instalações. A estes recursos é atribuído o
nome de factores de produção, uma vez que são destinados à produção de bens e
serviços.
Os indivíduos usam os bens e serviços com vista à satisfação das suas vontades. O acto
de os fazer é a produção e o acto de os usar para satisfazer as vontades é o consumo.
Estes dois actos, consumo e produção, serão analisados com rigor em outros capítulos
mais adiante.
1.1.2 Escassez
No modo de vida actual a escassez dos recursos, para o conjunto da população mundial, é
real e é muito provável que esteja sempre presente. Os recursos actualmente existentes e à
disposição das sociedades são inadequados para proporcionarem a satisfação integral das
vontades humanas. Constitui isto uma realidade para qualquer economia
independentemente do seu nível de desenvolvimento.
1.1.3 Escolha
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escolha e o modo como esta se faz permitem diferenciar as sociedades. Contudo, a
necessidade de ter de se fazer a escolha é comum a todas as sociedades.
Sumariamente, a escassez implica que escolhas devem ser feitas, e fazer escolhas
implica a existência de custos.
Considere que, numa dada economia, uma certa quantidade de recursos é utilizada na
construção de 20 km de estrada asfaltada. Se estes recursos forem inteiramente
deslocados para a edificação de 2 hospitais, então o custo de oportunidade de um hospital
consiste em 10 km de estrada asfaltada. De outro modo, o custo de oportunidade de 1 km
de estrada asfaltada é 1/10 de um hospital.
No quadro de recursos escassos, as escolhas têm de ser feitas. Considere a escolha (muito
praticada em todas as sociedades) entre a produção de bens pelo sector público e pelo
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sector privado. Se os recursos são escassos e plenamente utilizados, não é possível ter
mais de ambos os bens face às produções consumadas. Contudo, se alguns dos recursos
são libertos da produção de bens pelo sector público e utilizados na produção de bens
pelo sector privado, então estes podem aumentar em quantidade. Deste modo, o custo de
oportunidade do aumento dos bens produzidos pelo sector privado é a perda quantitativa
de bens produzidos pelo sector público.
Ilustra-se a escolha das quantidades dos bens produzidos pelo sector público e pelo sector
privado na Figura 1.1 de [Lipsey e Chrystal (2004) – 5]. Parte-se do princípio que os
recursos são limitados. A curva decrescente e côncava divide as regiões de combinações
de produção possíveis e não possíveis. No quadrante positivo, pontos acima da curva não
são exequíveis, porque os recursos são escassos; pontos abaixo da curva são exequíveis,
mas os recursos disponíveis não são totalmente utilizados, ou ainda, os recursos são
utilizados de forma ineficiente; pontos situados na curva são exequíveis, mas, neste caso,
os recursos disponíveis são integral e eficientemente utilizados. A curva é designada
fronteira de possibilidades de produção ou curva de possibilidades de produção. A
inclinação negativa da curva contém um significado económico, ou seja, a partir de um
dado ponto, produzir mais de um bem implica produzir menos de outro bem.
A configuração côncava desta curva é explicada pelo facto de cada um dos factores de
produção não ser igualmente útil (produtivo) na produção dos bens.
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1.2 Os Quatro Problemas Económicos Fundamentais
O que determina a produção dos bens numa economia? A afectação dos recursos escassos
entre os usos alternativos (brevemente designada afectação de recursos) determina as
quantidades destes bens. Importa, por isso, realçar que a escolha de produção de uma
dada combinação de bens significa a escolha de uma afectação particular de recursos
entre as indústrias e regiões que produzem bens.
Deve também notar-se que os recursos escassos devem ser utilizados eficientemente. Em
consequência, a escolha dos métodos de produção disponíveis constitui uma questão
relevante. Isto levanta o problema de como é que os bens são produzidos. Os métodos de
produção utilizados são eficientes ou ineficientes? Em termos da Figura 1.1 [Lipsey e
Chrystal (2004) – 5], importa saber se a combinação de produção escolhida se situa no
interior ou num dado ponto da fronteira de possibilidades de produção. Se as produções
escolhidas se situam na fronteira, então o problema resume-se na identificação exacta do
ponto seleccionado da curva.
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1.2.2 O Que É Consumido e por Quem?
Questões relacionadas com o que se produz e como e, também, com o que se consome e
quem consome constituem problemas de natureza microeconómica. A Microeconomia é
o ramo da ciência económica que estuda a afectação dos recursos escassos pelo sistema
de preços e políticas económicas governamentais que procuram influenciar este.
Durante períodos de recessão económica, muitos dos recursos disponíveis não são
utilizados. O desemprego cresce, o nível das actividades baixa e as matérias primas estão
disponíveis em excesso. Por que razão? Devem os governos preocupar-se com esta
situação? Ou será que esta inactividade parcial é benéfica para o bom funcionamento
dinâmico da economia? Podem os governos fazer algo que possa contrariar esta
inactividade?
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o crescimento da capacidade produtiva implica uma deslocação para cima e para a direita
da fronteira de possibilidades de produção, como se ilustra na Figura 1.2 [Lipsey e
Chrystal (2004) – 6].
Nos sistemas de comando, as decisões económicas são tomadas por uma autoridade
central, geralmente o governo. Ou seja, a autoridade central decide o que produzir, como
produzir e quem deve dispor da produção realizada. Dependendo a coordenação de todas
as decisões económicas da autoridade central, as economias de comando requerem a
elaboração de planos económicos complexos sob a direcção do governo. É por esta razão
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que são também usualmente referidas como economias planificadas ou ainda economias
de direcção central. A economia soviética do passado constitui um bom exemplo de um
sistema misto com larga predominância do sistema de comando.
Até agora, neste capítulo, não se fez referência à política económica a cargo dos
governos. Contudo, mais adiante, nas aulas teóricas e práticas, far-se-á a discussão de
certas formas de política económica. Por isso, concluímos este capítulo fazendo uma
breve menção à política económica e às questões que ela deve responder.
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de preços que resulta do livre funcionamento dos mercados. A este tipo de actuação é
usual chamar-se política de laissez-faire. Outros governos procuram avançar com
políticas que visam um controle acentuado sobre todas as componentes da economia. É
óbvio que, entre estes dois extremos, existem formas intermédias de controle das
actividades económicas. Mas, quais são os princípios que nos permitem afirmar que uma
política económica é boa ou má? Não é fácil a resposta, porque nem sempre os custos e
os benefícios da política económica são quantificáveis. A acrescer isto, existem sempre
juízos de valor que promovem a conflitualidade de opiniões. No entanto, a generalidade
das políticas económicas partilha alguns elementos em comum que permitem formar uma
opinião sobre a efectividade positiva delas. Concretamente, ao se eleger uma política
económica, as seguintes questões devem ser respondidas: (1) quais são os seus
objectivos?; (2) conseguirá a política escolhida atingir tais objectivos?; (3) não terá a
política escolhida efeitos adversos laterais?; (4) não existirão formas alternativas que
permitam obter os objectivos seleccionados?