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Como é a Linguagem Literária

da Modernidade?
A linguagem da modernidade tanto na estética
quanto na vida social apresenta um
anticonvencionalismo temático; ou seja, eles
procuravam fugir de padrões estabelecidos.
Além das inovações técnicas, a linguagem
torna-se coloquial e espontânea, mesclando
expressões da língua culta com termos
populares, o estilo elevado com o estilo vulgar.
Há uma forte aproximação com a fala, isto é,
com a oralidade, e geralmente desejam
denunciar a realidade como ela é, nua e crua.
Assim, liberto da escrita nobre, o artista volta-
se para uma forma prosaica de dizer, feita de
palavras simples e que, inclusive, admite erros
gramaticais.
Sumário

Cecília Meireles:
Motivo.........................................1
Retrato........................................2
Recado aos amigos distantes.....3

Clarice Lispector:
Rifa.............................................4
Saudade.....................................6
Mas há a vida...........................7

Vinicius de Morais:
Receita de Mulher.......................8
Soneto de separação....................10
Soneto de Fidelidade..................11
Soneto do amigo.........................12

Biograa................................. .13

Conclusão................................14
Soneto do amigo 1Motivo
Vinicius de Morais Cecília Meireles
Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo Eu canto porque o instante existe
Eis que ressurge noutro o velho amigo e a minha vida está completa.
Nunca perdido, sempre reencontrado. Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado Irmão das coisas fugidias,
E como sempre singular comigo. não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
Um bicho igual a mim, simples e humano no vento.
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano. Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
O amigo: um ser que a vida não explica — não sei, não sei. Não sei se fico
Que só se vai ao ver outro nascer ou passo.
E o espelho de minha alma multiplica...
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

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Retrato Soneto de Fidelidade
Cecília Meireles Vinicius de Morais

Eu não tinha este rosto de hoje, De tudo ao meu amor serei atento
Assim calmo, assim triste, assim magro, Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Nem estes olhos tão vazios, Que mesmo em face do maior encanto
Nem o lábio amargo. Dele se encante mais meu pensamento.

Eu não tinha estas mãos sem força, Quero vivê-lo em cada vão momento
Tão paradas e frias e mortas; E em seu louvor hei de espalhar meu canto
Eu não tinha este coração E rir meu riso e derramar meu pranto
Que nem se mostra. Ao seu pesar ou seu contentamento

Eu não dei por esta mudança, E assim, quando mais tarde me procure
Tão simples, tão certa, tão fácil: Quem sabe a morte, angústia de quem vive
— Em que espelho ficou perdida Quem sabe a solidão, fim de quem ama
a minha face?
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

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Soneto de separação Recado aos amigos distantes
Vinicius de Morais Cecília Meireles

De repente do riso fez-se o pranto


Silencioso e branco como a bruma Meus companheiros amados,
E das bocas unidas fez-se a espuma não vos espero nem chamo:
E das mãos espalmadas fez-se o espanto. porque vou para outros lados.
Mas é certo que vos amo.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama Nem sempre os que estão mais perto
E da paixão fez-se o pressentimento fazem melhor companhia.
E do momento imóvel fez-se o drama. Mesmo com sol encoberto,
todos sabem quando é dia.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante Pelo vosso campo imenso,
E de sozinho o que se fez contente. vou cortando meus atalhos.
Por vosso amor é que penso
Fez-se do amigo próximo o distante e me dou tantos trabalhos.
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente. Não condeneis, por enquanto,
minha rebelde maneira.
Para libertar-me tanto,
fico vossa prisioneira.

Por mais que longe pareça,


ides na minha lembrança,
ides na minha cabeça,
valeis a minha Esperança.

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Rifa Sejam uma expressão greco-romana, mais que gó ca ou barroca
Clarice Lispector E possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de cinco velas.
Sobremodo per naz é estarem a caveira e a coluna vertebral
Rifa-se um coração quase novo. Levemente à mostra; e que exista um grande la fúndio dorsal!
Um coração idealista. Os membros que terminem como hastes, mas bem haja um certo
Um coração como poucos.
volume de coxas
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário. E que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima
Rifa-se um coração que na realidade penugem
está um pouco usado, meio calejado, muito machucado No entanto sensível à carícia em sen do contrário.
e que teima em alimentar sonhos, e cultivar ilusões. É aconselhável na axila uma doce relva com aroma próprio
Um pouco inconseqüente
Apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêu cos!)
que nunca desiste de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado, Preferíveis sem dúvida os pescoços longos
coração que acha que Tim Maia estava certo De forma que a cabeça dê por vezes a impressão
quando escreveu... "não quero dinheiro, De nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre
eu quero amor sincero, é isso que eu espero...". Flores sem mistério. Pés e mãos devem conter elementos gó cos
Um idealista...
Discretos. A pele deve ser fresca nas mãos, nos braços, no dorso e na
Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende. face
Que não endurece, Mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura
e mantém sempre viva a esperança de ser feliz, nunca inferior
sendo simples e natural. A 37º cen grados, podendo eventualmente provocar queimaduras
Um coração insensato que comanda o racional Do primeiro grau. Os olhos, que sejam de preferência grandes
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando relações E de rotação pelo menos tão lenta quanto a da terra; e
e emoções verdadeiras. Que se coloquem sempre para lá de um invisível muro de paixão
Rifa-se um coração que insiste
em cometer sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado. Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional que,
abre sorrisos tão largos que quase dá pra engolir as orelhas,
mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado
indicado apenas para quem quer viver intensamente e,

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contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida
Receita de Mulher matando o tempo, defendendo-se das emoções.
Vinicius de Morais Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário.
As muito feias que me perdoem Um coração que quando parar de bater
Mas beleza é fundamental. É preciso ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro na hora da prestação de
Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso contas:
Qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture " O Senhor poder conferir", eu fiz tudo certo,
Em tudo isso (ou então só errei quando coloquei sentimento.
Que a mulher se socialize elegantemente em azul, Só fiz bobagens e me dei mal
como na República Popular Chinesa). quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e, se recusa a envelhecer".
Não há meio-termo possível. É preciso
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro
Que tudo isso seja belo. É preciso que súbito
que tenha um pouco mais de juízo.
Tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que Um órgão mais fiel ao seu usuário.
um rosto Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga.
Adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro Um coração que não seja tão inconseqüente.
minuto da aurora. Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e mas que incomoda um bocado.
desabroche Um verdadeiro caçador de aventuras que,
No olhar dos homens. É preciso, é absolutamente preciso ainda não foi adotado, provavelmente,
Que seja tudo belo e inesperado. É preciso que umas pálpebras por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais,
cerradas por não querer perder o estilo.
Lembrem um verso de Éluard e que se acaricie nuns braços Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree.
Alguma coisa além da carne: que se os toque Um simples coração humano.
Como o âmbar de uma tarde. Ah, deixai-me dizer-vos Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado.
Que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o Um modelo cheio de defeitos que,
pássaro mesmo estando fora do mercado,
Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e faz questão de não se modernizar, mas vez por outra,
Seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem constrange o corpo que o domina.
Com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo. Olhos, então Um velho coração que convence seu usuário
Nem se fala, que olhem com certa maldade inocente. Uma boca a publicar seus segredos e, a ter a petulância
Fresca (nunca úmida!) é também de extrema pertinência. de se aventurar como poeta.
É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos
Despontem, sobretudo a rótula no cruzar as pernas, e as pontas
pélvicas
No enlaçar de uma cintura semovente.
Gravíssimo é porém o problema das saboneteiras: uma mulher
sem saboneteiras
É como um rio sem pontes. Indispensável
Que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida
A mulher se alteia em cálice, e que seus seios

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Saudade Mas há a vida
Clarice Lispector Clarice Lispector

Saudade é um pouco como fome. Mas há a vida


Só passa quando se come a presença. que é para ser
Mas às vezes a saudade é tão profunda intensamente vivida,
que a presença é pouco: há o amor.
quer-se absorver a outra pessoa toda. Que tem que ser vivido
Essa vontade de um ser o outro até a última gota.
para uma unificação inteira Sem nenhum medo.
é um dos sentimentos mais urgentes Não mata.
que se tem na vida.
Cecília Meireles (1901-1964) foi poetisa, professora, jornalista e pintora
brasileira. Foi a primeira voz feminina de grande expressão na literatura
brasileira, com mais de 50 obras publicadas. Com 18 anos estreia na
literatura com o livro "Espectros". Participou do grupo literário da Revista
Festa, grupo católico, conservador e anti-modernista. Dessa vinculação
herdou a tendência espiritualista que percorre seus trabalhos com
frequência.
A maioria de suas obras expressa estados de ânimo, predominando os
sentimentos de perda amorosa e solidão.
Cecília Meireles (1901-1964) nasceu no Rio de Janeiro em 7 de
novembro de 1901.

Haya Pinkhasovna Lispector nasceu no dia 10 de dezembro de 1920


na cidade ucraniana de Tchetchelnik, foi uma das mais destacadas
escritoras da terceira fase do modernismo brasileiro, chamada de
"Geração de 45".
Recebeu diversos prêmios dentre eles o Prêmio da Fundação Cultural
do Distrito Federal e o Prêmio Graça Aranha.
Fez curso de antropologia e psicologia e, em 1940, publica seu
primeiro conto, intitulado “Triunfo”.
Falece no dia 09 de dezembro de 1977, véspera de seu aniversário de
57 anos, na cidade do Rio de Janeiro, vítima de câncer de ovário.

Marcus Vinitius da Cruz de Melo Moraes nasceu em 09 de outubro


de 1913 no Rio de Janeiro, foi um poeta, dramaturgo, escritor,
compositor e diplomata brasileiro.
Durante a segunda fase do modernismo no Brasil que Vinicius de
Moraes teve destaque com suas poesias eróticas e de amor.

O artista morre em 9 de julho de 1980, vítima de edema pulmonar.


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Conclusão:
O Modernismo foi um movimento literário que
queria a mudança! Onde apareceram novas
tendências, e também onde os artistas queriam
se desvincular da ideia de estrangeirismo.
Tradicionalmente, considera-se a Semana de
Arte Moderna realizada em São Paulo, em
1922, o ponto de partida do modernismo no
Brasil. Todavia, não se pode armar que todos
os participantes da Semana tenham sido
modernistas: o pré-modernista Graça Aranha
foi um dos oradores. Apesar de não ter sido
dominante no começo, como atestam as vaias
da platéia da época, este estilo, com o tempo,
suplantou os anteriores. Era marcado por uma
liberdade de estilo e aproximação da linguagem
com a linguagem falada, os de primeira fase
eram especialmente radicais quanto a isto.
Didaticamente, divide-se o Modernismo em
três fases: a primeira fase, mais radical e
fortemente oposta a tudo que foi anterior,
cheia de irreverência e escândalo; uma
segunda mais amena, que formou grandes
romancistas e poetas; e uma terceira, também
chamada Pós-Modernismo por vários autores,
que se opunha de certo modo a primeira e era
por isso ridicularizada com o apelido de
neoparnasianismo.

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