Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
Belo Horizonte
NOVEMBRO-2016
1
As representações sociais de uma comunidade rural sobre educação, escola
e sua relação com o projeto de educação do campo: um estudo de caso.
Belo Horizonte
NOVEMBRO 2016
SUMÁRIO
1 - INTRODUÇÃO
1.1-CONTEXTO DA PESQUISA:
2
1.2 – HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DO CAMPO;
2 - JUSTIFICATIVA
3. OBJETIVOS
4- OBJETIVOS ESPECÍFICOS
5- METODOLOGIA
6- REFERENCIAL TEÓRICO
7- PRODUTO
8 - CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
9 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
1. INTRODUÇÃO
1.1-CONTEXTO DA PESQUISA
3
população estimada em 2016 é de 26.325 habitantes sendo em sua maioria, moradores da
zona rural do município.
Possui uma área da unidade territorial 2015 (km²) 2.747,295. De acordo com os dados
descritos acima, percebe-se que se trata de um município relativamente grande. E para mais
conhecer o município, passamos a relatar um pouco sobre a sua história.
Em 1704, o capitão Antônio Gonçalves Figueiras, proprietário das fazendas Jaíba,
Olhos D’água e Colônia Montes Claros, desejando ligar esta última ao Rio Gorutuba e dali
aos currais da Bahia, em meados de outubro, organizou uma pequena expedição com número
provável de 20 trabalhadores, inclusive índios, e partiu de sua Colônia em direção ao
nordeste.
Depois de alguns dias de viagem, a expedição chegou a um lugar próximo da serra
Catuni ou Decamão. Já sendo tarde, o capitão decidiu acampar ali mesmo com seus
comandados, dando ao local a denominação de Cruz das Almas das Caatingas do Rio Verde,
em razão de correr o Dia de Finados. Ali mandou erigir um cruzeiro e, lançando assim os
fundamentos do futuro município, profetizou que o lugarejo se tornaria um comércio
próspero, não só pela sua posição geográfica, como também pelas riquezas naturais de suas
terras.
No ano de 1867, o então distrito passou a ser chamado de São Gonçalo do Brejo das
Almas, subordinado ao município de Montes Claros. Em 1923, foi elevado à categoria de
município com o nome de Brejo das Almas, desmembrado de Montes Claros e Grão Mogol.
Em 1948, a localidade passou a ser reconhecida por sua atual denominação. Francisco de Sá
deve seu nome atual ao Dr. Francisco Sá, que, além de engenheiro, foi, durante muitos anos,
Ministro da Viação e Obras Públicas.
A região de Francisco Sá tem a economia baseada na agricultura e na pecuária, de
caráter, eminentemente, de subsistência e agricultura familiar.
Um lugar carente e com relevantes questões políticas e pedagógicas defasadas, que
envolvem a educação do campo principalmente a educação adotada para os alunos da Zona
Rural do município citado. Percebe-se que estamos em uma fase, que ultrapassa a fase da
declaração dos direitos a educação escolar das populações do campo, e mesmo da sua
regulamentação, a concreta implementação de políticas públicas que criem efetivamente as
condições para que esse direito seja assegurado. A educação do campo cada vez mais ganha
espaço nos debates dentro do cenário das políticas educacionais e está fortemente enraizada
nos movimentos sociais e sindicais do campo e nas articulações que enfatizam a construção
de leis educacionais e políticas que garantam a qualidade de vida dos povos do campo. Par
4
darmos início a essa discussão, faremos uma breve retomada histórica, sobre a legislação que
contemplava os povos rurais.
5
avanços. Embora saibamos que a educação é dever do Estado , isso só foi possível, graças às
lutas da sociedade civil e do apoio parlamentar. (CURY, 2008.)
Desde a Constituição de 1988, considerada a “Constituição Cidadã” a educação foi
estabelecida como direito social, que deve ser incentivada pela família e ser oferecida pelo
estado, de maneira gratuita. ( BRASIL, 1988).
E por fim, à luz dos artigos dos artigos 208 e 210 da Carta Magna de 1988, e
inspirada, de alguma forma, numa concepção de mundo rural enquanto espaço específico,
diferenciado e, ao mesmo tempo, integrado no conjunto da sociedade, a Lei 9394/96 – LDB -
estabelece que: Art. 28.
Em suma, esse artigo da LDB trata da importância que deve ser dada para a relação
educação, campo, trabalho e vivência dos alunos e de sua família, visto que em diversos casos
pode ocorrer de os filhos ajudarem seus pais no trabalho do campo e não terem tempo para se
dedicarem às atividades da escola e extraclasse, principalmente. Fator esse que contribui para
a evasão dos alunos nas escolas (CALDART, 2011).
Em 1990, os povos organizados do campo, conseguem colocar na esfera pública o
debate sobre a educação do campo como interesse nacional e se fazem ouvir como sujeitos de
direito, que pensam a educação do campo, protagonista por precisarem de conhecimentos que
deem conta de compreender a realidade em que vivem e estão inseridos, bem como agir nela,
transformando-a e apropriando-se de uma produção e construção coletiva mediante a
valorização das identidades populares camponesas a partir de suas críticas ao mundo.
Nesse sentido, o coletivo em busca desse conhecimento inerentes aos camponeses,
com a finalidade de construírem um projeto de educação para esses povos, precisam romper
com a legislação visionária e cultural de que o espaço rural não consiste apenas em um espaço
de produção, mas também, espaço de socialização, educação, vivências e trocas de
experiências. A legislação vigente em seu artigo 205 - propõe que: A educação, direito de
todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
6
cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1998). Mas na realidade, não
visualizamos a aplicação da lei, o que percebemos é uma aplicabilidade superficial deficitária
que não prevê os princípios legais, causando controvérsias entre como devemos fazer e o que
fazemos na prática, ou seja, os avanços não saem do papel.
Citando um dos avanços que se pode empreender da nova constituição, é o
estabelecimento de competências entre os entes federados para investimentos na área da
educação e a criação do PNE (Plano Nacional de Educação) responsável por organizar e
distribuir recursos, com periodicidade decenal com o objetivo de diminuir os índices de
analfabetismo e a universalização da educação no Brasil. (BRASIL, 1988). E também,
percebemos avanços na LDB ao se tratar da educação rural , quando ela destaca a importância
da educação no âmbito familiar , e deixando explicito a participação da sociedade. O artigo
que deixa claro essa proposta é:
7
ainda prevalece. Nesse cenário, não se discute uma legislação específica e uma política
educacional destinada aos povos do campo como prevê a legislação. Então, faz-se saber que
durante todo esse tempo de luta e movimentos sociais, a educação do campo esteve alheia aos
projetos educacionais do Brasil.
Até que na década de 90, a Educação do Campo surgiu como uma crítica que
denunciava o tipo de educação dedicada aos atores que vivem e trabalham no campo. Essa
crítica vem abordar várias questões ligadas ao campo, que se configuram nas lutas sociais
pelo direito a terra não somente pelo direito a educação, por esses povos enfrentadas. Após
muitas lutas cravadas pelos Movimentos Sociais, este com o apoio de várias instituições,
aconteceu o 1º ENERA (Encontro Nacional de educadores e educadoras da Reforma Agrária)
com o objetivo, de analisar as dificuldades comuns dos camponeses bem como trocar
experiências, com a finalidade de i de refletir sobre a construção de um novo projeto nacional
para a educação do campo. Projeto este que acima de tudo, demonstrasse a toda sociedade a
importância do meio rural tem na conjuntura política do país. Fica claro, a necessidade que a
sociedade rural tem em ser reconhecida como parte constituinte da sociedade brasileira, pois
os mesmos eram vistos como “espécies” ou “sujeitos” em extinção por não serem
reconhecidos como seres integrantes da sociedade. Tanto é, que se percebe hoje em dia nas
grandes cidades, espaços ocupados em sua grande parte, por indivíduos oriundos do campo
formando assim dentro do urbano, espaços rurais povoados pelo êxodo rural em busca de uma
vida melhor, pois os mesmos são tratados pela sociedade capitalista e dominadora como o
rejeito do país por não terem nem voz nem vez nessa sociedade. Mediante esse contexto, neste
período, vivia-se um clima de muita indignação, tensão e indagações sobre as políticas
públicas elaboradas e instauradas que regiam a educação brasileira o que levou a promoção
deste encontro.
Em 1998 acontece a I Conferência Nacional por uma Educação básica do campo
mobilizando todos os povos do campo para a construção de políticas públicas de educação e
contribuir na reflexão político-pedagógica partindo das práticas existentes. Percebe-se que foi
um movimento bastante participativo que envolvia todos em prol de uma discussão que visava
construir uma Educação Básica do Campo bem como discutir sobre o lugar do campo na
construção de um projeto de nação vinculando às políticas públicas educacionais com outras
questões inerentes ao desenvolvimento social do campo. Como a LDB, deu liberdade para que
os estados e municípios pensassem sobre a educação do campo, no ano (1998),houve uma
articulação entre o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) que é uma
autarquia federal da administração pública que tem em sua missão executar a reforma agrária
8
e realizar o ordenamento fundiciário nacional e o MDA Ministério do desenvolvimento
agrário) baseado nas propostas do o PRONERA (Programa Nacional de Educação na Reforma
Agrária) que é uma política pública que financia a educação do campo que tiveram como
finalidade implantar uma escolarização formal para os trabalhadores rurais e assentados
através de universidades, escolas técnicas, no desenvolvimento de projetos de pesquisa e
extensão, por construção de novas estratégias do desenvolvimento rural e melhoria de vida, e
a qualificação desses para que os mesmos pudessem atuar no desenvolvimento sustentável
dos de suas terras.
Após tantas lutas e discussões, os movimentos sociais tem como resultado a conquista
das Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo instituídas pela
Resolução CNE/CEB nº. 1, de 3 de abril de 2002 (BRASIL, 2002). A implementação dessas
diretrizes, foi uma reivindicação histórica dos movimentos sociais do campo, e suas
orientações referem-se às responsabilidades dos sistemas de ensino com o atendimento
escolar sob a ótica do direito implica respeito às diferenças e à política de igualdade, tratando
a qualidade da educação escolar na perspectiva de inclusão. As Diretrizes resultam da luta
pela educação de qualidade social para todos os povos que vivem no e do campo, com
identidades diversas, tais como pequenos agricultores, sem-terra, povos da floresta,
pescadores, ribeirinhos, quilombolas, extrativistas e assalariados rurais.
Em 2010 o decreto nº 7352 de 04/11/2010 dispõe sobre a política de educação do
campo e o Programa Nacional de Reforma agrária-PRONERA dando uma resposta positiva a
todos aqueles que lutaram e lutam pelo projeto da Educação do Campo no cenário a nível
nacional
Em se tratando de nossa realidade no espaço federativo, no ano de 2015, o governo do
estado de Minas Gerais, trás para o cenário da Educação do Campo Mineira, a Resolução da
SEE Nº 2820 de 11/12/2015 que institui diretrizes para a Educação Básica nas escolas do
campo, á qual deverá ser observada e aplicada no desenvolvimento de programas e projetos
na atuação das instituições educacionais que integram o sistema estadual de. Ensino. Assim, o
estado de Minas Gerais segue pioneiro no pensar e fazer a educação do campo, demostrando a
preocupação do poder público de Minas em desenvolver políticas públicas que promovam a
formação dos sujeitos do campo.
9
A nossa proposta até aqui, foi demonstrar a importância desses documentos para o
fortalecimento das políticas educacionais destinadas a uma educação do campo de qualidade
bem como, descrever as trajetórias de lutas políticas que a Educação do Campo trilhou para
chegar até o modelo atual. Para justificar esta proposta se faz necessário destacar as diferenças
entre educação do campo e educação rural.
Abriremos para o debate que nos propusemos, para elucidar pontos inerentes e
relevantes para a nossa pesquisa. Para tanto, primeiro se faz necessário salientar a diferença
entre educação do campo e educação rural, povos do campo tal como posta no debate
acadêmico e político na atualidade. Segundo Fogassa (Filosofia Marco Zero, 25/12/2012:
“rural, significa atraso, incapacidade, falta de perspectiva “A essa clientela é dedicada uma
educação apenas com a finalidade de aprender a escrever o nome e a aprender contar e no
mais, permanecer-se submetido ao meio urbano detentor do saber intelectual. Segundo o
mesmo autor, “campo, significa ressignificação, mudança, autonomia, valorização das
culturas e saberes, esperança, cidadania e desenvolvimento” (p.?). Mediante essas definições,
e as lutas sociais e da população do campo, surge nesse cenário, um novo paradigma, o da
escola do campo e não da escola rural . Para melhor demonstrarmos essa diferença entre
educação rural e educação do campo, apresentamos a seguir um quadro sintético de análise
que nos permite visualizar melhor essas diferenças.
Quadro 1-Diferenças entre educação rural e educação do campo de acordo com as
trajetórias dos princípios da legislação brasileira e objetivo dos movimentos de lutas sociais
Ao dialogar com a fala de Roseli Caldart acerca das práticas educativas para a
educação do campo, percebe-se a preocupação com a concretização pelos sujeitos, dessa nova
teoria e desse projeto afirmando a educação do campo, para que eles possam avançar
politicamente com qualidade tanto na teoria quanto na forma de produção dessa teoria. Isso
se refere à questão de muitas das escolas que recebem a nomenclatura “do campo”, na prática
não possuírem nenhum projeto ou ações pedagógicas específicas que dialoguem com a
temática rural ou do campo.
11
Nesse sentido, Fernandes (2011) complementa: “Atualmente existe um quase vazio em
relação a propostas pedagógicas que tomem o campo como referência no próprio âmbito das
teorias educacionais críticas, o parâmetro é o das escolas urbanas” (FERNADES, 2011 p. 52).
Vale enfatizar, que uma escola do campo vai além da sua localização territorial pois
ela pode estar presente tanto na zona urbana quanto na rural e independente de sua localização
geográfica, pois o que se deve considerar é a origem do sujeito, a proposta pedagógica da
escola deve abranger valores e metodologias que estejam de acordo com o contexto do aluno,
se essa proposta visa uma pratica específica na propriedade onde reside com sua família pois,
a “educação do campo , é concebida como um processo em construção que contemplam uma
lógica política que visualiza a educação, como parte essencial para o desenvolvimento do
campo bem como um território onde se realizam todas as dimensões da existência do
indivíduo camponês.
Portanto se todos os sujeitos envolvidos com a Educação do Campo não valorar todos
os conhecimentos adquiridos sobre essa nova proposta de escola para o campo e as conquistas
que contornam a Educação do Campo e não continuaram a levantar essa bandeira em busca de
melhorias e implantações, de nada valerá tanta luta protagonizada até aqui.
12
E no norte de Minas especialmente no município de Francisco Sá que teve um
processo de desenvolvimento em declínio causado pelas desigualdades regionais em termos
de distribuição de rendas nos municípios não foi diferente. Esse declínio de que falo, pode ser
1
vislumbradas nas tabelas de estudos (IBGE, IPEA) de indicadores econômicos, sociais e
político-administrativos, que mostram o percentual dos municípios desta região de
planejamento com indicadores piores (IBGE, 2010) que a média dos municípios do Brasil em
2000.
O Distrito de Cana Brava é um espaço político administrativo de Francisco Sá e luta
por políticas públicas de educação do campo embora, de acordo com dados do IBGE que
conceitua campo e rural: “como situação urbana consideram-se as áreas correspondentes às
cidades (sedes municipais), às vilas (sedes distritais) ou às áreas urbanas isoladas. A situação
rural abrange toda a área situada fora desses limites. Este critério é, também, utilizado na
classificação da população urbana e rural” (p.5). Mas, não entendemos, como o distrito de
Cana Brava, que está localizado na zona rural do citado município e de acordo com os
conceitos dos órgãos competentes é classificado como zona rural possa ser considerado pelo
estado, espaço urbano. É sabido por todos, que a distribuição de rendas e implantação de
projetos pelo estado de Minas é distribuído de acordo com a classificação de urbano e rural
realizado pelo IBGE.
Desta forma, mais uma vez, a escola deste distrito, sofre com essa classificação
errônea, que a coloca como espaço urbano deixando assim, de receber recursos e fazer parte
de projetos desenvolvidos pela SEE (Secretaria de Estado de Educação) de Minas Gerais que
beneficia os povos do campo.
A Escola Estadual Zeca Guida local de realização da pesquisa, embora esteja
localizada no espaço urbano conforme classificação do IBGE, é uma escola essencialmente
rural pois, a clientela atendida oriunda da zona rural supera a clientela que reside na sede do
distrito. Vale ressaltar, que a escola citada, é a única da região a oferecer o ensino desde as
séries iniciais do ensino fundamental até o ensino médio. Atualmente ela conta com 725
alunos, sendo que 580 alunos vêm das localidades de Charquinho, Córrego do Charquinho,
Santo André, Mangal, Riachinho, Capivara, Terra Quebrada, Poções e Chácara e somente 145
alunos residem na sede do distrito. Os alunos que vêm das localidades adjacentes são
transportados por três ônibus escolares uma vez que as localidades estão bem distantes da
escola e em regiões de difícil acesso.
13
Para melhor representar o quantitativo atendido pela escola, usaremos como recurso
visual o gráfico abaixo:
Neste espaço queremos inserir a figura (mapa) que demonstra a localização da escola e das
comunidades por ela atendidas para uma melhor visualização sobre a distância percorrida
todos os dias pelos alunos. Desejamos incluir também uma outro mapa para demonstrar as
vozes envolvidas que são os alunos, pais dos alunos e os presidentes de associações e
professores .
A Escola Estadual Zeca Guida é estruturada com 08 salas, 01 biblioteca, 01
laboratório de informática, 01 sala de professores, 02 banheiros para uso dos alunos, 01
banheiro para uso de professores e 01 quadra poliesportiva; conta com um corpo docente,
administrativo no total de 52 funcionários distribuídos entre os segmentos (Diretoria,
secretaria, especialistas, professores e serviçais). Pelo que se pode notar, a estrutura física da
escola pode ser considerada razoável em vista as que são vistas nas comunidades rurais e bem
descritas por Arroyo que diz : “em nossa história domina a imagem de que a escola no
campo tem que ser apenas a escolinha rural das primeiras letras, a escolinha cai não cai”
(2011 p. 71). Dentre os problemas, cabe citar a questão da dificuldade de acesso pelos alunos
à escola, por falta de condução e carência de profissionais com formações específicas. Tais
questões mostram que é preciso olhar com mais atenção para a educação do/no campo,
fazendo com que as políticas já existentes sejam executadas de forma que integrem a
realidade rural à sala de aula e trabalhem a questão da identidade do campo, não deixando que
o modelo de educação mantido pelo Estado volte aos moldes da década de 50.
Após descrever os aspectos físicos da escola, iremos descrever um pouco os alunos por ela
atendidos. Tentaremos estabelecer um diálogo com a teoria das representações sociais que nos
permite fazer um recorte sobre o objeto que está sendo analisado e também das imagens
captadas nesta escola do campo. Ouviremos as narrativas contadas pelos professores sobre a
sua prática pedagógica e o currículo que seguem. Procuraremos além de ouvirmos as
seguintes vozes representativas locais como: membros da comunidade escolar, da associação
de moradores de Cana Brava, lideres da igreja local e a comunidade de maneira geral que
simboliza as representações essenciais para a construção de um projeto protagonista de escola
do campo, baseados nas lutas sociais buscaremos também informações na SME 9 Secretaria
Municipal de Educação) com o secretário de educação, supervisores e inspetores escolares.
14
E para um melhor entendimento sobre todas as vozes e representações sociais que estão
inseridas nas escolas das comunidades rurais, destacamos que é importante observar todas as
imagens presentes neste ambiente tanto no campo das representações sociais bem como no
ambiente escolar. Para ratificar esse pensamento citamos que:
15
1.5- PROBLEMATIZAÇÃO DA PESQUISA
1.6- PROBLEMA
Diante de tudo até aqui exposto, faz-se necessário discutir, desenvolver e construir
coletivamente propostas se for o caso, de mudanças sobre o processo educacional dos homens
16
do campo. Tudo isso, visando a elevação de maneira significativa e eficiente da aprendizagem
do sujeito do campo bem como, passando a considerar todas as suas especificidades e
respeitando todos os seus direitos conquistados por meio de um percurso marcado por lutas e
conquistas obtidas pelos movimentos sociais
Sabemos que o professor que atua na zona rural, sabe que o aprendizado desses estudantes,
estão aquém ao daqueles que vivem na zona urbana pelo mesmos, serem considerados de
maneira geral, desprovidos do saber intelectual em consequência da localidade onde vivem.
Ou seja, por estarem na zona rural que segundos persistência de conceitos preconceituosos,
ainda é um local considerado de atraso.
Considerando que há uma mudança considerável a esse respeito, nesse sentido, se faz
necessária uma educação diferenciada e específica levando em consideração um saber
contextualizado de acordo com a realidade do educando, com sua vivência social, seu
trabalho, seu modo de vida e suas manifestações culturais. Enfim, uma educação que
fortaleçaa as identidades, a resistência e a afirmação cultural, social, política e pedagógica,
para que este povo possa construir sua própria educação e que possivelmente irá minimizar
as diferenças existentes entre o espaço urbano e o rural e consequentemente minimizar os
disparates sociais existentes entre as classes sociais..
Sendo assim, como questões norteadoras deste projeto, fizemos as seguintes perguntas: Qual é
a concepção que os sujeitos do campo tem sobre educação e escola? Como esses sujeitos
pensam, sentem e agem sobre a proposta educacional que lhes são impostas pelo órgão
competente? Como poderemos numa perspectiva coletiva construir um projeto de educação
para os sujeitos do campo?
2 JUSTIFICATIVA
2.1 Objetivos
Promover uma discussão sobre qual escola do campo é possível a partir do campo
representacional dos moradores do distrito de Cana Brava e comunidades adjacentes
(Charquinho, Capivara, Mangal, Terra Quebrada e Córrego do Charquinho);
Comparar as propostas de educação do campo em construção com as representações
de educação e escola de moradores do distrito de Cana Brava e localidades adjacentes;
Identificar as imagens presentes no contexto rural;
18
Discutir coletivamente com os atores do campo sobre possíveis mudanças na prática
pedagógica e possível construção de um novo modelo de escola;
Construir coletivamente com os atores do campo e seus pares novas propostas de
ensino e práticas para alunos da escola do campo.
3- Metodologia
3.2 Instrumentos:
19
Serão analisados os documentos oficiais da escola estudada visando a reconstrução da
sua história e da sua relação com a comunidade. Serão também objeto de análise os Projetos
políticos pedagógicos, anteriores e atuais, visando a identificação das concepções de
educação, ensino e aprendizagem que norteiam as práticas escolares.
3.4 Colaboradores:
4. Metodologia de análise:
A análise dos documentos e das produções discursivas será realizada por meio da
análise categorial de conteúdo, de acordo com Bardin ( ?)
A análise dos elementos gráficos das cartografias se apoiará na semiótica social, de
acordo com (KRESS & von LEEUWEN, 2006)
5. Procedimentos éticos:
6- REFERENCIAL TEÓRICO
7- CRONOGRAMA
Ano I/2017
Pesquisa-ação X
Cartografia
Elaboração do X
desenho dos
dados pesquisado
Exame de X
qualificação
Ano II/2018
Atividades/Mês 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º
mês mês mês mês mês mês mês mês mês mês mês mês
Redação da X X X X
Dissertação
Defesa da X
dissertação
24
8 - Referências Bibliográficas
______. Lei de Diretrizes e Base da Educação nº. 5692 de 11.08.71, capítulo IV. Ensino
Supletivo. Legislação do Ensino Supletivo, MEC, DFU, Departamento de Documentação e
Divulgação, Brasília, 1974.
CALDART, Roseli. Por uma Educação do Campo: traços de uma identidade em construção
IN:Por uma educação do campo. Miguel Gonzalez Arroyo, Roseli Salete Caldart, Monica
CastagnaMolina (organizadores). 5. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.
CHIZZOTTI, A. Pesquisa em Ciências Humanas e sociais. São Paulo: Editora Cortez, 1995.
FONSECA, T. M. G. & KIRST, P.G. Cartografia e devires: a construção do presente. Porto Alegre:
UFRGS, 2003.
FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Tradução de Moacir Gadotti e Lílian Lopes Martin.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
_______.Educação como prática da liberdade. 18ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
http://filosofiadomarcozero.blogspot.com.br/2012/12/educacao-rural-x-educacao-do-campo-
uma.html. Acessado em 18 de março de 2011.
http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/EducCampo01.pdf
http://cidades.ibge.gov.br/xtras/temas.php?
lang=&codmun=312670&idtema=19&search=minas-gerais|francisco-sa|mapa-de-pobreza-e-
desigualdade-municipios-brasileiros-2003 Acesso em 14 08 2016.A finalidade da Educação
do Campo, portanto, é oferecer uma educação escolar especifica associada à produção da
vida, do conhecimento e da cultura do campo e desenvolver ações coletivas com a
comunidade escolar numa perspectiva de qualificar o processo de ensino e aprendizagem.
Disponível em: http://escolas.educacao.ba.gov.br/educacaodocampo, Acessado em: 14.08
2016.
http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=312670.Acesado em
13/12/2015.
26
http://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/119949/melo_sn_tcc_rcla.pd
f?sequence=1. Acessado em 02/10/2016
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/mapa_mercado_trabalho/notastecnic
as.shtm. Acessado em 05/10/2016.
ANEXOS
5. ANEXOS
Ilma. Sra.,
Eu, Professora Alessandra de Jesus Meira Leão , responsável principal pelo projeto de
pesquisa intitulado “Educação do Campo : espaço de educação libertadora pertencente ao
programa de Mestrado Profissional em Educação e Docência (PROMESTRE), da
27
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), venho convidar esta instituição, através de
Vossa Senhoria, para participar do referido projeto.
A pesquisa tem por objetivo coletar dados através de um seminário e uma pesquisa que será
realizada através de um questionário juntamente com representante de vários segmentos da
escola ( professores, alunos e pais de alunos )irá desenvolver está sob a orientação do
Professor Dr. Paulo Afrânio .
Fica a critério de V. Sa definir qual será as pessoas que participarão da pesquisa que ocorrerá
no ano letivo de 2017 após as autorizações cabíveis.
Espera-se que esse estudo contribua para a construção de um projeto de escola do campo que
tenha identidade própria e que rompam com as práticas educacionais urbanistas podendo
elevar o nível de aprendizagem dos alunos dessa instituição bem como em outras
instituições.
A participação é voluntária e não obrigatória. Esclarecemos que não haverá nenhum tipo de
pagamento ou gratificação financeira pela participação dos sujeitos. Apresentamos a garantia
expressa de liberdade do sujeito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em
qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma e sem prejuízo ao seu cuidado.
Procuraremos garantir sigilo que assegure a privacidade dos sujeitos quanto aos dados
confidenciais envolvidos na pesquisa. Os nomes dos alunos, de funcionários ou da escola não
serão citados em nenhum documento produzido na pesquisa. A coleta de dados é
imprescindível para análise, portanto, solicito a possibilidade de filmar ou usar áudio para
algumas atividades. Entretanto, todos os registros produzidos ficarão guardados sob nossa
responsabilidade e apenas poderão ser consultados por pessoas diretamente envolvidas nesse
trabalho.
28
por um período de cinco anos sob responsabilidade da pesquisadora principal, e o seu acesso
será restrito a somente os envolvidos na pesquisa.
A participação dessa Instituição não envolverá qualquer natureza de gastos, tanto para V. Sa.
quanto para os demais envolvidos. Os gastos previstos serão custeados pela pesquisadora
principal que também assume os riscos e danos que por ventura vierem a acontecer com os
equipamentos e incidentes com os alunos em sua companhia, durante o processo. Está
garantida a indenização em casos de eventuais danos, comprovadamente decorrentes da
participação na pesquisa, conforme decisão judicial ou extrajudicial.
Embora se saiba que qualquer projeto pode oferecer algum incômodo, tal como sentir-se
constrangido com a presença da filmadora nas aulas, estarei atenta de modo a corrigir
eventuais desconfortos, procurando propiciar situações em que todos se sintam à vontade para
se expressarem. A intenção é criar um espaço de convívio e estudo agradável, zelando pelo
respeito e pelo estímulo à participação. Deixamos bem claro que os participantes têm direito a
esclarecimentos adicionais, antes, durante e depois da pesquisa.
Caso ainda deseje qualquer esclarecimento, por favor, sinta-se à vontade para nos consultar
sempre que preciso. Quanto a dúvidas relacionadas a aspectos éticos da pesquisa, V. S a.
poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa – COEP/UFMG. Todos os
dados de contato da pesquisadora principal, do orientador e do COEP/UFMG, seguem ao final
dessa carta que ficará em seu poder.
AUTO RI ZAÇ Ã O
1) Autorizo a coleta de dados por meio de gravação de imagens e áudio, além do material
escrito produzido nas aulas pelos alunos para fins de pesquisa.
2) O uso desses dados será feito com exclusivo interesse de pesquisa e formação e professores
sobre processos de aprendizagem de ciências em ambientes inovadores de ensino.
3) O uso desses dados será feito com exclusivo interesse de pesquisa e formação e professores
sobre processos de aprendizagem de ciências em ambientes inovadores de ensino.
4) Em nenhuma hipótese será feita qualquer divulgação desses materiais que não em meio
acadêmico com propósitos educacionais. Eles ficarão sob a guarda do pesquisador e não
poderão ser veiculados em qualquer mídia.
5) Autorizo a divulgação, em periódicos especializados e em congressos científicos, dessas
análises e das transcrições, desde que sejam mantidos o anonimato, da Escola, Professores e
Alunos envolvidos.
Declaro, outrossim, que tenho conhecimento de que, no caso de surgirem problemas, poderei
contatar o Comitê de Ética da UFMG, localizado na Av. Antônio Carlos, 6627, Pampulha,
Unidade Administrativa II, sala 2005, Belo Horizonte, MG, e-mail: coep@reitoria.ufmg.br
_________________________________________________
Diretor Escola Estadual
Prezado Aluno,
31
Ao final, apresentaremos os resultados para todos os participantes do projeto,
professores, pais, alunos e funcionários da escola, em dia e local definidos pela direção da
escola. Durante todo o período da pesquisa você tem o direito de tirar qualquer dúvida ou
pedir qualquer outro esclarecimento, bastando para isso entrar em contato com algum dos
pesquisadores. Caso ainda tenha alguma dúvida quanto a aspectos éticos, poderá entrar em
contato com o Conselho de Ética em Pesquisa da UFMG. Os contatos estão no final desse
documento.
Sentindo-se esclarecido (a) em relação à proposta e concordando em participar
voluntariamente desta pesquisa, peço-lhe a gentileza de assinar e devolver o Termo de
Assentimento Livre e Esclarecido (TALE), a qual será arquivada pelos pesquisadores por
cinco anos, de acordo com a Resolução 466/2012.
33
ANEXO E - AUTORIZAÇÃO DOS PAIS e ALUNOS PARA REALIZAÇÃO DA
PESQUISA
AUTORIZAÇÃO
Declaro, outrossim, que tenho conhecimento de que, no caso de surgirem problemas, poderei
contatar o Comitê de Ética da UFMG, localizado na Av. Antônio Carlos, 6627, Pampulha,
Unidade Administrativa II, sala 2005, Belo Horizonte, MG, e-mail: coep@reitoria.ufmg.br
34
___/2014
__________________________________________
Assinatura do aluno(a)
________________________________________
Assinatura do responsável
(no caso de menor de idade)
35
ANEXO G - DECLARAÇÃO DE USO E DESTINAÇÃO DO MATERIAL COLETADO
Eu, Prof. Alessandra de Jesus Meira Leão , junto ao Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal de Minas Gerais, que os dados obtidos em campo, através do caderno
de campo, entrevista e eventuais gravações de seminário e fotografia da pesquisa intitulada
“Educação do Campo : espaço de educação libertadora “, serão arquivados na sala do
professor orientador desta pesquisa, Doutor Paulo Afrânio na Universidade Federal de Minas
Gerais, Faculdade de Educação, avenida Antônio Carlos, 6627 – Pampulha –Belo Horizonte,
MG – Brasil, por um período de cinco anos sob minha responsabilidade e o seu acesso será
restrito a somente os envolvidos na pesquisa.
36
Belo Horizonte, ___ de Novembro de 2016.
37