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EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA


L

Imunossupressores na Dermatologia*
Immunosuppressive agents in Dermatology

1
Aline Lopes Bressan Roberto Souto da Silva 2
Elisa Fontenelle 3 Alexandre Carlos Gripp 4

Resumo: Os imunossupressores são drogas que agem na divisão celular e têm propriedades anti-infla-
matórias. Sendo assim, são essencialmente prescritos na prevenção de rejeição de transplantes e no
tratamento das doenças autoimunes e inflamatórias crônicas, que, na Dermatologia, têm a psoríase
como maior representante. Nesta sessão serão descritas as principais drogas imunossupressoras, com
orientações para seu manejo adequado.
Palavras-chave: Azatioprina; Ciclofosfamida; Ciclosporina; Imunossupressores; Metotrexato

Abstract: Immunosupressants are drugs that act in cell division and have anti-inflammatory effects.
Therefore, they are essentially prescribed in the prevention of transplant rejection and in the treatment
of autoimmune disorders and chronic inflammatory diseases, whose main example in Dermatology is
psoriasis. In this work the most important immunosuppressive drugs and orientation to properly
administer them are going to be described.
Keywords: Azathioprine; Cyclophosphamide; Cyclosporine; Immunossupressive agents; Methotrexate

INTRODUÇÃO
O tratamento imunossupressor é necessário disso, algumas condutas deverão ser seguidas, como:
para prevenir a rejeição de um órgão transplantado e anamnese (levando-se em conta a idade, os fármacos
também atua contra doenças inflamatórias, alvo princi- em uso e as comorbidades); realização de profilaxia
pal da Dermatologia. Essa classe de drogas age inibin- para estrongiloidíase e esclarecimento ao paciente
do a divisão celular, além de possuir propriedade anti- sobre a nova terapia. A rotina de exames pré-tratamen-
inflamatória. Seu uso é indicado em psoríase, pênfigos to determinará, com a clínica, o medicamento mais
e penfigoides, linfomas, entre outras patologias. indicado e sua respectiva dose.
Antes de iniciar uma terapia imunossupressora, O objetivo de qualquer terapia médica é pro-
é necessário conhecer as indicações, as contraindica- porcionar cura e/ou alívio de doenças com o menor
ções, os efeitos adversos e as interações medicamen- dano possível ao paciente. Isso está sendo alcançado
tosas, para poder minimizar os riscos do tratamento. graças ao vasto arsenal de drogas e agentes biológicos
Em alguns casos, ela pode ser prescrita para crianças, que tem possibilitado terapias imunossupressoras
mas o calendário vacinal deve estar atualizado (vaci- mais adaptadas às necessidades individuais dos
nar 2-4 semanas antes do início do tratamento) e é pacientes. São as seguintes as premissas da individua-
preciso evitar vacina de vírus vivo durante este.1 Além lização da imunossupressão: diferenças nos níveis de

Aprovado pelo Conselho Editorial e aceito para publicação em 18.11.2009.


* Trabalho realizado no Serviço de Dermatologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto (RJ) – Brasil.
Conflito de interesse: Nenhum / Conflict of interest: None
Suporte financeiro: Nenhum / Financial funding: None
1
Pós-graduanda em Dermatologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto – Rio de Janeiro (RJ), Brasil.
2
Residente em Dermatologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto – Rio de Janeiro (RJ), Brasil.
3
Membro efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD); professora substituta de Dermatologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto;
dermatologista do Hospital Municipal Jesus; chefe do ambulatório de Dermatologia Pediátrica do Instituto de Dermatologia Prof. Azulay – Santa Casa de
Misericórdia do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro (RJ), Brasil.
4
Mestre em Dermatologia; professor assistente de Dermatologia e chefe da enfermaria de Dermatologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto – Rio de Janeiro
(RJ), Brasil.

©2010 by Anais Brasileiros de Dermatologia

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gravidade e na susceptibilidade à ocorrência de efei- atividade, tendo níveis elevados; 11% são heterozigo-
tos colaterais e a influência negativa das comorbida- tos e têm atividade moderada; 1/300 é homozigoto
des. Logo, a individualização visa a maximizar os índi- para um dos sete alelos de baixa atividade, tendo
ces de sucesso, diminuir os efeitos colaterais e adap- menor atividade da tiopurina metiltransferase.6 Para
tar a imunossupressão às suas condições.2,3 melhor controle e ajuste da dose, desenvolveu-se um
A perspectiva em relação à individualização da teste sanguíneo que avalia tal atividade. Seu nível
terapêutica é de que ela passe a ser progressivamente basal pode orientar quanto à necessidade de aumen-
mais utilizada, pois o arsenal terapêutico atualmente tar a dose prescrita (para os pacientes com alta ativi-
disponível permite combinações racionais de drogas dade enzimática), evitando-se o uso de subdoses,
com elevada eficácia. assim como diminuí-la (pacientes com baixa atividade
Em seguida, serão abordadas as drogas imu- enzimática), a fim de evitar mielotoxicidade. Atravessa
nossupressoras mais prescritas na Dermatologia, rela- a barreira placentária, mas não leva a anormalidades
cionando-se seu mecanismo de ação com as indica- congênitas. Efeitos teratogênicos envolvendo, princi-
ções, a posologia, o controle, as interações medica- palmente, o sistema ósseo foram relatados em pacien-
mentosas e os possíveis eventos adversos. tes que utilizavam regimes terapêuticos combinados
de azatioprina e prednisona. É classificada como uma
AZATIOPRINA droga categoria D: oferece risco para fetos humanos e
A azatioprina é um análogo sintético da purina, seu uso é indicado apenas se os benefícios claramente
desenvolvida no final dos anos 50 a partir da droga 6-mer- o justificam e, durante a amamentação, é considerado
captopurina (6-MP).4 Após a descoberta de seus efeitos um fármaco moderadamente seguro.7 Há risco
anti-inflamatórios e imunossupressores, a Dermatologia aumentado de infecções e alterações hematológicas
iniciou seu uso para doenças inflamatórias. fetais, pois a azatioprina altera a função leucocitária.
No que respeita ao mecanismo de ação e à far- Não se conhecem os riscos do tratamento a longo
macocinética, o metabólito ativo da azatioprina é a 6- prazo em crianças.5
tioguanina, um análogo da purina, estruturalmente A azatioprina tem meia-vida curta, de cerca de
similar à guanina e à adenina; em vez de conter um três horas, mas os metabólitos permanecem ativos por
grupo hidroxila ou amino, contém um grupamento muito tempo, o que permite que a administração do
tiol. A incorporação da 6-tioguanina ao DNA e ao RNA fármaco seja feita a cada 12 ou 24 horas.
inibe o metabolismo da purina e a divisão celular. Posteriormente, é degradada a ácido nicotínico, sendo
Outras atividades da 6-tioguanina são supressão da excretada pela via renal. Apesar de a azatioprina
função da célula T e da produção de anticorpos pelas somente ter aprovação da Food and Drug
células B, redução do número de células de Administration (FDA) para uso não dermatológico
Langerhans na pele e inibição da sua capacidade de (por exemplo, transplante renal), os dermatologistas
apresentar antígenos. Ou seja, inibe as imunidades a têm usado há mais de 35 anos para tratar dermato-
celular e humoral e a fase efetora da resposta imune. ses graves, sempre considerando o risco-benefício.
A azatioprina tem 88% de biodisponibilidade. A azatioprina é indicada em monoterapias ou
Após a administração oral, é rapidamente absorvida e como poupadora de corticosteroides4 em: pênfigo
aproximadamente 30% circulam ligados a proteínas vulgar; penfigoide bolhoso; penfigoide gestacional;
plasmáticas.4 No fígado, sofre a ação da enzima xanti- penfigoide cicatricial; lúpus eritematoso; dermato-
na-oxidase, sendo convertida em 6-mercaptopurina, miosite; vasculites; dermatite atópica; policondrite
podendo seguir por três vias que competem entre si. recidivante; esclerodermia; psoríase; pioderma gan-
As duas primeiras, da xantina oxidase e da tiopurina grenoso; dermatite actínica crônica; acne fulminans;
metiltransferase, geram metabólitos inativos. Já a via pitiríase rubra pilar; doença de Behçet; sarcoidose.
da hipoxantina guanina fosforibosiltransferase, a As contraindicações ao uso da azatioprina são
única via anabólica, gera o análogo da purina, mono- hipersensibilidade à droga, gestação e infecção ativa.
fosfato tioguanina, um metabólito ativo. Quando A rotina laboratorial que antecede o tratamento
ocorre o bloqueio das vias da xantina-oxidase ou da inclui: hemograma completo; glicemia; ureia e creati-
tiopurina metiltransferase, a 6-mercaptopurina é des- nina; hepatograma; sorologias para hepatites, HIV e
viada em maior quantidade para a via anabólica, for- HTLV-1; ‚hCG; elementos anormais e sedimentos uri-
mando mais metabólitos ativos, o que pode resultar nários; exame parasitológico de fezes; radiografia de
em imunossupressão excessiva e pancitopenia.5 tórax; PPD; avaliação da atividade da enzima tiopurina
A via da tiopurina metiltransferase é guiada por metiltransferase (por ainda não ser amplamente dis-
polimorfismo genético, gerando três fenótipos com ponível, não limita o início do tratamento).
atividades diferentes. Estudos evidenciaram que 89% Quanto à posologia, a azatioprina é disponibili-
dos caucasianos são homozigotos para o alelo de alta zada em comprimidos de 50mg, devendo ser prescri-

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ta na dose de 1-3mg/kg/dia durante a refeição.8 Pode Hematológicos: por apresentar ação mais evi-
ser prescrita em dose única ou ser dividida em duas dente sobre as células de divisão rápida, a supressão
tomadas, estando a última forma associada a menor medular torna-se o mais importante efeito colateral,
incidência de náuseas e vômitos. que é, em geral, dose-dependente e manifesta-se por
Os pacientes devem ser acompanhados com leucopenia, trombocitopenia ou, mesmo, pancitope-
exame clínico e laboratorial durante o uso da azatio- nia. Os efeitos mielotóxicos podem surgir tardiamen-
prina. No primeiro mês, realiza-se hemograma com- te durante o tratamento.4 A quase totalidade dos casos
pleto semanalmente. No segundo mês, quinzenal- se resolverá com a redução da dose ou com a descon-
mente e, depois disso, a cada dois meses. As funções tinuação do tratamento;
renal e hepática são verificadas mensalmente nos dois Gastrointestinais: são os mais comuns – 10%-
primeiros meses. Após esse período, são checadas a 20% dos que recebem a dose padrão apresentam náu-
cada dois meses. seas e vômitos. Tais sintomas podem ocorrer somente
A azatioprina deve ser usada com cautela nos nas primeiras semanas ou ser intensos e dose-limitan-
que tenham insuficiência hepática ou renal, podendo tes. Na maioria dos casos, a redução, o fracionamento
ser necessária a correção da dose. A droga tem sua res- da dose ou a administração durante as refeições pro-
posta clínica notada após 4-6 semanas do início do tra- duz alívio dos sintomas. Menos frequentemente, pode
tamento. Se, após 16 semanas, não for observado bene- ocorrer diarreia, dor abdominal, úlceras orais;4
fício clínico em uso de dose terapêutica máxima, a tera- Hepáticos: geralmente, surgem quando a dose
pia deverá ser suspensa.4 Quando a doença estiver sob usada está acima de 2,5mg/kg/dia e manifestam-se
controle, a dose deverá ser reduzida em 0,5mg/kg a com alterações das enzimas hepáticas (mais comum
cada 2-4 semanas. Leucometria abaixo de 4.000 ou pla- em pacientes transplantados). Há reversão com a
quetopenia abaixo de 150.000 indicam necessidade de diminuição ou suspensão da dose;4
redução da dose e monitorização. Se a leucopenia for Reações de hipersensibilidade: desenvolvem-se
inferior a 2.000 ou as plaquetas estiverem abaixo de durante o primeiro mês de tratamento e caracterizam-
100.000, a droga deverá ser suspensa até retorno aos se por febre, pneumonite, pancreatite, hipotensão,
níveis normais (após 2-3 semanas) e poderá, então, ser nefrite, diarreia, exantema morbiliforme.11 Embora
reintroduzida em dose 25%-50% inferior à inicial.4 relativamente incomum, é uma complicação poten-
O potencial carcinogênico da azatioprina é bem cialmente séria.
conhecido. Seu uso foi associado a aumento da inci-
dência de tumores cutâneos, linfomas não-Hodgkin, METOTREXATO
carcinoma de cérvix, de vulva e sarcoma de Kaposi (em Na década de 40, durante testes dos efeitos do
transplantados renais, em uso conjunto de corticoste- ácido fólico na leucemia aguda em crianças, foi sinte-
roide).4 Exames físico e ginecológico de rotina precisam tizado o antifolato (metotrexato), que foi aprovado
ser realizados para detecção precoce de tumores cutâ- pelo FDA como droga oncológica em 1953. É um aná-
neos, adenomegalias e carcinomas genitais. O rastrea- logo do ácido fólico capaz de inibir de forma compe-
mento de neoplasias deve ser feito anualmente, mas titiva e irreversível a enzima diidrofolato redutase.
parece não haver aumento da incidência de outros Dessa forma, não ocorre a conversão do diidrofolato
tumores. Há menor risco de neoplasias em pacientes para tetraidrofolato, cofator necessário à transferência
não transplantados, provavelmente, pelo uso de doses de átomos de carbono, essenciais para a síntese do
menores, por período mais curto ou pela ausência de DNA e do RNA.12 Também age inibindo, de forma par-
estímulo antigênico crônico pelo órgão transplantado. cialmente reversível, a enzima timidilato sintetase,
Vários medicamentos interagem com a azatiopri- envolvida na proliferação celular.
na, sendo o mais conhecido o alopurinol, que inibe a Em 1951, foram vistos os primeiros efeitos da
xantina oxidase, aumentando o risco de mielotoxicida- droga na psoríase, e ela foi aprovada pelo FDA como
de grave. Se houver necessidade do uso concomitante tratamento padronizado em 1971.13 Inicialmente,
das duas drogas, a dose da azatioprina deverá ser redu- acreditou-se que seu efeito decorria somente da ativi-
zida de 25%-30%. Além disso, será necessário fazer con- dade sobre a proliferação dos queratinócitos (proprie-
tagens hematológicas com frequência.9 O captopril dade antiproliferativa), porém, mais recentemente, se
pode aumentar o risco de leucopenia e diminuir o efei- descobriram novas frentes de atuação: a ação do
to do warfarin e pancurônio, demandando doses maio- metotrexato sobre os linfócitos e seu efeito sobre a
res dessas drogas. A azatioprina pode diminuir a eficá- adenosina, um potente mediador anti-inflamatório.
cia dos dispositivos intrauterinos, devendo a paciente Foi demonstrado que o metotrexato tem efei-
usar métodos anticoncepcionais alternativos.5,10 to tanto nos linfócitos circulantes quanto nos cutâ-
Podem ocorrer efeitos adversos à ministração neos. In vitro, os queratinócitos se mostraram mil
da droga, entre os quais: vezes mais resistentes aos seus efeitos citotóxicos do

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que as células linfoides,13 confirmando sua proprieda- urticária idiopática crônica; síndrome disidrosiforme.
de imunossupressora. A droga age sobre o5 metabolis- A droga apresenta algumas contraindicações:
mo da adenosina, gerando o seu acúmulo. A adenosi- em alguns casos, absolutas – gravidez ou lactação;
na em excesso, por sua vez, se liga ao receptor A2A insuficiência hepática e/ou renal; úlcera péptica em
nas células endoteliais, inibindo apoptose, quimiota- atividade;14 leucopenia (< 3.500); plaquetopenia (<
xia de neutrófilos e liberação de TNFα, IFNγ, IL-12, IL- 100.000); anemia (Hb < 11); infecção ativa; em
6 (Figura 1). Daí resulta sua atividade anti-inflamató- outros, relativa – hepatopatia;15 alteração da função
ria. Após uma hora de sua ingestão, a distribuição e a renal; doença péptica crônica; infecção pelo HIV;
captação celulares estão completas. ingestão excessiva de álcool; dificuldade de com-
Na circulação, 50% do metotrexato encontram- preensão.
se ligados a proteínas. Ele tem afinidade particular Os principais fatores de risco do uso do meto-
com hepatócitos, precursores mieloides, eritrócitos e trexato são: obesidade, alcoolismo, hipoalbuminemia,
fibroblastos. É convertido na forma poliglutaminada hipocalcemia, hipertensão arterial sistêmica, diabetes
(predominantemente ativa), que persiste por meses e mellitus e idade avançada.
permite posologia semanal. A sua excreção é predomi- A rotina laboratorial que precede o tratamento
nantemente renal (via secreção ativa nos túbulos envolve: hemograma completo; ureia e creatinina
renais proximais) e se completa em quatro horas. (pequenas alterações da função renal podem trazer
Excreção biliar ocorre em menor grau. Nas 24 horas grandes efeitos no nível sérico do metotrexato e, em
seguintes, a droga é liberada lentamente dos tecidos.5 idosos, o nível de creatinina baixo pode não refletir a
O metotrexato é indicado para os seguintes função renal verdadeira); glicemia; clearance de creati-
casos: psoríase (eritrodérmica; artropática moderada nina e proteinúria de 24 horas (se o clearance for ≥ 50,
a grave; pustulosa; em placas extensas; refratária ao aplicar a dose ideal; entre 10-50ml/min, 50% da dose;
tratamento com fototerapia e/ou retinoides; ungueal se for < 10, evitar o uso); hepatograma; proteínas totais
extensa; “social”); Síndrome de Sèzary; pitiríase rubra e frações; cálcio sérico; sorologias para hepatites, HIV e
pilar; pitiríase liquenoide e varioliforme aguda; doen- HTLV-1; βhCG; EAS; radiografia de tórax; PPD.
ça de Reiter; buloses (penfigoide bolhoso; pênfigos O metotrexato é disponibilizado sob a forma
vulgar e foliáceo; porfiria cutânea; epidermólise de comprimidos de 2,5mg ou de solução injetável de
bolhosa adquirida); colagenoses (lúpus eritematoso, 2ml contendo 50mg da droga (25mg/ml).
dermatomiosite, esclerodermia); vasculites e dermato- A dose de teste para paciente adulto internado
ses neutrofílicas (poliarterite nodosa, doença de deve ser de 10mg/sem IM; já para pacientes ambulato-
Behçet, vasculite leucocitoclástica, doença de riais, inicia-se com 7,5mg/sem VO. A dose semanal
Kawasaki, pioderma gangrenoso); dermatite atópica. varia entre 7,5mg e 25mg. As doses administradas
Outros: sarcoidose; papulose linfomatoide; micose devem ser registradas pelo paciente para acompanha-
fungoide; ceratoacantoma; doença de Crohn cutânea; mento do total acumulado.

MTX

AICAR AICAR transformilase


Formil-AICAR

AICAR purinas
inibe
DNA
ADENOSINA degradação

adenosina
cafeína inibe TNF α, INFγ, IL-12, IL-6
Ligação ao receptor A2A Inibe apoptose
Inibe quimiotaxia de neutrófilos
AICAR: 5-aminoimidazol-4-carboxamida ribonucleotídeo
Figura 1: Esquema ilustrativo da ação do metotrexato

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O metotrexato VO pode ser prescrito em dose as que têm o fígado como órgão-alvo, aumentando a
única semanal ou subdividido em três tomadas a hepatotoxicidade, são os retinoides e o álcool.
intervalos de 12 horas. A dose única deve ser ingerida, Os principais efeitos adversos relacionados ao
preferencialmente, à noite, na véspera do dia de des- metotrexato são:
canso do paciente (se houver), pois mascara a fadiga A curto prazo: hematológicos, particularmente,
e a náusea que podem ocorrer. a pancitopenia. Os pacientes sob maior risco são os
A solução injetável pode ser uma opção por VO idosos, os que fazem uso de drogas que também ini-
em crianças, misturada a sucos de frutas, por exem- bam a síntese de folato e os que têm hipoalbumine-
plo. A dose na criança fica entre 0,25mg e mia (maior nível de droga circulante). As alterações
0,75mg/kg/semana. incluem: leucopenia, trombocitopenia, anemia mega-
A administração VO mantém sua biodisponibili- loblástica ou normocítica e pancitopenia. Os sinais de
dade equivalente à via IM até a dose de 7,5mg/sem, alerta para possível pancitopenia são: VCM elevado e
pois, além desse valor, satura o transportador ativo na mucosite,6 para o que se deve reduzir a dose ou sus-
luz intestinal, podendo reduzir em até 30% a sua pender o metotrexato, otimizar a dose do ácido fólico
absorção. A via IM tem biodisponibilidade equivalente e encaminhar o paciente ao hematologista, se houver
à IV e corresponde a menor toxicidade gastrointesti- pancitopenia.
nal. A via de administração pode ser alterada a qual- Com base no mecanismo de ação e toxicidade
quer momento do tratamento em função de sintomas do metotrexato por meio de depleção de folato, estu-
gastrointestinais e/ou baixa resposta terapêutica. dos têm sido realizados com suplementação diária de
O metotrexato também pode ser usado de folato ou de ácido fólico e administração de ácido folí-
maneira intralesional, tendo como indicação o cera- nico após o metotrexato, todos evidenciando diminui-
toacantoma. ção dos efeitos colaterais, sem perda de eficácia. O
No que diz respeito ao acompanhamento e ao ácido fólico (ácido diidrofólico) é ingerido na dieta e
ajuste da dose, após cinco dias da ingestão da primei- o ácido folínico (ácido tetraidrofólico) é usado, efeti-
ra dose, o paciente deve realizar hemograma comple- vamente, pelas vias metabólicas, sendo este o antído-
to devido ao risco de pancitopenia. No primeiro mês, to à superdosagem do metotrexato (Leucovorin cálci-
são necessários hemograma e hepatograma semanais co® - 10mg/m2 de superfície corporal).17 A administra-
e sempre após o aumento da dose. A partir do segun- ção de ácido fólico pode ser feita de 1-5mg/dia, sendo
do mês, deverão ser realizados hemograma, hepato- 1mg a dose indicada regularmente e 5mg/dia a indica-
grama e dosagem de escórias nitrogenadas a cada dois da quando a dose de metotrexato é > 15mg/sem ou
meses. Acompanhamento laboratorial mais frequente quando existem sinais de mielotoxicidade. Em crian-
deverá ser programado quando houver associações ças, administrar 1mg/dia em maiores de um ano e
com outras drogas e/ou na presença de comorbida- 50Ìg/kg/dia em menores de um ano. O seu uso parece
des. A dose semanal pode ser incrementada em 2,5- reduzir não somente a mielotoxicidade, mas também
5,0mg a cada semana, até que se alcance resposta a mucosite, a hepatotoxicidade e as náuseas.
satisfatória, com mínima toxicidade. Geralmente, não Outros efeitos a curto prazo são os mucocutâ-
ultrapassa 25mg/semana para a administração intra- neos, que envolvem mucosite, úlceras orais e/ou gas-
muscular e 20mg/semana para a via oral. Após o con- trointestinais (depósito nas células pépticas, com
trole da doença por pelo menos dois meses, em fun- hemorragia), rash, fotossensibilidade, ardor e ulcera-
ção da forma poliglutaminada, o intervalo entre as ção nas lesões de psoríase (pode predizer toxicidade
tomadas poderá ser aumentado (com consequente pelo metotrexato),18 acne, alopecia, nodulose reuma-
redução da dose utilizada). toide, os do sistema digestório, como anorexia, diar-
As enzimas hepáticas podem sofrer alteração reia, náusea (próximo à administração) e a pneumoni-
transitória nos dois dias seguintes à ingestão da droga. te intersticial, especialmente, nos pacientes com
Sendo assim, recomenda-se coletar as amostras cinco hipoalbuminemia.
a sete dias depois. O volume corpuscular médio A longo prazo: alterações hepáticas. O risco
(VCM) pode ser um indicador precoce de mielotoxici- aumenta na presença de ingestão excessiva de álcool,
dade, servindo de indicativo para a redução da dose. uso concomitante de retinoide, diabetes mellitus ou
Quanto às interações medicamentosas, as dro- obesidade. Podem ocorrer: elevação das transamina-
gas que aumentam o nível plasmático do metotrexato ses, esteatose e cirrose (raro em crianças). O risco
são: salicilatos, anti-inflamatórios não hormonais, sul- parece ser maior na psoríase do que na artrite reuma-
fonamidas, dipiridamol, probenecida, cloranfenicol, toide, pois a primeira tem grande associação com sín-
fenotiazinas, fenitoína, tetraciclinas. As que inibem a drome plurimetabólica. A dosagem das transaminases
síntese de folatos, aumentando a toxicidade hemato- deve ser monitorada; se o valor for menor do que duas
lógica, são: dapsona, trimetoprima, sulfonamídicos, e vezes o limite normal, deverá ser repetida em duas a

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quatro semanas. Se estiver duas a três vezes o limite Aparelho reprodutor: o metotrexato é classifica-
normal, repetir em duas a quatro semanas e reduzir a do como droga categoria GRX (tem risco bem defini-
dose, se necessário. Se for maior do que duas vezes e do para fetos humanos. Não deve ser usado na gravi-
persistir ou maior do que três vezes, suspender a dez ou se há risco de gravidez) e LMX (contraindicado
droga e fazer avaliação com gastroenterologista. na amamentação), segundo a categoria de risco pro-
A biópsia hepática deve ser realizada antes do posta pela Food and Drug Administration.7 Gera alte-
tratamento nestas situações: uso abusivo de álcool; ração da oogênese e da espermatogênese, abortamen-
enzimas hepáticas persistentemente anormais; hepa- to e teratogenicidade. Se houver desejo de engravidar,
topatia; uso prévio de metotrexato sem registro de a medicação deverá ser suspensa por quatro meses,
dose acumulada ou de outras drogas hepatotóxicas. pelo menos, e a suplementação de ácido fólico deve-
Durante o tratamento, a biópsia deve ser evitada, ins- rá ser mantida durante toda a gestação. O homem
tituindo-se a terapia rotacional; nos pacientes sem também deve evitar gerar filhos por até três meses
alterações enzimáticas, deve ser avaliada após dose após a suspensão da droga;22
acumulada de 1,5g. Se esta for normal, deverá ser rea- Osteoarticular: altas doses a longo prazo
valiada após 4g de dose acumulada. Nos pacientes podem reduzir a densidade óssea. A osteopatia indu-
com hepatogramas repetidamente alterados, a biópsia zida pelo metotrexato caracteriza-se por dor óssea,
é indicada, independentemente da dose acumulada. osteoporose, fraturas (principalmente de tíbia distal e
As recomendações para continuidade ou não do trata- da região vertebral).23 O risco se eleva em conjugação
mento com o metotrexato precisam levar em conside- com terapia com corticosteroide. O diagnóstico pre-
ração a interpretação dos achados e a classificação coce pode ser feito por ressonância nuclear magnéti-
seguinte:19 ca. A suplementação de cálcio é indicada para as crian-
Grau I: tecido hepático normal – manutenção ças nas seguintes doses: 1-3 anos: 500mg/dia; 4-8
do tratamento; anos: 800mg/dia; > 9 anos: 1.300mg/dia, acompanha-
Grau II: esteatose moderada a grave – manuten- da da vitamina D (200UI/dia).
ção do tratamento; Quanto à resposta clínica, o início desta é espe-
Grau IIIA: fibrose leve – repetir a biópsia após rado entre uma e sete semanas, mas é preciso que a
seis meses e procurar outra terapia; resposta máxima seja detectada em dois a três meses.
Grau IIIB: fibrose moderada a grave – suspen- A falha terapêutica, por sua vez, caracteriza-se quando
der o tratamento; o paciente faz o tratamento conforme orientação
Grau IV: cirrose – suspender o tratamento e médica, mas não há remissão clínica. Alguns fatores
fazer avaliar conjunta com o gastroenterologista. precisam ser analisados. O primeiro é a via de admi-
Em alguns estudos, níveis elevados de peptídeo nistração, pois há grande variação individual na sua
aminoterminal pró-colágeno III4 foram observados absorção, assim como a saturação da absorção intesti-
como sendo marcadores sorológicos de fibrose (sem nal: trocar a via de oral para intramuscular ou subcu-
especificidade de órgão) e, no futuro, poderão auxi- tânea, com vantagem de permitir autoadministração;
liar para determinar quais pacientes devem ser sub- avaliar se há grande consumo de cafeína, pois esta é
metidos à biópsia hepática. um antagonista do receptor de adenosina; por último,
Outros efeitos a longo prazo incluem: administrar a droga em horário distante das refeições
Fibrose pulmonar, que ocorre de forma idios- (principalmente, de derivados de leite), pois estas
sincrásica. Valorizar qualquer sintoma respiratório. podem alterar sua biodisponibilidade.
Pode determinar elevação do peptídeo aminoterminal
pró-colágeno III; CICLOFOSFAMIDA
Malignidade: o risco de linfomas parece estar A ciclofosfamida é um agente alquilante que foi
aumentado em pacientes com psoríase20 ou artrite sintetizado a partir da mostarda nitrogenada em
reumatoide, mas não se sabe se pode estar relaciona- 1958.24 Tem aprovação pelo FDA apenas para micose
do à doença e/ou ao tratamento; fungoide, entretanto, é utilizada para diversas doen-
Cardiovascular: o ácido fólico ingerido trabalha ças dermatológicas. Tem como característica principal
na transformação da homocisteína em metionina. Na não ser específico para nenhuma fase do ciclo celular,
sua deficiência, as reações de metilação ficam compro- suprimir linfócitos B mais que os linfócitos T25 e, entre
metidas. A elevada concentração de homocisteína estes, afetar mais intensamente as células T supresso-
plasmática tem sido associada a aumento do risco de ras (CD8) do que as auxiliares (CD4).
doenças vasculares oclusivas. Na prática, percebe-se O agente alquilante age da seguinte maneira:
um risco diminuto, pois se administra ácido fólico e atravessa a membrana nuclear, liga-se ao DNA e inibe
contam-se as propriedades anti-inflamatórias do a síntese de guanina, citosina e adenina, suplantando
metotrexato;21 a capacidade de reparo, com consequente apoptose

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celular. É uma droga amplamente distribuída pelo Outra forma de utilizar a ciclofosfamida é pela
corpo, inclusive, com passagem pela barreira hema- pulsoterapia associada à dexametasona.27 Essa combi-
toencefálica.26 Apresenta biodisponibilidade oral de nação é indicada para casos de pênfigo refratário à
75%, com picos plasmáticos em uma hora e meia-vida terapia usual ou muito grave. Seriam realizados ciclos
de duas a dez horas. Por si só, ela é inativa, necessitan- com intervalo de 21/21 ou 28/28 dias. No primeiro
do de metabolização pelo citocromo P450 no fígado dia, realiza-se pulso de ciclofosfamida e dexametasona
para sua forma ativa: 4-hidroxiciclofosfamida. Apesar seguidos. No segundo e terceiro dias, usa-se apenas
de apenas 13% da droga serem ligados à proteína, dexametasona. A ciclofosfamida (1.000mg ou 10-
aproximadamente 50% de seus metabólitos estão liga- 15mg/kg) é diluída em 500ml de SG5%, infundindo
dos. Os rins são responsáveis por até 50% da excreção em três a quatro horas. A dexametasona 100mg
de seus metabólitos inativos, sendo que, entre estes, a (ampola de 2ml com 25mg – quatro ampolas) é diluí-
acroleína é a responsável por cistite hemorrágica e da em 250ml de SG5%, infundindo em três a quatro
carcinoma de células transicionais da bexiga. horas. As principais recomendações são: manter
A ciclofosfamida é indicada em monoterapia ou hidratação intravenosa nos três dias, ministrar bromo-
como poupadora de corticosteroide nos casos de vas- prida 10mg e/ou ondansentrona 8mg em casos de
culites (principalmente a vasculite granulomatosa de náusea e verificar os sinais vitais em intervalos curtos.
Wegener), buloses, dermatoses neutrofílicas, colage- Caso o paciente seja diabético, realizar hemoglucotes-
noses, doenças infiltrativas, histiocitose X. Apresenta te de 6/6 horas e prescrever esquema de insulina regu-
algumas contraindicações absolutas: gravidez e/ou lac- lar. Deve-se progredir com redução do corticosteroide
tação, hipersensibilidade à ciclofosfamida, depressão até a mínima dose possível, sendo necessários, no
da medula óssea, e outras relativas: infecções, hepato- mínimo, seis ciclos. Estes podem ser mantidos por até
patia, nefropatia. dois anos. Se, após o sexto ciclo, houver resposta sig-
A rotina laboratorial anterior ao tratamento nificativa, tentar ciclos de 2/2 meses ou 3/3 meses.
prevê: hemograma completo (há necessidade de leuco- A experiência pessoal dos autores os leva a crer
metria > 5.000/mm3 e granulócitos > 2.000/mm3); ureia que a pulsoterapia com ciclofosfamida garante melhor
e creatinina; hepatograma; elementos anormais e sedi- resultado do que as doses diárias, assim como diminui
mentos urinários; exame parasitológico de fezes; sorolo- a ocorrência de efeitos colaterais.
gias (hepatites, HIV); PPD; radiografia de tórax; β-hCG. O acompanhamento do tratamento é feito por:
No que respeita à posologia, a dose recomenda- avaliação clínica (exame físico, preventivo ginecológi-
da por via oral é de 1mg-5mg/kg/dia, podendo ser co e radiografia de tórax) a cada seis meses; hemogra-
dividida ou tomada em única dose matinal. A droga se ma completo, elementos anormais e sedimentos uri-
apresenta em comprimidos de 25mg e 50mg e em nários (semanal, por dois a três meses; depois, quin-
ampolas de 200mg. É essencial a ingestão de grande zenalmente; após seis meses, se se observar estabilida-
quantidade de líquido antes e durante a tomada, para de, a cada três meses); TGO e TGP mensais nos pri-
reduzir os riscos de cistite hemorrágica. Para as doen- meiros três meses e, posteriormente, a cada três
ças dermatológicas, a dose raramente ultrapassa 2mg- meses. Durante o seguimento, deverá ser suspensa a
2,5mg/kg/dia. Outro ponto importante é que dosa- medicação caso ocorra: leucometria inferior a 4.000
gens superiores a 200mg/dia trazem grande risco de células/mm3, plaquetas em número inferior a
mielossupressão, e esse efeito não é necessário para 100.000/mm3 ou hematúria.
se conseguir a imunossupressão desejada. A ciclofos- Interações medicamentosas são passíveis de
famida também pode ser administrada via parenteral, acontecer. As principais drogas que podem aumentar
sob a forma de pulsoterapia. Neste caso, realizam-se os níveis de ciclofosfamida são: cimetidina, alopurinol
infusões mensais até a sexta infusão e depois trimes- e cloranfenicol. O clorambucil e a mecloretamina têm
trais. A dose é aumentada até a terceira aplicação: 1ª reação cruzada, podendo gerar hipersensibilidade à
infusão com 10mg/kg; 2ª com 12,5mg/kg e 3ª com ciclofosfamida.
15mg/kg, sendo esta dose mantida até o final do trata- Entre os eventos adversos mais comuns estão
mento. Quando realizada em pulsoterapia, a dose os hematológicos (leucemia, linfoma, pancitopenia);
recomendada precisa ser diluída em 500ml de SG5% os gastrointestinais (hepatotoxicidade, náuseas, vômi-
(soro glicosado), infundindo em três a quatro horas. tos); os geniturinários (câncer de bexiga, cistite
Além disso, são necessárias algumas recomendações: hemorrágica28). Outros efeitos são amenorreia, azoos-
generosa hidratação (1.000ml de SF0 9%), orientação permia, convulsões, neuropatia periférica, pneumo-
ao paciente para manter elevado fluxo urinário, admi- nia, infecções oportunistas, erupção cutânea, eflúvio
nistração de ondansentrona (8mg IV) e dexametasona anágeno, hiperpigmentação difusa. O uso crônico de
(4mg IV) antes da infusão e realização de hemograma baixas doses aumenta o risco de carcinoma de células
após o décimo quarto dia (nadir). transicionais quando comparado a doses elevadas por

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curtos períodos. Além disso, o uso concomitante com dosagens);35 hepatograma; sorologias (hepatites, HIV,
corticosteroide gera imunossupressão mais intensa. HTLV-1); βhCG; elementos anormais e sedimentos
urinários; spot urinário, clearance de creatinina;
CICLOSPORINA exame parasitológico de fezes; radiografia de tórax;
Pertencente à família dos inibidores da calci- USG de lojas renais; PPD; exame ginecológico.
neurina, a ciclosporina foi inicialmente liberada pela A ciclosporina é apresentada em cápsulas (de
FDA em 1983, para profilaxia de rejeição de transplan- 10mg, 25mg, 50mg e 100mg) e solução oral de
te de órgãos. Posteriormente, foi aprovada para ser 100mg/ml. Esta última constitui boa opção para crian-
utilizada em artrite reumatoide e psoríase. ças e deve ser diluída em suco de laranja, de maçã ou
Ela age como uma pró-droga, pois fica inativa em refrigerante, imediatamente antes da ingestão, evi-
até se ligar ao seu receptor citoplasmático conhecido tando-se o leite. Recomenda-se dose diária entre 3mg-
como ciclofilina. Dentro das células T, o complexo 5mg/kg/dia, dividindo-a em duas tomadas36, com as
ciclosporina-ciclofilina inibe a atividade da fosfatase refeições. Assim, um paciente que não apresente risco
calcineurina responsável pela desfosforilação de fato- de interações medicamentosas poderá fazer uso de
res nucleares de linfócitos T ativados. A desfosforila- dose mais elevada, enquanto outro, que corra esse
ção permite a translocação do fator nuclear de células risco, deverá utilizar dose mais baixa.37
T ativadas do citoplasma para o núcleo, ativando as Algumas considerações sobre a experiência
células T e levando à produção de citocinas, como IL- com o uso da ciclosporina são, preferencialmente,
2 e IFNγ. Isso explica por que as células T são particu- não ultrapassar oito a 12 meses de uso ininterrupto,
larmente sensíveis aos efeitos inibitórios da ciclospo- utilizar na fase aguda da dermatose38, realizar terapia
rina. Alguns estudos demonstram que a inibição da rotacional com outros medicamentos, reduzir lenta-
calcineurina afeta diretamente a proliferação de que- mente de acordo com a melhora clínica, para evitar
ratinócitos. Sendo assim, a ciclosporina inibe a libera- rebote (reduzir 0,5mg/kg a cada 15 dias) e fazer manu-
ção de citocinas, a ativação de linfócitos, a liberação tenção com pulsos (ao atingir dose baixa, 1,5mg-
de mediadores de mastócitos, a proliferação e a secre- 2mg/kg/dia, fazer a dose acumulada de três dias e dei-
ção de citocinas por queratinócitos, além de ter um xar os próximos dois dias sem medicação).
importante efeito anti-inflamatório. Em contraste com Faz-se o acompanhamento do tratamento pela
outras drogas imunossupressoras com ação citotóxi- aferição da pressão arterial a cada consulta, dosagem
ca, a ciclosporina não suprime a medula óssea e não quinzenal da creatinina no primeiro mês, além de
apresenta risco de teratogenicidade.29 hemograma, dosagem de escórias nitrogenadas, ele-
Após ingestão, a ciclosporina apresenta biodis- mentos anormais e sedimentos urinários, eletrólitos,
ponibilidade entre 30% e 35%, com um pico de con- hepatograma, ácido úrico e lipidograma mensais. Caso
centração que varia de duas a quatro horas. Ao ganhar ocorra aumento da pressão arterial (diastólica >
a corrente sanguínea, a droga é metabolizada no fíga- 90mmHg ou sistólica > 140mmHg), deve-se repetir
do pelo citocromo P450 3A4, tendo como principal após duas semanas a aferição. Se a pressão arterial per-
via de excreção a bile. Pacientes com insuficiência sistir elevada, será necessário reduzir a dose em 25%-
hepática podem ter o tempo de meia-vida aumentado, 50% e avaliar a introdução de anti-hipertensivo. Em
necessitando de ajuste da dose. relação aos níveis de creatinina, caso haja elevação
A ciclosporina é indicada nos casos de: psoríase maior que 30% do valor basal, será preciso repetir o
(eritrodérmica, artropática, pustulosa, recalcitrante, “- exame após duas semanas. Se os valores se mantiverem
social”); dermatite atópica;30 hidrosadenite supurativa; elevados, a dose deverá ser reduzida em 1mg/kg. Após
doença de Behçet; colagenoses; líquen plano;31 síndro- um mês com a dose reduzida, a creatinina deverá ser
me de Sweet; alopecia areata;32 pioderma gangrenoso.33,34 reavaliada: 1) se tiver retornado aos valores normais,
Apresenta algumas contraindicações absolutas, continuar a terapia com ciclosporina; 2) caso o aumen-
como hipertensão arterial de difícil controle, disfun- to tenha se perpetuado, suspender o tratamento.
ção renal, linfoma de células T, e algumas relativas, Outra avaliação importante a realizar é a dosa-
como hipertensão arterial controlada, gravidez e/ou gem da ciclosporinemia (solicitar os níveis de ciclos-
lactação, infecção ativa, uso concomitante de outros porina sanguínea matinal antes da ingestão da próxi-
imunossupressores, enxaqueca. Pacientes sob risco de ma dose, ou seja, em C zero, o que irá traduzir os
eventos adversos são: idosos, obesos, diabéticos, níveis da droga nas últimas 12 horas). Convém que
hipertensos e usuários de álcool. esse exame seja solicitado quando da ocorrência de
Antes do início do tratamento, os seguintes exa- melhora mais rápida do que o esperado, na ausência
mes laboratoriais precisam ser feitos: hemograma de resposta terapêutica, na vigência de alteração labo-
completo; sódio, potássio, cálcio, magnésio, ácido ratorial importante ou na possibilidade de interação
úrico, glicemia; lipidograma; ureia e creatinina (três medicamentosa.

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Quanto às interações medicamentosas, é comparada à azatioprina, que afeta diversas linhagens


importante considerar o uso de drogas que interfe- celulares. Tal fato possibilita que o micofenolato
rem na enzima P450 que podem tanto aumentar (dil- mofetil seja utilizado em pacientes com deficiência da
tiazem, verapamil, macrolídeos, fluoroquinolona, enzima tiopurina metiltransferase. Uma vantagem
amiodarona, antifúngicos, cimetidina, fluoxetina), adicional em relação à azatioprina é o fato de a droga
quanto reduzir (rifampicina, fenobarbital, carbamaze- ser menos mutagênica.43,44
pina, griseofulvina)39 os níveis de ciclosporina no plas- Ao ser ingerida, ela apresenta biodisponibilida-
ma. O corticosteroide, por sua vez, gera aumento nos de de 94%, em comparação com a infusão venosa.45 O
níveis de ciclosporina, assim como a furosemida e fígado é o principal local de metabolização. A meia-
diuréticos tiazídicos. vida é de 16 a 18 horas e 87% da dose administrada
Os principais possíveis eventos adversos são são eliminados pela via renal. Uma característica
hipertensão arterial e nefrotoxicidade. Esta pode ser importante reside no fato de 97% da forma ativa
aguda, em consequência de uma alteração funcional (ácido micofenólico) estarem ligados à albumina.
dose-dependente40 (vasoconstrição da arteríola afe- Qualquer alteração nos níveis séricos da albumina
rente), ou crônica, com alteração estrutural (microan- devido à disfunção renal, hepática ou medicação gera
giopatia obstrutiva e fibrose intersticial relacionada à aumento nos níveis de ácido micofenólico, deman-
hipertensão e toxicidade da droga). A nefrotoxicidade dando redução da dose administrada. Em pacientes
crônica pode ocorrer na ausência de alterações nos com alterações renais, a dose de micofenolato mofetil
níveis pressóricos ou de creatinina, sendo evidencia- deve ser cuidadosamente ajustada.
da por redução na ecogenicidade do parênquima A droga foi aprovada pela FDA para uso em
renal mediante a ultrassonografia. Logo, quando se transplantes de órgãos sólidos, porém, existe uso off-
utiliza a ciclosporina por mais de um ano, deve-se label em Dermatologia e Reumatologia para diversas
solicitar avaliação pelo nefrologista para pesquisa de doenças autoimunes e inflamatórias. Ela é indicada
possíveis áreas de fibrose e, caso necessário, realizar nas seguintes situações:
biópsia renal. Entre os fatores de risco para o dano Como poupadora de corticosteroide46: pênfi-
renal estão: dose diária maior que 5mg/kg, creatinina go vulgar, pênfigo foliáceo, penfigoide bolhoso, der-
maior que 30% da basal, elevação da pressão arterial matite atópica.47 Na experiência dos autores,
e idade avançada. ele é a melhor droga poupadora de corticosteroide
Outros possíveis efeitos colaterais incluem: nas doenças bolhosas;
oncogenicidade, hipertricose, acne, ceratose pilar, Em monoterapia: buloses (quando há restrição
hiperplasia sebácea, foliculite, hiperplasia gengival ao uso de corticosteroide)48,49, pioderma gangrenoso;50
(esta ocorre, principalmente, em indivíduos com má Combinada com outras drogas: vasculites, cola-
higiene oral)41, fadiga, mialgia, artralgia, cefaleia, tre- genoses.
mor, parestesia, náusea, vômito, diarreia, alteração do Algumas contraindicações da droga são absolu-
hepatograma, hiperlipidemia42, hiperuricemia, aumen- tas: gestação e/ou lactação; hipersensibilidade à medi-
to do cálcio e redução do magnésio. Alguns desses cação, enquanto outras são relativas: hepatopatia;
efeitos podem diminuir a adesão ao tratamento. nefropatia e uso concomitante com azatioprina.
Antes do início do tratamento, é necessário rea-
MICOFENOLATO MOFETIL lizar os seguintes exames: hemograma completo;
O micofenolato mofetil é uma pró-droga do hepatograma; ureia e creatinina; glicemia; elementos
ácido micofenólico, muito usado na década de 70 anormais e sedimentos urinários; sorologias (hepati-
para o tratamento de psoríase refratária. O micofeno- tes, HIV, HTLV-1); βhCG; PPD; radiografia de tórax.
lato mofetil tem como principais vantagens em rela- Quanto à posologia, o esquema terapêutico
ção ao ácido micofenólico o fato de apresentar maior deve ser iniciado com aumento gradual da dose, a
biodisponibilidade, eficácia e tolerabilidade. cada duas a quatro semanas, para evitar, principal-
Uma de suas principais característica é a atua- mente, os efeitos gastrointestinais e, caso necessário,
ção sobre a enzima inosina monofosfato desidroge- ajustar a dose em pacientes nefropatas. A dose reco-
nase, responsável pela metabolização de purinas. mendada é 35mg-45mg/kg/dia (até 2g), administrada
Como os linfócitos T e B utilizam essa via de metabo- de 12/12 horas com as refeições. A apresentação é em
lização, sua inibição gera supressão na proliferação cápsulas de 500mg. O início dos efeitos terapêuticos
dos linfócitos, na formação de autoanticorpos, no se dá dentro de seis a oito semanas. Atualmente, exis-
recrutamento de leucócitos e na glicosilação de pro- te outra forma, chamada micofenolato sódico, que
teínas de adesão ao endotélio. Devido a essa inibição causa menos efeito adverso gastrointestinal e é apre-
seletiva de apenas uma enzima na síntese das puri- sentada em cápsulas de 360mg (corresponde a 500mg
nas, essa droga é considerada mais seletiva quando do micofenolato mofetil).

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O acompanhamento do tratamento é por meio constitucionais (febre, mialgia, cefaleia), edema perifé-
de exame físico rigoroso (à procura de linfonodome- rico, hipertensão arterial, acne, urticária e disidrose.
galia e de neoplasia cutânea) e ginecológico a cada Ressalta-se a inexistência de trabalhos de longo prazo a
seis meses. Os exames laboratoriais são realizados da respeito de infecções e malignidade (menor potencial
seguinte forma: hemograma completo (semanal no 1º oncogênico, pois não interfere no DNA).
mês, quinzenal no 2º mês, bimensal no 3º mês) e bio- Em função da pouca experiência, de poucos
química sérica (mensal nos dois primeiros meses e estudos prospectivos de longo tempo de uso dessa
bimensal depois). medicação e do possível risco de malignidade, deve-se
Entre as drogas que interagem51 com micofeno- reduzir sua dosagem à medida que for alcançada res-
lato mofetil, deve-se prestar atenção às que elevam posta favorável do tratamento até que se possa des-
seu nível no sangue (salicilatos, furosemida, probeni- continuá-la.
cida) e às que o reduzem (fluoroquinolonas, metroni-
dazol, corticosteroides, ciclosporina, antiácidos, CONCLUSÃO
colestiramina, sevelamer, cálcio, ferro). Os imunossupressores são armas extremamen-
Os principais possíveis eventos adversos ocor- te importantes no arsenal terapêutico do dermatolo-
rem no trato gastrointestinal (náusea, vômito, cólica, gista que lida com doenças inflamatórias de maior gra-
diarreia) e são dose-dependentes, tendendo a melho- vidade. Pesando-se risco-benefício, ao se optar pela
rar com o tempo, assim como as alterações genituriná- sua prescrição, deve-se ter conhecimento detalhado
rias (urgência urinária, poliúria, disúria, piúria estéril). sobre suas indicações, exames laboratoriais prévios,
Outros efeitos importantes são a hepatotoxicidade e seguimento clínico laboratorial, interações medica-
mielossupressão (menos hepatotóxico e mielotóxico mentosas, além dos efeitos colaterais. Dessa forma,
que a azatioprina). Pode haver displasia neutrofílica pode-se oferecer melhor qualidade de vida ao pacien-
(desvio para esquerda e hipolobulação nuclear à citolo- te com menores riscos. 
gia, que indicam neutropenia subsequente); sintomas

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ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA / MAILING ADDRESS:
Stadler R, et al. A comparision of oral
methylprednisolone plus azathioprine or Alexandre Carlos Gripp
mycophenolate mofetil for the treatment of Rua Barata Ribeiro, 543/906
pemphigus. Arch Dermatol. 2006;142:1447-54. Copacabana
47. Beiisert S, Werfel T, Frieling U, Böhm M, Sticherling M, 20040-001 Rio de Janeiro - RJ
Stadler R, et al. A comparision of oral Telefone: (21) 2255-6970
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Como citar este artigo/How to cite this article: Bressan AL, Souto RS, Fontenelle E, Gripp AC.
Imunossupressores na Dermatologia. An Bras Dermatol. 2010;85(1):9-22

An Bras Dermatol. 2010;85(1):9-22.


Imunossupressores na Dermatologia 21

QUESTÕES
L
1) O bloqueio da via da xantina oxidase desvia a medicamento em questão e a melhor forma de
6-mercaptopurina para a via anabólica e forma tratamento devem ser, respectivamente:
mais metabólitos ativos da azatioprina, gerando a) metotrexato e ácido folínico;
pancitopenia. Qual droga, dentre as listadas b) ciclosporina e ácido fólico;
abaixo, pode bloquear essa via? c) metotrexato e ácido fólico;
a) dipirona; d) acitretina e conduta expectante.
b) alopurinol;
c) antidepressivos tricíclicos; 8) A pressão arterial deve ser monitorada em
d) anticoncepcionais orais. pacientes portadores de psoríase em tratamento
com:
2) O metotrexato inibe de forma competitiva e a) calcipotriol;
irreversível a enzima: b) ciclosporin;
a)diidrofolato redutase; c) metotrexato;
b) timidilato sintetase; d) PUVA.
c) xantina oxidase;
d) α-redutase. 9) A curto prazo, o efeito colateral mais grave e
frequente do metotrexato é:
3) Qual parâmetro laboratorial pode ser usado a) hepatotoxicidade;
como indicador precoce de mielotoxicidade pelo b) mucosite;
metotrexato? c) cefaleia;
a) leucócitos; d) mielotoxicidade.
b) plaquetas;
c) hematócrito; 10) Para minimizar o desconforto gástrico induzido
d) volume corpuscular médio. pelo metotrexato, pode-se empregar:
a) cimetidina;
4) A ulceração nas lesões de psoríase após o uso de b) ácido fólico;
metotrexato significa: c) ácido folínico;
a) ausência de resposta; d) metionina.
b) dose inadequada;
c) toxicidade pela droga; 11) A longo prazo, o efeito colateral mais grave e
d) alergia à droga. frequente do metotrexato é:
a) necrose cutânea;
5) Nas formas graves e resistentes de dermatite b) plaquetopenia;
atópica do adulto, sem complicações clínicas, o c) hepatotoxicidade;
melhor tratamento é: d) anemia megaloblástica.
a) hidrocortisona em curativo oclusivo;
b) prednisona na dose média de 40mg/dia; 12) Entre as afirmativas abaixo, assinale a única
c) ciclosporina, via oral, na dose de 3mg- opção incorreta:
5mg/kg/dia; a) gravidez e aleitamento são contraindicações
d) ciclofosfamida em pulso. para o tratamento com metotrexato;
b) os níveis de AST e ALT podem estar elevados
6) Qual o efeito colateral mais comum do quando o sangue é colhido um a dois dias após a
micofenolato mofetil? tomada do metotrexato;
a) mialgia; c) na monitorização do tratamento com
b) hipertensão; metotrexato, durante o primeiro mês, o
c) alteração gastrointestinal; hemograma deverá ser feito semanalmente;
d) anemia. d) em caso de mielotoxicidade aguda, deve-se
suspender o tratamento e aplicar imediatamente
7) Um paciente de 65 anos, obeso, alcoólatra, em heparina via parenteral.
tratamento para psoríase, chegou ao ambulatório
de dermatologia apresentando mucosite oral 13) O metotrexato é um análogo do:
grave, associada a lesões purpúricas nos a) ácido ascórbico;
membros inferiores. Relatava tratamento b) ácido nítrico;
irregular com medicação oral para psoríase. Os c) ácido nicotínico;
exames laboratoriais mostravam d) ácido fólico.
hipoalbuminemia, pancitopenia (anemia com
aumento do volume corpuscular médio). O 14) A avaliação da atividade da enzima tiopurina

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22 Bressan AL, Souto RS, Fontenelle E, Gripp AC

metiltransferase é válida previamente ao 20) Com relação ao micofenolato mofetil, é errado


emprego de qual imunossupressor? afirmar que:
a) ciclosporina; a) pode ser hepatotóxico e mielotóxico;
b) azatioprina; b) pode causar displasia neutrofílica;
c) metotrexato; c) quando surgem queixas do trato geniturinário,
d) ciclofosfamida. estas, em geral, pioram na manutenção do
tratamento;
15) Com relação à azatioprina, é correto afirmar: d) pode determinar o aparecimento de edema
a) é menos hepatotóxica que o micofenolato periférico.
sódico;
b) devem ser monitorados, durante seu uso,
hemograma e hepatograma, principalmente;
c) tem rápido início de ação;
d) age inibindo a calcineurina.

16) Para diminuir o risco de cistite hemorrágica


associada à ciclofosfamida, é importante:
a) fazer uso de grande quantidade de diuréticos;
b) diminuir ao máximo a hidratação, para evitar
concentração de urina na bexiga;
c) orientar hidratação generosa;
d) seguir com exames laboratoriais apenas na
vigência de queixas urinárias.
Gabarito
17) A ciclosporina tem como principal efeito Transtorno dismórfico corporal em dermatolo-
colateral: gia: diagnóstico, epidemiologia e aspectos
a) mielotoxicidade;
clínicos. 2009; 84(6):569-81.
b) ulceração de lesões de dermatite atópica;
c) hepatotoxicidade;
d) nefrotoxicidade. 1 d 11 d
2 d 12 d
18) Com relação à ciclosporina, é errado afirmar: 3 d 13 d
a) pode ser utilizada tranquilamente com a 4 b 14 d
prednisona, pois não tem interação 5 c 15 d
medicamentosa; 6 d 16 b
b) é interessante a dosagem da ciclosporinemia 7 a 17 a
sérica na vigência de importante alteração 8 d 18 d
laboratorial durante o tratamento; 9 b 19 b
c) pode causar hipertricose;
10 d 20 d
d) tem rápido início de ação.

19) Um paciente em uso de metotrexato por via oral,


AVISO
quando não apresenta resposta clínica adequada,
pode ser orientado da seguinte forma: Caros associados, para responder ao
a) aumentar a dose, até alcançar melhora clínica; questionário de EMC-D, por favor, acessem ao
b) administrar o medicamento imediatamente site dos Anais Brasileiros de Dermatologia. O
após as refeições; prazo para responder é de 60 dias a partir da
c) passar a administração para via parenteral; publicação online no link a seguir,
d) aumentar a ingestão de cafeína. www.anaisdedermatologia.org.br

An Bras Dermatol. 2010;85(1):9-22.

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