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I. EXÓTICO-EXOTISMO
No século XVI europeu, as séries de objetos que compunham as coleções dos
Cabinets de Couriosité recebiam as classificações herdadas da alta Idade Média.
Classificavam os objetos então como: exotica, mirabilia, naturalia, artificialia, e
scientifica. Era classificada como exotica, sobretudo, a parte das coleções composta
por objetos provindos de países ou domínios “estranhos”. A partir do século XVI, as
rotas marítimas abertas pelos portugueses davam passagem à circulação de objetos
raros. Em 1539, a nobreza indígena do México oferecia um mosaico de penas ao papa
Paulo III, o mesmo que, através da bula Sublimis Deus (1537), declarou-se contra a
escravidão dos índios na América 1. Em 1577, o galiciano Bernardino de Escalante
manifestava seu prazer diante dos objetos que encontrara nos armazéns de Lisboa
trazidos da China: “as camas, as mesas, os pratos, os escudos”, fabricados e pintados
com motivos vegetais, animais e aviários 2. Em Florença, os Médici curiosos e
abastados colecionavam objetos mexicanos: códex pintados e manuscritos, mosaicos
de turquesa, mitras decoradas com penas multicoloridas, objetos de jade e de
obsidiana 3. As peças denominadas pelos adjetivos indiano e moresco, especificando a
proveniência remota, eram rapidamente integradas à categoria mais geral dos
exotica. Na verdade, tratava-se de uma classificação fluida e ambivalente, visto que os
objetos poderiam referir-se às várias categorias simultaneamente 4. Contudo, no jogo
de espelhos que eram as culturas introjetadas pelas nações européias em suas
colônias americanas, como poderia ser compreendido e definido o “exotismo” da
época barroca — a partir da segunda metade do século XVII — nas conquistas
1 GRUZINSKI, Serge. Les quatre parties du monde: histoire d’une mondialisation. Paris : La Martinière,
2004, p. 45.
2 Idem, ibidem.
3 HEIKAMP, Detlef. Mexico and the Médici. Florence: Editrice Edam, 1972, p. 35, apud GRUZINSKI,
Serge. Les quatre parties du monde: histoire d’une mondialisation. Paris : La Martinière, 2004, p. 45.
4 O termo exótico indica tudo o que não é natural do país; associado ao adjetivo latino “ extraneu”,
ganha, por extensão, mais um sentido: “estrangeiro”. O caráter essencialmente político deste termo
emerge quando se desvelam os seus significados possíveis. Pela via da expressão negativa, o termo está
amalgamado às qualidades de: esquisito, excêntrico, esdrúxulo, extravagante. Neste caso, o sentido
pejorativo, a significação negativista mostra-se como atributo do que não está vinculado ao centro do
mundo — a Europa. Foi esta significação para o “exótico” que mais se difundiu no mundo europeu
durante o século XVI, por tratar-se de poderoso auxílio para a representação da identidade do Velho
Mundo. Uma identidade que se afirmou com a expansão marítima, a conquista e dominação das
sociedades americanas e a mimetização dos modos de vida e de pensamento europeus no continente
americano. O processo de “exotização” das culturas está entranhado no processo de ocidentalização
característico do Antigo Sistema Colonial. KEMP, Martin, “‘Wrought by no artist’s hand’: The natural,
the artificial, the exotic, and the scientific in some artifacts from the Renaissance”, FARAGO, Claire
(ed.). Reframing the Renaissance: Visual Culture in Europe and Latin America (1450-1650). New
Haven and London: Yale University Press, 1995, pp. 177-196; MASON, Peter. Infelicities:
representations of the exotic. Baltimore: The Johns Hopkins University Press, 1998.
2
Figueira, desenvolveu intensa atividade na corte de Madri, entre os anos 1637 e 1643,
para obter o apoio necessário à fixação dos padres jesuítas no Grão-Pará e Maranhão,
o que, de fato, não ocorreu antes da sua morte 5. Em junho de 1643 a missão do
Maranhão foi confiada ao padre Antônio Vieira, que, antes dessa tarefa, havia sido
confessor do rei de Portugal, João IV, e preceptor de Teodósio, o príncipe herdeiro.
Chegando ao Maranhão em 1653, Vieira usou toda a sua influência sobre o espírito do
rei e sobre sua rede de amigos na Corte portuguesa para fazer prevalecer os projetos
da Companhia de Jesus nas missões do Maranhão e Grão Pará.
Os documentos legais emitidos pela Coroa portuguesa com a intenção de
monopolizar o controle e a captura da mão-de-obra indígena na Amazônia durante os
séculos XVII e XVIII concederam à Companhia de Jesus um papel político relevante.
Coube aos superiores da missão do Maranhão a constante reivindicação da liberdade
para as sociedades indígenas escravizadas pelos portugueses. Bom exemplo disto é a
Provisão de 9 de abril de 1655. Neste documento, são apresentadas as condições
legais sob as quais poderiam ser capturados e escravizados os nativos que habitavam
a floresta. Os pontos abordados na lei confluíam para os interesses dos jesuítas. Isto
foi possível, porque o superior da missão, padre Antônio Vieira, obteve para a
Companhia — através de manobras na Corte de Lisboa — a exclusividade da ação
missionária jesuítica no Estado do Maranhão, como também obteve o direito de
controlar o repartimento dos índios livres das aldeias para trabalharem com os
moradores das fazendas e das cidades do Estado. A este bom resultado para a política
missionária dos jesuítas seguiram-se outros de igual importância ao longo do século
XVII e XVIII.
5 O padre Luiz Figueira morre na Ilha do Marajó, em 3 de julho de 1643 , durante o naufrágio do barco
em que vinha da Europa. Entre 1580 e 1640, o reino de Portugal foi governado pelos reis espanhóis da
dinastia dos Habsburgos. É o período que a historiografia portuguesa e espanhola convencionou
chamar de “união ibérica”.
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Logo ao chegar a São Luiz, depois de passados alguns dias, foi enviado com
Gaspar Misch a Belém do Pará. Chegando a Belém foram recebidos por Antônio
Vieira com um sermão: “Quidem enim illorum de longe venerunt” (BETTENDORFF,
1990: 155). Começou a partir daí as suas atividades como missionário: foi professor
de curumim (menino indígena) na povoação de São João de Mortigura durante
alguns meses. No rio Tapajós fixou sua residência e escreveu as gramáticas de duas
línguas: dos Tapajós e dos Urucucus. Neste período Bettendorff já sabia falar o
francês, o flamengo, o holandês e aprendeu o português depois, como também
diversas línguas indígenas. A partir de 1661, foi missionário por quatro anos em
diferentes rios do Grão-Pará. Foi nomeado duas vezes Superior da Missão do
Maranhão: a primeira vez exerceu o cargo entre os anos 1668 e 1674; a segunda vez
entre os anos 1690 e 1693.
Em 1668, antes de ser nomeado Superior da Missão, Bettendorff trabalhava no
Colégio Santo Alexandre, de Belém do Pará. Neste momento se tornam mais visíveis
as suas relações com as autoridades locais. Ele abriu uma classe de latim onde
ensinava os clássicos antigos aos dois filhos do Governador Antônio de Albuquerque
Coelho de Carvalho, Francisco e Antônio, e ao sobrinho do Capitão-Mor do Pará,
Paulo Martins Garro. (BETTENDORFF, 1990: 280). Bettendorff foi chamado em 1673
como Superior da Missão, para receber o novo governador do Estado, Pero Cesar de
Menezes, que chegava de Lisboa em São Luiz do Maranhão. Antes que o antigo
governador, Antonio de Albuquerque Coelho de Carvalho chegasse à praia com o
senado e a nobreza da cidade para receber o governador Menezes, Bettendorff se
precipitou e subiu a bordo do navio que trazia o governador para lhe dar as boas
vindas. Este último saiu de seu camarote e o levou para dentro, onde, segundo
Bettendorff, estiveram "conversando por algum tempo com toda a familiaridade".
(BETTENDORFF, 1990: 291).
Em 1680, sendo reitor do Colégio de Nossa Senhora da Luz na cidade de São
Luiz, capital do Maranhão, Bettendorff não conseguiu chegar a tempo para a recepção
do primeiro Bispo do Maranhão que vinha de Lisboa, Gregório dos Anjos. Na
ausência dos jesuítas, os franciscanos tomaram a iniciativa de buscarem eles mesmos
o Bispo que chegava. Antes que o barco de Gregório dos Anjos chegasse ao Porto da
cidade de São Luiz, os franciscanos foram buscá-lo no mar, o transportaram para o
seu próprio barco como sinal de acolhida e o levaram para o seu convento na cidade.
Bettendorff viu-se obrigado a ir à igreja dos franciscanos, onde Gregório dos Anjos
recebia as homenagens sentado em seu trono pontifical, diante do altar principal da
igreja, abençoando a todos os que vinham beijar o seu anel. Quando Bettendorff
aproximou-se para beijar o anel do novo Bispo, este último perguntou-lhe se era ele o
reitor do Colégio do Maranhão. Com a resposta positiva de Bettendorff, o bispo
Gregório pontificou:
"Lá no reino me diziam que a primeira pessoa que me havia de vir
receber era o padre reitor do Colégio com os mais padres da Companhia, mas
vossa paternidade nem ver-me veio ao navio." (Bettendorff, 1990: 327).
De imediato Bettendorff replicou amavelmente dizendo que o Bispo havia
preferido embarcar-se na canoa dos franciscanos e por esta razão ele não o havia visto
e nem o navio dos jesuítas; e para recuperar o tempo perdido, Bettendorff punha-se
9
aos seus pés juntamente com os outras demais padres. O Bispo se satisfez com a
resposta, porém Bettendorff não se contentou com ela e impôs a si mesmo o desafio
de conquistar os "bons olhos" do prelado.
Alguns dias antes da entrada oficial do Bispo Gregório na Sé episcopal,
Bettendorff enviou-lhe um cavalo com uma sela especialmente preparada para a
ocasião. Mandou construir um arco triunfal no meio do caminho por onde passaria o
Bispo em direção à Sé. Este arco ficou diante da Igreja dos jesuítas, luxuosamente
decorado com vinte "emblemas" pintados pelas mãos do próprio Bettendorff. Estes
emblemas eram acompanhados de descrições e explicações em forma de versos
heróicos que comentavam as maneiras de pescar os homens ou as almas para Deus;
maneiras que se expressam no ato da pregação episcopal. Estes versos heróicos
seriam recitados na rua e na Sé da cidade (BETTENDORFF, 1990: 327-328).
No primeiro dia de festa, a reação do prelado não se fez esperar. Após vestir-se
com sua mitra à cabeça, montou o cavalo enviado pelo jesuíta ajudado pelo irmão
Manoel Rodrigues. Seguiu cavalgando pelas ruas decoradas com adornos e folhagens,
detendo-se diante dos arcos triunfais, junto aos quais os moradores da cidade o
recebiam com músicas compostas pelos religiosos mercedários. Tudo era
acompanhado pelos "vivas" e aplausos do povo. Ao ver o arco do Colégio dos jesuítas,
o prelado "ficou todo pasmado" segundo as palavras de Bettendorff (BETTENDORFF,
1990: 328). Como se tudo isso não bastasse, ao fim de oito dias de festas pela chegada
do Bispo, as cerimônias se concluíram com um grande sermão em latim pregado por
Bettendorff na própria Igreja dos jesuítas de São Luiz dedicada a Nossa Senhora da
Luz, cujo tema eram "as qualidades da luz".
Sobre este sermão o jesuíta se prolonga num "modesto" comentário:
"Confesso que tive algum receiosinho de não poder ser tão corrente na
boa latinidade como algum dia fôra, [quando fui] cinco anos mestre em
Humanidades. Mas ajudando-me Deus no templo de sua Mãe Santíssima
Nossa Senhora da Luz, cujos louvores também fiz, achei-me logo desde o
princípio tão desembaraçado em o dizer, que não me fez abalo nenhum a
assistência do Padre Iodoco Peres e a do Padre Aluizio Pfeil, e outros nossos,
versadíssimos em latinidade. Nada de tudo isso relato para humanos. O
senhor bispo me pediu todos os emblemas pintados e escritos por minha
mão, para mandá-los para o reino de Portugal; seja tudo para maior honra de
Deus, e glória de sua Mãe Santíssima, a Virgem Senhora da Luz!"
(BETTENDORFF, 1990: 329).
A peça foi escrita pelo seminarista Aleixo Antônio, jesuíta natural do povoado
de Águeda (Portugal), e missionário no Maranhão desde 1726. Aleixo teria longa e
frutuosa carreira no Colégio Nossa Senhora da Luz, em São Luiz do Maranhão. O
Catálogo da Vice-Província do Maranhão de 1740 julga Aleixo como excelente em
humanidades, filosofia e teologia, mas não habilitado em língua brasílica. Tendo
chegado em 1726 ao Maranhão e quase vinte anos depois ainda inapto na língua local,
isto significava uma "vocação" toda dirigida para o Colégio da cidade, longe das
aldeias de índios e das aventuras da floresta. Tanto mais que
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On connaît bien les styles de ces représentations. Dans les Aldeias de Índios,
dans les villages d’Indiens, les jésuites donnaient des “Autos”, ou plus exactement des
dialogues, “Diálogos” comme on les appelait à l’époque. Dans les collèges, en plus des
autos, on donnait des “Comédias” et “Tragédias”. Le père Serafim Leite, l’historien de
la Compagnie de Jésus au Brésil, est l’auteur qui nous fournit la liste de ces
productions théâtrales6.
La langue des pièces et l’imposition du latin en 1584.
La langue dans laquelle furent écrites ces oeuvres a été en règle générale
déterminée par le public auquel elles s’adressaient. C’est ainsi que l’on trouve des
pièces du XVIe siècle écrites en portugais, en tupi, ou encore en castillan. Celles qui
ont été composées en latin apparaissent en plus grand nombre au cours du XVIIe
siècle.
A la fin du XVIe siècle, se produit un débat assez révélateur sur l’introduction
obligatoire de la langue latine dans les représentations théâtrales au Brésil. C’est un
débat que je n’ai pas le temps de présenter en profondeur et que je me contenteria
d’évoquer brièvement, car la question en vaut la peine. Les choses arrivèrent dans les
années 1584 quand le Visitador, Cristóvão de Gouveia, écrivit au père Aquaviva, le
général de la Compagnie de Jésus. Il lui demandait l’autorisation d’introduire le latin
dans des représentations pour lesquelles, en partie au moins, on conserverait le
portugais. Nous nous démandons quelle était la raison pour laquelle le Visitador
Cristóvão de Gouveia insistait sur l’usage de la langue portugaise? C’était surtout
parce que si les pièces étaient jouées en latin , les spectateurs ne pourraient pas les
comprendre. Cristóvão de Gouveia ajoutait à ses arguments le fait que jusqu’à cette
6 Padre Serafim Leite, “Introdução do Teatro no Brasil”, Separata da Revista Brotéria, vol. XXIV, fasc. 4, abril
de 1937.
11
époque-là les représentations avaient toujours étaient faites de cette manière, c’est-à-
dire en langue portugaise!7
La réponse du père Aquaviva fut digne de Salomon: le portugais serait la
langue des Diálogos, tandis que le latin servirait dans les tragédies et les comédies.
Les lieux des représentations
Entre 1557, date à laquelle le Père Manoel da Nóbrega, le premier Provincial do
Brasil, écrit un diálogo sur la Conversão do Gentio, et 1597, date de la mort de
Anchieta, les jésuites possédaient des collèges à Pernambuco, Bahia, Espírito Santo,
Rio de Janeiro, São Vicente et São Paulo. Ce qui veut dire que les jésuites étaient
installés auprès des principales agglomérations portugaises du Brésil de cette époque.
Or les pièces qui nous intéressent ici étaient généralement représentées dans les
grandes salles des études générales de ces collèges; d’autres fois elles étaient données
sur la place publique; et parfois aussi dans les réductions d’Indiens.
A l’intérieur de la production jésuite pour le théâtre, on trouve toujours des
modalités locales pour l’élaboration des personnages et de la scène. Des modalités
qui étaient systématiquement restructurées en fonction de la catechèse et des finalités
de l’évangélisation. Il faut rappeler que les autos jésuites ne furent certainement pas
les premiers à être représentés. Les entremeses étaient donnés dans les collèges
jésuites au XVIIe siècle comme on peut le constater dans une interdiction promulguée
en 1610.
Les artisans du théâtre colonial
Avec le développement et l’expansion du processus de colonisation portugaise
dans l’Etat du Grão-Pará e Maranhão au cours du XVIIe siècle, la production d’objets
a été prioritairement le fait des artisans indigènes et des esclaves noirs amenés
d’Afrique et que l’on trouvait surtout dans les bourgades (vilas) et les villes coloniales
du littoral. Mais c’est aussi au cours du XVIIe siècle que s’est établi et renforcé le
système des missions religieuses en Amazonie. C’était dans le cadre de ces missions
que se formaient les artisans indiens, noirs et métis qui étaient destinés à travailler à
la décoration des églises, des collèges et des propres missions.
Dans le Catalogue de 1718, du collège de Santo Alexandre, qui appartenait aux
jésuites de Belém do Pará, nous trouvons plusieurs noms d’artisans: parmi les
apprentis-maçons on rencontre un Indien nommé Matias, qui était un esclave de la
Fazenda de Gibrié et Caetano, un Indien de la Fazenda de Mamaiacú. A côte de ces
Indiens il y avait des esclaves africains comme Francisco Maçus,et le Noir sans doute
affranchi Manuel García; parmi les forgerons, on trouve les Indiens Casimiro et
Silvestre; parmi les charpentiers, on trouve un António Guaiapi, un Raimundo
Tupinambá et un Mandu Gregório; ce sont tous des Indiens à côté du cafuzo Mandu,
qui était un esclave de l’Engenho de Ibirajuba; parmi les sculpteurs, citons les
esclaves indigènes Manuel, Ângelo et Faustino, de la Fazenda de Gibrié; parmi les
tourneurs, citons António et Clemente, des esclaves indigènes de Gibrié; il y avait
aussi des tailleurs comme l’Indien Duarte, le Noir Francisco; il y avait également un
Noir bossu,nommé Antonio; tous étaient des esclaves de la Fazenda de Jaguari. Ces
dix-huit hommes travaillaient dans le collège des jésuites du Pará en 1718 8. Dans le
même catalogue, on rencontre aussi l’indication suivante: “En plus des artisans qui
travaillent habituellement dans le collège, les fazendas en possèdent d’autres qui
sont à leur service et dont les catalogues font mention: il s’agit principalement de
bûcherons et de fabricants de canots”9.
C’est surtout les Indiens qui furent décrits au XVIIIe siècle par le jésuite João
Daniel comme “des peintres, des sculpteurs, des forgerons et artisans de toute sorte
tout à fait remarquables”10.
Il y avait pourtant des obstacles qui empêchaient les jésuites de les conserver
sous leur direction car dès que les habitants des vilas ou les gouverneurs
connaissaient l’existence d’un Indien habile et doué, ils faisaient tout pour les attirer à
leur service. A tel point que le roi Jean V de Portugal a dû envoyer une lettre au
gouverneur du Pará, en date du 16 janvier 1727 et ordonner que “dans les Aldeias de
Índios il y ait toujours des Indiens qui soient forgerons, tisserands, charpentiers et
potiers, et que personne, quels que soient ses titres,ne puisse les en retirer sans un
ordre des jésuites”11.
Les artisans indigènes des missions étaient renommés pour leurs capacités de
reproduction des objets européens, ils déployaient une habileté qui était rarement
égalée par les artistes portugais. Le même jésuite João Daniel affirmait que les
Indiens “possédaient une telle imagination pour imiter n’importe quel objet qu’il
suffisait de leur montrer l’original ou une copie, et ils l’imitaient avec une telle
maîtrise que cela provoquait des situations équivoques puisque l’on ne savait plus
distinguer l’original de la copie”12.
Quand les jésuites voulaient réaliser quelque chose de raffiné, ils cherchaient
des artisans indigènes et métis comme ceux que nous venons de nommer au lieu de
s’adresser à des Portugais.
Este foi um ano particularmente importante para a igreja local de Belém e para
toda a Capitania, pois no dia 26 de julho deste mesmo ano chega à Belém, a capital do
Pará, o segundo bispo da diocese, Dom Frei Guilherme de São João. O novo bispo
toma posse do cargo no dia 10 de agosto e faz entrada solene na sua Catedral no dia 15
do mesmo mês. Uma catedral que havia sido Mas o bispo não era o único estrageiro a
se instalar na região.
8 Catálogo deste Colégio de Santo Alexandre [1718], Arquivo Provincial de Portugal, Pasta 177 (21).
9 Idem, ibidem.
10 João Daniel, Tesouro Descoberto no Máximo Rio Amazonas, Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro,
, p. 251.
11 Biblioteca de Évora, Cód. CXV/2-12, 142.
12 João Daniel, op. cit., p. 251.
13
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1992.
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BAZIN, Germain, L’Architecture religieuse baroque au Brésil, Paris, 1956, 2 vols.
BETTENDORFF, João Felipe, Crônica dos padres da Companhia de Jesus no Estado do
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DOMPNIER, Bernard, "Les jésuites et la devotion populaire. Autour des origines du
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Faculté des Lettres et Sciences Humaines de l'Université de Clermont-Ferrand II,
Nouvelle Série, Fascicule 25, 1987, pp. 295-308.
KEMP, Martin, “‘Wrought by No Artist’s Hand’: The Natural, the Artificial, the Exotic,
and the Scientific in Some Artifacts from the Renaissance”, In: FARAGO, Claire
(ed.), Reframing the Renaissance: Visual Culture in Europe and Latin America
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LEITE, Serafim, Suma Histórica da Companhia de Jesus no Brasil (Assistência de
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MELO JÚNIOR, Donato, “A velha Sé de Belém do Grão Pará. Alguns documentos
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arquiteto de Belém, Belém: Governo do Estado do Pará, 1973, pp. 11-30.
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14
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VIEIRA, António, Cartas, 2a. ed., coordenada e anotada por João Lúcio de Azevedo,
Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1997, vol. I.