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CONTROLE TECNOLÓGICO
E DE SUAS ESTRUTURAS 86
ABR-JUN
2017
ISSN 1809-7197
www.ibracon.org.br
IBRACON
Adote concretamente
a revista
CONCRETO & Construções
u sumário
seções
6 Editorial
7 Coluna Institucional REVISTA OFICIAL DO IBRACON PRESIDENTE DO COMITÊ
Revista de caráter científico, tecnoló- EDITORIAL
(Contour Crafting - http://www.contourcrafting.org/)
8 Converse com o IBRACON
(Contour Crafting - http://www.contourcrafting.org/) gico e informativo para o setor produ- à Guilherme Parsekian
24
(argamassas)
Controle tecnológico de concreto em obras à Gill Pereira à Hugo Rodrigues
gill@ellementto-arte.com (cimento e comunicação)
à Inês L. da Silva Battagin
30
à Íria Lícia Oliva Doniak
TIP – um novo método para verificação office@ibracon.org.br
(pré-fabricados)
de integridade de fundações de concreto GRÁFICA
à José Martins Laginha Neto
(projeto estrutural)
Ipsis Gráfica e Editora à José Tadeu Balbo
Preço: R$ 12,00 (pavimentação)
à Nelson Covas
37
à Paulo E. Fonseca de Campos
ABNT NBR 9062:2017 – Projeto e execução são de responsabilidade de seus
autores e não expressam, neces-
(arquitetura)
de estruturas de concreto pré-moldado sariamente, a opinião do Instituto.
à Paulo Helene
(concreto, reabilitação)
45
à Selmo Chapira Kuperman
ABNT NBR 16475:2017 – Painéis de parede © Copyright 2017 IBRACON (barragens)
de concreto pré-moldado Todos os direitos de reprodução COORDENADOR DA
reservados. Esta revista e suas SEÇÃO ESPECIAL
à César Daher (ensino)
partes não podem ser reproduzidas
nem copiadas, em nenhuma forma
INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO de impressão mecânica, eletrônica,
IBRACON
Rua Julieta Espírito Santo
ou qualquer outra, sem o consen- Pinheiro, 68 – CEP 05542-120
51
timento por escrito dos autores
ENDs para identificação de armaduras e editores.
Jardim Olímpia – São Paulo – SP
Tel. (11) 3735-0202
em elementos de concreto armado
66
Fundado em 1972 Bernardo Tutikian
Muito além do controle tecnológico convencional Declarado de Utilidade Pública
do concreto Estadual | Lei 2538 de 11/11/1980
Declarado de Utilidade Pública
DIRETORA TÉCNICA
Inês Laranjeira
Federal | Decreto 86871 de da Silva Battagin
25/01/1982
DIRETOR DE RELAÇÕES
DIRETOR PRESIDENTE INSTITUCIONAIS
Julio Timerman Paulo Helene
DIRETOR 1º VICE-PRESIDENTE DIRETOR DE PUBLICAÇÕES
Túlio Nogueira Bittencourt
E DIVULGAÇÃO TÉCNICA
PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DIRETOR 2º VICE-PRESIDENTE
Eduardo Barros Millen
76
Luiz Prado Vieira Junior
ENDs para caracterização de lajes alveolares DIRETOR DE PESQUISA
E DESENVOLVIMENTO
pré-fabricadas DIRETOR 1º SECRETÁRIO
Leandro Mouta Trautwein
Antonio D. de Figueiredo
DIRETOR 1º TESOUREIRO
DIRETOR DE CURSOS
Enio José Pazini Figueiredo
DIRETOR DE CERTIFICAÇÃO
90
DE MÃO DE OBRA
Aditivos especiais para concretos de parede Claudio Sbrighi Neto
Gilberto Antônio Giuzio
DIRETOR 2º TESOUREIRO
Nelson Covas DIRETORA DE ATIVIDADES
ESTUDANTIS
DIRETORA DE MARKETING Jéssika Pacheco
O futuro do concreto:
investindo nos estudantes
Caro leitor,
F
rente às atuais circunstâncias que estamos 59° Congresso Brasi-
enfrentando em nossa atividade profissional leiro do Concreto.
e à instabilidade do mercado brasileiro em Completando o desa-
geral, sinto-me honrada em principiar esta fio dos concursos, este
edição da Revista Concreto & Construções, ano teremos a primeira
visto que em minhas mãos está a nobre responsabilida- edição do “Concreto:
de de incentivar de maneira positiva e otimista aqueles quem sabe faz ao vivo”, competição que envolverá a do-
que poderão nos conduzir a um cenário mais favorável: sagem in loco de concretos autoadensáveis coesos, com
os nossos futuros engenheiros. o menor consumo de cimento possível, que apresentem
São eles que hoje vibram nas Arenas dos Congressos a maior resistência à compressão em 24h.
Brasileiros do Concreto, de onde estão extraindo parte
Este incentivo pela busca por soluções mais eficientes e
da experiência necessária para fortalecer o patamar de
inovadoras contagia os alunos participantes que, mesmo
qualidade e referência tecnológica da engenharia bra-
quando finalizam a graduação, continuam participando
sileira. E este ano, como não poderia ser diferente, o
através da orientação de novos alunos de sua institui-
IBRACON traz a esses alunos desafios atraentes e in-
ção para as próximas competições. É comum termos
teressantes em mais uma edição de seus consagrados
conhecimento de depoimentos desses ex-alunos de que
Concursos Estudantis.
a participação nos concursos estudantis lhes proporcio-
No tradicional concurso Aparato de Proteção ao Ovo
nou um aprendizado essencial na área da tecnologia do
(APO), foi adicionada a avaliação da perda de massa após
concreto e de seu adequado controle, tanto no mundo
a realização dos ensaios dinâmicos, dando maior impor-
acadêmico como no mundo profissional, auxiliando numa
tância à resiliência dos pórticos de concreto armado.
formação sólida, com conhecimento amplo em diversos
Por sua vez, o CONCREBOL, o mais brasileiro de todos
tipos de concretos especiais.
os concursos, traz o desafio da análise da melhor relação
Nota-se que a ideia dos nossos concursos está direta-
entre massa específica e a resistência à compressão da
mente relacionada com um apropriado controle tecnoló-
esfera de concreto, que demandará uma escolha refinada
gico do concreto, tema principal desta edição, que conta
do traço a ser empregado.
Trazendo cor e beleza ao congresso, o concurso Con- com artigos redigidos por profissionais de referência nes-
creto Colorido de Alta Resistência (COCAR) visa testar ta área e a entrevista do renomado Eng. Roberto Bauer,
neste ano a habilidade dos competidores na preparação além de outros artigos que corroboram a multidisciplina-
Estimulando as atividades interdisciplinares, a atual investindo nas atividades estudantis, estamos num dos
edição do Concurso OUSADIA propõe a concepção caminhos certos para mudarmos a dura conjuntura de
de um projeto básico de uma obra de arte especial nosso país. Boa Leitura!
em concreto, que garanta a acessibilidade da Rua
Santo Antônio à Rua Francisco Luiz Bertolini, localiza- JÉSSIKA PACHECO
das na cidade de Bento Gonçalves/RS, que sediará o Diretora de Atividades Estudantis
6 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 CONCRETO & Construções | 6
u coluna institucional
E
sta edição da Revista está concreto. O Programa MasterPec é um
dedicada à qualidade e ao curso de educação continuada em Pro-
controle da qualidade das dução de Estruturas de Concreto, que
estruturas de concreto, objetiva o desenvolvimento e a difusão
tema que sempre suscita do conhecimento atual em projeto, ma-
muito interesse e preocupação por par- teriais, controle, produção, inspeção,
te de todos os agentes envolvidos com diagnóstico, aplicações, proteção e
a construção civil, uma vez que o con- reabilitação de estruturas de concreto.
creto é o material estrutural mais em- Neste ano o Instituto oferecerá mais de
pregado no Brasil e no mundo. 160 horas de cursos vinculados ao Pro-
Em uma visão atual e holística, a qua- grama MasterPec, quase todos com o
lidade das estruturas de concreto é protagonismo do Instituto e outros em
obtida quando almejada desde o plane- conjunto com Instituições parceiras, os
jamento da edificação, passando pelas quais podem ser vistos no site do IBRA-
especificações das fases de projeto, CON (www.ibracon.org.br).
seleção dos insumos e fabricação do Outra importante ação do IBRACON ini-
concreto, execução das estruturas de ciada neste ano e com forte aderência à
concreto e, finalmente, a fase mais ex- última e mais extensa fase do processo
tensa que está relacionada ao seu uso e manutenção. Também construtivo, a fase de uso e manutenção, foi o lançamento do
nessa visão, é importante salientar para a sociedade, clientes e Curso de Inspetor I de Estruturas de Concreto, realizado em São
usuários que o custo das estruturas de concreto não é igual ao Paulo, nos dias 31 de março e 1, 7 e 8 de abril. O curso teve o
valor aplicado para erguê-la, mas sim o custo para erguê-la mais objetivo de apresentar e discutir conteúdos relativos à formação
o custo para mantê-la ao longo da sua vida útil. Pela conhecida de Inspetores I de Estruturas de Concreto, segundo a recen-
Lei dos Cinco ou Lei de Sitter, também sabemos que o custo temente publicada norma ABNT NBR 16230:2013. Além dos
para recuperar ou reforçar estruturas de concreto que apresen- temas teóricos apresentados em sala, o curso incluiu uma visita
tam problemas oriundos de falhas de projeto pode ser até 125 técnica a duas pontes na cidade de São Paulo. Ministraram esse
vezes maior que o custo para produzir uma melhor especifica- curso os engenheiros Julio Timerman, Paulo Helene, Alexandre
ção e detalhamentos das estruturas, na fase de projeto, evitando Beltrame, Gilberto Giuzio e Enio Pazini Figueiredo. O curso foi
o aparecimento de futuras manifestações patológicas. Portanto, um sucesso e muito bem avaliado pelos profissionais participan-
fica evidente a importância da fase de projeto para diminuir o tes, todos oriundos de importantes escritórios e empresas de
custo das estruturas de concreto ao longo da sua vida útil, mas engenharia nacionais. O Instituto está planejando a realização de
também mostra que a fase de manutenção, por ser onerosa e outros cursos de Inspetor I e o lançamento do Curso de Inspetor II,
complexa, deve ser revista com muito zelo técnico. inclusive em outras regiões do país, uma vez que é crescente a
O Estatuto do IBRACON deixa evidente no seu Capítulo II, Art. 3º demanda por profissionais qualificados para inspecionar estrutu-
e parágrafo único, que o Instituto tem como objetivo proporcio- ras de concreto, principalmente as obras de arte.
nar aos estudantes, profissionais e demais intervenientes da ca- Esta edição, dedicada ao controle e garantia da qualidade das
deia produtiva do concreto, nas áreas de planejamento, projeto, estruturas de concreto, evidencia a constante preocupação do
materiais, execução e manutenção, maiores conhecimentos por IBRACON com o desenvolvimento científico e tecnológico e com
meio de cursos, eventos, publicações, certificações de pessoal, a disseminação das boas práticas para projetar, executar e man-
reuniões tecno-científicas, bem como pela valorização e incenti- ter as estruturas de concreto, tão importantes para a qualidade
vos às investigações e pesquisas científicas e tecnológicas e sua de vida da sociedade.
respectiva divulgação.
Com esse propósito o IBRACON realiza uma série de atividades ENIO JOSÉ PAZINI FIGUEIREDO
que contribuem para o desenvolvimento da cadeia produtiva do Diretor de Cursos do IBRACON
PERGUNTAS TÉCNICAS A resistividade pode ser medida por resultados individuais. Na sequên-
meio de quatro técnicas: Método cia, o Item diz que o valor da média
Qual seria a forma de calcular os do eletrodo externo, Método dos deve estar associado à temperatura
resultados no ensaio de resistividade dois eletrodos, Método dos quatro e à “umidade relativa média do am-
elétrica volumétrica (NBR 9204)? Na eletrodos ou Método de Wenner, biente nas imediações do corpo de
norma é solicitado que sejam feitos dois e o Método da resistividade elétri- prova”. No caso, tem-se duas umi-
grupos de corpos de prova , um fica em ca volumétrica. Os três primeiros dades nas imediações dos corpos de
cura ambiente e outro em cura úmi - métodos dizem respeito a resistivi- prova avaliados, sendo uma relativa
da . Calculamos a média dos 6 corpos dade superficial do concreto e es- às condições da câmara úmida e a
de prova , independentemente da cura , tão relacionados com a qualidade e outra relativa à umidade do laborató-
ou tiramos a média dos 3 corpos de umidade superficial do concreto de rio (mais seca). Portanto, o relatório
prova em cura úmida e cura ambiente cobrimento da armadura. Os resul- final deve conter para a idade de 28
separadamente ? tados destes métodos contribuem dias duas médias aritméticas, sendo
para avaliação do risco de corrosão uma relativa aos três corpos de pro-
A pergunta da técnica tem rela- que a armadura pode estar sujeita, va estocados em câmara úmida e a
ção com a qualidade e o controle caso o concreto se carbonate ou outra média relativa aos três corpos
da qualidade do concreto, temas caso os cloretos atinjam a armadura de prova estocados em ambiente de
abordados na presente edição da na forma livre. O Método de Wenner laboratório. Como o Item 6.1.3 da
revista CONCRETO & Construção. é o mais empregado par avaliar a norma reforça dizendo que as deter-
propriedade que vem ganhando to. O quarto método, que trata da trica devem ser feitas nas idades de
de das estruturas de concreto, de pergunta, é o único que possui nor- to deve ser adotado na idade de 90
tal forma que algumas obras im- ma brasileira relativa ao concreto. A dias, ou seja, determinar mais duas
portantes incluíram a resistividade ABNT NBR 9204 (2012) – Concreto médias para as duas condições de
como requisito de desempenho endurecido: determinação da resis- estocagem. Cabe ressaltar que, no
e como parâmetro de controle da tividade elétrico-volumétrica – Méto- cálculo de cada uma das quatro mé-
qualidade de recepção do concre- do de ensaio, preconiza o método dias, os valores individuais que se
to. Existem duas regiões caracte- que diz respeito a resistividade das afastarem em mais de 10% da mé-
rísticas num elemento de concreto, camadas internas do concreto, re- dia devem ser desprezados e não in-
as quais possuem valores de re- presentando, portanto, uma carac- cluídos no cálculo da nova média de
região mais superficial, sujeita a A resposta específica à pergunta en- Mas por que obter a resistividade
ciclos de molhagem e secagem, contra-se no Item 8.3, que trata da em condições tão distintas de umi-
onde se mede a resistividade elétri- expressão dos resultados. O referido dade? A norma técnica da SABESP
ca superficial do concreto, e outra Item diz que a resistividade elétrica- NTS 162, por exemplo, diz que “a
região mais interna, onde a umida- -volumétrica do concreto é expres- critério da fiscalização pode ser exi-
de é mais estável, na qual se mede sa, nas respectivas idades (28 dias gida a determinação da resistividade
a resistividade elétrica volumétrica. e 90 dias), pela média aritmética dos elétrica-volumétrica potencial, para
ter esclarecido outras questões rela- Não há limite de pavimentos em normas COMITÊ EDITORIAL
Desconstruindo o projeto
estrutural de edifícios
E mbora o projeto estrutural con-
tenha centenas de imagens,
muitas vezes a informação contida
com o mínimo possível de falhas.
Com mais de 100 ilustrações, o
livro apresenta de forma prática e
nas plantas, nos cortes e nos de- didática o projeto de concreto ar-
talhes não é perfeitamente assimi- mado e protendido, seguindo, nos
lada pelos profissionais responsá- capítulos, a sequência em que a
veis pela execução da estrutura de obra é executada, iniciando pela
concreto armado ou protendido. locação dos pilares e passando
Desconstruindo o projeto estrutu- pelo detalhamento de fundações,
ral de edifícios, de autoria do en- pilares, cintamento, escada, forma,
genheiro José Sérgio dos Santos, armadura de lajes, armadura de vi-
tem por objetivo ajudar esses pro- gas e protensão.
fissionais a fazer a leitura correta
dos projetos que têm em mãos, Mais informações:
à
de modo que a execução seja feita www.ofitexto.com.br
Carga
Curso Instrutores Data Local Realizador
horária
Intensivo de Tecnologia Básica Rubens Curti e
18 a 20 de julho 18 horas Sede da ABCP ABCP
do Concreto Flávio André da Cunha Munhoz
Esclarecendo Reparos e Reabilitações em Paulo Helene, Carlos Britez e Av. Paulista, 509, PhD, IDD,
25 de julho 15 horas
Estruturas de Concreto Jéssika Pacheco 13° andar IBRACON
Reforço de Estruturas de Concreto Paulo Helene, Carlos Britez e Av. Paulista, 509, PhD, IDD,
22 de agosto 15 horas
– Soluções Inovadoras Douglas Couto 13° andar IBRACON
Auditório da
Faculdade de
Diagnóstico e Reabilitação de Estruturas Eliana Monteiro, Enio Pazini IBRACON
31 de agosto 4 horas Ciências da
de Concreto Figueiredo e Paulo Helene Regional
Administração de
Pernambuco/ UPE
Execução de Estruturas de Concreto – Paulo Helene, Carlos Britez e Av. Paulista, 509, PhD, IDD,
3 de outubro 15 horas
Engenhosidades e Soluções Jéssika Pacheco 13° andar IBRACON
Curso RILEM/IBRACON sobre
Marco di Prisco, Thomaz Buttig- 31 de outubro e Fundaparque,
Especificações de Projeto em Concreto 12 horas IBRACON
nol, Barzin Mobasher 1º de novembro Bento Gonçalves, RS
Reforçado com Fibras
Fundaparque, Bento
Curso sobre Pré-fabricados Iria Doniak 1º de novembro 4 horas IBRACON
Gonçalves, RS
Dimensionamento de Vigas Isostáticas Fundaparque,
Fábio Albino 2 de novembro 8 horas IBRACON
protendidas Bento Gonçalves, RS
Fundaparque, Bento
Artefatos de Concreto Vibroprensado Idário Fernandes 3 de novembro 4 horas IBRACON
Gonçalves, RS
12 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
u personalidade entrevistada
Roberto José
Falcão Bauer
F
ilho do engenheiro Luiz Alfredo
Falcão Bauer, fundador do centro
tecnológico de controle da
qualidade homônimo, Roberto
José Falcão Bauer, engenheiro
civil formado em 1975 pela Escola
de Engenharia de Taubaté, foi ser residente das
várias obras nas quais o laboratório prestava
serviços de controle tecnológico do concreto.
O motivo, segundo ele nos informa nesta
entrevista, era adquirir conhecimento técnico e
aprender a trabalhar em equipe.
Foi membro da Diretoria do Comitê Brasileiro de Construção Civil (Cobracon) e do Comitê Brasileiro da Construção da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (CB-02/ABNT), sendo atualmente membro do Conselho Deliberativo do Serviço
Social da Construção Civil de São Paulo (Seconci-SP) e do Conselho Consultivo do Sindicato da Indústria da Construção Civil
de São Paulo (Sinduscon-SP), entre outras entidades.
Diretor técnico do Grupo Falcão Bauer até 2016, Roberto, hoje sócio do Grupo, foi agraciado com o Prêmio Luiz Alfredo Falcão
Bauer de 2005, concedido ao destaque do ano em engenharia no campo de pesquisas do concreto e materiais constituintes.
IBRACON – Não poderíamos começar devido às suas iniciativas com relação das obras e ter o primeiro laboratório
esta entrevista sem lhe perguntar sobre ao controle tecnológico do concreto, do país com ensaios acreditados pelo
“
O DR. BAUER NÃO PERMITIU QUE, APÓS A CONCLUSÃO DO CURSO
“
SUPERIOR, EU FICASSE NA ‘ZONA DE CONFORTO’, MAS QUE ADQUIRISSE
CONHECIMENTO E CONVIVESSE COM PESSOAS ESPECIAIS, PARA CRIAR
MEU PRÓPRIO ESPAÇO NA CARREIRA PROFISSIONAL
“
QUE VISA O REGISTRO E A GARANTIA DA CONFORMIDADE
OU FATOS NÃO CONFORMES E AÇÕES CORRETIVAS DOS
CONCRETOS PRODUZIDOS E APLICADOS NAS OBRAS
PROJETO
u Verificação e análise das Ensaio de abatimento do concreto
u Verificação periódica dos endurecido, conforme plano de é pouco realizado, já que é uma
de manutenção e operação de acordo com a NBR 12655 estruturas? Por ser pouco solicitado,
dos equipamentos de mistura, e especificações de projeto; seria essa uma razão de em várias
transporte, lançamento e interpretação dos resultados regiões do país não haver nenhum
adensamento, bem como dos obtidos nos ensaios; eventual laboratório que faça esse tipo de
métodos de cura quanto à sua correção ou modificação das ensaio? O que fazer para tornar esse
eficiência; recomendações iniciais, em face ensaio mais comum?
u Cuidados requeridos pelo processo da constatação de variações Roberto José Falcão Bauer – Minha
construtivo e pela retirada do das características dos materiais primeira experiência com especificações
escoramento, levando em empregados, dos equipamentos de módulo de elasticidade foi em
consideração as peculiaridades dos e da eventual necessidade de 1977, no Metrô de São Paulo, no
materiais (em particular do cimento) correção da avaliação inicial estudo de dosagem do concreto a ser
feita sobre o aplicado nas vigas pré-moldadas do
comportamento elevado entre as estações da Praça da
da obra; Sé e do Parque Dom Pedro.
u Fornecimento O projeto estrutural especificava
de consulta aos valores de resistência característica à
interessados no compressão e módulo de elasticidade
que diz respeito do concreto, sendo este último com
aos métodos base na equação teórica (modelo de
construtivos; previsão), constante da norma ABNT
u Fornecimento NBR 6118 em vigor na época
de instruções e (E = 21.000 x
2
fck em kgf/cm²).
acompanhamento Os parâmetros eram fck ≥ 230 kgf/
dos serviços cm², relação a/c ≤ 0,56 e módulo de
“
O VALOR ESPECIFICADO DO MÓDULO DE ELASTICIDADE
“
ERA SUPERESTIMADO. PROVAVELMENTE A EQUAÇÃO
FORA OBTIDA COM BASE EM RESULTADOS DE ENSAIOS
DE CONCRETO MASSA, USUAIS EM BARRAGENS
“
RECEBE, ALÉM DE TREINAMENTOS EM CURSOS, AVALIAÇÃO
DAS RESPECTIVAS ATIVIDADES, TREINAMENTO EM RELAÇÃO À
SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO, AO USO DE EPIs, ETC.
“
A QUALIDADE É OBTIDA POR QUEM FAZ O TRABALHO
“
E NÃO POR QUEM CONTROLA; QUEM CONTROLA
MONITORA, DOCUMENTA E REGISTRA A QUALIDADE
OU FALTA DE QUALIDADE DAS ATIVIDADES
“
QUAIS APENAS 9 TÊM ACREDITAÇÃO DE
ENSAIOS RELACIONADOS A CONTROLE
TECNOLÓGICO DO CONCRETO
“
OS ENSAIOS INTERLABORATORIAIS SÃO COMPARAÇÕES DE
“
RESULTADOS ENTRE LABORATÓRIOS COM A FINALIDADE DE
GARANTIR SUA QUALIDADE, PELA ANÁLISE DA DISPERSÃO
DOS RESULTADOS DE AMOSTRAS ENSAIADAS
“
HARMONIZAÇÃO DE PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO
TÉCNICA DOS PRODUTOS, CONSIDERANDO ASPECTOS
IMPORTANTES DO USO PROPRIAMENTE DITO
desses corpos de
Período de janeiro até 15 de junho
prova? de 2015
Roberto José N° de % de
Falcão Bauer – fck corpos de exemplares
(MPa) prova com
Nos controles
ensaios fcj ˂ fck
efetuados pela
20/25/30
L.A. Falcão 59.206 1,5% a 4,0%
35/40
Bauer, durante 45 1.900 5,0%
vários meses nos 50 1.084 6,0%
Ensaio de compressão de prisma de bloco de concreto
últimos anos,
constatamos, com
específico da indústria de estruturas relação aos resultados de resistência que em 70% dos casos os resultados
pré-fabricadas de concreto. à compressão de corpos de prova obtidos confirmaram os resultados
ensaiados, que as porcentagens de obtidos nos corpos de prova moldados
IBRACON – Considerando a expertise exemplares com fcj < fck variaram (7 em cada 10 amostras).
dos laboratórios da Falcão Bauer, qual entre 1,5% e 6,0% (Quadro 4). A distribuição normal ou de Gauss é
é sua posição sobre os concretos não Mediante rastreabilidade (pelo um modelo estatístico que representa
conformes? Suas causas estão na falta mapeamento quando do lançamento de maneira satisfatória a distribuição
de controle de qualidade na produção do concreto ou por ensaios não das resistências à compressão do
destrutivos) concreto (fenômeno físico e real).
das betonadas O valor de resistência à compressão
Curva de Gauss de concreto que apresenta uma probabilidade
correspondentes de 5% de não ser alcançado é
aos exemplares denominado resistência característica
Densidade de Frequência ou
Densidade de Probabilidade
“
O VALOR DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO QUE APRESENTA
“
UMA PROBABILIDADE DE 5% DE NÃO SER ALCANÇADO
É DENOMINADO RESISTÊNCIA CARACTERÍSTICA DO
CONCRETO À COMPRESSÃO (FCK)
“
DE RECEBERMOS DE CADA
20 BETONADAS UMA COM
RESULTADO INFERIOR AO FCK
característica à compressão de 50 IBRACON – Qual é sua avaliação do com seus ensaios ou parte deles
MPa, ocorreu a aceitação de uma Programa de Certificação de Pessoal submetidos à avaliação e acreditados
betonada com fcj inferior ao fck em do IBRACON, voltado para qualificação pela coordenação Geral de Acreditação
cada dezoito betonadas. dos profissionais dos laboratórios de do Inmetro (CGCRE), e participando da
Provavelmente, alguns fatores controle tecnológico do concreto? Os RBLE( Rede Brasileira de Laboratórios
contribuíram para a não conformidade laboratórios da Falcão Bauer têm seus de Ensaios), do Inmetro.
do concreto, tais como: profissionais certificados? Os laboratórios da L.A. Falcão Bauer
u Deficiência de controle de qualidade Roberto José Falcão Bauer – Todo atendem aos requisitos da ABNT/ISO
na produção do concreto (pesagem programa de certificação, seja de IEC 17025 e têm inúmeros ensaios
dos materiais constituintes, qualificação de pessoal, seja de acreditados, que constam do escopo
variação considerável da laboratório, é importante. da acreditação emitido pela CGCRE.
granulometria do agregado miúdo, Há décadas sabemos que a qualidade
teor de material pulverulento nos é obtida levando-se em consideração IBRACON – Quais seus hobbies?
agregados); os seis “M’s”: material, mão de obra, Roberto José Falcão Bauer – As
u Deficiência de homogeneidade do medição, máquina (equipamentos), atividades que pratico com muito
concreto no caminhão betoneira; método (especificações, prazer são dar aulas no curso de
u Deficiência nos ensaios dos corpos procedimentos), meio ambiente, e não Tecnologia do Concreto para mestres
de prova (decorrente da moldagem, somente um dos “M’s”. de obras e encarregados, em convênio
cura, desforma e transporte até Porém a qualidade só pode ser com o SENAI, em nosso laboratório, e
o laboratório, ou da realização do implantada na organização por decisão na Universidade de Taubaté – UNITAU,
ensaio de compressão dos corpos do presidente da empresa no curso de engenharia civil, na
de prova). (e eventuais sócios) e com o seu total cadeira de materiais de construção
Concluindo, sempre há a probabilidade comprometimento e apoio sincero para desde 1977. E sempre que possível,
de recebermos de cada 20 betonadas envolver toda sua organização nessa passar o fim de semana no sítio.
01 com resultado inferior ao fck. forma de gestão.
Portanto, devemos estar sempre A filosofia dos
atentos, pois existe a probabilidade de seis M’s e o total
que aquela betonada não conforme comprometimento
corresponda a 100% do volume e apoio do
de concreto aplicado nos pilares presidente são
do edifício em execução ou outro fatores vitais para
elemento estrutural. que os laboratórios
Daí a necessidade, quando da tomada atendam aos
de conhecimento do projeto estrutural requisitos da
e das especificações técnicas, de ABNT/ISO IEC
estabelecer os critérios de formação 17025, e sejam
de lotes e amostragem, conforme devidamente
Norma NBR 12655, e proceder a acreditados
análise dos ensaios realizados. pelo mercado, Ensaio de penetração de água em concreto
Controle tecnológico do
concreto em obras
PAULO FERNANDO A. SILVA – Diretor Técnico-Comercial
Concremat Engenharia
Empresa do Grupo China Communications Construction
1. INTRODUÇÃO técnico, o que implicou uma desvalo- lhoria na qualidade da obra. É sabido
O
presente artigo tem por fi- rização de uma das mais importantes da importância da equipe de produção,
nalidade detalhar a ativida- atividades da construção. Essa postura mas a equipe da qualidade contribui
de de Controle Tecnológico tem trazido muitos prejuízos às empre- muito para o bom desempenho do em-
de Materiais, seus benefícios para o sas construtoras, pela necessidade de preendimento, apesar de nem sempre
empreendimento em construção (edifi- retrabalho, e aos usuários, pois, às ve- ser valorizada. Eu diria que a qualidade
cações, pontes, viadutos, metrô, obras zes, recebem empreendimentos sem a da obra depende mais do Gerente da
de saneamento, etc.) e, por fim, apre- qualidade que esperavam ou que com- Obra do que da empresa executante,
sentar casos reais de problemas ocor- praram. Muitas vezes, o que tem sido pois é este profissional que dá as dire-
ridos em controle de obra. Os serviços observado em obra é a elaboração de trizes da obra.
de Controle Tecnológico ao longo dos bonitos gráficos de pizza e relatórios A norma brasileira que atualmente
anos têm sido tratados como apenas sem qualquer fundamentação teórica, trata do Preparo, Controle, Recebimen-
moldagem e ruptura de corpos de pro- aliado a um “excessivo volume de pa- to e Aceitação do Concreto de Cimento
va, por total desconhecimento do meio pel”, mas que não trazem qualquer me- Portland é a ABNT NBR 12655:2015,
que substituiu a versão de 2006 desse
mesmo documento e também a ABNT
NBR 12654:1992 (Controle tecnológico
de materiais componentes do concreto).
A ABNT NBR 12655: 2015 estabelece
que o Controle Tecnológico dos mate-
riais componentes do concreto deve ser
realizado de acordo com as respectivas
Normas Brasileiras específicas.
Segundo a ABNT NBR 12655 o
proprietário da obra e o responsável
técnico por ele designado devem ga-
rantir o cumprimento desta norma, e
manter a documentação que compro-
ve a qualidade do concreto, conforme
estabelecido no subitem 4.4. O profis-
sional responsável pela execução da
obra, bem como o proprietário da obra
e o responsável técnico pela obra têm
u Figura 1
como uma de suas responsabilidades
Concentração de carga em uma pequena área do cp
o recebimento e aceitação do concreto.
DURABILIDADE
DO CONCRETO
à Editores Jean-Pierre Ollivier e Angélique Vichot
Patrocínio
A
Perfilagem Térmica de In- saio de integridade de estacas têm de concreto competente (ex. estrei-
tegridade, conhecida pela limites na avaliação de toda a seção tamentos, inclusões ou baixo con-
sigla de seu nome em in- transversal ou comprimento (por teúdo de cimento) é registrada por
glês – TIP (Thermal Integrity Profiler exemplo, o cross-hole só é capaz de regiões relativamente frias. Já a pre-
– Mullins, 2010), usa a temperatura avaliar a parte interna da armadura, sença de concreto extra (ex. alar-
gerada pela cura do cimento (energia o PIT tem limitações de comprimen- gamentos por excesso de derrama-
de hidratação) para avaliar a qualida- to, etc.), as medições do TIP avaliam mento de concreto em camadas de
de de fundações de concreto mol- a qualidade de todas as porções da solo mole) é registrada por regiões
dadas in loco (estacas escavadas, seção transversal ao longo de todo relativamente quentes.
hélice contínua ou raiz). Enquanto o comprimento. Portanto, anomalias tanto dentro
como fora da armadura de reforço
perturbam o registro de temperatu-
ra na região da anomalia, com efeito
progressivamente menor com o au-
mento da distância.
A temperatura do fuste depende
do diâmetro do elemento de funda-
ção, do traço do concreto e do tem-
po decorrido entre a concretagem e
a medição.
Como a distribuição de tempera-
tura em relação à distância do centro
do fuste é em forma de sino, como
mostra a Figura 1, as medições de
temperatura são sensíveis à excen-
tricidade da armadura, assim como
ao seu recobrimento. Uma armadura
ligeiramente mais perto do solo em
um lado da escavação exibe tem-
u Figura 1
peraturas mais baixas que a média,
Distribuição de temperatura em uma seção da estaca
ao passo que uma armadura mais
CONCLUSÕES
O TIP avalia a integridade de esta-
cas de concreto moldadas in loco, a
partir da medição da temperatura de
cura do concreto ao longo do fuste. O
método já é rotineiramente usado em
estacas escavadas e hélice contínua, e
também já foi utilizado em estacas raiz.
Ao contrário do ensaio de integri-
dade de baixa deformação (PIT), o
TIP não é afetado por formatos não
uniformes, consegue detectar danos
perto do topo e da ponta da estaca,
e não tem limitação de comprimento.
Ao contrário do ensaio Cross-
-hole (CSL), o TIP é capaz de ava-
liar a totalidade da área de seção, e
não só a parte interior da armadura.
Além disso, o TIP consegue detectar
excentricidade da armadura e medir
o recobrimento de concreto, o que
u Figura 8 nenhum outro método é capaz.
Gráfico de Temperatura (em °Fahrenheit ) vs. Profundidade (Depth – em O ensaio TIP pode ser feito atra-
pés) de um fuste com defeitos deixados de propósito (setas vermelhas) vés de cabo térmico ou de sonda
e armadura descentralizada (seta azul). A linha preta é a média das
térmica. Em ambos os casos, o en-
temperaturas dos cabos térmicos individuais
saio é completado e consegue for-
necer dados preliminares entre 8 e
mais próximos da interface estaca- devido ao calor irradiando também do 24 horas após a concretagem.
-solo, e apresentam temperaturas topo e da ponta da estaca. O “roll-off” O ensaio TIP exige a instalação
mais baixas que a média. A tempera- em estacas uniformes segue uma de tubos ou cabos térmicos antes da
tura perto do topo e da ponta mostra curva de tangente hiperbólica, que o concretagem, ou seja, exige planeja-
a redução (chamada “roll-off”) normal programa de processamento dos da- mento prévio.
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[01] Mullins, A. G., (2010), “Thermal Integrity Profiling of Drilled Shafts”, DFI Journal Vol 4, No.2, dezembro.
[02] Mullins, A. G. and Kranc, S. C., (2004), “Method for Testing the Integrity of Concrete Shafts,” (Método para ensaio de integridade em fustes de concreto), Patente
norte-americana 6.783.273.
[03] Cotton, D., Ference, M., Piscsalko, G., and Rausche, F., (2010) “Pile Sensing Device and Method of Making and Using the Same” (Dispositivo de detecção de
estacas e método de fabricação e uso do mesmo), Patente norte-americana 8.382.369.
Inovação em
Construção
Sustentável (CICS) é uma
iniciativa pioneira do De-
partamento de Engenha-
ria de Construção Civil
da Escola Politécnica
da Universidade de São
Paulo (Poli-USP), que
tem o objetivo de congre-
gar grupos de pesquisa-
dores, representantes da
sociedade e agentes da
cadeia produtiva da cons-
trução civil em torno da
temática “tecnologia, ino-
vação e sustentabilidade”. CICS - Centro de Inovação em Construção Sustentável
Segundo a arquiteta e
urbanista Diana Csillag, coordenadora do CICS pretende atrair talentos e apoiar gramas PITE e PIPE, e pelo SEBRAE.
projeto, “o CICS é uma rede de integração novas ideias, seja de pesquisadores de “Pretendemos ser um hub de pesquisa
entre academia, empresas e sociedade, universidades, seja de empreendedores básica e inovação”, esclarece Csillag.
concebida tal como um grande projeto de de empresas privadas. Sua Comissão
pesquisa que visa acelerar a inovação no Coordenadora, composta pelos profes- LIVING LAB
setor de construção civil”. Essa rede nas- sores do Departamento de Construção O primeiro projeto que está sendo
ce para estimular a interlocução qualifica- Civil da Poli-USP, Francisco Cardoso, realizado pelo CICS é a construção de
da entre as partes envolvidas, reunindo Orestes Gonçalves, Vahan Agopyan e um “living lab” – laboratório vivo – que
progressivamente parceiros compromis- Vanderley John, está aberta para anali- irá abrigar a sede da rede. Localizada
sados com a realização de experimentos, sar propostas de adesão e deverá fazer no campus da USP no Butantã, em
o desenvolvimento e a validação de novas convites. Como esse grupo opera uma São Paulo, com arquitetura do escritó-
tecnologias construtivas. unidade Embrapii – Poli-USP Materiais rio Aflalo/Gasperini Arquitetos e Vivá Ar-
Ao valorizar a perspectiva multidisci- para Construção Ecoeficientes – existe quitetura, projeto estrutural da Leonardi
plinar e sistêmica para a compreensão a facilidade de acesso a recursos para Construção Industrializada (Eng. Marce-
dos desafios, de suas possíveis solu- projetos inovadores em parceria com lo Cuadrado Marin) e apoio da Funda-
ções e da complexidade no desenvol- empresas, como os recursos disponibi- ção para Desenvolvimento Tecnológico
vimento e uso atual das tecnologias, o lizados pela Fapesp, por meio dos pro- da Engenharia (FDTE), a nova edificação
A
edição revisada da ABNT dade da indústria, da academia, dos arte em relação aos assuntos a se-
NBR 9062 Projeto e Exe- consumidores e dos fornecedores, rem abordados.
cução de Estruturas de incluindo as empresas, os proje- A tecnologia dos produtos e pro-
Concreto Pré-Moldado foi publica- tistas de estruturas e consultores, cessos de um sistema construtivo
da no dia 17 de março de 2017, totalizando 79 profissionais. Des- se desenvolvem ao longo do tempo
no âmbito do ABNT/CB-02 (Comi- tacam-se as participações e apoio e as normas técnicas que estabele-
tê Brasileiro da Construção Civil da da ABCIC (Associação Brasileira da cem os respectivos requisitos devem
Associação Brasileira de Normas Construção Industrializada de Con- acompanhar essa evolução. Avalian-
Técnicas), passando a substituir a creto), da ABECE (Associação Bra- do o histórico da ABNT NBR 9062,
versão anterior, que havia sido pu- sileira de Engenharia e Consultoria através da expansão e aprofunda-
blicada em 2006. Estrutural), do IBRACON (Instituto mento de seu conteúdo, é nítida sua
Os trabalhos foram iniciados no Brasileiro do Concreto), da EESC/ evolução ao longo do tempo. Na
dia 21 de novembro de 2012, ten- USP (Escola de Engenharia de São versão publicada em 1985, o texto
do como coordenador o engenheiro Carlos da Universidade de São Pau- apresentava 36 páginas; já na ver-
Carlos Eduardo Emrich Melo, e en- lo) e do NETPre/UFSCar (Núcleo de são de 2006 constavam 59 páginas
cerrados no dia 25 de fevereiro de Estudo e Tecnologia em Pré-Molda- e, na versão de 2017, o conteúdo foi
2015, totalizando 25 reuniões. O dos de Concreto da Universidade distribuído em 86 páginas. Além dos
texto base foi disponibilizado para Federal de São Carlos). temas terem sido abordados com
consulta nacional pela ABNT no dia A revisão da ABNT NBR 9062 foi mais profundidade e didática, novos
12 de abril de 2016 e recebeu votos bastante extensa. Além do acrés- itens foram acrescidos em confor-
até o dia 12 de junho de 2016. Após cimo de conteúdo em muitos itens midade com a evolução tecnológica
a consulta nacional foram realizadas já abordados, foram introduzidos do sistema construtivo, bem como a
duas reuniões para análise dos vo- novos itens. O processo de revisão ampliação da utilização deste siste-
tos, nos dias 29 de agosto e 14 de de uma norma exige a releitura de ma construtivo nos últimos anos, nos
setembro de 2016. todo o texto já existente e a análi- mais diversos segmentos em edifica-
A composição da comissão de se de sua aderência à realidade do ção e infraestrutura. As formas de di-
estudos atendeu as premissas da mercado nos dias atuais, bem como mensionamento, produção, controle
u Figura 1
Parâmetros de cálculo para ligações viga-pilar típicas
que uma ligação seja classificada ção do fator de restrição à rotação ções semirrígidas, M Sd,rig/M y,lim ≤ 1,0.
como semirrígida ou rígida. O fator (a R) ficou mais explícita, pois o tex- A relação estabelecida para ligações
de restrição à rotação (a R), conforme to apresenta uma expressão para o rígidas estabelece que o dispositivo
expressão 2, continua sendo um pa- cálculo da rigidez secante (R sec) da de continuidade na ligação deve
râmetro para classificar as ligações. ligação. Foi também estabelecido permanecer em regime elástico de
-1 outro parâmetro para classificar as tensões para qualquer combinação
q é 3(EI )sec ù
a R = 1 = ê1 + ú [2] ligações: a relação M Sd,rig/M y,lim, de- de ações no ELU (Estado-limite úl-
q2 ë R sec Lef û
finida pela relação entre o momento timo). Os critérios de especificação
As ligações são clas- elástico de projeto (M Sd,rig) e o mo- das ligações viga-pilar foram com-
sificadas como: articula- mento no início do escoamento da plementados com recomendações
das, quando aR < 0,15; em armadura tracionada (M y,lim = 0,9. para o projeto, estabelecendo mo-
semirrígidas, quando pertencerem A s.f yk.d). Para ligações rígidas deve mentos atuantes limites e dispo-
ao intervalo 0,15 ≤ a R < 0,85; e rígi- ser respeitada a relação M Sd,rig/M y,lim sições construtivas. Com o novo
das, quando a R ≥ 0,85. A determina- ≤ 0,85, enquanto que, para liga- texto base, foi possível abordar
u Figura 2
Detalhes dos cálices de acordo com cada interface
{ é
M d -N d ê0,25h + μçç
ë
æ 0,1Lemb - 0,75μ × h öù
è 1 + μ²
÷÷ú +
øû
H sfd =
é
ë
æ 0,1Lemb - 0,75μ × h öù
V d êLemb - çç
è 1 + μ² ÷÷ú
øû{ [3] u Figura 4
Transferência de esforços no cálice para interfaces com chaves
0,8Lemb + μ × h de cisalhamento
situações. Limitação do número de pavimentos montados sem solidarização Esse grupo de trabalho contou
ou capeamento; com a contribuição do professor
n Atendimento as tolerâncias de montagem, desaprumo e instalação de
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[01] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 9062: Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado. Rio de Janeiro, 2017
[2] EUROPEAN COMMITTEE FOR STANDARDIZATION. EN 1168:2005+A3: Precast concrete products – Hollow core slabs. Brussels: CEN-European Committee for
Standardization, 2011
[03] PRECAST/PRESTRESSED CONCRETE INSTITUTE. Design for fire resistance of precast/prestressed concrete. Chicago, 2011
[04] PRECAST/PRESTRESSED CONCRETE INSTITUTE. Erector’s manual: Standards and guidelines for the erection of precast concrete products. Chicago, 1999
[05] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA CONSTRUÇÃO INDUSTRIALIZADA DE CONCRETO. Anuário ABCIC. São Paulo, 2016.
R
ecentemente, mais preci- tos a serem atendidos no projeto, na também revisada e atualizada em 2017,
samente, em 15 de março produção e na montagem de painéis produtos com maior complexidade de
deste ano, foi publicada a de parede pré-moldados que se en- fabricação ou com diferentes tipolo-
norma ABNT NBR 16475:2017: Painéis quadram nos critérios de classificação gias, caso das lajes alveolares, estacas
de parede de concreto pré-moldado – estabelecidos na Seção 5. e painéis, tivessem normas específicas
Requisitos e procedimentos. Com 61 Com a publicação, conclui-se um que respaldassem a especificação por
páginas, a norma tem o objetivo de es- trabalho iniciado em 27 de setembro de parte dos projetistas. Demanda que foi
tabelecer os requisitos e procedimen- 2012, ou seja, com 4 anos e meio de acolhida na ABNT (Associação Brasi-
trabalho, por uma comissão não remu- leira d e Normas Técnicas) e direciona-
nerada (como todas as comissões da da para o CB-18 (Comitê Brasileiro de
ABNT), que se debruçou sobre o co- Cimento, Concreto e Agregados). Ha-
nhecimento técnico disponível no Bra- via também uma preocupação com o
sil e no mundo para desenvolver uma crescimento desordenado da utilização
norma que representa o estado da arte em distintas aplicações desses produ-
do tema. tos, o que poderia comprometer a lon-
Na verdade, essa norma começou go prazo o uso do sistema construtivo,
a ser concebida em reuniões da Abcic por falta de padronização . O desen-
(Associação Brasileira da Construção volvimento dessas normas específicas
Industrializada de Concreto), coorde- teve início com a publicação da ABNT
nadas por sua presidente-executiva, NBR 14861:2011 Lajes Alveolares
Iria Doniak, quando se vislumbrou a ne- pré-moldadas de Concreto Protendido,
cessidade da normalização desse tipo e posteriormente, em 2014, a publi-
de pré-moldado, já com muito uso no cação da ABNT NBR 16258 Estacas
Brasil e no mundo.Tal ação estava em Pré-fabricadas de concreto. Etapa que
pauta desde 2008, quando, após a re- agora se conclui com a publicação da
alização da 1ª Missão Técnica da Abcic ABNT NBR 14675. Contribuiu também
(2008), que abrangeu Bélgica e Inglater- para essa visão a atuação das entidades
ra, momento em que o setor entendeu ABCIC e ABECE (Associação Brasileira
como necessário, para que houvesse o de consultoria e Engenharia Estrutural)
avanço tecnológico das estruturas pré- junto a fib (international federation for
-moldadas de concreto, que, além da structural concrete).
Brascan Century Plaza norma vigente a NBR 9062 Projeto e Tendo participado desde o início
R. Joaquim Floriano, 466 – Itaim Bibi,
São Paulo, SP Execução de Estruturas Pré-Moldadas, dessas reuniões, aceitei o convite da
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
C
om o desenvolvimento da pode ter dados suficientes para a rea- do retrofit no ano de 2012. O edifício foi
economia e o crescimento lização de uma nova análise estrutural. modernizado e hoje abriga escritórios
das cidades, aumentando Em edifícios mais antigos, muitas vezes de empresas nacionais e estrangeiras.
vertiginosamente o valor do metro qua- o projeto estrutural não está dispo- Outros exemplos desse tipo de reade-
drado nos grandes centros, cada vez nibilizado no todo ou em parte, e até quação podem ser encontrados em
mais se observa na construção civil a existe a possibilidade de alguns dese- grandes cidades brasileiras, como o
utilização de edificações existentes– e nhos estarem ilegíveis, dificultando o Edifício 740 Anastácio e a Subestação
que foram projetadas para uma utiliza- conhecimento de informações neces- Riachuelo – Red Bull Station, ambos
ção específica– adaptadas a uma nova sárias a esta fase de procedimentos. em São Paulo.
função. Essa alteração muitas vezes vai Por outro lado, caso as informações
além da simples alteração da disposi- sobre o detalhamento das armaduras 2. TÉCNICAS E EQUIPAMENTOS
ção do ambiente e, comumente, ocorre estejam facilmente disponíveis, pode COMUMENTE EMPREGADOS
a adoção de ações acima dos valores haver o interesse (ou dúvida) de algu- Intuitivamente, a maneira mais di-
previstos em projeto em alguma área mas das partes envolvidas no processo reta de se obter informação sobre as
ou, quando se torna mais relevante, em para ratificar a qualidade da execução barras da armadura de um elemento
toda a edificação. da estrutura e, dessa maneira, invaria- estrutural qualquer é por meio da retira-
Em edifícios recém-construídos, velmente, mostra-se necessária a con- da da camada superficial do concreto,
principalmente aqueles em que os de- ferência da posição, diâmetro e cobri- deixando-as à mostra.
senhos de forma e de armação estão mento das barras de aço. Ainda, para Essa tarefa, embora simples, de-
a extração de testemunhos de concre- manda muita energia dos executo-
to, técnica essencial para determinar a res, cuidados para não causar danos
resistência à compressão do concreto à estrutura e, por fim, a necessida-
em uma estrutura já construída, faz-se de posterior de recuperação para
necessário o conhecimento da posição garantir o desempenho estrutural e
e arranjo das barras de aço a fim de sua durabilidade.
evitar conflito com a armadura durante Tal técnica, bastante utilizada ao
essa extração. longo dos anos – e ainda hoje, em ca-
Um exemplo importante que pode sos específicos – é conhecida como
u Figura 1 ser citado é o do edifício que abrigava “escarificação”. Na Figura 1 está ilus-
Pilar com a camada de a Companhia Sul América de Seguros, trado um pilar de concreto armado que
cobrimento removida para
projetado em 1922, localizado na Rua sofreu a remoção do seu cobrimento
identificação das barras de aço
Quitanda, na cidade do Rio de Janeiro para identificação das barras.
a b
u Figura 5
Mapeamento de um tabuleiro de ponte com equipamento do tipo GPR, juntamente com “mapa de profundidade
de cobrimento” gerado após tratamento dos dados, adaptada de Hasan e Yazdani (2014)
ESTRIBOS VERTICAIS
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[01] Hamasaki, H.; Uomoto, T.; Ohtsu, M.; Ikenaga, H.; Tanano, H.; Kishi, K.; Yoshimura, A. (2003). Identification of Reinforced in Concrete by Electro-Magnetic Methods.
In: International Symposium (NDT-CE 2003) Non-Destructive Testing in Civil Engineering 2003, v.8, n.10.
[02] Hasan, I.; Yazdani, N. (2014).Ground penetrating radar utilization in exploring inadequate concrete covers in a new bridge deck. Case Studies in Construction
Materials, v.1, pp. 104-114.
[03] Szymanik, B.;Frankowski, P. K.; Chady, T.; Chelliah, C. R. A. J. (2016).Detection and Inspection of Steel Bars in Reinforced Concrete Structures Using Active Infrared
Thermography with Microwave Excitation and Eddy Current Sensors. Sensors 2016, v.16, n. 234. doi:10.3390/s16020234.
COMENTÁRIOS E EXEMPLOS DE
APLICAÇÃO DA ABNT NBR 6118:2014
A publicação traz comentários e exemplos de aplicação da nova
norma brasileira para projetos de estruturas de concreto - ABNT
NBR 6118:2014, objetivando esclarecer os conceitos e exigências
normativas e, assim, facilitar seu uso pelos escritórios de projeto.
DADOS TÉCNICOS
ISBN 9788598576244
Formato: 18,6 cm x 23,3 cm
Páginas: 484
AQUISIÇÃO:
Acabamento: Capa dura
www.ibracon.org.br
Ano da publicação: 2015
(Loja Virtual)
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1. INTRODUÇÃO
E
ste artigo descreve os ser-
viços de reparo e reforço
estrutural executados com
concreto projetado e resinas polimé-
ricas na cobertura em abóboda de
cerâmica armada nas oficinas de ma-
nutenção do Metrô\RJ dos anos de
1990. Executada em forma de cascas
múltiplas, seu projeto original seguiu
a cartilha construtiva do engenheiro
uruguaio Eládio Dieste, sendo o pro- u Figura 1
Área com destaque para a Oficina de Pequenos Reparos (OPR)
jeto e execução realizados por seu
Fonte: Google Maps.
escritório. Na busca da leveza em
conformidade com grande área útil
de vãos livres avantajados, a concep- cálculo do reforço foi empregada a 2. LEVANTAMENTO DOS DANOS
ção se adequa em harmonia à neces- teoria de membrana clássica. OCORRIDOS
sidade de conforto térmico e grande A execução dos serviços seguiu
espaço necessário à manutenção o prescrito em projeto, sendo de res- 2.1 Notas Iniciais
das composições. Destaca-se ainda ponsabilidade da empresa especiali-
a excelente incidência de luminosida- zada nesse tipo de reforço. O Complexo foi inaugurado em
de, que reduz consideravelmente a
necessidade de energia elétrica para
iluminação. Uma analise recente foi
realizada por meio de imagens térmi-
cas no intuito de verificar o compor-
tamento atual da estrutura, e cola-
borar na manutenção e preservação
das abóbodas.
A metodologia de reforço e re-
cuperação das cascas seguiu o di-
u Figuras 2 e 3
mensionamento da normatização
Área interna das oficinas com visualização das aberturas zenitais
brasileira de concreto à época de sua
Fonte: Autores (2017).
execução (ABNT – NB1\78). Para o
u Figura 5
Montagem de cabos e malha u Figuras 6 e 7
na abóboda autoportante Degradação da viga-calha e sua percolação na parte inferior
Fonte: DIESTE -1987. Fonte: Autores (2017).
u Figura 12
Malha no aguardo da aplicação u Figuras 13 e 14
do concreto Substituição dos domos originais por policarbonato translúcido
Fonte: Autores (2017). Fonte: Autores (2017).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
u Figura 22
Na primeira grande intervenção
Escala térmica do ambiente,
com variação de suas desde sua construção, foi constatada
temperaturas a existência de anomalias oriundas de
Fonte: Autores (2017). uma ausência de acompanhamen-
to e inspeção frequente das cascas.
Verificou-se o inicio da existência de
problemas estruturais, oriundos de
ação das intempéries e ausência de
manutenção constante. Essas mani-
festações patológicas foram corrigidas
através da intervenção nas áreas inter-
nas e externas das abóbodas.
As soluções adotadas mostraram-
-se de fácil execução e efetivas, o que
possibilitou à Companhia dar início à
execução dos serviços de reforço ne-
cessários para garantia da integridade
estrutural do conjunto, servindo de
modelo para ser empregado em estru-
turas similares.
A atual gestora da área introduziu
um programa de manutenção periódi-
u Figuras 20 e 21 u Figuras 23 e 24
ca e rotineira eficaz, de modo a man-
Gradiente de temperatura em Presença de umidade na região
pontos notáveis da abóboda da descida pluvial ter as características originais das
u Figura 27
Escala térmica do ambiente,
com variação de 33,3 ºC
a 59,6 ºC
Fonte: Autores (2017).
u Figuras 25 e 26
Temperatura em pontos próximos as aberturas zenitais
Fonte: Autores (2017).
u Figuras 30 e 31
Gradiente térmico no balanço
Fonte: Autores (2017).
22.4 47.3
4.5 51.2
u Figuras 28 e 29 15.8 32.2
Cobertura em balanço, sem
presença detecção de umidade u Figura 32
Fonte: Autores (2017). Balanço exposto a incidência
solar direta
Fonte: Autores (2017).
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[01] ASSOCIAÇÃO BRASILIERA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NB-1 Cálculo e execução de obras de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 1978.
[02] DIESTE, ELADIO – La Estructura Ceramica. Colección Somosur, 1987.
e Secretário da Comissão de Estudos cargas com guindaste móvel, visando cussões para a produção do texto-
da ABNT NBR 9062. Com conteúdo à otimização dos recursos aplicados -base da norma, a comissão de es-
abrangente, englobando aspectos na operação (equipamentos, acessó- tudos se baseou em experiências
de projeto, produção e montagem, rios e outros) para se evitar acidentes nacionais e internacionais de uso
a norma tem hoje 86 páginas, mais e perdas de tempo. de painéis pré-moldados e procurou
do que o dobro da versão de 2006, A análise da estabilidade de es- tomar o cuidado para que a norma
quando foi publicada com 42 pági- truturas pré-moldadas, com foco nas não engessasse o sistema, lançan-
nas. Segundo os palestrantes, um ligações semirrígidas, foi o tema da do mão de requisitos que favoreces-
dos pontos centrais da revisão foi palestra do professor do Núcleo de sem novos desenvolvimentos. Ainda
a definição do conceito de rigidez Estudos e Tecnologia em Pré-Mol- segundo ele, em relação à Norma de
secante das ligações para a perfei- dados de Concreto da Universida- Desempenho (ABNT NBR 15575), a
ta estabilidade global da estrutura. de Federal de São Carlos (NETPRE/ norma de painéis assegura o de-
“A definição do fator de restrição da UFSCar), Marcelo de Araújo Ferreira. sempenho estrutural, mas remete
ligação viga-pilar, de onde são deri- Os conceitos e perspectivas de diretamente àquela quando se trata
vados os coeficientes de mola e de desenvolvimento da ABNT NBR de desempenho à estanqueidade,
rotação da viga em relação ao pilar, 16475:2017 foram apresentados conforto térmico e acústico.
permite um melhoramento da mode- pelo engenheiro Augusto Pedrei- Sua apresentação foi complemen-
lagem espacial do edifício como um ra de Freitas, coordenador da Co- tada pelas palestras dos engenheiros
todo”, apontou Melo. missão de Estudos da ABNT NBR Luciana Alves de Oliveira, do Instituto
Outro ponto importante da norma 16475. Ele contou que o principal de Pesquisas Tecnológicas de São
revisada foi a significativa ampliação objetivo na busca por uma norma Paulo (IPT), e Marcelo Luis Mitidieri,
do capítulo de montagem e a defini- específica foi o de difundir o uso do Instituto Falcão Bauer, que falaram
ção do plano de Rigging, que segun- do sistema construtivo de painéis. sobre o desempenho de sistemas ha-
do Marin, “irá contribuir para o desen- “Um sistema que não tem normali- bitacionais produzidos com painéis
volvimento do setor ao agregar mais zação, não tem garantia, afetando pré-fabricados de concreto.
segurança nas operações em campo sua confiabilidade, o que acarreta O Seminário foi encerrado com
com elementos pré-moldados”. O insegurança a alguns construtores um painel de debates, mediado por
plano de Rigging é o planejamento e agentes financiadores de obras”, Íria Doniak, que contou com a partici-
formalizado de uma movimentação de explicou. Segundo Freitas, nas dis- pação dos palestrantes, da arquiteta
A
o se estudar a microestru- São várias as técnicas aplicadas propriedades do concreto no esta-
tura do concreto endureci- no Laboratório de Microestrutura da do fresco, como o abatimento do
do a partir de um testemu- ABCP para estudo da microestrutura concreto, por exemplo. A resposta
nho extraído de uma estrutura ou peça do concreto, destacando as análi- é sim e não, pois embora não seja
estrutural, muitas informações podem ses petrográficas por microscopias possível fornecer o valor quantitativo
ser conhecidas, como, por exemplo, a ótica e estereoscópica, a microsco- do abatimento, indiretamente pode
presença de fissuras e microfissuras, a pia eletrônica de varredura, sempre se chegar a características que dele
identificação de compostos correntes em conjunto com outras técnicas, decorrem. Constitui exemplo clássi-
de hidratação da pasta de cimento, como a difratometria de raios X, aná- co o fato da pasta de cimento ficar
neocompostos formados originados lises químicas por espectrometria mais clara com relação a/c mais alta,
de reações deletérias, cujos principais de raios X, análises termodiferencial em oposição a uma pasta mais escu-
são os ligados à reação álcali-agre- e termogravimétrica, etc. Todas es- ra, típica de relação a/c mais baixa.
gado, ao ataque por sulfatos, dentre sas técnicas analíticas se comple- A própria morfologia dos agregados
outros. Portanto, pode-se fazer diag- mentam e fornecem subsídios para também constitui indicação, pois
nósticos quanto à qualidade ou com- que um profissional experiente pos- agregados mais arredondados re-
portamento do concreto de determi- sa fazer a correta interpretação das querem menor quantidade de água
nada estrutura e sua interação com o implicações ligadas à microestrutura do que agregados alongados e la-
ambiente, e avaliar se a relação a/c foi do concreto. Muito se questiona se melares. Ao contrário, a segregação
elevada, a compacidade do concreto, um estudo da microestrutura pode- pode indicar uma consistência mais
a presença de vazios, etc. ria fornecer informações ligadas às fluida, assim como certa orientação
dos agregados no concreto endure-
cido pode indicar exsudação, com
superfície enriquecida em pasta
de cimento.
Neste artigo dá-se ênfase à micros-
copia eletrônica de varredura (MEV) com
uso do EDS, da sigla em inglês para
Energy Dispersive Spectroscopy (Es-
pectroscopia por dispersão em energia).
Em linhas gerais, a análise por MEV
conduz ao reconhecimento das feições
u Figura 1
microestruturais e especialmente a
Esquema simplificado de microscópio eletrônico de varredura
distribuição e morfologia das fases, ao
ENTENDENDO A TÉCNICA DA
MICROSCOPIA ELETRÔNICA
DE VARREDURA
O microscópio eletrônico de var-
redura utiliza um feixe de elétrons, FOTO 1 FOTO 2
diferentemente dos fótons, isto é, Aspecto ao microscópio eletrônico dos Aspecto ao microscópio eletrônico
cristais de carbonato de cálcio (C), da baixa coesão da argamassa (C)
radiação de luz, utilizados no micros- oriundos da carbonatação do concreto – aumento de 1.000x – Elétrons
cópio óptico convencional, o que – aumento de 10.000x – Elétrons Secundários. Esse aspecto da
Secundários. Os cristais de carbonato microestrutura do concreto resultando
permite solucionar o problema de de cálcio são romboédricos, muito bem em argamassa menos coesa indica
resolução ligado à profundidade de formados e disseminados pelo concreto. traço pobre em cimento (pouca pasta).
campo nas altas ampliações. A ima-
gem, por sua vez, não é colorida por Pelas análises no MEV podem ser que o microscópio ótico) e imagens
ser uma imagem eletrônica, ao con- obtidas as seguintes informações: tridimensionais.
trário do microscópico óptico que u Topografia: superfície da amostra Os principais detectores para
permite observar imagens de distin- e sua textura, isto é, os aspectos análise no MEV são: os de elétrons
tas colorações e tonalidades. ligados às propriedades do mate- secundários (SE), os de elétrons re-
O MEV convencional apresen- rial (dureza, refletância, etc); troespalhados (BSE) e os de Raios X.
ta uma coluna óptico-eletrônica u Morfologia: a forma e o tamanho
adaptada a uma câmara com porta- das fases que formam a amostra, Elétrons secundários (SE)
-amostra aterrado, sistema eletrôni- isto é, a estrutura e as proprieda-
co, detectores e sistema de vácuo des do material (ductibilidade, re- São os responsáveis pela forma-
(Figura 1). sistência, reatividade); ção da imagem tridimensional e in-
Os princípios e passos básicos u Composição: os elementos e formações topológicas da superfície
que envolvem o MEV são: compostos da amostra e as quan- da amostra. Nesse tipo de análise
u Uma corrente de elétrons é formada tidades relativas deles, relaciona- a amostra ideal é de superfície de
por uma fonte de elétrons e acele- das diretamente com a composi- fratura, principalmente para a identi-
rada em direção à amostra, usando ção e propriedades dos materiais ficação da morfologia dos produtos
um potencial elétrico positivo; (ponto de fusão, reatividade, dure- investigados (Fotos 1 e 2).
u Essa corrente é confinada e focali- za, etc); e
zada, usando aberturas de metal e u Informação cristalográfica: a ma- Elétrons retroespalhados (BSE)
lentes magnéticas, a um feixe mo- neira como os átomos estão or-
nocromático fino e condensado; denados na amostra – existe uma A análise é feita principalmente
u Esse feixe é focalizado em cima da relação direta entre essa ordenação em superfícies polidas, para assim
amostra usando uma lente mag- e as propriedades do material (con- facilitar as identificações de fases
nética; ductibilidade, propriedades elétri- da amostra. Essa forma de análise
u Interações ocorrem dentro da cas, resistência, etc). permite investigar as diferentes fases
amostra irradiada, afetando o fei- A técnica de MEV permite traba- presentes nas amostras, através de
xe de elétrons – essas interações lhar com amostras espessas, de alta seus tons de cinza, conforme o nú-
e efeitos são detectados e trans- resolução (30Å), grande profundi- mero atômico médio dessas fases.
formados em uma imagem. dade de foco (300 vezes melhor do Quanto maior for o número atômico
AG
mos chamados poros de gel.
Além disso, existem os vazios li-
gados ao adensamento do concreto,
os chamados macroporos, de forma
irregular, e eventualmente poros não FOTO 14
FOTO 12 Aspecto ao microscópio eletrônico da
Aspecto ao microscópio eletrônico do interligados, de formato esférico, re- etringita compactada (E) – aumento
concreto, em que se observa o contato sultantes da incorporação de ar, in- de 300x - Elétrons Secundários. O
agregado graúdo com a argamassa poro está preenchido por etringita
– aumento de 2.000x – MEV – tencional ou não (Foto 15). compactada, feição indicativa de que se
Elétrons Secundários. Observa-se a Os poros capilares são interligados, trata provavelmente de DEF (delayed
presença de etringita tardia (E) no ettrigite formation), que se diferencia
contato do agregado graúdo (AG) com se situam entre as fases hidratadas e da etringita primária ou secundária pela
argamassa (ARG). são responsáveis pelos mecanismos ausência de acículas típicas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
E O estudo da microestrutura do
concreto, em particular o uso da
G
microscopia eletrônica de varredu-
ra, constitui importante ferramenta
para entender o comportamento do FOTO 18
Aspecto geral do concreto. Observa-
concreto frente ao seu processo de
FOTO 16 se o gel (G) da RAA envolvendo o
Aspecto geral do concreto. Observa- preparação, composição e intera- agregado graúdo fissurado. Lupa
se vazio preenchido por etringita estereoscópica, aumento 16x. Outro
ção com as condições ambientais
(E). Lupa estereoscópica, aumento caso de concreto onde a estereoscopia
16x. As acículas de etringita estão de exposição da estrutura. Permite mostra melhor resolução que o MEV
bem cristalizadas e desenvolvidas, para um aspecto mais geral do gel da
prevenir ou diagnosticar ou, ainda,
permitindo quase a sua visualização a RAA sobre o agregado e disseminado
olho nu. confirmar diagnósticos de campo, na argamassa.
E
ste artigo procura relatar um A universidade não é gratuita - os 2. FORMA DE INGRESSO NO
pouco da experiência em ensino alunos devem pagar uma anuidade em CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
de engenharia civil no Canadá, torno de 7.000 dólares canadenses. O ingresso é realizado inicialmen-
em especial na Universidade de Calgary, a Quanto à gestão, existe um Con- te no primeiro ano de engenharia, que é
partir da vivência do primeiro autor como selho Diretor da universidade, cujos comum a todos os programas. Somente
professor visitante e do segundo autor membros são nomeados pelo governo após a conclusão do primeiro ano é que o
como professor da universidade canaden- de Alberta. Esse conselho é formado aluno opta por uma das áreas de estudo
se há mais de uma década. Contempla o por pessoas de fora da universidade. O (“major”), entre as quais a Engenharia Civil.
processo de entrada na universidade, que presidente da universidade é escolhido A principal forma de ingresso é atra-
pode ocorrer tanto a partir da graduação por esse conselho, podendo ou não vés de processo seletivo de alunos pro-
no ensino médio quanto a partir da gra- ser um professor da universidade. Esse venientes do ensino médio. São levados
duação em ensino tecnológico, com apro- presidente escolhe o reitor, que esco- em conta as notas dos alunos obtidas
veitamento de parte dos créditos. Discute lhe os diretores das faculdades, que nas disciplinas de Inglês, Química, Física,
inserção do aluno na graduação, mos- escolhem os chefes de departamento. Matemática Pura e Cálculo. O valor mé-
trando suas possibilidades de estudo em Em cada um desses níveis, o processo dio da nota de corte para aprovação varia
diferentes áreas, subáreas e disciplinas. de escolha leva em conta a experiên- de acordo com a demanda. Na Univer-
Apresenta o processo de credenciamento cia dos docentes, sendo que o profes- sidade de Calgary, a média recente está
na associação de classe, primeiramente sor interessado deve se candidatar ao em torno de 89% de aproveitamento em
como engenheiro em treinamento para, cargo, usualmente após vários anos relação à nota máxima das disciplinas.
em seguida obter o título de engenheiro de experiência. Existem, porém, outras duas formas de
profissional, mediante o cumprimento de A universidade tem autonomia total, admissão: para alunos internacionais e para
diversos requisitos de educação continua- tanto acadêmica quanto financeira. transferência de outra instituição de terceiro
da e de renovação de atribuições. Os cursos de Engenharia passam, a grau, incluindo cursos tecnológicos.
cada cinco anos, por um processo de A presença de estudantes estran-
1. ORGANIZAÇÃO acreditação realizado por um conselho geiros é incentivada, sendo meta da
DA UNIVERSIDADE externo. Os membros desse conselho universidade ter até 10% desses alunos
A Universidade de Calgary é pública, são docentes de outras universidades e nos cursos na Escola de Engenharia.
não visa lucro ou possui um dono. É man- profissionais das associações de enge- A admissão é feita através de análise de
tida parcialmente com recursos do Gover- nharia, que verificam o curso, currículo, currículo e histórico escolar.
no da Província de Alberta e conta com ementas, etc. Essa não é uma obriga- Existem também acordos de inter-
muitas doações do setor privado, além de ção legal, mas usual e necessária para câmbio com universidades de outros
possuir várias parcerias em projetos de que potenciais alunos tenham interesse países, permitindo tanto que alunos de
pesquisa com recursos de empresas. nos cursos oferecidos. outros países realizem um período letivo
3. CURRÍCULO E OPÇÕES DO CURSO tos, e Gestão e Sociedade. Pode ainda trutural, sistemas estruturais e conceitos
A Escola de Engenharia da Uni- escolher especializações interdiscipli- de projeto de estruturas, e também prin-
versidade de Calgary tem o nome nares, como Especialização em Enge- cípios básicos de projeto de elementos
“Schulich School of Engineering” desde nharia Biomédica ou Especialização em em aço, concreto e alvenaria armados
2005, em homenagem ao filantropo Sey- Energia e Ambiente. e não armados, e madeira. Em todas as
mour Schulich, que doou 25 milhões de As disciplinas têm caráter teórico, ofertas são realizados ensaios de elemen-
dólares canadenses à instituição. porém procuram mostrar aplicações prá- tos em aço, concreto, alvenaria e madei-
Todos os alunos do 1º ano de en- ticas e permitir aos alunos uma experiên- ra, como forma de mostrar na prática
genharia têm um currículo comum con- cia aplicada e integrada. Por exemplo, na aos alunos os conceitos teóricos. Como
templando disciplinas de cálculo, es- disciplina de Engenharia de Estruturas I exemplo, no caso de concreto armado,
tática, computação, circuitos elétricos são contemplados tópicos de análise es- são ensaiadas vigas biapoiadas em duas
e máquinas, química e mecânica dos
fluidos, conforme Tabela 1.
Após o primeiro ano o aluno esco-
lhe uma grande área de estudo (“major”)
dentro da engenharia, entre elas Enge-
nharia Civil. O critério para seleção é a
maior média obtida nas disciplinas.
Dentro do curso de engenharia civil,
os alunos estudam disciplinas gerais so-
bre propriedades dos materiais, gestão
de projeto e engenharia ambiental. O
curso é completado usualmente em qua-
tro anos e o aluno deve fazer um projeto
aplicado no último ano. Também é incen-
tivado a estudar um ou dois semestres
fora, em uma das instituições parceiras
na Europa, Hong Kong ou Austrália.
O aluno pode escolher ainda uma
área de especialização (“minor”) entre
as áreas de Transporte, Estruturas, u Figura 1
Ensaio de viga de concreto armado para disciplina de graduação
Empreendedorismo e Empreendimen-
4. CREDENCIAMENTO NA
ASSOCIAÇÃO DE CLASSE E
u Figura 3
ATUAÇÃO APÓS FORMATURA
Viga ensaiada na disciplina: com estribo, ruptura por flexão
Logo após a formatura, o engenheiro
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[01] The Association of Professional Engineers and Geoscientists of Alberta. Continuing Professional Development Program. Abril, 2014. Disponível em
https://www.apega.ca/assets/PDFs/cpd.pdf (acesso em 03/04/2017).
[02] The Association of Professional Engineers and Geoscientists of Alberta. Right to Practise & Title . Disponível em https://www.apega.ca/rights (acesso em
03/04/2017).
[03] University of Calgary (2017). Schulich School of Engineering: First-Year Common Core. http://schulich.ucalgary.ca/education/future-students/undergraduate/
degree-programs-minors-and-specializations/first-year-common. Disponível em https://www.apega.ca/assets/PDFs/cpd.pdf (acesso em 03/04/2017).
T
radicionalmente, a caracteri- concreto, como módulo de elasticidade um concreto com elevada resistência
zação do concreto utilizado e resistência à compressão, podem ser à compressão e menor porosidade. De
em elementos pré-fabricados relacionadas com frequências de resso- acordo com Mizumoto, Marin e Silva
é realizada por meio de ensaios padroni- nância, propagação de ondas ultrassô- (2013), essas características muitas ve-
zados no concreto fresco e endurecido, nicas, emissão de ondas eletromagnéti- zes dificultam a moldagem dos cilindros
como o de abatimento do tronco de cone cas e acústicas, dispersão de nêutrons, para o ensaio de compressão. Por ou-
(ABNT NBR NM67:1998) e o de com- radiografias, entre outros. É possível, tro lado, o concreto produzido utilizando
pressão em corpos de provas cilíndricos ainda, realizar esses ensaios em diversas fôrmas deslizantes possui fator água/ci-
de concreto (ABNT NBR 5739:2007). regiões da estrutura, resultando em uma mento mais elevado, aumentando a tra-
Essa abordagem pode não ser a mais melhor determinação da sua condição e balhabilidade do concreto, o que facilita
completa, pois esses ensaios são realiza- caracterização global. no deslizamento da fôrma.
dos em um pequeno número de exem- Dentre os elementos pré-fabricados, Dentro desse contexto, este trabalho
plares do concreto aplicado nos elemen- os painéis alveolares se destacam por apresenta a aplicação de dois tipos de
tos pré-fabricados e, em geral, os corpos sua versatilidade na construção civil, ENDs, ultrassom e o método de excita-
de prova são submetidos a condições de podendo ser apoiados em elementos ção por impulso, no controle tecnológico
adensamento e cura ligeiramente diferen- de concreto pré-fabricado ou moldado do concreto aplicado na construção de
tes daquelas a que o elemento construído no local, alvenaria estrutural e estruturas lajes alveolares. Em ambos os métodos
está submetido. No caso dos elementos metálicas. São muito empregados como obtém-se o módulo de elasticidade dinâ-
pré-fabricados protendidos, a precisa ca- elementos de laje e também de vedação mico e correlaciona-se este com a resis-
racterização da resistência à compressão lateral em edifícios residenciais, comer- tência à compressão do concreto.
do concreto tem um importante impacto ciais e industriais, além de tabuleiros de
dentro dos procedimentos de desfôrma e pontes. A produção dos painéis alveo- 2. ENSAIO DO ULTRASSOM
liberação da protensão. lares é normalmente feita pela técnica O método do ultrassom é baseado
Uma das principais vantagens dos de vibro-compactação, utilizando equi- na propagação de ondas mecânicas de
ensaios não destrutivos (ENDs) é que pamento de extrusão ou fôrmas desli- tensão com frequência superior a 20 kHz.
não causam danos à amostra e, portan- zantes. De acordo com Catóia (2011), o Essas ondas originam-se quando ocorre
to, podem ser aplicados ao próprio ele- concreto utilizado na máquina extrusora uma pressão ou deformação na super-
mento pré-fabricado e repetidos ao longo deve ser seco, com relação água/cimen- fície do sólido. O distúrbio gera ondas
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[01] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 67. Concreto - Determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone. Rio de Janeiro, 1998.
[02] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5739. Concreto - Ensaios de compressão de corpos-de-prova cilíndricos. Rio de Janeiro, 2007.
[03] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 8802: Concreto endurecido – Determinação da velocidade de propagação de onda ultra-sônica. Rio
de Janeiro, 2013.
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[05] AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. C597-09: Standard method for pulse velocity through concrete. Philadelphia, 2016.
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Impulse Excitation of Vibration. Philadelphia, 2015.
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[08] CATOIA, B. Lajes alveolares protendidas: cisalhamento em região fissurada por flexão. Tese (Doutorado em Engenharia Civil) – Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.
[09] MIZUMOTO, C.; MARIN, M. C., SILVA, M.C. Aspectos técnicos referente a sistemática de controle e produção da laje alveolar de concreto pré-fabricado.
In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA-PROJETO-PRODUÇÃO EM CONCRETO PRÉ-MOLDADO, 3, 2013, São Carlos, Anais. São Carlos: 3º PPP, 2013.
Caracterização e passivação
dos aços CA24 e CA50
LEONARDO GOMES DE SÁ E CARVALHO – Mestre
ENIO PAZINI FIGUEIREDO – Professor Titular, Doutor
Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Federal de Goiás
2. PASSIVAÇÃO
DAS ARMADURAS
Desde que bem projetado, empre-
gando as recomendações da ABNT
NBR 6118:2014, ou seja, com relação
água/cimento, resistência, espessura
do cobrimento, consumo de cimento
e abertura máxima de fissuras compa-
tíveis com a agressividade ambiental,
e bem controlado e executado, em-
pregando os procedimentos da ABNT
NBR 12655:2015 e da ABNT NBR
14931:2004, ou seja, cuidando do u Figura 1
Diagrama de equilíbrio termodinâmico de Pourbaix.
controle de recebimento e das ativida-
Potencial versus pH para o sistema Fe-H 2O a 25°C (POURBAIX, 1976)
des de transporte, lançamento, aden-
u Figura 5
Metalografia do aço CA24 com diâmetro de 5mm (escala 25µm)
u Figura 6
Metalografia do aço CA24 com bitola de 25mm (escala 25µm)
u Figura 7
Metalografia do aço CA50 com diâmetro de 5mm (escala 25µm)
u Figura 8
Metalografia do aço CA50 com diâmetro de 25mm (escala 25µm)
resistência de polarização (icorr), que in- de ocorrência de corrosão (Figura 3). metalografias típicas dos aços CA24
formam sobre o processo de passiva- Os valores da velocidade de cor- e CA50 com diâmetros de 5mm e
ção/corrosão das armaduras. rosão (i corr) podem ser relacionados 25mm. Em todas as amostras foram
A medida do potencial de corrosão qualitativamente ao grau de corrosão realizadas microfotografias do nú-
da armadura (Ecorr) consiste no regis- da armadura, empregando-se os cri- cleo da barra de aço e de dois pon-
tro da diferença de voltagem entre a térios da Figura 4. tos próximos da superfície externa.
armadura e um eletrodo de referência, Os ensaios de metalografia do
que é colocado em contato com a su- 4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE aço CA24 em ambos os diâme-
perfície do concreto. A ASTM C-876 DOS RESULTADOS tros revelaram uma microestrutura
(1991) apresenta uma correlação entre composta de ferrita e perlita, tanto
intervalos de diferença de potencial, 4.1 Metalografia próxima da superfície da barra (su-
em relação a um eletrodo de referên- perfícies 1 e 2) quanto na sua es-
cia de Cu/SO4Cu, e a probabilidade As Figuras 5, 6, 7 e 8 mostram trutura central (núcleo), mostrando a
Carbono (%) 0,079 0,094 0,171 0,077 0,264 0,248 0,281 0,295
Silício (%) 0,073 0,080 0,150 0,080 0,248 0,184 0,137 0,148
Manganês (%) 0,322 0,288 0,440 0,305 0,950 0,815 0,620 0,751
Fósforo (%) 0,037 0,069 0,018 0,028 0,018 0,025 0,074 0,025
existência de homogeneidade no e resistente que a ferrita, porém mais martensita. A transformação da mi-
aço CA24. No entanto, a microes- branda e maleável que a cementita. croestrutura em martensita ocorre
trutura de ferrita e perlita no aço Esse resultado é compatível ao en- continuamente com o decréscimo da
CA24 de 5mm possui tamanho de contrado na Tabela 2, onde o grau temperatura durante o resfriamento
grãos férricos no 8 (Figura 5), en- de dureza no núcleo do aço CA50 ininterrupto. A martensita tem eleva-
quanto que, no aço CA24 de 25mm, de diâmetro de 25mm é superior aos do índice de dureza, o que explica a
o tamanho de grãos foi de no 11 (Fi- dos aços CA24 de diâmetro de 5mm elevada dureza superficial encontrada
gura 6). Essa diferença de dimensão e 25mm, e ao do aço CA50 de 5mm, na borda do aço CA50 de 25mm de
do grão confere ao aço CA24 de que possuem uma estrutura de ferri- diâmetro (Tabela 2).
maior diâmetro uma quantidade su- ta-perlita. A segunda microestrutura,
perior de ferrita, em relação ao aço localizada próxima à borda do aço 4.2 Composição química
de menor diâmetro. Segundo Co- CA50 de diâmetro 25mm, é do tipo e dureza Vickers
paert (2008), a ferrita é a estrutura martensítica, que possui elevado índi-
mais mole e torna o aço mais dúctil ce de dureza. Krauss (1990) explica A Tabela 1 mostra a composição
quando apresenta-se como o seu que o aparecimento de uma micro- química dos aços CA24 e CA25 com
principal constituinte. Isto explica os estrutura martensítica é usualmente diâmetros de 5 e 25mm.
baixos resultados de dureza encon- decorrente do efeito do resfriamento A análise da composição química dos
trados na Tabela 2 para o aço CA24 rápido empregado no metal, sendo aços revelou mais que o dobro do índice
de 25mm em relação ao mesmo tipo que os átomos de carbono ficam pre- de carbono na estrutura do aço CA50
de aço com diâmetro inferior. sos em octaédricos de uma estrutu- em relação ao aço CA24, sendo que a
O resultado da metalografia do ra CCC (cúbica de corpo centrado), amostra de aço CA50 de 25mm obteve
aço CA50 com diâmetro de 5mm produzindo assim uma nova fase, a o maior percentual de carbono em sua
mostrou-se semelhante ao do aço
CA24 de 5mm, ou seja, uma micro- u Tabela 2 – Resultado do ensaio de dureza Vickers
estrutura de ferrita e perlita com ta-
manho de grão nº 11. O mesmo não Dureza Vickers (HV1)
ocorreu no aço CA50 com diâmetro Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3
de 25mm, que apresentou dois tipos CA24 – 5mm (centro) 173,5 173,8 174,0
de microestruturas. A primeira, loca- CA24 – 25mm (centro) 137,1 138,2 137,4
lizada em seu núcleo, é constituída CA24 – 25mm (borda) 144,2 144,3 144,0
de uma matriz perlítica com redes de CA50 – 5mm (centro) 260,1 260,4 261,0
ferrita. A perlita é formada a partir de CA50 – 25mm (centro) 184,5 184,5 184,3
uma mistura eutetóide de duas fases,
CA50 – 25mm (borda) 308,1 308,2 308,0
ferrita e cementita, sendo mais dura
composição, o que pode explicar a maior A Tabela 2 mostra os resultados CA50 com diâmetros de 5 e 25mm.
dureza Vickers encontrada na superfície obtidos no ensaio de dureza super- Os aços CA50 obtiveram resulta-
deste aço e neste diâmetro (Tabela 2). ficial Vickers para os aços CA24 e dos de dureza superiores aos dos aços
CA24, sendo que os maiores valores de
dureza observados estão localizados
na borda do aço CA50 com bitola de
25mm. Os maiores teores de carbono
nestes aços explicam suas maiores du-
rezas (COPAERT (2008)). Além da com-
posição química, conforme discutido no
Item 2.1, a análise metalográfica tam-
bém pode explicar a dureza dos aços.
As Figuras 9 e 10 mostram a
evolução da densidade de corrente
de corrosão (icorr) das armaduras de
aço CA24 e CA50 com diâmetros de
5mm e 25mm, respectivamente, em-
bebidas no concreto de referência.
As Figuras 11 e 12 mostram a
evolução do potencial de corrosão
(E corr) das armaduras de aço CA24
u Figura 11
e CA50 com diâmetros de 5mm e Potencial de corrosão (E corr ) da armadura em função do tempo para
25mm, respectivamente, embebidas o aço CA24 e CA50 com 5mm de diâmetro
no concreto de referência.
Os resultados das Figuras 9, 10,
11 e 12 mostram que inicialmente
a densidade de corrente de corro-
são (i corr) e o potencial de corrosão
(E corr) indicam certa atividade, o que
é explicado pela rápida oxidação
ocorrida no processo de formação
da camada passiva (FIGUEIREDO,
1994). Após alguns poucos dias,
os registros da i corr passam a ser
todos inferiores a 0,1µA/cm 2, indi-
cando corrosão desprezível (Figura
4), e os registros de E corr vão em
direção e se mantem em valores u Figura 12
superiores a –200 mV em relação Potencial de corrosão da armadura (E corr) em função do tempo para o
aço CA24 e CA50 com 25mm de diâmetro
ao eletrodo de cobre-sulfato de co-
bre, o que significa baixa atividade
e baixa probabilidade de corrosão na composição química e metalo- trabalhos de recuperação e refor-
(Figura 3). Portanto, os parâme- gráfica, na dureza superficial, nas ço de estruturas antigas, com aço
tros eletroquímicos mostram que propriedades mecânicas e na duc- CA24, desde que o concreto com
os aços CA24 e CA50, tanto com tibilidade dos aços CA24 e CA50, o cloretos e carbonatado tenha sido
diâmetros menores como maiores, monitoramento eletroquímico da i corr totalmente removido do entorno
não possuem diferenças no que se e do E corr ao longo dos 90 dias de dessas armaduras.
refere ao processo de passivação, ensaio mostrou que ambos os aços, Diferentemente da conclusão re-
podendo ser associados em con- com os dois diâmetros estudados, lativa ao período de passivação, es-
cretos isentos de cloretos e não mostraram semelhantes capacida- tudo realizado por Carvalho (2014)
carbonatados. des de se passivarem quando en- mostrou que, após a despassiva-
volvidos por concreto sem cloretos ção, o tipo de aço e o diâmetro das
5. CONCLUSÕES e não carbonatado. Portanto, o aço armaduras influenciam na velocida-
Apesar das diferenças existentes CA50 poderia ser empregado em de de propagação da corrosão.
[01] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6118. Projeto de estruturas de concreto. Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.
[02] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 12655. Concreto de cimento Portland — Preparo, controle, recebimento e aceitação —
Procedimento. Rio de Janeiro, 2015.
[03] LONGUET, P.; BURGOEN, L.; ZELWER, A.. La phase liquid du ciment hydraté. Rev. Materiales de Construcción, n. 676, 1973, p.35-42.
[04] BERTOLINI, L.; ELSENER, B.; PEDEFERRI, P.; POLDER, R.. Corrosion of Steel in Concrete – Prevention, Diagnosis, Repairs. Weinheim: WILEY-VCH, 2004. 392 p.
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[05] HELENE, P. R. L. Contribuição ao estudo da corrosão em armaduras de concreto armado. 1993, 231p. Tese (Livre-Docência) – Departamento de Engenharia de
Construção Civil, Escola Politécnica de São Paulo – USP, São Paulo.
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O
s benefícios do concreto entre SF1 ou SF 2, onde é exigido um usando dosagens típicas da concretei-
autoadensável, como a teor de material fino alto para estabili- ra, apenas ajustando o teor de finos,
boa capacidade de bom- zar e dar coesão e conseguir atingir a sendo possível obter um concreto para
beamento e a eliminação da necessi- fluidez necessária, sem haver segrega- paredes com boa fluidez e sem segre-
dade de compactação, são reduzidos ção dos materiais. Porém, em paredes gação e exsudação. Dois aditivos flui-
pela necessidade de incremento de de concreto, os valores de resistência dificantes foram estudados sendo um
materiais finos na mistura, o que pode- podem variar dependendo do projeto, deles base policarboxilato convencional
rá elevar o custo e demanda de água, podemos citar alguns casos onde a es- (identificado como PCE) e o outro adi-
aumentar a sensibilidade a pequenas pecificação varia de 25-30Mpa em 28 tivo, igualmente de um policarboxilato,
variações na relação água/cimento e dias. Um dos parâmetros que merece porém com características de modifica-
necessidade de dosagens especiais. destaque é a necessidade do desen- dor de viscosidade (identificado como
As principais características do con- volvimento de pelo menos 3,0 MPa PCMV). Os estudos foram feitos com
creto para a produção de paredes é com apenas 12 horas após a molda- ambos aditivos e cimento CP V ARI RS,
boa fluidez, sem haver segregação e gem, para acelerar a desforma, critério primeiramente em pasta depois em ar-
exsudação, altas resistências inicias, que define rapidez do sistema em rela- gamassa e finalmente em concreto. Os
bom controle reológico para auxiliar no ção a outros. Neste estudo, foi identifi- ensaios em concreto convencional fo-
bombeamento e controle do teor de cado que o aditivo base policarboxilato ram realizados para o desenvolvimento
ar. Isso é um grande desafio, por se modificador de viscosidade proporcio- de uma dosagem ideal para paredes de
tratar de um concreto autoadensável, na uma mistura com tensão de esco- concreto e sem apresentar exsudação
u Figura 1
Distribuição do tamanho médio de partículas do cimento CP V ARI RS
FRX DRX
Determinações – % CP V ARI RS Determinações – % CP V ARI RS
Anidrido silícico (SiO2) 19,32 Alita 55,8
Óxido de alumínio (Al2O3) 5,36 Belita 8,3
Óxido férrico (Fe2O3) 2,36 Brownmilerita 5,2
Óxido de cálcio (CaO) 59,86 C3A cúbico 2,4
Óxido de magnésio (MgO) 3,45 C3A ortorrômbico 5,4
Anidrido sulfúrico (SO3) 4,17 Periclásio 2,4
Óxido de sódio (Na2O) 0,43 Portlandita 1,1
Óxido de potássio (K2O) 0,88 Gesso –
Óxido de titânio (TiO2) 0,25 Calcita 9,9
Óxido de fosfóro (P2O5) 0,14 Gipsita 0,6
Óxido de manganês (Mn2O3) 0,18 Hemidrato 5,3
Óxido de estrôncio (SrO) 0,13 Anidrita 0,3
Óxido de cromo (Cr2O3) ˂0,01 Arcanita 0,7
Óxido de zinco (ZnO) 0,03 Quartzo 0
Óxido de bário (BaO) 0,07 Aftitalita 0,8
Perda ao fogo (PF) 3,91 Albita –
TOTAL 99,55 Singenita 1,7
4. TRAÇOS DO CONCRETO
PARA PAREDES
u Figura 3
Normalmente os traços para con-
Esquema do ensaio de reometria
creto autoadensável necessitam de
maior quantidade de materiais finos,
u Tabela 2 – Traços para testes com policarboxilato convencional e como filler, areia bem fina, sílica ativa,
policarboxilato modificador de viscosidade para paredes de concreto cinza da casca de arroz, entre outros,
ou, em alguns casos, o cimento (po-
Policarboxilato Policarboxilato modificador
Materiais rém, com este último o custo da mistu-
convencional de viscosidade
ra será elevado), para evitar exsudação
Cimento (Kg/m3) 348 295
e segregação, e garantir que se consi-
Areia natural fina (Kg/m3) 479 423
ga atingir o espalhamento necessário.
Areia artificial (Kg/m3) 479 423
Neste estudo foram reduzidas as fra-
Brita 0 (Kg/m3) 871 1013
ções finas da mistura intencionalmente
Água (Kg/m3) 175 183
para aumentar o nível de segregação
Relação água/cimento 0,50 0,62
e avaliar o efeito do aditivo PCMV. A
Teor de argamassa (%) 60 53
composição do concreto para paredes
é definida com as mesmas técnicas
rotacional. Após a mistura das pastas hatched, com diâmetro de 25mm de concreto autoadensável. Antes de
cimentícias, essas foram adicionadas (PP25/P2). Variou-se a quantidade de definir a proporção de cada elemento
em um reômetro da marca Anton-Paar, aditivo para avaliação comparativa da da mistura, foram avaliadas as carac-
modelo MCR302, ilustrado na Figura 2. viscosidade e tensão de escoamento. terísticas do cimento, agregados e da
Utilizou-se geometria de placas pa- Os ensaios foram realizados a partir da água, primeiramente antes de definir
ralelas de aço inoxidável do tipo cross programação de stepped flow test para o tipo de aditivo e dose utilizados. As
características da mistura foram avalia-
das e definidas de acordo com as es-
pecificações de aplicação, resistência e
fluidez necessárias, principalmente na
seleção da relação água/cimento para
atingir a durabilidade necessária. Após
a seleção do traço, os ensaios foram
realizados com foco na avaliação da
estabilidade do concreto principalmen-
te na resistência à segregação e exsu-
u Figura 4
dação. Para a determinação do traço
Efeito do aumento do teor de aditivo pelo ensaio de cone de Kantro
utilizou-se como referência o manual
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Foram realizados os ensaios de flui-
dez em cone de Kantro para determinar
a dosagem ótima de cada aditivo. Com
as mesmas doses foram ensaiadas
em reometria rotacional as pastas para
avaliação da viscosidade e tensão de
escoamento, e calorimetria. No Gráfico
1, estão apresentados os valores de
espalhamento comparativos do PCE
versus PCMV. É possível verificar que, u Gráfico 2
para uma mesma fluidez, é necessária Avaliação da viscosidade aparente para PCE versus PCMV
uma dosagem levemente mais alta de
PCMV quando comparado ao PCE nas
dosagens acima de 0,3%. Essa diferen-
ça de dosagem foi considerada para os
ensaios em concreto. Dosagens mais
altas de aditivo policarboxilato tendem
a aumentar a segregação e exsudação,
fato que pode ser avaliado na Figura 4
é possível verificar que o aditivo PCMV,
em nenhum dos casos, apresentou ex-
sudação; já o aditivo PCE, após a do-
sagem de 0,35%, apresenta exsuda-
ção, porém os valores de fluidez estão
u Gráfico 3
muito próximos.
Avaliação da tensão de escoamento do PCE versus PCMV
Foram realizados os ensaios de re-
aditivos. Para os resultados de viscosi- bos aditivos apresentam tensão de esco- te, a mistura foi realizada colocando-se
dade neste estudo foram utilizados os amento iguais, porém com o aumento da em betoneira de laboratório os agrega-
parâmetros da máxima taxa de cisa- dosagem, essa tensão é diminuída para o dos graúdos com 50% da quantidade
lhamento aplicada no ensaio, enquan- aditivo PCE. Isso indica que, para os en- da água definida no desenho da mis-
to que a tensão de escoamento foi saios em concreto, a dosagem do PCMV tura. Posteriormente, foi adicionado o
quantificada como o valor da tensão deverá ser maior, fato que realmente cimento e, na sequência, as areias e o
de cisalhamento na menor taxa utiliza- foi comprovado em concreto com a restante da água. A dosagem do adi-
da no ensaio da etapa de desacelera- elevação da dose do aditivo PCMV tivo PCE foi de 0,65%, enquanto que,
ção. No Gráfico 2, estão apresentados para o mesmo espalhamento de 700 para o aditivo PCMV, foi de 0,70%
os resultados de viscosidade aparen- mm. Mesmo assim nos ensaios em para atingir o espalhamento de 700
te, onde o aditivo PCMV apresenta um concreto não houve exsudação com o mm, procedeu-se a mistura por 8 mi-
perfil de viscosidade mais alto quando aditivo PCMV. nutos, visto que a adição do aditivo foi
comparado ao aditivo PCE. Os resultados de calorimetria iso- feita em modo atrasado, ou seja, um
Esse é um parâmetro importante que térmica demonstram que não houve minuto após ter sido adicionada a se-
contribui com a diminuição da exsudação diferenças entre os aditivos estudados gunda metade da água. Após decor-
e segregação do concreto. Já no Gráfico nas doses de 0,2 e 0,4% (Gráfico 4). rido o tempo estabelecido foram ava-
3 é possível verificar que, nas doses mais Os ensaios em concreto foram rea- liadas as propriedades do concreto no
baixas de 0,1 e 0,2%, concretos com am- lizados conforme Tabela 2. Inicialmen- estado fresco e moldados os cilindros
10x20cm para o ensaio de resistência
à compressão axial nas idades de 1, 7
e 28 dias.
O ensaio de espalhamento pelo
tronco de cone foi realizado com o
cone invertido e ambos os testes
apresentaram espalhamento de 700
mm. Porém, a amostra PCE apresen-
tou segregação e exsudação em va-
lores consideráveis, de acordo com a
normativa C1712-14 “Visual Segrega-
tion Index” e “Prática Recomendada
u Figura 5 de CAA-Ibracon”, o valor apresentado
a) Ensaio em concreto com aditivo PCE;
para a amostra PCE foi de VSI = 3, ou
b) Ensaio em concreto com aditivo PCMV
seja, níveis mais altos de segregação.
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