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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE
PEDAGOGIA WALDORF

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

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CURSO DE
PEDAGOGIA WALDORF

MÓDULO I

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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SUMÁRIO

MÓDULO I
1 INTRODUÇÃO
1.1 O QUE É A PEDAGOGIA WALDORF
1.2 AS ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
2 O DIFERENCIAL DA PEDAGOGIA WALDORF
2.1 PENSAMENTO TEÓRICO E PENSAMENTO ABSTRATO
2.2 A REENCARNAÇÃO
2.3 RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO
2.4 A AVALIAÇÃO
2.5 O COMPUTADOR
2.6 A LIBERDADE INDIVIDUAL
3 O CURRÍCULO DA ESCOLA WALDORF E SUAS ESPECIFICIDADES
3.1 A DIVISÃO DA PEDAGOGIA WALDORF
3.2 CONHECIMENTO DO SER HUMANO
3.3 ENSINO CATIVANTE
3.4 A BASE ARTÍSTICA E SOCIAL E O DESPERTAR DA RELIGIOSIDADE
4 COMO A PEDAGOGIA WALDORF COMEÇOU
4.1 NOVAS PERSPECTIVAS APÓS A GUERRA
4.2 A ESCOLA DE STUTTGART
5 A PRESENÇA DA PEDAGOGIA WALDORF NO BRASIL
5.1 ESCOLAS WALDORF POR TODO O BRASIL
5.2 A FEDERAÇÃO DAS ESCOLAS WALDORF NO BRASIL

MÓDULO II
6 A FILOSOFIA POR TRÁS PEDAGOGIA WALDORF
6.1 UM SER DE CORPO, ALMA E ESPÍRITO
6.2 O HOMEM É ESPIRITUALMENTE LIVRE

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7 QUEM FOI RUDOLF STEINER
7.1 O EDUCANDO E O EDUCADOR STEINER
7.2 A SOCIEDADE TEOSÓFICA
7.3 A SOCIEDADE ANTROPOSÓFICA
8 COMO A LEITURA É ENSINADA EM UMA ESCOLA WALDORF
8.1 A ESCRITA ATRAVÉS DA ARTE, A LEITURA ATRAVÉS DA ESCRITA
8.2 VIVENCIANDO A HISTÓRIA
9 A ÊNFASE EM FESTAS E CERIMÔNIAS

MÓDULO III
10 ESCOLAS WALDORF DESESTIMULAM A ASSISTIR À TV
11 TAXA ANUAL DE UMA ESCOLA WALDORF
12 FORMAÇÃO DOS PROFESSORES WALDORF
13 A ANTROPOSOFIA
13.1 ASPECTOS QUE CARACTERIZAM A ANTROPOSOFIA
13.2 O QUE A ANTROPOSOFIA NÃO É
14 A EURITMIA
14.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA EURITMIA
14.2 O OBJETIVO DA ARTE DA EURITMIA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MÓDULO I

1 INTRODUÇÃO

Nesta aula, iniciaremos os estudos sobre a Pedagogia Waldorf, que foi


criada em 1919, na Alemanha, pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner (1861-1925)
para educar crianças desde a pré-escola até o ensino médio, tendo como base o
conhecimento real do ser humano e de seu desenvolvimento. A UNESCO
considerou essa pedagogia adequada para responder aos desafios educacionais,
especialmente em ambientes de grandes diferenças culturais. As escolas Waldorf
formam a rede independente de educação que mais cresce no mundo (MIZOGUCHI,
2010).

Segundo Steiner (2003), “tudo que possuímos como conceitos de coesão,


de adesão, de forças de atração e repulsão constituem, no fundo, apenas hipóteses
para a ciência exterior”.

1.1 O QUE É A PEDAGOGIA WALDORF

Um ensaio escrito por Steiner em 1919 (STEINER, 1961) afirmava que a


Pedagogia Waldorf busca permanecer conectada na prática com o contexto social
de seu tempo; os pais que confiam seus filhos a essa escola devem esperar que
seus filhos sejam educados e preparados para o trabalho prático da vida, por meio
de uma pedagogia que leva em conta esse contexto. Isso pressupõe uma educação
escolar baseada em princípios educacionais que tenham suas raízes nas
necessidades da vida moderna.
As crianças devem ser educadas e instruídas de tal maneira que suas vidas
cumpram determinadas exigências, independentemente de suas classes sociais. O

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que é exigido das pessoas pela realidade da vida moderna precisa encontrar o seu
reflexo na organização escolar. O espírito dominante nesta vida deve ser despertado
nas crianças pela educação e pela instrução (STEINER, 1961).
Segundo a Escola Waldorf Rudolf Steiner (2013), a Pedagogia Waldorf tem
como ponto de partida o conhecimento da criança e de seu desenvolvimento em
diversos aspectos. Enfoca o ser humano como ente físico, anímico e espiritual. Tem
como objetivo o cultivo das potencialidades individuais. Leva em consideração a
diversidade cultural e se compromete com princípios éticos humanos amplos e
gerais.

Há uma valorização de:

• Integração social e cooperação;

• Integração de escola e família;

• Infância saudável;

• Alegria e responsabilidade nos processos de aprendizagem;

• Excelência intelectual, imaginação, criatividade, cultivo da memória,


habilidades em resolução de problemas;

• Arte e movimento como meios de exercitar capacidades e como elementos


que permeiam todo o processo de aprendizagem;

• Currículo que propicia um desenvolvimento adequado a cada faixa etária


nos âmbitos físico, emocional e cognitivo.

• Professores em permanente processo de autoeducação: além da formação


acadêmica os professores passam por uma formação específica em Pedagogia
Waldorf (ESCOLA WALDORF RUDOLF STEINER, 2013).

Na concepção de Steiner, toda educação é autoeducação; a função dos


professores e educadores é a de criar um ambiente favorável para que a criança se
desenvolva norteada por seu próprio interior, e de aprender com ela (OLIVEIRA,
2012).

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Nas palavras de Steiner (apud SETZER, 1998, p. 1):

Não há, basicamente, em nenhum nível, uma educação que não seja a
autoeducação. [...] Toda educação é autoeducação e nós, como
professores e educadores, somos, em realidade, apenas o ambiente da
criança educando-se a si própria. Devemos criar o mais propício ambiente
para que a criança eduque-se junto a nós, da maneira como ela precisa
educar-se por meio de seu destino interior.

Conforme Setzer (apud OLIVEIRA, 2012), “A pedagogia Waldorf quer formar


adultos livres, que possam achar seu caminho por iniciativa própria”.

1.2 AS ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO

O processo educacional segue as etapas do desenvolvimento humano;


tendo como base as características de cada faixa-etária (OLIVEIRA, 2012).
Na pedagogia Waldorf, até seis anos e meio ou sete anos de vida, o mais
importante é ter um ambiente saudável para brincar, que estimule a imaginação, que
proporcione impulsos para a criança aprender por imitação, ferramenta educacional
mais importante nessa idade. Nessa faixa-etária, a criança dedica suas forças
interiores ao desenvolvimento físico e à coordenação motora; é quando ela também
aprende a controlar as manifestações de sua vontade (SETZER apud OLIVEIRA,
2012).
Dos sete aos 14 anos, o importante é incluir em todas as matérias um
ambiente escolar artístico, amoroso e caloroso (SETZER apud OLIVEIRA, 2012).
A Pedagogia Waldorf tem como embasamento o conhecimento e o
reconhecimento do ser humano a partir da origem da própria humanidade; enquanto
isso é estudado e compreendido, o currículo fundamentado por essa antropologia
vai sendo preparado. As bases da pedagogia Waldorf são o conhecimento, o estudo
e o reconhecimento da antropologia geral (GALDI, 2008).

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A antropologia geral é o conhecimento da fisiologia humana, mas não
apenas do ponto de vista médico, orgânico, do corpo físico, mas também de todo
conjunto de sentidos, de sensações que o homem ganha quando ele nasce (GALDI,
2008).

2 O DIFERENCIAL DA PEDAGOGIA WALDORF

Nesta aula, aprenderemos quais são as particularidades da Pedagogia


Waldorf em relação a outras pedagogias, e observaremos algumas considerações
sobre essas particularidades.
Para Camargo (apud JARDIM DO SOL, 2011):

O principal diferencial da Pedagogia Waldorf é essa visão ampliada do ser


humano, focada e cuidadosa, onde cada criança é um ser humano especial.
Trabalhamos com as vivências do dia a dia, onde as coisas mais simples
têm um impacto impressionante sobre a criança.

A educadora “Waldorf” Marisa Santos (apud DEBATE, 2008) afirma que o


diferencial da pedagogia é que ela abrange também o professor, que precisa se
autoeducar para trabalhar com a filosofia proposta. Segundo ela: “Se quero que a
criança fale baixo, eu não posso falar alto. Se quero que elas se sentem, eu me
sento junto delas para comer”.
Segundo o Espaço Bem Viver (2013), uma das principais características da
Pedagogia Waldorf é o seu embasamento na concepção de desenvolvimento do ser
humano introduzida por Rudolf Steiner, orientada a partir de pontos de vista
antropológico, pedagógico, curricular e administrativo fundamentados na
Antroposofia. Nela o ser humano é abarcado em seu aspecto físico, anímico
(psicoemocional) e espiritual, de acordo com as características de cada um e da sua
faixa etária, buscando-se uma perfeita integração do corpo, da alma e do espírito, ou
seja, entre o pensar, o sentir e querer.

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2.1 PENSAMENTO TEÓRICO E PENSAMENTO ABSTRATO

O ensino teórico é sempre acompanhado pelo prático, com grande enfoque


nas atividades corpóreas (ação), artísticas e artesanais, de acordo com a idade dos
estudantes; o cultivo das atividades do pensar inicia-se com o exercício da
imaginação, do conhecimento dos contos, lendas e mitos, até gradativamente se
atingir o desenvolvimento do pensamento mais abstrato, teórico e rigorosamente
formal, mais ou menos na época de ensino médio (ESPAÇO BEM VIVER, 2013).
Essa não exigência de atividades que necessitam de um pensar abstrato
muito cedo é também um dos grandes diferenciais em relação a outros métodos de
ensino (ESPAÇO BEM VIVER, 2013).
Nessa concepção, predomina o exercício e desenvolvimento de habilidades
e não do mero acúmulo de informações, cultivando a ciência, a arte e os valores
morais e espirituais necessários ao ser humano (ESPAÇO BEM VIVER, 2013).

2.2 A REENCARNAÇÃO

Rudolf Steiner, com base em sua formação teosófica, uniu a crença na


reencarnação do indivíduo com a Pedagogia, vinculando a Antroposofia à educação
(IMBASSAHY, 2008).
Essa união, obviamente, pretende gerar motivação, na medida em que o
aluno busque se desenvolver ao máximo para colher frutos nas vidas futuras e
acelerar sua evolução espiritual (IMBASSAHY, 2008).
Conforme Imbassahy (2008, p. 1):

O educador Waldorf que ensina considerando o processo de reencarnação


possui uma maior habilidade de compreensão do comportamento de cada
um dos seus alunos porque analisam os comportamentos atuais segundo
pesquisas das suas vidas anteriores.

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Setzer (apud OLIVEIRA, 2012) esclarece que “A pedagogia Waldorf quer
formar adultos livres, que possam achar seu caminho por iniciativa própria”.

2.3 RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO

Outro diferencial, é que os alunos das escolas Waldorf são acompanhados


pelo mesmo professor por oito anos. Quando são mais jovens, as crianças
aprendem bem por meio da imitação; dos sete aos 14 anos de idade, o aprendizado
das crianças é melhor por meio da aceitação da autoridade. No primário, a criança
está aprendendo a ampliar sua experiência, além do ambiente familiar e da sua
casa; assim, o grupo de crianças da sala de aula seria uma espécie de "família", e a
autoridade equivalente aos pais é representada pelo professor. Essa abordagem
propicia um profundo conhecimento entre professor e aluno; ao longo dos anos, isso
permite que o professor encontre a melhor maneira de lidar com as dificuldades de
aprendizado de cada aluno. Para a maioria das famílias de alunos, o professor se
torna um "membro adicional". Porém, esse professor não será o único professor a
ensinar na classe, e receberá apoio e tutoria em sua preparação (ESPAÇO BEM
VIVER, 2013b).
Cada etapa do desenvolvimento humano possui suas características
particulares, e o processo educacional acompanha tais etapas; assim, na pedagogia
Waldorf, é com base nelas que o ensino é pensado.

Até seis anos e meio ou sete anos, por exemplo, o mais importante é ter um
ambiente sadio para brincar, que incentive a imaginação. Esse ambiente
deve proporcionar impulsos sadios para uma criança de até aquela idade
aprender por imitação, pois essa é a ferramenta educacional mais
importante. Dos sete aos 14 anos, é importante ter um ambiente escolar
artístico, amoroso e caloroso, em todas as matérias (SETZER apud
OLIVEIRA, 2012, p. 1).

Dedicar um intenso amor altruísta a cada um de seus alunos é uma atitude


essencial de um educador Waldorf; isso é “algo que provavelmente não é ensinado
em nenhum curso de licenciatura ou pedagogia” (SETZER apud OLIVEIRA, 2012).

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O mesmo professor ensina as principais disciplinas a uma turma durante
todo o Ensino Fundamental, podendo assim seguir o desenvolvimento dos alunos e
evoluir com eles (OLIVEIRA, 2012).

2.4 A AVALIAÇÃO

O método de avaliação das escolas Waldorf não atribui nota aos alunos,
nem força repetições de ano. A avaliação é subjetiva; os boletins apontam falhas e
sucessos do aluno em cada matéria, e aconselha o que ele deve fazer para que haja
o aprimoramento (OLIVEIRA, 2012).

A avaliação em uma escola deve ser permanente e não só feita durante


uma prova. É pelo conhecimento de cada aluno que um professor pode dar
um ensino individual mesmo em uma classe com muitos estudantes.
Algumas escolas Waldorf dão provas no Ensino Médio, para preparar o
aluno para enfrentá-las quando terminarem a escola. É muito importante
reconhecer que uma prova não mede absolutamente nada, pois o
conhecimento, a maturidade, o esforço e o interesse não são mensuráveis.
A única coisa que uma prova mostra é a capacidade de o aluno responder
as questões da mesma naquele momento (SETZER apud OLIVEIRA, 2012,
p. 1).

Segundo a Escola Waldorf Rudolf Steiner (2013), a avaliação é contínua e


diversificada, e considera o aluno em seus diversos aspectos; pretende ser tanto um
retrato da situação de aprendizagem, quanto um ponto de partida para
desenvolvimentos posteriores.

2.5 O COMPUTADOR

Na Pedagogia Waldorf, o uso do computador não é indicado antes do Ensino


Médio, pois ele força um pensamento lógico-simbólico (SETZER apud OLIVEIRA,
2012).

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O computador é uma máquina matemática e sempre força um raciocínio
matemático e uma linguagem formal nos seus usuários. Antes da
puberdade, parece-me que é prejudicial à criança ser forçada a pensar e se
expressar dessa maneira, pois tanto o pensar como o falar não são bem
delimitados e precisos (SETZER apud OLIVEIRA, 2012, p. 1).

Setzer (apud OLIVEIRA, 2012) aponta algumas competências necessárias


para se usar o computador de modo apropriado:

 Conhecimento e discernimento para distinguir o bom e o mau; o belo e


o feio; o verdadeiro e o falso;
 Autoconsciência para avaliar elementos do uso do computador. Por
exemplo: se está sendo usado por períodos muito longos; se há coisas importantes
deixando de ser feitas por causa disso; se a própria maturidade é adequada ao que
se faz com o computador;
 Autocontrole para não se deixar dominar pelo computador.

Setzer (apud OLIVEIRA, 2012) afirma não ser comum que crianças ou
adolescentes já possuam essas competências desenvolvidas, e se já as possuem,
isso não é saudável do ponto de vista do seu desenvolvimento. Segundo ele:

...muitos adultos não têm essas capacidades, às vezes, não se controlam e


viciam no uso do computador e da Internet. O que esperar de uma criança
ou adolescente que justamente estão desenvolvendo essas capacidades?
Se já as tiverem, são crianças ou adolescentes degenerados, pois se
comportam como adultos em miniatura, tendo perdido pelo menos parte de
sua necessária infância ou juventude (SETZER apud OLIVEIRA, 2012, p.
1).

2.6 A LIBERDADE INDIVIDUAL

Por incentivarem a liberdade individual, os métodos alternativos das escolas


Waldorf causaram bastantes incômodos a alguns governos autoritários (OLIVEIRA,
2012). Segundo Setzer (apud OLIVEIRA, 2012, p. 1):

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Elas foram fechadas pelo nazismo e muitos de seus professores foram
presos. Elas foram proibidas na União Soviética, onde era também proibida
a entrada dos livros de Steiner. Nessa última, houve ainda outro fator: como
a base da pedagogia Waldorf é a Antroposofia, que é uma cosmovisão
espiritualista, isso ia contra o materialismo dialético propugnado pelo
comunismo.

Esses governos autoritários se foram; a pedagogia Waldorf sobreviveu a


eles, e continua crescendo em todo o mundo.

3 CURRÍCULO DA ESCOLA WALDORF E SUAS ESPECIFICIDADES

Nesta aula, vamos aprender um pouco sobre o conjunto das matérias das
Escolas Waldorf e suas características especiais.

3.1 A DIVISÃO DA PEDAGOGIA WALDORF

A Pedagogia Waldorf é dividida em setênios (espaços de sete anos), pois se


atende que, em cada setênio, a criança aprende de um modo diferente. O
movimento, a brincadeira e a imitação de adultos exercem, no decorrer do primeiro
setênio, um estímulo essencial a atributos que definirão a competência cognitiva e,
por consequência, a qualidade de vida do futuro adulto. Essa fase dará origem à
vontade do adulto (MIZOGUCHI, 2010).
No segundo setênio, o curriculum oficial é adotado; porém, não apenas por
meio de conceitos abstratos. Os conteúdos são enfocados por meio de imagens e
de experimentação real dos fenômenos, em laboratório; empregando-se atividades
verdadeiramente artísticas (pintura, narrativas, modelagem), que se vinculam aos
sentimentos das crianças e que vão se refletir no sentir do adulto (MIZOGUCHI,
2010).
O terceiro setênio é destinado ao desenvolvimento verdadeiro de um pensar
claro e proveitoso. Futuramente, os três atributos – querer, sentir e pensar – atuarão
harmoniosamente, em um adulto equilibrado e seguro das suas ações. Os

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conteúdos acadêmicos indispensáveis para o desempenho profissional e para os
vestibulares são proporcionados durante cada setênio. Esses conteúdos são
fornecidos aos alunos de uma forma adequada para cada setênio. Adiantar
conteúdos não acarreta vantagem competitiva para as crianças, e pode atrapalhar a
oferta de experiências importantes para cada setênio. (MIZOGUCHI, 2010).

3.2 CONHECIMENTO DO SER HUMANO

De acordo com Steiner (1961), as melhores intenções podem falhar se não


forem consideradas primeiramente as condições baseadas em uma visão prática.
Este é um dos requisitos a serem considerados quando uma Escola Waldorf é
estabelecida. No espírito de seu currículo e de sua metodologia, o idealismo deve
ser trabalhado, mas deve ser um idealismo que tenha o poder de despertar nos
jovens as forças e as competências que precisarão mais tarde na vida, equipando-
os para o trabalho na sociedade moderna, de forma que possam obter uma vida
adequada.
Segundo os conceitos da Pedagogia Waldorf, a pedagogia e a metodologia
de ensino serão capazes de cumprir essa exigência somente por meio de um
conhecimento genuíno do ser humano em desenvolvimento. As pessoas necessitam
de educação e instrução dirigidas não apenas para o cultivo de uma face do
conhecimento, mas também de habilidades; a educação deve ser voltada não
apenas para o cultivo das faculdades intelectuais, mas também para o
fortalecimento da vontade. É impossível desenvolver a vontade a menos que a
pessoa desenvolva as ideias que despertam os impulsos energéticos da vontade e
do sentimento (STEINER, 1961).
Atualmente, muitos conceitos são incutidos nas mentes dos jovens, mas
muitos desses conceitos são improdutivos, pois são desprovidos de toda a força
motriz da vida. Não se pode cultivar a vontade sem cultivar os conceitos que dão
vida a essa vontade. Educadores contemporâneos precisam ver claramente este
ponto, mas esta visão clara só pode decorrer de uma compreensão viva de todo o
ser humano (STEINER, 1961).

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Nas Escolas Waldorf, consideram-se intensamente as características
individuais (MIZOGUCHI, 2010). É uma escola primária em que os objetivos
educacionais e curriculares são baseados na percepção do professor sobre a
natureza do ser humano, tanto quanto isso é possível sob as condições atuais. As
crianças devem avançar nas séries escolares para satisfazer as normas vigentes.
Mas, dentro desse quadro, os ideais pedagógicos e curriculares vão assumir uma
forma em que esse conhecimento surge do ser humano e da vida real (STEINER,
1961).
Conforme Hale (2011), filósofo britânico, o objetivo da escola Waldorf é
educar a criança como um todo, "cabeça, coração e mãos". O currículo é tão amplo
quanto o tempo permitir, e equilibra assuntos acadêmicos com atividades artísticas e
práticas.

Steiner (2003, p. 13) afirmou:

Tentaremos dar à criança, inicialmente de modo artístico, uma espécie de


imagem das condições montanhosas e fluviais, mas também de outras
condições da redondeza. Façamo-lo de modo a elaborarmos realmente com
as crianças um mapa elementar da região mais próxima de sua casa, que
lhe é familiar.

A criança é confiada à escola primária em um período de sua vida em que a


alma está passando por uma transformação muito importante. Desde o nascimento
até cerca de seis anos de idade, o ser humano se dá naturalmente a tudo o que o
rodeia no ambiente humano; assim, por meio do instinto imitativo, dá forma às suas
próprias capacidades que estão surgindo (STEINER, 1961).
A partir desse período, a alma da criança torna-se aberta a receber
conscientemente o que o educador oferece; assim, a autoridade natural do professor
acaba afetando a criança. O professor deve ter uma visão completa de uma postura
para com a criança que leve em conta a transformação do desejo de imitar em uma
capacidade de assimilar, tendo como base uma relação natural de autoridade
(STEINER, 1961).

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A visão de mundo moderno, baseada como é na lei natural, não se aproxima
desses fatos do desenvolvimento humano em plena consciência. Para observá-los
com a atenção necessária, é preciso ter um senso de manifestações mais sutis da
vida do ser humano. Esse tipo de sentimento deve percorrer o conjunto da
educação, que deve moldar o currículo, de forma a se habituar ao espírito de unir
professor e aluno. Na educação, o professor não pode depender apenas de uma
pedagogia geral e abstrata, é necessário que haja a cada momento um
entendimento claro do jovem a quem ele está ensinando (STEINER, 1961).
O professor trabalha com base em um conhecimento genuíno do ser
humano; isso possui um poder único de despertar o interesse de todos os alunos
sobre o assunto discorrido, e permite que cada aluno o assimile de sua maneira
individual. É preciso que, o que quer que o professor faça, seja suficientemente vivo
(STEINER, 1961).
Se o educador tiver verdadeira sensibilidade para com a natureza humana, o
ser humano em desenvolvimento torna-se para ele um enigma vivo, e a tentativa de
resolvê-lo desperta no aluno a empatia, que é um estado de espírito no qual uma
pessoa se identifica com outra, e passa a sentir o que ela está sentindo. Essa
empatia é mais valiosa do que o trabalho individual, que pode muito facilmente
podar a iniciativa da criança (STEINER, 1961).
Grandes classes ministradas por professores que estão imbuídos com a vida
que vem do conhecimento genuíno do ser humano vão conseguir melhores
resultados do que classes pequenas lideradas por professores que procedem
apenas segundo o padrão de teorias educacionais, e não colocam vida em seu
trabalho.
A transformação da alma aos seis ou sete anos é muito marcante. Mas, para
a arte de educar, essa transformação não é menos importante que aquela que
acontece por volta do final do nono ano de vida, e que pode ser percebida por um
estudo penetrante do ser humano. Nesse momento, a percepção de si mesmo
assume uma forma que desperta na criança uma relação com a natureza e com o
mundo ao seu redor, de tal forma que agora se pode falar mais com ele sobre as
conexões entre as coisas e seus processos, enquanto que anteriormente ele estava
interessado quase exclusivamente em coisas e processos apenas em relação ao ser
humano (STEINER, 1961).

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Esse tipo de evento relacionado ao desenvolvimento de um ser humano
deve ser cuidadosamente observado pelo educador, pois, se alguém introduz no
mundo da criança conceitos e sentimentos que coincidem com a direção tomada por
seus próprios poderes em desenvolvimento naquele período da vida, isso dará vigor
adicional para o seu crescimento integral, e continuará a ser uma fonte de força ao
longo de sua vida. Se, em qualquer período da vida, alguém trabalhar na contramão
desses poderes em desenvolvimento, irá enfraquecer o indivíduo (STEINER, 1961).
Ter conhecimento das necessidades especiais de cada período de vida
fornece uma base para a elaboração de um currículo adequado; esse conhecimento
também pode ser uma base para lidar com assuntos de instrução em períodos
sucessivos. Até o final do nono ano, já se deve ter apresentado à criança uma
determinada porção de tudo o que veio à vida humana por meio do crescimento da
civilização (STEINER, 1961).

3.3 ENSINO CATIVANTE

Os primeiros anos escolares devem ser usados para ensinar a criança a ler
e a escrever, mas de uma forma que permita o desenvolvimento do caráter
essencial dessa fase. Se a criança for ensinada de uma maneira que se garanta
apenas o desenvolvimento do seu intelecto e meramente a aquisição abstrata de
habilidades, então o desenvolvimento natural da vontade e das sensibilidades é
prejudicado. Porém, se a criança aprende de uma forma que seduz todo o seu ser,
ela se desenvolve integralmente (STEINER, 1961).
Elementos artísticos e os exercícios físicos são levados a uma combinação
adequada; ginástica e jogos de ação são desenvolvidos como expressões de
sentimentos, aflorados por elementos como a música ou a declamação. O
movimento Eurítmico (prática corporal que harmoniza corpo, alma e espírito) é o
movimento com um significado, e vai substituir os movimentos baseados apenas na
anatomia e fisiologia do corpo físico (STEINER, 1961).
Há um poder enorme em uma forma artística de instrução como ferramenta
para se desenvolver a vontade e o sentimento. No entanto, para ensinar ou instruir

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desta forma e obter resultados valiosos, o trabalho precisa ser realizado por
professores que tenham uma visão suficientemente aguçada do ser humano para
perceberem claramente a conexão entre os métodos que estão empregando e as
forças de desenvolvimento que se manifestam em qualquer ser humano em um
específico período da vida (STEINER, 1961).
Referindo-se a isso, Steiner (1961) afirmou que, para ser verdadeiramente
professor e educador, não basta estudar a teoria educacional enquanto ciência da
gestão de crianças, pois é indispensável que tenha despertado no indivíduo o
pedagogo por meio da consciência da natureza humana.

De primordial importância para o cultivo do sentimento de vida é que a


criança desenvolva a sua relação com o mundo de uma forma como a que se
desenvolve quando nós nos inclinamos em direção à fantasia. Se o educador não é
ele próprio um fantasista, então a criança não terá oportunidade se tornar um
quando o professor evoca os reinos de plantas e animais, do céu e das estrelas na
alma da criança, em forma de conto de fadas (STEINER, 1961).
Recursos visuais são, sem dúvida, justificados dentro de certos limites, mas
quando uma convicção materialista leva as pessoas a tentarem estender esta forma
de ensino para toda coisa concebível, elas esquecem-se que há outros poderes no
ser humano que devem ser desenvolvidos, e que não podem ser resolvidos pelo
meio de observação visual. Por exemplo, há a aquisição de certas coisas puramente
por meio da memória que está ligada às forças em trabalho de desenvolvimento
entre o sexto ou sétimo e o décimo quarto ano de vida (STEINER, 1961).
É nessa propriedade da natureza humana que o ensino da aritmética deve
se basear. Na verdade, a aritmética pode ser usada para cultivar a faculdade da
memória. Se alguém desconsidera esse fato, principalmente quando ensina
aritmética, talvez possa ser tentado a cometer o erro educacional de ensinar com
recursos visuais aquilo que deveria ser ensinado por meio de um exercício de
memória (STEINER, 1961).

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Segundo Steiner (2003, p. 130):

Não podemos pensar pedantemente "agora você está lecionando


Geografia, ou agora História, e nada mais interessa". Não. Ao explicarmos
ao aluno que a palavra "sofá" veio do Oriente na época das Cruzadas,
trataremos de inserir no ensino de História alguma coisa sobre o processo
de fabricação de sofás. Passaremos depois a outros móveis ocidentais,
extraindo, portanto, do chamado "tema de ensino" algo bem diferente.

Especificidades curriculares da Pedagogia Waldorf, segundo a Escola


Waldorf Rudolf Steiner (2013):

• Os conteúdos e atividades visam ir ao encontro das necessidades próprias


de cada fase do desenvolvimento dos alunos;
• Educação Infantil com espaço e tempo para o desenvolvimento de uma
infância saudável, sem procedimentos voltados para a alfabetização precoce;
• Aulas de Euritmia;
• Ensino em módulos temáticos;
• Aulas de Trabalhos Manuais, Música, Jardinagem, Artes ao longo de todo
o currículo;
• Ensino de línguas estrangeiras (Inglês e Alemão) desde o primeiro ano;
• O elemento artístico, além de ser utilizado como uma faculdade em si, é
um veículo didático.

3.4 A BASE ARTÍSTICA E SOCIAL E O DESPERTAR DA RELIGIOSIDADE

Segundo Galdi (2008), as principais características que aparecem no


currículo são de base artística e de base social. Dependendo da forma como o
professor lida com os aspectos que envolvem estas bases, especialmente a
artística; é o que vai trazer a diferenciação no currículo.
Todo o currículo é dado em épocas, e estas duram quatro semanas; às
vezes podem chegar a seis semanas. Estuda-se um determinado assunto no

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período da manhã por quatro semanas, e depois aquele assunto é descansado na
consciência da criança, para que talvez seja retomado futuramente. Isso ajuda a
trazer a compreensão do professor em relação à necessidade da criança em ter
essa pausa. Essa é uma característica do currículo, de como ele é oferecido;
envolve também a metodologia da pedagogia, mas o aspecto essencial é a área
artística, social e o despertar da religiosidade que já existe no ser humano (GALDI,
2008).
Não é no sentido de lidar com dogmas, mas de resgatar a religiosidade que
todo ser humano tem, e que se manifesta especialmente quando se é criança, e
depois tende a adormecer, ficar esquecido. Na Pedagogia Waldorf, enfatizam-se as
festas cristãs; então, a religiosidade acaba tendo um peso muito grande (GALDI,
2008).
Ute Craemer, Professora Waldorf, tradutora e fundadora da Associação
Comunitária Monte Azul e da Aliança pela Infância no Brasil, Membro do Conselho
Deliberativo em São Paulo, apresenta propostas para um Currículo Social. Craemer
(2012) explica que tais propostas são ideias que surgiram a partir de perguntas
sobre a atual questão social do Brasil e do mundo. Segundo essa autora, em vários
países, incluindo o Brasil, poucos são os estudantes que têm acesso a uma boa
educação escolar; enquanto a grande maioria está impossibilitada de ter acesso a
essa educação. Assim, é importantíssimo disponibilizarem-se recursos para se
“construir a ponte" que una essas realidades tão diferentes.
Craemer (2012) alista algumas ideias que poderiam ser incluídas no
currículo Waldorf, para que os estudantes mais privilegiados percebam essa
realidade social, e desenvolvam o anseio de transformá-la. Há formas de despertá-
los para a questão social de forma didática e lúdica. As propostas estão divididas
desde o Jardim da Infância, e a partir do primeiro até o décimo segundo ano estão
divididas em triênios:
Jardim da Infância: primeiro é necessário aprender a dar e a dividir; isso
começa por meio de exemplos práticos, como fazer cartões de Natal para os
funcionários da escola. Os professores podem contar histórias cheias dos valores da
doação e da justiça, para que eles ajam na alma infantil.

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20
 Primeiro, segundo e terceiro anos: podem ser gerados encontros entre
crianças de ambientes sociais diferentes, por meio de excursões, teatro,
brincadeiras, etc. Por exemplo, as crianças da favela poderiam preparar uma peça
de teatro para apresentarem às crianças de escolas particulares e vice-versa. Essa
troca de experiências ajudaria a evitar um “sentimento de superioridade” nas
crianças de classe privilegiada. Tais atividades devem ser promovidas de forma que
ambos os grupos logo possam perceber a troca, o que se deu e o que se recebeu.
Durante as festas cristãs, como Natal ou Páscoa, poderia haver trocas de presentes,
de ovos pintados, cartões, etc. O aprendizado social pode acontecer na escola, com
o pessoal da manutenção, do escritório, ou com outros alunos. As crianças podem
fazer brinquedos de madeira para o jardim de infância da própria escola ou
promover excursões em que cada criança se responsabilize por cuidar de outra do
jardim de infância. Podem-se promover apresentações de roda, música, teatro,
preparadas pelas crianças maiores para as crianças menores.

 Quarto, quinto e sexto anos: devido à curiosidade das crianças de 10,


11 e 12 anos sobre como vivem outras de sua idade, já se poderia falar sobre a vida
das crianças excluídas aos alunos do 4° ano, expondo os principais problemas
vividos por elas. A partir do 5° ano, grupos de diferentes classes sociais poderão
comemorar as festas juntos, como São João e Natal. Será bom que as crianças da
favela não só recebam, mas que ofereçam alguma coisa. Elas poderão desenhar ou
presentear as crianças com uma peça teatral. A partir do 6° ano, pode-se discorrer
sobre a vida de pessoas que dedicaram sua vida aos outros. Essas histórias
inserem na alma do jovem a aspiração de não colocar seu ideal somente em
conquistas sensoriais. Assim, os jovens vivenciam ações a partir do espírito, do
amor pelo humano.

 Sétimo, oitavo e nono anos: a partir do 7° ano, os alunos devem ser


estimulados a colaborar com uma instituição, como orfanato, escola pública, centros
comunitários, etc. ajudando, por exemplo, nos trabalhos manuais, apresentações
teatrais, brincadeiras etc. Podem ser realizados trabalhos manuais durante a aula,
para serem doados a uma creche ou orfanato. Os adolescentes ou crianças já
devem saber quem receberá as doações, para que haja uma aproximação entre
elas; uma visita ao local ou instituição que receberá as doações poderia então ser
programada antes. Também é benéfico realizar campanhas de coleta seletiva de lixo

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21
ou de doação de roupas. Alunos acima de 16 anos podem ser voluntários para
auxiliar como monitores em excursões ou em aulas em uma entidade social ou
escola pública.

 Décimo, décimo primeiro e décimo segundo anos: o apadrinhamento já


é realizado em algumas escolas Waldorf, ou seja, um aluno do colegial torna-se
padrinho de uma criança recém-chegada à escola. No colegial, o aluno deve se
aproximar dos problemas da população carente por meio da ação, do sentimento e
também do pensar. É importante o aprofundamento no estudo e avaliação da
história, fatos, razões, causas, consequências e conhecidas soluções para o
problema social.

De acordo com Craemer (2012), é importante que o propósito de empregar a


palavra “social” (currículo social, questão social) seja explicado:

Fazemos referência a “social” na concepção real da palavra e não apenas


na concepção hegemônica, de nossa época, na qual os excluídos da
sociedade são vistos como culpados da própria exclusão, pois acreditamos
que tais questões resultam da falta de compreensão das necessidades e
dos direitos de todo ser humano, independentemente de sua classe social.
Por esta razão, a importância de se incluir em currículo escolar atividades
que possibilitem convívio entre crianças de diferentes realidades sociais, o
que levará, acreditamos, à compreensão e busca de soluções (CRAEMER,
2012, p. 1).

Esse trabalho oferece a oportunidade de se abordar e procurar mais


informação, entendimento e consciência sobre o atual problema social no Brasil por
meio das aulas de disciplinas já existentes. Por exemplo, na Biologia: a relação da
alimentação com o desenvolvimento intelectual do ser humano; na História: o que
cada povo trouxe para o Brasil, ou a ligação da industrialização com o aparecimento
das favelas; na Filosofia: a cosmovisão dos índios Tupi. Os alunos que desejarem
fazer trabalhos anuais direcionados para a questão social devem ser estimulados a
conhecer as favelas, realizar entrevistas e trabalhos com crianças carentes, entre
outras coisas.

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22
4 COMO A PEDAGOGIA WALDORF COMEÇOU

Buscaremos, por meio desta aula, compreender como as pessoas viviam na


época da criação da Pedagogia Waldorf; qual eram suas dificuldades e desejos,
suas lutas e conquistas, para que tenhamos uma noção, ainda que vaga, do que
levou Rudolf Steiner a procurar novos caminhos para a educação, acreditando que
isso seria a melhor forma de contribuir para a formação de uma nova mentalidade,
que levaria o homem à edificação de um mundo melhor.

4.1 NOVAS PERSPECTIVAS APÓS A GUERRA

A Pedagogia Waldorf nasceu em meio ao caos social e econômico que se


seguiu à Primeira Guerra Mundial. Após a derrubada das formas sociais existentes,
aqueles que se esforçavam em construir o futuro da Europa buscavam novas
orientações (FEDERAÇÃO DAS ESCOLAS WALDORF, 1998).
Em meio à lamentação, à morte e à evidência de que os velhos valores
levaram à guerra e a todo esse sofrimento, surgiram movimentos sociais e uma
rivalidade entre possuidores dos meios de produção e a classe dos trabalhadores,
que estava com desejo de adquirir conhecimento (IGNÁCIO, 2007).
Nessas circunstâncias, Rudolf Steiner procurou contribuir com novas
perspectivas para as primeiras tentativas de autogestão, divulgando os princípios da
"Trimembração do Organismo Social" no meio do movimento social de iniciativas da
cidadania, em Württemberg, Alemanha (FEDERAÇÃO DAS ESCOLAS WALDORF,
1998).
Em Stuttgart, Steiner deu palestras para operários sobre "Trimembração do
Organismo Social" e, em 1919, escreveu o livro “Os pontos cernes da questão social
a partir das necessidades da vida no presente e no futuro”, que descreve como há

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uma necessidade de estruturar a sociedade a partir de seus três sistemas
essenciais:

 A vida espiritual;
 A vida jurídica;
 A vida econômica.

Naquele tempo, a vida econômica já estava seguindo em direção a uma


economia mundial e, na visão de Steiner, ela deveria ser estruturada com o princípio
da FRATERNIDADE (IGNÁCIO, 2007).
A vida espiritual (educação, ciência, saúde, religião, cultura) não deveria ser
tutelada pelo estado, mas constituída no formato de autogestão fundamentada no
princípio da LIBERDADE (IGNÁCIO, 2007).
Dessa maneira, ao estado caberia à responsabilidade pela vida jurídica, que
cuidaria para que as leis fossem feitas de forma democrática baseada no princípio
da IGUALDADE. Nessa organização da sociedade, esses três sistemas poderiam se
desenvolver fortemente, e a união seria garantida pela atuação de cada cidadão nas
três esferas: econômica, espiritual e jurídica (IGNÁCIO, 2007).

4.2 A ESCOLA DE STUTTGART

Em 1919, com esses e muitos outros conceitos bastante inovadores para a


época, Rudolf Steiner introduziu a Pedagogia Waldorf, que foi aplicada inicialmente
em uma escola de Stuttgart, Alemanha, para os filhos dos operários da fábrica de
cigarros Waldorf-Astória (de onde vem o nome dessa Pedagogia), a pedido dos
próprios trabalhadores, que haviam assistido às suas palestras (SETZER, 1998).

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Uma das pessoas envolvidas pelo movimento da trimembração social foi
Emil Molt, diretor da fábrica de cigarros Waldorf-Astoria, onde os operários
podiam, durante o horário de trabalho, assistir às aulas de formação de
adultos e ouvir palestras de Steiner e de Hahn sobre os problemas da
atualidade. Sentiram muita gratidão por estas aulas, mas colocaram para
Emil Molt que gostariam que seus filhos tivessem acesso a uma formação
mais humana, já que eles não a tiveram na sua infância. Aí nasceu o
impulso para a 1ª Escola (livre) Waldorf. Emil Molt pediu para R. Steiner
assumir a direção pedagógica desta escola. Steiner viu a oportunidade de,
através dessa escola, dar um impulso novo pelo menos no âmbito da Vida
Cultural, pois seria uma escola autogestada e independente do estado, uma
escola para todos: filhos dos operários e de outras classes sociais, uma
escola de 12 anos, sem repetência e exclusão, para meninos e meninas e
sem o mortífero esfacelamento em grades curriculares de aulas de 45
minutos de duração (IGNÁCIO, 2007, p. 1).

Emil Molt apoiou e financiou a concretização da ideia. Steiner colocou quatro


condições: a primeira era a de que a Escola seria aberta, indistintamente, para todas
as crianças; a segunda de que a Escola fosse coeducacional; deveria também ser
uma escola com um currículo unificado de 12 anos e, por último, de que os
professores da Escola fossem também os dirigentes e administradores da mesma.
Steiner queria que a Escola Waldorf tivesse o mínimo de interferência
governamental e não tivesse a preocupação com objetivos lucrativos. Emil Molt
concordou com essas condições (ESPAÇO BEM VIVER, 2013).
Segundo Ignácio (2007), os preparativos para a abertura da Escola duraram
quatro meses. Pessoas formidáveis se juntaram a Steiner, formando o 1º corpo
docente.
Um mês antes da inauguração, Steiner deu um extenso curso introdutório da
pedagogia focada na compreensão do ser humano e do seu desenvolvimento
adquirido por meio da ciência espiritual antroposófica. Este curso se compõe de três
elementos:

1. Antropologia geral;
2. Metódica e didática;
3. Exercícios Seminarísticos.

Em 7 de setembro de 1919, foi aberta a Die Freie Waldorfschule – A Escola


Waldorf Livre (ESPAÇO BEM VIVER, 2013).

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FIGURA 1 - FOTOGRAFIA DE EMIL MOLT

FONTE: Koch: Emil Molt. 2002. Disponível em: <http://www.emil-molt-akademie.de/ueber-uns/zur-


person-emil-molt/>. Acesso em: 21 abr. 2013.

FIGURA 2 - FOTOGRAFIA DA PRIMEIRA ESCOLA WALDORF NO MUNDO

FONTE: Federação das Escolas Waldorf no Brasil: FEWB, 2008. Disponível em:
<http://www.federacaoescolaswaldorf.org.br/imagens/apresFewb.pdf>. Acesso em: 16 abr. 2013.

A Escola Waldorf distinguiu-se desde o início por aplicar ideais e métodos


pedagógicos até hoje revolucionários; ela cresceu continuamente, com interrupção
durante a 2ª Guerra Mundial, e proibição no leste europeu até o fim dos regimes

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comunistas. Hoje, conta com mais de 1.000 escolas no mundo inteiro, sem contar os
jardins de infância Waldorf isolados, ou seja, os que não incluem o ensino
fundamental (SETZER, 1998).

5 A PRESENÇA DA PEDAGOGIA WALDORF NO BRASIL

Nesta aula, estudaremos o nascimento e desenvolvimento da Pedagogia


Waldorf no Brasil, o que se passava na época da fundação da primeira escola
Waldorf em nosso país.

A Pedagogia Waldorf representa desde 1919 uma revolução em matéria de


educação, e tem seus resultados visíveis em mais de 1.000 escolas em todo o
mundo, 25 delas no Brasil (SETZER, 2011).
Em 1956, Juscelino Kubitschek tomou posse como o 21° presidente do
Brasil; a Usiminas era fundada no estado de Minas Gerais; Pelé começava sua
carreira no Santos FC; o projeto sobre a mudança da capital federal estava sendo
aprovado pelo Senado Federal do Brasil, e em seguida a lei para essa mudança
seria sancionada pelo presidente Juscelino Kubitschek.
Nesse quadro, foi fundada a Escola Waldorf Rudolf Steiner, pioneira dessa
pedagogia no Brasil, em 1956, por um grupo de pais e educadores interessados em
implantar a Pedagogia Waldorf no Brasil (ESCOLA WALDORF RUDOLF STEINER,
2013).

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FIGURA 3 - FOTOGRAFIA DA PRIMEIRA ESCOLA WALDORF NO BRASIL

FONTE: Federação das Escolas Waldorf no Brasil: FEWB, 2008. Disponível em:
<http://www.federacaoescolaswaldorf.org.br/imagens/apresFewb.pdf>. Acesso em: 16 abr. 2013.

Segundo a Escola Jardim das Amoras (2010, p. 1):

Assim, em 27 de fevereiro de 1956, à Rua Albuquerque Lins, bairro de


Higienópolis, em São Paulo, começava a funcionar a primeira Escola
Waldorf no Brasil, integrada à realidade brasileira e com a grande tarefa de
fundamentar seu trabalho na imagem espiritual do Homem e nos ideais
humanos inspiradores das demais escolas da Europa.

Foram convidados para serem fundadores da escola os professores Karl e


Ida Ulrich, da Escola Waldorf de Pforzheim (Alemanha); eles passaram então a
lecionar e a preparar professores para lecionarem a Pedagogia Waldorf. A Escola
deu início com um grupo de jardim de infância e um grupo primário, perfazendo 28
alunos. O primário foi rapidamente reconhecido como escola experimental, e quando
as quatro séries iniciais foram concluídas, o interesse dos pais pela pedagogia levou
à determinação de se inserir o ginásio (ESCOLA JARDIM DAS AMORAS, 2010).
No início, chamava-se “Escola Higienópolis” e, em 1958, mudou-se para o
Alto da Boa Vista, instalando-se em uma propriedade rodeada de jardins, árvores e

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espaço suficiente para o desenvolvimento de todas as atividades previstas no
currículo Waldorf (ESCOLA WALDORF RUDOLF STEINER, 2013).
De acordo com a Federação das Escolas Waldorf no Brasil (2008), essa
transferência de lugar pôde acontecer graças à generosidade dos casais Schmidt,
Mahle, Berkhout e Bromberg, que doaram a propriedade.
As instalações da Escola Waldorf Rudolf Steiner foram sendo ampliadas,
objetivando proporcionar um ambiente com dimensões apropriadas para as
crescentes demandas de alunos (ESCOLA WALDORF RUDOLF STEINER, 2013).
Nessa escola, existem hoje Jardins de Infância com extensa área verde,
salas de aula acolhedoras, laboratórios de Ciências (Química, Física e Biologia),
salas de Tecnologia e Computação, salas de Trabalhos Manuais, salas de Música,
oficinas de Arte, Teatro, Biblioteca, quadras de esporte (aberta e coberta), refeitório,
áreas de plantio e jardinagem (ESCOLA WALDORF RUDOLF STEINER, 2013).
Em 1970, inaugurou-se o primeiro seminário de Pedagogia Waldorf no
Brasil, fundado pelo casal Rudolf Lanz e Mariane Lanz. Atualmente, esse local é o
Centro de Formação de Professores Waldorf, onde funciona o curso Normal
(FEDERAÇÃO DAS ESCOLAS WALDORF NO BRASIL, 2008).
Em 1973, foi criado o ensino médio da EW Rudolf Steiner, e em 1975
aconteceu à conclusão da primeira turma. Em 1978, foi fundado do Colégio Waldorf
Micael, em São Paulo, próximo a Cotia, para atender o crescente interesse de pais
pela Pedagogia Waldorf (FEDERAÇÃO DAS ESCOLAS WALDORF NO BRASIL,
2008).
Foram então nascendo muitos outros empreendimentos, como jardins de
infância Waldorf, e Escolas Waldorf pelo estado de São Paulo e em outros estados
(FEDERAÇÃO DAS ESCOLAS WALDORF NO BRASIL, 2008).

5.1 ESCOLAS WALDORF POR TODO O BRASIL

Com a veloz ampliação do movimento Waldorf no Brasil, a Escola Waldorf


Rudolf Steiner é atualmente mais uma entre as dezenas de escolas Waldorf
espalhadas por todo o país (ESCOLA WALDORF RUDOLF STEINER, 2013).

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Abaixo, estão relacionados, conforme Pedagogia Waldorf (2013), os jardins
de infância Waldorf isolados (que não incluem o ensino fundamental) e os
pertencentes a Escolas Waldorf (que têm o ensino fundamental parcial ou integral).
Os jardins estão ordenados da seguinte forma: estado, nome da Escola e
cidade. São eles:

 BAHIA

 Escola Infantil da Fundação Emaús – Creche e jardim de infância. Camaçari.


 Escolinha Tia Jacy. Andaraí.
 Escola Acalento – Berçário e jardim de infância. Lauro de Freitas.
 Recanto Bem-te-vi – Jardim de Infância e Espaço Cultural – Maternal e
jardim de infância por período ou tempo integral. Lauro de Freitas.
 Jardim Catavento. Lençóis (Chapada Diamantina).
 Escola Comunitária Jardim do Cajueiro. Maraú.
 Casa da Mata – Jardim de infância (3 a 6 anos). Imbassaí.
 Jardim de Infância Vale Encantado. Palmeiras.
 Associação Educacional Salva Dor - Maternal e jardins de infância em tempo
integral. Salvador.
 Associação Recrearte – Maternal e atividade escolar complementar. Seabra.
 Escola Rural Dendê da Serra. Uruçuca.
 Jardim Anael – Jardim de Infância, 1º ano e educação complementar.
Várzea da Roça.

 CEARÁ

 Escola Waldorf Micael. Fortaleza.

 GOIÁS E DISTRITO FEDERAL

 Escola Micael. Chapadão do Céu, GO.


 Escola Moara. Brasília. DF.
 Escolinha beija-flor. Brasília, DF.

 MATO GROSSO

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 Escola Livre Porto Cuiabá. Cuiabá.
 Jardim Luz do Sol. Cuiabá.
 Jardim Moitará. Cuiabá.
 Pingo de Luz – Hotelzinho e Educação Infantil. Cuiabá.

 MINAS GERAIS

 Lume Jardim de Infância. Belo Horizonte.


 Vitória Régia Jardim Waldorf. Belo Horizonte.
 Escola Araucária. Camanducaia.
 Paineira Escola Waldorf. Juiz de Fora.
 Sol Dourado Jardim Waldorf. Juiz de Fora.
 Escolinha dos Pequenos. Mirantão.
 Pólen Jardim Escola. Nova Lima.
 Instituto Educacional Tiago Apóstolo. São Tiago.

 PARANÁ

 Escola Turmalina. Curitiba.


 Jardim Cordão Dourado. Curitiba.
 Jardim Ghimell – de 1 1/2 a 6 anos. Curitiba.
 Jardim Waldorf Magê Molê. Maternal e jardim de infância – período integral.
Curitiba.

 PERNAMBUCO

 Escola Waldorf Recife. Recife.


 Jardim Maturi. Zona Rural de Olinda.

 RIO DE JANEIRO

 Escola Comunitária Municipal do Vale de Luz. Nova Friburgo.


 Escola Municipal Cecília Meireles. Nova Friburgo.
 Jardim de Infância Nascente. Nova Friburgo.
 Casa Escola Recanto do Fazer. Nova Iguaçu.
 Escola Waldorf Quintal Mágico – Maternal e jardim de infância. Paraty.
 A Árvore Jardim Waldorf e Escola de Pais. Rio de Janeiro.
 Jardim Michaelis – de 2 a 6 anos, manhã e tarde. Rio de Janeiro.

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 RIO GRANDE DO SUL

 Escola Infantil Arco-íris. Porto Alegre.


 Escola Waldorf Querência. Porto Alegre.

 SANTA CATARINA

 Casa Amarela Jardim. Florianópolis.


 Escola Waldorf Anabá. Florianópolis.
 Jardim dos Limões – de 6 meses a 6 anos. Florianópolis.

 SÃO PAULO

 Jardim Escola Waldorf Ninho de Luz. Araraquara.


 Escola Rudolf Lanz – maternal e jardim de infância. Avaré.
 Escola Waldorf Girassol Barretos. Barretos.
 São Micael Jardim Waldorf. Bauru.
 Viver Escola Waldorf. Bauru.
 Aitiara Escola Waldorf de Educação Infantil – Fundamental e Médio.
Botucatu.
 Florescer Jardim de Infância Waldorf. Botucatu.
 Jardim Chácara Sofia – de 2 a 6 anos, inclusive especiais; vivências e
oficinas de arte para pais, educadores e terapeutas. Botucatu.
 Creche Dona Bertha – de 18 meses a 6 anos. Buri.
 Escola Waldorf Veredas. Campinas.
 Jardim das Amoras – Maternal e jardim de infância. Campinas.
 CREAR – Centro Recreativo Educacional Artístico Renascer. Capão Bonito.
 Escola Conviver. Capão Bonito.
 Escola Waldorf de Capão Bonito. Capão Bonito.
 Jardim Espaço Bem Viver. Embu das Artes.
 Jardim de Infância Alternativa. Guarujá.
 Acalanto Jardim de Infância – de 2 a 6 anos. Holambra.
 Jardim Waldorf Angelim – jardim de infância e recreação para crianças de 2
a 5 anos. Palestras sobre pedagogia Waldorf, grupos de estudos e oficinas;
espaço para profissionais que desejem desenvolver atividades relacionadas à
Antroposofia. Jundiaí.

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 Cora Coralina Escola Waldorf – Berçário, maternal, jardim e 1º ano. Marília.
 Escola Waldorf Novalis – maternal, jardim de infância, recreação para
crianças de 18 meses a 6 anos. Palestras sobre Pedagogia Waldorf. Grupo de
estudos de Antroposofia. Oficinas de trabalhos manuais. Piracicaba.
 Jardim de Infância Alecrim. Piracicaba.
 Espaço Arcanjo Micael – Maternal e jardim de infância. Poá.
 Centro Educacional Pomar – Maternal e jardim de infância. Ribeirão Pires.
 Escola Waldorf João Guimarães Rosa – Maternal e jardim de infância.
Ribeirão Preto.
 Escola Jardim Girassol. Ribeirão Preto.
 Jardim Waldorf Flauta Mágica. Santos.
 Associação Comunitária Monte Azul. São Paulo.
 Centro Educacional Waldorf Alecrim Dourado – Berçário, maternal, jardim de
infância, recreação infantil, palestras gratuitas sobre Pedagogia Waldorf, cursos
sobre Antroposofia, oficinas artísticas. São Paulo.
 Colégio Waldorf Micael. São Paulo.
 Escola Manacá – Berçário ao 5º ano, jardim de infância. Santo Amaro.
 Escola Waldorf São Paulo. São Paulo.
 Escola Waldorf Francisco de Assis. São Paulo.
 Escola Waldorf Rudolf Steiner. São Paulo.
 Espaço Bem Viver – Maternal e jardim de infância, Recreação a partir de 7
anos, com horticultura, culinária, atividades artísticas, de movimento e outras.
Palestras e grupo de estudo à noite. São Paulo.
 Jardim Colibri – Berçário, maternal, jardim de infância em português e em
alemão, atividades artísticas. São Paulo.
 Jardim da Margarida. São Paulo.
 Jardim da Maria Eugênia – de 1 a 7 anos. São Paulo.
 Jardim da Renate Baldacin. São Paulo.
 Jardim Waldorf Rumo do Girassol. São Paulo.
 Quintal do João Menino. São Paulo.
 Escola Cambará. São Vicente.
 Escola Cecília Meirelles. São Vicente.

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 Recanto do Jatobá. Vinhedo.

 SERGIPE

 Escola Micael de Aracaju – Creche e jardim de infância. Aracaju.

5.2 A FEDERAÇÃO DAS ESCOLAS WALDORF NO BRASIL

Em 1993, com o crescente número de professores Waldorf, é fundada a


Associação dos Professores da Pedagogia Antroposófica no Brasil (FEDERAÇÃO
DAS ESCOLAS WALDORF NO BRASIL, 2008).
Em 1996, foi aprovada a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDBEN), que oferece ampla liberdade para as escolas apresentarem suas
Propostas Pedagógicas, e incorpora alguns conceitos inovadores, como a questão
da progressão continuada do aluno, o respeito pela relação idade/série, aspectos
importantes e familiares à Pedagogia Waldorf (MIZOGUCHI, 2003).
Segundo a Federação das Escolas Waldorf no Brasil (2008), em 1997,
representantes das escolas se organizam para fundar uma associação; uma de suas
propostas era a compra centralizada de material escolar. Nesse mesmo ano, o
Conselho Estadual de Educação do Estado de São Paulo determina a formação de
uma federação que representasse as Escolas Waldorf. Em 1998, ao mesmo tempo
em que a FEWB era formada, pedagogos Waldorf se agruparam para fazer a
elaboração da Proposta Educacional Waldorf para as escolas, para acatar uma
exigência da nova LDBEN.
Assim, iniciou-se a sistematização da Proposta Educacional Waldorf, que
formaria um documento oficial das escolas Waldorf para apresentar à comunidade
educacional e serviria de base para a elaboração do Regimento Escolar, que é o
conjunto de normas que viabilizam a execução da Proposta (MIZOGUCHI, 2003).

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Segundo a Secretária Executiva da Federação das Escolas Waldorf no
Brasil:

A preocupação do grupo de trabalho durante todo o processo foi a


preservação da filosofia e da pedagogia antroposófica tal como foram
concebidas por Rudolf Steiner. Desta forma tornou-se possível mostrar às
autoridades os aspectos peculiares e notáveis, sobretudo da Pedagogia
Waldorf, e que permaneciam, na prática, restritos ao âmbito da comunidade
escolar como, por exemplo, o boletim descritivo. Com a aprovação do
Regimento Escolar, este boletim, que privilegia a avaliação qualitativa do
processo ensino aprendizado, foi oficialmente reconhecido pelos órgãos da
Secretaria da Educação (MIZOGUCHI, 2003, p. 1).

Ao mesmo tempo, o Centro de Formação de Professores Waldorf


(Seminário) trabalhou no sentido de se oficializar como curso Normal; isso ocorreu
no ano de 1998. O Conselho Estadual de Educação do Estado de São Paulo foi
favorável à criação do curso, citando à Federação das Escolas Waldorf no Brasil
como entidade organizadora de todas as escolas que se norteiam pela linha
antroposófica (MIZOGUCHI, 2003).
A Federação das Escolas Waldorf no Brasil foi fundada em 4 de abril de
1998, e hoje incorpora as escolas Waldorf existentes no país; segundo a própria
Federação (2008), seus principais objetivos são:

 Garantir a plena aplicação da Pedagogia Waldorf;


 Representar as escolas oficialmente;
 Fomentar o conteúdo Antroposófico nas escolas;
 Fomentar cursos atentando para a qualidade e para a demanda das
escolas filiadas;
 Proteção legal, no Brasil, do nome Escola Waldorf e seus similares;
 Editar livros e publicações que ajudem no aprofundamento de
professores e na divulgação da Pedagogia Waldorf;
 Promover e incentivar contatos e intercâmbios com o movimento
educacional Waldorf no mundo.

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A seguir, estão listados os projetos que, segundo a Federação das Escolas
Waldorf no Brasil (2012), estão sendo desenvolvidos para a ampliação e o
aprofundamento da Educação Waldorf de Rudolf Steiner no Brasil:

1. Assistência Pontual aos Jardins de Infância – orientação pedagógica,


médica e terapêutica;
2. Assistência Mini Regional aos jardins de Infância – pequenos encontros com
as escolas de educação infantil que estão próximas, incentivando o trabalho
de troca e apoio mútuo;
3. Assistência às escolas de ensino fundamental e médio – orientação
pedagógica, médica e terapêutica;
4. Cursos de Aprofundamento – palestrantes estrangeiros e nacionais – para o
aprofundamento do Ensino Fundamental e Médio;
5. Assistência Organizacional às escolas e jardins - assistência na estrutura e
organização necessárias às novas iniciativas;
6. PDAEW – Programa de Desenvolvimento Articulado às Escolas Waldorf –
módulos de desenvolvimento para pais e professores das escolas e jardins,
integrando as comunidades escolares, dentro do estudo e da prática da
Pedagogia Social para escolas Waldorf;
7. Programa de Desenvolvimento Pontual dentro de uma escola – PDAEW –
para o fortalecimento da instituição em sua estrutura organizacional, com
professores e a Associação Mantenedora da escola;
8. Desenvolvimento de Assistentes e Tutores – módulos de estudo e
aprofundamento para o desenvolvimento do trabalho de tutoria e assistência;
9. Regional de Jardins – Cursos de aprofundamento multidisciplinar (com
pedagogo, médicos e atividades artísticas) para a educação infantil, que
ocorrem nas oito Regionais de escolas/jardins Waldorf do Brasil (desde
2005), envolvendo a comunidade escolar e levando um tema em todas as
regionais a cada ano;
10. Realização de Congressos de Pedagogia Waldorf no Brasil a cada 2 anos,
com conteúdos profundos da educação da criança da Infância até o Ensino
Médio;
11. Projeto Jurídico, orientações jurídicas e legais às escolas e jardins, com o
empenho dos professores, das Mantenedoras, secretarias e administradores

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das escolas, por meio de advogados competentes na área da educação
escolar;
12. Edição de livros e dos Periódicos - para o aprofundamento da Pedagogia
Waldorf e da Antroposofia, traduções e edições de livros de Rudolf Steiner e
outros;
13. Grupo de Administradores das escolas mais antigas de São Paulo, dando
apoio à FEWB e às outras escolas;
14. Bolsas de estudos para os cursos e seminários, para alunos que
necessitam de suporte financeiro e que estão envolvidos no Movimento da
Educação Waldorf;
15. Apoio à Aliança pela Infância e à Associação Sophia de estudos
Antroposóficos, nas parcerias de cursos e conferências.

FIM DO MÓDULO I

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