Vous êtes sur la page 1sur 20

III Conferência Internacional em História Econômica &

V Encontro de Pós-graduação em História Econômica

Brasília, 23 e 24 de setembro de 2010

Apontamentos sobre a periodização dos modos de


produção no debate marxista: teoria e política da
transição.

Daniel Feldmann – Doutorando em Desenvolvimento Econômico do IE-


Unicamp. Bolsista da CAPES.

1- Apresentação

Neste texto pretendemos resgatar elementos do debate sobre a periodização dos modos de
produção no campo do marxismo. Inicialmente, discorreremos sucintamente sobre a
problemática exposta por Marx, tendo como eixo principal seu texto dos Grundrisse
“Formações Econômicas Pré-Capitalistas” (FORMEN), texto este que permaneceu virtualmente
desconhecido até 1952 e que teve sua primeira tradução para o inglês em 1964 quando foi
publicado conjuntamente com a famosa introdução de Eric Hobsbawm. A seguir, teceremos
algumas reflexões sobre a tortuosa discussão teórica sobre a temática da periodização que
atravessou o marxismo no século XX. Buscaremos enfatizar um aspecto que julgamos central
neste debate: A necessidade (ou não) do desenvolvimento acentuado das forças produtivas e da
consolidação de relações de produção plenamente capitalistas para a transição ao socialismo.
Diante da amplitude de obras sobre o tema e também em função dos limites de uma
breve contribuição, optamos por circunscrever nossas observações em alguns momentos
específicos do debate. Mencionaremos em especial algumas discussões em torno do “modo de
produção asiático” que aparecem no seio da Terceira Internacional nos anos 20/30, anteriores à
difusão das FORMEN; mas que também são retomadas na posterior contribuição de autores
como Hobsbawm, Sofri e Mandel, estas últimas já informadas pela publicação do texto de
Marx. Acreditamos que com tal recorte é possível jogar luz sobre a problemática supracitada.
Por fim, em nossas considerações finais, sugeriremos caminhos de reflexão que
julgamos importantes para o debate atual sobre a periodização dentro do pensamento marxista.

1 de 20
III Conferência Internacional em História Econômica &
V Encontro de Pós-graduação em História Econômica

Brasília, 23 e 24 de setembro de 2010

2- A problemática posta por Marx em “Formações Econômicas


Pré- Capitalistas”

A partir de um estudo sobre modos de produção anteriores ao capitalismo, Marx busca


investigar o que ele mesmo chama de “pressupostos do trabalho assalariado e uma das
condições históricas do capital”. (MARX, 1975, p. 65).
Em outras palavras, Marx faz uma gênese dos elementos que permitirão o advento do
modo de produção capitalista. O trabalho livre e sua troca por dinheiro, bem como a separação
desse mesmo trabalho livre de sua efetivação - ou seja, a separação do trabalho de suas
condições objetivas de existência – são as questões que Marx pontua como essenciais para a
emergência do novo modo de produção marcado pela dominância do valor de troca sobre o
valor de uso.
Marx inicia a exposição a partir da formas mais simples de vida nômade, à qual atribui a
alcunha de “primeira forma de sobrevivência” (MARX, 1975, p.66). Um posterior processo de
fixação de grupos humanos à terra cuja efetivação e características dependerão de várias
condições, é o que permitirá o surgimento de diferentes modos de produção. Marx é claro sobre
isso quando afirma que “a terra é o grande laboratório, o arsenal que proporciona tanto os
meios e os objetos do trabalho como a localização, a base da comunidade.” (MARX, 1975,
p.67).
O modo de produção asiático, que por vezes é chamado por Marx de “despotismo
oriental”, se baseia na propriedade comunal em territórios onde são praticadas unificadamente a
manufatura e a agricultura. Os indivíduos mantêm uma relação de posse – e não de propriedade
- com a terra na medida em que são da comunidade. A escravidão não predomina como relação
de produção. Entretanto, nesta formação social, os indivíduos produtores vivem como uma
espécie de “escravos do trabalho coletivo” que corporifica a comunidade. As necessidades de
trabalho coletivo em grande escala (como a irrigação), mediadas por um déspota que corporifica
a unidade global, reforçariam tal configuração.
Em tal modo de produção haveria uma tendência maior à estabilidade, em virtude de um
círculo de produção auto sustentado entre agricultura e manufatura artesanal que impede
qualquer processo de independência do indivíduo. As cidades existentes não se integram à
economia. Tendem a serem entrepostos militares e administrativos sob os auspícios do déspota
e de sua enorme burocracia estatal.
No modo de produção antigo, cuja referência mais presente nos escritos de Marx é
Roma Antiga, prevaleceria uma forma contraditória entre a propriedade comum (o ager
publicus) e a propriedade privada da terra. O usufruto da posse da terra estatal se dá justamente

2 de 20
III Conferência Internacional em História Econômica &
V Encontro de Pós-graduação em História Econômica

Brasília, 23 e 24 de setembro de 2010

pela condição de cidadão urbano Diferentemente do modo de produção


asiático, aqui teríamos sim a possibilidade de identificar a propriedade privada. Entretanto,
mesmo se essa propriedade privada se separa das terras comunais, ela só se consubstancia com a
mediação da comunidade via Estado.1Estado este que tem a cidade como centro político da
sociedade, mas uma cidade que na acepção de Marx é “ruralizada”, pois ela é o centro de onde
se organiza a vida baseada na propriedade da terra.
Em tais condições, há um maior dinamismo social deste modo de produção que, por
outro lado, tende à sua própria crise. O crescimento da população e a existência da propriedade
privada por parte dos cidadãos impõem a guerra e o aumento crescente do número de escravos.
A possibilidade de perda da terra e da própria cidadania potencializa a instabilidade e os
conflitos internos desta formação social. Ou nas palavras de Marx, a “preservação da antiga
comunidade implica na destruição das condições sob a qual ela está baseada.” (MARX, 1975,
p.74).
Finalmente, Marx debate o modo de produção germânico, cujo desenvolvimento
posterior parece claramente remeter ao feudalismo europeu.2 E neste ponto há uma
diferenciação importante em relação aos modos de produção acima descritos.
Aqui a propriedade comum existe, mas de uma forma mais secundária. Ela se baseia
em bosques, florestas e algumas áreas de utilização coletiva entre os indivíduos. A verdadeira
unidade aqui é o lar individual, onde os indivíduos produzem sua existência.
Nesta formação o senso coletivo não aparece pela comunalidade do solo. Fatores como
língua, a necessidade de guerras, a utilização de certos espaços comuns garantem por certo o
senso coletivo, mas sugerem um caráter mais de “associação” do que de “comunidade”. O uso
privado da terra é aqui mais identificável do que no modo antigo, posto que no último ele
pressupunha a cidadania estatal e desta forma o arbítrio da comunidade. A terra comum no
modo germânico aparece como suplemento da terra privada e não como o cerne da sociedade.
Ou seja, sendo o “todo econômico” o lar individual familiar e privado, tal modo de
produção abre a perspectiva de um processo de individualização da sociedade. Partindo de uma
estrutura mais “individualizante”, aonde o peso da comunidade é menos acachapante, o modo

1
“Ser membro da comunidade continua sendo condição prévia para a apropriação da terra mas, na qualidade de
membro da comunidade, o indivíduo é um proprietário privado” MARX (1975, p.70). Ou então, “O proprietário da terra é
simultaneamente um cidadão urbano. Economicamente, a cidadania pode expressar simplesmente uma forma na qual
os agricultores vivem na cidade.” MARX (1975, p.76)
2
Na descrição dos modos de produção pré-capitalistas, parece nítido que Marx separa dois momentos distintos.
Primeiramente ele descreve como a relação do homem com seu “laboratório natural” deu a origem a diferentes
estruturas em virtude de circunstancias concretas distintas. A seguir, ele aponta como a dinâmica dos modos de
produção tende (ou não tende no caso do modo asiático) a transformar as condições pré-existentes. Assim, o modo de
produção antigo não é sinônimo de escravidão, assim como a servidão feudal não é idêntica ao modo de produção
germânico. Ou seja, escravidão e servidão seriam desenvolvimentos lógicos da situação original tribal que refletiriam
uma maior diferenciação social e aonde o escravo e o servo, assim como o solo, instrumentos, etc. aparecem como
condições objetivas da produção para aqueles que lograram obter seu trabalho compulsório via guerras, dívidas, etc.
(MARX 1975 p.84-85).

3 de 20
III Conferência Internacional em História Econômica &
V Encontro de Pós-graduação em História Econômica

Brasília, 23 e 24 de setembro de 2010

de produção germânico nasce no meio rural, mas apresenta uma tal


dinâmica no seu desenvolvimento que permite uma oposição entre campo e cidade,
diferentemente do que ocorre em outros modos de produção pré-capitalistas.3
Aqui retornamos ao centro das preocupações de Marx expressas nas FORMEN. Os
modos de produção anteriores ao capitalismo eram caracterizados por certos aspectos comuns.
Não apenas a produção era centrada em valores de uso, como havia a unidade entre o
trabalhador e objeto (meios de produção). A propriedade da terra antecede a atividade
produtiva. O solo e também os outros objetos de trabalho aparecem tão naturais ao produtor
quanto seus olhos, pele, etc.
Desta feita, o trabalhador nunca pode aparecer no simples isolamento do trabalhador
livre. Mesmo argumentando de um modo às vezes indireto e não explícito Marx considera o
modo de produção germânico aquele onde o “simples isolamento do trabalhador livre” tem mais
chances de aflorar.
Em outras palavras, nos parece que para Marx a estrutura de “lares individuais” é mais
passível de proporcionar a gênese de elementos fundamentais– como a separação do camponês
da terra, separação do artesão dos instrumentos de trabalho, a separação dos produtores em geral
de seu meio de subsistência – elementos que o capital passa a ter a possibilidade de se apropriar
em direção ao desenvolvimento do modo de produção capitalista.
No caso do artesanato urbano, as considerações de Marx são muito importantes. Como
frisamos, esta atividade tende a se “individualizar” em função do desenvolvimento da estrutura
do modo de produção germânico4.
Mais ainda, o artesanato urbano permite uma relação particular entre trabalhador e seu
objeto de trabalho. No curso de suas atividades, as habilidades individuais e a arte dos artesãos
passam a aparecer como uma propriedade, como algo próprio, diferenciado. Ou seja, é o
trabalho individual e sua destreza específica aqui que aparecem como propriedade destes
artesãos. Os instrumentos que fazem parte de suas condições objetivas de produção são eles
mesmos produto consciente de trabalho humano e não meramente dados pela natureza como no

3
“A história antiga clássica é a história das cidades, porém de cidades baseadas na propriedade da terra e na
agricultura; a história asiática é uma espécie de unidade indiferente entre cidade e campo (…); a Idade Média (período
germânico) começa com o campo como cenário da história, cujo ulterior desenvolvimento ocorre, então, através da
oposição entre cidade e campo; a história moderna consiste na urbanização do campo e não, como os antigos, na
ruralização da cidade.” (MARX, 1975, p.74).
4
Para Marx, como já frisamos, no modo asiático a manufatura é realizada dentro da propriedade comunal em conjunto
com a atividade agrícola. No modo antigo, Marx ressalta o caráter secundário da atividade manufatureira em relação á
centralidade do uso da terra. Isso teria a ver com o fato da atividade manufatureira ser realizada nesta formação social
por libertos, clientes e escravos. O modo germânico com sua maior individualização haveria de permitir o
desenvolvimento da produção individualizada artesanal.

4 de 20
III Conferência Internacional em História Econômica &
V Encontro de Pós-graduação em História Econômica

Brasília, 23 e 24 de setembro de 2010

caso da terra. Em tais condições, Marx ressalta a potencialidade de


separação deste trabalho dos objetos de produção.
Pois, justamente, sem o processo histórico de dupla separação do trabalho das condições
objetivas de produção – tanto a separação da propriedade como separação das imposições extra-
econômicas – não se pode abrir definitivamente as portas ao capital e ao modo de produção que
este cria. 5
Ou, dito de outra forma, “a riqueza monetária nem descobriu e nem fabricou a roda de fiar
e o tear.” (MARX, 1975, p.104). Pois como bem afirma Marx a mera existência de riqueza
monetária não basta para haver capitalismo, pois do contrário não se explicaria porque o
capitalismo não se desenvolveu em Roma Antiga.
Diferentemente do modo de produção germânico cuja individualização e posterior
desenvolvimento permitiu a cidade “urbanizar o campo” - o que envolveu a disseminação da
produção de valores de troca, etapa fundamental para a indústria capitalista - no caso de Roma
“não houve o envolvimento de toda área rural na produção, não de valores de uso, mas de
valores de troca.” (MARX, 1975, p.108)

3- O histórico e o lógico na periodização

Uma primeira aproximação do problema por nós proposto implica em delimitar o


quadro de análise das FORMEN. É facilmente perceptível que a descrição dos modos de
produção pré-capitalistas é feita por Marx num alto grau de generalização. Mesmo que Marx
nos ofereça exemplos históricos e geográficos que busquem corroborar suas assertivas, tais
exemplos estão subordinados à sua preocupação em qualificar os eixos centrais de cada um dos
modos de produção.
Isto se liga diretamente às importantes qualificações feitas por Hobsbawm em sua
introdução às FORMEN. Para o historiador, as análises presentes neste texto de Marx “não
constituem história em sentido estrito”. (HOBSBAWM, 1975, p.15)
Ou seja, nos parece claro que a investigação das FORMEN busca compreender uma
determinada lógica que possibilitou a ascensão do trabalho livre e dos pré-requisitos básicos do
modo de produção capitalista.
Tal assertiva é importante para se evitar o erro de se tomar textos que são fundamentalmente
lógicos e que explicam a gênese de estruturas, como textos que delineiam com precisão
contornos históricos ou que confirmem e explicitem certos desenvolvimentos cronológicos.

5
“O processo histórico não é resultado do capital, mas seu pré-requisito” (MARX, 1975, p.102)

5 de 20
III Conferência Internacional em História Econômica &
V Encontro de Pós-graduação em História Econômica

Brasília, 23 e 24 de setembro de 2010

É possível dizer que o mesmo equívoco aparece em algumas


interpretações de “O Capital”. Poderíamos ainda acrescentar – como lembra Hobsbawm – as
interpretações equivocadas do famoso Prefácio da Contribuição à Crítica da Economia Política
de 1857, quando Marx afirma que “os modos de produção asiático, antigo, feudal e,
modernamente, o burguês podem ser designados como épocas progressivas da formação
econômica da sociedade”.
A idéia de “épocas progressivas” é que precisa ser aqui balizada para afastarmos o
simplismo. Não se trata de uma sucessão cronológica necessária que todas as sociedades
deveriam necessariamente passar. Nas FORMEN, Marx parte de um ponto de chegada nítido
que é a gênese de elementos que permitem a ascensão do modo de produção capitalista. Desta
forma, a análise das sociedades pré-capitalistas realizada tem por objetivo compreender como a
dinâmica de tais sociedades eram mais propícias (ou não) a engendrar tais elementos.
Assim, a idéia de progresso não deve ser tomada aqui como uma “escada” linear em direção
ao capitalismo e a sociedade burguesa. O progresso deve aqui ser compreendido num sentido
mais abstrato e lógico. O modo de produção germânico, cujo desenvolvimento daria origem ao
feudalismo europeu, permitiu uma formação social mais individualizada dentro da qual
emanaria a oposição campo /cidade. O sentido histórico do progresso descrito por Marx parte
inicialmente de uma estrutura onde a comunidade é tudo, para uma estrutura onde a comunidade
é mais frouxa, permitindo e/ou obrigando a atividade econômica individual. 6
No seio da formação feudal oriunda do modo germânico torna-se mais plausível a separação
do produtor dos meios de produção e a generalização do valor de troca como esteio da
produção, assim como a separação da esfera privada da esfera pública e a conseqüente
libertação da atividade produtiva dos elementos extra-econômicos.
Feitas tais considerações, torna-se fácil notar que nas FORMEN, Marx não está discutindo a
transição histórico-concreta entre modos de produção, nem mesmo a transição entre feudalismo
e capitalismo. Além disso, constatar que o capitalismo se originou em regiões onde o
feudalismo era vigente não implica em afirmar que apenas a partir do feudalismo pode surgir o
7
capitalismo.

6
“Na forma asiática, em que a apropriação é comunitária, o indivíduo é mero acidente da substância social; na forma
antiga, equilibram-se o indivíduo e a comunidade e na germánica, aquele predomina sobre esta” (QUARTIM DE
MORAES, 1995, p.109)
7
“Dentre as formações históricas pré-capitalistas a que mereceu maior atenção, mais ainda que o `feudalismo´
encarado abstratamente, foi a sociedade medieval, que precede imediatamente o capital e o vê nascer em seu seio.
Tal atenção histórica, porém, mais do que compreensível, jamais dá lugar a deduções de caráter geral sobre a
sucessão das formações econômicas. Por exemplo, não há passagem alguma da qual se deduza que Marx
considerasse a sociedade feudal como uma das condições de gerar o capitalismo. Ao contrário, Marx revela aqui,
também, uma grande cautela diante deste tipo de generalizações e um profundo sentido da complexidade dos
fenômenos históricos” (SOFRI, 1977, p 49) Em outra passagem “É difícil estabelecer (em Marx) razões estruturais
segundo as quais a separação entre o trabalhador e os meios de produção, condição primeira do capitalismo, não
possa ocorrer em outro lugar (que não na Europa feudal).” (SOFRI, 1977, p. 47)

6 de 20
III Conferência Internacional em História Econômica &
V Encontro de Pós-graduação em História Econômica

Brasília, 23 e 24 de setembro de 2010

O que dissemos até aqui permite uma breve digressão. Curiosamente,


nos parece que de certa forma Hobsbawm na sua introdução acaba por deslizar para o mesmo
equívoco que critica na interpretação da periodização marxiana quando, discorrendo sobre o
famoso debate da transição feudalismo/capitalismo protagonizado por Dobb e Sweezy, afirma
que:

O único dos participantes desses debates que pode ser considerado como seguidor de seus passos é P. M
Sweezy que afirma (como Marx) ser o feudalismo um sistema de produção para uso, e que, em tais
formações econômicas, “nenhuma sede ilimitada de trabalho excedente se origina da própria natureza da
produção.” (CAPITAL I, 219, cap. X, seção 2). Portanto, o principal agente de desintegração deve ser
visto no crescimento do comércio. (HOBSBAWM, 1975, p.46)

De fato podemos encontrar nas FORMEN passagens que, isoladamente, embasem a idéia
acima. Em certa passagem Marx afirma taxativamente que “é muito raro artesãos se tornarem
capitalistas” (MARX, 1975, p.102), da mesma maneira que Sweezy o faz na polêmica com
Dobb8. Nesta linha de raciocínio, são majoritariamente os comerciantes – em princípio externos
à produção - que se tornam capitalistas.
Noutra passagem Marx afirma que o capital “vem da riqueza comercial e monetária”
(MARX, 1975, p.101) muito mais do que das fazendas ou das corporações. Tal passagem,
isolada em si mesma, pode dar a idéia de que Sweezy como propõe Hobsbawm era o autor mais
próximo do ponto de vista de Marx nas FORMEN.
Todavia, um exame mais atento nos obriga a balizar a discussão. O próprio Hobsbawm
explica em sua Introdução que muitas das fontes de pesquisa atuais eram inexistentes para
Marx. Além disso, como também nos ensinou o historiador inglês, Marx, diferentemente de
Engels, não estudou com afinco a dinâmica agrária do feudalismo.
É muito provável então que fosse inacessível para Marx a base de conhecimentos que
embasou o debate sobre a transição a partir dos anos 50 e que permitiu, por exemplo, Maurice
Dobb9 e Robert Brenner10 formularem explicações sobre a transição mais baseadas na análise da
dinâmica interna do feudalismo e na luta de classes.11
Mesmo assim, se nos prendermos mais atentamente ao texto das FORMEN, veremos que há
outras passagens que tornam mais complicada a tese de Hobsbawm sobre Sweezy quando, por

8
Cf. SWEEZY, P. M. et.al. Transição do feudalismo para o capitalismo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.
9
DOBB, M. A Evolução do Capitalismo. São Paulo: Zahar, 1965.
10
ASTON, T; PHILPIN, C(org) El debate Brenner : estructura de clases agraria y desarrollo
economico en la Europa preindustrial .-Barcelona: Editorial Critica, 1988
11
Exemplificando: Nas FORMEN Marx ressalta a pouca incidência de prestações em dinheiro no feudalismo. Sabemos
que pesquisas posteriores indicariam uma maior incidência deste fenômeno.

7 de 20
III Conferência Internacional em História Econômica &
V Encontro de Pós-graduação em História Econômica

Brasília, 23 e 24 de setembro de 2010

exemplo, Marx afirma que “porém comerciantes e usurários só encontram


condições que permitem a compra de trabalho livre quando este foi separado das condições
objetivas de sua existência em decorrência de um processo histórico” (MARX,1975,p. 101).
Ou seja, sem um processo histórico prévio de (dupla) separação do trabalho dos meios de
produção, o comércio e a moeda não podem exercer suas funções tipicamente capitalistas. Na
passagem citada acima, não parece que Marx avalize a idéia de que é o comércio o principal
agente desse processo histórico, como sustenta Sweezy. Mesmo que em outras passagens Marx
reconheça que o comércio e a moeda aceleram a dissolução de antigas relações, na passagem
por nós citada parece que ele sugere um processo de dissolução das relações antigas que
antecede o comércio e a moeda e que, portanto, é independente desses “fatores externos”. A
própria lógica de Marx ao explicar a possibilidade da gênese de elementos que favoreceriam o
capitalismo a partir da individualização que emana do modo de produção germânico, parece
contraditória com o cerne das idéias de Sweezy.
Mas o mais importante não é o que acabamos de frisar, mas sim o que se segue. Na medida
em que FORMEN é um texto que busca compreender os elementos de gênese do capitalismo,
buscar corroborar ou negar análises que buscam o entendimento do como se deu efetivamente o
processo de transição torna-se uma falsa questão. 12 Assim, não apenas não podemos encarar
nem Sweezy como “o mais fiel ás FORMEN”, como não podemos fazer o mesmo com os outros
historiadores que desde os anos 50 têm se ocupado do debate da transição. E aqui não se trata
evidentemente de diminuir a importância de tal discussão e das contribuições realizadas, mas
sim de constatar que o objetivo e o plano de análise das FORMEN eram distintos.

4- A dinâmica universalizante e contraditória do modo de produção capitalista.

As considerações acima são importantes para a seqüência de nosso texto. Como é sabido os
Grundrisse, justamente onde está o texto das FORMEN, prepararam a elaboração de “O
Capital”. Se nas FORMEN Marx traça uma dada genealogia de elementos do capitalismo
contrapondo-os a outros modos de produção, em “O Capital” trata-se de analisar a dinâmica
articulada de tais elementos.
Numa passagem de “O Capital” Marx afirma “Apenas a produção capitalista de
mercadorias torna-se um modo de exploração que marca época... e que deixa mesmo,
completamente para trás, todas as épocas precedentes”. (MARX, 1985 apud SOFRI, 1977, p.
12
Não temos qualquer pretensão aqui de adentrar mais detidamente no complicado debate sobre a transição ao
capitalismo. Apenas insistimos na impossiblidade de se usar FORMEN para analisar a transição num plano
estritamente concreto/histórico. Para uma exposição destas questões ver o livro de Eduardo Mariutti. Cf. MARIUTTI,
E.B. Balanço do debate: a transição do feudalismo ao capitalismo. São Paulo: Hucitec, 2004.

8 de 20
III Conferência Internacional em História Econômica &
V Encontro de Pós-graduação em História Econômica

Brasília, 23 e 24 de setembro de 2010

46) Nesta passagem como em outras de “O capital”, Marx descreve como


a dinâmica expansionista do capitalismo tende a suplantar obstáculos e penetrar nas áreas não
capitalistas. É claro que o capital mercantil já há séculos estabelecia redes de contato entre os
diferentes continentes, mas é apenas com o modo de produção capitalista e sua necessidade
irrefreável de acumulação de capital que se delineia uma clara tendência de subverter e/ou
destruir as arcaicas formas de produção e alargar as bases mundiais do mercado.
Em outras palavras, o modo de produção capitalista é universalizante pois tende a direcionar
o mundo para um determinado sentido histórico. Isto faz com que as formações sociais pré-
capitalistas sejam confrontadas com uma determinada conjuntura em que o seu
desenvolvimento não mais é determinado por sua lógica interna meramente. Ou seja, o
problema da periodização dos modos de produção tal qual apresentado nas FORMEN deve ser
pensado de forma distinta e mais complexa quando se têm em mente tais premissas. Sua
compreensão exige apreender uma determinada totalidade histórica em que os modos pré-
capitalistas de produção não aparecem mais como realidades justapostas ao lado do capitalismo,
mas antes numa simbiose dialética que os transformam em um dado sentido.
Apesar de tais considerações serem um tanto evidentes, as conclusões que podem ser tiradas
delas não são nem um pouco unívocas. Muito pelo contrário. Como mostrou Gianni Sofri13
com muita propriedade, o próprio Marx adotou uma postura contraditória diante do quadro que
descrevemos. Sofri mostra como Marx ao analisar as relações da Inglaterra no século XIX com
países onde existia o modo de produção asiático, notadamente Índia e China, de um lado
exaltava as transformações radicais na produção que impunham a propriedade privada, um
mercado “livre” de trabalho e a generalização das relações mercantis, mas de outro lado não
deixava de denunciar a mesquinhez e crueldade pela qual tais mudanças eram impetradas.
Marx, cuja teoria tinha como objetivo crucial a transformação revolucionária da humanidade
para o socialismo e ao comunismo, levava em conta na suas apreciações políticas o caráter ao
mesmo tempo civilizatório e bárbaro, emancipador e alienante do capitalismo. Hobsbawm
chama atenção com justeza para isso quando em sua Introdução comenta uma citação14 das
FORMEN em que Marx exalta o fato de que nas formações pré-capitalistas, o homem sempre é
o objetivo da produção, justamente o oposto do sentido do capitalismo, onde a riqueza e a
produção são o objetivo do homem através de valores de troca. Entretanto, como bem frisa

13
SOFRI, G. O modo de produção asiático: história de uma controvérsia marxista. Rio de Janeiro, Paz e terra, 1977
14
Aqui vai a citação “A antiga concepção segundo a qual o homem sempre aparece (por mais estreitamente religiosa,
nacional ou política que seja a apreciação) como o objetivo da produção parece muito mais elevada que a do mundo
moderno, na qual a produção é o objetivo do homem, e a riqueza, o objetivo da produção. Na verdade, entretanto,
quando despida de sua estreita forma burguesa, o que é a riqueza senão totalidade das necessidades, capacidades,
prazeres, forças produtivas, etc (...) Na economia política, este completo desenvolvimento das potencialidades
humanas aparece como uma total alienação (...) em proveito de forças que lhe são estranhas” (MARX, 1975, apud
HOBSBAWM, 1975, p. 18-19)

9 de 20
III Conferência Internacional em História Econômica &
V Encontro de Pós-graduação em História Econômica

Brasília, 23 e 24 de setembro de 2010

Hobsbawm, para Marx “Mesmo nesta forma tão desumanizada e


aparentemente contraditória o ideal humanista de livre desenvolvimento individual está mais
próximo do que jamais teve em qualquer fase anterior da história.” (HOBSBAWM, 1975,
p.19)
Assim, o desenvolvimento das forças produtivas e a integração econômica do mundo
abririam imensas possibilidades à humanidade, em que pesem o barbarismo e fetichização
implícitos neste processo. Em outras palavras, com a citação em questão e as qualificações de
Hobsbawm, podemos ter uma visão talvez mais profunda daquilo que Marx chamava de
progresso. Progresso este que alcançaria seu ápice com o advento da sociedade comunista,
quando mais uma vez o homem seria o objetivo da produção, mas agora partindo-se de um
patamar infinitamente superior herdado do desenvolvimento das forças produtivas promovido
pelo capitalismo. Em tal sociedade, ao contrário do que muitos dos críticos de Marx e do
marxismo sustentaram, não haveria uma supressão da individualidade em favor do coletivo. Ao
contrário, como bem apontou Mandel,

Se Marx atribui uma importância tão grande ao desenvolvimento das forças produtivas; se é, numa certa
medida, “amoroso do progresso técnico” – sem, aliás, jamais subestimar os perigos de divisão e de
alienação do trabalho que disso resultam – é precisamente, porque compreende que somente esse
desenvolvimento das forças produtivas cria as necessárias condições para uma individualização cada vez
maior do homem, que se realizará definitivamente, na sociedade socialista. (MANDEL, 1968, p.141)

Todavia, aqui também cabem duas qualificações importantes e que incidem diretamente no
debate sobre a periodização dos modos de produção ao longo do século XX. Em primeiro lugar,
não se pode deduzir diretamente de Marx a idéia de que para se pautar a transição ao socialismo
é necessário em todos os casos esperar o completo desenvolvimento e generalização de forças
produtivas e relações de produção capitalistas.15 Marx fugia de todo o esquematismo unilinear
na sua concepção sobre a evolução histórica. Em segundo lugar, e mais importante, é o fato de
que na virada do século XIX ao século XX, o modo de produção capitalista passa por
transformações qualitativas substanciais que obrigam a repensar a idéia de progresso. O advento
do capital monopolista não apenas acentua a contradição entre a apropriação privada e o caráter

15 No fim de sua vida, no Prefácio a uma edição russa de 1882 do Manifesto Comunista, Marx escreveria com Engels:
“Pergunta-se agora: poderá a Obchtchina russa (comunidade aldeã)— uma forma, ainda que fortemente minada, da
antiqüíssima posse comum do solo — transitar imediatamente para a [forma] superior da posse comum comunista? Ou,
inversamente, terá de passar primeiro pelo mesmo processo de dissolução que constitui o desenvolvimento histórico do
Ocidente? A única resposta a isto que hoje em dia é possível é esta: se a revolução russa se tornar o sinal de uma
revolução proletária no Ocidente, de tal modo que ambas se completem, a atual propriedade comum russa do solo pode
servir de ponto de partida de um desenvolvimento comunista.”
Disponível: <http://www.marxists.org/portugues/marx/1848/ManifestoDoPartidoComunista/prefacios.htm#er1882>

10 de 20
III Conferência Internacional em História Econômica &
V Encontro de Pós-graduação em História Econômica

Brasília, 23 e 24 de setembro de 2010

social da produção como Marx apontava em “O Capital”. Ele também


transforma ainda mais radicalmente a relação entre as regiões atrasadas e o capital. Ou seja, o
advento do imperialismo moderno coloca novos problemas tanto para idéia do que é progresso
para o marxismo como para a questão da transição ao socialismo. É sobre isto que
discorreremos a seguir, usando como recorte alguns aspectos do debate sobre o modo de
produção asiático no século XX.

5- “Modo de produção asiático” e o problema da periodização.

No último tópico de sua Introdução das FORMEN, Hobsbawm discute o desenrolar do


debate sobre a periodização dos modos de produção no século XX. Uma das idéias que ele
avança nesta seção é a de que os partidos da Internacional Comunista sob influência de Stálin a
partir dos anos 30 passam a negar ou minimizar a incidência do modo de produção asiático ao
mesmo tempo em que “o feudalismo ampliou seu âmbito” (HOBSBAWM, 1975, p.61).
Na opinião do autor, isso teria ocorrido justamente porque a estabilidade típica do modo
de produção asiático o tornaria pouco suscetível a transformações profundas. Em outras
palavras, a aceitação da prevalência de tal modo de produção faria com que as perspectivas de
profundas transformações em formações do tipo asiático se enfraquecessem. Gianni Sofri por
sua vez corrobora a afirmação de Hobsbawm, mostra que de fato muitos dos que sustentavam a
“excepcionalidade asiática” buscavam implicitamente negar a possibilidade de transformações
estruturais mais profundas nestas sociedades. Para Sofri, muitos dos que afirmavam a
imutabilidade asiática, também sustentavam que nenhuma revolução seria capaz de abolir o
caráter despótico de um Estado que em qualquer circunstância permaneceria como uma espécie
de Leviatã sobre a sociedade.
Ao mesmo tempo, Hobsbawm também cita de passagem um outro motivo para a
condenação do modo de produção asiático e para a tendência a alargar a ocorrência de
feudalismo, que seria a idéia de que “classificar todas as sociedades como feudais até que
ocorresse uma formal revolução burguesa, ganhou terreno, principalmente na Grã-Bretanha.”
(HOBSBAWM, 1975, p.61)
Pensamos que o motivo acima descrito por Hobsbawm de forma apenas lateral e
circunscrito principalmente à Grã-Bretanha, na realidade foi bem mais importante para a
condenação do modo de produção asiático nos anos 20/30.
É fato que a política da Internacional Comunista a partir dos anos 20/30 para os países
periféricos se pautou por diversos momentos – de forma mais ou menos explícita - na tese de
que eram necessárias revoluções burguesas que desenvolvessem as forças produtivas capitalistas

11 de 20
III Conferência Internacional em História Econômica &
V Encontro de Pós-graduação em História Econômica

Brasília, 23 e 24 de setembro de 2010

e estabelecessem as contradições entre capital e trabalho típicas dos


capitalismos mais maduros. Isso na prática implicou na aliança dos PC`s com as burguesias – ou
setores delas – nos países mais atrasados.
Um momento chave desta discussão, como aponta Gianni Sofri, foi o debate em torno
da Revolução Chinesa na segunda metade dos anos 20. A política do Komintern partia do
pressuposto de que haveria dois campos em luta “de um lado, a burguesia nacional e o
proletariado, unidos na persecução da fase democrático burguesa da revolução, e de outro o
imperialismo estrangeiro e restos do feudalismo, presente e, em larga medida, na sociedade
chinesa.” (SOFRI, 1977, p.91)
Diante de tal posicionamento, a idéia de “modo de produção asiático” tornava-se um
incômodo teórico para uma determinada prática política. Pois na acepção marxiana de modo de
produção asiático, a enorme força e onipotência da burocracia do Estado seria contraditória com
a idéia de uma sociedade mais individualizada que permitisse uma burguesia com interesses
autônomos.
Trotsky em crítica à posição oficial do Komintern contrapunha a seguinte idéia sobre a
China e o caráter de sua burguesia:

A propriedade fundiária está ligada (...) ao capital urbano e inclusive ao capital estrangeiro. Não existe na
China uma casta de senhores feudais que se opõe à burguesia. O tipo de explorador mais difuso, mais
comum e mais odiado, no campo, é o kulak agiota, agente do capitalismo financeiro urbano. Por
conseguinte a revolução agrária tem um caráter antifeudal16 como antiburguês (...) uma insurreição não
apenas contra os senhores relativamente pouco numerosos e contra a burocracia, mas também contra o
kulak e o agiota”. (TROTSKY apud SOFRI, 1977, p.94)

Trotsky acreditava que a Revolução Chinesa deveria ser hegemonizada pelo


proletariado. Sua justificativa teórica como vimos era baseada no fato de que não haveria na
China uma contraposição dual entre “arcaico” e “moderno”, que no plano das classes sociais
seria o mesmo que a oposição entre burguesia e senhores/burocracia. Mas mais do que isso.
Trotsky também se contrapunha à tendência do Komintern de maximizar a importância política
do “arcaico” que servia como justificativa da defesa do caráter exclusivamente “anti-feudal” da
Revolução Chinesa. “O projeto que fala da prevalência das relações feudais, medievais (...) é

16
Apenas uma precisão aqui. A idéia de feudal aqui esposada por Trotsky deve ser melhor explicada para se evitar
confusões. De um lado era fato que a China não poderia ser enquadrada como um modo de produção de asiático
“puro”, posto que havia uma classe de senhores proprietários privados, mesmo que considerada pouco importante
para Trotsky. Ao mesmo tempo como aponta Sofri, a palavra feudal muitas vezes era usada como um adjetivo
semelhante a “arcaico” ou “atrasado”. O fundamental é perceber que para Trotsky o fundamental era a idéia de que
havia uma especificidade na estrutura econômica e social da China que fazia com que tanto estes proprietários de terra
como a burocracia de Estado estivessem estreitamente ligados aos capitalistas.

12 de 20
III Conferência Internacional em História Econômica &
V Encontro de Pós-graduação em História Econômica

Brasília, 23 e 24 de setembro de 2010

radicalmente falso. Trata-se do número de pessoas implicadas ou do papel


preponderante na economia do país? Um desenvolvimento interno, extremamente rápido da
indústria baseado no capitalismo comercial e bancário (...) completa dependência do mercado
das regiões agrícolas mais importantes, papel enorme do comércio exterior, subordinação total
do campo à cidade. Tudo isto comprova a prevalência incondicional (...) das relações
capitalistas.” (TROTSKY apud SOFRI, p. 95)
Está fora de nossos propósitos aqui debater em que medida as posições políticas aqui
descritas incidiram no malogro da Revolução Chinesa nos anos 20. O que queremos por em tela
é que o debate remete diretamente ao problema da periodização histórica. A partir das citações
que expusemos é possível apreender duas concepções distintas.
De um lado há a teorização do Komintern que se pauta numa separação dual entre
“arcaico” e “moderno” que ao mesmo tempo é a separação entre uma formação pré-capitalista e
o capitalismo. Estabelecendo tal oposição, tal formulação teórica aparentemente remete às
próprias posições de Marx quando este insistia no caráter progressivo da difusão do capitalismo
por sobre as áreas onde historicamente havia se firmado o modo de produção asiático.
Trotsky, por sua vez, retoma no debate sobre a China a sua teoria do desenvolvimento
desigual e combinado formulada sob o impacto da Revolução Russa de 1905.17 O pressuposto
básico desta teoria é de que a etapa imperialista do capitalismo, baseada na hegemonia do
capital monopolista e na exportação de capitais redimensiona a relação entre atrasado e
moderno. O atraso permanece como marca dos países submetidos ao imperialismo. Entretanto
este atraso antes combina-se com o moderno do que se opõe a ele. Mais ainda, há em Trotsky
uma outra idéia. Em que pese o “arcaico”, o “feudal”, o “asiático” nos países submetidos, a
relação que se estabelece não é simétrica, ou seja, há uma clara dominância exercida pelo
capital sobre os elementos pré-capitalistas.
Feitas tais considerações, podemos agora partir para um ponto central. A posição do
Komintern tende a subestimar o fato de que o desenvolvimento capitalista em sua etapa
imperialista do século XX “pula etapas” nos países atrasados e introduz as forças produtivas e
relações de produção modernas sem a necessidade de uma prévia transformação interna tal qual
ocorreu na Europa Ocidental aonde as características pré-capitalistas foram destruídas no curso
de séculos. Ao mesmo tempo, a ênfase dualista perde de vista o fato de que não há espaço para
o desenvolvimento autônomo capitalista nas áreas atrasadas, pois o capitalismo em sua etapa
monopolista pressupõe uma dada totalidade concreta com um determinado sentido histórico.
Totalidade esta por sua vez que estabelece uma nítida hierarquia entre os países que acaba por

17
Cf. TROTSKY, L. Balanço e perspectivas. Lisboa: Antídoto, 1978.

13 de 20
III Conferência Internacional em História Econômica &
V Encontro de Pós-graduação em História Econômica

Brasília, 23 e 24 de setembro de 2010

repor o atraso econômico nas regiões submetidas. O imperialismo não


apenas se liga aos elementos “arcaicos” como também imprime o ritmo e limita as
possibilidades de desenvolvimento interno do capitalismo nos países atrasados. Por isso a
perspectiva de burguesias efetivamente autônomas nos países atrasados seria falsa.18 O aspecto
ao qual não se dá a devida importância ao se adotar uma concepção dual da periodização
histórica é justamente que:

O capitalismo (...) preparou e, num certo sentido, realizou a universalidade e a permanência do


desenvolvimento da humanidade. Por isto está excluída a possibilidade de uma repetição das formas de
desenvolvimento de diversas nações. Forçado a se colocar a reboque dos países avançados, um país
atrasado não se conforma com a ordem de sucessão. (TROTSKY, 1977, p.20-21 apud LOWY, 2008, p.6)

O problema não é, portanto, a incompatibilidade do modo de produção asiático, ou de


qualquer formação pré-capitalista, com o capitalismo. Ernest Mandel, em um capítulo de seu
livro “Formação do Pensamento Econômico de Karl Marx” em que discute o conceito de modo
de produção asiático, sintetiza muito bem a questão: “O subdesenvolvimento atual das nações
da Ásia não é produto do modo de produção asiático, mas da ação retardadora e regressiva
que a relação de subordinação resultante da penetração européia exerceu sobre essas nações”.
(MANDEL, 1968, p. 127)
Subdesenvolvimento este que por sua vez é resposto não apenas pela relação de
subordinação meramente econômica. Se é certo que apenas no capitalismo é que a economia
enquanto tal torna-se relativamente autônoma e subordina outras esferas da vida social, na era
do capital monopolista há de se considerar também a atuação de elementos extra-econômicos
(políticos, militares, etc.) que também ajudam a reproduzir a hierarquia entre as nações.
Por tudo isso, a teoria do desenvolvimento desigual e combinado aponta uma nova
problemática para a questão da transição ao socialismo. A difusão das relações capitalistas deixa
de ser considerada num sentido meramente progressista. Agora ela é vista também em seu
sentido regressivo e reprodutor da dominação e do atraso histórico. Por isso, a tática política que
19
se propõe por parte de seus defensores é bem outra.

18
Isso não quer dizer, por outro lado, que não existiriam momentos de importantes fissuras e mesmo rupturas entre
estas burguesias nacionais e o grande capital monopolista internacional, como o próprio Trotsky afirmou certas vezes e
como também a história do século XX mostrou. No caso específico da China, tal possibilidade era descartada por
Trotsky. Todavia, o substancial aqui é que a teoria do desenvolvimento desigual e combinado aponta para uma
perspectiva histórica global que leva em conta o fato de que na etapa imperialista, a tendência é antes de conciliação
do que de ruptura entre as burguesias e o grande capital internacional. Além disso, mesmo os momentos de ruptura
tendiam a ser efêmeros e não representariam uma oposição de longo prazo irreconciliável.
19
“o dia e a hora em que o poder deve passar para as mãos da classe operária não dependem diretamente do nível
das forças produtivas.” (...) O proletariado pode chegar ao poder, num país economicamente atrasado, antes de um
país avançado do ponto de vista capitalista. Julgar que a ditadura do proletariado dependa automaticamente das forças
técnicas e dos recursos de um país significa repetir um preconceito oriundo de um materialismo econômico por demais

14 de 20
III Conferência Internacional em História Econômica &
V Encontro de Pós-graduação em História Econômica

Brasília, 23 e 24 de setembro de 2010

6- Considerações finais

Tudo o que dissemos remete mais uma vez à formulação marxiana sobre a periodização.
A idéia de progresso e desenvolvimento das forças produtivas em Marx deve sempre ser vista
em um determinado sentido histórico que aponta para a transição ao socialismo e ao
comunismo. Mas, ao mesmo, tempo, uma leitura atenta do conjunto do pensamento marxiano
desautoriza qualquer esquematismo formal, qualquer formulação unilinear da história.
Pensar a periodização numa forma dual, onde há uma justaposição de modos de
produção “arcaicos” e “modernos”, implica em suprimir toda a complexidade adquirida pelo
capitalismo em sua etapa monopolista.
É certo que Marx no período em que viveu não poda dar conta do conjunto de
transformações que só se efetivariam depois de sua morte. Entretanto, cremos que em Marx é
clara a idéia de que o capitalismo, diferentemente dos outros modos de produção, tende a impor
uma totalidade dinâmica sobre todos os países que subverte todas as relações sociais para um
dado sentido histórico.20 Em outras palavras, queremos dizer que existe em Marx a idéia de que
o advento do modo de produção capitalista abriu um conjunto de possibilidades e
transformações históricas drásticas e profundas, cujo desenvolvimento não poderia ser
totalmente previsto de antemão.
Desta forma, toda a idéia de progresso presente em Marx também deve ser recolocada à
luz das próprias mutações da sociedade capitalista, assim como a própria idéia de
desenvolvimento das forças produtivas e transição ao socialismo e comunismo. Aqui vale
resgatar uma citação de “ A Ideologia Alemã”:

(...) por outro lado, este desenvolvimento das forças produtivas (que contém simultaneamente uma
verdadeira existência humana empírica, dada num plano histórico-mundial e não na vida puramente local
dos homens) é um pressuposto prático, absolutamente necessário, porque, sem ele, apenas generalizar-se-
ia a escassez e penúria e, portanto, com a carência, recomeçaria novamente a luta pelo necessário e toda a
imundície anterior seria restabelecida; além disso, porque apenas com esse desenvolvimento universal das
forças produtivas dá-se um intercâmbio universal dos homens, em virtude do qual, de um lado, o
fenômeno da massa “destituída de propriedade” se produz simultaneamente em todos os povos

simplificado. (TROTSKY, 1979, pp. 53-54.) Vale ressaltar, como é sabido, que se em Trotsky a passagem de poder
para as mãos do proletariado em um país atrasado era não apenas possível como necessária, por outro lado a
manutenção de tal poder e a consecução da transição ao socialismo dependiam da vitória de outras revoluções ao
redor do mundo.

20
“A burguesia não pode existir sem revolucionar constantemente os meios de produção e, por conseguinte, as
relações de produção e, com elas, todas as relações sociais.” (MARX, 1998, p.22)

15 de 20
III Conferência Internacional em História Econômica &
V Encontro de Pós-graduação em História Econômica

Brasília, 23 e 24 de setembro de 2010

(concorrência universal), fazendo com que cada um deles dependa das revoluções
dos outros; e, finalmente, coloca indivíduos empiricamente universais, histórico-
mundiais, no lugar de indivíduos locais. Sem isto: 1.) o comunismo não poderia existir a não ser como
fenômeno local; 2.) as próprias forças do intercâmbio não poderiam desenvolver-se como forças
universais e, portanto, insuportáveis e permaneceriam “circunstâncias” domésticas e supersticiosas; e 3)
toda ampliação do intercâmbio superaria o comunismo local. (ENGELS; MARX, 1986, pp. 50-51)

Pensamos que seria correto dizer que na etapa monopolista do capital o caráter
histórico-mundial da existência humana é ainda mais potencializado. A potencialidade de
produção de riqueza e de sua fruição pelo homem através do desenvolvimento das forças
produtivas, idem. Em outras palavras as condições objetivas para o progresso no sentido
marxiano estão dadas e não mais precisam esperar pela generalização de relações de produção
capitalistas que destruam os resquícios arcaicos. Tampouco é necessário aguardar que o capital
promova ele mesmo a continuidade do desenvolvimento das forças produtivas. O progresso no
caso passaria a depender diretamente da possibilidade da reorganização econômica da sociedade
de maneira independente do capital.
Certamente as considerações acima são feitas num alto grau de generalização e dizem
respeito ao longo prazo e não a conjunturas específicas. Em última análise, o que queremos
dizer é que a idéia de que apenas um capitalismo “pleno” em cada país pode abrir a
possibilidade de transição ao socialismo, torna-se um falso problema na era do capital
monopolista, posto que o capitalismo monopolista real e concreto inviabiliza um mesmo ponto
de chegada “pleno” para todas as nações.
Constatar isso não implica de forma alguma negar todas as enormes dificuldades
implícitas num eventual processo de transição ao socialismo, que não podem ser de objetivo de
uma análise aprofundada aqui. O que podemos afirmar é que o fundo do problema da transição
ao socialismo passa a ser a nosso ver cada vez mais “político” e menos “econômico” estrito
senso.
É evidente que isso não implica em minimizar a presença de resquícios pré-capitalistas
e do atraso em determinadas formações sociais. Trata-se, ao contrário, de compreender que se
aceitamos a idéia de um desenvolvimento desigual e combinado, teremos em mente que a
dinâmica capitalista nos países atrasados acarretou numa série de tensões como a
superexploração do trabalho, a marginalização de setores inteiros da população, toda uma gama
de conflitos sociais, étnicos, etc. É sintomático que durante o século XX, foi justamente dos

16 de 20
III Conferência Internacional em História Econômica &
V Encontro de Pós-graduação em História Econômica

Brasília, 23 e 24 de setembro de 2010

países que supostamente necessitavam de um “choque de capitalismo” de


onde partiram revoluções que expropriaram o capital.
Por outro lado, a própria experiência pós-revolucionária desses países mostrou de forma
trágica que a superação do capitalismo encarna enormes dificuldades dentro dos limites
nacionais. Na medida em que o capitalismo produziu o homem histórico-universal, também a
sua superação deve ser pensada nos mesmos termos.
É interessente notar, como aponta Gianni Sofri, como o debate sobre o modo de
produção asiático reapareceria quando da cisão política entre Moscou e Pequim anos nos anos
60. De um lado historiadores soviéticos insistiram que o problema do atraso “asiático” da China
não seria superado sem um prévio desenvolvimento das forças produtivas. Do outro lado,
historiadores chineses enfatizariam a importância da transformação das relações de produção, ao
mesmo passo em que negavam uma tendência estagnacionista da China em virtude da
prevalência histórica do modo de produção asiático. Não apenas os chineses, mas também
muitos dos críticos ocidentais dos dirigentes da URSS tomavam a Revolução Cultural de Mao
como um contra-exemplo positivo em relação ao economicismo da burocracia soviética.
Bettelheim (1979) por exemplo, e mesmo Sweezy (1981), viram com bons olhos o fato de que o
modelo chinês priorizou não o desenvolvimento a qualquer custo das forças produtivas, mas sim
as alterações nas relações de produção.
Um olhar retrospectivo “post-festum” sobre a experiência soviética e chinesa nos leva a
sugerir que a questão da transição ao socialismo está muito além de uma escolha entre priorizar
“forças produtivas” e “relações de produção”, mesmo que isso seja um dado importante. Sem
qualquer pretensão de teorizar uma solução acabada para a questão, apenas sugerimos que a raiz
do malogro de tais experiências se situa na inviabilidade a longo prazo de qualquer alternativa
que não logre superar globalmente o modo de produção capitalista.
No plano do debate da periodização isto significa dizer que sem uma transformação que
extrapole os limites nacionais de maneira significativa, o capital monopolista tende a subverter e
estabelecer sua dominância não apenas sobre as formações sociais pré-capitalistas, como
também sobre as formações pós-capitalistas.
Retomando mais uma vez a citação de Ideologia Alemã, consideremos o seguinte. Como
afirmamos o capitalismo do século XX potencializa o homem “histórico mundial” e coloca o
problema da transição num plano mais “político” do que “econômico” estrito senso. Mas
justamente por isso o problema da transição para a ser atravessado por uma profunda tensão.
Pois se de um lado o conteúdo da transição ao socialismo só pode ser colocado num plano
universal, ao mesmo tempo tal universalização é obstaculizada pelas diferentes formas

17 de 20
III Conferência Internacional em História Econômica &
V Encontro de Pós-graduação em História Econômica

Brasília, 23 e 24 de setembro de 2010

específicas da luta política em diversos países. Ou seja, coloca-se o dilema


de como conciliar o conteúdo mundial da transição com a forma histórica do Estado-nação.
E finalmente, chegamos a uma última consideração. Ao longo do texto nos associamos à
teoria do desenvolvimento desigual e combinado de Trotsky, na crença de que ela se enquadra
não com a “letra” da obra marxiana, mas sim com o seu “espírito”. Ao mesmo tempo tal teoria
nos parece um melhor instrumento não apenas para a compreensão da dinâmica capitalista nos
países atrasados como também para pensar as possibilidades da superação de tal dinâmica.
Trotsky, como vimos, acreditava desde o início do século XX que “o dia e a hora em
que o poder deve passar para as mãos da classe operária não dependem diretamente do nível
das forças produtivas”. Por outro lado a questão da vitória do socialismo para Trotsky não seria
de forma alguma e independente da produtividade alcançada pela técnica das sociedades pós-
capitalistas: “a única razão pela qual o socialismo poderá suplantar completamente o
capitalismo, completa e definitivamente, é o fato de que assegurará uma maior quantidade de
produtos para cada porção de trabalho humano” (TROTSKY apud PREOBRAJENSKY, 1974,
et. al, p. 133)
Diante dessa última frase, perguntamos: Será mesmo necessário para a efetivação do
socialismo que novas forças produtivas suplantem a potência quantitativa produtiva do
capitalismo? Não negamos que a questão proposta por Trotsky naquele contexto tinha a sua
relevância, pois o problema da escassez em nossa opinião tinha um peso distinto dos dias de
hoje. Cremos ser razoável acreditar que o arcabouço técnico existente hoje engendra enormes
possibilidades de suprir os mais básicos requisitos humanos de moradia, alimentação, etc. Por
21
isso achamos que o problema da “penúria” posto por Marx em Ideologia Alemã, e retomado
por tantos outros marxistas, deve ser recontextualizado à luz da situação atual.
Desta forma, pensamos que a resposta para a questão formulada deve ser negativa, se
levamos em conta o contexto atual do modo de produção capitalista. A necessidade histórica de
submeter o homem à produção de riqueza para a promoção do progresso, tal qual descrito nas
FORMEN, parece hoje estar encerrada a nosso ver. Ironicamente, talvez uma das questões mais
candentes para o progresso, compreendido aqui como potencialização da humanidade e livre
desenvolvimento de um indivíduo não alienado, seria justamente postular o resgate justamente
daquilo que o capitalismo destruiu nas formações pré-capitalistas: o homem como objetivo da
produção de riqueza.

21
É evidente que o que dizemos aqui não anula o fato de que uma enorme parcela da humanidade viva em condições
de extrema penúria. O que salientamos é que as forças produtivas, bem como o desenvolvimento técnico, científico,
etc., acumulados no mundo contemporâneo poderiam rapidamente ser utilizados de forma a resolver alguns dos
problemas mais candentes dos seres humanos. Assim, queremos sugerir que a potência técnica disponível no século
21 não precisaria ser aumentada quantitativamente para a solução plenamente satisfatória e veloz de tais carências,
diferentemente do início do século XX.

18 de 20
III Conferência Internacional em História Econômica &
V Encontro de Pós-graduação em História Econômica

Brasília, 23 e 24 de setembro de 2010

4) Bibliografia
ASTON, T; PHILPIN, C(org) El debate Brenner : estructura de clases agraria y desarrollo
economico en la Europa preindustrial .-Barcelona: Editorial Critica, 1988

BETTELHEIM, C. Transição para a Economia Socialista. Rio de Janeiro: Zahar, 1969.

DOBB, M. A Evolução do Capitalismo. São Paulo: Zahar, 1965.

ENGELS, F; MARX, K. A Ideologia Alemã (Feuerbach). 5. ed. São Paulo: Hucitec, 1986.

ENGELS, F; MARX, K. Manifesto do Partido Comunista. São Paulo: Edições O Trabalho, 1998.

HOBSBAWM, E. Formações econômicas pré-capitalistas (Introdução). Rio de Janeiro: Paz e terra,


1975.

LÖWY, Michael. A Teoria do Desenvolvimento Desigual e Combinado, In. Revista Outubro, 1998,
n. 01, p. 73 – 80. Revista do Instituto de Estudos Socialistas. Disponível em:
<http://www.revistaoutubro.com.br/edicoes/01/out01_06.pdf>.

MANDEL, E. A formação do pensamento econômico de Karl Marx. Rio de Janeiro: Zahar, 1968.

MARIUTTI, E.B. Balanço do debate: a transição do feudalismo ao capitalismo. São Paulo: Hucitec,
2004.

MARX, K. Formações econômicas pré-capitalistas. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1975.

MARX, K. O Capital: crítica da economia política. 2. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1985. 5
v.(Coleção Os Economistas).

MARX, K. Prefácio à Contribuição à Crítica da Economia Política. In: FERNANDES, F. (org.) Karl
Marx, Friedrich Engels: história. São Paulo: Ática, 1983. (Coleção Grandes Cientistas Sociais v.23)

MARX, K. Manifesto do Partido Comunista. São Paulo: Edições O Trabalho, 1998.

QUARTIM DE MORAES, J. A “Forma Asiática” e o Comunismo Agrário Primitivo. In: Crítica


Marxista, 1995, n. 02.

PREOBRAJENSKY, E. Debate sobre la economia soviética y la ley del valor. México, DF: Editorial
Grijalbo, 1974.

TROTSKY, L. História da Revolução Russa. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.3 v.

TROTSKY, L. Balanço e perspectivas. Lisboa: Antídoto, 1978.

19 de 20
III Conferência Internacional em História Econômica &
V Encontro de Pós-graduação em História Econômica

Brasília, 23 e 24 de setembro de 2010

TROTSKY, A Revolução Permanente. São Paulo: Livraria Editora de


Ciências Humanas, 1979

SOFRI, G. O modo de produção asiático: história de uma controvérsia marxista. Rio de Janeiro, Paz
e terra, 1977

SOFRI, G. O problema da revolução socialista nos países atrasados. In: Hobsbawm, E(org) História
do Marxismo. Vol 8. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989.

SWEEZY, P. M. et.al. Transição do feudalismo para o capitalismo. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1977.

SWEEZY, P. M. A Sociedade Pós-Revolucionária. Rio de Janeiro: Zahar, 1981

20 de 20

Vous aimerez peut-être aussi