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MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

A ATIVIDADE DE INVESTIGAÇÃO DO
MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

(APONTAMENTOS)

XISTO TIAGO DE MEDEIROS NETO


Procurador Regional do Trabalho
BRASÍLIA
dezembro – 2009

A ATIVIDADE DE INVESTIGAÇÃO
DO
MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

XISTO TIAGO DE MEDEIROS NETO


Procurador Regional do Trabalho
QUADRO ESQUEMÁTICO – A ATIVIDADE DE INVESTIGAÇÃO DO MPT

REPRESENTAÇÃO (DENÚNCIA):
▪ ESCRITA: por terceiros (sindicatos,
particulares, servidores públicos, órgãos
públicos, juizes e tribunais); ex officio 1
(observação direta, processos judiciais, meios
de comunicação, etc.); por designação de
órgãos do MPT (PGT, CSMPT , CCR);
▪ VERBAL: reduzida a termo na PRT. ENCERRAMENTO DO
▪ ANÔNIMA (internet; correspondência). PROCEDIMENTO (PP OU IC)

RELATÓRIO DE
ARQUIVAMENTO
AUTUAÇÃO ARQUIVAMENTO SUBSCRIÇÃO
DE TAC

DISTRIBUIÇÃO REMESSA à CCR


▪ direta ao membro ou por sorteio ACOMPANHAMENTO
(Procurador-Chefe ou DO CUMPRIMENTO
Coordenador da CODIN) ou a DE TAC
▪ grupo especial HOMOLOGAÇÃO
▪ diretamente ou
▪ por carta precatória de
NÃO acompanhamento
APRECIAÇÃO PRÉVIA HOMOLOGAÇÃO
▪ análise sobre pertinência do objeto
denunciado com a atuação do MPT; TAC NÃO
relevância e enquadramento jurídico RETORNO AO CUMPRIDO
PROCURADOR OU
DESIGNAÇÃO DE
NOVO MEMBRO TAC
INDEFERIMENTO CUMPRIDO
Arquivamento direto
PRAZO: 30 dias NOVOS ATOS
INSTRUTÓRIOS
INSTAURAÇÃO E
REGISTRO DE
AJUIZAMENTO
PROCEDIMENTO
DE AÇÃO
PREPARATÓRIO (PP)
PROVIDÊNCIAS
INSTAURAÇÃO E PRELIMINARES
▪ sigilo da identidade do
REGISTRO DO
denunciante;
INQUÉRITO CIVIL (IC)
▪ esclarecimentos pelo
PUBLICAÇÃO DE PORTARIA denunciante;
OU DESPACHO: (diário oficial ou ▪ audiência preliminar; PROVIDÊNCIAS FINAIS
quadro de avisos; boletim ▪ inspeção; ▪ comunicação aos interessados
informativo, página internet) ▪ requisição (informações, ▪ baixa no sistema
documentos, exames, perícias
e fiscalização à SRTE; e
did ▪ envio de recomendação
INSTRUÇÃO
▪ requisições PRAZO: 90 dias,
▪ notificações prorrogáveis uma vez FIM
▪ audiências
▪ diligências
▪ inspeções
▪ remessa dos autos a outra
Procuradoria 1

PRAZO: 01 ano, prorrogável


quando necessário.
SUMÁRIO

I - INQUÉRITO CIVIL

1) ORIGEM 07
2) REFERÊNCIAS NORMATIVAS 07
3) CONCEITO / NATUREZA JURÍDICA / OBJETO 09
4) CARACTERÍSTICAS BÁSICAS 11
5) DENÚNCIA 13
5.1) MODALIDADES 13
5.2) INDEFERIMENTO DA REPRESENTAÇÃO 15
6) DISTRIBUIÇÃO 16
6.1) CRITÉRIOS 18
6.2) IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO 19
6.3) COMPENSAÇÃO 21
6.4) CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES 22
7) PROCEDIMENTO PREPARATÓRIO DE INQUÉRITO CIVIL 22
7.1) REFERÊNCIAS LEGAIS E NOMENCLATURA 22
7.2) OBJETIVO 23
7.3) REGRAS BÁSICAS 23
7.4) LIMITES E POSSIBILIDADES 24
7.5) ARQUIVAMENTO 25
8) INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO CIVIL 26
8.1) ÓRGÃO RESPONSÁVEL 27
8.2) PORTARIA 27
8.2.1) CONTEÚDO 27
8.2.2) QUESTÕES RELEVANTES 28
8.2.2.1) PUBLICAÇÃO E ADEQUAÇÃO DO MEIO 28
8.2.2.2) AMPLIAÇÃO DO OBJETO DA INVESTIGAÇÃO E DESMEMBRAMENTO 29

9) INSTRUÇÃO DO INQUÉRITO CIVIL 30


9.1) ORDENAMENTO DA INVESTIGAÇÃO 31
9.2) POSSIBILIDADES E ESTRATÉGIAS 31
9.2.1) EXEMPLOS 31
9.2.2) INQUÉRITO CIVIL EM CONJUNTO COM O MPE E MPF 32
9.2.3) REMESSA DO PROCEDIMENTO A OUTRA PROCURADORIA 33
9.2.4) INQUÉRITOS CIVIS COM OBJETIVO DIFERENCIADO 34
9.2.5) PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES E DIVULGAÇÃO DE DADOS 35
9.2.6) IMPOSIÇÃO DE SIGILO 36
9.2.7) DIREITO DE VISTA DOS AUTOS 38
9.2.8) DIREITO DA PARTE OU DO ADVOGADO DE PARTICIPAR DE AUDIÊNCIA 41
9.2.9) DEPOIMENTO DE TESTEMUNHA 41
9.2.10) DEPOIMENTO E POSIÇÃO DO INVESTIGADO 42
9.3) VALOR DAS PROVAS 43
9.4) NULIDADES 45

10) MOTIVAÇÃO DOS ATOS DO INQUÉRITO CIVIL 45

11) ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO CIVIL 46


11.1) PRAZO 46
11.2) HIPÓTESES 46
11.2.1) ARQUIVAMENTO 47
11.2.2) ASSINATURA DE TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA – TAC 52
11.2.3) ILEGITIMIDADE OU INCOMPETÊNCIA FUNCIONAL DO MPT 52
11.2.4) PROPOSITURA DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA 53
12) DESARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO CIVIL 54
13) CONTROLE DA LEGALIDADE DO INQUÉRITO CIVIL 55
13.1) HABEAS CORPUS 55
13.2) MANDADO DE SEGURANÇA 55
14) RESPONSABILIDADE DO ÓRGÃO PERANTE A SOCIEDADE 56
15) PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS PARA ACOMPANHAMENTO DE AÇÕES 57
ESTRATÉGICAS

II - PODERES DE INVESTIGAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

1) REQUISIÇÃO 59
1.1) CONCEITO 59
1.2) FORMA 59
1.3) DESTINATÁRIOS 60
1.4) HIPÓTESES LEGAIS 61
1.5) PRAZO 62
1.6) MATÉRIAS PROTEGIDAS POR SIGILO 62
1.5.1) BASE LEGAL 62
1.5.2) LIMITES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE REQUISIÇÃO 63
1.5.3) RESPONSABILIDADE DO ÓRGÃO 67
1.7) DESCUMPRIMENTO DA REQUISIÇÃO 67
2) NOTIFICAÇÃO 69
2.1) BASE LEGAL 69
2.2) DESTINATÁRIOS 69
2.3) FORMA 69
2.4) PRESSUPOSTOS 70
2.5) CONTEÚDO 70
3) INSPEÇÃO E REALIZAÇÃO DE DILIGÊNCIAS 70
3.1) BASE LEGAL 70
3.2) PROCEDIMENTO 70

III - TERMO DE COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA

1) BASE LEGAL 72
2) OBJETO 73
3) ASPECTOS JURÍDICOS RELEVANTES 76
4) MULTA 78
4.1) NATUREZA JURÍDICA 78
4.2) REVISÃO DO VALOR 79
4.3) DESTINAÇÃO 79
5) PARCELA DE INDENIZAÇÃO DE DANOS 81
6) DESCONSTITUIÇÃO E RETIFICAÇÃO 83
7) TERMO DE COMPROMISSO PERANTE O MTE 84
IV - RECOMENDAÇÃO

1) BASE LEGAL 86
2) CONCEITO 86
3) REQUISITOS 86
V – AUDIÊNCIAS PÚBLICAS

1) BASE LEGAL 89
2) CONCEITO 89
3) PROCEDIMENTO 90
4) EFEITOS 91

VI – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 92

VII – ANEXOS 94

1) LEI N.º 7.347/85 95


2) RESOLUÇÃO N.º 69/2007 (CSMPT) 99
3) RESOLUÇÃO N.º 87/2009 (CSMPT) 105
4) RESOLUÇÃO N.º 86/2009 (CSMPT) 108
5) RESOLUÇÃO N.º 23/2007 (CNMP) 116
6) PRECEDENTES PRINCIPAIS DO CSMPT 122
7) ORIENTAÇÕES DA CCR (MPT) 125
8) RECOMENDAÇÕES DA CCR (MPT) 128
9) PRECEDENTES DA CCR (MPT) 129
I – O INQUÉRITO CIVIL

1) ORIGEM:

► Previsão no anteprojeto de LACP (1984), de autoria de Camargo Ferraz, Édis


Milaré e Nelson Nery Júnior, que resultou na Lei n° 7.347/85.

► No Direito estrangeiro desconhece-se instrumento semelhante.

2) REFERÊNCIAS NORMATIVAS:

► Lei 7.347/85:

art. 8º, § 1º. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito
civil, ou requisitar, de qualquer organismo público ou particular, certidões,
informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser
inferior a 10 (dez) dias.

► Constituição Federal/1988:

art. 129, III. São funções institucionais do Ministério Público: promover o inquérito
civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio
ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.

► Lei 7.853/89 (Lei de proteção às pessoas portadoras de deficiência):

- observação: explicitou a abrangência da requisição a qualquer pessoa física ou


jurídica.

art. 6°. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil,
ou requisitar, de qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou particular,
certidões, informações, exame ou perícias, no prazo que assinalar, não inferior a 10
(dez) dias úteis.

► Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente):

- observação: possibilidade de investigação em caso de interesses individuais


indisponíveis.

7
art. 201, V. Compete ao Ministério Público: promover o inquérito civil e a ação civil
pública para a proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos relativos
à infância e à adolescência, inclusive os definidos no art. 220, § 3°, inciso II, da
Constituição Federal.

art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito
civil, ou requisitar, de qualquer pessoa, organismo público ou particular, certidões,
informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser
inferior a dez dias úteis.

 doutrina:

“O legislador possibilitou ao Ministério Público instaurar inquérito civil para a


apuração de direito pertencente a uma só criança ou adolescente. Houve o
abandono, na esfera da infância e da juventude, à regra geral concernente à
transindividualidade do direito ou interesse juridicamente tutelado pela lei.”
(SILVA, José Luiz Mônaco da. Inquérito Civil. Bauru, SP: EDIPRO, 2000, p. 33)

► Lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor):


art. 90. Aplicam-se às ações previstas neste Título as normas do Código de
Processo Civil e da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, inclusive no que respeita
ao inquérito civil, naquilo que não contrariar suas disposições.

► Lei 8.625/93 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público dos Estados - LONMP):

art. 25, IV. Além das funções previstas nas Constituições Federal e Estadual, na Lei
Orgânica e em outras leis, incumbe, ainda, ao Ministério Público: promover o
inquérito civil e a ação civil pública, na forma da lei:

a) para a proteção, prevenção e reparação dos danos causados ao meio ambiente,


ao consumidor, aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico, e a outros interesses difusos, coletivos e individuais indisponíveis
e homogêneos;
b) para a anulação ou declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio público
ou à moralidade administrativa do Estado ou de Município, de suas administrações
indiretas ou fundacionais ou de entidades privadas de que participem.

art. 26, I. No exercício de suas funções, o Ministério Público poderá: instaurar


inquéritos civis e outras medidas e procedimentos administrativos pertinentes (...).

► Lei Complementar 75/93 (Lei Orgânica do Ministério Público da União –


LOMPU):

- observação: amplitude e abrangência do objeto.

8
art. 6°, VII. Compete ao Ministério Público da União: promover o inquérito civil e a
ação civil pública para:
a) a proteção dos direitos constitucionais;
b) a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente, dos bens e direitos
de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
c) a proteção dos interesses individuais indisponíveis, difusos e coletivos, relativos
às comunidades indígenas, à família à criança, ao adolescente, ao idoso, às
minorias étnicas e ao consumidor;
d) outros interesses individuais indisponíveis, homogêneos, sociais, difusos e
coletivos.

Art. 84, II. Incumbe ao MPT, no âmbito de suas atribuições, exercer as funções
institucionais previstas nos Capítulos I, II, III e IV do Título I, especialmente:
instaurar inquérito civil e outros procedimentos administrativos, sempre que
cabíveis, para assegurar a observância dos direitos sociais dos trabalhadores.

► Resolução n.º. 23/2007 (CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO –


CNMP):
- Regulamenta os artigos 6º, inciso VII, e 7º, inciso I, da Lei Complementar n.º.
75/93 e os artigos 25, inciso IV, e 26, inciso I, da Lei n.º. 8.625/93, disciplinando,
no âmbito do Ministério Público, a instauração e tramitação do inquérito civil.

► Resolução n.º. 69/2007 (CONSELHO SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO


DO TRABALHO – CSMPT)

- Disciplina, no âmbito do Ministério Público do Trabalho, a instauração e


tramitação do inquérito civil, conforme artigo 16 da Resolução n.º. 23, de 17 de
setembro de 2007, do Conselho Nacional do Ministério Público.

3) CONCEITO / NATUREZA JURÍDICA / OBJETO

Resolução 69/2007 – CSMPT

Art. 1º. O inquérito civil, de natureza unilateral e facultativa, será instaurado para
apurar fato que possa autorizar a tutela dos interesses ou direitos a cargo do
Ministério Público do Trabalho nos termos da legislação aplicável, servindo
como preparação para o exercício das atribuições inerentes às suas funções
institucionais.

Parágrafo único. O inquérito civil não é condição de procedibilidade para o


ajuizamento das ações a cargo do Ministério Público do Trabalho, nem para a
realização das demais medidas de sua atribuição própria.

 meio que possibilita a investigação direta e exclusiva pelo MP para apurar fatos
que possam embasar diversas atribuições na sua esfera de atuação.

9
 procedimento meramente administrativo, de caráter pré-processual e natureza
inquisitiva.

 instrumento de instauração facultativa destinado a coligir provas e quaisquer


outros elementos de convicção que possam fundamentar a atuação do MP,
precipuamente na área civil. Destina-se a “viabilizar o exercício responsável da
ação civil pública, frustrando a possibilidade, sempre eventual, de instauração de
lides temerárias”.

 amplitude do objeto: destina-se à tutela dos direitos difusos, coletivos,


individuais homogêneos (indisponíveis ou disponíveis de interesse social)
e, inclusive, de direitos individuais indisponíveis (Ex: interesses de crianças e
adolescentes – art. 201, V, ECA).

 Resolução n.º. 76/2008 do CSMPT: criação do Temário Unificado do Ministério


Público do Trabalho.

►observação importante:

Quando se trata das limitações e dos poderes do membro do MPT, no âmbito


dos procedimentos de investigação, com destaque para o Inquérito Civil, há um
condicionamento de adotar-se, sem maiores reflexões, o paradigma da
investigação criminal, área em que a responsabilidade sob apuração resultará em
efeitos na esfera pessoal (não patrimonial), traduzidos em sanções (penais) que
geralmente envolvem restrições à própria liberdade física (direito de ir e vir).

No campo trabalhista, contudo, outro é o enfoque da investigação, que se


direciona, com primazia, à possível responsabilização da empresa/empregador,
mediante a fixação de obrigações de natureza reparatória (esfera patrimonial) ou
obrigações de fazer e não fazer (adequar a conduta à lei/cessar a conduta irregular),
sem afetar a liberdade pessoal dos investigados ou seus representantes legais.

 doutrina:

“O objeto do inquérito civil é o mais amplo possível, podendo se referir a um fato


determinado, ou a um conjunto de fatos que revelem um estado de coisas contrário
aos interesses da coletividade. Na atual sistemática pode o inquérito civil ser
utilizado para investigar qualquer tipo de ofensa a direito transindividual, e até de
direitos individuais indisponíveis cuja defesa seja de atribuição do Ministério Público.
O adjetivo civil qualifica a função do inquérito para investigar fatos da órbita não
penal. Mas nada impede que na apuração de um ilícito civil se constatem indícios de
materialidade e autoria de um delito penal, podendo os dados obtidos no inquérito
civil servirem como elemento para a propositura de uma ação penal.”
(RODRIGUES, Geisa de Assis. Ação Civil Pública e termo de ajustamento de
conduta. Rio de Janeiro: Forense, 2002, 84).

10
“Não sendo procedimento jurisdicional, o inquérito é procedimento administrativo e,
como tal, revestido de presunção de legitimidade, conformidade com a lei e auto-
executoriedade, porquanto instaurado e conduzido por órgãos do Estado (lato
sensu). (...)
Tem caráter preparatório, para guiar o representante do MP na sua missão de tutela
dos interesses diversos para os quais a lei autoriza o procedimento”.
(ADAMOVICH, Eduardo Henrique Raymundo von. Sistema da ação civil pública no
processo do Trabalho. São Paulo: LTr, 2005, p. 409).

 O INQUÉRITO CIVIL poderá instrumentalizar três resultados:

(a) preventivo (ao assegurar a não ocorrência de lesão, por meio de adequação de
conduta pela parte);

(b) reparatório (ao obter a reparação extrajudicial dos danos havidos, em sede de
termo de compromisso firmado pela parte, ou possibilitar a coleta de elementos
necessários ao ingresso da ação civil púbica, direcionada ao mesmo fim ) e

(c) repressivo (ao permitir o conhecimento de dados, objetivando a cessação da


conduta danosa, ou, ainda, ao possibilitar a verificação e apuração circunstancial e
incidental de fatos ilícitos que poderão embasar ação penal pública).

 doutrina:

“O inquérito civil não é processo administrativo e sim procedimento; nele não há uma
acusação nem nele se aplicam sanções; dele não decorrem limitações, restrições ou
perda de direitos. (...) Não se decidem interesses; não se aplicam penalidades.
Apenas serve para colher elementos ou informações com o fim de formar-se a
convicção do órgão do Ministério Público para eventual propositura ou não da ação
civil pública”.
(MAZZILLI, Hugo Nigro. “Pontos controvertidos sobre o Inquérito Civil”. In: MILARÉ,
Édis. (coord.). Ação civil Pública: Lei 7.347/1985 – 15 anos. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2001, p. 281)

4) CARACTERÍSTICAS BÁSICAS:

(a) Titularidade exclusiva


► instrumento manejado exclusivamente pelo Ministério Público.

(b) Instauração facultativa


► havendo elementos suficientes, a ACP pode ser proposta diretamente,
prescindindo da instauração do inquérito civil. Este instrumento não é condição
de procedibilidade ou pressuposto processual para o ajuizamento da ACP.

11
 jurisprudência:

“O inquérito civil é procedimento administrativo facultativo, inquisitorial e auto-


executório, o que desobriga o MP de instaurá-lo se dispõe dos elementos
necessários à propositura da ação”
(STJ, REsp n.º. 0077899/02, 2ª T, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ 09.06.2003).

(c) Formalidade restrita


► as normas que disciplinam a sua instauração e tramitação têm apenas caráter
administrativo e de organização interna e institucional (Ex: Resolução nº 69 do
CSMPT e Resolução n.º 23/2007, do CNMP).

(d)Inquisitividade
► ausência de contraditório e ampla defesa; não se destina à acusação ou
aplicação de sanção; procedimento não-punitivo.
► reconhecimento desta característica na valoração judicial das provas colhidas

 visão jurisprudencial:

“O princípio do contraditório não prevalece no curso das investigações preparatórias


encetadas pelo Ministério Público”. (STJ – ROMS 7423-SP, DJ 03.11.97, e ROMS
8.176-GO, DJ 25.05.98, Rel. Min. Milton Luiz Pereira).

(e) Publicidade mitigada


► instauração mediante portaria, com publicação adequada;
► ciência aos interessados do arquivamento;
► possibilidade de imposição de sigilo quanto ao procedimento investigatório ou em
relação a dados colhidos (p. ex: informações bancárias e fiscais).

Resolução 69/2007 – CSMPT

Art. 7º Aplica-se ao inquérito civil o princípio da publicidade dos atos, com exceção
das hipóteses de sigilo legal ou em que a publicidade possa acarretar prejuízo
às investigações, casos em que a decretação do sigilo legal deverá ser
motivada.
(...)
§ 5º A restrição à publicidade deverá ser decretada em decisão motivada, para fins do
interesse público, e poderá ser, conforme o caso, limitada a determinadas
pessoas, provas, informações, dados, períodos ou fases, cessando quando
extinta a causa que a motivou.

(f) Auto-executoriedade
► iniciativas de ofício do membro do MP;
► poder de requisição: certidões e documentos, realização de exames e perícias,
uso de força policial, notificação para depoimentos e esclarecimentos (sob pena
de condução coercitiva), realização de inspeção, expedição de recomendação.

12
5) DENÚNCIA:

5.1) MODALIDADES

 formal (escrita)

 verbal (reduzida a termo na PRT)

 anônima (página da Internet; correspondência escrita)

Resolução 69/2007 – CSMPT

Art. 2º O inquérito civil poderá ser instaurado:


(...)
II – mediante requerimento ou representação formulada por qualquer pessoa ou
comunicação de outro órgão do Ministério Público, ou qualquer autoridade,
desde que forneça, por qualquer meio legalmente permitido, informações sobre
o fato e seu provável autor, bem como a qualificação mínima que permita sua
identificação e localização;
(...)
§ 1º O Ministério Público do Trabalho atuará, independentemente de provocação, em
caso de conhecimento, por qualquer forma, de fatos que, em tese, constituam
lesão aos interesses ou direitos mencionados no artigo 1º desta Resolução,
devendo cientificar o membro do Ministério Público que possua atribuição para
tomar as providências respectivas, no caso de não a possuir.
(...)
§ 4º No caso do inciso II, em sendo as informações verbais, o Ministério Público do
Trabalho reduzirá a termo as declarações. Da mesma forma, a falta de
formalidade não implica indeferimento do pedido de instauração de inquérito
civil, salvo se, desde logo, mostrar-se improcedente a notícia, atendendo-se, na
hipótese, ao disposto no artigo 5º desta Resolução.

§ 5º Para preservação da integridade ou dos direitos do denunciante, o Ministério


Público do Trabalho poderá decretar o sigilo de seus dados, que ficarão
acautelados em Secretaria.

§ 6º O conhecimento por manifestação anônima não implicará ausência de


providências, desde que obedecidos os mesmos requisitos para as
representações em geral, constantes no artigo 2º, inciso II, desta Resolução.

► aceitação de denúncia anônima: compreensão ampliada na área trabalhista e


maior receptividade, considerando:

 a posição e a condição pessoal do trabalhador;

 risco presumido de retaliação, em face da identificação do trabalhador, com


efeitos nefastos para a manutenção do emprego/trabalho.

13
► compatibilização com a norma do art. 5º, IV, CF/88, que veda o anonimato: a
proibição constitucional do anonimato direciona-se à veiculação de mensagens,
publicações e matérias, principalmente nos meios de comunicação. Portanto, não
impossibilita a denúncia de irregularidades realizada anonimamente.

► a aceitação da denúncia anônima, quando o denunciante não apresenta


nenhuma identificação, deve ocorrer a partir da análise do caso concreto, mediante
a observação de um mínimo de consistência/pertinência dos elementos expostos
(dados, informações e/ou documentos).

► situação específica da garantia do sigilo da fonte (preservação da identidade do


denunciante): possibilidade e motivação na necessidade de evitar-se retaliações, de
preservar direitos ou mesmo a segurança pessoal do denunciante, principalmente
quando trabalhador.

► forma: supressão ou resguardo do nome do(s) denunciante(s) no procedimento.

 Art. 2º, § 5º, Resolução n.º 69/2007 do CSMPT:

“Para preservação da integridade ou dos direitos do denunciante, o Ministério


Público do Trabalho poderá decretar o sigilo de seus dados, que ficarão acautelados
em Secretaria”.

 PRECEDENTE N.º 15 DO CSMPT:


“Apenas o fato de a denúncia ser anônima não justifica o seu arquivamento liminar”.

 PROCESSO PGT/CCR/N.º 15/2002:


“Denúncias anônimas e o art. 5º, inciso IV, da Constituição da República. A proibição
constitucional do anonimato não é pertinente aos casos de denúncia anônima
perante os órgãos encarregados da defesa dos direitos meta-individuais. Compete
ao órgão destinatário da denúncia anônima oferecer a garantia do sigilo à parte
denunciante ou, então, adotar as cautelas necessárias para que a denúncia não
sirva a fins outros que os pertinentes à atuação do MPT. Em qualquer hipótese, um
mínimo de investigação deverá ser levado a efeito, para avaliação da
verossimilhança da denúncia”.

 Processo CSMPT N.º 08130.003160/2006:


“Precedente n.º. 15. Pedido de revisão ou cancelamento. Sendo o MP um Órgão
imprescindível à função jurisdicional do Estado, incumbido de defender a ordem
jurídica, o regime democrático e os interesses sociais e individuais indisponíveis,
quando recebe uma informação que diz respeito a interesse público a que é
obrigado a zelar, tem o dever de investigar, mesmo tratando-se de fonte que não
queira submeter-se à identificação, ou seja, que deseja permanecer anônima. O
dispositivo da Carta Magna que veda o anonimato (artigo 5º, inciso IV) não pode e
não deve ser analisado em separado, pois existem outros dispositivos da Lei Maior
que lhe afetam e que consequentemente justificariam o recebimento da denúncia
anônima”.

14
5.2) INDEFERIMENTO DA REPRESENTAÇÃO

Resolução 69/2007 – CSMPT

Art. 5º O membro do Ministério Público do Trabalho, no prazo máximo de trinta dias,


indeferirá o pedido de instauração de inquérito civil, em decisão fundamentada,
da qual se dará ciência pessoal, por via postal ou correio eletrônico, ao
representante e ao representado, nos casos de:

a) evidência de os fatos narrados na representação não configurarem lesão aos


interesses ou direitos mencionados no artigo 1º desta Resolução;
b) o fato denunciado ter sido ou estiver sendo objeto de investigação ou de ação civil
pública;
c) os fatos apresentados já se encontrarem solucionados; e
d) o denunciado não ser localizado.

§ 1º Do indeferimento caberá recurso administrativo, com as respectivas razões, no


prazo de dez dias.

§ 2º As razões de recurso serão protocoladas junto ao órgão que indeferiu o pedido,


devendo ser remetidas, caso não haja reconsideração, no prazo de três dias,
juntamente com a representação e com a decisão impugnada, à Câmara de
Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho para apreciação.

§ 3º Do recurso serão notificados os interessados para, querendo, oferecer contra-


razões.

§ 4º Expirado o prazo do artigo 5º, § 1º, desta Resolução, os autos serão arquivados
na própria origem, registrando-se no sistema respectivo, mesmo sem
manifestação do representante.

§ 5º No caso de o arquivamento ter ocorrido por já existir investigação ou ação em


curso, a denúncia deverá ser juntada aos autos do procedimento pré-existente,
para ciência do membro do Ministério Público do Trabalho com atribuição
originária para o caso.

► prazo para o indeferimento do pedido de abertura do procedimento: 30 dias


contados da distribuição.

► manifestação fundamentada, com o enquadramento da situação, de acordo com


as hipóteses descritas (art. 5º, “a” a “d”).

► ciência pessoal ao representante (denunciante), para o fim de possibilitar o


recurso administrativo para a CCR. Este órgão entende que há necessidade de
de o representado ser cientificado da decisão de indeferimento do pedido de
instauração de procedimento, não obstante sequer ter-se iniciado a investigação
(Processo PGT/CCR/PP/2911/2009).

15
 observação:

No âmbito judicial, quando há o indeferimento da petição inicial pelo juiz, a parte


indicada como ré não é intimada da respectiva decisão, e nem mesmo quando há
recurso do autor (arts. 295 e 296, CPC). Aponta Nelson Nery Júnior que, pela
redação anterior, “havia desperdício de tempo que onerava sobremaneira o réu, que
tinha que ser representado por advogado em processo existente apenas entre autor
e juiz, não lhe dizendo respeito. Pelo novo sistema, o réu não é mais incomodado
para responder a recurso ‘inter alios’, prosseguindo o processo, na fase recursal,
apenas de forma angular (autor-juiz)” (Comentários ao CPC, 10ª ed., 2007, nota 6 ao
art. 296, p. 564).

Na jurisprudência, o STJ respalda este entendimento (Resp 670.824/RJ, 5ª T., rel.


Min. Alnaldo Esteves, j. 17.04.2007).

► se não houver interposição de recurso pelo representante, o arquivamento se


dará no próprio órgão de origem (PRT – sede ou ofício), sem a necessidade de
envio à CCR.

6) DISTRIBUIÇÃO:

Resolução 69/2007 – CSMPT

Art. 2º. (...)

§ 2º Em havendo mais de um Procurador com atribuição para atuar no caso, a


representação deverá ser submetida a distribuição por sorteio.

§ 3º É admitida a atuação de grupo especial de trabalho para investigar casos cuja


complexidade demandem atuações uniformes em diferentes áreas.

Resolução 86/2009 – CSMPT

Art. 3° - As representações serão distribuídas aos Procuradores do Trabalho de forma


imediata, automática e eqüitativa, obedecendo à ordem de protocolo e as regras
previamente aprovadas pelos Membros da Procuradoria.

§ 1º. O critério de distribuição por prevenção será observado nas hipóteses seguintes
de conexão e de pertinência ou aproximação temática, de maneira a se garantir a
unidade e a eficácia na atuação do Ministério Público do Trabalho:

I. Conexão:
a) quando existir procedimento de investigação, em face do mesmo investigado,
versando sobre o (s) mesmo (s) tema (s) da nova representação, observada a regra do
art. 12, caput, da Resolução n.º 69/2007 do CSMPT;

16
b) quando existir procedimento de investigação, com assinatura de Termo de
Ajustamento de Conduta, em face do mesmo investigado, envolvendo o (s) mesmo (s)
tema (s) da nova representação;
c) quando existir ação, em face do mesmo investigado, baseada no (s) mesmo (s)
tema (s) da nova representação.

II. Pertinência ou aproximação temática:


a) quando existir procedimento de investigação em andamento, em face do mesmo
investigado, contendo pelo menos um dos temas integrantes do mesmo grupo dos
temas correspondentes à nova representação, com base no elenco estabelecido pelo
Temário Unificado do Ministério Público do Trabalho (Resolução n.º 76/2008 do
CSMPT), observada a regra do parágrafo único do art. 4º, da Resolução n.º 69/2007 do
CSMPT;
b) quando existir procedimento de investigação, com assinatura de Termo de
Ajustamento de Conduta, em acompanhamento ou arquivado, em face do mesmo
investigado, contendo pelo menos um dos temas integrantes do mesmo grupo dos
temas da nova representação, com base no elenco estabelecido pelo Temário
Unificado do Ministério Público do Trabalho (Resolução n.º 76/2008 do CSMPT);
c) quando existir ação, em tramitação ou arquivada, em face do mesmo investigado,
abrangendo pelo menos um dos temas integrantes do mesmo grupo dos temas da
nova representação, com base no elenco estabelecido pelo Temário Unificado do
Ministério Público do Trabalho (Resolução n.º 76/2008 do CSMPT).

§ 2º. Nas hipóteses do § 1º, inciso I, deste artigo, não haverá compensação de
procedimentos.
§ 3º. Enquanto não for possível a utilização do sistema MPT-DIGITAL mantém-se o
sistema de preparação de lotes de distribuição com sorteio, atendendo-se à ordem de
protocolo.
§ 4° - Não haverá distribuição durante o período de afastamento do Procurador por
motivo de férias, licença ou qualquer outra hipótese prevista em lei.
§ 5º - A distribuição de procedimentos e processos ao Coordenador da atividade
agente obedecerá à regra de proporcionalidade especificada pelos Membros da
Procuradoria.
§ 6° - Não haverá compensação na distribuição do Procurador em razão de
participação em audiências judiciais, reuniões internas ou externas, atividades
relacionadas à participação voluntária em Coordenação de Fóruns e outras de
natureza semelhante.
§ 7º - Nas designações de Procurador para desempenho de atividade específica de
interesse do Ministério Público do Trabalho haverá compensação integral na
distribuição, relativamente aos dias de efetiva realização da respectiva atividade, de
acordo com os critérios estabelecidos pelos Membros da Procuradoria, ressalvadas
desses critérios as designações do Conselho Nacional do Ministério Público, do
Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho e do Procurador-Geral do
Trabalho.
§ 8º - Em caso de afastamento superior a 90 dias contínuos, toda a banca do
Procurador afastado será redistribuída igualitariamente, devendo ele receber, no
retorno às atividades normais, o mesmo número de procedimentos redistribuídos.
(...)

Art. 5° - As representações que exijam tratamento diferenciado, de acordo com a


natureza e relevância da matéria, serão distribuídas aos Procuradores designados no
âmbito dos núcleos temáticos de atuação, porventura existentes na Unidade.

17
6.1) CRITÉRIOS

► atenção possível ao princípio do promotor natural.

► respeito aos parâmetros de organização interna das Procuradorias do


Trabalho: Coordenadorias gerais (Órgão Agente e Órgão Interveniente) e
Coordenadorias especializadas: divisão temática (p. ex: meio ambiente;
discriminação; criança e adolescente; fraudes contra a administração pública).

► aplicação do critério da prevenção, em caso de conexão/pertinência ou


aproximação temática, para efeito de distribuição, e da divisão em núcleos
temáticos de atuação, em respeito ao objetivo de racionalidade, uniformidade e
efetividade que deve nortear a atuação investigatória e a condução dos
procedimentos.

► não condiz com os princípios da efetividade e da unidade de atuação, a


distribuição de várias representações, em áreas conexas, contra uma mesma
empresa, em uma mesma Procuradoria, sendo pulverizada em procedimentos
distintos, sob a condução de diversos Procuradores. Trata-se de situação que não
raro pode ocorrer e que resulta no enfraquecimento da atuação, pela sua
fragmentação e retardamento, e, muitas vezes, incoerências decorrentes das
posições jurídicas adotadas pelos membros. O regramento trazido pelo art. 3º, § 1º,
da Resolução CSMPT n.º 86/2009 possibilita a concentração possível e necessária
de procedimentos, em face de um mesmo empregador, com o objetivo de se garantir
uma atuação institucional mais célere, efetiva e congruente.

► possibilidade de designação de mais de um Procurador do Trabalho, para


atuação conjunta, de acordo com o interesse público, social ou institucional
presente. Hipótese de designação de grupo especial de trabalho.

► redistribuição de procedimentos:

Hipótese de afastamento do membro superior a 90 dias contínuos. Neste caso,


haverá redistribução, de forma igualitária, entre os demais Procuradores, de todos
os procedimentos sob condução do Procurador afastado, que receberá, no momento
de retorno às atividades, idêntico número de procedimentos redistribuídos, devendo-
se computar, inclusive, neste quantitativo, os que presidia antes do período de
afastamento e que eventualmente ainda se encontrem em tramitação (art. 3º, § 8º,
Resolução CSMPT n.º 86/2009).

► princípio da obrigatoriedade: identificada hipótese em que a lei imponha a


atuação do MP, o membro não pode recusar-se a fazê-lo, constituindo, pois, um
dever, a ensejar responsabilização pessoal em caso de omissão intencional e
injustificável.

18
 doutrina:

“De fato, se a Constituição Federal comete ao MP o mister de tutelar interesses de


relevância social, se lhe atribui o papel de guardião e de fiscal das efetivas
implantação e assecuração dos direitos fundamentais, não pode a Instituição deixar
de agir de forma potestativa, moldando sua atuação concreta a critérios políticos de
conveniência e oportunidade.
Nessa senda, o princípio da obrigatoriedade é figura inerente ao próprio art. 127,
caput, da Constituição da república, encontrando-se inserido no comando que da
regra maior emana, de sorte a conferir-lhe efetividade.
Em outras palavras, o princípio da obrigatoriedade é conseqüência indissociável da
natureza dos interesses que cabe ao MP tutelar, em virtude de missão constitucional
explícita, sendo garantia consagrada no art. 127, caput, da Magna Carta.
(...)
O órgão do MP, ao avaliar os elementos de prova que lhe são apresentados ou que
foram por ele próprio colhidos, irá exercer juízo crítico acerca do respectivo
conteúdo, avaliando-o de acordo com a sua convicção.
Mencionada liberdade de análise subjetiva conferida aos órgãos do MP é moldada
pelo princípio da obrigatoriedade, de sorte que não pode extravasar aspectos de
cunho técnico ou jurídico. Em outras palavras, verificando do estudo dos elementos
de prova que ocorreu um dano (ou sua ameaça) a interesse passível de tutela pela
Instituição, não poderá o membro do Parquet avaliar aspectos inerentes à
conveniência e à oportunidade de agir: incumbe-lhe fazê-lo, visando solucionar a
quizila e tutelar o direito social”.
(SOUZA, Motauri Ciocchetti. Ministério Público e o princípio da obrigatoriedade. São
Paulo: Método, 2007, p. 193/194 e 199).

6.2) IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO

Resolução 86/2009 – CSMPT

Art. 4º - O impedimento do Procurador para atuar deve ser registrado em despacho


fundamentado, comunicando-se o fato ao Procurador-Chefe para efeito de
redistribuição do procedimento e compensação.

§ 1º - O Procurador que se declarar suspeito para atuar, comunicará o fato ao


Procurador-Chefe para efeito de redistribuição do procedimento e compensação e,
sempre que possível, indicará o motivo da suspeição.

§ 2º - O Procurador-Chefe informará à Corregedoria os casos de impedimentos e


suspeições, para fins estatísticos.
(...)

Art. 7° - As Unidades do Ministério Público do Trabalho estabelecerão lista ordenada


ou escala entre os Membros para a participação em audiências judiciais ou
extrajudiciais e também para a adoção de medidas urgentes, nos casos de eventual
impedimento e afastamento de Procuradores.

19
 art. 238 da LC n°75/93: “Os impedimentos e as suspeições dos membros do
Ministério Público são os previstos em lei”.

 art. 138, I, do CPC:


“Aplicam-se também os motivos de impedimento e suspeição: ao órgão do
Ministério Público, quando não for parte, e, sendo parte, nos casos previstos
nos n°s I a IV do art. 135 (amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das
partes; quando alguma das partes for credora ou devedora do órgão, de seu
cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro
grau; herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes;
receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma
das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios para atender às
despesas do litígio; interessado no julgamento da causa em favor de uma das
partes; declaração pessoal de suspeição por motivo de foro íntimo).”

 comentário: configurando-se o impedimento para atuação do Procurador,


deverá este registrar a situação em despacho fundamentado. Na hipótese de
suspeição, sempre que for possível, o membro indicará o motivo existente, de
maneira a conferir maior legitimidade ao ato, que não poderá ser utilizado, de
maneira desvirtuada, como artifício para o membro se esquivar da atuação em
determinadas questões.
É relevante, assim, a disposição do artigo 4º e §§ da Resolução nº 86/2009,
também pelo caráter pedagógico que encerra.

 doutrina:

“(...) É oportuno ter em vista que, em muitos países democráticos, a declaração de


suspeição pelo juiz, por motivos de foro íntimo, somente produz efeitos após a
análise e o acolhimento das razões manifestadas pelo magistrado à instância judicial
superior. Nesses países, portanto, a abstenção de atuar no feito não constitui um
direito subjetivo do magistrado.
Assim prevê o Código de Processo Civil português, ao dispor que “o juiz não pode
declarar-se voluntariamente suspeito; mas pode pedir que seja dispensado de
intervir na causa quando se verifique algum dos casos previstos no artigo seguinte e,
além disso, quando, por outras circunstâncias ponderosas, entenda que pode
suspeitar-se da sua imparcialidade” (art. 126.1). (...) O pedido conterá a indicação
precisa dos fatos que o justificam e será dirigido ao presidente da Relação
respectiva ou ao presidente do Supremo Tribunal de Justiça, se o juiz pertencer a
esse Tribunal. O presidente pode colher quaisquer informações, após o que decidirá
por manifestação irrecorrível (art. 126, demais itens).
Similar procedimento é estabelecido no CPC italiano vigente (Codice di Procedura
Civile) que, ao regular o instituto da suspeição judicial (Astensione del giudice) por
motivo não previsto expressamente, dispõe que o juiz deve requerer autorização
para se abster se atuar no feito à autoridade judiciária superior (...).
Não difere dessa sistemática a disposição da Lei Processual da Espanha (Ley de
Enjuiciamiento Civil), segundo a qual, nos casos de abstenção judicial (Abstención),
o juiz ou o magistrado deve encaminhar requerimento escrito e fundamentado à
Seção ou ao Tribunal competente, no prazo máximo de 10 dias, ficando o suspenso

20
o processo até ulterior decisão (art. 102.1). além disso, é expressa a lei espanhola
em dispor que, caso o tribunal entenda que as razões não são fundadas, rejeitará o
requerimento de abstenção e determinará ao juiz que continue atuando no feito (art.
102.3).
Tais regramentos se mostram mais adequados a uma perspectiva de densificação
plena do direito fundamental ao juiz natural, notadamente porque as razões ditas de
foro íntimo, adotadas para justificar a abstenção judicial, nem sempre se revelam
adequadas ao grave propósito de restringir aquele direito fundamental, sendo muitas
vezes inaptas para para firmar a parcialidade do julgador, matéria que, na linha do
desenvolvimento teórico, não pode ficar ao arbítrio do juiz, dado o interesse público
subjacente ao tema constitucional.
(PEREIRA, Ruitemberg Nunes. O CNJ e a suspeição judicial por motivo de foro
íntimo. In: http://www.anpr.org.br/portal/index2).

 STJ - SÚMULA 234


“Não há impedimento nem suspeição de membro do Ministério Público que
atuou em procedimento administrativo preparatório (inquérito civil ou inquérito
policial), para posterior ajuizamento de ação civil pública ou penal” (Súmula 234
do STJ).

6.3) COMPENSAÇÃO

► não haverá compensação de procedimentos nas hipóteses do artigo 3º, § 1º,


inciso I, da Resolução CSMPT n.º 86/2009, que tratam sobre conexão: a) quando
existir procedimento de investigação, em face do mesmo investigado, versando sobre o (s)
mesmo (s) tema (s) da nova representação, observada a regra do art. 12, caput, da
Resolução n.º 69/2007 do CSMPT; b) quando existir procedimento de investigação, com
assinatura de Termo de Ajustamento de Conduta, em face do mesmo investigado,
envolvendo o (s) mesmo (s) tema (s) da nova representação; c) quando existir ação, em
face do mesmo investigado, baseada no (s) mesmo (s) tema (s) da nova representação.

► em conformidade com a regra do artigo 3º, § 6º, da Resolução CSMPT n.º


86/2009, não haverá compensação na distribuição do Procurador em razão de
participação em audiências judiciais, reuniões internas ou externas, atividades
relacionadas à participação voluntária em Coordenação de Fóruns e outras de
natureza semelhante.

► a compensação integral ocorrerá nas designações de Procurador para


desempenho de atividade específica de interesse do Ministério Público do Trabalho,
relativamente aos dias de efetiva realização da respectiva atividade, de acordo com
os critérios estabelecidos pelos membros da Procuradoria .

► a compensação será obrigatória, independentemente de critérios internos,


quando as designações forem feitas pelo Conselho Nacional do Ministério Público,
pelo Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho e do Procurador-Geral do
Trabalho (artigo 3º, § 7º).

21
6.4) CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES

Resolução n.º. 69/2007 – CSMPT

Art. 3º. Caberá ao membro do Ministério Público do Trabalho investido da atribuição


para propositura da ação civil pública a responsabilidade pela instauração de
inquérito civil.

§ 1º. Eventual conflito negativo ou positivo de atribuição será suscitado,


fundamentadamente, nos próprios autos ou em petição dirigida à Câmara de
Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho, que decidirá a
questão no prazo de trinta dias.

§ 2º. O membro que suscitar o conflito, preliminarmente, determinará o retorno dos


autos ao outro membro envolvido, com promoção fundamentada, a fim de
verificar a possibilidade de reconsideração para a solução do conflito suscitado.

7) PROCEDIMENTO PREPARATÓRIO DE INQUÉRITO CIVIL

7.1) REFERÊNCIAS LEGAIS E NOMENCLATURA

► Lei 7.347/85 (LACP):

art. 9º. Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se


convencer da inexistência de fundamento para a propositura da ação civil,
promoverá o arquivamento dos autos do inquérito civil ou das peças informativas,
fazendo-o fundamentadamente.

► CF/88:

art. 129, VI. São funções institucionais do Ministério Público: expedir notificações
nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando
informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar
mencionada no artigo anterior.

► LC 75/93 (LOMPU):

art. 7º, I. Incumbe ao Ministério Público da União, sempre que necessário ao


exercício de suas funções institucionais: instaurar inquérito civil e outros
procedimentos administrativos correlatos.

art. 84. Incumbe ao Ministério Público do Trabalho, no âmbito das suas atribuições:
instaurar inquérito civil e outros procedimentos administrativos, sempre que
cabíveis, para assegurar a observância dos direitos sociais dos trabalhadores.

22
Resolução 69/2007 – CSMPT

Art. 2º. (...)


§ 7º O Ministério Público do Trabalho, de posse de informações previstas nos artigos
6º e 7º da Lei n° 7.347/85 que possam autorizar a tutela dos interesses ou direitos
mencionados no artigo 1º desta Resolução, poderá complementá-las antes de
instaurar o inquérito civil, visando apurar elementos para identificação dos
investigados ou do objeto, instaurando procedimento preparatório.

§ 8º O procedimento preparatório deverá ser autuado com numeração seqüencial à do


inquérito civil e registrado em sistema próprio, mantendo-se a numeração
quando de eventual conversão.

§ 9º O procedimento preparatório deverá ser concluído no prazo de 90 (noventa) dias,


prorrogável por igual prazo, uma única vez, em caso de motivo justificável.

§ 10º Vencido este prazo, o membro do Ministério Público do Trabalho promoverá seu
arquivamento, ajuizará a respectiva ação civil pública ou o converterá em
inquérito civil.

► outras denominações: procedimento investigatório preliminar ou


procedimento administrativo.

7.2) OBJETIVO

 instauração decorrente da necessidade de iniciativa preliminar com o objetivo de


colher elementos que possam dar fundamento à decisão de instaurar ou não o
inquérito civil.

 em regra, é utilizado o procedimento preparatório para as hipóteses de


generalidade, obscuridade e indeterminação da denúncia, que traduzam
prejuízo: (a) ao delineamento e compreensão adequada do objeto a ser
investigado, e também quanto (b) à identificação da(s) parte(s) denunciada(s).

 hipótese em que a instauração direta de inquérito civil, com a publicação da


Portaria, representaria exposição desnecessária para o investigado, a
recomendar, assim, a utilização do procedimento preparatório, diante da
constatação de dúvida quanto ao teor e razoabilidade da denúncia
(veracidade, ausência de elementos de convicção, etc.).

7.3) REGRAS BÁSICAS

 manifestação inicial sob a forma de apreciação prévia, fundamentando-se a


iniciativa da instauração (não há necessidade de edição de portaria de
instauração do procedimento preparatório).

23
 prazo: 90 dias, prorrogável uma única vez, justificadamente;

 contagem do prazo: a partir da data da distribuição ao Procurador (conforme


item 1 da decisão n.º. 657/2008 da Câmara de Coordenação e Revisão – CCR).

 suspensão do prazo: não se aplica (item 10 da decisão da Câmara de


Coordenação e Revisão – CCR n.º. 657/2008): “não cabem suspensões de prazo
para aguardar diligências, fiscalizações e documentos ou para retorno de férias e
afastamentos”.

► arquivamento por inépcia da representação:

 Precedente n.º. 18 do CSMPT:

“REPRESENTAÇÃO INEPTA. NECESSIDADE DE INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES.


OMISSÃO DO DENUNCIANTE.
Tratando-se de representação que não contenha informações suficientes para o início das
investigações e não respondendo o seu autor à solicitação de maiores esclarecimentos do
procurador oficiante, poderá o Conselheiro Relator, por despacho, homologar a promoção
de arquivamento, devolvendo os autos à origem”.

► Orientação n.º 7 da CCR:

Orientação para os Órgãos Oficiantes sobre arquivamento de Procedimento


Preparatório cujo objeto é idêntico a procedimento anterior.
“Investigação repetida. Priorização de mera juntada da nova peça ao feito anterior,
independentemente da fase em que este último se encontre. Ultrapassado, todavia,
o momento de autuação e distribuição sem observância da aludida providência,
recomenda-se ao órgão oficiante que determine o apensamento da peça mais
recente ao feito em curso. Se a conclusão for pelo arquivamento, a elaboração e
encaminhamento da promoção, ao CSMPT, deverá abranger ambos os feitos”.

7.4) LIMITES E POSSIBILIDADES:

 não desbordar da “sumariedade” característica do procedimento preparatório.

 evitar o seu manejo como substitutivo de inquérito civil, principalmente


diante da necessidade de realização de atos cuja adoção deve se efetivar no
âmbito do Inquérito Civil, a exemplo da condução coercitiva de testemunha ou
do representante da parte investigada e da requisição de documentos
protegidos por sigilo. Risco de controle/questionamento judicial do ato
(mandado de segurança ou habeas corpus), sob o argumento de distorção ou
desvirtuamento do procedimento.

 POSSIBILIDADES:
24
(a) requisição de ação fiscal e realização de audiência preliminar;
(b) consulta ou requisição de informações e documentos a órgãos públicos (INSS;
Junta Comercial; Receita Federal);
(c) assinatura de Termo de ajustamento de conduta e
(d) ingresso direto da ação civil pública;

 jurisprudência:

“O procedimento preparatório para o inquérito civil público, dado o seu caráter


inquisitório, não está sujeito aos princípios da ampla defesa e do contraditório, sendo
oportuno pontuar que, mesmo que assim não ocorresse, o acesso ao Judiciário não
está vinculado ao exaurimento da via administrativa em que primeiramente viesse a
ser discutido o fato controvertido”. (TRT 10ª R, RO 2637/2001, 1ª T, Rel. Juíza
Márcia Mazoni Cúrcio Ribeiro, DJ 08.02.2002).

7.5) ARQUIVAMENTO

► o procedimento preparatório submete-se às mesmas regras de arquivamento


aplicáveis ao inquérito civil.

 Lei da ação civil pública:

art. 9º. “Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se


convencer da inexistência de fundamento para a propositura da ação civil,
promoverá o arquivamento dos autos do inquérito civil ou das peças informativas,
fazendo-o fundamentadamente”.

§ 1º. “Os autos do inquérito civil ou das peças de informação arquivadas serão
remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao
Conselho Superior do Ministério Público.

Resolução n.º. 69/2007 – CSMPT

Art. 10. Esgotadas todas as possibilidades de diligências, o membro do Ministério


Público do Trabalho, caso se convença da inexistência de fundamento para a
propositura de ação civil pública, promoverá, em peça autônoma e
fundamentada, o arquivamento do inquérito civil ou do procedimento
preparatório.

§ 1º Os autos do inquérito civil ou do procedimento preparatório, juntamente com a


promoção de arquivamento, deverão ser remetidos à Câmara de Coordenação e
Revisão do Ministério Público do Trabalho, no prazo de três dias, contados da
comprovação da efetiva cientificação pessoal dos interessados, por via postal
ou correio eletrônico, ou da lavratura de termo a ser afixado em quadro de aviso

25
no Ministério Público do Trabalho, quando não localizados os que devem ser
cientificados.

§ 2º A promoção de arquivamento será submetida, se estiverem presentes todos os


atos imprescindíveis à sua decisão, a exame e deliberação da Câmara de
Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho, na forma do seu
Regimento Interno.

§ 3º Até a sessão da Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do


Trabalho, para que seja homologada ou rejeitada a promoção de arquivamento,
poderão as pessoas co-legitimadas apresentar razões escritas ou documentos,
que serão juntados aos autos do inquérito ou do procedimento preparatório.

Art. 10-A. Da promoção de arquivamento caberá recurso administrativo com as


respectivas razões, no prazo de dez (10) dias, assegurado aos interessados igual
prazo, após a notificação, para, querendo, oferecer contrarrazões.
Parágrafo único. As razões de recurso serão protocoladas junto ao órgão que
promoveu o arquivamento, devendo ser autuadas e remetidas, caso não haja
reconsideração em despacho motivado, juntamente com a certidão constante do
anexo desta Resolução, no prazo de três dias à Câmara de Coordenação e
Revisão do Ministério Público do Trabalho para apreciação.

8) INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO CIVIL

Resolução 69/2007 – CSMPT

Art. 2º O inquérito civil poderá ser instaurado:


I – de ofício;
II – mediante requerimento ou representação formulada por qualquer pessoa ou
comunicação de outro órgão do Ministério Público, ou qualquer autoridade, desde
que forneça, por qualquer meio legalmente permitido, informações sobre o fato e
seu provável autor, bem como a qualificação mínima que permita sua
identificação e localização;
III – por designação do Procurador-Geral do Trabalho, do Conselho Superior do
Ministério Público do Trabalho, Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério
Público do Trabalho e demais órgãos superiores da Instituição, nos casos
cabíveis.

§ 1º O Ministério Público do Trabalho atuará, independentemente de provocação, em


caso de conhecimento, por qualquer forma, de fatos que, em tese, constituam
lesão aos interesses ou direitos mencionados no artigo 1º desta Resolução,
devendo cientificar o membro do Ministério Público que possua atribuição para
tomar as providências respectivas, no caso de não a possuir.
(...)

§ 4º No caso do inciso II, em sendo as informações verbais, o Ministério Público do


Trabalho reduzirá a termo as declarações. Da mesma forma, a falta de formalidade
não implica indeferimento do pedido de instauração de inquérito civil, salvo se,
desde logo, mostrar-se improcedente a notícia, atendendo-se, na hipótese, ao
disposto no artigo 5º desta Resolução.

26
(...)

Art. 3º. Caberá ao membro do Ministério Público do Trabalho investido da atribuição


para propositura da ação civil pública a responsabilidade pela instauração de
inquérito civil.

8.1) ÓRGÃO RESPONSÁVEL

► a competência administrativa para instaurar o Inquérito Civil é a do membro que


tenha atribuições funcionais para propor a eventual ação civil pública
correspondente.

► necessidade de análise e ponderação em caso de tratar-se de lesão supra-


regional ou nacional, à luz da Orientação Jurisprudencial n.º. 130 da SBDI-2 do
TST (vide item 9.2.3), em prol de uma visão estratégica e de atuação resolutiva.

8.2) PORTARIA:

► natureza de ato administrativo.

8.2.1) CONTEÚDO:

Resolução 69/2007 – CSMPT

Art. 4º O inquérito civil será instaurado por portaria, numerada em ordem crescente,
renovada anualmente, devidamente registrada em livro próprio e autuada,
contendo:

I – o fundamento legal que autoriza a ação do Ministério Público do Trabalho e a


descrição do fato objeto do inquérito civil;
II – o nome e a qualificação possível da pessoa jurídica e/ou física a quem o fato é
atribuído;
III – o nome e a qualificação possível do autor da representação, se for o caso;
IV – a data e o local da instauração e a determinação de diligências iniciais;
V – a designação do secretário, mediante termo de compromisso, quando couber;
VI - a determinação de afixação da portaria em quadro de aviso acessível ao público,
bem como a de remessa de cópia para publicação.

 observação:

a) fundamento legal (saliente-se a maior abertura e largueza quanto à tipificação


inicial do ilícito – civil ou trabalhista –, constituindo um “tipo aberto”);

27
b) justificativa/motivação para a instauração (considerações sobre a
irregularidade objeto da denúncia e a respectiva legitimidade do MPT para atuar;
identificação do(s) autor(es);

c) providências iniciais (designação de servidor para secretariar o IC; registro em


assento próprio, autuação e publicação).

 doutrina:

“No caso de decidir por instaurar o inquérito civil (o que fará) por meio de portaria
inaugural, o membro do Ministério Público deverá: a) consignar ter tido ciência de
lesão a um dos interesses que, em tese, justificariam a ação institucional na área
cível, bem como indicar por que meio teve tal notícia; b) declinar, se possível, os
elementos de fato que identifiquem a lesão e sua autoria (dia, lugar, hora; dados de
identificação do autor dos fatos; menção aos lesados); c) determinar a instauração
do inquérito civil; d) determinar a autuação da portaria, o que compreende também
seja registrada e colocada dentro de capa apropriada; e) ao final, apor data,
assinatura e identificação de seu nome e cargo”.
(MAZZILI, Hugo Nigro. O Inquérito Civil. 2. ed., rev., ampl. e atual. São Paulo:
Saraiva, 2000, p. 117).

8.2.2) QUESTÕES RELEVANTES:

8.2.2.1) PUBLICAÇÃO E ADEQUAÇÃO DO MEIO:

Resolução 69/2007 – CSMPT

Art. 4º O inquérito civil será instaurado por portaria, numerada em ordem crescente,
renovada anualmente, devidamente registrada em livro próprio e autuada,
contendo: (...)
VI - a determinação de afixação da portaria em quadro de aviso acessível ao público,
bem como a de remessa de cópia para publicação.

§ 2º A publicidade consistirá:

I- na divulgação oficial, com o exclusivo fim de conhecimento público mediante


publicação de extratos na imprensa oficial.
II - na divulgação em meios cibernéticos ou eletrônicos, dela devendo constar as
portarias de instauração e extratos dos atos de conclusão;

► possibilidade de opção por um dos meios de publicação (item 7 da decisão


CCR n.º. 657/08):

“As medidas relativas à publicidade dos procedimentos preparatórios e inquéritos


civis previstas no § 2º, do art. 7º, da Resolução n.º. 69/07, são exaurientes e não
cumulativas. (...)

28
Até que se tenha uma avaliação dos custos da edição em diário Oficial das
portarias de instauração de inquérito, sugere-se preferir o item I, do § 2º, do artigo
7º, porque atende a publicidade do ato, na forma do §2º, do artigo 4º da Lei n.º.
11.419/06:
§ 2º. A publicação eletrônica na forma deste artigo substitui qualquer outro meio e
publicação oficial, para quaisquer efeitos legais, à exceção dos casos que, por lei,
exigem intimação ou vista pessoal”.

► prazo para permanência da portaria de instauração de inquérito civil em


quadro de aviso acessível ao público: 30 dias (item 3 da decisão CCR n.º.
657/08).

► a necessidade de se conferir publicidade ao IC decorre do próprio princípio que


informa os atos administrativos (art. 37, caput, CF/88).

► adequação do meio de publicação: diferenciação entre publicação e


publicidade. Atende à finalidade do ato a publicação da PORTARIA em boletim
informativo do órgão, na página mantida na Internet, ou, ainda, no quadro de
avisos da respectiva sede.

► não há exigência na lei quanto à publicação da portaria em diário oficial.

8.2.2.2) AMPLIAÇÃO DO OBJETO DA INVESTIGAÇÃO E DESMEMBRAMENTO:

 observa-se que não há vinculação estrita e permanente entre a fundamentação


(refletida nos considerandos da Portaria) do inquérito civil e o campo de iniciativa
investigatória do MP, ocorrendo, assim, a possibilidade de:

(a) estender-se a investigação, nos próprios autos, mediante justificativa, a outras


irregularidades atribuídas ao investigado, verificadas posteriormente à
instauração, ou

(b) optar-se pelo desmembramento do procedimento (abertura de outro IC).

Resolução 69/2007 – CSMPT

Art. 4º (...)
Parágrafo único. Se, no curso do inquérito civil, novos fatos indicarem necessidade
de investigação de objeto diverso do que estiver sendo investigado, o membro do
Ministério Público do Trabalho poderá aditar a portaria inicial ou determinar a
extração de peças para instauração de outro inquérito civil, respeitadas as normas
incidentes quanto à divisão de atribuições.

29
► necessidade de publicação do ato de aditamento à Portaria (item 4 da decisão
CCR n.º. 657/2008).

Resolução 86/2007 – CSMPT

Art. 6°. O Procurador, por despacho fundamentado, poderá desmembrar a


representação sob exame em outros procedimentos, que serão encaminhados ao
Procurador-Chefe para proceder à distribuição, observando a existência de conexão
ou continência e também a necessidade ou não de compensação, de acordo com os
critérios estabelecidos pelos Membros da Procuradoria.

► comentário:

O artigo 6º da Resolução CSMPT n.º 86/2009 atende ao princípio da equidade e da


transparência, pois, se o Procurador decide pelo desmembramento da
representação em vários outros procedimentos, o Coordenador (ou, se for o caso, o
Procurador-Chefe) é que deve verificar se é hipótese de a distribuição ocorrer de
forma aleatória ou dirigida àquele membro, com ou sem compensação.
Evita-se, com isso, que o Procurador, ao mesmo tempo, decida pelo
desmembramento, indique a prevenção para receber a distribuição dos novos
procedimentos – que podem ser dezenas ou centenas – e que tenha garantida a
compensação na distribuição de novas representações, em situações em que os
procedimentos desmembrados possam guardar semelhança e possibilidade de
serem conduzidos simultaneamente e de forma simples. O critério adotado evita
injustiças e divergências internas.

9) INSTRUÇÃO DO INQUÉRITO CIVIL

Resolução 69/2007 – CSMPT

Art. 6º A instrução do inquérito civil será presidida por membro do Ministério Público
do Trabalho a quem for conferida essa atribuição, nos termos da lei.

§ 1º Para o esclarecimento do fato objeto de investigação, deverão ser colhidas todas


as provas permitidas pelo ordenamento jurídico, com a juntada das peças em
ordem cronológica de apresentação, devidamente numeradas em ordem
crescente.

§ 2º Todas as diligências serão documentadas mediante termo ou auto


circunstanciado.

§ 3º As declarações e os depoimentos sob compromisso serão tomados por termo


pelo membro do Ministério Público do Trabalho, assinado pelos presentes ou,
em caso de recusa, tal fato deverá constar em ata firmada pelo Procurador e
pelo secretário de audiência.

30
§ 4º Qualquer pessoa poderá, durante a tramitação do inquérito civil, apresentar ao
Ministério Público do Trabalho documentos ou subsídios para melhor apuração
dos fatos.

§ 5º As unidades do Ministério Público do Trabalho, em suas respectivas atribuições,


prestarão apoio administrativo e operacional para a realização dos atos do
inquérito civil.

§ 6º O Ministério Público do Trabalho poderá deprecar diretamente a membro do


Ministério Público a realização de diligências necessárias à investigação.

§ 7º O Procurador-Geral do Trabalho encaminhará, ao Procurador-Geral da República


ou outro órgão do Ministério Público a quem essa atribuição seja delegada, no
prazo de dez dias, os ofícios expedidos pelos membros do Ministério Público do
Trabalho, destinados a instruir inquérito civil ou procedimento preparatório,
observado o disposto no art. 8º, § 4º, da Lei Complementar n.º 75/93.

§ 8º. Não cabe à chefia institucional a valoração do contido nos ofícios, podendo
deixar de encaminhar aqueles que não contenham os requisitos legais ou não
empreguem o tratamento protocolar devido ao destinatário.

§ 9º. Todos os ofícios requisitórios de informações ao inquérito civil e ao


procedimento preparatório deverão ser fundamentados e, no caso do primeiro,
acompanhados de cópia da respectiva portaria de instauração.

§ 10. Aplica-se o disposto nos parágrafos 7º, 8º e 9º aos atos dirigidos aos
Conselheiros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do
Ministério Público.

9.1) ORDENAMENTO DA INVESTIGAÇÃO

► inexistência de um iter investigatório prévio ou uniforme: não há procedimentos


prefixados em lei

► a ordenação e a seqüência dos atos dependerá das circunstâncias presentes no


caso concreto, ou seja, daquilo que o Procurador vislumbrar pertinente e
relevante para o conhecimento dos fatos sob apuração.

9.2) POSTURAS E ESTRATÉGIAS

9.2.1) EXEMPLOS:

a) depoimento isolado de testemunhas e das partes;

b) audiência prévia;

c) requisição preliminar de fiscalização ou apresentação de informações a outros


órgãos (SRT; vigilância sanitária; IDEMA; INSS, etc.);

31
d) consulta prévia a cadastro e/ou informações disponíveis em outros órgãos. Ex:
CAGED; Junta Comercial; INSS; Receita Federal;

e) elaboração de despacho circunstanciado para ordenamento e fundamentação


dos atos e da direção a ser seguida pelo procedimento;

f) recomendação ao sindicato para realizar vistoria/inspeção com técnico


especializado no estabelecimento da empresa, e apresentar o respectivo laudo
do MPT;

► declarações e depoimentos: serão tomados por termo, podendo ser utilizados


recursos audiovisuais (art. 9º da Resolução n.º. 13, de 02/10/2006, do CNMP).

► o membro poderá deprecar a outra(s) Procuradoria(s) do Trabalho a realização de


diligências necessárias à investigação (art. 6º, § 6º, da Resolução n.º. 69/2007 –
CSMPT).

► todas as informações solicitadas/requisitadas devem ser fundamentadas (art. 6º,


§ 8º, da Resolução n.º. 69/2007 – CSMPT).

9.2.2) INQUÉRITO CIVIL EM CONJUNTO COM O MPE E/OU MPF

 fundamento legal: art. 5º, § 5º, da Lei n.º. 7.347/85

“Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do


Distrito Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida
esta Lei”.

 doutrina:

“Embora seja tradicional que cada membro do Ministério Público atue dentro dos
limites da competência dos órgãos jurisdicionais perante os quais oficia, esse
excessivo paralelismo entre carreira ministerial e judicial há muito vem sendo
abandonado. O Ministério Público tem hoje inúmeras atividades extrajudiciais, que
pouco ou nada têm que ver com a atuação perante as Varas e Tribunais. É hoje
corriqueiro haver órgãos ministeriais com atuação totalmente desvinculada de Varas
judiciais específicas”
(MAZZILLI, Hugo Nigro. Regime Jurídico do Ministério Público. 6. Ed., São Paulo:
Saraiva, 2007, p. 192).

“O litisconsórcio entre Ministérios Públicos previsto no art. 81, § 1º, da Lei


10.741/2003, no art. 210, § 1º, do ECA, e no § 5º do art. 5º da Lei 7.347/85, inserido
pelo art. 113 da Lei 8.078/1990, é constitucional, não afrontando o pacto federativo

32
nem os princípios constitucionais da unidade e indivisibilidade do Ministério Público,
que só têm repercussão dentro de cada Ministério Público.
Assim sendo, muito embora seja lógico e razoável que os Ministérios Públicos
Estaduais atuem prioritariamente e como regra junto às Justiças de seus Estados;
que o Ministério Público Federal peticione predominantemente na Justiça Federal;
que o Ministério Público do Trabalho ajuíze comumente ações na Justiça do
Trabalho etc., nada impede, de um ponto de vista constitucional, que eles
peticionem, por exceção, junto a diversos órgãos do Poder Judiciário ou em defesa
de interesses que em princípio não lhes eram afetos institucionalmente, sendo
inúmeras as situações em que isto ocorre, que nunca foram contestadas por juristas
ou Tribunais pátrios.
Com efeito, podem ser mencionados, apenas a título de exemplificação, sem
pretensão de esgotar as hipóteses: o exercício, por Promotores de Justiça, por
delegação do Ministério Público Federal, das funções eleitorais (arts. 78 e 79 da
LC/1993); a sucessão processual existente entre os demais Ministérios Públicos e o
Ministério Público Federal nos recursos especial e extraordinário, já que será
Subprocurador-Geral da República quem oficiará junto ao STJ e ao SFF; membros
do Ministério Público Federal podem atuar perante quaisquer tribunais e juízes na
defesa dos direitos e interesses dos índios (art. 37, II, da LC 75/1993); (...) a
delegação a membros de Ministérios Públicos diversos do ato de oferecimento de
proposta de transação penal ou de suspensão condicional do processo; os
compromissos de ajustamento de condutas podem ser firmados por mais de um
ramo do Ministério Público, conjuntamente (...).
A se admitir que atuação de membro do Ministério Público em órgão jurisdicional
diverso do que comumente atua fere o pacto federativo, todas as situações retro-
mencionadas também seriam inconstitucionais (...).”
(MACÊDO, Marcus Paulo Queiroz. O litisconsórcio entre Ministérios Públicos e os
fundos previstos no art. 13 da Lei 7.347/1985. In: Revista de Processo, n. 172, São
Paulo: RT, 2009, p. 268/270 e 282).

9.2.3) REMESSA DO PROCEDIMENTO A OUTRA PROCURADORIA:

► Hipótese de extensão do dano a outros locais (extensão regional, supra-regional


ou nacional).

► Consideração necessária em face da Orientação Jurisprudencial n.º. 130 da


SBDI-2 do TST.

► Orientação geral para investigar e instruir e, após isso, se conveniente e


oportuno, e desde que não represente prejuízo imediato para a tutela do direito
em questão, enviar o procedimento para a PRT 10ª Região (Brasília-DF),
inclusive acompanhado da petição de ACP. É importante sempre ter-se em
mente a utilização de estratégia voltada para a tutela mais efetiva do direito em
foco.

► OBSERVAÇÃO: sugestão encaminhada à discussão ao colégio de Procuradores,


de acordo com a deliberação adotada na reunião da CCR (Câmara de

33
Coordenação e Revisão), dias 19 e 20.06.2007, com os membros da CODIN de
todas as PRTs:

a) verificação preliminar sobre a dimensão da pessoa investigada (regional, supra-


regional ou nacional) e levantamento acerca da existência de outros
procedimentos investigatórios nas demais unidades do MPT;

b) procedimentos investigatórios em diversas unidades do MPT e na sede do


investigado: instrução em cada PRT ou Ofício para posterior envio à PRT 10ª
Região, em caso de lesão ou ameaça de lesão supra-regional; coordenação das
investigações pela PRT da sede do investigado; emissão, ao final, por cada
unidade do MPT envolvida no caso, de relatório de encaminhamento detalhado
sobre os fatos, as provas e os possíveis fundamentos jurídicos da ACP a ser
proposta pela PRT da 10ª Região (esta PRT sugeriu que a petição inicial da ACP
já fosse, com vistas à distribuição a uma das Varas do Trabalho do DF,
devidamente elaborada e assinada pelo órgão que conduziu o procedimento na
sede do investigado);

c) procedimentos investigatórios em distintas unidade do MPT, sem ocorrência na


sede da investigada: investigação em cada unidade; emissão, ao final, por cada
unidade do MPT envolvida no caso, de relatório de encaminhamento detalhado
sobre os fatos, as provas e os possíveis fundamentos jurídicos da ACP a ser
proposta pela PRT da 10ª Região;

d) escolha de casos emblemáticos para o debate sobre a competência territorial, a


fim de que sejam levados ao conhecimento do STF, visando provocar a revisão
da OJ 130/TST.

9.2.4) INQUÉRITOS CIVIS COM OBJETIVO DIFERENCIADO

► são instaurados com o fim de apurar e também acompanhar o cumprimento de


alguns direitos constitucionais.

► EXEMPLO:

 levantamento de dados sobre a ocorrência de postura discriminatória genérica


e continuada de determinado segmento empresarial, em face de grupos de
trabalhadores, por motivo de gênero, raça, idade, opção religiosa, etc.

► procedimento com a nota da excepcionalidade, pelos desdobramentos possíveis,


ao longo do seu trâmite, a exemplo da expedição de recomendação; da
assinatura de TACs; da realização de audiência pública e do desmembramento
em outros procedimentos.

34
 doutrina:

“Muitas vezes os ilícitos civis podem constituir uma situação permanente, ou um


estado de coisas, e não propriamente um fato isolado, ou uma ação precisa ou
determinada, atual ou pretérita”

(MAZZILLI, Hugo Nigro. O inquérito Civil, op. cit., p. 160).

9.2.5) PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES E DIVULGAÇÃO DE DADOS

Resolução 69/2007 – CSMPT

Art. 7º (...)
§ 1º Nos requerimentos que objetivam a obtenção de certidões ou extração de cópia
de documentos constantes nos autos do inquérito civil, os interessados deverão
fazer constar esclarecimentos relativos aos fins e razões do pedido, nos termos
da Lei n.º. 9.051/95.

§ 2º A publicidade consistirá:

I - na divulgação oficial, com o exclusivo fim de conhecimento público mediante


publicação de extratos na imprensa oficial.
II - na divulgação em meios cibernéticos ou eletrônicos, dela devendo constar as
portarias de instauração e extratos dos atos de conclusão;
III - na expedição de certidão e na extração de cópias sobre os fatos investigados,
mediante requerimento fundamentado e por deferimento do presidente do
inquérito civil;
IV - na prestação de informações ao público em geral, a critério do presidente do
inquérito civil;
V - na concessão de vista dos autos, mediante requerimento fundamentado do
interessado ou de seu procurador legalmente constituído e por deferimento total
ou parcial do presidente do inquérito civil.

§ 3º Sem prejuízo da garantia de publicidade prevista nos incisos anteriores, não se


admite carga dos autos do procedimento preparatório ou do inquérito civil.

§ 4º As despesas decorrentes da extração de cópias correrão por conta de quem as


requereu.
(...)

Art. 8º Em cumprimento ao princípio da publicidade das investigações, o membro do


Ministério Público do Trabalho poderá prestar informações, inclusive aos meios
de comunicação social, a respeito das providências adotadas para apuração de
fatos em tese ilícitos, abstendo-se, contudo, de externar ou antecipar juízos de
valor a respeito de apurações ainda não concluídas.

► Lei n.º. 9.051/95: dispõe sobre a expedição de certidões para a defesa de direitos
e esclarecimentos de situações.

35
“Art. 1º. As certidões para a defesa de direitos e esclarecimentos de situações,
requeridas aos órgãos da administração centralizada ou autárquica, às empresas
públicas, à sociedades de economia mista e às fundações públicas da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, deverão ser expedidas no prazo
improrrogável de quinze dias, contado do registro de pedido no órgão expedidor.
Art. 2º. Nos requerimentos que objetivam a obtenção das certidões a que se refere
esta lei, deverão os interessados fazer constar esclarecimentos relativos aos fins e
razões do pedido”.

► necessidade de o interessado fundamentar os requerimentos de certidão,


informação, obtenção de cópia de peças do procedimento ou vista dos autos na
secretaria (não se admite a retirada dos autos);

► deferimento a cargo do Procurador do Trabalho que preside o procedimento, ou


seu substituto, em caso de afastamento ou ausência justificada.

► possibilidade de ser negada, em decisão fundamentada, informação sobre fato ou


documento revelado no procedimento, quando represente prejuízo para a
investigação.

► informações ao público sobre o procedimento (diretamente ou por meio dos meios


de comunicação): decisão do Procurador oficiante, limitada às providências
adotadas (art. 8º da Resolução n.º. 69/2007 – CSMPT).

9.2.6) IMPOSIÇÃO DE SIGILO

Resolução 69/2007 – CSMPT

Art. 7º Aplica-se ao inquérito civil o princípio da publicidade dos atos, com exceção
das hipóteses de sigilo legal ou em que a publicidade possa acarretar prejuízo
às investigações, casos em que a decretação do sigilo legal deverá ser
motivada.

(...)

§ 5º A restrição à publicidade deverá ser decretada em decisão motivada, para fins do


interesse público, e poderá ser, conforme o caso, limitada a determinadas
pessoas, provas, informações, dados, períodos ou fases, cessando quando
extinta a causa que a motivou.

§ 6º Os documentos resguardados por sigilo legal deverão ser autuados em apenso e


permanecer acautelados em secretaria.

► aplicação analógica do art. 20 do Código de Processo Penal: “A autoridade


assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo
interesse da sociedade”.

36
 HIPÓTESES:

► proteção do interesse público (trata-se de um conceito aberto), a fim de


resguardar a eficácia dos resultados da investigação;

► proteção à dignidade da pessoa: investigada, interessada ou colaboradora


(testemunha) - direito à intimidade, vida privada, imagem e honra.

 doutrina:

“Só excepcionalmente poderá ser decretado o sigilo de determinado ato ou de todo


o inquérito civil, e assim mesmo de forma justificada, nas seguintes situações:
a) quando no IC existirem informações cobertas pelo sigilo legal, pois, nesse caso,
estando o MP obrigado a preservá-lo, não terá outra alternativa que não impor o
sigilo a todo o procedimento;
b) quando da publicidade puder advir prejuízo à apuração dos fatos; e
c) quando puder resultar escândalo, inconveniência grave ou perturbação da ordem,
o que, por conveniência, sem dúvida, justifica a imposição do sigilo a todo o
procedimento ou a parte dele, em especial depoimentos”.
(ALMEIDA, João Batista. O Inquérito Civil como instrumento de investigação do
Ministério Público. In: Ministério Público e a Ordem Social Justa. MOURA JÚNIOR,
Flávio Paixão et all (org.). Belo Horizonte: Del Rey, 2003, p. 372).

► necessidade de fundamentação, por se tratar de situação excepcional.

► extensão do sigilo às partes, aos advogados e a terceiros.

 observações:

(a) o sigilo pode abranger todo o procedimento ou apenas um ou alguns atos;

(b) restringindo-se ao conteúdo ou dados constantes de documentos integrantes do


inquérito civil, a forma adequada para a garantia do sigilo consiste em envelopar
e lacrar o documento, transformado em apenso do procedimento,
permanecendo acautelados em secretaria.

 doutrina:

“O princípio da publicidade se aplica ao inquérito civil com as ressalvas ordinárias,


ou seja, não podem ser divulgadas as informações cujo sigilo deva ser mantido para
proteger o interesse público e o direito à intimidade e à vida privada das pessoas. No
primeiro caso, o interesse público é uma noção aberta que pode justificar, em
múltiplas situações, o sigilo da investigação até mesmo para resguardar a eficácia
de seus resultados. A segunda hipótese ocorre quando a divulgação de um dado

37
apurado em sigilo represente afronta ao direito, também de dignidade constitucional,
da proteção da imagem, da honra e da intimidade das pessoas.”
(RODRIGUES, Geisa de Assis. Ação Civil Pública e termo de ajustamento de
conduta. Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 87).

9.2.7) DIREITO DE VISTA DOS AUTOS

► Orientação n.º. 2 da CCR:

“A CCR orienta as Procuradorias Regionais do Trabalho no sentido de que, diante da


natureza intrínseca dos procedimentos preparatórios e inquéritos civis, a vista dos
autos poderá ser feita em Secretaria da respectiva Coordenadoria, evitando-se a
concessão de carga para retirada dos mesmos, permitindo-se a fotocópia de parte
ou íntegra dos autos pelos interessados ou Procuradores, acompanhado de servidor
do Ministério Público do Trabalho, mediante prévia ciência do Procurador oficiante.
A Câmara orienta, ainda, as Procuradorias Regionais a consignarem, de forma
fundamentada, nos autos dos procedimentos e inquéritos e a juízo exclusivo do
Procurador responsável, a imprescindibilidade de desenvolvimento das
investigações sob sigilo, sempre que possível com duração delimitada no tempo.
Enquanto durar a referida restrição, total ou parcial, poderá ser negada a vista, ainda
que na Secretaria da Coordenadoria, comprometendo-se o próprio Procurador ou o
servidor designado a comunicar oficialmente a disponibilidade dos autos, ainda que
parcial, à parte interessada em ter vista ou na obtenção de cópias dos mesmos,
assim que cessarem as razões que haviam determinado o processamento do feito
sob sigilo”.

► Processo CSMPT n.º 08130.003515/2008 (26.03.2009): assentou o dever de se


conceder aos advogados, quando solicitado, vista dos autos e cópias de peças do
procedimento, independentemente de petição.
Esta decisão está em confronto com a norma do art. 7º, § 2º, V, da Resolução nº
23/2007, do CNMP.

► Lei n° 8.906/94 (Estatuto da OAB):

art. 7°, XIII. “São direitos do advogado: examinar, em qualquer órgão dos Poderes
Judiciário e Legislativo, ou da Administração Pública em geral, autos de processos
findos ou em andamento, mesmo sem procuração, quando não estejam sujeitos a
sigilo, assegurada a obtenção de cópias, podendo tomar apontamentos.”

art. 7º, XV. “São direitos do advogado, ter vista dos processos judiciais ou
administrativos de qualquer natureza, em cartório ou na repartição competente, ou
retirá-lo pelos prazos legais.” § 1º. Não se aplica o disposto nos incisos XV e XVI:
1) aos processos sob regime de segredo de justiça.

38
► precedentes do STF:

 observação: não aplicação ao Inquérito Civil trabalhista: referência à garantia do


art. 5º, LXIII, da CF/88, versando sobre situação típica da seara penal)

 HC 89.837/DF – 20/10/2009, Min. Celso de Mello:

“O regime de sigilo, sempre excepcional, eventualmente prevalecente no contexto


de investigação penal promovida pelo Ministério Público, não se revelará oponível
ao investigado e ao Advogado por este constituído, que terão direito de acesso –
considerando o princípio da comunhão das provas – a todos os elementos de
informação que já tenham sido formalmente incorporados aos autos do respectivo
procedimento investigatório”.

 HC 87.827/RJ – 23/06/2006, Min. Sepúlveda Pertence:

“1. Inquérito policial: inoponibilidade ao advogado do indiciado do direito de vista


dos autos do inquérito policial.
(...)
3. A oponibilidade ao defensor constituído esvaziaria uma garantia constitucional do
indiciado (CF, art. 5º, LXIII), que lhe assegura, quando preso, e pelo menos lhe
faculta, quando solto, a assistência técnica do advogado, que este não lhe poderá
prestar se lhe é sonegado o acesso aos autos do inquérito sobre o objeto do qual
haja o investigado de prestar declarações.
4. O direito do indiciado, por seu advogado, tem por objeto as informações já
introduzidas nos autos do inquérito, não as relativas à decretação e às vicissitudes
da execução de diligências em curso (cf. Lei 9296, atinente às receptações
telefônicas, de possível extensão a outras diligências); dispõe, em consequência, a
autoridade policial, de meios legítimos para obviar inconvenientes que o
conhecimento pelo indiciado e seu defensor dos autos do inquérito policial possa
acarretar à eficácia do procedimento investigatório”.

► precedentes do STJ:

PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. INQUÉRITO POLICIAL. ACESSO,


ADVOGADO. SIGILO DAS INVESTIGAÇÕES. ORDEM DENEGADA.
(...)
3. Acolhendo a orientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal, o Superior
Tribunal de Justiça decidiu ser possível o acesso de advogado constituído aos autos
de inquérito policial em observância ao direito de informação do indiciado e ao
Estatuto da Advocacia, ressalvando os documentos relativos a terceiras pessoas, os
procedimentos investigatórios em curso e os que, por sua própria natureza, não
dispensam o sigilo, sob pena de ineficácia da diligência investigatória”.
(HC n.º. 65.303, 5ª Turma, Rel . Min. Arnaldo Esteves Lima, 20.05.2008)

39
“RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. PROCESSUAL PENAL. INQUÉRITO
POLICIAL: PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO DE NATUREZA
INVESTIGATÓRIA. VISTA DOS AUTOS POR ADVOGADO CONSTITUÍDO.
NEGATIVA. SIGILO. ART. 20 DO CPP. REGRA PREVALECENTE. CONSIDERAÇÃO
ACERCA DO CASO EM CONCRETO. PROTEÇÃO À SOCIEDADE, AO ESTADO E
AO SUCESSO DAS INVESTIGAÇÕES.
A despeito da nova ordem constitucional que assegura os direitos democráticos,
como o acesso às informações e meios que asseguram a defesa do cidadão, a regra
disposta no art. 20 do CPP não foi revogada.
O inquérito policial é procedimento administrativo de natureza investigatória e,
considerando-se a especificidade do caso, no qual devem ser resguardadas a
proteção à sociedade, ao Estado e principalmente ao sucesso de investigação de
tamanho porte, aos impetrantes, na qualidade de advogados constituídos pelo
interessado, foi negada vista dos respectivo procedimento, sem que com isso haja
qualquer violação a direito líquido e certo.”
(RMS 14397/PR, 2002, Rel. Min. José Arnaldo da Fonseca, 5ª T., 01/10/2002, DJU
04/11/2002).

“Não é direito líquido e certo do advogado o acesso irrestrito a autos de inquérito


policial que esteja sendo conduzido sob sigilo, se o segredo das informações é
imprescindível para as investigações. O princípio da ampla defesa não se aplica ao
inquérito policial, que é mero procedimento administrativo de investigação
inquisitorial. Sendo o sigilo imprescindível para o desenrolar das investigações,
configura-se a prevalência do interesse público sobre o privado”.
(RMS 17691/SC, 2003, Rel. Min. Gilson Dipp, 5ª T., 22/02/05, DJU 14.03.2005)

“ADMINISTRATIVO. INVESTIGAÇÕES POLICIAIS SIGILOSAS. CF/88, ART. 5º, LX


E ESTATUTO DA OAB. LEI Nº 8.906/94.
1. O art. 20 do CPP, ao permitir o sigilo nas investigações não vulnera o Estatuto da
OAB, ou infringe a Constituição Federal.
2. Em nome do interesse público, podem as investigações policiais revestirem-se de
caráter sigiloso, quando não atingirem o direito subjetivo do investigado.
3. Somente em relação às autoridades judiciárias e ao MP é que inexiste sigilo.
4. Em sendo sigilosas as investigações, ainda não transformadas em inquérito, pode
a autoridade policial recusar pedido de vista do advogado”.
(RMS 12516/PR, 2ª T, Min. Eliana Calmon, DJ 27.09.2002)

► Súmula Vinculante nº 14 (SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL)

“É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos


elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado
por órgão com competência de política judiciária, digam respeito ao exercício do
direito de defesa”. (aprovada em 02.02.2009)

 comentário:

A súmula é do domínio específico do direito criminal. Se a sua aplicação, pela


própria essência, é restritiva, não possibilitando aplicação extensiva ou analógica,

40
conclui-se pela não aplicação aos inquéritos civis do MP, pois, pela própria
enunciação e literalidade é dirigida exclusivamente aos “órgãos com competência de
polícia judiciária”, em razão dos seus procedimentos de investigação de crimes.
Ressalta-se que a garantia conferida ao advogado pela Súmula em exame,
relativamente ao acesso a dados colhidos no Inquérito Policial, objetiva assegurar
o direito à propositura de medida judicial para a tutela da liberdade do investigado
(pessoa física) ou mesmo orientar o seu depoimento em audiência, em situações de
prisão ou possibilidade de sua decretação.
Diferentemente dessa realidade, no Inquérito Civil presidido por Procurador do
Trabalho, outros são os bens e interesses afetos à parte investigada, passíveis de
sofrer eventual restrição, estando alheios à órbita da liberdade pessoal.

 jurisprudência: Rcl 8173/SP (j. 28.05.2009, Rel. min. Eros Grau)

“(...) A Súmula Vinculante n, 14, tal como as decisões proferidas no HC n. 95.009,


não garantem acesso irrestrito aos autos do inquérito policial. A Súmula menciona
‘acesso amplo’, de sorte que, na sua aplicação, a ordem dos procedimentos deve
ser mantida.
O acesso amplo aos elementos de prova, ao qual respeita a Súmula Vinculante n.
14, há de ser assegurado, sim, porém não de modo a comprometer o regular e
fluente andamento do inquérito policial. Os trâmites procedimentais referentes às
investigações policiais hão de ser atendidos, sem antecipações de vista das quais
resulte a ampliação de prazos, da defesa, estabelecidos em lei. O enunciado da
Súmula Vinculante n. 14 – texto normativo sujeito a interpretação, tal e qual
quaisquer textos normativos – não se aplica à hipótese dos autos.”

9.2.8) DIREITO DA PARTE OU DO ADVOGADO DE PARTICIPAR DE AUDIÊNCIA

► situação em que não houve intimação: comparecimento espontâneo =


possibilidade de restrição da presença, mediante justificativa/motivação expressa,
em face de verificação de prejuízo à investigação.

► Exemplo: a testemunha convocada poderá sofrer intimidação e/ou


constrangimento ao depor, com a presença do advogado da empresa ou do
preposto enviado.

► É reconhecido o direito do advogado de participar da audiência, quando tenha


havido a intimação da parte investigada ou testemunha que são seus clientes.

9.2.9) DEPOIMENTO DE TESTEMUNHA

► dever de comparecimento e condução coercitiva da testemunha, em caso de


ausência injustificada (art. 8º, I, da LC nº. 75/93).

► obrigatoriedade e efeitos do compromisso.

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Artigo 415 do CPC:

“Ao início da inquirição, a testemunha prestará o compromisso de dizer a verdade do


que souber e lhe for perguntado.
Parágrafo único. O juiz advertirá à testemunha que incorre em sanção penal quem
faz afirmação falsa, cala ou oculta a verdade”.

► obrigação de dizer a verdade, sob pena de tipificação do crime de falso


testemunho (art. 342 do Código Penal).

9.2.10) DEPOIMENTO E POSIÇÃO DO INVESTIGADO

 Necessidade de reflexão sobre a definição e caracterização da “parte


investigada” no campo das irregularidades trabalhistas:

 em regra, tem-se como denunciado (infrator) a pessoa jurídica.

 assim, se for imprescindível o depoimento da pessoa física representante da


pessoa jurídica sobre fato trabalhista (sem extensão criminal), entende-se
caber, excepcionalmente, a condução coercitiva, em caso de resistência
injustificada.

 o direito fundamental de não se auto-incriminar e de manter-se em silêncio


(corresponde ao direito à recusa para depor sob pena de configuração de falso
testemunho, ou ao direito de não responder a perguntas, permanecendo em
silêncio) é concebido essencialmente nos domínios do direito penal (prática de
crime), em que a responsabilidade é pessoal, e é nesta área que encontra
relevância.

 sustenta-se que o princípio do direito à não auto-incriminação não possui


aplicação direta no âmbito das investigações versando exclusivamente sobre
irregularidades trabalhistas.

 O Inquérito Civil manejado pelo MPT consiste em investigação que poderá


resultar em proteção de coletividade lesada ou ameaçada de sofrer o dano
(grupo, categoria, classe de trabalhadores), no âmbito das relações laborais (lato
sensu).
O resultado da iniciativa não atingirá a liberdade física/pessoal do
investigado (que em regra é pessoa jurídica privada ou pública): este bem
jurídico, a liberdade, não será ameaçado ou afetado em face de uma ação civil
pública futura. Assim, não ocorrerá incriminação, mas condenação em
obrigação de fazer, não fazer e pagar.

42
► situações ocorrentes no âmbito do inquérito civil instaurado pelo MPT:

(I) a pessoa física, não sendo ela a investigada, mas a representante legal (ou
titular) da(s) pessoa(s) jurídica(s) investigada(s), vir a ser notificada para prestar
depoimento como testemunha ou para ser ouvida sobre algum fato.

(II) o administrador público ou ocupante de cargo público, em procedimento de


investigação trabalhista envolvendo o ente público, manifestar recusa em
prestar depoimento ou ser ouvido sobre fato, alegando a posição de parte
investigada.

► possibilidade de requisição da presença do investigado pessoa física – não


para depor, mas para outro fim (por exemplo: reconhecimento pessoal por uma
testemunha ou esclarecimento sobre certo fato ou documento) – sujeitando-se à
condução coercitiva, uma vez que, nesta hipótese, não há se falar, em absoluto,
em auto-incriminação.

► não se considera parte o procurador (mandatário) detentor de instrumento


próprio (mandato) para representar a empresa, da qual não é sócio ou
acionista. Ex: representantes de empresas de terceirização de serviços.

jurisprudência : STF - HC nº. 79.812-8-SP (Rel. Min. Celso de Mello)

“Qualquer pessoa que sofra investigações penais, policiais ou parlamentares,


ostentando, ou não, a condição formal de indiciado, possui, dentre as várias
prerrogativas que lhe são constitucionalmente asseguradas, o direito de permanecer
em silêncio. Esse direito, na realidade, é plenamente oponível ao Estado, a qualquer
de seus poderes e aos seus respectivos agentes. Atua, nesse sentido, como
poderoso fator de limitação das próprias atividades de investigação e de persecução
desenvolvidas pelo Poder Público (Polícia Judiciária, MP, Juízes, Tribunais e
Comissões Parlamentares de Inquérito, por exemplo)”.

9.3) VALOR DAS PROVAS

► considerando a natureza, as características e as possibilidades dos


procedimentos oficiais de investigação facultados ao membro do MP, faz-se
certo que a prova colhida em razão de tal atividade goza de presunção
qualificada de veracidade e legitimidade.

 doutrina:

“É que as provas obtidas no âmbito do inquérito civil ou de procedimento de


investigação, pela natureza administrativa e formal de que se revestem, e estando
sob condução exclusiva de órgão da estrutura do Estado (Ministério Público), ao
qual a Constituição da República atribui a incumbência da defesa da ordem jurídica
e do regime democrático (art. 127), traduzem a validade própria do ato
administrativo, presumindo-se, pois, a sua legitimidade e verossimilhança. Não
poderiam se equiparar, dessa maneira, com as provas elaboradas unilateralmente

43
pelo particular, que é parte interessada e parcial, titular do direito material, em sede
de uma demanda individual.
Aponte-se, também, como fator de corroboração do valor probante dos elementos
coligidos no inquérito civil e em outros procedimentos de investigação, a garantia da
submissão dos atos praticados pelo membro do Ministério Público, nesse mister, ao
controle jurisdicional, pela via do mandado de segurança e do habeas corpus. Tem-
se, pois, mesmo diante da ausência do contraditório naqueles procedimentos,
assegurada à parte investigada a correção judicial de eventual abuso ou ilegalidade
perpetrada, o que confere ainda mais legitimidade aos procedimentos.
Aliás, não é despiciendo lembrar que os atos praticados pelo Parquet nessa atuação
investigatória guardam, por sua natureza administrativa, conformação com os limites
impostos pelo ordenamento jurídico e também com os princípios constitucionais da
moralidade, da impessoalidade, da publicidade (com a possibilidade de restrição
motivada, em face de exigência do interesse público), da eficiência e da
razoabilidade, o que se erige como ponto de contenção à discricionariedade das
iniciativas, em garantia da legalidade dos objetivos almejados pela investigação.
Com efeito, o pressuposto que se estabelece em relação às provas originadas no
procedimento de investigação do Ministério Público, é de idoneidade e veracidade, a
conferir-lhes presunção juris tantum de certeza. Ou seja, reconhece-se uma forte
dose de vinculatividade dos elementos de prova apresentados pelo Parquet, cuja
observação se exige em razão da legitimação jurídica da origem e do meio de sua
apuração.
É inadmissível, nesse passo, que se desconsidere ou ignore, em dado processo
coletivo, o valor jurídico do material probatório ofertado pelo Ministério Público,
originário da atividade investigatória encetada no âmbito de inquérito civil ou outro
procedimento similar, e que motiva e lastreia o ingresso da ação em defesa de
direitos de natureza coletiva. O desprezo desses elementos de prova, sem qualquer
justificativa ponderável, corresponderia, em última análise, a uma invalidação
sumária e ilegítima de atos administrativos resguardados pelos atributos que o
ordenamento jurídico lhes confere.
É dever apontar, ainda, que a atividade de coleta de elementos de convicção
empreendida de maneira direta nos procedimentos investigatórios do Ministério
Público, principalmente pelo impacto que a sua efetivação produz em relação à parte
investigada ou mesmo às testemunhas – ainda que não haja contraditório –, na
maioria das vezes espelha mais a verdade do que os dados obtidos a partir dos
meios de prova utilizados na instrução processual da ação coletiva (e a experiência
tem isso demonstrado), quando não é incomum a preparação, a combinação e o
direcionamento dos depoimentos ou dos documentos oferecidos, como estratégia de
defesa, resultando na distorção do seu conteúdo ou na sonegação dos fatos
relevantes.
Não é razoável, destarte, menoscabar ou depreciar “todo o trabalho já levado a
efeito pelo Ministério Público do Trabalho no inquérito, transferindo-se para ele ou
qualquer outro legitimado ativo o ônus integral de provar o afirmado na petição
inicial, levando-os a repetir todas as provas antes produzidas, com as esperáveis
dificuldades daí advindas. Seria, com efeito, inverter a direção do vetor que regula a
distribuição dos ônus da prova neste ramo do processo.”
(MEDEIROS NETO, Xisto Tiago. “A fase probatória na Ação Coletiva Trabalhista”. In:
Ação Coletiva Trabalhista. São Paulo: LTr, 2006)

44
 jurisprudência:

“Se as provas colhidas no procedimento investigatório promovido pelo Ministério


Público do Trabalho apontam para a existência de lesão a direitos metaindividuais
dos trabalhadores, cabe à ré o ônus da contraprova. (...)
Com efeito, o inquérito civil, como é consabido, consiste no procedimento de
investigação de natureza administrativa, introduzido pela Lei nº7.347/85, presidido
por membro do Ministério Público, tendo por fim a obtenção de elementos de
convicção acerca da ocorrência de fatos que dêem ensejo à propositura de ação civil
pública, ou seja, de lesão ou ameaça de lesão a interesses e direito metaindividuais.
Possui natureza inquisitória, não se submetendo a contraditório, o que afasta a
alegação de nulidade feita pela ré. Outrossim, o fato de consistir numa investigação
pública, no exercício de um munus público, lhe confere o caráter de prova indiciária,
que deve ser prudentemente valorada pelo órgão judicial.
No caso dos autos, é bem de ver que os depoimentos colhidos no procedimento
investigatório promovido pelo Ministério Público do Trabalho confirmam a tese de
que a ré vem violando direitos metaindividuais dos trabalhadores (...).
Cabia, portanto, à ré, a produção da contraprova, ônus do qual não se desincumbiu”.
(TRT 1ª R, RO 01270-2000-013-01-00-7, Rel. Elma Pereira de Melo Carvalho, DJ 24.07.2008)

“PROCESSO CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. INQUÉRITO CIVIL: VALOR


PROBATÓRIO. REEXAME DE PROVA: SÚMULA 7/STJ.
1. O inquérito civil é procedimento facultativo que visa colher elementos probatórios
e informações para o ajuizamento de ação civil pública.
2. As provas colhidas no inquérito têm valor probatório relativo, porque obtidas sem
a observância do contraditório, mas só devem ser afastadas quando há contraprova
de hierarquia superior, ou seja, produzida sob a vigilância do contraditório.
3. A prova colhida inquisitorialmente não se afasta por mera negativa, cabendo ao
juiz, no seu livre convencimento, sopesá-las”.
(Resp nº. 476.660, 2ª T., Rel. Min. Eliana Calmon, 20.05.2003)

9.4) NULIDADES

► ainda que ocorram eventualmente nulidades no inquérito civil, a exemplo da


falta de atribuições do membro que o preside, não afetarão a ação civil pública a ser
proposta.

► Aplicação do “princípio da incolumidade do separável” (cf. MAZZILLI, Hugo


Nigro. Op. cit., p. 98).

10) MOTIVAÇÃO DOS ATOS DO INQUÉRITO CIVIL

Resolução 69/2007 – CSMPT:

art 3º, § 2º; 4º, I; art. 5º, caput; art. 6º, § 8º; art. 7º, § 5º; art. 9º; art. 10º.

45
► dever diretamente proporcional à natureza e relevância dos atos a serem
praticados.

► a motivação é fundamental para se evitar a alegação futura de atuação


desvirtuada do membro ou de ilicitude do meio de prova coligido (para excluí-lo
da apreciação judicial).

► art. 129, VIII, da CF/88: prerrogativa do MP de “Requisitar diligências


investigatórias (...), indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações
processuais”.

► Exemplos de atos que exigem fundamentação: (a) arquivamento; (b)


instauração; (c) desmembramento; (d) desarquivamento; (e) condução coercitiva
de testemunha; (f) uso de força policial; (g) requisição de documentos e
informações protegidas pelo sigilo legal; (h) requisição de perícia que implique
em dispêndio financeiro para a Administração Pública.

11) ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO CIVIL

11.1) PRAZO: 1 ano, prorrogável, justificadamente, de maneira sucessiva.

Resolução 69/2007 – CSMPT

Art. 9º O inquérito civil deverá ser concluído no prazo de um ano, a contar da


publicação desta Resolução, prorrogável pelo mesmo prazo e quantas vezes
forem necessárias, por decisão fundamentada de seu presidente, à vista da
imprescindibilidade da realização ou conclusão de diligências, dando-se ciência
da prorrogação à Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do
Trabalho, inclusive por meio eletrônico.

► Orientação nº 10/CCR:

“Recomenda-se ao Órgão responsável que ao comunicar a prorrogação dos prazos


dos Inquéritos Civis, faça-o fundamentadamente, encaminhando o número do IC, o
nome das partes investigadas, o objeto/tema, a data da instauração do IC e a data
da(s) prorrogação (ões) havida (s)”.

11.2) HIPÓTESES:

(I) arquivamento por ausência de fundamento


(II) assinatura de TAC
(III) ilegitimidade ou incompetência funcional do órgão
(IV) propositura de ACP

46
11.2.1) ARQUIVAMENTO

Resolução 69/2007 – CSMPT

Art. 10. Esgotadas todas as possibilidades de diligências, o membro do Ministério


Público do Trabalho, caso se convença da inexistência de fundamento para a
propositura de ação civil pública, promoverá, em peça autônoma e
fundamentada, o arquivamento do inquérito civil ou do procedimento
preparatório.

§ 1º Os autos do inquérito civil ou do procedimento preparatório, juntamente com a


promoção de arquivamento, deverão ser remetidos à Câmara de Coordenação e
Revisão do Ministério Público do Trabalho, no prazo de três dias, contados da
comprovação da efetiva cientificação pessoal dos interessados, por via postal
ou correio eletrônico, ou da lavratura de termo a ser afixado em quadro de aviso
no Ministério Público do Trabalho, quando não localizados os que devem ser
cientificados.

§ 2º A promoção de arquivamento será submetida, se estiverem presentes todos os


atos imprescindíveis à sua decisão, a exame e deliberação da Câmara de
Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho, na forma do seu
Regimento Interno.

§ 3º Até a sessão da Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do


Trabalho, para que seja homologada ou rejeitada a promoção de arquivamento,
poderão as pessoas co-legitimadas apresentar razões escritas ou documentos,
que serão juntados aos autos do inquérito ou do procedimento preparatório.

§ 4º Deixando a Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho


de homologar a promoção de arquivamento, tomará uma das seguintes
providências:

I – converterá o julgamento em diligência para a realização de atos imprescindíveis à


sua decisão, especificando-os e remetendo ao órgão competente para designar
o membro do Ministério Público do Trabalho que irá atuar;
II – deliberará pelo prosseguimento do inquérito civil ou do procedimento
preparatório, indicando os fundamentos de fato e de direito de sua decisão,
adotando as providências relativas à designação, em qualquer hipótese, de
membro do Ministério Público do Trabalho para atuação.

§ 5º Será pública a sessão da Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério


Público do Trabalho, salvo no caso de haver sido decretado o sigilo.

Art. 10-A. Da promoção de arquivamento caberá recurso administrativo com as


respectivas razões, no prazo de dez (10) dias, assegurado aos interessados igual
prazo, após a notificação, para, querendo, oferecer contrarrazões.

Parágrafo único. As razões de recurso serão protocoladas junto ao órgão que


promoveu o arquivamento, devendo ser autuadas e remetidas, caso não haja
reconsideração em despacho motivado, juntamente com a certidão constante do
anexo desta Resolução, no prazo de três dias à Câmara de Coordenação e
Revisão do Ministério Público do Trabalho para apreciação.

47
►motivação:

(I) conclusão quanto à não existência de irregularidade: inocorrência de lesão ou


ameaça a direito transindividual ou individual indisponível a ser tutelado pelo
MP;

(II) existência de lesão ou ameaça a direito meramente individual (disponível);

(III) perda de objeto: correção ou adequação espontânea da conduta.

EXEMPLOS:

 relatório fiscal da SRT apontando a inexistência da irregularidade denunciada;


 recolhimento do FGTS pelo empregador, no curso do procedimento;
 supressão da situação de risco ambiental no estabelecimento;
 encerramento das atividades da empresa.

 PRECEDENTE Nº 14 do CSMPT:

“MEDICINA E SEGURANÇA DO TRABALHO. IRREGULARIDADES EM EMPRESA


DE CONSTRUÇÃO CIVIL. CESSAÇÃO E ATIVIDADES APENAS EM
DETERMINADO CANTEIRO DE OBRA. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE PERDA DE
OBJETO. Quando a denúncia referir-se a descumprimento de normas de medicina e
segurança do trabalho por empresa regular de construção civil em qualquer
modalidade, a investigação não perde o objeto mesmo que cessadas as atividades
no canteiro-de-obra indicado na representação, porque esse tipo de
empreendimento geralmente executa atividades em vários canteiros-de-obra. A
representação somente deve ser arquivada quando houver prova da inexistência de
outras obras na base territorial de atuação do Procurador Oficiante, o que pode ser
obtido mediante declaração do CREA, da DRT, do denunciante, de testemunhas ou
qualquer outro meio idôneo de prova”.

 não identificação pelo membro de repercussão social significativa ou


relevante justificadora da atuação do MPT na defesa de direitos individuais
homogêneos, conforme Precedente nº. 17 do CSMPT.

 Hipótese que requer fundamentação objetiva, para efeito de controle.

 PRECEDENTE Nº 17 DO CSMPT:

“VIOLAÇÃO DE DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. ATUAÇÃO DO MPT.


DISCRICIONARIEDADE DO PROCURADOR OFICIANTE.
Mantém-se, por despacho, o arquivamento da Representação quando a repercussão
social da lesão não for significativamente suficiente para caracterizar uma conduta
com conseqüências que reclamem a atuação do MPT em defesa de direitos
individuais homogêneos. A atuação do MP deve ser orientada pela ‘conveniência

48
social’. Ressalvados os casos de defesa judicial dos direitos e interesses de
incapazes e população indígena”.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:

a) NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO DA PROMOÇÃO DE


ARQUIVAMENTO

 Lei 7.347/85, art. 9°, caput:

“Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se


convencer da inexistência de fundamento para a propositura da ação civil,
promoverá o arquivamento dos autos do inquérito civil ou das peças
informativas, fazendo-o fundamentadamente”.

 PRECEDENTE Nº 09 DO CSMPT:

“PROMOÇÃO DE ARQUIVAMENTO. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. As


promoções de arquivamento dos autos do IC ou das peças informativas deverão ser
fundamentos na forma do art. 9º da Lei 7.347/85, implicando sua não observância a
devolução ao Procurador vinculado”.

b) CIÊNCIA PESSOAL DOS INTERESSADOS

 Resolução nº. 69/07, art. 10, § 1º.

 Efetivação por via postal ou correio eletrônico.

 No caso de não serem localizados os interessados, a ciência se dará com a


fixação de termo, em quadro de aviso do órgão.

► CONSULTA CCR Nº 657/2008 (ata da 25ª Reunião extraordinária – 10/04/2008):

“Entende-se por interessados aqueles que têm legitimidade e interesse efetivo


para recorrer da promoção de arquivamento”.

c) REMESSA À CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO (CCR):

 em 03 (três) dias, para homologação (Lei 7.347/85, art. 9º, § 1º; Resolução
CSMPT nº. 69/07, art. 10, § 1º).

49
► PRECEDENTE Nº 08 DO CSMPT:
“MATÉRIA PACIFICADA NO CSMPT. NÃO CONHECIMENTO DA REMESSA OU
HOMOLOGAÇÃO DO ARQUIVAMENTO POR DECISÃO MONOCRÁTICA.
Tratando-se de matéria com orientação pacificada no Conselho Superior do MP, o
Conselheiro Relator, por despacho e invocando o respectivo Precedente, não
conhecerá da remessa, ou, se for o caso, homologará a promoção do arquivamento,
devolvendo os autos à origem”.

► PRECEDENTE Nº 10 DO CSMPT:
“EMPRESA. SOCIEDADE. ENCERRAMENTO DE ATIVIDADES OU
IMPOSSIBILIDADE DE LOCALIZAÇÃO.
Nos procedimentos investigatórios onde restar configurado o encerramento de
atividades de empresa, sociedade ou entidade investigada ou denunciada, ou tornar-
se impossível sua localização, após a exaustão das diligências, atestados pelo
Procurador vinculado ao feito, poderá o Conselheiro Relator, por despacho,
homologar a promoção de arquivamento, devolvendo o processo à origem”.

► PRECEDENTE Nº 12 DO CSMPT:
“PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO. INEXISTÊNCIA OU CORREÇÃO DAS
IRREGULARIDADES. HOMOLOGAÇÃO POR DESPACHO.
Nos casos de procedimentos investigatórios onde restar comprovada a correção ou
a inexistência das irregularidades denunciadas, atestadas pelo Procurador oficiante,
poderá o Conselheiro Relator homologar, por despacho, a promoção de
arquivamento, devolvendo os autos à origem”.

► PRECEDENTE Nº 13 DO CSMPT (alteração introduzida em 24.05.2007):


“LESÃO DE DIREITO TRABALHISTA NÃO TUTELÁVEL POR AÇÃO CIVIL
PÚBLICA. DESNECESSIDADE DE REMESA DOS AUTOS AO CSMPT PARA
HOMOLOGAÇÃO DO ARQUIMENTO.
Somente estarão sujeitos ao controle revisional do CSMPT [hoje CCR] os
procedimentos investigatórios ou peças de informações concernentes à violação de
direitos tuteláveis por ACP trabalhista (art. 9º, § 1º, da Lei nº. 7.347/85). Verificando
que o caso não se enquadra nessa hipótese, o Conselheiro Relator, por despacho,
não conhecerá da remessa.”

► PRECEDENTE Nº 03/CCR (28.05.2008)


“É desnecessária a fundamentação pelo órgão revisor quando, após formado o juízo
valorativo pertinente, decidir pela homologação da promoção de arquivamento em
remessa simples, desacompanhada de recurso”.

d) ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO:

Resolução 69/2007 – CSMPT

Art. 13. O disposto acerca do arquivamento de inquérito civil ou procedimento


preparatório também se aplica à hipótese em que estiver sendo investigado mais

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de um fato lesivo e a ação civil pública proposta somente se relacionar a um ou
a algum deles.
► irregularidade ocorrente quando a investigação envolver mais de um objeto ou
infrator e o membro propõe a ação civil pública ou obtém assinatura de TAC em
relação a apenas um deles, deixando à margem da atuação as demais infrações ou
autores.

► necessidade de controle pela CCR: somente possível com o envio do


procedimento a este órgão colegiado, após o ajuizamento da ação ou a tomada do
TCAC.

► possibilidade de o membro do MP justificar, de maneira fundamentada, a decisão


de tomar a assinatura de TAC ou propor a ação apenas quanto a uma parte da
matéria investigada ou em face de somente uma pessoa, dentre as várias
responsáveis. Nesta hipótese, a promoção de arquivamento parcial deve ser
remetida à CCR, para a devida homologação.

e) NÃO HOMOLOGAÇÃO DA PROMOÇÃO DE ARQUIVAMENTO:

► A CCR, observando que se encontra o procedimento devidamente instruído, e, a


partir da análise dos seus elementos, deveria agir o Ministério Público do Trabalho,
não procederá à homologação do arquivamento e designará ou determinará seja
designado outro membro para atuar, ou seja, promover diretamente o
ajuizamento da ACP (art. 9º, § 4º, LACP).

► hipótese em que há vinculação e obrigatoriedade do Procurador designado


quanto à prática do ato (ajuizar a ação), uma vez que, neste caso, age o membro
por delegação do Conselho;

► OBSERVAÇÃO: se a não homologação decorrer da conclusão da CCR quanto à


necessidade de ainda serem realizadas diligências investigatórias, abre-se a
possibilidade – sendo, inclusive, recomendável – de se determinar o
prosseguimento da investigação pelo mesmo Procurador do Trabalho, a fim de
adotar novas diligências instrutórias. Não entendendo a CCR, no caso concreto, não
ser essa a decisão mais conveniente, pode determinar, então, a designação de outro
membro para fazê-lo.

 PROCESSO PGT/CCRNº 3224/2009

“A promoção de arquivamento, conforme a nova redação do §2º do artigo 10 da Res.


CSMPT 69/07, só será submetida à CCR se, e somente se, estiverem presentes todos
os atos imprescindíveis à deliberação, entre eles o esgotamento de todas as
possibilidades de diligências, que, se ausente, permitirá ao Relator a conversão em
julgamento, independentemente de oitiva da CCR, para que sejam cumpridas, por
delegação, pelo subscritor da promoção de arquivamento”.

► Súmula 17 do MPE/SP:

51
“Convertido o julgamento em diligência, reabre-se ao Promotor de Justiça que
tinha promovido o arquivamento do inquérito civil ou das peças de informação a
oportunidade de reapreciar o caso, podendo manter sua posição favorável ao
arquivamento ou propor a ação civil pública, como lhe parece mais adequado”.

f) O ARQUIVAMENTO do inquérito civil pelo MPT não impede que outro ente co-
legitimado ingresse com a ação civil pública, versando sobre a mesma matéria.

g) É VEDADO AO PROCURADOR que promoveu o arquivamento do inquérito civil


ou do procedimento preparatório, cuja homologação foi recusada pela CCR, oficiar
na ação civil pública (Resolução nº. 69/07 – CSMPT, art. 11).

11.2.2) ASSINATURA DE TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA – TAC

► previsão legal: art. 5º, § 6º, LACP (ver ITEM III)

► corresponderá ao ajustamento da conduta da parte:

(a) às exigências legais (cessação da conduta lesiva ou realização da conduta


adequada);

(b) a situações específicas respaldadas pelo ordenamento jurídico (imposição de


conduta preventiva), objetivando estabelecer solução adequada em prol dos
bens jurídicos tutelados, e, ainda,

(c) para o fim de se fixar a reparação do dano causado (estabelecimento de


conduta reparatória), seja em dinheiro ou in natura, como p. ex: promover
campanha educativa; custear obra ou projeto; publicar matéria informativa em
veículos de comunicação; efetuar a entrega de bens e equipamentos.

 Orientação nº. 06 da CCR:

“O Procurador oficiante que, em virtude de celebração de Termo de Ajustamento de


Conduta entre o Ministério Público do Trabalho e o Denunciado, decidir proceder ao
encerramento do feito, poderá fazê-lo no âmbito da própria Regional. Em tal
hipótese, a remessa é dispensável”.

 Precedente nº. 19 do CSMPT:

“CELEBRAÇÃO DE TAC. NÃO CONHECIMENTO DA REMESSA. Não se conhece


da remessa de procedimento encerrado em virtude de celebração de Termo de
Ajustamento de Conduta entre o Ministério Público do Trabalho e o Denunciado”.

11.2.3) ILEGITIMIDADE OU INCOMPETÊNCIA FUNCIONAL DO MPT

 PRECEDENTE Nº 07 do CSMPT:

52
“Desnecessária a remessa dos autos, para homologação do Conselho Superior [hoje
CCR], quando verificada a ilegitimidade ou incompetência funcional do MPT para
atuar, devendo os autos ser remetidos ao órgão competente, nos termos da Lei
Complementar nº. 75/93”.

 Resolução nº. 64 do CSMPT (de 26.04.2007): art. 1º, § 2º (Nos casos em que a
denúncia envolver atribuição de outro ramo do MP, ela deverá ser encaminhada
à autoridade competente).

 observação: o órgão competente, referido com vistas à remessa dos autos, será
o ente com atribuições para agir (MPE; MPF; TCU, etc.), de acordo com o que
ratificado pelo CSMPT no Processo nº. 08130.002274/2006.

 Orientação nº. 1 da CCR:

“FGTS. LEGITIMIDADE DO MPT. Sem se cogitar da conveniência e da


oportunidade, a critério exclusivo do Órgão Oficiante, o MPT possui legitimidade
para atuar nas hipóteses de não recolhimento do FGTS”.

11.2.4) PROPOSITURA DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA

► princípio da obrigatoriedade da atuação: indisponibilidade do interesse pelo


Ministério Público.

► preparação da petição inicial: uso dos documentos produzidos no IC.

 PROCESSO PGT/CCR/Nº 28/2001:

“Para a instrução da ação civil pública, o Procurador oficiante juntará as peças


principais do Inquérito, de modo a atender à exigência do artigo 283 do Código de
Processo Civil, mediante cópias ou originais, a critério seu”.

► o membro pode utilizar, estrategicamente, apenas parte das provas coligidas nos
autos do IC. Não é obrigatória a juntada de cópia de todo o procedimento.

 doutrina:

“A utilização de apenas parte das provas existentes no IC é plenamente possível. O


IC destina-se a formar a opinião do Promotor de Justiça acerca da regularidade ou
irregularidade de fato ou fatos investigados. Natural, assim, que o destinatário do IC
possa, ao seu alvedrio, destacar parte da prova para instruir a petição inicial da ação
civil pública. Ora, tal conduta, antes de ser imoral, antiética ou desleal, representa
estratégia do autor para ser bem sucedido na demanda. Afinal, se o MP existe para

53
defender os interesses da sociedade, não faria sentido instruir a peça vestibular com
provas que não lhe favorecessem. Aliás, no direito positivo brasileiro, ninguém é
obrigado a fazer prova em seu desfavor. Logo, o aproveitamento parcial das provas
contidas no bojo do IC é legítimo e não viola o nosso ordenamento jurídico.”
(SILVA, José Luiz Mônaco. Op. cit., p. 140).

“Por ser oportuno, não custa ressaltar que o STJ já deixou expresso, em
questionamento oposto nesse sentido, que não há qualquer conduta de má-fé do
representante do Ministério Público ‘que não leva à ação civil pública todos os
documentos constantes do inquérito civil’, sendo-lhe facultado descartar aqueles que
não lhe parecem relevantes para dar suporte à pretensão – tudo em decorrência da
própria natureza desse procedimento”.
(CARVALHO FILHO, José dos Santos. Ação Civil Pública: comentários por artigo
(Lei nº. 7.347, de 24/7/85). Editora Lúmen Juris: Rio de Janeiro, 2005, p. 253)

► identidade física do Promotor de Justiça: não é princípio contemplado no


ordenamento jurídico, em face do que não se condiciona a propositura da ação civil
pública pelo membro do MP que presidiu o IC ou acompanhou as investigações.
Assim, nenhum óbice há quanto a que outro membro venha a propor a ação, ainda
que não tenha presidido o IC ou o andamento das diligências realizadas.

►observação: há situações que recomendam a assinatura da ACP por vários


membros, com vistas a firmar a posição institucional e também respaldar e reforçar a
atuação.

► ajuizamento da ACP ou assinatura de Termo de Ajustamento de Conduta em


relação à parte dos fatos apurados: dever de continuidade do procedimento do IC,
com vistas à apuração quanto à outra parte (irregularidades remanescentes), até
final, com a adoção das medidas cabíveis ou promoção de arquivamento, se for o
caso (Resolução nº. 69/07, art. 13).

12) DESARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO CIVIL

Resolução 69/2007 – CSMPT

Art. 12. O desarquivamento do inquérito civil, diante de novas provas ou para


investigar fato novo relevante, poderá ocorrer no prazo máximo de seis meses
após o arquivamento. Transcorrido esse lapso, será instaurado novo inquérito
civil, sem prejuízo das provas já colhidas.

 a decisão da CCR que homologa o arquivamento não faz coisa julgada. O IC


poderá ser reaberto em caso de surgirem novos elementos ou provas, podendo
ser feito inclusive pelo mesmo membro.

54
 O arquivamento não cria direito adquirido, nem gera direito subjetivo para o
investigado.

 Aplicação do artigo 12 da Resolução nº. 69/07 do CSMPT: fixação do prazo de 6


meses para o desarquivamento; após isso, deve-se instaurar novo procedimento.

 O prazo de 6 meses é contado da publicação da decisão da CCR, que homologa


a promoção de arquivamento.

► PROCESSOS PGT/CCR/Nº 07/2003, 08/2003 E 09/2003:

“1 – É plenamente possível a reabertura das investigações para reaferição de questões,


ainda que anteriormente proposta pelo órgão oficiante a homologação de seu
arquivamento pelo CSMPT;
2 – Esclarecendo que a continuação da investigação poderá ser preferencialmente nos
próprios autos;
3 – Ficando prevento o órgão oficiante que já conduziu a anterior investigação.”

► Marco inicial de contagem do prazo para desarquivamento:

 PROCESSO PGT/CCR/Nº 8852/2009:

“O cômputo do prazo de 6 (seis) meses, estipulado no caput do artigo 12 da


Resolução nº 69/CSMPT deve se iniciar a partir da publicação da deliberação da
CCR pela homologação do arquivamento proposto”.

► exigência de despacho fundamentado de desarquivamento ou da instauração de


novo IC, nesta último caso, se transcorridos mais de 6 meses do arquivamento,
contados da data da publicação da homologação pela CCR.

13) CONTROLE DA LEGALIDADE DO INQUÉRITO CIVIL

13.1) HABEAS CORPUS:

► possibilidade excepcional da medida, diante de atos considerados ilegais, que


eventualmente atinjam a liberdade da parte sob investigação ou de testemunha.

► Exemplo: condução coercitiva irregularmente determinada.

13.2) MANDADO DE SEGURANÇA:

► admissão em hipóteses restritas, visando:

55
(a) o trancamento do IC

Exemplo: instauração do procedimento por órgão do MP sem atribuições, com


abuso de poder ou desvio de finalidade, ou

(b) a correção de ato abusivo ou ilegal

Exemplo: requisição realizada fora das atribuições do órgão requisitante.

jurisprudência:

► STJ – RHC N° 5.873-PR, 19.12.97, Rel. Min. Vicente Leal:


“PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. PROMOTOR DE JUSTIÇA.
INQUÉRITO CIVIL PÚBLICO. TRANCAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL. INEXISTÊNCIA. O Ministério Público, como órgão
de defesa de interesses individuais e sociais indisponíveis (CF, art. 127), tem
competência para instaurar IC para investigar a prática de atos abusivos, suscetíveis
de causar lesão a tais interesses coletivos. A instauração de tal procedimento não
provoca qualquer constrangimento ilegal ao direito de locomoção, revelando-se, por
isso, impróprio o uso do HC para coibir eventuais irregularidades a ele atribuídas”.

► STJ – REsp N° 31.547-9-SP, 06.10.93, Rel. Min. Américo Luz:


“MANDADO DE SEGURANÇA. Pedido de arquivamento de inquérito civil instaurado
pelo Ministério Público. Denegação do writ. Recurso Especial. Alegação de violação
ao art. 1° da Lei n° 7.347/85. O campo de atuação do Ministério Público foi ampliado
pela Constituição de 1988, cabendo ao Parquet a promoção do inquérito civil e da
ação civil pública para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e
de outros interesses difusos e coletivos, sem a limitação imposta pelo art. 1° da Lei
n° 7.347/85. Na espécie, além de ser o inquérito peça meramente informativa, tem
ele tramitação autorizada pela própria Lei n° 7.347/85.
A denegação da segurança era de rigor, pois a impetrante não tem o direito líquido e
certo de ver arquivado o inquérito civil e muito menos de impedir seja ele construído
com as informações requisitadas pelo Ministério Público.”

14) RESPONSABILIDADE DO ÓRGÃO PERANTE A SOCIEDADE

(a) na órbita civil: natureza subjetiva da responsabilidade (exigência de conduta


dolosa).

 HIPÓTESES:

(a) omissão em instaurar o IC, visando o não-ajuizamento da ACP;


(b) instrução inadequada do IC, a fim de ensejar o seu arquivamento ou o
ingresso de ACP sem possibilidade de sucesso;
(c) assinatura de TAC prejudicial e lesivo ao interesse coletivo.

56
► art. 85 do CPC: “O órgão do MP será civilmente responsável quando, no
exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude”.

 doutrina:

“Responsabilidade civil. O prejudicado por ato doloso ou fraudulento praticado por


representante do MP tem direito de ressarcir-se por meio de ação dirigida contra o
Poder Público (CF art. 37, § 6º).
O membro do MP, entretanto, é responsável perante o Poder Público, devendo
indenizá-lo em regresso, se tiver agido dolosa ou fraudulentamente no processo.
Dispositivo semelhante é aplicado aos juízes (CPC, art. 331,I).
Dolo ou fraude. Os membros do MP são agentes políticos e, assim como ocorre com
os juízes, somente respondem por responsabilidade, quando agem com dolo ou
fraude no exercício de sua função. Não estão sujeitos a responsabilidade quando
agem com culpa. As hipóteses de responsabilidade dos juízes e do MP são
arroladas em numerus clausus, taxativamente, não comportando ampliação”.
(NERY JÚNIOR. Nelson. CPC comentado, 10. Ed., São Paulo: RT, 2007, p.320).

(b) na órbita penal: art. 319 do CP (crime de prevaricação: “deixar de praticar


indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei,
para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”).

► Pressuposto: demonstração da ocorrência de dolo específico.

(Cf. DINAMARCO, Pedro da Silva.”Responsabilidade Civil do Promotor de Justiça


no Inquérito Civil”. In: MAZZEI, Rodrigo & Lolasco, Rita Dias (coord.). Processo
Civil Coletivo. São Paulo: Quartier Latin, 2005, p.255/256)

(c) na órbita administrativa:

► interna: atuação da Corregedoria Geral (arts. 236 e seguintes da Lei


Complementar nº. 75/93).

► externa: atuação do Conselho Nacional do Ministério Público (art. 130-A, § 2º, da


Constituição Federal).

15) PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO PARA ACOMPANHAMENTO DE AÇÕES


ESTRATÉGICAS

Resolução 69/2007 – CSMPT

Art. 17. Não se sujeitam a esta Resolução os Procedimentos Administrativos para


acompanhamento de ações estratégicas voltadas para o fomento de políticas
públicas, para acompanhamento de ações judiciais e para mediação, conciliação e
arbitragem.

57
Parágrafo único. A tramitação dos Procedimentos Administrativos para
acompanhamento de ações voltadas para o fomento de políticas públicas
obedecerá ao determinado pela Coordenadoria correspondente, pela instância
Regional ou outro órgão ‘ad hoc’ criado para a implementação da estratégia.

 disposição introduzida pela Resolução CSMPT nº 87/2009.

 entendimento da CCR: a atividade promocional é o gênero de uma série de


atividades voltadas para a promoção de direitos que dependem da ação conjunta
de outros órgãos públicos (exemplo da área da criança e adolescente em
situação de risco). A participação do MPT, por meio de designação específica de
membro para atuar, nesses casos, não pode ser demarcada pelo tempo.
Encerra-se a ação promocional, quando os objetivos da ação tiverem sido
alcançados (CCR - ata da 30ª Reunião extraordinária, em 03.09.2008).

 procedimento não sujeito a prazo.

 liberdade de iniciativa do Procurador, de acordo com objetivos do procedimento.

 extensão do procedimento administrativo ao acompanhamento de ações judiciais


e também à mediação, conciliação e arbitragem.

58
II – PODERES DE INVESTIGAÇÃO DO MINISTÉRIO
PÚBLICO DO TRABALHO

► REFERÊNCIAS LEGAIS:

 Lei 7.347/85 (LACP): art. 8º, § 1º


 CF/88: art. 129, VI e VII
 Lei 7.853/89 (PPD): art. 6º
 Lei 8.069/90 (ECA): art. 201, VI, VIII, XI, XII; §§ 3º, 4º e 5º; art. 223.
 Lei 8.625/93 (LONMP): art. 26, I, II, III, VII; §§ 2º e 3º; art. 27, parágrafo único; IV.
 LC 75/93 (LOMPU): art. 6º, XVIII, XX; art. 8º, I a VIII; §§ 1º a 3º, e § 5º; arts. 13 e
14.

1) REQUISIÇÃO

Resolução nº. 67/2007 – CSMPT

Art. 6º (...)
§ 9º Todos os ofícios requisitórios de informações ao inquérito civil e ao
procedimento preparatório deverão ser fundamentados e, no caso do primeiro,
acompanhados de cópia da respectiva portaria de instauração.

 CONCEITO

 requisição é uma ordem legal a ser cumprida pelo destinatário, cujo


desatendimento pode tipificar o crime de desobediência ou prevaricação ou o
delito previsto no art. 10 da Lei 7.347/85 – LACP.

 “A requisição constitui um direito subjetivo de caráter institucional conferido ao


MP. Trata-se de mecanismo indispensável para o regular exercício das funções
que lhe foram confiadas. Caracteriza-se a requisição como função instrumental
da instituição”. (CARVALHO FILHO, José dos Santos. Ação Civil Pública. Rio de
Janeiro: Freitas Bastos, 1996).

► caráter mandamental-imperativo.

► gratuidade do atendimento: art. 26, § 3º, da Lei nº. 8.625/93.

1.2) FORMA

► é essencial a atenção quanto à forma e ao conteúdo da requisição, com vistas a


possibilitar a tipificação criminal em caso de não atendimento.
► envio por meio de documento assinado pelo Procurador, com indicação do
procedimento, do destinatário e do objeto da requisição.

59
► necessidade de registro do recebimento pelo destinatário (cópia protocolada ou
aviso de recebimento – AR da empresa de Correios).

► orientação para se dar destaque, no documento de requisição, se for o caso, à


circunstância de que as informações requisitadas constituem “dados técnicos
indispensáveis à propositura da ação” (art. 10 da Lei nº. 7.347/85).

1.3) DESTINATÁRIOS

 pessoas físicas ou jurídicas, privadas ou públicas (administração direta e


indireta), além de órgãos despersonalizados.

► restrição legal: art. 8º, § 4º, LC 75/93 (autoridades superiores):

“As correspondências, notificações, requisições e intimações do Ministério Público,


quando tiverem como destinatário o Presidente da República, o vice-Presidente da
República, membro do Congresso Nacional, Ministro do Supremo Tribunal Federal,
Ministro de Estado, Ministro de Tribunal Superior, Ministro do Tribunal de Contas da
União ou chefe de missão diplomática de caráter permanente serão encaminhadas e
levadas a efeito pelo Procurador-Geral da República ou outro órgão do Ministério
Público a quem essa atribuição seja delegada, cabendo às autoridades
mencionadas fixar data, hora e local em que puderem ser ouvidas, se for o caso”.

► Art. 6º, § 8º, Resolução nº. 69/2007 - CSMPT:

“§ 7º. O Procurador-Geral do Trabalho encaminhará, ao Procurador-Geral da


República ou outro órgão do Ministério Público a quem essa atribuição seja
delegada, no prazo de dez dias, os ofícios expedidos pelos membros do Ministério
Público do Trabalho, destinados a instruir inquérito civil ou procedimento
preparatório, observado o disposto no art. 8º, § 4º, da Lei Complementar nº 75/93.

§ 8º. Não cabe à chefia institucional a valoração do contido nos ofícios, podendo
deixar de encaminhar aqueles que não contenham os requisitos legais ou não
empreguem o tratamento protocolar devido ao destinatário.

§9º. Todos os ofícios requisitórios de informações ao inquérito civil e ao


procedimento preparatório deverão ser fundamentados e, no caso do primeiro,
acompanhados de cópia da respectiva portaria de instauração.

§ 10º. Aplica-se o disposto nos parágrafos 7º, 8º e 9º aos atos dirigidos aos
Conselheiros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério
Público.”

 jurisprudência: requisição dirigida ao órgão do Poder Legislativo:

60
“I - Não há ilegalidade nos atos investigatórios realizados pelo MP, que pode
requisitar informações e documentos a fim de instruir seus procedimentos
administrativos, visando a eventual oferecimento de denúncia, havendo previsão
constitucional e legal para tanto.
II – Improcede a alegação de que os Poderes Executivo e Legislativo não estariam
obrigados a atender a requisições ministeriais, pois pode ser destinatário da
requisição qualquer órgão da administração direta, indireta ou fundacional, de
qualquer dos Poderes Públicos.”

(STJ-RHC nº 11888/MG, 5ª T, Rel. Min. Gilson Dipp, DJ 19.11.2001)

1.3) HIPÓTESES LEGAIS

a) documentos, certidões e informações (art. 8º, § 1º, LACP; art. 8º, IV, LC 75/93);

b) realização de exames e perícias, prestação de outros serviços e auxílio de força


policial (art. 8º, II e IX, LC 75/93; art. 8º § 1º, LACP);

c) instauração de procedimentos administrativos na órbita de outros órgãos (ex.:


TCU, SRTE, Controladorias Estaduais; Receita Federal). (art. 26, III, Lei
8.625/93 – LONMP; art. 7º, III, e art. 84, III, LC 75/93);

d) divulgação de relatórios e recomendações dirigidas a órgãos públicos ou


prestadores de serviços públicos ou de relevância pública (art. 27, parágrafo
único, IV, Lei 8.625/93 – LONMP; art. 84, V, LC 75/93).

 observação: PARECER/CONJUR/MTE/Nº 059/2009

“EMENTA: (...) REQUISIÇÕES DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO – MPT.


O auditor-fiscal que receber diretamente requisição de ações fiscais, auditorias e
perícias e emissão de laudos, pareceres e relatórios oriunda do MPT deverá, de
imediato, encaminhar a requisição pela via hierárquica à autoridade superior, a fim
de que sejam adotadas providências para o atendimento da requisição, observada a
regra de competência.
Com fundamento nos arts. 8º, II, e 84, III, da Lei Complementar nº 75, de 20 de maio
de 1993, as requisições do MPT, objetivando a realização de ações fiscais,
auditorias e perícias e emissões de laudos, pareceres e relatórios devem ser
atendidas no prazo fixado e em conformidade com as regras de competência,
observado o Regulamento de Inspeção do Trabalho. Na hipótese anterior, compete
ao chefe da Fiscalização expedir a respectiva ordem de serviço para o auditor-fiscal,
sendo inválida a atuação de auditor-fiscal predeterminado pelo próprio órgão
requisitante, consoante os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e
devido processo legal.
Observado o teor do art. 8º, III, primeira parte, da LC nº 75, de 1993, tem-se como
admissível a requisição de servidor público predeterminado para prestar serviços
temporários ao MPT/MPU, indicação que pode recair sobre um auditor-fiscal do

61
trabalho; a licitude do atendimento dessa requisição de servidor, no entanto,
demanda a formulação de consulta à SRH/MPOG, na qualidade de órgão central do
CIPEC.
A atuação de servidor público requisitado não ensejará autuação ou notificação por
parte dos órgãos do Ministério do Trabalho e Emprego”.

1.4) PRAZO

► 10 dias úteis, no mínimo (art. 8º, § 1º, Lei 7.347/85)

► até 10 dias úteis, prorrogáveis mediante solicitação justificada (art. 8º, § 5º, LC
75/93)

►o prazo definido pelo MP deve atender ao critério da razoabilidade, considerando:

(a) a urgência no cumprimento;


(b) a capacidade e condições do requisitado;
(c) os recursos financeiros a serem despendidos para o atendimento.

1.5) MATÉRIAS PROTEGIDAS POR SIGILO

1.5.1) base legal: Lei Complementar nº. 75/93

► art. 8º, VIII: direito de “acesso incondicional a qualquer banco de dados de


caráter público ou relativo a serviço de relevância pública”.

§ 2º (“nenhuma autoridade poderá opor ao MP, sob qualquer pretexto, a exceção de


sigilo, sem prejuízo da subsistência do caráter sigiloso da informação, do registro, do
dado e do documento que lhe seja fornecido”).

► art. 236 (“O membro do MPU, em respeito à dignidade de suas funções e à da


Justiça, deve observar as normas que regem o seu exercício e especialmente: II –
guardar segredo sobre assunto de caráter sigiloso que conheça em razão do cargo
ou função)”.

► art. 6º, XVIII, “a” (compete ao MP “representar ao órgão judicial competente para
quebra de sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e
das comunicações telefônicas, para fins de investigação criminal ou instrução
processual penal (...)”.

 observação: Lei n° 11.111, de 05.05.2005 (regulamenta a parte final do


disposto no inciso XXXIII do caput do art. 5° da Constituição Federal,
referente ao direito de todos a receber dos órgãos públicos informações de

62
seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do
Estado).

1.5.2) limites constitucionais ao poder de requisição:

► Art. 5º: inviolabilidade da(o)

X: da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem;


XI: da residência, salvo, durante o dia, por determinação judicial;
XII: do sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das
comunicações telefônicas, salvo neste último caso, por ordem judicial;

► somente vedações expressas na CF, ao poder requisitório do MP, ou delas


diretamente decorrentes, é que podem se sobrepor ao que definido pela LC 75/93,
no art. 8º. As demais vedações, previstas na legislação infraconstitucional e não
decorrentes diretamente das garantias constitucionais, não têm esta eficácia (ex:
sigilo fiscal e sigilo bancário).

► Assim, informações fiscais e bancárias são passíveis de requisição direta pelo


MP. Não há reserva constitucional da jurisdição.

 doutrina:

“A inoponibilidade da exceção de sigilo só é válida no tocante a dados e registros


protegidos pelo sigilo por força de norma também infraconstitucional, não
abrangendo aqueles cujo sigilo seja estipulado na própria CF, se não conferiu esta
ao MP a possibilidade de a eles ter acesso”.
(PROENÇA, Luis Roberto. Inquérito Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001, p.
74)

“Segundo dispõe a lei, autoridade alguma poderá opor ao MP, sob qualquer pretexto,
a exceção de sigilo, sem prejuízo da subsistência do caráter sigiloso da informação,
do registro, do dado ou do documento.
Confere-se hoje ao membro do MP acesso incondicional a qualquer banco de dados
de caráter público ou relativo a serviço de relevância pública, sem prejuízo de sua
responsabilidade civil e criminal pelo eventual uso indevido das informações e
documentos sigilosos, aos quais teve acesso. Isso significa que o MP tem acesso à
informação, inclusive nos casos de sigilo legal, excetuadas apenas, e obviamente,
as hipóteses em que a Constituição exija autorização judicial para a quebra do
sigilo”.
(MAZZILLI, Hugo Nigri. A defesa dos interesses difusos em juízo. 17ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2004, p. 376).
 jurisprudência

63
“O postulado da reserva constitucional de jurisdição importa em submeter, à
esfera única de decisão dos magistrados, a prática de determinados atos cuja
realização, por efeito de explícita determinação constante do próprio texto da Carta
Política, somente pode emanar do juiz, e não de terceiros, inclusive daqueles a
quem se haja eventualmente atribuído o exercício de ‘poderes investigatórios
próprios das atividades judiciais’. A cláusula constitucional da reserva de jurisdição –
que incide sobre determinadas matérias, como a busca domiciliar (CF, art. 5°, XI), a
interceptação telefônica (CF, art. 5°, XII) e a decretação da prisão de qualquer
pessoa, ressalvada a hipótese de flagrância (CF, art. 5°, LXI) – traduz a noção de
que, nesses temas específicos, assiste ao Poder Judiciário não apenas o direito de
proferir a última palavra, mas, sobretudo, a prerrogativa de dizer, desde logo, a
primeira palavra, excluindo-se, desse modo, por força e autoridade do que dispõe a
própria Constituição, a possibilidade de exercício de iguais atribuições, por parte de
quaisquer outros órgãos ou autoridades do Estado”
(parte do voto do Min. Celso de Mello, do STF, proferido no MS 23.452).

 Código Tributário Nacional: art. 198

“Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a divulgação, para


qualquer fim, por parte da Fazenda Pública ou de seus funcionários, de qualquer
informação, obtida em razão do ofício, sobre a situação econômica ou financeira dos
sujeitos passivos ou de terceiros e sobre a natureza e o estado dos seus negócios
ou atividades.

§ 1º. Excetuam-se do disposto neste artigo, além dos casos previstos no art. 198, os
seguintes:
I – requisição de autoridade judiciária no interesse da justiça;

II – solicitações de autoridade administrativa no interesse da Administração


Pública, desde que seja comprovada a instauração regular de processo
administrativo, no órgão ou na entidade respectiva, com o objetivo de
investigar o sujeito passivo a que se refere a informação, por prática de
infração administrativa”.

 Portaria SRF Nº 580, de 12 de junho de 2001:

“Estabelece procedimentos para preservar o caráter sigiloso de informações


protegidas por sigilo fiscal, nos casos de fornecimento admitidos em lei

 Lei nº. 7.492, de 16.06.1986 (Lei do “colarinho branco”):

“Art. 29. O órgão do MPF, sempre que julgar necessário, poderá requisitar, a
qualquer autoridade, informação, documento ou diligência relativa à prova dos
crimes previstos nesta Lei.
Parágrafo único. O sigilo dos serviços e operações financeiras não pode ser
invocado como óbice ao atendimento da requisição prevista no caput deste artigo”.

64
 jurisprudência

► STF, Pleno, MS 21.729-4-DF

“SIGILO BANCÁRIO. QUEBRA. REQUISIÇÃO FEITA DIRETAMENTE PELO MP.


ADMISSIBILIDADE. STF. 1. Mandado de segurança. Sgilo bancário. Instituição
financeira executora de política creditícia e financeira do Governo Federal.
Legitimidade do Ministério Público para requisitar informações e documentos
destinados a instruir procedimentos administrativos de sua competência. 2.
Solicitação de informações, pelo Ministério Público Federal ao Banco do Brasil S/A,
sobre concessão de empréstimos, subsidiados pelo Tesouro Nacional, com base em
plano de governo, a empresas do setor sucroalcooleiro. 3. Alegação do Banco
impetrante de não poder informar os beneficiários dos aludidos empréstimos, por
estarem protegidos pelo sigilo bancário, previsto no art. 38 da Lei 4595/64 (revogado
pela LC 105/01, art. 13), e, ainda, ao entendimento de que dirigente do Banco do
Brasil S/A não é autoridade, para efeito do art. 8° da LC 75/93. 4. O poder de
investigação do estado é dirigido a coibir atividades afrontosas à ordem jurídica e a
garantia do sigilo bancário não se estende às atividades ilícitas. A ordem jurídica
confere explicitamente poderes amplos de investigação ao Ministério Público – CF,
art. 129, VI e VIII; LC 75/93, art. 8°, II e IV, e § 2°. 5. Não cabe ao Banco do Brasil
negar, ao Ministério Público, informações sobre nome de beneficiários de
empréstimos concedidos pela instituição, com recursos subsidiados pelo erário
federal, sob invocação do sigilo bancário, em se tratando de requisição de
informações e documentos para instruir procedimento administrativo instaurado em
defesa do patrimônio público (...)”

► STJ, 1ª Seção, MS 5370-DF/SP, Min. Demócrito Reinaldo, 12.11.1997

“A competência do MP no concernente à requisição de informações e documentos


de quaisquer órgão da Administração, independentemente de hierarquia, advém de
sede constitucional e visa ao interesse público que se sobrepõe a qualquer outro (a
fim de que possíveis fatos constitutivos de crimes sejam apurados), pondo-lhe, a Lei
Maior, à disposição, instrumentos eficazes para o exercício das atribuições
constitucionalmente conferidas. As suas atividades se revestem de interesse público
relevante – oponível a qualquer outro – que deve ser cuidado com previdência, eis
que a outorga desse poder constitui reflexo de suas prerrogativas institucionais. A
ocultação e o não-fornecimento de informações e documentos é conduta impeditiva
da ação ministerial e, conseqüentemente, da Justiça, se erigindo em abuso de
poder.

(...) É entendimento assente na doutrina que o MP, em face da legislação vigente,


tem acesso até mesmo às informações sob sigilo, não sendo lícito a qualquer
autoridade opor-lhe tal exceção”.

► STJ, 1ª T, RMS 8716/GO, Min. Milton Luiz Pereira, 25.05.1998

65
“1. À parla de relevante interesse público e social, ampliou-se o âmbito de atividades
do MP para realizar atividades investigatórias, alicerçando informações para
promover o Inquérito e Ação Civil Pública (CF, arts. 127 e 129, III – Lei nº. 7.347/85,
arts. 1º e 5º).
2. O sigilo bancário não é um direito absoluto, quando demonstradas fundadas
razões, podendo ser desvendado por requisição do MP em medidas e
procedimentos administrativos, inquérito e ações, mediante requisição submetida ao
Poder Judiciário.
3. A ‘quebra de sigilo’ compatibiliza-se com a norma inscrita no art. 5º, X e XII, CF,
cônsono jurisprudência do STF.
4. O princípio do contraditório não prevalece no curso das investigações
preparatórias encetadas pelo MP (RE 136.239; Ag. Reg. em Inquérito 897 – DJ
24.3.95).
5. Não constitui ilegalidade ou abuso de poder, provimento judicial aparelhando o MP
na coleta de urgentes informações para apuração de ilícitos civis e penais.”

► STJ, 1ª T., RMS 15771/SP, Min. José Delgado, 27.05.2003


“PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.
EFEITO MERAMENTE DEVOLUTIVO. PROCEDIMENTO PREPARATÓRIO PARA
INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO CIVIL. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO.
POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO. IRRELEVÂNCIA. DECISÃO
DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA. PREVALÊNCIA DO INTERESSE PÚBLICO.
1. Mandado de segurança impetrado contra decisão de primeiro grau que, em
procedimento preparatório para instauração de inquérito civil, deferiu a quebra do
sigilo bancário do impetrante.
2. A legislação constitucional e infraconstitucional desejaram a concessão de efeito
meramente devolutivo ao recurso ordinário em mandado de segurança, assim como
ao recurso especial. A aspiração de alcançar a eficácia suspensiva só deve ser
atendida em casos excepcionalíssimos, o que se efetiva nesta Corte por meio do
procedimento acautelatório (art. 288/RISTJ) diante da constatação de situação
excepcional ou teratológica.
3. Consoante posicionamento jurisprudencial desta Corte, a inexistência de inquérito
civil instaurado não é óbice à concessão da medida impugnada.
4. A ausência de notificação sobre a quebra do sigilo bancário não ofende o princípio
do contraditório, eis que o mesmo não prevalece na fase inquisitorial.
5. Considera-se devidamente fundamentada a decisão que determina a quebra de
sigilo bancário do impetrante, quando sobre este pesa suspeita da prática de atos
ímprobos, os quais não poderão ser esclarecidos senão mediante o deferimento da
medida extrema.
6. O direito à privacidade é constitucionalmente garantido. Todavia, não é absoluto,
devendo ceder em face do interesse público.
7. Se de um lado é certo que todos têm direito ao sigilo bancário como garantia à
privacidade individual, de outro, não é menos certo que havendo indícios de
improbidade administrativa impõe-se a quebra dos dados bancários do
Administrador Público. Isso porque a proteção constitucional não deve servir para
acobertar prática de atos delituosos.
8. Recurso ordinário desprovido.”

1.5.3) RESPONSABILIDADE DO ÓRGÃO

66
 Lei Complementar 75/93: Art. 8º, § 1º (“O membro do MP será civil e
criminalmente responsável pelo uso indevido das informações e documentos que
requisitar; a ação penal, na hipótese, poderá ser proposta também pelo ofendido,
subsidiariamente, na forma da lei processual penal”).

 Dever de respeito pelo membro aos limites e adequação quanto à utilização dos
dados e documentos recebidos em decorrência da requisição efetuada, no
exercício das suas funções.

1.6) DESCUMPRIMENTO DA REQUISIÇÃO

► art. 8º, § 3º, LC 75/93


“A falta injustificada e o retardamento indevido do cumprimento das
REQUISIÇÕES do MP implicarão a responsabilidade de quem lhe der causa”.

► art. 10, Lei 7.347/85: crime contra a administração pública:


“recusa, retardamento ou omissão de dados técnicos indispensáveis à
propositura da ação civil, quando requisitados pelo MP”. Pena: reclusão de 1 a
3 anos, mais multa.

► se os dados forem úteis, mas não indispensáveis, ou não constituírem ‘dados


técnicos’, outro será o tipo penal, a saber:

 crime de prevaricação (destinatário servidor público): art. 319 do Código Penal.

 crime de desobediência (destinatário particular): art. 330 do Código Penal.

► sujeito ativo: qualquer pessoa, particular ou servidor público.

► elemento subjetivo: exige-se o dolo direto.

 não se configurará o crime do art.10 da Lei nº. 7.347/85:

(a) se a ação for apenas culposa;


(b) se os dados omitidos, ainda que úteis, não forem indispensáveis à propositura
da ação;
(c) se não se demonstrar que a requisição foi feita diretamente ao sujeito ativo e por
ele recebida;
(d) se houver justa causa para o desatendimento (Ex: carência de meios materiais
para atender à requisição).

 doutrina:

67
“A recusa, o retardamento ou a omissão têm de dizer respeito a dados requisitados
pelo Ministério Público. (...) A requisição ministerial tem de ser individualizada, vale
dizer, dirigida diretamente a alguém, que deve comprovadamente ter recebido a
requisição. A comunicação da requisição ao sujeito ativo pode se dar por diversas
maneiras (por escrito, verbalmente, através de terceira pessoa). É preciso que,
inequivocamente, se trate de requisição, e não mero pedido ou solicitação, que
podem ser recusados. Exige-se, também, que o sujeito ativo efetivamente saiba que
a requisição provém do Ministério Público. A requisição há de ter por objeto dados
concernentes a direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos. Se a
requisição cuidar de dados para a defesa não de direitos metaindividuais mas de
outra espécie de direitos, seu não-atendimento poderá configurar o crime de
prevaricação ou o de desobediência (arts. 219 e 330 do Código Penal,
respectivamente). (...)
De acordo com a jurisprudência, não se podem considerar indispensáveis dados que
poderiam, sem recusa, ser facilmente obidos em outro órgão (STJ-HC 15951/DF, 5ª
T, Rel. Min. Felix Fisher, 27.11.2001).
Não há crime se a pessoa a quem incumbia o envio dos dados requisitados os envia
mesmo depois de ultrapassado o prazo concedido, justificando a impossibilidade dos
documentos requisitados no prazo estipulado pelo MP, ou se deixa de enviar os
dados requisitados, justificando a impossibilidade do envio (TRF 1ª R, HC
01000715467/TO, 3ªT, Rel. Juiz Cândido Ribeiro, 07.12.1999, e TRF 1ª R, HC
01000715453/TO, 3ª T, Rel. Juiz Cândido Ribeiro, 09.11.1999). (...)
É mister que o sujeito ativo tenha conhecimento de que os dados requisitados são
indispensáveis à propositura da ação civil pública prevista na Lei nº. 7.347/85,
devendo, ao requisitar os dados, fazer o representante do MP expressa menção a
essa circunstância. (...)
Se o não-fornecimento de dados ao MP se dá por meio de conduta que não seja
recusa, retardamento ou omissão, se os dados não são indispensáveis à ação civil
(se forem apenas úteis, auxiliares ou complementares p. ex.), se não são
concernentes a direitos metaindividuais de nenhuma espécie ou se dizem eles
respeito à ação penal, o crime pode ser, em tese, o do art. 319 ou o do art. 330, os
dois do Código Penal, que apresentam apenamento bem mais brando
(respectivamente, detenção, de três meses a um ano, e multa; e detenção, de
quinze dias a seis meses, e multa).
(ROCHA JÚNIOR, Paulo César Duarte. “Breves comentários ao crime do art. 10 da
Lei nº. 7.347/85”. In: ROCHA, João Carlos Carvalho e outros (Orgs.). Ação Civil
Pública: 20 anos da Lei nº. 7.347/85. Belo Horizonte: Del Rey, 2005, p. 207/211).

jurisprudência:
“A recusa do presidente da Câmara Municipal a cumprir requisição de informações
técnicas feita pelo Ministério Público para embasar a propositura de ação civil
pública constitui crime previsto no art. 10 da Lei nº. 7.347/85, não se podendo acatar
a tese de descriminante putativa, à alegação de que tal recusa ocorreu em razão de
parecer jurídico emitido por advogados atestando a legalidade da conduta, sob pena
de se criar uma causa supralegal de exclusão de ilicitude que, futuramente, poderá
ser usada por criminosos para se defenderem de qualquer acusação”.
Tribunal de Justiça de Minas Gerais (Ap. Criminal n° 1.0231.01.007696/001, Rel.
Des. Edelberto Santiago, DO-MG 05.01.04)

68
2) NOTIFICAÇÃO

2.1) BASE LEGAL

► CF/88: art. 129, VI: É atribuição do MP:

“Expedir notificações nos procedimentos administrativos, requisitando


informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar
respectiva”.

► LC 75/93, art. 8º:

inciso I: “notificar testemunhas e requisitar sua condução coercitiva, no


caso de ausência injustificada”;

inciso VII: “expedir notificações e intimações necessárias aos procedimentos


e inquéritos que instaurar”.

2.2) DESTINATÁRIOS

► investigado; testemunhas; vítimas (lesados); peritos e técnicos.

► restrição legal: art. 8º, § 4º, LC 75/93 (autoridades superiores)

“As correspondências, notificações, requisições e intimações do Ministério


Público quando tiverem como destinatário o Presidente da República, o Vice-
Presidente da República, membro do Congresso Nacional, Ministro do Supremo
Tribunal Federal, Ministro de Estado, Ministro de Tribunal Superior, Ministro do
Tribunal de Contas da União ou chefe de missão diplomática de caráter
permanente serão encaminhadas e levadas a efeito pelo Procurador-Geral da
República ou outro órgão do Ministério Público a quem essa atribuição seja
delegada, cabendo às autoridades mencionadas fixar data, hora e local em que
puderem ser ouvidas, se for o caso.”

2.3) FORMA

► por escrito, com endereçamento ao destinatário (pessoa física), ou, se pessoa


jurídica, ao seu representante (entrega pessoal ou pelo correio, com aviso de
recebimento).

► o Procurador oficiante, necessariamente, deverá assinar a notificação, não


podendo ser subscrita por servidor.

 Recomendação nº. 08/2003 – Corregedoria-Geral do MPT:

69
“RECOMENDA que as notificações, requisições e intimações sejam assinadas
apenas pelo Membros do MPT, pois são atos privativos dos mesmos, no exercício
de suas atribuições, conforme previsto nos artigos 7º, inciso I, II e III e artigo 8º,
incisos I a IX, parágrafos 1º a 5º, da Lei Complementar nº. 75/93”.

2.4) PRESSUPOSTOS

► existência de procedimento de investigação devidamente instaurado.

► pertinência do objeto da notificação com a finalidade do procedimento.

2.5) CONTEÚDO

► identificação do procedimento (número próprio)


► nome dos investigados
► designação da data, horário e local para comparecimento, se for o caso, a fim de
prestar depoimento ou esclarecimentos.
► registro na notificação sobre a obrigatoriedade do comparecimento, sob pena de
condução coercitiva, em caso de ausência injustificada.
► indicação do órgão notificante, data e assinatura.

3) INSPEÇÃO E REALIZAÇÃO DE DILIGÊNCIAS

3.1) BASE LEGAL

► LC 75/93: art. 8º, V e VI:

“realizar inspeções e diligências investigatórias” e “ter livre acesso a qualquer local


público ou privado, respeitada a inviolabilidade do domicílio”.

3.2) PROCEDIMENTO

► o poder de inspeção pode ser exercido sem a instauração prévia de


procedimento administrativo, principalmente em situações de risco e urgência. Do
resultado da inspeção realizada, nessas hipóteses, é que poderá ser iniciado o IC.

► a realização de diligências in loco para coleta de dados ou verificação de


determinada situação é também aconselhável, visando esclarecer fatos e direcionar
a atuação.

70
► é obrigatória a elaboração de relatório circunstanciado da inspeção ou
diligência realizada, a ser juntado ao procedimento, recomendando-se, inclusive, o
registro visual (fotografia e/ou filmagem) ou sonoro (gravação) dos atos realizados.

► a inspeção a ser realizada em domicílio de pessoa física exige a autorização


judicial específica para ingresso do membro no respectivo local (art. 5º, XI, CF/88).

► possibilidade, em casos excepcionais e devidamente motivados, de realização


direta de busca e apreensão, sendo vedada busca domiciliar (arts. 240 e seguintes
do Código de Processo Penal).

71
III - TERMO DE COMPROMISSO DE
AJUSTAMENTO DE CONDUTA

Resolução nº. 69/2007 – CSMPT

Art. 14. O Ministério Público do Trabalho poderá firmar termo de ajuste de conduta,
nos casos previstos em lei, com o responsável pela ameaça ou lesão aos
interesses ou direitos mencionados no artigo 1º desta Resolução, visando à
reparação do dano, à adequação da conduta às exigências legais ou normativas
e, ainda, à compensação e/ou à indenização pelos danos que não possam ser
reparados.

§ 1º A aferição do cumprimento do termo de ajuste de conduta ocorrerá nos próprios


autos do procedimento preparatório ou do inquérito civil.

§ 2º O Ministério Público do Trabalho, se for o caso, poderá deprecar a realização de


diligências necessárias para a verificação do cumprimento do TAC, enviando as
cópias necessárias à realização do ato requerido, as quais serão autuadas no
destino como “carta precatória de acompanhamento de TAC.

1) BASE LEGAL

 art. 5°, § 6°, Lei 7.347/85 (LACP)

“Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de


ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá
eficácia de título executivo extrajudicial”.

► dispositivo inserido na Lei nº. 7.347/85 pelo art. 113 do Código de Defesa do
Consumidor.

► referência ao Procedimento Correicional nº. 02/2000, que apresenta as


seguintes conclusões:

“Art. 1º. Nos procedimentos de sua competência, o órgão do Ministério Público do


Trabalho poderá tomar dos interessados o Termo de Compromisso de Ajustamento
de Conduta às exigências legais, mediante cominações, com eficácia de título
executivo extrajudicial.
§ 1º. O Termo de Compromisso de Ajustamento de conduta conterá a qualificação
completa do compromissário, as obrigações objeto do compromisso, as cominações
para as hipóteses de não cumprimento, a indicação do fundo destinatário das
multas, os prazos para ajustamento da conduta, local e data em que firmado e as
assinaturas do compromissário ou seu procurador munido de poderes bastantes e
do membro do Ministério Público do Trabalho.

72
§ 2º. O Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta será lavrado em três
vias: duas ficarão em poder do Ministério Público do Trabalho, sendo que uma delas
constará dos autos do procedimento e outra arquivada em pasta própria; a última
será entregue ao compromissário.
§ 3º. Caberá ao Procurador oficiante verificar o cumprimento do Termo de
Compromisso de Ajustamento de Conduta e promover a execução judicial, quando
necessário, na forma da lei.
§ 4º. O Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta não é sucedâneo de
transação, sendo que o Procurador não poderá concordar com a dispensa de
obrigações legais por parte do compromissário, mas apenas fixar de comum acordo
as condições de cumprimento das obrigações.
§ 5º. O Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta torna-se eficaz a partir
do momento em que é tomado pelo órgão público legitimado.
Art. 2º. A multa prevista no Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta
possui natureza de astreinte e poderá ser fixada, preferencialmente, por obrigação
assumida, sendo que ela não dispensa o cumprimento das obrigações de fazer e
não fazer.
Art. 3º. As condições de cumprimento previstas no Termo de Compromisso de
Ajustamento de Conduta, inclusive a multa, poderão ser revistas a critério do
Procurador oficiante, quando isso for necessário para a garantia de cumprimento
das obrigações assumidas”.

2) OBJETO

► Art. 14, caput, Resolução nº. 69/2007 – CSMPT

► tendência a um maior alcance das obrigações assumidas no TAC:

(a) adequar a conduta do(s) investigado(s) às exigências legais ou normativas


(natureza corretiva);
(b) cessar a ameaça de dano (natureza preventiva);
(c) reparar o dano verificado (natureza reparatória);
(d) compensar os danos que não possam ser reparados (natureza compensatória)

 doutrina:

“Não raro o órgão público legitimado e o causador do dano ajustam quaisquer tipos
de obrigações, ainda que não apenas de fazer ou não fazer, e esse ajuste é
convalidado seja pelo seu caráter inteiramente consensual, seja pelo fato de que
prejuízo algum trazem ao interesse transindividual tutelado, pois constituem garantia
mínima e não limitação máxima de responsabilidade do causador de danos a
interesses difusos”.
(MAZZILLI, Hugo Nigro. O inquérito Civil, Op. cit., p. 372).

“Seu objeto, como pode se extrair da sua previsão legal, é necessariamente a


adequação da conduta do agente que tenha causado ou venha a causar dano a
qualquer um dos interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos tutelados

73
por meio de ação civil pública às determinações legais, sendo condição de validade
do ajustamento de condutas a integral reparação do dano causado ao bem lesado,
ou o completo afastamento do risco ao bem jurídico difuso.
(ZUFFO, Max. Propostas para incremento na eficácia dos Termos de Ajustamento de
Condutas. In: Atuação – Revista Jurídica do Ministério Público Catarinense, v. 3, n.
7, set-dez/2005, Florianópolis: PGJ: ACMP, 2003, p. 30).

► previsão de obrigações de fazer, não fazer e pagar (em caso de ocorrência


de dano).

► pode abranger todas as questões tratadas na investigação (compromisso


integral) ou apenas parte delas (compromisso parcial).

► limitação: condições de cumprimento das obrigações = modo, tempo e lugar.

► impossibilidade de transação, nos moldes do que concebido na seara do


Direito Civil, em questões envolvendo direitos transindividuais, considerando a
sua natureza indisponível.

O MP não age em nome próprio, mas na defesa da coletividade titular do


direito.

 doutrina:

“(...) O termo de ajustamento de conduta é uma forma peculiar de transação, ou


acordo, na qual não há concessões mútuas na obrigação essencial de reparação do
status quo ante o evento danoso, ou a prevenção da ocorrência deste, havendo
apenas concessões nos aspectos formais de cumprimento da obrigação principal, ou
seja, no regramento do tempo e modo de cumprimento do elemento essencial do
ajustamento de condutas.”
(ZUFFO, Max. Propostas para incremento na eficácia dos Termos de Ajustamento de
Condutas. In: Atuação – Revista Jurídica do Ministério Público Catarinense, v. 3, n.
7, set-dez/2005, Florianópolis: PGJ: ACMP, 2003, p. 30).

“Em razão da natureza indisponível dos interesses difusos ou coletivos e mesmo da


tutela coletiva de direitos individuais homogêneos, a liberdade de estipulação fica
restrita ao modo, tempo, lugar e condições de cumprimento das obrigações pelo
autor do dano, devendo o ajustamento às ‘exigências legais’ (obrigações) traduzir
integral satisfação da ofensa, tal como seria objeto do pedido na ação civil pública,
sendo indispensável a existência de procedimento ou inquérito civil contendo o
completo esclarecimento do fato e a adequação e suficiência das obrigações para a
efetiva reparação”.
(VIEIRA, Fernando Grella. “A transação na esfera da tutela dos interesses difusos e
coletivos: compromisso de ajustamento de conduta”. In: MILARÉ, Édis. (coord.).
Ação civil Pública: Lei 7.347/1985 – 15 anos. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2001, p. 281).

74
► necessidade da concreta individualização do direito a que se refere o ato:
objetividade e delimitação precisa (descrição completa e específica das
obrigações assumidas pelo compromissário, evitando-se dúvidas ou
questionamentos futuros).

► característica de liquidez: obrigação certa, quanto à sua existência, e


determinada, quanto ao seu objeto.

 doutrina:

“Todas as obrigações [devem ser] discriminadas de forma clara, específica e


objetiva, inclusive quanto ao tempo e modo de cumprimento, porquanto, como título
executivo, o compromisso deve ser líquido e certo para ser exigível;
[Prever] cominações para o caso do descumprimento da obrigação, sejam elas
multas ou de outra natureza, como forma de garantir a implementação do acordo.
Em se tratando de multas, devem elas, sempre que possível, ser determinadas
quanto ao valor, muito embora em casos excepcionalíssimos, possam ser fixadas
pelo juiz quando da execução (art. 84, § 4º, do CDC, aplicável à LACP por força do
art. 21 desta);
[Prever] a forma de fiscalização e/ou acompanhamento do seu cumprimento (envio
de relatórios, realização de vistorias periódicas a cargo do MP ou de quem ele
indicar, etc.)”.

(Tutela coletiva: visão geral e atuação extrajudicial. GAVRONSKI, Alexandre Amaral.


Brasília: Escola Superior do MPU, 2006, p. 119).

► observação: possibilidade de ressalva, no TAC ou na ata de audiência,


quanto ao não reconhecimento de culpa pela parte signatária. Elemento eficaz de
convencimento para o investigado. Aplicação analógica do art. 53 da Lei Antitruste
(Lei nº. 8.884/94):

“Art. 53. Em qualquer fase do processo administrativo poderá ser celebrado,


pelo CADE ou pela SDE ad referendum do CADE, compromisso de cessação de
prática sob investigação, que não importará confissão quanto à matéria de fato,
nem reconhecimento de ilicitude da conduta analisada. ”

► possibilidade de utilização de considerandos, como fundamento para a tomada do


compromisso de ajuste de conduta, explicitando-se as razões fáticas e a base
jurídica do termo.

► não há prazo de validade para o TAC: decorrência da natureza das obrigações


assumidas pela parte (principalmente quanto às obrigações de fazer e não fazer), as
quais correspondem, em regra, ao cumprimento de deveres legais, que não se
exaurem pelo decurso do tempo.

3) ASPECTOS JURÍDICOS RELEVANTES

75
a) eficácia imediata: não depende de homologação do Conselho Superior ou da
CCR. Exceção: MP Paulista (LC estadual 734/93, art. 112, parágrafo único).

b) precaução: certificar-se previamente quanto aos poderes e à representação


adequada do celebrante do TAC, mediante a apresentação de contrato social,
estatuto, procuração, designação formal.

c) o TAC dispensa testemunhas instrumentárias.

d) ajustamento da conduta em relação apenas a uma parte das matérias sob


apreciação:

 possibilidade de ajuizamento de ação quanto ao restante ou promoção posterior


de arquivamento. Exemplo: TAC restrito a obrigação de fazer e não fazer; ACP
relativa à reparação por danos.

► RECOMENDAÇÃO N° 10/2003 DA CORREGEDORIA-GERAL:

“Os membros do Ministério Público do Trabalho, inobstante a celebração de


Compromisso de Ajustamento de Conduta, deverão ingressar com a ação
reparatória se constatado o dano, sem prejuízo do cumprimento das cláusulas
acordadas”.

e) publicidade do TAC

 possibilidade e controle social.

 Exemplo: situações em que a divulgação do TAC, no âmbito da empresa e seus


estabelecimentos é fundamental para conhecimento dos trabalhadores, como
nos casos de prevenção e/ou cessação de assédio moral e assédio sexual. É
também importante a cientificação pessoal dos diretores, gerentes, supervisores,
chefes.

f) obrigação do membro de fiscalizar o cumprimento do TAC

 art. 14, §§ 1º e 2º da Resolução nº. 69/07 – CSMPT

§ 1º: procedimento de acompanhamento nos próprios autos: mecanismo


essencial de controle do cumprimento das obrigações pactuadas nos TACs,
possibilitando identificar-se a inadimplência e promover-se a execução devida.

§ 2º: previsão de ser expedida carta precatória de acompanhamento de TAC:


possibilidade de ser deprecada, a outro órgão do MPT, diligência para verificação
do cumprimento do TAC.

76
 doutrina:

“O que se faz necessário no atual momento de convergência pela busca de


efetividade da tutela dos interesses metaindividuais é perceber que a simples
pactuação dos termos de ajustamento de condutas não se basta para a reparação
ou prevenção dos danos a interesses coletivos, sendo imperiosa a adoção de
mecanismos eficientes de controle do cumprimento das obrigações pactuadas
nestes contratos, os quais devem estar dotados de cláusulas contratuais que
venham a garantir o seu adimplemento, devendo ser dada ampla divulgação aos
termos de ajustamento de condutas, possibilitando assim a sua fiscalização por
todos titulares dos interesses defendidos por esse contrato.
(ZUFFO, Max. Propostas para incremento na eficácia dos Termos de Ajustamento de
Condutas. In: Atuação – Revista Jurídica do Ministério Público Catarinense, v. 3, n.
7, set-dez/2005, Florianópolis: PGJ: ACMP, 2003, p. 50-51).

g) execução do TAC

 é possível a utilização de uma única via executiva abarcando todas as


obrigações descumpridas (fazer, não fazer, pagar indenização e multa/astreinte)
ou o manejo de execuções autônomas para cada modalidade de obrigação.

 Opção a ser exercida de acordo com o que se fizer mais efetivo.

h) inserção de cominações legais

 garantia do cumprimento das obrigações: interpretação adequada da expressão


cominações legais, autorizando-se, assim, abranger qualquer modalidade
cominatória possível..

 previsão legal: art. 5º, § 6º, da Lei nº. 7.347/85

i) recomendações básicas

 conclusões principais da Comissão de estudo sobre o Compromisso de


ajustamento de conduta (Relatora: Procuradora da República Geisa de Assis
Rodrigues):

“1. O termo de ajustamento de conduta deve ser celebrado nos autos de um


inquérito civil ou de um procedimento administrativo.
2. O termo de ajustamento de conduta deve identificar com clareza o(s)
compromitente(s) e o(s) compromissário(s) e, quanto a este(s), devem ser
discriminados todos os dados relevantes para sua qualificação, sobretudo eventual
demonstração de representação legal nos casos cabíveis.
3. As cláusulas do termo de ajustamento de conduta devem ser redigidas de forma
clara e objetiva, de modo que as obrigações decorrentes do compromisso sejam
líquidas e certas.

77
(...)
5. Em casos complexos as obrigações ajustadas podem ser detalhadas em planos
ou programas que constituam anexos ao termo de ajustamento de conduta, desde
que sejam expressamente a ele integrados.
(...)
15. É recomendável que para cada obrigação fixada no ajuste deva haver uma
previsão obrigatória e específica de multa pelo seu inadimplemento, sobretudo se o
inadimplemento das obrigações tiver dispersa repercussão quanto à efetividade do
compromisso.
16. O valor da multa deve ser suficiente a ensejar a coercibilidade necessária para
que não ocorra o inadimplemento das cláusulas do ajuste.
(...)
18. O termo de ajustamento de conduta deve conter prazo específico para o
cumprimento de cada uma das obrigações, quando não for o caso de cumprimento
imediato.
(...)
23. A celebração do compromisso de ajustamento de conduta não elide a
responsabilidade penal ou administrativa. “
(GAVRONSKI, Alexandre Amaral. Tutela coletiva: visão geral e atuação extrajudicial.
Brasília: Escola Superior do Ministério Público da União; Procuradoria Federal dos
Direitos do Cidadão, 2006, p. 170/177).

4) MULTA

4.1) NATUREZA JURÍDICA

 correspondente à “astreinte”; não se confunde com cláusula penal (arts. 408 e


segs. do Código Civil).

 Procedimento Correicional 2/2000:

“Art. 2º. A multa prevista no Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta


possui natureza de astreinte e poderá ser fixada, preferencialmente, por
obrigação assumida, sendo que ela não dispensa o cumprimento das obrigações
de fazer e não fazer.”

 cominação de caráter pecuniário, fixada por dia de atraso ou outra unidade de


tempo, de acordo com o objeto abrangido pelo TAC e a realidade observada.

 meio coercitivo imposto à parte para o cumprimento de obrigação de fazer ou


não fazer.

 destina-se a obter do devedor o cumprimento da obrigação, por força da


aplicação de uma pena pecuniária, de valor ‘intimidador’, suscetível de aumentar
indefinidamente.

78
 a incidência da penalidade só termina com o cumprimento da obrigação (STJ, 3ª
T., Resp 890.900, Min. Gomes de Barros, DJ 13.05.08).

 não é substitutiva da obrigação principal e não se confunde com as perdas


e danos.

 a sua aplicação é cumulável com a incidência de todas as sanções reparatórias e


punitivas previstas em lei.

► o Conselho Superior do MP de São Paulo editou a seguinte Súmula (nº. 23) sobre
a matéria:

“A multa fixada em compromisso de ajustamento não deve ter caráter


compensatório, e sim cominatório, pois nas obrigações de fazer e não fazer
normalmente mais interessa o cumprimento da obrigação pelo próprio devedor
que o correspondente econômico”.

4.2) REVISÃO DO VALOR

► possibilidade: conveniência em vista da primazia quanto ao cumprimento da


obrigação principal.

► hipótese de prevalência do interesse coletivo/público, quando a magnitude da


multa possa inviabilizar a efetivação da obrigação principal assumida.

► ORIENTAÇÃO Nº 08/CCR (de 14.12.2006)

“EXECUÇÃO DE TERMO DE AJUSTE DE CONDUTA – MULTA. Dispõe o órgão


Oficiante da faculdade de, a seu critério e com motivação lançada, aceitar proposta
de redução ou até mesmo de isenção da multa, quando essa revisão revelar-se
justificada, oportuna e for reclamada pelo interesse público primário, além de
compatível com a efetividade das metas do Ministério Público do Trabalho”.

4.3) DESTINAÇÃO

a) endereçamento ao FAT, em princípio, à vista da disposição do art. 13 da LACP.

 Ato Declaratório Executivo nº. 72, da Coordenação-Geral de Administração


Tributária, da Secretaria da Receita Federal, que disciplina o recolhimento das
receitas destinadas ao FAT, com destaque para as multas decorrentes do
inadimplemento dos TACs firmados perante o MPT (DARF-Código da Recieta
2877 e número de referência3800165790300849-6).

79
b) aspecto relevante: a disposição legal enfocada (art. 13 da LACP) diz respeito,
propriamente, à condenação em dinheiro decorrente da ACP, não se referindo à
multa prevista no TAC, do que decorre:

 a possibilidade de pactuação judicial ou extrajudicial, em relação à multa, para


fins diversos: convolação da multa em outras obrigações (exemplo: aquisição de
bens para destinação específica em prol de ações voltadas para a proteção dos
direitos tutelados; campanhas educativas).

► portanto, se se admite a não execução ou redução/dispensa da multa, não há


razão para negar-se a possibilidade de sua convolação em outras obrigações.

► restrição: convolação em obrigação de efetuar “doação” de equipamentos ou


outros bens e materiais ao próprio MPT.

Óbice ético-administrativo (ofensa ao princípio da moralidade e impossibilidade


quanto à incorporação ao patrimônio da instituição).

► as novas obrigações não desvirtuam a natureza cominatória da multa convolada.

► hipótese que não se enquadra como reparação “in natura”, uma vez que
sempre se assegurará o cumprimento da obrigação principal.

 POSIÇÃO DA CCR:

“É possível tanto a mitigação do valor da multa pactuada pelo compromissário


perante o MPT (Orientação nº 08/CCR-MPT) quanto a implementação de obrigação
alternativa, devendo o Membro oficiante, em cada caso, estar atento para que a
nova destinação dada à multa ajustada guarde consonância com o interesse público
perseguido no termo de compromisso em que tal sanção foi, originariamente,
cominada.
Válida, também, considerando as circunstâncias do caso concreto, a obrigação
estipulada na cláusula sexta do último aditivo celebrado nestes autos, no sentido do
gestor público, responsável pelo descumprimento do pactuado, recolher certa
quantia a determinado fundo ou instituição a ser indicada pelo Órgão Ministerial
oficiante”.
(Processo-PGT-CCR-PP-4174-2009)

“SUBSTITUIÇÃO DE MULTA ESTABELECIDA EM TCAC POR OBRIGAÇÃO


ALTERNATIVA. ADMISSIBILIDADE. A implementação da obrigação alternativa
proposta se coaduna com o interesse público perseguido, eis que o custeio de
cursos ministrados pelo SENAC, voltados à profissionalização e inserção de
portadores de deficiência e beneficiários reabilitados pelo INSS no mercado de
trabalho possibilitará, inclusive, a contratação dos participantes pelo própria
investigada, garantindo assim o fiel cumprimento da cota (reserva de vagas) a que
tal compromissária está obrigada”.
(Processo-PGT-CCR-PP-3408-2009)

80
“DESCUMPRIMENTO DE RECURSOS PROVENIENTES DO DESCUMPRIMENTO
DE TAC E OUTROS PROCEDIMENTOS. TERMO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA
ENTRE O MPT E O MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MINAS GERAIS POR
MEIO DO FUNEMP [Fundo Especial do MP]. Solução inovadora do MPT da 3ª
Região de promover termo de cooperação técnica visando direcionar os recursos de
multas e penalidades decorrentes de termos de ajustamento de conduta e ações ao
FUNEMP, atende aos parâmetros traçados no Processo PGT/CCR/8002/2008, sobre
a necessidade de existência de procedimentos claros e transparentes para a
reversão de multas, visando resguardar as atividades funcionais dos órgãos do
MPT”.
(Processo-PGT-CCR-PP-3736-2009)

5) PARCELA DE INDENIZAÇÃO DE DANOS

► quando houver a inclusão de parcela de indenização de danos, e por se tratar


de obrigação de natureza principal, a sua destinação, a princípio, é específica:
reconstituição dos bens lesados (art. 13, LACP).

► tem-se também a possibilidade de reparação “in natura”, em substituição ou


complemento da indenização estabelecida.

Exemplo: contrapropaganda; prestação de serviços, obrigações de fazer, etc.

► aspectos a considerar:
(a) o MPT não titulariza o direito tutelado, havendo, portanto, limitação quanto à
faculdade de conversão da obrigação reparatória;
(b) a extensão dos direitos difusos e coletivos violados e as peculiaridades da
reparação dos danos.

► transação/conciliação judicial: observar os limites e a pertinência com o objeto


da ação civil pública.

 doutrina:
“Admite-se a possibilidade de convolação ou redirecionamento da parcela
indenizatória objeto da condenação, para destino outro que não seja o envio ao
Fundo específico previsto em lei.
É o caso de conciliação judicial, no âmbito da ação civil pública, em que as partes,
tendo em conta o pedido formulado e/ou eventual condenação relativa ao dano
moral coletivo, acordem sobre a realização de determinadas obrigações pelo réu,
que venham a contribuir, direta ou indiretamente, para a proteção e promoção dos
bens jurídicos lesados ou objeto da tutela pretendida. Seriam exemplos de tais
obrigações pactuadas com o ofensor: (a) promover e financiar campanha publicitária
ou educativa; (b) efetuar obra específica; (c) adquirir e entregar bens a determinadas

81
entidades públicas ou privadas, realizadoras de atividades de interesse público ou
social, e que sejam úteis às suas iniciativas; (d) executar projeto de cunho social.
Evidente que, nessas hipóteses, dois aspectos deverão ser necessariamente
considerados: o primeiro, atinente à correspondência ou pertinência da conduta
acertada com os bens jurídicos tutelados na ação civil pública; o segundo,
respeitante à proporção e razoabilidade entre o valor estimado, ou ainda a ser
arbitrado para a indenização (...), e o custo financeiro representado pela obrigação
que for acertada com o réu, por meio da conciliação judicial.
Imperioso realçar, ainda, que essa possibilidade de se convolar ou redirecionar a
parcela indenizatória não pode ser objeto de requerimento direto na petição inicial da
ação civil pública ou mesmo vir a ser contemplada de ofício pelo órgão julgador, na
sentença, uma vez que, como visto, é taxativa a lei quanto ao destino da
indenização (art. 3 da Lei nº. 7.347/85) em caso de acolhimento pela decisão
judicial, sendo vedado nesta hipótese, estabelecer-se judicialmente outra forma de
reparação ou procedimento diferenciado”.
(MEDEIROS NETO, Xisto Tiago. Dano moral coletivo. 2ª ed., 2007, São Paulo: LTr).

 Jurisprudência

“DANO MORAL COLETIVO. MEIO AMBIENTE DE TRABALHO. LEUCOPENIA.


DESTINAÇÃO DA IMPORTÂNCIA REFERENTE AO DANO MORAL COLETIVO –
FAT E INSTITUIÇÃO DE SAÚDE (LEI Nº 7.347/85, ART. 13): O número de
trabalhadores que adquiriu leucopenia no desenvolvimento de suas atividades na
recorrida, em contato com benzeno é assustador. O local de trabalho envolve
diretamente manipulação de produtos químicos contendo componente
potencialmente tóxico como benzeno, que afetam precisamente a medula óssea e
as células do sangue, e, por conseguinte, desenvolvem referida enfermidade
(leucopenia), já reconhecida como doença profissional, incapacitando para o
trabalho. Para levar a questão mais adiante, é consabido também que as empresas
não aceitam mais empregados que carregam seqüelas de doenças como a
leucopenia. Na realidade, esses infaustos acontecimentos transcendem o direito
individual e atingem em cheio uma série de interesses, cujos titulares não podemos
identificar a todos desde logo, contudo inegavelmente revela a preocupação que
temos que ter com o bem-estar coletivo, e o dano no sentido mais abrangente que
nele resulta chama imediatamente a atenção do Estado e dos setores organizados
da sociedade de que o trabalhador tem direito a uma vida saudável e produtiva. (...)
Essa preocupação segue a tendência do ainda novo direito do trabalho fundado na
moderna ética de Direito de que as questões concernentes ao seu meio ambiente
ultrapassam a questão de saúde dos próprios trabalhadores, extrapolando para toda
a sociedade. Assim, levando-se em conta a gravidade dos danos, pretéritos e atuais,
causados ao meio ambiente do trabalho em toda a sua latitude, com suas
repercussões negativas e já conhecidas à qualidade de vida e saúde dos
trabalhadores e seus familiares, é de se reconhecer devida a indenização pleiteada
pelo órgão ministerial, no importe de R$4.000.000,00 (quatro milhões de reais), com
correção monetária e juros de mora, ambos a partir da propositura da ação. (...) A
atenção desta Justiça, indiscutivelmente, no presente caso, volta-se para o meio
ambiente de trabalho, e referido valor arbitrado ao ofensor, busca
indenizar/reparar/restaurar e assegurar o meio ambiente sadio e equilibrado. (...)
Com efeito, deve haver a prioridade da pessoa humana sobre o capital, sob pena de

82
se desestimular a promoção humana de todos os que trabalharam e colaboraram
para a eficiência do sucesso empresarial. Considerando a condenação em dinheiro,
bem como o disposto no artigo 13 da Lei da Ação Civil Pública (7.347/85), que
dispõe que "Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado
reverterá a um fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais
de que participarão necessariamente o Ministério Público e representantes da
comunidade, sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados"
(grifei), torna-se necessário estabelecer a destinação da importância, tendo
presente, primordialmente, que a finalidade social da indenização é a reconstituição
dos bens lesados. Determino o envio da importância de R$ 500.000,00 (quinhentos
mil reais), 12,5%, ao FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), instituído pela Lei nº
7.998/90 e destinado ao custeio do programa de seguro-desemprego, ao pagamento
do abono salarial (PIS) e ao financiamento de programas de desenvolvimento
econômico) e R$ 3.500.000,00 (três milhões e quinhentos mil reais) , 87,5%, à
‘Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Santos’, objetivamente para a
aquisição de equipamentos e/ou medicamentos destinados ao tratamento de
pessoas portadoras de leucopenia, e, tendo presente também aqueles trabalhadores
da reclamada (Companhia Siderúrgica Paulista – Cosipa), portadores da doença e
seus familiares.”
(RO 01042-1999-255-02-00-5 - TRT 2ª R – 6ª T, Rel Juiz Valdir Florindom, 19/06/07).

6) DESCONSTITUIÇÃO E RETIFICAÇÃO

► possibilidade: por iniciativa do membro signatário ou de outro membro.

► atenção ao critério de conveniência e de atendimento ao interesse público.

 Processo PGT/CCR/n° 31/200

“É possível a revisão ou desfazimento do TAC, com eficácia do ato condicionada à


homologação pela CCR”;

 Processo PGT/CCR/n° 36/2001

“O TAC pode e deve ser desfeito ou retificado quando não for suficientemente eficaz
para tutelar o interesse violado ou ameaçado de violação. Para tanto, com base no
art. 103, VI, da LC 75/93, estabelece (a CCR) a seguinte rotina procedimental para o
desfazimento de TCAC imputado inconveniente ou ilegal por órgão do MPT que não
seja seu signatário:
1) Quando o órgão oficiante reputar ilegal ou inconveniente o Termo de
Compromisso de Ajuste de Conduta celebrado por outro colega, deverá indicar em
despacho fundamentado os defeitos imputados ao instrumento e as medidas que
considerar necessárias para saná-los.

83
2) Ouvido o órgão signatário do TCAC no prazo de 5 (cinco) dias úteis, os autos
serão remetidos à Câmara de Coordenação e Revisão que decidirá a matéria,
ratificando ou anulando total ou parcialmente o TCAC, no prazo de 10 dias úteis.
3) Caso o órgão signatário do TCAC concorde com os argumentos do colega, não
haverá necessidade de pronunciamento da Câmara de Coordenação e Revisão,
ficando autorizadas as providências sugeridas pelo órgão oficiante.
4) Se posteriormente à celebração do TCAC surgirem fatos novos modificando
significativamente as situações fática ou jurídica consideradas na celebração e
tornando inócuas ou inconvenientes as condições de tempo, de modo ou lugar para
adequação da conduta ajustadas no TCAC, mediante despacho fundamentado, do
qual se dará ciência ao órgão signatário do TCAC, o órgão oficiante poderá deixar
de cumpri-lo e exigir do compromissado a adequação de sua conduta à nova
realidade, mediante aditamento do TCAC existente ou a celebração de um novo ou
adotar as medidas administrativas ou judiciais que julgar necessárias,
independentemente do pronunciamento da Câmara de Coordenação e Revisão.
5) Na hipótese do item anterior, se o Procurador signatário do TCAC original
considerar violada a sua independência funcional, poderá, mediante despacho
fundamentado, requerer o pronunciamento da CCR sobre a matéria. No caso de
procedência da Reclamação, a Câmara de Coordenação e Revisão cassará os atos
do Procurador oficiante praticados em desconsideração ao TCAC original.
6) A decisão da CCR sobre o TCAC será comunicada ao compromissado.”

7) TERMO DE COMPROMISSO PERANTE O MTE

► previsão: art. 627-A, CLT:

“Poderá ser instaurado procedimento especial para a ação fiscal, objetivando a


orientação sobre o cumprimento das leis de proteção ao trabalho, bem como a
prevenção e o saneamento de infrações à legislação mediante Termo de
Compromisso, na forma a ser disciplinada no Regulamento da Inspeção do
Trabalho”.

► efeitos perante a atuação do MPT:

 ORIENTAÇÃO Nº 3/CCR:

“Termo de compromisso do art. 627- A da CLT e o previsto no § 6º do art. 5º da


Lei nº. 7.347/85 – Distinção (125ª Reunião Ordinária de 14/12/04).

A celebração, pelo Auditor Fiscal do Trabalho ou pela Chefia da Fiscalização, no


âmbito do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, do Termo de Compromisso a
que se refere o art. 627-A, da CLT, nas estritas hipóteses e na forma prevista na
legislação de regência da espécie, porque apenas inviabiliza a lavratura do
respectivo auto de infração, a cargo do mesmo MTE, não se confunde com a ampla
atuação do Ministério Público do Trabalho e nem a impede (arts. 129, III, da Lei

84
Maior; 83, III, da LC nº. 75/93; 5º, § 6º, da Lei nº. 7.347/85 e 876, da CLT). Caberá,
pois, ao Órgão Oficiante do MPT, a seu exclusivo critério e desde que haja
fundamentação suficiente para respaldar a sua atuação, decidir se aguarda o
cumprimento do Termo de Compromisso, já celebrado pelo MTE, ou se firma o
Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta a que se refere o § 6º, do art.
5º, da Lei nº. 7.347/85. Sempre que existir TCAC celebrado pelo MPT, anterior ao
Termo de Compromisso do MTE, o Órgão Oficiante do Parquet decidirá se executa a
multa tal como prevista no Termo por ele formalizado ou se flexibiliza o seu
pagamento. Por fim, em qualquer caso, caberá ao Órgão do MPT decidir, ainda
assim, se ajuíza a medida judicial que entender cabível, quando, também, a seu
exclusivo critério, houver fundamentação e justificativa para tanto.”

85
IV – RECOMENDAÇÃO

1) BASE LEGAL

►LC 75/93:
art. 6º, XX: “Compete ao Ministério Público da União: expedir recomendações,
visando à melhoria dos serviços públicos e de relevância pública, bem com ao
respeito aos interesses, direitos e bens cuja defesa lhe cabe promover, fixando
prazo razoável para a adoção das providências cabíveis”.

► Lei n° 8.625/93 (LONMP)


art. 27, parágrafo único, IV: “No exercício das atribuições a que se refere este artigo,
cabe ao Ministério Público, entre outras providências: promover audiências públicas
e emitir relatórios, anual ou especiais, e recomendações (...)”.

Resolução nº. 67/2007 – CSMPT

Art. 15. O Ministério Público do Trabalho, nos autos do inquérito civil ou do


procedimento preparatório, poderá expedir recomendações devidamente
fundamentadas, visando à melhoria dos serviços públicos e de relevância
pública, bem como aos demais interesses, direitos e bens cuja defesa lhe caiba
promover.

Parágrafo único. É vedada a expedição de recomendação como medida


substitutiva ao termo de ajuste de conduta ou à ação civil pública.

2) CONCEITO

► A recomendação “é o instrumento escrito pelo qual o órgão do MP da União


indica, exorta, instrui ou orienta, sem a assunção imediata de resultado, pessoas
físicas ou jurídicas, de direito privado ou público, a que dêem trato especial ou
tratem com certa consideração, serviços públicos ou de relevância pública, ou,
ainda, com vista a que sejam respeitados bens, direitos e interesses cuja defesa
incumbe à instituição, fixando prazo para tanto”.
(BARBOSA, Osório. A Recomendação como instrumento de atuação do
Ministério Público da União. In: Ministério Público e a Ordem Social Justa.
MOURA JÚNIOR, Flávio Paixão et all (coord.). Del Rey: Belo Horizonte, 2003, p.
208).

3) REQUISITOS

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► No âmbito do MPT, entende-se que a recomendação, atendendo à forma escrita,
pode ser expedida independentemente da existência de procedimento
investigatório (PP ou IC).

► é possível exigir-se do destinatário da recomendação que:

 manifeste resposta por escrito ao Ministério Público, informando sobre o


respectivo atendimento, e

 promova a sua publicação e divulgação.

► é sempre importante a fixação de prazo para o atendimento da recomendação.

► a recomendação deve conter:

(a) o nome do destinatário e de seu representante, se for o caso;


(b) considerações prévias sobre os fundamentos e fatos motivadores da sua
expedição; as implicações e conseqüências jurídicas deles decorrentes;
(c) a(s) conduta(s) recomendada(s) à parte e o prazo para atendimento e respectiva
resposta, se for o caso;
(d) as medidas passíveis de adoção pelo MP, em caso de não atendimento;
(e) local e data;
(f) nome, indicação do cargo e assinatura do órgão recomendante.

► advertência: não utilizar a recomendação como solução substitutiva do TAC, da


ACP ou mesmo de ação de execução (art. 15 da Resolução nº. 69/2007 –
CSMPT).

 doutrina:

“A recomendação não é uma ordem, uma requisição ou uma imposição de conduta.


Tem a natureza jurídica de alerta, advertência, pedido de providência, indicação de
um problema identificado (...), com sugestão dos meios para a respectiva correção.
Já que não é uma ordem, não está a autoridade destinatária [ou o particular]
obrigada a cumpri-la, mas deverá decidir assumindo as responsabilidades legais,
divulgando a recomendação e oferecendo resposta por escrito sobre aquilo que foi
proposto.”
(ALMEIDA, João Batista de. Aspectos controvertidos da ação civil pública. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2001, p. 145).

“A recomendação não obriga o recomendado a cumprir os seus termos, mas serve


como advertência a respeito das sanções cabíveis pela sua inobservância. É
importante que a recomendação seja devidamente justificada, de modo a que possa
convencer o recomendado de sua justeza. (...)
Pode-se exigir que o destinatário da recomendação promova a sua publicação,
assim como apresente resposta por escrito ao Ministério Público, informando sobre
o cumprimento da mesma. O Ministério Público também pode dar publicidade à
recomendação.

87
Devido à própria natureza da recomendação, seu espectro de abrangência é
amplíssimo. Pode se recomendar a adoção de medidas que estão sob o juízo
discricionário da Administração Pública, ou medidas que só podem ser determinadas
com força de executoriedade pelo Poder Judiciário. Em muitos casos, a vantagem
do instituto é justamente lograr demonstrar ao responsável pela conduta como pode
evitar a continuidade de um prática indevida, ou adequá-la aos ditames legais. No
caso do recomendado reputar inadmissível o conteúdo da orientação basta não
observá-la, e apostar no insucesso de qualquer iniciativa judicial, não havendo
nenhuma ilegalidade intrínseca na recomendação. (...) Em relação à medida judicial
a recomendação representa todas as vantagens inerentes a uma solução
extrajudicial de conflito: pouco custo, rapidez e eficácia”.
(RODRIGUES, Geisa de Assis. Reflexões sobre a atuação extrajudicial do Ministério
Público: Inquérito civil público, Compromisso de ajustamento de conduta e
Recomendação legal. In: Temas atuais do Ministério Público. CHAVES, Cristiano et
al (coord.). Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p. 217).

“A finalidade da recomendação é indicar ao recomendado o entendimento jurídico do


MP sobre determinada questão, a qual esteja localizada no iter do seu atuar. Com
ela busca-se evitar, por parte daquele a quem é dirigida, um comportamento que
venha a por em risco ou violar a ordem jurídica, em prejuízo dos serviços públicos,
de relevância pública ou bens e direitos, cuja defesa é conferida à instituição
ministerial.
Tem a recomendação caráter preventivo ou repressivo. Previne quando o
recomendado, alertado por ela, evita o atuar ilegal. Corrige quando o recomendado,
ao ser indicado que cometeu uma ilegalidade, vem a corrigi-la, como lhe é facultado.
(...)
Da resposta do recomendado podem decorrer várias conseqüências, especialmente:
a) o recomendado convence o membro do MP, logicamente com argumentos
jurídicos, de que a recomendação é inviável, por não estar amparada no Direito;
b) por ter o raciocínio jurídico que escuda a recomendação sido desenvolvido com
fulcro em fatos superados ou por não ter considerado fatos outros, alguns até
desconhecidos pelo recomendante, os quais, se conhecidos, não teriam levado à
expedição do ato ministerial;
c) que a causa da recomendação já foi corrigida;
d) que a causa da recomendação foi cancelada;
e) que o recomendado está convencido da legalidade de seu atuar”.
(BARBOSA, Osório. A Recomendação como instrumento de atuação do Ministério
Público da União. In: Ministério Público e a Ordem Social Justa. MOURA JÚNIOR,
Flávio Paixão et all (coord.). Del Rey: Belo Horizonte, 2003, p. 215-216).

88
V – AUDIÊNCIAS PÚBLICAS

1) BASE LEGAL

► fundamento constitucional expresso na norma do art. 129, II:

“São funções institucionais do Ministério Público: zelar pelo efetivo respeito dos
poderes públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados
nesta constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia”.

► previsão na Lei 8.625/93 (LONMP): art. 27, parágrafo único, IV.

► Resolução nº. 87, de 3.8.2006, do Conselho Superior do MPF

“Art. 22 - Os órgãos de execução do Ministério Público, no âmbito do inquérito


civil, poderão realizar audiências públicas, com a finalidade de defender a
obediência, pelos Poderes Públicos e pelos serviços de relevância pública e
social, dos direitos e garantias constitucionais.
§ 1° - As audiências serão precedidas da expedição de edital de convocação, a
que se dará publicidade, bem como de convites, nos quais constarão:
I - a data e o local da reunião;
II - o objetivo;
III - a disciplina e a agenda da audiência.
§ 2° - Poderá ser disponibilizado material para consulta dos interessados na
participação da audiência.
§ 3º - Da audiência será lavrada ata, a que se dará publicidade.”

2) CONCEITO

► mecanismo hábil a fornecer elementos de convicção e informações (opiniões,


depoimentos, sugestões, críticas, propostas, etc.) necessárias à atuação do
Ministério Público.

► poderão ser realizadas antes da instauração ou, preferencialmente, no curso do


Inquérito Civil.

 Resolução nº. 87/2006 (Conselho Superior do MPF):

“Art. 11 - O inquérito civil poderá ser instruído com peças, depoimentos e


informações colhidas em audiência pública.
Parágrafo único - Qualquer pessoa poderá fornecer peças informativas para melhor
esclarecimento dos fatos”.

89
 doutrina:

“Audiência pública nada mais é do que uma assembléia convocada e presidida pelo
membro do Ministério Público, com a participação de autoridades, representantes de
entidades civis e interessados em geral, com o objetivo de discutir temas de
interesse da coletividade (objeto da convocação) e, com isso fornecer ao órgão
ministerial elementos para que o Ministério Público fundamente sua ação
institucional.
Trata-se (...) de mecanismo de participação da cidadania no processo de decisão da
melhor forma de gestão dos interesses públicos, sendo, por isso mesmo, de grande
valia na consolidação do regime democrático”.
(ALMEIDA, João Batista de. Op. cit., p. 145).

“A realização de audiências públicas apresenta-se para o Ministério Público não


como uma submissão da Instituição ao controle popular, mas, sim, como palco para
coleta de subsídios para sua atuação na defesa dos relevantes interesses públicos
que lhe são confiados, de sorte a guiar as providências por um juízo mais
aproximado da realidade e das necessidades da coletividade, legitimando, ainda
mais, suas ações.
Não impõe a lei ao Ministério Público o dever de realizar audiência pública, que é
colocada como um dos instrumentos para o desempenho de sua missão
institucional, e que deve ser utilizado diante de problemas mais complexos (...).
(SOARES, Evanna. “A audiência pública no processo administrativo”. In: Revista do
Ministério Público do Trabalho – Ano XII, n. 24 (setembro, 2002) – Brasília:
Procuradoria Geral do Trabalho, 2000 – semestral.

3) PROCEDIMENTO

► entendimento da CCR: ordem procedimental relativa às audiências públicas:

Processo PGT/CCR/Nº° 38/2002

“(...) 2) Deverá ser observada a finalidade para a realização de audiência pública,


dirigida com a participação ordenada do público, que reside na relevância da
questão e efetividade; 3) Verificam-se, até o momento, duas oportunidades de
realização de audiências públicas: 3.1) as promocionais, que objetivam a conclamar,
mobilizar, ou até mesmo denunciar, vinculam-se ou não a um procedimento
administrativo, e visam à articulação coordenada de interesses (exemplo de criação
de fóruns, debate sobre matéria controvertida, etc.), quando o Ministério Público do
Trabalho CONVIDA os parceiros interessados para a audiência pública,
comunicando a realização do ato para que a sociedade se disponha a participar.
Esta forma de ação via de regra vem acompanhada de reuniões anteriores com os
interessados na opção de realização de audiência pública; 3.2) as decorrentes de
Procedimentos Preparatórios e Inquéritos civis (indicados no aviso), que visam: a)
coletar elementos para a formação de convicção do órgão oficiante, para levar ao
conhecimento dos interessados o posicionamento ministerial relativamente à

90
questão posta para a solução de prática genérica de irregularidade ou ilegalidade,
ou b) para a assinatura de termos de compromisso de ajustamento de conduta.
Naturalmente que naquela hipótese os interessados diretos (investigados,
sindicados organizados do setor produtivo) serão NOTIFICADOS, sob as penas da
lei. Haverá, no entanto, interessados na solução do conflito, sobretudo os parceiros
diretos, que serão CONVIDADOS a participar, e; 4) para tanto, o Membro: a)
indicará a finalidade para a sua realização (devendo estar inserida no aviso de
publicação, que vem sendo utilizado em forma de folder); b) permitirá o amplo
debate de questão relevante que afeta aos interesses metaindividuais dos
trabalhadores; c) estabelecerá regras claras do evento relativamente a número de
participantes: autoridades, especialistas, interessados inscritos; forma de
participação; tempo de exposição, direito a réplica/tréplica; tempo e lugar para as
inscrições; forma de condução dos trabalhos; d) noticiará a lavratura da ata; e)
registrará os pronunciamentos para permitir eventual pedido de traslado de peças ou
fornecimento de cópias aos interessados; h) publicará os resultados”.

4) EFEITOS

►em decorrência da conclusão da audiência pública, poderá o membro do


Ministério Público:

(a) propor diretamente ação civil pública;

(b) promover o arquivamento da investigação em curso;

(c) tomar compromisso de ajustamento de conduta;

(d) expedir relatórios ou recomendações;

(e) instaurar inquérito civil para proceder à investigação que se faça devida.

91
VI – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADAMOVICH, Eduardo Henrique Raymundo von. Sistema da ação civil pública no


processo do Trabalho. São Paulo: LTr, 2005.

ALMEIDA, João Batista de. Aspectos controvertidos da ação civil pública. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2001.

ALMEIDA, João Batista. O Inquérito Civil como instrumento de investigação do


Ministério Público. In: Ministério Público e a Ordem Social Justa. MOURA
JÚNIOR, Flávio Paixão et all (org.). Belo Horizonte: Del Rey, 2003.

BARBOSA, Osório. A Recomendação como instrumento de atuação do Ministério


Público da União. In: Ministério Público e a Ordem Social Justa. MOURA
JÚNIOR, Flávio Paixão et all (coord.). Del Rey: Belo Horizonte, 2003.

CARVALHO FILHO, José dos Santos. Ação Civil Pública: comentários por artigo (Lei
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CÉSAR, João Batista Martins. Tutela Coletiva: Inquérito Civil, Poderes


Investigatórios do MP, Enfoques Trabalhistas. São Paulo: LTr, 2005.

DINAMARCO, Pedro da Silva.”Responsabilidade Civil do Promotor de Justiça no


Inquérito Civil”. In: MAZZEI, Rodrigo & Lolasco, Rita Dias (coord.). Processo
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GAVRONSKI, Alexandre Amaral. Tutela coletiva: visão geral e atuação extrajudicial.


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dos Direitos do Cidadão, 2006.

MACÊDO, Marcus Paulo Queiroz. O litisconsórcio entre Ministérios Públicos e os


fundos previstos no art. 13 da Lei 7.347/1985. In: Revista de Processo, n. 172,
São Paulo: RT, 2009.

MAZZILLI, Hugo Nigro. O Inquérito Civil. 2. ed., rev. ampl. e atual. São Paulo:
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__________________. A Defesa dos interesses difusos em juízo. 17. ed., rev. ampl.
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__________________.“Pontos controvertidos sobre o Inquérito Civil”. In: MILARÉ,


Édis. (coord.). Ação civil Pública: Lei 7.347/1985 – 15 anos. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2001.

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92
MELO, Raimundo Simão. Ação Civil Pública na Justiça do Trabalho. 2. ed., São
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NERY JUNIOR, Nelson. Código de Processo Civil comentado. 7. ed. rev e ampl. São
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PROENÇA, Luis Roberto. Inquérito Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.

ROCHA JÚNIOR, Paulo César Duarte. “Breves comentários ao crime do art. 10 da


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RODRIGUES, Geisa de Assis. Ação Civil Pública e termo de ajustamento de


conduta. Rio de Janeiro: Forense, 2002.

_________________. Reflexões sobre a atuação extrajudicial do Ministério Público:


Inquérito civil público, Compromisso de ajustamento de conduta e
Recomendação legal. In: Temas atuais do Ministério Público. CHAVES,
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SOARES, Evanna. “A audiência pública no processo administrativo”. In: Revista do


Ministério Público do Trabalho – Ano XII, n. 24 (setembro, 2002) – Brasília:
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SOUZA, Motauri Ciocchetti. Ministério Público e o princípio da obrigatoriedade.


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ZUFFO, Max. Propostas para incremento na eficácia dos Termos de Ajustamento de


Condutas. In: Atuação – Revista Jurídica do Ministério Público Catarinense, v.
3, n. 7, set-dez/2005, Florianópolis: PGJ: ACMP, 2003.

93
VII – ANEXOS

94
ANEXO 1

LEI No 7.347, DE 24 DE JULHO DE 1985.

Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos


causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos
de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico
(VETADO) e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu


sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação


popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: (Redação
dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)
l - ao meio-ambiente;
ll - ao consumidor;
III – à ordem urbanística; (Incluído pela Lei nº 10.257, de 10.7.2001) (Vide
Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)
IV – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico; (Renumerado do Inciso III, pela Lei nº 10.257, de 10.7.2001)
V - por infração da ordem econômica e da economia popular; (Redação
dada pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)
VI - à ordem urbanística. (Redação dada pela Medida provisória nº 2.180-
35, de 2001)
Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular
pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários
podem ser individualmente determinados. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de
2001)
Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde
ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa.
Parágrafo único A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para
todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o
mesmo objeto. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)
Art. 3º A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o
cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.
Art. 4° Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta Lei,
objetivando, inclusive, evitar o dano ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem urbanística
ou aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico
(VETADO). (Redação dada pela Lei nº 10.257, de 10.7.2001)
Art. 5° Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:
(Redação dada pela Lei nº 11.448, de 2007).
I - o Ministério Público; (Redação dada pela Lei nº 11.448, de 2007).

95
II - a Defensoria Pública; (Redação dada pela Lei nº 11.448, de 2007).
III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; (Incluído pela
Lei nº 11.448, de 2007).
IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia
mista; (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).
V - a associação que, concomitantemente: (Incluído pela Lei nº 11.448, de
2007).
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
(Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente,
ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico. (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).
§ 1º O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará
obrigatoriamente como fiscal da lei.
§ 2º Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas
nos termos deste artigo habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes.
§ 3º Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por
associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa.
(Redação dada pela Lei nº 8.078, de 1990)
§ 4.° O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz,
quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do
dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido. (Incluído pela Lei nª 8.078, de
11.9.1990)
§ 5.° Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da
União, do Distrito Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida
esta lei. (Incluído pela Lei nª 8.078, de 11.9.1990) (Vide Mensagem de veto) (Vide REsp
222582 /MG - STJ)
§ 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados
compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações,
que terá eficácia de título executivo extrajudicial. (Incluído pela Lei nª 8.078, de 11.9.1990)
(Vide Mensagem de veto) (Vide REsp 222582 /MG - STJ)
Art. 6º Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a
iniciativa do Ministério Público, ministrando-lhe informações sobre fatos que constituam
objeto da ação civil e indicando-lhe os elementos de convicção.
Art. 7º Se, no exercício de suas funções, os juízes e tribunais tiverem
conhecimento de fatos que possam ensejar a propositura da ação civil, remeterão peças ao
Ministério Público para as providências cabíveis.
Art. 8º Para instruir a inicial, o interessado poderá requerer às autoridades
competentes as certidões e informações que julgar necessárias, a serem fornecidas no
prazo de 15 (quinze) dias.
§ 1º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito
civil, ou requisitar, de qualquer organismo público ou particular, certidões, informações,
exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias
úteis.
§ 2º Somente nos casos em que a lei impuser sigilo, poderá ser negada
certidão ou informação, hipótese em que a ação poderá ser proposta desacompanhada
daqueles documentos, cabendo ao juiz requisitá-los.

96
Art. 9º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se
convencer da inexistência de fundamento para a propositura da ação civil, promoverá o
arquivamento dos autos do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o
fundamentadamente.
§ 1º Os autos do inquérito civil ou das peças de informação arquivadas
serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao
Conselho Superior do Ministério Público.
§ 2º Até que, em sessão do Conselho Superior do Ministério Público, seja
homologada ou rejeitada a promoção de arquivamento, poderão as associações legitimadas
apresentar razões escritas ou documentos, que serão juntados aos autos do inquérito ou
anexados às peças de informação.
§ 3º A promoção de arquivamento será submetida a exame e deliberação
do Conselho Superior do Ministério Público, conforme dispuser o seu Regimento.
§ 4º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de
arquivamento, designará, desde logo, outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento
da ação.
Art. 10. Constitui crime, punido com pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três)
anos, mais multa de 10 (dez) a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional -
ORTN, a recusa, o retardamento ou a omissão de dados técnicos indispensáveis à
propositura da ação civil, quando requisitados pelo Ministério Público.
Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer
ou não fazer, o juiz determinará o cumprimento da prestação da atividade devida ou a
cessação da atividade nociva, sob pena de execução específica, ou de cominação de multa
diária, se esta for suficiente ou compatível, independentemente de requerimento do autor.
Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação
prévia, em decisão sujeita a agravo.
§ 1º A requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada, e para
evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia pública, poderá o
Presidente do Tribunal a que competir o conhecimento do respectivo recurso suspender a
execução da liminar, em decisão fundamentada, da qual caberá agravo para uma das
turmas julgadoras, no prazo de 5 (cinco) dias a partir da publicação do ato.
§ 2º A multa cominada liminarmente só será exigível do réu após o trânsito
em julgado da decisão favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver
configurado o descumprimento.
Art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano
causado reverterá a um fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais
de que participarão necessariamente o Ministério Público e representantes da comunidade,
sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados.
Parágrafo único. Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará
depositado em estabelecimento oficial de crédito, em conta com correção monetária.
Art. 14. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para evitar
dano irreparável à parte.
Art. 15. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença
condenatória, sem que a associação autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o
Ministério Público, facultada igual iniciativa aos demais legitimados. (Redação dada pela Lei
nº 8.078, de 1990)
Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da
competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por

97
insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação
com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova. (Redação dada pela Lei nº 9.494, de
10.9.1997)
Art. 17. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores
responsáveis pela propositura da ação serão solidariamente condenados em honorários
advocatícios e ao décuplo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e
danos. (Renumerado do Parágrafo Único com nova redação pela Lei nº 8.078, de 1990)
Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de
custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação
da associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas e
despesas processuais. (Redação dada pela Lei nº 8.078, de 1990)
Art. 19. Aplica-se à ação civil pública, prevista nesta Lei, o Código de
Processo Civil, aprovado pela Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, naquilo em que não
contrarie suas disposições.
Art. 20. O fundo de que trata o art. 13 desta Lei será regulamentado pelo
Poder Executivo no prazo de 90 (noventa) dias.
Art. 21. Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e
individuais, no que for cabível, os dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código de
Defesa do Consumidor. (Incluído Lei nº 8.078, de 1990)
Art. 22. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. (Renumerado do
art. 21, pela Lei nº 8.078, de 1990)
Art. 23. Revogam-se as disposições em contrário. (Renumerado do art. 22,
pela Lei nº 8.078, de 1990)
Brasília, em 24 de julho de 1985; 164º da Independência e 97º da República.

JOSÉ SARNEY
Fernando Lyra

98
ANEXO 2

RESOLUÇÃO Nº 69, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2007

Disciplina, no âmbito do Ministério Público do Trabalho, a instauração e


tramitação o inquérito civil, conforme artigo 16 da Resolução nº 23, de 17 de
setembro de 2007, do Conselho Nacional do Ministério Público.

O CONSELHO SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO, no exercício de


sua competência prevista no artigo 98, inciso I, da Lei Complementar nº 75/93, e
considerando a necessidade de regulamentar os procedimentos de inquéritos civis públicos
previstos nos artigos 6º, VII, alíneas a e d, e 84, II da Lei Complementar 75/93, resolve:

Capítulo I
Dos Requisitos para Instauração

Art. 1º O inquérito civil, de natureza unilateral e facultativa, será instaurado para apurar fato
que possa autorizar a tutela dos interesses ou direitos a cargo do Ministério Público do
Trabalho nos termos da legislação aplicável, servindo como preparação para o exercício das
atribuições inerentes às suas funções institucionais.
Parágrafo único. O inquérito civil não é condição de procedibilidade para o ajuizamento das
ações a cargo do Ministério Público do Trabalho, nem para a realização das demais
medidas de sua atribuição própria.

Art. 2º O inquérito civil poderá ser instaurado:


I – de ofício;
II – mediante requerimento ou representação formulada por qualquer pessoa ou
comunicação de outro órgão do Ministério Público, ou qualquer autoridade, desde que
forneça, por qualquer meio legalmente permitido, informações sobre o fato e seu provável
autor, bem como a qualificação mínima que permita sua identificação e localização;
III – por designação do Procurador-Geral do Trabalho, do Conselho Superior do Ministério
Público do Trabalho, Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho
e demais órgãos superiores da Instituição, nos casos cabíveis.

§ 1º O Ministério Público do Trabalho atuará, independentemente de provocação, em caso


de conhecimento, por qualquer forma, de fatos que, em tese, constituam lesão aos
interesses ou direitos mencionados no artigo 1º desta Resolução, devendo cientificar o
membro do Ministério Público que possua atribuição para tomar as providências respectivas,
no caso de não a possuir.
§ 2º Em havendo mais de um Procurador com atribuição para atuar no caso, a
representação deverá ser submetida a distribuição por sorteio.
§ 3º É admitida a atuação de grupo especial de trabalho para investigar casos cuja
complexidade demandem atuações uniformes em diferentes áreas.
§ 4º No caso do inciso II, em sendo as informações verbais, o Ministério Público do Trabalho
reduzirá a termo as declarações. Da mesma forma, a falta de formalidade não implica
indeferimento do pedido de instauração de inquérito civil, salvo se, desde logo, mostrar-se
improcedente a notícia, atendendo-se, na hipótese, ao disposto no artigo 5º desta
Resolução.
§ 5º Para preservação da integridade ou dos direitos do denunciante, o Ministério Público do
Trabalho poderá decretar o sigilo de seus dados, que ficarão acautelados em Secretaria.

99
§ 6º O conhecimento por manifestação anônima não implicará ausência de providências,
desde que obedecidos os mesmos requisitos para as representações em geral, constantes
no artigo 2º, inciso II, desta Resolução.
§ 7º O Ministério Público do Trabalho, de posse de informações previstas nos artigos 6º e 7º
da Lei n° 7.347/85 que possam autorizar a tutela dos interesses ou direitos mencionados no
artigo 1º desta Resolução, poderá complementá-las antes de instaurar o inquérito civil,
visando apurar elementos para identificação dos investigados ou do objeto, instaurando
procedimento preparatório.
§ 8º O procedimento preparatório deverá ser autuado com numeração seqüencial à do
inquérito civil e registrado em sistema próprio, mantendo-se a numeração quando de
eventual conversão.
§ 9º O procedimento preparatório deverá ser concluído no prazo de 90 (noventa) dias,
prorrogável por igual prazo, uma única vez, em caso de motivo justificável.
§ 10º Vencido este prazo, o membro do Ministério Público do Trabalho promoverá seu
arquivamento, ajuizará a respectiva ação civil pública ou o converterá em inquérito civil.

Art. 3º Caberá ao membro do Ministério Público do Trabalho investido da atribuição para


propositura da ação civil pública a responsabilidade pela instauração de inquérito civil.

§ 1º Eventual conflito negativo ou positivo de atribuição será suscitado, fundamentadamente,


nos próprios autos ou em petição dirigida à Câmara de Coordenação e Revisão do
Ministério Público do Trabalho, que decidirá a questão no prazo de trinta dias.
§ 2º O membro que suscitar o conflito, preliminarmente, determinará o retorno dos autos ao
outro membro envolvido, com promoção fundamentada, a fim de verificar a possibilidade de
reconsideração para a solução do conflito suscitado.

Capítulo II
Da Instauração do Inquérito Civil

Art. 4º O inquérito civil será instaurado por portaria, numerada em ordem crescente,
renovada anualmente, devidamente registrada em livro próprio e autuada, contendo:
I – o fundamento legal que autoriza a ação do Ministério Público do Trabalho e a descrição
do fato objeto do inquérito civil;
II – o nome e a qualificação possível da pessoa jurídica e/ou física a quem o fato é atribuído;
III – o nome e a qualificação possível do autor da representação, se for o caso;
IV – a data e o local da instauração e a determinação de diligências iniciais;
V – a designação do secretário, mediante termo de compromisso, quando couber;
VI - a determinação de afixação da portaria em quadro de aviso acessível ao público, bem
como a de remessa de cópia para publicação.
Parágrafo único. Se, no curso do inquérito civil, novos fatos indicarem necessidade de
investigação de objeto diverso do que estiver sendo investigado, o membro do Ministério
Público do Trabalho poderá aditar a portaria inicial ou determinar a extração de peças para
instauração de outro inquérito civil, respeitadas as normas incidentes quanto à divisão de
atribuições.

Capítulo III
Do Indeferimento da representação (Redação dada pela Resolução n° 87/2009 do
CSMPT).

Art. 5º O membro do Ministério Público do Trabalho, no prazo máximo de trinta dias,


indeferirá o pedido de instauração de inquérito civil, em decisão fundamentada, da qual se
dará ciência pessoal, por via postal ou correio eletrônico, ao representante e ao
representado, nos casos de:

100
a) evidência de os fatos narrados na representação não configurarem lesão aos interesses
ou direitos mencionados no artigo 1º desta Resolução;
b) o fato denunciado ter sido ou estiver sendo objeto de investigação ou de ação civil
pública;
c) os fatos apresentados já se encontrarem solucionados; e
d) o denunciado não ser localizado.

§ 1º Do indeferimento caberá recurso administrativo, com as respectivas razões, no prazo


de dez dias.
§ 2º As razões de recurso serão protocoladas junto ao órgão que indeferiu o pedido,
devendo ser remetidas, caso não haja reconsideração, em despacho motivado, no prazo de
três dias, juntamente com a representação e com a decisão impugnada, à Câmara de
Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho para apreciação. (Redação dada
pela Resolução n° 87/2009 do CSMPT).
§ 3º Do recurso serão notificados os interessados para, querendo, oferecer contra-razões,
no prazo de dez (10) dias. (Redação dada pela Resolução n° 87/2009 do CSMPT).
§ 4º Expirado o prazo do artigo 5º, § 1º, desta Resolução, os autos serão arquivados na
própria origem, registrando-se no sistema respectivo, mesmo sem manifestação do
representante.
§ 5º No caso de o arquivamento ter ocorrido por já existir investigação ou ação em curso, a
denúncia deverá ser juntada aos autos do procedimento pré-existente, para ciência do
membro do Ministério Público do Trabalho com atribuição originária para o caso.

Capítulo IV
Da Instrução

Art. 6º A instrução do inquérito civil será presidida por membro do Ministério Público do
Trabalho a quem for conferida essa atribuição, nos termos da lei.

§ 1º Para o esclarecimento do fato objeto de investigação, deverão ser colhidas todas as


provas permitidas pelo ordenamento jurídico, com a juntada das peças em ordem
cronológica de apresentação, devidamente numeradas em ordem crescente.
§ 2º Todas as diligências serão documentadas mediante termo ou auto circunstanciado.
§ 3º As declarações e os depoimentos sob compromisso serão tomados por termo pelo
membro do Ministério Público do Trabalho, assinado pelos presentes ou, em caso de
recusa, tal fato deverá constar em ata firmada pelo Procurador e pelo secretário de
audiência.
§ 4º Qualquer pessoa poderá, durante a tramitação do inquérito civil, apresentar ao
Ministério Público do Trabalho documentos ou subsídios para melhor apuração dos fatos.
§ 5º As unidades do Ministério Público do Trabalho, em suas respectivas atribuições,
prestarão apoio administrativo e operacional para a realização dos atos do inquérito civil.
§ 6º O Ministério Público do Trabalho poderá deprecar diretamente a membro do Ministério
Público a realização de diligências necessárias à investigação.
§ 7º O Procurador-Geral do Trabalho encaminhará, ao Procurador-Geral da República ou
outro órgão do Ministério Público a quem essa atribuição seja delegada, no prazo de dez
dias, os ofícios expedidos pelos membros do Ministério Público do Trabalho, destinados a
instruir inquérito civil ou procedimento preparatório, observado o disposto no art. 8º, § 4º, da
Lei Complementar nº 75/93. (Redação dada pela Resolução n° 87/2009 do CSMPT).
§ 8º Não cabe à chefia institucional a valoração do contido nos ofícios, podendo deixar de
encaminhar aqueles que não contenham os requisitos legais ou não empreguem o
tratamento protocolar devido ao destinatário. (Redação dada pela Resolução n° 87/2009 do
CSMPT).

101
§ 9º Todos os ofícios requisitórios de informações ao inquérito civil e ao procedimento
preparatório deverão ser fundamentados e, no caso do primeiro, acompanhados de cópia da
respectiva portaria de instauração. (Incluído pela Resolução n° 87/2009 do CSMPT)
§ 10º Aplica-se o disposto nos parágrafos 7º, 8º e 9º aos atos dirigidos aos Conselheiros do
Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público. (Incluído pela
Resolução n° 87/2009 do CSMPT).
Art. 7º Aplica-se ao inquérito civil o princípio da publicidade dos atos, com exceção das
hipóteses de sigilo legal ou em que a publicidade possa acarretar prejuízo às investigações,
casos em que a decretação do sigilo legal deverá ser motivada.

§ 1º Nos requerimentos que objetivam a obtenção de certidões ou extração de cópia de


documentos constantes nos autos do inquérito civil, os interessados deverão fazer constar
esclarecimentos relativos aos fins e razões do pedido, nos termos da Lei nº 9.051/95.
§ 2º A publicidade consistirá:
I- na divulgação oficial, com o exclusivo fim de conhecimento público mediante publicação
de extratos na imprensa oficial.
II - na divulgação em meios cibernéticos ou eletrônicos, dela devendo constar as portarias
de instauração e extratos dos atos de conclusão;
III - na expedição de certidão e na extração de cópias sobre os fatos investigados, mediante
requerimento fundamentado e por deferimento do presidente do inquérito civil;
IV - na prestação de informações ao público em geral, a critério do presidente do inquérito
civil;
V - na concessão de vista dos autos, mediante requerimento fundamentado do interessado
ou de seu procurador legalmente constituído e por deferimento total ou parcial do presidente
do inquérito civil.
§ 3º Sem prejuízo da garantia de publicidade prevista nos incisos anteriores, não se admite
carga dos autos do procedimento preparatório ou do inquérito civil.
§ 4º As despesas decorrentes da extração de cópias correrão por conta de quem as
requereu.
§ 5º A restrição à publicidade deverá ser decretada em decisão motivada, para fins do
interesse público, e poderá ser, conforme o caso, limitada a determinadas pessoas, provas,
informações, dados, períodos ou fases, cessando quando extinta a causa que a motivou.
§ 6º Os documentos resguardados por sigilo legal deverão ser autuados em apenso e
permanecer acautelados em secretaria.

Art. 8º Em cumprimento ao princípio da publicidade das investigações, o membro do


Ministério Público do Trabalho poderá prestar informações, inclusive aos meios de
comunicação social, a respeito das providências adotadas para apuração de fatos em tese
ilícitos, abstendo-se, contudo, de externar ou antecipar juízos de valor a respeito de
apurações ainda não concluídas.

Art. 9º O inquérito civil deverá ser concluído no prazo de um ano, a contar da publicação
desta Resolução, prorrogável pelo mesmo prazo e quantas vezes forem necessárias, por
decisão fundamentada de seu presidente, à vista da imprescindibilidade da realização ou
conclusão de diligências, dando-se ciência da prorrogação à Câmara de Coordenação e
Revisão do Ministério Público do Trabalho, inclusive por meio eletrônico.

Capítulo V
Do Arquivamento

Art. 10. Esgotadas todas as possibilidades de diligências, o membro do Ministério Público do


Trabalho, caso se convença da inexistência de fundamento para a propositura de ação civil
pública, promoverá, em peça autônoma e fundamentada, o arquivamento do inquérito civil
ou do procedimento preparatório. (Redação dada pela Resolução n° 87/2009 do CSMPT).

102
§ 1º Os autos do inquérito civil ou do procedimento preparatório, juntamente com a
promoção de arquivamento, deverão ser remetidos à Câmara de Coordenação e Revisão
do Ministério Público do Trabalho, no prazo de três dias, contados da comprovação da
efetiva cientificação pessoal dos interessados, por via postal ou correio eletrônico, ou da
lavratura de termo a ser afixado em quadro de aviso no Ministério Público do Trabalho,
quando não localizados os que devem ser cientificados.
§ 2º A promoção de arquivamento será submetida, se estiverem presentes todos os atos
imprescindíveis à sua decisão, a exame e deliberação da Câmara de Coordenação e
Revisão do Ministério Público do Trabalho, na forma do seu Regimento Interno. (Redação
dada pela Resolução n° 87/2009 do CSMPT).
§ 3º Até a sessão da Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho,
para que seja homologada ou rejeitada a promoção de arquivamento, poderão as pessoas
colegitimadas apresentar razões escritas ou documentos, que serão juntados aos autos do
inquérito ou do procedimento preparatório.
§ 4º Deixando a Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho de
homologar a promoção de arquivamento, tomará uma das seguintes providências:
I – converterá o julgamento em diligência para a realização de atos imprescindíveis à sua
decisão, especificando-os e remetendo ao órgão competente para designar o membro do
Ministério Público do Trabalho que irá atuar;
II – deliberará pelo prosseguimento do inquérito civil ou do procedimento preparatório,
indicando os fundamentos de fato e de direito de sua decisão, adotando as providências
relativas à designação, em qualquer hipótese, de membro do Ministério Público do Trabalho
para atuação.
§ 5º Será pública a sessão da Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do
Trabalho, salvo no caso de haver sido decretado o sigilo.

Art. 10 - A. Da Promoção de Arquivamento caberá recurso administrativo com as respectivas


razões, no prazo de dez (10) dias, assegurado aos interessados igual prazo, após a
notificação, para, querendo, oferecer contra-razões. (Incluído pela Resolução n° 87/2009 do
CSMPT).
Parágrafo Único. As razões de recurso serão protocoladas junto ao órgão que promoveu o
arquivamento, devendo ser autuadas e remetidas, caso não haja reconsideração em
despacho motivado, juntamente com a certidão constante do anexo desta Resolução, no
prazo de três dias à Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho
para apreciação. (Incluído pela Resolução n° 87/2009 do CSMPT).

Art.11. Não oficiará nos autos do inquérito civil, do procedimento preparatório ou da ação
civil pública o órgão responsável pela promoção de arquivamento não homologado pela
Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho.
Art. 12. O desarquivamento do inquérito civil, diante de novas provas ou para investigar fato
novo relevante, poderá ocorrer no prazo máximo de seis meses após o arquivamento.
Transcorrido esse lapso, será instaurado novo inquérito civil, sem prejuízo das provas já
colhidas.
Parágrafo único. O desarquivamento de inquérito civil para a investigação de fato novo, não
sendo caso de ajuizamento de ação civil pública, implicará novo arquivamento e remessa à
Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho, na forma do art. 10
desta Resolução.
Art. 13. O disposto acerca do arquivamento de inquérito civil ou procedimento preparatório
também se aplica à hipótese em que estiver sendo investigado mais de um fato lesivo e a
ação civil pública proposta somente se relacionar a um ou a algum deles.

Capítulo VI
Do Ajuste de Conduta
Art. 14. O Ministério Público do Trabalho poderá firmar termo de ajuste de conduta, nos
casos previstos em lei, com o responsável pela ameaça ou lesão aos interesses ou direitos

103
mencionados no artigo 1º desta Resolução, visando à reparação do dano, à adequação da
conduta às exigências legais ou normativas e, ainda, à compensação e/ou à indenização
pelos danos que não possam ser reparados.
§ 1º A aferição do cumprimento do termo de ajuste de conduta ocorrerá nos próprios autos
do procedimento preparatório ou do inquérito civil.
§ 2º O Ministério Público do Trabalho, se for o caso, poderá deprecar a realização de
diligências necessárias para a verificação do cumprimento do TAC, enviando as cópias
necessárias à realização do ato requerido, as quais serão autuadas no destino como “carta
precatória de acompanhamento de TAC”.

Capítulo VII
Das Recomendações
Art. 15. O Ministério Público do Trabalho, nos autos do inquérito civil ou do procedimento
preparatório, poderá expedir recomendações devidamente fundamentadas, visando à
melhoria dos serviços públicos e de relevância pública, bem como aos demais interesses,
direitos e bens cuja defesa lhe caiba promover.

Parágrafo único. É vedada a expedição de recomendação como medida substitutiva ao


termo de ajuste de conduta ou à ação civil pública.

Capítulo VIII
Das Disposições Finais

Art. 16. Os prazos previstos nesta Resolução deverão ser contados a partir da sua
publicação.

Art. 17. Não se sujeitam a esta Resolução os Procedimentos Administrativos para


acompanhamento de ações estratégicas voltadas para o fomento de políticas públicas, para
acompanhamento de ações judiciais e para mediação, conciliação e arbitragem. (Incluído
pela Resolução n° 87/2009 do CSMPT).
Parágrafo Único. A tramitação dos Procedimentos Administrativos para acompanhamento de
ações voltadas para o fomento de políticas públicas obedecerá ao determinado pela
Coordenadoria correspondente, pela instância Regional ou outro órgão ‘ad hoc’ criado para
a implementação da estratégia. (Incluído pela Resolução n° 87/2009 do CSMPT).

Art. 18. Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação. (Renumerado pela
Resolução n° 87/2009 do CSMPT).

OTAVIO BRITO LOPES


Presidente do CSMPT

Anexo
Certidão
Notificação do requerente/denunciante: ___/___/___.
Data do recebimento do AR: ___/___/___.
Expedida por meio eletrônico: ___/___/___.
Fixado Edital em: ___/____/___.
Notificação do requerido/denunciado: ___/___/___.
Data do recebimento do AR: ___/___/___.
Expedida por meio eletrônico: ___/___/___.
Fixado Edital em: ___/____/___.
Recurso Administrativo apresentado:
( ) tempestivo ( ) intempestivo
Remessa à CCR: ___/___/___.

104
ANEXO 3

RESOLUÇÃO Nº 87/09, DE 27 DE AGOSTO DE 2009

Altera dispositivos da Resolução nº 69/07 do CSMPT, de 12 de


dezembro de 2007, que disciplina, no âmbito do Ministério Público
do Trabalho, a instauração e tramitação do inquérito civil,
conforme artigo 16 da Resolução nº 23, de 17 de setembro de
2007, do CNMP.

O Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho, no exercício de sua


competência prevista no Artigo 98, inciso I, da Lei Complementar Nº 75/93, diante da
necessidade de aprimoramento da Resolução nº 69/07, de 12 de dezembro de 2007, e do
que consta do Processo nº 08130.000671/2007,
RESOLVE:

Art.1º Alterar o título do Capítulo III que passa a ter a seguinte redação:

“Capítulo III
Do Indeferimento da representação”

Art. 2º Alterar os §§ 2º e 3º do Art. 5º que passam a ter a seguinte redação:


“Art. 5º
a) .........
b) .........
c) .........
d) .........
§ 1º
§ 2º As razões de recurso serão protocoladas junto ao órgão que indeferiu o pedido,
devendo ser remetidas, caso não haja reconsideração, em despacho motivado, no
prazo de três dias, juntamente com a representação e com a decisão impugnada, à
Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho para apreciação.
§ 3º Do recurso serão notificados os interessados para, querendo, oferecer contra-
razões, no prazo de dez (10) dias.”

Art. 3º Alterar o § 7º do art. 6º e acrescentar os §§ 8º, 9º e 10º, que passam a ter a seguinte
redação.
“Art. 6º
§ 1º ............
§ 2º ..............
§ 3º .............
§ 4º ............
§ 5º ............
§ 6º ............
§ 7º O Procurador-Geral do Trabalho encaminhará, ao Procurador-Geral da República
ou outro órgão do Ministério Público a quem essa atribuição seja delegada, no prazo
de dez dias, os ofícios expedidos pelos membros do Ministério Público do Trabalho,
destinados a instruir inquérito civil ou procedimento preparatório, observado o disposto
no art. 8º, § 4º, da Lei Complementar nº 75/93.

105
§8º Não cabe à chefia institucional a valoração do contido nos ofícios, podendo deixar
de encaminhar aqueles que não contenham os requisitos legais ou não empreguem o
tratamento protocolar devido ao destinatário.
§9º Todos os ofícios requisitórios de informações ao inquérito civil e ao procedimento
preparatório deverão ser fundamentados e, no caso do primeiro, acompanhados de
cópia da respectiva portaria de instauração.
§ 10º Aplica-se o disposto nos parágrafos 7º, 8º e 9º aos atos dirigidos aos
Conselheiros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério
Público.

Art. 4º Alterar o caput do Art. 10 e modificar seu § 2º, que passam ter a seguinte redação:

“Art. 10. Esgotadas todas as possibilidades de diligências, o membro do Ministério


Público do Trabalho, caso se convença da inexistência de fundamento para a
propositura de ação civil pública, promoverá, em peça autônoma e fundamentada, o
arquivamento do inquérito civil ou do procedimento preparatório.
§ 1º
§ 2º A promoção de arquivamento será submetida, se estiverem presentes todos os
atos imprescindíveis à sua decisão, a exame e deliberação da Câmara de
Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho, na forma do seu Regimento
Interno.”

Art. 5º Acrescentar o Art. 10-A e seu Parágrafo Único, que passam a ter a seguinte redação:

“Art. 10 - A. Da Promoção de Arquivamento caberá recurso administrativo com as


respectivas razões, no prazo de dez (10) dias, assegurado aos interessados igual
prazo, após a notificação, para, querendo, oferecer contra-razões.

Parágrafo Único. As razões de recurso serão protocoladas junto ao órgão que


promoveu o arquivamento, devendo ser autuadas e remetidas, caso não haja
reconsideração em despacho motivado, juntamente com a certidão constante do
anexo desta Resolução, no prazo de três dias à Câmara de Coordenação e Revisão
do Ministério Público do Trabalho para apreciação.“

Art. 6º Acrescentar o Art. 17 e seu Parágrafo Único, que passam a ter a seguinte redação:

“Art. 17. Não se sujeitam a esta Resolução os Procedimentos Administrativos para


acompanhamento de ações estratégicas voltadas para o fomento de políticas públicas,
para acompanhamento de ações judiciais e para mediação, conciliação e arbitragem.

Parágrafo Único. A tramitação dos Procedimentos Administrativos para


acompanhamento de ações voltadas para o fomento de políticas públicas obedecerá
ao determinado pela Coordenadoria correspondente, pela instância Regional ou outro
órgão ‘ad hoc’ criado para a implementação da estratégia.”

Art. 7º Inserir o Anexo a que se refere o Parágrafo Único do Art. 6º desta Resolução.

Art. 8º A presente Resolução entrará em vigor na data de sua publicação.

OTAVIO BRITO LOPES


Presidente do CSMPT

106
Conselheiros
Otavio Brito Lopes (Presidente)
Maria Guiomar Sanches de Mendonça (Vice-Presidente)
Jeferson Luiz Pereira Coelho
Ronaldo Tolentino da Silva
Lucinea Alves Ocampos
Terezinha Matilde Licks (Secretária)
Edson Braz da Silva
Vera Regina Della Pozza Reis
José Neto da Silva

(Anexo da RESOLUÇÃO Nº 87/09, DE 27 DE AGOSTO DE 2009)

CERTIDÃO

Notificação do requerente/denunciante: ___/___/___.


Data do recebimento do AR: ___/___/___.
Expedida por meio eletrônico: ___/___/___.
Fixado Edital em: ___/____/___.

Notificação do requerido/denunciado: ___/___/___.


Data do recebimento do AR: ___/___/___.
Expedida por meio eletrônico: ___/___/___.
Fixado Edital em: ___/____/___.

Recurso Administrativo apresentado:


( ) tempestivo ( ) intempestivo
Remessa à CCR: ___/___/___.

107
ANEXO 4

RESOLUÇÃO N° 86/2009, DE 27 DE AGOSTO DE 2009

Dispõe sobre a distribuição de procedimentos e processos no


âmbito do Ministério Público do Trabalho e as designações
especiais para atuação.

DA DISTRIBUIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS E PROCESSOS NO ÂMBITO DO


MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

TÍTULO I

DA DISTRIBUIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS E PROCESSOS NA ATUAÇÃO EM


PRIMEIRO GRAU DE JURISDIÇÃO

Capítulo I

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1° - Os procedimentos e processos pertinentes à atuação do Ministério Público do


Trabalho, como órgão agente e como órgão interveniente, perante o primeiro grau de
jurisdição, serão distribuídos aos Procuradores do Trabalho.

§ 1° - Os procedimentos e processos referidos neste artigo poderão ser distribuídos a


Procuradores Regionais do Trabalho e Subprocuradores-Gerais do Trabalho, por
necessidade do serviço, mediante anuência pessoal e autorização do Conselho Superior do
Ministério Público do Trabalho, na forma do art. 98, inc. XI, da Lei Complementar nº 75/93.

§ 2° - As designações previstas no § 1º deste artigo observarão a ordem inversa de


antiguidade na respectiva carreira, salvo consenso entre os eventuais interessados.

§ 3° - O Procurador Regional do Trabalho designado para atuar no primeiro grau de


jurisdição concorrerá à distribuição de procedimentos e processos em igualdade de
condições com os Procuradores do Trabalho integrantes da respectiva Unidade.

§ 4º - A remessa dos autos ao segundo grau de jurisdição exaure a atuação do Procurador


do Trabalho no feito, passando à responsabilidade do Procurador Regional do Trabalho, ou
Procurador do Trabalho designado para atuar no Tribunal Regional do Trabalho, a quem
couber por distribuição.

Art. 2° - A distribuição específica de cada atividade de órgãos agente e interveniente em


primeiro grau de jurisdição será feita em conformidade com a organização interna adotada
em cada Unidade e de acordo com os critérios estabelecidos pelos Membros da
Procuradoria Regional.

Parágrafo único – Caberá aos Membros da Procuradoria Regional a deliberação pela


existência de coordenação única ou separada para a atividade de órgão agente ou órgão
interveniente.

108
Capítulo II

DA DISTRIBUIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS DA ATIVIDADE DE ÓRGÃO AGENTE

Art. 3° - As representações serão distribuídas aos Procuradores do Trabalho de forma


imediata, automática e eqüitativa, obedecendo à ordem de protocolo e as regras
previamente aprovadas pelos Membros da Procuradoria.
§ 1º. O critério de distribuição por prevenção será observado nas hipóteses seguintes de
conexão e de pertinência ou aproximação temática, de maneira a se garantir a unidade e a
eficácia na atuação do Ministério Público do Trabalho:
I. Conexão:

a) quando existir procedimento de investigação, em face do mesmo investigado, versando


sobre o (s) mesmo (s) tema (s) da nova representação, observada a regra do art. 12, caput,
da Resolução nº 69/2007 do CSMPT;

b) quando existir procedimento de investigação, com assinatura de Termo de Ajustamento


de Conduta, em face do mesmo investigado, envolvendo o (s) mesmo (s) tema (s) da nova
representação;

c) quando existir ação, em face do mesmo investigado, baseada no (s) mesmo (s) tema (s)
da nova representação.

II. Pertinência ou aproximação temática:

a) quando existir procedimento de investigação em andamento, em face do mesmo


investigado, contendo pelo menos um dos temas integrantes do mesmo grupo dos temas
correspondentes à nova representação, com base no elenco estabelecido pelo Temário
Unificado do Ministério Público do Trabalho (Resolução nº 76/2008 do CSMPT), observada a
regra do parágrafo único do art. 4º, da Resolução nº 69/2007 do CSMPT;

b) quando existir procedimento de investigação, com assinatura de Termo de Ajustamento


de Conduta, em acompanhamento ou arquivado, em face do mesmo investigado, contendo
pelo menos um dos temas integrantes do mesmo grupo dos temas da nova representação,
com base no elenco estabelecido pelo Temário Unificado do Ministério Público do Trabalho
(Resolução nº 76/2008 do CSMPT);

c) quando existir ação, em tramitação ou arquivada, em face do mesmo investigado,


abrangendo pelo menos um dos temas integrantes do mesmo grupo dos temas da nova
representação, com base no elenco estabelecido pelo Temário Unificado do Ministério
Público do Trabalho (Resolução nº 76/2008 do CSMPT).
§ 2º. Nas hipóteses do § 1º, inciso I, deste artigo, não haverá compensação de
procedimentos.
§ 3º. Enquanto não for possível a utilização do sistema MPT-DIGITAL mantém-se o sistema
de preparação de lotes de distribuição com sorteio, atendendo-se à ordem de protocolo.
§ 4° - Não haverá distribuição durante o período de afastamento do Procurador por motivo
de férias, licença ou qualquer outra hipótese prevista em lei.
§ 5º - A distribuição de procedimentos e processos ao Coordenador da atividade agente
obedecerá à regra de proporcionalidade especificada pelos Membros da Procuradoria.
§ 6° - Não haverá compensação na distribuição do Procurador em razão de participação
em audiências judiciais, reuniões internas ou externas, atividades relacionadas à
participação voluntária em Coordenação de Fóruns e outras de natureza semelhante.
§ 7º - Nas designações de Procurador para desempenho de atividade específica de
interesse do Ministério Público do Trabalho haverá compensação integral na distribuição,
relativamente aos dias de efetiva realização da respectiva atividade, de acordo com os
critérios estabelecidos pelos Membros da Procuradoria, ressalvadas desses critérios as

109
designações do Conselho Nacional do Ministério Público, do Conselho Superior do
Ministério Público do Trabalho e do Procurador-Geral do Trabalho.
§ 8º - Em caso de afastamento superior a 90 dias contínuos, toda a banca do Procurador
afastado será redistribuída igualitariamente, devendo ele receber, no retorno às atividades
normais, o mesmo número de procedimentos redistribuídos.
Art. 4º - O impedimento do Procurador para atuar deve ser registrado em despacho
fundamentado, comunicando-se o fato ao Procurador-Chefe para efeito de redistribuição do
procedimento e compensação.
§ 1º - O Procurador que se declarar suspeito para atuar, comunicará o fato ao Procurador-
Chefe para efeito de redistribuição do procedimento e compensação e, sempre que
possível, indicará o motivo da suspeição.
§ 2º - O Procurador-Chefe informará à Corregedoria os casos de impedimentos e
suspeições, para fins estatísticos.
Art. 5° - As representações que exijam tratamento diferenciado, de acordo com a natureza e
relevância da matéria, serão distribuídas aos Procuradores designados no âmbito dos
núcleos temáticos de atuação, porventura existentes na Unidade.
Art. 6° - O Procurador, por despacho fundamentado, poderá desmembrar a representação
sob exame em outros procedimentos, que serão encaminhados ao Procurador-Chefe para
proceder à distribuição, observando a existência de conexão ou continência e também a
necessidade ou não de compensação, de acordo com os critérios estabelecidos pelos
Membros da Procuradoria.
Art. 7° - As Unidades do Ministério Público do Trabalho estabelecerão lista ordenada ou
escala entre os Membros para a participação em audiências judiciais ou extrajudiciais e
também para a adoção de medidas urgentes, nos casos de eventual impedimento e
afastamento de Procuradores.

Capítulo III

DA DISTRIBUIÇÃO DOS PROCESSOS JUDICIAIS DA ATIVIDADE DE ÓRGÃO


INTERVENIENTE

Art. 8° - O Procurador do Trabalho oficiará como custos legis nos processos judiciais do
primeiro grau de jurisdição da Justiça do Trabalho para o qual esteja designado, ficando
responsável pelos respectivos atos processuais, inclusive audiências e diligências.
§ 1° - Os processos judiciais serão distribuídos aos Procuradores do Trabalho de forma
imediata, automática e equitativa, obedecendo à ordem de protocolo.
§ 2º. Enquanto não for possível a utilização do sistema MPT-DIGITAL mantém-se o sistema
de preparação de lotes de distribuição com sorteio, atendendo-se à ordem de protocolo.
§ 3° - A distribuição será suspensa durante o período de afastamento do Procurador, por
motivo de férias, licença ou qualquer outra hipótese prevista em lei.
§ 4° - A distribuição de processos judiciais ao Coordenador da atividade obedecerá à regra
de proporcionalidade utilizada na respectiva Unidade, conforme especificado pelos Membros
da Procuradoria.
§ 5° - Não haverá compensação na distribuição do Procurador em razão de participação em
audiências judiciais, reuniões internas ou externas, atividades relacionadas à participação
em Coordenação de Fóruns e outras de natureza semelhante.
§ 6° - Nas designações de Procurador para desempenho de atividade específica de
interesse do Ministério Público do Trabalho haverá compensação integral na distribuição,
relativamente aos dias de efetiva realização da respectiva atividade, de acordo com os
critérios estabelecidos pelos Membros da Procuradoria, ressalvadas desses critérios as
designações do Conselho Nacional do Ministério Público, do Conselho Superior do
Ministério Público do Trabalho e do Procurador-Geral do Trabalho.
§ 7º - O Coordenador de Coordenadoria Nacional não receberá distribuição de processos
judiciais da atividade interveniente.

110
Art. 9º - O impedimento do Procurador para atuar deve ser registrado em despacho
fundamentado, comunicando-se o fato ao Procurador-Chefe para efeito de redistribuição do
processo e compensação.
§ 1º - O Procurador que se declarar suspeito para atuar, comunicará o fato ao Procurador-
Chefe para efeito de redistribuição do processo e compensação.
§ 2º - O Procurador-Chefe informará à Corregedoria os casos de impedimentos e
suspeições, para fins estatísticos.

Art. 10 – Os processos judiciais que exijam tratamento diferenciado, de acordo com a


natureza e a relevância da matéria, serão distribuídos aos Procuradores no âmbito dos
núcleos temáticos de atuação, porventura existentes na Unidade.

Art. 11 - As Procuradorias Regionais e Procuradorias do Trabalho em Municípios


estabelecerão lista ordenada ou escala entre os membros para a participação em
audiências judiciais ou extrajudiciais e a adoção de medidas urgentes, nos casos de
impedimento e afastamento de Procuradores.
Parágrafo único – As Procuradorias Regionais prestarão o auxílio necessário às respectivas
Procuradorias do Trabalho em Municípios para não haver solução de continuidade de seus
serviços por falta de servidores e membros.

TÍTULO II

DA DISTRIBUIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS E PROCESSOS NA ATUAÇÃO EM


SEGUNDO GRAU DE JURISDIÇÃO

Capítulo I

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 12 - Os procedimentos e processos pertinentes à atuação do Ministério Público do


Trabalho, como órgão agente e como órgão interveniente, perante o segundo grau de
jurisdição, serão distribuídos preferencialmente aos Procuradores Regionais do Trabalho.

§ 1° - Sempre que necessária a atuação de Procurador do Trabalho nos procedimentos e


processos do segundo grau de jurisdição da Justiça do Trabalho, a distribuição observará a
ordem de antiguidade na carreira, salvo consenso entre os eventuais interessados.
§ 2° - Nas localidades em que houver Câmara Regional descentralizada do Tribunal
Regional do Trabalho, na forma do art. 115, § 2º, da Constituição Federal, poderão ser
alocados cargos de Procurador Regional do Trabalho na Procuradoria do Trabalho em
Município respectiva ou escalados Procuradores Regionais em sistema de rodízio, para o
atendimento das atividades inerentes ao segundo grau de jurisdição.
§ 3º - Em não havendo Procuradores Regionais do Trabalho em número que permita a
alocação de cargos ou a adoção do sistema de rodízio, as atividades inerentes ao segundo
grau serão exercidas por Procurador do Trabalho lotado na Procuradoria do Trabalho em
Município.

Capítulo II

DA DISTRIBUIÇÃO DOS PROCESSOS JUDICIAIS DA ATIVIDADE DE ÓRGÃO


INTERVENIENTE

Art. 13 – Os processos judiciais oriundos do Tribunal Regional do Trabalho serão


distribuídos aos Procuradores Regionais do Trabalho, ou Procuradores do Trabalho com
atuação no segundo grau de jurisdição, imediata e equitativamente, obedecendo à ordem de

111
protocolo, salvo nas Unidades que adotarem o sistema de triagem de processos, situação
em que a distribuição abrangerá apenas os processos remanescentes à seleção, de acordo
com as regras previamente aprovadas pelos Membros da Procuradoria.
§ 1º. Enquanto não for possível a utilização do sistema MPT-DIGITAL mantém-se o sistema
de preparação de lotes de distribuição com sorteio, atendendo-se à ordem de protocolo.
§ 2° - A distribuição será suspensa durante o período de afastamento do Procurador
Regional por motivo de férias, licença ou qualquer outra hipótese prevista em lei.
§ 3° - A distribuição de processos judiciais ao Coordenador da atividade obedecerá à regra
de proporcionalidade utilizada na respectiva Unidade, conforme especificado pelos Membros
da Procuradoria.
§ 4° - Não haverá compensação na distribuição do Procurador Regional em razão de
participação em sessões, audiências judiciais, reuniões internas ou externas, atividades
relacionadas à participação em Coordenação de Fóruns e outras de natureza semelhante.
§ 5° - Nas designações de Procurador Regional do Trabalho para desempenho de atividade
específica de interesse do Ministério Público do Trabalho haverá compensação integral na
distribuição, relativamente aos dias de efetiva realização da respectiva atividade, de acordo
com os critérios estabelecidos pelos Membros da Procuradoria, ressalvadas desses critérios
as designações do Conselho Nacional do Ministério Público, do Conselho Superior do
Ministério Público do Trabalho e do Procurador-Geral do Trabalho.
§ 6º - O Coordenador de Coordenadoria Nacional não receberá distribuição de processos
judiciais da atividade interveniente.

Art. 14 - O impedimento do Procurador Regional do Trabalho para atuar deve ser registrado
em despacho fundamentado, comunicando-se o fato ao Procurador-Chefe para efeito de
redistribuição do processo e compensação.
§ 1º - O Procurador que se declarar suspeito para atuar, comunicará o fato ao Procurador-
Chefe para efeito de redistribuição do processo e compensação.
§ 2º - O Procurador-Chefe informará à Corregedoria os casos de impedimentos e
suspeições, para fins estatísticos.

Art. 15 – Os processos judiciais que exijam tratamento diferenciado, de acordo com a


natureza e a relevância da matéria, serão distribuídos aos Procuradores Regionais, no
âmbito dos núcleos temáticos de atuação, porventura existentes na Unidade.
Parágrafo único – Em relação a esses processos, poderá também ser aplicado, para efeito
de distribuição e compensação, critério específico para definição do quantitativo, de acordo
com critérios estabelecidos pelos Membros da Procuradoria.

Art. 16 - As Procuradorias Regionais estabelecerão lista ordenada ou escala entre os


membros para a participação em sessões e audiências e também para a adoção de
medidas urgentes, nos casos de eventual impedimento e afastamento de Procuradores.

Art. 17 – O Procurador Regional do Trabalho oficiará como custos legis nos processos
judiciais do segundo grau de jurisdição da Justiça do Trabalho para o qual esteja designado,
ficando responsável pelos respectivos atos processuais.
§ 1º - Os acórdãos serão remetidos ao Procurador que exarou o parecer, preferencialmente
por meio eletrônico, para aferição da necessidade de interposição de recurso.
§ 2º - Nas Procuradorias Regionais do Trabalho em que o número de Procuradores
Regionais do Trabalho for inferior ao número de Turmas e Sessões Especializadas, serão
designados Procuradores do Trabalho para suprir a carência, observada a ordem de
antiguidade na carreira, salvo consenso entre os eventuais interessados.

Art. 18 – Os processos que tenham o Ministério Público do Trabalho como parte serão
normalmente distribuídos a todos os Procuradores que concorram à distribuição de feitos
judiciais.

112
Parágrafo único - Nos processos em que o Ministério Público do Trabalho for parte, a opção
por não recorrer será devidamente fundamentada e imediatamente comunicada ao
Procurador-Chefe que poderá interpor o competente recurso.

Capítulo III

DA DISTRIBUIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS DA ATIVIDADE DE ÓRGÃO AGENTE

Art. 19 – As representações referentes à atuação de órgão agente perante os Tribunais


Regionais do Trabalho serão distribuídas aos Procuradores Regionais do Trabalho e/ou
Procuradores do Trabalho com lotação no segundo grau, sem prejuízo da atividade de
custos legis.

Parágrafo único – Aplica-se ao presente artigo, no que couber, o disposto no Capítulo II, do
Título I.

TÍTULO III

DA DISTRIBUIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS E PROCESSOS NA PROCURADORIA


GERAL DO TRABALHO

Capítulo I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 20 - Os procedimentos e processos pertinentes à atuação do Ministério Público do


Trabalho, como órgão agente e como órgão interveniente, perante o Tribunal Superior do
Trabalho serão distribuídos aos Subprocuradores-Gerais do Trabalho e Procuradores
Regionais do Trabalho convocados para substituição de Subprocurador-Geral do Trabalho
afastado de suas funções.

§ 1º Em caso de afastamento de Subprocurador-Geral do Trabalho, por prazo superior a 30


dias, ou de vacância do cargo, será, desde logo, convocado Procurador Regional do
Trabalho para a substituição, durante o período de afastamento ou enquanto durar a
vacância, observada a ordem de antiguidade.

§ 2º – O substituto será designado pelo Procurador-Geral do Trabalho, pelo prazo máximo


de 6 (seis) meses, contínuos ou descontínuos, permitida uma recondução por igual período,
sempre após a aprovação do Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho.

§ 3º – O substituto assumirá o Gabinete e as funções ordinárias do Subprocurador-Geral do


Trabalho afastado.

Capítulo II

DA DISTRIBUIÇÃO DOS PROCESSOS DA ATIVIDADE DE ÓRGÃO INTERVENIENTE

Art. 21 – Os processos judiciais oriundos do Tribunal Superior do Trabalho e remanescentes


da triagem realizada no âmbito da Procuradoria Geral do Trabalho serão imediata e
equitativamente distribuídos aos Subprocuradores-Gerais do Trabalho e/ou Procuradores
Regionais do Trabalho nela em exercício, obedecendo à ordem de protocolo, ressalvados os
casos afetos ao Procurador-Geral do Trabalho.
§ 1º. Enquanto não for possível a utilização do sistema MPT-DIGITAL mantém-se o sistema
de preparação de lotes de distribuição com sorteio aleatório, atendendo-se à ordem de
protocolo.

113
§ 2° - A distribuição será suspensa durante o período de afastamento do Subprocurador-
Geral do trabalho por motivo de férias, licença ou qualquer outra hipótese prevista em lei.
§ 3° - Os Membros do Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho receberão
distribuição equivalente a até 50% (cinquenta por cento) daquela que couber aos demais
Subprocuradores, arredondando-se para menos quando o percentual não for divisível.
§ 4º- Os Membros da Câmara de Coordenação e Revisão não receberão processos
judiciais para emissão de parecer.
§ 5º - O Coordenador de Coordenadoria Nacional não receberá distribuição de processos
judiciais da atividade interveniente.
§ 6° - Não haverá compensação na distribuição do Subprocurador-Geral em razão de
participação em audiências judiciais, reuniões internas ou externas, atividades relacionadas
à participação em Coordenação de Fóruns e outras de natureza semelhante.
§ 7° - Nas designações de Subprocurador-Geral para desempenho de atividade específica
de interesse do Ministério Público do Trabalho haverá compensação integral na distribuição,
relativamente aos dias de efetivo desempenho da respectiva atividade.

Art. 22 - O impedimento do Subprocurador-Geral para atuar deve ser registrado em


despacho fundamentado, comunicando-se o fato ao Vice-Procurador-Geral para efeito de
redistribuição do processo e compensação.
§ 1º - O Subprocurador-Geral que se declarar suspeito para atuar, comunicará ao Vice-
Procurador Geral para efeito de redistribuição e compensação.
§ 2º - O Vice-Procurador Geral informará à Corregedoria os casos de impedimentos e
suspeições, para fins estatísticos.

Art. 23 - A Procuradoria-Geral estabelecerá escala entre os membros para a participação em


sessões, audiências judiciais ou extrajudiciais e para a adoção de medidas urgentes, nos
casos de eventual impedimento e afastamento de Subprocuradores.
Art. 24 – A designação de Subprocurador-Geral do Trabalho para oficiar em Turmas e
Sessões Especializadas do Tribunal Superior do Trabalho far-se-á obedecendo-se ao artigo
216 e seguintes da Lei Complementar n° 75/93.

Art. 25 – Em havendo solicitação nesse sentido, os acórdãos do Tribunal Superior do


Trabalho serão encaminhados ao Subprocurador-Geral do Trabalho oficiante para aferição
da necessidade de interposição de recurso, sem prejuízo do mesmo exame pelo
Procurador-Geral do Trabalho, prevalecendo a decisão que indique a necessidade de
interposição de recurso.
§ 1º - Os processos que tenham o Ministério Público do Trabalho como parte serão
normalmente distribuídos a todos os Procuradores que concorram à distribuição de feitos
judiciais.
§ 2º - Nos processos em que o Ministério Público do Trabalho for parte, a opção por não
recorrer será devidamente fundamentada e imediatamente comunicada ao Procurador-Geral
do Trabalho que poderá interpor o competente recurso ou designar outro Membro para fazê-
lo.

TÍTULO IV

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 26 – A indicação de Membros para participação em seminário, congresso ou curso no


Brasil ou no exterior, versando sobre temas vinculados às Coordenadorias Nacionais,
observará o princípio da igualdade de oportunidade e será definida mediante sorteio público.

§ 1º O prazo de inscrição será divulgado por via eletrônica a todo o Colégio de


Procuradores, por iniciativa do Procurador-Geral do Trabalho, que poderá delegar a tarefa
de divulgação e sorteio.

114
§ 2º O Membro sorteado será excluído de outros sorteios com a mesma finalidade, até que
todos os sejam contemplados ou que não haja outros interessados.

Art. 27 – Nos casos de convites pessoais para participar de solenidade ou evento científico,
para proferir palestra ou representar a Instituição, o Procurador-Geral e os Procuradores-
Chefes designarão livremente seus representantes ou delegatários.

Art. 28 - Em obediência aos princípios da eficiência administrativa e do promotor natural, as


designações para integrar forças-tarefas, grupos móveis e projetos nacionais previamente
aprovados pelo Conselho Superior recairão, preferencialmente, sobre os Procuradores
lotados na Unidade com atuação no local da operação, na ordem de antiguidade e
observado o sistema de rodízio.

Parágrafo único – Em não havendo Procuradores suficientes para o desempenho


satisfatório da atividade na Unidade local, serão recrutados Membros de outras
Procuradorias, previamente cadastrados e na ordem de antiguidade, observado o sistema
de rodízio e com a prévia aprovação do Conselho Superior.

Art. 29 – Os casos omissos serão resolvidos pela Câmara de Coordenação e Revisão ou


pelo Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho, de acordo com as respectivas
esferas de atribuições, podendo ser adotadas regras previamente aprovadas pelos
Membros da Procuradoria, desde que compatíveis com esta Resolução.

Art. 30 – Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, revogando-se as


disposições contrárias.

OTAVIO BRITO LOPES


Procurador-Geral do Trabalho
Presidente do CSMPT

Conselheiros
Otavio Brito Lopes (Presidente)
Maria Guiomar Sanches de Mendonça (Vice-Presidente)
Jeferson Luiz Pereira Coelho
Ronaldo Tolentino da Silva
Lucinea Alves Ocampos
Terezinha Matilde Licks (Secretária)
Edson Braz da Silva
Vera Regina Della Pozza Reis
José Neto da Silva

115
ANEXO 5

RESOLUÇÃO Nº 23, DE 17 SETEMBRO DE 2007.

CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Regulamenta os artigos 6º, inciso VII, e 7º, inciso I, da Lei


Complementar nº 75/93 e os artigos 25, inciso IV, e 26, inciso I,
da Lei nº 8.625/93, disciplinando, no âmbito do Ministério
Público, a instauração e tramitação do inquérito civil.

O CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO, no exercício das


atribuições que lhe são conferidas pelo artigo 130-A, § 2º, inciso I, da Constituição Federal e
com fulcro no artigo 64-A, de seu Regimento Interno;
CONSIDERANDO o disposto no artigo 129, inciso III e inciso VI, da Constituição
Federal;
CONSIDERANDO o que dispõem os artigos 6º, inciso VII, e 7º, inciso I, da Lei
Complementar nº 75/93; os artigos 25, inciso IV, e 26, inciso I, da Lei nº 8.625/93 e a Lei n°
7.347/85;
CONSIDERANDO a necessidade de uniformizar o procedimento do inquérito
civil, em vista dos princípios que regem a Administração Pública e dos direitos e garantias
individuais;
RESOLVE:
Capítulo I
Dos Requisitos para Instauração
Art. 1º O inquérito civil, de natureza unilateral e facultativa, será instaurado para
apurar fato que possa autorizar a tutela dos interesses ou direitos a cargo do Ministério
Público nos termos da legislação aplicável, servindo como preparação para o exercício das
atribuições inerentes às suas funções institucionais.
Parágrafo único. O inquérito civil não é condição de procedibilidade para o
ajuizamento das ações a cargo do Ministério Público, nem para a realização das demais
medidas de sua atribuição própria.
Art. 2º O inquérito civil poderá ser instaurado:
I – de ofício;
II – em face de requerimento ou representação formulada por qualquer pessoa
ou comunicação de outro órgão do Ministério Público, ou qualquer autoridade, desde que
forneça, por qualquer meio legalmente permitido, informações sobre o fato e seu provável
autor, bem como a qualificação mínima que permita sua identificação e localização;
III – por designação do Procurador-Geral de Justiça, do Conselho Superior do
Ministério Público, Câmaras de Coordenação e Revisão e demais órgãos superiores da
Instituição, nos casos cabíveis.
§ 1º O Ministério Público atuará, independentemente de provocação, em caso de
conhecimento, por qualquer forma, de fatos que, em tese, constituam lesão aos interesses

116
ou direitos mencionados no artigo 1º desta Resolução, devendo cientificar o membro do
Ministério Público que possua atribuição para tomar as providências respectivas, no caso de
não a possuir.
§ 2º No caso do inciso II, em sendo as informações verbais, o Ministério Público
reduzirá a termo as declarações. Da mesma forma, a falta de formalidade não implica
indeferimento do pedido de instauração de inquérito civil, salvo se, desde logo, mostrar-se
improcedente a notícia, atendendo-se, na hipótese, o disposto no artigo 5º desta Resolução.
§ 3º O conhecimento por manifestação anônima, justificada, não implicará
ausência de providências, desde que obedecidos os mesmos requisitos para as
representações em geral, constantes no artigo 2º, inciso II, desta Resolução.
§ 4º O Ministério Público, de posse de informações previstas nos artigos 6º e 7º
da Lei n° 7.347/85 que possam autorizar a tutela dos interesses ou direitos mencionados no
artigo 1º desta Resolução, poderá complementá-las antes de instaurar o inquérito civil,
visando apurar elementos para identificação dos investigados ou do objeto, instaurando
procedimento preparatório.
§ 5º O procedimento preparatório deverá ser autuado com numeração
seqüencial à do inquérito civil e registrado em sistema próprio, mantendo-se a numeração
quando de eventual conversão.
§ 6º O procedimento preparatório deverá ser concluído no prazo de 90 (noventa)
dias, prorrogável por igual prazo, uma única vez, em caso de motivo justificável.
§ 7º Vencido este prazo, o membro do Ministério Público promoverá seu
arquivamento, ajuizará a respectiva ação civil pública ou o converterá em inquérito civil.
Art. 3º Caberá ao membro do Ministério Público investido da atribuição para
propositura da ação civil pública a responsabilidade pela instauração de inquérito civil.
Parágrafo único. Eventual conflito negativo ou positivo de atribuição será
suscitado, fundamentadamente, nos próprios autos ou em petição dirigida ao órgão com
atribuição no respectivo ramo, que decidirá a questão no prazo de trinta dias.
Capítulo II
Da Instauração do Inquérito Civil
Art. 4º O inquérito civil será instaurado por portaria, numerada em ordem
crescente, renovada anualmente, devidamente registrada em livro próprio e autuada,
contendo:
I – o fundamento legal que autoriza a ação do Ministério Público e a descrição
do fato objeto do inquérito civil;
II – o nome e a qualificação possível da pessoa jurídica e/ou física a quem o fato
é atribuído;
III – o nome e a qualificação possível do autor da representação, se for o caso;
IV – a data e o local da instauração e a determinação de diligências iniciais;
V – a designação do secretário, mediante termo de compromisso, quando
couber;
VI - a determinação de afixação da portaria no local de costume, bem como a de
remessa de cópia para publicação.
Parágrafo único. Se, no curso do inquérito civil, novos fatos indicarem
necessidade de investigação de objeto diverso do que estiver sendo investigado, o membro
do Ministério Público poderá aditar a portaria inicial ou determinar a extração de peças para

117
instauração de outro inquérito civil, respeitadas as normas incidentes quanto à divisão de
atribuições.
Capítulo III
Do Indeferimento de Requerimento de Instauração do Inquérito Civil
Art. 5º Em caso de evidência de que os fatos narrados na representação não
configurem lesão aos interesses ou direitos mencionados no artigo 1º desta Resolução ou
se o fato já tiver sido objeto de investigação ou de ação civil pública ou se os fatos
apresentados já se encontrarem solucionados, o membro do Ministério Público, no prazo
máximo de trinta dias, indeferirá o pedido de instauração de inquérito civil, em decisão
fundamentada, da qual se dará ciência pessoal ao representante e ao representado.
§ 1º Do indeferimento caberá recurso administrativo, com as respectivas razões,
no prazo de dez dias.
§ 2º As razões de recurso serão protocoladas junto ao órgão que indeferiu o
pedido, devendo ser remetidas, caso não haja reconsideração, no prazo de três dias,
juntamente com a representação e com a decisão impugnada, ao Conselho Superior do
Ministério Público ou à Câmara de Coordenação e Revisão respectiva para apreciação.
§ 3º Do recurso serão notificados os interessados para, querendo, oferecer
contra-razões.
§ 4º Expirado o prazo do artigo 5º, § 1º, desta Resolução, os autos serão
arquivados na própria origem, registrando-se no sistema respectivo, mesmo sem
manifestação do representante.
§ 5º Na hipótese de atribuição originária do Procurador-Geral, caberá pedido de
reconsideração no prazo e na forma do parágrafo primeiro.
Capítulo IV
Da Instrução
Art. 6º A instrução do inquérito civil será presidida por membro do Ministério
Público a quem for conferida essa atribuição, nos termos da lei.
§ 1º O membro do Ministério Público poderá designar servidor do Ministério
Público para secretariar o inquérito civil.
§ 2º Para o esclarecimento do fato objeto de investigação, deverão ser colhidas
todas as provas permitidas pelo ordenamento jurídico, com a juntada das peças em ordem
cronológica de apresentação, devidamente numeradas em ordem crescente.
§ 3º Todas as diligências serão documentadas mediante termo ou auto
circunstanciado.
§ 4º As declarações e os depoimentos sob compromisso serão tomados por
termo pelo membro do Ministério Público, assinado pelos presentes ou, em caso de recusa,
na aposição da assinatura por duas testemunhas.
§ 5º Qualquer pessoa poderá, durante a tramitação do inquérito civil, apresentar
ao Ministério Público documentos ou subsídios para melhor apuração dos fatos.
§ 6º Os órgãos da Procuradoria-Geral, em suas respectivas atribuições,
prestarão apoio administrativo e operacional para a realização dos atos do inquérito civil.
§ 7º O Ministério Público poderá deprecar diretamente a qualquer órgão de
execução a realização de diligências necessárias para a investigação.
§ 8º Os Procuradores-Gerais dos ramos do Ministério Público da União e dos
Estados devem encaminhar, no prazo de dez dias, os ofícios expedidos pelos membros do
Ministério Público ao Presidente da República, Vice-Presidente da República, Governadores

118
de Estado, Senadores, Deputados Federais, Estaduais e Distritais, Ministros de Estado,
Ministros de Tribunais Superiores, Conselheiros do Conselho Nacional de Justiça e do
Conselho Nacional do Ministério Público, Conselheiros dos Tribunais de Contas,
Desembargadores, Secretários de Estado e chefes de missão diplomática de caráter
permanente, não cabendo à chefia institucional a valoração do contido no ofício, podendo
deixar de encaminhar aqueles que não contenham os requisitos legais ou não empreguem o
tratamento protocolar devido ao destinatário.
§ 9º Todos os ofícios requisitórios de informações ao inquérito civil e ao
procedimento preparatório deverão ser fundamentados e acompanhados de cópia da
portaria que instaurou o procedimento.
Art. 7º Aplica-se ao inquérito civil o princípio da publicidade dos atos, com
exceção dos casos em que haja sigilo legal ou em que a publicidade possa acarretar
prejuízo às investigações, casos em que a decretação do sigilo legal deverá ser motivada.
§ 1º Nos requerimentos que objetivam a obtenção de certidões ou extração de
cópia de documentos constantes nos autos sobre o inquérito civil, os interessados deverão
fazer constar esclarecimentos relativos aos fins e razões do pedido, nos termos da Lei nº
9.051/95.
§ 2º A publicidade consistirá:
I - na divulgação oficial, com o exclusivo fim de conhecimento público mediante
publicação de extratos na imprensa oficial;
II - na divulgação em meios cibernéticos ou eletrônicos, dela devendo constar as
portarias de instauração e extratos dos atos de conclusão;
III - na expedição de certidão e na extração de cópias sobre os fatos
investigados, mediante requerimento fundamentado e por deferimento do presidente do
inquérito civil;
IV - na prestação de informações ao público em geral, a critério do presidente do
inquérito civil;
V - na concessão de vistas dos autos, mediante requerimento fundamentado do
interessado ou de seu procurador legalmente constituído e por deferimento total ou parcial
do presidente do inquérito civil.
§ 3º As despesas decorrentes da extração de cópias correrão por conta de quem
as requereu.
§ 4º A restrição à publicidade deverá ser decretada em decisão motivada, para
fins do interesse público, e poderá ser, conforme o caso, limitada a determinadas pessoas,
provas, informações, dados, períodos ou fases, cessando quando extinta a causa que a
motivou.
§ 5º Os documentos resguardados por sigilo legal deverão ser autuados em
apenso.
Art. 8º Em cumprimento ao princípio da publicidade das investigações, o membro
do Ministério Público poderá prestar informações, inclusive aos meios de comunicação
social, a respeito das providências adotadas para apuração de fatos em tese ilícitos,
abstendo-se, contudo de externar ou antecipar juízos de valor a respeito de apurações ainda
não concluídas.
Art. 9º O inquérito civil deverá ser concluído no prazo de um ano, prorrogável
pelo mesmo prazo e quantas vezes forem necessárias, por decisão fundamentada de seu
presidente, à vista da imprescindibilidade da realização ou conclusão de diligências, dando-
se ciência ao Conselho Superior do Ministério Público, à Câmara de Coordenação e
Revisão ou à Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão.

119
Parágrafo único. Cada Ministério Público, no âmbito de sua competência
administrativa, poderá estabelecer prazo inferior, bem como limitar a prorrogação mediante
ato administrativo do Órgão da Administração Superior competente.
Capítulo V
Do Arquivamento
Art. 10. Esgotadas todas as possibilidades de diligências, o membro do
Ministério Público, caso se convença da inexistência de fundamento para a propositura de
ação civil pública, promoverá, fundamentadamente, o arquivamento do inquérito civil ou do
procedimento preparatório.
§ 1º Os autos do inquérito civil ou do procedimento preparatório, juntamente com
a promoção de arquivamento, deverão ser remetidos ao órgão de revisão competente, no
prazo de três dias, contado da comprovação da efetiva cientificação pessoal dos
interessados, através de publicação na imprensa oficial ou da lavratura de termo de afixação
de aviso no órgão do Ministério Público, quando não localizados os que devem ser
cientificados.
§ 2º A promoção de arquivamento será submetida a exame e deliberação do
órgão de revisão competente, na forma do seu Regimento Interno.
§ 3º Até a sessão do Conselho Superior do Ministério Público ou da Câmara de
Coordenação e Revisão respectiva, para que seja homologada ou rejeitada a promoção de
arquivamento, poderão as pessoas co-legitimadas apresentar razões escritas ou
documentos, que serão juntados aos autos do inquérito ou do procedimento preparatório.
§ 4º Deixando o órgão de revisão competente de homologar a promoção de
arquivamento, tomará uma das seguintes providências:
I – converterá o julgamento em diligência para a realização de atos
imprescindíveis à sua decisão, especificando-os e remetendo ao órgão competente para
designar o membro do Ministério Público que irá atuar;
II – deliberará pelo prosseguimento do inquérito civil ou do procedimento
preparatório, indicando os fundamentos de fato e de direito de sua decisão, adotando as
providências relativas à designação, em qualquer hipótese, de outro membro do Ministério
Público para atuação.
§ 5º Será pública a sessão do órgão revisor, salvo no caso de haver sido
decretado o sigilo.
Art. 11. Não oficiará nos autos do inquérito civil, do procedimento preparatório ou
da ação civil pública o órgão responsável pela promoção de arquivamento não homologado
pelo Conselho Superior do Ministério Público ou pela Câmara de Coordenação e Revisão.
Art. 12. O desarquivamento do inquérito civil, diante de novas provas ou para
investigar fato novo relevante, poderá ocorrer no prazo máximo de seis meses após o
arquivamento. Transcorrido esse lapso, será instaurado novo inquérito civil, sem prejuízo
das provas já colhidas.
Parágrafo único. O desarquivamento de inquérito civil para a investigação de fato
novo, não sendo caso de ajuizamento de ação civil pública, implicará novo arquivamento e
remessa ao órgão competente, na forma do art. 10, desta Resolução.
Art. 13. O disposto acerca de arquivamento de inquérito civil ou procedimento
preparatório também se aplica à hipótese em que estiver sendo investigado mais de um fato
lesivo e a ação civil pública proposta somente se relacionar a um ou a algum deles.
Capítulo VI
Do Compromisso de Ajustamento de Conduta

120
Art. 14. O Ministério Público poderá firmar compromisso de ajustamento de
conduta, nos casos previstos em lei, com o responsável pela ameaça ou lesão aos
interesses ou direitos mencionados no artigo 1º desta Resolução, visando à reparação do
dano, à adequação da conduta às exigências legais ou normativas e, ainda, à compensação
e/ou à indenização pelos danos que não possam ser recuperados.
Capítulo VII
Das Recomendações
Art. 15. O Ministério Público, nos autos do inquérito civil ou do procedimento
preparatório, poderá expedir recomendações devidamente fundamentadas, visando à
melhoria dos serviços públicos e de relevância pública, bem como aos demais interesses,
direitos e bens cuja defesa lhe caiba promover.
Parágrafo único. É vedada a expedição de recomendação como medida
substitutiva ao compromisso de ajustamento de conduta ou à ação civil pública.
Capítulo VIII
Das Disposições Finais
Art. 16. Cada Ministério Público deverá adequar seus atos normativos referentes
a inquérito civil e a procedimento preparatório de investigação cível aos termos da presente
Resolução, no prazo de noventa dias, a contar de sua entrada em vigor.
Art. 17. Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 17 de setembro de 2007.
ANTONIO FERNANDO BARROS E SILVA DE SOUZA
Presidente do Conselho Nacional do Ministério Público

121
ANEXO 6

PRECEDENTES PRINCIPAIS DO CSMPT

07 REMESSA DE AUTOS RELATIVOS À LEI DA ACP


Desnecessária a remessa dos autos, para homologação do Conselho superior, quando
verificada a ilegitimidade ou incompetência funcional do Ministério Público do Trabalho
para atuar, devendo os autos ser remetidos ao órgão competente, nos termos da Lei
Complementar nº 75/93. DJ – 17/12/02

08 MATÉRIA PACIFICADA NO CSMPT. NÃO CONHECIMENTO DA REMESSA OU


HOMOLOGAÇÃO DO ARQUIVAMENTO POR DECISÃO MONOCRÁTICA.
Tratando-se de matéria com orientação pacificada no Conselho Superior do Ministério
Público, o Conselheiro Relator, por despacho e invocando o respectivo Precedente, não
conhecerá da remessa, ou, se for o caso, homologará a promoção de arquivamento,
devolvendo os autos à origem. Nova redação DJ - 11/04/05

09 PROMOÇÃO DE ARQUIVAMENTO – AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO


As promoções de arquivamento dos autos do inquérito civil público ou das peças
informativas deverão ser fundamentadas na forma do artigo 9º da Lei 7.347/85,
implicando sua não observância a devolução ao Procurador vinculado. DJ - 27/02/04

10 EMPRESA – SOCIEDADE – ENCERRAMENTO DE ATIVIDADES OU


IMPOSSIBILIDADE DE LOCALIZAÇÃO.
Nos procedimentos investigatórios onde restar configurado o encerramento de
atividades de empresa, sociedade ou entidade investigada ou denunciada, ou tornar-se
impossível sua localização, após a exaustão das diligências, atestados pelo procurador
vinculado ao feito, poderá o Conselheiro Relator, por despacho, homologar a promoção
de arquivamento, devolvendo o processo à origem. DJ - 27/02/04

11 PROCEDIMENTO PRINCIPAL – DESMEMBRAMENTO – UNIFORMIZAÇÃO DE


DECISÕES – APENSAMENTO.
Verificando que o feito decorre de desmembramento de Procedimento já existente,
originariamente instaurado contra a única tomadora de serviços, sob qualquer
modalidade, deverá o Relator determinar o retorno dos autos à Regional de origem,
para, apensando-se ao Procedimento principal, ser apreciado conjuntamente,
observado, no que couber, o princípio da prevenção. DJ - 01/10/04

12 PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO – INEXISTÊNCIA OU CORREÇÃO DAS


IRREGULARIDADES – HOMOLOGAÇÃO POR DESPACHO.
Nos casos de procedimentos investigatórios onde restar comprovada a correção ou a
inexistência das irregularidades denunciadas, atestadas pelo Procurador oficiante,
poderá o Conselheiro Relator homologar, por despacho, a promoção de arquivamento,
devolvendo os autos à origem. DJ - 01/03/05

13 LESÃO DE DIREITO TRABALHISTA NÃO TUTELÁVEL POR AÇÃO CIVIL


PÚBLICA. DESNECESSIDADE DE REMESSA DOS AUTOS AO CSMPT PARA
HOMOLOGAÇÃO DO ARQUIVAMENTO.

122
Somente estarão sujeitos ao controle revisional do Conselho Superior do Ministério
Público do Trabalho os procedimentos investigatórios ou peças de informações
concernentes à violação de direitos tuteláveis por Ação Civil Pública, artigo 9º, § 1º, da
Lei nº 7.347/85. Verificando que o caso não se enquadra nessa hipótese, o Conselheiro
Relator, por despacho, não conhecerá da remessa. Nova redação DJ – 31/05/07,

14 MEDICINA E SEGURANÇA DO TRABALHO IRREGULARIDADES EM EMPRESA


DE CONSTRUÇÃO CIVIL. CESSAÇÃO DAS ATIVIDADES APENAS EM
DETERMINADO CANTEIRO DE OBRA. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE PERDA DE
OBJETO.
Quando a denúncia referir-se a descumprimento de normas de medicina e segurança do
trabalho por empresa regular de construção civil em qualquer modalidade, a
investigação não perde o objeto mesmo que cessada as atividades no canteiro-de-obra
indicado na representação, porque esse tipo de empreendimento geralmente executa
atividades em vários canteiros-de-obra. A representação somente deve ser arquivada
quando houver prova da inexistência de outras obras na base territorial de atuação do
Procurador Oficiante, o que pode ser obtido mediante declaração do CREA, da DRT, do
denunciante, de testemunhas ou qualquer outro meio idôneo de prova. DJ - 11/04/05

15 DENÚNCIA ANÔNIMA.
Apenas o fato de a denúncia ser anônima não justifica o seu arquivamento liminar. DJ -
11/04/05

16 INVESTIGAÇÃO REPETIDA
Mantém-se o arquivamento do Procedimento Investigatório quando contra a mesma
empresa já existe outro procedimento em curso investigando as mesmas
irregularidades. DJ – 30/05/2005

17 VIOLAÇÃO DE DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS – ATUAÇÃO DO


MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO – DISCRICIONARIEDADE DO
PROCURADOR OFICIANTE.
Mantém-se, por despacho, o arquivamento da Representação quando a repercussão
social da lesão não for significativamente suficiente para caracterizar uma conduta com
conseqüências que reclamem a atuação do Ministério Público do Trabalho em defesa de
direitos individuais homogêneos. A atuação do Ministério Público deve ser orientada pela
“conveniência social”. Ressalvados os casos de defesa judicial dos direitos e interesses
de incapazes e população indígena. DJ-18/10/2005

18 REPRESENTAÇÃO INEPTA — NECESSIDADE DE INFORMAÇÕES


COMPLEMENTARES. OMISSÃO DO DENUNCIANTE.
Tratando-se de representação que não contenha informações suficientes para o
início das investigações e não respondendo o seu autor à solicitação de maiores
esclarecimentos do procurador Oficiante, poderá o Conselheiro Relator, por
despacho, homologar a promoção de arquivamento, devolvendo os autos à origem.
DJ– 08/11/2005

19 CELEBRAÇÃO DE TAC. NÃO CONHECIMENTO DA REMESSA.


Não se conhece da remessa de procedimento encerrado em virtude de celebração de
Termo de Ajustamento de Conduta entre o Ministério Público do Trabalho e o
Denunciado. DJ – 12/04/2006,

123
20 INVIABILIDADE DE EXECUÇÃO DE TAC – COMPROMETIMENTO FINANCEIRO
DA DENUNCIADA.
No processo de execução de TAC ou ACP o Procurador oficiante poderá renegociar
prazos e condições de cumprimento das obrigações principais, bem como o valor da
multa respectiva, inclusive para dispensá-la parcial ou integralmente, quando o interesse
público assim exigir e a medida se revelar oportuna e compatível com as metas do
Ministério Público do Trabalho. DJ – 06/12/2006.

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ANEXO 7

ORIENTAÇÕES DA CCR

ORIENTAÇÃO Nº 1/CCR
FGTS - Legitimidade do MPT (119ª Reunião Ordinária de 20/05/04) -
Voto do Processo PGT-CCR-Nº 38/2003
Sem se cogitar da conveniência e da oportunidade, a critério exclusivo do
Órgão Oficiante, o Ministério Público do Trabalho possui legitimidade para atuar nas
hipóteses de não recolhimento do FGTS.

ORIENTAÇÃO Nº 2/CCR
Pedido de vista dos autos de PPs e ICPs (8ª Reunião Extraordinária
de 08/06/04) - Voto do Processo PGT-CCR-Nº 13/2003
"A CCR orienta as Procuradorias Regionais do Trabalho no sentido de
que, diante da natureza intrínseca dos procedimentos preparatórios e inquéritos
civis, a vista dos autos poderá ser feita em Secretaria da respectiva Coordenadoria,
evitando-se a concessão de carga para retirada dos mesmos, permitindo-se a
fotocópia de parte ou íntegra dos autos pelos interessados ou Procuradores,
acompanhado por servidor do Ministério Público do Trabalho, mediante prévia
ciência do Procurador oficiante.
A Câmara orienta, ainda, as Procuradorias Regionais a consignarem, de
forma fundamentada, nos autos dos procedimentos e inquéritos e a juízo exclusivo
do Procurador responsável, a imprescindibilidade de desenvolvimento das
investigações sob sigilo, sempre que possível com duração delimitada no tempo.
Enquanto durar a referida restrição, total ou parcial, poderá ser negada a
vista, ainda que na Secretaria da Coordenadoria, comprometendo-se o próprio
Procurador ou o servidor designado a comunicar oficialmente a disponibilidade dos
autos, ainda que parcial, à parte interessada em ter vista ou na obtenção de cópias
dos mesmos, assim que cessarem as razões que haviam determinado o
processamento do feito sob sigilo."

ORIENTAÇÃO Nº 3/CCR
Termo de compromisso do art. 627A da CLT e o previsto no parág. 6º,
do art. 5º, da Lei nº 7.347/85 - Distinção (125ª Reunião Ordinária de 14/12/04) -
Voto do Processo PGT-CCR-Nº 23/2001
A celebração, pelo Auditor Fiscal do Trabalho ou pela Chefia da
Fiscalização, no âmbito do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, do Termo de
Compromisso a que se refere o art. 627-A, da CLT, nas estritas hipóteses e na forma
prevista na legislação de regência da espécie, porque apenas inviabiliza a lavratura
do respectivo auto de infração, a cargo do mesmo MTE, não se confunde com a
ampla atuação do Ministério Público do Trabalho e nem a impede (arts. 129, III, da
Lei Maior; 83, III, da LC nº 75/93; 5º, § 6º, da Lei nº 7.347/85 e 876, da CLT).
Caberá, pois, ao Órgão Oficiante do MPT, a seu exclusivo critério e desde que haja
fundamentação suficiente para respaldar a sua atuação, decidir se aguarda o
cumprimento do Termo de Compromisso, já celebrado pelo MTE, ou se firma o

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Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta a que se refere o § 6º, do art.
5º, da Lei nº 7.347/85. Sempre que existir TCAC celebrado pelo MPT, anterior ao
Termo de Compromisso do MTE, o Órgão Oficiante do Parquet decidirá se executa a
multa tal como prevista no Termo por ele formalizado ou se flexibiliza o seu
pagamento. Por fim, em qualquer caso, caberá ao Órgão do MPT decidir, ainda
assim, se ajuíza a medida judicial que entender cabível, quando, também, a seu
exclusivo critério, houver fundamentação e justificativa para tanto.

ORIENTAÇÃO Nº 4/CCR
Artigo 83, XIII, da LC 75/93 (137ª Reunião Ordinária de 26/04/06) -
Voto do Processo PGT-CCR-Nº 207/2006
“É possível interpretar sistematicamente o art. 83, XIII, da LC 75/93,
considerados os princípios da unidade e da independência funcional, visando atingir
a máxima qualidade do parecer, no sentido de que a intervenção obrigatória diz
respeito à remessa dos processos judiciais em que forem parte pessoa jurídica de
direito público, Estado estrangeiro ou organismo internacional para a distribuição e
exame da existência do interesse público que, uma vez verificado ensejará parecer
obrigatório”

ORIENTAÇÃO Nº 5/CCR
Intervenção em Recursos interpostos pelo INSS (137ª Reunião
Ordinária de 26/04/06) - Voto do Processo PGT-CCR-Nº 15/2005
“INTERVENÇÃO DO MPT EM FEITOS ENVOLVENDO O INSS (Artigo
831, Parágrafo Único e 832, §4º, da CLT) – A teor do disposto no inciso XIII do artigo
83 da LC nº 75/93 é obrigatória a intervenção do MPT, na condição de custos legis,
nos recursos interpostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, com
espeque nos artigos: 831, Parágrafo Único e 832, §4º, da CLT. A forma da
intervenção do MPT em tais feitos, em respeito ao princípio da independência
funcional, ficará adstrita à análise do Procurador Oficiante em cada caso concreto”

ORIENTAÇÃO Nº 6/CCR
Precedente: Celebração de TAC (140ª Reunião Ordinária de 29/08/06)
- Voto do Processo PGT-CCR-Nº 214/2006
“O Procurador oficiante que, em virtude de celebração de Termo de
Ajustamento de Conduta entre o Ministério Público do Trabalho e o Denunciado,
decidir proceder ao encerramento do feito, poderá fazê-lo no âmbito da própria
Regional. Em tal hipótese, a remessa é dispensável.”

ORIENTAÇÃO Nº 7/CCR
Orientação para os Órgãos Oficiantes sobre arquivamento de
Procedimento Preparatório cujo objeto é idêntico a procedimento anterior
(140ª Reunião Ordinária de 29/08/06) - Voto do Processo PGT-CCR-Nº 15/2004
“Investigação Repetida. Priorização de mera juntada da nova peça ao
feito anterior, independentemente da fase em que este último se encontre.
Ultrapassado, todavia, o momento de autuação e distribuição sem observância da
aludida providência, recomenda-se ao órgão oficiante que determine o apensamento
da peça mais recente ao feito em curso. Se a conclusão for pelo arquivamento, a
elaboração e encaminhamento da promoção, ao CSMPT, deverá abranger ambos os
feitos.”

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ORIENTAÇÃO Nº 8/CCR
Orientação sobre Termo de Ajustamento de Conduta - Multa (143ª
Reunião Ordinária de 14/12/06)
“EXECUÇÃO DE TERMO DE AJUSTE DE CONDUTA – MULTA – Dispõe
o Órgão Oficiante da faculdade de, a seu critério e com motivação lançada, aceitar
proposta de redução ou até mesmo de isenção da multa, quando essa revisão
revelar-se justificada, oportuna e for reclamada pelo interesse público primário, além
de compatível com a efetividade das metas do Ministério Público do Trabalho.”

ORIENTAÇÃO Nº 9/CCR
Orientação para os Órgãos do Ministério Público do Trabalho em
atuação custos legis em Mandado de Segurança impetrado contra Membro da
mesma Instituição (MPT) que preside Inquérito Civil ou procedimento
investigatório (148ª Reunião Ordinária de 26/06/07) - Voto do Processo PGT-
CCR-Nº 330/2006
“UNIDADE INSTITUCIONAL. VISTO EM MANDADO DE SEGURANÇA
IMPETRADO CONTRA MEMBRO QUE PRESIDE INQUÉRITO CIVIL. Visando a
preservação da unidade institucional, a Câmara de Coordenação e Revisão orienta
os órgãos do Ministério Público do Trabalho que na atuação custos legis em
mandado de segurança impetrado contra Membro do Ministério Público que preside
inquérito civil ou procedimento investigatório proceda-se somente visto nos autos de
mandado de segurança, de forma a preservar eventual afetação direta do curso dos
mesmos, ou de ação ajuizada”.

ORIENTAÇÃO Nº 10/CCR
Orientação sobre o envio de informações das prorrogações dos
prazos de conclusão dos inquéritos civis - art. 9º, Res. 69/07-CSMPT (166ª
Reunião Ordinária de 28/04/09)
“Recomenda-se ao Órgão responsável que ao comunicar a prorrogação
dos prazos dos inquéritos civis, faça-o fundamentadamente encaminhando o número
do IC, o nome das partes investigadas, o objeto/tema, a data da instauração do IC e
a data da(s) prorrogação(ões) havida.”

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ANEXO 8

RECOMENDAÇÕES DA CCR

RECOMENDAÇÃO Nº 1 (143ª Reunião Ordinária de 14/12/06)


DIVERGÊNCIA DO ÓRGÃO OFICIANTE EM RELAÇÃO AO TEOR
DAS ORIENTAÇÕES DA CCR – O Procurador Oficiante que divergir
do teor de Orientação da CCR, deverá justificar sua divergência,
tanto para respaldar a distribuição do feito a outro Órgão do MPT,
quanto para dar suporte a sua atuação, devendo ainda encaminhar à
CCR suas considerações, para permitir a reavaliação do teor da
orientação, auxiliando na promoção, aperfeiçoamento ou até mesmo
o seu eventual cancelamento.

RECOMENDAÇÃO Nº 2 (144ª Reunião Ordinária de 27/02/07)


AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. DEVOLUÇÃO AO
PROCURADOR VINCULADO POR MEIO DE DESPACHO DO
RELATOR. Os procedimentos de competência da CCR deverão ser
suficientemente fundamentados pelo Órgão Oficiante que os
remeter, obedecendo-se o inafastável princípio administrativo de
motivação dos atos, implicando sua não observância, na devolução
ao Procurador vinculado, com base no Precedente nº 02/CCR.

RECOMENDAÇÃO Nº 3 (165ª Reunião Ordinária de 31/03/09)


CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES - ENVIO DOS AUTOS À CCR. Os
Órgãos Regionais, ao argüirem conflito de atribuição, devem,
atendidos os comandos da Resolução nº 69/07, promover a remessa
do feito à CCR com a devida anotação na capa do procedimento e
guias de remessa.

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ANEXO 9

PRECEDENTES DA CCR

Precedente nº 01 - 18ª Reunião Extraordinária (05/10/05)


As hipóteses de homologação de arquivamento, poderão ser
decididas pelo Relator, por simples despacho, com a conseqüente
devolução dos autos à origem.

Precedente nº 02 - 144ª Reunião Ordinária (27/02/07)


AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. DESPACHO – Todos os atos
exarados nos procedimentos de competência da CCR deverão ser
suficientemente fundamentados pelo Procurador Oficiante,
implicando a sua não observância na devolução por mero despacho,
do Relator.

Precedente nº 03 – 157ª Reunião Ordinária (28/05/08)


É DESNECESSÁRIA A FUNDAMENTAÇÃO PELO ÓRGÃO
REVISOR QUANDO, APÓS FORMADO O JUÍZO VALORATIVO
PERTINENTE, DECIDIR PELA HOMOLOGAÇÃO DA PROMOÇÃO
DE ARQUIVAMENTO EM REMESSA SIMPLES,
DESACOMPANHADA DE RECURSO.

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