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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

FACULDADE DE TECNOLOGIA
ENGENHARIA QUÍMICA

LUIZ HENRIQUE BECKER MOREIRA

SOCIOLOGIA E ÉTICA DO TRABALHO – TRABALHO FINAL

Manaus – AM
2015
LUIZ HENRIQUE BECKER MOREIRA

SOCIOLOGIA E ÉTICA DO TRABALHO – TRABALHO FINAL

Trabalho final para obtenção de nota parcial para


aprovação na disciplina Sociologia do Trabalho e Ética
no curso de graduação em Engenharia Química pela
Universidade Federal do Amazonas

Orientadora: M.ª Carla Denise Moura Fernandes

Manaus – AM
2015
1 INTRODUÇÃO

A revolução industrial levou às mudanças nos ambientes de trabalho e nos


sistemas econômicos e sociais em vários países no mundo. As novas condições levaram a
surgir questões sobre os sistemas existentes e quais os benefícios e desvantagens que eles têm.
A sociologia tenta explicar o que é a ética, e leva o indivíduo a questionar o status quo atual
em busca de melhores condições de vida e bem-estar. Neste trabalho, o filme Tempos
Modernos é utilizado para fazer um paralelo às situações adversas encontradas no dia-a-dia
dos trabalhadores e como tais situações afetam a vida de cada pessoa. Situações de ética no
trabalho, da situação social e da mentalidade moderna de consumo e perspectiva de vida são
levantadas para analisar como ocorrem e o que isso implica na sociedade atual.
2 DISCUSSÃO

O filme tempos modernos ilustra como era o trabalho no início da revolução


industrial. A revolução industrial começou no final do século XVIII na Inglaterra com os
primeiros maquinários movidos a vapor, a descoberta do fracionamento do petróleo por James
Young e outros meios de energia. A revolução industrial se deve muito mais às novas fontes
de energia do que à criação de novos modelos de gestão, uma vez que estes vieram para
organizar a nova produção e demanda de produtos. É interessante notar se a organização do
trabalho continuaria a mesma se não houvessem sido descobertas novas fontes de energia
abundantes.

Quando a revolução industrial entrou em curso e a visão de novos lucros


através da produção de mais e mais produtos se instalou, principalmente nos países europeus e
nos Estados Unidos, novas formas de organização do trabalho começaram a surgir. Os antes
pequenos negócios manufatureiros, frequentemente exercidos num regime familiar e
integrado entre todos os trabalhadores, foram substituídos por um modelo onde a fabricação é
sistêmica. Essa nova organização se deu pelo investimento de capital em ampliação das
estruturas onde a manufatura era exercida para a criação de fábricas. Novos materiais,
máquinas e ferramentas facilitavam o trabalho e tiravam do antigo trabalhador comum a sua
necessidade no processo produtivo. Esse fato ajudou a acarretar a crise de 1929, devido à
grande porcentagem de desempregados em países em fase de industrialização.

Durante o período de crescimento de novos negócios, a quantidade de processos a


se operar, funcionários a administrar e prazos a cumprir levou a novos meios de organização.
O século XVIII impulsionou muitos avanços posteriores em ciência, principalmente pela
invenção do cálculo diferencial e integral por Newton e Leibniz. O aumento do rigor
científico acarretou muitas mudanças e várias tecnologias e campos começaram a surgir.
Entre eles, o estudo sistêmico de termodinâmica, fluidodinâmica, mecânica e ciência dos
materiais, química entre outros. As novas ferramentas matemáticas permitiram auxiliar a
criação de modelos cada vez mais precisos. Com as novas tecnologias, principalmente novos
maquinários que “tomavam” o lugar do trabalhador, certas funções deixaram de existir e
novas foram criadas.

O trabalhador agora enfrentava uma nova visão para o seu trabalho. Conforme as
novas máquinas e tecnologias eram implantadas, os trabalhadores eram encaixados em certas
operações específicas. No trabalho de manufatura familiar pré-revolução-industrial, o ofício
era ensinado geralmente em seu todo ao aprendiz: o jovem aprendia todas as etapas
envolvidas, exceto apenas geralmente a parte econômica, que pertencia geralmente ao chefe
de família. Quando as novas máquinas foram postas em prática, não era necessário ensinar ao
trabalhador todas as etapas do trabalho, apenas a parte que era essencial ao trabalhador para
que o processo continuasse a ser desenvolvido. O aumento da quantidade de funcionários nas
fábricas levou à saída do relacionamento aprendiz-instrutor no ambiente de trabalho para uma
relação chefe-funcionário. A dinâmica no gerenciamento de pessoas mudou drasticamente. O
maior número de pessoas levou às divisões que historicamente acontecem quando a dinâmica
de grupo humana necessita da uma ordem para evitar o caos e a anarquia: uma organização
social baseada nos já conhecidos sistemas sociais (democracia, socialismo, totalitarismo etc).
Assim os modelos para as fábricas começaram a se delinear para uma organização baseada na
hierarquia, onde há uma clara divisão entre os componentes do grupo. Agora, os antigos
chefes de família que eram fazendeiros ricos em terras, que cuidavam das economias e trocas
realizadas na antiga arte manufatureira viraram os empresários que tinham em mãos o
dinheiro necessário ao investimento de capital. E os pobres fazendeiros migraram às cidades
por terem sido despojados de suas terras, tudo isso devido também a uma grande revolução na
agricultura na Inglaterra. Por terem esse controle do capital, e pelo capitalismo estar se
desenvolvendo nessa época, as noções de valor do trabalho e igualdade na distribuição das
rendas geradas nas fábricas levaram à uma grande disparidade na situação de empregadores e
empregados. E essa disparidade se estende aos tempos atuais. Qual o valor justo que um
trabalhador deveria receber por seu trabalho prestado?

Essa é uma resposta subjetiva nos tempos atuais. Muitas vezes o salário que
alguém recebe é baseado em seu grau de estudo, em suas qualificações, em seu tempo de
serviço prestado. As pessoas contratadas são muitas vezes pagas em horas, frequentemente
porém a análise de qual trabalho vale mais a hora do que o outro é muito subjetivo. No filme
“Tempos Modernos”, não é permitido a Carlitos usufruir do esforço de seu trabalho em
termos materiais. Todo o seu pesado trabalho não rende frutos financeiros, apenas causando
danos ao personagem e não representando uma melhora significativa em sua vida. A
promessa de uma vida civilizada e feliz através do consumo não se concretiza para Carlitos,
que precisa criar a felicidade a partir de suas experiências “não-materiais”. No caso, de sua
amizade com uma personagem mulher que surge na história. O lapso nervoso do personagem
Carlitos apenas revela o esforço (físico e psicológico) a que eram submetidos os
trabalhadores nas fábricas durante a revolução industrial. A recompensa era mínima, quase
um regime de escravidão disfarçada, onde as classes se distanciavam e a igualdade era cada
vez menor. A abundância e esbanjamento para alguns e nada para outros levou às greves dos
trabalhadores e às melhorias das condições de trabalho. Estas eram tão precárias no início do
trabalho em fábricas que obrigavam os trabalhadores a cargas horárias de até 14 horas,
crianças inclusive, que viviam em um ambiente sujo, quente e próximos a máquinas
perigosas, trabalhando seis dias por semana, com apenas pausa para o almoço, e sem plano
nenhum de ajuda do governo. (Campbell, 2013)

O capitalismo praticado atualmente é muito diferente do que existia no século


XVIII. A classe trabalhadora conseguiu, em vários países – principalmente os hoje países
desenvolvidos – assegurar uma qualidade mínima de vida no trabalho e de remuneração.
Porém o sistema está longe da perfeição. Estas seguridades são dependentes dos rumos da
economia, e se um país não prospera não há retorno para os trabalhadores. Em muitos países
democráticos, mesmo pagando pesados impostos a população não têm garantia do bem-estar
social da qual teriam direito. O materialismo na venda de produtos faz com que o
consumismo se acentue. A ideia do consumismo é ter dinheiro para gastar, e para isso as
pessoas têm de trabalhar incessantemente. É a motivação por trás do sistema de capital, a
perspectiva da venda de “felicidade pela aquisição de bens” faz com que as pessoas trabalhem
mais e mais. Quanto melhor a marca, quanto mais popular o produto, mais feliz você será se
adquiri-lo. Produtos que garantem “facilidade”, “felicidade”, “praticidade” e “status” vendem
como água comprados por pessoas que não têm a oportunidade de parar, pensar e refletir
sobre o que realmente estão fazendo. A venda da “felicidade” acaba também vendendo a
“infelicidade”. A noção que o consumo te faz feliz gera uma mentalidade que
psicologicamente não permite que você se sinta bem com pouco. E aí as diferenças sociais e
os contrastes urbanos se acentuam ainda mais. Shoppings contrastam com favelas; grandes
edifícios criam ambientes hostis às pessoas “simples”. A sociedade tenta amenizar as
desigualdades com projetos sociais, centros de integração e oportunidades, que são ações
muito válidas mas que não surtem um efeito macroscópico como um todo. A integração acaba
se limitando a ensinar às pessoas da “classe inferior” que elas podem, se trabalharem muito,
talvez subir à “classe superior”. Esse fato é demonstrado no filme Tempos Modernos, e a
personagem de Chaplin representa esse trabalho incessante e a disparidade de classes.
(KORSTANJE, 2015)
Todas essas características que o capitalismo têm demonstram a dificuldade em
criar um ambiente de conforto, tranquilidade e respeito mútuo entre as pessoas. Questões
antiéticas são anunciadas quase que diariamente nos jornais televisivos. No filme de Chaplin,
há vários exemplos dessa questão. A máquina de alimentação criada para não interromper o
trabalho trata o operário como se ele mesmo fosse uma máquina. Não há respeito à condição
humana. Essa condição exige que as necessidades básicas sejam atendidas de forma a garantir
o bem-estar social. O modo como uma sociedade vê o trabalho interfere totalmente em como
essas necessidades são preenchidas. Há sociedades em que o trabalho garante ao trabalhador
apenas as necessidades mais básicas. Não há ética, nem valorização, não há um ambiente
social saudável, não há respeito nem segurança. Em sociedades que tentaram o sistema
socialista, a burocracia, a falta de motivação e corrupção faziam do trabalhador um ser
desmotivado. No capitalismo, as pessoas buscam apenas alcançar o topo das necessidades
humanas, ou seja, a auto realização e a autoestima, que frequentemente estão ligados à
mentalidade consumista. Há uma insatisfação em apenas conseguir as necessidades básicas.
Na sociedade brasileira, não há perspectivas de segurança no emprego, segurança da vida. As
pessoas não têm garantias sociais e são discriminadas, faltam oportunidades. Todos esses
fatores minam nossa autoestima, e não permitem a auto realização. Aí, questões antiéticas
surgem. Corrupção, desvios e propinas parecem o jeito mais fácil de se realizar algo. O
problema é cultural. As pessoas tem a impressão que “todos roubam, então porque também eu
não?”. O corrupto é “esperto”, “intocável” e a justiça não o alcança. Essas ideias desmotivam
a população e a classe trabalhadora a agir corretamente. Práticas antiéticas como furar a fila,
roubar pequenas quantidades de dinheiro, falar mal pelas costas, colar na prova, alterar
documentos, ser medíocre acabam se tornando aceitáveis. A população não consegue
enxergar que são justamente esses pequenos fatores que criam o ambiente de corrupção. O
valor cultural que preza a ética, honestidade e humildade podem ser adquiridos com a
educação. Estratégias para que esses valores sejam embutidos são valorizar a família; definir
os papeis dos pais na educação dos filhos; valorizar e incentivar esses conceitos nos mais
jovens e finalmente, permitir o acesso de todos à uma educação de qualidade. A ética no
trabalho está baseada no respeito mútuo e na garantia integral dos direitos do indivíduo, sejam
eles amparados na lei, no senso comum, no pensamento sociológico ou no código de ética de
cada pessoa.
3 CONCLUSÃO

A revolução industrial levou à novas condições sociais e de trabalho. As situações


iniciais dessa época eram muito precárias e tratavam o trabalhador como escravo. As greves
no século XX trouxeram certa garantias mínimas às classes trabalhadoras, embora isso nem
sempre seja garantido, dependendo da economia de um país capitalista. Questões antiéticas
surgem da desigualdade social e da mentalidade consumista atrelada ao capitalismo. A
pirâmide de necessidades básicas nem sempre é atendida integralmente, e as pessoas tendem a
não se satisfazer com as necessidades básicas existentes, buscando sempre a auto realização
pela ascendência às classes superiores e à mentalidade consumista. Esses fatores são o
mecanismo de motivação do capitalismo. O filme Tempos Modernos é um paralelo das
situações do trabalhador e uma metáfora das coisas inerente a ele. A corrupção e o ambiente
antiético no trabalho podem ser combatidos com uma mudança da perspectiva cultural e por
um acesso à educação de qualidade para todos.
BIBLIOGRAFIA

Campbell James W.P. The Industrial Revolution, 1700-1900 [Seção do Livro] // The Library: A World
History. - 2013.

KORSTANJE M The origins of Power, Prosperity and Poverty [Artigo] // Journal of International and
Global Studies. - 2015. - 2. - 2 : Vol. 6.

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