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O ensaio por líquido penetrante (LP) é utilizado para detectar descontinuidades superficiais e
que sejam abertas, tais como: trincas, poros, dobras, etc., podendo ser aplicado em todos os
materiais sólidos e que não sejam porosos ou com superfície muito grosseira.
1 – Histórico
Utilizado no século XIX pela indústria ferroviária que inspecionava peças como rodas e eixos
da seguinte maneira:
1 – Limpeza, fervendo as peças numa solução de soda cáustica;
2 – Secagem;
3 – Imersão das peças em tanque de óleo diluído com querosene;
4 – Remoção do excesso com solvente;
5 – Secagem
6 – Aplicação de pó de giz com álcool;
7 – Martelamento para se provocar uma vibração;
8 – Inspeção.
2 – Método de ensaio
1 – Preparação da superfície;
2 – Aplicação do líquido penetrante;
3 – Remoção do excesso de penetrante;
4 – Aplicação do revelador;
5 – Inspeção.
O penetrante pode ser aplicado por: imersão, pincelamento, derramamento ou por aspersão,
em toda a superfície de interesse.
O penetrante deverá permanecer em contato com a superfície pelo menos durante o tempo
mínimo de penetração. Pela norma da Petrobrás N-1596, o tempo de penetração deve ser
suficiente para que haja completa penetração nas descontinuidades. Recomenda-se adotar o
tempo mínimo de penetração, indicado pelo fabricante dos “kits” de LP, porém nunca inferior
a 10 minutos, e nem superior a 60 minutos.
2.5 - INSPEÇÃO
Esta é a etapa onde se procuram as indicações das descontinuidades que podem variar em
função do tipo de penetrante utilizado.
Como o revelador atua como um mata-borrão, as indicações serão sempre maiores do que o
tamanho real das descontinuidades. Quanto maior a descontinuidade, mais penetrante dentro
da mesma e maior o tamanho da indicação. Pelo mesmo motivo, as descontinuidades
pequenas, fechadas ou rasas, apresentam uma indicação bastante suave, muitas vezes de
coloração rosada (no caso de penetrante vermelho).
A inspeção deve ser feita sob boas condições de luminosidade, se o penetrante é do tipo
visível (cor contrastante com o revelador) ou sob luz negra, em área escurecida, caso o
penetrante seja fluorescente.
A interpretação dos resultados deve ser baseada no Código de fabricação da peça ou norma
aplicável ou ainda na especificação técnica do cliente.
Deve ser executada quando o penetrante e/ou revelador residuais possam interferir com o
processamento subseqüente ou com as condições de serviço da peça, podendo ser
empregadas técnicas tais como: lavagem com água e limpeza com solvente.
d – indicação da descontinuidade
Vantagens:
- simplicidade do método;
- Utilizando a fotografia do defeito, fica fácil avaliar os resultados;
- Não existe limitação de tamanho e forma das peças a ensaiar;
- O método pode revelar descontinuidades (trincas) extremamente finas (da ordem
de 0,001 mm de abertura).
Limitações:
- Só detecta descontinuidades abertas para a superfície;
- A superfície do material não pode ser porosa ou absorvente – ocorre o
mascaramento de resultados;
- Temperatura da superfície recomendada para a realização dos testes: de 10 a 500C;
- Em alguns casos é necessário uma limpeza mais rigorosa (caso de soldagem
posterior ou equipamento que será utilizado na indústria alimentícia).
4 – O LÍQUIDO PENETRANTE
Para que o penetrante tenha as qualidades citadas acima, é necessário se ter certas
propriedades, tais como:
Viscosidade
A viscosidade influi diretamente na velocidade com que um penetrante entra ou sai de uma
descontinuidade. Quanto maior a viscosidade, menor é a velocidade de penetração, talvez
nem chegue a penetrar. Por outro lado, se a viscosidade for muito baixa, o penetrante estará
sujeito à remoção. Portanto, um líquido penetrante deverá ter uma viscosidade média, a qual
será resultado da adição de vários ingredientes.
Tensão superficial
É o resultado das forças de atração entre as moléculas de um líquido, como no caso de uma
gota de água que tem a tendência de se contrair na forma esférica. Conseqüentemente, a
tensão superficial exerce um papel importante uma vez que ela determina a capacidade de
penetração. Genericamente, é desejável que um líquido penetrante tenha uma tensão
superficial relativamente baixa.
No exemplo mostrado na Figura 2, o líquido 1 possui menor tensão superficial que os outros
dois, e o líquido 3 é o que possui a mais alta tensão superficial (por exemplo, o mercúrio). A
Tabela 1 apresenta as características de alguns líquidos.
Poder de umectação
O poder de umectação é determinado através do ângulo de contato, que é medido entre o
líquido e a superfície, no ponto de contato. Quanto menor esse ângulo, maior é o pode de
umectação.
Volatilidade
De uma maneira geral, o líquido penetrante não deve ser volátil. A baixa volatilidade
apresenta alguns inconvenientes tais como, secagem de penetrante aplicado na superfície, ou
no tanque, bem como daquele que penetrou na descontinuidade. Quanto mais volátil o
penetrante, menos tempo de penetração pode ser dado.
Ponto de fulgor
É definido como a menor temperatura na qual o vapor de um líquido se inflama na presença
de uma chama, sob determinadas condições. Conseqüentemente, é desejável que o LP tenha o
maior ponto de fulgor possível (acima de 2000C). A tabela 2 mostra os pontos de fulgor de
alguns líquidos, para comparação.
Inércia química
O LP tem que ser inerte e não corrosivo, tanto em relação ao material que estiver
inspecionando, quanto para os recipientes.
Solubilidade
O LP deve ser facilmente removível da superfície na qual estiver aplicado, através de
solventes. A solubilidade é desejável também nas operações de limpeza doa tanques e demais
equipamentos utilizados tanto na fabricação do produto quanto no uso.
Toxidade
Tanto quanto possível, o LP deve apresentar baixo índice de toxidez, tanto para a pele quanto
para as vias respiratórias.
Classificação:
- visibilidade;
- tipo de remoção.
-
Tabela 3 – Classificação dos LP
MÉTODO TIPO DE REMOÇÃO
Água Pós-emulsificável Solvente
A – fluorescente A1 A2 A3
B – visível colorido B1 B2 B3
Líquido penetrante visível colorido
O penetrante é, geralmente, de cor vermelha, para que as indicações produzam um contraste
acentuado com o fundo branco do revelador, sendo perfeitamente perceptível com luz visível.
5. O REVELADOR
Propriedades de um revelador:
- deve ser constituído de material absorvente para aumentar a ação de mata-borrão;
- deve ser de granulação fina;
- deve ser capaz de encobrir a coloração da superfície proporcionando um fundo de
contraste de cor uniforme;
- deve ser de fácil aplicação em uma camada fina e uniforme;
- deve ser facilmente umedecível pelo LP;
- ser de fácil remoção para a limpeza final;
- não deve conter substância danosa tanto para as peças quanto aos usuários;
- deve ter a habilidade em aderir à superfície.
Os reveladores podem ser:
- de pó seco;
- aquosos (pó em suspensão ou solução em água);
- não aquoso (pó em suspensão em solvente volátil);
- revelador de filme plástico.
Revelador de pó seco
Foram os primeiros e continuam a ser usados com penetrantes fluorescentes. Os primeiros
usados compunham-se de talco ou giz. Atualmente os melhores reveladores consistem de
uma combinação selecionada de pós. São basicamente uma mistura fofa de sílica e talco. Em
alguns casos é necessária uma secagem periódica em fornos.
Este tipo de revelador é indicado para sistemas estacionários ou automáticos onde as peças
são imersas em um tanque contendo a mistura, podendo ser aplicado através de pistolas
eletrostáticas.
Este tipo de revelador proporciona uma camada fina e não um filme contínuo como é o caso
do revelador em suspensão aquosa. Com isso, pode ocorrer uma perda de resolução
comparado com o revelador aquoso.
6. PROCEDIMENTO DE ENSAIO
É importante salientar que a aplicação do método de inspeção por LP deve sempre ser feita
através de um procedimento previamente elaborado e aprovado, contendo todos os
parâmetros essenciais do ensaio baseado na norma ou especificações aplicáveis ao produto a
ser inspecionado. As informações técnicas podem ser obtidas no Código ASME SEC. V
Artigo 6.
Preparação da superfície
A primeira etapa a ser seguida na realização do ensaio é a verificação das condições
superficiais da peça. Deverá estar isenta de resíduos, sujeiras, óleo, graxa e qualquer outro
contaminantes que possa obstruir as aberturas a serem detectadas.
A tabela abaixo apresenta os tipos de contaminantes e a sua remoção
Limpeza ultra-sônica – é o mais indicado para a limpeza de peças pequenas e seriado. Deve
ser utilizado em combinação com um solvente, se os contaminantes forem orgânicos.
O penetrante pode ser aplicado por aspersão, pincelamento ou imersão. A forma de aplicação
dependerá basicamente da disponibilidade do equipamento, da área a ser ensaiada e da
quantidade de peças.
Aspersão – o método usual é por aerossol, mas pistolas de ar comprimido também podem ser
utilizadas.
Pincelamento – o LP pode ser aplicado por pincel ou rolo de pintura
Imersão – a peça é imersa em um tanque ou recipiente contendo LP – indicado para peças
pequenas e seriadas onde as peças são colocadas numa cesta de arame e esta é imersa no
tanque.
Tempo de Penetração
Aplicação do revelador
1 - De pó seco
Normalmente o revelador seco é soprado sobre a superfície ensaiada após a remoção do
excesso de penetrante e secagem. Essa aplicação pode ser feita através de aplicadores
apropriados ou pistolas eletrostáticas.
Vantagens – simplicidade no manuseio.
Desvantagens – formação de poeira no ambiente de trabalho.
2 – Úmido aquoso
Pode ser aplicado por aspersão ou imersão. Contém um agente umectante, o qual atua como
removedor hidrofílico.
Devido ao fato deste tipo de revelador estar em uma suspensão aquosa, ou em solução, é
possível aplicá-lo na superfície de onde o excesso foi removido por lavagem com água, sem a
necessidade de uma operação de secagem. A secagem é realizada após a aplicação do
revelador, usando um secador de cabelo ou em forno. Existe a necessidade de um controle de
temperatura para somente evaporar a água, proporcionando uma camada uniforme de
revelador seco.
Vantagens – não emitem vapores inflamáveis ou poeira, custo baixo, apresenta
descontinuidades melhor visível que o pó seco.
Desvantagens – a ação do umectante funciona como um removedor de penetrante. Sendo
líquido, o revelador escorre antes que seja fixado pela secagem, dificultando a aplicação.
Este tipo de revelador, tal qual o de pó seco, não apresenta a ação de solvente que auxilia na
formação da indicação, tornando-o menos sensível.