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Tribunal Regional Federal

da 1ª Região – TRF 1
Técnico Judiciário – Área Administrativa

Língua Portuguesa
1 Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados. ................................................................................1
2 Reconhecimento de tipos e gêneros textuais. .............................................................................................................2
3 Domínio da ortografia oficial. ..................................................................................................................................... 10
4 Domínio dos mecanismos de coesão textual. 4.1 Emprego de elementos de referenciação, substituição e
repetição, de conectores e de outros elementos de sequenciação textual. 4.2 Emprego de tempos e modos
verbais. ............................................................................................................................................................................... 14
5 Domínio da estrutura morfossintática do período. 5.1 Emprego das classes de palavras. 5.2 Relações de
coordenação entre orações e entre termos da oração. 5.3 Relações de subordinação entre orações e entre
termos da oração. ............................................................................................................................................................. 21
5.4 Emprego dos sinais de pontuação. ......................................................................................................................... 51
5.5 Concordância verbal e nominal. .............................................................................................................................. 52
5.6 Regência verbal e nominal. ...................................................................................................................................... 55
5.7 Emprego do sinal indicativo de crase. .................................................................................................................... 58
5.8 Colocação dos pronomes átonos. ............................................................................................................................ 61
6 Reescrita de frases e parágrafos do texto. 6.1 Significação das palavras. 6.2 Substituição de palavras ou de
trechos de texto. 6.3 Reorganização da estrutura de orações e de períodos do texto. 6.4 Reescrita de textos de
diferentes gêneros e níveis de formalidade. ................................................................................................................ 61

Ética no Serviço Público


1 Ética e moral ......................................................................................................................................................................1
2 Ética, princípios e valores ................................................................................................................................................3
3 Ética e democracia: exercício da cidadania ..................................................................................................................5
4 Ética e função pública .......................................................................................................................................................6
5 Ética no Setor Público. 5.1 Resolução nº 147/2011 (Código de Conduta do Conselho da Justiça Federal de
Primeiro e Segundo Graus) 5.2 Lei nº 8.112/1990, e suas alterações. 5.2.1 Provimento, vacância, remoção,
redistribuição e substituição. 5.2.2 Direitos e vantagens. 5.2.3 Regime disciplinar: deveres, proibições,
acumulação, responsabilidades, penalidades, processo administrativo disciplinar ................................................7

Legislação Específica
1 Regimento Interno do TRF 1ª Região: 1 Parte I - Título II - art. 8º Capítulo II - Da Competência do Plenário,
da Corte Especial, das Seções e das Turmas. Seção I - Das Áreas de Especialização (§ 2º, inciso IV, alíneas a, b e
c). Art. 10 Capítulo II - Da Competência do Plenário, da Corte Especial, das Seções e das Turmas. Seção III - Da
Competência da Corte Especial (incisos III, IV, IX e X). Art. 12 Capítulo II - Da Competência do Plenário, da
Corte Especial, das Seções e das Turmas Seção IV - Da competência das Seções (inciso I, alínea a). Art. 16
Capítulo II - Da Competência do Plenário, da Corte Especial, das Seções e das Turmas. Seção VI - Da
competência comum aos órgãos julgadores (inciso I, alínea f). Art. 17 Capítulo II - Da Competência do Plenário,
da Corte Especial, das Seções e das Turmas. Seção VI - Da competência comum aos órgãos julgadores (incisos
III e IV). Art. 21 Capítulo III - Do presidente, do vice-presidente e do corregedor regional. Seção II - Das
atribuições do presidente (inciso XXXII, alíneas k e l e incisos XXXIII e XLIX). Art. 28 Capítulo IV - Das
atribuições dos presidentes de seção e de turma (incisos V e VII). Art. 29 Capítulo V - Do relator e do revisor.
Seção I - Do relator (incisos IX, XXI, XXII, XXIV, XXV, XXVI, XXXI, XXXII, XXXIII e XXXIV). Art. 45 e seus parágrafos

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- Capítulo VI - Das sessões Seção I - Das disposições Gerais. Art. 57, parágrafo único. Art. 59 (incisos VII e VIII)
Capítulo VI - Das sessões. Seção III - Das sessões do Plenário e da Corte Especial, art. 68 (§§ 3º e 4º e seus
incisos), Capítulo VI - Das sessões. Seção VI - Dos julgamentos não unânimes. Título II - Dos Serviços
Administrativos - art. 84 (inciso II) Capítulo VIII - Das comissões permanentes e temporárias, arts. 103 e 105,
§ 2º Capítulo III - Da coordenação dos juizados especiais federais e do sistema de conciliação. Parte III - Do
Processo - Título I - Das disposições gerais. ....................................................................................................................1
2 Lei nº 8.429/1992, e suas alterações: disposições gerais, atos de improbidade administrativa. .................. 44
3 Resolução CNJ nº 230/2016. ........................................................................................................................................ 44

Direito das Pessoas com Deficiência


1 Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, assinada em Nova Iorque, em 30 de março de
2007, ratificada, no âmbito do direito interno, pelo Decreto Legislativo nº 186/2008. .........................................1
2 A constitucionalização dos direitos das pessoas com deficiência. A política nacional para a integração das
pessoas com deficiência; diretrizes, objetivos e instrumentos. ................................................................................ 12
3 Lei nº 7.853/1989 e Decreto nº 3.298/1999, e suas alterações. As responsabilidades do Poder Público.
Educação. Saúde. Formação profissional e do trabalho. Recursos humanos. Edificações. A criminalização do
preconceito. As categorias de deficiência: física, auditiva, visual, mental, múltipla. ............................................. 19
4 Lei nº 10.048/2000, e suas alterações (Prioridade de atendimento) posteriores. Lei nº 10.098/2000, e suas
alterações (promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
reduzida)............................................................................................................................................................................. 30
5 O Decreto nº 5.296/2004, e suas alterações. ............................................................................................................ 35
6 Reserva de cargos e empregos públicos estaduais para pessoas com deficiência. Acesso à justiça. O Ministério
Público. A ação civil pública para a tutela jurisdicional dos interesses difusos, coletivos e individuais
indisponíveis ou homogêneos das pessoas com deficiência. A ação civil pública para a tutela jurisdicional dos
direitos individuais das pessoas portadores de deficiência. ..................................................................................... 45

Raciocínio Analítico
1 Raciocínio analítico e a argumentação. 1.1 O uso do senso crítico na argumentação. ........................................1
1.2 Tipos de argumentos: argumentos falaciosos e apelativos. 1.3 Comunicação eficiente de argumentos. .....3

Raciocínio Lógico
1 Estruturas lógicas. ............................................................................................................................................................1
2 Lógica de argumentação: analogias, inferências, deduções e conclusões. .............................................................9
3 Lógica sentencial (ou proposicional). 3.1 Proposições simples e compostas. 3.2 Tabelas verdade. ............. 15
3.3 Equivalências. ............................................................................................................................................................. 15
3.4 Leis de Morgan. .......................................................................................................................................................... 18
3.5 Diagramas lógicos. ..................................................................................................................................................... 20
4 Lógica de primeira ordem. .......................................................................................................................................... 25
5 Princípios de contagem e probabilidade. .................................................................................................................. 28
6 Operações com conjuntos. ........................................................................................................................................... 36
7 Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais. ............................................. 40

Noções de Direito Constitucional


1 Constituição. 1.1 Conceito, classificações, princípios fundamentais........................................................................1
2 Direitos e garantias fundamentais. 2.1 Direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais,
nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos. ..................................................................................7
3 Organização político-administrativa. 3.1 União, Estados, Distrito Federal, Municípios e Territórios............ 16
4 Administração Pública. 4.1 Disposições gerais, servidores públicos. ................................................................... 23
5 Poder Judiciário. 5.1 Disposições gerais. 5.2 Órgãos do Poder Judiciário. 5.2.1 Competências. ...................... 33
6 Funções essenciais à Justiça. 6.1 Ministério Público, Advocacia e Defensoria Públicas. ................................... 47

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Noções de Direito Administrativo
1 Noções de organização administrativa. 2 Administração direta e indireta, centralizada e
descentralizada...... ...............................................................................................................................................................1
3 Ato administrativo: conceito, requisitos, atributos, classificação e espécies. ........................................................8
4 Agentes públicos. 4.1 Espécies e classificação. 4.2 Cargo, emprego e função públicos. ................................... 13
5 Poderes administrativos. 5.1 Hierárquico, disciplinar, regulamentar e de polícia. 5.2 Uso e abuso do
poder... ................................................................................................................................................................................. 13
6 Controle e responsabilização da administração. 6.1 Controles administrativo, judicial e legislativo. ........... 17
6.2 Responsabilidade civil do Estado............................................................................................................................. 20
7 Lei nº 8.112/1990, e suas alterações.......................................................................................................................... 24
8 Lei nº 8.429/1992, e suas alterações.......................................................................................................................... 56
9 Lei nº 9.784/1999, e suas alterações.......................................................................................................................... 61

Noções de Direito Civil


1 Lei de introdução às normas do direito brasileiro. 1.1 Vigência, aplicação, interpretação e integração das leis.
1.2 Conflito das leis no tempo. 1.3 Eficácia da lei no espaço. .......................................................................................1
2 Pessoas naturais. 2.1 Existência. 2.2 Personalidade. 2.3 Capacidade. 2.4 Nome. 2.5 Estado. 2.6 Domicílio. 2.7
Direitos da personalidade. 2.8 Ausência. .........................................................................................................................6
3 Pessoas jurídicas. 3.1 Constituição. 3.2 Extinção. 3.3 Domicílio. 3.4 Sociedades de fato, grupos
despersonalizados, associações. 3.5 Sociedades, fundações. 3.6 Desconsideração da personalidade jurídica. 3.7
Responsabilidade. ............................................................................................................................................................. 14
4 Bens. 4.1 Diferentes classes.......................................................................................................................................... 19
5 Ato jurídico. 5.1 Fato e ato jurídico. 6 Negócio jurídico. 6.1 Disposições gerais. 6.2 Classificação,
interpretação. 6.3 Elementos. 6.4 Representação, condição. 6.5 Termo. 6.6 Encargo. 6.7 Defeitos do negócio
jurídico. 6.8 Validade, invalidade e nulidade do negócio jurídico. 6.9 Simulação. 7 Atos jurídicos. 7.1 Lícitos e
ilícitos. ................................................................................................................................................................................. 23
8 Prescrição e decadência. ............................................................................................................................................... 30

Noções de Direito Processual Civil


1 Jurisdição: conceito; modalidades; poderes; princípios e órgãos. ..........................................................................1
2 Ação: conceito; natureza jurídica; condições; classificação. .....................................................................................3
3 Sujeitos do processo: partes e procuradores; Juiz; Ministério Público, serventuários da justiça, oficial de
justiça (funções, deveres e responsabilidades). ............................................................................................................5
4 Atos processuais. ........................................................................................................................................................... 17

Noções de Direito Penal


1 Aplicação da Lei Penal. ....................................................................................................................................................1
2 Crime. .................................................................................................................................................................................9
3 Imputabilidade penal. .................................................................................................................................................. 23
4 Concurso de pessoas. .................................................................................................................................................... 25
5 Ação penal. ..................................................................................................................................................................... 27
6 Extinção da punibilidade. ............................................................................................................................................ 31
7 Lei nº 8.429/1992, e suas alterações. ........................................................................................................................ 34

Noções de Direito Processual Penal


1 Princípios gerais: aplicação da lei processual no tempo, no espaço em relação às pessoas; sujeitos da relação
processual; ............................................................................................................................................................................1
Inquérito. ..............................................................................................................................................................................8
2 Ação penal. 2.1 Conceito, condições e pressupostos processuais. ....................................................................... 12
3 Juiz, Ministério Público, acusado, defensor, assistentes e auxiliares da justiça. ................................................ 19
4 Atos das partes, dos juízes, dos auxiliares da justiça e de terceiros. ................................................................... 25
5 Prazos: características, princípios e contagem. ....................................................................................................... 27
6 Citações e intimações. .................................................................................................................................................. 29

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LÍNGUA PORTUGUESA

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APOSTILAS OPÇÃO
Não saber interpretar corretamente um texto pode gerar
inúmeros problemas, afetando não só o desenvolvimento
profissional, mas também o desenvolvimento pessoal. O mundo
moderno cobra de nós inúmeras competências, uma delas é a
proficiência na língua, e isso não se refere apenas a uma boa
comunicação verbal, mas também à capacidade de entender
aquilo que está sendo lido. O analfabetismo funcional está
1 Compreensão e interpretação relacionado com a dificuldade de decifrar as entrelinhas do
de textos de gêneros variados. código, pois a leitura mecânica é bem diferente da leitura
interpretativa, aquela que fazemos ao estabelecer analogias e
criar inferências. Para que você não sofra mais com a análise de
textos, elaboramos algumas dicas para você seguir e tirar suas
Interpretação de Texto
dúvidas.
Uma interpretação de texto competente depende de
A leitura é o meio mais importante para chegarmos ao
inúmeros fatores, mas nem por isso deixaremos de contemplar
conhecimento, portanto, precisamos aprender a ler e não
alguns que se fazem essenciais para esse exercício. Muitas vezes,
apenas “passar os olhos sobre algum texto”. Ler, na verdade,
apressados, descuidamo-nos das minúcias presentes em um
é dar sentido à vida e ao mundo, é dominar a riqueza de
texto, achamos que apenas uma leitura já se faz suficiente, o que
qualquer texto, seja literário, informativo, persuasivo, narrativo,
não é verdade. Interpretar demanda paciência e, por isso, sempre
possibilidades que se misturam e as tornam infinitas. É preciso,
releia, pois uma segunda leitura pode apresentar aspectos
para uma boa leitura, exercitar-se na arte de pensar, de captar
surpreendentes que não foram observados anteriormente.
ideias, de investigar as palavras… Para isso, devemos entender,
Para auxiliar na busca de sentidos do texto, você pode também
primeiro, algumas definições importantes:
retirar dele os tópicos frasais presentes em cada parágrafo,
isso certamente auxiliará na apreensão do conteúdo exposto.
Texto
Lembre-se de que os parágrafos não estão organizados, pelo
O texto (do latim textum: tecido) é uma unidade básica de
menos em um bom texto, de maneira aleatória, se estão no lugar
organização e transmissão de ideias, conceitos e informações de
que estão, é porque ali se fazem necessários, estabelecendo
modo geral. Em sentido amplo, uma escultura, um quadro, um
uma relação hierárquica do pensamento defendido, retomando
símbolo, um sinal de trânsito, uma foto, um filme, uma novela de
ideias supracitadas ou apresentando novos conceitos.
televisão também são formas textuais.
Para finalizar, concentre-se nas ideias que de fato foram
explicitadas pelo autor: os textos argumentativos não costumam
Interlocutor
conceder espaço para divagações ou hipóteses, supostamente
É a pessoa a quem o texto se dirige.
contidas nas entrelinhas. Devemos nos ater às ideias do autor,
isso não quer dizer que você precise ficar preso na superfície
Texto-modelo
do texto, mas é fundamental que não criemos, à revelia do
“Não é preciso muito para sentir ciúme. Bastam três – você,
autor, suposições vagas e inespecíficas. Quem lê com cuidado
uma pessoa amada e uma intrusa. Por isso todo mundo sente.
certamente incorre menos no risco de tornar-se um analfabeto
Se sua amiga disser que não, está mentindo ou se enganando.
funcional e ler com atenção é um exercício que deve ser
Quem agüenta ver o namorado conversando todo animado com
praticado à exaustão, assim como uma técnica, que fará de nós
outra menina sem sentir uma pontinha de não-sei-o-quê? (…)
leitores proficientes e sagazes. Agora que você já conhece nossas
É normal você querer o máximo de atenção do seu namorado,
dicas, desejamos a você uma boa leitura e bons estudos!
das suas amigas, dos seus pais. Eles são a parte mais importante
Fonte: http://portugues.uol.com.br/redacao/dicas-para-uma-boa-
da sua vida.”
interpretacao-texto.html
(Revista Capricho)
Modelo de Perguntas
Questões
1) Considerando o texto-modelo, é possível identificar quem
é o seu interlocutor preferencial?
O uso da bicicleta no Brasil
Um leitor jovem.
A utilização da bicicleta como meio de locomoção no Brasil
2) Quais são as informações (explícitas ou não) que permitem
ainda conta com poucos adeptos, em comparação com países
a você identificar o interlocutor preferencial do texto?
como Holanda e Inglaterra, por exemplo, nos quais a bicicleta
Do contexto podemos extrair indícios do interlocutor
é um dos principais veículos nas ruas. Apesar disso, cada vez
preferencial do texto: uma jovem adolescente, que pode ser
mais pessoas começam a acreditar que a bicicleta é, numa
acometida pelo ciúme. Observa-se ainda , que a revista Capricho
comparação entre todos os meios de transporte, um dos que
tem como público-alvo preferencial: meninas adolescentes.
oferecem mais vantagens.
A linguagem informal típica dos adolescentes.
A bicicleta já pode ser comparada a carros, motocicletas
e a outros veículos que, por lei, devem andar na via e jamais
09 DICAS PARA MELHORAR A INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
na calçada. Bicicletas, triciclos e outras variações são todos
01) Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do
considerados veículos, com direito de circulação pelas ruas e
assunto;
prioridade sobre os automotores.
02) Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a
Alguns dos motivos pelos quais as pessoas aderem à bicicleta
leitura;
no dia a dia são: a valorização da sustentabilidade, pois as bikes
03) Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo
não emitem gases nocivos ao ambiente, não consomem petróleo
menos duas vezes;
e produzem muito menos sucata de metais, plásticos e borracha;
04) Inferir;
a diminuição dos congestionamentos por excesso de veículos
05) Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar;
motorizados, que atingem principalmente as grandes cidades; o
06) Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do
favorecimento da saúde, pois pedalar é um exercício físico muito
autor;
bom; e a economia no combustível, na manutenção, no seguro e,
07) Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor
claro, nos impostos.
compreensão;
No Brasil, está sendo implantado o sistema de
08) Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada
compartilhamento de bicicletas. Em Porto Alegre, por exemplo,
questão;
o BikePOA é um projeto de sustentabilidade da Prefeitura, em
09) O autor defende ideias e você deve percebê-las;
parceria com o sistema de Bicicletas SAMBA, com quase um
Fonte: http://portuguesemfoco.com/09-dicas-para-melhorar-a-
ano de operação. Depois de Rio de Janeiro, São Paulo, Santos,
interpretacao-de-textos-em-provas/
Sorocaba e outras cidades espalhadas pelo país aderirem a

Língua Portuguesa 1
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APOSTILAS OPÇÃO
esse sistema, mais duas capitais já estão com o projeto pronto Considerando a relação entre o título e a imagem, é correto
em 2013: Recife e Goiânia. A ideia do compartilhamento é concluir que um dos temas diretamente explorados no cartum é
semelhante em todas as cidades. Em Porto Alegre, os usuários (A) o aumento da circulação de ciclistas nas vias públicas.
devem fazer um cadastro pelo site. O valor do passe mensal é (B) a má qualidade da pavimentação em algumas ruas.
R$ 10 e o do passe diário, R$ 5, podendo-se utilizar o sistema (C) a arbitrariedade na definição dos valores das multas.
durante todo o dia, das 6h às 22h, nas duas modalidades. Em (D) o número excessivo de automóveis nas ruas.
todas as cidades que já aderiram ao projeto, as bicicletas estão (E) o uso de novas tecnologias no transporte público.
espalhadas em pontos estratégicos.
A cultura do uso da bicicleta como meio de locomoção Respostas
não está consolidada em nossa sociedade. Muitos ainda não 1. (B) / 2. (A) / 3. (D)
sabem que a bicicleta já é considerada um meio de transporte,
ou desconhecem as leis que abrangem a bike. Na confusão de 2 Reconhecimento de tipos e
um trânsito caótico numa cidade grande, carros, motocicletas,
ônibus e, agora, bicicletas, misturam-se, causando, muitas vezes, gêneros textuais.
discussões e acidentes que poderiam ser evitados.
Ainda são comuns os acidentes que atingem ciclistas. A
verdade é que, quando expostos nas vias públicas, eles estão Tipos Textuais
totalmente vulneráveis em cima de suas bicicletas. Por isso
é tão importante usar capacete e outros itens de segurança. A Para escrever um texto, necessitamos de técnicas que
maior parte dos motoristas de carros, ônibus, motocicletas e implicam no domínio de capacidades linguísticas. Temos dois
caminhões desconhece as leis que abrangem os direitos dos momentos: o de formular pensamentos (o que se quer dizer)
ciclistas. Mas muitos ciclistas também ignoram seus direitos e o de expressá-los por escrito (o escrever propriamente dito).
e deveres. Alguém que resolve integrar a bike ao seu estilo de Fazer um texto, seja ele de que tipo for, não significa apenas
vida e usá-la como meio de locomoção precisa compreender escrever de forma correta, mas sim, organizar ideias sobre
que deverá gastar com alguns apetrechos necessários para determinado assunto.
poder trafegar. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, E para expressarmos por escrito, existem alguns modelos de
as bicicletas devem, obrigatoriamente, ser equipadas com expressão escrita: Descrição – Narração – Dissertação.
campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos
pedais, além de espelho retrovisor do lado esquerdo. Descrição
(Bárbara Moreira, http://www.eusoufamecos.net. Adaptado)
Expõe características dos seres ou das coisas, apresenta uma
01. De acordo com o texto, o uso da bicicleta como meio de visão;
locomoção nas metrópoles brasileiras É um tipo de texto figurativo;
(A) decresce em comparação com Holanda e Inglaterra
devido à falta de regulamentação. Retrato de pessoas, ambientes, objetos;
(B) vem se intensificando paulatinamente e tem sido Predomínio de atributos;
incentivado em várias cidades.
(C) tornou-se, rapidamente, um hábito cultivado pela Uso de verbos de ligação;
maioria dos moradores. Frequente emprego de metáforas, comparações e outras
(D) é uma alternativa dispendiosa em comparação com os figuras de linguagem;
demais meios de transporte.
(E) tem sido rejeitado por consistir em uma atividade Tem como resultado a imagem física ou psicológica.
arriscada e pouco salutar.
Narração
02. A partir da leitura, é correto concluir que um dos Expõe um fato, relaciona mudanças de situação, aponta
objetivos centrais do texto é antes, durante e depois dos acontecimentos (geralmente);
(A) informar o leitor sobre alguns direitos e deveres do
ciclista. É um tipo de texto sequencial;
(B) convencer o leitor de que circular em uma bicicleta é Relato de fatos;
mais seguro do que dirigir um carro.
(C) mostrar que não há legislação acerca do uso da bicicleta Presença de narrador, personagens, enredo, cenário, tempo;
no Brasil. Apresentação de um conflito;
(D) explicar de que maneira o uso da bicicleta como meio de
locomoção se consolidou no Brasil. Uso de verbos de ação;
(E) defender que, quando circular na calçada, o ciclista deve Geralmente, é mesclada de descrições;
dar prioridade ao pedestre.
O diálogo direto é frequente.
03. Considere o cartum de Evandro Alves.
Afogado no Trânsito Dissertação
Expõe um tema, explica, avalia, classifica, analisa;
É um tipo de texto argumentativo.
Defesa de um argumento:
a) apresentação de uma tese que será defendida,
b) desenvolvimento ou argumentação,
c) fechamento;
Predomínio da linguagem objetiva;
Prevalece a denotação.

Carta
Esse é um tipo de texto que se caracteriza por envolver um
(http://iiiconcursodecartumuniversitario.blogspot.com.br) remetente e um destinatário;

Língua Portuguesa 2
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APOSTILAS OPÇÃO
comparações e inúmeros elementos sensoriais;
É normalmente escrita em primeira pessoa, e sempre visa um
- As personagens podem ser caracterizadas física e
tipo de leitor;
psicologicamente, ou pelas ações;
É necessário que se utilize uma linguagem adequada com - A descrição pode ser considerada um dos elementos
o tipo de destinatário e que durante a carta não se perca a constitutivos da dissertação e da argumentação;
visão daquele para quem o texto está sendo escrito. - é impossível separar narração de descrição;
- O que se espera não é tanto a riqueza de detalhes, mas sim a
Descrição capacidade de observação que deve revelar aquele que a realiza;
- Utilizam, preferencialmente, verbos de ligação. Exemplo:
É a representação com palavras de um objeto, lugar, situação “(...) Ângela tinha cerca de vinte anos; parecia mais velha pelo
ou coisa, onde procuramos mostrar os traços mais particulares desenvolvimento das proporções. Grande, carnuda, sanguínea
ou individuais do que se descreve. É qualquer elemento que seja e fogosa, era um desses exemplares excessivos do sexo que
apreendido pelos sentidos e transformado, com palavras, em parecem conformados expressamente para esposas da multidão
imagens. (...)” (Raul Pompéia – O Ateneu);
Sempre que se expõe com detalhes um objeto, uma pessoa - Como na descrição o que se reproduz é simultâneo, não
ou uma paisagem a alguém, está fazendo uso da descrição. Não existe relação de anterioridade e posterioridade entre seus
é necessário que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista do enunciados;
observador varia de acordo com seu grau de percepção. Dessa - Devem-se evitar os verbos e, se isso não for possível, que
forma, o que será importante ser analisado para um, não será se usem então as formas nominais, o presente e o pretério
para outro. imperfeito do indicativo, dando-se sempre preferência aos
A vivência de quem descreve também influencia na hora de verbos que indiquem estado ou fenômeno.
transmitir a impressão alcançada sobre determinado objeto, - Todavia deve predominar o emprego das comparações, dos
pessoa, animal, cena, ambiente, emoção vivida ou sentimento. adjetivos e dos advérbios, que conferem colorido ao texto.

Exemplos: A característica fundamental de um texto descritivo é essa


(I) “De longe via a aleia onde a tarde era clara e redonda. Mas inexistência de progressão temporal. Pode-se apresentar, numa
a penumbra dos ramos cobria o atalho. descrição, até mesmo ação ou movimento, desde que eles sejam
Ao seu redor havia ruídos serenos, cheiro de árvores, sempre simultâneos, não indicando progressão de uma situação
pequenas surpresas entre os cipós. Todo o jardim triturado anterior para outra posterior. Tanto é que uma das marcas
pelos instantes já mais apressados da tarde. De onde vinha o linguísticas da descrição é o predomínio de verbos no presente
meio sonho pelo qual estava rodeada? Como por um zunido de ou no pretérito imperfeito do indicativo: o primeiro expressa
abelhas e aves. Tudo era estranho, suave demais, grande demais.” concomitância em relação ao momento da fala; o segundo, em
relação a um marco temporal pretérito instalado no texto.
(extraído de “Amor”, Laços de Família, Clarice Lispector) Para transformar uma descrição numa narração, bastaria
introduzir um enunciado que indicasse a passagem de um
(II) Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole, estado anterior para um posterior. No caso do texto II inicial,
aplicado, inteligência tarda. Raimundo gastava duas horas em para transformá-lo em narração, bastaria dizer: Reunia a isso
reter aquilo que a outros levava apenas trinta ou cinquenta grande medo do pai. Mais tarde, Iibertou-se desse medo...
minutos; vencia com o tempo o que não podia fazer logo com o
cérebro. Reunia a isso grande medo ao pai. Era uma criança fina, Características Linguísticas:
pálida, cara doente; raramente estava alegre. Entrava na escola O enunciado narrativo, por ter a representação de
depois do pai e retiravase antes. O mestre era mais severo com um acontecimento, fazer-transformador, é marcado pela
ele do que conosco. temporalidade, na relação situação inicial e situação final,
enquanto que o enunciado descritivo, não tendo transformação,
(Machado de Assis. “Conto de escola”. Contos. 3ed. São é atemporal.
Paulo, Ática, 1974, págs. 3132.) Na dimensão linguística, destacam-se marcas sintático-
semânticas encontradas no texto que vão facilitar a compreensão:
Esse texto traça o perfil de Raimundo, o filho do professor da - Predominância de verbos de estado, situação ou indicadores
escola que o escritor frequentava. de propriedades, atitudes, qualidades, usados principalmente
Deve-se notar: no presente e no imperfeito do indicativo (ser, estar, haver,
- que todas as frases expõem ocorrências simultâneas (ao situar-se, existir, ficar).
mesmo tempo que gastava duas horas para reter aquilo que os - Ênfase na adjetivação para melhor caracterizar o que é
outros levavam trinta ou cinquenta minutos, Raimundo tinha descrito;
grande medo ao pai); - Emprego de figuras (metáforas, metonímias, comparações,
- por isso, não existe uma ocorrência que possa ser sinestesias).
considerada cronologicamente anterior a outra do ponto de - Uso de advérbios de localização espacial.
vista do relato (no nível dos acontecimentos, entrar na escola é
cronologicamente anterior a retirar-se dela; no nível do relato, Recursos:
porém, a ordem dessas duas ocorrências é indiferente: o que o - Usar impressões cromáticas (cores) e sensações térmicas.
escritor quer é explicitar uma característica do menino, e não Ex: O dia transcorria amarelo, frio, ausente do calor alegre do
traçar a cronologia de suas ações); sol.
- ainda que se fale de ações (como entrava, retirava-se), todas - Usar o vigor e relevo de palavras fortes, próprias, exatas,
elas estão no pretérito imperfeito, que indica concomitância em concretas. Ex: As criaturas humanas transpareciam um céu
relação a um marco temporal instalado no texto (no caso, o ano sereno, uma pureza de cristal.
de 1840, em que o escritor frequentava a escola da Rua da Costa) - As sensações de movimento e cor embelezam o poder da
e, portanto, não denota nenhuma transformação de estado; natureza e a figura do homem. Ex: Era um verde transparente
- se invertêssemos a sequência dos enunciados, não que deslumbrava e enlouquecia qualquer um.
correríamos o risco de alterar nenhuma relação cronológica - A frase curta e penetrante dá um sentido de rapidez do
poderíamos mesmo colocar o últímo período em primeiro lugar texto. Ex: Vida simples. Roupa simples. Tudo simples. O pessoal,
e ler o texto do fim para o começo: O mestre era mais severo com muito crente.
ele do que conosco. Entrava na escola depois do pai e retirava-se A descrição pode ser apresentada sob duas formas:
antes... Descrição Objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a passagem
são apresentadas como realmente são, concretamente. Ex: “Sua
Características: altura é 1,85m. Seu peso, 70 kg. Aparência atlética, ombros largos,
- Ao fazer a descrição enumeramos características, pele bronzeada. Moreno, olhos negros, cabelos negros e lisos”.

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APOSTILAS OPÇÃO
Não se dá qualquer tipo de opinião ou julgamento. Exemplo: - Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua
“ A casa velha era enorme, toda em largura, com porta central utilidade ou qualquer outro comentário que envolva o objeto
que se alcançava por três degraus de pedra e quatro janelas de como um todo.
guilhotina para cada lado. Era feita de pau-a-pique barreado,
dentro de uma estrutura de cantos e apoios de madeira-de-lei. Descrição de objetos constituídos por várias partes:
Telhado de quatro águas. Pintada de roxo-claro. Devia ser mais - Introdução: observações de caráter geral referentes à
velha que Juiz de Fora, provavelmente sede de alguma fazenda procedência ou localização do objeto descrito.
que tivesse ficado, capricho da sorte, na linha de passagem da - Desenvolvimento: enumeração e rápidos comentários das
variante do Caminho Novo que veio a ser a Rua Principal, depois partes que compõem o objeto, associados à explicação de como
a Rua Direita – sobre a qual ela se punha um pouco de esguelha as partes se agrupam para formar o todo.
e fugindo ligeiramente do alinhamento (...).” (Pedro Nava – Baú - Desenvolvimento: detalhes do objeto visto como um todo
de Ossos) (externamente) formato, dimensões, material, peso, textura, cor
e brilho.
Descrição Subjetiva: quando há maior participação da - Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua
emoção, ou seja, quando o objeto, o ser, a cena, a paisagem são utilidade ou qualquer outro comentário que envolva o objeto em
transfigurados pela emoção de quem escreve, podendo opinar sua totalidade.
ou expressar seus sentimentos. Ex: “Nas ocasiões de aparato é
que se podia tomar pulso ao homem. Não só as condecorações Descrição de ambientes:
gritavam-lhe no peito como uma couraça de grilos. Ateneu! Ateneu! - Introdução: comentário de caráter geral.
Aristarco todo era um anúncio; os gestos, calmos, soberanos, - Desenvolvimento: detalhes referentes à estrutura global do
calmos, eram de um rei...” (“O Ateneu”, Raul Pompéia) ambiente: paredes, janelas, portas, chão, teto, luminosidade e
“(...) Quando conheceu Joca Ramiro, então achou outra aroma (se houver).
esperança maior: para ele, Joca Ramiro era único homem, par- - Desenvolvimento: detalhes específicos em relação a objetos
de-frança, capaz de tomar conta deste sertão nosso, mandando lá existentes: móveis, eletrodomésticos, quadros, esculturas ou
por lei, de sobregoverno.” quaisquer outros objetos.
(Guimarães Rosa – Grande Sertão: Veredas) - Conclusão: observações sobre a atmosfera que paira no
ambiente.
Os efeitos de sentido criados pela disposição dos elementos
descritivos: Descrição de paisagens:
Como se disse anteriormente, do ponto de vista da progressão - Introdução: comentário sobre sua localização ou qualquer
temporal, a ordem dos enunciados na descrição é indiferente, outra referência de caráter geral.
uma vez que eles indicam propriedades ou características que - Desenvolvimento: observação do plano de fundo
ocorrem simultaneamente. No entanto, ela não é indiferente do (explicação do que se vê ao longe).
ponto de vista dos efeitos de sentido: descrever de cima para - Desenvolvimento: observação dos elementos mais
baixo ou viceversa, do detalhe para o todo ou do todo para o próximos do observador explicação detalhada dos elementos
detalhe cria efeitos de sentido distintos. que compõem a paisagem, de acordo com determinada ordem.
Observe os dois quartetos do soneto “Retrato Próprio”, de - Conclusão: comentários de caráter geral, concluindo acerca
Bocage: da impressão que a paisagem causa em quem a contempla.

Magro, de olhos azuis, carão moreno, Descrição de pessoas (I):


bem servido de pés, meão de altura, - Introdução: primeira impressão ou abordagem de qualquer
triste de facha, o mesmo de figura, aspecto de caráter geral.
nariz alto no meio, e não pequeno. - Desenvolvimento: características físicas (altura, peso, cor
da pele, idade, cabelos, olhos, nariz, boca, voz, roupas).
Incapaz de assistir num só terreno, - Desenvolvimento: características psicológicas
mais propenso ao furor do que à ternura; (personalidade, temperamento, caráter, preferências,
bebendo em níveas mãos por taça escura inclinações, postura, objetivos).
de zelos infernais letal veneno. - Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de caráter
geral.
Obras de Bocage. Porto, Lello & Irmão,1968, pág. 497.
Descrição de pessoas (II):
O poeta descreve-se das características físicas para as - Introdução: primeira impressão ou abordagem de qualquer
características morais. Se fizesse o inverso, o sentido não seria aspecto de caráter geral.
o mesmo, pois as características físicas perderiam qualquer - Desenvolvimento: análise das características físicas,
relevo. associadas às características psicológicas (1ª parte).
O objetivo de um texto descritivo é levar o leitor a - Desenvolvimento: análise das características físicas,
visualizar uma cena. É como traçar com palavras o retrato de associadas às características psicológicas (2ª parte).
um objeto, lugar, pessoa etc., apontando suas características - Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de caráter
exteriores, facilmente identificáveis (descrição objetiva), ou geral.
suas características psicológicas e até emocionais (descrição
subjetiva). A descrição, ao contrário da narrativa, não supõe ação. É uma
Uma descrição deve privilegiar o uso frequente de adjetivos, estrutura pictórica, em que os aspectos sensoriais predominam.
também denominado adjetivação. Para facilitar o aprendizado Porque toda técnica descritiva implica contemplação e
desta técnica, sugere-se que o concursando, após escrever seu apreensão de algo objetivo ou subjetivo, o redator, ao descrever,
texto, sublinhe todos os substantivos, acrescentando antes ou precisa possuir certo grau de sensibilidade. Assim como o pintor
depois deste um adjetivo ou uma locução adjetiva. capta o mundo exterior ou interior em suas telas, o autor de uma
descrição focaliza cenas ou imagens, conforme o permita sua
Descrição de objetos constituídos de uma só parte: sensibilidade.
- Introdução: observações de caráter geral referentes à
procedência ou localização do objeto descrito. Conforme o objetivo a alcançar, a descrição pode ser não-
- Desenvolvimento: detalhes (lª parte) formato (comparação literária ou literária. Na descrição não-literária, há maior
com figuras geométricas e com objetos semelhantes); dimensões preocupação com a exatidão dos detalhes e a precisão vocabular.
(largura, comprimento, altura, diâmetro etc.) Por ser objetiva, há predominância da denotação.
- Desenvolvimento: detalhes (2ª parte) material, peso, cor/
brilho, textura.

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APOSTILAS OPÇÃO
Textos descritivos não-literários: A descrição técnica é pelos verbos, formando uma rede: a própria história contada.
um tipo de descrição objetiva: ela recria o objeto usando uma Tudo na narrativa depende do narrador, da voz que conta a
linguagem científica, precisa. Esse tipo de texto é usado para história.
descrever aparelhos, o seu funcionamento, as peças que os
compõem, para descrever experiências, processos, etc. Elementos Estruturais (I):
Exemplo: - Enredo: desenrolar dos acontecimentos.
Folheto de propaganda de carro - Personagens: são seres que se movimentam, se relacionam
Conforto interno - É impossível falar de conforto sem incluir e dão lugar à trama que se estabelece na ação. Revelam-se por
o espaço interno. Os seus interiores são amplos, acomodando meio de características físicas ou psicológicas. Os personagens
tranquilamente passageiros e bagagens. O Passat e o Passat podem ser lineares (previsíveis), complexos, tipos sociais
Variant possuem direção hidráulica e ar condicionado de (trabalhador, estudante, burguês etc.) ou tipos humanos (o
elevada capacidade, proporcionando a climatização perfeita do medroso, o tímido, o avarento etc.), heróis ou antiheróis,
ambiente. protagonistas ou antagonistas.
Porta-malas - O compartimento de bagagens possui - Narrador: é quem conta a história.
capacidade de 465 litros, que pode ser ampliada para até 1500 - Espaço: local da ação. Pode ser físico ou psicológico.
litros, com o encosto do banco traseiro rebaixado. - Tempo: época em que se passa a ação. Cronológico: o
Tanque - O tanque de combustível é confeccionado em tempo convencional (horas, dias, meses); Psicológico: o tempo
plástico reciclável e posicionado entre as rodas traseiras, para interior, subjetivo.
evitar a deformação em caso de colisão.
Elementos Estruturais (II):
Textos descritivos literários: Na descrição literária Personagens Quem? Protagonista/Antagonista
predomina o aspecto subjetivo, com ênfase no conjunto de Acontecimento O quê? Fato
associações conotativas que podem ser exploradas a partir de Tempo Quando? Época em que ocorreu o fato
descrições de pessoas; cenários, paisagens, espaço; ambientes; Espaço Onde? Lugar onde ocorreu o fato
situações e coisas. Vale lembrar que textos descritivos também Modo Como? De que forma ocorreu o fato
podem ocorrer tanto em prosa como em verso. Causa Por quê? Motivo pelo qual ocorreu o fato
Resultado - previsível ou imprevisível.
Narração Final - Fechado ou Aberto.

A Narração é um tipo de texto que relata uma história real, Esses elementos estruturais combinam-se e articulam-se
fictícia ou mescla dados reais e imaginários. O texto narrativo de tal forma, que não é possível compreendê-los isoladamente,
apresenta personagens que atuam em um tempo e em um como simples exemplos de uma narração. Há uma relação
espaço, organizados por uma narração feita por um narrador. de implicação mútua entre eles, para garantir coerência e
É uma série de fatos situados em um espaço e no tempo, verossimilhança à história narrada.
tendo mudança de um estado para outro, segundo relações Quanto aos elementos da narrativa, esses não estão,
de sequencialidade e causalidade, e não simultâneos como na obrigatoriamente sempre presentes no discurso, exceto as
descrição. Expressa as relações entre os indivíduos, os conflitos e personagens ou o fato a ser narrado.
as ligações afetivas entre esses indivíduos e o mundo, utilizando
situações que contêm essa vivência. Existem três tipos de foco narrativo:
Todas as vezes que uma história é contada (é narrada),
o narrador acaba sempre contando onde, quando, como e - Narrador-personagem: é aquele que conta a história na
com quem ocorreu o episódio. É por isso que numa narração qual é participante. Nesse caso ele é narrador e personagem ao
predomina a ação: o texto narrativo é um conjunto de ações; mesmo tempo, a história é contada em 1ª pessoa.
assim sendo, a maioria dos verbos que compõem esse tipo de - Narrador-observador: é aquele que conta a história como
texto são os verbos de ação. O conjunto de ações que compõem alguém que observa tudo que acontece e transmite ao leitor, a
o texto narrativo, ou seja, a história que é contada nesse tipo de história é contada em 3ª pessoa.
texto recebe o nome de enredo. - Narrador-onisciente: é o que sabe tudo sobre o enredo
As ações contidas no texto narrativo são praticadas pelas e as personagens, revelando seus pensamentos e sentimentos
personagens, que são justamente as pessoas envolvidas íntimos. Narra em 3ª pessoa e sua voz, muitas vezes, aparece
no episódio que está sendo contado. As personagens são misturada com pensamentos dos personagens (discurso
identificadas (nomeadas) no texto narrativo pelos substantivos indireto livre).
próprios.
Quando o narrador conta um episódio, às vezes (mesmo sem Estrutura:
querer) ele acaba contando “onde” (em que lugar)  as ações do - Apresentação: é a parte do texto em que são apresentados
enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar onde ocorre alguns personagens e expostas algumas circunstâncias da
uma ação ou ações  é chamado de espaço, representado no texto história, como o momento e o lugar onde a ação se desenvolverá.
pelos advérbios de lugar. - Complicação: é a parte do texto em que se inicia
Além de contar onde, o narrador também pode esclarecer propriamente a ação. Encadeados, os episódios se sucedem,
“quando” ocorreram as ações da história. Esse elemento da conduzindo ao clímax.
narrativa é o tempo, representado no texto narrativo através - Clímax: é o ponto da narrativa em que a ação atinge seu
dos tempos verbais, mas principalmente pelos advérbios de momento crítico, tornando o desfecho inevitável.
tempo. É o tempo que ordena as ações no texto narrativo: é ele - Desfecho: é a solução do conflito produzido pelas ações
que indica ao leitor “como” o fato narrado aconteceu. dos personagens.
A história contada, por isso, passa por uma introdução
(parte inicial da história, também chamada de prólogo), pelo Tipos de Personagens:
desenvolvimento do enredo (é a história propriamente dita, Os personagens têm muita importância na construção de um
o meio, o “miolo” da narrativa, também chamada de trama) texto narrativo, são elementos vitais. Podem ser principais ou
e termina com a conclusão da história (é o final ou epílogo). secundários, conforme o papel que desempenham no enredo,
Aquele que conta a história é o narrador,  que pode ser pessoal podem ser apresentados direta ou indiretamente.
(narra em 1ª pessoa: Eu) ou impessoal (narra em 3ª pessoa: A apresentação direta acontece quando o personagem
Ele). aparece de forma clara no texto, retratando suas características
Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por verbos físicas e/ou psicológicas, já a apresentação indireta se dá quando
de ação, por advérbios de tempo, por advérbios de lugar e pelos os personagens aparecem aos poucos e o leitor vai construindo
substantivos que nomeiam as personagens, que são os agentes a sua imagem com o desenrolar do enredo, ou seja, a partir de
do texto, ou seja, aquelas pessoas que fazem as ações expressas suas ações, do que ela vai fazendo e do modo como vai fazendo.

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APOSTILAS OPÇÃO
- Em 1ª pessoa: sua vez é anterior ao de o menino leválo para a sala, que por seu
Personagem Principal: há um “eu” participante que conta a turno é anterior ao de o porquinhoda-índia voltar ao fogão).
história e é o protagonista.
Observador: é como se dissesse: É verdade, pode acreditar, Essa relação de anterioridade e posterioridade é sempre
eu estava lá e vi. pertinente num texto narrativo, mesmo que a sequência linear
da temporalidade apareça alterada. Assim, por exemplo, no
- Em 3ª pessoa: romance machadiano Memórias póstumas de Brás Cubas,
quando o narrador começa contando sua morte para em
Onisciente: não há um eu que conta; é uma terceira pessoa. seguida relatar sua vida, a sequência temporal foi modificada.
Narrador Objetivo: não se envolve, conta a história como No entanto, o leitor reconstitui, ao longo da leitura, as relações
sendo vista por uma câmara ou filmadora. Exemplo: de anterioridade e de posterioridade.
Resumindo: na narração, as três características explicadas
Tipos de Discurso: acima (transformação de situações, figuratividade e relações
Discurso Direto: o narrador passa a palavra diretamente de anterioridade e posterioridade entre os episódios relatados)
para o personagem, sem a sua interferência. devem estar presentes conjuntamente. Um texto que tenha só
Discurso Indireto: o narrador conta o que o personagem uma ou duas dessas características não é uma narração.
diz, sem lhe passar diretamente a palavra.
Discurso Indireto-Livre: ocorre uma fusão entre a fala do Esquema que pode facilitar a elaboração de seu texto
personagem e a fala do narrador. É um recurso relativamente narrativo:
recente. Surgiu com romancistas inovadores do século XX. - Introdução: citar o fato, o tempo e o lugar, ou seja, o que
aconteceu, quando e onde.
Sequência Narrativa: - Desenvolvimento: causa do fato e apresentação dos
personagens.
Uma narrativa não tem uma única mudança, mas várias: - Desenvolvimento: detalhes do fato.
uma coordenase a outra, uma implica a outra, uma subordinase - Conclusão: consequências do fato.
a outra.
A narrativa típica tem quatro mudanças de situação: Caracterização Formal:
- uma em que uma personagem passa a ter um querer ou um Em geral, a narrativa se desenvolve na prosa. O aspecto
dever (um desejo ou uma necessidade de fazer algo); narrativo apresenta, até certo ponto, alguma subjetividade,
- uma em que ela adquire um saber ou um poder (uma porquanto a criação e o colorido do contexto estão em função
competência para fazer algo); da individualidade e do estilo do narrador. Dependendo do
- uma em que a personagem executa aquilo que queria ou enfoque do redator, a narração terá diversas abordagens. Assim
devia fazer (é a mudança principal da narrativa); é de grande importância saber se o relato é feito em primeira
- uma em que se constata que uma transformação se deu e pessoa ou terceira pessoa. No primeiro caso, há a participação
em que se podem atribuir prêmios ou castigos às personagens do narrador; segundo, há uma inferência do último através da
(geralmente os prêmios são para os bons, e os castigos, para os onipresença e onisciência.
maus). Quanto à temporalidade, não há rigor na ordenação dos
acontecimentos: esses podem oscilar no tempo, transgredindo
Toda narrativa tem essas quatro mudanças, pois elas se o aspecto linear e constituindo o que se denomina “flashback”.
pressupõem logicamente. Com efeito, quando se constata a O narrador que usa essa técnica (característica comum no
realização de uma mudança é porque ela se verificou, e ela cinema moderno) demonstra maior criatividade e originalidade,
efetuase porque quem a realiza pode, sabe, quer ou deve fazêla. podendo observar as ações ziguezagueando no tempo e no
Tomemos, por exemplo, o ato de comprar um apartamento: espaço.
quando se assina a escritura, realizase o ato de compra; para
isso, é necessário poder (ter dinheiro) e querer ou dever Exemplo - Personagens
comprar (respectivamente, querer deixar de pagar aluguel ou
ter necessidade de mudar, por ter sido despejado, por exemplo). “Aboletado na varanda, lendo Graciliano Ramos, O Dr.
Algumas mudanças são necessárias para que outras se Amâncio não viu a mulher chegar.
deem. Assim, para apanhar uma fruta, é necessário apanhar um Não quer que se carpa o quintal, moço?
bambu ou outro instrumento para derrubála. Para ter um carro, Estava um caco: mal vestida, cheirando a fumaça, a face
é preciso antes conseguir o dinheiro. escalavrada. Mas os olhos... (sempre guardam alguma coisa do
passado, os olhos).”
Narrativa e Narração (Kiefer, Charles. A dentadura postiça. Porto Alegre: Mercado
Aberto, p. 5O)
Existe alguma diferença entre as duas? Sim. A narratividade
é um componente narrativo que pode existir em textos que Exemplo - Espaço
não são narrações. A narrativa é a transformação de situações.
Por exemplo, quando se diz “Depois da abolição, incentivouse Considerarei longamente meu pequeno deserto, a redondeza
a imigração de europeus”, temos um texto dissertativo, que, escura e uniforme dos seixos. Seria o leito seco de algum rio. Não
no entanto, apresenta um componente narrativo, pois contém havia, em todo o caso, como negarlhe a insipidez.”
uma mudança de situação: do não incentivo ao incentivo da
imigração européia. (Linda, Ieda. As amazonas segundo tio Hermann. Porto
Se a narrativa está presente em quase todos os tipos de texto, Alegre: Movimento, 1981, p. 51)
o que é narração? Exemplo - Tempo
A narração é um tipo de narrativa. Tem ela três características:
- é um conjunto de transformações de situação (o texto de “Sete da manhã. Honorato Madeira acorda e lembrase: a
Manuel Bandeira – “Porquinho-da-índia”, como vimos, preenche mulher lhe pediu que a chamasse cedo.”
essa condição);
- é um texto figurativo, isto é, opera com personagens e fatos (Veríssimo, Érico. Caminhos Cruzados. p.4)
concretos (o texto “Porquinho-daíndia» preenche também esse
requisito); Tipologia da Narrativa Ficcional:
- as mudanças relatadas estão organizadas de maneira tal - Romance
que, entre elas, existe sempre uma relação de anterioridade e - Conto
posterioridade (no texto “Porquinhodaíndia» o fato de ganhar - Crônica
o animal é anterior ao de ele estar debaixo do fogão, que por - Fábula

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APOSTILAS OPÇÃO
- Lenda se sentir seguro, ter o sucesso pretendido? Não entre pelo cano!
- Parábola Faça parte desse time de vencedores desde a escolha desse
- Anedota momento!
- Poema Épico - Contestação: contestar uma ideia ou uma situação. Ex: “É
importante que o cidadão saiba que portar arma de fogo não é a
Tipologia da Narrativa NãoFiccional: solução no combate à insegurança.”
- Memorialismo - Características: caracterização de espaços ou aspectos.
- Notícias - Estatísticas: apresentação de dados estatísticos. Ex:
- Relatos “Em 1982, eram 15,8 milhões os domicílios brasileiros com
- História da Civilização televisores. Hoje, são 34 milhões (o sexto maior parque de
aparelhos receptores instalados do mundo). Ao todo, existem
Apresentação da Narrativa: no país 257 emissoras (aquelas capazes de gerar programas) e
- visual: texto escrito; legendas + desenhos (história em 2.624 repetidoras (que apenas retransmitem sinais recebidos).
quadrinhos) e desenhos. (...)”
- auditiva: narrativas radiofonizadas; fitas gravadas e discos. - Declaração Inicial: emitir um conceito sobre um fato.
- audiovisual: cinema; teatro e narrativas televisionadas. - Citação: opinião de alguém de destaque sobre o assunto do
texto. Ex: “A principal característica do déspota encontra-se no
Dissertação fato de ser ele o autor único e exclusivo das normas e das regras
que definem a vida familiar, isto é, o espaço privado. Seu poder,
A dissertação é uma exposição, discussão ou interpretação escreve Aristóteles, é arbitrário, pois decorre exclusivamente de
de uma determinada ideia. É, sobretudo, analisar algum tema. sua vontade, de seu prazer e de suas necessidades.”
Pressupõe um exame crítico do assunto, lógica, raciocínio, - Definição: desenvolve-se pela explicação dos termos que
clareza, coerência, objetividade na exposição, um planejamento compõem o texto.
de trabalho e uma habilidade de expressão. - Interrogação: questionamento. Ex: “Volta e meia se faz a
É em função da capacidade crítica que se questionam pergunta de praxe: afinal de contas, todo esse entusiasmo pelo
pontos da realidade social, histórica e psicológica do mundo futebol não é uma prova de alienação?”
e dos semelhantes. Vemos também, que a dissertação no seu - Suspense: alguma informação que faça aumentar a
significado diz respeito a um tipo de texto em que a exposição curiosidade do leitor.
de uma ideia, através de argumentos, é feita com a finalidade - Comparação: social e geográfica.
de desenvolver um conteúdo científico, doutrinário ou artístico. - Enumeração: enumerar as informações. Ex: “Ação à
Observe-se que: distância, velocidade, comunicação, linha de montagem, triunfo
- o texto é temático, pois analisa e interpreta a realidade das massas, Holocausto: através das metáforas e das realidades
com conceitos abstratos e genéricos (não se fala de um homem que marcaram esses 100 últimos anos, aparece a verdadeira
particular e do que faz para chegar a ser primeiroministro, mas doença do século...”
do homem em geral e de todos os métodos para atingir o poder); - Narração: narrar um fato.
- existe mudança de situação no texto (por exemplo, a
mudança de atitude dos que clamam contra a corrupção da corte Desenvolvimento: é a argumentação da ideia inicial,
no momento em que se tornam primeirosministros); de forma organizada e progressiva. É a parte maior e mais
- a progressão temporal dos enunciados não tem importância, importante do texto. Podem ser desenvolvidos de várias formas:
pois o que importa é a relação de implicação (clamar contra a - Trajetória Histórica: cultura geral é o que se prova com
corrupção da corte implica ser corrupto depois da nomeação este tipo de abordagem.
para primeiroministro). - Definição: não basta citar, mas é preciso desdobrar a ideia
principal ao máximo, esclarecendo o conceito ou a definição.
Características: - Comparação: estabelecer analogias, confrontar situações
- ao contrário do texto narrativo e do descritivo, ele é distintas.
temático; - Bilateralidade: quando o tema proposto apresenta pontos
- como o texto narrativo, ele mostra mudanças de situação; favoráveis e desfavoráveis.
- ao contrário do texto narrativo, nele as relações de - Ilustração Narrativa ou Descritiva: narrar um fato ou
anterioridade e de posterioridade dos enunciados não têm maior descrever uma cena.
importância o que importa são suas relações lógicas: analogia, - Cifras e Dados Estatísticos: citar cifras e dados estatísticos.
pertinência, causalidade, coexistência, correspondência, - Hipótese: antecipa uma previsão, apontando para
implicação, etc. prováveis resultados.
- a estética e a gramática são comuns a todos os tipos de - Interrogação: Toda sucessão de interrogações deve
redação. Já a estrutura, o conteúdo e a estilística possuem apresentar questionamento e reflexão.
características próprias a cada tipo de texto. - Refutação: questiona-se praticamente tudo: conceitos,
  valores, juízos.
São partes da dissertação: Introdução / Desenvolvimento - Causa e Consequência: estruturar o texto através dos
/ Conclusão. porquês de uma determinada situação.
- Oposição: abordar um assunto de forma dialética.
Introdução: em que se apresenta o assunto; se apresenta a - Exemplificação: dar exemplos.
ideia principal, sem, no entanto, antecipar seu desenvolvimento.
Tipos: Conclusão: é uma avaliação final do assunto, um fechamento
- Divisão: quando há dois ou mais termos a serem discutidos. integrado de tudo que se argumentou. Para ela convergem todas
Ex: “Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que as ideias anteriormente desenvolvidas.
olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro...” - Conclusão Fechada: recupera a ideia da tese.
- Alusão Histórica: um fato passado que se relaciona a um - Conclusão Aberta: levanta uma hipótese, projeta um
fato presente. Ex: “A crise econômica que teve início no começo pensamento ou faz uma proposta, incentivando a reflexão de
dos anos 80, com os conhecidos altos índices de inflação que quem lê.
a década colecionou, agravou vários dos históricos problemas 1º Parágrafo – Introdução
sociais do país. Entre eles, a violência, principalmente a urbana,
cuja escalada tem sido facilmente identificada pela população A. Tema: Desemprego no Brasil.
brasileira.” Contextualização: decorrência de um processo histórico
- Proposição: o autor explicita seus objetivos. problemático.
- Convite: proposta ao leitor para que participe de alguma
coisa apresentada no texto. Ex: Você quer estar “na sua”? Quer 2º ao 6º Parágrafo – Desenvolvimento

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APOSTILAS OPÇÃO
B. Argumento 1: Exploram-se dados da realidade que Enumeração: Caracteriza-se pela exposição de uma série de
remetem a uma análise do tema em questão. coisas, uma a uma. Presta-se bem à indicação de características,
C. Argumento 2: Considerações a respeito de outro dado da funções, processos, situações, sempre oferecendo o complemento
realidade. necessário à afirmação estabelecida na frase nuclear. Pode-se
D. Argumento 3: Coloca-se sob suspeita a sinceridade de enumerar, seguindo-se os critérios de importância, preferência,
quem propõe soluções. classificação ou aleatoriamente.
E. Argumento 4: Uso do raciocínio lógico de oposição. Exemplo:

7º Parágrafo: Conclusão 1- O adolescente moderno está se tornando obeso por várias


F. Uma possível solução é apresentada. causas: alimentação inadequada, falta de exercícios sistemáticos
G. O texto conclui que desigualdade não se casa com e demasiada permanência diante de computadores e aparelhos
modernidade. de Televisão.

É bom lembrarmos que é praticamente impossível opinar 2- Devido à expansão das igrejas evangélicas, é grande o
sobre o que não se conhece. A leitura de bons textos é um dos número de emissoras que dedicam parte da sua programação à
recursos que permite uma segurança maior no momento de veiculação de programas religiosos de crenças variadas.
dissertar sobre algum assunto. Debater e pesquisar são atitudes
que favorecem o senso crítico, essencial no desenvolvimento de 3-
um texto dissertativo. - A Santa Missa em seu lar.
- Terço Bizantino.
Ainda temos: - Despertar da Fé.
Tema: compreende o assunto proposto para discussão, o - Palavra de Vida.
assunto que vai ser abordado. - Igreja da Graça no Lar.
Título: palavra ou expressão que sintetiza o conteúdo
discutido. 4-
Argumentação: é um conjunto de procedimentos - Inúmeras são as dificuldades com que se defronta o governo
linguísticos com os quais a pessoa que escreve sustenta suas brasileiro diante de tantos desmatamentos, desequilíbrios
opiniões, de forma a torná-las aceitáveis pelo leitor. É fornecer sociológicos e poluição.
argumentos, ou seja, razões a favor ou contra uma determinada - Existem várias razões que levam um homem a enveredar
tese. pelos caminhos do crime.
- A gravidez na adolescência é um problema seríssimo,
Estes assuntos serão vistos com mais afinco posteriormente. porque pode trazer muitas consequências indesejáveis.
- O lazer é uma necessidade do cidadão para a sua
Alguns pontos essenciais desse tipo de texto são: sobrevivência no mundo atual e vários são os tipos de lazer.
- toda dissertação é uma demonstração, daí a necessidade de - O Novo Código Nacional de trânsito divide as faltas em
pleno domínio do assunto e habilidade de argumentação; várias categorias.
- em consequência disso, impõem-se à fidelidade ao tema;
- a coerência é tida como regra de ouro da dissertação; Comparação: A frase nuclear pode-se desenvolver através
- impõem-se sempre o raciocínio lógico; da comparação, que confronta ideias, fatos, fenômenos e
- a linguagem deve ser objetiva, denotativa; qualquer apresenta-lhes a semelhança ou dessemelhança.
ambiguidade pode ser um ponto vulnerável na demonstração Exemplo:
do que se quer expor. Deve ser clara, precisa, natural, original,
nobre, correta gramaticalmente. O discurso deve ser impessoal “A juventude é uma infatigável aspiração de felicidade; a
(evitar-se o uso da primeira pessoa). velhice, pelo contrário, é dominada por um vago e persistente
sentimento de dor, porque já estamos nos convencendo de que a
O parágrafo é a unidade mínima do texto e deve apresentar: felicidade é uma ilusão, que só o sofrimento é real”.
uma frase contendo a ideia principal (frase nuclear) e uma ou (Arthur Schopenhauer)
mais frases que explicitem tal ideia.
Exemplo: “A televisão mostra uma realidade idealizada Causa e Consequência: A frase nuclear, muitas vezes,
(ideia central) porque oculta os problemas sociais realmente encontra no seu desenvolvimento um segmento causal (fato
graves. (ideia secundária)”. motivador) e, em outras situações, um segmento indicando
Vejamos: consequências (fatos decorrentes).
Ideia central: A poluição atmosférica deve ser combatida
urgentemente. Tempo e Espaço: Muitos parágrafos dissertativos marcam
temporal e espacialmente a evolução de ideias, processos.
Desenvolvimento: A poluição atmosférica deve ser
combatida urgentemente, pois a alta concentração de elementos Explicitação: Num parágrafo dissertativo pode-se
tóxicos põe em risco a vida de milhares de pessoas, sobretudo conceituar, exemplificar e aclarar as ideias para torná-las mais
daquelas que sofrem de problemas respiratórios: compreensíveis.
Exemplo: “Artéria é um vaso que leva sangue proveniente do
- A propaganda intensiva de cigarros e bebidas tem levado coração para irrigar os tecidos. Exceto no cordão umbilical e na
muita gente ao vício. ligação entre os pulmões e o coração, todas as artérias contém
- A televisão é um dos mais eficazes meios de comunicação sangue vermelho-vivo, recém-oxigenado. Na artéria pulmonar,
criados pelo homem. porém, corre sangue venoso, mais escuro e desoxigenado, que o
- A violência tem aumentado assustadoramente nas cidades coração remete para os pulmões para receber oxigênio e liberar
e hoje parece claro que esse problema não pode ser resolvido gás carbônico”.
apenas pela polícia. Antes de se iniciar a elaboração de uma dissertação, deve
- O diálogo entre pais e filhos parece estar em crise delimitar-se o tema que será desenvolvido e que poderá ser
atualmente. enfocado sob diversos aspectos. Se, por exemplo, o tema é a
- O problema dos sem-terra preocupa cada vez mais a questão indígena, ela poderá ser desenvolvida a partir das
sociedade brasileira. seguintes ideias:
- A violência contra os povos indígenas é uma constante na
O parágrafo pode processar-se de diferentes maneiras: história do Brasil.
- O surgimento de várias entidades de defesa das populações
indígenas.

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APOSTILAS OPÇÃO
- A visão idealizada que o europeu ainda tem do índio Tipo textual – este é a forma como o texto se apresenta,
brasileiro. podendo ser classificado como narrativo, argumentativo,
- A invasão da Amazônia e a perda da cultura indígena. dissertativo, descritivo, informativo ou injuntivo. Cada uma
Depois de delimitar o tema que você vai desenvolver, deve dessas classificações varia de acordo como o texto se apresenta
fazer a estruturação do texto. e com a finalidade para o qual foi escrito.

A estrutura do texto dissertativo constitui-se de: Tipos de Gêneros Textuais

Introdução: deve conter a ideia principal a ser desenvolvida Cada texto possuiu uma linguagem e estrutura; note que
(geralmente um ou dois parágrafos). É a abertura do texto, por existem inúmeros gêneros textuais dentro das categorias
isso é fundamental. Deve ser clara e chamar a atenção para dois tipológicas de texto. Em outras palavras, gênero textual são
itens básicos: os objetivos do texto e o plano do desenvolvimento. estruturas textuais peculiares que surgem dos tipos de textos:
Contém a proposição do tema, seus limites, ângulo de análise e a narrativo, descritivo, dissertativo-argumentativo, expositivo e
hipótese ou a tese a ser defendida. injuntivo.
Desenvolvimento: exposição de elementos que vão
fundamentar a ideia principal que pode vir especificada
através da argumentação, de pormenores, da ilustração, da
causa e da consequência, das definições, dos dados estatísticos,
da ordenação cronológica, da interrogação e da citação. No
desenvolvimento são usados tantos parágrafos quantos
forem necessários para a completa exposição da ideia. E esses
parágrafos podem ser estruturados das cinco maneiras expostas
acima.
Conclusão: é a retomada da ideia principal, que agora deve
aparecer de forma muito mais convincente, uma vez que já
foi fundamentada durante o desenvolvimento da dissertação
(um parágrafo). Deve, pois, conter de forma sintética, o Texto Narrativo
objetivo proposto na instrução, a confirmação da hipótese Os textos narrativos apresentam ações de personagens no
ou da tese, acrescida da argumentação básica empregada no tempo e no espaço. Sua estrutura é dividida em: apresentação,
desenvolvimento. desenvolvimento, clímax e desfecho. Alguns exemplos de
Gêneros Textuais gêneros textuais narrativos:
Romance
Os gêneros textuais são classificações de textos de acordo Novela
com o objetivo e o contexto em que são empregados. Dessa Crônica
maneira, os gêneros textuais são definidos pelas características Contos de Fada
dos diversos tipos de textos, os quais apresentam características Fábula
comuns em relação à linguagem e ao conteúdo. Lendas

Texto Descritivo
Os textos descritivos se ocupam de relatar e expor
determinada pessoa, objeto, lugar, acontecimento. Dessa
forma, são textos repletos de adjetivos os quais descrevem ou
apresentam imagens a partir das percepções sensoriais do
locutor (emissor). São exemplos de gêneros textuais descritivos:
Diário
Relatos (viagens, históricos, etc.)
Biografia e autobiografia
Notícia
Currículo
Lista de compras
Cardápio
Anúncios de classificados
Lembre-se que existem muitos gêneros textuais, os quais
promovem uma interação entre os interlocutores (emissor e Texto Dissertativo-Argumentativo
receptor) de determinado discurso, seja uma resenha crítica Os textos dissertativos são aqueles encarregados de expor
jornalística, publicidade, receita de bolo, menu do restaurante, um tema ou assunto por meio de argumentações; são marcados
bilhete ou lista de supermercado; porém, faz-se necessário pela defesa de um ponto de vista, ao mesmo tempo que tenta
considerar seu contexto, função e finalidade. persuadir o leitor. Sua estrutura textual é dividida em três
O gênero textual pode conter mais de um tipo textual, ou partes: tese (apresentação), antítese (desenvolvimento), nova
seja, uma receita de bolo, apresenta a lista de ingredientes tese (conclusão). Exemplos de gêneros textuais dissertativos:
necessários (texto descritivo) e o modo de preparo (texto Editorial Jornalístico
injuntivo). Carta de opinião
Resenha
Distinguindo Artigo
É essencial saber distinguir o que é gênero textual, gênero Ensaio
literário e tipo textual. Cada uma dessas classificações é Monografia, dissertação de mestrado e tese de doutorado
referente aos textos, porém é preciso ter atenção, cada uma Veja também: Texto Dissertativo.
possui um significado totalmente diferente da outra. Veja uma
breve descrição do que é um gênero literário e um tipo textual: Texto Expositivo
Os textos expositivos possuem a função de expor determinada
Gênero Literário – nestes os textos abordados são apenas os ideia, por meio de recursos como: definição, conceituação,
literários, diferente do gênero textual, que abrange todo tipo de informação, descrição e comparação. Assim, alguns exemplos de
texto. O gênero literário é classificado de acordo com a sua forma, gêneros textuais expositivos:
podendo ser do gênero líricos, dramático, épico, narrativo e etc. Seminários
Palestras

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APOSTILAS OPÇÃO
Conferências combate ao consumismo exagerado.
Entrevistas b) influenciar o comportamento do leitor, por meio de apelos
Trabalhos acadêmicos que visam à adesão ao consumo.
Enciclopédia c) defender a importância do conhecimento de informática
Verbetes de dicionários pela população de baixo poder aquisitivo.
d) facilitar o uso de equipamentos de informática pelas
Texto Injuntivo classes sociais economicamente desfavorecidas.
O texto injuntivo, também chamado de texto instrucional, é e) questionar o fato de o homem ser mais inteligente que a
aquele que indica uma ordem, de modo que o locutor (emissor) máquina, mesmo a mais moderna.
objetiva orientar e persuadir o interlocutor (receptor); por isso,
apresentam, na maioria dos casos, verbos no imperativo. Alguns 02. Partindo do pressuposto de que um texto estrutura-se
exemplos de gêneros textuais injuntivos: a partir de características gerais de um determinado gênero,
Propaganda identifique os gêneros descritos a seguir:
Receita culinária I. Tem como principal característica transmitir a opinião de
Bula de remédio pessoas de destaque sobre algum assunto de interesse. Algumas
Manual de instruções revistas têm uma seção dedicada a esse gênero;
Regulamento II. Caracteriza-se por apresentar um trabalho voltado
Textos prescritivos para o estudo da linguagem, fazendo-o de maneira particular,
refletindo o momento, a vida dos homens através de figuras que
Exemplos de gêneros textuais possibilitam a criação de imagens;
Diário – é escrito em linguagem informal, sempre consta III. Gênero que apresenta uma narrativa informal ligada à
a data e não há um destinatário específico, geralmente, é vida cotidiana. Apresenta certa dose de lirismo e sua principal
para a própria pessoa que está escrevendo, é um relato dos característica é a brevidade;
acontecimentos do dia. O objetivo desse tipo de texto é guardar IV. Linguagem linear e curta, envolve poucas personagens,
as lembranças e em alguns momentos desabafar. Veja um que geralmente se movimentam em torno de uma única ação,
exemplo: dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações
“Domingo, 14 de junho de 1942 encaminham-se diretamente para um desfecho;
Vou começar a partir do momento em que ganhei você, V. Esse gênero é predominantemente utilizado em manuais
quando o vi na mesa, no meio dos meus outros presentes de de eletrodomésticos, jogos eletrônicos, receitas, rótulos de
aniversário. (Eu estava junto quando você foi comprado, e com produtos, entre outros.
isso eu não contava.) São, respectivamente:
Na sexta-feira, 12 de junho, acordei às seis horas, o que a) texto instrucional, crônica, carta, entrevista e carta
não é de espantar; afinal, era meu aniversário. Mas não me argumentativa.
deixam levantar a essa hora; por isso, tive de controlar minha b) carta, bula de remédio, narração, prosa, crônica.
curiosidade até quinze para as sete. Quando não dava mais para c) entrevista, poesia, crônica, conto, texto instrucional.
esperar, fui até a sala de jantar, onde Moortje (a gata) me deu as d) entrevista, poesia, conto, crônica, texto instrucional.
boas-vindas, esfregando-se em minhas pernas.” e) texto instrucional, crônica, entrevista, carta e carta
Trecho retirado do livro “Diário de Anne Frank”. argumentativa.
Respostas
Carta – esta, dependendo do destinatário pode ser informal, 01 (B) \02. (C)
quando é destinada a algum amigo ou pessoa com quem se tem
intimidade. E formal quando destinada a alguém mais culto
ou que não se tenha intimidade. Dependendo do objetivo da 3 Domínio da ortografia oficial.
carta a mesma terá diferentes estilos de escrita, podendo ser
dissertativa, narrativa ou descritiva. As cartas se iniciam com
a data, em seguida vem a saudação, o corpo da carta e para Ortografia
finalizar a despedida.
A ortografia se caracteriza por estabelecer padrões para a
Propaganda – este gênero geralmente aparece na forma forma escrita das palavras. Essa escrita está relacionada tanto
oral, diferente da maioria dos outros gêneros. Suas principais a critérios etimológicos (ligados à origem das palavras) quanto
características são a linguagem argumentativa e expositiva, fonológicos (ligados aos fonemas representados). É importante
pois a intenção da propaganda é fazer com que o destinatário compreender que a ortografia é fruto de uma convenção. A
se interesse pelo produto da propaganda. O texto pode conter forma de grafar as palavras é produto de acordos ortográficos
algum tipo de descrição e sempre é claro e objetivo. que envolvem os diversos países em que a língua portuguesa é
oficial. A melhor maneira de treinar a ortografia é ler, escrever e
Notícia – este é um dos tipos de texto que é mais fácil de consultar o dicionário sempre que houver dúvida.
identificar. Sua linguagem é narrativa e descritiva e o objetivo
desse texto é informar algo que aconteceu. O Alfabeto
O alfabeto da língua portuguesa é formado por 26 letras. Cada
Fontes: http://www.todamateria.com.br/generos-textuais/ letra apresenta uma forma minúscula e outra maiúscula. Veja:
http://www.estudopratico.com.br/generos-textuais/
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/genero-textual. a A (á) b B (bê)
htm c C (cê) d D (dê)
Questões e E (é) f F (efe)
g G (gê ou guê) h H (agá)
01. MOSTRE QUE SUA MEMÓRIA É MELHOR DO QUE A DE i I (i) j J (jota)
COMPUTADOR E GUARDE ESTA CONDIÇÃO: 12X SEM JUROS. k K (cá) l L (ele)
m M (eme) n N (ene)
Revista Época. N° 424, 03 jul. 2006. o O (ó) p P (pê)
q Q (quê) r R (erre)
Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como s S (esse) t T (tê)
práticas de linguagem, assumindo funções específicas, formais u U (u) v V (vê)
e de conteúdo. Considerando o contexto em que circula o texto w W (dáblio) x X (xis)
publicitário, seu objetivo básico é y Y (ípsilon) z Z (zê)
a) definir regras de comportamento social pautadas no

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APOSTILAS OPÇÃO
Observação: emprega-se também o ç, que representa o Exemplos:
fonema /s/ diante das letras: a, o, e u em determinadas palavras. arranjar: arranjo, arranje, arranjem
despejar: despejo, despeje, despejem
Emprego das letras K, W e Y gorjear: gorjeie, gorjeiam, gorjeando
Utilizam-se nos seguintes casos: enferrujar: enferruje, enferrujem
a) Em antropônimos originários de outras línguas e seus viajar: viajo, viaje, viajem
derivados.
Exemplos: Kant, kantismo; Darwin, darwinismo; Taylor, 2) Nas palavras de origem tupi, africana, árabe ou exótica
taylorista. Exemplos: biju, jiboia, canjica, pajé, jerico, manjericão, Moji

b) Em topônimos originários de outras línguas e seus 3) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam j
derivados. Exemplos:
Exemplos: Kuwait, kuwaitiano. laranja- laranjeira loja- lojista lisonja -
lisonjeador nojo- nojeira
c) Em siglas, símbolos, e mesmo em palavras adotadas como cereja- cerejeira varejo- varejista rijo- enrijecer
unidades de medida de curso internacional. jeito- ajeitar
Exemplos: K (Potássio), W (West), kg (quilograma), km
(quilômetro), Watt. 4) Nos seguintes vocábulos:
berinjela, cafajeste, jeca, jegue, majestade, jeito, jejum, laje,
Emprego de X e Ch traje, pegajento
Emprega-se o X:
1) Após um ditongo. Emprego das Letras S e Z
Exemplos: caixa, frouxo, peixe Emprega-se o S:
Exceção: recauchutar e seus derivados 1) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam s no
radical
2) Após a sílaba inicial “en”.
Exemplos: enxame, enxada, enxaqueca Exemplos:
Exceção: palavras iniciadas por “ch” que recebem o prefixo análise- analisar catálise- catalisador
“en-” casa- casinha, casebre liso- alisar
Exemplos: encharcar (de charco), enchiqueirar (de chiqueiro),
encher e seus derivados (enchente, enchimento, preencher...) 2) Nos sufixos -ês e -esa, ao indicarem nacionalidade, título
ou origem
3) Após a sílaba inicial “me-”. Exemplos:
Exemplos: mexer, mexerica, mexicano, mexilhão burguês- burguesa inglês- inglesa
Exceção: mecha chinês- chinesa milanês- milanesa

4) Em vocábulos de origem indígena ou africana e nas palavras 3) Nos sufixos formadores de adjetivos -ense, -oso e -osa
inglesas aportuguesadas. Exemplos:
Exemplos: abacaxi, xavante, orixá, xará, xerife, xampu catarinense gostoso- gostosa amoroso- amorosa
palmeirense gasoso- gasosa teimoso- teimosa
5) Nas seguintes palavras:
bexiga, bruxa, coaxar, faxina, graxa, lagartixa, lixa, lixo, puxar, 4) Nos sufixos gregos -ese, -isa, -osa
rixa, oxalá, praxe, roxo, vexame, xadrez, xarope, xaxim, xícara, xale, Exemplos:
xingar, etc. catequese, diocese, poetisa, profetisa, sacerdotisa, glicose,
metamorfose, virose
Emprega-se o dígrafo Ch:
1) Nos seguintes vocábulos: 5) Após ditongos
bochecha, bucha, cachimbo, chalé, charque, chimarrão, Exemplos:
chuchu, chute, cochilo, debochar, fachada, fantoche, ficha, flecha, coisa, pouso, lousa, náusea
mochila, pechincha, salsicha, tchau, etc.
6) Nas formas dos verbos pôr e querer, bem como em seus
Para representar o fonema /j/ na forma escrita, a grafia derivados
considerada correta é aquela que ocorre de acordo com a origem Exemplos:
da palavra. Veja os exemplos: pus, pôs, pusemos, puseram, pusera, pusesse, puséssemos
gesso: Origina-se do grego gypsos quis, quisemos, quiseram, quiser, quisera, quiséssemos
jipe: Origina-se do inglês jeep. repus, repusera, repusesse, repuséssemos

Emprega-se o G: 7) Nos seguintes nomes próprios personativos:


1) Nos substantivos terminados em -agem, -igem, -ugem Baltasar, Heloísa, Inês, Isabel, Luís, Luísa, Resende, Sousa,
Exemplos: barragem, miragem, viagem, origem, ferrugem Teresa, Teresinha, Tomás
Exceção: pajem
8) Nos seguintes vocábulos:
2) Nas palavras terminadas em -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio abuso, asilo, através, aviso, besouro, brasa, cortesia,
Exemplos: estágio, privilégio, prestígio, relógio, refúgio decisão,despesa, empresa, freguesia, fusível, maisena, mesada,
paisagem, paraíso, pêsames, presépio, presídio, querosene,
3) Nas palavras derivadas de outras que se grafam com g raposa, surpresa, tesoura, usura, vaso, vigésimo, visita, etc.
Exemplos: engessar (de gesso), massagista (de massagem),
vertiginoso (de vertigem) Emprega-se o Z:
1) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam z no
4) Nos seguintes vocábulos: radical
algema, auge, bege, estrangeiro, geada, gengiva, gibi, gilete, Exemplos:
hegemonia, herege, megera, monge, rabugento, vagem. deslize- deslizar razão- razoável vazio- esvaziar
raiz- enraizar cruz-cruzeiro
Emprega-se o J:
1) Nas formas dos verbos terminados em -jar ou -jear 2) Nos sufixos -ez, -eza, ao formarem substantivos abstratos a

Língua Portuguesa 11
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APOSTILAS OPÇÃO
partir de adjetivos “mitir”, “ceder” e “cutir”
Exemplos: Exemplos:
inválido- invalidez limpo-limpeza macio- maciez agredir- agressão demitir- demissão ceder- cessão
rígido- rigidez discutir- discussão
frio- frieza nobre- nobreza pobre-pobreza surdo- progredir- progressão t r a n s m i t i r - t r a n s m i s s ã o
surdez exceder- excesso repercutir- repercussão

3) Nos sufixos -izar, ao formar verbos e -ização, ao formar Emprega-se o Xc e o Xs:


substantivos
Exemplos: Em dígrafos que soam como Ss
civilizar- civilização hospitalizar- hospitalização Exemplos:
colonizar- colonização realizar- realização exceção, excêntrico, excedente, excepcional, exsudar

4) Nos derivados em -zal, -zeiro, -zinho, -zinha, -zito, -zita Observações sobre o uso da letra X
Exemplos: 1) O X pode representar os seguintes fonemas:
cafezal, cafezeiro, cafezinho, arvorezinha, cãozito, avezita /ch/ - xarope, vexame

5) Nos seguintes vocábulos: /cs/ - axila, nexo


azar, azeite, azedo, amizade, buzina, bazar, catequizar, chafariz,
cicatriz, coalizão, cuscuz, proeza, vizinho, xadrez, verniz, etc. /z/ - exame, exílio

6) Nos vocábulos homófonos, estabelecendo distinção no /ss/ - máximo, próximo


contraste entre o S e o Z
Exemplos: /s/ - texto, extenso
cozer (cozinhar) e coser (costurar)
prezar( ter em consideração) e presar (prender) 2) Não soa nos grupos internos -xce- e -xci-
traz (forma do verbo trazer) e trás (parte posterior) Exemplos: excelente, excitar

Observação: em muitas palavras, a letra X soa como Z. Veja os Emprego das letras E e I
exemplos: Na língua falada, a distinção entre as vogais átonas /e/ e /i /
exame exato exausto exemplo existir exótico pode não ser nítida. Observe:
inexorável

Emprego de S, Ç, X e dos Dígrafos Sc, Sç, Ss, Xc, Xs Emprega-se o E:


Existem diversas formas para a representação do fonema /S/. 1) Em sílabas finais dos verbos terminados em -oar, -uar
Observe: Exemplos:
magoar - magoe, magoes
Emprega-se o S: continuar- continue, continues
Nos substantivos derivados de verbos terminados em
“andir”,”ender”, “verter” e “pelir” 2) Em palavras formadas com o prefixo ante- (antes, anterior)
Exemplos: Exemplos: antebraço, antecipar
expandir- expansão pretender- pretensão verter-
versão expelir- expulsão 3) Nos seguintes vocábulos:
estender- extensão suspender- suspensão cadeado, confete, disenteria, empecilho, irrequieto, mexerico,
converter - conversão repelir- repulsão orquídea, etc.

Emprega-se Ç: Emprega-se o I :
Nos substantivos derivados dos verbos “ter” e “torcer” 1) Em sílabas finais dos verbos terminados em -air, -oer, -uir
Exemplos: Exemplos:
ater- atenção torcer- torção cair- cai
deter- detenção distorcer-distorção doer- dói
manter- manutenção contorcer- contorção influir- influi
2) Em palavras formadas com o prefixo anti- (contra)
Emprega-se o X: Exemplos:
Em alguns casos, a letra X soa como Ss Anticristo, antitetânico
Exemplos: 3) Nos seguintes vocábulos:
auxílio, expectativa, experto, extroversão, sexta, sintaxe, texto, aborígine, artimanha, chefiar, digladiar, penicilina, privilégio,
trouxe etc.

Emprega-se Sc: Emprego das letras O e U


Nos termos eruditos Emprega-se o O/U:
Exemplos: A oposição o/u é responsável pela diferença de significado de
acréscimo, ascensorista, consciência, descender, discente, algumas palavras. Veja os exemplos:
fascículo, fascínio, imprescindível, miscigenação, miscível, comprimento (extensão) e cumprimento (saudação,
plebiscito, rescisão, seiscentos, transcender, etc. realização)
soar (emitir som) e suar (transpirar)
Emprega-se Sç:
Na conjugação de alguns verbos Grafam-se com a letra O: bolacha, bússola, costume,
Exemplos: moleque.
nascer- nasço, nasça
crescer- cresço, cresça Grafam-se com a letra U: camundongo, jabuti, Manuel, tábua
descer- desço, desça
Emprego da letra H
Emprega-se Ss: Esta letra, em início ou fim de palavras, não tem valor fonético.
Nos substantivos derivados de verbos terminados em “gredir”, Conservou-se apenas como símbolo, por força da etimologia e

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APOSTILAS OPÇÃO
da tradição escrita. A palavra hoje, por exemplo, grafa-se desta g) Nos nomes que designam altos conceitos religiosos,
forma devido a sua origem na forma latina hodie. políticos ou nacionalistas.
Exemplos:
Emprega-se o H: Igreja (Católica, Apostólica, Romana), Estado, Nação, Pátria,
1) Inicial, quando etimológico União, etc.
Exemplos: hábito, hesitar, homologar, Horácio
Observação: esses nomes escrevem-se com inicial minúscula
2) Medial, como integrante dos dígrafos ch, lh, nh quando são empregados em sentido geral ou indeterminado.
Exemplos: flecha, telha, companhia Exemplo:
Todos amam sua pátria.
3) Final e inicial, em certas interjeições
Exemplos: ah!, ih!, eh!, oh!, hem?, hum!, etc. Emprego FACULTATIVO de letra maiúscula:
a) Nos nomes de logradouros públicos, templos e edifícios.
4) Em compostos unidos por hífen, no início do segundo Exemplos:
elemento, se etimológico Rua da Liberdade ou rua da Liberdade
Exemplos: anti-higiênico, pré-histórico, super-homem, etc. Igreja do Rosário ou igreja do Rosário
Edifício Azevedo ou edifício Azevedo
Observações:
1) No substantivo Bahia, o “h” sobrevive por tradição. Note que 2) Utiliza-se inicial minúscula:
nos substantivos derivados como baiano, baianada ou baianinha a) Em todos os vocábulos da língua, nos usos correntes.
ele não é utilizado. Exemplos:
carro, flor, boneca, menino, porta, etc.
2) Os vocábulos erva, Espanha e inverno não possuem a
letra “h” na sua composição. No entanto, seus derivados eruditos b) Nos nomes de meses, estações do ano e dias da semana.
sempre são grafados com h. Veja: Exemplos:
herbívoro, hispânico, hibernal. janeiro, julho, dezembro, etc.
segunda, sexta, domingo, etc.
Emprego das Iniciais Maiúsculas e Minúsculas primavera, verão, outono, inverno
1) Utiliza-se inicial maiúscula:
a) No começo de um período, verso ou citação direta. c) Nos pontos cardeais.
Exemplos: Exemplos:
Disse o Padre Antonio Vieira: “Estar com Cristo em qualquer Percorri o país de norte a sul e de leste a oeste.
lugar, ainda que seja no inferno, é estar no Paraíso.” Estes são os pontos colaterais: nordeste, noroeste, sudeste,
sudoeste.
“Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança, Observação: quando empregados em sua forma absoluta, os
Estandarte que à luz do sol encerra pontos cardeais são grafados com letra maiúscula.
As promessas divinas da Esperança…” Exemplos:
(Castro Alves) Nordeste (região do Brasil)
Ocidente (europeu)
Observações: Oriente (asiático)
- No início dos versos que não abrem período, é facultativo o
uso da letra maiúscula. Lembre-se:
Depois de dois-pontos, não se tratando de citação direta, usa-
Por Exemplo: se letra minúscula.
“Aqui, sim, no meu cantinho,
vendo rir-me o candeeiro, Exemplo:
gozo o bem de estar sozinho “Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro,
e esquecer o mundo inteiro.” incenso, mirra.” (Manuel Bandeira)

- Depois de dois pontos, não se tratando de citação direta, usa- Emprego FACULTATIVO de letra minúscula:
se letra minúscula. a) Nos vocábulos que compõem uma citação bibliográfica.
Por Exemplo: Exemplos:
“Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, Crime e Castigo ou Crime e castigo
incenso, mirra.” (Manuel Bandeira) Grande Sertão: Veredas ou Grande sertão: veredas
Em Busca do Tempo Perdido ou Em busca do tempo perdido
b) Nos antropônimos, reais ou fictícios.
Exemplos: b) Nas formas de tratamento e reverência, bem como em
Pedro Silva, Cinderela, D. Quixote. nomes sagrados e que designam crenças religiosas.
Exemplos:
c) Nos topônimos, reais ou fictícios. Governador Mário Covas ou governador Mário Covas
Exemplos: Papa João Paulo II ou papa João Paulo II
Rio de Janeiro, Rússia, Macondo. Excelentíssimo Senhor Reitor ou excelentíssimo senhor reitor
Santa Maria ou santa Maria.
d) Nos nomes mitológicos.
Exemplos: c) Nos nomes que designam domínios de saber, cursos e
Dionísio, Netuno. disciplinas.
Exemplos:
e) Nos nomes de festas e festividades. Português ou português
Exemplos: Línguas e Literaturas Modernas ou línguas e literaturas
Natal, Páscoa, Ramadã. modernas
História do Brasil ou história do Brasil
f) Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais. Arquitetura ou arquitetura
Exemplos: Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/
ONU, Sr., V. Ex.ª. fono24.php

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APOSTILAS OPÇÃO
Emprego do Porquê ........................ praticar atividade física..........................benefícios
para a totalidade do corpo. Os resultados podem levar a novas
Orações terapias para reabilitar músculos contundidos ou mesmo para
Interrogativas Exemplo: .......................... e restaurar a perda muscular que ocorre com o
avanço da idade.
(pode ser Por que devemos nos (Ciência Hoje, março de 2012)
substituído por: preocupar com o meio
Por por qual motivo, ambiente? As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e
Que por qual razão) respectivamente, com:
Exemplo: (A) porque … trás … previnir
Equivalendo (B) porque … traz … previnir
a “pelo qual” Os motivos por que não (C) porquê … tras … previnir
respondeu são desconhecidos. (D) por que … traz … prevenir
(E) por quê … tráz … prevenir
Exemplos:
02. Assinale a opção que completa corretamente as lacunas
Você ainda tem coragem de da frase abaixo: Não sei o _____ ela está com os olhos vermelhos,
Final de
Por perguntar por quê? talvez seja _____ chorou.
frases e seguidos
Quê (A) porquê / porque;
de pontuação
Você não vai? Por quê? (B) por que / porque;
(C) porque / por que;
Não sei por quê! (D) porquê / por quê;
(E) por que / por quê.
Exemplos:
Conjunção 03.
A situação agravou-se
que indica
porque ninguém reclamou.
explicação ou
causa
Ninguém mais o espera,
Porque porque ele sempre se atrasa.
Conjunção de
Exemplos:
Finalidade –
equivale a “para
Não julgues porque não te
que”, “a fim de
julguem.
que”.
Considerando a ortografia e a acentuação da norma-
Função de padrão da língua portuguesa, as lacunas estão, correta e
Exemplos:
substantivo respectivamente, preenchidas por:
– vem (A) mal ... por que ... intuíto
Não é fácil encontrar o
acompanhado (B) mau ... por que ... intuito
Porquê porquê de toda confusão.
de artigo ou (C) mau ... porque ... intuíto
pronome (D) mal ... porque ... intuito
Dê-me um porquê de sua
saída. (E) mal ... por quê ... intuito

Respostas
1. Por que (pergunta) 01. D/02. B/03. D
2. Porque (resposta)
3. Por quê (fim de frase: motivo) 4 Domínio dos mecanismos de
4. O Porquê (substantivo) coesão textual. 4.1 Emprego de
elementos de referenciação,
Emprego de outras palavras
substituição e repetição,
Senão: equivale a “caso contrário”, “a não ser”: Não fazia coisa de conectores e de outros
nenhuma senão criticar. elementos de sequenciação
Se não: equivale a “se por acaso não”, em orações adverbiais textual. 4.2 Emprego de tempos e
condicionais: Se não houver homens honestos, o país não sairá modos verbais.
desta situação crítica.

Tampouco: advérbio, equivale a “também não”: Não Coesão


compareceu, tampouco apresentou qualquer justificativa.
Tão pouco: advérbio de intensidade: Encontramo-nos tão Coesão é a conexão, ligação, harmonia entre os elementos de
pouco esta semana. um texto, como descreve Marina Cabral. Percebemos tal definição
quando lemos um texto e verificamos que as palavras, as frases
Trás ou Atrás = indicam lugar, são advérbios. e os parágrafos estão entrelaçados, um dando continuidade ao
Traz - do verbo trazer. outro.
Os elementos de coesão determinam a transição de ideias
Vultoso: volumoso: Fizemos um trabalho vultoso aqui. entre as frases e os parágrafos.
Vultuoso: atacado de congestão no rosto: Sua face está
vultuosa e deformada. Observe a coesão presente no texto a seguir:
“Os sem-terra fizeram um protesto em Brasília contra a
política agrária do país, porque consideram injusta a atual
Questões distribuição de terras. Porém o ministro da Agricultura
considerou a manifestação um ato de rebeldia, uma vez que o
01. Que mexer o esqueleto é bom para a saúde já virou projeto de Reforma Agrária pretende assentar milhares de sem-
até sabedoria popular. Agora, estudo levanta hipóteses sobre terra.”

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APOSTILAS OPÇÃO
JORDÃO, R., BELLEZI C. Linguagens. São Paulo: Escala Educacional, Assim, a coesão confere textualidade aos enunciados
2007, p. 566 agrupados em conjuntos.
As palavras destacadas têm o papel de ligar as partes do Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/redacao/coesao.htm
texto, podemos dizer que elas são responsáveis pela coesão do
texto. Questões
Há vários recursos que respondem pela coesão do texto, os 01.
principais são: Texto 1 – Bem tratada, faz bem

- Palavras de transição: são palavras responsáveis pela Sérgio Magalhães, O Globo


coesão do texto, estabelecem a interrelação entre os enunciados
(orações, frases, parágrafos), são preposições, conjunções, O arquiteto Jaime Lerner cunhou esta frase premonitória: “O
alguns advérbios e locuções adverbiais. carro é o cigarro do futuro.” Quem poderia imaginar a reversão
cultural que se deu no consumo do tabaco?
Veja algumas palavras e expressões de transição e seus Talvez o automóvel não seja descartável tão facilmente. Este
respectivos sentidos: jornal, em uma série de reportagens, nestes dias, mostrou o
- inicialmente (começo, introdução) privilégio que os governos dão ao uso do carro e o desprezo ao
- primeiramente (começo, introdução) transporte coletivo. Surpreendentemente, houve entrevistado
- primeiramente (começo, introdução) que opinou favoravelmente, valorizando Los Angeles – um caso
- antes de tudo (começo, introdução) típico de cidade rodoviária e dispersa.
- desde já (começo, introdução) Ainda nestes dias, a ONU reafirmou o compromisso desta
- além disso (continuação) geração com o futuro da humanidade e contra o aquecimento
- do mesmo modo (continuação) global – para o qual a emissão de CO2 do rodoviarismo é agente
- acresce que (continuação) básico. (A USP acaba de divulgar estudo advertindo que a
- ainda por cima (continuação) poluição em São Paulo mata o dobro do que o trânsito.)
- bem como (continuação) O transporte também esteve no centro dos protestos de
- outrossim (continuação) junho de 2013. Lembremos: ele está interrelacionado com a
- enfim (conclusão) moradia, o emprego, o lazer. Como se vê, não faltam razões para
- dessa forma (conclusão) o debate do tema.
- em suma (conclusão)
- nesse sentido (conclusão) “Como se vê, não faltam razões para o debate do tema.”
- portanto (conclusão)
- afinal (conclusão) Substituindo o termo destacado por uma oração
- logo após (tempo) desenvolvida, a forma correta e adequada seria:
- ocasionalmente (tempo) (A) para que se debatesse o tema;
- posteriormente (tempo) (B) para se debater o tema;
- atualmente (tempo) (C) para que se debata o tema;
- enquanto isso (tempo) (D) para debater-se o tema;
- imediatamente (tempo) (E) para que o tema fosse debatido.
- não raro (tempo)
- concomitantemente (tempo) 02. “A USP acaba de divulgar estudo advertindo que a
- igualmente (semelhança, conformidade) poluição em São Paulo mata o dobro do que o trânsito”.
- segundo (semelhança, conformidade) A oração em forma desenvolvida que substitui correta e
- conforme (semelhança, conformidade) adequadamente o gerúndio “advertindo” é:
- quer dizer (exemplificação, esclarecimento) (A) com a advertência de;
- rigorosamente falando (exemplificação, esclarecimento). (B) quando adverte;
Ex.: A prática de atividade física é essencial ao nosso (C) em que adverte;
cotidiano. Assim sendo, quem a pratica possui uma melhor (D) no qual advertia;
qualidade de vida. (E) para advertir.

- Coesão por referência: existem palavras que têm a função 03. Texto III - Corrida contra o ebola
de fazer referência, são elas:
- pronomes pessoais: eu, tu, ele, me, te, os... Já faz seis meses que o atual surto de ebola na África
- pronomes possessivos: meu, teu, seu, nosso... Ocidental despertou a atenção da comunidade internacional,
- pronomes demonstrativos: este, esse, aquele... mas nada sugere que as medidas até agora adotadas para refrear
- pronomes indefinidos: algum, nenhum, todo... o avanço da doença tenham sido eficazes.
- pronomes relativos: que, o qual, onde... Ao contrário, quase metade das cerca de 4.000 contaminações
- advérbios de lugar: aqui, aí, lá... registradas neste ano ocorreram nas últimas três semanas,
e as mais de 2.000 mortes atestam a força da enfermidade. A
Ex.: Marcela obteve uma ótima colocação no concurso. Tal escalada levou o diretor do CDC (Centro de Controle e Prevenção
resultado demonstra que ela se esforçou bastante para alcançar de Doenças) dos EUA, Tom Frieden, a afirmar que a epidemia
o objetivo que tanto almejava. está fora de controle.
O vírus encontrou ambiente propício para se propagar.
- Coesão por substituição: substituição de um nome (pessoa, De um lado, as condições sanitárias e econômicas dos países
objeto, lugar etc.), verbos, períodos ou trechos do texto por uma afetados são as piores possíveis. De outro, a Organização
palavra ou expressão que tenha sentido próximo, evitando a Mundial da Saúde foi incapaz de mobilizar com celeridade
repetição no corpo do texto. um contingente expressivo de profissionais para atuar nessas
localidades afetadas.
Ex.: Porto Alegre pode ser substituída por “a capital gaúcha”; Verdade que uma parcela das debilidades da OMS se explica
Castro Alves pode ser substituído por “O Poeta dos Escravos”; por problemas financeiros. Só 20% dos recursos da entidade
João Paulo II: Sua Santidade; vêm de contribuições compulsórias dos países-membros – o
Vênus: A Deusa da Beleza. restante é formado por doações voluntárias.
A crise econômica mundial se fez sentir também nessa área,
Ex.: Castro Alves é autor de uma vastíssima obra literária. e a organização perdeu quase US$ 1 bilhão de seu orçamento
Não é por acaso que o “Poeta dos Escravos” é considerado o mais bianual, hoje de quase US$ 4 bilhões. Para comparação, o CDC
importante da geração a qual representou. dos EUA contou, somente no ano de 2013, com cerca de US$ 6

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APOSTILAS OPÇÃO
bilhões. falamos (indica a 1ª pessoa do plural.)
Os cortes obrigaram a OMS a fazer escolhas difíceis. A agência falavam (indica a 3ª pessoa do plural.)
passou a dar mais ênfase à luta contra enfermidades globais
crônicas, como doenças coronárias e diabetes. O departamento Observação:  o verbo pôr, assim como seus derivados
de respostas a epidemias e pandemias foi dissolvido e integrado (compor, repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação, pois a
a outros. Muitos profissionais experimentados deixaram seus forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar de haver
cargos. desaparecido do infinitivo, revela-se em algumas formas do
Pesa contra o órgão da ONU, de todo modo, a demora para verbo: põe, pões, põem, etc.
reconhecer a gravidade da situação. Seus esforços iniciais foram
limitados e mal liderados. Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
O surto agora atingiu proporções tais que já não é mais Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura dos
possível enfrentá-lo de Genebra, cidade suíça sede da OMS. verbos com o conceito de acentuação tônica, percebemos com
Tornou-se crucial estabelecer um comando central na África facilidade que nas formas rizotônicas, o acento tônico cai no
Ocidental, com representantes dos países afetados. radical do verbo: opino, aprendam,  nutro, por exemplo. Nas
Espera-se também maior comprometimento das potências formas arrizotônicas, o acento tônico não cai no radical, mas sim
mundiais, sobretudo Estados Unidos, Inglaterra e França, na terminação verbal: opinei, aprenderão, nutriríamos.
que possuem antigos laços com Libéria, Serra Leoa e Guiné,
respectivamente. Classificação dos Verbos
A comunidade internacional tem diante de si um desafio
enorme, mas é ainda maior a necessidade de agir com rapidez. Classificam-se em:
Nessa batalha global contra o ebola, todo tempo perdido conta a) Regulares:  são aqueles que possuem as desinências
a favor da doença. normais de sua conjugação e cuja flexão não provoca alterações
no radical.
(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/
opiniao/2014/09/1512104-editorial-corrida-contra-o-ebola.shtml: Por exemplo: canto     cantei      cantarei     cantava      cantasse
Acesso em: 08/09/2014) b) Irregulares:  são aqueles cuja flexão provoca alterações
no radical ou nas desinências.
Assinale a opção em que se indica, INCORRETAMENTE, o Por exemplo: faço     fiz      farei     fizesse
referente do termo em destaque. c) Defectivos: são aqueles que não apresentam conjugação
(A) “quase US$ 1 bilhão de seu orçamento bianual” (5º§) – completa. Classificam-se em impessoais, unipessoais e pessoais.
organização
(B) “A agência passou a dar mais ênfase” (6º§) – OMS - Impessoais: são os verbos que não têm sujeito.
(C) “Pesa contra o órgão da ONU”(7º§) – OMS Normalmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os
(D) “Seus esforços iniciais foram limitados” (7º§) – gravidade principais verbos impessoais são:
da situação a) haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-se
(E) “A comunidade tem diante de si” (10º§) – comunidade ou fazer (em orações temporais).
internacional Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam)
Respostas Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
01. (C)/02. (C)/03. (D) Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão)
Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz)
Verbo
b) fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
Verbo  é a classe de palavras que se flexiona em pessoa, Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil.
número, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros Era primavera quando a conheci.
processos: ação (correr); estado (ficar); fenômeno (chover); Estava frio naquele dia.
ocorrência (nascer); desejo (querer).
O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não os seus c) Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza
possíveis significados. Observe que palavras como corrida, são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhecer,
chuva e nascimento têm conteúdo muito próximo ao de alguns escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci mal-
verbos mencionados acima; não apresentam, porém, todas as humorado”, usa-se o verbo  “amanhecer”  em sentido figurado.
possibilidades de flexão que esses verbos possuem. Qualquer verbo impessoal, empregado em sentido figurado,
deixa de ser impessoal para ser pessoal.
Estrutura das Formas Verbais Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu)
Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
apresentar os seguintes elementos: Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
a)  Radical:  é a parte invariável, que expressa o significado
essencial do verbo. Por exemplo: d) São impessoais, ainda:
fal-ei; fal-ava; fal-am. (radical fal-) 1. o verbo passar (seguido de preposição), indicando tempo.
Ex.: Já passa das seis.
b) Tema: é o radical seguido da vogal temática que indica a 2. os verbos  bastar  e  chegar, seguidos da preposição  de,
conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: fala-r indicando suficiência. Ex.: 
São três as conjugações: Basta de tolices. Chega de blasfêmias.
1ª - Vogal Temática - A - (falar) 3. os verbos  estar  e  ficar  em orações tais como  Está bem,
2ª - Vogal Temática - E - (vender) Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal,  sem referência
3ª - Vogal Temática - I - (partir) a sujeito expresso anteriormente. Podemos, ainda, nesse caso,
classificar o sujeito como  hipotético, tornando-se, tais verbos,
c) Desinência modo-temporal: é o elemento que designa o então, pessoais.
tempo e o modo do verbo. 4. o verbo deu + para da língua popular, equivalente de “ser
Por exemplo: possível”. Por exemplo:
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.) Não deu para chegar mais cedo.
falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.) Dá para me arrumar uns trocados?

d)  Desinência número-pessoal:  é o elemento que designa - Unipessoais:  são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se
a pessoa do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o número (singular ou apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural.
plural). A fruta amadureceu.

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APOSTILAS OPÇÃO
As frutas amadureceram. f) Auxiliares
Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos São aqueles que entram na formação dos tempos
pessoais na linguagem figurada: compostos e das locuções verbais. O verbo principal, quando
Teu irmão amadureceu bastante. acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das formas
Entre os unipessoais estão os verbos que significam vozes de nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
animais; eis alguns:                         
bramar: tigre   Vou                       espantar           as          moscas.
bramir: crocodilo (verbo auxiliar)       (verbo principal no infinitivo)
cacarejar: galinha
coaxar: sapo Está                    chegando            a         hora     do    debate.
cricrilar: grilo (verbo auxiliar)      (verbo principal no gerúndio)                 
                   
Os principais verbos unipessoais são: Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e
1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, haver.
ser (preciso, necessário, etc.).
Cumpre  trabalharmos bastante. (Sujeito:  trabalharmos Conjugação dos Verbos Auxiliares
bastante.)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover.) SER - Modo Indicativo
É preciso que chova. (Sujeito: que chova.)
2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da Presente: eu sou, tu és, ele é, nós somos, vós sois, eles são.
conjunção que. Pretérito Imperfeito: eu era, tu eras, ele era, nós éramos,
Faz  dez anos que deixei de fumar. (Sujeito:  que deixei de vós éreis, eles eram.
fumar.) Pretérito Perfeito Simples: eu fui, tu foste, ele foi, nós
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo Cláudia. fomos, vós fostes, eles foram.
(Sujeito: que não vejo Cláudia) Pretérito Perfeito Composto: tenho sido.
Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.
- Pessoais:  não apresentam algumas flexões por motivos Mais-que-perfeito simples: eu fora, tu foras, ele fora, nós
morfológicos ou eufônicos. Por exemplo: fôramos, vós fôreis, eles foram.
verbo falir. Este verbo teria como formas do presente do Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tinha sido.
indicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar - o que Futuro do Pretérito simples: eu seria, tu serias, ele seria,
provavelmente causaria problemas de interpretação em certos nós seríamos, vós seríeis, eles seriam.
contextos. Futuro do Pretérito Composto: terei sido.
verbo computar. Este verbo teria como formas do presente do Futuro do Presente: eu serei, tu serás, ele será, nós seremos,
indicativo computo, computas, computa - formas de sonoridade vós sereis, eles serão.
considerada ofensiva por alguns ouvidos gramaticais. Essas Futuro do Pretérito Composto: Teria sido.
razões muitas vezes não impedem o uso efetivo de formas
verbais repudiadas por alguns gramáticos: exemplo disso é
o próprio verbo computar, que, com o desenvolvimento e a SER - Modo Subjuntivo
popularização da informática, tem sido conjugado em todos os
tempos, modos e pessoas. Presente: que eu seja, que tu sejas, que ele seja, que nós
sejamos, que vós sejais, que eles sejam.
d) Abundantes:  são aqueles que possuem mais de uma Pretérito Imperfeito: se eu fosse, se tu fosses, se ele fosse,
forma com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno costuma se nós fôssemos, se vós fôsseis, se eles fossem.
ocorrer no particípio, em que, além das formas regulares Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse sido.
terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas Futuro Simples: quando eu for, quando tu fores, quando ele
curtas (particípio irregular). Observe: for, quando nós formos, quando vós fordes, quando eles forem.
Futuro Composto: tiver sido.
Infinitivo Particípio regular Particípio irregular
SER - Modo Imperativo

Anexar Anexado Anexo Imperativo Afirmativo: sê tu, seja ele, sejamos nós, sede
vós, sejam eles.
Dispersar Dispersado Disperso
Imperativo Negativo: não sejas tu, não seja ele, não sejamos
Eleger Elegido Eleito nós, não sejais vós, não sejam eles.
Infinitivo Pessoal: por ser eu, por seres tu, por ser ele, por
Envolver Envolvido Envolto
sermos nós, por serdes vós, por serem eles.
Imprimir Imprimido Impresso
SER - Formas Nominais
Matar Matado Morto
Morrer Morrido Morto Formas Nominais
Infinitivo: ser
Pegar Pegado Pego
Gerúndio: sendo
Soltar Soltado Solto Particípio: sido

e) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical Infinitivo Pessoal : ser eu, seres tu, ser ele, sermos
em sua conjugação. nós, serdes vós, serem eles.

Por exemplo:  ESTAR - Modo Indicativo


Ir Pôr Ser Saber
Presente: eu estou, tu estás, ele está, nós estamos, vós estais,
vou ponho sou sei eles estão.
vais pus és sabes Pretérito Imperfeito: eu estava, tu estavas, ele estava, nós
ides pôs fui soube estávamos, vós estáveis, eles estavam.
fui punha foste saiba Pretérito Perfeito Simples: eu estive, tu estiveste, ele
foste seja esteve, nós estivemos, vós estivestes, eles estiveram.
Pretérito Perfeito Composto: tenho estado.
Pretérito Mais-que-Perfeito Simples: eu estivera, tu

Língua Portuguesa 17
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APOSTILAS OPÇÃO
estiveras, ele estivera, nós estivéramos, vós estivéreis, eles Futuro Composto: tiver havido.
estiveram.
Pretérito Mais-que-perfeito Composto: tinha estado Modo Imperativo
Futuro do Presente Simples: eu estarei, tu estarás, ele Imperativo Afirmativo: haja ele, hajamos nós, havei vós,
estará, nós estaremos, vós estareis, eles estarão. hajam eles.
Futuro do Presente Composto: terei estado. Imperativo Negativo: não hajas tu, não haja ele, não
Futuro do Pretérito Simples: eu estaria, tu estarias, ele hajamos nós, não hajais vós, não hajam eles.
estaria, nós estaríamos, vós estaríeis, eles estariam. Infinitivo Pessoal: por haver eu, por haveres tu, por haver
Futuro do Pretérito Composto: teria estado. ele, por havermos nós, por haverdes vós, por haverem eles.

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo HAVER - Formas Nominais

Presente: que eu esteja, que tu estejas, que ele esteja, que Infinitivo Impessoal: haver, haveres, haver, havermos,
nós estejamos, que vós estejais, que eles estejam. haverdes, haverem.
Pretérito Imperfeito: se eu estivesse, se tu estivesses, se Infinitivo Pessoal: haver
ele estivesse, se nós estivéssemos, se vós estivésseis, se eles Gerúndio: havendo
estivessem. Particípio: havido
Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse estado
Futuro Simples: quando eu estiver, quando tu estiveres, TER - Modo Indicativo
quando ele estiver, quando nós estivermos, quando vós
estiverdes, quando eles estiverem. Presente: eu tenho, tu tens, ele tem, nós temos, vós tendes,
Futuro Composto: Tiver estado. eles têm.
Pretérito Imperfeito: eu tinha, tu tinhas, ele tinha, nós
Imperativo Afirmativo: está tu, esteja ele, estejamos nós, tínhamos, vós tínheis, eles tinham.
estai vós, estejam eles. Pretérito Perfeito Simples: eu tive, tu tiveste, ele teve, nós
Imperativo Negativo: não estejas tu, não esteja ele, não tivemos, vós tivestes, eles tiveram.
estejamos nós, não estejais vós, não estejam eles. Pretérito Perfeito Composto: tenho tido.
Infinitivo Pessoal: por estar eu, por estares tu, por estar ele, Pretérito Mais-que-Perfeito Simples: eu tivera, tu tiveras,
por estarmos nós, por estardes vós, por estarem eles. ele tivera, nós tivéramos, vós tivéreis, eles tiveram.
Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tinha tido.
Formas Nominais Futuro do Presente Simples: eu terei, tu terás, ele terá, nós
Infinitivo: estar teremos, vós tereis, eles terão.
Gerúndio: estando Futuro do Presente: terei tido.
Particípio: estado Futuro do Pretérito Simples: eu teria, tu terias, ele teria,
nós teríamos, vós teríeis, eles teriam.
ESTAR - Formas Nominais Futuro do Pretérito composto: teria tido.

Infinitivo Impessoal: estar TER - Modo Subjuntivo e Imperativo


Infinitivo Pessoal: estar, estares, estar, estarmos, estardes,
estarem. Modo Subjuntivo
Gerúndio: estando Presente: que eu tenha, que tu tenhas, que ele tenha, que
Particípio: estado nós tenhamos, que vós tenhais, que eles tenham.
Pretérito Imperfeito: se eu tivesse, se tu tivesses, se ele
HAVER - Modo Indicativo tivesse, se nós tivéssemos, se vós tivésseis, se eles tivessem.
Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse tido.
Presente: eu hei, tu hás, ele há, nós havemos, vós haveis, eles Futuro: quando eu tiver, quando tu tiveres, quando ele tiver,
hão. quando nós tivermos, quando vós tiverdes, quando eles tiverem.
Pretérito Imperfeito: eu havia, tu havias, ele havia, nós Futuro Composto: tiver tido.
havíamos, vós havíeis, eles haviam.
Pretérito Perfeito Simples: eu houve, tu houveste, ele Modo Imperativo
houve, nós houvemos, vós houvestes, eles houveram. Imperativo Afirmativo: tem tu, tenha ele, tenhamos nós,
Pretérito Perfeito Composto: tenho havido. tende vós, tenham eles.
Pretérito Mais-que-Perfeito Simples: eu houvera, tu Imperativo Negativo: não tenhas tu, não tenha ele, não
houveras, ele houvera, nós houvéramos, vós houvéreis, eles tenhamos nós, não tenhais vós, não tenham eles.
houveram. Infinitivo Pessoal: por ter eu, por teres tu, por ter ele, por
Pretérito Mais-que-Prefeito Composto: tinha havido. termos nós, por terdes vós, por terem eles.
Futuro do Presente Simples: eu haverei, tu haverás, ele
haverá, nós haveremos, vós havereis, eles haverão. g) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com
Futuro do Presente Composto: terei havido. os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na mesma
Futuro do Pretérito Simples: eu haveria, tu haverias, ele pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais
haveria, nós haveríamos, vós haveríeis, eles haveriam. acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no próprio
Futuro do Pretérito Composto: teria havido. sentido do verbo (reflexivos essenciais). Veja:
- 1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os
HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos: abster-se,
ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos
Modo Subjuntivo verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já está implícita
Presente: que eu haja, que tu hajas, que ele haja, que nós no radical do verbo. Por exemplo:
hajamos, que vós hajais, que eles hajam. Arrependi-me de ter estado lá.
Pretérito Imperfeito: se eu houvesse, se tu houvesses, se A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem
ele houvesse, se nós houvéssemos, se vós houvésseis, se eles um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mesma,
houvessem. pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o
Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse havido. pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante do
Futuro Simples: quando eu houver, quando tu houveres, verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-
quando ele houver, quando nós houvermos, quando vós se que o pronome apenas serve de reforço da ideia reflexiva
houverdes, quando eles houverem. expressa pelo radical do próprio verbo.  

Língua Portuguesa 18
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APOSTILAS OPÇÃO
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e advérbio)
respectivos pronomes):  Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função adjetivo)
Eu me arrependo  Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em curso;
Tu te arrependes  na forma composta, uma ação concluída. Por exemplo:
Ele se arrepende  Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro.
Nós nos arrependemos  Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro.
Vós vos arrependeis 
Eles se arrependem - d) Particípio:  quando não é empregado na formação dos
tempos compostos, o particípio indica geralmente o resultado
 - 2. Acidentais:  são aqueles verbos transitivos diretos em que de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e
a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto representado por grau. Por exemplo:
pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito Terminados os exames, os candidatos saíram.
faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em geral, os verbos Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma
transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser relação temporal, assume verdadeiramente a função de adjetivo
conjugados com os pronomes mencionados, formando o que se (adjetivo verbal). Por exemplo:
chama voz reflexiva. Por exemplo: Maria se penteava. Ela foi a aluna escolhida para representar a escola.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode
ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo:  Maria Tempos Verbais
penteou-me.
  Tomando-se como referência o momento em que se fala,
Observações: a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos.
1- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes Veja:
oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática. 1. Tempos do Indicativo
2- Há verbos que também são acompanhados de pronomes
oblíquos átonos, mas que não são essencialmente pronominais, - Presente  - Expressa um fato atual. Por exemplo:
são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, Eu estudo neste colégio.
apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à do sujeito, - Pretérito Imperfeito  - Expressa um fato ocorrido num
exercem funções sintáticas. momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
Por exemplo: terminado. Por exemplo: Ele  estudava  as lições quando foi
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me (objeto interrompido.
direto) - 1ª pessoa do singular - Pretérito Perfeito (simples)  -  Expressa um fato ocorrido
num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado.
Modos Verbais Por exemplo: Ele estudou as lições ontem à noite.
- Pretérito Perfeito (composto) - Expressa um fato que teve
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo início no passado e que pode se prolongar até o momento atual.
verbo na expressão de um fato. Em Português, existem três Por exemplo: Tenho estudado muito para os exames.
modos:  - Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato ocorrido
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade. Por exemplo: antes de outro fato já terminado. Por exemplo: Ele já  tinha
Eu sempre estudo. estudado  as lições quando os amigos chegaram. (forma
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade. Por composta) Ele já estudara as lições quando os amigos chegaram.
exemplo: Talvez eu estude amanhã. (forma simples)
Imperativo  - indica uma ordem, um pedido. Por - Futuro do Presente (simples) - Enuncia um fato que deve
exemplo: Estuda agora, menino. ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual.
Por exemplo:  Ele estudará as lições amanhã.
Formas Nominais - Futuro do Presente (composto) - Enuncia um fato que deve
ocorrer posteriormente a um momento atual, mas já terminado
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas antes de outro fato futuro. Por exemplo: Antes de bater o sinal,
que podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo, os alunos já terão terminado o teste.
advérbio), sendo por isso denominadas  formas nominais. - Futuro do Pretérito (simples) - Enuncia um fato que pode
Observe:  ocorrer posteriormente a um determinado fato passado. Por
- a) Infinitivo Impessoal:  exprime a significação do verbo exemplo: Se eu tivesse dinheiro, viajaria nas férias.
de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de - Futuro do Pretérito (composto)  -  Enuncia um fato que
substantivo. Por exemplo: Viver é lutar. (= vida é luta) poderia ter ocorrido posteriormente a um determinado fato
É indispensável combater a corrupção. (= combate à) passado. Por exemplo:  Se eu tivesse ganho esse dinheiro, teria
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente viajado nas férias.
(forma simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo:
É preciso ler este livro. Era preciso ter lido este livro. 2. Tempos do Subjuntivo

b) Infinitivo Pessoal:  é o infinitivo relacionado às três - Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento
pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não atual. Por exemplo: É conveniente que estudes para o exame.
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; - Pretérito Imperfeito  -  Expressa um fato passado, mas
nas demais, flexiona- -se da seguinte maneira: posterior a outro já ocorrido. Por exemplo: Eu esperava que
ele vencesse o jogo.
2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu)
1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.:termos (nós) Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas construções
2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.:terdes (vós) em que se expressa a ideia de condição ou desejo. Por exemplo:
3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.:terem (eles) Se ele viesse ao clube, participaria do campeonato.
- Pretérito Perfeito (composto) - Expressa um fato totalmente
Por exemplo: terminado num momento passado. Por exemplo: Embora tenha
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação. estudado bastante, não passou no teste.
- Futuro do Presente (simples) - Enuncia um fato que pode
- c) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou ocorrer num momento futuro em relação ao atual. Por exemplo:
advérbio. Por exemplo:  Quando ele vier à loja, levará as encomendas.
Saindo  de casa, encontrei alguns amigos. (função de Obs.: o futuro do presente é também usado em frases que

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APOSTILAS OPÇÃO
indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele vier à loja, Presente do Subjuntivo
levará as encomendas.
- Futuro do Presente (composto) - Enuncia um fato posterior Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a
ao momento atual mas já terminado antes de outro fato desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
futuro. Por exemplo:  Quando ele  tiver saído do hospital, nós o indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1ª conjugação) ou
visitaremos. pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação).

Presente do Indicativo 1ª conj./2ª conj./3ª conju./Des.Temp./Des.temp./Des. pess


1ª conj. 2ª/3ª conj.
1ª conjugação/2ª conjugação/3ª conjugação / Desinência CANTAR VENDER PARTIR
pessoal cantE vendA partA E A Ø
CANTAR VENDER PARTIR cantES vendAS partAS E A S
cantO vendO partO O cantE vendA partA E A Ø
cantaS vendeS parteS S cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
canta vende parte - cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS cantEM vendAM partAM E A M
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Pretérito Perfeito do Indicativo Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a


desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
1ª conjugação/2ª conjugação/3ª conjugação/Desinência obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse
pessoal tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número
CANTAR VENDER PARTIR e pessoa correspondente.
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE 1ª conj. 2ª conj. 3ª conj. Des. temporal Desin. pessoal
cantoU vendeU partiU U 1ª /2ª e 3ª conj.
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS CANTAR VENDER PARTIR
cantaSTES vendeSTES partISTES STES cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaRAM vendeRAM partiRAM AM cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
Pretérito mais-que-perfeito cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíssemos SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
1ª conj. / 2ª conj. / 3ª conj. /Desin. Temp. /Desin. Pess. cantaSSE vendeSSEM partiSSEM SSE M
1ª/2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR - - Futuro do Subjuntivo
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS desinência temporal -R mais a desinência de número e pessoa
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M correspondente.

Pretérito Imperfeito do Indicativo 1ª conj. / 2ª conj. / 3ª conj. / Des. temp. /Desin. pess.
1ª /2ª e 3ª conj.
1ª conjugação / 2ª conjugação / 3ª conjugação CANTAR VENDER PARTIR
CANTAR VENDER PARTIR cantaR vendeR partiR Ø
cantAVA vendIA partIA cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantAVAS vendIAS partAS cantaR vendeR partiR R Ø
CantAVA vendIA partIA cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS cantaREM vendeREM PartiREM R EM
cantAVAM vendIAM partIAM
Imperativo
Futuro do Presente do Indicativo
Imperativo Afirmativo
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente
cantar ei vender ei partir ei do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda pessoa do
cantar ás vender ás partir ás plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm,
cantar á vender á partir á sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja: 
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis Pres. do Indicativo Imperativo Afirm. Pres. do Subjuntivo
cantar ão vender ão partir ão Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Futuro do Pretérito do Indicativo Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
CANTAR VENDER PARTIR Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS Imperativo Negativo
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS negação às formas do presente do subjuntivo.
cantarIAM venderIAM partirIAM

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APOSTILAS OPÇÃO
Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo Classificação dos Artigos
Que eu cante ---
Que tu cantes Não cantes tu Artigos Definidos: determinam os substantivos de maneira
Que ele cante Não cante você precisa: o, a, os, as. Por exemplo: Eu matei o animal.
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós Artigos Indefinidos:  determinam os substantivos
Que eles cantem Não cantem eles de maneira vaga:  um, uma, uns, umas. Por exemplo: Eu
matei um animal.
Observações:
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa Combinação dos Artigos
(singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido É muito presente a combinação dos artigos definidos e
ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se indefinidos com preposições. Este quadro apresenta a forma
fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês. assumida por essas combinações:
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu),
sede (vós). Preposições Artigos
- o, os
Infinitivo Impessoal
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação a ao, aos
CANTAR VENDER PARTIR de do, dos

Infinitivo Pessoal em no, nos


1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação por (per) pelo, pelos
CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir a, as um, uns uma, umas
cantarES venderES partirES à, às - -
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS da, das dum, duns duma, dumas
cantarDES venderDES partirDES na, nas num, nuns numa, numas
cantarEM venderEM partirEM
Questões pela, pelas - -

01. Considere o trecho a seguir. É comum que objetos - As formas à e às indicam a fusão da preposição  a com o
___ esquecidos em locais públicos. Mas muitos transtornos artigo definido a. Essa fusão de vogais idênticas é conhecida
poderiam ser evitados se as pessoas ______ a atenção voltada por crase.
para seus pertences, conservando-os junto ao corpo. Assinale a
alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas Constatemos as circunstâncias em que os artigos se
do texto. manifestam:
(A) sejam … mantesse
(B) sejam … mantivessem - Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do numeral
(C) sejam … mantém “ambos”:
(D) seja … mantivessem Ambos os garotos decidiram participar das olimpíadas.
(E) seja … mantêm
- Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso do
02. Na frase –… os níveis de pessoas sem emprego estão artigo, outros não:
apresentando quedas sucessivas de 2005 para cá. –, a locução São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza, A Bahia...
verbal em destaque expressa ação
(A) concluída. - Quando indicado no singular, o artigo definido pode indicar
(B) atemporal. toda uma espécie:
(C) contínua. O trabalho dignifica o homem.
(D) hipotética.
(E) futura. - No caso de nomes próprios personativos, denotando a ideia
Respostas de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso do artigo:
1-B / 2-C O Pedro é o xodó da família.

- No caso de os nomes próprios personativos estarem no


plural, são determinados pelo uso do artigo:
5 Domínio da estrutura Os Maias, os Incas, Os Astecas...
morfossintática do período.
5.1 Emprego das classes de - Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a) para
palavras. 5.2 Relações de conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (o artigo), o
coordenação entre orações pronome assume a noção de qualquer.
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
e entre termos da oração. 5.3 Toda classe possui alunos interessados e desinteressados.
Relações de subordinação (qualquer classe)
entre orações e entre termos da
oração. - Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é facultativo:
Adoro o meu vestido longo. Adoro meu vestido longo.
- A utilização do artigo indefinido pode indicar uma ideia de
Classes de Palavras aproximação numérica:
Artigo O máximo que ele deve ter é uns vinte anos.

Artigo é a palavra que, vindo antes de um substantivo, indica - O artigo também é usado para substantivar palavras
se ele está sendo empregado de maneira definida ou indefinida. oriundas de outras classes gramaticais:
Além disso, o artigo indica, ao mesmo tempo, o gênero e o Não sei o porquê de tudo isso.
número dos substantivos.

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APOSTILAS OPÇÃO
- Nunca deve ser usado artigo depois do pronome relativo núcleo do predicativo do sujeito ou do objeto ou como núcleo
cujo (e flexões). do vocativo. Também encontramos substantivos como núcleos
Este é o homem cujo amigo desapareceu. de adjuntos adnominais e de adjuntos adverbiais - quando essas
Este é o autor cuja obra conheço. funções são desempenhadas por grupos de palavras. 

- Não se deve usar artigo antes das palavras casa (no sentido Classificação dos Substantivos
de lar, moradia) e terra (no sentido de chão firme), a menos que
venham especificadas. 1-  Substantivos Comuns e Próprios
Eles estavam em casa. Observe a definição:
Eles estavam na casa dos amigos.
Os marinheiros permaneceram em terra. s.f. 1: Povoação maior que vila, com muitas casas e edifícios,
Os marinheiros permanecem na terra dos anões. dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, toda a sede de município
é cidade). 2. O centro de uma cidade (em oposição aos bairros).
- Não se emprega artigo antes dos pronomes de tratamento,
com exceção de senhor(a), senhorita e dona. Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas e
Vossa excelência resolverá os problemas de Sua Senhoria. edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada  cidade.
Isso significa que a palavra cidade é um substantivo comum.
- Não se une com preposição o artigo que faz parte do nome Substantivo Comum é aquele que designa os seres de uma
de revistas, jornais, obras literárias. mesma espécie de forma genérica.
Li a notícia em O Estado de S. Paulo. cidade, menino, homem, mulher, país, cachorro.

Morfossintaxe Estamos voando para Barcelona.


Para definir o que é artigo é preciso mencionar suas relações
com o substantivo. Assim, nas orações da língua portuguesa, O substantivo Barcelona designa apenas um ser da espécie
o artigo exerce a função de adjunto adnominal do substantivo cidade. Esse substantivo é  próprio. Substantivo Próprio:  é
a que se refere. Tal função independe da função exercida pelo aquele que designa os seres de uma mesma espécie de forma
substantivo: particular.
A existência é uma poesia. Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
Uma existência é a poesia.
2 - Substantivos Concretos e Abstratos
Questões
LÂMPADA MALA
01. Determine o caso em que o artigo tem valor qualificativo:
A) Estes são os candidatos que lhe falei. Os substantivos lâmpada e mala  designam seres com
B) Procure-o, ele é o médico! Ninguém o supera. existência própria, que são independentes de outros seres. São
C) Certeza e exatidão, estas qualidades não as tenho. assim, substantivos concretos.
D) Os problemas que o afligem não me deixam descuidado. Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que existe,
E) Muito é a procura; pouca é a oferta. independentemente de outros seres.

02. Em qual dos casos o artigo denota familiaridade?


A) O Amazonas é um rio imenso. Obs.: os substantivos concretos designam seres do mundo
B) D. Manuel, o Venturoso, era bastante esperto. real e do mundo imaginário.
C) O Antônio comunicou-se com o João.
D) O professor João Ribeiro está doente. Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra, Brasília,
E) Os Lusíadas são um poema épico etc.
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantasma, etc.
03.Assinale a alternativa em que o uso do artigo está  
substantivando uma palavra. Observe agora:
A) A liberdade vai marcar a poesia social de Castro Alves.
B) Leitor perspicaz é aquele que consegue ler as entrelinhas. Beleza exposta
C) A navalha ia e vinha no couro esticado. Jovens atrizes veteranas destacam-se pelo visual.
D) Haroldo ficou encantado com o andar de bailado de Joana.
E) Bárbara dirigia os olhos para a lua encantada. O substantivo beleza designa uma qualidade.
Substantivo Abstrato:  é aquele que designa seres que
Respostas dependem de outros para se manifestar ou existir.
1-B / 2-C / 3-D Pense bem: a beleza não existe por si só, não pode ser
observada. Só podemos observar a beleza numa pessoa ou coisa
Substantivo que seja bela. A beleza depende de outro ser para se manifestar.
Portanto, a palavra beleza é um substantivo abstrato.
Tudo o que existe é ser e cada ser tem um nome. Substantivo é Os substantivos abstratos designam estados, qualidades,
a classe gramatical de palavras variáveis, as quais denominam ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser abstraídos,
os seres. Além de objetos, pessoas e fenômenos, os substantivos e sem os quais não podem existir.
também nomeiam: vida (estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade
-lugares: Alemanha, Porto Alegre... (sentimento).  
-sentimentos: raiva, amor...
-estados: alegria, tristeza... 3 - Substantivos Coletivos
-qualidades: honestidade, sinceridade... Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, outra
-ações: corrida, pescaria... abelha, mais outra abelha.
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
Morfossintaxe do substantivo Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
Nas orações de língua portuguesa, o substantivo em geral
exerce funções diretamente relacionadas com o verbo: atua Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi necessário
como núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, mais outra
direto ou indireto) e do agente da passiva. Pode ainda funcionar abelha...
como núcleo do complemento nominal ou do aposto, como No segundo caso, utilizaram-se duas palavras no plural.

Língua Portuguesa 22
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APOSTILAS OPÇÃO
No terceiro caso, empregou-se um substantivo no singular - Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pessoas.
(enxame) para designar um conjunto de seres da mesma espécie a criança, a testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo,
(abelhas). o indivíduo.
O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
- Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pessoas por
Substantivo Coletivo:  é o substantivo comum que, mesmo meio do artigo.
estando no singular, designa um conjunto de seres da mesma o colega e a colega, o doente e a doente, o artista e a artista.
espécie. Saiba que:
Formação dos Substantivos - Substantivos de origem grega terminados em ema ou oma,
Substantivos Simples e Compostos são masculinos.
o axioma, o fonema, o poema, o sistema, o sintoma, o teorema.
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a terra. - Existem certos substantivos que, variando de gênero,
variam em seu significado.
O substantivo chuva é formado por um único elemento ou o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora) o
radical. É um substantivo simples. capital (dinheiro) e a capital (cidade)
Substantivo Simples:  é aquele formado por um único
elemento. Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja agora: a) Regra geral: troca-se a terminação -o por -a.
O substantivo guarda-chuva é formado por dois elementos aluno - aluna
(guarda + chuva). Esse substantivo é composto.
Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou mais b) Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao
elementos. masculino.
Outros exemplos: beija-flor, passatempo. freguês - freguesa
 
Substantivos Primitivos e Derivados c) Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino de três
Meu limão meu limoeiro, formas:
meu pé de jacarandá... - troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
O substantivo limão é primitivo, pois não se originou de - troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
nenhum outro dentro de língua portuguesa. - troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de nenhuma
outra palavra da própria língua portuguesa. Exceções: barão – baronesa ladrão- ladra sultão - sultana
O substantivo limoeiro é derivado, pois se originou a partir
da palavra limão. d) Substantivos terminados em -or:
Substantivo Derivado:  é aquele que se origina de outra - acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
palavra. - troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz

Flexão dos substantivos e) Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa:


O substantivo é uma classe variável. A palavra é variável cônsul - consulesa abade - abadessa poeta - poetisa
quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por exemplo, duque - duquesa conde - condessa profeta - profetisa
pode sofrer variações para indicar:
Plural: meninos f) Substantivos que formam o feminino trocando o -e final
Feminino: menina por -a:
Aumentativo: meninão elefante - elefanta
Diminutivo: menininho
g) Substantivos que têm radicais diferentes no masculino e
Flexão de Gênero no feminino:
Gênero  é a propriedade que as palavras têm de indicar bode – cabra boi - vaca
sexo real ou fictício dos seres. Na língua portuguesa,
há dois gêneros:  masculino  e  feminino. Pertencem ao h) Substantivos que formam o feminino de maneira especial,
gênero masculino os substantivos que podem vir precedidos dos isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores:
artigos o, os, um, uns. Veja estes títulos de filmes: czar – czarina réu - ré
O velho e o mar
Um Natal inesquecível Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes
Os reis da praia
  - Epicenos:
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que podem Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas: Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso ocorre
A história sem fim porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma para indicar
Uma cidade sem passado o masculino e o feminino.
As tartarugas ninjas Alguns nomes de animais apresentam uma só forma para
designar os dois sexos. Esses substantivos são chamados de
Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes epicenos. No caso dos epicenos, quando houver a necessidade
de especificar o sexo, utilizam-se palavras macho e fêmea.
Substantivos Biformes (= duas formas):  ao indicar nomes A cobra macho picou o marinheiro.
de seres vivos, geralmente o gênero da palavra está relacionado A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
ao sexo do ser, havendo, portanto, duas formas, uma para o
masculino e outra para o feminino. Observe: gato – gata, homem Sobrecomuns:
– mulher, poeta – poetisa, prefeito - prefeita
Entregue as crianças à natureza.
Substantivos Uniformes: são aqueles que apresentam uma A palavra crianças refere-se tanto a seres do sexo masculino,
única forma, que serve tanto para o masculino quanto para o quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem o artigo nem
feminino. Classificam-se em: um possível adjetivo permitem identificar o sexo dos seres a que
- Epicenos: têm um só gênero e nomeiam bichos. se refere a palavra. Veja:
a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré A criança chorona chamava-se João.
fêmea. A criança chorona chamava-se Maria.

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APOSTILAS OPÇÃO
Outros substantivos sobrecomuns: o estratagema
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa o dilema
criatura. o teorema
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O o apotegma
cônjuge de Marcela faleceu o trema
o eczema
Comuns de Dois Gêneros: o edema
o magma
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma vez
que a palavra motorista é um substantivo uniforme. O restante Gênero dos Nomes de Cidades:
da notícia informa-nos de que se trata de um homem.
A distinção de gênero pode ser feita através da análise do Com raras exceções, nomes de cidades são femininos.
artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substantivo. A histórica Ouro Preto.
o colega - a colega A dinâmica São Paulo.
um jovem - uma jovem A acolhedora Porto Alegre.
artista famoso - artista famosa Uma Londres imensa e triste.

- A palavra personagem é usada indistintamente nos dois Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
gêneros.
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada Gênero e Significação:
preferência pelo masculino:
O menino descobriu nas nuvens os personagens dos contos de Muitos substantivos têm uma significação no masculino e
carochinha. outra no feminino.
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o feminino: Observe:
O problema está nas mulheres de mais idade, que não aceitam
a personagem. o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os
Não cheguei assim, nem era minha intenção, a criar uma movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à frente
personagem. de um bloco carnavalesco, manejando um bastão)
- Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou
fotográfico Ana Belmonte. proibição de trânsito)

Observe o gênero dos substantivos seguintes: o cabeça (chefe)


a cabeça (parte do corpo)
Masculinos
o tapa o cisma (separação religiosa, dissidência)
o eclipse a cisma (ato de cismar, desconfiança)
o lança-perfume
o dó (pena) o cinza (a cor cinzenta)
o sanduíche a cinza (resíduos de combustão)
o clarinete
o champanha o capital (dinheiro)
o sósia a capital (cidade)
o maracajá
o clã o coma (perda dos sentidos)
o hosana a coma (cabeleira)
o herpes
o pijama o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro)
a coral (cobra venenosa)
Femininos
a dinamite o crisma (óleo sagrado, usado na administração da crisma e
a áspide de outros sacramentos)
a derme a crisma (sacramento da confirmação)
a hélice
a alcíone o cura (pároco)
a filoxera a cura (ato de curar)
a clâmide
a omoplata o estepe (pneu sobressalente)
a cataplasma a estepe (vasta planície de vegetação)
a pane
a mascote o guia (pessoa que guia outras)
a gênese a guia (documento, pena grande das asas das aves)
a entorse
a libido o grama (unidade de peso)
a grama (relva)
- São geralmente masculinos os substantivos de origem
grega terminados em -ma: o caixa (funcionário da caixa)
o grama (peso) a caixa (recipiente, setor de pagamentos)
o quilograma
o plasma o lente (professor)
o apostema a lente (vidro de aumento)
o diagrama
o epigrama o moral (ânimo)
o telefonema a moral (honestidade, bons costumes, ética)

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APOSTILAS OPÇÃO
o nascente (lado onde nasce o Sol) palavra invariável + palavra variável = alto-falante e alto-
a nascente (a fonte) falantes
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos
Flexão de Número do Substantivo
c) Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando
Em português, há dois números gramaticais: o singular, que formados de:
indica um ser ou um grupo de seres, e substantivo + preposição clara + substantivo = água-de-
o plural, que indica mais de um ser ou grupo de seres. A colônia e águas-de-colônia
característica do plural é o “s” final. substantivo + preposição oculta + substantivo = cavalo-
vapor e cavalos-vapor
Plural dos Substantivos Simples substantivo + substantivo que funciona como determinante
do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do termo
a) Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e “n” anterior.
fazem o plural pelo acréscimo de “s”. palavra-chave - palavras-chave
pai – pais ímã - ímãs hífen - hifens (sem acento, no bomba-relógio - bombas-relógio
plural). notícia-bomba - notícias-bomba
Exceção: cânon - cânones. homem-rã - homens-rã

b) Os substantivos terminados em “m” fazem o plural em d) Permanecem invariáveis, quando formados de:
“ns”. verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
homem - homens. verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os saca-rolhas

c) Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural e) Casos Especiais


pelo acréscimo de “es”. o louva-a-deus e os louva-a-deus
revólver – revólveres raiz - raízes o bem-te-vi e os bem-te-vis
Atenção: O plural de caráter é caracteres. o bem-me-quer e os bem-me-queres
d) Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-se o joão-ninguém e os joões-ninguém.
no plural, trocando o “l” por “is”.
quintal - quintais caracol – caracóis hotel - hotéis Plural das Palavras Substantivadas
Exceções: mal e males, cônsul e cônsules.
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras classes
e) Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de duas gramaticais usadas como substantivo, apresentam, no plural, as
maneiras: flexões próprias dos substantivos.
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis Pese bem os prós e os contras.
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis. O aluno errou na prova dos noves.
Obs.: a palavra réptil pode formar seu plural de duas Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
maneiras: répteis ou reptis (pouco usada). Obs.: numerais substantivados terminados em “s” ou “z” não
variam no plural.
f) Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de duas Nas provas mensais consegui muitos seis e alguns dez.
maneiras:
- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o acréscimo Plural dos Diminutivos
de “es”: ás – ases / retrós - retroses
- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam invariáveis: Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final e
o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. acrescenta-se o sufixo diminutivo.
pãe(s) + zinhos = pãezinhos
g) Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural de três animai(s) + zinhos = animaizinhos
maneiras. botõe(s) + zinhos = botõezinhos
- substituindo o -ão por -ões: ação - ações chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
- substituindo o -ão por -ães: cão - cães farói(s) + zinhos = faroizinhos
- substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos tren(s) + zinhos = trenzinhos
h) Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: o colhere(s) + zinhas = colherezinhas
látex - os látex. flore(s) + zinhas = florezinhas
mão(s) + zinhas = mãozinhas
Plural dos Substantivos Compostos papéi(s) + zinhos = papeizinhos
A formação do plural dos substantivos compostos depende nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
da forma como são grafados, do tipo de palavras que formam funi(s) + zinhos = funizinhos
o composto e da relação que estabelecem entre si. Aqueles que pé(s) + zitos = pezitos
são grafados sem hífen comportam-se como os substantivos
simples: Plural dos Nomes Próprios Personativos
aguardente e aguardentes girassol e girassóis
pontapé e pontapés malmequer e malmequeres Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas sempre
que a terminação preste-se à flexão.
O plural dos substantivos compostos cujos elementos são Os Napoleões também são derrotados.
ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e discussões. As Raquéis e Esteres.
Algumas orientações são dadas a seguir:
Plural dos Substantivos Estrangeiros
a) Flexionam-se os dois elementos, quando formados de:
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores Substantivos ainda não aportuguesados devem ser escritos
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-perfeitos como na língua original, acrescentando -se “s” (exceto quando
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens terminam em “s” ou “z”).
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras os shows os shorts os jazz
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acordo com
b) Flexiona-se somente o segundo elemento, quando as regras de nossa língua:
formados de: os clubes os chopes
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas os jipes os esportes

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APOSTILAS OPÇÃO
as toaletes os bibelôs ocorre com o plural de
os garçons os réquiens (A) reco-reco.
(B) guarda-costa.
Observe o exemplo: (C) guarda-noturno.
Este jogador faz gols toda vez que joga. (D) célula-tronco.
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa. (E) sem-vergonha.

Plural com Mudança de Timbre 02. Assinale a alternativa cujas palavras se apresentam
flexionadas de acordo com a norma-padrão.
Certos substantivos formam o plural com mudança de (A) Os tabeliãos devem preparar o documento.
timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato fonético (B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis.
chamado metafonia (plural metafônico). (C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local.
(D) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos.
(E) Cuidado com os degrais, que são perigosos!
Singular Plural Singular Plural
corpo (ô) corpos (ó) osso (ô) ossos (ó) Respostas
esforço esforços ovo ovos 1-D / 2-D
fogo fogos poço poços
forno fornos porto portos Adjetivo
fosso fossos posto postos
imposto impostos rogo rogos Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou
olho olhos tijolo tijolos característica do ser e se relaciona com o substantivo.
Ao analisarmos a palavra bondoso, por exemplo, percebemos
que, além de expressar uma qualidade, ela pode ser colocada ao
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bolsos,
lado de um substantivo: homem bondoso, moça bondosa, pessoa
esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.
bondosa.
Obs.: distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de
Já com a palavra bondade, embora expresse uma qualidade,
molho (ó) = feixe (molho de lenha).
não acontece o mesmo; não faz sentido dizer: homem bondade,
moça bondade, pessoa bondade. 
Particularidades sobre o Número dos Substantivos
Bondade, portanto, não é adjetivo, mas substantivo.
a) Há substantivos que só se usam no singular:
Morfossintaxe do Adjetivo:
o sul, o norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função dentro
de uma oração) relativas aos substantivos, atuando como adjunto
b) Outros só no plural:
adnominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).
as núpcias, os víveres, os pêsames, as espadas/os paus
(naipes de baralho), as fezes.
Adjetivo Pátrio
Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Observe
c) Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do singular:
alguns deles:
bem (virtude) e bens (riquezas)
Estados e cidades brasileiros:
honra (probidade, bom nome) e honras (homenagem,
títulos)
Alagoas alagoano
d) Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas com
Amapá amapaense
sentido de plural:
Aqui morreu muito negro. Aracaju aracajuano ou aracajuense
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
Amazonas amazonense ou baré
improvisadas.
Belo Horizonte belo-horizontino
Flexão de Grau do Substantivo
Brasília brasiliense
Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir as
variações de tamanho dos seres. Classifica-se em: Cabo Frio cabo-friense
Campinas campineiro ou campinense
- Grau Normal - Indica um ser de tamanho considerado
normal. Por exemplo: casa
Adjetivo Pátrio Composto 
- Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho do ser. Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro
Classifica-se em: elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adjetivo que Observe alguns exemplos:
indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de África afro- / Por exemplo: Cultura afro-americana
aumento. Por exemplo: casarão.
Alemanha germano- ou teuto- / Por exemplo:
- Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho do ser. Competições teuto-inglesas
Pode ser: América américo- / Por exemplo: Companhia
Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo que américo-africana
indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de Bélgica belgo- / Por exemplo: Acampamentos belgo-
diminuição. Por exemplo: casinha. franceses
China sino- / Por exemplo: Acordos sino-japoneses
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf12.php
Espanha hispano- / Por exemplo: Mercado hispano-
Questões português
Europa euro- / Por exemplo: Negociações euro-
01. A flexão de número do termo “preços-sombra” também americanas

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APOSTILAS OPÇÃO
como é um substantivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro
França franco- ou galo- / Por exemplo: Reuniões
ficará invariável. Por exemplo:
franco-italianas
Grécia greco- / Por exemplo: Filmes greco-romanos Camisas rosa-claro.
Ternos rosa-claro.
Inglaterra anglo- / Por exemplo: Letras anglo-
Olhos verde-claros.
portuguesas
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
Itália ítalo- / Por exemplo: Sociedade ítalo- Telhados marrom-café e paredes verde-claras.
portuguesa
Observe
Japão nipo- / Por exemplo: Associações nipo-
- Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer adjetivo
brasileiras
composto iniciado por cor-de-... são sempre invariáveis.
Portugal luso- / Por exemplo: Acordos luso-brasileiros - O adjetivo composto pele-vermelha têm os dois elementos
flexionados.
Flexão dos adjetivos
Grau do Adjetivo
O adjetivo varia em gênero, número e grau.
Os adjetivos flexionam-se em grau para indicar a
Gênero dos Adjetivos intensidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo:
o comparativo e o superlativo.
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem
(masculino e feminino). De forma semelhante aos substantivos, Comparativo
classificam-se em: 
Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e Nesse grau, comparam-se a mesma característica
outra para o feminino. atribuída a dois ou mais seres ou duas ou mais características
atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de igualdade,
Por exemplo: ativo e ativa, mau e má, judeu e judia. de superioridade ou de inferioridade. Observe os exemplos
abaixo:
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino
somente o último elemento. 1) Sou tão alto como você.  = Comparativo de Igualdade
Por exemplo: o moço norte-americano, a moça norte- No comparativo de igualdade, o segundo termo da
americana.  comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ou quão.

Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como 2) Sou  mais alto  (do) que  você.  = Comparativo de
para o feminino. Por exemplo: homem feliz e mulher feliz. Superioridade Analítico
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no No comparativo de superioridade analítico, entre os dois
feminino. Por exemplo: conflito político-social e desavença substantivos comparados, um tem qualidade superior. A forma é
político-social. analítica porque pedimos auxílio a “mais...do que” ou “mais...que”.

Número dos Adjetivos 3) O Sol é  maior (do) que  a Terra.  = Comparativo de


Superioridade Sintético
Plural dos adjetivos simples
Os adjetivos simples flexionam-se no plural de acordo com Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de
as regras estabelecidas para a flexão numérica dos substantivos superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim.
simples.
Por exemplo: São eles:
mau e maus bom-melhor
feliz e felizes pequeno-menor
ruim e ruins mau-pior
boa e boas alto-superior
grande-maior
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função baixo-inferior
de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que estiver
qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, Observe que: 
ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a palavra  cinza  é a) As formas menor e pior são comparativos de superioridade,
originalmente um substantivo; porém, se estiver qualificando pois equivalem a mais pequeno e mais mau, respectivamente.
um elemento, funcionará como adjetivo. Ficará, então, invariável. b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
Logo: camisas cinza, ternos cinza. (melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações feitas
Veja outros exemplos: entre duas qualidades de um mesmo elemento, deve-se usar
as formas analíticas mais bom, mais mau, mais grande e mais
Motos vinho (mas: motos verdes) pequeno.
Paredes musgo (mas: paredes brancas). Por exemplo: Pedro é maior do que Paulo - Comparação de
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos). dois elementos.
Pedro é  mais grande  que pequeno -  comparação de duas
Adjetivo Composto qualidades de um mesmo elemento.

É aquele formado por dois ou mais elementos. Normalmente, 4) Sou  menos alto  (do) que  você.  = Comparativo de
esses elementos são ligados por hífen. Apenas o último elemento Inferioridade
concorda com o substantivo a que se refere; os demais ficam Sou menos passivo (do) que tolerante.
na forma masculina, singular. Caso um dos elementos que
formam o adjetivo composto seja um substantivo adjetivado, Superlativo
todo o adjetivo composto ficará invariável. Por exemplo:  a
palavra rosa é originalmente um substantivo, porém, se estiver O superlativo expressa qualidades num grau muito
qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. Caso se elevado ou em grau máximo. O grau superlativo pode ser
ligue a outra palavra por hífen, formará um adjetivo composto; absoluto ou relativo e apresenta as seguintes modalidades:

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APOSTILAS OPÇÃO
Superlativo Absoluto:  ocorre quando a qualidade de um inclinação ao comportamento violento:
ser é intensificada, sem relação com outros seres. Apresenta-se 1) Crianças que apanharam, foram vítimas de abusos,
nas formas: humilhadas ou desprezadas nos primeiros anos de vida.
Analítica: a intensificação se faz com o auxílio de palavras 2) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes
que dão ideia de intensidade (advérbios). Por exemplo: O transmitiram valores sociais altruísticos, formação moral e não
secretário é muito inteligente. lhes impuseram limites de disciplina.
Sintética: a intensificação se faz por meio do acréscimo de 3) Associação com grupos de jovens portadores de
sufixos. comportamento antissocial.
Por exemplo: Na periferia das cidades brasileiras vivem milhões de crianças
O secretário é inteligentíssimo. que se enquadram nessas três condições de risco. Associados à
falta de acesso aos recursos materiais, à desigualdade social,
Observe alguns superlativos sintéticos:  esses fatores de risco criam o caldo de cultura que alimenta a
violência crescente nas cidades.
Na falta de outra alternativa, damos à criminalidade a
benéfico beneficentíssimo resposta do aprisionamento. Porém, seu efeito é passageiro: o
bom boníssimo ou ótimo criminoso fica impedido de delinquir apenas enquanto estiver
preso.
comum comuníssimo Ao sair, estará mais pobre, terá rompido laços familiares
cruel crudelíssimo e sociais e dificilmente encontrará quem lhe dê emprego. Ao
mesmo tempo, na prisão, terá criado novas amizades e conexões
difícil dificílimo mais sólidas com o mundo do crime.
doce dulcíssimo Construir cadeias custa caro; administrá-las, mais ainda.
Obrigados a optar por uma repressão policial mais ativa,
fácil facílimo aumentaremos o número de prisioneiros. As cadeias continuarão
fiel fidelíssimo superlotadas.
Seria mais sensato investir em educação, para prevenir a
Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de um ser criminalidade e tratar os que ingressaram nela.
é intensificada em relação a um conjunto de seres. Essa relação Na verdade, não existe solução mágica a curto prazo.
pode ser: Precisamos de uma divisão de renda menos brutal, motivar os
De Superioridade: Clara é a mais bela da sala. policiais a executar sua função com dignidade, criar leis que
De Inferioridade: Clara é a menos bela da sala. acabem com a impunidade dos criminosos bem-sucedidos e
construir cadeias novas para substituir as velhas.
Note bem: Enquanto não aprendermos a educar e oferecer medidas
1)  O superlativo absoluto analítico é expresso por meio preventivas para que os pais evitem ter filhos que não serão
dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, etc., capazes de criar, cabe a nós a responsabilidade de integrá-los
antepostos ao adjetivo. na sociedade por meio da educação formal de bom nível, das
2)  O superlativo absoluto sintético apresenta-se sob duas práticas esportivas e da oportunidade de desenvolvimento
formas : uma erudita, de origem latina, outra popular, de origem artístico.
vernácula. A forma erudita é constituída pelo radical do adjetivo
latino +  um dos sufixos -íssimo, -imo ou érrimo. Por exemplo: (Drauzio Varella. In Folha de S.Paulo, 9 mar.2002. Adaptado)
fidelíssimo, facílimo, paupérrimo.
A forma popular é constituída do radical do adjetivo Em – características epidêmicas –, o adjetivo epidêmicas
português + o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo. corresponde a – características de epidemias.
3) Em vez dos superlativos normais seriíssimo, precariíssimo, Assinale a alternativa em que, da mesma forma, o adjetivo
necessariíssimo, preferem-se, na linguagem atual, as formas em destaque corresponde, corretamente, à expressão indicada.
seríssimo, precaríssimo, necessaríssimo, sem o desagradável A) água fluvial – água da chuva.
hiato i-í. B) produção aurífera – produção de ouro.
Questões C) vida rupestre – vida do campo.
D) notícias brasileiras – notícias de Brasília.
01. Leia o texto a seguir. E) costela bovina – costela de porco.

Violência epidêmica 02.Não se pluraliza os adjetivos compostos abaixo, exceto:


A) azul-celeste
A violência urbana é uma enfermidade contagiosa. Embora B) azul-pavão
possa acometer indivíduos vulneráveis em todas as classes C) surda-muda
sociais, é nos bairros pobres que ela adquire características D) branco-gelo
epidêmicas. Respostas
A prevalência varia de um país para outro e entre as cidades 1-B / 2-C
de um mesmo país, mas, como regra, começa nos grandes
centros urbanos e se dissemina pelo interior. Pronome
As estratégias que as sociedades adotam para combater a
violência variam muito e a prevenção das causas evoluiu muito Pronome é a palavra que se usa em lugar do nome, ou a ele
pouco no decorrer do século 20, ao contrário dos avanços se refere, ou ainda, que acompanha o nome qualificando-o de
ocorridos no campo das infecções, câncer, diabetes e outras alguma forma.
enfermidades. A moça era mesmo bonita. Ela morava nos meus sonhos!
A agressividade impulsiva é consequência de perturbações [substituição do nome]
nos mecanismos biológicos de controle emocional. Tendências
agressivas surgem em indivíduos com dificuldades adaptativas A moça que morava nos meus sonhos era mesmo bonita!
que os tornam despreparados para lidar com as frustrações de [referência ao nome]
seus desejos.
A violência é uma doença. Os mais vulneráveis são os que Essa moça morava nos meus sonhos!
tiveram a personalidade formada num ambiente desfavorável ao [qualificação do nome]
desenvolvimento psicológico pleno. Grande parte dos pronomes não possuem significados
A revisão de estudos científicos permite identificar três fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro de
fatores principais na formação das personalidades com maior um contexto, o qual nos permite recuperar a referência exata

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APOSTILAS OPÇÃO
daquilo que está sendo colocado por meio dos pronomes no Fizemos boa viagem. (Nós)
ato da comunicação. Com exceção dos pronomes interrogativos
e indefinidos, os demais pronomes têm por função principal Pronome Oblíquo
apontar para as pessoas do discurso ou a elas se relacionar,
indicando-lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sentença,
dessa característica, os pronomes apresentam uma forma exerce a função de complemento verbal (objeto direto ou 
específica para cada pessoa do discurso. indireto) ou complemento nominal.

Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)


[minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala] Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma variante
do pronome pessoal do caso reto. Essa variação indica a função
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? diversa que eles desempenham na oração: pronome reto marca
[tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se fala] o sujeito da oração; pronome oblíquo marca o complemento da
oração.
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com
[dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem se fala] a acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou tônicos.

Em termos morfológicos, os pronomes são palavras Pronome Oblíquo Átono


variáveis  em gênero (masculino ou feminino) e em número
(singular ou plural). Assim, espera-se que a referência através São chamados átonos os pronomes oblíquos que não são
do pronome seja coerente em termos de gênero e número precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica  fraca.
(fenômeno da concordância) com o seu objeto, mesmo quando Ele me deu um presente.
este se apresenta ausente no enunciado.
O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim configurado:
Fala-se de Roberta. Ele  quer participar do desfile - 1ª pessoa do singular (eu): me
da nossa escola neste ano. - 2ª pessoa do singular (tu): te
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância - 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
adequada] - 1ª pessoa do plural (nós): nos
[neste: pronome que determina “ano” = concordância - 2ª pessoa do plural (vós): vos
adequada] - 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concordância
inadequada] Observações:
O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se
Existem seis tipos de pronomes:  pessoais, possessivos, apresenta na forma contraída, ou seja, houve a união entre o
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. pronome “o” ou “a” e preposição “a” ou “para”. Por acompanhar
diretamente uma preposição, o pronome “lhe” exerce sempre a
Pronomes Pessoais função de objeto indireto na oração.

São aqueles que substituem os substantivos, indicando Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos
diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve diretos como objetos indiretos.
assume os pronomes “eu” ou “nós”, usa os pronomes “tu”, “vós”, Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como
“você” ou “vocês” para designar a quem se dirige e “ele”, “ela”, objetos diretos.
“eles” ou “elas” para fazer referência à pessoa ou às pessoas de
quem fala. Saiba que:
Os pronomes pessoais variam de acordo com as funções Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem combinar-se
que exercem nas orações, podendo ser do caso reto ou do caso com os pronomes o, os, a, as, dando origem a formas como mo,
oblíquo. mos, ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, lhas; no-lo, no-los, no-
la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. Observe o uso dessas formas
Pronome Reto nos exemplos que seguem:
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sentença,
exerce a função de sujeito ou predicativo do sujeito.
Nós lhe ofertamos flores. - Trouxeste o pacote? - Não contaram a novidade a
vocês?
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gênero - Sim, entreguei-to ainda há - Não, no-la contaram.
(apenas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a principal pouco.
flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso. Dessa forma, o
quadro dos pronomes retos é assim configurado: No português do Brasil, essas combinações não são usadas;
- 1ª pessoa do singular: eu até mesmo na língua literária atual, seu emprego é muito raro. 
- 2ª pessoa do singular: tu
- 3ª pessoa do singular: ele, ela Atenção:
- 1ª pessoa do plural: nós Os pronomes o, os, a, as assumem formas especiais depois
- 2ª pessoa do plural: vós de certas terminações verbais. Quando o verbo termina em -z,
- 3ª pessoa do plural: eles, elas -s ou -r, o pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao mesmo
tempo que a terminação verbal é suprimida.
Atenção: esses pronomes não costumam ser usados como Por exemplo: fiz + o = fi-lo
complementos verbais na língua-padrão. Frases como “Vi fazei + o = fazei-os
ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu até aqui”, dizer + a = dizê-la
comuns na língua oral cotidiana, devem ser evitadas na língua
formal escrita ou falada. Na língua formal, devem ser usados os Quando o verbo termina em som nasal, o pronome assume
pronomes oblíquos correspondentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a as formas no, nos, na, nas. Por exemplo:
na praça”, “Trouxeram-me até aqui”. viram + o: viram-no
Obs.: frequentemente observamos a  omissão  do pronome repõe + os = repõe-nos
reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias formas retém + a: retém-na
verbais marcam, através de suas desinências, as pessoas do tem + as = tem-nas
verbo indicadas pelo pronome reto.

Língua Portuguesa 29
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APOSTILAS OPÇÃO
Pronome Oblíquo Tônico Lavamo-nos no rio.

Os pronomes oblíquos tônicos são sempre - 2ª pessoa do plural (vós): vos.


precedidos por preposições, em geral as preposições a, para, de Vós vos beneficiastes com a esta conquista.
e com. Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função
de objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica forte. - 3ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo.
O quadro dos pronomes oblíquos tônicos é assim Eles se conheceram.
configurado: Elas deram a si um dia de folga.
- 1ª pessoa do singular (eu): mim, comigo A Segunda Pessoa Indireta
- 2ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): ele, ela A chamada segunda pessoa indireta manifesta-se quando
- 1ª pessoa do plural (nós): nós, conosco utilizamos pronomes que, apesar de indicarem nosso
- 2ª pessoa do plural (vós): vós, convosco interlocutor ( portanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): eles, elas terceira pessoa. É o caso dos chamados pronomes de tratamento,
que podem ser observados no quadro seguinte:
Observe que as únicas formas próprias do pronome tônico
são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As demais Pronomes de Tratamento
repetem a forma do pronome pessoal do caso reto.
- As preposições essenciais introduzem sempre pronomes Vossa Alteza V. A. príncipes, duques
pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso reto. Nos Vossa Eminência V. Ema.(s) cardeais
contextos interlocutivos que exigem o uso da língua formal, os Vossa Reverendíssima V. Revma.(s) sacerdotes e bispos
pronomes costumam ser usados desta forma: Vossa Excelência V. Ex.ª (s) altas autoridades e
Não há mais nada entre mim e ti. oficiais-generais
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela. Vossa Magnificência V. Mag.ª (s) reitores de
Não há nenhuma acusação contra mim. universidades
Não vá sem mim. Vossa Majestade V. M. reis e rainhas
Vossa Majestade Imperial V. M. I. Imperadores
Atenção: Vossa Santidade V. S. Papa
Há construções em que a preposição, apesar de surgir Vossa Senhoria V. S.ª (s) tratamento
anteposta a um pronome, serve para introduzir uma oração cujo cerimonioso
verbo está no infinitivo. Nesses casos, o verbo pode ter sujeito Vossa Onipotência V. O. Deus
expresso; se esse sujeito for um pronome, deverá ser do caso
reto. Também são pronomes de tratamento o senhor, a
senhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados
Trouxeram vários vestidos para eu experimentar. no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tratamento
Não vá sem eu mandar. familiar. Você e vocês são largamente empregados no português
do Brasil; em algumas regiões, a forma  tu  é de uso frequente;
- A combinação da preposição  “com” e alguns pronomes em outras, pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito à
originou as formas especiais comigo, contigo, consigo, linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.
conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos
frequentemente exercem a função de  adjunto adverbial de Observações:
companhia. a) Vossa Excelência X Sua Excelência:  os pronomes de
Ele carregava o documento consigo. tratamento que possuem “Vossa (s)”  são empregados em
relação à pessoa com quem falamos.
- As formas “conosco” e “convosco” são substituídas por “com Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este
nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais são reforçados encontro.
por palavras como outros, mesmos, próprios, todos, ambos ou Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da pessoa.
algum numeral. Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua Excelência, o
Senhor Presidente da República, agiu com propriedade.
Você terá de viajar com nós todos.
Estávamos com vós outros quando chegaram as más notícias. - Os pronomes de tratamento representam uma forma
Ele disse que iria com nós três. indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao
tratarmos um deputado por Vossa Excelência, por exemplo,
Pronome Reflexivo estamos nos endereçando à excelência que esse deputado
supostamente tem para poder ocupar o cargo que ocupa.
São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcionem
como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito da oração. b)  3ª pessoa:  embora os pronomes de tratamento dirijam-
Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação expressa pelo se à  2ª pessoa, toda a concordância deve ser feita com a 3ª
verbo. pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessivos e os
O quadro dos pronomes reflexivos é assim configurado: pronomes oblíquos empregados em relação a eles devem ficar
na 3ª pessoa.
- 1ª pessoa do singular (eu): me, mim. Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promessas,
Eu não me vanglorio disso. para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.
Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi. c) Uniformidade de Tratamento:  quando escrevemos ou
nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo do
- 2ª pessoa do singular (tu): te, ti. texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente. Assim,
Assim tu te prejudicas. por exemplo, se começamos a chamar alguém de “você”, não
Conhece a ti mesmo. poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo
na terceira pessoa.
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo. Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus
Guilherme já se preparou. cabelos. (errado)
Ela deu a si um presente. Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos seus
Antônio conversou consigo mesmo. cabelos. (correto)
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus
- 1ª pessoa do plural (nós): nos. cabelos. (correto)

Língua Portuguesa 30
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APOSTILAS OPÇÃO
Pronomes Possessivos Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar
informações sobre o concurso vestibular. (trata-se da universidade
São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical destinatária).
(possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo (coisa Reafirmamos a disposição  desta  universidade em participar
possuída). no próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universidade que
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do singular) envia a mensagem).

Observe o quadro: No tempo:


Este ano está sendo bom para nós. O pronome este se refere
Número Pessoa Pronome ao ano presente.
singular primeira meu(s), minha(s) Esse ano que passou foi razoável. O pronome esse se refere a
um passado próximo.
singular segunda teu(s), tua(s) Aquele ano foi terrível para todos. O pronome aquele está se
singular terceira seu(s), sua(s) referindo a um passado distante.
 
plural primeira nosso(s), nossa(s) - Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
plural segunda vosso(s), vossa(s) invariáveis, observe:
plural terceira seu(s), sua(s) Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aquela(s).
Invariáveis: isto, isso, aquilo.
Note que: A forma do possessivo depende da pessoa
gramatical a que se refere; o gênero e o número concordam com - Também aparecem como pronomes demonstrativos:
o objeto possuído. - o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e puderem
Ele trouxe seu apoio e sua contribuição naquele momento ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
difícil. Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
Essa rua não é a que te indiquei. (Esta rua não é aquela que
Observações: te indiquei.)
- mesmo(s), mesma(s):
1 - A forma “seu” não é um possessivo quando resultar da Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
alteração fonética da palavra senhor. - próprio(s), própria(s):
- Muito obrigado, seu José. Os próprios alunos resolveram o problema.
2 - Os pronomes possessivos nem sempre indicam posse. - semelhante(s):
Podem ter outros empregos, como: Não compre semelhante livro.
a) indicar afetividade. - tal, tais:
- Não faça isso, minha filha. Tal era a solução para o problema.
b) indicar cálculo aproximado.
Ele já deve ter seus 40 anos. Note que:
c) atribuir valor indefinido ao substantivo.
Marisa tem lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela. a)  Não raro os demonstrativos aparecem na frase, em
construções redundantes, com finalidade expressiva, para
3- Em frases onde se usam pronomes de tratamento, o salientar algum termo anterior. Por exemplo:
pronome possessivo fica na 3ª pessoa. Manuela, essa é que dera em cheio casando com o José Afonso.
Vossa Excelência trouxe sua mensagem? Desfrutar das belezas brasileiras, isso é que é sorte!
b)  O pronome demonstrativo neutro  ou  pode representar
4- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo um termo ou o conteúdo de uma oração inteira, caso em que
concorda com o mais próximo. aparece, geralmente, como objeto direto, predicativo ou aposto.
Trouxe-me seus livros e anotações. O casamento seria um desastre. Todos o pressentiam.
c)  Para evitar a repetição de um verbo anteriormente
5- Em algumas construções, os pronomes pessoais oblíquos expresso, é comum empregar-se, em tais casos, o verbo fazer,
átonos assumem valor de possessivo. chamado, então, verbo vicário (= que substitui, que faz as vezes
Vou seguir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos.) de).
Ninguém teve coragem de falar antes que ela o fizesse.
Pronomes Demonstrativos d)  Em frases como a seguinte,  este  se refere à pessoa
mencionada em último lugar; aquele, à mencionada em primeiro
Os pronomes demonstrativos são utilizados para explicitar a lugar.
posição de uma certa palavra em relação a outras ou ao contexto. O referido deputado e o Dr. Alcides eram amigos íntimos;
Essa relação pode ocorrer em termos de espaço, no tempo ou aquele casado, solteiro este. [ou então: este solteiro, aquele casado]
discurso. e) O pronome demonstrativo tal pode ter conotação irônica.
A menina foi a tal que ameaçou o professor?
No espaço: f) Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em com
Compro este carro (aqui). O pronome este indica que o carro pronome demonstrativo:  àquele, àquela, deste, desta, disso,
está perto da pessoa que fala. nisso, no, etc.
Compro esse carro (aí). O pronome  esse  indica que o carro Não acreditei no que estava vendo. (no = naquilo)
está perto da pessoa com quem falo, ou afastado da pessoa que
fala. Pronomes Indefinidos
Compro aquele carro (lá). O pronome aquele diz que o carro
está afastado da pessoa que fala e daquela com quem falo. São palavras que se referem à terceira pessoa do discurso,
  dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando quantidade
Atenção:  em situações de fala direta (tanto ao vivo quanto indeterminada.
por meio de correspondência, que é uma modalidade escrita de Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém-
fala), são particularmente importantes o este e o esse - o primeiro plantadas.
localiza os seres em relação ao emissor; o segundo, em relação Não é difícil perceber que  “alguém”  indica uma pessoa
ao destinatário. Trocá-los pode causar ambiguidade. de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser humano

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APOSTILAS OPÇÃO
que seguramente existe, mas cuja identidade é desconhecida ou O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” e
não se quer revelar.  introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra “sistema”
é antecedente do pronome relativo que.
Classificam-se em: O antecedente do pronome relativo pode ser o pronome
- Pronomes Indefinidos Substantivos:  assumem o lugar demonstrativo o, a, os, as.
do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase. São Não sei o que você está querendo dizer.
eles:  algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, ninguém, Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem
outrem, quem, tudo. expresso.
Algo o incomoda? Quem casa, quer casa.
Quem avisa amigo é.
Observe:
- Pronomes Indefinidos Adjetivos:  qualificam um ser Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os quais,
expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas, quantas.
aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s). Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
Cada povo tem seus costumes.
Certas pessoas exercem várias profissões. Note que:
a)  O pronome  “que”  é o relativo de mais largo emprego,
Note que: Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser substituído
pronomes indefinidos adjetivos: por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu antecedente for
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), um substantivo.
demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns,
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer, O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a qual)
tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias. Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os quais)
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as quais)
Menos palavras e mais ações.
Alguns se contentam pouco. b)  O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
pronomes relativos: por isso, são utilizados didaticamente para
Os pronomes indefinidos podem ser divididos verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que podem ter
em variáveis e invariáveis. Observe: várias classificações) são pronomes relativos. Todos eles são
usados com referência à pessoa ou coisa por motivo de clareza
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário, tanto, ou depois de determinadas preposições:
outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca, vária,
tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer, alguns, nenhuns, Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o
todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos, algumas, qual me deixou encantado. (O uso de “que”, neste caso, geraria
nenhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras, quantas. ambiguidade.)
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, algo,
cada. Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas
dúvidas? (Não se poderia usar “que” depois de sobre.)
São  locuções pronominais indefinidas: cada qual, cada um,
qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que), seja quem for, c) O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e se
seja qual for, todo aquele (que), tal qual (= certo), tal e qual, tal ou refere a uma oração.
qual, um ou outro, uma ou outra, etc.
Cada um escolheu o vinho desejado. Não chegou a ser padre, mas deixou de ser poeta, que era a
sua vocação natural.
Indefinidos Sistemáticos
d) O pronome “cujo” não concorda com o seu antecedente,
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos, mas com o consequente. Equivale a do qual, da qual, dos quais,
percebemos que existem alguns grupos que criam oposição das quais.
de sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm sentido
afirmativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm sentido negativo; Este é o caderno cujas folhas estão rasgadas.
todo/tudo,  que indicam uma totalidade afirmativa, e  nenhum/ (antecedente) (consequente)
nada, que indicam uma totalidade negativa; alguém/ninguém,
que se referem à pessoa, e  algo/nada, que se referem à coisa; e) “Quanto” é pronome relativo quando tem por antecedente
certo, que particulariza, e qualquer, que generaliza. um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo:
Essas oposições de sentido são muito importantes na
construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas Emprestei tantos quantos foram necessários.
vezes dependem a solidez e a consistência dos argumentos (antecedente)
expostos. Observe nas frases seguintes a força que os pronomes
indefinidos destacados imprimem às afirmações de que fazem Ele fez tudo quanto havia falado.
parte: (antecedente)
Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado
prático. f)  O pronome  “quem” se refere a pessoas e vem sempre
Certas  pessoas conseguem perceber sutilezas: não são precedido de preposição.
pessoas quaisquer.
É um professor a quem muito devemos.
Pronomes Relativos (preposição)

São aqueles que representam nomes já mencionados g)  “Onde”, como pronome relativo, sempre possui
anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem as antecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar.
orações subordinadas adjetivas. A casa onde morava foi assaltada.
O racismo é um sistema  que  afirma a superioridade de um h) Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em
grupo racial sobre outros. que.
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros = Sinto saudades da época em que (quando) morávamos no
oração subordinada adjetiva). exterior.

Língua Portuguesa 32
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APOSTILAS OPÇÃO
i) Podem ser utilizadas como pronomes relativos as palavras: 02. Um estudo feito pela Universidade de Michigan constatou
- como (= pelo qual) que o que mais se faz no Facebook, depois de interagir com
Não me parece correto o modo como você agiu semana amigos, é olhar os perfis de pessoas que acabamos de conhecer.
passada. Se você gostar do perfil, adicionará aquela pessoa, e estará
- quando (= em que) formado um vínculo. No final, todo mundo vira amigo de todo
mundo. Mas, não é bem assim. As redes sociais têm o poder de
Bons eram os tempos quando podíamos jogar videogame. transformar os chamados elos latentes (pessoas que frequentam
j)  Os pronomes relativos permitem reunir duas orações o mesmo ambiente social, mas não são suas amigas) em elos
numa só frase. fracos – uma forma superficial de amizade. Pois é, por mais
O futebol é um esporte. que existam exceções _______qualquer regra, todos os estudos
O povo gosta muito deste esporte. mostram que amizades geradas com a ajuda da Internet são
O futebol é um esporte de que o povo gosta muito. mais fracas, sim, do que aquelas que nascem e se desenvolvem
fora dela.
k)  Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode Isso não é inteiramente ruim. Os seus amigos do peito
ocorrer a elipse do relativo “que”. geralmente são parecidos com você: pertencem ao mesmo
mundo e gostam das mesmas coisas. Os elos fracos, não. Eles
A sala estava cheia de gente que conversava, (que) ria, transitam por grupos diferentes do seu e, por isso, podem lhe
(que) fumava. apresentar novas pessoas e ampliar seus horizontes – gerando
uma renovação de ideias que faz bem a todos os relacionamentos,
Pronomes Interrogativos inclusive às amizades antigas. O problema é que a maioria das
São usados na formulação de perguntas, sejam elas diretas redes na Internet é simétrica: se você quiser ter acesso às
ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos, referem- informações de uma pessoa ou mesmo falar reservadamente com
se à 3ª pessoa do discurso de modo impreciso. São pronomes ela, é obrigado a pedir a amizade dela. Como é meio grosseiro
interrogativos: que, quem, qual (e variações), quanto (e variações). dizer “não” ________ alguém que você conhece, todo mundo acaba
Quem fez o almoço?/ Diga-me quem fez o almoço. adicionando todo mundo. E isso vai levando ________ banalização
do conceito de amizade.
Qual das bonecas preferes? / Não sei qual das bonecas É verdade. Mas, com a chegada de sítios como o Twitter, ficou
preferes. diferente. Esse tipo de sítio é uma rede social completamente
Quantos passageiros desembarcaram? / Pergunte quantos assimétrica. E isso faz com que as redes de “seguidores” e
passageiros desembarcaram. “seguidos” de alguém possam se comunicar de maneira muito
mais fluida. Ao estudar a sua própria rede no Twitter, o sociólogo
Sobre os pronomes: Nicholas Christakis, da Universidade de Harvard, percebeu
O pronome pessoal é do caso reto quando tem função de que seus amigos tinham começado a se comunicar entre si
sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo quando independentemente da mediação dele. Pessoas cujo único ponto
desempenha função de complemento. Vamos entender, em comum era o próprio Christakis acabaram ficando amigas.
No Twitter, eu posso me interessar pelo que você tem a dizer e
primeiramente, como o pronome pessoal surge na frase e que começar a te seguir. Nós não nos conhecemos.
função exerce. Observe as orações: Mas você saberá quando eu o retuitar ou mencionar seu
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar. nome no sítio, e poderá falar comigo. Meus seguidores também
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia ajudá- podem se interessar pelos seus tuítes e começar a seguir você.
lo. Em suma, nós continuaremos não nos conhecendo, mas as
pessoas que estão ________ nossa volta podem virar amigas entre
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” si.
exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso reto. Adaptado de: COSTA, C. C.. Disponível em:
<http://super.abril.com.br/cotidiano/como-internet-
Já na segunda oração, observamos o pronome “lhe” exercendo
estamudando-amizade-619645.shtml>.
função de complemento, e, consequentemente, é do caso oblíquo.
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso, Considere as seguintes afirmações sobre a relação que se
o pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para a estabelece entre algumas palavras do texto e os elementos a que
segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se devia se referem.
ajudar.... Ajudar quem? Você (lhe). I. No segmento que nascem, a palavra que se refere a
Importante: Em observação à segunda oração, o emprego do amizades.
pronome oblíquo “lhe” é justificado antes do verbo intransitivo II. O segmento elos fracos retoma o segmento uma forma
“ajudar” porque o pronome oblíquo pode estar antes, depois ou superficial de amizade.
entre locução verbal, caso o verbo principal (no caso “ajudar”) III. Na frase Nós não nos conhecemos, o pronome Nós refere-
se aos pronomes eu e você.
estiver no infinitivo ou gerúndio.
Eu desejo lhe perguntar algo. Quais estão corretas?
Eu estou perguntando-lhe algo. (A) Apenas I.
(B) Apenas II.
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou tônicos: (C) Apenas III.
os primeiros não são precedidos de preposição, diferentemente (D) Apenas I e II.
dos segundos que são sempre precedidos de preposição. (E) I, II e III.
- Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu Respostas
estava fazendo. 01. A\02. E
- Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o que
eu estava fazendo. Advérbio
Questões O  advérbio, assim como muitas outras palavras existentes
na Língua Portuguesa, advém de outras línguas. Assim sendo,
01. Observe as sentenças abaixo.
I. Esta é a professora de cuja aula todos os alunos gostam. tal qual o adjetivo, o prefixo “ad-” indica a ideia de proximidade,
II. Aquela é a garota com cuja atitude discordei - tornamo- contiguidade.
nos inimigas desde aquele episódio.
III. A criança cuja a família não compareceu ficou inconsolável. Essa proximidade faz referência ao processo verbal, no
sentido de caracterizá-lo, ou seja, indicando as circunstâncias
O pronome ‘cuja’ foi empregado de acordo com a norma em que esse processo se desenvolve. 
culta da língua portuguesa em: O advérbio relaciona-se aos verbos da língua, no sentido de
(A) apenas uma das sentenças caracterizar os processos expressos por ele. Contudo, ele não
(B) apenas duas das sentenças. é modificador exclusivo desta classe (verbos), pois também
(C) nenhuma das sentenças.
(D) todas as sentenças. modifica o  adjetivo e até outro advérbio. Seguem alguns
exemplos:

Língua Portuguesa 33
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APOSTILAS OPÇÃO
Para quem se diz  distantemente alheio  a esse assunto, Superlativo:  aumenta a intensidade. Exemplos: longe
você está até bem informado. - longíssimo, pouco - pouquíssimo, inconstitucionalmente -
inconstitucionalissimamente, etc;
Temos o advérbio “distantemente” que modifica o adjetivo
Diminutivo: diminui a intensidade.
alheio, representando uma qualidade, característica.
Exemplos: perto - pertinho, pouco - pouquinho, devagar -
devagarinho, 
O artista canta muito mal.
Questões
Nesse caso, o advérbio de intensidade “muito” modifica outro
advérbio de modo – “mal”. Em ambos os exemplos pudemos
01. Leia os quadrinhos para responder a questão.
verificar que se tratava de somente uma palavra funcionando
como advérbio. No entanto, ele pode estar demarcado por
mais de uma palavra, que mesmo assim não deixará de ocupar
tal função. Temos aí o que chamamos de  locução adverbial,
representada por algumas expressões, tais como: às vezes, sem
dúvida, frente a frente, de modo algum, entre outras.

Mediante tais postulados, afirma-se que, dependendo das


circunstâncias expressas pelos advérbios, eles se classificam em
distintas categorias, uma vez expressas por:    
de modo: Bem, mal, assim, depressa, devagar, às pressas, às
claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse
jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado
a lado, a pé, de cor, em vão, e a maior parte dos que terminam
em -mente: calmamente, tristemente, propositadamente,
pacientemente, amorosamente, docemente, escandalosamente,
bondosamente, generosamente
de intensidade: Muito, demais, pouco, tão, menos, em
excesso, bastante, pouco, mais, menos, demasiado, quanto, quão,
tanto, que(equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de todo, de
muito, por completo.
de tempo: Hoje, logo, primeiro, ontem, tarde outrora,
amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes,
doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, enfim,
afinal, breve, constantemente, entrementes, imediatamente,
primeiramente, provisoriamente, sucessivamente, às vezes,
à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em quando, de
quando em quando, a qualquer momento, de tempos em tempos,
em breve, hoje em dia (Leila Lauar Sarmento e Douglas Tufano. Português. Volume
de lugar: Aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás, Único)
além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abaixo, aonde,
longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro, afora, No primeiro e segundo quadrinhos, estão em destaque dois
alhures, nenhures, aquém, embaixo, externamente, a distância, advérbios: AÍ e ainda.
à distância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda, Considerando que advérbio é a palavra que modifica
ao lado, em volta um verbo, um outro advérbio ou um adjetivo, expressando
de negação  : Não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de a circunstância em que determinado fato ocorre, assinale
forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum a alternativa que classifica, correta e respectivamente, as
de dúvida: Acaso, porventura, possivelmente, circunstâncias expressas por eles.
provavelmente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe A) Lugar e negação.
de afirmação: Sim, certamente, realmente, decerto, B) Lugar e tempo.
efetivamente, certo, decididamente, realmente, deveras, C) Modo e afirmação.
indubitavelmente D) Tempo e tempo.
de exclusão: Apenas, exclusivamente, salvo, senão, somente, E) Intensidade e dúvida.
simplesmente, só, unicamente
de inclusão: Ainda, até, mesmo, inclusivamente, também 02. Leia o texto a seguir.
de ordem: Depois, primeiramente, ultimamente
de designação: Eis Impunidade é motor de nova onda de agressões
de interrogação: onde?(lugar), como?(modo),
quando?(tempo), por quê?(causa), quanto?(preço e intensidade), Repetidos episódios de violência têm sido noticiados nas
para quê?(finalidade) últimas semanas. Dois que chamam a atenção, pela banalidade
com que foram cometidos, estão gerando ainda uma série de
Locução adverbial  repercussões.
É reunião de duas ou mais palavras com valor de advérbio. Em Natal, um garoto de 19 anos quebrou o braço da
Exemplo: estudante de direito R.D., 19, em plena balada, porque ela teria
Carlos saiu às pressas. (indicando modo) recusado um beijo. O suposto agressor já responde a uma ação
Maria saiu à tarde. (indicando tempo) penal, por agressão, movida por sua ex-mulher.
No mesmo final de semana, dois amigos que saíam de uma
Há locuções adverbiais que possuem advérbios boate em São Paulo também foram atacados por dois jovens
correspondentes. que estavam na mesma balada, e um dos agredidos teve a perna
Exemplo: fraturada. Esses dois jovens teriam tentado se aproximar, sem
Carlos saiu às pressas. = Carlos saiu apressadamente. sucesso, de duas garotas que eram amigas dos rapazes que
saíam da boate. Um dos suspeitos do ataque alega que tudo não
Apenas os advérbios de intensidade, de lugar e de modo são passou de um engano e que o rapaz teria fraturado a perna ao
flexionados, sendo que os demais são todos invariáveis. A única cair no chão.
flexão propriamente dita que existe na categoria dos advérbios Curiosamente, também é possível achar um blog que diz
é a de grau: que R.D., em Natal, foi quem atacou o jovem e que seu braço se
quebrou ao cair no chão.

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APOSTILAS OPÇÃO
Em ambos os casos, as câmeras dos estabelecimentos parágrafo)
felizmente comprovam os acontecimentos, e testemunhas vão Os advérbios em destaque nos trechos expressam, correta e
ajudar a polícia na investigação. respectivamente, circunstâncias de
O fato é que é difícil acreditar que tanta gente ande se A) afirmação e de intensidade.
quebrando por aí ao cair no chão, não é mesmo? As agressões B) modo e de tempo.
devem ser rigorosamente apuradas e, se houver culpados, que C) modo e de lugar.
eles sejam julgados e condenados. D) lugar e de tempo.
A impunidade é um dos motores da onda de violência que E) intensidade e de negação.
temos visto. O machismo e o preconceito são outros. O perfil
impulsivo de alguns jovens (amplificado pela bebida e por Respostas
outras substâncias) completa o mecanismo que gera agressões. 1-B / 2-C / 3-B
Sem interferir nesses elementos, a situação não vai mudar.
Maior rigor da justiça, educação para a convivência com o outro, Preposição
aumento da tolerância à própria frustração e melhor controle
sobre os impulsos (é normal levar um “não”, gente!) são alguns Preposição  é uma palavra invariável que serve para ligar
dos caminhos. termos ou orações. Quando esta ligação acontece, normalmente
(Jairo Bouer, Folha de S.Paulo, 24.10.2011. Adaptado) há uma subordinação do segundo termo em relação ao
primeiro. As preposições são muito importantes na estrutura
Assinale a alternativa cuja expressão em destaque apresenta da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores
circunstância adverbial de modo. semânticos indispensáveis para a compreensão do texto.
A) Repetidos episódios de violência (...) estão gerando ainda
uma série de repercussões. Tipos de Preposição
B) ...quebrou o braço da estudante de direito R. D., 19, em
plena balada… 1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente
C) Esses dois jovens teriam tentado se aproximar, sem como preposições.
sucesso, de duas amigas… A, ante, perante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre,
D) Um dos suspeitos do ataque alega que tudo não passou para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.
de um engano...
E) O fato é que é difícil acreditar que tanta gente ande se 2.  Preposições acidentais: palavras de outras  classes
quebrando por aí… gramaticais que podem atuar como preposições.
Como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão,
03. Leia o texto a seguir. visto.

Cultura matemática 3.  Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo


Hélio Schwartsman como uma preposição, sendo que a última palavra é uma delas.
Abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de
SÃO PAULO – Saiu mais um estudo mostrando que o ensino acordo com, em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de,
de matemática no Brasil não anda bem. A pergunta é: podemos graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por cima de, por
viver sem dominar o básico da matemática? Durante muito trás de.
tempo, a resposta foi sim. Aqueles que não simpatizavam muito
com Pitágoras podiam simplesmente escolher carreiras nas A preposição, como já foi dito, é invariável. No entanto pode
quais os números não encontravam muito espaço, como direito, unir-se a outras palavras e assim estabelecer concordância em
jornalismo, as humanidades e até a medicina de antigamente. gênero ou em número. Ex: por + o = pelo por + a = pela
Como observa Steven Pinker, ainda hoje, nos meios
universitários, é considerado aceitável que um intelectual se Vale ressaltar que essa concordância não é característica da
vanglorie de ter passado raspando em física e de ignorar o beabá preposição, mas das palavras às quais ela se une.
da estatística. Mas ai de quem admitir nunca ter lido Joyce ou
dizer que não gosta de Mozart. Sobre ele recairão olhares tão Esse processo de junção de uma preposição com outra
recriminadores quanto sobre o sujeito que assoa o nariz na palavra pode se dar a partir de dois processos:
manga da camisa.
Joyce e Mozart são ótimos, mas eles, como quase toda a 1. Combinação: A preposição não sofre alteração.
cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida preposição a + artigos definidos o, os
prática. Já a cultura científica, que muitos ainda tratam com uma a + o = ao
ponta de desprezo, torna-se cada vez mais fundamental, mesmo preposição a + advérbio onde
para quem não pretende ser engenheiro ou seguir carreiras a + onde = aonde
técnicas.
Como sobreviver à era do crédito farto sem saber calcular as 2. Contração: Quando a preposição sofre alteração.
armadilhas que uma taxa de juros pode esconder? Hoje, é difícil
até posicionar-se de forma racional sobre políticas públicas sem Preposição + Artigos
assimilar toda a numeralha que idealmente as informa. De + o(s) = do(s)
Conhecimentos rudimentares de estatística são pré-requisito De + a(s) = da(s)
para compreender as novas pesquisas que trazem informações De + um = dum
relevantes para nossa saúde e bem-estar. De + uns = duns
A matemática está no centro de algumas das mais intrigantes De + uma = duma
especulações cosmológicas da atualidade. Se as equações da De + umas = dumas
mecânica quântica indicam que existem universos paralelos, Em + o(s) = no(s)
isso basta para que acreditemos neles? Ou, no rastro de Eugene Em + a(s) = na(s)
Wigner, podemos nos perguntar por que a matemática é tão Em + um = num
eficaz para exprimir as leis da física. Em + uma = numa
Releia os trechos apresentados a seguir. Em + uns = nuns
- Aqueles que não simpatizavam muito com Pitágoras Em + umas = numas
podiam simplesmente escolher carreiras nas quais os números A + à(s) = à(s)
não encontravam muito espaço... (1.º parágrafo) Por + o = pelo(s)
- Já a cultura científica, que muitos ainda tratam com uma Por + a = pela(s)
ponta de desprezo, torna-se cada vez mais fundamental...(3.º

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APOSTILAS OPÇÃO
Preposição + Pronomes Questões
De + ele(s) = dele(s)
De + ela(s) = dela(s) 01. Leia o texto a seguir.
De + este(s) = deste(s)
De + esta(s) = desta(s) “Xadrez que liberta”: estratégia, concentração e reeducação
De + esse(s) = desse(s)
De + essa(s) = dessa(s) João Carlos de Souza Luiz cumpre pena há três anos e dois
De + aquele(s) = daquele(s) meses por assalto. Fransley Lapavani Silva está há sete anos
De + aquela(s) = daquela(s) preso por homicídio. Os dois têm 30 anos. Além dos muros,
De + isto = disto grades, cadeados e detectores de metal, eles têm outros pontos
De + isso = disso em comum: tabuleiros e peças de xadrez.
De + aquilo = daquilo O jogo, que eles aprenderam na cadeia, além de uma válvula
De + aqui = daqui de escape para as horas de tédio, tornou-se uma metáfora para o
De + aí = daí que pretendem fazer quando estiverem em liberdade.
De + ali = dali “Quando você vai jogar uma partida de xadrez, tem que pensar
De + outro = doutro(s) duas, três vezes antes. Se você movimenta uma peça errada,
De + outra = doutra(s) pode perder uma peça de muito valor ou tomar um xeque-mate,
Em + este(s) = neste(s) instantaneamente. Se eu for para a rua e movimentar a peça
Em + esta(s) = nesta(s) errada, eu posso perder uma peça muito importante na minha
Em + esse(s) = nesse(s) vida, como eu perdi três anos na cadeia. Mas, na rua, o problema
Em + aquele(s) = naquele(s) maior é tomar o xeque-mate”, afirma João Carlos.
Em + aquela(s) = naquela(s) O xadrez faz parte da rotina de cerca de dois mil internos
Em + isto = nisto em 22 unidades prisionais do Espírito Santo. É o projeto “Xadrez
Em + isso = nisso que liberta”. Duas vezes por semana, os presos podem praticar
Em + aquilo = naquilo a atividade sob a orientação de servidores da Secretaria de
A + aquele(s) = àquele(s) Estado da Justiça (Sejus). Na próxima sexta-feira, será realizado
A + aquela(s) = àquela(s) o primeiro torneio fora dos presídios desde que o projeto foi
A + aquilo = àquilo implantado. Vinte e oito internos de 14 unidades participam da
disputa, inclusive João Carlos e Fransley, que diz que a vitória
Dicas sobre preposição não é o mais importante.
“Só de chegar até aqui já estou muito feliz, porque eu não
1. O “a” pode funcionar como preposição, pronome pessoal esperava. A vitória não é tudo. Eu espero alcançar outras coisas
oblíquo e artigo. Como distingui-los? devido ao xadrez, como ser olhado com outros olhos, como
estou sendo olhado de forma diferente aqui no presídio devido
- Caso o “a” seja um artigo, virá precedendo a um substantivo. ao bom comportamento”.
Ele servirá para determiná-lo como um substantivo singular Segundo a coordenadora do projeto, Francyany Cândido
e feminino. Venturin, o “Xadrez que liberta” tem provocado boas mudanças
A dona da casa não quis nos atender. no comportamento dos presos. “Tem surtido um efeito positivo
Como posso fazer a Joana concordar comigo? por eles se tornarem uma referência positiva dentro da unidade,
já que cumprem melhor as regras, respeitam o próximo e
- Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois pensam melhor nas suas ações, refletem antes de tomar uma
termos e estabelece relação de subordinação entre eles. atitude”.
Cheguei a sua casa ontem pela manhã. Embora a Sejus não monitore os egressos que ganham a
Não queria, mas vou ter que ir à outra cidade para procurar liberdade, para saber se mantêm o hábito do xadrez, João Carlos
um tratamento adequado. já faz planos. “Eu incentivo não só os colegas, mas também
minha família. Sou casado e tenho três filhos. Já passei para a
- Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o lugar e/ minha família: xadrez, quando eu sair para a rua, todo mundo
ou a função de um substantivo. vai ter que aprender porque vai rolar até o torneio familiar”.
Temos Maria como parte da família. / A temos como parte “Medidas de promoção de educação e que possibilitem que o
da família egresso saia melhor do que entrou são muito importantes. Nós
Creio que conhecemos nossa mãe melhor que ninguém. / não temos pena de morte ou prisão perpétua no Brasil. O preso
Creio que a conhecemos melhor que ninguém. tem data para entrar e data para sair, então ele tem que sair
sem retornar para o crime”, analisa o presidente do Conselho
2. Algumas relações semânticas estabelecidas por meio das Estadual de Direitos Humanos, Bruno Alves de Souza Toledo.
preposições: (Disponível em: www.inapbrasil.com.br/en/noticias/xadrez-que-
Destino = Irei para casa. liberta-estrategia-concentracao-e-reeducacao/6/noticias. Adaptado)
Modo = Chegou em casa aos gritos.
Lugar = Vou ficar em casa; No trecho –... xadrez, quando eu sair para a rua, todo mundo
Assunto = Escrevi um artigo sobre adolescência. vai ter que aprender porque vai rolar até o torneio familiar.– o
Tempo = A prova vai começar em dois minutos. termo em destaque expressa relação de
Causa = Ela faleceu de derrame cerebral. A) espaço, como em – Nosso diretor foi até Brasília para falar
Fim ou finalidade = Vou ao médico para começar o do projeto “Xadrez que liberta”.
tratamento. B) inclusão, como em – O xadrez mudou até o nosso modo
de falar.
Instrumento = Escreveu a lápis. C) finalidade, como em – Precisamos treinar até junho para
Posse = Não posso doar as roupas da mamãe. termos mais chances de vencer o torneio de xadrez.
Autoria = Esse livro de Machado de Assis é muito bom. D) movimento, como em – Só de chegar até aqui já estou
Companhia = Estarei com ele amanhã. muito feliz, porque eu não esperava.
Matéria = Farei um cartão de papel reciclado. E) tempo, como em – Até o ano que vem, pretendo conseguir
Meio = Nós vamos fazer um passeio de barco. a revisão da minha pena.
Origem = Nós somos do Nordeste, e você?
Conteúdo = Quebrei dois frascos de perfume. 02. Considere o trecho a seguir.
Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso. O metrô paulistano, ________quem a banda recebe apoio,
Preço = Essa roupa sai por R$ 50 à vista. garante o espaço para ensaios e os equipamentos; e a estabilidade
no emprego, vantagem________ que muitos trabalhadores sonham,

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APOSTILAS OPÇÃO
é o que leva os integrantes do grupo a permanecerem na Principais conjunções explicativas: que, porque, pois (antes
instituição. do verbo), porquanto.

As preposições que preenchem o trecho, correta, Conjunções subordinativas


respectivamente e de acordo com a norma-padrão, são: - CAUSAIS
A) a ...com Principais conjunções causais: porque, visto que, já que, uma
B) de ...com vez que, como (= porque).
C) de ...a Ele não fez o trabalho porque não tem livro.
D) com ...a
E) para ...de - COMPARATIVAS
Respostas Principais conjunções comparativas: que, do que, tão...como,
1-B / 2-B mais...do que, menos...do que.
Ela fala mais que um papagaio.
Conjunção
- CONCESSIVAS
Conjunção  é a palavra invariável que liga duas orações ou Principais conjunções concessivas: embora, ainda que,
dois termos semelhantes de uma mesma oração. Por exemplo: mesmo que, apesar de, se bem que.
Indicam uma concessão, admitem uma contradição, um fato
A menina segurou a boneca e mostrou quando viu as inesperado. Traz em si uma ideia de “apesar de”.
amiguinhas.
Deste exemplo podem ser retiradas três informações: Embora estivesse cansada, fui ao shopping. (= apesar de estar
cansada)
1-) segurou a boneca 2-) a menina mostrou 3-) viu as Apesar de ter chovido fui ao cinema.
amiguinhas
- CONFORMATIVAS
Cada informação está estruturada em torno de um verbo: Principais conjunções conformativas: como, segundo,
segurou, mostrou, viu. Assim, há nessa frase três orações: conforme, consoante
1ª oração: A menina segurou a boneca 2ª oração: e  mostrou Cada um colhe conforme semeia.
3ª oração: quando viu as amiguinhas. Expressam uma ideia de acordo, concordância, conformidade.
A segunda oração liga-se à primeira por meio do “e”, e a
terceira oração liga-se à segunda por meio do “quando”. As - CONSECUTIVAS
palavras “e” e “quando” ligam, portanto, orações. Expressam uma ideia de consequência.
Principais conjunções consecutivas: que (após “tal”, “tanto”,
Observe: Gosto de natação e de futebol. “tão”, “tamanho”).
Nessa frase as expressões de natação, de futebol são partes Falou tanto que ficou rouco.
ou termos de uma mesma oração. Logo, a palavra  “e” está
ligando termos de uma mesma oração. - FINAIS
Expressam ideia de finalidade, objetivo.
Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações Todos trabalham para que possam sobreviver.
ou dois termos semelhantes de uma mesma oração. Principais conjunções finais: para que, a fim de que, porque
(=para que),
Morfossintaxe da Conjunção
- PROPORCIONAIS
As conjunções, a exemplo das preposições, não exercem Principais conjunções proporcionais: à medida que, quanto
propriamente uma função sintática: são conectivos. mais, ao passo que, à proporção que.
À medida que as horas passavam, mais sono ele tinha.
Classificação - Conjunções Coordenativas- Conjunções
Subordinativas - TEMPORAIS
Principais conjunções temporais: quando, enquanto, logo
Conjunções coordenativas que.
Dividem-se em: Quando eu sair, vou passar na locadora.

- ADITIVAS: expressam a ideia de adição, soma. Importante:


Ex. Gosto de cantar e de dançar.
Principais conjunções aditivas: e, nem, não só...mas também, Diferença entre orações causais e explicativas
não só...como também.
Quando estudamos Orações Subordinadas Adverbiais (OSA)
- ADVERSATIVAS: Expressam ideias contrárias, de oposição, e Coordenadas Sindéticas (CS), geralmente nos deparamos
de compensação. com a dúvida de como distinguir uma oração causal de uma
Ex. Estudei, mas não entendi nada. explicativa. Veja os exemplos:
Principais conjunções adversativas: mas, porém, contudo,
todavia, no entanto, entretanto. 1º) Na frase “Não atravesse a rua, porque você pode ser
atropelado”:
- ALTERNATIVAS: Expressam ideia de alternância. a) Temos uma CS Explicativa, que indica uma justificativa ou
Ou você sai do telefone ou eu vendo o aparelho. uma explicação do fato expresso na oração anterior.
Principais conjunções alternativas: Ou...ou, ora...ora, quer... b) As orações são coordenadas e, por isso, independentes
quer, já...já. uma da outra. Neste caso, há uma pausa entre as orações que
vêm marcadas por vírgula.
- CONCLUSIVAS: Servem para dar conclusões às orações. Ex. Não atravesse a rua. Você pode ser atropelado.
Estudei muito, por isso mereço passar. b) Outra dica é, quando a oração que antecede a OC (Oração
Principais conjunções conclusivas: logo, por isso, pois Coordenada) vier com verbo no modo imperativo, ela será
(depois do verbo), portanto, por conseguinte, assim. explicativa.
Façam silêncio, que estou falando. (façam= verbo imperativo)
- EXPLICATIVAS: Explicam, dão um motivo ou razão. Ex. É
melhor colocar o casaco porque está fazendo muito frio lá fora. 2º) Na frase “Precisavam enterrar os mortos em outra cidade

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APOSTILAS OPÇÃO
porque não havia cemitério no local.” Droga! Preste atenção quando eu estou falando!
a) Temos uma OSA Causal, já que a oração subordinada No exemplo acima, o interlocutor está muito bravo. Toda sua
(parte destacada) mostra a causa da ação expressa pelo raiva se traduz numa palavra: Droga!
verbo da oração principal. Outra forma de reconhecê-
la é colocá-la no início do período, introduzida pela Ele poderia ter dito: - Estou com muita raiva de você! Mas usou
conjunção como - o que não ocorre com a CS Explicativa. simplesmente uma palavra. Ele empregou a interjeição Droga!
Como não havia cemitério no local, precisavam enterrar os mortos As sentenças da língua costumam se organizar de forma
em outra cidade. lógica: há uma sintaxe que estrutura seus elementos e os distribui
b) As orações são subordinadas e, por isso, totalmente em posições adequadas a cada um deles. As interjeições, por
dependentes uma da outra. outro lado, são uma espécie de “palavra-frase”, ou seja, há uma
ideia expressa por uma palavra (ou um conjunto de palavras -
Questões locução interjetiva) que poderia ser colocada em termos de uma
sentença.
01. Leia o texto a seguir. Veja os exemplos:
A música alcançou uma onipresença avassaladora em nosso Bravo! Bis!
mundo: milhões de horas de sua história estão disponíveis em bravo  e  bis: interjeição / sentença (sugestão): «Foi muito
disco; rios de melodia digital correm na internet; aparelhos bom! Repitam!»
de mp3 com 40 mil canções podem ser colocados no bolso. No Ai! Ai! Ai! Machuquei meu pé...
entanto, a música não é mais algo que fazemos nós mesmos, ou ai: interjeição / sentença (sugestão): “Isso está doendo!” ou
até que observamos outras pessoas fazerem diante de nós. “Estou com dor!”
Ela se tornou um meio radicalmente virtual, uma arte sem
rosto. Quando caminhamos pela cidade num dia comum, nossos A interjeição é um recurso da linguagem afetiva, em que
ouvidos registram música em quase todos os momentos − pedaços não há uma ideia organizada de maneira lógica, como são as
de hip-hop vazando dos fones de ouvido de adolescentes no metrô, sentenças da língua, mas sim a manifestação de um suspiro,
o sinal do celular de um advogado tocando a “Ode à alegria”, de um estado da alma decorrente de uma situação particular, um
Beethoven −, mas quase nada disso será resultado imediato de momento ou um contexto específico. Exemplos:
um trabalho físico de mãos ou vozes humanas, como se dava no Ah, como eu queria voltar a ser criança!
passado. ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
Desde que Edison inventou o cilindro fonográfico, em1877, Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
existe gente que avalia o que a gravação fez em favor e desfavor hum: expressão de um pensamento súbito = interjeição
da arte da música. Inevitavelmente, a conversa descambou para
os extremos retóricos. No campo oposto ao dos que diziam que a O significado das interjeições está vinculado à maneira
tecnologia acabaria com a música estão os utópicos, que alegam como elas são proferidas. Desse modo, o tom da fala é que dita
que a tecnologia não aprisionou a música, mas libertou-a, levando o sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto de
a arte da elite às massas. Antes de Edison, diziam os utópicos, enunciação. Exemplos:
as sinfonias de Beethoven só podiam ser ouvidas em salas de Psiu!
concerto selecionadas. Agora, as gravações levam a mensagem contexto:  alguém pronunciando essa expressão na rua;
de Beethoven aos confins do planeta, convocando a multidão significado da interjeição (sugestão):  “Estou te chamando! Ei,
saudada na “Ode à alegria”: “Abracem-se, milhões!”. Glenn Gould, espere!”
depois de afastar-se das apresentações ao vivo em 1964, previu Psiu!
que dentro de um século o concerto público desapareceria no éter contexto:  alguém pronunciando essa expressão em um
eletrônico, com grande efeito benéfico sobre a cultura musical. hospital; significado da interjeição (sugestão):  “Por favor, faça
(Adaptado de Alex Ross. Escuta só. Tradução Pedro Maia silêncio!”
Soares. São Paulo, Cia. das Letras, 2010, p. 76-77) Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
puxa: interjeição; tom da fala: euforia
No entanto, a música não é mais algo que fazemos nós mesmos, Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
ou até que observamos outras pessoas fazerem diante de nós. puxa: interjeição; tom da fala: decepção

Considerando-se o contexto, é INCORRETO afirmar que o As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
elemento grifado pode ser substituído por: a)  Sintetizar uma frase  exclamativa, exprimindo alegria,
A) Porém. tristeza, dor, etc.
B) Contudo. Você faz o que no Brasil?
C) Todavia. Eu? Eu negocio com madeiras.
D) Entretanto. Ah, deve ser muito interessante.
E) Conquanto. b) Sintetizar uma frase apelativa
Cuidado! Saia da minha frente.
02. Observando as ocorrências da palavra “como” em – As interjeições podem ser formadas por:
Como fomos programados para ver o mundo como um lugar a) simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô.
ameaçador… – é correto afirmar que se trata de conjunção b) palavras: Oba!, Olá!, Claro!
(A) comparativa nas duas ocorrências. c) grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!, Ora
(B) conformativa nas duas ocorrências. bolas!
(C) comparativa na primeira ocorrência. A ideia expressa pela interjeição depende muitas vezes
(D) causal na segunda ocorrência. da entonação com que é pronunciada; por isso, pode ocorrer que
(E) causal na primeira ocorrência. uma interjeição tenha mais de um sentido. Por exemplo:
Oh! Que surpresa desagradável! (ideia de contrariedade)
Respostas Oh! Que bom te encontrar. (ideia de alegria)
1-E / 2-E
Classificação das Interjeições
Interjeição
Comumente, as interjeições expressam sentido de:
- Advertência: Cuidado!, Devagar!, Calma!, Sentido!,
Interjeição  é a palavra invariável que exprime emoções,
Atenção!, Olha!, Alerta!
sensações, estados de espírito, ou que procura agir sobre o
- Afugentamento: Fora!, Passa!, Rua!, Xô!
interlocutor, levando-o a adotar certo comportamento sem que,
- Alegria ou Satisfação: Oh!, Ah!,Eh!, Oba!, Viva!
para isso, seja necessário fazer uso de estruturas linguísticas
- Alívio: Arre!, Uf!, Ufa! Ah!
mais elaboradas. Observe o exemplo:

Língua Portuguesa 38
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APOSTILAS OPÇÃO
- Animação ou Estímulo: Vamos!, Força!, Coragem!, Eia!, “Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!» (Olavo Bilac) 
Ânimo!, Adiante!, Firme!, Toca! Oh! a jornada negra!» (Olavo Bilac)
- Aplauso ou Aprovação: Bravo!, Bis!, Apoiado!, Viva!, Boa!
- Concordância: Claro!, Sim!, Pois não!, Tá!, Hã-hã! 6) Na linguagem afetiva, certas interjeições, originadas
de palavras de outras classes, podem aparecer flexionadas no
- Repulsa ou Desaprovação: Credo!, Irra!, Ih!, Livra!, Safa!, diminutivo ou no superlativo.
Fora!, Abaixo!, Francamente!, Xi!, Chega!, Basta!, Ora! Calminha! Adeusinho! Obrigadinho!
- Desejo ou Intenção: Oh!, Pudera!, Tomara!, Oxalá! Interjeições, leitura e produção de textos
- Desculpa: Perdão!
- Dor ou Tristeza: Ai!, Ui!, Ai de mim!, Que pena!, Ah!, Oh!, Usadas com muita frequência na língua falada informal,
Eh! quando empregadas na língua escrita, as interjeições costumam
- Dúvida ou Incredulidade: Qual!, Qual o quê!, Hum!, Epa!, conferir-lhe certo tom inconfundível de coloquialidade. Além
Ora! disso, elas podem muitas vezes indicar traços pessoais do falante
- Espanto ou Admiração: Oh!, Ah!, Uai!, Puxa!, Céus!, Quê!, - como a escassez de vocabulário, o temperamento agressivo ou
Caramba!, Opa!, Virgem!, Vixe!, Nossa!, Hem?!, Hein?, Cruz!, Putz! dócil, até mesmo a origem geográfica. É nos textos narrativos -
- Impaciência ou Contrariedade: Hum!, Hem!, Irra!, Raios!, particularmente nos diálogos - que comumente se faz uso
Diabo!, Puxa!, Pô!, Ora! das interjeições com o objetivo de caracterizar personagens
- Pedido de Auxílio: Socorro!, Aqui!, Piedade! e, também, graças à sua natureza sintética, agilizar as falas.
- Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!, Viva!, Natureza sintética e conteúdo mais emocional do que
Adeus!, Olá!, Alô!, Ei!, Tchau!, Ô, Ó, Psiu!, Socorro!, Valha-me, racional fazem das interjeições presença constante nos textos
Deus! publicitários.
- Silêncio: Psiu!, Bico!, Silêncio! Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
- Terror ou Medo: Credo!, Cruzes!, Uh!, Ui!, Oh! morf89.php
Numeral
Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis, isto é,
não sofrem variação em gênero, número e grau como os nomes,
Numeral é a palavra que indica os seres em termos
nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e voz como os
numéricos, isto é, que atribui quantidade aos seres ou os situa
verbos. No entanto, em uso específico, algumas interjeições
em determinada sequência.
sofrem variação em grau. Deve-se ter claro, neste caso, que
Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco.
não se trata de um processo natural dessa classe de palavra,
[quatro: numeral = atributo numérico de “ingresso”]
mas tão só uma variação que a linguagem afetiva permite.
Eu quero café duplo, e você?
Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.
[duplo: numeral = atributo numérico de “café”]
Locução Interjetiva A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor!
[primeira: numeral = situa o ser “pessoa” na sequência de
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma “fila”]
expressão com sentido de interjeição. Por exemplo
Ora bolas! Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que
Quem me dera! os números indicam em relação aos seres. Assim, quando a
Virgem Maria! expressão é colocada em números (1, 1°, 1/3, etc.) não se trata
Meu Deus! de numerais, mas sim de algarismos.
Ai de mim! Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a
Valha-me Deus! ideia expressa pelos números, existem mais algumas palavras
Graças a Deus! consideradas numerais porque denotam quantidade, proporção
Alto lá! ou ordenação. São alguns exemplos: década, dúzia, par,
Muito bem! ambos(as), novena.

Observações: Classificação dos Numerais

1) As interjeições são como frases resumidas, sintéticas. Por Cardinais: indicam contagem, medida. É o número básico:
exemplo: um, dois, cem mil, etc.
Ué! = Eu não esperava por essa! Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série dada:
Perdão! = Peço-lhe que me desculpe. primeiro, segundo, centésimo, etc.
Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, a divisão
2) Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é o seu dos seres: meio, terço, dois quintos, etc.
tom exclamativo; por isso, palavras de outras classes gramaticais Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos
podem aparecer como interjeições. seres, indicando quantas vezes a quantidade foi aumentada:
Viva! Basta! (Verbos) dobro, triplo, quíntuplo, etc.
Fora! Francamente! (Advérbios)
Leitura dos Numerais
3) A interjeição pode ser considerada uma “palavra-frase”
porque sozinha pode constituir uma mensagem. Separando os números em centenas, de trás para frente,
Socorro! obtêm-se conjuntos numéricos, em forma de centenas e, no
Ajudem-me!  início, também de dezenas ou unidades. Entre esses conjuntos
Silêncio! usa-se vírgula; as unidades ligam-se pela conjunção “e”.
Fique quieto! 1.203.726 = um milhão, duzentos e três mil, setecentos e vinte
e seis.
4) Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imitativas, 45.520 = quarenta e cinco mil, quinhentos e vinte.
que exprimem ruídos e vozes.
Pum! Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Flexão dos numerais
Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-quá!, etc.
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/uma,
5) Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com a sua dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/duzentas em
homônima  “oh!”, que exprime admiração, alegria, tristeza, etc. diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatrocentas, etc.
Faz-se uma pausa depois do” oh!” exclamativo e não a fazemos Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam em número:
depois do “ó” vocativo. milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais são invariáveis.

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APOSTILAS OPÇÃO
Os numerais ordinais variam em gênero e número: trinta trigésimo - trinta avos
primeiro segundo milésimo quarenta quadragésimo - quarenta avos
primeira segunda milésima cinquenta quinquagésimo - cinquenta avos
primeiros segundos milésimos sessenta sexagésimo - sessenta avos
primeiras segundas milésimas setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam noventa nonagésimo - noventa avos
em funções substantivas: cem centésimo cêntuplo centésimo
Fizeram o dobro do esforço e conseguiram o triplo de produção. duzentos ducentésimo - ducentésimo
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais trezentos trecentésimo - trecentésimo
flexionam-se em gênero e número: quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
Teve de tomar doses triplas do medicamento. quinhentos quingentésimo - quingentésimo
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número. seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas terças setecentos septingentésimo - septingentésimo
partes oitocentos octingentésimo - octingentésimo
Os numerais coletivos flexionam-se em número. Veja: uma novecentos nongentésimo
dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros. ou noningentésimo - nongentésimo
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos mil milésimo - milésimo
numerais, traduzindo afetividade ou especialização de sentido. milhão milionésimo - milionésimo
É o que ocorre em frases como: bilhão bilionésimo - bilionésimo
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade!
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda Questões
divisão de futebol)
01.Na frase “Nessa carteira só há duas notas de cinco reais”
Emprego dos Numerais temos exemplos de numerais:
A) ordinais;
*Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em B) cardinais;
que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo e a C) fracionários;
partir daí os cardinais, desde que o numeral venha depois do D) romanos;
substantivo: E) Nenhuma das alternativas.
Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze) 02.Aponte a alternativa em que os numerais estão bem
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis) empregados.
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte) A) Ao papa Paulo Seis sucedeu João Paulo Primeiro.
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte) B) Após o parágrafo nono virá o parágrafo décimo.
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três) C) Depois do capítulo sexto, li o capitulo décimo primeiro.
D) Antes do artigo dez vem o artigo nono.
*Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal E) O artigo vigésimo segundo foi revogado.
até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez) 03. Os ordinais referentes aos números 80, 300, 700 e 90
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um) são, respectivamente
A) octagésimo, trecentésimo, septingentésirno,
*Ambos/ambas são considerados numerais. Significam “um nongentésimo
e outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as duas”) e são largamente B) octogésimo, trecentésimo, septingentésimo, nonagésimo
empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez C) octingentésimo, tricentésimo, septuagésimo, nonagésimo
referência. D) octogésimo, tricentésimo, septuagésimo, nongentésimo
Pedro e João parecem ter finalmente percebido a importância
da solidariedade. Ambos agora participam das atividades Respostas
comunitárias de seu bairro. 1-B / 2-D / 3-B

Obs.: a forma “ambos os dois” é considerada enfática. Análise Sintática


Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo.
A Análise Sintática examina a estrutura do período, divide
Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários e classifica as orações que o constituem e reconhece a função
um primeiro - - sintática dos termos de cada oração.
dois segundo dobro, duplo meio Daremos uma ideia do que seja frase, oração, período, termo,
três terceiro triplo, tríplice terço função sintática e núcleo de um termo da oração.
quatro quarto quádruplo quarto As palavras, tanto na expressão escrita como na oral, são
cinco quinto quíntuplo quinto reunidas e ordenadas em frases. Pela frase é que se alcança
seis sexto sêxtuplo sexto o objetivo do discurso, ou seja, da atividade linguística: a
sete sétimo sétuplo sétimo comunicação com o ouvinte ou o leitor.
oito oitavo óctuplo oitavo Frase, Oração e Período são fatores constituintes de
nove nono nônuplo nono qualquer texto escrito em prosa, pois o mesmo compõe-se de
dez décimo décuplo décimo uma sequência lógica de ideias, todas organizadas e dispostas
onze décimo primeiro - onze avos em parágrafos minuciosamente construídos.
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos Frase: é todo enunciado capaz de transmitir, a quem nos
catorze décimo quarto - catorze avos ouve ou lê, tudo o que pensamos, queremos ou sentimos. Pode
quinze décimo quinto - quinze avos revestir as mais variadas formas, desde a simples palavra até
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos o período mais complexo, elaborado segundo os padrões
dezessete décimo sétimo - dezessete avos sintáticos do idioma. São exemplos de frases:
dezoito décimo oitavo - dezoito avos Socorro!
dezenove décimo nono - dezenove avos Muito obrigado!
vinte vigésimo - vinte avos Que horror!

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APOSTILAS OPÇÃO
Sentinela, alerta! A entoação é um elemento muito importante da frase falada,
Cada um por si e Deus por todos. pois nos dá uma ampla possibilidade de expressão. Dependendo
Grande nau, grande tormenta. de como é dita, uma frase simples como «É ela.» pode indicar
Por que agridem a natureza? constatação, dúvida, surpresa, indignação, decepção, etc.
“Tudo seco em redor.” (Graciliano Ramos) A mesma frase pode assumir sentidos diferentes, conforme o
“Boa tarde, mãe Margarida!” (Graciliano Ramos) tom com que a proferimos. Observe:
“Fumaça nas chaminés, o céu tranquilo, limpo o terreiro.” Olavo esteve aqui.
(Adonias Filho) Olavo esteve aqui?
“As luzes da cidade estavam amortecidas.” (Érico Veríssimo) Olavo esteve aqui?!
“Tropas do exército regular do Sul, ajustadas pelos Olavo esteve aqui!
seus aliados brancos de além mar, tinham sido levadas em
helicópteros para o lugar onde se presumia estivesse o inimigo, Questões
mas este se havia sumido por completo.” (Érico Veríssimo)
01. Marque apenas as frases nominais:
As frases são proferidas com entoação e pausas especiais, (A) Que voz estranha!
indicadas na escrita pelos sinais de pontuação. Muitas frases, (B) A lanterna produzia boa claridade.
principalmente as que se desviam do esquema sujeito + (C) As risadas não eram normais.
predicado, só podem ser entendidas dentro do contexto (= (D) Luisinho, não!
o escrito em que figuram) e na situação (= o ambiente, as
circunstâncias) em que o falante se encontra. Chamam-se frases 02. Classifique as frases em declarativa, interrogativa,
nominais as que se apresentam sem o verbo. Exemplo: Tudo exclamativa, optativa ou imperativa.
parado e morto. (A) Você está bem?
Quanto ao sentido, as frases podem ser: (B) Não olhe; não olhe, Luisinho!
(C) Que alívio!
Declarativas: aquela através da qual se enuncia algo, (D) Tomara que Luisinho não fique impressionado!
de forma afirmativa ou negativa. Encerram a declaração ou (E) Você se machucou?
enunciação de um juízo acerca de alguém ou de alguma coisa: (F) A luz jorrou na caverna.
Paulo parece inteligente. (afirmativa) (G) Agora suma, seu monstro!
Nunca te esquecerei. (negativa) (H) O túnel ficava cada vez mais escuro.
Neli não quis montar o cavalo velho, de pêlo ruço. (negativa)
Respostas
Interrogativas: aquela da qual se pergunta algo, direta 01. “a” e “d”
(com ponto de interrogação) ou indiretamente (sem ponto de
interrogação). São uma pergunta, uma interrogação: 02. a) interrogativa; b) imperativa; c) exclamativa; d)
Por que chegaste tão tarde? optativa; e) interrogativa; f) declarativa; g) imperativa; h)
Gostaria de saber que horas são. declarativa
“Por que faço eu sempre o que não queria” (Fernando Pessoa) Oração

Imperativas: aquela através da qual expressamos uma Oração: é todo enunciado linguístico dotado de sentido,
ordem, pedido ou súplica, de forma afirmativa ou negativa. porém há, necessariamente, a presença do verbo. A oração
Contêm uma ordem, proibição, exortação ou pedido: encerra uma frase (ou segmento de frase), várias frases ou um
“Cale-se! Respeite este templo.” (afirmativa) período, completando um pensamento e concluindo o enunciado
Não cometa imprudências. (negativa) através de ponto final, interrogação, exclamação e, em alguns
“Não me leves para o mar.” (negativa) casos, através de reticências.
Em toda oração há um verbo ou locução verbal (às vezes
Exclamativas: aquela através da qual externamos uma elípticos). Não têm estrutura sintática, portanto não são orações,
admiração. Traduzem admiração, surpresa, arrependimento, não podem ser analisadas sintaticamente frases como:
etc.:
Como eles são audaciosos! Socorro!
Não voltaram mais! Com licença!
Que rapaz impertinente!
Optativas: É aquela através da qual se exprime um desejo: Muito riso, pouco siso.
Bons ventos o levem!
Oxalá não sejam vãos tantos sacrifícios! Na oração as palavras estão relacionadas entre si, como
“E queira Deus que te não enganes, menino!” (Carlos de Laet) partes de um conjunto harmônico: elas formam os termos
ou as unidades sintáticas da oração. Cada termo da oração
Imprecativas: Encerram uma imprecação (praga, maldição): desempenha uma função sintática. Geralmente apresentam dois
“Esta luz me falte, se eu minto, senhor!” (Camilo Castelo grupos de palavras: um grupo sobre o qual se declara alguma
Branco) coisa (o sujeito), e um grupo que apresenta uma declaração (o
“Não encontres amor nas mulheres!” (Gonçalves Dias) predicado), e, excepcionalmente, só o predicado. Exemplo:
“Maldito seja quem arme ciladas no seu caminho!”
(Domingos Carvalho da Silva) A menina banhou-se na cachoeira.
A menina – sujeito
Como se vê dos exemplos citados, os diversos tipos de frase banhou-se na cachoeira – predicado
podem encerrar uma afirmação ou uma negação. No primeiro Choveu durante a noite. (a oração toda predicado)
caso, a frase é afirmativa, no segundo, negativa. O que caracteriza
e distingue esses diferentes tipos de frase é a entoação, ora O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo em
ascendente ora descendente. número e pessoa. É normalmente o «ser de quem se declara
Muitas vezes, as frases assumem sentidos que só podem ser algo», «o tema do que se vai comunicar».
integralmente captados se atentarmos para o contexto em que O predicado é a parte da oração que contém “a informação
são empregadas. É o caso, por exemplo, das situações em que se nova para o ouvinte”. Normalmente, ele se refere ao sujeito,
explora a ironia. Pense, por exemplo, na frase “Que educação!”, constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito.
usada quando se vê alguém invadindo, com seu carro, a faixa de
pedestres. Nesse caso, ela expressa exatamente o contrário do Observe: O amor é eterno. O tema, o ser de quem se declara
que aparentemente diz. algo, o sujeito, é “O amor”. A declaração referente a “o amor”, ou

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APOSTILAS OPÇÃO
seja, o predicado, é «é eterno». nome se refere a objetos das primeira e segunda pessoas, o
sujeito é representado por um pronome pessoal do caso reto (eu,
Já na frase: Os rapazes jogam futebol. O sujeito é “Os rapazes”, tu, ele, etc.). Se o sujeito se refere a um objeto da terceira pessoa,
que identificamos por ser o termo que concorda em número e sua representação pode ser feita através de um substantivo, de
pessoa com o verbo “jogam”. O predicado é “jogam futebol”. um pronome substantivo ou de qualquer conjunto de palavras,
cujo núcleo funcione, na sentença, como um substantivo.
Núcleo de um termo é a palavra principal (geralmente um Exemplos:
substantivo, pronome ou verbo), que encerra a essência de Eu acompanho você até o guichê.
sua significação. Nos exemplos seguintes, as palavras amigo e eu: sujeito = pronome pessoal de primeira pessoa
revestiu são o núcleo do sujeito e do predicado, respectivamente: Vocês disseram alguma coisa?
“O amigo retardatário do presidente prepara-se para vocês: sujeito = pronome pessoal de segunda pessoa
desembarcar.” (Aníbal Machado) Marcos tem um fã-clube no seu bairro.
A avezinha revestiu o interior do ninho com macias plumas. Marcos: sujeito = substantivo próprio
Ninguém entra na sala agora.
Os termos da oração da língua portuguesa são classificados ninguém: sujeito = pronome substantivo
em três grandes níveis: O andar deve ser uma atividade diária.
- Termos Essenciais da Oração: Sujeito e Predicado. o andar: sujeito = núcleo: verbo substantivado nessa oração

- Termos Integrantes da Oração: Complemento Nominal e Além dessas formas, o sujeito também pode se constituir
Complementos Verbais (Objeto Direto, Objeto indireto e Agente de uma oração inteira. Nesse caso, a oração recebe o nome de
da Passiva). oração substantiva subjetiva:

- Termos Acessórios da Oração: Adjunto Adnominal, É difícil optar por esse ou aquele doce...
Adjunto Adverbial, Aposto e Vocativo. É difícil: oração principal
optar por esse ou aquele doce: oração substantiva subjetiva
Termos Essenciais da Oração: São dois os termos essenciais
(ou fundamentais) da oração: sujeito e predicado. Exemplos: O sujeito é constituído por um substantivo ou pronome, ou
por uma palavra ou expressão substantivada. Exemplos:
Sujeito Predicado O sino era grande.
Pobreza não é vileza. Ela tem uma educação fina.
Vossa Excelência agiu com imparcialidade.
Os sertanistas capturavam os índios. Isto não me agrada.
Um vento áspero sacudia as árvores.
O núcleo (isto é, a palavra base) do sujeito é, pois, um
Sujeito: é equivocado dizer que o sujeito é aquele que pratica substantivo ou pronome. Em torno do núcleo podem aparecer
uma ação ou é aquele (ou aquilo) do qual se diz alguma coisa. Ao palavras secundárias (artigos, adjetivos, locuções adjetivas, etc.).
fazer tal afirmação estamos considerando o aspecto semântico Exemplo: “Todos os ligeiros rumores da mata tinham uma
do sujeito (agente de uma ação) ou o seu aspecto estilístico voz para a selvagem filha do sertão.” (José de Alencar)
(o tópico da sentença). Já que o sujeito é depreendido de uma
análise sintática, vamos restringir a definição apenas ao seu O sujeito pode ser:
papel sintático na sentença: aquele que estabelece concordância
com o núcleo do predicado. Quando se trata de predicado verbal, Simples: quando tem um só núcleo: As rosas têm espinhos;
o núcleo é sempre um verbo; sendo um predicado nominal, o “Um bando de galinhas-d’angola atravessa a rua em fila indiana.”
núcleo é sempre um nome. Então têm por características básicas: Composto: quando tem mais de um núcleo: “O burro e o
- estabelecer concordância com o núcleo do predicado; cavalo nadavam ao lado da canoa.”
- apresentar-se como elemento determinante em relação ao Expresso: quando está explícito, enunciado: Eu viajarei
predicado; amanhã.
- constituir-se de um substantivo, ou pronome substantivo Oculto (ou elíptico): quando está implícito, isto é, quando
ou, ainda, qualquer palavra substantivada. não está expresso, mas se deduz do contexto: Viajarei amanhã.
(sujeito: eu, que se deduz da desinência do verbo); “Um soldado
Exemplo: saltou para a calçada e aproximou-se.” (o sujeito, soldado, está
expresso na primeira oração e elíptico na segunda: e (ele)
A padaria está fechada hoje. aproximou-se.); Crianças, guardem os brinquedos. (sujeito:
está fechada hoje: predicado nominal vocês)
fechada: nome adjetivo = núcleo do predicado Agente: se faz a ação expressa pelo verbo da voz ativa: O Nilo
a padaria: sujeito fertiliza o Egito.
padaria: núcleo do sujeito - nome feminino singular Paciente: quando sofre ou recebe os efeitos da ação expressa
pelo verbo passivo: O criminoso é atormentado pelo remorso;
No interior de uma sentença, o sujeito é o termo determinante, Muitos sertanistas foram mortos pelos índios; Construíram-se
ao passo que o predicado é o termo determinado. Essa posição açudes. (= Açudes foram construídos.)
de determinante do sujeito em relação ao predicado adquire Agente e Paciente: quando o sujeito realiza a ação expressa
sentido com o fato de ser possível, na língua portuguesa, uma por um verbo reflexivo e ele mesmo sofre ou recebe os efeitos
sentença sem sujeito, mas nunca uma sentença sem predicado. dessa ação: O operário feriu-se durante o trabalho; Regina
Exemplo: trancou-se no quarto.
Indeterminado: quando não se indica o agente da ação
As formigas invadiram minha casa. verbal: Atropelaram uma senhora na esquina. (Quem atropelou
as formigas: sujeito = termo determinante a senhora? Não se diz, não se sabe quem a atropelou.); Come-se
invadiram minha casa: predicado = termo determinado bem naquele restaurante.
Há formigas na minha casa.
há formigas na minha casa: predicado = termo determinado Observações:
sujeito: inexistente - Não confundir sujeito indeterminado com sujeito oculto.
- Sujeito formado por pronome indefinido não é
O sujeito sempre se manifesta em termos de sintagma indeterminado, mas expresso: Alguém me ensinará o caminho.
nominal, isto é, seu núcleo é sempre um nome. Quando esse Ninguém lhe telefonou.

Língua Portuguesa 42
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APOSTILAS OPÇÃO
- Assinala-se a indeterminação do sujeito usando-se o Minha empregada é desastrada.
verbo na 3ª pessoa do plural, sem referência a qualquer agente predicado: é desastrada
já expresso nas orações anteriores: Na rua olhavam-no com núcleo do predicado: desastrada = atributo do sujeito
admiração; “Bateram palmas no portãozinho da frente.”; “De tipo de predicado: nominal
qualquer modo, foi uma judiação matarem a moça.”
- Assinala-se a indeterminação do sujeito com um verbo O núcleo do predicado nominal chama-se predicativo
ativo na 3ª pessoa do singular, acompanhado do pronome se. O do sujeito, porque atribui ao sujeito uma qualidade ou
pronome se, neste caso, é índice de indeterminação do sujeito. característica. Os verbos de ligação (ser, estar, parecer, etc.)
Pode ser omitido junto de infinitivos. funcionam como um elo entre o sujeito e o predicado.
Aqui vive-se bem.
Devagar se vai ao longe. A empreiteira demoliu nosso antigo prédio.
Quando se é jovem, a memória é mais vivaz. predicado: demoliu nosso antigo prédio
Trata-se de fenômenos que nem a ciência sabe explicar. núcleo do predicado: demoliu = nova informação sobre o
sujeito
- Assinala-se a indeterminação do sujeito deixando-se o tipo de predicado: verbal
verbo no infinitivo impessoal: Era penoso carregar aqueles
fardos enormes; É triste assistir a estas cenas repulsivas. Os manifestantes desciam a rua desesperados.
predicado: desciam a rua desesperados
Normalmente, o sujeito antecede o predicado; todavia, a núcleos do predicado: desciam = nova informação sobre o
posposição do sujeito ao verbo é fato corriqueiro em nossa sujeito; desesperados = atributo do sujeito
língua. tipo de predicado: verbo-nominal
Exemplos:
É fácil este problema! Nos predicados verbais e verbo-nominais o verbo é
Vão-se os anéis, fiquem os dedos. responsável também por definir os tipos de elementos que
“Breve desapareceram os dois guerreiros entre as árvores.” aparecerão no segmento. Em alguns casos o verbo sozinho basta
(José de Alencar) para compor o predicado (verbo intransitivo). Em outros casos
é necessário um complemento que, juntamente com o verbo,
Sem Sujeito: constituem a enunciação pura e absoluta de um constituem a nova informação sobre o sujeito. De qualquer
fato, através do predicado; o conteúdo verbal não é atribuído a forma, esses complementos do verbo não interferem na tipologia
nenhum ser. São construídas com os verbos impessoais, na 3ª do predicado.
pessoa do singular: Havia ratos no porão; Choveu durante o jogo. Entretanto, é muito comum a elipse (ou omissão) do verbo,
Observação: São verbos impessoais: Haver (nos sentidos quando este puder ser facilmente subentendido, em geral por
de existir, acontecer, realizar-se, decorrer), Fazer, passar, ser estar expresso ou implícito na oração anterior. Exemplos:
e estar, com referência ao tempo e Chover, ventar, nevar, gear,
relampejar, amanhecer, anoitecer e outros que exprimem “A fraqueza de Pilatos é enorme, a ferocidade dos algozes
fenômenos meteorológicos. inexcedível.” (Machado de Assis) (Está subentendido o verbo é
depois de algozes)
Predicado: assim como o sujeito, o predicado é um “Mas o sal está no Norte, o peixe, no Sul” (Paulo Moreira da
segmento extraído da estrutura interna das orações ou das Silva) (Subentende-se o verbo está depois de peixe)
frases, sendo, por isso, fruto de uma análise sintática. Nesse “A cidade parecia mais alegre; o povo, mais contente.” (Povina
sentido, o predicado é sintaticamente o segmento linguístico Cavalcante) (isto é: o povo parecia mais contente)
que estabelece concordância com outro termo essencial
da oração, o sujeito, sendo este o termo determinante (ou Chama-se predicação verbal o modo pelo qual o verbo
subordinado) e o predicado o termo determinado (ou principal). forma o predicado.
Não se trata, portanto, de definir o predicado como “aquilo Há verbos que, por natureza, tem sentido completo,
que se diz do sujeito” como fazem certas gramáticas da língua podendo, por si mesmos, constituir o predicado: são os verbos
portuguesa, mas sim estabelecer a importância do fenômeno de predicação completa denominados intransitivos. Exemplo:
da concordância entre esses dois termos essenciais da oração.
Então têm por características básicas: apresentar-se como As flores murcharam.
elemento determinado em relação ao sujeito; apontar um Os animais correm.
atributo ou acrescentar nova informação ao sujeito. As folhas caem.

Exemplo: Outros verbos há, pelo contrário, que para integrarem


Carolina conhece os índios da Amazônia. o predicado necessitam de outros termos: são os verbos de
sujeito: Carolina = termo determinante predicação incompleta, denominados transitivos. Exemplos:
predicado: conhece os índios da Amazônia = termo
determinado João puxou a rede.
“Não invejo os ricos, nem aspiro à riqueza.” (Oto Lara
Nesses exemplos podemos observar que a concordância é Resende)
estabelecida entre algumas poucas palavras dos dois termos “Não simpatizava com as pessoas investidas no poder.”
essenciais. No primeiro exemplo, entre “Carolina” e “conhece”; (Camilo Castelo Branco)
no segundo exemplo, entre “nós” e “fazemos”. Isso se dá porque
a concordância é centrada nas palavras que são núcleos, isto Observe que, sem os seus complementos, os verbos puxou,
é, que são responsáveis pela principal informação naquele invejo, aspiro, etc., não transmitiriam informações completas:
segmento. No predicado o núcleo pode ser de dois tipos: um puxou o quê? Não invejo a quem? Não aspiro a quê?
nome, quase sempre um atributo que se refere ao sujeito da Os verbos de predicação completa denominam-se
oração, ou um verbo (ou locução verbal). No primeiro caso, intransitivos e os de predicação incompleta, transitivos. Os
temos um predicado nominal (seu núcleo significativo é um verbos transitivos subdividem-se em: transitivos diretos,
nome, substantivo, adjetivo, pronome, ligado ao sujeito por transitivos indiretos e transitivos diretos e indiretos
um verbo de ligação) e no segundo um predicado verbal (seu (bitransitivos).
núcleo é um verbo, seguido, ou não, de complemento(s) ou Além dos verbos transitivos e intransitivos, quem encerram
termos acessórios). Quando, num mesmo segmento o nome e o uma noção definida, um conteúdo significativo, existem os de
verbo são de igual importância, ambos constituem o núcleo do ligação, verbos que entram na formação do predicado nominal,
predicado e resultam no tipo de predicado verbo-nominal (tem relacionando o predicativo com o sujeito.
dois núcleos significativos: um verbo e um nome). Exemplos:

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Quanto à predicação classificam-se, pois os verbos em: preposição: aludir a ele, anuir a ele, assistir a ela, atentar nele,
Intransitivos: são os que não precisam de complemento, depender dele, investir contra ele, não ligar para ele, etc.
pois têm sentido completo. Em princípio, verbos transitivos indiretos não comportam
“Três contos bastavam, insistiu ele.” (Machado de Assis) a forma passiva. Excetuam-se pagar, perdoar, obedecer, e
“Os guerreiros Tabajaras dormem.” (José de Alencar) pouco mais, usados também como transitivos diretos: João
“A pobreza e a preguiça andam sempre em companhia.” paga (perdoa, obedece) o médico. O médico é pago (perdoado,
(Marquês de Maricá) obedecido) por João. Há verbos transitivos indiretos, como
atirar, investir, contentar-se, etc., que admitem mais de uma
Observações: Os verbos intransitivos podem vir preposição, sem mudança de sentido. Outros mudam de sentido
acompanhados de um adjunto adverbial e mesmo de um com a troca da preposição, como nestes exemplos: Trate de sua
predicativo (qualidade, características): Fui cedo; Passeamos vida. (tratar=cuidar). É desagradável tratar com gente grosseira.
pela cidade; Cheguei atrasado; Entrei em casa aborrecido. (tratar=lidar). Verbos como aspirar, assistir, dispor, servir, etc.,
As orações formadas com verbos intransitivos não podem variam de significação conforme sejam usados como transitivos
“transitar” (= passar) para a voz passiva. Verbos intransitivos diretos ou indiretos.
passam, ocasionalmente, a transitivos quando construídos com
o objeto direto ou indireto. Transitivos Diretos e Indiretos: são os que se usam com
- “Inutilmente a minha alma o chora!” (Cabral do Nascimento) dois objetos: um direto, outro indireto, concomitantemente.
- “Depois me deitei e dormi um sono pesado.” (Luís Jardim) Exemplos:
- “Morrerás morte vil da mão de um forte.” (Gonçalves Dias) No inverno, Dona Cléia dava roupas aos pobres.
- “Inútil tentativa de viajar o passado, penetrar no mundo A empresa fornece comida aos trabalhadores.
que já morreu...” (Ciro dos Anjos) Oferecemos flores à noiva.
Alguns verbos essencialmente intransitivos: anoitecer, Ceda o lugar aos mais velhos.
crescer, brilhar, ir, agir, sair, nascer, latir, rir, tremer, brincar,
chegar, vir, mentir, suar, adoecer, etc. De Ligação: Os que ligam ao sujeito uma palavra ou
expressão chamada predicativo. Esses verbos, entram na
Transitivos Diretos: são os que pedem um objeto direto, isto formação do predicado nominal. Exemplos:
é, um complemento sem preposição. Pertencem a esse grupo: A Terra é móvel.
julgar, chamar, nomear, eleger, proclamar, designar, considerar, A água está fria.
declarar, adotar, ter, fazer, etc. Exemplos: O moço anda (=está) triste.
Comprei um terreno e construí a casa. A Lua parecia um disco.
“Trabalho honesto produz riqueza honrada.” (Marquês de
Maricá) Observações: Os verbos de ligação não servem apenas de
“Então, solenemente Maria acendia a lâmpada de sábado.” anexo, mas exprimem ainda os diversos aspectos sob os quais
(Guedes de Amorim) se considera a qualidade atribuída ao sujeito. O verbo ser, por
exemplo, traduz aspecto permanente e o verbo estar, aspecto
Dentre os verbos transitivos diretos merecem destaque os transitório: Ele é doente. (aspecto permanente); Ele está doente.
que formam o predicado verbo nominal e se constrói com o (aspecto transitório). Muito desses verbos passam à categoria
complemento acompanhado de predicativo. Exemplos: dos intransitivos em frases como: Era =existia) uma vez uma
Consideramos o caso extraordinário. princesa.; Eu não estava em casa.; Fiquei à sombra.; Anda com
Inês trazia as mãos sempre limpas. dificuldades.; Parece que vai chover.
O povo chamava-os de anarquistas.
Julgo Marcelo incapaz disso. Os verbos, relativamente à predicação, não têm classificação
fixa, imutável. Conforme a regência e o sentido que apresentam
Observações: Os verbos transitivos diretos, em geral, podem na frase, podem pertencer ora a um grupo, ora a outro. Exemplos:
ser usados também na voz passiva; Outra característica desses O homem anda. (intransitivo)
verbos é a de poderem receber como objeto direto, os pronomes O homem anda triste. (de ligação)
o, a, os, as: convido-o, encontro-os, incomodo-a, conheço-as; Os
verbos transitivos diretos podem ser construídos acidentalmente O cego não vê. (intransitivo)
com preposição, a qual lhes acrescenta novo matiz semântico: O cego não vê o obstáculo. (transitivo direto)
arrancar da espada; puxar da faca; pegar de uma ferramenta;
tomar do lápis; cumprir com o dever; Alguns verbos transitivos Não dei com a chave do enigma. (transitivo indireto)
diretos: abençoar, achar, colher, avisar, abraçar, comprar, Os pais dão conselhos aos filhos. (transitivo direto e indireto)
castigar, contrariar, convidar, desculpar, dizer, estimar, elogiar,
entristecer, encontrar, ferir, imitar, levar, perseguir, prejudicar, Predicativo: Há o predicativo do sujeito e o predicativo do
receber, saldar, socorrer, ter, unir, ver, etc. objeto.

Transitivos Indiretos: são os que reclamam um Predicativo do Sujeito: é o termo que exprime um atributo,
complemento regido de preposição, chamado objeto indireto. um estado ou modo de ser do sujeito, ao qual se prende por um
Exemplos: verbo de ligação, no predicado nominal. Exemplos:
“Ninguém perdoa ao quarentão que se apaixona por uma A bandeira é o símbolo da Pátria.
adolescente.” (Ciro dos Anjos) A mesa era de mármore.
“Populares assistiam à cena aparentemente apáticos e
neutros.” (Érico Veríssimo) Além desse tipo de predicativo, outro existe que entra na
“Lúcio não atinava com essa mudança instantânea.” (José constituição do predicado verbo-nominal. Exemplos:
Américo) O trem chegou atrasado. (=O trem chegou e estava
“Do que eu mais gostava era do tempo do retiro espiritual.” atrasado.)
(José Geraldo Vieira) O menino abriu a porta ansioso.
Todos partiram alegres.
Observações: Entre os verbos transitivos indiretos importa
distinguir os que se constroem com os pronomes objetivos lhe, Observações: O predicativo subjetivo às vezes está
lhes. Em geral são verbos que exigem a preposição a: agradar-lhe, preposicionado; Pode o predicativo preceder o sujeito e até
agradeço-lhe, apraz-lhe, bate-lhe, desagrada-lhe, desobedecem- mesmo ao verbo: São horríveis essas coisas!; Que linda
lhe, etc. Entre os verbos transitivos indiretos importa distinguir estava Amélia!; Completamente feliz ninguém é.; Raros são os
os que não admitem para objeto indireto as formas oblíquas verdadeiros líderes.; Quem são esses homens?; Lentos e tristes,
lhe, lhes, construindo-se com os pronomes retos precedidos de os retirantes iam passando.; Novo ainda, eu não entendia certas

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coisas.; Onde está a criança que fui? mais a ele do que aos outros filhos.”; “Pareceu-me que Roberto
Predicativo do Objeto: é o termo que se refere ao objeto de hostilizava antes a mim do que à ideia.”; “Ricardina lastimava o
um verbo transitivo. Exemplos: seu amigo como a si própria.”; “Amava-a tanto como a nós”.
O juiz declarou o réu inocente. - Quando o objeto é o pronome relativo quem: “Pedro
O povo elegeu-o deputado. Severiano tinha um filho a quem idolatrava.”; “Abraçou a todos;
deu um beijo em Adelaide, a quem felicitou pelo desenvolvimento
Observações: O predicativo objetivo, como vemos dos das suas graças.”; “Agora sabia que podia manobrar com ele, com
exemplos acima, às vezes vem regido de preposição. Esta, em aquele homem a quem na realidade também temia, como todos
certos casos, é facultativa; O predicativo objetivo geralmente ali”.
se refere ao objeto direto. Excepcionalmente, pode referir-se - Quando precisamos assegurar a clareza da frase, evitando
ao objeto indireto do verbo chamar. Chamavam-lhe poeta; que o objeto direto seja tomado como sujeito, impedindo
Podemos antepor o predicativo a seu objeto: O advogado construções ambíguas: Convence, enfim, ao pai o filho amado.;
considerava indiscutíveis os direitos da herdeira.; Julgo “Vence o mal ao remédio.”; “Tratava-me sem cerimônia, como a
inoportuna essa viagem.; “E até embriagado o vi muitas um irmão.”; A qual delas iria homenagear o cavaleiro?
vezes.”; “Tinha estendida a seus pés uma planta rústica da - Em expressões de reciprocidade, para garantir a clareza e a
cidade.”; “Sentia ainda muito abertos os ferimentos que aquele eufonia da frase: “Os tigres despedaçam-se uns aos outros.”; “As
choque com o mundo me causara.” companheiras convidavam-se umas às outras.”; “Era o abraço de
duas criaturas que só tinham uma à outra”.
Termos Integrantes da Oração - Com nomes próprios ou comuns, referentes a pessoas,
Chamam-se termos integrantes da oração os que completam principalmente na expressão dos sentimentos ou por amor da
a significação transitiva dos verbos e nomes. Integram (inteiram, eufonia da frase: Judas traiu a Cristo.; Amemos a Deus sobre
completam) o sentido da oração, sendo por isso indispensável à todas as coisas. “Provavelmente, enganavam é a Pedro.”; “O
compreensão do enunciado. São os seguintes: estrangeiro foi quem ofendeu a Tupã”.
- Complemento Verbais (Objeto Direto e Objeto Indireto); - Em construções enfáticas, nas quais antecipamos o objeto
- Complemento Nominal; direto para dar-lhe realce: A você é que não enganam!; Ao
- Agente da Passiva. médico, confessor e letrado nunca enganes.; “A este confrade
conheço desde os seus mais tenros anos”.
Objeto Direto: é o complemento dos verbos de predicação - Sendo objeto direto o numeral ambos(as): “O aguaceiro
incompleta, não regido, normalmente, de preposição. Exemplos: caiu, molhou a ambos.”; “Se eu previsse que os matava a
As plantas purificaram o ar. ambos...”.
“Nunca mais ele arpoara um peixe-boi.” (Ferreira Castro) - Com certos pronomes indefinidos, sobretudo referentes a
Procurei o livro, mas não o encontrei. pessoas: Se todos são teus irmãos, por que amas a uns e odeias a
Ninguém me visitou. outros?; Aumente a sua felicidade, tornando felizes também aos
outros.; A quantos a vida ilude!.
O objeto direto tem as seguintes características: - Em certas construções enfáticas, como puxar (ou arrancar)
- Completa a significação dos verbos transitivos diretos; da espada, pegar da pena, cumprir com o dever, atirar com os
- Normalmente, não vem regido de preposição; livros sobre a mesa, etc.: “Arrancam das espadas de aço fino...”;
- Traduz o ser sobre o qual recai a ação expressa por um “Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou
verbo ativo: Caim matou Abel. da linha, enfiou a linha na agulha e entrou a coser.”; “Imagina-se
- Torna-se sujeito da oração na voz passiva: Abel foi morto a consternação de Itaguaí, quando soube do caso.”
por Caim.
Observações: Nos quatro primeiros casos estudados a
O objeto direto pode ser constituído: preposição é de rigor, nos cinco outros, facultativa; A substituição
- Por um substantivo ou expressão substantivada: O lavrador do objeto direto preposicionado pelo pronome oblíquo átono,
cultiva a terra.; Unimos o útil ao agradável. quando possível, se faz com as formas o(s), a(s) e não lhe,
- Pelos pronomes oblíquos o, a, os, as, me, te, se, nos, vos: lhes: amar a Deus (amá-lo); convencer ao amigo (convencê-
Espero-o na estação.; Estimo-os muito.; Sílvia olhou-se ao lo); O objeto direto preposicionado, é obvio, só ocorre com
espelho.; Não me convidas?; Ela nos chama.; Avisamo-lo a verbo transitivo direto; Podem resumir-se em três as razões
tempo.; Procuram-na em toda parte.; Meu Deus, eu vos amo.; ou finalidades do emprego do objeto direto preposicionado:
“Marchei resolutamente para a maluca e intimei-a a ficar a clareza da frase; a harmonia da frase; a ênfase ou a força da
quieta.”; “Vós haveis de crescer, perder-vos-ei de vista.” expressão.
- Por qualquer pronome substantivo: Não vi ninguém na
loja.; A árvore que plantei floresceu. (que: objeto direto de Objeto Direto Pleonástico: Quando queremos dar destaque
plantei); Onde foi que você achou isso? Quando vira as folhas do ou ênfase à ideia contida no objeto direto, colocamo-lo no
livro, ela o faz com cuidado.; “Que teria o homem percebido nos início da frase e depois o repetimos ou reforçamos por meio do
meus escritos?” pronome oblíquo. A esse objeto repetido sob forma pronominal
chama-se pleonástico, enfático ou redundante. Exemplos:
Frequentemente transitivam-se verbos intransitivos, dando- O dinheiro, Jaime o trazia escondido nas mangas da camisa.
se-lhes por objeto direto uma palavra cognata ou da mesma O bem, muitos o louvam, mas poucos o seguem.
esfera semântica: “Seus cavalos, ela os montava em pelo.” (Jorge Amado)
“Viveu José Joaquim Alves vida tranquila e patriarcal.”
(Vivaldo Coaraci) Objeto Indireto: É o complemento verbal regido de
“Pela primeira vez chorou o choro da tristeza.” (Aníbal preposição necessária e sem valor circunstancial. Representa,
Machado) ordinariamente, o ser a que se destina ou se refere à ação verbal:
“Nenhum de nós pelejou a batalha de Salamina.” (Machado “Nunca desobedeci a meu pai”. O objeto indireto completa a
de Assis) significação dos verbos:
Em tais construções é de rigor que o objeto venha
acompanhado de um adjunto. - Transitivos Indiretos: Assisti ao jogo; Assistimos à missa e
à festa; Aludiu ao fato; Aspiro a uma vida calma.
Objeto Direto Preposicionado: Há casos em que o objeto - Transitivos Diretos e Indiretos (na voz ativa ou passiva):
direto, isto é, o complemento de verbos transitivos diretos, vem Dou graças a Deus; Ceda o lugar aos mais velhos; Dedicou sua
precedido de preposição, geralmente a preposição a. Isto ocorre vida aos doentes e aos pobres; Disse-lhe a verdade. (Disse a
principalmente: verdade ao moço.)
- Quando o objeto direto é um pronome pessoal tônico:
Deste modo, prejudicas a ti e a ela.; “Mas dona Carolina amava O objeto indireto pode ainda acompanhar verbos de outras

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categorias, os quais, no caso, são considerados acidentalmente A multidão aclamava a rainha. (voz ativa)
transitivos indiretos: A bom entendedor meia palavra basta; Ele será acompanhado por ti. (voz passiva)
Sobram-lhe qualidades e recursos. (lhe=a ele); Isto não lhe
convém; A proposta pareceu-lhe aceitável. Observações:
Frase de forma passiva analítica sem complemento agente
Observações: Há verbos que podem construir-se com dois expresso, ao passar para a ativa, terá sujeito indeterminado
objetos indiretos, regidos de preposições diferentes: Rogue a e o verbo na 3ª pessoa do plural: Ele foi expulso da cidade.
Deus por nós.; Ela queixou-se de mim a seu pai.; Pedirei para (Expulsaram-no da cidade.); As florestas são devastadas.
ti a meu senhor um rico presente; Não confundir o objeto direto (Devastam as florestas.); Na passiva pronominal não se declara
com o complemento nominal nem com o adjunto adverbial; Em o agente: Nas ruas assobiavam-se as canções dele pelos
frases como “Para mim tudo eram alegrias”, “Para ele nada é pedestres. (errado); Nas ruas eram assobiadas as canções dele
impossível”, os pronomes em destaque podem ser considerados pelos pedestres. (certo); Assobiavam-se as canções dele nas
adjuntos adverbiais. ruas. (certo)

O objeto indireto é sempre regido de preposição, expressa Termos Acessórios da Oração


ou implícita. A preposição está implícita nos pronomes objetivos
indiretos (átonos) me, te, se, lhe, nos, vos, lhes. Exemplos: Termos acessórios são os que desempenham na oração
Obedece-me. (=Obedece a mim.); Isto te pertence. (=Isto uma função secundária, qual seja a de caracterizar um ser,
pertence a ti.); Rogo-lhe que fique. (=Rogo a você...); Peço- determinar os substantivos, exprimir alguma circunstância. São
vos isto. (=Peço isto a vós.). Nos demais casos a preposição é três os termos acessórios da oração: adjunto adnominal, adjunto
expressa, como característica do objeto indireto: Recorro a adverbial e aposto.
Deus.; Dê isto a (ou para) ele.; Contenta-se com pouco.; Ele Adjunto adnominal: É o termo que caracteriza ou determina
só pensa em si.; Esperei por ti.; Falou contra nós.; Conto com os substantivos. Exemplo: Meu irmão veste roupas vistosas.
você.; Não preciso disto.; O filme a que assisti agradou ao (Meu determina o substantivo irmão: é um adjunto adnominal
público.; Assisti ao desenrolar da luta.; A coisa de que mais – vistosas caracteriza o substantivo roupas: é também adjunto
gosto é pescar.; A pessoa a quem me refiro você a conhece.; Os adnominal).
obstáculos contra os quais luto são muitos.; As pessoas com O adjunto adnominal pode ser expresso: Pelos adjetivos:
quem conto são poucas. água fresca, terras férteis, animal feroz; Pelos artigos: o
mundo, as ruas, um rapaz; Pelos pronomes adjetivos: nosso tio,
Como atestam os exemplos acima, o objeto indireto é este lugar, pouco sal, muitas rãs, país cuja história conheço,
representado pelos substantivos (ou expressões substantivas) que rua?; Pelos numerais: dois pés, quinto ano, capítulo sexto;
ou pelos pronomes. As preposições que o ligam ao verbo são: a, Pelas locuções ou expressões adjetivas que exprimem qualidade,
com, contra, de, em, para e por. posse, origem, fim ou outra especificação:
- presente de rei (=régio): qualidade
Objeto Indireto Pleonástico: à semelhança do objeto direto, - livro do mestre, as mãos dele: posse, pertença
o objeto indireto pode vir repetido ou reforçado, por ênfase. - água da fonte, filho de fazendeiros: origem
Exemplos: “A mim o que me deu foi pena.”; “Que me importa - fio de aço, casa de madeira: matéria
a mim o destino de uma mulher tísica...? “E, aos brigões, - casa de ensino, aulas de inglês: fim, especialidade
incapazes de se moverem, basta-lhes xingarem-se a distância.”
Observações: Não confundir o adjunto adnominal formado
Complemento Nominal: é o termo complementar reclamado por locução adjetiva com complemento nominal. Este representa
pela significação transitiva, incompleta, de certos substantivos, o alvo da ação expressa por um nome transitivo: a eleição do
adjetivos e advérbios. Vem sempre regido de preposição. presidente, aviso de perigo, declaração de guerra, empréstimo
Exemplos: A defesa da pátria; Assistência às aulas; “O ódio ao de dinheiro, plantio de árvores, colheita de trigo, destruidor
mal é amor do bem, e a ira contra o mal, entusiasmo divino.”; de matas, descoberta de petróleo, amor ao próximo, etc. O
“Ah, não fosse ele surdo à minha voz!” adjunto adnominal formado por locução adjetiva representa
o agente da ação, ou a origem, pertença, qualidade de alguém
Observações: O complemento nominal representa o ou de alguma coisa: o discurso do presidente, aviso de amigo,
recebedor, o paciente, o alvo da declaração expressa por um declaração do ministro, empréstimo do banco, a casa do
nome: amor a Deus, a condenação da violência, o medo de fazendeiro, folhas de árvores, farinha de trigo, beleza das
assaltos, a remessa de cartas, útil ao homem, compositor matas, cheiro de petróleo, amor de mãe.
de músicas, etc. É regido pelas mesmas preposições usadas
no objeto indireto. Difere deste apenas porque, em vez de Adjunto adverbial: É o termo que exprime uma circunstância
complementar verbos, complementa nomes (substantivos, (de tempo, lugar, modo, etc.) ou, em outras palavras, que modifica
adjetivos) e alguns advérbios em –mente. Os nomes que o sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio. Exemplo: “Meninas
requerem complemento nominal correspondem, geralmente, a numa tarde brincavam de roda na praça”. O adjunto adverbial
verbos de mesmo radical: amor ao próximo, amar o próximo; é expresso: Pelos advérbios: Cheguei cedo.; Ande devagar.;
perdão das injúrias, perdoar as injúrias; obediente aos pais, Maria é mais alta.; Não durma ao volante.; Moramos aqui.;
obedecer aos pais; regresso à pátria, regressar à pátria; etc. Ele fala bem, fala corretamente.; Volte bem depressa.; Talvez
esteja enganado.; Pelas locuções ou expressões adverbiais: Às
Agente da Passiva: é o complemento de um verbo na voz vezes viajava de trem.; Compreendo sem esforço.; Saí com meu
passiva. Representa o ser que pratica a ação expressa pelo verbo pai.; Júlio reside em Niterói.; Errei por distração.; Escureceu
passivo. Vem regido comumente pela preposição por, e menos de repente.
frequentemente pela preposição de: Alfredo é estimado pelos
colegas; A cidade estava cercada pelo exército romano; “Era Observações: Pode ocorrer a elipse da preposição antes
conhecida de todo mundo a fama de suas riquezas.” de adjuntos adverbiais de tempo e modo: Aquela noite, não
dormi. (=Naquela noite...); Domingo que vem não sairei. (=No
O agente da passiva pode ser expresso pelos substantivos ou domingo...); Ouvidos atentos, aproximei-me da porta. (=De
pelos pronomes: ouvidos atentos...); Os adjuntos adverbiais classificam-se de
As flores são umedecidas pelo orvalho. acordo com as circunstâncias que exprimem: adjunto adverbial
A carta foi cuidadosamente corrigida por mim. de lugar, modo, tempo, intensidade, causa, companhia, meio,
assunto, negação, etc. É importante saber distinguir adjunto
O agente da passiva corresponde ao sujeito da oração na voz adverbial de adjunto adnominal, de objeto indireto e de
ativa: complemento nominal: sair do mar (ad.adv.); água do mar (adj.
A rainha era chamada pela multidão. (voz passiva) adn.); gosta do mar (obj.indir.); ter medo do mar (compl.nom.).

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APOSTILAS OPÇÃO
Aposto: É uma palavra ou expressão que explica ou esclarece, “Ó Dr. Nogueira, mande-me cá o Padilha, amanhã!”
desenvolve ou resume outro termo da oração. Exemplos: (Graciliano Ramos)
D. Pedro II, imperador do Brasil, foi um monarca sábio. “Esconde-te, ó sol de maio, ó alegria do mundo!” (Camilo
“Nicanor, ascensorista, expôs-me seu caso de consciência.” Castelo Branco)
(Carlos Drummond de Andrade) O vocativo é um tempo à parte. Não pertence à estrutura da
oração, por isso não se anexa ao sujeito nem ao predicado.
O núcleo do aposto é um substantivo ou um pronome
substantivo: Questões
Foram os dois, ele e ela.
Só não tenho um retrato: o de minha irmã. 01. O termo em destaque é adjunto adverbial de intensidade
em:
O aposto não pode ser formado por adjetivos. Nas frases (A) pode aprender e assimilar MUITA coisa
seguintes, por exemplo, não há aposto, mas predicativo do (B) enfrentamos MUITAS novidades
sujeito: (C) precisa de um parceiro com MUITO caráter
Audaciosos, os dois surfistas atiraram-se às ondas. (D) não gostam de mulheres MUITO inteligentes
As borboletas, leves e graciosas, esvoaçavam num balé de (E) assumimos MUITO conflito e confusão
cores.
02. Assinale a alternativa correta: “para todos os males, há
Os apostos, em geral, destacam-se por pausas, indicadas, na dois remédios: o tempo e o silêncio”, os termos grifados são
escrita, por vírgulas, dois pontos ou travessões. Não havendo respectivamente:
pausa, não haverá vírgula, como nestes exemplos: (A) sujeito – objeto direto;
Minha irmã Beatriz; o escritor João Ribeiro; o romance Tóia; (B) sujeito – aposto;
o rio Amazonas; a Rua Osvaldo Cruz; o Colégio Tiradentes, etc. (C) objeto direto – aposto;
“Onde estariam os descendentes de Amaro vaqueiro?” (D) objeto direto – objeto direto;
(Graciliano Ramos) (E) objeto direto – complemento nominal.

O aposto pode preceder o termo a que se refere, o qual, às Respostas


vezes, está elíptico. Exemplos: 01. D\02. C
Rapaz impulsivo, Mário não se conteve.
Mensageira da ideia, a palavra é a mais bela expressão da Período
alma humana.
Período: Toda frase com uma ou mais orações constitui um
O aposto, às vezes, refere-se a toda uma oração. Exemplos: período, que se encerra com ponto de exclamação, ponto de
Nuvens escuras borravam os espaços silenciosos, sinal de interrogação ou com reticências.
tempestade iminente. O período é simples quando só traz uma oração, chamada
O espaço é incomensurável, fato que me deixa atônito. absoluta; o período é composto quando traz mais de uma
oração. Exemplo: Pegou fogo no prédio. (Período simples, oração
Um aposto pode referir-se a outro aposto: absoluta.); Quero que você aprenda. (Período composto.)
“Serafim Gonçalves casou-se com Lígia Tavares, filha do
velho coronel Tavares, senhor de engenho.” (Ledo Ivo) Existe uma maneira prática de saber quantas orações há
num período: é contar os verbos ou locuções verbais. Num
O aposto pode vir precedido das expressões explicativas isto período haverá tantas orações quantos forem os verbos ou as
é, a saber, ou da preposição acidental como: locuções verbais nele existentes. Exemplos:
Pegou fogo no prédio. (um verbo, uma oração)
Dois países sul-americanos, isto é, a Bolívia e o Paraguai, Quero que você aprenda. (dois verbos, duas orações)
não são banhados pelo mar. Está pegando fogo no prédio. (uma locução verbal, uma
Este escritor, como romancista, nunca foi superado. oração)
Deves estudar para poderes vencer na vida. (duas locuções
O aposto que se refere a objeto indireto, complemento verbais, duas orações)
nominal ou adjunto adverbial vem precedido de preposição:
Há três tipos de período composto: por coordenação, por
O rei perdoou aos dois: ao fidalgo e ao criado. subordinação e por coordenação e subordinação ao mesmo
“Acho que adoeci disso, de beleza, da intensidade das tempo (também chamada de misto).
coisas.” (Raquel Jardim)
De cobras, morcegos, bichos, de tudo ela tinha medo. Período Composto por Coordenação – Orações
Coordenadas
Vocativo: (do latim vocare = chamar) é o termo (nome, título,
apelido) usado para chamar ou interpelar a pessoa, o animal ou Considere, por exemplo, este período composto:
a coisa personificada a que nos dirigimos: Passeamos pela praia, / brincamos, / recordamos os tempos
de infância.
“Elesbão? Ó Elesbão! Venha ajudar-nos, por favor!” (Maria 1ª oração: Passeamos pela praia
de Lourdes Teixeira) 2ª oração: brincamos
“A ordem, meus amigos, é a base do governo.” (Machado de 3ª oração: recordamos os tempos de infância
Assis) As três orações que compõem esse período têm sentido
“Correi, correi, ó lágrimas saudosas!” (Fagundes Varela) próprio e não mantêm entre si nenhuma dependência sintática:
elas são independentes. Há entre elas, é claro, uma relação de
Observação: Profere-se o vocativo com entoação exclamativa. sentido, mas, como já dissemos, uma não depende da outra
Na escrita é separado por vírgula(s). No exemplo inicial, os sintaticamente.
pontos interrogativo e exclamativo indicam um chamado alto e As orações independentes de um período são chamadas
prolongado. O vocativo se refere sempre à 2ª pessoa do discurso, de orações coordenadas (OC), e o período formado só de
que pode ser uma pessoa, um animal, uma coisa real ou entidade orações coordenadas é chamado de período composto por
abstrata personificada. Podemos antepor-lhe uma interjeição de coordenação.
apelo (ó, olá, eh!): As orações coordenadas são classificadas em assindéticas e
sindéticas.
“Tem compaixão de nós , ó Cristo!” (Alexandre Herculano)

Língua Portuguesa 47
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APOSTILAS OPÇÃO
- As orações coordenadas são assindéticas (OCA) quando “Em aviação, tudo precisa ser bem feito ou custará preço
não vêm introduzidas por conjunção. Exemplo: muito caro.” (Renato Inácio da Silva)
Os torcedores gritaram, / sofreram, / vibraram. “A louca ora o acariciava, ora o rasgava freneticamente.”
OCA OCA OCA (Luís Jardim)

“Inclinei-me, apanhei o embrulho e segui.” (Machado de - Orações coordenadas sindéticas explicativas: que,
Assis) porque, pois, porquanto.
“A noite avança, há uma paz profunda na casa deserta.” Vamos andar depressa / que estamos atrasados.
(Antônio Olavo Pereira) OCA OCS Explicativa
“O ferro mata apenas; o ouro infama, avilta, desonra.” Observe que a 2ª oração é introduzida por uma conjunção
(Coelho Neto) que expressa ideia de explicação, de justificativa em relação
à oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa
- As orações coordenadas são sindéticas (OCS) quando vêm explicativa.
introduzidas por conjunção coordenativa. Exemplo:
O homem saiu do carro / e entrou na casa. Leve-lhe uma lembrança, que ela aniversaria amanhã.
OCA OCS “A mim ninguém engana, que não nasci ontem.” (Érico
Veríssimo)
As orações coordenadas sindéticas são classificadas de
acordo com o sentido expresso pelas conjunções coordenativas Questões
que as introduzem. Pode ser:
01. Relacione as orações coordenadas por meio de
- Orações coordenadas sindéticas aditivas: e, nem, não só... conjunções:
mas também, não só... mas ainda. (A) Ouviu-se o som da bateria. Os primeiros foliões surgiram.
Saí da escola / e fui à lanchonete. (B) Não durma sem cobertor. A noite está fria.
OCA OCS Aditiva (C) Quero desculpar-me. Não consigo encontrá-los.
  
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção 02. Em: “... ouviam-se amplos bocejos, fortes como o marulhar
que expressa idéia de acréscimo ou adição com referência à das ondas...” a partícula como expressa uma ideia de:
oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa aditiva. (A) causa
(B) explicação
A doença vem a cavalo e volta a pé. (C) conclusão
As pessoas não se mexiam nem falavam. (D) proporção
“Não só findaram as queixas contra o alienista, mas até (E) comparação
nenhum ressentimento ficou dos atos que ele praticara.” Respostas
(Machado de Assis)
- Orações coordenadas sindéticas adversativas: mas, 01.
porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto. Ouviu-se o som da bateria e os primeiros foliões surgiram.
Não durma sem cobertor, pois a noite está fria.
Estudei bastante / mas não passei no teste. Quero desculpar-me, mas consigo encontrá-los.
OCA OCS Adversativa  
02. E
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção
que expressa idéia de oposição à oração anterior, ou seja, por Período Composto por Subordinação
uma conjunção coordenativa adversativa.
Observe os termos destacados em cada uma destas orações:
A espada vence, mas não convence. Vi uma cena triste. (adjunto adnominal)
“É dura a vida, mas aceitam-na.” (Cecília Meireles) Todos querem sua participação. (objeto direto)
Não pude sair por causa da chuva. (adjunto adverbial de
- Orações coordenadas sindéticas conclusivas: portanto, causa)
por isso, pois, logo.
Veja, agora, como podemos transformar esses termos em
Ele me ajudou muito, / portanto merece minha gratidão. orações com a mesma função sintática:
OCA OCS Conclusiva Vi uma cena / que me entristeceu. (oração subordinada
com função de adjunto adnominal)
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção Todos querem / que você participe. (oração subordinada
que expressa ideia de conclusão de um fato enunciado na oração com função de objeto direto)
anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa conclusiva. Não pude sair / porque estava chovendo. (oração
subordinada com função de adjunto adverbial de causa)
Vives mentindo; logo, não mereces fé.
Ele é teu pai: respeita-lhe, pois, a vontade. Em todos esses períodos, a segunda oração exerce uma
certa função sintática em relação à primeira, sendo, portanto,
- Orações coordenadas sindéticas alternativas: ou,ou... ou, subordinada a ela. Quando um período é constituído de pelo
ora... ora, seja... seja, quer... quer. menos um conjunto de duas orações em que uma delas (a
subordinada) depende sintaticamente da outra (principal), ele
Seja mais educado / ou retire-se da reunião! é classificado como período composto por subordinação. As
OCA OCS Alternativa orações subordinadas são classificadas de acordo com a função
que exercem: adverbiais, substantivas e adjetivas.
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma
conjunção que estabelece uma relação de alternância ou escolha Orações Subordinadas Adverbiais
com referência à oração anterior, ou seja, por uma conjunção
coordenativa alternativa. As orações subordinadas adverbiais (OSA) são aquelas
que exercem a função de adjunto adverbial da oração principal
Venha agora ou perderá a vez. (OP). São classificadas de acordo com a conjunção subordinativa
“Jacinta não vinha à sala, ou retirava-se logo.” (Machado de que as introduz:
Assis)

Língua Portuguesa 48
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APOSTILAS OPÇÃO
- Causais: Expressam a causa do fato enunciado na oração - Consecutivas: Expressam a consequência do que foi
principal. Conjunções: porque, que, como (= porque), pois que, enunciado na oração principal. Conjunções: porque, que, como (=
visto que. porque), pois que, visto que.
Não fui à escola / porque fiquei doente. A chuva foi tão forte / que inundou a cidade.
OP OSA Causal OP OSA Consecutiva

O tambor soa porque é oco. Fazia tanto frio que meus dedos estavam endurecidos.
Como não me atendessem, repreendi-os severamente. “A fumaça era tanta que eu mal podia abrir os olhos.” (José
Como ele estava armado, ninguém ousou reagir. J. Veiga)
“Faltou à reunião, visto que esteve doente.” (Arlindo de De tal sorte a cidade crescera que não a reconhecia mais.
Sousa) As notícias de casa eram boas, de maneira que pude
prolongar minha viagem.
- Condicionais: Expressam hipóteses ou condição para a
ocorrência do que foi enunciado na principal. Conjunções: se, - Comparativas: Expressam ideia de comparação com
contanto que, a menos que, a não ser que, desde que. referência à oração principal. Conjunções: como, assim como,
Irei à sua casa / se não chover. tal como, (tão)... como, tanto como, tal qual, que (combinado com
OP OSA Condicional menos ou mais).
Ela é bonita / como a mãe.
Deus só nos perdoará se perdoarmos aos nossos OP OSA Comparativa
ofensores.
Se o conhecesses, não o condenarias. A preguiça gasta a vida como a ferrugem consome o ferro.”
“Que diria o pai se soubesse disso?” (Carlos Drummond de (Marquês de Maricá)
Andrade) Ela o atraía irresistivelmente, como o imã atrai o ferro.
A cápsula do satélite será recuperada, caso a experiência Os retirantes deixaram a cidade tão pobres como vieram.
tenha êxito. Como a flor se abre ao Sol, assim minha alma se abriu à luz
- Concessivas: Expressam ideia ou fato contrário ao da daquele olhar.
oração principal, sem, no entanto, impedir sua realização.
Conjunções: embora, ainda que, apesar de, se bem que, por mais Obs.: As orações comparativas nem sempre apresentam
que, mesmo que. claramente o verbo, como no exemplo acima, em que está
Ela saiu à noite / embora estivesse doente. subentendido o verbo ser (como a mãe é).
OP OSA Concessiva - Proporcionais: Expressam uma ideia que se relaciona
Admirava-o muito, embora (ou conquanto ou posto que proporcionalmente ao que foi enunciado na principal.
ou se bem que) não o conhecesse pessoalmente. Conjunções: à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto
Embora não possuísse informações seguras, ainda assim mais, quanto menos.
arriscou uma opinião. Quanto mais reclamava / menos atenção recebia.
Cumpriremos nosso dever, ainda que (ou mesmo quando OSA Proporcional OP
ou ainda quando ou mesmo que) todos nos critiquem.
Por mais que gritasse, não me ouviram. À medida que se vive, mais se aprende.
À proporção que avançávamos, as casas iam rareando.
- Conformativas: Expressam a conformidade de um fato O valor do salário, ao passo que os preços sobem, vai
com outro. Conjunções: conforme, como (=conforme), segundo. diminuindo.
O trabalho foi feito / conforme havíamos planejado.
OP OSA Conformativa Orações Subordinadas Substantivas

O homem age conforme pensa. As orações subordinadas substantivas (OSS) são aquelas
Relatei os fatos como (ou conforme) os ouvi. que, num período, exercem funções sintáticas próprias de
Como diz o povo, tristezas não pagam dívidas. substantivos, geralmente são introduzidas pelas conjunções
O jornal, como sabemos, é um grande veículo de informação. integrantes que e se. Elas podem ser:

- Temporais: Acrescentam uma circunstância de tempo ao - Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta: É
que foi expresso na oração principal. Conjunções: quando, assim aquela que exerce a função de objeto direto do verbo da oração
que, logo que, enquanto, sempre que, depois que, mal (=assim que). principal. Observe: O grupo quer a sua ajuda. (objeto direto)
Ele saiu da sala / assim que eu cheguei. O grupo quer / que você ajude.
OP OSA Temporal OP OSS Objetiva Direta

Formiga, quando quer se perder, cria asas. O mestre exigia que todos estivessem presentes. (= O
“Lá pelas sete da noite, quando escurecia, as casas se mestre exigia a presença de todos.)
esvaziam.” (Carlos Povina Cavalcânti) Mariana esperou que o marido voltasse.
“Quando os tiranos caem, os povos se levantam.” (Marquês Ninguém pode dizer: Desta água não beberei.
de Maricá) O fiscal verificou se tudo estava em ordem.
Enquanto foi rico, todos o procuravam.
- Finais: Expressam a finalidade ou o objetivo do que foi - Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta: É
enunciado na oração principal. Conjunções: para que, a fim de aquela que exerce a função de objeto indireto do verbo da oração
que, porque (=para que), que. principal. Observe: Necessito de sua ajuda. (objeto indireto)
Abri a porta do salão / para que todos pudessem entrar. Necessito / de que você me ajude.
OP OSA Final OP OSS Objetiva Indireta

“O futuro se nos oculta para que nós o imaginemos.” Não me oponho a que você viaje. (= Não me oponho à sua
(Marquês de Maricá) viagem.)
Aproximei-me dele a fim de que me ouvisse melhor. Aconselha-o a que trabalhe mais.
“Fiz-lhe sinal que se calasse.” (Machado de Assis) (que = Daremos o prêmio a quem o merecer.
para que) Lembre-se de que a vida é breve.
“Instara muito comigo não deixasse de frequentar as
recepções da mulher.” (Machado de Assis) (não deixasse = - Oração Subordinada Substantiva Subjetiva: É aquela
para que não deixasse) que exerce a função de sujeito do verbo da oração principal.

Língua Portuguesa 49
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APOSTILAS OPÇÃO
Observe: É importante sua colaboração. (sujeito) As orações subordinadas Adjetivas (OSA) exercem
É importante / que você colabore. a função de adjunto adnominal de algum termo da oração
OP OSS Subjetiva principal. Observe como podemos transformar um adjunto
adnominal em oração subordinada adjetiva:
A oração subjetiva geralmente vem: Desejamos uma paz duradoura. (adjunto adnominal)
- depois de um verbo de ligação + predicativo, em construções Desejamos uma paz / que dure. (oração subordinada
do tipo é bom, é útil, é certo, é conveniente, etc. Ex.: É certo que adjetiva)
ele voltará amanhã.
- depois de expressões na voz passiva, como sabe-se, conta- As orações subordinadas adjetivas são sempre introduzidas
se, diz-se, etc. Ex.: Sabe-se que ele saiu da cidade. por um pronome relativo (que , qual, cujo, quem, etc.) e podem
- depois de verbos como convir, cumprir, constar, urgir, ser classificadas em:
ocorrer, quando empregados na 3ª pessoa do singular e seguidos
das conjunções que ou se. Ex.: Convém que todos participem - Subordinadas Adjetivas Restritivas: São restritivas
da reunião. quando restringem ou especificam o sentido da palavra a que se
referem. Exemplo:
É necessário que você colabore. (= Sua colaboração é O público aplaudiu o cantor / que ganhou o 1º lugar.
necessária.) OP OSA Restritiva
Parece que a situação melhorou.
Aconteceu que não o encontrei em casa. Nesse exemplo, a oração que ganhou o 1º lugar especifica
Importa que saibas isso bem. o sentido do substantivo cantor, indicando que o público não
aplaudiu qualquer cantor mas sim aquele que ganhou o 1º lugar.
- Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal:
É aquela que exerce a função de complemento nominal de um Pedra que rola não cria limo.
termo da oração principal. Observe: Estou convencido de sua Os animais que se alimentam de carne chamam-se
inocência. (complemento nominal) carnívoros.
Estou convencido / de que ele é inocente. Rubem Braga é um dos cronistas que mais belas páginas
OP OSS Completiva Nominal escreveram.
“Há saudades que a gente nunca esquece.” (Olegário
Sou favorável a que o prendam. (= Sou favorável à prisão Mariano)
dele.) - Subordinadas Adjetivas Explicativas: São explicativas
Estava ansioso por que voltasses. quando apenas acrescentam uma qualidade à palavra a que se
Sê grato a quem te ensina. referem, esclarecendo um pouco mais seu sentido, mas sem
“Fabiano tinha a certeza de que não se acabaria tão cedo.” restringi-lo ou especificá-lo. Exemplo:
(Graciliano Ramos) O escritor Jorge Amado, / que mora na Bahia, / lançou um
novo livro.
- Oração Subordinada Substantiva Predicativa: É aquela OP OSA Explicativa OP
que exerce a função de predicativo do sujeito da oração principal,
vindo sempre depois do verbo ser. Observe: O importante é sua Deus, que é nosso pai, nos salvará.
felicidade. (predicativo) Valério, que nasceu rico, acabou na miséria.
O importante é / que você seja feliz. Ele tem amor às plantas, que cultiva com carinho.
OP OSS Predicativa Alguém, que passe por ali à noite, poderá ser assaltado.

Seu receio era que chovesse. (Seu receio era a chuva.) Orações Reduzidas
Minha esperança era que ele desistisse. Observe que as orações subordinadas eram sempre
Meu maior desejo agora é que me deixem em paz. introduzidas por uma conjunção ou pronome relativo e
Não sou quem você pensa. apresentavam o verbo numa forma do indicativo ou do
subjuntivo. Além desse tipo de orações subordinadas há outras
- Oração Subordinada Substantiva Apositiva: É aquela que se apresentam com o verbo numa das formas nominais
que exerce a função de aposto de um termo da oração principal. (infinitivo, gerúndio e particípio). Exemplos:
Observe: Ele tinha um sonho: a união de todos em benefício
do país. (aposto) - Ao entrar nas escola, encontrei o professor de inglês.
Ele tinha um sonho / que todos se unissem em benefício do (infinitivo)
país. - Precisando de ajuda, telefone-me. (gerúndio)
OP OSS Apositiva - Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário.
(particípio)
Só desejo uma coisa: que vivam felizes. (Só desejo uma
coisa: a sua felicidade) As orações subordinadas que apresentam o verbo numa das
Só lhe peço isto: honre o nosso nome. formas nominais são chamadas de reduzidas.
“Talvez o que eu houvesse sentido fosse o presságio disto: de Para classificar a oração que está sob a forma reduzida,
que virias a morrer...” (Osmã Lins) devemos procurar desenvolvê-la do seguinte modo: colocamos
“Mas diga-me uma cousa, essa proposta traz algum motivo a conjunção ou o pronome relativo adequado ao sentido e
oculto?” (Machado de Assis) passamos o verbo para uma forma do indicativo ou subjuntivo,
As orações apositivas vêm geralmente antecedidas de dois- conforme o caso. A oração reduzida terá a mesma classificação
pontos. Podem vir, também, entre vírgulas, intercaladas à oração da oração desenvolvida.
principal. Exemplo: Seu desejo, que o filho recuperasse a Ao entrar na escola, encontrei o professor de inglês.
saúde, tornou-se realidade. Quando entrei na escola, / encontrei o professor de inglês.
OSA Temporal
Observação: Além das conjunções integrantes que e se, Ao entrar na escola: oração subordinada adverbial temporal,
as orações substantivas podem ser introduzidas por outros reduzida de infinitivo.
conectivos, tais como quando, como, quanto, etc. Exemplos:
Não sei quando ele chegou. Precisando de ajuda, telefone-me.
Diga-me como resolver esse problema. Se precisar de ajuda, / telefone-me.
OSA Condicional
Orações Subordinadas Adjetivas Precisando de ajuda: oração subordinada adverbial
condicional, reduzida de gerúndio.

Língua Portuguesa 50
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APOSTILAS OPÇÃO
Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário. (B) para seu encaixotamento.
Assim que acabou o treino, / os jogadores foram para o (C) para que se encaixassem.
vestiário. (D) para que se encaixem.
OSA Temporal (E) para que se encaixariam.
Acabado o treino: oração subordinada adverbial temporal,
reduzida de particípio. Respostas
01. B\02. A\03. D
Observações:
- Há orações reduzidas que permitem mais de um tipo de 5.4 Emprego dos sinais de
desenvolvimento. Há casos também de orações reduzidas
fixas, isto é, orações reduzidas que não são passíveis de
pontuação.
desenvolvimento. Exemplo: Tenho vontade de visitar essa
cidade.
- O infinitivo, o gerúndio e o particípio não constituem Pontuação
orações reduzidas quando fazem parte de uma locução verbal.
Exemplos: Os sinais de pontuação são marcações gráficas que servem
Preciso terminar este exercício. para compor a coesão e a coerência textual além de ressaltar
Ele está jantando na sala. especificidades semânticas e pragmáticas. Vejamos as principais
Essa casa foi construída por meu pai. funções dos sinais de pontuação conhecidos pelo uso da língua
- Uma oração coordenada também pode vir sob a forma portuguesa.
reduzida. Exemplo:
O homem fechou a porta, saindo depressa de casa. Ponto
O homem fechou a porta e saiu depressa de casa. (oração 1- Indica o término do discurso ou de parte dele.
coordenada sindética aditiva) - Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em que
Saindo depressa de casa: oração coordenada reduzida de se encontra.
gerúndio. - Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga e leite.
Qual é a diferença entre as orações coordenadas explicativas
e as orações subordinadas causais, já que ambas podem ser - Acordei. Olhei em volta. Não reconheci onde estava.
iniciadas por que e porque? Às vezes não é fácil estabelecer a
diferença entre explicativas e causais, mas como o próprio nome 2- Usa-se nas abreviações - V. Exª. - Sr.
indica, as causais sempre trazem a causa de algo que se revela na
oração principal, que traz o efeito. Ponto e Vírgula ( ; )
Note-se também que há pausa (vírgula, na escrita) entre 1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma
a oração explicativa e a precedente e que esta é, muitas vezes, importância.
imperativa, o que não acontece com a oração adverbial causal. -  “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo pão
Essa noção de causa e efeito não existe no período composto por a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida; os de
coordenação. Exemplo: Rosa chorou porque levou uma surra. nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
Está claro que a oração iniciada pela conjunção é causal, visto
que a surra foi sem dúvida a causa do choro, que é efeito. 2- Separa partes de frases que já estão separadas por
Rosa chorou, porque seus olhos estão vermelhos. O vírgulas.
período agora é composto por coordenação, pois a oração - Alguns quiseram verão, praia e calor; outros montanhas, frio
iniciada pela conjunção traz a explicação daquilo que se revelou e cobertor.
na coordena anterior. Não existe aí relação de causa e efeito: o
fato de os olhos de Elisa estarem vermelhos não é causa de ela 3- Separa itens de uma enumeração, exposição de motivos,
ter chorado. decreto de lei, etc.
- Ir ao supermercado;
Ela fala / como falaria / se entendesse do assunto. - Pegar as crianças na escola;
OP OSA Comparativa OSA Condicional - Caminhada na praia;
- Reunião com amigos.
Questões
Dois pontos
01. Na frase: “Maria do Carmo tinha a certeza de que estava 1- Antes de uma citação
para ser mãe”, a oração destacada é: - Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto:
(A) subordinada substantiva objetiva indireta
(B) subordinada substantiva completiva nominal 2- Antes de um aposto
(C) subordinada substantiva predicativa - Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à tarde
(D) coordenada sindética conclusiva e calor à noite.
(E) coordenada sindética explicativa
3- Antes de uma explicação ou esclarecimento
02. “Na ‘Partida Monção’, não há uma atitude inventada. - Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo a
Há reconstituição de uma cena como ela devia ter sido na rotina de sempre.
realidade.” A oração sublinhada é:
(A) adverbial conformativa 4- Em frases de estilo direto
(B) adjetiva  Maria perguntou:
(C) adverbial consecutiva - Por que você não toma uma decisão?
(D) adverbial proporcional
(E) adverbial causal Ponto de Exclamação
1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, susto,
03.“Esses produtos podem ser encontrados nos súplica, etc.
supermercados com rótulos como ‘sênior’ e com características - Sim! Claro que eu quero me casar com você!
adaptadas às dificuldades para mastigar e para engolir dos
mais velhos, e preparados para se encaixar em seus hábitos de 2- Depois de interjeições ou vocativos
consumo”. O segmento “para se encaixar” pode ter sua forma - Ai! Que susto!
verbal reduzida adequadamente desenvolvida em - João! Há quanto tempo!
(A) para se encaixarem.

Língua Portuguesa 51
Apostila Digital Licenciada para Rachel Moura Andere - rachelmouraandere@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Ponto de Interrogação língua portuguesa.
Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres. (A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora,
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Azevedo) experimentasse, a sensação de violar uma intimidade, procurou
Reticências a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse
1- Indica que palavras foram suprimidas. ajudar a revelar quem era a sua dona.
- Comprei lápis, canetas, cadernos... (B) Diante, da testemunha o homem abriu a bolsa e, embora
experimentasse a sensação, de violar uma intimidade, procurou
2- Indica interrupção violenta da frase. a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse
“- Não... quero dizer... é verdad... Ah!” ajudar a revelar quem era a sua dona.
(C) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora
3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou
- Este mal... pega doutor? a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse
ajudar a revelar quem era a sua dona.
4- Indica que o sentido vai além do que foi dito (D) Diante da testemunha, o homem, abriu a bolsa e, embora
- Deixa, depois, o coração falar... experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou
a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo que pudesse
Vírgula ajudar a revelar quem era a sua dona.
Não se usa vírgula (E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora,
*separando termos que, do ponto de vista sintático, ligam-se experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou
diretamente entre si: a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo que pudesse
ajudar a revelar quem era a sua dona.
a) entre sujeito e predicado.
Todos os alunos da sala    foram advertidos.  02. Assinale a opção em que está corretamente indicada a
Sujeito                            predicado ordem dos sinais de pontuação que devem preencher as lacunas
da frase abaixo:
b) entre o verbo e seus objetos. “Quando se trata de trabalho científico ___ duas coisas devem
O trabalho custou            sacrifício             aos realizadores.  ser consideradas ____ uma é a contribuição teórica que o trabalho
             V.T.D.I.              O.D.                      O.I. oferece ___ a outra é o valor prático que possa ter.
A) dois pontos, ponto e vírgula, ponto e vírgula
c) entre nome e complemento nominal; entre nome e adjunto B) dois pontos, vírgula, ponto e vírgula;
adnominal. C) vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
A surpreendente reação do governo contra os sonegadores D) pontos vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
despertou reações entre os empresários. E) ponto e vírgula, vírgula, vírgula.
adj. adnominal nome adj. adn. complemento nominal
03. Os sinais de pontuação estão empregados corretamente
Usa-se a vírgula: em:
A) Duas explicações, do treinamento para consultores
- Para marcar intercalação: iniciantes receberam destaque, o conceito de PPD e a construção
a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abundância, de tabelas Price; mas por outro lado, faltou falar das metas de
vem caindo de preço. vendas associadas aos dois temas.
b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão B) Duas explicações do treinamento para consultores
produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos. iniciantes receberam destaque: o conceito de PPD e a construção
c) das expressões explicativas ou corretivas: As indústrias de tabelas Price; mas, por outro lado, faltou falar das metas de
não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não querem abrir vendas associadas aos dois temas.
mão dos lucros altos. C) Duas explicações do treinamento para consultores
iniciantes receberam destaque; o conceito de PPD e a construção
- Para marcar inversão: de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar das metas de
a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração): vendas associadas aos dois temas.
Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fechadas. D) Duas explicações do treinamento para consultores
b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos iniciantes, receberam destaque: o conceito de PPD e a construção
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma. de tabelas Price, mas, por outro lado, faltou falar das metas de
c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de maio vendas associadas aos dois temas.
de 1982. E) Duas explicações, do treinamento para consultores
iniciantes, receberam destaque; o conceito de PPD e a construção
- Para separar entre si elementos coordenados (dispostos de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar das metas, de
em enumeração): vendas associadas aos dois temas.
Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais. Resposta
1-C 2-C 3-B
- Para marcar elipse (omissão) do verbo:
Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco. 5.5 Concordância verbal e
nominal.
- Para isolar:

- o aposto: Concordância Verbal


São Paulo, considerada a metrópole brasileira, possui um
trânsito caótico. Ao falarmos sobre a concordância verbal, estamos nos
referindo à relação de dependência estabelecida entre um termo
- o vocativo: e outro mediante um contexto oracional. Desta feita, os agentes
Ora, Thiago, não diga bobagem. principais desse processo são representados pelo sujeito, que no
caso funciona como subordinante; e o verbo, o qual desempenha
Questões a função de subordinado. 
Dessa forma, temos que a concordância verbal caracteriza-
01. Assinale a alternativa em que a pontuação está se pela adaptação do verbo, tendo em vista os quesitos “número
corretamente empregada, de acordo com a norma-padrão da e pessoa” em relação ao sujeito. Exemplificando, temos: O aluno

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APOSTILAS OPÇÃO
chegou 10) No caso de o sujeito aparecer representado por
Temos que o verbo apresenta-se na terceira pessoa do expressões que indicam porcentagens, o verbo concordará com o
singular, pois faz referência a um sujeito, assim também expresso numeral ou com o substantivo a que se refere essa porcentagem:   
(ele).  Como poderíamos também dizer: os alunos chegaram 50% dos funcionários aprovaram a decisão da diretoria. / 50%
atrasados. do eleitorado apoiou a decisão.
Temos aí o que podemos chamar de princípio básico. Observações:
Contudo, a intenção a que se presta o artigo em evidência é - Caso o verbo aparecer anteposto à expressão de
eleger as principais ocorrências voltadas para os casos de sujeito porcentagem, esse deverá concordar com o numeral: Aprovaram
simples e para os de sujeito composto. Dessa forma, vejamos:  a decisão da diretoria 50% dos funcionários.     
- Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no singular:
Casos referentes a sujeito simples 1% dos funcionários não aprovou a decisão da diretoria.  
- Em casos em que o numeral estiver acompanhado de
1) Em caso de sujeito simples, o verbo concorda com o determinantes no plural, o verbo permanecerá no plural: Os
núcleo em número e pessoa: O aluno chegou atrasado.  50% dos funcionários apoiaram a decisão da diretoria. 

2) Nos casos referentes a sujeito representado por 11) Nos casos em que o sujeito estiver representado por
substantivo coletivo, o verbo permanece na terceira pessoa do pronomes de tratamento, o verbo deverá ser empregado na terceira
singular:  A multidão, apavorada, saiu aos gritos. pessoa do singular ou do plural:  Vossas Majestades gostaram das
Observação: homenagens. Vossa Majestade agradeceu o convite.  
- No caso de o coletivo aparecer seguido de adjunto adnominal
no plural, o verbo permanecerá no singular ou poderá ir para o 12) Casos relativos a sujeito representado por substantivo
plural: Uma multidão de pessoas saiu aos gritos. próprio no plural se encontram relacionados a alguns aspectos
Uma multidão de pessoas saíram aos gritos. que os determinam:
- Diante de nomes de obras no plural, seguidos do verbo ser,
3) Quando o sujeito é representado por expressões partitivas, este permanece no singular, contanto que o predicativo também
representadas por “a maioria de, a maior parte de, a metade de, esteja no singular:  Memórias póstumas de Brás Cubas  é  uma
uma porção de, entre outras”, o verbo tanto pode concordar criação de Machado de Assis.   
com o núcleo dessas expressões quanto com o substantivo - Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo também
que a segue: A  maioria  dos alunos  resolveu  ficar.   A maioria permanece no plural: Os  Estados Unidos  são  uma potência
dos alunos resolveram ficar. mundial.
- Casos em que o artigo figura no singular ou em que ele nem
4) No caso de o sujeito ser representado por expressões aparece, o verbo permanece no singular:  Estados Unidos é uma
aproximativas, representadas por “cerca de, perto de”, o verbo potência mundial. 
concorda com o substantivo determinado por elas: Cerca de
vinte candidatos se inscreveram no concurso de piadas. Casos referentes a sujeito composto

5) Em casos em que o sujeito é representado pela expressão 1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas
“mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais de gramaticais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, estando
um candidato se inscreveu no concurso de piadas.   relacionado a dois pressupostos básicos:
Observação: - Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as
- No caso da referida expressão aparecer repetida ou demais: Eu, tu e ele faremos um lindo passeio.
associada a um verbo que exprime reciprocidade, o verbo, - Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá
necessariamente, deverá permanecer no plural: Mais de um flexionar na 2ª ou na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos.
aluno, mais de um professor contribuíram na campanha de Tu e ele são primos.
doação de alimentos. 
Mais de um formando se abraçaram durante as solenidades 2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer anteposto
de formatura.  ao verbo, este permanecerá no plural: O pai e seus dois
filhos compareceram ao evento.  
6) Quando o sujeito for composto da expressão “um dos
que”, o verbo permanecerá no plural: Esse jogador foi  um dos 3) No caso em que o sujeito aparecer posposto ao verbo, este
que atuaram na Copa América. poderá concordar com o núcleo mais próximo ou permanecer
no plural: Compareceram  ao evento  o pai e seus dois filhos.
7) Em casos relativos à concordância com locuções Compareceu ao evento o pai e seus dois filhos.
pronominais, representadas por “algum de nós, qual de vós,
quais de vós, alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário nos 4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém com
atermos a duas questões básicas: mais de um núcleo, o verbo deverá permanecer no singular:
- No caso de o primeiro pronome estar expresso no plural, Meu esposo e grande companheiro merece toda a felicidade do
o verbo poderá com ele concordar, como poderá também mundo.
concordar com o pronome pessoal: Alguns de nós o receberemos.
/ Alguns de nós o receberão. 5) Casos relativos a sujeito composto de palavras sinônimas
- Quando o primeiro pronome da locução estiver expresso ou ordenado por elementos em gradação, o verbo poderá
no singular, o verbo permanecerá, também, no singular:  Algum permanecer no singular ou ir para o plural: Minha vitória,
de nós o receberá.   minha conquista, minha premiação são frutos de meu esforço.
/ Minha vitória, minha conquista, minha premiação é fruto de
8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo pronome meu esforço.
“quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa do singular
ou poderá concordar com o antecedente desse pronome:    Questões
Fomos nós  quem  contou  toda a verdade para ela. / Fomos
nós quem contamos toda a verdade para ela. 01. A concordância realizou-se adequadamente em qual
alternativa?
9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela palavra (A) Os Estados Unidos é considerado, hoje, a maior potência
“que”, o verbo deverá concordar com o termo que antecede essa econômica do planeta, mas há quem aposte que a China, em
palavra: Nesta empresa somos nós que tomamos as decisões. / breve, o ultrapassará.
Em casa sou eu que decido tudo.    (B) Em razão das fortes chuvas haverão muitos candidatos
que chegarão atrasados, tenho certeza disso.

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APOSTILAS OPÇÃO
(C) Naquela barraca vendem-se tapiocas fresquinhas, pode Concordância Nominal
comê-las sem receio!
(D) A multidão gritaram quando a cantora apareceu na Concordância nominal é que o ajuste que fazemos aos
janela do hotel! demais termos da oração para que concordem em gênero e
número com o substantivo. Teremos que alterar, portanto, o
02. “Se os cachorros correm livremente, por que eu não artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome. Além disso, temos
posso fazer isso também?”, pergunta Bob Dylan em “New também o verbo, que se flexionará à sua maneira.
Morning”. Bob Dylan verbaliza um anseio sentido por todos
nós, humanos supersocializados: o anseio de nos livrarmos Regra geral: O artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome
de todos os constrangimentos artificiais decorrentes do fato concordam em gênero e número com o substantivo.
de vivermos em uma sociedade civilizada em que às vezes nos - A pequena criança é uma gracinha.
sentimos presos a uma correia. Um conjunto cultural de regras - O garoto que encontrei era muito gentil e simpático.
tácitas e inibições está sempre governando as nossas interações
cotidianas com os outros. Casos especiais: Veremos alguns casos que fogem à regra
Uma das razões pelas quais os cachorros nos atraem é o fato geral mostrada acima.
de eles serem tão desinibidos e livres. Parece que eles jogam
com as suas próprias regras, com a sua própria lógica interna. a) Um adjetivo após vários substantivos
Eles vivem em um universo paralelo e diferente do nosso - um 1 - Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o plural
universo que lhes concede liberdade de espírito e paixão pela ou concorda com o substantivo mais próximo.
vida enormemente atraentes para nós. Um cachorro latindo ao - Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.
vento ou uivando durante a noite faz agitar-se dentro de nós - Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.
alguma coisa que também quer se expressar.
Os cachorros são uma constante fonte de diversão para 2 - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o
nós porque não prestam atenção as nossas convenções sociais. plural masculino ou concorda com o substantivo mais próximo.
Metem o nariz onde não são convidados, pulam para cima - Ela tem pai e mãe louros.
do sofá, devoram alegremente a comida que cai da mesa. Os - Ela tem pai e mãe loura.
cachorros raramente se refreiam quando querem fazer alguma
coisa. Eles não compartilham conosco as nossas inibições. Suas 3 - Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoriamente
emoções estão ã flor da pele e eles as manifestam sempre que para o plural.
as sentem. - O homem e o menino estavam perdidos.
(Adaptado de Matt Weistein e Luke Barber. Cão que - O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui.
late não morde. Trad. de Cristina Cupertino. S.Paulo: Francis,
2005. p 250) b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos
1 - Adjetivo anteposto normalmente concorda com o mais
A frase em que se respeitam as normas de concordância próximo.
verbal é: Comi delicioso almoço e sobremesa.
(A) Deve haver muitas razões pelas quais os cachorros nos Provei deliciosa fruta e suco.
atraem. 2 - Adjetivo anteposto funcionando como predicativo:
(B) Várias razões haveriam pelas quais os cachorros nos concorda com o mais próximo ou vai para o plural.
atraem. Estavam feridos o pai e os filhos.
(C) Caberiam notar as muitas razões pelas quais os cachorros Estava ferido o pai e os filhos.
nos atraem.
(D) Há de ser diversas as razões pelas quais os cachorros nos c) Um substantivo e mais de um adjetivo
atraem. 1- antecede todos os adjetivos com um artigo.
(E) Existe mesmo muitas razões pelas quais os cachorros Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola.
nos atraem. 2- coloca o substantivo no plural.
Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola.
03. Uma pergunta
d) Pronomes de tratamento
Frequentemente cabe aos detentores de cargos de 1 - sempre concordam com a 3ª pessoa.
responsabilidade tomar decisões difíceis, de graves Vossa Santidade esteve no Brasil.
consequências. Haveria algum critério básico, essencial, para
amparar tais escolhas? Antonio Gramsci, notável pensador e) Anexo, incluso, próprio, obrigado
e político italiano, propôs que se pergunte, antes de tomar a 1 - Concordam com o substantivo a que se referem.
decisão: - Quem sofrerá? As cartas estão anexas.
Para um humanista, a dor humana é sempre prioridade a se A bebida está inclusa.
considerar. Precisamos de nomes próprios.
(Salvador Nicola, inédito) Obrigado, disse o rapaz.

O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se no f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a)
singular para preencher adequadamente a lacuna da frase: 1 - Após essas expressões o substantivo fica sempre no
(A) A nenhuma de nossas escolhas ...... (poder) deixar de singular e o adjetivo no plural.
corresponder nossos valores éticos mais rigorosos. Renato advogou um e outro caso fáceis.
(B) Não se ...... (poupar) os que governam de refletir sobre o Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe.
peso de suas mais graves decisões.
(C) Aos governantes mais responsáveis não ...... (ocorrer) g) É bom, é necessário, é proibido
tomar decisões sem medir suas consequências. 1- Essas expressões não variam se o sujeito não vier
(D) A toda decisão tomada precipitadamente ...... (costumar) precedido de artigo ou outro determinante.
sobrevir consequências imprevistas e injustas. Canja é bom. / A canja é boa.
(E) Diante de uma escolha, ...... (ganhar) prioridade, É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.
recomenda Gramsci, os critérios que levam em conta a dor É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entrada
humana. é proibida.
Respostas
01. C\02. A\03. C h) Muito, pouco, caro
1- Como adjetivos: seguem a regra geral.

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APOSTILAS OPÇÃO
Comi muitas frutas durante a viagem. 03. A concordância nominal está INCORRETA em:
Pouco arroz é suficiente para mim. (A) A mídia julgou desnecessária a campanha e o
Os sapatos estavam caros. envolvimento da empresa.
2- Como advérbios: são invariáveis. (B) A mídia julgou a campanha e a atuação da empresa
Comi muito durante a viagem. desnecessária.
Pouco lutei, por isso perdi a batalha. (C) A mídia julgou desnecessário o envolvimento da empresa
Comprei caro os sapatos. e a campanha.
(D) A mídia julgou a campanha e a atuação da empresa
i) Mesmo, bastante desnecessárias.
1- Como advérbios: invariáveis Respostas
Preciso mesmo da sua ajuda. 01. D\02. D\03. B
Fiquei bastante contente com a proposta de emprego.

2- Como pronomes: seguem a regra geral. 5.6 Regência verbal e nominal.


Seus argumentos foram bastantes para me convencer.
Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou.

j) Menos, alerta Regência Verbal e Nominal


1- Em todas as ocasiões são invariáveis.
Preciso de menos comida para perder peso. Dá-se o nome de regência à relação de subordinação que
Estamos alerta para com suas chamadas. ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus complementos.
Ocupa-se em estabelecer relações entre as palavras, criando
k) Tal Qual frases não ambíguas, que expressem efetivamente o sentido
1- “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda com o desejado, que sejam corretas e claras.
consequente.
As garotas são vaidosas tais qual a tia. Regência Verbal
Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos.
Termo Regente:  VERBO
l) Possível
1- Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “melhor” A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre
ou “pior”, acompanha o artigo que precede as expressões. os verbos e os termos que os complementam (objetos diretos e
A mais possível das alternativas é a que você expôs. objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais).
Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empresa. O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nossa
As piores situações possíveis são encontradas nas favelas da capacidade expressiva, pois oferece oportunidade de
cidade. conhecermos as diversas significações que um verbo pode
assumir com a simples mudança ou retirada de uma preposição. 
m) Meio Observe:
1- Como advérbio: invariável. A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar, contentar.
Estou meio (um pouco) insegura. A mãe agrada ao filho. -> agradar significa “causar agrado ou
2- Como numeral: segue a regra geral. prazer”, satisfazer.
Comi meia (metade) laranja pela manhã.
Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
n) Só “agradar a alguém”.
1- apenas, somente (advérbio): invariável.
Só consegui comprar uma passagem. Saiba que:
2- sozinho (adjetivo): variável. O conhecimento do uso adequado das preposições é um
Estiveram sós durante horas. dos aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e
também nominal). As preposições são capazes de modificar
Questões completamente o sentido do que se está sendo dito. Veja os
exemplos:
01. Indique o uso INCORRETO da concordância verbal ou Cheguei ao metrô.
nominal: Cheguei no metrô.
(A) Será descontada em folha sua contribuição sindical.
(B) Na última reunião, ficou acordado que se realizariam No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo
encontros semanais com os diversos interessados no assunto. caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A oração “Cheguei
(C) Alguma solução é necessária, e logo! no metrô”, popularmente usada a fim de indicar o lugar a que se
(D) Embora tenha ficado demonstrado cabalmente a vai, possui, no padrão culto da língua, sentido diferente. Aliás, é
ocorrência de simulação na transferência do imóvel, o pedido muito comum existirem divergências entre a regência coloquial,
não pode prosperar. cotidiana de alguns verbos, e a regência culta.
(E) A liberdade comercial da colônia, somada ao fato de D.
João VI ter também elevado sua colônia americana à condição de Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos de
Reino Unido a Portugal e Algarves, possibilitou ao Brasil obter acordo com sua transitividade. A transitividade, porém, não é
certa autonomia econômica. um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes
formas em frases distintas.
02. Aponte a alternativa em que NÃO ocorre silepse (de
gênero, número ou pessoa): Verbos Intransitivos
(A) “A gente é feito daquele tipo de talento capaz de fazer a Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
diferença.” importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
(B) Todos sabemos que a solução não é fácil. aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
(C) Essa gente trabalhadora merecia mais, pois acordam às a) Chegar, Ir
cinco horas para chegar ao trabalho às oito da manhã. Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adverbiais
(D) Todos os brasileiros sabem que esse problema vem de de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para
longe... indicar destino ou direção são: a, para.
(E) Senhor diretor, espero que Vossa Senhoria seja mais Fui ao teatro.
compreensivo.       Adjunto Adverbial de Lugar

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APOSTILAS OPÇÃO
Ricardo foi para a Espanha. Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
                  Adjunto Adverbial de Lugar Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompanhados
b) Comparecer de um objeto direto e um indireto. Merecem destaque, nesse
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido grupo:
por em ou a.
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o último Agradecer, Perdoar e Pagar
jogo. São verbos que apresentam objeto direto
relacionado a coisas e objeto indireto relacionado a pessoas.
Verbos Transitivos Diretos Veja os exemplos:
Os verbos transitivos diretos são complementados por Agradeço    aos ouvintes         a audiência.
objetos diretos. Isso significa que  não  exigem preposição  para                    Objeto Indireto      Objeto Direto
o estabelecimento da relação de regência. Ao empregar esses Cristo ensina que é preciso perdoar     o pecado        ao pecador.
verbos, devemos lembrar que os pronomes oblíquos o, a, os,                                                                  Obj. Direto       Objeto Indireto
as atuam como objetos diretos. Esses pronomes podem assumir Paguei      o débito        ao cobrador.
as formas lo, los, la, las (após formas verbais terminadas em -r,                Objeto Direto      Objeto Indireto
-s ou -z) ou no, na, nos, nas (após formas verbais terminadas em
sons nasais), enquanto  lhe e lhes são, quando complementos - O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito com
verbais, objetos indiretos. particular cuidado. Observe:
São verbos transitivos diretos, dentre outros: abandonar, Agradeci o presente. / Agradeci-o.
abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admirar, Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, castigar, Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
condenar, conhecer, conservar,convidar, defender, eleger, estimar, Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, proteger, respeitar, Paguei minhas contas. / Paguei-as.
socorrer, suportar, ver, visitar. Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente como o
verbo amar: Informar
Amo aquele rapaz. / Amo-o. - Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
Amo aquela moça. / Amo-a. indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
Amam aquele rapaz. / Amam-no. Informe os novos preços aos clientes.
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la. Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos
preços)
Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos para
indicar posse (caso em que atuam como adjuntos adnominais). - Na utilização de pronomes como complementos,  veja as
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto) construções:
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira) Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor) Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou sobre
eles)
Verbos Transitivos Indiretos Obs.: a mesma regência do verbo  informar é usada  para os
Os verbos transitivos indiretos são complementados por seguintes:  avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.
objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exigem uma
preposição  para o estabelecimento da relação de regência. Comparar
Os pronomes pessoais do caso oblíquo de terceira pessoa que Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as
podem atuar como objetos indiretos são o “lhe”, o “lhes”, para preposições  “a”  ou  “com” para introduzir o complemento
substituir pessoas. Não se utilizam os pronomes o, os, a, as como indireto.
complementos de verbos transitivos indiretos. Com os objetos Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma criança.
indiretos que não representam pessoas, usam-se pronomes
oblíquos tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos Pedir
pronomes átonos lhe, lhes.  Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na forma
de oração subordinada substantiva) e indireto de pessoa.
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: Pedi-lhe                 favores.
a) Consistir - Tem complemento introduzido pela Objeto Indireto    Objeto Direto
preposição “em”.                                      
A modernidade verdadeira consiste em direitos iguais para Pedi-lhe                     que mantivesse em silêncio.
todos. Objeto Indireto           Oração Subordinada Substantiva
b) Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complementos                                                            Objetiva Direta
introduzidos pela preposição “a”.
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. Saiba que:
Eles desobedeceram às leis do trânsito. 1) A construção  “pedir para”,  muito comum na linguagem
c) Responder - Tem complemento introduzido pela cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua culta. No
preposição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a entanto, é considerada correta quando a palavra licença estiver
quem” ou “ao que” se responde. subentendida.
Respondi ao meu patrão. Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
Respondemos às perguntas. Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz uma
Respondeu-lhe à altura. oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo (para
Obs.:  o verbo  responder, apesar de transitivo indireto ir entregar-lhe os catálogos em casa).
quando exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva 2) A construção  “dizer para”,  também muito usada
analítica. Veja: popularmente, é igualmente considerada incorreta.
O questionário foi respondido corretamente.
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente. Preferir
d) Simpatizar e  Antipatizar - Possuem seus complementos Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto
introduzidos pela preposição “com”. indireto introduzido pela preposição “a”. Por Exemplo:
Antipatizo com aquela apresentadora. Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Simpatizo com os que condenam os políticos que governam Prefiro trem a ônibus.
para uma minoria privilegiada. Obs.: na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem
termos intensificadores, tais como:  muito, antes, mil vezes, um

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APOSTILAS OPÇÃO
milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo existente CUSTAR
no próprio verbo (pre). 1) Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor
ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial.
Mudança de Transitividade versus Mudança de Frutas e verduras não deveriam custar muito.
Significado
2) No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo ou
Há verbos que, de acordo com a mudança de transitividade, transitivo indireto.
apresentam mudança de significado. O conhecimento das Muito custa          viver tão longe da família.
diferentes regências desses verbos é um recurso linguístico             Verbo   Oração Subordinada Substantiva Subjetiva 
muito importante, pois além de permitir a correta interpretação        Intransitivo                       Reduzida de Infinitivo
de passagens escritas, oferece possibilidades expressivas a
quem fala ou escreve. Dentre os principais, estão: Custa-me (a mim)  crer que tomou realmente aquela atitude.
        Objeto                 Oração Subordinada Substantiva Subjetiva 
AGRADAR         Indireto                                     Reduzida de Infinitivo
1) Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos,
acariciar. Obs.: a Gramática Normativa condena as construções que
Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por pessoa.
quando o revê. Observe o exemplo abaixo:
Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. / Cláudia Custei para entender o problema. 
não perde oportunidade de agradá-lo. Forma correta: Custou-me entender o problema.

2) Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado IMPLICAR


a, satisfazer, ser agradável a.  Rege complemento introduzido 1) Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
pela preposição “a”.
O cantor não agradou aos presentes. a) dar a entender, fazer supor, pressupor
O cantor não lhes agradou. Suas atitudes implicavam um firme propósito.

ASPIRAR b)  Ter como consequência, trazer como consequência,


1) Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar acarretar, provocar
(o ar), inalar. Liberdade de escolha implica amadurecimento político de um
Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o) povo.

2)  Aspirar  é transitivo indireto no sentido de  desejar, ter 2) Como transitivo direto e indireto, significa comprometer,
como ambição. envolver
Aspirávamos a melhores condições de vida. (Aspirávamos a Implicaram aquele jornalista em questões econômicas.
elas)
Obs.: como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pessoa, Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo
mas coisa, não se usam as formas pronominais átonas “lhe” indireto e rege com preposição “com”.
e “lhes” e sim as formas tônicas “a ele (s)”, “ a ela (s)”.  Veja o Implicava com quem não trabalhasse arduamente.
exemplo:
Aspiravam a uma existência melhor. (= Aspiravam a ela) PROCEDER
1)  Proceder  é intransitivo no sentido de  ser decisivo,
ASSISTIR ter cabimento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se,
1)  Assistir  é transitivo direto no sentido de  ajudar, prestar agir.  Nessa segunda acepção, vem sempre acompanhado de
assistência a, auxiliar. Por Exemplo: adjunto adverbial de modo.
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos. As afirmações da testemunha procediam, não havia como
As empresas de saúde negam-se a assisti-los. refutá-las.
Você procede muito mal.
2) Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presenciar,
estar presente, caber, pertencer. 2) Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposição”
de”) e  fazer, executar  (rege complemento introduzido pela
Exemplos: preposição “a”) é transitivo indireto.
Assistimos ao documentário. O avião procede de Maceió.
Não assisti às últimas sessões. Procedeu-se aos exames.
Essa lei assiste ao inquilino. O delegado procederá ao inquérito.
Obs.: no sentido de  morar, residir,  o verbo  “assistir”  é
intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de lugar QUERER
introduzido pela preposição “em”. 1)  Querer  é transitivo direto no sentido de  desejar, ter
Assistimos numa conturbada cidade. vontade de, cobiçar.
Querem melhor atendimento.
CHAMAR Queremos um país melhor.
1)  Chamar  é transitivo direto no sentido de  convocar, 2)  Querer  é transitivo indireto no sentido de  ter afeição,
solicitar a atenção ou a presença de. estimar, amar.
Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá chamá-la. Quero muito aos meus amigos.
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes. Ele quer bem à linda menina.
Despede-se o filho que muito lhe quer.
2)  Chamar  no sentido de  denominar, apelidar  pode
apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo VISAR
preposicionado ou não. 1)  Como transitivo direto, apresenta os sentidos de  mirar,
fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
A torcida chamou o jogador mercenário. O homem visou o alvo.
A torcida chamou ao jogador mercenário. O gerente não quis visar o cheque.
A torcida chamou o jogador de mercenário.
A torcida chamou ao jogador de mercenário. 2)  No sentido de  ter em vista, ter como meta, ter como
objetivo, é transitivo indireto e rege a preposição “a”.

Língua Portuguesa 57
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APOSTILAS OPÇÃO
O ensino deve sempre visar ao progresso social. Nocivo a
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar Afável com, para com
público. Equivalente a
Questões Paralelo a
Agradável a
01. Todas as alternativas estão corretas quanto ao emprego Escasso de
correto da regência do verbo, EXCETO: Parco em, de
(A) Faço entrega em domicílio. Alheio a, de
(B) Eles assistem o espetáculo. Essencial a, para
(C) João gosta de frutas. Passível de
(D) Ana reside em São Paulo. Análogo a
(E) Pedro aspira ao cargo de chefe. Fácil de
Preferível a
02. Assinale a opção em que o verbo Ansioso de, para, por
chamar é empregado com o mesmo sentido que Fanático por
apresenta em __ “No dia em que o chamaram de Ubirajara, Prejudicial a
Quaresma ficou reservado, taciturno e mudo”: Apto a, para
(A) pelos seus feitos, chamaram-lhe o salvador da pátria; Favorável a
(B) bateram à porta, chamando Rodrigo; Prestes a
(C) naquele momento difícil, chamou por Deus e pelo Diabo; Ávido de
(D) o chefe chamou-os para um diálogo franco; Generoso com
(E) mandou chamar o médico com urgência. Propício a
Benéfico a
03. A regência verbal está correta na alternativa: Grato a, por
(A) Ela quer namorar com o meu irmão. Próximo a
(B) Perdi a hora da entrevista porque fui à pé. Capaz de, para
(C) Não pude fazer a prova do concurso porque era de menor. Hábil em
(D) É preferível ir a pé a ir de carro. Relacionado com
Compatível com
Respostas Habituado a
01. B\02. A\03. D Relativo a
Contemporâneo a, de
Regência Nominal Idêntico a
   
É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, Advérbios
adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome. Essa Longe de Perto de
relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo
da regência nominal, é preciso levar em conta que vários nomes Obs.: os advérbios terminados em  -mente tendem a seguir
apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a;
derivam. Conhecer o regime de um verbo significa, nesses casos, paralelamente a; relativa a; relativamente a.
conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php
Verbo  obedecer  e os nomes correspondentes: todos regem
complementos introduzidos pela preposição «a”.Veja: Questões

Obedecer a algo/ a alguém. 01. Assinale a alternativa em que a preposição “a” não deva


Obediente a algo/ a alguém. ser empregada, de acordo com a regência nominal.
(A) A confiança é necessária ____ qualquer relacionamento.
Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados (B) Os pais de Pâmela estão alheios ____ qualquer decisão.
da preposição ou preposições que os regem. Observe-os (C) Sirlene tem horror ____ aves.
atentamente e procure, sempre que possível, associar esses (D) O diretor está ávido ____ melhores metas.
nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece. (E) É inegável que a tecnologia ficou acessível ____ toda
população.
Substantivos
Admiração a, por 02. Quanto a amigos, prefiro João.....Paulo,.....quem sinto......
Devoção a, para, com, por simpatia.
Medo a, de (A) a, por, menos
Aversão a, para, por (B) do que, por, menos
Doutor em (C) a, para, menos
Obediência a (D) do que, com, menos
Atentado a, contra (E) do que, para, menos
Dúvida acerca de, em, sobre
Ojeriza a, por Respostas
Bacharel em 01. D\02. A
Horror a
Proeminência sobre 5.7 Emprego do sinal indicativo
Capacidade de, para de crase.
Impaciência com
Respeito a, com, para com, por
Crase
Adjetivos
Acessível a A palavra crase é de origem grega e significa «fusão»,
Diferente de «mistura». Na língua portuguesa, é o nome que se dá à «junção»
Necessário a de duas vogais idênticas. É de grande importância a crase da
Acostumado a, com preposição “a” com o artigo feminino “a” (s), com o “a” inicial dos
Entendido em pronomes aquele(s), aquela (s), aquilo e com o “a” do relativo a

Língua Portuguesa 58
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APOSTILAS OPÇÃO
qual (as quais). Na escrita, utilizamos o acento grave ( ` ) para Estava com vontade de comer frango à (moda de) passarinho.
indicar a crase. O uso apropriado do acento grave depende da O menino resolveu vestir-se à (moda de) Fidel Castro.
compreensão da fusão das duas vogais. É fundamental também,
para o entendimento da crase, dominar a regência dos verbos 3-) na indicação de horas:
e nomes que exigem a preposição  “a”. Aprender a usar a Acordei às sete horas da manhã.
crase, portanto, consiste em aprender a verificar a ocorrência Elas chegaram às dez horas.
simultânea de uma preposição e um artigo ou pronome.  Foram dormir à meia-noite.

Observe: 4-) em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas de


Vou a + a igreja. que participam palavras femininas. Por exemplo:
Vou à igreja.
à tarde às ocultas às pressas à medida que
No exemplo acima, temos a ocorrência da à noite às claras às escondidas à força
preposição  “a”,  exigida pelo verbo  ir (ir a algum lugar) e a
ocorrência do artigo “a” que está determinando o substantivo à vontade à beça à larga à escuta
feminino igreja. Quando ocorre esse encontro das duas vogais e às avessas à revelia à exceção de à imitação de
elas se unem, a união delas é indicada pelo acento grave. Observe
os outros exemplos: à esquerda às turras às vezes à chave
à direita à procura à deriva à toa
Conheço a aluna.
Refiro-me à aluna. à proporção
à luz à sombra de à frente de
No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto (conhecer que
algo ou alguém), logo não exige preposição e a crase não pode à
ocorrer. No segundo exemplo, o verbo é transitivo indireto semelhança às ordens à beira de
(referir-se a algo ou a alguém) e exige a preposição  “a”. de
Portanto, a crase é possível, desde que o termo seguinte seja
feminino e admita o artigo feminino “a” ou um dos pronomes já Crase diante de Nomes de Lugar
especificados.
Veja os principais casos em que a crase NÃO ocorre: Alguns nomes de lugar não admitem a anteposição do
artigo “a”. Outros, entretanto, admitem o artigo, de modo que
1-) diante de substantivos masculinos: diante deles haverá crase, desde que o termo regente exija a
Andamos a cavalo. preposição “a”. Para saber se um nome de lugar admite ou não
Fomos a pé. a anteposição do artigo feminino “a”, deve-se substituir o termo
regente por um verbo que peça a preposição  “de”  ou  “em”. A
2-) diante de  verbos no infinitivo: ocorrência da contração  “da”  ou  “na”  prova que esse nome de
A criança começou a falar. lugar aceita o artigo e, por isso, haverá crase.
Ela não tem nada a dizer. Por exemplo:
Vou  à  França. (Vim  da [de+a] França. Estou  na [em+a]
Obs.: como os verbos não admitem artigos, o “a” dos França.)
exemplos acima é apenas preposição, logo não ocorrerá crase. Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.)
Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália)
3-) diante da maioria dos pronomes e das expressões de Vou  a  Porto Alegre. (Vim  de Porto Alegre. Estou em Porto
tratamento, com exceção das formas senhora, senhorita e dona: Alegre.) 
Diga a ela que não estarei em casa amanhã.
Entreguei a todos os documentos necessários. - Minha dica: use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou A
Ele fez referência a Vossa Excelência no discurso de ontem. volto DE, crase PRA QUÊ?”
Ex: Vou a Campinas. = Volto de Campinas.
Os poucos casos em que ocorre crase diante dos pronomes Vou à praia. = Volto da praia.
podem ser identificados pelo método: troque a palavra feminina
por uma masculina, caso na nova construção surgir a forma ao, - ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especificado,
ocorrerá crase. Por exemplo: ocorrerá crase. Veja:
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. =
Refiro-me à mesma pessoa. (Refiro-me ao mesmo indivíduo.) mesmo que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
Informei o ocorrido à senhora. (Informei o ocorrido ao senhor.) Irei à Salvador de Jorge Amado.
Peça à própria Cláudia para sair mais cedo. (Peça ao próprio
Cláudio para sair mais cedo.) Crase diante dos Pronomes Demonstrativos Aquele (s),
Aquela (s), Aquilo
4-) diante de numerais cardinais:
Chegou a duzentos o número de feridos Haverá crase diante desses pronomes sempre que o termo
Daqui a uma semana começa o campeonato. regente exigir a preposição “a”. Por exemplo:

Casos em que a crase SEMPRE ocorre: Refiro-me a + aquele atentado.


Preposição Pronome
1-) diante de palavras femininas:
Amanhã iremos à festa de aniversário de minha colega. Refiro-me àquele atentado.
Sempre vamos à praia no verão.
Ela disse à irmã o que havia escutado pelos corredores. O termo regente do exemplo acima é o verbo transitivo
Sou grata à população. indireto referir (referir-se a algo ou alguém) e exige preposição,
Fumar é prejudicial à saúde. portanto, ocorre a crase. Observe este outro exemplo:
Este aparelho é posterior à invenção do telefone.
Aluguei aquela casa.
2-) diante da palavra “moda”, com o sentido de “à moda de”
(mesmo que a expressão moda de fique subentendida): O verbo “alugar” é transitivo direto (alugar algo) e não exige
O jogador fez um gol à (moda de) Pelé.  preposição. Logo, a crase não ocorre nesse caso.
Usava sapatos à (moda de) Luís XV. Veja outros exemplos:

Língua Portuguesa 59
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APOSTILAS OPÇÃO
Dediquei àquela senhora todo o meu trabalho. feminino diante de nomes próprios femininos, então podemos
Quero agradecer àqueles que me socorreram. escrever as frases abaixo das seguintes formas:
Refiro-me àquilo que aconteceu com seu pai.
Não obedecerei àquele sujeito. Entreguei o cartão a Paula. Entreguei o cartão a
Roberto.
Crase com os Pronomes Relativos A Qual, As Quais Entreguei o cartão à Paula. Entreguei o cartão ao
Roberto.
A ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual e as
quais depende do verbo. Se o verbo que rege esses pronomes 2-) diante de pronome possessivo feminino:
exigir a preposição  «a»,  haverá crase. É possível detectar a Observação: é facultativo o uso da crase diante de
ocorrência da crase nesses casos utilizando a substituição do pronomes possessivos femininos porque é facultativo o uso do
termo regido feminino por um termo regido masculino.  artigo. Observe:
Por exemplo: Minha avó tem setenta anos. Minha irmã está
A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade. esperando por você.
O monumento ao qual me refiro fica no centro da cidade A minha avó tem setenta anos. A minha irmã está
esperando por você.
Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a crase.
Veja outros exemplos: Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de
São normas às quais todos os alunos devem obedecer. pronomes possessivos femininos, então podemos escrever as
Esta foi a conclusão à qual ele chegou. frases abaixo das seguintes formas:
Várias alunas às quais ele fez perguntas não souberam
responder nenhuma das questões. Cedi o lugar a minha avó. Cedi o lugar a meu avô.
A sessão à qual assisti estava vazia. Cedi o lugar à minha avó. Cedi o lugar ao meu avô.

Crase com o Pronome Demonstrativo “a” 3-) depois da preposição até:


Fui até a praia. ou Fui até à praia.
A ocorrência da crase com o pronome Acompanhe-o até a porta. ou Acompanhe-o até à porta.
demonstrativo “a” também pode ser detectada através da A palestra vai até as cinco horas da tarde. ou
substituição do termo regente feminino por um termo regido A palestra vai até às cinco horas da tarde.
masculino. 
Veja: Questões
Minha revolta é ligada à do meu país.
Meu luto é ligado ao do meu país. 01. No Brasil, as discussões sobre drogas parecem limitar-
As orações são semelhantes às de antes. se ______aspectos jurídicos ou policiais. É como se suas únicas
Os exemplos são semelhantes aos de antes. consequências estivessem em legalismos, tecnicalidades
Suas perguntas são superiores às dele. e estatísticas criminais. Raro ler ____respeito envolvendo
Seus argumentos são superiores aos dele. questões de saúde pública como programas de esclarecimento
Sua blusa é idêntica à de minha colega. e prevenção, de tratamento para dependentes e de reintegração
Seu casaco é idêntico ao de minha colega. desses____ vida. Quantos de nós sabemos o nome de um médico
ou clínica ____quem tentar encaminhar um drogado da nossa
A Palavra Distância própria família?

Se a palavra  distância  estiver especificada, determinada, a (Ruy Castro, Da nossa própria família. Folha de S.Paulo,
crase deve ocorrer. 17.09.2012. Adaptado)
Por exemplo:
Sua casa fica  à  distância de 100 Km daqui. (A palavra está As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e
determinada) respectivamente, com:
Todos devem ficar  à  distância de 50 metros do palco. (A (A) aos … à … a … a
palavra está especificada.) (B) aos … a … à … a
(C) a … a … à … à
Se a palavra  distância  não estiver especificada, a (D) à … à … à … à
crase não pode ocorrer.  (E) a … a … a … a
Por exemplo:
Os militares ficaram a distância. 02. Leia o texto a seguir.
Gostava de fotografar a distância. Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu
Ensinou a distância. ______ cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do
Dizem que aquele médico cura a distância. procedimento de Camilo. Vimos que ______ cartomante restituiu-
Reconheci o menino a distância. lhe ______ confiança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o
que fez.
Observação: por motivo de clareza, para evitar ambiguidade, (Machado de Assis. A cartomante. In: Várias histórias. Rio de
pode-se usar a crase. Janeiro: Globo, 1997, p. 6)
Veja:
Gostava de fotografar à distância. Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na
Ensinou à distância. ordem dada:
Dizem que aquele médico cura à distância. A) à – a – a
B) a – a – à
Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA C) à – a – à
D) à – à – a
1-) diante de nomes próprios femininos: E) a – à – à
Observação: é facultativo o uso da crase diante de nomes
próprios femininos porque é facultativo o uso do artigo. Observe: 03 “Nesta oportunidade, volto ___ referir-me ___ problemas já
Paula é muito bonita. Laura é minha amiga. expostos ___ V. Sª ___ alguns dias”.
A Paula é muito bonita. A Laura é minha amiga. a) à - àqueles - a - há 
b) a - àqueles - a - há 
Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo c) a - aqueles - à - a 

Língua Portuguesa 60
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APOSTILAS OPÇÃO
d) à - àqueles - a - a  - O verbo estiver no gerúndio:
e) a - aqueles - à - há Não quis saber o que aconteceu, fazendo-se de
Respostas despreocupada.
1-B / 2-A / 3-B Despediu-se, beijando-me a face.

5.8 Colocação dos pronomes - Houver vírgula ou pausa antes do verbo:


Se passar no vestibular em outra cidade, mudo-me no
átonos. mesmo instante.
Se não tiver outro jeito, alisto-me nas forças armadas.
Mesóclise
Colocação dos Pronomes Oblíquos
Átonos A mesóclise acontece quando o verbo está flexionado no
futuro do presente ou no futuro do pretérito:
De acordo com as autoras Rose Jordão e Clenir Bellezi, a A prova realizar-se-á neste domingo pela manhã. (= ela se
colocação pronominal é a posição que os pronomes pessoais realizará)
oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao verbo a que se Far-lhe-ei uma proposta irrecusável. (= eu farei uma
referem. proposta a você)
Fontes:
São pronomes oblíquos átonos: me, te, se, o, os, a, as, lhe, http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf42.php
lhes, nos e vos. http://www.brasilescola.com/gramatica/colocacao-pronominal.
O pronome oblíquo átono pode assumir três posições na htm
oração em relação ao verbo:
Questões
1. próclise: pronome antes do verbo
2. ênclise: pronome depois do verbo 01. Considerada a norma culta escrita, há correta substituição
3. mesóclise: pronome no meio do verbo de estrutura nominal por pronome em:
(A) Agradeço antecipadamente sua Resposta // Agradeço-
Próclise lhes antecipadamente.
(B) do verbo fabricar se extraiu o substantivo fábrica. // do
A próclise é aplicada antes do verbo quando temos: verbo fabricar se extraiu-lhe.
- Palavras com sentido negativo: (C) não faltam lexicógrafos // não faltam-os.
Nada me faz querer sair dessa cama. (D) Gostaria de conhecer suas considerações // Gostaria de
Não se trata de nenhuma novidade. conhecê-las.
(E) incluindo a palavra ‘aguardo’ // incluindo ela.
- Advérbios:
Nesta casa se fala alemão. 02. Caso fosse necessário substituir o termo destacado em
Naquele dia me falaram que a professora não veio. “Basta apresentar um documento” por um pronome, de acordo
com a norma-padrão, a nova redação deveria ser
- Pronomes relativos: (A) Basta apresenta-lo.
A aluna que me mostrou a tarefa não veio hoje. (B) Basta apresentar-lhe.
Não vou deixar de estudar os conteúdos que me falaram. (C) Basta apresenta-lhe.
(D) Basta apresentá-la.
- Pronomes indefinidos: (E) Basta apresentá-lo.
Quem me disse isso?
Todos se comoveram durante o discurso de despedida. Respostas
01. D/02. E
- Pronomes demonstrativos:
Isso me deixa muito feliz! 6 Reescrita de frases e parágrafos
Aquilo me incentivou a mudar de atitude! do texto. 6.1 Significação das
- Preposição seguida de gerúndio: palavras. 6.2 Substituição de
Em se tratando de qualidade, o Brasil Escola é o site mais palavras ou de trechos de texto.
indicado à pesquisa escolar. 6.3 Reorganização da estrutura
de orações e de períodos do
- Conjunção subordinativa: texto. 6.4 Reescrita de textos de
Vamos estabelecer critérios, conforme lhe avisaram.
diferentes gêneros e níveis de
Ênclise formalidade.

A ênclise é empregada depois do verbo. A norma culta não


aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos átonos. A Reescritura de Frases
ênclise vai acontecer quando:
Antes de discorrermos acerca de um assunto tão importante,
- O verbo estiver no imperativo afirmativo: convidamos você, caro (a) usuário (a), a se enlevar mediante as
Amem-se uns aos outros. palavras do grandioso mestre de nossas letras, João Cabral de
Sigam-me e não terão derrotas. Melo Neto, que, por meio de uma metalinguagem, cumpre bem
seu trabalho de lidar com as palavras e deixar claro para nós,
- O verbo iniciar a oração: leitores, quão grandioso e magnífico é o exercício da escrita.
Diga-lhe que está tudo bem. Voltemo-nos a elas, portanto:
Chamaram-me para ser sócio.
Catar feijão
- O verbo estiver no infinitivo impessoal regido da preposição
“a”: 1.
Naquele instante os dois passaram a odiar-se. Catar feijão se limita com escrever:
Passaram a cumprimentar-se mutuamente. joga-se os grãos na água do alguidar

Língua Portuguesa 61
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APOSTILAS OPÇÃO
e as palavras na folha de papel; claro, analisemos o parágrafo que segue, revelando ser um bom
e depois, joga-se fora o que boiar. exemplo da ocorrência em questão:
Certo, toda palavra boiará no papel, A leitura, esse importante instrumento – o qual o torna
água congelada, por chumbo seu verbo: mais culto, mais apto a expressar seus pensamentos –, pois
pois para catar esse feijão, soprar nele, amplia significativamente seu vocabulário, contribui para o
e jogar fora o leve e oco, palha e eco. aperfeiçoamento da escrita.
Tudo aquilo que se afirma acerca da eficácia da leitura, ainda
2. que relevante, tornou extensa e cansativa a ideia abordada.
Ora, nesse catar feijão entra um risco: Dessa forma, retificando a oração, poderíamos obter como
o de que entre os grãos pesados entre essencial somente estes dizeres, os quais seguem expressos:
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente. A leitura contribui para o aperfeiçoamento da escrita.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo: Mediante os pressupostos aqui elencados, acreditamos ter
obstrui a leitura fluviante, flutual, contribuído de forma significativa para que você aprimore ainda
açula a atenção, isca-a como o risco. mais suas habilidades no que tange à construção textual. E que,
por meio da reescrita de suas ideias, possa ser hábil em jogar
Poema intitulado “Catar feijão”, parte constituinte do livro fora o leve o oco, assim mesmo como ressalta nosso grande
“Educação pela pedra”, publicado em 1965. mestre, e reelabore seu discurso pautando-se na concretude das
palavras, tornando-as claras, precisas, objetivas.
A comparação ora estabelecida parece casar perfeitamente
diante daquele momento em que as ideias são elencadas. No Fonte: http://portugues.uol.com.br/redacao/reescrita-
entanto, é preciso ser hábil para escolher palavra por palavra, textual.html
de modo a fazer com que o discurso (as orações, os períodos, os
parágrafos) torne-se claro e preciso, atendendo às expectativas ATITUDES NÃO RECOMENDADAS
de nosso interlocutor. Dessa forma, como aqueles grãos que
boiam fora, desnecessários por sinal, algumas palavras também EXPRESSÕES USO RECOMENDADO
parecem não se encaixar, pois por um motivo ou outro acabam CONDENÁVEIS
escapando aos nossos olhos. A nível de / Ao nível Em nível, No nível
O porquê de escaparem? É simples, haja vista que nesse
momento essa habilidade antes mencionada entra em ação e, em Face a / Frente a Ante, Diante, Em face de, Em
meio a esse ínterim, conhecimentos de toda ordem parecem se vista de, Perante
relacionar, sejam eles de ordem ortográfica, semântica, sintática Onde (Quando não Em que, Na qual, Nas quais, No
e, sobretudo, aqueles indispensáveis a todo bom redator: o exprime lugar) qual, Nos quais
conhecimento de mundo.
Dada essa manifestação, é impossível não abordar um Sob um ponto de vista De um ponto de vista
procedimento, tão útil quanto necessário: a reescrita textual. Sob um prisma Por (ou através de) um prisma
Acredite que, por meio dele, você, enquanto emissor, encontrará
os grãos pesados entre um grão qualquer, pedra ou indigesto, um Em função de Em virtude de, Por causa de,
grão imastigável, de quebrar dente. Vale dizer, contudo, que essa Em consequência de, Por, Em
reescrita não deve se dar somente no âmbito de corrigir aqueles razão de
possíveis erros... digamos assim... gramaticais. Importantes eles?
Sim, sem dúvida alguma, mas não são tudo. Cumpre afirmar que Expressões não recomendadas
a reescrita deve ir além, haja vista que nos permite reconhecer - a partir de (a não ser com valor temporal).
aquelas “falhas” que certamente seriam reconhecidas por Opção: com base em, tomando-se por base, valendo-se
outra pessoa, sobretudo em se tratando do “teor”, da “essência” de...
discursiva.
Tendo em vista que a coesão representa um dos principais - através de (para exprimir “meio” ou instrumento).
aspectos na produção textual, muitas vezes, mediante a leitura Opção: por, mediante, por meio de, por intermédio de,
daquilo que escrevemos, constatamos que os parágrafos não se segundo...
encontram assim tão harmoniosamente ligados como deveriam. - devido a.
Às vezes, uma conjunção ali, um advérbio acolá e um pronome Opção: em razão de, em virtude de, graças a, por causa
adiante não se encontram bem distribuídos. Outras vezes, de.
percebemos uma quebra de simetria (revelada pela falta de
paralelismo), em que uma ideia poderia ter sido expressa de - dito.
outra forma. Opção: citado, mencionado.
Assim, de modo a constatar como esse aspecto assimétrico
se manifesta na prática, analise o seguinte enunciado: - enquanto.
A leitura é importante, necessária, útil e traz benefícios a Opção: ao passo que.
todo emissor que deseja aprimorar ainda mais a competência
discursiva. - inclusive (a não ser quando significa incluindo-se).
Inferimos que com o uso de “traz benefícios” houve uma Opção: até, ainda, igualmente, mesmo, também.
quebra de simetria dos adjetivos explicitados (importante,
necessária, útil...). Não que isso seja considerado uma falha de - no sentido de, com vistas a.
grande extensão, mas a ideia ficaria mais clara se outro adjetivo Opção: a fim de, para, com a finalidade de, tendo em vista.
tivesse sido utilizado, justamente para acompanhar o raciocínio
antes firmado, ou seja: - pois (no início da oração).
A leitura é importante, necessária, útil e benéfica a todo Opção: já que, porque, uma vez que, visto que.
emissor que deseja aprimorar ainda mais a competência
discursiva. - principalmente.
Outro aspecto, não menos importante, materializa-se pela Opção: especialmente, sobretudo, em especial, em
“abundância” de orações intercaladas, as quais corroboram particular.
para a extensão da ideia, fazendo com que o interlocutor perca
o “fio da meada” e passe a não entender mais o que se afirma Expressões que demandam atenção
no início da oração. Dessa forma, para que fique um pouco mais - acaso, caso – com se, use acaso; caso rejeita o se

Língua Portuguesa 62
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APOSTILAS OPÇÃO
- aceitado, aceito – com ter e haver, aceitado; com ser e estar, Não utilize provérbios ou ditos populares. Eles empobrecem
aceito a redação e fazem parecer que o autor não tem criatividade ao
- acendido, aceso (formas similares) – idem lançar mão de formas já gastas pelo uso frequente.
- à custa de – e não às custas de
- à medida que – à proporção que, ao mesmo tempo que, - “Todos os deputados são corruptos”.
conforme Evite pensamentos radicais. É recomendável não generali-
- na medida em que – tendo em vista que, uma vez que zar e evitar, assim, posições extremistas.
- a meu ver – e não ao meu ver
- a ponto de – e não ao ponto de - “Bem, acho que - você sabe - não é fácil dizer essas coisas.
- a posteriori, a priori – não tem valor temporal Olhe, acho que ele não vai concordar com a decisão que você to-
- em termos de – modismo; evitar mou, quero dizer, os fatos levam você a isso, mas você sabe - todos
- enquanto que – o que é redundância sabem - ele pensa diferente. É bom a gente pensar como vai fazer
- entre um e outro – entre exige a conjunção e, e não a para, enfim, para ele entender a decisão”.
- implicar em – a regência é direta (sem em) O ato de escrever é diferente do ato de falar. O texto escrito
- ir de encontro a – chocar-se com não deve apresentar marcas de oralidade.
- ir ao encontro de – concordar com
- se não, senão – quando se pode substituir por caso não, - “Mal cheiro”, “mau-humorado”.
separado; quando não se pode, junto Mal opõe-se a bem e mau, a bom. Assim: mau cheiro (bom
- todo mundo – todos cheiro), mal-humorado (bem-humorado). Igualmente: mau hu-
- todo o mundo – o mundo inteiro mor, mal-intencionado, mau jeito, mal-estar.
- não pagamento = hífen somente quando o segundo termo
for substantivo - “Fazem” cinco anos.
- este e isto – referência próxima do falante (a lugar, a tempo Fazer, quando exprime tempo, é impessoal: Faz cinco anos. /
presente; a futuro próximo; ao anunciar e a que se está tratando) Fazia dois séculos. / Fez 15 dias.
- esse e isso – referência longe do falante e perto do ouvinte
(tempo futuro, desejo de distância; tempo passado próximo do - “Houveram” muitos acidentes.
presente, ou distante ao já mencionado e a ênfase). Haver, como existir, também é invariável: Houve muitos
acidentes. / Havia muitas pessoas. / Deve haver muitos casos
Erros Comuns iguais.

- “Hoje ao receber alguns presentes no qual completo vinte - Para “mim” fazer.
anos tenho muitas novidades para contar”. Mim não faz, porque não pode ser sujeito. Assim: Para eu fa-
Uso inadequado do pronome relativo. Ele provoca falta de zer, para eu dizer, para eu trazer.
coesão, pois não consegue perceber a que antecedente ele se re-
fere, portanto nada conecta e produz relação absurda. - Entre “eu” e você.
Depois de preposição, usa-se mim ou ti: Entre mim e você. /
- “Ainda brincava de boneca quando conheci Davi, piloto de Entre eles e ti.
cart, moreno, 20 anos, com olhos cor de mel. “Tudo começou na-
quele baile de quinze anos”, “... é aos dezoito anos que se começa - “Há” dez anos “atrás”.
a procurar o caminho do amanhã e encontrar as perspectiva que Há e atrás indicam passado na frase. Use apenas há dez anos
nos acompanham para sempre na estrada da vida”. ou dez anos atrás.
Você pode ter conhecimento do vocabulário e das regras
gramaticais e, assim, construir um texto sem erros. Entretanto, - “Entrar dentro”.
se você reproduz sem nenhuma crítica ou reflexão expressões Problema de redundância. O certo seria: entrar em.
gastas, vulgarizadas pelo uso contínuo. A boa qualidade do texto Veja outras redundâncias: Sair fora ou para fora, elo de liga-
fica comprometida. ção, monopólio exclusivo, já não há mais, ganhar grátis, viúva do
falecido.
- Tema: Para você, as experiências genéticas de clonagem
põem em xeque todos os conceitos humanos sobre Deus e a - Vai assistir “o” jogo hoje.
vida? “Bem a clonagem não é tudo, mas na vida tudo tem o seu Assistir como presenciar exige a: Vai assistir ao jogo, à missa,
valor e os homens a todo momento necessitam de descobrir todos à sessão.
os mistérios da vida que nos cerca a todo instante”. Outros verbos com a: A medida não agradou (desagradou)
É de extrema importância seguir o que foi proposto no tema. à população. / Eles obedeceram (desobedeceram) aos avisos. /
Antes de começar o texto leia atentamente todos os elementos Aspirava ao cargo de diretor. / Pagou ao amigo. / Respondeu à
que o examinador apresentou. Esquematize as ideias e perceba carta. / Sucedeu ao pai. / Visava aos estudantes.
se não há falta de correspondência entre o tema proposto e o
texto criado. - Preferia ir “do que” ficar.
Prefere-se sempre uma coisa a outra: Preferia ir a ficar. É
- “Uma biópsia do tumor retirado do fígado do meu primo (...) preferível segue a mesma norma: É preferível lutar a morrer
mostrou que ele não era maligno”. sem glória.
Esta frase está ambígua. Não se sabe se o pronome ele refere-
-se ao fígado ou ao primo. Para se evitar a ambiguidade, deve-se - Não há regra sem “excessão”.
observar se a relação entre cada palavra do texto está correta. O certo é exceção.
Veja outras grafias erradas e, entre parênteses, a forma
- “Ele me tratava como uma criança, mas eu era apenas uma correta: “paralizar” (paralisar), “beneficiente” (beneficente),
criança”. “xuxu” (chuchu), “previlégio” (privilégio), “vultuoso” (vultoso),
Problema com o uso do conectivo “mas”. O conectivo mas indi- “cincoenta” (cinquenta), “zuar” (zoar), “frustado” (frustrado),
ca uma circunstância de oposição, de ideia contrária a. Portanto, “calcáreo” (calcário), “advinhar” (adivinhar), “benvindo” (bem-
a relação adversativa introduzida pelo “mas” no fragmento aci- -vindo), “ascenção” (ascensão), “pixar” (pichar), “impecilho”
ma produz uma ideia absurda. (empecilho), “envólucro” (invólucro).

- “Entretanto, como já diziam os sábios: depois da tempestade - Comprei “ele” para você.
sempre vem a bonança. Após longo suplício, meu coração apazi- Eu, tu, ele, nós, vós e eles não podem ser objeto direto. As-
guava as tormentas e a sensatez me mostrava que só estaríamos sim: Comprei-o para você. Também: Deixe-os sair, mandou-nos
separadas carnalmente”. entrar, viu-a, mandou-me.

Língua Portuguesa 63
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APOSTILAS OPÇÃO
- “Aluga-se” casas. - Tinha “chego” atrasado.
O verbo concorda com o sujeito: Alugam-se casas. / Fazem- “Chego” não existe. O certo: Tinha chegado atrasado.
-se consertos. / É assim que se evitam acidentes. / Compram-se
terrenos. / Procuram-se empregados. - Queria namorar “com” o colega.
- Chegou “em” São Paulo. O com não existe: Queria namorar o colega.
Verbos de movimento exigem a, e não em: Chegou a São Pau-
lo. / Vai amanhã ao cinema. / Levou os filhos ao circo. - O processo deu entrada “junto ao” STF.
Processo dá entrada no STF
- Todos somos “cidadões”.
O plural de cidadão é cidadãos. Veja outros: caracteres (de - As pessoas “esperavam-o”.
caráter), juniores, seniores, escrivães, tabeliães, gângsteres. Quando o verbo termina em m, ão ou õe, os pronomes o, a, os
e as tomam a forma no, na, nos e nas: As pessoas esperavam-no.
- A última “seção” de cinema. / Dão-nos, convidam-na, põe-nos, impõem-nos.
Seção significa divisão, repartição, e sessão equivale a tempo
de uma reunião, função: Seção Eleitoral, Seção de Esportes, se- - Vocês “fariam-lhe” um favor?
ção de brinquedos; sessão de cinema, sessão de pancadas, ses- Não se usa pronome átono (me, te, se, lhe, nos, vos, lhes) de-
são do Congresso. pois de futuro do presente, futuro do pretérito (antigo condicio-
nal) ou particípio. Assim: Vocês lhe fariam (ou far-lhe-iam) um
- Vendeu “uma” grama de ouro. favor? / Ele se imporá pelos conhecimentos (e nunca “imporá-
Grama, peso, é palavra masculina: um grama de ouro, vitami- -se”). / Os amigos nos darão (e não “darão-nos”) um presente. /
na C de dois gramas. Tendo-me formado (e nunca tendo “formado-me”).

- “Porisso”. - Chegou “a” duas horas e partirá daqui “há” cinco minutos.
Duas palavras, por isso, como de repente e a partir de Há indica passado e equivale a faz, enquanto a exprime dis-
tância ou tempo futuro (não pode ser substituído por faz): Che-
- Não viu “qualquer” risco. gou há (faz) duas horas e partirá daqui a (tempo futuro) cinco
Deve-se usar “nenhum”, e não “qualquer. minutos. / O atirador estava a (distância) pouco menos de 12
Não viu nenhum risco. / Ninguém lhe fez nenhum reparo. / metros. / Ele partiu há (faz) pouco menos de dez dias.
Nunca promoveu nenhuma confusão.
- Estávamos “em” quatro à mesa.
- A feira “inicia” amanhã. O “em” não existe: Estávamos quatro à mesa. / Éramos seis.
Alguma coisa se inicia, se inaugura: A feira inicia-se (inaugu- / Ficamos cinco na sala.
ra-se) amanhã.
- Sentou “na” mesa para comer.
- O peixe tem muito “espinho”. Sentar-se (ou sentar) em é sentar-se em cima de. Veja o cer-
Peixe tem espinha. to: Sentou-se à mesa para comer. / Sentou ao piano, à máquina,
Veja outras confusões desse tipo: O “fuzil” (fusível) queimou. ao computador.
/ Casa “germinada” (geminada), “ciclo” (círculo) vicioso, “cabe-
çário” (cabeçalho). - Ficou contente “por causa que” ninguém se feriu.
A locução não existe. Use porque: Ficou contente porque nin-
- Não sabiam «aonde» ele estava. guém se feriu.
O certo: Não sabiam onde ele estava.
Aonde se usa com verbos de movimento, apenas: Não sei - O time empatou “em” 2 a 2.
aonde ele quer chegar. / Aonde vamos? A preposição é “por”: O time empatou por 2 a 2. Repare que
ele ganha por e perde por. Da mesma forma: empate por.
- “Obrigado”, disse a moça.
Obrigado concorda com a pessoa: “Obrigada”, disse a moça. / - Não queria que “receiassem” a sua companhia.
Obrigado pela atenção. / Muito obrigados por tudo. O i não existe: Não queria que receassem a sua companhia.
- Ela era “meia” louca. Da mesma forma: passeemos, enfearam, ceaste, receeis (só exis-
Meio, advérbio, não varia: meio louca, meio esperta, meio te i quando o acento cai no e que precede a terminação ear: re-
amiga. ceiem, passeias, enfeiam).

- “Fica” você comigo. - Eles “tem” razão.


Fica é imperativo do pronome tu. Para a 3.ª pessoa, o certo No plural, têm é com acento. Tem é a forma do singular. O
é fique: Fique você comigo. / Venha pra Caixa você também. / mesmo ocorre com vem e vêm e põe e põem: Ele tem, eles têm;
Chegue aqui. ele vem, eles vêm; ele põe, eles põem.

- A questão não tem nada «haver» com você. - Acordos “políticos-partidários”. Nos adjetivos compostos,
A questão, na verdade, não tem nada a ver ou nada que ver. só o último elemento varia: acordos político-partidários. Ou-
Da mesma forma: Tem tudo a ver com você. tros exemplos: Bandeiras verde-amarelas, medidas econômico-
-financeiras, partidos social-democratas.
- Vou “emprestar” dele.
Emprestar é ceder, e não tomar por empréstimo: Vou pegar - Andou por “todo” país.
o livro emprestado. Ou: Vou emprestar o livro (ceder) ao meu Todo o (ou a) é que significa inteiro: Andou por todo o país
irmão. (pelo país inteiro). / Toda a tripulação (a tripulação inteira) foi
Repare nesta concordância: Pediu emprestadas duas malas. demitida.
Sem o, todo quer dizer cada, qualquer: Todo homem (cada
- Ele foi um dos que “chegou” antes. homem) é mortal. / Toda nação (qualquer nação) tem inimigos.
Um dos que faz a concordância no plural: Ele foi um dos que
chegaram antes (dos que chegaram antes, ele foi um). / Era um - “Todos” amigos o elogiavam.
dos que sempre vibravam com a vitória. No plural, todos exige os: Todos os amigos o elogiavam. / Era
difícil apontar todas as contradições do texto.
- “Cerca de 18” pessoas o saudaram. Cerca de indica arredon-
damento e não pode aparecer com números exatos: Cerca de 20 - Ela “mesmo” arrumou a sala.
pessoas o saudaram. “Mesmo” é variável: Ela mesma (própria) arrumou a sala. /

Língua Portuguesa 64
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APOSTILAS OPÇÃO
As vítimas mesmas recorreram à polícia. A expressão é “haja vista” e não varia: Haja vista seu empe-
nho. / Haja vista seus esforços. / Haja vista suas críticas.
- Chamei-o e “o mesmo” não atendeu.
Não se pode empregar o mesmo no lugar de pronome ou - A moça “que ele gosta”.
substantivo: Chamei-o e ele não atendeu. / Os funcionários pú- Quem gosta, gosta de, o certo é: A moça de que ele gosta
blicos reuniram-se hoje: amanhã o país conhecerá a decisão dos
servidores (e não “dos mesmos”). - É hora “dele” chegar.
Não se deve fazer a contração da preposição com artigo ou
- Vou sair “essa” noite. pronome, nos casos seguidos de infinitivo: É hora de ele chegar.
É este que designa o tempo no qual se está o objeto próximo: / Apesar de o amigo tê-lo convidado. / Depois de esses fatos te-
Esta noite, esta semana (a semana em que se está), este dia, este rem ocorrido.
jornal (o jornal que estou lendo), este século (o século 20).
- A festa começa às 8 “hrs.”.
- A temperatura chegou a 0 “graus”. Zero indica singular sem- As abreviaturas do sistema métrico decimal não têm plural
pre: Zero grau, zero-quilômetro, zero hora. nem ponto. Assim: 8 h, 2 km (e não “kms.”), 5 m, 10 kg.

- Comeu frango “ao invés de” peixe. - “Dado” os índices das pesquisas...
Em vez de indica substituição: Comeu frango em vez de pei- A concordância é normal: Dados os índices das pesquisas... /
xe. Dado o resultado... / Dadas as suas ideias...
Ao invés de significa apenas ao contrário: Ao invés de entrar,
saiu. - Ficou “sobre” a mira do assaltante.
Sob é que significa debaixo de: Ficou sob a mira do assaltan-
- Se eu “ver” você por aí... te. / Escondeu-se sob a cama.
O certo é: Se eu vir, revir, previr. Da mesma forma: Se eu vier Sobre equivale a em cima de ou a respeito de: Estava sobre
(de vir); se eu tiver (de ter); se ele puser (de pôr); se ele fizer (de o telhado. / Falou sobre a inflação. E lembre-se: O animal ou o
fazer); se nós dissermos (de dizer). piano têm cauda e o doce, calda. Da mesma forma, alguém traz
alguma coisa e alguém vai para trás.
- Evite que a bomba “expluda”. Explodir só tem as pessoas em
que depois do “d” vêm “e” e “i”: Explode, explodiram, etc. Portan- - “Ao meu ver”. Não existe artigo nessas expressões: A meu
to, não escreva nem fale “exploda” ou “expluda”, ver, a seu ver, a nosso ver.

- Disse o que “quiz”. Norma Culta e Língua-Padrão


Não existe z, mas apenas s, nas pessoas de querer e pôr: Quis,
quisesse, quiseram, quiséssemos; pôs, pus, pusesse, puseram, De acordo com M. T. Piacentini, mesmo que não se mencione
puséssemos. terminologia específica, é evidente que se lida no dia-a-dia com
níveis diferentes de fala e escrita. É também verdade que as
- O homem “possue” muitos bens. pessoas querem “falar e escrever melhor”, querem dominar a
O certo: O homem possui muitos bens. Verbos em uir só têm língua dita culta, a correta, a ideal, não importa o nome que se
a terminação ui: Inclui, atribui, polui. Verbos em uar é que admi- lhe dê.
tem ue: Continue, recue, atue, atenue. O padrão de língua ideal a que as pessoas querem chegar é
aquele convencionalmente utilizado nas instâncias públicas de
- A tese “onde”. uso da linguagem, como livros, revistas, documentos, jornais,
Onde só pode ser usado para lugar: A casa onde ele mora. / textos científicos e publicações oficiais; em suma, é a que circula
Veja o jardim onde as crianças brincam. Nos demais casos, use nos meios de comunicação, no âmbito oficial, nas esferas de
em que: A tese em que ele defende essa ideia. / O livro em que... pesquisa e trabalhos acadêmicos.
/ A faixa em que ele canta... / Na entrevista em que...
- Já “foi comunicado” da decisão. Não obstante, os linguistas entendem haver uma língua
Uma decisão é comunicada, mas ninguém “é comunicado” circulante que é correta mas diferente da língua ideal e
de alguma coisa. Assim: Já foi informado (cientificado, avisado) imaginária, fixada nas fórmulas e sistematizações da gramática.
da decisão. Outra forma errada: A diretoria “comunicou” os em- Eles fazem, pois, uma distinção entre o real e o ideal: a língua
pregados da decisão. Opções corretas: A diretoria comunicou a concreta com todas suas variedades de um lado, e de outro um
decisão aos empregados. / A decisão foi comunicada aos empre- padrão ou modelo abstrato do que é “bom” e “correto”, o que
gados. conformaria, no seu entender, uma língua artificial, situada num
nível hipotético.
- A modelo “pousou” o dia todo. Para os cientistas da língua, portanto, fica claro que há
Modelo posa (de pose). Quem pousa é ave, avião, viajante, dois estratos diferenciados: um praticamente intangível,
etc. representado nas normas preconizadas pela gramática
tradicional, que comporta as irregularidades e excrescências da
- Espero que “viagem” hoje. língua, e outro concreto, o utilizado pelos falantes cultos, qual
Viagem, com g, é o substantivo: Minha viagem. A forma ver- seja, a “linguagem concretamente empregada pelos cidadãos
bal é viajem (de viajar). que pertencem aos segmentos mais favorecidos da nossa
Evite também “comprimentar” alguém: de cumprimento população”, segundo Marcos Bagno.
(saudação), só pode resultar cumprimentar. Comprimento é ex- Convém esclarecer que para a ciência sociolinguística
tensão. Igualmente: Comprido (extenso) e cumprido (concreti- somente a pessoa que tiver formação universitária completa
zado). será caracterizada como falante culto(urbano).
Sendo assim, como são presumivelmente cultos os sujeitos
- O pai “sequer” foi avisado. que produzem os jornais, a documentação oficial, os trabalhos
Sequer deve ser usado com negativa: O pai nem sequer foi científicos, só pode ser culta a sua linguagem, mesmo que a
avisado. / Partiu sem sequer nos avisar. língua que tais pessoas falam e os textos que produzem nem
sempre se coadunem com as regras rígidas impostas pela
- O fato passou “desapercebido”. gramática normativa, divulgada na escola e em outras instâncias
Na verdade, o fato passou despercebido, não foi notado. De- (de repressão linguística) como o vestibular.
sapercebido significa desprevenido. Isso é o que pensam os linguistas. E o povo – saberá ele fazer
a distinção entre as duas modalidades e os dois termos que as
- “Haja visto” seu empenho... descrevem?

Língua Portuguesa 65
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APOSTILAS OPÇÃO
Para os linguistas, a língua-padrão se estriba nas normas Norma. No primeiro caso, ela é entendida como um fator de
e convenções agregadas num corpo chamado de gramática coesão social. No segundo, corresponde concretamente aos
tradicional e que tem a veleidade de servir de modelo de usos e aspirações da classe social de prestígio. Num sentido
correção para toda e qualquer forma de expressão linguística. amplo, a norma corresponde à necessidade que um grupo
Querer que todos falem e escrevam da mesma forma e de social experimenta de defender seu veículo de comunicação das
acordo com padrões gramaticais rígidos é esquecer-se que não alterações que poderiam advir no momento do seu aprendizado.
pode haver homogeneidade quando o mundo real apresenta Num sentido restrito, a Norma corresponde aos usos e atitudes
uma heterogeneidade de comportamentos linguísticos, todos de determinado seguimento da sociedade, precisamente aquele
igualmente corretos (não se pode associar “correto” somente a que desfruta de prestígio dentro da Nação, em virtude de razões
culto). políticas, econômicas e culturais. Segundo Lucchesi considera-
Em suma: há uma realidade heterogênea que, por abrigar se que a realidade linguística brasileira deve ser entendida como
diferenças de uso que refletem a dinâmica social, exclui a um contínuo de normas, dentro do quadro de bipolarização do
possibilidade de imposição ou adoção como única de uma Português do Brasil.
língua-modelo baseada na gramática tradicional, a qual, por sua A existência da civilização dá-se com o surgimento da
vez, está ancorada nos grandes escritores da língua, sobretudo escrita. Suas regras são pautadas a partir da Norma Culta. Sendo
os clássicos , sendo pois conservadora. E justamente por se valer esta importante nos documentos formais que exigem a correta
de escritores é que as prescrições gramaticais se impõem mais expressão do Português para que não haja mal entendido algum.
na escrita do que na fala. Ela nada mais é do que a modalidade linguística escolhida pela
“ A cultura escrita, associada ao poder social , desencadeou elite de uma sociedade como modelo de comunicação escrita e
também, ao longo da história, um processo fortemente unificador verbal.
(que vai alcançar basicamente as atividades verbais escritas), A Norma Culta é uma expressão empregada pelos linguistas
que visou e visa uma relativa estabilização linguística, buscando brasileiros para designar o conjunto de variantes linguísticas
neutralizar a variação e controlar a mudança. Ao resultado desse efetivamente faladas, na vida cotidiana pelos falantes cultos,
processo, a esta norma estabilizada, costumamos dar o nome de sendo assim classificando os cidadãos nascidos e criados em
norma-padrão ou língua-padrão” (Faraco, Carlos Alberto). zonas urbanas e com grau de instrução superior completo.
Aryon Rodrigues entra na discussão: “Frequentemente o “Fundamentam-se as regras da Gramática Normativa nas obras
padrão ideal é uma regra de comportamento para a qual tendem dos grandes escritores, em cuja linguagem a classe ilustrada põe
os membros da sociedade, mas que nem todos cumprem, ou não o seu ideal de perfeição, porque nela é que se espelha o que o uso
cumprem integralmente”. Mais adiante, ao se referir à escola, ele idiomático e consagrou”. (ROCHA LIMA).
professa que nem mesmo os professores de Língua Portuguesa Dentre as características que são pertinentes à Norma Culta
escapam a esse destino: “Comumente, entretanto, o mesmo podemos citar que é: a variante de maior prestígio social na
professor que ensina essa gramática não consegue observá-la comunidade, sendo realizada com certa uniformidade pelos
em sua própria fala nem mesmo na comunicação dentro de seu membros do grupo social de padrão cultural mais elevado;
grupo profissional ”. cumpre o papel de impedir a fragmentação dialetal; ensinada
Vamos ilustrar os argumentos acima expostos. Não há pela escola; usada na escrita em gêneros discursivos em que há
brasileiro – nem mesmo professores de português – que não fale maior formalidade aproximando-a dos padrões da prescrição da
assim: gramática tradicional; a mais empregada na literatura e também
– Me conta como foi o fim de semana… pelas pessoas cultas em diferentes situações de formalidade;
– Te enganaram, com certeza! indicada precisamente nas marcas de gênero, número e pessoa;
– Me explica uma coisa: você largou o emprego ou foi usada em todas as pessoas verbais, com exceção, talvez, da 2ª
mandado embora? do plural, sendo utilizada principalmente na linguagem dos
sermões; empregada em todos os modos verbais em relação
Ou mesmo assim: verbal de tempos e modos; possuindo uma enorme riqueza
– Tive que levar os gatos, pois encontrei eles bem de construção sintática, além de uma maior utilização da
machucados. voz passiva; grande o emprego de preposições nas regências
– Conheço ela há muito tempo – é ótima menina. aproveitando a organização gramatical cuidada da frase.
– Acho que já lhe conheço, rapaz. De modo geral, um falante culto, em situação comunicativa
formal, buscará seguir as regras da norma explícita de sua
Então, se os falantes cultos, aquelas pessoas que têm acesso língua e ainda procurará seguir, no que diz respeito ao léxico,
às regras padronizadas, incutidas no processo de escolarização, um repertório que, se não for erudito, também não será vulgar.
se exprimem desse modo, essa é a norma culta. Já as formas Isso configura o que se entende por norma culta. A Norma
propugnadas pela gramática tradicional e que provavelmente só Padrão está vinculada a uma língua modelo. Segue prescrições
se encontrariam na escrita (conta-me como foi /enganaram-te / representadas na gramática, mas é marcada pela língua
explica-me uma coisa / pois os encontrei / conheço-a há tempos produzida em certo momento da história e em uma determinada
/ acho que já o conheço) configuram a norma-padrão ou língua- sociedade. Como a língua está em constante mudança, diferentes
padrão. formas de linguagem que hoje não são consideradas pela Norma
Se para os cientistas da língua, portanto, existe uma Padrão, com o tempo podem vir a se legitimar.
polarização entre a norma-padrão (também denominada Dentro da Norma Padrão define-se um modelo de língua
“norma canônica” por alguns linguistas) e o conjunto das idealizada prescrito pelas gramáticas normativas, como sendo
variedades existentes no Brasil, aí incluída a norma culta, no uma receita que nenhum usuário da língua emprega na fala e
senso comum não se faz distinção entre padrão e culta. Para os raramente utiliza na escrita. Sendo também uma referência
leigos, a população em geral, toda forma elevada de linguagem, para os falantes da Norma Culta, mas não passam de um ideal
que se aproxime dos padrões de prestígio social, configura a a ser alcançado, pois é um padrão extremamente enriquecido
norma culta. de língua. Assim, as gramáticas tradicionais descrevem a Norma
Padrão, não refletindo o uso que se faz realmente do Português
Norma culta, norma padrão e norma popular no Brasil.
Marcos Bagno propõe, como alternativa, uma triangulação:
A Norma é um uso linguístico concreto e corresponde ao onde a Norma Popular teria menos prestígio opondo-se à Norma
dialeto social praticado pela classe de prestígio, representando Culta mais prestigiada, e a Norma Padrão se eleva sobre as duas
a atitude que o falante assume em face da norma objetiva. A anteriores servindo como um ideal imaginário e inatingível.
normatização não existe por razões apenas linguísticas, mas A Norma Padrão subdivide-se em: Formal e Coloquial. A
também culturais, econômicas, sociais, ou seja, a Norma na Padrão Formal é o modelo culto utilizado na escrita, que segue
língua origina-se de fatores que envolvem diferenças de classes, rigidamente as regras gramaticais.
poder, acesso a educação escrita, e não da qualidade da forma Essa linguagem é mais elaborada, tanto porque o falante
da língua. Há um conceito amplo e um conceito estreito de tem mais tempo para se pronunciar de forma refletida como

Língua Portuguesa 66
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porque é supervalorizada na nossa cultura. É a história do vale o - Oposição e antítese.
que está escrito. Já a Padrão Coloquial é a versão oral da língua O fato linguístico de existirem sinônimos chama-se sinonímia,
culta e, por ser mais livre e espontânea, tem um pouco mais de palavra que também designa o emprego de sinônimos.
liberdade e está menos presa à rigidez das regras gramaticais.
Entretanto, a margem de afastamento dessas regras é estreita e, Antônimos: são palavras de significação oposta. Exemplos:
- Ordem e anarquia.
embora exista, a permissividade com relação às transgressões é - Soberba e humildade.
pequena. - Louvar e censurar.
Assim, na linguagem coloquial, admitem-se sem grandes - Mal e bem.
traumas, construções como: ainda não vi ele; me passe o
arroz e não te falei que você iria conseguir?. Inadmissíveis na A antonímia pode originar-se de um prefixo de sentido
língua escrita. O falante culto, de modo geral, tem consciência oposto ou negativo. Exemplos: Bendizer/maldizer, simpático/
dessa distinção e ao mesmo tempo em que usa naturalmente antipático, progredir/regredir, concórdia/discórdia, explícito/
as construções acima na comunicação oral, evita-as na escrita. implícito, ativo/inativo, esperar/desesperar, comunista/
Contudo, como se disse, não são muitos os desvios admitidos anticomunista, simétrico/assimétrico, pré-nupcial/pós-nupcial.
e muitas formas peculiares da Norma Popular são condenadas Homônimos: são palavras que têm a mesma pronúncia, e às
mesmo na linguagem oral. A Norma Popular é aquela linguagem vezes a mesma grafia, mas significação diferente. Exemplos:
que não é formal, ou seja, não segue padrões rígidos, é a - São (sadio), são (forma do verbo ser) e são (santo).
linguagem popular, falada no cotidiano. - Aço (substantivo) e asso (verbo).
O nível popular está associado à simplicidade da utilização Só o contexto é que determina a significação dos homônimos.
linguística em termos lexicais, fonéticos, sintáticos e semânticos. A homonímia pode ser causa de ambiguidade, por isso é
Esta decorrerá da espontaneidade própria do discurso oral e da considerada uma deficiência dos idiomas.
natural economia linguística. É utilizado em contextos informais. O que chama a atenção nos homônimos é o seu aspecto
Dentre as características da Norma Popular podemos fônico (som) e o gráfico (grafia). Daí serem divididos em:
destacar: economia nas marcas de gênero, número e pessoa; Homógrafos Heterofônicos: iguais na escrita e diferentes
redução das pessoas gramaticais do verbo; mistura da 2ª com no timbre ou na intensidade das vogais.
a 3ª pessoa do singular; uso intenso da expressão a gente em - Rego (substantivo) e rego (verbo).
lugar de eu e nós; redução dos tempos da conjugação verbal e de - Colher (verbo) e colher (substantivo).
certas pessoas, como a perda quase total do futuro do presente - Jogo (substantivo) e jogo (verbo).
e do pretérito-mais-que-perfeito no indicativo; do presente do - Apoio (verbo) e apoio (substantivo).
subjuntivo; do infinitivo pessoal; falta de correlação verbal entre - Para (verbo parar) e para (preposição).
os tempos; redução do processo subordinativo em benefício da - Providência (substantivo) e providencia (verbo).
frase simples e da coordenação; maior emprego da voz ativa - Às (substantivo), às (contração) e as (artigo).
em lugar da passiva; predomínio das regências verbais diretas; - Pelo (substantivo), pelo (verbo) e pelo (contração de
simplificação gramatical da frase; emprego dos pronomes per+o).
pessoais retos como objetos.
Na visão de Preti, os falantes cultos “até em situação de Homófonos Heterográficos: iguais na pronúncia e
gravação consciente revelaram uma linguagem que, em geral, diferentes na escrita.
também pertence a falantes comuns”. Sendo mais espontânea e - Acender (atear, pôr fogo) e ascender (subir).
criativa, a Norma Popular se afigura mais expressiva e dinâmica. - Concertar (harmonizar) e consertar (reparar, emendar).
Temos, assim, alguns exemplos: estou preocupado (Norma - Concerto (harmonia, sessão musical) e conserto (ato de
Culta); to preocupado (Norma Popular); to grilado (gíria, limite consertar).
da Norma Popular). - Cegar (tornar cego) e segar (cortar, ceifar).
Não basta conhecer apenas uma modalidade de língua; urge - Apreçar (determinar o preço, avaliar) e apressar (acelerar).
conhecer a língua popular, captando-lhe a espontaneidade, - Cela (pequeno quarto), sela (arreio) e sela (verbo selar).
expressividade e enorme criatividade para viver, necessitando - Censo (recenseamento) e senso (juízo).
conhecer a língua culta para conviver. - Cerrar (fechar) e serrar (cortar).
Fonte:https://centraldefavoritos.wordpress. - Paço (palácio) e passo (andar).
com/2011/07/22/norma-padrao-e-nao-padrao/(Adaptado) - Hera (trepadeira) e era (época), era (verbo).
- Caça (ato de caçar), cassa (tecido) e cassa (verbo cassar =
Significação das palavras anular).
- Cessão (ato de ceder), seção (divisão, repartição) e sessão
Na língua portuguesa, uma PALAVRA (do latim parabola, que (tempo de uma reunião ou espetáculo).
por sua vez deriva do grego parabolé) pode ser definida como
sendo um conjunto de letras ou sons de uma língua, juntamente Homófonos Homográficos: iguais na escrita e na pronúncia.
com a ideia associada a este conjunto.
- Caminhada (substantivo), caminhada (verbo).
Sinônimos: são palavras de sentido igual ou aproximado. - Cedo (verbo), cedo (advérbio).
Exemplo: - Somem (verbo somar), somem (verbo sumir).
- Alfabeto, abecedário. - Livre (adjetivo), livre (verbo livrar).
- Brado, grito, clamor. - Pomos (substantivo), pomos (verbo pôr).
- Extinguir, apagar, abolir, suprimir. - Alude (avalancha), alude (verbo aludir).
- Justo, certo, exato, reto, íntegro, imparcial.
Na maioria das vezes não é indiferente usar um sinônimo Parônimos: são palavras parecidas na escrita e na
pelo outro. Embora irmanados pelo sentido comum, os pronúncia: Coro e couro, cesta e sesta, eminente e iminente,
sinônimos diferenciam-se, entretanto, uns dos outros, por
matizes de significação e certas propriedades que o escritor não tetânico e titânico, atoar e atuar, degradar e degredar, cético e
pode desconhecer. Com efeito, estes têm sentido mais amplo, séptico, prescrever e proscrever, descrição e discrição, infligir
aqueles, mais restrito (animal e quadrúpede); uns são próprios (aplicar) e infringir (transgredir), osso e ouço, sede (vontade
da fala corrente, desataviada, vulgar, outros, ao invés, pertencem de beber) e cede (verbo ceder), comprimento e cumprimento,
à esfera da linguagem culta, literária, científica ou poética deferir (conceder, dar deferimento) e diferir (ser diferente,
(orador e tribuno, oculista e oftalmologista, cinzento e cinéreo). divergir, adiar), ratificar (confirmar) e retificar (tornar reto,
A contribuição Greco-latina é responsável pela existência, corrigir), vultoso (volumoso, muito grande: soma vultosa) e
em nossa língua, de numerosos pares de sinônimos. Exemplos: vultuoso (congestionado: rosto vultuoso).
- Adversário e antagonista.
- Translúcido e diáfano.
- Semicírculo e hemiciclo. Polissemia: Uma palavra pode ter mais de uma significação.
- Contraveneno e antídoto. A esse fato linguístico dá-se o nome de polissemia. Exemplos:
- Moral e ética. - Mangueira: tubo de borracha ou plástico para regar as
- Colóquio e diálogo. plantas ou apagar incêndios; árvore frutífera; grande curral de
- Transformação e metamorfose. gado.

Língua Portuguesa 67
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- Pena: pluma, peça de metal para escrever; punição; dó. precisam ter a habilidade de identificar e estimar parâmetros,
- Velar: cobrir com véu, ocultar, vigiar, cuidar, relativo ao véu aprender a extrair informações relevantes de um conjunto finito
do palato. de observações e reconhecer a organização geral da rede de que
Podemos citar ainda, como exemplos de palavras participam.
polissêmicas, o verbo dar e os substantivos linha e ponto, que O fluxo de informação que percorre as artérias das redes
têm dezenas de acepções. sociais é um poderoso fármaco viciante. Um dos neologismos
recentes vinculados à dependência cada vez maior dos jovens
Sentido Próprio e Figurado das Palavras a esses dispositivos é a “nomobofobia” (ou “pavor de ficar sem
Pela própria definição acima destacada podemos perceber conexão no telefone celular”), descrito como a ansiedade e o
sentimento de pânico experimentados por um número crescente
que a palavra é composta por duas partes, uma delas relacionada
de pessoas quando acaba a bateria do dispositivo móvel ou
a sua forma escrita e os seus sons (denominada significante) e a quando ficam sem conexão com a Internet. Essa informação,
outra relacionada ao que ela (palavra) expressa, ao conceito que como toda nova droga, ao embotar a razão e abrir os poros da
ela traz (denominada significado). sensibilidade, pode tanto ser um remédio quanto um veneno
Em relação ao seu SIGNIFICADO as palavras subdividem-se para o espírito.
assim: (Vinicius Romanini, Tudo azul no universo das redes.
- Sentido Próprio - é o sentido literal, ou seja, o sentido comum Revista USP, no 92. Adaptado)
que costumamos dar a uma palavra.
- Sentido Figurado -  é o sentido  “simbólico”,  “figurado”, que As expressões destacadas nos trechos –  meter o bedelho
podemos dar a uma palavra. / estimar  parâmetros / embotar a razão – têm sinônimos
Vamos analisar a palavra  cobra utilizada em diferentes adequados respectivamente em:
contextos: a) procurar / gostar de / ilustrar
1. A cobra picou o menino. (cobra = tipo de réptil peçonhento) b) imiscuir-se / avaliar / enfraquecer
2. A sogra dele é uma cobra. (cobra = pessoa desagradável, que c) interferir / propor / embrutecer
adota condutas pouco apreciáveis) d) intrometer-se / prezar / esclarecer
3. O cara é cobra em Física! (cobra = pessoa que conhece muito e) contrapor-se / consolidar / iluminar
sobre alguma coisa, “expert”)
No item 1 aplica-se o termo cobra em seu sentido comum 02. A entrada dos prisioneiros foi comovedora (...) Os
(ou literal); nos itens 2 e 3 o termo cobra é aplicado em sentido combatentes contemplavam-nos entristecidos. Surpreendiam-
se; comoviam-se. O arraial, in extremis, punhalhes adiante,
figurado.
naquele armistício transitório, uma legião desarmada,
Podemos então concluir que um mesmo significante (parte mutilada faminta e claudicante, num assalto mais duro que o
concreta) pode ter vários significados (conceitos). das trincheiras em fogo. Custava-lhes admitir que toda aquela
gente inútil e frágil saísse tão numerosa ainda dos casebres
Fonte: bombardeados durante três meses. Contemplando-lhes os
http://www.tecnolegis.com/estudo-dirigido/oficial-de-justica-tjm- rostos baços, os arcabouços esmirrados e sujos, cujos molambos
sp/lingua-portuguesa-sentido-proprio-e-figurado-das-palavras.html em tiras não encobriam lanhos, escaras e escalavros – a vitória
tão longamente apetecida decaía de súbito. Repugnava aquele
Denotação e Conotação triunfo. Envergonhava. Era, com efeito, contraproducente
- Denotação: verifica-se quando utilizamos a palavra com o compensação a tão luxuosos gastos de combates, de reveses e de
seu significado primitivo e original, com o sentido do dicionário; milhares de vidas, o apresamento daquela caqueirada humana –
usada de modo automatizado; linguagem comum. Veja este do mesmo passo angulhenta e sinistra, entre trágica e imunda,
exemplo: passando-lhes pelos olhos, num longo enxurro de carcaças e
Cortaram as asas da ave para que não voasse mais. molambos...
Nem um rosto viril, nem um braço capaz de suspender
Aqui a palavra em destaque é utilizada em seu sentido uma arma, nem um peito resfolegante de campeador domado:
próprio, comum, usual, literal. mulheres, sem-número de mulheres, velhas espectrais,
- DICA - Procure associar Denotação com Dicionário: trata- moças envelhecidas, velhas e moças indistintas na mesma
se de definição literal, quando o termo é utilizado em seu sentido fealdade, escaveiradas e sujas, filhos escanchados nos quadris
desnalgados, filhos encarapitados às costas, filhos suspensos
dicionarístico.
aos peitos murchos, filhos arrastados pelos braços, passando;
- Conotação: verifica-se quando utilizamos a palavra com o crianças, sem-número de crianças; velhos, sem-número de
seu significado secundário, com o sentido amplo (ou simbólico); velhos; raros homens, enfermos opilados, faces túmidas e
usada de modo criativo, figurado, numa linguagem rica e mortas, de cera, bustos dobrados, andar cambaleante.
expressiva. Veja este exemplo:
Seria aconselhável cortar as asas deste menino, antes que (CUNHA, Euclides da. Os sertões: campanha de Canudos.
seja tarde mais. Edição Especial. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1980.)
Já neste caso o termo (asas) é empregado de forma figurada,
fazendo alusão à ideia de restrição e/ou controle de ações; Em qual das alternativas abaixo NÃO há um par de sinônimos?
disciplina, limitação de conduta e comportamento. a) Armistício – destruição
b) Claudicante – manco
Questões c) Reveses – infortúnios
d) Fealdade – feiura
01. McLuhan já alertava que a aldeia global resultante das e) Opilados – desnutridos
mídias eletrônicas não implica necessariamente harmonia,
implica, sim, que cada participante das novas mídias terá um 03. Atento ao emprego dos Homônimos, analise as palavras
envolvimento gigantesco na vida dos demais membros, que terá sublinhadas e identifique a alternativa CORRETA: 
a chance de meter o bedelho onde bem quiser e fazer o uso que a) Ainda vivemos no Brasil a descriminação  racial. Isso é
quiser das informações que conseguir. A aclamada transparência crime! 
da coisa pública carrega consigo o risco de fim da privacidade b) Com a crise política, a renúncia já parecia eminente.
e a superexposição de nossas pequenas ou grandes fraquezas c) Descobertas as manobras fiscais, os políticos irão
morais ao julgamento da comunidade de que escolhemos agora expiar seus crimes. 
participar. d) Em todos os momentos, para agir corretamente, é preciso
Não faz sentido falar de dia e noite das redes sociais, apenas o bom censo. 
em número de atualizações nas páginas e na capacidade dos e) Prefiro macarronada com molho, mas sem  estrato de
usuários de distinguir essas variações como relevantes no tomate. 
conjunto virtualmente infinito das possibilidades das redes. Para Respostas
achar o fio de Ariadne no labirinto das redes sociais, os usuários 01. B\02. A\03. C

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ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

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Em suma: “ser ético significa conhecer e cumprir o dever;


a ética é a condição que possibilita o conhecimento do dever.
O ‘dever’ repousa, antes de qualquer coisa, no reconhecimento
da necessidade de respeitar a todos como fins em si mesmos e
não como meios para qualquer outro objetivo”.
A ética guarda estreita relação com a moral e os princípios,
porém com esses não se confunde.
1 Ética e moral A ética é a ciência que busca estudar a melhor forma de
convívio humano. No convívio social se faz necessário a
obediência de certas normas que visam impedir conflitos e
Ética: promover a paz social, essas são as normas éticas.
Toda sociedade possui preceitos éticos e esses baseiam-se
Ética é uma palavra de origem grega – ethos – que significa nos valores e princípios dessa mesma sociedade e influenciam
caráter. a formação do caráter individual do ser humano que nessa
convive.
Diferentes filósofos tentaram conceituar o termo ética: Os valores de uma sociedade são baseados no chamado
senso comum, ou seja, nos conceitos aceitos e sentidos por um
Sócrates ligava-o à felicidade de tal sorte que afirmava que número indeterminado de pessoas.
a ética conduzia à felicidade, uma vez que o seu objetivo era Quando se fala em valores, necessariamente deve-se tratar
preparar o homem para o autoconhecimento, conhecimento de juízo de aprovação ou reprovação, ou seja, para
esse que constitui a base do agir ético. determinada sociedade um comportamento pode ser tido
A ética socrática prevê a submissão do homem e da sua como bom e, portanto, aprovado, enquanto outro é reprovado
ética individual à ética coletiva que pode ser traduzida como a por ser considerado ruim.
obediência às leis. O ser humano é influenciado por esses valores
estabelecidos no meio social em que convive de sorte que
Para Platão a ética está intimamente ligada ao passa a adotá-los ainda que inconscientemente. Contudo, para
conhecimento dado que somente se pode agir com ética agir com ética é preciso que o homem reflita sobre seus passos,
quando se conhece todos os elementos que caracterizam de forma a adotar determinado comportamento porque, após
determinada situação posto que somente assim, poderá o a devida reflexão, considerou-o justo. Não existe ética onde há
homem alcançar a justiça. ausência de pensamento.
Tem-se como valores éticos aqueles sobre os quais o
Para José Renato Nalini1 “ética é a ciência do homem exerceu atividade intelectual. Ao estabelecer juízo de
comportamento moral dos homens em sociedade.2 É uma valores sobre determinadas situações ou coisas o homem está
ciência, pois tem objeto próprio, leis próprias e método atribuindo a essas conceitos morais.
próprio, na singela identificação do caráter científico de um A moral, portanto, é o fator que determina se algo é bom
determinado ramo do conhecimento.3 O objeto da Ética é a ou ruim. Pertence à ética mas, com essa não se confunde, haja
moral. A moral é um dos aspectos do comportamento humano. vista que a ética tem como objeto de estudo o comportamento
A expressão moral deriva da palavra romana mores, com o humano em sua forma mais abrangente e a moral é uma
sentido de costumes, conjunto de normas adquiridas pelo expressão dos valores humanos, ou seja, quando o homem
hábito reiterado de sua prática. classifica algo como bom ou como ruim, está expressando seus
valores. São esses valores que vão pautar seu comportamento.
Com exatidão maior, o objeto da ética é a moralidade Os atos morais possuem dois aspectos, quais sejam: o
positiva, ou seja, "o conjunto de regras de comportamento e aspecto normativo que se traduz nas normas e imperativos
formas de vida através das quais tende o homem a realizar o que revelam o dever ser e o aspecto factual que é a aplicação
valor do bem".4 A distinção conceitual não elimina o uso dessas normas no convívio social.
corrente das duas expressões como intercambiáveis. A origem Os princípios são as regras de boa conduta, ou seja, são os
etimológica de Ética é o vocábulo grego "ethos", a significar conceitos estabelecidos que regem o comportamento humano
"morada", "lugar onde se habita". Mas também quer dizer por serem aceitos como bons, portanto, refletem a moral
"modo de ser" ou "caráter". Esse "modo de ser" é a aquisição social.
de características resultantes da nossa forma de vida. A
reiteração de certos hábitos nos faz virtuosos ou viciados. Características da Ética:
Dessa forma, "o ethos é o caráter impresso na alma por
hábito".5” . Imutabilidade: a mesma ética de séculos atrás está
Perla Müller6 explica vários aspectos da ética, quais sejam: vigente hoje;
ética especulativa que é aquela que busca responder, de forma
não definitiva, indagações acerca da moral e de seus princípios . Validade universal: no sentido de delimitar a diretriz do
de sorte que, utilizando-se de investigação teórica é possível à agir humano para todos os que vivem no mundo. Não há uma
ética explicar algumas realidades sociais. ética conforme cada época, cultura ou civilização. A ética é uma
Para a mesma, a ética é ainda pedagogia do espírito, posto só, válida para todos eternamente, de forma imutável e
que é o estudo dos ideais da educação moral. A ética pode ser definitiva, por mais que possam surgir novas perspectivas a
vista também como a medida que o indivíduo toma de si, respeito de sua aplicação prática.
portanto, é pessoal e voluntária.

1 NALINI, José Renato. Conceito de Ética. Disponível em: confirmadas por métodos de verificação definida, suscetível de levar quantos os
www.aureliano.com.br/downloads/conceito_etica_nalini.doc. cultivam a conclusões ou resultados concordantes'" (Fílosofia do direito, p. 73, ao
2 ADOLFO SÁNCHEZ V ÁZQUEZ, Ética, p. 12. Para o autor, Ética seria a teoria ou citar o Vocabulaire de Ia phílosophie, de LALANDE).
ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. 4 EDUARDO GARCÍA MÁYNEZ, Ética - Ética empírica. Ética de bens. Ética formal.
3 Ciência, recorda MIGUEL REALE, é termo que "pode ser tomado em duas Ética valorativa, p. 12.
acepções fundamentais distintas: a) como 'todo conjunto de conhecimentos 5 ADELA CORTINA, Ética aplicada y democracia radical, p. 162.

ordenados coerentemente segundo princípios'; b) como 'todo conjunto de 6 MÜLLER, Perla. Noções de Ética no Serviço Público. Salvador: Jus Podivm, 2014.

conhecimentos dotados de certeza por se fundar em relações objetivas,

Ética no Serviço Público 1


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Para melhor compreensão, elencamos demais definições envolviam essencialmente as noções de virtude e de justiça,
de Ética: constituindo esta uma das dimensões da virtude. Por exemplo,
na Grécia antiga, berço do pensamento filosófico, embora com
- Ciência do comportamento adequado dos homens em variações de abordagem, o conceito de ética aparece sempre
sociedade, em consonância com a virtude. ligado ao de virtude.
- Disciplina normativa, não por criar normas, mas por O descumprimento das diretivas morais gera sanção, e
descobri-las e elucidá-las. Seu conteúdo mostra às pessoas os caso ele se encontre transposto para uma norma jurídica, gera
valores e princípios que devem nortear sua existência. coação (espécie de sanção aplicada pelo Estado). Assim, violar
- Doutrina do valor do bem e da conduta humana que tem uma lei ética não significa excluir a sua validade. Por exemplo,
por objetivo realizar este valor. matar alguém não torna matar uma ação correta, apenas gera
- Saber discernir entre o devido e o indevido, o bom e o a punição daquele que cometeu a violação. Neste sentido,
mau, o bem e o mal, o correto e o incorreto, o certo e o errado. explica Reale10: “No plano das normas éticas, a contradição dos
- Fornece as regras fundamentais da conduta humana. fatos não anula a validez dos preceitos: ao contrário,
Delimita o exercício da atividade livre. Fixa os usos e abusos da exatamente porque a normatividade não se compreende sem
liberdade. fins de validez objetiva e estes têm sua fonte na liberdade
- Doutrina do valor do bem e da conduta humana que o visa espiritual, os insucessos e as violações das normas conduzem
realizar. à responsabilidade e à sanção, ou seja, à concreta afirmação da
ordenação normativa”.
“Em seu sentido de maior amplitude, a Ética tem sido Como se percebe, Ética e Moral são conceitos interligados,
entendida como a ciência da conduta humana perante o ser e mas a primeira é mais abrangente que a segunda, porque pode
seus semelhantes. Envolve, pois, os estudos de aprovação ou abarcar outros elementos, como o Direito e os costumes. Todas
desaprovação da ação dos homens e a consideração de valor as regras éticas são passíveis de alguma sanção, sendo que as
como equivalente de uma medição do que é real e voluntarioso incorporadas pelo Direito aceitam a coação, que é a sanção
no campo das ações virtuosas”7. aplicada pelo Estado. Sob o aspecto do conteúdo, muitas das
Podemos dizer, de um modo geral, que ética é o regras jurídicas são compostas por postulados morais, isto é,
conhecimento que oferta ao homem critérios para a envolvem os mesmos valores e exteriorizam os mesmos
eleição da melhor conduta, tendo em conta o interesse de princípios.
toda a comunidade humana.8
Sobre o tema Ética e Moral concordamos com Perla
Perla Müller disponibilizou um quadro – resumo sobre Müller:11
Ética:9 Enquanto a ética está contida na reflexão, a moral está
contida na ação. A moral, verificada na ação reiterada no
ÉTICA tempo e espaço (costume, hábito), é tida como particular. A
Ethos (grego): caráter, morada do ser; ética, de cunho filosófico, é tida como universal.12
Disciplina filosófica (parte da filosofia); A palavra ‘moral’ vem do latim mos (cujo plural é mores) e
Os fundamentos da moralidade e princípios ideais da significa costume, ou seja, uma longa e inveterada repetição
ação humana; de atos consagrados como necessários ao bom conviver, como
Ponderação da ação, intenção e circunstâncias sob o muito bem lembrado por Elcias Ferreira da Costa ao citar
manto da liberdade; Ulpiano.13
Teórica, universal (geral), especulativa, investigativa; Enquanto a ética, como disciplina filosófica, é especulativa,
Fornece os critérios para eleição da melhor conduta. a moral, seu objeto de estudo, é normativa.
A moral, portanto, é influenciada por fatores sociais e
Ética e Moral: históricos (espaço – temporais), havendo diferenças entre os
conceitos morais de um grupo para outro (relativismo),
Entre os elementos que compõem a Ética, destacam-se a diferentemente da ética que, como dito linhas acima, pauta-se
Moral e o Direito. Assim, a Moral não é a Ética, mas apenas pela universalidade (absolutismo), valendo seus princípios e
parte dela. Neste sentido, Moral vem do grego Mos ou Morus, valores para todo e qualquer local, em todo e qualquer tempo.
referindo-se exclusivamente ao regramento que determina a A moral constitui-se como conjunto de normas de
ação do indivíduo. conduta que se apresentam como boas, corretas, ou seja,
Assim, Moral e Ética não são sinônimos, não apenas pela como expressão do ‘bem’.
Moral ser apenas uma parte da Ética, mas principalmente A experiência humana cotidiana, responsável pela
porque enquanto a Moral é entendida como a prática, como a construção do hábito e do costume, é fonte das normas
realização efetiva e cotidiana dos valores; a Ética é entendida morais. A moral é, portanto, pragmática. As normas morais
como uma “filosofia moral”, ou seja, como a reflexão sobre a são fórmulas elaboradas pelo homem para ordenar, regular
moral. Moral é ação, Ética é reflexão. seu comportamento.
Em resumo: Moral é a característica do comportamento que é
- Ética - mais ampla - filosofia moral – reflexão; conforme as normas morais, assim como legal é p
- Moral - parte da Ética - realização efetiva e cotidiana comportamento que é conforme as normas legais jurídicas.
dos valores – ação. Observe que a simples existência da moral não significa a
presença explícita de uma ética (...), isto é, uma reflexão que
No início do pensamento filosófico não prevalecia real
distinção entre Direito e Moral, as discussões sobre o agir ético

7 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9ª. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 12 A ética tem a pretensão de ser universal, já que quer estabelecer valores e
8 ALMEIDA, Guilherme de Assis; CHRISTMANN, Martha Ochsenhofer. Ética e princípios que possam ser considerados universais. Mas sua universalidade não
direito: uma perspectiva integrada. 3ª edição, São Paulo: Atlas, 2009, p.4. ultrapassa esta pretensão de encontro de valores e princípios universais, ou seja,
9 BORTOLETO, Leandro; e MÜLLER, Perla. Noções de Ética no Serviço Público. válidos e obrigatórios para todo ser racional. Isto porque, como fonte perene,
Salvador: Editora Jus Podivm, 2014, p. 15. incessante de investigação e indagação, a ética transforma-se a cada crítica e
10 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. reflexão posta a si mesmo.
11 BORTOLETO, Leandro; e MÜLLER, Perla. Noções de Ética no Serviço Público. 13 In Deontologia Jurídica: ética das profissões jurídicas. Rio de Janeiro: Forense,

Salvador: Editora Jus Podivm, 2014, páginas 16 – 17. 2013, p. 04.

Ética no Serviço Público 2


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discuta, problematize e interprete o significado dos valores 04. (TCE/RN – Conhecimentos Básicos – CESPE/2015)
morais.14 Com relação à ética e à moral, julgue o item seguinte.
E assim Müller conclui:15 A ética é um conjunto de regras e preceitos de ordem
Quer isto dizer que a ética, enquanto disciplina filosófica, valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social ou de
pode modificar, refinar ou aprimorar valores morais, ou seja, uma sociedade.
pode incidir para alterar as regras morais enraizadas na (....) Certo (....) Errado
sociedade através da avaliação que faz de princípios e valores
morais até então estabelecidos. 05. (TCE/RN – Conhecimentos Básicos – CESPE/2015)
A moral, no serviço público, aplica-se às relações de Com relação à ética e à moral, julgue o item seguinte.
comando e obediência, já que é normativa. A efetivação da cidadania e a consciência coletiva da
E finaliza com o quadro – resumo de Moral: cidadania são indicadores do desenvolvimento moral e ético
de uma sociedade.
MORAL (....) Certo (....) Errado
Mos (latim, plural mores): costume;
Regulação (normatização), comportamentos 06. (MPU – Técnico do MPU – CESPE/2015) Com relação
considerados como adequados a determinado grupo social; a moral e ética, julgue o item a seguir.
Prática (pragmática), particular; A ética é um ramo da filosofia que estuda a moral, os
Dependência espaço – temporal (relativa); caráter diferentes sistemas públicos de regras, seus fundamentos e
histórico e social. suas características
(....) Certo (....) Errado
Questões
07. (DEPEN – Agente e Técnico – CESPE/2015) Acerca
01. (SEGEP/MA – Agente Penitenciário – da ética e da moralidade no serviço público, julgue o item
FUNCAB/2016) A Moral: subsecutivo.
(A) no sentido prático, tem finalidade divergente da ética, Ética e moral são termos que têm raízes históricas
mas ambas são responsáveis por construir as bases que vão semelhantes e são considerados sinônimos, uma vez que
guiar a conduta do homem. ambos se referem a aspectos legais da conduta do cidadão.
(B) determina o caráter da sociedade e valores como (....) Certo (....) Errado
altruísmo e virtudes, ensina a melhor forma de agir e de se
comportar em sociedade, e capacita o ser humano a competir 08. (Prefeitura de Paranaguá/PR – Economista –
com os antiéticos, utilizando os mesmos meios destes. FAFIPA/2016) Sobre a ética, assinale a alternativa
(C) diferencia-se da ética no sentido de que esta tende a INCORRETA.
julgar o comportamento moral de cada indivíduo no seu meio. (A) O objeto principal da ética, como ramo da filosofia, é a
No entanto, ambas buscam o bem-estar social. reflexão do comportamento humano através da análise dos
(D) é o conjunto de regras aplicadas no cotidiano, usadas valores e normas sociais vigentes em determinado lugar.
eventualmente por cada cidadão, que orientam cada indivíduo, (B) Ética e moral nem sempre são sinônimos; a moral seria
norteando as suas ações e os seus julgamentos sobre o que é um conjunto de normas que podem variar com o momento
moral ou imoral, certo ou errado, bom ou mau. histórico e cultural de cada sociedade, sendo, na verdade, o
(E) é um conjunto de conhecimentos extraídos da objeto de estudo da ética.
investigação do comportamento humano ao tentar explicar as (C) Ética vem da palavra romana ethos, que vem de mos ou
regras morais de forma racional, fundamentada, científica e mores do grego, que significa moral, caráter ou costumes.
teórica. (D) Muitos dividem a ética didaticamente em dois campos:
o primeiro cuida dos problemas gerais e fundamentais
02. (FUNPRESP/EXE – Conhecimentos Básicos – relacionados aos valores e normas da sociedade e o segundo,
CESPE/2016) Acerca da ética e da função pública e da ética e de áreas específicas, como a ética profissional etc.
da moral, julgue o item que se segue.
Os termos moral e ética têm sentidos distintos, embora Respostas
sejam frequente e erroneamente empregados como
sinônimos. 01. C/02. Certo/03.E/04. Certo/05.
(....) Certo (....) Errado Certo/06.Certo/07.Errado/08. C

03. (SEDUC/PI – Professor de Filosofia –


NUCEPE/2015) Sobre as éticas deontológicas, marque a
alternativa INCORRETA. 2 Ética, princípios e valores
(A) Para uma ética deontológica, o conceito central é o de
Dever.
(B) Em sua formulação contemporânea, uma ética Ética, virtudes, valores e princípios
deontológica assume a prioridade do justo sobre o bem.
(C) Em Kant, a ética deontológica preconiza uma razão Se a ética é disciplina filosófica que lança esforço e olhares,
prática autônoma em relação às inclinações naturais, de de forma reflexiva e profundamente crítica, sobre o
caráter universal. comportamento humano, afim de valorá-lo como bom, justo
(D) Para uma ética deontológica, o único sentimento (ou mau, injusto), fazendo-o através da tentativa, perene, de
apropriado é o de respeito à lei moral, dada a precedência das compreensão do sentido da vida e da existência humana,
normas sobre os desejos. buscando, inclusive, fornecer elementos para correção moral
(E) Para uma ética deontológica, o conteúdo do dever da ação, de imperiosa necessidade o entendimento do que
universal é configurado a partir das consequências do curso de sejam virtudes, princípios e valores.
ação escolhido.

14 CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2012, p. 386. 15BORTOLETO, Leandro; e MÜLLER, Perla. Noções de Ética no Serviço Público.
Salvador: Editora Jus Podivm, 2014, p. 17.

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Aristóteles, já na Grécia antiga (por volta do século V a. C.), moral) ou para o mal (do que não tem valor moral); desta
dedicou um livro inteiro ao problema ético: sua filosofia, em forma, de fato o valor é preferível e uma possibilidade de
especial no plano da ética, tentou aliar o horizonte teórico- escolha nem sempre escolhida, já que, como dito, o homem
filosófico à dimensão prática expressa no agir. Em Aristóteles, pode inclinar-se para a perversão, para o vício. Portanto, o
não é suficiente apenas conhecer, compreender e contemplar valor é objeto de uma escolha moral, de uma escolha
a verdade sobre o bom, o justo, o correto; é necessário fazê-la positivamente moral.
atuar, agir segundo a verdade conhecida. No exemplo anterior, do “servidor magoado”, se escolher o
A ética – e toda a filosofia, deve expressar-se no agir caminho virtuoso”, ou seja, cumprir com presteza e agilidade
humano. Por exemplo, de nada adianta saber fazer fogo, se não seu labor ainda que em favor de quem lhe tenha magoado e
se sabe para que e como usá-lo! Quer isto dizer que, nada maltratado, resta evidente que escolheu o que tem valor
adianta saber o que é bom, justo, certo não significa que positivo, o que deve ser moralmente estimado, já que escolheu
seremos, em nossas ações, bons, justos, corretos se assim não como valores a eficiência e excelência do serviço público em
agirmos. A ciência nos ensinou a fazer o fogo; mas é nossa detrimento de qualquer interesse eu pessoal. E a escolha do
consciência moral que nos orientará a como devemos usá-lo: que tem valor, deve ser uma constante, deve orientar toda e
se para saciar adequada e dignamente a fome aquecendo o qualquer de nossas ações, porque só assim implementaremos
alimento, ou para causar dano a integridade física ou o que de fato nos exige a ética.
patrimonial alheia incendiando deliberadamente! É o habito, dessa forma, que, orientando o comportamento
O comportamento ético, já dizia Aristóteles, é o agir para a prática de virtudes, nos leva à observância o valor.
repetido em conformidade com as respectivas virtudes (do Mas como fazer a escolha entre valores ou entre o que tem
grego areté). Mas o que são virtudes? Virtudes são e o que não tem valor? O processo de escolha, como todo
excelências, são, no campo ético, disposições do caráter, ou processo, se faz por princípios. Princípios, assim, são, de
seja, a propensão (inclinação) a nos comportarmos bem forma geral, pontos de partida ou fundamentos de um
relativamente àquilo que nos afeta. Ora, as disposições do processo. Do ponto de vista filosófico, princípio é o
caráter podem nos levar a comportamentos bem ou mal diante fundamento do ser, do devir (do vir a ser), do conhecer. Sob a
um sentimento que nos afeta, por exemplo. Mas este perspectiva especificamente ética, princípio é a fonte, o
comportamento só será virtuoso, se for o bem comportar-se. substrato em que se funda a ação.
Assim, as disposições do caráter podem constituir virtudes ou Deste modo, por princípio, deve-se optar pela prática de
perversões: se nos comportarmos bem diante determinada virtudes, ou seja, inclinar-se para o que tem valor moral, como
situação, praticamos a virtude (excelência); se nos forma de implementar o comportamento ético.
comportarmos mal, praticamos a perversão (vício). Os princípios que pomos, estabelecemos para nós mesmos,
Apenas para melhor elucidação: quando somos magoados como vetores, guias do nosso comportamento, nos são dados
ou maltratados por uma pessoa, somos tomados por um por nosso senso moral, ou seja, “pela maneira como
sentimento de raiva ou mesmo de ira. Imaginemos que somos avaliamos nossa situação e a de nossos semelhantes segundo
um servidor público responsável pela expedição de certidões ideias como as de justiça e injustiça” e eleitos por nossa
que comprovam a existência ou inexistência de ações consciência moral, ou seja, por nossa faculdade de
ajuizadas em face dos cidadãos. Imaginemos então que aquela estabelecer julgamento morais acerca de nossas próprias
pessoa que nos magoou ou maltratou dias antes vá até a escolhas.
repartição pública onde servimos e precise, com urgência, de Assim, o senso moral nos permite distinguir o justo do
uma certidão comprobatória de inexistência de ações contra injusto, o certo do errado, o bom do mau; mas é nossa
ela ajuizadas, para que consiga, rapidamente, vender um consciência moral que nos torna responsável, perante nós
imóvel para levantar dinheiro para fazer frente a despesas mesmos e os outros, por nossas escolhas. Nosso senso e nossa
com sua saúde debilitada, diante deste quadro podemos agir consciência moral nos auxiliam a definir, para nós mesmos, os
de duas formas: ou demoramos, deliberadamente, par expedir valores que iremos salvaguardar através de nosso
a dita certidão, como forma de causar-lhe dor e sofrimento, e comportamento individual e social.
assim irmos à forra com quem nos magoou ou maltratou e Finalmente, parece desnecessário destacar que, do
neste caso nos inclinaremos a um comportamento mau servidor público, espera-se a prática de virtudes, a escolha do
(viciado); ou atuaremos com presteza e agilidade, fornecendo- que vale moralmente, a orientação do comportamento
lhe quanto antes a certidão buscada, tornado eficaz o serviço segundo princípios que o dirijam ao bem.
público e excelente nosso labor, inclinando-os, assim, a um
comportamento bom ,(virtuoso). Veja que nossas disposições VIRTUDES
VALORES PRINCÍPIOS
de caráter podem pender para a virtude ou para o vício, sendo (ARETÉ)
tal a escolha ´tica que devemos fazer! - excelências;
O comportamento ético é, por essência, virtuoso. A virtude, - objeto de - ponto de partida;
- disposição do
assim, é a potência moral do homem, a realização mais escolha moral; - fundamento da
caráter para o
perfeita de um modo de agir; e o hábito é que torna o homem - o preferível ação
bem
virtuoso pela prática reiterada de virtudes, de modo que a
virtude é a disposição firme e constante para o que tem Questões
valor.
Em um sentido vulgar, “valor” é o preço (ou utilidade) dos 01. (MME – Nível Médio – CESPE) Quando a distribuição
bens materiais ou a dignidade (ou mérito) das pessoas (o valor de bens por determinado agente público resulta em benefícios
de um carro ou o mérito de um servidor público). aos desfavorecidos, é correto afirmar que os princípios e
No campo ético, valores são objetos da escolham oral, os valores que regem a conduta desse agente se baseiam em uma
fins da ação ética; é o predicado, a qualidade que torna abordagem
algo estimável; é o preferível, o objeto de uma antecipação (A) com ênfase na garantia de oportunidades a todos.
ou de uma expectativa normativa (de um dever ser); é, (B) convencional da ética e do direito público.
enfim, possibilidade de escolha, já que nem sempre é (C) utilitária da ética e da justiça social.
escolhido. Ora, a vida é um bem a que atribuímos altíssima (D) moralista dos direitos dos cidadãos.
estima; desta forma, a vida é um valor! (E) individualista da ética.
Ora, vimos acima que as disposições de caráter do homem
podem orienta-lo para a prática do bem (do que tem valor

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02. (MPOG – Atividade Técnica – FUNCAB/2015) A ética Curioso o conceito de democracia dado por Norberto
pode ser definida como: Bobbio, para quem a democracia é o poder em público. E, de
(A) um conjunto de valores genéticos que são passados de fato, a participação do povo no exercício do poder somente se
geração em geração. viabiliza através da transparência, da publicidade, da abertura,
(B) um princípio fundamental para que o ser humano quando decisões são tomadas de forma clara e a todos
possa viver em família. acessíveis. Somente desta forma, o povo, titular de todo poder,
(C) a parte da filosofia que estuda a moral, isto é, pode eficazmente intervir nas tomadas de decisões
responsável pela investigação dos princípios que motivam, contestando-as, pelos meios legais, quando delas discordarem.
distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento Sendo assim, o exercício da cidadania, como gozo de
humano em sociedade. direitos e desempenho de deveres, deve pautar-se por
(D) um comportamento profissional a ser observado contornos éticos: o exercício da cidadania deve materializar-
apenas no ambiente de trabalho. se na escolha da melhor conduta tendo em vista o bem
(E) a boa vontade no comportamento do servidor público comum, resultando em uma ação moral como expressão do
em quaisquer situações e em qualquer tempo de seu cotidiano. bem.
A sobrevivência e harmonia da vida associativa, como já
03. (MPOG – Atividade Técnica – FUNCAB/2015) A ética dito, dependem do nível cooperativo dos homens reunidos em
pode ser definida como: sociedade: há uma expectativa generalizada a respeito das
(A) a parte da filosofia que estuda a moral, isto é, ações humanas e, em especial, das ações daqueles que
responsável pela investigação dos princípios que motivam, desempenham funções públicas.
distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento O servidor público, antes de sê-lo, é cidadão do Estado e,
humano em sociedade. como tal, tem interesse na sobrevivência e harmonia da
(B) um comportamento profissional a ser observado sociedade como qualquer outro cidadão. O bom, correto, justo,
apenas no ambiente de trabalho. enfim, ético desempenho de suas funções à frente da coisa
(C) um princípio fundamental para que o ser humano pública não beneficia apenas toa a sociedade, mas antes a ele
possa viver em família. mesmo. A conduta desvencilhada dos pilares éticos e
(D) um conjunto de valores genéticos que são passados de violadoras das normas morais podem até trazer algum
geração em geração. benefício temporário ao seu executor, mas as consequências
(E) a boa vontade no comportamento do servidor público danosas de tal comportamento para si mesmo se farão sentir
em quaisquer situações e em qualquer tempo de seu cotidiano. com o desenvolver do tempo, já que nenhum Estado pode
crescer, desenvolver e aprimorar-se sob a ação corrupta de
Respostas seus governantes, gestores e servidores e um Estado assim
falido, inclusive moralmente, retrata a falência mesma dos
01. C/02. C/03. A homens nele reunidos em sociedade.
Desta forma, o servidor que se desvia do comportamento
ético, atenta contra si e toda a sociedade, violando, em especial,
3 Ética e democracia: a própria dignidade, já que o trabalho realizado com excelência
exercício da cidadania é o mais caro patrimônio humano.

Referências Bibliográficas:
BORTOLETO, Leandro; MÜLLER, Perla. Noções de Ética no Serviço Público.
Ética e Democracia: Exercício da Cidadania Editora Jus Podivm, 2014.

Já Aristóteles, portanto já nos anos que antecederam a Questões


Cristo, não separava ética e política (como aquilo que se refere
ao poder, cuja finalidade deve ser a vida justa e feliz): 01. (LIQUIGÁS – Profissional Júnior – CESGRANRIO) Na
vislumbrou, com perspicácia, a indissolubilidade entre virtude medida em que é editada uma lei, regularmente votada pelo
moral e atividade cívica. Congresso Nacional, a qual protege as pessoas com certo grau
Cidadão é o indivíduo que, dentro de um Estado, goza de de deficiência física, ofertando oportunidades de inserção no
direitos (civis e políticos) e desempenha deveres (civis e mercado de trabalho, está sendo realizado o princípio da
políticos). Assim, a cidadania, ou seja, a qualidade de quem (A) cidadania
é cidadão, se exerce no campo associativo (da associação (B) organização
civil), pela cooperação de homens reunidos no Estado. Desta (C) proteção
forma, a sobrevivência e harmonia da sociedade – como grupo, (D) democracia
associação ode homens que é – depende da vida cooperativa (E) república
de seus cidadãos.
As atribuições cívico-políticas do cidadão dependem da 02. (FSC – Advogado – CEPERJ) Dentre os fundamentos
conformação do Estado a que pertence, ou seja, da forma de da República Federativa do Brasil está aquele que não está
governo por este adotada. limitado por nenhum outro na ordem interna. Trata-se da:
Sendo a democracia a forma de governo eleita pelo (A) democracia
Estado, a cidadania retrata a qualidade dos “sujeitos (B) cooperação
politicamente livres, ou seja, cidadãos que participam ada (C) dignidade
criação e concordam com a ordem jurídica vigente”. (D) cidadania
Por democracia entende-se, de forma geral, o governo do (E) soberania
povo, como governo de todos os cidadãos. Para que a
democracia se estabeleça, necessário o respeito à 03. (MPOG – Atividade Técnica – FUNCAB/2015) Sobre
pluralidade, à transparência e à rotatividade: a democracia os direitos políticos, é correto afirmar que:
caracteriza-se pelo respeito à divergência (heterogeneidade), (A) são inelegíveis, de acordo com o art. 14, § 4º, da
pela publicidade do exercício do poder e pela certeza de que Constituição Federal, os inalistáveis e os analfabetos.
ninguém ou grupo nenhum tem lugar cativo no poder, (B) a idade mínima de vinte e um anos é requisito de
acessível a todos e exercido precária e transitoriamente. elegibilidade para candidatura a vereador.

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(C) o alistamento eleitoral e o voto são facultativos para os mais que comum ouvir-se debates a respeito da ética médica,
maiores de setenta anos e para os maiores de dezesseis e ética econômica, ética esportiva, e, em especial, ética na gestão
menores de dezoito anos, mas não para os analfabetos. da res publica. E, de fato, a relação entre ética e política é tema
(D) para concorrer a outro cargo, prefeitos devem dos mais árduos na contemporaneidade.
renunciar ao mandato até três meses antes do pleito. Historicamente sustentou-se uma distinção entre a “moral
(E) não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e comum” e a “moral política”, chegando Maquiavel a afirmar
os brasileiros naturalizados. que o homem político poderia comportar-se de modo diverso
da moral comum, como se o homem comum e aquele que gere
04. (DEPEN – Técnico de Apoio – CESPE) No que se refere a coisa pública ou exerce função pública obedecessem a
à ética e ao exercício da cidadania, julgue o próximo item. “códigos” de ética distintos.
Configura um dos elementos indispensáveis para o Todavia, atualmente não se duvida da necessária
exercício da cidadania o efetivo conhecimento a respeito dos integração ou “afinamento” entre a moral comum e a moral
direitos política. Não se pode imaginar a existência de uma absoluta
(....) Certo (....) Errado distinção entre a ética almejada pelos indivíduos que
compõem a sociedade e aquela esperada dos órgãos do Estado,
05. (INES - Assistente Social – AOCP). Preencha a lacuna que exercem a função pública.
e assinale a alternativa correta. Justamente por representarem a coletividade, as
“A revisão do texto de 1986 processou-se em dois níveis. instituições públicas devem se pautar, de forma mais eficaz,
Reafirmando os seus valores fundantes - a liberdade e a justiça pela ética, posto que devem assumir uma posição de espelho
social -, articulou-os a partir da exigência democrática: a dos anseios da sociedade. Para que o Estado possa gerir a res
_______________ é tomada como valor ético-político central, na publica, de forma democrática e não autoritária, este deve
medida em que é o único padrão de organização político-social gozar de credibilidade, a qual somente pode ser conquistada
capaz de assegurar a explicitação dos valores essenciais da com a transparência e a moralidade de seus atos, para que não
liberdade e da equidade. É ela, ademais, que favorece a seja necessário o uso excessivo da força, o que transformaria
ultrapassagem das limitações reais que a ordem burguesa um Estado democrático em uma nefasta tirania.
impõe ao desenvolvimento pleno da cidadania, dos direitos e Cumpre lembrar que, quando se fala em agir ético do
garantias individuais e sociais e das tendências à autonomia e Estado, ou das instituições públicas que o compõem, na
à autogestão social." realidade devemos nos atentar que o agir ético é sempre
(A) ética exercido por pessoas físicas, já que o Estado, como uma ficção
(B) cidadania jurídica que é, não goza de vontade própria. Estas pessoas
(C) democracia físicas incumbidas, definitiva ou transitoriamente, do exercício
(D) sociedade de alguma função estatal, a quem chamamos de agentes
(E) justiça social públicos, é que devem, em última análise, pautar-se pela ética,
já que expressam, com seus atos, a vontade do Estado.
06. (Prefeitura de Cuiabá – Técnico em Administração A vontade do Estado é, pois, materializada através dos atos
Escolar – FGV/2015) Segundo os princípios éticos e da e procedimentos administrativos executados pelos agentes
cidadania, assinale a afirmativa correta. públicos. Estes atos e procedimentos administrativos que dão
(A) O servidor público deve proceder de forma diligente no forma e viabilizam a atuação da Administração Pública devem
exercício de sua função. ser entendidos como foco de análise da ética, constituindo-se
(B) O servidor público pode ausentar-se do serviço seu objeto, quando a questão se refere à ética na
durante o expediente, sem prévia autorização. Administração Pública.
(C) O servidor público pode recusar fé a documentos Embora emanados por ato de vontade dos agentes
públicos. públicos, os atos e procedimentos administrativos não podem
(D) O servidor público pode opor resistência injustificada expressar a vontade individual do agente que os exterioriza.
ao andamento de um documento. Isto porque os atos e procedimentos administrativos estão
(E) O servidor público pode coagir os subordinados no submetidos ao princípio da moralidade administrativa, o que
sentido de filiarem-se a um partido político. equivale dizer que o “interesse público está acima de
quaisquer outros tipos de interesses, sejam interesses
Respostas imediatos do governante, sejam interesses imediatos de um
cidadão, sejam interesses pessoais do funcionário.
01. A/02. E/03. A/04. Errado/05. C/06. A Apesar de se reconhecer que a moralidade sempre foi um
traço característico necessário ao ato administrativo, já que
não se pode supor a legitimidade de um Estado que não se
amolde ao que moralmente é aceito pela sociedade que o
4 Ética e função pública constitui, é com a Constituição Federal de 1988, que o
princípio da moralidade é expressamente elevado à categoria
de princípio essencial da administração pública, ao lado dos
Ética e Função Pública princípios da legalidade, da impessoalidade e da publicidade
dos atos administrativos, conforme dispõe seu artigo 37.
De fato, não se pode negar que o desenvolvimento, Os atos e procedimentos administrativos, portanto, além
retificação e refinamento moral da sociedade impõem que de se submeterem a requisitos formais e objetivos para que
“todas as instituições sociais (públicas e privadas), ao lado dos possam gozar de validade e legalidade (competência,
indivíduos, devem se afinar no sentido da conquista da cultura finalidade, fora, motivo, objeto), devem também se apresentar
da moralidade”. Ora, a reverência da moralidade nas relações como moralmente legítimos, sob pena de serem anulados.
entre particulares, no âmbito individual e privado, é forma de Veja-se que neste ponto, aliás, a Constituição Federal
cultivo da futura moralidade na administração da coisa pública também trouxe importante avanço, quando em seu artigo 5º,
(res publica). inciso LXXIII, inclui a moralidade administrativa dentre os
Da mesma forma, a sobrevivência (individual e coletiva) e motivos que ensejam a vida da ação popular a ser proposta por
harmonia social dependem do eficaz e satisfatório qualquer cidadão que constate uma postura imoral praticada
desempenho moral de todas as atividades do homem. É lugar por qualquer entidade da qual o Estado participe.

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É justamente neste ponto que a ética exerce seu papel, Respostas


permitindo realizar ponderações sobre a moralidade da
vontade expressa em determinado ato ou procedimento 01. D/02. Errado/03. Errado/04. Errado/05. Errad
administrativo praticado por uma agente público. Assim, não
basta quer o agente público seja competente para emanar o ato
administrativo ou conduzir um procedimento de sua alçada, 5 Ética no Setor Público. 5.1
nem que seja respeitada a forma prescrita em lei, devendo,
antes de tudo, corresponder a uma conduta eticamente
Resolução nº 147/2011 (Código
aceitável e, sobretudo, pautar-se pela preponderância do de Conduta do Conselho da Justiça
interesse público sobre qualquer outro. Federal de Primeiro e Segundo
Desta forma, com a finalidade de amoldar a conduta dos
agentes públicos dentro do que eticamente se espera da Graus) 5.2 Lei nº 8.112/1990, e
Administração Pública, visando compeli-los a absterem-se de suas alterações. 5.2.1 Provimento,
práticas que não sejam moralmente aceitáveis, é que surgem vacância, remoção, redistribuição
as normas deontológicas, ou seja, as regras que definem
condutas correlatas a serem seguidas, positivadas através dos e substituição. 5.2.2 Direitos e
Códigos de Ética. vantagens. 5.2.3 Regime
Referências Bibliográficas:
BORTOLETO, Leandro; MÜLLER, Perla. Noções de ética no serviço público.
disciplinar: deveres, proibições,
Editora Jus Podivm, 2014. acumulação, responsabilidades,
Questões penalidades, processo
administrativo disciplinar
01. (SAPeJUS/GO – Agente de Segurança Prisional –
FUNIVERSA/2015) Com relação às obrigações éticas do
servidor público, assinale a alternativa incorreta. Ética no Setor Público
(A) Os servidores públicos deverão tratar seus
concidadãos com urbanidade, cordialidade e educação.
A questão ética é um fator imprescindível para uma
(B) Os servidores públicos deverão satisfazer suas
sociedade e por isso sempre encontramos diversos autores
obrigações perante os cidadãos de boa-fé.
tentando definir o que vem a ser ética e como ela se interfere
(C) Os servidores públicos não podem incidir em conflitos
em uma sociedade.
de interesse que afetem o desempenho de sua função
O tema: Ética é por si só polêmico, entretanto causa ainda
(D) Os mandamentos da ética e do direito não se
mais inquietação quando falamos sobre a ética na
confundem. A única diferença entre eles consiste na
administração pública, pois logo pensamos em corrupção,
coercibilidade. Logo, os servidores públicos vinculam-se às
extorsão, ineficiência, etc., mas na realidade o que devemos ter
leis, não podendo ser responsabilizados por condutas imorais como ponto de referência em relação ao serviço público, ou na
que não lhes sejam expressamente vedadas. vida pública em geral, é que seja fixado um padrão a partir do
(E) Os servidores públicos estão eticamente obrigados a qual possamos em seguida julgar a atuação dos servidores
guardar sigilo de informações obtidas por meio da função, não públicos ou daqueles que estiverem envolvidos na vida
lhes sendo permitido utilizar dessas informações para seu pública, entretanto não basta que haja padrão, tão somente, é
próprio interesse. necessário que esse padrão seja ético, acima de tudo.
Assim, ética pública seria a moral incorporada ao Direito,
02. (MPU – Técnico do MPU – CESPE/2015) Acerca de
consolidando o valor do justo. Diante da relevância social de
ética e função pública, julgue o item que se segue.
que a Ética se faça presente no exercício das atividades
Decoro, por ser uma disposição interna para agir
públicas, as regras éticas para a vida pública são mais do que
corretamente, não é passível, para o servidor público, de ser
regras morais, são regras jurídicas estabelecidas em diversos
aprendido ao longo de sua carreira.
diplomas do ordenamento, possibilitando a coação em caso de
(....) Certo (....) Errado
infração por parte daqueles que desempenham a função
pública.
03. (MPU – Técnico do MPU – CESPE/2015) Acerca de Todas as diretivas de leis específicas sobre a ética no setor
ética e função pública, julgue o item que se segue. público partem da Constituição Federal, que estabelece alguns
Para que a conduta do servidor público seja considerada princípios fundamentais para a ética no setor público. Em
irrepreensível é suficiente que ele observe as leis e as regras outras palavras, é o texto constitucional do artigo 37,
imperativas. especialmente o caput, que permite a compreensão de boa
(....) Certo (....) Errado parte do conteúdo das leis específicas, porque possui um
caráter amplo ao preconizar os princípios fundamentais da
04. (FUNPRESP/EXE – Conhecimentos Básicos –
administração pública. Estabelece a Constituição Federal:
CESPE/2016) Acerca da ética e da função pública e da ética e
Art. 37. A administração pública direta e indireta de
da moral, julgue o item que se segue.
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
Ainda que a função pública integre a vida particular de
e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
cada servidor, os fatos ocorridos no âmbito de sua vida privada
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
não influenciam o seu bom conceito na vida funcional.
ao seguinte: [...]
(....) Certo (....) Errado
São princípios da administração pública, nesta ordem:
Legalidade
05. (FUNPRESP/EXE – Conhecimentos Básicos – Impessoalidade
CESPE/2016) Acerca da ética e da função pública e da ética e Moralidade
da moral, julgue o item que se segue. Publicidade
O servidor está desobrigado de ter conhecimento das Eficiência
atualizações legais pertinentes ao órgão onde exerce suas
funções.
(....) Certo (....) Errado

Ética no Serviço Público 7


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APOSTILAS OPÇÃO

Para memorizar: veja que as iniciais das palavras formam e títulos, de acordo com a natureza e complexidade do cargo
o vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da ou emprego.
Administração Pública. Por força dos interesses que representa, a administração
pública está proibida de promover discriminações gratuitas.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO Discriminar é tratar alguém de forma diferente dos demais,
BRASIL DE 1988 privilegiando ou prejudicando. Segundo este princípio, a
administração pública deve tratar igualmente todos aqueles
CAPÍTULO VII que se encontrem na mesma situação jurídica (princípio da
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA isonomia ou igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a
Seção I impessoalidade no que tange à contratação de serviços. O
DISPOSIÇÕES GERAIS princípio da impessoalidade correlaciona-se ao princípio da
finalidade, pelo qual o alvo a ser alcançado pela administração
Artigo 37- A administração pública direta e indireta de pública é somente o interesse público. Com efeito, o interesse
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal particular não pode influenciar no tratamento das pessoas, já
e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, que deve-se buscar somente a preservação do interesse
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, coletivo.18
ao seguinte: (...)
Princípio da Moralidade Administrativa:
Princípio da Legalidade:
A Administração Pública, de acordo com o princípio da
O princípio da legalidade, um dos mais importantes moralidade administrativa, deve agir com boa-fé,
princípios consagrados no ordenamento jurídico brasileiro, sinceridade, probidade, lealdade e ética. Tal princípio acarreta
consiste no fato de que o administrador somente poderá fazer a obrigação ao administrador público de observar não
o que a lei permite. É importante demonstrar a diferenciação somente a lei que condiciona sua atuação, mas também, regras
entre o princípio da legalidade estabelecido ao administrado e éticas extraídas dos padrões de comportamento designados
ao administrador. Como já explicitado para o administrador, o como moralidade administrativa (obediência à lei).
princípio da legalidade estabelece que ele somente poderá agir Não basta ao administrador ser apenas legal, deve
dentro dos parâmetros legais, conforme os ditames também, ser honesto tendo como finalidade o bem comum.
estabelecidos pela lei. Já, o princípio da legalidade visto sob a Para Maurice Hauriou, o princípio da moralidade
ótica do administrado, explicita que ninguém será obrigado a administrativa significa um conjunto de regras de conduta
fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude lei. tiradas da disciplina interior da Administração. Trata-se de
Esta interpretação encontra abalizamento no artigo 5º, II, da probidade administrativa, que é a forma de moralidade. Tal
Constituição Federal de 1988. preceito mereceu especial atenção no texto vigente
Para o particular, legalidade significa a permissão de fazer constitucional (§ 4º do artigo 37 CF), que pune o ímprobo
tudo o que a lei não proíbe. Contudo, como a administração (pessoa não correto -desonesta) com a suspensão de direitos
pública representa os interesses da coletividade, ela se sujeita políticos. Por fim, devemos entender que a moralidade como
a uma relação de subordinação, pela qual só poderá fazer o que também a probidade administrativa consistem
a lei expressamente determina (assim, na esfera estatal, é exclusivamente no dever de funcionários públicos exercerem
preciso lei anterior editando a matéria para que seja (prestarem seus serviços) suas funções com honestidade. Não
preservado o princípio da legalidade). A origem deste devem aproveitar os poderes do cargo ou função para proveito
princípio está na criação do Estado de Direito, no sentido de pessoal ou para favorecimento de outrem.
que o próprio Estado deve respeitar as leis que dita.16 A posição deste princípio no artigo 37 da CF representa o
reconhecimento de uma espécie de moralidade
Princípio da Impessoalidade: administrativa, intimamente relacionada ao poder público. A
administração pública não atua como um particular, de modo
Posteriormente, o artigo 37 estabelece que deverá ser que enquanto o descumprimento dos preceitos morais por
obedecido o princípio da impessoalidade. Este princípio parte deste particular não é punido pelo Direito (a priori), o
estabelece que a Administração Pública, através de seus ordenamento jurídico adota tratamento rigoroso do
órgãos, não poderá, na execução das atividades, estabelecer comportamento imoral por parte dos representantes do
diferenças ou privilégios, uma vez que deve imperar o Estado. O princípio da moralidade deve se fazer presente não
interesse social e não o interesse particular. De acordo com os só para com os administrados, mas também no âmbito interno.
ensinamentos de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o princípio da Está indissociavelmente ligado à noção de bom administrador,
impessoalidade estaria intimamente relacionado com a que não somente deve ser conhecedor da lei, mas também dos
finalidade pública. De acordo com a autora “a Administração princípios éticos regentes da função administrativa. Todo ato
não pode atuar com vista a prejudicar ou beneficiar pessoas imoral será diretamente ilegal ou ao menos impessoal, daí a
determinadas, uma vez que é sempre o interesse público que intrínseca ligação com os dois princípios anteriores.19
deve nortear o seu comportamento”.17
Em interessante constatação, se todos são iguais perante a Princípio da Publicidade:
lei (art. 5º, caput) necessariamente o serão perante a
Administração, que deverá atuar sem favoritismo ou O princípio da publicidade tem por objetivo a divulgação
perseguição, tratando a todos de modo igual, ou quando de atos praticados pela Administração Pública, obedecendo,
necessário, fazendo a discriminação necessária para se chegar todavia, as questões sigilosas. De acordo com as lições do
à igualdade real e material. eminente doutrinador Hely Lopes Meirelles, “o princípio da
Nesse sentido podemos destacar como um exemplo publicidade dos atos e contratos administrativos, além de
decorrente deste princípio a regra do concurso público, onde assegurar seus efeitos externos, visa a propiciar seu
a investidura em cargo ou emprego público depende de conhecimento e controle pelos interessados e pelo povo em
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas geral, através dos meios constitucionais...”.20

16 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Método, 2011. SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Método, 2011.
19
17 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella.
Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2005. 20 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo:
18 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Método, 2011. Malheiros, 2005.

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Complementando o princípio da publicidade, o art. 5º, Por sua atualidade merece especial referência a questão do
XXXIII, garante a todos o direito a receber dos órgãos públicos nepotismo, ou seja, a designação de cônjuge, companheiro e
informações de seu interesse particular, ou de interesse parentes para cargos públicos no órgão. A lei proíbe o
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena nepotismo direto, aquele em que o beneficiado deve estar
de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja subordinado a seu cônjuge ou parente, limitado ao segundo
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, matéria grau civil, por consanguinidade (pai, mãe, avós, irmãos, filhos
essa regulamentada pela Lei nº 12.527/2011 (Regula o e netos) ou por afinidade (sogros, pais dos sogros, cunhados,
acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5 o, no enteados e filhos dos enteados).
inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216 da Constituição O Supremo Tribunal Federal ampliou essa vedação, por
Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990; meio da Súmula Vinculante nº 13, onde proíbe o nepotismo em
revoga a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da todas as entidades da Administração direta e indireta de todos
Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências). os entes federativos, enquanto que a Lei 8.112/90 veda apenas
Os remédios constitucionais do habeas data e mandado de para a Administração direta, às autarquias e fundações da
segurança cumprem importante papel enquanto garantias de União; estende a proibição aos parentes de terceiro grau (tios
concretização da transparência. e sobrinhos), que alcançava apenas os parentes de segundo
A administração pública é obrigada a manter grau; e proibiu-se também o nepotismo cruzado, aquele em
transparência em relação a todos seus atos e a todas que o agente público utiliza sua influência para possibilitar a
informações armazenadas nos seus bancos de dados. Daí a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em cargo em
publicação em órgãos da imprensa e a afixação de portarias. comissão ou de confiança ou função gratificada não
Por exemplo, a própria expressão concurso público (art. 37, II, subordinada diretamente a ele.
CF) remonta ao ideário de que todos devem tomar A vedação do nepotismo representa os princípios da
conhecimento do processo seletivo de servidores do Estado. impessoalidade, moralidade, eficiência e isonomia, de acordo
Diante disso, como será visto, se negar indevidamente a com o decidido na Ação Declaratória de Constitucionalidade
fornecer informações ao administrado caracteriza ato de (ADC nº 12). A partir de agora, temos a palavra da Suprema
improbidade administrativa. Somente pela publicidade os Corte, dizendo que o nepotismo ofende os princípios
indivíduos controlarão a legalidade e a eficiência dos atos republicanos, previstos nos arts. 5º e 37 da Constituição
administrativos. Os instrumentos para proteção são o direito Federal.
de petição e as certidões (art. 5°, XXXIV, CF), além do habeas Neste contexto, podemos verificar que a ética está
data e - residualmente - do mandado de segurança.21 diretamente relacionada ao padrão de comportamento do
indivíduo, dos profissionais e também do político. O ser
Princípio da Eficiência: humano elaborou as leis para orientar seu comportamento
frente as nossas necessidades (direitos e obrigações) e em
A administração pública deve manter o ampliar a relação ao meio social, entretanto, não é possível para a lei
qualidade de seus serviços com controle de gastos. Isso ditar nosso padrão de comportamento e é aí que entra outro
envolve eficiência ao contratar pessoas (o concurso público ponto importante que é a cultura, ficando claro que não a
seleciona os mais qualificados ao exercício do cargo), ao cultura no sentido de quantidade de conhecimento adquirido,
manter tais pessoas em seus cargos (pois é possível exonerar mas sim a qualidade na medida em que esta pode ser usada em
um servidor público por ineficiência) e ao controlar gastos prol da função social, do bem estar e tudo mais que diz respeito
(limitando o teto de remuneração), por exemplo. O núcleo ao bem maior do ser humano, este sim é o ponto fundamental,
deste princípio é a procura por produtividade e a essência, o ponto mais controverso quando tratamos da
economicidade. Alcança os serviços públicos e os serviços questão ética na vida pública.
administrativos internos, se referindo diretamente à conduta Frequentemente constatamos a opinião pública desabonar
dos agentes.22 o comportamento ético no serviço público. A crítica feita pela
Por derradeiro, o último princípio a ser abarcado pelo sociedade, decerto, como todo senso comum é imediatista e
artigo 37, da Constituição da República Federativa do Brasil de baseada em uma visão superficial da realidade, que entre
1988 é o da eficiência. outras coisas, trabalha com generalizações, colocando no
Se, na iniciativa privada, se busca a excelência e a mesmo “rol” servidores, gerentes e políticos. De fato, sabe-se
efetividade, na administração outro não poderia ser o que essa é uma realidade complexa e que precisa ser analisada
caminho, enaltecido pela EC n. 19/98, que fixou a eficiência com cautela e visão histórica, recomendando-se tratar cada
também para a Administração Pública. situação separadamente, dentro de seu contexto e não de
De acordo com os ensinamentos de Hely Lopes Meirelles, o forma simplista e apressada.
princípio da eficiência “impõe a todo agente público realizar as É verdade que aquilo que a sociedade fala sobre o serviço
atribuições com presteza, perfeição e rendimento funcional. É público é o que se vê na prática através da morosidade, do
o mais moderno princípio da função administrativa, que já não descaso, do empreguismo, improbidade administrativa, má
se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade, conservação dos bens públicos é motivo de descrédito da
exigindo resultados positivos para o serviço público e sociedade. A sociedade não tem condições de saber de quem é
satisfatório atendimento das necessidades da comunidade e a responsabilidade, na ausência de tais esclarecimentos faz
de seus membros”.23 generalizações distorcidas, impregnadas por preconceitos que
Outrossim, DI PIETRO explicita que o princípio da definem os funcionários públicos como preguiçosos,
eficiência possui dois aspectos: “o primeiro pode ser incompetentes e procrastinadores, quando, de fato, existem
considerado em relação ao modo de atuação do agente público, pessoas que agem dessa forma, assim como em qualquer
do qual se espera o melhor desempenho possível de suas empresa, mas existem também pessoas altamente qualificadas
atribuições, para lograr os melhores resultados, e o segundo, e preocupadas com o serviço público e com o bem comum.
em relação ao modo de organizar, estruturar e disciplinar a Diferente do que vem sendo posto em prática, as empresas
Administração Pública, também com o mesmo objetivo de éticas devem estimular e oportunizar o advento da consciência
alcançar os melhores resultados na prestação do serviço crítica de seus colaboradores, clientes e parceiros, e não impor
público”.24 que eles aceitem o que lhes é apresentado. É um ato humano e

21 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Método, 2011. 23 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo:
22 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Método, 2011. Malheiros, 2005.
24 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2005.

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ético não aceitar verdades prontas, de forma imposta, mas Além destes cinco princípios administrativo-
aquelas que a consciência crítica aponta como aceitáveis. É o constitucionais diretamente selecionados pelo constituinte,
ser humano quem deve decidir em quem acreditar. As podem ser apontados como princípios de natureza ética
organizações éticas buscam na prática, se tornar honestas, relacionados à função pública a probidade e a motivação:
justas, verdadeiras e democráticas, por uma questão de a) Princípio da probidade: um princípio constitucional
princípio e não de conveniências na maioria das vezes muito incluído dentro dos princípios específicos da licitação, é o
embora esse tipo de agir também traga sucesso e dever de todo o administrador público, o dever de honestidade
reconhecimento. As empresas éticas devem escolher seus e fidelidade com o Estado, com a população, no desempenho
líderes e colaboradores considerando tanto suas qualidades de suas funções. Possui contornos mais definidos do que a
técnicas, quanto éticas. Mesmo sabendo-se que o ser humano moralidade. Diógenes Gasparini25 alerta que alguns autores
está suscetível à falhas, uma boa política de Recursos tratam veem como distintos os princípios da moralidade e da
Humanos, ou uma ótima empresa e banca examinadora no probidade administrativa, mas não há características que
caso dos órgãos públicos diminuem os riscos de práticas permitam tratar os mesmos como procedimentos distintos,
lesivas ao patrimônio público. sendo no máximo possível afirmar que a probidade
Além da ética individual a empresa que almeja ser ética administrativa é um aspecto particular da moralidade
deverá refletir seu modo de ser, pois quando se conquista a administrativa.
consideração e a confiança dos colaboradores desenvolve a b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao
lealdade e compromisso necessários ao crescimento e administrador de motivar todos os atos que edita, gerais ou de
estabilidade da organização. efeitos concretos. É considerado, entre os demais princípios,
Quando a empresa conquista a confiança e o respeito de um dos mais importantes, uma vez que sem a motivação não
seus empregados desenvolve a lealdade e o compromisso com há o devido processo legal, uma vez que a fundamentação
ela. Estudos confirmam que as empresas mais éticas são as surge como meio interpretativo da decisão que levou à prática
mais bem-sucedidas, pois nas últimas décadas elas vêm do ato impugnado, sendo verdadeiro meio de viabilização do
tomando consciência disso e descobrindo que o ser humano, controle da legalidade dos atos da Administração.
ou seja, os clientes, colaboradores, sociedade, fornecedores, Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicável ao
etc., são as coisas mais importantes na organização, portanto caso concreto e relacionar os fatos que concretamente levaram
devem agir de forma a fazer com que eles as admire, respeite, à aplicação daquele dispositivo legal. Todos os atos
ame e não queira substituí-las por outras empresas. administrativos devem ser motivados para que o Judiciário
Em meio a tantas altercações em relação à ética na política, possa controlar o mérito do ato administrativo quanto à sua
a generalização da corrupção tornou-se evidente no setor legalidade. Para efetuar esse controle, devem ser observados
público, um exemplo recente é a máfia das sanguessugas, mas os motivos dos atos administrativos.
não se deve esquecer que existem pessoas muito éticas e Em relação à necessidade de motivação dos atos
conscientes em todas as organizações. Como se percebe, há administrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta um
uma cobrança cada vez maior nos últimos anos por parte da único comportamento possível) e dos atos discricionários
sociedade por transparência e probidade, tanto no trato da (aqueles que a lei, dentro dos limites nela previstos, aponta um
coisa pública, como no fornecimento de produtos e serviços ao ou mais comportamentos possíveis, de acordo com um juízo
mercado. A legislação constitucional e a infraconstitucional de conveniência e oportunidade), a doutrina é uníssona na
têm possibilitado um acompanhamento mais rigoroso da determinação da obrigatoriedade de motivação com relação
matéria, permitindo que os órgãos de fiscalização e a aos atos administrativos vinculados; todavia, diverge quanto à
sociedade em geral adotem medidas judiciais necessárias para referida necessidade quanto aos atos discricionários.
coibir os abusos cometidos pelas empresas, espera-se que a Meirelles26 entende que o ato discricionário, editado sob os
impunidade não impere nas investigações de ilicitudes. limites da Lei, confere ao administrador uma margem de
A falta de ética nasce nas estruturas administrativas liberdade para fazer um juízo de conveniência e oportunidade,
devido ao terreno fértil encontrado ocasionado pela existência não sendo necessária a motivação. No entanto, se houver tal
de governos autoritários, no qual são regidos por políticos sem fundamentação, o ato deverá condicionar-se a esta, em razão
ética, sem critérios de justiça social e que, mesmo após o da necessidade de observância da Teoria dos Motivos
aparecimento de regimes democrático, continuam Determinantes. O entendimento majoritário da doutrina,
contaminados pela doença da desonestidade, dos interesses porém, é de que, mesmo no ato discricionário, é necessária a
escusos geralmente oriundos de sociedades dominadas por motivação para que se saiba qual o caminho adotado pelo
situações de pobreza e injustiça social, abala a confiança das administrador. Gasparini27, com respaldo no art. 50 da Lei n.
instituições, prejudica a eficácia das organizações, aumenta os 9.784/98, aponta inclusive a superação de tais discussões
custos, afeta o bom uso dos recursos públicos e compromete a doutrinárias, pois o referido artigo exige a motivação para
imagem da organização e ainda castiga cada vez mais a todos os atos nele elencados, compreendendo entre estes,
sociedade que sofre com a pobreza, com a miséria, a falta de tanto os atos discricionários quanto os vinculados.
sistema de saúde, de esgoto, habitação, ocasionados pela falta
de investimentos financeiros do Governo, porque os Questões
funcionários públicos priorizam seus interesses pessoais em
detrimento dos interesses sociais. 01. (ANS – Técnico em Regulação – FUNCAB/2016) Com
A mudança que se deseja na Administração pública sugere relação à ética no setor público, e de acordo com os termos do
numa gradativa, mas necessária transformação cultural Decreto n° 1.171/1994 (Código de Ética Profissional do
dentro da estrutura organizacional da Administração Pública, Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal), é correto
isto é, uma reavaliação e valorização das tradições, valores afirmar que:
morais e educacionais que nascem em cada um de nós e se (A) o trabalho desenvolvido pelo servidor público perante
forma ao longo do tempo criando assim um determinado estilo a comunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu
de atuação no seio da organização baseada em valores éticos. próprio bem-estar, já que, como cidadão, integrante da
sociedade, o êxito desse trabalho pode ser considerado como
seu maior patrimônio.

GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004.


25 27 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
26 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São Paulo:
Malheiros, 1993.

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(B) o servidor público não poderá jamais desprezar o I– tornar claras as regras de conduta dos servidores e
elemento ético de sua conduta, devendo decidir apenas entre gestores do Conselho e da Justiça Federal de primeiro e
a legal e o ilegal. segundo graus;
(C) não é dever do servidor público zelar, no exercício do II– assegurar que as ações institucionais empreendidas por
direito de greve, pelas exigências específicas da defesa da vida gestores e servidores do Conselho e da Justiça Federal de
e da segurança coletiva. primeiro e segundo graus preservem a missão desses órgãos e
(D) salvo os casos de segurança nacional, investigações que os atos delas decorrentes reflitam probidade e conduta
policiais ou interesse superior do Estado e da Administração ética;
Pública, a publicidade do ato administrativo não constitui III– conferir coerência e convergência às políticas,
requisito de eficácia e moralidade. diretrizes e procedimentos internos do Conselho e da Justiça
(E) com relação à Administração Pública, a moralidade Federal de primeiro e segundo graus;
limita-se à distinção entre o bem e o mal. IV– oferecer um conjunto de atitudes que orientem o
comportamento e as decisões institucionais.
02. (TRE/MG – Técnico Judiciário –
CONSULPLAN/2015) Os mais modernos postulados da CAPÍTULO I
gestão administrativa, tanto no setor privado quanto no Dos Destinatários
âmbito dos órgãos públicos, determinam que os atos
administrativos observem os padrões usuais de moralidade Art. 2° O Código de Conduta aplica-se a todos os servidores
que estão indissociavelmente vinculados a critérios de e gestores do Conselho e da Justiça Federal de primeiro e
escolha pautados pela segundo graus. (Redação dada pela Resolução n. 308, de
(A) ética 07/10/2014)
(B) avaliação. Parágrafo único. Cabe aos gestores, em todos os níveis,
(C) subordinação. aplicar, como um exemplo de conduta a ser seguido, os
(D) estandardização. preceitos estabelecidos no Código e garantir que seus
subordinados – servidores, estagiários e prestadores de
03. (ANS – Técnico em Regulação em Saúde serviços – vivenciem tais preceitos.
Complementar – FUNCAB/2016) Com relação à ética no
setor público, e de acordo com os termos do Decreto n° Art. 3° O Código de Conduta do Conselho e da Justiça
1.171/1994 (Código de Ética Profissional do Servidor Público Federal de primeiro e segundo graus integrará todos os
Civil do Poder Executivo Federal), é correto afirmar que: contratos de estágio e de prestação de serviços, de forma a
(A) o trabalho desenvolvido pelo servidor público perante assegurar o alinhamento entre os colaboradores.
a comunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu
próprio bem-estar, já que, como cidadão, integrante da CAPÍTULO II
sociedade, o êxito desse trabalho pode ser considerado como Dos Princípios de Conduta
seu maior patrimônio.
(B) o servidor público não poderá jamais desprezar o Art. 4° A conduta dos destinatários do Código deverá ser
elemento ético de sua conduta, devendo decidir apenas entre pautada pelos seguintes princípios: integridade, lisura,
a legal e o ilegal. transparência, respeito e moralidade.
(C) não é dever do servidor público zelar, no exercício do
direito de greve, pelas exigências específicas da defesa da vida CAPÍTULO III
e da segurança coletiva. Da Prática de Preconceito, Discriminação, Assédio ou
(D) salvo os casos de segurança nacional, investigações Abuso de Poder
policiais ou interesse superior do Estado e da Administração
Pública, a publicidade do ato administrativo não constitui Art. 5° O Conselho e a Justiça Federal de primeiro e
requisito de eficácia e moralidade. segundo graus não serão tolerantes com atitudes
(E) com relação à Administração Pública, a moralidade discriminatórias ou preconceituosas de qualquer natureza, em
limita-se à distinção entre o bem e o mal. relação a etnia, a sexo, a religião, a estado civil, a orientação
sexual, a faixa etária ou a condição física especial, nem com
Respostas atos que caracterizem proselitismo partidário, intimidação,
hostilidade ou ameaça, humilhação por qualquer motivo ou
01. A/02. A/03. A assédio moral e sexual.

RESOLUÇÃO N. 147, DE 15 DE ABRIL DE 2011 CAPÍTULO IV


Do Conflito de Interesses
Institui o Código de Conduta do Conselho e da Justiça Federal
de primeiro e segundo graus. Art. 6° Gestores ou servidores não poderão participar de
atos ou circunstâncias que se contraponham, conforme o caso,
O PRESIDENTE DO CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL, aos interesses do Conselho e da Justiça Federal de primeiro e
usando de suas atribuições legais e tendo em vista o decidido segundo graus ou que lhes possam causar danos ou prejuízos.
no Processo n. 2010.16.11758, na sessão realizada em 28 de
março de 2011, Art. 7° Recursos, espaço e imagem do Conselho e da Justiça
Federal de primeiro e segundo graus não poderão, sob
RESOLVE: qualquer hipótese, ser usados para atender a interesses
pessoais, políticos ou partidários.
Das Disposições Gerais
CAPÍTULO V
Art. 1º Instituir o Código de Conduta do Conselho e da Do Sigilo de Informações
Justiça Federal de primeiro e segundo graus, com as seguintes
finalidades: Art.8° O servidor ou gestor que, por força de seu cargo ou
de suas responsabilidades, tiverem acesso a informações do

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órgão em que atuam ainda não divulgadas publicamente pelo Conselho, tribunais regionais federais e seções
deverão manter sigilo sobre seu conteúdo. judiciárias, conforme o caso.

Art. 9° Ao servidor ou gestor do Conselho e da Justiça CAPÍTULO XI


Federal de primeiro e segundo graus é vedado aceitar Dos Contratos, Convênios ou Acordos de Cooperação
presentes, privilégios, empréstimos, doações, serviços ou
qualquer outra forma de benefício em seu nome ou no de Art. 15. Os contratos, convênios ou acordos de cooperação
familiares, quando originários de partes, ou dos respectivos nos quais o Conselho, os tribunais regionais federais e as
advogados e estagiários, bem como de terceiros que sejam ou seções judiciárias sejam partes devem ser escritos de forma
pretendam ser fornecedores de produtos ou serviços para clara, com informações precisas, sem haver a possibilidade de
essas instituições. interpretações ambíguas por qualquer das partes
Parágrafo único. Não se consideram presentes, para fins interessadas.
deste artigo, os brindes sem valor comercial ou aqueles
atribuídos por entidades de qualquer natureza a título de CAPÍTULO XII
cortesia, propaganda ou divulgação, por ocasião de eventos Das Falhas Administrativas
especiais ou datas comemorativas.
Art. 16. Servidores ou gestores do Conselho e da Justiça
CAPITULO VI Federal de primeiro e segundo graus que cometerem
Do Patrimônio Tangível e Intangível eventuais erros deverão receber orientação construtiva,
contudo, se cometerem falhas resultantes de desídia, má-fé,
Art. 10. É de responsabilidade dos destinatários do Código negligência ou desinteresse que exponham o Conselho, os
zelar pela integridade dos bens, tangíveis e intangíveis, dos tribunais regionais federais e as seções judiciárias a riscos
órgãos onde atuam, inclusive sua reputação, propriedade legais ou de imagem, serão tratados com rigorosa correção.
intelectual e informações confidenciais, estratégicas ou
sensíveis. CAPÍTULO XIII
Da Responsabilidade Socioambiental
CAPÍTULO VII
Dos Usos de Sistemas Eletrônicos Art. 17. O Conselho e a Justiça Federal de primeiro e
segundo graus exigirão de seus servidores, no exercício de
Art. 11. Os recursos de comunicação e tecnologia de seus misteres, responsabilidade social e ambiental; no
informação disponíveis no Conselho e na Justiça Federal de primeiro caso, privilegiando a adoção de práticas que
primeiro e segundo graus devem ser utilizados com a estrita favoreçam a inclusão social e, no segundo, de práticas que
observância dos normativos internos vigentes, notadamente combatam o desperdício de recursos naturais e evitem danos
no que tange à utilização e à proteção das senhas de acesso. ao meio ambiente.
Parágrafo único. É vedada, ainda, a utilização de sistemas e
ferramentas de comunicação para a prática de atos ilegais ou CAPÍTULO XIV
impróprios, para a obtenção de vantagem pessoal, para acesso Do Comitê Gestor do Código de Conduta
ou divulgação de conteúdo ofensivo ou imoral, para
intervenção em sistemas de terceiros e para participação em Art. 18. Fica instituído o comitê gestor do Código de
discussões virtuais acerca de assuntos não relacionados aos Conduta, ao qual compete, entre outras atribuições, zelar pelo
interesses do Conselho e da Justiça Federal de primeiro e seu cumprimento.
segundos graus.
Art. 19. Cada tribunal terá um comitê gestor formado por
CAPÍTULO VIII servidores nomeados pelo seu presidente; outro tanto no
Da Comunicação Conselho da Justiça Federal.

Art. 12. A comunicação entre os destinatários do Código ou Art. 20. As atribuições do comitê gestor do Código de
entre esses e os órgãos governamentais, os clientes, os Conduta serão formalizadas por ato do presidente do Conselho
fornecedores e a sociedade deve ser indiscutivelmente clara, da Justiça Federal.
simples, objetiva e acessível a todos os legitimamente
interessados. Art. 21. Esta resolução entra em vigor na data de sua
publicação.
CAPÍTULO IX
Da Publicidade de Atos e Disponibilidade de Questões
Informações
01. Acerca da Resolução nº 147/11, julgue o item abaixo:
Art. 13. É obrigatório aos servidores e gestores do A conduta dos destinatários do Código deverá ser pautada
Conselho e da Justiça Federal de primeiro e segundo graus pelos seguintes princípios: integridade, lisura, transparência,
garantir a publicidade de seus atos e a disponibilidade de respeito e moralidade.
informações corretas e atualizadas que permitam o ( ) Certo
conhecimento dos aspectos relevantes da atividade sob sua ( ) Errado
responsabilidade, bem como assegurar que a divulgação das
informações aconteça no menor prazo e pelos meios mais 02. Acerca da Resolução nº 147/11, julgue o item abaixo:
rápidos. É facultativo aos servidores e gestores do Conselho e da
Justiça Federal de primeiro e segundo graus garantir a
CAPÍTULO X publicidade de seus atos e a disponibilidade de informações
Das Informações à Imprensa corretas e atualizadas que permitam o conhecimento dos
aspectos relevantes da atividade sob sua responsabilidade,
Art. 14. Os contatos com os órgãos de imprensa serão bem como assegurar que a divulgação das informações
promovidos, exclusivamente, por porta-vozes autorizados aconteça no menor prazo e pelos meios mais rápidos.

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( ) Certo continua em exercício após a idade-limite para aposentadoria


( ) Errado compulsória”.29

03. Acerca da Resolução nº 147/11, julgue o item abaixo: Os atos praticados pelo agente de fato presumem-se
O servidor ou gestor que, por força de seu cargo ou de suas válidos, com base na conformidade da lei, visando tutelar a
responsabilidades, tiverem acesso a informações do órgão em boa-fé dos administrados. A validade dos atos decorre de
que atuam ainda não divulgadas publicamente deverão exame caso a caso, visando assegurar a segurança jurídica e da
manter sigilo sobre seu conteúdo. boa-fé da população. Caso os atos praticados por agente
( ) Certo público não sejam de sua competência, os mesmos serão
( ) Errado considerados nulos, como no caso do usurpador de função.

Respostas Agentes Militares

01. Certo/02. Errado/03. Certo Os agentes militares formam uma categoria à parte entre
os agentes políticos na medida em que as instituições militares
AGENTES PÚBLICOS são organizadas com base na hierarquia e na disciplina.
Aqueles que compõem os quadros permanentes das forças
Agente público refere-se àquela pessoa física a qual exerce militares possuem vinculação estatutária, e não contratual,
uma função pública, seja qual for esta modalidade de função mas o regime jurídico é disciplinado por legislação específica
(mesário, jurado, funcionário público aprovado em concurso diversa da aplicável aos servidores civis.
público, etc.). Assim, os militares abrangem as pessoas físicas que
prestam serviços às Forças Armadas - Marinha, Exército e
Agente público é toda pessoa física que presta serviços ao Aeronáutica (art. 142, caput, e § 3.º, da Constituição) - e às
Estado e às pessoas jurídicas da Administração Indireta.28 Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares dos
Estados, Distrito Federal e dos Territórios (art. 42), com
Antes da Constituição atual, ficavam excluídos os que vínculo estatutário sujeito a regime jurídico próprio, mediante
prestavam serviços às pessoas jurídicas de direito privado remuneração paga pelos cofres públicos.
instituídas pelo Poder Público (fundações, empresas públicas
e sociedades de economia mista). Hoje o artigo 37 exige a Particulares em colaboração
inclusão de todos eles.
Os particulares em colaboração com a Administração
A denominação “agente público” é tratada como gênero do constituem uma classe de agentes públicos, em regra, sem
qual são espécies os agentes políticos, servidores públicos, vinculação permanente e remunerada com o Estado. São
agentes militares e particulares em colaboração. agentes públicos, mas não integram a Administração e não
perdem a característica de particulares. Exemplos: jurados,
Agentes políticos: recrutados para o serviço militar, mesário de eleição.
De acordo com Hely Lopes Meirelles, são chamados
A primeira espécie dentro do gênero agentes públicos é a também de “agentes honoríficos”, exercendo função pública
dos agentes políticos. Os agentes políticos exercem uma sem serem servidores públicos. Essa categoria de agentes
função pública (munus publico) de alta direção do Estado. públicos é composta, segundo Celso Antônio Bandeira de
Ingressam, em regra, por meio de eleições, desempenhando Mello, por:
mandatos fixos ao término dos quais sua relação com o Estado a) requisitados de serviço: como mesários e convocados
desaparece automaticamente. A vinculação dos agentes para o serviço militar (conscritos);
políticos com o aparelho governamental não é profissional, b) gestores de negócios públicos: são particulares que
mas institucional e estatutária. assumem espontaneamente uma tarefa pública, em situações
Os agentes políticos são, definidos por Celso Antônio emergenciais, quando o Estado não está presente para
Bandeira de Melo como os titulares dos cargos estruturais à proteger o interesse público. Exemplo: socorrista de
organização política do País. Exemplos: Presidente da parturiente;
República, Governadores, Prefeitos e respectivos vices, os c) contratados por locação civil de serviços: é o caso, por
auxiliares imediatos dos chefes de Executivo, isto é, Ministros exemplo, de jurista famoso contratado para emitir um parecer;
e Secretários das diversas pastas, bem como os Senadores, d) concessionários e permissionários: exercem função
Deputados Federais e Estaduais e os Vereadores. pública por delegação estatal;
Exercem funções e mandatos temporários. Não são e) delegados de função ou ofício público: é o caso dos
funcionários nem servidores públicos, exceto para fins penais, titulares de cartórios.
caso cometam crimes contra a Administração Pública. Importante destacar que os particulares em colaboração
com a Administração, mesmo atuando temporariamente e sem
Agentes de Fato remuneração, podem praticar ato de improbidade
administrativa (art. 2.º da Lei n. 8.429/92) e, enquanto
Para que um ato administrativo seja praticado é necessário exercerem a função, são considerados funcionários públicos
que o agente esteja legitimamente investido no cargo para que para fins penais, respondendo, assim, pelos crimes que
possa exercer a competência prevista em lei. Exemplo: “falta cometerem. A Administração Pública responde pelos danos
de requisito legal para investidura, como certificado de causados a terceiros por este agente, voltando-se, depois,
sanidade vencido; inexistência de formação universitária para contra o agente público delegado.
função que a exige, idade inferior ao mínimo legal; o mesmo
ocorre quando o servidor está suspenso do cargo, ou exerce
funções depois de vencido o prazo de sua contratação, ou

28Di Pietro, Maria Sylvia Zanella, Direito Administrativo, editora ATLAS, São 29 Di Pietro, Maria Sylvia Zanella, “Direito Administrativo” (13ª edição, São Paulo,

Paulo, 2014: Atlas, 2001, p. 221.

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Servidores Públicos temporariamente para suprirem necessidade temporária de


excepcional interesse público).
São servidores públicos, em sentido amplo, as pessoas - Agentes honoríficos: pessoas que desempenham
físicas que prestam serviços ao Estado e às entidades da atividade administrativa em razão de sua honorabilidade
Administração Indireta, com vínculo empregatício e mediante (honra). Exemplos: mesário da eleição ou jurado convocado
remuneração paga pelos cofres públicos. para júri de algum crime doloso contra a vida.
- Agentes delegados: pessoas que recebem a incumbência
Já os servidores públicos em sentido restrito, são aqueles de executarem, por sua conta e risco, um serviço público ou
que possuem uma relação com o regime estatutário, que sejam uma atividade de interesse público. Podem ser os notários, os
ocupantes de cargos públicos efetivos ou em comissão e se registradores de imóveis, os tradutores públicos, os
submetam a regime jurídico de direito público. concessionários ou permissionários de serviço público, entre
outros.
Os servidores públicos, por sua vez, são classificados em: - Agentes credenciados: pessoas que representam a
Administração Pública em um determinado evento ou
1. Funcionário público: titularizam cargo e, portanto, atividade.
estão submetidos ao regime estatutário.
Normas Constitucionais Concernentes à
2. Empregado público: titularizam emprego, sujeitos ao Administração Pública e aos Servidores Públicos
regime celetista. Ambos exigem concurso. É o agente público
que tem vínculo contratual, ou seja, sua relação com a Neste item, abordaremos todos os artigos da seção I e
Administração Pública decorre de contrato de trabalho. II, do Capítulo VII “Da Administração Pública”, constante
Possui, então, vínculo de natureza contratual celetista (CLT). no Título III da Constituição Federal “Da Organização do
Assim, o Empregado Público é regido pela CLT e o Servidor Estado”. Iniciamos pela seção I “Disposições Gerais”:
Público é regido por lei específica - no caso do servidor público
federal, será regido pela Lei 8.112/90. Artigo 37- A administração pública direta e indireta de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
3. Contratados em caráter temporário: são servidores e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
contratados por um período certo e determinado, por força de impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
uma situação de excepcional interesse público. Não são ao seguinte:
nomeados em caráter efetivo, que tem como qualidade a
definitividade – art. 37, inc. IX, da Constituição Federal. A Administração Pública direta se constitui dos serviços
prestados da estrutura administrativa da União, Estados,
O trabalho temporário é regulado pela Lei nº 6.019/74 - é Distrito Federal e Municípios. Já a Administração Pública
aquele prestado por pessoa física a uma empresa para atender indireta compreende os serviços prestados pelas autarquias,
à necessidade transitória de substituição de seu pessoal fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas
regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de públicas.
serviços. O vínculo empregatício do trabalhador temporário É importante frisar que ambas as espécies de
não se dá com a empresa tomadora de serviços, mas sim com Administração Pública deverão se pautar nos cinco princípios
a empresa de trabalho temporário. estabelecidos pelo “caput” do artigo 37 da Constituição da
Essa modalidade de contratação tem como objetivo República Federativa do Brasil de 1988 (legalidade,
atender a serviços extraordinários de serviços (época de impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência).
Páscoa e Natal), além de atender à necessidade transitória de O princípio da legalidade, um dos mais importantes
substituição de pessoal regular e permanente. princípios consagrados no ordenamento jurídico brasileiro,
O contrato do trabalhador temporário deve ser feito de consiste no fato de que o administrador somente poderá fazer
forma escrita, além de constar expressamente a causa que o que a lei permite. É importante demonstrar a diferenciação
enseja sua contratação. entre o princípio da legalidade estabelecido ao administrado e
Quanto ao prazo, este não poderá exceder 3 meses, caso ao administrador. Como já explicitado, para o administrador o
seja a mesma empresa tomadora e o mesmo empregado, salvo princípio da legalidade estabelece que ele somente poderá agir
autorização conferida pelo órgão local do Ministério do dentro dos parâmetros legais, conforme os ditames
Trabalho e Previdência Social. No aludido instrumento deve estabelecidos pela lei. Já o princípio visto sob a ótica do
constar expressamente o prazo que vigerá o contrato, data de administrado, explicita que ninguém será obrigado a fazer ou
início e término da prestação de serviço. deixar de fazer alguma coisa senão em virtude lei. Esta
interpretação encontra abalizamento no artigo 5.º, II, da
Os agentes públicos são classificados da seguinte forma: Constituição Federal de 1988.

- Agentes políticos: pessoas físicas que exercem Posteriormente, o artigo 37 estabelece que deverá ser
determinada função (legislativa, executiva ou administrativa) obedecido o princípio da impessoalidade. Este estabelece que
descrita na Constituição Federal. São exemplos: deputado a Administração Pública, através de seus órgãos, não poderá,
federal, senador, governador de estado, procurador do na execução das atividades, estabelecer diferenças ou
trabalho, entre outros. privilégios, uma vez que deve imperar o interesse social e não
- Agentes administrativos: são servidores sujeitos a uma o interesse particular. De acordo com os ensinamentos de
relação hierárquica com os agentes políticos, isto é, são os Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o princípio da impessoalidade
servidores públicos propriamente ditos (ocupam cargo efetivo estaria intimamente relacionado com a finalidade pública. De
ou em comissão e respeitam o estatuto da respectiva acordo com a autora, “a Administração não pode atuar com
instituição na qual trabalham), os empregados públicos vista a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, uma vez
(trabalham em empresas públicas e respeitam a legislação que é sempre o interesse público que deve nortear o seu
trabalhista) e os servidores temporários (contratados comportamento”.30

30DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas,
2005.

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Ato contínuo, o artigo estudado apresenta o princípio da seja, poderão ser exonerados sem necessidade de
publicidade. Este tem por objetivo a divulgação de atos procedimento administrativo ou sentença judicial transitada
praticados pela Administração Pública, obedecendo, todavia, em julgado.
às questões sigilosas. De acordo com as lições do eminente
doutrinador Hely Lopes Meirelles, “o princípio da publicidade III - o prazo de validade do concurso público será de até dois
dos atos e contratos administrativos, além de assegurar seus anos, prorrogável uma vez, por igual período;
efeitos externos, visa a propiciar seu conhecimento e controle
pelos interessados e pelo povo em geral, através dos meios Este inciso expressa o prazo de validade dos concursos
constitucionais...”31. públicos. De acordo com ele, o concurso público será válido
Por derradeiro, o último princípio a ser abarcado pelo por até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período.
artigo 37 da Constituição da República Federativa do Brasil é Como é possível perceber, o prazo de validade do concurso não
o da eficiência. De acordo com os ensinamentos de Hely Lopes será necessariamente dois anos - poderá ser de 1 dia a 2 anos,
Meirelles, o princípio da eficiência “impõe a todo agente dependendo do que for estabelecido no edital de abertura do
público realizar as atribuições com presteza, perfeição e concurso. Isso corre pelo fato de que o prazo estabelecido pelo
rendimento funcional. É o mais moderno princípio da função inciso será de até 2 anos, não podendo ultrapassar esse lapso
administrativa, que já não se contenta em ser desempenhada temporal. Todavia, o inciso apresenta a possibilidade de
apenas com legalidade, exigindo resultados positivos para o prorrogação do prazo de validade do concurso público por
serviço público e satisfatório atendimento das necessidades da uma vez, pelo mesmo período que o inicial. Desta maneira, se
comunidade e de seus membros”. 32 o prazo de validade do concurso é de um ano e 2 meses, a
prorrogação também deverá ser de um ano e dois meses, ou
Outrossim, DI PIETRO explicita que o princípio da seja, a prorrogação deverá obedecer ao mesmo prazo de
eficiência possui dois aspectos: “o primeiro pode ser validade inicialmente disposto para o concurso público.
considerado em relação ao modo de atuação do agente público,
do qual se espera o melhor desempenho possível de suas IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de
atribuições, para lograr os melhores resultados, e o segundo, em convocação, aquele aprovado em concurso público de provas ou
relação ao modo de organizar, estruturar e disciplinar a de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos
Administração Pública, também com o mesmo objetivo de concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira;
alcançar os melhores resultados na prestação do serviço
público”.33 O prazo improrrogável previsto no edital de convocação
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos diz respeito ao período de prorrogação, pois após este não há
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, mais possibilidade de prorrogar o prazo de validade do
assim como aos estrangeiros, na forma da lei; concurso. Desta maneira, durante o prazo improrrogável é
possível a realização de novo concurso público visando ao
Este inciso demonstra a possibilidade de acesso aos cargos, preenchimento da vaga semelhante. Todavia, os aprovados em
empregos e funções públicas, mediante o preenchimento dos concurso anterior terão prioridade frente aos novos
requisitos estabelecidos pela lei. Não obstante ainda permite o concursados para assumir o cargo ou carreira.
ingresso dos estrangeiros aos cargos públicos, obedecendo às
disposições legais. Quando o inciso dispõe que os cargos, V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por
funções e empregos públicos são acessíveis, dependendo, servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão,
todavia, de preenchimento de requisitos legais, estamos nos a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos,
referindo, por exemplo, à aprovação em concurso público, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se
dentre outras condições. apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento;

II - a investidura em cargo ou emprego público depende de Este inciso denota a possibilidade de admissão de
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e funcionários para ocupação de cargos de confiança, que devem
títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou ser ocupados por servidores ocupantes de cargos efetivos e
emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações que se limitem apenas às atribuições de direção, chefia e
para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e assessoramento.
exoneração; Tal regra se justifica pelo fato de que não se deve permitir
O inciso deixa clara a necessidade de aprovação prévia em a admissão de pessoas estranhas nos cargos de chefia, direção
concurso público de provas ou de provas e títulos para a e assessoramento.
investidura em cargo ou emprego público. É importante
salientar que o concurso público levará em consideração a VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre
natureza e a complexidade do cargo ou emprego público. Desta associação sindical;
maneira, não se poderá exigir do candidato ao cargo de gari,
conhecimentos exigidos ao cargo de magistrado, pois seria Neste inciso estamos diante do desdobramento do direito
uma afronta ao estabelecido no inciso em questão. Todavia, o de liberdade de associação, pois garante ao servidor público
inciso apresenta como exceção à necessidade de aprovação em civil o direito à livre associação sindical. Conforme explicita o
concurso público as nomeações para cargo em comissão, artigo 5.º, XX, da Constituição da República Federativa do
declarado como de livre nomeação ou exoneração. Logo, as Brasil - 1988, “ninguém poderá ser compelido a associar-se ou
pessoas que, porventura, forem nomeadas para cargos em a permanecer associado”.
comissão - também denominados cargos de confiança - não
necessitarão de aprovação prévia em concurso público, pois a VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites
lei declarou esses cargos como de livre nomeação e definidos em lei específica;
exoneração. Portanto, os agentes públicos nomeados em cargo Este inciso garante o direito de greve aos servidores
de provimento em comissão não possuem estabilidade, ou públicos, que porventura queiram fazer reivindicações sobre

31 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: 33DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas,
Malheiros, 2005. 2005.
32 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo:

Malheiros, 2005.

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os direitos da classe trabalhadora. Todavia, de acordo com o assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem
inciso em questão, tal direito deverá ser exercido nos termos e distinção de índices;
nos limites definidos em lei específica. A Lei nº 7783/89 - que
disciplina o direito de greve dos servidores públicos - traz, em Conforme consta do inciso em questão, a remuneração dos
seu bojo, as atividades públicas que não podem ser servidores obedecerá ao disposto no artigo 7.º, inciso XXX, da
interrompidas durante o curso da paralisação. De acordo com Constituição Federal, que dispõe os direitos tutelados aos
a lei supracitada, são atividades ou serviços essenciais: servidores públicos. Tal artigo garante aos servidores públicos
o seguinte direito: “XXX- proibição de diferença de salários, de
Art. 10 - São considerados serviços ou atividades essenciais: exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo,
I - tratamento e abastecimento de água; produção e idade, cor ou estado civil”.
distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; Não obstante a garantia de tal direito aos servidores
II - assistência médica e hospitalar; públicos, ainda se demonstra presente no inciso a garantia de
III - distribuição e comercialização de medicamentos e revisão anual das remunerações dos servidores públicos,
alimentos; sempre na mesma data e sem distinção de índices.
IV - funerários;
V - transporte coletivo; XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos,
VI - captação e tratamento de esgoto e lixo; funções e empregos públicos da administração direta,
VII - telecomunicações; autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes
VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos
equipamentos e materiais nucleares; detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e
IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais; os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória,
X - controle de tráfego aéreo; percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens
XI - compensação bancária. pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o
subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal
Assim, é garantido o direito de greve aos servidores Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do
públicos, havendo, todavia, restrições ao seu exercício, para Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal
que a luta pelos direitos da classe trabalhadora não gere lesões do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos
à sociedade devido à interrupção da prestação de serviços Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo
básicos. e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça,
limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este
critérios de sua admissão; limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e
aos Defensores Públicos;
De acordo com o inciso, a lei reservará uma determinada
porcentagem dos cargos e empregos públicos para as pessoas Este inciso explicita o teto para o pagamento dos
portadoras de deficiências. De acordo com o artigo 5.º, § 2.º, da servidores da Administração Pública, seja na esfera federal,
Lei nº 8112/90, aos portadores de deficiências serão estadual ou municipal. A regra geral estabelecida é que a
reservadas até 20% das vagas oferecidas em concursos remuneração e os subsídios dos ocupantes de cargos, funções
públicos para ingresso em cargos públicos. Exemplo: em um e empregos públicos da administração direta, autárquica e
determinado concurso no qual estejam sendo oferecidas 100 fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União,
vagas, no próprio edital de abertura do mesmo, por força da dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos
Lei supracitada, deverá constar que 20 vagas serão destinadas detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos
a portadores de deficiências físicas. e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória,
percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder
determinado para atender à necessidade temporária de o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
excepcional interesse público; Tribunal Federal. O outro teto limita a remuneração nos
Municípios ao subsídio do Prefeito e nos Estados, a do
Conforme denota o inciso, é admissível a contratação de Governador. No Poder Legislativo, a limitação está alicerçada
servidores públicos por tempo determinado, desde que seja no subsídio dos Deputados Estaduais.
para suprir necessidade temporária de excepcional interesse
público. De acordo com a Lei nº 8745/93 indica como casos de XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do
excepcional interesse público: Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo
I- assistência a situações de calamidade pública; Poder Executivo;
II - assistência a emergências em saúde pública
III - realização de recenseamentos e outras pesquisas de Este inciso demonstra a limitação existente entre os
natureza estatística efetuadas pela Fundação Instituto Poderes da União. Nos cargos semelhantes existentes nos
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE; (Redação dada pela Poderes, os vencimentos do Poder Legislativo e do Poder
Lei nº 9.849, de 1999). Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder
IV - admissão de professor substituto e professor visitante; Executivo.
V - admissão de professor e pesquisador visitante
estrangeiro; XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer
( ) espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de
Além de outras atividades trazidos no inciso VI. pessoal do serviço público;

X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que De acordo com o eminente doutrinador Hely Lopes
trata o § 4.º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados Meirelles, equiparar significa “a previsão, em lei, de
por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, remuneração igual à determinada carreira ou cargo. Assim, não
significa equiparação a existência de duas ou mais leis

Ética no Serviço Público 16


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estabelecendo, cada uma, valores iguais para os servidores por - Artigo 153- Compete à União instituir impostos sobre: III-
elas abrangidos. Já, vincular não significa remuneração igual, renda e proventos de qualquer natureza;
mas atrelada a outra, de sorte que a alteração da remuneração - Artigo 153 – Compete à União instituir impostos sobre: §
do cargo vinculante provoca, automaticamente, a alteração da 2.º - O imposto previsto no inciso III: I- será informado pelos
prevista para o cargo vinculado”. 34(). critérios da generalidade, da universalidade e da
Desta maneira, a Constituição proíbe que haja equiparação progressividade, na forma da lei.
das remunerações dos servidores dos Poderes, retirando a
iniciativa dos mesmos para a fixação da remuneração. Desta maneira, será possível a redução dos vencimentos e
subsídios nos casos supracitados. Um exemplo de redução a
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor ser citado é o desconto do Imposto de Renda dos subsídios e
público não serão computados nem acumulados para fins de vencimentos dos servidores públicos.
concessão de acréscimos ulteriores;
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos
Este inciso é claro em explicitar que a concessão de públicos, exceto quando houver compatibilidade de horários,
acréscimos pecuniários não serão computados nem observado em qualquer caso o disposto no inciso XI.
acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores. a) a de dois cargos de professor;
Logo, é possível extrair dessa assertiva que os acréscimos b) a de um cargo de professor com outro técnico ou
concedidos aos servidores não serão utilizados na base de científico;
cálculo para concessão de outros acréscimos no futuro. c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais
de saúde, com profissões regulamentadas;
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e
empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos O inciso XVI e suas alíneas trazem a proibição de
incisos XI e XIV deste artigo e nos artigos 39, § 4.º, 150, II, 153, acumulação remunerada de cargos públicos, exceto se houver
III, e 153, § 2.º, I; compatibilidade de horários – somente nos cargos descritos
acima.
Este inciso se refere à irredutibilidade dos vencimentos e É importante salientar a necessidade da compatibilidade
subsídios dos ocupantes de cargos e empregos públicos, ou de horários, pois se forem incompatíveis não será possível a
seja, da impossibilidade de redução no valor da remuneração acumulação de cargos públicos nos casos supracitados.
dos mesmos. Todavia o próprio inciso traz em sua parte final Ademais, cabe ressaltar que nos casos em que é admitida a
algumas ressalvas, em que há possibilidade de redução dos cumulação de cargos é necessária a observância do inciso XI,
subsídios e vencimentos. São elas: ou seja, das regras pertinentes ao teto de vencimento ou
- Artigo 37, XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de subsídio.
cargos, funções e empregos públicos da administração direta, XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e
autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas,
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades
detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público;
os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória,
percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens Este inciso demonstra que a acumulação de cargos não é
pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o aplicável somente aos órgãos da Administração Pública Direta
subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal (União, Estados, Municípios e Distrito Federal), mas também
Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do aos órgãos da Administração Pública Indireta (Autarquias,
Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal Fundações, Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista,
do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou
Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo indiretamente, pelo Poder Público).
e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça,
limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais
do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição,
Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este precedência sobre os demais setores administrativos, na forma
limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e da lei;
aos Defensores Públicos;
- Artigo 37, XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por A Fazenda Pública é o órgão estatal que cuida das
servidor público não serão computados nem acumulados para arrecadações do Estado. Diante disso, possui servidores
fins de concessão de acréscimos ulteriores; públicos especialmente destinados para fiscalizarem e
- Artigo 39, § 4.º - O membro de Poder, o detentor de controlarem todos os fatos que guardem relação com tributos.
mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Desta maneira, visando assegurar a moralidade da
Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por administração pública, os servidores admitidos nos cargos de
subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de fiscal terão livre acesso a informações - dentro da sua área de
qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de competência e jurisdição.
representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em
qualquer caso, o disposto no artigo 37, X e XI. XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia
- Artigo 150 - Sem prejuízos de outras garantias asseguradas e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de
ao contribuinte, é vedada à União, aos Estados, aos Municípios e economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar,
ao Distrito Federal: II- instituir tratamento desigual entre os neste último caso, definir as áreas de sua atuação;
contribuintes que se encontrem em situação equivalente,
proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional De acordo com MEIRELLES, “Autarquias são pessoas
ou função por eles exercida, independentemente da jurídicas de Direito Público, de natureza meramente
denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; administrativa, criadas por lei específica, para a realização de

34MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo:


Malheiros, 2005

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atividades, obras e serviços descentralizados da entidade estatal compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na
que as criou. Funcionam e operam na forma estabelecida na lei forma da lei ou convênio.
instituidora e nos termos de seu regulamento. As autarquias
podem desempenhar atividades educacionais, previdenciárias e Visando a um maior controle das receitas tributárias, este
quaisquer outras outorgadas pela entidade estatal-matriz, mas inciso demonstra que as administrações tributárias da União,
sem subordinação hierárquica, sujeitas apenas ao controle dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios - atividades
finalístico de sua administração e da condução de seus agentes”. essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por
O doutrinador supracitado explicita que Fundações são servidores de carreiras específicas - terão recursos
pessoas jurídicas de Direito Público ou pessoas jurídicas de prioritários para a realização de suas atividades e atuarão de
Direito Privado, devendo a lei definir as respectivas áreas de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de
atuação, conforme o inciso XIX, do artigo 37 da CF, na redação cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio.
dada pela Emenda Constitucional nº 19/98. No primeiro caso,
elas são criadas por lei, à semelhança das autarquias; no § 1.º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e
segundo, a lei apenas autoriza sua criação, devendo o Poder campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo,
Executivo tomar as providências necessárias à sua instituição. informativo ou de orientação social, dela não podendo constar
Ademais, o autor traz uma sucinta abordagem das nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção
entidades empresarias que englobam as empresas públicas e pessoal de autoridades ou servidores públicos.
as sociedades de economia mista. De acordo com o
doutrinador, as empresas públicas e as sociedades de Este parágrafo proíbe que nos atos, programas, serviços e
economia mista são pessoas jurídicas de Direito Privado, com campanhas de órgãos públicos constem nomes, símbolos ou
a finalidade de prestar serviço público que possa ser explorado imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades
no modo empresarial, ou de exercer atividade econômica de ou serviços públicos. O parágrafo em questão busca extinguir
relevante interesse coletivo. Sua criação deve ser autorizada a promoção de políticos por atos ou programas realizados,
por lei específica, cabendo ao Poder Executivo as providências podendo somente constar conteúdo educativo.
complementares para sua instituição.35.
§ 2.º - A não observância do disposto nos incisos II e III
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade
criação de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso responsável, nos termos da lei.
anterior, assim como a participação de qualquer delas em
empresa privada; O parágrafo 2.º traz dois casos de nulidade, que também
ensejarão a punição da autoridade responsável. De acordo com
Este inciso demonstra a necessidade de autorização do o parágrafo, se não houver a observância dos incisos II e III,
Poder Legislativo na criação das autarquias, fundações, artigo 37, operar-se-ão os efeitos supracitados. Desta maneira,
empresas públicas e sociedades de economia mista, bem como explicita os incisos II e III, do artigo 37:
na participação de qualquer delas em empresa privada. Esta
condição explicitada pelo inciso em questão demonstra uma II - a investidura em cargo ou emprego público depende de
das atribuições do Poder Legislativo - que é a fiscalizatória. aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e
títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações
obras, serviços, compras e alienações serão contratados para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
mediante processo de licitação pública que assegure igualdade exoneração;
de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que III - o prazo de validade do concurso público será de até dois
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições anos, prorrogável uma vez, por igual período;
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá Desta maneira, se não forem obedecidas as regras
as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis referentes à investidura em cargos públicos, bem como o prazo
à garantia do cumprimento das obrigações. de validade dos concursos públicos, haverá não somente a
nulidade do ato, como também a punição da autoridade.
Este inciso traz, em seu bojo, o instituto da licitação: as
obras, serviços, compras e alienações serão contratadas § 3.º A lei disciplinará as formas de participação do usuário
mediante processo de licitação pública que assegure igualdade na administração pública direta e indireta, regulando
de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que especialmente:
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente em geral, asseguradas a manutenção de serviços de
permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e
indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. interna, da qualidade dos serviços;
Todavia, o próprio inciso demonstra que existirão casos II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a
expressos em lei nos quais será dispensado o processo informações sobre atos de governo, observado o disposto no art.
licitatório. As regras referentes ao processo licitatório, bem 5.º, X e XXXIII;
como os casos de dispensa do mesmo estão previstos na lei nº III - a disciplina da representação contra o exercício
8666/93. negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na
administração pública.
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, Este inciso tem por escopo assegurar a aplicação do
do Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao princípio da eficiência declarado no caput do artigo 27 da
funcionamento do Estado, exercidas por servidores de carreiras Constituição Federal, permitindo que os usuários da
específicas, terão recursos prioritários para a realização de suas Administração Pública participem da mesma e efetuem sua
atividades e atuarão de forma integrada, inclusive com o fiscalização.

35 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo:


Malheiros, 2005.

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§ 4.º - Os atos de improbidade administrativa importarão a causalidade entre a conduta danosa e o resultado, ou seja, é
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a necessário que se prove que a conduta praticada pelo
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma funcionário causou determinado dano, não havendo discussão
e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. de culpa ou dolo acerca do fato.
Todavia, a segunda parte do parágrafo traz o instituto da
De acordo com o parágrafo em questão, os atos de responsabilidade civil subjetiva ao explicitar que será
improbidade administrativa importarão a suspensão dos assegurado o direito de regresso do Estado contra o
direitos políticos, a perda da função pública, a responsável nos casos de dolo ou culpa. Assim, comprovada a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na ocorrência de dano ao particular pela conduta do funcionário
forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal público, e posteriormente pagar a indenização, o Estado
cabível. poderá ajuizar ação de regresso contra o funcionário, visando
A lei nº 8.429/92 traz, em seu conteúdo, a ao recebimento da indenização paga ao particular. Entretanto,
responsabilidade aplicada aos agentes públicos que a responsabilidade aqui é diversa, pois será necessária a prova
cometerem atos de improbidade contra a Administração de que o funcionário cometeu a conduta, imbuído por dolo ou
Pública. Cabe ressaltar que o próprio parágrafo 4.º demonstra culpa.
que, além da responsabilidade civil aplicada ao transgressor,
poderá ser ajuizada a ação penal correspondente ao crime, § 7.º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao
para que ocorra a consequente punição do mesmo. ocupante de cargo ou emprego da administração direta e
indireta que possibilite o acesso a informações privilegiadas.
§ 5.º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos
praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem Tendo em vista que a Administração Pública é dotada de
prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de várias informações privilegiadas, o inciso supracitado traz a
ressarcimento. necessidade de edição de uma lei que disponha sobre os
requisitos e as restrições ao ocupante de cargo ou emprego da
Este parágrafo demonstra que lei infraconstitucional administração direta e indireta que possibilite o acesso a
estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados informações privilegiadas.
por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao
erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento. § 8.º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos
Preliminarmente, é importante salientar que prescrição órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá
consiste na perda do direito de ação pelo decurso do tempo. ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus
Assim, ultrapassado o lapso temporal exigido para o ingresso administradores e o poder público, que tenha por objeto a
da ação, haverá prescrição e a ação não poderá ser proposta. fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade,
A Lei nº 8429/92, em seu artigo 23, traz o prazo exigido cabendo à lei dispor sobre:
para o ajuizamento de ações que visem apurar os atos de I - o prazo de duração do contrato;
improbidade. Dispõe o referido artigo: II - os controles e critérios de avaliação de desempenho,
direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
Artigo 23 – As ações destinadas a levar a efeito as sanções III - a remuneração do pessoal.
previstas nesta lei podem ser propostas: O parágrafo 8.º trata da autonomia gerencial, orçamentária
I - até cinco anos após o término do exercício do mandato, e financeira dos órgãos e entidades da administração direta e
cargo em comissão ou de função de confiança. indireta. Cabe recordar que a administração direta é composta
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, enquanto a
para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço indireta é composta por autarquias, fundações, sociedades de
público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego. economia mista e empresas públicas. Desta maneira, de
acordo com o parágrafo supracitado, a autonomia poderá ser
Assim, de acordo com o inciso V, do artigo 23, da Lei ampliada por contrato firmado, cabendo, todavia, à lei dispor
8429/92, as ações para apuração dos atos de improbidade sobre o prazo de duração do contrato, controles e critério de
somente poderão ser propostas até cinco anos após o término avaliação de desempenho, direitos, obrigações e
do exercício do mandato do cargo em comissão ou de função responsabilidade dos dirigentes e a remuneração do pessoal.
de confiança. Após esse prazo, a ação não poderá mais ser § 9.º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e
proposta. às sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que
receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal
§ 6.º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito ou dos Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos custeio em geral.
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos Este parágrafo estende o mandamento expresso no inciso
de dolo ou culpa. XI às empresas públicas e às sociedades de economia mista, e
suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos
Neste parágrafo estamos diante da responsabilidade do Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para
Estado por atos praticados pelos seus funcionários. A primeira pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.
explicita que as pessoas jurídicas de direito público e as de
direito privado prestadoras de serviços públicos responderão § 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos artigos 42 e 142
terceiros - está cuidando da responsabilidade objetiva. Esta com a remuneração de cargo, emprego ou função pública,
espécie de responsabilidade expressa que na eventualidade do ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição,
cometimento de uma conduta danosa por um funcionário em os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de
detrimento de um particular, haverá indenização, livre nomeação e exoneração.
independentemente da comprovação de dolo (vontade de
cometer a conduta danosa) ou culpa (quando o agente agiu por § 11. Não serão computadas, para efeito dos limites
imprudência, negligência ou imperícia). Desta maneira, a remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as
responsabilidade objetiva exige somente a prova do nexo de parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.

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De acordo com este parágrafo, as parcelas de caráter merecimento por motivos óbvios, haja vista que o mesmo não
indenizatório, previstas em lei, que integram a remuneração desempenhou suas funções no período em que estava
dos servidores não serão computadas para efeito do limite exercendo o mandato eletivo.
remuneratório estipulado no inciso XI deste artigo.
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste afastamento, os valores serão determinados como se no
artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em exercício estivesse.
seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei
Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos De acordo com este inciso, mesmo que o servidor público
Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a esteja afastado de seu cargo para o exercício de mandato
noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio eletivo, os valores dos benefícios previdenciários serão
mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se determinados como se estivesse no exercício do seu cargo.
aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos
Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores. Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime
O texto legal acima traz o teto remuneratório que deverá jurídico único e planos de carreira para os servidores da
ser obedecido pelos Estados e pelo Distrito Federal, cabendo administração pública direta, das autarquias e das fundações
aos mesmos fixar, em seu âmbito, mediante emenda às públicas.
respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o
subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo Tribunal Com base nesse parâmetro foi promulgada a Lei nº
de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco 8.112/90, que demarcou a opção da União pelo regime
centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do estatutário, no qual os servidores são admitidos sob regime de
Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste Direito Público, podem alcançar estabilidade e possuem
parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e direitos e deveres estabelecidos por lei (e que podem,
dos Vereadores. portanto, ser alterados unilateralmente pelo Estado-
Legislador).
Art. 38. Ao servidor público da administração direta,
autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo, § 1.º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais
aplicam-se as seguintes disposições: componentes do sistema remuneratório observará:
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade
distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; dos cargos componentes de cada carreira;
II - os requisitos para a investidura;
Se o servidor público passar a exercer mandato eletivo III - as peculiaridades dos cargos.
federal (Presidente da República), estadual (Governador do
Estado) ou Distrital, deverá se afastar do cargo exercido, Significa dizer que quanto maior o grau de dificuldade,
retomando-o no término do mandato. tanto para ingressar no cargo, quanto para desenvolver as
funções inerentes a ele, melhor deverá ser a remuneração
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, correspondente.
emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua
remuneração; § 2.º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão
escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos
O servidor investido no cargo de Prefeito deverá se afastar servidores públicos, constituindo-se a participação nos cursos
do cargo. Todavia, o inciso em questão traz um privilégio ao um dos requisitos para a promoção na carreira, facultada, para
servidor investido neste cargo, qual seja, a opção pela isso, a celebração de convênios ou contratos entre os entes
remuneração. Em que pese esteja o servidor afastado do cargo, federados.
ele poderá optar pela remuneração do cargo que exercia ou
pela remuneração de Prefeito. Cabe ressaltar que no término Essas escolas possuem como objetivo a atualização e a
do mandato o cargo será retomado. formação dos servidores públicos, melhorando os níveis de
III - investido no mandato de Vereador, havendo desempenho e eficiência dos ocupantes de cargos e funções do
compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu serviço público, estimulando e promovendo a especialização
cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do profissional, preparando servidores para o exercício de
cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a funções superiores e para a intervenção ativa nos projetos
norma do inciso anterior; voltados para a elevação constante dos padrões de eficácia e
eficiência do setor público.
Caso haja compatibilidade de horários, o servidor público
receberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função, além § 3.º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o
da remuneração de Vereador. Todavia, se houve disposto no art. 7.º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII,
incompatibilidade entre o cargo exercido pelo funcionário e o XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos
mandato de Vereador, o mesmo deverá optar pela diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir.
remuneração a ser recebida.
Vamos conferir o que consta nos referidos incisos, do
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o artigo 7.º da Constituição Federal:
exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado
para todos os efeitos legais, exceto para promoção por - Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado,
merecimento; capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua
família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer,
Este inciso demonstra que o tempo de afastamento do vestuário, higiene, transporte e previdência social, com
cargo público para o exercício de mandato eletivo deverá ser reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,
contado para todos os efeitos legais, inclusive para promoção sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
por antiguidade. Todavia, não será contado para promoção por

Ética no Serviço Público 20


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- Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicável este limite
percebem remuneração variável; aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos
- Décimo terceiro salário com base na remuneração Defensores Públicos.
integral ou no valor da aposentadoria;
- Remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; § 7.º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
- Salário-família pago em razão do dependente do Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários
trabalhador de baixa renda nos termos da lei; provenientes da economia com despesas correntes em cada
- Duração do trabalho normal não superior a oito horas órgão, autarquia e fundação, para aplicação no
diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação desenvolvimento de programas de qualidade e produtividade,
de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou treinamento e desenvolvimento, modernização,
convenção coletiva de trabalho; reaparelhamento e racionalização do serviço público, inclusive
- Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade.
domingos;
- Remuneração do serviço extraordinário superior, no Esses cursos são importantes para obter o envolvimento e
mínimo, em cinquenta por cento à do normal; o comprometimento de todos os agentes públicos com a
- Gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um qualidade e produtividade, quaisquer que sejam os cargos,
terço a mais do que o salário normal; funções ou empregos ocupados, minimizar os desperdícios e
- Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, os erros, inovar nas maneiras de atender às necessidades do
com a duração de cento e vinte dias; cidadão, simplificar procedimentos, inclusive de gestão, e
- Licença-paternidade, nos termos fixados em lei; proceder às transformações essenciais à qualidade com
- Proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante produtividade.
incentivos específicos, nos termos da lei;
- Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de § 8.º A remuneração dos servidores públicos organizados em
normas de saúde, higiene e segurança; carreira poderá ser fixada nos termos do § 4.º.
- Proibição de diferença de salários, de exercício de funções
e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou Ou seja, por subsídio fixado em parcela única, vedado o
estado civil; acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio,
verba de representação ou outra espécie remuneratória,
§ 4.º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os obedecidos, em qualquer caso, os tetos remuneratórios
Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais dispostos no art. 37, X da Constituição Federal.
serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em
parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União,
adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas
espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de
no art. 37, X e XI. caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do
respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos
Ao falar em parcela única, fica clara a intenção de vedar a pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio
fixação dos subsídios em duas partes: uma fixa e outra financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.
variável, tal como ocorria com os agentes políticos na vigência
da Constituição de 1967. E, ao vedar expressamente o Para o regime previdenciário ter equilíbrio financeiro,
acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, basta ter no exercício atual um fluxo de caixa de entrada
verba de representação ou outra espécie remuneratória, superior ao fluxo de caixa de saída, gerado basicamente
também fica clara a intenção de extinguir, para as mesmas quando as receitas previdenciárias superam as despesas com
categorias de agentes públicos, o sistema remuneratório que pagamento de benefícios. Já para o equilíbrio atuarial, deve
compreende o padrão fixado em lei mais as vantagens estar assegurado que o plano de custeio gera receitas não só
pecuniárias de variada natureza previstas na legislação atuais como também futuras e contínuas por tempo
estatutária. indeterminado, em um montante suficiente para cobrir as
respectivas despesas previdenciárias.
§ 5.º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Para manter o equilíbrio financeiro e atuarial é
Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a imprescindível que o regime mantenha um fundo
menor remuneração dos servidores públicos, obedecido, em previdenciário que capitalize as sobras de caixa atuais, que
qualquer caso, o disposto no art. 37, XI. garantirão o pagamento de benefícios futuros.

§ 6.º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário § 1.º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de
publicarão anualmente os valores do subsídio e da remuneração que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus
dos cargos e empregos públicos. proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3.º e 17:
I - por invalidez permanente, sendo os proventos
O inciso XI do artigo 37 da Constituição refere-se aos tetos proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de
remuneratórios, quais sejam: acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave,
- Teto máximo: Subsídio dos Ministros do Supremo contagiosa ou incurável, na forma da lei;
Tribunal Federal; II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao
- Teto nos municípios: O subsídio do Prefeito; tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75
- Teto nos Estados e no Distrito Federal: O subsídio mensal (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar;
do Governador; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 88, de 2015).
- Teto no âmbito do Poder Executivo: O subsídio dos III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de
Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no
Legislativo; cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas as
- Teto no judiciário: O subsídio dos Desembargadores do seguintes condições:
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco
centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos

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a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se conseguia suprir suas necessidades com alimentação, saúde,
homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta de lazer, educação. Após alguns anos, o mesmo benefício deveria,
contribuição, se mulher; em tese, propiciar o mesmo poder aquisitivo.
b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos
de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de § 9.º - O tempo de contribuição federal, estadual ou
contribuição. municipal será contado para efeito de aposentadoria e o tempo
de serviço correspondente para efeito de disponibilidade.
§ 2.º - Os proventos de aposentadoria e as pensões, por
ocasião de sua concessão, não poderão exceder a remuneração § 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de
do respectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a contagem de tempo de contribuição fictício.
aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da
pensão. § 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos
proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da
§ 3.º - Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como de
ocasião da sua concessão, serão consideradas as remunerações outras atividades sujeitas à contribuição para o regime geral de
utilizadas como base para as contribuições do servidor aos previdência social, e ao montante resultante da adição de
regimes de previdência de que tratam este artigo e o art. 201, na proventos de inatividade com remuneração de cargo
forma da lei. acumulável na forma desta Constituição, cargo em comissão
declarado em lei de livre nomeação e exoneração, e de cargo
§ 4.º - É vedada a adoção de requisitos e critérios eletivo.
diferenciados para a concessão de aposentadoria aos
abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, § 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de previdência
nos termos definidos em leis complementares, os casos de dos servidores públicos titulares de cargo efetivo observará, no
servidores: que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral
I - portadores de deficiência; de previdência social.
II - que exerçam atividades de risco;
III - cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais § 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em
que prejudiquem a saúde ou a integridade física. comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem
como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica-
§ 5.º - Os requisitos de idade e de tempo de contribuição se o regime geral de previdência social.
serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no § 1.º,
III, "a", para o professor que comprove exclusivamente tempo § 14 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
de efetivo exercício das funções de magistério na educação desde que instituam regime de previdência complementar para
infantil e no ensino fundamental e médio. os seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo, poderão
A redução só é permitida nos casos em que o tempo de fixar, para o valor das aposentadorias e pensões a serem
contribuição é exclusivamente no magistério. Ou seja, não é concedidas pelo regime de que trata este artigo, o limite máximo
possível somar o tempo de magistério com o tempo em outra estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência
atividade e ainda reduzir 05 anos. A soma é possível, no social de que trata o art. 201.
entanto, sem a redução de 05 anos.
§ 15 - O regime de previdência complementar de que trata o
§ 6.º - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder
acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus parágrafos,
de mais de uma aposentadoria à conta do regime de previdência no que couber, por intermédio de entidades fechadas de
previsto neste artigo. previdência complementar, de natureza pública, que oferecerão
aos respectivos participantes planos de benefícios somente na
Os cargos acumuláveis são: Dois de professor; um de modalidade de contribuição definida.
professor com outro técnico ou científico; dois cargos ou
empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões § 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o
regulamentadas. disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver
ingressado no serviço público até a data da publicação do ato de
§ 7.º - Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão instituição do correspondente regime de previdência
por morte, que será igual complementar.
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor falecido,
até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime § 17 - Todos os valores de remuneração considerados para o
geral de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de cálculo do benefício previsto no § 3.° serão devidamente
setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso atualizados, na forma da lei.
aposentado à data do óbito; ou
II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no § 18 - Incidirá contribuição sobre os proventos de
cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite máximo aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata
estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência este artigo que superem o limite máximo estabelecido para os
social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da benefícios do regime geral de previdência social de que trata o
parcela excedente a este limite, caso em atividade na data do art. 201, com percentual igual ao estabelecido para os
óbito. servidores titulares de cargos efetivos.

§ 8.º - É assegurado o reajustamento dos benefícios para § 19 - O servidor de que trata este artigo que tenha
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme completado as exigências para aposentadoria voluntária
critérios estabelecidos em lei. estabelecidas no § 1.º, III, a, e que opte por permanecer em
atividade fará jus a um abono de permanência equivalente ao
O valor real se refere ao poder aquisitivo, em outros temos, valor da sua contribuição previdenciária até completar as
se no início do recebimento do benefício, o beneficiário exigências para aposentadoria compulsória contidas no § 1.º, II.

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§ 20 - Fica vedada a existência de mais de um regime próprio CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICA
de previdência social para os servidores titulares de cargos
efetivos, e de mais de uma unidade gestora do respectivo regime A Constituição federal, em vários dispositivos, emprega os
em cada ente estatal, ressalvado o disposto no art. 142, § 3.º, X. vocábulos cargo, emprego e função para designar realidades
diversas, porém que existem paralelamente na Administração.
§ 21 - A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá Cumpre, pois, distingui-las.
apenas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de Para bem compreender o sentido dessas expressões, é
pensão que superem o dobro do limite máximo estabelecido preciso partir da ideia de que na Administração Pública todas
para os benefícios do regime geral de previdência social de que as competências são definidas na lei e distribuídas em três
trata o art. 201 desta Constituição, quando o beneficiário, na níveis diversos: pessoas jurídicas (União, Estados e
forma da lei, for portador de doença incapacitante. Municípios), órgãos (Ministérios, Secretarias e suas
subdivisões) e servidores públicos; estes ocupam cargos ou
Art. 41 - São estáveis após três anos de efetivo exercício os empregos ou exercem função.
servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em
virtude de concurso público. Cargo público: é o lugar dentro da organização funcional
§ 1.º - O servidor público estável só perderá o cargo: da organização funcional da Administração Direta e de suas
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; autarquias e fundações públicas que, ocupado por servidor
II - mediante processo administrativo em que lhe seja público, submetidos ao regime estatuário, tem funções
assegurada ampla defesa; específicas e remuneração fixada em lei ou diploma a ela
III - mediante procedimento de avaliação periódica de equivalente.
desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla Para Celso Antônio Bandeira de Melo são as mais simples
defesa. e indivisíveis unidades de competência a serem titularizadas
por um agente. São criados por lei, previstos em número certo
Referido instituto corresponde à proteção ao ocupante do e com denominação própria.
cargo, garantindo, não de forma absoluta, a permanência no Com efeito, as várias competências previstas na
Serviço Público, o que permite a execução regular de suas Constituição para a União, Estados e Municípios são
atividades, visando exclusivamente ao alcance do interesse distribuídas entre seus respectivos órgãos, cada qual dispondo
coletivo. de determinado número de cargos criados por lei, que lhes
confere denominação própria, define suas atribuições e fixa o
§ 2.º - Invalidada por sentença judicial a demissão do padrão de vencimento ou remuneração.
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da Criar um cargo é institucionalizá-lo, atribuindo a ele
vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito à denominação própria, número certo, funções determinadas,
indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em etc. Somente se cria um cargo por meio de lei, logo cada Poder,
disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de no âmbito de suas competências pode criar um cargo através
serviço. da lei.
A transformação ocorre quando há modificação ou
Reintegração é o instituto jurídico que ocorre quando o alteração na natureza do cargo de forma que, ao mesmo tempo
servidor retorna a seu cargo após ter sido reconhecida a que o cargo é extinto, outro é criado. Somente se dá por meio
ilegalidade de sua demissão. de lei e há o aproveitamento de todos os servidores quando o
novo cargo tiver o mesmo nível e atribuições compatíveis com
§ 3º - Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o o anterior.
servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração A extinção corresponde ao fim do cargo e também deve
proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado ser efetuada por meio de lei.
aproveitamento em outro cargo. O art. 84, VI, “b” da Constituição Federal traz exceção ao
atribuir competência para o Presidente da República para
A disponibilidade é um instituto que permite ao servidor dispor, mediante decreto, sobre a extinção de funções ou
estável, que teve o seu cargo extinto ou declarado cargos públicos quando vagos.
desnecessário, permanecer sem trabalhar, com remuneração
proporcional ao tempo de serviço, à espera de um eventual Empregos públicos: são núcleos de encargos de trabalho
aproveitamento. permanentes a serem preenchidos por pessoas contratadas
Desde já, cumpre-nos ressaltar: o servidor estável que teve para desempenhá-los, sob relação jurídica trabalhista e
seu cargo extinto ou declarado desnecessário não será nem somente podem ser criados por lei.
exonerado, nem - muito menos – demitido; será posto em
disponibilidade! Função pública: é a atividade em si mesma, é a atribuição,
Segundo a doutrina majoritária, o instituto da as tarefas desenvolvidas pelos servidores. São espécies:
disponibilidade não protege o servidor não estável quanto a a) Funções de confiança, exercidas exclusivamente por
uma possível extinção de seu cargo ou declaração de servidores ocupantes de cargo efetivo, e destinadas ás
desnecessidade. Caso o servidor não tenha, ainda, adquirido atribuições de chefia, direção e assessoramento;
estabilidade, será exonerado ex-officio. b) Funções exercidas por contratados por tempo
determinado para atender a necessidade temporária de
§ 4.º - Como condição para a aquisição da estabilidade, é excepcional interesse público, nos termos da lei autorizadora,
obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão que deve advir de cada ente federado.
instituída para essa finalidade.
Acumulação de Cargos, Empregos e Funções Públicas:
A Avaliação de Desempenho é uma importante ferramenta Em regra, o ordenamento jurídico brasileiro proíbe a
de Gestão de Pessoas que corresponde a uma análise acumulação remunerada de cargos ou empregos públicos.
sistemática do desempenho do profissional em função das Porém, a Constituição Federal prevê um rol taxativo de casos
atividades que realiza, das metas estabelecidas, dos resultados excepcionais em que a acumulação é permitida.
alcançados e do seu potencial de desenvolvimento. Importantíssimo destacar que, em qualquer hipótese, a

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acumulação só será permitida se houver compatibilidade de Investidura


horários e observado o limite máximo de dois cargos.
As hipóteses de acumulação constitucionalmente É um ato complexo, exigindo, segundo Hely Lopes
autorizadas são: Meirelles, a manifestação de vontade de mais de um órgão
a) a de dois cargos de professor (art. 37, XVI, a); administrativo – a nomeação é feita pelo Chefe do Executivo; a
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou posse e o exercício são dados pelo Chefe da Repartição.
científico (art. 37, XVI, b);
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais O art. 37, inc. I, da Constituição Federal dispõe que os
de saúde, com profissões regulamentadas (art. 37, XVI, c); brasileiros e estrangeiros que preencham os requisitos
d) a de um cargo de vereador com outro cargo, emprego ou estabelecidos em lei terão acesso aos cargos, aos empregos e
função pública (art. 38, III); às funções públicas.
e) a de um cargo de magistrado com outro no magistério Essa norma é de eficácia contida. Enquanto não há lei
(art. 95, parágrafo único, I); regulamentando, não é possível sua aplicação. A Constituição
f) a de um cargo de membro do Ministério Público com Federal permitiu o amplo acesso aos cargos, aos empregos e às
outro no magistério (art. 128, § 5º, II, d). funções públicas, porém, excepciona-se a relação trazida pelo
§ 3.º do art. 12 da Constituição Federal, que define os cargos
Posse privativos de brasileiros natos:

É o ato pelo qual uma pessoa assume, de maneira efetiva, o § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
exercício das funções para que foi nomeada, designada ou I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
eleita. Trata-se da fase em que a pessoa assume o exercício das II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
funções para que foi nomeada ou eleita. O ato da posse III - de Presidente do Senado Federal;
determina a concordância e a vontade do sujeito em entrar no IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
exercício, além de cumprir a exigência regulamentar. V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
Exercício VII - de Ministro de Estado da Defesa

É o momento em que o servidor dá início ao desempenho O art. 37, inc. II, da Constituição Federal estabelece que
de suas atribuições de trabalho. A data do efetivo exercício é para a investidura em cargo ou emprego público é necessário
considerada como o marco inicial para a produção de todos os a aprovação prévia em concurso público de provas ou de
efeitos jurídicos da vida funcional do servidor público e ainda provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade
para o início do período do estágio probatório, da contagem do do cargo ou emprego.
tempo de contribuição para aposentadoria, período aquisitivo A exigência de concurso é válida apenas para os cargos de
para a percepção de férias e outras vantagens remuneratórias. provimento efetivo – aqueles preenchidos em caráter
permanente.
Cessão Funcional de servidores Os cargos preenchidos em caráter temporário não
precisam ser precedidos de concurso, pois a situação
Trata-se de ato autorizativo para o exercício de cargo em excepcional e de temporariedade, que fundamenta sua
comissão ou função de confiança, ou para atender situações necessidade, é incompatível com a criação de um concurso
previstas em leis específicas, em outro órgão ou entidade dos público.
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Para os cargos em comissão também não se exige concurso
Municípios, sem alteração da lotação no órgão de origem.36 público (art.37, inc. V), desde que as atribuições sejam de
direção, chefia e assessoramento. Esses devem ser
O servidor da Administração Pública Federal direta, suas preenchidos nas condições e nos percentuais mínimos
autarquias e fundações poderá ser cedido a outro órgão ou previstos em lei.
entidade dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Para as funções de confiança não se impõe o concurso
Federal e dos Municípios, abarcando as empresas públicas e público, no entanto a mesma norma acima mencionada
sociedades de economia mista, seja para o exercício de cargo estabelece que tal função será exercida exclusivamente por
em comissão ou função de confiança, podendo atender as servidores ocupantes de cargo efetivo.
situações que tenham previsão em leis específicas (art. 93 da Durante o prazo do concurso, o aprovado não tem direito
Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990). adquirido à contratação. Há apenas uma expectativa de direito
em relação a esta.
Via de regra, a cessão para órgãos ou entidades dos O art. 37, inc. IV, apenas assegura ao aprovado o direito
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios suscitará o adquirido de não ser preterido por novos concursados.
ônus da remuneração ao órgão ou entidade cessionária. Já para
os outros casos, ou seja, para a cessão entre os órgãos ou EFETIVIDADE, ESTABILIDADE E VITALICIEDADE
entidades da Administração Pública Federal será conservado
o ônus do cedente. Efetividade: Cargos efetivos são aqueles que se revestem
Para se viabilizar a cessão deve-se notar a disponibilidade de caráter de permanência, constituindo a maioria absoluta
orçamentária da Administração Pública. dos cargos integrantes dos diversos quadros funcionais. Com
Em nenhuma hipótese a cessão poderá ser considerada efeito, se o cargo não é vitalício ou em comissão, terá que ser
efetivação do servidor em órgão para o qual está cedido, necessariamente efetivo. Embora em menor grau que nos
independente do tempo em que ele permanece no órgão. cargos vitalícios, os cargos efetivos também proporcionam
Ainda que o servidor passe um grande tempo de sua vida segurança a seus titulares: a perda do cargo, segundo emana
funcional cedido, seu vínculo será sempre com órgão de do art. 41, §1º, da CF, só poderá ocorrer, depois que
origem, de acordo com o Decreto 4.050/2001. adquirirem a estabilidade, se houver sentença judicial ou
processo administrativo em que se lhes faculte ampla defesa,

36 https://jus.com.br/artigos/21640/cessao-e-requisicao-de-servidor-publico-
federal

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e agora também em virtude de avaliação negativa de reafirmando que o prazo para aquisição da estabilidade é de
desempenho, como introduzido pela EC nº 19/1998.37 três anos, durante os quais o servidor encontra-se em estágio
probatório, mesmo diante da previsão do prazo de dois anos
Estabilidade: confere ao servidor público a efetiva constante do art. 20 da Lei nº 8.112/90 (MS 12.523-DF, Rei.
permanência no serviço após TRÊS anos de estágio probatório, Min. Felix Fischer, j. em 22-4-09). No mesmo sentido, acórdão
após os quais só perderá o cargo se caracterizada uma das do STF, n° AI 754802 ED-AgR/DF, rei. Min. Gilmar Mendes, j.
hipóteses previstas no artigo 41, § 1º, ou artigo 169, ambos da 7-6-11.
Constituição Federal.
Hipóteses: Assim, a jurisprudência tem aplicado interpretação
a) em razão de sentença judicial com trânsito em julgado harmônica ao direito infraconstitucional considerando o prazo
(art. 41, § 1 -, I, da CF); comum de 3 anos para a garantia da estabilidade nos termos
b) por meio de processo administrativo em que lhe seja constitucionais, repercutindo no período de estágio
assegurada a ampla defesa (art. 41, § 1-, II, da CF); probatório.
c) mediante procedimento de avaliação periódica de "EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL E
desempenho, na forma da lei complementar, assegurada ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE
ampla defesa (art. 41, § 1-, III, da CF); INSTRUMENTO. SERVIDOR PÚBLICO. ESTABILIDADE E
d) em virtude de excesso de despesas com o pessoal ativo ESTÁGIO PROBATÓRIO. PRAZO COMUM DE TRÊS ANOS.
e inativo, desde que as medidas previstas no art. 169, § 3-, da PRECEDENTES. 1. O Supremo Tribunal Federal assentou
CF, não surtam os efeitos esperados (art. 169, § 4-, da CF). entendimento no sentido de que “a Emenda Constitucional
19/1998, que alterou o art. 41 da Constituição Federal, elevou
Estabilidade e Estágio Probatório: para três anos o prazo para a aquisição da estabilidade no
A estabilidade é a prerrogativa atribuída ao servidor que serviço público e, por interpretação lógica, o prazo do estágio
preencher os requisitos estabelecidos na Constituição Federal, probatório” (STA 269, Rel. Min. Gilmar Mendes). Precedentes.
que lhe garante a permanência no serviço. 2. Ausência de argumentos capazes de infirmar a decisão
O servidor estabilizado, que tiver seu cargo extinto, não agravada. 3. Agravo regimental a que se nega provimento."
estará fora da Administração Pública, porque a Constituição
Federal lhe garante estabilidade no serviço e não no cargo. O Requisitos para adquirir estabilidade:
servidor é colocado em disponibilidade remunerada, seguindo - estágio probatório de três anos;
o disposto no art. 41, § 3.º, da Constituição Federal, com - nomeação em caráter efetivo;
redação dada pela Emenda Constitucional n. 19 – a - aprovação em avaliação especial de desempenho.
remuneração é proporcional ao tempo de serviço. Antes da
emenda, a remuneração era integral. Vitaliciedade: Cargos vitalícios são aqueles que oferecem
O servidor aprovado em concurso público de cargo regido a maior garantia de permanência a seus ocupantes. Somente
pela lei 8112/90 e consequentemente nomeado passará por através de processo judicial, como regra, podem os titulares
um período de avaliação, terá o novo servidor que comprovar perder seus cargos (art. 95, I, CF). Desse modo, torna-se
no estágio probatório que tem aptidão para exercer as inviável a extinção do vínculo por exclusivo processo
atividades daquele cargo para o qual foi nomeado em tais administrativo (salvo no período inicial de dois anos até a
fatores: aquisição da prerrogativa). A vitaliciedade configura-se como
- Assiduidade; verdadeira prerrogativa para os titulares dos cargos dessa
- Disciplina; natureza e se justifica pela circunstância de que é necessária
- Capacidade de iniciativa; para tornar independente a atuação desses agentes, sem que
- Produtividade; sejam sujeitos a pressões eventuais impostas por
- Responsabilidade. determinados grupos de pessoas.38
Existem três cargos públicos vitalícios no Brasil:
Atualmente o prazo mencionado de 3 anos (36 meses) - Magistrados (Art. 95, I, CF);
de efetivo exercício para o servidor público (de forma - Membros do Ministério Público (Art. 128, § 5º, I, “a”, CF);
geral), adquirir estabilidade é o que está previsto na - Membros dos Tribunais de Contas (Art. 73, §3º).
Constituição Federal, que foi alterado após a Emenda nº Por se tratar de prerrogativa de sede constitucional, em
19/98. Embora, a Lei nº 8.112/90, no artigo 20 cite o prazo função da qual cabe ao Constituinte aferir a natureza do cargo
de 24 meses para que o servidor adquira estabilidade e da função para atribuí-la, não podem Constituições Estaduais
devemos considerar que o correto é o texto inserido na e Leis Orgânicas municipais, nem mesmo lei de qualquer
Constituição Federal. Como não houve uma revogação esfera, criar outros cargos com a garantia da vitaliciedade.
expressa de tais normas elas permanecem nos textos legais, Consequentemente, apenas Emenda à Constituição Federal
mesmo que na prática não são aplicadas, pois ferem a CF poderá fazê-lo.39
(existe uma revogação tácita dessas normas). REGIME JURÍDICO
Particularmente, creio que esta questão sequer será pedida,
pois uma questão assim é pedir pra ser anulada, já que hoje Os agentes públicos na administração pública em geral,
o entendimento jurisprudencial vem se estabilizando no estão sujeitos às regras estabelecidas em seus estatutos e
sentido de que, qualquer que seja o caso, o prazo de regimentos internos. Ocorre que os servidores públicos
estabilidade é comum de 3 anos, conforme o art. 41, caput, federais são regidos pela Lei 8.112/90. Vejamos alguns
CF. A justificativa? Eis um prazo previsto na Constituição aspectos importantes cobrados pelas bancas:
Federal, nossa Lei Maior.
Provimento: Segundo Hely Lopes Meirelles, é o ato pelo
As cortes superiores consideraram os institutos do estágio qual se efetua o preenchimento do cargo público, com a
probatório e da estabilidade indissociáveis, não havendo designação de seu titular. Pode ser:
sentido na existência de prazo distinto para os dois institutos, a) originário ou inicial: quando o agente não possui
concluindo que o art. 41 da CF é imediatamente aplicável, vinculação anterior com a Administração Pública;

37 FILHO, José dos Santos de Carvalho. Manual de Direito Administrativo. Editora 38 Idem
Atlas. 27ª edição. 2014. 39 Ibidem

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b) derivado: pressupõe a existência de um vínculo com a a) exoneração;


Administração. b) demissão;
Subdivide-se em: c) promoção;
a) horizontal: ocorre de um cargo para outro sem ascensão d) readaptação;
na carreira; e) aposentadoria;
b) vertical: o provimento se dá com ascensão na carreira. f) posse em outro cargo inacumulável;
Divide-se nas seguintes formas: g) falecimento.

a) nomeação: é o único caso de provimento originário, já Remoção, Redistribuição e Substituição


que o servidor dependerá da aprovação prévia em concurso
público e não possuirá relação anterior com o Estado. Segundo Remoção:
o art. 9º da Lei n. 8.112/90, a nomeação se dará: Segundo as sábias palavras de Alexandre Mazza:
I – em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de
provimento efetivo ou de carreira; “Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de
II – em comissão, inclusive na condição de interino, para ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de
cargos de confiança vagos. sede. A remoção pode ser: a) de ofício: no interesse da
Administração; b) a pedido, a critério da Administração ou, para
b) promoção: esta, por sua vez, é forma de provimento outra localidade, independentemente do interesse da
derivado (neste caso o agente público já se encontra ocupando Administração. Pode ocorrer remoção a pedido, para outra
o cargo) onde o servidor passará a exercer um cargo mais localidade, nas seguintes hipóteses (art. 36, III, da Lei n.
elevado dentro da carreira exercida. 8.112/90):
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também
c) readaptação: também é forma de provimento derivado servidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da
onde o servidor que sofreu alguma limitação física ou mental União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi
será readaptado a exercer uma outra função, desde que haja deslocado no interesse da Administração;
disponibilidade de vaga (caso contrário, exercerá suas funções b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro
como excedente, até a ocorrência de vaga). ou dependente que viva às suas expensas e conste do seu
assentamento funcional, condicionada à comprovação por junta
d) reversão: é o retorno do servidor aposentado. É possível médica oficial;
em duas hipóteses: c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em
-No caso de aposentadoria por invalidez, o servidor que o número de interessados for superior ao número de vagas,
retornará à função anteriormente exercida quando a junta de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade
médica oficial declarar insubsistentes os motivos da em que aqueles estejam lotados.”40.
aposentadoria; OU
-No interesse da Administração, desde que: tenha Redistribuição:
solicitado a reversão; a aposentadoria tenha sido voluntária; A redistribuição ocorre quando há deslocamento do
estável quando na atividade; a aposentadoria tenha ocorrido CARGO de provimento efetivo para outro órgão ou entidade do
nos cinco anos anteriores à solicitação; exista cargo vago. mesmo poder, desde que observadas as seguintes regras:
- Interesse da administração;
e) aproveitamento: é o retorno do servidor posto em - Equivalência de vencimentos;
disponibilidade a um cargo com atribuições e vencimentos - Manutenção da essência das atribuições do cargo;
compatíveis com o anteriormente ocupado. - Vinculação entre os graus de responsabilidade e
complexidade das atividades;
f) reintegração: trata-se do retorno do servidor estável no - Mesmo nível de escolaridade, especialidade ou
cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua habilitação profissional;
transformação, quando invalidada a sua demissão por decisão - Compatibilidade entre as atribuições do cargo e as
administrativa ou judicial, com ressarcimento de todas as finalidades institucionais do órgão ou entidade.
vantagens, conforme estabelecem os artigos 28 da Lei n.
8.112/90 c/c art. 41, § 2º, da CF. Substituição:
Caso seja extinto o cargo, o servidor será posto em Os cargos de chefia e direção, quando necessário, deverão
disponibilidade, sendo possível seu aproveitamento em outro ser substituídos de acordo com o regimento interno, ou, no
cargo. Caso o cargo esteja provido, três situações poderão caso de omissão, previamente designados pelo dirigente
ocorrer seu atual ocupante: máximo do órgão ou entidade.
-será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à
indenização; ou Direitos e vantagens:
-aproveitado em outro cargo; ou
-posto em disponibilidade. Segundo a lei nº 8.112/90 são direitos e vantagens do
servidor público:
g) recondução: é a volta do servidor estável ao cargo - Vencimento;
anteriormente ocupado. Ela se dará nas seguintes hipóteses: - Indenizações;
-inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo; - Gratificações;
ou - Diárias;
-reintegração do anterior ocupante. - Adicionais;
- Férias;
Vacância: - Licenças;
Relaciona-se com o surgimento de vaga no cargo público - Concessões;
ocupado pelo servidor nas seguintes hipóteses: - Direito de petição.

40Mazza, Alexandre. Manual de direito administrativo/Alexandre Mazza. 4. ed.


São Paulo: Saraiva, 2014.

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PODERES, DEVERES E PRERROGATIVAS de interesses particulares e para desempenho de mandato


classista.
Poderes: é um poder-dever de eficiência, de probidade e o
de prestar contas etc. Concessões: existem quando é permitido ao servidor se
ausentar sem ter que arcar com quaisquer prejuízos. O art. 97
Deveres: Previsto no artigo 116, da Lei 8112/90: da Lei nº 8.112/90 elenca as hipóteses de concessão, vejamos:
Art. 116. São deveres do servidor: por um dia para doação de sangue, pelo período
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; comprovadamente necessário para alistamento ou
II - ser leal às instituições a que servir; recadastramento eleitoral, limitado, em qualquer caso a dois
III - observar as normas legais e regulamentares; dias, por oito dias consecutivos em razão de casamento,
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando falecimento de cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou
manifestamente ilegais; padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela ou
V - atender com presteza: irmãos.
a) ao público em geral, prestando as informações
requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; Direito de Petição: o direito de petição existe para a
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de defesa do direito ou interesse legítimo. É instrumento
direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; utilizado pelo servidor e dirigido à autoridade competente que
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. deve decidir.
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão REGIME DISCIPLINAR
do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando
houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de Primeiramente, atente-se aos deveres do servidor público
outra autoridade competente para apuração; (art. 116 da lei nº 8.112/90):
VII - zelar pela economia do material e a conservação do I – exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
patrimônio público; II – ser leal às instituições a que servir;
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; III – observar as normas legais e regulamentares;
IX - manter conduta compatível com a moralidade IV – cumprir as ordens superiores, exceto quando
administrativa; manifestamente ilegais;
X - ser assíduo e pontual ao serviço; V – atender com presteza:
XI - tratar com urbanidade as pessoas; a) ao público em geral, prestando as informações
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
poder. b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito
Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII ou esclarecimento de situações de interesse pessoal;
será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública;
autoridade superior àquela contra a qual é formulada, VI – levar ao conhecimento da autoridade superior as
assegurando-se ao representando ampla defesa. irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo;
VII – zelar pela economia do material e a conservação do
Prerrogativas: são os direitos e vantagens dos servidores patrimônio público;
públicos, quais sejam: vencimento, indenizações, gratificações, VIII – guardar sigilo sobre assunto da repartição;
diárias, adicionais, férias, licenças, concessões e direito de IX – manter conduta compatível com a moralidade
petição. administrativa;
X – ser assíduo e pontual ao serviço;
Indenizações: de acordo com o art. 51 da Lei nº 8.112/90 XI – tratar com urbanidade as pessoas;
as indenizações são constituídas pela ajuda de custo, diárias, XII – representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de
transporte e auxílio moradia. poder.

Diárias: essa prerrogativa está regulamentada no art. 58 Por outro lado, o art. 117, do mesmo instrumento legal,
da Lei nº 8.112/90. É devida ao servidor que se afastar da sede elenca as proibições dos servidores públicos:
em caráter eventual ou transitório para outro ponto do
território nacional ou para o exterior. São destinadas a I – ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia
indenizar as parcelas de despesas extraordinárias com autorização do chefe imediato;
pousada, alimentação e locomoção urbana. II – retirar, sem prévia anuência da autoridade competente,
Gratificações e Adicionais: são tratados no art. 61 da Lei qualquer documento ou objeto da repartição;
nº 8.112/90 que as discrimina, a saber: retribuição pelo III – recusar fé a documentos públicos;
exercício de função de direção, chefia e assessoramento, IV – opor resistência injustificada ao andamento de
gratificação natalina, adicional pelo exercício de atividades documento e processo ou execução de serviço;
insalubres, perigosas ou penosas, adicional pela prestação de V – promover manifestação de apreço ou desapreço no
serviço extraordinário, adicional noturno, adicional de férias, recinto da repartição;
outros (relativos ao local ou à natureza do trabalho), VI – cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos
gratificação por encargo de curso ou concurso. previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua
responsabilidade ou de seu subordinado;
Férias: é um direito que o servidor alcança após cumprir o VII – coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-
período aquisitivo (12 meses). Consiste em um período de 30 se a associação profissional ou sindical, ou a partido político;
dias de descanso que podem ser cumuladas até o máximo de VIII – manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função
dois períodos, bem como podem ser parceladas em até três de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo
etapas. grau civil;
IX – valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de
Licenças: de acordo com o art. 81 da referida lei a licença outrem, em detrimento da dignidade da função pública;
é concedida por motivo de doença em pessoa da família, de X – participar de gerência ou administração de sociedade
afastamento do cônjuge ou companheiro, para o serviço privada, personificada ou não personificada, exercer o comércio,
militar, para a atividade política, para capacitação, para tratar exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário;

Ética no Serviço Público 27


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APOSTILAS OPÇÃO

XI – atuar, como procurador ou intermediário, junto a É uma forma de manter a soberania e a autenticidade dos
repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios órgãos públicos.
previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, Quanto o Estado repara o dano, fica com direito de
e de cônjuge ou companheiro; regresso contra o responsável, isto é, com o direito de
XII – receber propina, comissão, presente ou vantagem de recuperar o valor da indenização junto ao agente que causou o
qualquer espécie, em razão de suas atribuições; dano.
XIII – aceitar comissão, emprego ou pensão de estado Efetivamente, o direito de regresso, em sede de
estrangeiro; responsabilidade estatal, configura-se na pretensão do Estado
XIV – praticar usura sob qualquer de suas formas; em buscar do seu agente, responsável pelo dano, a
XV – proceder de forma desidiosa; recomposição do erário, uma vez desfalcado do montante
XVI – utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em destinado ao pagamento da indenização à vítima. Nesse
serviços ou atividades particulares; aspecto, o direito de regresso é o direito assegurado ao Estado
XVII – cometer a outro servidor atribuições estranhas ao no sentido de dirigir sua pretensão indenizatória contra o
cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e agente responsável pelo dano, quando tenha este agido com
transitórias; culpa ou dolo.
XVIII – exercer quaisquer atividades que sejam
incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o O agente público poderá ser responsabilizado nos âmbitos
horário de trabalho; civil, penal e administrativo.
XIX – recusar -se a atualizar seus dados cadastrais quando
solicitado. a) Responsabilidade Civil: Neste caso, responsabilidade
civil se refere à responsabilidade patrimonial, que faz
Caso o servidor infrinja os deveres e as proibições expostas referência aos Atos Ilícitos e que traz consigo a regra geral da
nos arts. 116 e 117 da Lei nº 8.112/90, estará sujeito a responsabilidade civil, que é de reparar o dano causado a
determinadas penalidades. Vejamos o seguinte quadro outrem. O órgão público, confirmada a responsabilidade de
esquemático: seus agentes, como preceitua a no art.37, §6, parte final do
Texto Maior, é "assegurado o direito de regresso contra o
ADVERTÊNCIA SUSPENSÃO DEMISSÃO responsável nos casos de dolo ou culpa", descontará nos
Irregularidades: Irregularidades: Irregularidades: vencimentos do servidor público, respeitando os limites
Art. 117, I ao VIII Art. 117, XVII e Art. 117, IX ao XVI mensais, a quantia exata para o ressarcimento do dano.
e XIX XVIII e art. 132
Será feita por Será feita por b) Responsabilidade Administrativa: A
escrito nos escrito nos Sindicância (até responsabilidade administrativa é apurada em processo
assentos assentos 30 dias) administrativo, assegurando-se ao servidor o contraditório e a
funcionais funcionais ampla defesa. Uma vez constatada a prática do ilícito
Prazo Prazo Prazo administrativo, ficará o servidor sujeito à sanção
prescricional: prescricional: 2 prescricional: 5 administrativa adequada ao caso, que poderá ser advertência,
180 dias anos anos suspensão, demissão, cassação de aposentadoria ou
Cancelamento do Cancelamento do disponibilidade, destituição de cargo em comissão ou
____________________ destituição de função comissionada. A penalidade deve
registro: 3 anos registro: 5 anos
Procedimento: sempre ser motivada pela autoridade competente para sua
-PAD: 60 dias + 60 aplicação, sob pena de ser nula. Na motivação da penalidade,
dias devem estar presentes os motivos de fato (os atos irregulares
Procedimento: praticados pelo servidor) e os motivos de direito (os
-Rito sumário
Procedimento: -sindicância: 30 dispositivos legais ou regulamentares violados e a penalidade
(abandono de
-sindicância (30 dias + 30 dias prevista). Se durante a apuração da responsabilidade
cargos, acúmulo
dias + 30 dias) -PAD: 60 dias + administrativa a autoridade competente verificar que o ilícito
de cargos e
60 dias administrativo também está capitulada como ilícito penal,
inassiduidade
habitual): 30 dias deve encaminhar cópia do processo administrativo ao
+ 15 dias Ministério Público, que irá mover ação penal contra o servidor
Observação: será
possível a c) Responsabilidade Penal: A responsabilidade penal do
conversão da servidor é a que resulta de uma conduta tipificada por lei como
suspensão em infração penal. A responsabilidade penal abrange crimes e
multa na base de contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade. Muitos
50% sobre o dos crimes funcionais estão definidos no Código Penal, artigos
vencimento ou 312 a 326, como o peculato, a concussão, a corrupção passiva,
remuneração a prevaricação etc. Outros estão previstos em leis especiais
diária federais. A responsabilidade penal do servidor é apurada em
Juízo Criminal. Se o servidor for responsabilizado penalmente,
Responsabilidade dos Agentes Públicos sofrerá uma sanção penal, que pode ser privativa de liberdade
(reclusão ou detenção), restritiva de direitos (prestação
No que diz respeito à responsabilidade dos servidores, pecuniária, perda de bens e valores, prestação de serviço à
podemos dizer que ao exercer funções públicas, os servidores comunidade ou a entidades públicas, interdição temporária de
públicos não estão desobrigados de se responsabilizar por direitos e limitação de fim de semana) ou multa (Código Penal,
seus atos, tanto atos públicos quanto atos administrativos, art. 32).
além dos atos políticos, dependendo de sua função, cargo ou Importante ressaltar que a decisão penal, apurada por
emprego. causa da responsabilidade penal do servidor, só terá reflexo na
Esta responsabilidade é algo indispensável na atividade responsabilidade civil do servidor se o ilícito penal tiver
administrativa, ou seja, enquanto houver exercício irregular ocasionado prejuízo patrimonial (ilícito civil).
de direito ou de poder a responsabilidade deve estar presente.

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APOSTILAS OPÇÃO

A responsabilidade administrativa do servidor será e o Estado. São servidores públicos estatutários tanto os
afastada se, no processo criminal, o servidor for absolvido por servidores efetivos (aqueles aprovados em concursos
ter sido declarada a inexistência do fato ou, quando o fato públicos) quanto os servidores comissionados ou de
realmente existiu, não tenha sido imputada sua autoria ao provimento em comissão (esses cargos detêm natureza de
servidor. Notem que, se o servidor for absolvido por falta ou ocupação provisória, caracterizados pela confiança depositada
insuficiência de provas, a responsabilidade administrativa não pelos administradores em seus ocupantes, podendo seus
será afastada. titulares, por conseguinte, ser afastados ad nutum, a qualquer
momento, por conveniência da autoridade nomeante. Não há
Vejamos alguns julgados sobre o tema: que se falar em estabilidade em cargo comissionado).
Salienta-se que regras básicas desse regime devem estar
Desde que o servidor foi absolvido em processo criminal e contidas em lei que possui duas características:
nenhum resíduo restou sob o aspecto administrativo, não se 1ª) Pluralidade normativa, indicando que os estatutos
justifica a sua demissão (TJSP, in RDP 1 6/249) . funcionais são múltiplos.
2º) Natureza da relação jurídica estatutária. Portanto, não
"A absolvição no crime produz efeito na demissão do tem natureza contratual, haja vista que a relação é própria do
funcionário desde que não haja resíduo a amparar o processo Direito Público.
administrativo" (STF, in RDA 5 1 / 1 77) .
Regime Trabalhista: Esse regime é aquele constituído das
"Se a decisão absolutória proferida no juízo criminal não normas que regulam a relação jurídica entre o Estado e o
deixa resíduo a ser apreciado na instância administrativa, não empregado. O regime em tela está amparado na Consolidação
há como subsistir a pena disciplinar" (STF, in RDA 123/2 1 6) . das Leis do Trabalho – CLT - (Decreto-Lei nº 5.452, de
01/05/43), razão pela qual essa relação jurídica é de natureza
"Se o inquérito administrativo se baseia tão s ó e m fato contratual.
previsto como crime, a absolvição faz desaparecer o motivo do
procedimento administrativo, se do fato não restou resíduo para Regime Especial: O Regime Especial visa disciplinar uma
a pena disciplinar" (STF, in RDP 34/ 1 3 1) . categoria específica de servidores: Os servidores temporários.
A Carta Política remeteu para a lei a disposição dos casos de
Entretanto, o funcionário poderá ser punido pela contratação desses servidores.
Administração se, mesmo com a absolvição na esfera criminal Os pressupostos do Regime Especial são:
houver infração administrativa, que é a chamada falta residual, - Determinabilidade temporal da contratação (prazo
disposta na Súmula 18, do STF. determinado);
- Temporariedade da função;
Súmula 18, STF: - Excepcionalidade do interesse público que obriga o
Pela falta residual, não compreendida na absolvição pelo recrutamento.
juízo criminal, é admissível a punição administrativa do servidor
público. REMUNERAÇÃO

Regimes Jurídicos Funcionais: Há diferença do conceito de vencimentos e remuneração


no Estatuto do Servidor Público (artigos 40 e 41).
Regime jurídico dos servidores públicos é o conjunto de Vencimento consiste na redistribuição pecuniária pelo
princípios e regras referentes a direitos, deveres e demais exercício do cargo público, com valor fixado em lei.
normas que regem a sua vida funcional. A lei que reúne estas Remuneração é o vencimento do cargo, adicionado às
regas é denominada de Estatuto e o regime jurídico passa a ser vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei.
chamado de regime jurídico Estatutário.
No âmbito de cada pessoa política - União, os Estados, o A remuneração do cargo efetivo é irredutível, sendo
Distrito Federal e os Municípios - há um Estatuto. A Lei nº vedado o recebimento de valor inferior ao salário mínimo
8.112 de 11/12/1990, com suas alterações, estabeleceu que o (artigo 41, § 5º do Estatuto do Servidor Público). Contudo, o
regime jurídico Estatutário é o aplicável aos Servidores princípio da irredutibilidade não é absoluto, pois pode haver
Públicos Civis da União, das autarquias e fundações públicas redução da remuneração nos casos de adaptação de valores ao
federais, ocupantes de cargos públicos. teto constitucional ou sistema de pagamento por subsídios
(art. 37, XV, da Constituição Federal).
O Regime Jurídico Único existiu até o advento da Emenda Outrossim, a remuneração não pode ser objeto de arresto,
Constitucional nº 19, de 04/06/98. A partir de então é possível sequestro ou penhora, salvo no caso de prestação alimentícia
a admissão de pessoal ocupante de emprego público, regido decorrente de determinação judicial.
pela CLT, na Administração federal direta, nas autarquias e nas Existe também a remuneração em parcela única
fundações públicas; por isto é que o regime não é mais um só, (Regime de subsídio) aplicável há algumas categorias de
ou seja, não é mais único. agentes públicos.
No âmbito federal, a Lei nº 9.962, de 22.02.2000, disciplina De acordo com o artigo 39, § 4º da Constituição Federal:
o regime de emprego público do pessoal da Administração
federal direta, autárquica e fundacional, dispondo que o Art. 39. (...)
pessoal admitido para emprego público terá sua relação de § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os
trabalho regida pela CLT (art.1º, caput). Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais
Vedou-se que se submeta ao regime de emprego público os serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em
cargos públicos de provimento em comissão, bem como os parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação,
servidores regidos pela lei 8.112/90, às datas das respectivas adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra
publicações de tais leis específicas (§2º). espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto
no art. 37, X e XI.
Regime Estatutário: Registra-se por oportuno, que
regime estatutário é o conjunto de regras que regulam a Agentes Públicos que recebem mediante Subsídio:
relação jurídica funcional entre o servidor público estatutário

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a) chefes do Executivo (Presidente, Governadores e Art. 2º Serão aposentados compulsoriamente, com


Prefeitos); proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 75
b) parlamentares; (setenta e cinco) anos de idade:
c) magistrados; I - os servidores titulares de cargos efetivos da União, dos
d) ministros de Estado; Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas
e) secretários estaduais, distritais e municipais; autarquias e fundações;
f) membros do Ministério Público; II - os membros do Poder Judiciário;
g) integrantes da Defensoria Pública; III - os membros do Ministério Público;
h) membros da Advocacia Pública (advogados da União, IV - os membros das Defensorias Públicas;
procuradores federais, procuradores autárquicos, V - os membros dos Tribunais e dos Conselhos de Contas.
procuradores distritais e procuradores estaduais);
i) integrantes das polícias federal, rodoviária federal, III - voluntariamente, desde que cumprido tempo
ferroviária federal e polícias civis. mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço
Facultativamente, a remuneração dos servidores públicos público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a
organizados em carreira também poderá ser fixada no sistema aposentadoria, observadas as seguintes condições:
de subsídios (art. 39, § 8º, da CF). a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de
contribuição, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade
Regime de Previdência e trinta de contribuição, se mulher;
b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e
Art. 40, CF Aos servidores titulares de cargos efetivos sessenta anos de idade, se mulher, com proventos
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos proporcionais ao tempo de contribuição.
Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é § 2º - Os proventos de aposentadoria e as pensões, por
assegurado regime de previdência de caráter contributivo ocasião de sua concessão, não poderão exceder a
e solidário, mediante contribuição do respectivo ente remuneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em
público, dos servidores ativos e inativos e dos que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência
pensionistas, observados critérios que preservem o para a concessão da pensão.
equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.
Para o regime previdenciário ter equilíbrio financeiro, § 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria,
basta ter no exercício atual um fluxo de caixa de entrada por ocasião da sua concessão, serão consideradas as
superior ao fluxo de caixa de saída, gerado basicamente remunerações utilizadas como base para as contribuições
quando as receitas previdenciárias superam as despesas com do servidor aos regimes de previdência de que tratam este
pagamento de benefícios. artigo e o art. 201, na forma da lei.
Já para se ter equilibro atuarial, deve estar assegurado que
o plano de custeio gera receitas não só atuais, como também § 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios
futuras e contínuas por tempo indeterminado, em um diferenciados para a concessão de aposentadoria aos
montante suficiente para cobrir as respectivas despesas abrangidos pelo regime de que trata este artigo,
previdenciárias. ressalvados, nos termos definidos em leis
Para se manter o equilíbrio financeiro e atuarial é complementares, os casos de servidores:
imprescindível que o regime mantenha um fundo I- portadores de deficiência;
previdenciário que capitalize as sobras de caixa atuais que II- que exerçam atividades de risco;
garantirão o pagamento de benefícios futuros. III- cujas atividades sejam exercidas sob condições
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de
previdência de que trata este artigo serão aposentados, § 5º - Os requisitos de idade e de tempo de
calculados os seus proventos a partir dos valores fixados contribuição serão reduzidos em cinco anos, em relação
na forma dos §§ 3º e 17: ao disposto no § 1º, III, "a", para o professor que comprove
I - por invalidez permanente, sendo os proventos exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de
proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se magistério na educação infantil e no ensino fundamental
decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional e médio.
ou doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei;
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais A redução só é permitida nos casos em que o tempo de
ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, contribuição é exclusivamente no magistério. Ou seja, não é
ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei possível somar o tempo de magistério com o tempo em outra
complementar; (Redação dada pela Emenda atividade e ainda reduzir 5 (cinco) anos. A soma é possível, no
Constitucional nº 88, de 2015) entanto, sem a redução de 5 (cinco) anos.

Com relação a aposentadoria por idade cabe ainda Vejamos abaixo o que traz a legislação a respeito,
destacar recente alteração no texto Constitucional pela com as atualizações referentes.
Emenda nº 88/2015, onde os servidores titulares de cargos
efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990 – REGIME
Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, serão JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DA UNIÃO,
aposentados compulsoriamente, com proventos DAS AUTARQUIAS E DAS FUNDAÇÕES PÚBLICAS
proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos FEDERAIS, E SUAS ALTERAÇÕES
de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma
de lei complementar (art.40, § 1°, II, da CF). A lei 8.112/90 instituiu o Regime Legal que abrange os
A Lei Complementar nº 152/2015 foi instituída para servidores públicos em âmbito Federal, ou seja, para os
regulamentar o novo dispositivo constitucional, vejamos: servidores públicos civis da União apenas. Com a edição desta
lei, foi instituído o chamado regime jurídico único a estes
servidores, contudo, com a promulgação da Emenda
Constitucional 19/98, atualmente há a possibilidade da

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convivência entre os regimes estatutário e celetista no âmbito II - promoção;


da mesma entidade. Assim, não existe mais Regime Jurídico III - (Revogado);
Único, mas a lei não foi revogada, pois permanecem as regras do IV - (Revogado);
regime estatutário. V - readaptação;
Os servidores públicos abrangido por esta lei são apenas os VI - reversão;
federais, considerados pessoas legalmente investidas em cargos VII - aproveitamento;
públicos, para efeitos desta Lei. VIII - reintegração;
IX - recondução.
Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos
civis da União, das autarquias e das fundações públicas Seção II
federais. Da Nomeação

Título I Art. 9º A nomeação far-se-á:


Capítulo Único I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de
Das Disposições Preliminares provimento efetivo ou de carreira;
II - em comissão, inclusive na condição de interino, para
Art. 1º Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores cargos de confiança vagos.
Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em
especial, e das fundações públicas federais. comissão ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter
exercício, interinamente, em outro cargo de confiança, sem
Art. 2º Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa prejuízo das atribuições do que atualmente ocupa, hipótese
legalmente investida em cargo público. em que deverá optar pela remuneração de um deles durante o
período da interinidade.
Art. 3º Cargo público é o conjunto de atribuições e
responsabilidades previstas na estrutura organizacional que Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo
devem ser cometidas a um servidor. isolado de provimento efetivo depende de prévia habilitação
Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os em concurso público de provas ou de provas e títulos,
brasileiros, são criados por lei, com denominação própria e obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua validade.
vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento em Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o
caráter efetivo ou em comissão. desenvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção,
serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema
Art. 4º É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo de carreira na Administração Pública Federal e seus
os casos previstos em lei. regulamentos.

Título II Seção III


Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição e Do Concurso Público
Substituição
Capítulo I Art. 11. O concurso será de provas ou de provas e títulos,
Do Provimento podendo ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem
Seção I a lei e o regulamento do respectivo plano de carreira,
Disposições Gerais condicionada a inscrição do candidato ao pagamento do valor
fixado no edital, quando indispensável ao seu custeio, e
Art. 5º São requisitos básicos para investidura em cargo ressalvadas as hipóteses de isenção nele expressamente
público: previstas.
I - a nacionalidade brasileira;
II - o gozo dos direitos políticos; Art. 12. O concurso público terá validade de até 2 (dois)
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por igual
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do período.
cargo; § 1º O prazo de validade do concurso e as condições de sua
V - a idade mínima de dezoito anos; realização serão fixados em edital, que será publicado no
VI - aptidão física e mental. Diário Oficial da União e em jornal diário de grande circulação.
§ 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigência § 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver
de outros requisitos estabelecidos em lei. candidato aprovado em concurso anterior com prazo de
§ 2º Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o validade não expirado.
direito de se inscrever em concurso público para provimento
de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência Seção IV
de que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas até Da Posse e do Exercício
20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.
§ 3º As universidades e instituições de pesquisa científica Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo
e tecnológica federais poderão prover seus cargos com termo, no qual deverão constar as atribuições, os deveres, as
professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado,
as normas e os procedimentos desta Lei. que não poderão ser alterados unilateralmente, por qualquer
Art. 6º O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante das partes, ressalvados os atos de ofício previstos em lei.
ato da autoridade competente de cada Poder. § 1º A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da
publicação do ato de provimento.
Art.7º A investidura em cargo público ocorrerá com a § 2º Em se tratando de servidor, que esteja na data de
posse. publicação do ato de provimento, em licença prevista nos
incisos I, III e V do art. 81, ou afastado nas hipóteses dos incisos
Art. 8º São formas de provimento de cargo público: I, IV, VI, VIII, alíneas "a", "b", "d", "e" e "f", IX e X do art. 102, o
I - nomeação; prazo será contado do término do impedimento.

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§ 3º A posse poderá dar-se mediante procuração Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para
específica. cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório
§ 4º Só haverá posse nos casos de provimento de cargo por por período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual a sua
nomeação. aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o
§ 5º No ato da posse, o servidor apresentará declaração de desempenho do cargo, observados os seguinte fatores: (Vide
bens e valores que constituem seu patrimônio e declaração EMC nº 19).
quanto ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou função I - assiduidade;
pública. II - disciplina;
§ 6º Será tornado sem efeito o ato de provimento se a posse III - capacidade de iniciativa;
não ocorrer no prazo previsto no § 1º deste artigo. IV - produtividade;
V- responsabilidade.
Art. 14. A posse em cargo público dependerá de prévia § 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio
inspeção médica oficial. probatório, será submetida à homologação da autoridade
Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que for competente a avaliação do desempenho do servidor, realizada
julgado apto física e mentalmente para o exercício do cargo. por comissão constituída para essa finalidade, de acordo com
o que dispuser a lei ou o regulamento da respectiva carreira ou
Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições cargo, sem prejuízo da continuidade de apuração dos fatores
do cargo público ou da função de confiança. enumerados nos incisos I a V do caput deste artigo.
§ 1º É de quinze dias o prazo para o servidor empossado § 2º O servidor não aprovado no estágio probatório será
em cargo público entrar em exercício, contados da data da exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente
posse. ocupado, observado o disposto no parágrafo único do art. 29.
§ 2º O servidor será exonerado do cargo ou será tornado § 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer
sem efeito o ato de sua designação para função de confiança, quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções de
se não entrar em exercício nos prazos previstos neste artigo, direção, chefia ou assessoramento no órgão ou entidade de
observado o disposto no art. 18. lotação, e somente poderá ser cedido a outro órgão ou
§ 3º À autoridade competente do órgão ou entidade para entidade para ocupar cargos de Natureza Especial, cargos de
onde for nomeado ou designado o servidor compete dar-lhe provimento em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento
exercício. Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes.
§ 4º O início do exercício de função de confiança coincidirá § 4º Ao servidor em estágio probatório somente poderão
com a data de publicação do ato de designação, salvo quando ser concedidas as licenças e os afastamentos previstos nos
o servidor estiver em licença ou afastado por qualquer outro arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento para
motivo legal, hipótese em que recairá no primeiro dia útil após participar de curso de formação decorrente de aprovação em
o término do impedimento, que não poderá exceder a trinta concurso para outro cargo na Administração Pública Federal.
dias da publicação. § 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as
licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1º, 86 e
Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do 96, bem assim na hipótese de participação em curso de
exercício serão registrados no assentamento individual do formação, e será retomado a partir do término do
servidor. impedimento.
Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servidor
apresentará ao órgão competente os elementos necessários ao Seção V
seu assentamento individual. Da Estabilidade

Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de exercício, Art. 21. O servidor habilitado em concurso público e
que é contado no novo posicionamento na carreira a partir da empossado em cargo de provimento efetivo adquirirá
data de publicação do ato que promover o servidor. estabilidade no serviço público ao completar 2 (dois) anos de
efetivo exercício. (prazo 3 anos - vide EMC nº 19).
Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro
município em razão de ter sido removido, redistribuído, Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em virtude
requisitado, cedido ou posto em exercício provisório terá, no de sentença judicial transitada em julgado ou de processo
mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de prazo, contados da administrativo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla
publicação do ato, para a retomada do efetivo desempenho das defesa.
atribuições do cargo, incluído nesse prazo o tempo necessário
para o deslocamento para a nova sede. Seção VI
§ 1º Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença ou Da Transferência
afastado legalmente, o prazo a que se refere este artigo será
contado a partir do término do impedimento. Art. 23. (Revogado).
§ 2º É facultado ao servidor declinar dos prazos
estabelecidos no caput. Seção VII
Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho Da Readaptação
fixada em razão das atribuições pertinentes aos respectivos
cargos, respeitada a duração máxima do trabalho semanal de Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em cargo
quarenta horas e observados os limites mínimo e máximo de de atribuições e responsabilidades compatíveis com a
seis horas e oito horas diárias, respectivamente. limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental
§ 1º O ocupante de cargo em comissão ou função de verificada em inspeção médica.
confiança submete-se a regime de integral dedicação ao § 1º Se julgado incapaz para o serviço público, o
serviço, observado o disposto no art. 120, podendo ser readaptando será aposentado.
convocado sempre que houver interesse da Administração. § 2º A readaptação será efetivada em cargo de atribuições
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica a duração de afins, respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade e
trabalho estabelecida em leis especiais. equivalência de vencimentos e, na hipótese de inexistência de

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cargo vago, o servidor exercerá suas atribuições como Seção XI


excedente, até a ocorrência de vaga. Da Disponibilidade e do Aproveitamento

Seção VIII Art. 30. O retorno à atividade de servidor em


Da Reversão disponibilidade far-se-á mediante aproveitamento obrigatório
em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o
Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor anteriormente ocupado.
aposentado:
I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil
insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou determinará o imediato aproveitamento de servidor em
II - no interesse da administração, desde que: disponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou
a) tenha solicitado a reversão; entidades da Administração Pública Federal.
b) a aposentadoria tenha sido voluntária; Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3º do art. 37, o
c) estável quando na atividade; servidor posto em disponibilidade poderá ser mantido sob
d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos responsabilidade do órgão central do Sistema de Pessoal Civil
anteriores à solicitação; da Administração Federal - SIPEC, até o seu adequado
e) haja cargo vago. aproveitamento em outro órgão ou entidade.
§ 1º A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo
resultante de sua transformação. Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e
§ 2º O tempo em que o servidor estiver em exercício será cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em
considerado para concessão da aposentadoria. exercício no prazo legal, salvo doença comprovada por junta
§ 3º No caso do inciso I, encontrando-se provido o cargo, o médica oficial.
servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a
ocorrência de vaga. Capítulo II
§ 4º O servidor que retornar à atividade por interesse da Da Vacância
administração perceberá, em substituição aos proventos da
aposentadoria, a remuneração do cargo que voltar a exercer, Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de:
inclusive com as vantagens de natureza pessoal que percebia I - exoneração;
anteriormente à aposentadoria. II - demissão;
§ 5º O servidor de que trata o inciso II somente terá os III - promoção;
proventos calculados com base nas regras atuais se IV - (Revogado);
permanecer pelo menos cinco anos no cargo. V - (Revogado);
§ 6º O Poder Executivo regulamentará o disposto neste VI - readaptação;
artigo. VII - aposentadoria;
VIII - posse em outro cargo inacumulável;
Art. 26. (Revogado). IX - falecimento.

Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já tiver Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do
completado 70 (setenta) anos de idade. servidor, ou de ofício.
Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á:
Seção IX I - quando não satisfeitas as condições do estágio
Da Reintegração probatório;
II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em
Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor exercício no prazo estabelecido.
estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo
resultante de sua transformação, quando invalidada a sua Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a dispensa
demissão por decisão administrativa ou judicial, com de função de confiança dar-se-á:
ressarcimento de todas as vantagens. I - a juízo da autoridade competente;
§ 1º Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor II - a pedido do próprio servidor.
ficará em disponibilidade, observado o disposto nos arts. 30 e Parágrafo único. (Revogado).
31.
§ 2º Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual Capítulo III
ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à Da Remoção e da Redistribuição
indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto Seção I
em disponibilidade. Da Remoção

Seção X Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido


Da Recondução ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem
mudança de sede.
Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo,
cargo anteriormente ocupado e decorrerá de: entende-se por modalidades de remoção:
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro I - de ofício, no interesse da Administração;
cargo; II - a pedido, a critério da Administração;
II - reintegração do anterior ocupante. III - a pedido, para outra localidade, independentemente
Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de do interesse da Administração:
origem, o servidor será aproveitado em outro, observado o a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também
disposto no art. 30. servidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que
foi deslocado no interesse da Administração;

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b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro Título III


ou dependente que viva às suas expensas e conste do seu Dos Direitos e Vantagens
assentamento funcional, condicionada à comprovação por Capítulo I
junta médica oficial; Do Vencimento e da Remuneração
c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese
em que o número de interessados for superior ao número de Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo
vagas, de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou exercício de cargo público, com valor fixado em lei.
entidade em que aqueles estejam lotados.
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo,
Seção II acrescido das vantagens pecuniárias permanentes
Da Redistribuição estabelecidas em lei.
§ 1º A remuneração do servidor investido em função ou
Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de cargo em comissão será paga na forma prevista no art. 62.
provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro § 2º O servidor investido em cargo em comissão de órgão
geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo ou entidade diversa da de sua lotação receberá a remuneração
Poder, com prévia apreciação do órgão central do SIPEC, de acordo com o estabelecido no § 1º do art. 93.
observados os seguintes preceitos: § 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das
I - interesse da administração; vantagens de caráter permanente, é irredutível.
II - equivalência de vencimentos; § 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos
III - manutenção da essência das atribuições do cargo; de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou
IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de
complexidade das atividades; caráter individual e as relativas à natureza ou ao local de
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou trabalho.
habilitação profissional; § 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as salário mínimo.
finalidades institucionais do órgão ou entidade.
§ 1º A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamento Art. 42. Nenhum servidor poderá perceber, mensalmente,
de lotação e da força de trabalho às necessidades dos serviços, a título de remuneração, importância superior à soma dos
inclusive nos casos de reorganização, extinção ou criação de valores percebidos como remuneração, em espécie, a qualquer
órgão ou entidade. título, no âmbito dos respectivos Poderes, pelos Ministros de
§ 2º A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará Estado, por membros do Congresso Nacional e Ministros do
mediante ato conjunto entre o órgão central do SIPEC e os Supremo Tribunal Federal.
órgãos e entidades da Administração Pública Federal Parágrafo único. Excluem-se do teto de remuneração as
envolvidos. vantagens previstas nos incisos II a VII do art. 61.
§ 3º Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou
entidade, extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade no Art. 43 (Revogado).
órgão ou entidade, o servidor estável que não for redistribuído
será colocado em disponibilidade, até seu aproveitamento na Art. 44. O servidor perderá:
forma dos arts. 30 e 31. I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem
§ 4º O servidor que não for redistribuído ou colocado em motivo justificado;
disponibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade do II - a parcela de remuneração diária, proporcional aos
órgão central do SIPEC, e ter exercício provisório, em outro atrasos, ausências justificadas, ressalvadas as concessões de
órgão ou entidade, até seu adequado aproveitamento. que trata o art. 97, e saídas antecipadas, salvo na hipótese de
compensação de horário, até o mês subsequente ao da
Capítulo IV ocorrência, a ser estabelecida pela chefia imediata.
Da Substituição Parágrafo único. As faltas justificadas decorrentes de caso
fortuito ou de força maior poderão ser compensadas a critério
Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou função de da chefia imediata, sendo assim consideradas como efetivo
direção ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial exercício.
terão substitutos indicados no regimento interno ou, no caso
de omissão, previamente designados pelo dirigente máximo Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial,
do órgão ou entidade. nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou provento.
§ 1º O substituto assumirá automática e cumulativamente, § 1ºMediante autorização do servidor, poderá haver
sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício do cargo ou consignação em folha de pagamento em favor de terceiros, a
função de direção ou chefia e os de Natureza Especial, nos critério da administração e com reposição de custos, na forma
afastamentos, impedimentos legais ou regulamentares do definida em regulamento. (Redação dada pela Lei nº 13.172,
titular e na vacância do cargo, hipóteses em que deverá optar de 2015).
pela remuneração de um deles durante o respectivo período. § 2º O total de consignações facultativas de que trata o § 1o
§ 2º O substituto fará jus à retribuição pelo exercício do não excederá a 35% (trinta e cinco por cento) da remuneração
cargo ou função de direção ou chefia ou de cargo de Natureza mensal, sendo 5% (cinco por cento) reservados
Especial, nos casos dos afastamentos ou impedimentos legais exclusivamente para: (Redação dada pela Lei nº 13.172, de
do titular, superiores a trinta dias consecutivos, paga na 2015).
proporção dos dias de efetiva substituição, que excederem o I - a amortização de despesas contraídas por meio de
referido período. cartão de crédito; ou (Incluído pela Lei nº 13.172, de 2015).
II - a utilização com a finalidade de saque por meio do
Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos titulares cartão de crédito. (Incluído pela Lei nº 13.172, de 2015).
de unidades administrativas organizadas em nível de
assessoria. Art. 46. As reposições e indenizações ao erário, atualizadas
até 30 de junho de 1994, serão previamente comunicadas ao
servidor ativo, aposentado ou ao pensionista, para pagamento,

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no prazo máximo de trinta dias, podendo ser parceladas, a § 2º À família do servidor que falecer na nova sede são
pedido do interessado. assegurados ajuda de custo e transporte para a localidade de
§ 1º O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao origem, dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do óbito.
correspondente a dez por cento da remuneração, provento ou § 3º Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses de
pensão. remoção previstas nos incisos II e III do parágrafo único do art.
§ 2º Quando o pagamento indevido houver ocorrido no 36. (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014)
mês anterior ao do processamento da folha, a reposição será
feita imediatamente, em uma única parcela. Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a remuneração
§ 3º Na hipótese de valores recebidos em decorrência de do servidor, conforme se dispuser em regulamento, não
cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada ou a podendo exceder a importância correspondente a 3 (três)
sentença que venha a ser revogada ou rescindida, serão eles meses.
atualizados até a data da reposição.
Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao servidor que
Art. 47. O servidor em débito com o erário, que for se afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de mandato
demitido, exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou eletivo.
disponibilidade cassada, terá o prazo de sessenta dias para Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, não
quitar o débito. sendo servidor da União, for nomeado para cargo em
Parágrafo único. A não quitação do débito no prazo comissão, com mudança de domicílio.
previsto implicará sua inscrição em dívida ativa. Parágrafo único. No afastamento previsto no inciso I do art.
93, a ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário, quando
Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento não cabível.
serão objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos
casos de prestação de alimentos resultante de decisão judicial. Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de
custo quando, injustificadamente, não se apresentar na nova
Capítulo II sede no prazo de 30 (trinta) dias.
Das Vantagens
Subseção II
Art. 49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao Das Diárias
servidor as seguintes vantagens:
I - indenizações; Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em
II - gratificações; caráter eventual ou transitório para outro ponto do território
III - adicionais. nacional ou para o exterior, fará jus a passagens e diárias
§1º As indenizações não se incorporam ao vencimento ou destinadas a indenizar as parcelas de despesas extraordinária
provento para qualquer efeito. com pousada, alimentação e locomoção urbana, conforme
§2º As gratificações e os adicionais incorporam-se ao dispuser em regulamento.
vencimento ou provento, nos casos e condições indicados em § 1º A diária será concedida por dia de afastamento, sendo
lei. devida pela metade quando o deslocamento não exigir
pernoite fora da sede, ou quando a União custear, por meio
Art. 50. As vantagens pecuniárias não serão computadas, diverso, as despesas extraordinárias cobertas por diárias.
nem acumuladas, para efeito de concessão de quaisquer § 2º Nos casos em que o deslocamento da sede constituir
outros acréscimos pecuniários ulteriores, sob o mesmo título exigência permanente do cargo, o servidor não fará jus a
ou idêntico fundamento. diárias.
§ 3º Também não fará jus a diárias o servidor que se
Seção I deslocar dentro da mesma região metropolitana, aglomeração
Das Indenizações urbana ou microrregião, constituídas por municípios
limítrofes e regularmente instituídas, ou em áreas de controle
Art. 51. Constituem indenizações ao servidor: integrado mantidas com países limítrofes, cuja jurisdição e
I - ajuda de custo; competência dos órgãos, entidades e servidores brasileiros
II - diárias; considera-se estendida, salvo se houver pernoite fora da sede,
III - transporte. hipóteses em que as diárias pagas serão sempre as fixadas
IV - auxílio-moradia. para os afastamentos dentro do território nacional.

Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar da
incisos I a III do art. 51, assim como as condições para a sua sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las
concessão, serão estabelecidos em regulamento. integralmente, no prazo de 5 (cinco) dias.
Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à sede
Subseção I em prazo menor do que o previsto para o seu afastamento,
Da Ajuda de Custo restituirá as diárias recebidas em excesso, no prazo previsto
no caput.
Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as
despesas de instalação do servidor que, no interesse do Subseção III
serviço, passar a ter exercício em nova sede, com mudança de Da Indenização de Transporte
domicílio em caráter permanente, vedado o duplo pagamento
de indenização, a qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou Art. 60. Conceder-se-á indenização de transporte ao
companheiro que detenha também a condição de servidor, servidor que realizar despesas com a utilização de meio
vier a ter exercício na mesma sede. próprio de locomoção para a execução de serviços externos,
§ 1º Correm por conta da administração as despesas de por força das atribuições próprias do cargo, conforme se
transporte do servidor e de sua família, compreendendo dispuser em regulamento.
passagem, bagagem e bens pessoais.

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Subseção IV III - (Revogado)


Do Auxílio-Moradia IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres,
perigosas ou penosas;
Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarcimento das V - adicional pela prestação de serviço extraordinário;
despesas comprovadamente realizadas pelo servidor com VI - adicional noturno;
aluguel de moradia ou com meio de hospedagem administrado VII - adicional de férias;
por empresa hoteleira, no prazo de um mês após a VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho.
comprovação da despesa pelo servidor. IX - gratificação por encargo de curso ou concurso.

Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se Subseção I


atendidos os seguintes requisitos: Da Retribuição pelo Exercício de Função de Direção,
I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo Chefia e Assessoramento
servidor;
II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em
imóvel funcional; função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de
III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou provimento em comissão ou de Natureza Especial é devida
tenha sido proprietário, promitente comprador, cessionário retribuição pelo seu exercício.
ou promitente cessionário de imóvel no Município aonde for Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remuneração
exercer o cargo, incluída a hipótese de lote edificado sem dos cargos em comissão de que trata o inciso II do art. 9º.
averbação de construção, nos doze meses que antecederem a
sua nomeação; Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal
IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor Nominalmente Identificada - VPNI a incorporação da
receba auxílio-moradia; retribuição pelo exercício de função de direção, chefia ou
V - o servidor tenha se mudado do local de residência para assessoramento, cargo de provimento em comissão ou de
ocupar cargo em comissão ou função de confiança do Grupo- Natureza Especial a que se referem os arts. 3º e 10 da Lei no
Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de 8.911, de 11 de julho de 1994, e o art. 3º da Lei no 9.624, de 2
Natureza Especial, de Ministro de Estado ou equivalentes; de abril de 1998.
VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão ou Parágrafo único. A VPNI de que trata o caput deste artigo
função de confiança não se enquadre nas hipóteses do art. 58, somente estará sujeita às revisões gerais de remuneração dos
§ 3º, em relação ao local de residência ou domicílio do servidores públicos federais.
servidor;
VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha Subseção II
residido no Município, nos últimos doze meses, aonde for Da Gratificação Natalina
exercer o cargo em comissão ou função de confiança,
desconsiderando-se prazo inferior a sessenta dias dentro Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um
desse período; e doze avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no mês
VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração de dezembro, por mês de exercício no respectivo ano.
de lotação ou nomeação para cargo efetivo. Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quinze)
IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de dias será considerada como mês integral.
2006.
Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será Art. 64. A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do mês
considerado o prazo no qual o servidor estava ocupando outro de dezembro de cada ano.
cargo em comissão relacionado no inciso V. Parágrafo único. (VETADO).

Art. 60-C. (Revogado pela Lei nº 12.998, de 2014) Art. 65. O servidor exonerado perceberá sua gratificação
natalina, proporcionalmente aos meses de exercício, calculada
Art. 60-D. O valor mensal do auxílio-moradia é limitado a sobre a remuneração do mês da exoneração.
25% (vinte e cinco por cento) do valor do cargo em comissão,
função comissionada ou cargo de Ministro de Estado ocupado. Art. 66. A gratificação natalina não será considerada para
§ 1º O valor do auxílio-moradia não poderá superar 25% cálculo de qualquer vantagem pecuniária.
(vinte e cinco por cento) da remuneração de Ministro de
Estado. Subseção III
§ 2º Independentemente do valor do cargo em comissão ou Do Adicional por Tempo de Serviço
função comissionada, fica garantido a todos os que
preencherem os requisitos o ressarcimento até o valor de R$ Art. 67. (Revogado)
1.800,00 (mil e oitocentos reais).
Subseção IV
Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração, colocação Dos Adicionais de Insalubridade, Periculosidade ou
de imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisição de Atividades Penosas
imóvel, o auxílio-moradia continuará sendo pago por um mês.
Art. 68 Os servidores que trabalhem com habitualidade em
Seção II locais insalubres ou em contato permanente com substâncias
Das Gratificações e Adicionais tóxicas, radioativas ou com risco de vida, fazem jus a um
adicional sobre o vencimento do cargo efetivo.
Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas § 1º O servidor que fizer jus aos adicionais de
nesta Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes insalubridade e de periculosidade deverá optar por um deles.
retribuições, gratificações e adicionais: § 2º O direito ao adicional de insalubridade ou
I - retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e periculosidade cessa com a eliminação das condições ou dos
assessoramento; riscos que deram causa a sua concessão.
II - gratificação natalina;

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Art. 69. Haverá permanente controle da atividade de discursivas, para elaboração de questões de provas ou para
servidores em operações ou locais considerados penosos, julgamento de recursos intentados por candidatos;
insalubres ou perigosos. III - participar da logística de preparação e de realização de
Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será concurso público envolvendo atividades de planejamento,
afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, das coordenação, supervisão, execução e avaliação de resultado,
operações e locais previstos neste artigo, exercendo suas quando tais atividades não estiverem incluídas entre as suas
atividades em local salubre e em serviço não penoso e não atribuições permanentes;
perigoso. IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de
exame vestibular ou de concurso público ou supervisionar
Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades penosas, essas atividades.
de insalubridade e de periculosidade, serão observadas as § 1º Os critérios de concessão e os limites da gratificação
situações estabelecidas em legislação específica. de que trata este artigo serão fixados em regulamento,
observados os seguintes parâmetros:
Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido aos I - o valor da gratificação será calculado em horas,
servidores em exercício em zonas de fronteira ou em observadas a natureza e a complexidade da atividade exercida;
localidades cujas condições de vida o justifiquem, nos termos, II - a retribuição não poderá ser superior ao equivalente a
condições e limites fixados em regulamento. 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais, ressalvada
situação de excepcionalidade, devidamente justificada e
Art. 72. Os locais de trabalho e os servidores que operam previamente aprovada pela autoridade máxima do órgão ou
com Raios X ou substâncias radioativas serão mantidos sob entidade, que poderá autorizar o acréscimo de até 120 (cento
controle permanente, de modo que as doses de radiação e vinte) horas de trabalho anuais;
ionizante não ultrapassem o nível máximo previsto na III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá aos
legislação própria. seguintes percentuais, incidentes sobre o maior vencimento
Parágrafo único. Os servidores a que se refere este artigo básico da administração pública federal:
serão submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses. a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se
tratando de atividades previstas nos incisos I e II do caput
Subseção V deste artigo;
Do Adicional por Serviço Extraordinário b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se
tratando de atividade prevista nos incisos III e IV do caput
Art. 73. O serviço extraordinário será remunerado com deste artigo.
acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em relação à hora § 2º A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
normal de trabalho. somente será paga se as atividades referidas nos incisos do
caput deste artigo forem exercidas sem prejuízo das
Art. 74. Somente será permitido serviço extraordinário atribuições do cargo de que o servidor for titular, devendo ser
para atender a situações excepcionais e temporárias, objeto de compensação de carga horária quando
respeitado o limite máximo de 2 (duas) horas por jornada. desempenhadas durante a jornada de trabalho, na forma do §
4º do art. 98 desta Lei.
Subseção VI § 3º A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso não
Do Adicional Noturno se incorpora ao vencimento ou salário do servidor para
qualquer efeito e não poderá ser utilizada como base de
Art. 75. O serviço noturno, prestado em horário cálculo para quaisquer outras vantagens, inclusive para fins de
compreendido entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 cálculo dos proventos da aposentadoria e das pensões.
(cinco) horas do dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de
25% (vinte e cinco por cento), computando-se cada hora como Capítulo III
cinquenta e dois minutos e trinta segundos. Das Férias
Parágrafo único. Em se tratando de serviço extraordinário,
o acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que
remuneração prevista no art. 73. podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no caso
de necessidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em que
Subseção VII haja legislação específica. (Férias de Ministro - Vide)
Do Adicional de Férias §1º Para o primeiro período aquisitivo de férias serão
exigidos 12 (doze) meses de exercício.
Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago ao §2º É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao
servidor, por ocasião das férias, um adicional correspondente serviço.
a 1/3 (um terço) da remuneração do período das férias. §3º As férias poderão ser parceladas em até três etapas,
Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função de desde que assim requeridas pelo servidor, e no interesse da
direção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em administração pública.
comissão, a respectiva vantagem será considerada no cálculo Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será
do adicional de que trata este artigo. efetuado até 2 (dois) dias antes do início do respectivo
período, observando-se o disposto no §1º deste artigo. (Férias
Subseção VIII de Ministro - Vide)
Da Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso § 1°(Revogado);
§2º (Revogado);
Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso § 3º O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em
é devida ao servidor que, em caráter eventual: comissão, perceberá indenização relativa ao período das férias
I - atuar como instrutor em curso de formação, de a que tiver direito e ao incompleto, na proporção de um doze
desenvolvimento ou de treinamento regularmente instituído avos por mês de efetivo exercício, ou fração superior a
no âmbito da administração pública federal; quatorze dias.
II - participar de banca examinadora ou de comissão para § 4º A indenização será calculada com base na
exames orais, para análise curricular, para correção de provas remuneração do mês em que for publicado o ato exoneratório.

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§ 5º Em caso de parcelamento, o servidor receberá o valor observado o disposto no § 3º, não poderá ultrapassar os
adicional previsto no inciso XVII do art. 7º da Constituição limites estabelecidos nos incisos I e II do § 2º.
Federal quando da utilização do primeiro período.
Seção III
Art. 79. O servidor que opera direta e permanentemente Da Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge
com Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 (vinte) dias
consecutivos de férias, por semestre de atividade profissional, Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servidor para
proibida em qualquer hipótese a acumulação. acompanhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado para
Parágrafo único. (Revogado). outro ponto do território nacional, para o exterior ou para o
exercício de mandato eletivo dos Poderes Executivo e
Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas por Legislativo.
motivo de calamidade pública, comoção interna, convocação § 1º A licença será por prazo indeterminado e sem
para júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade do remuneração.
serviço declarada pela autoridade máxima do órgão ou § 2º No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou
entidade. (Férias de Ministro - Vide) companheiro também seja servidor público, civil ou militar, de
Parágrafo único. O restante do período interrompido será qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
gozado de uma só vez, observado o disposto no art. 77. Federal e dos Municípios, poderá haver exercício provisório
em órgão ou entidade da Administração Federal direta,
Capítulo IV autárquica ou fundacional, desde que para o exercício de
Das Licenças atividade compatível com o seu cargo.
Seção I
Disposições Gerais Seção IV
Da Licença para o Serviço Militar
Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença:
I - por motivo de doença em pessoa da família; Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar será
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro; concedida licença, na forma e condições previstas na legislação
III - para o serviço militar; específica.
IV - para atividade política; Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor
V - para capacitação; terá até 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o
VI - para tratar de interesses particulares; exercício do cargo.
VII - para desempenho de mandato classista.
§ 1º A licença prevista no inciso I do caput deste artigo bem Seção V
como cada uma de suas prorrogações serão precedidas de Da Licença para Atividade Política
exame por perícia médica oficial, observado o disposto no art.
204 desta Lei. Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remuneração,
§ 2º (Revogado) durante o período que mediar entre a sua escolha em
§ 3º É vedado o exercício de atividade remunerada durante convenção partidária, como candidato a cargo eletivo, e a
o período da licença prevista no inciso I deste artigo. véspera do registro de sua candidatura perante a Justiça
Eleitoral.
Art. 82. A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias § 1º O servidor candidato a cargo eletivo na localidade
do término de outra da mesma espécie será considerada como onde desempenha suas funções e que exerça cargo de direção,
prorrogação. chefia, assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será
afastado, a partir do dia imediato ao do registro de sua
Seção II candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o décimo dia
Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da seguinte ao do pleito.
Família § 2º A partir do registro da candidatura e até o décimo dia
seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença,
Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por assegurados os vencimentos do cargo efetivo, somente pelo
motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos período de três meses.
filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que
viva a suas expensas e conste do seu assentamento funcional, Seção VI
mediante comprovação por perícia médica oficial. Da Licença para Capacitação
§ 1º A licença somente será deferida se a assistência direta
do servidor for indispensável e não puder ser prestada Art. 87. Após cada quinquênio de efetivo exercício, o
simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante servidor poderá, no interesse da Administração, afastar-se do
compensação de horário, na forma do disposto no inciso II do exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por
art. 44. até três meses, para participar de curso de capacitação
§ 2º A licença de que trata o caput, incluídas as profissional.
prorrogações, poderá ser concedida a cada período de doze Parágrafo único. Os períodos de licença de que trata o
meses nas seguintes condições: caput não são acumuláveis.
I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida Art. 88. e 89 - (Revogado)
a remuneração do servidor; e
II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem Art. 90. (VETADO).
remuneração.
§ 3º O início do interstício de 12 (doze) meses será contado Seção VII
a partir da data do deferimento da primeira licença concedida. Da Licença para Tratar de Interesses Particulares
§ 4º A soma das licenças remuneradas e das licenças não
remuneradas, incluídas as respectivas prorrogações, Art. 91. A critério da Administração, poderão ser
concedidas em um mesmo período de 12 (doze) meses, concedidas ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que

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não esteja em estágio probatório, licenças para o trato de pelo órgão ou pela entidade de origem. (Redação dada pela
assuntos particulares pelo prazo de Medida Provisória nº 765, de 2016)
§ 1º A licença poderá ser interrompida, a qualquer tempo, § 3º A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no
a pedido do servidor ou a interesse do serviço público Diário Oficial da União.
(Incluído pela Medida Provisória nº 792, de 2017) § 4º Mediante autorização expressa do Presidente da
§ 2º A licença suspenderá o vínculo com a administração República, o servidor do Poder Executivo poderá ter exercício
pública federal e, durante esse período, o disposto nos arts. em outro órgão da Administração Federal direta que não tenha
116 e 117 não se aplica ao servidor licenciado. (Incluído pela quadro próprio de pessoal, para fim determinado e a prazo
Medida Provisória nº 792, de 2017) certo.
§ 5º Aplica-se à União, em se tratando de empregado ou
Seção VIII servidor por ela requisitado, as disposições dos §§ 1º e 2º
Da Licença para o Desempenho de Mandato Classista deste artigo.
§ 6º As cessões de empregados de empresa pública ou de
Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem sociedade de economia mista, que receba recursos de Tesouro
remuneração para o desempenho de mandato em Nacional para o custeio total ou parcial da sua folha de
confederação, federação, associação de classe de âmbito pagamento de pessoal, independem das disposições contidas
nacional, sindicato representativo da categoria ou entidade nos incisos I e II e §§ 1º e 2º deste artigo, ficando o exercício do
fiscalizadora da profissão ou, ainda, para participar de empregado cedido condicionado a autorização específica do
gerência ou administração em sociedade cooperativa Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, exceto nos
constituída por servidores públicos para prestar serviços a casos de ocupação de cargo em comissão ou função gratificada.
seus membros, observado o disposto na alínea c do inciso VIII § 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão,
do art. 102 desta Lei, conforme disposto em regulamento e com a finalidade de promover a composição da força de
observados os seguintes limites: trabalho dos órgãos e entidades da Administração Pública
I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, 2 Federal, poderá determinar a lotação ou o exercício de
(dois) servidores; (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014) empregado ou servidor, independentemente da observância
II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 do constante no inciso I e nos §§ 1º e 2º deste artigo.
(trinta mil) associados, 4 (quatro) servidores; (Redação dada
pela Lei nº 12.998, de 2014) Seção II
III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) Do Afastamento para Exercício de Mandato Eletivo
associados, 8 (oito) servidores. (Redação dada pela Lei nº
12.998, de 2014) Art. 94. Ao servidor investido em mandato eletivo aplicam-
§ 1º Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos se as seguintes disposições:
para cargos de direção ou de representação nas referidas I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital,
entidades, desde que cadastradas no órgão competente. ficará afastado do cargo;
(Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014) II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do
§ 2º A licença terá duração igual à do mandato, podendo cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;
ser renovada, no caso de reeleição. (Redação dada pela Lei nº III - investido no mandato de vereador:
12.998, de 2014) a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as
Capítulo V vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do
Dos Afastamentos cargo eletivo;
Seção I b) não havendo compatibilidade de horário, será afastado
Do Afastamento para Servir a Outro Órgão ou do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração.
Entidade § 1º No caso de afastamento do cargo, o servidor
contribuirá para a seguridade social como se em exercício
Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício em estivesse.
outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, do § 2º O servidor investido em mandato eletivo ou classista
Distrito Federal, dos Municípios ou em serviço social não poderá ser removido ou redistribuído de ofício para
autônomo instituído pela União que exerça atividades de localidade diversa daquela onde exerce o mandato.
cooperação com a administração pública federal, nas seguintes
hipóteses: (Redação dada pela Medida Provisória nº 765, de Seção III
2016) Do Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior
I - para exercício de cargo em comissão, função de
confiança ou, no caso de serviço social autônomo, para o Art. 95. O servidor não poderá ausentar-se do País para
exercício de cargo de direção ou de gerência; (Redação dada estudo ou missão oficial, sem autorização do Presidente da
pela Medida Provisória nº 765, de 2016) República, Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo e
II - em casos previstos em leis específicas. Presidente do Supremo Tribunal Federal.
§ 1º Na hipótese de que trata o inciso I do caput, sendo a § 1º A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda a
cessão para órgãos ou entidades dos Estados, do Distrito missão ou estudo, somente decorrido igual período, será
Federal, dos Municípios ou para serviço social autônomo, o permitida nova ausência.
ônus da remuneração será do órgão ou da entidade § 2º Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo não
cessionária, mantido o ônus para o cedente nos demais casos. será concedida exoneração ou licença para tratar de interesse
(Redação dada pela Medida Provisória nº 765, de 2016) particular antes de decorrido período igual ao do afastamento,
§ 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa pública, ressalvada a hipótese de ressarcimento da despesa havida com
sociedade de economia mista ou serviço social autônomo, nos seu afastamento.
termos de suas respectivas normas, optar pela remuneração § 3º O disposto neste artigo não se aplica aos servidores da
do cargo efetivo ou pela remuneração do cargo efetivo carreira diplomática.
acrescida de percentual da retribuição do cargo em comissão, § 4º As hipóteses, condições e formas para a autorização
de direção ou de gerência, a entidade cessionária ou o serviço de que trata este artigo, inclusive no que se refere à
social autônomo efetuará o reembolso das despesas realizadas remuneração do servidor, serão disciplinadas em
regulamento.

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Art. 96. O afastamento de servidor para servir em Art. 98. Será concedido horário especial ao servidor
organismo internacional de que o Brasil participe ou com o estudante, quando comprovada a incompatibilidade entre o
qual coopere dar-se-á com perda total da remuneração. horário escolar e o da repartição, sem prejuízo do exercício do
cargo.
Seção IV § 1º Para efeito do disposto neste artigo, será exigida a
Do Afastamento para Participação em Programa de compensação de horário no órgão ou entidade que tiver
Pós-Graduação Stricto Sensu no País exercício, respeitada a duração semanal do trabalho.
§ 2º Também será concedido horário especial ao servidor
Art. 96-A. O servidor poderá, no interesse da portador de deficiência, quando comprovada a necessidade
Administração, e desde que a participação não possa ocorrer por junta médica oficial, independentemente de compensação
simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante de horário.
compensação de horário, afastar-se do exercício do cargo § 3º As disposições constantes do § 2º são extensivas ao
efetivo, com a respectiva remuneração, para participar em servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente com
programa de pós-graduação stricto sensu em instituição de deficiência. (Redação dada pela Lei nº 13.370, de 2016).
ensino superior no País. § 4º Será igualmente concedido horário especial, vinculado
§ 1º Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade à compensação de horário a ser efetivada no prazo de até 1
definirá, em conformidade com a legislação vigente, os (um) ano, ao servidor que desempenhe atividade prevista nos
programas de capacitação e os critérios para participação em incisos I e II do caput do art. 76-A desta Lei.
programas de pós-graduação no País, com ou sem afastamento
do servidor, que serão avaliados por um comitê constituído Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no
para este fim. interesse da administração é assegurada, na localidade da
§ 2º Os afastamentos para realização de programas de nova residência ou na mais próxima, matrícula em instituição
mestrado e doutorado somente serão concedidos aos de ensino congênere, em qualquer época, independentemente
servidores titulares de cargos efetivos no respectivo órgão ou de vaga.
entidade há pelo menos 3 (três) anos para mestrado e 4 Parágrafo único. O disposto neste artigo estende-se ao
(quatro) anos para doutorado, incluído o período de estágio cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do servidor
probatório, que não tenham se afastado por licença para tratar que vivam na sua companhia, bem como aos menores sob sua
de assuntos particulares para gozo de licença capacitação ou guarda, com autorização judicial.
com fundamento neste artigo nos 2 (dois) anos anteriores à
data da solicitação de afastamento. Capítulo VII
§ 3º Os afastamentos para realização de programas de pós- Do Tempo de Serviço
doutorado somente serão concedidos aos servidores titulares
de cargos efetivo no respectivo órgão ou entidade há pelo Art. 100. É contado para todos os efeitos o tempo de
menos quatro anos, incluído o período de estágio probatório, serviço público federal, inclusive o prestado às Forças
e que não tenham se afastado por licença para tratar de Armadas.
assuntos particulares ou com fundamento neste artigo, nos
quatro anos anteriores à data da solicitação de afastamento. Art. 101. A apuração do tempo de serviço será feita em dias,
§ 4º Os servidores beneficiados pelos afastamentos que serão convertidos em anos, considerado o ano como de
previstos nos §§ 1º, 2º e 3º deste artigo terão que permanecer trezentos e sessenta e cinco dias.
no exercício de suas funções após o seu retorno por um Parágrafo único. (Revogado).
período igual ao do afastamento concedido.
§ 5º Caso o servidor venha a solicitar exoneração do cargo Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no art.
ou aposentadoria, antes de cumprido o período de 97, são considerados como de efetivo exercício os
permanência previsto no § 4º deste artigo, deverá ressarcir o afastamentos em virtude de:
órgão ou entidade, na forma do art. 47 da Lei no8.112, de 11 I - férias;
de dezembro de 1990, dos gastos com seu aperfeiçoamento. II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em
§ 6º Caso o servidor não obtenha o título ou grau que órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados,
justificou seu afastamento no período previsto, aplica-se o Municípios e Distrito Federal;
disposto no § 5º deste artigo, salvo na hipótese comprovada de III - exercício de cargo ou função de governo ou
força maior ou de caso fortuito, a critério do dirigente máximo administração, em qualquer parte do território nacional, por
do órgão ou entidade. nomeação do Presidente da República;
§ 7º Aplica-se à participação em programa de pós- IV - participação em programa de treinamento
graduação no Exterior, autorizado nos termos do art. 95 desta regularmente instituído ou em programa de pós-graduação
Lei, o disposto nos §§ 1º a 6º deste artigo. stricto sensu no País, conforme dispuser o regulamento;
V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual,
Capítulo VI municipal ou do Distrito Federal, exceto para promoção por
Das Concessões merecimento;
VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei;
Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado o
ausentar-se do serviço: afastamento, conforme dispuser o regulamento;
I - por 1 (um) dia, para doação de sangue; VIII - licença:
II - pelo período comprovadamente necessário para a) à gestante, à adotante e à paternidade;
alistamento ou recadastramento eleitoral, limitado, em b) para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte
qualquer caso, a 2 (dois) dias; (Redação dada pela Lei nº e quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de serviço
12.998, de 2014) público prestado à União, em cargo de provimento efetivo;
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de: c) para o desempenho de mandato classista ou
a) casamento; participação de gerência ou administração em sociedade
b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou cooperativa constituída por servidores para prestar serviços a
padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela e seus membros, exceto para efeito de promoção por
irmãos. merecimento;

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d) por motivo de acidente em serviço ou doença Art. 108. O prazo para interposição de pedido de
profissional; reconsideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar da
e) para capacitação, conforme dispuser o regulamento; publicação ou da ciência, pelo interessado, da decisão
f) por convocação para o serviço militar; recorrida.
IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art. 18;
X - participação em competição desportiva nacional ou Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito
convocação para integrar representação desportiva nacional, suspensivo, a juízo da autoridade competente.
no País ou no exterior, conforme disposto em lei específica; Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido de
XI - afastamento para servir em organismo internacional reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão
de que o Brasil participe ou com o qual coopere. retroagirão à data do ato impugnado.

Art. 103. Contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria Art. 110. O direito de requerer prescreve:
e disponibilidade: I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de
I - o tempo de serviço público prestado aos Estados, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afetem
Municípios e Distrito Federal; interesse patrimonial e créditos resultantes das relações de
II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da família trabalho;
do servidor, com remuneração, que exceder a 30 (trinta) dias II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo
em período de 12 (doze) meses. quando outro prazo for fixado em lei.
III - a licença para atividade política, no caso do art. 86, § Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado da
2º; data da publicação do ato impugnado ou da data da ciência
IV - o tempo correspondente ao desempenho de mandato pelo interessado, quando o ato não for publicado.
eletivo federal, estadual, municipal ou distrital, anterior ao
ingresso no serviço público federal; Art. 111. O pedido de reconsideração e o recurso, quando
V - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada à cabíveis, interrompem a prescrição.
Previdência Social;
VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra; Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não podendo ser
VII - o tempo de licença para tratamento da própria saúde relevada pela administração.
que exceder o prazo a que se refere a alínea "b" do inciso VIII
do art. 102. Art. 113. Para o exercício do direito de petição, é
§ 1º O tempo em que o servidor esteve aposentado será assegurada vista do processo ou documento, na repartição, ao
contado apenas para nova aposentadoria. servidor ou a procurador por ele constituído.
§ 2º Será contado em dobro o tempo de serviço prestado
às Forças Armadas em operações de guerra. Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a
§ 3º É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade.
prestado concomitantemente em mais de um cargo ou função
de órgão ou entidades dos Poderes da União, Estado, Distrito Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos
Federal e Município, autarquia, fundação pública, sociedade de estabelecidos neste Capítulo, salvo motivo de força maior.
economia mista e empresa pública.
Título IV
Capítulo VIII Do Regime Disciplinar
Do Direito de Petição Capítulo I
Dos Deveres
Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de requerer
aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse Art. 116. São deveres do servidor:
legítimo. I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
II - ser leal às instituições a que servir;
Art. 105. O requerimento será dirigido à autoridade III - observar as normas legais e regulamentares;
competente para decidi-lo e encaminhado por intermédio IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando
daquela a que estiver imediatamente subordinado o manifestamente ilegais;
requerente. V - atender com presteza:
a) ao público em geral, prestando as informações
Art. 106. Cabe pedido de reconsideração à autoridade que requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não b) à expedição de certidões requeridas para defesa de
podendo ser renovado. (Vide Lei nº 12.300, de 2010) direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal;
Parágrafo único. O requerimento e o pedido de c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
reconsideração de que tratam os artigos anteriores deverão VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão
ser despachados no prazo de 5 (cinco) dias e decididos dentro do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando
de 30 (trinta) dias. houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de
outra autoridade competente para apuração;
Art. 107. Caberá recurso: VII - zelar pela economia do material e a conservação do
I - do indeferimento do pedido de reconsideração; patrimônio público;
II - das decisões sobre os recursos sucessivamente VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
interpostos. IX - manter conduta compatível com a moralidade
§ 1º O recurso será dirigido à autoridade imediatamente administrativa;
superior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão, e, X - ser assíduo e pontual ao serviço;
sucessivamente, em escala ascendente, às demais autoridades. XI - tratar com urbanidade as pessoas;
§ 2º O recurso será encaminhado por intermédio da XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de
autoridade a que estiver imediatamente subordinado o poder.
requerente. Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII
será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela

Ética no Serviço Público 41


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autoridade superior àquela contra a qual é formulada, § 1º A proibição de acumular estende-se a cargos,
assegurando-se ao representando ampla defesa. empregos e funções em autarquias, fundações públicas,
empresas públicas, sociedades de economia mista da União, do
Capítulo II Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios.
Das Proibições § 2º A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica
condicionada à comprovação da compatibilidade de horários.
Art. 117. Ao servidor é proibido: § 3º Considera-se acumulação proibida a percepção de
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia vencimento de cargo ou emprego público efetivo com
autorização do chefe imediato; proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, decorram essas remunerações forem acumuláveis na
qualquer documento ou objeto da repartição; atividade.
III - recusar fé a documentos públicos;
IV - opor resistência injustificada ao andamento de Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um cargo
documento e processo ou execução de serviço; em comissão, exceto no caso previsto no parágrafo único do
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no art. 9º, nem ser remunerado pela participação em órgão de
recinto da repartição; deliberação coletiva.
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à
previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua remuneração devida pela participação em conselhos de
responsabilidade ou de seu subordinado; administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem- economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como
se a associação profissional ou sindical, ou a partido político; quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função indiretamente, detenha participação no capital social,
de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo observado o que, a respeito, dispuser legislação específica.
grau civil;
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que
outrem, em detrimento da dignidade da função pública; acumular licitamente dois cargos efetivos, quando investido
X - participar de gerência ou administração de sociedade em cargo de provimento em comissão, ficará afastado de
privada, personificada ou não personificada, exercer o ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver
comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou compatibilidade de horário e local com o exercício de um deles,
comanditário; declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou entidades
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto ao envolvidos.
órgão ou à entidade pública em que estiver lotado ou em
exercício, exceto quando se tratar de benefícios Capítulo IV
previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo Das Responsabilidades
grau e de cônjuge ou companheiro; (Redação dada pela Medida
Provisória nº 792, de 2017) Art. 121. O servidor responde civil, penal e
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de administrativamente pelo exercício irregular de suas
qualquer espécie, em razão de suas atribuições; atribuições.
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado
estrangeiro; Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao
XV - proceder de forma desidiosa; erário ou a terceiros.
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição § 1º A indenização de prejuízo dolosamente causado ao
em serviços ou atividades particulares; erário somente será liquidada na forma prevista no art. 46, na
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao falta de outros bens que assegurem a execução do débito pela
cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e via judicial.
transitórias; § 2º Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam o servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva.
incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o § 3º A obrigação de reparar o dano estende-se aos
horário de trabalho; sucessores e contra eles será executada, até o limite do valor
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando da herança recebida.
solicitado.
Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do caput Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e
deste artigo não se aplica nos seguintes casos: contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade.
I - participação nos comitês de auditoria e nos conselhos
de administração e fiscal de empresas, sociedades ou Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resulta
entidades em que a União detenha, direta ou indiretamente, de ato omissivo ou comissivo praticado no desempenho do
participação no capital social ou em sociedade cooperativa cargo ou função.
constituída para prestar serviços a seus membros; e (Redação
dada pela Medida Provisória nº 792, de 2017) Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas
II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, poderão cumular-se, sendo independentes entre si.
na forma do art. 91. (Redação dada pela Medida Provisória nº
792, de 2017) Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor
será afastada no caso de absolvição criminal que negue a
Capítulo III existência do fato ou sua autoria.
Da Acumulação
Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado
Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição, é civil, penal ou administrativamente por dar ciência à
vedada a acumulação remunerada de cargos públicos. autoridade superior ou, quando houver suspeita de
envolvimento desta, a outra autoridade competente para

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apuração de informação concernente à prática de crimes ou XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções
improbidade de que tenha conhecimento, ainda que em públicas;
decorrência do exercício de cargo, emprego ou função pública. XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.

Capítulo V Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal


Das Penalidades de cargos, empregos ou funções públicas, a autoridade a que
se refere o art. 143 notificará o servidor, por intermédio de sua
Art. 127. São penalidades disciplinares: chefia imediata, para apresentar opção no prazo
I - advertência; improrrogável de dez dias, contados da data da ciência e, na
II - suspensão; hipótese de omissão, adotará procedimento sumário para a
III - demissão; sua apuração e regularização imediata, cujo processo
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; administrativo disciplinar se desenvolverá nas seguintes
V - destituição de cargo em comissão; fases:
VI - destituição de função comissionada. I - instauração, com a publicação do ato que constituir a
comissão, a ser composta por dois servidores estáveis, e
Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas simultaneamente indicar a autoria e a materialidade da
a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que transgressão objeto da apuração;
dela provierem para o serviço público, as circunstâncias II - instrução sumária, que compreende indiciação, defesa
agravantes ou atenuantes e os antecedentes funcionais. e relatório;
Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade III - julgamento.
mencionará sempre o fundamento legal e a causa da sanção § 1º A indicação da autoria de que trata o inciso I dar-se-á
disciplinar. pelo nome e matrícula do servidor, e a materialidade pela
descrição dos cargos, empregos ou funções públicas em
Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos situação de acumulação ilegal, dos órgãos ou entidades de
de violação de proibição constante do art. 117, incisos I a VIII vinculação, das datas de ingresso, do horário de trabalho e do
e XIX, e de inobservância de dever funcional previsto em lei, correspondente regime jurídico.
regulamentação ou norma interna, que não justifique § 2º A comissão lavrará, até três dias após a publicação do
imposição de penalidade mais grave. ato que a constituiu, termo de indiciação em que serão
transcritas as informações de que trata o parágrafo anterior,
Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de bem como promoverá a citação pessoal do servidor indiciado,
reincidência das faltas punidas com advertência e de violação ou por intermédio de sua chefia imediata, para, no prazo de
das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita a cinco dias, apresentar defesa escrita, assegurando-se lhe vista
penalidade de demissão, não podendo exceder de 90 do processo na repartição, observado o disposto nos arts. 163
(noventa) dias. e 164.
§ 1º Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o § 3º Apresentada a defesa, a comissão elaborará relatório
servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser submetido a conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do
inspeção médica determinada pela autoridade competente, servidor, em que resumirá as peças principais dos autos,
cessando os efeitos da penalidade uma vez cumprida a opinará sobre a licitude da acumulação em exame, indicará o
determinação. respectivo dispositivo legal e remeterá o processo à
§ 2º Quando houver conveniência para o serviço, a autoridade instauradora, para julgamento.
penalidade de suspensão poderá ser convertida em multa, na § 4º No prazo de cinco dias, contados do recebimento do
base de 50% (cinquenta por cento) por dia de vencimento ou processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão,
remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer em aplicando-se, quando for o caso, o disposto no § 3º do art. 167.
serviço. § 5º A opção pelo servidor até o último dia de prazo para
defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que se converterá
Art. 131. As penalidades de advertência e de suspensão automaticamente em pedido de exoneração do outro cargo.
terão seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5 § 6º Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé,
(cinco) anos de efetivo exercício, respectivamente, se o aplicar-se-á a pena de demissão, destituição ou cassação de
servidor não houver, nesse período, praticado nova infração aposentadoria ou disponibilidade em relação aos cargos,
disciplinar. empregos ou funções públicas em regime de acumulação
Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não surtirá ilegal, hipótese em que os órgãos ou entidades de vinculação
efeitos retroativos. serão comunicados.
§ 7º O prazo para a conclusão do processo administrativo
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos: disciplinar submetido ao rito sumário não excederá trinta dias,
I - crime contra a administração pública; contados da data de publicação do ato que constituir a
II - abandono de cargo; comissão, admitida a sua prorrogação por até quinze dias,
III - inassiduidade habitual; quando as circunstâncias o exigirem.
IV - improbidade administrativa; § 8º O procedimento sumário rege-se pelas disposições
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na deste artigo, observando-se, no que lhe for aplicável,
repartição; subsidiariamente, as disposições dos Títulos IV e V desta Lei.
VI - insubordinação grave em serviço;
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a
salvo em legítima defesa própria ou de outrem; disponibilidade do inativo que houver praticado, na atividade,
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; falta punível com a demissão.
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do
cargo; Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido por
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de
nacional; infração sujeita às penalidades de suspensão e de demissão.
XI - corrupção;

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Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata este § 2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-
artigo, a exoneração efetuada nos termos do art. 35 será se às infrações disciplinares capituladas também como crime.
convertida em destituição de cargo em comissão. § 3º A abertura de sindicância ou a instauração de processo
disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final
Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em proferida por autoridade competente.
comissão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, § 4º Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará
implica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao a correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
erário, sem prejuízo da ação penal cabível.
Título V
Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em Do Processo Administrativo Disciplinar
comissão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI, Capítulo I
incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo Disposições Gerais
público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos.
Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade
federal o servidor que for demitido ou destituído do cargo em no serviço público é obrigada a promover a sua apuração
comissão por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI. imediata, mediante sindicância ou processo administrativo
disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa.
Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência § 1º (Revogado);
intencional do servidor ao serviço por mais de trinta dias § 2º (Revogado);
consecutivos. § 3º A apuração de que trata o caput, por solicitação da
autoridade a que se refere, poderá ser promovida por
Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao autoridade de órgão ou entidade diverso daquele em que
serviço, sem causa justificada, por sessenta dias, tenha ocorrido a irregularidade, mediante competência
interpoladamente, durante o período de doze meses. específica para tal finalidade, delegada em caráter permanente
ou temporário pelo Presidente da República, pelos presidentes
Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo
inassiduidade habitual, também será adotado o procedimento Procurador-Geral da República, no âmbito do respectivo
sumário a que se refere o art. 133, observando-se Poder, órgão ou entidade, preservadas as competências para o
especialmente que: julgamento que se seguir à apuração.
I - a indicação da materialidade dar-se-á:
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão objeto
precisa do período de ausência intencional do servidor ao de apuração, desde que contenham a identificação e o
serviço superior a trinta dias; endereço do denunciante e sejam formuladas por escrito,
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos confirmada a autenticidade.
dias de falta ao serviço sem causa justificada, por período igual Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar
ou superior a sessenta dias interpoladamente, durante o evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será
período de doze meses; arquivada, por falta de objeto.
II - após a apresentação da defesa a comissão elaborará
relatório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade Art. 145. Da sindicância poderá resultar:
do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos, I - arquivamento do processo;
indicará o respectivo dispositivo legal, opinará, na hipótese de II - aplicação de penalidade de advertência ou suspensão
abandono de cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao de até 30 (trinta) dias;
serviço superior a trinta dias e remeterá o processo à III - instauração de processo disciplinar.
autoridade instauradora para julgamento. Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância não
excederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por igual
Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas: período, a critério da autoridade superior.
I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das
Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor
Procurador-Geral da República, quando se tratar de demissão ensejar a imposição de penalidade de suspensão por mais de
e cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servidor 30 (trinta) dias, de demissão, cassação de aposentadoria ou
vinculado ao respectivo Poder, órgão, ou entidade; disponibilidade, ou destituição de cargo em comissão, será
II - pelas autoridades administrativas de hierarquia obrigatória a instauração de processo disciplinar.
imediatamente inferior àquelas mencionadas no inciso
anterior quando se tratar de suspensão superior a 30 (trinta) Capítulo II
dias; Do Afastamento Preventivo
III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma
dos respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servidor
advertência ou de suspensão de até 30 (trinta) dias; não venha a influir na apuração da irregularidade, a
IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando autoridade instauradora do processo disciplinar poderá
se tratar de destituição de cargo em comissão. determinar o seu afastamento do exercício do cargo, pelo
prazo de até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da remuneração.
Art. 142. A ação disciplinar prescreverá: Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e concluído o processo.
destituição de cargo em comissão;
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; Capítulo III
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência. Do Processo Disciplinar
§ 1º O prazo de prescrição começa a correr da data em que
o fato se tornou conhecido. Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento destinado
a apurar responsabilidade de servidor por infração praticada

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no exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as § 1º O presidente da comissão poderá denegar pedidos
atribuições do cargo em que se encontre investido. considerados impertinentes, meramente protelatórios, ou de
nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos.
Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por § 2º Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a
comissão composta de três servidores estáveis designados comprovação do fato independer de conhecimento especial de
pela autoridade competente, observado o disposto no § 3º do perito.
art. 143, que indicará, dentre eles, o seu presidente, que deverá
ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor
ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado. mediante mandado expedido pelo presidente da comissão,
§ 1º A Comissão terá como secretário servidor designado devendo a segunda via, com o ciente do interessado, ser
pelo seu presidente, podendo a indicação recair em um de seus anexado aos autos.
membros. Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público, a
§ 2º Não poderá participar de comissão de sindicância ou expedição do mandado será imediatamente comunicada ao
de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do acusado, chefe da repartição onde serve, com a indicação do dia e hora
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro marcados para inquirição.
grau.
Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e
Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com reduzido a termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por
independência e imparcialidade, assegurado o sigilo escrito.
necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da § 1º As testemunhas serão inquiridas separadamente.
administração. § 2º Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se
Parágrafo único. As reuniões e as audiências das comissões infirmem, proceder-se-á à acareação entre os depoentes.
terão caráter reservado.
Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a
Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas comissão promoverá o interrogatório do acusado, observados
seguintes fases: os procedimentos previstos nos arts. 157 e 158.
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a § 1º No caso de mais de um acusado, cada um deles será
comissão; ouvido separadamente, e sempre que divergirem em suas
II - inquérito administrativo, que compreende instrução, declarações sobre fatos ou circunstâncias, será promovida a
defesa e relatório; acareação entre eles.
III - julgamento. § 2º O procurador do acusado poderá assistir ao
interrogatório, bem como à inquirição das testemunhas,
Art. 152. O prazo para a conclusão do processo disciplinar sendo-lhe vedado interferir nas perguntas e respostas,
não excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de facultando-se lhe, porém, reinquiri-las, por intermédio do
publicação do ato que constituir a comissão, admitida a sua presidente da comissão.
prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias o
exigirem. Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental
§ 1º Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo do acusado, a comissão proporá à autoridade competente que
integral aos seus trabalhos, ficando seus membros ele seja submetido a exame por junta médica oficial, da qual
dispensados do ponto, até a entrega do relatório final. participe pelo menos um médico psiquiatra.
§ 2º As reuniões da comissão serão registradas em atas que Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será
deverão detalhar as deliberações adotadas. processado em auto apartado e apenso ao processo principal,
após a expedição do laudo pericial.
Seção I
Do Inquérito Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será formulada a
indiciação do servidor, com a especificação dos fatos a ele
Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao imputados e das respectivas provas.
princípio do contraditório, assegurada ao acusado ampla § 1º O indiciado será citado por mandado expedido pelo
defesa, com a utilização dos meios e recursos admitidos em presidente da comissão para apresentar defesa escrita, no
direito. prazo de 10 (dez) dias, assegurando-se lhe vista do processo
na repartição.
Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o processo § 2º Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum
disciplinar, como peça informativa da instrução. e de 20 (vinte) dias.
Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindicância § 3º O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro,
concluir que a infração está capitulada como ilícito penal, a para diligências reputadas indispensáveis.
autoridade competente encaminhará cópia dos autos ao § 4º No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na
Ministério Público, independentemente da imediata cópia da citação, o prazo para defesa contar-se-á da data
instauração do processo disciplinar. declarada, em termo próprio, pelo membro da comissão que
fez a citação, com a assinatura de (2) duas testemunhas.
Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá a
tomada de depoimentos, acareações, investigações e Art. 162. O indiciado que mudar de residência fica obrigado
diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova, recorrendo, a comunicar à comissão o lugar onde poderá ser encontrado.
quando necessário, a técnicos e peritos, de modo a permitir a
completa elucidação dos fatos. Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e não
sabido, será citado por edital, publicado no Diário Oficial da
Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de União e em jornal de grande circulação na localidade do último
acompanhar o processo pessoalmente ou por intermédio de domicílio conhecido, para apresentar defesa.
procurador, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir provas Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para
e contraprovas e formular quesitos, quando se tratar de prova defesa será de 15 (quinze) dias a partir da última publicação
pericial. do edital.

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Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, para instauração da ação penal, ficando trasladado na
regularmente citado, não apresentar defesa no prazo legal. repartição.
§ 1º A revelia será declarada, por termo, nos autos do
processo e devolverá o prazo para a defesa. Art. 172. O servidor que responder a processo disciplinar
§ 2º Para defender o indiciado revel, a autoridade só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado
instauradora do processo designará um servidor como voluntariamente, após a conclusão do processo e o
defensor dativo, que deverá ser ocupante de cargo efetivo cumprimento da penalidade, acaso aplicada.
superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o
ou superior ao do indiciado. parágrafo único, inciso I do art. 34, o ato será convertido em
demissão, se for o caso.
Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará
relatório minucioso, onde resumirá as peças principais dos Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias:
autos e mencionará as provas em que se baseou para formar a I - ao servidor convocado para prestar depoimento fora da
sua convicção. sede de sua repartição, na condição de testemunha,
§ 1º O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência denunciado ou indiciado;
ou à responsabilidade do servidor. II - aos membros da comissão e ao secretário, quando
§ 2º Reconhecida a responsabilidade do servidor, a obrigados a se deslocarem da sede dos trabalhos para a
comissão indicará o dispositivo legal ou regulamentar realização de missão essencial ao esclarecimento dos fatos.
transgredido, bem como as circunstâncias agravantes ou
atenuantes. Seção III
Da Revisão do Processo
Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da
comissão, será remetido à autoridade que determinou a sua Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a
instauração, para julgamento. qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem
fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a
Seção II inocência do punido ou a inadequação da penalidade aplicada.
Do Julgamento § 1º Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento
do servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a
Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do revisão do processo.
recebimento do processo, a autoridade julgadora proferirá a § 2º No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão
sua decisão. será requerida pelo respectivo curador.
§ 1º Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da
autoridade instauradora do processo, este será encaminhado Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe ao
à autoridade competente, que decidirá em igual prazo. requerente.
§ 2º Havendo mais de um indiciado e diversidade de
sanções, o julgamento caberá à autoridade competente para a Art. 176. A simples alegação de injustiça da penalidade não
imposição da pena mais grave. constitui fundamento para a revisão, que requer elementos
§ 3º Se a penalidade prevista for a demissão ou cassação de novos, ainda não apreciados no processo originário.
aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento caberá às
autoridades de que trata o inciso I do art. 141. Art. 177. O requerimento de revisão do processo será
§ 4º Reconhecida pela comissão a inocência do servidor, a dirigido ao Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que,
autoridade instauradora do processo determinará o seu se autorizar a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do
arquivamento, salvo se flagrantemente contrária à prova dos órgão ou entidade onde se originou o processo disciplinar.
autos. Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade
competente providenciará a constituição de comissão, na
Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comissão, forma do art. 149.
salvo quando contrário às provas dos autos.
Parágrafo único. Quando o relatório da comissão Art. 178. A revisão correrá em apenso ao processo
contrariar as provas dos autos, a autoridade julgadora poderá, originário.
motivadamente, agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá dia
isentar o servidor de responsabilidade. e hora para a produção de provas e inquirição das
testemunhas que arrolar.
Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável, a
autoridade que determinou a instauração do processo ou Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para
outra de hierarquia superior declarará a sua nulidade, total ou a conclusão dos trabalhos.
parcial, e ordenará, no mesmo ato, a constituição de outra
comissão para instauração de novo processo. Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora,
§ 1º O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade no que couber, as normas e procedimentos próprios da
do processo. comissão do processo disciplinar.
§ 2º A autoridade julgadora que der causa à prescrição de
que trata o art. 142, § 2º, será responsabilizada na forma do Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que aplicou a
Capítulo IV do Título IV. penalidade, nos termos do art. 141.
Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20
Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a (vinte) dias, contados do recebimento do processo, no curso
autoridade julgadora determinará o registro do fato nos do qual a autoridade julgadora poderá determinar diligências.
assentamentos individuais do servidor.
Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada sem
Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como crime, efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os
o processo disciplinar será remetido ao Ministério Público direitos do servidor, exceto em relação à destituição do cargo
em comissão, que será convertida em exoneração.

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Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá vinculados os servidores, observado o disposto nos arts. 189 e
resultar agravamento de penalidade. 224.
§ 2º O recebimento indevido de benefícios havidos por
Título VI fraude, dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário do total
Da Seguridade Social do Servidor auferido, sem prejuízo da ação penal cabível.
Capítulo I
Disposições Gerais Capítulo II
Dos Benefícios
Art. 183. A União manterá Plano de Seguridade Social para Seção I
o servidor e sua família. Da Aposentadoria
§ 1º O servidor ocupante de cargo em comissão que não
seja, simultaneamente, ocupante de cargo ou emprego efetivo Art. 186. O servidor será aposentado: (Vide art. 40 da
na administração pública direta, autárquica e fundacional não Constituição)
terá direito aos benefícios do Plano de Seguridade Social, com I - por invalidez permanente, sendo os proventos integrais
exceção da assistência à saúde. quando decorrente de acidente em serviço, moléstia
§ 2º O servidor afastado ou licenciado do cargo efetivo, sem profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável,
direito à remuneração, inclusive para servir em organismo especificada em lei, e proporcionais nos demais casos;
oficial internacional do qual o Brasil seja membro efetivo ou II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com
com o qual coopere, ainda que contribua para regime de proventos proporcionais ao tempo de serviço;
previdência social no exterior, terá suspenso o seu vínculo com II - voluntariamente:
o regime do Plano de Seguridade Social do Servidor Público a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos
enquanto durar o afastamento ou a licença, não lhes assistindo, 30 (trinta) se mulher, com proventos integrais;
neste período, os benefícios do mencionado regime de b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções de
previdência. magistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se professora, com
§ 3º Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado proventos integrais;
sem remuneração a manutenção da vinculação ao regime do c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25
Plano de Seguridade Social do Servidor Público, mediante o (vinte e cinco) se mulher, com proventos proporcionais a esse
recolhimento mensal da respectiva contribuição, no mesmo tempo;
percentual devido pelos servidores em atividade, incidente d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e aos
sobre a remuneração total do cargo a que faz jus no exercício 60 (sessenta) se mulher, com proventos proporcionais ao
de suas atribuições, computando-se, para esse efeito, inclusive, tempo de serviço.
as vantagens pessoais. §1º Consideram-se doenças graves, contagiosas ou
§ 4º O recolhimento de que trata o § 3º deve ser efetuado incuráveis, a que se refere o inciso I deste artigo, tuberculose
até o segundo dia útil após a data do pagamento das ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna,
remunerações dos servidores públicos, aplicando-se os cegueira posterior ao ingresso no serviço público, hanseníase,
procedimentos de cobrança e execução dos tributos federais cardiopatia grave, doença de Parkinson, paralisia irreversível
quando não recolhidas na data de vencimento. e incapacitante, espondiloartrose anquilosante, nefropatia
grave, estados avançados do mal de Paget (osteíte
Art. 184. O Plano de Seguridade Social visa a dar cobertura deformante), Síndrome de Imunodeficiência Adquirida - AIDS,
aos riscos a que estão sujeitos o servidor e sua família, e e outras que a lei indicar, com base na medicina especializada.
compreende um conjunto de benefícios e ações que atendam §2º Nos casos de exercício de atividades consideradas
às seguintes finalidades: insalubres ou perigosas, bem como nas hipóteses previstas no
I - garantir meios de subsistência nos eventos de doença, art. 71, a aposentadoria de que trata o inciso III, "a" e "c",
invalidez, velhice, acidente em serviço, inatividade, observará o disposto em lei específica.
falecimento e reclusão; §3º Na hipótese do inciso I o servidor será submetido à
II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade; junta médica oficial, que atestará a invalidez quando
III - assistência à saúde. caracterizada a incapacidade para o desempenho das
Parágrafo único. Os benefícios serão concedidos nos atribuições do cargo ou a impossibilidade de se aplicar o
termos e condições definidos em regulamento, observadas as disposto no art. 24.
disposições desta Lei.
Art. 187. A aposentadoria compulsória será automática, e
Art. 185. Os benefícios do Plano de Seguridade Social do declarada por ato, com vigência a partir do dia imediato àquele
servidor compreendem: em que o servidor atingir a idade-limite de permanência no
I - quanto ao servidor: serviço ativo.
a) aposentadoria;
b) auxílio-natalidade; Art. 188. A aposentadoria voluntária ou por invalidez
c) salário-família; vigorará a partir da data da publicação do respectivo ato.
d) licença para tratamento de saúde; § 1º A aposentadoria por invalidez será precedida de
e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade; licença para tratamento de saúde, por período não excedente
f) licença por acidente em serviço; a 24 (vinte e quatro) meses.
g) assistência à saúde; § 2º Expirado o período de licença e não estando em
h) garantia de condições individuais e ambientais de condições de reassumir o cargo ou de ser readaptado, o
trabalho satisfatórias; servidor será aposentado.
II - quanto ao dependente: § 3º O lapso de tempo compreendido entre o término da
a) pensão vitalícia e temporária; licença e a publicação do ato da aposentadoria será
b) auxílio-funeral; considerado como de prorrogação da licença.
c) auxílio-reclusão; § 4º Para os fins do disposto no §1º deste artigo, serão
d) assistência à saúde. consideradas apenas as licenças motivadas pela enfermidade
§ 1º As aposentadorias e pensões serão concedidas e ensejadora da invalidez ou doenças correlacionadas.
mantidas pelos órgãos ou entidades aos quais se encontram

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APOSTILAS OPÇÃO

§ 5º A critério da Administração, o servidor em licença do trabalho ou de qualquer outra fonte, inclusive pensão ou
para tratamento de saúde ou aposentado por invalidez poderá provento da aposentadoria, em valor igual ou superior ao
ser convocado a qualquer momento, para avaliação das salário-mínimo.
condições que ensejaram o afastamento ou a aposentadoria.
Art. 189. O provento da aposentadoria será calculado com Art. 199. Quando o pai e mãe forem servidores públicos e
observância do disposto no § 3º do art. 41, e revisto na mesma viverem em comum, o salário-família será pago a um deles;
data e proporção, sempre que se modificar a remuneração dos quando separados, será pago a um e outro, de acordo com a
servidores em atividade. distribuição dos dependentes.
Parágrafo único. São estendidos aos inativos quaisquer Parágrafo único. Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto,
benefícios ou vantagens posteriormente concedidas aos a madrasta e, na falta destes, os representantes legais dos
servidores em atividade, inclusive quando decorrentes de incapazes.
transformação ou reclassificação do cargo ou função em que se
deu a aposentadoria. Art. 200. O salário-família não está sujeito a qualquer
tributo, nem servirá de base para qualquer contribuição,
Art. 190. O servidor aposentado com provento inclusive para a Previdência Social.
proporcional ao tempo de serviço se acometido de qualquer
das moléstias especificadas no § 1º do art. 186 desta Lei e, por Art. 201. O afastamento do cargo efetivo, sem
esse motivo, for considerado inválido por junta médica oficial remuneração, não acarreta a suspensão do pagamento do
passará a perceber provento integral, calculado com base no salário-família.
fundamento legal de concessão da aposentadoria. (Redação
dada pela Lei nº 11.907, de 2009) Seção IV
Da Licença para Tratamento de Saúde
Art. 191. Quando proporcional ao tempo de serviço, o
provento não será inferior a 1/3 (um terço) da remuneração Art. 202. Será concedida ao servidor licença para
da atividade. tratamento de saúde, a pedido ou de ofício, com base em
perícia médica, sem prejuízo da remuneração a que fizer jus.
Art. 192. (Revogado).
Art. 203. A licença de que trata o art. 202 desta Lei será
Art. 193. (Revogado). concedida com base em perícia oficial.
§ 1º Sempre que necessário, a inspeção médica será
Art. 194. Ao servidor aposentado será paga a gratificação realizada na residência do servidor ou no estabelecimento
natalina, até o dia vinte do mês de dezembro, em valor hospitalar onde se encontrar internado.
equivalente ao respectivo provento, deduzido o adiantamento § 2º Inexistindo médico no órgão ou entidade no local onde
recebido. se encontra ou tenha exercício em caráter permanente o
servidor, e não se configurando as hipóteses previstas nos
Art. 195. Ao ex-combatente que tenha efetivamente parágrafos do art. 230, será aceito atestado passado por
participado de operações bélicas, durante a Segunda Guerra médico particular.
Mundial, nos termos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de § 3º No caso do § 2º deste artigo, o atestado somente
1967, será concedida aposentadoria com provento integral, produzirá efeitos depois de recepcionado pela unidade de
aos 25 (vinte e cinco) anos de serviço efetivo. recursos humanos do órgão ou entidade.
§ 4º A licença que exceder o prazo de 120 (cento e vinte)
Seção II dias no período de 12 (doze) meses a contar do primeiro dia
Do Auxílio-Natalidade de afastamento será concedida mediante avaliação por junta
médica oficial.
Art. 196. O auxílio-natalidade é devido à servidora por § 5º A perícia oficial para concessão da licença de que trata
motivo de nascimento de filho, em quantia equivalente ao o caput deste artigo, bem como nos demais casos de perícia
menor vencimento do serviço público, inclusive no caso de oficial previstos nesta Lei, será efetuada por cirurgiões-
natimorto. dentistas, nas hipóteses em que abranger o campo de atuação
§ 1º Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acrescido da odontologia.
de 50% (cinquenta por cento), por nascituro.
§ 2º O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro Art. 204. A licença para tratamento de saúde inferior a 15
servidor público, quando a parturiente não for servidora. (quinze) dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser dispensada de
perícia oficial, na forma definida em regulamento.
Seção III
Do Salário-Família Art. 205. O atestado e o laudo da junta médica não se
referirão ao nome ou natureza da doença, salvo quando se
Art. 197. O salário-família é devido ao servidor ativo ou ao tratar de lesões produzidas por acidente em serviço, doença
inativo, por dependente econômico. profissional ou qualquer das doenças especificadas no art. 186,
Parágrafo único. Consideram-se dependentes econômicos § 1º.
para efeito de percepção do salário-família:
I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os Art. 206. O servidor que apresentar indícios de lesões
enteados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se estudante, orgânicas ou funcionais será submetido à inspeção médica.
até 24 (vinte e quatro) anos ou, se inválido, de qualquer idade;
II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante Art. 206-A. O servidor será submetido a exames médicos
autorização judicial, viver na companhia e às expensas do periódicos, nos termos e condições definidos em regulamento.
servidor, ou do inativo; Parágrafo único. Para os fins do disposto no caput, a União
III - a mãe e o pai sem economia própria. e suas entidades autárquicas e fundacionais poderão:
(Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014)
Art. 198. Não se configura a dependência econômica
quando o beneficiário do salário-família perceber rendimento

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I - prestar os exames médicos periódicos diretamente pelo Parágrafo único. O tratamento recomendado por junta
órgão ou entidade à qual se encontra vinculado o servidor; médica oficial constitui medida de exceção e somente será
(Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014) admissível quando inexistirem meios e recursos adequados
II - celebrar convênio ou instrumento de cooperação ou em instituição pública.
parceria com os órgãos e entidades da administração direta,
suas autarquias e fundações; (Incluído pela Lei nº 12.998, de Art. 214. A prova do acidente será feita no prazo de 10
2014) (dez) dias, prorrogável quando as circunstâncias o exigirem.
III - celebrar convênios com operadoras de plano de
assistência à saúde, organizadas na modalidade de autogestão, Seção VII
que possuam autorização de funcionamento do órgão Da Pensão
regulador, na forma do art. 230; ou (Incluído pela Lei nº
12.998, de 2014) Art. 215. Por morte do servidor, os dependentes, nas
IV - prestar os exames médicos periódicos mediante hipóteses legais, fazem jus à pensão a partir da data de óbito,
contrato administrativo, observado o disposto na Lei nº 8.666, observado o limite estabelecido no inciso XI do caput do art.
de 21 de junho de 1993, e demais normas pertinentes. 37 da Constituição Federal e no art. 2º da Lei no 10.887, de 18
(Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014) de junho de 2004. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)

Seção V Art. 216. (Revogado pela Lei nº 13.135, de 2015)


Da Licença à Gestante, à Adotante e da Licença
Paternidade Art. 217. São beneficiários das pensões:
I - o cônjuge; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante por a) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
120 (cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da b) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
remuneração. c) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 1º A licença poderá ter início no primeiro dia do nono d) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
mês de gestação, salvo antecipação por prescrição médica. e) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 2º No caso de nascimento prematuro, a licença terá início II - o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de
a partir do parto. fato, com percepção de pensão alimentícia estabelecida
§ 3º No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do judicialmente; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
evento, a servidora será submetida a exame médico, e se a) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
julgada apta, reassumirá o exercício. b) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 4º No caso de aborto atestado por médico oficial, a c) Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
servidora terá direito a 30 (trinta) dias de repouso d) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
remunerado. III - o companheiro ou companheira que comprove união
estável como entidade familiar; (Incluído pela Lei nº 13.135,
Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor de 2015)
terá direito à licença paternidade de 5 (cinco) dias IV - o filho de qualquer condição que atenda a um dos
consecutivos. seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
a) seja menor de 21 (vinte e um) anos; (Incluído pela Lei nº
Art. 209. Para amamentar o próprio filho, até a idade de 13.135, de 2015)
seis meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada b) seja inválido; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
de trabalho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada c) (Vide Lei nº 13.135, de 2015) (Vigência)
em dois períodos de meia hora. d) tenha deficiência intelectual ou mental, nos termos do
regulamento; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial V - a mãe e o pai que comprovem dependência econômica
de criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 do servidor; e (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
(noventa) dias de licença remunerada. VI - o irmão de qualquer condição que comprove
Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial de dependência econômica do servidor e atenda a um dos
criança com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata requisitos previstos no inciso IV. (Incluído pela Lei nº 13.135,
este artigo será de 30 (trinta) dias. de 2015)
§ 1º A concessão de pensão aos beneficiários de que tratam
Seção VI os incisos I a IV do caput exclui os beneficiários referidos nos
Da Licença por Acidente em Serviço incisos V e VI. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 2º A concessão de pensão aos beneficiários de que trata
Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o o inciso V do caput exclui o beneficiário referido no inciso VI.
servidor acidentado em serviço. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 3º O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho
Art. 212. Configura acidente em serviço o dano físico ou mediante declaração do servidor e desde que comprovada
mental sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou dependência econômica, na forma estabelecida em
imediatamente, com as atribuições do cargo exercido. regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
Parágrafo único. Equipara-se ao acidente em serviço o
dano: Art. 218. Ocorrendo habilitação de vários titulares à
I - decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo pensão, o seu valor será distribuído em partes iguais entre os
servidor no exercício do cargo; beneficiários habilitados. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
II - sofrido no percurso da residência para o trabalho e 2015)
vice-versa. § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
2015)
Art. 213. O servidor acidentado em serviço que necessite § 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
de tratamento especializado poderá ser tratado em instituição 2015)
privada, à conta de recursos públicos.

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§ 3º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis)
2015) anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove)
Art. 219. A pensão poderá ser requerida a qualquer tempo, anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
prescrevendo tão-somente as prestações exigíveis há mais de 4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos
5 (cinco) anos. de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
Parágrafo único. Concedida a pensão, qualquer prova 5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta
posterior ou habilitação tardia que implique exclusão de e três) anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
beneficiário ou redução de pensão só produzirá efeitos a partir 6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de
da data em que for oferecida. idade. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 220. Perde o direito à pensão por morte: (Redação § 1o A critério da administração, o beneficiário de pensão
dada pela Lei nº 13.135, de 2015) cuja preservação seja motivada por invalidez, por
I - após o trânsito em julgado, o beneficiário condenado incapacidade ou por deficiência poderá ser convocado a
pela prática de crime de que tenha dolosamente resultado a qualquer momento para avaliação das referidas condições.
morte do servidor; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira se § 2o Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida no
comprovada, a qualquer tempo, simulação ou fraude no inciso III ou os prazos previstos na alínea “b” do inciso VII,
casamento ou na união estável, ou a formalização desses com ambos do caput, se o óbito do servidor decorrer de acidente de
o fim exclusivo de constituir benefício previdenciário, qualquer natureza ou de doença profissional ou do trabalho,
apuradas em processo judicial no qual será assegurado o independentemente do recolhimento de 18 (dezoito)
direito ao contraditório e à ampla defesa. (Incluído pela Lei nº contribuições mensais ou da comprovação de 2 (dois) anos de
13.135, de 2015) casamento ou de união estável. (Incluído pela Lei nº 13.135, de
2015)
Art. 221. Será concedida pensão provisória por morte § 3o Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e desde
presumida do servidor, nos seguintes casos: que nesse período se verifique o incremento mínimo de um
I - declaração de ausência, pela autoridade judiciária ano inteiro na média nacional única, para ambos os sexos,
competente; correspondente à expectativa de sobrevida da população
II - desaparecimento em desabamento, inundação, brasileira ao nascer, poderão ser fixadas, em números inteiros,
incêndio ou acidente não caracterizado como em serviço; novas idades para os fins previstos na alínea “b” do inciso VII
III - desaparecimento no desempenho das atribuições do do caput, em ato do Ministro de Estado do Planejamento,
cargo ou em missão de segurança. Orçamento e Gestão, limitado o acréscimo na comparação com
Parágrafo único. A pensão provisória será transformada as idades anteriores ao referido incremento. (Incluído pela Lei
em vitalícia ou temporária, conforme o caso, decorridos 5 nº 13.135, de 2015)
(cinco) anos de sua vigência, ressalvado o eventual § 4o O tempo de contribuição a Regime Próprio de
reaparecimento do servidor, hipótese em que o benefício será Previdência Social (RPPS) ou ao Regime Geral de Previdência
automaticamente cancelado. Social (RGPS) será considerado na contagem das 18 (dezoito)
contribuições mensais referidas nas alíneas “a” e “b” do inciso
Art. 222. Acarreta perda da qualidade de beneficiário: VII do caput. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
I - o seu falecimento;
II - a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer Art. 223. Por morte ou perda da qualidade de beneficiário,
após a concessão da pensão ao cônjuge; a respectiva cota reverterá para os cobeneficiários. (Redação
III - a cessação da invalidez, em se tratando de beneficiário dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
inválido, o afastamento da deficiência, em se tratando de I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
beneficiário com deficiência, ou o levantamento da interdição, II - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
em se tratando de beneficiário com deficiência intelectual ou 2015)
mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz,
respeitados os períodos mínimos decorrentes da aplicação das Art. 224. As pensões serão automaticamente atualizadas
alíneas “a” e “b” do inciso VII; (Redação dada pela Lei nº na mesma data e na mesma proporção dos reajustes dos
13.135, de 2015) vencimentos dos servidores, aplicando-se o disposto no
IV - o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos, pelo parágrafo único do art. 189.
filho ou irmão; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
V - a acumulação de pensão na forma do art. 225; Art. 225. Ressalvado o direito de opção, é vedada a
VI - a renúncia expressa; e (Redação dada pela Lei nº percepção cumulativa de pensão deixada por mais de um
13.135, de 2015) cônjuge ou companheiro ou companheira e de mais de 2
VII - em relação aos beneficiários de que tratam os incisos (duas) pensões. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
I a III do caput do art. 217: (Incluído pela Lei nº 13.135, de
2015) Seção VIII
a) o decurso de 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem Do Auxílio-Funeral
que o servidor tenha vertido 18 (dezoito) contribuições
mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem sido Art. 226. O auxílio-funeral é devido à família do servidor
iniciados em menos de 2 (dois) anos antes do óbito do falecido na atividade ou aposentado, em valor equivalente a
servidor; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) um mês da remuneração ou provento.
b) o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de § 1º No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio será
acordo com a idade do pensionista na data de óbito do pago somente em razão do cargo de maior remuneração.
servidor, depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições § 2º (VETADO).
mensais e pelo menos 2 (dois) anos após o início do casamento § 3º O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e oito)
ou da união estável: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) horas, por meio de procedimento sumaríssimo, à pessoa da
1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de família que houver custeado o funeral.
idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)

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Art. 227. Se o funeral for custeado por terceiro, este será fevereiro de 2006 e que possuam autorização de
indenizado, observado o disposto no artigo anterior. funcionamento do órgão regulador, sendo certo que os
convênios celebrados depois dessa data somente poderão sê-
Art. 228. Em caso de falecimento de servidor em serviço lo na forma da regulamentação específica sobre patrocínio de
fora do local de trabalho, inclusive no exterior, as despesas de autogestões, a ser publicada pelo mesmo órgão regulador, no
transporte do corpo correrão à conta de recursos da União, prazo de 180 (cento e oitenta) dias da vigência desta Lei,
autarquia ou fundação pública. normas essas também aplicáveis aos convênios existentes até
12 de fevereiro de 2006;
Seção IX II - contratar, mediante licitação, na forma da Lei no 8.666,
Do Auxílio-Reclusão de 21 de junho de 1993, operadoras de planos e seguros
privados de assistência à saúde que possuam autorização de
Art. 229. À família do servidor ativo é devido o auxílio- funcionamento do órgão regulador;
reclusão, nos seguintes valores: III - (VETADO)
I - dois terços da remuneração, quando afastado por § 4º (VETADO)
motivo de prisão, em flagrante ou preventiva, determinada § 5º O valor do ressarcimento fica limitado ao total
pela autoridade competente, enquanto perdurar a prisão; despendido pelo servidor ou pensionista civil com plano ou
II - metade da remuneração, durante o afastamento, em seguro privado de assistência à saúde.
virtude de condenação, por sentença definitiva, a pena que não
determine a perda de cargo. Capítulo IV
§ 1º Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o servidor Do Custeio
terá direito à integralização da remuneração, desde que
absolvido. Art. 231. (Revogado)
§ 2º O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir do
dia imediato àquele em que o servidor for posto em liberdade, Título VII
ainda que condicional. Capítulo Único
§ 3o Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio-reclusão Da Contratação Temporária de Excepcional Interesse
será devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos Público
dependentes do segurado recolhido à prisão. (Incluído pela Lei
nº 13.135, de 2015) Art. 232. (Revogado).

Capítulo III Art. 233. (Revogado).


Da Assistência à Saúde
Art. 234. (Revogado).
Art. 230. A assistência à saúde do servidor, ativo ou inativo,
e de sua família compreende assistência médica, hospitalar, Art. 235. (Revogado).
odontológica, psicológica e farmacêutica, terá como diretriz
básica o implemento de ações preventivas voltadas para a Título VIII
promoção da saúde e será prestada pelo Sistema Único de Capítulo Único
Saúde – SUS, diretamente pelo órgão ou entidade ao qual Das Disposições Gerais
estiver vinculado o servidor, ou mediante convênio ou
contrato, ou ainda na forma de auxílio, mediante Art. 236. O Dia do Servidor Público será comemorado a
ressarcimento parcial do valor despendido pelo servidor, ativo vinte e oito de outubro.
ou inativo, e seus dependentes ou pensionistas com planos ou
seguros privados de assistência à saúde, na forma estabelecida Art. 237. Poderão ser instituídos, no âmbito dos Poderes
em regulamento. Executivo, Legislativo e Judiciário, os seguintes incentivos
§ 1º Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja exigida funcionais, além daqueles já previstos nos respectivos planos
perícia, avaliação ou inspeção médica, na ausência de médico de carreira:
ou junta médica oficial, para a sua realização o órgão ou I - prêmios pela apresentação de ideias, inventos ou
entidade celebrará, preferencialmente, convênio com trabalhos que favoreçam o aumento de produtividade e a
unidades de atendimento do sistema público de saúde, redução dos custos operacionais;
entidades sem fins lucrativos declaradas de utilidade pública, II - concessão de medalhas, diplomas de honra ao mérito,
ou com o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS. condecoração e elogio.
§ 2º Na impossibilidade, devidamente justificada, da
aplicação do disposto no parágrafo anterior, o órgão ou Art. 238. Os prazos previstos nesta Lei serão contados em
entidade promoverá a contratação da prestação de serviços dias corridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do
por pessoa jurídica, que constituirá junta médica vencimento, ficando prorrogado, para o primeiro dia útil
especificamente para esses fins, indicando os nomes e seguinte, o prazo vencido em dia em que não haja expediente.
especialidades dos seus integrantes, com a comprovação de
suas habilitações e de que não estejam respondendo a Art. 239. Por motivo de crença religiosa ou de convicção
processo disciplinar junto à entidade fiscalizadora da filosófica ou política, o servidor não poderá ser privado de
profissão. quaisquer dos seus direitos, sofrer discriminação em sua vida
§ 3º Para os fins do disposto no caput deste artigo, ficam a funcional, nem eximir-se do cumprimento de seus deveres.
União e suas entidades autárquicas e fundacionais autorizadas
a: Art. 240. Ao servidor público civil é assegurado, nos termos
I - celebrar convênios exclusivamente para a prestação de da Constituição Federal, o direito à livre associação sindical e
serviços de assistência à saúde para os seus servidores ou os seguintes direitos, entre outros, dela decorrentes:
empregados ativos, aposentados, pensionistas, bem como para a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como
seus respectivos grupos familiares definidos, com entidades substituto processual;
de autogestão por elas patrocinadas por meio de instrumentos b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até um ano
jurídicos efetivamente celebrados e publicados até 12 de após o final do mandato, exceto se a pedido;

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APOSTILAS OPÇÃO

c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade sindical Art. 245. A licença especial disciplinada pelo art. 116 da Lei
a que for filiado, o valor das mensalidades e contribuições nº 1.711, de 1952, ou por outro diploma legal, fica
definidas em assembleia geral da categoria. transformada em licença-prêmio por assiduidade, na forma
d) (Revogado); prevista nos arts. 87 a 90.
e) (Revogado).
Art. 246. (VETADO).
Art. 241. Consideram-se da família do servidor, além do
cônjuge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas Art. 247. Para efeito do disposto no Título VI desta Lei,
expensas e constem do seu assentamento individual. haverá ajuste de contas com a Previdência Social,
Parágrafo único. Equipara-se ao cônjuge a companheira ou correspondente ao período de contribuição por parte dos
companheiro, que comprove união estável como entidade servidores celetistas abrangidos pelo art. 243.
familiar.
Art. 248. As pensões estatutárias, concedidas até a vigência
Art. 242. Para os fins desta Lei, considera-se sede o desta Lei, passam a ser mantidas pelo órgão ou entidade de
município onde a repartição estiver instalada e onde o origem do servidor.
servidor tiver exercício, em caráter permanente.
Art. 249. Até a edição da lei prevista no § 1º do art. 231, os
Título IX servidores abrangidos por esta Lei contribuirão na forma e nos
Capítulo Único percentuais atualmente estabelecidos para o servidor civil da
Das Disposições Transitórias e Finais União conforme regulamento próprio.

Art. 243. Ficam submetidos ao regime jurídico instituído Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a
por esta Lei, na qualidade de servidores públicos, os satisfazer, dentro de 1 (um) ano, as condições necessárias para
servidores dos Poderes da União, dos ex-Territórios, das a aposentadoria nos termos do inciso II do art. 184 do antigo
autarquias, inclusive as em regime especial, e das fundações Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União, Lei n°
públicas, regidos pela Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952 - 1.711, de 28 de outubro de 1952, aposentar-se-á com a
Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União, ou pela vantagem prevista naquele dispositivo.
Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei
nº 5.452, de 1º de maio de 1943, exceto os contratados por Art. 251. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
prazo determinado, cujos contratos não poderão ser
prorrogados após o vencimento do prazo de prorrogação. Art. 252. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação,
§ 1º Os empregos ocupados pelos servidores incluídos no com efeitos financeiros a partir do primeiro dia do mês
regime instituído por esta Lei ficam transformados em cargos, subsequente.
na data de sua publicação.
§ 2º As funções de confiança exercidas por pessoas não Art. 253. Ficam revogadas a Lei nº 1.711, de 28 de outubro
integrantes de tabela permanente do órgão ou entidade onde de 1952, e respectiva legislação complementar, bem como as
têm exercício ficam transformadas em cargos em comissão, e demais disposições em contrário.
mantidas enquanto não for implantado o plano de cargos dos
órgãos ou entidades na forma da lei. Brasília, 11 de dezembro de 1990; 169o da Independência
§ 3º As Funções de Assessoramento Superior - FAS, e 102o da República.
exercidas por servidor integrante de quadro ou tabela de
pessoal, ficam extintas na data da vigência desta Lei. FERNANDO COLLOR
§ 4º (VETADO).
§ 5º O regime jurídico desta Lei é extensivo aos Questões
serventuários da Justiça, remunerados com recursos da União,
no que couber. 01. (UFT - Administrador – COPESE-UFT/2017).
§ 6º Os empregos dos servidores estrangeiros com Assinale a alternativa CORRETA. Nos termos da Lei nº
estabilidade no serviço público, enquanto não adquirirem a 8.112/1990 (Estatuto do Servidor Público Federal), entende-
nacionalidade brasileira, passarão a integrar tabela em se por inassiduidade habitual:
extinção, do respectivo órgão ou entidade, sem prejuízo dos (A) a falta ao serviço, sem causa justificada, por sessenta
direitos inerentes aos planos de carreira aos quais se dias, interpoladamente, durante o período de doze meses.
encontrem vinculados os empregos. (B) a falta ao serviço, ainda que justificada, por sessenta
§ 7º Os servidores públicos de que trata o caput deste dias, sucessivamente.
artigo, não amparados pelo art. 19 do Ato das Disposições (C) a falta ao serviço, por sessenta dias, intercaladamente,
Constitucionais Transitórias, poderão, no interesse da durante o período de vinte e quatro meses.
Administração e conforme critérios estabelecidos em (D) a falta ao serviço, justificada ou não, por trinta dias,
regulamento, ser exonerados mediante indenização de um sucessivos ou intercaladamente no período de doze meses.
mês de remuneração por ano de efetivo exercício no serviço
público federal. 02. (UFT - Assistente em Administração - COPESE –
§ 8º Para fins de incidência do imposto de renda na fonte e UFT/2017). Assinale a alternativa CORRETA. Nos termos da
na declaração de rendimentos, serão considerados como Lei nº 8.112/1990 (Estatuto do Servidor Público Federal),
indenizações isentas os pagamentos efetuados a título de configura abandono de cargo:
indenização prevista no parágrafo anterior. (A) A ausência intencional do servidor ao serviço por mais
§ 9º Os cargos vagos em decorrência da aplicação do de trinta dias consecutivos.
disposto no § 7º poderão ser extintos pelo Poder Executivo (B) A ausência, dolosa ou culposa do servidor, ao serviço
quando considerados desnecessários. por mais de vinte e cinco dias consecutivos.
(C) A ausência, ainda que justificada do servidor, ao serviço
Art. 244. Os adicionais por tempo de serviço, já concedidos por mais de sessenta dias consecutivos ou intercaladamente.
aos servidores abrangidos por esta Lei, ficam transformados
em anuênio.

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APOSTILAS OPÇÃO

(D) A ausência, intencional ou justificada do servidor, ao (B) reversão.


serviço por quarenta e cinco dias sucessivos ou (C) readaptação.
intercaladamente. (D) promoção.
(E) transferência.
03. (UFRN - Engenheiro – Neuroengenharia –
COMPERVE/2017). De acordo com as normas previstas na Lei 08. (IF/BA - Assistente em Administração –
nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, o servidor público em FUNRIO/2016). O regime jurídico dos servidores públicos
estágio probatório não tem direito à civis da União, das autarquias e das fundações públicas
(A) licença para desempenho de mandato classista. federais, estabelece que somente haverá posse nos casos de
(B) licença para o serviço militar. provimento de cargo por
(C) licença por motivo de doença em pessoa da família. (A) seleção simples.
(D) licença para atividade política. (B) convocação.
(C) nomeação.
(D) reversão.
04. (UFT - Assistente em Administração - - COPESE – (E) alocação.
UFT/2017). Considerando o estabelecido pela Lei nº 09. (IF/BA - Auxiliar em Administração –
8.112/1990 (Estatuto do Servidor Público Federal), assinale a FUNRIO/2016). Segundo o regime jurídico dos servidores
alternativa INCORRETA. A ação disciplinar prescreverá: públicos civis da União, das autarquias e das fundações
(A) Em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com públicas federais, a vacância do cargo público decorrerá,
demissão. dentre outros motivos, por
(B) Em 3 (três) anos, quanto às infrações puníveis com (A) nomeação e promoção.
cassação de aposentadoria ou disponibilidade. (B) transferência e demissão.
(C) Em 2 (dois) anos, quanto às infrações puníveis com (C) promoção e ascensão.
suspensão. (D) aposentadoria e nomeação.
(D) Em 180 (cento e oitenta) dias, quanto às infrações (E) exoneração e demissão.
puníveis com advertência.
10. (CRAISA de Santo André/SP - Advogado – CAIP-
05. (TRT - 23ª REGIÃO/MT - Analista Judiciário - Oficial IMES/2016). Assinale a alternativa incorreta sobre o tema
de Justiça Avaliador Federal – FCC/2016). A Administração agentes públicos.
pública está sujeita a deveres e prerrogativas no seu mais (A) Agentes delegados são pessoas físicas que
amplo espectro de atuação, que se dá por intermédio de desempenham atividades estatais remuneradas pelos cofres
agentes públicos. Os servidores públicos, no exercício de suas públicos.
funções, também estão sujeitos a deveres e responsabilidades. (B) São espécies de agente público: os agentes políticos; os
Considerando o que dispõe a Lei n° 8.112/1990, servidores públicos; os empregados públicos; os servidores
(A) o servidor está sujeito a responsabilização somente temporários; os agentes delegados; os agentes honoríficos e os
quando agir com dolo, conduta que deverá ser objeto de militares
processo disciplinar, sem prejuízo da apuração dos danos civis (C) Militares são as pessoas físicas que exercem funções
causados. nas Polícias Militares e nos Corpos de Bombeiros Militares dos
(B) o servidor responde diretamente, perante terceiros, Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, e nas Forças
pelos danos que a eles causar, não cabendo ação direta contra Armadas.
a Fazenda Pública. (D) Agentes honoríficos são particulares que atuam
(C) a responsabilidade dos servidores, na esfera civil ou colaborando com o Poder Público exercem função pública sem
administrativa, decorre de condutas comissivas ou omissivas contraprestação específica.
praticadas no exercício do cargo ou da função, dolosa ou
culposamente. 11. (TRT - 8ª Região (PA e AP) - Técnico Judiciário -
(D) a responsabilidade por infrações penais deve ser Área Administrativa – CESPE/2016). No que diz respeito aos
apurada antes da responsabilidade civil ou administrativa, agentes públicos, assinale a opção correta
porque as absorve, devido a menor gravidade. (A) Permite-se que os gestores locais do Sistema Único de
(E) as infrações no campo civil, administrativo e penal Saúde admitam agentes comunitários de saúde e agentes de
podem ser processadas em paralelo, mas as sanções não combate às endemias por meio de contratação direta.
podem se cumular, devendo ser aplicada a sanção mais (B) Não se permite o acesso de estrangeiros não
gravosa. naturalizados a cargos, empregos e funções públicas.
(C) O prazo de validade de qualquer concurso público é de
06. (IF/BA - Auxiliar em Administração – dois anos, prorrogável por igual período.
FUNRIO/2016). De acordo com o regime jurídico dos (D) As funções de confiança somente podem ser exercidas
servidores públicos civis da União, das autarquias e das pelos servidores ocupantes de cargo efetivo.
fundações públicas federais, constitui forma de provimento de (E) Como os cargos em comissão destinam-se à atribuição
cargo público a de confiança, não há previsão de percentual mínimo de
(A) nomeação. preenchimento desses cargos por servidores efetivos.
(B) chamada.
(C) indicação. 12. (SUPEL/RO - Engenharia Civil – FUNCAB/2016). Os
(D) ascensão. agentes públicos cujos cargos são providos por nomeação
(E) transferência. política, sem concurso público, com atribuições de direção,
chefia e assessoramento e que são passíveis de exoneração
07. (IF/BA - Assistente em Administração – imotivada são os:
FUNRIO/20016). De acordo com o regime jurídico dos (A) ocupantes de cargo comissionado.
servidores públicos civis da União, das autarquias e das (B) contratados temporários.
fundações públicas federais, o retorno do servidor estável ao (C) empregados públicos.
cargo anteriormente ocupado é definido como (D) agentes honoríficos.
(A) recondução. (E) agentes políticos.

Ética no Serviço Público 53


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APOSTILAS OPÇÃO

13. (IBGE - Analista - Processos Administrativos e


Disciplinares – FGV/2016). Em matéria de regime jurídico
dos agentes públicos, especificamente quanto aos cargos em
comissão e às funções de confiança, a Constituição da
República dispõe que:
(A) ambos são exercidos por cinquenta por cento de
servidores de carreira e cinquenta por cento de pessoas não
concursadas com livre nomeação e exoneração;
(B) ambos são exercidos exclusivamente por servidores de
carreira e destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia
e assessoramento;
(C) os cargos em comissão são providos exclusivamente
por pessoas não concursadas, com livre nomeação e
exoneração e para atribuições de direção, chefia e
assessoramento;
(D) as funções de confiança são exercidas exclusivamente
por servidores ocupantes de cargo efetivo;
(E) os cargos em comissão são providos exclusivamente
por servidores ocupantes de cargo efetivo.

Respostas

01. A/02. A/03. A/04. B/05. C/06. A/07. A/08. C/09.


E/10. A/11. D/12. A/13. D

Anotações

Ética no Serviço Público 54


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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

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APOSTILAS OPÇÃO

REGIMENTO INTERNO DO TRIBUNAL REGIONAL


FEDERAL DA 1ª REGIÃO1

PARTE I
DO TRIBUNAL
Título I
1 Regimento Interno do TRF 1ª Região: 1 Da composição, da organização e da competência
Capítulo I
Parte I - Título II - art. 8º Capítulo II - Da Da composição e da organização do Tribunal
Competência do Plenário, da Corte
Especial, das Seções e das Turmas. Seção I Art. 1º O Tribunal Regional Federal da 1ª Região, com sede
- Das Áreas de Especialização (§ 2º, inciso na Capital Federal e jurisdição no Distrito Federal e nos
IV, alíneas a, b e c). Art. 10 Capítulo II - Da estados do Acre, do Amapá, do Amazonas, da Bahia, de Goiás,
Competência do Plenário, da Corte do Maranhão, de Mato Grosso, de Minas Gerais, do Pará, do
Especial, das Seções e das Turmas. Seção Piauí, de Rondônia, de Roraima e do Tocantins, compõe-se de
III - Da Competência da Corte Especial 27 juízes vitalícios, nomeados pelo presidente da República, os
(incisos III, IV, IX e X). Art. 12 Capítulo II - quais terão o título de desembargador federal, sendo 21 entre
juízes federais, três entre advogados e três entre membros do
Da Competência do Plenário, da Corte
Ministério Público Federal, com observância do que preceitua
Especial, das Seções e das Turmas Seção o art. 107 da Constituição Federal.
IV - Da competência das Seções (inciso I,
alínea a). Art. 16 Capítulo II - Da Art. 2º O Tribunal funciona em:
Competência do Plenário, da Corte I – Plenário;
Especial, das Seções e das Turmas. Seção II – Corte Especial;
VI - Da competência comum aos órgãos III – seções especializadas;
julgadores (inciso I, alínea f). Art. 17 IV – turmas especializadas.
Capítulo II - Da Competência do Plenário, § 1º O Plenário, constituído da totalidade dos
desembargadores federais, é presidido pelo presidente do
da Corte Especial, das Seções e das
Tribunal.
Turmas. Seção VI - Da competência § 2º A Corte Especial, constituída de 18 desembargadores
comum aos órgãos julgadores (incisos III federais e presidida pelo presidente do Tribunal, terá metade
e IV). Art. 21 Capítulo III - Do presidente, de suas vagas providas por antiguidade e metade por eleição
do vice-presidente e do corregedor pelo Tribunal Pleno, nos termos de resolução do Conselho
regional. Seção II - Das atribuições do Nacional de Justiça.
presidente (inciso XXXII, alíneas k e l e § 3º O coordenador regional dos juizados especiais
incisos XXXIII e XLIX). Art. 28 Capítulo IV - federais, o coordenador do Sistema de Conciliação da Justiça
Das atribuições dos presidentes de seção Federal da 1ª Região e o diretor da Escola de Magistratura
Federal da 1ª Região, ainda que não integrem a Corte Especial
e de turma (incisos V e VII). Art. 29 Administrativa, participarão do julgamento, tão só com direito
Capítulo V - Do relator e do revisor. Seção a voz, quando estiverem em pauta assuntos que a eles
I - Do relator (incisos IX, XXI, XXII, XXIV, interessem.
XXV, XXVI, XXXI, XXXII, XXXIII e XXXIV).
Art. 45 e seus parágrafos - Capítulo VI - Art. 3º Há, no Tribunal, quatro seções, integrada cada uma
Das sessões Seção I - Das disposições pelos componentes das turmas da respectiva área de
Gerais. Art. 57, parágrafo único. Art. 59 especialização.
(incisos VII e VIII) Capítulo VI - Das § 1º O Tribunal tem oito turmas, constituída cada uma de
sessões. Seção III - Das sessões do três desembargadores federais. A 1ª e a 2ª Turmas compõem
a 1ª Seção; a 3ª e a 4ª Turmas, a 2 ª Seção; a 5ª e a 6ª Turmas,
Plenário e da Corte Especial, art. 68 (§§ 3º
a 3ª Seção; a 7ª e a 8ª Turmas, a 4ª Seção.
e 4º e seus incisos), Capítulo VI - Das § 2º As seções e as turmas serão presididas pelo
sessões. Seção VI - Dos julgamentos não desembargador federal mais antigo entre seus membros,
unânimes. Título II - Dos Serviços obedecendo-se à ordem de antiguidade no órgão fracionário,
Administrativos - art. 84 (inciso II) em sistema de rodízio, pelo prazo de dois anos.
Capítulo VIII - Das comissões § 3º O presidente, o vice-presidente e o corregedor
permanentes e temporárias, arts. 103 e regional não integram seção ou turma.
105, § 2º Capítulo III - Da coordenação dos § 4º O presidente, o vice-presidente e o corregedor
juizados especiais federais e do sistema regional, ao deixarem seus cargos, retornam à turma,
observando-se o seguinte:
de conciliação. Parte III - Do Processo -
I – o presidente e o corregedor regional integrarão,
Título I - Das disposições gerais. respectivamente, a turma do presidente e a do corregedor
regional eleitos;
II – se o novo presidente for o vice-presidente ou o
corregedor regional, o presidente que deixar o cargo passará a
Nesse tópico, para melhor didática e compreensão do integrar a turma de que provém o vice-presidente ou o
assunto, iremos estudar com o Regimento na íntegra. corregedor regional eleitos;
III – o vice-presidente, ao deixar o cargo, se não for ocupar
o cargo de presidente do Tribunal, integrará a turma de que
provém o novo vice-presidente.

1 Está de acordo com as alterações do Código de Processo Civil/2015.

Legislação Específica 1
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IV – Havendo disponibilidade de acervo, poderá ser feita I – licitação, contratos administrativos e atos
opção por este, obedecida a ordem de antiguidade. administrativos em geral não incluídos na competência de
§ 5º O desembargador federal empossado integrará a outra seção;
turma em que ocorreu a vaga para a qual foi nomeado ou, na II – concursos públicos;
hipótese do art. 119 deste Regimento, a turma do III – contratos;
desembargador federal transferido. IV – direito ambiental;
§ 6º É facultado ao desembargador federal empossado V – sucessões e registros públicos;
optar, de logo, em sua lotação inicial, por outra turma, desde VI – direito das coisas;
que haja vaga e não tenha havido interesse de desembargador VII – responsabilidade civil;
federal mais antigo na antecedente remoção entre seções. VIII – ensino;
IX – nacionalidade, inclusive a respectiva opção e
Art. 4º É facultado ao desembargador federal mais antigo naturalização;
recusar a presidência do Tribunal, a vice-presidência e a X – constituição, dissolução e liquidação de sociedades;
corregedoria regional, desde que o faça antes da eleição. XI – propriedade industrial;
Parágrafo único. É facultado ao desembargador federal XII – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS.
recusar a presidência da seção ou da turma, desde que o faça § 4º À 4ª Seção cabe o processo e julgamento dos feitos
antes do término do mandato dos respectivos presidentes. relativos a:
Arts. 5º a 8º I – inscrição em conselhos profissionais, exercício
profissional e respectivas contribuições;
Art. 5º Há, no Tribunal, órgão denominado Conselho de II – impostos;
Administração, destinado à formulação e implantação das III – taxas;
políticas administrativas, consoante disposições contidas nos IV – contribuições de melhoria;
arts. 72 a 77 deste Regimento. V – contribuições sociais e outras de natureza tributária,
exceto as contribuições para o FGTS;
Capítulo II VI – empréstimos compulsórios;
Da competência do Plenário, da Corte Especial, VII – preços públicos;
Das seções e das turmas VIII – questões de direito financeiro.
Seção I § 5º Os feitos relativos a nulidade e anulabilidade de atos
Das áreas de especialização administrativos serão de competência da seção a cuja área de
especialização esteja afeta a matéria de fundo, conforme §§ 1º,
Art. 6º Há, no Tribunal, estabelecidas em razão da matéria 2º, 3º e 4º deste artigo.
principal, quatro áreas de especialização, a saber: § 6º Para efeito de definição de competência, deverá ser
I – de previdência social, benefícios assistenciais e regime levado em consideração, prioritariamente, o pedido; havendo
dos servidores públicos civis e militares; cumulação de pedidos, prevalecerá o principal.
II – penal, de improbidade administrativa e § 7º Os feitos que versarem sobre multas serão da
desapropriação; competência da seção que tratar da matéria de fundo.
III – administrativa, civil e comercial; § 8º Os feitos relativos ao regime de previdência
IV – tributária, financeira e de conselhos profissionais. complementar (art. 40, § 14, da Constituição Federal) ou
privada serão da competência da 3ª Seção.
Art. 7º A competência do Plenário e da Corte Especial não § 9º Os feitos de execução fiscal, de natureza tributária ou
está sujeita a especialização. não tributária, exceto FGTS, são da competência da 4ª Seção.

Art. 8º A competência das seções e das respectivas turmas, Seção II


salvo orientação expressa em contrário, é fixada de acordo Da competência do Plenário
com as matérias que compõem a correspondente área de
especialização. Art. 9º Compete ao Plenário:
§ 1º À 1ª Seção cabe o processo e julgamento dos feitos I – dar posse aos membros do Tribunal;
relativos a: II – eleger o presidente, o vice-presidente e o corregedor
I – servidores públicos civis e militares, exceto quando a regional para mandato de dois anos, observando,
matéria estiver prevista na competência de outra seção; preferencialmente, a ordem de antiguidade, vedada a
II – benefícios assistenciais, previdenciários do regime recondução, bem como dar-lhes posse;
geral da previdência social e de servidores públicos. III – escolher as listas tríplices dos candidatos à
§ 2º À 2ª Seção cabe o processo e julgamento dos feitos composição do Tribunal na forma preceituada nos arts. 93 e 94
relativos a: da Constituição Federal;
I – matéria penal em geral; IV – votar as emendas ao Regimento Interno;
II – improbidade administrativa; V – aprovar o Regimento Interno da Corregedoria
III – desapropriação direta e indireta; Regional;
IV – ressalvada a competência prevista no art. 10, I e II, VI – aprovar a outorga de condecorações.
deste Regimento: a) autoridades submetidas, pela natureza da
infração, ao foro do Tribunal por prerrogativa de função, nos Seção III
crimes comuns e nos de responsabilidade, ressalvada a Da competência da Corte Especial
competência da Justiça Eleitoral;
b) revisões criminais dos julgados de primeiro grau, bem Art. 10. Compete à Corte Especial processar e julgar:
como dos julgados da própria seção ou das respectivas turmas; I – nos crimes comuns e nos de responsabilidade, os juízes
c) embargos infringentes e de nulidade em matéria penal federais, incluídos os da Justiça Militar e os da Justiça do
(art. 609 do Código de Processo Penal). Trabalho, e os membros do Ministério Público Federal, estes e
§ 3º À 3ª Seção cabe o processo e julgamento dos feitos aqueles em exercício na área de jurisdição do Tribunal,
relativos a: ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
II – as revisões criminais e as ações rescisórias de seus
próprios julgados;

Legislação Específica 2
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III – os mandados de segurança e os habeas data contra ato XIV – deliberar sobre abertura de procedimento de
do Tribunal; verificação de invalidez de desembargador federal ou, por
IV – os conflitos de competência entre turmas e seções do provocação do Conselho de Administração, de juiz federal ou
Tribunal; juiz federal substituto para o fim de aposentadoria;
V – as arguições de inconstitucionalidade de lei ou ato XV – decidir o afastamento do cargo de juiz federal ou de
normativo do Poder Público (art. 97 da Constituição Federal) juiz federal substituto contra o qual tenha havido recebimento
suscitadas nos processos submetidos ao julgamento originário de denúncia ou queixa- crime;
ou recursal do Tribunal; XVI – eleger, pelo voto secreto, entre os desembargadores
VI – os incidentes de uniformização de jurisprudência em federais, os que devem compor o Tribunal Regional Eleitoral
caso de divergência na interpretação do direito entre as do Distrito Federal e, entre os juízes de cada seção judiciária,
seções, aprovando a respectiva súmula; os que devem integrar o respectivo Tribunal Regional
VII – as questões incidentes em processos de competência Eleitoral, em ambos os casos, na condição de membro efetivo
das seções ou turmas que lhe hajam sido submetidas, bem e suplente;
como os conflitos de competência entre relatores e turmas XVII – declarar a vitaliciedade de juízes;
integrantes de seções diversas ou entre estas; XVIII – aprovar o Regimento Interno dos Juizados
VIII – o pedido de desaforamento de julgamento da Especiais Federais, das Turmas Recursais e da Turma Regional
competência do Tribunal do Júri. de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais
IX – os conflitos de atribuições entre autoridade judiciária Federais da 1ª Região;
e autoridade administrativa no Tribunal; XIX – escolher os desembargadores federais,
X – a assunção de competência proposta por seção do preferencialmente entre os mais antigos, para a coordenação
Tribunal quando houver divergência entre seções. dos juizados especiais federais, a direção da Escola de
§ 1º A investigação decorrente de indícios da prática de Magistratura Federal da 1ª Região, a direção da Revista e a
crime por magistrado (Loman, art. 33, parágrafo único) coordenação do Sistema de Conciliação da Justiça Federal da
referido no inciso I deste artigo será realizada mediante 1ª Região.
inquérito judicial, sob a presidência do corregedor regional,
podendo ser instaurado de ofício, mediante requisição do Seção IV
Ministério Público Federal ou requerimento do ofendido, ou Da competência das seções
por decisão da Corte Especial.
§ 2º No inquérito judicial, o requerimento de providências Art. 12. Compete às seções:
que dependam de autorização judicial será distribuído a um I – processar e julgar:
relator, observado o disposto na parte final do § 2º do art. 248. a) o incidente de resolução de demandas repetitivas de sua
competência e a assunção de competência proposta por uma
Art. 11. Compete à Corte Especial Administrativa: das turmas que a integram;
I – resolver as dúvidas que lhe forem submetidas pelo b) os conflitos de competência relativos às matérias das
presidente ou pelos desembargadores federais sobre a respectivas áreas de especialização verificados entre juízos
interpretação e execução de norma regimental ou a ordem dos vinculados ao Tribunal;
processos de sua competência; c) os conflitos entre componentes da seção;
II – conceder licença ao presidente e aos demais d) os mandados de segurança e os habeas data para
desembargadores federais; impugnação de ato de juiz federal;
III– organizar concurso público de provas e títulos para e) as ações rescisórias dos julgados de primeiro grau
provimento de cargos de juiz federal substituto e aprovar o relativos às matérias das correspondentes áreas de
respectivo regulamento; especialização, bem como dos julgados da própria seção ou das
IV – decidir os pedidos de remoção ou permuta de juiz respectivas turmas;
federal e de juiz federal substituto; f) as suspeições levantadas contra os desembargadores
V – ordenar a instauração de procedimento administrativo federais, salvo em se tratando de processo da competência da
especial para decretação da perda de cargo de juiz federal e de Corte Especial;
juiz federal substituto (art. 95, I, primeira parte, da II – sumular a jurisprudência uniforme das turmas da
Constituição Federal), bem como julgar o respectivo processo; respectiva área de especialização.
VI – decidir, por motivo de interesse público, a remoção ou
disponibilidade e aposentadoria, com vencimentos Seção V
proporcionais ao tempo de serviço, de juiz federal, de juiz Da competência das turmas
federal substituto ou de membro do próprio Tribunal, no que
couber; Art. 13. Às turmas compete processar e julgar, dentro da
VII – julgar os processos de verificação de invalidez de respectiva área de especialização:
membro do Tribunal, de juiz federal e de juiz federal I – os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz
substituto; federal ou outra autoridade sujeita diretamente à jurisdição do
VIII – impor penas de advertência e censura a juiz federal Tribunal;
e juiz federal substituto; II – em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes
IX – conhecer das correições parciais, representações ou federais e pelos juízes de direito no exercício de jurisdição
justificações de conduta; federal, ressalvadas as hipóteses previstas nos arts. 102, II, “b”,
X – conhecer de pedido de reconsideração mediante fato e 105, II, “c”, da Constituição Federal;
novo ou omissão do julgado, bem como de recursos contra III – as exceções de suspeição e impedimento contra juiz
decisões do Conselho de Administração; federal.
XI – ordenar a especialização de varas e atribuir
competência, pela natureza dos feitos, a determinados juízos Art. 14. As turmas podem remeter os feitos de sua
federais; competência à seção de que são integrantes:
XII – aprovar, em votação secreta, a convocação de juízes I – quando algum desembargador federal propuser revisão
federais, na forma do art. 21, XXV; da jurisprudência assentada em súmula pela seção;
XIII – decidir o afastamento de juiz federal ou juiz federal
substituto por mais de 30 dias;

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APOSTILAS OPÇÃO

II – quando convier pronunciamento da seção em razão da § 3º A eleição do presidente precederá a do vice-


relevância da questão e para prevenir divergência entre as presidente, e a do vice-presidente, a do corregedor regional,
turmas da mesma seção. quando se realizarem na mesma sessão.
§ 4º Considerar-se-á eleito, em primeiro escrutínio, o
Art. 15. Ressalvada a competência da Corte Especial ou da desembargador federal que obtiver a maioria absoluta dos
seção, dentro de cada área de especialização, a turma que votos dos membros do Tribunal aptos a votar. Em um segundo
primeiro conhecer de um processo ou de qualquer incidente escrutínio, concorrerão somente os mais votados no primeiro.
ou recurso terá a jurisdição preventa para o feito e seus novos Se nenhum reunir a maioria absoluta de sufrágios, proclamar-
incidentes ou recursos, mesmo os relativos à execução das se-á eleito o mais votado.
respectivas decisões. § 5º O desembargador federal licenciado ou em gozo de
§ 1º A prevenção de que trata este artigo também se refere férias não participará da eleição, salvo se solicitar o retorno às
às ações reunidas por conexão e aos feitos originários conexos. atividades dois dias antes da data designada para a eleição.
§ 2º Prevalece ainda a prevenção quando a turma haja § 6º O desembargador federal que tiver exercido quaisquer
submetido a causa ou algum de seus incidentes ao julgamento dos cargos de direção previstos neste capítulo por quatro anos,
da seção ou da Corte Especial. ou o de presidente, não figurará mais entre os elegíveis até que
§ 3º A prevenção, se não for reconhecida de ofício, poderá se esgotem todos os nomes na ordem de antiguidade.
ser arguida por qualquer das partes ou pelo Ministério Público § 7º O disposto no § 6º não se aplica ao desembargador
Federal até o início do julgamento por outra turma. federal eleito para completar período de mandato inferior a
um ano.
Seção VI § 8º É facultado aos dirigentes eleitos indicar formalmente
Da competência comum aos órgãos julgadores a equipe de transição, com coordenador e membros de todas
as áreas do Tribunal, que terá acesso integral aos dados e às
Art. 16. Ao Plenário, à Corte Especial, às seções e às turmas, informações referentes à gestão em curso. Os dirigentes no
nos processos da respectiva competência, incumbe: exercício do mandato deverão designar interlocutores ao
I – julgar: coordenador da equipe de transição, recaindo essa indicação,
a) o agravo interno contra decisão do respectivo preferencialmente, nos titulares das unidades responsáveis
presidente ou de relator; pelo processamento e pela execução da gestão administrativa.
b) os embargos de declaração opostos a seus acórdãos; § 9º Os dirigentes em exercício deverão entregar aos
c) as arguições de falsidade, medidas cautelares e outras dirigentes eleitos, em até dez dias após a eleição, relatório
nos feitos pendentes de sua decisão; circunstanciado com os seguintes elementos básicos:
d) os incidentes de execução que lhes forem submetidos; I – planejamento estratégico;
e) a restauração de autos desaparecidos; II – estatística processual;
f) a reclamação para preservar a sua competência e III – relatório de trabalho das comissões e projetos, se
garantir a autoridade dos seus julgados; houver;
II – encaminhar à Corregedoria Regional, por deliberação IV – proposta orçamentária e orçamento com especificação
do órgão julgador competente, tomada verbalmente, sem das ações e programas, destacando possíveis pedidos de
nenhum registro no processo, reproduções autenticadas de créditos suplementares em andamento com as devidas
sentenças ou despachos de juízes constantes dos autos que justificativas;
revelem excepcional valor ou mérito de seus prolatores ou V – estrutura organizacional com detalhamento do quadro
observações referentes ao funcionamento das varas. de pessoal, cargos providos, cargos vagos, inativos,
Art. 17. As seções e as turmas poderão remeter os feitos de pensionistas, cargos em comissão e funções comissionadas,
sua competência à Corte Especial: indicando a existência ou não de servidores cedidos para o
I – se houver relevante arguição de inconstitucionalidade, Tribunal, bem como daqueles em regime de contratação
desde que a matéria ainda não tenha sido decidida pela Corte temporária;
Especial ou pelo Supremo Tribunal Federal; VI – relação dos contratos em vigor e respectivos prazos de
II – se houver questão relevante sobre a qual divirjam as vigência;
seções entre si ou alguma delas em relação à Corte Especial; VII – sindicância e processos administrativos disciplinares
III – se convier pronunciamento da Corte Especial para internos, se houver;
prevenir divergência entre as seções; VIII – situação atual das contas do Tribunal perante o
IV – se houver proposta de assunção de competência pelas Tribunal de Contas da União, indicando as ações em
seções. andamento para cumprimento de diligências expedidas pela
citada Corte de Contas;
Capítulo III IX – Relatório de Gestão Fiscal do último quadrimestre, nos
Do presidente, do vice-presidente e termos da Lei Complementar 101/2000.
Do corregedor regional § 10. Os dirigentes eleitos poderão solicitar dados e
Seção I informações complementares, se considerarem necessário.
Da eleição
Art. 19. Se ocorrer vacância do cargo de presidente,
Art. 18. O presidente, o vice-presidente e o corregedor assumirá o vice-presidente, que convocará o Plenário para, no
regional, eleitos entre os desembargadores federais mais prazo máximo de 30 dias, realizar a eleição.
antigos, têm mandato de dois anos, a contar da posse, vedada § 1º O eleito tomará posse no prazo de 15 dias, exercendo
a reeleição. o mandato pelo restante do tempo.
§ 1º A eleição, por voto secreto do Plenário, ocorrerá, no § 2º No caso de o vice-presidente ou o corregedor regional
mínimo, 60 dias antes do término do mandato de seus ser eleito presidente, na mesma sessão, eleger-se-á seu
antecessores. sucessor, aplicando-se lhe o disposto no § 1º deste artigo.
§ 2º A eleição far-se-á com a presença de, pelo menos, dois
terços dos membros efetivos do Tribunal. Não se verificando Art. 20. Ocorrendo vacância do cargo de vice-presidente ou
quorum, na mesma oportunidade será designada sessão de corregedor regional, será o Plenário convocado para eleição
extraordinária para a data mais próxima, convocando-se os do sucessor no prazo máximo de 30 dias, salvo o caso previsto
desembargadores federais ausentes.

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no § 2º do art. 19. O eleito completará o período de seu em exercício na vara e que não seja de seção ou de subseção
antecessor. judiciária com menos de três varas, após aprovação pela
maioria absoluta dos membros da Corte Especial
Seção II Administrativa, na forma de resolução, ou, havendo urgência,
Das atribuições do presidente ad referendum da Corte Especial Administrativa;
XXVI – manter sob fiscalização e permanente atualização o
Art. 21. O presidente do Tribunal, a quem compete a assentamento funcional dos magistrados federais da 1ª Região
prática de atos de gestão da Justiça Federal de primeiro e e publicar, nos meses de janeiro e julho, as listas de
segundo graus da 1ª Região, tem as seguintes atribuições: antiguidade dos juízes federais e juízes federais substitutos;
I – representar o Tribunal; XXVII – informar a remoção ou promoção dos juízes à
II – velar pelas prerrogativas do Tribunal; Coordenação dos Juizados Especiais Federais e ao Sistema de
III – autorizar o ingresso de autoridades policiais, Conciliação da Justiça Federal da 1 ª Região;
acompanhadas ou não de representantes do Ministério XXVIII – determinar, em cumprimento de deliberação da
Público Federal, nas dependências do Tribunal, para a prática Corte Especial Administrativa, o início do procedimento de
de diligências judiciais ou policiais; verificação de invalidez de desembargador federal, juiz federal
IV – convocar as sessões extraordinárias do Plenário, da ou juiz federal substituto para o fim de aposentadoria;
Corte Especial e do Conselho de Administração; XXIX – nomear curador ao paciente nas hipóteses do inciso
V – dirigir os trabalhos do Tribunal, presidindo as sessões XXVIII deste artigo, quando se tratar de incapacidade mental,
do Plenário, da Corte Especial e do Conselho de Administração; bem como praticar os demais atos do procedimento
VI – manter a ordem nas sessões, adotando, para isso, as administrativo de verificação de invalidez do magistrado;
providências necessárias; XXX – criar comissões temporárias e designar seus
VII – submeter questões de ordem ao Tribunal; membros, bem como aqueles das comissões permanentes;
VIII – executar e fazer executar as ordens e decisões do XXXI – indicar ao Conselho de Administração, para
Tribunal, ressalvadas as atribuições dos presidentes das homologação, os juízes diretores e vice-diretores de foro das
seções e das turmas, bem como as dos relatores; seções e subseções judiciárias; XXXII – decidir:
IX – baixar as resoluções e instruções normativas a) antes da distribuição, os pedidos de assistência
referentes à deliberação do Plenário, da Corte Especial ou do judiciária;
Conselho de Administração; b) as reclamações por erro de ata do Plenário e da Corte
X – baixar os atos indispensáveis à disciplina dos serviços Especial ou da publicação de acórdãos desta;
e à polícia do Tribunal; c) os pedidos de suspensão da execução de medida liminar,
XI – proferir, nos julgamentos do Plenário e da Corte tutela antecipada ou sentença nos casos previstos em lei;
Especial, voto de desempate, nos casos em que não participa d) os pedidos de avocação de processos (art. 496, § 1º, do
da votação, observando-se, nos demais, se ocorrer empate, o Código de Processo Civil);
disposto nos parágrafos do art. 61; e) os pedidos de livramento condicional, bem como os
XII – relatar o agravo interposto de suas decisões, incidentes em processos de indulto, anistia e graça;
proferindo voto; f) a deserção de recursos extraordinários e especiais não
XIII – assinar, com o relator, as cartas rogatórias; preparados no Tribunal;
XIV – assinar as atas, os ofícios executórios e as g) as petições de recursos especial e extraordinário,
comunicações referentes aos processos do Plenário, da Corte resolvendo os incidentes que forem suscitados;
Especial e do Conselho de Administração; h) a expedição de ordens de pagamento devido pela
XV – presidir e supervisionar a distribuição dos feitos aos Fazenda Pública Federal nos termos do art. 100 da
desembargadores federais, ainda quando realizada pelo Constituição Federal, despachando os respectivos processos;
sistema eletrônico de processamento de dados; i) a ordenação do sequestro no caso do art. 100, § 6º, da
XVI – resolver as dúvidas que forem suscitadas na Constituição Federal;
classificação dos feitos e papéis registrados na Secretaria do j) os pedidos relativos às matérias administrativas e de
Tribunal, baixando as instruções necessárias; servidores do Tribunal, que poderão ser objeto de delegação
XVII – publicar, mensalmente, no órgão oficial, relação dos ao diretor-geral;
feitos encaminhados à Procuradoria Regional da República, k) o pedido de efeito suspensivo a recurso extraordinário
com data dos respectivos recebimentos, e ainda não ou a recurso especial formulado no período entre a
devolvidos; interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão
XVIII – designar dia para julgamento dos processos da do recurso ou no caso de sobrestamento na Presidência;
competência do Plenário e da Corte Especial; l) o requerimento de exclusão dos autos da decisão de
XIX – proferir os despachos de expediente; sobrestamento para que seja inadmitido o recurso
XX – nomear os juízes federais substitutos, dando-lhes extraordinário ou o recurso especial por intempestividade;
posse (art. 55, V), bem como dar posse, em seu gabinete, XXXIII – determinar o imediato cumprimento da decisão
durante o recesso ou por opção do interessado, aos juízes que julgar procedente a reclamação, permitida a delegação
federais substitutos e desembargadores federais; dessa competência aos presidentes dos órgãos fracionários;
XXI – designar juiz federal e juiz federal substituto para XXXIV – nomear o diretor-geral da Secretaria, os ocupantes
atuar em regime especial de auxílio a outra vara ou em de cargo em comissão e de função comissionada e, por
mutirão; indicação do respectivo presidente, os diretores das
XXII – prorrogar jurisdição de magistrado promovido ou coordenadorias das turmas;
removido, por conveniência do serviço; XXXV – determinar, nas ações rescisórias da competência
XXIII – conceder transferência de seção aos da Corte Especial, o levantamento do depósito exigido pelo art.
desembargadores federais; 968, II, do Código de Processo Civil;
XXIV – prorrogar o prazo para posse e exercício dos XXXVI – rubricar os livros necessários ao expediente ou
membros do Tribunal; designar servidor para fazê-lo;
XXV – convocar, para substituição e auxílio, nos casos XXXVII – designar os servidores dos gabinetes da
previstos neste Regimento, juiz federal efetivo com mais de 30 Presidência, da Vice-Presidência, da Corregedoria Regional, da
anos de idade e cinco anos de exercício (art. 107, II, da Coordenação dos Juizados Especiais Federais, da Coordenação
Constituição Federal), desde que não seja o único magistrado

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do Sistema de Conciliação da Justiça Federal da 1ª Região e dos § 3º Ao deixar o seu cargo, no final do mandato, se o
desembargadores federais, mediante indicação do titular; concurso ainda estiver em andamento, o ex-vice-presidente
XXXVIII – especificar, em ato próprio, as atribuições das continuará na presidência da comissão examinadora a que se
diversas unidades do Tribunal, bem como de seus diretores, refere o inciso IV deste artigo até o final do certame.
chefes e servidores;
XXXIX – assinar os atos de provimento e vacância dos Art. 23. Ao corregedor regional compete:
cargos de natureza permanente e em comissão dos servidores I – exercer as atividades de correição da Justiça Federal de
do Tribunal e da Justiça Federal de primeiro grau da 1ª Região; primeiro grau;
XL – assinar os demais atos relativos a: a) remoção; II – fiscalizar e superintender as atividades relativas ao
b) redistribuição; aperfeiçoamento, à disciplina e à estatística forense de
c) substituição; primeiro grau, adotando, desde logo, as medidas adequadas à
d) vantagens; eliminação de erros e abusos;
e) indenizações; III – proceder a sindicâncias e correições gerais ou parciais,
f) férias; quando verificar que, em alguma seção ou juízo, se praticam
g) licenças; erros ou omissões que prejudiquem a distribuição da justiça, a
h) afastamentos; disciplina e o prestígio da Justiça Federal;
i) concessões; IV – examinar e relatar pedidos de correição parcial e
j) apuração de tempo de serviço; justificação de conduta de juízes federais e de juízes federais
XLI – decidir os processos disciplinares, submetendo ao substitutos;
Conselho de Administração aqueles relativos às penas de V – proceder a sindicâncias relacionadas com faltas
demissão, cassação de aposentadoria e disponibilidade dos atribuídas a juízes federais e juízes federais substitutos e
servidores do Tribunal e da Justiça Federal de primeiro grau propor à Corte Especial Administrativa a instauração de
da 1ª Região; processo disciplinar;
XLII – zelar pela regularidade e exatidão das publicações VI – submeter ao Conselho de Administração as propostas
dos dados estatísticos sobre os trabalhos do Tribunal a cada de provimentos necessários ao regular funcionamento dos
mês; serviços forenses de primeiro grau;
XLIII – apresentar ao Tribunal, na segunda sessão plenária VII – expedir instruções e orientações normativas
após o recesso forense, relatório circunstanciado dos destinadas ao aperfeiçoamento, à padronização e à
trabalhos efetuados no ano decorrido, bem como os mapas dos racionalização dos serviços forenses de primeiro grau;
julgados; VIII – designar os servidores que o assessorarão ou
XLIV – adotar as providências necessárias à elaboração das servirão de secretário nas inspeções, correições gerais e
propostas orçamentárias do Tribunal e da Justiça Federal de extraordinárias ou nas sindicâncias e inquéritos que presidir,
primeiro grau e encaminhar pedidos de abertura de créditos podendo requisitá-los da Secretaria do Tribunal ou das seções
adicionais (art. 99, § 1º, da Constituição Federal); e subseções judiciárias;
XLV – encaminhar ao Conselho da Justiça Federal as IX – realizar sindicâncias e presidir o inquérito judicial;
tomadas de contas do Tribunal e das seções judiciárias, X – expedir instruções normativas para o funcionamento
devidamente examinadas, manifestando-se sobre as dos serviços da Corregedoria Regional;
aplicações; XI – encaminhar ao presidente, até 15 de janeiro, relatório
XLVI – delegar, conforme o caso, ao diretor-geral da circunstanciado dos serviços afetos à Corregedoria Regional;
Secretaria os atos de gestão administrativo-financeira de sua XII – determinar a sindicância da vida pregressa dos
competência; candidatos nos concursos para provimento de cargo de juiz
XLVII – aprovar, anualmente, a escala de férias dos federal substituto e providenciar a realização de exames
desembargadores federais e dos juízes federais convocados; psicotécnicos;
XLVIII – propor à Corte Especial Administrativa a XIII – aprovar, anualmente, a escala de férias dos juízes
instauração de processo disciplinar, quando se tratar de federais e juízes federais substitutos;
membro do Tribunal; XIV – autorizar o afastamento de juiz federal e juiz federal
XLIX – lavrar as conclusões e a ementa e mandar publicar substituto por prazo inferior a 30 dias.
o acórdão dos órgãos que presidir, nos termos do art. 206. § 1º O corregedor regional integra a Corte Especial nas
Seção III funções de relator e revisor.
Das atribuições do vice-presidente § 2º Em casos de urgência, poderão ser baixados
provimentos ad referendum do órgão competente.
Art. 22. Ao vice-presidente incumbe:
I – substituir o presidente nas férias, licenças, ausências e Art. 24. O corregedor regional, quando julgar necessário
impedimentos eventuais, procedendo-se, em caso de vacância para a realização de inspeções, sindicâncias, correições gerais
do cargo de presidente, na forma do art. 19; e extraordinárias ou realização de inquéritos destinados à
II – presidir a distribuição dos processos no Tribunal por apuração de responsabilidade, poderá designar juiz federal
delegação do presidente; para acompanhá-lo ou delegar-lhe competência, ficando os
III – decidir, por delegação de competência, a resultados finais sujeitos a sua apreciação e decisão.
admissibilidade de recursos especial e extraordinário;
IV – compor, como membro nato, a comissão examinadora Art. 25. No exame de correições parciais ou gerais, quando
de concursos para o provimento de cargo de juiz federal o corregedor regional verificar irregularidades ou omissões
substituto, na qualidade de presidente; cometidas por órgãos ou servidores da Secretaria do Tribunal,
V – auxiliar na supervisão e fiscalização dos serviços da do Ministério Público Federal e dos serviços auxiliares da
Secretaria do Tribunal. Polícia Federal, fará as necessárias comunicações ao
§ 1º A delegação de que tratam os incisos II e III far-se-á presidente do Tribunal, ao Ministério Público Federal ou ao
mediante ato do presidente e de comum acordo com o vice- diretor-geral do Departamento de Polícia Federal para os
presidente. devidos fins. Nos demais casos, sem prejuízo da pena
§ 2º O vice-presidente integra a Corte Especial nas funções disciplinar que houver aplicado, encaminhará ao Ministério
de relator e revisor. Público Federal os documentos necessários para a apuração

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da responsabilidade criminal, sempre que verificar a IV – submeter ao Plenário, à Corte Especial, à seção, à
existência de crime ou contravenção. turma ou ao respectivo presidente, conforme a competência,
questões de ordem para o bom andamento dos processos;
Art. 26. O corregedor regional poderá baixar ato dispondo V– submeter à Corte Especial, à seção ou à turma, nos
sobre o horário do pessoal de seu gabinete, observadas a processos da competência respectiva, medidas cautelares
duração legal e as peculiaridades do serviço, de acordo com o necessárias à proteção de direito suscetível de grave dano de
art. 98. incerta reparação ou ainda destinadas a garantir a eficácia da
Parágrafo único. Aos servidores da Corregedoria Regional, ulterior decisão da causa;
inclusive os ocupantes de cargos e funções comissionadas, VI – determinar, em caso de urgência, as medidas do inciso
aplica-se o disposto quanto aos servidores de gabinete de V ad referendum do respectivo colegiado;
desembargador federal. VII – homologar as desistências, ainda que o feito se ache
em pauta ou em mesa para julgamento;
Capítulo IV VIII – determinar a inclusão dos feitos em pauta para
Das atribuições dos presidentes de seção e de turma julgamento que lhe couberem por distribuição ou passá-los ao
revisor com o relatório, se for o caso;
Art. 27. Compete ao presidente de seção: IX – propor, em remessa necessária, recurso ou processo
I – presidir as sessões, nas quais terá voto de desempate, de competência originária, que se submeta à Corte Especial ou
sem prejuízo das atribuições previstas no art. 62, § 3º, deste à respectiva seção, conforme o caso, proposta de assunção de
Regimento; competência;
II – relatar, com voto, agravo interno interposto de suas X – apresentar em mesa, para julgamento, os feitos que
decisões, prevalecendo a decisão agravada quando ocorrer independem de pauta;
empate; XI– redigir o acórdão, quando seu voto for o vencedor no
III – manter a ordem nas sessões; julgamento;
IV – convocar sessões extraordinárias da seção; XII – determinar a correção da autuação, quando for o caso;
V – assinar as atas das sessões; XIII – determinar o arquivamento de inquérito policial ou
VI – assinar os ofícios executórios e quaisquer de peças informativas, a pedido do Ministério Público Federal,
comunicações referentes aos processos julgados pela seção. ou, no caso de discordância, submeter o requerimento à
decisão do órgão competente do Tribunal;
Art. 28. Compete ao presidente de turma: XIV – decretar a extinção da punibilidade nos casos
I – presidir as sessões; previstos em lei;
II – manter a ordem nas sessões; XV – relatar os agravos interpostos de suas decisões,
III – convocar sessões extraordinárias da turma; proferindo voto;
IV – assinar as atas das sessões; XVI – decidir as impugnações ao valor da causa nos
V – assinar os ofícios executórios e quaisquer processos de competência originária;
comunicações referentes aos processos julgados pela turma, XVII – confirmar, nos casos de reexame necessário,
depois de exaurida a competência jurisdicional do relator; sentença proferida em conformidade com súmula de tribunal
VI – assinar a correspondência da turma, ressalvados os superior ou do Tribunal ou, ainda, com a jurisprudência
casos de competência do presidente do Tribunal ou da seção uniforme deste;
que integra; XVIII – antecipar os efeitos da tutela nas ações de
VII – prestar informações em habeas corpus, depois de competência originária do Tribunal;
exaurida a competência jurisdicional do relator; XIX – determinar a remessa dos autos ao juízo ou tribunal
VIII – indicar ao presidente o diretor da coordenadoria da competente em caso de manifesta incompetência do Tribunal;
respectiva turma na forma do inciso XXXIV do art. 21 deste XX – dispensar a audiência do revisor, na forma prevista no
Regimento. art. 35 da Lei 6.830/1980, nos feitos que versarem sobre
§ 1º As turmas do Tribunal, em caráter extraordinário, matéria predominante de direito ou quando a sentença
poderão solicitar auxílio para prestação da atividade recorrida estiver apoiada em precedentes do Tribunal, do
jurisdicional, observadas as condições e os procedimentos Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal
estabelecidos em resolução expedida pela Presidência do (art. 90, §§ 1º e 2º, da Lei Complementar 35/1979);
Tribunal, submetida à aprovação da Corte Especial XXI – julgar, de plano, o conflito de competência quando
Administrativa. houver súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior
§ 2º São vedados atos regulamentares das turmas que Tribunal de Justiça ou do próprio Tribunal sobre a questão
impliquem mudança nos padrões organizacionais da suscitada;
Secretaria Judiciária do Tribunal. XXII – não conhecer de recurso inadmissível, depois de
transcorrido o prazo de cinco dias para saneamento do vício
Capítulo V pela parte, ou que não tenha impugnado especificamente os
Do relator e do revisor fundamentos da decisão recorrida;
Seção I XXIII – julgar prejudicado pedido ou recurso que haja
Do relator perdido o objeto;
XXIV – dar efeito suspensivo a recurso ou suspender o
Art. 29. Ao relator incumbe: cumprimento da decisão recorrida, a requerimento do
I – ordenar e dirigir o processo; recorrente, até o pronunciamento definitivo da turma, nos
II – determinar às autoridades judiciárias e casos de risco de dano grave, de difícil reparação, e ficar
administrativas sujeitas à jurisdição do Tribunal providências demonstrada a probabilidade de provimento do recurso;
relativas ao andamento e à instrução do processo, salvo se XXV – negar provimento a recurso contrário a súmula ou
forem da competência do Plenário, da Corte Especial, da seção, acórdão proferido no regime de recursos repetitivos pelo
da turma ou de seus presidentes; Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de
III – delegar atribuições a autoridades judiciárias de Justiça, bem como a súmula ou acórdão firmado em incidente
instância inferior nos casos previstos em lei ou neste de resolução de demandas repetitivas ou assunção de
Regimento; competência por este Tribunal;

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XXVI – depois de facultada a apresentação das III – determinar a inclusão do feito em pauta para
contrarrazões, dar provimento ao recurso quando a decisão julgamento;
recorrida for contrária a súmula ou acórdão proferido no IV – determinar a juntada de petição, enquanto os autos lhe
regime de recursos repetitivos pelo Supremo Tribunal Federal estiverem conclusos, submetendo, conforme o caso, desde
ou pelo Superior Tribunal de Justiça, bem como a súmula ou logo, a matéria à consideração do relator.
acórdão firmado em incidente de resolução de demandas
repetitivas ou assunção de competência por este Tribunal; Art. 33. A substituição do revisor dar-se-á na forma do art.
XXVII – prestar informações em habeas corpus, quando o 124.
feito ainda não tiver sido julgado;
XXVIII – remeter às autoridades competentes, para os Capítulo VI
devidos fins, cópias autenticadas de peças de autos ou de Das sessões
papéis de que conhecer, quando, neles ou por intermédio Seção I
deles, verificar indícios de crime de responsabilidade ou de Das disposições gerais
crime comum em que caiba ação pública;
XXIX – determinar, nas ações rescisórias da competência Art. 34. Haverá sessão do Plenário, da Corte Especial, de
das seções, o levantamento do depósito de que trata o art. 968, seção ou de turma nos dias designados e, extraordinariamente,
II, do Código de Processo Civil; mediante convocação.
XXX– presidir a execução de título judicial e seus incidentes
em processo originariamente julgado na seção; Art. 35. Nas sessões, o presidente tem assento na parte
XXXI – converter o julgamento em diligência e determinar central da mesa de julgamento, ficando o procurador regional
o saneamento de vício ou a realização de providências no a sua direita. Os demais desembargadores federais sentar-se-
Tribunal ou no primeiro grau de jurisdição; ão pela ordem de antiguidade, alternadamente, nos lugares
XXXII – apreciar requerimento de instauração do incidente laterais, a começar pela direita do presidente.
de desconsideração da personalidade jurídica e, se admitido, § 1º Se o presidente do Tribunal comparecer à seção ou à
instruir e resolver, monocraticamente, o incidente; turma para julgar processo a que estiver vinculado, assumirá
XXXIII – apreciar requerimento de ingresso no feito como sua presidência.
amicus curiae, em decisão irrecorrível; § 2º Havendo juiz convocado, este tomará o lugar do
XXXIV – apreciar requerimento de exclusão do processo do desembargador federal menos antigo; se houver mais de um
sobrestamento determinado em razão de afetação da matéria juiz convocado, observar-se-á a antiguidade na Justiça Federal.
ao julgamento de recursos repetitivos por tribunal superior ou
por decisão do presidente ou do vice-presidente do Tribunal, Art. 36. As sessões ordinárias começarão às nove ou às 14
para efeito de afetação da controvérsia ao regime de horas e terão a duração de quatro horas, com intervalo,
julgamento de recursos repetitivos pelos tribunais superiores, sempre que possível, de 15 minutos, podendo ser prorrogadas
ainda quando a decisão houver sido adotada na fase de sempre que o serviço o exigir.
recebimento de recurso extraordinário ou especial, nos Parágrafo único. As sessões extraordinárias terão início à
termos do art. 1.037, §§ 9º a 13, do Código de Processo Civil e hora designada e serão encerradas quando cumprido o fim a
do art. 317, §§ 7º e 8º, deste Regimento. que se destinaram.
§ 1º O desembargador federal empossado presidente, vice-
presidente ou corregedor regional ou eleito para o Tribunal Art. 37. As sessões serão públicas, salvo o disposto nos arts.
Regional Eleitoral continuará relator dos processos já 69 e 329, bem como se, por motivo relevante, o Plenário, a
incluídos em pauta. Corte Especial, a seção ou a turma resolverem que sejam
§ 2º A substituição do relator dar-se-á na forma do art. 123 reservadas, nos casos permitidos pela Constituição Federal e
deste Regimento. pela lei.
§ 1º Os advogados ocuparão a tribuna para formular
Seção II requerimento, produzir sustentação oral ou responder às
Do revisor perguntas que lhes forem feitas pelos desembargadores
federais.
Art. 30. Sujeitam-se a revisão: § 2º Os advogados deverão usar beca sempre que
I – a ação rescisória; ocuparem a tribuna.
II – os embargos infringentes em matéria criminal; III – a Art. 38. Nas sessões do Plenário, da Corte Especial, de seção
apelação criminal; IV – a revisão criminal. e de turma, observar-se-á a seguinte ordem:
§ 1º Nos recursos interpostos de execuções fiscais e de I – verificação do número de desembargadores federais;
despejo, nos casos de indeferimento liminar da petição inicial, II – leitura, discussão e aprovação da ata da sessão
nas apelações cíveis e nas ações de desapropriação por anterior;
interesse social para fins de reforma agrária, não haverá III – indicações e propostas;
revisor. IV – julgamento dos processos em pauta, tendo preferência
§ 2º Nas ações rescisórias, poderá o relator dispensar a os processos de réu preso, os incidentes de uniformização de
revisão (art. 29, XX). jurisprudência e de declaração de inconstitucionalidade e os
mandados de segurança;
Art. 31. Será revisor o desembargador federal que se seguir V – julgamento dos processos em mesa.
ao relator, na ordem decrescente de antiguidade, no órgão Parágrafo único. Os processos em mesa, excetuados os
julgador. habeas corpus, deverão ser informados à presidência do órgão
Parágrafo único. O desembargador federal empossado julgador com antecedência mínima de 24 horas da sessão.
presidente, vice- presidente ou corregedor regional
continuará revisor nos processos já incluídos em pauta. Art. 39. Os processos conexos poderão ser objeto de um só
julgamento.
Art. 32. Compete ao revisor:
I – sugerir ao relator medidas ordinatórias do processo que Art. 40. Os processos que versem sobre a mesma questão
tenham sido omitidas; jurídica, embora apresentem aspectos peculiares, poderão ser
II – confirmar, completar ou retificar o relatório; julgados conjuntamente, devendo os relatórios sucessivos

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reportar-se ao anterior, fazendo menção às peculiaridades do § 7º Havendo assistente na ação penal pública, falará
caso. depois do procurador regional, a menos que o recurso seja
dele.
Art. 41. Os julgamentos a que este Regimento ou a lei não § 8º O Ministério Público Federal falará depois do autor da
derem prioridade serão realizados, preferencialmente, pela ação penal privada.
ordem cronológica de conclusão dos processos para relatório § 9º Se, em processo criminal, houver recurso de corréus
e voto, ordenados em lista por relatoria de cada órgão, a ser em posição antagônica, cada grupo terá prazo completo para
disponibilizada para consulta pública e na rede mundial de falar.
computadores, salvo as exceções legais. § 10. Nos processos criminais, havendo corréus com
§ 1º O critério de numeração, para aferição da antiguidade, diferentes defensores, o prazo será contado em dobro e
referir-se-á a cada relator. dividido igualmente entre os defensores, salvo se
§ 2º A antiguidade apurar-se-á pela ordem de recebimento convencionarem outra divisão.
dos feitos no protocolo do Tribunal.
Art. 47. Cada desembargador federal poderá falar duas
Art. 42. Em caso de urgência, o relator indicará preferência vezes sobre o assunto em discussão e mais uma vez, se for o
para o julgamento. caso, para explicar a modificação de voto. Nenhum falará sem
que o presidente lhe conceda a palavra nem interromperá o
Art. 43. Quando deferida preferência solicitada pelo que desta estiver fazendo uso. São vedados apartes.
Ministério Público Federal para processo em que houver § 1º Após o voto do relator e, sendo o caso, do revisor, os
medida liminar ou acautelatória, o julgamento far-se-á com desembargadores federais poderão, excepcionalmente, sem
prioridade. nenhuma manifestação de mérito, solicitar esclarecimentos
sobre fatos e circunstâncias relativas às questões em debate
Art. 44. Desejando proferir sustentação oral, poderão os que não possam aguardar o momento do seu voto. Surgindo
advogados ter preferência, desde que a solicitem, com a questão nova, o próprio relator poderá pedir a suspensão do
necessária antecedência, ao secretário do órgão colegiado julgamento.
respectivo. § 2º Não se considerando habilitado a proferir
§ 1º Os advogados com necessidades especiais, os idosos imediatamente seu voto, a qualquer desembargador federal é
com idade igual ou superior a 60 anos e as gestantes terão facultado pedir vista dos autos, devendo devolvê-los no prazo
preferência para sustentação oral. de dez dias, contados da data em que os recebeu. O julgamento
§ 2º Observadas as preferências legais dos processos em prosseguirá na primeira sessão ordinária subsequente à
julgamento na sessão, a preferência será concedida, com devolução, dispensada nova publicação em pauta.
prioridade, aos advogados que residirem em local diverso da § 3º Caso o julgamento não seja retomado no prazo de 30
sede do Tribunal. dias, contados da data do pedido de vista, far-se-á nova
publicação.
Art. 45. Não haverá sustentação oral no julgamento de § 4º É vedado o pedido antecipado de vista, que, sendo o
remessa necessária, de embargos declaratórios e de arguição caso, deverá ser formulado por ocasião do voto do julgador,
de suspeição. segundo a ordem regimental de votação.
§ 1º No agravo de instrumento, somente haverá § 5º No caso do § 2º deste artigo, não devolvidos os autos
sustentação oral contra decisão interlocutória que verse sobre no prazo nem solicitada expressamente sua prorrogação pelo
tutelas provisórias de urgência ou de evidência. desembargador federal, o presidente do órgão julgador
§ 2º No agravo interno, caberá sustentação oral contra requisitará os autos do processo e reabrirá o julgamento na
decisão que extinga o processo em ação rescisória, mandado sessão ordinária subsequente, com publicação em pauta.
de segurança e reclamação. § 6º A taquigrafia, salvo dispensa do desembargador
§ 3º Nos demais julgamentos, o presidente do órgão federal, apanhará os votos, aditamentos, discussões ou
colegiado, feito o relatório, dará a palavra, pelo prazo legal, explicações de voto.
sucessivamente, ao autor, recorrente ou impetrante, e ao réu,
recorrido ou impetrado, para sustentação de suas alegações. Art. 48. Nos julgamentos, o pedido de vista não impede que
§ 4º A sustentação poderá ser feita por videoconferência votem os demais desembargadores federais que se tenham
ou outro recurso tecnológico disponível se requerido, até o dia por habilitados a fazê-lo, e aquele que o formular apresentará
anterior à sessão, por advogado com domicílio profissional em os autos para prosseguimento da votação, nos termos dos §§
cidade diversa da sede do Tribunal. 2º e 4º do art. 47.
§ 1º Os autos deverão ser entregues pelo relator à
Art. 46. Nos casos do § 3º do art. 45, cada uma das partes Coordenadoria da Corte Especial e das Seções ou à
falará pelo tempo máximo de 15 minutos, excetuada a ação coordenadoria da turma, no prazo de dez dias. Findo o prazo
penal originária, na qual o prazo será de uma hora. in albis, a coordenadoria comunicará o fato ao presidente do
§ 1º O Ministério Público Federal terá prazo igual ao das órgão, para fins de cobrança.
partes. § 2º O julgamento que tiver sido iniciado prosseguirá,
§ 2º O Ministério Público Federal, nas ações em que for computando-se os votos já proferidos pelos desembargadores
apelante, terá a palavra para sustentação oral antes do réu. federais, mesmo que não compareçam ou hajam deixado o
§ 3º Nos habeas corpus, o Ministério Público Federal fará a exercício do cargo, ainda que o afastado seja o relator.
sustentação oral depois do impetrante. § 3º Não participarão do julgamento os desembargadores
§ 4º O Ministério Público Federal, nos demais feitos, só federais que não tenham assistido ao relatório ou aos debates,
quando atuar, exclusivamente, como fiscal da ordem jurídica, salvo quando se derem por esclarecidos.
poderá proferir sustentação oral depois da defesa. § 4º Se, para efeito do quorum ou desempate na votação,
§ 5º Havendo litisconsortes não representados pelo for necessário o voto de desembargador federal nas condições
mesmo advogado, o prazo será contado em dobro e dividido do § 3º, serão renovados o relatório e a sustentação oral,
igualmente entre os advogados do mesmo grupo, se computando-se os votos anteriormente proferidos.
diversamente não o convencionarem. § 5º O pedido de vista referido no caput poderá ser
§ 6º Intervindo terceiro para excluir autor e réu, terá prazo formulado em processos apreciados nas sessões
próprio para falar igual ao das partes.

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administrativas, pelo prazo nele estabelecido, findo o qual o Art. 56. O cerimonial das sessões solenes será regulado por
julgamento prosseguirá na sessão seguinte. ato do presidente.
§ 6º Por determinação do relator, poderão ser formados Parágrafo único. Terão assento à mesa o Ministério Público
autos suplementares dos processos administrativos que lhe Federal e a Ordem dos Advogados do Brasil.
forem distribuídos. Seção III
Das sessões do Plenário e da Corte Especial
Art. 49. Concluído o debate oral, o presidente tomará os
votos do relator, do revisor, se houver, e dos outros Art. 57. O Plenário e a Corte Especial, que se reúnem com a
desembargadores federais que se lhes seguirem na ordem presença, no mínimo, da maioria absoluta de seus membros,
decrescente de antiguidade. são dirigidos pelo presidente do Tribunal.
§ 1º O voto proferido poderá ser alterado até a Parágrafo único. Para julgamento de matéria
proclamação do resultado pelo presidente, salvo aquele já constitucional, ação penal originária, incidentes de assunção
proferido por magistrado afastado ou substituído. de competência e de resolução de demandas repetitivas,
§ 2º Se o relator for vencido, ficará designado o revisor quando a matéria envolver arguição de inconstitucionalidade
para redigir o acórdão. ou a competência de mais de uma seção, alteração ou
§ 3º Se não houver revisor ou se este também tiver sido cancelamento de enunciado de súmula da sua competência,
vencido, será designado para redigir o acórdão o primeiro perda do cargo de magistrado, eleição dos titulares de sua
desembargador federal que tiver proferido voto prevalecente. direção e elaboração de listas tríplices, o quorum é de dois
terços de seus membros efetivos aptos a votar, não
Art. 50. As questões preliminares serão julgadas antes do considerados os cargos vagos, os casos de suspeição e
mérito, deste não se conhecendo se incompatível com a impedimento nem os cargos cujos titulares estejam afastados
decisão daquelas. por tempo indeterminado.
§ 1º Sempre que, antes ou no curso do relatório, algum
desembargador federal suscitar preliminar, será ela, antes de Art. 58. Na ausência do presidente, presidirão a sessão,
julgada, discutida pelas partes, que poderão usar da palavra sucessivamente, o vice-presidente, o corregedor regional e, em
pelo prazo da lei. Se não for acolhida, o relator fará o relatório, sua ausência, o desembargador federal mais antigo no
prosseguindo-se no julgamento. Tribunal.
§ 2º Quando a preliminar versar nulidade suprível, Parágrafo único. Na hipótese indicada neste artigo, o
converter-se-á o julgamento em diligência, e o relator, se for desembargador federal que substituir o presidente proferirá
necessário, ordenará a remessa dos autos à instância inferior voto nos processos em que seja relator ou revisor,
para os fins de direito. observando-se, em caso de empate, o disposto no art. 61.

Art. 51. Se for rejeitada a preliminar ou, se acolhida, não Art. 59. Terão prioridade no julgamento da Corte Especial,
vedar a apreciação do mérito, seguir-se-ão a discussão e o observados os arts. 40 a 44 e 52:
julgamento da matéria principal e sobre ela também I – os habeas corpus;
proferirão votos os desembargadores federais vencidos na II – as causas criminais e, entre elas, as de réu preso;
anterior conclusão. III– os habeas data;
IV – os mandados de segurança;
Art. 52. Preferirá aos demais, com dia designado, o V – os mandados de injunção;
processo cujo julgamento houver sido suspenso, salvo se o VI – os conflitos de competência;
adiamento tiver resultado de vista e se estiver aguardando a VII – os incidentes de resolução de demandas repetitivas e
devolução dos autos. Art. 53. O julgamento, uma vez iniciado, de assunção de competência;
ultimar-se-á na mesma sessão, ainda que excedida a hora VIII – a reclamação.
regimental. Art. 60. Excetuados os casos em que se exige o voto da
Parágrafo único. O presidente poderá determinar a maioria qualificada, as decisões serão tomadas pelo voto da
continuação do julgamento no dia seguinte no caso de não ter maioria simples dos desembargadores federais presentes.
sido possível concluir a pauta em razão do término do horário
da sessão. Art. 61. O presidente proferirá voto em matéria
constitucional, administrativa, em agravo de suas decisões e,
Art. 54. O Plenário, a Corte Especial, a seção ou a turma nos demais casos, somente se ocorrer empate.
poderão converter o julgamento em diligência quando § 1º No julgamento dos habeas corpus, de recursos de
necessária à decisão da causa. habeas corpus e de matéria criminal, em caso de empate,
proclamar-se-á a decisão mais favorável ao paciente ou réu.
Seção II § 2º No julgamento do agravo referido no caput,
Das sessões solenes prevalecerá a decisão agravada, em caso de empate.
§ 3º Nas demais votações de que tenha participado,
Art. 55. O Plenário do Tribunal reúne-se em sessão solene havendo empate, prevalecerá o voto do presidente.
para:
I – dar posse aos desembargadores federais e aos titulares Seção IV
de sua direção; II – comemorar, a cada dois anos, aniversário Das sessões das seções
de sua instalação; III – prestar homenagem aos seus
desembargadores: Art. 62. As seções reúnem-se com a presença, no mínimo,
a) por motivo de afastamento definitivo da jurisdição; da maioria absoluta de seus membros, salvo para simulação de
b) por motivo de falecimento; jurisprudência uniforme, alteração ou cancelamento de
c) para celebrar o centenário de seu nascimento; IV – súmula, em que o quórum é de dois terços de seus membros.
celebrar outros acontecimentos de alta relevância; V – dar § 1º Presidirá a sessão o desembargador federal mais
posse aos juízes federais substitutos. antigo da seção, em sistema de rodízio, a cada dois anos.
Parágrafo único. Farão uso da palavra as autoridades § 2º Na ausência do presidente, presidirá a sessão o
indicadas pelo presidente. desembargador federal mais antigo que se lhe seguir na ordem
decrescente de antiguidade no órgão.

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§ 3º O presidente participará da distribuição, proferindo II – por ordem decrescente de antiguidade na magistratura


votos nos feitos em que atue como relator, revisor ou vogal. da Região, juízes convocados na mesma seção;
§ 4º Havendo empate, o presidente da seção ou quem o III – demais desembargadores;
estiver substituindo proferirá o voto de desempate, IV – juízes convocados ou em auxílio ao Tribunal, por
ressalvadas as hipóteses do art. 942 do CPC. ordem de antiguidade na magistratura da Região.
§ 4º Se a divergência se der em sessão de seção, o processo
Art. 63. Terão prioridade no julgamento da seção, terá o julgamento suspenso, com indicação de prosseguimento
observados os arts. 40 a 44 e 52 deste Regimento: em uma nova sessão da seção, que será aberta na mesma data
I – as causas criminais e, entre estas, as de réu preso; em que ocorrer sessão da Corte Especial, a ser designada pelo
II – os mandados de segurança; presidente do Tribunal — por encaminhamento do presidente
III – os conflitos de competência. do órgão no qual surgiu a divergência —, na qual o processo
IV – os incidentes de resolução de demandas repetitivas e será apresentado pelo relator, sendo ou não integrante do
de assunção de competência; órgão, observando-se os seguintes procedimentos:
V – a reclamação. I – a suspensão do julgamento será anunciada na sessão em
Parágrafo único. Excetuados os casos em que se exige o que ocorreu a divergência, e a intimação ocorrerá na forma
voto da maioria absoluta de seus membros, as decisões serão disciplinada no Código de Processo Civil;
tomadas pelo voto da maioria dos desembargadores federais II – por ordem decrescente de antiguidade, serão
presentes. convocados os desembargadores presentes à sessão da Corte
Especial, em número suficiente a modificar o resultado do
Art. 64. No agravo interposto contra decisão do presidente, julgado, prosseguindo no julgamento com o voto do
se houver empate, prevalecerá a decisão agravada. desembargador federal menos antigo que se seguir ao que por
último tiver votado como integrante da seção, mantendo-se a
Seção V composição fixada em relação ao primeiro processo da pauta;
Das sessões das turmas III – caso nenhum dos membros votantes da seção integre
a Corte Especial, a convocação se iniciará pelo desembargador
Art. 65. As turmas reúnem-se com a presença de três federal mais antigo presente à sessão da Corte Especial;
desembargadores federais. IV – após relatado e discutido o caso na sessão da seção
Parágrafo único. Nas hipóteses previstas na Lei aberta para este escopo, será proclamado o resultado.
Complementar 35/1979, podem as turmas se reunir com a § 5º Se o relator for vencido, lavrará o acórdão quem
participação de juízes convocados, desde que presididas por primeiro proferiu o voto divergente.
um desembargador federal. § 6º Somente serão admitidos e cadastrados embargos
infringentes interpostos com base do Código de Processo Civil
Art. 66. Terão prioridade no julgamento das turmas, de 1973 contra acórdão não unânime cuja sessão de
observados os arts. 40 a 44 e 52 deste Regimento: julgamento tenha sido realizada até 17 de março de 2016.
I – os habeas corpus; § 7º Para a realização das sessões ampliadas destinadas ao
II – as causas criminais e, entre estas, as de réu preso. prosseguimento dos julgamentos, não é imprescindível a
presença dos vogais que já tenham proferido voto nos seus
Art. 67. O julgamento da turma será tomado pelo voto de órgãos de origem.
três julgadores.
Parágrafo único. O presidente da turma participa de seus Seção VII
julgamentos com as funções de relator, revisor e vogal. Das sessões administrativas e em conselho

Seção VI Art. 69. As sessões administrativas serão públicas,


Dos julgamentos não unânimes podendo ser transformadas em reservadas para tratar de
assuntos de economia interna do Tribunal ou que, pela
Art. 68. Havendo divergência em julgamento nos casos natureza, devam ser deliberados em caráter reservado.
previstos no art. 942 do Código de Processo Civil, deverão ser Parágrafo único. Quando o presidente ou algum
convocados tantos julgadores quantos forem suficientes para desembargador federal pedir que o Plenário, a Corte Especial,
alteração do resultado da decisão, obedecendo-se às regras a seção ou a turma se reúnam em conselho, a sessão será
deste artigo. reservada, se assim decidir a maioria.
§ 1º Quando a divergência se der na turma — em sede de
apelação ou agravo de instrumento em que houve reforma de Art. 70. Nenhuma pessoa, além dos desembargadores
decisão que julgou total ou parcialmente o mérito —, o federais, será admitida às reuniões reservadas, salvo o
julgamento prosseguirá, se possível, na mesma sessão, secretário da sessão, o serviço de taquigrafia, que prestarão
convocando-se julgadores em número suficiente a modificar o compromisso de não revelar o que ouvirem, e as pessoas
resultado do julgamento, assegurando-se às partes e a especialmente convocadas para prestar esclarecimentos.
eventuais terceiros o direito de renovação das sustentações
orais, devendo o resultado ser proclamado pelo presidente da Art. 71. Salvo quando as deliberações deverem ser
turma. publicadas, o registro das reuniões reservadas conterá
§ 2º Não sendo possível o prosseguimento do julgamento somente a data e os nomes dos presentes.
na mesma sessão, terá continuidade em sessão a ser
designada, podendo esta ser realizada na mesma data da Capítulo VII
sessão da seção seguinte, por designação do presidente da Do Conselho de Administração
turma, desde que haja tempo hábil para se proceder à
intimação das partes, acaso ausentes. § 3º Para efeito desde Art. 72. O Conselho de Administração é constituído, em
artigo, serão preferencialmente convocados, na seguinte caráter permanente, pelo presidente do Tribunal, que também
forma: o preside, pelo vice-presidente, pelo corregedor regional,
I – por ordem decrescente de antiguidade na seção, o pelos três desembargadores federais mais antigos e, em
desembargador federal que se seguir àquele que por último sistema de rodízio, por mais três desembargadores federais
tiver votado na turma; eleitos pela Corte Especial entre seus integrantes.

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§ 1º O mandato dos integrantes não permanentes do Art. 77. Dos atos e das decisões do Conselho de
Conselho de Administração será de dois anos. Administração, quando unânimes, não cabe recurso
§ 2º Nas ausências ou nos impedimentos eventuais ou administrativo.
temporários de seus membros, a substituição dar-se-á por Parágrafo único. Não sendo unânimes, os atos e as decisões
ordem de antiguidade, na forma estabelecida no caput. mencionados no caput deste artigo poderão ser submetidos à
§ 3º O coordenador regional dos juizados especiais revisão da Corte Especial Administrativa, mediante recurso do
federais e o diretor da Escola de Magistratura Federal da 1ª interessado.
Região, ainda que não integrem o Conselho, participarão do
julgamento, tão só com direito a voz, quando estiverem em Capítulo VIII
pauta assuntos que a eles interessem. Das comissões permanentes e temporárias
§ 4º Os presidentes da Associação dos Juízes Federais do
Brasil e da Associação dos Juízes Federais da 1ª Região terão Art. 78. Há, no Tribunal, quatro comissões permanentes:
direito a assento e voz nas sessões do Conselho de I – Comissão de Regimento;
Administração, quando estiverem em pauta assuntos de II – Comissão de Jurisprudência e Gestão de Precedentes;
interesse da magistratura federal. III – Comissão de Promoção, cuja competência será fixada
em resolução do Tribunal;
Art. 73. O Conselho de Administração reunir-se-á, IV – Comissão de Acervo Jurídico.
regularmente, na primeira e terceira semanas de cada mês e, § 1º As Comissões de Regimento e de Acervo Jurídico terão,
extraordinariamente, quando convocado por seu presidente. cada uma, três membros efetivos e um suplente, podendo
funcionar, excepcionalmente, com a presença de dois
Art. 74. Os assuntos da competência do Conselho de desembargadores. Na Comissão de Acervo Jurídico, funciona,
Administração serão discutidos e votados em conformidade na qualidade de secretário permanente, o dirigente da Divisão
com pauta previamente submetida a seus membros, com de Biblioteca e Acervo Documental.
antecedência mínima de três dias, ressalvada a possibilidade § 2º A Comissão de Promoção é composta pelo corregedor
de o órgão dispensar esse prazo, desde que submetida e regional e pelos desembargadores federais presidentes das
aprovada questão de ordem na sessão de julgamento em que turmas.
todos os membros se considerem habilitados a decidir o § 3º A Comissão de Jurisprudência e Gestão de Precedentes
processo que se caracterize como urgente. será composta por um presidente e por um desembargador
federal representante de cada uma das seções especializadas
Art. 75. Ao Conselho de Administração, responsável pelo do Tribunal — todos indicados pelo presidente do Tribunal.
estabelecimento de normas, orientação e controle
administrativo-financeiro do Tribunal e da Justiça Federal da Art. 79. O Plenário, por maioria absoluta de seus membros,
1ª Região, compete: e o presidente poderão criar comissões temporárias com
I – elaborar planos, propor programas e diretrizes e avaliar qualquer número de membros.
os serviços administrativos;
II – deliberar sobre a política administrativa do Tribunal e Art. 80. As comissões permanentes e as comissões
as matérias referentes a servidores que lhe sejam submetidas temporárias colaboram no desempenho dos encargos do
pelo presidente; Tribunal.
III – deliberar sobre a organização dos serviços
administrativos da Justiça Federal de primeiro grau, inclusive Art. 81. O presidente designará os desembargadores
quanto a: federais que devem integrar a Comissão de Regimento, a
a) horário de funcionamento; Comissão de Acervo Jurídico e as comissões temporárias,
b) normas para distribuição dos feitos, inclusive pelo admitida, em todas as hipóteses, recusa por motivo justificado.
sistema de processamento eletrônico; Parágrafo único. As comissões serão presididas pelo
c) homologação da indicação, feita pelo presidente do desembargador federal mais antigo entre seus membros, salvo
Tribunal, dos juízes diretores e vice-diretores de foro das recusa justificada, à exceção da Comissão de Promoção, que
seções e subseções judiciárias; será presidida pelo corregedor regional.
IV – aprovar e alterar as propostas de criação ou extinção
de cargos e a fixação dos respectivos vencimentos, a serem Art. 82. As comissões permanentes e as temporárias
encaminhados ao Poder Legislativo (art. 99 da Constituição poderão:
Federal); I – sugerir ao presidente do Tribunal normas de serviço
V – analisar e aprovar critérios para promoção dos relativas a matéria de sua competência;
servidores da Secretaria do Tribunal e da Justiça Federal de II – entender-se, por seu presidente, com outras
primeiro grau; autoridades ou instituições nos assuntos de sua competência,
VI – impor aos servidores da Justiça Federal de primeiro e ressalvada a do presidente do Tribunal.
segundo graus da 1ª Região penas disciplinares de demissão, Art. 83. À Comissão de Regimento incumbe:
cassação de aposentadoria e disponibilidade; I – zelar pela atualização do Regimento, propondo
VII – atuar como instância recursal das decisões emendas ao texto em vigor e emitindo parecer sobre as
administrativas do presidente, do vice-presidente, do emendas de iniciativa de outras comissões ou de
corregedor regional, do diretor do foro e do diretor-geral da desembargadores federais;
Secretaria do Tribunal; II – opinar em procedimento administrativo, quando
VIII – exercer as atribuições administrativas não previstas consultada pelo presidente.
na competência do Plenário, da Corte Especial ou do
presidente ou as que lhe hajam sido delegadas. Art. 84. À Comissão de Jurisprudência e Gestão de
Precedentes incumbe:
Art. 76. O Conselho de Administração reunir-se-á com I – zelar pela expansão, atualização e publicação de súmula
quórum mínimo de dois terços dos seus membros. da jurisprudência predominante do Tribunal, da Turma
Parágrafo único. As decisões são tomadas pela maioria dos Regional de Uniformização e das turmas recursais;
votos dos presentes, prevalecendo, em caso de empate, o voto II – supervisionar os serviços do Núcleo de Gestão de
do presidente. Precedentes e de sistematização da jurisprudência do

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Tribunal, sugerindo medidas que facilitem a pesquisa de Título II


julgados e de temas submetidos em julgamento dos incidentes Dos serviços administrativos
de resolução de demandas repetitivas e de assunção de Capítulo I
competência; Do gabinete da Presidência
III – orientar iniciativas de coleta e divulgação dos
trabalhos de desembargadores federais que já se afastaram Art. 92. Ao Gabinete da Presidência incumbem as
definitivamente do Tribunal; atividades de apoio administrativo à execução das funções do
IV – sugerir medidas destinadas a abreviar a publicação presidente, bem como de assessoria no planejamento e na
dos acórdãos. fixação de diretrizes administrativas do Tribunal e no
Parágrafo único. A citação da súmula pelo número desempenho de suas demais atribuições previstas em lei e
correspondente dispensará, nos votos, a referência a outros neste Regimento, inclusive no que concerne às funções de
julgados no mesmo sentido. auditoria e de representação oficial e social, e será dirigido
pelo secretário-geral da Presidência, nomeado em co missão
Art. 85. À Comissão de Acervo Jurídico incumbe: pelo presidente.
I – propor a aquisição de material bibliográfico de natureza
jurídica para composição do acervo do Tribunal; Art. 93. A organização administrativa e dos órgãos de
II – analisar os pedidos de aquisição de obras jurídicas assessoramento, planejamento e auditoria do Gabinete será
previamente selecionadas pela Divisão de Biblioteca e Acervo estabelecida mediante resolução do Tribunal.
Documental;
III – orientar iniciativas de seleção e aquisição de obras; Art. 94. Para a realização de trabalhos urgentes, o Gabinete
IV – zelar pela atualização contínua e permanente do poderá requisitar o auxílio do serviço taquigráfico do Tribunal.
acervo jurídico da
Biblioteca do Tribunal; Capítulo II
V – opinar sobre a composição do acervo jurídico das Dos gabinetes dos desembargadores federais
bibliotecas das seções e subseções judiciárias da 1ª Região;
VI – analisar as propostas de descarte de material Art. 95. Cada desembargador federal disporá de um
bibliográfico previamente elaboradas pela Divisão de gabinete, incumbido de executar os serviços administrativos e
Biblioteca e Acervo Documental. de assessoramento jurídico.
§ 1º Os servidores do gabinete, de estrita confiança do
Art. 86. Há, no Tribunal, um comitê de informática, com a desembargador federal, serão por este indicados ao
composição e a competência definidas em portaria, ao qual presidente, que os designará para nele terem exercício.
incumbe, sob a supervisão da Presidência, a orientação das § 2º Não poderão ser indicados cônjuge, companheiro ou
ações e investimentos em tecnologia da informação do parentes até o terceiro grau, em linha reta ou colateral, de
Tribunal e das seções judiciárias. nenhum membro do Tribunal em atividade, salvo se ocupante
de cargo de provimento efetivo das carreiras judiciárias, caso
Capítulo IX em que a vedação é restrita à nomeação ou designação para
Da polícia do Tribunal servir ao magistrado determinante da incompatibilidade.
Art. 96. Os assessores do desembargador federal,
Art. 87. O presidente, no exercício da atribuição referente bacharéis em direito, serão nomeados em comissão pelo
à polícia do Tribu nal, poderá requisitar o auxílio de outras presidente, mediante indicação do desembargador federal.
autoridades, quando necessário. § 1º Ao chefe da assessoria do desembargador federal
cabe:
Art. 88. Ocorrendo infração à lei penal na sede ou nas I – coordenar as atividades da assessoria do gabinete;
dependências do Tribunal, o presidente instaurará inquérito, II – classificar os votos proferidos pelo desembargador
se envolver autoridade ou pessoa sujeita a sua jurisdição, ou federal e zelar pela conservação das cópias e dos índices
delegará essa atribuição a outro desembargador federal. necessários a consulta;
§ 1º Nos demais casos, o presidente poderá proceder na III – cooperar na revisão das notas taquigráficas e cópias
forma deste artigo ou requisitar a instauração de inquérito à dos votos e acórdãos do desembargador federal antes de sua
autoridade competente. juntada aos autos;
§ 2º O desembargador federal incumbido do inquérito IV – selecionar, entre os processos conclusos ao
designará secretário entre os servidores do Tribunal ou da desembargador federal, aqueles que versem sobre questões de
Justiça Federal de primeiro grau. solução já compendiada na súmula da jurisprudência
Art. 89. A polícia das sessões e das audiências compete a predominante dos tribunais superiores, submetendo-os a seu
seu presidente. Art. 90. Os inquéritos administrativos serão exame e verificação;
realizados consoante as normas próprias. V – fazer pesquisa de legislação, doutrina e jurisprudência;
VI – executar, sob orientação do desembargador federal,
Capítulo X outros trabalhos que concorram para a celeridade do
Da representação por desobediência ou desacato julgamento dos processos e elabora ção dos respectivos
acórdãos;
Art. 91. Sempre que tiver conhecimento de desobediência VII – manter em ordem a cópia e a relação dos acórdãos
a ordem emanada do Tribunal ou de seus desembargadores cuja publicação no órgão oficial do Tribunal tenha sido
federais no exercício da função ou de desacato ao Tribunal ou recomendada pelo desembargador federal.
a seus desembargadores federais, o presidente comunicará o § 2º No caso de afastamento definitivo do desembargador
fato ao Ministério Público Federal, provendo-o dos elementos federal, o chefe da assessoria permanecerá no exercício das
de que dispuser para a propositura da ação penal. respectivas funções até sua substituição por indicação do novo
Parágrafo único. Decorrido o prazo de 30 dias sem que titular ou por motivo justificado, a pedido do juiz convocado
tenha sido instaurada a ação penal, o presidente dará ciência em substituição.
ao Tribunal, em sessão reservada, para as providências que
julgar necessárias. Art. 97. As secretarias dos gabinetes terão seus trabalhos
supervisionados por um chefe de gabinete, nomeado em

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comissão, cabendo-lhe ainda enviar, após revisão, as decisões Art. 105. Integram o Sistema de Conciliação:
para publicação no Diário Eletrônico da Justiça Federal da 1ª I – no âmbito do Tribunal, o Núcleo Central de Conciliação
Região, sem prejuízo das demais atribuições que lhe forem da 1ª Região;
dadas. II – no âmbito das seções judiciárias da 1ª Região, os
respectivos centros de conciliação, que poderão funcionar de
Art. 98. O horário do pessoal do gabinete, observadas a maneira itinerante na jurisdição correspondente.
duração legal e as peculiaridades do serviço, será estabelecido § 1º As estruturas para funcionamento do Núcleo Central
pelo desembargador federal. de Conciliação da 1ª Região e dos centros de conciliação das
Parágrafo único. Para os serviços mais urgentes, o seções judiciárias serão definidas por ato do presidente do
desembargador federal poderá requisitar o auxílio do serviço Tribunal, submetido à deliberação do Conselho de
taquigráfico do Tribunal. Administração.
§ 2º Somente serão submetidos aos núcleos de conciliação
Capítulo III os processos encaminhados por determinação do relator ou do
Da Coordenação dos Juizados Especiais Federais juiz da causa, ainda que requeridos pelas partes interessadas,
E do Sistema de Conciliação pelo Ministério Público ou pelos coordenadores dos núcleos de
conciliação.
Art. 99. A Coordenação Regional dos Juizados Especiais Art. 106. O horário do pessoal do gabinete, observadas a
Federais é dirigida por um desembargador federal duração legal e as peculiaridades do serviço, será estabelecido
coordenador e por um desembargador federal vice pelo coordenador.
coordenador, escolhidos pela Corte Especial Administrativa.
§ 1º Os mandatos do coordenador e do vice coordenador Capítulo IV
regional dos juizados especiais federais da 1ª Região serão de Da Secretaria do Tribunal
dois anos, coincidindo seu início e término com os mandatos
do presidente, do vice-presidente e do corregedor regional. Art. 107. À Secretaria incumbe a execução dos serviços
§ 2º Havendo vacância do cargo de coordenador no administrativos do Tribunal.
decorrer do mandato, o vice coordenador o exercerá pelo § 1º Cabe à Secretaria criar e manter instrumentos de
restante do tempo. controle para registrar, em ordem cronológica, as
§ 3º Caso haja vacância do cargo de presidente do Tribunal comunicações feitas às autoridades competentes para
antes do término do mandato, os titulares desses cargos efetivação do pagamento dos precatórios.
ficarão mantidos na titularidade até completar o mandato. § 2º Haverá tantos instrumentos de controle quantas
forem as entidades responsáveis pelos pagamentos.
Art. 100. À Coordenação compete supervisionar,
coordenar e dirigir todas as atividades administrativas das Art. 108. A organização da Secretaria do Tribunal será
turmas recursais e dos juizados especiais federais da 1ª fixada em resolução da Corte Especial Administrativa, cabendo
Região. ao presidente, em ato próprio, especificar as atribuições das
§ 1º A Coordenação será constituída por um gabinete diversas unidades e as de seus respectivos dirigentes.
composto de servidores do quadro permanente do Tribunal, Parágrafo único. Salvo se servidor ocupante de cargo de
de servidores requisitados, de servidores colocados à provimento efetivo das carreiras judiciárias, não poderá ser
disposição ou de servidores nomeados em comissão, conforme nomeado para cargo em comissão ou função comissionada
a legislação própria. cônjuge, companheiro ou parente, em linha reta ou colateral,
§ 2º Constitui órgão do gabinete da Coordenação a até o terceiro grau, de nenhum membro do Tribunal em
Secretaria Executiva, dirigida por secretário executivo atividade (arts. 1.591 a 1.595 do Código Civil).
nomeado em comissão pelo presidente, mediante indicação do
coordenador, que prestará assessoramento ao coordenador na Art. 109. Ao diretor-geral da Secretaria do Tribunal,
execução das atividades de sua competência. bacharel em direito, administração, economia ou ciências
contábeis, nomeado em comissão pelo presidente, compete
Art. 101. Os servidores do gabinete, de estrita confiança do supervisionar, coordenar e dirigir todas as atividades
desembargador federal, serão por este indicados ao administrativas da Secretaria, de acordo com a orientação
presidente do Tribunal, que os designará para nele terem estabelecida pelo presidente e pelas deliberações do Tribunal.
exercício. § 1º Além das atribuições estabelecidas em ato do
presidente, incumbe ao diretor-geral da Secretaria:
Art. 102. O coordenador regional dos juizados especiais I – apresentar ao presidente as petições e os papéis
federais poderá acompanhar as correições ordinárias feitas dirigidos ao Tribunal;
pelo corregedor regional nas turmas recursais e nos juizados II– despachar com o presidente o expediente da Secretaria;
especiais federais da 1ª Região. III – relacionar-se pessoalmente com os desembargadores
federais no encaminhamento dos assuntos administrativos
Art. 103. Funciona, no Tribunal, a Coordenação do Sistema referentes a seus gabinetes, ressalvada a competência do
de Conciliação da Justiça Federal da 1ª Região, que tem por presidente;
objetivo formular e promover políticas jurisdicionais e IV – comparecer às sessões administrativas do Plenário, da
soluções consensuais dos conflitos. Corte Especial Administrativa e do Conselho de
Administração, salvo dispensa do presidente;
Art. 104. A Coordenação do Sistema de Conciliação da V – impor pena disciplinar de advertência e suspensão de
Justiça Federal da 1ª Região é dirigida por um desembargador até 30 dias aos servidores do Tribunal;
federal coordenador e por um desembargador federal vice- VI – exercer outras atribuições que lhe sejam delegadas
coordenador, escolhidos pela Corte Especial Administrativa pelo presidente.
para um mandato de dois anos, coincidindo seu início e § 2º O diretor-geral será substituído, em suas férias, faltas
término com os mandatos do presidente, do vice-presidente e e seus impedimentos, por diretor de secretaria que preencha
do corregedor regional. os requisitos exigidos para o cargo, designado pelo presidente
Parágrafo único. Aplicam-se ao Sistema de Conciliação os do Tribunal.
§§ 2º e 3º do art. 99.

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Art. 110. Os secretários dos órgãos julgadores, o diretor- bem como os nomes que integrem a lista ou as listas
geral, qualquer diretor, chefe ou servidor da Secretaria que apresentadas pela Ordem dos Advogados do Brasil e pelo
tiverem de servir nas sessões do Plenário, da Corte Especial, Ministério Público Federal.
seção ou turma ou a elas comparecer a serviço usarão capa e § 9º Em se tratando de lista tríplice única, cada
vestuário condigno. desembargador federal, no primeiro escrutínio, votará em três
nomes. Ter-se-á como constituída se, em primeiro escrutínio,
PART E II três ou mais juízes federais obtiverem maioria absoluta dos
DOS DESEMBARGADOR ES FEDERAIS E DOS JU ÍZES votos do Tribunal, hipótese em que figurarão na lista, pela
FEDERAIS ordem decrescente de sufrágios, os nomes dos três mais
Título I votados. Caso contrário, efetuar-se-á segundo escrutínio e, se
Dos desembargadores federais necessário, novos escrutínios, concorrendo, apenas, em cada
Capítulo I um, juízes em número correspondente ao dobro dos nomes
Da indicação e da nomeação ainda a inserir na lista, de acordo com a ordem da votação
alcançada no escrutínio anterior, incluídos todos os nomes
Art. 111. A nomeação dos desembargadores federais pelo com igual número de votos na última posição a considerar.
presidente da República far-se-á nos termos do art. 107 da Restando, apenas, um nome a figurar na lista, será considerado
Constituição Federal. escolhido o candidato mais votado, com preferência ao mais
idoso, em caso de empate.
Art. 112. A indicação pelo Tribunal de juízes federais a § 10. Se existirem duas ou mais vagas de desembargador
serem nomeados pelo presidente da República para o cargo de federal a serem providas entre juízes federais, o Tribunal
desembargador federal, por antiguidade e merecimento, deliberará, preliminarmente, se cada lista se constituirá de
alternadamente, far-se-á entre aqueles que, com mais de 30 três nomes distintos ou se, composta a primeira com três
anos de idade e cinco anos de exercício, tenham manifestado nomes, a segunda e as subsequentes deverão ser integradas
interesse, atendendo edital com prazo de 15 dias. pelos dois nomes remanescentes da lista de numeração
anterior acrescidas de mais um nome.
Art. 113. A indicação pelo Tribunal de advogados e de § 11. Se o Tribunal deliberar que, em cada lista, constarão
membros do Ministério Público Federal a serem nomeados três nomes distintos, cada desembargador federal, no
para o cargo de desembargador federal será efetuada em primeiro escrutínio, votará em tantos nomes quantos
consonância com os preceitos inscritos nos arts. 94 e 107, I, da necessários à constituição das listas tríplices. Nesse caso, na
Constituição Federal. organização simultânea das listas, os nomes que obtiverem,
em primeiro escrutínio, maioria absoluta dos votos dos
Art. 114. Para os efeitos do que prescrevem os arts. 112, membros do Tribunal figurarão, pela ordem decrescente de
quando se tratar de vaga de merecimento, e 113 deste votos, em primeiro lugar, em cada uma das listas, de acordo
Regimento, o Tribunal elaborará lista tríplice para cada vaga com sua numeração, e, nos lugares subsequentes das listas,
existente. horizontalmente considerados, pela mesma ordem, da
§ 1º Somente será incluído na lista o candidato que obtiver, primeira à última. Se, no primeiro escrutínio, não se
em primeiro ou subsequente escrutínio, a maioria absoluta preencherem todos os lugares das respectivas listas, proceder-
dos votos dos membros efetivos do Tribunal aptos a votar. se-á a segundo e, se necessário, a novos escrutínios, na forma
§ 2º Para a composição de lista tríplice de candidatos, o definida no § 9º, distribuindo-se, nas listas, os nomes
Tribunal reunir-se-á com o quorum mínimo de dois terços dos escolhidos de acordo com a ordem prevista para o primeiro
seus membros efetivos aptos a votar, em sessão pública escrutínio. No segundo e nos subsequentes escrutínios, cada
especialmente convocada. um votará em tantos nomes quantos faltem ser incluídos nas
§ 3º Aberta, a sessão será transformada de imediato em listas.
conselho para que o Tribunal discuta aspectos gerais § 12. Se o Tribunal deliberar que, na constituição das listas,
referentes à escolha dos juízes, seus currículos e vida será adotado o critério previsto na segunda hipótese do § 10,
pregressa. Os membros do Tribunal receberão, com cada desembargador federal, em primeiro escrutínio, votará
antecedência de, no mínimo, 72 horas da data designada para em tantos nomes quantas forem as vagas a preencher mais
a sessão, relação dos candidatos, instruída com cópia dos dois. Nessa hipótese, na organização simultânea das listas, a
respectivos currículos atualizados, assentamentos, primeira será integrada, na ordem decrescente dos sufrágios
informações sobre o tempo de serviço e esclarecimentos alcançados, por três nomes; a segunda lista constituir-se-á dos
resumidos prestados pela Corregedoria Regional a respeito dois nomes remanescentes da primeira mais o nome que tenha
das sentenças proferidas nos últimos 12 meses e dos obtido a quarta votação; a terceira lista será composta dos dois
processos sujeitos a despacho, decisão ou julgamento nomes remanescentes da lista anterior mais o nome que haja
existentes na secretaria do juízo e em poder dos juízes cujos obtido o quinto lugar em número de votos, respeitada a ordem
prazos estejam excedidos. dos escrutínios, e assim sucessivamente. Se, no primeiro
§ 4º Tornada, novamente, pública a sessão, o presidente escrutínio, não se preencherem todos os lugares das diversas
designará a comissão escrutinadora, integrada por dois listas nos termos deste parágrafo, proceder-se-á a segundo e
membros do Tribunal. novos escrutínios na forma definida no § 12 e no § 9º.
§ 5º Se houver mais de uma vaga a ser preenchida, o § 13. Em caso de empate, em qualquer escrutínio,
Tribunal, preliminarmente, deliberará sobre o critério de prevalecerá o critério de desempate definido em ato
constituição simultânea das listas. normativo do Tribunal, quando a vaga a ser provida for da
§ 6º Proceder-se-á, a seguir, em votação nominal aberta e classe de juiz federal. Nas demais hipóteses, a escolha recairá
fundamentada, à escolha dos nomes que comporão lista no candidato mais idoso.
tríplice, realizando-se tantos escrutínios quantos necessários, § 14. No ofício de encaminhamento ao Poder Executivo da
obedecido o disposto no § 2º. lista tríplice única ou das diversas listas tríplices, far-se-á
§ 7º Os candidatos figurarão em lista tríplice de acordo referência ao número de votos obtidos pelos candidatos
com a ordem decrescente de sufrágios que obtiverem, indicados e à ordem do escrutínio em que se deu a escolha.
respeitado, também, o número de ordem do escrutínio.
§ 8º Para a votação, receberão os membros do Tribunal Art. 115. Os desembargadores federais tomarão posse, no
lista única com o nome de todos os juízes federais elegíveis, prazo de 30 dias, a contar da nomeação, em sessão plenária e

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solene do Tribunal, podendo fazê-lo perante o presidente, em Capítulo II


seu gabinete, no período de recesso ou, fora desse período, por Das licenças, substituições e convocações
opção do interessado.
§ 1º No ato da posse, o desembargador federal prestará Art. 121. A licença é requerida com a indicação do prazo e
compromisso nos seguintes termos: “Prometo desempenhar, do dia do início, começando, porém, a correr da data em que
leal e honradamente, as funções de desembargador federal do passar a ser utilizada.
Tribunal Regional Federal da 1ª Região, respeitando a § 1º Salvo contraindicação médica, o desembargador
Constituição e as leis do país”. federal licenciado poderá proferir decisões em processos que,
§ 2º Do compromisso, que poderá ser prestado por antes da licença, lhe hajam sido conclusos para julgamento,
procurador, lavrará o secretário, em livro especial, um termo, inclusive em razão do pedido de vista, ou tenham recebido o
que será assinado pelo presidente, por quem o prestar e pelo seu visto como relator ou revisor.
secretário. § 2º O desembargador federal licenciado pode reassumir o
§ 3º Somente será dada posse ao desembargador federal cargo a qualquer tempo, entendendo-se que desistiu do
que, antes, haja provado: restante do prazo, ressalvada a hipótese do § 5º do art. 18.
I – ser brasileiro; § 3º Se a licença for para tratamento da própria saúde, o
II – contar mais de 30 e menos de 65 anos de idade, salvo, desembargador federal somente poderá reassumir o cargo
nesta hipótese, quando se tratar de juiz de carreira. antes do término do prazo se não houver contraindicação
§ 4º O prazo para posse poderá ser prorrogado pelo médica, devendo apresentar o respectivo atestado. Art. 122.
presidente, na forma da lei. Nas ausências ou nos impedimentos eventuais ou
temporários, a substituição no Tribunal dar-se-á da seguinte
Art. 116. Os desembargadores federais têm as maneira:
prerrogativas, garantias, direitos e incompatibilidades I – o presidente do Tribunal pelo vice-presidente, este pelo
inerentes ao exercício da judicatura. corregedor regional e este pelos demais desembargadores
§ 1º Os desembargadores federais receberão o tratamento federais que o seguirem na ordem decrescente de antiguidade
de “excelência” e usarão, como traje oficial, vestes talares e, nas no Tribunal;
solenidades, o Colar do Mérito Judiciário “Ministro Nelson II – o presidente da seção pelo desembargador federal mais
Hungria”. O presidente usará o Grande Colar, que é a insígnia antigo que se lhe seguir na ordem decrescente de antiguidade;
do cargo do presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª III – o presidente da turma pelo desembargador federal
Região. O desembargador federal aposentado receberá em mais antigo que se lhe seguir na ordem decrescente de
definitivo o Grande Colar. antiguidade;
§ 2º Os desembargadores federais aposentados IV – o coordenador regional dos juizados especiais federais
conservarão o título, as prerrogativas e as honras por seu substituto;
correspondentes. V – os presidentes das comissões pelo mais antigo entre
seus membros; VI – qualquer dos membros das comissões pelo
Art. 117. Regula a antiguidade dos desembargadores suplente.
federais, para sua colocação nas sessões do Plenário, da Corte
Especial, das seções e das turmas, distribuição de serviços, Art. 123. O relator é substituído:
revisão dos processos, substituições e outros quaisquer efeitos I – no caso de impedimento, ausência ou obstáculos
legais ou regimentais: eventuais, em se tratando da adoção de medidas urgentes, pelo
I – a posse; revisor, se houver, ou pelo desembargador federal que se lhe
II – a ordem de investidura na magistratura federal; seguir na antiguidade no Plenário, na Corte Especial, na seção
III – a inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil; IV – a ou na turma, conforme a competência;
posse no Ministério Público Federal; V – a idade. II – quando vencido em sessão de julgamento, pelo
desembargador federal designado para lavrar o acórdão;
Art. 118. Quando dois desembargadores federais forem III – em caso de afastamento por período igual ou superior
cônjuges, parentes consanguíneos ou afins, em linha reta ou no a 30 dias, pelo juiz federal convocado, salvo quanto aos
segundo grau na linha colateral, integrarão seções diferentes, processos de competência da Corte Especial;
e o primeiro que conhecer da causa impede que o outro IV – em caso de aposentadoria, renúncia, morte ou
participe do julgamento, quando da competência da Corte afastamento definitivo do Tribunal:
Especial. Se houver mais de dois nas condições previstas neste a) pelo desembargador federal nomeado para sua vaga ou
artigo, comporão turmas diferentes nas quatro seções, e o pelo que houver sido transferido na hipótese do art. 119;
primeiro que conhecer da causa impede que os outros b) pelo desembargador federal que tiver proferido o
participem do julgamento, quando da competência da mesma primeiro voto vencedor condizente com o do relator, para
seção, da Corte Especial ou do Plenário. lavrar ou assinar os acórdãos dos julgamentos anteriores à
abertura da vaga;
Art. 119. Os desembargadores federais têm direito de se c) na mesma forma da alínea “b”, enquanto não empossado
transferir de uma seção para outra em que haja vaga antes da o novo desembargador federal, para admitir recursos;
posse de novo desembargador federal ou mediante permuta. V – em caso de interposição de recurso especial ou recurso
Havendo mais de um pedido, terá preferência o do mais antigo. extraordinário, pelo presidente ou vice-presidente (art. 22,
Parágrafo único. É vedada a troca de acervos fora dos casos III).
de transferência ou permuta. § 1º Nas hipóteses previstas nos incisos II e IV, a
Coordenadoria de Registros e Informações Processuais
Art. 120. A área de jurisdição dos desembargadores procederá às anotações necessárias para constar da consulta
federais é a mesma definida para o Tribunal no art. 1º deste processual o novo relator.
Regimento. § 2º Em caso de interposição de recurso especial ou
recurso extraordinário, o sistema processual registrará a
atribuição do processo à Presidência ou Vice-Presidência do
Tribunal, conforme o caso.
§ 3º No caso do inciso II, a substituição do relator não
implica redistribuição do processo. O sistema consignará o

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nome do relator para o acórdão, permanecendo o relator antecederem a extinção do mandato, observada,
originário para fins de prevenção, nos termos do art. 170, preferencialmente, a ordem de antiguidade.
caput e incisos. § 1º Não podem ser eleitos para o Tribunal Regional
§ 4º As anotações referidas no § 1º, no caso do inciso II, Eleitoral o presidente, o vice-presidente, o corregedor regional
limitar-se-ão à inserção no sistema do relator para o acórdão. e o coordenador regional dos juizados especiais federais.
§ 2º Observar-se-á, na escolha, o disposto nos §§ 2º e 4º do
Art. 124. O revisor é substituído pelo juiz federal art. 18.
convocado em caso de vaga, impedimento ou afastamento por
período igual ou superior a 30 dias. Art. 132. A Corte Especial Administrativa elegerá, em
escrutínio secreto, para período de dois anos, os juízes federais
Art. 125. Em caso de afastamento, a qualquer título, por que integrarão os tribunais regionais eleitorais dos estados
período igual ou superior a 30 dias, os feitos em poder do situados em sua área de jurisdição, fazendo-se a eleição dentro
desembargador federal afastado, bem como aqueles em que dos 15 dias que antecederem a extinção do mandato.
tenha lançado relatório ou que tenha posto em mesa para § 1º A Corregedoria Regional informará a respeito da vida
julgamento, ressalvados os de competência da Corte Especial, pregressa do juiz, de seu desempenho funcional e dos dados
serão julgados por seu substituto, juiz federal convocado. estatísticos da seção judiciária. § 2º Observar-se-á, na escolha,
§ 1º O julgamento que tiver sido iniciado prosseguirá, o disposto nos §§ 2º e 4º do art. 18.
computando-se os votos já proferidos, ainda que o
desembargador federal afastado seja o relator. Art. 133. Ocorrendo vaga no curso do mandato do membro
§ 2º Somente quando indispensável para decidir nova efetivo, proceder-se-á a nova eleição.
questão surgida no julgamento, será dado substituto ao Parágrafo único. A Corte Especial Administrativa elegerá,
ausente, cujo voto, então, não se computará, quando na primeira sessão após a ocorrência da vaga ser comunicada,
incompatível. o desembargador federal, no caso do Tribunal Regional
Eleitoral do Distrito Federal, ou o juiz federal, no caso das
Art. 126. Quando o afastamento for por período igual ou demais seções judiciárias, para novo mandato.
inferior a três dias, os feitos deverão ser encaminhados ao
desembargador federal que se lhe seguir na ordem de Título II
antiguidade no órgão julgador, para a decisão, não havendo Dos juízes federais
redistribuição. Capítulo I
Da nomeação
Art. 127. A substituição na Corte Especial far-se-á na forma
de resolução do Conselho Nacional de Justiça, aplicando-se, Art. 134. O provimento do cargo de juiz federal substituto
porém, o disposto no inciso I do art. 123 deste Regimento, nos far-se-á mediante concurso público de provas e títulos
afastamentos por até três dias. organizado pelo Tribunal, devendo o candidato atender os
requisitos de idoneidade moral, além dos especificados em lei.
Art. 128. Para completar quorum nas seções, serão
convocados desembargadores federais de outra, o mesmo Art. 135. O concurso para provimento do cargo de juiz
ocorrendo nas turmas, de preferência da mesma seção. federal substituto será realizado na forma de regulamento
aprovado pela Corte Especial Administrativa.
Art. 129. A convocação de juiz federal far-se-á para
completar, como vogal, o quorum de julgamento, quando, por Art. 136. A Corregedoria Regional sindicará a vida
suspeição ou impedimento dos integrantes do Tribunal, não pregressa dos candidatos, e a comissão examinadora, em
for possível a substituição na forma prevista no artigo art. 128. sessão secreta, admitirá ou denegará a inscrição definitiva
fundamentadamente.
Art. 130. A convocação para atuar provisoriamente no Parágrafo único. Os candidatos admitidos serão
Tribunal será feita pelo presidente entre os juízes federais submetidos a exame psicotécnico.
vitalícios com mais de 30 anos de idade e cinco anos de
exercício, após aprovada a escolha pela maioria absoluta dos Art. 137. A comissão examinadora organizará os pontos do
membros da Corte Especial Administrativa. concurso na conformidade do regulamento.
§ 1º Não poderão ser convocados juízes federais punidos
com as penas previstas nos arts. 147, 149 e 150, os que estejam Art. 138. A comissão examinadora será constituída pelo
respondendo ao procedimento de que trata o art. 146 nem os desembargador federal vice-presidente, que a presidirá, pelo
que estejam com acúmulo injustificado de processos a desembargador federal diretor da Escola de Magistratura
sentenciar, segundo os padrões fixados pela Corregedoria Federal da 1ª Região e por um juiz federal com mais de dez
Regional. anos de magistratura federal eleito pela Corte Especial
§ 2º A convocação de juiz federal para completar quórum Administrativa, observada, preferencialmente, a ordem de
de julgamento não autoriza a concessão de nenhuma antiguidade, e integrada, ainda, por um professor de faculdade
vantagem, salvo transporte e, se for o caso, pagamento de de direito oficial ou reconhecida, que fará a indicação, e por um
diárias. advogado militante na Região, indicado pelo Conselho Federal
§ 3º Os juízes federais convocados não atuarão nos da Ordem dos Advogados do Brasil.
processos administrativos nem nos de competência da Corte § 1º Nas seções e subseções judiciárias onde se realizarem
Especial. as provas escritas, a comissão examinadora será representada
por órgão local denominado “comissão de execução e
Capítulo III fiscalização”, designada pelo presidente da comissão
Da eleição dos membros dos tribunais regionais examinadora, com as atribuições previstas no regulamento do
eleitorais concurso.
§ 2º A comissão de execução e fiscalização será integrada
Art. 131. A eleição, em escrutínio secreto, de pelo juiz federal diretor do foro, que a presidirá, por um
desembargador federal para integrar o Tribunal Regional procurador da República indicado pelo procurador-geral da
Eleitoral do Distrito Federal será feita dentro dos 15 dias que República e por um advogado indicado pelo Conselho

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APOSTILAS OPÇÃO

Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil. Cada membro do serviço e a critério da Corte Especial Administrativa,
efetivo terá um suplente indicado e designado da mesma observando-se, quanto aos pedidos de remoção, o disposto no
forma. § 2º.
§ 3º Ao deixar o cargo, no final do mandato, se o concurso § 6º Na remoção prevista no § 5º, a Corte Especial
ainda estiver em andamento, o ex-vice-presidente e o ex- Administrativa, para que as opções em série não ponham em
diretor da Escola de Magistratura Federal da 1ª Região risco a sustentabilidade dos serviços jurisdicionais em seções
continuarão a compor a comissão examinadora até o final do ou subseções judiciárias mais críticas, poderá,
certame. excepcionalmente, conforme o indicar a necessidade do
serviço, limitar a escolha dos candidatos a que se refere o § 3º.
Art. 139. O prazo de validade do concurso para provimento § 7º O juiz federal e o juiz federal substituto, exceto no caso
do cargo de juiz federal substituto será de dois anos, de remoção dentro da sede da mesma seção ou subseção
prorrogável por igual período. judiciária, só poderão obter nova remoção, a pedido ou
mediante permuta, decorrido um ano da última, a contar da
Art. 140. Os juízes federais serão inicialmente admitidos no publicação do ato, ressalvado o disposto nos §§ 8º a 12.
cargo de juiz federal substituto, nos termos do art. 93, I, da § 8º O prazo a que se refere o § 6º poderá ser reduzido, a
Constituição Federal. critério da Corte Especial Administrativa, se não houver
candidato a remoção que preencha o requisito do interstício.
Art. 141. Os juízes federais substitutos serão nomeados § 9º A remoção para outra Região, a pedido ou mediante
pelo presidente do Tribunal, na forma da lei, e tomarão posse permuta, só poderá ser concedida se atender às seguintes
perante o Plenário, em sessão solene, ou no gabinete do condições concomitantemente:
presidente. I – ocorrer sem prejuízo da prestação jurisdicional onde
Parágrafo único. Observada a classificação no concurso, o estiver o juiz em exercício;
candidato indicará as seções ou subseções judiciárias de sua II – ser o interessado magistrado vitalício;
preferência. III – fazer-se no absoluto interesse do serviço da localidade
para onde for solicitada.
Art. 142. Enquanto não adquirida a vitaliciedade, os juízes § 10. Os pedidos de remoção mediante permuta
federais substitutos não poderão perder o cargo senão por independerão de edital. § 11. A Corte Especial Administrativa,
proposta do Tribunal adotada pelo voto de dois terços de seus ouvida a Corregedoria Regional, poderá recusar o pedido de
membros. remoção ou de permuta quando reputá-la inconveniente ao
§ 1º Para adquirir a vitaliciedade, os juízes federais serviço. Considera-se inconveniente a remoção ou a permuta,
substitutos submeter-se-ão a procedimento próprio, em que entre outras hipóteses, quando o interessado ou um dos
demonstrem vocação para a magistratura, regulado mediante permutantes estiver às vésperas de aposentadoria,
resolução do Tribunal, perante a Comissão de Promoção e a exoneração do cargo a pedido, promoção por antiguidade ou
Corte Especial Administrativa. merecimento.
§ 2º Os juízes federais substitutos poderão praticar todos § 12. Verificada a hipótese do § 11, a Corte Especial
os atos reservados por lei aos juízes federais vitalícios. Administrativa, ouvida a Corregedoria Regional, revogará
§ 3º A promoção de juiz federal substituto dar-se-á de obrigatoriamente a remoção ou a permuta.
acordo com o art. 93, II, da Constituição Federal e nos termos
fixados em resolução. Art. 144. A remoção, a pedido ou mediante permuta, de juiz
federal e de juiz federal substituto de outra Região fica
Capítulo II condicionada à aceitação expressa pelo interessado de sua
Da remoção a pedido ou mediante permuta inserção no final da respectiva lista de antiguidade.

Art. 143. Os juízes federais e os juízes federais substitutos Capítulo III


poderão solicitar permuta ou remoção de uma para outra vara Da perda do cargo
da mesma seção que tenha competência em matéria distinta,
ou de outra seção ou subseção da Região mediante Art. 145. Os juízes federais vitalícios e os que ainda não
requerimento dirigido ao presidente do Tribunal. adquiriram vitaliciedade estão sujeitos à perda do cargo nas
§ 1º O presidente, dentro de dez dias úteis, a contar do hipóteses previstas na Constituição Federal e na Lei Orgânica
recebimento do pedido, após ouvida a Corregedoria Regional, da Magistratura.
que informará conclusivamente acerca da regularidade dos
serviços afetos aos magistrados interessados, submeterá o Art. 146. O processo administrativo para decretação da
pedido à decisão da Corte Especial Administrativa. perda do cargo de juiz federal não vitalício terá início por
§ 2º Os pedidos de remoção deverão ser formulados por determinação da Corte Especial Administrativa, mediante
escrito, no prazo de cinco dias, contados da publicação do indicação do corregedor regional, e dar-se-á na forma
edital que comunicar a vacância do cargo, cujo provimento não disciplinada em resolução específica.
se fará enquanto não forem decididos. Havendo mais de um § 1º Em qualquer hipótese, a instauração do processo será
pedido e estando os requerentes em igualdade de condições, precedida da defesa prévia do magistrado no prazo de 15 dias,
terá preferência o do juiz federal mais antigo, salvo se o contados da entrega das cópias do teor da acusação e das
interesse do serviço assim não o recomendar, a critério da provas existentes, que lhe remeterá o presidente do Tribunal,
Corte Especial Administrativa. mediante ofício, nas 48 horas imediatamente seguintes à
§ 3º O interessado poderá manifestar também opção por apresentação da acusação.
outra vara que vier a vagar em razão da remoção. § 2º Findo o prazo da defesa prévia, haja ou não sido
§ 4º Os juízes recém-promovidos que eventualmente apresentada, o presidente convocará a Corte Especial
vierem a ser removidos em curto prazo terão a jurisdição Administrativa para que decida acerca da instauração do
prorrogada por seis meses, no mínimo, podendo esse prazo ser processo e, determinada esta, no mesmo dia, distribuirá o feito
alterado, no interesse do serviço, a critério da Presidência, e encaminhá-lo-á ao relator.
ouvida a Corregedoria Regional. § 3º A Corte Especial Administrativa, na sessão em que
§ 5º Os juízes federais substitutos, enquanto não adquirida ordenar a instauração do processo, bem como no curso dele,
a vitalicieda de, não poderão ser removidos, salvo no interesse

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poderá afastar o magistrado do exercício de suas funções, sem Art. 152. A punição ao magistrado somente será imposta
prejuízo dos vencimentos e das vantagens, até a decisão final. pelo voto da maioria absoluta dos membros da Corte Especial
§ 4º O relator presidirá o processo, decidindo acerca das Administrativa.
provas requeridas pelo acusado e determinando as que
entender necessárias, cientes o Ministério Público Federal, o Capítulo VI
magistrado ou o procurador por ele constituído, a fim de que Da verificação de invalidez
possam delas participar.
§ 5º Finda a instrução, o Ministério Público Federal e o Art. 153. O processo de verificação de invalidez do
magistrado ou seu procurador terão, sucessivamente, vista magistrado para o fim de aposentadoria terá início a partir de
dos autos por dez dias, para razões finais. requerimento do interessado ou por ordem do presidente, de
§ 6º O julgamento será realizado em sessão da Corte ofício ou em cumprimento de deliberação do Tribunal.
Especial Administrativa, e a decisão de aplicação de pena ao § 1º Instaurado o processo de verificação de invalidez, o
magistrado será tomada pelo voto da maioria absoluta dos paciente será afastado, desde logo, do exercício do cargo até
membros do colegiado e formalizada mediante ato do final decisão, devendo ser concluído o processo no prazo de 60
presidente do Tribunal. dias.
§ 7º Da decisão somente será publicada a conclusão. § 2º Tratando-se de incapacidade mental, o presidente
§ 8º O processo administrativo terá o prazo de 90 dias para nomeará curador ao paciente, sem prejuízo da defesa que ele
ser concluí do, prorrogável até o dobro ou mais, quando a queira oferecer, pessoalmente ou por procurador que
delonga decorrer do exercício do direito de defesa. constituir.

Capítulo IV Art. 154. Como preparador do processo, funcionará o


Da remoção, da disponibilidade e da aposentadoria presidente do Tribunal até as razões finais, inclusive,
compulsórias efetuando, depois delas, a distribuição. Art. 155. Mediante
ofício do presidente, o paciente será notificado para, em dez
Art. 147. Por motivo de interesse público, o Tribunal dias, prorrogáveis por mais dez, apresentar a defesa de seus
poderá determinar, pela Corte Especial Administrativa, direitos, podendo juntar documentos. Com o ofício ser-lhe-á
mediante o voto da maioria absoluta de seus membros, a remetida cópia da ordem inicial.
remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria de juiz federal
e de juiz federal substituto, com vencimentos proporcionais ao Art. 156. Decorrido o prazo a que se refere o art. 155, com
tempo de serviço, assegurando ao magistrado ampla defesa. ou sem resposta, o presidente nomeará junta composta de três
Parágrafo único. O Tribunal, mediante proposta do médicos para proceder ao exame do paciente, ordenando as
presidente, pode proceder da mesma forma em relação a seus demais diligências necessárias à averiguação do caso.
membros no que se refere à disponibilidade e à aposentadoria. Parágrafo único. A recusa do paciente em submeter-se à
Art. 148. O processo para a decretação da remoção, da perícia médica permitirá o julgamento baseado em quaisquer
disponibilidade ou da aposentadoria obedecerá ao prescrito outras provas.
no art. 146.
§ 1º Em caso de remoção, serão fixadas, desde logo, a seção Art. 157. Concluídas as diligências, poderá o paciente ou
ou subseção e a vara em que o juiz federal passará a servir. seu curador apre sentar alegações no prazo de dez dias.
§ 2º Determinada a remoção, se o juiz não a aceitar ou Ouvido, a seguir, o Ministério Público Federal, serão os autos
deixar de assumir o cargo após 30 dias do prazo fixado, será, informados pela Secretaria do Tribunal, distribuídos e
desde logo, considerado em disponibilidade, suspendendo-se julgados.
o pagamento de seus vencimentos até a expedição do ato
necessário. Art. 158. O julgamento será feito pela Corte Especial
§ 3º O Tribunal, conforme a natureza da causa Administrativa e o presidente participará da votação.
determinante da remoção, da disponibilidade ou da
aposentadoria e se houver indícios de ilícito penal, enviará Art. 159. A decisão pela incapacidade do magistrado será
cópias das peças pertinentes ao Ministério Público Federal tomada pelo voto da maioria absoluta dos membros do
para os fins de direito. colegiado.
§ 4º Os juízes federais e os juízes federais substitutos
aposentados conservarão o título, as prerrogativas e as honras Art. 160. O magistrado que, por dois anos consecutivos,
do cargo. afastar-se, ao todo, por seis meses ou mais, para tratamento da
saúde deverá submeter-se a exame para verificação da
Capítulo V invalidez ao requerer, dentro de dois anos, nova licença para
Das penas de advertência e censura igual fim.

Art. 149. A pena de advertência aplicar-se-á, por escrito, no Art. 161. Na hipótese de a verificação da invalidez haver
caso de negli gência no cumprimento dos deveres do cargo. sido requerida pelo magistrado, o processo, após parecer da
junta médica designada pelo presidente do Tribunal, será
Art. 150. A pena de censura será aplicada, por escrito, no informado pela Secretaria do Tribunal e distribuído, sendo
caso de reiterada negligência no cumprimento dos deveres do ouvido o Ministério Público Federal. Devolvidos os autos,
cargo ou no de procedimento incorreto, se a infração não observar-se- ão as normas inscritas nos arts. 158 e 159.
justificar punição mais grave.

Art. 151. O processo para apuração de faltas puníveis com


advertência ou censura terá início por determinação da Corte
Especial Administrativa, mediante proposta do corregedor
regional, e dar-se-á na forma disciplinada em resolução
específica, com garantia de defesa.

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PART E III Art. 168. A distribuição, de responsabilidade do


DO PROCESSO presidente, far-se-á eletronicamente.
Título I § 1º Far-se-á a livre distribuição entre todos os
Das disposições gerais desembargadores federais, inclusive os ausentes, licenciados
Capítulo I ou afastados a qualquer outro título.
Do registro e da classificação dos feitos § 2º Não será compensada a distribuição que deixar de ser
feita ao vice-presidente quando substituir o presidente.
Art. 162. As petições e os autos serão registrados no § 3º Em caso de impedimento do relator, será feito novo
protocolo da Secretaria do Tribunal, no mesmo dia do sorteio, compensando-se a distribuição.
recebimento, em protocolo descentralizado das seções e § 4º Haverá também compensação quando o processo tiver
subseções judiciárias da 1ª Região, ou conforme disposto em de ser distribuído por prevenção a determinado
ato do Tribunal. desembargador federal.
Parágrafo único. O presidente do Tribunal, mediante
instrução norma tiva, disciplinará o sistema de registro e Art. 169. Terão preferência na distribuição os feitos que,
protocolo por meio eletrônico. por disposição legal, devam ter curso nas férias.

Art. 163. O registro far-se-á em numeração única, contínua Art. 170. A prevenção do relator e do órgão julgador para
e anual, observando-se, para a distribuição, as classes todos os recursos posteriores, tanto na ação quanto na
definidas em ato normativo do Tribunal. execução, referentes ao mesmo processo, será determinada
§ 1º Ao inquérito judicial (art. 10, § 1º) aplica-se, no que pela distribuição de:
couber, a Resolução 63/2009 do Conselho da Justiça Federal, I – mandado de segurança;
especialmente quanto às situações que ensejam seu registro, II – tutela provisória;
inserção no sistema processual informatizado e distribuição a III – recurso cível ou requerimento de efeito suspensivo à
órgão jurisdicional em matéria criminal. apelação; IV – habeas corpus;
§ 2º O presidente do Tribunal resolverá as questões que V – recurso criminal.
forem suscitadas na classificação dos feitos e papéis. § 1º Se o relator deixar o Tribunal ou transferir-se de seção,
a prevenção continuará do órgão julgador.
Art. 164. Far-se-á anotação, na autuação dos autos: § 2º O diretor da Divisão de Autuação e Distribuição
I – de recurso adesivo; Processual é o res ponsável direto pela verificação de
II – de réu preso; prevenção para proceder à distribuição.
III – dos impedimentos dos desembargadores federais e da § 3º O relator, verificando a possibilidade de outro
prevenção; desembargador federal estar prevento, a este encaminhará os
IV – da indicação do juízo que proferiu a decisão recorrida; autos para o devido exame. Aceitando a prevenção, ordenará a
V – do segredo de justiça, quando determinado pelo distribuição. Não aceitando, determinará o retorno dos autos
relator; ao relator, que, mantendo seu entendimento, suscitará o
VI – da justiça gratuita; conflito de competência.
VII – do dia de recebimento no Tribunal. § 4º A prevenção, se não for reconhecida de ofício, poderá
Parágrafo único. As capas dos autos dos processos terão ser arguida por qualquer das partes ou pelo Ministério Público
cores diferentes para cada classe. Federal.
§ 5º A ação penal e a ação de improbidade administrativa
Capítulo II contra os mesmos réus e versando sobre os mesmos fatos
Das custas geram a prevenção do relator a quem uma delas for distribuída
em primeiro lugar.
Art. 165. No Tribunal, serão devidas custas nos processos
de sua competência originária ou recursal, na forma da lei. Art. 171. Em mandado de segurança, habeas corpus e
§ 1º Não são custas os preços cobrados pelo fornecimento conflito de competência, proceder-se-á à redistribuição, se o
de cópias, autenticadas ou não. requerer o interessado, quando o relator estiver licenciado,
§ 2º O pagamento dos preços será antecipado ou garantido afastado ou ausente por menos de 30 dias, compensando-se a
com depósito, consoante tabela aprovada pelo presidente. distribuição.
§ 1º No caso de embargos infringentes, far-se-á o sorteio
Art. 166. Na interposição de recurso, o preparo, quando do relator entre os desembargadores federais integrantes da
exigido pela legislação pertinente, inclusive porte de remessa seção que não hajam, na turma, proferido o voto como relator
e de retorno, será feito em conformidade com a legislação de ou revisor.
custas da Justiça Federal. § 2º Se forem interpostos embargos de divergência contra
Parágrafo único. O preparo de recursos da competência do decisão de turma, a serem julgados pela seção competente, a
Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal escolha do relator far-se-á por sorteio entre os
será feito no prazo e na forma do disposto em seus regimentos desembargadores federais de outra turma da mesma seção.
internos e tabelas de custas. § 3º Na distribuição de ação rescisória e de revisão
Capítulo III criminal, será observado o critério estabelecido no § 1º.
Da distribuição Capítulo IV
Dos atos e formalidades
Art. 167. Os processos da competência do Tribunal serão Seção I
distribuídos por classe, tendo numeração única e contínua, Das disposições gerais
segundo a apresentação dos feitos, observando-se o disposto
no art. 163. Art. 172. Os atos processuais serão autenticados, conforme
Parágrafo único. Fazendo-se a distribuição por meio o caso, mediante a assinatura ou rubrica dos desembargadores
eletrônico, além da numeração por classe, adotar-se-á federais ou dos servidores para tal fim qualificados.
numeração geral e contínua, que poderá ser a que recebeu o § 1º É exigida a assinatura usual nos acórdãos, na
feito na instância inferior, desde que integrada no sistema correspondência ofi cial e nas certidões.
informatizado.

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§ 2º É facultado o uso da chancela mecânica nas peças Art. 178. A vista às partes transcorre na secretaria,
intermediárias dos acórdãos. podendo o advogado retirar os autos nos casos previstos em
§ 3º Os livros necessários ao expediente serão rubricados lei, mediante recibo.
pelo presidente ou por servidor por ele designado. § 1º Os advogados constituídos após a remessa do
§ 4º As rubricas e assinaturas usuais dos servidores serão processo ao Tribunal poderão, a requerimento, ter vista dos
registradas em livro próprio para identificação do signatário. autos na oportunidade e pelo prazo que o relator estabelecer.
§ 5º Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a § 2º O relator indeferirá o pedido, se houver justo motivo,
vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser fundamentando suas decisões.
praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo § 3º A defesa poderá ter vista dos autos, ainda que estejam
desembargador federal quando necessário (art. 203, § 4º, do sob sigilo, para tomar conhecimento das informações neles
Código de Processo Civil). introduzidas e, querendo, copiá-las por qualquer meio, nos
termos da Súmula Vinculante 14 do STF.
Art. 173. As peças que devam integrar atos ordinatórios, § 4º O advogado, a sociedade de advogados, a Advocacia
instrutórios ou executórios poderão ser a eles anexadas em Pública, a Defensoria Pública e o Ministério Público poderão
cópia autenticada. credenciar pessoas para retirar autos em secretaria,
implicando a retirada intimação pessoal de qualquer decisão
Art. 174. Se as nulidades ou irregularidades no contida no processo.
processamento dos feitos forem sanáveis, proceder-se-á pelo § 5º A nulidade da publicação deverá constar como
modo menos oneroso para as partes e para o serviço do preliminar do ato a ser praticado, que pode ser conhecido se
Tribunal. afastado o vício, salvo se não possível a realização do ato pela
parte.
Art. 175. A critério do presidente do Tribunal, dos
presidentes das seções e das turmas ou do relator, conforme o Seção II
caso, a notificação de ordens ou decisões será feita: Do ano judiciário
I – por servidor credenciado da respectiva secretaria;
II – por via postal; Art. 179. A atividade jurisdicional será ininterrupta,
III – por qualquer modo eficaz de telecomunicação, com as funcionando o Tribunal, nos dias em que não houver
cautelas necessárias à autenticação da mensagem e de seu expediente normal, em regime de plantão permanente.
recebimento. § 1º Os desembargadores federais gozarão de férias
Parágrafo único. Deverá ser usada a mensagem via correio individuais conforme escala semestral, aprovada pelo
eletrônico institucional do Tribunal, entre as suas unidades e presidente.
também entre as secretarias das varas federais, mediante a § 2º As férias não poderão ser gozadas por período inferior
confirmação da autenticidade, da remessa e da entrega, para a 30 dias, salvo imperiosa necessidade do serviço.
transmissão de comunicações, como o julgamento de agravos § 3º O período de recesso do Tribunal compreende os dias
e de recursos e solicitação de informações. 20 de dezembro a 6 de janeiro.
§ 4º Além dos fixados em lei, serão feriados no Tribunal:
Art. 176. Da publicação do expediente de cada processo I – os dias da Semana Santa compreendidos entre a quarta-
constará, além do nome das partes, sem abreviaturas, o de seu feira e o Domingo de Páscoa;
advogado constante na procuração, o número de inscrição na II – segunda e terça-feira de Carnaval;
Ordem dos Advogados do Brasil ou, apenas, da sociedade de III – os dias 11 de agosto, 1º e 2 de novembro e 8 de
advogados registrada naquela instituição, se requerido. Nos dezembro.
recursos figurarão os nomes dos advogados constantes da § 5º Os feriados nos municípios sedes de seção e subseção
autuação anterior. judiciárias que não constem no § 4º poderão suspender as
§ 1º Quando o advogado, constituído perante o Tribunal, atividades judicantes, desde que requerido pelos diretores de
requerer que figure também seu nome ou apenas o nome da foro com antecedência mínima de 30 dias, instruindo-se o
sociedade de advogados registrada na Ordem dos Advogados pedido com a planilha de compensação dos dias não
do Brasil a que pertence, a secretaria adotará as medidas trabalhados, para a apreciação do Conselho de Administração.
necessárias ao atendimento do pedido.
§ 2º É suficiente a indicação do nome de um dos advogados Art. 180. Suspendem-se as atividades judicantes do
quando a parte houver constituído mais de um ou o Tribunal durante o recesso e nos dias em que o Tribunal o
constituído substabelecer a outro com reserva de poderes. determinar.
§ 3º Sendo o processo sigiloso, nele constarão as iniciais § 1º O plantão no Tribunal será exercido pelo presidente,
dos nomes das partes bem como os nomes de seus advogados, pelo vice-presidente e pelo corregedor regional, em sistema de
número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil ou, rodízio, de 15 em 15 dias, cabendo ao plantonista, durante esse
apenas, da sociedade de advogados registrada naquela período, decidir pedidos de liminar em mandado de segurança
instituição, se requerido. e habeas corpus, determinar liberdade provisória ou sustação
§ 4º A retificação de publicação no Diário Eletrônico da de ordem de prisão e examinar outras medidas que reclamem
Justiça Federal da 1ª Região, com efeito de intimação, urgência.
decorrente de incorreções ou omissões, será providenciada § 2º O plantão, nos dias úteis, é das 19 horas às oito horas
pela secretaria ex officio ou mediante despacho do presidente do dia seguinte.
ou do relator, conforme dispuser ato normativo da Presidência § 3º Os desembargadores federais indicarão seu endereço
do Tribunal. para eventual convocação, durante as férias, para atuação em
sessão extraordinária, em face de questão peculiar.
Art. 177. Os editais destinados à divulgação do ato poderão § 4º Os desembargadores federais que cumprirem plantão
conter, apenas, o essencial ao preparo da defesa ou resposta. durante o recesso previsto no art. 62, I, da Lei 5.010/1966
Parágrafo único. A publicação do edital será feita no sítio terão direito a compensar os dias trabalhados, na mesma
do TRF 1ª Região e no Diário Eletrônico da Justiça Federal da proporção.
1ª Região, pelo prazo que for marcado, entre 20 e 60 dias, § 5º A compensação dar-se-á obrigatoriamente no
fluindo da única ou da primeira publicação, e será certificada exercício seguinte, juntamente com um dos períodos de férias,
nos autos. a critério do desembargador federal, salvo no caso dos

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dirigentes do Tribunal, que poderão compensar no exercício § 1º O servidor anotará, no termo de conclusão, a data em
seguinte ao término do mandato. que está encaminhando os autos ao gabinete do
desembargador federal, sob pena de responsabilidade
Seção III funcional.
Dos prazos § 2º O termo de conclusão é dispensável no processo
digital, tendo em vista a remessa constante no sistema
Art. 181. Os prazos, no Tribunal, correrão da publicação do processual.
ato ou do aviso no Diário Eletrônico da Justiça Federal da 1ª Seção IV
Região, se de outro modo não dispuser a legislação processual, Das pautas de julgamento
mas as decisões ou os despachos designativos de prazos
poderão determinar que corram da intimação pessoal ou da Art. 189. As pautas do Plenário, da Corte Especial, das
ciência por outro meio eficaz. seções e das turmas serão organizadas pelos secretários com
§ 1º A contagem dos prazos obedecerá ao que dispuser a aprovação dos respectivos presidentes.
lei processual.
§ 2º As citações obedecerão ao disposto na lei processual. Art. 190. Na organização das pautas, observar-se-á, tanto
quanto possível, a proporção numérica entre os processos em
Art. 182. Não correm os prazos: que o desembargador federal funcione como relator e aqueles
I – no período de recesso (art. 179, § 3º), salvo em relação em que funcione como revisor.
às causas previstas em lei;
II – quando houver motivo de força maior, obstáculo Art. 191. A publicação da pauta de julgamento, que poderá
judicial ou criado pela parte reconhecidos pelo Tribunal; vir a ser aditada, antecederá em cinco dias úteis, pelo menos, a
III – no período de 7 a 20 de janeiro, no qual não se poderá sessão em que os processos serão julgados, incluindo-se em
realizar audiências e sessões, devendo funcionar nova pauta os processos não julgados na data indicada ou na
internamente o Tribunal para cumprimento das demais sessão seguinte.
atribuições; § 1º A pauta de julgamentos será afixada em lugar acessível
IV – nas demais hipóteses previstas na legislação do Tribunal e divulgada em sua página eletrônica.
processual. § 2º Sempre que, ao final da sessão, restarem, em pauta ou
§ 1º Nos casos deste artigo, os prazos começam ou em mesa, mais de 20 feitos sem julgamento, o presidente fará
continuam a fluir no dia de reabertura do expediente ou da realizar uma ou mais sessões extraordinárias destinadas ao
intimação da decisão que determinar sua devolução. julgamento desses processos, ou suspenderá a sessão para
§ 2º As informações oficiais apresentadas fora do prazo, continuar no dia seguinte.
por justo motivo, poderão ser admitidas se ainda oportuna sua
apreciação. Art. 192. Independem de pauta:
I – o julgamento de habeas corpus, recursos em habeas
Art. 183. O relator poderá admitir prorrogação de prazo corpus, habeas data, conflitos de competência e exceções de
por tempo razoável, salvo nas hipóteses de prazo peremptório. impedimento e de suspeição; II – as questões de ordem sobre
Parágrafo único. Ao juiz é vedado reduzir prazos o processamento de feitos.
peremptórios sem anuência das partes. § 1º A apresentação dos feitos em mesa, relativamente aos
julgados que independem de pauta, será precedida, sempre
Art. 184. Os prazos para diligências serão fixados nos atos que possível, de distribuição de cópia dos respectivos
que as ordena rem, salvo disposição em contrário deste relatórios aos demais desembargadores federais que integram
Regimento. o órgão do Tribunal competente para o julgamento.
§ 2º Havendo expressa concordância das partes, poderá
Art. 185. Os prazos para editais são os fixados nas leis ser dispensada a pauta.
aplicáveis. § 3º O impetrante pode requerer ser cientificado da data
do julgamento do habeas corpus, o que se dará por qualquer
Art. 186. Os prazos não especificados na lei processual ou via.
neste Regimento serão fixados pelo Plenário, pelo presidente § 4º A coordenadoria do órgão fará anotação na capa dos
do Tribunal, pela Corte Especial, pelas seções, pelas turmas ou autos do habeas corpus do pedido de sustentação oral pelo
por seus presidentes ou pelo relator, conforme o caso. impetrante. Art. 193. As atas serão submetidas a aprovação na
Parágrafo único. Computar-se-ão em dobro os prazos para sessão seguinte.
manifestação nos autos, quando a parte for a Fazenda Pública,
o Ministério Público Federal ou a Defensoria Pública, salvo Seção V
previsão expressa na lei de prazo próprio. Das audiências

Art. 187. Os prazos para os desembargadores federais, Art. 194. Serão públicas as audiências:
salvo acúmulo de serviço e se de outra forma não dispuser este I – de distribuição dos feitos;
Regimento, são os seguintes: II – de instrução do processo, salvo motivo relevante, nos
I – dez dias para atos administrativos e cinco dias para os casos permitidos pela Constituição Federal e pela lei.
despachos;
II – 20 dias para o revisor incluir o feito em pauta; Art. 195. O desembargador federal que presidir a audiência
III – 30 dias para o relator encaminhar o feito ao revisor, se deliberará sobre o que lhe for requerido, inclusive o pedido de
for o caso. assistência judiciária, ressalvada a competência do Plenário,
Parágrafo único. Excluídos os processos de natureza penal, da Corte Especial, da seção, da turma e dos demais
havendo motivo justificado, pode o desembargador federal desembargadores federais.
exceder por igual tempo os prazos acima fixados. § 1º Respeitada a prerrogativa dos advogados e dos
membros do Ministério Público Federal, nenhum dos
Art. 188. Salvo disposição em contrário, os servidores do presentes se dirigirá ao presidente da audiência sem sua
Tribunal terão o prazo de 48 horas para praticar os atos licença.
processuais.

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APOSTILAS OPÇÃO

§ 2º O secretário da audiência fará constar em ata o que § 1º Prevalecerão as notas taquigráficas se seu teor não
nela ocorrer. coincidir com o do acórdão.
§ 2º As inexatidões materiais e os erros de escrita ou
Seção VI cálculo contidos na decisão poderão ser corrigidos por
Da assistência judiciária despacho do relator ou por meio de embargos de declaração,
quando cabíveis.
Art. 196. O requerimento dos benefícios da assistência § 3º As notas taquigráficas serão, imediatamente,
judiciária no Tribunal será apresentado ao presidente ou ao encaminhadas, via correio eletrônico, ao gabinete do
relator, conforme o estado da causa, na forma da lei. desembargador federal, que as devolverá em cinco dias,
também via correio eletrônico, até que seja disponibilizada
Art. 197. O pedido de assistência judiciária será decidido outra forma de envio on-line.
de acordo com a legislação em vigor, sem prejuízo da § 4º Decorridos cinco dias do recebimento das notas
nomeação, quando couber, de curador ou defensor dativo. taquigráficas no gabinete, os autos serão, imediatamente,
Parágrafo único. Prevalecerá, no Tribunal, a assistência conclusos ao desembargador federal, que lavrará o acórdão.
judiciária já concedida em outra instância. § 5º Não havendo revisão das notas taquigráficas em cinco
dias, contados de sua disponibilização, prevalecerá o
Art. 198. Nos crimes de ação privada, o presidente ou o apanhamento taquigráfico.
relator, a requerimento do necessitado, nomeará advogado
para promover a ação penal, quando de competência Art. 205. Também se juntará aos autos, como parte
originária do Tribunal, ou para prosseguir no processo, integrante do acórdão, a certidão do julgamento, que conterá:
quando em grau de recurso. I – a decisão proclamada pelo presidente;
II – os nomes do presidente do órgão julgador, do relator
Seção VII ou, quando vencido, do que for designado para lavrar o
Das decisões e notas taquigráficas acórdão, dos demais desembargadores federais que tiverem
participado do julgamento e do representante do Ministério
Art. 199. As conclusões do Plenário, da Corte Especial, da Público Federal, quando presente;
seção e da turma, em suas decisões, constarão de acórdão, no III – os nomes dos desembargadores federais impedidos e
qual o relator poderá se reportar às notas taquigráficas do ausentes; IV – os nomes dos advogados que tiverem feito
julgamento, de que farão parte. sustentação oral.
§ 1º Dispensam acórdão as decisões sobre:
I – a remessa do feito à Corte Especial ou à seção em razão Art. 206. Não publicado o acórdão no prazo de 30 dias,
da relevância da questão jurídica ou da necessidade de se contado da data da sessão de julgamento, as notas
prevenir divergência entre as turmas; taquigráficas o substituirão independentemente de revisão,
II – a remessa do feito à Corte Especial ou à seção caso em que o presidente do Tribunal lavrará o acórdão e
respectiva, para o fim de ser compendiada em súmula a mandará publicá-lo, observado o disposto neste Regimento e
jurisprudência do Tribunal ou para sua revisão; na norma processual, admitida a delegação de competência
III – a conversão do julgamento em diligência; IV – o aos presidentes dos órgãos fracionários.
recebimento da denúncia. Parágrafo único. Quando se tratar de ementas repetidas,
§ 2º Além das hipóteses previstas no § 1º, haverá dispensa basta a publicação de uma delas, seguindo-se a relação dos
de acórdão quando o órgão julgador o determinar. demais processos com igual resultado, com a devida
identificação das partes e de seus advogados e número de
Art. 200. Nas decisões administrativas, será lavrado inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil.
acórdão, salvo se o órgão julgador o dispensar.
Seção VIII
Art. 201. Subscreve o acórdão o relator que o lavrou. Se o Dos dados estatísticos
relator for vencido, ficará designado o revisor para redigir o
acórdão. Se não houver revisor ou se este também tiver sido Art. 207. Serão disponibilizados, mensalmente, até o
vencido, será designado para redigir o acórdão o décimo dia do mês seguinte, no sítio do Tribunal, os dados
desembargador federal que, por primeiro, fora o vencedor. estatísticos sobre os trabalhos da Corte Especial, seção e turma
Parágrafo único. Se o relator, por ausência, aposentadoria, relativos ao mês anterior, entre os quais: o número de votos
afastamento definitivo do Tribunal ou outro motivo relevante, que cada um de seus membros, nominalmente indicado,
não puder lavrar o acórdão, ou por morte do relator, fá-lo-á o proferiu como relator ou revisor, o dos feitos que lhe foram
revisor ou o desembargador federal que se lhe seguir na distribuídos no mesmo período e o dos processos que recebeu
ordem de antiguidade. em consequência de pedido de vista ou como revisor.
§ 1º A estatística mensal será encerrada no dia cinco do
Art. 202. O voto vencido será necessariamente declarado e mês subsequente, e quaisquer inserções, alterações ou
considerado parte integrante do acórdão para todos os fins exclusões posteriores de registros retroativos de
legais, inclusive de prequestionamento. movimentação processual serão realizadas exclusivamente
pelo diretor da coordenadoria de turma.
Art. 203. A publicação do acórdão, por suas conclusões e § 2º As retificações efetuadas após o fechamento da
sua ementa, far-se-á, para efeito de intimação às partes, no estatística no dia cinco de cada mês não gerarão efeitos
Diário Eletrônico da Justiça Federal da 1ª Região, salvo nos estatísticos retroativos.
casos nos quais a intimação deve ser pessoal, na forma da Título II
legislação processual. Das provas
Parágrafo único. As partes serão intimadas das decisões Capítulo I
em que se tiver dispensado o acórdão pela publicação da ata Dos documentos e das informações
da sessão de julgamento. Art. 204. Em cada julgamento, as
notas taquigráficas, se for o caso (art. 47, § 6º), registrarão a Art. 208. A proposição, a admissão e a produção de provas
discussão, os votos fundamentados, bem como as perguntas no Tribunal obedecerão às leis processuais, observados os
feitas aos advogados e suas respostas. preceitos especiais deste Título.

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APOSTILAS OPÇÃO

Art. 209. Se a parte não puder instruir, desde logo, suas Plenário, pela Corte Especial, pela seção, pela turma ou pelo
alegações, por impedimento ou demora em obter certidões ou relator.
cópias autenticadas de notas ou registros em estabelecimentos
públicos, o relator conceder-lhe-á prazo para esse fim ou fará Art. 216. O Tribunal manterá cadastro de profissionais
a requisição diretamente a essas repartições. habilitados e órgãos técnicos ou científicos na Região, por
§ 1º O relator requisitará às repartições públicas as localidade, para a atribuição processual de auxiliar do juízo na
certidões necessárias à prova das alegações das partes e, realização de provas técnicas ou científicas, bem como
quando for interessada entidade da Administração Pública, os promoverá avaliações e reavaliações permanentes para
procedimentos administrativos, podendo estes e aquelas ser manutenção e atualização do cadastro, nos termos do art. 156
encaminhados por meio eletrônico, na forma da legislação. do Código de Processo Civil.
§ 2º Sendo encaminhados autos de processo ou de § 1º As seções e subseções judiciárias alimentarão o
procedimento administrativo, proceder-se-á à extração de sistema com inscrições, atualizações e exclusões de
certidões ou reproduções fotográficas das peças indicadas profissionais e órgãos técnicos ou científicos, mantendo em
pelo relator e pelas partes no prazo máximo de um mês, registro próprio a documentação respectiva.
devolvendo-se o processo ou o procedimento à repartição de § 2º Cada secretaria de vara manterá lista de peritos
origem em seguida. habilitados, os quais deverão ser nomeados de modo
equitativo para a realização de prova técnica, devendo, ainda,
Art. 210. Nos recursos interpostos na instância inferior, disponibilizar, para consulta de interessados, lista de
não se admitirá juntada de documentos, desde que recebidos documentos exigidos para habilitação.
nos autos no Tribunal, exceto nas hipóteses do art. 209 e nas
seguintes: Capítulo III
I – comprovação de textos legais ou de precedentes Dos depoimentos
judiciais;
II – prova de fatos supervenientes, inclusive decisões em Art. 217. Os depoimentos poderão ser taquigrafados ou
processos conexos que afetem ou prejudiquem os direitos gravados e, depois de traduzidos ou copiados, serão assinados
postulados; pelo relator, pelo depoente, pelo Ministério Público Federal e
III – cumprimento do despacho fundamentado do relator, pelos advogados.
de determinação do Plenário, da Corte Especial, da seção ou da § 1º Os depoimentos poderão ser colhidos por
turma; videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão
IV – documentos formados após a inicial ou a contestação de sons e imagens em tempo real, o que poderá ocorrer,
ou que se tornaram conhecidos, acessíveis ou disponíveis após inclusive, durante audiência de instrução e julgamento, na
esses atos, desde que comprovado o motivo da postergação da forma da legislação processual.
juntada. § 2º Aplica-se o disposto neste artigo ao interrogatório do
§ 1º A regra e as exceções deste artigo aplicam-se também réu e à oitiva de testemunhas no que couber, observada a
aos recursos interpostos no Tribunal. legislação processual penal.
§ 2º Após o julgamento, serão devolvidos às partes os
documentos que estiverem juntados “por linha”, salvo Título III
deliberação de serem anexados aos autos. Art. 211. Em caso de Da competência originária
impugnação, as partes deverão provar a fidelidade de Capítulo I
transcrição de textos de leis e demais atos do Poder Público, Do habeas corpus
bem como a vigência e o teor de normas pertinentes à causa,
quando emanarem de estado estrangeiro, de organismo Art. 218. Os habeas corpus serão processados e julgados
internacional ou, no Brasil, de estados e municípios. pelas turmas especializadas em matéria penal.

Art. 212. A parte será intimada, por publicação no Diário Art. 219. O relator requisitará informações do apontado
Eletrônico da Justiça Federal da 1ª Região ou, se o relator o coator no prazo que fixar, podendo, ainda:
determinar, pela forma indicada no art. 175, para manifestar- I – sendo relevante a matéria, nomear advogado para
se sobre documento juntado pela parte contrária após sua acompanhar e defender oralmente o pedido, se o impetrante
última intervenção no processo. não for bacharel em direito;
Parágrafo único. Para a parte à qual a legislação processual II – ordenar diligências necessárias à instrução do pedido;
determina a intimação pessoal, somente se adotará a hipótese III – se convier ouvir o paciente, determinar sua
de comunicação compatível com essa prerrogativa processual. apresentação à sessão de julgamento;
IV – no habeas corpus preventivo, expedir salvo-conduto
Art. 213. Os desembargadores federais poderão solicitar em favor do paciente até a decisão do feito, se houver grave
esclarecimentos ao advogado, durante julgamento, sobre risco de consumar-se a violência.
peças dos autos e sobre as citações que tiver feito de textos Parágrafo único. Não sendo fixado pelo relator prazo para
legais, de precedentes judiciais e de trabalhos doutrinários. a apresentação das informações, deverão elas ser prestadas,
no máximo, em 48 horas.
Capítulo II
Da apresentação de pessoas e outras diligências Art. 220. Instruído o processo e ouvido o Ministério
Público Federal em dois dias, o relator colocará o feito em
Art. 214. Quando, em qualquer processo, for necessária a mesa na primeira sessão, para julgamento com prioridade.
apresentação da parte ou de terceiro que não tiver atendido à § 1º Não ocorrendo a apresentação em mesa na sessão
notificação, o Plenário, a Corte Especial, a seção, a turma ou o indicada no caput, o impetrante poderá requerer que seja
relator poderão expedir ordem de condução do recalcitrante. cientificado pelo gabinete, por qualquer meio, da data do
julgamento.
Art. 215. Observar-se-ão as formalidades da lei na § 2º Opondo-se o paciente à impetração, dela não se
realização de exames periciais, arbitramentos, buscas e conhecerá.
apreensões, na exibição e conferência de documentos e em
quaisquer outras diligências determinadas ou deferidas pelo Art. 221. A turma poderá, de ofício:

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I – se convier ouvir o paciente, determinar sua acompanhada de tantas vias quantas forem as autoridades
apresentação à sessão de julgamento; apontadas como coatoras, indicadas com precisão, devendo,
II – expedir ordem de habeas corpus, quando, no curso de ainda, preencher os demais requisitos legais.
qualquer processo, verificar que alguém sofre ou está na § 1º A segunda e, se for o caso, as demais vias da inicial
iminência de sofrer coação ilegal. deverão estar instruídas com cópias de todos os documentos,
autenticadas pelo requerente e conferidas pela Secretaria do
Art. 222. A decisão concessiva de habeas corpus será Tribunal.
imediatamente comunicada às autoridades a quem couber § 2º Havendo litisconsortes passivos, a petição inicial e os
cumpri-la, sem prejuízo da remessa de cópia do acórdão. documentos serão apresentados com as vias necessárias para
§ 1º A comunicação, mediante ofício, telegrama ou outro a respectiva citação.
meio mais expedito, bem como o salvo-conduto, em caso de § 3º Se o requerente comprovar que o documento
ameaça de violência ou coação, serão firmados pelo presidente necessário à prova de suas alegações se acha em repartição ou
do órgão julgador que tiver concedido a ordem. estabelecimento público, em poder de autoridade que lhe
§ 2º Na hipótese de anulação do processo, deve o juiz recuse certidão, o relator requisitará, preliminarmente, a
aguardar o recebimento da cópia do acórdão para o efeito de exibição do documento, em original ou cópia autenticada, no
renovação dos atos processuais. prazo de dez dias. Se a autoridade indicada pelo requerente for
a coatora, a requisição far- se-á no próprio instrumento da
Art. 223. Ordenada a soltura do paciente em virtude de notificação.
habeas corpus, a autoridade que, por má-fé ou evidente abuso § 4º Nos casos do § 3º, a Secretaria do Tribunal mandará
de poder, tiver determinado a coação será condenada às extrair tantas cópias do documento quantas se tornarem
custas, remetendo-se ao Ministério Público Federal traslado necessárias à instrução do processo.
das peças necessárias à propositura da ação penal.
Art. 231. O relator poderá denegar a segurança, desde logo,
Art. 224. O carcereiro ou o diretor da prisão, o escrivão, o se for evidente a incompetência do Tribunal, manifestamente
oficial de justiça ou a autoridade judiciária, policial ou militar incabível a segurança, se a petição inicial não atender os
que embaraçar ou procrastinar o encaminhamento do pedido requisitos legais ou for excedido o prazo de cento e vinte dias,
de habeas corpus ou as informações sobre a causa da violência, estabelecido no art. 23 da Lei 12.016/2009.
coação ou ameaça será multado na forma da legislação Parágrafo único. A parte que se considerar prejudicada
processual vigente, sem prejuízo de outras sanções penais ou pela decisão do relator poderá interpor agravo interno.
administrativas.
Art. 232. Ao despachar a inicial, o relator ordenará:
Art. 225. Havendo desobediência ou retardamento abusivo I – que se notifique a autoridade apontada como coatora,
no cumprimento da ordem de habeas corpus pelo detentor ou remetendo-lhe via da petição, instruída com as cópias dos
carcereiro, o presidente da turma expedirá mandado contra o documentos, requisitando informações, no prazo de dez dias;
desobediente e oficiará ao Ministério Público Federal para que II – que se dê ciência do feito ao órgão de representação
promova a ação penal. judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-se lhe cópia
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, a turma, por seu da inicial, fornecida pelo impetrante, sem documentos, para
presidente, tomará as providências necessárias ao que, querendo, ingresse no feito.
cumprimento da decisão com emprego dos meios legais § 1º O relator poderá liminarmente ordenar que se
cabíveis e determinará, se necessária, a apresentação do suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando for
paciente ao relator ou a juiz federal no local por ele designado. relevante seu fundamento e dele puder resultar ineficácia da
medida, caso seja a final deferida.
Art. 226. As fianças que se tiverem de prestar no Tribunal § 2º Se a inicial indicar litisconsorte, sua citação far-se-á
em virtude de habeas corpus serão processadas e julgadas pelo por oficial de justiça ou mediante ofício, que lhe será remetido
relator, salvo se este delegar essa atribuição a outro pelo correio, por meio de carta registrada com aviso de
magistrado. recebimento, para ser juntado aos autos.
§ 3º A Secretaria do Tribunal juntará aos autos cópia
Art. 227. Se, pendente o processo de habeas corpus, cessar autenticada do ofício e prova do recebimento pelo
a violência ou a coação, poderá o relator julgar prejudicado o destinatário, como também cópia do mandado, quando a
pedido ou apresentá-lo à turma para declaração da ilegalidade citação for feita por oficial de justiça.
do ato e tomada das providências cabíveis para punição do § 4º O prazo para manifestação do litisconsorte é de dez
responsável. dias.
§ 5º A inicial será, desde logo, indeferida, quando não for
Art. 228. Quando o pedido for manifestamente incabível, caso de mandado de segurança ou quando decorrido o prazo
constituir reiteração de outro com os mesmos fundamentos ou de 120 dias para sua impetração. Desta decisão caberá agravo
for manifesta a incompetência do Tribunal para dele tomar interno.
conhecimento originariamente, o relator indeferi-lo-á
liminarmente ou encaminhá-lo-á ao juízo competente. Art. 233. Transcorrido o prazo do pedido de informações
Parágrafo único. Da decisão de indeferimento caberá ou, se for o caso, de manifestação do litisconsorte, os autos
agravo interno, na forma deste Regimento. serão encaminhados ao Ministério Público Federal, que
emitirá parecer no prazo de dez dias.
Capítulo II Parágrafo único. Devolvidos os autos, com ou sem parecer,
Do mandado de segurança o relator determinará a inclusão do feito em pauta para
julgamento ou, quando a matéria for objeto de jurisprudência
Art. 229. Os mandados de segurança de competência consolidada do Tribunal, julgará o pedido.
originária do Tribunal serão processados e julgados pela Corte
Especial ou pelas seções de acordo com o disposto nos arts. 10 Art. 234. Os processos de mandado de segurança terão
e 12. prioridade sobre os demais, salvo os de habeas corpus.
Art. 230. O mandado de segurança de competência § 1º O acórdão denegará o mandado de segurança, ainda
originária do Tribunal terá seu processo iniciado por petição, que não decida o mérito.

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§ 2º Não cabe no mandado de segurança a condenação em da hipótese, para resolver, em caráter provisório, as medidas
honorários advocatícios. urgentes.

Capítulo III Art. 245. O conflito de competência que for remetido ao


Do habeas data e do mandado de injunção Tribunal será autuado, distribuído e concluso ao relator, que
ordenará as medidas processuais cabíveis.
Art. 235. O habeas data e o mandado de injunção de § 1º Tomado o parecer do Ministério Público Federal no
competência originária do Tribunal serão processados e prazo de cinco dias, o relator apresentará o feito em mesa, para
julgados pela Corte Especial e pelas seções. julgamento, na primeira sessão seguinte.
§ 2º Da decisão será dada ciência, antes mesmo da
Art. 236. O habeas data e o mandado de injunção serão lavratura do acórdão, por telegrama ou outro meio mais
processados segundo as normas estabelecidas para o expedito, aos magistrados envolvidos no conflito.
mandado de segurança.
Art. 246. Havendo súmula do Supremo Tribunal Federal,
Art. 237. O habeas data e o mandado de injunção terão do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio Tribunal sobre
prioridade sobre os demais processos, salvo os de habeas a questão suscitada, o relator poderá decidir de plano o
corpus e mandado de segurança. conflito de competência, cabendo agravo interno para o órgão
recursal competente.
Capítulo IV
Da ação rescisória Art. 247. Tratando-se de conflito entre as seções, feita a
distribuição, conclusos os autos, proceder-se-á, no que couber,
Art. 238. A ação rescisória terá início por petição escrita, conforme estabelecido neste capítulo.
acompanhada de tantas cópias quantos forem os réus. Parágrafo único. A decisão da Corte Especial em conflitos
de competência, na mesma matéria, é vinculativa para ela e
Art. 239. Distribuída a inicial, preenchendo esta os para os demais órgãos do Tribunal.
requisitos legais, o relator mandará citar o réu, assinando-lhe
prazo nunca inferior a 15 dias nem superior a 30, para Capítulo VI
responder aos termos da ação. Da ação penal originária
§ 1º O relator poderá indeferir a petição inicial quando não Seção I
atendidos os requisitos legais, quando não efetuado o depósito Das disposições gera
exigido pela lei ou quando consumado o prazo decadencial.
§ 2º A parte que se considerar prejudicada pela decisão do Art. 248. A denúncia, nos crimes de ação pública e nos
relator poderá interpor agravo interno. crimes de responsabilidade, a queixa, nos de ação privada, bem
como a representação, quando esta for indispensável ao
Art. 240. Contestada a ação ou transcorrido o prazo, o exercício da denúncia, obedecerão ao disposto nas leis
relator fará o saneamento do processo, deliberando sobre as processuais.
provas requeridas. § 1º Distribuído o inquérito, o relator encaminhará os
autos ao procurador regional da República, que poderá
Art. 241. O relator poderá delegar competência ao juízo de oferecer a denúncia ou requerer o arquivamento.
primeira instância do local onde deva ser produzida a prova, § 2º Encerrado o inquérito judicial, apresentada a
fixando prazo para devolução dos autos ou, se for o caso, da denúncia ou a queixa, ou requerido arquivamento, os autos
carta de ordem. serão distribuídos a um relator, não podendo participar da
distribuição o magistrado que presidiu a investigação, ainda
Art. 242. Concluída a instrução, o relator abrirá vista, que não seja mais o corregedor regional.
sucessivamente, ao autor e ao réu pelo prazo de dez dias, para
razões finais. O Ministério Público Federal emitirá parecer, no Art. 249. A notícia-crime e a petição, nos crimes de ação
prazo de dez dias, após o prazo para as razões finais. Em penal pública, e a representação, nos crimes de ação penal
seguida, o relator lançará relatório nos autos, passando-os ao pública condicionada, serão encaminhadas à livre distribuição
revisor, se for o caso, que determinará a inclusão do feito em na Corte Especial, nos casos de sua competência.
pauta para julgamento. § 1° O relator poderá determinar o arquivamento da
Parágrafo único. A Secretaria do Tribunal, ao ser incluído o petição ou da notícia-crime se não vislumbrar indícios
feito em pauta, expedirá cópias autenticadas do relatório e mínimos da ocorrência de autoria ou materialidade de fato
distribui-las-á entre os desembargadores federais que delituoso, dando ciência ao Ministério Público.
compuserem o órgão competente do Tribunal para o § 2° O relator, havendo indícios de ilícito penal, deverá
julgamento. instaurar inquérito judicial, determinando a realização de
diligências e dando ciência ao Ministério Público Federal, que
Art. 243. A escolha do relator recairá, sempre que possível, poderá requerer medidas investigativas.
em desembargador federal que não haja participado do § 3° O relator deverá comunicar ao corregedor regional a
julgamento rescindendo. instauração de inquérito judicial para apurar conduta criminal
de juiz federal ou juiz federal substituto.
Capítulo V § 4° As medidas investigativas submetidas à reserva de
Dos conflitos de competência e de atribuições jurisdição poderão ser determinadas de ofício pelo relator ou
a requerimento do Ministério Público Federal, salvo prisão
Art. 244. Ocorrerá conflito de jurisdição ou de competência cautelar e afastamento das funções jurisdicionais, que deverão
entre os órgãos judicantes do Tribunal nos casos previstos nas ser submetidas ao colegiado da Corte Especial.
leis processuais e conflito de atribuições entre autoridade § 5° Encerradas as diligências, o relator encaminhará os
judiciária e administrativa. autos do inquérito judicial ao Ministério Público Federal, que
Parágrafo único. No caso de conflito negativo, o relator poderá oferecer denúncia ou requerer o arquivamento.
designará o desembargador federal ou juiz federal, a depender

Legislação Específica 26
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§ 6° Fica vedado ao relator do inquérito judicial o exercício V – conceder liberdade provisória;


da relatoria de ação penal cujo objeto seja os fatos apurados VI – determinar medidas cautelares de busca e apreensão
sob sua relatoria. e quebra de sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático.

Seção II Art. 256. Caberá agravo interno para a Corte Especial ou


Do inquérito policial para a seção (art. 8º, § 2º, IV, “a”), sem efeito suspensivo e na
forma do Regimento, da decisão do relator que:
Art. 250. Distribuído o inquérito policial, de competência I – conceder, arbitrar ou denegar fiança;
da 2ª Seção, nos casos em que o investigado tenha prerrogativa II– decretar a prisão temporária ou preventiva;
de foro nesta Corte, o relator encaminhará os autos ao III – recusar produção de prova ou realização de diligência;
Ministério Público Federal, que poderá oferecer a denúncia, IV – determinar medidas cautelares de busca e apreensão
requerer novas diligências ou solicitar o arquivamento dos e quebra de sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático;
autos. V – decretar a extinção da punibilidade nos casos previstos
§ 1° O inquérito policial, de competência da 2ª Seção em lei.
tramitará em conformidade com as leis processuais penais.
§ 2° É da competência do relator o deferimento das Art. 257. Apresentada a denúncia ou a queixa, instruída
medidas investigativas submetidas à reserva de jurisdição com inquérito, peças informativas ou representação, o relator
determinadas no curso do inquérito. mandará notificar o acusado para oferecer resposta, no prazo
de 15 dias.
Seção III § 1º Com a notificação, serão entregues ao acusado cópias
Da ação penal originária da denúncia ou da queixa, do despacho do relator e dos
documentos por este indicados.
Art. 251. O processamento da denúncia, nos delitos de ação § 2º Oferecida resposta, deverão constar da autuação e ser
penal pública e nos crimes de responsabilidade, e o registrados no sistema o nome do denunciado e do respectivo
processamento da queixa, nos delitos de ação penal privada, defensor nomeado. Em caso de sigilo, constarão as iniciais do
obedecerão ao disposto nas leis processuais penais. nome do denunciado.
§ 1° O relator a quem tenha sido distribuído o inquérito § 3º Desconhecido o paradeiro do acusado ou se este criar
policial ficará prevento para a correspondente ação penal. dificuldades ao cumprimento da diligência, proceder-se-á a
§ 2° O relator a quem tenha sido distribuído o inquérito sua notificação por edital com prazo de cinco dias para que
judicial poderá participar do julgamento colegiado, ficando- compareça ao Tribunal em cinco dias, onde terá vista dos autos
lhe vedado apenas o exercício da relatoria da ação penal, nos pelo prazo de 15 dias, para apresentar a resposta prevista
termos do art. 249, § 6°. neste artigo.
§ 3° É da competência do relator o deferimento das § 4º Findo o prazo do § 3º e não apresentada a defesa, o
medidas investigativas submetidas à reserva de jurisdição relator encaminhará os autos à Defensoria Pública. Se a
determinadas no curso da ação penal. Defensoria Pública não apresentar a defesa, o relator nomeará
Art. 252. O prazo para oferecimento da denúncia será de defensor, que, em nome do acusado, apresentará resposta
cinco dias, estando o réu preso, e de 15 dias, se o réu estiver escrita.
solto, contados da data em que o Ministério Público Federal
receber os autos do inquérito, as peças de informações ou a Art. 258. Se, com a resposta, forem apresentados novos
representação. documentos, será intimada a acusação para sobre eles se
§ 1º Diligências complementares poderão ser deferidas manifestar, no prazo de cinco dias.
pelo relator, a pedido do Ministério Público Federal, com Parágrafo único. Tratando-se de ação penal privada, será
interrupção do prazo, se o indiciado estiver solto, e sem ouvido, em igual prazo, o Ministério Público Federal.
interrupção, em caso contrário, salvo se o relator, ao deferi-las,
determinar o relaxamento da prisão. Art. 259. A seguir, o relator, lançando relatório nos autos,
§ 2º Se o indiciado estiver preso e as diligências requeridas cujas cópias serão distribuídas aos demais desembargadores
pelo Ministério Público Federal forem indispensáveis para o federais com antecedência de cinco dias, determinará a
oferecimento da denúncia, o relator poderá determinar o inclusão do feito em pauta para que a Corte Especial ou a seção,
relaxamento da prisão. conforme o caso, delibere sobre o recebimento ou a rejeição da
denúncia ou da queixa ou sobre a improcedência da acusação,
Art. 253. Nos crimes em que não couber ação pública, ao se a decisão não depender de outras provas.
receber os autos do inquérito, o relator determinará que seja § 1º Será facultada sustentação oral, pelo prazo de 15
aguardada a iniciativa do ofendido ou de seu representante minutos, primeiro à acusação, depois à defesa, no julgamento
legal. de que trata este artigo.
§ 2º Encerrados os debates, a Corte Especial ou a seção
Art. 254. O relator será o juiz da instrução, que se realizará passará, com a presença da maioria absoluta de seus membros,
segundo o disposto neste capítulo e na legislação processual a deliberar, por maioria simples, sobre o recebimento ou não
penal. da denúncia, podendo o presidente, se o interesse público o
Parágrafo único. O relator terá as atribuições que a exigir, limitar a presença no recinto às partes e a seus
legislação processual confere aos juízes singulares. advogados ou somente a estes.
§ 3º Da decisão referida no parágrafo anterior não será
Art. 255. Compete ao relator: lavrado acórdão, salvo nas hipóteses de rejeição da denúncia
I – determinar o arquivamento do inquérito ou de peças ou da queixa ou de improcedência da acusação.
informativas, quando o requerer o Ministério Público Federal, § 4º A ação penal ficará vinculada ao desembargador
ou submeter o requerimento à decisão da Corte Especial ou à federal relator, ainda que tenha sido vencido quanto ao não
da seção; recebimento da denúncia ou da queixa.
II – decretar a extinção da punibilidade nos casos previstos Art. 260. Recebida a denúncia ou a queixa, o relator
em lei; mandará citar o acusado ou o querelado e intimar o Ministério
III – conceder, arbitrar ou denegar fiança; Público Federal, bem como o querelante ou o assistente, se for
IV – decretar a prisão temporária ou preventiva;

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o caso, para acompanhar a ação penal, defender-se e produzir presidente, se o interesse público o exigir, limitar a presença
provas. no recinto às partes e a seus advogados ou somente a estes.
Parágrafo único. Se o acusado ou o querelado citado por
edital não comparecer nem constituir advogado, ficarão Art. 267. O julgamento efetuar-se-á em uma ou mais
suspensos o processo e o curso do prazo prescricional nos sessões, a critério da Corte Especial ou da seção.
termos da legislação processual penal (art. 366 do Código de
Processo Penal). Art. 268. Nos casos em que somente se procede mediante
queixa, considerar-se-á perempta a ação penal quando o
Art. 261. O prazo para defesa prévia será de cinco dias. querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a
qualquer ato a que deva estar presente ou deixar de formular
Art. 262. Apresentada ou não a defesa prévia, proceder-se- o pedido de condenação nas alegações finais, na conformidade
á à inquirição das testemunhas, cujo número não excederá a da lei processual.
oito para cada parte, devendo as de acusação ser ouvidas em
primeiro lugar. Capítulo VII
Da revisão criminal
Art. 263. Na instrução, a ser realizada no prazo máximo de
60 dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à Art. 269. A Corte Especial procederá à revisão de suas
inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela decisões criminais; a seção, à de suas próprias, das de turmas
defesa, nesta ordem, bem como aos esclarecimentos dos e dos julgados de primeiro grau.
peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e
coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado, obedecendo- Art. 270. A revisão, que poderá ser requerida a qualquer
se, no que couber, ao procedimento comum do Código de tempo, esteja ou não extinta a pena, terá início por petição
Processo Penal. instruída com a certidão de haver passado em julgado a
Parágrafo único. O relator poderá delegar a realização do decisão condenatória e com as peças necessárias à
interrogatório ou de outro ato da instrução a juiz ou membro comprovação dos fatos arguidos, sendo processada e julgada
de tribunal com competência territorial no local de na forma da lei processual.
cumprimento da carta de ordem ou da carta precatória. Parágrafo único. A revisão pode ser pedida pelo próprio
condenado ou por seu procurador legalmente habilitado; se
Art. 264. Após a realização do interrogatório, as partes falecido, por seu cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
poderão requerer diligência no prazo de cinco dias.
Art. 271. Dirigida ao presidente, será a petição distribuída
Art. 265. Realizadas as diligências ou não sendo essas a um relator, que deverá ser um desembargador federal que
requeridas nem determinadas pelo relator, serão intimadas a não tenha pronunciado decisão em nenhuma fase do processo.
acusação e a defesa para, sucessivamente, apresentar, no § 1º O relator poderá determinar que se apensem os autos
prazo de 15 dias, alegações escritas. originais, se daí não advier dificuldade à execução normal da
§ 1º Será comum o prazo do acusador, do assistente e dos sentença.
corréus. § 2º Não estando suficientemente instruída a petição e
§ 2º Na ação penal privada, o Ministério Público Federal julgando o relator inconveniente ao interesse da Justiça que se
terá vista, por igual prazo, após as alegações das partes. apensem os autos originais, este a indeferirá liminarmente.
§ 3º O relator, após as alegações, poderá determinar de § 3º Da decisão de indeferimento caberá agravo interno.
ofício a realização de provas reputadas imprescindíveis para o § 4º O pedido de revisão será instruído com o inteiro teor,
julgamento da causa. Em seguida, concederá vista às partes, autenticado, da decisão condenatória, com a prova de haver
primeiramente à acusação e depois à defesa, pelo prazo de esta passado em julgado e com os documentos
cinco dias, para se manifestarem sobre as novas provas comprobatórios das alegações em que se fundar, indicadas as
produzidas. provas que deverão ser produzidas.
§ 4º O relator, a seguir, lançará, no prazo de 30 dias,
relatório nos autos e determinará a inclusão do feito em pauta Art. 272. Se a petição não for indeferida liminarmente,
para julgamento. instruído o processo, serão ouvidos o requerente e o
§ 5º Ao designar a sessão de julgamento, o presidente Ministério Público Federal, no prazo de cinco dias.
determinará a intimação das partes. § 1º Em seguida, o relator, no prazo de 30 dias, lançará
§ 6º A secretaria expedirá cópias do relatório e distribuí- relatório nos autos e passá-los-á ao revisor, que, no prazo de
las-á entre os desembargadores federais. 30 dias, determinará a inclusão do feito em pauta para o
julgamento.
Art. 266. Na sessão de julgamento, observar-se-á o § 2º Julgada procedente a revisão, a Corte Especial ou a
seguinte: seção poderão absolver o acusado, alterar a classificação da
I – a Corte Especial ou a seção reunir-se-ão com a presença infração, modificar a pena ou anular o processo.
de, pelo menos, dois terços de seus membros; § 3º A pena imposta pela decisão revista não poderá ser
II – aberta a sessão, serão apregoadas as partes; agravada.
III – o relator apresentará o relatório e, se houver, o § 4º Havendo empate na votação, se o presidente não tiver
aditamento ou a retificação do revisor; tomado parte, proferirá o voto de desempate; caso contrário,
IV – a seguir, será concedida a palavra, sucessivamente, à prevalecerá a decisão mais favorável ao revisionando.
acusação e à defesa, pelo prazo de uma hora para cada parte, § 5º Após o registro do acórdão, a respectiva cópia será
prorrogável por 15 minutos, para sustentação oral, remetida ao juízo de origem e, quando se tratar de réu preso,
assegurado ao assistente o prazo de 15 minutos; ao juízo da execução.
V – na ação penal privada, o procurador regional da
República falará por último, por 30 minutos; Art. 273. Falecendo o revisionando, o presidente da Corte
VI – concluídos os debates, a Corte Especial ou a seção Especial ou da seção nomeará curador para a defesa.
passarão, com a maioria absoluta dos desembargadores
federais presentes, a proferir o julgamento, podendo o

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Art. 274. A Corte Especial ou a seção, se o interessado o Título IV


requerer, poderá reconhecer, na forma da lei, o direito a justa Da competência recursal
indenização pelos prejuízos sofridos. Capítulo I
Dos recursos em matéria cível
Capítulo VIII Seção I
Das cartas Da apelação cível

Art. 275. Recebidas as cartas de ordem, precatória e Art. 283. Distribuída a apelação, se não for caso de negativa
rogatória e preenchendo estas os requisitos legais (arts. 260 e de provimento, de se lhe dar provimento ou de
seguintes do Código de Processo Civil), serão autuadas e inadmissibilidade do recurso, o relator dará vista ao Ministério
distribuídas à Corte Especial, às seções ou às turmas. Público Federal, se cabível, pelo prazo de 30 dias, devendo ser
incluído em pauta de julgamento, após a conclusão para
Art. 276. A distribuição deverá ser feita de acordo com a relatório e voto.
área de especialização do Tribunal, em razão da matéria, Parágrafo único. No caso de inadmissibilidade do recurso,
aplicando-se os critérios adotados para os processos da o relator concederá ao recorrente o prazo de cinco dias para
competência originária dos órgãos fracionários, salvo se da saneamento do vício ou complementação da documentação
competência da Corte Especial. exigível. Art. 284. Caso haja agravo de instrumento, proceder-
se-á na forma do art.
Art. 277. Conclusos os autos da carta precatória ao relator,
este a examinará quanto às formalidades e, se for o caso, Seção II
determinará seu cumprimento. Da apelação em mandado de segurança,
Habeas data e mandado de injunção
Art. 278. Realizado o ato requisitado ou certificada sua
impossibilidade, o relator determinará sua devolução ao Art. 285. Distribuída a apelação, serão os autos
tribunal de origem, observando-se, no que couber, o disposto encaminhados, em 48 horas, ao relator, que, se não for caso de
no art. 262 do Código de Processo Civil. negativa de provimento, de se lhe dar provimento ou de
inadmissibilidade do recurso, dará vista ao Ministério Público
Capítulo IX Federal, pelo prazo de 20 dias, para emitir parecer. Após, os
Da correição parcial autos serão conclusos ao relator, que os incluirá, no prazo de
30 dias, em pauta para julgamento.
Art. 279. Caberá correição parcial contra ato ou despacho Parágrafo único. No caso de inadmissibilidade do recurso,
de juiz de que não caiba recurso, bem como omissão que o relator concederá ao recorrente o prazo de cinco dias para
importe erro de ofício ou abuso de poder. saneamento do vício ou complementação da documentação
§ 1º O pedido de correição parcial, apresentado em duas exigível.
vias e dirigido ao corregedor regional, será requerido pela Art. 286. No processamento e julgamento da apelação em
parte ou pelo Ministério Público Federal, sem prejuízo do mandado de segurança, observar-se-ão, no que couber, as
andamento do processo. normas atinentes à apelação cível.
§ 2º Será de cinco dias o prazo para requerimento de Arts. 287 a 291
correição parcial, contados da data em que a parte ou o
Ministério Público Federal houver tido ciência do ato ou Art. 287. As apelações em habeas data e mandado de
despacho que lhe der causa. injunção serão processadas e julgadas segundo as normas
§ 3º A petição deverá ser instruída com documentos e estabelecidas para a apelação em mandado de segurança.
certidões, inclusive os que comprovem a tempestividade do
pedido. Seção III
Art. 280. Ao receber o pedido de correição parcial, o Da remessa necessária
corregedor regional ordenará sua autuação e a notificação do
magistrado requerido para que preste informações no prazo Art. 288. Serão autuados, sob o título remessa necessária,
de dez dias. os processos que subirem ao Tribunal em cumprimento da
§ 1º O corregedor regional poderá ordenar a suspensão do exigência do duplo grau de jurisdição, na forma da lei
ato ou despacho impugnado até o final do julgamento, se processual, e neles serão indicados o juízo remetente e as
relevantes os fundamentos do pedido ou se de sua execução partes interessadas.
puder decorrer dano irreparável. § 1º Quando houver, simultaneamente, remessa necessária
§ 2º O corregedor regional poderá rejeitar de plano o e apelação voluntária, o processo será autuado como apelação
pedido se inepto, intempestivo ou insuficientemente instruído. cível ou apelação em mandado de segurança, conforme o caso,
§ 3º Decorrido o prazo das informações, o corregedor constando também da autuação a remessa necessária e a
regional, caso julgue necessário, poderá solicitar o parecer do referência ao juízo remetente.
Ministério Público Federal no prazo de cinco dias. § 2º Distribuída a remessa necessária, será aberta vista ao
§ 4º Com ou sem o parecer do Ministério Público Federal, Ministério Público Federal, se for o caso, para seu parecer, no
o processo será levado a julgamento perante a Corte Especial prazo de 20 dias. Após, os autos serão conclusos ao relator, que
Administrativa, na primeira sessão que se seguir. os incluirá, no prazo de 30 dias, em pauta para julgamento.

Art. 281. O julgamento da correição será imediatamente Art. 289. Quando os autos subirem em razão de
comunicado ao juiz, remetendo-se-lhe, posteriormente, cópia deferimento de pedido de avocação, far-se-á a autuação e
da decisão. distribuição como remessa necessária, apensando-se a eles o
expediente que a motivou.
Art. 282. Quando, deferido o pedido, houver implicação de
natureza disciplinar, a Corte Especial Administrativa adotará
as providências cabíveis.

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Seção IV recurso criminal, observando-se o que dispuser a lei


Do agravo de instrumento para o Tribunal processual penal.

Art. 290. O agravo de instrumento será processado e Art. 295. Feita a distribuição, os autos irão imediatamente
julgado na forma estabelecida na legislação processual e neste ao Ministério Público Federal, pelo prazo de cinco dias, e, em
Regimento. seguida, passarão, por igual prazo, ao relator, que determinará
Parágrafo único. Será intimado o procurador da República a inclusão do feito em pauta para o julgamento.
que atuar no primeiro grau, quando o agravado for o Parágrafo único. Ao agravo na execução penal, previsto no
Ministério Público Federal, para, querendo, apresentar art. 197 da Lei 7.210/1984, aplicam-se as disposições do
contraminuta. caput.

Art. 291. Distribuído, incontinente, o agravo de Seção II


instrumento e não sendo o caso de, liminarmente, não Do recurso de habeas corpus
conhecer do recurso ou a ele negar provimento ( incisos XXIV
e XXV do art. 29), o relator : Art. 296. O recurso da decisão que denegar ou conceder
I – poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, habeas corpus deverá ser interposto nos próprios autos em
em antecipa ção de tutela, total ou parcialmente, a pretensão que houver sido lançada a decisão recorrida. O mesmo
recursal, comunicando ao juiz sua decisão; ocorrerá com o recurso de ofício.
II – poderá requisitar informações ao juiz da causa, que as Parágrafo único. O recurso interposto em processo de
prestará no prazo máximo de dez dias; habeas corpus será autuado e distribuído como recurso de
III – mandará intimar o agravado, na mesma oportunidade, habeas corpus.
por carta dirigida a ele, sob registro e com aviso de
recebimento, quando não tiver procurador constituído, ou por Art. 297. O recurso de habeas corpus será apresentado ao
seu advogado, mediante publicação no Diário Eletrônico da Tribunal dentro de cinco dias da publicação da resposta do juiz
Justiça Federal da 1ª Região ou na forma da legislação a quo ou entregue em agência de correio dentro do mesmo
processual para os casos em que se requeira a intimação prazo (art. 591 do Código de Processo Penal).
pessoal, para que responda no prazo de 15 dias, facultando-lhe
juntar a documentação que entender conveniente; Art. 298. No processamento e julgamento do recurso de
IV – mandará ouvir o Ministério Público Federal, se for o habeas corpus, observar-se-á, no que couber, o disposto com
caso, no prazo de 15 dias; relação ao pedido originário de habeas corpus.
V – poderá dar provimento ao recurso, após facultar ao Parágrafo único. Os recursos de habeas corpus, após
recorrido a apresentação de contrarrazões, nos termos da parecer do Minis tério Público Federal, serão julgados na
legislação processual. primeira sessão.
§ 1º No Distrito Federal, nas seções judiciárias e nas
subseções judiciárias cujo expediente forense for divulgado Seção III
em diário oficial, a intimação do agravado, na pessoa de seu Da apelação criminal
advogado, poderá ser feita mediante publicação no órgão
oficial, se não for possível a intimação na forma do inciso III, Art. 299. A apelação criminal será processada e julgada
salvo os casos de intimação pessoal na forma da legislação com observância da lei processual penal.
processual.
§ 2º A decisão liminar proferida no caso do inciso I Art. 300. Tratando-se de apelação interposta de sentença
somente é passível de reforma no momento do julgamento do em processo de contravenção ou de crime a que a lei comine
agravo, salvo se o próprio relator a reconsiderar. pena de detenção, feita a distribuição, será tomado o parecer
§ 3º No caso de não conhecimento do recurso, o relator do Ministério Público Federal em cinco dias. Em seguida, os
concederá o prazo de cinco dias para que o recorrente sane o autos serão conclusos ao relator, que, em igual prazo,
vício ou complemente a documentação, se cabível. determinará a inclusão do feito em pauta para o julgamento.
§ 4º Sendo eletrônicos o processo e o recurso interposto e
havendo integração entre os sistemas da primeira instância e Art. 301. Tratando-se de apelação interposta de sentença
desta Corte, dispensa-se a juntada das peças dos autos proferida em processo por crime a que a lei comine pena de
eletrônicos, podendo a parte juntar outros documentos que reclusão, feita a distribuição, será tomado o parecer do
entenda úteis para a compreensão da controvérsia. Ministério Público Federal em dez dias. Em seguida, serão os
autos conclusos ao relator, que, em igual prazo, lançando o
Art. 292. O agravo de instrumento será incluído em pauta relatório, passá-los-á ao revisor, que, no mesmo prazo,
de julgamento em prazo não superior a um mês da intimação determinará a inclusão do feito em pauta para o julgamento.
do agravado, salvo motivo de força maior. § 1º Havendo empate na decisão, se o presidente tiver
tomado parte na votação, prevalecerá a decisão mais favorável
Art. 293. A apelação não será incluída em pauta antes do ao réu.
agravo de instrumento interposto no mesmo processo. § 2º Não havendo recurso da acusação, a pena não poderá
§ 1º Terá precedência o agravo se ambos os recursos forem ser agravada.
julgados na mesma sessão.
§ 2º Após o trânsito em julgado do acórdão, os autos do Seção IV
agravo serão remetidos à instância de origem para Da carta testemunhável
arquivamento.
Capítulo II Art. 302. Na distribuição, no processo e no julgamento de
Dos recursos em matéria penal carta testemunhável, requerida na forma da lei processual
Seção I penal, observar-se-á o estabelecido para o recurso denegado.
Do recurso em sentido estrito
Art. 303. A Corte Especial, a seção ou a turma a que
Art. 294. Os recursos em sentido estrito (art. 581 do Código competir o julgamento da carta, se desta tomar conhecimento,
de Processo Penal) serão autuados e distribuídos como

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mandará processar o recurso ou, se estiver suficientemente c) indeferir o requerimento de exclusão da decisão de
instruído, decidirá, desde logo, o mérito. sobrestamento do processo, para inadmitir o recurso
§ 1º O processo da carta testemunhável seguirá o rito do extraordinário ou especial, sob o fundamento de
processo do recurso denegado. intempestividade;
§ 2º A carta testemunhável não tem efeito suspensivo. II – relator que conferir ou negar efeito suspensivo, deferir
ou conceder, total ou parcialmente, antecipação da tutela
Título V recursal ou qualquer outra tutela provisória em agravo de
Dos recursos das decisões do Tribunal instrumento; ações cautelares ou pedido de tutela
Capítulo I antencedente;
Dos recursos admissíveis e da competência III – relator do processo ou do acórdão recorrido que
Para seu julgamento decidir o requerimento de exclusão do processo do
sobrestamento, com base nos §§ 7º a 9º do art. 317.
Art. 304. Das decisões da Corte Especial, das seções, das § 2º Da decisão que inadmitir os recursos extraordinário e
turmas ou de seus presidentes e dos relatores são admissíveis especial não cabe o agravo de que trata o caput deste artigo.
os seguintes recursos: § 3º O relator não poderá negar seguimento ao agravo
I – para a Corte Especial: interno, ainda que intempestivo.
a) agravo interno de decisão do presidente do Tribunal e § 4º Nas hipóteses do caput e do § 3º do art. 321, o prazo
dos relatores de processos de competência da Corte Especial, será de cinco dias.
nos casos previstos em lei ou neste Regimento; § 5º O agravo interno não terá efeito suspensivo.
b) embargos de declaração opostos a seus acórdãos; II –
para as seções: Art. 306. O agravo interno será submetido ao prolator da
a) agravo interno de decisão do presidente da seção e dos decisão, que poderá reconsiderá-la ou submetê-la ao
relatores de processos de competência da seção, nos casos julgamento da Corte Especial, da seção ou da turma, conforme
previstos em lei ou neste Regimento; o caso, computando-se também seu voto.
b) embargos de declaração opostos a seus acórdãos; Parágrafo único. Na hipótese de ser mantida a decisão
c) embargos infringentes em matéria criminal; III – para as agravada, o acórdão será lavrado pelo relator do recurso. No
turmas: caso de reforma, pelo desembargador federal que
a) agravo interno de decisão do presidente e dos relatores, primeiramente houver votado pelo provimento ao agravo.
nos processos de competência da turma, nos casos previstos
em lei ou neste Regimento; Seção II
b) embargos de declaração opostos a seus acórdãos; IV – Dos embargos de declaração
para o Superior Tribunal de Justiça:
a) recurso especial, na forma estabelecida na Constituição Art. 307. Cabem embargos de declaração de decisões
Federal, na lei e no Regimento Interno do Superior Tribunal de monocráticas e de acórdãos proferidos pelos órgãos
Justiça; colegiados da Corte, que poderão ser opostos dentro do prazo
b) recurso ordinário das decisões denegatórias de habeas de cinco dias, em petição dirigida ao magistrado prolator da
corpus, na forma prevista na Constituição Federal e no decisão ou ao relator, conforme o caso, em que será indicado o
Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça; ponto obscuro, contraditório ou omisso ou o erro material, nos
c) recurso ordinário das decisões denegatórias de termos dos arts. 1.022 a 1.026 do Código de Processo Civil.
mandado de segurança julgado em única instância; § 1º O prazo será de dois dias quando a decisão embargada
d) agravo das decisões que não admitam recurso especial, for de natureza processual penal.
na forma estabelecida na legislação processual e no Regimento § 2º O embargado será intimado para, querendo,
Interno do Superior Tribunal de Justiça; responder em cinco dias, caso o acolhimento dos embargos
V – para o Supremo Tribunal Federal: implique modificação da decisão embargada.
a) recurso extraordinário, na forma estabelecida na
Constituição Federal, na lei e no Regimento Interno do Art. 308. O relator apresentará os embargos em mesa, para
Supremo Tribunal Federal; julgamento, na primeira sessão subsequente, proferindo voto.
b) agravo das decisões que não admitam recurso § 1º Quando os embargos forem manifestamente
extraordinário, nas forma estabelecida na legislação protelatórios, o órgão julgador, declarando expressamente
processual e no Regimento Interno do Supremo Tribunal que o são, condenará o embargante a pagar ao embargado
Federal. multa não excedente a dois por cento sobre o valor atualizado
da causa.
Capítulo II § 2º Na reiteração de embargos protelatórios, a multa é
Dos recursos para o próprio Tribunal elevada a até dez por cento, ficando condicionada a
Seção I interposição de qualquer outro recurso ao depósito do valor
Do agravo interno respectivo.
§ 3º No caso de decisão monocrática do presidente ou do
Art. 305. A parte que se considerar prejudicada por decisão vice-presidente do Tribunal, do presidente de colegiado ou do
do presidente ou do vice-presidente do Tribunal, dos relator, os embargos de declaração deverão ser julgados pelo
presidentes de seção ou de turma ou de relator poderá respectivo magistrado, em decisão monocrática, no prazo de
interpor agravo interno para que a Corte Especial, a seção ou a cinco dias da conclusão do processo.
turma sobre ela se pronuncie, confirmando-a ou reformando- § 4º Se o órgão julgador entender que os embargos
a. declaratórios foram opostos em substituição do agravo
§ 1º Cabe agravo interno contra decisão do: I – presidente interno, determinará a intimação do agravante para
ou do vice-presidente do Tribunal que: complementar as razões dos embargos, em cinco dias, para
a) negar seguimento a recurso extraordinário e recurso ajustá- las às exigências do agravo.
especial; § 5º Se não forem julgados os embargos de declaração na
b) sobrestar o processo em que interposto recurso primeira sessão, na forma do caput, o recurso será
extraordinário ou especial; automaticamente incluído em pauta de julgamento.

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§ 6º Se o embargado houver interposto outro recurso Art. 314. Ordenada a remessa, por despacho do presidente,
contra a decisão originária antes dos embargos de declaração: o recurso subirá dentro de 48 horas.
I – será ele intimado para complementar ou alterar suas
razões, no prazo de 15 dias, contados da intimação da decisão Subseção II
nos embargos de declaração, se forem acolhidos com Do recurso ordinário em mandado de segurança
modificação do julgado;
II – será o recurso processado e julgado, Art. 315. Caberá recurso ordinário para o Superior
independentemente de ratificação, se os embargos de Tribunal de Justiça (art. 105, II, "b", da Constituição Federal)
declaração forem rejeitados ou se não alterarem a conclusão das decisões do Tribunal denegatórias de mandado de
do julgamento anterior. segurança em única instância.
§ 7º Não serão admitidos novos embargos de declaração se Parágrafo único. O recurso será interposto no prazo de 15
os dois anteriores houverem sido considerados protelatórios. dias, nos próprios autos em que se houver proferido a decisão
Art. 309. Os embargos de declaração interrompem o prazo de que se recorreu, com as razões do pedido de reforma,
para interposição de outros recursos por qualquer das partes. assegurado à contraparte prazo igual para resposta.

Seção III Art. 316. Interposto o recurso, os autos serão remetidos ao


Dos embargos infringentes e de nulidade em matéria tribunal superior, independentemente de juízo de
penal admissibilidade.

Art. 310. Quando não for unânime a decisão desfavorável Seção II


ao réu proferida em apelação criminal e nos recursos criminais Do recurso extraordinário e do recurso especial
em sentido estrito, admitem-se embargos infringentes e de Subseção I
nulidade, que poderão ser interpostos no prazo de dez dias. Se Das disposições gerais
o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à matéria
objeto da divergência. Art. 317. O recurso extraordinário e o recurso especial
serão ia 320nterpostos por petições distintas, dirigidas,
Art. 311. Juntada a petição de recurso, serão os autos conforme o caso, ao presidente ou ao vice-presidente do
conclusos ao relator do acórdão embargado, que o indeferirá Tribunal, nas hipóteses previstas na Constituição Federal, no
se intempestivo, se incabível ou se contrariar, nas questões prazo de 15 dias.
predominantemente de direito, súmula do Tribunal, do § 1º Recebida a petição pela Coordenadoria da Corte
Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal. Especial e das Seções ou pela coordenadoria da turma,
§ 1º Da decisão que não admitir os embargos caberá conforme a hipótese, e aí protocolizada, será intimado o
agravo interno para a seção competente. recorrido, abrindo-se-lhe vista para apresentar contrarrazões,
§ 2º Se os embargos forem admitidos, far-se-á sorteio do pelo prazo de 15 dias, findo o qual será concluso o processo ao
relator, sempre que possível, entre os desembargadores presidente ou ao vice-presidente, que deverá, nos termos da
federais que não tiverem tomado parte no julgamento legislação processual:
anterior. I – negar seguimento:
§ 3º Fica excluído do sorteio o desembargador federal que a) a recurso extraordinário em cuja discussão o Supremo
tiver sido relator do julgamento anterior. Tribunal Federal não tenha reconhecido a existência de
§ 4º Independentemente de conclusão, a Coordenadoria da repercussão geral ou contra acórdão que esteja em
Corte Especial e das Seções dará vista dos autos ao Ministério conformidade com o entendimento do Supremo Tribunal
Público Federal pelo prazo de dez dias. Federal exarado no regime de repercussão geral;
§ 5º Devolvidos os autos, o relator, em dez dias, após o b) a recurso extraordinário ou a recurso especial contra
relatório, encaminhá-los-á ao revisor, que, em igual prazo, acórdão em conformidade com o entendimento do Supremo
determinará a inclusão do feito em pauta para o julgamento. Tribunal Federal ou do Superior
§ 6º Havendo empate de votos no julgamento dos Tribunal de Justiça exarado no regime de julgamento de
embargos infringentes e de nulidade, o presidente, se não tiver recursos repetitivos;
tomado parte na votação, proferirá o voto de desempate; caso c) a recurso extraordinário ou a recurso especial
contrário, prevalecerá a decisão mais favorável ao réu. sobrestado, se o acórdão recorrido coincidir com a orientação
§ 7º A pena não poderá ser agravada. do tribunal superior;
II – encaminhar o processo ao órgão julgador para
Capítulo III realização do juízo de retratação:
Dos recursos para os tribunais superiores a) se o acórdão recorrido divergir do entendimento do
Seção I Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça
Do recurso ordinário para o Superior Tribunal de exarado, conforme o caso, nos regimes de repercussão geral ou
Justiça de recursos repetitivos;
Subseção I b) se, após o sobrestamento do recurso extraordinário ou
Do recuso ordinário em habeas corpus recurso especial, sobrevier decisão do tribunal superior em
regime de repercussão geral ou de recursos repetitivos que
Art. 312. Caberá recurso ordinário para o Superior contrarie a orientação adotada no acórdão recorrido;
Tribunal de Justiça (art. 105, II, “a”, da Constituição Federal) III – sobrestar o recurso que versar sobre controvérsia de
das decisões do Tribunal denegatórias de habeas corpus em caráter repetitivo ainda não decidida pelo Supremo Tribunal
única ou última instância. Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme se trate
Parágrafo único. O recurso será interposto no prazo de de matéria constitucional ou infraconstitucional;
cinco dias, nos próprios autos em que se houver proferido a IV – selecionar dois ou mais recursos como
decisão recorrida, com as razões do pedido de reforma. representativos de controvérsia constitucional ou
infraconstitucional que contenha abrangente argumentação e
Art. 313. Interposto o recurso, os autos serão conclusos, discussão a respeito da questão a ser decidida, encaminhando-
até o dia seguinte ao último do prazo, ao presidente do os ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de
Tribunal, que decidirá a respeito de seu recebimento. Justiça para fins de afetação, determinando suspensão dos

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trâmites de todos os processos pendentes, individuais ou II – encaminhar ao tribunal superior recurso requisitado
coletivos, na Região; como representativo de controvérsia afetada a julgamento de
V – realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo, recursos repetitivos.
remeter o feito ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior § 12. Os recursos extraordinário ou especial interpostos
Tribunal de Justiça, desde que: contra acórdão que julgou procedente o incidente de resolução
a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao regime de de demandas repetitivas terão efeito suspensivo.
repercussão geral ou de julgamento de recursos repetitivos;
b) o recurso tenha sido selecionado como representativo Subseção II
da controvérsia; Do recurso extraordinário
c) o órgão julgador recorrido tenha refutado o juízo de
retratação; ou Art. 318. A petição de recurso extraordinário conterá:
d) efetuado após o reexame do órgão julgador para o juízo I – a demonstração da existência da repercussão geral da
de retratação, sendo ou não exercido, contanto que o recurso questão constitucional nele versada;
verse sobre outras questões além daquela que fora objeto de II – a exposição do fato e do direito;
afetação; III– a demonstração do cabimento do recurso interposto;
VI – revogar a decisão de suspensão dos processos que IV – as razões do pedido de reforma da decisão ou de
envolvam controvérsia cujos recursos representativos tenham invalidação da decisão recorrida.
sido selecionados e enviados, se o tribunal superior não Parágrafo único. No juízo de admissibilidade do recurso
proceder à afetação. extraordinário, a ser realizado pelo presidente ou pelo vice-
§ 2º Interposto, processado e admitido o recurso, os autos presidente do Tribunal, será verificado apenas o requisito
serão imediatamente remetidos ao Supremo Tribunal Federal formal da existência de fundamentação para demonstrar a
ou ao Superior Tribunal de Justiça. repercussão geral do recurso, cujo mérito será apreciado
§ 3º Se forem admitidos, ao mesmo tempo, recursos exclusivamente pelo Supremo Tribunal Federal no juízo de
extraordinário e especial e no caso de remessa às cortes admissibilidade.
competentes, nos termos do inciso V do § 1º, os autos serão
remetidos ao Superior Tribunal de Justiça. Subseção III
§ 4º Se for admitido somente o recurso especial, os autos Do recurso especial
principais aguardarão o transcurso de prazo para interposição
do agravo para o Supremo Tribunal Federal, encaminhando- Art. 319. A petição de recurso especial conterá:
se, após, os autos ao Superior Tribunal de Justiça. I – a exposição do fato e do direito;
§ 5º Se for admitido somente o recurso extraordinário, com II – a demonstração do cabimento do recurso interposto;
interposição do agravo da decisão que indeferiu o recurso III – as razões do pedido de reforma da decisão ou de
especial, o processo será encaminhado ao Superior Tribunal invalidação da decisão recorrida.
de Justiça. Parágrafo único. Quando o recurso fundar-se em dissídio
§ 6º As partes serão intimadas da decisão de jurisprudencial, o recorrente fará a prova da divergência com
sobrestamento dos processos cuja controvérsia tenha sido a certidão, cópia ou citação do repositório de jurisprudência,
submetida ao regime de julgamento de recurso extraordinário oficial ou credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que
ou recurso especial repetitivos. houver sido publicado o acórdão divergente, ou ainda com a
§ 7º A parte poderá requerer o prosseguimento do seu reprodução de julgado disponível na rede mundial de
processo sobrestado, demonstrando a distinção entre a computadores, com indicação da respectiva fonte, devendo-se,
questão a ser resolvida na causa e aquela a ser julgada no em qualquer caso, mencionar as circunstâncias que
recurso extraordinário ou especial afetado para julgamento identifiquem ou assemelhem os casos confrontados.
como recurso repetitivo.
§ 8º O requerimento de que trata o § 7º será dirigido ao Subseção IV
relator do processo sobrestado no Tribunal, ainda que o Do agravo contra decisão que inadmite
sobrestamento tiver sido determinado pelo presidente ou pelo Recurso extraordinário e recurso especial
vice-presidente na admissibilidade de recurso extraordinário
ou recurso especial. Art. 320. Cabe agravo de decisão do presidente ou do vice-
§ 9º O relator decidirá o requerimento, após oportunizar a presidente que inadmitir recurso extraordinário ou recurso
manifestação da parte contrária, no prazo de cinco dias, especial, interposto por petição nos autos, dirigida ao prolator
cabendo agravo interno contra a decisão, na forma do art. 305. da decisão, no prazo de 15 dias.
§ 10. Reconhecida a distinção de que tratam os §§ 7º ao 9º, § 1º O agravo independe do pagamento de custas e
no caso de sobrestamento de recurso extraordinário ou despesas processuais, aplicando-se a ele o regime de
recurso especial, o relator comunicará a decisão a quem repercussão geral e de recursos repetitivos, inclusive quanto à
houver determinado o sobrestamento, presidente ou vice- possibilidade de sobrestamento e do juízo de retratação.
presidente, para que o recurso seja encaminhado ao tribunal § 2º O agravado será intimado, de imediato, para resposta,
superior. no prazo de 15 dias, e, se não exercido o juízo de retratação, o
§ 11. Caberá ao presidente ou ao vice-presidente do agravo será remetido ao tribunal superior competente.
Tribunal: § 3º Se inadmitidos recurso extraordinário e especial no
I – decidir requerimento de: mesmo processo, a eventual interposição de agravo far-se-á
a) efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso em petições distintas para cada recurso.
especial formulado no período entre a interposição do recurso § 4º Havendo apenas um agravo, o recurso será remetido
e a publicação da decisão de admissão do recurso ou no caso ao tribunal competente, e, havendo interposição conjunta, os
de sobrestamento; autos serão remetidos ao Superior Tribunal de Justiça.
b) exclusão dos autos da decisão de sobrestamento para
que seja o recurso extraordinário ou o recurso especial
inadmitido por intempestividade, após oportunizar ao
recorrente a manifestação no prazo de cinco dias;

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Título VI Art. 326. A suspeição deverá ser deduzida em petição


Dos incidentes e das tutelas provisórias assinada pela própria parte ou por procurador com poderes
Capítulo I especiais, com a indicação dos fatos que a motivaram,
Da suspensão de liminar e de sentença acompanhada de prova documental e rol de testemunhas, se
houver.
Art. 321. Poderá o presidente do Tribunal, a requerimento
do Ministério Público Federal ou de pessoa jurídica de direito Art. 327. Se o relator averbado de suspeito acolher a
público interessada e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, arguição, determinará o envio dos autos ao presidente para
à segurança e à economia públicas, suspender, em decisão nova distribuição dentro do órgão fracionário competente; se
fundamentada, a execução de liminar ou de sentença se tratar do revisor, os autos serão encaminhados ao
concessiva de mandado de segurança proferidas por juiz desembargador federal que se lhe seguir na ordem de
federal de primeira instância ( art. 15 da Lei 12.016/2009). antiguidade.
§ 1º O presidente poderá conferir ao pedido efeito Parágrafo único. Não aceitando a suspeição, o
suspensivo liminar, se constatar, em juízo prévio, a desembargador federal continuará vinculado ao feito. Nesse
plausibilidade do direito invocado e a urgência na concessão caso, será suspenso o julgamento até a solução do incidente,
da medida, devendo, ainda, ouvir o impetrante em cinco dias que será autuado em apartado, com designação do relator.
e, em igual prazo, o Ministério Público Federal, na hipótese de
não ter sido requerente da medida. Art. 328. Autuada e distribuída a petição, o relator
§ 2º As liminares cujos objetos sejam idênticos poderão ser mandará ouvir o desembargador federal recusado no prazo de
suspensas em uma única decisão, podendo o presidente do dez dias. Em seguida, com ou sem resposta, ordenará o
Tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares processo, colhendo as provas.
supervenientes, caso haja aditamento do pedido original. § 1º Se a suspeição for de manifesta improcedência, o
§ 3º Da decisão de que trata este artigo caberá, no prazo de relator rejeitá-la-á liminarmente. Dessa decisão caberá agravo
cinco dias, agravo, sem efeito suspensivo, que será levado a para o órgão a que competir o julgamento da suspeição.
julgamento na sessão seguinte a sua interposição. § 2º A afirmação de suspeição pelo arguido, ainda que por
outro fundamento, põe fim ao incidente.
Art. 322. Na ação civil pública, o presidente do Tribunal
poderá suspender a execução de medida liminar (art. 12, § 1º, Art. 329. Preenchidas as formalidades do art. 328, o relator
da Lei 7.347/1985), o mesmo podendo ocorrer nas hipóteses levará o incidente em mesa na primeira sessão, quando se
de que tratam o art. 4º da Lei 8.437/1992 e o art. 1º da Lei procederá ao julgamento em sessão reservada, sem a presença
9.494/1997. Poderá, ainda, suspender a execução de do desembargador federal recusado.
sentenças nas hipóteses do § 1º do art. 4º da Lei 8.437/1992. § 1º Competirá à seção a que pertence o desembargador
§ 1º O presidente poderá conferir ao pedido efeito federal recusado o julgamento do incidente, salvo se este tiver
suspensivo liminar, se constatar, em juízo prévio, a sido suscitado em processo da competência da Corte Especial,
plausibilidade do direito invocado e a urgência na concessão caso em que a esta competirá o julgamento.
da medida, devendo, ainda, ouvir o autor e o Ministério Público § 2º As exceções de suspeição de juízes federais e de juízes
Federal em 72 horas. federais substitutos serão processadas e julgadas pelas
§ 2º As liminares cujos objetos sejam idênticos poderão ser turmas, observando-se o disposto neste capítulo.
suspensas em uma única decisão, podendo o presidente do
Tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares Art. 330. Reconhecida a procedência da suspeição, haver-
supervenientes, caso haja aditamento do pedido original. se-á por nulo o que tiver sido processado pelo desembargador
§ 3º Das decisões referidas no caput e no § 2º deste artigo federal recusado após o fato que ocasionou a suspeição. Caso
caberá, no prazo de cinco dias, agravo (art. 4º, § 3º, da Lei contrário, o arguente será condenado ao pagamento das
8.437/1992), que será levado a julgamento na sessão seguinte custas, que se elevarão ao triplo se não for legítima a causa da
a sua interposição. arguição.
Parágrafo único. Será ilegítima a suspeição quando o
Capítulo II arguente a tiver provocado ou, depois de manifestada a causa,
Dos impedimentos e da suspeição praticar qualquer ato que importe a aceitação do
desembargador federal recusado.
Art. 323. Os desembargadores federais declarar-se-ão
impedidos ou suspeitos nos casos previstos em lei. Art. 331. Afirmado o impedimento ou a suspeição pelo
arguido, ter-se-ão por nulos os atos por ele praticados.
Art. 324. Se a suspeição ou o impedimento forem do relator
ou do revisor, será isso declarado por decisão nos autos. Se Art. 332. A arguição será sempre individual, não ficando os
forem do relator, irá o processo ao presidente para nova demais desembargadores federais impedidos de apreciá-la,
distribuição dentro do órgão fracionário competente; sendo ainda que também recusados.
do revisor, o processo passará ao desembargador federal que
se lhe seguir na ordem decrescente de antiguidade. Art. 333. Não se fornecerá, salvo ao arguente e ao arguido,
Parágrafo único. Nos demais casos, o desembargador certidão de nenhuma peça do processo de suspeição.
federal declarará seu impedimento verbalmente, registrando- Parágrafo único. Da certidão constarão, obrigatoriamente,
se na ata a declaração. o nome do requerente e a decisão que houver sido proferida.

Art. 325. A arguição de suspeição do relator poderá ser Art. 334. As exceções que, em processo separado, subirem
suscitada até 15 dias após a distribuição, quando fundada em ao Tribunal serão julgadas pela turma.
motivo preexistente; no caso de motivo superveniente, o prazo Parágrafo único. Distribuído o feito, o relator mandará
de 15 dias será contado do fato que ocasionou a suspeição. A ouvir o Ministério Público Federal. Devolvidos os autos, serão
do revisor, em iguais prazos, após a conclusão; a dos demais apresentados em mesa, na primeira sessão.
desembargadores federais, até o início do julgamento.

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Capítulo III § 1º A intervenção de que trata o caput deve ser feita no


Da habilitação incidente prazo de 15 dias da intimação e não implica alteração de
competência para o julgamento do processo, devendo o relator
Art. 335. A habilitação incidente será processada na forma definir os poderes do amicus curiae na decisão que admiti-lo
da lei processual. ou solicitar sua participação.
§ 2º A decisão de que trata o § 1º é irrecorrível.
Art. 336. O relator, se contestado o pedido, facultará às § 3º O amicus curiae não tem legitimidade para recorrer da
partes sumária produção de provas em cinco dias e julgará em decisão a ser proferida no processo, salvo para oposição de
seguida a habilitação, cabendo agravo da decisão. embargos de declaração, e da decisão que julgar o incidente de
resolução de demandas repetitivas.
Art. 337. Não dependerá de decisão do relator o pedido de
habilitação, processando-se nos autos da causa principal Capítulo VII
quando: Da tutela provisória
I – promovido pelo cônjuge e herdeiros necessários, desde Seção I
que provem por documento o óbito do falecido e a sua Das disposições gerais
qualidade;
II – em outra causa, sentença passada em julgado houver Art. 343. A tutela provisória pode ser de evidência ou de
atribuído ao habilitando a qualidade de herdeiro ou sucessor; urgência, podendo ser esta última cautelar ou antecipada e ser
III – o herdeiro for incluído sem nenhuma oposição no concedida em caráter antecedente ou incidental.
inventário; § 1º O pedido de tutela provisória incidental será feito ao
IV – estiver declarada a ausência ou determinada a relator do processo principal e, no caso de ser antecedente, em
arrecadação da herança jacente; processo de competência originária ou de competência
V – oferecidos os artigos de habilitação, a parte reconhecer recursal e, em sendo antecedente, por petição autônoma, que
a procedência do pedido e não houver oposição de terceiros. será distribuída a membro do órgão competente, em razão da
Art. 338. Já havendo inclusão do feito em pauta para matéria, para a causa principal, ficando preventos o relator e o
julgamento, não se decidirá o requerimento de habilitação. órgão para o processo principal, se for o caso.
§ 2º Ao relator caberá, entre outras providências:
Art. 339. A parte que não se habilitar perante o Tribunal I – exercer os poderes instrutórios;
poderá fazê-lo na instância inferior. II – determinar medidas de coerção para cumprimento de
medida determinada em tutela provisória;
Capítulo IV III – proceder ao pedido de liquidação de prejuízos
Do incidente de falsidade causados pela efetivação da tutela de urgência, nos casos
permitidos no art. 320 do Código de Processo Civil.
Art. 340. O incidente de falsidade, processado perante o
relator do feito, será julgado pela Corte Especial, pela seção ou Seção II
pela turma, conforme o caso. Da tutela antecipada requerida em caráter
antecedente
Capítulo V
Da desconsideração da personalidade jurídica Art. 344. Nos casos de urgência contemporânea à
propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao
Art. 341. O incidente de desconsideração da personalidade requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de
jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério tutela final, com exposição da lide, do direito que se busca
Público, quando lhe couber intervir nos autos, em qualquer realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do
fase do processo de conhecimento ou no cumprimento de processo.
acórdão de competência originária do Tribunal, por petição § 1º Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput:
dirigida ao relator do processo, demonstrando-se o cabimento I – o autor deverá aditar a petição inicial, complementando
da medida. sua argumentação, juntando documentos novos e
§ 1º Se o pedido for feito na petição inicial, dispensar-se-á confirmando o pedido de tutela final, no prazo de 15 dias ou
a instauração do incidente, mandando-se citar o sócio ou a em prazo maior, fixado pelo relator;
pessoa jurídica. II – o réu será citado e, se for o caso, intimado para
§ 2º A instauração do incidente suspenderá o processo e audiência de conciliação ou de mediação na forma do art. 334
será comunicada imediatamente à seção de registros de feitos do Código de Processo Civil e deste Regimento;
para as anotações devidas, salvo na hipótese do § 1º. III – não havendo composição, o réu poderá contestar o
§ 3º Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica pedido no prazo do art. 335 do Código de Processo Civil.
será citada para manifestação e requerimento de produção de § 2º Não realizado o aditamento referido no inciso I do §
provas, no prazo de 15 dias. 1º, que deverá ser feito nos mesmos autos e sem custas
§ 4º Instruído o feito, o relator decidirá a questão, cabendo processuais, o processo será extinto sem resolução do mérito.
agravo interno da decisão. § 3º A petição inicial indicará o valor da causa, de acordo
com a tutela final, e a pretensão de se valer da faculdade do
Capítulo VI caput deste artigo.
Do amicus curiae § 4º Se o relator entender ausentes os elementos para
deferir a medida, deverá intimar o autor para emendar a inicial
Art. 342. O relator do processo poderá, de ofício ou por em até cinco dias, sob pena de indeferimento da inicial e
requerimento das partes ou de quem pretenda se manifestar, extinção do processo sem resolução do mérito.
solicitar ou admitir a participação no processo de pessoa
natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com Art. 345. A tutela antecipada, concedida nos termos do art.
representatividade adequada, tendo em vista a relevância da 344 deste Regimento e do art. 303 do Código de Processo Civil,
matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a torna-se estável se da decisão do relator ou do órgão que a
repercussão da controvérsia. conceder não for interposto recurso, caso em que o processo
será extinto.

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§ 1º A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto Parágrafo único. O relator ouvirá a parte contrária antes de
não revista, reformada ou invalidada por decisão de mérito apreciar o pedido, salvo nas hipóteses dos incisos II e III, nas
proferida na ação de que trata. quais poderá decidir liminarmente.
§ 2º Qualquer das partes poderá, no prazo de até dois anos
da ciência da decisão de extinção a que se refere o caput, Capítulo VIII
demandar a outra para rever, reformar ou invalidar a tutela Do incidente de arguição de inconstitucionalidade
antecipada estabilizada, requerendo o desarquivamento dos
autos para instruir a petição inicial, prevento o relator que Art. 351. Se for arguida a inconstitucionalidade de lei ou
houver concedido a medida. ato normativo do Poder Público, por ocasião do julgamento de
Seção III qualquer processo na Corte Especial, desde que esta ou o
Da tutela cautelar requerida em caráter antecedente Plenário do Supremo Tribunal Federal não se tenham
pronunciado sobre a questão, suspender-se-á o julgamento a
Art. 346. A petição inicial de tutela cautelar em caráter fim de que sejam adotadas as providências a seguir
antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição enunciadas.
sumária do direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano § 1º O relator mandará dar ciência do incidente de
ou o risco ao resultado útil do processo. inconstitucionalidade à pessoa jurídica responsável pela
§ 1º Se o relator entender que o pedido tem natureza de edição do ato questionado e publicar edital, por prazo de dez
tutela antecipada, observará o disposto no art. 345 deste dias, para conhecimento dos titulares do direito de
Regimento. propositura referidos no art. 103 da Constituição Federal,
§ 2º O réu será citado para contestar e indicar provas no podendo aquela e estes, se o requererem, manifestar-se, por
prazo de cinco dias. escrito, nesse prazo, sobre a questão constitucional objeto de
§ 3º Contestado o pedido, observar-se-á o procedimento apreciação, sendo-lhes assegurado o direito de pedir a juntada
comum. de documentos e apresentar memoriais.
§ 2º O relator, considerando a relevância da matéria e a
Art. 347. Efetiva a tutela cautelar, o pedido principal, se representatividade dos postulantes, poderá, por meio de
não formulado conjuntamente com o pedido cautelar, deverá despacho irrecorrível, admitir, observado o prazo fixado no
ser formulado pelo autor no prazo de 30 dias, nos mesmos parágrafo anterior, a manifestação de outros órgãos ou
autos em que deduzido o pedido de tutela cautelar, não entidades.
dependendo de adiantamento de custas processuais, § 3º Vencidos os prazos dos parágrafos anteriores, o
momento em que poderá aditar a causa de pedir. relator determinará a remessa dos autos ao Ministério Público
Parágrafo único. Apresentado o pedido principal, sendo o Federal, para parecer, no prazo de 15 dias. Devolvidos os
caso de intimação das partes para audiência de conciliação ou autos, se outras providências não se fizerem necessárias, neles
de mediação, por seus advogados ou pessoalmente, e não lançará relatório e encaminhá-los-á ao presidente do Tribunal
havendo autocomposição, o prazo para contestação será para designar a sessão de julgamento. A Coordenadoria da
contado na forma do art. 335 do Código de Processo Civil. Corte Especial e das Seções expedirá cópias autenticadas do
relatório e distribuí-las-á entre os desembargadores federais.
Art. 348. Cessa a eficácia da tutela concedida em caráter § 4º Efetuado o julgamento com o quorum previsto no art.
antecedente, se: 57, parágrafo único, poderá ser proclamada a
I – o autor não deduzir o pedido principal no prazo legal; inconstitucionalidade do preceito ou ato impugnados,
II – a tutela não for efetivada em 30 dias; mediante manifestação da maioria absoluta dos membros da
III – o pedido principal for julgado improcedente ou o Corte Especial.
processo for extinto sem resolução de mérito. § 5º Se não for alcançada a maioria necessária à declaração
Parágrafo único. Cessada a eficácia da medida deferida de inconstitucionalidade, estando licenciados
anteriormente, é vedado à parte renovar o pedido de tutela desembargadores federais em número que possa influir no
cautelar, salvo por novo fundamento. julgamento, este será suspenso para que se aguarde o
comparecimento dos ausentes, até que se atinja o quorum.
Art. 349. O indeferimento da tutela cautelar não obsta o
pedido principal nem influi no julgamento deste, salvo se Art. 352. Feita a arguição em processo da competência de
reconhecida a decadência ou a prescrição. seção ou de turma, ouvidos o Ministério Público e as partes, se
for o caso, se a maioria acolher a inconstitucionalidade
Seção IV suscitada, será suspenso o julgamento do feito, desde que
Da tutela de evidência sobre a questão não se tenha pronunciado a Corte Especial ou
o Plenário do Supremo Tribunal Federal, remetendo-se os
Art. 350. A tutela de evidência será concedida, autos à Corte Especial após a lavratura do respectivo acórdão,
independentemente da demonstração de perigo de dano ou de que deverá ser encaminhado pela Coordenadoria da Corte
risco ao resultado útil do processo, quando: Especial e das Seções ou pela coordenadoria da turma para
I – ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o publicação, no prazo de dez dias.
manifesto propósito protelatório da parte; § 1º Remetidos os autos à Corte Especial, se o relator que
II – as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas suscitou o incidente não a integrar, será o feito distribuído a
documentalmente e houver tese firmada em julgamento de um de seus membros.
casos repetitivos ou em súmula vinculante; § 2º O processo e o julgamento do incidente observarão o
III – se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova disposto nos parágrafos do art. 351.
documental adequada do contrato de depósito, caso em que § 3º Publicado o acórdão relativo à decisão da Corte
será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob Especial, acolhendo ou rejeitando a arguição de
cominação de multa; inconstitucionalidade, retornarão os autos à seção ou à turma
IV – a petição inicial for instruída com prova documental e ao respectivo relator, se for o caso, para que se prossiga no
suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o julgamento da causa, observado o quanto a Corte Especial
réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável. decidiu.
§ 4º Na hipótese deste artigo, suspender-se-ão, igualmente,
os demais processos cuja decisão, a critério do relator,

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dependa do julgamento da arguição de inconstitucionalidade feitas pelo presidente do Tribunal, quando da instauração do
do mesmo ato normativo, devendo o presidente do órgão onde incidente, e pelo relator, com razoável antecedência aos
foi acolhida a arguição comunicar o fato aos presidentes dos julgamentos de admissibilidade e de mérito, cujas
demais órgãos fracionários e aos membros do Tribunal. comunicações deverão ser encaminhadas pelo Núcleo de
Gestão de Precedentes.
Art. 353. Ressalvados os casos de embargos de declaração, § 2º A desistência ou o abandono do processo não
é irrecorrível a decisão da Corte Especial que acolher ou impedem o exame de mérito do incidente, que se processa em
rejeitar a arguição de inconstitucionalidade. autos apartados.
§ 3º O Ministério Público Federal intervirá
Art. 354. As partes, o Ministério Público Federal ou, ex obrigatoriamente no incidente e deverá assumir sua
officio, o relator, o revisor ou qualquer dos desembargadores titularidade em caso de desistência ou de abandono.
federais componentes do órgão julgador poderão arguir a § 4º O incidente será distribuído por prevenção ao relator
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder do recurso, remessa necessária ou processo de competência
Público. originária do Tribunal ou, caso não integre o órgão competente
para julgamento do incidente, por sorteio entre os seus
Art. 355. A declaração de inconstitucionalidade de lei ou membros efetivos.
ato normativo, afirmada pela Corte Especial, e a jurisprudência § 5º Caso o incidente tenha sido suscitado no bojo de
compendiada em súmula serão aplicadas aos feitos recurso, remessa necessária ou processo de competência
submetidos à Corte Especial, às seções ou às turmas, salvo originária do Tribunal, os autos deverão ser apensados ao
quando aceita a proposta de revisão da súmula. processo principal em atenção ao disposto no parágrafo único
Parágrafo único. Cessará a vinculação referida neste artigo do art. 978 do Código de Processo Civil.
quando houver, em sentido diverso, decisão do Plenário do
Supremo Tribunal Federal apreciando a mesma matéria, total Art. 359. O órgão competente para julgar o incidente
ou parcialmente, ou súmula de tribunal superior ou deste procederá ao seu juízo de admissibilidade, considerando os
Tribunal. pressupostos do art. 976 do Código de Processo Civil, e, no
caso de admissão, o relator:
Art. 356. Se lei ou ato normativo do Poder Público de que I – suspenderá os processos pendentes, individuais ou
se argui a inconstitucionalidade corresponderem a norma não coletivos, que tramitam na Região;
recepcionada por constituição superveniente, em razão de II – poderá requisitar informações a órgãos em cujo juízo
com ela não se compatibilizarem, deixará o feito de ser tramita processo no qual se discute o objeto do incidente, que
submetido à Corte Especial como arguição de as prestarão no prazo de 15 dias;
inconstitucionalidade. III – intimará o Ministério Público Federal para, querendo,
manifestar-se no prazo de 15 dias;
Capítulo IX IV – ouvirá as partes e os demais interessados, inclusive
Do incidente de resolução de demandas repetitivas pessoas, órgãos e entidades com interesse na controvérsia,
que, no prazo comum de 15 dias, poderão requerer a juntada
Art. 357. O incidente de resolução de demandas repetitivas de documentos, bem como diligências necessárias à
será julgado: elucidação da questão de direito controvertida;
I – pela Corte Especial, quando a matéria envolver arguição V – intimará o Ministério Público Federal para nova
de inconstitucionalidade ou a competência de mais de uma manifestação no prazo de 15 dias;
seção especializada; VI – solicitará dia para o julgamento do incidente.
II – pelas seções especializadas, quando a discussão versar § 1º As informações específicas sobre as questões de
sobre matéria restrita à sua competência. direito submetidas ao incidente deverão ser incluídas em
§ 1º Se não for objeto do ofício ou da petição para banco eletrônico de dados mantido pelo Tribunal, o qual
instauração do incidente, mas, no julgamento do incidente deverá ser constantemente atualizado. Nos registros das teses
perante a seção, for arguida e acatada pela maioria dos seus jurídicas do banco de dados deverão constar os fundamentos
membros a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, da decisão e os dispositivos normativos relacionados.
como pressuposto da decisão, o incidente será afetado à Corte § 2º A suspensão referida no inciso I do caput será
Especial para julgamento. comunicada aos órgãos jurisdicionais competentes e ao
§ 2º A Corte Especial e as seções especializadas procederão diretor do foro de cada seção judiciária, e seus efeitos cessam
ao juízo de admissibilidade e julgarão o incidente com quórum se não for interposto recurso especial ou recurso
de dois terços de seus membros, resolvendo-o pela maioria extraordinário do acórdão que resolver o incidente.
simples. § 3º Durante a suspensão, o juízo onde tramita o processo
§ 3º O órgão colegiado a que couber resolver o incidente apreciará eventual pedido de tutela de urgência.
julgará igualmente o recurso, a remessa necessária ou o § 4º Na instrução do incidente, o relator poderá designar
processo de competência originária do Tribunal, se oriundo de audiência pública e ouvir depoimentos de pessoas com
recurso ou processo pendente de julgamento na Corte, na experiência e conhecimento sobre a matéria controvertida.
mesma sessão. § 5º A inadmissão do incidente de resolução de demandas
repetitivas por ausência de pressuposto de admissibilidade
Art. 358. O pedido de instauração do incidente de não impede novo pedido, uma vez satisfeito o requisito.
resolução de demandas repetitivas será dirigido ao presidente § 6º É incabível o incidente de resolução de demandas
do Tribunal, observado o disposto no art. 979 do Código de repetitivas quando tribunal superior tiver afetado recurso
Processo Civil, independentemente de custas processuais, com para definição de tese sobre questão de direito material ou
a demonstração do preenchimento dos pressupostos: processual repetitiva.
I – pelo juiz ou relator, por ofício; § 7º O incidente de resolução de demandas repetitivas será
II – pelas partes, por petição; julgado no prazo de um ano e terá preferência sobre os demais
III – pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública, por feitos, ressalvados os que envolvem réu preso e os pedidos de
petição. habeas corpus, e, superado esse prazo, a suspensão
§ 1º A ampla divulgação e a publicidade, por meio de determinada na forma do inciso I do caput cessa
registro eletrônico no Conselho Nacional de Justiça, serão

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automaticamente se o relator não apresentar fundamentação § 2º A inadmissibilidade ou o julgamento do recurso


em sentido contrário. interposto contra decisão proferida pelo órgão reclamado não
prejudicam a reclamação.
Art. 360. No julgamento do incidente, observar-se-ão os
seguintes procedimentos: Art. 365. Ao despachar a reclamação, o relator:
I – primeiramente, o relator fará a exposição do objeto do I – requisitará informações da autoridade a quem for
incidente; II – em seguida, poderão sustentar suas razões, imputada a prática do ato impugnado, que as prestará no
sucessivamente: prazo de dez dias;
a) o autor e o réu do processo originário e o Ministério II – se necessário, ordenará a suspensão do processo ou do
Público Federal, no prazo de 30 minutos; ato impugnado para evitar dano irreparável;
b) os demais interessados, no prazo de 30 minutos, III – determinará a citação do beneficiário da decisão
divididos entre todos, sendo exigida inscrição com dois dias de impugnada, que terá o prazo de 15 dias para contestar.
antecedência.
§ 1º O prazo poderá ser ampliado, conforme o número de Art. 366. Qualquer interessado poderá impugnar o pedido
inscritos. § 2º O acórdão abordará todos os fundamentos de reclamação.
concernentes à tese jurídica, favoráveis ou contrários.
Art. 367. O Ministério Público, quando não for parte, terá
Art. 361. Julgado o incidente, a tese jurídica será aplicada: vista do processo por cinco dias, após o prazo para
I – a todos os processos individuais ou coletivos que informações e para contestação pelo beneficiário do ato
versem sobre idêntica questão de direito e que tramitem na impugnado.
Justiça Federal da 1ª Região, inclusive àqueles que tramitem
nos juizados especiais federais; Art. 368. Julgada procedente a reclamação, o Tribunal
II – aos casos futuros que versem sobre idêntica questão de cassará a decisão exorbitante de seu julgado ou determinará
direito e que venham a tramitar na Justiça Federal da 1ª medida adequada à solução da controvérsia, cabendo ao
Região, salvo revisão na forma do art. 362. presidente do Tribunal o imediato cumprimento da decisão,
ainda que pendente de lavratura de acórdão, admitida a
Art. 362. A tese jurídica firmada em incidente de resolução delegação de competência aos presidentes dos órgãos
de demandas repetitivas poderá ser revista pela Corte Especial fracionários.
ou pela seção especializada na qual tramitou o incidente, de
ofício ou por requerimento dos legitimados para instaurar o Capítulo XII
incidente. Da restauração de autos desaparecidos

Capítulo X Art. 369. O pedido de reconstituição de autos no Tribunal


Da assunção de competência será apresentado ao presidente e distribuído, sempre que
possível, ao relator que neles tiver funcionado ou a seu
Art. 363. Cabe a assunção de competência pela Corte substituto, fazendo-se o processo de restauração na forma da
Especial ou por seção especializada nas matérias de sua legislação processual.
respectiva competência, nos casos do art. 947 do Código de
Processo Civil. Art. 370. O relator determinará as diligências necessárias,
§ 1º O incidente poderá ser proposto pelo relator, de ofício solicitando informações e cópias autênticas, se for o caso, a
ou a requerimento da parte, do Ministério Público Federal ou outros juízes e tribunais.
da Defensoria Pública da União, em recurso, em remessa
necessária ou em processo de competência originária, perante Art. 371. O julgamento da restauração caberá à Corte
a Corte Especial ou a seção especializada, conforme o caso. Especial, à seção ou à turma competente para o processo
§ 2º Submetido o incidente à Corte Especial ou à respectiva extraviado.
seção especializada, conforme o caso, a ela caberá a admissão
e o julgamento, em mesma assentada, oportunidade em que Art. 372. Quem tiver dado causa à perda ou ao extravio
poderá manifestar-se o Ministério Público Federal. responderá pelas despesas da reconstituição, sem prejuízo da
§ 3º Para o julgamento do incidente, mantém-se a relatoria responsabilidade civil ou penal em que incorrer.
originária, salvo se o relator não integrar o órgão designado
para o julgamento do incidente, caso em que deverá ser Art. 373. Julgada a restauração, o processo seguirá seus
redistribuído a um dos membros da Corte Especial. termos.
§ 4º Admitido e julgado o incidente, o acórdão vinculará Parágrafo único. Aparecendo os autos originais, nestes se
todos os órgãos fracionários do Tribunal e os juízes da 1ª prosseguirá, sendo a eles apensados os autos da restauração.
Região.
§ 5º No julgamento do incidente de assunção de Capítulo XIII
competência, aplica-se o disposto nos §§ 2º e 3º do art. 357. Da fiança

Capítulo XI Art. 374. Haverá, na Secretaria Judiciária, um livro especial


Da reclamação para os termos de fiança, devidamente aberto, rubricado e
encerrado por seu diretor.
Art. 364. A reclamação pode ser proposta pela parte Parágrafo único. O termo será lavrado pelo secretário da
interessada ou pelo Ministério Público, nas hipóteses do art. Corte Especial, seção ou turma e assinado pelo relator e por
988 do Código de Processo Civil, e seu julgamento compete ao quem prestar fiança, e dele extrair-se-á certidão para juntar
órgão jurisdicional cuja competência se busca preservar ou aos autos.
cuja autoridade se pretende garantir. Capítulo XIV
§ 1º A reclamação deve ser dirigida ao presidente do Da verificação da cessação da periculosidade
Tribunal, instruída com prova documental, autuada e
distribuída ao relator do processo principal ou àquele que o Art. 375. Em qualquer tempo, ainda que durante o prazo
substituiu no acervo. mínimo de duração da medida de segurança, poderá o

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Tribunal, a requerimento do procurador regional do Parágrafo único. Compete ao presidente aferir a


Ministério Público Federal ou do interessado, seu defensor ou regularidade formal das requisições, bem como assegurar a
curador, ordenar que se proceda ao exame para verificação da obediência à ordem de preferência de pagamento dos créditos,
cessação da periculosidade. nos termos preconizados na Constituição Federal, na
§ 1º Designado o relator e ouvido o Ministério Público legislação pertinente e na normatização do Conselho da Justiça
Federal, se a medida não tiver sido por ele requerida, o pedido Federal e deste Tribunal.
será julgado na primeira sessão.
§ 2º Deferido o pedido, a decisão será imediatamente Art. 384. Os precatórios apresentados até 1º de julho no
comunicada ao juiz para os fins indicados nos arts. 777, § 2º, e Tribunal serão protocolizados e autuados pela unidade
778 do Código de Processo Penal. responsável pela execução judicial para fins de inclusão dos
valores no orçamento da Fazenda Pública devedora para
Capítulo XV pagamento no exercício seguinte.
Do livramento condicional § 1º Tratando-se da Fazenda Pública federal, o presidente
do Tribunal requisitará, por intermédio do Conselho da Justiça
Art. 376. O livramento condicional poderá ser concedido Federal, a inclusão dos valores dos precatórios no orçamento
mediante requerimento do sentenciado, de seu cônjuge ou de da União.
parente em linha reta, bem como por proposta do diretor do § 2º Tratando-se da Fazenda Pública estadual, municipal
estabelecimento penal ou por iniciativa do Conselho ou distrital, o presidente do Tribunal requisitará diretamente
Penitenciário, incumbindo a decisão ao presidente do Tribunal à autoridade competente a inclusão dos valores no respectivo
no caso de ter sido por este imposta a condenação. orçamento.
§ 3º Os débitos de natureza alimentícia serão processados
Capítulo XVI na forma dos §§ 1º e 2º do art. 100 da Constituição Federal.
Da graça, do indulto e da anistia
Art. 385. Em se tratando de pagamento de
Art. 377. Concedida a graça, o indulto ou a anistia, responsabilidade da Fazenda Pública federal, as requisições de
proceder-se-á na forma dos arts. 734 e seguintes do Código de pequeno valor – RPVs de que trata a lei que instituiu os
Processo Penal, no que couber, funcionando como juiz, caso se juizados especiais federais serão protocolizadas e autuadas
trate de condenação com trânsito em julgado proferida mensalmente pela unidade responsável pela execução judicial.
originariamente pelo Tribunal, seu presidente e, antes da fase § 1º O Tribunal organizará mensalmente a relação das
de execução, nos processos de competência originária do requisições em ordem cronológica, com os valores por
Tribunal, bem como na pendência de recurso, o relator. beneficiário, encaminhando-a à Secretaria de Planejamento,
Orçamento e Finanças do Conselho da Justiça Federal e ao
Art. 378. O condenado poderá recusar a comutação da representante legal da entidade devedora.
pena. § 2º No caso de créditos de pequeno valor de
responsabilidade da Fazenda estadual, distrital ou municipal e
Capítulo XVII de suas respectivas autarquias e fundações, bem assim dos
Da reabilitação conselhos de fiscalização profissional e da Empresa Brasileira
de Correios e Telégrafos (Decreto-Lei 509/1969, art. 12), as
Art. 379. A reabilitação será requerida ao Tribunal nos requisições serão encaminhadas pelo juízo da execução ao
processos de sua competência originária, na forma da lei. próprio devedor, fixando-se o prazo de 60 dias para o
Título VII respectivo depósito diretamente na vara de origem. Art. 386.
Da execução As importâncias concernentes aos entes federativos
Capítulo I mencionados no art. 385 serão depositadas em
Das disposições gerais estabelecimento de crédito oficial do Tribunal, cabendo ao
presidente determinar, segundo as possibilidades de depósito
Art. 380. Os atos de execução competem: e exclusivamente na ordem cronológica de autuação, a
I – ao presidente do Tribunal quanto a seus despachos e transferência dos valores ao juízo de origem do precatório ou
ordens, às decisões do Plenário e da Corte Especial e às da RPV.
tomadas em sessão administrativa; § 1º A dedução de valores referentes ao Imposto de Renda
II – aos presidentes de seção e de turma, respectivamente, e à Contribuição Social far-se-á conforme a legislação vigente.
quanto às de cisões destas e a seus despachos individuais; § 2º É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei, a
III – ao relator, quanto a seus despachos acautelatórios ou entrega de créditos em precatórios para compra de imóveis
de instrução e direção do processo. públicos do respectivo ente federado.
§ 3º O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus
Art. 381. Os atos de execução serão requisitados, créditos em precatórios a terceiros, independentemente da
determinados ou notificados a quem os deva praticar. concordância do devedor.
§ 4º A cessão de precatórios somente produzirá efeitos
Art. 382. Se necessário, os incidentes de execução poderão após comunicação, por meio de petição protocolizada, ao juízo
ser levados à apreciação: de origem e à entidade devedora.
I – da Corte Especial por seu presidente, pelo relator ou § 5º A cessão de crédito após a apresentação do ofício
pelos presidentes de seção ou de turma; requisitório ao Tribunal não acarretará a mudança do
II – da seção por seu presidente ou pelo relator; beneficiário do precatório. Neste caso, o Tribunal depositará o
III – da turma por seu presidente ou pelo relator. valor em nome do cedente, à disposição do juízo requisitante,
para liberação diretamente ao cessionário mediante alvará ou
Capítulo II meio equivalente.
Das requisições de pagamen
Art. 387. A atualização de valores de requisitórios, após sua
Art. 383. As requisições de pagamento das somas a que a expedição e até o efetivo pagamento, será feita pelos índices
Fazenda Pública for condenada serão dirigidas pelo juízo da definidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO e
execução ao presidente do Tribunal. resoluções do Conselho da Justiça Federal.

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Art. 388. Das decisões do presidente, nas requisições de decisão do Tribunal, do Supremo Tribunal Federal ou do
pagamento de que cuida o presente capítulo, caberá recurso Superior Tribunal de Justiça;
administrativo à Corte Especial Administrativa, no prazo de IV – publicação do acórdão na Revista do Tribunal, sob o
cinco dias. título “Uniformização de Jurisprudência”.
Parágrafo único. As relações de precatórios e requisições
de pequeno valor, de uso interno do setor competente, não Art. 393. Se for interposto recurso especial ou
serão fornecidas a advogados nem a outras pessoas. extraordinário em qualquer processo no Tribunal que tenha
por objeto tese de direito compendiada em súmula, a
Título VIII interposição será comunicada à Comissão de Jurisprudência e
Da jurisprudência Gestão de Precedentes, à qual se enviarão os respectivos
Capítulo I acórdãos.
Da uniformização da jurisprudência § 1º A decisão proferida no recurso especial ou
extraordinário também será averbada e anotada na forma
Art. 389. A uniformização da jurisprudência do Tribunal exigida neste artigo, arquivando-se, na mesma pasta, cópia do
será realizada: acórdão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal
I – pelo julgamento de: de Justiça.
a) incidente de resolução de demandas repetitivas; § 2º Sempre que o Tribunal compendiar em súmula a
b) assunção de competência; jurisprudência, proceder-se-á na forma estabelecida no caput
II – pela edição de enunciados de súmula. deste artigo.
Art. 390. Compete à Corte Especial e às seções a sumulação
de sua jurisprudência dominante. Capítulo II
§ 1º No caso de relevante questão de direito a respeito da Da súmula
qual seja conveniente a fixação de tese acerca da
jurisprudência do Tribunal, poderá o relator encaminhar o Art. 394. A jurisprudência firmada pelo Tribunal será
processo para a seção ou a Corte Especial a fim de que o compendiada em súmula.
julgamento seja realizado no respectivo órgão para edição de § 1º Poderão ser inscritos em súmula os enunciados
súmula de jurisprudência, salvo no caso de apelação criminal correspondentes às decisões firmadas pela unanimidade dos
e recursos criminais. membros componentes da Corte Especial ou das seções ou por
§ 2º No caso de prevenção ou de composição de maioria absoluta, em dois julgamentos concordantes pelo
divergência entre turmas ou seções, não sendo o caso de menos.
encaminhar o processo com proposição de assunção de § 2º A inclusão em súmula de enunciados de que trata o art.
competência, poderá o órgão proceder na forma deste artigo. 63 da Lei 5.010/1966 será deliberada pela Corte Especial ou
§ 3º Poderá ser objeto de súmula a tese jurídica fixada no pela seção, por maioria absoluta de seus membros.
julgamento da Corte Especial ou seção, em incidente de § 3º Se a seção entender que a matéria a ser sumulada é
assunção de competência ou incidente de resolução de comum a mais de uma seção, remeterá o feito à Corte Especial.
demandas repetitivas. A sumulação se dará pelo voto da
maioria absoluta dos membros que integram o órgão que fixar Art. 395. Os enunciados da súmula e dos acórdãos dos
a tese jurídica. julgamentos de que trata o art. 389, seus adendos e emendas,
§ 4º A redação do projeto de súmula ficará a cargo do datados e numerados em séries separadas e contínuas, serão
relator. publicados no Diário Eletrônico da Justiça Federal da 1ª
Região.
Art. 391. No julgamento de processos previstos no art. 389, Parágrafo único. As edições ulteriores do julgado da
I, a Corte Espe cial e as seções reunir-se-ão com o quórum súmula incluirão os adendos e as emendas, bem como
mínimo de dois terços de seus membros. indicação de superação do precedente por decisão do
§ 1º Na hipótese de os votos se dividirem entre mais de Tribunal, do Supremo Tribunal Federal ou do Superior
duas interpretações, nenhuma delas atingindo a maioria Tribunal de Justiça.
absoluta dos membros que integram o órgão julgador,
proceder-se-á, na primeira sessão seguinte, a segunda votação, Art. 396. A citação da súmula pelo número correspondente
restrita à escolha de uma entre as duas interpretações dispensará, no Tribunal, a referência a outros julgados no
anteriormente mais votadas. mesmo sentido.
§ 2º No julgamento, o pedido de vista não impede que
votem os desembargadores federais que se tenham por Art. 397. Os enunciados da súmula prevalecem e serão
habilitados a fazê-lo, e aquele que o formular apresentará o revistos, no que couber, segundo a forma estabelecida neste
feito em mesa, na primeira sessão seguinte. Regimento.
§ 1º Qualquer desembargador federal poderá propor, em
Art. 392. Cópia do acórdão do julgamento dos processos a novos feitos, a revisão da jurisprudência compendiada em
que se refere o art. 389, I, será, dentro do prazo para sua súmula, procedendo-se ao sobrestamento do processo, se
publicação, remetida à Comissão de Jurisprudência e Gestão de necessário.
Precedentes, que ordenará: § 2º Se algum dos desembargadores federais propuser
I – registro em banco eletrônico de dados por temas revisão da jurisprudência compendiada em súmula, em
decididos e com informações específicas sobre a questão de julgamento perante a turma, esta, se acolher a proposta,
direito decidida no incidente, em que constarão os remeterá o feito ao julgamento da Corte Especial ou da seção,
fundamentos determinantes da decisão e os dispositivos a ela dispensada a lavratura de acórdão, juntando-se, entretanto, as
relacionados; notas taquigráficas e tomando-se o parecer do Ministério
II – comunicação ao Conselho Nacional de Justiça para Público Federal.
inclusão no cadastro eletrônico, se não estiverem unificadas as § 3º A alteração e o cancelamento de enunciado de súmula
informações daquele Conselho com o Tribunal; serão delibe rados na Corte Especial ou nas seções, conforme
III – atualização do banco de dados a que se refere o inciso o caso, por maioria absoluta de seus membros, com a presença,
I, com indicação de alterações ou superação do precedente, por no mínimo, de dois terços de seus componentes.

Legislação Específica 40
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§ 4º Ficarão vagos, com a nota correspondente, para efeito divulgadas as questões de maior interesse decididas pelas
de eventual restabelecimento, os números dos enunciados que turmas, pelas seções e pela Corte Especial.
o Tribunal cancelar ou alterar, recebendo os que forem Parágrafo único. A Comissão de Jurisprudência e Gestão de
modificados novos números de série. Precedentes manterá link no sítio do Tribunal ou na intranet,
em que serão disponibilizados diretamente todos os
Art. 398. Qualquer desembargador federal poderá propor, julgamentos da Corte Especial proferidos em conflito de
na turma, a remessa do feito à Corte Especial ou à seção competência entre as seções do Tribunal.
respectiva, para o fim de ser compendiada em súmula a
jurisprudência do Tribunal, quando verificar que as turmas Art. 403. Na Revista do Tribunal Regional Federal da
não divergem na interpretação do direito. Primeira Região, serão publicados, em seu inteiro teor:
§ 1º Na hipótese referida neste artigo, dispensam-se a I – as ementas dos acórdãos selecionados pelo
lavratura de acórdão e a juntada de notas taquigráficas, desembargador federal diretor da Revista;
certificada nos autos a decisão da turma (art. 199, § 1º, II). II – as súmulas editadas pela Corte Especial e pelas seções;
§ 2º No julgamento de que cogita o caput, proceder-se-á, III – trabalhos doutrinários, a critério do desembargador
no que couber, na forma do art. 392. federal diretor da Revista.
§ 3º A Comissão de Jurisprudência e Gestão de Precedentes § 1º As decisões sobre matéria constitucional e as que
poderá propor à Corte Especial ou à seção respectiva que seja ensejarem a edição de súmula serão publicadas em volumes
compendiada em súmula a jurisprudência do Tribunal, quando seriados, distintos da publicação normal da Revista.
verificar que as turmas não divergem na interpretação do § 2º A Comissão de Jurisprudência e Gestão de Precedentes
direito. colaborará na seleção dos acórdãos a publicar, dando-se
preferência aos que forem indicados pelos respectivos
Art. 399. Quando convier pronunciamento da Corte relatores.
Especial ou da seção em razão da relevância da questão § 3º A Revista do Tribunal Regional Federal da Primeira
jurídica ou da necessidade de se prevenir ou compor Região poderá ser editada em números especiais, para
divergência entre as turmas, se não for caso de sugerir memória de eventos relevantes do Tribunal.
assunção de competência ou se não estiver a matéria
submetida ao incidente de resolução de demandas repetitivas, Art. 404. O diretor da Revista será o desembargador
o relator ou outro desembargador federal, no julgamento de federal escolhido pela Corte Especial Administrativa,
qualquer recurso, salvo no de apelação criminal e recursos preferencialmente entre os mais antigos, que ainda não tenha
criminais, poderão propor a remessa do feito à apreciação da exercido a direção, para um período de dois anos, vedada a
seção respectiva ou da Corte Especial, se a matéria for comum recondução.
às seções. § 1º A indicação não poderá recair no presidente, vice-
§ 1º O processamento, na hipótese de relevância da presidente, corregedor regional, coordenador regional dos
questão jurídica, será, no que couber, o aplicável à assunção de juizados especiais federais ou desembargador federal que
competência. tiver assento como membro efetivo no Tribunal Regional
§ 2º Acolhida a proposta, a turma remeterá o feito ao Eleitoral do Distrito Federal.
julgamento da Corte Especial ou da seção, se for o caso, § 2º No caso de vacância, outro desembargador federal
dispensada a lavratura de acórdão. Com as notas taquigráficas, será escolhido pela Corte Especial Administrativa para
os autos irão ao presidente do órgão julgador para designar a completar o período.
sessão de julgamento. A secretaria expedirá cópias
autenticadas do relatório e das notas taquigráficas e distribui- Art. 405. São repositórios autorizados as publicações de
las-á entre os desembargadores federais que compuserem o entidades oficiais ou particulares habilitadas na forma deste
órgão competente para o julgamento. Regimento.
Parágrafo único. Aos órgãos de divulgação em matéria
Capítulo III jurídica que forem autorizados como repositórios da
Da divulgação da jurisprudência do Tribunal jurisprudência do Tribunal serão fornecidas cópias dos
acórdãos da Corte pela Comissão de Jurisprudência e Gestão
Art. 400. A jurisprudência do Tribunal será divulgada pela de Precedentes ou por outro órgão designado.
rede mundial de computadores, preferencialmente, e pelas
seguintes publicações: Art. 406. Para a habilitação prevista no art. 405, o
I – Diário Eletrônico da Justiça Federal da 1ª Região; representante ou o editor responsável pela publicação
II – Ementário de Jurisprudência do Tribunal Regional solicitará inscrição por escrito ao desembargador federal
Federal da 1ª Região e Boletim Informativo de Jurisprudência diretor da Revista, com os seguintes elementos:
do Tribunal Regional Federal da 1 ª Região, veiculados por I – denominação, sede e endereço da pessoa jurídica que
meio convencional ou eletrônico; edita a publicação;
III – Revista do Tribunal Regional Federal da Primeira II – nome de seu diretor ou responsável;
Região; III – um exemplar dos três números antecedentes ao mês
IV – repositórios autorizados. do pedido de inscrição, dispensáveis no caso de a Biblioteca do
Tribunal já os possuir;
Art. 401. Serão publicadas, no Diário Eletrônico da Justiça IV – compromisso de os acórdãos selecionados para
Federal da 1ª Região, as ementas de todos os acórdãos. publicação corresponderem, na íntegra, às cópias fornecidas,
Parágrafo único. Os acórdãos para publicação serão gratuitamente, pelo Tribunal, autorizada a supressão do nome
remetidos por meio eletrônico. das partes e de seus advogados.

Art. 402. No Ementário de Jurisprudência do Tribunal Art. 407. O deferimento da inscrição implicará obrigação
Regional Federal da 1ª Região, serão publicadas ementas de de fornecer, gratuitamente, dois exemplares de cada
acórdãos ordenadas por matéria, evitando-se repetições. No publicação subsequente à Biblioteca do Tribunal.
Boletim Informativo de Jurisprudência do Tribunal Regional Parágrafo único. A inscrição poderá ser cancelada a
Federal da 1ª Região, de circulação interna, para qualquer tempo, por conveniência do Tribunal.
conhecimento antes da publicação dos acórdãos, serão

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Art. 408. As publicações inscritas poderão mencionar seu Art. 417. O defensor público federal de 1ª categoria terá, na
registro como repositórios autorizados de divulgação dos sessão de julgamento, assento no mesmo plano do Ministério
julgados do Tribunal. Público Federal, atuando em defesa dos réus que estejam
desacompanhados de defensores.
Art. 409. A direção da Revista manterá em dia o registro
das inscrições e dos cancelamentos, articulando-se com a Art. 418. O defensor público federal poderá pedir
Biblioteca para efeito de acompanhar o atendimento da preferência para julgamento de processo em pauta,
obrigação prevista no art. 407. fundamentando o pedido.

PART E IV Art. 419. Na sessão de julgamento, o defensor público


DAS DISPOSIÇÕ ES FINAIS federal poderá usar da palavra sempre que for facultada às
Título I partes sustentação oral, bem como para esclarecer matéria de
Das funções essenciais à justiça fato.
Capítulo I
Da Procuradoria Regional da República Título II
Das emendas ao Regimento
Art. 410. O procurador regional da República funciona
como representante do Ministério Público Federal perante o Art. 420. Ao presidente, aos desembargadores federais e às
Tribunal. comissões é facultada a apresentação de emendas ao
Regimento Interno.
Art. 411. Perante cada órgão julgador do Tribunal, § 1º A proposta de emenda que não for da Comissão de
funcionará um procurador regional, que, nas sessões, tomará Regimento será encaminhada a ela, que dará seu parecer
assento à mesa, à direita do presidente. dentro de dez dias. Nos casos urgentes, esse prazo poderá ser
reduzido.
Art. 412. O procurador regional atuará em todos os feitos § 2º Dispensa-se parecer escrito da Comissão de
em que deva funcionar o Ministério Público Federal, cabendo- Regimento:
lhe vista dos autos: I – nas emendas subscritas por seus membros;
I – nos incidentes de arguição de inconstitucionalidade; II – nas emendas subscritas pela maioria absoluta dos
II – nos incidentes de resolução de demandas repetitivas; desembargadores federais;
III – nos mandados de segurança, habeas data e habeas III – em caso de urgência.
corpus, originários ou em grau de recurso;
IV – nos recursos de nacionalidade; Art. 421. Quando ocorrer mudança na legislação que
V – nas ações penais originárias; determine alteração do Regimento Interno, esta será proposta
VI – nas revisões criminais; ao Tribunal pela Comissão de Regimento no prazo de dez dias,
VII – nas apelações criminais, nos recursos criminais e contados da vigência da lei.
demais procedimentos criminais;
VIII – nos recursos trabalhistas; Art. 422. As emendas serão relatadas pelo presidente da
IX – nos conflitos de competência e nas ações rescisórias Comissão e consideradas aprovadas se obtiverem o voto
relativos aos processos previstos no art. 178 do CPC; favorável da maioria absoluta dos desembargadores federais
X – nas exceções de impedimento ou suspeição de juiz do Tribunal aptos a votar, entrando em vigor na data de sua
federal; publicação no Diário Eletrônico da Justiça Federal da 1ª
XI – nos demais feitos em que a lei impuser a intervenção Região, salvo disposição em contrário.
do Ministério Público Federal. Parágrafo único. As propostas de emenda a este Regimento
Parágrafo único. O Ministério Público, durante a sessão de e aos regimentos dos demais órgãos do Tribunal, após o
julgamento do incidente de assunção de competência, pela parecer da Comissão, deverão ser enviadas, com antecedência
ordem, poderá manifestar-se. de dez dias, a todos os desembargadores federais, e não será
concedida vista na sessão de julgamento. Art. 423. As emendas
Art. 413. O procurador regional poderá pedir preferência aprovadas serão numeradas sequencialmente.
para julgamento de processo em pauta, fundamentando o
pedido. Título III
Das disposições gerais e transitórias
Art. 414. Na sessão de julgamento, o procurador regional Capítulo I
poderá usar da palavra sempre que for facultada às partes Das disposições gerais
sustentação oral, bem como para esclarecer matéria de fato.
Parágrafo único. Nos casos em que atuar exclusivamente Art. 424. Os casos omissos serão resolvidos pelo
como fiscal da lei, o Ministério Público Federal manifestar-se- presidente, ouvida a Comissão de Regimento.
á após as partes. Parágrafo único. Os Regimentos Internos do Supremo
Capítulo II Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça serão fontes
Da Advocacia-Geral da União subsidiárias deste Regimento.

Art. 415. O advogado-geral da União representa Art. 425. Proceder-se-á à distribuição e à redistribuição de
judicialmente a União perante o Tribunal, diretamente ou por feitos mediante sorteio pelo sistema eletrônico de
meio de seus procuradores. processamento de dados.
§ 1º Na capa dos autos deverá constar sempre o nome
Capítulo III completo do juiz que proferiu a decisão recorrida, a fim de que,
Da Defensoria Pública no momento da distribuição ou redistribuição, seu nome seja
automaticamente excluído no caso de figurar entre os
Art. 416. O defensor público atua no Tribunal prestando membros do Tribunal.
assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos.

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§ 2º Os processos administrativos também estarão sujeitos procedente ação rescisória. Se o desacordo for parcial, os
a distribuição mediante sorteio pelo sistema eletrônico de embargos serão restritos à matéria objeto da divergência.
processamento de dados. Parágrafo único. Das decisões proferidas em apelação em
§ 3º A cor da capa dos autos dos processos administrativos mandado de segurança, mandado de injunção e habeas data
será diferenciada da cor da capa dos autos dos processos não cabem embargos infringentes.
judiciais.
Art. 436. Interpostos os embargos, deduzidos por artigos e
Art. 426. As pautas de julgamento dos processos de entregues no protocolo do Tribunal, abrir-se-á vista ao
competência do Plenário e da Corte Especial Administrativa recorrido para, no prazo de 15 dias, oferecer contrarrazões.
deverão ser divulgadas entre seus membros, com Após, o relator do acórdão embargado apreciará a
antecedência mínima de cinco dias úteis, ressalvada a admissibilidade do recurso, negando-lhe seguimento, quando
possibilidade de ser dispensado esse prazo, desde que incabível ou quando, nas questões predominantemente de
submetida e aprovada questão de ordem na sessão de direito, contrarie súmula do Tribunal, do Supremo Tribunal
julgamento em que todos os seus membros se considerem Federal ou do Superior Tribunal de Justiça.
habilitados a decidir o processo que se caracterize como Parágrafo único. Da decisão que não admitir os embargos
urgente. caberá agravo interno, em cinco dias, para o órgão competente
para o julgamento do recurso.
Art. 427. As designações para as funções comissionadas
não poderão beneficiar servidor cuja categoria básica seja Art. 437. Admitido o recurso, far-se-á sorteio do relator,
incompatível com as atribuições inerentes a essas funções ou que recairá em desembargador federal que não haja proferido
de nível inferior ao exigido para seu exercício. voto no julgamento da apelação ou da ação rescisória.
Capítulo II § 1º Não poderá ser sorteado relator o desembargador
Das disposições transitórias federal que tenha relatado a apelação ou a ação rescisória.
§ 2º Sorteado o relator, ser-lhe-ão conclusos os autos e,
Art. 428. Permanecerão em vigor, até ulterior deliberação após o relatório, lançado em 30 dias, serão os autos
do Tribunal, no que não contrariarem este Regimento, os encaminhados, se for o caso, ao revisor, que, em 30 dias,
provimentos, as resoluções e os atos do antigo Conselho da determinará a inclusão do feito em pauta para julgamento.
Justiça Federal e da antiga Corregedoria-Geral da Justiça § 3º A Coordenadoria da Corte Especial e das Seções, ao
Federal do Tribunal Federal de Recursos. serem incluídos em pauta os embargos, distribuirá cópias
autenticadas do relatório, bem como dos votos divergentes
Art. 429. O desembargador federal não poderá ocupar, ao entre os desembargadores federais que compuserem o órgão
mesmo tempo, as direções do gabinete do desembargador competente para o julgamento.
federal diretor da Revista e da Escola de Magistratura Federal
da 1ª Região. Art. 438. Os embargos infringentes não estão sujeitos a
preparo.
Art. 430. Os conflitos de competência referentes às multas
de qualquer natureza, pendentes de julgamento na data de Art. 439. Este Regimento entra em vigor na data de sua
publicação deste Regimento, ficarão prejudicados, devendo publicação no Diário Eletrônico da Justiça Federal da 1ª
ser encaminhados às novas áreas de competência. Região.

Art. 431. O julgamento dos feitos cuja competência já tenha Art. 440. Revogam-se as Emendas Regimentais 7, de 26 de
sido afirmada em decisão dos conflitos entre as seções do agosto de 2010; 8, de 15 de dezembro de 2011 e 9 de fevereiro
Tribunal permanecerá com as turmas conforme decidido nas de 2012; 9, de 8 de agosto de 2013; 10, de 10 de outubro de
seções para onde foram remetidos. 2013; 11 e 12, de 28 de abril 2016; 13, de 4 de julho de 2016;
Parágrafo único. Os futuros recursos interpostos nos feitos e 14, 15 e 16, de 6 de julho de 2016.
a que se refere o caput deste artigo serão julgados conforme a
competência definida para as seções neste Regimento. Questões

Art. 432. Compete às seções processar e julgar os 01. (TRF - 1ª REGIÃO - Técnico Judiciário - FCC) Em
embargos infringentes interpostos com base no Código de conformidade com o Regimento Interno do TRF - 1a Região,
Processo Civil de 1973 contra acórdão cuja sessão de NÃO é considerada comissão permanente nesse Tribunal a
julgamento tenha sido realizada até 17 de março de 2016. Comissão
(A) de Regimento.
Art. 433. Os recursos interpostos em reclamação (B) de Jurisprudência.
trabalhista, na forma da lei processual e em consonância com (C) de Acervo Jurídico.
o disposto no § 10 do art. 27 do ADCT, da Constituição Federal, (D) de Promoção.
serão classificados, autuados e distribuídos como recurso (E) Processante Administrativa.
ordinário, agravo de petição e agravo de instrumento, sob
numeração comum. 02. (TRF - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário - FCC) Analise:

Art. 434. Distribuído o recurso, serão os autos I. Orientar iniciativas de coleta e divulgação dos trabalhos
encaminhados ao Ministério Público Federal, que emitirá de desembargadores federais que já se afastaram definitiva-
parecer em 20 dias. Em seguida, serão os autos conclusos ao mente do Tribunal.
relator, que determinará a inclusão do feito em pauta para o II. Opinar em procedimento administrativo, quando
julgamento. consultado pelo Presidente do Tribunal.

Art. 435. Cabem embargos infringentes, no prazo de 15 Em conformidade com o Regimento Interno do TRF 1ª
dias, quando o acórdão não unânime houver reformado, em Região, essas incumbências são, respectivamente, das
grau de apelação, sentença de mérito ou houver julgado Comissões

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(A) Permanentes de Jurisprudência e de Regimento (A) a Corte Especial e as Turmas Especializadas.


(B) Permanentes de Acervo Jurídico e de Jurisprudência. (B) o Plenário e as Comissões.
(C) Permanentes de Acervo Jurídico e de Promoção. (C) a Turma Especial e as Comissões.
(D) Temporárias criadas pelo Plenário e de Promoção. (D) o Plenário e a Corregedoria-Geral.
(E) Temporárias de Jurisprudência e criadas pelo (E) a Corte Especial, as Comissões e o Conselho de
Presidente do Tribunal. Administração.

03. (TRF - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário - FCC) Nos Respostas


termos do Regimento Interno do Tribunal Regional Federal da 01. E. / 02. A. / 03. B. / 04. D. / 05. D. / 06. A.
1ª Região, os juízes federais substitutos
(A) tomarão posse perante o corregedor-geral do Tribunal,
em sessão solene. 2 Lei nº 8.429/1992, e suas
(B) poderão praticar todos os atos reservados por lei aos
juízes federais vitalícios.
alterações: disposições
(C) serão nomeados pelo Presidente da República dentre gerais, atos de improbidade
brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco administrativa.
anos de idade.
(D) não poderão perder o cargo, enquanto não adquirida a
vitaliciedade, senão por proposta do Tribunal adotada pelo
Esse assunto foi abordado na matéria de Direito
voto de mais da metade de seus membros.
Administrativo.
(E) serão indicados em lista tríplice pelos órgãos de
representação das respectivas classes e nomeados pelo
presidente do Tribunal.
3 Resolução CNJ nº
04. (TRF - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário - FCC) O 230/2016.
Tribunal Regional Federal da 1ª Região compõe-se de
(A) onze ministros nomeados pelo Presidente do
Congresso Nacional dentre brasileiros com mais de trinta e Resolução Nº 230 de 22/06/2016
cinco e menos de sessenta anos, de notável saber jurídico e
reputação ilibada. Orienta a adequação das atividades dos órgãos do Poder
(B) dezoito desembargadores federais, dentre os quais um Judiciário e de seus serviços auxiliares às determinações
terço, em partes iguais, entre advogados e membros do exaradas pela Convenção Internacional sobre os Direitos das
Ministério Público Federal. Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo e pela Lei
(C) vinte e cinco desembargadores federais nomeados pelo Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência por meio –
Presidente do Senado Federal, sendo um quinto dentre entre outras medidas – da convolação em resolução a
advogados com mais de dez anos de efetiva atividade Recomendação CNJ 27, de 16/12/2009, bem como da
profissional. instituição de Comissões Permanentes de Acessibilidade e
(D) vinte e sete juízes vitalícios nomeados pelo Presidente Inclusão.
da República, sendo vinte e um entre juízes federais, três entre
advogados e três entre membros do Ministério Público Origem: Presidência
Federal.
(E) trinta e três juízes vitalícios, sendo um terço dentre O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, no
desembargadores dos Tribunais de Justiça indicados em lista uso de suas atribuições,
tríplice elaborada pelo Tribunal Regional Federal.
CONSIDERANDO que, conforme o art. 5º, caput, da
05. (TRF - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário - FCC) Constituição de 1988, todos são iguais perante a lei, sem
Analise: distinção de qualquer natureza, garantindo-se a
I. Auxiliar na supervisão e fiscalização dos serviços da inviolabilidade do direito à igualdade;
Secretaria do Tribunal.
II. Informar a remoção ou promoção de juízes à CONSIDERANDO os princípios gerais estabelecidos pelo
Coordenação dos Juizados Especiais. art. 3º da aludida Convenção Internacional sobre os Direitos
III. Submeter ao Conselho de Administração as propostas das Pessoas com Deficiência, quais sejam: a) o respeito pela
de provimentos necessários ao regular funcionamento dos dignidade inerente, a autonomia individual, inclusive a
serviços forenses de primeiro grau. liberdade de fazer as próprias escolhas, e a independência das
pessoas; b) a não discriminação; c) a plena e efetiva
Conforme disposição expressa do Regimento Interno do participação e inclusão na sociedade; d) o respeito pela
TRF da 1a Região, são atribuições, respectivamente, do diferença e pela aceitação das pessoas com deficiência como
(A) Presidente, do Corregedor-Regional e da Corte Especial parte da diversidade humana e da humanidade; e) a igualdade
Administrativa. de oportunidades; f) a acessibilidade; g) a igualdade entre o
(B) Corregedor-Regional, do Vice-Presidente e do Relator. homem e a mulher; e h) o respeito pelo desenvolvimento das
(C) Vice-Presidente, da Corte Especial Administrativa e do capacidades das crianças com deficiência e pelo direito das
Relator. crianças com deficiência de preservar sua identidade;
(D) Vice-Presidente, do Presidente e do Corregedor-
Regional. CONSIDERANDO a Convenção sobre os Direitos das
(E) Relator, do Conselho de Administração e do Presidente. Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, adotada
em 13 de dezembro de 2006, por meio da Resolução 61/106,
06. (TRF - 1ª REGIÃO - Técnico Judiciário - FCC) São durante a 61ª sessão da Assembleia Geral da Organização das
órgãos de funcionamento do Tribunal Regional Federal, entre Nações Unidas (ONU);
outros,

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CONSIDERANDO a ratificação pelo Estado Brasileiro da a ampla e irrestrita acessibilidade física, arquitetônica,
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de comunicacional e atitudinal;
seu Protocolo Facultativo com equivalência de emenda
constitucional, por meio do Decreto Legislativo nº 186, de 9 de CONSIDERANDO que a Administração Pública tem papel
julho de 2008, com a devida promulgação pelo Decreto nº preponderante na criação de novos padrões de consumo e
6.949, de 25 de agosto de 2009; produção e na construção de uma sociedade mais inclusiva,
razão pela qual detém a capacidade e o dever de potencializar,
CONSIDERANDO que nos termos desse novo tratado de estimular e multiplicar a utilização de recursos e tecnologias
direitos humanos a deficiência é um conceito em evolução, que assistivas com vistas à garantia plena da acessibilidade e a
resulta da interação entre pessoas com deficiência e as inclusão das pessoas com deficiência;
barreiras relativas às atitudes e ao ambiente que impedem a
sua plena e efetiva participação na sociedade em igualdade de CONSIDERANDO a necessidade de aperfeiçoamento da
oportunidades com as demais pessoas; Recomendação CNJ 27/2009 pelo advento da Lei 13.146/2015
(Lei Brasileira de Inclusão);
CONSIDERANDO que a acessibilidade foi reconhecida na
Convenção como princípio e como direito, sendo também CONSIDERANDO a ratificação unânime da medida liminar
considerada garantia para o pleno e efetivo exercício de concedida nos autos dos Pedidos de Providências 0004258-
demais direitos; 58.2015.2.00.0000 e 0004756-57.2015.2.00.0000, pelo
Plenário do Conselho Nacional de Justiça;
CONSIDERANDO que a Convenção determina que os
Estados Partes devem reafirmar que as pessoas com CONSIDERANDO a deliberação do Plenário do CNJ no
deficiência têm o direito de ser reconhecidas em qualquer Procedimento de Comissão 006029-71.2015.2.00.0000, na
lugar como pessoas perante a lei e que gozam de capacidade 232ª Sessão Ordinária, realizada em 31 de maio de 2016;
legal em igualdade de condições com as demais pessoas em
todos os aspectos da vida, sendo que deverão ser tomadas RESOLVE:
medidas apropriadas para prover o acesso de pessoas com
deficiência ao apoio que necessitarem no exercício de sua CAPÍTULO I
capacidade legal; DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

CONSIDERANDO que os artigos 3º e 5º da Constituição Art. 1º Esta Resolução orienta a adequação das atividades
Federal de 1988 têm a igualdade como princípio e a promoção dos órgãos do Poder Judiciário e de seus serviços auxiliares em
do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, relação às determinações exaradas pela Convenção
idade e quaisquer outras formas de discriminação, como um Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e
objetivo fundamental da República Federativa do Brasil, do seu Protocolo Facultativo (promulgada por meio do Decreto nº
que decorre a necessidade de promoção e proteção dos 6.949/2009) e pela Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
direitos humanos de todas as pessoas, com e sem deficiência, Deficiência (Lei nº 13.146/2015).
em igualdade de condições; Parágrafo único. Para tanto, entre outras medidas,
convola-se, em resolução, a Recomendação CNJ 27, de
CONSIDERANDO o disposto na Lei nº 7.853, de 24 de 16/12/2009, bem como institui-se as Comissões Permanentes
outubro de 1989, Decreto nº 3.298, de 21 de dezembro de de Acessibilidade e Inclusão.
1999, Lei nº 10.048, de 08 de novembro de 2000, Lei nº
10.098, de 19 de dezembro de 2000, e no Decreto nº 5.296, de Art. 2º Para fins de aplicação desta Resolução, consideram-
2 de dezembro de 2004, que estabelecem normas gerais e se:
critérios básicos para a promoção da acessibilidade das I - “discriminação por motivo de deficiência” significa
pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, mediante a qualquer diferenciação, exclusão ou restrição, por ação ou
supressão de barreiras e de obstáculos nas vias, espaços e omissão, baseada em deficiência, com o propósito ou efeito de
serviços públicos, no mobiliário urbano, na construção e impedir ou impossibilitar o reconhecimento, o desfrute ou o
reforma de edifícios e nos meios de transporte e de exercício, em igualdade de oportunidades com as demais
comunicação, com prazos determinados para seu pessoas, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos
cumprimento e implementação; âmbitos político, econômico, social, cultural, civil ou qualquer
outro, incluindo a recusa de adaptações razoáveis e de
CONSIDERANDO que ao Poder Público e seus órgãos cabe fornecimento de tecnologias assistivas;
assegurar às pessoas com deficiência o pleno exercício de seus II - “acessibilidade” significa possibilidade e condição de
direitos, inclusive o direito ao trabalho, e de outros que, alcance para utilização, com segurança e autonomia, de
decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem- espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações,
estar pessoal, social e econômico, cabendo aos órgãos e transportes, informação e comunicação, inclusive seus
entidades da administração direta e indireta dispensar, no sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e
âmbito de sua competência e finalidade, aos assuntos objetos instalações abertos ao público, de uso público ou privados de
desta Resolução, tratamento prioritário e adequado, tendente uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa
a viabilizar, sem prejuízo de outras, medidas que visem com deficiência ou com mobilidade reduzida;
garantir o acesso aos serviços concernentes, o empenho III - “barreiras” significa qualquer entrave, obstáculo,
quanto ao surgimento e à manutenção de empregos e a atitude ou comportamento que limite ou impeça a participação
promoção de ações eficazes que propiciem a inclusão e a social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de
adequada ambientação, nos locais de trabalho, de pessoas com seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de
deficiência; expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à
compreensão, à circulação com segurança, entre outros,
CONSIDERANDO que a efetiva prestação de serviços classificadas em:
públicos e de interesse público depende, no caso das pessoas a) “barreiras urbanísticas”: as existentes nas vias e nos
com deficiência, da implementação de medidas que assegurem espaços públicos e privados abertos ao público ou de uso
coletivo;

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b) “barreiras arquitetônicas”: as existentes nos edifícios plena, coibindo qualquer forma de discriminação por motivo
públicos e privados; de deficiência.
c) “barreiras nos transportes”: as existentes nos sistemas e
meios de transportes; Subseção II
d) “barreiras nas comunicações e na informação”: Da Acessibilidade com Segurança e Autonomia
qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que
dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de Art. 4º Para promover a acessibilidade dos usuários do
mensagens e de informações por intermédio de sistemas de Poder Judiciário e dos seus serviços auxiliares que tenham
comunicação e de tecnologia da informação; deficiência, a qual não ocorre sem segurança ou sem
e) “barreiras atitudinais”: atitudes ou comportamentos autonomia, dever-se-á, entre outras atividades, promover:
que impeçam ou prejudiquem a participação social da pessoa I - atendimento ao público – pessoal, por telefone ou por
com deficiência em igualdade de condições e oportunidades qualquer meio eletrônico – que seja adequado a esses
com as demais pessoas; e usuários, inclusive aceitando e facilitando, em trâmites
f) “barreiras tecnológicas”: as que dificultam ou impedem oficiais, o uso de línguas de sinais, braille, comunicação
o acesso da pessoa com deficiência às tecnologias. aumentativa e alternativa, e de todos os demais meios, modos
IV - “adaptação razoável” significa as modificações e os e formatos acessíveis de comunicação, à escolha das pessoas
ajustes necessários e adequados que não acarretem ônus com deficiência;
desproporcional ou indevido, quando requeridos em cada II - adaptações arquitetônicas que permitam a livre e
caso, a fim de assegurar que as pessoas com deficiência autônoma movimentação desses usuários, tais como rampas,
possam gozar ou exercer, em igualdade de oportunidades com elevadores e vagas de estacionamento próximas aos locais de
as demais pessoas, todos os direitos humanos e liberdades atendimento; e
fundamentais; III - acesso facilitado para a circulação de transporte
V - “desenho universal” significa a concepção de produtos, público nos locais mais próximos possíveis aos postos de
ambientes, programas e serviços a serem usados, na maior atendimento.
medida possível, por todas as pessoas, sem necessidade de § 1º A fim de garantir a atuação da pessoa com deficiência
adaptação ou projeto específico. O “desenho universal” não em todo o processo judicial, o poder público deve capacitar os
excluirá as ajudas técnicas para grupos específicos de pessoas membros, os servidores e terceirizados que atuam no Poder
com deficiência, quando necessárias; Judiciário quanto aos direitos da pessoa com deficiência.
VI - “tecnologia assistiva” (ou “ajuda técnica”) significa § 2º Cada órgão do Poder Judiciário deverá dispor de, pelo
produtos, equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias, menos, cinco por cento de servidores, funcionários e
estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a terceirizados capacitados para o uso e interpretação da Libras.
funcionalidade, relacionada à atividade e à participação da § 3º As edificações públicas já existentes devem garantir
pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à acessibilidade à pessoa com deficiência em todas as suas
sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão dependências e serviços, tendo como referência as normas de
social; acessibilidade vigentes.
VII - “comunicação” significa forma de interação dos § 4º A construção, a reforma, a ampliação ou a mudança de
cidadãos que abrange, entre outras opções, as línguas, uso de edificações deverão ser executadas de modo a serem
inclusive a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização acessíveis.
de textos, o Braille, o sistema de sinalização ou de comunicação § 5º A formulação, a implementação e a manutenção das
tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos multimídia, ações de acessibilidade atenderão às seguintes premissas
assim como a linguagem simples, escrita e oral, os sistemas básicas:
auditivos e os meios de voz digitalizados e os modos, meios e I - eleição de prioridades, elaboração de cronograma e
formatos aumentativos e alternativos de comunicação, reserva de recursos para implementação das ações; e
incluindo as tecnologias da informação e das comunicações; II - planejamento contínuo e articulado entre os setores
VIII - “atendente pessoal” significa pessoa, membro ou não envolvidos.
da família, que, com ou sem remuneração, assiste ou presta § 6º Para atender aos usuários externos que tenham
cuidados básicos e essenciais à pessoa com deficiência no deficiência, dever-se-á reservar, nas áreas de estacionamento
exercício de suas atividades diárias, excluídas as técnicas ou os abertas ao público, vagas próximas aos acessos de circulação
procedimentos identificados com profissões legalmente de pedestres, devidamente sinalizadas, para veículos que
estabelecidas; e transportem pessoas com deficiência e com
IX - “acompanhante” significa aquele que acompanha a comprometimento de mobilidade, desde que devidamente
pessoa com deficiência, podendo ou não desempenhar as identificados, em percentual equivalente a 2% (dois por cento)
funções de atendente pessoal. do total, garantida, no mínimo, 1 (uma) vaga.
§ 7º Mesmo se todas as vagas disponíveis estiverem
CAPÍTULO II ocupadas, a Administração deverá agir com o máximo de
DAS DISPOSIÇÕES RELACIONADAS A TODAS AS empenho para, na medida do possível, facilitar o acesso do
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA usuário com deficiência às suas dependências, ainda que, para
Seção I tanto, seja necessário dar acesso a vaga destinada ao público
Da Igualdade e suas Implicações interno do órgão.
Subseção I
Da Igualdade e da Inclusão Art. 5º É proibido ao Poder Judiciário e seus serviços
auxiliares impor ao usuário com deficiência custo anormal,
Art. 3º A fim de promover a igualdade, adotar-se-ão, com direto ou indireto, para o amplo acesso a serviço público
urgência, medidas apropriadas para eliminar e prevenir oferecido.
quaisquer barreiras urbanísticas, arquitetônicas, nos
transportes, nas comunicações e na informação, atitudinais ou Art. 6º Todos os procedimentos licitatórios do Poder
tecnológicas, devendo-se garantir às pessoas com deficiência – Judiciário deverão se ater para produtos acessíveis às pessoas
servidores, serventuários extrajudiciais, terceirizados ou não com deficiência, sejam servidores ou não.
– quantas adaptações razoáveis ou mesmo tecnologias § 1º O desenho universal será sempre tomado como regra
assistivas sejam necessárias para assegurar acessibilidade de caráter geral.

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APOSTILAS OPÇÃO

§ 2º Nas hipóteses em que comprovadamente o desenho formados por professores oriundos de instituições
universal não possa ser empreendido, deve ser adotada oficialmente reconhecidas no ensino de Linguagem Brasileira
adaptação razoável. de Sinais para ministrar os cursos internos, a fim de assegurar
que as secretarias e cartórios das Varas e Tribunais
Art. 7º Os órgãos do Poder Judiciário deverão, com disponibilizem pessoal capacitado a atender surdos,
urgência, proporcionar aos seus usuários processo eletrônico prestando-lhes informações em Linguagem Brasileira de
adequado e acessível a todos os tipos de deficiência, inclusive Sinais;
às pessoas que tenham deficiência visual, auditiva ou da fala. V – nomeação de tradutor e intérprete de Linguagem
§ 1º Devem ser oferecidos todos os recursos de tecnologia Brasileira de Sinais, sempre que figurar no processo pessoa
assistiva disponíveis para que a pessoa com deficiência tenha com deficiência auditiva, escolhido dentre aqueles
garantido o acesso à justiça, sempre que figure em um dos devidamente habilitados e aprovados em curso oficial de
polos da ação ou atue como testemunha, partícipe da lide posta tradução e interpretação de Linguagem Brasileira de Sinais ou
em juízo, advogado, defensor público, magistrado ou membro detentores do certificado de proficiência em Linguagem
do Ministério Público. Brasileira de Sinais – PROLIBRAS, nos termos do art. 19 do
§ 2º A pessoa com deficiência tem garantido o acesso ao Decreto 5.626/2005, o qual deverá prestar compromisso e, em
conteúdo de todos os atos processuais de seu interesse, qualquer hipótese, será custeado pela administração dos
inclusive no exercício da advocacia. órgãos do Judiciário;
VI – sendo a pessoa com deficiência auditiva partícipe do
Art. 8º Os serviços notariais e de registro não podem negar processo oralizado e se assim o preferir, o Juiz deverá com ela
ou criar óbices ou condições diferenciadas à prestação de seus se comunicar por anotações escritas ou por meios eletrônicos,
serviços em razão de deficiência do solicitante, devendo o que inclui a legenda em tempo real, bem como adotar
reconhecer sua capacidade legal plena, garantida a medidas que viabilizem a leitura labial;
acessibilidade. VII – nomeação ou permissão de utilização de guia-
Parágrafo único. O descumprimento do disposto no caput intérprete, sempre que figurar no processo pessoa com
deste artigo constitui discriminação em razão de deficiência. deficiência auditiva e visual, o qual deverá prestar
compromisso e, em qualquer hipótese, será custeado pela
Art. 9º Os Tribunais relacionados nos incisos II a VII do art. administração dos órgãos do Judiciário;
92 da Constituição Federal de 1988 e os serviços auxiliares do VIII – registro da audiência, caso o Juiz entenda necessário,
Poder Judiciário devem adotar medidas para a remoção de por filmagem de todos os atos nela praticados, sempre que
barreiras físicas, tecnológicas, arquitetônicas, de comunicação presente pessoa com deficiência auditiva;
e atitudinais para promover o amplo e irrestrito acesso de IX – aquisição de impressora em Braille, produção e
pessoas com deficiência às suas respectivas carreiras e manutenção do material de comunicação acessível,
dependências e o efetivo gozo dos serviços que prestam, especialmente o website, que deverá ser compatível com a
promovendo a conscientização de servidores e jurisdicionados maioria dos softwares livres e gratuitos de leitura de tela das
sobre a importância da acessibilidade para garantir o pleno pessoas com deficiência visual;
exercício de direitos. X – inclusão, em todos os editais de concursos públicos, da
previsão constitucional de reserva de cargos para pessoas com
Subseção III deficiência, inclusive nos que tratam do ingresso na
Das Comissões Permanentes de Acessibilidade e magistratura (CF, art. 37, VIII);
Inclusão XI – anotação na capa dos autos da prioridade concedida à
tramitação de processos administrativos cuja parte seja uma
Art. 10. Serão instituídas por cada Tribunal, no prazo pessoa com deficiência e de processos judiciais se tiver idade
máximo de 45 (quarenta e cinco) dias, Comissões igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou portadora de doença
Permanentes de Acessibilidade e Inclusão, com caráter grave, nos termos da Lei n. 12.008, de 06 de agosto de 2009;
multidisciplinar, com participação de magistrados e XII – realização de oficinas de conscientização de
servidores, com e sem deficiência, objetivando que essas servidores e magistrados sobre os direitos das pessoas com
Comissões fiscalizem, planejem, elaborem e acompanhem os deficiência;
projetos arquitetônicos de acessibilidade e projetos XIII – utilização de intérprete de Linguagem Brasileira de
“pedagógicos” de treinamento e capacitação dos profissionais Sinais, legenda, audiodescrição e comunicação em linguagem
e funcionários que trabalhem com as pessoas com deficiência, acessível em todas as manifestações públicas, dentre elas
com fixação de metas anuais, direcionados à promoção da propagandas, pronunciamentos oficiais, vídeos educativos,
acessibilidade para pessoas com deficiência, tais quais as eventos e reuniões;
descritas a seguir: XIV – disponibilização de equipamentos de
I – construção e/ou reforma para garantir acessibilidade autoatendimento para consulta processual acessíveis, com
para pessoas com termos da normativa técnica em vigor sistema de voz ou de leitura de tela para pessoas com
(ABNT 9050), inclusive construção de rampas, adequação de deficiência visual, bem como, com altura compatível para
sanitários, instalação de elevadores, reserva de vagas em usuários de cadeira de rodas.
estacionamento, instalação de piso tátil direcional e de alerta,
sinalização sonora para pessoas com deficiência visual, bem Art. 11. Os órgãos do Poder Judiciário relacionados nos
como sinalizações visuais acessíveis a pessoas com deficiência incisos II a VII do art. 92 da Constituição Federal de 1988
auditiva, pessoas com baixa visão e pessoas com deficiência devem criar unidades administrativas específicas,
intelectual, adaptação de mobiliário (incluindo púlpitos), diretamente vinculadas à Presidência de cada órgão,
portas e corredores em todas as dependências e em toda a responsáveis pela implementação das ações da respectiva
extensão (Tribunais, Fóruns, Juizados Especiais etc.); Comissão Permanente de Acessibilidade e Inclusão.
II – locação de imóveis, aquisição ou construções novas
somente deverão ser feitas se com acessibilidade; Art. 12. É indispensável parecer da Comissão Permanente
III – permissão de entrada e permanência de cães-guias em de Acessibilidade e Inclusão em questões relacionadas aos
todas as dependências dos edifícios e sua extensão; direitos das pessoas com deficiência e nos demais assuntos
IV – habilitação de servidores em cursos oficiais de conexos à acessibilidade e inclusão no âmbito dos Tribunais.
Linguagem Brasileira de Sinais, custeados pela Administração,

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APOSTILAS OPÇÃO

Art. 13. Os prazos e as eventuais despesas decorrentes da deverão prever, nos objetos de avaliação, disciplina que
implementação desta Resolução serão definidos pelos abarque os direitos das pessoas com deficiência.
tribunais, ouvida a respectiva Comissão Permanente de
Acessibilidade e o órgão interno responsável pela elaboração Art. 20. Imediatamente após a posse de servidor,
do Planejamento Estratégico, com vistas à sua efetiva serventuário extrajudicial ou contratação de terceirizado com
implementação. deficiência, dever-se-á informar a ele de forma detalhada
sobre seus direitos e sobre a existência desta Resolução.
Seção II
Da não Discriminação Art. 21. Cada órgão do Poder Judiciário deverá manter um
cadastro dos servidores, serventuários extrajudiciais e
Art. 14. É proibida qualquer forma de discriminação por terceirizados com deficiência que trabalham no seu quadro.
motivo de deficiência, devendo-se garantir as pessoas com § 1º Esse cadastro deve especificar as deficiências e as
deficiência – servidores, serventuários extrajudiciais, necessidades particulares de cada servidor, terceirizado ou
terceirizados ou não – igual e efetiva proteção legal contra a serventuário extrajudicial.
discriminação por qualquer motivo. § 2º A atualização do cadastro deve ser permanente,
devendo ocorrer uma revisão detalhada uma vez por ano.
Seção III § 3º Na revisão anual, cada um dos servidores,
Da Proteção da Integridade Física e Psíquica serventuários extrajudiciais ou terceirizado com deficiência
deverá ser pessoalmente questionado sobre a existência de
Art. 15. Toda pessoa com deficiência – servidor, possíveis sugestões ou adaptações referentes à sua plena
serventuário extrajudicial, terceirizado ou não – tem o direito inclusão no ambiente de trabalho.
a que sua integridade física e mental seja respeitada, em § 4º Para cada sugestão dada, deverá haver uma resposta
igualdade de condições com as demais pessoas. formal do Poder Judiciário em prazo razoável.

Art. 16. A pessoa com deficiência tem direito a receber Art. 22. Constitui modo de inclusão da pessoa com
atendimento prioritário, sobretudo com a finalidade de: deficiência no trabalho a colocação competitiva, em igualdade
I - proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; de oportunidades com as demais pessoas, nos termos da
II - atendimento em todos os serviços de atendimento ao legislação trabalhista e previdenciária, na qual devem ser
público; atendidas as regras de acessibilidade, o fornecimento de
III - disponibilização de recursos, tanto humanos quanto recursos de tecnologia assistiva e a adaptação razoável no
tecnológicos, que garantam atendimento em igualdade de ambiente de trabalho.
condições com as demais pessoas; Parágrafo único. A colocação competitiva da pessoa com
IV - acesso a informações e disponibilização de recursos de deficiência pode ocorrer por meio de trabalho com apoio,
comunicação acessíveis; observadas as seguintes diretrizes:
V - tramitação processual e procedimentos judiciais e I - prioridade no atendimento à pessoa com deficiência
administrativos em que for parte ou interessada, em todos os com maior dificuldade de inserção no campo de trabalho;
atos e diligências. II - provisão de suportes individualizados que atendam a
Parágrafo único. Os direitos previstos neste artigo são necessidades específicas da pessoa com deficiência, inclusive
extensivos ao acompanhante da pessoa com deficiência ou ao a disponibilização de recursos de tecnologia assistiva, de
seu atendente pessoal, exceto quanto ao disposto no inciso V agente facilitador e de apoio no ambiente de trabalho;
deste artigo. III - respeito ao perfil vocacional e ao interesse da pessoa
com deficiência apoiada;
CAPÍTULO III IV - oferta de aconselhamento e de apoio aos
DAS DISPOSIÇÕES RELACIONADAS AOS SERVIDORES empregadores, com vistas à definição de estratégias de
COM DEFICIÊNCIA inclusão e de superação de barreiras, inclusive atitudinais;
Seção I V - realização de avaliações periódicas;
Da Aplicabilidade dos Capítulos Anteriores VI - articulação intersetorial das políticas públicas; e
VII - possibilidade de participação de organizações da
Art. 17. Aplicam-se aos servidores, aos serventuários sociedade civil.
extrajudiciais e aos terceirizados com deficiência, no que
couber, todas as disposições previstas nos Capítulos Art. 23. A pessoa com deficiência tem direito ao trabalho
anteriores desta Resolução. de sua livre escolha e aceitação, em ambiente acessível e
inclusivo, em igualdade de oportunidades com as demais
Seção II pessoas.
Da Avaliação § 1º Os órgãos do Poder Judiciário são obrigados a garantir
ambientes de trabalho acessíveis e inclusivos.
Art. 18. A avaliação da deficiência, quando necessária, será § 2º A pessoa com deficiência tem direito, em igualdade de
biopsicossocial, realizada por equipe multiprofissional e oportunidades com as demais pessoas, a condições justas e
interdisciplinar e considerará: favoráveis de trabalho, incluindo igual remuneração por
I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo; trabalho de igual valor.
II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; § 3º É vedada restrição ao trabalho da pessoa com
III - a limitação no desempenho de atividades; e deficiência e qualquer discriminação em razão de sua
IV - a restrição de participação. condição, inclusive nas etapas de recrutamento, seleção,
contratação, admissão, exames admissional e periódico,
Seção III permanência no emprego, ascensão profissional e reabilitação
Da Inclusão de Pessoa com Deficiência no Serviço profissional, bem como exigência de aptidão plena.
Público § 4º A pessoa com deficiência tem direito à participação e
ao acesso a cursos, treinamentos, educação continuada, planos
Art. 19. Os editais de concursos públicos para ingresso nos de carreira, promoções, bonificações e incentivos profissionais
quadros do Poder Judiciário e de seus serviços auxiliares

Legislação Específica 48
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APOSTILAS OPÇÃO

oferecidos pelo empregador, em igualdade de oportunidades CAPÍTULO IV


com os demais empregados. DAS DISPOSIÇÕES RELACIONADAS AOS SERVIDORES
§ 5º É garantida aos trabalhadores com deficiência QUE TENHAM CÔNJUGE, FILHO OU DEPENDENTE COM
acessibilidade em cursos de formação e de capacitação. DEFICIÊNCIA
Seção I
Art. 24. É garantido à pessoa com deficiência acesso a Da Facilitação dos Cuidados
produtos, recursos, estratégias, práticas, processos, métodos e
serviços de tecnologia assistiva que maximizem sua Art. 30. Se o órgão possibilitar aos seus servidores a
autonomia, mobilidade pessoal e qualidade de vida. realização de trabalho por meio do sistema “home office”,
dever-se-á dar prioridade aos servidores que tenham cônjuge,
Art. 25. Se houver qualquer tipo de estacionamento filho ou dependente com deficiência e que manifestem
interno, será garantido ao servidor com deficiência que possua interesse na utilização desse sistema.
comprometimento de mobilidade vaga no local mais próximo
ao seu local de trabalho. Art. 31. Se houver serviço de saúde no órgão, ao cônjuge,
§ 1º O percentual aplicável aos estacionamentos externos filho ou dependente com deficiência de servidor será
a que se referem o art. 4º, § 6º, desta Resolução e o art. 47 da garantido atendimento compatível com as suas deficiências.
Lei 13.146/2015 não é aplicável ao estacionamento interno do
órgão, devendo-se garantir vaga no estacionamento interno a Seção II
cada servidor com mobilidade comprometida. Do Horário Especial
§ 2º O caminho existente entre a vaga do estacionamento
interno e o local de trabalho do servidor com mobilidade Art. 32. A concessão de horário especial conforme o art. 98,
comprometida não deve conter qualquer tipo de barreira que § 3º, da Lei 8.112/1990 a servidor que tenha cônjuge, filho ou
impossibilite ou mesmo dificulte o seu acesso. dependente com deficiência não justifica qualquer atitude
discriminatória.
Art. 26. Se o órgão possibilitar aos seus servidores a § 1º Admitindo-se a possibilidade de acumulação de banco
realização de trabalho por meio do sistema “home office”, de horas pelos demais servidores do órgão, também deverá ser
dever-se-á dar prioridade aos servidores com mobilidade admitida a mesma possibilidade em relação ao servidor com
comprometida que manifestem interesse na utilização desse horário especial, em igualdade de condições com os demais.
sistema. § 2º Ao servidor a quem se tenha concedido horário
§ 1º A Administração não poderá obrigar o servidor com especial não poderá ser negado ou dificultado, colocando-o em
mobilidade comprometida a utilizar o sistema “home office”, situação de desigualdade com os demais servidores, o
mesmo diante da existência de muitos custos para a promoção exercício de função de confiança ou de cargo em comissão.
da acessibilidade do servidor em seu local de trabalho. § 3º O servidor com horário especial não será obrigado a
§ 2º Os custos inerentes à adaptação do servidor com realizar, conforme o interesse da Administração, horas extras,
deficiência ao sistema “home office” deverão ser suportados se essa extensão da sua jornada de trabalho puder ocasionar
exclusivamente pela Administração. qualquer dano relacionado ao seu cônjuge, filho ou
dependente com deficiência.
Art. 27. Ao servidor ou terceirizado com deficiência é § 4º Se o órgão, por sua liberalidade, determinar a
garantida adaptação ergonômica da sua estação de trabalho. diminuição da jornada de trabalho dos seus servidores, ainda
que por curto período, esse mesmo benefício deverá ser
Art. 28. Se houver serviço de saúde no órgão, aos aproveitado pelo servidor a quem tenha sido concedido
servidores com deficiência será garantido atendimento horário especial.
compatível com as suas deficiências.
CAPÍTULO V
Seção IV DISPOSIÇÕES FINAIS
Do Horário Especial
Art. 33. Incorre em pena de advertência o servidor,
Art. 29. A concessão de horário especial conforme o art. 98, terceirizado ou o serventuário extrajudicial que:
§ 2º, da Lei 8.112/1990 a servidor com deficiência não justifica I - conquanto possua atribuições relacionadas a possível
qualquer atitude discriminatória. eliminação e prevenção de quaisquer barreiras urbanísticas,
§ 1º Admitindo-se a possibilidade de acumulação de banco arquitetônicas, nos transportes, nas comunicações e na
de horas pelos demais servidores do órgão, também deverá ser informação, atitudinais ou tecnológicas, não se empenhe, com
admitida a mesma possibilidade em relação ao servidor com a máxima celeridade possível, para a supressão e prevenção
horário especial, mas de modo proporcional. dessas barreiras;
§ 2º Ao servidor a quem se tenha concedido horário II - embora possua atribuições relacionadas à promoção de
especial não poderá ser negado ou dificultado, colocando-o em adaptações razoáveis ou ao oferecimento de tecnologias
situação de desigualdade com os demais servidores, o assistivas necessárias à acessibilidade de pessoa com
exercício de função de confiança ou de cargo em comissão. deficiência – servidor, serventuário extrajudicial ou não –, não
§ 3º O servidor com horário especial não será obrigado a se empenhe, com a máxima celeridade possível, para
realizar, conforme o interesse da Administração, horas extras, estabelecer a condição de acessibilidade;
se essa extensão da sua jornada de trabalho puder ocasionar III - no exercício das suas atribuições, tenha qualquer outra
qualquer dano à sua saúde. espécie de atitude discriminatória por motivo de deficiência
§ 4º Se o órgão, por sua liberalidade, determinar a ou descumpra qualquer dos termos desta Resolução.
diminuição da jornada de trabalho dos seus servidores, ainda § 1º Também incorrerá em pena de advertência o servidor
que por curto período, esse mesmo benefício deverá ser ou o serventuário extrajudicial que, tendo conhecimento do
aproveitado de forma proporcional pelo servidor a quem descumprimento de um dos incisos do caput deste artigo,
tenha sido concedido horário especial. deixar de comunicá-lo à autoridade competente, para que esta
promova a apuração do fato.
§ 2º O fato de a conduta ter ocorrido em face de usuário ou
contra servidor do mesmo quadro, terceirizado ou

Legislação Específica 49
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APOSTILAS OPÇÃO

serventuário extrajudicial é indiferente para fins de aplicação Respostas


da advertência. 01. Certo. / 02. Certo. / 03. Errado. / 04. Certo.
§ 3º Em razão da prioridade na tramitação dos processos 05. Certo.
administrativos destinados à inclusão e à não discriminação de
pessoa com deficiência, a grande quantidade de processos a
serem concluídos não justifica o afastamento de advertência
pelo descumprimento dos deveres descritos neste artigo. Anotações
§ 4º As práticas anteriores da Administração Pública não
justificam o afastamento de advertência pelo descumprimento
dos deveres descritos neste artigo.

Art. 34. Esta Resolução entra em vigor na data da sua


publicação.

Questões

01. De acordo com a Resolução 230/16 do CNJ julgue o


item a seguir:

Acessibilidade significa possibilidade e condição de


alcance para utilização, com segurança e autonomia, de
espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações,
transportes, informação e comunicação, inclusive seus
sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e
instalações abertos ao público, de uso público ou privados de
uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa
com deficiência ou com mobilidade reduzida.
( ) Certo
( ) Errado

02. Sobre a Resolução 230/16 do CNJ analise a assertiva e


assinale certo ou errado

É proibida qualquer forma de discriminação por motivo de


deficiência, devendo-se garantir as pessoas com deficiência –
servidores, serventuários extrajudiciais, terceirizados ou não
– igual e efetiva proteção legal contra a discriminação por
qualquer motivo.
( ) Certo
( ) Errado

03. De acordo com a Resolução CNJ Nº 230/2016, analise


o item abaixo e julgue Certo ou Errado:
Para fins de aplicação da Resolução CNJ Nº 230/2016,
consideram-se:
“Acessibilidade” significa qualquer diferenciação, exclusão
ou restrição, por ação ou omissão, baseada em deficiência, com
o propósito ou efeito de impedir ou impossibilitar o
reconhecimento, o desfrute ou o exercício, em igualdade de
oportunidades com as demais pessoas, de direitos humanos e
liberdades fundamentais nos âmbitos político, econômico,
social, cultural, civil ou qualquer outro, incluindo a recusa de
adaptações razoáveis e de fornecimento de tecnologias
assistivas.
(....) Certo (....) Errado

04. De acordo com a Resolução CNJ Nº 230/2016, analise


o item abaixo e julgue Certo ou Errado:
É proibido ao Poder Judiciário e seus serviços auxiliares
impor ao usuário com deficiência custo anormal, direto ou
indireto, para o amplo acesso a serviço público oferecido.
(....) Certo (....) Errado

05. De acordo com a Resolução CNJ Nº 230/2016, analise


o item abaixo e julgue Certo ou Errado:
Ao servidor ou terceirizado com deficiência é garantida
adaptação ergonômica da sua estação de trabalho.
(....) Certo (....) Errado

Legislação Específica 50
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DIREITO DAS PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA

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APOSTILAS OPÇÃO

toda pessoa faz jus a todos os direitos e liberdades ali


estabelecidos, sem distinção de qualquer espécie,
c) Reafirmando a universalidade, a indivisibilidade, a
interdependência e a inter-relação de todos os direitos
humanos e liberdades fundamentais, bem como a necessidade
de garantir que todas as pessoas com deficiência os exerçam
plenamente, sem discriminação,
d) Relembrando o Pacto Internacional dos Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais, o Pacto Internacional dos
1 Convenção sobre os Direitos Direitos Civis e Políticos, a Convenção Internacional sobre a
das Pessoas com Deficiência, Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, a
assinada em Nova Iorque, em Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher, a Convenção contra a Tortura
30 de março de 2007, e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou
ratificada, no âmbito do direito Degradantes, a Convenção sobre os Direitos da Criança e a
interno, pelo Decreto Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de
Todos os Trabalhadores Migrantes e Membros de suas
Legislativo nº 186/2008. Famílias,
e) Reconhecendo que a deficiência é um conceito em
evolução e que a deficiência resulta da interação entre pessoas
com deficiência e as barreiras devidas às atitudes e ao
DECRETO Nº 6.949, DE 25 DE AGOSTO DE 2009.
ambiente que impedem a plena e efetiva participação dessas
pessoas na sociedade em igualdade de oportunidades com as
Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das
demais pessoas,
Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados
f) Reconhecendo a importância dos princípios e das
em Nova York, em 30 de março de 2007
diretrizes de política, contidos no Programa de Ação Mundial
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que
para as Pessoas Deficientes e nas Normas sobre a Equiparação
lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e
de Oportunidades para Pessoas com Deficiência, para
Considerando que o Congresso Nacional aprovou, por
influenciar a promoção, a formulação e a avaliação de políticas,
meio do Decreto Legislativo no 186, de 9 de julho de 2008,
planos, programas e ações em níveis nacional, regional e
conforme o procedimento do § 3º do art. 5º da Constituição, a
internacional para possibilitar maior igualdade de
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu
oportunidades para pessoas com deficiência,
Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de
g) Ressaltando a importância de trazer questões relativas à
março de 2007;
deficiência ao centro das preocupações da sociedade como
Considerando que o Governo brasileiro depositou o
parte integrante das estratégias relevantes de
instrumento de ratificação dos referidos atos junto ao
desenvolvimento sustentável,
Secretário-Geral das Nações Unidas em 1o de agosto de 2008;
h) Reconhecendo também que a discriminação contra
Considerando que os atos internacionais em apreço
qualquer pessoa, por motivo de deficiência, configura violação
entraram em vigor para o Brasil, no plano jurídico externo, em
da dignidade e do valor inerentes ao ser humano,
31 de agosto de 2008;
i) Reconhecendo ainda a diversidade das pessoas com
deficiência,
DECRETA:
j) Reconhecendo a necessidade de promover e proteger os
direitos humanos de todas as pessoas com deficiência,
Art. 1o A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
inclusive daquelas que requerem maior apoio,
Deficiência e seu Protocolo Facultativo, apensos por cópia ao
k) Preocupados com o fato de que, não obstante esses
presente Decreto, serão executados e cumpridos tão
diversos instrumentos e compromissos, as pessoas com
inteiramente como neles se contém.
deficiência continuam a enfrentar barreiras contra sua
participação como membros iguais da sociedade e violações de
Art. 2o São sujeitos à aprovação do Congresso Nacional
seus direitos humanos em todas as partes do mundo,
quaisquer atos que possam resultar em revisão dos referidos
l) Reconhecendo a importância da cooperação
diplomas internacionais ou que acarretem encargos ou
internacional para melhorar as condições de vida das pessoas
compromissos gravosos ao patrimônio nacional, nos termos
com deficiência em todos os países, particularmente naqueles
do art. 49, inciso I, da Constituição.
em desenvolvimento,
m) Reconhecendo as valiosas contribuições existentes e
Art. 3o Este Decreto entra em vigor na data de sua
potenciais das pessoas com deficiência ao bem-estar comum e
publicação.
à diversidade de suas comunidades, e que a promoção do
pleno exercício, pelas pessoas com deficiência, de seus direitos
CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM
humanos e liberdades fundamentais e de sua plena
DEFICIÊNCIA
participação na sociedade resultará no fortalecimento de seu
senso de pertencimento à sociedade e no significativo avanço
Preâmbulo
do desenvolvimento humano, social e econômico da sociedade,
bem como na erradicação da pobreza,
Os Estados Partes da presente Convenção,
n) Reconhecendo a importância, para as pessoas com
a) Relembrando os princípios consagrados na Carta das
deficiência, de sua autonomia e independência individuais,
Nações Unidas, que reconhecem a dignidade e o valor
inclusive da liberdade para fazer as próprias escolhas,
inerentes e os direitos iguais e inalienáveis de todos os
o) Considerando que as pessoas com deficiência devem ter
membros da família humana como o fundamento da liberdade,
a oportunidade de participar ativamente das decisões
da justiça e da paz no mundo,
relativas a programas e políticas, inclusive aos que lhes dizem
b) Reconhecendo que as Nações Unidas, na Declaração
respeito diretamente,
Universal dos Direitos Humanos e nos Pactos Internacionais
sobre Direitos Humanos, proclamaram e concordaram que

Direito das Pessoas com Deficiência 1


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APOSTILAS OPÇÃO

p) Preocupados com as difíceis situações enfrentadas por Artigo 2


pessoas com deficiência que estão sujeitas a formas múltiplas Definições
ou agravadas de discriminação por causa de raça, cor, sexo,
idioma, religião, opiniões políticas ou de outra natureza, Para os propósitos da presente Convenção:
origem nacional, étnica, nativa ou social, propriedade, “Comunicação” abrange as línguas, a visualização de
nascimento, idade ou outra condição, textos, o braille, a comunicação tátil, os caracteres ampliados,
q) Reconhecendo que mulheres e meninas com deficiência os dispositivos de multimídia acessível, assim como a
estão freqüentemente expostas a maiores riscos, tanto no lar linguagem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e os
como fora dele, de sofrer violência, lesões ou abuso, descaso meios de voz digitalizada e os modos, meios e formatos
ou tratamento negligente, maus-tratos ou exploração, aumentativos e alternativos de comunicação, inclusive a
r) Reconhecendo que as crianças com deficiência devem tecnologia da informação e comunicação acessíveis;
gozar plenamente de todos os direitos humanos e liberdades “Língua” abrange as línguas faladas e de sinais e outras
fundamentais em igualdade de oportunidades com as outras formas de comunicação não-falada;
crianças e relembrando as obrigações assumidas com esse fim “Discriminação por motivo de deficiência” significa
pelos Estados Partes na Convenção sobre os Direitos da qualquer diferenciação, exclusão ou restrição baseada em
Criança, deficiência, com o propósito ou efeito de impedir ou
s) Ressaltando a necessidade de incorporar a perspectiva impossibilitar o reconhecimento, o desfrute ou o exercício, em
de gênero aos esforços para promover o pleno exercício dos igualdade de oportunidades com as demais pessoas, de todos
direitos humanos e liberdades fundamentais por parte das os direitos humanos e liberdades fundamentais nos âmbitos
pessoas com deficiência, político, econômico, social, cultural, civil ou qualquer outro.
t) Salientando o fato de que a maioria das pessoas com Abrange todas as formas de discriminação, inclusive a recusa
deficiência vive em condições de pobreza e, nesse sentido, de adaptação razoável;
reconhecendo a necessidade crítica de lidar com o impacto “Adaptação razoável” significa as modificações e os ajustes
negativo da pobreza sobre pessoas com deficiência, necessários e adequados que não acarretem ônus
u) Tendo em mente que as condições de paz e segurança desproporcional ou indevido, quando requeridos em cada
baseadas no pleno respeito aos propósitos e princípios caso, a fim de assegurar que as pessoas com deficiência
consagrados na Carta das Nações Unidas e a observância dos possam gozar ou exercer, em igualdade de oportunidades com
instrumentos de direitos humanos são indispensáveis para a as demais pessoas, todos os direitos humanos e liberdades
total proteção das pessoas com deficiência, particularmente fundamentais;
durante conflitos armados e ocupação estrangeira, “Desenho universal” significa a concepção de produtos,
v) Reconhecendo a importância da acessibilidade aos meios ambientes, programas e serviços a serem usados, na maior
físico, social, econômico e cultural, à saúde, à educação e à medida possível, por todas as pessoas, sem necessidade de
informação e comunicação, para possibilitar às pessoas com adaptação ou projeto específico. O “desenho universal” não
deficiência o pleno gozo de todos os direitos humanos e excluirá as ajudas técnicas para grupos específicos de pessoas
liberdades fundamentais, com deficiência, quando necessárias.
w) Conscientes de que a pessoa tem deveres para com
outras pessoas e para com a comunidade a que pertence e que, Artigo 3
portanto, tem a responsabilidade de esforçar-se para a Princípios gerais
promoção e a observância dos direitos reconhecidos na Carta
Internacional dos Direitos Humanos, Os princípios da presente Convenção são:
x) Convencidos de que a família é o núcleo natural e a) O respeito pela dignidade inerente, a autonomia
fundamental da sociedade e tem o direito de receber a individual, inclusive a liberdade de fazer as próprias escolhas,
proteção da sociedade e do Estado e de que as pessoas com e a independência das pessoas;
deficiência e seus familiares devem receber a proteção e a b) A não-discriminação;
assistência necessárias para tornar as famílias capazes de c) A plena e efetiva participação e inclusão na sociedade;
contribuir para o exercício pleno e eqüitativo dos direitos das d) O respeito pela diferença e pela aceitação das pessoas
pessoas com deficiência, com deficiência como parte da diversidade humana e da
y) Convencidos de que uma convenção internacional geral humanidade;
e integral para promover e proteger os direitos e a dignidade e) A igualdade de oportunidades;
das pessoas com deficiência prestará significativa f) A acessibilidade;
contribuição para corrigir as profundas desvantagens sociais g) A igualdade entre o homem e a mulher;
das pessoas com deficiência e para promover sua participação h) O respeito pelo desenvolvimento das capacidades das
na vida econômica, social e cultural, em igualdade de crianças com deficiência e pelo direito das crianças com
oportunidades, tanto nos países em desenvolvimento como deficiência de preservar sua identidade.
nos desenvolvidos,
Acordaram o seguinte: Artigo 4
Obrigações gerais
Artigo 1
Propósito 1.Os Estados Partes se comprometem a assegurar e
promover o pleno exercício de todos os direitos humanos e
O propósito da presente Convenção é promover, proteger liberdades fundamentais por todas as pessoas com
e assegurar o exercício pleno e eqüitativo de todos os direitos deficiência, sem qualquer tipo de discriminação por causa de
humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com sua deficiência. Para tanto, os Estados Partes se
deficiência e promover o respeito pela sua dignidade comprometem a:
inerente. a) Adotar todas as medidas legislativas, administrativas e
Pessoas com deficiência são aquelas que têm de qualquer outra natureza, necessárias para a realização dos
impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, direitos reconhecidos na presente Convenção;
intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas b) Adotar todas as medidas necessárias, inclusive
barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na legislativas, para modificar ou revogar leis, regulamentos,
sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas.

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costumes e práticas vigentes, que constituírem discriminação Artigo 5


contra pessoas com deficiência; Igualdade e não-discriminação
c) Levar em conta, em todos os programas e políticas, a
proteção e a promoção dos direitos humanos das pessoas com 1.Os Estados Partes reconhecem que todas as pessoas são
deficiência; iguais perante e sob a lei e que fazem jus, sem qualquer
d) Abster-se de participar em qualquer ato ou prática discriminação, a igual proteção e igual benefício da lei.
incompatível com a presente Convenção e assegurar que as 2.Os Estados Partes proibirão qualquer discriminação
autoridades públicas e instituições atuem em conformidade baseada na deficiência e garantirão às pessoas com deficiência
com a presente Convenção; igual e efetiva proteção legal contra a discriminação por
e) Tomar todas as medidas apropriadas para eliminar a qualquer motivo.
discriminação baseada em deficiência, por parte de qualquer 3.A fim de promover a igualdade e eliminar a
pessoa, organização ou empresa privada; discriminação, os Estados Partes adotarão todas as medidas
f) Realizar ou promover a pesquisa e o desenvolvimento de apropriadas para garantir que a adaptação razoável seja
produtos, serviços, equipamentos e instalações com desenho oferecida.
universal, conforme definidos no Artigo 2 da presente 4.Nos termos da presente Convenção, as medidas
Convenção, que exijam o mínimo possível de adaptação e cujo específicas que forem necessárias para acelerar ou alcançar a
custo seja o mínimo possível, destinados a atender às efetiva igualdade das pessoas com deficiência não serão
necessidades específicas de pessoas com deficiência, a consideradas discriminatórias.
promover sua disponibilidade e seu uso e a promover o
desenho universal quando da elaboração de normas e Artigo 6
diretrizes; Mulheres com deficiência
g) Realizar ou promover a pesquisa e o desenvolvimento,
bem como a disponibilidade e o emprego de novas tecnologias, 1.Os Estados Partes reconhecem que as mulheres e
inclusive as tecnologias da informação e comunicação, ajudas meninas com deficiência estão sujeitas a múltiplas formas de
técnicas para locomoção, dispositivos e tecnologias assistivas, discriminação e, portanto, tomarão medidas para assegurar às
adequados a pessoas com deficiência, dando prioridade a mulheres e meninas com deficiência o pleno e igual exercício
tecnologias de custo acessível; de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais.
h) Propiciar informação acessível para as pessoas com 2.Os Estados Partes tomarão todas as medidas apropriadas
deficiência a respeito de ajudas técnicas para locomoção, para assegurar o pleno desenvolvimento, o avanço e o
dispositivos e tecnologias assistivas, incluindo novas empoderamento das mulheres, a fim de garantir-lhes o
tecnologias bem como outras formas de assistência, serviços exercício e o gozo dos direitos humanos e liberdades
de apoio e instalações; fundamentais estabelecidos na presente Convenção.
i) Promover a capacitação em relação aos direitos
reconhecidos pela presente Convenção dos profissionais e Artigo 7
equipes que trabalham com pessoas com deficiência, de forma Crianças com deficiência
a melhorar a prestação de assistência e serviços garantidos
por esses direitos. 1.Os Estados Partes tomarão todas as medidas necessárias
2.Em relação aos direitos econômicos, sociais e culturais, para assegurar às crianças com deficiência o pleno exercício de
cada Estado Parte se compromete a tomar medidas, tanto todos os direitos humanos e liberdades fundamentais, em
quanto permitirem os recursos disponíveis e, quando igualdade de oportunidades com as demais crianças.
necessário, no âmbito da cooperação internacional, a fim de 2.Em todas as ações relativas às crianças com deficiência,
assegurar progressivamente o pleno exercício desses direitos, o superior interesse da criança receberá consideração
sem prejuízo das obrigações contidas na presente Convenção primordial.
que forem imediatamente aplicáveis de acordo com o direito 3.Os Estados Partes assegurarão que as crianças com
internacional. deficiência tenham o direito de expressar livremente sua
3.Na elaboração e implementação de legislação e políticas opinião sobre todos os assuntos que lhes disserem respeito,
para aplicar a presente Convenção e em outros processos de tenham a sua opinião devidamente valorizada de acordo com
tomada de decisão relativos às pessoas com deficiência, os sua idade e maturidade, em igualdade de oportunidades com
Estados Partes realizarão consultas estreitas e envolverão as demais crianças, e recebam atendimento adequado à sua
ativamente pessoas com deficiência, inclusive crianças com deficiência e idade, para que possam exercer tal direito.
deficiência, por intermédio de suas organizações
representativas. Artigo 8
4.Nenhum dispositivo da presente Convenção afetará Conscientização
quaisquer disposições mais propícias à realização dos direitos
das pessoas com deficiência, as quais possam estar contidas na 1.Os Estados Partes se comprometem a adotar medidas
legislação do Estado Parte ou no direito internacional em vigor imediatas, efetivas e apropriadas para:
para esse Estado. Não haverá nenhuma restrição ou a) Conscientizar toda a sociedade, inclusive as famílias,
derrogação de qualquer dos direitos humanos e liberdades sobre as condições das pessoas com deficiência e fomentar o
fundamentais reconhecidos ou vigentes em qualquer Estado respeito pelos direitos e pela dignidade das pessoas com
Parte da presente Convenção, em conformidade com leis, deficiência;
convenções, regulamentos ou costumes, sob a alegação de que b) Combater estereótipos, preconceitos e práticas nocivas
a presente Convenção não reconhece tais direitos e liberdades em relação a pessoas com deficiência, inclusive aqueles
ou que os reconhece em menor grau. relacionados a sexo e idade, em todas as áreas da vida;
5.As disposições da presente Convenção se aplicam, sem c) Promover a conscientização sobre as capacidades e
limitação ou exceção, a todas as unidades constitutivas dos contribuições das pessoas com deficiência.
Estados federativos. 2.As medidas para esse fim incluem:
a) Lançar e dar continuidade a efetivas campanhas de
conscientização públicas, destinadas a:
i) Favorecer atitude receptiva em relação aos direitos das
pessoas com deficiência;

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ii) Promover percepção positiva e maior consciência social Artigo 10


em relação às pessoas com deficiência; Direito à vida
iii) Promover o reconhecimento das habilidades, dos
méritos e das capacidades das pessoas com deficiência e de sua Os Estados Partes reafirmam que todo ser humano tem o
contribuição ao local de trabalho e ao mercado laboral; inerente direito à vida e tomarão todas as medidas necessárias
b) Fomentar em todos os níveis do sistema educacional, para assegurar o efetivo exercício desse direito pelas pessoas
incluindo neles todas as crianças desde tenra idade, uma com deficiência, em igualdade de oportunidades com as
atitude de respeito para com os direitos das pessoas com demais pessoas.
deficiência;
c) Incentivar todos os órgãos da mídia a retratar as pessoas Artigo 11
com deficiência de maneira compatível com o propósito da Situações de risco e emergências humanitárias
presente Convenção;
d) Promover programas de formação sobre sensibilização Em conformidade com suas obrigações decorrentes do
a respeito das pessoas com deficiência e sobre os direitos das direito internacional, inclusive do direito humanitário
pessoas com deficiência. internacional e do direito internacional dos direitos humanos,
os Estados Partes tomarão todas as medidas necessárias para
Artigo 9 assegurar a proteção e a segurança das pessoas com
Acessibilidade deficiência que se encontrarem em situações de risco,
inclusive situações de conflito armado, emergências
1.A fim de possibilitar às pessoas com deficiência viver de humanitárias e ocorrência de desastres naturais.
forma independente e participar plenamente de todos os
aspectos da vida, os Estados Partes tomarão as medidas Artigo 12
apropriadas para assegurar às pessoas com deficiência o Reconhecimento igual perante a lei
acesso, em igualdade de oportunidades com as demais
pessoas, ao meio físico, ao transporte, à informação e 1.Os Estados Partes reafirmam que as pessoas com
comunicação, inclusive aos sistemas e tecnologias da deficiência têm o direito de ser reconhecidas em qualquer
informação e comunicação, bem como a outros serviços e lugar como pessoas perante a lei.
instalações abertos ao público ou de uso público, tanto na zona 2.Os Estados Partes reconhecerão que as pessoas com
urbana como na rural. Essas medidas, que incluirão a deficiência gozam de capacidade legal em igualdade de
identificação e a eliminação de obstáculos e barreiras à condições com as demais pessoas em todos os aspectos da
acessibilidade, serão aplicadas, entre outros, a: vida.
a) Edifícios, rodovias, meios de transporte e outras 3.Os Estados Partes tomarão medidas apropriadas para
instalações internas e externas, inclusive escolas, residências, prover o acesso de pessoas com deficiência ao apoio que
instalações médicas e local de trabalho; necessitarem no exercício de sua capacidade legal.
b) Informações, comunicações e outros serviços, inclusive 4.Os Estados Partes assegurarão que todas as medidas
serviços eletrônicos e serviços de emergência. relativas ao exercício da capacidade legal incluam
2.Os Estados Partes também tomarão medidas salvaguardas apropriadas e efetivas para prevenir abusos, em
apropriadas para: conformidade com o direito internacional dos direitos
a) Desenvolver, promulgar e monitorar a implementação humanos. Essas salvaguardas assegurarão que as medidas
de normas e diretrizes mínimas para a acessibilidade das relativas ao exercício da capacidade legal respeitem os
instalações e dos serviços abertos ao público ou de uso direitos, a vontade e as preferências da pessoa, sejam isentas
público; de conflito de interesses e de influência indevida, sejam
b) Assegurar que as entidades privadas que oferecem proporcionais e apropriadas às circunstâncias da pessoa, se
instalações e serviços abertos ao público ou de uso público apliquem pelo período mais curto possível e sejam submetidas
levem em consideração todos os aspectos relativos à à revisão regular por uma autoridade ou órgão judiciário
acessibilidade para pessoas com deficiência; competente, independente e imparcial. As salvaguardas serão
c) Proporcionar, a todos os atores envolvidos, formação em proporcionais ao grau em que tais medidas afetarem os
relação às questões de acessibilidade com as quais as pessoas direitos e interesses da pessoa.
com deficiência se confrontam; 5.Os Estados Partes, sujeitos ao disposto neste Artigo,
d) Dotar os edifícios e outras instalações abertas ao público tomarão todas as medidas apropriadas e efetivas para
ou de uso público de sinalização em braille e em formatos de assegurar às pessoas com deficiência o igual direito de possuir
fácil leitura e compreensão; ou herdar bens, de controlar as próprias finanças e de ter igual
e) Oferecer formas de assistência humana ou animal e acesso a empréstimos bancários, hipotecas e outras formas de
serviços de mediadores, incluindo guias, ledores e intérpretes crédito financeiro, e assegurarão que as pessoas com
profissionais da língua de sinais, para facilitar o acesso aos deficiência não sejam arbitrariamente destituídas de seus
edifícios e outras instalações abertas ao público ou de uso bens.
público;
f) Promover outras formas apropriadas de assistência e Artigo 13
apoio a pessoas com deficiência, a fim de assegurar a essas Acesso à justiça
pessoas o acesso a informações;
g) Promover o acesso de pessoas com deficiência a novos 1.Os Estados Partes assegurarão o efetivo acesso das
sistemas e tecnologias da informação e comunicação, pessoas com deficiência à justiça, em igualdade de condições
inclusive à Internet; com as demais pessoas, inclusive mediante a provisão de
h) Promover, desde a fase inicial, a concepção, o adaptações processuais adequadas à idade, a fim de facilitar o
desenvolvimento, a produção e a disseminação de sistemas e efetivo papel das pessoas com deficiência como participantes
tecnologias de informação e comunicação, a fim de que esses diretos ou indiretos, inclusive como testemunhas, em todos os
sistemas e tecnologias se tornem acessíveis a custo mínimo. procedimentos jurídicos, tais como investigações e outras
etapas preliminares.
2.A fim de assegurar às pessoas com deficiência o efetivo
acesso à justiça, os Estados Partes promoverão a capacitação

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apropriada daqueles que trabalham na área de administração 5.Os Estados Partes adotarão leis e políticas efetivas,
da justiça, inclusive a polícia e os funcionários do sistema inclusive legislação e políticas voltadas para mulheres e
penitenciário. crianças, a fim de assegurar que os casos de exploração,
violência e abuso contra pessoas com deficiência sejam
Artigo 14 identificados, investigados e, caso necessário, julgados.
Liberdade e segurança da pessoa
Artigo 17
1.Os Estados Partes assegurarão que as pessoas com Proteção da integridade da pessoa
deficiência, em igualdade de oportunidades com as demais
pessoas: Toda pessoa com deficiência tem o direito a que sua
a) Gozem do direito à liberdade e à segurança da pessoa; e integridade física e mental seja respeitada, em igualdade de
b) Não sejam privadas ilegal ou arbitrariamente de sua condições com as demais pessoas.
liberdade e que toda privação de liberdade esteja em
conformidade com a lei, e que a existência de deficiência não Artigo 18
justifique a privação de liberdade. Liberdade de movimentação e nacionalidade
2.Os Estados Partes assegurarão que, se pessoas com
deficiência forem privadas de liberdade mediante algum 1.Os Estados Partes reconhecerão os direitos das pessoas
processo, elas, em igualdade de oportunidades com as demais com deficiência à liberdade de movimentação, à liberdade de
pessoas, façam jus a garantias de acordo com o direito escolher sua residência e à nacionalidade, em igualdade de
internacional dos direitos humanos e sejam tratadas em oportunidades com as demais pessoas, inclusive assegurando
conformidade com os objetivos e princípios da presente que as pessoas com deficiência:
Convenção, inclusive mediante a provisão de adaptação a) Tenham o direito de adquirir nacionalidade e mudar de
razoável. nacionalidade e não sejam privadas arbitrariamente de sua
nacionalidade em razão de sua deficiência.
Artigo 15 b) Não sejam privadas, por causa de sua deficiência, da
Prevenção contra tortura ou tratamentos ou penas cruéis, competência de obter, possuir e utilizar documento
desumanos ou degradantes comprovante de sua nacionalidade ou outro documento de
identidade, ou de recorrer a processos relevantes, tais como
1.Nenhuma pessoa será submetida à tortura ou a procedimentos relativos à imigração, que forem necessários
tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes. Em para facilitar o exercício de seu direito à liberdade de
especial, nenhuma pessoa deverá ser sujeita a experimentos movimentação.
médicos ou científicos sem seu livre consentimento. c) Tenham liberdade de sair de qualquer país, inclusive do
2.Os Estados Partes tomarão todas as medidas efetivas de seu; e
natureza legislativa, administrativa, judicial ou outra para d) Não sejam privadas, arbitrariamente ou por causa de
evitar que pessoas com deficiência, do mesmo modo que as sua deficiência, do direito de entrar no próprio país.
demais pessoas, sejam submetidas à tortura ou a tratamentos 2.As crianças com deficiência serão registradas
ou penas cruéis, desumanos ou degradantes. imediatamente após o nascimento e terão, desde o
nascimento, o direito a um nome, o direito de adquirir
Artigo 16 nacionalidade e, tanto quanto possível, o direito de conhecer
Prevenção contra a exploração, a violência e o abuso seus pais e de ser cuidadas por eles.

1.Os Estados Partes tomarão todas as medidas apropriadas Artigo 19


de natureza legislativa, administrativa, social, educacional e Vida independente e inclusão na comunidade
outras para proteger as pessoas com deficiência, tanto dentro
como fora do lar, contra todas as formas de exploração, Os Estados Partes desta Convenção reconhecem o igual
violência e abuso, incluindo aspectos relacionados a gênero. direito de todas as pessoas com deficiência de viver na
2.Os Estados Partes também tomarão todas as medidas comunidade, com a mesma liberdade de escolha que as demais
apropriadas para prevenir todas as formas de exploração, pessoas, e tomarão medidas efetivas e apropriadas para
violência e abuso, assegurando, entre outras coisas, formas facilitar às pessoas com deficiência o pleno gozo desse direito
apropriadas de atendimento e apoio que levem em conta o e sua plena inclusão e participação na comunidade, inclusive
gênero e a idade das pessoas com deficiência e de seus assegurando que:
familiares e atendentes, inclusive mediante a provisão de a) As pessoas com deficiência possam escolher seu local de
informação e educação sobre a maneira de evitar, reconhecer residência e onde e com quem morar, em igualdade de
e denunciar casos de exploração, violência e abuso. Os Estados oportunidades com as demais pessoas, e que não sejam
Partes assegurarão que os serviços de proteção levem em obrigadas a viver em determinado tipo de moradia;
conta a idade, o gênero e a deficiência das pessoas. b) As pessoas com deficiência tenham acesso a uma
3.A fim de prevenir a ocorrência de quaisquer formas de variedade de serviços de apoio em domicílio ou em
exploração, violência e abuso, os Estados Partes assegurarão instituições residenciais ou a outros serviços comunitários de
que todos os programas e instalações destinados a atender apoio, inclusive os serviços de atendentes pessoais que forem
pessoas com deficiência sejam efetivamente monitorados por necessários como apoio para que as pessoas com deficiência
autoridades independentes. vivam e sejam incluídas na comunidade e para evitar que
4.Os Estados Partes tomarão todas as medidas apropriadas fiquem isoladas ou segregadas da comunidade;
para promover a recuperação física, cognitiva e psicológica, c) Os serviços e instalações da comunidade para a
inclusive mediante a provisão de serviços de proteção, a população em geral estejam disponíveis às pessoas com
reabilitação e a reinserção social de pessoas com deficiência deficiência, em igualdade de oportunidades, e atendam às suas
que forem vítimas de qualquer forma de exploração, violência necessidades.
ou abuso. Tais recuperação e reinserção ocorrerão em
ambientes que promovam a saúde, o bem-estar, o auto-
respeito, a dignidade e a autonomia da pessoa e levem em
consideração as necessidades de gênero e idade.

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APOSTILAS OPÇÃO

Artigo 20 deficiência, em todos os aspectos relativos a casamento,


Mobilidade pessoal família, paternidade e relacionamentos, em igualdade de
condições com as demais pessoas, de modo a assegurar que:
Os Estados Partes tomarão medidas efetivas para a) Seja reconhecido o direito das pessoas com deficiência,
assegurar às pessoas com deficiência sua mobilidade pessoal em idade de contrair matrimônio, de casar-se e estabelecer
com a máxima independência possível: família, com base no livre e pleno consentimento dos
a) Facilitando a mobilidade pessoal das pessoas com pretendentes;
deficiência, na forma e no momento em que elas quiserem, e a b) Sejam reconhecidos os direitos das pessoas com
custo acessível; deficiência de decidir livre e responsavelmente sobre o
b) Facilitando às pessoas com deficiência o acesso a número de filhos e o espaçamento entre esses filhos e de ter
tecnologias assistivas, dispositivos e ajudas técnicas de acesso a informações adequadas à idade e a educação em
qualidade, e formas de assistência humana ou animal e de matéria de reprodução e de planejamento familiar, bem como
mediadores, inclusive tornando-os disponíveis a custo os meios necessários para exercer esses direitos.
acessível; c) As pessoas com deficiência, inclusive crianças,
c) Propiciando às pessoas com deficiência e ao pessoal conservem sua fertilidade, em igualdade de condições com as
especializado uma capacitação em técnicas de mobilidade; demais pessoas.
d) Incentivando entidades que produzem ajudas técnicas 2.Os Estados Partes assegurarão os direitos e
de mobilidade, dispositivos e tecnologias assistivas a levarem responsabilidades das pessoas com deficiência, relativos à
em conta todos os aspectos relativos à mobilidade de pessoas guarda, custódia, curatela e adoção de crianças ou instituições
com deficiência. semelhantes, caso esses conceitos constem na legislação
nacional. Em todos os casos, prevalecerá o superior interesse
Artigo 21 da criança. Os Estados Partes prestarão a devida assistência às
Liberdade de expressão e de opinião e acesso à pessoas com deficiência para que essas pessoas possam
informação exercer suas responsabilidades na criação dos filhos.
3.Os Estados Partes assegurarão que as crianças com
Os Estados Partes tomarão todas as medidas apropriadas deficiência terão iguais direitos em relação à vida familiar.
para assegurar que as pessoas com deficiência possam exercer Para a realização desses direitos e para evitar ocultação,
seu direito à liberdade de expressão e opinião, inclusive à abandono, negligência e segregação de crianças com
liberdade de buscar, receber e compartilhar informações e deficiência, os Estados Partes fornecerão prontamente
ideias, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas informações abrangentes sobre serviços e apoios a crianças
e por intermédio de todas as formas de comunicação de sua com deficiência e suas famílias.
escolha, conforme o disposto no Artigo 2 da presente 4.Os Estados Partes assegurarão que uma criança não será
Convenção, entre as quais: separada de seus pais contra a vontade destes, exceto quando
a) Fornecer, prontamente e sem custo adicional, às pessoas autoridades competentes, sujeitas a controle jurisdicional,
com deficiência, todas as informações destinadas ao público determinarem, em conformidade com as leis e procedimentos
em geral, em formatos acessíveis e tecnologias apropriadas aplicáveis, que a separação é necessária, no superior interesse
aos diferentes tipos de deficiência; da criança. Em nenhum caso, uma criança será separada dos
b) Aceitar e facilitar, em trâmites oficiais, o uso de línguas pais sob alegação de deficiência da criança ou de um ou ambos
de sinais, braille, comunicação aumentativa e alternativa, e de os pais.
todos os demais meios, modos e formatos acessíveis de 5.Os Estados Partes, no caso em que a família imediata de
comunicação, à escolha das pessoas com deficiência; uma criança com deficiência não tenha condições de cuidar da
c) Urgir as entidades privadas que oferecem serviços ao criança, farão todo esforço para que cuidados alternativos
público em geral, inclusive por meio da Internet, a fornecer sejam oferecidos por outros parentes e, se isso não for
informações e serviços em formatos acessíveis, que possam possível, dentro de ambiente familiar, na comunidade.
ser usados por pessoas com deficiência;
d) Incentivar a mídia, inclusive os provedores de Artigo 24
informação pela Internet, a tornar seus serviços acessíveis a Educação
pessoas com deficiência;
e) Reconhecer e promover o uso de línguas de sinais. 1.Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com
deficiência à educação. Para efetivar esse direito sem
Artigo 22 discriminação e com base na igualdade de oportunidades, os
Respeito à privacidade Estados Partes assegurarão sistema educacional inclusivo em
todos os níveis, bem como o aprendizado ao longo de toda a
1.Nenhuma pessoa com deficiência, qualquer que seja seu vida, com os seguintes objetivos:
local de residência ou tipo de moradia, estará sujeita a a) O pleno desenvolvimento do potencial humano e do
interferência arbitrária ou ilegal em sua privacidade, família, senso de dignidade e auto-estima, além do fortalecimento do
lar, correspondência ou outros tipos de comunicação, nem a respeito pelos direitos humanos, pelas liberdades
ataques ilícitos à sua honra e reputação. As pessoas com fundamentais e pela diversidade humana;
deficiência têm o direito à proteção da lei contra tais b) O máximo desenvolvimento possível da personalidade e
interferências ou ataques. dos talentos e da criatividade das pessoas com deficiência,
2.Os Estados Partes protegerão a privacidade dos dados assim como de suas habilidades físicas e intelectuais;
pessoais e dados relativos à saúde e à reabilitação de pessoas c) A participação efetiva das pessoas com deficiência em
com deficiência, em igualdade de condições com as demais uma sociedade livre.
pessoas. 2.Para a realização desse direito, os Estados Partes
assegurarão que:
Artigo 23 a) As pessoas com deficiência não sejam excluídas do
Respeito pelo lar e pela família sistema educacional geral sob alegação de deficiência e que as
crianças com deficiência não sejam excluídas do ensino
1.Os Estados Partes tomarão medidas efetivas e primário gratuito e compulsório ou do ensino secundário, sob
apropriadas para eliminar a discriminação contra pessoas com alegação de deficiência;

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b) As pessoas com deficiência possam ter acesso ao ensino c) Propiciarão esses serviços de saúde às pessoas com
primário inclusivo, de qualidade e gratuito, e ao ensino deficiência, o mais próximo possível de suas comunidades,
secundário, em igualdade de condições com as demais pessoas inclusive na zona rural;
na comunidade em que vivem; d) Exigirão dos profissionais de saúde que dispensem às
c) Adaptações razoáveis de acordo com as necessidades pessoas com deficiência a mesma qualidade de serviços
individuais sejam providenciadas; dispensada às demais pessoas e, principalmente, que
d) As pessoas com deficiência recebam o apoio necessário, obtenham o consentimento livre e esclarecido das pessoas
no âmbito do sistema educacional geral, com vistas a facilitar com deficiência concernentes. Para esse fim, os Estados Partes
sua efetiva educação; realizarão atividades de formação e definirão regras éticas
e) Medidas de apoio individualizadas e efetivas sejam para os setores de saúde público e privado, de modo a
adotadas em ambientes que maximizem o desenvolvimento conscientizar os profissionais de saúde acerca dos direitos
acadêmico e social, de acordo com a meta de inclusão plena. humanos, da dignidade, autonomia e das necessidades das
3.Os Estados Partes assegurarão às pessoas com pessoas com deficiência;
deficiência a possibilidade de adquirir as competências e) Proibirão a discriminação contra pessoas com
práticas e sociais necessárias de modo a facilitar às pessoas deficiência na provisão de seguro de saúde e seguro de vida,
com deficiência sua plena e igual participação no sistema de caso tais seguros sejam permitidos pela legislação nacional, os
ensino e na vida em comunidade. Para tanto, os Estados Partes quais deverão ser providos de maneira razoável e justa;
tomarão medidas apropriadas, incluindo: f) Prevenirão que se negue, de maneira discriminatória, os
a) Facilitação do aprendizado do braille, escrita serviços de saúde ou de atenção à saúde ou a administração de
alternativa, modos, meios e formatos de comunicação alimentos sólidos ou líquidos por motivo de deficiência.
aumentativa e alternativa, e habilidades de orientação e
mobilidade, além de facilitação do apoio e aconselhamento de Artigo 26
pares; Habilitação e reabilitação
b) Facilitação do aprendizado da língua de sinais e
promoção da identidade linguística da comunidade surda; 1.Os Estados Partes tomarão medidas efetivas e
c) Garantia de que a educação de pessoas, em particular apropriadas, inclusive mediante apoio dos pares, para
crianças cegas, surdocegas e surdas, seja ministrada nas possibilitar que as pessoas com deficiência conquistem e
línguas e nos modos e meios de comunicação mais adequados conservem o máximo de autonomia e plena capacidade física,
ao indivíduo e em ambientes que favoreçam ao máximo seu mental, social e profissional, bem como plena inclusão e
desenvolvimento acadêmico e social. participação em todos os aspectos da vida. Para tanto, os
4.A fim de contribuir para o exercício desse direito, os Estados Partes organizarão, fortalecerão e ampliarão serviços
Estados Partes tomarão medidas apropriadas para empregar e programas completos de habilitação e reabilitação,
professores, inclusive professores com deficiência, habilitados particularmente nas áreas de saúde, emprego, educação e
para o ensino da língua de sinais e/ou do braille, e para serviços sociais, de modo que esses serviços e programas:
capacitar profissionais e equipes atuantes em todos os níveis a) Comecem no estágio mais precoce possível e sejam
de ensino. Essa capacitação incorporará a conscientização da baseados em avaliação multidisciplinar das necessidades e
deficiência e a utilização de modos, meios e formatos pontos fortes de cada pessoa;
apropriados de comunicação aumentativa e alternativa, e b) Apóiem a participação e a inclusão na comunidade e em
técnicas e materiais pedagógicos, como apoios para pessoas todos os aspectos da vida social, sejam oferecidos
com deficiência. voluntariamente e estejam disponíveis às pessoas com
5.Os Estados Partes assegurarão que as pessoas com deficiência o mais próximo possível de suas comunidades,
deficiência possam ter acesso ao ensino superior em geral, inclusive na zona rural.
treinamento profissional de acordo com sua vocação, 2.Os Estados Partes promoverão o desenvolvimento da
educação para adultos e formação continuada, sem capacitação inicial e continuada de profissionais e de equipes
discriminação e em igualdade de condições. Para tanto, os que atuam nos serviços de habilitação e reabilitação.
Estados Partes assegurarão a provisão de adaptações 3.Os Estados Partes promoverão a disponibilidade, o
razoáveis para pessoas com deficiência. conhecimento e o uso de dispositivos e tecnologias assistivas,
projetados para pessoas com deficiência e relacionados com a
Artigo 25 habilitação e a reabilitação.
Saúde
Artigo 27
Os Estados Partes reconhecem que as pessoas com Trabalho e emprego
deficiência têm o direito de gozar do estado de saúde mais
elevado possível, sem discriminação baseada na deficiência. Os 1.Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com
Estados Partes tomarão todas as medidas apropriadas para deficiência ao trabalho, em igualdade de oportunidades com as
assegurar às pessoas com deficiência o acesso a serviços de demais pessoas. Esse direito abrange o direito à oportunidade
saúde, incluindo os serviços de reabilitação, que levarão em de se manter com um trabalho de sua livre escolha ou
conta as especificidades de gênero. Em especial, os Estados aceitação no mercado laboral, em ambiente de trabalho que
Partes: seja aberto, inclusivo e acessível a pessoas com deficiência. Os
a) Oferecerão às pessoas com deficiência programas e Estados Partes salvaguardarão e promoverão a realização do
atenção à saúde gratuitos ou a custos acessíveis da mesma direito ao trabalho, inclusive daqueles que tiverem adquirido
variedade, qualidade e padrão que são oferecidos às demais uma deficiência no emprego, adotando medidas apropriadas,
pessoas, inclusive na área de saúde sexual e reprodutiva e de incluídas na legislação, com o fim de, entre outros:
programas de saúde pública destinados à população em geral; a) Proibir a discriminação baseada na deficiência com
b) Propiciarão serviços de saúde que as pessoas com respeito a todas as questões relacionadas com as formas de
deficiência necessitam especificamente por causa de sua emprego, inclusive condições de recrutamento, contratação e
deficiência, inclusive diagnóstico e intervenção precoces, bem admissão, permanência no emprego, ascensão profissional e
como serviços projetados para reduzir ao máximo e prevenir condições seguras e salubres de trabalho;
deficiências adicionais, inclusive entre crianças e idosos; b) Proteger os direitos das pessoas com deficiência, em
condições de igualdade com as demais pessoas, às condições

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justas e favoráveis de trabalho, incluindo iguais oportunidades Artigo 29


e igual remuneração por trabalho de igual valor, condições Participação na vida política e pública
seguras e salubres de trabalho, além de reparação de injustiças
e proteção contra o assédio no trabalho; Os Estados Partes garantirão às pessoas com deficiência
c) Assegurar que as pessoas com deficiência possam direitos políticos e oportunidade de exercê-los em condições
exercer seus direitos trabalhistas e sindicais, em condições de de igualdade com as demais pessoas, e deverão:
igualdade com as demais pessoas; a) Assegurar que as pessoas com deficiência possam
d) Possibilitar às pessoas com deficiência o acesso efetivo participar efetiva e plenamente na vida política e pública, em
a programas de orientação técnica e profissional e a serviços igualdade de oportunidades com as demais pessoas,
de colocação no trabalho e de treinamento profissional e diretamente ou por meio de representantes livremente
continuado; escolhidos, incluindo o direito e a oportunidade de votarem e
e) Promover oportunidades de emprego e ascensão serem votadas, mediante, entre outros:
profissional para pessoas com deficiência no mercado de i) Garantia de que os procedimentos, instalações e
trabalho, bem como assistência na procura, obtenção e materiais e equipamentos para votação serão apropriados,
manutenção do emprego e no retorno ao emprego; acessíveis e de fácil compreensão e uso;
f) Promover oportunidades de trabalho autônomo, ii) Proteção do direito das pessoas com deficiência ao voto
empreendedorismo, desenvolvimento de cooperativas e secreto em eleições e plebiscitos, sem intimidação, e a
estabelecimento de negócio próprio; candidatar-se nas eleições, efetivamente ocupar cargos
g) Empregar pessoas com deficiência no setor público; eletivos e desempenhar quaisquer funções públicas em todos
h) Promover o emprego de pessoas com deficiência no os níveis de governo, usando novas tecnologias assistivas,
setor privado, mediante políticas e medidas apropriadas, que quando apropriado;
poderão incluir programas de ação afirmativa, incentivos e iii) Garantia da livre expressão de vontade das pessoas
outras medidas; com deficiência como eleitores e, para tanto, sempre que
i) Assegurar que adaptações razoáveis sejam feitas para necessário e a seu pedido, permissão para que elas sejam
pessoas com deficiência no local de trabalho; auxiliadas na votação por uma pessoa de sua escolha;
j) Promover a aquisição de experiência de trabalho por b) Promover ativamente um ambiente em que as pessoas
pessoas com deficiência no mercado aberto de trabalho; com deficiência possam participar efetiva e plenamente na
k) Promover reabilitação profissional, manutenção do condução das questões públicas, sem discriminação e em
emprego e programas de retorno ao trabalho para pessoas igualdade de oportunidades com as demais pessoas, e
com deficiência. encorajar sua participação nas questões públicas, mediante:
2.Os Estados Partes assegurarão que as pessoas com i) Participação em organizações não-governamentais
deficiência não serão mantidas em escravidão ou servidão e relacionadas com a vida pública e política do país, bem como
que serão protegidas, em igualdade de condições com as em atividades e administração de partidos políticos;
demais pessoas, contra o trabalho forçado ou compulsório. ii) Formação de organizações para representar pessoas
com deficiência em níveis internacional, regional, nacional e
Artigo 28 local, bem como a filiação de pessoas com deficiência a tais
Padrão de vida e proteção social adequados organizações.

1.Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com Artigo 30


deficiência a um padrão adequado de vida para si e para suas Participação na vida cultural e em recreação, lazer e
famílias, inclusive alimentação, vestuário e moradia esporte
adequados, bem como à melhoria contínua de suas condições
de vida, e tomarão as providências necessárias para 1.Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com
salvaguardar e promover a realização desse direito sem deficiência de participar na vida cultural, em igualdade de
discriminação baseada na deficiência. oportunidades com as demais pessoas, e tomarão todas as
2.Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com medidas apropriadas para que as pessoas com deficiência
deficiência à proteção social e ao exercício desse direito sem possam:
discriminação baseada na deficiência, e tomarão as medidas a) Ter acesso a bens culturais em formatos acessíveis;
apropriadas para salvaguardar e promover a realização desse b) Ter acesso a programas de televisão, cinema, teatro e
direito, tais como: outras atividades culturais, em formatos acessíveis; e
a) Assegurar igual acesso de pessoas com deficiência a c) Ter acesso a locais que ofereçam serviços ou eventos
serviços de saneamento básico e assegurar o acesso aos culturais, tais como teatros, museus, cinemas, bibliotecas e
serviços, dispositivos e outros atendimentos apropriados para serviços turísticos, bem como, tanto quanto possível, ter
as necessidades relacionadas com a deficiência; acesso a monumentos e locais de importância cultural
b) Assegurar o acesso de pessoas com deficiência, nacional.
particularmente mulheres, crianças e idosos com deficiência, a 2.Os Estados Partes tomarão medidas apropriadas para
programas de proteção social e de redução da pobreza; que as pessoas com deficiência tenham a oportunidade de
c) Assegurar o acesso de pessoas com deficiência e suas desenvolver e utilizar seu potencial criativo, artístico e
famílias em situação de pobreza à assistência do Estado em intelectual, não somente em benefício próprio, mas também
relação a seus gastos ocasionados pela deficiência, inclusive para o enriquecimento da sociedade.
treinamento adequado, aconselhamento, ajuda financeira e 3.Os Estados Partes deverão tomar todas as providências,
cuidados de repouso; em conformidade com o direito internacional, para assegurar
d) Assegurar o acesso de pessoas com deficiência a que a legislação de proteção dos direitos de propriedade
programas habitacionais públicos; intelectual não constitua barreira excessiva ou discriminatória
e) Assegurar igual acesso de pessoas com deficiência a ao acesso de pessoas com deficiência a bens culturais.
programas e benefícios de aposentadoria. 4.As pessoas com deficiência farão jus, em igualdade de
oportunidades com as demais pessoas, a que sua identidade
cultural e lingüística específica seja reconhecida e apoiada,
incluindo as línguas de sinais e a cultura surda.

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5.Para que as pessoas com deficiência participem, em d) Propiciar, de maneira apropriada, assistência técnica e
igualdade de oportunidades com as demais pessoas, de financeira, inclusive mediante facilitação do acesso a
atividades recreativas, esportivas e de lazer, os Estados Partes tecnologias assistivas e acessíveis e seu compartilhamento,
tomarão medidas apropriadas para: bem como por meio de transferência de tecnologias.
a) Incentivar e promover a maior participação possível das 2.O disposto neste Artigo se aplica sem prejuízo das
pessoas com deficiência nas atividades esportivas comuns em obrigações que cabem a cada Estado Parte em decorrência da
todos os níveis; presente Convenção.
b) Assegurar que as pessoas com deficiência tenham a
oportunidade de organizar, desenvolver e participar em Artigo 33
atividades esportivas e recreativas específicas às deficiências Implementação e monitoramento nacionais
e, para tanto, incentivar a provisão de instrução, treinamento
e recursos adequados, em igualdade de oportunidades com as 1.Os Estados Partes, de acordo com seu sistema
demais pessoas; organizacional, designarão um ou mais de um ponto focal no
c) Assegurar que as pessoas com deficiência tenham âmbito do Governo para assuntos relacionados com a
acesso a locais de eventos esportivos, recreativos e turísticos; implementação da presente Convenção e darão a devida
d) Assegurar que as crianças com deficiência possam, em consideração ao estabelecimento ou designação de um
igualdade de condições com as demais crianças, participar de mecanismo de coordenação no âmbito do Governo, a fim de
jogos e atividades recreativas, esportivas e de lazer, inclusive facilitar ações correlatas nos diferentes setores e níveis.
no sistema escolar; 2.Os Estados Partes, em conformidade com seus sistemas
e) Assegurar que as pessoas com deficiência tenham jurídico e administrativo, manterão, fortalecerão, designarão
acesso aos serviços prestados por pessoas ou entidades ou estabelecerão estrutura, incluindo um ou mais de um
envolvidas na organização de atividades recreativas, mecanismo independente, de maneira apropriada, para
turísticas, esportivas e de lazer. promover, proteger e monitorar a implementação da presente
Convenção. Ao designar ou estabelecer tal mecanismo, os
Artigo 31 Estados Partes levarão em conta os princípios relativos ao
Estatísticas e coleta de dados status e funcionamento das instituições nacionais de proteção
e promoção dos direitos humanos.
1.Os Estados Partes coletarão dados apropriados, inclusive 3.A sociedade civil e, particularmente, as pessoas com
estatísticos e de pesquisas, para que possam formular e deficiência e suas organizações representativas serão
implementar políticas destinadas a por em prática a presente envolvidas e participarão plenamente no processo de
Convenção. O processo de coleta e manutenção de tais dados monitoramento.
deverá:
a) Observar as salvaguardas estabelecidas por lei, inclusive Artigo 34
pelas leis relativas à proteção de dados, a fim de assegurar a Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
confidencialidade e o respeito pela privacidade das pessoas
com deficiência; 1.Um Comitê sobre os Direitos das Pessoas com
b) Observar as normas internacionalmente aceitas para Deficiência (doravante denominado "Comitê") será
proteger os direitos humanos, as liberdades fundamentais e os estabelecido, para desempenhar as funções aqui definidas.
princípios éticos na coleta de dados e utilização de estatísticas. 2.O Comitê será constituído, quando da entrada em vigor
2.As informações coletadas de acordo com o disposto neste da presente Convenção, de 12 peritos. Quando a presente
Artigo serão desagregadas, de maneira apropriada, e Convenção alcançar 60 ratificações ou adesões, o Comitê será
utilizadas para avaliar o cumprimento, por parte dos Estados acrescido em seis membros, perfazendo o total de 18
Partes, de suas obrigações na presente Convenção e para membros.
identificar e enfrentar as barreiras com as quais as pessoas 3.Os membros do Comitê atuarão a título pessoal e
com deficiência se deparam no exercício de seus direitos. apresentarão elevada postura moral, competência e
3.Os Estados Partes assumirão responsabilidade pela experiência reconhecidas no campo abrangido pela presente
disseminação das referidas estatísticas e assegurarão que elas Convenção. Ao designar seus candidatos, os Estados Partes são
sejam acessíveis às pessoas com deficiência e a outros. instados a dar a devida consideração ao disposto no Artigo 4.3
da presente Convenção.
Artigo 32 4.Os membros do Comitê serão eleitos pelos Estados
Cooperação internacional Partes, observando-se uma distribuição geográfica eqüitativa,
representação de diferentes formas de civilização e dos
1.Os Estados Partes reconhecem a importância da principais sistemas jurídicos, representação equilibrada de
cooperação internacional e de sua promoção, em apoio aos gênero e participação de peritos com deficiência.
esforços nacionais para a consecução do propósito e dos 5.Os membros do Comitê serão eleitos por votação secreta
objetivos da presente Convenção e, sob este aspecto, adotarão em sessões da Conferência dos Estados Partes, a partir de uma
medidas apropriadas e efetivas entre os Estados e, de maneira lista de pessoas designadas pelos Estados Partes entre seus
adequada, em parceria com organizações internacionais e nacionais. Nessas sessões, cujo quorum será de dois terços dos
regionais relevantes e com a sociedade civil e, em particular, Estados Partes, os candidatos eleitos para o Comitê serão
com organizações de pessoas com deficiência. Estas medidas aqueles que obtiverem o maior número de votos e a maioria
poderão incluir, entre outras: absoluta dos votos dos representantes dos Estados Partes
a) Assegurar que a cooperação internacional, incluindo os presentes e votantes.
programas internacionais de desenvolvimento, sejam 6.A primeira eleição será realizada, o mais tardar, até seis
inclusivos e acessíveis para pessoas com deficiência; meses após a data de entrada em vigor da presente Convenção.
b) Facilitar e apoiar a capacitação, inclusive por meio do Pelo menos quatro meses antes de cada eleição, o Secretário-
intercâmbio e compartilhamento de informações, Geral das Nações Unidas dirigirá carta aos Estados Partes,
experiências, programas de treinamento e melhores práticas; convidando-os a submeter os nomes de seus candidatos no
c) Facilitar a cooperação em pesquisa e o acesso a prazo de dois meses. O Secretário-Geral, subsequentemente,
conhecimentos científicos e técnicos; preparará lista em ordem alfabética de todos os candidatos
apresentados, indicando que foram designados pelos Estados

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Partes, e submeterá essa lista aos Estados Partes da presente 2.Se um Estado Parte atrasar consideravelmente a entrega
Convenção. de seu relatório, o Comitê poderá notificar esse Estado de que
7.Os membros do Comitê serão eleitos para mandato de examinará a aplicação da presente Convenção com base em
quatro anos, podendo ser candidatos à reeleição uma única informações confiáveis de que disponha, a menos que o
vez. Contudo, o mandato de seis dos membros eleitos na relatório devido seja apresentado pelo Estado dentro do
primeira eleição expirará ao fim de dois anos; imediatamente período de três meses após a notificação. O Comitê convidará
após a primeira eleição, os nomes desses seis membros serão o Estado Parte interessado a participar desse exame. Se o
selecionados por sorteio pelo presidente da sessão a que se Estado Parte responder entregando seu relatório, aplicar-se-á
refere o parágrafo 5 deste Artigo. o disposto no parágrafo 1 do presente artigo.
8.A eleição dos seis membros adicionais do Comitê será 3.O Secretário-Geral das Nações Unidas colocará os
realizada por ocasião das eleições regulares, de acordo com as relatórios à disposição de todos os Estados Partes.
disposições pertinentes deste Artigo. 4.Os Estados Partes tornarão seus relatórios amplamente
9.Em caso de morte, demissão ou declaração de um disponíveis ao público em seus países e facilitarão o acesso à
membro de que, por algum motivo, não poderá continuar a possibilidade de sugestões e de recomendações gerais a
exercer suas funções, o Estado Parte que o tiver indicado respeito desses relatórios.
designará um outro perito que tenha as qualificações e 5.O Comitê transmitirá às agências, fundos e programas
satisfaça aos requisitos estabelecidos pelos dispositivos especializados das Nações Unidas e a outras organizações
pertinentes deste Artigo, para concluir o mandato em questão. competentes, da maneira que julgar apropriada, os relatórios
10.O Comitê estabelecerá suas próprias normas de dos Estados Partes que contenham demandas ou indicações de
procedimento. necessidade de consultoria ou de assistência técnica,
11.O Secretário-Geral das Nações Unidas proverá o pessoal acompanhados de eventuais observações e sugestões do
e as instalações necessários para o efetivo desempenho das Comitê em relação às referidas demandas ou indicações, a fim
funções do Comitê segundo a presente Convenção e convocará de que possam ser consideradas.
sua primeira reunião.
12.Com a aprovação da Assembléia Geral, os membros do Artigo 37
Comitê estabelecido sob a presente Convenção receberão Cooperação entre os Estados Partes e o Comitê
emolumentos dos recursos das Nações Unidas, sob termos e
condições que a Assembléia possa decidir, tendo em vista a 1.Cada Estado Parte cooperará com o Comitê e auxiliará
importância das responsabilidades do Comitê. seus membros no desempenho de seu mandato.
13.Os membros do Comitê terão direito aos privilégios, 2.Em suas relações com os Estados Partes, o Comitê dará a
facilidades e imunidades dos peritos em missões das Nações devida consideração aos meios e modos de aprimorar a
Unidas, em conformidade com as disposições pertinentes da capacidade de cada Estado Parte para a implementação da
Convenção sobre Privilégios e Imunidades das Nações Unidas. presente Convenção, inclusive mediante cooperação
internacional.
Artigo 35
Relatórios dos Estados Partes Artigo 38
Relações do Comitê com outros órgãos
1.Cada Estado Parte, por intermédio do Secretário-Geral
das Nações Unidas, submeterá relatório abrangente sobre as A fim de promover a efetiva implementação da presente
medidas adotadas em cumprimento de suas obrigações Convenção e de incentivar a cooperação internacional na
estabelecidas pela presente Convenção e sobre o progresso esfera abrangida pela presente Convenção:
alcançado nesse aspecto, dentro do período de dois anos após a) As agências especializadas e outros órgãos das Nações
a entrada em vigor da presente Convenção para o Estado Parte Unidas terão o direito de se fazer representar quando da
concernente. consideração da implementação de disposições da presente
2.Depois disso, os Estados Partes submeterão relatórios Convenção que disserem respeito aos seus respectivos
subsequentes, ao menos a cada quatro anos, ou quando o mandatos. O Comitê poderá convidar as agências
Comitê o solicitar. especializadas e outros órgãos competentes, segundo julgar
3.O Comitê determinará as diretrizes aplicáveis ao teor dos apropriado, a oferecer consultoria de peritos sobre a
relatórios. implementação da Convenção em áreas pertinentes a seus
4.Um Estado Parte que tiver submetido ao Comitê um respectivos mandatos. O Comitê poderá convidar agências
relatório inicial abrangente não precisará, em relatórios especializadas e outros órgãos das Nações Unidas a apresentar
subseqüentes, repetir informações já apresentadas. Ao relatórios sobre a implementação da Convenção em áreas
elaborar os relatórios ao Comitê, os Estados Partes são pertinentes às suas respectivas atividades;
instados a fazê-lo de maneira franca e transparente e a levar b) No desempenho de seu mandato, o Comitê consultará,
em consideração o disposto no Artigo 4.3 da presente de maneira apropriada, outros órgãos pertinentes instituídos
Convenção. ao amparo de tratados internacionais de direitos humanos, a
5.Os relatórios poderão apontar os fatores e as fim de assegurar a consistência de suas respectivas diretrizes
dificuldades que tiverem afetado o cumprimento das para a elaboração de relatórios, sugestões e recomendações
obrigações decorrentes da presente Convenção. gerais e de evitar duplicação e superposição no desempenho
de suas funções.
Artigo 36
Consideração dos relatórios Artigo 39
Relatório do Comitê
1.Os relatórios serão considerados pelo Comitê, que fará
as sugestões e recomendações gerais que julgar pertinentes e A cada dois anos, o Comitê submeterá à Assembléia Geral
as transmitirá aos respectivos Estados Partes. O Estado Parte e ao Conselho Econômico e Social um relatório de suas
poderá responder ao Comitê com as informações que julgar atividades e poderá fazer sugestões e recomendações gerais
pertinentes. O Comitê poderá pedir informações adicionais ao baseadas no exame dos relatórios e nas informações recebidas
Estados Partes, referentes à implementação da presente dos Estados Partes. Estas sugestões e recomendações gerais
Convenção.

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serão incluídas no relatório do Comitê, acompanhadas, se Artigo 45


houver, de comentários dos Estados Partes. Entrada em vigor

Artigo 40 1.A presente Convenção entrará em vigor no trigésimo dia


Conferência dos Estados Partes após o depósito do vigésimo instrumento de ratificação ou
adesão.
1.Os Estados Partes reunir-se-ão regularmente em 2.Para cada Estado ou organização de integração regional
Conferência dos Estados Partes a fim de considerar matérias que ratificar ou formalmente confirmar a presente Convenção
relativas à implementação da presente Convenção. ou a ela aderir após o depósito do referido vigésimo
2.O Secretário-Geral das Nações Unidas convocará, dentro instrumento, a Convenção entrará em vigor no trigésimo dia a
do período de seis meses após a entrada em vigor da presente partir da data em que esse Estado ou organização tenha
Convenção, a Conferência dos Estados Partes. As reuniões depositado seu instrumento de ratificação, confirmação
subseqüentes serão convocadas pelo Secretário-Geral das formal ou adesão.
Nações Unidas a cada dois anos ou conforme a decisão da
Conferência dos Estados Partes. Artigo 46
Reservas
Artigo 41
Depositário 1.Não serão permitidas reservas incompatíveis com o
objeto e o propósito da presente Convenção.
O Secretário-Geral das Nações Unidas será o depositário da 2.As reservas poderão ser retiradas a qualquer momento.
presente Convenção.
Artigo 47
Artigo 42 Emendas
Assinatura
1.Qualquer Estado Parte poderá propor emendas à
A presente Convenção será aberta à assinatura de todos os presente Convenção e submetê-las ao Secretário-Geral das
Estados e organizações de integração regional na sede das Nações Unidas. O Secretário-Geral comunicará aos Estados
Nações Unidas em Nova York, a partir de 30 de março de 2007. Partes quaisquer emendas propostas, solicitando-lhes que o
notifiquem se são favoráveis a uma Conferência dos Estados
Artigo 43 Partes para considerar as propostas e tomar decisão a respeito
Consentimento em comprometer-se delas. Se, até quatro meses após a data da referida
comunicação, pelo menos um terço dos Estados Partes se
A presente Convenção será submetida à ratificação pelos manifestar favorável a essa Conferência, o Secretário-Geral
Estados signatários e à confirmação formal por organizações das Nações Unidas convocará a Conferência, sob os auspícios
de integração regional signatárias. Ela estará aberta à adesão das Nações Unidas. Qualquer emenda adotada por maioria de
de qualquer Estado ou organização de integração regional que dois terços dos Estados Partes presentes e votantes será
não a houver assinado. submetida pelo Secretário-Geral à aprovação da Assembleia
Geral das Nações Unidas e, posteriormente, à aceitação de
Artigo 44 todos os Estados Partes.
Organizações de integração regional 2.Qualquer emenda adotada e aprovada conforme o
disposto no parágrafo 1 do presente artigo entrará em vigor
1."Organização de integração regional" será entendida no trigésimo dia após a data na qual o número de instrumentos
como organização constituída por Estados soberanos de de aceitação tenha atingido dois terços do número de Estados
determinada região, à qual seus Estados membros tenham Partes na data de adoção da emenda. Posteriormente, a
delegado competência sobre matéria abrangida pela presente emenda entrará em vigor para todo Estado Parte no trigésimo
Convenção. Essas organizações declararão, em seus dia após o depósito por esse Estado do seu instrumento de
documentos de confirmação formal ou adesão, o alcance de aceitação. A emenda será vinculante somente para os Estados
sua competência em relação à matéria abrangida pela presente Partes que a tiverem aceitado.
Convenção. Subseqüentemente, as organizações informarão 3.Se a Conferência dos Estados Partes assim o decidir por
ao depositário qualquer alteração substancial no âmbito de consenso, qualquer emenda adotada e aprovada em
sua competência. conformidade com o disposto no parágrafo 1 deste Artigo,
2.As referências a "Estados Partes" na presente Convenção relacionada exclusivamente com os artigos 34, 38, 39 e 40,
serão aplicáveis a essas organizações, nos limites da entrará em vigor para todos os Estados Partes no trigésimo dia
competência destas. a partir da data em que o número de instrumentos de aceitação
3.Para os fins do parágrafo 1 do Artigo 45 e dos parágrafos depositados tiver atingido dois terços do número de Estados
2 e 3 do Artigo 47, nenhum instrumento depositado por Partes na data de adoção da emenda.
organização de integração regional será computado.
4.As organizações de integração regional, em matérias de Artigo 48
sua competência, poderão exercer o direito de voto na Denúncia
Conferência dos Estados Partes, tendo direito ao mesmo
número de votos quanto for o número de seus Estados Qualquer Estado Parte poderá denunciar a presente
membros que forem Partes da presente Convenção. Essas Convenção mediante notificação por escrito ao Secretário-
organizações não exercerão seu direito de voto, se qualquer de Geral das Nações Unidas. A denúncia tornar-se-á efetiva um
seus Estados membros exercer seu direito de voto, e vice- ano após a data de recebimento da notificação pelo Secretário-
versa. Geral.
Artigo 49
Formatos acessíveis

O texto da presente Convenção será colocado à disposição


em formatos acessíveis.

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Artigo 50 Assim, com exceção da regra isonômica, a proteção das


Textos autênticos pessoas com deficiência nunca foi tema constante dos textos
constitucionais brasileiros.
Os textos em árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e A Emenda Constitucional nº 1, de 1969, traz a primeira
russo da presente Convenção serão igualmente autênticos. notícia de proteção específica à pessoa com deficiência. A
EM FÉ DO QUE os plenipotenciários abaixo assinados, Emenda nº 12, de 1978, amplia esses direitos, tendo os
devidamente autorizados para tanto por seus respectivos mesmos sofrido inexplicável modificação pela Carta Política de
Governos, firmaram a presente Convenção. 1988. Ao tema foi dado um novo perfil, paternalista de um lado
e realista de outro, tal como veremos.
Questões As normas de proteção, localizadas em apenas uma
Emenda, na Constituição de 1969, espalham-se no texto atual,
(FUNDASUS - Técnico de Enfermagem em Saúde da cuidando de barreiras arquitetônicas, acesso a edifícios
Família - AOCP/2015) A assistência à pessoa com deficiência públicos etc.
tem como um de seus objetivos permitir um ganho de Por seu turno, a sociedade, mobilizada em torno da
autonomia e de mobilidade para que essas pessoas usufruam questão da pessoa com deficiência, procurou refletir a ideia de
dos espaços com mais segurança, confiança e comodidade. proteção no texto constitucional. A Constituição, ao garantir os
Este objetivo se refere à direitos das pessoas com deficiência, estampou suas
(A) acessibilidade. contradições e seus conflitos, diante de problemas como a
(B) credibilidade. miséria, a fome, a desnutrição infantil, a falta de habitação etc.
(C) aleatoriedade. O conteúdo do direito à proteção, dessa forma, é, como já
(D) igualdade. afirmado, paternalista, em alguns momentos, moderno e
(E) integralidade. efetivo, em outras passagens.
O problema das pessoas com deficiência, todavia, não se
02. “O respeito pela diferença e pela aceitação das pessoas restringe, apenas, a uma proteção visando à inclusão social.
com deficiência como parte da diversidade humana e da Deve-se ter em conta a prevenção da deficiência, o que leva o
humanidade” é um dos princípios presentes na Convenção estudioso para as áreas de alimentação, saúde pública etc.
Internacional sobre os direitos das pessoas com deficiência.
( ) Certo. O conceito de pessoa com deficiência.
( ) Errado. A deficiência deve ser entendida levando-se em conta o
grau de dificuldade para a inclusão social e não apenas a
Respostas constatação de uma falha sensorial ou motora, por exemplo.
01. A / 02. Certa.
O conteúdo do direito à inclusão social das pessoas
com deficiência.
2 A constitucionalização dos Qual o significado do direito à inclusão social das pessoas
com deficiência? Qual o conteúdo desse direito? Estaria ele
direitos das pessoas com limitado ao direito à igualdade ou o conteúdo estaria
deficiência. A política nacional compreendido noutros? A resposta passa obrigatoriamente
para a integração das pessoas pelo direito à saúde, pelo direito ao trabalho — protegido ou
não — direito à vida familiar, direito à eliminação das
com deficiência; diretrizes, barreiras arquitetônicas (ou o direito à acessibilidade) e,
objetivos e instrumentos. inegavelmente, pelo direito à igualdade.

O direito à igualdade.
Para o estudo dos direitos e garantias constitucionais da O direito à igualdade surge como regra de equilíbrio dos
pessoa com deficiência iremos nos basear no artigo publicado direitos das pessoas com deficiência. Toda e qualquer
por Luiz Alberto David Araújo – “A proteção Constitucional das interpretação constitucional que se faça, deve passar,
Pessoas com Deficiências” elaborado para o Ministério da obrigatoriamente, pelo princípio da igualdade. Só é possível
Justiça - Secretaria de Estado dos Direitos Humanos. entendermos o tema da proteção excepcional das pessoas com
deficiência se entendermos corretamente o princípio da
A pessoa com deficiência igualdade.

Introdução O direito à saúde.


A preocupação com a prevenção e a proteção das pessoas Verificado o princípio da igualdade em suas duas
com deficiência são temas recentes. Um importante divisor de dimensões (igualdade formal e material), vamos seguir na
águas para o estudo da proteção das pessoas com deficiências análise do conteúdo do direito à inclusão social das pessoas
foi a ocorrência das duas guerras mundiais, o que fez com deficiência, analisando o direito à saúde.
aumentar, desgraçadamente, o número de pessoas com Como consequência primeira do direito à saúde (direito de
deficiência de locomoção, de audição e de visão. estar são), deve-se agregar o direito à prevenção de doenças
Esse agravamento do número de pessoas com deficiências (direito de permanecer são). Assim, o Estado é responsável,
fez com que esse drama ficasse exposto de forma mais incisiva, tanto por manter o indivíduo são, desenvolvendo políticas de
exigindo do Estado uma posição de agente protetor. saúde, como para evitar que ele se torne doente. O direito à
Cada ordenamento jurídico trata o tema com prevenção de doença é, consequentemente, parte do direito à
características especiais. Há países em que a proteção é mais 49
saúde.
efetiva, apesar de inexistir qualquer comando, em nível O direito à saúde não significa, apenas, o direito de ser são
constitucional, para garantir essa proteção. e de se manter são. Não significa apenas o direito a tratamento
de saúde para manter-se bem. O direito à saúde engloba o
No Brasil as causas de deficiências estão ligadas aos direito à habilitação e à reabilitação, devendo-se entender
acidentes de trânsito, à carência alimentar e à falta de saúde como o estado físico e mental que possibilita ao
condições de higiene. indivíduo ter uma vida normal, integrada socialmente.

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O indivíduo com deficiência tem direito de se preparar especialmente o problema da sua locomoção. As prefeituras
para a vida profissional e familiar, devendo o Estado fornecer municipais continuam autorizando a construção de edifícios
os meios, por meio de programas de habilitação. A função do públicos sem rampas de acesso, com degraus, impedindo a
Estado, cumprindo entrada de cadeiras de rodas, o mesmo se diga dos banheiros,
sem a largura necessária para a entrada da referida cadeira etc,
O direito ao trabalho. apesar da Lei n. 10.098 de 19.12.2000 e do Decreto
A pessoa com deficiência quer mental (quando possível) Regulamentar n. 5296 de 2004, regras que determinaram a
quer física, tem direito ao trabalho, como qualquer indivíduo. adaptação de construções e meios de transporte já existentes
Nesse direito está compreendido o direito à própria e já obrigaram os novos a respeitar tais comandos de
subsistência, forma de afirmação social e pessoal do exercício 54
da dignidade humana. O trabalho pode assumir as mais acessibilidade.
diversas e variadas facetas. O importante é que a pessoa com Todavia, não só as pessoas com deficiência de locomoção
deficiência esteja participando das atividades sociais, sofrem com as barreiras; as pessoas com deficiências visuais
colaborando e se integrando no meio social. necessitam de semáforos sonoros e de guia nos edifícios e
espaços públicos.
O direito ao transporte.
O direito ao transporte, apesar de ser elemento O direito à aposentadoria.
indispensável ao direito ao trabalho, tem vida própria, Dentre os direitos que compõem a inclusão social do
enquanto conteúdo do direito à inclusão social das pessoas indivíduo, encontramos o direito à aposentadoria. Esta
com deficiência. aposentadoria deve ser garantida à pessoa com deficiência,
O transporte não é apenas utilizado para o deslocamento que não pode, em virtude de sua incapacidade, prover seu
ao trabalho, mas ao lazer, às atividades de tratamento médico próprio sustento. É evidente que não são todas as pessoas com
etc. deficiência que devem ser destinatárias do benefício da
Esse direito não se materializa só pela colocação de ônibus aposentadoria, mas, apenas, aqueles que apresentem falta de
adaptados à disposição das pessoas com deficiência (acesso condições para desenvolver um trabalho. Essa análise deve ser
aos transportes públicos), mas, também, pelo favorecimento feita tendo em conta os fatores objetivos de cada realidade
de condições de aquisição de meios para o transporte social. Como poderá uma pessoa com deficiência de
individual, ou seja, de veículos adaptados. Estes deveriam ser locomoção, em uma cidade como São Paulo, não sendo
objeto de isenção tributária integral, tendo linhas de proprietária de um veículo adaptado, locomover-se para o
financiamento próprias para o que o portador de deficiência local de trabalho? Não se trata de incapacidade para o
pudesse adquirir seu veículo, meio indispensável (diante da trabalho, mas de incapacidade de chegar ao trabalho. A análise,
inexistência de transporte público adaptado regular) para o portanto, da incapacidade do indivíduo, sempre deve ter como
exercício de sua cidadania. parâmetro a realidade social vivida por ele.

O direito à vida familiar O direito ao lazer.


As pessoas com deficiência têm direito a uma vida familiar As pessoas com deficiência têm o direito à diversão, como
saudável, sem preconceitos. qualquer indivíduo. Não seria possível imaginar a vida do
Os problemas em relação aos indivíduos com deficiência se indivíduo com deficiência sem o mínimo de lazer. Esse direito
iniciam com o nascimento da criança ou até antes mesmo. se revela, desde as práticas esportivas, até mesmo, a
(Atualmente, com o desenvolvimento da medicina, pode-se frequência em locais públicos, como cinemas, museus, teatros,
detectar a anormalidade mental ou física de um feto). estádios esportivos etc.

O direito à educação. A regra da inclusão. O direito à inclusão social nas Constituições


A educação é direito de todas as pessoas, com deficiência Brasileiras.
ou não. As pessoas com deficiência têm direito à educação, à A proteção especifica das pessoas com deficiência, também
cultura, como forma de aprimoramento intelectual, por se não tem sido preocupação de nossos textos constitucionais. A
tratar de bem derivado do direito à vida. A educação deve ser matéria só recentemente foi objeto de tratamento específico.
ministrada sempre tendo em vista a necessidade da pessoa A Constituição de 1824 apenas cuidou de garantir o direito
com deficiência. Isso não significa que a educação deva ser à igualdade, no inciso XIII, do artigo 179.
segregada, juntamente com outras pessoas com a mesma O mesmo ocorreu com a Constituição de 1891, através do
deficiência. A educação da pessoa com deficiência deve ser artigo 72, em seu parágrafo segundo.
feita na mesma classe das pessoas sem deficiência. Os A Constituição de 1934 traz o dispositivo que consagra a
professores devem desenvolver habilidades próprias para igualdade no inciso I do artigo 113. Revelando o caráter social
permitir a inclusão desse grupo de pessoas. O trabalho da Constituição de 1934, podemos aí encontrar um embrião do
inclusivo refletirá a tarefa de agregar democraticamente todos conteúdo do direito à inclusão social da pessoa deficiente.
agentes neste processo. A inclusão na rede regular de ensino,
com o desenvolvimento de tarefas específicas – e mesmo com A Constituição de 1937 não avança na ideia embrionária
tarefas de apoio, para permitir a sua melhor adaptação – do texto de 1934 restringindo-se a proteger, apenas, a
mostrará o grau de cumprimento do princípio da igualdade. igualdade, no inciso I do artigo 122 e, em linhas gerais,
Igualdade, direito à educação, ensino inclusivo são expressões reproduzir a ideia já garantida pela Constituição anterior, em
que devem estar juntas, exigindo do professor e da escola o seu artigo 127:
desenvolvimento de habilidades próprias para propiciar,
dentro da sala de aula e no convívio escolar, oportunidades Art. 127. A infância e a juventude levem ser objeto de
para todos, pessoas com deficiência ou não. cuidados e garantias especiais por parte do Estado, que tomará
todas as medidas destinadas a assegurar-lhes condições físicas e
O direito à eliminação de barreiras arquitetônicas. O morais de vida sã e de harmonioso desenvolvimento das suas
direito à acessibilidade. faculdades.
As barreiras arquitetônicas representam grande obstáculo
inclusão das pessoas com deficiência. A arquitetura nacional A Constituição de l946 garantiu o direito à igualdade no
ainda não atentou para a questão da pessoa com deficiência, parágrafo primeiro do artigo 141. Há breve menção ao direito
à previdência para trabalhador que se tornar inválido (artigo

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157, inciso XVI). manifesta no inciso XXXI do artigo 7º:


A Constituição de 1967 garante a igualdade no parágrafo
primeiro do artigo 150. A garantia previdenciária, nos moldes Art 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além
do diploma de 1946, vem assegurada, no inciso XVI do artigo de outros que visem à melhoria de sua condição social:
158. XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a
A Emenda n.º 1 à Constituição de 1967 resguardou a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de
igualdade em seu artigo 153, parágrafo primeiro. Traz, no deficiência.
entanto, grande inovação, ao dispor, em seu artigo 175,
parágrafo quarto: A Constituição Federal em vigor, no inciso VIII do artigo 37,
que traça disposições gerais sobre a Administração Pública,
Art. 175. A família é constituída pelo casamento e terá assegura reserva de mercado às pessoas com deficiência, regra
direito à proteção dos poderes públicos. esta que deverá se efetivar através da lei.
§ 4º. Lei especial sobre a assistência à maternidade, infância
e à adolescência e sobre a educação de excepcionais. Art. 37. A administração pública direta, indireta ou
fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Surge, assim, a primeira menção expressa à proteção Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da
específica das pessoas com deficiência. legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e, também,
º ao seguinte:
O maior avanço, no entanto, surgiu com a Emenda n 12, à VIII — a lei reservará percentual dos cargos e empregos
Constituição Federal de 1967 promulgada em 17 de outubro públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os
de 1978: critérios de sua admissão.
Artigo único. E assegurado aos deficientes a melhoria de sua
condição social e econômica especialmente mediante: No capítulo referente à SEGURIDADE SOCIAL (Capítulo II,
I- educação especial e gratuita; do Título VIII — «DA ORDEM SOCIAL», na Seção destinada a
II— assistência, reabilitação e reinserção na vida econômica «ASSISTÊNCIA SOCIAL», a Lei Maior garante o direito à
e social do País; habilitação, e reabilitação nos seguintes termos:
III— proibição de discriminação, inclusive quanto à
admissão ao trabalho ou ao serviço público e a salários; Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela
IV— possibilidade de acesso a edifícios e logradouros necessitar, independentemente de contribuição à seguridade
públicos. social, e tem por objetivos:
IV- habilitação e a reabilitação das pessoas portadoras de
Sem dúvida, a Emenda n.º 12 representou grande avanço deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária.
na proteção das pessoas com deficiência. Serviu de base para V- a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à
uma série de medidas judiciais (a ação de três pessoas com pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não
deficiência de locomoção que requereram acesso às rampas de possuir meios de prover a própria manutenção ou tê-la provida
embarque do metrô de São Paulo, por exemplo). por sua família, conforme dispuser a lei.
Uma observação sobre a Emenda Constitucional n. 12. Não
foi ela incorporada ao texto, ficando ao seu final. Ou seja, pode- Ao traçar os princípios que devem fundar a educação no
se afirmar que ela foi ―segregada. O legislador preferiu, ao Brasil, o inciso III do artigo 208 da Constituição fez constar a
invés de diluí-la no texto, mantê-la ao final, separada. Com o obrigatoriedade de ensino especializado, com preferência na
mesmo valor, é verdade, mas em local segregado, ao final do rede regular de ensino.
texto. Revelou o espírito da época, mostrando que o tema não Assim, dispôs o artigo:
poderia ser mesclado com outras temáticas constitucionais.
Claro que isso foi involuntário. Mas deixa transparecer a Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado
preocupação de proteger, sem incluir. mediante a garantia de:
Na realidade, a inserção da proteção específica dos direitos III - atendimento educacional especializado aos portadores
das pessoas com deficiência só surgiu após a efetivação dos de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino".
direitos sociais nos diplomas constitucionais modernos. É a
partir da Segunda Guerra Mundial que se verifica a No Capitulo «DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO
necessidade das “prestações positivas do Estado”, momento ADOLESCENTE E DO IDOSO», a Constituição Federal cuidou de
em que, diante da quantidade de vítimas do conflito, surge a traçar metas a serem cumpridas em relação ao tratamento das
necessidade de proteger a pessoa com deficiência. pessoas com deficiência.
No quadro constitucional brasileiro, a consagração só Assim disciplina o artigo 227, parágrafo primeiro, inciso II:
ocorreu em 1978. «Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado
A Constituição Federal de 1988 não trouxe a proteção assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade,
como no diploma anterior, separada, ao final, mas sim de o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
forma dispersa, através de vários dispositivos alocados em profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
capítulos distintos. liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de
Além do genérico princípio da igualdade, que vem colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
assegurado na cabeça do artigo 5º, o inciso XXXI do artigo 7º exploração, violência, crueldade e opressão.
traça regra isonômica específica em relação às pessoas com § 1º. O Estado promoverá programas de assistência integral
deficiência. à saúde da criança e do adolescente, admitida a participação de
Assim dispõe a regra genérica: entidades não governamentais e obedecendo aos seguintes
preceitos:
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de II - Criação de programas de prevenção e atendimento
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos especializado para os portadores de deficiência física, sensorial
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à ou mental, bem como de intervenção social do adolescente
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos portador de deficiência, mediante o treinamento para o
termos seguintes. trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e
serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e
Por sua vez, a regra especifica da isonomia, assim se

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obstáculos arquitetônicos. procurou garantir a igualdade, enunciando o tema. Assim


§ 2º. A lei disporá sobre normas de construção dos menciona o referido artigo:
logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de
veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso Art.5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
adequado às pessoas portadoras de deficiência.» qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
O texto constitucional deixou para a competência comum vida liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, o termos seguintes:».
cuidado com a proteção e garantia das pessoas com deficiência.
Assim dispõem o artigo 23 e seu inciso II: O texto constitucional, que tem redação distinta do
anterior no que pertine à igualdade, veio colocá-la na cabeça
«Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do do artigo, fixando-a como princípio constitucional, regra de
Distrito Federal e dos Municípios: aplicação para a inclusão, deixando de incluí-la como um dos
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e direitos individuais, mas erigindo a igualdade como
garantia das pessoas portadoras de deficiência:» pressuposto do entendimento de todos os demais.

A competência legislativa, no entanto, ficou reservada, A regra isonômica traz logo um primeiro significado, qual
concorrentemente, à União Federal, aos Estados e ao Distrito seja, o de tratar igualmente todos perante a lei. O ato
Federal, por força do artigo 24, inciso XIV: normativo infraconstitucional posto e sua aplicação não
podem deixar de dar tratamento igualitário a todos.
«Art. 24. Compete União, aos Estados e ao Distrito Federal Na realidade, o princípio democrático da igualdade
legislar concorrentemente sobre: significa que a aplicação do direito deve ser idêntica diante da
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de lei e do ato normativo.
deficiência;
§ 1º. No âmbito da legislação concorrente, a competência da A igualdade na lei.
União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. Ao lado da igualdade formal, ou seja, a igualdade perante a
§ 2º. A competência da União para legislar sobre normas lei, devemos assinalar a igualdade na lei. O constituinte
gerais não excluiu a competência suplementar dos Estados. originário, incondicionado, ilimitado e criador da nova ordem
§ 3º. Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados jurídica, visou proteger grupos determinados, situações
exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas específicas e certos valores. Sua escolha é desvinculada de
peculiaridades. qualquer critério preestabelecido, sendo, na realidade, um ato
§ 4º. A superveniência de lei federal sobre normas gerais político. Assim, teve atenção especial para a gestante, o
suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário». trabalhador, as populações indígenas, o meio ambiente etc. No
rol das pessoas protegidas, surgem as com deficiência, que
Como será visto na segunda parte do trabalho, o texto recebem amparo singular, este necessário para que se igualem
constitucional, em princípio, procurou ser mais na lei. Ao zelar por esses grupos ou interesses, o constituinte
pormenorizado que o anterior. Contudo, a nosso ver, é possível originário quis, na realidade, dar as mesmas condições das
extrair mais força do texto anterior do que do atual, formado, pessoas sem deficiência. A igualdade material (vista sob o
este, principalmente, de normas programáticas, que ângulo de proteção de certos grupos sociais) nada mais é do
apresentam, como será visto adiante, dificuldade em sua que a explicitação de princípios constantes nos fundamentos e
aplicação integral. objetivos do Estado Brasileiro, enunciados respectivamente,
Na atual Carta, o tratamento dispensado pela Emenda n.º nos artigos primeiro e terceiro:
12, de 1978 foi fragmentado em diversos artigos, enriquecidos
0 Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união
por novos direitos não constantes da Emenda n. 12, como, indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
por exemplo, a obrigatoriedade de pagamento de um salário constitui-se em estado Democrático de Direito e tem como
mínimo para os carentes portadores de deficiência. No fundamentos:
entanto, boa parte dependerá de leis para terem resultados I — a soberania
mais concretos. II — a cidadania
III — a dignidade da pessoa humana
Segunda Parte: A tutela constitucional brasileira.
Passemos agora a descrição da tutela positiva E o artigo terceiro afirma:
constitucional do sistema brasileiro, verificando de que Art. 3º. Constituem objetivos fundamentais da República
maneira a pessoa com deficiência é protegida pelo nosso Federativa do Brasil:
sistema constitucional. I- construir uma sociedade livre, justa e solidária.
III— erradicar a pobreza e marginalização e reduzir as
O princípio da igualdade. desigualdades sociais e regionais;
Na realidade, o patrimônio jurídico das pessoas com IV— promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
deficiência se resume no cumprimento do direito à igualdade, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
quer apenas cuidando de resguardar a obediência à isonomia discriminação.
de todos diante do texto legal, evitando discriminações, quer
colocando as pessoas com deficiência em situação privilegiada O cuidado especial com certos grupos se compatibiliza com
em relação aos demais cidadãos, benefícios perfeitamente os propósitos dos artigos primeiro e terceiro da Lei Maior.
justificados e explicados pela própria dificuldade de inclusão A proteção, em nosso caso, das pessoas com deficiência,
natural desse grupo de pessoas. nada mais é do que uma forma de proteger a cidadania e a
dignidade da pessoa humana, eliminando as desigualdades
O princípio da igualdade deve ser analisado sob 2 sociais.
enfoques, vamos a eles: Percebeu o constituinte que o grupo necessitaria, por sua
própria condição, de uma proteção especifica, indispensável
A igualdade perante a lei para que pudesse integrar-se socialmente, ou seja, participar
O caput do artigo 5º da Constituição Federal de 1988

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da sociedade em condições de igualdade. comando infraconstitucional já devidamente autorizado para


A regra isonômica da igualdade perante a lei não se tanto (nos termos da lei). Trata-se de autorização para que o
constitui em norma de proteção, mas apenas de instituição de legislador infraconstitucional trace limites ou restrições ao
princípio democrático, extensível a todos, inclusive às pessoas dispositivo constante da lei Maior.
com deficiência, princípio este que coloca o grupo protegido Diferentemente portanto, do direito à saúde (norma de
em condições de inclusão social. Todavia, o que se pretende integração completável), o direito à previdência poderá ser
demonstrar, no momento, é a existência de regras que, de fato, limitado e disciplinado.
discriminam, protegem, colocam privilégios, benefícios
imprescindíveis sob a ótica política do constituinte, para a O direito à assistência social: habilitação, reabilitação
equiparação de certas situações ou grupos, tais como os e integração à vida comunitária e ao benefício mensal.
trabalhadores, os indígenas, as gestantes, a empresa nacional
e, dente estes, as pessoas com deficiência. Dentro do Capítulo da Seguridade Social, surge o direito à
assistência, distinto do direito à previdência, pois este
As regras de previdência e assistência social. presume contribuição, enquanto o direito à assistência é
O capítulo II (da Seguridade Social), do Título VIII (Da estendido a todos, contribuintes ou não da previdência social.
Ordem Social), traz vários dispositivos referentes aos direitos A assistência é bem mais amplo, portanto. Os destinatários da
das pessoas com deficiência. assistência, porém, são distintos dos destinatários da
previdência. Nesse grupo, encontram-se pessoas necessitadas,
O direito à saúde. crianças e adolescentes, tendo a Constituição Federal
A primeira regra que se nota no capítulo mencionado é a escolhido os alvos da assistência: proteção à família à
constante do artigo 196, que garante o direito à saúde: maternidade, à infância, à adolescência e à velhice, a promoção
e inclusão no mercado de trabalho, além da habilitação e
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, reabilitação, assim, como a promoção da interação na vida
garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à comunitária das pessoas com deficiência.
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, Assim reza o artigo 203:
proteção e recuperação. Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela
necessitar, independentemente de contribuição à seguridade
Constata-se que o direito à saúde é direito de todos. A social e tem por objetivos:
pessoa com deficiência, ipso facto, portanto, tem o direito de IV- a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de
tornar-se saudável ou, no mínimo, menos doente. É dever do deficiência e promoção de sua integração à vida comunitária;
Estado, por óbvio, fornecer-lhe meios de proteção de sua V- a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à
saúde, com tratamentos, reabilitação, habilitação etc. Trata-se pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não
de norma classificada como de integração, da subespécie possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la
completável, produzindo efeitos reduzidos, até que surja a provida por sua família, conforme dispuser a lei.
norma integradora. No entanto, essa espécie de norma
constitucional, como já visto, traz em si uma eficácia inibidora Dois são os benefícios do artigo 203. O primeiro, referente
da legislação infraconstitucional, que não pode ferir o à habilitação, entendida como o direito de obter preparo para
princípio garantido. Nesse sentido, torna-se inconstitucional o trabalho, para o lazer e para a educação. A habilitação deve
qualquer medida legislativa ou produzida pela Administração ser ministrada àquelas pessoas com deficiência, que
Pública no sentido de inviabilizar o direito à saúde ou necessitam de treinamento para ingressar na vida social ou,
reduzindo a situação existente. mesmo, que do mesmo necessitem para diminuir sua
dificuldade de inclusão. A educação, com um eventual suporte
Os efeitos do artigo 196 da Constituição Federal. específico para superar certas dificuldades, mas sempre em
Na hipótese do artigo 196, como já visto, estamos diante do escola regular, as oficinas de trabalho e o tratamento
gênero norma de integração, da espécie completável. O fisioterápico representam exemplos de habilitação. A
legislador infraconstitucional fica encarregado do reabilitação tem a finalidade de cuidar dos que, alguma vez,
cumprimento das tarefas determinadas pelos objetivos tiveram habilitação e a perderam por qualquer motivo.
fixados no artigo, existindo, desde logo, fator inibidor de toda Além do direito à habilitação e à reabilitação, está
legislação integradora contrária ao princípio anunciado pela assegurada a obrigação de o Estado promover a integração das
Constituição Federal. pessoas com deficiência na vida comunitária.
O segundo benefício constante da regra assistencial do
O direito à previdência social por invalidez. artigo 203 se refere ao direito a uma prestação mensal, por
O artigo 201 da Lei Maior consigna o direito de, mediante parte da previdência social, na base de um salário mínimo,
contribuição ficar protegida a invalidez. para a pessoa com deficiência, que comprovar não ter
condições de manter a sua própria subsistência nem de ser
Assim disciplina a regra constitucional: mantido por seus familiares.
Art. 201. Os planos de previdência social, mediante
contribuição atenderão, nos termos da lei, a: Os efeitos dos incisos do artigo 203 da Constituição
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte, Federal.
incluídos os resultantes de acidente do trabalho, velhice e O constituinte quis permitir que o legislador
reclusão; infraconstitucional mesmo o administrador, cuidasse de criar
hipótese de habilitação e de reabilitação, assim como de
Verifica-se, desta forma, que, mediante contribuição, fica reinserção na vida social, para aquele indivíduo portador de
garantido o direito de cobertura em caso de doença e invalidez. deficiência, atingindo, destarte, o completo objetivo da norma.
Nesse diapasão também é o direito ao salário mínimo
Os efeitos do inciso I, do artigo 201 da Constituição destinado ao carente portador de deficiência.
Federal. A Constituição Federal deixa para a lei o deferimento desse
A hipótese regrada é do tipo de integração restringível. direito. A lei, no entanto, não poderá modificar o conteúdo do
Produz todos os seus efeitos, podendo sofrer restrição pelo direito assegurado. Com vistas a esse artigo, todavia, a ideia de

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família deve ser aquela já existente no próprio texto sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa. seu
constitucional, quando reconhece a família como sendo os pais preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
e seus descendentes. A lei que cuidar da inclusão inciso V do trabalho.
artigo 203 não pode considerar a família (entidade capaz de
sustentar a pessoa com deficiência), como sendo algo além dos Duas ideias básicas surgem da análise do dispositivo em
pais e seus descendentes. A ideia é restrita. Não poderiam ser comento: a primeira, no sentido de que é dever do Estado e da
incluídos outros graus de parentesco na lei ordinária, de modo Família prestar a educação, ou seja, a busca do pleno
a excluir o direito consagrado no inciso V do artigo 203. desenvolvimento da pessoa, o preparo para o exercício da
Assim, para a lei que criará o benefício mensal, a ideia de cidadania e sua qualificação para o trabalho.
família deve compreender, apenas e tão-somente, os pais da Verificadas as primeiras ideias que devem reger a
pessoa com deficiência ou seus descendentes. Da mesma obrigação de prestar educação, encontraremos no artigo 208
forma, a lei não poderá escapar do conceito de subsistência as regras, que devem ser impostas no cumprimento desse
mínima fornecido pelo próprio texto constitucional, ao elencar dever de prestar educação.
as despesas que devem ser suportadas pelo salário mínimo
(art. 7º, inciso IV). Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado
mediante a garantia de:
A pessoa com deficiência só receberá o benefício mensal III - atendimento educacional especializado aos portadores
estipulado no inciso V do artigo 203, caso não tenha condições de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
de atender às suas necessidades vitais básicas, tais como,
moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, O dever do Estado de prestar educação, portanto, passa,
higiene, transporte e previdência social. Perfilhando a obrigatoriamente, pelo fornecimento de educação às pessoas
orientação da interpretação sistemática, a ideia de com deficiência. Esta educação, justamente por força do
subsistência deve ser extraída do próprio texto constitucional, comando constitucional que afirma que o Estado promoverá a
ou seja, do inciso IV do artigo 7º. inclusão das pessoas com deficiência na vida comunitária
Na eventualidade de omissão do legislador ordinário, a (inciso IV do artigo 203), deve ser feita na rede regular de
pessoa com deficiência poderá valer-se dos instrumentos de ensino, preferencialmente.
defesa, como já visto acima. Verifica-se, destarte, que, em vários pontos, a Constituição
A matéria foi disciplinada pela Lei 8.742/93, que demorou Federal procura cuidar da inclusão da pessoa com deficiência.
sete anos para ser feita e acabou amesquinhando o princípio Ao determinar que o ensino especializado seja,
constitucional e os dizeres da Lei Maior. O conceito de pessoa preferencialmente, ministrado na rede regular de ensino,
com deficiência e as condições para deferimento do benefício tomou cuidado de proteger a pessoa com deficiência contra
se deram pelo artigo 20 da referida lei, que transcrevemos: eventual discriminação, buscando integrá-la socialmente.

Art. 20. Obenefíciodeprestaçãocontinuada é agarantiade 1 Os efeitos do inciso III, do artigo 208 da Constituição
(um) salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e Federal.
ao idoso com 70 (setenta) anos ou mais e que comprovem não A norma em questão se reveste de caráter de regra de
possuir meios de prover a própria manutenção e nem de tê-la integração, da espécie completável, exigindo, para a sua
provida por sua família. perfeita concretização, atuação do legislador
§ 1º Para os efeitos do disposto no caput, entende-se por infraconstitucional, ou mesmo, de participação do
família a unidade mononuclear, vivendo sob o mesmo teto, cuja administrador.
economia é mantida pela contribuição de seus integrantes. Há necessidade de regramento ordinário para disciplinar
§ 2º Para efeito de concessão deste benefício, a pessoa as hipóteses de atendimento às mais variadas classes de
portadora de deficiência é aquela incapacitada para a vida deficiência.
independente e para o trabalho.
§ 3º Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa O direito de proteção das crianças e adolescentes
portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal portadores de deficiência.
per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo. No Capítulo VII (Da família, da criança, do adolescente e do
§ 4º O benefício de que trata este artigo não pode ser idoso), a Lei Maior preocupou-se de dar proteção especial às
acumulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da crianças e aos adolescentes portadores de deficiência.
seguridade social ou de outro regime, salvo o da assistência O inciso II do parágrafo primeiro do artigo 227 traça as
médica. metas de programas assistenciais do Estado para a criança e o
§ 5º A situação de internado não prejudica o direito do idoso adolescente:
ou do portador de deficiência ao benefício.
§ 6º A deficiência será comprovada através de avaliação e Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado
laudo expedido por serviço que conte com equipe assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade,
multiprofissional do Sistema Único de Saúde (SUS) ou do o direito à vida, saúde, à alimentação, à educação, ao lazer,
Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, credenciados para profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
esse fim pelo Conselho Municipal de Assistência Social. liberdade e à convivência familiar e social, além de colocá-los a
§ 7º Na hipótese de não existirem serviços credenciados no salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
Município de residência do beneficiário, fica assegurado o seu violência, crueldade e opressão.
encaminhamento ao Município mais próximo que contar com tal § 1º. O Estado promoverá programas de assistência integral
estrutura. à saúde da criança e do adolescente, admitida a participação de
entidades não governamentais e obedecendo aos seguintes
O direito à educação. preceitos:
Da mesma forma que o direito à saúde, o artigo 205 II - criação de programas de prevenção e atendimento
assegura a educação como sendo um direito de todos e um especializado para os portadores de deficiência física, sensorial
dever do Estado. ou mental, bem como de inclusão social do adolescente portador
de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços
família, será promovida e incentivada com a colaboração da coletivos com a eliminação de preconceitos e obstáculos

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arquitetônicos. CAPÍTULO II
§ 2º. A lei disporá sobre normas de construção dos Dos Direitos Sociais
logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de
veículos de transporte coletivo, a fim do garantir acesso Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
adequado às pessoas com deficiência. além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
[...]
Dois aspectos primordiais podem ser apontados no XXXI- proibição de qualquer discriminação no tocante a
dispositivo citado. O primeiro deles se revela a partir da salário e critérios de admissão do trabalhador portador de
preocupação do constituinte com os objetivos do Estado, que deficiência.
devem atentar para o amparo da pessoa com deficiência, [...]
determinando o caminho a ser seguido pelo legislador TÍTULO III
infraconstitucional e pelo administrador. Os programas devem Da Organização do Estado
desenvolver-se visando, sempre, à prevenção e ao
atendimento especializado às crianças e aos adolescentes com Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do
deficiência, assim como a sua inclusão social. Essa inclusão Distrito Federal e dos Municípios:
social, mencionada na última parte do parágrafo primeiro do
artigo 227, concretizar-se-á, de acordo com o comando CAPÍTULO II
constitucional, por meio do treinamento para o trabalho, da Da União
facilitação de bens e serviços coletivos e, por fim, pela [...]
eliminação de preconceitos e de obstáculos arquitetônicos. II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e
O outro aspecto relevante desse artigo, insculpido em seu garantia das pessoas portadoras de deficiência;
parágrafo segundo, trata da eliminação das barreiras
arquitetônicas e da adaptação de veículos de transporte Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal
coletivo, facilitando acesso às pessoas com deficiência. legislar concorrentemente sobre:
Determina, no entanto, que tal proteção deverá ser objeto XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras
de lei específica, que disporá sobre a adaptação de logradouros de deficiência.
e edifícios públicos, assim como de veículos de transporte
coletivos. Isso significa que os ônibus e trens, nos termos da lei TÍTULO III
que vier a ser editada, deverão ter espaços reservados para as Da Organização do Estado
pessoas com deficiência, assim como meios fáceis de ingresso, CAPÍTULO VII
como, por exemplo, elevadores em entrada especial, para as Da administração Pública
pessoas com problemas de locomoção e, também, sinais SEÇÃO I
sonoros, para as pessoas com deficiência visual. Disposições Gerais
O que o dispositivo constitucional revela, na realidade, é a [...]
necessidade de adaptação de logradouros e edifícios públicos, Art. 37. A administração pública direta, indireta ou
com a eliminação das barreiras, que impedem ou dificultam o fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
acesso das pessoas com deficiência. do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
O parágrafo segundo, apesar de se situar no capítulo de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e,
referente à família, criança, idoso e adolescente, cuida da também, ao seguinte:
adaptação para todos os portadores de deficiência, quer ...
estejam enquadrados no título do capítulo ou não. VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos
públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá
Os efeitos do inciso II do parágrafo primeiro e do os critérios de sua admissão.
parágrafo segundo do artigo 227 da Constituição Federal. [...]
Tanto na hipótese prevista no inciso II do parágrafo TÍTULO VIII
primeiro, quanto naquela descrita no parágrafo segundo, Da Ordem Social
todos do artigo 227, existem normas de integração, da espécie
completáveis, que, por si só, não produzem todos os seus Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela
efeitos, aguardando uma ação política do Poder Legislativo, necessitar, independentemente de contribuição à seguridade
consubstanciada em lei ordinária. social, e tem por objetivos:
As pessoas que se sentirem prejudicadas pela omissão
legislativa, poderão se valer dos instrumentos adiante CAPÍTULO II
explicitados para o correto cumprimento das metas Da Seguridade Social
constitucionais. SEÇÃO IV
Da assistência Social
Veja abaixo os dispositivos constitucionais que tratam dos [...]
direitos das pessoas com deficiência: IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de
deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;
TÍTULO II V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à
Dos Direitos e Garantias Fundamentais pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem
CAPÍTULO I não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la
Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos provida por sua família, conforme dispuser a lei.

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de CAPÍTULO III
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos Da Educação, da Cultura e do Desporto
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à SEÇÃO I
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos Da Educação
termos seguintes:
[...] Art. 208. O dever do estado com a educação será efetivado
mediante a garantia de:

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... Art. 1º Ficam estabelecidas normas gerais que asseguram


III - atendimento educacional especializado aos portadores o pleno exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas
de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; portadoras de deficiências, e sua efetiva integração social, nos
IV - acesso aos níveis mais elevados de ensino, da pesquisa termos desta Lei.
e da criação artística, segundo a capacidade de cada um. § 1º Na aplicação e interpretação desta Lei, serão
considerados os valores básicos da igualdade de tratamento e
CAPÍTULO VII oportunidade, da justiça social, do respeito à dignidade da
Da Família, da Criança, do Adolescente e do Idoso pessoa humana, do bem-estar, e outros, indicados na
Constituição ou justificados pelos princípios gerais de direito.
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado § 2º As normas desta Lei visam garantir às pessoas
assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, portadoras de deficiência as ações governamentais
o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à necessárias ao seu cumprimento e das demais disposições
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à constitucionais e legais que lhes concernem, afastadas as
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de discriminações e os preconceitos de qualquer espécie, e
colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, entendida a matéria como obrigação nacional a cargo do Poder
exploração, violência, crueldade e opressão. Público e da sociedade.
§1º- O Estado promoverá programas de assistência
integral à saúde da criança e do adolescente, admitida a Art. 2º Ao Poder Público e seus órgãos cabe assegurar às
participação de entidades não governamentais e obedecendo pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus
os seguintes preceitos: direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao
... trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo à infância e
II - criação de programas de prevenção e atendimento à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e
especializado para os portadores de deficiência física, das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico.
sensorial ou mental, bem como de integração social do Parágrafo único. Para o fim estabelecido no caput deste
adolescente portador de deficiência, mediante o treinamento artigo, os órgãos e entidades da administração direta e indireta
para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos devem dispensar, no âmbito de sua competência e finalidade,
bens e serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e aos assuntos objetos esta Lei, tratamento prioritário e
obstáculos arquitetônicos. adequado, tendente a viabilizar, sem prejuízo de outras, as
§2º- A lei disporá sobre normas de construção de seguintes medidas:
logradouros e edifícios de uso público e de fabricação de I - na área da educação:
veículos de transporte coletivo, a fim de garantir o acesso a) a inclusão, no sistema educacional, da Educação Especial
adequado às pessoas portadoras de deficiência. como modalidade educativa que abranja a educação precoce, a
[...] pré-escolar, as de 1º e 2º graus, a supletiva, a habilitação e
TÍTULO IX reabilitação profissionais, com currículos, etapas e exigências
Das Disposições Constitucionais Gerais de diplomação próprios;
b) a inserção, no referido sistema educacional, das escolas
Art. 244. A lei disporá sobre a adaptação dos logradouros, especiais, privadas e públicas;
dos edifícios de uso público e dos veículos de transporte c) a oferta, obrigatória e gratuita, da Educação Especial em
coletivo atualmente existentes a fim de garantir acesso estabelecimento público de ensino;
adequado às pessoas portadoras de deficiência, conforme o d) o oferecimento obrigatório de programas de Educação
disposto no art. 227, 2º. Especial a nível pré-escolar, em unidades hospitalares e
congêneres nas quais estejam internados, por prazo igual ou
superior a 1 (um) ano, educandos portadores de deficiência;
3 Lei nº 7.853/1989 e Decreto nº e) o acesso de alunos portadores de deficiência aos
benefícios conferidos aos demais educandos, inclusive
3.298/1999, e suas alterações. As material escolar, merenda escolar e bolsas de estudo;
responsabilidades do Poder f) a matrícula compulsória em cursos regulares de
Público. Educação. Saúde. estabelecimentos públicos e particulares de pessoas
portadoras de deficiência capazes de se integrarem no sistema
Formação profissional e do regular de ensino;
trabalho. Recursos humanos. II - na área da saúde:
Edificações. A criminalização do a) a promoção de ações preventivas, como as referentes ao
planejamento familiar, ao aconselhamento genético, ao
preconceito. As categorias de acompanhamento da gravidez, do parto e do puerpério, à
deficiência: física, auditiva, nutrição da mulher e da criança, à identificação e ao controle
visual, mental, múltipla. da gestante e do feto de alto risco, à imunização, às doenças do
metabolismo e seu diagnóstico e ao encaminhamento precoce
de outras doenças causadoras de deficiência;
b) o desenvolvimento de programas especiais de
LEI Nº 7.853, DE 24 DE OUTUBRO DE 1989. prevenção de acidente do trabalho e de trânsito, e de
tratamento adequado a suas vítimas;
Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, c) a criação de uma rede de serviços especializados em
sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para reabilitação e habilitação;
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - Corde, institui d) a garantia de acesso das pessoas portadoras de
a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas deficiência aos estabelecimentos de saúde públicos e privados,
pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define e de seu adequado tratamento neles, sob normas técnicas e
crimes, e dá outras providências. padrões de conduta apropriados;
e) a garantia de atendimento domiciliar de saúde ao
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o deficiente grave não internado;
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

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f) o desenvolvimento de programas de saúde voltados para § 5º Fica facultado aos demais legitimados ativos
as pessoas portadoras de deficiência, desenvolvidos com a habilitarem-se como litisconsortes nas ações propostas por
participação da sociedade e que lhes ensejem a integração qualquer deles.
social; § 6º Em caso de desistência ou abandono da ação, qualquer
III - na área da formação profissional e do trabalho: dos co-legitimados pode assumir a titularidade ativa.
a) o apoio governamental à formação profissional, e a
garantia de acesso aos serviços concernentes, inclusive aos Art. 4º A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível
cursos regulares voltados à formação profissional; erga omnes, exceto no caso de haver sido a ação julgada
b) o empenho do Poder Público quanto ao surgimento e à improcedente por deficiência de prova, hipótese em que
manutenção de empregos, inclusive de tempo parcial, qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico
destinados às pessoas portadoras de deficiência que não fundamento, valendo-se de nova prova.
tenham acesso aos empregos comuns; § 1º A sentença que concluir pela carência ou pela
c) a promoção de ações eficazes que propiciem a inserção, improcedência da ação fica sujeita ao duplo grau de jurisdição,
nos setores públicos e privado, de pessoas portadoras de não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo
deficiência; tribunal.
d) a adoção de legislação específica que discipline a reserva § 2º Das sentenças e decisões proferidas contra o autor da
de mercado de trabalho, em favor das pessoas portadoras de ação e suscetíveis de recurso, poderá recorrer qualquer
deficiência, nas entidades da Administração Pública e do setor legitimado ativo, inclusive o Ministério Público.
privado, e que regulamente a organização de oficinas e
congêneres integradas ao mercado de trabalho, e a situação, Art. 5º O Ministério Público intervirá obrigatoriamente nas
nelas, das pessoas portadoras de deficiência; ações públicas, coletivas ou individuais, em que se discutam
IV - na área de recursos humanos: interesses relacionados à deficiência das pessoas.
a) a formação de professores de nível médio para a
Educação Especial, de técnicos de nível médio especializados Art. 6º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua
na habilitação e reabilitação, e de instrutores para formação presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa
profissional; física ou jurídica, pública ou particular, certidões, informações,
b) a formação e qualificação de recursos humanos que, nas exame ou perícias, no prazo que assinalar, não inferior a 10
diversas áreas de conhecimento, inclusive de nível superior, (dez) dias úteis.
atendam à demanda e às necessidades reais das pessoas § 1º Esgotadas as diligências, caso se convença o órgão do
portadoras de deficiências; Ministério Público da inexistência de elementos para a
c) o incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico propositura de ação civil, promoverá fundamentadamente o
em todas as áreas do conhecimento relacionadas com a pessoa arquivamento do inquérito civil, ou das peças informativas.
portadora de deficiência; Neste caso, deverá remeter a reexame os autos ou as
V - na área das edificações: respectivas peças, em 3 (três) dias, ao Conselho Superior do
a) a adoção e a efetiva execução de normas que garantam Ministério Público, que os examinará, deliberando a respeito,
a funcionalidade das edificações e vias públicas, que evitem ou conforme dispuser seu Regimento.
removam os óbices às pessoas portadoras de deficiência, § 2º Se a promoção do arquivamento for reformada, o
permitam o acesso destas a edifícios, a logradouros e a meios Conselho Superior do Ministério Público designará desde logo
de transporte. outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação.

Art. 3º As medidas judiciais destinadas à proteção de Art. 7º Aplicam-se à ação civil pública prevista nesta Lei, no
interesses coletivos, difusos, individuais homogêneos e que couber, os dispositivos da Lei nº 7.347, de 24 de julho de
individuais indisponíveis da pessoa com deficiência poderão 1985.
ser propostas pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública,
pela União, pelos Estados, pelos Municípios, pelo Distrito Art. 8º Constitui crime punível com reclusão de 2 (dois) a
Federal, por associação constituída há mais de 1 (um) ano, nos 5 (cinco) anos e multa: (Redação dada pela Lei nº 13.146, de
termos da lei civil, por autarquia, por empresa pública e por 2015)
fundação ou sociedade de economia mista que inclua, entre I - recusar, cobrar valores adicionais, suspender,
suas finalidades institucionais, a proteção dos interesses e a procrastinar, cancelar ou fazer cessar inscrição de aluno em
promoção de direitos da pessoa com deficiência. (Redação estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público
dada pela Lei nº 13.146, de 2015) ou privado, em razão de sua deficiência; (Redação dada pela
§ 1º Para instruir a inicial, o interessado poderá requerer Lei nº 13.146, de 2015)
às autoridades competentes as certidões e informações que II - obstar inscrição em concurso público ou acesso de
julgar necessárias. alguém a qualquer cargo ou emprego público, em razão de sua
§ 2º As certidões e informações a que se refere o parágrafo deficiência; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
anterior deverão ser fornecidas dentro de 15 (quinze) dias da III - negar ou obstar emprego, trabalho ou promoção à
entrega, sob recibo, dos respectivos requerimentos, e só pessoa em razão de sua deficiência; (Redação dada pela Lei nº
poderão se utilizadas para a instrução da ação civil. 13.146, de 2015)
§ 3º Somente nos casos em que o interesse público, IV - recusar, retardar ou dificultar internação ou deixar de
devidamente justificado, impuser sigilo, poderá ser negada prestar assistência médico-hospitalar e ambulatorial à pessoa
certidão ou informação. com deficiência; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
§ 4º Ocorrendo a hipótese do parágrafo anterior, a ação V - deixar de cumprir, retardar ou frustrar execução de
poderá ser proposta desacompanhada das certidões ou ordem judicial expedida na ação civil a que alude esta Lei;
informações negadas, cabendo ao juiz, após apreciar os (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
motivos do indeferimento, e, salvo quando se tratar de razão VI - recusar, retardar ou omitir dados técnicos
de segurança nacional, requisitar umas e outras; feita a indispensáveis à propositura da ação civil pública objeto desta
requisição, o processo correrá em segredo de justiça, que Lei, quando requisitados. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de
cessará com o trânsito em julgado da sentença. 2015)

Direito das Pessoas com Deficiência 20


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§ 1º Se o crime for praticado contra pessoa com deficiência VII - emitir opinião sobre os acordos, contratos ou
menor de 18 (dezoito) anos, a pena é agravada em 1/3 (um convênios firmados pelos demais órgãos da Administração
terço). (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) Pública Federal, no âmbito da Política Nacional para a
§ 2º A pena pela adoção deliberada de critérios subjetivos Integração da Pessoa Portadora de Deficiência;
para indeferimento de inscrição, de aprovação e de VIII - promover e incentivar a divulgação e o debate das
cumprimento de estágio probatório em concursos públicos questões concernentes à pessoa portadora de deficiência,
não exclui a responsabilidade patrimonial pessoal do visando à conscientização da sociedade.
administrador público pelos danos causados. (Incluído pela Parágrafo único. Na elaboração dos planos, programas e
Lei nº 13.146, de 2015) projetos a seu cargo, deverá a Corde recolher, sempre que
§ 3º Incorre nas mesmas penas quem impede ou dificulta possível, a opinião das pessoas e entidades interessadas, bem
o ingresso de pessoa com deficiência em planos privados de como considerar a necessidade de efetivo apoio aos entes
assistência à saúde, inclusive com cobrança de valores particulares voltados para a integração social das pessoas
diferenciados. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) portadoras de deficiência.
§ 4º Se o crime for praticado em atendimento de urgência
e emergência, a pena é agravada em 1/3 (um terço). (Incluído Art. 13. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de
pela Lei nº 13.146, de 2015) 2001)

Art. 9º A Administração Pública Federal conferirá aos Art. 14. (Vetado).


assuntos relativos às pessoas portadoras de deficiência
tratamento prioritário e apropriado, para que lhes seja Art. 15. Para atendimento e fiel cumprimento do que
efetivamente ensejado o pleno exercício de seus direitos dispõe esta Lei, será reestruturada a Secretaria de Educação
individuais e sociais, bem como sua completa integração Especial do Ministério da Educação, e serão instituídos, no
social. Ministério do Trabalho, no Ministério da Saúde e no Ministério
§ 1º Os assuntos a que alude este artigo serão objeto de da Previdência e Assistência Social, órgão encarregados da
ação, coordenada e integrada, dos órgãos da Administração coordenação setorial dos assuntos concernentes às pessoas
Pública Federal, e incluir-se-ão em Política Nacional para portadoras de deficiência.
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, na qual
estejam compreendidos planos, programas e projetos sujeitos Art. 16. O Poder Executivo adotará, nos 60 (sessenta) dias
a prazos e objetivos determinados. posteriores à vigência desta Lei, as providências necessárias à
§ 2º Ter-se-ão como integrantes da Administração Pública reestruturação e ao regular funcionamento da Corde, como
Federal, para os fins desta Lei, além dos órgãos públicos, das aquelas decorrentes do artigo anterior.
autarquias, das empresas públicas e sociedades de economia
mista, as respectivas subsidiárias e as fundações públicas. Art. 17. Serão incluídas no censo demográfico de 1990, e
nos subsequentes, questões concernentes à problemática da
Art. 10. A coordenação superior dos assuntos, ações pessoa portadora de deficiência, objetivando o conhecimento
governamentais e medidas referentes a pessoas portadoras de atualizado do número de pessoas portadoras de deficiência no
deficiência caberá à Secretaria Especial dos Direitos Humanos País.
da Presidência da República.
Parágrafo único. Ao órgão a que se refere este artigo caberá Art. 18. Os órgãos federais desenvolverão, no prazo de 12
formular a Política Nacional para a Integração da Pessoa (doze) meses contado da publicação desta Lei, as ações
Portadora de Deficiência, seus planos, programas e projetos e necessárias à efetiva implantação das medidas indicadas no
cumprir as instruções superiores que lhes digam respeito, com art. 2º desta Lei.
a cooperação dos demais órgãos públicos.
Art. 19. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 11. (Revogado pela Lei nº 8.028, de 1990)
Art. 20. Revogam-se as disposições em contrário.
Art. 12. Compete à Corde:
I - coordenar as ações governamentais e medidas que se Questões
refiram às pessoas portadoras de deficiência;
II - elaborar os planos, programas e projetos subsumidos 01. Para assegurar o pleno exercício dos direitos
na Política Nacional para a Integração de Pessoa Portadora de individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiência, e
Deficiência, bem como propor as providências necessárias a sua efetiva integração social, há o seguinte dispositivo legal
sua completa implantação e seu adequado desenvolvimento, que garante os direitos ao referido segmento social:
inclusive as pertinentes a recursos e as de caráter legislativo; (A) Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996
III - acompanhar e orientar a execução, pela Administração (B) Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990
Pública Federal, dos planos, programas e projetos (C) Lei n. 7.853, de 24 de outubro de 1989
mencionados no inciso anterior; (D) Lei n. 8.842, de 4 de janeiro de 1994
IV - manifestar-se sobre a adequação à Política Nacional
para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência dos 02. A Lei n.º 7.853/1989 regulamenta e assegura os
projetos federais a ela conexos, antes da liberação dos direitos de pessoas portadoras de necessidades especiais. Esse
recursos respectivos; dispositivo legal
V - manter, com os Estados, Municípios, Territórios, o (A) determina o pagamento de multa correspondente a dez
Distrito Federal, e o Ministério Público, estreito salários mínimos a quem negar emprego ou trabalho a alguém,
relacionamento, objetivando a concorrência de ações sem justa causa, por motivos derivados de sua deficiência.
destinadas à integração social das pessoas portadoras de (B) restringe o atendimento domiciliar de saúde às pessoas
deficiência; com idade acima de 65 anos com deficiência grave.
VI - provocar a iniciativa do Ministério Público, (C) assegura o oferecimento de programas de educação
ministrando-lhe informações sobre fatos que constituam especial, por período máximo de seis meses, em unidades
objeto da ação civil de que esta Lei, e indicando-lhe os hospitalares, quando o aluno com deficiência estiver
elementos de convicção; internado.

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(D) restringe o acesso aos cursos regulares voltados à O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que
formação profissional às pessoas com deficiência e que têm até lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, da Constituição, e tendo
16 anos de idade. em vista o disposto na Lei no 7.853, de 24 de outubro de 1989,
(E) recomenda que os assuntos relativos às pessoas com
deficiência sejam incluídos na Política Nacional para DECRETA:
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, por meio de
planos, programas e projetos sujeitos a prazos e objetivos CAPÍTULO I
determinados. Das Disposições Gerais

03. Acerca do direito das pessoas com deficiência, Art. 1º A Política Nacional para a Integração da Pessoa
conforme a Lei n.º 7.853/1989, assinale a opção correta. Portadora de Deficiência compreende o conjunto de
(A) Recusar, retardar ou dificultar internação ou deixar de orientações normativas que objetivam assegurar o pleno
prestar assistência médico-hospitalar e ambulatorial, quando exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas
possível, a pessoa portadora de deficiência constitui crime portadoras de deficiência.
punível com pena de reclusão e multa.
(B) Recusar, retardar ou omitir dados técnicos Art. 2º Cabe aos órgãos e às entidades do Poder Público
indispensáveis à propositura da ação civil constitui crime assegurar à pessoa portadora de deficiência o pleno exercício
punível com pena de prisão simples. de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à
(C) Obstar, sem justa causa, o acesso de alguém a qualquer saúde, ao trabalho, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à
cargo público, por motivos derivados de sua deficiência, previdência social, à assistência social, ao transporte, à
constitui crime punível com pena de detenção. edificação pública, à habitação, à cultura, ao amparo à infância
(D) Recusar, suspender, procrastinar, cancelar ou fazer e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição
cessar, sem justa causa, a inscrição de aluno em e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e
estabelecimento de ensino de qualquer natureza, por motivos econômico.
derivados da deficiência que porte, consiste em infração
administrativa punível com multa. Art. 3º Para os efeitos deste Decreto, considera-se:
(E) Negar a alguém, sem justa causa, emprego ou trabalho, I - deficiência – toda perda ou anormalidade de uma
por motivos derivados de sua deficiência, constitui infração estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que
penal punível apenas com pena de multa. gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do
padrão considerado normal para o ser humano;
04. Em relação ao direito das pessoas com deficiência, II - deficiência permanente – aquela que ocorreu ou se
assinale a opção correta. estabilizou durante um período de tempo suficiente para não
(A) A sentença proferida em ação prevista na Lei n.º permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere,
7.853/1989 sempre terá eficácia de coisa julgada oponível apesar de novos tratamentos; e
erga omnes, dada a natureza da referida ação. III - incapacidade – uma redução efetiva e acentuada da
(B) Nos termos da Lei n.º 7.853/1989, o MP, ao instaurar capacidade de integração social, com necessidade de
inquérito civil sob sua presidência, poderá requisitar equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para
informações de qualquer pessoa física. que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou
(C) Nos termos do Decreto n.º 3.298/1999, considera-se transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal
pessoa deficiente o indivíduo portador de qualquer espécie de e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida.
deformidade congênita ou adquirida.
(D) Consoante o disposto na Lei n.º 10.098/2000, para a Art. 4º É considerada pessoa portadora de deficiência a
viabilização da acessibilidade das pessoas portadoras de que se enquadra nas seguintes categorias:
deficiência, deve-se adaptar, no mínimo, tanto quanto I - deficiência física - alteração completa ou parcial de um
tecnicamente possível, a terça parte dos brinquedos dispostos ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o
em parques de diversões públicos. comprometimento da função física, apresentando-se sob a
(E) De acordo com o disposto na Lei n.º 7.853/1989, não forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia,
pratica crime aquele que omite dados técnicos indispensáveis tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia,
à propositura de ACP, quando requisitado pelo MP. hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro,
paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade
05. Considerando o disposto na Lei n.º 7.853/1989, julgue congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as
os próximos itens, acerca do apoio às pessoas com deficiência. que não produzam dificuldades para o desempenho de
É garantido a todas as pessoas portadoras de deficiência o funções; (Redação dada pelo Decreto nº 5.296, de 2004)
atendimento domiciliar de saúde, independentemente do grau II - deficiência auditiva - perda bilateral, parcial ou total, de
de deficiência. quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma
( ) Certo nas frequências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz;
( ) Errado (Redação dada pelo Decreto nº 5.296, de 2004)
III - deficiência visual - cegueira, na qual a acuidade visual
Respostas é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor
01. C. / 02. E. / 03. A. / 04. B. / 05. Errado. correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual
entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica;
DECRETO Nº 3.298, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1999. os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em
ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a ocorrência
Regulamenta a Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, simultânea de quaisquer das condições anteriores; (Redação
dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa dada pelo Decreto nº 5.296, de 2004)
Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção, e IV - deficiência mental – funcionamento intelectual
dá outras providências. significativamente inferior à média, com manifestação antes
dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas
de habilidades adaptativas, tais como:
a) comunicação;

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b) cuidado pessoal; prevenção das deficiências, à eliminação de suas múltiplas


c) habilidades sociais; causas e à inclusão social;
d) utilização dos recursos da comunidade; (Redação dada III - desenvolvimento de programas setoriais destinados
pelo Decreto nº 5.296, de 2004) ao atendimento das necessidades especiais da pessoa
e) saúde e segurança; portadora de deficiência;
f) habilidades acadêmicas; IV - formação de recursos humanos para atendimento da
g) lazer; e pessoa portadora de deficiência; e
h) trabalho; V - garantia da efetividade dos programas de prevenção, de
V - deficiência múltipla – associação de duas ou mais atendimento especializado e de inclusão social.
deficiências.
CAPÍTULO V
CAPÍTULO II Dos Instrumentos
Dos Princípios
Art. 8º São instrumentos da Política Nacional para a
Art. 5º A Política Nacional para a Integração da Pessoa Integração da Pessoa Portadora de Deficiência:
Portadora de Deficiência, em consonância com o Programa I - a articulação entre entidades governamentais e não-
Nacional de Direitos Humanos, obedecerá aos seguintes governamentais que tenham responsabilidades quanto ao
princípios; atendimento da pessoa portadora de deficiência, em nível
I - desenvolvimento de ação conjunta do Estado e da federal, estadual, do Distrito Federal e municipal;
sociedade civil, de modo a assegurar a plena integração da II - o fomento à formação de recursos humanos para
pessoa portadora de deficiência no contexto sócio-econômico adequado e eficiente atendimento da pessoa portadora de
e cultural; deficiência;
II - estabelecimento de mecanismos e instrumentos legais III - a aplicação da legislação específica que disciplina a
e operacionais que assegurem às pessoas portadoras de reserva de mercado de trabalho, em favor da pessoa portadora
deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos que, de deficiência, nos órgãos e nas entidades públicos e privados;
decorrentes da Constituição e das leis, propiciam o seu bem- IV - o fomento da tecnologia de bioengenharia voltada para
estar pessoal, social e econômico; e a pessoa portadora de deficiência, bem como a facilitação da
III - respeito às pessoas portadoras de deficiência, que importação de equipamentos; e
devem receber igualdade de oportunidades na sociedade por V - a fiscalização do cumprimento da legislação pertinente
reconhecimento dos direitos que lhes são assegurados, sem à pessoa portadora de deficiência.
privilégios ou paternalismos.
CAPÍTULO VI
CAPÍTULO III Dos Aspectos Institucionais
Das Diretrizes
Art. 9º Os órgãos e as entidades da Administração Pública
Art. 6º São diretrizes da Política Nacional para a Integração Federal direta e indireta deverão conferir, no âmbito das
da Pessoa Portadora de Deficiência: respectivas competências e finalidades, tratamento prioritário
I - estabelecer mecanismos que acelerem e favoreçam a e adequado aos assuntos relativos à pessoa portadora de
inclusão social da pessoa portadora de deficiência; deficiência, visando a assegurar-lhe o pleno exercício de seus
II - adotar estratégias de articulação com órgãos e direitos básicos e a efetiva inclusão social.
entidades públicos e privados, bem assim com organismos
internacionais e estrangeiros para a implantação desta Art. 10. Na execução deste Decreto, a Administração
Política; Pública Federal direta e indireta atuará de modo integrado e
III - incluir a pessoa portadora de deficiência, respeitadas coordenado, seguindo planos e programas, com prazos e
as suas peculiaridades, em todas as iniciativas governamentais objetivos determinados, aprovados pelo Conselho Nacional
relacionadas à educação, à saúde, ao trabalho, à edificação dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência - CONADE.
pública, à previdência social, à assistência social, ao
transporte, à habitação, à cultura, ao esporte e ao lazer; Art. 11. Ao CONADE, criado no âmbito do Ministério da
IV - viabilizar a participação da pessoa portadora de Justiça como órgão superior de deliberação colegiada,
deficiência em todas as fases de implementação dessa Política, compete:
por intermédio de suas entidades representativas; I - zelar pela efetiva implantação da Política Nacional para
V - ampliar as alternativas de inserção econômica da Integração da Pessoa Portadora de Deficiência;
pessoa portadora de deficiência, proporcionando a ela II - acompanhar o planejamento e avaliar a execução das
qualificação profissional e incorporação no mercado de políticas setoriais de educação, saúde, trabalho, assistência
trabalho; e social, transporte, cultura, turismo, desporto, lazer, política
VI - garantir o efetivo atendimento das necessidades da urbana e outras relativas à pessoa portadora de deficiência;
pessoa portadora de deficiência, sem o cunho assistencialista. III - acompanhar a elaboração e a execução da proposta
orçamentária do Ministério da Justiça, sugerindo as
CAPÍTULO IV modificações necessárias à consecução da Política Nacional
Dos Objetivos para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência;
IV - zelar pela efetivação do sistema descentralizado e
Art. 7º São objetivos da Política Nacional para a Integração participativo de defesa dos direitos da pessoa portadora de
da Pessoa Portadora de Deficiência: deficiência;
I - o acesso, o ingresso e a permanência da pessoa V - acompanhar e apoiar as políticas e as ações do Conselho
portadora de deficiência em todos os serviços oferecidos à dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência no âmbito dos
comunidade; Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
II - integração das ações dos órgãos e das entidades VI - propor a elaboração de estudos e pesquisas que
públicos e privados nas áreas de saúde, educação, trabalho, objetivem a melhoria da qualidade de vida da pessoa
transporte, assistência social, edificação pública, previdência portadora de deficiência;
social, habitação, cultura, desporto e lazer, visando à

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VII - propor e incentivar a realização de campanhas II - considerar a necessidade de ser oferecido efetivo apoio
visando à prevenção de deficiências e à promoção dos direitos às entidades privadas voltadas à integração social da pessoa
da pessoa portadora de deficiência; portadora de deficiência.
VIII - aprovar o plano de ação anual da Coordenadoria
Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - CAPÍTULO VII
CORDE; Da Equiparação de Oportunidades
IX - acompanhar, mediante relatórios de gestão, o
desempenho dos programas e projetos da Política Nacional Art. 15. Os órgãos e as entidades da Administração Pública
para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência; e Federal prestarão direta ou indiretamente à pessoa portadora
X - elaborar o seu regimento interno. de deficiência os seguintes serviços:
I - reabilitação integral, entendida como o
Art. 12. O CONADE será constituído, paritariamente, por desenvolvimento das potencialidades da pessoa portadora de
representantes de instituições governamentais e da sociedade deficiência, destinada a facilitar sua atividade laboral,
civil, sendo a sua composição e o seu funcionamento educativa e social;
disciplinados em ato do Ministro de Estado da Justiça. II - formação profissional e qualificação para o trabalho;
Parágrafo único. Na composição do CONADE, o Ministro de III - escolarização em estabelecimentos de ensino regular
Estado da Justiça disporá sobre os critérios de escolha dos com a provisão dos apoios necessários, ou em
representantes a que se refere este artigo, observando, entre estabelecimentos de ensino especial; e
outros, a representatividade e a efetiva atuação, em nível IV - orientação e promoção individual, familiar e social.
nacional, relativamente à defesa dos direitos da pessoa
portadora de deficiência. Seção I
Da Saúde
Art. 13. Poderão ser instituídas outras instâncias
deliberativas pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Art. 16. Os órgãos e as entidades da Administração Pública
Municípios, que integrarão sistema descentralizado de defesa Federal direta e indireta responsáveis pela saúde devem
dos direitos da pessoa portadora de deficiência. dispensar aos assuntos objeto deste Decreto tratamento
prioritário e adequado, viabilizando, sem prejuízo de outras,
Art. 14. Incumbe ao Ministério da Justiça, por intermédio as seguintes medidas:
da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, a coordenação I - a promoção de ações preventivas, como as referentes ao
superior, na Administração Pública Federal, dos assuntos, das planejamento familiar, ao aconselhamento genético, ao
atividades e das medidas que se refiram às pessoas portadoras acompanhamento da gravidez, do parto e do puerpério, à
de deficiência. nutrição da mulher e da criança, à identificação e ao controle
§ 1º No âmbito da Secretaria de Estado dos Direitos da gestante e do feto de alto risco, à imunização, às doenças do
Humanos, compete à CORDE: metabolismo e seu diagnóstico, ao encaminhamento precoce
I - exercer a coordenação superior dos assuntos, das ações de outras doenças causadoras de deficiência, e à detecção
governamentais e das medidas referentes à pessoa portadora precoce das doenças crônico-degenerativas e a outras
de deficiência; potencialmente incapacitantes;
II - elaborar os planos, programas e projetos da Política II - o desenvolvimento de programas especiais de
Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, prevenção de acidentes domésticos, de trabalho, de trânsito e
bem como propor as providências necessárias à sua completa outros, bem como o desenvolvimento de programa para
implantação e ao seu adequado desenvolvimento, inclusive as tratamento adequado a suas vítimas;
pertinentes a recursos financeiros e as de caráter legislativo; III - a criação de rede de serviços regionalizados,
III - acompanhar e orientar a execução pela Administração descentralizados e hierarquizados em crescentes níveis de
Pública Federal dos planos, programas e projetos complexidade, voltada ao atendimento à saúde e reabilitação
mencionados no inciso anterior; da pessoa portadora de deficiência, articulada com os serviços
IV - manifestar-se sobre a Política Nacional para a sociais, educacionais e com o trabalho;
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, dos projetos IV - a garantia de acesso da pessoa portadora de deficiência
federais a ela conexos, antes da liberação dos recursos aos estabelecimentos de saúde públicos e privados e de seu
respectivos; adequado tratamento sob normas técnicas e padrões de
V - manter com os Estados, o Distrito Federal, os conduta apropriados;
Municípios e o Ministério Público, estreito relacionamento, V - a garantia de atendimento domiciliar de saúde ao
objetivando a concorrência de ações destinadas à integração portador de deficiência grave não internado;
das pessoas portadoras de deficiência; VI - o desenvolvimento de programas de saúde voltados
VI - provocar a iniciativa do Ministério Público, para a pessoa portadora de deficiência, desenvolvidos com a
ministrando-lhe informações sobre fatos que constituam participação da sociedade e que lhes ensejem a inclusão social;
objeto da ação civil de que trata a Lei no 7.853, de 24 de e
outubro de 1989, e indicando-lhe os elementos de convicção; VII - o papel estratégico da atuação dos agentes
VII - emitir opinião sobre os acordos, contratos ou comunitários de saúde e das equipes de saúde da família na
convênios firmados pelos demais órgãos da Administração disseminação das práticas e estratégias de reabilitação
Pública Federal, no âmbito da Política Nacional para a baseada na comunidade.
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência; e § 1º Para os efeitos deste Decreto, prevenção compreende
VIII - promover e incentivar a divulgação e o debate das as ações e medidas orientadas a evitar as causas das
questões concernentes à pessoa portadora de deficiência, deficiências que possam ocasionar incapacidade e as
visando à conscientização da sociedade. destinadas a evitar sua progressão ou derivação em outras
§ 2º Na elaboração dos planos e programas a seu cargo, a incapacidades.
CORDE deverá: § 2º A deficiência ou incapacidade deve ser diagnosticada
I - recolher, sempre que possível, a opinião das pessoas e e caracterizada por equipe multidisciplinar de saúde, para fins
entidades interessadas; e de concessão de benefícios e serviços.

Direito das Pessoas com Deficiência 24


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§ 3º As ações de promoção da qualidade de vida da pessoa casos, serão concedidos desde a comprovação da deficiência
portadora de deficiência deverão também assegurar a ou do início de um processo patológico que possa originá-la.
igualdade de oportunidades no campo da saúde.
Art. 22. Durante a reabilitação, será propiciada, se
Art. 17. É beneficiária do processo de reabilitação a pessoa necessária, assistência em saúde mental com a finalidade de
que apresenta deficiência, qualquer que seja sua natureza, permitir que a pessoa submetida a esta prestação desenvolva
agente causal ou grau de severidade. ao máximo suas capacidades.
§ 1º Considera-se reabilitação o processo de duração
limitada e com objetivo definido, destinado a permitir que a Art. 23. Será fomentada a realização de estudos
pessoa com deficiência alcance o nível físico, mental ou social epidemiológicos e clínicos, com periodicidade e abrangência
funcional ótimo, proporcionando-lhe os meios de modificar adequadas, de modo a produzir informações sobre a
sua própria vida, podendo compreender medidas visando a ocorrência de deficiências e incapacidades.
compensar a perda de uma função ou uma limitação funcional
e facilitar ajustes ou reajustes sociais. Seção II
§ 2º Para efeito do disposto neste artigo, toda pessoa que Do Acesso à Educação
apresente redução funcional devidamente diagnosticada por
equipe multiprofissional terá direito a beneficiar-se dos Art. 24. Os órgãos e as entidades da Administração Pública
processos de reabilitação necessários para corrigir ou Federal direta e indireta responsáveis pela educação
modificar seu estado físico, mental ou sensorial, quando este dispensarão tratamento prioritário e adequado aos assuntos
constitua obstáculo para sua integração educativa, laboral e objeto deste Decreto, viabilizando, sem prejuízo de outras, as
social. seguintes medidas:
I - a matrícula compulsória em cursos regulares de
Art. 18. Incluem-se na assistência integral à saúde e estabelecimentos públicos e particulares de pessoa portadora
reabilitação da pessoa portadora de deficiência a concessão de de deficiência capazes de se integrar na rede regular de ensino;
órteses, próteses, bolsas coletoras e materiais auxiliares, dado II - a inclusão, no sistema educacional, da educação
que tais equipamentos complementam o atendimento, especial como modalidade de educação escolar que permeia
aumentando as possibilidades de independência e inclusão da transversalmente todos os níveis e as modalidades de ensino;
pessoa portadora de deficiência. III - a inserção, no sistema educacional, das escolas ou
instituições especializadas públicas e privadas;
Art. 19. Consideram-se ajudas técnicas, para os efeitos IV - a oferta, obrigatória e gratuita, da educação especial
deste Decreto, os elementos que permitem compensar uma ou em estabelecimentos públicos de ensino;
mais limitações funcionais motoras, sensoriais ou mentais da V - o oferecimento obrigatório dos serviços de educação
pessoa portadora de deficiência, com o objetivo de permitir- especial ao educando portador de deficiência em unidades
lhe superar as barreiras da comunicação e da mobilidade e de hospitalares e congêneres nas quais esteja internado por
possibilitar sua plena inclusão social. prazo igual ou superior a um ano; e
Parágrafo único. São ajudas técnicas: VI - o acesso de aluno portador de deficiência aos
I - próteses auditivas, visuais e físicas; benefícios conferidos aos demais educandos, inclusive
II - órteses que favoreçam a adequação funcional; material escolar, transporte, merenda escolar e bolsas de
III - equipamentos e elementos necessários à terapia e estudo.
reabilitação da pessoa portadora de deficiência; § 1º Entende-se por educação especial, para os efeitos
IV - equipamentos, maquinarias e utensílios de trabalho deste Decreto, a modalidade de educação escolar oferecida
especialmente desenhados ou adaptados para uso por pessoa preferencialmente na rede regular de ensino para educando
portadora de deficiência; com necessidades educacionais especiais, entre eles o
V - elementos de mobilidade, cuidado e higiene pessoal portador de deficiência.
necessários para facilitar a autonomia e a segurança da pessoa § 2º A educação especial caracteriza-se por constituir
portadora de deficiência; processo flexível, dinâmico e individualizado, oferecido
VI - elementos especiais para facilitar a comunicação, a principalmente nos níveis de ensino considerados
informação e a sinalização para pessoa portadora de obrigatórios.
deficiência; § 3º A educação do aluno com deficiência deverá iniciar-se
VII - equipamentos e material pedagógico especial para na educação infantil, a partir de zero ano.
educação, capacitação e recreação da pessoa portadora de § 4º A educação especial contará com equipe
deficiência; multiprofissional, com a adequada especialização, e adotará
VIII - adaptações ambientais e outras que garantam o orientações pedagógicas individualizadas.
acesso, a melhoria funcional e a autonomia pessoal; e § 5º Quando da construção e reforma de estabelecimentos
IX - bolsas coletoras para os portadores de ostomia. de ensino deverá ser observado o atendimento as normas
técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT
Art. 20. É considerado parte integrante do processo de relativas à acessibilidade.
reabilitação o provimento de medicamentos que favoreçam a
estabilidade clínica e funcional e auxiliem na limitação da Art. 25. Os serviços de educação especial serão ofertados
incapacidade, na reeducação funcional e no controle das lesões nas instituições de ensino público ou privado do sistema de
que geram incapacidades. educação geral, de forma transitória ou permanente, mediante
programas de apoio para o aluno que está integrado no
Art. 21. O tratamento e a orientação psicológica serão sistema regular de ensino, ou em escolas especializadas
prestados durante as distintas fases do processo reabilitador, exclusivamente quando a educação das escolas comuns não
destinados a contribuir para que a pessoa portadora de puder satisfazer as necessidades educativas ou sociais do
deficiência atinja o mais pleno desenvolvimento de sua aluno ou quando necessário ao bem-estar do educando.
personalidade.
Parágrafo único. O tratamento e os apoios psicológicos Art. 26. As instituições hospitalares e congêneres deverão
serão simultâneos aos tratamentos funcionais e, em todos os assegurar atendimento pedagógico ao educando portador de
deficiência internado nessas unidades por prazo igual ou

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superior a um ano, com o propósito de sua inclusão ou para atender toda pessoa portadora de deficiência,
manutenção no processo educacional. independentemente da origem de sua deficiência, desde que
possa ser preparada para trabalho que lhe seja adequado e
Art. 27. As instituições de ensino superior deverão oferecer tenha perspectivas de obter, conservar e nele progredir.
adaptações de provas e os apoios necessários, previamente
solicitados pelo aluno portador de deficiência, inclusive tempo Art. 33. A orientação profissional será prestada pelos
adicional para realização das provas, conforme as correspondentes serviços de habilitação e reabilitação
características da deficiência. profissional, tendo em conta as potencialidades da pessoa
§ 1º As disposições deste artigo aplicam-se, também, ao portadora de deficiência, identificadas com base em relatório
sistema geral do processo seletivo para ingresso em cursos de equipe multiprofissional, que deverá considerar:
universitários de instituições de ensino superior. I - educação escolar efetivamente recebida e por receber;
§ 2º O Ministério da Educação, no âmbito da sua II - expectativas de promoção social;
competência, expedirá instruções para que os programas de III - possibilidades de emprego existentes em cada caso;
educação superior incluam nos seus currículos conteúdos, IV - motivações, atitudes e preferências profissionais; e
itens ou disciplinas relacionados à pessoa portadora de V - necessidades do mercado de trabalho.
deficiência.
Seção IV
Art. 28. O aluno portador de deficiência matriculado ou Do Acesso ao Trabalho
egresso do ensino fundamental ou médio, de instituições
públicas ou privadas, terá acesso à educação profissional, a fim Art. 34. É finalidade primordial da política de emprego a
de obter habilitação profissional que lhe proporcione inserção da pessoa portadora de deficiência no mercado de
oportunidades de acesso ao mercado de trabalho. trabalho ou sua incorporação ao sistema produtivo mediante
§ 1º A educação profissional para a pessoa portadora de regime especial de trabalho protegido.
deficiência será oferecida nos níveis básico, técnico e Parágrafo único. Nos casos de deficiência grave ou severa,
tecnológico, em escola regular, em instituições especializadas o cumprimento do disposto no caput deste artigo poderá ser
e nos ambientes de trabalho. efetivado mediante a contratação das cooperativas sociais de
§ 2º As instituições públicas e privadas que ministram que trata a Lei no 9.867, de 10 de novembro de 1999.
educação profissional deverão, obrigatoriamente, oferecer
cursos profissionais de nível básico à pessoa portadora de Art. 35. São modalidades de inserção laboral da pessoa
deficiência, condicionando a matrícula à sua capacidade de portadora de deficiência:
aproveitamento e não a seu nível de escolaridade. I - colocação competitiva: processo de contratação regular,
§ 3º Entende-se por habilitação profissional o processo nos termos da legislação trabalhista e previdenciária, que
destinado a propiciar à pessoa portadora de deficiência, em independe da adoção de procedimentos especiais para sua
nível formal e sistematizado, aquisição de conhecimentos e concretização, não sendo excluída a possibilidade de utilização
habilidades especificamente associados a determinada de apoios especiais;
profissão ou ocupação. II - colocação seletiva: processo de contratação regular, nos
§ 4º Os diplomas e certificados de cursos de educação termos da legislação trabalhista e previdenciária, que depende
profissional expedidos por instituição credenciada pelo da adoção de procedimentos e apoios especiais para sua
Ministério da Educação ou órgão equivalente terão validade concretização; e
em todo o território nacional. III - promoção do trabalho por conta própria: processo de
fomento da ação de uma ou mais pessoas, mediante trabalho
Art. 29. As escolas e instituições de educação profissional autônomo, cooperativado ou em regime de economia familiar,
oferecerão, se necessário, serviços de apoio especializado para com vista à emancipação econômica e pessoal.
atender às peculiaridades da pessoa portadora de deficiência, § 1º As entidades beneficentes de assistência social, na
tais como: forma da lei, poderão intermediar a modalidade de inserção
I - adaptação dos recursos instrucionais: material laboral de que tratam os incisos II e III, nos seguintes casos:
pedagógico, equipamento e currículo; I - na contratação para prestação de serviços, por entidade
II - capacitação dos recursos humanos: professores, pública ou privada, da pessoa portadora de deficiência física,
instrutores e profissionais especializados; e mental ou sensorial: e
III - adequação dos recursos físicos: eliminação de II - na comercialização de bens e serviços decorrentes de
barreiras arquitetônicas, ambientais e de comunicação. programas de habilitação profissional de adolescente e adulto
portador de deficiência em oficina protegida de produção ou
Seção III terapêutica.
Da Habilitação e da Reabilitação Profissional § 2º Consideram-se procedimentos especiais os meios
utilizados para a contratação de pessoa que, devido ao seu
Art. 30. A pessoa portadora de deficiência, beneficiária ou grau de deficiência, transitória ou permanente, exija condições
não do Regime Geral de Previdência Social, tem direito às especiais, tais como jornada variável, horário flexível,
prestações de habilitação e reabilitação profissional para proporcionalidade de salário, ambiente de trabalho adequado
capacitar-se a obter trabalho, conservá-lo e progredir às suas especificidades, entre outros.
profissionalmente. § 3º Consideram-se apoios especiais a orientação, a
supervisão e as ajudas técnicas entre outros elementos que
Art. 31. Entende-se por habilitação e reabilitação auxiliem ou permitam compensar uma ou mais limitações
profissional o processo orientado a possibilitar que a pessoa funcionais motoras, sensoriais ou mentais da pessoa
portadora de deficiência, a partir da identificação de suas portadora de deficiência, de modo a superar as barreiras da
potencialidades laborativas, adquira o nível suficiente de mobilidade e da comunicação, possibilitando a plena utilização
desenvolvimento profissional para ingresso e reingresso no de suas capacidades em condições de normalidade.
mercado de trabalho e participar da vida comunitária. § 4º Considera-se oficina protegida de produção a unidade
que funciona em relação de dependência com entidade pública
Art. 32. Os serviços de habilitação e reabilitação ou beneficente de assistência social, que tem por objetivo
profissional deverão estar dotados dos recursos necessários desenvolver programa de habilitação profissional para

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adolescente e adulto portador de deficiência, provendo-o com condições com os demais candidatos, para provimento de
trabalho remunerado, com vista à emancipação econômica e cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de
pessoal relativa. que é portador.
§ 5º Considera-se oficina protegida terapêutica a unidade § 1º O candidato portador de deficiência, em razão da
que funciona em relação de dependência com entidade pública necessária igualdade de condições, concorrerá a todas as
ou beneficente de assistência social, que tem por objetivo a vagas, sendo reservado no mínimo o percentual de cinco por
integração social por meio de atividades de adaptação e cento em face da classificação obtida.
capacitação para o trabalho de adolescente e adulto que § 2º Caso a aplicação do percentual de que trata o
devido ao seu grau de deficiência, transitória ou permanente, parágrafo anterior resulte em número fracionado, este deverá
não possa desempenhar atividade laboral no mercado ser elevado até o primeiro número inteiro subsequente.
competitivo de trabalho ou em oficina protegida de produção.
§ 6º O período de adaptação e capacitação para o trabalho Art. 38. Não se aplica o disposto no artigo anterior nos
de adolescente e adulto portador de deficiência em oficina casos de provimento de:
protegida terapêutica não caracteriza vínculo empregatício e I - cargo em comissão ou função de confiança, de livre
está condicionado a processo de avaliação individual que nomeação e exoneração; e
considere o desenvolvimento biopsicosocial da pessoa. II - cargo ou emprego público integrante de carreira que
§ 7º A prestação de serviços será feita mediante celebração exija aptidão plena do candidato.
de convênio ou contrato formal, entre a entidade beneficente
de assistência social e o tomador de serviços, no qual constará Art. 39. Os editais de concursos públicos deverão conter:
a relação nominal dos trabalhadores portadores de deficiência I - o número de vagas existentes, bem como o total
colocados à disposição do tomador. correspondente à reserva destinada à pessoa portadora de
§ 8º A entidade que se utilizar do processo de colocação deficiência;
seletiva deverá promover, em parceria com o tomador de II - as atribuições e tarefas essenciais dos cargos;
serviços, programas de prevenção de doenças profissionais e III - previsão de adaptação das provas, do curso de
de redução da capacidade laboral, bem assim programas de formação e do estágio probatório, conforme a deficiência do
reabilitação caso ocorram patologias ou se manifestem outras candidato; e
incapacidades. IV - exigência de apresentação, pelo candidato portador de
deficiência, no ato da inscrição, de laudo médico atestando a
Art. 36. A empresa com cem ou mais empregados está espécie e o grau ou nível da deficiência, com expressa
obrigada a preencher de dois a cinco por cento de seus cargos referência ao código correspondente da Classificação
com beneficiários da Previdência Social reabilitados ou com Internacional de Doença - CID, bem como a provável causa da
pessoa portadora de deficiência habilitada, na seguinte deficiência.
proporção:
I - até duzentos empregados, dois por cento; Art. 40. É vedado à autoridade competente obstar a
II - de duzentos e um a quinhentos empregados, três por inscrição de pessoa portadora de deficiência em concurso
cento; público para ingresso em carreira da Administração Pública
III - de quinhentos e um a mil empregados, quatro por Federal direta e indireta.
cento; ou § 1º No ato da inscrição, o candidato portador de
IV - mais de mil empregados, cinco por cento. deficiência que necessite de tratamento diferenciado nos dias
§ 1º A dispensa de empregado na condição estabelecida do concurso deverá requerê-lo, no prazo determinado em
neste artigo, quando se tratar de contrato por prazo edital, indicando as condições diferenciadas de que necessita
determinado, superior a noventa dias, e a dispensa imotivada, para a realização das provas.
no contrato por prazo indeterminado, somente poderá ocorrer § 2º O candidato portador de deficiência que necessitar de
após a contratação de substituto em condições semelhantes. tempo adicional para realização das provas deverá requerê-lo,
§ 2º Considera-se pessoa portadora de deficiência com justificativa acompanhada de parecer emitido por
habilitada aquela que concluiu curso de educação profissional especialista da área de sua deficiência, no prazo estabelecido
de nível básico, técnico ou tecnológico, ou curso superior, com no edital do concurso.
certificação ou diplomação expedida por instituição pública ou
privada, legalmente credenciada pelo Ministério da Educação Art. 41. A pessoa portadora de deficiência, resguardadas as
ou órgão equivalente, ou aquela com certificado de conclusão condições especiais previstas neste Decreto, participará de
de processo de habilitação ou reabilitação profissional concurso em igualdade de condições com os demais
fornecido pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS. candidatos no que concerne:
§ 3º Considera-se, também, pessoa portadora de I - ao conteúdo das provas;
deficiência habilitada aquela que, não tendo se submetido a II - à avaliação e aos critérios de aprovação;
processo de habilitação ou reabilitação, esteja capacitada para III - ao horário e ao local de aplicação das provas; e
o exercício da função. IV - à nota mínima exigida para todos os demais
§ 4º A pessoa portadora de deficiência habilitada nos candidatos.
termos dos §§ 2o e 3o deste artigo poderá recorrer à
intermediação de órgão integrante do sistema público de Art. 42. A publicação do resultado final do concurso será
emprego, para fins de inclusão laboral na forma deste artigo. feita em duas listas, contendo, a primeira, a pontuação de
§ 5º Compete ao Ministério do Trabalho e Emprego todos os candidatos, inclusive a dos portadores de deficiência,
estabelecer sistemática de fiscalização, avaliação e controle e a segunda, somente a pontuação destes últimos.
das empresas, bem como instituir procedimentos e
formulários que propiciem estatísticas sobre o número de Art. 43. O órgão responsável pela realização do concurso
empregados portadores de deficiência e de vagas preenchidas, terá a assistência de equipe multiprofissional composta de três
para fins de acompanhamento do disposto no caput deste profissionais capacitados e atuantes nas áreas das deficiências
artigo. em questão, sendo um deles médico, e três profissionais
integrantes da carreira almejada pelo candidato.
Art. 37. Fica assegurado à pessoa portadora de deficiência § 1º A equipe multiprofissional emitirá parecer
o direito de se inscrever em concurso público, em igualdade de observando:

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APOSTILAS OPÇÃO

I - as informações prestadas pelo candidato no ato da VIII - estimular a ampliação do turismo à pessoa portadora
inscrição; de deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a oferta
II - a natureza das atribuições e tarefas essenciais do cargo de instalações hoteleiras acessíveis e de serviços adaptados de
ou da função a desempenhar; transporte.
III - a viabilidade das condições de acessibilidade e as
adequações do ambiente de trabalho na execução das tarefas; Art. 47. Os recursos do Programa Nacional de Apoio à
IV - a possibilidade de uso, pelo candidato, de Cultura financiarão, entre outras ações, a produção e a difusão
equipamentos ou outros meios que habitualmente utilize; e artístico-cultural de pessoa portadora de deficiência.
V - a CID e outros padrões reconhecidos nacional e Parágrafo único. Os projetos culturais financiados com
internacionalmente. recursos federais, inclusive oriundos de programas especiais
§ 2º A equipe multiprofissional avaliará a compatibilidade de incentivo à cultura, deverão facilitar o livre acesso da
entre as atribuições do cargo e a deficiência do candidato pessoa portadora de deficiência, de modo a possibilitar-lhe o
durante o estágio probatório. pleno exercício dos seus direitos culturais.

Art. 44. A análise dos aspectos relativos ao potencial de Art. 48. Os órgãos e as entidades da Administração Pública
trabalho do candidato portador de deficiência obedecerá ao Federal direta e indireta, promotores ou financiadores de
disposto no art. 20 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990. atividades desportivas e de lazer, devem concorrer técnica e
financeiramente para obtenção dos objetivos deste Decreto.
Art. 45. Serão implementados programas de formação e Parágrafo único. Serão prioritariamente apoiadas a
qualificação profissional voltados para a pessoa portadora de manifestação desportiva de rendimento e a educacional,
deficiência no âmbito do Plano Nacional de Formação compreendendo as atividades de:
Profissional - PLANFOR. I - desenvolvimento de recursos humanos especializados;
Parágrafo único. Os programas de formação e qualificação II - promoção de competições desportivas internacionais,
profissional para pessoa portadora de deficiência terão como nacionais, estaduais e locais;
objetivos: III - pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico,
I - criar condições que garantam a toda pessoa portadora documentação e informação; e
de deficiência o direito a receber uma formação profissional IV - construção, ampliação, recuperação e adaptação de
adequada; instalações desportivas e de lazer.
II - organizar os meios de formação necessários para
qualificar a pessoa portadora de deficiência para a inserção CAPÍTULO VIII
competitiva no mercado laboral; e Da Política de Capacitação de Profissionais
III - ampliar a formação e qualificação profissional sob a Especializados
base de educação geral para fomentar o desenvolvimento
harmônico da pessoa portadora de deficiência, assim como Art. 49. Os órgãos e as entidades da Administração Pública
para satisfazer as exigências derivadas do progresso técnico, Federal direta e indireta, responsáveis pela formação de
dos novos métodos de produção e da evolução social e recursos humanos, devem dispensar aos assuntos objeto deste
econômica. Decreto tratamento prioritário e adequado, viabilizando, sem
prejuízo de outras, as seguintes medidas:
Seção V I - formação e qualificação de professores de nível médio
Da Cultura, do Desporto, do Turismo e do Lazer e superior para a educação especial, de técnicos de nível médio
e superior especializados na habilitação e reabilitação, e de
Art. 46. Os órgãos e as entidades da Administração Pública instrutores e professores para a formação profissional;
Federal direta e indireta responsáveis pela cultura, pelo II - formação e qualificação profissional, nas diversas áreas
desporto, pelo turismo e pelo lazer dispensarão tratamento de conhecimento e de recursos humanos que atendam às
prioritário e adequado aos assuntos objeto deste Decreto, com demandas da pessoa portadora de deficiência; e
vista a viabilizar, sem prejuízo de outras, as seguintes medidas: III - incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico
I - promover o acesso da pessoa portadora de deficiência em todas as áreas do conhecimento relacionadas com a pessoa
aos meios de comunicação social; portadora de deficiência.
II - criar incentivos para o exercício de atividades criativas,
mediante: CAPÍTULO IX
a) participação da pessoa portadora de deficiência em Da Acessibilidade na Administração Pública Federal
concursos de prêmios no campo das artes e das letras; e
b) exposições, publicações e representações artísticas de Art. 50. (Revogado pelo Decreto nº 5.296, de 2004)
pessoa portadora de deficiência;
III - incentivar a prática desportiva formal e não-formal Art. 51. (Revogado pelo Decreto nº 5.296, de 2004)
como direito de cada um e o lazer como forma de promoção
social; Art. 52. (Revogado pelo Decreto nº 5.296, de 2004)
IV - estimular meios que facilitem o exercício de atividades
desportivas entre a pessoa portadora de deficiência e suas Art. 53. (Revogado pelo Decreto nº 5.296, de 2004)
entidades representativas;
V - assegurar a acessibilidade às instalações desportivas Art. 54. (Revogado pelo Decreto nº 5.296, de 2004)
dos estabelecimentos de ensino, desde o nível pré-escolar até
à universidade; CAPÍTULO X
VI - promover a inclusão de atividades desportivas para Do Sistema Integrado de Informações
pessoa portadora de deficiência na prática da educação física
ministrada nas instituições de ensino públicas e privadas; Art. 55. Fica instituído, no âmbito da Secretaria de Estado
VII - apoiar e promover a publicação e o uso de guias de dos Direitos Humanos do Ministério da Justiça, o Sistema
turismo com informação adequada à pessoa portadora de Nacional de Informações sobre Deficiência, sob a
deficiência; e responsabilidade da CORDE, com a finalidade de criar e
manter bases de dados, reunir e difundir informação sobre a

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situação das pessoas portadoras de deficiência e fomentar a beneficiários da Previdência Social reabilitados ou com pessoa
pesquisa e o estudo de todos os aspectos que afetem a vida com deficiência habilitada.
dessas pessoas. (B) A empresa com cinquenta ou mais empregados está
Parágrafo único. Serão produzidas, periodicamente, obrigada a preencher de dois a cinco por cento de seus cargos
estatísticas e informações, podendo esta atividade realizar-se com beneficiários da Previdência Social reabilitados ou com
conjuntamente com os censos nacionais, pesquisas nacionais, pessoa com deficiência habilitada.
regionais e locais, em estreita colaboração com universidades, (C) A empresa com quatrocentos empregados está
institutos de pesquisa e organizações para pessoas portadoras obrigada a preencher de três por cento de seus cargos com
de deficiência. beneficiários da Previdência Social reabilitados ou com pessoa
com deficiência habilitada.
CAPÍTULO XI (D) Toda empresa, independente da quantidade de
Das Disposições Finais e Transitórias empregados, está obrigada a preencher de dois a cinco por
cento de seus cargos com beneficiários da Previdência Social
Art. 56. A Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, com reabilitados ou com pessoa com deficiência habilitada.
base nas diretrizes e metas do Plano Plurianual de
Investimentos, por intermédio da CORDE, elaborará, em 02. De acordo com o Decreto no 3.298/99, é INCORRETO
articulação com outros órgãos e entidades da Administração afirmar que é considerada pessoa portadora de deficiência
Pública Federal, o Plano Nacional de Ações Integradas na Área física aquela que apresenta
das Deficiências. (A) paralisia cerebral.
(B) hemiplegia.
Art. 57. Fica criada, no âmbito da Secretaria de Estado dos (C) ostomia.
Direitos Humanos, comissão especial, com a finalidade de (D) deformidade estética.
apresentar, no prazo de cento e oitenta dias, a contar de sua (E) nanismo.
constituição, propostas destinadas a:
I - implementar programa de formação profissional 03. O decreto nº 3.298/99 indica que compete ao Conselho
mediante a concessão de bolsas de qualificação para a pessoa Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência
portadora de deficiência, com vistas a estimular a aplicação do (CONADE):
disposto no art. 36; e (A) promover e incentivar a divulgação e o debate das
II - propor medidas adicionais de estímulo à adoção de questões concernentes à pessoa portadora de deficiência,
trabalho em tempo parcial ou em regime especial para a visando à conscientização da sociedade.
pessoa portadora de deficiência. (B) manifestar-se sobre a Política Nacional para a
Parágrafo único. A comissão especial de que trata o caput Integração da Pessoa Portadora de Deficiência e dos projetos
deste artigo será composta por um representante de cada federais a ela conexos, antes da liberação dos recursos
órgão e entidade a seguir indicados: respectivos.
I - CORDE; (C) manter, com os Estados, o Distrito Federal, os
II - CONADE; Municípios e o Ministério Público, estreito relacionamento,
III - Ministério do Trabalho e Emprego; objetivando a concorrência de ações destinadas à integração
IV - Secretaria de Estado de Assistência Social do das pessoas portadoras de deficiência.
Ministério da Previdência e Assistência Social; (D) exercer a coordenação superior dos assuntos, das
V - Ministério da Educação; ações governamentais e das medidas referentes à pessoa
VI - Ministério dos Transportes; portadora de deficiência.
VII - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada; e (E) propor e incentivar a realização de campanhas visando
VIII - INSS. à prevenção de deficiências e à promoção dos direitos da
pessoa portadora de deficiência.
Art. 58. A CORDE desenvolverá, em articulação com órgãos
e entidades da Administração Pública Federal, programas de 04. Conforme o Decreto nº 3.298/99, analisar os itens
facilitação da acessibilidade em sítios de interesse histórico, abaixo:
turístico, cultural e desportivo, mediante a remoção de I - Fica assegurado à pessoa portadora de deficiência o
barreiras físicas ou arquitetônicas que impeçam ou dificultem direito de se inscrever em concurso público, em igualdade de
a locomoção de pessoa portadora de deficiência ou com condições com os demais candidatos, para provimento de
mobilidade reduzida. cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de
que é portador.
Art. 59. Este Decreto entra em vigor na data da sua II - O candidato portador de deficiência, em razão da
publicação, necessária igualdade de condições, concorrerá a todas as
vagas, inclusive nos casos de provimento de cargo em
Art. 60. Ficam revogados os Decretos nos 93.481, de 29 de comissão de livre nomeação e exoneração, sendo reservado no
outubro de 1986, 914, de 6 de setembro de 1993, 1.680, de 18 mínimo o percentual de cinco por cento do quadro
de outubro de 1995, 3.030, de 20 de abril de 1999, o § 2º do profissional.
art. 141 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo (A) Os itens I e II estão corretos.
Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, e o Decreto nº 3.076, (B) Somente o item I está correto.
de 1º de junho de 1999. (C) Somente o item II está correto.
(D) Os itens I e II estão incorretos.
Questões
05. Consoante o Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de
01. (CRESS-PB - Assistente Social – CONSULPAM/2015) 1999, atualizado com redação dada pelo Decreto nº
O acesso ao mercado de trabalho é um direito da pessoa com 5.296/2004, é considerada pessoa portadora de deficiência a
deficiência previsto no Decreto nº 3.298/99. De acordo com o que se enquadra em:
Decreto, é CORRETO afirmar: (A) deficiência auditiva – perda unilateral ou bilateral,
(A) A empresa com cem empregados não está obrigada a parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais,
preencher de dois a cinco por cento de seus cargos com

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aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, (C) incluir os direitos sociais da pessoa portadora de
2.000Hz e 3.000Hz. deficiência em todos os acordos internacionais, por meio de
(B) deficiência mental – funcionamento intelectual alianças políticas com os setores governamentais
significativamente inferior à média, manifesto em qualquer (D) viabilizar a participação da pessoa portadora de
idade, e limitações associadas a duas ou mais áreas de deficiência em todas as fases de implementação dessa Política,
habilidades adaptativas, entre as quais, comunicação, cuidado por intermédio de suas entidades representativas.
pessoal, habilidades acadêmicas e trabalho.
(C) deficiência visual – os casos nos quais a somatória da 10. O Decreto nº 3.298/1999 garante que os deficientes
medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou maior tenham acesso gratuito ao transporte rodofluvial, em lugar
que 60°. devidamente reservado para este fim, porque
(D) deficiência visual – a baixa visão, que significa acuidade (A) os deficientes sofrem demais.
visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção (B) a sociedade reconhece que eles merecem.
óptica. (C) os políticos se interessam por eles ao fazerem essas
leis.
06. Em conformidade com o Decreto n° 3298/99, assinalar (D) somos todos iguais perante a lei.
a alternativa CORRETA: (E) o acesso, o ingresso e a permanência da pessoa
(A) A Educação Especial caracteriza-se por constituir portadora de deficiência em todos os serviços oferecidos à
processo flexível, dinâmico e coletivo, oferecido comunidade é um dos objetivos da Lei da Política Nacional
principalmente nos níveis de ensino considerados para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência.
obrigatórios.
(B) A Educação Especial contará com equipe Respostas
multiprofissional, com a adequada especialização, e adotará 01. C. / 02. D. / 03. E. / 04. B. / 05. D.
orientações pedagógicas coletivas. 06. C. / 07. B. / 08. A. / 09. D. / 10. E.
(C) Entende-se por educação especial, para os efeitos deste
Decreto, a modalidade de Educação Escolar oferecida
preferencialmente na rede regular de ensino para educando 4 Lei nº 10.048/2000, e suas
com necessidades educacionais especiais, entre eles o
alterações (Prioridade de
portador de deficiência.
(D) A educação do aluno com deficiência deverá iniciar-se atendimento) posteriores.
no Ensino Fundamental, a partir dos sete anos. Lei nº 10.098/2000, e suas
07. O Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora
alterações (promoção da
de Deficiência (Conade), nos termos do Decreto Federal no acessibilidade das pessoas
3.298/1999, é vinculado ao Ministério da(os) portadoras de deficiência ou
(A) Saúde com mobilidade reduzida).
(B) Justiça
(C) Previdência Social
(D) Assistência Social
(E) Direitos Humanos LEI Nº 10.048, DE 8 DE NOVEMBRO DE 2000.

08. Segundo o Decreto n° 3.298, de 20/12/1999, NÃO Dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e
constitui diretriz da Política Nacional para Integração da dá outras providências.
Pessoa Portadora de Deficiência
(A) respeitar às pessoas portadoras de deficiência, que O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
devem receber igualdade de oportunidades na sociedade por Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
reconhecimento dos direitos que lhe são assegurados, sem
privilégios ou paternidade. Art. 1º As pessoas com deficiência, os idosos com idade
(B) estabelecer mecanismos que acelerem e favoreçam a igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as
inclusão social da pessoa portadora de deficiência. lactantes, as pessoas com crianças de colo e os obesos terão
(C) ampliar alternativas de inserção econômica da pessoa atendimento prioritário, nos termos desta Lei. (Redação dada
portadora de deficiência, proporcionando a ela qualificação pela Lei nº 13.146, de 2015)
profissional e incorporação no mercado de trabalho.
(D) adotar estratégias de articulação com órgãos e Art. 2º As repartições públicas e empresas concessionárias
entidades públicos e privados, bem assim com organismos de serviços públicos estão obrigadas a dispensar atendimento
internacionais e estrangeiros para a implantação dessa prioritário, por meio de serviços individualizados que
Política. assegurem tratamento diferenciado e atendimento imediato
(E) viabilizar a participação da pessoa portadora de às pessoas a que se refere o art. 1º.
deficiência em todas as fases de implementação dessa Política, Parágrafo único. É assegurada, em todas as instituições
por intermédio de suas entidades representativas. financeiras, a prioridade de atendimento às pessoas
mencionadas no art. 1º.
09. Nos termos do Decreto nº 3.298/1999, uma diretriz da
Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Art. 3º As empresas públicas de transporte e as
Deficiência é: concessionárias de transporte coletivo reservarão assentos,
(A) garantir vagas no mercado de trabalho para as pessoas devidamente identificados, aos idosos, gestantes, lactantes,
portadoras de deficiência, por meio da divulgação da política pessoas portadoras de deficiência e pessoas acompanhadas
de cotas por crianças de colo.
(B) criar condições de atendimento das necessidades
básicas da pessoa portadora de deficiência, mediante ações Art. 4º Os logradouros e sanitários públicos, bem como os
solidárias da sociedade civil organizada edifícios de uso público, terão normas de construção, para
efeito de licenciamento da respectiva edificação, baixadas pela

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autoridade competente, destinadas a facilitar o acesso e uso (A) O tratamento diferenciado previsto no Decreto n.º
desses locais pelas pessoas portadoras de deficiência. 5.296/2004 inclui, entre outros, pessoal capacitado para
prestar atendimento às pessoas com deficiência visual, mental
Art. 5º Os veículos de transporte coletivo a serem e múltipla, bem como às pessoas idosas.
produzidos após doze meses da publicação desta Lei serão (B) Nos serviços de emergência dos estabelecimentos
planejados de forma a facilitar o acesso a seu interior das públicos e privados de atendimento à saúde, a prioridade deve
pessoas portadoras de deficiência. sempre ser dada a pessoas com deficiência.
§ 1º (VETADO) (C) É constitucionalmente prevista a criação de programas
§ 2º Os proprietários de veículos de transporte coletivo em de prevenção e atendimento especializado para os portadores
utilização terão o prazo de cento e oitenta dias, a contar da de deficiência física, sensorial ou mental, bem como a
regulamentação desta Lei, para proceder às adaptações integração social exclusiva do adolescente portador de
necessárias ao acesso facilitado das pessoas portadoras de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho.
deficiência. (D) As empresas de ônibus estão obrigadas a reservar
assentos às pessoas portadoras de deficiência, devendo o
Art. 6º A infração ao disposto nesta Lei sujeitará os proprietário da empresa que descumprir a determinação legal
responsáveis: responder criminalmente pela omissão.
I – no caso de servidor ou de chefia responsável pela (E) Os logradouros e sanitários públicos e particulares,
repartição pública, às penalidades previstas na legislação assim como os edifícios públicos e particulares, devem
específica; obedecer a normas de construção, para efeito de
II – no caso de empresas concessionárias de serviço licenciamento da respectiva edificação, específicas para o
público, a multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 2.500,00 atendimento das necessidades das pessoas portadoras de
(dois mil e quinhentos reais), por veículos sem as condições deficiência.
previstas nos arts. 3º e 5º;
III – no caso das instituições financeiras, às penalidades 04. A lei 10.048/2000 trata da prioridade de atendimento
previstas no art. 44, incisos I, II e III, da Lei nº 4.595, de 31 de às pessoas portadoras de deficiência, os idosos com idade igual
dezembro de 1964. ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as lactantes e as
Parágrafo único. As penalidades de que trata este artigo pessoas acompanhadas por crianças de colo. Sendo assim,
serão elevadas ao dobro, em caso de reincidência. assinale a alternativa correta sobre o atendimento prioritário
com base nessa lei:
Art. 7º O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo (A) É assegurada, em todas as instituições financeiras, a
de sessenta dias, contado de sua publicação. prioridade de atendimento às pessoas mencionadas no art. 1º
da lei 10.048/2000.
Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. (B) As repartições públicas e empresas concessionárias de
serviços públicos não são obrigadas a dispensar atendimento
Questões prioritário uma vez que a constituição federal diz que todo
cidadão é igual perante a lei.
01. Tratando-se da Lei nº 10.048/2000 terão atendimento (C) É assegurada, em todas as instituições comerciais, a
prioritário prioridade de atendimento em ordem de chegada, salvo em
(A) apenas os idosos com idade igual ou superior a 60 caso idosos acompanhados de seus representantes legais.
(sessenta) anos e pessoas acompanhadas por crianças de colo. (D) As repartições públicas e empresas concessionárias de
(B) as pessoas portadoras de deficiência, os idosos com serviços públicos não são obrigadas a dispensar atendimento
idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as prioritário salvo em caso de manifestações públicas que
lactantes e as pessoas acompanhadas por crianças de colo. prejudiquem o acesso ao local do atendimento.
(C) apenas as pessoas portadoras de deficiência com idade (E) No caso de servidor ou de chefia responsável pela
igual ou superior a 65 (sessenta e cinco) anos, as gestantes, as repartição pública infringir essa lei, às penalidades previstas
lactantes e as pessoas acompanhadas por crianças de colo. será prestação de serviço social em regime semi-aberto.
(D) apenas as pessoas portadoras de deficiência e os idosos
com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. 05. Nos termos da Lei n. 10.048/00, são pessoas que
(E) as pessoas portadoras de deficiência, os idosos com possuem prioridade de atendimento em instituições
idade igual ou superior a 65 (sessenta e cinco) anos, as financeiras:
gestantes, as lactantes desde que acompanhadas por crianças (A) portadores de deficiência, lactantes e servidores
de colo. públicos.
(B) portadores de deficiência, idosos com idade igual ou
02. Conforme a Lei nº 10.048/2000, terão atendimento superior a sessenta anos e lactantes.
prioritário as pessoas (C) gestantes, pessoas acompanhadas por criança de colo e
(A) acompanhadas por criança de colo e os idosos, apenas. profissionais da área médica.
(B) portadoras de deficiência física, as gestantes, as (D) profissionais da área médica, servidores públicos e
pessoas acompanhadas por crianças de colo e os idosos, gestantes.
apenas. (E) servidores públicos, idosos com idade igual ou superior
(C) portadoras de deficiência física, as gestantes, as a sessenta anos e pessoas acompanhadas por criança de colo.
lactantes, as pessoas acompanhadas por criança de colo e os
idosos. Respostas
(D) portadoras de deficiência física, apenas.
(E) gestantes, as lactantes e os idosos, apenas. 01. B. / 02. C. / 03. A. / 04. A. / 05. B.

03. Com base no disposto na Lei n.º 10.048/2000 e no LEI Nº 10.098, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2000.
Decreto n.º 5.296/2004, bem como no dispositivo
constitucional sobre o direito das pessoas com deficiência, Estabelece normas gerais e critérios básicos para a
assinale a opção correta. promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de

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deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à


providências. compreensão, à circulação com segurança, entre outros,
classificadas em: (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: espaços públicos e privados abertos ao público ou de uso
coletivo; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
CAPÍTULO I b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios
DISPOSIÇÕES GERAIS públicos e privados; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de
2015)
Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais e critérios básicos c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e
para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de meios de transportes; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de
deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão 2015)
de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer
mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou
meios de transporte e de comunicação. impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e de
informações por intermédio de sistemas de comunicação e de
Art. 2º Para os fins desta Lei são estabelecidas as seguintes tecnologia da informação; (Redação dada pela Lei nº 13.146,
definições: de 2015)
I – acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para III - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimento
utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou
mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras,
transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em
pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida; igualdade de condições com as demais pessoas; (Redação dada
II – barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou pela Lei nº 13.146, de 2015)
impeça o acesso, a liberdade de movimento e a circulação com IV - pessoa com mobilidade reduzida: aquela que tenha,
segurança das pessoas, classificadas em: por qualquer motivo, dificuldade de movimentação,
a) barreiras arquitetônicas urbanísticas: as existentes nas permanente ou temporária, gerando redução efetiva da
vias públicas e nos espaços de uso público; mobilidade, da flexibilidade, da coordenação motora ou da
b) barreiras arquitetônicas na edificação: as existentes no percepção, incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa com
interior dos edifícios públicos e privados; criança de colo e obeso; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de
c) barreiras arquitetônicas nos transportes: as existentes 2015)
nos meios de transportes; V - acompanhante: aquele que acompanha a pessoa com
d) barreiras nas comunicações: qualquer entrave ou deficiência, podendo ou não desempenhar as funções de
obstáculo que dificulte ou impossibilite a expressão ou o atendente pessoal; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
recebimento de mensagens por intermédio dos meios ou VI - elemento de urbanização: quaisquer componentes de
sistemas de comunicação, sejam ou não de massa; obras de urbanização, tais como os referentes a pavimentação,
III – pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade saneamento, encanamento para esgotos, distribuição de
reduzida: a que temporária ou permanentemente tem limitada energia elétrica e de gás, iluminação pública, serviços de
sua capacidade de relacionar-se com o meio e de utilizá-lo; comunicação, abastecimento e distribuição de água,
IV – elemento da urbanização: qualquer componente das paisagismo e os que materializam as indicações do
obras de urbanização, tais como os referentes a pavimentação, planejamento urbanístico; (Redação dada pela Lei nº 13.146,
saneamento, encanamentos para esgotos, distribuição de de 2015)
energia elétrica, iluminação pública, abastecimento e VII - mobiliário urbano: conjunto de objetos existentes nas
distribuição de água, paisagismo e os que materializam as vias e nos espaços públicos, superpostos ou adicionados aos
indicações do planejamento urbanístico; elementos de urbanização ou de edificação, de forma que sua
V – mobiliário urbano: o conjunto de objetos existentes nas modificação ou seu traslado não provoque alterações
vias e espaços públicos, superpostos ou adicionados aos substanciais nesses elementos, tais como semáforos, postes de
elementos da urbanização ou da edificação, de forma que sua sinalização e similares, terminais e pontos de acesso coletivo
modificação ou traslado não provoque alterações substanciais às telecomunicações, fontes de água, lixeiras, toldos,
nestes elementos, tais como semáforos, postes de sinalização marquises, bancos, quiosques e quaisquer outros de natureza
e similares, cabines telefônicas, fontes públicas, lixeiras, análoga; (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015)
toldos, marquises, quiosques e quaisquer outros de natureza VIII - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos,
análoga; equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias,
VI – ajuda técnica: qualquer elemento que facilite a estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a
autonomia pessoal ou possibilite o acesso e o uso de meio funcionalidade, relacionada à atividade e à participação da
físico. pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à
I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão
utilização, com segurança e autonomia, de espaços, social; (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015)
mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, IX - comunicação: forma de interação dos cidadãos que
informação e comunicação, inclusive seus sistemas e abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive a Língua
tecnologias, bem como de outros serviços e instalações Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille,
abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, o sistema de sinalização ou de comunicação tátil, os caracteres
tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com ampliados, os dispositivos multimídia, assim como a
deficiência ou com mobilidade reduzida; (Redação dada pela linguagem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e os
Lei nº 13.146, de 2015) meios de voz digitalizados e os modos, meios e formatos
aumentativos e alternativos de comunicação, incluindo as
II - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou tecnologias da informação e das comunicações; (Incluído pela
comportamento que limite ou impeça a participação social da Lei nº 13.146, de 2015)
pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus X - desenho universal: concepção de produtos, ambientes,
direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de programas e serviços a serem usados por todas as pessoas,

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sem necessidade de adaptação ou de projeto específico, Art. 9º Os semáforos para pedestres instalados nas vias
incluindo os recursos de tecnologia assistiva. (Incluído pela Lei públicas deverão estar equipados com mecanismo que emita
nº 13.146, de 2015) sinal sonoro suave, intermitente e sem estridência, ou com
mecanismo alternativo, que sirva de guia ou orientação para a
CAPÍTULO II travessia de pessoas portadoras de deficiência visual, se a
DOS ELEMENTOS DA URBANIZAÇÃO intensidade do fluxo de veículos e a periculosidade da via
assim determinarem.
Art. 3º O planejamento e a urbanização das vias públicas, Parágrafo único. Os semáforos para pedestres instalados
dos parques e dos demais espaços de uso público deverão ser em vias públicas de grande circulação, ou que deem acesso aos
concebidos e executados de forma a torná-los acessíveis para serviços de reabilitação, devem obrigatoriamente estar
todas as pessoas, inclusive para aquelas com deficiência ou equipados com mecanismo que emita sinal sonoro suave para
com mobilidade reduzida. (Redação dada pela Lei nº 13.146, orientação do pedestre. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015)
de 2015)
Parágrafo único. O passeio público, elemento obrigatório Art. 10. Os elementos do mobiliário urbano deverão ser
de urbanização e parte da via pública, normalmente segregado projetados e instalados em locais que permitam sejam eles
e em nível diferente, destina-se somente à circulação de utilizados pelas pessoas portadoras de deficiência ou com
pedestres e, quando possível, à implantação de mobiliário mobilidade reduzida.
urbano e de vegetação. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015)
Art. 10-A. A instalação de qualquer mobiliário urbano em
Art. 4º As vias públicas, os parques e os demais espaços de área de circulação comum para pedestre que ofereça risco de
uso público existentes, assim como as respectivas instalações acidente à pessoa com deficiência deverá ser indicada
de serviços e mobiliários urbanos deverão ser adaptados, mediante sinalização tátil de alerta no piso, de acordo com as
obedecendo-se ordem de prioridade que vise à maior normas técnicas pertinentes. (Incluído pela Lei nº 13.146, de
eficiência das modificações, no sentido de promover mais 2015)
ampla acessibilidade às pessoas portadoras de deficiência ou
com mobilidade reduzida. CAPÍTULO IV
Parágrafo único. No mínimo 5% (cinco por cento) de cada DA ACESSIBILIDADE NOS EDIFÍCIOS PÚBLICOS OU DE
brinquedo e equipamento de lazer existentes nos locais USO COLETIVO
referidos no caput devem ser adaptados e identificados, tanto
quanto tecnicamente possível, para possibilitar sua utilização Art. 11. A construção, ampliação ou reforma de edifícios
por pessoas com deficiência, inclusive visual, ou com públicos ou privados destinados ao uso coletivo deverão ser
mobilidade reduzida. (Redação dada pela Lei nº 13.443, de executadas de modo que sejam ou se tornem acessíveis às
2017) pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
reduzida.
Art. 5º O projeto e o traçado dos elementos de urbanização Parágrafo único. Para os fins do disposto neste artigo, na
públicos e privados de uso comunitário, nestes construção, ampliação ou reforma de edifícios públicos ou
compreendidos os itinerários e as passagens de pedestres, os privados destinados ao uso coletivo deverão ser observados,
percursos de entrada e de saída de veículos, as escadas e pelo menos, os seguintes requisitos de acessibilidade:
rampas, deverão observar os parâmetros estabelecidos pelas I – nas áreas externas ou internas da edificação, destinadas
normas técnicas de acessibilidade da Associação Brasileira de a garagem e a estacionamento de uso público, deverão ser
Normas Técnicas – ABNT. reservadas vagas próximas dos acessos de circulação de
pedestres, devidamente sinalizadas, para veículos que
Art. 6º Os banheiros de uso público existentes ou a transportem pessoas portadoras de deficiência com
construir em parques, praças, jardins e espaços livres públicos dificuldade de locomoção permanente;
deverão ser acessíveis e dispor, pelo menos, de um sanitário e II – pelo menos um dos acessos ao interior da edificação
um lavatório que atendam às especificações das normas deverá estar livre de barreiras arquitetônicas e de obstáculos
técnicas da ABNT. que impeçam ou dificultem a acessibilidade de pessoa
portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida;
Art. 7º Em todas as áreas de estacionamento de veículos, III – pelo menos um dos itinerários que comuniquem
localizadas em vias ou em espaços públicos, deverão ser horizontal e verticalmente todas as dependências e serviços
reservadas vagas próximas dos acessos de circulação de do edifício, entre si e com o exterior, deverá cumprir os
pedestres, devidamente sinalizadas, para veículos que requisitos de acessibilidade de que trata esta Lei; e
transportem pessoas portadoras de deficiência com IV – os edifícios deverão dispor, pelo menos, de um
dificuldade de locomoção. banheiro acessível, distribuindo-se seus equipamentos e
Parágrafo único. As vagas a que se refere o caput deste acessórios de maneira que possam ser utilizados por pessoa
artigo deverão ser em número equivalente a dois por cento do portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida.
total, garantida, no mínimo, uma vaga, devidamente sinalizada
e com as especificações técnicas de desenho e traçado de Art. 12. Os locais de espetáculos, conferências, aulas e
acordo com as normas técnicas vigentes. outros de natureza similar deverão dispor de espaços
reservados para pessoas que utilizam cadeira de rodas, e de
CAPÍTULO III lugares específicos para pessoas com deficiência auditiva e
DO DESENHO E DA LOCALIZAÇÃO DO MOBILIÁRIO visual, inclusive acompanhante, de acordo com a ABNT, de
URBANO modo a facilitar-lhes as condições de acesso, circulação e
comunicação.
Art. 8º Os sinais de tráfego, semáforos, postes de
iluminação ou quaisquer outros elementos verticais de Art. 12-A. Os centros comerciais e os estabelecimentos
sinalização que devam ser instalados em itinerário ou espaço congêneres devem fornecer carros e cadeiras de rodas,
de acesso para pedestres deverão ser dispostos de forma a não motorizados ou não, para o atendimento da pessoa com
dificultar ou impedir a circulação, e de modo que possam ser deficiência ou com mobilidade reduzida. (Incluído pela Lei nº
utilizados com a máxima comodidade. 13.146, de 2015)

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CAPÍTULO V Art. 21. O Poder Público, por meio dos organismos de apoio
DA ACESSIBILIDADE NOS EDIFÍCIOS DE USO PRIVADO à pesquisa e das agências de financiamento, fomentará
programas destinados:
Art. 13. Os edifícios de uso privado em que seja obrigatória I – à promoção de pesquisas científicas voltadas ao
a instalação de elevadores deverão ser construídos atendendo tratamento e prevenção de deficiências;
aos seguintes requisitos mínimos de acessibilidade: II – ao desenvolvimento tecnológico orientado à produção
I – percurso acessível que una as unidades habitacionais de ajudas técnicas para as pessoas portadoras de deficiência;
com o exterior e com as dependências de uso comum; III – à especialização de recursos humanos em
II – percurso acessível que una a edificação à via pública, às acessibilidade.
edificações e aos serviços anexos de uso comum e aos edifícios
vizinhos; CAPÍTULO IX
III – cabine do elevador e respectiva porta de entrada DAS MEDIDAS DE FOMENTO À ELIMINAÇÃO DE
acessíveis para pessoas portadoras de deficiência ou com BARREIRAS
mobilidade reduzida.
Art. 22. É instituído, no âmbito da Secretaria de Estado de
Art. 14. Os edifícios a serem construídos com mais de um Direitos Humanos do Ministério da Justiça, o Programa
pavimento além do pavimento de acesso, à exceção das Nacional de Acessibilidade, com dotação orçamentária
habitações unifamiliares, e que não estejam obrigados à específica, cuja execução será disciplinada em regulamento.
instalação de elevador, deverão dispor de especificações
técnicas e de projeto que facilitem a instalação de um elevador CAPÍTULO X
adaptado, devendo os demais elementos de uso comum destes DISPOSIÇÕES FINAIS
edifícios atender aos requisitos de acessibilidade.
Art. 23. A Administração Pública federal direta e indireta
Art. 15. Caberá ao órgão federal responsável pela destinará, anualmente, dotação orçamentária para as
coordenação da política habitacional regulamentar a reserva adaptações, eliminações e supressões de barreiras
de um percentual mínimo do total das habitações, conforme a arquitetônicas existentes nos edifícios de uso público de sua
característica da população local, para o atendimento da propriedade e naqueles que estejam sob sua administração ou
demanda de pessoas portadoras de deficiência ou com uso.
mobilidade reduzida. Parágrafo único. A implementação das adaptações,
eliminações e supressões de barreiras arquitetônicas referidas
CAPÍTULO VI no caput deste artigo deverá ser iniciada a partir do primeiro
DA ACESSIBILIDADE NOS VEÍCULOS DE TRANSPORTE ano de vigência desta Lei.
COLETIVO
Art. 24. O Poder Público promoverá campanhas
Art. 16. Os veículos de transporte coletivo deverão cumprir informativas e educativas dirigidas à população em geral, com
os requisitos de acessibilidade estabelecidos nas normas a finalidade de conscientizá-la e sensibilizá-la quanto à
técnicas específicas. acessibilidade e à integração social da pessoa portadora de
deficiência ou com mobilidade reduzida.
CAPÍTULO VII
DA ACESSIBILIDADE NOS SISTEMAS DE Art. 25. As disposições desta Lei aplicam-se aos edifícios ou
COMUNICAÇÃO E SINALIZAÇÃO imóveis declarados bens de interesse cultural ou de valor
histórico-artístico, desde que as modificações necessárias
Art. 17. O Poder Público promoverá a eliminação de observem as normas específicas reguladoras destes bens.
barreiras na comunicação e estabelecerá mecanismos e
alternativas técnicas que tornem acessíveis os sistemas de Art. 26. As organizações representativas de pessoas
comunicação e sinalização às pessoas portadoras de portadoras de deficiência terão legitimidade para acompanhar
deficiência sensorial e com dificuldade de comunicação, para o cumprimento dos requisitos de acessibilidade estabelecidos
garantir-lhes o direito de acesso à informação, à comunicação, nesta Lei.
ao trabalho, à educação, ao transporte, à cultura, ao esporte e
ao lazer. Art. 27. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 18. O Poder Público implementará a formação de Questões


profissionais intérpretes de escrita em braile, linguagem de
sinais e de guias-intérpretes, para facilitar qualquer tipo de 01. Assinale a alternativa que está de acordo com a Lei da
comunicação direta à pessoa portadora de deficiência Acessibilidade dos Portadores de Deficiência (Lei n.
sensorial e com dificuldade de comunicação. Regulamento 10.098/2000).
(A) Os parques de diversões, públicos e privados, devem
Art. 19. Os serviços de radiodifusão sonora e de sons e adaptar, no mínimo, 10% (dez por cento) de cada brinquedo e
imagens adotarão plano de medidas técnicas com o objetivo de equipamento e identificá-lo para possibilitar sua utilização por
permitir o uso da linguagem de sinais ou outra subtitulação, pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, tanto
para garantir o direito de acesso à informação às pessoas quanto tecnicamente possível.
portadoras de deficiência auditiva, na forma e no prazo (B) Os banheiros de uso público existentes ou a construir
previstos em regulamento. em parques, praças, jardins e espaços livres públicos deverão
ser acessíveis e dispor, pelo menos, de um sanitário e um
CAPÍTULO VIII lavatório que atendam às especificações das normas técnicas
DISPOSIÇÕES SOBRE AJUDAS TÉCNICAS da ABNT
(C) Em todas as áreas de estacionamento de veículos,
Art. 20. O Poder Público promoverá a supressão de localizadas em vias ou em espaços públicos, deverão ser
barreiras urbanísticas, arquitetônicas, de transporte e de reservadas vagas próximas dos acessos de circulação de
comunicação, mediante ajudas técnicas. pedestres, devidamente sinalizadas, para veículos que

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transportem pessoas portadoras de deficiência com Federal n° 10.098, de 19 de dezembro de 2000, estabelecendo
dificuldade de locomoção e deverão ser em número que:
equivalente a cinco por cento do total. (A) todos os acessos ao interior da edificação deverão estar
(D) Os semáforos para pedestres instalados nas vias totalmente livres de barreiras arquitetônicas e de obstáculos
públicas deverão estar equipados apenas com mecanismo que que impeçam ou dificultem a acessibilidade de pessoa
emita sinal sonoro suave, que sirva de guia ou orientação para portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida.
a travessia de pessoas portadoras de deficiência visual, se a (B) pelo menos dois dos acessos ao interior da edificação
intensidade do fluxo de veículos e a periculosidade da via deverão estar livres de barreiras arquitetônicas e de
assim determinarem. obstáculos que impeçam ou dificultem a acessibilidade de
(E) São consideradas, pela lei, barreiras arquitetônicas pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida.
urbanísticas as existentes no interior dos edifícios públicos e (C) nas áreas externas ou internas da edificação,
privados. destinadas à garagem e ao estacionamento de uso público,
deverão ser reservadas vagas livres, devidamente sinalizadas
02. A Lei n° 10.098/2000 define que entrave ou obstáculo, e independentes da distância dos acessos de circulação de
que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de pedestres, para veículos que transportem pessoas portadoras
mensagens por intermédio dos meios ou sistemas de de deficiência com dificuldade de locomoção permanente.
comunicação, é: (D) dispor, pelo menos, de um banheiro acessível,
(A) barreira na comunicação. distribuindo-se seus equipamentos e acessórios de maneira
(B) elemento da urbanização. que possam ser utilizados por pessoa portadora de deficiência
(C) barreira sensorial. ou com mobilidade reduzida.
(D) limitação na acessibilidade.
(E) mobilidade reduzida. Respostas
01. B. / 02. A. / 03. C. / 04. C. / 05. D.
03. De acordo com a Lei n. 10.098/2000, que trata da
acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com
mobilidade reduzida, assinale a alternativa correta. 5 O Decreto nº 5.296/2004,
(A) A construção, ampliação ou reforma de edifícios e suas alterações.
públicos ou privados destinados ao uso coletivo poderão ser
executadas de modo que sejam ou se tornem acessíveis às
pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade DECRETO Nº 5.296 DE 2 DE DEZEMBRO DE 2004.
reduzida.
(B) O planejamento e a urbanização das vias púbicas, dos Regulamenta as Leis nos 10.048, de 8 de novembro de
parques e dos demais espaços de uso público poderão ser 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que
concebidos e executados de forma a torná-los acessíveis para especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que
as pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção
reduzida. da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou
(C) É definido como barreiras qualquer entrave ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências.
obstáculo que limite ou impeça o acesso, a liberdade de
movimento e a circulação com segurança das pessoas. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que
(D) Define-se pessoa portadora de deficiência ou com lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista
mobilidade reduzida somente a que permanentemente tem o disposto nas Leis nº 10.048, de 8 de novembro de 2000, e
limitada sua capacidade de relacionar-se com o meio e de 10.098, de 19 de dezembro de 2000,
utilizá-lo.
(E) Define-se mobiliário urbano qualquer elemento que DECRETA:
facilite a autonomia pessoal ou possibilite o acesso e o uso de
meio físico. CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
04. A Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, estabelece
normas gerais e critérios básicos para a promoção da Art. 1º Este Decreto regulamenta as Leis nº 10.048, de 8 de
acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com novembro de 2000, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000.
mobilidade reduzida, mediante a:
(A) contenção de indivíduos que provoquem danos ou Art. 2º Ficam sujeitos ao cumprimento das disposições
impedimentos ao livre acesso de pessoas com deficiência. deste Decreto, sempre que houver interação com a matéria
(B) extinção de todas as formas de impedimentos para o nele regulamentada:
acesso aos serviços de saúde e educação. I - a aprovação de projeto de natureza arquitetônica e
(C) supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e urbanística, de comunicação e informação, de transporte
espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e coletivo, bem como a execução de qualquer tipo de obra,
reforma de edifícios e nos meios de transporte e de quando tenham destinação pública ou coletiva;
comunicação. II - a outorga de concessão, permissão, autorização ou
(D) eliminação de edificações que impeçam o trânsito nos habilitação de qualquer natureza;
espaços urbanos e nas relações entre os possíveis usuários de III - a aprovação de financiamento de projetos com a
serviços públicos. utilização de recursos públicos, dentre eles os projetos de
(E) limitação das condições de sociabilidade nas atividades natureza arquitetônica e urbanística, os tocantes à
laborativas e consolidação de ações preventivas de inclusão comunicação e informação e os referentes ao transporte
social. coletivo, por meio de qualquer instrumento, tais como
convênio, acordo, ajuste, contrato ou similar; e
05. Na construção ou adaptação de edifícios públicos ou IV - a concessão de aval da União na obtenção de
privados destinados ao uso coletivo há um conjunto empréstimos e financiamentos internacionais por entes
recomendado de diretrizes de acessibilidade constante na Lei públicos ou privados.

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Art. 3º Serão aplicadas sanções administrativas, cíveis e conflitarem com a Lei no 7.102, de 20 de junho de 1983,
penais cabíveis, previstas em lei, quando não forem observando, ainda, a Resolução do Conselho Monetário
observadas as normas deste Decreto. Nacional no 2.878, de 26 de julho de 2001.

Art. 4º O Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Art. 6º O atendimento prioritário compreende tratamento
Portadora de Deficiência, os Conselhos Estaduais, Municipais e diferenciado e atendimento imediato às pessoas de que trata o
do Distrito Federal, e as organizações representativas de art. 5o.
pessoas portadoras de deficiência terão legitimidade para § 1º O tratamento diferenciado inclui, dentre outros:
acompanhar e sugerir medidas para o cumprimento dos I - assentos de uso preferencial sinalizados, espaços e
requisitos estabelecidos neste Decreto. instalações acessíveis;
II - mobiliário de recepção e atendimento
CAPÍTULO II obrigatoriamente adaptado à altura e à condição física de
DO ATENDIMENTO PRIORITÁRIO pessoas em cadeira de rodas, conforme estabelecido nas
normas técnicas de acessibilidade da ABNT;
Art. 5º Os órgãos da administração pública direta, indireta III - serviços de atendimento para pessoas com deficiência
e fundacional, as empresas prestadoras de serviços públicos e auditiva, prestado por intérpretes ou pessoas capacitadas em
as instituições financeiras deverão dispensar atendimento Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS e no trato com aquelas que
prioritário às pessoas portadoras de deficiência ou com não se comuniquem em LIBRAS, e para pessoas surdocegas,
mobilidade reduzida. prestado por guias-intérpretes ou pessoas capacitadas neste
§ 1º Considera-se, para os efeitos deste Decreto: tipo de atendimento;
I - pessoa portadora de deficiência, além daquelas IV - pessoal capacitado para prestar atendimento às
previstas na Lei nº 10.690, de 16 de junho de 2003, a que pessoas com deficiência visual, mental e múltipla, bem como
possui limitação ou incapacidade para o desempenho de às pessoas idosas;
atividade e se enquadra nas seguintes categorias: V - disponibilidade de área especial para embarque e
a) deficiência física: alteração completa ou parcial de um desembarque de pessoa portadora de deficiência ou com
ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o mobilidade reduzida;
comprometimento da função física, apresentando-se sob a VI - sinalização ambiental para orientação das pessoas
forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, referidas no art. 5º;
tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, VII - divulgação, em lugar visível, do direito de
hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, atendimento prioritário das pessoas portadoras de deficiência
paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade ou com mobilidade reduzida;
congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as VIII - admissão de entrada e permanência de cão-guia ou
que não produzam dificuldades para o desempenho de cão-guia de acompanhamento junto de pessoa portadora de
funções; deficiência ou de treinador nos locais dispostos no caput do
b) deficiência auditiva: perda bilateral, parcial ou total, de art. 5º, bem como nas demais edificações de uso público e
quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma naquelas de uso coletivo, mediante apresentação da carteira
nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz; de vacina atualizada do animal; e
c) deficiência visual: cegueira, na qual a acuidade visual é IX - a existência de local de atendimento específico para as
igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor pessoas referidas no art. 5º.
correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual § 2º Entende-se por imediato o atendimento prestado às
entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; pessoas referidas no art. 5º, antes de qualquer outra, depois de
os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em concluído o atendimento que estiver em andamento,
ambos os olhos for igual ou menor que 60º; ou a ocorrência observado o disposto no inciso I do parágrafo único do art. 3º
simultânea de quaisquer das condições anteriores; da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso).
d) deficiência mental: funcionamento intelectual § 3º Nos serviços de emergência dos estabelecimentos
significativamente inferior à média, com manifestação antes públicos e privados de atendimento à saúde, a prioridade
dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas conferida por este Decreto fica condicionada à avaliação
de habilidades adaptativas, tais como: médica em face da gravidade dos casos a atender.
1. comunicação; § 4º Os órgãos, empresas e instituições referidos no caput
2. cuidado pessoal; do art. 5o devem possuir, pelo menos, um telefone de
3. habilidades sociais; atendimento adaptado para comunicação com e por pessoas
4. utilização dos recursos da comunidade; portadoras de deficiência auditiva.
5. saúde e segurança;
6. habilidades acadêmicas; Art. 7º O atendimento prioritário no âmbito da
7. lazer; e administração pública federal direta e indireta, bem como das
8. trabalho; empresas prestadoras de serviços públicos, obedecerá às
e) deficiência múltipla - associação de duas ou mais disposições deste Decreto, além do que estabelece o Decreto
deficiências; e nº 3.507, de 13 de junho de 2000.
II - pessoa com mobilidade reduzida, aquela que, não se Parágrafo único. Cabe aos Estados, Municípios e ao Distrito
enquadrando no conceito de pessoa portadora de deficiência, Federal, no âmbito de suas competências, criar instrumentos
tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentar-se, para a efetiva implantação e o controle do atendimento
permanente ou temporariamente, gerando redução efetiva da prioritário referido neste Decreto.
mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção.
§ 2º O disposto no caput aplica-se, ainda, às pessoas com CAPÍTULO III
idade igual ou superior a sessenta anos, gestantes, lactantes e DAS CONDIÇÕES GERAIS DA ACESSIBILIDADE
pessoas com criança de colo.
§ 3º O acesso prioritário às edificações e serviços das Art. 8º Para os fins de acessibilidade, considera-se:
instituições financeiras deve seguir os preceitos estabelecidos I - acessibilidade: condição para utilização, com segurança
neste Decreto e nas normas técnicas de acessibilidade da e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e
Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, no que não equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de

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transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de CAPÍTULO IV


comunicação e informação, por pessoa portadora de DA IMPLEMENTAÇÃO DA ACESSIBILIDADE
deficiência ou com mobilidade reduzida; ARQUITETÔNICA E URBANÍSTICA
II - barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou Seção I
impeça o acesso, a liberdade de movimento, a circulação com Das Condições Gerais
segurança e a possibilidade de as pessoas se comunicarem ou
terem acesso à informação, classificadas em: Art. 10. A concepção e a implantação dos projetos
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias públicas e arquitetônicos e urbanísticos devem atender aos princípios do
nos espaços de uso público; desenho universal, tendo como referências básicas as normas
b) barreiras nas edificações: as existentes no entorno e técnicas de acessibilidade da ABNT, a legislação específica e as
interior das edificações de uso público e coletivo e no entorno regras contidas neste Decreto.
e nas áreas internas de uso comum nas edificações de uso § 1º Caberá ao Poder Público promover a inclusão de
privado multifamiliar; conteúdos temáticos referentes ao desenho universal nas
c) barreiras nos transportes: as existentes nos serviços de diretrizes curriculares da educação profissional e tecnológica
transportes; e e do ensino superior dos cursos de Engenharia, Arquitetura e
d) barreiras nas comunicações e informações: qualquer correlatos.
entrave ou obstáculo que dificulte ou impossibilite a expressão § 2º Os programas e as linhas de pesquisa a serem
ou o recebimento de mensagens por intermédio dos desenvolvidos com o apoio de organismos públicos de auxílio
dispositivos, meios ou sistemas de comunicação, sejam ou não à pesquisa e de agências de fomento deverão incluir temas
de massa, bem como aqueles que dificultem ou impossibilitem voltados para o desenho universal.
o acesso à informação;
III - elemento da urbanização: qualquer componente das Art. 11. A construção, reforma ou ampliação de edificações
obras de urbanização, tais como os referentes à pavimentação, de uso público ou coletivo, ou a mudança de destinação para
saneamento, distribuição de energia elétrica, iluminação estes tipos de edificação, deverão ser executadas de modo que
pública, abastecimento e distribuição de água, paisagismo e os sejam ou se tornem acessíveis à pessoa portadora de
que materializam as indicações do planejamento urbanístico; deficiência ou com mobilidade reduzida.
IV - mobiliário urbano: o conjunto de objetos existentes § 1º As entidades de fiscalização profissional das
nas vias e espaços públicos, superpostos ou adicionados aos atividades de Engenharia, Arquitetura e correlatas, ao
elementos da urbanização ou da edificação, de forma que sua anotarem a responsabilidade técnica dos projetos, exigirão a
modificação ou traslado não provoque alterações substanciais responsabilidade profissional declarada do atendimento às
nestes elementos, tais como semáforos, postes de sinalização regras de acessibilidade previstas nas normas técnicas de
e similares, telefones e cabines telefônicas, fontes públicas, acessibilidade da ABNT, na legislação específica e neste
lixeiras, toldos, marquises, quiosques e quaisquer outros de Decreto.
natureza análoga; § 2º Para a aprovação ou licenciamento ou emissão de
V - ajuda técnica: os produtos, instrumentos, certificado de conclusão de projeto arquitetônico ou
equipamentos ou tecnologia adaptados ou especialmente urbanístico deverá ser atestado o atendimento às regras de
projetados para melhorar a funcionalidade da pessoa acessibilidade previstas nas normas técnicas de acessibilidade
portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida, da ABNT, na legislação específica e neste Decreto.
favorecendo a autonomia pessoal, total ou assistida; § 3º O Poder Público, após certificar a acessibilidade de
VI - edificações de uso público: aquelas administradas por edificação ou serviço, determinará a colocação, em espaços ou
entidades da administração pública, direta e indireta, ou por locais de ampla visibilidade, do "Símbolo Internacional de
empresas prestadoras de serviços públicos e destinadas ao Acesso", na forma prevista nas normas técnicas de
público em geral; acessibilidade da ABNT e na Lei nº 7.405, de 12 de novembro
VII - edificações de uso coletivo: aquelas destinadas às de 1985.
atividades de natureza comercial, hoteleira, cultural,
esportiva, financeira, turística, recreativa, social, religiosa, Art. 12. Em qualquer intervenção nas vias e logradouros
educacional, industrial e de saúde, inclusive as edificações de públicos, o Poder Público e as empresas concessionárias
prestação de serviços de atividades da mesma natureza; responsáveis pela execução das obras e dos serviços
VIII - edificações de uso privado: aquelas destinadas à garantirão o livre trânsito e a circulação de forma segura das
habitação, que podem ser classificadas como unifamiliar ou pessoas em geral, especialmente das pessoas portadoras de
multifamiliar; e deficiência ou com mobilidade reduzida, durante e após a sua
IX - desenho universal: concepção de espaços, artefatos e execução, de acordo com o previsto em normas técnicas de
produtos que visam atender simultaneamente todas as acessibilidade da ABNT, na legislação específica e neste
pessoas, com diferentes características antropométricas e Decreto.
sensoriais, de forma autônoma, segura e confortável,
constituindo-se nos elementos ou soluções que compõem a Art. 13. Orientam-se, no que couber, pelas regras previstas
acessibilidade. nas normas técnicas brasileiras de acessibilidade, na legislação
específica, observado o disposto na Lei nº 10.257, de 10 de
Art. 9º A formulação, implementação e manutenção das julho de 2001, e neste Decreto:
ações de acessibilidade atenderão às seguintes premissas I - os Planos Diretores Municipais e Planos Diretores de
básicas: Transporte e Trânsito elaborados ou atualizados a partir da
I - a priorização das necessidades, a programação em publicação deste Decreto;
cronograma e a reserva de recursos para a implantação das II - o Código de Obras, Código de Postura, a Lei de Uso e
ações; e Ocupação do Solo e a Lei do Sistema Viário;
II - o planejamento, de forma continuada e articulada, entre III - os estudos prévios de impacto de vizinhança;
os setores envolvidos. IV - as atividades de fiscalização e a imposição de sanções,
incluindo a vigilância sanitária e ambiental; e
V - a previsão orçamentária e os mecanismos tributários e
financeiros utilizados em caráter compensatório ou de
incentivo.

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APOSTILAS OPÇÃO

§ 1º Para concessão de alvará de funcionamento ou sua de rodas, ou conforme estabelecer os Planos Gerais de Metas
renovação para qualquer atividade, devem ser observadas e de Universalização.
certificadas as regras de acessibilidade previstas neste § 3º As botoeiras e demais sistemas de acionamento dos
Decreto e nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT. terminais de auto-atendimento de produtos e serviços e
§ 2º Para emissão de carta de "habite-se" ou habilitação outros equipamentos em que haja interação com o público
equivalente e para sua renovação, quando esta tiver sido devem estar localizados em altura que possibilite o manuseio
emitida anteriormente às exigências de acessibilidade por pessoas em cadeira de rodas e possuir mecanismos para
contidas na legislação específica, devem ser observadas e utilização autônoma por pessoas portadoras de deficiência
certificadas as regras de acessibilidade previstas neste visual e auditiva, conforme padrões estabelecidos nas normas
Decreto e nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT. técnicas de acessibilidade da ABNT.

Seção II Art. 17. Os semáforos para pedestres instalados nas vias


Das Condições Específicas públicas deverão estar equipados com mecanismo que sirva de
guia ou orientação para a travessia de pessoa portadora de
Art. 14. Na promoção da acessibilidade, serão observadas deficiência visual ou com mobilidade reduzida em todos os
as regras gerais previstas neste Decreto, complementadas locais onde a intensidade do fluxo de veículos, de pessoas ou a
pelas normas técnicas de acessibilidade da ABNT e pelas periculosidade na via assim determinarem, bem como
disposições contidas na legislação dos Estados, Municípios e mediante solicitação dos interessados.
do Distrito Federal.
Art. 18. A construção de edificações de uso privado
Art. 15. No planejamento e na urbanização das vias, praças, multifamiliar e a construção, ampliação ou reforma de
dos logradouros, parques e demais espaços de uso público, edificações de uso coletivo devem atender aos preceitos da
deverão ser cumpridas as exigências dispostas nas normas acessibilidade na interligação de todas as partes de uso
técnicas de acessibilidade da ABNT. comum ou abertas ao público, conforme os padrões das
§ 1º Incluem-se na condição estabelecida no caput: normas técnicas de acessibilidade da ABNT.
I - a construção de calçadas para circulação de pedestres Parágrafo único. Também estão sujeitos ao disposto no
ou a adaptação de situações consolidadas; caput os acessos, piscinas, andares de recreação, salão de
II - o rebaixamento de calçadas com rampa acessível ou festas e reuniões, saunas e banheiros, quadras esportivas,
elevação da via para travessia de pedestre em nível; e portarias, estacionamentos e garagens, entre outras partes das
III - a instalação de piso tátil direcional e de alerta. áreas internas ou externas de uso comum das edificações de
§ 2º Nos casos de adaptação de bens culturais imóveis e de uso privado multifamiliar e das de uso coletivo.
intervenção para regularização urbanística em áreas de
assentamentos subnormais, será admitida, em caráter Art. 19. A construção, ampliação ou reforma de edificações
excepcional, faixa de largura menor que o estabelecido nas de uso público deve garantir, pelo menos, um dos acessos ao
normas técnicas citadas no caput, desde que haja justificativa seu interior, com comunicação com todas as suas
baseada em estudo técnico e que o acesso seja viabilizado de dependências e serviços, livre de barreiras e de obstáculos que
outra forma, garantida a melhor técnica possível. impeçam ou dificultem a sua acessibilidade.
§ 1º No caso das edificações de uso público já existentes,
Art. 16. As características do desenho e a instalação do terão elas prazo de trinta meses a contar da data de publicação
mobiliário urbano devem garantir a aproximação segura e o deste Decreto para garantir acessibilidade às pessoas
uso por pessoa portadora de deficiência visual, mental ou portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
auditiva, a aproximação e o alcance visual e manual para as § 2º Sempre que houver viabilidade arquitetônica, o Poder
pessoas portadoras de deficiência física, em especial aquelas Público buscará garantir dotação orçamentária para ampliar o
em cadeira de rodas, e a circulação livre de barreiras, número de acessos nas edificações de uso público a serem
atendendo às condições estabelecidas nas normas técnicas de construídas, ampliadas ou reformadas.
acessibilidade da ABNT.
§ 1º Incluem-se nas condições estabelecida no caput: Art. 20. Na ampliação ou reforma das edificações de uso
I - as marquises, os toldos, elementos de sinalização, púbico ou de uso coletivo, os desníveis das áreas de circulação
luminosos e outros elementos que tenham sua projeção sobre internas ou externas serão transpostos por meio de rampa ou
a faixa de circulação de pedestres; equipamento eletromecânico de deslocamento vertical,
II - as cabines telefônicas e os terminais de auto- quando não for possível outro acesso mais cômodo para
atendimento de produtos e serviços; pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida,
III - os telefones públicos sem cabine; conforme estabelecido nas normas técnicas de acessibilidade
IV - a instalação das aberturas, das botoeiras, dos da ABNT.
comandos e outros sistemas de acionamento do mobiliário
urbano; Art. 21. Os balcões de atendimento e as bilheterias em
V - os demais elementos do mobiliário urbano; edificação de uso público ou de uso coletivo devem dispor de,
VI - o uso do solo urbano para posteamento; e pelo menos, uma parte da superfície acessível para
VII - as espécies vegetais que tenham sua projeção sobre a atendimento às pessoas portadoras de deficiência ou com
faixa de circulação de pedestres. mobilidade reduzida, conforme os padrões das normas
§ 2º A concessionária do Serviço Telefônico Fixo Comutado técnicas de acessibilidade da ABNT.
- STFC, na modalidade Local, deverá assegurar que, no mínimo, Parágrafo único. No caso do exercício do direito de voto, as
dois por cento do total de Telefones de Uso Público - TUPs, sem urnas das seções eleitorais devem ser adequadas ao uso com
cabine, com capacidade para originar e receber chamadas autonomia pelas pessoas portadoras de deficiência ou com
locais e de longa distância nacional, bem como, pelo menos, mobilidade reduzida e estarem instaladas em local de votação
dois por cento do total de TUPs, com capacidade para originar plenamente acessível e com estacionamento próximo.
e receber chamadas de longa distância, nacional e
internacional, estejam adaptados para o uso de pessoas Art. 22. A construção, ampliação ou reforma de edificações
portadoras de deficiência auditiva e para usuários de cadeiras de uso público ou de uso coletivo devem dispor de sanitários

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acessíveis destinados ao uso por pessoa portadora de imagem do intérprete de LIBRAS sempre que a distância não
deficiência ou com mobilidade reduzida. permitir sua visualização direta.
§ 1º Nas edificações de uso público a serem construídas, os § 7º O sistema de sonorização assistida a que se refere o §
sanitários destinados ao uso por pessoa portadora de 6º será sinalizado por meio do pictograma aprovado pela Lei
deficiência ou com mobilidade reduzida serão distribuídos na nº 8.160, de 8 de janeiro de 1991.
razão de, no mínimo, uma cabine para cada sexo em cada § 8º As edificações de uso público e de uso coletivo
pavimento da edificação, com entrada independente dos referidas no caput, já existentes, têm, respectivamente, prazo
sanitários coletivos, obedecendo às normas técnicas de de trinta e quarenta e oito meses, a contar da data de
acessibilidade da ABNT. publicação deste Decreto, para garantir a acessibilidade de que
§ 2º Nas edificações de uso público já existentes, terão elas trata o caput e os §§ 1º a 5º.
prazo de trinta meses a contar da data de publicação deste
Decreto para garantir pelo menos um banheiro acessível por Art. 24. Os estabelecimentos de ensino de qualquer nível,
pavimento, com entrada independente, distribuindo-se seus etapa ou modalidade, públicos ou privados, proporcionarão
equipamentos e acessórios de modo que possam ser utilizados condições de acesso e utilização de todos os seus ambientes ou
por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade compartimentos para pessoas portadoras de deficiência ou
reduzida. com mobilidade reduzida, inclusive salas de aula, bibliotecas,
§ 3º Nas edificações de uso coletivo a serem construídas, auditórios, ginásios e instalações desportivas, laboratórios,
ampliadas ou reformadas, onde devem existir banheiros de áreas de lazer e sanitários.
uso público, os sanitários destinados ao uso por pessoa § 1º Para a concessão de autorização de funcionamento, de
portadora de deficiência deverão ter entrada independente abertura ou renovação de curso pelo Poder Público, o
dos demais e obedecer às normas técnicas de acessibilidade da estabelecimento de ensino deverá comprovar que:
ABNT. I - está cumprindo as regras de acessibilidade
§ 4º Nas edificações de uso coletivo já existentes, onde haja arquitetônica, urbanística e na comunicação e informação
banheiros destinados ao uso público, os sanitários preparados previstas nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT, na
para o uso por pessoa portadora de deficiência ou com legislação específica ou neste Decreto;
mobilidade reduzida deverão estar localizados nos II - coloca à disposição de professores, alunos, servidores e
pavimentos acessíveis, ter entrada independente dos demais empregados portadores de deficiência ou com mobilidade
sanitários, se houver, e obedecer as normas técnicas de reduzida ajudas técnicas que permitam o acesso às atividades
acessibilidade da ABNT. escolares e administrativas em igualdade de condições com as
demais pessoas; e
Art. 23. Os teatros, cinemas, auditórios, estádios, ginásios III - seu ordenamento interno contém normas sobre o
de esporte, casas de espetáculos, salas de conferências e tratamento a ser dispensado a professores, alunos, servidores
similares reservarão, pelo menos, dois por cento da lotação do e empregados portadores de deficiência, com o objetivo de
estabelecimento para pessoas em cadeira de rodas, coibir e reprimir qualquer tipo de discriminação, bem como as
distribuídos pelo recinto em locais diversos, de boa respectivas sanções pelo descumprimento dessas normas.
visibilidade, próximos aos corredores, devidamente § 2º As edificações de uso público e de uso coletivo
sinalizados, evitando-se áreas segregadas de público e a referidas no caput, já existentes, têm, respectivamente, prazo
obstrução das saídas, em conformidade com as normas de trinta e quarenta e oito meses, a contar da data de
técnicas de acessibilidade da ABNT. publicação deste Decreto, para garantir a acessibilidade de que
§ 1º Nas edificações previstas no caput, é obrigatória, trata este artigo.
ainda, a destinação de dois por cento dos assentos para
acomodação de pessoas portadoras de deficiência visual e de Art. 25. Nos estacionamentos externos ou internos das
pessoas com mobilidade reduzida, incluindo obesos, em locais edificações de uso público ou de uso coletivo, ou naqueles
de boa recepção de mensagens sonoras, devendo todos ser localizados nas vias públicas, serão reservados, pelo menos,
devidamente sinalizados e estar de acordo com os padrões das dois por cento do total de vagas para veículos que transportem
normas técnicas de acessibilidade da ABNT. pessoa portadora de deficiência física ou visual definidas neste
§ 2º No caso de não haver comprovada procura pelos Decreto, sendo assegurada, no mínimo, uma vaga, em locais
assentos reservados, estes poderão excepcionalmente ser próximos à entrada principal ou ao elevador, de fácil acesso à
ocupados por pessoas que não sejam portadoras de deficiência circulação de pedestres, com especificações técnicas de
ou que não tenham mobilidade reduzida. desenho e traçado conforme o estabelecido nas normas
§ 3º Os espaços e assentos a que se refere este artigo técnicas de acessibilidade da ABNT.
deverão situar-se em locais que garantam a acomodação de, no § 1º Os veículos estacionados nas vagas reservadas
mínimo, um acompanhante da pessoa portadora de deficiência deverão portar identificação a ser colocada em local de ampla
ou com mobilidade reduzida. visibilidade, confeccionado e fornecido pelos órgãos de
§ 4º Nos locais referidos no caput, haverá, trânsito, que disciplinarão sobre suas características e
obrigatoriamente, rotas de fuga e saídas de emergência condições de uso, observando o disposto na Lei nº 7.405, de
acessíveis, conforme padrões das normas técnicas de 1985.
acessibilidade da ABNT, a fim de permitir a saída segura de § 2º Os casos de inobservância do disposto no § 1º estarão
pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade sujeitos às sanções estabelecidas pelos órgãos competentes.
reduzida, em caso de emergência. § 3º Aplica-se o disposto no caput aos estacionamentos
§ 5º As áreas de acesso aos artistas, tais como coxias e localizados em áreas públicas e de uso coletivo.
camarins, também devem ser acessíveis a pessoas portadoras § 4º A utilização das vagas reservadas por veículos que não
de deficiência ou com mobilidade reduzida. estejam transportando as pessoas citadas no caput constitui
§ 6º Para obtenção do financiamento de que trata o inciso infração ao art. 181, inciso XVII, da Lei nº 9.503, de 23 de
III do art. 2º, as salas de espetáculo deverão dispor de sistema setembro de 1997.
de sonorização assistida para pessoas portadoras de
deficiência auditiva, de meios eletrônicos que permitam o Art. 26. Nas edificações de uso público ou de uso coletivo,
acompanhamento por meio de legendas em tempo real ou de é obrigatória a existência de sinalização visual e tátil para
disposições especiais para a presença física de intérprete de orientação de pessoas portadoras de deficiência auditiva e
LIBRAS e de guias-intérpretes, com a projeção em tela da

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visual, em conformidade com as normas técnicas de II - divulgar junto aos agentes interessados e orientar a
acessibilidade da ABNT. clientela alvo da política habitacional sobre as iniciativas que
promover em razão das legislações federal, estaduais, distrital
Art. 27. A instalação de novos elevadores ou sua adaptação e municipais relativas à acessibilidade.
em edificações de uso público ou de uso coletivo, bem assim a
instalação em edificação de uso privado multifamiliar a ser Seção IV
construída, na qual haja obrigatoriedade da presença de Da Acessibilidade aos Bens Culturais Imóveis
elevadores, deve atender aos padrões das normas técnicas de
acessibilidade da ABNT. Art. 30. As soluções destinadas à eliminação, redução ou
§ 1º No caso da instalação de elevadores novos ou da troca superação de barreiras na promoção da acessibilidade a todos
dos já existentes, qualquer que seja o número de elevadores da os bens culturais imóveis devem estar de acordo com o que
edificação de uso público ou de uso coletivo, pelo menos um estabelece a Instrução Normativa no 1 do Instituto do
deles terá cabine que permita acesso e movimentação cômoda Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, de 25 de
de pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade novembro de 2003.
reduzida, de acordo com o que especifica as normas técnicas
de acessibilidade da ABNT. CAPÍTULO V
§ 2º Junto às botoeiras externas do elevador, deverá estar DA ACESSIBILIDADE AOS SERVIÇOS DE TRANSPORTES
sinalizado em braile em qual andar da edificação a pessoa se COLETIVOS
encontra. Seção I
§ 3º Os edifícios a serem construídos com mais de um Das Condições Gerais
pavimento além do pavimento de acesso, à exceção das
habitações unifamiliares e daquelas que estejam obrigadas à Art. 31. Para os fins de acessibilidade aos serviços de
instalação de elevadores por legislação municipal, deverão transporte coletivo terrestre, aquaviário e aéreo, considera-se
dispor de especificações técnicas e de projeto que facilitem a como integrantes desses serviços os veículos, terminais,
instalação de equipamento eletromecânico de deslocamento estações, pontos de parada, vias principais, acessos e
vertical para uso das pessoas portadoras de deficiência ou com operação.
mobilidade reduzida.
§ 4º As especificações técnicas a que se refere o § 3º devem Art. 32. Os serviços de transporte coletivo terrestre são:
atender: I - transporte rodoviário, classificado em urbano,
I - a indicação em planta aprovada pelo poder municipal do metropolitano, intermunicipal e interestadual;
local reservado para a instalação do equipamento II - transporte metroferroviário, classificado em urbano e
eletromecânico, devidamente assinada pelo autor do projeto; metropolitano; e
II - a indicação da opção pelo tipo de equipamento III - transporte ferroviário, classificado em intermunicipal
(elevador, esteira, plataforma ou similar); e interestadual.
III - a indicação das dimensões internas e demais aspectos
da cabine do equipamento a ser instalado; e Art. 33. As instâncias públicas responsáveis pela
IV - demais especificações em nota na própria planta, tais concessão e permissão dos serviços de transporte coletivo são:
como a existência e as medidas de botoeira, espelho, I - governo municipal, responsável pelo transporte coletivo
informação de voz, bem como a garantia de responsabilidade municipal;
técnica de que a estrutura da edificação suporta a implantação II - governo estadual, responsável pelo transporte coletivo
do equipamento escolhido. metropolitano e intermunicipal;
III - governo do Distrito Federal, responsável pelo
Seção III transporte coletivo do Distrito Federal; e
Da Acessibilidade na Habitação de Interesse Social IV - governo federal, responsável pelo transporte coletivo
interestadual e internacional.
Art. 28. Na habitação de interesse social, deverão ser
promovidas as seguintes ações para assegurar as condições de Art. 34. Os sistemas de transporte coletivo são
acessibilidade dos empreendimentos: considerados acessíveis quando todos os seus elementos são
I - definição de projetos e adoção de tipologias construtivas concebidos, organizados, implantados e adaptados segundo o
livres de barreiras arquitetônicas e urbanísticas; conceito de desenho universal, garantindo o uso pleno com
II - no caso de edificação multifamiliar, execução das segurança e autonomia por todas as pessoas.
unidades habitacionais acessíveis no piso térreo e acessíveis Parágrafo único. A infraestrutura de transporte coletivo a
ou adaptáveis quando nos demais pisos; ser implantada a partir da publicação deste Decreto deverá ser
III - execução das partes de uso comum, quando se tratar acessível e estar disponível para ser operada de forma a
de edificação multifamiliar, conforme as normas técnicas de garantir o seu uso por pessoas portadoras de deficiência ou
acessibilidade da ABNT; e com mobilidade reduzida.
IV - elaboração de especificações técnicas de projeto que
facilite a instalação de elevador adaptado para uso das pessoas Art. 35. Os responsáveis pelos terminais, estações, pontos
portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. de parada e os veículos, no âmbito de suas competências,
Parágrafo único. Os agentes executores dos programas e assegurarão espaços para atendimento, assentos preferenciais
projetos destinados à habitação de interesse social, e meios de acesso devidamente sinalizados para o uso das
financiados com recursos próprios da União ou por ela pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
geridos, devem observar os requisitos estabelecidos neste reduzida.
artigo.
Art. 36. As empresas concessionárias e permissionárias e
Art. 29. Ao Ministério das Cidades, no âmbito da as instâncias públicas responsáveis pela gestão dos serviços de
coordenação da política habitacional, compete: transportes coletivos, no âmbito de suas competências,
I - adotar as providências necessárias para o cumprimento deverão garantir a implantação das providências necessárias
do disposto no art. 28; e na operação, nos terminais, nas estações, nos pontos de parada

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e nas vias de acesso, de forma a assegurar as condições Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial -
previstas no art. 34 deste Decreto. INMETRO, a partir de orientações normativas elaboradas no
Parágrafo único. As empresas concessionárias e âmbito da ABNT.
permissionárias e as instâncias públicas responsáveis pela
gestão dos serviços de transportes coletivos, no âmbito de Seção III
suas competências, deverão autorizar a colocação do "Símbolo Da Acessibilidade no Transporte Coletivo Aquaviário
Internacional de Acesso" após certificar a acessibilidade do
sistema de transporte. Art. 40. No prazo de até trinta e seis meses a contar da data
de edição das normas técnicas referidas no § 1º, todos os
Art. 37. Cabe às empresas concessionárias e modelos e marcas de veículos de transporte coletivo
permissionárias e as instâncias públicas responsáveis pela aquaviário serão fabricados acessíveis e estarão disponíveis
gestão dos serviços de transportes coletivos assegurar a para integrar a frota operante, de forma a garantir o seu uso
qualificação dos profissionais que trabalham nesses serviços, por pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
para que prestem atendimento prioritário às pessoas reduzida.
portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. § 1º As normas técnicas para fabricação dos veículos e dos
equipamentos de transporte coletivo aquaviário acessíveis, a
Seção II serem elaboradas pelas instituições e entidades que compõem
Da Acessibilidade no Transporte Coletivo Rodoviário o Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial, estarão disponíveis no prazo de até vinte e quatro
Art. 38. No prazo de até vinte e quatro meses a contar da meses a contar da data da publicação deste Decreto.
data de edição das normas técnicas referidas no § 1º, todos os § 2º As adequações na infraestrutura dos serviços desta
modelos e marcas de veículos de transporte coletivo modalidade de transporte deverão atender a critérios
rodoviário para utilização no País serão fabricados acessíveis necessários para proporcionar as condições de acessibilidade
e estarão disponíveis para integrar a frota operante, de forma do sistema de transporte aquaviário.
a garantir o seu uso por pessoas portadoras de deficiência ou
com mobilidade reduzida. Art. 41. No prazo de até cinquenta e quatro meses a contar
§ 1º As normas técnicas para fabricação dos veículos e dos da data de implementação dos programas de avaliação de
equipamentos de transporte coletivo rodoviário, de forma a conformidade descritos no § 2o, as empresas concessionárias
torná-los acessíveis, serão elaboradas pelas instituições e e permissionárias dos serviços de transporte coletivo
entidades que compõem o Sistema Nacional de Metrologia, aquaviário, deverão garantir a acessibilidade da frota de
Normalização e Qualidade Industrial, e estarão disponíveis no veículos em circulação, inclusive de seus equipamentos.
prazo de até doze meses a contar da data da publicação deste § 1º As normas técnicas para adaptação dos veículos e dos
Decreto. equipamentos de transporte coletivo aquaviário em
§ 2º A substituição da frota operante atual por veículos circulação, de forma a torná-los acessíveis, serão elaboradas
acessíveis, a ser feita pelas empresas concessionárias e pelas instituições e entidades que compõem o Sistema
permissionárias de transporte coletivo rodoviário, dar-se-á de Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial,
forma gradativa, conforme o prazo previsto nos contratos de e estarão disponíveis no prazo de até trinta e seis meses a
concessão e permissão deste serviço. contar da data da publicação deste Decreto.
§ 3º A frota de veículos de transporte coletivo rodoviário e § 2º As adaptações dos veículos em operação nos serviços
a infraestrutura dos serviços deste transporte deverão estar de transporte coletivo aquaviário, bem como os
totalmente acessíveis no prazo máximo de cento e vinte meses procedimentos e equipamentos a serem utilizados nestas
a contar da data de publicação deste Decreto. adaptações, estarão sujeitas a programas de avaliação de
§ 4º Os serviços de transporte coletivo rodoviário urbano conformidade desenvolvidos e implementados pelo INMETRO,
devem priorizar o embarque e desembarque dos usuários em a partir de orientações normativas elaboradas no âmbito da
nível em, pelo menos, um dos acessos do veículo. ABNT.

Art. 39. No prazo de até vinte e quatro meses a contar da Seção IV


data de implementação dos programas de avaliação de Da Acessibilidade no Transporte Coletivo
conformidade descritos no § 3o, as empresas concessionárias Metroferroviário e Ferroviário
e permissionárias dos serviços de transporte coletivo
rodoviário deverão garantir a acessibilidade da frota de Art. 42. A frota de veículos de transporte coletivo
veículos em circulação, inclusive de seus equipamentos. metroferroviário e ferroviário, assim como a infra-estrutura
§ 1º As normas técnicas para adaptação dos veículos e dos dos serviços deste transporte deverão estar totalmente
equipamentos de transporte coletivo rodoviário em acessíveis no prazo máximo de cento e vinte meses a contar da
circulação, de forma a torná-los acessíveis, serão elaboradas data de publicação deste Decreto.
pelas instituições e entidades que compõem o Sistema § 1º A acessibilidade nos serviços de transporte coletivo
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, metroferroviário e ferroviário obedecerá ao disposto nas
e estarão disponíveis no prazo de até doze meses a contar da normas técnicas de acessibilidade da ABNT.
data da publicação deste Decreto. § 2º No prazo de até trinta e seis meses a contar da data da
§ 2º Caberá ao Instituto Nacional de Metrologia, publicação deste Decreto, todos os modelos e marcas de
Normalização e Qualidade Industrial - INMETRO, quando da veículos de transporte coletivo metroferroviário e ferroviário
elaboração das normas técnicas para a adaptação dos veículos, serão fabricados acessíveis e estarão disponíveis para integrar
especificar dentre esses veículos que estão em operação quais a frota operante, de forma a garantir o seu uso por pessoas
serão adaptados, em função das restrições previstas no art. 98 portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
da Lei nº 9.503, de 1997.
§ 3º As adaptações dos veículos em operação nos serviços Art. 43. Os serviços de transporte coletivo
de transporte coletivo rodoviário, bem como os metroferroviário e ferroviário existentes deverão estar
procedimentos e equipamentos a serem utilizados nestas totalmente acessíveis no prazo máximo de cento e vinte meses
adaptações, estarão sujeitas a programas de avaliação de a contar da data de publicação deste Decreto.
conformidade desenvolvidos e implementados pelo Instituto

Direito das Pessoas com Deficiência 41


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§ 1º As empresas concessionárias e permissionárias dos para uso preferencial por pessoas portadoras de deficiência
serviços de transporte coletivo metroferroviário e ferroviário visual.
deverão apresentar plano de adaptação dos sistemas
existentes, prevendo ações saneadoras de, no mínimo, oito por Art. 48. Após doze meses da edição deste Decreto, a
cento ao ano, sobre os elementos não acessíveis que compõem acessibilidade nos portais e sítios eletrônicos de interesse
o sistema. público na rede mundial de computadores (internet), deverá
§ 2º O plano de que trata o § 1º deve ser apresentado em ser observada para obtenção do financiamento de que trata o
até seis meses a contar da data de publicação deste Decreto. inciso III do art. 2º.

Seção V Art. 49. As empresas prestadoras de serviços de


Da Acessibilidade no Transporte Coletivo Aéreo telecomunicações deverão garantir o pleno acesso às pessoas
portadoras de deficiência auditiva, por meio das seguintes
Art. 44. No prazo de até trinta e seis meses, a contar da data ações:
da publicação deste Decreto, os serviços de transporte coletivo I - no Serviço Telefônico Fixo Comutado - STFC, disponível
aéreo e os equipamentos de acesso às aeronaves estarão para uso do público em geral:
acessíveis e disponíveis para serem operados de forma a a) instalar, mediante solicitação, em âmbito nacional e em
garantir o seu uso por pessoas portadoras de deficiência ou locais públicos, telefones de uso público adaptados para uso
com mobilidade reduzida. por pessoas portadoras de deficiência;
Parágrafo único. A acessibilidade nos serviços de b) garantir a disponibilidade de instalação de telefones
transporte coletivo aéreo obedecerá ao disposto na Norma de para uso por pessoas portadoras de deficiência auditiva para
Serviço da Instrução da Aviação Civil NOSER/IAC - 2508-0796, acessos individuais;
de 1º de novembro de 1995, expedida pelo Departamento de c) garantir a existência de centrais de intermediação de
Aviação Civil do Comando da Aeronáutica, e nas normas comunicação telefônica a serem utilizadas por pessoas
técnicas de acessibilidade da ABNT. portadoras de deficiência auditiva, que funcionem em tempo
integral e atendam a todo o território nacional, inclusive com
Seção VI integração com o mesmo serviço oferecido pelas prestadoras
Das Disposições Finais de Serviço Móvel Pessoal; e
d) garantir que os telefones de uso público contenham
Art. 45. Caberá ao Poder Executivo, com base em estudos e dispositivos sonoros para a identificação das unidades
pesquisas, verificar a viabilidade de redução ou isenção de existentes e consumidas dos cartões telefônicos, bem como
tributo: demais informações exibidas no painel destes equipamentos;
I - para importação de equipamentos que não sejam II - no Serviço Móvel Celular ou Serviço Móvel Pessoal:
produzidos no País, necessários no processo de adequação do a) garantir a interoperabilidade nos serviços de telefonia
sistema de transporte coletivo, desde que não existam móvel, para possibilitar o envio de mensagens de texto entre
similares nacionais; e celulares de diferentes empresas; e
II - para fabricação ou aquisição de veículos ou b) garantir a existência de centrais de intermediação de
equipamentos destinados aos sistemas de transporte coletivo. comunicação telefônica a serem utilizadas por pessoas
Parágrafo único. Na elaboração dos estudos e pesquisas a portadoras de deficiência auditiva, que funcionem em tempo
que se referem o caput, deve-se observar o disposto no art. 14 integral e atendam a todo o território nacional, inclusive com
da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, integração com o mesmo serviço oferecido pelas prestadoras
sinalizando impacto orçamentário e financeiro da medida de Serviço Telefônico Fixo Comutado.
estudada. § 1º Além das ações citadas no caput, deve-se considerar o
estabelecido nos Planos Gerais de Metas de Universalização
Art. 46. A fiscalização e a aplicação de multas aos sistemas aprovados pelos Decretos nº 2.592, de 15 de maio de 1998, e
de transportes coletivos, segundo disposto no art. 6º, inciso II, 4.769, de 27 de junho de 2003, bem como o estabelecido pela
da Lei nº 10.048, de 2000, cabe à União, aos Estados, Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997.
Municípios e ao Distrito Federal, de acordo com suas § 2º O termo pessoa portadora de deficiência auditiva e da
competências. fala utilizado nos Planos Gerais de Metas de Universalização é
entendido neste Decreto como pessoa portadora de
CAPÍTULO VI deficiência auditiva, no que se refere aos recursos tecnológicos
DO ACESSO À INFORMAÇÃO E À COMUNICAÇÃO de telefonia.

Art. 47. No prazo de até doze meses a contar da data de Art. 50. A Agência Nacional de Telecomunicações -
publicação deste Decreto, será obrigatória a acessibilidade nos ANATEL regulamentará, no prazo de seis meses a contar da
portais e sítios eletrônicos da administração pública na rede data de publicação deste Decreto, os procedimentos a serem
mundial de computadores (internet), para o uso das pessoas observados para implementação do disposto no art. 49.
portadoras de deficiência visual, garantindo-lhes o pleno
acesso às informações disponíveis. Art. 51. Caberá ao Poder Público incentivar a oferta de
§ 1º Nos portais e sítios de grande porte, desde que seja aparelhos de telefonia celular que indiquem, de forma sonora,
demonstrada a inviabilidade técnica de se concluir os todas as operações e funções neles disponíveis no visor.
procedimentos para alcançar integralmente a acessibilidade, o
prazo definido no caput será estendido por igual período. Art. 52. Caberá ao Poder Público incentivar a oferta de
§ 2º Os sítios eletrônicos acessíveis às pessoas portadoras aparelhos de televisão equipados com recursos tecnológicos
de deficiência conterão símbolo que represente a que permitam sua utilização de modo a garantir o direito de
acessibilidade na rede mundial de computadores (internet), a acesso à informação às pessoas portadoras de deficiência
ser adotado nas respectivas páginas de entrada. auditiva ou visual.
§ 3º Os telecentros comunitários instalados ou custeados Parágrafo único. Incluem-se entre os recursos referidos no
pelos Governos Federal, Estadual, Municipal ou do Distrito caput:
Federal devem possuir instalações plenamente acessíveis e, I - circuito de decodificação de legenda oculta;
pelo menos, um computador com sistema de som instalado, II - recurso para Programa Secundário de Áudio (SAP); e

Direito das Pessoas com Deficiência 42


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APOSTILAS OPÇÃO

III - entradas para fones de ouvido com ou sem fio. Art. 59. O Poder Público apoiará preferencialmente os
congressos, seminários, oficinas e demais eventos científico-
Art. 53. Os procedimentos a serem observados para culturais que ofereçam, mediante solicitação, apoios humanos
implementação do plano de medidas técnicas previstos no art. às pessoas com deficiência auditiva e visual, tais como
19 da Lei no 10.098, de 2000, serão regulamentados, em tradutores e intérpretes de LIBRAS, ledores, guias-intérpretes,
norma complementar, pelo Ministério das Comunicações. ou tecnologias de informação e comunicação, tais como a
(Redação dada pelo Decreto nº 5.645, de 2005) transcrição eletrônica simultânea.
§ 1º O processo de regulamentação de que trata o caput
deverá atender ao disposto no art. 31 da Lei nº 9.784, de 29 de Art. 60. Os programas e as linhas de pesquisa a serem
janeiro de 1999. desenvolvidos com o apoio de organismos públicos de auxílio
§ 2º A regulamentação de que trata o caput deverá prever à pesquisa e de agências de financiamento deverão contemplar
a utilização, entre outros, dos seguintes sistemas de temas voltados para tecnologia da informação acessível para
reprodução das mensagens veiculadas para as pessoas pessoas portadoras de deficiência.
portadoras de deficiência auditiva e visual: Parágrafo único. Será estimulada a criação de linhas de
I - a subtitulação por meio de legenda oculta; crédito para a indústria que produza componentes e
II - a janela com intérprete de LIBRAS; e equipamentos relacionados à tecnologia da informação
III - a descrição e narração em voz de cenas e imagens. acessível para pessoas portadoras de deficiência.
§ 3º A Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa
Portadora de Deficiência - CORDE da Secretaria Especial dos CAPÍTULO VII
Direitos Humanos da Presidência da República assistirá o DAS AJUDAS TÉCNICAS
Ministério das Comunicações no procedimento de que trata o
§ 1º. (Redação dada pelo Decreto nº 5.645, de 2005) Art. 61. Para os fins deste Decreto, consideram-se ajudas
técnicas os produtos, instrumentos, equipamentos ou
Art. 54. Autorizatárias e consignatárias do serviço de tecnologia adaptados ou especialmente projetados para
radiodifusão de sons e imagens operadas pelo Poder Público melhorar a funcionalidade da pessoa portadora de deficiência
poderão adotar plano de medidas técnicas próprio, como ou com mobilidade reduzida, favorecendo a autonomia
metas antecipadas e mais amplas do que aquelas as serem pessoal, total ou assistida.
definidas no âmbito do procedimento estabelecido no art. 53. § 1º Os elementos ou equipamentos definidos como ajudas
técnicas serão certificados pelos órgãos competentes, ouvidas
Art. 55. Caberá aos órgãos e entidades da administração as entidades representativas das pessoas portadoras de
pública, diretamente ou em parceria com organizações sociais deficiência.
civis de interesse público, sob a orientação do Ministério da § 2º Para os fins deste Decreto, os cães-guia e os cães-guia
Educação e da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, por de acompanhamento são considerados ajudas técnicas.
meio da CORDE, promover a capacitação de profissionais em
LIBRAS. Art. 62. Os programas e as linhas de pesquisa a serem
desenvolvidos com o apoio de organismos públicos de auxílio
Art. 56. O projeto de desenvolvimento e implementação da à pesquisa e de agências de financiamento deverão contemplar
televisão digital no País deverá contemplar obrigatoriamente temas voltados para ajudas técnicas, cura, tratamento e
os três tipos de sistema de acesso à informação de que trata o prevenção de deficiências ou que contribuam para impedir ou
art. 52. minimizar o seu agravamento.
Parágrafo único. Será estimulada a criação de linhas de
Art. 57. A Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão crédito para a indústria que produza componentes e
Estratégica da Presidência da República editará, no prazo de equipamentos de ajudas técnicas.
doze meses a contar da data da publicação deste Decreto,
normas complementares disciplinando a utilização dos Art. 63. O desenvolvimento científico e tecnológico voltado
sistemas de acesso à informação referidos no § 2º do art. 53, para a produção de ajudas técnicas dar-se-á a partir da
na publicidade governamental e nos pronunciamentos oficiais instituição de parcerias com universidades e centros de
transmitidos por meio dos serviços de radiodifusão de sons e pesquisa para a produção nacional de componentes e
imagens. equipamentos.
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no caput e Parágrafo único. Os bancos oficiais, com base em estudos
observadas as condições técnicas, os pronunciamentos oficiais e pesquisas elaborados pelo Poder Público, serão estimulados
do Presidente da República serão acompanhados, a conceder financiamento às pessoas portadoras de deficiência
obrigatoriamente, no prazo de seis meses a partir da para aquisição de ajudas técnicas.
publicação deste Decreto, de sistema de acessibilidade
mediante janela com intérprete de LIBRAS. Art. 64. Caberá ao Poder Executivo, com base em estudos
e pesquisas, verificar a viabilidade de:
Art. 58. O Poder Público adotará mecanismos de incentivo I - redução ou isenção de tributos para a importação de
para tornar disponíveis em meio magnético, em formato de equipamentos de ajudas técnicas que não sejam produzidos no
texto, as obras publicadas no País. País ou que não possuam similares nacionais;
§ 1º A partir de seis meses da edição deste Decreto, a II - redução ou isenção do imposto sobre produtos
indústria de medicamentos deve disponibilizar, mediante industrializados incidente sobre as ajudas técnicas; e
solicitação, exemplares das bulas dos medicamentos em meio III - inclusão de todos os equipamentos de ajudas técnicas
magnético, braile ou em fonte ampliada. para pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
§ 2º A partir de seis meses da edição deste Decreto, os reduzida na categoria de equipamentos sujeitos a dedução de
fabricantes de equipamentos eletroeletrônicos e mecânicos de imposto de renda.
uso doméstico devem disponibilizar, mediante solicitação, Parágrafo único. Na elaboração dos estudos e pesquisas a
exemplares dos manuais de instrução em meio magnético, que se referem o caput, deve-se observar o disposto no art. 14
braile ou em fonte ampliada. da Lei Complementar nº 101, de 2000, sinalizando impacto
orçamentário e financeiro da medida estudada.

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APOSTILAS OPÇÃO

Art. 65. Caberá ao Poder Público viabilizar as seguintes barreiras arquitetônicas e urbanísticas, nos transportes e na
diretrizes: comunicação e informação devidamente adequadas às
I - reconhecimento da área de ajudas técnicas como área exigências deste Decreto.
de conhecimento;
II - promoção da inclusão de conteúdos temáticos Art. 70. O art. 4º do Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro
referentes a ajudas técnicas na educação profissional, no de 1999, passa a vigorar com as seguintes alterações:
ensino médio, na graduação e na pós-graduação; "Art. 4º ...
III - apoio e divulgação de trabalhos técnicos e científicos I - deficiência física - alteração completa ou parcial de um
referentes a ajudas técnicas; ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o
IV - estabelecimento de parcerias com escolas e centros de comprometimento da função física, apresentando-se sob a
educação profissional, centros de ensino universitários e de forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia,
pesquisa, no sentido de incrementar a formação de tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia,
profissionais na área de ajudas técnicas; e hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro,
V - incentivo à formação e treinamento de ortesistas e paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade
protesistas. congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as
que não produzam dificuldades para o desempenho de
Art. 66. A Secretaria Especial dos Direitos Humanos funções;
instituirá Comitê de Ajudas Técnicas, constituído por II - deficiência auditiva - perda bilateral, parcial ou total, de
profissionais que atuam nesta área, e que será responsável quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma
por: nas frequências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz;
I - estruturação das diretrizes da área de conhecimento; III - deficiência visual - cegueira, na qual a acuidade visual
II - estabelecimento das competências desta área; é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor
III - realização de estudos no intuito de subsidiar a correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual
elaboração de normas a respeito de ajudas técnicas; entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica;
IV - levantamento dos recursos humanos que atualmente os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em
trabalham com o tema; e ambos os olhos for igual ou menor que 60º; ou a ocorrência
V - detecção dos centros regionais de referência em ajudas simultânea de quaisquer das condições anteriores;
técnicas, objetivando a formação de rede nacional integrada. IV - ...
§ 1º O Comitê de Ajudas Técnicas será supervisionado pela d) utilização dos recursos da comunidade;
CORDE e participará do Programa Nacional de Acessibilidade,
com vistas a garantir o disposto no art. 62. Art. 71. Ficam revogados os arts. 50 a 54 do Decreto nº
§ 2º Os serviços a serem prestados pelos membros do 3.298, de 20 de dezembro de 1999.
Comitê de Ajudas Técnicas são considerados relevantes e não
serão remunerados. Art. 72. Este Decreto entra em vigor na data da sua
publicação.
CAPÍTULO VIII
DO PROGRAMA NACIONAL DE ACESSIBILIDADE Questões

Art. 67. O Programa Nacional de Acessibilidade, sob a 01. Segundo o Decreto n. 5.296, de 02 de dezembro de
coordenação da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, por 2004,
intermédio da CORDE, integrará os planos plurianuais, as (A) Art. 55. Caberá aos órgãos e entidades da
diretrizes orçamentárias e os orçamentos anuais. administração pública, ... , promover a capacitação de
profissionais em WEBSIGN.
Art. 68. A Secretaria Especial dos Direitos Humanos, na (B) Art. 47. ... será obrigatória a acessibilidade nos
condição de coordenadora do Programa Nacional de programas e sítios eletrônicos da administração pública na
Acessibilidade, desenvolverá, dentre outras, as seguintes rede mundial de computadores (internet), para o uso das
ações: pessoas portadoras de deficiência física, ... .
I - apoio e promoção de capacitação e especialização de (C) Art. 47. ... será obrigatória a acessibilidade nos portais
recursos humanos em acessibilidade e ajudas técnicas; e sítios eletrônicos da administração pública na rede mundial
II - acompanhamento e aperfeiçoamento da legislação de computadores (internet), para o uso das pessoas
sobre acessibilidade; portadoras de deficiência visual, ...
III - edição, publicação e distribuição de títulos referentes (D) Art. 47. ... será obrigatória a usabilidade nos portais e
à temática da acessibilidade; sítios eletrônicos da administração pública na rede mundial de
IV - cooperação com Estados, Distrito Federal e Municípios computadores (internet), para o uso das pessoas portadoras
para a elaboração de estudos e diagnósticos sobre a situação de deficiência auditiva,.
da acessibilidade arquitetônica, urbanística, de transporte, (E) Art. 55. Caberá aos órgãos e entidades da
comunicação e informação; administração pública e privada, ... , promover a capacitação de
V - apoio e realização de campanhas informativas e profissionais de organizações não-governamentais em
educativas sobre acessibilidade; LIBRAS.
VI - promoção de concursos nacionais sobre a temática da
acessibilidade; e 02. Considerando as condições gerais da acessibilidade
VII - estudos e proposição da criação e normatização do dispostas no Decreto n.º 5.296/2004, assinale a opção correta.
Selo Nacional de Acessibilidade. (A) Ajuda técnica consiste na concepção de espaços,
artefatos e produtos que visem atender simultaneamente a
CAPÍTULO IX todas as pessoas, independentemente de suas características
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS antropométricas e sensoriais.
(B) Definem-se como barreiras, nas edificações, as
Art. 69. Os programas nacionais de desenvolvimento existentes nas vias públicas e nos espaços de uso público.
urbano, os projetos de revitalização, recuperação ou
reabilitação urbana incluirão ações destinadas à eliminação de

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(C) Considera-se elemento da urbanização o conjunto de


objetos existentes nas vias e espaços públicos adicionado à
edificação.
(D) Edificações de uso público são aquelas destinadas à 6 Reserva de cargos e empregos
habitação, classificadas como unifamiliar ou multifamiliar. públicos estaduais para pessoas
(E) As edificações destinadas às atividades de natureza com deficiência. Acesso à justiça.
comercial e hoteleira são de uso coletivo.
O Ministério Público. A ação civil
03. Consoante o Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de pública para a tutela jurisdicional
1999, atualizado com redação dada pelo Decreto nº dos interesses difusos, coletivos e
5.296/2004, é considerada pessoa portadora de deficiência a
que se enquadra em: individuais indisponíveis ou
(A) deficiência auditiva – perda unilateral ou bilateral, homogêneos das pessoas com
parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, deficiência. A ação civil pública
aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz,
2.000Hz e 3.000Hz. para a tutela jurisdicional dos
(B) deficiência mental – funcionamento intelectual direitos individuais das pessoas
significativamente inferior à média, manifesto em qualquer portadores de deficiência.
idade, e limitações associadas a duas ou mais áreas de
habilidades adaptativas, entre as quais, comunicação, cuidado
pessoal, habilidades acadêmicas e trabalho.
(C) deficiência visual – os casos nos quais a somatória da
medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou maior RESERVA DE CARGOS E EMPREGOS PÚBLICOS PARA
que 60°. PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
(D) deficiência visual – a baixa visão, que significa acuidade
visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção A Constituição Federal em seu art. 37, II, dispõe que “a
óptica. investidura em cargo ou emprego público depende de
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas
04. Tomando como base o Decreto n. o 5.296, de 2 de e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo
dezembro de 2004, que contém recomendações de ou emprego, na forma prevista em lei (...)”.
acessibilidade para a construção e adaptação de conteúdo do
governo brasileiro na Internet, é correto afirmar que Dando concretude ao mandamento constitucional, a Lei nº
(A) os sítios eletrônicos acessíveis às pessoas portadoras 8.112/1990 (Estatuto do Servidor Público Federal) trata em
de deficiência conterão símbolo que represente a seu art. 10 que “a nomeação para cargo de carreira ou cargo
acessibilidade na rede mundial de computadores (Internet). isolado de provimento efetivo depende de prévia habilitação
(B) os sítios eletrônicos acessíveis às pessoas portadoras em concurso público de provas ou de provas e títulos,
de deficiência conterão link apontando para página com obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua validade”.
procedimentos a serem seguidos para prover a acessibilidade.
(C) será obrigatória a acessibilidade nos portais e sítios A Lei 8.112/90 ao reproduzir a obrigatoriedade da
eletrônicos da administração pública na rede mundial de realização de concurso público, já prevista na Constituição
computadores (Internet), para o uso das pessoas portadoras Federal, previu também os requisitos básicos para investidura
de deficiência auditiva, no prazo de até doze meses a contar da em cargos públicos, que são eles: o dever de pagamento, pelo
data de publicação do Decreto n. o 5.296. candidato, do valor de inscrição previsto no edital, ressalvadas
(D) os sítios eletrônicos acessíveis às pessoas portadoras as hipóteses de isenção nele previstas (artigo 11); o prazo
de deficiência visual conterão procedimentos no formato de máximo de validade dos concursos (artigo 12, caput); a forma
arquivos de áudio. de publicação do edital (artigo 12, §1º); a vedação de abertura
(E) será obrigatória a acessibilidade nos portais e sítios de novo concurso enquanto houver candidato aprovado em
eletrônicos da administração pública na rede mundial de concurso anterior, cuja validade não tiver expirado (artigo 12,
computadores (Internet), para o uso das pessoas portadoras §2º) e o direito das pessoas portadoras de deficiência de
de qualquer tipo de deficiência, no prazo de até vinte e quatro participarem dos certames, destinando-lhes percentual
meses a contar da data de publicação do Decreto n. o 5.296. máximo de reserva de vagas (artigo 5º, §2º).

05. Para os fins de acessibilidade, o Decreto nº Segundo o art. 5º, §2º, Lei 8.112:
5.296/2004, considera qualquer entrave ou obstáculo “§ 2º Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o
existente nas vias públicas e nos espaços de uso público são direito de se inscrever em concurso público para provimento de
denominadas barreiras cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de
(A) urbanísticas. que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20%
(B) nas edificações. (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.” (grifo
(C) nos transportes. nosso)
(D) nas informações.
(E) nas comunicações. O direito à reserva de vagas foi regulamentado pelo
Decreto nº 3.298/1999, que dispõe sobre a “Política Nacional
Respostas para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência”.
01. C. / 02. E. / 03. D. / 04. A. / 05. A.
Segundo o artigo 37 desse Decreto às pessoas portadoras
de deficiência o direito de se inscreverem em concurso
público, em igualdade de condições com os demais candidatos,
para o provimento de cargos cujas atribuições sejam
compatíveis com suas deficiências, reservando-lhes, no
mínimo, 5% (cinco por cento) das vagas do concurso.

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Assim, enquanto o artigo 5º, § 2º, da Lei nº 8.112/1990 v. O órgão responsável pela realização do concurso terá a
estipula o percentual máximo de vagas que deve ser destinado assistência de equipe multiprofissional composta de três
aos candidatos portadores de deficiência, fixando-o em 20% profissionais capacitados e atuantes nas áreas das deficiências
(vinte por cento), o artigo 37 do Decreto nº 3.298/1999 em questão, sendo um deles médico, e três profissionais
estipula o percentual mínimo, fixando-o em 5% (cinco por integrantes da carreira almejada pelo candidato (art. 43,
cento). caput);
vi. A equipe multiprofissional emitirá parecer observando
Caso a aplicação desse percentual resulte em número (i) as informações prestadas pelo candidato no ato da
fracionado, este deve ser elevado até o número inteiro inscrição;(ii) a natureza das atribuições e tarefas essenciais do
subsequente (art. 37, § 2º, do Decreto), desde que não cargo ou da função a desempenhar; (iii) a viabilidade das
ultrapassasse o máximo legal de 20% (vinte por cento), condições de acessibilidade e as adequações do ambiente de
conforme previsto no artigo 5º, § 2º, da Lei nº 8.112/1990. trabalho na execução das tarefas; (iv) a possibilidade de uso,
pelo candidato, de equipamentos ou outros meios que
Feitas essas considerações, tem-se que, se em determinado habitualmente utilize; e (v) a CID e outros padrões
concurso público forem previstas 20 (vinte) vagas para reconhecidos nacional e internacionalmente (art. 43, §1º);
determinado cargo, aos candidatos portadores de deficiência vii. A equipe multiprofissional avaliará a compatibilidade
deverão ser reservadas, no mínimo, 1 (uma) vaga - que entre as atribuições do cargo e a deficiência do candidato
corresponde a 5% (cinco por cento) - e, no máximo, 4 (quatro) durante o estágio probatório (art. 43, § 2º);
vagas - que corresponde a 20% (vinte por cento) -, a critério viii. A análise dos aspectos relativos ao potencial de
do edital. trabalho do candidato portador de deficiência obedecerá ao
disposto no art. 20 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990
Assim, nesse concurso, poderão ser reservadas aos (art. 44).
candidatos portadores de deficiência 1 (uma), 2 (duas), 3
(três) ou 4 (quatro) vagas, o que deve ser definido pelo ACESSO À JUSTIÇA
idealizador do concurso público, no edital.
Para a confecção desse tema iremos nos basear em artigo
Já num concurso em que forem oferecidas apenas 5 (cinco) publicado por Izaias Branco da Silva Colino – “O acesso à
vagas para determinado cargo, aos candidatos portadores de Justiça das pessoas com deficiência”.
deficiência deverá ser reservada, necessariamente, 1 (uma)
vaga, que corresponde a 20% (vinte por cento) das vagas A pessoa com deficiência foi por muito tempo privada de
ofertadas. Nesse caso, o percentual máximo é o que deverá ser qualquer tutela por parte do Estado. Foi somente a partir da
aplicado pois impossível seria a aplicação de qualquer outro. Constituição de 1934 que se iniciou um processo em busca dos
direitos das pessoas com deficiência.
Se, no entanto, em determinado concurso público
existirem, apenas, 4 (quatro) vagas para determinado cargo Mister se faz afirmar que acesso à justiça não é acesso físico
público, ou um número de vagas ainda menor (três, duas ou aos tribunais, que são prédios públicos, e para tanto podem ser
uma), então não poderá haver reserva de vagas aos candidatos visitados por todos os brasileiros, desde que preenchidos
portadores de deficiência, pois, nesses casos, 1 (uma) vaga alguns requisitos.
sequer já corresponderia a um percentual de reserva maior
que os 20% permitidos pela Lei nº 8.112/1990. O acesso à justiça de uma maneira resumida é o conjunto
de instrumentos que possibilitam aos cidadãos o acesso ao
Mesmo nesses casos, porém, caso ocorra a abertura de Poder Judiciário, sendo que este é um direito fundamental em
novas vagas dentro do prazo de validade do concurso, o edital todo Estado Democrático de Direito.
deve garantir, no mínimo, a reserva de 5% (cinco por cento) às
pessoas portadoras de deficiência. Isto porque inexiste norma constitucional sem um mínimo
de eficácia e o que torna inafastável do Poder Judiciário
Faz-se importante destacar ainda, as seguintes garantias qualquer lesão ou ameaça de direito (ARAÚJO, 1997, P. 99).
estabelecidas aos candidatos portadores de deficiências, nos
artigos 40 a 44 do Decreto nº 3.298/1999: Estes instrumentos supracitados, que são oferecidos pelos
i. No ato da inscrição, o candidato portador de deficiência Estado aos cidadãos se referem aos elementos necessários
que necessite de tratamento diferenciado nos dias do concurso para trazer ao processo efetividade, o que de acordo com um
deverá requerê-lo, no prazo determinado em edital, indicando dos princípios informativos do processo se trata de trazer
as condições diferenciadas de que necessita para a realização pacificação social com o menor sacrifício possível.
das provas (art. 40, §1º);
ii. O candidato portador de deficiência que necessitar de O acesso à justiça também pode ser considerado como a
tempo adicional para realização das provas deverá requerê-lo, forma existente de se recorrer ao sistema jurídico em busca de
com justificativa acompanhada de parecer emitido por reparação contra a violação dos direitos.
especialista da área de sua deficiência, no prazo estabelecido
no edital do concurso (art. 40, § 2º); Mas para que essa busca de reparação, de pacificação
iii. A pessoa portadora de deficiência, resguardadas as social, possa ser totalmente atingida é preciso que se entenda
condições especiais previstas no Decreto, participará de os elementos existentes nesse “caminho”.
concurso em igualdade de condições com os demais
candidatos no que concerne ao conteúdo das provas; à O primeiro ponto a ser analisado se refere ao ingresso em
avaliação e aos critérios de aprovação; ao horário e ao local de juízo propriamente dito. Isto porque, por mais que se difunda
aplicação das provas; e à nota mínima exigida para todos os os meios, é preciso que se elimine os óbices econômicos, físicos
demais candidatos (art. 41); e até mesmo culturais para que o tutelado possa demandar ou
iv. A publicação do resultado final do concurso será feita se defender em juízo, para que assim o direito fundamental do
em duas listas, contendo, a primeira, a pontuação de todos os acesso à justiça integral e gratuito previsto em nossa Magna
candidatos, inclusive a dos portadores de deficiência, e a Carta (art. 5º, inciso LXXIV) seja de fato oferecido ao povo.
segunda, somente a pontuação destes últimos (art. 42);

Direito das Pessoas com Deficiência 46


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A assistência judiciária gratuita para aqueles Para que o acesso à justiça seja efetivo é necessário que o
hipossuficientes economicamente com certeza é um dos maior número de pessoas seja admitido a demandar e a se
acertos de nossa legislação com o fim de conceder acesso à defender de maneira correta e formal e obtenham do judiciário
justiça à todos aqueles que entendam ter um direito lesado. efetividade em suas decisões.

Afinal, em nosso ordenamento e na maior parte das A tutela Estatal deve realizar e julgar os direitos aos
sociedades contemporâneas, é fundamental a existência de um cidadãos e o referido está previsto na Constituição Federal,
advogado no processo para interpretar o direito e as leis. mais precisamente no artigo 5º, incisos XXXV e LXXVIII, que
tem a seguinte redação:
E em todos estes Estados existe uma parcela da população
que não tem condições de arcar com sua própria subsistência, “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
quiçá com o pagamento de advogado e custas processuais. qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
Nestes casos, os Estados, cumprindo até mesmo com uma vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
função social tem arcado com o pagamento dos causídicos, e termos seguintes:
isentados os litigantes hipossuficientes do pagamento das XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
custas processuais. lesão ou ameaça a direito;
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
No Brasil os estados membros oferecem assistência assegurados a razoável duração do processo e os meios que
judiciária gratuita através da defensoria pública ou de garantam a celeridade de sua tramitação.” (Incluído pela
convênios realizados com Ordem dos Advogados do Brasil. Emenda Constitucional nº 45, de 2004).

Essa forma de atuação do Estado busca romper de certa Importante salientar que em nossa sociedade existe a
forma as barreiras ao acesso individual à justiça, buscando de vedação da autotutela, o que reforça a importância do acesso à
alguma forma mitigar a desinformação jurídica pessoal dos justiça e do direito de ação.
hipossuficientes.
Assim, mais uma vez resumidamente percebemos que com
Porém o sistema adotado não é totalmente eficaz, haja o acesso à justiça se busca intensamente a pacificação social
vista que mesmo o serviço jurídico estando a disposição de com justiça, através dos meios legais.
todos, não significa necessariamente que aquele que teve o seu
direito lesado sabe desta lesão ou reúne condições de buscar O Acesso à Justiça do Deficiente.
ajuda. De início cabe-nos alerta-los que nesse item iremos focar
apenas no direito individual do deficiente e não nas tutelas
Acesso à justiça se trata de um conceito que coletivas.
necessariamente deve estar atrelado ao progresso e a
evolução da sociedade, e tal como qual deve evoluir, buscando O acesso à justiça do deficiente não envolve somente as
sempre novos mecanismos para a representação dos questões processuais, como há existência de interesse de agir,
interesses “públicos”. possibilidade jurídica do pedido e legitimidade de partes ou
mesmo ataques a omissões legislativas que lhe causem
Representação legal não é único enfoque que o acesso à prejuízo. Este acesso envolve inclusive capacidade econômica,
justiça engloba, afinal de maneira contemporânea temos física e mental de litígio.
enfrentando verdadeiro desafio de buscar formas de aplicar a
todos os indivíduos uma justiça mais igualitária. Afinal o deficiente como o já amplamente discutido tem
uma condição extremamente vulnerável e até mesmo
O que se busca são formas de que a capacidade econômica hipossuficiente diante das situações que lhe apresentam o dia
do litigante não seja tão relevante para que o mesmo obtenha a dia.
êxito em sua demanda.
Vejamos como exemplo o caso de um deficiente físico que
O que sabe é que o sistema existente não é totalmente livre não consegue ingresso no já disputado mercado de trabalho.
de vícios, mas de fato as políticas públicas aplicadas pelos Seria justo exigir dele custas processuais ou mesmo lhe aplicar
governantes têm de fato levado o acesso à justiça à uma o ônus da sucumbência em caso de revés?
evolução, embora o mesmo ainda não seja pleno.
Um deficiente mental ou mesmo físico, já com as sérias
O devido processo legal e o princípio do contraditório dificuldades que o dia a dia lhe oferece não mereceria
também devem ser observados e cumpridos, para que o acesso prioridade de tramitação tal qual os idosos?
à justiça, tal qual como aqui explicado, seja de fato assegurado,
para que o magistrado possa de maneira participativa resolver O deficiente mental que tem um direito tolhido, a quem
a lide. poderá recorrer para ingressar em juízo?

Magistrado este que deve apreciar as provas produzidas na As perguntas acima são elucidativas, isto porque aqui não
lide e enquadrar os fatos em nosso ordenamento, se pretende comprovar que a proteção ordinária existente não
resguardando o direito material, buscando de maneira permite a utilização de qualquer medida ou processo existente
absoluta a justiça. em nosso ordenamento, o que se pretende discutir é se as
medidas existentes trazem ou não efetividade ao deficiente, e
Porém, é necessário que a decisão aplicada no caso para tanto lhe conferem efeito acesso à justiça.
concreto seja útil, e utilizando o velho brocardo jurídico temos
que quem tem direito deve receber tudo aquilo e precisamente Tanto é verdade que eventual acesso ao Poder Judiciário
aquilo que tem direito de obter, nada mais. ou defesa processual de interesses de pessoa com deficiência
também pode ocorrer contra o Estado, ou qualquer ente que
lhe impeça o exercício regular de um direito.

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Todavia aqui não se pretende minimizar e importante Afinal, quando uma pessoa portadora de deficiência e que
abrangência e atuação do Ministério Público e das associações. se utiliza de uma cadeira de rodas ou de muletas, por exemplo,
e se vê diante de uma grande escadaria, que é o único acesso
As associações de defesa dos deficientes constituem um ao interior de um fórum de justiça. Essa escadaria é chamada
grupo grande, fundamental para nossa sociedade, tão carente de barreira arquitetônica, que pra ele, deficiente, é
de políticas públicas para o deficiente, e legitimado legalmente intransponível, o que, no mínimo, o afasta de uma livre busca
para representar os seus associados em juízo. a justiça.

Já o Ministério Público, por força do artigo 129, inciso III, Atualmente não existe nem um processo judicial sequer,
da Constituição Federal, está expressamente autorizado a mesmo tendo um de seus litigantes comprovadamente
litigar como autor para defender os interesses dos deficientes. deficiente visual, traduzido para o braile, o que de fato é um
óbice para o acesso à justiça deste deficiente.
Mas fica a pergunta, as associações e o Ministério Público
são suficientes para garantir o acesso à justiça de todos os As deficiências muitas vezes podem gerar uma
deficientes? E mais, o acesso à justiça do deficiente hoje ocorre incapacidade de ver, falar, ouvir, deslocar-se, ou mesmo de
de maneira satisfatória? interpretar certos tipos de informação, e estas dificuldades
devem ser levadas em conta pelos responsáveis das políticas
Ademais não podemos nos furtar de analisar a necessidade públicas de acesso à justiça para que os mesmos possam de
de adaptação de algumas normas processuais ao tipo de litígio, fato ter o seu acesso garantido.
que no nosso caso se refere especificamente ao deficiente.
A criação de órgãos de controle como o CONADE (Conselho
Afinal cada litígio possui suas próprias peculiaridades, e da Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência), que
mesma forma cada caso possui diferentes barreiras ao acesso é um órgão colegiado criado para acompanhar e avaliar o
à justiça e por consequência temos soluções diferentes. desenvolvimento de uma política nacional para a inclusão da
pessoa com deficiência, não atende por completo ao acesso à
Conforme o já citado alhures percebemos muitas políticas justiça do deficiente.
públicas no sentido de facilitar o dia a dia do deficiente, tais
como restituição de Imposto de Renda, vagas específicas em Ressalta-se que o CONADE faz parte da estrutura básica da
concursos públicos, leis de acessibilidade aos prédios públicos Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da
entre outras, mas de fato verificamos pequena ou quase República, criado pela lei 10.683/03, em seu artigo 24º,
nenhuma atuação governamental no sentido de facilitar ao parágrafo único.
deficiente efetivo acesso à justiça.
Dentre as competências do CONADE esta a propositura e
Nesse sentido ressaltamos que o decreto nº 6.949, de 25 de realização de campanhas visando à promoção dos direitos da
agosto de 2009, que promulgou a Convenção Internacional pessoa com deficiência, e entre estes direitos com certeza está
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo o acesso à justiça.
Facultativo, assinada em Nova York, em 30 de março de 2007,
que tem valor de emenda constitucional, em razão do §3, do Além da ausência de políticas públicas efetivas para
artigo 5º da Constituição Federal, que em seu artigo 13º, que garantir o acesso à justiça do deficiente, também devemos
possui a seguinte redação: levar em consideração nessa análise os óbices colocados aos
“1- Os Estados Partes deverão assegurar o efetivo acesso das deficientes pela legislação vigente.
pessoas com deficiência à justiça, em igualdade de condições
com as demais pessoas, inclusive mediante a provisão de Um exemplo do aludido está no teor do artigo 192, do
adaptações processuais e conformes com a idade, de facilitar seu Código de Processo Penal, que tem a seguinte redação:
efetivo papel como participantes diretos ou indiretos, inclusive
como testemunhas, em todos os procedimentos jurídicos, tais “Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-
como investigações e outras etapas preliminares. mudo será feito pela forma seguinte:
2- de assegurar às pessoas com deficiência o efetivo acesso à I – ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas,
justiça. Os Estados Partes deverão promover a capacitação que ele responderá oralmente;
apropriada daqueles que trabalham na área de administração II – ao mudo as perguntas serão feitas oralmente,
da justiça, inclusive polícia e pessoal prisional.” respondendo-as por escrito;
III – ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por
Deixa bem claro a responsabilidade do governo brasileiro escrito e do mesmo modo dará as respostas.
de garantir em seu território acesso à justiça de maneira Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba ler ou
efetiva a todos os deficientes. escrever, intervirá no ato, como intérprete e sob compromisso,
pessoa habilitada a entendê-lo.”
O fato é que no Brasil o acesso à justiça efetivo ao deficiente
ainda está no papel, e está análise é relativamente simples O exemplo utilizado contém impropriedades que devem
quando nos focamos por exemplo na expressão urgentemente serem alteradas sobre as formas de
“acessibilidade”, que está presente nas diversificadas áreas da interrogatório da pessoa surda (do surdo-mudo: perguntas e
atividade governamental e tem um importante significado. respostas formuladas por escrito).

Ela representa de uma maneira geral não só o direito de É clarividente a maneira inapropriada em que a legislação
que a pessoa possa litigar em juízo, mas também o direito de aborda o tema, especialmente a pessoa surda, ao passo de que
serem rompidas as barreiras arquitetônicas, de a própria lei já sentencia que a pessoa surda não sabe falar, o
disponibilidade de comunicação, de acesso físico, de que não é uma verdade absoluta.
equipamentos e programas adequados, e treinamento do
pessoal para lidar com a referida situação. É sempre bom lembrar que a Língua Brasileira de Sinais –
LIBRAS (Lei 10.436/02) é reconhecida como meio legal de
comunicação e expressão da comunidade surda, portanto ela

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poderá não saber a língua portuguesa para poder responder a Deve ainda o Ministério Público zelar para que os Poderes
formulação de perguntas por escrito. Daí a imposição de Públicos e os serviços de relevância pública observem os
existência de pessoal habilitado em interpretar a língua de direitos e os princípios constitucionais de proteção às pessoas
sinais para o atendimento à pessoa surda, que faça uso dessa portadoras de deficiência, como o acesso a edifícios públicos,
forma de expressão para se comunicar. ou privados mas destinados a uso público, ou o preenchimento
de empregos públicos. Na esfera da ação civil pública, podem
A inexistência de pessoa habilitada para interpretar e ainda ser ajuizadas medidas judiciais relacionadas com
traduzir a língua dos sinais em processo que envolva pessoa educação, saúde, transportes, edificações, bem como com a
surda de fato tolhe o acesso à justiça dessa pessoa, afinal qual área ocupacional ou de recursos humanos. Para tanto, o
a capacidade desta pessoa em poder formular um processo, Ministério Público dispõe de vários instrumentos, como
depor ou ainda ser testemunha? inquérito civil, compromissos de ajustamento, audiências
públicas, expedição de recomendações, ação civil pública, ação
As leis da acessibilidade impõem aos órgãos públicos de penal pública.
atendimento, principalmente aos órgãos que administram a Em ação civil pública ou coletiva que verse interesses
justiça, que disponibilizem o intérprete de LIBRAS para o ligados à defesa das pessoas portadoras de deficiência,
interrogatório de pessoa surda para viabilizar a adequada havendo carência ou improcedência, impõe-se o obrigatório
comunicação. duplo grau de jurisdição.

Mister se faz a necessidade deste dispositivo, como de Referências:


https://jus.com.br/artigos/29900/da-reserva-de-vagas-aos-candidatos-
outros similares e retrógrados que existem em nossa portadores-de-deficiencia-nos-concursos-publicos.
legislação. http://ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id
=12697.
Na bem da verdade é que tanto o Poder Judiciário, o http://www.mazzilli.com.br/pages/artigos/mpconstdef.pdf
CONADE, e o Estado brasileiro de uma maneira ampla
precisam promover atos que favoreçam e contribuam para a A AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA A TUTELA
independência das pessoas, e o acesso à justiça está JURISDICIONAL DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
intimamente ligado a este tema, haja vista que ele é pilar
fundamental para a manutenção do nosso Estado Democrático A Lei 7.853/89 em seu art. 3º prevê a legitimidade ativa do
de Direito. Ministério Público para a propositura de ações civis públicas
destinadas à proteção de interesses coletivos ou difusos das
Promover a inclusão das pessoas portadoras de deficiência pessoas portadoras de deficiência.
é, dentre outras coisas, permitir que as mesmas possam agir A previsão contempla a legitimidade do Ministério Público,
por si próprias, quando apresentam capacidade civil plena da União, Estados, Municípios e Distrito Federal, das
para tanto. associações constituídas há mais de um ano, nos termos da lei
civil (apesar de omissão legislativa, aplica-se a regra do art. 82,
Entretanto, também é função estatal tutelar aquele § 1º, do CDC), das autarquias, das empresas públicas, das
hipossuficiente e/ou incapacitado para tanto, seja fundações e das sociedades de economia mista. Impõe-se
processualmente, ou criando condições de acesso. também a pertinência temática, exigindo que esteja incluída
entre as finalidades institucionais da pessoa jurídica – de
A isonomia deve ser observada de maneira relativa para direito privado e público – a proteção das pessoas portadoras
que de fato exista igualdade de condições. de deficiência.

E no que se refere ao acesso à justiça do deficiente temos Os legitimados para a propositura de ação civil pública em
que no Brasil existem uma série de interesses e boas intenções favor das pessoas com deficiência são os mesmos previstos na
para que o mesmo exista de fato, mas infelizmente nossas lei de ação civil pública.
políticas e públicas e legislações são ineficazes no propósito de
garantir acesso à justiça ao deficiente. Com o julgamento da ADI 3943 não há mais
questionamentos quanto a legitimidade também da
A PESSOA COM DEFICIÊNCIA E O MINISTÉRIO Defensoria Pública na tutela dos direitos difusos, coletivos e
PÚBLICO individuais.

Vamos nos basear em artigo publicado pelo ilustre O procedimento dessa ação civil pública é praticamente
doutrinador Hugo Nigro Mazzilli. idêntico ao previsto na Lei da Ação Civil Pública. Uma
novidade, que não existe nas demais ações civis públicas, é o
A Lei n. 7.853/89 ao disciplinar a proteção e a integração reexame necessário, estabelecido no art. 4º, § 1º: “A sentença
social das pessoas portadoras de deficiência aludiu que concluir pela carência ou pela improcedência da ação fica
expressamente à atuação do Ministério Público nessa área. sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão
Conferiu-se ainda, de forma expressa, ao Ministério Público e depois de confirmada pelo tribunal”. No mais, o procedimento
a outros colegitimados ativos, a incumbência da defesa de é o da Lei da Ação Civil Pública, inclusive quanto ao inquérito
interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos das civil. O produto da condenação nessas ações civis reverterá
pessoas portadoras de deficiência, defesa essa a ser para um fundo próprio, regulamentado pelos Decretos n.
empreendida por meio da ação civil pública. Na verdade, o 407/91, e n. 1.306/94.
Ministério Público não intervém apenas em ações que versem
interesses individuais homogêneos, coletivos ou difusos Abaixo segue comentários pertinentes acerca da Lei de
relacionados à proteção das pessoas portadoras de deficiência. Ação Civil Pública:
Intervirá em qualquer ação em que seja parte uma pessoa
nessas condições, com limitação física ou mental, posto não se Ação civil pública
trate de incapaz para os fins do Código Civil, desde que o objeto A ação civil pública é, ao lado da ação popular e do
dessa ação esteja relacionado com dita deficiência. mandado de segurança coletivo, um dos mais úteis
instrumentos de defesa de interesses metaindividuais. O
advento da Lei da Ação Civil Pública (Lei 7.347/1985) foi fruto
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de estudos e debates envolvendo professores e profissionais lei. A ação será dirigida contra o empreendedor e o ente
do direito que, a partir de meados da década de 1970, sob federado que irregularmente a licenciou.
influência da doutrina italiana e das class actions dos países de
sistema jurídico common law, notaram a necessidade de Quanto à intervenção de terceiros, temos que:
desenvolver ferramentas processuais mais adequadas para a a) Litisconsórcio: somente se admite, no caso do ativo,
solução dos conflitos de interesses transindividuais. entre os legitimados. Há apenas uma exceção: na tutela de
interesses individuais homogêneos, a pessoa vítima pode se
Legitimidade Ativa habilitar como assistente litisconsorcial. Isso se tal habilitação
A legitimidade ativa na ACP é disjuntiva e concorrente. não gerar problemas na condução do processo.
Disjuntiva pois os legitimados podem atuar separadamente e b) Nomeação à autoria: é admitida para a mera retificação
concorrente pois podem atuar ao mesmo tempo, do sujeito passivo.
independentemente de autorização recíproca. Caso haja c) Assistência simples: não é admitida.
omissão de um legitimado, outro pode atuar supletivamente. d) Denunciação à lide: não é admitida.
A legitimidade é extraordinária (substituição processual) e) Chamamento ao processo: não é admitido.
já que os legitimados atuam em nome próprio na defesa de f) Oposição: não é admitida.
interesse alheio, da coletividade. Os legitimados são:
a) Entes da Administração Pública direta e indireta: União, Finalidades
Estados, DF, Municípios, autarquias, fundações, empresas A ACP visa especialmente à proteção do patrimônio
públicas e sociedades de economia mista, desde que incluam público e social, do meio ambiente e de outros interesses
em seus Estatutos a defesa de um direito tutelável por ACP. difusos e coletivos. Tem como finalidade impor o
b) Defensoria Pública: foi incluída na LACP pela Lei nº cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer e/ou a
11.448/07; antes mesmo disso, ela já exercia o papel de condenação em dinheiro.
legitimada em alguns casos, desde que estivesse dentro de sua O objeto da ação vem a ser o pedido de providência
vocação. O STF já se pronunciou sobre a legitimidade da DP jurisdicional que se formula para a proteção de determinado
defender interesses coletivos de necessitados, inclusive bem da vida. O art. 3º da Lei 7.347/85 foi ampliado pelo CDC,
consumidores necessitados e associações de defesa de direito propiciando que a defesa do meio ambiente se dê por todas as
difuso que não tenham condições de arcar com as custas do espécies de ações (cautelares, de conhecimento, de execução
processo. ou mandamentais). A regra consiste em buscar, por todos os
c) Associações: imprescindível o requisito da pertinência meios razoáveis, ir além da ressarcibilidade em sequência ao
temática com a previsão Estatutária e da constituição há pelo dano, garantindo-se, ao contrário, a fruição do bem ambiental.
menos um ano. Esse último requisito, entretanto (temporal), Assim, na ação que tenha por objeto o cumprimento de
pode ser dispensado pelo magistrado de acordo com a obrigação de fazer ou não fazer, o Juiz determinará o
dimensão do dano ou relevância do bem jurídico. Não há cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação
necessidade de previsão estatutária explícita para que a da atividade nociva, sob pena de execução específica, ou de
associação se legitime à defesa do meio ambiente. Basta que, cominação de multa diária, se esta for suficiente ou
entre os valores pelos quais pugna, possa aquela compatível, independentemente de requerimento do autor
particularidade ser inferida. (arts. 11 da ACP e 84 do CDC).
d) Sindicatos: podem propor ACP desde que tenha
pertinência temática. Não é exigida a pré-constituição anual do Competência Jurisdicional
sindicato. No caso da ACP versar sobre a defesa do meio ambiente,
e) Ministério Público: os membros do MP podem propor deve ser proposta no foro do local onde ocorrer o dano, cujo
ACP, excetuado o MP dos Tribunais de Contas, o qual não pode juízo terá competência funcional territorial para processar e
atuar em juízo. Pode, ainda, o MP atuar para proteger direitos julgar a causa. Trata-se de competência absoluta,
individuais homogêneos, desde que esses direitos tenham improrrogável, que não admite eleição do foro. A justificativa
relevância social, a exemplo da Súmula 643 do STF: “O para a previsão de competência absoluta é da facilitação do
Ministério Público tem legitimidade para promover a ACP cujo acesso à justiça pelas vítimas da poluição/degradação, para a
fundamento seja a ilegalidade do reajuste de mensalidades coleta de prova pericial e testemunhal e para possibilitar ao
escolares.” juízo melhor conhecimento do fato.
Estabeleceu-se uma regra de competência territorial
No caso do direito individual, em sendo indisponível, é funcional, no sentido de deixar claro que qualquer outro foro é
cabível a atuação do MP. Esse tem sido o entendimento incompetente de maneira absoluta, porque firmada por razões
majoritário, especialmente se o direito se relacionar à criança, de ordem pública, onde se prioriza os interesses do próprio
idoso ou deficiente. Pode também o MP propor ACP para processo.
proteger o patrimônio público, conforme Súmula 329, STJ: “O No entanto, se o dano atingir mais de uma Comarca (do
Ministério Público tem legitimidade para propor ACP em mesmo Estado) ou Seção Judiciária (da mesma Região), haverá
defesa do patrimônio público.” concorrência de competências, usando-se a regra da
prevenção, prevista no p. único do citado art. 2º: “a
Legitimidade Passiva e Intervenção de Terceiros propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas
Qualquer pessoa pode ser réu, seja ela pública ou privada, as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma
seja até mesmo despersonalizada. Não se admite a ação causa de pedir ou o mesmo objeto”.
coletiva passiva, aquela em que uma pessoa representa todas O Juiz do foro do DF só será competente para os danos de
as outras de sua categoria. Isso porque os pretensos âmbito nacional, ou seja, que afetem concretamente todo o
representados não foram parte no processo, não podendo se território nacional (art. 93, II do CDC). Para os danos de âmbito
defender. Não se confunde com o litisconsórcio passivo, que é regional ou nacional, deverá ser proposta na capital do estado
amplamente possível na ACP. ou no DF.
Em decorrência da responsabilidade solidária vigorante Demandas e conflitos entre os Estados ou entre a União e
em matéria ambiental, o litisconsórcio passivo ocorre, os Estados, inclusive as respectivas entidades da
figurando como réus tanto o responsável direto, quanto o administração indireta, em que a competência para processar
indireto, ou ambos. Ex: o licenciamento de atividade com e julgar a ACP ficará a cargo do STF, conforme art. 102, I, f, da
dispensa de prévio estudo de impacto ambiental exigido por CF/88.

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Em regra, a competência será da Justiça Estadual, havendo fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do
competência da Justiça Federal nas ações em que se autor.
comprovar lesão a bens, serviços ou interesse da União, bem Inclusive, a lei prevê como crime o retardamento ou recusa
assim nas causas fundadas em tratados internacionais, mas no na entrega de informações requisitadas pelo MP a fim de
caso da ACP ser proposta pelo MPF, a competência será, instruir ACP:
também, da Justiça Federal. Art. 10. Constitui crime, punido com pena de reclusão de 1
Por fim, não existe prerrogativa de função em sede de ACP, (um) a 3 (três) anos, mais multa de 10 (dez) a 1.000 (mil)
a qual será sempre julgada pelo juízo de primeiro grau, salvo Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, a
se for hipótese de alguma competência originária de Tribunal, recusa, o retardamento ou a omissão de dados técnicos
como em causa na qual a União litigue contra o Estado. indispensáveis à propositura da ação civil, quando
requisitados pelo Ministério Público.
Liminar em Ação Civil Pública De acordo com o art. 6º da LACP, qualquer pessoa poderá
Acerca da possibilidade de concessão de medida liminar no e o servidor público deverá provocar a iniciativa do MP,
bojo da ação que pode ter natureza cautelar ou de antecipação ministrando-lhe informações sobre fatos que constituam
de tutela, há unanimidade quanto ao seu cabimento, objeto da ação civil e indicando-lhe os elementos de convicção.
mormente considerando que a regra prevê que eventual
liminar será cabível apenas após a audiência do representante Inversão do ônus da prova
judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se O CDC prevê a inversão do ônus da prova a favor do
pronunciar no prazo de setenta e duas horas, caso em que será consumidor, quando, a critério do juiz, for verossímil a
exigível apenas quando a demora em seu cumprimento não acusação ou quando for ele insuficiente, segundo as máximas
ensejar dano irreparável. de experiência. Porém, na ACP somente haverá inversão do
A liminar na ACP privilegia a tutela específica. Busca-se, ônus da prova quando para proteger o consumidor. Em outros
com ela, a adoção de medidas para a reparação do dano, caso casos, há jurisprudência permitindo, mas não de forma
ele já tenha se consumado. Caso não tenha, que sejam adotadas pacificada.
medidas para que não se implemente. O objetivo da ACP é Porém, a tendência atual é que ocorra a liberdade da
resguardar a coletividade. Por isso mesmo que a conversão da promoção da inversão ope judicis, já que, por ser a
obrigação em pena pecuniária somente deve ocorrer em responsabilidade objetiva, ao réu caberia se desincumbir de
último caso, já que o fim da ação não se atingiria. provar sua culpa.
Existe a possibilidade de fixação de multa, inclusive de
ofício pelo juiz, mas isso como medida constritiva, e não como Regime de custas
finalidade. Também podem ser adotadas outras medidas para Não haverá adiantamento de custas, emolumentos,
garantir a tutela específica. honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem
Essa determinação de ofício ou de medidas cautelares de condenação da associação autora, salvo comprovada má-fé.
ofício não viola a inércia da jurisdição, já que o juiz tem o dever Havendo má-fé, poderá a associação ser condenada até ao
de garantir a efetividade processual de suas decisões. décuplo das custas. Porém, isso somente se aplica às
A multa poderá, por ter o caráter constritivo, ser reduzida associações, aos outros entes não.
ou até mesmo dispensada, se necessário. Ela somente é Há uma súmula que dispõe sobre as custas:
exigível após o trânsito em julgado, mas é devida desde o Súmula 70, TRF4: “São devidos honorários advocatícios
momento em que é fixada (art. 12, § 2º). em execução de título judicial, oriundo de ação civil pública.” O
STJ também tem extensa jurisprudência nesse sentido.
Conciliação na ACP
Ainda que os direitos tratados sejam disponíveis, não será Recursos
possível a conciliação. É possível a conciliação desde que não Em sede de ACP é aplicada toda a sistemática recursal do
haja disposição do conteúdo do direito, apenas tratativas processo civil. Há uma diferença substancial, entretanto, já que
sobre como ele será efetivado. Porém, não é possível transigir, no processo civil os recursos têm, como regra, efeito
já que a transação pressupõe renúncia recíproca a direitos. suspensivo, enquanto na ACP, para ter efeito suspensivo, é
Caso não tenha sido o MP o proponente da ação, ele deverá necessário que tenha sido conferido pelo juiz na decisão.
ser ouvido sobre o teor da conciliação. Além disso, deve ser Todos os legitimados poderão recorrer das decisões
dada ampla publicidade para que os demais legitimados contrárias, ainda que não tenham sido partes no processo. Ou
possam discordar do acordo e para que a sociedade possa se seja, há uma possibilidade de legitimação concorrente
manifestar. superveniente a todo tempo.
Após a conciliação, o juiz deverá homologar o acordo por
sentença, em procedimento de jurisdição voluntária, Cumprimento de Sentença
formando um título executivo judicial que não faz coisa julgada As sentenças da ACP se cumprem no próprio processo,
material. Essa sentença não possui teor meritório; logo, não é mediante requerimento, nos moldes do processo sincrético. As
cabível ação rescisória, mas sim ação anulatória, ou até mesmo sentenças que impõem obrigações de fazer e não fazer são
uma outra ação civil pública. regidas pelo art. 84 do CDC. Se o réu for condenado em
Caso o proponente da ACP dela desista, o MP deverá dinheiro, este será destinado a um fundo sistema de fluid
assumir a ação, ou algum dos outros legitimados. Existindo o recovery – reparação indireta – nos termos do art. 13 da LACP.
título executivo judicial (sentença ou acordo), o MP será É reparação indireta pois a preferência em sede de ACP é a
obrigado a atuar para dar cumprimento à sentença, por tutela específica, o retorno ao status quo ante.
intermédio do Poder Judiciário. Existem vários fundos que podem ser destinatários dos
valores da condenação, na esfera estadual, federal e municipal.
Instrução da Ação Civil Pública Os valores dos fundos podem ser aplicados em outras áreas
A instrução é ordinária, nela ocorre a ampla possibilidade que não a afetada pelo ato lesivo do réu, assim como em outras
de produção probatória. Não é uma ação de rito sumário, em regiões do país. Porém, se for matéria ambiental, o valor deve
que é necessária a prova pré-constituída. Inclusive, pode o ser destinado a um Fundo ambiental. Logo, não
interessado solicitar ao juiz que requisite documentos em necessariamente o prejudicado pelo ato lesivo será
posse da Administração Pública ou de outras pessoas. Cada um beneficiado pela pena pecuniária, principalmente no caso dos
tem que provar os fatos constitutivos de seu direito, além dos

Direito das Pessoas com Deficiência 51


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APOSTILAS OPÇÃO

direitos difusos e coletivos. Isso reforça ainda mais a ideia do Reexame Necessário
fluid recovey system. Não há previsão de reexame necessário na LACP. No artigo
No caso de direitos individuais homogêneos, a sentença 4° da Lei nº 7.853/89 (ação civil pública que tutela os direitos
será genérica. Todas as pessoas prejudicadas deverão e terão dos portadores de deficiência) há disposição sobre o reexame
o direito de ser reparadas, não havendo, entretanto, necessário, no mesmo sentido do artigo 19 da Lei nº 4.717/65
individualização dos prejudicados na sentença. A legitimidade (ação popular). “§ 1º A sentença que concluir pela carência ou
da execução é, em primeiro lugar, dos titulares do direito. Caso pela improcedência da ação fica sujeita ao duplo grau de
esses não a promovam em até um ano, os legitimados para jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada
propor a ACP poderão executar a sentença, revertendo os pelo tribunal.
valores para um fundo. O STJ tem precedente reconhecendo a aplicação do
Caso os titulares dos direitos individuais homogêneos não reexame necessário nos termos da legislação especial. Na
compareçam para receber num tempo determinado, os ausência de dispositivo sobre remessa oficial na Lei da Ação
valores serão revertidos para um fundo relativo aos interesses Civil Pública (Lei n. 7.347/1985), busca-se norma de
difusos. integração dentro do microssistema da tutela coletiva,
No caso das sentenças em ACP em que o objeto seja lesão aplicando-se, por analogia, o art. 19 da Lei nº 4.717/1965.
ao mercado imobiliário, os valores deverão ser revestidos aos Embora essa lei refira-se à ação popular, tem sua aplicação nas
investidores. ações civis públicas, devido a serem assemelhadas as funções
a que se destinam (a proteção do patrimônio público e do
Coisa Julgada microssistema processual da tutela coletiva), de maneira que
A coisa julgada dependerá, subjetivamente, do direito e do as sentenças de improcedência devem sujeitar-se
tipo de julgamento proferido. É por isso que, na ACP, a coisa indistintamente à remessa necessária.
julgada é secundum eventum litis ou secundum eventum De tal sorte, a sentença de improcedência, quando
probationem. proposta a ação pelo ente de Direito Público lesado, reclama
a) Coisa julgada na ACP por direito difuso: será erga omnes, incidência do art. 475 do CPC, sujeitando-se ao duplo grau
salvo se denegatória por falta de provas. obrigatório de jurisdição. Ocorre o mesmo quando a ação for
b) Coisa julgada na ACP por direito coletivo: será inter proposta pelo Ministério Público ou pelas associações,
partes, entre as pessoas pertencentes ao grupo afetado. incidindo, dessa feita, a regra do art. 19 da Lei da Ação Popular,
c) Coisa julgada na ACP por direito individual homogêneo: uma vez que, por agirem os legitimados em defesa do
só há coisa julgada para os titulares dos direitos individuais, e patrimônio público, é possível entender que a sentença, na
isso se a ação for julgada em favor deles procedente. Isso hipótese, foi proferida contra a União, estado ou município,
porque, se improcedente, eles poderão mover suas próprias mesmo que tais entes tenham contestado o pedido inicial. Com
ações individuais. Entretanto, caso um dos que tiveram esse entendimento, a Turma deu provimento ao recurso do
direitos lesionados não aceitou a suspensão de seu processo Ministério Público, concluindo ser indispensável o reexame da
após intimado, e caso ele perca a ação individual e a ACP tenha sentença que concluir pela improcedência ou carência da ação
sido frutífera, ele dela não se aproveitará. civil pública de reparação de danos ao erário,
Prevalece o entendimento de que não há necessidade de independentemente do valor dado à causa ou mesmo da
expressa menção na sentença acerca do fato de ter a ação sido condenação. REsp 1.108.542-SC, Rel. Min. Castro Meira,
julgada improcedente por falta de provas ou pelo próprio julgado em 19/5/2009.
mérito, já que, acaso porventura surja qualquer prova
suficiente para modificar o julgamento, quer dizer que a ACP Referência:
Neves, Daniel Amorim. Manual de Processo Coletivo - Volume Único. Método.
foi improcedente em razão da falta de provas. 2014.
Em relação à cosa julgada objetiva (no território), temos: a Gonçalves, Marcus Vinicius Rios. Tutela de Interesses Difusos e Coletivos.
lei de ACP determina que a coisa julgada só produzirá efeitos Saraiva.
nos limites da competência jurisdicional do órgão que
prolatou a decisão. Isso, entretanto, causa situações de ferir
frontalmente o princípio constitucional da isonomia. De fato, a
coisa julgada produz efeitos diferentes, se comparados o CDC Anotações
e a LACP.
A jurisprudência, entretanto, entende que isso não se
aplica quando se trata de direito difuso ou coletivo, ou de
âmbito regional ou nacional.

Prescrição
Na LACP não há previsão de prazo prescricional. Deve-se
verificar em cada caso se a lei de direito material prevê
prescrição para aquele direito. Em não havendo, doutrina e
jurisprudência majoritária têm considerado a ACP
imprescritível.
A ACP veiculadora de pretensão reparatória do dano
ambiental coletivo também não conta com disciplina
específica em matéria prescricional. Tudo conduz, entretanto,
à conclusão de que se insere no rol das ações imprescritíveis.
Isso porque a doutrina tradicional é uníssona em repetir que
só a pretensão envolvendo direitos patrimoniais é que está
sujeita à prescrição. O STJ, em 2008 decidiu que o prazo da ACP
é o mesmo que a da AP (ou seja, 5 anos) (REsp 727.131-SP).
Assim, para a reparação do dano ambiental, a ACP é
imprescritível. Para a cobrança de indenização, é prescritível.

Direito das Pessoas com Deficiência 52


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RACIOCÍNIO ANALÍTICO

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APOSTILAS OPÇÃO

incluindo sua etiologia e desenvolvimento)? Ou será ela


pediatra? Aqui a pessoa que escreve este texto baseou suas
informações prestadas por uma médica que ele conhecia, nem
sabemos de fato a especialidade desta médica.

Premissa 3: o número de casos de câncer tem aumentado,


assim como o consumo de café
Uma informação não pode afirmar a correlação entre as
mesmas. Há estudos que comprovem isso? Este fato é isolado
a uma região?

Logo a conclusão não pode ser aceita como válida ou como


1 Raciocínio analítico e a uma verdade, pois nossos questionamentos nos levam a crer
argumentação. 1.1 O uso do que este argumento não é dito como válido. Pois podem existir
pessoas com câncer que não bebem café e pessoas que bebem
senso crítico na argumentação. café e não tem câncer.

Se na prova perguntasse: “Qual das informações abaixo, se


RACIOCÍNIO ANALÍTICO OU VERDADES E MENTIRAS for verdadeira, mais enfraquece o argumento apresentado?”
(A) O autor do texto conhece 100 pessoas com câncer.
Raciocínio Analítico trabalha com uma área da lógica (B) a médica referida pelo autor é pediatra, só tendo
conhecida como “lógica informal”. Ao contrário da lógica estudado oncologia brevemente durante a faculdade há 20
formal, onde os argumentos são classificados como V ou F, a anos.
“lógica informal” possui uma série de possibilidades: um (C) as regiões do país onde o aumento do consumo de café
argumento pode ser mais sólido ou menos sólido, uma tem sido maior nos últimos anos também são as regiões que
premissa pode reforçar ou enfraquecer um argumento, uma têm registrado os maiores aumentos na incidência de câncer.
conclusão pode ser mais provável ou menos provável… (D) todos os conhecidos do autor bebem café.
Você verá que as questões de Raciocínio Analítico exigem
bastante senso crítico, bastante capacidade de interpretação, Resolução: (“enfraquecer” o argumento é aquela afirmação
observe o exemplo citado abaixo. que deixa a conclusão mais longe da sua validade) repare que
Vejamos: duas das alternativas de resposta não enfraquecem o
argumento, mas sim o reforçam: A e C. As outras duas
“Beber café causa câncer. Afinal, todas as pessoas com alternativas enfraquecem o argumento, como vimos acima.
câncer que eu conheço bebiam café. Além disso, uma médica Mas preste atenção na pergunta feita no enunciado: nós
bastante conhecida parou de ingerir este alimento para evitar a devemos marcar aquela informação que MAIS enfraquece o
doença. É bom lembrar também que o número de casos de argumento. Com base na análise que fizemos acima, creio que
câncer tem aumentado, assim como o consumo de café”. você não tenha dificuldade de marcar a alternativa D. Afinal,
na alternativa B, o mero fato de a médica ter estudado
Aqui temos as premissas e as conclusões na qual podemos oncologia por um curto período e há muito tempo atrás não
montar a estrutura deste argumento, para assim analisa-lo. invalida totalmente a opinião dela, embora realmente
Premissa 1: todas as pessoas com câncer que eu conheço enfraqueça um pouco a argumentação do autor do texto.
bebiam café
Premissa 2: uma médica bastante conhecida parou de Mais alguns exemplos:
ingerir este alimento para evitar a doença
Premissa 3: o número de casos de câncer tem aumentado, 1) Cinco aldeões foram trazidos à presença de um velho
assim como o consumo de café rei, acusados de haver roubado laranjas do pomar real. Abelim,
Conclusão: Beber café causa câncer o primeiro a falar, falou tão baixo que o rei que era um pouco
surdo não ouviu o que ele disse. Os outros quatro acusados
A conclusão deste argumento está logo no início do texto. disseram: Bebelim: Cebelim é inocente, Cebelim: Dedelim é
inocente, Dedelim: Ebelim é culpado, Ebelim: Abelim é
Conforme dito no início ao estudar Raciocínio Analítico, culpado.
estamos no campo da “lógica informal”, que é menos O mago Merlim, que vira o roubo das laranjas e ouvira as
rigorosa/extremista. De qualquer forma, a uma primeira vista declarações dos cinco acusados, disse então ao rei: Majestade,
podemos fazer um julgamento preliminar desse argumento. O apenas um dos cinco acusados é culpado e ele disse a verdade;
seu senso crítico não deve ter deixado que você fique os outros quatro são inocentes e todos os quatro mentiram. O
inteiramente convencido da ideia que estava sendo defendida velho rei, que embora um pouco surdo era muito sábio, logo
pelo texto. Isto porque, de fato, essa fala apresenta alguns concluiu corretamente que o culpado era:
erros de argumentação que são as falácias. (A) Abelim
Observe que: (B) Bebelim
(C) Cebelim
Premissa 1: todas as pessoas com câncer que eu conheço (D) Dedelim
bebiam café (E) Ebelim
Quantas pessoas de fato a pessoa que faz tal afirmação
conhecia? 100? 200? O fato que isto não significa generalizar é Resolução: se quatro dos inocentes mentiram e somente
afirmar que TODO mundo que bebe café vai morrer de câncer. um culpado disse a verdade temos no quadro abaixo duas
informações conflitantes: as duas primeiras pois se ambas
Premissa 2: uma médica bastante conhecida parou de mentem não poderia haver dois culpados!!!. Então somente
ingerir este alimento para evitar a doença um dos dois que disseram que são inocentes está correto.
Será essa médica especialista em oncologia (especialidade Desta forma se acha o culpado! Como consequência os outros
médica que se dedica ao estudo e tratamento da neoplasia,

Raciocínio Analítico 1
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últimos estão mentindo pois há 4 inocentes que mentem. os efeitos da substituição de professores estivessem sendo
Testemos quem é o culpado: sentidos de maneira tão intensa em tão pouco tempo.
(C) ERRADO. Se de fato houve aumento da cola, é provável
Dica: Não poderá ter dois inocentes que mentem pois só que isso tenha influenciado um aumento das notas, mas um
pode ter um culpado. aumento tão expressivo como o citado no item A (de 6 para 10
pontos) exigiria um aumento massivo da cola.
Para hipótese 1 temos: Supondo que quem diz a verdade (D) CORRETO. É possível acreditar que uma redução na
é B e disse que Cebelim é inocente (e que pela questão todo dificuldade das provas seja capaz de gerar um aumento
inocente mente) conclui-se que Dedelim é culpado (Cebelim expressivo nas notas dos alunos. Basta cobrar os tópicos mais
mente). Na terceira linha vemos que Dedelim mente (veja a básicos e/ou mais intuitivos de cada disciplina. Esta tese é
coluna da hipótese 1). Isto não pode acontecer (dizer que D é mais crível que as demais.
culpado e a tabela na hipótese dizer que mente). (E) ERRADO. Ainda que os professores, com medo da
demissão, tenham melhorado a qualidade de suas aulas, é
Para a hipótese 2 temos: Bebelim mente e C é culpado improvável que está melhoria de qualidade seja responsável
(que diz a verdade sempre), desta forma pela segunda linha da por uma variação tão expressiva nas notas.
tabela D é inocente. Se D é inocente e mente então E é inocente Resposta: D.
e se E é inocente e mete então A é inocente. Sendo assim, o
culpado é C (Cebelim). Questões

01. Ana, Bete e Ciça conversam sobre suas idades dizendo:


Acusados Disseram Hipótese 1 Hipótese 2
Ana: − Tenho 22 anos, dois a menos do que Bete, e um ano
Bebelim (B) C é inocente Verdade Mentira a mais do que Ciça.
Ciça: − Tenho 27 anos, Ana tem 22 anos, e Bete tem 28
Cebelim (C) D é inocente Mentira Verdade anos.
Bete: − Ciça tem 7/8 da minha idade, a mais velha de nós
Dedelim (D) E é culpado Mentira Mentira tem 4 anos a mais do que a mais nova; Ciça disse apenas uma
mentira.
Ebelim (E) A é culpado Mentira Mentira
Sabendo que Ana sempre diz a verdade, é correto afirmar
Resposta C. que
(A) Ciça disse apenas uma mentira.
2) Há 2 anos, a Universidade Delta implantou um processo (B) Ciça disse três mentiras.
em que os alunos da graduação realizam uma avaliação da (C) Bete disse três mentiras.
qualidade didática de todos os seus professores ao final do (D) Bete disse apenas verdades.
semestre letivo. Os professores mal avaliados pelos alunos em (E) Bete disse apenas uma verdade.
três semestres consecutivos são demitidos da instituição.
Desde então, as notas dos alunos têm aumentado: a média das 02. Três amigos fazem as seguintes afirmações:
notas atuais é 70% maior do que a média de 2 anos atrás. A André: − Beto é mentiroso.
causa mais provável para o aumento de 70% nas notas é: Beto: − Carlos diz a verdade.
(A) a melhoria da qualidade dos alunos que entraram na Carlos: − André e Beto são mentirosos.
Universidade Delta nos últimos 2 anos, atraídos pelo processo
de avaliação dos docentes. Do ponto de vista lógico, é possível que
(B) a demissão dos professores mal avaliados, que são (A) André e Beto estejam dizendo a verdade.
substituídos por professores mais jovens, com mais energia (B) André esteja mentindo.
para motivar os alunos para o estudo. (C) Carlos esteja mentindo.
(C) o aumento da cola durante as avaliações, fenômeno que (D) André e Carlos estejam mentindo.
tem sido observado, nos (E) Beto esteja dizendo a verdade.
últimos anos, nas principais instituições educacionais
brasileiras. 03. (Prefeitura de Teresina/PI – Técnico em
(D) uma diminuição no nível de dificuldade das avaliações Saneamento- FCC/2016) Paulo, Francisco, Carlos, Henrique
elaboradas pelos professores, receosos de serem mal e Alexandre são irmãos, sendo que apenas um deles quebrou
avaliados pelos alunos caso sejam exigentes. um vaso na sala de casa. Ao investigar o ocorrido, a mãe dos
(E) a melhoria da qualidade das aulas em geral, o que cinco ouviu de cada um as seguintes afirmações:
garante que os alunos aprendam os conteúdos de maneira Paulo: − Fui eu quem quebrou o vaso.
mais profunda, elevando a média das avaliações. Francisco: − Eu não quebrei o vaso.
Carlos: − Foi Alexandre quem quebrou o vaso.
Resolução: antes de avaliar as alternativas, repare que um Henrique: − Francisco está mentindo.
aumento de 70% significa que, se a nota média dos alunos Alexandre: − Não foi Carlos quem quebrou o vaso.
anteriormente era 6 (em 10 pontos), após o aumento a nota Se apenas um dos cinco irmãos disse a verdade, quem
média passou a ser 10 (nota máxima!). Isto é, estamos diante quebrou o vaso foi:
de um aumento muito expressivo das notas.
(A) ERRADO. Pode até ser que alunos melhores tenham (A) Henrique.
sido atraídos pelo processo mais rigoroso de avaliação dos (B) Francisco.
docentes, mas é improvável que isto justifique um aumento tão (C) Paulo.
grande nas notas. Seriam necessários alunos MUITO (D) Carlos.
melhores. (E) Alexandre.
(B) ERRADO. Note que a medida foi implementada há
apenas 4 semestres (2 anos), e são necessários pelo menos 3 04. (Prefeitura de Fortaleza/CE – Analista de
semestres completos para que os professores mal avaliados Planejamento e Gestão – Prefeitura de Fortaleza – 2016)
começassem a ser demitidos. Isto é, é improvável acreditar que Quatro pessoas estão conversando. Sabe-se que exatamente

Raciocínio Analítico 2
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uma delas fala a verdade e as demais mentem. A conversa é 03. Resposta: D.


descrita abaixo. Francisco dizendo a verdade é a única afirmação que não
- Ana diz: “Todos aqui falam a verdade”. conflita com as outras proposições, as outras têm contradições
- Maria diz: “Ana fala a verdade”. que não chegam a um argumento valido. Logo, Carlos quebrou
- João diz: “Maria mente”. o vaso.
- José diz: “João mente”.
04. Resposta: C.
Quem falou a verdade? Se João fala a verdade, então ele diz que Maria mente
(A) Ana. quando ela diz que Ana fala a verdade. Se analisarmos a fala de
(B) Maria. Ana, por sua vez diz que todos falam a verdade. Porém, o
(C) João. enunciado da questão diz que apenas uma pessoa fala a
(D) José. verdade e as demais mentem. Logo, a afirmação de Ana é falsa
Respostas e João está certo.
01. Resposta: E.
Como a Ana fala a verdade:
Ana: 22 anos 1.2 Tipos de argumentos:
Bete: 24 anos
Ciça: 21 anos
argumentos falaciosos e
apelativos. 1.3 Comunicação
Portanto Ciça diz 2 mentiras (que ela tem 27 anos e que eficiente de argumentos.
Bete tem 28 anos)
Bete diz que Ciça tem 7/8 da sua idade:
ARGUMENTOS FALACIOSOS

Uma falácia (ou sofisma) é uma espécie de mentira, é um


Portanto, verdade. argumento logicamente inconsistente, inválido. São
A mais velha é Bete que tem 24 anos e a mais Nova é Ciça argumentos que se destinam à persuasão e podem parecer
com 21 anos, portanto são 3 anos de diferença e não 4. convincentes para grande parte do público apesar de
E Ciça disse 2 mentiras. conterem falácias, mas não deixam de ser falsos por causa
Ou seja, Bete também disse 2 mentiras (a diferença de disso. Reconhecer as falácias é por vezes difícil.
idade e que Ciça disse apenas uma mentira). Os argumentos falaciosos podem ter validade emocional,
íntima, psicológica, mas não validade lógica. É importante
Ana: 3 verdades conhecer os tipos de falácia para evitar armadilhas lógicas na
Ciça: 2 mentiras e 1 verdade própria argumentação e para analisar a argumentação alheia.
Bete: 2 mentiras e 1 verdade

02. Resposta: E.
Vamos fazer a tabela de hipóteses para ficar mais fácil
As hipóteses serão trabalhadas como se cada um tivesse
comido o bolo.
Hipótese 1: Guilherme comeu
Hipótese 2: Telma comeu
Hipótese 3: Alexandre comeu
Hipótese 4: Henrique comeu
Hipótese 5: Caroline comeu As falácias podem ser classificadas como:

Nomes O que Hip Hipó Hipó Hipó Hipó Formais: são erros de raciocínio que resultam
disse óte tese tese tese tese exclusivamente da sua forma lógica, isto é, da sua estrutura
se 1 2 3 4 5
interna.
Guilhe Não fui F V V V V
rme eu Não formais: são erros de raciocínio que não resultam
Telma O F F V F F exclusivamente da forma lógica, mas do conteúdo. Isto é, da
Alexand sua relação com a realidade e com o contexto em que se
re que inserem.
pegou o
bolo
Alexan A F F F F V
dre Carolina
que
pegou o
bolo
Henri A Telma V V F V V
que mentiu
Caroli O F V V V V Tipos de falácias
ne Guilher Abaixo temos as mais comuns falácias lógicas
me argumentativas. Alguns tipos de falácias são chamadas de
disse a apelos. Os mesmo possuem a intenção de neutralizar o senso
Verdade crítico do interlocutor para que uma mensagem errônea seja
A hipótese 5 é a única que tem 1 falsa. Portanto, é a que está aceita de forma irrefletida.
correta. Caroline comeu o bolo.
- Falso dilema: apresentar apenas duas opções, quando,
na verdade, existem mais.

Raciocínio Analítico 3
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APOSTILAS OPÇÃO

Exemplos: - Causa complexa: supervalorizar uma causa que faz parte


Brasil: ame-o ou deixe-o. de um sistema, ou seja, é a identificação de apenas parte das
Você não suporta seu marido? Separe-se! causas de um evento.
Ou eu colo na prova ou eu serei reprovado. Exemplo:
O acidente não teria ocorrido se não fosse a má localização
da árvore.

- Regra geral: ocorre quando uma regra geral é aplicada a


um caso particular onde a regra não deveria ser aplicada.
Exemplo:
Cristãos geralmente não gostam de ateus. Você é um cristão,
então você não deve gostar de ateus.

- Pergunta complexa: apresentar duas proposições


conectadas como se fossem uma única proposição, tratando-se
de assuntos que não tenham relação, pressupondo-se que já se
tenha dado uma resposta a uma pergunta anterior.
Exemplos:
Você não é a favor do aborto e da liberdade feminina?
Você é a favor da pena de morte e da luta contra
impunidade?

- Composição: concluir que uma propriedade


compartilhada por um número de elementos em particular, - Falsa indução: é o oposto da Regra Geral. Ocorre quando
também é compartilhada por um conjunto desses elementos; uma regra específica é atribuída ao caso genérico.
ou que as propriedades de uma parte do objeto devem ser as Exemplos:
mesmas nele inteiro. Minha namorada me traiu. Logo, as mulheres tendem à
Exemplo: traição.
Essa bicicleta é feita inteiramente de componentes de
baixa densidade, logo é muito leve. - Espantalho: consiste em criar ideias reprováveis ou fracas,
atribuindo-as à posição oposta.
- Divisão (oposto da composição): assumir que a Exemplos:
propriedade de um elemento deve aplicar-se às suas partes; ou Depois de Felipe dizer que o governo deveria investir mais
que uma propriedade de um conjunto de elementos é em saúde e educação, Jader respondeu dizendo estar surpreso
compartilhada por todos. que Felipe odeie tanto o Brasil, a ponto de querer deixar o nosso
Exemplos: país completamente indefeso, sem verba militar.
Você deve ser rico, pois estuda em um colégio de ricos.
Formigas podem destruir uma árvore. Logo, essa formiga - Falácia da falácia: consiste em argumentar que uma
também pode. proposição é falsa porque foi apresentada como a conclusão de
um argumento falacioso. Lembre-se que um argumento
- Petição por princípio: ocorre quando as premissas são falacioso pode chegar a conclusões verdadeiras.
pelo menos tão questionáveis quanto as conclusões atingidas. Exemplo:
Exemplo: Percebendo que Lia cometeu uma falácia ao defender que
Não posso acreditar nisso, porque é mentira. devemos comer alimentos saudáveis porque eles são populares,
Alice resolveu ignorar a posição de Lia por completo e comer
- Causa Falsa ou falsa causa: uma relação real ou hambúrguer todos os dias.
percebida entre duas coisas significa que uma é a causa da
outra. - Falácia da diversão: introdução de material irrelevante
Uma variação dessa falácia é a “cum hoc ergo propter hoc” ao ponto em discussão, em geral com o objetivo de desviar o
(com isto, logo por causa disto), na qual alguém supõe que, argumento para outra conclusão, muitas vezes mais fácil de ser
pelo fato de duas coisas estarem acontecendo juntas, uma é a combatido.
causa da outra. Este erro consiste em ignorar a possibilidade Exemplo:
de que possa haver uma causa em comum para ambas, ou, Não acho que homens e mulheres devam ganhar o mesmo
como mostrado no exemplo abaixo, que as duas coisas em salário por funções iguais. Sou contra a igualdade entre os sexos.
questão não tenham absolutamente nenhuma relação de Em um shopping center, imagine o que aconteceria se os
causa, e a sua aparente conexão é só uma coincidência. banheiros fossem unissex: tanto homens quanto mulheres se
Exemplo: sentiriam desconfortáveis. Você não acha que tenho razão?
Os fabricantes de bebida gaseificada apontam pesquisas que
mostram que, dos cinco países onde a bebida é mais vendida, três
estão na lista dos dez países mais saudáveis do mundo, logo,
bebida gaseificada é saudável.

Raciocínio Analítico 4
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APOSTILAS OPÇÃO

- Apelo à emoção: tenta-se manipular uma resposta


emocional no lugar de um argumento válido ou convincente.
Apelos à emoção são relacionados a medo, inveja, ódio, pena,
orgulho, entre outros.
É importante dizer que às vezes um argumento logicamente
coerente pode inspirar emoção, ou ter um aspecto emocional,
mas o problema e a falácia acontecem quando a emoção é usada
no lugar de um argumento lógico. Ou, para tornar menos claro
o fato de que não existe nenhuma relação racional e convincente
- Ataque à Pessoa (apelo): atacar ou desmoralizar a para justificar a posição de alguém.
pessoa e não seus argumentos. Pensa-se que, ao se atacar a Exemplos:
pessoa, pode-se enfraquecer ou anular sua argumentação. O papai fica triste quando você faz isso, não faça mais isso.
Exemplos: Me dê dinheiro, pois estou com fome.
Se foi um burguês quem disse isso, certamente é engodo.
Se foi um político que disse isso, certamente é desonesto.

- Apelo popular: sustentar uma proposição por ser


defendida pela população ou parte dela. Sugere que quanto mais
pessoas defendem uma ideia mais verdadeira ou correta ela é.
Incluem-se aqui os boatos, o “ouvi falar”, o “dizem”, o “sabe-se
que”.
Exemplo:
A maioria das pessoas acredita em alienígenas, portanto eles
existem.

- Apelo circunstancial: utilizar os interesses do interlocutor


- Apelo à ignorância: concluir que algo é verdadeiro por para que ele aceite o argumento sem refletir.
não ter sido provado que é falso, ou que algo é falso por não ter Exemplo:
sido provado que é verdadeiro. Você não quer ganhar mais? Então vamos votar na chapa
Exemplo: verde.
Existe vida em outro planeta, pois nunca provaram o
contrário.
- Apelo à autoridade: usa-se sua posição como figura ou
instituição de autoridade no lugar de um argumento válido. (A
popular “carteirada”.)
É importante mencionar que, no que diz respeito a esta
falácia, as autoridades de cada campo podem muito bem ter
argumentos válidos, e que não se deve desconsiderar a
experiência e expertise do outro.
Para formar um argumento, no entanto, deve-se defender
seus próprios méritos, ou seja, deve-se saber por que a pessoa em
posição de autoridade tem aquela posição. No entanto, é claro,
é perfeitamente possível que a opinião de uma pessoa ou
- Apelo a força: ameaçar com consequências desagradáveis
instituição de autoridade esteja errada; assim sendo, a
se não for aceita ou acatada a proposição apresentada.
autoridade de que tal pessoa ou instituição goza não tem
Exemplos:
nenhuma relação intrínseca com a veracidade e validade das
Você deve se enquadrar nas novas normas do setor. Ou quer
suas colocações.
perder o emprego?
Exemplos:
Acredite em Deus, senão queimará eternamente no Inferno.
- As maiores organizações de defesa dos direitos dos animais
afirmam que uma dieta vegetariana é a mais saudável.

Raciocínio Analítico 5
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APOSTILAS OPÇÃO

Logo, uma dieta vegetariana é a mais saudável. em diversas áreas do conhecimento, não se restringindo única e
exclusivamente a textos literários.
Exemplo:

Comunicação eficiente de argumentos


Ao formular argumentos, é possível distinguir alguns
elementos explícitos, que aparecem claramente, e implícitos, Referências
http://ahduvido.com.br/30-falacias-mais-comum-utilizadas-em-debates-e-
que não estão descritos claramente no texto, mas podem ser discussoes
subentendidos. Os elementos implícitos precisam ser http://falacia.wikidot.com
decodificados pelo pensador crítico. São considerados elementos http://blog.qualconcurso.com.br/2015/07/argumentos-falaciosos-e-
apelativos.html
implícitos de um argumento:
Questão
- Premissas subjacentes: são ideias necessárias para
compreendermos adequadamente o significado das
1. (FUNPRESP-JUD-Analista. CESPE/2016) À luz da
comunicações e cuja descoberta exige uma análise daquilo em
teoria da argumentação, julgue o item subsequente.
que o autor baseou seu raciocínio.
Exemplo:
Os sofismas são considerados argumentos válidos; as
Dizem que o pessoal da ANATEL é muito competente, mas
falácias, argumentos inválidos.
Luiz Carlos não tem se saído bem. (Para esse argumento ser
( ) Certo ( ) Errado
coerente, a premissa subjacente é que Luiz Carlos seja
funcionário da ANATEL)
Resposta. ERRADO.
- Pressupostos semânticos: são ideias não expressas Sofismo é um raciocínio ou falácia se chama a uma
explicitamente mas, de alguma forma, contidas no próprio refutação aparente, refutação sofística e também a um
significado das palavras. silogismo aparente, ou silogismo sofístico, mediante os quais
Exemplo: se quer defender algo falso e confundir o contraditor, sendo
Desde que casei, nunca mais morei sozinha. (Pela definição então um argumento falso.
é possível que a pessoa morava sozinha antes e que depois que
casou ela não mora mais sozinha). Falácia é um raciocínio errado com aparência de
verdadeiro. Na lógica e na retórica, uma falácia é um
- Ideias subentendidas: referem-se àquelas não faladas argumento logicamente inconsistente, sem fundamento,
explicitamente que, por uma questão de costumes sobre o uso inválido ou falho na tentativa de provar eficazmente o que
linguagem, fazem parte íntegra das afirmativas em questão. alega.
Exemplo:
Eu não acredito que você, uma pessoa honesta e sensata, se
filiou ao sindicato. (Aqui fica subentendida que o autor é contra
sindicalização) Anotações
- Significado social: algumas palavras e expressões são
utilizadas de forma diferente do conceito formal (aquele do
dicionário), o que pode revelar um significado social mais amplo
dotado de regionalismos, gírias e senso comum. Nesse sentido, é
importante diferenciar denotação de conotação.
Exemplo:
Os donos soltaram os cachorros para proteger a fazenda.
(Sentido denotativo = soltar o que estava preso.)
Eles soltaram os cachorros quando perceberam que foram
trapaceados. (Sentido conotativo = ficar bravo, ...).

- Intertextualidade: entende-se a criação de um texto a


partir de outro pré-existente. A intertextualidade pode
apresentar funções diferentes, as quais dependem muito dos
textos/contextos em que ela é inserida, ou seja, dependendo da
situação. Exemplos de obras intertextuais incluem: alusão,
versão, plágio, tradução, pastiche e paródia. Evidentemente, o
fenômeno da intertextualidade está ligado ao “conhecimento do
mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja, comum ao
produtor e ao receptor de textos. O diálogo pode ocorrer ou não

Raciocínio Analítico 6
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RACIOCÍNIO LÓGICO

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APOSTILAS OPÇÃO

Princípios fundamentais da lógica

A Lógica matemática adota como regra fundamental três


princípios1 (ou axiomas):

I – PRÍNCIPIO DA IDENTIDADE: uma proposição


verdadeira é verdadeira; uma proposição falsa é falsa.

II – PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: uma


proposição não pode ser verdadeira E falsa ao mesmo
tempo.
1 Estruturas lógicas.
III – PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: toda
proposição OU é verdadeira OU é falsa, verificamos sempre
ESTRUTURAS LÓGICAS um desses casos, NUNCA existindo um terceiro caso.

Em uma primeira aproximação, a lógica pode ser


entendida como a ciência que estuda os princípios e o métodos Se esses princípios acimas não puderem ser aplicados,
que permitem estabelecer as condições de validade e NÃO podemos classificar uma frase como proposição.
invalidade dos argumentos. Um argumento é uma parte do
discurso no qual localizamos um conjunto de uma ou mais Valores lógicos das proposições
sentenças denominadas premissas e uma sentença
denominada conclusão. Chamamos de valor lógico de uma proposição a verdade,
Em diversas provas de concursos são empregados toda se a proposição é verdadeira (V), e a falsidade, se a proposição
sorte de argumentos com os mais variados conteúdos: político, é falsa (F).
religioso, moral e etc. Pode-se pensar na lógica como o estudo Consideremos as seguintes proposições e os seus
da validade dos argumentos, focalizando a atenção não no respectivos valores lógicos:
conteúdo, mas sim na sua forma ou na sua estrutura. a) Brasília é a capital do Brasil. (V)
b) Terra é o maior planeta do sistema Solar. (F)
Conceito de proposição
A maioria das proposições são proposições contingenciais,
Chama-se proposição a todo conjunto de palavras ou ou seja, dependem do contexto para sua análise. Assim, por
símbolos que expressam um pensamento ou uma ideia de exemplo, se considerarmos a proposição simples:
sentido completo. Assim, as proposições transmitem
pensamentos, isto é, afirmam, declaram fatos ou exprimem “Existe vida após a morte”, ela poderá ser verdadeira (do
juízos que formamos a respeito de determinados conceitos ou ponto de vista da religião espírita) ou falsa (do ponto de vista
entes. da religião católica); mesmo assim, em ambos os casos, seu valor
Elas devem possuir além disso: lógico é único — ou verdadeiro ou falso.
- um sujeito e um predicado;
- e por último, deve sempre ser possível atribuir um valor Classificação das proposições
lógico: verdadeiro (V) ou falso (F).
Preenchendo esses requisitos estamos diante de uma As proposições podem ser classificadas em:
proposição. 1) Proposições simples (ou atômicas): são formadas por
Vejamos alguns exemplos: um única oração, sem conectivos, ou seja, elementos de
A) Terra é o maior planeta do sistema Solar ligação. Representamos por letras minusculas: p, q, r,... .
B) Brasília é a capital do Brasil.
C) Todos os músicos são românticos. Exemplos:
O céu é azul.
A todas as frases podemos atribuir um valor lógico (V ou Hoje é sábado.
F).
TOME NOTA!!! 2) Proposições compostas (ou moleculares): possuem
Uma forma de identificarmos se uma frase simples é ou elementos de ligação (conectivos) que ligam as orações,
não considerada frase lógica, ou sentença, ou ainda podendo ser duas, três, e assim por diante. Representamos por
proposição, é pela presença de: letras maiusculas: P, Q, R, ... .
- sujeito simples: "Carlos é médico";
- sujeito composto: "Rui e Nathan são irmãos"; Exemplos:
- sujeito inexistente: "Choveu" O ceu é azul ou cinza.
- verbo, que representa a ação praticada por esse sujeito, Se hoje é sábado, então vou a praia.
e estar sujeita à apreciação de julgamento de ser verdadeira
(V) ou falsa (F), caso contrário, não será considerada Observação: os termos em destaque são alguns dos
proposição. conectivos (termos de ligação) que utilizamos em lógica
matemática.
Atenção: orações que não tem sujeito, NÃO são
consideradas proposições lógicas. 3) Proposição (ou sentença) aberta: quando não se
pode atribuir um valor lógico verdadeiro ou falso para ela (ou
valorar a proposição!), portanto, não é considerada frase
lógica. São consideradas sentenças abertas:

1 Algumas bibliografias consideram apenas dois axiomas o II e o III.

Raciocínio Lógico 1
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APOSTILAS OPÇÃO

a) Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou • “A frase dentro destas aspas é uma mentira.”
ontem? – Fez Sol ontem? • A expressão x + y é positiva.
b) Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso! • O valor de √4 + 3 = 7.
c) Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue • Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira.
a televisão. • O que é isto?
d) Frases sem sentido lógico (expressões vagas, Há exatamente:
paradoxais, ambíguas, ...): “esta frase é verdadeira” (expressão (A) uma proposição;
paradoxal) – O cavalo do meu vizinho morreu (expressão (B) duas proposições;
ambígua) – 2 + 3 + 7 (C) três proposições;
(D) quatro proposições;
4) Proposição (sentença) fechada: quando a proposição (E) todas são proposições.
admitir um único valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso,
nesse caso, será considerada uma frase, proposição ou Respostas
sentença lógica.
01. Resposta: D.
Observe os exemplos: Analisando as alternativas temos:
(A) Frases interrogativas não são consideradas
Frase Sujeito Verbo Conclus proposições.
ão (B) O sujeito aqui é indeterminado, logo não podemos
Maria é Maria É (ser) É uma definir quem é ele.
baiana (simples) frase lógica (C) Trata-se de uma proposição composta
Lia e Lia e Têm É uma (D) É uma frase declarativa onde podemos identificar o
Maria têm Maria (ter) frase lógica sujeito da frase e atribuir a mesma um valor lógico.
dois irmãos (composto)
Ventou Inexisten Ventou É uma 02. Resposta: E.
hoje te (ventar) frase lógica Analisando as alternativas temos:
Um Um lindo Frase NÂO é (A) Não é uma oração composta de sujeito e predicado.
lindo livro livro sem verbo uma frase (B) É uma frase imperativa/exclamativa, logo não é
de lógica proposição.
literatura (C) É uma frase que expressa ordem, logo não é proposição.
Manobr Frase Manobr NÂO é (D) É uma frase interrogativa.
ar esse sem sujeito ar uma frase (E) Composta de sujeito e predicado, é uma frase
carro lógica declarativa e podemos atribuir a ela valores lógicos.
Existe Vida Existir É uma
vida em frase lógica 03. Resposta: B.
Marte Analisemos cada alternativa:
(A) “A frase dentro destas aspas é uma mentira”, não
Sentenças representadas por variáveis podemos atribuir valores lógicos a ela, logo não é uma
a) x + 4 > 5; sentença lógica.
b) Se x > 1, então x + 5 < 7; (B) A expressão x + y é positiva, não temos como atribuir
c) x = 3 se, e somente se, x + y = 15. valores lógicos, logo não é sentença lógica.
(C) O valor de √4 + 3 = 7; é uma sentença lógica pois
Observação: Os termos “atômicos” e “moleculares” podemos atribuir valores lógicos, independente do resultado
referem-se à quantidade de verbos presentes na frase. que tenhamos
Consideremos uma frase com apenas um verbo, então ela será (D) Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira, também
dita atômica, pois se refere a apenas um único átomo (1 verbo podemos atribuir valores lógicos (não estamos considerando
= 1 átomo); consideremos, agora, uma frase com mais de um a quantidade certa de gols, apenas se podemos atribuir um
verbo, então ela será dita molecular, pois se refere a mais de valor de V ou F a sentença).
um átomo (mais de um átomo = uma molécula). (E) O que é isto? - como vemos não podemos atribuir
valores lógicos por se tratar de uma frase interrogativa.
Questões
Conceito de Tabela Verdade
01. (Pref. Tanguá/RJ- Fiscal de Tributos – MS
CONCURSOS/2017) Qual das seguintes sentenças é Sabemos que tabela verdade é toda tabela que atribui,
classificada como uma proposição simples? previamente, os possíveis valores lógicos que as proposições
(A) Será que vou ser aprovado no concurso? simples podem assumir, como sendo verdadeiras (V) ou
(B) Ele é goleiro do Bangu. falsas (F), e, por consequência, permite definir a solução de
(C) João fez 18 anos e não tirou carta de motorista. uma determinada fórmula (proposição composta).
(D) Bashar al-Assad é presidente dos Estados Unidos. De acordo com o Princípio do Terceiro Excluído, toda
proposição simples “p” é verdadeira ou falsa, ou seja, possui o
02. (IF/PA- Auxiliar de Assuntos Educacionais – valor lógico V (verdade) ou o valor lógico F (falsidade).
IF/PA/2016) Qual sentença a seguir é considerada uma Em se tratando de uma proposição composta, a
proposição? determinação de seu valor lógico, conhecidos os valores
(A) O copo de plástico. lógicos das proposições simples componentes, se faz com base
(B) Feliz Natal! no seguinte princípio, vamos relembrar:
(C) Pegue suas coisas.
(D) Onde está o livro?
(E) Francisco não tomou o remédio. O valor lógico de qualquer proposição composta
depende UNICAMENTE dos valores lógicos das
03. (Cespe/UNB) Na lista de frases apresentadas a seguir:

Raciocínio Lógico 2
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APOSTILAS OPÇÃO

proposições simples componentes, ficando por eles


UNIVOCAMENTE determinados.

Para determinarmos esses valores recorremos a um


dispositivo prático que é o objeto do nosso estudo: A tabela
verdade. Em que figuram todos os possíveis valores lógicos da
proposição composta (sua solução) correspondente a todas as
possíveis atribuições de valores lógicos às proposições
simples componentes.

Número de linhas de uma Tabela Verdade


O número de linhas de uma proposição composta depende
do número de proposições simples que a integram, sendo dado
pelo seguinte teorema: (Fonte: http://www.colegioweb.com.br/nocoes-de-logica/tabela-
verdade.html)
“A tabela verdade de uma proposição composta com n*
proposições simples componentes contém 2n linhas.” (* Vejamos alguns exemplos:
Algumas bibliografias utilizam o “p” no lugar do “n”)
Os valores lógicos “V” e “F” se alteram de dois em dois para 01. (FCC) Com relação à proposição: “Se ando e bebo,
a primeira proposição “p” e de um em um para a segunda então caio, mas não durmo ou não bebo”. O número de linhas
proposição “q”, em suas respectivas colunas, e, além disso, VV, da tabela-verdade da proposição composta anterior é igual a:
VF, FV e FF, em cada linha, são todos os arranjos binários com (A) 2;
repetição dos dois elementos “V” e “F”, segundo ensina a (B) 4;
Análise Combinatória. (C) 8;
(D) 16;
Construção da tabela verdade de uma proposição (E) 32.
composta
Para sua construção começamos contando o número de Vamos contar o número de verbos para termos a
proposições simples que a integram. Se há n proposições quantidade de proposições simples e distintas contidas na
simples componentes, então temos 2n linhas. Feito isso, proposição composta. Temos os verbos “andar’, “beber”, “cair”
atribuimos a 1ª proposição simples “p1” 2n / 2 = 2n -1 valores e “dormir”. Aplicando a fórmula do número de linhas temos:
V , seguidos de 2n – 1 valores F, e assim por diante. Número de linhas = 2n = 24 = 16 linhas.
Resposta D.
Exemplos
1) Se tivermos 2 proposições temos que 2n =22 = 4 linhas e 02. (Cespe/UnB) Se “A”, “B”, “C” e “D” forem proposições
2n – 1 = 22 - 1 = 2, temos para a 1ª proposição 2 valores V e 2 simples e distintas, então o número de linhas da tabela-
valores F se alternam de 2 em 2 , para a 2ª proposição temos verdade da proposição (A → B) ↔ (C → D) será igual a:
que os valores se alternam de 1 em 1 (ou seja metade dos (A) 2;
valores da 1ª proposição). Observe a ilustração, a primeira (B) 4;
parte dela corresponde a árvore de possibilidades e a segunda (C) 8;
a tabela propriamente dita. (D) 16;
(E) 32.

Veja que podemos aplicar a mesma linha do raciocínio


acima, então teremos:
Número de linhas = 2n = 24 = 16 linhas.
Resposta D.

Estudo dos Operadores e Operações Lógicas

Quando efetuamos certas operações sobre proposições


chamadas operações lógicas, efetuamos cálculos
proposicionais, semelhantes a aritmética sobre números, de
(Fonte: http://www.colegioweb.com.br/nocoes-de-logica/tabela-
forma a determinarmos os valores das proposições.
verdade.html)
1) Negação ( ~ ): chamamos de negação de uma
2) Neste caso temos 3 proposições simples, fazendo os proposição representada por “não p” cujo valor lógico é
cálculos temos: 2n =23 = 8 linhas e 2n – 1 = 23 - 1 = 4, temos para verdade (V) quando p é falsa e falsidade (F) quando p é
a 1ª proposição 4 valores V e 4 valores F se alternam de 4 em verdadeira. Assim “não p” tem valor lógico oposto daquele de
4 , para a 2ª proposição temos que os valores se alternam de 2 p.
em 2 (metade da 1ª proposição) e para a 3ª proposição temos Pela tabela verdade temos:
valores que se alternam de 1 em 1(metade da 2ª proposição).

Simbolicamente temos:
~V = F ; ~F = V
V(~p) = ~V(p)

Raciocínio Lógico 3
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Exemplos V(p ^ q ) = V(p) ^ V(q) = V ^ F = F

Proposição Negação: ~p (d)


(afirmações): p p: A neve é azul. (F)
Carlos é médico Carlos NÃO é médico q: 7 é número ímpar. (V)
Juliana é carioca Juliana NÃO é carioca V(p ^ q ) = V(p) ^ V(q) = F ^ V = F
Nicolas está de Nicolas NÃO está de
férias férias - O valor lógico de uma proposição simples “p” é indicado
Norberto foi NÃO É VERDADE QUE por V(p). Assim, exprime-se que “p” é verdadeira (V),
trabalhar Norberto foi trabalhar escrevendo:
V(p) = V
A primeira parte da tabela todas as afirmações são
verdadeiras, logo ao negarmos temos passam a ter como valor - Analogamente, exprime-se que “p” é falsa (F),
lógico a falsidade. escrevendo:
V(p) = F
- Dupla negação (Teoria da Involução): vamos
considerar as seguintes proposições primitivas, p:” Netuno é o - As proposições compostas, representadas, por exemplo,
planeta mais distante do Sol”; sendo seu valor verdadeiro ao pelas letras maiúsculas “P”, “Q”, “R”, “S” e “T”, terão seus
negarmos “p”, vamos obter a seguinte proposição ~p: “Netuno respectivos valores lógicos representados por:
NÂO é o planeta mais distante do Sol” e negando novamente a V(P), V(Q), V(R), V(S) e V(T).
proposição “~p” teremos ~(~p): “NÃO É VERDADE que Netuno
NÃO é o planeta mais distante do Sol”, sendo seu valor lógico 3) Disjunção inclusiva – soma lógica – disjunção
verdadeiro (V). Logo a dupla negação equivale a termos de simples (v): chama-se de disjunção inclusiva de duas
valores lógicos a sua proposição primitiva. proposições p e q a proposição representada por “p ou q”, cujo
valor lógico é verdade (V) quando pelo menos uma das
p ≡ ~(~p) proposições, p e q, é verdadeira e falsidade (F) quando
ambas são falsas.
Observação: O termo “equivalente” está associado aos Simbolicamente: “p v q” (lê-se: “p OU q”).
“valores lógicos” de duas fórmulas lógicas, sendo iguais pela Pela tabela verdade temos:
natureza de seus valores lógicos.
Exemplo:
1. Saturno é um planeta do sistema solar.
2. Sete é um número real maior que cinco.

Sabendo-se da realidade dos valores lógicos das


proposições “Saturno é um planeta do sistema solar” e “Sete é
um número rela maior que cinco”, que são ambos verdadeiros
(V), conclui-se que essas proposições são equivalentes, em Exemplos
termos de valores lógicos, entre si. (a)
p: A neve é branca. (V)
2) Conjunção – produto lógico (^): chama-se de q: 3 < 5. (V)
conjunção de duas proposições p e q a proposição V(p v q) = V(p) v V(q) = V v V = V
representada por “p e q”, cujo valor lógico é verdade (V)
quando as proposições, p e q, são ambas verdadeiras e (b)
falsidade (F) nos demais casos. p: A neve é azul. (F)
Simbolicamente temos: “p ^ q” (lê-se: “p E q”). q: 6 < 5. (F)
V(p v q) = V(p) v V(q) = F v F = F
Pela tabela verdade temos:
(c)
p: Pelé é jogador de futebol. (V)
q: A seleção brasileira é octacampeã. (F)
V(p v q) = V(p) v V(q) = V v F = V

(d)
p: A neve é azul. (F)
q: 7 é número ímpar. (V)
Exemplos V(p v q) = V(p) v V(q) = F v V = V
(a)
p: A neve é branca. (V) 4) Disjunção exclusiva ( v ): chama-se disjunção
q: 3 < 5. (V) exclusiva de duas proposições p e q, cujo valor lógico é
V(p ^ q ) = V(p) ^ V(q) = V ^ V = V verdade (V) somente quando p é verdadeira ou q é
verdadeira, mas não quando p e q são ambas verdadeiras
(b) e a falsidade (F) quando p e q são ambas verdadeiras ou
p: A neve é azul. (F) ambas falsas.
q: 6 < 5. (F) Simbolicamente: “p v q” (lê-se; “OU p OU q”; “OU p OU q,
V(p ^ q ) = V(p) ^ V(q) = F ^ F = F MAS NÃO AMBOS”).
Pela tabela verdade temos:
(c)
p: Pelé é jogador de futebol. (V)
q: A seleção brasileira é octacampeã. (F)

Raciocínio Lógico 4
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Simbolicamente: “p ↔ q” (lê-se: p é condição necessária e


suficiente para q; q é condição necessária e suficiente para p).

Pela tabela verdade temos:

Para entender melhor vamos analisar o exemplo.


p: Nathan é médico ou professor. (Ambas podem ser
verdadeiras, ele pode ser as duas coisas ao mesmo tempo, uma
condição não exclui a outra – disjunção inclusiva). Exemplos
Podemos escrever: (a)
Nathan é médico ^ Nathan é professor p: A neve é branca. (V)
q: 3 < 5. (V)
q: Mario é carioca ou paulista (aqui temos que se Mario é V(p ↔ q) = V(p) ↔ V(q) = V ↔ V = V
carioca implica que ele não pode ser paulista, as duas coisas
não podem acontecer ao mesmo tempo – disjunção exclusiva). (b)
Reescrevendo: p: A neve é azul. (F)
Mario é carioca v Mario é paulista. q: 6 < 5. (F)
V(p ↔ q) = V(p) ↔ V(q) = F ↔ F = V
Exemplos
a) Plínio pula ou Lucas corre, mas não ambos. (c)
b) Ou Plínio pula ou Lucas corre. p: Pelé é jogador de futebol. (V)
q: A seleção brasileira é octacampeã. (F)
5) Implicação lógica ou condicional (→): chama-se V(p ↔ q) = V(p) ↔ V(q) = V ↔ F = F
proposição condicional ou apenas condicional representada
por “se p então q”, cujo valor lógico é falsidade (F) no caso em (d)
que p é verdade e q é falsa e a verdade (V) nos demais p: A neve é azul. (F)
casos. q: 7 é número ímpar. (V)
V(p ↔ q) = V(p) ↔ V(q) = F ↔ V = F
Simbolicamente: “p → q” (lê-se: p é condição suficiente
para q; q é condição necessária para p). Transformação da linguagem corrente para a
p é o antecedente e q o consequente e “→” é chamado de simbólica
símbolo de implicação. Este é um dos tópicos mais vistos em diversas provas e por
isso vamos aqui detalhar de forma a sermos capazes de
Pela tabela verdade temos: resolver questões deste tipo.

Sejam as seguintes proposições simples denotadas por “p”,


“q” e “r” representadas por:
p: Luciana estuda.
q: João bebe.
r: Carlos dança.

Exemplos Sejam, agora, as seguintes proposições compostas


(a) denotadas por: “P ”, “Q ”, “R ”, “S ”, “T ”, “U ”, “V ” e “X ”
p: A neve é branca. (V) representadas por:
q: 3 < 5. (V) P: Se Luciana estuda e João bebe, então Carlos não dança.
V(p → q) = V(p) → V(q) = V → V = V Q: É falso que João bebe ou Carlos dança, mas Luciana não
estuda.
(b) R: Ou Luciana estuda ou Carlos dança se, e somente se,
p: A neve é azul. (F) João não bebe.
q: 6 < 5. (F)
V(p → q) = V(p) → V(q) = F → F = V O primeiro passo é destacarmos os operadores lógicos
(modificadores e conectivos) e as proposições. Depois
(c) reescrevermos de forma simbólica, vajamos:
p: Pelé é jogador de futebol. (V)
q: A seleção brasileira é octacampeã. (F)
V(p → q) = V(p) → V(q) = V → F = F

(d) Juntando as informações temos que, P: (p ^ q) → ~r


p: A neve é azul. (F)
q: 7 é número ímpar. (V) Continuando:
V(p → q) = V(p) → V(q) = F → V = V
Q: É falso que João bebe ou Carlos dança, mas Luciana
6) Dupla implicação ou bicondicional (↔):chama-se estuda.
proposição bicondicional ou apenas bicondicional
representada por “p se e somente se q”, cujo valor lógico é
verdade (V) quando p e q são ambas verdadeiras ou falsas
e a falsidade (F) nos demais casos.

Raciocínio Lógico 5
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Proposição Nova forma de escrever a


proposição
((~(~(p ^ q))) v ~~ (p ^ q) v ~p
(~p))
((~p) → (q → ~p→ (q → ~(p v r))
Simbolicamente temos: Q: ~ (q v r ^ ~p). (~(p v r))))

R: Ou Luciana estuda ou Carlos dança se, e somente se, - Outros símbolos para os conectivos (operadores lógicos):
João não bebe. “¬” (cantoneira) para negação (~).
(p v r) ↔ ~q “●” e “&” para conjunção (^).
“‫( ”ﬤ‬ferradura) para a condicional (→).
Observação: os termos “É falso que”, “Não é verdade que”,
“É mentira que” e “É uma falácia que”, quando iniciam as Em síntese temos a tabela verdade das proposições que
frases negam, por completo, as frases subsequentes. facilitará na resolução de diversas questões

- O uso de parêntesis
A necessidade de usar parêntesis na simbolização das
proposições se deve a evitar qualquer tipo de ambiguidade,
assim na proposição, por exemplo, p ^ q v r, nos dá a seguinte
proposições:
(Fonte: http://www laifi.com.)
(I) (p ^ q) v r - Conectivo principal é da disjunção.
(II) p ^ (q v r) - Conectivo principal é da conjunção.
Exemplo
Vamos construir a tabela verdade da proposição:
As quais apresentam significados diferentes, pois os
P(p,q) = ~ (p ^ ~q)
conectivos principais de cada proposição composta dá valores
lógicos diferentes como conclusão.
1ª Resolução) Vamos formar o par de colunas
Agora observe a expressão: p ^ q → r v s, dá lugar,
correspondentes as duas proposições simples p e q. Em
colocando parêntesis as seguintes proposições:
seguida a coluna para ~q , depois a coluna para p ^ ~q e a
a) ((p ^ q) → r) v s
útima contento toda a proposição ~ (p ^ ~q), atribuindo todos
b) p ^ ((q → r) v s)
os valores lógicos possíveis de acordo com os operadores
c) (p ^ (q → r)) v s
lógicos.
d) p ^ (q → (r v s))
e) (p ^ q) → (r v s)
p q ~q p ^~q ~ (p ^ ~q)
V V F F V
Aqui duas quaisquer delas não tem o mesmo significado.
Porém existem muitos casos que os parêntesis são suprimidos, V F V V F
a fim de simplificar as proposições simbolizadas, desde que, F V F F V
naturalmente, ambiguidade alguma venha a aparecer. Para F F V F V
isso a supressão do uso de parêntesis se faz mediante a
algumas convenções, das quais duas são particularmente 2ª Resolução) Vamos montar primeiro as colunas
importantes: correspondentes a proposições simples p e q , depois traçar
colunas para cada uma dessas proposições e para cada um dos
1ª) A “ordem de precedência” para os conectivos é: conectivos que compõem a proposição composta.
(I) ~ (negação) p q ~ (p ^ ~ q)
(II) ^, v (conjunção ou disjunção têm a mesma V V
precedência, operando-se o que ocorrer primeiro, da esquerda V F
para direita). F V
(III) → (condicional) F F
(IV) ↔ (bicondicional)
Portanto o mais “fraco” é “~” e o mais “forte” é “↔”. Depois completamos, em uma determinada ordem as
colunas escrevendo em cada uma delas os valores lógicos.
Logo: Os símbolos → e ↔ têm preferência sobre ^ e v. p q ~ (p ^ ~ q)
V V V V
Exemplo V F V F
p → q ↔ s ^ r , é uma bicondicional e nunca uma F V F V
condicional ou uma conjunção. Para convertê-la numa F F F F
condicional há que se usar parêntesis: 1 1
p →( q ↔ s ^ r )
E para convertê-la em uma conjunção: p q ~ (p ^ ~ q)
(p → q ↔ s) ^ r
V V V F V
V F V V F
2ª) Quando um mesmo conectivo aparece
F V F F V
sucessivamente repetido, suprimem-se os parêntesis,
fazendo-se a associação a partir da esquerda. F F F V F
1 2 1
Segundo estas duas convenções, as duas seguintes
proposições se escrevem: p q ~ (p ^ ~ q)
V V V F F V
V F V V V F

Raciocínio Lógico 6
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APOSTILAS OPÇÃO

F V F F F V 2) Comutativa: p ^ q ⇔ q ^ p
F F F F V F A tabela verdade de p ^ q e q ^ p são idênticas, ou seja, a
1 3 2 1 bicondicional p ^ q ↔ q ^ p é tautológica.

p q ~ (p ^ ~ q) p q p^q q^p p^q↔q^p


V V V V F F V V V V V V
V F F V V V F V F F F V
F V V F F F V F V F F V
F F V F F V F F F F F V
4 1 3 2 1
3) Associativa: (p ^ q) ^ r ⇔ p ^ (q ^ r)
A tabela verdade de (p ^ q) ^ r e p ^ (q ^ r) são idênticas,
Observe que vamos preenchendo a tabela com os valores
ou seja, a bicondicional (p ^ q) ^ r ↔ p ^ (q ^ r) é tautológica.
lógicos (V e F), depois resolvemos os operadores lógicos
(modificadores e conectivos) e obtemos em 4 os valores
lógicos da proposição que correspondem a todas possíveis p q r p (p ^ q p^
atribuições de p e q de modo que: ^q q) ^ r ^r (q ^ r)
V V V V V V V
P(V V) = V, P(V F) = F, P(F V) = V, P(F F) = V V V F V F F F
V F V F F F F
A proposição P(p,q) associa a cada um dos elementos do V F F F F F F
conjunto U – {VV, VF, FV, FF} com um ÚNICO elemento do F V V F F V F
conjunto {V,F}, isto é, P(p,q) outra coisa não é que uma função F V F F F F F
de U em {V,F} F F V F F F F
F F F F F F F
P(p,q): U → {V,F} , cuja representação gráfica por um
diagrama sagital é a seguinte: 4) Identidade: p ^ t ⇔ p e p ^ w ⇔ w
A tabela verdade de p ^ t e p, e p ^ w e w são idênticas, ou
seja, a bicondicional p ^ t ↔ p e p ^ w ↔ w são tautológicas.

p t w p p p^ p ^
^t ^w t↔p w↔w
V V F V F V V
F V F F F V V

Estas propriedades exprimem que t e w são


respectivamente elemento neutro e elemento absorvente da
3ª Resolução) Resulta em suprimir a tabela verdade conjunção.
anterior as duas primeiras da esquerda relativas às
proposições simples componentes p e q. Obtermos então a Propriedades da Disjunção: Sendo as proposições p, q e
seguinte tabela verdade simplificada: r simples, quaisquer que sejam t e w, proposições também
simples, cujos valores lógicos respectivos são V (verdade) e
~ (p ^ ~ q) F(falsidade), temos as seguintes propriedades:
V V F F V
F V V V F 1) Idempotente: p v p ⇔ p
V F F F V A tabela verdade de p v p e p, são idênticas, ou seja, a
V F F V F bicondicional p v p ↔ p é tautológica.
4 1 3 2 1
p pvp pvp↔p
V V V
Referências
CABRAL, Luiz Cláudio Durão; NUNES, Mauro César de Abreu - Raciocínio F F V
lógico passo a passo – Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemática – São Paulo: 2) Comutativa: p v q ⇔ q v p
Nobel – 2002.
A tabela verdade de p v q e q v p são idênticas, ou seja, a
bicondicional p v q ↔ q v p é tautológica.
ÁLGEBRA DAS PROPOSIÇÕES
p q pvq qvp pvq↔qvp
Propriedades da Conjunção: Sendo as proposições p, q e
r simples, quaisquer que sejam t e w, proposições também V V V V V
simples, cujos valores lógicos respectivos são V (verdade) e V F V V V
F(falsidade), temos as seguintes propriedades: F V V V V
F F F F V
1) Idempotente: p ^ p ⇔ p (o símbolo “⇔” representa
equivalência). 3) Associativa: (p v q) v r ⇔ p v (q v r)
A tabela verdade de p ^ p e p, são idênticas, ou seja, a A tabela verdade de (p v q) v r e p v (q v r) são idênticas, ou
bicondicional p ^ p ↔ p é tautológica. seja, a bicondicional (p v q) v r ↔ p v (q v r) é tautológica.

p p^p p^p↔p p q r p (p v q p v
V V V vq q) v r vr (q v r)
F F V V V V V V V V
V V F V V V V

Raciocínio Lógico 7
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APOSTILAS OPÇÃO

V F V V V V V F V V F V
V F F V V F V F F F F V
F V V V V V V
F V F V V V V Analogamente temos ainda que a tabela verdade das
F F V F V V V proposições p v (p ^ q) e p são idênticas, ou seja a bicondicional
F F F F F F F p v (p ^ q) ↔ p é tautológica.

4) Identidade: p v t ⇔ t e p v w ⇔ p p q p ^ p v (p ^ p v (p ^ q) ↔
A tabela verdade de p v t e p, e p v w e w são idênticas, ou q q) p
seja, a bicondicional p v t ↔ t e p v w ↔ p são tautológicas. V V V V V
V F F V V
p t w p p pv p v F V F F V
vt vw t↔t w↔p F F F F V
V V F V V V V
F V F V F V V Referências
CABRAL, Luiz Cláudio Durão; NUNES, Mauro César de Abreu - Raciocínio
lógico passo a passo – Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
Estas propriedades exprimem que t e w são ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemática – São Paulo:
respectivamente elemento absorvente e elemento neutro da Nobel – 2002.
disjunção.
Questões
Propriedades da Conjunção e Disjunção: Sejam p, q e r
proposições simples quaisquer. 01. (MEC – Conhecimentos básicos para os Postos
1) Distributiva: 9,10,11 e 16 – CESPE/2015)
- p ^ (q v r) ⇔ (p ^ q) v (p ^ r)
- p v (q ^ r) ⇔ (p v q) ^ (p v r)

A tabela verdade das proposições p ^ (q v r) e (p v q) ^ (p


v r) são idênticas, e observamos que a bicondicional p ^ (q v r)
↔ (p ^ q) v (p ^ r) é tautológica.

p q r q p p p (
vr ^ (q ^q ^r p ^
v r) q) v
(p ^
r)
V V V V V V V V
V V F V V V F V A figura acima apresenta as colunas iniciais de uma tabela-
V F V V V F V V verdade, em que P, Q e R representam proposições lógicas, e V
V F F F F F F F e F correspondem, respectivamente, aos valores lógicos
F V V V F F F F verdadeiro e falso.
F V F V F F F F Com base nessas informações e utilizando os conectivos
F F V V F F F F lógicos usuais, julgue o item subsecutivo.
F F F F F F F F
A última coluna da tabela-verdade referente à proposição
Analogamente temos ainda que a tabela verdade das lógica P v (Q↔R) quando representada na posição horizontal
proposições p v (q ^ r) e (p v q) ^ (p v r) são idênticas e sua é igual a
bicondicional p v (q ^ r) ↔ (p v q) ^ (p v r) é tautológica.

A equivalência p ^ (q v r) ↔ (p ^ q) v (p ^ r), exprime que a


conjunção é distributiva em relação à disjunção e a ( ) Certo ( ) Errado
equivalência p v (q ^ r) ↔ (p v q) ^ (p v r), exprime que a
disjunção é distributiva em relação à conjunção. 02. (BRDE-Analista de Sistemas, Desenvolvimento de
Exemplo: Sistemas – FUNDATEC/2015)
“Carlos estuda E Jorge trabalha OU viaja” é equivalente à Qual operação lógica descreve a tabela verdade da função
seguinte proposição: Z abaixo cujo operandos são A e B? Considere que V significa
“Carlos estuda E Jorge trabalha” OU “Carlos estuda E Jorge Verdadeiro, e F, Falso.
viaja”.

2) Absorção:
- p ^ (p v q) ⇔ p
- p v (p ^ q) ⇔ p

A tabela verdade das proposições p ^ (p v q) e p, ou seja, a


bicondicional p ^ (p v q) ↔ p é tautológica.
(A) Ou.
p q p v p ^ (p v p ^ (p v q) ↔
(B) E.
q q) p
(C) Ou exclusivo.
V V V V V (D) Implicação (se...então).
V F V V V (E) Bicondicional (se e somente se).

Raciocínio Lógico 8
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03. (EBSERH – Técnico em Citopatologia – INSTITUTO Conceitos


AOCP/2015) Considerando a proposição composta ( p ∨ r ) , é Premissas (proposições): são afirmações que podem ser
correto afirmar que verdadeiras ou falsas. Com base nelas que os argumentos são
(A) a proposição composta é falsa se apenas p for falsa. compostos, ou melhor, elas possibilitam que o argumento seja
(B) a proposição composta é falsa se apenas r for falsa. aceito.
(C) para que a proposição composta seja verdadeira é
necessário que ambas, p e r sejam verdadeiras. Inferência: é o processo a partir de uma ou mais
(D) para que a proposição composta seja verdadeira é premissas se chegar a novas proposições. Quando a inferência
necessário que ambas, p e r sejam falsas. é dada como válida, significa que a nova proposição foi aceita,
(E) para que a proposição composta seja falsa é necessário podendo ela ser utilizada em outras inferências.
que ambas, p e r sejam falsas.
Conclusão: é a proposição que contém o resultado final da
Respostas inferência e que esta alicerçada nas premissas. Para separa as
premissas das conclusões utilizam-se expressões como “logo,
01. Resposta: Certo. ...”, “portanto, ...”, “por isso, ...”, entre outras.
P v (Q↔R), montando a tabela verdade temos:
Sofisma: é um raciocínio falso com aspecto de verdadeiro.
[ (Q ↔ R)
R Q P v Falácia: é um argumento inválido, sem fundamento ou
P ]
V V V V V V V V tecnicamente falho na capacidade de provar aquilo que
enuncia.
V V F F V V V V
V F V V V F F V Silogismo: é um raciocínio composto de três proposições,
V F F F F F F V dispostas de tal maneira que a conclusão é verdadeira e deriva
F V V V V V F F logicamente das duas primeiras premissas, ou seja, a
F V F F F V F F conclusão é a terceira premissa.
F F V V V F V F
O argumento é uma fórmula constituída de premissas e
F F F F V F V F conclusões (dois elementos fundamentais da argumentação)
conforme dito no início temos:
02. Resposta: D.
Observe novamente a tabela abaixo, considere A = p, B = q
e Z = condicional.

03. Resposta: E. Todas as PREMISSAS tem uma CONCLUSÃO. Os exemplos


Como já foi visto, a disjunção só é falsa quando as duas acima são considerados silogismos.
proposições são falsas. Um argumento de premissas P1, P2, ..., Pn e de conclusão
Q, indica-se por:
P1, P2, ..., Pn |----- Q
2 Lógica de argumentação:
Argumentos Válidos
analogias, inferências, Um argumento é VÁLIDO (ou bem construído ou legítimo)
deduções e conclusões. quando a conclusão é VERDADEIRA (V), sempre que as
premissas forem todas verdadeiras (V). Dizemos, também, que
um argumento é válido quando a conclusão é uma
LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO consequência obrigatória das verdades de suas premissas. Ou
seja:
No estudo da Lógica Matemática, a dedução formal é a
principal ferramenta para o raciocínio válido de um A verdade das premissas é incompatível com a falsidade da
argumento. Ela avalia de forma genérica as conclusões que a conclusão.
argumentação pode tomar, quais dessas conclusões são
válidas e quais são inválidas (falaciosas). Ainda na Lógica Um argumento válido é denominado tautologia quando
Matemática, estudam-se as formas válidas de inferência de assumir, somente, valorações verdadeiras,
uma linguagem formal ou proposicional constituindo-se, independentemente de valorações assumidas por suas
assim, a teoria da argumentação. estruturas lógicas.
Um argumento é um conjunto finito de premissas –
proposições –, sendo uma delas a consequência das demais. Argumentos Inválidos
Tal premissa (proposição), que é o resultado dedutivo ou Um argumento é dito INVÁLIDO (ou falácia, ou ilegítimo ou
consequência lógica das demais, é chamada conclusão. mal construído), quando as verdades das premissas são
Um argumento é uma fórmula: P1 ∧ P2 ∧ ... ∧ Pn → Q, em insuficientes para sustentar a verdade da conclusão.
que os Pis (P1, P2, P3...) e Q são fórmulas simples ou Caso a conclusão seja falsa, decorrente das insuficiências
compostas. Nesse argumento, as fórmulas Pis (P1, P2, P3...) são geradas pelas verdades de suas premissas, tem-se como
chamadas premissas e a fórmula Q é chamada conclusão. conclusão uma contradição (F).
Um argumento não válido diz-se um SOFISMA.

Raciocínio Lógico 9
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- A verdade e a falsidade são propriedades das P3: Rita não foi à festa e Paula não ficou em casa: (V)
proposições.
- Já a validade e a invalidade são propriedades inerentes Nesse caso, não há um “ponto de referência”, ou seja, não
aos argumentos. temos uma proposição simples que faça parte desse
- Uma proposição pode ser considerada verdadeira ou argumento; logo, tomaremos como verdade a conjunção da
falsa, mas nunca válida e inválida. premissa “P3”, já que uma conjunção é considerada verdadeira
- Não é possível ter uma conclusão falsa se as somente quando suas partes forem verdadeiras. Assim,
premissas são verdadeiras. teremos a confirmação dos seguintes valores lógicos
- A validade de um argumento depende exclusivamente verdadeiros: “Rita não foi à festa” (1º passo) e “Paula não ficou
da relação existente entre as premissas e conclusões. em casa” (2º passo).
P1: Se Ana vai à festa, então Marta não vai à festa.
P2: Se Paula não fica em casa, então Marta vai à festa.

Critérios de Validade de um argumento


Pelo teorema temos:

Um argumento P1, P2, ..., Pn |---- Q é VÁLIDO se e somente


se a condicional:
Ao confirmar a proposição simples “Paula não fica em casa”
(P1 ^ P2 ^ ...^ Pn) → Q é tautológica. como verdadeira, estaremos confirmando, também, como
verdadeira a 1ª parte da condicional da premissa “P2” (3º
Métodos para testar a validade dos argumentos passo).
Estes métodos nos permitem, por dedução (ou inferência), P1: Se Ana vai à festa, então Marta não vai à festa.
atribuirmos valores lógicos as premissas de um argumento
para determinarmos uma conclusão verdadeira.
Também podemos utilizar diagramas lógicos caso sejam
estruturas categóricas (frases formadas pelas palavras ou
quantificadores: todo, algum e nenhum).
Se a 1ª parte de uma condicional for verdadeira, logo, a 2ª
Os métodos consistem em: parte também deverá ser verdadeira, já que uma verdade
1) Atribuição de valores lógicos: o método consiste na implica outra verdade. Assim, concluímos que “Marta vai à
dedução dos valores lógicos das premissas de um festa” (4º passo).
argumento, a partir de um “ponto de referência inicial” que, P1: Se Ana vai à festa, então Marta não vai à festa.
geralmente, será representado pelo valor lógico de uma
premissa formada por uma proposição simples. Lembramos
que, para que um argumento seja válido, partiremos do
pressuposto que todas as premissas que compõem esse
argumento são, na totalidade, verdadeiras.
Para dedução dos valores lógicos, utilizaremos como
auxílio a tabela-verdade dos conectivos. Sabendo-se que “Marta vai à festa” é uma proposição
simples verdadeira, então a 2ª parte da condicional da
premissa P1 será falsa (5º passo). Lembramos que, sempre
que confirmarmos como falsa a 2ª parte de uma condicional,
devemos confirmar também como falsa a 1ª parte (6º passo),
já que F → F: V.

Exemplos
01. Seja um argumento formado pelas seguintes
premissas: Se Ana vai à festa, então Marta não vai à festa. Se
Paula não fica em casa, então Marta vai à festa. Nem Rita foi à
festa, nem Paula ficou em casa. Portanto, de acordo com os valores lógicos atribuídos,
Sejam as seguintes premissas: podemos obter as seguintes conclusões: “Ana não vai à festa”;
P1: Se Ana vai à festa, então Marta não vai à festa. “Marta vai à festa”; “Paula não fica em casa” e “Rita não foi
P2: Se Paula não fica em casa, então Marta vai à festa. à festa”.
P3: Nem Rita foi à festa, nem Paula ficou em casa.
Inicialmente, reescreveremos a última premissa “P3” na 02. Seja um argumento formado pelas seguintes
forma de uma conjunção, já que a forma “nem A, nem B” pode premissas: Se Pedro é pintor, então Eduardo não é eletricista.
ser também representada por “não A e não B”. Portanto, Saulo é síndico ou Eduardo é eletricista. Paulo é porteiro se, e
teremos: somente se, Saulo não é síndico.
Então, sejam as premissas: Sejam as seguintes premissas:
P1: Se Ana vai à festa, então Marta não vai à festa. P1: Se Pedro é pintor, então Eduardo não é eletricista.
P2: Se Paula não fica em casa, então Marta vai à festa. P2: Saulo é síndico ou Eduardo é eletricista.
P3: Rita não foi à festa e Paula não ficou em casa. P3: Paulo é porteiro se, e somente se, Saulo não é síndico.

Lembramos que, para que esse argumento seja válido, Lembramos que, para que esse argumento seja válido,
todas as premissas que o compõem deverão ser todas as premissas que o compõem deverão ser,
necessariamente verdadeiras. necessariamente, verdadeiras.
P1: Se Ana vai à festa, então Marta não vai à festa: (V) P1: Se Pedro é pintor, então Eduardo não é eletricista: (V)
P2: Se Paula não fica em casa, então Marta vai à festa: (V) P2: Saulo é síndico ou Eduardo é eletricista: (V)

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P3: Paulo é porteiro se, e somente se, Saulo não é síndico:


(V)
Caso o argumento não possua uma proposição simples
(ponto de referência inicial) ou uma conjunção ou uma
disjunção exclusiva, então as deduções serão iniciadas pela
bicondicional, caso exista.
Sendo P3 uma bicondicional, e sabendo-se que toda
bicondicional assume valoração verdadeira somente
quando suas partes são verdadeiras ou falsas,
simultaneamente, então consideraremos as duas partes da
bicondicional como sendo verdadeiras (1º e 2º passos), por (Fonte: http://www.marilia.unesp.br)
dedução.
P1: Se Pedro é pintor, então Eduardo não é eletricista. O caso onde as premissas são verdadeiras e a conclusão
é falsa está sinalizada na tabela acima pelo asterisco. Observe
também, na linha 4, que as premissas são verdadeiras e a
conclusão é verdadeira. Chegamos através dessa análise que o
argumento não é valido.
Confirmando-se a proposição simples “Saulo não é síndico”
como verdadeira, então a 1ª parte da disjunção em P2 será
2o caso: quando o argumento é representado por uma
valorada como falsa (3º passo). Se uma das partes de uma
sequência lógica de premissas, sendo a última sua conclusão, e
disjunção for falsa, a outra parte “Eduardo é eletricista” deverá
é questionada a sua validade.
ser necessariamente verdadeira, para que toda a disjunção
Exemplo:
assuma valoração verdadeira (4º passo).
“Se leio, então entendo. Se entendo, então não
P1: Se Pedro é pintor, então Eduardo não é eletricista.
compreendo. Logo, compreendo.”
P1: Se leio, então entendo.
P2: Se entendo, então não compreendo.
C: Compreendo.
Se o argumento acima for válido, então, teremos a seguinte
estrutura lógica (fórmula) representativa desse argumento:
P1 ∧ P2 → C
Ao confirmar como verdadeira a proposição simples
“Eduardo é eletricista”, então a 2ª parte da condicional em P1 Representando inicialmente as proposições primitivas
será falsa (5º passo). Se a 2ª parte de uma condicional for “leio”, “entendo” e “compreendo”, respectivamente, por “p”,
valorada como falsa, então a 1ª parte também deverá ser “q” e “r”, teremos a seguinte fórmula argumentativa:
considerada falsa (6º passo), para que seu valor lógico seja P1: p → q
considerado verdadeiro (F → F: V). P2: q → ~r
C: r
[(p → q) ∧ (q → ~r)] → r ou

Montando a tabela verdade temos (vamos montar o passo


Portanto, de acordo com os valores lógicos atribuídos, a passo):
podemos obter as seguintes conclusões: “Pedro não é pintor”; P q r [(p → q) ^ (q → ~r)] → r
“Eduardo é eletricista”; “Saulo não é síndico” e “Paulo é
porteiro”. V V V V V V V F V

Caso o argumento não possua uma proposição simples “ponto V V F V V V V V F


de referência inicial”, devem-se iniciar as deduções pela
conjunção, e, caso não exista tal conjunção, pela disjunção V F V V F F F F V
exclusiva ou pela bicondicional, caso existam.
V F F V F F F V F
2) Método da Tabela – Verdade: para resolvermos temos
que levar em considerações dois casos. F V V F V V V F V
1º caso: quando o argumento é representado por uma
fórmula argumentativa. F V F F V V V V F

Exemplo: F F V F V F F F V
A → B ~A = ~B
Para resolver vamos montar uma tabela dispondo todas as F F F F V F F V F
proposições, as premissas e as conclusões afim de chegarmos
a validade do argumento. 1º 2º 1º 1º 1º 1º

P q r [(p → q) ^ (q → ~r)] → r

V V V V V V V F F V

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V V F V V V V V V F quando o número de proposições simples que compõe o


argumento é muito grande, então vamos aqui ver outros
métodos que vão ajudar a provar a validade dos argumentos.
V F V V F F F V F V
3.1 - Método da adição (AD)
V F F V F F F V V F

F V V F V V V F F V

F V F F V V V V V F 3.2 - Método da adição (SIMP)


1º caso:
F F V F V F F V F V

F F F F V F F V V F
2º caso:
1º 2º 1º 1º 3º 1º 1º

P q r [(p → q) ^ (q → ~r)] → r
3.3 - Método da conjunção (CONJ)
V V V V V V F V F F V
1º caso:

V V F V V V V V V V F

V F V V F F F F V F V
2º caso:
V F F V F F F F V V F

F V V F V V F V F F V

F V F F V V V V V V F
3.4 - Método da absorção (ABS)

F F V F V F V F V F V

F F F F V F V F V V F 3.5 – Modus Ponens (MP)

1º 2º 1º 4º 1º 3º 1º 1º

P q r [(p → q) ^ (q → ~r)] → r 3.6 – Modus Tollens (MT)

V V V V V V F V F F V V

V V F V V V V V V V F F
3.7 – Dilema construtivo (DC)
V F V V F F F F V F V V

V F F V F F F F V V V F

F V V F V V F V F F V V
3.8 – Dilema destrutivo (DD)
F V F F V V V V V V F F

F F V F V F V F V F V V

F F F F V F V F V V F F
3.9 – Silogismo disjuntivo (SD)
1º 2º 1º 4º 1º 3º 1º 5º 1º 1º caso:

Sendo a solução (observado na 5a resolução) uma


contingência (possui valores verdadeiros e falsos), logo, esse
argumento não é válido. Podemos chamar esse argumento de
sofisma embora tenha premissas e conclusões verdadeiras. 2º caso:

Implicações tautológicas: a utilização da tabela verdade


em alguns casos torna-se muito trabalhoso, principalmente

Raciocínio Lógico 12
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3.10 – Silogismo hipotético (SH) Observe que: As proposições simples “nevar” e “o dia está
claro” só apareceram uma vez no conjunto de premissas do
argumento anterior.

2º caso - quando a condicional conclusiva é formada por,


apenas, uma proposição simples que aparece em ambas as
3.11 – Exportação e importação. partes da condicional conclusiva, sendo uma a negação da
outra. As demais proposições simples são eliminadas pelo
1º caso: Exportação processo natural do produto lógico.
Neste caso, na condicional conclusiva, a 1ª parte deverá
necessariamente ser FALSA, e a 2ª parte, necessariamente
VERDADEIRA.
2º caso: Importação
Tome Nota:
Nos dois casos anteriores, pode-se utilizar o recurso de
equivalência da contrapositiva (contraposição) de uma
condicional, para que ocorram os devidos reajustes entre as
proposições simples de uma determinada condicional que
Produto lógico de condicionais: este produto consiste na
resulte no produto lógico desejado.
dedução de uma condicional conclusiva – que será a
(p → q) ~q → ~p
conclusão do argumento –, decorrente ou resultante de
várias outras premissas formadas por, apenas,
condicionais. Exemplo
Ao efetuar o produto lógico, eliminam-se as proposições Seja o argumento: Se Ana trabalha, então Beto não estuda.
simples iguais que se localizam em partes opostas das Se Carlos não viaja, então Beto não estuda. Se Carlos viaja, Ana
condicionais que formam a premissa do argumento, trabalha.
resultando em uma condicional denominada condicional Temos então o argumento formado pelas seguintes
conclusiva. Vejamos o exemplo: premissas:
P1: Se Ana viaja, então Beto não trabalha.
P2: Se Carlos não estuda, então Beto não trabalha.
P3: Se Carlos estuda, Ana viaja.
Denotando as proposições simples teremos:
p: Ana trabalha
q: Beto estuda
r: Carlos viaja
Montando o produto lógico teremos:

Conclusão: “Beto não estuda”.


Nós podemos aplicar a soma lógica em três casos: 3º caso - aplicam-se os procedimentos do 2o caso em,
1º caso - quando a condicional conclusiva é formada pelas apenas, uma parte das premissas do argumento.
proposições simples que aparecem apenas uma vez no Exemplo
conjunto das premissas do argumento. Se Nivaldo não é corintiano, então Márcio é palmeirense.
Exemplo Se Márcio não é palmeirense, então Pedro não é são-paulino.
Dado o argumento: Se chove, então faz frio. Se neva, então Se Nivaldo é corintiano, Pedro é são-paulino. Se Nivaldo é
chove. Se faz frio, então há nuvens no céu .Se há nuvens no corintiano, então Márcio não é palmeirense.
céu ,então o dia está claro. Então as premissas que formam esse argumento são:
Temos então o argumento formado pelas seguintes P1: Se Nivaldo não é corintiano, então Márcio é
premissas: palmeirense.
P1: Se chove, então faz frio. P2: Se Márcio não é palmeirense, então Pedro não é são-
P2: Se neva, então chove. paulino.
P3: Se faz frio, então há nuvens no céu. P3: Se Nivaldo é corintiano, Pedro é são-paulino.
P4: Se há nuvens no céu, então o dia está claro. P4: Se Nivaldo é corintiano, então Márcio não é
palmeirense.
Vamos denotar as proposições simples: Denotando as proposições temos:
p: chover p: Nivaldo é corintiano
q: fazer frio q: Márcio é palmeirense
r: nevar r: Pedro é são paulino
s: existir nuvens no céu Efetuando a soma lógica:
t: o dia está claro
Montando o produto lógico teremos:

Vamos aplicar o produto lógico nas 3 primeiras premissas


Conclusão: “Se neva, então o dia está claro”. (P1,P2,P3) teremos:

Raciocínio Lógico 13
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APOSTILAS OPÇÃO

D = Faz frio
E = Fernando está estudando
F = É noite
A argumentação parte que a conclusão deve ser (V)
Lembramos a tabela verdade da condicional:
Conclusão: “Márcio é palmeirense”.
A condicional só será F quando a 1ª for verdadeira e a 2ª
Referências falsa, utilizando isso temos:
O que se quer saber é: Se Maria foi ao cinema, então
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemática – São Paulo: Fernando estava estudando. // B → ~E
Nobel – 2002.
CABRAL, Luiz Cláudio Durão; NUNES, Mauro César de Abreu - Raciocínio Iniciando temos:
lógico passo a passo – Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 4º - Quando chove (F), Maria não vai ao cinema. (F) // A →
~B = V – para que o argumento seja válido temos que Quando
Questões chove tem que ser F.
3º - Quando Cláudio fica em casa (V), Maria vai ao cinema
01. (DPU – Agente Administrativo – CESPE/2016) (V). // C → B = V - para que o argumento seja válido temos que
Considere que as seguintes proposições sejam verdadeiras. Maria vai ao cinema tem que ser V.
• Quando chove, Maria não vai ao cinema. 2º - Quando Cláudio sai de casa(F), não faz frio (F). // ~C
• Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema. → ~D = V - para que o argumento seja válido temos que Quando
• Quando Cláudio sai de casa, não faz frio. Cláudio sai de casa tem que ser F.
• Quando Fernando está estudando, não chove. 5º - Quando Fernando está estudando (V ou F), não chove
• Durante a noite, faz frio. (V). // E → ~A = V. – neste caso Quando Fernando está
Tendo como referência as proposições apresentadas, estudando pode ser V ou F.
julgue o item subsecutivo. 1º- Durante a noite(V), faz frio (V). // F → D = V
Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando. Logo nada podemos afirmar sobre a afirmação: Se Maria
( ) Certo ( ) Errado foi ao cinema (V), então Fernando estava estudando (V ou
F); pois temos dois valores lógicos para chegarmos à
conclusão (V ou F).
02. (STJ – Conhecimentos Gerais para o cargo 17 –
CESPE/2015) Mariana é uma estudante que tem grande 02. Resposta: Errado.
apreço pela matemática, apesar de achar essa uma área muito Se o argumento acima for válido, então, teremos a seguinte
difícil. Sempre que tem tempo suficiente para estudar, Mariana estrutura lógica (fórmula) representativa desse argumento:
é aprovada nas disciplinas de matemática que cursa na P1 ∧ P2 → C
faculdade. Neste semestre, Mariana está cursando a disciplina Organizando e resolvendo, temos:
chamada Introdução à Matemática Aplicada. No entanto, ela A: Mariana aprende o conteúdo de Cálculo 1
não tem tempo suficiente para estudar e não será aprovada B: Mariana aprende o conteúdo de Química Geral
nessa disciplina. C: Mariana é aprovada em Química Geral
A partir das informações apresentadas nessa situação Argumento: [(A → B) ∧ (B → C)] ⇒ C
hipotética, julgue o item a seguir, acerca das estruturas lógicas. Vamos ver se há a possibilidade de a conclusão ser falsa e
Considerando-se as seguintes proposições: p: “Se Mariana as premissas serem verdadeiras, para sabermos se o
aprende o conteúdo de Cálculo 1, então ela aprende o conteúdo argumento é válido:
de Química Geral”; q: “Se Mariana aprende o conteúdo de Testando C para falso:
Química Geral, então ela é aprovada em Química Geral”; c: (A → B) ∧ (B →C)
“Mariana foi aprovada em Química Geral”, é correto afirmar (A →B) ∧ (B → F)
que o argumento formado pelas premissas p e q e pela Para obtermos um resultado V da 2º premissa, logo B têm
conclusão c é um argumento válido. que ser F:
( ) Certo ( ) Errado (A → B) ∧ (B → F)
(A → F) ∧ (F → F)
03. (Petrobras – Técnico (a) de Exploração de Petróleo (F → F) ∧ (V)
Júnior – Informática – CESGRANRIO) Se Esmeralda é uma Para que a primeira premissa seja verdadeira, é preciso
fada, então Bongrado é um elfo. Se Bongrado é um elfo, então que o “A” seja falso:
Monarca é um centauro. Se Monarca é um centauro, então (A → F) ∧ (V)
Tristeza é uma bruxa. (F → F) ∧ (V)
Ora, sabe-se que Tristeza não é uma bruxa, logo (V) ∧ (V)
(A) Esmeralda é uma fada, e Bongrado não é um elfo. (V)
(B) Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um Então, é possível que o conjunto de premissas seja
centauro. verdadeiro e a conclusão seja falsa ao mesmo tempo, o que nos
(C) Bongrado é um elfo, e Monarca é um centauro. leva a concluir que esse argumento não é válido.
(D) Bongrado é um elfo, e Esmeralda é uma fada
(E) Monarca é um centauro, e Bongrado não é um elfo. 03. Resposta: B.
Vamos analisar cada frase partindo da afirmativa Tristeza
Respostas não é bruxa, considerando ela como (V), precisamos ter como
conclusão o valor lógico (V), então:
01. Resposta: Errado. (4) Se Esmeralda é uma fada(F), então Bongrado é um elfo
A questão trata-se de lógica de argumentação, dadas as (F) → V
premissas chegamos a uma conclusão. Enumerando as (3) Se Bongrado é um elfo (F), então Monarca é um
premissas: centauro (F) → V
A = Chove (2) Se Monarca é um centauro(F), então Tristeza é uma
B = Maria vai ao cinema bruxa(F) → V
C = Cláudio fica em casa (1) Tristeza não é uma bruxa (V)

Raciocínio Lógico 14
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APOSTILAS OPÇÃO

Logo: a) p ^ q ⇔ q ^ p
Temos que: p q p ^ q q ^ p
Esmeralda não é fada(V)
Bongrado não é elfo (V) V V V V V V V V
Monarca não é um centauro (V)
Então concluímos que: V F V F F F F V
Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
F V F F V V F F

F F F F F F F F
3 Lógica sentencial (ou
proposicional). 3.1 Proposições b) p v q ⇔ q v p
simples e compostas. 3.2
p q p v q q v p
Tabelas verdade.
V V V V V V V V

V F V V F F V V
LÓGICA SENTENCIAL
OPERAÇÕES LÓGICAS SOBRE SENTENÇAS ABERTAS F V F V V V V F
Caro estudante, para que você possa entender o conteúdo F F F F F F F F
de Logica Sentencial -Operações lógicas sobre sentenças
abertas, é necessário ficar atento a alguns itens que estão
presentes em: c) p ∨ q ⇔ q ∨ p
- Estruturas Lógicas; p q p v q q v p
- Proposições Funcionais ou Quantificadas (Lógica de
Primeira Ordem ou Lógica dos Predicados). V V V F V V F V

Portanto é um amplo conhecimento necessário, assim V F V V F F V V


sendo, esse assunto você poderá encontrar nos conceitos
F V F V V V V F
apresentados em nosso material, no tópico de Estrutura
Lógica. F F F F F F F F

3.3 Equivalências.
d) p ↔ q ⇔ q ↔ p
p q p ↔ q q ↔ p
EQUIVALÊNCIAS LÓGICAS
V V V V V V V V
Definição: Duas ou mais proposições compostas são
V F V F F F F V
equivalentes, mesmo possuindo fórmulas (ou estruturas
lógicas) diferentes, quando apresentarem a mesma solução em F V F F V V F F
suas respectivas tabelas verdade.
Se as proposições P e Q são ambas TAUTOLOGIAS, ou F F F V F F V F
então, são CONTRADIÇÕES, então são EQUIVALENTES.
2 - Reflexiva (equivalência por reflexão)
Exemplo:
p→p⇔p→p
Dada as proposições “~p → q” e “p v q” verificar se elas são
equivalentes.
Vamos montar a tabela verdade para sabermos se elas são p p p → p p → p
equivalentes.
V V V V V V V V
p q ~p → q p v q
F F F V F F V F
V V F V V V V V

V F F V F V V F 3 – Transitiva
Se P(p,q,r,...) ⇔ Q(p,q,r,...) E
F V V V V F V V Q(p,q,r,...) ⇔ R(p,q,r,...) ENTÃO
P(p,q,r,...) ⇔ R(p,q,r,...) .
F F V F F F F F
Equivalências notáveis:
Observamos que as proposições compostas “~p → q” e “p
∨ q” são equivalentes. 1 - Distribuição (equivalência pela distributiva)
a) p ∧ (q ∨ r) ⇔ (p ∧ q) ∨ (p ∧ r)
~p → q ≡ p ∨ q ou ~p → q ⇔ p ∨ q, onde “≡” e “⇔” são os p q r p ^ (q v r (p ^ q) v (p ^ r
símbolos que representam a equivalência entre proposições. ) )

Equivalências fundamentais V V V V V V V V V V V V V V V

1 – Simetria (equivalência por simetria) V V F V V V V F V V V V V F F

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APOSTILAS OPÇÃO

3 – Idempotência
V F V V V F V V V F F V V V V

V F F V F F F F V F F F V F F a) p ⇔ (p ∧ p)
p p p ^ p
F V V F F V V V F F V F F F V
V V V V V
F V F F F V V F F F V F F F F
F F F F F
F F V F F F V V F F F F F F V

F F F F F F F F F F F F F F F b) p ⇔ (p ∨ p)
p p p v p
b) p ∨ (q ∧ r) ⇔ (p ∨ q) ∧ (p ∨ r)
V V V V V
p q r p v (q ^ r (p v q) ^ (p v r
) ) F F F F F
V V V V V V V V V V V V V V V
4 - Pela contraposição: de uma condicional gera-se outra
V V F V V V F F V V V V V V F condicional equivalente à primeira, apenas invertendo-se e
negando-se as proposições simples que as compõem.
V F V V V F F V V V F V V V V
1º caso – (p → q) ⇔ (~q → ~p)
V F F V V F F F V V F V V V F
p q p → q ~q → ~p
F V V F V V V V F V V V F V V
V V V V V F V F
F V F F F V F F F V V F F F F
V F V F F V F F
F F V F F F F V F F F F F V V
F V F V V F F V
F F F F F F F F F F F F F F F
F F F V F V F V
2 - Associação (equivalência pela associativa)
a) p ∧ (q ∧ r) ⇔ (p ∧ q) ∧ (p ∧ r)
Exemplo:
p q r p ^ (q ^ r (p ^ q) ^ (p ^ r p → q: Se André é professor, então é pobre.
) ) ~q → ~p: Se André não é pobre, então não é professor.
V V V V V V V V V V V V V V V
2º caso: (~p → q) ⇔ (~q → p)
V V F V F V F F V V V F V F F p q ~p → q ~q → p
V F V V F F F V V F F F V V V V V F V V F V V
V F F V F F F F V F F F V F F V F F V F V V V
F V V F F V V V F F V F F F V F V V V V F V F
F V F F F V F F F F V F F F F F F V F F V F F
F F V F F F F V F F F F F F V
Exemplo:
F F F F F F F F F F F F F F F ~p → q: Se André não é professor, então é pobre.
~q → p: Se André não é pobre, então é professor.
b) p ∨ (q ∨ r) ⇔ (p ∨ q) ∨ (p ∨ r)
3º caso: (p → ~q) ⇔ (q → ~p)
p q r p v (q v r (p v q) v (p v r
) ) p q p → ~q q → ~p

V V V V V V V V V V V V V V V V V V F F V F F

V V F V V V V F V V V V V V F V F V V V F V F

V F V V V F V V V V F V V V V F V F V F V V V

V F F V V F F F V V F V V V F F F F V V F V V

F V V F V V V V F V V V F V V Exemplo:
F V F F V V V F F V V V F F F p → ~q: Se André é professor, então não é pobre.
F F V F V F V V F F F V F V V
q → ~p: Se André é pobre, então não é professor.
F F F F F F F F F F F F F F F
4 º Caso: (p → q) ⇔ ~p v q

Raciocínio Lógico 16
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Proposições Associadas a uma Condicional (se, então)


p q p → q ~p v q
Chama-se proposições associadas a p → q as três
V V V V V F V V proposições condicionadas que contêm p e q:
– Proposições recíprocas: p → q: q → p
V F V F F F F F – Proposição contrária: p → q: ~p → ~q
– Proposição contrapositiva: p → q: ~q → ~p
F V F V V V F V
Observe a tabela verdade dessas quatro proposições:
F F F V F V F F
Note que:
Exemplo:
p → q: Se estudo então passo no concurso. Observamos ainda que a condicional p → q e a sua
~p v q: Não estudo ou passo no concurso. recíproca q → p ou a sua contrária ~p → ~q NÃO SÃO
EQUIVALENTES.
5 - Pela bicondicional
a) (p ↔ q) ⇔ (p → q) ∧ (q → p), por definição Exemplos:
p → q: Se T é equilátero, então T é isósceles. (V)
p q p ↔ q (p → q) ^ (q → p)
q → p: Se T é isósceles, então T é equilátero. (F)
V V V V V V V V V V V V
Exemplo:
V F V F F V F F F F V V Vamos determinar:
a) A contrapositiva de p → q
F V F F V F V V F V F F b) A contrapositiva da recíproca de p → q
c) A contrapositiva da contrária de p → q
F F F V F F V F V F V F
Resolução:
b) (p ↔ q) ⇔ (~q → ~p) ∧ (~p → ~q), aplicando-se a a) A contrapositiva de p → q é ~q → ~p
contrapositiva às partes A contrapositiva de ~q → ~p é ~~p → ~~q ⇔ p → q
p q p ↔ q (~q → ~p) ^ (~p → ~q) b) A recíproca de p → q é q → p
V V V V V F V F V F V F A contrapositiva q → q é ~p → ~q

V F V F F V F F F F V V c) A contrária de p → q é ~p → ~q
A contrapositiva de ~p → ~q é q → p
F V F F V F V V F V F F
Equivalência “NENHUM” e “TODO”
F F F V F V V V V V V V 1 – NENHUM A é B ⇔ TODO A é não B.
Exemplo:
c) (p ↔ q) ⇔ (p ∧ q) ∨ (~p ∧ ~q) Nenhum médico é tenista ⇔ Todo médico é não tenista (=
Todo médico não é tenista).
p q p ↔ q (p ^ q) v (~p ^ ~q)
2 – TODO A é B ⇔ NENHUM A é não B.
V V V V V V V V V F F F
Exemplo:
V F V F F V F F F F F V Toda música é bela ⇔ Nenhuma música é não bela (=
Nenhuma música é bela).
F V F F V F F V F V F F
Referências
F F F V F F F F V V V V
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemática – São Paulo:
Nobel – 2002.
6 - Pela exportação-importação CABRAL, Luiz Cláudio Durão; NUNES, Mauro César de Abreu - Raciocínio
lógico passo a passo – Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
[(p ∧ q) → r] ⇔ [p → (q → r)]
p q r [(p ^ q) → r] [p → (q → r) Questões
]
01. (MRE – Oficial de Chancelaria – FGV/2016)
V V V V V V V V V V V V V Considere a sentença:
“Corro e não fico cansado”.
V V F V V V F F V F V F F
Uma sentença logicamente equivalente à negação da
V F V V F F V V V V F V V sentença dada é:
(A) Se corro então fico cansado.
V F F V F F V F V V F V F (B) Se não corro então não fico cansado.
(C) Não corro e fico cansado.
F V V F F V V V F V V V V (D) Corro e fico cansado.
(E) Não corro ou não fico cansado.
F V F F F V V F F V V F F
02. (TCE/RN – Conhecimentos Gerais para o cargo 4 –
F F V F F F V V F V F V V
CESPE/2015) Em campanha de incentivo à regularização da
F F F F F F V F F V F V F documentação de imóveis, um cartório estampou um cartaz
com os seguintes dizeres: “O comprador que não escritura e
não registra o imóvel não se torna dono desse imóvel”.

Raciocínio Lógico 17
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APOSTILAS OPÇÃO

A partir dessa situação hipotética e considerando que a


F F V F V V F V F F
proposição P: “Se o comprador não escritura o imóvel, então
ele não o registra” seja verdadeira, julgue o item seguinte. F V F F V F V F V F
A proposição P é logicamente equivalente à proposição “O
comprador escritura o imóvel, ou não o registra”.
( ) Certo ( ) Errado - Negação de uma condicional
Ao negar-se uma condicional, conserva-se o valor lógico
Respostas de sua 1ª parte, troca-se o conectivo CONDICIONAL pelo
01. Resposta: A. conectivo CONJUNÇÃO e nega-se sua 2ª parte.
A negação de P→Q é P ^ ~ Q
A equivalência de P-->Q é ~P v Q ou pode ser: ~Q-->~P ~ (p → q) ⇔ (p ^ ~q) ⇔ ~~ p ^ ~q

02. Resposta: Certo. p q ~ (p → q) p ^ ~q


Relembrando temos que: Se p então q = Não p ou q. (p → q
= ~p v q) V V F V V V V F F

V F V V F F V V V
3.4 Leis de Morgan. F V F F V V F F F

F F F F V F F F V
NEGAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES COMPOSTAS
- Negação de uma bicondicional
Para se negar uma proposição composta é necessário que
Ao negarmos uma bicondicional do tipo “p ↔ q” estaremos
se entenda que irá gerar uma outra proposição composta
negando a sua formula equivalente dada por “(p → q) ∧ (q →
equivalente a negação de sua primitiva.
p)”, assim, negaremos uma conjunção cujas partes são duas
De modo geral temos que:
condicionais: “(p → q)” e “(q → p)”. Aplicando-se a negação de
Sejam “♦” e “♪” conectivos lógicos quaisquer. uma conjunção a essa bicondicional, teremos:
Temos ~ (p ♦ q) ⇔ (p ♪ q). ~ (p ↔ q) ⇔ ~ [(p → q) ∧ (q → p)] ⇔ [(p ∧ ~q) ∨ (q ∧ ~p)]
Obs.: O símbolo “⇔” representa equivalência entre as
proposições.
p q ~ (p ↔ q)
Tem-se que: “p ♪ q” é equivalente à negação de “p ♦ q” e V V F V V V
ainda “p ♦ q” é uma proposição oposta à “p ♪ q”.
V F V V F F

F V V F F V

F F F F V F

~ [(p → q) ^ (q → p)]

F V V V V V V V

V V F F F F V V

V F V V F V F F

Vejamos: F F V F V F V F
– Negação de uma disjunção exclusiva
Por definição, ao negar-se uma DISJUNÇÃO EXCLUSIVA,
gera-se uma BICONDICIONAL. (p ^ ~q) v (q ^ ~p)
~ (p v q) ⇔ (p ↔ q) ⇔ (p → q) ^ (q → p)
V F F F V F F
p q ~ (p v q) V V V V F F F
V V V V F V F F F V V V V
V F F V V F F F V F F F V
F V F F V V

F F V F F F DUPLA NEGAÇÃO (TEORIA DA INVOLUÇÃO)


– De uma proposição simples: p ⇔ ~ (~p)

p ↔ q (p → q) ^ (q → p)
p ~ (~ p)
V V V V V V V V V V
V V F V
V F F V F F F F V V
F F V F

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APOSTILAS OPÇÃO

- De uma condicional: p → q ⇔ ~p v q
V F V V F F F V V
A dupla negação de uma condicional dá-se por negar a 1ª
parte da condicional, troca-se o conectivo CONDICIONAL pela F V V F F V V V F
DISJUNÇÃO e mantém-se a 2ª parte. Ao negarmos uma
proposição primitiva duas vezes consecutivas, a proposição F F V F F F V V V
resultante será equivalente à sua proposição primitiva.
- Negação de uma disjunção (Lei de Morgan)
NEGAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES MATEMÁTICAS
Para negar uma disjunção, basta negar as partes e trocar o
conectivo DISJUNÇÃO pelo conectivo-CONJUNÇÃO.
Considere os seguintes símbolos matemáticos: igual (“=”);
~ (p v q) ⇔ (~p ^ ~q)
diferente (“≠”); maior que (“>”); menor que (“<”); maior ou
igual a (“≥”) e menor ou igual (“≤”). Estes símbolos, associados
a números ou variáveis, formam as chamadas expressões p q ~ (p v q) ~p ^ ~q
aritméticas ou algébricas.
Exemplo: V V F V V V F F F
a) 5 + 6 = 11
V F F V V F F F V
b) 5 > 1
c) 3 + 5 ≥ 8 F V F F V V V F F
Para negarmos uma sentença matemática basta negarmos F F V F F F V V V
os símbolos matemáticos, assim estaremos negando toda
sentença, vejamos:
Exemplo:
Sentença Negação Sentença Vamos negar a proposição “É inteligente e estuda”, vemos
Matemática ou obtida que se trata de uma CONJUNÇÂO, pela Lei de Morgan temos
algébrica que uma CONJUNÇÃO se transforma em uma DISJUNÇÃO,
negando-se as partes, então teremos:
5 + 6 = 11 ~ (5 + 6 = 11) 5 + 6 ≠ 11 “Não é inteligente ou não estuda”
5–3≠4 ~ (5 – 3 ≠ 4) 5–3=4 Referências
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemática – São Paulo:
5>1 ~ (5 > 1) 5<1 Nobel – 2002.
CABRAL, Luiz Cláudio Durão; NUNES, Mauro César de Abreu - Raciocínio
7< 10 ~ (7< 10) 7> 10 lógico passo a passo – Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

3+5≥8 ~ (3 + 5 ≥ 8) 3+5≤8 Questões

y+5≤7 ~ (y + 5 ≤ 7) y+5≥7 01. (TJ/PI – Analista Judiciário – Escrivão Judicial –


FGV/2015) Considere a afirmação:
“Mato a cobra e mostro o pau”
É comum a banca, através de uma assertiva, “induzir” os A negação lógica dessa afirmação é:
candidatos a cometerem um erro muito comum, que é a (A) não mato a cobra ou não mostro o pau;
negação dessa assertiva pelo resultado, utilizando-se da (B) não mato a cobra e não mostro o pau;
operação matemática em questão para a obtenção desse (C) não mato a cobra e mostro o pau;
resultado, e não, como deve ser, pela negação dos símbolos (D) mato a cobra e não mostro o pau;
matemáticos. (E) mato a cobra ou não mostro o pau.
Exemplo:
Negar a expressão “4 + 7 = 16” não é dada pela expressão 02. (CODEMIG – Advogado Societário – FGV/2015) Em
“4 + 7 = 11”, e sim por “4 + 7 ≠ 16” uma empresa, o diretor de um departamento percebeu que
Pedro, um dos funcionários, tinha cometido alguns erros em
NEGAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES COMPOSTAS – LEIS DE seu trabalho e comentou:
MORGAN “Pedro está cansado ou desatento.”
A negação lógica dessa afirmação é:
As Leis de Morgan demonstram que: (A) Pedro está descansado ou desatento.
- Negar que duas dadas proposições são ao mesmo tempo (B) Pedro está descansado ou atento.
verdadeiras equivale a afirmar que pelo menos uma é falsa (C) Pedro está cansado e desatento.
- Negar que uma pelo menos de duas proposições é (D) Pedro está descansado e atento.
verdadeira equivale a afirmar que ambas são falsas. (E) Se Pedro está descansado então está desatento.
As Leis de Morgan exprimem que NEGAÇÂO transforma:
CONJUNÇÃO em DISJUNÇÃO e 03 (TJ/AP-Técnico Judiciário / Área Judiciária e
DISJUNÇÃO em CONJUNÇÃO Administrativa- FCC) Vou à academia todos os dias da
semana e corro três dias na semana. Uma afirmação que
Vejamos: corresponde à negação lógica da afirmação anterior é
– Negação de uma conjunção (Leis de Morgan) (A) Não vou à academia todos os dias da semana ou não
Para negar uma conjunção, basta negar as partes e trocar o corro três dias na semana.
conectivo CONJUNÇÃO pelo conectivo DISJUNÇÃO. (B) Vou à academia quase todos os dias da semana e corro
~ (p ^ q) ⇔ (~p v ~q) dois dias na semana.
(C) Nunca vou à academia durante a semana e nunca corro
durante a semana.
p q ~ (p ^ q) ~p v ~q (D) Não vou à academia todos os dias da semana e não
corro três dias na semana.
V V F V V V F F F

Raciocínio Lógico 19
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APOSTILAS OPÇÃO

(E) Se vou todos os dias à academia, então corro três dias Marcando o valor da intersecção, então iremos subtraindo
na semana. esse valor da quantidade de elementos dos conjuntos A e B. A
Respostas partir dos valores reais, é que poderemos responder as
01. Resposta: A. perguntas feitas.
Negação do ''ou'': nega-se as duas partes e troca o
conectivo ''ou'' pelo ''e''.

02. Resposta: D.
Pedro está cansado ou desatento.
O conectivo ou vira e, dai basta negar as proposições.
Pedro não está cansado e nem está desatento, ou seja,
Pedro está descansado e atento.

03. Resposta: A.
Quebrando a sentença em P e Q:
P: Vou à academia todos os dias da semana
Conectivo: ∧ (e)
Q: Corro três dias na semana
a) Temos no grupo: 8 + 10 + 33 = 51 motoristas.
Aplicando a lei de Morgan: ~(P∧ Q) ≡ ~P ∨ ~Q b) Dirigem somente carros 33 motoristas.
~P: Não vou à academia todos os dias da semana c) Dirigem somente motos 8 motoristas.
Conectivo: ∨ (ou)
~Q: Não corro três dias na semana No caso de uma pesquisa de opinião sobre a preferência
quanto à leitura de três jornais. A, B e C, foi apresentada a
Logo: Não vou à academia todos os dias da semana ou não seguinte tabela:
corro três dias na semana. Jornai Leitor
s es
A 300
3.5 Diagramas lógicos. B 250
C 200
AeB 70
DIAGRAMAS LÓGICOS AeC 65
BeC 105
Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários A, B e 40
problemas. Uma situação em que esses diagramas poderão ser C
usados, será na determinação da quantidade de elementos que Nenhu 150
apresentam uma determinada característica. m

Para termos os valores reais da pesquisa, vamos


inicialmente montar os diagramas que representam cada
conjunto. A colocação dos valores começará pela intersecção
dos três conjuntos e depois para as intersecções duas a duas e
por último às regiões que representam cada conjunto
individualmente. Representaremos esses conjuntos dentro de
um retângulo que indicará o conjunto universo da pesquisa.

Assim, se num grupo de pessoas há 43 que dirigem carro,


18 que dirigem moto e 10 que dirigem carro e moto. Baseando-
se nesses dados, e nos diagramas lógicos poderemos saber:
Quantas pessoas têm no grupo ou quantas dirigem somente
carro ou ainda quantas dirigem somente motos. Vamos
inicialmente montar os diagramas dos conjuntos que
representam os motoristas de motos e motoristas de carros.
Começaremos marcando quantos elementos tem a intersecção
e depois completaremos os outros espaços.

Fora dos diagramas teremos 150 elementos que não são


leitores de nenhum dos três jornais.
Na região I, teremos: 70 - 40 = 30 elementos.
Na região II, teremos: 65 - 40 = 25 elementos.
Na região III, teremos: 105 - 40 = 65 elementos.
Na região IV, teremos: 300 - 40 - 30 - 25 = 205 elementos.
Na região V, teremos: 250 - 40 -30 - 65 = 115 elementos.

Raciocínio Lógico 20
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APOSTILAS OPÇÃO

Na região VI, teremos: 200 - 40 - 25 - 65 = 70 elementos. algumas zonas podem estar faltando. Essa falta foi o que
Dessa forma, o diagrama figura preenchido com os motivou Venn a desenvolver seus diagramas. Existia a
seguintes elementos: necessidade de criar diagramas em que pudessem ser
observadas, por meio de suposição, quaisquer relações entre
as zonas não apenas as que são “verdadeiras”.
Os diagramas de Euler (em conjunto com os de Venn) são
largamente utilizados para ensinar a teoria dos conjuntos no
campo da matemática ou lógica matemática no campo da
lógica. Eles também podem ser utilizados para representar
relacionamentos complexos com mais clareza, já que
representa apenas as relações válidas. Em estudos mais
aplicados esses diagramas podem ser utilizados para provar /
analisar silogismos que são argumentos lógicos para que se
possa deduzir uma conclusão.

Diagramas de Venn
Designa-se por diagramas de Venn os diagramas usados
em matemática para simbolizar graficamente propriedades,
axiomas e problemas relativos aos conjuntos e sua teoria. Os
respetivos diagramas consistem de curvas fechadas simples
Com essa distribuição, poderemos notar que 205 pessoas desenhadas sobre um plano, de forma a simbolizar os
leem apenas o jornal A. Verificamos que 500 pessoas não leem conjuntos e permitir a representação das relações de pertença
o jornal C, pois é a soma 205 + 30 + 115 + 150. Notamos ainda entre conjuntos e seus elementos (por exemplo, 4 {3,4,5}, mas
que 700 pessoas foram entrevistadas, que é a soma 205 + 30 + 4 ∉ {1,2,3,12}) e relações de continência (inclusão) entre os
25 + 40 + 115 + 65 + 70 + 150. conjuntos (por exemplo, {1, 3} ⊂ {1, 2, 3, 4}). Assim, duas
curvas que não se tocam e estão uma no espaço interno da
Diagrama de Euler outra simbolizam conjuntos que possuem continência; ao
Um diagrama de Euler é similar a um diagrama de Venn, passo que o ponto interno a uma curva representa um
mas não precisa conter todas as zonas (onde uma zona é elemento pertencente ao conjunto.
definida como a área de intersecção entre dois ou mais Os diagramas de Venn são construídos com coleções de
contornos). Assim, um diagrama de Euler pode definir um curvas fechadas contidas em um plano. O interior dessas
universo de discurso, isto é, ele pode definir um sistema no curvas representa, simbolicamente, a coleção de elementos do
qual certas intersecções não são possíveis ou consideradas. conjunto. De acordo com Clarence Irving Lewis, o “princípio
Assim, um diagrama de Venn contendo os atributos para desses diagramas é que classes (ou conjuntos) sejam
Animal, Mineral e quatro patas teria que conter intersecções representadas por regiões, com tal relação entre si que todas
onde alguns estão em ambos animal, mineral e de quatro patas. as relações lógicas possíveis entre as classes possam ser
Um diagrama de Venn, consequentemente, mostra todas as indicadas no mesmo diagrama. Isto é, o diagrama deixa espaço
possíveis combinações ou conjunções. para qualquer relação possível entre as classes, e a relação
dada ou existente pode então ser definida indicando se alguma
região em específico é vazia ou não-vazia”. Pode-se escrever
uma definição mais formal do seguinte modo: Seja C = (C1, C2,
... Cn) uma coleção de curvas fechadas simples desenhadas em
um plano. C é uma família independente se a região formada
por cada uma das interseções X1 X2 ... Xn, onde cada Xi é o
interior ou o exterior de Ci, é não-vazia, em outras palavras, se
todas as curvas se intersectam de todas as maneiras possíveis.
Se, além disso, cada uma dessas regiões é conexa e há apenas
um número finito de pontos de interseção entre as curvas,
Diagramas de Euler consistem em curvas simples fechadas então C é um diagrama de Venn para n conjuntos.
(geralmente círculos) no plano que mostra os conjuntos. Os Nos casos mais simples, os diagramas são representados
tamanhos e formas das curvas não são importantes: a por círculos que se encobrem parcialmente. As partes
significância do diagrama está na forma como eles se referidas em um enunciado específico são marcadas com uma
sobrepõem. As relações espaciais entre as regiões delimitadas cor diferente. Eventualmente, os círculos são representados
por cada curva (sobreposição, contenção ou nenhuma) como completamente inseridos dentro de um retângulo, que
correspondem relações teóricas (subconjunto interseção e representa o conjunto universo daquele particular contexto (já
disjunção). Cada curva de Euler divide o plano em duas regiões se buscou a existência de um conjunto universo que pudesse
ou zonas estão: o interior, que representa simbolicamente os abranger todos os conjuntos possíveis, mas Bertrand Russell
elementos do conjunto, e o exterior, o que representa todos os mostrou que tal tarefa era impossível). A ideia de conjunto
elementos que não são membros do conjunto. Curvas cujos universo é normalmente atribuída a Lewis Carroll. Do mesmo
interiores não se cruzam representam conjuntos disjuntos. modo, espaços internos comuns a dois ou mais conjuntos
Duas curvas cujos interiores se interceptam representam representam a sua intersecção, ao passo que a totalidade dos
conjuntos que têm elementos comuns, a zona dentro de ambas espaços pertencentes a um ou outro conjunto indistintamente
as curvas representa o conjunto de elementos comuns a ambos representa sua união.
os conjuntos (intersecção dos conjuntos). Uma curva que está John Venn desenvolveu os diagramas no século XIX,
contido completamente dentro da zona interior de outro ampliando e formalizando desenvolvimentos anteriores de
representa um subconjunto do mesmo. Leibniz e Euler. E, na década de 1960, eles foram incorporados
Os Diagramas de Venn são uma forma mais restritiva de ao currículo escolar de matemática. Embora seja simples
diagramas de Euler. Um diagrama de Venn deve conter todas construir diagramas de Venn para dois ou três conjuntos,
as possíveis zonas de sobreposição entre as suas curvas, surgem dificuldades quando se tenta usá-los para um número
representando todas as combinações de inclusão / exclusão de maior. Algumas construções possíveis são devidas ao próprio
seus conjuntos constituintes, mas em um diagrama de Euler

Raciocínio Lógico 21
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APOSTILAS OPÇÃO

John Venn e a outros matemáticos como Anthony W. F.


Edwards, Branko Grünbaum e Phillip Smith. Além disso,
encontram-se em uso outros diagramas similares aos de Venn,
entre os quais os de Euler, Johnston, Pierce e Karnaugh.

Dois Conjuntos: considere-se o seguinte exemplo:


suponha-se que o conjunto A representa os animais bípedes e
o conjunto B representa os animais capazes de voar. A área Intersecção de dois conjuntos: AB
onde os dois círculos se sobrepõem, designada por intersecção
A e B ou intersecção A-B, conteria todas as criaturas que ao
mesmo tempo podem voar e têm apenas duas pernas motoras.

Complementar de dois conjuntos: U \ (AB)

Além disso, essas quatro áreas podem ser combinadas de 16


Considere-se agora que cada espécie viva está formas diferentes. Por exemplo, pode-se perguntar sobre os
representada por um ponto situado em alguma parte do animais que voam ou tem duas patas (pelo menos uma das
diagrama. Os humanos e os pinguins seriam marcados dentro características); tal conjunto seria representado pela união de
do círculo A, na parte dele que não se sobrepõe com o círculo A e B. Já os animais que voam e não possuem duas patas mais
B, já que ambos são bípedes mas não podem voar. Os os que não voam e possuem duas patas, seriam representados
mosquitos, que voam mas têm seis pernas, seriam pela diferença simétrica entre A e B. Estes exemplos são
representados dentro do círculo B e fora da sobreposição. Os mostrados nas imagens a seguir, que incluem também outros
canários, por sua vez, seriam representados na intersecção A- dois casos.
B, já que são bípedes e podem voar. Qualquer animal que não
fosse bípede nem pudesse voar, como baleias ou serpentes,
seria marcado por pontos fora dos dois círculos.
Assim, o diagrama de dois conjuntos representa quatro
áreas distintas (a que fica fora de ambos os círculos, a parte de
cada círculo que pertence a ambos os círculos (onde há
sobreposição), e as duas áreas que não se sobrepõem, mas
estão em um círculo ou no outro):
União de dois conjuntos: AB
- Animais que possuem duas pernas e não voam (A sem
sobreposição).
- Animais que voam e não possuem duas pernas (B sem
sobreposição).
- Animais que possuem duas pernas e voam
(sobreposição).
- Animais que não possuem duas pernas e não voam
(branco - fora).
Diferença Simétrica de dois conjuntos: AB
Essas configurações são representadas, respectivamente,
pelas operações de conjuntos: diferença de A para B, diferença
de B para A, intersecção entre A e B, e conjunto complementar
de A e B. Cada uma delas pode ser representada como as
seguintes áreas (mais escuras) no diagrama:

Complementar de A em U: AC = U \ A

Diferença de A para B: A\B

Complementar de B em U: BC = U \ B

Três Conjuntos: Na sua apresentação inicial, Venn focou-


se sobretudo nos diagramas de três conjuntos. Alargando o
Diferença de B para A: B\A exemplo anterior, poderia-se introduzir o conjunto C dos
animais que possuem bico. Neste caso, o diagrama define sete
áreas distintas, que podem combinar-se de 256 (28) maneiras
diferentes, algumas delas ilustradas nas imagens seguintes.

Raciocínio Lógico 22
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elemento em comum com o conjunto B. Contudo, quando


dizemos que Algum A é B, pressupomos que nem todo A é B.
Entretanto, no sentido lógico de algum, está perfeitamente
correto afirmar que “alguns de meus colegas estão me
elogiando”, mesmo que todos eles estejam. Dizer que Algum A
é B é logicamente equivalente a dizer que Algum B é A.
Também, as seguintes expressões são equivalentes: Algum A é
B = Pelo menos um A é B = Existe um A que é B.
Diagrama de Venn mostrando todas as intersecções Proposições da forma Algum A não é B estabelecem que o
possíveis entre A, B e C. conjunto A tem pelo menos um elemento que não pertence ao
conjunto B. Temos as seguintes equivalências: Algum A não é B
= Algum A é não B = Algum não B é A. Mas não é equivalente a
Algum B não é A. Nas proposições categóricas, usam-se
também as variações gramaticais dos verbos ser e estar, tais
como é ,são ,está ,foi, eram, ..., como elo de ligação entre A e B.
- Todo A é B = Todo A não é não B.
- Algum A é B = Algum A não é não B.
- Nenhum A é B = Nenhum A não é não B.
- Todo A é não B = Todo A não é B.
União de três conjuntos: ABC - Algum A é não B = Algum A não é B.
- Nenhum A é não B = Nenhum A não é B.
- Nenhum A é B = Todo A é não B.
- Todo A é B = Nenhum A é não B.
- A negação de Todo A é B é Algum A não é B (e vice-versa).
- A negação de Algum A é B é Nenhum A não é B (e vice-
versa).

Verdade ou Falsidade das Proposições Categóricas


Dada a verdade ou a falsidade de qualquer uma das
proposições categóricas, isto é, de Todo A é B, Nenhum A é B,
Algum A é B e Algum A não é B, pode-se inferir de imediato a
Intersecção de três conjuntos: ABC verdade ou a falsidade de algumas ou de todas as outras.

1. Se a proposição Todo A é B é verdadeira, então temos as


duas representações possíveis:

Nenhum A é B. É falsa.
A \ (B U C) Algum A é B. É verdadeira.
Algum A não é B. É falsa.

2. Se a proposição Nenhum A é B é verdadeira, então temos


somente a representação:
Todo A é B. É falsa.
Algum A é B. É falsa.
(B U C) \ A Algum A não é B. É verdadeira.

PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS
3. Se a proposição Algum A é B é verdadeira, temos as
- Todo A é B quatro representações possíveis:
- Nenhum A é B
- Algum A é B e
- Algum A não é B

Proposições do tipo Todo A é B afirmam que o conjunto A é


um subconjunto do conjunto B. Ou seja: A está contido em B.
Atenção: dizer que Todo A é B não significa o mesmo que Todo
B é A. Enunciados da forma Nenhum A é B afirmam que os
conjuntos A e B são disjuntos, isto é ,não tem elementos em
comum. Atenção: dizer que Nenhum A é B é logicamente
equivalente a dizer que Nenhum B é A.
Por convenção universal em Lógica, proposições da forma
Algum A é B estabelecem que o conjunto A tem pelo menos um

Raciocínio Lógico 23
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APOSTILAS OPÇÃO

04. (TTN - ESAF) Se é verdade que “Alguns A são R” e que


“Nenhum G é R”, então é necessariamente verdadeiro que:
(A) algum A não é G;
(B) algum A é G.
(C) nenhum A é G;
(D) algum G é A;
(E) nenhum G é A;

05. Em uma classe, há 20 alunos que praticam futebol mas


não praticam vôlei e há 8 alunos que praticam vôlei mas não
praticam futebol. O total dos que praticam vôlei é 15. Ao todo,
existem 17 alunos que não praticam futebol. O número de
alunos da classe é:
Nenhum A é B. É falsa. (A) 30.
Todo A é B. Pode ser verdadeira (em 3 e 4) ou falsa (em 1 e (B) 35.
2). (C) 37.
Algum A não é B. Pode ser verdadeira (em 1 e 2) ou falsa (D) 42.
(em 3 e 4) – é indeterminada. (E) 44.
Respostas
4. Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos as
três representações possíveis: 01.
(A)

(B)

(C)

Todo A é B. É falsa.
Nenhum A é B. Pode ser verdadeira (em 3) ou falsa (em 1 e
2 – é indeterminada).
Algum A é B. Ou falsa (em 3) ou pode ser verdadeira (em 1 e
2 – é ideterminada). (D)

Questões

01. Represente por diagrama de Venn-Euler


(A) Algum A é B
02. Resposta: B
(B) Algum A não é B
(C) Todo A é B
(D) Nenhum A é B

02. (Especialista em Políticas Públicas Bahia - FCC)


Considerando “todo livro é instrutivo” como uma proposição
A opção A é descartada de pronto: “nenhum livro é
verdadeira, é correto inferir que:
instrutivo” implica a total dissociação entre os diagramas. E
(A) “Nenhum livro é instrutivo” é uma proposição
estamos com a situação inversa. A opção “B” é perfeitamente
necessariamente verdadeira.
correta. Percebam como todos os elementos do diagrama
(B) “Algum livro é instrutivo” é uma proposição
“livro” estão inseridos no diagrama “instrutivo”. Resta
necessariamente verdadeira.
necessariamente perfeito que algum livro é instrutivo.
(C) “Algum livro não é instrutivo” é uma proposição
verdadeira ou falsa.
03. Seja C o conjunto dos músicos que tocam instrumentos
(D) “Algum livro é instrutivo” é uma proposição verdadeira
de corda e S dos que tocam instrumentos de sopro. Chamemos
ou falsa.
de F o conjunto dos músicos da Filarmônica. Ao resolver este
(E) “Algum livro não é instrutivo” é uma proposição
tipo de problema faça o diagrama, assim você poderá
necessariamente verdadeira.
visualizar o problema e sempre comece a preencher os dados
de dentro para fora.
03. Dos 500 músicos de uma Filarmônica, 240 tocam
Passo 1: 60 tocam os dois instrumentos, portanto, após
instrumentos de sopro, 160 tocam instrumentos de corda e 60
fazermos o diagrama, este número vai no meio.
tocam esses dois tipos de instrumentos. Quantos músicos
Passo 2:
desta Filarmônica tocam:
a)160 tocam instrumentos de corda. Já temos 60. Os que só
(A) instrumentos de sopro ou de corda?
tocam corda são, portanto 160 - 60 = 100
(B) somente um dos dois tipos de instrumento?
b) 240 tocam instrumento de sopro. 240 - 60 = 180
(C) instrumentos diferentes dos dois citados?
Vamos ao diagrama, preenchemos os dados obtidos acima:

Raciocínio Lógico 24
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APOSTILAS OPÇÃO

é, tem elementos em A que não estão em G. Pelo mesmo motivo


a alternativa “D” não é correta. Passemos para a próxima.
Teste da alternativa “C” (Nenhum A é G). Observando os
desenhos dos círculos, verificamos que, para o desenho de A
que está mais à esquerda, esta alternativa não é verdadeira,
isto é, tem elementos em A que estão em G. Pelo mesmo motivo
Com o diagrama completamente preenchido, fica fácil
a alternativa “E” não é correta. Portanto, a resposta é a
achara as respostas: Quantos músicos desta Filarmônica
alternativa “A”.
tocam:
a) instrumentos de sopro ou de corda? Pelos dados do
05. Resposta: E.
problema: 100 + 60 + 180 = 340
b) somente um dos dois tipos de instrumento? 100 + 180 =
280
c) instrumentos diferentes dos dois citados? 500 - 340 =
160

04. Esta questão traz, no enunciado, duas proposições


categóricas:
- Alguns A são R
n = 20 + 7 + 8 + 9
- Nenhum G é R
n = 44
Devemos fazer a representação gráfica de cada uma delas
por círculos para ajudar-nos a obter a resposta correta. Vamos
iniciar pela representação do Nenhum G é R, que é dada por
dois círculos separados, sem nenhum ponto em comum.
4 Lógica de primeira ordem.

PROPOSIÇÕES FUNCIONAIS OU QUANTIFICADAS


(LÓGICA DE PRIMEIRA ORDEM OU LÓGICA DOS
PREDICADOS)
Como já foi visto, não há uma representação gráfica única
para a proposição categórica do Alguns A são R, mas Vimos que as proposições podem ter valores V ou F, as
geralmente a representação em que os dois círculos se sentenças fechadas como por exemplo:
interceptam (mostrada abaixo) tem sido suficiente para
resolver qualquer questão. a) O Brasil é o maior país da América do Sul - V
b) O Brasil está localizado no continente Europeu – F

Porém existem expressões que não podemos atribuir esses


valores lógicos, pois se encontram em função de uma variável,
e são denominadas sentenças abertas.
Agora devemos juntar os desenhos das duas proposições
categóricas para analisarmos qual é a alternativa correta. Exemplos:
Como a questão não informa sobre a relação entre os
conjuntos A e G, então teremos diversas maneiras de a) x > 15
representar graficamente os três conjuntos (A, G e R). A b) Em 2018, ele será presidente do Brasil novamente.
alternativa correta vai ser aquela que é verdadeira para
quaisquer dessas representações. Para facilitar a solução da Observe que as variáveis “x” e “ele”, analisando os valores
questão não faremos todas as representações gráficas lógicos temos que:
possíveis entre os três conjuntos, mas sim, uma (ou algumas)
representação(ões) de cada vez e passamos a analisar qual é a a) x > 15
alternativa que satisfaz esta(s) representação(ões), se Se x assumir os valores maiores que 15 (16,17, 18, ...)
tivermos somente uma alternativa que satisfaça, então já temos que a sentença é verdadeira.
achamos a resposta correta, senão, desenhamos mais outra Se assumir valores menores ou iguais a 15 (15,14, 13, ...)
representação gráfica possível e passamos a testar somente as temos que a sentença é falsa.
alternativas que foram verdadeiras. Tomemos agora o
seguinte desenho, em que fazemos duas representações, uma b) Em 2018, ele será presidente do Brasil novamente.
em que o conjunto A intercepta parcialmente o conjunto G, e Se ele for substituído, por exemplo, por Collor, teremos
outra em que não há intersecção entre eles. uma expressão verdadeira (pois Fernando Collor já foi
presidente do Brasil, podendo o ser novamente).
Se for substituído por Marina, termos uma expressão falsa
(pois Marina nunca foi presidente do Brasil não podendo o ser
novamente).

Teste das alternativas: Sentenças que contêm variáveis são chamadas de


Teste da alternativa “A” (algum A não é G). Observando os sentenças funcionais. Estas sentenças não são proposições
desenhos dos círculos, verificamos que esta alternativa é lógicas, pois seu valor lógico (V ou F) é discutível em função do
verdadeira para os dois desenhos de A, isto é, nas duas valor de uma variável.
representações há elementos em A que não estão em G.
Passemos para o teste da próxima alternativa. Podemos transformar as sentenças abertas em
Teste da alternativa “B” (algum A é G). Observando os proposições lógicas por meio de duas etapas: atribuir valores
desenhos dos círculos, verificamos que, para o desenho de A às variáveis ou utilizar quantificadores.
que está mais à direita, esta alternativa não é verdadeira, isto

Raciocínio Lógico 25
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APOSTILAS OPÇÃO

QUANTIFICADORES
O “domínio de discurso”, também chamado de “universo
de discurso” ou “domínio de quantificação”, é uma
Quantificadores são elementos que, quando associados ferramenta analítica usada na lógica dedutiva,
às sentenças abertas, permitem que as mesmas sejam especialmente na lógica de predicados. Indica o conjunto
avaliadas como verdadeiras ou falsas, ou seja, passam a ser relevante de valores, os quais os quantificadores se
qualificadas como sentenças fechadas. referem. O termo “universo de discurso” geralmente se
Temos que: refere à “condição de existência” das variáveis (ou
termos usados) numa função específica.
QUANTIFICADOR + SENTENÇA ABERTA =
SENTENÇA FECHADA
VARIÁVEL APARENTE E VARIÁVEL LIVRE
TIPOS DE QUANTIFICADORES
Quando um quantificador incide sobre uma variável, está
- Quantificador universal: usado para transformar diz-se aparente ou muda, caso contrário, diz-se variável
sentenças (proposições) abertas em proposições fechadas, é livre.
indicado pelo símbolo “∀” (lê-se: “qualquer que seja”, “para Vejamos:
todo”, “para cada”).
Exemplos: A letra “x” é nas sentenças abertas “2x + 2 = 18”; “x > 5” é
considerada variável livre, mas é considerada aparente nas
1) (∀x)(x + 5 = 9) – Lê-se: Qualquer que seja x, temos que x proposições: (ᗄx) (x > 5) e (Ǝx) (2x + 2 = 18).
+ 5 = 9 (falsa)
2) (∀y)(y ≠ 8)(y – 1 ≠ 7) - Lê-se: Para cada valor de y, com PRINCÍPIO DE SUBSTITUIÇÃO DAS VARIÁVEIS
y diferente de 8, tem-se que y – 1 ≠ 7 (verdadeira). APARENTES – Todas às vezes que uma variável aparente
é substituída, em todos os lugares que ocupa uma
- Quantificador existencial: é indicado pelo símbolo “∃” expressão, por outra variável que não figure na mesma
(lê-se: “existe”, “existe pelo menos um” e “existe um”). expressão, obtém-se uma expressão equivalente.
Exemplos:
Ou seja, qualquer que seja a sentença aberta p(x) em um
1) (∃x)(x + 5 = 9) – Lê-se: Existe um número x, tal que x + conjunto A substituem as equivalências?
5 = 9 (verdadeira). (ᗄ x ϵ A) (p(x)) ⇔ (ᗄ y ϵA) (p(y))
2) (∃y)(y – 3 > 11) - Lê-se: Existe um número y, tal que y – (Ǝ x ϵ A) (p(x)) ⇔ (Ǝ y ϵA) (p(y))
2 > 11 (falsa).
Exemplos:
Observação: Temos ainda um quantificador existencial (ᗄ Fulano) (Fulano é mortal) ⇔ (ᗄ x) (x é mortal)
simbolizado por “∃!”, que significa: “existe um único”, “existe (Ǝ Fulano) (Fulano foi à Lua) ⇔ (Ǝ x) (x foi à Lua)
um e um só” e “existe só um”.
QUANTIFICADOR DE EXISTÊNCIA E UNICIDADE
REPRESENTAÇÃO
Consideremos no conjunto dos números reais (R) a
Uma proposição quantificada é caracterizada pela sentença aberta “x2 = 16”, por ser: 42 = 16, (-4)2 = 16 e 4 ≠ -4.
presença de um quantificador (universal ou existencial) e pelo
predicado, de modo geral. Podemos concluir: (Ǝ x, y ϵ R) (x2 = 16 ^ y2 = 16 ^ x ≠ y).

Ao contrário, para a sentença aberta “x3 = 27” em R


teremos as duas proposições:
1ª) (Ǝ x ϵ R) (x3 = 27)
2ª) x3 = 27 ^ y3 = 27 ⇒ x = y

A primeira proposição diz que existe pelo menos um x ϵ


R tal que x3 = 27 (x = 3), é uma afirmação de existência.
Observe que não existe outra forma de obtermos o resultado,
Exemplos: uma vez que não podemos colocar número negativo elevado a
(Ǝx) (x > 0) (x + 4 = 11) expoente ímpar e obter resultado positivo (propriedade da
Quantificador: Ǝ- existencial potência).
Condição de existência: x > 0 A segunda proposição diz que não pode existir mais de
Predicado: x + 4 = 11 um x ϵ R tal que x3 = 27; é uma afirmação de unicidade.
Lemos: Existe um valor para x, com x maior que zero, tal A conjunção das duas proposições diz que existe x ϵ R e um
que x mais 4 é igual a 11. só tal que x3 = 27. Para indicarmos este fato, vamos escrever
Valor Lógico: V (verdade) da seguinte forma:
(Ǝ! x ϵ R) (x3 = 27)
(ᗄx) (x ϵ Z) (x + 3 > 18)
Quantificador: ᗄ - universal Muitas proposições encerram afirmações de existência e
Condição de existência: x ϵ Z unicidade. Por exemplo no universo R:
Predicado: x + 3 > 18 a ≠ 0 ⇒ (ᗄ b) (Ǝ! x) (ax = b)
Lemos: Para qualquer valor de x, com x pertencente ao
conjunto dos inteiros, tem-se que x, mais 3 é maior que 18. Exemplos:
Valor Lógico: F (falso) (Ǝ! x ϵ N) (x2 – 9 = 0)
(Ǝ! x ϵ Z) (-1 < x < 1)
(Ǝ! x ϵ R) (|x| = 0)

Raciocínio Lógico 26
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APOSTILAS OPÇÃO

Todas as proposições acima são verdadeiras. 2 - Seja p(x) uma proposição com uma variável “x” em um
universo de discurso. Qual dos itens a seguir define a negação
NEGAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES QUANTIFICADAS OU dos quantificadores?
FUNCIONAIS I. ~[(∀x) (p(x))] ⇔ (∃x) (~ p(x));
II. ~[(∃x) (p(x))] ⇔ (∃x) (~ p(x));
1º - Seja uma sentença quantificada do tipo (∀x)(A(x)). Sua III. ~[(∃x) (p(x))] ⇔ (∀x) (~ p(x));
negação será dada da seguinte forma: substitui-se o (A) apenas I;
quantificador universal pelo existencial e nega-se o (B) apenas I e III;
predicado A(x), obtendo-se (∃x)(~A(x)). (C) apenas III;
Exemplo: (D) apenas II;
(∀x) (x + 7 = 25), negando a sentença ~(∀x) (x + 7 = 25), (E) apenas II e III.
temos: (∃x) (x + 7 ≠ 25)
Resolução:
2º - Seja uma sentença quantificada do tipo (∃x)(B(x)). Sua Como sabemos para negarmos temos 3 passos
negação será dada da seguinte forma: substitui-se o importantes, logo:
quantificador existencial pelo universal e nega-se o No item I, ele trocou o quantificador pelo existencial e
predicado B(x), obtendo-se (∀x)(~B(x)). negou o predicado – Verdadeiro
Exemplo: No item II, ele NÂO trocou o quantificador, somente
negando o predicado – Falso
(∃x) (x + 7 = 25), negando a sentença ~(∃x) (x + 7 = 25), No item III, trocou os quantificadores e negou o predicado
temos: (∀x) (x + 7 ≠ 25). – Verdadeiro
Resposta: B.
Em resumo temos que:
Referências
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemática – São Paulo:
Quantificador Universal passa para Nobel – 2002.
1º Existencial e vice e versa: CABRAL, Luiz Cláudio Durão; NUNES, Mauro César de Abreu - Raciocínio
passo (∀x) ⇨ (∃x) lógico passo a passo – Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

(∃x) ⇨ (∀x)
Questões
2º Conserva-se a condição de existência da
passo variável, caso exista. 01. (Petrobras – Técnico(a) de Informática Júnior –
CESGRANRIO/2014) Determinado técnico de atletismo
3º considera seus atletas como bons ou maus, em função de
Nega-se o predicado. serem fumantes ou não. Analise as proposições que se seguem
passo
no contexto da lógica dos predicados.
I - Nenhum fumante é bom atleta.
II - Todos os fumantes são maus atletas.
RELAÇÕES ENTRE AS LINGUAGENS CATEGÓRICAS E
III - Pelo menos um fumante é mau atleta.
QUANTIFICADAS
IV - Todos os fumantes são bons atletas.
As proposições que formam um par tal que uma é a
Representação Nomenclaturas negação da outra são:
Representação
de uma dos termos dos (A) I e II
simbólica
proposição predicados (B) I e III
quantificada
categórica (C) II e III
(D) II e IV
ALGUM p(x) = (E) III e IV
paulistano é (∃x) (p(x) ^ q(x)) paulistano
corintiano. q(x) = corintiano 02. (EMSERH – Agente de Portaria – FUNCAB/2016)
Considere que as seguintes afirmações são verdadeiras:
NENHUM p(x) = bancário
~(∃x) (p(x) ^
bancário é q(x) = altruísta “Algum maranhense é pescador.”
q(x))
altruísta. “Todo maranhense é trabalhador.”
TODO professor é (∀x) (p(x) → p(x) = professor Assim pode-se afirmar, do ponto de vista lógico, que:
atencioso. q(x)) q(x) = atencioso (A) Algum maranhense não pescador não é trabalhador.
(B) Algum maranhense trabalhador é pescador.
Exemplos: (C) Todo maranhense pescador não é trabalhador.
1- A negação da proposição: [(∀x ∈ R) (∃ y ∈ R) (x.y = 1)] é: (D) Algum maranhense pescador não é trabalhador
(A) (∃x ∈ R) (∀ y ∈ R) [x.y = 1]; (E) Todo maranhense trabalhador é pescador.
(B) (∀x ∈ R) (∃ y ∈ R) [x.y ≠ 1];
(C) (∃x ∈ R) (∀ y ∈ R) [x.y ≠ 1]; Respostas
(D) (∀x ∈ R) (∀ y ∈ R) [x.y ≠ 1];
(E) (∃x ∈ R) (∃ y ∈ R) [x.y ≠ 1]. 01. Resposta: E.
Sabemos que a negação do quantificador “Todos” é “Pelo
Resolução: menos um” (vice - versa) e que ao negarmos qualquer
Como sabemos para negarmos temos 3 passos proposição significa trocar seu sentido, temos que:
importantes, logo: III - Pelo menos um fumante é mau atleta.
~ [(∀x ∈ R) (∃ y ∈ R) (x.y = 1)] ⇔ [(∃x ∈ R) (∀ y ∈ R) (x.y ≠ IV - Todos os fumantes são bons atletas.
1)] Formam um par tal que uma é a negação da outra.
Resposta: C

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APOSTILAS OPÇÃO

02. Resposta: B. De forma resumida, e rápida podemos também montar


(A) ERRADA → Todo maranhense é trabalhador através do princípio multiplicativo o número de
(B) CORRETA. possibilidades:
(C) ERRADA → Todo maranhense pescador é trabalhador
(D) ERRADA → Todo Maranhense pescador é trabalhador
(E) ERRADA → Existe maranhense trabalhador que não é
pescador.

5 Princípios de contagem e 2 x 3 = 6
probabilidade. 3) De sua casa ao trabalho, Silvia pode ir a pé, de ônibus ou
de metrô. Do trabalho à faculdade, ela pode ir de ônibus, metrô,
trem ou pegar uma carona com um colega.
ANÁLISE COMBINATÓRIA De quantos modos distintos Silvia pode, no mesmo dia, ir
de casa ao trabalho e de lá para a faculdade?
A Análise Combinatória é a parte da Matemática que Vejamos, o trajeto é a junção de duas etapas:
desenvolve meios para trabalharmos com problemas de
contagem. Ela também é o suporte da Teoria das 1º) Casa → Trabalho: ao qual temos 3 possibilidades
Probabilidades, e de vital importância para as ciências 2º) Trabalho → Faculdade: 4 possibilidades.
aplicadas, como a Medicina, a Engenharia, a Estatística entre Multiplicando todas as possibilidades (pelo PFC), teremos:
outras. 3 x 4 = 12.
No total Silvia tem 12 maneiras de fazer o trajeto casa –
PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA CONTAGEM-PFC trabalho – faculdade.
(PRINCÍPIO MULTIPLICATIVO)
Podemos dizer que, um evento B pode ser feito de n
O princípio multiplicativo ou fundamental da maneiras, então, existem m • n maneiras de fazer e
contagem constitui a ferramenta básica para resolver executar o evento B.
problemas de contagem sem que seja necessário enumerar
seus elementos, através da possibilidades dadas. É uma das
técnicas mais utilizadas para contagem, mas também FATORIAL DE UM NÚMERO NATURAL
dependendo da questão pode se tornar trabalhosa. É comum aparecerem produtos de fatores naturais
sucessivos em problemas de análise combinatória, tais como:
Exemplos: 3. 2 . 1 ou 5. 4 . 3 . 2 . 1, por isso surgiu a necessidade de
1) Imagine que, na cantina de sua escola, existem cinco simplificarmos este tipo de notação, facilitando os cálculos
opções de suco de frutas: pêssego, maçã, morango, caju e combinatórios. Assim, produtos em que os fatores chegam
mamão. Você deseja escolher apenas um desses sucos, mas sucessivamente até a unidade são chamados fatoriais.
deverá decidir também se o suco será produzido com água ou Matematicamente:
leite. Escolhendo apenas uma das frutas e apenas um dos Dado um número natural n, sendo n є N e n ≥ 2, temos:
acompanhamentos, de quantas maneiras poderá pedir o suco?
n! = n. (n – 1 ). (n – 2). ... . 1

Onde:
n! é o produto de todos os números naturais de 1 até n (lê-
se: “n fatorial”)
Por convenção temos que:

0! = 1
1! = 1
2) Para ir da sua casa (cidade A) até a casa do seu de um
amigo Pedro (que mora na cidade C) João precisa pegar duas Exemplos:
conduções: A1 ou A2 ou A3 que saem da sua cidade até a B e 1) De quantas maneiras podemos organizar 8 alunos em
B1 ou B2 que o leva até o destino final C. Vamos montar o uma fila.
diagrama da árvore para avaliarmos todas as possibilidades: Observe que vamos utilizar a mesma quantidade de alunos
na fila nas mais variadas posições:

Temos que 8! = 8.7.6.5.4.3.2.1 = 40320

9!
2) Dado , qual o valor dessa fração?
5!

Observe que o denominador é menor que o numerador,


então para que possamos resolver vamos levar o numerador
até o valor do denominador e simplificarmos:

Raciocínio Lógico 28
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APOSTILAS OPÇÃO

9! 9.8.7.6.5! ordem. A permutação simples é um caso particular do arranjo


= = 3024
5! 5! simples.
É muito comum vermos a utilização de permutações em
anagramas (alterações da sequência das letras de uma
TIPOS DE AGRUPAMENTO palavra).
Os agrupamentos que não possuem elementos
repetidos, são chamamos de agrupamentos simples. Dentre Pn! = n!
eles temos aqueles onde a ordem é importante e os que a
ordem não é importante. Vamos ver detalhadamente cada
um deles. Exemplos:
1) Quantos anagramas podemos formar com a palavra
- Arranjo simples: agrupamentos simples de n elementos CALO?
distintos tomados(agrupados) p a p. Aqui a ordem dos seus
elementos é o que diferencia.

Exemplos:
1) Dados o conjunto S formado pelos números S=
{1,2,3,4,5,6} quantos números de 3 algarismos podemos
formar com este conjunto?

Utilizando a fórmula da permutação temos:


n = 4 (letras)
P4! = 4! = 4 . 3 . 2 . 1! = 24 . 1! (como sabemos 1! = 1) → 24
. 1 = 24 anagramas

2) Utilizando a palavra acima, quantos são os anagramas


que começam com a letra L?
Observe que 123 é diferente de 321 e assim
sucessivamente, logo é um Arranjo.

Se fossemos montar todos os números levaríamos muito


tempo, para facilitar os cálculos vamos utilizar a fórmula do
arranjo.
Pela definição temos: A n,p (Lê-se: arranjo de n elementos
tomados p a p).
Então:

𝑛!
𝐴𝑛, 𝑝 =
𝑛−𝑝 !

P3! = 3! = 3 . 2 . 1! = 6 anagramas que começam com a letra


Utilizando a fórmula: L.
Onde n = 6 e p = 3
n! 6! 6! 6.5.4.3! - Combinação simples: agrupamento de n elementos
An, p = → A6,3 = = = = 120 distintos, tomados p a p, sendo p ≤ n. O que diferencia a
(n − p)! (6 − 3)! 3! 3!
combinação do arranjo é que a ordem dos elementos não é
importante.
Então podemos formar com o conjunto S, 120 números
Vemos muito o conceito de combinação quando queremos
com 3 algarismos.
montar uma comitiva, ou quando temos também de quantas
maneiras podemos cumprimentar um grupo ou comitiva,
2) Uma escola possui 18 professores. Entre eles, serão
entre outros.
escolhidos: um diretor, um vice-diretor e um coordenador
pedagógico. Quantas as possibilidades de escolha?
Exemplos:
n = 18 (professores)
1) Uma escola tem 7 professores de Matemática. Quatro
p = 3 (cargos de diretor, vice-diretor e coordenador
deles deverão representar a escola em um congresso. Quantos
pedagógico)
grupos de 4 professores são possíveis?
n! 18! 18!
An, p = → A18,3 = =
(n − p)! (18 − 3)! 15!

18.17.16.15!
= = 4896 grupos
15!

- Permutação simples: sequência ordenada de n


elementos distintos (arranjo), ao qual utilizamos todos os
elementos disponíveis, diferenciando entre eles apenas a

Raciocínio Lógico 29
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APOSTILAS OPÇÃO

Observe que sendo 7 professores, se invertermos um deles O número de pares de letras que poderá ser utilizado é:
de posição não alteramos o grupo formado, os grupos
formados são equivalentes. Para o exemplo acima temos ainda
as seguintes possibilidades que podemos considerar sendo
como grupo equivalentes.
P1, P2, P4, P3 – P2, P1, P3, P4 – P3, P1, P2, P4 – P2, P4, P3,
P4 – P4, P3, P1, P2 ... Pois podemos repetir eles. Aplicando a fórmula de Arranjo
com repetição temos:
Com isso percebemos que a ordem não é importante!
𝑨𝑹 𝒏, 𝒑 = 𝒏𝒑 → 𝑨𝑹 𝟐𝟔, 𝟐 = 𝟐𝟔𝟐 = 𝟔𝟕𝟔
Vamos então utilizar a fórmula para agilizar nossos
cálculos: Para a quantidade de números temos (0,1,2,3,4,5,6,7,8,9 –
10 algarismos):

𝐴𝑛, 𝑝 𝑛!
𝐶𝑛, 𝑝 = → 𝐶𝑛, 𝑝 =
𝑝! 𝑛 − 𝑝 ! 𝑝!

Aqui dividimos novamente por p, para desconsiderar


todas as sequências repetidas (P1, P2, P3, P4 = P4, P2, P1, P3= 𝑨𝑹 𝒏, 𝒑 = 𝒏𝒑 → 𝑨𝑹 𝟏𝟎, 𝟒 = 𝟏𝟎𝟒 = 𝟏𝟎. 𝟎𝟎𝟎
P3, P2, P4, P1=...).
Aplicando a fórmula: Assim o número de chapas que podemos ter é dado pela
n! 7! 7! 7.6.5.4!
Cn, p = → C7,4 = = = multiplicação dos valores achados:
(n − p)! p! (7 − 4)! 4! 3! 4! 3! 4! 676 . 10 000 = 6 760 000 possibilidades de placas.
210 210
= = = 35 grupos de professores
3.2.1 6 Observação: Caso não pudesse ser utilizada a placa com a
sequência de zeros, ou seja, com 4 zeros teríamos:
2) Considerando dez pontos sobre uma circunferência,
quantas cordas podem ser construídas com extremidades em
dois desses pontos?

𝑨𝑹 𝒏, 𝒑 = 𝒏𝒑 → 𝑨𝑹 𝟏𝟎, 𝟒 = 𝟔𝟕𝟔. 𝟏𝟎𝟒 − 𝟏𝟎𝟒


= 𝟏𝟎𝟒 . (𝟔𝟕𝟔 − 𝟏)

B) Permutação com repetição: a diferença entre arranjo


e permutação é que esta faz uso de todos os elementos do
AGRUPAMENTOS COM REPETIÇÃO conjunto. Na permutação com repetição, como o próprio nome
Existem casos em que os elementos de um conjunto indica, as repetições são permitidas e podemos estabelecer
repetem-se para formar novos subconjuntos. uma fórmula que relacione o número de elementos, n, e as
Nestes casos, devemos usar fórmulas de agrupamentos vezes em que o mesmo elemento aparece.
com repetição. Assim, teremos:
A) arranjo com repetição;
B) permutação com repetição; ∝,𝛽,𝛾,…
𝑛!
𝑃𝑛 = …
C) combinação com repetição. 𝛼! 𝛽! 𝛾!

Vejamos:
A) Arranjo com repetição: ou arranjo completo, é um Com α + β + γ + ... ≤ n
grupo de p elementos de um dado conjunto, com n elementos
distintos, onde a mudança de ordem determina grupos Exemplo:
diferentes, podendo porém ter elementos repetidos. Quantos são os anagramas da palavra ARARA?
Indicamos por AR n,p n=5
α = 3 (temos 3 vezes a letra A)
No arranjo com repetição, temos todos os elementos do β = 2 (temos 2 vezes a letra R)
conjunto à disposição a cada escolha, por isso, pelo Princípio
Fundamental da Contagem, temos: Equacionando temos:
𝒏! 𝟓! 𝟓. 𝟒. 𝟑! 𝟓. 𝟒
𝑷𝒏(∝,𝜷,𝜸,… ) = … → 𝒑𝟓(𝟑,𝟐) = = =
𝜶! 𝜷! 𝜸! 𝟑! 𝟐! 𝟑! 𝟐! 𝟐. 𝟏
𝐴𝑅 𝑛, 𝑝 = 𝑛𝑝
𝟐𝟎
= = 𝟏𝟎 𝒂𝒏𝒂𝒈𝒓𝒂𝒎𝒂𝒔
𝟐
Exemplo:
Quantas chapas de automóvel compostas de 2 letras nas
duas primeiras posições, seguidas por 4 algarismos nas B.1) Permutação circular: a permutação circular com
demais posições (sendo 26 letras do nosso alfabeto e sendo os repetição pode ser generalizada através da seguinte forma:
algarismos do sistema decimal) podem ser formadas?

Raciocínio Lógico 30
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APOSTILAS OPÇÃO

do que 4000, que podem ser escritos utilizando-se apenas os


𝑃𝑐 𝑛 = (𝑛 − 1)! algarismos 0, 1, 2, 3, 4, 5 e 6.
O valor de N é:
(A) 120
Vejamos o exemplo como chegar na fórmula, para (B) 240
aplicação. (C) 360
(D) 480
- De quantas maneiras 5 meninas que brincam de roda
podem formá-la? 03. (CRQ 2ª Região/MG – Auxiliar Administrativo –
Fazendo um esquema, observamos que são posições FUNDEP/2015) Com 12 fiscais, deve-se fazer um grupo de
iguais: trabalho com 3 deles. Como esse grupo deverá ter um
coordenador, que pode ser qualquer um deles, o número de
maneiras distintas possíveis de se fazer esse grupo é:
(A) 4
(B) 660
(C) 1 320
(D) 3 960

O total de posições é 5! e cada 5 representa uma só 04. (BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO –


permutação circular. Assim, o total de permutações circulares CESGRANRIO) Uma empresa de propaganda pretende criar
será dado por: panfletos coloridos para divulgar certo produto. O papel pode
5! 5.4! ser laranja, azul, preto, amarelo, vermelho ou roxo, enquanto o
𝑃𝑐 5 = = = 4! = 4.3.2.1 = 24 texto é escrito no panfleto em preto, vermelho ou branco.
5 5
De quantos modos distintos é possível escolher uma cor
C) Combinação com repetição: dado um conjunto com n para o fundo e uma cor para o texto se, por uma questão de
elementos distintos, chama-se combinação com repetição, contraste, as cores do fundo e do texto não podem ser iguais?
classe p (ou combinação completa p a p) dos n elementos desse (A) 13
conjunto, a todo grupo formado por p elementos, distintos ou (B) 14
não, em qualquer ordem. (C) 16
(D) 17
(E) 18
𝐶𝑅𝑛, 𝑝 = 𝐶 𝑛 + 𝑝 − 1, 𝑝
05. (TCE/BA – Analista de Controle Externo – FGV) Um
heptaminó é um jogo formado por diversas peças com as
seguintes características:
Exemplo: • Cada peça contém dois números do conjunto {0, 1, 2, 3, 4,
Em uma combinação com repetição classe 2 do conjunto 5,6, 7}.
{a, b, c}, quantas combinações obtemos? • Todas as peças são diferentes.
Ilustrando temos: • Escolhidos dois números (iguais ou diferentes) do
conjunto acima, existe uma, e apenas uma, peça formada por
esses números.
A figura a seguir mostra exemplos de peças do heptaminó.

Utilizando a fórmula da combinação com repetição,


verificamos o mesmo resultado sem necessidade de enumerar
todas as possibilidades:
O número de peças do heptaminó é
n=3ep=2
(A) 36.
𝑪𝑹𝒏, 𝒑 = 𝑪 𝒏 + 𝒑 − 𝟏, 𝒑 → 𝑪𝑹 𝟑 + 𝟐 − 𝟏, 𝟐 → 𝑪𝑹𝟒, 𝟐
(B) 40.
𝟒! 𝟒! 𝟒. 𝟑. 𝟐! 𝟏𝟐 (C) 45.
= = = = =𝟔 (D) 49.
𝟐! (𝟒 − 𝟐)! 𝟐! 𝟐! 𝟐! 𝟐! 𝟐
(E) 56.
Respostas
Questões
01. Resposta: B.
01. (Pref. Chapecó/SC – Engenheiro de Trânsito –
A questão trata-se de princípio fundamental da contagem,
IOBV/2016) Em um restaurante os clientes têm a sua
logo vamos enumerar todas as possibilidades de fazermos o
disposição, 6 tipos de carnes, 4 tipos de cereais, 4 tipos de
pedido:
sobremesas e 5 tipos de sucos. Se o cliente quiser pedir 1 tipo
6 x 4 x 4 x 5 = 480 maneiras.
carne, 1 tipo de cereal, 1 tipo de sobremesa e 1 tipo de suco,
então o número de opções diferentes com que ele poderia
02. Resposta: C.
fazer o seu pedido, é:
Pelo enunciado precisa ser um número maior que 4000,
(A) 19
logo para o primeiro algarismo só podemos usar os números
(B) 480
4,5 e 6 (3 possibilidades). Como se trata de números distintos
(C) 420
para o segundo algarismo poderemos usar os números (0,1,2,3
(D) 90
e também 4,5 e 6 dependo da primeira casa) logo teremos 7 –
1 = 6 possibilidades. Para o terceiro algarismos teremos 5
02. (Pref. Rio de Janeiro/RJ – Agente de Administração
possibilidades e para o último, o quarto algarismo, teremos 4
– Pref. do Rio de Janeiro/2016) Seja N a quantidade máxima
possibilidades, montando temos:
de números inteiros de quatro algarismos distintos, maiores
Raciocínio Lógico 31
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APOSTILAS OPÇÃO

a) quando lançamos 3 moedas e observamos suas faces


voltadas para cima, sendo as faces da moeda cara (c) e coroa
(k), o espaço amostral deste experimento é:
S = {(c,c,c); (c,c,k); (c,k,k); (c,k,c); (k,k,k,); (k,c,k); (k,c,c);
Basta multiplicarmos todas as possibilidades: 3 x 6 x 5 x 4 (k,k,c)}, onde o número de elementos do espaço amostral n(A)
= 360. =8
Logo N é 360.
- Evento: é qualquer subconjunto de um espaço amostral
03. Resposta: B. (S); muitas vezes um evento pode ser caracterizado por um
Esta questão trata-se de Combinação, pela fórmula temos: fato. Indicamos pela letra E.
n!
Cn, p =
(n − p)! p!

Onde n = 12 e p = 3
n! 12! 12!
Cn, p = → C12,3 = =
(n − p)! p! (12 − 3)! 3! 9! 3!
12.11.10.9! 1320 1320
= = = = 220
9! 3! 3.2.1 6
Como cada um deles pode ser o coordenado, e no grupo
tem 3 pessoas, logo temos 220 x 3 = 660. Exemplo:
a) no lançamento de 3 moedas:
04. Resposta: C. E1→ aparecer faces iguais
__ E1 = {(c,c,c);(k,k,k)}
6.3=18 O número de elementos deste evento E1 é n(E1) = 2
Tirando as possibilidades de papel e texto iguais:
P P e V V=2 possibilidades E2→ aparecer coroa em pelo menos 1 face
18-2=16 possiblidades E2 = {(c,c,k); (c,k,k); (c,k,c); (k,k,k,); (k,c,k); (k,c,c); (k,k,c)}
Logo n(E2) = 7
05. Resposta: A.
Teremos 8 peças com números iguais. Veremos agora alguns eventos particulares:
- Evento certo: que possui os mesmos elementos do
espaço amostral (todo conjunto é subconjunto de si mesmo);
E = S.
E: a soma dos resultados nos 2 dados ser menor ou igual a
12.

- Evento impossível: evento igual ao conjunto vazio.


E: o número de uma das faces de um dado ser 7.
Depois, cada número com um diferente E: Ø
7+6+5+4+3+2+1
8+7+6+5+4+3+2+1=36 - Evento simples: evento que possui um único elemento.
E: a soma do resultado de dois dados ser igual a 12.
PROBABILIDADE E: {(6,6)}

A teoria das probabilidades surgiu no século XVI, com o - Evento complementar: se E é um evento do espaço
estudo dos jogos de azar, tais como jogos de cartas e roleta. amostral S, o evento complementar de E indicado por C tal que
Atualmente ela está intimamente relacionada com a Estatística C = S – E. Ou seja, o evento complementar é quando E não
e com diversos ramos do conhecimento. ocorre.
E1: o primeiro número, no lançamento de 2 dados, ser
Definições: menor ou igual a 2.
A teoria da probabilidade é o ramo da Matemática que E2: o primeiro número, no lançamento de 2 dados, ser
cria e desenvolve modelos matemáticos para estudar os maior que 2.
experimentos aleatórios. Alguns elementos são necessários S: espaço amostral é dado na tabela abaixo:
para efetuarmos os cálculos probabilísticos.
- Experimentos aleatórios: fenômenos que apresentam
resultados imprevisíveis quando repetidos, mesmo que as
condições sejam semelhantes.
Exemplos:
a) lançamento de 3 moedas e a observação das suas faces
voltadas para cima
b) jogar 2 dados e observar o número das suas faces
c) abrir 1 livro ao acaso e observar o número da suas faces.

- Espaço amostral: conjunto de todos os resultados


possíveis de ocorrer em um determinado experimento E: {(1,1), (1,2), (1,3), (1,4), (1,5), (1,6), (2,1), (2,2), (2,3)
aleatório. Indicamos esse conjunto por uma letra maiúscula: U, (2,4), (2,5), (2,6)}
S , A, Ω ... variando de acordo com a bibliografia estudada. Como, C = S – E
Exemplo: C = {(3,1), (3,2), (3,3), (3,4), (3,5), (3,6), (4,1), (4,2), (4,3),
(4,4), (4,5), (4,6), (5,1), (5,2), (5,3), (5,4), (5,5), (5,6), (6,1),
(6,2), (6,3), (6,4), (6,5), (6,6)}

Raciocínio Lógico 32
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APOSTILAS OPÇÃO

- Eventos mutuamente exclusivos: dois ou mais eventos


são mutuamente exclusivos quando a ocorrência de um deles
implica a não ocorrência do outro. Se A e B são eventos
mutuamente exclusivos, então: A ∩ B = Ø. P (A U B) =
Sejam os eventos: P(A) + P(B)
A: quando lançamos um dado, o número na face voltada
para cima é par.
A = {2,4,6}
B: quando lançamos um dado, o número da face voltada
Exemplo:
para cima é divisível por 5.
A probabilidade de que a população atual de um país seja
B = {5}
de 110 milhões ou mais é de 95%. A probabilidade de ser 110
Os eventos A e B são mutuamente exclusivos, pois A ∩ B =
milhões ou menos é de 8%. Calcule a probabilidade de ser 110
Ø.
milhões.
Sendo P(A) a probabilidade de ser 110 milhões ou mais:
Probabilidade em espaços equiprováveis
P(A) = 95% = 0,95
Considerando um espaço amostral S, não vazio, e um
Sendo P(B) a probabilidade de ser 110 milhões ou menos:
evento E, sendo E ⊂ S, a probabilidade de ocorrer o evento E é
P(B) = 8% = 0,08
o número real P (E), tal que:
P (A ∩ B) = a probabilidade de ser 110 milhões: P (A ∩ B)
=?
𝐧(𝐄)
𝐏(𝐄) = P (A U B) = 100% = 1
𝐧(𝐒) Utilizando a regra da união de dois eventos, temos:
P (A U B) = P(A) + P(B) – P (A ∩ B)
Sendo 0 ≤ P(E) ≤ 1 e S um conjunto equiprovável, ou seja, 1 = 0,95 + 0,08 - P (A ∩ B)
todos os elementos têm a mesma “chance de acontecer. P (A ∩ B) = 0,95 + 0,08 - 1
Onde: P (A ∩ B) = 0,03 = 3%
n(E) = número de elementos do evento E.
n(S) = número de elementos do espaço amostral S. Probabilidade condicional
Vamos considerar os eventos A e B de um espaço amostral
Exemplo: S, definimos como probabilidade condicional do evento A,
Lançando-se um dado, a probabilidade de sair um número 𝐴
tendo ocorrido o evento B e indicado por P(A | B) ou 𝑃 ( ), a
ímpar na face voltada para cima é obtida da seguinte forma: 𝐵
S = {1, 2, 3, 4, 5, 6} n(S) = 6 razão:
E = {1, 3, 5} n(E) = 3
𝒏(𝑨 ∩ 𝑩) 𝑷(𝑨 ∩ 𝑩)
𝑷(𝑨|𝑩) = =
n(E) 3 1 𝒏(𝑩) 𝑷(𝑩)
P(E) = = = = 0,5 𝑜𝑢 50%
n(S) 6 2
Lemos P (A | B) como: a probabilidade de A “dado que” ou
Probabilidade da união de dois eventos “sabendo que” a probabilidade de B.
Vamos considerar A e B dois eventos contidos em um Exemplo:
mesmo espaço amostral A, o número de elementos da reunião No lançamento de 2 dados, observando as faces de cima,
de A com B é igual ao número de elementos do evento A para calcular a probabilidade de sair o número 5 no primeiro
somado ao número de elementos do evento B, subtraindo o dado, sabendo que a soma dos 2 números é maior que 7.
número de elementos da intersecção de A com B. Montando temos:
S = {(1,1), (1,2), (1,3), (1,4), (1,5), (1,6), (2,1), (2,2), (2,3),
(2,4), (2,5), (2,6), (3,1), (3,2), (3,3), (3,4), (3,5), (3,6), (4,1),
(4,2), (4,3), (4,4), (4,5), (4,6), (5,1), (5,2), (5,3), (5,4), (5,5),
(5,6), (6,1), (6,2), (6,3), (6,4), (6,5), (6,6)}
Evento A: o número 5 no primeiro dado.
A = {(5,1), (5,2), (5,3), (5,4), (5,5), (5,6)}

Evento B: a soma dos dois números é maior que 7.


B = {(2,6), (3,5), (3,6), (4,4), (4,5), (4,6), (5,3), (5,4), (5,5),
(5,6), (6,2), (6,3), (6,4), (6,5), (6,6)}
Sendo n(S) o número de elementos do espaço amostral, A ∩ B = {(5,3), (5,4), (5,5), (5,6)}
vamos dividir os dois membros da equação por n(S) a fim de
P (A ∩ B) = 4/36
obter a probabilidade P (A U B).
P(B) = 15/36
𝑛(𝐴 ∪ 𝐵) 𝑛(𝐴) 𝑛(𝐵) 𝑛(𝐴 ∩ 𝐵)
= + − Logo:
𝑛(𝑆) 𝑛(𝑆) 𝑛(𝑆) 𝑛(𝑆) 4
𝑃(𝐴 ∩ 𝐵) 36 4 36 4
𝑃(𝐴|𝐵) = = = . =
𝑃(𝐵) 15 36 15 15
36
P (A U B) =
P(A) + P(B) – P
(A ∩ B) Probabilidade de dois eventos simultâneos (ou
sucessivos)
A probabilidade de ocorrer P (A ∩ B) é igual ao produto de
um deles pela probabilidade do outro em relação ao primeiro.
Para eventos mutuamente exclusivos, onde A ∩ B = Ø, a Isto significa que, para se avaliar a probabilidade de ocorrem
equação será: dois eventos simultâneos (ou sucessivos), que é P (A ∩ B), é
preciso multiplicar a probabilidade de ocorrer um deles P(B)

Raciocínio Lógico 33
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APOSTILAS OPÇÃO

pela probabilidade de ocorrer o outro, sabendo que o primeiro permutação de n elementos dos quais há repetição de k
já ocorreu P (A | B). elementos e de (n – k) elementos, em outras palavras isso
Sendo: significa:
𝐏(𝐀 ∩ 𝐁) 𝐏(𝐀 ∩ 𝐁)
𝐏(𝐀|𝐁) = 𝐨𝐮 𝐏(𝐁|𝐀) = 𝑛!
𝐏(𝐁) 𝐏(𝐀) 𝑃𝑛 [𝑘,(𝑛−𝑘)] = = 𝑛
𝑘
, logo a probabilidade de ocorrer k
𝑘.(𝑛−𝑘)!
vezes o evento E no n experimentos é dada:
- Eventos independentes: dois eventos A e B de um
espaço amostral S são independentes quando P(A|B) = P(A) ou 𝒏
P(B|A) = P(B). Sendo os eventos A e B independentes, temos: 𝒑 = ( ) . 𝒑𝒌 . 𝒒𝒏−𝒌
𝒌
P (A ∩ B) = P(A). P(B) A lei binomial deve ser aplicada nas seguintes condições:

Exemplo: - O experimento deve ser repetido nas mesmas condições


Lançando-se simultaneamente um dado e uma moeda, as n vezes.
determine a probabilidade de se obter 3 ou 5 na dado e cara na - Em cada experimento devem ocorrer os eventos E e 𝐸̅ .
moeda. - A probabilidade do E deve ser constante em todas as n
Sendo, c = coroa e k = cara. vezes.
- Cada experimento é independente dos demais.
S = {(1,c), (1,k), (2,c), (2,k), (3,c), (3,k), (4,c), (4,k), (5,c),
(5,k), (6,c), (6,k)} Exemplo:
Evento A: 3 ou 5 no dado Lançando-se uma moeda 4 vezes, qual a probabilidade de
A = {(3,c), (3,k), (5,c), (5,k)} ocorrência 3 caras?
4 1 Está implícito que ocorrerem 3 caras deve ocorrer uma
𝑃(𝐴) = =
12 3 coroa. Umas das possíveis situações, que satisfaz o problema,
pode ser:
Evento B: cara na moeda
B = {(1,k), (2,k), (3,k), (4,k), (5,k), (6,k)}
6 1
𝑃(𝐵) = =
12 2

Os eventos são independentes, pois o fato de ocorrer o Temos que:


evento A não modifica a probabilidade de ocorrer o evento B. n=4
Com isso temos: k=3
P (A ∩ B) = P(A). P(B) 1 1
1 1 1 ̅̅̅ = 1 −
𝑃(𝐸) = , 𝑃(𝐸)
𝑃(𝐴 ∩ 𝐵) = . = 2 2
3 2 6
Logo a probabilidade de que essa situação ocorra é dada
Observamos que A ∩ B = {(3,k), (5,k)} e a P (A ∩ B) poder por:
ser calculada também por: 1 3 1 1
𝑛(𝐴 ∩ 𝐵) 2 1 ( ) . (1 − ) , como essa não é a única situação de ocorre
2 2
𝑃(𝐴 ∩ 𝐵) = = = 3 caras e 1 coroa. Vejamos:
𝑛(𝑆) 12 6
No entanto nem sempre chegar ao n(A ∩ B) nem sempre é
fácil dependendo do nosso espaço amostral.
4! 4
Lei Binomial de probabilidade 𝑃4 3!.1! = =( )
3! .1! 3
Vamos considerar um experimento que se repete n =4
número de vezes. Em cada um deles temos:
P(E) = p , que chamamos de probabilidade de ocorrer o
evento E com sucesso.
P(𝐸̅ ) = 1 – p , probabilidade de ocorrer o evento E com 4
insucesso (fracasso). Podemos também resolver da seguinte forma: 3
1 3 1 1
maneiras de ocorrer o produto ( ) . (1 − ) , portanto:
2 2
A probabilidade do evento E ocorrer k vezes, das n que o
4 1 3 1 1 1 1 1
experimento se repete é dado por uma lei binomial. 𝑃(𝐸) = ( ) . ( ) . (1 − ) = 4. . =
3 2 2 8 2 4

Questões

01. (ENEM - CESGRANRIO/2015) Em uma escola, a


probabilidade de um aluno compreender e falar inglês é de
30%. Três alunos dessa escola, que estão em fase final de
seleção de intercâmbio, aguardam, em uma sala, serem
chamados para uma entrevista. Mas, ao invés de chamá-los um
a um, o entrevistador entra na sala e faz, oralmente, uma
A probabilidade de ocorrer k vezes o evento E e (n - k) vezes o pergunta em inglês que pode ser respondida por qualquer um
evento 𝐸̅ é o produto: pk . (1 – p)n - k dos alunos.
A probabilidade de o entrevistador ser entendido e ter sua
As k vezes do evento E e as (n – k) vezes do evento 𝐸̅ podem pergunta oralmente respondida em inglês é
ocupar qualquer ordem. Então, precisamos considerar uma (A) 23,7%
(B) 30,0%
Raciocínio Lógico 34
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APOSTILAS OPÇÃO

(C) 44,1% (B) 16/19;


(D) 65,7% (C) 12/19;
(E) 90,0% (D) 4/5;
(E) 3/5.
02. (ENEM - CESGRANRIO/2015) Uma competição Respostas
esportiva envolveu 20 equipes com 10 atletas cada. Uma
denúncia à organização dizia que um dos atletas havia 01. Resposta: D.
utilizado substância proibida. A probabilidade de nenhum dos três alunos responder à
Os organizadores, então, decidiram fazer um exame pergunta feita pelo entrevistador é
antidoping. Foram propostos três modos diferentes para 0,70 . 0,70 . 0,70 = 0,343 = 34,3%
escolher os atletas que irão realizá-lo: Portanto, a possibilidade dele ser entendido é de: 100% –
Modo I: sortear três atletas dentre todos os participantes; 34 ,3% = 65,7%
Modo II: sortear primeiro uma das equipes e, desta, sortear
três atletas; 02. Resposta: E.
Modo III: sortear primeiro três equipes e, então, sortear Em 20 equipes com 10 atletas, temos um total de 200
um atleta de cada uma dessas três equipes. atletas, dos quais apenas um havia utilizado substância
proibida.
Considere que todos os atletas têm igual probabilidade de
serem sorteados e que P(I), P(II) e P(III) sejam as A probabilidade desse atleta ser um dos escolhidos pelo:
probabilidades de o atleta que utilizou a substância proibida Modo I é
seja um dos escolhidos para o exame no caso do sorteio ser 1 199 198 3
𝑃(𝐼) = 3 ∙ ∙ ∙ =
feito pelo modo I, II ou III. Comparando-se essas 200 199 198 200
probabilidades, obtém-se
(A) P(I) < P(III) < P(II) Modo II é
(B) P(II) < P(I) < P(III) 1 1 9 8 3
𝑃(𝐼𝐼) = ∙3∙ ∙ ∙ =
20 10 9 8 200
(C) P(I) < P(II) = P(III)
Modo III é
(D) P(I) = P(II) < P(III) 1 19 18 1 10 10 3
𝑃(𝐼𝐼𝐼) = 3 ∙ ∙ ∙ ∙ ∙ ∙ =
(E) P(I) = P(II) = P(III) 20 19 18 10 10 10 200

A equipe dele pode ser a primeira, a segunda ou a terceira


03. (ENEM - CESGRANRIO/2015) Em uma central de a ser sorteada e a probabilidade dele ser o sorteado na equipe
atendimento, cem pessoas receberam senhas numeradas de 1 é 1/10
até 100. Uma das senhas é sorteada ao acaso. P(I)=P(II)=P(III)
Qual é a probabilidade de a senha sorteada ser um número
de 1 a 20? 03. Resposta: C.
(A) 1/100 A probabilidade de a senha sorteada ser um número de 1 a
(B) 19/100 20 é 20/100, pois são 20 números entre 100.
(C) 20/100
(D) 21/100 04. Resposta: D.
(E) 80/100 O espaço amostral é a soma de todos os funcionário:
2 + 8 + 12 + 14 + 4 = 40
04. (Pref. Niterói – Agente Fazendário – FGV/2015) O O número de funcionário que tem mais de 40 anos é: 14 +
quadro a seguir mostra a distribuição das idades dos 4 = 18
funcionários de certa repartição pública: Logo a probabilidade é:
18
Faixa de idades (anos) Número de funcionários 𝑃(𝐸) = = 0,45 = 45%
40
20 ou menos 2
De 21 a 30 8 05. Resposta: C.
De 31 a 40 12 B = bolas brancas
De 41 a 50 14 T = bolas pretas
Mais de 50 4 Total 20 bolas = S (espaço amostral)
P(B) = 1/5
𝑛(𝐵) 1 𝑛(𝐵) 20
Escolhendo ao acaso um desses funcionários, a 𝑃(𝐵) = → = → 𝑛(𝐵) = =4
𝑛(𝑆) 5 20 5
probabilidade de que ele tenha mais de 40 anos é:
(A) 30%;
Logo 20 – 4 = 16 bolas pretas
(B) 35%; 𝑛(𝑇) 16 4
(C) 40%; 𝑃(𝑇1) = = =
(D) 45%; 𝑛(𝑆) 20 5
(E) 55%.
Como não há reposição a probabilidade da 2º bola ser
05. (Pref. Niterói – Fiscal de Posturas – FGV/2015) Uma preta é:
𝑛(𝑇) 15
urna contém apenas bolas brancas e bolas pretas. São vinte 𝑃(𝑇2) = =
bolas ao todo e a probabilidade de uma bola retirada 𝑛(𝑆) 19
aleatoriamente da urna ser branca é 1/5.
Duas bolas são retiradas da urna sucessivamente e sem Como os eventos são independentes multiplicamos as
reposição. probabilidades:
A probabilidade de as duas bolas retiradas serem pretas é: 4 15 60 12
. = =
(A) 16/25; 5 19 95 19

Raciocínio Lógico 35
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APOSTILAS OPÇÃO

6 Operações com conjuntos.

CONJUNTOS

Conjunto é uma reunião, agrupamento de pessoas, seres, - Conjunto dos divisores naturais de 10
objetos, classes…, que possuem a mesma característica, nos dá
ideia de coleção.

Noções Primitivas
Na teoria dos conjuntos três noções são aceitas sem
definições:
- Conjunto;
- Elemento;
- E a pertinência entre um elemento e um conjunto. Igualdade de Conjuntos
Dois conjuntos A = B são ditos iguais (ou idênticos) se
Um cacho de bananas, um cardume de peixes ou uma todos os seus elementos são iguais, e escrevemos A = B. Caso
porção de livros são todos exemplos de conjuntos. haja algum que não o seja dizemos que estes conjuntos são
Conjuntos, como usualmente são concebidos, têm distintos e escrevemos A ≠ B.
elementos. Um elemento de um conjunto pode ser uma Exemplos:
banana, um peixe ou um livro. Convém frisar que um conjunto 1) A = {3, 5, 7} e B = {x| x é primo e 3 ≤ x ≤ 7}, então A = B.
pode ele mesmo ser elemento de algum outro conjunto. 2) B = {6, 9,10} e C = {10, 6, 9}, então B = C, note que a
Em geral indicaremos os conjuntos pelas letras maiúsculas ordem dos elementos não altera a igualdade dos conjuntos.
A, B, C, ..., X, e os elementos pelas letras minúsculas a, b, c, ..., x,
y, ..., embora não exista essa obrigatoriedade. Tipos de Conjuntos
A relação de pertinência que nos dá um relacionamento
entre um elemento e um conjunto. - Conjunto Universo
Reunião de todos os conjuntos que estamos trabalhando.
Se x é um elemento de um conjunto A, escreveremos x  A. Exemplo:
Lê-se: x é elemento de A ou x pertence a A. Quando falamos de números naturais, temos como
Conjunto Universo os números inteiros positivos.
Se x não é um elemento de um conjunto A, escreveremos x
 A. - Conjunto Vazio
Lê-se x não é elemento de A ou x não pertence a A. Conjunto vazio é aquele que não possui elementos.
Representa-se por 0 ou, simplesmente { }.
Como representar um conjunto Exemplo:
1) Pela designação de seus elementos: A = {x| x é natural e menor que 0}
Escrevemos os elementos entre chaves, separando os por
vírgula. - Conjunto Unitário
Exemplos: Conjunto caracterizado por possuir apenas um único
{a, e, i, o, u} indica o conjunto formado pelas vogais elemento.
{1, 2, 5,10} indica o conjunto formado pelos divisores Exemplos:
naturais de 10. - Conjunto dos números naturais compreendidos entre 2 e
4. A = {3}
2) Pela sua característica - Conjunto dos números inteiros negativos compreendidos
Escrevemos o conjunto enunciando uma propriedade ou entre -5 e -7. B = {- 6}
característica comum de seus elementos. Assim sendo, o
conjunto dos elementos x que possuem a propriedade P é - Conjuntos Finitos e Infinitos
indicado por: Finito = quando podemos enumerar todos os seus
{x, | (tal que) x tem a propriedade P} elementos. Exemplo: Conjuntos dos Estados da Região
Exemplos: Sudeste, S= {Rio de Janeiro, São Paulo, Espirito Santo, Minas
- {x| x é vogal} é o mesmo que {a, e, i, o, u} Gerais}
- {x | x são os divisores naturais de 10} é o mesmo que {1, Infinito = contrário do finito. Exemplo: Conjunto dos
2, 5,10} números inteiros, Z = {..., -2, -1, 0, 1, 2, 3, 4, 5, ...}. A reticências
representa o infinito.
3) Pelo diagrama de Venn-Euler
Os elementos do conjunto são colocados dentro de uma Relação de Pertinência
figura em forma de elipse, chamada diagrama de Venn. A pertinência é representada pelo símbolo ∈ (pertence) ou
 (não pertence). Ele relaciona elemento com conjunto.
Exemplo:
Seja o conjunto B={1, 3, 5, 7}
* 1ϵ B, 3 ϵ B, 5 ϵ B
* 2  B, 6  B , 9  B

Exemplos:
- Conjunto das vogais

Raciocínio Lógico 36
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APOSTILAS OPÇÃO

Subconjuntos
Quando todos os elementos de um conjunto A são também
elementos de um outro conjunto B, dizemos que A é
subconjunto de B.
Podemos dizer ainda que subconjunto é quando formamos
vários conjuntos menores com as mesmas caraterísticas de um
conjunto maior.
Exemplos:
Exemplos:
- {2, 3}  {4, 5, 6} = {2, 3, 4, 5, 6}
- B = {2, 4}  A = {2, 3, 4, 5, 6}, pois 2  {2, 3, 4, 5, 6} e 4 
- {2, 3, 4}  {3, 4, 5} = {2, 3, 4, 5}
{2, 3, 4, 5 ,6}
- {2, 3}  {1, 2, 3, 4} = {1, 2, 3, 4}
- {a, b}   = {a, b}

- Intersecção de conjuntos
A intersecção dos conjuntos A e B é o conjunto formado por
todos os elementos que pertencem, simultaneamente, a A e a
B. Representa-se por A  B. Simbolicamente: A  B = {x | x 
A e x  B}

- C = {2, 7, 4}  A = {2, 3, 4, 5, 6}, pois 7  {2, 3, 4, 5, 6}


- D = {2, 3}  E = {2, 3}, pois 2 ϵ {2, 3} e 3 ϵ {2, 3}

Exemplos:
- {2, 3, 4}  {3, 5} = {3}
- {1, 2, 3}  {2, 3, 4} = {2, 3}
- {2, 3}  {1, 2, 3, 5} = {2, 3}
- {2, 4}  {3, 5, 7} = 
1) Todo conjunto A é subconjunto dele próprio;
2) O conjunto vazio, por convenção, é subconjunto de Observação: Se A  B =  , dizemos que A e B são
qualquer conjunto; conjuntos disjuntos.
3) O conjunto das partes é o conjunto formado por todos os
subconjuntos de A.

Exemplo: Pegando o conjunto B acima, temos as partes de


B:
B= {{ },{2},{4},B}
Podemos concluir com essa propriedade que: Se B tem n
elementos então B possui 2n subconjuntos e, portanto, P(B)
possui 2n elementos.
Se quiséssemos saber quantos subconjuntos tem o - Propriedades dos conjuntos disjuntos
conjunto A (exemplo acima), basta calcularmos aplicando o 1) A U (A ∩ B) = A
fórmula: 2) A ∩ (A U B) = A
Números de elementos(n)= 5 → 2n = 25 = 32 subconjuntos, 3) Distributiva da reunião em relação à intersecção: A U (B
incluindo o vazio e ele próprio. U C) = (A U B) ∩ (A U C)
4) Distributiva da intersecção em relação à união: A ∩ (B U
C) = (A ∩ B) U (A ∩ C)

Relação de inclusão - Número de Elementos da União e da Intersecção de


Deve ser usada para estabelecer relação entre conjuntos Conjuntos
com conjuntos, verificando se um conjunto é subconjunto ou Dados dois conjuntos A e B, como vemos na figura abaixo,
não de outro conjunto. podemos estabelecer uma relação entre os respectivos
Representamos as relações de inclusão pelos seguintes números de elementos.
símbolos:

Está contido Contém


Não está contido Não contém

Operações com Conjuntos 𝑛(𝐴 ∪ 𝐵) = 𝑛(𝐴) + 𝑛(𝐵) − 𝑛(𝐴 ∩ 𝐵)


- União de conjuntos
A união (ou reunião) dos conjuntos A e B é o conjunto Note que ao subtrairmos os elementos comuns 𝑛(𝐴 ∩ 𝐵)
formado por todos os elementos que pertencem a A ou a B. evitamos que eles sejam contados duas vezes.
Representa-se por A  B. Observações:
Simbolicamente: A  B = {x | x  A ou x  B} a) Se os conjuntos A e B forem disjuntos ou se mesmo um
deles estiver contido no outro, ainda assim a relação dada será
verdadeira.

Raciocínio Lógico 37
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APOSTILAS OPÇÃO

b) Podemos ampliar a relação do número de elementos b) B = {3, 4, 5, 6 }  B = {0, 1, 2}


para três ou mais conjuntos com a mesma eficiência.
c) C =   C = S
Observe o diagrama e comprove:
Resolução de Problemas Utilizando Conjuntos
Muitos dos problemas constituem- se de perguntas, tarefas
a serem executadas. Nos utilizaremos dessas informações e
dos conhecimentos aprendidos em relação as operações de
conjuntos para resolvê-los.

Exemplos:
1) Numa pesquisa sobre a preferência por dois partidos
políticos, A e B, obteve-se os seguintes resultados. Noventa e
duas disseram que gostam do partido A, oitenta pessoas
disseram que gostam do partido B e trinta e cinco pessoas
disseram que gostam dos dois partidos. Quantas pessoas
𝑛(𝐴 ∪ 𝐵 ∪ 𝐶) = 𝑛(𝐴) + 𝑛(𝐵) + 𝑛(𝐶) − 𝑛(𝐴 ∩ 𝐵) − 𝑛(𝐴 ∩ 𝐶) responderam à pesquisa?
− 𝑛(𝐵 ∩ 𝐶) + 𝑛(𝐴 ∩ 𝐵 ∩ 𝐶) Resolução pela Fórmula
» n(A U B) = n(A) + n(B) – n(A ∩ B)
- Propriedades da União e Intersecção de Conjuntos » n(A U B) = 92 + 80 – 35
Sendo A, B e C conjuntos quaisquer, valem as seguintes » n(A U B) = 137
propriedades:
1) Idempotente: A U A = A e A ∩ A= A Resolução pelo diagrama:
2) Elemento Neutro: A U Ø = A e A ∩ U = A - Se 92 pessoas responderam gostar do partido A e 35 delas
3) Comutativa: A U B = B U A e A ∩ B = B ∩ A responderam que gostam de ambos, então o número de
4) Associativa: A U (B U C) = (A U B) U C e A ∩ (B ∩ C) = (A pessoas que gostam somente do partido A é: 92 – 35 = 57.
∩ B) ∩ C - Se 80 pessoas responderam gostar do partido B e 35 delas
responderam gostar dos dois partidos, então o número de
- Diferença operários que gostam somente do partido B é: 80 – 35 = 45.
A diferença entre os conjuntos A e B é o conjunto formado - Se 57 gostam somente do partido A, 45 responderam que
por todos os elementos que pertencem a A e não pertencem a gostam somente do partido B e 35 responderam que gostam
B. Representa-se por A – B. Para determinar a diferença entre dos dois partidos políticos, então o número de pessoas que
conjuntos, basta observamos o que o conjunto A tem de responderam à pesquisa foi: 57 + 35 + 45 = 137.
diferente de B.
Simbolicamente: A – B = {x | x  A e x  B}

Exemplos:
- A = {0, 1, 2, 3} e B = {0, 2}  A – B = {1, 3} e B – A =  2) Num grupo de motoristas, há 28 que dirigem automóvel,
- A = {1, 2, 3} e B = {2, 3, 4}  A – B = {1} e B – A = {4} 12 que dirigem motocicleta e 8 que dirigem automóveis e
- A = {0, 2, 4} e B = {1 ,3 ,5}  A – B = {0, 2, 4} e B – A = {1, motocicleta. Quantos motoristas há no grupo?
3, 5} (A) 16 motoristas
(B) 32 motoristas
(C) 48 motoristas
Note que A – B ≠ B - A (D) 36 motoristas
Resolução:
- Complementar
Dados dois conjuntos A e B, tais que B ⊂ A (B é
subconjunto de A), chama-se complementar de B em relação
a A o conjunto A - B, isto é, o conjunto dos elementos de A que
não pertencem a B.

Dizemos complementar de B em relação a A. Os que dirigem automóveis e motocicleta: 8


Os que dirigem apenas automóvel: 28 – 8 = 20
Os que dirigem apenas motocicleta: 12 – 8 = 4
A quantidade de motoristas é o somatório: 20 + 8 + 4 = 32
motoristas.
Resposta: B

3) Em uma cidade existem duas empresas de transporte


Exemplos: coletivo, A e B. Exatamente 70% dos estudantes desta cidade
Seja S = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6}. Então: utilizam a Empresa A e 50% a Empresa B. Sabendo que todo
a) A = {2, 3, 4}  A = {0, 1, 5, 6} estudante da cidade é usuário de pelo menos uma das
empresas, qual o % deles que utilizam as duas empresas?

Raciocínio Lógico 38
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APOSTILAS OPÇÃO

(A) 20% exemplo, 2 atletas da delegação desse país ganharam, cada um,
(B) 25% apenas uma medalha de ouro.
(C) 27%
(D) 33%
(E) 35%
Resolução:

70 – 50 = 20.
A análise adequada do diagrama permite concluir
20% utilizam as duas empresas.
corretamente que o número de medalhas conquistadas por
Resposta: A.
esse país nessa edição dos jogos universitários foi de
(A) 15.
Questões
(B) 29.
(C) 52.
01. (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO
(D) 46.
ADMINISTRATIVO – FCC) Dos 43 vereadores de uma cidade,
(E) 40.
13 dele não se inscreveram nas comissões de Educação, Saúde
e Saneamento Básico. Sete dos vereadores se inscreveram nas
05. (PREF. CAMAÇARI/BA – TÉC. VIGILÂNCIA EM
três comissões citadas. Doze deles se inscreveram apenas nas
SAÚDE NM – AOCP) Qual é o número de elementos que
comissões de Educação e Saúde e oito deles se inscreveram
formam o conjunto dos múltiplos estritamente positivos do
apenas nas comissões de Saúde e Saneamento Básico. Nenhum
número 3, menores que 31?
dos vereadores se inscreveu em apenas uma dessas comissões.
(A) 9
O número de vereadores inscritos na comissão de Saneamento
(B) 10
Básico é igual a
(C) 11
(A) 15.
(D) 12
(B) 21.
(E) 13
(C) 18.
Respostas
(D) 27.
(E) 16.
01. Resposta: C.
De acordo com os dados temos:
02. (EBSERH/HU-UFS/SE - Tecnólogo em Radiologia -
7 vereadores se inscreveram nas 3.
AOCP) Em uma pequena cidade, circulam apenas dois jornais
APENAS 12 se inscreveram em educação e saúde (o 12 não
diferentes. O jornal A e o jornal B. Uma pesquisa realizada com
deve ser tirado de 7 como costuma fazer nos conjuntos, pois
os moradores dessa cidade mostrou que 33% lê o jornal A,
ele já desconsidera os que se inscreveram nos três)
45% lê o jornal B, e 7% leem os jornais A e B. Sendo assim,
APENAS 8 se inscreveram em saúde e saneamento básico.
quantos por centos não leem nenhum dos dois jornais?
São 30 vereadores que se inscreveram nessas 3 comissões,
(A) 15%
pois 13 dos 43 não se inscreveram.
(B) 25%
Portanto, 30 – 7 – 12 – 8 = 3
(C) 27%
Se inscreveram em educação e saneamento 3 vereadores.
(D) 29%
(E) 35%

03. (TRT 19ª – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC) Dos 46


técnicos que estão aptos para arquivar documentos 15 deles
também estão aptos para classificar processos e os demais
estão aptos para atender ao público. Há outros 11 técnicos que
estão aptos para atender ao público, mas não são capazes de
arquivar documentos. Dentre esses últimos técnicos
mencionados, 4 deles também são capazes de classificar
processos. Sabe-se que aqueles que classificam processos são,
ao todo, 27 técnicos. Considerando que todos os técnicos que
executam essas três tarefas foram citados anteriormente, eles
somam um total de
(A) 58. Em saneamento se inscreveram: 3 + 7 + 8 = 18
(B) 65.
(C) 76. 02. Resposta: D.
(D) 53.
(E) 95.

04. (METRÔ/SP – OFICIAL LOGISTICA –


ALMOXARIFADO I – FCC) O diagrama indica a distribuição de
atletas da delegação de um país nos jogos universitários por
medalha conquistada. Sabe-se que esse país conquistou
medalhas apenas em modalidades individuais. Sabe-se ainda
que cada atleta da delegação desse país que ganhou uma ou
mais medalhas não ganhou mais de uma medalha do mesmo 26 + 7 + 38 + x = 100 → x = 100 – 71 → x = 29%
tipo (ouro, prata, bronze). De acordo com o diagrama, por

Raciocínio Lógico 39
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APOSTILAS OPÇÃO

03. Resposta: B. Sequências Lógicas


Técnicos arquivam e classificam: 15 As sequências podem ser formadas por inúmeros fatores,
Arquivam e atendem: 46 – 15 = 31 dentre eles temos pessoas, figuras, letras, números, etc.
Classificam e atendem: 4 Existem várias formas de se estabelecer uma sequência, o
Classificam: 15 + 4 = 19 como são 27 faltam 8 importante é que existem pelo menos três elementos que
Dos 11 técnicos aptos a atender ao público 4 são capazes caracterize a lógica de sua formação, entretanto algumas
de classificar processos, logo apenas 11 - 4 = 7 técnicos são séries necessitam de mais elementos para definir sua lógica.
aptos a atender ao público. Algumas sequências são bastante conhecidas e todos que
Somando todos os valores obtidos no diagrama teremos: estudam lógica devem conhece-las, tais como as progressões
31 + 15 + 7 + 4 + 8 = 65 técnicos. aritméticas e geométricas, a série de Fibonacci, os números
primos e os quadrados perfeitos.
Exemplo 1

A sequência numérica proposta envolve multiplicações


por 4.
6 x 4 = 24
24 x 4 = 96
04. Resposta: D.
96 x 4 = 384
O diagrama mostra o número de atletas que ganharam
384 x 4 = 1536
medalhas.
No caso das intersecções, devemos multiplicar por 2 por
Exemplo 2
ser 2 medalhas e na intersecção das três medalhas multiplica-
se por 3.
Intersecções:
6 ∙ 2 = 12
1∙2=2
4∙2=8
3∙3=9
Somando as outras:
2 + 5 + 8 + 12 + 2 + 8 + 9 = 46 A diferença entre os números vai aumentando 1 unidade.
13 – 10 = 3
05. Resposta: B. 17 – 13 = 4
Se nos basearmos na tabuada do 3, teremos o seguinte 22 – 17 = 5
conjunto 28 – 22 = 6
A = {3, 6, 9, 12, 15, 18, 21, 24, 27, 30} 35 – 28 = 7
10 elementos.
Questões

7 Raciocínio lógico envolvendo 01. Observe atentamente a disposição das cartas em cada
problemas aritméticos, linha do esquema seguinte:

geométricos e matriciais.

RACIOCÍNIO ARITMÉTICO

Caro aluno, Raciocínio Lógico Aritmético, é um


conceito amplo abordado, assim sendo, nosso conteúdo
abordará tudo o que você irá precisar, estude:
- Lógica Sequencial;
- Sequências;
- Múltiplos e Divisores.

LÓGICA SEQUENCIAL OU SEQUÊNCIAS LOGICAS

O Raciocínio é uma operação lógica, discursiva e mental.


Neste, o intelecto humano utiliza uma ou mais proposições,
para concluir através de mecanismos de comparações e
abstrações, quais são os dados que levam às respostas
verdadeiras, falsas ou prováveis. Logo, resumidamente o
raciocínio pode ser considerado também um dos integrantes
dos mecanismos dos processos cognitivos superiores da
formação de conceitos e da solução de problemas, sendo parte
A carta que está oculta é:
do pensamento.

Raciocínio Lógico 40
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APOSTILAS OPÇÃO

(A) (B) (C) 05. Uma criança brincando com uma caixa de palitos de
fósforo constrói uma sequência de quadrados conforme
indicado abaixo:

Quantos palitos ele utilizou para construir a 7ª figura?


(A) 20 palitos
(B) 25 palitos
(C) 28 palitos
(D) 22 palitos

06. Ana fez diversas planificações de um cubo e escreveu


em cada um, números de 1 a 6. Ao montar o cubo, ela deseja
que a soma dos números marcados nas faces opostas seja 7. A
única alternativa cuja figura representa a planificação desse
cubo tal como deseja Ana é:

(D) (E)

02. Considere que a sequência de figuras foi construída


segundo um certo critério.

07. As figuras da sequência dada são formadas por partes


iguais de um círculo.

Se tal critério for mantido, para obter as figuras


subsequentes, o total de pontos da figura de número 15 deverá Continuando essa sequência, obtém-se exatamente 16
ser: círculos completos na:
(A) 69 (A) 36ª figura
(B) 67 (B) 48ª figura
(C) 65 (C) 72ª figura
(D) 63 (D) 80ª figura
(E) 61 (E) 96ª figura

03. O próximo número dessa sequência lógica é: 1000, 990, 08. Analise a sequência a seguir:
970, 940, 900, 850, ...
(A) 800
(B) 790
(C) 780
(D) 770

04. Na sequência lógica de números representados nos Admitindo-se que a regra de formação das figuras
hexágonos, da figura abaixo, observa-se a ausência de um deles seguintes permaneça a mesma, pode-se afirmar que a figura
que pode ser: que ocuparia a 277ª posição dessa sequência é:

(A) (B) (C)

(A) 76
(B) 10
(C) 20
(D) 78 (D) (E)

Raciocínio Lógico 41
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APOSTILAS OPÇÃO

09. Observe a sequência: 2, 10, 12, 16, 17, 18, 19, ... Qual é o 14. A figura abaixo representa algumas letras dispostas em
próximo número? forma de triângulo, segundo determinado critério.
(A) 20
(B) 21
(C) 100
(D) 200

10. Observe a sequência: 3,13, 30, ... Qual é o próximo


número?
(A) 4
(B) 20
(C) 31
(D) 21
Considerando que na ordem alfabética usada são excluídas
as letra “K”, “W” e “Y”, a letra que substitui corretamente o
11. Os dois pares de palavras abaixo foram formados
ponto de interrogação é:
segundo determinado critério.
(A) P
(B) O
LACRAÇÃO → cal
(C) N
AMOSTRA → soma
(D) M
LAVRAR → ?
(E) L
Segundo o mesmo critério, a palavra que deverá ocupar o
15. Considere que a sequência seguinte é formada pela
lugar do ponto de interrogação é:
sucessão natural dos números inteiros e positivos, sem que os
(A) alar
algarismos sejam separados.
(B) rala
1234567891011121314151617181920...
(C) ralar
(D) larva
O algarismo que deve aparecer na 276ª posição dessa
(E) arval
sequência é:
(A) 9
12. Observe que as figuras abaixo foram dispostas, linha a
(B) 8
linha, segundo determinado padrão.
(C) 6
(D) 3
(E) 1

Respostas

01. Resposta: A.
A diferença entre os números estampados nas cartas 1 e 2,
em cada linha, tem como resultado o valor da 3ª carta e, além
disso, o naipe não se repete. Assim, a 3ª carta, dentro das
opções dadas só pode ser a da opção (A).

02. Resposta: D.
Observe que, tomando o eixo vertical como eixo de
simetria, tem-se:
Na figura 1: 01 ponto de cada lado  02 pontos no total.
Segundo o padrão estabelecido, a figura que substitui Na figura 2: 02 pontos de cada lado  04 pontos no total.
corretamente o ponto de interrogação é: Na figura 3: 03 pontos de cada lado  06 pontos no total.
Na figura 4: 04 pontos de cada lado 08 pontos no total.
Na figura n: n pontos de cada lado  2.n pontos no total.

Em particular:
(A) (B) (C) (D) (E) Na figura 15: 15 pontos de cada lado  30 pontos no total.

13. Observe que na sucessão seguinte os números foram Agora, tomando o eixo horizontal como eixo de simetria,
colocados obedecendo a uma lei de formação. tem-se:
Na figura 1: 02 pontos acima e abaixo  04 pontos no
total.
Na figura 2: 03 pontos acima e abaixo  06 pontos no
total.
Na figura 3: 04 pontos acima e abaixo  08 pontos no
total.
Na figura 4: 05 pontos acima e abaixo  10 pontos no
Os números X e Y, obtidos segundo essa lei, são tais que X total.
+ Y é igual a: Na figura n: (n+1) pontos acima e abaixo  2.(n+1) pontos
(A) 40 no total.
(B) 42
(C) 44 Em particular:
(D) 46 Na figura 15: 16 pontos acima e abaixo  32 pontos no
(E) 48 total. Incluindo o ponto central, que ainda não foi considerado,

Raciocínio Lógico 42
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APOSTILAS OPÇÃO

temos para total de pontos da figura 15: Total de pontos = 30 11. Resposta: E.
+ 32 + 1 = 63 pontos. Na 1ª linha, a palavra CAL foi retirada das 3 primeiras
letras da palavra LACRAÇÃO, mas na ordem invertida. Da
03. Resposta: B. mesma forma, na 2ª linha, a palavra SOMA é retirada da
Nessa sequência, observamos que a diferença: entre 1000 palavra AMOSTRA, pelas 4 primeira letras invertidas. Com
e 990 é 10, entre 990 e 970 é 20, entre o 970 e 940 é 30, entre isso, da palavra LAVRAR, ao se retirarem as 5 primeiras letras,
940 e 900 é 40, entre 900 e 850 é 50, portanto entre 850 e o na ordem invertida, obtém-se ARVAL.
próximo número é 60, dessa forma concluímos que o próximo
número é 790, pois: 850 – 790 = 60. 12. Resposta: C.
Em cada linha apresentada, as cabeças são formadas por
04. Resposta: D. quadrado, triângulo e círculo. Na 3ª linha já há cabeças com
Nessa sequência lógica, observamos que a diferença: entre círculo e com triângulo. Portanto, a cabeça da figura que está
24 e 22 é 2, entre 28 e 24 é 4, entre 34 e 28 é 6, entre 42 e 34 é faltando é um quadrado. As mãos das figuras estão levantadas,
8, entre 52 e 42 é 10, entre 64 e 52 é 12, portanto entre o em linha reta ou abaixadas. Assim, a figura que falta deve ter
próximo número e 64 é 14, dessa forma concluímos que o as mãos levantadas (é o que ocorre em todas as alternativas).
próximo número é 78, pois: 76 – 64 = 14. As figuras apresentam as 2 pernas ou abaixadas, ou 1 perna
levantada para a esquerda ou 1 levantada para a direita. Nesse
05. Resposta: D. caso, a figura que está faltando na 3ª linha deve ter 1 perna
Observe a tabela: levantada para a esquerda. Logo, a figura tem a cabeça
Fi 1 2 3 4 5 6 7ª
quadrada, as mãos levantadas e a perna erguida para a
guras ª ª ª ª ª ª esquerda.

N 4 7 1 1 1 1 22 13. Resposta: A.
° de 0 3 6 9 Existem duas leis distintas para a formação: uma para a
Palito parte superior e outra para a parte inferior. Na parte superior,
s tem-se que: do 1º termo para o 2º termo, ocorreu uma
multiplicação por 2; já do 2º termo para o 3º, houve uma
subtração de 3 unidades. Com isso, X é igual a 5 multiplicado
Temos de forma direta, pela contagem, a quantidade de por 2, ou seja, X = 10. Na parte inferior, tem-se: do 1º termo
palitos das três primeiras figuras. Feito isto, basta perceber para o 2º termo ocorreu uma multiplicação por 3; já do 2º
que cada figura a partir da segunda tem a quantidade de termo para o 3º, houve uma subtração de 2 unidades. Assim, Y
palitos da figura anterior acrescida de 3 palitos. Desta forma, é igual a 10 multiplicado por 3, isto é, Y = 30. Logo, X + Y = 10 +
fica fácil preencher o restante da tabela e determinar a 30 = 40.
quantidade de palitos da 7ª figura.
14. Resposta: A.
06. Resposta: A. A sequência do alfabeto inicia-se na extremidade direita do
Na figura apresentada na letra “B”, não é possível obter a triângulo, pela letra “A”; aumenta a direita para a esquerda;
planificação de um lado, pois o 4 estaria do lado oposto ao 6, continua pela 3ª e 5ª linhas; e volta para as linhas pares na
somando 10 unidades. Na figura apresentada na letra “C”, da ordem inversa – pela 4ª linha até a 2ª linha. Na 2ª linha, então,
mesma forma, o 5 estaria em face oposta ao 3, somando 8, não as letras são, da direita para a esquerda, “M”, “N”, “O”, e a letra
formando um lado. Na figura da letra “D”, o 2 estaria em face que substitui corretamente o ponto de interrogação é a letra
oposta ao 4, não determinando um lado. Já na figura “P”.
apresentada na letra “E”, o 1 não estaria em face oposta ao
número 6, impossibilitando, portanto, a obtenção de um lado. 15. Resposta: B.
Logo, podemos concluir que a planificação apresentada na A sequência de números apresentada representa a lista
letra “A” é a única para representar um lado. dos números naturais. Mas essa lista contém todos os
algarismos dos números, sem ocorrer a separação. Por
07. Resposta: B. exemplo: 101112 representam os números 10, 11 e 12. Com
Como na 3ª figura completou-se um círculo, para isso, do número 1 até o número 9 existem 9 algarismos. Do
completar 16 círculos é suficiente multiplicar 3 por 16: 3. 16 = número 10 até o número 99 existem: 2 x 90 = 180 algarismos.
48. Portanto, na 48ª figura existirão 16 círculos. Do número 100 até o número 124 existem: 3 x 25 = 75
algarismos. E do número 124 até o número 128 existem mais
08. Resposta: B. 12 algarismos. Somando todos os valores, tem-se: 9 + 180 + 75
A sequência das figuras completa-se na 5ª figura. Assim, + 12 = 276 algarismos. Logo, conclui-se que o algarismo que
continua-se a sequência de 5 em 5 elementos. A figura de ocupa a 276ª posição é o número 8, que aparece no número
número 277 ocupa, então, a mesma posição das figuras que 128.
representam número 5n + 2, com n N. Ou seja, a 277ª figura
corresponde à 2ª figura, que é representada pela letra “B”. SEQUÊNCIAS

09. Resposta: D. Podemos, no nosso dia-a-dia, estabelecer diversas


A regularidade que obedece a sequência acima não se dá sequências como, por exemplo, a sucessão de cidades que
por padrões numéricos e sim pela letra que inicia cada temos numa viagem de automóvel entre Brasília e São Paulo
número. “Dois, Dez, Doze, Dezesseis, Dezessete, Dezoito, ou a sucessão das datas de aniversário dos alunos de uma
Dezenove, ... Enfim, o próximo só pode iniciar também com determinada escola.
“D”: Duzentos. Podemos, também, adotar para essas sequências uma
ordem numérica, ou seja, adotando a1 para o 1º termo, a2 para
10. Resposta: C. o 2º termo até an para o n-ésimo termo. Dizemos que o termo
Esta sequência é regida pela inicial de cada número. Três, an é também chamado termo geral das sequências, em que n é
Treze, Trinta, ... O próximo só pode ser o número Trinta e um, um número natural diferente de zero. Evidentemente,
pois ele inicia com a letra “T”. daremos atenção ao estudo das sequências numéricas.

Raciocínio Lógico 43
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APOSTILAS OPÇÃO

As sequências podem ser finitas, quando apresentam um - se n = 12 ⇒ a12 = 45 – 4.12 ⇒ a12 = 45 – 48 = - 3


último termo, ou, infinitas, quando não apresentam um último - se n = 23 ⇒ a23 = 45 – 4.23 ⇒ a23 = 45 – 92 = - 47
termo. As sequências infinitas são indicadas por reticências no
final. 3. Lei de Recorrências
Uma sequência pode ser definida quando oferecemos o
Exemplos: valor do primeiro termo e um “caminho” (uma fórmula) que
- Sequência dos números primos positivos: (2, 3, 5, 7, 11, permite a determinação de cada termo conhecendo-se o seu
13, 17, 19, ...). Notemos que esta é uma sequência infinita com antecedente. Essa forma de apresentação de uma sucessão é
a1 = 2; a2 = 3; a3 = 5; a4 = 7; a5 = 11; a6 = 13 etc. chamada lei de recorrências.
- Sequência dos números ímpares positivos: (1, 3, 5, 7, 9,
11, ...). Notemos que esta é uma sequência infinita com a 1 = 1; Exemplos:
a2 = 3; a3 = 5; a4 = 7; a5 = 9; a6 = 11 etc. - Escrever os cinco primeiros termos de uma sequência em
- Sequência dos algarismos do sistema decimal de que:
numeração: (0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9). Notemos que esta é uma a1 = 3 e an+1 = 2an – 4 , em que n ∈ N*.
sequência finita com a1 = 0; a2 = 1; a3 = 2; a4 = 3; a5 = 4; a6 = 5;
a7 = 6; a8 = 7; a9 = 8; a10 = 9. Teremos: o primeiro termo já foi dado.
- a1 = 3
1. Igualdade - se n = 1 ⇒ a1+1 = 2.a1 – 4 ⇒ a2 = 2.3 – 4 ⇒ a2 = 6 – 4 = 2
As sequências são apresentadas com os seus termos entre - se n = 2 ⇒ a2+1 = 2.a2 – 4 ⇒ a3 = 2.2 – 4 ⇒ a3 = 4 – 4 = 0
parênteses colocados de forma ordenada. Sucessões que - se n = 3 ⇒ a3+1 = 2.a3 – 4 ⇒ a4 = 2.0 – 4 ⇒ a4 = 0 – 4 = - 4
apresentarem os mesmos termos em ordem diferente serão - se n = 4 ⇒ a4+1 = 2.a4 – 4 ⇒ a5 = 2.(-4) – 4 ⇒ a5 = - 8 – 4 = -
consideradas sucessões diferentes. 12
Duas sequências só poderão ser consideradas iguais se, e
somente se, apresentarem os mesmos termos, na mesma - Determinar o termo a5 de uma sequência em que:
ordem. a1 = 12 e an+ 1 = an – 2, em que n ∈ N*.

Exemplo - a1 = 12
A sequência (x, y, z, t) poderá ser considerada igual à - se n = 1 ⇒ a1+1 = a1 – 2 ⇒ a2 = 12 – 2 ⇒ a2=10
sequência (5, 8, 15, 17) se, e somente se, x = 5; y = 8; z = 15; e t - se n = 2 ⇒ a2+1 = a2 – 2 ⇒ a3 = 10 – 2 ⇒ a3 = 8
= 17. - se n = 3 ⇒ a3+1 = a3 – 2 ⇒ a4 = 8 – 2 ⇒ a4 = 6
- se n = 4 ⇒ a4+1 = a4 – 2 ⇒ a5 = 6 – 2 ⇒ a5 = 4
Notemos que as sequências (0, 1, 2, 3, 4, 5) e (5, 4, 3, 2, 1,
0) são diferentes, pois, embora apresentem os mesmos Observação 1
elementos, eles estão em ordem diferente. Devemos observar que a apresentação de uma sequência
através do termo geral é mais pratica, visto que podemos
2. Formula Termo Geral determinar um termo no “meio” da sequência sem a
Podemos apresentar uma sequência através de um necessidade de determinarmos os termos intermediários,
determinado valor atribuído a cada de termo an em função do como ocorre na apresentação da sequência através da lei de
valor de n, ou seja, dependendo da posição do termo. Esta recorrências.
formula que determina o valor do termo an é chamada formula
do termo geral da sucessão. Observação 2
Algumas sequências não podem, pela sua forma
Exemplos: “desorganizada” de se apresentarem, ser definidas nem pela
- Determinar os cincos primeiros termos da sequência cujo lei das recorrências, nem pela formula do termo geral. Um
termo geral e igual a: exemplo de uma sequência como esta é a sucessão de números
an = n2 – 2n,com n ∈ N*. naturais primos que já “destruiu” todas as tentativas de se
encontrar uma formula geral para seus termos.
Teremos:
- se n = 1 ⇒ a1 = 12 – 2. 1 ⇒ a1 = 1 – 2 = - 1 Observação 3
- se n = 2 ⇒ a2 = 22 – 2. 2 ⇒ a2 = 4 – 4 = 0 Em todo exercício de sequência em que n ∈ N*, o primeiro
- se n = 3 ⇒ a3 = 32 – 2. 3 ⇒ a3 = 9 – 6 = 3 valor adotado é n = 1. No entanto de no enunciado estiver n >
- se n = 4 ⇒ a4 = 42 – 4. 2 ⇒ a4 =16 – 8 = 8 3, temos que o primeiro valor adotado é n = 4. Lembrando que
- se n = 5 ⇒ a5 = 52 – 5. 2 ⇒ a5 = 25 – 10 = 15 n é sempre um número natural.
A Matemática estuda dois tipos especiais de sequências,
- Determinar os cinco primeiros termos da sequência cujo uma delas a Progressão Aritmética.
termo geral é igual a:
an = 3n + 2, com n ∈ N*. PROGRESSÃO ARITMÉTICA (P.A.)

- se n = 1 ⇒ a1 = 3.1 + 2 ⇒ a1 = 3 + 2 = 5 Definição: é uma sequência numérica em que cada termo,


- se n = 2 ⇒ a2 = 3.2 + 2 ⇒ a2 = 6 + 2 = 8 a partir do segundo termo, é igual ao termo anterior somado
- se n = 3 ⇒ a3 = 3.3 + 2 ⇒ a3 = 9 + 2 = 11 com uma constante que é chamada de razão (r).
- se n = 4 ⇒ a4 = 3.4 + 2 ⇒ a4 = 12 + 2 = 14 Como em qualquer sequência os termos são chamados de
- se n = 5 ⇒ a5 = 3.5 + 2 ⇒ a5 = 15 + 2 = 17 a1, a2, a3, a4,.......,an,....

- Determinar os termos a12 e a23 da sequência cujo termo Cálculo da razão: a razão de uma P.A. é dada pela
geral é igual a: diferença de um termo qualquer pelo termo imediatamente
anterior a ele.
an = 45 – 4n, com n ∈ N*. r = a2 – a1 = a3 – a2 = a4 – a3 = a5 – a4 = .......... = an – an – 1

Teremos: Exemplos:

Raciocínio Lógico 44
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APOSTILAS OPÇÃO

- (5, 9, 13, 17, 21, 25,......) é uma P.A. onde a 1 = 5 e razão r = 2- Numa P.A. se tivermos três termos consecutivos, o
4 termo médio é igual à média aritmética dos anterior com o
a
- (2, 9, 16, 23, 30,.....) é uma P.A. onde a 1 = 2 e razão r = 7 posterior. Ou seja, (a1, a2, a3,...) <==> a2 = 3.
a1
- (23, 21, 19, 17, 15,....) é uma P.A. onde a 1 = 23 e razão r =
Exemplo:
- 2.

Classificação: uma P.A. é classificada de acordo com a


razão. P.G. – PROGRESSÃO GEOMETRICA

1- Se r > 0 ⇒ a P.A. é crescente. Definição: é uma sequência numérica em que cada termo,
2- Se r < 0 ⇒ a P.A. é decrescente. a partir do segundo termo, é igual ao termo anterior
3- Se r = 0 ⇒ a P.A. é constante. multiplicado por uma constante que é chamada de razão (q).
Como em qualquer sequência os termos são chamados de
Fórmula do Termo Geral a1, a2, a3, a4,.......,an,....
Em toda P.A., cada termo é o anterior somado com a razão,
então temos: Cálculo da razão: a razão de uma P.G. é dada pelo
1° termo: a1 quociente de um termo qualquer pelo termo imediatamente
2° termo: a2 = a1 + r anterior a ele.
3° termo: a3 = a2 + r = a1 + r + r = a1 + 2r 𝑎 𝑎 𝑎
𝑞 = 2 = 3 = 4 = ⋯……… = 𝑛
𝑎
4° termo: a4 = a3 + r = a1 + 2r + r = a1 + 3r 𝑎1 𝑎2 𝑎3 𝑎𝑛−1

5° termo: a5 = a4 + r = a1 + 3r + r = a1 + 4r
6° termo: a6 = a5 + r = a1 + 4r + r = a1 + 5r
. . . . . . Exemplos:
. . . . . . - (3, 6, 12, 24, 48,...) é uma PG de primeiro termo a 1 = 3 e
. . . . . . razão q = 2
−9 −9
n° termo é: - (-36, -18, -9, , ,...) é uma PG de primeiro termo a1 = -
2 4
1
36 e razão q =
2
𝐚𝐧 = 𝐚𝟏 + (𝐧 − 𝟏). 𝐫 5 5
- (15, 5, , ,...) é uma PG de primeiro termo a1 = 15 e razão
3 9
1
q=
3
- (- 2, - 6, -18, - 54, ...) é uma PG de primeiro termo a1 = - 2
Fórmula da soma dos n primeiros termos e razão q = 3
- (1, - 3, 9, - 27, 81, - 243, ...) é uma PG de primeiro termo a1
= 1 e razão q = - 3
(𝐚𝟏 + 𝐚𝐧 ). 𝐧 - (5, 5, 5, 5, 5, 5,...) é uma PG de primeiro termo a1 = 5 e
𝐒𝐧 =
𝟐 razão q = 1
- (7, 0, 0, 0, 0, 0,...) é uma PG de primeiro termo a 1 = 7 e
razão q = 0
Propriedades: - (0, 0, 0, 0, 0, 0,...) é uma PG de primeiro termo a1 = 0 e
1- Numa P.A. a soma dos termos equidistantes dos razão q indeterminada
extremos é igual à soma dos extremos.
Classificação: uma P.G. é classificada de acordo com o
Exemplo 1: (1, 3, 5, 7, 9, 11,......) primeiro termo e a razão.

1- Crescente: quando cada termo é maior que o anterior.


Isto ocorre quando a1 > 0 e q > 1 ou quando a1 < 0 e 0 < q < 1.
2- Decrescente: quando cada termo é menor que o
anterior. Isto ocorre quando a1 > 0 e 0 < q < 1 ou quando a1 <
0 e q > 1.
3- Alternante: quando cada termo apresenta sinal
contrário ao do anterior. Isto ocorre quando q < 0.
Exemplo 2: (2, 8, 14, 20, 26, 32, 38,......) 4- Constante: quando todos os termos são iguais. Isto
ocorre quando q = 1. Uma PG constante é também uma PA de
razão r = 0. A PG constante é também chamada de PG
estacionaria.
5- Singular: quando zero é um dos seus termos. Isto ocorre
quando a1 = 0 ou q = 0.

Fórmula do termo geral


Em toda P.G. cada termo é o anterior multiplicado pela
razão, então temos:
1° termo: a1
2° termo: a2 = a1.q
- como podemos observar neste exemplo, temos um
3° termo: a3 = a2.q = a1.q.q = a1q2
número ímpar de termos. Neste caso sobrou um termo no
4° termo: a4 = a3.q = a1.q2.q = a1.q3
meio (20) que é chamado de termo médio e é igual a metade
5° termo: a5 = a4.q = a1.q3.q = a1.q4
da soma dos extremos. Porém, só existe termos médio se
. . . . .
houver um número ímpar de termos.
. . . . .
. . . . .

Raciocínio Lógico 45
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APOSTILAS OPÇÃO

n° termo é:

an = a1.qn – 1

Soma dos n primeiros termos


- como podemos observar neste exemplo, temos um
número ímpar de termos. Neste caso sobrou um termo no
𝐚𝟏 . (𝐪𝐧
− 𝟏) meio (8) que é chamado de termo médio e é igual a raiz
𝐒𝐧 = quadrada do produto dos extremos. Porém, só existe
𝐪−𝟏
termos médio se houver um número ímpar de termos.

Soma dos infinitos termos (ou Limite da soma) 2- Numa P.G. se tivermos três termos consecutivos, o
Vamos ver um exemplo: termo médio é igual à média geométrica do termo anterior
Seja a P.G. (2, 1, ½, ¼, 1/8, 1/16, 1/32,.....) de a1 = 2 e q =
1 com o termo posterior. Ou seja, (a1, a2, a3,...) <==> a2 = √a3 . a1 .
2
se colocarmos na forma decimal, temos
Exemplo:
(2; 1; 0,5; 0,25; 0,125; 0,0625; 0,03125;.....) se efetuarmos
a somas destes termos:
2+1=3
3 + 0,5 = 3,5 Questões
3,5 + 0,25 = 3,75
3,75 + 0,125 = 3,875 01. (Pref. Amparo/SP – Agente Escolar – CONRIO)
3,875 + 0,0625 = 3,9375 Descubra o 99º termo da P.A. (45, 48, 51,...)
3,9375 + 0,03125 = 3,96875 (A) 339
. (B) 337
. (C) 333
. (D) 331
Como podemos observar o número somado vai ficando
cada vez menor e a soma tende a um certo limite. Então temos 02. (Câmara de São Paulo/SP – Técnico Administrativo
a seguinte fórmula: – FCC) Uma sequência inicia-se com o número 0,3. A partir do
2º termo, a regra de obtenção dos novos termos é o termo
𝐚𝟏 anterior menos 0,07. Dessa maneira o número que
𝐒= → −𝟏 < 𝐪 corresponde à soma do 4º e do 7º termos dessa sequência é
𝟏−𝐪 (A) –6,7.
<𝟏 (B) 0,23.
2 2 (C) –3,1.
Utilizando no exemplo acima: 𝑆 = = = 4, logo
1−
1
2
1
2
(D) –0,03.
dizemos que esta P.G. tem um limite que tenda a 4. (E) –0,23.

Produto da soma de n termos 03. Os termos da sequência (10; 8; 11; 9; 12; 10; 13; …)
obedecem a uma lei de formação. Se an, em que n pertence a
N*, é o termo de ordem n dessa sequência, então a30 + a55 é
|𝐏𝐧 | = √(𝐚𝟏 . 𝐚𝐧 )𝐧 igual a:
(A) 58
(B) 59
(C) 60
Temos as seguintes regras para o produto, já que esta (D) 61
fórmula está em módulo: (E) 62
1- O produto de n números positivos é sempre positivo.
2- No produto de n números negativos: 04. A soma dos elementos da sequência numérica infinita
a) se n é par: o produto é positivo. (3; 0,9; 0,09; 0,009; …) é:
b) se n é ímpar: o produto é negativo. (A) 3,1
(B) 3,9
Propriedades (C) 3,99
1- Numa P.G., com n termos, o produto de dois termos (D) 3, 999
equidistantes dos extremos é igual ao produto destes (E) 4
extremos.
05. (EBSERH/ HUSM – UFSM/RS – Analista
Exemplos 1: (3, 6, 12, 24, 48, 96, 192, 384,....) Administrativo – Administração – AOCP) Observe a
sequência:

1; 2; 4; 8;...

Qual é a soma do sexto termo com o oitavo termo?


(A) 192
(B) 184
(C) 160
Exemplo 2: (1, 2, 4, 8, 16, 32, 64,....) (D) 128

Raciocínio Lógico 46
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APOSTILAS OPÇÃO

(E) 64 Para acharmos o conjunto dos múltiplos de 7, por exemplo,


Respostas multiplicamos por 7 cada um dos números da sucessão dos
naturais:
01. Resposta: A.
r = 48 – 45 = 3 7x0=0
𝑎1 = 45 7x1=7
𝑎𝑛 = 𝑎1 + (𝑛 − 1)𝑟 7 x 2 = 14
𝑎99 = 45 + 98 ∙ 3 = 339 7 x 3 = 21
7 x 4 = 28
02. Resposta: D. 7 x 5 = 35
𝑎𝑛 = 𝑎1 − (𝑛 − 1)𝑟 ⋮
𝑎4 = 0,3 − 3.0,07 = 0,09
𝑎7 = 0,3 − 6.0,07 = −0,12 O conjunto formado pelos resultados encontrados forma o
𝑆 = 𝑎4 + 𝑎7 = 0,09 − 0,12 = −0,03 conjunto dos múltiplos de 7: M(7) = {0, 7, 14, 21, 28,...}.

03. Resposta: B. Observações:


Primeiro, observe que os termos ímpares da sequência é - Todo número natural é múltiplo de si mesmo.
uma PA de razão 1 e primeiro termo 10 - (10; 11; 12; 13; …). - Todo número natural é múltiplo de 1.
Da mesma forma os termos pares é uma PA de razão 1 e - Todo número natural, diferente de zero, tem infinitos
primeiro termo igual a 8 - (8; 9; 10; 11; …). múltiplos.
Assim, as duas PA têm como termo geral o seguinte - O zero é múltiplo de qualquer número natural.
formato: - Os múltiplos do número 2 são chamados de números
(1) ai = a1 + (i - 1).1 = a1 + i – 1 pares, e a fórmula geral desses números é 2k (k N). Os demais
Para determinar a30 + a55 precisamos estabelecer a regra são chamados de números ímpares, e a fórmula geral desses
geral de formação da sequência, que está intrinsecamente números é 2k + 1 (k N).
relacionada às duas progressões da seguinte forma: O mesmo se aplica para os números inteiros, tendo k  Z.
- Se n (índice da sucessão) é ímpar temos que n = 2i - 1, ou
seja, i = (n + 1)/2; Critérios de divisibilidade
- Se n é par temos n = 2i ou i = n/2. São regras práticas que nos possibilitam dizer se um
Daqui e de (1) obtemos que: número é ou não divisível por outro, sem efetuarmos a divisão.
an = 10 + [(n + 1)/2] - 1 se n é ímpar
an = 8 + (n/2) - 1 se n é par Divisibilidade por 2: Um número é divisível por 2 quando
Logo: termina em 0, 2, 4, 6 ou 8, ou seja, quando ele é par.
a30 = 8 + (30/2) - 1 = 8 + 15 - 1 = 22 e Exemplos:
a55 = 10 + [(55 + 1)/2] - 1 = 37 a) 9656 é divisível por 2, pois termina em 6, e é par.
E, portanto: b) 4321 não é divisível por 2, pois termina em 1, e não é
a30 + a55 = 22 + 37 = 59. par.

04. Resposta: E. Divisibilidade por 3: Um número é divisível por 3 quando


Sejam S as somas dos elementos da sequência e S1 a soma a soma dos valores absolutos de seus algarismos é divisível por
da PG infinita (0,9; 0,09; 0,009;…) de razão q = 0,09/0,9 = 0,1. 3.
Assim: Exemplos:
S = 3 + S1 a) 65385 é divisível por 3, pois 6 + 5 + 3 + 8 + 5 = 27, e 27
Como -1 < q < 1 podemos aplicar a fórmula da soma de uma é divisível por 3.
PG infinita para obter S1: b) 15443 não é divisível por 3, pois 1+ 5 + 4 + 4 + 3 = 17, e
S1 = 0,9/(1 - 0,1) = 0,9/0,9 = 1 → S = 3 + 1 = 4 17 não é divisível por 3.

05. Resposta: C. Divisibilidade por 4: Um número é divisível por 4 quando


Esta sequência é do tipo 𝑎𝑛 = 2𝑛−1 . seus dois algarismos são 00 ou formam um número divisível
Assim: por 4.
𝑎6 = 26−1 = 25 = 32 Exemplos:
a) 536400 é divisível por 4, pois termina em 00.
𝑎8 = 28−1 = 27 = 128 b) 653524 é divisível por 4, pois termina em 24, e 24 é
A soma fica: 32 + 128 = 160. divisível por 4.
c) 76315 não é divisível por 4, pois termina em 15, e 15 não
MÚLTIPLOS E DIVISORES é divisível por 4.

Sabemos que 30 : 6 = 5, porque 5 x 6 = 30. Divisibilidade por 5: Um número é divisível por 5 quando
Podemos dizer então que: termina em 0 ou 5.
Exemplos:
“30 é divisível por 6 porque existe um número natural (5) a) 35040 é divisível por 5, pois termina em 0.
que multiplicado por 6 dá como resultado 30.” b) 7235 é divisível por 5, pois termina em 5.
Um número natural a é divisível por um número natural b, c) 6324 não é divisível por 5, pois termina em 4.
não-nulo, se existir um número natural c, tal que c . b = a.
Ainda com relação ao exemplo 30 : 6 = 5, temos que: Divisibilidade por 6: Um número é divisível por 6 quando
30 é múltiplo de 6, e 6 é divisor de 30. é divisível por 2 e por 3 ao mesmo tempo.
Exemplos:
Conjunto dos múltiplos de um número natural: É a) 430254 é divisível por 6, pois é divisível por 2 e por 3 (4
obtido multiplicando-se esse número pela sucessão dos + 3 + 0 + 2 + 5 + 4 = 18).
números naturais: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6,...

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APOSTILAS OPÇÃO

b) 80530 não é divisível por 6, pois não é divisível por 3 (8 Divisibilidade por 12: Um número é divisível por 12
+ 0 + 5 + 3 + 0 = 16). quando é divisível por 3 e por 4 ao mesmo tempo.
c) 531561 não é divisível por 6, pois não é divisível por 2. Exemplos:
a) 78324 é divisível por 12, pois é divisível por 3 ( 7 + 8 +
3 + 2 + 4 = 24) e por 4 (termina em 24).
Divisibilidade por 7: Um número é divisível por 7 quando b) 652011 não é divisível por 12, pois não é divisível por 4
o último algarismo do número, multiplicado por 2, subtraído (termina em 11).
do número sem o algarismo, resulta em um número múltiplo c) 863104 não é divisível por 12, pois não é divisível por 3
de 7. Neste, o processo será repetido a fim de diminuir a ( 8 + 6 + 3 +1 + 0 + 4 = 22).
quantidade de algarismos a serem analisados quanto à
divisibilidade por 7. Divisibilidade por 15: Um número é divisível por 15
quando é divisível por 3 e por 5 ao mesmo tempo.
Exemplos:
Exemplo: 41909 é divisível por 7 conforme podemos a) 650430 é divisível por 15, pois é divisível por 3 ( 6 + 5 +
conferir: 9.2 = 18 ; 4190 – 18 = 4172 → 2.2 = 4 ; 417 – 4 = 413 0 + 4 + 3 + 0 =18) e por 5 (termina em 0).
→ 3.2 = 6 ; 41 – 6 = 35 ; 35 é multiplo de 7. b) 723042 não é divisível por 15, pois não é divisível por 5
(termina em 2).
c) 673225 não é divisível por 15, pois não é divisível por 3
Divisibilidade por 8: Um número é divisível por 8 quando ( 6 + 7 + 3 + 2 + 2 + 5 = 25).
seus três últimos algarismos forem 000 ou formarem um
número divisível por 8. Fatoração numérica
Exemplos: Essa fatoração se dá através da decomposição em fatores
a) 57000 é divisível por 8, pois seus três últimos primos. Para decompormos um número natural em fatores
algarismos são 000. primos, dividimos o mesmo pelo seu menor divisor primo,
b) 67024 é divisível por 8, pois seus três últimos após pegamos o quociente e dividimos o pelo seu menor
algarismos formam o número 24, que é divisível por 8. divisor, e assim sucessivamente até obtermos o quociente 1. O
c) 34125 não é divisível por 8, pois seus três últimos produto de todos os fatores primos representa o número
algarismos formam o número 125, que não é divisível por 8. fatorado.
Exemplo:
Divisibilidade por 9: Um número é divisível por 9 quando
a soma dos valores absolutos de seus algarismos formam um
número divisível por 9.
Exemplos:
a) 6253461 é divisível por 9, pois 6 + 2 + 5 + 3 + 4 + 6 + 1 =
27 é divisível por 9.
b) 325103 não é divisível por 9, pois 3 + 2 + 5 + 1 + 0 + 3 =
14 não é divisível por 9.

Divisibilidade por 10: Um número é divisível por 10 Divisores de um número natural


quando seu algarismo da unidade termina em zero. Vamos pegar como exemplo o número 12 na sua forma
Exemplos: fatorada:
a) 563040 é divisível por 10, pois termina em zero. 12 = 22 . 31
b) 246321 não é divisível por 10, pois não termina em zero. O número de divisores naturais é igual ao produto dos
expoentes dos fatores primos acrescidos de 1.
Divisibilidade por 11: Um número é divisível por 11 Logo o número de divisores de 12 são:
quando a diferença entre a soma dos algarismos de posição 22 . 3⏟1 → (2 + 1) .(1 + 1) = 3.2 = 6 divisores naturais

ímpar e a soma dos algarismos de posição par resulta em um (2+1) (1+1)
número divisível por 11 ou quando essas somas forem iguais.
Exemplos: Para sabermos quais são esses 6 divisores basta pegarmos
- 43813: cada fator da decomposição e seu respectivo expoente natural
a) 1º 3º 5º  Algarismos de posição ímpar.(Soma dos que varia de zero até o expoente com o qual o fator se
algarismos de posição impar: 4 + 8 + 3 = 15.) apresenta na decomposição do número natural.
4 3 8 1 3 Exemplo:
2º 4º  Algarismos de posição par.(Soma dos 12 = 22 . 31 → 22 = 20,21 e 22 ; 31 = 30 e 31, teremos:
algarismos de posição par:3 + 1 = 4) 20 . 30=1
20 . 31=3
15 – 4 = 11  diferença divisível por 11. Logo 43813 é 21 . 30=2
divisível por 11. 21 . 31=2.3=6
22 . 31=4.3=12
-83415721: 22 . 30=4
b) 1º 3º 5º 7º  (Soma dos algarismos de posição O conjunto de divisores de 12 são: D(12) = {1, 2, 3, 4, 6, 12}
ímpar:8 + 4 + 5 + 2 = 19) A soma dos divisores é dada por: 1 + 2 + 3 + 4 + 6 + 12 = 28
8 3 4 1 5 7 2 1
2º 4º 6º 8º  (Soma dos algarismos de posição Observação
par:3 + 1 + 7 + 1 = 12) Para sabermos o conjunto dos divisores inteiros de 12,
basta multiplicarmos o resultado por 2 (dois divisores, um
19 – 12 = 7  diferença que não é divisível por 11. Logo negativo e o outro positivo).
83415721 não é divisível por 11. Assim teremos que D(12) = 6.2 = 12 divisores inteiros.

Raciocínio Lógico 48
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APOSTILAS OPÇÃO

Questões 3 + x + 4 = .... os valores possíveis de x são 2, 5 e 8, logo 2 +


5 + 8 = 15
01. (Fuvest-SP) O número de divisores positivos do
número 40 é: RACIOCÍNIO GEOMÉTRICO
(A) 8
(B) 6 Em algumas provas é possível observar que questões de
(C) 4 raciocínio lógico exigem a capacidade de pensar logicamente.
(D) 2 No entanto podemos nos deparar com questões de todo o
(E) 20 tipo de assunto, acolhidas por nomenclaturas como “raciocínio
lógico envolvendo problemas geométricos”, assim esses
02. (Professor/Pref.Itaboraí) O máximo divisor comum problemas lógicos envolverão conceitos de geometria plana,
entre dois números naturais é 4 e o produto dos mesmos 96. O espacial, analítica, etc.
número de divisores positivos do mínimo múltiplo comum
desses números é: Exemplo:
(A) 2
(B) 4 1. (EBSERH – Assistente Administrativo – Instituto
(C) 6 AOCP/2017) Em uma obra, há um reservatório com
(D) 8 capacidade total de 16.000 litros, onde devem ser depositados
(E) 10 entulhos. Se esse reservatório está totalmente cheio e
retiramos 7,5 m3 de entulhos, então o total de entulhos que
03. (Pedagogia/DEPEN) Considere um número divisível sobrará nesse reservatório, em m3, será igual a
por 6, composto por 3 algarismos distintos e pertencentes ao (A) 8.500.
conjunto A={3,4,5,6,7}.A quantidade de números que podem (B) 6,5.
ser formados sob tais condições é: (C) 850.
(A) 6 (D) 8,5.
(B) 7 (E) 6.500.
(C) 9
(D) 8 Resposta:
(E) 10 Observe que a resposta deverá estar em m3. Sendo assim,
1m = 1000L então 16.000L = 16m³, logo, 16-7,5 = 8,5m³.
3

04. (Pref.de Niterói) No número a=3x4, x representa um


algarismo de a. Sabendo-se que a é divisível por 6, a soma dos PERÍMETRO E ÁREA DAS FIGURAS PLANAS
valores possíveis para o algarismo x vale:
(A) 2 Perímetro: é a soma de todos os lados de uma figura plana.
(B) 5 Exemplo:
(C) 8
(D) 12
(E) 15
Respostas

01. Resposta: A.
Vamos decompor o número 40 em fatores primos.
40 = 23 . 51 ; pela regra temos que devemos adicionar 1 a
cada expoente:
3 + 1 = 4 e 1 + 1 = 2 ; então pegamos os resultados e Perímetro = 10 + 10 + 9 + 9 = 38 cm
multiplicamos 4.2 = 8, logo temos 8 divisores de 40.

02. Resposta: D. Perímetros de algumas das figuras planas:


Sabemos que o produto de MDC pelo MMC é:
MDC (A, B). MMC (A, B) = A.B, temos que MDC (A, B) = 4 e
o produto entre eles 96, logo:
4 . MMC (A, B) = 96 → MMC (A, B) = 96/4 → MMC (A, B) =
24, fatorando o número 24 temos:
24 = 23 .3 , para determinarmos o número de divisores,
pela regra, somamos 1 a cada expoente e multiplicamos o
resultado:
(3 + 1).(1 + 1) = 4.2 = 8

03. Resposta: D.
Para ser divisível por 6 precisa ser divisível por 2 e 3 ao
mesmo tempo, e por isso deverá ser par também, e a soma dos
seus algarismos deve ser um múltiplo de 3.
Logo os finais devem ser 4 e 6:
354, 456, 534, 546, 564, 576, 654, 756, logo temos 8
números.

04. Resposta: E.
Para ser divisível por 6 precisa ser divisível por 2 e 3 ao
mesmo tempo. Um número é divisível por 3 quando a sua soma
for múltiplo de 3.

Raciocínio Lógico 49
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APOSTILAS OPÇÃO

6. Triângulo: essa figura tem 6 fórmulas de área,


dependendo dos dados do problema a ser resolvido.

I) sendo dados a base b e a altura h:

II) triângulo equilátero (tem os três lados iguais):

Referências
Área é a medida da superfície de uma figura plana.
A unidade básica de área é o m2 (metro quadrado), isto é, IEZZI, Gelson – Matemática Volume Único
DOLCE, Osvalo; POMPEO, José Nicolau – Fundamentos da matemática
uma superfície correspondente a um quadrado que tem 1 m de elementar – Vol 10 – Geometria Espacial, Posição e Métrica – 5ª edição – Atual
lado. Editora
www.brasilescola.com.br

Questões

01. (BDMG - Analista de Desenvolvimento – FUMARC)


Corta-se um arame de 30 metros em duas partes. Com cada
Fórmulas de área das principais figuras planas:
uma das partes constrói-se um quadrado. Se S é a soma das
áreas dos dois quadrados, assim construídos, então o menor
1) Retângulo
valor possível para S é obtido quando:
- sendo b a base e h a altura:
(A) o arame é cortado em duas partes iguais.
(B) uma parte é o dobro da outra.
(C) uma parte é o triplo da outra.
(D) uma parte mede 16 metros de comprimento.

02. (TRT/4ª REGIÃO - Analista Judiciário - Área


Judiciária – FCC) Ultimamente tem havido muito interesse no
2. Paralelogramo
aproveitamento da energia solar para suprir outras fontes de
- sendo b a base e h a altura:
energia. Isso fez com que, após uma reforma, parte do teto de
um salão de uma empresa fosse substituída por uma superfície
retangular totalmente revestida por células solares, todas
feitas de um mesmo material. Considere que:
- células solares podem converter a energia solar em
energia elétrica e que para cada centímetro quadrado de célula
3. Trapézio solar que recebe diretamente a luz do sol é gerada 0,01 watt
- sendo B a base maior, b a base menor e h a altura: de potência elétrica;
- a superfície revestida pelas células solares tem 3,5m de
largura por 8,4m de comprimento.
Assim sendo, se a luz do sol incidir diretamente sobre tais
células, a potência elétrica que elas serão capazes de gerar em
conjunto, em watts, é:
(A) 294000.
4. Losango (B) 38200.
- sendo D a diagonal maior e d a diagonal menor: (C) 29400.
(D) 3820.
(E) 2940.

Respostas

01. Resposta: A.
5. Quadrado - um quadrado terá perímetro x
- sendo l o lado: x
- o lado será l = e o outro quadrado terá perímetro 30 –
4
x
30−x
- o lado será l1 = , sabendo que a área de um quadrado
4
é dada por S = l2, temos:
S = S1 + S2
S=l²+l1²

Raciocínio Lógico 50
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APOSTILAS OPÇÃO

x 2 30−x 2 É uma região compreendida entre dois raios distintos de


S=( ) +( )
4 4 um círculo. O setor circular tem como elementos principais o
x2 (30−x)2
S= + , como temos o mesmo denominador 16: raio r, um ângulo central 𝛼 e o comprimento do arco l, então
16 16
temos duas fórmulas:
x 2 + 302 − 2.30. x + x 2
S=
16
x 2 + 900 − 60x + x 2
S=
16
2x2 60x 900
S= − + ,
16 16 16

sendo uma equação do 2º grau onde a = 2/16; b = -60/16


e c = 900/16 e o valor de x será o x do vértice que e dado pela
−b
fórmula: x = , então:
2a IV- Segmento circular:
−60 60 É uma região compreendida entre um círculo e uma corda
−( )
xv = 16 = 16 (segmento que une dois pontos de uma circunferência) deste
2 4
2. 16 círculo. Para calcular a área de um segmento circular temos
16
xv =
60 16
. =
60
= 15, que subtrair a área de um triângulo da área de um setor
16 4 4 circular, então temos:
logo l = 15 e l1 = 30 – 15 = 15.

02. Resposta: E.
Retângulo com as seguintes dimensões:
Largura: 3,5 m = 350 cm
Comprimento: 8,4 m = 840 cm
A = 840.350
A = 294.000 cm2
Potência = 294.000.0,01 = 2940

ÁREA DO CIRCULO E SUAS PARTES Referências

IEZZI, Gelson – Matemática Volume Único


I- Círculo:
DOLCE, Osvalo; POMPEO, José Nicolau – Fundamentos da matemática
elementar – Vol 10 – Geometria Espacial, Posição e Métrica – 5ª edição – Atual
Quem primeiro descreveu a área de um círculo foi o Editora
matemático grego Arquimedes (287/212 a.C.), de Siracusa, www.brasilescola.com.br
mais ou menos por volta do século II antes de Cristo. Ele
concluiu que quanto mais lados tem um polígono regular mais Questões
ele se aproxima de uma circunferência e o apótema (a) deste
polígono tende ao raio r. Assim, como a fórmula da área de um 01. (Câmara Municipal de Catas Altas/MG - Técnico em
polígono regular é dada por A = p.a (onde p é semiperímetro e Contabilidade – FUMARC) A área de um círculo, cuja
a é o apótema), temos para a área do círculo 𝐴 =
2𝜇𝑟
. 𝑟, então circunferência tem comprimento 20𝜋 cm, é:
2 (A) 100𝜋 cm2.
temos: (B) 80 𝜋 cm2.
(C) 160 𝜋 cm2.
(D) 400 𝜋 cm2.

02. (Petrobrás - Inspetor de Segurança - CESGRANRIO)


Quatro tanques de armazenamento de óleo, cilíndricos e
iguais, estão instalados em uma área retangular de 24,8 m de
comprimento por 20,0 m de largura, como representados na
figura abaixo.
II- Coroa circular:

É uma região compreendida entre dois círculos


concêntricos (tem o mesmo centro). A área da coroa circular é
igual a diferença entre as áreas do círculo maior e do círculo
menor. A = 𝜋R2 – 𝜋r2, como temos o 𝜋 como fator comum,
podemos colocá-lo em evidência, então temos:

2
Se as bases dos quatro tanques ocupam da área
5
retangular, qual é, em metros, o diâmetro da base de cada
tanque?
Dado: use 𝜋=3,1
III- Setor circular: (A) 2.
(B) 4.

Raciocínio Lógico 51
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APOSTILAS OPÇÃO

(C) 6.
(D) 8.
(E) 16.

Respostas

01. Resposta: A.
A fórmula do comprimento de uma circunferência é C = Fórmulas:
2π.r, Então:
C = 20π - Área da Base
2π.r = 20π Como a base pode ser qualquer polígono não existe uma
20π fórmula fixa. Se a base é um triângulo calculamos a área desse
r=

triângulo; se a base é um quadrado calculamos a área desse
r = 10 cm
quadrado, e assim por diante.
A = π.r2 → A = π.102 → A = 100π cm2
- Área Lateral:
02. Resposta: D.
Soma das áreas das faces laterais
Primeiro calculamos a área do retângulo (A = b.h)
Aret = 24,8.20
- Área Total:
Aret = 496 m2
At=Al+2Ab
2
4.Acirc = .Aret - Volume:
5
V = Abh
2
4.πr2 = .496
5
992 Prismas especiais: temos dois prismas estudados a parte
4.3,1.r2 =
5 e que são chamados de prismas especiais, que são:
12,4.r2 = 198,4
r2 = 198,4 : 12, 4 → r2 = 16 → r = 4 a) Hexaedro (Paralelepípedo reto-retângulo): é um
d = 2r =2.4 = 8 prisma que tem as seis faces retangulares.

SÓLIDOS GEOMÉTRICOS

I) PRISMA: é um sólido geométrico que possui duas bases


iguais e paralelas.

Temos três dimensões: a= comprimento, b = largura e c =


altura.

Fórmulas:

- Área Total: At = 2.(ab + ac + bc)

- Volume: V = a.b.c
Elementos de um prisma:
a) Base: pode ser qualquer polígono. - Diagonal: D = √a2 + b 2 + c 2
b) Arestas da base: são os segmentos que formam as
bases. b) Hexaedro Regular (Cubo): é um prisma que tem as 6
c) Face Lateral: é sempre um paralelogramo. faces quadradas.
d) Arestas Laterais: são os segmentos que formam as
faces laterais.
e) Vértice: ponto de intersecção (encontro) de arestas.
f) Altura: distância entre as duas bases.

Classificação:
Um prisma pode ser classificado de duas maneiras:

1- Quanto à base: As três dimensões de um cubo comprimento, largura e


- Prisma triangular................a base é um triângulo. altura são iguais.
- Prisma quadrangular............ a base é um quadrilátero.
- Prisma pentagonal......... a base é um pentágono. Fórmulas:
- Prisma hexagonal................. a base é um hexágono.
E, assim por diante. - Área Total: At = 6.a2
2- Quanta à inclinação: - Volume: V = a3
- Prisma Reto: a aresta lateral forma com a base um
ângulo reto (90°).
- Diagonal: D = a√3
- Prisma Obliquo: a aresta lateral forma com a base um
ângulo diferente de 90°.

Raciocínio Lógico 52
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APOSTILAS OPÇÃO

II) PIRÂMIDE: é um sólido geométrico que tem uma base - Área Total: At = Al + Ab
e um vértice superior.
1
- Volume: 𝑉 = . 𝐴𝑏 . ℎ
3

TRONCO DE PIRÂMIDE

O tronco de pirâmide é obtido ao se realizar uma secção


transversal numa pirâmide, como mostra a figura:

O tronco da pirâmide é a parte da figura que apresenta as


arestas destacadas em vermelho.
É interessante observar que no tronco de pirâmide as
arestas laterais são congruentes entre si; as bases são
polígonos regulares semelhantes; as faces laterais são
trapézios isósceles, congruentes entre si; e a altura de
Elementos de uma pirâmide: qualquer face lateral denomina-se apótema do tronco.

A pirâmide tem os mesmos elementos de um prisma: base,


Cálculo das áreas do tronco de pirâmide.
arestas da base, face lateral, arestas laterais, vértice e altura.
Além destes, ela também tem um apótema lateral e um
Num tronco de pirâmide temos duas bases, base maior e
apótema da base.
base menor, e a área da superfície lateral. De acordo com a
Na figura acima podemos ver que entre a altura, o apótema
base da pirâmide, teremos variações nessas áreas. Mas
da base e o apótema lateral forma um triângulo retângulo,
observe que na superfície lateral sempre teremos trapézios
então pelo Teorema de Pitágoras temos: ap2 = h2 + ab2.
isósceles, independente do formato da base da pirâmide. Por
exemplo, se a base da pirâmide for um hexágono regular,
Classificação:
teremos seis trapézios isósceles na superfície lateral.
Uma pirâmide pode ser classificado de duas maneiras:
A área total do tronco de pirâmide é dada por:
1- Quanto à base:
St = Sl + SB + Sb
- Pirâmide triangular.............a base é um triângulo.
- Pirâmide quadrangular........... a base é um quadrilátero.
Onde:
- Pirâmide pentagonal...... a base é um pentágono.
St → é a área total
- Pirâmide hexagonal........... a base é um hexágono.
Sl → é a área da superfície lateral
E, assim por diante.
SB → é a área da base maior
Sb → é a área da base menor
2- Quanta à inclinação:
- Pirâmide Reta: tem o vértice superior na direção do
Cálculo do volume do tronco de pirâmide.
centro da base.
A fórmula para o cálculo do volume do tronco de pirâmide
- Pirâmide Obliqua: o vértice superior esta deslocado em
é obtida fazendo a diferença entre o volume de pirâmide maior
relação ao centro da base.
e o volume da pirâmide obtida após a secção transversal que
produziu o tronco. Colocando em função de sua altura e das
áreas de suas bases, o modelo matemático para o volume do
tronco é:

Onde,
V → é o volume do tronco
Fórmulas: h → é a altura do tronco
SB → é a área da base maior
- Área da Base: 𝐴𝑏 = 𝑑𝑒𝑝𝑒𝑛𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑝𝑜𝑙í𝑔𝑜𝑛𝑜, como a base Sb → é a área da base menor
pode ser qualquer polígono não existe uma fórmula fixa. Se a
base é um triângulo calculamos a área desse triângulo; se a III) CILINDRO: é um sólido geométrico que tem duas bases
base é um quadrado calculamos a área desse quadrado, e iguais, paralelas e circulares.
assim por diante.
- Área Lateral: 𝐴𝑙 =
𝑠𝑜𝑚𝑎 𝑑𝑎𝑠 á𝑟𝑒𝑎𝑠 𝑑𝑎𝑠 𝑓𝑎𝑐𝑒𝑠 𝑙𝑎𝑡𝑒𝑟𝑎𝑖𝑠

Raciocínio Lógico 53
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APOSTILAS OPÇÃO

IV) CONE: é um sólido geométrico que tem uma base


circular e vértice superior.

Elementos de um cilindro:
a) Base: é sempre um círculo. Elementos de um cone:
b) Raio a) Base: é sempre um círculo.
c) Altura: distância entre as duas bases. b) Raio
d) Geratriz: são os segmentos que formam a face lateral, c) Altura: distância entre o vértice superior e a base.
isto é, a face lateral é formada por infinitas geratrizes. d) Geratriz: segmentos que formam a face lateral, isto é, a
face lateral e formada por infinitas geratrizes.
Classificação: como a base de um cilindro é um círculo, ele
só pode ser classificado de acordo com a inclinação: Classificação: como a base de um cone é um círculo, ele só
- Cilindro Reto: a geratriz forma com o plano da base um tem classificação quanto à inclinação.
ângulo reto (90°). - Cone Reto: o vértice superior está na direção do centro
- Cilindro Obliquo: a geratriz forma com a base um ângulo da base.
diferente de 90°. - Cone Obliquo: o vértice superior esta deslocado em
relação ao centro da base.

Fórmulas:
Fórmulas:
- Área da base: Ab = π.r2
- Área da Base: Ab = π.r2
- Área Lateral: Al = π.r.g
- Área Lateral: Al = 2.π.r.h
- Área total: At = π.r.(g + r) ou At = Al + Ab
- Área Total: At = 2.π.r.(h + r) ou At = Al + 2.Ab
1 1
- Volume: V = π.r2.h ou V = Ab.h - Volume: 𝑉 = . 𝜋. 𝑟 2 . ℎ ou 𝑉 = . 𝐴𝑏 . ℎ
3 3

Secção Meridiana de um cilindro: é um “corte” feito pelo - Entre a geratriz, o raio e a altura temos um triângulo
centro do cilindro. O retângulo obtido através desse corte é retângulo, então: g2 = h2 + r2.
chamado de secção meridiana e tem como medidas 2r e h. Logo
a área da secção meridiana é dada pela fórmula: ASM = 2r.h. Secção Meridiana: é um “corte” feito pelo centro do cone.
O triângulo obtido através desse corte é chamado de secção
meridiana e tem como medidas, base é 2r e h. Logo a área da
secção meridiana é dada pela fórmula: ASM = r.h.

Cone Equilátero: um cone é chamado de equilátero


quando a secção meridiana for um triângulo equilátero, para
isto temos que: g = 2r.
Cilindro Equilátero: um cilindro é chamado de equilátero
quando a secção meridiana for um quadrado, para isto temos
que: h = 2r.

Raciocínio Lógico 54
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APOSTILAS OPÇÃO

profundidade de 10 metros tem a capacidade aproximada de,


admitindo-se π=3,14:
(A) 282,60 litros.
(B) 28.260 litros.
(C) 282.600,00 litros.
(D) 28.600,00 litros.

02. Um cone equilátero tem raio igual a 8 cm. A altura


desse cone, em cm, é:
(A) 6√3
(B) 6√2
(C) 8√2
(D) 8√3
(E) 8
V) ESFERA Respostas

01. Resposta: C.
Pelo enunciado sabemos a altura (h) = 10 m e o Diâmetro
da base = 6 m, logo o Raio (R) = 3m.
O volume é Ab.h , onde Ab = π .R² → Ab = 3,14. (3)² → Ab =
28,26
V = Ab. H → V = 28,26. 10 = 282,6 m³
Como o resultado é expresso em litros, sabemos que 1 m³
= 1000 l, Logo 282,26 m³ = x litros
282,26. 1000 = 282 600 litros

Elementos da esfera 02. Resposta: D.


Em um cone equilátero temos que g = 2r. Do enunciado o
- Eixo: é um eixo imaginário, passando pelo centro da raio é 8 cm, então a geratriz é g = 2.8 = 16 cm.
esfera. g2 = h2 + r2
- Polos: ponto de intersecção do eixo com a superfície da 162 = h2 + 82
esfera. 256 = h2 + 64
- Paralelos: são “cortes” feitos na esfera, determinando 256 – 64 = h2
círculos. h2 = 192
- Equador: “corte” feito pelo centro da esfera, h = √192
determinando, assim, o maior círculo possível. h = √26 . 3
h = 23√3
Fórmulas h = 8√3 cm
MATRIZES

Em jornais, revistas e na internet vemos frequentemente


informações numéricas organizadas em tabelas, colunas e
linhas. Exemplos:

- na figura acima podemos ver que o raio de um paralelo


(r), a distância do centro ao paralelo ao centro da esfera (d) e
o raio da esfera (R) formam um triângulo retângulo. Então,
podemos aplicar o Teorema de Pitágoras: R2 = r2 + d2.

- Área: A = 4.π.R2
4
- Volume: V = . π. R3
3

Referências

IEZZI, Gelson – Matemática Volume Único


DOLCE, Osvalo; POMPEO, José Nicolau – Fundamentos da matemática Em matemática essas tabelas são exemplos de matrizes.
elementar – Vol 10 – Geometria Espacial, Posição e Métrica – 5ª edição – Atual O crescente uso dos computadores tem feito com que a teoria
Editora das matrizes seja cada vez mais aplicada em áreas como
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Economia, Engenharia, Matemática, Física, dentre outras.
Questões Definição
Seja m e n números naturais não nulos. Uma matriz do tipo
01. (Pref. SEARA/SC – Adjunto Administrativo – m x n, é uma tabela de m.n números reais dispostos em m
IOPLAN/2015) Um reservatório vertical de água com a forma linhas e n colunas. Exemplo:
de um cilindro circular reto com diâmetro de 6 metros e

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Matrizes Especiais
Algumas matrizes recebem nomes especiais. Vejamos:

- Matriz Linha: é uma matriz formada por uma única linha.


Exemplo:
𝐴 = [1 7 −5] , 𝑚𝑎𝑡𝑟𝑖𝑧 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 1𝑥3

- Matriz coluna: é uma matriz formada por uma única


coluna. Exemplo:
1
Um elemento qualquer dessa matriz será representado 𝐵 = [−5] , 𝑚𝑎𝑡𝑟𝑖𝑧 𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎 3𝑥1
pelo símbolo: aij, no qual o índice i refere-se à linha, o índice j 7
refere-se à coluna em que se encontram tais elementos. As
linhas são enumeradas de cima para baixo e as colunas, da - Matriz nula: é matriz que possui todos os elementos
esquerda para direita. iguais a zero. Exemplo:
0 0
𝐶 = (0 0) , 𝑚𝑎𝑡𝑟𝑖𝑧 𝑛𝑢𝑙𝑎 3𝑥2
0 0

- Matriz quadrada: é a matriz que possui o número de


linhas igual ao número de colunas. Podemos, neste caso,
chamar de matriz quadrada de ordem n. Exemplo:
3 2
𝐷=( ) , 𝑚𝑎𝑡𝑟𝑖𝑧 2𝑥2 𝑜𝑢 𝑚𝑎𝑡𝑟𝑖𝑧 𝑞𝑢𝑎𝑑𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑜𝑟𝑑𝑒𝑚 2.
−4 1

Exemplo:

A diagonal principal de D é formada pelos elementos cujo


índice é igual ao índice da coluna (a11 e a22). A outra diagonal
recebe o nome de diagonal secundária de D.

Representamos uma matriz colocando seus elementos


(números) entre parêntese ou colchetes ou também (menos
utilizado) duas barras verticais à esquerda e direita. Exemplos:
1
𝐴 = (5 −1 ) é 𝑢𝑚𝑎 𝑚𝑎𝑡𝑟𝑖𝑧 1 𝑥 3
2

7 −2
𝐵=[ ] é 𝑢𝑚𝑎 𝑚𝑎𝑡𝑟𝑖𝑧 2 𝑥 2
3 4
- Matriz identidade: é a matriz quadrada em que cada
√5 1/3 1 elemento da diagonal principal é igual a 1, e os demais têm o
𝐶=‖ 7 2 −5‖ é 𝑢𝑚𝑎 𝑚𝑎𝑡𝑟𝑖𝑧 3 𝑥 3 valor 0. Representamos a matriz identidade pela seguinte
−4 1/5 2 notação: In. Exemplos:

−1 5 8
𝐷=[ ] é 𝑢𝑚𝑎 𝑚𝑎𝑡𝑟𝑖𝑧 2 𝑥 3
−1 2 −3

Exemplo:
Escrever a matriz A = (aij)2 x 3, em que aij = i – j
A matriz é do tipo 2 x 3 (duas linhas e três colunas),
podemos representa-la por: Também podemos definir uma matriz identidade da
𝑎11 𝑎12 𝑎13
𝐴 = (𝑎 ) seguinte forma:
21 𝑎22 𝑎23
𝑎𝑖𝑗 = 1, 𝑠𝑒 𝑖 = 𝑗
Fazendo aij = i – j, temos: 𝐼𝑛 = [𝑎𝑖𝑗 ] , 𝑜𝑛𝑑𝑒 {
𝑛𝑥𝑛 𝑎𝑖𝑗 = 0, 𝑠𝑒 𝑖 ≠ 𝑗
a11 = 1 – 1 = 0 a12 = 1 – 2 = -1 a13 = 1 – 3 = -2
a21 = 2 – 1 = 1 a22 = 2 – 2 = 0 a23 = 2 – 3 = -1
- Matriz transposta: é a matriz onde as linhas são
Assim:
ordenadamente iguais a colunas desta mesma matriz e vice e
0 −1 −2
𝐴=( ) versa. Ou seja:
1 0 −1
Dada uma matriz A de ordem m x n, chama-se matriz
transposta de A, indicada por At, a matriz cuja a ordem é n x m,

Raciocínio Lógico 56
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APOSTILAS OPÇÃO

sendo as suas linhas ordenadamente iguais às colunas da 1 −5


𝐵= [ ]
matriz A. Exemplo: 3 𝑖

2 −1 2 7 - Triangular superior: é uma matriz quadrada em que os


𝐴=[ ] , 𝑒𝑛𝑡ã𝑜 𝐴𝑡 = [ ] elementos abaixo da diagonal principal são nulos. Exemplo:
7 10 − 10

Observe que:
- a 1ª linha da matriz A é igual à 1ª coluna da matriz At.
- a 2ª linha da matriz A é igual a 2ª coluna da matriz At.

Generalizando, temos:
- Triangular inferior: é uma matriz quadrada em que os
elementos acima da diagonal principal são nulos. Exemplo:

- Matriz oposta: é a matriz obtida a partir de A, trocando-


se o sinal de todos os seus elementos. Representamos por -A
tal que A + (-A) = O, em que O é a matriz nula do tipo m x n.
Exemplo: Igualdade de matrizes
Dizemos que duas matrizes A e B, de mesma ordem, são
iguais (A = B) se, e somente se, os seus elementos de mesma
posição forem iguais, ou seja:
A = [aij] m x n e B = [bij] p x q

- Matriz simétrica: é uma matriz quadrada cujo At = A; ou Sendo A = B, temos:


ainda aij = aji Exemplo: m=pen=q

Operações com matrizes

- Matriz antissimétrica: é uma matriz quadrada cujo At = - Adição: a soma de duas matrizes A e B de mesma ordem
- A; ou ainda aij = - aij. Exemplo: é matriz também de mesma ordem, obtida com a adição dos
elementos de mesma posição das matrizes A e B.

Exemplo:

Classificação de acordo com os elementos da matriz Propriedades: considerando as matrizes de mesma


ordem, algumas propriedades são válidas:
- Real: se todos os seus elementos são reais. Exemplo: Comutativa: A + B = B + A
1 −5
𝐴= [ ] Associativa: A + (B + C) = (A + B) + C
3 2
Elemento simétrico: A + (-A) = 0
- Imaginária: se pelo menos um dos seus elementos é Elemento neutro: A + 0 = A
complexo. Exemplo:

Raciocínio Lógico 57
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APOSTILAS OPÇÃO

- Subtração: a diferença entre duas matrizes A e B, de Observação: a propriedade comutativa NÂO é válida na
mesma ordem, é a matriz obtida pela adição da matriz A com a multiplicação de matrizes, pois geralmente
oposta da matriz B, ou seja: A.B ≠ B.A

Matriz Inversa
Dizemos que uma matriz é inversa A–1 (toda matriz
quadrada de ordem n), se e somente se, A.A-1 = In e A-1.A = In
ou seja:
𝑨. 𝑨−𝟏 = 𝑨−𝟏 . 𝑨
𝐴 é 𝑎 𝑚𝑎𝑡𝑟𝑖𝑧 𝑑𝑎𝑑𝑎.
= 𝑰𝒏 , 𝑜𝑛𝑑𝑒 { 𝐴−1 é 𝑎 𝑚𝑎𝑡𝑟𝑖𝑧 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑎 𝑑𝑎 𝑚𝑎𝑡𝑟𝑖𝑧 𝐴.
𝐼𝑛 é 𝑎 𝑚𝑎𝑡𝑟𝑖𝑧 𝑖𝑑𝑒𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑚𝑒𝑠𝑚𝑎 𝑜𝑟𝑑𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝐴.

Exemplos:
Exemplo: 1
8 −2 −1
1) A matriz 𝐵 = [ ] é inversa da matriz 𝐴 = [23 ]
3 −1 −4
2
, pois:
- Multiplicação de um número real por uma matriz: o 1
produto de um número real k por uma matriz A, é dado pela −1 8 −2
𝐴. 𝐵 = [23 ].[ ]=
multiplicação de cada elemento da matriz A por esse número −4 3 −1
real k. 2
1 1
. 8 − 1.3 . (−2) − 1. (−1) 1 0
[23 2
3 ]=[ ]
. 8 − 4.3 . (−2) − 4. (−1) 0 1
2 2

1 1 3
Exemplo: −1 8. − 2. 8. (−1) − 2. (−3)
8 −2 2 2 2
𝐵. 𝐴 = [ ].[ ]=[ ]
3 −1 3 1 3
−4 3. . −1. 3. (−1) − 1. (−4)
2 2 2
1 0
=[ ]
0 1

- Multiplicação de matrizes: para multiplicarmos duas 2 5 1 2


2) Vamos verificar se a matriz 𝐴 = ( ) 𝑒𝐵=( ),
matrizes A e B só é possível mediante a uma condição e uma 1 3 1 1
são inversas entre si:
técnica mais elaborada. Vejamos:
2 5 1 2 1 0 2+5 4+5 1 0
Condição: o número de COLUNAS da A (primeira) têm que ( ).( )= ( )→( )=( )
1 3 1 1 0 1 1+3 2+3 0 1
ser igual ao número de LINHAS de B (segunda). 7 9 1 0
→( )≠( )
4 5 0 1

Portanto elas, não são inversas entre si.

2 1
3) Dada a matriz 𝐴 = [ ], determine a inversa, A-¹.
3 2
Vamos então montar a matriz 𝐴−1 =
𝑎 𝑏
Logo a ordem da matriz resultante é a LINHA de A e a [ ] , 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠 𝑞𝑢𝑒 𝐴. 𝐴−1 = 𝐼𝑛
𝑐 𝑑
COLUNA DE B.
2 1 𝑎 𝑏 1 0 2𝑎 + 𝑐 2𝑏 + 𝑑 1 0
[ ].[ ]=[ ]→[ ]=[ ]
Técnica: Multiplicamos o 1º elemento da LINHA 1 de A 3 2 𝑐 𝑑 0 1 3𝑎 + 2𝑐 3𝑏 + 2𝑑 0 1
pelo 1º elemento da primeira COLUNA de B, depois o 2º
elemento da LINHA 1 de A pelo 2º elemento da primeira Fazendo as igualdades temos:
COLUNA de B e somamos esse produto. Fazemos isso 2𝑎 + 𝑐 = 1 2𝑏 + 𝑑 = 0
{ {
sucessivamente, até termos efetuado a multiplicação de todos 3𝑎 + 2𝑐 = 0 3𝑏 + 2𝑑 = 1
os termos. Exemplo:
Resolvendo os sistemas temos: a = 2; b = -1; c = -3 e d = 2
Então a matriz inversa da matriz A é:
2 −1
𝐴−1 = [ ]
−3 2

Questões

01. (Pref. de Rio de Janeiro/RJ – Prof. Ensino Fund.


A matriz C é o resultado da multiplicação de A por B. – Matemática- Pref. de Rio de Janeiro-RJ/2016)
Considere as matrizes A e B, a seguir.
Propriedades da multiplicação: admite-se as seguintes
propriedades
Associativa: (A.B). C = A.(B.C)
Distributiva: (A + B). C = A. C + B. C e C. (A + B) = C. A + C. B

Raciocínio Lógico 58
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APOSTILAS OPÇÃO

O elemento que ocupa a terceira linha e a segunda 7 4 −10


coluna da matriz produto BA vale: = [5 8 14 ]
(A) 9 1 −11 9
(B) 0
(C) – 9 Logo o elemento que ocupa a terceira linha e a segunda
(D) – 11 coluna é o -11.

02. (BRDE – Analista de Sistemas-Suporte – 02. Resposta: B.


FUNDATEC/2015) Considere as seguintes matrizes: 𝐴 = Vamos ver se é possível multiplicar as matrizes.
2 3 C(2x3) e B(3x2), como o número de colunas de C é igual ao
2 3 2 1 0 número de colunas de B, logo é possível multiplicar, o
[ ] , 𝐵 = [4 5 ] 𝑒 𝐶 = [ ], a solução de C x B +
4 6 4 6 7 resultado será uma matriz 2x2(linha de C e coluna de B):
6 6
A é: 2 3
2 1 0
(A) Não tem solução, pois as matrizes são de ordem 𝐶 𝑥𝐵 = [ ] . [4 5 ]
4 6 7
diferentes. 6 6
2.2 + 1.4 + 0.6 2.3 + 1.5 + 0.6 8 11
→[ ]=[ ]
10 14 4.2 + 6.4 + 7.6 4.3 + 6.5 + 7.6 74 84
(B) [ ]
78 90
Agora vamos somar a matriz A(2x2) a matriz resultante da
2 3 multiplicação que também tem a mesma ordem:
(C) [ ] 8 11 8 11 2 3 8 + 2 11 + 3
4 5 [ ]+𝐴 = [ ]+[ ]→[ ]
74 84 74 84 4 6 74 + 4 84 + 6
6 6 10 14
(D) [ ] =[ ]
20 36 78 90
03. Resposta: E.
8 11 Turno i –linha da matriz
(E) [ ] Turno j- coluna da matriz
74 84
2º turno do 2º dia – a22=18
3º turno do 6º dia-a36=25
03. (PM/SE – Soldado 3ª Classe – FUNCAB) A matriz 1º turno do 7º dia-a17=19
abaixo registra as ocorrências policiais em uma das regiões da Somando:18+25+19=62
cidade durante uma semana.
04. Resposta: E.
𝑎 𝑏 𝑎 𝑐 2𝑎 𝑏+𝑐 1 0
𝐴 + 𝐴𝑡 = [ ]+[ ]=[ ]=[ ]
𝑐 𝑑 𝑏 𝑑 𝑏+𝑐 2𝑑 0 1
2a =1 → a =1/2 → b + c = 0 → b = -c
2d=1
D=1/2
Sendo M=(aij)3x7 com cada elemento aij representando o
número de ocorrência no turno i do dia j da semana.
O número total de ocorrências no 2º turno do 2º dia,
somando como 3º turno do 6º dia e com o 1º turno do 7º dia
será: Anotações
(A) 61
(B) 59
(C) 58
(D) 60
(E) 62

04. (CPTM – ANALISTA DE COMUNICAÇÃO JÚNIOR –


𝑎 𝑏
MAKIYAMA) Para que a soma de uma matriz 𝐴 = [ ] e sua
𝑐 𝑑
respectiva matriz transposta At em uma matriz identidade, são
condições a serem cumpridas:
(A) a=0 e d=0
(B) c=1 e b=1
(C) a=1/c e b=1/d
(D) a²-b²=1 e c²-d²=1
(E) b=-c e a=d=1/2

Respostas

01. Resposta: D.
Como as matrizes são quadradas de mesma ordem,
podemos então multiplica-las:
5 −2 0 1 2 −2
𝐵. 𝐴 = [−1 2 4] . [−1 3 0 ] →
−3 −2 1 2 1 3

5.1 + (−2). (−1) + 0.2 5.2 + (−2). 3 + 0.1 5. (−2) + (−2). 0 + 0.3
[ −1.1 + 2. (−1) + 4.2 −1.2 + 2.3 + 4.1 −1. (−2) + 2.0 + 4.3 ]
−3.1 + (−2). (−1) + 1.2 −3.2 + (−2). 3 + 1.1 −3. (−2) + (−2). 0 + 1.3

Raciocínio Lógico 59
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APOSTILAS OPÇÃO

Raciocínio Lógico 60
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NOÇÕES DE DIREITO
CONSTITUCIONAL

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APOSTILAS OPÇÃO

legislador. Este ou queria realmente concretizar o que escrevia


ou tinha a intenção somente de entregar um símbolo à
sociedade. Seria, para ele, o que acontece em constituições
outorgadas em regimes ditatoriais.
c) Constituição aberta (Paulo Bonavides): o objeto da
constituição é sempre dinâmico. A constituição deve ser o
documento dinâmico que não se enclausure em si mesmo, mas
que acompanhe as modificações e necessidades da sociedade,
1 Constituição. 1.1 Conceito, sob pena de ficar ultrapassada e condenada à morte. Por isso
que é importante que ela seja redigida com conceitos jurídicos
classificações, princípios mais abertos, com normas de caráter mais abstrato, de forma
fundamentais. a permitir, mediante a interpretação, sua adequação à
realidade.

CONSTITUIÇÃO: CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO 2- Objeto.


Atualmente, em princípio, o objeto das Constituições está
1- Conceito. estruturado da seguinte forma:
Os doutrinadores assim a conceitua “conjunto de normas - Estruturação do estado;
fundamentais e supremas, que podem ser escritas ou não, - Organização dos Poderes e seus órgãos;
responsáveis pela criação, estruturação e organização político- - Disposição sobre o modo de aquisição de poder e a forma
jurídica de um Estado”1. de seu exercício;
- Limitação da atuação do poder;
Em resumo, Constituição nada mais é do que documento - Proteção aos direitos e garantias dos indivíduos;
que estabelece e disciplina o conjunto de elementos essenciais - Fixação do regime político;
do Estado. - Fixação e disciplina das finalidades sociais e econômicas
do Estado;
Várias são as concepções acerca do conceito de - Determinação dos fundamentos dos direitos econômicos,
constituição, vejamos as mais cobradas em provas de sociais e culturais do Estado.
concursos:
3- Fontes.
a) Concepção sociológica (Ferdinand Lassale): segundo São 5:
essa concepção as constituições devem ser vistas como um a- Direito Natural: é a fonte legitimadora de todo e
fato social, como a soma dos fatores reais de poder de um qualquer preceito de direito positivo.
país, resultado concreto do relacionamento entre as forças b- Constituição Política: vontade soberana do povo.
sociais. c- Costumes: regras firmadas no decorrer da evolução
b) Concepção política (Carl Schimitt): a constituição social.
seria uma decisão política fundamental, a qual não se apoia d- Jurisprudência: decisão dos Tribunais.
na justiça de suas normas, mas sim no que nela foi e- Doutrina.
politicamente incluído.
c) Concepção jurídica (Hans Kelsen): Constituição é o As fontes do Direito Constitucional se dividem em:
paradigma de validade de todo o ordenamento jurídico de um a- imediatas: é a Constituição, leis de conteúdo
Estado e instituidor de sua estrutura. Sua concepção é constitucional;
estritamente formal. Kelsen dá dois sentidos à palavra b- mediatas: é a história, os costumes, a doutrina e a
Constituição: jurisprudência.
i. Jurídico-positivo: direito positivo é norma escrita ou
posta pelo homem (pirâmide das leis – princípio da 4- Elementos.
compatibilidade vertical entre as normas superiores e Não há consenso doutrinário sobre quais são os
inferiores). Logo, Constituição seria norma escrita; elementos; entretanto, a generalidade das leis fundamentais
ii. Lógico-jurídico: a norma inferior encontra seu revela, em sua estrutura normativa, cinco categorias de
fundamento de validade na norma que lhe for superior. A elementos, conforme segue:
Constituição encontra o seu fundamento de validade não no a) Orgânicos: são normas que dão estrutura ao Estado.
direito posto, mas no plano pressuposto lógico, ou seja, em Cuidam dos órgãos do Estado, suas funções, atribuições de
valores metajurídicos, já que seu fundamento não seria de poderes.
cunho constitucional. b) Limitativos: limitam a ação dos poderes estatais e dão
a tônica do Estado de Direito, consubstanciando o elenco dos
As concepções acima estudadas são as clássicas, se assim direitos e garantias fundamentais: direitos individuais e suas
podemos dizer. Ocorre que com o tempo surgiu novas garantias, direitos de nacionalidade e direitos políticos e
concepções. Vamos a elas: democráticos;
a) Teoria da Força Normativa da Constituição (Konrad c) Sócio ideológicos: normas que revelam o caráter de
Hesse): A Constituição escrita não necessariamente será compromisso das constituições modernas entre o Estado
resultado da vontade da parte mais forte no embate, pode ser individualista e o Estado Social, intervencionista; que tratam
que a Constituição escrita seja capaz de redesenhar a soma dos da intervenção do Estado na ordem econômica e social. Esse
fatores reais de poder. Logo, ela não seria somente um tipo de norma não costuma ser encontrada em constituições
resultado sociológico da sociedade, mas também, e liberais;
principalmente, teria o poder de modificar o conjunto de d) de estabilização constitucional: destinam-se a dar
forças, moldar a sociedade como ela é. perenidade às instituições, a dar segurança ao funcionamento
b) Constituição simbólica (Marcelo Neves): a utilização das instituições; consagrados nas normas destinadas a
da norma constitucional como símbolo advém da intenção do assegurar a solução de conflitos constitucionais, a defesa da

1 Nathália Masson. Manual de Direito Constitucional. Juspodivm.

Noções de Direito Constitucional 1


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APOSTILAS OPÇÃO

Constituição, do Estado e das instituições democráticas, - Flexíveis: a lei ordinária tem a mesma natureza jurídica de
premunindo os meios e as técnicas contra sua alteração e emenda constitucional, não havendo divergência no processo
infringência, a não ser nos termos nela própria estatuídos legislativo de uma e de outra. Nas constituições flexíveis
(ações concentradas de controle, intervenção, Estado de Sítio mostra-se inviável o controle de constitucionalidade.
e de Defesa etc.);
e) Formais de aplicabilidade: são normas de aplicação da e) Quanto à extensão:
Constituição, vão tratar de vigência, eficácia de normas - Concisas, breves, curtas ou sintéticas: preveem somente
constitucionais. Vão tratar de quando a Constituição entra em princípios e normas gerais, não se preocupam em definir todos
vigor, o que ela revoga. Consubstanciadas nas normas que os aspectos da sociedade, sendo típica dos estados liberais.
estatuem regras de aplicação das constituições, assim, o Geralmente tem caráter eminentemente negativo. Exemplo:
preâmbulo, o dispositivo que contém as cláusulas de Constituição norte-americana.
promulgação e as disposições transitórias. - Longas, analíticas ou prolixas: típicas de estado de bem-
estar social, visam a garantir uma série de direitos e deveres
5- Classificação. aos indivíduos e os limites da atuação estatal, de forma bem
a) Quanto ao conteúdo: definida.
- Materiais ou substanciais: são as normas constitucionais
escritas ou costumeiras, estejam ou não codificadas em um f) Quanto à finalidade:
único documento, regulando a estrutura e organização do - Negativas, garantias, liberais ou de texto reduzido: é
Estado e os direitos fundamentais. Elas têm conteúdo aquela que na relação entre o Estado e o Indivíduo, se
essencialmente constitucional. Todas as normas que cuidam preocupa apenas em garantir o indivíduo contra o Estado. Ela
da organização do Estado e dos Direitos Fundamentais, mesmo recebe esse nome porque no tema de relacionamento do
que não estejam na Constituição Formal, formarão a indivíduo, cidadão e o Estado, se preocupa apenas em garantir
Constituição material do Brasil. o indivíduo contra o Estado.
- Formais: documento escrito, estabelecido de modo solene - Dirigentes, plásticas ou programáticas: estabelecem
pelo poder constituinte originário e somente modificável por programas e definem os limites e a extensão de seus direitos;
processos e formalidades especiais nela própria estabelecidos. são sempre analíticas. Seu principal teórico foi Canotilho.
A CF/88 é formal, todas as suas normas têm caráter - Constituições balanço: é a denominação que se dá à
constitucional independentemente de seu conteúdo. Constituição que meramente descreve e sistematiza a
organização política do Estado. Destina-se a espelhar certo
b) Quanto à forma: período político, um dado estágio das relações de poder no
- Escritas ou dogmáticas: fruto de um trabalho racional ou Estado.
sistemático. Pode ser codificada num único texto, ou não
codificada, esparsa por textos diversos, como tem o ocorrido g) Quanto à ideologia ou objeto ideológico:
com nossa Constituição, que já não é mais codificada em - Liberais: consolidam o pensamento liberal político e
decorrência da quantidade de normas constitucionais que se econômico. São, portanto, constituições que não pregam a
encontram apenas nas emendas. intervenção do Estado na ordem econômico e social.
- Não escritas, costumeiras, consuetudinárias ou históricas: Geralmente as Constituições liberais são negativas e concisas.
é o exemplo da Constituição Inglesa, que se baseia nos - Sociais: preveem a intervenção do Estado na ordem
costumes e na jurisprudência. Porém, pode ter textos escritos, econômico-social ao regular o mercado, quer dizer, isso faz
os quais se incorporam à Constituição. com que o mercado seja menos livre na regulação do mercado
e na redução da desigualdade.
c) Quanto à origem: Uma característica das constituições sociais, portanto, é
- Democráticas, populares ou promulgadas: são elaboradas valorizar mecanismos de intervenção na ordem econômica,
por representantes do povo, ou seja, são fruto de uma por exemplo, empresas públicas, regulação da ordem
assembleia constituinte que foi criada para isso. No Brasil, econômica também através do sistema tributário, por meio da
foram desse tipo as constituições de 1891, 1934, 1946 e 1988. criação de impostos com natureza extrafiscal, que são aqueles
- Outorgadas ou impostas: impostas verticalmente, sem impostos que não são imaginados para arrecadar, até
participação popular, pelos detentores do poder. No Brasil, arrecadam, mas não é o objetivo deles, e sim, regular o
temos as constituições de 1824, 1937, 1967 e 1969. mercado, como acontece no Brasil com os impostos de
- Pactuadas: quando o poder constituinte não está na mão importação e exportação.
de seu titular, o povo, mas há uma divisão de poderes entre Na ordem social, tende a valorizar no âmbito dos Direitos
ambos, sendo parte da constituição decidida pelos detentores Fundamentais também os Direitos Sociais, o que não é muito
do poder e outra parte pelo povo. valorizado em constituições liberais, pois nessas, no âmbito
- Cesaristas ou plebiscitárias: na verdade, deveria dos Direitos Fundamentais, acabam valorizando o direito de
classificar-se como referendada, já que a Constituição é liberdade (física, religiosa, de imprensa etc.).
submetida a um referendo após elaborada pelos constituintes. Os Direitos Fundamentais numa Constituição Liberal
basicamente se resumem aos Direitos Individuais. Já numa
d) Quanto à estabilidade: Constituição Social, passam a ser integrados também por
- Imutáveis: não passíveis de modificações. Direitos Sociais (educação, saúde, previdência, assistência).
- Rígidas: exige quórum mais rígido do que as demais - Socialistas: mais do que intervir na ordem econômica e
normas infraconstitucionais para ser modificada. Trata-se de social, pretende planificar a sociedade. Então, ela acaba
um dos pilares do controle de constitucionalidade, já que para retirando da sociedade a sua liberdade de buscar o sucesso
se fazer o controle há de se ter a supremacia da constituição, e individual. O Estado não apenas planifica as suas ações no
para se ter a supremacia, essa deve ser rígida. interesse público, mas se apropria dos meios de produção. Fica
- Semirrígidas: precisa de um processo mais difícil para muito clara a diferença de abordagem dessas três diferenças
alteração de parte de seus dispositivos e permite a mudança de ideologia na Constituição, quando nós trabalhamos com um
de outros dispositivos por um procedimento mais simples. valor constitucional determinado, como o valor da igualdade.
Assim, parte é rígida e parte flexível, como ocorreu com a A igualdade numa Constituição Liberal é uma igualdade
Constituição de 1824 no Brasil. formal. O Estado não pode discriminar as pessoas, têm que
tratar a todos como iguais.

Noções de Direito Constitucional 2


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APOSTILAS OPÇÃO

A visão da igualdade no Estado Social, além impedir que 03. (Câmara Municipal de Poá/SP - Procurador
Estado crie situações de discriminação, o obriga a intervir na Jurídico - VUNESP/2016) A Constituição Federal Brasileira
sociedade para reduzir a desigualdade. de 1988 pode ser classificada como
A igualdade num Estado Socialista é uma igualdade (A) dogmática, outorgada e rígida.
material, de resultado. (B) histórica, promulgada e flexível.
(C) dogmática, promulgada e rígida.
h) Quanto ao modo de elaboração (D) histórica, promulgada e rígida.
- Dogmática: será sempre uma Constituição escrita, é a (E) histórica, outorgada e flexível.
elaborada por um órgão constituinte, e sistematiza os dogmas
ou ideias fundamentais da teoria política e do Direito 04. (Prefeitura de Cuiabá/MT - Auditor Fiscal
dominantes no momento. Tributário da Receita Municipal - FGV/2016) Edilberto,
- Histórica ou costumeira: sempre uma Constituição não advogado constitucionalista, idealizou um modelo
escrita, resulta de lenta transformação histórica, do lento constitucional com as seguintes características: a primeira
evoluir das tradições, dos fatos sócio-políticos. parte não poderia sofrer qualquer tipo de alteração, devendo
permanecer imutável; a segunda parte poderia ser alterada a
i) Quanto à dogmática: partir de um processo legislativo qualificado, mais complexo
- Ortodoxa ou comprometida: é aquela comprometida com que aquele inerente à legislação infraconstitucional; e a
uma determinada ideologia, que não pode ser alterada pelos terceira parte poderia ser alterada com observância do mesmo
governos que se alternarem no Poder. processo legislativo afeto à legislação infraconstitucional.
- Heterodoxa, eclética ou compromissória: aquela que
permite o convívio ideológico, sem promover exclusão prévia À luz da classificação predominante das Constituições, é
de formas de pensamento e de ideias sociais e políticas. A correto afirmar que uma Constituição dessa natureza seria
Constituição brasileira é uma Constituição Social, mas ela é classificada como
compromissória, aberta. Isso fica claro, quando no artigo 3º, (A) rígida.
além daquela previsão da redução de desigualdades sociais e (B) flexível.
regionais, garante a autonomia privada, livre iniciativa, que é (C) semirrígida.
um valor do liberalismo. (D) fortalecida.
(E) plástica.
j) Quanto à correspondência com a realidade ou
classificação ontológica: trata-se de importante classificação, 05. (TRE/PI - Técnico Judiciário – Administrativa -
que despenca em concursos públicos, desenvolvida por Karl CESPE/2016) As constituições classificam-se, quanto
Lowenstein. (A) à estabilidade, em imutáveis, rígidas, flexíveis ou
semirrígidas.
- Normativas: são aquelas constituições que conseguem (B) à origem, em escritas ou não escritas.
regular a vida política de um Estado, por estarem em (C) à forma, em materiais ou formais.
consonância com a realidade social. (D) ao conteúdo, em dogmáticas ou históricas.
- Nominativas: são aquelas constituições que não (E) ao modo de elaboração, em analíticas ou sintéticas.
conseguem regular a vida política de um Estado, pelo
descompasso com a realidade. 06. (UECE - Advogado – FUNECE/2017) Atente ao
- Semânticas: é a constituição elaborada como mera seguinte excerto: “...resultam numa maior estabilidade do
formalização do Poder Político dominante. É exemplo a arcabouço constitucional, bem como numa flexibilidade que
constituição nazista. Constitucionalmente, todas as medidas permite adaptar a Constituição a situações novas e imprevistas
adotadas durante o Reich foram legítimas. do desenvolvimento institucional de um povo, a suas variações
mais sentidas de ordem política, econômica e financeira, a
A Constituição de 1988 é rígida, dogmática, necessidades, sobretudo, de improvisar soluções que
programática, normativa, social, promulgada, escrita, poderiam, contudo, esbarrar na rigidez dos obstáculos
heterodoxa e analítica. constitucionais”.
(Paulo Bonavides, Curso de Direito Constitucional)
Questões O trecho acima remete à espécie de constituição
denominada de
01. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP) Sobre o conceito de (A) constituição concisa.
Constituição, assinale a alternativa CORRETA. (B) constituição analítica.
(A) É o estatuto que regula as relações entre Estados (C) constituição formal.
soberanos. (D) constituição material.
(B) É o conjunto de normas que regula os direitos e deveres
de um povo. 07. (FUB - Conhecimentos Básicos - Cargo 20 –
(C) É a lei fundamental e suprema de um Estado, que CESPE/2016) Com referência à Constituição Federal de 1988
contém normas referentes à estruturação, à formação dos e às disposições nela inscritas relativamente a direitos sociais
poderes públicos, direitos, garantias e deveres dos cidadãos. e políticos, administração pública e servidores públicos, julgue
(D) É a norma maior de um Estado, que regula os direitos o item subsequente.
e deveres de um povo nas suas relações.
A Constituição Federal de 1988 é considerada, quanto à
02. (CRAISA de Santo André/SP – Advogado - CAIP- origem, uma Constituição promulgada, pois surgiu do trabalho
IMES/2016) A Constituição Federal brasileira de 1988, no que de representantes do povo eleitos com a finalidade específica
diz respeito à estabilidade ou alterabilidade pode ser de sua elaboração: a assembleia nacional constituinte.
classificada como: ( ) Certo
(A) semiflexível. ( ) Errado
(B) rígida.
(C) plástica.
(D) imutável.

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08. (FUB - Conhecimentos Básicos - Cargo 20 – TÍTULO I


CESPE/2016) Acerca da Constituição Federal de 1988 e das DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
disposições nela inscritas relativamente a direitos e garantias
fundamentais e à administração pública, julgue o item a seguir. Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
A Constituição Federal de 1988 é classificada, quanto à constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
estabilidade, como uma Constituição flexível, o que pode ser fundamentos:
comprovado pelo fato de seu texto já ter sofrido quase uma I - a soberania;
centena de emendas constitucionais. II - a cidadania;
( ) Certo III - a dignidade da pessoa humana;
( ) Errado IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
09. (FUNPRESP-JUD - Analista – Direito – CESPE/2016) Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce
Julgue o item subsequente, referente ao conceito e por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos
classificação da Constituição e à aplicabilidade das normas desta Constituição.
dispostas na Constituição Federal de 1988 (CF).
Vejamos abaixo o que consta cada um dos fundamentos da
Quanto à forma e à origem, a CF é classificada em escrita e República:
promulgada; quanto ao modo de elaboração, é classificada Soberania: nada mais é do que o poder do Estado, existe
como histórica. em duas formas: externa (poder independente) e interna
( ) Certo (poder supremo).
( ) Errado
Ao lado da soberania encontramos a cidadania, que
10. (AL-MS - Agente de Apoio Legislativo – FCC/2016) engloba a nacionalidade e o sufrágio (exercício do voto). Todo
É possível classificar a Constituição Federal Brasileira de 1988 titular de direitos fundamentais deve ter sua cidadania
como respeitada.
(A) promulgada, escrita, formal e rígida.
(B) outorgada, histórica, formal e rígida. Um dos fundamentos mais importantes e mais usados
(C) promulgada, material, não escrita e flexível. modernamente é a dignidade da pessoa humana, que nada
(D) outorgada, analítica, imutável e histórica. mais é do que a razão de existência do Estado Democrático de
(E) cesarista, semirrígida, sintética e escrita. Direito.

Respostas Já com relação aos valores sociais do trabalho e a livre


01. C. / 02. B. / 03. C. / 04. C. / 05. A. iniciativa, é importante registrar que apesar de vivermos em
06. A / 07. Certo / 08. Errado / 09. Errado / 10. A uma sociedade capitalista, a Constituição não esquece de
valorar o lado social, mormente do trabalhador, trabalhador
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS subordinado e o autônomo porque o trabalho dignifica a
pessoa e a insere no conceito de cidadão, participativo do
Os princípios fundamentais da Constituição Federal de crescimento do Estado e da sociedade.
1988 estão localizados no Título I, artigos 1º a 4º.
Inicialmente, temos que a República Federativa do Brasil é E ao lado dessa preocupação com o trabalhador, a
formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Constituição também se atenta à livre iniciativa, ou seja,
Distrito Federal, constituindo-se em Estado Democrático de também se fundamenta no sentido de que o empregador,
Direito e tem como fundamentos a soberania, a cidadania, a enquanto empreendedor do crescimento do país merece
dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e valorização, reporto o leitor para o art. 170 e seguintes.
da livre iniciativa e o pluralismo político.
Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de Por fim, o último dos fundamentos, o pluralismo político,
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta é a pluralidade de ideias, pluralidade de ideologias. Deve ser
Constituição. garantida no Estado democrático a pluralidade de ideias, que
Dispõe ainda sobre a divisão dos Poderes da União, sendo todos possam expressar suas ideias. O partido político surge
esta constituída em três: o Poder Executivo, o Poder quando várias pessoas defendem a mesma ideia.
Legislativo e o Poder Judiciário. São eles independentes e
harmônicos entre si. Pela análise desses incisos percebemos a preocupação do
Com relação aos objetivos fundamentais do Estado Poder Constituinte com o chamado bem-estar social.
brasileiro, tem-se que a República Federativa do Brasil
buscará a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos
trabalhará para garantir o desenvolvimento nacional, entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais além de promover o bem de Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República
todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e Federativa do Brasil:
quaisquer outras formas de discriminação. I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
E, por fim, disciplina o artigo 4º os princípios que regem o II - garantir o desenvolvimento nacional;
Brasil em suas relações internacionais. III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais;
Vejamos o que dispõe a CF/88 sobre o tema: IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação.

Os objetivos da República Federativa são metas ou como o


próprio nome nos diz objetivos a serem alcançados.

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A seguir veremos cada um deles: ainda que, na manifestação dessas ideologias, haja conteúdo
de discriminação racial.
Construir uma sociedade livre, justa e solidária. (E) A forma federativa do Estado pressupõe a repartição
Significa que o Estado tem de propiciar todos os meios para de competências entre os entes federados, que são dotados de
que a democracia seja exercida. Esse preceito foi estabelecido capacidade de auto-organização e de autolegislação.
para os brasileiros no intuito de proporcionar bem estar,
qualidade de vida e harmonia social. Contudo, ainda não é uma 02. (TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário -
realidade vista na prática, existem mecanismos Tecnologia da Informação – CESPE/2016) Assinale a opção
constitucionais de garantia, porém muitos indivíduos ainda correta a respeito dos princípios fundamentais na Constituição
não sabem como usá-los. Federal de 1988 (CF).
(A) A valorização social do trabalho e da livre-iniciativa
Garantir o desenvolvimento nacional. Ele ocorre com o não alcança, indiscriminadamente, quaisquer manifestações,
aperfeiçoamento do ser humano, das propriedades e das mas apenas atividades econômicas capazes de impulsionar o
Instituições. Que esse desenvolvimento seja estendido à desenvolvimento nacional.
política, a economia, a vida social e a todas as áreas que (B) O conceito atual de soberania exprime o
contribuam para o aperfeiçoamento da nação. autorreconhecimento do Estado como sujeito de direito
internacional, mas não engloba os conceitos de abertura,
Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as cooperação e integração.
desigualdades sociais e regionais. Segundo esse enunciado (C) A cidadania envolve não só prerrogativas que
notamos que o objetivo da República é tomar medidas de viabilizem o poder do cidadão de influenciar as decisões
governo que possibilite uma igualdade de condições para políticas, mas também a obrigação de respeitar tais decisões,
todos os cidadãos. Medidas essas que tragam melhorias para ainda que delas discorde.
áreas como educação, saúde e emprego, dando às classes mais (D) A dignidade da pessoa humana é conceito
pobres maiores possibilidades a esses direitos. eminentemente ético-filosófico, insuscetível de detalhada
qualificação normativa, de modo que de sua previsão na
Promover o bem de todos, sem preconceitos de Constituição não resulta grande eficácia jurídica, em razão de
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas seu conteúdo abstrato.
de discriminação. Segundo esse princípio, o objetivo de nosso (E) O valor social do trabalho possui como traço
país é que seja de respeito. caracterizador primordial e principal a liberdade de escolha
profissional, correspondendo à opção pelo modelo capitalista
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas de produção.
relações internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional; 03. (UNESP - Assistente Administrativo I –
II - prevalência dos direitos humanos; VUNESP/2016) Conforme dispõe a Constituição Federal em
III - autodeterminação dos povos; relação aos Princípios Fundamentais, assinale a alternativa
IV - não-intervenção; correta.
V - igualdade entre os Estados; (A) A cidadania e a soberania são princípios que regem as
VI - defesa da paz; relações internacionais do Brasil.
VII - solução pacífica dos conflitos; (B) Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; seus representantes eleitos indiretamente, nos termos da
IX - cooperação entre os povos para o progresso da Constituição.
humanidade; (C) São Poderes da União, dependentes e interligados entre
X - concessão de asilo político. si, o Legislativo e o Judiciário.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a (D) Os valores sociais do trabalho e o repúdio ao
integração econômica, política, social e cultural dos povos da terrorismo constituem objetivos da República Federativa do
América Latina, visando à formação de uma comunidade latino- Brasil.
americana de nações. (E) A República Federativa do Brasil buscará a integração
econômica, política, social e cultural entre os povos da América
Referências: Latina, visando à formação de uma comunidade latino-
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/dir americana de nações.
eito/principios-e-objetivos-fundamentais-da-republica-
federativa-do-brasil/61375. 04. (IFFP - Assistente de Administração – FCM/2016)
NÃO é um dos objetivos fundamentais da República Federativa
Questões do Brasil
(A) garantir o desenvolvimento nacional.
01. (TRE-PI - Técnico Judiciário – Administrativo – (B) construir uma sociedade livre, justa e solidária.
CESPE/2016) A respeito dos princípios fundamentais da (C) constituir uma supremacia perante os países da
Constituição Federal de 1988 (CF), assinale a opção correta. América Latina.
(A) A soberania nacional pressupõe a soberania das (D) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
normas internas fixadas pela CF sobre os atos normativos das desigualdades sociais e regionais.
organizações internacionais nas situações em que houver (E) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
conflito entre ambos. raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
(B) A dignidade da pessoa humana não representa, discriminação.
formalmente, um fundamento da República Federativa do
Brasil. 05. (DPU - Conhecimentos Básicos - Cargos 3 e 8 –
(C) Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa visam CESPE/2016) Acerca dos princípios fundamentais expressos
proteger o trabalho exercido por qualquer pessoa, desde que na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item a seguir.
com finalidade lucrativa.
(D) Em decorrência do pluralismo político, é dever de todo
cidadão tolerar as diferentes ideologias político-partidárias,

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A prevalência dos direitos humanos, a concessão de asilo Estão CORRETOS:


político e a solução pacífica de conflitos são princípios (A) Os incisos I- II- IV e V.
fundamentais que regem as relações internacionais do Brasil. (B) Os incisos I- II- III e IV.
( ) Certo (C) Os incisos II- IV- V e VI.
( ) Errado (D) Nenhuma das alternativas.

06. (TJ-MT - Analista Judiciário - Ciências Contábeis – 10. (IFF - Operador de Máquinas Agrícolas –
UFMT/2016) No que diz respeito aos princípios FCM/2016) NÃO é um dos fundamentos da República
fundamentais da Constituição Federal da República Federativa Federativa do Brasil
do Brasil, de 1988, assinale a afirmativa correta. (A) a soberania.
(A) A República Federativa do Brasil tem como princípio a (B) a cidadania.
autodeterminação dos povos. (C) o singularismo político.
(B) A República Federativa do Brasil tem como (D) a dignidade da pessoa humana.
fundamento a igualdade entre os Estados.
(C) A concessão de asilo político e o pluralismo político são 11. (SAAE de Barra Bonita – SP - Almoxarife –
princípios da República Federativa do Brasil. INSTITUTO EXCELÊNCIA/2017) Com referência na
(D) A erradicação da pobreza e a redução das Constituição da República Federativa do Brasil TÍTULO I DOS
desigualdades sociais são fundamentos da República PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Art. 1º A República Federativa
Federativa do Brasil. do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
07. (Prefeitura de Quixadá – CE - Assistente Jurídico – Democrático de Direito e tem como fundamentos:
SERCAM/2016) Constituem objetivos fundamentais da
República Federativa do Brasil, SALVO: Assinale a alternativa CORRETA que apresenta os
(A) construir uma sociedade livre, justa e solidária. fundamentos:
(B) garantir o desenvolvimento nacional. (A) a soberania; a cidadania; a dignidade da pessoa
(C) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as humana; os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; o
desigualdades sociais e regionais. pluralismo político.
(D) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, (B) prevalência dos direitos humanos; a soberania; a
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de cidadania; a dignidade da pessoa humana; os valores sociais
discriminação. do trabalho e da livre iniciativa.
(E) promover a defesa da paz. (C) prevalência dos direitos humanos; a soberania; a
cidadania; solução pacífica dos conflitos; repúdio ao
08. (SAAE de Barra Bonita – SP - Almoxarife - Instituto terrorismo e ao racismo.
Excelência/2017) Com referência na Constituição da (D) Nenhuma das alternativas.
República Federativa do Brasil TÍTULO I DOS PRINCÍPIOS
FUNDAMENTAIS Art. 1º A República Federativa do Brasil, 12. (SAAE de Barra Bonita – SP - Almoxarife –
formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do INSTITUTO EXCELÊNCIA/2017) Sobre a Constituição da
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de República Federativa do Brasil TÍTULO I DOS PRINCÍPIOS
Direito e tem como fundamentos: FUNDAMENTAIS Art. 3º Constituem objetivos fundamentais
da República Federativa do Brasil:
Assinale a alternativa CORRETA que apresenta os
fundamentos: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
(A) a soberania; a cidadania; a dignidade da pessoa II - garantir o desenvolvimento nacional;
humana; os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; o III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
pluralismo político. desigualdades sociais e regionais;
(B) prevalência dos direitos humanos; a soberania; a IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
cidadania; a dignidade da pessoa humana; os valores sociais raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
do trabalho e da livre iniciativa. discriminação.
(C) prevalência dos direitos humanos; a soberania; a V - igualdade entre os Estados;
cidadania; solução pacífica dos conflitos; repúdio ao VI - defesa da paz;
terrorismo e ao racismo.
(D) Nenhuma das alternativas. Estão CORRETOS:
(A) Os incisos I- II- IV e V.
09. (SAAE de Barra Bonita – SP - Almoxarife - Instituto (B) Os incisos I- II- III e IV.
Excelência/2017) Sobre a Constituição da República (C) Os incisos II- IV- V e VI.
Federativa do Brasil TÍTULO I DOS PRINCÍPIOS (D) Nenhuma das alternativas.
FUNDAMENTAIS Art. 3º Constituem objetivos fundamentais
da República Federativa do Brasil: 13. (SAAE de Barra Bonita – SP - Procurador Jurídico –
INSTITUTO EXCELÊNCIA/2017) De acordo com a
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; Constituição da República Federativa do Brasil. Art. 4º A
II - garantir o desenvolvimento nacional; República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as internacionais pelos seguintes princípios: Analise os itens
desigualdades sociais e regionais; abaixo:
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de I - independência nacional;
discriminação. II - prevalência dos direitos humanos;
V - igualdade entre os Estados; III - autodeterminação dos povos;
VI - defesa da paz; IV - o pluralismo político.
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;

Noções de Direito Constitucional 6


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Estão CORRETOS os itens:


(A) I- II- IV e V. 2 Direitos e garantias
(B) I- III- IV- V e VI.
(C) I- II- III- V e VI. fundamentais. 2.1 Direitos e
(D) Nenhuma das alternativas. deveres individuais e coletivos,
direitos sociais, nacionalidade,
14. (MPE-RN - Técnico do Ministério Público Estadual -
Área Administrativa – COMPERVE/2017) Os objetivos cidadania, direitos políticos,
fundamentais da república brasileira são metas que o Estado partidos políticos.
deve promover com força vinculante e imediata, servindo
como norte a ser seguido em toda e qualquer atividade estatal.
Nessa acepção, a Constituição Federal aponta, expressamente, Dos Direitos e Garantias Fundamentais
como objetivo fundamental a promoção
(A) do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, A Constituição Federal de 1988 trouxe em seu Título II os
sexo e cor. direitos e garantias fundamentais, subdividindo-os em cinco
(B) de uma sociedade livre, justa e solidária com repúdio capítulos: direitos individuais e coletivos, direitos sociais,
ao racismo e ao terrorismo. nacionalidade, direitos políticos e partidos políticos.
(C) da erradicação da miséria e da marginalização e da
redução da desigualdade nacional.
É necessária maior atenção na leitura do artigo 5º,
(D) da autodeterminação dos povos e dos direitos
tendo em vista que este é um dos mais exigidos em
humanos.
concurso público!
15. (TJ-MG - Titular de Serviços de Notas e de Registros
– Remoção – CONSUPLAN/2017) Constituem objetivos Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
fundamentais da República do Brasil, EXCETO:
(A) A construção de uma sociedade livre, justa e solidária. A Constituição de 1988 foi a primeira a estabelecer direitos
(B) A garantia do desenvolvimento nacional, a erradicação não só de indivíduos, mas também de grupos sociais, os
da pobreza e da marginalização e a redução das desigualdades denominados direitos coletivos. As pessoas passaram a ser
sociais e regionais. coletivamente consideradas. Por outro lado, pela primeira vez,
(C) a promoção do bem de todos, sem preconceito de junto com direitos foram estabelecidos expressamente
origem, raça, sexo, cor idade e quaisquer outras formas de deveres fundamentais. Tanto os agentes públicos como os
discriminação. indivíduos têm obrigações específicas, inclusive a de respeitar
(D) A defesa da paz, o repúdio ao terrorismo e a os direitos das demais pessoas que vivem na ordem social.
independência nacional.
TÍTULO II
16. (TJ-MG - Outorga de Delegações de Notas e de DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Registro – Provimento – CONSUPLAN/2017) São CAPÍTULO I
fundamentos da República Federativa do Brasil, EXCETO: DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
(A) O pluralismo político.
(B) A soberania. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
(C) A cidadania. qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
(D) A erradicação da pobreza e da marginalização e a estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
redução das desigualdades sociais e regionais. vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes:
17. (Prefeitura de Rio Branco – AC - Nutricionista – I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações,
IBADE/2017) O fundamento da República Federativa do nos termos desta Constituição;
Brasil decorrente do princípio do Estado Democrático de II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
Direito, que consiste na participação política do indivíduo nos alguma coisa senão em virtude de lei;
negócios do Estado e até mesmo em outras áreas de interesse III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento
público é: desumano ou degradante;
(A) cidadania. IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o
(B) soberania. anonimato;
(C) dignidade da pessoa humana. V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao
(D) pluralismo político. agravo, além da indenização por dano material, moral ou à
(E) os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença,
Respostas sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
01. E. / 02. C. / 03. E. / 04. C. / 05. Certo. garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a
06. A. / 07. E. / 08. A / 09. B / 10. C suas liturgias;
11. A / 12. B / 13. C / 14. A. / 15. D. VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
16. D. / 17. A. assistência religiosa nas entidades civis e militares de
internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se
as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e
recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística,
científica e de comunicação, independentemente de censura
ou licença;

Noções de Direito Constitucional 7


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APOSTILAS OPÇÃO

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a XXI - as entidades associativas, quando expressamente
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados
dano material ou moral decorrente de sua violação; judicial ou extrajudicialmente;
XXII - é garantido o direito de propriedade;
Súmula 403 do STJ: “Independe de prova do prejuízo a XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
indenização pela publicação não autorizada da imagem de XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para
pessoa com fins econômicos ou comerciais”. desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por
interesse social, mediante justa e prévia indenização em
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em Desde que sejam obedecidos alguns requisitos o
caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, proprietário poderá ter subtraída a coisa de sua
ou, durante o dia, por determinação judicial; propriedade. São eles:
- Necessidade pública;
Durante o dia Durante a noite - Utilidade pública;
- Interesse social;
Consentimento do morador Consentimento do morador
- Justa e prévia indenização; e
Caso de flagrante delito Caso de flagrante delito - Indenização em dinheiro.
Desastre ou prestar socorro Desastre ou prestar socorro XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade
Determinação judicial -- competente poderá usar de propriedade particular,
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver
dano;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei,
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
desde que trabalhada pela família, não será objeto de
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de
investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide Lei
financiar o seu desenvolvimento;
nº 9.296, de 1996).

Súmula 364-STJ: O conceito de impenhorabilidade de


A interceptação só pode ocorrer com ordem judicial,
bem de família abrange também o imóvel pertencente a
para fins de investigação criminal ou instrução processual
pessoas solteiras, separadas e viúvas.
penal, sob pena de constituir prova ilícita.

XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou Súmula 486-STJ: É impenhorável o único imóvel
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei residencial do devedor que esteja locado a terceiros, desde
estabelecer; que a renda obtida com a locação seja revertida para a
subsistência ou a moradia da sua família.
Um exemplo muito utilizado pela doutrina para explicar
esse inciso é o do Exame aplicado pela Ordem dos XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de
Advogados do Brasil aos bacharéis em Direito, para que utilização, publicação ou reprodução de suas obras,
estes obtenham habilitação para exercer a profissão de transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
advogados. Como é notório, a lei garante a liberdade de XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
trabalho, sendo, no entanto, que a lei posterior, ou seja, o a) a proteção às participações individuais em obras
Estatuto da OAB, prevê a realização do exame para que seja coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive
possível o exercício da profissão de advogado. nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e das obras que criarem ou de que participarem aos criadores,
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e
profissional; associativas;
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais
de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção
entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o
em locais abertos ao público, independentemente de interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico
autorização, desde que não frustrem outra reunião do País;
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas XXX - é garantido o direito de herança;
exigido prévio aviso à autoridade competente; XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou
vedada a de caráter paramilitar; dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de a lei pessoal do "de cujus";
cooperativas independem de autorização, sendo vedada a XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do
interferência estatal em seu funcionamento; consumidor;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão informações de seu interesse particular, ou de interesse
judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
permanecer associado; imprescindível à segurança da sociedade e do
Estado; (Regulamento) (Vide Lei nº 12.527, de 2011).

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XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos
pagamento de taxas: distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de do apenado;
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para física e moral;
defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse L - às presidiárias serão asseguradas condições para que
pessoal; possam permanecer com seus filhos durante o período de
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário amamentação;
lesão ou ameaça a direito; LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da
jurídico perfeito e a coisa julgada; naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
- Direito adquirido: Direito que o seu titular, ou alguém
por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do Antes da naturalização Depois da naturalização
exercício tenha termo prefixo ou condição preestabelecida
- prática de crime comum --
inalterável, a arbítrio de outrem;
- Ato jurídico perfeito: Ato já consumado segundo a lei -comprovado -comprovado
vigente ao tempo em que se efetuou; envolvimento em tráfico envolvimento em tráfico
- Coisa julgada: Decisão judicial de que não caiba mais ilícito de entorpecentes e ilícito de entorpecentes e
recurso. drogas afins drogas afins.

XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; LII - não será concedida extradição de estrangeiro por
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a crime político ou de opinião;
organização que lhe der a lei, assegurados: LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão
a) a plenitude de defesa; pela autoridade competente;
b) o sigilo das votações; LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens
c) a soberania dos veredictos; sem o devido processo legal;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo,
contra a vida; e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
pena sem prévia cominação legal;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
Súmula Vinculante 5 do STF: A falta de defesa técnica
por advogado no processo administrativo disciplinar não
A lei penal produz efeitos a partir de sua entrada em ofende a Constituição.
vigor, não se admitindo sua retroatividade maléfica. Não
pode retroagir, salvo se beneficiar o réu.
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
meios ilícitos;
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em
direitos e liberdades fundamentais; julgado de sentença penal condenatória;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
Até o trânsito em julgado da sentença penal
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis
condenatória, o acusado não pode ser considerado culpado.
de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de
Cabe à acusação provar a sua culpa. A prisão, antes da
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como
condenação definitiva, só é possível em casos de flagrante
crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
delito ou por ordem fundamentada do juiz (preventiva ou
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
temporária).
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação
de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
constitucional e o Estado Democrático; LVIII - o civilmente identificado não será submetido a
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;
podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos Atualmente, a Lei nº 12.037/2009, traz em seu artigo
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do 3º, as hipóteses em que o civilmente identificado deverá
patrimônio transferido; proceder à identificação criminal. São elas:
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, – o documento apresentar rasura ou tiver indício de
entre outras, as seguintes: falsificação;
a) privação ou restrição da liberdade; – o documento apresentado for insuficiente para
b) perda de bens; identificar cabalmente o indiciado;
c) multa; – o indiciado portar documentos de identidade
d) prestação social alternativa; distintos, com informações conflitantes entre si;
e) suspensão ou interdição de direitos; – a identificação criminal for essencial às investigações
XLVII - não haverá penas: policiais, segundo despacho da autoridade judiciária
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos competente, que decidirá de ofício ou mediante
do art. 84, XIX; representação da autoridade policial, do Ministério Público
b) de caráter perpétuo; ou da defesa;
c) de trabalhos forçados; – constar de registros policiais o uso de outros nomes
d) de banimento; ou diferentes qualificações;
e) cruéis; – o estado de conservação ou a distância temporal ou da
localidade da expedição do documento apresentado

Noções de Direito Constitucional 9


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impossibilite a completa identificação dos caracteres a) para assegurar o conhecimento de informações relativas
essenciais. à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de
dados de entidades governamentais ou de caráter público;
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-
pública, se esta não for intentada no prazo legal; lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio
social o exigirem; público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime custas judiciais e do ônus da sucumbência;
propriamente militar, definidos em lei; LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro
competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os na sentença;
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na
assistência da família e de advogado; forma da lei:
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis a) o registro civil de nascimento;
por sua prisão ou por seu interrogatório policial; b) a certidão de óbito;
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela LXXVII - são gratuitas as ações de "habeas-corpus" e
autoridade judiciária; "habeas-data", e, na forma da lei, os atos necessários ao
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, exercício da cidadania. (Regulamento).
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do assegurados a razoável duração do processo e os meios que
responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de garantam a celeridade de sua tramitação.
obrigação alimentícia e a do depositário infiel; § 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata.
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição
Súmula Vinculante Nº 25 do STF: "É ilícito a prisão
não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios
civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade
por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a
do depósito".
República Federativa do Brasil seja parte.
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos
LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou respectivos membros, serão equivalentes às emendas
abuso de poder; constitucionais.
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger
direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus"
Cabe ressaltar que este parágrafo somente abrange os
ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou
tratados e convenções internacionais sobre direitos
abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
humanos. Assim, os demais tratados serão recepcionados
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
pelo ordenamento jurídico brasileiro com o caráter de lei
ordinária.
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado
por:
a) partido político com representação no Congresso § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
Nacional; Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
b) organização sindical, entidade de classe ou associação
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um O Brasil se submete à jurisdição do TPI (Tribunal Penal
ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; Internacional), criado pelo Estatuto de Roma em 17 de
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a julho de 1998, o qual foi subscrito pelo Brasil e aprovado
falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos pelo Decreto Legislativo nº 112/2002, tendo sua vigência
direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas apartes desde ano. Trata-se de instituição permanente, com
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; jurisdição para julgar genocídio, crimes de guerra, contra a
humanidade e de agressão, e cuja sede se encontra em Haia,
Durante muitos anos não houve uma lei na Holanda. Os crimes de competência desse Tribunal são
regulamentando o procedimento do mandado de injunção, imprescritíveis, dado que atentam contra a humanidade
e por tal razão, aplicava-se, por analogia, as regras como um todo.
procedimentais do mandado de segurança.
Contudo, após longa espera foi editada a Lei nº Dos Direitos Sociais
13.300/2016, que disciplina o processo e o julgamento dos
mandados de injunção individual e coletivo. Segundo José Afonso da Silva, os direitos sociais “são
A grande consequência do mandado de injunção prestações positivas proporcionadas pelo Estado, direta ou
consiste na comunicação ao Poder Legislativo para que indiretamente, enunciadas em normas constitucionais, que
elabore a lei necessária ao exercício dos direitos e possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos,
liberdades constitucionais. direitos que tendem a realizar a igualização de situações
sociais desiguais. São, portanto, direitos que se ligam ao direito
LXXII - conceder-se-á "habeas-data": de igualdade”.
Os direitos sociais exigem a intermediação dos entes
estatais para sua concretização; consideram o homem para

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além de sua condição individualista, e guardam íntima relação o prazo de 120 (cento e vinte) para 180 (cento e oitenta)
com o cidadão e a sociedade, porquanto abrangem a pessoa dias. Contudo, não é obrigatória a adesão a este programa.
humana na perspectiva de que ela necessita de condições Assim, a prorrogação é uma faculdade para as empresas
mínimas de subsistência. privadas (que ao aderirem o programa recebem incentivos
fiscais) e para a Administração Pública direita, indireta e
CAPÍTULO II fundacional.
DOS DIREITOS SOCIAIS Cabe destacar, ainda, que esta lei foi recentemente
alterada pela lei nº 13.257/2016, sendo instituída a
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a possibilidade de prorrogação da licença-paternidade por
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a mais 15 (quinze) dias, além dos 5 (cinco) já assegurados
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à constitucionalmente as empresas que fazem parte do
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta programa. Porém, para isso, o empregado tem que requerer
Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº o benefício no prazo de 2 (dois) dias úteis após o parto e
90, de 2015) comprovar a participação em programa ou atividade de
orientação sobre paternidade responsável.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, incentivos específicos, nos termos da lei;
que preverá indenização compensatória, dentre outros XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo
direitos; no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio
involuntário; de normas de saúde, higiene e segurança;
III - fundo de garantia do tempo de serviço; XXIII - adicional de remuneração para as atividades
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às de XXIV - aposentadoria;
sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o
vestuário, higiene, transporte e previdência social, com nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-
reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, escolas;
sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade de trabalho;
do trabalho; XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do
convenção ou acordo coletivo; empregador, sem excluir a indenização a que este está
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
que percebem remuneração variável; XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os
integral ou no valor da aposentadoria; trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do a extinção do contrato de trabalho;
diurno; XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade,
sua retenção dolosa; cor ou estado civil;
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a
remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da salário e critérios de admissão do trabalhador portador de
empresa, conforme definido em lei; deficiência;
XII - salário-família pago em razão do dependente do XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual,
trabalhador de baixa renda nos termos da lei; técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos;
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a
compensação de horários e a redução da jornada, mediante menores de dezesseis anos, salvo na condição de
acordo ou convenção coletiva de trabalho; aprendiz, a partir de quatorze anos;
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com
turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso
coletiva; Parágrafo único. São assegurados à categoria dos
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV,
domingos; VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV,
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições
mínimo, em cinquenta por cento à do normal; (Vide Del estabelecidas em lei e observada a simplificação do
5.452, art. 59 § 1º). cumprimento das obrigações tributárias, principais e
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas
um terço a mais do que o salário normal; peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do XXVIII, bem como a sua integração à previdência
salário, com a duração de cento e vinte dias; social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 72, de
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; 2013).

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical,


Observação: A Lei nº 11.770/2008 instituiu o programa observado o seguinte:
empresa Cidadã, que permite que seja prorrogada a licença I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a
à gestante por mais 60 (sessenta) dias, ampliando, com isso fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão

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competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que
intervenção na organização sindical; de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, seu país (critério jus soli);
em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe
econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da
trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo República Federativa do Brasil (critério jus sanguinis);
ser inferior à área de um Município; c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses brasileira, desde que sejam registrados em repartição
coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões brasileira competente ou venham a residir na República
judiciais ou administrativas; Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de
IV - a Assembleia geral fixará a contribuição que, em se atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira (critério
tratando de categoria profissional, será descontada em folha, misto);
para custeio do sistema confederativo da representação
sindical respectiva, independentemente da contribuição II - naturalizados:
prevista em lei; a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado brasileira, exigidas aos originários de países de língua
a sindicato; portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas idoneidade moral;
negociações coletivas de trabalho; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos
nas organizações sindicais; ininterruptos e sem condenação penal, desde que
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a requeiram a nacionalidade brasileira.
partir do registro da candidatura a cargo de direção ou
representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um A nacionalidade apresenta-se de duas formas:
ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos a) Nacionalidade originária: Também denominada
termos da lei. nacionalidade primária ou involuntária, é a nacionalidade
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à dos natos, não dependendo de qualquer requerimento. É
organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, um direito subjetivo, potestativo, que nasce com a pessoa. É
atendidas as condições que a lei estabelecer. potestativo, pois depende exclusivamente de seu titular.
Somente a CF poderá estabelecer quem são os natos.
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos b) Nacionalidade secundária: Também denominada
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e nacionalidade adquirida ou voluntária, é a nacionalidade
sobre os interesses que devam por meio dele defender. dos naturalizados, sempre dependendo de um
§ 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e requerimento sujeito à apreciação. Em geral, não é um
disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da direito potestativo, visto não ser automático.
comunidade.
§ 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às
penas da lei. § 1º Aos portugueses com residência permanente no País,
se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos
empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus previstos nesta Constituição.
interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de § 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre
discussão e deliberação. brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos
nesta Constituição.
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é
assegurada a eleição de um representante destes com a § 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:
finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
com os empregadores. II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
Da nacionalidade IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
A nacionalidade é o vínculo jurídico de uma pessoa com VI - de oficial das Forças Armadas.
determinado Estado Soberano. Vínculo que gera direitos, VII - de Ministro de Estado da Defesa
porém, também acarreta deveres.
Cidadão é aquele que está no pleno gozo de seus direitos § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do
políticos. Geralmente, cidadão é o nacional, mas pode ocorrer brasileiro que:
de ser nacional e não ser cidadão (Exemplo: Um indivíduo I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial,
preso é nacional, mas não é cidadão, visto estarem suspensos em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
seus direitos políticos, em razão da prisão). II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
Povo é o elemento humano da nação, do país soberano. É o a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei
conjunto dos nacionais. População é conceito demográfico, estrangeira;
engloba nacionais e estrangeiros. Envolve todas as pessoas b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira,
que estão em um território num dado momento histórico. ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição
para permanência em seu território ou para o exercício de
CAPÍTULO III direitos civis;
DA NACIONALIDADE
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República
Art. 12. São brasileiros: Federativa do Brasil.
I - natos: § 1º - São símbolos da República Federativa do Brasil a
bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.

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§ 2º - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios pelo menos por 5 Estados, com não menos de três décimos
poderão ter símbolos próprios. por cento dos eleitores de cada um deles (art. 13, da Lei nº
9.709/98).
Dos Direitos políticos

Direitos políticos são os direitos do cidadão que permitem § 1º - O alistamento eleitoral e o voto são:
sua participação e influência nas atividades de governo.2 Para I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
Pimenta Bueno, citado por José Afonso da Silva3, os direitos II - facultativos para:
políticos são “as prerrogativas, atributos, faculdades ou a) os analfabetos;
poder de intervenção dos cidadãos ativos no governo de seu b) os maiores de setenta anos;
país, intervenção direta ou só indireta, mais ou menos c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
ampla, segundo a intensidade do gozo desses direitos.” § 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros
Para Gomes4, direitos políticos são “as prerrogativas e os e, durante o período do serviço militar obrigatório, os
deveres inerentes à cidadania. Englobam o direito de conscritos.
participar direta ou indiretamente do governo, da
organização e do funcionamento do Estado.” Conscritos: alistados, recrutados.
A Constituição Federal de 1988 dedica o capítulo IV do
título II, referente aos direitos e garantias fundamentais, aos § 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei:
direitos políticos.5 O tema direitos políticos compreende os I - a nacionalidade brasileira;
institutos do direito de sufrágio, sistemas eleitorais, privação II - o pleno exercício dos direitos políticos;
dos direitos políticos e inelegibilidades. III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
Sufrágio V - a filiação partidária;
Processo de seleção do corpo eleitoral. Pelo sufrágio VI - a idade mínima de:
determina-se quem pode, ou não, votar. No Brasil adota-se o a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da
sufrágio universal. República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de
Voto Estado e do Distrito Federal;
Meio pelo qual se manifesta uma vontade, num julgamento c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado
ou deliberação coletiva. Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
d) dezoito anos para Vereador.
Eleição
É a ação de eleger, escolher ou de ser escolhido por meio
da votação. Idade
Cargo
mínima
Democracia Direta e Indireta Presidente e Vice-Presidente da República e
A democracia direta pode ser vista como um tipo de 35
Senador
sistema onde os cidadãos discutem e votam diretamente as
principais questões de seu interesse. Governador e Vice-Governador de Estado e
30
A democracia indireta estabelece que a população utilize do Distrito Federal
do voto para a escolha dos representantes políticos mais Deputado Federal, Deputado Estadual ou
adequados aos seus interesses. Desse modo, os cidadãos 21
Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz
teriam os seus direitos assegurados por vereadores e
deputados que se comprometeriam a atender os anseios de 18 Vereador
seus eleitores.
§ 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
CAPÍTULO IV § 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado
DOS DIREITOS POLÍTICOS e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido,
ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio para um único período subsequente.
universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para § 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da
todos, e, nos termos da lei, mediante: República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e
I - plebiscito; os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até
II - referendo; seis meses antes do pleito.
III - iniciativa popular. § 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular,
o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo
Plebiscito: é convocado com anterioridade a ato grau ou por adoção, do Presidente da República, de
legislativo ou administrativo, cabendo ao povo, pelo voto, Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de
aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido. Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses
Referendo: é convocado com posterioridade a ato anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e
legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo a candidato à reeleição.
respectiva ratificação ou rejeição. § 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes
Iniciativa popular: consiste na apresentação de condições:
projeto de lei à Câmara dos Deputados, subscrito por, no I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-
mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído se da atividade;

2 http://www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/direitos-politicos-e-sufragio- 4 GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 8. ed. – São Paulo: Atlas, 2012. p. 4.
roteiros-eje. Acesso em 17/06/2015. 5 Artigos 14 a 16 da CF 88.
3 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 27. ed. São

Paulo: Malheiros Editores, 2006. p. 345.

Noções de Direito Constitucional 13


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II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para
pela autoridade superior e, se eleito, passará definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade. para adotar os critérios de escolha e o regime de suas
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou
a probidade administrativa, a moralidade para exercício de municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de
mandato considerada vida pregressa do candidato, e a disciplina e fidelidade partidária.
normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do § 2º - Os partidos políticos, após adquirirem personalidade
poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no
emprego na administração direta ou indireta. Tribunal Superior Eleitoral.
§ 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a § 3º - Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo
Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da
diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder lei.
econômico, corrupção ou fraude. § 4º - É vedada a utilização pelos partidos políticos de
§ 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em organização paramilitar.
segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se
temerária ou de manifesta má-fé. Questões

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja 01. (EBSERH - Advogado (HUGG-UNIRIO) – IBFC/2017)
perda ou suspensão só se dará nos casos de: Considere as normas da Constituição Federal sobre a
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada liberdade de associação profissional ou sindical e assinale a
em julgado; alternativa correta.
II - incapacidade civil absoluta; (A) A lei poderá exigir autorização do Estado para a
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto fundação de sindicato, bem como o registro no órgão
durarem seus efeitos; competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou intervenção na organização sindical
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; (B) É vedada a criação de mais de uma organização
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. sindical, em qualquer grau, representativa de categoria
profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados,
vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que não podendo ser inferior à área de um Município
ocorra até um ano da data de sua vigência. (C) Ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses
coletivos ou individuais da categoria, inclusive apenas em
Dos Partidos Políticos questões judiciais
(D) A assembleia geral fixará a contribuição que, em se
Os Partidos Políticos são associações constituídas para a tratando de categoria profissional, será descontada em folha,
participação da vida política de um país, para a formação da para custeio do sistema confederativo da representação
vontade nacional, com objetivos de propagação de ideias e de sindical respectiva, limitada até o máximo independentemente
conquista, total ou parcial do poder político. São peças da contribuição prevista em lei
fundamentais de um sistema político democrático, destinadas (E) É facultativa a participação dos sindicatos nas
“a assegurar, no interesse do regime democrático, a negociações coletivas de trabalho
autenticidade do sistema representativo e a defender os
direitos fundamentais definidos na Constituição Federal”. 02. (Câmara de Maria Helena – PR - Advogado –
Dentro desse contexto, compete aos partidos de situação, além FAUEL/2017) Acerca dos direitos e garantias fundamentais,
de propagar e implantar as ideias constantes do estatuto do assinale a alternativa correta:
partido, dar sustentação política ao governo no Parlamento, (A) A falta de defesa técnica por advogado no processo
aprovando seus projetos. Aos partidos de oposição, além da administrativo disciplinar ofende a Constituição.
propaganda de ideias e da luta pela conquista do poder (B) É inconstitucional a exigência de depósito ou
político, compete à fiscalização dos atos do governo, bem como arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade
a formulação de políticas alternativas. de recurso administrativo.
Deve existir uma identidade política do candidato com o (C) Só é lícita a prisão civil de depositário infiel quando se
partido pelo qual concorre às eleições populares. Pelo tratar de depositário nomeado pelo juízo.
princípio da fidelidade partidária, o parlamentar eleito deve (D) É constitucional a exigência de depósito prévio como
observar o programa ideológico do partido em que se requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se
inscreveu e as diretrizes dos órgãos de direção partidária. pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.

CAPÍTULO V 03. (TRE-SP - Técnico Judiciário – Área Administrativa


DOS PARTIDOS POLÍTICOS – FCC/2017) Seria incompatível com as normas
constitucionais garantidoras de direitos e garantias
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de fundamentais
partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o (A) o estabelecimento de restrições, por lei, à entrada ou
regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos permanência de pessoas com seus bens no território nacional.
fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes (B) a reunião pacífica, sem armas, em local aberto ao
preceitos: Regulamento. público, independentemente de autorização, mediante aviso
I - caráter nacional; prévio à autoridade competente.
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de (C) a suspensão das atividades de associação por decisão
entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes; judicial não transitada em julgado.
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; (D) a interceptação de comunicações telefônicas, para fins
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei. de investigação criminal, por determinação da autoridade
policial competente.

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(E) a entrada na casa, sem consentimento do morador, em (E) participação nos lucros e resultados; garantia de
caso de flagrante delito, durante a noite. salário, nunca inferior a oitenta por cento do mínimo nacional,
para quem tem remuneração variável; e seguro contra
04. (EBSERH - Advogado (HUGG-UNIRIO) – IBFC/2017) acidentes de trabalho, a cargo do empregador.
Considere as normas da Constituição Federal sobre direitos e
garantias fundamentais e assinale a alternativa INCORRETA. 08. (TRE-SP - Analista Judiciário - Área Administrativa
(A) São assegurados, nos termos da lei, o direito de – FCC/2017) À luz da Constituição da República, brasileiro
fiscalização do aproveitamento econômico das obras que naturalizado que, comprovadamente, esteja envolvido em
criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes tráfico ilícito de entorpecentes, na forma da lei,
e às respectivas representações associativas (A) não poderá ser extraditado, pois é expressamente
(B) São assegurados, nos termos da lei, a proteção às vedada a extradição de brasileiro.
participações individuais em obras coletivas e à reprodução da (B) somente poderá ser extraditado se ficar caracterizado
imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas crime político ou de opinião, casos em que a Constituição veda
(D) São assegurados, nos termos da lei, o direito de expressamente a extradição apenas de estrangeiro.
fiscalização do aproveitamento econômico das obras que (C) somente poderá ser extraditado se, antes, for cancelada
criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes a naturalização, por ato da autoridade administrativa
e às respectivas representações sindicais e associativas competente, em virtude de atividade nociva ao interesse
(D) São assegurados, nos termos da lei, a proteção às nacional.
participações individuais em obras coletivas, excluídas as (D) poderá ser extraditado, desde que haja condenação
atividades desportivas pelo cometimento de crime comum praticado anteriormente à
(E) São assegurados, nos termos da lei, o direito de naturalização.
fiscalização do aproveitamento econômico das obras que (E) poderá ser extraditado, ainda que o envolvimento com
criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes o tráfico ilícito de entorpecentes seja posterior à naturalização.
e às respectivas representações sindicais
09. (TRT - 11ª Região (AM e RR) - Analista Judiciário -
05. (SEDF - Professor – Direito – QUADRIX/2017) Área Administrativa – FCC/2017) Durval foi alvo de racismo
Julgue o próximo item com relação ao Direito Constitucional. em seu trabalho. Ao consultar a Constituição Federal,
A garantia constitucional quanto à impossibilidade de descobriu que a prática de racismo constitui crime
utilização, nos processos, de prova ilícita, mantém estreito (A) inafiançável, apenas, sujeito à pena de detenção, nos
vínculo com outros direitos e outras garantias também termos da lei.
constitucionais, como o direito à intimidade e à privacidade. (B) inafiançável, apenas, sujeito à pena de reclusão, nos
( ) Certo termos da lei.
( ) Errado (C) imprescritível, apenas, sujeito à pena de reclusão, nos
termos da lei.
06. (MPE-RS - Secretário de Diligências - MPE- (D) inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
RS/2017) De acordo com o tratamento constitucional detenção, nos termos da lei.
dispensado aos direitos políticos e à nacionalidade, assinale a (E) inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
alternativa INCORRETA. reclusão, nos termos da lei.
(A) O alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para
os maiores de dezoito anos. 10. (TRE-SP - Técnico Judiciário – Área Administrativa
(B) Os analfabetos são inalistáveis e inelegíveis. – FCC/2017) Os direitos ao décimo terceiro salário com base
(C) Não podem alistar-se como eleitores, os estrangeiros e, na remuneração integral ou no valor da aposentadoria, à
durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos. remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo,
(D) São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro de pai em cinquenta por cento à do normal e à redução dos riscos
brasileiro ou de mãe brasileira, desde que registrados em inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
repartição brasileira competente ou venham a residir na segurança, são todos assegurados, na Constituição Federal, aos
República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, (A) trabalhadores urbanos e rurais, mas não aos
depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. domésticos, nem aos servidores ocupantes de cargo público.
(E) São privativos de brasileiro nato os cargos de Ministro (B) trabalhadores urbanos e rurais, bem como aos
do Supremo Tribunal Federal e de Oficial das Forças Armadas. domésticos e aos servidores ocupantes de cargo público.
(C) trabalhadores urbanos e rurais, bem como aos
07. (EBSERH - Advogado (HUJB – UFCG) – INSTITUTO domésticos, mas não aos servidores ocupantes de cargo
AOCP/2017) São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, público.
nos moldes da Constituição Federal de 1988: (D) trabalhadores domésticos, mas não aos urbanos e
(A) piso salarial proporcional à extensão e à complexidade rurais, nem aos servidores ocupantes de cargo público.
do trabalho; remuneração do trabalho noturno em dobro à do (E) servidores ocupantes de cargo público, mas não aos
diurno e jornada de sete horas para turnos ininterruptos de trabalhadores urbanos e rurais, nem aos domésticos.
revezamento, ainda que sem negociação coletiva.
(B) décimo terceiro salário com base na remuneração 11. (TJM-SP - Escrevente Técnico Judiciário –
integral ou no valor da aposentadoria; salário-família pago em VUNESP/2017) Quanto ao habeas corpus, assinale a
razão do dependente do trabalhador de baixa renda e gozo de alternativa correta.
férias anuais remuneradas com no mínimo um terço a mais do (A) É gratuito.
que o salário normal. (B) É cabível em relação a qualquer punição disciplinar
(C) repouso semanal remunerado aos sábados e domingos; militar.
licença à gestante de no mínimo 180 dias e hora extraordinária (C) Concede-se para proteger direito líquido e certo.
de pelo menos cinquenta por cento da hora normal. (D) Assegura o conhecimento de informações pessoais.
(D) licença-paternidade; adicional de remuneração para (E) Exige sigilo processual.
atividades mais trabalhosas; e aviso prévio proporcional ao
tempo de serviço, sendo no mínimo trinta dias.

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12. (TRT - 24ª REGIÃO (MS) - Técnico Judiciário - Área Da União


Administrativa – FCC/2017) A Constituição Federal prevê, A União é autônoma em relação aos Estados, Distrito
expressamente, dentre os direitos sociais, que é direito dos Federal e Municípios, não se confundindo com a República
trabalhadores urbanos e rurais, a Federativa do Brasil (Estado Federal), uma vez que a integra.
(A) redução do salário proporcional a diminuição do Ademais, é a União pessoa jurídica de direito público
trabalho limitada em 10%. interno, possuindo competências administrativas e
(B) redução do salário proporcional a diminuição do legislativas determinadas constitucionalmente.
trabalho limitada em 30%.
(C) redução do salário proporcional a diminuição do Na repartição das competências materiais (matéria
trabalho limitada em 15%. administrativa) e legislativas (edição de leis), a Constituição
(D) irredutibilidade do salário, salvo o disposto em acordo brasileira optou por enumerar as atribuições da União (arts.
coletivo, sendo vedada a convenção coletiva estipular 21 e 22 da CF) e dos Municípios (art. 30) e reservar o restante,
qualquer tipo de redução salarial. as remanescentes, aos Estados (art. 25, §1º).
(E) irredutibilidade do salário, salvo o disposto em Assim, as competências dividem-se em dois grandes
convenção ou acordo coletivo. grupos: material e legislativa. Podem ser:
- Exclusiva: atribuída a uma entidade, com exclusão das
13. (UFPR - Técnico em Mecânica - NC-UFPR/2017) demais.
Assinale a alternativa que indica apenas direitos sociais na - Privativa: própria de uma entidade, com a possibilidade
Constituição Federal. de delegação ou suplementação.
(A) Educação, lazer e previdência social. - Comum, cumulativa ou paralela: comum a várias
(B) Trabalho, propriedade e inviolabilidade de domicílio. entidades, em pé de igualdade.
(C) Educação, moradia e acesso à jurisdição. - Concorrente: possibilidade de disposição sobre o
(D) Trabalho, liberdade de expressão e lazer. mesmo assunto ou matéria por mais de uma entidade, porém,
(E) Acesso à jurisdição, propriedade e saúde. com a primazia da União no que tange as normas gerais.
- Suplementar: decorre da competência concorrente,
14. (UNESP - Assistente Administrativo – consubstanciando o poder de formular normas que
VUNESP/2017) Nos termos do que dispõe a Constituição desdobrem o conteúdo de princípios ou normas gerais ou que
Federal a respeito dos direitos dos trabalhadores urbanos e supram a ausência ou omissão destas.
rurais, é correto afirmar que o menor de idade - Residual ou remanescente: É a competência
(A) pode trabalhar legalmente em qualquer tipo de serviço, remanescente, não abrangida por aquelas expressamente
a partir de dezesseis anos, incluído o trabalho noturno. atribuídas pela Constituição Federal.
(B) está proibido de exercer qualquer trabalho antes de
dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de doze Dos Estados Federados
anos. Os Estados têm governo próprio, desempenhando as
(C) está proibido de exercer qualquer trabalho antes de funções dos três poderes estatais — Executivo, Legislativo e
dezoito anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de Judiciário. A Constituição da República também lhes adjudica
dezesseis anos. bens próprios (art. 26). No âmbito da competência legislativa
(D) não pode exercer trabalho noturno, perigoso ou dos Estados, eles editam as normas e as executam com
insalubre antes de completar dezoito anos de idade. autonomia. Os governadores são as autoridades executivas
(E) é livre para exercer qualquer tipo de trabalho, diurno máximas e a Assembleia Legislativa é a sede do Poder
ou noturno, exceto insalubre ou perigoso, a partir de dezesseis Legislativo. A Constituição da República disciplina, com
anos de idade. alguma minúcia, tanto as eleições para ambos os poderes, o
seu funcionamento, bem como aspectos de remuneração dos
Respostas seus titulares (arts. 27 e 28 da CF/88).
01. B / 02. B / 03. D / 04. D / 05. Certo De acordo com o disposto no art. 25 da CF/88 os Estados-
06. B / 07. B / 08. E / 09. E / 10. B membros organizam-se e se regem pelas Constituições e leis
11. A / 12. E. / 13. A. / 14. D que adotarem, além dos princípios estabelecidos na CF/88. Os
Estados-membros possuem competência residual, vez que as
competências e atribuições da União encontram-se expressas
3 Organização político- na Constituição e a dos Municípios encontram-se associadas
aos interesses locais. Assim, a “residualidade” indica que não
administrativa. 3.1 União, havendo atribuição expressa da União ou não se tratando de
Estados, Distrito Federal, interesse local, a competência será dos Estados-membros. Os
Municípios e Territórios. Estados-membros são reconhecidos como entes federativos
autônomos.

Dos Municípios
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO (ARTS. 18 A 43).
O Município pode ser definido como pessoa jurídica de
direito público interno e autônoma nos termos e de acordo
A nossa Constituição Federal, em seu Título III
com as regras estabelecidas na CF/88.
regulamenta a organização do Estado Brasileiro. Falar em
Muito se questionou a respeito de serrem os Municípios
organização de um estado é falar de como ele está composto,
parte integrante ou não de nossa Federação, bem como sobre
como está dividido, quais os poderes, as atribuições e
a sua autonomia. A análise dos arts. 1º e 18, bem como de todo
competências de cada entidade que o compõe, é falar o que é
o capítulo reservado aos Municípios, leva-nos ao único
proibido a cada poder e os relacionamentos que devem ter um
entendimento de que eles são entes federativos, dotados de
para com os outros.
autonomia própria, materializada por sua capacidade de auto-
Nossa organização político-administrativa compreende a
organização (art. 29, caput, da CF), autogoverno (elege,
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. A
diretamente, o Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores, conforme
Constituição admite a criação de Territórios Federais, que, se
incisos do art. 29 da CF), autoadministração e auto legislação
criados, integrarão a União, podendo ser transformados em
(art. 30 da CF). Ainda mais diante do art. 34, VII, “c”, que
Estados ou reintegrados ao Estado de origem.

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estabelece a intervenção federal na hipótese de o Estado não CAPÍTULO II


respeitar a autonomia municipal. DA UNIÃO

Distrito Federal Art. 20. São bens da União:


Nos termos do que dispõe a Constituição Federal de 1988, I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser
o Distrito Federal não é mais Capital Federal, pois, de acordo atribuídos;
com o art. 18, §1º, a Capital Federal é Brasília, que se situa II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras,
dentro do território do Distrito Federal. Aliás, nos termos do das fortificações e construções militares, das vias federais de
art. 6º da Lei Orgânica do DF, Brasília, além de Capital da comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;
República Federativa do Brasil, é a sede do governo do Distrito III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos
Federal. de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de
Após a promulgação da Constituição de 1988, o Distrito limites com outros países, ou se estendam a território
Federal passou a gozar da mais ampla autonomia, estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos
autogovernando-se através de leis e autoridades próprias; marginais e as praias fluviais;
possui capacidade de auto-organização, autogoverno, IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com
autoadministração e auto legislação. outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as
costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de
Dos Territórios Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a
O Território não é ente da federação, mas sim integrante unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; (Redação
da União. Trata-se de mera descentralização administrativo- dada pela Emenda Constitucional nº 46, de 2005)
territorial da União. Embora tenha personalidade jurídica não V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona
tem autonomia política. econômica exclusiva;
A partir de 1988, não existem mais territórios no Brasil. VI - o mar territorial;
Antigamente, eram territórios: Roraima, Amapá e Fernando de VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
Noronha (art. 15 dos ADCT). VIII - os potenciais de energia hidráulica;
A Formação de Territórios Federais dar-se-á por meio de IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
lei complementar, sendo esta responsável em regulamentar X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios
sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao arqueológicos e pré-históricos;
Estado de origem (art. 18, §2º da CF). XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito
Veja os dispositivos acerca do assunto: Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração
direta da União, participação no resultado da exploração de
TÍTULO III petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de
Da Organização do Estado geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no
CAPÍTULO I respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa
exploração.
Art. 18. A organização político-administrativa da República § 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura,
Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de
Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta fronteira, é considerada fundamental para defesa do território
Constituição. nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.
§ 1º Brasília é a Capital Federal.
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, Art. 21. Compete à União:
transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de
serão reguladas em lei complementar. organizações internacionais;
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se II - declarar a guerra e celebrar a paz;
ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem III - assegurar a defesa nacional;
novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que
população diretamente interessada, através de plebiscito, e do forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele
Congresso Nacional, por lei complementar. permaneçam temporariamente;
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a
de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período intervenção federal;
determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de
consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos material bélico;
Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de VII - emitir moeda;
Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as
lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 15, de 1996) operações de natureza financeira, especialmente as de crédito,
câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e previdência privada;
aos Municípios: IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, ordenação do território e de desenvolvimento econômico e
embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus social;
representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
na forma da lei, a colaboração de interesse público; XI - explorar, diretamente ou mediante autorização,
II - recusar fé aos documentos públicos; concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a
si. criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95:)
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização,
concessão ou permissão:

Noções de Direito Constitucional 17


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a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; V - serviço postal;


(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95:) VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o metais;
aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de
com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos; valores;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura VIII - comércio exterior e interestadual;
aeroportuária; IX - diretrizes da política nacional de transportes;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima,
portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os aérea e aeroespacial;
limites de Estado ou Território; XI - trânsito e transporte;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
internacional de passageiros; XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; XIV - populações indígenas;
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão
Público do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria de estrangeiros;
Pública dos Territórios; (Redação dada pela Emenda XVI - organização do sistema nacional de emprego e
Constitucional nº 69, de 2012) condições para o exercício de profissões;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o XVII - organização judiciária, do Ministério Público do
corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos
prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a Territórios, bem como organização administrativa destes;
execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012)
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Produção de efeito)
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia
geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional; nacionais;
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da
diversões públicas e de programas de rádio e televisão; poupança popular;
XVII - conceder anistia; XX - sistemas de consórcios e sorteios;
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico,
calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações; garantias, convocação e mobilização das polícias militares e
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de corpos de bombeiros militares;
recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu XXII - competência da polícia federal e das polícias
uso; rodoviária e ferroviária federais;
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, XXIII - seguridade social;
inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos; XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema XXV - registros públicos;
nacional de viação; XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
XXII - executar os serviços de polícia marítima, XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas
aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda as modalidades, para as administrações públicas diretas,
Constitucional nº 19, de 1998) autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as
qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos
a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização do art. 173, § 1°, III; (Redação dada pela Emenda Constitucional
e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos nº 19, de 1998)
os seguintes princípios e condições: XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa
a) toda atividade nuclear em território nacional somente marítima, defesa civil e mobilização nacional;
será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do XXIX - propaganda comercial.
Congresso Nacional; Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os
b) sob regime de permissão, são autorizadas a Estados a legislar sobre questões específicas das matérias
comercialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa relacionadas neste artigo.
e usos médicos, agrícolas e industriais; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 49, de 2006) Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, Distrito Federal e dos Municípios:
comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das
igual ou inferior a duas horas; (Redação dada pela Emenda instituições democráticas e conservar o patrimônio público;
Constitucional nº 49, de 2006) II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da garantia das pessoas portadoras de deficiência;
existência de culpa; (Redação dada pela Emenda Constitucional III - proteger os documentos, as obras e outros bens de
nº 49, de 2006) valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho; paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de
atividade de garimpagem, em forma associativa. obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou
cultural;
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; (Redação dada
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
II - desapropriação; VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em
III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo qualquer de suas formas;
e em tempo de guerra; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o
radiodifusão; abastecimento alimentar;

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IX - promover programas de construção de moradias e a microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios


melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico; limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a
X - combater as causas da pobreza e os fatores de execução de funções públicas de interesse comum.
marginalização, promovendo a integração social dos setores
desfavorecidos; Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,
direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da
em seus territórios; lei, as decorrentes de obras da União;
XII - estabelecer e implantar política de educação para a II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no
segurança do trânsito. seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União,
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para Municípios ou terceiros;
a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da
bem-estar em âmbito nacional. (Redação dada pela Emenda União.
Constitucional nº 53, de 2006)
Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Legislativa
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara
legislar concorrentemente sobre: dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima
urbanístico; de doze.
II - orçamento; § 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados
III - juntas comerciais; Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre
IV - custas dos serviços forenses; sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração,
V - produção e consumo; perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, Forças Armadas.
defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio § 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei
ambiente e controle da poluição; de iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão de, no máximo,
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, setenta e cinco por cento daquele estabelecido, em espécie, para
turístico e paisagístico; os Deputados Federais, observado o que dispõem os arts. 39, §
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao 4º, 57, § 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. (Redação dada pela
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
histórico, turístico e paisagístico; § 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre seu
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, regimento interno, polícia e serviços administrativos de sua
pesquisa, desenvolvimento e inovação; (Redação dada pela secretaria, e prover os respectivos cargos.
Emenda Constitucional nº 85, de 2015) § 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo
X - criação, funcionamento e processo do juizado de legislativo estadual.
pequenas causas;
XI - procedimentos em matéria processual; Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; Estado, para mandato de quatro anos, realizar-se-á no primeiro
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do
deficiência; término do mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá em
XV - proteção à infância e à juventude; primeiro de janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias mais, o disposto no art. 77. (Redação dada pela Emenda
civis. Constitucional nº 16, de1997)
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da § 1º Perderá o mandato o Governador que assumir outro
União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. cargo ou função na administração pública direta ou indireta,
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas ressalvada a posse em virtude de concurso público e observado
gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. o disposto no art. 38, I, IV e V. (Renumerado do parágrafo único,
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas § 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e dos
peculiaridades. Secretários de Estado serão fixados por lei de iniciativa da
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais Assembleia Legislativa, observado o que dispõem os arts. 37, XI,
suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
CAPÍTULO III
DOS ESTADOS FEDERADOS CAPÍTULO IV
Dos Municípios
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas
Constituições e leis que adotarem, observados os princípios Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em
desta Constituição. dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a
lhes sejam vedadas por esta Constituição. promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes
concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, preceitos:
vedada a edição de medida provisória para a sua I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores,
regulamentação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº para mandato de quatro anos, mediante pleito direto e
5, de 1995) simultâneo realizado em todo o País;
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no
instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e primeiro domingo de outubro do ano anterior ao término do

Noções de Direito Constitucional 19


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mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais
no caso de Municípios com mais de duzentos mil eleitores; de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes e de até
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de1997) 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes;
III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
do ano subsequente ao da eleição; r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais
IV - para a composição das Câmaras Municipais, será de 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes e de
observado o limite máximo de: (Redação dada pela Emenda até 3.000.000 (três milhões) de habitantes; (Incluída pela
Constitucional nº 58, de 2009) Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000 (quinze s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais
mil) habitantes; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº de 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até 4.000.000
58, de 2009) (quatro milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda
b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de 15.000 Constitucional nº 58, de 2009)
(quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil) habitantes; t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de mais
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009) de 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de até 5.000.000
c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de 30.000 (cinco milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda
(trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta mil) Constitucional nº 58, de 2009)
habitantes; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 58, u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais
de 2009) de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de até 6.000.000
d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de 50.000 (seis milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda
(cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oitenta mil) Constitucional nº 58, de 2009)
habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais
2009) de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até 7.000.000
e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de (sete milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda
80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento e vinte Constitucional nº 58, de 2009)
mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais
2009) de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até 8.000.000
f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de (oito milhões) de habitantes; e (Incluída pela Emenda
120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000 (cento Constitucional nº 58, de 2009)
sessenta mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais
nº 58, de 2009) de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; (Incluída pela
g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até 300.000 V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários
(trezentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda Municipais fixados por lei de iniciativa da Câmara Municipal,
Constitucional nº 58, de 2009) observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III,
h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais de e 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda constitucional nº 19,
300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000 de 1998)
(quatrocentos e cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas
Emenda Constitucional nº 58, de 2009) Câmaras Municipais em cada legislatura para a subsequente,
i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de observado o que dispõe esta Constituição, observados os
450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e de até critérios estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes
600.000 (seiscentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda limites máximos: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
Constitucional nº 58, de 2009) 25, de 2000)
j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio
600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000 (setecentos máximo dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do
cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela Emenda subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 58, de 2009) Constitucional nº 25, de 2000)
k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habitantes,
750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e de até o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a trinta por
900.000 (novecentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído pela
Constitucional nº 58, de 2009) Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil
900.000 (novecentos mil) habitantes e de até 1.050.000 (um habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a
milhão e cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela Emenda quarenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
Constitucional nº 58, de 2009) (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes,
1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e de até o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a cinquenta
1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes; (Incluída pela por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 58, de 2009) Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil
1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes e de até habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a
1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes; sessenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
(Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009) (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de 1.350.000 f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o
(um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes e de até subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e
1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes; (Incluída cinco por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009) pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de VII - o total da despesa com a remuneração dos Vereadores
1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes e de até não poderá ultrapassar o montante de cinco por cento da
1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes; (Incluída receita do Município; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 1,
pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009) de 1992)

Noções de Direito Constitucional 20


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VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei
palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Orçamentária. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de
Município; (Renumerado do inciso VI, pela Emenda 2000)
Constitucional nº 1, de 1992) § 3º Constitui crime de responsabilidade do Presidente da
IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da Câmara Municipal o desrespeito ao § 1o deste artigo. (Incluído
vereança, similares, no que couber, ao disposto nesta pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
Constituição para os membros do Congresso Nacional e na
Constituição do respectivo Estado para os membros da Art. 30. Compete aos Municípios:
Assembleia Legislativa; (Renumerado do inciso VII, pela Emenda I - legislar sobre assuntos de interesse local;
Constitucional nº 1, de 1992) II - suplementar a legislação federal e a estadual no que
X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça; couber;
(Renumerado do inciso VIII, pela Emenda Constitucional nº 1, de III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência,
1992) bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade
XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras da de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em
Câmara Municipal; (Renumerado do inciso IX, pela Emenda lei;
Constitucional nº 1, de 1992) IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a
XII - cooperação das associações representativas no legislação estadual;
planejamento municipal; (Renumerado do inciso X, pela V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de
Emenda Constitucional nº 1, de 1992) concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local,
XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
específico do Município, da cidade ou de bairros, através de VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União
manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado; e do Estado, programas de educação infantil e de ensino
(Renumerado do inciso XI, pela Emenda Constitucional nº 1, de fundamental; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53,
1992) de 2006)
XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União
parágrafo único. (Renumerado do inciso XII, pela Emenda e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;
Constitucional nº 1, de 1992) VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento
territorial, mediante planejamento e controle do uso, do
Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo parcelamento e da ocupação do solo urbano;
Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos os IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural
gastos com inativos, não poderá ultrapassar os seguintes local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e
percentuais, relativos ao somatório da receita tributária e das estadual.
transferências previstas no § 5º do art. 153 e nos arts. 158 e 159,
efetivamente realizado no exercício anterior: (Incluído pela Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder
Emenda Constitucional nº 25, de 2000) Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos
I - 7% (sete por cento) para Municípios com população de sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na
até 100.000 (cem mil) habitantes; (Redação dada pela Emenda forma da lei.
Constituição Constitucional nº 58, de 2009) § 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido
II - 6% (seis por cento) para Municípios com população entre com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do
100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil) habitantes; Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos
(Redação dada pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, Municípios, onde houver.
de 2009) § 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre
III - 5% (cinco por cento) para Municípios com população as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de
entre 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 (quinhentos mil) prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara
habitantes; (Redação dada pela Emenda Constituição Municipal.
Constitucional nº 58, de 2009) § 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias,
IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) para anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame
Municípios com população entre 500.001 (quinhentos mil e um) e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos
e 3.000.000 (três milhões) de habitantes; (Redação dada pela termos da lei.
Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009) § 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos
V - 4% (quatro por cento) para Municípios com população de Contas Municipais.
entre 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000 (oito milhões)
de habitantes; (Incluído pela Emenda Constituição CAPÍTULO V
Constitucional nº 58, de 2009) DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para Seção I
Municípios com população acima de 8.000.001 (oito milhões e DO DISTRITO FEDERAL
um) habitantes. (Incluído pela Emenda Constituição
Constitucional nº 58, de 2009) Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em
§ 1º A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por Municípios, reger- se-á por lei orgânica, votada em dois turnos
cento de sua receita com folha de pagamento, incluído o gasto com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços
com o subsídio de seus Vereadores. (Incluído pela Emenda da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os
Constitucional nº 25, de 2000) princípios estabelecidos nesta Constituição.
§ 2º Constitui crime de responsabilidade do Prefeito § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências
Municipal: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000) legislativas reservadas aos Estados e Municípios.
I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste § 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador,
artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000) observadas as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais
II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou coincidirá com a dos Governadores e Deputados Estaduais, para
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000) mandato de igual duração.
§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-
se o disposto no art. 27.

Noções de Direito Constitucional 21


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§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do (A) Confere gratuidade de estacionamento em
Distrito Federal, das polícias civil e militar e do corpo de estabelecimento privado (shopping centers, hipermercados,
bombeiros militar. instituições de ensino, rodoviárias e aeroportos).
(B) Fixa um limite máximo de 20% do valor do automóvel
Seção II em relação às multas impostas pelo Detran Estadual dentro do
DOS TERRITÓRIOS território do Município.
(C) Autoriza o uso, pela Guarda Municipal, de armas de
Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e fogo apreendidas dentro do território do Município.
judiciária dos Territórios. (D) Proíbe revista íntima em empregados de
§ 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos estabelecimentos situados no respectivo território do
quais se aplicará, no que couber, o disposto no Capítulo IV deste Município.
Título. (E) Determina a instalação de cadeiras de espera,
§ 2º As contas do Governo do Território serão submetidas ao bebedouros e equipamentos de segurança em agências de
Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal de Contas Bancos dentro do território municipal.
da União.
§ 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil 04. (EBSERH - Advogado (HUPEST-UFSC) – IBFC/2016)
habitantes, além do Governador nomeado na forma desta A Constituição Federal especifica a competência legislativa de
Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira e segunda cada ente da Federação. Analise as alternativas abaixo e
instância, membros do Ministério Público e defensores públicos selecione a que NÃO apresenta uma das competências
federais; a lei disporá sobre as eleições para a Câmara privativas da União.
Territorial e sua competência deliberativa. (A) Diretrizes da política nacional de transportes
(B) Normas gerais de organização, efetivos, material
Questões bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias
militares e corpos de bombeiros militares
01. (PC-GO - Delegado de Polícia Substituto – (C) Educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia,
CESPE/2017) A respeito dos estados-membros da Federação pesquisa, desenvolvimento e inovação
brasileira, assinale a opção correta. (D) Águas, energia, informática, telecomunicações e
(A) Denomina-se cisão o processo em que dois ou mais radiodifusão
estados se unem geograficamente, formando um terceiro e (E) Política de crédito, câmbio, seguros e transferência de
novo estado, distinto dos estados anteriores, que perdem a valores
personalidade originária.
(B) Para o STF, a consulta a ser feita em caso de 05. (Câmara de Bandeirantes - SC - Auxiliar Legislativo
desmembramento de estado-membro deve envolver a – ALTERNATIVE CONCURSOS/2016) Sobre a Organização
população de todo o estado-membro e não só a do território a Político-Administrativa dos Municípios, analise as alternativas
ser desmembrado. e indique a INCORRETA:
(C) A CF dá ao estado-membro competência para instituir (A) A eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos
regiões metropolitanas e microrregiões, mas não Vereadores, terá mandato de quatro anos, mediante pleito
aglomerações urbanas: a competência de instituição destas é direto e simultâneo realizado em todo o País.
dos municípios. (B) O subsídio dos Vereadores será fixado pelas
(D) Conforme a CF, a incorporação, a subdivisão, o respectivas Câmaras Municipais em cada legislatura para a
desmembramento ou a formação de novos estados dependerá subsequente, observado o que dispõe esta Constituição,
de referendo. Assim, o referendo é condição prévia, essencial observados os critérios estabelecidos na respectiva Lei
ou prejudicial à fase seguinte: a propositura de lei Orgânica.
complementar. (C) A fiscalização do Município será exercida pelo Poder
(E) Segundo o STF, os mecanismos de freios e contrapesos Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos
previstos em constituição estadual não precisam guardar sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal.
estreita similaridade com aqueles previstos na CF. (D) O controle externo da Câmara Municipal será exercido
com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do
02. (Prefeitura de Mogi das Cruzes – SP - Procurador Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos
Jurídico - VUNESP/2016) Para a criação, incorporação, fusão Municípios, onde houver.
e desmembramento de Municípios, a Constituição Federal (E) As contas dos Municípios poderão ficar, durante
exige a presença dos seguintes requisitos: noventa dias, semestralmente, à disposição de qualquer
(A) lei ordinária federal, estudo de viabilidade municipal, contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá
plebiscito e lei complementar estadual. questionar-lhes a legitimidade.
(B) lei complementar federal, estudo de viabilidade
estadual, plebiscito e lei estadual. 06. (Câmara de Bandeirantes - SC - Auxiliar Legislativo
(C) lei complementar federal, estudo de viabilidade – ALTERNATIVE CONCURSOS/2016) De acordo com a
municipal, plebiscito e lei estadual. Constituição Federal compete privativamente à União legislar
(D) lei federal nacional, estudo de viabilidade municipal, lei sobre, EXCETO:
estadual e referendo. (A) Águas, energia, informática, telecomunicações e
(E) lei complementar federal, estudo de viabilidade radiodifusão.
municipal, referendo e lei estadual. (B) Sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos
metais.
03. (Prefeitura de Mogi das Cruzes – SP - Procurador (C) Política de crédito, câmbio, seguros e transferência de
Jurídico _ VUNESP/2016) Considerando a repartição de valores.
competências estabelecida pela Constituição Federal, (D) Direito civil, comercial, penal, processual, exceto o
devidamente ratificada pelo entendimento do Supremo eleitoral, o agrário, o marítimo, o aeronáutico, que são regidos
Tribunal Federal, assinale a alternativa que consagra uma pelo Exército e o do trabalho que é de competência do Estado.
hipótese de legislação que decorre da competência (E) Sistemas de poupança, captação e garantia da
constitucional legislativa pertencente ao Município. poupança popular.

Noções de Direito Constitucional 22


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APOSTILAS OPÇÃO

07. (PGE-MT - Analista – Bacharel em Direito – (A) privativa da União.


FCC/2016) Considere as matérias: (B) em que a União deve limitar-se a estabelecer normas
I. Legislação sobre trânsito. gerais.
II. Preservação das florestas. (C) comum entre União, Estados e Distrito Federal.
III. Fomento da produção agropecuária. (D) comum entre União, Estados, Distrito Federal e
IV. Legislação sobre juntas comerciais. Municípios.
V. Legislação sobre direito urbanístico. (E) concorrente entre Estados, Distrito Federal e
Municípios.
Segundo a Constituição Federal, a competência da União,
Estados e Municípios relativa a essas matérias é Respostas
(A) privativa nos itens II e III e concorrente nos itens I e IV. 01. B. / 02. C. / 03. E. / 04. C. / 05. E.
(B) comum nos itens IV e V e concorrente nos itens I e III. 06. D. / 07. E. / 08. D. / 09. E. / 10. E.
(C) concorrente nos itens I e III e privativa nos itens II e V. 11. B.
(D) concorrente nos itens I e V e comum nos itens II e III
(E) comum nos itens II e III e concorrente nos itens IV e V.
4 Administração Pública.
08. (SEJUS-PI - Agente Penitenciário – NUCEPE/2017)
Assinale a alternativa que indica matéria estranha ao elenco 4.1 Disposições gerais,
constitucional de competência legislativa privativa da União: servidores públicos.
(A) Desapropriação.
(B) Serviço postal.
(C) Populações indígenas.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
(D) Proteção à infância e à juventude.
(E) Comércio exterior e interestadual.
Podemos considerar administração pública como a
atividade desenvolvida pelo Estado ou seus delegados, sob o
09. (SEJUS-PI - Agente Penitenciário – NUCEPE/2017)
regime de direito público, com fim de atendimento de modo
Assinale a alternativa CORRETA sobre a disciplina
direto e imediato as necessidades concretas da coletividade.
constitucional da União.
Conforme previsão constitucional, a administração pública
(A) Cabe à União explorar, desde que diretamente, os
direta e indireta ou fundacional, de qualquer dos poderes da
serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, admitida a
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
edição de medida provisória para a sua regulamentação.
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
(B) Cabe à União, mediante lei ordinária, instituir regiões
moralidade, publicidade e eficiência.
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões,
Podem ser listadas como características: a pratica de atos
constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para
tão somente de execução – estes atos são denominados atos
integrar a organização, o planejamento e a execução de
administrativos; quem pratica estes atos são os órgãos e seus
funções públicas de interesse comum.
agentes, que são sempre públicos; o exercício de atividade
(C) Entre os bens de propriedade da União estão as ilhas
politicamente neutra; sua atividade é vinculada à Lei e não à
lacustres, as ilhas fluviais, as terras devolutas e os potenciais
Política; conduta hierarquizada; dever de obediência -
de energia hidráulica.
escalona os poderes administrativos do mais alto escalão até a
(D) A previsão de competência legislativa privativa para a
mais humilde das funções; prática de atos com
União exclui, naturalmente, a possibilidade de criação de lei
responsabilidade técnica e legal; busca a perfeição técnica de
para autorizar os Estados a legislar sobre questões atinentes a
seus atos, que devem ser tecnicamente perfeitos e segundo os
tais matérias.
preceitos legais; caráter instrumental – a Administração
(E) Compete à União explorar, diretamente, ou mediante
Pública é um instrumento para o Estado conseguir seus
autorização, concessão ou permissão, os serviços de
objetivos. A Administração serve ao Estado; competência
transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e
limitada – o poder de decisão e de comando de cada área da
fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado
Administração Pública é delimitada pela área de atuação de
ou Território.
cada órgão.
10. (TRE-PE - Analista Judiciário - CESPE/2017) A
Disposições gerais
respeito das competências dos entes federados, assinale a
opção correta.
Administração pública é o conjunto de órgãos, serviços e
(A) Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os estados
agentes do Estado que procuram satisfazer as necessidades da
exercerão a competência legislativa residual para atender às
sociedade, tais como educação, cultura, segurança, saúde, etc.
suas peculiaridades.
Em outras palavras, administração pública é a gestão dos
(B) A eficácia de lei estadual vigente não será suspensa na
interesses públicos por meio da prestação de serviços
hipótese de superveniência de lei federal sobre normas gerais,
públicos, sendo dividida em administração direta e indireta.
mesmo que a lei federal traga disposições contrárias à lei
A Administração Pública direta se constitui dos serviços
estadual.
prestados da estrutura administrativa da União, Estados,
(C) Compete privativamente à União zelar pela guarda da
Distrito Federal e Municípios. Já a Administração Pública
CF, das leis e das instituições democráticas.
indireta compreende os serviços prestados pelas autarquias,
(D) A competência da União para legislar sobre normas
fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas
gerais afasta a competência suplementar dos estados.
públicas. A Administração Pública direta e indireta de
(E) No âmbito da legislação concorrente, a competência da
qualquer dos poderes obedecerá aos princípios
União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
constitucionais da legalidade, da impessoalidade, da
moralidade, da publicidade e da eficiência.
11. (CRBio - 1º Região - Analista – Advogado –
Podemos definir a Administração Pública como a atividade
VUNESP/2017) Conforme as regras de repartição de
mediante a qual as autoridades públicas tomam providências
competências legislativas constitucionais, matéria sobre
para a satisfação das necessidades de interesse público,
direito econômico e urbanístico é competência
utilizando, quando necessário, as prerrogativas do Poder

Noções de Direito Constitucional 23


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APOSTILAS OPÇÃO

Público, para alcançar os fins que não sejam os próprios à determinar a proibição de venda de bebida alcoólica a partir
legislação ou à distribuição da justiça. de determinada hora da noite com o objetivo de diminuir a
Sobre Administração Pública, o professor José Afonso da violência.
Silva assim explica: “...É o conjunto de meios institucionais, Diante de inúmeros abusos, ilegalidades e arbitrariedades
material, financeiro e humano preordenado à execução das cometidas em nome do aludido princípio, já existem vozes na
decisões políticas. Essa é uma noção simples de Administração doutrina proclamando a necessidade de se por fim a este,
Pública que destaca, em primeiro lugar, que é subordinada ao através da Teoria da Desconstrução do Princípio da
Poder político; em segundo lugar, que é meio e, portanto, algo Supremacia. Na verdade, esvaziar tal princípio não resolverá
de que se serve para atingir fins definidos e, em terceiro lugar, o problema da falta de probidade de nossos homens públicos.
denota os dois aspectos: um conjunto de órgãos a serviço do Como afirma a maioria da doutrina, o princípio da Supremacia
Poder político e as operações, as atividades administrativas” do Interesse Público é essencial, sendo um dos pilares da
(in Curso de Direito Constitucional Positivo). Administração, devendo ser aplicado de forma correta e
Por sua vez, a Lei nº 9.784/99, que regula o processo efetiva. Se há desvio na sua aplicação, o Poder Judiciário deve
administrativo no âmbito federal, mas irradia sua força ser provocado para corrigi-lo.
normativa para os demais entes da federação, traz uma série
de princípios administrativos no seu art. 2º, senão vejamos: Princípio da indisponibilidade do interesse público
Art. 2º “A Administração Pública obedecerá, dentre outros,
aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, Este princípio é o segundo pilar do regime jurídico-
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla administrativo, funcionando como contrapeso ao princípio da
defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público Supremacia do Interesse Público.
e eficiência”. Ao mesmo tempo em que a Administração tem
prerrogativas e poderes exorbitantes para atingir seus fins
Princípio da supremacia do interesse público determinados em lei, ela sofre restrições, limitações que não
existe para o particular. Essas limitações decorrem do fato de
Este princípio consiste na sobreposição do interesse que a Administração Pública não é proprietária da coisa
público em face do interesse particular. Havendo conflito entre pública, não é proprietária do interesse público, mas sim, mera
o interesse público e o interesse particular, aquele gestora de bens e interesses alheios que pertencem ao povo.
prevalecerá. Em decorrência deste princípio, a Administração somente
Podemos conceituar interesse público como o somatório pode atuar pautada em lei. A Administração somente poderá
dos interesses individuais desde que represente o interesse agir quando houver lei autorizando ou determinando a sua
majoritário, ou seja, a vontade da maioria da sociedade. atuação. A atuação da Administração deve, então, atender o
O interesse público primário é o interesse direto do povo, estabelecido em lei, único instrumento capaz de retratar o que
é o interesse da coletividade como um todo. Já o interesse seja interesse público. Assim, o princípio da Indisponibilidade
público secundário é o interesse direto do estado como pessoa do Interesse Público tem estreita relação com o princípio da
jurídica, titular de direitos e obrigações, em suma, é vontade Legalidade, sendo que alguns autores utilizam essas
do estado. Assim, a vontade do povo (interesse público expressões como sinônimas.
primário) e a vontade do estado (interesse público Este princípio também se encontra implícito em nosso
secundário) não se confundem. ordenamento, surgindo sempre que estiver em jogo o
O interesse público secundário só será legítimo se não interesse público. Exemplos da utilização deste princípio na
contrariar nenhum interesse público primário. E, ao menos prática:
indiretamente, possibilite a concretização da realização de - os bens públicos não são alienados como os particulares,
interesse público primário. Daremos um exemplo para que havendo uma série de restrições a sua venda.
você compreenda perfeitamente esta distinção. - em regra, a Administração não pode contratar sem prévia
Este princípio é um dos dois pilares do denominado regime licitação, por estar em jogo o interesse público.
jurídico-administrativo, fundamentando a existência das - necessidade de realização de concurso público para
prerrogativas e dos poderes especiais conferidos à admissão de cargo permanente.
administração pública para que esta esteja apta a atingir os É importante frisar a Administração Pública deverá se
fins que lhe são impostos pela constituição e pelas leis. pautar nos cinco princípios estabelecidos pelo “caput” do
O ordenamento jurídico determina que o estado- artigo 37 da Constituição da República Federativa do Brasil de
administração atinja uma gama de objetivos e fins e lhe 1988. Os princípios são os seguintes: legalidade,
confere meios, instrumentos para alcançar tais metas. Aqui se impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
encaixa o princípio da supremacia do interesse público,
fornecendo à administração as prerrogativas e os poderes Princípio da legalidade
especiais para obtenção dos fins estabelecidos na lei.
O princípio comentado não está expresso em nosso O princípio da legalidade, um dos mais importantes
ordenamento jurídico. Nenhum artigo de lei fala, dele, porém princípios consagrados no ordenamento jurídico brasileiro,
tal princípio encontra-se em diversos institutos do direito consiste no fato de que o administrador somente poderá fazer
Administrativo. Vejamos alguns exemplos práticos: o que a lei permite. É importante demonstrar a diferenciação
- a nossa Constituição garante o direito à propriedade (art. entre o princípio da legalidade estabelecido ao administrado e
5º, XXII), mas com base no princípio da Supremacia do ao administrador. Como já explicitado para o administrador, o
Interesse Público, a Administração pode, por exemplo, princípio da legalidade estabelece que ele somente poderá agir
desapropriar uma propriedade, requisitá-la ou promover o dentro dos parâmetros legais, conforme os ditames
seu tombamento, suprimindo ou restringindo o direito à estabelecidos pela lei. Já, o princípio da legalidade visto sob a
propriedade. ótica do administrado, explicita que ninguém será obrigado a
- a Administração e o particular podem celebrar contratos fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude lei.
administrativos, mas esses contratos preveem uma série de Esta interpretação encontra abalizamento no artigo 5º, II, da
cláusulas exorbitantes que possibilitam a Administração, por Constituição Federal de 1988.
exemplo, modificar ou rescindir unilateralmente tal contrato.
- o poder de polícia administrativa que confere à
Administração Pública a possibilidade, por exemplo, de

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Princípio da impessoalidade imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, matéria


essa regulamentada pela Lei nº 12.527/2011 (Regula o
Posteriormente, o artigo 37 da CF/88 estabelece que acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5 o, no
deverá ser obedecido o princípio da impessoalidade. Este inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216 da Constituição
princípio estabelece que a Administração Pública, através de Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990;
seus órgãos, não poderá, na execução das atividades, revoga a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da
estabelecer diferenças ou privilégios, uma vez que deve Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências).
imperar o interesse social e não o interesse particular. De Os remédios constitucionais do habeas data e mandado de
acordo com os ensinamentos de Maria Sylvia Zanella Di segurança cumprem importante papel enquanto garantias de
Pietro, o princípio da impessoalidade estaria intimamente concretização da transparência.
relacionado com a finalidade pública. De acordo com a autora
“a Administração não pode atuar com vista a prejudicar ou Princípio da eficiência
beneficiar pessoas determinadas, uma vez que é sempre o
interesse público que deve nortear o seu comportamento”.6 Por derradeiro, o último princípio a ser abarcado pelo
Em interessante constatação, se todos são iguais perante a artigo 37, da Constituição da República Federativa do Brasil de
lei (art. 5º, caput) necessariamente o serão perante a 1988 é o da eficiência.
Administração, que deverá atuar sem favoritismo ou Considerando que na iniciativa privada se busca a
perseguição, tratando a todos de modo igual, ou quando excelência e a efetividade, na administração outro não poderia
necessário, fazendo a discriminação necessária para se chegar ser o caminho, enaltecido pela EC n. 19/98, que fixou a
à igualdade real e material. eficiência também para a Administração Pública.
Nesse sentido podemos destacar como um exemplo De acordo com os ensinamentos de Hely Lopes Meirelles, o
decorrente deste princípio a regra do concurso público, onde princípio da eficiência “impõe a todo agente público realizar as
a investidura em cargo ou emprego público depende de atribuições com presteza, perfeição e rendimento funcional. É
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas o mais moderno princípio da função administrativa, que já não
e títulos, de acordo com a natureza e complexidade do cargo se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade,
ou emprego. exigindo resultados positivos para o serviço público e
satisfatório atendimento das necessidades da comunidade e
Princípio da moralidade administrativa de seus membros”.8
Outrossim, DI PIETRO explicita que o princípio da
A Administração Pública, de acordo com o princípio da eficiência possui dois aspectos: “o primeiro pode ser
moralidade administrativa, deve agir com boa-fé, considerado em relação ao modo de atuação do agente público,
sinceridade, probidade, lealdade e ética. Tal princípio acarreta do qual se espera o melhor desempenho possível de suas
a obrigação ao administrador público de observar não atribuições, para lograr os melhores resultados, e o segundo,
somente a lei que condiciona sua atuação, mas também, regras em relação ao modo de organizar, estruturar e disciplinar a
éticas extraídas dos padrões de comportamento designados Administração Pública, também com o mesmo objetivo de
como moralidade administrativa (obediência à lei). alcançar os melhores resultados na prestação do serviço
Não basta ao administrador ser apenas legal, deve público”.9
também, ser honesto tendo como finalidade o bem comum.
Para Maurice Hauriou, o princípio da moralidade Atenção! no ano de 2017 o Supremo Tribunal Federal
administrativa significa um conjunto de regras de conduta decidiu que é inconstitucional a greve dos agentes da Polícia
tiradas da disciplina interior da Administração. Trata-se de Federal, Civil, Militar, Rodoviária Federal, Ferroviária Federal,
probidade administrativa, que é a forma de moralidade. Tal Corpo de Bombeiros Militares e demais funcionários que
preceito mereceu especial atenção no texto vigente atuem na Segurança Pública.
constitucional (§ 4º do artigo 37 CF), que pune o ímprobo
(pessoa não correto -desonesta) com a suspensão de direitos CAPÍTULO VII
políticos. Por fim, devemos entender que a moralidade como DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
também a probidade administrativa consiste exclusivamente Seção I
no dever de funcionários públicos exercerem (prestarem seus DISPOSIÇÕES GERAIS
serviços) suas funções com honestidade. Não devem
aproveitar os poderes do cargo ou função para proveito Art. 37. A administração pública direta e indireta de
pessoal ou para favorecimento de outrem. qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
Princípio da publicidade impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte:
O princípio da publicidade tem por objetivo a divulgação I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos
de atos praticados pela Administração Pública, obedecendo, brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei,
todavia, as questões sigilosas. De acordo com as lições do assim como aos estrangeiros, na forma da lei;
eminente doutrinador Hely Lopes Meirelles, “o princípio da II - a investidura em cargo ou emprego público depende de
publicidade dos atos e contratos administrativos, além de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e
assegurar seus efeitos externos, visa a propiciar seu títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou
conhecimento e controle pelos interessados e pelo povo em emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações
geral, através dos meios constitucionais...”.7 para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
Complementando o princípio da publicidade, o art. 5º, exoneração;
XXXIII, garante a todos o direito a receber dos órgãos públicos III - o prazo de validade do concurso público será de até dois
informações de seu interesse particular, ou de interesse anos, prorrogável uma vez, por igual período;
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de
de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja convocação, aquele aprovado em concurso público de provas ou

6 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2005. 8 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo:
7 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros, Malheiros, 2005.
2005. 9 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2005.

Noções de Direito Constitucional 25


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de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades
concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira; controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público;
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais
servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição,
a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, precedência sobre os demais setores administrativos, na forma
condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se da lei;
apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento; XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de
associação sindical; economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar,
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites neste último caso, definir as áreas de sua atuação;
definidos em lei específica; XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos criação de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso
públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os anterior, assim como a participação de qualquer delas em
critérios de sua admissão; empresa privada;
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as
determinado para atender a necessidade temporária de obras, serviços, compras e alienações serão contratados
excepcional interesse público; mediante processo de licitação pública que assegure igualdade
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que
trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições
por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá
assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis
distinção de índices; à garantia do cumprimento das obrigações.
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados,
Súmula vinculante 42-STF: É inconstitucional a do Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao
vinculação do reajuste de vencimentos de servidores funcionamento do Estado, exercidas por servidores de carreiras
estaduais ou municipais a índices federais de correção específicas, terão recursos prioritários para a realização de suas
monetária. atividades e atuarão de forma integrada, inclusive com o
compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na
forma da lei ou convênio.
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, § 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e
funções e empregos públicos da administração direta, campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo,
autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes informativo ou de orientação social, dela não podendo constar
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção
detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e pessoal de autoridades ou servidores públicos.
os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, § 2º A não observância do disposto nos incisos II e III
percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade
pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o responsável, nos termos da lei.
subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal § 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário
Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do na administração pública direta e indireta, regulando
Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal especialmente:
do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos
Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo em geral, asseguradas a manutenção de serviços de
e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e
limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento interna, da qualidade dos serviços;
do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a
Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este informações sobre atos de governo, observado o disposto no art.
limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e 5º, X e XXXIII;
aos Defensores Públicos; III - a disciplina da representação contra o exercício
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na
Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo administração pública.
Poder Executivo; § 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma
pessoal do serviço público; e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos
público não serão computados nem acumulados para fins de praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem
concessão de acréscimos ulteriores; prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e ressarcimento.
empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos
153, § 2º, I; danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos
públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, de dolo ou culpa.
observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: § 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao
a) a de dois cargos de professor; ocupante de cargo ou emprego da administração direta e
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou indireta que possibilite o acesso a informações privilegiadas.
científico; § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá
de saúde, com profissões regulamentadas; ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e administradores e o poder público, que tenha por objeto a
funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas,
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fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, A Constituição Federal de 1988 tem duas seções
cabendo à lei dispor sobre: especificamente dedicadas ao tema dos agentes públicos:
I - o prazo de duração do contrato; Seções I e II do Capítulo VII do Título III, tratando
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, respectivamente dos “servidores públicos civis” (arts. 37 e 38)
direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; e dos “militares dos Estados, do Distrito Federal e dos
III - a remuneração do pessoal." Territórios” (art. 42).
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e
às sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que SEÇÃO II
receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal DOS SERVIDORES PÚBLICOS
ou dos Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de
custeio em geral. Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime
aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com jurídico único e planos de carreira para os servidores da
a remuneração de cargo, emprego ou função pública, administração pública direta, das autarquias e das fundações
ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, públicas. 10
os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de
livre nomeação e exoneração. Com base nesse parâmetro foi promulgada a Lei nº
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites 8.112/90, que demarcou a opção da União pelo regime
remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as estatutário, no qual os servidores são admitidos sob regime de
parcelas de caráter indenizatório previstas em lei. Direito Público, podem alcançar estabilidade e possuem
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste direitos e deveres estabelecidos por lei (e que podem,
artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em portanto, ser alterados unilateralmente pelo Estado-
seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Legislador).
Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos
Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais
noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio componentes do sistema remuneratório observará:
mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade
aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos dos cargos componentes de cada carreira;
Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores. II - os requisitos para a investidura;
III - as peculiaridades dos cargos.
Art. 38. Ao servidor público da administração direta,
autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo, Significa dizer que quanto maior o grau de dificuldade,
aplicam-se as seguintes disposições: tanto para ingressar no cargo, quanto para desenvolver as
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou funções inerentes a ele, melhor deverá ser a remuneração
distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; correspondente.
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,
emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão
remuneração; escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos
III - investido no mandato de Vereador, havendo servidores públicos, constituindo-se a participação nos cursos
compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu um dos requisitos para a promoção na carreira, facultada, para
cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do isso, a celebração de convênios ou contratos entre os entes
cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a federados.
norma do inciso anterior;
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o Essas escolas possuem como objetivo a atualização e a
exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado formação dos servidores públicos, melhorando os níveis de
para todos os efeitos legais, exceto para promoção por desempenho e eficiência dos ocupantes de cargos e funções do
merecimento; serviço público, estimulando e promovendo a especialização
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de profissional, preparando servidores para o exercício de
afastamento, os valores serão determinados como se no funções superiores e para a intervenção ativa nos projetos
exercício estivesse. voltados para a elevação constante dos padrões de eficácia e
eficiência do setor público.
Servidores públicos
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o
Podemos conceituar agentes públicos como todos aqueles disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII,
que têm uma vinculação profissional com o Estado, mesmo XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos
que em caráter temporário ou sem remuneração, comportado diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir.
diversas espécies, a saber:
a) agentes políticos; Vamos conferir o que diz os referidos incisos, do artigo 7º da
b) ocupantes de cargos em comissão; Constituição Federal:
c) contratados temporários; - Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado,
d) agentes militares; capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua
e) servidores públicos estatutários; família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer,
f) empregados públicos; vestuário, higiene, transporte e previdência social, com
g) particulares em colaboração com a Administração reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,
(agentes honoríficos). sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;

10 O Plenário do STF deferiu medida cautelar na ADI 2.135-MC, em agosto de integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes.), sendo mantida a
2007, para suspender a eficácia do caput do art. 39 da CF, na redação dada pela redação anterior até julgamento em definitivo e solução sobre a regularidade
EC 19/1998 (Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios quanto a elaboração da emenda.
instituirão conselho de política de administração e remuneração de pessoal,

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APOSTILAS OPÇÃO

- Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que menor remuneração dos servidores públicos, obedecido, em
percebem remuneração variável; qualquer caso, o disposto no art. 37, XI.
- Décimo terceiro salário com base na remuneração
integral ou no valor da aposentadoria; § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário
- Remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; publicarão anualmente os valores do subsídio e da remuneração
- Salário-família pago em razão do dependente do dos cargos e empregos públicos.
trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
- Duração do trabalho normal não superior a oito horas O inciso XI do artigo 37 da Constituição refere-se aos tetos
diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação remuneratórios, quais sejam:
de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou - Teto máximo: Subsídio dos Ministros do Supremo
convenção coletiva de trabalho; Tribunal Federal;
- Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos - Teto nos municípios: O subsídio do Prefeito;
domingos; - Teto nos Estados e no Distrito Federal: O subsídio mensal
- Remuneração do serviço extraordinário superior, no do Governador;
mínimo, em cinquenta por cento à do normal; - Teto no âmbito do Poder Executivo: O subsídio dos
- Gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder
terço a mais do que o salário normal; Legislativo;
- Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, - Teto no judiciário: O subsídio dos Desembargadores do
com a duração de cento e vinte dias; Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco
- Licença-paternidade, nos termos fixados em lei; centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos
Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicável este limite
Observação: A Lei nº 11.770/2008 instituiu o programa aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos
empresa Cidadã, que permite que seja prorrogada a licença à Defensores Públicos.
gestante por mais 60 (sessenta) dias, ampliando, com isso o
prazo de 120 (cento e vinte) para 180 (cento e oitenta) dias. § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Contudo, não é obrigatória a adesão a este programa. Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários
Assim, a prorrogação é uma faculdade para as empresas provenientes da economia com despesas correntes em cada
privadas (que ao aderirem o programa recebem incentivos órgão, autarquia e fundação, para aplicação no
fiscais) e para a Administração Pública direita, indireta e desenvolvimento de programas de qualidade e produtividade,
fundacional. treinamento e desenvolvimento, modernização,
Cabe destacar, ainda, que esta lei foi recentemente reaparelhamento e racionalização do serviço público, inclusive
alterada pela lei nº 13.257/2016, sendo instituída a sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade.
possibilidade de prorrogação da licença-paternidade por
mais 15 (quinze) dias, além dos 5 (cinco) já assegurados Esses cursos são importantes para obter o envolvimento e
constitucionalmente as empresas que fazem parte do o comprometimento de todos os agentes públicos com a
programa. Contudo, para isso, o empregado tem que requerer qualidade e produtividade, quaisquer que sejam os cargos,
o benefício no prazo de 2 (dois) dias úteis após o parto e funções ou empregos ocupados, minimizar os desperdícios e
comprovar a participação em programa ou atividade de os erros, inovar nas maneiras de atender as necessidades do
orientação sobre paternidade responsável. cidadão, simplificar procedimentos, inclusive de gestão, e
proceder às transformações essenciais à qualidade com
produtividade.
- Proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante
incentivos específicos, nos termos da lei; § 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em
- Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.
normas de saúde, higiene e segurança;
- Proibição de diferença de salários, de exercício de funções Ou seja, por subsídio fixado em parcela única, vedado o
e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio,
estado civil; verba de representação ou outra espécie remuneratória,
obedecido, em qualquer caso, os tetos remuneratórios
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os dispostos no art. 37, X da Constituição Federal.
Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais
serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União,
parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas
adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de
espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do
no art. 37, X e XI. respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos
pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio
Ao falar em parcela única, fica clara a intenção de vedar a financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.
fixação dos subsídios em duas partes, uma fixa e outra variável,
tal como ocorria com os agentes políticos na vigência da Para o regime previdenciário ter equilíbrio financeiro,
Constituição de 1967. E, ao vedar expressamente o acréscimo basta ter no exercício atual um fluxo de caixa de entrada
de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de superior ao fluxo de caixa de saída, gerado basicamente
representação ou outra espécie remuneratória, também fica quando as receitas previdenciárias superam as despesas com
clara a intenção de extinguir, para as mesmas categorias de pagamento de benefícios.
agentes públicos, o sistema remuneratório que compreende o Já para se ter equilibro atuarial, deve estar assegurado que
padrão fixado em lei mais as vantagens pecuniárias de variada o plano de custeio gera receitas não só atuais, como também
natureza previstas na legislação estatutária. futuras e contínuas por tempo indeterminado, em um
montante suficiente para cobrir as respectivas despesas
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos previdenciárias.
Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a

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APOSTILAS OPÇÃO

Para se manter o equilíbrio financeiro e atuarial é § 5º - Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão
imprescindível que o regime mantenha um fundo reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no § 1º, III, "a",
previdenciário que capitalize as sobras de caixa atuais que para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo
garantirão o pagamento de benefícios futuros. exercício das funções de magistério na educação infantil e no
ensino fundamental e médio.
§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de
que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus A redução só é permitida nos casos em que o tempo de
proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17: contribuição é exclusivamente no magistério. Ou seja, não é
I - por invalidez permanente, sendo os proventos possível somar o tempo de magistério com o tempo em outra
proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de atividade e ainda reduzir 5 (cinco) anos. A soma é possível, no
acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, entanto, sem a redução de 5 (cinco) anos.
contagiosa ou incurável, na forma da lei;
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao § 6º - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos
tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção
(setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; de mais de uma aposentadoria à conta do regime de previdência
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 88, de 2015) previsto neste artigo.

Com relação a aposentadoria por idade cabe ainda Os cargos acumuláveis são: Dois de professor; um de
destacar recente alteração no texto Constitucional pela professor com outro técnico ou científico; dois cargos ou
Emenda nº 88/2015, onde os servidores titulares de empregos privativos de profissionais de saúde, com
cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e profissões regulamentadas.
dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, serão
aposentados compulsoriamente, com proventos § 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão por
proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) morte, que será igual
anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor falecido,
forma de lei complementar (art.40, § 1°, II, da CF). até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime
A Lei Complementar nº 152/2015 foi instituída para geral de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de
regulamentar o novo dispositivo constitucional, vejamos: setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso
aposentado à data do óbito; ou
Art. 2º Serão aposentados compulsoriamente, com II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no
proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite máximo
75 (setenta e cinco) anos de idade: estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência
I - os servidores titulares de cargos efetivos da União, social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, parcela excedente a este limite, caso em atividade na data do
incluídas suas autarquias e fundações; óbito.
II - os membros do Poder Judiciário; § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
III - os membros do Ministério Público; preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme
IV - os membros das Defensorias Públicas; critérios estabelecidos em lei.
V - os membros dos Tribunais e dos Conselhos de
Contas. O valor real refere-se ao poder aquisitivo, em outros temos,
se no início do recebimento do benefício, o beneficiário
conseguia suprir suas necessidades com alimentação, saúde,
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de lazer, educação... Após alguns anos, o mesmo benefício deveria,
dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no em tese, propiciar o mesmo poder aquisitivo.
cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas as
seguintes condições: § 9º - O tempo de contribuição federal, estadual ou
a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se municipal será contado para efeito de aposentadoria e o tempo
homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta de de serviço correspondente para efeito de disponibilidade.
contribuição, se mulher; § 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de
b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos contagem de tempo de contribuição fictício.
de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de § 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos
contribuição. proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da
§ 2º - Os proventos de aposentadoria e as pensões, por acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como de
ocasião de sua concessão, não poderão exceder a remuneração outras atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de
do respectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a previdência social, e ao montante resultante da adição de
aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da proventos de inatividade com remuneração de cargo
pensão. acumulável na forma desta Constituição, cargo em comissão
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por declarado em lei de livre nomeação e exoneração, e de cargo
ocasião da sua concessão, serão consideradas as remunerações eletivo.
utilizadas como base para as contribuições do servidor aos § 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de previdência
regimes de previdência de que tratam este artigo e o art. 201, na dos servidores públicos titulares de cargo efetivo observará, no
forma da lei. que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral
§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados de previdência social.
para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime § 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em
de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem
leis complementares, os casos de servidores: como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica-
I- portadores de deficiência; se o regime geral de previdência social.
II- que exerçam atividades de risco; § 14 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
III- cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais desde que instituam regime de previdência complementar para
que prejudiquem a saúde ou a integridade física. os seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo, poderão

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fixar, para o valor das aposentadorias e pensões a serem § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o
concedidas pelo regime de que trata este artigo, o limite máximo servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração
estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado
social de que trata o art. 201 aproveitamento em outro cargo.
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o
§ 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder A disponibilidade é um instituto que permite ao servidor
Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus parágrafos, estável, que teve o seu cargo extinto ou declarado
no que couber, por intermédio de entidades fechadas de desnecessário, permanecer sem trabalhar, com remuneração
previdência complementar, de natureza pública, que oferecerão proporcional ao tempo de serviço, à espera de um eventual
aos respectivos participantes planos de benefícios somente na aproveitamento.
modalidade de contribuição definida. Desde já, cumpre-nos ressaltar: o servidor estável que teve
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o seu cargo extinto ou declarado desnecessário não será nem
disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver exonerado, nem, muito menos, demitido. Será ele posto em
ingressado no serviço público até a data da publicação do ato de disponibilidade!
instituição do correspondente regime de previdência Segundo a doutrina majoritária, o instituto da
complementar. disponibilidade não protege o servidor não estável quanto a
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para o uma possível extinção de seu cargo ou declaração de
cálculo do benefício previsto no § 3° serão devidamente desnecessidade. Caso o servidor não tenha, ainda, adquirido
atualizados, na forma da lei. estabilidade, será ele exonerado ex officio.
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de
aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é
este artigo que superem o limite máximo estabelecido para os obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão
benefícios do regime geral de previdência social de que trata o instituída para essa finalidade.
art. 201, com percentual igual ao estabelecido para os
servidores titulares de cargos efetivos. A Avaliação de Desempenho é uma importante ferramenta
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha de Gestão de Pessoas que corresponde a uma análise
completado as exigências para aposentadoria voluntária sistemática do desempenho do profissional em função das
estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em atividades que realiza, das metas estabelecidas, dos resultados
atividade fará jus a um abono de permanência equivalente ao alcançados e do seu potencial de desenvolvimento.
valor da sua contribuição previdenciária até completar as
exigências para aposentadoria compulsória contidas no § 1º, II. Militares dos estados, do Distrito Federal e dos
§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime próprio territórios.
de previdência social para os servidores titulares de cargos
efetivos, e de mais de uma unidade gestora do respectivo regime Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de
em cada ente estatal, ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X. Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na
hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá Federal e dos Territórios.
apenas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de § 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito
pensão que superem o dobro do limite máximo estabelecido Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as
para os benefícios do regime geral de previdência social de que disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e
trata o art. 201 desta Constituição, quando o beneficiário, na 3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as matérias do
forma da lei, for portador de doença incapacitante. art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas
pelos respectivos governadores.
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os § 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito
servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei
virtude de concurso público. específica do respectivo ente estatal.
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; Súmula vinculante 39-STF: Compete privativamente à
II - mediante processo administrativo em que lhe seja União legislar sobre vencimentos dos membros das polícias
assegurada ampla defesa; civil e militar e do corpo de bombeiros militar do Distrito
III - mediante procedimento de avaliação periódica de Federal.
desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla
defesa.
Seção IV
Referido instituto corresponde à proteção ao ocupante do DAS REGIÕES
cargo, garantindo, não de forma absoluta, a permanência no
Serviço Público, o que permite a execução regular de suas Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá
atividades, visando exclusivamente o alcance do interesse articular sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e
coletivo. social, visando a seu desenvolvimento e à redução das
desigualdades regionais.
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor § 1º - Lei complementar disporá sobre:
estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se I - as condições para integração de regiões em
estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a desenvolvimento;
indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em II - a composição dos organismos regionais que executarão,
disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de na forma da lei, os planos regionais, integrantes dos planos
serviço. nacionais de desenvolvimento econômico e social, aprovados
juntamente com estes.
Reintegração é o instituto jurídico que ocorre quando o § 2º - Os incentivos regionais compreenderão, além de
servidor retorna a seu cargo após ter sido reconhecida a outros, na forma da lei:
ilegalidade de sua demissão. I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens de
custos e preços de responsabilidade do Poder Público;
Noções de Direito Constitucional 30
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II - juros favorecidos para financiamento de atividades (E) as funções de confiança, exercidas exclusivamente por
prioritárias; servidores ocupantes de cargo em comissão, destinam-se
III - isenções, reduções ou diferimento temporário de apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento.
tributos federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas;
IV - prioridade para o aproveitamento econômico e social 04. (TRE-SP - Analista Judiciário - Área Administrativa
dos rios e das massas de água represadas ou represáveis nas – FCC/2017) Dois servidores públicos titulares de cargos
regiões de baixa renda, sujeitas a secas periódicas. efetivos de médico foram eleitos Deputado Federal e Deputado
§ 3º - Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União incentivará Estadual. Nas eleições municipais, foram eleitos Prefeito e
a recuperação de terras áridas e cooperará com os pequenos e Vereador servidores públicos titulares de cargos efetivos de
médios proprietários rurais para o estabelecimento, em suas professor universitário. No exercício dos respectivos
glebas, de fontes de água e de pequena irrigação. mandatos,
(A) todos devem exonerar-se dos respectivos cargos
Questões públicos, sob pena de perderem o mandato por decisão
proferida pelas respectivas Casas Legislativas e, no caso do
01. (TRT - 11ª Região (AM e RR) - Técnico Judiciário - Prefeito, por decisão proferida pelo Tribunal de Justiça.
Área Administrativa – FCC/2017) Sérgio é servidor público (B) todos devem ser afastados dos respectivos cargos
da Administração direta e candidatar-se-á, nas próximas públicos, sendo que seu tempo de serviço será contado para
eleições municipais, para o cargo de Prefeito. Investido no todos os efeitos legais, exceto para promoção por
mandato de Prefeito, Sérgio merecimento, enquanto durar o mandato.
(A) será afastado do seu cargo, emprego ou função, sendo- (C) os Deputados devem ser afastados dos cargos de
lhe facultado optar pela sua remuneração, e seu tempo de médico, ao passo que o Prefeito e o Vereador, havendo
serviço será contado para todos os efeitos legais, inclusive compatibilidade de horários, perceberão as vantagens de seu
para promoção por merecimento. cargo público efetivo, sem prejuízo da remuneração do cargo
(B) perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou eletivo, e, não havendo compatibilidade, serão afastados do
função, havendo compatibilidade de horários, sem prejuízo da cargo público efetivo, podendo optar pela sua remuneração.
remuneração do cargo eletivo e, não havendo compatibilidade, (D) o Prefeito deve ser afastado do cargo público efetivo
não poderá perceber sua remuneração. enquanto durar o mandato, mas os Deputados e o Vereador,
(C) não será afastado do seu cargo, emprego ou função, havendo compatibilidade de horários, perceberão as
mas não receberá sua remuneração, sendo que seu tempo de vantagens de seu cargo público efetivo, sem prejuízo da
serviço será contado para todos os efeitos legais, inclusive remuneração do cargo eletivo, e, não havendo
para promoção por merecimento. compatibilidade, serão afastados do cargo público efetivo,
(D) será afastado do seu cargo, emprego ou função, sendo- podendo optar pela sua remuneração.
lhe facultado optar pela sua remuneração, e seu tempo de (E) os Deputados e o Prefeito devem ser afastados do cargo
serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para público efetivo, mas o Vereador, havendo compatibilidade de
promoção por merecimento. horários, perceberá as vantagens de seu cargo público efetivo,
(E) será afastado do seu cargo, emprego ou função, sendo- sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo
lhe vedado optar pela sua remuneração, e seu tempo de compatibilidade, será afastado do cargo público efetivo,
serviço não será contado durante o período do afastamento podendo optar pela sua remuneração.
para nenhum efeito.
05. (TRE-SP - Analista Judiciário - Assistência Social –
02. (TRE-SP - Analista Judiciário - Área Administrativa FCC/2017) Considere as seguintes situações:
– FCC/2017) O ato de nomeação de irmão de ocupante de I. Deputado Estadual em exercício de segundo mandato
cargo de direção em Secretaria de Estado para cargo em que pretende candidatar-se à reeleição, em Estado cuja
comissão de assessoramento do Governador Governadora, em exercício de primeiro mandato e igualmente
(A) é compatível com a Constituição da República. candidata à reeleição, é sua irmã.
(B) viola a Constituição da República e pode ser objeto de II. Ocupante de cargo público efetivo na Administração
mandado de segurança perante o Supremo Tribunal Federal. direta federal que, investido no mandato de Vereador,
(C) viola a Constituição da República e pode ser objeto de pretende continuar no exercício do cargo, percebendo as
reclamação perante o Supremo Tribunal Federal. vantagens deste, sem prejuízo da remuneração do mandato
(D) viola a Constituição da República e pode ser objeto de eletivo, diante da compatibilidade de horários.
ação direta de inconstitucionalidade perante o Supremo III. Ocupante de cargo de professor em Universidade
Tribunal Federal. pública estadual que, investido no mandato de Prefeito,
(E) viola a Constituição da República e pode ser objeto de pretende continuar no exercício do cargo, optando pela
ação popular perante o Supremo Tribunal Federal. remuneração deste, diante da compatibilidade de horários.
IV. Vereador que tem sua naturalização cancelada, por
03. (TRE-SP - Técnico Judiciário – Área Administrativa sentença judicial transitada em julgado, durante o segundo
– FCC/2017) Em conformidade com a Constituição Federal, ano de exercício do mandato.
implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade
responsável, nos termos da lei, a inobservância da regra O exercício de mandato eletivo será compatível com a
constitucional segundo a qual disciplina da matéria na Constituição Federal de 1988 APENAS
(A) é vedado aos estrangeiros o acesso a cargos, empregos nas situações referidas em
e funções públicas. (A) I e II.
(B) o prazo de validade do concurso público será de até (B) III e IV.
dois anos, prorrogável uma vez, por igual período. (C) I, II e III.
(C) é vedada a acumulação remunerada de dois cargos ou (D) II, III e IV.
empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões (E) I e IV.
regulamentadas.
(D) os acréscimos pecuniários percebidos por servidor 06. (EBSERH - Advogado (HUGG-UNIRIO) – IBFC/2017)
público deverão ser computados para fins de concessão de Assinale a alternativa correta com base nas previsões da
acréscimos ulteriores. Constituição Federal sobre a Administração Pública.

Noções de Direito Constitucional 31


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(A) Os vencimentos dos cargos do Poder Executivo e do (C) O prazo de validade do concurso público será de até
Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo três anos, prorrogável uma vez, por igual período.
Poder Legislativo (D) Durante o prazo improrrogável previsto no edital de
(B) São garantidas a vinculação e a equiparação de convocação, aquele aprovado em concurso público de provas
quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre
remuneração de pessoal do serviço público novos concursados para assumir cargo ou emprego, na
(C) Os acréscimos pecuniários percebidos por servidor carreira.
público não serão computados nem acumulados para fins de (E) As funções de confiança, exercidas exclusivamente por
concessão de acréscimos ulteriores servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em
(D) É vedado ao servidor público civil o direito qualquer comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos
associação sindical casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei,
(E) A lei reservará percentual dos cargos e empregos destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e
públicos para as pessoas portadoras de deficiência, mas não assessoramento.
poderá definir critérios de sua admissão
11. (PR - Auxiliar em Administração - NC-UFPR/2017)
07. (Prefeitura de Fortaleza – CE - Procurador do Sobre a organização do Estado e da Administração Pública na
Município – CESPE/2017) A respeito das normas Constituição Federal, assinale a alternativa INCORRETA.
constitucionais, do mandado de injunção e dos municípios, (A) É garantido o direito de greve do servidor público civil,
julgue o item subsequente. a ser exercido nos limites a serem definidos em lei específica.
(B) O prazo de validade dos concursos públicos será de até
O princípio da legalidade diferencia-se do da reserva legal: um ano, prorrogável uma vez, por igual período.
o primeiro pressupõe a submissão e o respeito à lei e aos atos (C) É garantido ao servidor público civil o direito à livre
normativos em geral; o segundo consiste na necessidade de a associação sindical.
regulamentação de determinadas matérias ser feita (D) A Administração Pública obedecerá aos princípios de
necessariamente por lei formal. legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
( ) Certo eficiência.
( ) Errado (D) É constitucional a reserva percentual de cargos e
empregos públicos para pessoas portadoras de deficiência,
08. (UFF - Auxiliar em Administração – COSEAC/2017) sendo os critérios de admissão definidos em lei.
De acordo com a Constituição Federal de 1988, art. 37, o prazo
de validade do concurso público será de: 12. (Prefeitura de Piraúba – MG - Agente Fiscal de
(A) tempo indeterminado, até que todos os candidatos Posturas – MS CONCURSOS/2017) São princípios da
aprovados sejam convocados para assumir suas funções. administração pública expressamente previstos no artigo 37
(B) um ano, prorrogável sempre que necessário, para da Constituição Brasileira:
atender aos aprovados. (A) Finalidade, eficácia, legalidade, publicidade e
(C) três anos, sem direito a prorrogação. impessoalidade.
(D) longo prazo ou curto prazo, dependendo da natureza e (B) Legalidade, eficiência, moralidade, publicidade e
da complexidade do cargo ou emprego. impessoalidade.
(E) até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período. (C) Finalidade, eficácia, moralidade, publicidade e
impessoalidade.
09. (UFF - Assistente em Administração – (D) Legalidade, impessoalidade, motivação, publicidade e
COSEAC/2017) No art. 37 da Constituição Federal de 1988, eficácia.
estão estabelecidos alguns princípios que deverão ser
obedecidos pela administração pública direta e indireta de 13. (UFPR - Auxiliar em Administração – NC-
qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito UFPR/2017) Sobre a organização do Estado e da
Federal e dos Municípios. São princípios a serem obedecidos Administração Pública na Constituição Federal, assinale a
os abaixo relacionados, EXCETO: alternativa INCORRETA.
(A) legalidade. (A) É garantido o direito de greve do servidor público civil,
(B) moralidade a ser exercido nos limites a serem definidos em lei específica.
(C) efetividade. (B) O prazo de validade dos concursos públicos será de até
(D) publicidade. um ano, prorrogável uma vez, por igual período.
(E) eficiência. (C) É garantido ao servidor público civil o direito à livre
associação sindical.
10. (CRQ - 19ª Região (PB) - Assistente Administrativo (D) A Administração Pública obedecerá aos princípios de
– EDUCA/2017) De acordo com a Constituição Federal, em legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
seu Art.37, a administração pública direta e indireta de eficiência.
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito (E) É constitucional a reserva percentual de cargos e
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de empregos públicos para pessoas portadoras de deficiência,
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e sendo os critérios de admissão definidos em lei.
eficiência e, também, ao seguinte, EXCETO:
(A) Os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis 14. (UEM - Técnico Administrativo – UEM/2017)
aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em Considerando os princípios e as normas constitucionais da
lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei. administração pública, assinale a alternativa correta.
(B) A investidura em cargo ou emprego público depende (A) Os cargos, os empregos e as funções públicas são
de aprovação prévia em concurso público de provas ou de vedados aos estrangeiros residentes no território nacional.
provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade (B) Os acréscimos pecuniários de qualquer natureza
do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as percebidos por servidor público serão computados e
nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores.
nomeação e exoneração. (C) O prazo de validade do concurso público será de até
três anos, prorrogável por iguais e sucessíveis períodos.

Noções de Direito Constitucional 32


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APOSTILAS OPÇÃO

(D) É permitida a acumulação remunerada de cargos Trabalho e Superior Tribunal Militar) têm sede em Brasília e
públicos de qualquer natureza, exceto quando houver jurisdição em todo o território nacional.
compatibilidade de horários.
(E) É garantido ao servidor público civil o direito à livre Veja abaixo quadro mostrando a estrutura do Poder
associação sindical. Judiciário (art. 92, CF):

Respostas
01. D / 02. C / 03. B / 04. E / 05. A STF
06. C / 07. Certo. / 08. E. / 09. C. / 10. C.
CNJ
11. B. / 12. B. / 13. B. / 14. E
STJ TSE STM TST

5 Poder Judiciário. TRF TJ TRE


Tribunais
Militares (ainda TRT

5.1 Disposições gerais. não foram


criados)

5.2 Órgãos do Poder Judiciário. Justiça


Federal
Juízes de
Direito
Juízes
Eleitorais
Auditorias
Juízes do
Trabalho

5.2.1 Competências. Juntas


Militares

Eleitorais

PODER JUDICIÁRIO
A Justiça Federal e a Estadual
1- Disposições Gerais. A Justiça Comum é composta pela Justiça Federal e pela
O Poder Judiciário tem como função aplicar a lei ao caso Justiça Estadual Originária. À Justiça Federal e à Justiça
concreto, substituindo a vontade das partes e resolvendo o Estadual competem as demais matérias não abrangidas pelas
conflito de interesses com força definitiva. Justiças Especiais. Por essa razão são chamadas Justiça
Contudo, o Judiciário, como os demais Poderes do Estado, Comum.
possui outras funções, denominadas atípicas, de natureza Compete à Justiça Federal as causas em que a União,
administrativa e legislativa. entidade autárquica ou empresa pública federal, forem
Desta forma, o Poder Judiciário além de suas funções interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou
típicas de preservar pela Constituição Federal e exercer a oponentes. À Justiça Comum Estadual cabe o julgamento das
jurisdição (Jurisdição significa a aplicação da lei ao caso demais matérias, por exclusão.
concreto), exerce funções atípicas como organizar suas
secretárias e serviços auxiliares (art. 96, I, b, da CF). Passemos agora a análise de cada um dos órgãos que
compõem o Poder Judiciário Nacional. Vamos lá!
2- Características da atividade jurisdicional.
a- secundariedade: a tutela jurisdicional só terá lugar 4.1- O Supremo Tribunal Federal - STF.
quando a espontaneidade no cumprimento do Direito tenha É o órgão de cúpula do Poder Judiciário, também
falhado. conhecido como “a última instância”. Sua função principal é a
b- imparcialidade: é uma atividade equidistante e “guarda da Constituição”. Compete-lhe a relevante atribuição
desinteressada do conflito. de julgar as questões constitucionais, assegurando a
c- substitutividade: a decisão prolatada pelo Estado supremacia da Constituição Federal em todo o território
substituíra a vontade dos envolvidos. nacional.
d- inércia: O Estado só agirá se provocado. O STF é composto por 11 ministros, escolhidos dentre
e- definitividade: a decisão proferida é acobertada pela cidadãos com mais de 35 anos de idade e menos de 65 anos de
coisa julgada formal e material, ou seja, a questão ensejadora idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada. Os
do conflito não poderá mais ser discutida. Ministros do Supremo são nomeados pelo Presidente da
f- unidade: a jurisdição é exclusiva do Poder Judiciário. República, depois de aprovada a escolha pela maioria
absoluta do Senado Federal.
3- Princípios.
a- Princípio da Inafastabilidade do Poder Judiciário: O O art. 102 da CF traz a competência do Supremo Tribunal
art. 5º, XXXV, da Constituição Federal estabelece que “a lei não Federal:
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito”. Tal garantia assegura o direito de ação, de invocar a Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal,
tutela jurisdicional a qualquer cidadão. precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
b- Princípio da Inércia: O Poder Judiciário só se manifesta I - processar e julgar, originariamente:
quando provocado. Trata-se de uma forma de garantir a sua a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato
imparcialidade. normativo federal ou estadual e a ação declaratória de
c- Princípio do Devido Processo Legal: A prestação constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; (Redação
jurisdicional deve ser prestada com a observância de todas as dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
formalidades legais. Decorre deste princípio uma série de b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o
outros princípios, como os do juiz natural e do promotor Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus
natural (CF, art. 5º, LIII), do contraditório e da ampla defesa próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;
(CF, art. 5º, LV), da proibição das provas ilícitas (CF, art. 5º, c) nas infrações penais comuns e nos crimes de
LVI) e da publicidade dos atos processuais (CF, art. 5º, LX). responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da
Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no
4- Órgãos do Poder Judiciário. art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal
Os órgãos do Poder Judiciário são aqueles relacionados no de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter
art. 92 da Constituição Federal, sendo que o Supremo Tribunal permanente; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23,
Federal e os demais Tribunais Superiores (Superior Tribunal de 1999)
de Justiça, Tribunal Superior Eleitoral, Tribunal Superior do

Noções de Direito Constitucional 33


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d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas estadual e municipal. (Redação dada pela Emenda
referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o Constitucional nº 45, de 2004)
habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas § 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá
da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais
Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal
Supremo Tribunal Federal; examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo manifestação de dois terços de seus membros. (Incluída pela
internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Território;
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União 4.2- O Conselho Nacional de Justiça – CNJ.
e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as Foi criado com a EC 45/04.
respectivas entidades da administração indireta; É órgão de natureza administrativa em exercício de
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro; qualquer atribuição jurisdicional, com a competência de
h) (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) realizar o controle da atuação administrativa e financeira do
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou Poder Judiciário e de zelar pelo cumprimento dos deveres
quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário funcionais dos juízes.
cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Atenção! O CNJ realiza o controle externo sobre o Poder
Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição Judiciário.
em uma única instância; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 22, de 1999) É composto por 15 membros com mandato de 02 anos,
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados; admitida 01 recondução, sendo:
l) a reclamação para a preservação de sua competência e I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal;
garantia da autoridade de suas decisões; II - um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado
m) a execução de sentença nas causas de sua competência pelo respectivo tribunal;
originária, facultada a delegação de atribuições para a prática III - um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho,
de atos processuais; indicado pelo respectivo tribunal;
n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam IV - um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado
direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da pelo Supremo Tribunal Federal;
metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos V - um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal
ou sejam direta ou indiretamente interessados; Federal;
o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de VI - um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo
Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou Superior Tribunal de Justiça;
entre estes e qualquer outro tribunal; VII - um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de Justiça;
inconstitucionalidade; VIII - um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado
q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma pelo Tribunal Superior do Trabalho;
regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do IX - um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior
Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado do Trabalho;
Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do X - um membro do Ministério Público da União, indicado
Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou pelo Procurador-Geral da República;
do próprio Supremo Tribunal Federal; XI - um membro do Ministério Público estadual, escolhido
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o pelo Procurador-Geral da República dentre os nomes
Conselho Nacional do Ministério Público; (Incluída pela Emenda indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual;
Constitucional nº 45, de 2004) XII - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da
II - julgar, em recurso ordinário: Ordem dos Advogados do Brasil;
a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data XIII - dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação
e o mandado de injunção decididos em única instância pelos ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo
Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; Senado Federal.
b) o crime político;
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas A presidência do CNJ é feita pelo Presidente do Supremo
decididas em única ou última instância, quando a decisão Tribunal Federal, e no caso de ausência ou impedimento será
recorrida: feita pelo Vice-Presidente do STF. Os demais membros do
a) contrariar dispositivo desta Constituição; Conselho serão nomeados pelo Presidente da República,
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em Senado Federal. Não efetuadas, no prazo legal, as indicações
face desta Constituição. previstas neste artigo, caberá à escolha ao Supremo Tribunal
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. Federal.
(Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 1.º A arguição de descumprimento de preceito As demais atribuições do CNJ estão elencadas no §4º do art.
fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada 103-B da CF:
pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. (Transformado § 4º Compete ao Conselho o controle da atuação
do parágrafo único em § 1º pela Emenda Constitucional nº 3, de administrativa e financeira do Poder Judiciário e do
17/03/93) cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe,
§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo
Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de Estatuto da Magistratura: (Incluído pela Emenda
inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de Constitucional nº 45, de 2004)
constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo
vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir
e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou

Noções de Direito Constitucional 34


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recomendar providências; (Incluído pela Emenda suas carreiras; 3 membros do Ministério Público dos Estados;
Constitucional nº 45, de 2004) 2 juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e outro
II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou pelo Superior Tribunal de Justiça; 2 advogados, indicados pelo
mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e 2
praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada,
desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado
providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem Federal.
prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) O mandato desses membros tem duração de 02 anos,
III receber e conhecer das reclamações contra membros ou permitida uma recondução.
órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços O Procurador-Geral da República é o Presidente do
auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais Conselho e seu membro nato.
e de registro que atuem por delegação do poder público ou
oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e As atribuições do CNMP estão elencadas no §2º do art. 130-
correicional dos tribunais, podendo avocar processos A da CF:
disciplinares em curso e determinar a remoção, a § 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público o
disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos controle da atuação administrativa e financeira do Ministério
proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus
administrativas, assegurada ampla defesa; (Incluído pela membros, cabendo lhe:
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I zelar pela autonomia funcional e administrativa do
IV representar ao Ministério Público, no caso de crime Ministério Público, podendo expedir atos regulamentares, no
contra a administração pública ou de abuso de autoridade; âmbito de sua competência, ou recomendar providências;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou
V rever, de ofício ou mediante provocação, os processos mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos
disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há praticados por membros ou órgãos do Ministério Público da
menos de um ano; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, União e dos Estados, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar
de 2004) prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato
VI elaborar semestralmente relatório estatístico sobre cumprimento da lei, sem prejuízo da competência dos Tribunais
processos e sentenças prolatadas, por unidade da Federação, de Contas;
nos diferentes órgãos do Poder Judiciário; (Incluído pela III receber e conhecer das reclamações contra membros ou
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) órgãos do Ministério Público da União ou dos Estados, inclusive
VII elaborar relatório anual, propondo as providências que contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência
julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no País disciplinar e correicional da instituição, podendo avocar
e as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do processos disciplinares em curso, determinar a remoção, a
Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos
Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções
legislativa. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de administrativas, assegurada ampla defesa;
2004) IV rever, de ofício ou mediante provocação, os processos
disciplinares de membros do Ministério Público da União ou dos
O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá a Estados julgados há menos de um ano;
função de Ministro-Corregedor e ficará excluído da V elaborar relatório anual, propondo as providências que
distribuição de processos no Tribunal, competindo-lhe, além julgar necessárias sobre a situação do Ministério Público no País
das atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem
Magistratura, as seguintes: prevista no art. 84, XI.
I- receber as reclamações e denúncias, de qualquer
interessado, relativas aos magistrados e aos serviços Atenção! O CNMP não tem a função de fiscalizar os
judiciários; Ministérios Públicos que atuam juntamente aos Tribunais de
II- exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e Contas, pois não integram a organização estrutura do art. 128,
de correição geral; CF.
III- requisitar e designar magistrados, delegando-lhes
atribuições, e requisitar servidores de juízos ou tribunais, 4.4- O Superior Tribunal de Justiça – STJ.
inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territórios. É órgão de convergência e superposição do Poder
Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral da Judiciário, e assim como o Supremo Tribunal Federal também
República e o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos julga questões constitucionais. Tem sede na Capital Federal e
Advogados do Brasil. A União, inclusive no Distrito Federal e atribuição em todo território nacional.
nos Territórios, criará ouvidorias de justiça, competentes para Compõe-se de, no mínimo, 33 ministros. Seus ministros
receber reclamações e denúncias de qualquer interessado serão nomeados pelo Presidente da República, dentre
contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, ou contra seus brasileiros com mais de 35 anos e menos de 65 anos de
serviços auxiliares, representando diretamente ao Conselho idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois
Nacional de Justiça. de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado
Federal.
4.3- O Conselho Nacional do Ministério Público – A composição do STJ deve observar a seguinte proporção:
CNMP. 1/3 dos ministros do STJ são escolhidos dentre os
Inserido no texto constitucional com a EC 45/04 é um desembargadores federais.
órgão de controle interno da instituição, com atuação em todo 1/3 são escolhidos dentro dos desembargadores
território nacional. Sua sede é em Brasília. estaduais.
É composto por 14 membros, nomeados pelo Presidente 1/3 são escolhidos entre advogados e membros do
da República depois de aprovada a escolha pela maioria Ministério Público Federal e Estadual.
absoluta do Senado Federal, sendo 4 membros do Ministério
Público da União, assegurada a representação de cada uma de A competência do STJ está disposta no art. 105, CF:

Noções de Direito Constitucional 35


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Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira;
I - processar e julgar, originariamente: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na
Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os forma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da
desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central
Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos do sistema e com poderes correicionais, cujas decisões terão
Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais caráter vinculante. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45,
Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os de 2004)
membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios
e os do Ministério Público da União que oficiem perante 4.5- Os Tribunais Regionais Federais e os juízes
tribunais; federais.
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Os Tribunais Regionais Federais e os Juízes Federais são
Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e órgãos da justiça federal.
da Aeronáutica ou do próprio Tribunal; (Redação dada pela Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, no
Emenda Constitucional nº 23, de 1999) mínimo, 07 juízes, recrutados, quando possível, na respectiva
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for região e nomeados pelo Presidente da República dentre
qualquer das pessoas mencionadas na alínea "a", ou quando o brasileiros com mais de 35 anos e menos de 65 anos de
coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado idade, sendo: 1/5 dentre advogados com mais de 10 anos de
ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; (Redação dada Federal com mais de 10 anos de carreira; os demais, mediante
pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) promoção de juízes federais com mais de 05 anos de exercício,
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, por antiguidade e merecimento, alternadamente.
ressalvado o disposto no art. 102, I, "o", bem como entre tribunal
e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais Atenção! Serão processadas e julgadas na justiça estadual,
diversos; no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas
e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus em que forem parte instituição de previdência social e
julgados; segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo
f) a reclamação para a preservação de sua competência e federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que
garantia da autoridade de suas decisões; outras causas sejam também processadas e julgadas pela
g) os conflitos de atribuições entre autoridades justiça estadual. Nesse caso, contudo, o recurso cabível será
administrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição
judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do do juiz de primeiro grau.
Distrito Federal, ou entre as deste e da União;
h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma 4.6- Os tribunais e juízes do Trabalho.
regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou A Justiça do Trabalho tem competência para julgar todas as
autoridade federal, da administração direta ou indireta, ações envolvendo as relações de trabalho, abrangidos todos
excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal entes de direito público externo e da administração pública
Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da direta e indireta de todas as entidades federativas. Ações que
Justiça do Trabalho e da Justiça Federal; envolvam o exercício do direito de greve; ações sobre
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de representação sindical; ações de indenização por dano moral
exequatur às cartas rogatórias; (Incluída pela Emenda ou patrimonial decorrentes da relação de trabalho, bem como
Constitucional nº 45, de 2004) outras controvérsias decorrentes da mesma relação, sã
II - julgar, em recurso ordinário: julgadas pelas Varas do Trabalho, com a jurisdição exercida
a) os habeas corpus decididos em única ou última instância por um juiz do trabalho, com a possibilidade de recurso para
pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos as instâncias superiores.
Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for
denegatória; O Tribunal Superior do Trabalho (TST) é composto por no
b) os mandados de segurança decididos em única instância mínimo 27 ministros, que serão escolhidos pelo Presidente
pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos da República, após indicados e aprovados pelo Senado
Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a Federal por maioria absoluta de votos. Dos 27 ministros,
decisão; 1/5 são escolhidos pelo quinto constitucional. Os demais
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou ministros são juízes de carreira oriundos dos Tribunais
organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou Regionais do Trabalho.
pessoa residente ou domiciliada no País;
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em Já os Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) são
única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou compostos por no mínimo 07 juízes. Na escolha desses juízes
pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, também se observa o quinto constitucional.
quando a decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; A respeito da competência da Justiça do Trabalho, o
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de Supremo editou as Súmulas Vinculantes nº 22 e nº 23:
lei federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de Súmula Vinculante nº 22: “a Justiça do Trabalho é
2004) competente para processar e julgar as ações de indenização por
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de
atribuído outro tribunal. trabalho propostas por empregado contra empregador,
Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito
Justiça: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de em primeiro grau quando da promulgação da Emenda
2004) Constitucional nº 45/04”;
I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de
Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar Súmula Vinculante nº 23: “A Justiça do Trabalho é
competente para processar e julgar ação possessória ajuizada

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em decorrência do exercício do direito de greve pelos jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição,
trabalhadores da iniciativa privada”. servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.

4.7- Os tribunais e juízes eleitorais. 5- O quinto constitucional.


A competência e a organização da Justiça Eleitoral serão Segundo o art. 94 da CF/88, um quinto dos lugares dos
estabelecidas por lei complementar. Sua finalidade é cuidar da Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do
lisura de todo o processo eleitoral. Do texto constitucional Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do
resultam algumas atribuições, como as relativas ao Ministério Público, com mais de 10 anos de carreira, e de
alistamento de mandato eletivo e à expedição e anulação de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada,
diploma (arts. 14, 17 e 121 da CF). As competências estão com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional,
estabelecidas no Código Eleitoral (Lei nº 4.737/65). indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das
No Brasil não temos um quadro próprio de juízes eleitoral, respectivas classes.
assim cabe à justiça estadual, federal e Tribunais Superiores Conforme previsto nos artigos 111-A e 115 da CF/88,
emprestar seus membros para compor a Justiça Eleitoral. também o Tribunal Superior do Trabalho e os Tribunais
Aqueles que exercem cargo de juiz eleitoral, o exercem Regionais do Trabalho deverão ter em seus quadros membros
pelo período de 02 anos, permitindo uma única recondução advindos da regra do quinto constitucional.
por igual prazo. Cada órgão, a Ordem dos Advogados do Brasil ou o
Ministério Público, formará uma lista sêxtupla para enviá-la ao
4.8- Os tribunais e juízes militares. Tribunal onde existe a vaga de ministro ou desembargador.
A Constituição Federal estabelece a possibilidade de ser Este tribunal, após votação interna para a formação de uma
criada mediante lei estadual proposta pelo Tribunal de Justiça, lista tríplice, a remete ao chefe do Poder Executivo, isto é,
uma justiça Militar Estadual para julgar os crimes militares governadores, no caso de vagas da justiça estadual, e o
cometidos por policiais militares e ações judiciais contra atos presidente da república no caso de vagas da justiça federal,
disciplinares militares, ressalvada a competência do Tribunal que nomeará um dos indicados.
do Júri para os crimes dolosos contra a vida quando a vítima
for civil. 6- Das Garantias do Poder Judiciário.
Crimes militares são os tipificados no Código Penal Militar. As garantias dos juízes são prerrogativas funcionais, e não
Militares e civis podem ser julgados pela prática de infrações privilégios pessoais, sendo, portanto, irrenunciáveis, segundo
previstas na legislação penal de competência da Justiça Militar o artigo 95 da CF/88. Vejamos cada uma delas:
da União, pois esta não estabelece qualquer restrição, ao
contrário do que ocorre em relação à Justiça Militar dos a) Vitaliciedade: Em primeiro grau, é adquirida após dois
Estados, que julga somente policiais militares (art. 125, §4º da anos de exercício (em razão da emenda constitucional da
CF). reforma do Poder Judiciário poderá subir para três anos, prazo
já exigido para a aquisição da estabilidade daqueles servidores
4.9- Os tribunais e juízes dos Estados. nomeados para cargos efetivos).
Os Estados organizarão sua Justiça, observados os b) Inamovibilidade: Pela inamovibilidade, o juiz titular
princípios estabelecidos nesta Constituição. A competência somente deixa sua sede de atividades (por remoção ou
dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a promoção) voluntariamente. Como exceção temos a remoção
lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de compulsória, por motivo de interesse público, deliberada pelo
Justiça. Cabe aos Estados a instituição de representação de voto de 2/3 dos membros do respectivo Tribunal (ou Órgão
inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou Especial), assegurada a ampla defesa. A remoção, a
municipais em face da Constituição Estadual, vedada a disponibilidade e a aposentadoria do magistrado, por
atribuição da legitimação para agir a um único órgão. interesse público, somente são possíveis com o voto de 2/3
A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal dos membros do respectivo Tribunal ou Órgão Especial,
de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em primeiro assegurada a ampla defesa. A inamovibilidade, portanto, não é
grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em absoluta.
segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por c) Irredutibilidade de subsídios: Garantia estendida a todos
Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar os servidores públicos civis e militares pelo art. 37, inc. XV, da
seja superior a vinte mil integrantes. Constituição Federal. De acordo com o Supremo Tribunal
Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os Federal, trata-se de irredutibilidade meramente nominal,
militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e inexistindo direito à automática reposição do valor corroído
as ações judiciais contra atos disciplinares militares, pela inflação. Todos os magistrados estão sujeitos ao
ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, pagamento dos impostos legalmente instituídos.
cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do Aos juízes é vedado exercer, ainda que em disponibilidade,
posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. outro cargo ou função, salvo uma de magistério, receber, a
Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e qualquer título ou pretexto, custas ou participação em
julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra processo e dedicar-se à atividade político-partidária.
civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares,
cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de Garantias Institucionais do Judiciário
direito, processar e julgar os demais crimes militares. A Constituição de 1988, reportando-se ao princípio da
O Tribunal de Justiça poderá funcionar separação dos poderes, assegura ao Judiciário a garantia de
descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim autonomia orgânico-administrativa e a garantia da
de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em independência financeira, conforme se depreende dos artigos
todas as fases do processo. 96 e 9911 da CF/88.
O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a Segundo lições do professor José de Albuquerque Rocha12,
realização de audiências e demais funções da atividade acerca das garantias constitucionalmente previstas para o
poder Judiciário no âmbito administrativo-financeiro, a

11BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do 12 José de Albuquerque Rocha apud Marcus Vinícius Amorim de Oliveira.
Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.

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autonomia administrativa, chamada de autogoverno da fixado para os Ministros do Supremo Tribunal Federal e os
magistratura, significa a capacidade conferida ao Judiciário de subsídios dos demais magistrados serão fixados em lei e
ministrar seus órgãos, abrangendo o pessoal e os meios escalonados, em nível federal e estadual, conforme as
financeiros, necessários ao desempenho das funções respectivas categorias da estrutura judiciária nacional, não
jurisdicionais. podendo a diferença entre uma e outra ser superior a dez por
Veja os dispositivos constitucionais acerca do assunto: cento ou inferior a cinco por cento, nem exceder a noventa e
cinco por cento do subsídio mensal dos Ministros dos
CAPÍTULO III Tribunais Superiores, obedecido, em qualquer caso, o disposto
DO PODER JUDICIÁRIO nos arts. 37, XI, e 39, § 4º;
SEÇÃO I VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus
DISPOSIÇÕES GERAIS dependentes observarão o disposto no art. 40;
VII o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: autorização do tribunal;
I - o Supremo Tribunal Federal; VIII o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do
I-A o Conselho Nacional de Justiça; magistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão por
II - o Superior Tribunal de Justiça; voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do
II-A - o Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa;
Emenda Constitucional nº 92, de 2016) VIIIA a remoção a pedido ou a permuta de magistrados de
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; comarca de igual entrância atenderá, no que couber, ao
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; disposto nas alíneas a, b, c e e do inciso II;
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário
VI - os Tribunais e Juízes Militares; serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em
e Territórios. determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à
Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal. intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores público à informação;
têm jurisdição em todo o território nacional. X as decisões administrativas dos tribunais serão
motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo pelo voto da maioria absoluta de seus membros;
Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, XI nos tribunais com número superior a vinte e cinco
observados os seguintes princípios: julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com o
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o
substituto, mediante concurso público de provas e títulos, com exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais
a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se
fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos metade das vagas por antiguidade e a outra metade por eleição
de atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à pelo tribunal pleno;
ordem de classificação; XII a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo
II - promoção de entrância para entrância, alternadamente, vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau,
por antiguidade e merecimento, atendidas as seguintes funcionando, nos dias em que não houver expediente forense
normas: normal, juízes em plantão permanente;
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três XIII o número de juízes na unidade jurisdicional será
vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista de proporcional à efetiva demanda judicial e à respectiva
merecimento; população;
b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de XIV os servidores receberão delegação para a prática de
exercício na respectiva entrância e integrar o juiz a primeira atos de administração e atos de mero expediente sem caráter
quinta parte da lista de antiguidade desta, salvo se não houver decisório;
com tais requisitos quem aceite o lugar vago; XV a distribuição de processos será imediata, em todos os
c) aferição do merecimento conforme o desempenho e graus de jurisdição.
pelos critérios objetivos de produtividade e presteza no
exercício da jurisdição e pela frequência e aproveitamento em Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais
cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento; Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e
d) na apuração de antiguidade, o tribunal somente poderá Territórios será composto de membros, do Ministério Público,
recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório
terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de
assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla
indicação; pelos órgãos de representação das respectivas classes.
e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal
retiver autos em seu poder além do prazo legal, não podendo formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos
devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão; vinte dias subsequentes, escolherá um de seus integrantes
III o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por para nomeação.
antiguidade e merecimento, alternadamente, apurados na
última ou única entrância; Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:
IV previsão de cursos oficiais de preparação, I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida
aperfeiçoamento e promoção de magistrados, constituindo após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo,
etapa obrigatória do processo de vitaliciamento a participação nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver
em curso oficial ou reconhecido por escola nacional de vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada
formação e aperfeiçoamento de magistrados; em julgado;
V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público,
corresponderá a noventa e cinco por cento do subsídio mensal na forma do art. 93, VIII;

Noções de Direito Constitucional 38


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III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras
arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. previstas na legislação.
Parágrafo único. Aos juízes é vedado: § 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou especiais no âmbito da Justiça Federal.
função, salvo uma de magistério; § 2º As custas e emolumentos serão destinados
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou exclusivamente ao custeio dos serviços afetos às atividades
participação em processo; específicas da Justiça.
III - dedicar-se à atividade político-partidária.
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou administrativa e financeira.
privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; § 1º - Os tribunais elaborarão suas propostas
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se orçamentárias dentro dos limites estipulados conjuntamente
afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias.
por aposentadoria ou exoneração. § 2º - O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros
tribunais interessados, compete:
Art. 96. Compete privativamente: I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo
I - aos tribunais: Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a aprovação
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos dos respectivos tribunais;
internos, com observância das normas de processo e das II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e
garantias processuais das partes, dispondo sobre a Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça, com a
competência e o funcionamento dos respectivos órgãos aprovação dos respectivos tribunais.
jurisdicionais e administrativos; § 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem as
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos respectivas propostas orçamentárias dentro do prazo
juízos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder
atividade correicional respectiva; Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária
de juiz de carreira da respectiva jurisdição; vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na
d) propor a criação de novas varas judiciárias; forma do § 1º deste artigo.
e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e § 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este artigo
títulos, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo único, os forem encaminhadas em desacordo com os limites estipulados
cargos necessários à administração da Justiça, exceto os de na forma do § 1º, o Poder Executivo procederá aos ajustes
confiança assim definidos em lei; necessários para fins de consolidação da proposta
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus orçamentária anual.
membros e aos juízes e servidores que lhes forem § 5º Durante a execução orçamentária do exercício, não
imediatamente vinculados; poderá haver a realização de despesas ou a assunção de
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de
e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas,
respectivo, observado o disposto no art. 169: mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais.
a) a alteração do número de membros dos tribunais
inferiores; Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas
b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de
seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem
bem como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos
inclusive dos tribunais inferiores, onde houver; créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores; pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais
d) a alteração da organização e da divisão judiciárias; abertos para este fim.
III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do § 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem
Distrito Federal e Territórios, bem como os membros do aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos,
Ministério Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral. indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em
responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus transitada em julgado, e serão pagos com preferência sobre
membros ou dos membros do respectivo órgão especial todos os demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no §
poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou 2º deste artigo.
ato normativo do Poder Público. § 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares,
originários ou por sucessão hereditária, tenham 60 (sessenta)
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os anos de idade, ou sejam portadores de doença grave, ou
Estados criarão: pessoas com deficiência, assim definidos na forma da lei, serão
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até o
togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento valor equivalente ao triplo fixado em lei para os fins do
e a execução de causas cíveis de menor complexidade e disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para
infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem
procedimentos oral e sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses cronológica de apresentação do precatório. (Redação dada
previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
turmas de juízes de primeiro grau; § 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à
II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos expedição de precatórios não se aplica aos pagamentos de
eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as
quatro anos e competência para, na forma da lei, celebrar Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença
casamentos, verificar, de ofício ou em face de impugnação judicial transitada em julgado.
apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições

Noções de Direito Constitucional 39


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§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, § 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
por leis próprias, valores distintos às entidades de direito aferirão mensalmente, em base anual, o comprometimento de
público, segundo as diferentes capacidades econômicas, sendo suas respectivas receitas correntes líquidas com o pagamento
o mínimo igual ao valor do maior benefício do regime geral de de precatórios e obrigações de pequeno valor. (Incluído pela
previdência social. (Teto INSS em 2017 – R$ 5.531,31) Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades § 18. Entende-se como receita corrente líquida, para os fins
de direito público, de verba necessária ao pagamento de seus de que trata o § 17, o somatório das receitas tributárias,
débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de contribuições e de
constantes de precatórios judiciários apresentados até 1º de serviços, de transferências correntes e outras receitas
julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, correntes, incluindo as oriundas do § 1º do art. 20 da
quando terão seus valores atualizados monetariamente. Constituição Federal, verificado no período compreendido
§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão pelo segundo mês imediatamente anterior ao de referência e
consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao os 11 (onze) meses precedentes, excluídas as duplicidades, e
Presidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda deduzidas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de
determinar o pagamento integral e autorizar, a requerimento 2016)
do credor e exclusivamente para os casos de preterimento de I - na União, as parcelas entregues aos Estados, ao Distrito
seu direito de precedência ou de não alocação orçamentária do Federal e aos Municípios por determinação constitucional;
valor necessário à satisfação do seu débito, o sequestro da (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
quantia respectiva. II - nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por
§ 7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato determinação constitucional; (Incluído pela Emenda
comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação Constitucional nº 94, de 2016)
regular de precatórios incorrerá em crime de III - na União, nos Estados, no Distrito Federal e nos
responsabilidade e responderá, também, perante o Conselho Municípios, a contribuição dos servidores para custeio de seu
Nacional de Justiça. sistema de previdência e assistência social e as receitas
§ 8º É vedada a expedição de precatórios complementares provenientes da compensação financeira referida no § 9º do
ou suplementares de valor pago, bem como o fracionamento, art. 201 da Constituição Federal. (Incluído pela Emenda
repartição ou quebra do valor da execução para fins de Constitucional nº 94, de 2016)
enquadramento de parcela do total ao que dispõe o § 3º deste § 19. Caso o montante total de débitos decorrentes de
artigo. condenações judiciais em precatórios e obrigações de pequeno
§ 9º No momento da expedição dos precatórios, valor, em período de 12 (doze) meses, ultrapasse a média do
independentemente de regulamentação, deles deverá ser comprometimento percentual da receita corrente líquida nos
abatido, a título de compensação, valor correspondente aos 5 (cinco) anos imediatamente anteriores, a parcela que
débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e exceder esse percentual poderá ser financiada, excetuada dos
constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública limites de endividamento de que tratam os incisos VI e VII do
devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamentos, art. 52 da Constituição Federal e de quaisquer outros limites
ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude de endividamento previstos, não se aplicando a esse
de contestação administrativa ou judicial. financiamento a vedação de vinculação de receita prevista no
§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal inciso IV do art. 167 da Constituição Federal. (Incluído pela
solicitará à Fazenda Pública devedora, para resposta em até 30 Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
(trinta) dias, sob pena de perda do direito de abatimento, § 20. Caso haja precatório com valor superior a 15%
informação sobre os débitos que preencham as condições (quinze por cento) do montante dos precatórios apresentados
estabelecidas no § 9º, para os fins nele previstos. nos termos do § 5º deste artigo, 15% (quinze por cento) do
§ 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei valor deste precatório serão pagos até o final do exercício
da entidade federativa devedora, a entrega de créditos em seguinte e o restante em parcelas iguais nos cinco exercícios
precatórios para compra de imóveis públicos do respectivo subsequentes, acrescidas de juros de mora e correção
ente federado. monetária, ou mediante acordos diretos, perante Juízos
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Auxiliares de Conciliação de Precatórios, com redução máxima
Constitucional, a atualização de valores de requisitórios, após de 40% (quarenta por cento) do valor do crédito atualizado,
sua expedição, até o efetivo pagamento, independentemente desde que em relação ao crédito não penda recurso ou defesa
de sua natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração judicial e que sejam observados os requisitos definidos na
básica da caderneta de poupança, e, para fins de compensação regulamentação editada pelo ente federado. (Incluído pela
da mora, incidirão juros simples no mesmo percentual de juros Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
incidentes sobre a caderneta de poupança, ficando excluída a
incidência de juros compensatórios. SEÇÃO II
§ 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
créditos em precatórios a terceiros, independentemente da
concordância do devedor, não se aplicando ao cessionário o Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze
disposto nos §§ 2º e 3º. Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e
§ 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável
após comunicação, por meio de petição protocolizada, ao saber jurídico e reputação ilibada.
tribunal de origem e à entidade devedora. Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal
§ 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei Federal serão nomeados pelo Presidente da República, depois
complementar a esta Constituição Federal poderá estabelecer de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado
regime especial para pagamento de crédito de precatórios de Federal.
Estados, Distrito Federal e Municípios, dispondo sobre
vinculações à receita corrente líquida e forma e prazo de Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal,
liquidação. precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
§ 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União I - processar e julgar, originariamente:
poderá assumir débitos, oriundos de precatórios, de Estados,
Distrito Federal e Municípios, refinanciando-os diretamente.”

Noções de Direito Constitucional 40


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a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo
normativo federal ou estadual e a ação declaratória de Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de
constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito
o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder
próprios Ministros e o Procurador-Geral da República; Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de esferas federal, estadual e municipal. (Redação dada pela
responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto § 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá
no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais
Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal
de caráter permanente; examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo
d) o "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoas pela manifestação de dois terços de seus membros.
referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o
"habeas-data" contra atos do Presidente da República, das Art. 103. Podem propor a ação direta de
Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do inconstitucionalidade e a ação declaratória de
Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da constitucionalidade:
República e do próprio Supremo Tribunal Federal; I - o Presidente da República;
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo II - a Mesa do Senado Federal;
internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
Território; IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a Legislativa do Distrito Federal;
União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
respectivas entidades da administração indireta; VI - o Procurador-Geral da República;
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro; VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior Brasil;
ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou VIII - partido político com representação no Congresso
funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à Nacional;
jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito
sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; nacional.
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados; § 1º - O Procurador-Geral da República deverá ser
l) a reclamação para a preservação de sua competência e previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em
garantia da autoridade de suas decisões; todos os processos de competência do Supremo Tribunal
m) a execução de sentença nas causas de sua competência Federal.
originária, facultada a delegação de atribuições para a prática § 2º - Declarada a inconstitucionalidade por omissão de
de atos processuais; medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada
n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam ciência ao Poder competente para a adoção das providências
direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para
metade dos membros do tribunal de origem estejam fazê-lo em trinta dias.
impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados; § 3º - Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a
o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato
de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União,
ou entre estes e qualquer outro tribunal; que defenderá o ato ou texto impugnado.
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de
inconstitucionalidade; Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício
q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus
regulamentadora for atribuição do Presidente da República, membros, após reiteradas decisões sobre matéria
do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação
Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos
Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública
ou do próprio Supremo Tribunal Federal; direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma
o Conselho Nacional do Ministério Público; estabelecida em lei.
II - julgar, em recurso ordinário: § 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação
a) o "habeas-corpus", o mandado de segurança, o "habeas- e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja
data" e o mandado de injunção decididos em única instância controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a
pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; administração pública que acarrete grave insegurança jurídica
b) o crime político; e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas § 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a
decididas em única ou última instância, quando a decisão aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser
recorrida: provocada por aqueles que podem propor a ação direta de
a) contrariar dispositivo desta Constituição; inconstitucionalidade.
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que
federal; contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar,
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que,
face desta Constituição. julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra
§ 1.º A arguição de descumprimento de preceito seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o
fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada caso.
pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.

Noções de Direito Constitucional 41


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APOSTILAS OPÇÃO

Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de VI - elaborar semestralmente relatório estatístico sobre
15 (quinze) membros com mandato de 2 (dois) anos, admitida processos e sentenças prolatadas, por unidade da Federação,
1 (uma) recondução, sendo: nos diferentes órgãos do Poder Judiciário;
I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal; VII - elaborar relatório anual, propondo as providências
II - um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no
pelo respectivo tribunal; País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar
III - um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser
indicado pelo respectivo tribunal; remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da
IV - um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado sessão legislativa.
pelo Supremo Tribunal Federal; § 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá a
V - um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal função de Ministro-Corregedor e ficará excluído da
Federal; distribuição de processos no Tribunal, competindo-lhe, além
VI - um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo das atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da
Superior Tribunal de Justiça; Magistratura, as seguintes:
VII - um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de I receber as reclamações e denúncias, de qualquer
Justiça; interessado, relativas aos magistrados e aos serviços
VIII - um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado judiciários;
pelo Tribunal Superior do Trabalho; II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de
IX - um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior correição geral;
do Trabalho; III requisitar e designar magistrados, delegando-lhes
X - um membro do Ministério Público da União, indicado atribuições, e requisitar servidores de juízos ou tribunais,
pelo Procurador-Geral da República; inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territórios.
XI um membro do Ministério Público estadual, escolhido § 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral da
pelo Procurador-Geral da República dentre os nomes República e o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos
indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual; Advogados do Brasil.
XII - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da § 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos Territórios,
Ordem dos Advogados do Brasil; criará ouvidorias de justiça, competentes para receber
XIII - dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação reclamações e denúncias de qualquer interessado contra
ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo membros ou órgãos do Poder Judiciário, ou contra seus
Senado Federal. serviços auxiliares, representando diretamente ao Conselho
§ 1º O Conselho será presidido pelo Presidente do Nacional de Justiça.
Supremo Tribunal Federal e, nas suas ausências e
impedimentos, pelo Vice-Presidente do Supremo Tribunal SEÇÃO III
Federal. DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
§ 2º Os demais membros do Conselho serão nomeados
pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no
pela maioria absoluta do Senado Federal. mínimo, trinta e três Ministros.
§ 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações previstas Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de
neste artigo, caberá a escolha ao Supremo Tribunal Federal. Justiça serão nomeados pelo Presidente da República, dentre
§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e
administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada,
cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado
além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Federal, sendo:
Estatuto da Magistratura: I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais
I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo e um terço dentre desembargadores dos Tribunais de Justiça,
cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal;
atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e
recomendar providências; membros do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito
II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma do
mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos art. 94.
praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se I - processar e julgar, originariamente:
adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do
lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os
União; desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do
III - receber e conhecer das reclamações contra membros Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos
ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais
auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os
notariais e de registro que atuem por delegação do poder membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos
público ou oficializados, sem prejuízo da competência Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem
disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar perante tribunais;
processos disciplinares em curso e determinar a remoção, a b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato
disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do
proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal;
sanções administrativas, assegurada ampla defesa; c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for
IV - representar ao Ministério Público, no caso de crime qualquer das pessoas mencionadas na alínea "a", ou quando o
contra a administração pública ou de abuso de autoridade; coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado
V - rever, de ofício ou mediante provocação, os processos ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica,
disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
menos de um ano;

Noções de Direito Constitucional 42


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APOSTILAS OPÇÃO

d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, II - os demais, mediante promoção de juízes federais com
ressalvado o disposto no art. 102, I, "o", bem como entre mais de cinco anos de exercício, por antiguidade e
tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados merecimento, alternadamente.
a tribunais diversos; § 1º A lei disciplinará a remoção ou a permuta de juízes dos
e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus Tribunais Regionais Federais e determinará sua jurisdição e
julgados; sede.
f) a reclamação para a preservação de sua competência e § 2º Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justiça
garantia da autoridade de suas decisões; itinerante, com a realização de audiências e demais funções da
g) os conflitos de atribuições entre autoridades atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva
administrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e
judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do comunitários.
Distrito Federal, ou entre as deste e da União; § 3º Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar
h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim
regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em
autoridade federal, da administração direta ou indireta, todas as fases do processo.
excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal
Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:
Justiça do Trabalho e da Justiça Federal; I - processar e julgar, originariamente:
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os
de exequatur às cartas rogatórias; da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns
II - julgar, em recurso ordinário: e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da
a) os "habeas-corpus" decididos em única ou última União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados
tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, seus ou dos juízes federais da região;
quando a decisão for denegatória; c) os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato
b) os mandados de segurança decididos em única instância do próprio Tribunal ou de juiz federal;
pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos d) os "habeas-corpus", quando a autoridade coatora for
Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória juiz federal;
a decisão; e) os conflitos de competência entre juízes federais
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou vinculados ao Tribunal;
organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos
pessoa residente ou domiciliada no País; juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em competência federal da área de sua jurisdição.
única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais
ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
Territórios, quando a decisão recorrida: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; empresa pública federal forem interessadas na condição de
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as
lei federal; de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja Justiça do Trabalho;
atribuído outro tribunal. II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo
Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente
de Justiça: no País;
I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União
Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções, com Estado estrangeiro ou organismo internacional;
regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em
carreira; detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas
II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as
forma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e
Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão da Justiça Eleitoral;
central do sistema e com poderes correicionais, cujas decisões V - os crimes previstos em tratado ou convenção
terão caráter vinculante. internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado
tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
SEÇÃO IV reciprocamente;
DOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E DOS JUÍZES V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere
FEDERAIS o § 5º deste artigo;
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos
Art. 106. São órgãos da Justiça Federal: determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem
I - os Tribunais Regionais Federais; econômico-financeira;
II - os Juízes Federais. VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua
competência ou quando o constrangimento provier de
Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra
no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na jurisdição;
respectiva região e nomeados pelo Presidente da República VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra
dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência
cinco anos, sendo: dos tribunais federais;
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves,
efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público ressalvada a competência da Justiça Militar;
Federal com mais de dez anos de carreira; X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de
estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur",

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e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas II - o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-
referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa,
naturalização; orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho
XI - a disputa sobre direitos indígenas. de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema,
§ 1º - As causas em que a União for autora serão aforadas cujas decisões terão efeito vinculante.
na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte. § 3º Compete ao Tribunal Superior do Trabalho processar
§ 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser e julgar, originariamente, a reclamação para a preservação de
aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, sua competência e garantia da autoridade de suas decisões.
naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à (Incluído pela Emenda Constitucional nº 92, de 2016)
demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito
Federal. Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo,
§ 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos
foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal
que forem parte instituição de previdência social e segurado, Regional do Trabalho.
sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal,
e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras Art. 113. A lei disporá sobre a constituição, investidura,
causas sejam também processadas e julgadas pela justiça jurisdição, competência, garantias e condições de exercício dos
estadual. órgãos da Justiça do Trabalho.
§ 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível
será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
jurisdição do juiz de primeiro grau. I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, entes de direito público externo e da administração pública
o Procurador-Geral da República, com a finalidade de direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e
assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de dos Municípios;
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil II as ações que envolvam exercício do direito de greve;
seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos,
Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e
de deslocamento de competência para a Justiça Federal. empregadores;
IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas
Art. 110. Cada Estado, bem como o Distrito Federal, data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua
constituirá uma seção judiciária que terá por sede a respectiva jurisdição;
Capital, e varas localizadas segundo o estabelecido em lei. V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição
Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a jurisdição e as trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o;
atribuições cometidas aos juízes federais caberão aos juízes da VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial,
justiça local, na forma da lei. decorrentes da relação de trabalho;
VII as ações relativas às penalidades administrativas
SEÇÃO V impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das
(REDAÇÃO DADA PELA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº relações de trabalho;
92, DE 2016) VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais
DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO, DOS previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais,
TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO E DOS JUÍZES DO decorrentes das sentenças que proferir;
TRABALHO IX outras controvérsias decorrentes da relação de
trabalho, na forma da lei.
Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho: § 1º - Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão
I - o Tribunal Superior do Trabalho; eleger árbitros.
II - os Tribunais Regionais do Trabalho; § 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação
III - Juízes do Trabalho. coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum
§§ 1º a 3º (Revogados) acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica,
podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas
Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem
de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com como as convencionadas anteriormente. (Redação dada pela
mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta e cinco anos, Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
de notável saber jurídico e reputação ilibada, nomeados pelo § 3º Em caso de greve em atividade essencial, com
Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério
do Senado Federal, sendo: (Redação dada pela Emenda Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo,
Constitucional nº 92, de 2016) competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito.
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de
efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se
do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na
observado o disposto no art. 94; respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República
II - os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e
Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo cinco anos, sendo:
próprio Tribunal Superior. I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de
§ 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público
Superior do Trabalho. do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício,
§ 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho: observado o disposto no art. 94;
I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de II os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por
Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, antiguidade e merecimento, alternadamente.
regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na § 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a
carreira; justiça itinerante, com a realização de audiências e demais

Noções de Direito Constitucional 44


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funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da § 3º - São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior
respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e Eleitoral, salvo as que contrariarem esta Constituição e as
comunitários. denegatórias de "habeas-corpus" ou mandado de segurança.
§ 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão § 4º - Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais
funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras somente caberá recurso quando:
regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado I - forem proferidas contra disposição expressa desta
à justiça em todas as fases do processo. Constituição ou de lei;
II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois
Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida ou mais tribunais eleitorais;
por um juiz singular. III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de
Parágrafo único. (Revogado) diplomas nas eleições federais ou estaduais;
IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de
Art. 117. (Revogado). mandatos eletivos federais ou estaduais;
V - denegarem "habeas-corpus", mandado de segurança,
SEÇÃO VI "habeas-data" ou mandado de injunção.
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES ELEITORAIS
SEÇÃO VII
Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral: DOS TRIBUNAIS E JUÍZES MILITARES
I - o Tribunal Superior Eleitoral;
II - os Tribunais Regionais Eleitorais; Art. 122. São órgãos da Justiça Militar:
III - os Juízes Eleitorais; I - o Superior Tribunal Militar;
IV - as Juntas Eleitorais. II - os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei.

Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de
mínimo, de sete membros, escolhidos: quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da
I - mediante eleição, pelo voto secreto: República, depois de aprovada a indicação pelo Senado
a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal, sendo três dentre oficiais-generais da Marinha,
Federal; quatro dentre oficiais-generais do Exército, três dentre
b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto
Justiça; mais elevado da carreira, e cinco dentre civis.
II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo
dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade Presidente da República dentre brasileiros maiores de trinta e
moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal. cinco anos, sendo:
Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu I - três dentre advogados de notório saber jurídico e
Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade
Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os profissional;
Ministros do Superior Tribunal de Justiça. II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e
membros do Ministério Público da Justiça Militar.
Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital
de cada Estado e no Distrito Federal. Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar os
§ 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão: crimes militares definidos em lei.
I - mediante eleição, pelo voto secreto: Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o
a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal funcionamento e a competência da Justiça Militar.
de Justiça;
b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo SEÇÃO VIII
Tribunal de Justiça; DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS
II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na
Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os
juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal princípios estabelecidos nesta Constituição.
Regional Federal respectivo; § 1º - A competência dos tribunais será definida na
III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária
juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e de iniciativa do Tribunal de Justiça.
idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça. § 2º - Cabe aos Estados a instituição de representação de
§ 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou
e o Vice-Presidente- dentre os desembargadores. municipais em face da Constituição Estadual, vedada a
atribuição da legitimação para agir a um único órgão.
Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e § 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do
competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em
eleitorais. primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de
§ 1º - Os membros dos tribunais, os juízes de direito e os Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou
integrantes das juntas eleitorais, no exercício de suas funções, por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo
e no que lhes for aplicável, gozarão de plenas garantias e serão militar seja superior a vinte mil integrantes.
inamovíveis. § 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar
§ 2º - Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei
justificado, servirão por dois anos, no mínimo, e nunca por e as ações judiciais contra atos disciplinares militares,
mais de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil,
escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do
número igual para cada categoria. posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.
§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar
processar e julgar, singularmente, os crimes militares

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cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos 04. (Câmara de Suzano – SP - Assistente Jurídico –
disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a INTEGRI/2016) A norma constitucional estabelece garantias
presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais e vedações relacionadas ao Poder Judiciário. Entre elas
crimes militares. encontram-se as seguintes disposições, exceto:
§ 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar (A) Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário
descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sem
de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em exceção, sob pena de nulidade, afim de garantir e preservar o
todas as fases do processo. interesse público à informação.
§ 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com (B) Os juízes gozam da garantia de vitaliciedade, que, no
a realização de audiências e demais funções da atividade primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício,
jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação
servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos,
de sentença judicial transitada em julgado.
Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de (C) Aos juízes é vedado exercer, ainda que em
Justiça proporá a criação de varas especializadas, com disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de
competência exclusiva para questões agrárias. magistério, receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou
Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente participação em processo e dedicar-se à atividade político-
prestação jurisdicional, o juiz far-se-á presente no local do partidária.
litígio. (D) Compete privativamente aos tribunais eleger seus
órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com
Questões observância das normas de processo e das garantias
processuais das partes, dispondo sobre a competência e o
01. (AL-MS - Assistente Social – FCC/2016) Bernardo é funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e
ministro do Supremo Tribunal Federal; Fátima é ministra do administrativos.
Tribunal Superior do Trabalho e Cícero é membro do Conselho
Nacional de Justiça. É correto afirmar que 05. (PC-PA - Delegado de Polícia Civil – FUNCAB/2016)
(A) Bernardo e Fátima trabalham em órgãos do Poder A competência para a criação de novas varas judiciárias é de
Judiciário e Cícero em órgão do Poder Legislativo. iniciativa:
(B) Bernardo, Fátima e Cícero trabalham em órgãos do (A) comum entre o Congresso Nacional ou Assembleia
Poder Judiciário. Legislativa e o respectivo Tribunal de Contas da União ou do
(C) Fátima e Bernardo trabalham em órgãos do Poder Estado.
Judiciário e Cícero em órgão do Poder Executivo. (B) privativa do Tribunal ao qual pertencerá o órgão a ser
(D) Bernardo trabalha em órgão do Poder Judiciário e criado
Fátima e Cícero em órgãos do Poder Executivo. (C) privativa do Ministério Público.
(E) Bernardo trabalha em órgão do Poder Executivo e (D) comum entre o Chefe do Executivo e o Presidente do
Fátima e Cícero em órgãos do Poder Legislativo. Supremo Tribunal Federal.
(E) comum entre o Presidente do Supremo Tribunal
02. (EBSERH - Advogado (CH-UFPA) – INSTITUO Federal e qualquer membro do Congresso Nacional.
AOCP/2016) Acerca da organização do Poder Judiciário,
assinale a alternativa correta. 06. (TRT - 20ª REGIÃO (SE) - Técnico Judiciário –
(A) Compete privativamente aos Tribunais propor a Administrativa – FCC/2016) Prevê a Constituição Federal
criação de novas varas judiciárias. que, nas ausências e impedimentos do Presidente do Conselho
(B) Ao poder judiciário, é assegurada apenas autonomia Nacional de Justiça, o referido Conselho será presidido pelo
administrativa. (A) Presidente do Superior Tribunal de Justiça.
(C) Aos juízes é vedado exercer a advocacia no juízo ou (B) Vice-Presidente da República.
tribunal do qual se afastou, antes de decorridos 2 (dois) anos (C) Presidente do Congresso Nacional.
do afastamento do cargo, aposentadoria ou exoneração. (D) Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal.
(D) O Conselho Nacional de Justiça compõem-se de 10 (E) Presidente do Tribunal Superior do Trabalho.
(dez) membros com mandato de 3 (três) anos, não se
admitindo a recondução. 07. (TRT - 20ª REGIÃO (SE) - Analista Judiciário –
(E) Para exercer o cargo de Ministro do Superior Tribunal Administrativa – FCC/2016) No tocante aos Tribunais
de Justiça, é exigida a idade mínima de 30 (trinta) anos. Regionais do Trabalho, a Constituição Federal de 1988 prevê
que são compostos
03. (PC-PE - Escrivão de Polícia – CESPE/2016) Acerca (A) de, no máximo, onze juízes, recrutados,
do Poder Judiciário e das competências de seus órgãos, obrigatoriamente na respectiva região.
assinale a opção correta. (B) de, no mínimo, nove juízes, recrutados,
(A) Compete aos juízes de direito do juízo militar processar obrigatoriamente na respectiva região.
e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra (C) de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível
civis. na respectiva região.
(B) A disputa sobre direitos indígenas será processada e (D) por brasileiros com mais de trinta e cinco anos de
julgada perante a justiça estadual. idade.
(C) Os crimes contra a organização do trabalho serão (E) por juízes nomeados pelo Presidente do Tribunal
processados e julgados perante a justiça do trabalho. Superior do Trabalho.
(D) Não é necessário que decisões administrativas dos
tribunais do Poder Judiciário sejam motivadas. 08. (TRT - 20ª REGIÃO (SE) - Analista Judiciário –
(E) Compete ao Conselho Nacional de Justiça apreciar, de Administrativa – FCC/2016) O Conselho Nacional de Justiça
ofício, a legalidade dos atos administrativos praticados por (A) não possui em sua composição Desembargador de
servidores do Poder Judiciário. Tribunal de Justiça.
(B) é composto, dentre outros membros, por dois
ministros do Tribunal Superior do Trabalho.

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APOSTILAS OPÇÃO

(C) não possui em sua composição juiz de Tribunal Está correto o que consta APENAS em
Regional Federal. (A) I e II.
(D) é composto, dentre outros membros, por dois (B) III e IV.
advogados. (C) I, II e III.
(E) compõe-se de treze membros com mandato de dois (D) II, III e IV.
anos. (E) I e IV.

09. (PC-PA - Delegado de Polícia Civil – FUNCAB/2016) 12. (TRT - 11ª Região (AM e RR) - Analista Judiciário -
Acerca do Conselho Nacional de Justiça, é correto afirmar que: Área Administrativa – FCC/2017) Augusto exerce o cargo de
(A) todos os seus membros serão nomeados pelo juiz substituto há mais de cinco anos na mesma entrância e, em
Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela razão de cumprir os requisitos necessários, teve seu nome
maioria absoluta do Senado Federal. mencionado em lista de merecimento para a ocorrência de sua
(B) compõe-se de 15 (quinze) membros com mandato de 4 promoção para outra entrância por três vezes consecutivas. A
(quatro) anos, admitida uma recondução. promoção por merecimento de Augusto
(C) é órgão do Poder Judiciário, competindo-lhe o controle (A) poderá ser recusada pelo voto fundamentado de dois
da atuação administrativa e financeira dos órgãos essenciais à terços dos membros do Senado Federal.
justiça e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes. (B) é facultativa, desde que integre a primeira quinta parte
(D) o Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado da lista de antiguidade, salvo se não houver, com tais
pelo respectivo Tribunal e nomeado pelo Presidente da requisitos, quem aceite o lugar vago.
República, exercerá a função de Ministro-Corregedor. (C) somente poderá ocorrer quando figurar por cinco
(E) dentre os seus integrantes, há dois cidadãos de notável vezes consecutivas na lista de merecimento.
saber jurídico e reputação ilibada, indicados pelo Congresso (D) é obrigatória, desde que integre a primeira quinta
Nacional. parte da lista de antiguidade, salvo se não houver, com tais
requisitos, quem aceite o lugar vago.
10. (SEJUS-PI - Agente Penitenciário – NUCEPE/2016) (E) apenas poderá ocorrer se tiver mais de dez anos de
Assinale a alternativa que NÃO indica competência do exercício da magistratura, salvo se não houver, com tais
Supremo Tribunal Federal. requisitos, quem aceite o lugar vago.
(A) Julgar, mediante recurso extraordinário, as causas
decididas em única ou última instância, quando a decisão Respostas
recorrida julgar válida lei ou ato de governo local contestado
em face da Constituição Federal. 01. B. / 02. A. / 03. A. / 04. A. / 05. B.
(B) Processar e julgar, originariamente, a extradição 06. D. / 07. C. / 08. D. / 09. D. / 10. E.
solicitada por Estado estrangeiro. 11. B / 12. D
(C) Processar e julgar, originariamente, nas infrações
penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente,
os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e 6 Funções essenciais à Justiça.
o Procurador-Geral da República.
(D) Processar e julgar, originariamente os conflitos de 6.1 Ministério Público, Advocacia
competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer e Defensoria Públicas.
tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e
qualquer outro tribunal.
(E) Julgar, em recurso ordinário, os habeas corpus
O Poder Judiciário não age por impulso, por iniciativa
decididos em única ou última instância pelos Tribunais
própria, exige-se provocação, é o que afirma o princípio da
Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito
inércia. Portanto, a jurisdição se sujeita à demanda externa, a
Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória.
característica central do Judiciário é a inércia.
11. (TRE-SP - Analista Judiciário - Área Administrativa
O Poder Constituinte originário com o objetivo de
– FCC/2017) A respeito de magistrados e membros do
dinamizar a atividade jurisdicional institucionalizou as
Ministério Público, à luz da Constituição da República,
atividades profissionais especializadas no desenrolar da
considere:
dialética processual, atribuindo-lhe status de funções
I. É vedado a magistrados receber, a qualquer título e sob
essenciais à justiça.
qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas
processuais, diferentemente do que ocorre em relação a
Referidas funções são as atividades laborais, de caráter
membros do Ministério Público, para os quais se admitem
público ou privado, que estão referidas no Capítulo IV do
exceções previstas em lei.
Título da Organização dos Poderes, entre os arts. 127 a 135 da
II. É assegurada, tanto a magistrados quanto a membros do
CF/88, distribuídas do seguinte modo:
Ministério Público, inamovibilidade, salvo por motivo de
- Ministério Público (arts. 127 a 130);
interesse público, hipótese em que a remoção poderá ser
- Advocacia Pública (arts. 131 a 132);
determinada, desde que mediante decisão do órgão colegiado
- Advocacia Privada (art. 133);
competente, pelo voto de dois terços de seus membros.
- Defensoria Pública (arts. 134 a 135).
III. É vedado, tanto a magistrados quanto a membros do
Ministério Público, exercer a advocacia no juízo ou tribunal do
Passemos agora ao estudo de cada uma dessas instituições.
qual se afastaram, antes de decorridos três anos do
afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.
MINISTÉRIO PÚBLICO
IV. Juízes estaduais e membros do Ministério Público dos
Estados serão julgados perante os Tribunais de Justiça, nos
O Ministério Público é instituição permanente, essencial à
crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a
função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da
competência da Justiça Eleitoral.
ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais
e individuais indisponíveis. Não se trata de um poder do
Estado, mas de uma instituição independente dos demais

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poderes, considerada essencial ao exercício da função Princípios, garantias, vedações, organização e


jurisdicional do Estado. competências.
A finalidade de sua existência se concentra em três pilares:
na defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos A Constituição de 1988 dotou o Ministério Público e seus
interesses sociais e individuais indisponíveis. membros, para garantia do efetivo exercício de seus
Como defensor da ordem jurídica, o Ministério Público é o audaciosos misteres, de uma série de prerrogativas, dentre as
fiscal da lei, ou seja, trabalha para que ela seja fielmente quais se destacam os princípios institucionais elencados no
cumprida. Para tanto, possui autonomia funcional, §1o de seu artigo 127.
administrativa e financeira, não fazendo parte nem estando 1) Princípio da unidade: os membros do Ministério
subordinado aos Poderes Executivo, Legislativo ou Judiciário. Público integram um só órgão, sob uma mesma direção do
Essa emancipação lhe proporciona um trabalho mais Procurador-Geral da República, na esfera federal, e do
independente, para a garantia dos direitos da sociedade, em Procurador-Geral de Justiça, na estadual.
conformidade com o que está escrito na Constituição da 2) Princípio da Indivisibilidade: os integrantes do
República, lei brasileira suprema. Ministério Público atuam sempre em nome de toda a
Também o Ministério Público, protetor da democracia, instituição, podendo ser substituídos uns pelos outros, dentro
atua para impedir ameaças ou violações à paz, à liberdade, às dos critérios estabelecidos pela lei.
garantias e aos direitos descritos na Constituição. Nesses 3) Princípio da independência funcional: garante a
termos, tem a função de exigir que os Poderes Públicos inexistência de vinculação dos órgãos da Instituição a
respeitem esses direitos e garantias. Também é de atribuição pronunciamentos processuais anteriores de outros membros.
do Ministério Público a defesa dos direitos individuais Tal prerrogativa, juntamente com outras existentes na própria
indisponíveis, como o direito à vida, ao trabalho, à liberdade, à Lei Maior e no ordenamento infraconstitucional, demonstra a
saúde; os direitos difusos e coletivos nas áreas do Consumidor, preocupação do legislador em garantir ao Parquet todos os
do Meio Ambiente e do Patrimônio Público, entre outras; os meios para exercer seu papel fundamental de defesa da ordem
direitos dos idosos, dos portadores de necessidades especiais, jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e
das crianças e adolescentes e dos incapazes. individuais indisponíveis.
Segundo previsto no artigo 128 da CF, o Ministério Público O órgão do Ministério Público é independente no exercício
abrange: de suas funções, não ficando sujeito às ordens de quem quer
que seja, somente devendo prestar contas de seus atos à
I - o Ministério Público da União, que compreende: Constituição, às leis e à sua consciência.
a) o Ministério Público Federal; Nessa seara, o princípio da independência afigura-se
b) o Ministério Público do Trabalho; instrumento garantidor de uma atuação libertária, que visa
c) o Ministério Público Militar; arredar constrangimentos, pressões, imposições, censuras –
d) o Ministério Público do Distrito Federal e interna e externa corporis – em face das importantes
Territórios; atribuições manuseadas.13
II - os Ministérios Públicos dos Estados. Segundo Mazzilli14:

O Ministério Público da União é composto pelo Ministério (...) unidade significa que os membros do Ministério
Público Federal, o Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público integram um só órgão sob a direção de um só
Público Militar e o Ministério Público do Distrito Federal e chefe; indivisibilidade significa que esses membros
Territórios. Cada ramo do MPU, na respectiva área de atuação, podem ser substituídos uns pelos outros, não
defende os interesses da sociedade e zela pelo respeito à lei. arbitrariamente, porém, mas segundo a forma
A organização, as atribuições e o estatuto do Ministério estabelecida na lei. Por sua vez, a independência
Público da União divergem do Ministério Público dos Estados. funcional do membro ministerial brota como um seu
Enquanto o MPU é regido pela Lei Complementar nº 75/1993, alvedrio, garantindo um agir emancipado de quaisquer
o MPE rege-se pela Lei nº 8.625/1993. ingerências ou repressões.
Ao MPU é assegurada autonomia funcional, administrativa
e financeira. Sendo as carreiras dos membros dos diferentes A Constituição Federal de 1988 estabelece, no art. 5º, LIII,
ramos independentes entre si. Dessa forma, para ser membro “que ninguém será processado nem sentenciado senão pela
do MPF, deve-se prestar concurso público para o MPF. Para ser autoridade competente”. Ao lado do tradicional princípio do
membro do MPT, deve-se prestar concurso para o MPT, e juiz natural, inscreveu-se, como garantia individual, o
assim por diante. Quanto à carreira técnico-administrativa, princípio do promotor natural. De acordo com este as
esta é única para todo o MPU. O candidato presta concurso atribuições do promotor de justiça em determinado feito
público para o MPU e pode ser lotado em qualquer um dos devem ser anteriormente fixadas. Assim, além de ser julgado
ramos. por órgão independente e pré-constituído, o acusado também
No âmbito dos Estados, existem os Promotores de Justiça tem o direito e a garantia constitucional de somente ser
que exercem suas funções perante a justiça dos estados e processado por um órgão independente do Estado, vedando-
pertencem a carreira do ministério público estadual. se, por consequência, a designação arbitrária, inclusive, de
Estas distinções entre o ministério público federal e promotores ad hoc (nomeados apenas para a execução do
estadual continuam na segunda instância, isto é, em grau de ato) ou por encomenda.
recurso. Quando a matéria for federal, quem representará a Aos membros do Ministério Público foram atribuídas as
sociedade serão os Procuradores Regionais da República, mesmas garantias concedidas aos integrantes do Poder
sendo o processo distribuído para o Tribunal Regional Federal. Judiciário: vitaliciedade (após o cumprimento do estágio
Já no caso da matéria ser estadual, quem atuará serão os probatório de dois anos, somente podem ser destituídos do
Procuradores de Justiça, junto aos Tribunais de Justiça cargo por sentença judicial transitada em julgado),
Estaduais. inamovibilidade (não podem ser transferidos
compulsoriamente de seus cargos, salvo por motivo de

13 "Considerações sobre o princípio da independência funcional dos membros do 14 MAZZILLI, Hugo Niro. Regime jurídico do Ministério Público, p. 80.
Ministério Público", Luciano França da Silveira Júnior, na Revista Jurídica do
Ministério Público de Minas Gerais, n. 4, p. 113/128.

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interesse público, mediante decisão do órgão colegiado, por CF/88


maioria absoluta dos votos, assegurada ampla defesa) e CAPÍTULO IV
irredutibilidade do subsídio (a remuneração dos membros DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
do Ministério Público não poderá ser reduzida, lembrando que (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de
está assegurada a irredutibilidade nominal, não se garantindo 2014)
a corrosão inflacionária).
Ao mesmo tempo que são concedidas essas importantes SEÇÃO I
garantias, também para assegurar a sua independência, são DO MINISTÉRIO PÚBLICO
impostas algumas vedações aos membros do Ministério
Público: Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente,
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a
honorários, percentagens ou custas processuais; defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
b) exercer a advocacia; interesses sociais e individuais indisponíveis.
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; § 1º - São princípios institucionais do Ministério Público a
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra unidade, a indivisibilidade e a independência funcional.
função pública, salvo uma de magistério; § 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia
e) exercer atividade político-partidária; funcional e administrativa, podendo, observado o disposto no
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso
privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei. público de provas ou de provas e títulos, a política
g) exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua
afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo organização e funcionamento.
por aposentadoria ou exoneração (CF, art. 128, §§ 5º, II e 6º). § 3º - O Ministério Público elaborará sua proposta
orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de
Funções Institucionais diretrizes orçamentárias.
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva
De acordo com o arts. 129 da CF/88, são funções proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido na lei de
institucionais do Ministério Público: diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os
forma da lei; valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos acordo com os limites estipulados na forma do § 3º.
serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta § 5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for
Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua encaminhada em desacordo com os limites estipulados na
garantia; forma do § 3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a necessários para fins de consolidação da proposta
proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e orçamentária anual.
de outros interesses difusos e coletivos; § 6º Durante a execução orçamentária do exercício, não
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou poderá haver a realização de despesas ou a assunção de
representação para fins de intervenção da União e dos Estados, obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de
nos casos previstos nesta Constituição; diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas,
V - defender judicialmente os direitos e interesses das mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais.
populações indígenas;
VI - expedir notificações nos procedimentos Art. 128. O Ministério Público abrange:
administrativos de sua competência, requisitando I - o Ministério Público da União, que compreende:
informações e documentos para instruí-los, na forma da lei a) o Ministério Público Federal;
complementar respectiva; b) o Ministério Público do Trabalho;
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na c) o Ministério Público Militar;
forma da lei complementar mencionada no artigo anterior; d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração II - os Ministérios Públicos dos Estados.
de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de § 1º - O Ministério Público da União tem por chefe o
suas manifestações processuais; Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presidente da
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta e
que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a cinco anos, após a aprovação de seu nome pela maioria
representação judicial e a consultoria jurídica de entidades absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de
públicas. dois anos, permitida a recondução.
A legitimação do Ministério Público para as ações civis § 2º - A destituição do Procurador-Geral da República, por
previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas iniciativa do Presidente da República, deverá ser precedida de
hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei. As autorização da maioria absoluta do Senado Federal.
funções do Ministério Público só podem ser exercidas por § 3º - Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito
integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre integrantes
respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição. da carreira, na forma da lei respectiva, para escolha de seu
Procurador-Geral, que será nomeado pelo Chefe do Poder
Texto Constitucional sobre o assunto: Executivo, para mandato de dois anos, permitida uma
recondução.
§ 4º - Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito
Federal e Territórios poderão ser destituídos por deliberação
da maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei
complementar respectiva.
§ 5º - Leis complementares da União e dos Estados, cuja
iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais,

Noções de Direito Constitucional 49


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estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de § 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o


cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus disposto no art. 93.
membros: § 5º A distribuição de processos no Ministério Público será
I - as seguintes garantias: imediata.
a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo
perder o cargo senão por sentença judicial transitada em Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos
julgado; Tribunais de Contas aplicam-se as disposições desta seção
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, pertinentes a direitos, vedações e forma de investidura.
mediante decisão do órgão colegiado competente do
Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus Questões
membros, assegurada ampla
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, 01. (TRE-SP - Analista Judiciário - Área Administrativa
§ 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, – FCC/2017) A respeito de magistrados e membros do
III, 153, § 2º, I; Ministério Público, à luz da Constituição da República,
II - as seguintes vedações: considere:
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, I. É vedado a magistrados receber, a qualquer título e sob
honorários, percentagens ou custas processuais; qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas
b) exercer a advocacia; processuais, diferentemente do que ocorre em relação a
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; membros do Ministério Público, para os quais se admitem
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra exceções previstas em lei.
função pública, salvo uma de magistério; II. É assegurada, tanto a magistrados quanto a membros do
e) exercer atividade político-partidária; Ministério Público, inamovibilidade, salvo por motivo de
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou interesse público, hipótese em que a remoção poderá ser
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou determinada, desde que mediante decisão do órgão colegiado
privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei. competente, pelo voto de dois terços de seus membros.
§ 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o III. É vedado, tanto a magistrados quanto a membros do
disposto no art. 95, parágrafo único, V. Ministério Público, exercer a advocacia no juízo ou tribunal do
qual se afastaram, antes de decorridos três anos do
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na IV. Juízes estaduais e membros do Ministério Público dos
forma da lei; Estados serão julgados perante os Tribunais de Justiça, nos
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a
serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta competência da Justiça Eleitoral.
Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua
garantia; Está correto o que consta APENAS em
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a (A) I e II.
proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e (B) III e IV.
de outros interesses difusos e coletivos; (C) I, II e III.
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou (D) II, III e IV.
representação para fins de intervenção da União e dos Estados, (E) I e IV.
nos casos previstos nesta Constituição;
V - defender judicialmente os direitos e interesses das 02. (SAMAE de Jaguariaíva – PR - Advogado –
populações indígenas; OBJETIVA/2016) Em conformidade com a Constituição
VI - expedir notificações nos procedimentos Federal, no que diz respeito ao Ministério Público, analisar a
administrativos de sua competência, requisitando sentença abaixo:
informações e documentos para instruí-los, na forma da lei A unidade, a indivisibilidade e a independência funcional
complementar respectiva; são princípios institucionais do Ministério Público (1ª parte).
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na Ao Ministério Público incumbe a defesa da ordem jurídica, do
forma da lei complementar mencionada no artigo anterior; regime democrático e dos interesses sociais e individuais
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração indisponíveis (2ª parte).
de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de
suas manifestações processuais; A sentença está:
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde (A) Totalmente correta.
que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a (B) Correta somente em sua 1ª parte.
representação judicial e a consultoria jurídica de entidades (C) Correta somente em sua 2ª parte.
públicas. (D) Totalmente incorreta.
§ 1º - A legitimação do Ministério Público para as ações
civis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas 03. (TRT - 20ª REGIÃO (SE) - Técnico Judiciário –
mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na Administrativa – FCC/2016) A Constituição Federal veda ao
lei. membro do Ministério Público exercer
§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser (A) qualquer outra função pública, ainda quando estiver
exercidas por integrantes da carreira, que deverão residir na em disponibilidade, com exceção de exercer uma função de
comarca da respectiva lotação, salvo autorização do chefe da magistério.
instituição. (B) qualquer outra função pública, ainda quando estiver
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á em disponibilidade, sem qualquer exceção.
mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a (C) qualquer outra função pública, com exceção de exercer
participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua a função de defensor público quando estiver em
realização, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três disponibilidade.
anos de atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, a (D) algumas funções públicas predeterminadas
ordem de classificação. taxativamente no texto constitucional.

Noções de Direito Constitucional 50


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APOSTILAS OPÇÃO

(E) qualquer outra função pública, exceto quando estiver intervenção da União e dos Estados, nos casos
em disponibilidade, sem qualquer exceção. constitucionalmente previstos.
(D) O Ministério Público da União tem por chefe o
04. (Prefeitura de Paraty – RJ – Procurado – RHS Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presidente da
Consult/2016) Dentre os expostos a seguir, não se pode República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta e
considerar como um dos princípios do Ministério Público: cinco anos, após a aprovação de seu nome pela maioria
(A) Do exercício da advocacia. absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de
(B) Unidade. dois anos, permitida a recondução.
(C) Indivisibilidade. (E) Entre os membros do Conselho Nacional do Ministério
(D) Autonomia funcional. Público estão dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal
(E) Do promotor natural. Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça.

05. (TCE-PA - Conhecimentos Básicos- Cargos 4, 5 e de 09. (Prefeitura de Teresina – PI - Técnico de Nível
8 a 17 – CESPE/2016) Com relação às competências do Poder Superior – Advogado – FCC/2016) Ao dispor sobre o
Judiciário e do Ministério Público, julgue o item que se segue. Ministério Público como função essencial à Justiça, a
Constituição da República estabelece que
Cabe ao próprio Ministério Público a iniciativa de propor (A) suas funções só podem ser exercidas por integrantes
ao Poder Legislativo a edição de lei ordinária que disponha da carreira, que deverão residir na comarca da respectiva
sobre a criação e a extinção de seus cargos e serviços lotação, salvo autorização do órgão colegiado competente ou
auxiliares, bem como sobre a política remuneratória e seus do Conselho Nacional do Ministério Público.
planos de carreira. (B) deverão ser criadas, por leis federal e estaduais,
( ) Certo ouvidorias competentes para receber reclamações e
( ) Errado denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos
do Ministério Público, inclusive contra seus serviços
06. (ALERJ - Procurador – FGV/2017) CWW, político de auxiliares, representando diretamente ao Conselho Nacional
grande prestígio em certo Município do Estado, não do Ministério Público.
concordava com a forma de atuação do Promotor de Justiça da (C) é vedado receber, a qualquer título e sob qualquer
Comarca, já que ela resultara no ajuizamento de diversas ações pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais,
que estavam comprometendo a sua imagem. O caso foi levado ressalvadas as exceções previstas em lei.
ao conhecimento do Procurador-Geral de Justiça, que recebeu (D) a seus membros é assegurada vitaliciedade, após três
de CWW a solicitação de que o Promotor de Justiça, titular há anos de exercício, salvo por motivo de interesse público,
vários anos na Comarca, fosse dela removido mediante decisão do órgão colegiado competente do
compulsoriamente. Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus
membros, assegurada ampla defesa.
À luz dos dados fornecidos e da sistemática constitucional, (E) a instituição abrange o Ministério Público da União, o
é correto afirmar que a solicitação formulada: Ministério Público dos Estados e o Ministério Público junto aos
(A) deve ser apreciada pelo órgão colegiado competente, Tribunais de Contas.
que só pode deferi-la por motivo de interesse público;
(B) jamais poderia ser atendida, pois a ordem 10. (TCE-PA - Auxiliar Técnico de Controle Externo -
constitucional assegura a garantia da inamovibilidade; Área Administrativa – CESPE/2016) Acerca do Ministério
(C) poderia ser livremente apreciada pelo Procurador- Público e da defensoria pública, julgue o item seguinte.
Geral de Justiça, Chefe do Ministério Público estadual;
(D) deveria ser endereçada diretamente ao Conselho Os chefes dos Ministérios Públicos da União, dos estados e
Nacional do Ministério Público, único órgão competente para do Distrito Federal são nomeados pelo presidente da
apreciá-la; República.
(E) é livremente apreciada pelo órgão ao qual a ( ) Certo
normatização infraconstitucional atribuiu competência. ( ) Errado
Respostas
07. (SEDF - Professor – Direito – QUADRIX/2017) 01. B. / 02. A. / 03. A. / 04. A. / 05. Certo.
Julgue o próximo item com relação ao Direito Constitucional. 06. A / 07. Certo / 08. A / 09. B / 10. Errado

Entre os princípios institucionais do Ministério Público, ADVOCACIA


está o princípio da unidade, que informa serem os integrantes
do Ministério Público parte de uma única instituição, sendo 1- Advocacia Privada (art. 133 da CF).
dirigidos por um mesmo chefe institucional e possuidores das Segundo dispõe o art. 133 da Constituição Federal, o
mesmas prerrogativas funcionais. advogado é indispensável à administração da justiça, sendo
( ) Certo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da
( ) Errado profissão, nos limites da lei.

08. (SEJUS-PI - Agente Penitenciário – NUCEPE/2016) Para o exercício profissional da advocacia o bacharel em
Assinale a alternativa INCORRETA no que diz respeito ao direito precisa estar habilitado perante a Ordem dos
regime constitucional do Ministério Público. Advogados do Brasil (OAB). Para o ingresso nos quadros da
(A) É vedado ao membro do Ministério Público o exercício, OAB é necessária aprovação no Exame de Ordem, prova que
ainda que em disponibilidade, de qualquer outra função afere os conhecimentos e capacidade do bacharel em direito.
pública.
(B) Não pode o membro do Ministério Público receber, a A Lei nº 8.906/94 dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e
qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, da Ordem dos Advogados do Brasil.
percentagens ou custas processuais.
(C) Cabe ao Ministério Público promover a ação de
inconstitucionalidade ou representação para fins de

Noções de Direito Constitucional 51


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APOSTILAS OPÇÃO

Da simples leitura do artigo 133 da CF extraímos dois VI - ingressar livremente:


princípios: a indispensabilidade do advogado e imunidade do a) nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além dos
advogado. Entretanto, esses princípios não são absolutos. cancelos que separam a parte reservada aos magistrados;
Primeiro vamos entender o que seria cada um desses b) nas salas e dependências de audiências, secretarias,
princípios para depois trazermos suas particularidades. cartórios, ofícios de justiça, serviços notariais e de registro, e,
no caso de delegacias e prisões, mesmo fora da hora de
Por indispensabilidade do advogado compreende-se que expediente e independentemente da presença de seus
esses profissionais possuem com exclusividade o ius titulares;
postulandi, ou seja, a capacidade postulatória – qualidade ou c) em qualquer edifício ou recinto em que funcione
atributo necessário para poder pleitear ao juiz. repartição judicial ou outro serviço público onde o advogado
Como já afirmado, esse princípio não é absoluto, pois deva praticar ato ou colher prova ou informação útil ao
haverá situações em que será dispensada a atuação do exercício da atividade profissional, dentro do expediente ou
advogado, como por exemplo na interposição de “habeas fora dele, e ser atendido, desde que se ache presente qualquer
corpus”, na revisão criminal, nos Juizados Especiais (causas servidor ou empregado;
com valor de até 20 salários mínimos, em âmbito estadual), d) em qualquer assembleia ou reunião de que participe ou
etc. possa participar o seu cliente, ou perante a qual este deva
comparecer, desde que munido de poderes especiais;
Já por imunidade do advogado deve ser vista como uma VII - permanecer sentado ou em pé e retirar-se de
prerrogativa vinculada ao exercício profissional, com o intuito quaisquer locais indicados no inciso anterior,
de resguardar o exercício do direito de defesa. A imunidade independentemente de licença;
dispensada ao advogado é a material, ou seja, relativa às suas VIII - dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e
manifestações e atos no exercício da atividade laboral, estando gabinetes de trabalho, independentemente de horário
protegido quando suas palavras ou atos possam ser ofensivos previamente marcado ou outra condição, observando-se a
as pessoas, vez que não haverá a incidência dos crimes de ordem de chegada;
injúria e difamação. É preciso ressaltar que o advogado não IX - sustentar oralmente as razões de qualquer recurso ou
possui imunidade quanto aos crimes de desacato e calúnia. processo, nas sessões de julgamento, após o voto do relator,
em instância judicial ou administrativa, pelo prazo de quinze
Direitos do Advogado. minutos, salvo se prazo maior for concedido; (Vide ADIN
1.127-8) (Vide ADIN 1.105-7)
Os direitos dos advogados estão elencados no Capítulo II X - usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou
do Título I do Estatuto da OAB: tribunal, mediante intervenção sumária, para esclarecer
equívoco ou dúvida surgida em relação a fatos, documentos ou
CAPÍTULO II afirmações que influam no julgamento, bem como para
Dos Direitos do Advogado replicar acusação ou censura que lhe forem feitas;
XI - reclamar, verbalmente ou por escrito, perante
Art. 6º Não há hierarquia nem subordinação entre qualquer juízo, tribunal ou autoridade, contra a inobservância
advogados, magistrados e membros do Ministério Público, de preceito de lei, regulamento ou regimento;
devendo todos tratar-se com consideração e respeito XII - falar, sentado ou em pé, em juízo, tribunal ou órgão de
recíprocos. deliberação coletiva da Administração Pública ou do Poder
Parágrafo único. As autoridades, os servidores públicos e Legislativo;
os serventuários da justiça devem dispensar ao advogado, no XIII - examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário
exercício da profissão, tratamento compatível com a dignidade e Legislativo, ou da Administração Pública em geral, autos de
da advocacia e condições adequadas a seu desempenho. processos findos ou em andamento, mesmo sem procuração,
quando não estejam sujeitos a sigilo, assegurada a obtenção de
Art. 7º São direitos do advogado: cópias, podendo tomar apontamentos;
I - exercer, com liberdade, a profissão em todo o território XIV - examinar em qualquer repartição policial, mesmo
nacional; sem procuração, autos de flagrante e de inquérito, findos ou
II - ter respeitada, em nome da liberdade de defesa e do em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo
sigilo profissional, a inviolabilidade de seu escritório ou local copiar peças e tomar apontamentos;
de trabalho, de seus arquivos e dados, de sua correspondência XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por
e de suas comunicações, inclusive telefônicas ou afins, salvo conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de
caso de busca ou apreensão determinada por magistrado e flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou
acompanhada de representante da OAB; em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo
II – a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital;
bem como de seus instrumentos de trabalho, de sua (Redação dada pela Lei nº 13.245, de 2016)
correspondência escrita, eletrônica, telefônica e telemática, XV - ter vista dos processos judiciais ou administrativos de
desde que relativas ao exercício da advocacia; (Redação dada qualquer natureza, em cartório ou na repartição competente,
pela Lei nº 11.767, de 2008) ou retirá-los pelos prazos legais;
III - comunicar-se com seus clientes, pessoal e XVI - retirar autos de processos findos, mesmo sem
reservadamente, mesmo sem procuração, quando estes se procuração, pelo prazo de dez dias;
acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos XVII - ser publicamente desagravado, quando ofendido no
civis ou militares, ainda que considerados incomunicáveis; exercício da profissão ou em razão dela;
IV - ter a presença de representante da OAB, quando preso XVIII - usar os símbolos privativos da profissão de
em flagrante, por motivo ligado ao exercício da advocacia, para advogado;
lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidade e, nos XIX - recusar-se a depor como testemunha em processo no
demais casos, a comunicação expressa à seccional da OAB; qual funcionou ou deva funcionar, ou sobre fato relacionado
V - não ser recolhido preso, antes de sentença transitada com pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo quando
em julgado, senão em sala de Estado Maior, com instalações e autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre
comodidades condignas, assim reconhecidas pela OAB, e, na fato que constitua sigilo profissional;
sua falta, em prisão domiciliar; (Vide ADIN 1.127-8)

Noções de Direito Constitucional 52


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XX - retirar-se do recinto onde se encontre aguardando comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade


pregão para ato judicial, após trinta minutos do horário das diligências. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)
designado e ao qual ainda não tenha comparecido a autoridade § 12. A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso
que deva presidir a ele, mediante comunicação protocolizada XIV, o fornecimento incompleto de autos ou o fornecimento de
em juízo. autos em que houve a retirada de peças já incluídas no caderno
XXI - assistir a seus clientes investigados durante a investigativo implicará responsabilização criminal e funcional
apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do por abuso de autoridade do responsável que impedir o acesso
respectivo interrogatório ou depoimento e, do advogado com o intuito de prejudicar o exercício da defesa,
subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e sem prejuízo do direito subjetivo do advogado de requerer
probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou acesso aos autos ao juiz competente. (Incluído pela Lei nº
indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva 13.245, de 2016)
apuração: (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)
a) apresentar razões e quesitos; (Incluído pela Lei nº Art. 7º-A. São direitos da advogada: (Incluído pela Lei nº
13.245, de 2016) 13.363, de 2016)
b) (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016) I - gestante: (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016)
§ 1º Não se aplica o disposto nos incisos XV e XVI: a) entrada em tribunais sem ser submetida a detectores de
1) aos processos sob regime de segredo de justiça; metais e aparelhos de raios X; (Incluído pela Lei nº 13.363, de
2) quando existirem nos autos documentos originais de 2016)
difícil restauração ou ocorrer circunstância relevante que b) reserva de vaga em garagens dos fóruns dos tribunais;
justifique a permanência dos autos no cartório, secretaria ou (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016)
repartição, reconhecida pela autoridade em despacho II - lactante, adotante ou que der à luz, acesso a creche,
motivado, proferido de ofício, mediante representação ou a onde houver, ou a local adequado ao atendimento das
requerimento da parte interessada; necessidades do bebê; (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016)
3) até o encerramento do processo, ao advogado que III - gestante, lactante, adotante ou que der à luz,
houver deixado de devolver os respectivos autos no prazo preferência na ordem das sustentações orais e das audiências
legal, e só o fizer depois de intimado. a serem realizadas a cada dia, mediante comprovação de sua
§ 2º O advogado tem imunidade profissional, não condição; (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016)
constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer IV - adotante ou que der à luz, suspensão de prazos
manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em processuais quando for a única patrona da causa, desde que
juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares haja notificação por escrito ao cliente. (Incluído pela Lei nº
perante a OAB, pelos excessos que cometer. (Vide ADIN 1.127- 13.363, de 2016)
8) § 1º Os direitos previstos à advogada gestante ou lactante
§ 3º O advogado somente poderá ser preso em flagrante, aplicam-se enquanto perdurar, respectivamente, o estado
por motivo de exercício da profissão, em caso de crime gravídico ou o período de amamentação. (Incluído pela Lei nº
inafiançável, observado o disposto no inciso IV deste artigo. 13.363, de 2016)
§ 4º O Poder Judiciário e o Poder Executivo devem instalar, § 2º Os direitos assegurados nos incisos II e III deste artigo
em todos os juizados, fóruns, tribunais, delegacias de polícia e à advogada adotante ou que der à luz serão concedidos pelo
presídios, salas especiais permanentes para os advogados, prazo previsto no art. 392 do Decreto-Lei no 5.452, de 1o de
com uso e controle assegurados à OAB. (Vide ADIN 1.127-8) maio de 1943 (Consolidação das Leis do Trabalho). (Incluído
§ 5º No caso de ofensa a inscrito na OAB, no exercício da pela Lei nº 13.363, de 2016)
profissão ou de cargo ou função de órgão da OAB, o conselho § 3º O direito assegurado no inciso IV deste artigo à
competente deve promover o desagravo público do ofendido, advogada adotante ou que der à luz será concedido pelo prazo
sem prejuízo da responsabilidade criminal em que incorrer o previsto no § 6º do art. 313 da Lei nº 13.105, de 16 de março
infrator. de 2015 (Código de Processo Civil). (Incluído pela Lei nº
§ 6§ Presentes indícios de autoria e materialidade da 13.363, de 2016)
prática de crime por parte de advogado, a autoridade
judiciária competente poderá decretar a quebra da Fique Atento!
inviolabilidade de que trata o inciso II do caput deste artigo, 1- A inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho é
em decisão motivada, expedindo mandado de busca e a relativa ao exercício da advocacia. Isso significa que o
apreensão, específico e pormenorizado, a ser cumprido na advogado que pratica crimes poderá ter contra si expedido
presença de representante da OAB, sendo, em qualquer mandado de busca e apreensão, que deverá ser cumprido na
hipótese, vedada a utilização dos documentos, das mídias e dos presença de representante da OAB, sendo vedada a utilização
objetos pertencentes a clientes do advogado averiguado, bem de documentos pertencentes a clientes do advogado
como dos demais instrumentos de trabalho que contenham investigado;
informações sobre clientes. (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2- Advogado tem direito a prisão em sala do Estado-Maior;
2008) 3- direito de contar com a presença de representante da
§ 7º A ressalva constante do § 6o deste artigo não se OAB, quando preso em flagrante no exercício da profissão;
estende a clientes do advogado averiguado que estejam sendo 4- uso de salas especialmente feitas para advogados, em
formalmente investigados como seus partícipes ou coautores todos os juizados, fóruns, tribunais, delegacias de polícia e
pela prática do mesmo crime que deu causa à quebra da presídios.
inviolabilidade. (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2008)
§ 8º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2008) 2- Advocacia Pública (arts. 131 a 132, CF).
§ 9º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2008) A Advocacia Pública é exercida pela Advocacia-Geral da
§ 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado União (AGU) que representa à União judicial e
apresentar procuração para o exercício dos direitos de que extrajudicialmente.
trata o inciso XIV. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016) O chefe da instituição é o Advogado-Geral da União, cujo
§ 11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade cargo é de livre nomeação pelo Presidente da República dentre
competente poderá delimitar o acesso do advogado aos cidadãos maiores de 35 anos de idade, de notável saber
elementos de prova relacionados a diligências em andamento jurídico e reputação ilibada. O ingresso nas classes iniciais da
e ainda não documentados nos autos, quando houver risco de carreira é feito por meio de concurso de provas e títulos.

Noções de Direito Constitucional 53


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A Lei Complementar nº 73/03 institui a Lei Orgânica da Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito
AGU. Federal, organizados em carreira, na qual o ingresso
dependerá de concurso público de provas e títulos, com a
A AGU é composta por: participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as
- Advogado-Geral da União; suas fases, exercerão a representação judicial e a consultoria
- Procuradoria-Geral da União e a da Fazenda Nacional; jurídica das respectivas unidades federadas. (Redação dada
- Consultoria-Geral da União; pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
- Conselho Superior da Advocacia-Geral da União; e Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste artigo é
- a Corregedoria-Geral da Advocacia da União; assegurada estabilidade após três anos de efetivo exercício,
- as Procuradorias Regionais da União e as da Fazenda mediante avaliação de desempenho perante os órgãos
Nacional e as Procuradorias da União e as da Fazenda Nacional próprios, após relatório circunstanciado das corregedorias.
nos Estados e no Distrito Federal e as Procuradorias (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Seccionais destas;
- a Consultoria da União, as Consultorias Jurídicas dos SEÇÃO III
Ministérios, da Secretaria-Geral e das demais Secretarias da DA ADVOCACIA
Presidência da República e do Estado-Maior das Forças (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de
Armadas; 2014)
- órgão de assistência direta e imediata ao Advogado-Geral
da União: o Gabinete do Advogado-Geral da União; Art. 133. O advogado é indispensável à administração da
justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no
Ainda sobre o AGU faz-se necessário ressaltar, que ele será exercício da profissão, nos limites da lei.
processado e julgado, nos crimes de responsabilidade, no
Senado Federal (are. 52, II, CF/88), e nos crimes comuns no Questões
STF (art. 102, 1, "c", CF/88).
01. (TRE-PI - Técnico Judiciário – Administrativa –
No âmbito estadual e distrital a representação do Estado e CESPE/2016) A respeito das funções essenciais à justiça,
do Distrito Federal será feita pelos Procuradores dos assinale a opção correta.
Estados e do Distrito Federal. (A) A inviolabilidade do advogado é relativa, de modo que
ele pode responder penalmente pela utilização de expressões
Atenção! é inconstitucional os dispositivos das ofensivas durante o exercício da sua profissão.
Constituições Estaduais que faculta a realização de (B) Devido ao fato de o advogado exercer função essencial
representação judicial a assessor jurídico. à administração da justiça, é indispensável sua presença para
a prática de todos os atos em juízo.
O ingresso na carreira para o cargo de procurador do (C) É permitido aos defensores públicos o exercício de
Estado é feito mediante concurso público de provas e títulos. advocacia privada, desde que seja realizada em horário não
Aos procuradores é assegurado estabilidade após o coincidente com o do serviço público.
decurso de 03 anos de efetivo exercício mediante avaliação de (D) Cabe à Advocacia-Geral da União, que exerce
desempenho perante os órgãos próprios, após relatório atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder
circunstanciado das corregedorias. Executivo, representar, judicial e extrajudicialmente, a União e
o Distrito Federal.
O chefe da Procuradoria-Geral é o Procurador-Geral, cuja (E) A defensoria pública deve manter convênio direto com
nomeação e destituição é feita pelo Governador do Estado. a Ordem dos Advogados do Brasil.

Na esfera municipal, não há qualquer determinação de 02. (TJ-DFT - Analista Judiciário - Oficial de Justiça
estruturação de carreiras próprias de Procurador nos Avaliador Federal - CESPE) Julgue o item subsequente,
Municípios, mas nada impede que referidas entidades acerca das funções essenciais à justiça.
federadas criem cargos com essa finalidade.
Escritório de advocacia de advogado investigado pode ser
Veja os dispositivos constitucionais correspondentes: alvo de busca e apreensão por autoridade judicial, que deverá
se ater aos documentos e provas que digam respeito
Seção II exclusivamente ao objeto da investigação judicial, sob pena de
DA ADVOCACIA PÚBLICA ser declarada nula a apreensão de todo o material que
extrapolar o âmbito da investigação.
Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, ( ) Certo
diretamente ou através de órgão vinculado, representa a ( ) Errado
União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos
da lei complementar que dispuser sobre sua organização e 03. (TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Área
funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento Administrativa - FCC) Sobre os órgãos que exercem as
jurídico do Poder Executivo. chamadas funções essenciais da Justiça é INCORRETO afirmar:
§ 1º A Advocacia-Geral da União tem por chefe o (A) O Ministério Público elaborará sua proposta
Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de
da República dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, diretrizes orçamentárias.
de notável saber jurídico e reputação ilibada. (B) A destituição do Procurador-Geral da República, por
§ 2º O ingresso nas classes iniciais das carreiras da iniciativa do Senado Federal, deverá ser precedida de
instituição de que trata este artigo far-se-á mediante concurso autorização da maioria absoluta da Câmara dos Deputados.
público de provas e títulos. (C) A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-
§ 3º Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente da
representação da União cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda República dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de
Nacional, observado o disposto em lei. notável saber jurídico e reputação ilibada.

Noções de Direito Constitucional 54


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(D) O advogado é indispensável à administração da justiça, instauração e movimentação de processos administrativos,


sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da atos notariais e prestação de serviços de consultoria.
profissão, nos limites da lei.
(E) São princípios institucionais da Defensoria Pública a 1- Princípios, garantias institucionais e funcionais,
unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. princípio do defensor natural.
No âmbito da Defensoria Pública, os princípios
04. (Prefeitura de Fortaleza – CE - Advogado – institucionais espelham os postulados básicos e os valores
Prefeitura de Fortaleza) Segundo a Constituição Federal, o fundamentais da Instituição, formando o núcleo essencial de
advogado: sua sistemática normativa. Atuam como diretrizes
(A) é dispensável à administração da justiça, sendo violável fundamentais da Defensoria Pública.
por seus atos e manifestações no exercício da profissão. De acordo com o art. 3º da Lei Complementar nº 80/1994,
(B) é indispensável à administração da justiça, sendo “são princípios institucionais da Defensoria Pública a
inviolável por seus atos e manifestações no exercício da unidade, a indivisibilidade e a independência funcional”.
profissão, nos limites da lei.
(C) é indispensável à administração da justiça, sendo O princípio da unidade (art. 3º da LC nº 80/1994) indica
violável por seus atos e manifestações no exercício da que a Defensoria Pública deve ser vista como instituição única,
profissão, nos limites da lei. compondo seus membros um mesmo todo unitário.
(D) é dispensável à administração da justiça, sendo Denota que a Defensoria Pública é uma instituição una, que
inviolável por seus atos e manifestações no exercício da forma um todo orgânico, de modo que cada Defensor Público
profissão, nos limites da lei. no exercício da atividade-fim "presenta]" a própria instituição.

05. (Prefeitura de Nossa Senhora do Socorro – SE - O princípio da indivisibilidade (art. 3º da LC nº


Procurador do Município - FUNDEP) A respeito do regime 80/1994) constitui verdadeiro corolário do princípio da
jurídico-constitucional da advocacia, analise as seguintes unidade, formando com ele verdadeira relação de logicidade e
afirmativas: dependência. Indica a existência de uma Instituição incindível,
I. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, em não podendo ser desagregada ou fracionada.
relação à natureza jurídico-administrativa do parecer jurídico, É a qualidade do que não se pode dividir. Ou seja, além de
firmou-se no sentido de que, salvo demonstração de culpa ou una, a Defensoria Pública é indivisível, podendo cada um de
erro grosseiro, submetida às instâncias administrativo- seus membros ser substituído por outro em casos de
disciplinares ou jurisdicionais próprias, não cabe a afastamentos legais sem solução de continuidade, de modo
responsabilização do advogado público pelo conteúdo de seu que não haja interrupção nem prejuízo ao serviço público
parecer de natureza meramente opinativa. prestado.
II. A incompatibilidade com o exercício da advocacia Os princípios da Unidade e Indivisibilidade só têm
alcança os juízes eleitorais e seus suplentes, em face da aplicação dentro de "cada ramo" da Defensoria Pública. Em
natureza jurisdicional da Justiça eleitoral estabelecida na outras palavras, não há Unidade e Indivisibilidade entre a
Constituição. Defensoria Pública da União e as Defensorias Públicas dos
III. A despeito de o advogado ser indispensável à estados, não podendo o membro de uma substituir os
administração da Justiça, sua presença pode ser dispensada membros de outra.
em certos atos jurisdicionais.
IV. É incompatível com a Constituição da República norma A independência funcional (art. 3º da LC nº 80/1994)
constitucional estadual que atribua à Advocacia Geral do garante ao Defensor Público a necessária autonomia de
Estado autonomia funcional e administrativa. convicção no exercício de suas funções institucionais, evitando
V. A sustentação oral pelo advogado, após o voto do que interferências políticas ou fatores exógenos estranhos ao
Relator, é consectário do devido processo legal, inerente ao mérito da causa interfiram na adequada defesa da ordem
contraditório e à ampla defesa. jurídico democrática do país.
Significa que os Defensores Públicos podem atuar
Em relação a estas afirmativas estão CORRETAS livremente no exercício de suas funções institucionais,
(A) I, III e V apenas. rendendo obediência apenas à lei e à sua própria consciência,
(B) II, IV e V apenas. não devendo prestar contas quanto a sua atividade-fim a
(C) I, III e IV apenas. ninguém, inclusive à chefia institucional, não havendo que se
(D) I, IV e V apenas. falar em hierarquia funcional. Não pode o Defensor ser
(E) I, II e V apenas. penalizado pelos atos probos praticados no estrito exercício de
suas funções, mesmo que tal conduta contrarie orientação
Respostas expedida pela chefia institucional da Defensoria Pública.
01. A. / 02. Certo / 03. B. / 04. B. / 05. C.
A Inamovibilidade, tida como garantia conferida aos
DEFENSORIA PÚBLICA membros da Defensoria Pública pelo art. 134, §1º da CF/88,
segundo a qual o Defensor Público não pode ser removido de
A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à seu órgão de atuação para outro contra a sua vontade, salvo
função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como caso de remoção compulsória como penalidade disciplinar,
expressão e instrumento do regime democrático, embora ainda essa exceção não esteja a salvo de críticas.
fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos Tal garantia vai além da possibilidade de remover o
direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e Defensor Público de seu órgão de atuação para outro contra a
extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma sua vontade, pois abrange também a vedação de alteração de
integral e gratuita, aos necessitados, assim considerados na suas atribuições de tal forma que haja um desvirtuamento de
forma do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição Federal. seu órgão de atuação.
Esta tutela para os necessitados não se restringe à
atividade judicial, mas compreende toda a esfera jurídica, Além da independência funcional e da inamovibilidade são
abrangendo a prática de atos não processuais, como a apontadas também como garantias do Defensor Público, a
irredutibilidade de vencimentos e estabilidade. Pela

Noções de Direito Constitucional 55


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APOSTILAS OPÇÃO

primeira, entende-se que o membro da Defensoria não poderá § 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públicas da
sofrer redução salarial. Já a estabilidade, é conferida ao União e do Distrito Federal. (Incluído pela Emenda
defensor após 3 anos de efetivo exercício. Constitucional nº 74, de 2013)
§ 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública a
O princípio do Defensor Público Natural tem previsão unidade, a indivisibilidade e a independência funcional,
legislativa expressa na lei orgânica nacional da Defensoria aplicando-se também, no que couber, o disposto no art. 93 e no
Pública: inciso II do art. 96 desta Constituição Federal. (Incluído pela
Trata-se de princípio segundo o qual o assistido tem Emenda Constitucional nº 80, de 2014)
direito a ter seus interesses patrocinados por um Defensor
Público cuja designação para atuar esteja previamente Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras
definida com base em normas objetivas. disciplinadas nas Seções II e III deste Capítulo serão
O princípio apresenta uma dupla faceta, pois tem como remunerados na forma do art. 39, § 4º.
destinatário não só o assistido, bem como o próprio Defensor
Público, que terá sua atuação circunscrita ao seu órgão de Questões
atuação, não podendo sofrer interferências, quer externas,
quer da própria instituição a que pertence, podendo 01. (TCE-PR - Conhecimentos Básicos – CESPE/2016)
desenvolver seu mister com plena independência funcional.15 No que se refere ao Poder Judiciário e às funções essenciais à
justiça, assinale a opção correta.
2- Prerrogativas dos membros da Defensoria Pública. (A) O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da
a- têm direito à prisão especial ou em sala especial de União é órgão integrante do Ministério Público da União
Estado Maior; (MPU), e a seus membros aplicam-se os mesmos direitos,
b- os defensores só serão presos por ordem judicial escrita, vedações e forma de investidura aplicados ao MPU.
salvo em flagrante delito, nesse caso a autoridade fará (B) A Constituição Federal de 1988 dispõe expressamente
imediata comunicação do Defensor Público-Geral; acerca das vedações e das garantias conferidas aos membros
c- os defensores serão intimados pessoalmente em da Advocacia-Geral da União, que incluem a vitaliciedade após
qualquer processo e grau de jurisdição ou instância dois anos de exercício profissional, a inamovibilidade e a
administrativa, mediante entrega dos autos com vista, irredutibilidade dos subsídios.
contando-se-lhes em dobro todos os prazos (art. 186, CPC); (C) A defensoria pública é instituição permanente,
d- se vencedores na causa, os órgãos da Defensoria são essencial à função jurisdicional do Estado, e às defensorias
destinatários de honorários advocatícios, salvo quando a públicas dos estados e da União são asseguradas a autonomia
Defensoria Pública tenha atuado contra a pessoa jurídica de funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta
direito público à qual pertença, conforme dispõe a súmula 421, orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de
STJ. diretrizes orçamentárias.
(D) São funções institucionais do Ministério Público
3- Vedações. promover o inquérito civil público e a ação civil pública e
Ao membro da Defensoria Pública é vedado o exercício da propor ação popular para a proteção do patrimônio público e
advocacia fora das atribuições institucionais. social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e
coletivos.
Texto Constitucional sobre o assunto (E) O Conselho Nacional de Justiça é órgão integrante da
estrutura do Poder Judiciário brasileiro, responsável pelo
SEÇÃO IV controle administrativo, financeiro e disciplinar desse poder,
DA DEFENSORIA PÚBLICA dispondo, por isso, de função jurisdicional.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de
2014) 02. (DPE-BA - Defensor Público – FCC/2016) A Emenda
Constitucional nº 80/2014 reforçou e ampliou de forma
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, significativa o regime jurídico-constitucional da Defensoria
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, Pública, destacando-se a consagração normativa expressa
como expressão e instrumento do regime democrático, (A) da iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos
fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e
direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e subordinação ao disposto no artigo 99, § 2º, da Constituição
extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma Federal de 1988.
integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV (B) da autonomia funcional e administrativa da Defensoria
do art. 5º desta Constituição Federal. (Redação dada pela Pública dos Estados.
Emenda Constitucional nº 80, de 2014) (C) do direito fundamental à assistência jurídica.
§ 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pública da (D) da autonomia funcional e administrativa da Defensoria
União e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá Pública da União e do Distrito Federal.
normas gerais para sua organização nos Estados, em cargos de (E) dos princípios institucionais da unidade, da
carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso público indivisibilidade e da independência funcional.
de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da
inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das 03. (DPE-BA - Defensor Público – FCC/2016) Sobre a
atribuições institucionais. legitimidade da Defensoria Pública para a propositura da ação
§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas civil pública o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da
autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua ADI 3943, decidiu pela
proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de (A) constitucionalidade desde a redação dada pela Lei nº
diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, 11.448/07 à Lei da Ação Civil Pública (Lei nº 7.347/85).
§ 2º. (B) constitucionalidade desde a redação original da lei de
ação civil pública (Lei nº 7.347/85).

15OLIVEIRA, Thiago Alves de. Princípio do defensor público natural. Revista Jus
Navigandi, Teresina, ano 15, n. 2616, 30 ago. 2010. Disponível
em: <http://jus.com.br/artigos/17296>.

Noções de Direito Constitucional 56


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APOSTILAS OPÇÃO

(C) inconstitucionalidade. integral e gratuita, aos necessitados, em todas as esferas


(D) inconstitucionalidade até a Emenda Constitucional judiciais, cabendo-lhe atuar extrajudicialmente, em processos
80/14. administrativos, apenas de maneira subsidiária, quando não
(E) constitucionalidade desde a promulgação da existir, na respectiva localidade, serviço jurídico público ou
Constituição da República Federativa do Brasil. privado de atendimento gratuito à população.
( ) Certo
04. (DPE-BA - Defensor Público – FCC/2016) Em ( ) Errado
controle concentrado de constitucionalidade, o Supremo
Tribunal Federal decidiu que é: Respostas
I. inconstitucional a norma que obriga a Defensoria Pública 01. C. / 02. E. / 03. A. / 04. E. / 05. Certo.
Estadual a firmar convênio exclusivamente com a Ordem dos 06. D. / 07. Errado.
Advogados do Brasil para a prestação de serviço jurídico
integral e gratuito aos necessitados, porque a Ordem dos
Advogados do Brasil não é entidade pública.
II. constitucional a norma que obriga a Defensoria Pública
Estadual a firmar convênio exclusivamente com a Ordem dos Anotações
Advogados do Brasil para a prestação de serviço jurídico
integral e gratuito aos necessitados, desde que prevista na
Constituição do Estado correspondente.
III. constitucional a norma que autoriza a Defensoria
Pública Estadual a firmar convênio com a Ordem dos
Advogados do Brasil para a prestação de serviço jurídico
integral e gratuito aos necessitados.
IV. inconstitucional a norma que obriga a Defensoria
Pública Estadual a firmar convênio exclusivamente com a
Ordem dos Advogados do Brasil para a prestação de serviço
jurídico integral e gratuito aos necessitados, porque viola a
autonomia funcional, administrativa e financeira da
Defensoria Pública.

Está correto o que se afirma APENAS em


(A) II e IV.
(B) I e III.
(C) I e II.
(D) II e III.
(E) III e IV.

05. (TCE-PA - Auxiliar Técnico de Controle Externo -


Área Administrativa – CESPE/2016) Acerca do Ministério
Público e da defensoria pública, julgue o item seguinte.

Ao defensor público estadual é assegurada a garantia de


inamovibilidade.
( ) Certo
( ) Errado

06. (DPE-MT - Defensor Público – UFMT/2016) Sobre as


vedações constitucionais e infraconstitucionais ao Defensor
Público, assinale a afirmativa correta.
(A) A vedação do exercício da advocacia fora das
atribuições institucionais, mesmo omissa no texto
constitucional, encontra-se expressa na Lei Orgânica.
(B) É vedado receber, a qualquer título e sob qualquer
pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais,
bem como verbas indenizatórias, em razão de suas atribuições.
(C) A vedação do recebimento de honorários não alcança a
atividade extrajudicial dos membros da Defensoria Pública.
(D) As vedações estabelecidas ao exercício das atribuições
da Defensoria Pública visam impedir o comprometimento da
independência e da eficiência dos Defensores Públicos.
(E) É vedado o exercício de comércio ou a participação em
sociedade comercial, seja como sócio, cotista ou acionista.

07. (TCE-SC - Conhecimentos Básicos - Exceto para os


cargos 3 e 6 – CESPE/2016) A partir do disposto na
Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item seguinte.

Como instituição essencial à função jurisdicional do


Estado, a Defensoria Pública incumbe-se da orientação jurídica
e da defesa dos direitos individuais e coletivos, de forma

Noções de Direito Constitucional 57


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APOSTILAS OPÇÃO

Noções de Direito Constitucional 58


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NOÇÕES DE DIREITO
ADMINISTRATIVO

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APOSTILAS OPÇÃO

titularidade, ou só a execução de uma pessoa para outra, não


havendo hierarquia.

CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO

Desconcentração (Criar órgãos)


Ocorre desconcentração administrativa quando uma
pessoa política ou uma entidade da administração indireta
distribui competências no âmbito de sua própria estrutura
1 Noções de organização afim de tornar mais ágil e eficiente a prestação dos serviços.
administrativa.
Concentração (extinguir órgãos)
2 Administração direta e Ocorre quando uma pessoa jurídica integrante da
indireta, centralizada e administração pública extingue órgãos antes existentes em
descentralizada. sua estrutura, reunindo em um número menor de unidade as
respectivas competências

Diferença entre Descentralização e Desconcentração:


ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Descentralização, entretanto, significa transferir a execução de
um serviço público para terceiros que não se confundem com
A Administração Pública dispõe de um conjunto de órgãos, a Administração Direta, e a desconcentração significa
serviços e agentes que irão colocar em prática as ações do transferir a execução de um serviço público de um órgão para
governo. A administração é a ferramenta para que o Estado o outro dentro da Administração Direta, permanecendo está
satisfaça seus interesses. no centro.

Em outras palavras, administração pública é a gestão dos São pessoas jurídicas que compõem a Administração
interesses públicos por meio da prestação de serviços Pública Indireta:
públicos, sendo dividida em administração direta e indireta.
AUTARQUIAS
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA As autarquias são pessoas jurídicas de direito público
A Administração Pública Direta é o conjunto de órgãos criadas para a prestação de serviços públicos, contando com
públicos vinculados diretamente ao chefe da esfera capital exclusivamente público, ou seja, as autarquias são
governamental que integram. Não possuem personalidade regidas integralmente por regras de direito público, podendo,
jurídica própria, patrimônio e autonomia administrativa e tão-somente, serem prestadoras de serviços e contando com
cujas despesas são realizadas diretamente através do capital oriundo da Administração Direta (ex.: INCRA, INSS,
orçamento da referida esfera. DNER, Banco Central etc.).
Assim, ela é responsável pela gestão dos serviços públicos
executados pelas pessoas políticas via de um conjunto de AUTARQUIA DE REGIME ESPECIAL
órgãos que estão integrados na sua estrutura. É toda aquela em que a lei instituidora conferir privilégios
Sua competência abarca os diversos órgãos que compõem específicos e aumentar sua autonomia comparativamente com
a entidade pública por eles responsáveis. Exemplos: as autarquias comuns, sem infringir os preceitos
Ministérios, Secretarias, Departamentos e outros que, como constitucionais pertinentes a essas entidades de
característica inerente da Administração Pública Direta, não personalidade pública. O que posiciona a autarquia de regime
possuem personalidade jurídica, pois não podem contrair especial são as regalias que a lei criadora lhe confere para o
direitos e assumir obrigações, haja vista que estes pertencem pleno desempenho de suas finalidades específicas. 1
a pessoa política (União, Estado, Distrito Federal e
Municípios). Assim, são consideradas autarquias de regime especial o
Banco Central do Brasil, as entidades encarregadas, por lei, dos
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA serviços de fiscalização de profissões. Com a política
São integrantes da Administração indireta as fundações, as governamental de transferir para o setor privado a execução
autarquias, as empresas públicas e as sociedades de economia de serviços públicos, reservando ao Estado a regulamentação,
mista. o controle e fiscalização desses serviços, houve a necessidade
Essas quatro pessoas são criadas para a prestação de de criar na administração agências especiais destinadas a esse
serviços públicos ou para a exploração de atividades fim.
econômicas, com o objetivo de aumentar o grau de
especialidade e eficiência da prestação do serviço público. Havia discussão no mundo jurídico acerca do regime
jurídico da OAB, se seria autarquia de regime especial ou não.
CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO No julgamento da ADIn 3026/DF o STF decidiu que “a OAB não
é uma entidade da Administração Indireta da União. A Ordem
A execução do serviço público poderá ser: é um serviço público independente, categoria ímpar no elenco
das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro”.
Centralização: Quando a execução do serviço estiver Veja a íntegra do julgado:
sendo feita pela Administração direta do Estado (ex.:
Secretarias, Ministérios etc.). “AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. § 1º DO
ARTIGO 79 DA LEI N. 8.906, 2ª PARTE. "SERVIDORES" DA
Descentralização: Quando estiver sendo feita por ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. PRECEITO QUE
terceiros que não se confundem com a Administração direta POSSIBILITA A OPÇÃO PELO REGIME CELESTISTA.
do Estado. Assim, descentralizar é repassar a execução e a

1 http://www.portaleducacao.com.br/direito/artigos/27676/autarquias-de-
regime-especial

Noções de Direito Administrativo 1


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COMPENSAÇÃO PELA ESCOLHA DO REGIME JURÍDICO NO que tenham cumprido os requisitos de possuir plano
MOMENTO DA APOSENTADORIA. INDENIZAÇÃO. IMPOSIÇÃO estratégico de reestruturação e de desenvolvimento
DOS DITAMES INERENTES À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA institucional em andamento além da celebração de Contrato
DIRETA E INDIRETA. CONCURSO PÚBLICO (ART. 37, II DA de Gestão com o respectivo Ministério supervisor.
CONSTITUIÇÃO DO BRASIL). INEXIGÊNCIA DE CONCURSO
PÚBLICO PARA A ADMISSÃO DOS CONTRATADOS PELA OAB. Os planos devem definir diretrizes, políticas e medidas
AUTARQUIAS ESPECIAIS E AGÊNCIAS. CARÁTER JURÍDICO DA voltadas para a racionalização de estruturas e do quadro de
OAB. ENTIDADE PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO servidores, a revisão dos processos de trabalho, o
INDEPENDENTE. CATEGORIA ÍMPAR NO ELENCO DAS desenvolvimento dos recursos humanos e o fortalecimento da
PERSONALIDADES JURÍDICAS EXISTENTES NO DIREITO identidade institucional da Agência Executiva.
BRASILEIRO. AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA DA ENTIDADE.
PRINCÍPIO DA MORALIDADE. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 37, O Poder Executivo definirá também os critérios e
CAPUT, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. NÃO OCORRÊNCIA. 1. procedimentos para a elaboração e o acompanhamento dos
A Lei n. 8.906, artigo 79, § 1º, possibilitou aos "servidores" da Contratos de Gestão e dos programas de reestruturação e de
OAB, cujo regime outrora era estatutário, a opção pelo regime desenvolvimento institucional das Agências.
celetista. Compensação pela escolha: indenização a ser paga à
época da aposentadoria. 2. Não procede a alegação de que a A qualificação como Agência Executiva deve ser dada por
OAB sujeita-se aos ditames impostos à Administração Pública meio de decreto do Presidente da República.
Direta e Indireta. 3. A OAB não é uma entidade da
Administração Indireta da União. A Ordem é um serviço O Poder Executivo também estabelecerá medidas de
público independente, categoria ímpar no elenco das organização administrativa específicas para as Agências
personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro. 4. A Executivas, com o objetivo de assegurar a sua autonomia de
OAB não está incluída na categoria na qual se inserem essas gestão, bem como as condições orçamentárias e financeiras
que se tem referido como "autarquias especiais" para para o cumprimento dos contratos de gestão.
pretender-se afirmar equivocada independência das hoje
chamadas "agências". 5. Por não consubstanciar uma entidade O plano estratégico de reestruturação deve produzir
da Administração Indireta, a OAB não está sujeita a controle da melhorias na gestão da instituição, com vistas à melhoria dos
Administração, nem a qualquer das suas partes está vinculada. resultados, do atendimento aos seus clientes e usuários e da
Essa não-vinculação é formal e materialmente necessária. 6. A utilização dos recursos públicos.
OAB ocupa-se de atividades atinentes aos advogados, que
exercem função constitucionalmente privilegiada, na medida O contrato de gestão estabelecerá os objetivos estratégicos
em que são indispensáveis à administração da Justiça [artigo e as metas a serem alcançadas pela instituição em
133 da CB/88]. É entidade cuja finalidade é afeita a atribuições, determinado período de tempo, além dos indicadores que
interesses e seleção de advogados. Não há ordem de relação ou medirão seu desempenho na realização de suas metas
dependência entre a OAB e qualquer órgão público. 7. A Ordem contratuais, condições de execução, gestão de recursos
dos Advogados do Brasil, cujas características são autonomia humanos, de orçamento e de compras e contratos.
e independência, não pode ser tida como congênere dos
demais órgãos de fiscalização profissional. A OAB não está A autonomia concedida estará subordinada à assinatura do
voltada exclusivamente a finalidades corporativas. Possui Contrato de Gestão com o Ministério supervisor, no qual serão
finalidade institucional. 8. Embora decorra de determinação firmados, de comum acordo, compromissos de resultados.
legal, o regime estatutário imposto aos empregados da OAB
não é compatível com a entidade, que é autônoma e Organização administrativa das Agências Executivas.
independente. 9. Improcede o pedido do requerente no
sentido de que se dê interpretação conforme o artigo 37, inciso As Agências Executivas serão objeto de medidas
II, da Constituição do Brasil ao caput do artigo 79 da Lei n. específicas de organização administrativa. Os objetivos são,
8.906, que determina a aplicação do regime trabalhista aos basicamente, aumento de eficiência na utilização dos recursos
servidores da OAB. 10. Incabível a exigência de concurso públicos, melhoria do desempenho e da qualidade dos serviços
público para admissão dos contratados sob o regime prestados, maior autonomia de administração orçamentária,
trabalhista pela OAB. 11. Princípio da moralidade. Ética da financeira, operacional e de recursos humanos além de
legalidade e moralidade. Confinamento do princípio da eliminar fatores restritivos à sua atuação como instituição.
moralidade ao âmbito da ética da legalidade, que não pode ser
ultrapassada, sob pena de dissolução do próprio sistema. Os dirigentes máximos das Agências Executivas também
Desvio de poder ou de finalidade. 12. Julgo improcedente o poderão autorizar os afastamentos do País de servidores civis
pedido”. (STF - ADI: 3026 DF, Relator: EROS GRAU, Data de das respectivas entidades.
Julgamento: 08/06/2006, Tribunal Pleno, Data de Publicação:
DJ 29-09-2006 PP-00031 EMENT VOL-02249-03 PP-00478) As Agências Executivas também poderão editar
regulamentos próprios de avaliação de desempenho dos seus
AGÊNCIAS EXECUTIVAS servidores. Estes serão previamente aprovados pelo seu
A qualificação de agências executivas se dá por meio de Ministério supervisor e, provavelmente, pelo substituto
requerimento dos órgãos e das entidades que prestam Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado nos
atividades exclusivas do Estado e se candidatam à qualificação. governos posteriores à sua extinção.
Aqui estão envolvidas a instituição e o Ministério responsável
pela sua supervisão.2 De acordo com o que se viu a partir da Emenda
Constitucional nº 19 de 1998, os resultados da avaliação
Segundo determina a lei nº 9.649, de 27 de maio de 1998, poderão ser levados em conta para efeito de progressão
artigos. 51 e 52 e parágrafos, o Poder Executivo poderá funcional dos servidores das Agências Executivas.
qualificar como Agência Executiva autarquias ou fundações

2 http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=661

Noções de Direito Administrativo 2


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APOSTILAS OPÇÃO

O art. 7º do Decreto subordina a execução orçamentária e As fundações respondem pelas obrigações contraídas
financeira das Agências Executivas aos termos do contrato de junto a terceiros. A responsabilidade da Administração é de
gestão e isenta a mesma dos limites nos seus valores para caráter subsidiário, independente de sua personalidade.
movimentação, empenho e pagamento. Esta determinação não
se coaduna, entretanto, com o pensamento reinante de EMPRESAS PÚBLICAS
administração fiscal responsável a partir do que se encontra Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito
positivado pela Lei Complementar 101 de 2000. Privado, criadas para a prestação de serviços públicos ou para
a exploração de atividades econômicas que contam com
Algo semelhante é o que se deu também com o art. 8º e capital exclusivamente público e são constituídas por qualquer
parágrafo que delega competência para os Ministros modalidade empresarial. Se a empresa pública é prestadora de
supervisores e dirigentes máximos das Agências para a fixação serviços públicos, por consequência está submetida a regime
de limites específicos, aplicáveis às Agências Executivas, para jurídico público. Se a empresa pública é exploradora de
a concessão de suprimento de fundos para atender a despesas atividade econômica, estará submetida a regime jurídico igual
de pequeno vulto. ao da iniciativa privada.

As Agências Executivas poderão editar regulamento Quanto à responsabilidade das empresas públicas, temos
próprio de valores de diárias no País e condições especiais que:
para sua concessão. O que se busca é adequá-las às - Empresas públicas exploradoras de atividade econômica: A
necessidades específicas de todos os tipos de deslocamentos. responsabilidade do Estado não existe, pois, se essas empresas
Todos os dados relativos a número, valor, classificação públicas contassem com alguém que respondesse por suas
funcional programática e de natureza da despesa, obrigações, elas estariam em vantagem sobre as empresas
correspondentes à nota de empenho ou de movimentação de privadas. Só respondem na forma do § 6.º do art. 37 da CF/88
créditos devem ser publicados no Diário Oficial da União em as empresas privadas prestadoras de serviço público, logo, se
atendimento ao princípio constitucional da publicidade. a empresa pública exerce atividade econômica, será ela a
responsável pelos prejuízos causados a terceiros (art. 15 do
As agências reguladoras foram criadas pelo Estado com a CC);
finalidade de tentar fiscalizar as atividades das iniciativas - Empresas públicas prestadoras de serviço público: Como o
privadas. Tratam-se de espécies do gênero autarquias, regime não é o da livre concorrência, elas respondem pelas
possuem as mesmas características, exceto pelo fato de se suas obrigações e a Administração Direta responde de forma
submeterem a um regime especial. Seu escopo principal é a subsidiária. A responsabilidade será objetiva, nos termos do
regulamentação, controle e fiscalização da execução dos art. 37, § 6.º, da CF/88.
serviços públicos transferidos ao setor privado. Empresas públicas exploradoras de atividade econômica:
São criadas por meio de leis e tem natureza de autarquia Submetem-se a regime falimentar, fundamentando-se no
com regime jurídico especial, ou seja, é aquela que a lei princípio da livre concorrência.
instituidora confere privilégios específicos e maior autonomia Empresas públicas prestadoras de serviço público: não se
em comparação com autarquias comuns, sem de forma alguma submetem a regime falimentar, visto não estão em regime de
infringir preceitos constitucionais. concorrência.

Uma das principais características das Agências SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA


Reguladoras é a sua relativa autonomia e independência. As As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de
agências sujeitam-se ao processo administrativo (Lei Direito Privado criadas para a prestação de serviços públicos
9.784/99, na esfera federal, além dos próprios dispositivos das ou para a exploração de atividade econômica, contando com
leis especificas). capital misto e constituídas somente sob a forma empresarial
Caso ocorra lesão ou ameaça de lesão de direito, a empresa de S/A. As sociedades de economia mista são:
concessionária poderá ir ao Judiciário. Sua função é regular a - Pessoas jurídicas de Direito Privado.
prestação de serviços públicos, organizar e fiscalizar esses - Exploradoras de atividade econômica ou prestadoras de
serviços a serem prestados por concessionárias ou serviços públicos.
permissionárias. - Empresas de capital misto.
- Constituídas sob forma empresarial de S/A.
FUNDAÇÕES PÚBLICAS
Fundação é uma pessoa jurídica composta por um As sociedades de economia mista integram a
patrimônio personalizado, destacado pelo seu instituidor para Administração Indireta e todas as pessoas que a integram
atingir uma finalidade específica. As fundações poderão ser precisam de lei para autorizar sua criação, sendo que elas
tanto de direito público quanto de direito privado. serão legalizadas por meio do registro de seus estatutos.
As fundações que integram a Administração indireta, A lei, portanto, não cria, somente autoriza a criação das
quando forem dotadas de personalidade de direito público, sociedades de economia mista, ou seja, independentemente
serão regidas integralmente por regras de Direito Público. das atividades que desenvolvam, a lei somente autorizará a
Quando forem dotadas de personalidade de direito privado, criação das sociedades de economia mista, (art. 37, XX, da
serão regidas por regras de direito público e direito privado. CF/88).
O patrimônio da fundação pública é destacado pela A Sociedade de economia mista, quando explora atividade
Administração direta, que é o instituidor para definir a econômica, submete-se ao mesmo regime jurídico das
finalidade pública. Como exemplo de fundações, temos: IBGE empresas privadas, inclusive as comerciais. Logo, a sociedade
(Instituto Brasileiro Geográfico Estatístico); Universidade de mista que explora atividade econômica submete-se ao regime
Brasília; FEBEM; FUNAI; Fundação Memorial da América falimentar. Sociedade de economia mista prestadora de serviço
Latina; Fundação Padre Anchieta (TV Cultura). público não se submete ao regime falimentar, visto que não
As fundações são dotadas dos mesmos privilégios que a está sob regime de livre concorrência.
Administração direta, tanto na área tributária (ex.: imunidade
prevista no art. 150 da CF/88), quanto na área processual (ex.: CONSELHOS PROFISSIONAIS: são entidades que se
prazo em dobro). destinam a controlar e fiscalizar algumas profissões
regulamentadas.

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Prevalece o entendimento que possuem natureza jurídica acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego,
de autarquia, assim gozam de todos os privilégios e se ressalvadas as nomeações para cargo em comissão.
submetem as restrições impostas. A administração varia segundo a modalidade, civil ou
Os Conselhos Profissionais têm o poder de deslocar a comercial, que a lei determinar. Seus dirigentes são
competência para a justiça federal (art. 109, I, CF). Veja o que estabelecidos na forma da lei ou do estatuto. Podendo ser
dispõe a súmula 66 do STJ: "Compete à justiça Federal unipessoal ou colegiada. Eles estão sujeitos a mandado de
processar e julgar execução fiscal promovida por Conselho de segurança e ação popular.
fiscalização profissional".
TERCEIRO SETOR: O primeiro setor é o governo, que é
As anuidades cobradas pelas entidades ostentam a responsável pelas questões sociais. O segundo setor é o
qualidade de tributos federais, devendo portanto obediência privado, responsável pelas questões individuais. Com a
ao princípio da legalidade, não se admitindo a criação sem falência do Estado, o setor privado começou a ajudar nas
previsão de lei. questões sociais, através das inúmeras instituições que
Eles gozam de parafiscalidade, ou seja, a eles é transferida compõem o chamado terceiro setor. Ou seja, o terceiro setor
a capacidade tributária. é constituído por organizações sem fins lucrativos e não
Os servidores dos Conselhos Profissionais se submetem as governamentais, que tem como objetivo gerar serviços de
regras da Lei nº 8.112/90 caráter público.

ENTIDADES PARA ESTATAIS E O TERCEIRO SETOR Podemos caracterizar as entidades do terceiro setor como
As Entidades Paraestatais possuem conceituação bastante entes particulares em colaboração, sem fins lucrativos, que
confusa, os doutrinadores entram, em diversas matérias, em atuam ao lado do Estado na prestação de serviços públicos não
contradição uns com os outros. exclusivos, mas de cunho social. Por prestarem serviços
Celso Antônio Bandeira de Mello acredita que as públicos recebem incentivos do Poder Público, mediante a
sociedades de economia mista e as empresas públicas não são dotação orçamentária, cessão de bens públicos entre outros
paraestatais; sendo acompanhado por Marçal Justen Filho que benefícios e, consequentemente, se submetem às restrições de
acredita serem apenas entidades paraestatais os serviços controle impostas ao ente estatal.
sociais autônomos.
Diferentemente do que eles acreditam, Hely Lopes É importante ressaltar, que essas entidades se submetem
Meirelles defende que as empresas públicas e as sociedades de aos princípios básicos da Administração Pública.
economia mista são paraestatais, juntamente com os serviços
sociais autônomos. Hely Lopes Meirelles diz que as entidades Os principais personagens do terceiro setor são:
paraestatais podem ser lucrativas por serem empresariais. Já A) Fundações: São as instituições que financiam o terceiro
Ana Patrícia Aguiar, Celso Antônio Bandeira de Mello e Marçal setor, fazendo doações às entidades beneficentes. No Brasil,
Justen Filho discordam dizendo que elas não devem ser temos também as fundações mistas que doam para terceiros e
lucrativas. ao mesmo tempo executam projetos próprios.
As entidades paraestatais são fomentadas pelo Estado B) Entidades Beneficentes: São as operadoras de fato,
através de contrato social, quando são de interesse coletivo. cuidam dos carentes, idosos, meninos de rua, drogados e
Não se submetem ao Estado porque são autônomas alcoólatras, órfãos e mães solteiras; protegem testemunhas;
financeiramente e administrativamente, porém, por terem ajudam a preservar o meio ambiente; educam jovens, velhos e
relevância social e se tratar de capital público, integral ou adultos; profissionalizam; doam sangue, merenda, livros,
misto, sofrem fiscalização, para não fugirem dos seus fins. sopão; dão suporte aos desamparados; cuidam de filhos de
Tem como objetivo a formação de instituições que mães que trabalham; ensinam esportes; combatem a violência;
contribuam com os interesses sociais através da realização de promovem os direitos humanos e a cidadania; cuidam de
atividades, obras ou serviços. cegos, surdos-mudos; enfim, fazem tudo.
Quanto às espécies de entidades paraestatais, elas variam C) Fundos Comunitários: As empresas doam para o
de doutrinador para doutrinador. Hely Lopes Meirelles Fundo Comunitário, sendo que os empresários avaliam,
acredita que elas se dividem em empresas públicas, estabelecem prioridades, e administram efetivamente a
sociedades de economia mista e os serviços sociais distribuição do dinheiro. Um dos poucos fundos existentes no
autônomos, diferente de Celso Antônio Bandeira de Mello, pois Brasil, com resultados comprovados, é a FEAC, de Campinas.
esse diz que as pessoas privadas exercem função típica (não D) Entidades Sem Fins Lucrativos: Infelizmente, muitas
exclusiva do Estado), como as de amparo aos hipossuficientes, entidades sem fins lucrativos são, na realidade, lucrativas ou
de assistência social, de formação profissional. atendem aos interesses dos próprios usuários. Um clube
Para Marçal Justen Filho elas são sinônimo de serviço esportivo, por exemplo, é sem fins lucrativos, mas beneficia
social autônomo, voltadas à satisfação de necessidades somente os seus respectivos sócios.
coletivas e supra individuais, relacionadas com questões E) ONGs Organizações Não Governamentais: Nem toda
assistenciais e educacionais. entidade beneficente ajuda prestando serviços a pessoas
Ana Patrícia Aguilar insere as organizações sociais na diretamente. Uma ONG que defenda os direitos da mulher,
categoria de entidades paraestatais, por serem pessoas fazendo pressão sobre nossos deputados, está ajudando
privadas que atuam em colaboração com o Estado, indiretamente todas as mulheres.
"desempenhando atividade não lucrativa e às quais o Poder
Público dispensa especial proteção", recebendo, para isso, Serviços sociais autônomos: São pessoas jurídicas de
dotação orçamentária por parte do Estado. direito privado, criados por intermédio de autorização
As Entidades Paraestatais estão sujeitas a licitação, legislativa. Tratam-se de entes paraestatais de cooperação
seguindo a lei 8.666/93, para compras, obras, alienações e com o Poder Público, possuindo administração e patrimônio
serviços em geral. Podendo também ter regulamentos próprios.
próprios para licitar, mas com observância da lei. Devendo ser
aprovados pela autoridade superior e obedecer ao princípio da Para ficar mais fácil de compreender, basta pensar no
publicidade. sistema “S”, cujo o qual resulta do fato destas entidades
Seus empregados estão sujeitos ao regime Celetista, CLT. ligarem-se à estrutura sindical e terem sua denominação
Têm que ser contratados através de concurso público de iniciada com a letra “S” – SERVIÇO.

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Integram o Sistema “S:” SESI, SESC, SENAC, SEST, SENAI, serem utilizados, mediante indicadores de qualidade e
SENAR e SEBRAE. produtividade;
II – a estipulação dos limites e critérios para despesa com
Estas entidades visam ministrar assistência ou ensino a remuneração e vantagens de qualquer natureza a serem
algumas categorias sociais ou grupos profissionais, sem fins percebidas pelos dirigentes e empregados das organizações
lucrativos. São mantidas por dotações orçamentárias e até sociais, no exercício de suas funções;
mesmo por contribuições parafiscais. III – os Ministros de Estado ou autoridades supervisoras da
área de atuação da entidade devem definir as demais cláusulas
Ainda que sejam oficializadas pelo Estado, não são partes dos contratos de gestão de que sejam signatários.
integrantes da Administração direta ou indireta, porém A fiscalização do contrato de gestão será exercida pelo
trabalham ao lado do Estado, seja cooperando com os diversos órgão ou entidade supervisora da área de atuação
setores as atividades e serviços que lhes são repassados. correspondente à atividade fomentada, devendo a organização
social apresentar, ao término de cada exercício, relatório de
Organizações Sociais: Criada pela Lei n. 9.637/98, cumprimento das metas fixadas no contrato de gestão.
organização social é uma qualificação especial outorgada pelo
governo federal a entidades da iniciativa privada, sem fins Se descumpridas as metas previstas no contrato de gestão,
lucrativos, cuja outorga autoriza a fruição de vantagens o Poder Executivo poderá proceder à desqualificação da
peculiares, como isenções fiscais, destinação de recursos entidade como organização social, desde que precedida de
orçamentários, repasse de bens públicos, bem como processo administrativo com garantia de contraditório e
empréstimo temporário de servidores governamentais. 3 ampla defesa.

As áreas de atuação das organizações sociais são ensino, Por fim, convém relembrar que o art. 24, XXIV, da Lei n.
pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e 8.666/93 prevê hipótese de dispensa de licitação para a
preservação do meio ambiente, cultura e saúde. celebração de contratos de prestação de serviços com a s
Desempenham, portanto, atividades de interesse público, mas organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas
que não se caracterizam como serviços públicos stricto sensu, esferas de governo, para atividades contempladas no contrato
razão pela qual é incorreto afirmar que as organizações sociais de gestão. Excessivamente abrangente, o art. 24, XXIV, da Lei
são concessionárias ou permissionárias. n. 8.666/93, tem a sua constitucionalidade questionada
perante o Supremo Tribunal Federal na ADIn 1.923/98.
Nos termos do art. 2º da Lei n. 9.637/98, a outorga da Recentemente, foi indeferida a medida cautelar que suspendia
qualificação constitui decisão discricionária, pois, além da a eficácia da norma, de modo que o dispositivo voltou a ser
entidade preencher os requisitos exigidos na lei, o inciso II do aplicável.
referido dispositivo condiciona a atribuição do título a “haver
aprovação, quanto à conveniência e oportunidade de sua Entidades de Apoio: As entidades de apoio fazem parte do
qualificação como organização social, do Ministro ou titular de Terceiro Setor e são pessoas jurídicas de direito privado,
órgão supervisor ou regulador da área de atividade criados por servidores públicos para a prestação de serviços
correspondente ao seu objeto social e do Ministro de Estado sociais não exclusivos do Estado, possuindo vínculo jurídico
da Administração Federal e Reforma do Estado”. Assim, as com a Administração direta e indireta.
entidades que preencherem os requisitos legais possuem
simples expectativa de direito à obtenção da qualificação, Atualmente são prestadas no Brasil através dos serviços de
nunca direito adquirido. limpeza, conservação, concursos vestibulares, assistência
Evidentemente, o caráter discricionário dessa decisão, técnica de equipamentos, administração em restaurantes e
permitindo outorgar a qualificação a uma entidade e negar a hospitais universitários.
outro que igualmente atendeu aos requisitos legais, viola o
princípio da isonomia, devendo-se considerar inconstitucional O bom motivo da criação das entidades de apoio é a
o art. 2º, II, da Lei n. 9.637/98. eficiência na utilização desses entes. Através delas, convênios
Na verdade, as organizações sociais representam uma são firmados com a Administração Pública, de modo muito
espécie de parceria entre a Administração e a iniciativa semelhante com a celebração de um contrato
privada, exercendo atividades que, antes da Emenda 19/98,
eram desempenhadas por entidades públicas. Por isso, seu Organização da sociedade civil de interesse público:
surgimento no Direito Brasileiro está relacionado com um OSCIP é um título fornecido pelo Ministério da Justiça do
processo de privatização lato sensu realizado por meio da Brasil, cuja finalidade é facilitar o aparecimento de parcerias e
abertura de atividades públicas à iniciativa privada. convênios com todos os níveis de governo e órgãos públicos
(federal, estadual e municipal) e permite que doações
O instrumento de formalização da parceria entre a realizadas por empresas possam ser descontadas no imposto
Administração e a organização social é o contrato de gestão, de renda. OSCIPs são ONGs criadas por iniciativa privada, que
cuja aprovação deve ser submetida ao Ministro de Estado ou obtêm um certificado emitido pelo poder público federal ao
outra autoridade supervisora da área de atuação da entidade. comprovar o cumprimento de certos requisitos, especialmente
O contrato de gestão discriminará as atribuições, aqueles derivados de normas de transparência
responsabilidades e obrigações do Poder Público e da administrativas. Em contrapartida, podem celebrar com o
organização social, devendo obrigatoriamente observar os poder público os chamados termos de parceria, que são uma
seguintes preceitos: alternativa interessante aos convênios para ter maior
I – especificação do programa de trabalho proposto pela agilidade e razoabilidade em prestar contas.
organização social, a estipulação das metas a serem atingidas Uma ONG (Organização Não-Governamental),
e os respectivos prazos de execução, bem como previsão essencialmente é uma OSCIP, no sentido representativo da
expressa dos critérios objetivos de avaliação de desempenho a sociedade, OSCIP é uma qualificação dada pelo Ministério da
Justiça no Brasil.

3MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 4ª edição. Ed. Saraiva.


2014.

Noções de Direito Administrativo 5


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A lei que regula as OSCIPs é a nº 9.790, de 23 março de Em relação às entidades que integram a Administração
1999. Esta lei traz a possibilidade das pessoas jurídicas Pública Indireta, nessa citação acima, é correto afirmar que há
(grupos de pessoas ou profissionais) de direito privado sem referência à(ao):
fins lucrativos serem qualificadas, pelo Poder Público, como (A) órgão autônomo.
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIPs (B) empresa pública.
e poderem com ele relacionar-se por meio de parceria, desde (C) sociedade de economia mista.
que os seus objetivos sociais e as normas estatutárias atendam (D) fundação.
os requisitos da lei. (E) agência reguladora.
Um grupo recebe a qualificação de OSCIP depois que o
estatuto da instituição, que se pretende formar, tenha sido 06. (SJC-SC - Agente de Segurança Socioeducativo –
analisado e aprovado pelo Ministério da Justiça. Para tanto, é FEPESE/2016) Assinale a alternativa correta sobre a
necessário que o estatuto atenda a certos pré-requisitos que autarquia
estão descritos nos artigos 1º, 2º, 3º e 4º da Lei nº 9.790/1999. (A) A sua criação constitui um exemplo de
desconcentração de serviço público.
Questões (B) Possui personalidade, patrimônio e receita próprios,
para executar atividades típicas da Administração Pública.
01. (Prefeitura de Paraty – RJ - Procurador - RHS (C) Quando revestida sob a forma de uma Secretaria
Consult/2016) Com relação às autarquias, pode-se afirmar estadual, não terá personalidade jurídica própria.
que: (D) Somente poderá ser constituída para a execução de fins
(A) Possuem personalidade física de direito público religiosos, morais, culturais ou de assistência.
externo. (E) Ao adquirir personalidade jurídica de direito privado,
(B) São formas de centralização administrativa. passa a integrar a administração indireta do ente que a criou.
(C) São entes administrativos autônomos, criados por lei.
(D) Agem por delegação. 07. (TCE-PR - Analista de Controle – Contábil –
(E) Subordinam-se hierarquicamente às entidades CESPE/2016) Assinale a opção correta, a respeito das
estatais. autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista
e empresas públicas.
02. (Prefeitura de Paraty – RJ - Procurador - RHS (A) A extinção das empresas públicas e das sociedades de
Consult/2016) Quanto às fundações instituídas pelo Poder economia mista somente pode ocorrer por meio de lei
Público, pode-se afirmar que: autorizadora.
(A) Perdem a sua personalidade privada ao se estatizarem. (B) Poderá o Estado instituir fundações públicas quando
(B) Não se destinam a realizar atividades de interesse pretender intervir no domínio econômico.
público. (C) Cabe às autarquias a execução de serviços públicos de
(C) Configuram-se como entes de cooperação, do gênero natureza social, de atividades administrativas e de atividades
paraestatal. de cunho econômico e mercantil.
(D) Prescindem de autorização legislativa para serem (D) As empresas públicas, as sociedades de economia
instituídas. mista e as autarquias têm personalidade jurídica de direito
(E) Desfrutam de prerrogativas estatais, administrativas e privado.
tributárias. (E) Tanto as sociedades de economia mista quanto as
empresas públicas devem ter a forma de sociedades anônimas.
03. (TCM-RJ - Técnico de Controle Externo –
IBFC/2016) Autarquia, no Direito Administrativo brasileiro, 08. (SEGEP-MA - Auditor Fiscal da Receita Estadual -
indica um caso especial de descentralização por serviços. Administração Tributária – FCC/2016) As autarquias
Trata-se de ente da administração indireta que, entre outras devem ser criadas por
características: (A) lei e com personalidade jurídica de direito público.
(A) possui personalidade jurídica de direito privado (B) decreto pelo Ministério ou Secretaria ao qual estejam
(B) adquire personalidade jurídica com o registro civil vinculadas e podem ter personalidade jurídica de direito
(C) realiza atividades típicas da Administração Pública privado ou de direito público.
(D) desempenha atividade econômica em sentido estrito (C) decreto quando tiverem personalidade jurídica de
direito privado; e lei quando tiverem personalidade jurídica de
04. (SES-PR - Técnico Administrativo – IBFC/2016) direito público.
Leia a afirmação a seguir e assinale a alternativa que preenche (D) lei e sua personalidade jurídica pode ser definida via
corretamente a lacuna. _____________é a Entidade integrante da decreto.
Administração Pública indireta, criada pelo próprio governo, (E) lei e podem atuar no mercado financeiro, uma vez que
através de uma Lei Específica para exercer uma função típica, podem ter personalidade jurídica de direito privado.
exclusiva do Estado.
(A) Empresa pública. 09. (SEGEP-MA - Auditor Fiscal da Receita Estadual -
(B) Sociedade de economia mista. Administração Tributária – FCC/2016) São exemplos de
(C) Fundações Públicas. empresa pública e sociedade de economia mista,
(D) Autarquias. respectivamente:
(A) Banco do Brasil S.A. e Caixa Econômica Federal.
05. (PC-PA - Escrivão de Polícia Civil – FUNCAB/2016) (B) Agência Nacional de Energia Elétrica e Empresa
“Por mais impopular que seja uma decisão, embasada por Brasileira de Correios e Telégrafos.
estudo técnico dos seus servidores, os dirigentes não poderão (C) Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e Caixa
ser exonerados à vontade do Chefe do executivo” (PINHEIRO Econômica Federal.
MADEIRA, José Maria. Administração Pública, Freitas Bastos, (D) Companhia Nacional de Abastecimento e Banco do
12ª. Ed., 2014, p. 929). Brasil S.A.
(E) Banco do Brasil S.A. e Companhia Nacional de
Abastecimento.

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10. (TRE-SP - Analista Judiciário - Área Administrativa 14. (SEDF - Conhecimentos Básicos - Cargos 1, 3 a 26 –
– FCC/2017) A Administração pública, quando se organiza de CESPE/2017) A respeito dos princípios da administração
forma descentralizada, contempla a criação de pessoas pública e da organização administrativa, julgue o item a seguir.
jurídicas, com competências próprias, que desempenham Embora sejam entidades dotadas de personalidade
funções originariamente de atribuição da Administração jurídica de direito privado, as empresas públicas, como regra
direta. Essas pessoas jurídicas, geral, estão obrigadas a licitar antes de celebrar contratos
(A) quando constituídas sob a forma de autarquias, podem destinados à prestação de serviços por terceiros.
ter natureza jurídica de direito público ou privado, podendo ( ) Certo
prestar serviços públicos com os mesmos poderes e ( ) Errado
prerrogativas que a Administração direta.
(B) podem ter natureza jurídica de direito privado ou 15. (SEDF - Conhecimentos Básicos - Cargos 1, 3 a 26 –
público, mas não estão habilitadas a desempenhar os poderes CESPE/2017) João, servidor público ocupante do cargo de
típicos da Administração direta. motorista de determinada autarquia do DF, estava conduzindo
(C) desempenham todos os poderes atribuídos à o veículo oficial durante o expediente quando avistou sua
Administração direta, à exceção do poder de polícia, em esposa no carro de um homem. Imediatamente, João
qualquer de suas vertentes, privativo da Administração direta, dolosamente acelerou em direção ao veículo do homem,
por envolver limitação de direitos individuais. provocando uma batida e, por consequência, dano aos
(D) quando constituídas sob a forma de autarquias, veículos. O homem, então, ingressou com ação judicial contra
possuem natureza jurídica de direito público, podendo exercer a autarquia requerendo a reparação dos danos materiais
poder de polícia na forma e limites que lhe tiverem sido sofridos. A autarquia instaurou procedimento administrativo
atribuídos pela lei de criação. disciplinar contra João para apurar suposta violação de dever
(E) terão natureza jurídica de direito privado quando se funcional.
tratar de empresas estatais, mas seus bens estão sujeitos a
regime jurídico de direito público, o que também se aplica no No que se refere à situação hipotética apresentada, julgue
que concerne aos poderes da Administração, que o item a seguir.
desempenham integralmente, especialmente poder de polícia. João é servidor de entidade integrante da administração
indireta.
11. (TRE-SP - Analista Judiciário - Área Judiciária – ( ) Certo
FCC/2017) A figura do contrato de gestão está prevista no ( ) Errado
ordenamento para disciplinar diferentes relações jurídicas,
entre as quais figuram: 16. (SEDF - Conhecimentos Básicos - Cargos 1, 3 a 26 –
I. a fixação de metas de desempenho visando à ampliação CESPE/2017) Em relação aos princípios da administração
da autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos pública e à organização administrativa, julgue o item que se
e entidades da Administração direta e indireta. segue.
II. a disciplina para permissão de serviço público em Por terem personalidade jurídica de direito privado, as
caráter precário, não passível de concessão. sociedades de economia mista não se subordinam
III. o estabelecimento de indicadores de desempenho para hierarquicamente ao ente político que as criou. Exatamente
fins de participação nos lucros ou resultados de empregados por isso elas não sofrem controle pelos tribunais de contas.
públicos submetidos ao regime celetista. ( ) Certo
Está correto o que consta APENAS em ( ) Errado
(A) II.
(B) I e II. 17. (SEDF - Conhecimentos Básicos - Cargos 36 e 37 –
(C) I. CESPE/2017) Em relação aos princípios da administração
(D) I e III. pública e à organização administrativa, julgue o item que se
(E) II e III. segue.
Quando a União cria uma nova secretaria vinculada a um
12. (EBSERH - Advogado (HUJB – UFCG) – INSTITUTO de seus ministérios para repassar a ela algumas de suas
AOCP/2017) A administração pública poderá distribuir suas atribuições, o ente federal descentraliza uma atividade
competências administrativas a pessoas jurídicas autônomas, administrativa a um ente personalizado.
para fins de garantir o cumprimento de suas obrigações ( ) Certo
constitucionais. A tal ato dá-se o nome de ( ) Errado
(A) Imposição.
(B) Delegação. 18. (SEDF - Analista de Gestão Educacional - Direito e
(C) Desconcentração. Legislação – CESPE/2017) O prefeito de determinado
(D) Outorga. município utilizou recursos do Fundo de Manutenção e
(E) Descentralização. Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação (FUNDEB) para pagamento de
13. (SEDF - Conhecimentos Básicos - Cargos 1, 3 a 26 – professores e para a compra de medicamentos e insumos
CESPE/2017) A respeito dos princípios da administração hospitalares destinados à assistência médico-odontológica das
pública e da organização administrativa, julgue o item a seguir. crianças em idade escolar do município.
Uma autarquia é entidade administrativa personalizada Mauro, chefe do setor de aquisições da prefeitura,
distinta do ente federado que a criou e se sujeita a regime propositalmente permitia que o estoque de medicamentos e
jurídico de direito público no que diz respeito a sua criação e insumos hospitalares chegasse a zero para justificar situação
extinção, bem como aos seus poderes, prerrogativas e emergencial e dispensar indevidamente a licitação, adquirindo
restrições. os produtos, a preços superfaturados, da empresa Y,
( ) Certo pertencente a sua sobrinha, que desconhecia o esquema
( ) Errado fraudulento.

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A respeito da situação hipotética apresentada e de Objeto lícito: É o conteúdo ato, o resultado que se visa
aspectos legais e doutrinários a ela relacionados, julgue o item receber com sua expedição. Todo e qualquer ato
a seguir. administrativo tem por objeto a criação, modificação ou
A criação de um órgão denominado setor de aquisições na comprovação de situações jurídicas referentes a pessoas,
citada prefeitura constitui exemplo de desconcentração. coisas ou atividades voltadas à ação da Administração Pública.
( ) Certo
( ) Errado Forma: é o requisito vinculado que envolve a maneira de
exteriorização e demais procedimentos prévios que forem
Respostas exigidos com a expedição do ato administrativo. Via de regra,
01. C. / 02. C. / 03. C. / 04. D. os atos devem ser escritos, permitindo de maneira excepcional
05. E. / 06. B. / 07. A. / 08. A. / 09. D. atos gestuais, verbais ou provindos de forças que não sejam
10. D / 11. C / 12. E / 13. Certo / 14. Certo produzidas pelo homem, mas sim por máquinas, que são os
15. Certo / 16. Errado / 17. Errado / 18. Certo casos dos semáforos, por exemplo.

Motivo: Este integra os requisitos dos atos


3 Ato administrativo: conceito, administrativos tendo em vista a defesa de interesses
coletivos. Por isso existe a teoria dos motivos determinantes;
requisitos, atributos,
classificação e espécies. Difere-se de motivação, pois este é a explicação por escrito
das razões que levaram à prática do ato.

Finalidade: O ato administrativo somente visa a uma


ATO ADMINISTRATIVO
finalidade, que é a pública; se o ato praticado não tiver essa
finalidade, ocorrerá abuso de poder;
Ato administrativo é todo ato jurídico, referente a área do
Direito Administrativo, apresentando portanto diferenças com
ATRIBUTOS
relação as demais categorias de atos, em decorrência de seu
São prerrogativas que existem por conta dos interesses
regime peculiar.
que a Administração representa, são as qualidades que
permitem diferenciar os atos administrativos dos outros atos
Trata-se de toda manifestação lícita e unilateral de vontade
jurídicos. São eles:
da Administração ou de quem lhe faça às vezes, que agindo
nesta qualidade tenha por fim imediato adquirir, transferir,
1. Presunção de Legitimidade: É a presunção de que os atos
modificar ou extinguir direitos e obrigações.
administrativos devem ser considerados válidos, até que se
Os atos administrativos podem ser praticados pelo Estado
demonstre o contrário, a bem da continuidade da prestação
ou por alguém que esteja em nome dele. Logo, pode-se concluir
dos serviços públicos.
que os atos administrativos não são definidos pela condição da
pessoa que os realiza. Tais atos são regidos pelo Direito
2. Imperatividade: É o poder que os atos administrativos
Público.
possuem de gerar unilateralmente obrigações aos
administrados, independente da concordância destes.
Segundo Maria Sylvia Zanella di Pietro (2000, p.175) “todo
ato praticado no exercício da função administrativa é ato da
3. Exigibilidade ou Coercibilidade: É o poder que possuem
administração”. Assim, os atos da Administração são bem
os atos administrativos de serem exigidos quanto ao seu
vastos e representam, por conseguinte, todos os atos
cumprimento sob ameaça de sanção.
praticados no exercício da função administrativa, e
comumente exteriorizam-se através de:
4. Autoexecutoriedade: É o poder pelo qual os atos
administrativos podem ser executados materialmente pela
- Atos de direito privado;
própria administração, independentemente da atuação do
- Atos materiais;
Poder Judiciário.
- Atos políticos.
Para a ocorrência da autoexecutoriedade é necessário a
presença dos seguintes requisitos:
Atos Administrativos que não são Atos da
a) Quando a lei expressamente prever;
Administração: São todos os atos administrativos praticados
b) Quando estiver tacitamente prevista em lei (nesse caso
em caráter atípico pelo Poder Legislativo ou pelo Poder
deverá haver a soma dos seguintes requisitos:
Judiciário.
- situação de urgência; e
Fato Administrativo
- inexistência de meio judicial idôneo capaz de, a tempo,
Fato administrativo é toda realização material da
evitar a lesão.
Administração em cumprimento de alguma decisão
administrativa, tal como a construção de uma ponte, a
ELEMENTOS
instalação de um serviço público etc. […] O fato administrativo
O elemento quer dizer a parte que compõe um todo, e desta
resulta sempre do ato administrativo que o determina
maneira é o que é externo ou antecedente ao ato, não pode ser
(MEIRELLES, 2007, p.153).
parte dele.
Desta maneira podemos considerar que elemento é o
REQUISITOS
conteúdo e a forma.
São as condições necessárias para a existência válida do
ato. Do ponto de vista da doutrina tradicional (e majoritária
Conteúdo: é a disposição sobre a coisa, o objeto. Desta
nos concursos públicos), os requisitos dos atos
maneira se distinguem entre si, não sendo iguais. Tem relação
administrativos são cinco:
com o que o ato dispõe, ou seja, o que o ato decide, opina,
certifica, enuncia e altera na ordem jurídica.
Competência: o ato deve ser praticado por sujeito capaz,
trata-se de requisito vinculado. Para que um ato seja válido
deve-se verificar se foi praticado por agente competente.

Noções de Direito Administrativo 8


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APOSTILAS OPÇÃO

Forma: diz respeito à exteriorização do ato presente trabalho, trataremos apenas das principais espécies
administrativo, do conteúdo e pode ter ou não previsão em lei. apresentadas pela doutrina.
Para facilitar o estudo, dividimos a análise do ato
EXISTÊNCIA (OU PERFEIÇÃO), VALIDADE E EFICÁCIA administrativo utilizando dois critérios distintos: o conteúdo e
O ato administrativo se torna perfeito quando completa a forma.
seu ciclo de formação.
Quanto ao conteúdo, os atos administrativos podem ser
É válido quando completa os requisitos exigidos pelo classificados em autorização, licença, admissão, permissão,
ordenamento jurídico. aprovação, homologação, parecer e visto.
Por fim, é eficaz quando está apto a produzir efeitos
jurídicos. 1. Autorização: ato administrativo unilateral,
discricionário e precário pelo qual a Administração faculta ao
A existência ou perfeição é o primeiro plano lógico do ato particular o uso de bem público (autorização de uso), ou a
administrativo. Nesse plano é necessário a verificação dos prestação de serviço público (autorização de serviço público),
elementos e pressupostos que compõem seu ciclo de ou o desempenho de atividade material, ou a prática de ato
formação. Após isso e, se presentes os requisitos, o ato passa a que, sem esse consentimento, seriam legalmente proibidos
ser válido. (autorização como ato de polícia).
A eficácia é a aptidão do ato para produzir efeitos jurídicos.
O destino natural do ato administrativo é ser praticado com a 2. Licença: é o ato administrativo unilateral e vinculado
finalidade de criar, declarar, modificar, preservar e extinguir pelo qual a Administração faculta àquele que preencha os
direitos e obrigações. requisitos legais o exercício de uma atividade.

VINCULAÇÃO E DISCRICIONARIEDADE 3. Admissão: é ato unilateral e vinculado pelo qual a


No ato vinculado, o administrador não tem liberdade para Administração reconhece ao particular, que preencha os
decidir quanto à atuação. A lei previamente estabelece um requisitos legais, o direito à prestação de um serviço público.
único comportamento possível a ser tomado pelo
administrador no caso concreto; não podendo haver juízo de 4. Permissão: em sentido amplo, designa o ato
valores, o administrador não poderá analisar a conveniência e administrativo unilateral, discricionário, gratuito ou oneroso,
a oportunidade do ato. pelo qual a Administração Pública faculta a execução de
O ato discricionário é aquele que, editado sob o manto da serviço público ou a utilização privativa de bem público. O seu
lei, confere ao administrador a liberdade para fazer um juízo objeto é a utilização privativa de bem público por particular ou
de conveniência e oportunidade. A diferença entre o ato a execução de serviço público.
vinculado e o ato discricionário está no grau de liberdade
conferido ao administrador. Tanto o ato vinculado quanto o 5. Aprovação: é ato unilateral e discricionário pelo qual se
ato discricionário só poderão ser reapreciados pelo Judiciário exerce o controle a priori ou a posteriori do ato administrativo.
no tocante à sua legalidade, pois o judiciário não poderá No controle a priori, equivale à autorização para a prática do
intervir no juízo de valor e oportunidade da Administração ato; no controle a posteriori equivale ao seu referendo. É ato
Pública. discricionário, porque o examina sob os aspectos de
conveniência e oportunidade para o interesse público; por isso
O SILÊNCIO NO DIREITO ADMINISTRATIVO mesmo, constitui condição de eficácia do ato.
O silêncio pode ser considerado como omissão, ausência
de manifestação de vontade. Em alguns casos poderá a lei 6. Homologação: é o ato unilateral e vinculado pelo qual a
determinar a que a Administração Pública manifeste, de forma Administração Pública reconhece a legalidade de um ato
obrigatória, sua vontade. Ao nos depararmos com esses casos jurídico. Ela se realiza sempre a posteriori e examina apenas o
afirmamos que estaremos diante de um ato administrativo. aspecto de legalidade, no que se distingue da aprovação. É o
caso do ato da autoridade que homologa o procedimento da
CLASSIFICAÇÃO licitação.
Quanto à formação: Os atos se dividem em simples,
complexo e compostos. 7. Parecer: é o ato pelo qual os órgãos consultivos da
Administração emitem opinião sobre assuntos técnicos ou
Quanto aos destinatários: gerais e individuais. jurídicos de sua competência. O parecer pode ser facultativo,
Quanto à supremacia do poder público: Atos de império e obrigatório e vinculante
Atos de expediente:
Quanto à natureza do ato: - Atos-regra, Atos subjetivos, - 8. Visto: é o ato administrativo unilateral pelo qual a
Atos-condição: autoridade competente atesta a legitimidade formal de outro
Quanto ao regramento: atos vinculados e discricionários ato jurídico. Não significa concordância com o seu conteúdo,
Quanto aos efeitos: Constitutivo, Declaratório, razão pela qual é incluído entre os atos de conhecimento, que
Modificativo, Extintivo: são meros atos administrativos e não encerram manifestações
Quanto à abrangência dos efeitos: Internos e externos. de vontade.
Quanto à validade: válido, nulo, anulável e inexistente.
Quanto à exequibilidade: Perfeito, Imperfeito, Pendente, Quanto à forma, os atos administrativos podem ser
Consumado. classificados em decreto, resolução e portaria, circular,
Quanto à forma os atos administrativos podem ser despacho, alvará.
classificados em decreto, resolução e portaria, circular, 1. Decretos: São atos emanados pelos chefes do Poder
despacho, alvará. Executivo, tais como, prefeitos, governadores e o Presidente
da República. Podem ser dirigidos abstratamente às pessoas
ESPÉCIES DE ATO ADMINISTRATIVO em geral (decreto geral), ou a pessoas, ou a um grupo de
Existem diversas classificações que trata das espécies dos pessoas determinadas. (decreto individual).
atos administrativos. Ainda considerando a simplicidade do

Noções de Direito Administrativo 9


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2. Resoluções e Portarias: São atos emanados por corresponde as formalidades do ato, está contida em parecer,
autoridades superiores, mas não os chefes do Poder Executivo. laudo, relatório.
Ou seja, é a forma pelo qual as autoridades de nível inferior aos
Chefes do Poder Executivo fixam normas gerais para Em alguns casos a motivação é obrigatória, como o caso de
disciplinar conduta de seus subordinados. ato vinculado, tendo em vista que a Administração deve
demonstrar que o ato está em conformidade com os motivos
3. Circular: É o instrumento usado para a transmissão de apontados em lei, já para os casos de atos discricionários se faz
ordens internas uniformes, incumbindo de certos serviços ou necessária a motivação, pois sem ela não haveria meios de
atribuições a certos funcionários. conhecer e controlar a legitimidade dos motivos que
ensejaram a Administração para a prática do ato.
4. Despacho: Quando a administração, por meio de um
despacho, aprova parecer proferido por órgão técnico sobre Desta forma, reconhece-se que a motivação é necessária
determinado assunto de interesse geral, este despacho é tanto para os atos vinculados como para os atos
denominado de despacho normativo. discricionários, já que configura garantia de legalidade.

5. Alvará: é instrumento pelo qual a Administração se vale TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES
para conferir ao administrado uma licença ou autorização. Ou Pensando na possibilidade do controle externo do ato
seja, é o formato pelo qual são emitidas as licenças e administrativo, realizado pelo Poder Legislativo e Poder
autorizações. Judiciário, a doutrina achou por bem criar a teoria dos motivos
determinantes, que interliga-se com a prática dos atos
Atos Punitivos. administrativos e os motivos que ensejaram sua criação.
São aqueles que contêm uma sanção em razão da violação Os motivos que determinam a prática do ato devem ser
de uma disposição legal, regulamentar ou ordinatória dos bens verídicos e devem existir sob pena de invalidação do ato
e serviços públicos. administrativo. Devem ser praticados por agente competente,
respeitando as determinações legais.
O objetivo dos atos punitivos é punir e reprimir as Exemplo: Exoneração de cargo em comissão por motivo de
infrações administrativas ou a conduta irregular dos contenção de despesas com o pessoal.
servidores ou dos particulares perante a Administração.
VÍCIOS DO ATO ADMINISTRATIVO
Esses atos podem ser de atuação externa e interna. Os vícios são variados, interligando-se de muitas maneiras,
Internamente, cabe à administração punir disciplinarmente podendo muitas vezes prejudicar de maneira direta ou
seus servidores e corrigir os serviços defeituosos por meio de indireta a coletividade.
sanções estatutárias. Externamente, incumbe-lhe de velar pela
correta observância das normas administrativas. Ex: multa, Espécies de vícios:
interdição de atividades e a destruição. a) Vícios sanáveis: Sujeito e forma;
b) Vícios insanáveis: Objeto, motivo e finalidade;
Multa administrativa é imposição pecuniária que tem o
objetivo de compensar o dano presumido. Possui natureza Vício de sujeito;
objetiva. Será devida independente da ocorrência de dolo ou a) Excesso de poder (quando o agente exorbita sua
culpa do infrator. competência)
b) Função de fato; (quem pratica o ato não foi investido
Interdição administrativa de atividade é o ato pelo qual regulamente na função. O ato praticado pelo agente de fato
a Administração veda a alguém a prática de atos sujeitos ao seu reputa-se válido perante terceiro de boa-fé.
controle ou que incidam sobre seus bens, deve ser precedido c) Usurpação de função pública; (considerado ato
de processo regular e do respectivo auto, que possibilite inexistente)
defesa do interessado.
Vício na forma;
Destruição de coisas é o ato sumário da Administração a) Quando a forma prescrita em lei não é observada;
pelo qual se inutilizam alimentos, substâncias, objetos ou
instrumentos imprestáveis ou nocivos ao consumo ou de uso Vício no objeto;
proibido por lei. a) Quando o objeto é ilícito;
b) Quando o objeto é impossível;
MÉRITO ADMINISTRATIVO. c) Quando o objeto é indeterminado;
O mérito administrativo tem relação com o motivo, d) Quando o objeto é imoral;
validade e objeto, não tratando-se de requisito para sua
formação. Vício no motivo;
a) Teoria dos motivos determinantes
O mérito consubstancia-se na escolha do objeto e Quando o motivo é inexistente;
valoração do ato feita pela Administração Pública, que possui Quando o motivo é falso;
poderes para decidir sobre a conveniência e oportunidade.
Vício na finalidade;
Compreendem o merecimento os atos administrativos a) Quando há desvio de finalidade (desvio de poder)
relacionados com a competência exclusiva, por sua vez, os atos Há desvio de finalidade quando o agente pratica um ato
vinculados não devem compreender o mérito, pois o Poder visando outra finalidade que não seja a prevista em lei;
Executivo deverá obedecer os princípios e normas legais
pertinentes. EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO
O ato administrativo se extingue das seguintes formas:
MOTIVAÇÃO
É a exposição dos motivos, trata-se de demonstração por Anulação ou Invalidação (Desfazimento): É a retirada, o
escrito que os pressupostos existiram. A motivação desfazimento do ato administrativo em decorrência de sua

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invalidade, ou seja, é a extinção de um ato ilegal, determinada 02. (TRT - 20ª REGIÃO (SE) - Técnico Judiciário -
pela Administração ou pelo judiciário, com eficácia retroativa Tecnologia da Informação – FCC/2016) Mateus, servidor
– ex tunc. público federal, removeu o servidor Pedro para localidade
extremamente distante e de difícil acesso, no intuito de
Baseia-se, portanto, em razões de ilegitimidade ou castigá-lo. Ocorre que Pedro merecia penalidade
ilegalidade. administrativa por ter cometido infração funcional mas não
A anulação pode acontecer por via judicial ou por via remoção. No caso narrado, a remoção, por não ser ato de
administrativa. Veja as súmulas do STF a respeito do tema: categoria punitiva, apresenta vício de
(A) motivo.
Revogação: De acordo com MAZZA, revogação é a extinção (B) finalidade.
do ato administrativo perfeito e eficaz, com eficácia ex nunc, (C) objeto.
praticada pela Administração Pública e fundada em razão de (D) forma.
interesse público (conveniência e oportunidade). (E) competência.
Convalidação ou Sanatória: É o ato administrativo que,
com efeitos retroativos, sana vício de ato antecedente, de 03. (TRT - 20ª REGIÃO (SE) - Técnico Judiciário -
modo a torná-lo válido desde o seu nascimento, ou seja, é um Tecnologia da Informação – FCC/2016) Sergio, servidor
ato posterior que sana um vício de um ato anterior, público federal e chefe de determinada repartição pública,
transformando-o em válido desde o momento em que foi demitiu Antônio sob o fundamento de que o mesmo havia
praticado. Alguns autores, ao se referir à convalidação, cometido falta grave. Cumpre salientar que Antônio não era
utilizam a expressão sanatória. servidor concursado, mas sim ocupante de cargo em comissão.
Transcorridos quinze dias após a demissão, descobriu-se que
O ato convalidatório tem natureza vinculada (corrente Antônio não havia praticado falta grave e que Sergio pretendia
majoritária), constitutiva, secundária, e eficácia ex tunc. colocar um colega seu no cargo anteriormente ocupado por
Antônio. Neste caso, é correto afirmar:
Decadência (A) Por ser falso o motivo do ato administrativo, o ato de
A decadência (art. 207 do Código Civil), incide sobre demissão é nulo.
direitos potestativos, que “são poderes que a lei confere a (B) O ato de demissão é válido, haja vista tratar-se de cargo
determinadas pessoas de influírem, com uma declaração de demissível ad nutum e que, portanto, sequer exigia motivação.
vontade, sobre situações jurídicas de outras, sem o concurso (C) Não incide a teoria dos motivos determinantes, haja
da vontade destas”, ou seja, quando a lei ou a vontade fixam vista que o vício é na forma e na finalidade do ato
determinado prazo para serem exercidos e se não o forem, administrativo de demissão.
extingue-se o próprio direito material. (D) Aplica-se, na hipótese, a convalidação do ato
O instituto da decadência tem a mesma finalidade da administrativo; portanto, Antônio, injustamente demitido,
prescrição, qual seja, garantir a segurança jurídica. A poderá retornar ao seu cargo.
decadência que decorre de prazo legal é de ordem pública, não (E) O ato é válido porque a finalidade pública foi mantida,
podendo ser renunciada. Entretanto, se o prazo decadencial sendo admissível a substituição de um servidor por outro,
for ajustado, por declaração unilateral de vontade ou por desde que o cargo seja adequadamente preenchido, de modo a
convenção entre as partes, pode ser renunciado, que não trazer prejuízo ao interesse público.
corresponderá a uma revogação da condição para o exercício
de um direito dentro de determinado tempo. 04. (Câmara de Santa Maria Madalena – RJ -
Para Hely Lopes Meirelles mais adequado seria Procurador Jurídico – IBADE/2016) Os atos administrativos
considerar-se como de decadência administrativa os prazos têm cinco elementos, entre os quais a competência a qual
estabelecidos por diversas leis, para delimitar no tempo as possui como característica ser de exercício:
atividades da Administração. E isso porque a prescrição, como (A) obrigatório, renunciável. transferível, imodificável e
instituto jurídico, pressupõe a existência de uma ação judicial imprescritível.
apta à defesa de um direito. Contudo, a legislação, ao (B) obrigatório, irrenunciável, intransferível, modificável e
estabelecer os prazos dentro dos quais o administrado pode imprescritível.
interpor recursos administrativos ou pode a Administração (C) facultativo, renunciável. transferível, modificável e
manifestar-se, seja pela prática de atos sobre a conduta de seus prescritível.
servidores, sobre obrigações fiscais dos contribuintes, ou (D) obrigatório, irrenunciável, intransferível, imodificável
outras obrigações com os administrados, refere-se a esses e imprescritível,
prazos denominando-os de prescricionais. (E) facultativo, irrenunciável, intransferível, modificável e
Em suma, decadência administrativa ocorre com o prescritível.
transcurso do prazo, impedindo a prática de um ato pela
própria Administração. 05. (Prefeitura de Paraty – RJ - Procurador – RHS
CONSULT/2016) É o que nasce afetado de vício insanável por
Questões ausência ou defeito substancial em seus elementos
constitutivos, ou no procedimento formativo.
01. (ANVISA - Técnico Administrativo – CESPE/2016) Considerando a classificação dos atos administrativos
Acerca do regime jurídico-administrativo e do controle da segundo o conteúdo, o exposto acima diz respeito ao ato:
administração pública, julgue o próximo item. (A) Válido.
(B) Extintivo.
A administração pública pode revogar seus atos por (C) Declaratório.
motivos de conveniência ou oportunidade, competindo, no (D) Nulo.
entanto, exclusivamente ao Poder Judiciário a anulação de atos (E) Modificativo.
administrativos eivados de vícios de legalidade.
( ) Certo 06. (TCM-RJ - Técnico de Controle Externo –
( ) Errado IBFC/2016) Considere a seguinte situação hipotética:

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Autoridade municipal fixou as linhas e os itinerários de 11. (TRE-SP - Técnico Judiciário – Área Administrativa
ônibus da cidade, de modo a beneficiar determinada empresa, – FCC/2017) A publicação de edital para realização de
que disputa a concessão de serviço público de transporte concurso público de provas e títulos para provimento de
coletivo. cargos em órgão público municipal motivou número de
Desse modo, o ato da autoridade municipal poderá ser: inscritos muito superior ao dimensionado pela Administração
(A) anulado, por desvio de finalidade pública. Considerando a ausência de planejamento da
(B) revogado, desde que seja caracterizado o desvio de Administração para aplicação das provas para número tão
poder grande de candidatos, bem como que a recente divulgação da
(C) revogado, desde que se trate de ato administrativo arrecadação municipal mostrou sensível decréscimo diante da
vinculado estimativa de receitas, colocando em dúvida a concretude das
(D) convalidado, desde que a autoridade municipal tenha nomeações dos eventuais aprovados, a Administração
poder discricionário para a fixação das linhas e dos itinerários municipal
(A) pode anular o certame, em razão dos vícios de
07. (PC-GO - Agente de Polícia Substituto – legalidade identificados.
CESPE/2016) O ato que concede aposentadoria a servidor (B) deve republicar o edital do concurso público para
público classifica-se como ato reduzir os cargos disponíveis, sob pena de nulidade do
(A) simples. certame.
(B) discricionário. (C) pode revogar o certame, em razão das supervenientes
(C) composto. razões de interesse público demonstradas para tanto.
(D) declaratório. (D) pode revogar o certame municipal somente se tiver
(E) complexo. restado demonstrada a inexistência de recursos para fazer
frente às novas despesas com as aprovações decorrentes do
08. (PC-GO - Escrivão de Polícia Substituto – concurso.
CESPE/2016) A respeito da invalidação, anulação e revogação (E) deve prosseguir com o certame, republicando o edital
de atos administrativos, assinale a opção correta. para adiamento da realização da primeira prova, a fim de
(A) Atos administrativos, por serem discricionários, reorganizar a aplicação para o novo número de candidatos,
somente podem ser anulados pela própria administração sendo vedado revogar o certame em razão da redução de
pública. receitas.
(B) A administração, em razão de conveniência, poderá
revogar ato administrativo próprio não eivado de qualquer 12. (TRE-SP - Técnico Judiciário – Área Administrativa
ilegalidade, o que produzirá efeitos ex nunc. – FCC/2017) Os atos administrativos são dotados de atributos
(C) O ato administrativo viciado pela falta de manifestação que lhe conferem peculiaridades em relação aos atos
de vontade do administrado deverá ser anulado, não podendo praticados pela iniciativa privada. Quando dotados do atributo
essa ilegalidade ser sanada por posterior manifestação de da autoexecutoriedade
vontade do interessado. (A) não podem ser objeto de controle pelo judiciário, tendo
(D) São anuláveis e passíveis de convalidação os atos que em vista que podem ser executados diretamente pela própria
violem regras fundamentais atinentes à manifestação de Administração pública.
vontade, ao motivo, à finalidade ou à forma, havidas como de (B) submetem-se ao controle de legalidade e de mérito
obediência indispensável pela sua natureza, pelo interesse realizado pelo Judiciário, tendo em vista que se trata de
público que as inspira ou por menção expressa da lei. medida de exceção, em que a Administração pública adota
(E) A anulação de ato administrativo ocorre por questões medidas materiais para fazer cumprir suas decisões, ainda que
de conveniência e produz efeitos retroativos à data em que o não haja previsão legal.
ato foi emitido. (C) dependem apenas de homologação do Judiciário para
serem executados diretamente pela Administração pública.
09. (IF-TO - Professor Administração – IF-TO/2016) (D) admitem somente controle judicial posterior, ou seja,
Em relação a elementos, pressupostos e atributos do ATO após a execução da decisão pela Administração pública, mas a
Administrativo, é correto afirmar: análise abrange todos os aspectos do ato administrativo.
(A) os pressupostos de existência são: subjetivo (sujeito); (E) implicam na prerrogativa da própria Administração
objetivos (motivo e requisitos procedimentais); tecnológico executar, por meios diretos, suas próprias decisões, sendo
(finalidade), lógico (causa); e formalísticos (formalização). possível ao Judiciário analisar a legalidade do ato.
(B) todo ato praticado por agente público é,
obrigatoriamente, imputável à administração. 13. (TRE-SP - Analista Judiciário - Área Judiciária –
(C) nem todo ato administrativo é dotado de atributos que FCC/2017) Pedro, servidor público de um órgão municipal
lhe são peculiares. encarregado da fiscalização de obras civis, emitiu autorização
(D) elementos do ato são realidades intrínsecas do ato e os para Saulo construir um muro de arrimo e também demolir
pressupostos são de validade e de existência do ato, conforme uma pequena edícula, comprometendo-se a providenciar,
condicionem a existência ou a lisura jurídica do ato. junto a seu superior, a formalização do correspondente alvará.
(E) a tipicidade consiste na necessária adequação da Ocorre que Jair, morador de imóvel vizinho, sentiu-se
manifestação de vontade administrativa, sem a prévia prejudicado pelas obras, que causaram abalo em seu imóvel e
previsão legal. denunciou a situação à autoridade competente, requerendo a
nulidade do ato, face a incompetência de Pedro para emissão
10. (Prefeitura de Lages – SC - Procurador – da autorização. Diante desse cenário,
FEPESE/2016) Assinale a alternativa que indica (A) não há que se falar em convalidação, haja vista que o
corretamente o elemento do ato administrativo que ato é discricionário, cabendo, exclusivamente, à autoridade
representa o efeito jurídico imediato que o ato produz. competente a sua edição.
(A) forma (B) a autorização conferida é passível de convalidação pela
(B) objeto autoridade competente, se preenchidos os requisitos legais e
(C) sujeito técnicos para concessão da licença.
(D) finalidade
(E) competência

Noções de Direito Administrativo 12


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(C) a autorização dada por Pedro pode ser revogada pela Dentre os poderes serão analisados o poder normativo,
autoridade competente, se verificadas razões de ordem disciplinar, discricionário, vinculado, hierárquico e o poder de
técnica ou anulada judicialmente. polícia.
(D) o ato administrativo praticado por Pedro é viciado,
passível de revogação, a qualquer tempo, pela autoridade São características dos poderes administrativos:
competente para sua emissão. - obrigatoriedade.
(E) o ato praticado por Pedro é nulo, não passível de - irrenunciabilidade;
convalidação, haja vista que esta somente é cabível quando - limitação legal.
presentes vícios de forma e de motivação.
ESPÉCIES DE PODERES
14. (UECE - Assistente de Administração –
FUNECE/2017) Os atos administrativos deverão ser Poder Vinculado: quando o poder é vinculado, o
motivados, com indicação dos fatos e fundamentos jurídicos, administrador não tem possibilidade de exercer juízo de valor,
EXCETO ou seja, não tem campo de discricionariedade. Ocorre quando
(A) quando imponham ou agravem deveres, encargos ou a lei determinada que se atue de determinada forma, não
sanções. dando escolha para o agente.
(B) quando apliquem jurisprudência firmada sobre a Ex: licença para construir. Se um cidadão cumpre com
questão. todos os requisitos legais, a licença deve ser concedida, assim
(C) quando importem anulação, revogação, suspensão ou a concessão da licença é ato vinculado, não cabendo ao agente
convalidação de ato administrativo. público não concedê-la.
(D) quando decidam recursos administrativos.
Poder Discricionário: contrariamente ao poder
15. (UECE - Assistente de Administração – vinculado, o poder discricionário é aquele em que o agente
FUNECE/2017) Atente ao que se diz a seguir sobre atos público pode exercer juízo de valor, ou seja pode analisar a
administrativos: conveniência e a oportunidade do ato a ser praticado. Embora
I. A administração pode revogar seus próprios atos quando haja esse grau de liberdade, o poder discricionário também é
eivados de vício de legalidade. balizado pela lei, porque é a própria lei que confere esse poder
II. A administração deve anular seus próprios atos por ao administrador público.
motivo de conveniência e oportunidade, respeitados os São exemplos de poder discricionário: a nomeação para
direitos adquiridos. cargo em comissão, uma vez que o administrador irá nomear
III. O direito da Administração de anular os atos aquele que é de sua confiança.
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
destinatários decai em cinco anos, contados da data em que Poder Hierárquico: a Administração Pública é
foram praticados, salvo comprovada má-fé. hierarquizada, ou seja, existe um escalonamento de poderes
entre as pessoas e órgãos. É pelo poder hierárquico que, por
Está correto o que se afirma somente em exemplo, um servidor está obrigado a cumprir ordem
(A) I e II. emanada de seu superior. É também esse poder que autoriza a
(B) II. delegação, a avocação, etc.
(C) I e III.
(D) III. O direito positivo define as atribuições dos órgãos
Respostas administrativos, cargos e funções, de forma que haja harmonia
01. Errado. / 02. B / 03. A. / 04. D. / 05. D. e unidade de direção.
06. A. / 07. E. / 08. B. / 09. D. / 10. B. Percebam que o poder hierárquico vincula superior e
11. C / 12. E / 13. B / 14. B / 15. D subordinados dentro do quadro da Administração Pública.

Quando a organização administrativa corresponda a


4 Agentes públicos. aumento de despesa será de competência do Presidente da
República e quando acarretar aumento de despesa será
4.1 Espécies e classificação. matéria de lei de iniciativa do Presidente da República.
4.2 Cargo, emprego e função
públicos. Poder Disciplinar: para que a Administração possa
organizar-se é necessário que haja a possibilidade de aplicar
sanções aos agentes que agem de forma ilegal. A aplicação de
sanções para o agente que infringiu norma de caráter
Para uma melhor didática estudaremos esse assunto no
funcional é exercício do poder disciplinar. Não se trata aqui de
tópico em que abordaremos sobre a Lei 8.112/1990.
sanções penais e sim de penalidades administrativas como
advertência, suspensão, demissão, entre outras.
Estão sujeitos às penalidades os agente públicos quando
5 Poderes administrativos. praticarem infração funcional, que é aquela que se relaciona
5.1 Hierárquico, disciplinar, com a atividade desenvolvida pelo agente.
regulamentar e de polícia.
Poder Regulamentar ou Poder Normativo: é o poder
5.2 Uso e abuso do poder. que tem os chefes do Poder Executivo de criar regulamentos,
de dar ordens, de editar decretos. São normas internas da
Administração.
PODERES E DEVERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA É o poder conferido aos Chefes do Executivo para editar
decretos e regulamentos com a finalidade de oferecer fiel
O Estado necessita de alguns poderes, pois sem eles, a execução à lei. Temos como exemplo a disposição
Administração Pública não conseguiria fazer sobrepor a constitucional do art. 84, IV, CF/88.
vontade da lei à individual.

Noções de Direito Administrativo 13


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APOSTILAS OPÇÃO

O poder regulamentar enquadra-se em uma categoria mais causados a terceiros por seus agentes públicos tanto no
ampla denominada poder normativo, que inclui todas as exercício das suas atribuições quanto agindo nessa qualidade.
diversas categorias de atos gerais, tais como: regimentos,
instruções, deliberações, resoluções e portarias. Desvio de Poder
O desvio significa o afastamento, a mudança de direção da
Poder de Polícia: é o poder conferido à Administração que fora anteriormente determinada. Este tipo de ato é
para condicionar, restringir, frenar o exercício de direitos e praticado por autoridade competente, que no momento em
atividades dos particulares em nome dos interesses da que pratica tal ato, distinto do que é visado pela norma legal
coletividade. Ex: fiscalização. de agir, acaba insurgindo no desvio de poder.

Quanto aos atributos do poder de polícia, é certo que Segundo Cretella Júnior:
busca-se garantir a sua execução e a prioridade do interesse “o fim de todo ato administrativo, discricionário ou não, é
público. São eles: discricionariedade, autoexecutoriedade e o interesse público. O fim do ato administrativo é assegurar a
coercibilidade. ordem da Administração, que restaria anarquizada e
comprometida se o fim fosse privado ou particular “
a- Discricionariedade: A Administração Pública goza de
liberdade para estabelecer, de acordo com sua conveniência e Não ser refere as situações que estejam eivadas de má-fé,
oportunidade, quais serão os limites impostos ao exercício dos mas sim quando a intenção do agente encontra-se viciada,
direitos individuais e as sanções aplicáveis nesses casos. podendo existir desvio de poder, sem que exista má-fé. É a
Também confere a liberdade de fixar as condições para o junção da vontade de satisfação pessoal com inadequada
exercício de determinado direito. finalidade do ato que poderia ser praticado.
No entanto, a partir do momento em que são fixados esses
limites com suas posteriores sanções, a Administração será Essa mudança de finalidade, de acordo com a doutrina,
obrigada a cumpri-las, ficando dessa maneira com seus atos pode ocorrer nas seguintes modalidades:
vinculados. a. quando o agente busca uma finalidade alheia ao
Por exemplo: fixar o limite de velocidade para transitar nas interesse público;
vias públicas. b. quando o agente público visa uma finalidade que, no
b- Autoexecutoriedade: Não é necessário que o Poder entanto, não é o fim pré-determinado pela lei que enseja
Judiciário intervenha na atuação da Administração Pública. No validade ao ato administrativo e, por conseguinte, quando o
entanto, essa liberdade não é absoluta, pois compete ao Poder agente busca uma finalidade, seja alheia ao interesse público
Judiciário o controle desse ato. ou à categoria deste que o ato se revestiu, por meio de omissão.
Somente será permitida a autoexecutoriedade quando esta
for prevista em lei, além de seu uso para situações Excesso de Poder: Ocorre quando o agente excede os
emergenciais, em que será necessária a atuação da limites de sua competência. Como por exemplo quando a
Administração Pública. autoridade aplica uma demissão ao invés de aplicar uma
c- Coercibilidade: Limita-se ao princípio da suspensão.
proporcionalidade, na medida que for necessária será
permitido o uso da força par cumprimento dos atos. Questões

O art. 78 do Código Tributário Nacional assim conceitua 01. (ANVISA - Técnico Administrativo – CESPE/2016) O
poder de polícia: teto de um imóvel pertencente à União desabou em
decorrência de fortes chuvas, as quais levaram o poder público
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da a decretar estado de calamidade na região. Maria, servidora
administração pública que, limitando ou disciplinando direito, pública responsável por conduzir o processo licitatório para a
interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de contratação dos serviços de reparo pertinentes, diante da
fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à situação de calamidade pública, decidiu contratar mediante
higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do dispensa de licitação. Findo o processo de licitação, foi
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de escolhida a Empresa Y, que apresentou preços superiores ao
concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade preço de mercado, mas, reservadamente, prometeu, caso fosse
pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais contratada pela União, realizar, com generoso desconto, uma
ou coletivos. grande reforma no banheiro da residência de Maria. Ao final,
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder em razão da urgência, foi firmado contrato verbal entre a
de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos União e a Empresa Y e executados tanto os reparos
limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, contratados quanto a reforma prometida.
tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária,
sem abuso ou desvio de poder. Com referência a essa situação hipotética, julgue o item
que se segue.
Uso e Abuso De Poder
Sempre que a Administração extrapolar os limites dos Maria agiu com excesso de poder ao escolher a Empresa Y.
poderes aqui expostos, estará cometendo uma ilegalidade. A ( ) Certo
ilegalidade traduz o abuso de poder que, por sua vez, pode ser ( ) Errado
punido judicialmente.
O abuso de poder pode gerar prejuízos a terceiros, caso em 02. (TRT - 20ª REGIÃO (SE) - Técnico Judiciário –
que a Administração será responsabilizada. Todos os Poderes Administrativa – FCC/2016) Considere as seguintes
Públicos estão obrigados a respeitar os princípios e as normas assertivas concernentes ao poder disciplinar:
constitucionais, qualquer lesão ou ameaça, outorga ao lesado I. A Administração pública, ao tomar conhecimento de
a possibilidade do ingresso ao Poder Judiciário. infração praticada por servidor, deve instaurar o
A responsabilidade do Estado se traduz numa obrigação, procedimento adequado para sua apuração.
atribuída ao Poder Público, de compor os danos patrimoniais

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APOSTILAS OPÇÃO

II. A Administração pública pode levar em consideração, na 06. (TRE-SP - Técnico Judiciário – Área Administrativa
aplicação da pena, a natureza e a gravidade da infração e os – FCC/2017) Os servidores públicos estão sujeitos à
danos que dela provierem para o serviço público. hierarquia no exercício de suas atividades funcionais.
III. No procedimento administrativo destinado a apurar Considerando esse aspecto,
eventual infração praticada por servidor, devem ser (A) o poder disciplinar a que estão sujeitos é decorrente
assegurados o contraditório e a ampla defesa com os meios e dessa hierarquia, visto que guarda relação com o vínculo
recursos a ela inerentes. funcional existente e observa a estrutura organizacional da
IV. A falta grave é punível com a pena de suspensão e Administração pública para identificação da autoridade
caberá à Administração pública enquadrar ou não um caso competente para apuração e punição por infrações
concreto em tal infração. disciplinares.
O poder disciplinar, em algumas circunstâncias, é (B) submetem-se ao poder de tutela da Administração, que
considerado discricionário. Há discricionariedade APENAS projeta efeitos internos, sobre órgãos e servidores, e externos,
nos itens atingindo relações jurídicas contratuais travadas com
(A) I e IV. terceiros.
(B) I e II. (C) conclui-se que o poder hierárquico é premissa para o
(C) I e III. poder disciplinar, ou seja, este somente tem lugar onde se
(D) III e IV. identificam relações jurídicas hierarquizadas, funcional ou
(E) II e IV. contratualmente, neste caso, em relação à prestação de
serviços terceirizados.
03. (Prefeitura de Paraty – RJ - Procurador - RHS (D) o poder hierárquico autoriza a edição de atos
Consult/2016) Sobre o poder discricionário, pode-se afirmar: normativos de caráter autônomo, com força de lei, no que se
(A) Possui o mesmo valor que o poder arbitrário, posto que refere à disciplina jurídica dos direitos e deveres dos
se iguala à vinculada pela maior liberdade de ação que é servidores públicos.
conferida ao administrador. (E) somente o poder hierárquico e o poder disciplinar
(B) Relaciona-se à prática de atos administrativos com produzem efeitos internos na Administração pública, tendo
liberdade na escolha de sua conveniência, oportunidade e em vista que o poder de polícia e o poder regulamentar visam
conteúdo. à produção de efeitos na esfera jurídica de direito privado, não
(C) Não se justifica pela impossibilidade de o legislador podendo atingir a atuação de servidores públicos.
catalogar na lei todos os atos que a prática administrativa
exige. 07. (TRE-SP - Analista Judiciário - Área Judiciária –
(D) Não se sujeita aos condicionamentos externo e interno, FCC/2017) Suponha que o Secretário de Transportes de
ou seja, pelo ordenamento jurídico e pelas exigências do bem determinado Estado tomou conhecimento, por intermédio de
comum e da moralidade. matéria jornalística, da existência de longas filas para
(E) Tem por objetivo ordenar, coordenar, controlar e carregamento dos cartões de utilização dos trens
corrigir as atividades administrativas, no âmbito interno da administrados por uma sociedade de economia mista
Administração pública. vinculada àquela Pasta. Diante dos fatos apurados, decidiu
avocar, para área técnica da Secretaria, algumas atividades de
04. (PC-GO - Agente de Polícia Substituto – gerenciamento e logística desempenhadas por uma das
CESPE/2016) Com relação aos poderes administrativos e ao Diretorias da referida empresa. Fundamentou sua decisão no
uso e abuso desses poderes, assinale a opção correta. exercício dos poderes hierárquico e disciplinar. Considerando
(A) O poder de polícia refere-se às relações jurídicas a situação narrada,
especiais, decorrentes de vínculos jurídicos específicos (A) a atuação do Secretário justifica-se do ponto de vista da
existentes entre o Estado e o particular. hierarquia, porém não sob aspecto disciplinar, eis que não
(B) O poder disciplinar, mediante o qual a administração identificada infração administrativa.
pública está autorizada a apurar e aplicar penalidades, alcança (B) a decisão baseia-se, legitimamente, apenas no poder
tão somente os servidores que compõem o seu quadro de disciplinar, que compreende o controle e a supervisão.
pessoal. (C) descabe a invocação dos poderes citados, sendo certo
(C) A invalidação, por motivos de ilegalidade, de conduta que a atuação da Secretaria deve se dar nos limites do poder
abusiva praticada por administradores públicos ocorre no de tutela.
âmbito judicial, mas não na esfera administrativa. (D) a decisão somente será justificável, sob o fundamento
(D) Poder regulamentar é a competência atribuída às de poder hierárquico, se constada a existência de desvio de
entidades administrativas para a edição de normas técnicas de conduta pelos administradores da empresa.
caráter normativo, executivo e judicante. (E) a decisão extrapolou a competência disciplinar, que
(E) Insere-se no âmbito do poder hierárquico a somente pode ser exercida para corrigir desvios na
prerrogativa que os agentes públicos possuem de rever os atos organização administrativa da entidade.
praticados pelos subordinados para anulá-los, quando estes
forem considerados ilegais, ou revogá-los por conveniência e 08. (PC-GO - Delegado de Polícia Substituto –
oportunidade, nos termos da legislação respectiva. CESPE/2017) De acordo com a legislação e a doutrina
pertinentes, o poder de polícia administrativa
05. (FIOCRUZ - Assistente Técnico de Gestão em Saúde (A) pode manifestar-se com a edição de atos normativos
– FIOCRUZ/2016) O poder conferido pela lei ao como decretos do chefe do Poder Executivo para a fiel
administrador para que ele, nos atos discricionários, decida regulamentação de leis.
sobre a oportunidade e conveniência de sua prática, é (B) é poder de natureza vinculada, uma vez que o
denominado: administrador não pode valorar a oportunidade e
(A) mérito administrativo. conveniência de sua prática, estabelecer o motivo e escolher
(B) presunção de legitimidade. seu conteúdo.
(C) motivação. (C) pode ser exercido por órgão que também exerça o
(D) auto-executoriedade. poder de polícia judiciária.
(E) tipicidade. (D) é de natureza preventiva, não se prestando o seu
exercício, portanto, à esfera repressiva.

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(E) é poder administrativo que consiste na possibilidade 13. (FCC) O poder regulamentar da Administração pública
de a administração aplicar punições a agentes públicos que consiste em
cometam infrações funcionais. (A) impor restrições à atuação de particulares, em
benefício da coletividade, nos limites da lei.
09. (PC-GO - Delegado de Polícia Substituto – (B) controlar a atividade de órgãos inferiores, dando
CESPE/2017) A respeito dos poderes e deveres da ordem a subordinados e verificando a legalidade dos atos
administração, assinale a opção correta, considerando o praticados.
disposto na CF. (C) editar normas complementares à lei, para a sua fiel
(A) A lei não pode criar instrumentos de fiscalização das execução.
finanças públicas, pois tais instrumentos são taxativamente (D) organizar a atividade administrativa, inclusive com a
listados na CF. avocação de competências e criação de órgãos.
(B) A eficiência, um dever administrativo, não guarda (E) apurar infrações e aplicar penalidades aos servidores
relação com a realização de supervisão ministerial dos atos públicos e particulares que contratam com a Administração.
praticados por unidades da administração indireta.
(C) O abuso de poder consiste em conduta ilegítima do 14. (FCC) O chamado poder regulamentar autônomo,
agente público, caracterizada pela atuação fora dos objetivos trata-se de
explícitos ou implícitos estabelecidos pela lei. (A) exercício de atividade normativa pelo Executivo,
(D) A capacidade de inovar a ordem jurídica e criar disciplinando matéria não regulada em lei, de controversa
obrigações caracteriza o poder regulamentar da existência no direito nacional.
administração. (B) poder conferido aos entes federados para legislar em
(E) As consequências da condenação pela prática de ato de matéria administrativa de seu próprio interesse.
improbidade administrativa incluem a perda dos direitos (C) atividade normativa exercida pelas agências
políticos e a suspensão da função pública. reguladoras, nos setores sob sua responsabilidade.
(D) prerrogativa conferida a todos os Poderes para
10. (SEDF - Conhecimentos Básicos - Cargos 1, 3 a 26 – disciplinar seus assuntos interna corporis.
CESPE/2017) No que se refere aos poderes administrativos, (E) atividade normativa excepcional, conferida ao
aos atos administrativos e ao controle da administração, julgue Conselho de Defesa Nacional, na vigência de estado de defesa
o item seguinte. ou estado de sítio.

A avocação se verifica quando o superior chama para si a 15. A autoexecutoriedade é atributo do poder
competência de um órgão ou agente público que lhe seja (A) de polícia.
subordinado. Esse movimento, que é excepcional e (B) disciplinar.
temporário, decorre do poder administrativo hierárquico. (C) regulamentar.
( ) Certo (D) hierárquico.
( ) Errado
16. Quando o chefe do Poder Executivo expede um Decreto
11. (TRE-SP - Analista Judiciário - Área Judiciária – especificando o conteúdo de uma lei, está a administração
FCC/2017) Suponha que o Secretário de Transportes de pública exercendo o Poder:
determinado Estado tomou conhecimento, por intermédio de (A) Regulamentar.
matéria jornalística, da existência de longas filas para (B) Hierárquico.
carregamento dos cartões de utilização dos trens (C) De Polícia.
administrados por uma sociedade de economia mista (D) Disciplinar.
vinculada àquela Pasta. Diante dos fatos apurados, decidiu
avocar, para área técnica da Secretaria, algumas atividades de 17. (VUNESP) O poder de polícia
gerenciamento e logística desempenhadas por uma das (A) é exclusivo da polícia militar e civil.
Diretorias da referida empresa. Fundamentou sua decisão no (B) também é conhecido por polícia judiciária.
exercício dos poderes hierárquico e disciplinar. Considerando (C) é exclusivo da polícia federal.
a situação narrada, (D) possui como atributo o livre arbítrio.
(A) a atuação do Secretário justifica-se do ponto de vista da (E) é chamado de polícia administrativa.
hierarquia, porém não sob aspecto disciplinar, eis que não
identificada infração administrativa. 18. O poder de polícia:
(B) a decisão baseia-se, legitimamente, apenas no poder (A) envolve atos de natureza estritamente política;
disciplinar, que compreende o controle e a supervisão. (B) pode ser exercido por particulares, mesmo quanto a
(C) descabe a invocação dos poderes citados, sendo certo atos de império;
que a atuação da Secretaria deve se dar nos limites do poder (C) não restringe a liberdade ou a propriedade;
de tutela. (D) envolve atos de fiscalização e aplicação de sanções
(D) a decisão somente será justificável, sob o fundamento (E) não se sujeita a controle judicial.
de poder hierárquico, se constada a existência de desvio de
conduta pelos administradores da empresa. 19. O poder de polícia
(E) a decisão extrapolou a competência disciplinar, que (A) na área administrativa não difere do poder de polícia
somente pode ser exercida para corrigir desvios na na área judiciária.
organização administrativa da entidade. (B) é exercido por meio de medidas preventivas, vedadas
as medidas repressivas.
12. (VUNESP) O poder regulamentar é (C) tem como atributos, dentre outros, a
(A) função típica dos Promotores de Justiça. autoexecutoriedade e a coercibilidade.
(B) função típica do Presidente do Tribunal de Justiça. (D) tem como fundamentos os princípios da legalidade e
(C) função típica do Presidente do Senado Federal. da moralidade.
(D) atribuição privativa de qualquer magistrado. (E) não se subordina a limites, visto que, sendo
(E) atribuição típica do Chefe do Poder Executivo. prioritariamente discricionário, a forma de atuação fica ao
livre arbítrio da autoridade.

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20. (FCC) Poder de polícia é b. Conforme o momento a ser exercido: prévio,


(A) a atividade exercida pela Polícia Civil na apuração de concomitante ou posterior
infração penal. Controle prévio ou preventivo: é o exercido antes de
(B) o mecanismo de frenagem de que dispõe a consumar-se a conduta administrativa.
Administração Pública para conter os abusos individuais. Controle concomitante: segue a situação administrativa,
(C) a atividade exercida pela Polícia Militar na manutenção como ela se encontra.
da ordem pública. Controle posterior ou corretivo: tem a finalidade da
(D) a faculdade de punir internamente as infrações revisão de atos já praticados, para corrigir, desfazer ou apenas
funcionais dos servidores e demais pessoas sujeitas à confirmá-los. É o caso da aprovação, homologação, revogação,
disciplina dos órgãos e serviços da Administração. entre outros.
(E) o poder que a Administração tem para a prática dos
atos administrativos com liberdade na escolha da sua 10.2.3 Conforme a amplitude: hierárquico ou
conveniência, oportunidade e conteúdo. finalístico.
Quanto à amplitude, o controle pode ser hierárquico ou
21. Acerca da denominação do poder de polícia que incide finalístico.
sobre bens, direitos e atividades, assinale a alternativa correta.
(A) Polícia Administrativa. O controle é hierárquico sempre que os órgãos superiores
(B) Polícia Investigativa. (dentro de uma mesma estrutura hierárquica) possuírem
(C) Polícia Militar. competência para controlar e fiscalizar os atos praticados por
(D) Polícia Judiciária. seus subordinados.
(E) Polícia Civil. Já o controle finalístico é o controle que é exercido pela
Administração Direta sobre as pessoas jurídicas integrantes
Respostas da Administração Indireta.
01. Errado / 02. E / 03. B / 04. E / 05. A
06. A / 07. C / 08. C / 09. C / 10. Certo CONTROLE ADMINISTRATIVO
11. C / 12. E. / 13. C. / 14. A. / 15. A. O controle administrativo é o que decorre da aplicação do
16. A. / 17. E. / 18. D. / 19. C. / 20. B. princípio do autocontrole, ou autotutela, do qual emerge o
21. A. poder com idêntica designação (poder de autotutela). A
Administração tem o dever de anular seus próprios atos,
quando eivados de nulidade, podendo revogá-los ou alterá-los,
6 Controle e responsabilização da por conveniência e oportunidade, respeitados, nessa hipótese,
os direitos adquiridos. É o poder de fiscalização e correção que
administração. 6.1 Controles a Administração Pública (em sentido amplo) exerce sobre sua
administrativo, judicial e própria atuação, sob os aspectos de legalidade e mérito, por
legislativo. iniciativa própria ou mediante provocação.

CONTROLE LEGISLATIVO
O controle legislativo, ou parlamentar, é exercido pelo
Controle da Administração Pública: conceito, espécies
Poder Legislativo (Congresso Nacional, Senado Federal,
(judicial, legislativo e administrativa)
Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas, Câmara
Distrital e Câmara de Vereadores), tendo em mira a
A Administração Pública se sujeita a controle por parte dos
administração desempenhada pelos Poderes Executivo e
Poderes Legislativo e Judiciário, além de exercer, ela mesma, o
Judiciário.
controle sobre os próprios atos.
O controle que o Poder Legislativo exerce sobre a
Embora o controle seja atribuição estatal, o administrado
Administração Pública limita-se às hipóteses previstas na
participa dele à medida que pode e deve provocar o
Constituição Federal. Alcança os órgãos do Poder Executivo, as
procedimento de controle, não apenas na defesa de seus
entidades da Administração Indireta e o próprio Poder
interesses individuais, mas também na proteção do interesse
Judiciário, quando executa função administrativa.
coletivo.
O exercício do controle constitui uma das funções típicas
A Emenda Constitucional nº 19/98 inseriu o § 3º no artigo
do Poder Legislativo, ao lado da função de legislar.
37, prevendo lei que discipline as formas de participação do
usuário na administração pública direta e indireta: é o
CONTROLE JUDICIAL
chamado controle popular. Essa lei ainda não foi
O Direito brasileiro adotou o sistema de jurisdição una,
promulgada.
pelo qual o Poder Judiciário tem o monopólio da função
jurisdicional, ou seja, do poder de apreciar, com força de coisa
CLASSIFICAÇÃO
julgada, a lesão ou ameaça de lesão a direitos individuais e
Vários critérios existem para classificar as modalidades de
coletivos (art. 5º, XXXV CF/88). Afastou, portanto, o sistema da
controle.
dualidade de jurisdição, em que, paralelamente ao Poder
Quanto ao órgão que o exerce, o controle pode ser
Judiciário, existem os órgãos de Contencioso Administrativo,
administrativo, legislativo ou judicial.
que exercem, como aquele, função jurisdicional sobre lides de
que a Administração Pública seja parte interessada.
a. Conforme a origem: interno ou externo
O Poder Judiciário pode examinar os atos da
É interno o controle que cada um dos Poderes exerce sobre
Administração Pública, de qualquer natureza, sejam gerais ou
seus próprios atos e agentes. Exemplo: os chefes que possuem
individuais, unilaterais ou bilaterais, vinculados ou
controle sobre seus funcionários.
discricionários, mas sempre sob o aspecto da legalidade e da
moralidade (art. 5º, LXXIII, e art. 37).
É externo o controle exercido por um dos Poderes sobre o
outro, como também o controle da Administração Direta sobre
CONTROLE PELO TRIBUNAL DE CONTAS
a Indireta. Exemplo: quando o ato da Administração é anulado
O Tribunal de Contas é competente para realizar a
judicialmente.
fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e

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patrimonial dos entes federativos, da Administração Pública As comissões parlamentares de inquérito são
direta e indireta, além das empresas públicas e sociedades de instrumentos de controle externo destinados a investigar fato
economia mista que também estão sujeitas à fiscalização dos determinado em prazo determinado, mas desprovidos de
Tribunais de Contas. poder condenatório.
( ) Certo
Os Tribunais de contas tem competência fiscalizadora e a ( ) Errado
exercem por meio da realização de auditorias e inspeções em
entidades e órgãos da Administração Pública. Também é 05. (PGE-AM - Procurador do Estado – CESPE/2016)
competente para fiscalizar os procedimentos de licitações e, Acerca do controle administrativo interno e externo, julgue o
nesse caso, pode o Tribunal adotar medidas cautelares com a item a seguir.
finalidade de evitar futura lesão ao erário, bem como para
garantir o cumprimento de suas decisões. O controle administrativo interno é cabível apenas em
relação a atividades de natureza administrativa, mesmo
A súmula 347 do Supremo Tribunal Federal reconheceu a quando exercido no âmbito dos Poderes Legislativo e
competência do Tribunal de Contas para apreciar a Judiciário.
inconstitucionalidade de leis e atos do poder público, dessa ( ) Certo
forma suas atribuições não dizem respeito somente à ( ) Errado
apreciação da legalidade, mas também da legitimidade do
órgão e do princípio da economicidade. Segue a súmula: 06. (PGE-AM - Procurador do Estado – CESPE/2016)
Acerca do controle administrativo interno e externo, julgue o
Súmula 347, STF. O Tribunal de Contas, no exercício de suas item a seguir.
atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos
atos do poder público. O CNJ é órgão externo de controle administrativo,
financeiro e disciplinar do Poder Judiciário.
Além disso, o art. 113, § 2º, da Lei n. 8.666/93 confere aos ( ) Certo
Tribunais de Contas e demais órgãos integrantes do sistema de ( ) Errado
controle interno competência para solicitar cópia de edital de
licitação já publicado com o objetivo de realizar seu exame, 07. (PC-GO - Escrivão de Polícia Substituto –
podendo também determinar a adoção de medidas corretivas CESPE/2016) Assinale a opção correta a respeito do controle
de cumprimento obrigatório para todos os órgãos e entidades da administração pública.
da Administração Pública, desde que a solicitação seja (A) O ato regulamentar que extrapola os limites da lei
motivada e casuística regulamentada acaba por vulnerá-la, podendo resultar em
controle judicial quanto à sua constitucionalidade por afronta
Questões aos princípios da legalidade e da reserva legal.
(B) O poder de fiscalização de uma pessoa jurídica
01. (ANVISA - Técnico Administrativo – CESPE/2016) integrante da administração indireta por ente da
Acerca do regime jurídico-administrativo e do controle da administração direta consagra a chamada tutela
administração pública, julgue o próximo item. administrativa, verdadeiro controle por vinculação que se dá
pelas vias política, institucional, administrativa e financeira.
A administração possui prerrogativas não extensíveis às (C) A vedação ao controle judicial do mérito dos atos
relações privadas, mas sua liberdade de ação encontra-se administrativos não impede que o Poder Judiciário reavalie de
sujeita a maiores restrições se comparada à dos atos forma ampla os critérios de correção de banca examinadora
praticados por particulares em suas relações. em concurso público.
( ) Certo (D) Em razão dos princípios da continuidade do serviço
( ) Errado público e da eficiência o controle administrativo deve ser
exercido de forma prévia/preventiva ou posterior/repressiva,
02. (ANVISA - Técnico Administrativo – CESPE/2016) sendo descabida a sua realização concomitantemente com a
Acerca do regime jurídico-administrativo e do controle da prática do ato.
administração pública, julgue o próximo item. (E) A discricionariedade administrativa somente é cabível
na hipótese de o administrador se deparar com conceitos
Uma ação ou omissão que, submetida a controle jurídicos indeterminados.
administrativo quanto à legalidade, seja considerada correta
não poderá ser submetida a nenhuma outra medida de 08. (PC-GO - Escrivão de Polícia Substituto –
controle administrativo. CESPE/2016) Com referência ao controle administrativo,
( ) Certo assinale a opção correta.
( ) Errado (A) A revogação, pela administração, de ato administrativo
que tenha revogado um primeiro ato produzirá como efeito
03. (ANVISA - Técnico Administrativo – CESPE/2016) automático e imediato a revalidação desse primeiro ato, que
Acerca do regime jurídico-administrativo e do controle da passará novamente a surtir efeitos normalmente.
administração pública, julgue o próximo item. (B) Os atos administrativos cujos efeitos já se tenham
exaurido integralmente são insuscetíveis de revogação.
O controle judicial pode incidir sobre atividades (C) O exercício da autotutela, poder-dever da
administrativas realizadas em todos os poderes do Estado. administração, é amplo e dispensa a instauração de
( ) Certo procedimento administrativo, ainda que potenciais interesses
( ) Errado individuais sejam atingidos.
(D) Situação hipotética: Lúcio, indivíduo de boa-fé, logrou
04. (PGE-AM - Procurador do Estado – CESPE/2016) a manutenção dos efeitos já produzidos por ato administrativo
Acerca do controle administrativo interno e externo, julgue o posteriormente declarado nulo. Assertiva: Nessa situação, por
item a seguir. força da isonomia, aquele que detiver situação jurídica

Noções de Direito Administrativo 18


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idêntica à de Lúcio terá direito à extensão dos mesmos efeitos (D) fornecer os dados requisitados pelo Tribunal de
jurídicos produzidos pelo ato anulado. Contas, considerando o fato de que a Constituição Federal
(E) Um ato administrativo pode ser anulado em ressalva expressamente o direito ao sigilo nos casos de
decorrência de pressupostos de conveniência e oportunidade requisições efetivadas pelas Cortes de Contas;
da administração ou devido à ilegalidade do ato. Nesse caso, (E) se recusar a fornecer os dados relativos ao
será desnecessária a instauração de processo administrativo financiamento público, porquanto restaria violado o direito à
para a oitiva de interessados. intimidade dos beneficiários dos financiamentos públicos.

09. (TRE-SP - Técnico Judiciário – Área Administrativa 12. (SEDF - Conhecimentos Básicos - Cargos 1, 3 a 26 –
– FCC/2017) O controle exercido pela Administração direta CESPE/2017) No que se refere aos poderes administrativos,
sobre a Administração indireta denomina-se aos atos administrativos e ao controle da administração, julgue
(A) poder de tutela e permite a substituição de atos o item seguinte.
praticados pelos entes que integram a Administração indireta O poder de fiscalização que a Secretaria de Estado de
que não estejam condizentes com o ordenamento jurídico. Educação do DF exerce sobre fundação a ela vinculada
(B) poder de revisão dos atos, decorrente da análise de configura controle administrativo por subordinação.
mérito do resultado, bem como em relação aos estatutos ou ( ) Certo
legislação que criaram os entes que integram a Administração ( ) Errado
indireta.
(C) controle finalístico, pois a Administração direta 13. (SEDF - Conhecimentos Básicos - Cargos 1, 3 a 2 –
constitui a instância final de apreciação, para fins de aprovação CESPE/2017) No que se refere aos poderes administrativos,
ou homologação, dos atos e recursos praticados e interpostos aos atos administrativos e ao controle da administração, julgue
no âmbito da Administração indireta. o item seguinte.
(D) poder de tutela, que não pressupõe hierarquia, mas É garantido ao Poder Judiciário o controle de mérito
apenas controle finalístico, que analisa a aderência da atuação administrativo dos atos administrativos, pois lesão ou ameaça
dos entes que integram a Administração indireta aos atos ou a direito não podem ser excluídas da apreciação de juiz.
leis que os constituíram. ( ) Certo
(E) poder de autotutela, tendo em vista que a ( ) Errado
Administração indireta integra a Administração direta e, como
tal, compreende a revisão dos atos praticados pelos entes que 14. (Câmara de Maria Helena – PR - Advogado –
a compõem quando não guardarem fundamento com o escopo FAUEL/2017) Compete ao Poder Legislativo, além da
institucional previsto em seus atos constitutivos. atividade legiferante, a realização da fiscalização da
administração pública. O controle legislativo, por vezes
10. (TRE-SP - Analista Judiciário - Área Administrativa chamado de controle parlamentar, possui limites traçados
– FCC/2017) Os atos da Administração pública estão sujeitos pelo texto constitucional, aplicados, por simetria, à esfera
a controle externo e interno. O controle exercido pelo Poder municipal. A respeito do tema, é correto afirmar:
Legislativo, com auxílio do Tribunal de Contas, (A) O parecer técnico elaborado pelo Tribunal de Contas
(A) dá-se sobre atos e contratos firmados pela tem natureza meramente opinativa, competindo
Administração pública, não sendo exercido, contudo, antes da exclusivamente à Câmara de Vereadores o julgamento das
celebração dos referidos instrumentos. contas anuais do Chefe do Poder Executivo local, sendo
(B) inclui a análise dos editais de licitação publicados, incabível o julgamento ficto das contas por decurso de prazo.
permitindo a modificação da redação daqueles instrumentos, (B) O parecer prévio sobre as contas que o Chefe do Poder
especialmente no que se refere à habilitação, a fim de Executivo deve anualmente prestar, emitido pelo responsável
preservar a igualdade entre os participantes do certame. Tribunal de Contas, só deixará de prevalecer por decisão de
(C) autoriza a suspensão de atos e contratos celebrados dois quartos dos membros da Câmara Municipal.
pela Administração pública quando, instada a revogá-los ou (C) O parecer prévio do Tribunal de Contas possui
anulá-los, não o fizer no prazo fixado. natureza jurídica de decisão quando opine pela desaprovação
(D) possibilita a sustação de atos pelo Tribunal de Contas, das contas de Prefeito, produzindo efeitos imediatos a partir
quando a Administração pública não sanar os vícios indicados de sua emissão, os quais se tornam permanentes no caso do
pelo mesmo. silêncio da casa legislativa.
(E) permite a sindicância das licitações realizadas pela (D) O julgamento das contas anuais do Prefeito compete
Administração direta e indireta, com a anulação de editais e precipuamente ao Tribunal de Contas Municipal (onde
contratos deles decorrentes sempre que houver vício de houver) ou ao Tribunal de Contas do Estado em que esteja
legalidade insanável. localizado o município, com o auxílio da Câmara Municipal.

11. (ALERJ - Procurador – FGV/2017) Determinada 15. (SEDF - Professor – Direito – QUADRIX/2017)
agência de fomento estadual, enquadrada como instituição Acerca do Direito Administrativo, julgue o item a seguir.
financeira, é instada pelo competente Tribunal de Contas a Na Administração Pública, o controle de mérito decorrerá
apresentar dados relativos aos financiamentos públicos por do escalonamento vertical de órgãos da administração direta
ela concedidos. ou do escalonamento vertical de órgãos integrantes de cada
Diante da requisição, deve a agência: entidade da administração indireta.
(A) se recusar a fornecer os dados relativos ao ( ) Certo
financiamento público, considerando que estão protegidos ( ) Errado
pelo sigilo bancário;
(B) se recusar a fornecer os dados relativos ao Respostas
financiamento público, porquanto apenas o Poder Judiciário 01. Certo. / 02. Errado. / 03. Certo. / 04. Certo.
poderia requisitar essas informações; 05. Certo. / 06. Errado. / 07. B. / 08. B. / 09. D / 10. D
(C) fornecer os dados requisitados pelo Tribunal de 11. C / 12. Errado / 13. Errado / 14. A / 15. Errado
Contas, considerando o fato de que operações financeiras que
envolvam recursos públicos não estão submetidas ao sigilo
bancário;

Noções de Direito Administrativo 19


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APOSTILAS OPÇÃO

RESPONSABILIDADE POR AÇÃO E POR OMISSÃO DO


6.2 Responsabilidade civil ESTADO
do Estado.
O dano indenizável pode ser material e/ou moral e ambos
podem ser requeridos na mesma ação, se preencherem os
RESPONSABILIDADE CIVIL NO DIREITO BRASILEIRO requisitos expostos.
Aquele que é investido de competências estatais tem o
Desde os tempos do Império que a Legislação Brasileira dever objetivo de adotar as providências necessárias e
prevê a reparação dos danos causados a terceiros pelo adequadas a evitar danos às pessoas e ao patrimônio.
Estado, por ação ou omissão dos seus agentes. Problemas de Quando o Estado infringir esse dever objetivo e,
omissão, abuso no exercício de função e outros tipos de falhas exercitando suas competências, der oportunidades a
sempre existiram no serviço público, o que é perfeitamente ocorrências do dano, estarão presentes os elementos
plausível dadas as características da Administração Pública, necessários à formulação de um juízo de reprovabilidade
tanto do ponto de vista da sua complexidade quanto do seu quanto a sua conduta. Não é necessário investigar a existência
gigantismo. de uma vontade psíquica no sentido da ação ou omissão
causadoras do dano.
Teorias da responsabilidade objetiva do Estado A omissão da conduta necessária e adequada consiste na
(segundo Hely Lopes Meirelles): materialização de vontade, defeituosamente desenvolvida.
Logo, a responsabilidade continua a envolver um elemento
a) teoria da culpa administrativa: a obrigação do Estado subjetivo, consiste na formulação defeituosa da vontade de
indenizar decorre da ausência objetiva do serviço público em agir ou deixar de agir.
si. Não se trata de culpa do agente público, mas de culpa Não há responsabilidade civil objetiva do Estado, mas há
especial do Poder Público, caracterizada pela falta de serviço presunção de culpabilidade derivada da existência de um
público. dever de diligência especial. Tanto é assim que, se a vítima
tiver concorrido para o evento danoso, o valor de uma
b) teoria do risco administrativo: a responsabilidade eventual condenação será minimizado.
civil do Estado por atos comissivos ou omissivos de seus Essa distinção não é meramente acadêmica, especialmente
agentes é de natureza objetiva, ou seja, dispensa a porque a avaliação do elemento subjetivo é indispensável, em
comprovação de culpa, bastando assim a conduta, o fato certas circunstâncias, para a determinação da indenização
danoso e o dano, seja ele material ou moral. Não se indaga da devida.
culpa do Poder Público mesmo porque ela é inferida do ato A Constituição Federal de 1988, seguindo uma tradição
lesivo da Administração. estabelecida desde a Constituição Federal de 1946,
Entretanto, é fundamental, que haja o nexo causal. determinou, em seu art. 37, §6º, a responsabilidade objetiva do
Deve-se atentar para o fato de que a dispensa de Estado e responsabilidade subjetiva do funcionário.
comprovação de culpa da Administração pelo administrado Em que pese a aplicação da teoria da responsabilidade
não quer dizer que aquela esteja proibida de comprovar a objetiva ser adotada pela Constituição Federal, o Poder
culpa total ou parcial da vítima, para excluir ou atenuar a Judiciário, em determinados julgamentos, utiliza a teoria da
indenização. Verificado o dolo ou a culpa do agente, cabe à culpa administrativa para responsabilizar o Estado em casos
fazenda pública acionar regressivamente para recuperar de omissão. Assim, a omissão na prestação do serviço público
deste, tudo aquilo que despendeu com a indenização da vítima. tem levado à aplicação da teoria da culpa do serviço público
(faute du service). A culpa decorre da omissão do Estado,
c) Teoria do risco integral: a Administração responde quando este deveria ter agido e não agiu. Por exemplo, o Poder
invariavelmente pelo dano suportado por terceiro, ainda que Público não conservou adequadamente as rodovias e ocorreu
decorrente de culpa exclusiva deste, ou até mesmo de dolo. É um acidente automobilístico com terceiros.
a exacerbação da teoria do risco administrativo que conduz ao
abuso e à iniquidade social, com bem lembrado por Meirelles. Com relação ao comportamento comissivo ou omissivo do
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 37, § 6º, diz: Estado, importante destacar o que dispõe MAZZA4 sobre o
“As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado tema:
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que Existem situações em que o comportamento comissivo de
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado um agente público causa prejuízo a particular. São os chamados
o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou danos por ação. Noutros casos, o Estado deixa de agir e, devido
culpa”. a tal inação, não consegue impedir um resultado lesivo.
E no art. 5º, X, está escrito: “são invioláveis a intimidade, a Nessa hipótese, fala-se me dano por omissão. Os exemplos
vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o envolvem prejuízos decorrentes de assalto, enchente, bala
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente perdida, queda de árvore, buraco na via pública e bueiro aberto
de sua violação”. sem sinalização causando dano a particular. Tais casos têm em
Vê-se por esse dispositivo que a indenização não se limita comum a circunstância de inexistir um ato estatal causador do
aos danos materiais. No entanto, há uma dificuldade nos casos prejuízo.
de danos morais na fixação do quantum da indenização, em (...)
vista da ausência de normas regulamentadoras para aferição Em linhas gerais, sustenta-se que o estado só pode ser
objetiva desses danos. condenado a ressarcir prejuízos atribuídos à sua omissão
quando a legislação considera obrigatória a prática da conduta
omitida. Assim, a omissão que gera responsabilidade é aquela
violadora de um dever de agir. Em outras palavras, os danos por
omissão são indenizáveis somente quando configura omissão
dolosa ou omissão culposa. Na omissão dolosa, o agente
público encarregado de praticar a conduta decide omitir-se e,

4MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. Ed. Saraiva. 4ª edição.


2014.

Noções de Direito Administrativo 20


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por isso, não evita o prejuízo. Já na omissão culposa, a falta de manutenção ou por má colocação que cause a morte de uma
ação do agente público não decorre de sua intenção deliberada pessoa.
em omitir-se, mas deriva da negligência na forma de exercer a
função administrativa. Exemplo: policial militar que adorme em O agente público poderá ser responsabilizado nos âmbitos
serviço e, por isso, não consegue evitar furto a banco privado. civil, penal e administrativo.
a) Responsabilidade Civil: Neste caso, responsabilidade
Assim, pode-se afirmar que são requisitos para a civil se refere à responsabilidade patrimonial, que faz
demonstração da responsabilidade do Estado a ação ou referência aos Atos Ilícitos e que traz consigo a regra geral da
omissão (ato do agente público), o resultado lesivo (dano) e responsabilidade civil, que é de reparar o dano causado a
nexo de causalidade. outrem. O órgão público, confirmada a responsabilidade de
seus agentes, como preceitua a no art.37, §6, parte final do
Requisitos para a demonstração da responsabilidade Texto Maior, é "assegurado o direito de regresso contra o
do Estado. responsável nos casos de dolo ou culpa", descontará nos
Podemos afirmar que são requisitos para a demonstração vencimentos do servidor público, respeitando os limites
da responsabilidade do Estado a ação ou omissão (ato do mensais, a quantia exata para o ressarcimento do dano.
agente público), o resultado lesivo (dano) e nexo de b) Responsabilidade Administrativa: A responsabilidade
causalidade. administrativa é apurada em processo administrativo,
assegurando-se ao servidor o contraditório e a ampla defesa.
Reparação do Dano. Uma vez constatada a prática do ilícito administrativo, ficará o
A reparação pode ser amigável (administrativa) ou servidor sujeito à sanção administrativa adequada ao caso, que
judicial. A primeira, de difícil ocorrência, dá-se direta e poderá ser advertência, suspensão, demissão, cassação de
internamente depois de apurado o quantum em sede de aposentadoria ou disponibilidade, destituição de cargo em
procedimento administrativo próprio; a segunda, por comissão ou destituição de função comissionada. A penalidade
provimento judicial, em sede de ação de conhecimento deve sempre ser motivada pela autoridade competente para
condenatório. O lesado não necessita requerer sua aplicação, sob pena de ser nula. Na motivação da
administrativamente o pagamento, podendo ajuizar a ação penalidade, devem estar presentes os motivos de fato (os atos
desde logo. Se obtida a conciliação no âmbito do processo irregulares praticados pelo servidor) e os motivos de direito
administrativo, o pagamento poderá ser parcelado. Se a (os dispositivos legais ou regulamentares violados e a
reparação envolver a transferência de bem imóvel, dependerá penalidade prevista). Se durante a apuração da
de autorização legislativa. responsabilidade administrativa a autoridade competente
verificar que o ilícito administrativo também está capitulada
Apesar da divergência doutrinária, com relação ao prazo como ilícito penal, deve encaminhar cópia do processo
prescricional para exigir a reparação do dano, entendemos que administrativo ao Ministério Público, que irá mover ação penal
o prazo será de 3 anos. contra o servidor
c) Responsabilidade Penal: A responsabilidade penal do
CAUSAS EXCLUDENTES E ATENUANTES DA servidor é a que resulta de uma conduta tipificada por lei como
RESPONSABILIDADE DO ESTADO infração penal. A responsabilidade penal abrange crimes e
contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade. Muitos
A responsabilidade do Poder Público não existirá ou será dos crimes funcionais estão definidos no Código Penal, artigos
atenuada quanto a conduta da Administração Pública não der 312 a 326, como o peculato, a concussão, a corrupção passiva,
causa ao prejuízo, ou concorrerem outras circunstâncias que a prevaricação etc. Outros estão previstos em leis especiais
possam afastar ou mitigar sua responsabilidade. Em geral, são federais. A responsabilidade penal do servidor é apurada em
chamadas causas excludentes da responsabilidade estatal; a Juízo Criminal. Se o servidor for responsabilizado penalmente,
força maior, o caso fortuito, a culpa exclusiva da vítima e a sofrerá uma sanção penal, que pode ser privativa de liberdade
culpa de terceiro. (reclusão ou detenção), restritiva de direitos (prestação
Nestes casos, não existindo nexo de causalidade entre a pecuniária, perda de bens e valores, prestação de serviço à
conduta da Administração e o dano ocorrido, a comunidade ou a entidades públicas, interdição temporária de
responsabilidade estatal será afastada. direitos e limitação de fim de semana) ou multa (Código Penal,
A força maior pode ser definida como um evento previsível art. 32).
ou não, porém excepcional e inevitável. Importante ressaltar que a decisão penal, apurada por
Em regra, não há responsabilidade do Estado, contudo causa da responsabilidade penal do servidor, só terá reflexo na
existe a possibilidade de responsabilizá-lo mesmo na responsabilidade civil do servidor se o ilícito penal tiver
ocorrência de uma circunstância de força maior, desde que a ocasionado prejuízo patrimonial (ilícito civil). A
vítima comprove o comportamento culposo da Administração responsabilidade civil do servidor será afastada se, no
Pública. Por exemplo, num primeiro momento, uma enchente processo criminal, o servidor for absolvido por ter sido
que causou danos a particulares pode ser entendida como uma declarada a inexistência do fato ou, quando o fato realmente
hipótese de força maior e afastar a responsabilidade Estatal, existiu, não tenha sido imputada sua autoria ao servidor.
contudo, se o particular comprovar que os bueiros entupidos Notem que, se o servidor for absolvido por falta ou
concorreram para o incidente, o Estado também responderá, insuficiência de provas, a responsabilidade civil não será
pois a prestação do serviço de limpeza pública foi deficiente. afastada.
O caso fortuito é um evento imprevisível e, via de
consequência, inevitável. Alguns autores diferenciam-no da Direito de Regresso ou Ação de Regresso
força maior alegando que ele tem relação com o São pressupostos para a propositura da ação regressiva:
comportamento humano, enquanto a força maior deriva da
natureza. Outros, atestam não haver diferença entre ambos. 1) condenação do Estado na ação indenizatória;
A regra é que o caso fortuito exclua a responsabilidade do 2) trânsito em julgado da decisão condenatória;
Estado, contudo, se o dano for consequência de falha da 3) culpa ou dolo do agente;
Administração, poderá haver a responsabilização. Ex: 4) ausência de denunciação da lide na ação indenizatória.
rompimento de um cabo de energia elétrica por falta de

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Questões por entender que houve negligência na elaboração da defesa,


por acreditar que seria útil à defesa do poder público alegar
01. (ANVISA - Técnico Administrativo – CESPE/2016) culpa exclusiva de terceiro na geração do acidente.
Julgue o item que se segue, relativos aos fundamentos da
responsabilidade civil do Estado atualmente adotados pelo Considerando essa situação hipotética, julgue o próximo
direito brasileiro. item.
Diante da ausência de denunciação da lide, ficou
Em virtude da observância do princípio da supremacia do prejudicado o direito de regresso do Estado contra o motorista
interesse público, será integralmente excluída a causador do acidente.
responsabilidade civil do Estado nos casos de culpa — seja ( ) Certo
exclusiva, seja concorrente — da vítima atingida pelo dano. ( ) Errado
( ) Certo
( ) Errado 06. (Câmara de Santa Maria Madalena – RJ -
Procurador Jurídico – IBADE/2016) Durante a obra de
02. (ANVISA - Técnico Administrativo – CESPE/2016) pavimentação de uma via pública, executada por um particular
Julgue o item que se segue, relativos aos fundamentos da contratado pelo Município, apesar de executada
responsabilidade civil do Estado atualmente adotados pelo diligentemente, houve rachaduras nas paredes de imóveis que
direito brasileiro. margeiam o logradouro. Os danos foram causados pelo só fato
da obra. Sobre a responsabilidade da
Um ato, ainda que lícito, praticado por agente público e que Administração Pública, é correto afirmar que:
gere ônus exorbitante a um cidadão pode resultar em (A) responde com base na Teoria do risco integral.
responsabilidade civil do Estado. (B) responde com base na Teoria da culpa administrativa.
( ) Certo (C) responde com base na Teoria da culpa civil comum do
( ) Errado Estado.
(D) é irresponsável pelos danos.
03. (ANVISA - Técnico Administrativo – CESPE/2016) (E) responde com base da Teoria do risco administrativo.
Julgue o item que se segue, relativos aos fundamentos da
responsabilidade civil do Estado atualmente adotados pelo 07. (TCM-RJ - Técnico de Controle Externo –
direito brasileiro. IBFC/2016) Considere as afirmativas abaixo a respeito das
regras sobre a responsabilidade civil do Estado e assinale a
Para a caracterização da responsabilidade civil do Estado, alternativa correta.
basta a comprovação da qualidade de agente público, não se I. A culpa do agente público é de natureza objetiva, sendo
exigindo para isso que o agente esteja agindo no exercício de assim dizemos que não há a necessidade da comprovação de
suas funções. sua culpa ou dolo.
( ) Certo II. Quando o Estado deixa de fazer o serviço por não tê-lo
( ) Errado disponível à sociedade ou por tê-lo deficiente (omissão
genérica), a responsabilidade é subjetiva, segundo abalizada
04. (PGE-AM - Procurador do Estado – CESPE/2016) doutrina administrativista.
Um motorista alcoolizado abalroou por trás viatura da polícia
militar que estava regularmente estacionada. Do acidente A partir dessa análise, pode-se concluir que:
resultaram lesões em cidadão que estava retido dentro do (A) apenas I está correta
compartimento traseiro do veículo. Esse cidadão então ajuizou (B) apenas II está correta
ação de indenização por danos materiais contra o Estado, (C) I e II estão corretas
alegando responsabilidade objetiva. O procurador (D) todas estão incorretas
responsável pela contestação deixou de alegar culpa exclusiva
de terceiro e não solicitou denunciação da lide. O corregedor 08. (FUNPRESP-JUD - Assistente - Secretariado
determinou a apuração da responsabilidade do procurador, Executivo – CESPE/2016) Em relação à organização
por entender que houve negligência na elaboração da defesa, administrativa e às concessões e permissões do serviço
por acreditar que seria útil à defesa do poder público alegar público, julgue o item a seguir.
culpa exclusiva de terceiro na geração do acidente.
As fundações públicas de direito público devem responder
Considerando essa situação hipotética, julgue o próximo objetivamente pelos danos que seus agentes causem a
item. terceiros. Sendo condenadas a indenizar pelo prejuízo que seu
Foi correto o corregedor quanto ao entendimento de que agente culposamente tenha cometido, assegura-se a elas o
seria útil à defesa do poder público alegar culpa exclusiva de direito de propor ação regressiva contra o agente causador do
terceiro na geração do acidente, uma vez que, provada, ela dano.
pode excluir ou atenuar o valor da indenização. ( ) Certo
( ) Certo ( ) Errado
( ) Errado
09. (TRT - 11ª Região (AM e RR) - Analista Judiciário -
05. (PGE-AM - Procurador do Estado – CESPE/2016) Área Administrativa – FCC/2017) Em movimentada rua da
Um motorista alcoolizado abalroou por trás viatura da polícia cidade de Manaus, em que existem diversas casas comerciais,
militar que estava regularmente estacionada. Do acidente formou-se um agrupamento de pessoas com mostras de
resultaram lesões em cidadão que estava retido dentro do hostilidade. Em razão disso, um dos comerciantes da rua,
compartimento traseiro do veículo. Esse cidadão então ajuizou entrou em contato com os órgãos públicos de segurança
ação de indenização por danos materiais contra o Estado, responsáveis, comunicando o fato. Embora os órgãos de
alegando responsabilidade objetiva. O procurador segurança tenham sido avisados a tempo, seus agentes não
responsável pela contestação deixou de alegar culpa exclusiva compareceram ao local, ocorrendo atos predatórios causados
de terceiro e não solicitou denunciação da lide. O corregedor pelos delinquentes, o que gerou inúmeros danos aos
determinou a apuração da responsabilidade do procurador, particulares. A propósito do tema, é correto afirmar que

Noções de Direito Administrativo 22


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(A) os danos causados por multidões insere-se na 12. (TRE-SP - Analista Judiciário - Área Judiciária –
categoria de fatos imprevisíveis, não havendo FCC/2017) Suponha que tenha ocorrido o rompimento de
responsabilidade estatal. uma adutora de empresa prestadora de serviço público de
(B) se trata de danos causados por terceiros, causa saneamento básico, causando prejuízos materiais a diversas
excludente da responsabilidade estatal. famílias que residem na localidade, as quais buscaram a
(C) o Estado arcará integralmente com os danos causados, responsabilização civil da empresa objetivando a reparação
haja vista tratar-se de hipótese de responsabilidade subjetiva. dos danos sofridos. De acordo com o regramento
(D) o Estado responderá pelos danos, haja vista sua constitucional aplicável, referida empresa
conduta omissiva culposa, no entanto, a indenização será (A) será responsável pelos danos sofridos pelos moradores
proporcional à participação omissiva do Estado no resultado desde que comprovada culpa dos agentes encarregados pela
danoso. operação ou falha na prestação do serviço.
(E) o Estado responderá integralmente pelos danos (B) sujeita-se, sendo pública ou privada, à
causados, em razão de sua responsabilidade objetiva e a responsabilização subjetiva, baseada na teoria da culpa
aplicação da teoria do risco integral. administrativa.
(C) não poderá ser responsabilizada pelos prejuízos
10. (TRE-SP - Analista Judiciário - Área Administrativa causados, eis que, em se tratando de responsabilidade
– FCC/2017) Durante um evento cultural, realizado por subjetiva, o caso fortuito seria excludente da responsabilidade.
determinada municipalidade, o palco onde estava sendo (D) sujeita-se, ainda que concessionária privada de serviço
encenada uma peça de teatro cedeu, atingindo algumas público, à responsabilização objetiva, que admite, em certas
pessoas que estavam na plateia, para as quais foi prestado hipóteses, algumas causas excludentes de responsabilidade,
atendimento médico. Algum tempo depois, a municipalidade como força maior.
foi acionada por um cidadão, pleiteando indenização por (E) somente estará sujeita à responsabilização objetiva se
danos experimentados em decorrência de lesões sofridas no for uma empresa pública, aplicando-se a teoria do risco
dia do acidente narrado, que o teriam impedido de trabalhar. administrativo.
Dentre os possíveis aspectos a serem analisados a partir dessa
narrativa, está a possibilidade 13. (SEDF - Conhecimentos Básicos - Cargos 27 a 35 –
(A) do autor da ação demonstrar a culpa dos agentes CESPE/2017) João, servidor público ocupante do cargo de
públicos pelos danos que alega ter sofrido, em razão do tempo motorista de determinada autarquia do DF, estava conduzindo
decorrido, que impediram a alegação de responsabilidade o veículo oficial durante o expediente quando avistou sua
objetiva. esposa no carro de um homem. Imediatamente, João
(B) da municipalidade demonstrar que seus agentes não dolosamente acelerou em direção ao veículo do homem,
agiram com culpa, tratando-se de caso fortuito, imprevisível, provocando uma batida e, por consequência, dano aos
portanto, razão pela qual caberia ao autor comprovar suas veículos. O homem, então, ingressou com ação judicial contra
alegações. a autarquia requerendo a reparação dos danos materiais
(C) do autor demonstrar o nexo causal entre o incidente sofridos. A autarquia instaurou procedimento administrativo
ocorrido no dia do evento, que era realizado sob disciplinar contra João para apurar suposta violação de dever
responsabilidade da municipalidade, e os danos que alega ter funcional.
sofrido, para que seja configurada a responsabilidade objetiva No que se refere à situação hipotética apresentada, julgue
do ente público. o item a seguir.
(D) da municipalidade comprovar a ocorrência de uma das A autarquia tem direito de regresso contra João.
excludentes de responsabilidade que, em verdade, afastam a ( ) Certo
culpa do ente público pelo acidente em todos os casos de ( ) Errado
responsabilidade extracontratual objetiva.
(E) do autor demonstrar a veracidade de suas alegações e 14. (SEDF - Analista de Gestão Educacional - Direito e
a ausência de atendimento por parte da municipalidade, tendo Legislação – CESPE/2017) A exploração e operação de
em vista que o socorro prestado imediatamente e no local do determinado aeroporto foi transferida pelo governo federal
acidente afasta a responsabilidade extracontratual objetiva. para um consórcio de empresas pelo prazo de vinte anos. Em
determinado dia, durante a vigência da execução desse serviço
11. (TRE-SP - Técnico Judiciário – Área Administrativa público pelo consórcio, uma passageira sofreu um acidente
– FCC/2017) O Estado, tal qual os particulares, pode grave em esteira rolante do aeroporto, a qual se encontrava em
responder pelos danos causados a terceiros. A manutenção devidamente sinalizada. A passageira, por estar
responsabilidade extracontratual para pessoas jurídicas de enviando mensagem no aparelho celular, não observou a
direito público, prevista na Constituição Federal, no entanto, sinalização relativa à manutenção da esteira.
(A) dá-se sob a modalidade subjetiva para os casos de
omissão de agentes públicos e de prática de atos lícitos, A respeito dessa situação hipotética e de aspectos legais e
quando causarem danos a terceiros. doutrinários a ela relacionados, julgue o item subsequente.
(B) não se estende a pessoas jurídicas de direito privado, Caso se comprove que o acidente decorreu de culpa
ainda que integrantes da Administração indireta, que se exclusiva da passageira, o consórcio de empresas não
submetem exclusivamente à legislação civil. responderá civilmente pelo acidente.
(C) exige a demonstração pelos demandados, de ( ) Certo
inexistência de culpa do agente público, o que afastaria, em ( ) Errado
consequência o nexo de causalidade entre os danos e a atuação
daqueles. 15. (SEDF - Professor – Direito – QUADRIX/2017)
(D) tem lugar pela prática de atos lícitos e ilícitos por Acerca do Direito Administrativo, julgue o item a seguir.
agentes públicos, admitindo, quando o caso, excludentes de A responsabilidade civil do Estado, no caso da conduta
responsabilidade, que afastam o nexo causal entre a atuação omissiva, só existirá na presença dos elementos que
do agente público e os danos sofridos. caracterizem a culpa.
(E) somente tem lugar com a comprovação de danos ( ) Certo
concretos pelo demandante, o que obriga, necessariamente, a ( ) Errado
incidência da modalidade subjetiva.

Noções de Direito Administrativo 23


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Respostas a) requisitados de serviço: como mesários e convocados


01. Errado. / 02. Certo. / 03. Errado. / 04. Certo. para o serviço militar (conscritos);
05. Errado. / 06. E. / 07. B. / 08. Certo. / 09. D / 10. C b) gestores de negócios públicos: são particulares que
11. D / 12. D / 13. Certo / 14. Certo / 15. Certo assumem espontaneamente uma tarefa pública, em situações
emergenciais, quando o Estado não está presente para
proteger o interesse público. Exemplo: socorrista de
7 Lei nº 8.112/1990, e suas parturiente;
alterações. c) contratados por locação civil de serviços: é o caso, por
exemplo, de jurista famoso contratado para emitir um parecer;
d) concessionários e permissionários: exercem função
AGENTES PÚBLICOS pública por delegação estatal;
e) delegados de função ou ofício público: é o caso dos
Agente é expressão que engloba todas as pessoas lotadas titulares de cartórios.
na Administração. Agente público é denominação genérica que
designa aqueles que servem ao Poder Público. Esses Agentes públicos: são classificados da seguinte forma:
servidores subdividem-se em: - Agentes políticos: pessoas físicas que exercem
1. Agentes políticos; determinada função (legislativa, executiva ou administrativa)
2. Servidores públicos; descrita na Constituição Federal. São exemplos: deputado
3. Particulares em colaboração com o estado. federal, senador, governador de estado, procurador do
trabalho, entre outros.
Os servidores públicos, por sua vez, são classificados em: - Agentes administrativos: são servidores sujeitos a uma
1. Funcionário público; titularizam cargo e, portanto, estão relação hierárquica com os agentes políticos, isto é, são os
submetidos ao regime estatutário. servidores públicos propriamente ditos, os empregados
2. Empregado público; titularizam emprego, sujeitos ao públicos (e os servidores temporários).
regime celetista. Ambos exigem concurso. - Agentes honoríficos: pessoas que desempenham
3. Contratados em caráter temporário; para determinado atividade administrativa em razão de sua honorabilidade
tempo, dispensa concurso público e cabe nas hipóteses de (honra). Ex: mesário da eleição ou jurado convocado para júri
excepcional interesse (art. 37, IX, da CF/88). - Agentes delegados: pessoas que recebem a incumbência
de executarem, por sua conta e risco, um serviço público ou
Agentes políticos: definidos por Celso Antônio Bandeira uma atividade de interesse público
de Melo, são os titulares dos cargos estruturais à organização - Agentes credenciados: pessoas que representam a
política do País, Presidente da República, Governadores, Administração Pública em um determinado evento ou
Prefeitos e respectivos vices, os auxiliares imediatos dos atividade.
chefes de Executivo, isto é, Ministros e Secretários das diversas
pastas, bem como os Senadores, Deputados Federais e Servidores públicos segundo a Constituição Federal de
Estaduais e os Vereadores. 1988: aspectos gerais

Particulares em colaboração: são agentes públicos, mas Para ingressar num cargo ou emprego público, é
não integram a Administração e não perdem a característica necessário ser aprovado em concurso público de provas ou
de particulares. Ex.: jurados, recrutados para o serviço militar, provas e títulos, conforme disciplina o art. 37, II da CF/88. OBS:
mesário de eleição. não é necessário concurso para o ingresso a cargos em
comissão (correspondem às atribuições de direção, chefia e
Agentes de Fato: para que os atos que são praticados pelo assessoramento – art. 37, V, CF; diferentemente, as funções de
agente de fato sejam considerados válidos se faz mister sua confiança são exercidas exclusivamente por servidores
investidura no cargo. A validade dos atos decorre de exame ocupantes de cargo efetivo) declarados em lei de livre
caso a caso, visando assegurar a segurança jurídica e da boa-fé nomeação e exoneração. Ademais, o certame poderá ter
da população. Caso os atos praticados por agente público não duração de até 2 anos, prorrogáveis, uma vez, por igual
sejam de sua competência, os atos serão nulos. período (art. 37, III, CF/88). Ainda sobre concurso público, diz
a Constituição que “durante o prazo improrrogável previsto no
Agentes militares: são uma categoria à parte entre os edital de convocação, aquele aprovado em concurso público de
agentes políticos, na medida em que as instituições militares provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade
são organizadas com base na hierarquia e na disciplina. sobre os novos concursados para assumir cargo ou emprego
na carreira” (art. 37, IV, CF/88).
Assim, os militares abrangem as pessoas físicas que Além disso, vale lembrar que os cargos, empregos e
prestam serviços às Forças Armadas - Marinha, Exército e funções públicas estendem-se não só a brasileiros, mas
Aeronáutica (art. 142, caput, e § 3º, da Constituição) - e às também aos estrangeiros, na forma da lei (art. 37, I, CF/88).
Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares dos É importante salientar que apesar de prevista na
Estados, Distrito Federal e dos Territórios (art. 42), com Constituição (art. 37, VI e VII, CF/88) o direito de greve dos
vínculo estatutário sujeito a regime jurídico próprio, mediante servidores públicos ainda não foi regulamentado por lei
remuneração paga pelos cofres públicos. específica. Com isso, o STF possibilitou que seja aplicada a lei
de greve da iniciativa privada (Lei nº 7.783/89) no setor
Particulares em colaboração: São agentes públicos, mas público.
não integram a Administração e não perdem a característica
de particulares. São também conhecidos como agentes A respeito da tão sonhada estabilidade no cargo público,
honoríficos, exercendo função pública. prevê a Constituição que esta virá após 3 anos no cargo efetivo
com a correspondente aprovação na avaliação e desempenho
Essa categoria, de acordo com Celso Antônio Bandeira de por comissão instituída para essa finalidade. Contudo, pode
Mello é composta por: ser que o servidor, mesmo estável, venha perder seu cargo nas
seguintes hipóteses: sentença judicial transitada em julgado,
processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla

Noções de Direito Administrativo 24


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APOSTILAS OPÇÃO

defesa, procedimento de avaliação periódica de desempenho, trabalho. Possui então, vínculo de natureza contratual celetista
na forma da lei complementar, assegurada ampla defesa e em (CLT). Assim, o Empregado Público é regido pela CLT e o
razão de excesso de despesa. Caso a demissão do servidor seja Servidor Público é regido por lei específica, no caso do
invalidada por sentença judicial, ele será reintegrado ao cargo servidor público federal, será regido pela Lei 8.112/90.
de origem (art. 41 e parágrafos da CF/88).
Quanto à acumulação de cargos públicos, a Constituição Contratados em caráter temporário são servidores
prevê que, em regra, não será permitida. Entretanto, poderão contratados por um período certo e determinado, por força de
ser cumulados desde que haja compatibilidade de horário, dois uma situação de excepcional interesse público. Não são
cargos de professor, um cargo de professor com outro de nomeados em caráter efetivo, que tem como qualidade a
técnico ou científico, dois cargos ou empregos privativos de definitividade – art. 37, inc. IX, da Constituição Federal.
profissionais da saúde, com profissões regulamentas ou cargo
de provimento efetivo com cargo de vereador (art. 37, XVI, Provimento: é o preenchimento do cargo público, com a
CF/88). Esta proibição estende-se a empregos e funções e designação de seu titular. Pode ser:
abrange as autarquias, fundações, empresas públicas, a) originário ou inicial
sociedade de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades b) derivado
controladas, direta ou indiretamente, pelo Poder Público (art.
37, XVII, CF/88). Investidura é um ato complexo, exigindo, segundo Hely
Há outra vedação para os servidores públicos e também Lopes Meirelles, a manifestação de vontade de mais de um
para o militar (art. 42, CF/88) no tocante à percepção órgão administrativo – a nomeação é feita pelo Chefe do
simultânea de proventos de aposentadoria com a Executivo; a posse e o exercício são dados pelo Chefe da
remuneração de cargo, emprego ou função pública, Repartição.
ressalvados, outrossim, os cargos acumuláveis, os cargos
eletivos e os cargos declarados em lei de livre nomeação e O art. 37, inc. I, da Constituição Federal dispõe que os
exoneração (art. 37, XVI, CF/88). brasileiros e estrangeiros que preencham os requisitos
estabelecidos em lei terão acesso aos cargos, aos empregos e
CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICA às funções públicas.
O art. 37, inc. II, da Constituição Federal estabelece que
O vocábulo, cargo, emprego e função pública está inserido para a investidura em cargo ou emprego público é necessário
em vários dispositivos da Constituição Federal. Para que sejam a aprovação prévia em concurso público de provas ou de
compreendidos os diferentes significados é preciso ter em provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade
mente que a Administração Pública possui competências do cargo ou emprego.
definidas em lei e distribuídas em alguns níveis diversos: A exigência de concurso é válida apenas para os cargos de
pessoas jurídicas (União, Estados e Municípios), órgãos provimento efetivo – aqueles preenchidos em caráter
(Ministérios, Secretarias e suas subdivisões) e servidores permanente.
públicos, que ocupam cargos ou empregos, ou ainda que Os cargos preenchidos em caráter temporário não
exerçam função pública. precisam ser precedidos de concurso, pois a situação
excepcional e de temporariedade, que fundamenta sua
Cargo público: é aquele ocupado por servidor público; necessidade, é incompatível com a criação de um concurso
público.
Função pública: é a atividade em si mesma, são as tarefas Para os cargos em comissão também não se exige concurso
desenvolvidas pelos servidores. São espécies: público (art.37, inc. V), desde que as atribuições não sejam de
a) Funções de confiança, direção, chefia e assessoramento. Esses devem ser
b) Funções exercidas por contratados por tempo preenchidos nas condições e nos percentuais mínimos
determinado. previstos em lei.
Para as funções de confiança não se impõe o concurso
Emprego Público: é aquele ocupado por empregado público, no entanto a mesma norma acima mencionada
público que pode atuar em entidade privada ou pública da estabelece que tal função será exercida exclusivamente por
Administração indireta. servidores ocupantes de cargo efetivo.
Durante o prazo do concurso, o aprovado não tem direito
Acumulação de Cargos, Empregos e Funções Públicas: adquirido à contratação. Há apenas uma expectativa de direito
As hipóteses de acumulação constitucionalmente em relação a esta.
autorizadas são: O art. 37, inc. IV, apenas assegura ao aprovado o direito
a) a de dois cargos de professor (art. 37, XVI, a); adquirido de não ser preterido por novos concursados.
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou
científico (art. 37, XVI, b); Formas de Provimento:
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais a) nomeação;
de saúde, com profissões regulamentadas (art. 37, XVI, c); b) promoção;
d) a de um cargo de vereador com outro cargo, emprego ou c) readaptação;
função pública (art. 38, III); d) reversão;
e) a de um cargo de magistrado com outro no magistério e) aproveitamento;
(art. 95, parágrafo único, I); f) reintegração;
f) a de um cargo de membro do Ministério Público com g) recondução.
outro no magistério (art. 128, § 5º, II, d).
Antes de explicarmos cada uma das formas de provimento,
Servidores Públicos e Empregados Públicos: é importante trazermos a pauta a súmula 685 do STF: “É
O servidor público é o agente público que está investido em inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie
cargo público, que é um conjunto de atribuições e ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso
responsabilidades conferidas pela lei. O Empregado Público é público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra
o agente público que tem vínculo contratual, ou seja, sua a carreira na qual anteriormente investido.”
relação com a Administração Pública decorre de contrato de

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APOSTILAS OPÇÃO

Da leitura da súmula extraímos o entendimento estão estágio probatório referente a outro cargo ou reintegração do
banidas do nosso ordenamento as modalidades de provimento anterior ocupante.
ascensão (ou acesso) e transferência, que permitiam ao Se estiver provido o cargo de origem, o servidor será
servidor assumir outro cargo, pertencente a carreira diversa aproveitado em outro. Contudo, se o cargo for extinto durante
da que ocupava. o estágio probatório do servidor inexiste direito à recondução.

a. Nomeação: é a forma de provimento originário, de Estabilidade e Estágio Probatório:


modo que não depende de prévia relação jurídica com o
servidor do Estado, irá depender de habilitação em concurso Atualmente o prazo mencionado de 3 anos (36 meses) de
público de provas ou de provas e títulos, desde que obedecidos efetivo exercício para o servidor público (de forma geral),
a ordem que foi classificado e a validade do concurso. adquirir estabilidade é o que está previsto na Constituição
Federal, que foi alterado após a Emenda nº 19/98. Embora, a
b. Promoção: é a forma de provimento derivado, que só Lei nº 8.112/90, no artigo 20 cite o prazo de 24 meses para que
vai favorecer aqueles servidores públicos que ocupem cargos o servidor adquira estabilidade devemos considerar que o
públicos em caráter efetivo. Para tanto, é necessário ser correto é o texto inserido na Constituição Federal. Como não
aprovado em concurso público e obedecer os demais houve uma revogação expressa de tais normas elas
requisitos próprios de seu cargo. permanecem nos textos legais, mesmo que na prática não são
aplicadas, pois ferem a CF (existe uma revogação tácita dessas
c. Readaptação: trata-se de provimento derivado, que normas). Com isso, lá vai uma dica: tendo em vista que todos
consiste na investidura do servidor em cargo de atribuições e os dispositivos mencionados estão em vigor, não foram
responsabilidades, que sejam compatíveis com a limitação que revogados expressamente pela Emenda nº 19/98, se a prova
tenha sofrido, tanto na sua capacidade física, quanto mental, perguntar “de acordo com a lei 8112/90, assinale o prazo de
verificada em inspeção médica. 24 meses. Se for outro o enunciado, fique com 36 meses.
Ex: motorista da ambulância da prefeitura, que após Particularmente, creio que esta questão sequer será pedida,
acidente, fica com debilidade nos movimentos da perna e é pois uma questão assim é pedir pra ser anulada, já que hoje o
readaptado para a função de auxiliar em outro setor. entendimento jurisprudencial vem se estabilizando no sentido
Caso o readaptando não consiga realizar seu serviço, em de que, qualquer que seja o caso, o prazo de estabilidade é
virtude da limitação, ainda que colocado em outra função, ele comum de 3 anos, conforme o art. 41, caput, CF. A justificativa?
será considerado incapaz, e dessa maneira, aposentado. Eis um prazo previsto na Constituição Federal, nossa Lei
Maior.
d. Reversão: é uma espécie de provimento derivado
decorrente do retorno à atividade de servidor aposentado por Vitaliciedade: Cargos vitalícios são aqueles que oferecem
invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsistentes a maior garantia de permanência a seus ocupantes. Somente
os motivos da aposentadoria; ou no interesse da através de processo judicial, como regra, podem os titulares
Administração, desde que: 5 perder seus cargos (art. 95, I, CF). Desse modo, torna-se
a) tenha solicitado a reversão; inviável a extinção do vínculo por exclusivo processo
b) a aposentadoria tenha sido voluntária; administrativo (salvo no período inicial de dois anos até a
c) estável quando na atividade; aquisição da prerrogativa). A vitaliciedade configura-se como
d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos verdadeira prerrogativa para os titulares dos cargos dessa
anteriores à solicitação; natureza e se justifica pela circunstância de que é necessária
e) haja cargo vago para tornar independente a atuação desses agentes, sem que
sejam sujeitos a pressões eventuais impostas por
e. Aproveitamento: é o retorno do servidor que se determinados grupos de pessoas.6
encontra em disponibilidade, sendo que seu regresso é Existem três cargos públicos vitalícios no Brasil:
obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos, que seja - Magistrados (Art. 95, I, CF);
compatível com os ocupados anteriormente. - Membros do Ministério Público (Art. 128, § 5º, I, “a”, CF);
Caso o servidor não entre em exercício no prazo legal, será - Membros dos Tribunais de Contas (Art. 73, §3º).
tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a sua Por se tratar de prerrogativa de sede constitucional, em
disponibilidade, exceto se a junta médica oficial comprovar função da qual cabe ao Constituinte aferir a natureza do cargo
doença. e da função para atribuí-la, não podem Constituições Estaduais
e Leis Orgânicas municipais, nem mesmo lei de qualquer
f. Reintegração: trata-se da reinvestidura do servidor esfera, criar outros cargos com a garantia da vitaliciedade.
estável no cargo anteriormente ocupado, ou ainda em cargo de Consequentemente, apenas Emenda à Constituição Federal
sua transformação, se a sua demissão for invalidada por poderá fazê-lo.7
decisão judicial ou administrativa, permitindo o ressarcimento
de todas as suas vantagens. Vencimento e Remuneração

Caso o cargo venha a ser extinto, o servidor deve ficar em Vencimento: é a retribuição pecuniária pelo exercício de
disponibilidade, podendo ser aproveitado em outro cargo, cargo público, com valor fixado em lei.
desde que respeitadas as regras sobre aproveitamento.
Se o seu cargo estiver provido, o eventual ocupante será Remuneração: é o vencimento do cargo efetivo, acrescido
reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização, ou das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei.
aproveitado em outro cargo, ou ainda, posto em
disponibilidade. Vacância
A vacância ocorrerá quando o cargo público se torna vago.
g. Recondução: é o retorno do servidor estável ao cargo A vacância pode decorrer de exoneração, demissão,
anteriormente ocupado, que decorrerá de inabilitação em promoção, readaptação, aposentadoria, posse em outro cargo

5 Mazza, Alexandre. Manual de Direito Administrativo, 4ª edição, 2014. 7 Ibidem


6 Idem

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APOSTILAS OPÇÃO

inacumulável, falecimento ou recondução. Outras formas de As indenizações não se incorporam ao vencimento ou


vacância é a exoneração, demissão, aposentadoria e provento para qualquer efeito. Já as gratificações e os
falecimento. Vamos ver cada uma destas últimas. adicionais incorporam-se ao vencimento ou provento, nos
a- exoneração ocorre quando o servidor deixa o cargo casos e condições indicados em lei.
público, pode ocorrer a pedido ou de ofício. Há rompimento de
vínculo funcional com o serviço público. As vantagens pecuniárias não serão computadas, nem
Atenção! ao contrário da demissão a exoneração não acumuladas, para efeito de concessão de quaisquer outros
possui caráter punitivo. acréscimos pecuniários ulteriores, sob o mesmo título ou
idêntico fundamento.
b- demissão é o desligamento forçado do servidor de cargo
efetivo. Como já mencionado é uma penalidade disciplinar. Constituem indenizações:
c- aposentadoria desde que cumpridos os requisitos - ajuda de custa;
constitucionais, o servidor será aposentado e no lugar da - diárias;
remuneração passa a receber subsídio. - transporte; e
d- falecimento: com o falecimento do servidor, o cargo - auxílio-moradia.
passa a estar vago de pleno direito, isto é, a partir da
ocorrência do evento, independentemente de qualquer Ajuda de custo serva para compensar as despesas do
manifestação formal da Administração, que deve apenas servidor com instalação, mudança de domicílio. Ela é
declarar tal situação. concedida quando o servidor precisar mudar de domicílio, em
razão do interesse público. A ajuda de custo durará 3 meses.
DIREITOS, PODERES, DEVERES E PRERROGATIVAS Se o servidor venha a falecer na nova sede, será assegurada
à família ajuda de custo e transporte para a localidade de
1- Direitos. origem, dentro do prazo de um ano do óbito.
Segundo a lei nº 8.112/90 são direitos e vantagens do O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo
servidor público: quando, injustificadamente, não se apresentar na nova sede no
- Vencimento; prazo de 30 dias.
- Indenizações;
- Gratificações; Diária será paga em caráter eventual ou transitório
- Diárias; quando o servidor se afastar da sede do serviço. Custeará as
- Adicionais; despesas com passagens e diárias destinadas a despesa
- Férias; extraordinária.
- Licenças;
- Concessões; Transporte conceder-se-para o servidor que realizar
- Direito de petição. despesas com a utilização de meio próprio de locomoção para
a execução de serviços externos, por força das atribuições
Vamos analisar cada um desses direitos. próprias do cargo, conforme se dispuser em regulamento.

a- vencimento: a retribuição pecuniária pelo exercício de O auxílio-moradia é o ressarcimento das despesas


cargo público, com valor fixado em lei. Já a remuneração é realizadas pelo servidor com aluguel de moradia ou hotel, no
composta pelo vencimento básico do servidor público, prazo de um mês após a comprovação da despesa. O auxílio-
acrescido de todas as vantagens pecuniárias permanentes do moradia não será concedido por prazo superior a oito anos
cargo.8 dentro de cada período de doze anos.

É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos de Gratificações:


atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre Além da remuneração e das indenizações, serão deferidos
servidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de aos servidores as seguintes retribuições, gratificações e
caráter individual e as relativas à natureza ou ao local de adicionais:
trabalho. - retribuição de função de direção, chefia e
assessoramento;
A remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos e - gratificação natalina;
funções públicas federais, assim como os proventos de - adicional de atividades insalubres, perigosas ou penosas;
aposentadoria e pensões pagos pela União, suas autarquias ou - adicional de serviço extraordinário;
fundações públicas, incluídas as vantagens pessoais ou de - adicional noturno;
qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio - adicional de férias; e
mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal - gratificação por encargo de curso ou concurso.
Federal (STF), atualmente está em R$ 54.358,43.9
O servidor fará jus a trinta dias de férias anuais, que podem
O servidor perderá a remuneração do dia em que faltar ao ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no caso de
serviço, sem motivo justificado, bem como a parcela de necessidade do serviço, ressalvadas as hipóteses previstas em
remuneração diária, proporcional aos atrasos e saídas legislação específica. As férias são consideradas como tempo
antecipadas, ressalvadas as concessões previstas em lei. de efetivo exercício para todos os efeitos.

b- Vantagens: as vantagens abrange as gratificações, Licenças


indenizações e adicionais. São parcelas pecuniárias pagas O servidor terá direito às seguintes licenças:
juntamente com o vencimento do servidor. - por motivo de doença em pessoa da família;
- por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;
Muita atenção com as observações a seguir: - para o serviço militar;

8 Matheus de Carvalho. Manual de Direito Administrativo. Juspodivm. 9http://www.stf.jus.br/portal/remuneracao/listarRemuneracao.asp?periodo=

012016&ano=2016&mes=01&folha=1, acesso em maio/2017.

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- para atividade política; se apresente o ensejo de exercitá-lo em benefício da


- para capacitação; comunidade. É que o Direito Público ajunta ao poder do
- para tratar de interesses particulares; administrador o dever de administrar”.
- para desempenho de mandato classista.
Conclui-se, portanto que o administrador não terá margem
Direito de Petição: é assegurado ao servidor o direito de de escolhas sobre o dever de agir, caso se demonstre em
requerer aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou silêncio com os fatos ocorridos, será considerado agente
interesse legítimo. Esse requerimento será dirigido à omisso e a obtenção do ato se dará por via judicial, por regra,
autoridade competente para decidi-lo e encaminhado por utiliza-se o mandado de segurança, caso ferir direito líquido e
intermédio daquela a que estiver imediatamente subordinado certo do interessado.
o requerente. O requerimento deve ser despachado no prazo
de cinco dias e decidido dentro de 30 dias. Veja o que dispõe o art. 116 da Lei 8.112/90 que dispõe
sobre o assunto:
O direito de requerer prescreve:
- em cinco anos, quanto aos atos de demissão e de cassação Art. 116. São deveres do servidor:
de aposentadoria ou disponibilidade, ou aos que afetem I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
interesse patrimonial e créditos resultantes das relações de II - ser leal às instituições a que servir;
trabalho; III - observar as normas legais e regulamentares;
- em 120 dias, nos demais casos, salvo quando outro prazo IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando
for fixado em lei. manifestamente ilegais;
V - atender com presteza:
2- Deveres do Servidor Público a) ao público em geral, prestando as informações
Os regimes jurídicos estabelecem alguns deveres aos requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
servidores públicos, podendo citar como exemplo, o bom b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito
funcionamento das atividades. Os deveres funcionais são de ou esclarecimento de situações de interesse pessoal;
duas espécies, de forma que podemos citar os deveres gerais, c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
que devem ser cumpridos por todos os servidores e os VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do
especiais, que obrigam determinadas classes de servidores, cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando
em razão de determinadas funções. houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de
outra autoridade competente para apuração;
Os deveres administrativos do setor público e do setor VII - zelar pela economia do material e a conservação do
privado são distintos, enquanto o primeiro é um compromisso patrimônio público;
com a coletividade, o privado não passa de uma mera VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
faculdade. IX - manter conduta compatível com a moralidade
administrativa;
Os deveres mais citados pela doutrina são: X - ser assíduo e pontual ao serviço;
XI - tratar com urbanidade as pessoas;
a. Dever de Probidade: uma das mais importantes condutas XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de
a ser praticada pelo administrador diz respeito a probidade. poder.
Com efeito, além de estar consolidada na Lei, a conduta dos Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII
agentes públicos deve ser honesta, respeitando a noção de será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela
moral administrativa e em seio social. autoridade superior àquela contra a qual é formulada,
Tem força de status constitucional, conforme se vê no § 4º, assegurando-se ao representando ampla defesa.
art. 37 da Carta Magna, verbis:
3- Poderes: é um poder-dever de eficiência, de probidade
Os atos de improbidade importarão a suspensão dos e o de prestar contas etc.
direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na 4- Prerrogativas: são os direitos e vantagens dos
forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal servidores públicos, quais sejam: vencimento, indenizações,
cabível. gratificações, diárias, adicionais, férias, licenças, concessões e
direito de petição.
b. Dever de Eficiência: a atividade administrativa deve ser
cada vez mais célere, não devendo se falar apenas em aumento Regimes Jurídicos Funcionais:
quantitativo, mas também no aspecto qualitativo que é
desempenhado pelo profissional público. Quanto mais Com a Emenda Constitucional n° 19 eliminou-se a
eficiente for a atividade desenvolvida mais benéfico será para exigência de regime jurídico único para a administração direta,
a coletividade. autárquica e fundacional.

c. Dever de prestar contas: para que se torne público o que O Regime jurídico dos servidores públicos é o conjunto de
vem sendo desenvolvido pela Administração Púbica, o princípios e regras referentes a direitos, deveres e demais
administrador tem o dever de prestar contas de suas tarefas normas que regem a sua vida funcional. A lei que reúne estas
desenvolvidas para toda a coletividade. regas é denominada de Estatuto e o regime jurídico passa a ser
A prestação de contas deve ser feita em todas as esferas, chamado de regime jurídico Estatutário.
tanto as privadas quanto as públicas. Não há como não pensar No âmbito de cada pessoa política - União, os Estados, o
em “mexer, controlar dinheiro alheio” e não demonstrar como Distrito Federal e os Municípios - há um Estatuto. A Lei nº
está sendo prestado esse serviço. 8.112 de 11/12/1990, com suas alterações, estabeleceu que o
regime jurídico Estatutário é o aplicável aos Servidores
d. Poder-dever de agir: Segundo Hely Lopes Meirelles: Públicos Civis da União, das autarquias e fundações públicas
“Se para o particular o poder de agir é uma faculdade, para federais, ocupantes de cargos públicos.
o administrador público é uma obrigação de atuar, desde que

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O Regime Jurídico Único existiu até o advento da Emenda - Linhas diretas de comunicação;
Constitucional nº 19, de 04/06/98. A partir de então é possível - Descentralização das decisões;
a admissão de pessoal ocupante de emprego público, regido - Ênfase na especialização
pela CLT, na Administração federal direta, nas autarquias e nas
fundações públicas; por isto é que o regime não é mais um só, Expediente Organizacional: deve ser descrito de acordo
ou seja, não é mais único. com os objetivos e estratégias estabelecidos pelo órgão
No âmbito federal, a Lei nº 9.962, de 22.02.2000, disciplina público/instituição pública. É uma ferramenta básica para
o regime de emprego público do pessoal da Administração alcançar as situações almejadas pela instituição pública.
federal direta, autárquica e fundacional, dispondo que o
pessoal admitido para emprego público terá sua relação de Direitos e vantagens:
trabalho regida pela CLT (art.1º, caput).
Vedou-se que se submeta ao regime de emprego público os Segundo a lei nº 8.112/90 são direitos e vantagens do
cargos públicos de provimento em comissão, bem como os servidor público:
servidores regidos pela lei 8.112/90, às datas das respectivas - Vencimento;
publicações de tais leis específicas (§2º). - Indenizações;
- Gratificações;
Regime Estatutário: Registra-se por oportuno, que - Diárias;
regime estatutário é o conjunto de regras que regulam a - Adicionais;
relação jurídica funcional entre o servidor público estatutário - Férias;
e o Estado. São servidores públicos estatutários tanto os - Licenças;
servidores efetivos (aqueles aprovados em concursos - Concessões;
públicos) quanto os servidores comissionados ou de - Direito de petição.
provimento em comissão (esses cargos detêm natureza de
ocupação provisória, caracterizados pela confiança depositada REGIME DISCIPLINAR
pelos administradores em seus ocupantes, podendo seus
titulares, por conseguinte, ser afastados ad nutum, a qualquer Primeiramente, atente-se aos deveres do servidor público
momento, por conveniência da autoridade nomeante. Não há (art. 116 da lei nº 8.112/90):
que se falar em estabilidade em cargo comissionado). I – exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
Salienta-se que regras básicas desse regime devem estar II – ser leal às instituições a que servir;
contidas em lei que possui duas características: III – observar as normas legais e regulamentares;
1ª) Pluralidade normativa, indicando que os estatutos IV – cumprir as ordens superiores, exceto quando
funcionais são múltiplos. manifestamente ilegais;
2º) Natureza da relação jurídica estatutária. Portanto, não V – atender com presteza:
tem natureza contratual, haja vista que a relação é própria do a) ao público em geral, prestando as informações
Direito Público. requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito
Regime Trabalhista: Esse regime é aquele constituído das ou esclarecimento de situações de interesse pessoal;
normas que regulam a relação jurídica entre o Estado e o c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública;
empregado. O regime em tela está amparado na Consolidação VI – levar ao conhecimento da autoridade superior as
das Leis do Trabalho – CLT - (Decreto-Lei nº 5.452, de irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo;
01/05/43), razão pela qual essa relação jurídica é de natureza VII – zelar pela economia do material e a conservação do
contratual. patrimônio público;
VIII – guardar sigilo sobre assunto da repartição;
Regime Especial: O Regime Especial visa disciplinar uma IX – manter conduta compatível com a moralidade
categoria específica de servidores: Os servidores temporários. administrativa;
A Carta Política remeteu para a lei a disposição dos casos de X – ser assíduo e pontual ao serviço;
contratação desses servidores. XI – tratar com urbanidade as pessoas;
Os pressupostos do Regime Especial são: XII – representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de
- Determinabilidade temporal da contratação (prazo poder.
determinado);
- Temporariedade da função; Por outro lado, o art. 117, do mesmo instrumento legal,
- Excepcionalidade do interesse público que obriga o elenca as proibições dos servidores públicos:
recrutamento.
I – ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia
EXPEDIENTE FUNCIONAL E ORGANIZACIONAL10 autorização do chefe imediato;
II – retirar, sem prévia anuência da autoridade competente,
Expediente Funcional: aplica-se aqui o princípio funcional qualquer documento ou objeto da repartição;
ou da especialização das funções: separa, distingue e III – recusar fé a documentos públicos;
especializa. IV – opor resistência injustificada ao andamento de
documento e processo ou execução de serviço;
No expediente funcional, cada subordinado reporta-se a V – promover manifestação de apreço ou desapreço no
diversos superiores simultaneamente, porém, cada superior recinto da repartição;
responde apenas pelas suas especialidades, não interferindo VI – cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos
nas especialidades dos demais. Não é a hierarquia, mas a previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua
especialidade que promove as decisões. Algumas responsabilidade ou de seu subordinado;
características: VII – coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-
- Autoridade funcional ou dividida; se a associação profissional ou sindical, ou a partido político;

10 http://www.adminconcursos.com.br/2014/07/estruturas-
organizacionais.html.

Noções de Direito Administrativo 29


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APOSTILAS OPÇÃO

VIII – manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função Responsabilidade dos Agentes Públicos: Os servidores
de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo públicos ao exercerem suas funções não ficam dispensados de
grau civil; serem responsabilizados. Enquanto houver exercício irregular
IX – valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de de direito ou de poder a responsabilidade deve estar presente,
outrem, em detrimento da dignidade da função pública; sendo uma forma de soberania e autenticidade perante os
X – participar de gerência ou administração de sociedade órgãos públicos.
privada, personificada ou não personificada, exercer o comércio,
exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário; Caso o Estado repare o dano causado pelo servidor público
XI – atuar, como procurador ou intermediário, junto a terá direito de regresso contra este, recuperando o valor da
repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios indenização, junto com o agente causador do dano.
previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau,
e de cônjuge ou companheiro; O agente público poderá ser responsabilizado nos âmbitos
XII – receber propina, comissão, presente ou vantagem de civil, penal e administrativo.
qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
XIII – aceitar comissão, emprego ou pensão de estado a) Responsabilidade Civil: Neste caso, responsabilidade
estrangeiro; civil se refere à responsabilidade patrimonial. O órgão público,
XIV – praticar usura sob qualquer de suas formas; confirmada a responsabilidade de seus agentes, como
XV – proceder de forma desidiosa; preceitua a no art.37, §6, parte final do Texto Maior, é
XVI – utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em "assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
serviços ou atividades particulares; casos de dolo ou culpa", descontará nos vencimentos do
XVII – cometer a outro servidor atribuições estranhas ao servidor público, respeitando os limites mensais, a quantia
cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e exata para o ressarcimento do dano.
transitórias;
XVIII – exercer quaisquer atividades que sejam b) Responsabilidade Administrativa: A
incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o responsabilidade administrativa é apurada em processo
horário de trabalho; administrativo, assegurando-se ao servidor o contraditório e a
XIX – recusar -se a atualizar seus dados cadastrais quando ampla defesa. A penalidade deve sempre ser motivada pela
solicitado. autoridade competente para sua aplicação, sob pena de ser
nula. Se durante a apuração da responsabilidade
Caso o servidor infrinja os deveres e as proibições expostas administrativa a autoridade competente verificar que o ilícito
nos arts. 116 e 117 da Lei nº 8.112/90, estará sujeito a administrativo também está capitulada como ilícito penal,
determinadas penalidades. Vejamos o seguinte quadro deve encaminhar cópia do processo administrativo ao
esquemático: Ministério Público, que irá mover ação penal contra o servidor

ADVERTÊNCIA SUSPENSÃO DEMISSÃO c) Responsabilidade Penal: A responsabilidade penal do


Irregularidades: Irregularidades: Irregularidades: servidor é a que resulta de uma conduta tipificada por lei como
Art. 117, I ao VIII Art. 117, XVII e Art. 117, IX ao XVI infração penal. A responsabilidade penal abrange crimes e
e XIX XVIII e art. 132 contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade.
Será feita por Será feita por Importante ressaltar que a decisão penal, apurada por causa
escrito nos escrito nos Sindicância (até da responsabilidade penal do servidor, só terá reflexo na
assentos assentos 30 dias) responsabilidade civil do servidor se o ilícito penal tiver
funcionais funcionais ocasionado prejuízo patrimonial (ilícito civil).
Prazo Prazo Prazo
prescricional: prescricional: 2 prescricional: 5 Nepotismo:
180 dias anos anos
Cancelamento do Cancelamento do Definição: Nepotismo é o favorecimento dos vínculos de
____________________ parentesco nas relações de trabalho ou emprego.11
registro: 3 anos registro: 5 anos
Procedimento:
-PAD: 60 dias + 60 A proibição do nepotismo começou a ganhar força com a
dias EC 45/04 (reforma do Judiciário). Essa emenda criou o CNJ e o
Procedimento: CNMP (ambos realizam controle administrativo).
-Rito sumário
Procedimento: -sindicância: 30
(abandono de
-sindicância (30 dias + 30 dias No CNJ foi editada a Resolução nº 7 que marca o início da
cargos, acúmulo
dias + 30 dias) -PAD: 60 dias + proibição do nepotismo no Judiciário. No CNMP tal proibição
de cargos e
60 dias começa com a Resolução nº 01.
inassiduidade
habitual): 30 dias
+ 15 dias Os argumentos de quem não queria cumprir a resolução do
Observação: será CNJ era no sentido de que tal proibição deveria ser feita por lei
possível a e não resolução.
conversão da Assim, a Resolução nº 7 do CNJ foi levada ao STF e foi
suspensão em objeto de ADIN.
multa na base de O STF disse que proibir o nepotismo no Brasil é
50% sobre o constitucional e assim declarou a constitucionalidade da
vencimento ou Resolução nº 07 do CNJ.
remuneração Essa proibição decorre de vários princípios previstos na
diária Constituição. Segundo o STF proibir o nepotismo no Brasil
representa a aplicação de pelo menos quatro princípios:
moralidade, eficiência, impessoalidade e isonomia.

11 Site do CNJ, acesso em 16/01/2017.

Noções de Direito Administrativo 30


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APOSTILAS OPÇÃO

A partir dessa ADI o STF cria a súmula vinculante nº 13. Título I


Capítulo Único
Assim, no ano de 2008 o STF editou a súmula vinculante 13 Das Disposições Preliminares
disciplinando sobre o tema.
Art. 1º Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores
Súmula Vinculante 13. A nomeação de cônjuge, Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime
companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por especial, e das fundações públicas federais.
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido Art. 2º Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa
em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o legalmente investida em cargo público.
exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de
função gratificada na administração pública direta e indireta Art. 3º Cargo público é o conjunto de atribuições e
em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito responsabilidades previstas na estrutura organizacional que
Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante devem ser cometidas a um servidor.
designações recíprocas, viola a Constituição Federal. Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os
brasileiros, são criados por lei, com denominação própria e
Segundo interpretação da súmula entendemos que vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento em
parente pode ocupar qualquer cargo público independente do caráter efetivo ou em comissão.
parentesco, desde que aprovado em concurso.
Art. 4º É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo
O nepotismo visa proibir o parentesco em cargo público os casos previstos em lei.
quando não há prestação de concurso público.
Título II
O parentesco proibido pela súmula vinculante nº 13 é: Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição e
• Cônjuge/companheiro Substituição
• Parente em linha reta/colateral/afinidade até 3º grau, Capítulo I
inclusive. Do Provimento
Seção I
Atenção! se esse parente prestar concurso pode. O que a Disposições Gerais
súmula veda é a nomeação desses parentes sem a aprovação
em concurso público de provas ou de provas e títulos. Art. 5º São requisitos básicos para investidura em cargo
público:
O parentesco não pode existir entre: I - a nacionalidade brasileira;
• Nomeante e nomeado quando este nomeado vai exercer II - o gozo dos direitos políticos;
cargo de direção, chefia e assessoramento, ou seja, cargos em III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
comissão ou quando o nomeado vai exercer função gratificada. IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do
• Se o sujeito ocupa um cargo em comissão de direção, cargo;
chefia ou assessoramento, ele não pode ter um parente seu V - a idade mínima de dezoito anos;
ocupando outro cargo em comissão de direção, chefia ou VI - aptidão física e mental.
assessoramento ou função gratificada, ainda que estejam em § 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigência
Estados e Poderes diferentes. Não podem ser parentes na de outros requisitos estabelecidos em lei.
mesma pessoa jurídica. § 2º Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o
• “...ajuste mediante designações recíprocas...”: troca de direito de se inscrever em concurso público para provimento
parentes para que todos recebam um cargo. Não podem de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência
designações recíprocas. de que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas até
20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.
Vejamos abaixo o que traz a legislação a respeito. § 3º As universidades e instituições de pesquisa científica
e tecnológica federais poderão prover seus cargos com
LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990 – REGIME professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com
JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DA UNIÃO, as normas e os procedimentos desta Lei.
DAS AUTARQUIAS E DAS FUNDAÇÕES PÚBLICAS Art. 6º O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante
FEDERAIS, E SUAS ALTERAÇÕES ato da autoridade competente de cada Poder.

A lei 8.112/90 instituiu o Regime Legal que abrange os Art. 7º A investidura em cargo público ocorrerá com a
servidores públicos em âmbito Federal, ou seja, para os posse.
servidores públicos civis da União apenas. Com a edição desta Art. 8º São formas de provimento de cargo público:
lei, foi instituído o chamado regime jurídico único a estes I - nomeação;
servidores, contudo, com a promulgação da Emenda II - promoção;
Constitucional 19/98, atualmente há a possibilidade da III - (Revogado);
convivência entre os regimes estatutário e celetista no âmbito IV - (Revogado);
da mesma entidade. Assim, não existe mais Regime Jurídico V - readaptação;
Único, mas a lei não foi revogada, pois permanecem as regras do VI - reversão;
regime estatutário. VII - aproveitamento;
Os servidores públicos abrangidos por esta lei são apenas os VIII - reintegração;
federais, considerados pessoas legalmente investidas em cargos IX - recondução.
públicos, para efeitos desta Lei.
Seção II
Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos Da Nomeação
civis da União, das autarquias e das fundações públicas
federais. Art. 9º A nomeação far-se-á:

Noções de Direito Administrativo 31


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APOSTILAS OPÇÃO

I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que for
provimento efetivo ou de carreira; julgado apto física e mentalmente para o exercício do cargo.
II - em comissão, inclusive na condição de interino, para
cargos de confiança vagos. Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições
Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em do cargo público ou da função de confiança.
comissão ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter § 1º É de quinze dias o prazo para o servidor empossado
exercício, interinamente, em outro cargo de confiança, sem em cargo público entrar em exercício, contados da data da
prejuízo das atribuições do que atualmente ocupa, hipótese posse.
em que deverá optar pela remuneração de um deles durante o § 2º O servidor será exonerado do cargo ou será tornado
período da interinidade. sem efeito o ato de sua designação para função de confiança,
se não entrar em exercício nos prazos previstos neste artigo,
Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo observado o disposto no art. 18.
isolado de provimento efetivo depende de prévia habilitação § 3º À autoridade competente do órgão ou entidade para
em concurso público de provas ou de provas e títulos, onde for nomeado ou designado o servidor compete dar-lhe
obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua validade. exercício.
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o § 4º O início do exercício de função de confiança coincidirá
desenvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção, com a data de publicação do ato de designação, salvo quando
serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema o servidor estiver em licença ou afastado por qualquer outro
de carreira na Administração Pública Federal e seus motivo legal, hipótese em que recairá no primeiro dia útil após
regulamentos. o término do impedimento, que não poderá exceder a trinta
dias da publicação.
Seção III
Do Concurso Público Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do
exercício serão registrados no assentamento individual do
Art. 11. O concurso será de provas ou de provas e títulos, servidor.
podendo ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servidor
a lei e o regulamento do respectivo plano de carreira, apresentará ao órgão competente os elementos necessários ao
condicionada a inscrição do candidato ao pagamento do valor seu assentamento individual.
fixado no edital, quando indispensável ao seu custeio, e
ressalvadas as hipóteses de isenção nele expressamente Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de exercício,
previstas. que é contado no novo posicionamento na carreira a partir da
data de publicação do ato que promover o servidor.
Art. 12. O concurso público terá validade de até 2 (dois)
anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por igual Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro
período. município em razão de ter sido removido, redistribuído,
§ 1º O prazo de validade do concurso e as condições de sua requisitado, cedido ou posto em exercício provisório terá, no
realização serão fixados em edital, que será publicado no mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de prazo, contados da
Diário Oficial da União e em jornal diário de grande circulação. publicação do ato, para a retomada do efetivo desempenho das
§ 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver atribuições do cargo, incluído nesse prazo o tempo necessário
candidato aprovado em concurso anterior com prazo de para o deslocamento para a nova sede.
validade não expirado. § 1º Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença ou
afastado legalmente, o prazo a que se refere este artigo será
Seção IV contado a partir do término do impedimento.
Da Posse e do Exercício § 2º É facultado ao servidor declinar dos prazos
estabelecidos no caput.
Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo
termo, no qual deverão constar as atribuições, os deveres, as Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho
responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, fixada em razão das atribuições pertinentes aos respectivos
que não poderão ser alterados unilateralmente, por qualquer cargos, respeitada a duração máxima do trabalho semanal de
das partes, ressalvados os atos de ofício previstos em lei. quarenta horas e observados os limites mínimo e máximo de
§ 1º A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da seis horas e oito horas diárias, respectivamente.
publicação do ato de provimento. § 1º O ocupante de cargo em comissão ou função de
§ 2º Em se tratando de servidor, que esteja na data de confiança submete-se a regime de integral dedicação ao
publicação do ato de provimento, em licença prevista nos serviço, observado o disposto no art. 120, podendo ser
incisos I, III e V do art. 81, ou afastado nas hipóteses dos incisos convocado sempre que houver interesse da Administração.
I, IV, VI, VIII, alíneas "a", "b", "d", "e" e "f", IX e X do art. 102, o § 2º O disposto neste artigo não se aplica a duração de
prazo será contado do término do impedimento. trabalho estabelecida em leis especiais.
§ 3º A posse poderá dar-se mediante procuração
específica. Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para
§ 4º Só haverá posse nos casos de provimento de cargo por cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório
nomeação. por período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual a sua
§ 5º No ato da posse, o servidor apresentará declaração de aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o
bens e valores que constituem seu patrimônio e declaração desempenho do cargo, observados os seguintes fatores:
quanto ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou função I - assiduidade;
pública. II - disciplina;
§ 6º Será tornado sem efeito o ato de provimento se a posse III - capacidade de iniciativa;
não ocorrer no prazo previsto no § 1º deste artigo. IV - produtividade;
V- responsabilidade.
Art. 14. A posse em cargo público dependerá de prévia § 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio
inspeção médica oficial. probatório, será submetida à homologação da autoridade

Noções de Direito Administrativo 32


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APOSTILAS OPÇÃO

competente a avaliação do desempenho do servidor, realizada Seção VIII


por comissão constituída para essa finalidade, de acordo com Da Reversão
o que dispuser a lei ou o regulamento da respectiva carreira ou
cargo, sem prejuízo da continuidade de apuração dos fatores Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor
enumerados nos incisos I a V do caput deste artigo. aposentado:
§ 2º O servidor não aprovado no estágio probatório será I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar
exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou
ocupado, observado o disposto no parágrafo único do art. 29. II - no interesse da administração, desde que:
§ 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer a) tenha solicitado a reversão;
quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções de b) a aposentadoria tenha sido voluntária;
direção, chefia ou assessoramento no órgão ou entidade de c) estável quando na atividade;
lotação, e somente poderá ser cedido a outro órgão ou d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos
entidade para ocupar cargos de Natureza Especial, cargos de anteriores à solicitação;
provimento em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento e) haja cargo vago.
Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes. § 1º A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo
§ 4º Ao servidor em estágio probatório somente poderão resultante de sua transformação.
ser concedidas as licenças e os afastamentos previstos nos § 2º O tempo em que o servidor estiver em exercício será
arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento para considerado para concessão da aposentadoria.
participar de curso de formação decorrente de aprovação em § 3º No caso do inciso I, encontrando-se provido o cargo, o
concurso para outro cargo na Administração Pública Federal. servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a
§ 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as ocorrência de vaga.
licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1º, 86 e § 4º O servidor que retornar à atividade por interesse da
96, bem assim na hipótese de participação em curso de administração perceberá, em substituição aos proventos da
formação, e será retomado a partir do término do aposentadoria, a remuneração do cargo que voltar a exercer,
impedimento. inclusive com as vantagens de natureza pessoal que percebia
anteriormente à aposentadoria.
Seção V § 5º O servidor de que trata o inciso II somente terá os
Da Estabilidade proventos calculados com base nas regras atuais se
permanecer pelo menos cinco anos no cargo.
Art. 21. O servidor habilitado em concurso público e § 6º O Poder Executivo regulamentará o disposto neste
empossado em cargo de provimento efetivo adquirirá artigo.
estabilidade no serviço público ao completar 2 (dois) anos de
efetivo exercício (prazo 3 anos - vide EMC nº 19). Art. 26. (Revogado).

Atualmente o prazo mencionado é de 3 anos (36 meses) Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já tiver
de efetivo exercício para o servidor público (de forma completado 70 (setenta) anos de idade.
geral), adquirir estabilidade é o que está previsto na
Constituição Federal, que foi alterado após a Emenda nº Seção IX
19/98. Embora, a Lei nº 8.112/90, no artigo 20 cite o prazo Da Reintegração
de 24 meses para que o servidor adquira estabilidade
devemos considerar que o correto é o texto inserido na Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor
Constituição Federal. Como não houve uma revogação estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo
expressa de tais normas elas permanecem nos textos legais, resultante de sua transformação, quando invalidada a sua
mesmo que na prática não são aplicadas, pois ferem a CF demissão por decisão administrativa ou judicial, com
(existe uma revogação tácita dessas normas). ressarcimento de todas as vantagens.
§ 1º Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor
Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em virtude ficará em disponibilidade, observado o disposto nos arts. 30 e
de sentença judicial transitada em julgado ou de processo 31.
administrativo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla § 2º Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual
defesa. ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à
indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto
Seção VI em disponibilidade.
Da Transferência
Seção X
Art. 23. (Revogado). Da Recondução

Seção VII Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao


Da Readaptação cargo anteriormente ocupado e decorrerá de:
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro
Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em cargo cargo;
de atribuições e responsabilidades compatíveis com a II - reintegração do anterior ocupante.
limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de
verificada em inspeção médica. origem, o servidor será aproveitado em outro, observado o
§ 1º Se julgado incapaz para o serviço público, o disposto no art. 30.
readaptando será aposentado.
§ 2º A readaptação será efetivada em cargo de atribuições Seção XI
afins, respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade e Da Disponibilidade e do Aproveitamento
equivalência de vencimentos e, na hipótese de inexistência de
cargo vago, o servidor exercerá suas atribuições como Art. 30. O retorno à atividade de servidor em
excedente, até a ocorrência de vaga. disponibilidade far-se-á mediante aproveitamento obrigatório

Noções de Direito Administrativo 33


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em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o vagas, de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou
anteriormente ocupado. entidade em que aqueles estejam lotados.

Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil Seção II


determinará o imediato aproveitamento de servidor em Da Redistribuição
disponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou
entidades da Administração Pública Federal. Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de
Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3º do art. 37, o provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro
servidor posto em disponibilidade poderá ser mantido sob geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo
responsabilidade do órgão central do Sistema de Pessoal Civil Poder, com prévia apreciação do órgão central do SIPEC,
da Administração Federal - SIPEC, até o seu adequado observados os seguintes preceitos:
aproveitamento em outro órgão ou entidade. I - interesse da administração;
II - equivalência de vencimentos;
Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e III - manutenção da essência das atribuições do cargo;
cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e
exercício no prazo legal, salvo doença comprovada por junta complexidade das atividades;
médica oficial. V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou
habilitação profissional;
Capítulo II VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as
Da Vacância finalidades institucionais do órgão ou entidade.
§ 1º A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamento
Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de: de lotação e da força de trabalho às necessidades dos serviços,
I - exoneração; inclusive nos casos de reorganização, extinção ou criação de
II - demissão; órgão ou entidade.
III - promoção; § 2º A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará
IV - (Revogado); mediante ato conjunto entre o órgão central do SIPEC e os
V - (Revogado); órgãos e entidades da Administração Pública Federal
VI - readaptação; envolvidos.
VII - aposentadoria; § 3º Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou
VIII - posse em outro cargo inacumulável; entidade, extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade no
IX - falecimento. órgão ou entidade, o servidor estável que não for redistribuído
será colocado em disponibilidade, até seu aproveitamento na
Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do forma dos arts. 30 e 31.
servidor, ou de ofício. § 4º O servidor que não for redistribuído ou colocado em
Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á: disponibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade do
I - quando não satisfeitas as condições do estágio órgão central do SIPEC, e ter exercício provisório, em outro
probatório; órgão ou entidade, até seu adequado aproveitamento.
II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em
exercício no prazo estabelecido. Capítulo IV
Da Substituição
Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a dispensa
de função de confiança dar-se-á: Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou função de
I - a juízo da autoridade competente; direção ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial
II - a pedido do próprio servidor. terão substitutos indicados no regimento interno ou, no caso
Parágrafo único. (Revogado). de omissão, previamente designados pelo dirigente máximo
do órgão ou entidade.
Capítulo III § 1º O substituto assumirá automática e cumulativamente,
Da Remoção e da Redistribuição sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício do cargo ou
Seção I função de direção ou chefia e os de Natureza Especial, nos
Da Remoção afastamentos, impedimentos legais ou regulamentares do
titular e na vacância do cargo, hipóteses em que deverá optar
Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido pela remuneração de um deles durante o respectivo período.
ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem § 2º O substituto fará jus à retribuição pelo exercício do
mudança de sede. cargo ou função de direção ou chefia ou de cargo de Natureza
Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, Especial, nos casos dos afastamentos ou impedimentos legais
entende-se por modalidades de remoção: do titular, superiores a trinta dias consecutivos, paga na
I - de ofício, no interesse da Administração; proporção dos dias de efetiva substituição, que excederem o
II - a pedido, a critério da Administração; referido período.
III - a pedido, para outra localidade, independentemente
do interesse da Administração: Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos titulares
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também de unidades administrativas organizadas em nível de
servidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da assessoria.
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que
foi deslocado no interesse da Administração; Título III
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro Dos Direitos e Vantagens
ou dependente que viva às suas expensas e conste do seu Capítulo I
assentamento funcional, condicionada à comprovação por Do Vencimento e da Remuneração
junta médica oficial;
c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo
em que o número de interessados for superior ao número de exercício de cargo público, com valor fixado em lei.

Noções de Direito Administrativo 34


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APOSTILAS OPÇÃO

Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, § 3º Na hipótese de valores recebidos em decorrência de
acrescido das vantagens pecuniárias permanentes cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada ou a
estabelecidas em lei. sentença que venha a ser revogada ou rescindida, serão eles
§ 1º A remuneração do servidor investido em função ou atualizados até a data da reposição.
cargo em comissão será paga na forma prevista no art. 62.
§ 2º O servidor investido em cargo em comissão de órgão Art. 47. O servidor em débito com o erário, que for
ou entidade diversa da de sua lotação receberá a remuneração demitido, exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou
de acordo com o estabelecido no § 1º do art. 93. disponibilidade cassada, terá o prazo de sessenta dias para
§ 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das quitar o débito.
vantagens de caráter permanente, é irredutível. Parágrafo único. A não quitação do débito no prazo
§ 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos previsto implicará sua inscrição em dívida ativa.
de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou
entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento não
caráter individual e as relativas à natureza ou ao local de serão objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos
trabalho. casos de prestação de alimentos resultante de decisão judicial.
§ 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao
salário mínimo. Capítulo II
Das Vantagens
Art. 42. Nenhum servidor poderá perceber, mensalmente,
a título de remuneração, importância superior à soma dos Art. 49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao
valores percebidos como remuneração, em espécie, a qualquer servidor as seguintes vantagens:
título, no âmbito dos respectivos Poderes, pelos Ministros de I - indenizações;
Estado, por membros do Congresso Nacional e Ministros do II - gratificações;
Supremo Tribunal Federal. III - adicionais.
Parágrafo único. Excluem-se do teto de remuneração as §1º As indenizações não se incorporam ao vencimento ou
vantagens previstas nos incisos II a VII do art. 61. provento para qualquer efeito.
§2º As gratificações e os adicionais incorporam-se ao
Art. 43 (Revogado). vencimento ou provento, nos casos e condições indicados em
lei.
Art. 44. O servidor perderá:
I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem Art. 50. As vantagens pecuniárias não serão computadas,
motivo justificado; nem acumuladas, para efeito de concessão de quaisquer
II - a parcela de remuneração diária, proporcional aos outros acréscimos pecuniários ulteriores, sob o mesmo título
atrasos, ausências justificadas, ressalvadas as concessões de ou idêntico fundamento.
que trata o art. 97, e saídas antecipadas, salvo na hipótese de
compensação de horário, até o mês subsequente ao da Seção I
ocorrência, a ser estabelecida pela chefia imediata. Das Indenizações
Parágrafo único. As faltas justificadas decorrentes de caso
fortuito ou de força maior poderão ser compensadas a critério Art. 51. Constituem indenizações ao servidor:
da chefia imediata, sendo assim consideradas como efetivo I - ajuda de custo;
exercício. II - diárias;
III - transporte.
Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, IV - auxílio-moradia.
nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou provento.
§ 1º Mediante autorização do servidor, poderá haver Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos
consignação em folha de pagamento em favor de terceiros, a incisos I a III do art. 51, assim como as condições para a sua
critério da administração e com reposição de custos, na forma concessão, serão estabelecidos em regulamento.
definida em regulamento. (Redação dada pela Lei nº 13.172,
de 2015) Subseção I
§ 2º O total de consignações facultativas de que trata o § 1o Da Ajuda de Custo
não excederá a 35% (trinta e cinco por cento) da remuneração
mensal, sendo 5% (cinco por cento) reservados Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as
exclusivamente para: (Redação dada pela Lei nº 13.172, de despesas de instalação do servidor que, no interesse do
2015) serviço, passar a ter exercício em nova sede, com mudança de
I - a amortização de despesas contraídas por meio de domicílio em caráter permanente, vedado o duplo pagamento
cartão de crédito; ou (Incluído pela Lei nº 13.172, de 2015) de indenização, a qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou
II - a utilização com a finalidade de saque por meio do companheiro que detenha também a condição de servidor,
cartão de crédito. (Incluído pela Lei nº 13.172, de 2015) vier a ter exercício na mesma sede.
§ 1º Correm por conta da administração as despesas de
Art. 46. As reposições e indenizações ao erário, atualizadas transporte do servidor e de sua família, compreendendo
até 30 de junho de 1994, serão previamente comunicadas ao passagem, bagagem e bens pessoais.
servidor ativo, aposentado ou ao pensionista, para pagamento, § 2º À família do servidor que falecer na nova sede são
no prazo máximo de trinta dias, podendo ser parceladas, a assegurados ajuda de custo e transporte para a localidade de
pedido do interessado. origem, dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do óbito.
§ 1º O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao § 3º Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses de
correspondente a dez por cento da remuneração, provento ou remoção previstas nos incisos II e III do parágrafo único do art.
pensão. 36. (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014)
§ 2º Quando o pagamento indevido houver ocorrido no
mês anterior ao do processamento da folha, a reposição será Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a remuneração
feita imediatamente, em uma única parcela. do servidor, conforme se dispuser em regulamento, não

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podendo exceder a importância correspondente a 3 (três) Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se
meses. atendidos os seguintes requisitos:
I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo
Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao servidor que servidor;
se afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de mandato II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe
eletivo. imóvel funcional;
III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou
Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, não tenha sido proprietário, promitente comprador, cessionário
sendo servidor da União, for nomeado para cargo em ou promitente cessionário de imóvel no Município aonde for
comissão, com mudança de domicílio. exercer o cargo, incluída a hipótese de lote edificado sem
Parágrafo único. No afastamento previsto no inciso I do art. averbação de construção, nos doze meses que antecederem a
93, a ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário, quando sua nomeação;
cabível. IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor
receba auxílio-moradia;
Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de V - o servidor tenha se mudado do local de residência para
custo quando, injustificadamente, não se apresentar na nova ocupar cargo em comissão ou função de confiança do Grupo-
sede no prazo de 30 (trinta) dias. Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de
Natureza Especial, de Ministro de Estado ou equivalentes;
Subseção II VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão ou
Das Diárias função de confiança não se enquadre nas hipóteses do art. 58,
§ 3º, em relação ao local de residência ou domicílio do
Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em servidor;
caráter eventual ou transitório para outro ponto do território VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha
nacional ou para o exterior, fará jus a passagens e diárias residido no Município, nos últimos doze meses, aonde for
destinadas a indenizar as parcelas de despesas extraordinária exercer o cargo em comissão ou função de confiança,
com pousada, alimentação e locomoção urbana, conforme desconsiderando-se prazo inferior a sessenta dias dentro
dispuser em regulamento. desse período; e
§ 1º A diária será concedida por dia de afastamento, sendo VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração
devida pela metade quando o deslocamento não exigir de lotação ou nomeação para cargo efetivo.
pernoite fora da sede, ou quando a União custear, por meio IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de
diverso, as despesas extraordinárias cobertas por diárias. 2006.
§ 2º Nos casos em que o deslocamento da sede constituir Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será
exigência permanente do cargo, o servidor não fará jus a considerado o prazo no qual o servidor estava ocupando outro
diárias. cargo em comissão relacionado no inciso V.
§ 3º Também não fará jus a diárias o servidor que se
deslocar dentro da mesma região metropolitana, aglomeração Art. 60-C. (Revogado pela Lei nº 12.998, de 2014)
urbana ou microrregião, constituídas por municípios
limítrofes e regularmente instituídas, ou em áreas de controle Art. 60-D. O valor mensal do auxílio-moradia é limitado a
integrado mantidas com países limítrofes, cuja jurisdição e 25% (vinte e cinco por cento) do valor do cargo em comissão,
competência dos órgãos, entidades e servidores brasileiros função comissionada ou cargo de Ministro de Estado ocupado.
considera-se estendida, salvo se houver pernoite fora da sede, (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008
hipóteses em que as diárias pagas serão sempre as fixadas § 1º O valor do auxílio-moradia não poderá superar 25%
para os afastamentos dentro do território nacional. (vinte e cinco por cento) da remuneração de Ministro de
Estado. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008
Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar da § 2º Independentemente do valor do cargo em comissão ou
sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las função comissionada, fica garantido a todos os que
integralmente, no prazo de 5 (cinco) dias. preencherem os requisitos o ressarcimento até o valor de R$
Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à sede 1.800,00 (mil e oitocentos reais). (Incluído pela Lei nº 11.784,
em prazo menor do que o previsto para o seu afastamento, de 2008
restituirá as diárias recebidas em excesso, no prazo previsto
no caput. Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração, colocação
de imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisição de
Subseção III imóvel, o auxílio-moradia continuará sendo pago por um mês.
Da Indenização de Transporte (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)

Art. 60. Conceder-se-á indenização de transporte ao Seção II


servidor que realizar despesas com a utilização de meio Das Gratificações e Adicionais
próprio de locomoção para a execução de serviços externos,
por força das atribuições próprias do cargo, conforme se Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas
dispuser em regulamento. nesta Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes
retribuições, gratificações e adicionais:
Subseção IV I - retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e
Do Auxílio-Moradia assessoramento;
II - gratificação natalina;
Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarcimento das III - (Revogado)
despesas comprovadamente realizadas pelo servidor com IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres,
aluguel de moradia ou com meio de hospedagem administrado perigosas ou penosas;
por empresa hoteleira, no prazo de um mês após a V - adicional pela prestação de serviço extraordinário;
comprovação da despesa pelo servidor. VI - adicional noturno;
VII - adicional de férias;

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VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho. atividades em local salubre e em serviço não penoso e não
IX - gratificação por encargo de curso ou concurso. perigoso.

Subseção I Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades penosas,


Da Retribuição pelo Exercício de Função de Direção, de insalubridade e de periculosidade, serão observadas as
Chefia e Assessoramento situações estabelecidas em legislação específica.

Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido aos
função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de servidores em exercício em zonas de fronteira ou em
provimento em comissão ou de Natureza Especial é devida localidades cujas condições de vida o justifiquem, nos termos,
retribuição pelo seu exercício. condições e limites fixados em regulamento.
Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remuneração
dos cargos em comissão de que trata o inciso II do art. 9º. Art. 72. Os locais de trabalho e os servidores que operam
com Raios X ou substâncias radioativas serão mantidos sob
Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal controle permanente, de modo que as doses de radiação
Nominalmente Identificada - VPNI a incorporação da ionizante não ultrapassem o nível máximo previsto na
retribuição pelo exercício de função de direção, chefia ou legislação própria.
assessoramento, cargo de provimento em comissão ou de Parágrafo único. Os servidores a que se refere este artigo
Natureza Especial a que se referem os arts. 3º e 10 da Lei no serão submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses.
8.911, de 11 de julho de 1994, e o art. 3º da Lei nº 9.624, de 2
de abril de 1998. Subseção V
Parágrafo único. A VPNI de que trata o caput deste artigo Do Adicional por Serviço Extraordinário
somente estará sujeita às revisões gerais de remuneração dos
servidores públicos federais. Art. 73. O serviço extraordinário será remunerado com
acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em relação à hora
Subseção II normal de trabalho.
Da Gratificação Natalina
Art. 74. Somente será permitido serviço extraordinário
Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um para atender a situações excepcionais e temporárias,
doze avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no mês respeitado o limite máximo de 2 (duas) horas por jornada.
de dezembro, por mês de exercício no respectivo ano.
Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quinze) Subseção VI
dias será considerada como mês integral. Do Adicional Noturno

Art. 64. A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do mês Art. 75. O serviço noturno, prestado em horário
de dezembro de cada ano. compreendido entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5
Parágrafo único. (VETADO). (cinco) horas do dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de
25% (vinte e cinco por cento), computando-se cada hora como
Art. 65. O servidor exonerado perceberá sua gratificação cinquenta e dois minutos e trinta segundos.
natalina, proporcionalmente aos meses de exercício, calculada Parágrafo único. Em se tratando de serviço extraordinário,
sobre a remuneração do mês da exoneração. o acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a
remuneração prevista no art. 73.
Art. 66. A gratificação natalina não será considerada para
cálculo de qualquer vantagem pecuniária. Subseção VII
Do Adicional de Férias
Subseção III
Do Adicional por Tempo de Serviço Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago ao
servidor, por ocasião das férias, um adicional correspondente
Art. 67. (Revogado) a 1/3 (um terço) da remuneração do período das férias.
Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função de
Subseção IV direção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em
Dos Adicionais de Insalubridade, Periculosidade ou comissão, a respectiva vantagem será considerada no cálculo
Atividades Penosas do adicional de que trata este artigo.

Art. 68 Os servidores que trabalhem com habitualidade em Subseção VIII


locais insalubres ou em contato permanente com substâncias Da Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
tóxicas, radioativas ou com risco de vida, fazem jus a um
adicional sobre o vencimento do cargo efetivo. Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
§ 1º O servidor que fizer jus aos adicionais de é devida ao servidor que, em caráter eventual:
insalubridade e de periculosidade deverá optar por um deles. I - atuar como instrutor em curso de formação, de
§ 2º O direito ao adicional de insalubridade ou desenvolvimento ou de treinamento regularmente instituído
periculosidade cessa com a eliminação das condições ou dos no âmbito da administração pública federal;
riscos que deram causa a sua concessão. II - participar de banca examinadora ou de comissão para
exames orais, para análise curricular, para correção de provas
Art. 69. Haverá permanente controle da atividade de discursivas, para elaboração de questões de provas ou para
servidores em operações ou locais considerados penosos, julgamento de recursos intentados por candidatos;
insalubres ou perigosos. III - participar da logística de preparação e de realização de
Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será concurso público envolvendo atividades de planejamento,
afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, das coordenação, supervisão, execução e avaliação de resultado,
operações e locais previstos neste artigo, exercendo suas

Noções de Direito Administrativo 37


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quando tais atividades não estiverem incluídas entre as suas Art. 79. O servidor que opera direta e permanentemente
atribuições permanentes; com Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 (vinte) dias
IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de consecutivos de férias, por semestre de atividade profissional,
exame vestibular ou de concurso público ou supervisionar proibida em qualquer hipótese a acumulação.
essas atividades. Parágrafo único. (Revogado).
§ 1º Os critérios de concessão e os limites da gratificação
de que trata este artigo serão fixados em regulamento, Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas por
observados os seguintes parâmetros: motivo de calamidade pública, comoção interna, convocação
I - o valor da gratificação será calculado em horas, para júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade do
observadas a natureza e a complexidade da atividade exercida; serviço declarada pela autoridade máxima do órgão ou
II - a retribuição não poderá ser superior ao equivalente a entidade.
120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais, ressalvada Parágrafo único. O restante do período interrompido será
situação de excepcionalidade, devidamente justificada e gozado de uma só vez, observado o disposto no art. 77.
previamente aprovada pela autoridade máxima do órgão ou
entidade, que poderá autorizar o acréscimo de até 120 (cento Capítulo IV
e vinte) horas de trabalho anuais; Das Licenças
III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá aos Seção I
seguintes percentuais, incidentes sobre o maior vencimento Disposições Gerais
básico da administração pública federal:
a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença:
tratando de atividades previstas nos incisos I e II do caput I - por motivo de doença em pessoa da família;
deste artigo; II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;
b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se III - para o serviço militar;
tratando de atividade prevista nos incisos III e IV do caput IV - para atividade política;
deste artigo. V - para capacitação;
§ 2º A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso VI - para tratar de interesses particulares;
somente será paga se as atividades referidas nos incisos do VII - para desempenho de mandato classista.
caput deste artigo forem exercidas sem prejuízo das § 1º A licença prevista no inciso I do caput deste artigo bem
atribuições do cargo de que o servidor for titular, devendo ser como cada uma de suas prorrogações serão precedidas de
objeto de compensação de carga horária quando exame por perícia médica oficial, observado o disposto no art.
desempenhadas durante a jornada de trabalho, na forma do § 204 desta Lei.
4º do art. 98 desta Lei. § 2º (Revogado)
§ 3º A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso não § 3º É vedado o exercício de atividade remunerada durante
se incorpora ao vencimento ou salário do servidor para o período da licença prevista no inciso I deste artigo.
qualquer efeito e não poderá ser utilizada como base de
cálculo para quaisquer outras vantagens, inclusive para fins de Art. 82. A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias
cálculo dos proventos da aposentadoria e das pensões. do término de outra da mesma espécie será considerada como
prorrogação.
Capítulo III
Das Férias Seção II
Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da
Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que Família
podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no caso
de necessidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em que Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por
haja legislação específica. motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos
§1º Para o primeiro período aquisitivo de férias serão filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que
exigidos 12 (doze) meses de exercício. viva a suas expensas e conste do seu assentamento funcional,
§2º É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao mediante comprovação por perícia médica oficial.
serviço. § 1º A licença somente será deferida se a assistência direta
§3º As férias poderão ser parceladas em até três etapas, do servidor for indispensável e não puder ser prestada
desde que assim requeridas pelo servidor, e no interesse da simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante
administração pública. compensação de horário, na forma do disposto no inciso II do
art. 44.
Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será § 2º A licença de que trata o caput, incluídas as
efetuado até 2 (dois) dias antes do início do respectivo prorrogações, poderá ser concedida a cada período de doze
período, observando-se o disposto no §1º deste artigo. meses nas seguintes condições:
§ 1°(Revogado); I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida
§2º (Revogado); a remuneração do servidor; e
§ 3º O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem
comissão, perceberá indenização relativa ao período das férias remuneração.
a que tiver direito e ao incompleto, na proporção de um doze § 3º O início do interstício de 12 (doze) meses será contado
avos por mês de efetivo exercício, ou fração superior a a partir da data do deferimento da primeira licença concedida.
quatorze dias. § 4º A soma das licenças remuneradas e das licenças não
§ 4º A indenização será calculada com base na remuneradas, incluídas as respectivas prorrogações,
remuneração do mês em que for publicado o ato exoneratório. concedidas em um mesmo período de 12 (doze) meses,
§ 5º Em caso de parcelamento, o servidor receberá o valor observado o disposto no § 3º, não poderá ultrapassar os
adicional previsto no inciso XVII do art. 7º da Constituição limites estabelecidos nos incisos I e II do § 2º.
Federal quando da utilização do primeiro período.

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Seção III § 1º A licença poderá ser interrompida, a qualquer tempo,


Da Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge a pedido do servidor ou a interesse do serviço público
(Incluído pela Medida Provisória nº 792, de 2017)
Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servidor para § 2º A licença suspenderá o vínculo com a administração
acompanhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado para pública federal e, durante esse período, o disposto nos arts.
outro ponto do território nacional, para o exterior ou para o 116 e 117 não se aplica ao servidor licenciado. (Incluído pela
exercício de mandato eletivo dos Poderes Executivo e Medida Provisória nº 792, de 2017)
Legislativo.
§ 1º A licença será por prazo indeterminado e sem Seção VIII
remuneração. Da Licença para o Desempenho de Mandato Classista
§ 2º No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou
companheiro também seja servidor público, civil ou militar, de Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito remuneração para o desempenho de mandato em
Federal e dos Municípios, poderá haver exercício provisório confederação, federação, associação de classe de âmbito
em órgão ou entidade da Administração Federal direta, nacional, sindicato representativo da categoria ou entidade
autárquica ou fundacional, desde que para o exercício de fiscalizadora da profissão ou, ainda, para participar de
atividade compatível com o seu cargo. gerência ou administração em sociedade cooperativa
constituída por servidores públicos para prestar serviços a
Seção IV seus membros, observado o disposto na alínea c do inciso VIII
Da Licença para o Serviço Militar do art. 102 desta Lei, conforme disposto em regulamento e
observados os seguintes limites:
Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar será I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, 2
concedida licença, na forma e condições previstas na legislação (dois) servidores; (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
específica. II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000
Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor (trinta mil) associados, 4 (quatro) servidores; (Redação dada
terá até 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o pela Lei nº 12.998, de 2014)
exercício do cargo. III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil)
associados, 8 (oito) servidores. (Redação dada pela Lei nº
Seção V 12.998, de 2014)
Da Licença para Atividade Política § 1º Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos
para cargos de direção ou de representação nas referidas
Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remuneração, entidades, desde que cadastradas no órgão competente.
durante o período que mediar entre a sua escolha em (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
convenção partidária, como candidato a cargo eletivo, e a § 2º A licença terá duração igual à do mandato, podendo
véspera do registro de sua candidatura perante a Justiça ser renovada, no caso de reeleição. (Redação dada pela Lei nº
Eleitoral. 12.998, de 2014)
§ 1º O servidor candidato a cargo eletivo na localidade
onde desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, Capítulo V
chefia, assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será Dos Afastamentos
afastado, a partir do dia imediato ao do registro de sua Seção I
candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o décimo dia Do Afastamento para Servir a Outro Órgão ou
seguinte ao do pleito. Entidade
§ 2º A partir do registro da candidatura e até o décimo dia
seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício em
assegurados os vencimentos do cargo efetivo, somente pelo outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, do
período de três meses. Distrito Federal, dos Municípios ou em serviço social
autônomo instituído pela União que exerça atividades de
Seção VI cooperação com a administração pública federal, nas seguintes
Da Licença para Capacitação hipóteses: (Redação dada pela Medida Provisória nº 765, de
2016)
Art. 87. Após cada quinquênio de efetivo exercício, o I - para exercício de cargo em comissão, função de
servidor poderá, no interesse da Administração, afastar-se do confiança ou, no caso de serviço social autônomo, para o
exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por exercício de cargo de direção ou de gerência; (Redação dada
até três meses, para participar de curso de capacitação pela Medida Provisória nº 765, de 2016)
profissional. II - em casos previstos em leis específicas.
Parágrafo único. Os períodos de licença de que trata o § 1º Na hipótese de que trata o inciso I do caput, sendo a
caput não são acumuláveis. cessão para órgãos ou entidades dos Estados, do Distrito
Federal, dos Municípios ou para serviço social autônomo, o
Art. 88. e 89 - (Revogado) ônus da remuneração será do órgão ou da entidade
cessionária, mantido o ônus para o cedente nos demais casos.
Art. 90. (VETADO). (Redação dada pela Medida Provisória nº 765, de 2016)
§ 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa pública,
Seção VII sociedade de economia mista ou serviço social autônomo, nos
Da Licença para Tratar de Interesses Particulares termos de suas respectivas normas, optar pela remuneração
do cargo efetivo ou pela remuneração do cargo efetivo
Art. 91. A critério da Administração, poderão ser acrescida de percentual da retribuição do cargo em comissão,
concedidas ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que de direção ou de gerência, a entidade cessionária ou o serviço
não esteja em estágio probatório, licenças para o trato de social autônomo efetuará o reembolso das despesas realizadas
assuntos particulares pelo prazo de pelo órgão ou pela entidade de origem. (Redação dada pela
Medida Provisória nº 765, de 2016)

Noções de Direito Administrativo 39


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APOSTILAS OPÇÃO

§ 3º A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no § 4º As hipóteses, condições e formas para a autorização
Diário Oficial da União. de que trata este artigo, inclusive no que se refere à
§ 4º Mediante autorização expressa do Presidente da remuneração do servidor, serão disciplinadas em
República, o servidor do Poder Executivo poderá ter exercício regulamento.
em outro órgão da Administração Federal direta que não tenha
quadro próprio de pessoal, para fim determinado e a prazo Art. 96. O afastamento de servidor para servir em
certo. organismo internacional de que o Brasil participe ou com o
§ 5º Aplica-se à União, em se tratando de empregado ou qual coopere dar-se-á com perda total da remuneração.
servidor por ela requisitado, as disposições dos §§ 1º e 2º
deste artigo. Seção IV
§ 6º As cessões de empregados de empresa pública ou de Do Afastamento para Participação em Programa de
sociedade de economia mista, que receba recursos de Tesouro Pós-Graduação Stricto Sensu no País
Nacional para o custeio total ou parcial da sua folha de
pagamento de pessoal, independem das disposições contidas Art. 96-A. O servidor poderá, no interesse da
nos incisos I e II e §§ 1º e 2º deste artigo, ficando o exercício do Administração, e desde que a participação não possa ocorrer
empregado cedido condicionado a autorização específica do simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, exceto nos compensação de horário, afastar-se do exercício do cargo
casos de ocupação de cargo em comissão ou função gratificada. efetivo, com a respectiva remuneração, para participar em
§ 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, programa de pós-graduação stricto sensu em instituição de
com a finalidade de promover a composição da força de ensino superior no País.
trabalho dos órgãos e entidades da Administração Pública § 1º Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade
Federal, poderá determinar a lotação ou o exercício de definirá, em conformidade com a legislação vigente, os
empregado ou servidor, independentemente da observância programas de capacitação e os critérios para participação em
do constante no inciso I e nos §§ 1º e 2º deste artigo. programas de pós-graduação no País, com ou sem afastamento
do servidor, que serão avaliados por um comitê constituído
OBS: Prezado candidato, a Medida Provisória nº 765, de para este fim.
2016, foi convertida em lei no dia 22/08/2017, com validade § 2º Os afastamentos para realização de programas de
somente para o dia 1º de outubro de 2017. Sendo assim, até a mestrado e doutorado somente serão concedidos aos
referida data, prevalece a atual redação aqui disposta. servidores titulares de cargos efetivos no respectivo órgão ou
entidade há pelo menos 3 (três) anos para mestrado e 4
Seção II (quatro) anos para doutorado, incluído o período de estágio
Do Afastamento para Exercício de Mandato Eletivo probatório, que não tenham se afastado por licença para tratar
de assuntos particulares para gozo de licença capacitação ou
Art. 94. Ao servidor investido em mandato eletivo aplicam- com fundamento neste artigo nos 2 (dois) anos anteriores à
se as seguintes disposições: data da solicitação de afastamento.
I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, § 3º Os afastamentos para realização de programas de pós-
ficará afastado do cargo; doutorado somente serão concedidos aos servidores titulares
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do de cargos efetivo no respectivo órgão ou entidade há pelo
cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração; menos quatro anos, incluído o período de estágio probatório,
III - investido no mandato de vereador: e que não tenham se afastado por licença para tratar de
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as assuntos particulares ou com fundamento neste artigo, nos
vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do quatro anos anteriores à data da solicitação de afastamento.
cargo eletivo; § 4º Os servidores beneficiados pelos afastamentos
b) não havendo compatibilidade de horário, será afastado previstos nos §§ 1º, 2º e 3º deste artigo terão que permanecer
do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração. no exercício de suas funções após o seu retorno por um
§ 1º No caso de afastamento do cargo, o servidor período igual ao do afastamento concedido.
contribuirá para a seguridade social como se em exercício § 5º Caso o servidor venha a solicitar exoneração do cargo
estivesse. ou aposentadoria, antes de cumprido o período de
§ 2º O servidor investido em mandato eletivo ou classista permanência previsto no § 4º deste artigo, deverá ressarcir o
não poderá ser removido ou redistribuído de ofício para órgão ou entidade, na forma do art. 47 da Lei no8.112, de 11
localidade diversa daquela onde exerce o mandato. de dezembro de 1990, dos gastos com seu aperfeiçoamento.
§ 6º Caso o servidor não obtenha o título ou grau que
Seção III justificou seu afastamento no período previsto, aplica-se o
Do Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior disposto no § 5º deste artigo, salvo na hipótese comprovada de
força maior ou de caso fortuito, a critério do dirigente máximo
Art. 95. O servidor não poderá ausentar-se do País para do órgão ou entidade.
estudo ou missão oficial, sem autorização do Presidente da § 7º Aplica-se à participação em programa de pós-
República, Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo e graduação no Exterior, autorizado nos termos do art. 95 desta
Presidente do Supremo Tribunal Federal. Lei, o disposto nos §§ 1º a 6º deste artigo.
§ 1º A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda a
missão ou estudo, somente decorrido igual período, será Capítulo VI
permitida nova ausência. Das Concessões
§ 2º Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo não
será concedida exoneração ou licença para tratar de interesse Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor
particular antes de decorrido período igual ao do afastamento, ausentar-se do serviço:
ressalvada a hipótese de ressarcimento da despesa havida com I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
seu afastamento. II - pelo período comprovadamente necessário para
§ 3º O disposto neste artigo não se aplica aos servidores da alistamento ou recadastramento eleitoral, limitado, em
carreira diplomática. qualquer caso, a 2 (dois) dias; (Redação dada pela Lei nº
12.998, de 2014)

Noções de Direito Administrativo 40


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III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de: b) para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte
a) casamento; e quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de serviço
b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou público prestado à União, em cargo de provimento efetivo;
padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela e c) para o desempenho de mandato classista ou
irmãos. participação de gerência ou administração em sociedade
cooperativa constituída por servidores para prestar serviços a
Art. 98. Será concedido horário especial ao servidor seus membros, exceto para efeito de promoção por
estudante, quando comprovada a incompatibilidade entre o merecimento;
horário escolar e o da repartição, sem prejuízo do exercício do d) por motivo de acidente em serviço ou doença
cargo. profissional;
§ 1º Para efeito do disposto neste artigo, será exigida a e) para capacitação, conforme dispuser o regulamento;
compensação de horário no órgão ou entidade que tiver f) por convocação para o serviço militar;
exercício, respeitada a duração semanal do trabalho. IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art. 18;
§ 2º Também será concedido horário especial ao servidor X - participação em competição desportiva nacional ou
portador de deficiência, quando comprovada a necessidade convocação para integrar representação desportiva nacional,
por junta médica oficial, independentemente de compensação no País ou no exterior, conforme disposto em lei específica;
de horário. XI - afastamento para servir em organismo internacional
§ 3º As disposições constantes do § 2o são extensivas ao de que o Brasil participe ou com o qual coopere.
servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente com
deficiência. (Redação dada pela Lei nº 13.370, de 2016). Art. 103. Contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria
§ 4º Será igualmente concedido horário especial, vinculado e disponibilidade:
à compensação de horário a ser efetivada no prazo de até 1 I - o tempo de serviço público prestado aos Estados,
(um) ano, ao servidor que desempenhe atividade prevista nos Municípios e Distrito Federal;
incisos I e II do caput do art. 76-A desta Lei. II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da família
do servidor, com remuneração, que exceder a 30 (trinta) dias
Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no em período de 12 (doze) meses.
interesse da administração é assegurada, na localidade da III - a licença para atividade política, no caso do art. 86, §
nova residência ou na mais próxima, matrícula em instituição 2º;
de ensino congênere, em qualquer época, independentemente IV - o tempo correspondente ao desempenho de mandato
de vaga. eletivo federal, estadual, municipal ou distrital, anterior ao
Parágrafo único. O disposto neste artigo estende-se ao ingresso no serviço público federal;
cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do servidor V - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada à
que vivam na sua companhia, bem como aos menores sob sua Previdência Social;
guarda, com autorização judicial. VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra;
VII - o tempo de licença para tratamento da própria saúde
Capítulo VII que exceder o prazo a que se refere a alínea "b" do inciso VIII
Do Tempo de Serviço do art. 102.
§ 1º O tempo em que o servidor esteve aposentado será
Art. 100. É contado para todos os efeitos o tempo de contado apenas para nova aposentadoria.
serviço público federal, inclusive o prestado às Forças § 2º Será contado em dobro o tempo de serviço prestado
Armadas. às Forças Armadas em operações de guerra.
§ 3º É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço
Art. 101. A apuração do tempo de serviço será feita em dias, prestado concomitantemente em mais de um cargo ou função
que serão convertidos em anos, considerado o ano como de de órgão ou entidades dos Poderes da União, Estado, Distrito
trezentos e sessenta e cinco dias. Federal e Município, autarquia, fundação pública, sociedade de
Parágrafo único. (Revogado). economia mista e empresa pública.

Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no art. Capítulo VIII
97, são considerados como de efetivo exercício os Do Direito de Petição
afastamentos em virtude de:
I - férias; Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de requerer
II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse
órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, legítimo.
Municípios e Distrito Federal;
III - exercício de cargo ou função de governo ou Art. 105. O requerimento será dirigido à autoridade
administração, em qualquer parte do território nacional, por competente para decidi-lo e encaminhado por intermédio
nomeação do Presidente da República; daquela a que estiver imediatamente subordinado o
IV - participação em programa de treinamento requerente.
regularmente instituído ou em programa de pós-graduação
stricto sensu no País, conforme dispuser o regulamento; Art. 106. Cabe pedido de reconsideração à autoridade que
V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual, houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não
municipal ou do Distrito Federal, exceto para promoção por podendo ser renovado. (Vide Lei nº 12.300, de 2010)
merecimento; Parágrafo único. O requerimento e o pedido de
VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei; reconsideração de que tratam os artigos anteriores deverão
VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado o ser despachados no prazo de 5 (cinco) dias e decididos dentro
afastamento, conforme dispuser o regulamento; de 30 (trinta) dias.
VIII - licença:
a) à gestante, à adotante e à paternidade; Art. 107. Caberá recurso:
I - do indeferimento do pedido de reconsideração;

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II - das decisões sobre os recursos sucessivamente VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
interpostos. IX - manter conduta compatível com a moralidade
§ 1º O recurso será dirigido à autoridade imediatamente administrativa;
superior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão, e, X - ser assíduo e pontual ao serviço;
sucessivamente, em escala ascendente, às demais autoridades. XI - tratar com urbanidade as pessoas;
§ 2º O recurso será encaminhado por intermédio da XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de
autoridade a que estiver imediatamente subordinado o poder.
requerente. Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII
será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela
Art. 108. O prazo para interposição de pedido de autoridade superior àquela contra a qual é formulada,
reconsideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar da assegurando-se ao representando ampla defesa.
publicação ou da ciência, pelo interessado, da decisão
recorrida. Capítulo II
Das Proibições
Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito
suspensivo, a juízo da autoridade competente. Art. 117. Ao servidor é proibido:
Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido de I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia
reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão autorização do chefe imediato;
retroagirão à data do ato impugnado. II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente,
qualquer documento ou objeto da repartição;
Art. 110. O direito de requerer prescreve: III - recusar fé a documentos públicos;
I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de IV - opor resistência injustificada ao andamento de
cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afetem documento e processo ou execução de serviço;
interesse patrimonial e créditos resultantes das relações de V - promover manifestação de apreço ou desapreço no
trabalho; recinto da repartição;
II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos
quando outro prazo for fixado em lei. previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua
Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado da responsabilidade ou de seu subordinado;
data da publicação do ato impugnado ou da data da ciência VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-
pelo interessado, quando o ato não for publicado. se a associação profissional ou sindical, ou a partido político;
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função
Art. 111. O pedido de reconsideração e o recurso, quando de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo
cabíveis, interrompem a prescrição. grau civil;
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de
Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não podendo ser outrem, em detrimento da dignidade da função pública;
relevada pela administração. X - participar de gerência ou administração de sociedade
privada, personificada ou não personificada, exercer o
Art. 113. Para o exercício do direito de petição, é comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou
assegurada vista do processo ou documento, na repartição, ao comanditário;
servidor ou a procurador por ele constituído. XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto ao
órgão ou à entidade pública em que estiver lotado ou em
Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a exercício, exceto quando se tratar de benefícios
qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade. previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo
grau e de cônjuge ou companheiro; (Redação dada pela Medida
Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos Provisória nº 792, de 2017)
estabelecidos neste Capítulo, salvo motivo de força maior. XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de
qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
Título IV XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado
Do Regime Disciplinar estrangeiro;
Capítulo I XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
Dos Deveres XV - proceder de forma desidiosa;
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição
Art. 116. São deveres do servidor: em serviços ou atividades particulares;
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao
II - ser leal às instituições a que servir; cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e
III - observar as normas legais e regulamentares; transitórias;
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam
manifestamente ilegais; incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o
V - atender com presteza: horário de trabalho;
a) ao público em geral, prestando as informações XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando
requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; solicitado.
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do caput
direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; deste artigo não se aplica nos seguintes casos:
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. I - participação nos comitês de auditoria e nos conselhos
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão de administração e fiscal de empresas, sociedades ou
do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando entidades em que a União detenha, direta ou indiretamente,
houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de participação no capital social ou em sociedade cooperativa
outra autoridade competente para apuração; constituída para prestar serviços a seus membros; e (Redação
VII - zelar pela economia do material e a conservação do dada pela Medida Provisória nº 792, de 2017)
patrimônio público;

Noções de Direito Administrativo 42


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II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor
na forma do art. 91. (Redação dada pela Medida Provisória nº será afastada no caso de absolvição criminal que negue a
792, de 2017) existência do fato ou sua autoria.

Capítulo III Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado


Da Acumulação civil, penal ou administrativamente por dar ciência à
autoridade superior ou, quando houver suspeita de
Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição, é envolvimento desta, a outra autoridade competente para
vedada a acumulação remunerada de cargos públicos. apuração de informação concernente à prática de crimes ou
§ 1º A proibição de acumular estende-se a cargos, improbidade de que tenha conhecimento, ainda que em
empregos e funções em autarquias, fundações públicas, decorrência do exercício de cargo, emprego ou função pública.
empresas públicas, sociedades de economia mista da União, do
Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios. Capítulo V
§ 2º A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica Das Penalidades
condicionada à comprovação da compatibilidade de horários.
§ 3º Considera-se acumulação proibida a percepção de Art. 127. São penalidades disciplinares:
vencimento de cargo ou emprego público efetivo com I - advertência;
proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que II - suspensão;
decorram essas remunerações forem acumuláveis na III - demissão;
atividade. IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
V - destituição de cargo em comissão;
Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um cargo VI - destituição de função comissionada.
em comissão, exceto no caso previsto no parágrafo único do
art. 9º, nem ser remunerado pela participação em órgão de Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas
deliberação coletiva. a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à dela provierem para o serviço público, as circunstâncias
remuneração devida pela participação em conselhos de agravantes ou atenuantes e os antecedentes funcionais.
administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade
economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como mencionará sempre o fundamento legal e a causa da sanção
quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou disciplinar.
indiretamente, detenha participação no capital social,
observado o que, a respeito, dispuser legislação específica. Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos
de violação de proibição constante do art. 117, incisos I a VIII
Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que e XIX, e de inobservância de dever funcional previsto em lei,
acumular licitamente dois cargos efetivos, quando investido regulamentação ou norma interna, que não justifique
em cargo de provimento em comissão, ficará afastado de imposição de penalidade mais grave.
ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver
compatibilidade de horário e local com o exercício de um deles, Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de
declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou entidades reincidência das faltas punidas com advertência e de violação
envolvidos. das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita a
penalidade de demissão, não podendo exceder de 90
Capítulo IV (noventa) dias.
Das Responsabilidades § 1º Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o
servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser submetido a
Art. 121. O servidor responde civil, penal e inspeção médica determinada pela autoridade competente,
administrativamente pelo exercício irregular de suas cessando os efeitos da penalidade uma vez cumprida a
atribuições. determinação.
§ 2º Quando houver conveniência para o serviço, a
Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo penalidade de suspensão poderá ser convertida em multa, na
ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao base de 50% (cinquenta por cento) por dia de vencimento ou
erário ou a terceiros. remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer em
§ 1º A indenização de prejuízo dolosamente causado ao serviço.
erário somente será liquidada na forma prevista no art. 46, na
falta de outros bens que assegurem a execução do débito pela Art. 131. As penalidades de advertência e de suspensão
via judicial. terão seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5
§ 2º Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá (cinco) anos de efetivo exercício, respectivamente, se o
o servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva. servidor não houver, nesse período, praticado nova infração
§ 3º A obrigação de reparar o dano estende-se aos disciplinar.
sucessores e contra eles será executada, até o limite do valor Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não surtirá
da herança recebida. efeitos retroativos.

Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos:
contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade. I - crime contra a administração pública;
II - abandono de cargo;
Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resulta III - inassiduidade habitual;
de ato omissivo ou comissivo praticado no desempenho do IV - improbidade administrativa;
cargo ou função. V - incontinência pública e conduta escandalosa, na
repartição;
Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas VI - insubordinação grave em serviço;
poderão cumular-se, sendo independentes entre si.

Noções de Direito Administrativo 43


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VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a
salvo em legítima defesa própria ou de outrem; disponibilidade do inativo que houver praticado, na atividade,
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; falta punível com a demissão.
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do
cargo; Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido por
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de
nacional; infração sujeita às penalidades de suspensão e de demissão.
XI - corrupção; Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata este
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções artigo, a exoneração efetuada nos termos do art. 35 será
públicas; convertida em destituição de cargo em comissão.
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em
Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal comissão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132,
de cargos, empregos ou funções públicas, a autoridade a que implica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao
se refere o art. 143 notificará o servidor, por intermédio de sua erário, sem prejuízo da ação penal cabível.
chefia imediata, para apresentar opção no prazo
improrrogável de dez dias, contados da data da ciência e, na Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em
hipótese de omissão, adotará procedimento sumário para a comissão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI,
sua apuração e regularização imediata, cujo processo incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo
administrativo disciplinar se desenvolverá nas seguintes público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos.
fases: Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a federal o servidor que for demitido ou destituído do cargo em
comissão, a ser composta por dois servidores estáveis, e comissão por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.
simultaneamente indicar a autoria e a materialidade da
transgressão objeto da apuração; Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência
II - instrução sumária, que compreende indiciação, defesa intencional do servidor ao serviço por mais de trinta dias
e relatório; consecutivos.
III - julgamento.
§ 1º A indicação da autoria de que trata o inciso I dar-se-á Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao
pelo nome e matrícula do servidor, e a materialidade pela serviço, sem causa justificada, por sessenta dias,
descrição dos cargos, empregos ou funções públicas em interpoladamente, durante o período de doze meses.
situação de acumulação ilegal, dos órgãos ou entidades de
vinculação, das datas de ingresso, do horário de trabalho e do Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou
correspondente regime jurídico. inassiduidade habitual, também será adotado o procedimento
§ 2º A comissão lavrará, até três dias após a publicação do sumário a que se refere o art. 133, observando-se
ato que a constituiu, termo de indiciação em que serão especialmente que:
transcritas as informações de que trata o parágrafo anterior, I - a indicação da materialidade dar-se-á:
bem como promoverá a citação pessoal do servidor indiciado, a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação
ou por intermédio de sua chefia imediata, para, no prazo de precisa do período de ausência intencional do servidor ao
cinco dias, apresentar defesa escrita, assegurando-se lhe vista serviço superior a trinta dias;
do processo na repartição, observado o disposto nos arts. 163 b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos
e 164. dias de falta ao serviço sem causa justificada, por período igual
§ 3º Apresentada a defesa, a comissão elaborará relatório ou superior a sessenta dias interpoladamente, durante o
conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do período de doze meses;
servidor, em que resumirá as peças principais dos autos, II - após a apresentação da defesa a comissão elaborará
opinará sobre a licitude da acumulação em exame, indicará o relatório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade
respectivo dispositivo legal e remeterá o processo à do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos,
autoridade instauradora, para julgamento. indicará o respectivo dispositivo legal, opinará, na hipótese de
§ 4º No prazo de cinco dias, contados do recebimento do abandono de cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao
processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão, serviço superior a trinta dias e remeterá o processo à
aplicando-se, quando for o caso, o disposto no § 3º do art. 167. autoridade instauradora para julgamento.
§ 5º A opção pelo servidor até o último dia de prazo para
defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que se converterá Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas:
automaticamente em pedido de exoneração do outro cargo. I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das
§ 6º Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé, Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo
aplicar-se-á a pena de demissão, destituição ou cassação de Procurador-Geral da República, quando se tratar de demissão
aposentadoria ou disponibilidade em relação aos cargos, e cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servidor
empregos ou funções públicas em regime de acumulação vinculado ao respectivo Poder, órgão, ou entidade;
ilegal, hipótese em que os órgãos ou entidades de vinculação II - pelas autoridades administrativas de hierarquia
serão comunicados. imediatamente inferior àquelas mencionadas no inciso
§ 7º O prazo para a conclusão do processo administrativo anterior quando se tratar de suspensão superior a 30 (trinta)
disciplinar submetido ao rito sumário não excederá trinta dias, dias;
contados da data de publicação do ato que constituir a III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma
comissão, admitida a sua prorrogação por até quinze dias, dos respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de
quando as circunstâncias o exigirem. advertência ou de suspensão de até 30 (trinta) dias;
§ 8º O procedimento sumário rege-se pelas disposições IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando
deste artigo, observando-se, no que lhe for aplicável, se tratar de destituição de cargo em comissão.
subsidiariamente, as disposições dos Títulos IV e V desta Lei.
Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:

Noções de Direito Administrativo 44


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I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não
destituição de cargo em comissão; concluído o processo.
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência. Capítulo III
§ 1º O prazo de prescrição começa a correr da data em que Do Processo Disciplinar
o fato se tornou conhecido.
§ 2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam- Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento destinado
se às infrações disciplinares capituladas também como crime. a apurar responsabilidade de servidor por infração praticada
§ 3º A abertura de sindicância ou a instauração de processo no exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as
disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final atribuições do cargo em que se encontre investido.
proferida por autoridade competente.
§ 4º Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por
a correr a partir do dia em que cessar a interrupção. comissão composta de três servidores estáveis designados
pela autoridade competente, observado o disposto no § 3º do
Título V art. 143, que indicará, dentre eles, o seu presidente, que deverá
Do Processo Administrativo Disciplinar ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou
Capítulo I ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado.
Disposições Gerais § 1º A Comissão terá como secretário servidor designado
pelo seu presidente, podendo a indicação recair em um de seus
Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade membros.
no serviço público é obrigada a promover a sua apuração § 2º Não poderá participar de comissão de sindicância ou
imediata, mediante sindicância ou processo administrativo de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do acusado,
disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa. consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro
§ 1º (Revogado); grau.
§ 2º (Revogado);
§ 3º A apuração de que trata o caput, por solicitação da Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com
autoridade a que se refere, poderá ser promovida por independência e imparcialidade, assegurado o sigilo
autoridade de órgão ou entidade diverso daquele em que necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da
tenha ocorrido a irregularidade, mediante competência administração.
específica para tal finalidade, delegada em caráter permanente Parágrafo único. As reuniões e as audiências das comissões
ou temporário pelo Presidente da República, pelos presidentes terão caráter reservado.
das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo
Procurador-Geral da República, no âmbito do respectivo Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas
Poder, órgão ou entidade, preservadas as competências para o seguintes fases:
julgamento que se seguir à apuração. I - instauração, com a publicação do ato que constituir a
comissão;
Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão objeto II - inquérito administrativo, que compreende instrução,
de apuração, desde que contenham a identificação e o defesa e relatório;
endereço do denunciante e sejam formuladas por escrito, III - julgamento.
confirmada a autenticidade.
Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar Art. 152. O prazo para a conclusão do processo disciplinar
evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será não excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de
arquivada, por falta de objeto. publicação do ato que constituir a comissão, admitida a sua
prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias o
Art. 145. Da sindicância poderá resultar: exigirem.
I - arquivamento do processo; § 1º Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo
II - aplicação de penalidade de advertência ou suspensão integral aos seus trabalhos, ficando seus membros
de até 30 (trinta) dias; dispensados do ponto, até a entrega do relatório final.
III - instauração de processo disciplinar. § 2º As reuniões da comissão serão registradas em atas que
Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância não deverão detalhar as deliberações adotadas.
excederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por igual
período, a critério da autoridade superior. Seção I
Do Inquérito
Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor
ensejar a imposição de penalidade de suspensão por mais de Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao
30 (trinta) dias, de demissão, cassação de aposentadoria ou princípio do contraditório, assegurada ao acusado ampla
disponibilidade, ou destituição de cargo em comissão, será defesa, com a utilização dos meios e recursos admitidos em
obrigatória a instauração de processo disciplinar. direito.

Capítulo II Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o processo


Do Afastamento Preventivo disciplinar, como peça informativa da instrução.
Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindicância
Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servidor concluir que a infração está capitulada como ilícito penal, a
não venha a influir na apuração da irregularidade, a autoridade competente encaminhará cópia dos autos ao
autoridade instauradora do processo disciplinar poderá Ministério Público, independentemente da imediata
determinar o seu afastamento do exercício do cargo, pelo instauração do processo disciplinar.
prazo de até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da remuneração.
Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá a
tomada de depoimentos, acareações, investigações e

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diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova, recorrendo, Art. 162. O indiciado que mudar de residência fica obrigado
quando necessário, a técnicos e peritos, de modo a permitir a a comunicar à comissão o lugar onde poderá ser encontrado.
completa elucidação dos fatos.
Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e não
Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de sabido, será citado por edital, publicado no Diário Oficial da
acompanhar o processo pessoalmente ou por intermédio de União e em jornal de grande circulação na localidade do último
procurador, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir provas domicílio conhecido, para apresentar defesa.
e contraprovas e formular quesitos, quando se tratar de prova Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para
pericial. defesa será de 15 (quinze) dias a partir da última publicação
§ 1º O presidente da comissão poderá denegar pedidos do edital.
considerados impertinentes, meramente protelatórios, ou de
nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos. Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que,
§ 2º Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a regularmente citado, não apresentar defesa no prazo legal.
comprovação do fato independer de conhecimento especial de § 1º A revelia será declarada, por termo, nos autos do
perito. processo e devolverá o prazo para a defesa.
§ 2º Para defender o indiciado revel, a autoridade
Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor instauradora do processo designará um servidor como
mediante mandado expedido pelo presidente da comissão, defensor dativo, que deverá ser ocupante de cargo efetivo
devendo a segunda via, com o ciente do interessado, ser superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual
anexado aos autos. ou superior ao do indiciado.
Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público, a
expedição do mandado será imediatamente comunicada ao Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará
chefe da repartição onde serve, com a indicação do dia e hora relatório minucioso, onde resumirá as peças principais dos
marcados para inquirição. autos e mencionará as provas em que se baseou para formar a
sua convicção.
Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e § 1º O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência
reduzido a termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por ou à responsabilidade do servidor.
escrito. § 2º Reconhecida a responsabilidade do servidor, a
§ 1º As testemunhas serão inquiridas separadamente. comissão indicará o dispositivo legal ou regulamentar
§ 2º Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se transgredido, bem como as circunstâncias agravantes ou
infirmem, proceder-se-á à acareação entre os depoentes. atenuantes.

Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da
comissão promoverá o interrogatório do acusado, observados comissão, será remetido à autoridade que determinou a sua
os procedimentos previstos nos arts. 157 e 158. instauração, para julgamento.
§ 1º No caso de mais de um acusado, cada um deles será
ouvido separadamente, e sempre que divergirem em suas Seção II
declarações sobre fatos ou circunstâncias, será promovida a Do Julgamento
acareação entre eles.
§ 2º O procurador do acusado poderá assistir ao Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do
interrogatório, bem como à inquirição das testemunhas, recebimento do processo, a autoridade julgadora proferirá a
sendo-lhe vedado interferir nas perguntas e respostas, sua decisão.
facultando-se lhe, porém, reinquiri-las, por intermédio do § 1º Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da
presidente da comissão. autoridade instauradora do processo, este será encaminhado
à autoridade competente, que decidirá em igual prazo.
Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental § 2º Havendo mais de um indiciado e diversidade de
do acusado, a comissão proporá à autoridade competente que sanções, o julgamento caberá à autoridade competente para a
ele seja submetido a exame por junta médica oficial, da qual imposição da pena mais grave.
participe pelo menos um médico psiquiatra. § 3º Se a penalidade prevista for a demissão ou cassação de
Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento caberá às
processado em auto apartado e apenso ao processo principal, autoridades de que trata o inciso I do art. 141.
após a expedição do laudo pericial. § 4º Reconhecida pela comissão a inocência do servidor, a
autoridade instauradora do processo determinará o seu
Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será formulada a arquivamento, salvo se flagrantemente contrária à prova dos
indiciação do servidor, com a especificação dos fatos a ele autos.
imputados e das respectivas provas.
§ 1º O indiciado será citado por mandado expedido pelo Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comissão,
presidente da comissão para apresentar defesa escrita, no salvo quando contrário às provas dos autos.
prazo de 10 (dez) dias, assegurando-se lhe vista do processo Parágrafo único. Quando o relatório da comissão
na repartição. contrariar as provas dos autos, a autoridade julgadora poderá,
§ 2º Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum motivadamente, agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou
e de 20 (vinte) dias. isentar o servidor de responsabilidade.
§ 3º O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro,
para diligências reputadas indispensáveis. Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável, a
§ 4º No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na autoridade que determinou a instauração do processo ou
cópia da citação, o prazo para defesa contar-se-á da data outra de hierarquia superior declarará a sua nulidade, total ou
declarada, em termo próprio, pelo membro da comissão que parcial, e ordenará, no mesmo ato, a constituição de outra
fez a citação, com a assinatura de (2) duas testemunhas. comissão para instauração de novo processo.
§ 1º O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade
do processo.

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§ 2º A autoridade julgadora que der causa à prescrição de Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que aplicou a
que trata o art. 142, § 2º, será responsabilizada na forma do penalidade, nos termos do art. 141.
Capítulo IV do Título IV. Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20
(vinte) dias, contados do recebimento do processo, no curso
Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a do qual a autoridade julgadora poderá determinar diligências.
autoridade julgadora determinará o registro do fato nos
assentamentos individuais do servidor. Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada sem
efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os
Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como crime, direitos do servidor, exceto em relação à destituição do cargo
o processo disciplinar será remetido ao Ministério Público em comissão, que será convertida em exoneração.
para instauração da ação penal, ficando trasladado na Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá
repartição. resultar agravamento de penalidade.

Art. 172. O servidor que responder a processo disciplinar Título VI


só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado Da Seguridade Social do Servidor
voluntariamente, após a conclusão do processo e o Capítulo I
cumprimento da penalidade, acaso aplicada. Disposições Gerais
Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o
parágrafo único, inciso I do art. 34, o ato será convertido em Art. 183. A União manterá Plano de Seguridade Social para
demissão, se for o caso. o servidor e sua família.
§ 1º O servidor ocupante de cargo em comissão que não
Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias: seja, simultaneamente, ocupante de cargo ou emprego efetivo
I - ao servidor convocado para prestar depoimento fora da na administração pública direta, autárquica e fundacional não
sede de sua repartição, na condição de testemunha, terá direito aos benefícios do Plano de Seguridade Social, com
denunciado ou indiciado; exceção da assistência à saúde.
II - aos membros da comissão e ao secretário, quando § 2º O servidor afastado ou licenciado do cargo efetivo, sem
obrigados a se deslocarem da sede dos trabalhos para a direito à remuneração, inclusive para servir em organismo
realização de missão essencial ao esclarecimento dos fatos. oficial internacional do qual o Brasil seja membro efetivo ou
com o qual coopere, ainda que contribua para regime de
Seção III previdência social no exterior, terá suspenso o seu vínculo com
Da Revisão do Processo o regime do Plano de Seguridade Social do Servidor Público
enquanto durar o afastamento ou a licença, não lhes assistindo,
Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a neste período, os benefícios do mencionado regime de
qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem previdência. (Incluído pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003)
fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a § 3º Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado
inocência do punido ou a inadequação da penalidade aplicada. sem remuneração a manutenção da vinculação ao regime do
§ 1º Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento Plano de Seguridade Social do Servidor Público, mediante o
do servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a recolhimento mensal da respectiva contribuição, no mesmo
revisão do processo. percentual devido pelos servidores em atividade, incidente
§ 2º No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão sobre a remuneração total do cargo a que faz jus no exercício
será requerida pelo respectivo curador. de suas atribuições, computando-se, para esse efeito, inclusive,
as vantagens pessoais. (Incluído pela Lei nº 10.667, de
Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe ao 14.5.2003)
requerente. § 4º O recolhimento de que trata o § 3º deve ser efetuado
até o segundo dia útil após a data do pagamento das
Art. 176. A simples alegação de injustiça da penalidade não remunerações dos servidores públicos, aplicando-se os
constitui fundamento para a revisão, que requer elementos procedimentos de cobrança e execução dos tributos federais
novos, ainda não apreciados no processo originário. quando não recolhidas na data de vencimento.

Art. 177. O requerimento de revisão do processo será Art. 184. O Plano de Seguridade Social visa a dar cobertura
dirigido ao Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que, aos riscos a que estão sujeitos o servidor e sua família, e
se autorizar a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do compreende um conjunto de benefícios e ações que atendam
órgão ou entidade onde se originou o processo disciplinar. às seguintes finalidades:
Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade I - garantir meios de subsistência nos eventos de doença,
competente providenciará a constituição de comissão, na invalidez, velhice, acidente em serviço, inatividade,
forma do art. 149. falecimento e reclusão;
II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade;
Art. 178. A revisão correrá em apenso ao processo III - assistência à saúde.
originário. Parágrafo único. Os benefícios serão concedidos nos
Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá dia termos e condições definidos em regulamento, observadas as
e hora para a produção de provas e inquirição das disposições desta Lei.
testemunhas que arrolar.
Art. 185. Os benefícios do Plano de Seguridade Social do
Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para servidor compreendem:
a conclusão dos trabalhos. I - quanto ao servidor:
a) aposentadoria;
Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, b) auxílio-natalidade;
no que couber, as normas e procedimentos próprios da c) salário-família;
comissão do processo disciplinar. d) licença para tratamento de saúde;
e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade;

Noções de Direito Administrativo 47


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f) licença por acidente em serviço; § 1º A aposentadoria por invalidez será precedida de


g) assistência à saúde; licença para tratamento de saúde, por período não excedente
h) garantia de condições individuais e ambientais de a 24 (vinte e quatro) meses.
trabalho satisfatórias; § 2º Expirado o período de licença e não estando em
II - quanto ao dependente: condições de reassumir o cargo ou de ser readaptado, o
a) pensão vitalícia e temporária; servidor será aposentado.
b) auxílio-funeral; § 3º O lapso de tempo compreendido entre o término da
c) auxílio-reclusão; licença e a publicação do ato da aposentadoria será
d) assistência à saúde. considerado como de prorrogação da licença.
§ 1º As aposentadorias e pensões serão concedidas e § 4º Para os fins do disposto no §1º deste artigo, serão
mantidas pelos órgãos ou entidades aos quais se encontram consideradas apenas as licenças motivadas pela enfermidade
vinculados os servidores, observado o disposto nos arts. 189 e ensejadora da invalidez ou doenças correlacionadas.
224. § 5º A critério da Administração, o servidor em licença
§ 2º O recebimento indevido de benefícios havidos por para tratamento de saúde ou aposentado por invalidez poderá
fraude, dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário do total ser convocado a qualquer momento, para avaliação das
auferido, sem prejuízo da ação penal cabível. condições que ensejaram o afastamento ou a aposentadoria.

Capítulo II Art. 189. O provento da aposentadoria será calculado com


Dos Benefícios observância do disposto no § 3º do art. 41, e revisto na mesma
Seção I data e proporção, sempre que se modificar a remuneração dos
Da Aposentadoria servidores em atividade.
Parágrafo único. São estendidos aos inativos quaisquer
Art. 186. O servidor será aposentado: (Vide art. 40 da benefícios ou vantagens posteriormente concedidas aos
Constituição) servidores em atividade, inclusive quando decorrentes de
I - por invalidez permanente, sendo os proventos integrais transformação ou reclassificação do cargo ou função em que se
quando decorrente de acidente em serviço, moléstia deu a aposentadoria.
profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável,
especificada em lei, e proporcionais nos demais casos; Art. 190. O servidor aposentado com provento
II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proporcional ao tempo de serviço se acometido de qualquer
proventos proporcionais ao tempo de serviço; das moléstias especificadas no § 1º do art. 186 desta Lei e, por
II - voluntariamente: esse motivo, for considerado inválido por junta médica oficial
a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos passará a perceber provento integral, calculado com base no
30 (trinta) se mulher, com proventos integrais; fundamento legal de concessão da aposentadoria. (Redação
b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções de dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
magistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se professora, com
proventos integrais; Art. 191. Quando proporcional ao tempo de serviço, o
c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 provento não será inferior a 1/3 (um terço) da remuneração
(vinte e cinco) se mulher, com proventos proporcionais a esse da atividade.
tempo;
d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e aos Art. 192. (Revogado).
60 (sessenta) se mulher, com proventos proporcionais ao
tempo de serviço. Art. 193. (Revogado).
§1º Consideram-se doenças graves, contagiosas ou
incuráveis, a que se refere o inciso I deste artigo, tuberculose Art. 194. Ao servidor aposentado será paga a gratificação
ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, natalina, até o dia vinte do mês de dezembro, em valor
cegueira posterior ao ingresso no serviço público, hanseníase, equivalente ao respectivo provento, deduzido o adiantamento
cardiopatia grave, doença de Parkinson, paralisia irreversível recebido.
e incapacitante, espondiloartrose anquilosante, nefropatia
grave, estados avançados do mal de Paget (osteíte Art. 195. Ao ex-combatente que tenha efetivamente
deformante), Síndrome de Imunodeficiência Adquirida - AIDS, participado de operações bélicas, durante a Segunda Guerra
e outras que a lei indicar, com base na medicina especializada. Mundial, nos termos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de
§2º Nos casos de exercício de atividades consideradas 1967, será concedida aposentadoria com provento integral,
insalubres ou perigosas, bem como nas hipóteses previstas no aos 25 (vinte e cinco) anos de serviço efetivo.
art. 71, a aposentadoria de que trata o inciso III, "a" e "c",
observará o disposto em lei específica. Seção II
§3º Na hipótese do inciso I o servidor será submetido à Do Auxílio-Natalidade
junta médica oficial, que atestará a invalidez quando
caracterizada a incapacidade para o desempenho das Art. 196. O auxílio-natalidade é devido à servidora por
atribuições do cargo ou a impossibilidade de se aplicar o motivo de nascimento de filho, em quantia equivalente ao
disposto no art. 24. menor vencimento do serviço público, inclusive no caso de
natimorto.
Art. 187. A aposentadoria compulsória será automática, e § 1º Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acrescido
declarada por ato, com vigência a partir do dia imediato àquele de 50% (cinquenta por cento), por nascituro.
em que o servidor atingir a idade-limite de permanência no § 2º O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro
serviço ativo. servidor público, quando a parturiente não for servidora.

Art. 188. A aposentadoria voluntária ou por invalidez


vigorará a partir da data da publicação do respectivo ato.

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Seção III Art. 205. O atestado e o laudo da junta médica não se


Do Salário-Família referirão ao nome ou natureza da doença, salvo quando se
tratar de lesões produzidas por acidente em serviço, doença
Art. 197. O salário-família é devido ao servidor ativo ou ao profissional ou qualquer das doenças especificadas no art. 186,
inativo, por dependente econômico. § 1º.
Parágrafo único. Consideram-se dependentes econômicos
para efeito de percepção do salário-família: Art. 206. O servidor que apresentar indícios de lesões
I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os orgânicas ou funcionais será submetido à inspeção médica.
enteados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se estudante,
até 24 (vinte e quatro) anos ou, se inválido, de qualquer idade; Art. 206-A. O servidor será submetido a exames médicos
II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante periódicos, nos termos e condições definidos em regulamento.
autorização judicial, viver na companhia e às expensas do Parágrafo único. Para os fins do disposto no caput, a União
servidor, ou do inativo; e suas entidades autárquicas e fundacionais poderão:
III - a mãe e o pai sem economia própria. (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014)
I - prestar os exames médicos periódicos diretamente pelo
Art. 198. Não se configura a dependência econômica órgão ou entidade à qual se encontra vinculado o servidor;
quando o beneficiário do salário-família perceber rendimento (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014)
do trabalho ou de qualquer outra fonte, inclusive pensão ou II - celebrar convênio ou instrumento de cooperação ou
provento da aposentadoria, em valor igual ou superior ao parceria com os órgãos e entidades da administração direta,
salário-mínimo. suas autarquias e fundações; (Incluído pela Lei nº 12.998, de
2014)
Art. 199. Quando o pai e mãe forem servidores públicos e III - celebrar convênios com operadoras de plano de
viverem em comum, o salário-família será pago a um deles; assistência à saúde, organizadas na modalidade de autogestão,
quando separados, será pago a um e outro, de acordo com a que possuam autorização de funcionamento do órgão
distribuição dos dependentes. regulador, na forma do art. 230; ou (Incluído pela Lei nº
Parágrafo único. Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto, 12.998, de 2014)
a madrasta e, na falta destes, os representantes legais dos IV - prestar os exames médicos periódicos mediante
incapazes. contrato administrativo, observado o disposto na Lei nº 8.666,
de 21 de junho de 1993, e demais normas pertinentes.
Art. 200. O salário-família não está sujeito a qualquer (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014)
tributo, nem servirá de base para qualquer contribuição,
inclusive para a Previdência Social. Seção V
Da Licença à Gestante, à Adotante e da Licença-
Art. 201. O afastamento do cargo efetivo, sem Paternidade
remuneração, não acarreta a suspensão do pagamento do
salário-família. Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante por
120 (cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da
Seção IV remuneração.
Da Licença para Tratamento de Saúde § 1º A licença poderá ter início no primeiro dia do nono
mês de gestação, salvo antecipação por prescrição médica.
Art. 202. Será concedida ao servidor licença para § 2º No caso de nascimento prematuro, a licença terá início
tratamento de saúde, a pedido ou de ofício, com base em a partir do parto.
perícia médica, sem prejuízo da remuneração a que fizer jus. § 3º No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do
evento, a servidora será submetida a exame médico, e se
Art. 203. A licença de que trata o art. 202 desta Lei será julgada apta, reassumirá o exercício.
concedida com base em perícia oficial. § 4º No caso de aborto atestado por médico oficial, a
§ 1º Sempre que necessário, a inspeção médica será servidora terá direito a 30 (trinta) dias de repouso
realizada na residência do servidor ou no estabelecimento remunerado.
hospitalar onde se encontrar internado.
§ 2º Inexistindo médico no órgão ou entidade no local onde Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor
se encontra ou tenha exercício em caráter permanente o terá direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias
servidor, e não se configurando as hipóteses previstas nos consecutivos.
parágrafos do art. 230, será aceito atestado passado por
médico particular. Art. 209. Para amamentar o próprio filho, até a idade de
§ 3º No caso do § 2º deste artigo, o atestado somente seis meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada
produzirá efeitos depois de recepcionado pela unidade de de trabalho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada
recursos humanos do órgão ou entidade. em dois períodos de meia hora.
§ 4º A licença que exceder o prazo de 120 (cento e vinte)
dias no período de 12 (doze) meses a contar do primeiro dia Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial
de afastamento será concedida mediante avaliação por junta de criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90
médica oficial. (noventa) dias de licença remunerada.
§ 5º A perícia oficial para concessão da licença de que trata Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial de
o caput deste artigo, bem como nos demais casos de perícia criança com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata
oficial previstos nesta Lei, será efetuada por cirurgiões- este artigo será de 30 (trinta) dias.
dentistas, nas hipóteses em que abranger o campo de atuação
da odontologia. Seção VI
Da Licença por Acidente em Serviço
Art. 204. A licença para tratamento de saúde inferior a 15
(quinze) dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser dispensada de Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o
perícia oficial, na forma definida em regulamento. servidor acidentado em serviço.

Noções de Direito Administrativo 49


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Art. 212. Configura acidente em serviço o dano físico ou § 3º O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho
mental sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou mediante declaração do servidor e desde que comprovada
imediatamente, com as atribuições do cargo exercido. dependência econômica, na forma estabelecida em
Parágrafo único. Equipara-se ao acidente em serviço o regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
dano:
I - decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo Art. 218. Ocorrendo habilitação de vários titulares à
servidor no exercício do cargo; pensão, o seu valor será distribuído em partes iguais entre os
II - sofrido no percurso da residência para o trabalho e beneficiários habilitados. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
vice-versa. 2015)
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
Art. 213. O servidor acidentado em serviço que necessite 2015)
de tratamento especializado poderá ser tratado em instituição § 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
privada, à conta de recursos públicos. 2015)
Parágrafo único. O tratamento recomendado por junta § 3º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
médica oficial constitui medida de exceção e somente será 2015)
admissível quando inexistirem meios e recursos adequados
em instituição pública. Art. 219. A pensão poderá ser requerida a qualquer tempo,
prescrevendo tão-somente as prestações exigíveis há mais de
Art. 214. A prova do acidente será feita no prazo de 10 5 (cinco) anos.
(dez) dias, prorrogável quando as circunstâncias o exigirem. Parágrafo único. Concedida a pensão, qualquer prova
posterior ou habilitação tardia que implique exclusão de
Seção VII beneficiário ou redução de pensão só produzirá efeitos a partir
Da Pensão da data em que for oferecida.

Art. 215. Por morte do servidor, os dependentes, nas Art. 220. Perde o direito à pensão por morte: (Redação
hipóteses legais, fazem jus à pensão a partir da data de óbito, dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
observado o limite estabelecido no inciso XI do caput do art. I - após o trânsito em julgado, o beneficiário condenado
37 da Constituição Federal e no art. 2o da Lei no 10.887, de 18 pela prática de crime de que tenha dolosamente resultado a
de junho de 2004. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) morte do servidor; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira se
Art. 216. (Revogado pela Lei nº 13.135, de 2015) comprovada, a qualquer tempo, simulação ou fraude no
casamento ou na união estável, ou a formalização desses com
Art. 217. São beneficiários das pensões: o fim exclusivo de constituir benefício previdenciário,
I - o cônjuge; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) apuradas em processo judicial no qual será assegurado o
a) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) direito ao contraditório e à ampla defesa. (Incluído pela Lei nº
b) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) 13.135, de 2015)
c) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
d) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) Art. 221. Será concedida pensão provisória por morte
e) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) presumida do servidor, nos seguintes casos:
II - o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de I - declaração de ausência, pela autoridade judiciária
fato, com percepção de pensão alimentícia estabelecida competente;
judicialmente; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) II - desaparecimento em desabamento, inundação,
a) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) incêndio ou acidente não caracterizado como em serviço;
b) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) III - desaparecimento no desempenho das atribuições do
c) Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) cargo ou em missão de segurança.
d) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) Parágrafo único. A pensão provisória será transformada
III - o companheiro ou companheira que comprove união em vitalícia ou temporária, conforme o caso, decorridos 5
estável como entidade familiar; (Incluído pela Lei nº 13.135, (cinco) anos de sua vigência, ressalvado o eventual
de 2015) reaparecimento do servidor, hipótese em que o benefício será
IV - o filho de qualquer condição que atenda a um dos automaticamente cancelado.
seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
a) seja menor de 21 (vinte e um) anos; (Incluído pela Lei nº Art. 222. Acarreta perda da qualidade de beneficiário:
13.135, de 2015) I - o seu falecimento;
b) seja inválido; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) II - a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer
c) (Vide Lei nº 13.135, de 2015) após a concessão da pensão ao cônjuge;
d) tenha deficiência intelectual ou mental, nos termos do III - a cessação da invalidez, em se tratando de beneficiário
regulamento; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) inválido, o afastamento da deficiência, em se tratando de
V - a mãe e o pai que comprovem dependência econômica beneficiário com deficiência, ou o levantamento da interdição,
do servidor; e (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) em se tratando de beneficiário com deficiência intelectual ou
VI - o irmão de qualquer condição que comprove mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz,
dependência econômica do servidor e atenda a um dos respeitados os períodos mínimos decorrentes da aplicação das
requisitos previstos no inciso IV. (Incluído pela Lei nº 13.135, alíneas “a” e “b” do inciso VII; (Redação dada pela Lei nº
de 2015) 13.135, de 2015)
§ 1º A concessão de pensão aos beneficiários de que tratam IV - o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos, pelo
os incisos I a IV do caput exclui os beneficiários referidos nos filho ou irmão; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
incisos V e VI. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) V - a acumulação de pensão na forma do art. 225;
§ 2º A concessão de pensão aos beneficiários de que trata VI - a renúncia expressa; e (Redação dada pela Lei nº
o inciso V do caput exclui o beneficiário referido no inciso VI. 13.135, de 2015)
(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)

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VII - em relação aos beneficiários de que tratam os incisos Seção VIII


I a III do caput do art. 217: (Incluído pela Lei nº 13.135, de Do Auxílio-Funeral
2015)
a) o decurso de 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem Art. 226. O auxílio-funeral é devido à família do servidor
que o servidor tenha vertido 18 (dezoito) contribuições falecido na atividade ou aposentado, em valor equivalente a
mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem sido um mês da remuneração ou provento.
iniciados em menos de 2 (dois) anos antes do óbito do § 1º No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio será
servidor; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) pago somente em razão do cargo de maior remuneração.
b) o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de § 2º (VETADO).
acordo com a idade do pensionista na data de óbito do § 3º O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e oito)
servidor, depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições horas, por meio de procedimento sumaríssimo, à pessoa da
mensais e pelo menos 2 (dois) anos após o início do casamento família que houver custeado o funeral.
ou da união estável: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de Art. 227. Se o funeral for custeado por terceiro, este será
idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) indenizado, observado o disposto no artigo anterior.
2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis)
anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) Art. 228. Em caso de falecimento de servidor em serviço
3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) fora do local de trabalho, inclusive no exterior, as despesas de
anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) transporte do corpo correrão à conta de recursos da União,
4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos autarquia ou fundação pública.
de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta Seção IX
e três) anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) Do Auxílio-Reclusão
6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de
idade. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) Art. 229. À família do servidor ativo é devido o auxílio-
§ 1o A critério da administração, o beneficiário de pensão reclusão, nos seguintes valores:
cuja preservação seja motivada por invalidez, por I - dois terços da remuneração, quando afastado por
incapacidade ou por deficiência poderá ser convocado a motivo de prisão, em flagrante ou preventiva, determinada
qualquer momento para avaliação das referidas condições. pela autoridade competente, enquanto perdurar a prisão;
(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) II - metade da remuneração, durante o afastamento, em
§ 2o Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida no virtude de condenação, por sentença definitiva, a pena que não
inciso III ou os prazos previstos na alínea “b” do inciso VII, determine a perda de cargo.
ambos do caput, se o óbito do servidor decorrer de acidente de § 1º Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o servidor
qualquer natureza ou de doença profissional ou do trabalho, terá direito à integralização da remuneração, desde que
independentemente do recolhimento de 18 (dezoito) absolvido.
contribuições mensais ou da comprovação de 2 (dois) anos de § 2º O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir do
casamento ou de união estável. (Incluído pela Lei nº 13.135, de dia imediato àquele em que o servidor for posto em liberdade,
2015) ainda que condicional.
§ 3o Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e desde § 3o Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio-reclusão
que nesse período se verifique o incremento mínimo de um será devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos
ano inteiro na média nacional única, para ambos os sexos, dependentes do segurado recolhido à prisão. (Incluído pela Lei
correspondente à expectativa de sobrevida da população nº 13.135, de 2015)
brasileira ao nascer, poderão ser fixadas, em números inteiros,
novas idades para os fins previstos na alínea “b” do inciso VII Capítulo III
do caput, em ato do Ministro de Estado do Planejamento, Da Assistência à Saúde
Orçamento e Gestão, limitado o acréscimo na comparação com
as idades anteriores ao referido incremento. (Incluído pela Lei Art. 230. A assistência à saúde do servidor, ativo ou inativo,
nº 13.135, de 2015) e de sua família compreende assistência médica, hospitalar,
§ 4o O tempo de contribuição a Regime Próprio de odontológica, psicológica e farmacêutica, terá como diretriz
Previdência Social (RPPS) ou ao Regime Geral de Previdência básica o implemento de ações preventivas voltadas para a
Social (RGPS) será considerado na contagem das 18 (dezoito) promoção da saúde e será prestada pelo Sistema Único de
contribuições mensais referidas nas alíneas “a” e “b” do inciso Saúde – SUS, diretamente pelo órgão ou entidade ao qual
VII do caput. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) estiver vinculado o servidor, ou mediante convênio ou
contrato, ou ainda na forma de auxílio, mediante
Art. 223. Por morte ou perda da qualidade de beneficiário, ressarcimento parcial do valor despendido pelo servidor, ativo
a respectiva cota reverterá para os cobeneficiários. (Redação ou inativo, e seus dependentes ou pensionistas com planos ou
dada pela Lei nº 13.135, de 2015) seguros privados de assistência à saúde, na forma estabelecida
I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) em regulamento.
II - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de § 1º Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja exigida
2015) perícia, avaliação ou inspeção médica, na ausência de médico
ou junta médica oficial, para a sua realização o órgão ou
Art. 224. As pensões serão automaticamente atualizadas entidade celebrará, preferencialmente, convênio com
na mesma data e na mesma proporção dos reajustes dos unidades de atendimento do sistema público de saúde,
vencimentos dos servidores, aplicando-se o disposto no entidades sem fins lucrativos declaradas de utilidade pública,
parágrafo único do art. 189. ou com o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS.
§ 2º Na impossibilidade, devidamente justificada, da
Art. 225. Ressalvado o direito de opção, é vedada a aplicação do disposto no parágrafo anterior, o órgão ou
percepção cumulativa de pensão deixada por mais de um entidade promoverá a contratação da prestação de serviços
cônjuge ou companheiro ou companheira e de mais de 2 por pessoa jurídica, que constituirá junta médica
(duas) pensões. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) especificamente para esses fins, indicando os nomes e

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especialidades dos seus integrantes, com a comprovação de Art. 239. Por motivo de crença religiosa ou de convicção
suas habilitações e de que não estejam respondendo a filosófica ou política, o servidor não poderá ser privado de
processo disciplinar junto à entidade fiscalizadora da quaisquer dos seus direitos, sofrer discriminação em sua vida
profissão. funcional, nem eximir-se do cumprimento de seus deveres.
§ 3º Para os fins do disposto no caput deste artigo, ficam a
União e suas entidades autárquicas e fundacionais autorizadas Art. 240. Ao servidor público civil é assegurado, nos termos
a: da Constituição Federal, o direito à livre associação sindical e
I - celebrar convênios exclusivamente para a prestação de os seguintes direitos, entre outros, dela decorrentes:
serviços de assistência à saúde para os seus servidores ou a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como
empregados ativos, aposentados, pensionistas, bem como para substituto processual;
seus respectivos grupos familiares definidos, com entidades b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até um ano
de autogestão por elas patrocinadas por meio de instrumentos após o final do mandato, exceto se a pedido;
jurídicos efetivamente celebrados e publicados até 12 de c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade sindical
fevereiro de 2006 e que possuam autorização de a que for filiado, o valor das mensalidades e contribuições
funcionamento do órgão regulador, sendo certo que os definidas em assembleia geral da categoria.
convênios celebrados depois dessa data somente poderão sê- d) (Revogado);
lo na forma da regulamentação específica sobre patrocínio de e) (Revogado).
autogestões, a ser publicada pelo mesmo órgão regulador, no
prazo de 180 (cento e oitenta) dias da vigência desta Lei, Art. 241. Consideram-se da família do servidor, além do
normas essas também aplicáveis aos convênios existentes até cônjuge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas
12 de fevereiro de 2006; expensas e constem do seu assentamento individual.
II - contratar, mediante licitação, na forma da Lei no 8.666, Parágrafo único. Equipara-se ao cônjuge a companheira ou
de 21 de junho de 1993, operadoras de planos e seguros companheiro, que comprove união estável como entidade
privados de assistência à saúde que possuam autorização de familiar.
funcionamento do órgão regulador;
III - (VETADO) Art. 242. Para os fins desta Lei, considera-se sede o
§ 4º (VETADO) município onde a repartição estiver instalada e onde o
§ 5º O valor do ressarcimento fica limitado ao total servidor tiver exercício, em caráter permanente.
despendido pelo servidor ou pensionista civil com plano ou
seguro privado de assistência à saúde. Título IX
Capítulo Único
Capítulo IV Das Disposições Transitórias e Finais
Do Custeio
Art. 243. Ficam submetidos ao regime jurídico instituído
Art. 231. (Revogado) por esta Lei, na qualidade de servidores públicos, os
servidores dos Poderes da União, dos ex-Territórios, das
Título VII autarquias, inclusive as em regime especial, e das fundações
Capítulo Único públicas, regidos pela Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952 -
Da Contratação Temporária de Excepcional Interesse Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União, ou pela
Público Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei
nº 5.452, de 1º de maio de 1943, exceto os contratados por
Art. 232. (Revogado). prazo determinado, cujos contratos não poderão ser
prorrogados após o vencimento do prazo de prorrogação.
Art. 233. (Revogado). § 1º Os empregos ocupados pelos servidores incluídos no
regime instituído por esta Lei ficam transformados em cargos,
Art. 234. (Revogado). na data de sua publicação.
§ 2º As funções de confiança exercidas por pessoas não
Art. 235. (Revogado). integrantes de tabela permanente do órgão ou entidade onde
têm exercício ficam transformadas em cargos em comissão, e
Título VIII mantidas enquanto não for implantado o plano de cargos dos
Capítulo Único órgãos ou entidades na forma da lei.
Das Disposições Gerais § 3º As Funções de Assessoramento Superior - FAS,
exercidas por servidor integrante de quadro ou tabela de
Art. 236. O Dia do Servidor Público será comemorado a pessoal, ficam extintas na data da vigência desta Lei.
vinte e oito de outubro. § 4º (VETADO).
§ 5º O regime jurídico desta Lei é extensivo aos
Art. 237. Poderão ser instituídos, no âmbito dos Poderes serventuários da Justiça, remunerados com recursos da União,
Executivo, Legislativo e Judiciário, os seguintes incentivos no que couber.
funcionais, além daqueles já previstos nos respectivos planos § 6º Os empregos dos servidores estrangeiros com
de carreira: estabilidade no serviço público, enquanto não adquirirem a
I - prêmios pela apresentação de ideias, inventos ou nacionalidade brasileira, passarão a integrar tabela em
trabalhos que favoreçam o aumento de produtividade e a extinção, do respectivo órgão ou entidade, sem prejuízo dos
redução dos custos operacionais; direitos inerentes aos planos de carreira aos quais se
II - concessão de medalhas, diplomas de honra ao mérito, encontrem vinculados os empregos.
condecoração e elogio. § 7º Os servidores públicos de que trata o caput deste
artigo, não amparados pelo art. 19 do Ato das Disposições
Art. 238. Os prazos previstos nesta Lei serão contados em Constitucionais Transitórias, poderão, no interesse da
dias corridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do Administração e conforme critérios estabelecidos em
vencimento, ficando prorrogado, para o primeiro dia útil regulamento, ser exonerados mediante indenização de um
seguinte, o prazo vencido em dia em que não haja expediente.

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mês de remuneração por ano de efetivo exercício no serviço 02. (IFF - Assistente de Administração – FCM/2016)
público federal. Ronaldo, servidor público federal, retira da repartição um
§ 8º Para fins de incidência do imposto de renda na fonte e documento pertencente ao patrimônio público a fim de
na declaração de rendimentos, serão considerados como realizar uma diligência inerente às suas atribuições
indenizações isentas os pagamentos efetuados a título de profissionais. Diante dessa situação, a conduta de Ronaldo é
indenização prevista no parágrafo anterior. (A) permitida, desde que o servidor esteja legalmente
§ 9º Os cargos vagos em decorrência da aplicação do autorizado.
disposto no § 7º poderão ser extintos pelo Poder Executivo (B) permitida, desde que o documento não seja sigiloso ou
quando considerados desnecessários. de relevante interesse público.
(C) vedada, uma vez que somente a autoridade superior da
Art. 244. Os adicionais por tempo de serviço, já concedidos repartição possui essa prerrogativa.
aos servidores abrangidos por esta Lei, ficam transformados (D) permitida, desde que essa seja uma prática
em anuênio. corriqueiramente executada pelos seus colegas de repartição.
(E) vedada, uma vez que é proibido por lei, em caráter
Art. 245. A licença especial disciplinada pelo art. 116 da Lei absoluto, retirar da repartição pública qualquer documento,
nº 1.711, de 1952, ou por outro diploma legal, fica livro ou bem pertencente ao patrimônio público.
transformada em licença-prêmio por assiduidade, na forma
prevista nos arts. 87 a 90. 03. (IFF - Assistente de Administração – FCM/2016) A
vacância de um cargo público NÃO decorrerá de
Art. 246. (VETADO). (A) reversão.
(B) falecimento.
Art. 247. Para efeito do disposto no Título VI desta Lei, (C) exoneração.
haverá ajuste de contas com a Previdência Social, (D) readaptação.
correspondente ao período de contribuição por parte dos (E) aposentadoria.
servidores celetistas abrangidos pelo art. 243.
04. (ANVISA - Técnico Administrativo – CESPE/2016)
Art. 248. As pensões estatutárias, concedidas até a vigência José, servidor público estável de órgão do Poder Executivo
desta Lei, passam a ser mantidas pelo órgão ou entidade de federal, durante o período de doze meses, faltou
origem do servidor. intencionalmente ao serviço por cinquenta dias consecutivos,
sem causa justificada. A administração pública, mediante
Art. 249. Até a edição da lei prevista no § 1º do art. 231, os procedimento disciplinar sumário, enquadrou a conduta de
servidores abrangidos por esta Lei contribuirão na forma e nos José como abandono de cargo.
percentuais atualmente estabelecidos para o servidor civil da
União conforme regulamento próprio. A respeito dessa situação hipotética, julgue o item que se
segue.
Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a José somente poderia ser demitido por abandono de cargo
satisfazer, dentro de 1 (um) ano, as condições necessárias para caso tivesse se ausentado por mais de sessenta dias
a aposentadoria nos termos do inciso II do art. 184 do antigo consecutivos.
Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União, Lei n° ( ) Certo
1.711, de 28 de outubro de 1952, aposentar-se-á com a ( ) Errado
vantagem prevista naquele dispositivo.
05. (ANVISA - Técnico Administrativo – CESPE/2016) O
Art. 251. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) teto de um imóvel pertencente à União desabou em
decorrência de fortes chuvas, as quais levaram o poder público
Art. 252. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, a decretar estado de calamidade na região. Maria, servidora
com efeitos financeiros a partir do primeiro dia do mês pública responsável por conduzir o processo licitatório para a
subsequente. contratação dos serviços de reparo pertinentes, diante da
situação de calamidade pública, decidiu contratar mediante
Art. 253. Ficam revogadas a Lei nº 1.711, de 28 de outubro dispensa de licitação. Findo o processo de licitação, foi
de 1952, e respectiva legislação complementar, bem como as escolhida a Empresa Y, que apresentou preços superiores ao
demais disposições em contrário. preço de mercado, mas, reservadamente, prometeu, caso fosse
contratada pela União, realizar, com generoso desconto, uma
Questões grande reforma no banheiro da residência de Maria. Ao final,
em razão da urgência, foi firmado contrato verbal entre a
01. (FUB - Conhecimentos Básicos - Cargo 20 – União e a Empresa Y e executados tanto os reparos
CESPE/2016) Eduardo, servidor público em estágio contratados quanto a reforma prometida.
probatório, frequentemente se ausentava de seu local de Com referência a essa situação hipotética, julgue o item
trabalho sem justificativa e, quando voltava, se apresentava que se segue.
nitidamente embriagado. Em razão desses fatos, a comissão de
ética, tendo apreciado a conduta do servidor, decidiu aplicar a A autoridade que tiver ciência da conduta de Maria será
ele a penalidade de advertência. Eduardo foi, então, reprovado obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante
no estágio probatório e, por isso, foi demitido, sem que a sindicância ou processo administrativo disciplinar.
administração pública tenha observado o contraditório e a ( ) Certo
ampla defesa. Considerando essa situação hipotética, julgue o ( ) Errado
item a seguir.
A reprovação de Eduardo no estágio probatório, de acordo 06. (ANVISA - Técnico Administrativo – CESPE/2016)
com a lei, é hipótese de exoneração do cargo, e não de João, após aprovação em concurso público, foi nomeado em
demissão, como ocorreu na situação narrada. 2015 para integrar o quadro de uma entidade da
( ) Certo administração indireta dotada de personalidade jurídica de
( ) Errado direito privado.

Noções de Direito Administrativo 53


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APOSTILAS OPÇÃO

Acerca dessa situação hipotética, julgue o item seguinte. (A) reversão.


Com a aprovação no referido concurso, João passará a (B) remoção.
ocupar cargo público efetivo regido pelo regime jurídico único (C) recondução.
dos servidores públicos civis. (D) substituição.
( ) Certo (E) readaptação.
( ) Errado
11. (FUB - Conhecimentos Básicos - Cargos de 1 a 7 –
07. (TRT - 20ª REGIÃO (SE) - Técnico Judiciário – CESPE/2016) Com base nas disposições da Lei n.º
Administrativa – FCC/2016) Considere 8.112/1990, julgue o item seguinte.
I. Ministro de Estado.
II. Secretário Estadual. Será exonerado de ofício o servidor que, tendo tomado
III. Vereador. posse, não entrar em exercício no prazo estabelecido em lei.
IV. Prefeito ( ) Certo
( ) Errado
De acordo com a Constituição Federal, serão remunerados,
exclusivamente, por subsídio fixado em parcela única, vedado 12. (FUB - Conhecimentos Básicos - Cargos de 1 a 7 –
o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, CESPE/2016) Com base nas disposições da Lei n.º
prêmio, verba de representação ou outra espécie 8.112/1990, julgue o item seguinte.
remuneratória, obedecidas as normas constitucionais
pertinentes, os cargos indicados em Servidor que se encontre em estágio probatório não
(A) II, III e IV, apenas. poderá exercer cargo em comissão no órgão em que esteja
(B) I, II e III, apenas. lotado.
(C) I, II, III e IV. ( ) Certo
(D) I, III e IV, apenas. ( ) Errado
(E) I e II, apenas.
13. (FUB - Conhecimentos Básicos - Cargos de 1 a 7 –
08. (PGE-AM - Procurador do Estado – CESPE/2016) CESPE/2016) Em conformidade com a Lei n.º 8.112/1990 e
Um motorista alcoolizado abalroou por trás viatura da polícia suas alterações, julgue o item que se segue.
militar que estava regularmente estacionada. Do acidente
resultaram lesões em cidadão que estava retido dentro do O valor referente ao pagamento de ajuda de custo, diárias,
compartimento traseiro do veículo. Esse cidadão então ajuizou transporte e auxílio-moradia incorpora-se ao vencimento do
ação de indenização por danos materiais contra o Estado, servidor público para todos os efeitos.
alegando responsabilidade objetiva. O procurador ( ) Certo
responsável pela contestação deixou de alegar culpa exclusiva ( ) Errado
de terceiro e não solicitou denunciação da lide. O corregedor
determinou a apuração da responsabilidade do procurador, 14. (TRT - 20ª REGIÃO (SE) - Técnico Judiciário -
por entender que houve negligência na elaboração da defesa, Tecnologia da Informação – FCC/2016) Joaquim é Técnico
por acreditar que seria útil à defesa do poder público alegar de Enfermagem no Tribunal Regional do Trabalho da 20a
culpa exclusiva de terceiro na geração do acidente. Região. Há um ano, Joaquim está afastado de seu cargo por
motivo de licença para tratar de assuntos particulares. Nos
Considerando essa situação hipotética, julgue o próximo termos da Lei no 8.112/1990, a mencionada licença poderá ser
item. (A) interrompida a qualquer tempo, não se exigindo um
O procurador poderá defender-se pessoalmente, prazo mínimo para tanto.
advogando em causa própria, se contra ele for instaurado (B) renovada, no entanto, não comporta interrupção,
processo administrativo disciplinar. Outras categorias de devendo transcorrer seu prazo integral, para então ser
servidores, contudo, necessitariam contratar advogado, declarada encerrada
imprescindível para o exercício da ampla defesa no processo (C) interrompida apenas no interesse do serviço e não a
administrativo disciplinar. pedido do servidor.
( ) Certo (D) concedida pelo prazo máximo de dois anos
( ) Errado consecutivos.
(E) usufruída, mantendo o servidor a sua remuneração.
09. (IF Farroupilha – RS - Docente -
Administração/Gestão de Pessoas – FCM/2016) NÃO é 15. (TRT - 20ª REGIÃO (SE) - Técnico Judiciário –
dever do servidor público, Administrativa – FCC/2016) Luciana é técnica
(A) guardar sigilo sobre assunto da repartição. administrativa do Tribunal Regional do Trabalho da 20a
(B) manter conduta compatível com a moralidade Região há quinze anos, tendo, dentre outras atribuições, a de
administrativa. classificar e autuar os processos. Cumpre salientar que
(C) zelar pela economia do material e pela conservação do Luciana detém um histórico funcional exemplar, haja vista
patrimônio público. nunca ter sofrido qualquer penalidade administrativa. Em
(D) atender com presteza as requisições para a defesa da 2015, opôs resistência injustificada à autuação de
Fazenda Pública. determinados processos, retardando propositadamente os
(E) cumprir as ordens superiores independentemente de seus andamentos. Nos termos da Lei n° 8.112/1990, a ação
sua legalidade, em virtude do respeito à hierarquia. disciplinar quanto à infração praticada por Luciana
prescreverá em
10. (IF Farroupilha – RS - Docente - (A) 5 anos.
Administração/Gestão de Pessoas – FCM/2016) A (B) 2 anos.
investidura do servidor, em cargo de atribuições e de (C) 180 dias.
responsabilidades compatíveis com a limitação, que tenha (D) 1 ano.
sofrido em sua capacidade física ou mental, verificada em (E) 90 dias.
inspeção médica, é denominada de

Noções de Direito Administrativo 54


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APOSTILAS OPÇÃO

16. (UFPR - Técnico em Mecânica - NC-UFPR/2017) São (B) A proibição de acumulação remunerada de cargos
requisitos básicos para investidura em cargo público previstos públicos se estende às sociedades de economia mista e
na Lei 8.112/90, EXCETO: empresas públicas.
(A) gozo dos direitos políticos. (C) A estabilidade do servidor será atingida após três anos
(B) idade mínima de dezoito anos. de efetivo exercício, sendo prescindível a avaliação especial de
(C) quitação com as obrigações perante o Fisco. desempenho.
(D) aptidão física e mental. (D) É possível a acumulação remunerada de dois cargos de
(E) nacionalidade brasileira. profissionais de saúde, devidamente regulamentados.
(E) O servidor público estável poderá perder o cargo em
17. (UFPR - Técnico em Mecânica - NC-UFPR/2017) face de sentença judicial transitada em julgado.
Considere a hipótese de servidor público estável que é
demitido, após procedimento administrativo, e tem a 22. (CESPE) A respeito do conceito e dos direitos e deveres
demissão anulada por decisão judicial. Qual é a forma de dos agentes administrativos, julgue os itens seguintes.
provimento do cargo público nesse caso? Os direitos e deveres do servidor público são consagrados
(A) Aproveitamento. na Constituição Federal e na legislação federal, vedada a
(B) Reintegração. instituição de outros direitos e deveres no âmbito das leis
(C) Readaptação. ordinárias dos estados e dos municípios.
(D) Reversão. ( ) Certo
(E) Recondução. ( ) Errado

18. I - Reintegração é a reinvestidura do servidor estável 23. (FCC) Os servidores públicos sujeitam-se a deveres
no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de legais e têm assegurado outra gama de direitos em seu favor.
sua transformação, quando invalidada a sua demissão por Alguns desses direitos e deveres relacionam-se aos princípios
decisão administrativa ou judicial, com ressarcimento de todas que regem a atuação da Administração pública, podendo- se
as vantagens. exemplificar com a
II - O servidor estável só perderá o cargo em virtude de (A) possibilidade de greve nos serviços públicos,
sentença judicial transitada em julgado ou de processo considerando entendimento jurisprudencial do STF, diante da
administrativo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla inexistência de lei específica, como expressão do princípio da
defesa. continuidade dos serviços públicos.
III - Reversão é o retorno à atividade de servidor (B) permissão de greve para os servidores públicos,
aposentado por invalidez, quando junta médica oficial declarar amplamente permitida ante a ausência de regramento legal ou
insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou no interesse jurisprudencial, como expressão do princípio da igualdade.
da administração, respeitadas as hipóteses legais. (C) proibição de greve para todos os servidores
IV - Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo estatutários e a possibilidade de greve para todos os celetistas,
anteriormente ocupado e decorrerá de inabilitação em estágio como expressão do princípio da eficiência.
probatório relativo a outro cargo ou reintegração do anterior (D) possibilidade plena de greve para todos os ocupantes
ocupante. de cargo, emprego e função, como forma de expressão do
princípio da impessoalidade.
Avalie as assertivas abaixo, classificando-as com “V” (E) proibição de greve no serviço público, posto ser
quando verdadeiras, ou “F”, caso sejam falsas, de acordo com integralmente vedada para todas as categorias, como
os termos da Lei nº 8.112/1990. A seguir, escolha a alternativa expressão do princípio da legalidade.
que corresponda à sequência correta:
(A) V, V, F, F. 24. (CESPE) Com base na legislação atinente à investidura
(B) V, F, F, V. e ao exercício da função pública e aos direitos e deveres dos
(C) F, F, V, F. funcionários públicos, julgue os itens que se seguem.
(D) V, V, V, F. Considere a seguinte situação hipotética.
(E) V, V, V, V. Uma servidora pública em estágio probatório solicitou
remoção para acompanhar seu cônjuge, também servidor
19. A vacância de um cargo público NÃO decorrerá de público, removido, em decorrência de aprovação em concurso
(A) reversão. de remoção, para unidade de lotação em outro estado da
(B) falecimento. Federação.
(C) exoneração. Nessa situação hipotética, a servidora não preenche os
(D) readaptação. requisitos legais necessários à obtenção da remoção, visto que
(E) aposentadoria. ainda cumpre estágio probatório, circunstância essa que
condiciona sua remoção ao interesse da administração
20. (VUNESP) Ser leal às instituições a que servir e exercer pública.
com zelo e dedicação as atribuições do cargo, nos termos da ( ) Certo
Lei n.º 8.112/90, em relação ao servidor, fazem parte de. ( ) Errado
(A) suas funções.
(B) suas competências. 25. São deveres dos servidores públicos, exceto:
(C) seus deveres. (A) representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de
(D) seus direitos. poder.
(E) suas faculdades. (B) levar ao conhecimento da autoridade superior às
irregularidades de que tiver ciência do cargo.
21. (UPENET/IAUPE) Quanto aos direitos e deveres dos (C) atender com presteza à expedição de certidões
servidores públicos, assinale a alternativa INCORRETA. requeridas para defesa de direito ou esclarecimento de
(A) O servidor público estável pode perder o cargo, dentre situações de interesse pessoal.
outras hipóteses, após processo administrativo em que lhe (D) tratar com urbanidade as pessoas.
seja assegurada ampla defesa. (E) cumprir as ordens superiores, mesmo que
manifestamente ilegais.

Noções de Direito Administrativo 55


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26. (FUNCAB) São deveres dos servidores públicos:


(A) cumprir todas as ordens superiores, inclusive as 8 Lei nº 8.429/1992, e suas
manifestamente ilegais, cuja responsabilização caberá alterações.
integralmente à autoridade que expedir tal ordem.
(B) atender ao público com presteza, expedindo certidões
requeridas para a defesa de direito ou esclarecimento de IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
situações de interesse pessoal, ressalvando-se as informações
protegidas por sigilo. Noções Gerais.
(C) levar ao conhecimento do superior hierárquico
informações acerca de todos os atos regulares ou irregulares Improbidade administrativa é um termo técnico,
que forem praticados pelos demais servidores da repartição designativo para falar de corrupção administrativa.
pública. Ela se promove sobre diversas formas, entre elas: pelo
(D) atuar junto a repartições públicas, na condição de desvirtuamento da função pública (a Administração Pública) e
procuradores ou intermediários, salvo nos casos legalmente da ordem jurídica.
permitidos, como na assistência de parentes até o segundo A improbidade se revela com a aquisição de vantagens
grau, e de cônjuge ou companheiro. patrimoniais indevidas (a expensas do erário).
(E) a representação contra legalidade, omissão ou abuso
de poder, assegurando-se ao acusado o direito à ampla defesa O ilícito de improbidade possui natureza jurídica de ilícito
e contraditório. civil, entretanto, isso não afasta possível incidência das esferas
penal e administrativas (lembre-se que as esferas cível, penal
27. São deveres do servidor público, exceto: e administrativas são independentes entre si).
(A) Levar ao conhecimento da autoridade superior as
irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo; O art. 2º da Lei 8.429/92 dispõe que agente público que
(B) Guardar sigilo sobre assunto da repartição; exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por
(C) Manter conduta compatível com a improbidade eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra
administrativa; forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou
(D) Representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de função em qualquer entidade da administração direta,
poder; indireta, fundacional ou autárquica de qualquer dos Poderes
(E) observar as normas legais e regulamentares; da União, Estados ou Municípios e de empresas incorporadas
ao patrimônio público poderão responder por atos ímprobos.
28. (UFRRJ) Um servidor, ao entrar em exercício, foi
informado pela chefia imediata sobre os seus direitos, deveres Atenção!
e responsabilidades. Quais das opções apresenta um dever a Há grande divergência quanto à aplicação da lei de
ser observado por esse servidor? improbidade aos agentes políticos. Veja como tem se
(A) Exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo. posicionado o STF e o STJ sobre o assunto:
(B) Promover manifestação de apreço ou desapreço no STF: tem entendido que os agentes políticos não estão
recinto da repartição. sujeitos à Lei de improbidade, isso porque o crime de
(C) Recusar fé a documentos públicos. responsabilidade estipula sanções de natureza civil e seria bis
(D) Utilizar-se do cargo para proveito pessoal. in idem admitir as duas punições.
(E) Resistir injustificadamente ao andamento de processo STJ: excetuada a hipótese de atos de improbidade
administrativo. praticados pelo Presidente da República e Ministros de Estado
em crimes conexos com este, não há norma alguma que proíba
29. (CESPE) A respeito de direitos, deveres e que os agentes políticos respondam por crimes de
responsabilidades dos servidores públicos civis, julgue o item responsabilidade e por atos de improbidade. (Reclamações
seguinte. 2790 e 2115).

É dever do servidor público civil da União zelar pela Os atos de improbidade estão disciplinados nos arts. 9º a
economia do material e pela conservação do patrimônio 11 da Lei 8.429/92 e dispõe sobre hipóteses de enriquecimento
público. ilícito, atos que causem prejuízo ao erário e atos que atentam
( ) Certo contra os princípios da Administração Pública. Esses eram os
( ) Errado atos previstos até o final do ano 2016, com a LC 157/16
introduziu-se nova Seção ao Capítulo. Agora, além daqueles
30. (UFPR - Auxiliar em Administração - NC- atos acima descritos poderá configurar ato de improbidade a
UFPR/2017) São hipóteses de vacância do cargo público na ação ou omissão decorrentes de concessão ou aplicação
Lei 8.112/90, EXCETO: indevida de benefício financeiro ou tributário (art. 10-A).
(A) falecimento.
(B) demissão. Quanto ao elemento subjetivo desses atos, regra geral, ato
(C) exoneração. de improbidade exige DOLO.
(D) licença sem vencimentos.
(E) aposentadoria. Vamos à leitura na íntegra da lei:

Respostas LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992.

01. Certo. / 02. A. / 03. A. / 04. Errado. / 05. Certo. Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos
06. Errado. / 07. C. / 08. Errado. / 09. E. / 10. E. nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato,
11. Certo. / 12. Errado. / 13. Errado. / 14. A. / 15. C. cargo, emprego ou função na administração pública direta,
16. C. / 17. B / 18. E. / 19. A / 20. C indireta ou fundacional e dá outras providências.
21. C. / 22. Errado. / 23. A /24. Errado.
25. C. / 26. B. / 27. C. / 28. A. / 29. Certo. / 30. D O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:

Noções de Direito Administrativo 56


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CAPÍTULO I cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades


Das Disposições Gerais mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou
agente público, servidor ou não, contra a administração direta, indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou
indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão
empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade decorrente das atribuições do agente público;
para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou
da receita anual, serão punidos na forma desta lei. imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades no art. 1° por preço superior ao valor de mercado;
desta lei os atos de improbidade praticados contra o III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o
incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao
daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido valor de mercado;
ou concorra com menos de cinquenta por cento do patrimônio IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos,
ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de
patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos propriedade ou à disposição de qualquer das entidades
cofres públicos. mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de
servidores públicos, empregados ou terceiros contratados por
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, essas entidades;
todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem V - receber vantagem econômica de qualquer natureza,
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de
ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de
cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar
artigo anterior. promessa de tal vantagem;
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza,
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição
couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou
ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de
beneficie sob qualquer forma direta ou indireta. mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades
mencionadas no art. 1º desta lei;
Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de
são obrigados a velar pela estrita observância dos princípios mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer
de legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do
trato dos assuntos que lhe são afetos. patrimônio ou à renda do agente público;
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de
Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica
omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado
o integral ressarcimento do dano. por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente
público, durante a atividade;
Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente IX - perceber vantagem econômica para intermediar a
público ou terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos liberação ou aplicação de verba pública de qualquer natureza;
ao seu patrimônio. X - receber vantagem econômica de qualquer natureza,
direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao ou declaração a que esteja obrigado;
patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio
autoridade administrativa responsável pelo inquérito bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei;
dos bens do indiciado. XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o valores integrantes do acervo patrimonial das entidades
caput deste artigo recairá sobre bens que assegurem o integral mencionadas no art. 1° desta lei.
ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial
resultante do enriquecimento ilícito. Seção II
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam
Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio Prejuízo ao Erário
público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às
cominações desta lei até o limite do valor da herança. Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que
causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou
CAPÍTULO II culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
Dos Atos de Improbidade Administrativa malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das
Seção I entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:
Dos Atos de Improbidade Administrativa que I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a
Importam Enriquecimento Ilícito incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou
jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do
Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta
importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de lei;
vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica
privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do

Noções de Direito Administrativo 57


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acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de
lei, sem a observância das formalidades legais ou ofício;
regulamentares aplicáveis à espécie; III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente razão das atribuições e que deva permanecer em segredo;
despersonalizado, ainda que de fins educativos ou IV - negar publicidade aos atos oficiais;
assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de V - frustrar a licitude de concurso público;
qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-
observância das formalidades legais e regulamentares lo;
aplicáveis à espécie; VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida
bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria,
referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço bem ou serviço.
por parte delas, por preço inferior ao de mercado; VIII - XVI a XXI - (Vide Lei nº 13.019, de 2014)
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de IX - (Vide Lei nº 13.146, de 2015)
bem ou serviço por preço superior ao de mercado;
VI - realizar operação financeira sem observância das CAPÍTULO III
normas legais e regulamentares ou aceitar garantia Das Penas
insuficiente ou inidônea;
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e
observância das formalidades legais ou regulamentares administrativas previstas na legislação específica, está o
aplicáveis à espécie; responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá- cominações, que podem ser aplicadas isolada ou
lo indevidamente; (Vide Lei nº 13.019, de 2014) cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato:
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores
autorizadas em lei ou regulamento; acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou do dano, quando houver, perda da função pública, suspensão
renda, bem como no que diz respeito à conservação do dos direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de multa
patrimônio público; civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial e
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das proibição de contratar com o Poder Público ou receber
normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
aplicação irregular; indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;
enriqueça ilicitamente; II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano,
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao
veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função
natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos,
entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano e
trabalho de servidor público, empregados ou terceiros proibição de contratar com o Poder Público ou receber
contratados por essas entidades. benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da
por objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;
associada sem observar as formalidades previstas na lei; III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano,
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem se houver, perda da função pública, suspensão dos direitos
suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até
formalidades previstas na lei. cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e
XVI a XXI - (Vide Lei nº 13.019, de 2014) proibição de contratar com o Poder Público ou receber
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
Seção II-A indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da
Dos Atos de Improbidade Administrativa Decorrentes qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.
de Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício IV- na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função
Financeiro ou Tributário pública, suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8 (oito)
(Incluído pela Lei Complementar 157/16) anos e multa civil de até 3 (três) vezes o valor do benefício
financeiro ou tributário concedido. (Incluído pela LC 157/16)
Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o
qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar ou manter juiz levará em conta a extensão do dano causado, assim como
benefício financeiro ou tributário contrário ao que dispõem o o proveito patrimonial obtido pelo agente.
caput e o §1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31
de julho de 2003. CAPÍTULO IV
Da Declaração de Bens
Seção III
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam
Atentam Contra os Princípios da Administração Pública condicionados à apresentação de declaração dos bens e
valores que compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que arquivada no serviço de pessoal competente. (Regulamento)
atenta contra os princípios da administração pública qualquer (Regulamento)
ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, § 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis,
imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e semoventes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie
notadamente: de bens e valores patrimoniais, localizado no País ou no
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento exterior, e, quando for o caso, abrangerá os bens e valores
ou diverso daquele previsto, na regra de competência; patrimoniais do cônjuge ou companheiro, dos filhos e de

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outras pessoas que vivam sob a dependência econômica do § 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as
declarante, excluídos apenas os objetos e utensílios de uso ações necessárias à complementação do ressarcimento do
doméstico. patrimônio público.
§ 2º A declaração de bens será anualmente atualizada e na § 3º No caso de a ação principal ter sido proposta pelo
data em que o agente público deixar o exercício do mandato, Ministério Público, aplica-se, no que couber, o disposto no § 3º
cargo, emprego ou função. do art. 6º da Lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965.
§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço § 4º O Ministério Público, se não intervir no processo como
público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de
público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro nulidade.
do prazo determinado, ou que a prestar falsa. § 5º A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo
§ 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a
declaração anual de bens apresentada à Delegacia da Receita mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
Federal na conformidade da legislação do Imposto sobre a § 6º A ação será instruída com documentos ou justificação
Renda e proventos de qualquer natureza, com as necessárias que contenham indícios suficientes da existência do ato de
atualizações, para suprir a exigência contida no caput e no § 2° improbidade ou com razões fundamentadas da
deste artigo . impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas,
observada a legislação vigente, inclusive as disposições
CAPÍTULO V inscritas nos arts. 16 a 18 do Código de Processo Civil.
Do Procedimento Administrativo e do Processo § 7º Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará
Judicial autuá-la e ordenará a notificação do requerido, para oferecer
manifestação por escrito, que poderá ser instruída com
Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade documentos e justificações, dentro do prazo de quinze dias.
administrativa competente para que seja instaurada § 8º Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias,
investigação destinada a apurar a prática de ato de em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se convencido da
improbidade. inexistência do ato de improbidade, da improcedência da ação
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo ou da inadequação da via eleita.
e assinada, conterá a qualificação do representante, as § 9º Recebida a petição inicial, será o réu citado para
informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas apresentar contestação.
de que tenha conhecimento. § 10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, agravo de instrumento.
em despacho fundamentado, se esta não contiver as § 11. Em qualquer fase do processo, reconhecida a
formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não inadequação da ação de improbidade, o juiz extinguirá o
impede a representação ao Ministério Público, nos termos do processo sem julgamento do mérito.
art. 22 desta lei. § 12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a nos processos regidos por esta Lei o disposto no art. 221, caput
autoridade determinará a imediata apuração dos fatos que, em e § 1º, do Código de Processo Penal.
se tratando de servidores federais, será processada na forma § 13. Para os efeitos deste artigo, também se considera
prevista nos arts. 148 a 182 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro pessoa jurídica interessada o ente tributante que figurar no
de 1990 e, em se tratando de servidor militar, de acordo com polo ativo da obrigação tributária de que tratam o §4º do art.
os respectivos regulamentos disciplinares. 3º e o art. 8º-A da LC 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído
pela LC 157/16)
Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao
Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de
existência de procedimento administrativo para apurar a reparação de dano ou decretar a perda dos bens havidos
prática de ato de improbidade. ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão dos bens,
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou conforme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo
Conselho de Contas poderá, a requerimento, designar ilícito.
representante para acompanhar o procedimento
administrativo. CAPÍTULO VI
Das Disposições Penais
Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a
comissão representará ao Ministério Público ou à Art. 19. Constitui crime a representação por ato de
procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário,
a decretação do sequestro dos bens do agente ou terceiro que quando o autor da denúncia o sabe inocente.
tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
público. Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está
§ 1º O pedido de sequestro será processado de acordo com sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais
o disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Processo Civil. ou à imagem que houver provocado.
§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o
exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos
financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da
lei e dos tratados internacionais. sentença condenatória.
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa
Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será competente poderá determinar o afastamento do agente
proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica público do exercício do cargo, emprego ou função, sem
interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária
cautelar. à instrução processual.
§ 1º (Revogado pela Medida provisória nº 703, de 2015).
Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei
independe:

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I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, (C) Os atos de improbidade descritos no art. 11 da Lei n.°
salvo quanto à pena de ressarcimento; 8.429'1992, para sua configuração, exigem a demonstração da
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de ocorrência de dano para a administração pública ou
controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas. enriquecimento ilícito do agente.
(D) A punição administrativa do servidor faltoso impede a
Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, o aplicação das penas previstas na Lei de Improbidade
Ministério Público, de ofício, a requerimento de autoridade Administrativa (Lei n.° 8.429/1992).
administrativa ou mediante representação formulada de (E) O atentado à vida e à liberdade individual de
acordo com o disposto no art. 14, poderá requisitar a particulares, se praticado por agentes públicos armados, pode
instauração de inquérito policial ou procedimento configurar improbidade administrativa.
administrativo.
03. (FUB - Conhecimentos Básicos - Cargos de 1 a 7 –
CAPÍTULO VII CESPE/2016) Julgue o item que se segue, de acordo com o
Da Prescrição disposto na Lei de Improbidade Administrativa.

Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções Não dar publicidade a ato oficial configura ato de
previstas nesta lei podem ser propostas: improbidade administrativa.
I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, ( ) Certo
de cargo em comissão ou de função de confiança; ( ) Errado
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica
para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do 04. (DER-CE - Procurador Autárquico - UECE-
serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou CEV/2016) É exemplo de ato de improbidade administrativa
emprego. que importa enriquecimento ilícito
(A) permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de
CAPÍTULO VIII bem ou serviço por preço superior ao de mercado.
Das Disposições Finais (B) realizar operação financeira sem observância das
normas legais e regulamentares ou aceitar garantia
Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. insuficiente ou inidônea.
(C) retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de
Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho ofício.
de 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais (D) aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de
disposições em contrário. consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica
que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado
Questões por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente
público, durante a atividade.
01. (TJ-RS - Assessor Judiciário – FAURGS/2016)
Quanto à Lei de Improbidade Administrativa, assinale a 05. (ANS - Técnico Administrativo – FUNCAB/2016)
alternativa correta. Assinale a alternativa correta de acordo com a Lei n°
(A) As normas da Lei de Improbidade Administrativa não 8.429/1992 e os atos de improbidade administrativa.
se aplicam a quem não seja agente público. (A) Apenas os agentes públicos de hierarquia superior são
(B) Os agentes de sociedades de economia mista, por obrigados a velar pela estrita observância dos princípios de
estarem submetidos a uma relação de emprego, não estão legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato
submetidos aos comandos da Lei de Improbidade dos assuntos que lhe são afetos.
Administrativa. (B) Somente os agentes públicos poderão representar à
(C) A ação civil por ato de improbidade administrativa, por autoridade administrativa competente para que seja
depender de atuação institucional e apuração de instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato de
responsabilidades, só pode ser movida pelo Ministério improbidade.
Público. (C) O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio
(D) Quando o Ministério Público ingressa com a ação civil público ou se enriquecer ilicitamente não está sujeito às
de improbidade administrativa, a pessoa jurídica de direito cominações desta lei.
público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de (D) Não constitui ato de improbidade administrativa
impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou importando enriquecimento ilícito perceber vantagem
poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba
interesse público, a juízo do respectivo representante legal ou pública de qualquer natureza.
dirigente. (E) As disposições dessa lei são aplicáveis, no que couber,
(E) O sucessor do causador do dano em ato de àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou
improbidade administrativa não sofre qualquer concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se
responsabilização patrimonial, ainda que tenha recebido beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
herança ou legado do infrator.
06. (MPE-RS - Secretário de Diligências – MPE-RS)
02. (PC-PE - Escrivão de Polícia – CESPE/2016) Assinale Tocante ao Procedimento Administrativo e ao Processo
a opção correta com referência a improbidade administrativa Judicial previstos na Lei nº 8.429/1992 (Lei de Improbidade
e à Lei de Improbidade Administrativa (Lei n.° 8.429/1992). Administrativa), assinale a alternativa correta.
(A) A aplicação administrativa da pena de demissão (A) Somente servidor público que tiver conhecimento
prevista em lei reguladora de carreira pública exige que se acerca da prática de eventual ato de improbidade
aguarde o trânsito em julgado da ação de improbidade administrativa poderá representar à autoridade
administrativa. administrativa competente para que seja instaurada
(B) Os atos de improbidade descritos no art. 11 da Lei n.° investigação.
8.429'1992 não exigem a presença do dolo para sua (B) A rejeição da representação impede o oferecimento de
configuração. representação ao Ministério Público a respeito do mesmo fato.

Noções de Direito Administrativo 60


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(C) Nas ações de improbidade, havendo condenação do princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e
demandado à reparação de danos, poderá ser admitido o publicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos.
perdão judicial. (C) A posse e o exercício de agente público não estão
(D) Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará condicionados à apresentação de declaração dos bens e
autuá-la e ordenará a citação do réu para o oferecimento de valores que compõem seu patrimônio privado.
contestação. (D) Qualquer pessoa poderá representar à autoridade
(E) Autuada a inicial, o juiz ordenará a notificação do administrativa competente, para que seja instaurada
requerido, para oferecer manifestação por escrito, no prazo de investigação destinada a apurar a prática de ato de
15 (quinze) dias. improbidade.
(E) A aplicação das sanções previstas nessa lei depende da
07. (UFSBA - Assistente em Administração – aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle
UFBA/2017) De acordo com a Lei de Improbidade interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
Administrativa (Lei nº 8.429/1992), o agente responsável pelo
ato de improbidade nos casos de enriquecimento ilícito está Respostas
sujeito, entre outras sanções, à
(A) perda dos direitos políticos. 01. D. / 02. E. / 03. Certo. / 04. D. / 05. E.
(B) cassação dos direitos políticos. 06. E / 07. D. / 08. E / 09. C. / 10. D
(C) suspensão dos direitos políticos, em caso de recusa de
prestação alternativa.
(D) suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos. 9 Lei nº 9.784/1999, e suas
alterações.
08. (TJM-SP - Escrevente Técnico Judiciário –
VUNESP/2017) É ato de improbidade administrativa que
causa prejuízo ao erário: PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
(A) perceber vantagem econômica para intermediar a
liberação ou aplicação de verba pública de qualquer natureza. 1- Conceito.
(B) receber vantagem econômica de qualquer natureza, Processo administrativo se configura por uma série
direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência concatenada de atos administrativos, respeitando uma ordem
ou declaração a que esteja obrigado. posta por lei, com uma finalidade específica, ensejando a
(C) revelar fato ou circunstância de que tem ciência em prática de um ato final12.
razão das atribuições e que deva permanecer em segredo.
(D) revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de O processo administrativo disciplinar se faz necessário,
terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida pois é por meio dele que quaisquer penalidades
política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, administrativas serão aplicadas.
bem ou serviço.
(E) conceder benefício administrativo ou fiscal sem a No âmbito da Administração Pública federal, o processo
observância das formalidades legais ou regulamentares administrativo disciplinar tem previsão legal na Constituição
aplicáveis à espécie. Federal, na Lei nº 8.112/90, especificamente nos Títulos IV –
“Do Regime Disciplinar” - e V – “Do Processo Administrativo
09. (UFTM - Técnico de Laboratório – Biologia – Disciplinar”.
UFTM/2016) Considerando a Lei n. 8.429/92, assinale a
opção INCORRETA: 2- Princípios.
(A) Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia Em todo o processo administrativo devem ser observados
são obrigados a velar pela estrita observância dos princípios os princípios que regem a Administração Pública, descritos no
de legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no art. 37 da Constituição. Além desses, outros tem observância
trato dos assuntos que lhe são afetos. obrigatória, a saber:
(B) Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou
omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á Princípio do Devido Processo Legal (art. 5.º, LIV): o
o integral ressarcimento do dano. devido processo legal é um princípio supremo (super
(C) Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo princípio), norteador de todo ordenamento jurídico. Busca
aquele que exerce de forma permanente, com remuneração, como fim assegurar relação participativa e igualitária (partes
por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer têm direito de se defender, de decisão imparcial, etc.). Tenta
outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, evitar abusos, arbitrariedade.
emprego ou função em entidades públicas.
(D) Quando o ato de improbidade causar lesão ao Princípio da Ampla Defesa e do Contraditório: o
patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá à princípio do contraditório tem base política, ninguém pode ser
autoridade administrativa responsável pelo inquérito processado sem ser ouvido num processo. Ao chamar a parte
representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade ao processo dá-se uma paridade inicial entre as partes. A ideia
dos bens do indiciado. é que qualquer desigualdade gere um prejuízo (igualdade de
direitos).
10. (CREF - 7ª Região (DF) - Auxiliar de Atendimento e
Administração – QUADRIX/2016) Em consonância com a Lei Já a ampla defesa busca essa paridade processual. Por
nº 8.429/92, assinale a alternativa correta. ampla defesa entendemos dar à parte a oportunidade de se
(A) Somente constitui ato de improbidade administrativa defender. Basta dar a parte o direito de se defender (dar
a ação ou omissão que causa lesão ao patrimônio público. oportunidade). Se a parte irá ou não se defender não importa,
(B) Apenas os agentes públicos detentores de cargo de o que interessa é dar a oportunidade para tanto. A
chefia são obrigados a velar pela estrita observância dos oportunidade de defesa deve ser real, efetiva.

12 Matheus Carvalho. Manual de Direito Administrativo. Juspodivm.

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Princípio do Informalismo Moderado: os atos do Última fase do processo, apresenta a decisão a despeito do
processo administrativo não dependem de forma objeto do processo.
determinada, a não ser que haja previsão legal.
f) Recurso.
Princípio da Verdade Real: a Comissão Disciplinar, por Via de regra, após a decisão, cabe recurso para a autoridade
esse princípio, fica obrigada a buscar sempre o que de fato hierarquicamente superior. Embora não haja uma
aconteceu, ou seja a verdade real sobre o ocorrido. sistematização, pode-se afirmar que os recursos têm efeito
devolutivo, podendo alguns ter efeito suspensivo.
Princípio da Presunção de Inocência (art. 5º, LVII, CF):
segundo esse princípio ninguém pode ser considerado culpado g) Pedido de Reconsideração: é cabível quando o
senão após o trânsito em julgado da sentença penal interessado tiver novos argumentos e desejar que a decisão
condenatória. seja reconsiderada. Será encaminhado a autoridade julgadora.
A autoridade julgadora tem prazo de 05 dias para
Princípio da Motivação: qualquer decisão administrativa reconsiderar.
deve ter expostas suas razões e fundamentos.
Segue abaixo a lei na íntegra:
3- Sindicância.
É processo administrativo simplificado, será oportuno LEI Nº 9.784, DE 29 DE JANEIRO DE 1999.
para a aplicação das penalidades de advertência ou suspensão
por até 30 dias. Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública
Federal.
Esse procedimento não é adequado para a apuração de
infrações mais graves.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
Deve ser finalizada no prazo máximo de 30 dias, podendo
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
ser prorrogável por igual período.
CAPÍTULO I
Atenção! esse prazo de 30 dias é impróprio, por tal motivo,
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
sua inobservância pela administração pública não gera
nulidade.
Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo
administrativo no âmbito da Administração Federal direta e
Da sindicância podem decorrer três situações:
indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos
a- Arquivamento do processo: quando não for apurada
administrados e ao melhor cumprimento dos fins da
nenhuma infração ou se o servidor não foi o autor da
Administração.
irregularidade.
§ 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos
b- Aplicação de penalidade: diante da comprovação da
dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no
autoria e da existência da infração.
desempenho de função administrativa.
c- Instauração do PAD: se no decorrer da sindicância ficar
§ 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:
apurado a existência de infração mais grave.
I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da
Administração direta e da estrutura da Administração
Cuidado! A sindicância não é indispensável para
indireta;
instauração do Processo Administrativo Disciplinar.
II - entidade - a unidade de atuação dotada de
personalidade jurídica;
4- Processo Administrativo Disciplinar (P.A.D.).
III - autoridade - o servidor ou agente público dotado de
poder de decisão.
Fases do Processo Administrativo
a) Instauração.
Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros,
O processo administrativo é instaurado após a designação
aos princípios da legalidade, finalidade, motivação,
de uma comissão processante. Essa comissão deverá ser
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa,
composta obrigatoriamente por 3(três) servidores estáveis
contraditório, segurança jurídica, interesse público e
que não sejam cônjuges ou parentes até o terceiro grau civil do
eficiência.
acusado.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão
observados, entre outros, os critérios de:
b) Instrução.
I - atuação conforme a lei e o Direito;
Nesta fase ocorre a produção de provas. As provas podem
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a
ser por meio de depoimento da parte, oitiva de testemunhas,
renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo
inspeções, perícias, juntada de documentos; pode ocorrer,
autorização em lei;
também, o colhimento de informações, laudos e pareceres que
III - objetividade no atendimento do interesse público,
irão ajudar na decisão do processo administrativo.
vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades;
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro
c) Defesa.
e boa-fé;
No silêncio da lei específica a defesa será feita em 10 dias
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas
(norma geral).
as hipóteses de sigilo previstas na Constituição;
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de
d) Relatório.
obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas
É a síntese de tudo o que foi apurado no processo
estritamente necessárias ao atendimento do interesse público;
administrativo; pode ser feito pela autoridade responsável ou
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que
por comissão processante, conforme o caso. O relatório não
determinarem a decisão;
vincula a decisão no processo.
VIII – observância das formalidades essenciais à garantia
dos direitos dos administrados;
e) Julgamento.

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IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar Art. 7o Os órgãos e entidades administrativas deverão
adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos elaborar modelos ou formulários padronizados para assuntos
dos administrados; que importem pretensões equivalentes.
X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de
alegações finais, à produção de provas e à interposição de Art. 8o Quando os pedidos de uma pluralidade de
recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas interessados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos,
situações de litígio; poderão ser formulados em um único requerimento, salvo
XI - proibição de cobrança de despesas processuais, preceito legal em contrário.
ressalvadas as previstas em lei;
XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem CAPÍTULO V
prejuízo da atuação dos interessados; DOS INTERESSADOS
XIII - interpretação da norma administrativa da forma que
melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, Art. 9o São legitimados como interessados no processo
vedada aplicação retroativa de nova interpretação. administrativo:
I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares
CAPÍTULO II de direitos ou interesses individuais ou no exercício do direito
DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS de representação;
II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm
Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos perante a direitos ou interesses que possam ser afetados pela decisão a
Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam ser adotada;
assegurados: III - as organizações e associações representativas, no
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, tocante a direitos e interesses coletivos;
que deverão facilitar o exercício de seus direitos e o IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas
cumprimento de suas obrigações; quanto a direitos ou interesses difusos.
II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos
em que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, Art. 10. São capazes, para fins de processo administrativo,
obter cópias de documentos neles contidos e conhecer as os maiores de dezoito anos, ressalvada previsão especial em
decisões proferidas; ato normativo próprio.
III - formular alegações e apresentar documentos antes da
decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão CAPÍTULO VI
competente; DA COMPETÊNCIA
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo
quando obrigatória a representação, por força de lei. Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos
órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo
CAPÍTULO III os casos de delegação e avocação legalmente admitidos.
DOS DEVERES DO ADMINISTRADO
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se
Art. 4o São deveres do administrado perante a não houver impedimento legal, delegar parte da sua
Administração, sem prejuízo de outros previstos em ato competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não
normativo: lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for
I - expor os fatos conforme a verdade; conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica,
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé; social, econômica, jurídica ou territorial.
III - não agir de modo temerário; Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se
IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e à delegação de competência dos órgãos colegiados aos
colaborar para o esclarecimento dos fatos. respectivos presidentes.

CAPÍTULO IV Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:


DO INÍCIO DO PROCESSO I - a edição de atos de caráter normativo;
II - a decisão de recursos administrativos;
Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de ofício III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou
ou a pedido de interessado. autoridade.

Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo casos Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser
em que for admitida solicitação oral, deve ser formulado por publicados no meio oficial.
escrito e conter os seguintes dados: § 1o O ato de delegação especificará as matérias e poderes
I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige; transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os
II - identificação do interessado ou de quem o represente; objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter
III - domicílio do requerente ou local para recebimento de ressalva de exercício da atribuição delegada.
comunicações; § 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela
IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de autoridade delegante.
seus fundamentos; § 3o As decisões adotadas por delegação devem mencionar
V - data e assinatura do requerente ou de seu explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas
representante. pelo delegado.
Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa
imotivada de recebimento de documentos, devendo o servidor Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por
orientar o interessado quanto ao suprimento de eventuais motivos relevantes devidamente justificados, a avocação
falhas. temporária de competência atribuída a órgão
hierarquicamente inferior.

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Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulgarão CAPÍTULO IX


publicamente os locais das respectivas sedes e, quando DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS
conveniente, a unidade fundacional competente em matéria de
interesse especial. Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o
processo administrativo determinará a intimação do
Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o interessado para ciência de decisão ou a efetivação de
processo administrativo deverá ser iniciado perante a diligências.
autoridade de menor grau hierárquico para decidir. § 1o A intimação deverá conter:
I - identificação do intimado e nome do órgão ou entidade
CAPÍTULO VII administrativa;
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO II - finalidade da intimação;
III - data, hora e local em que deve comparecer;
Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou
servidor ou autoridade que: fazer-se representar;
I - tenha interesse direto ou indireto na matéria; V - informação da continuidade do processo
II - tenha participado ou venha a participar como perito, independentemente do seu comparecimento;
testemunha ou representante, ou se tais situações ocorrem VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes.
quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o § 2o A intimação observará a antecedência mínima de três
terceiro grau; dias úteis quanto à data de comparecimento.
III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o § 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no processo,
interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro. por via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou
outro meio que assegure a certeza da ciência do interessado.
Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em § 4o No caso de interessados indeterminados,
impedimento deve comunicar o fato à autoridade competente, desconhecidos ou com domicílio indefinido, a intimação deve
abstendo-se de atuar. ser efetuada por meio de publicação oficial.
Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o § 5o As intimações serão nulas quando feitas sem
impedimento constitui falta grave, para efeitos disciplinares. observância das prescrições legais, mas o comparecimento do
administrado supre sua falta ou irregularidade.
Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou
servidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória com Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o
algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges, reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito
companheiros, parentes e afins até o terceiro grau. pelo administrado.
Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será
Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá garantido direito de ampla defesa ao interessado.
ser objeto de recurso, sem efeito suspensivo.
Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo
CAPÍTULO VIII que resultem para o interessado em imposição de deveres,
DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos e atividades
e os atos de outra natureza, de seu interesse.
Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem
de forma determinada senão quando a lei expressamente a CAPÍTULO X
exigir. DA INSTRUÇÃO
§ 1o Os atos do processo devem ser produzidos por escrito,
em vernáculo, com a data e o local de sua realização e a Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar
assinatura da autoridade responsável. e comprovar os dados necessários à tomada de decisão
§ 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma realizam-se de ofício ou mediante impulsão do órgão
somente será exigido quando houver dúvida de autenticidade. responsável pelo processo, sem prejuízo do direito dos
§ 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia interessados de propor atuações probatórias.
poderá ser feita pelo órgão administrativo. § 1o O órgão competente para a instrução fará constar dos
§ 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas autos os dados necessários à decisão do processo.
sequencialmente e rubricadas. § 2o Os atos de instrução que exijam a atuação dos
interessados devem realizar-se do modo menos oneroso para
Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias estes.
úteis, no horário normal de funcionamento da repartição na
qual tramitar o processo. Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo as
Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário provas obtidas por meios ilícitos.
normal os atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o curso
regular do procedimento ou cause dano ao interessado ou à Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto de
Administração. interesse geral, o órgão competente poderá, mediante
despacho motivado, abrir período de consulta pública para
Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão manifestação de terceiros, antes da decisão do pedido, se não
ou autoridade responsável pelo processo e dos administrados houver prejuízo para a parte interessada.
que dele participem devem ser praticados no prazo de cinco § 1o A abertura da consulta pública será objeto de
dias, salvo motivo de força maior. divulgação pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas ou
Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser jurídicas possam examinar os autos, fixando-se prazo para
dilatado até o dobro, mediante comprovada justificação. oferecimento de alegações escritas.
§ 2o O comparecimento à consulta pública não confere, por
Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se si, a condição de interessado do processo, mas confere o
preferencialmente na sede do órgão, cientificando-se o direito de obter da Administração resposta fundamentada, que
interessado se outro for o local de realização.

Noções de Direito Administrativo 64


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poderá ser comum a todas as alegações substancialmente § 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de
iguais. ser emitido no prazo fixado, o processo poderá ter
prosseguimento e ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo
Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade, da responsabilidade de quem se omitiu no atendimento.
diante da relevância da questão, poderá ser realizada
audiência pública para debates sobre a matéria do processo. Art. 43. Quando por disposição de ato normativo devam
ser previamente obtidos laudos técnicos de órgãos
Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em matéria administrativos e estes não cumprirem o encargo no prazo
relevante, poderão estabelecer outros meios de participação assinalado, o órgão responsável pela instrução deverá solicitar
de administrados, diretamente ou por meio de organizações e laudo técnico de outro órgão dotado de qualificação e
associações legalmente reconhecidas. capacidade técnica equivalentes.
Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública e de
outros meios de participação de administrados deverão ser Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito
apresentados com a indicação do procedimento adotado. de manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo se outro
prazo for legalmente fixado.
Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a
audiência de outros órgãos ou entidades administrativas Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pública
poderá ser realizada em reunião conjunta, com a participação poderá motivadamente adotar providências acauteladoras
de titulares ou representantes dos órgãos competentes, sem a prévia manifestação do interessado.
lavrando-se a respectiva ata, a ser juntada aos autos.
Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo e a
Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha obter certidões ou cópias reprográficas dos dados e
alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente documentos que o integram, ressalvados os dados e
para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. documentos de terceiros protegidos por sigilo ou pelo direito
à privacidade, à honra e à imagem.
Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados
estão registrados em documentos existentes na própria Art. 47. O órgão de instrução que não for competente para
Administração responsável pelo processo ou em outro órgão emitir a decisão final elaborará relatório indicando o pedido
administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, inicial, o conteúdo das fases do procedimento e formulará
de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas proposta de decisão, objetivamente justificada, encaminhando
cópias. o processo à autoridade competente.

Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da CAPÍTULO XI


tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer DO DEVER DE DECIDIR
diligências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à
matéria objeto do processo. Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente
§ 1o Os elementos probatórios deverão ser considerados na emitir decisão nos processos administrativos e sobre
motivação do relatório e da decisão. solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência.
§ 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão
fundamentada, as provas propostas pelos interessados Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo,
quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou a Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir,
protelatórias. salvo prorrogação por igual período expressamente motivada.

Art. 39. Quando for necessária a prestação de informações CAPÍTULO XII


ou a apresentação de provas pelos interessados ou terceiros, DA MOTIVAÇÃO
serão expedidas intimações para esse fim, mencionando-se
data, prazo, forma e condições de atendimento. Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados,
Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá o com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
órgão competente, se entender relevante a matéria, suprir de I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
ofício a omissão, não se eximindo de proferir a decisão. II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou
Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos seleção pública;
solicitados ao interessado forem necessários à apreciação de IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo
pedido formulado, o não atendimento no prazo fixado pela licitatório;
Administração para a respectiva apresentação implicará V - decidam recursos administrativos;
arquivamento do processo. VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a
Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e
diligência ordenada, com antecedência mínima de três dias relatórios oficiais;
úteis, mencionando-se data, hora e local de realização. VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou
convalidação de ato administrativo.
Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente,
órgão consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo podendo consistir em declaração de concordância com
máximo de quinze dias, salvo norma especial ou comprovada fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões
necessidade de maior prazo. ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.
§ 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser § 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza,
emitido no prazo fixado, o processo não terá seguimento até a pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os
respectiva apresentação, responsabilizando-se quem der fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito
causa ao atraso. ou garantia dos interessados.

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§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e II - aqueles cujos direitos ou interesses forem
comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou indiretamente afetados pela decisão recorrida;
de termo escrito. III - as organizações e associações representativas, no
tocante a direitos e interesses coletivos;
CAPÍTULO XIII IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou
DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO DO interesses difusos.
PROCESSO
Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o
Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação prazo para interposição de recurso administrativo, contado a
escrita, desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, partir da ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida.
ainda, renunciar a direitos disponíveis. § 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso
§ 1o Havendo vários interessados, a desistência ou administrativo deverá ser decidido no prazo máximo de trinta
renúncia atinge somente quem a tenha formulado. dias, a partir do recebimento dos autos pelo órgão competente.
§ 2o A desistência ou renúncia do interessado, conforme o § 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser
caso, não prejudica o prosseguimento do processo, se a prorrogado por igual período, ante justificativa explícita.
Administração considerar que o interesse público assim o
exige. Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimento
no qual o recorrente deverá expor os fundamentos do pedido
Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o de reexame, podendo juntar os documentos que julgar
processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto da convenientes.
decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato
superveniente. Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não
tem efeito suspensivo.
CAPÍTULO XIV Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil
DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO ou incerta reparação decorrente da execução, a autoridade
recorrida ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, pedido, dar efeito suspensivo ao recurso.
quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para dele
direitos adquiridos. conhecer deverá intimar os demais interessados para que, no
prazo de cinco dias úteis, apresentem alegações.
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto:
destinatários decai em cinco anos, contados da data em que I - fora do prazo;
foram praticados, salvo comprovada má-fé. II - perante órgão incompetente;
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de III - por quem não seja legitimado;
decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. IV - após exaurida a esfera administrativa.
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer § 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a
medida de autoridade administrativa que importe autoridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo para
impugnação à validade do ato. recurso.
§ 2o O não conhecimento do recurso não impede a
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem Administração de rever de ofício o ato ilegal, desde que não
lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que ocorrida preclusão administrativa.
apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela
própria Administração. Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá
confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente,
CAPÍTULO XV a decisão recorrida, se a matéria for de sua competência.
DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo
puder decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá
Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face ser cientificado para que formule suas alegações antes da
de razões de legalidade e de mérito. decisão.
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a
decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o Art. 64-A. Se o recorrente alegar violação de enunciado da
encaminhará à autoridade superior. súmula vinculante, o órgão competente para decidir o recurso
§ 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso explicitará as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da
administrativo independe de caução. súmula, conforme o caso.
§ 3o Se o recorrente alegar que a decisão administrativa
contraria enunciado da súmula vinculante, caberá à Art. 64-B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a
autoridade prolatora da decisão impugnada, se não a reclamação fundada em violação de enunciado da súmula
reconsiderar, explicitar, antes de encaminhar o recurso à vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora e ao órgão
autoridade superior, as razões da aplicabilidade ou competente para o julgamento do recurso, que deverão
inaplicabilidade da súmula, conforme o caso. adequar as futuras decisões administrativas em casos
semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas
Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por esferas cível, administrativa e penal.
três instâncias administrativas, salvo disposição legal diversa.
Art. 65. Os processos administrativos de que resultem
Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou
administrativo: de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias
I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção
processo; aplicada.

Noções de Direito Administrativo 66


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Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá (B) Um dos critérios a ser observado nos processos
resultar agravamento da sanção. administrativos é o da interpretação da norma administrativa
da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a
CAPÍTULO XVI que se dirige, permitindo-se, inclusive, aplicação retroativa de
DOS PRAZOS nova interpretação.
(C) Uma das diferenças do instituto da revisão do processo
Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da administrativo para o instituto do recurso administrativo, é
cientificação oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo que na revisão do processo não poderá resultar agravamento
e incluindo-se o do vencimento. da sanção anteriormente imposta, enquanto o recurso
§ 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia administrativo poderá resultar em agravamento da situação
útil seguinte se o vencimento cair em dia em que não houver do recorrente.
expediente ou este for encerrado antes da hora normal. (D) Salvo disposição legal em sentido contrário, o recurso
§ 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo administrativo tramitará no máximo por duas instâncias
contínuo. administrativas.
§ 3o Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data (E) O recurso administrativo apenas tem cabimento em
a data. Se no mês do vencimento não houver o dia equivalente face de questões de legalidade. As questões de mérito devem
àquele do início do prazo, tem-se como termo o último dia do ser discutidas judicialmente.
mês.
02. (PC-AC - Agente de Polícia Civil – IBADE/2017)
Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente Relativamente ao tema da competência administrativa no
comprovado, os prazos processuais não se suspendem. contexto da Lei n° 9.784/1999, há afirmativa correta em:
(A) As decisões adotadas por delegação devem mencionar
CAPÍTULO XVII explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas
DAS SANÇÕES pela autoridade delegante.
(B) E vedada, como regra, a delegação de competência dos
Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade órgãos colegiados aos respectivos presidentes, pois seria um
competente, terão natureza pecuniária ou consistirão em caso de violação do princípio da colegialidade.
obrigação de fazer ou de não fazer, assegurado sempre o (C) Não podem ser objeto de delegação de competência a
direito de defesa. edição de atos de caráter normativo, a decisão de recursos
administrativos e as matérias de competência exclusiva de
CAPÍTULO XVIII órgão ou autoridade.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS (D) A delegação de competência é vedada quando tem por
razão circunstâncias de índole econômica ou jurídica.
Art. 69. Os processos administrativos específicos (E) É permitida a avocação temporária de competência
continuarão a reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes atribuída a órgão hierarquicamente inferior. Para tanto, basta
apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei. que a autoridade edite o ato administrativo avocatório no
Diário Oficial, pois a dispensa da fundamentação, quanto aos
Art. 69-A. Terão prioridade na tramitação, em qualquer motivos, decorre do próprio dever-poder hierárquico
órgão ou instância, os procedimentos administrativos em que
figure como parte ou interessado: 03. (UFT - Assistente em Administração - COPESE –
I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) UFT/2017) Considerando as normas pertinentes ao início do
anos; processo administrativo contidos na Lei n° 9.784/1999 (Lei de
II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental; Processo Administrativo), assinale a alternativa INCORRETA.
III – (VETADO) (A) O processo administrativo somente se inicia a partir do
IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose pedido de interessado.
múltipla, neoplasia maligna, hanseníase, paralisia irreversível (B) O requerimento inicial do interessado, salvo casos em
e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, que for admitida solicitação oral, deve ser formulado por
espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia escrito.
grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte (C) É vedada à Administração a recusa imotivada de
deformante), contaminação por radiação, síndrome de recebimento de documentos, devendo o servidor orientar o
imunodeficiência adquirida, ou outra doença grave, com base interessado quanto ao suprimento de eventuais falhas.
em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença (D) Os órgãos e entidades administrativas deverão
tenha sido contraída após o início do processo. elaborar modelos ou formulários padronizados para assuntos
§ 1o A pessoa interessada na obtenção do benefício, que importem pretensões equivalentes.
juntando prova de sua condição, deverá requerê-lo à
autoridade administrativa competente, que determinará as 04. (TRT - 24ª REGIÃO (MS) - Técnico Judiciário - Área
providências a serem cumpridas. Administrativa – FCC/2017) Considere as seguintes
§ 2o Deferida a prioridade, os autos receberão identificação assertivas concernentes à Lei nº 9.784/1999, que regula o
própria que evidencie o regime de tramitação prioritária. processo administrativo no âmbito da Administração pública
federal:
Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. I. As disposições da Lei no 9.784/1999 também se aplicam
ao Poder Judiciário, quando no exercício de função
Questões administrativa.
II. A Lei no 9.784/1999 traz o conceito de “entidade”,
01. (PC-AC - Agente de Polícia Civil – IBADE/2017) definindo-a como a unidade de atuação que pode ou não ter
Sobre o processo administrativo e as disposições constantes personalidade jurídica.
da Lei n° 9.784/1999, é correto afirmar: III. O administrado poderá optar por não prestar
(A) Salvo disposição legal em contrário, o recurso informações que lhes são solicitadas, tratando-se tal postura
administrativo tem efeito suspensivo. de um de seus direitos, expressamente previsto na Lei no
9.784/1999.

Noções de Direito Administrativo 67


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IV. Um dos critérios a serem observados nos processos (A) O interessado poderá, mediante manifestação escrita,
administrativos regidos pela Lei no 9.784/1999 é a indicação desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda,
dos pressupostos fáticos que tenham determinado a decisão, renunciar a direitos disponíveis.
não se exigindo a indicação de pressupostos de direito, (B) Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia
justamente pela informalidade e objetividade que vigora em de um deles extingue o processo.
tais processos administrativos. (C) A desistência ou renúncia do interessado, conforme o
caso, não prejudica o prosseguimento do processo, se a
Está correto o que se afirma APENAS em Administração considerar que o interesse público assim o
(A) III e IV. exige.
(B) II e III. (D) O órgão competente poderá declarar extinto o
(C) I e IV. processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto da
(D) I, II e III. decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato
(E) I. superveniente.
(E) As sanções, a serem aplicadas por autoridade
05. (UFSBA - Assistente em Administração – competente, terão natureza pecuniária ou consistirão em
UFMT/2017) Segundo a Lei nº 9.784/1999, que regula o obrigação de fazer ou de não fazer, assegurado sempre o
processo administrativo no âmbito da Administração Pública direito de defesa.
Federal, as decisões administrativas que negam, limitam ou
afetam direitos devem conter a exposição dos fatos e dos 09. (UFU-MG - Assistente de Laboratório/Cerâmica e
fundamentos jurídicos, em observância ao princípio da Imagens Impressas (Gravuras) - UFU-MG/2016) A Lei nº.
(A) Motivação. 9.784, de 29 de janeiro de 1.999, regula o Processo
(B) Instrução. Administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. A
(C) Comunicação. Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos
(D) Finalidade. princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade,
proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
06. (IFF - Assistente de Administração – FCM/2016) De segurança jurídica, interesse público e eficiência. Nesse
acordo com a Lei n.º 9.784/1999, que regula o processo contexto, assinale a alternativa que CONTRADIZ os critérios
administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, legais.
NÃO é um direito do administrado perante a Administração (A) Garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de
(A) fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo alegações finais, à produção de provas e à interposição de
quando obrigatória a representação, por força de lei. recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas
(B) formular alegações e apresentar documentos antes da situações de litígio.
decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão (B) Divulgação oficial dos atos administrativos,
competente. ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição.
(C) ser tratado com respeito pelas autoridades e (C) Adequação entre meios e fins, permitida a imposição de
servidores, que deverão facilitar o exercício de seus direitos e obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas
o cumprimento de suas obrigações. necessárias ao atendimento do interesse público.
(D) interpor recurso por meio de requerimento no qual o (D) Atendimento a fins de interesse geral, vedada a
recorrente deverá expor os fundamentos de modo temerário, renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo
podendo juntar os documentos que julgar convenientes. autorização em lei.
(E) ter ciência da tramitação dos processos
administrativos em que tenha a condição de interessado, ter 10. (IF Farroupilha – RS - Assistente em Administração
vista dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e – FCM/2016) De acordo com a Lei n.º 9.784/1999, que regula
conhecer as decisões proferidas. o processo administrativo no âmbito da Administração Pública
Federal, NÃO é um direito do administrado perante a
07. (IFB - Tecnólogo - Gestão Pública – IFB/2016) Com Administração
relação a Processos Administrativos no âmbito da (A) fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo
Administração Pública, de acordo com Lei nº 9.784, de 29 de quando obrigatória a representação, por força de lei.
janeiro de 1999, assinale a alternativa INCORRETA. (B) formular alegações e apresentar documentos antes da
(A) Nos processos administrativos serão observados, entre decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão
outros, o atendimento a fins de interesse geral, sendo vedada, competente.
em qualquer hipótese, a renúncia total ou parcial de poderes (C) ser tratado com respeito pelas autoridades e
ou competências. servidores, que deverão facilitar o exercício de seus direitos e
(B) Um processo administrativo pode iniciar-se de ofício o cumprimento de suas obrigações.
ou a pedido de interessado. (D) interpor recurso por meio de requerimento no qual o
(C) É impedido de atuar em processo administrativo o recorrente deverá expor os fundamentos de modo temerário,
servidor ou autoridade que tenha interesse direto ou indireto podendo juntar os documentos que julgar convenientes.
na matéria. (E) ter ciência da tramitação dos processos
(D) A Administração deve anular seus próprios atos, administrativos em que tenha a condição de interessado, ter
quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por vista dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os conhecer as decisões proferidas.
direitos adquiridos.
(E) Os prazos começam a correr a partir da data da 11. (FIOCRUZ - Assistente Técnico de Gestão em Saúde
cientificação oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo – FIOCRUZ/2016) De acordo com a Lei 9.784/99, existem
e incluindo-se o do vencimento. situações em que o servidor ou autoridade é impedido de atuar
em processo administrativo. Contém uma afirmação
08. (IFB - Tecnólogo - Gestão Pública – IFB/2016) Em verdadeira acerca deste impedimento a opção:
consonância com a Lei nº 9.784/99, com relação à desistência, (A) é impedido aquele que esteja litigando
aos casos de extinção e às sanções dos Processos administrativamente com o companheiro do interessado.
Administrativos é correto afirmar, EXCETO:

Noções de Direito Administrativo 68


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APOSTILAS OPÇÃO

(B) a autoridade ou servidor que incorrer em impedimento


deve comunicar o fato à autoridade policial, abstendo-se de
atuar.
(C) é impedido aquele que não tenha interesse direto ou
indireto na matéria.
(D) pode ser arguida a suspeição de autoridade ou servidor
que tenha amizade íntima com algum dos interessados ou com
os respectivos cônjuges e afins até o quarto grau de
parentesco.
(E) o indeferimento de alegação de suspeição poderá ser
objeto de recurso, com efeito suspensivo.

12. (PC-PA - Papiloscopista – FUNCAB/2016)


Considerando a Lei n° 9.784/1999, que regulamenta o
processo administrativo, assinale a opção correta.
(A) A delegação pode ser encarada como a possibilidade de
o órgão administrativo de maior hierarquia arrogar-se
competência de órgão hierarquicamente inferior.
(B) Os prazos do recurso no processo administrativo não
se exclui o dia do começo e inclui-se o dia do vencimento.
(C) A revisão administrativa pode resultar agravamento da
sanção.
(D) O julgamento acatara o relatório da comissão, salvo
quando contrário às provas dos autos.
(E) Pode ser objeto de delegação a decisão de recursos
administrativos.

Respostas
01. C. / 02. C / 03. A / 04. E. / 05. A.
06. D. / 07. A. / 08. B. / 09. C. / 10. D.
11. A. / 12. D.

Anotações

Noções de Direito Administrativo 69


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Noções de Direito Administrativo 70


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NOÇÕES DE DIREITO CIVIL

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APOSTILAS OPÇÃO

As leis são a fonte principal do direito e se distinguem pelas


seguintes características:
- generalidade, que devem ser cumpridas por TODOS, sem
exceção;
- obrigatoriedade, supondo um caráter imperativo-
atributivo, que significa que por um lado outorga deveres
jurídicos e pelos outros direitos;
1 Lei de introdução às normas - permanência, isto quer dizer que quando são
promulgadas não têm uma data de vencimento, pelo
do direito brasileiro. contrário, sua duração será indefinida no tempo até que um
1.1 Vigência, aplicação, órgão competente determine seu cancelamento por alguma
interpretação e integração das causa válida e previamente convinda;
- abstrata e impessoal, que implica que uma lei não se
leis. concebe para resolver um caso em particular, senão que move
1.2 Conflito das leis no tempo. a generalidade dos casos que possa abarcar e por último, que
1.3 Eficácia da lei no espaço. se reputa conhecida, pelo qual ninguém poderá argumentar
que não a cumpriu por desconhecimento.

3.1- Vigência da lei:


LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO As leis também têm um ciclo vital: nascem, aplicam-se e
BRASILEIRO permanecem em vigor até serem revogadas.
Esses momentos correspondem à determinação do início,
1- Introdução continuidade e cessação de sua vigência.
A denominada Lei de Introdução às normas do Direito Trata-se de um critério puramente temporal.
Brasileiro é na verdade instituída em nosso ordenamento Uma norma estará em vigência até que ocorra a sua
jurídico por um Decreto-lei, o de n° 4.657/1942. Para alguns revogação.
doutrinadores é uma norma de sobre direito, destinada a Em muitos casos a lei traz no seu texto o prazo de sua
disciplina das próprias normas jurídicas e regulando a forma vigência1
de sua aplicação no tempo e no espaço, sua compreensão e seu Difere de vigor, pois este é a força vinculante da norma. A
sentido lógico. vigência é a aptidão para produzir efeitos.
Há também menção das fontes do direito, apresentando A regra, no direito brasileiro, é de que a Lei entra em vigor
institutos e regras que abrangem todos os ramos do Direito. em quarenta e cinco dias após a sua publicação. É o que prevê
o art. 1º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro:
2- As fontes do direito
A expressão fontes do direito designa o ponto de partida "Art. 1º Salvo disposição contrária, a Lei começa a vigorar
para o surgimento do direito e do seu estudo, a ciência jurídica. em todo o país 45 (quarenta e cinco) dias depois de
O tema é tratado no artigo 4º da LINDB, prevendo "quando a oficialmente publicada".
lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito". Desse modo, a menos que a própria lei estabeleça outro
Diante de lacuna (ausência de norma para o caso termo para o início de sua vigência, ela passa a vigorar depois
concreto), cabe ao intérprete procurar integrar o sistema de transcorridos quarenta e cinco dias da data de edição no
jurídico mediante a busca de uma solução adequada ao caso Diário Oficial em que ela foi publicada.
concreto. Nesse caso, o ordenamento jurídico brasileiro adota Entrando em vigor na data de sua publicação a lei está apta
como sistema para solução das lacunas o sistema integrativo, a produzir efeitos desde o dia em que é tornada pública.
pelo qual o intérprete não pode se furtar a uma decisão,
devendo fazer uso da analogia, dos costumes e dos 3.2- Início de sua vigência:
princípios gerais de Direito para tanto. Antes começar a vigorar, a lei passa por três fases: a da
Dessa forma, estabelece o artigo citado uma hierarquia elaboração, da promulgação e da publicação.
entre as fontes, a serem utilizadas quando o juiz constatar a A lei só começa a ter vigência com sua publicação no Diário
omissão na lei (fonte formal primária), sendo esta a principal Oficial, momento que se torna obrigatória (art. 3º). Entretanto,
fonte do direito, sendo seguida pelos instrumentos é preciso atentar que a lei poderá determinar expressamente
integrativos ou fontes formais secundárias: analogia, em seu texto data posterior à publicação para o início de sua
costumes e princípios gerais do Direito. vigência. Em situação como essa a data da publicação não
Existente, ainda, a divisão doutrinária das fontes em não tornará a lei obrigatória.
formais, indiretas ou mediatas, constituídas pela doutrina e O intervalo entre a data de sua publicação e a sua entrada
jurisprudência, que não geram por si só regra jurídica, mas em vigor denomina-se vacatio legis.
acabam contribuindo para a sua elaboração. O prazo para uma lei entrar em vigor é de 45 dias, salvo
disposição em contrário. Esse prazo de 45 dias não é aplicado
3- Lei para os Decretos e regulamentos, cuja obrigatoriedade
Lei é o preceito jurídico escrito, emanado do legislador e determina-se através da publicação oficial.
dotado de caráter geral e obrigatório. Pode ser considerada
como sendo toda norma geral de conduta, que disciplina as 3.3- Obrigatoriedade das Leis
relações de fato incidentes no Direito, cuja observância é A lei é uma ordem dirigida à vontade geral, já que em vigor
imposta pelo poder estatal. torna-se obrigatória para todos.
A lei advém de atos do Poder Legislativo e visa disciplinar
condutas objetivando o melhor interesse da coletividade, de Ninguém pode deixar de cumpri-la por alegar
forma a proporcionar uma coexistência pacífica entre os desconhecimento (ignorantia legis neminem excusat). Em
membros da sociedade. juízo não se prova a existência da lei, pois presume-se que o

1 RODRIGUES, Silvio – Direito Civil – Parte I – Ed. Saraiva, 34ª ed. – 2007, p. 18.

Noções de Direito Civil 1


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juiz de direito tem conhecimento a respeito. Esse princípio não a lei seja retroativa, respeitando o ato jurídico perfeito, o
se aplica ao direito municipal, estadual, estrangeiro ou direito adquirido e a coisa julgada (Lei de Introdução às
consuetudinário (art. 376, CPC). Normas do Direito Brasileiro, art. 6º, §§ 1º e 2º). A lei, contendo
um comando geral, uma vez em vigor, torna-se obrigatória
3.4- Aplicação da lei no tempo e no espaço: para todos. Segundo o art. 3º da LINDB. Ninguém se escusa de
A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro nos cumpri-la, alegando que não a conhece. Tal dispositivo visa
informa em seu art. 1º, § 1º que "Nos Estados estrangeiros, a garantir a eficácia global da ordem das leis jurídica (teoria da
obrigatoriedade de lei brasileira, quando admitida, se inicia 3 necessidade social)4.
(três) meses depois de oficialmente publicada".
Consideramos assim, que "a lei das leis", quando idealizada As leis são feitas para valerem para o futuro, quando a lei é
pelo legislador, já se preocupava com a eficácia da lei no modificada por outra e já tinha se formado as relações
espaço, para saber se as normas de um país poderiam ser jurídicas na vigência de lei anterior estamos diante do conflito
eficazes fora de seu respectivo território. A soberania dos de leis no tempo. Eis que aí surge a grande dúvida: Pode-se
Estados é um bem maior que cada um deles possui. aplicar a lei nova às situações anteriormente constituídas?
Assim, mesmo considerando que cada Nação possui seus
ordenamentos jurídicos, haveria que existir normas que A Constituição Federal, mais precisamente em seu artigo
fossem obrigatórias a todos em seus respectivos países, mas 5º, inciso XXXVI, adotou o Princípio da Irretroatividade das leis
que atendessem, também, limites de sua extensão territorial, como regra, e o da retroatividade como exceção, vejamos:
aérea, marítima e aos espaços fictos, também2.
Desta forma, a própria Lei de Introdução às Normas do Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
Direito Brasileiro, no âmbito interno, em seu art. 9º diz que, qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
para qualificar e reger obrigações aplicar-se-á a lei do país em estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
que se constituem. Aplicamos, neste caso, o entendimento vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
preceituado por Silvio Rodrigues, quando nos diz que para termos seguintes:
reger as obrigações constituídas no estrangeiro, o ( )
ordenamento jurídico brasileiro concorda em que a lei XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
aplicável não seja a sua, mas a estrangeira. Podemos aduzir o jurídico perfeito e a coisa julgada;
texto do Art.5º, inciso LXXVII, § 3º, "os tratados e convenções
internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em Ao analisarmos o artigo 5º, podemos considerar que a lei
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três nova será aplicada aos casos pendentes e aos futuros,
quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes permite-se a retroatividade da lei em algumas situações:
às emendas constitucionais". Constituindo, como já dissemos - quando não ofenda o direito adquirido, a coisa julgada e
matéria do Direito Internacional Privado, a eficácia da lei no o ato jurídico perfeito;
espaço, no Brasil, rege-se pelo princípio da territorialidade - quando o próprio legislador, de maneira expressa,
moderada, através da qual: mandar aplicá-la aos casos passados.
a.1) Territorialidade – a norma vai ser aplicada no
território do Estado que a emitiu, regulando o regime de bens 3.5- Eficácia da lei
e obrigações; e As leis também têm um ciclo vital: nascem, aplicam-se e
permanecem em vigor até serem revogadas.
a.2) Extraterritorialidade – a norma será aplicada em Esses momentos correspondem à determinação do início,
território de outro Estado, segundo princípios e convenções continuidade e cessação de sua vigência.
internacionais. De forma condensada, aprendemos que esta Trata-se de um critério puramente temporal. Uma norma
matéria específica rege o Direito Internacional Privado, e que estará em vigência até que ocorra a sua revogação.
possui uma linha muito tênue de atuação, "pois os limites no Em muitos casos a lei traz no seu texto o prazo de sua
espaço da competência legislativa dos Estados, quando têm de vigência.5
aplicá-la às relações jurídicas que podem ser submetidas as Difere de vigor, pois este é a força vinculante da norma. A
mais de uma legislação” 3. Fica bem clara a ideia que vigência é a aptidão para produzir efeitos.
depuramos deste tópico. Podemos citar, ainda, três tópicos A regra, no direito brasileiro, é de que a Lei entra em vigor
importantes destacados na eficácia da lei no tempo, quais em quarenta e cinco dias após a sua publicação. É o que prevê
sejam a obrigatoriedade da lei – preceito que tem a ver com a o art. 1º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro:
imperatividade da norma, dentro da sua vigência e eficácia, da "Art. 1º Salvo disposição contraria, a Lei começa a vigorar
sua continuidade, pois a norma continuará em vigor até que em todo o país 45 (quarenta e cinco) dias depois de oficialmente
seja revogada por outra de forma tácita ou expressa e também publicada".
o da irretroatividade da lei, aonde a mesma terá efeito
imediato e não retroativo (salvo os casos específicos); a Desse modo, a menos que a própria lei estabeleça outro
própria Constituição Federal nos diz que a "lei não retroagirá, termo para o início de sua vigência, ela passa a vigorar depois
salvo para beneficiar o réu". de transcorridos quarenta e cinco dias da data de edição do
Diário Oficial em que ela foi publicada.
Critérios para solucionar o conflito de leis no tempo: o das Entrando em vigor na data de sua publicação a lei está apta
disposições transitórias e o dos princípios da retroatividade e a produzir efeitos desde o dia em que é tornada pública.
irretroatividade da norma. É retroativa a norma que atinge
efeitos de atos jurídicos praticados sob a égide da norma Em razão da soberania estatal, a norma tem aplicação
revogada. É irretroativa a que não se aplica às situações dentro do território delimitado pelas fronteiras do Estado.
constituídas anteriormente. Não se pode aceitar esses Esse princípio da territorialidade, não é absoluto. A
princípios como absolutos, pois razões de ordem político- necessidade de regular as relações entre nacionais e
legislativa podem recomendar que, em determinada situação, estrangeiros levou o Estado a permitir que a lei estrangeira

2 CAVALCANTE, Marcelo. Lei de Introdução ao Código Civil. Web Artigos; 4 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Esquematizado. Vol. 1; São Paulo:
06/02/2008. (OBS: leia-se Leis de Introdução às Normas de Direito Brasileiro). Editora Saraiva; 2013; p. 77.
3 RODRIGUES, Silvio. Direito Civil. Parte Geral. Editora Saraiva, 34ª edição, 2007, 5 RODRIGUES, Silvio – Direito Civil – Parte I – Ed. Saraiva, 34ª ed. – 2007, p. 18.

p.29.

Noções de Direito Civil 2


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tenha eficácia em seu território, sem comprometer a soberania - tácitas: apesar de tais normas não terem prazo de
nacional, admitindo dessa maneira, o sistema da vigência, são leis que vigoram apenas para uma situação
extraterritorialidade. especial. Com a cessação do fato, ou da situação, cessa também
a norma (leis excepcionais).
O nosso país adota o sistema da territorialidade
moderada, que se submete as regras especiais, que No caso de conflito entre norma posterior e norma
determinam o momento e os casos em que pode ser invocado anterior, valerá a primeira, pelo critério cronológico.
o direito alienígena.
4- Analogia
3.6- Classificação das leis Analogia é fonte formal mediata do direito, utilizada com a
Tratar de classificação das leis tem por objetivo resolver o finalidade de integração da lei, ou seja, a aplicação de
problema da antinomia, ou seja, o problema do conflito e da dispositivos legais relativos a casos análogos, ante a ausência
contradição das normas, hipótese em que mais de uma norma de normas que regulem o caso concretamente apresentado à
incide sobre o caso concreto. A solução das antinomias se dá apreciação jurisdicional (a que se denomina anomia).
por meio de critérios a disposição do intérprete, posto que Para que possa ser utilizada a analogia, entre o caso
somente deverá utilizar-se de uma única norma para a solução concreto e a lei a ser utilizada, deve existir semelhanças
de um determinado caso concreto, devendo eliminar as essenciais e fundamentais e apresentarem os mesmos
demais. motivos.
A analogia existe para dar harmonia e coerência ao
a. Quanto à especialidade Ordenamento Jurídico, pois utilizando a norma numa situação
Segundo esse critério, a norma especial prevalece sobre a semelhante ao que ela descreve, o Ordenamento Jurídico
norma geral; leva em consideração a amplitude das normas, apresentará dentro dele mesmo, a solução para o caso
tendo por postulado o fato de que se o legislador tratou com concreto, não sendo necessário recorrer a soluções alheias à
maior acuidade de um determinado ponto do Direito, ele deve Ordem Jurídica.
prevalecer sobre outro tratado de maneira geral. A analogia fornece igualdade de tratamento, pois as
Normas gerais: são as normas que discorrem sobre todo situações semelhantes serão disciplinadas da mesma forma.
um ramo do Direito, a exemplo do Código Civil.
Normas especiais: são as que regulam determinado ramo 5- Costumes
do Direito. Dentre as leis especiais, há as de caráter Os costumes podem ser conceituados como sendo as
extravagante, que têm por objetivo cuidar de tema já práticas e usos reiterados com conteúdo lícito e relevância
codificado, como a Lei de Locações. jurídica.
Em caso de conflito de normas tratando do mesmo tema, a O direito costumeiro apresenta os seguintes requisitos:
norma especial deverá prevalecer sobre norma geral. - subjetivo (“opinio necessitatis”): é a crença na
obrigatoriedade, isto é, a crença que, em caso de
b. Quanto à hierarquia descumprimento, incide sanção;
As leis não estão todas no mesmo plano, ou seja, existe uma - objetivo (diuturnidade): constância na realização do ato.
hierarquia entre elas, a exemplo da classificação piramidal
proposta por Kelsen, onde temos, no topo da pirâmide a Os costumes classificam-se em:
Constituição e abaixo desta as leis complementares e leis
ordinárias, bem como as normas regulamentares, base do “Contra legem”: o costume não respeita as normas
sistema piramidal, formadas por decretos, portarias e outros constantes do sistema jurídico. É a desobediência reiterada do
atos administrativos. comando legal com a crença na inefetividade da lei.
No que diz respeito às leis complementares e ordinárias, “Praeter legem”: aplicados quando a lei for omissa, sendo
além da diferença formal quanto ao quorum de aprovação, há denominado costume integrativo, eis que ocorre a utilização
uma diferença material, posto que a Constituição exige para propriamente dita dessa ferramenta de correção do sistema.
determinadas matérias a elaboração de norma complementar, Exemplo de aplicação do costume praeter legem é o
reservando para a lei ordinária as matérias remanescente. reconhecimento da validade do cheque pós-datado ou pré-
datado.
c. Quanto à cronologia “Secundum legem”: é o costume segundo o qual, o próprio
O critério cronológico leva em consideração o momento texto da lei delega ao costume a solução do caso concreto.
em que a norma jurídica entra em vigor, passando a
regulamentar uma determinada matéria e revogando as 6- Princípios gerais do Direito
normas de igual conteúdo que já estavam no sistema jurídico. Os princípios gerais são as regras que, embora não estejam
Refere-se à regra tratada no artigo 2º da Lei de Introdução ao escritas, servem como mandamentos que informam e dão
Código Civil, incidindo sobre as leis permanentes, já que as apoio ao direito, utilizados como base para a criação e
temporárias apresentam um regime jurídico próprio. integração das normas jurídicas, respaldados pelo ideal de
justiça. Na lição do mestre Orlando Gomes “A generalibus júri
Leis permanentes: não têm prazo certo para vigorar, ou principiis, da qual deve ser extraída a decisão judicial quando a
seja, têm prazo de vigência indeterminado, vigendo até que lei for omissa, falhe a analogia e não existam costumes
outra a modifique ou revogue (artigo 2º da LINDB). adequados, tem como determinante o ‘espírito da ordem
jurídica’, que se manifesta através de ‘valoração da camada
Leis temporárias: têm prazo certo para vigência, dirigente’, como ultimum refugium do Juiz”6.
subdividindo-se em: Cumpre salientar que, embora a expressão seja “Princípios
- expressas: os prazos de vigência estão expressamente Gerais do Direito”, essa noção vai abranger tanto os princípios
disciplinados na própria norma. Nesse caso, a norma tem gerais quanto os específicos, relativos a uma determinada
conteúdo autorrevogatório (leis de vigência temporária); área.

6GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 18º edição. Rio de Janeiro –


Editora Forense. 2001.

Noções de Direito Civil 3


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Esses princípios gerais têm dupla função, vez que orientam A repristinação ocorreria apenas na hipótese da lei “C”
tanto o legislador na feitura das normas, quanto o aplicador do prever expressamente a retomada de vigência da lei “A”.
Direito, diante de uma lacuna ou omissão legal. Importante lembrar que o artigo 27 da Lei nº 9.868/99 (Lei
que regula o Controle Direto de Constitucionalidade), prevê a
7- Jurisprudência repristinação por via indireta, decorrente do efeito da decisão
A jurisprudência é uma função atípica da jurisdição. São que reconhece a inconstitucionalidade normativa, sendo o
decisões reiteradas, constantes e pacíficas do Poder Judiciário caso de repristinação da Lei “A” caso a Lei “B” revogadora for
sobre determinada matéria num determinado sentido. Não há declarada inconstitucional em sede de Ação Direta de
necessidade de a jurisprudência ser sumulada para ser fonte. Inconstitucionalidade, no caso de controle de
Aqui, cabe ressaltar que a jurisprudência não pode ser constitucionalidade concentrado.
confundida com a orientação jurisprudencial, que é qualquer
decisão do Poder Judiciário que esclareça a norma legal. A 10- Obrigatoriedade das Normas
orientação jurisprudencial é apenas um método de Segundo o art. 3º da LINDB, a ninguém é dado alegar o
interpretação da lei e não precisa de uniformidade, sendo rara desconhecimento da lei para deixar de cumpri-la. Este
a adoção da jurisprudência como fonte. entendimento decorre do Princípio da Obrigatoriedade, que,
em regra, proíbe a alegação do erro de direito. Para o Direito,
Existem três posições quanto à jurisprudência: há uma presunção no sentido de que o conhecimento da lei
decorre de sua publicação. Justamente aqui se insere a já
- negativista: para essa corrente, a jurisprudência não é mencionada importância da vacatio legis para maior
fonte e Direito; divulgação do novel diploma.
- jurisprudencialista: tudo se resolve pela jurisprudência; A LINDB acolheu o sistema da obrigatoriedade simultânea
- eclética (realista): a jurisprudência pode ser usada desde ou vigência sincrônica, tornando obrigatória a norma,
que tenha conteúdo científico. simultaneamente, em todo o território nacional.

8- Doutrina 11- Interpretação das Normas


A doutrina refere-se ao conjunto de estudos elaborados Segundo o art. 5° da LINDB, na aplicação da lei, o juiz
por inúmeros juristas, cujo objetivo é sistematizar e explicar atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do
todos os temas relativos à matéria do direito. É composta de bem comum. Tal atividade reflete a necessária interpretação
estudos e teorias metódicas, divulgadas por meio de livros, da lei, buscando seu alcance e sentido.
monografias, artigos, e ainda sentenças prolatadas pelos juízes Segundo seu texto, toda interpretação da norma deve levar
mais experientes e testados. em conta os fins sociais a que se destinam, referindo-se ao
sentido social a que se dirige (finalidade teleológica e função
9- Modificação da lei social da norma).
A modificação da lei deve seguir duas regras, quais sejam: A atividade interpretativa pode extrair resultados
a) A modificação de lei já em vigor somente poderá ocorrer ampliativos, declaratórios e restritivos. A chamada
por meio de lei nova, conforme § 4º, do artigo 1º, da LINDB, interpretação autêntica é aquela conferida pelo próprio
havendo novo prazo de vacatio legis; legislador, o qual insere no texto normativo dispositivos que
b) A modificação de lei que esteja em vacatio legis deve venham a interpretá-la.
acontecer através de nova publicação de seu texto, sendo
conferido novo prazo de vacatio legis. Classificação das Normas

9.1-Princípio da continuidade ou permanência da As normas constitucionais são classificadas quanto à sua


norma eficácia em:
Passado o prazo de vacatio legis, a lei nova entra em vigor
e a ela deve ser aplicado o princípio da continuidade ou a. Normas Constitucionais de Eficácia Jurídica Plena:
permanência, ou seja, permanece em vigor até que outra, no São aquelas aplicadas imediatamente, de maneira direta,
todo ou em parte, venha revogá-la. integral, independente de legislação posterior para que possa
A revogação pode ser total ou parcial, denominando-se: operar.
Possuem autonomia operativa e idoneidade para deflagrar
- Ab-Rogação – revogação total, a exemplo da realizada os efeitos a que estiver preordenada, não necessitando de
pelo Código Civil de 2002 em relação ao Código Civil de 1916; comandos complementares.
- Derrogação – revogação parcial, como ocorrido em
relação à primeira parte do Código Comercial pelos b. Normas Constitucionais de Eficácia Jurídica Contida:
dispositivos do Novo Código Civil. Possuem aplicabilidade imediata, direta, mas tem seu
Há ainda, as hipóteses de revogação expressa, incorporada alcance reduzido pela atividade do legislador
no texto da nova lei, em referência aos dispositivos revogados infraconstitucional. São conhecidas como normas de eficácia
e a tácita, decorrente da incompatibilidade entre uma nova redutível ou restringível.
norma, que regula todo ou parte do tratado por lei anterior.
c. Normas Constitucionais de Eficácia Limitada:
9.2- Repristinação São as que dependem da emissão de uma normatividade
A repristinação significa a restauração da norma ou o seu futura, apresentam aplicação indireta, mediata e reduzida, já
renascimento; é prevista no § 3º do art. 2º da LINDB, sendo que incidem após normatividade ulterior que lhes dê
hipótese excepcional, através de disposição normativa aplicabilidade.
expressa. Equivale a proibição de vigência da lei revogada no
caso de revogação no futuro da lei revogadora, como no Essas normas subdividem-se em:
clássico exemplo: A Lei “A” está em vigor e é revogada pelo - Normas de princípio institutivo: que são as que dependem
advento da Lei “B”, a qual é revogada pela lei “C”; nesse caso, a de lei para dar corpo às instituições, pessoas e órgãos previstos
revogação da Lei “B” pela Lei “C” não repristina os efeitos da na Constituição.
Lei “A”.

Noções de Direito Civil 4


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APOSTILAS OPÇÃO

- Normas de Princípio Programático: são as que Referências


GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 18º edição. Rio de Janeiro –
estabelecem programas a serem desenvolvidos por meio de Editora Forense. 2001.
legislação integrativa da vontade constituinte. Tartuce, Flávio. Direito civil: Lei de introdução e parte geral – 10. ed. rev.,
atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014.
12- Interpretação das Leis Processuais
Interpretação é o procedimento lógico através do qual se Questões
obtém o significado, o conteúdo e o alcance das normas
jurídicas. 01. (TRE-SP - Analista Judiciário - Área Judiciária –
Ilustre-se que a palavra hermenêutica significa interpretar. FCC/2017) André adquiriu um terreno onde pretendia
No campo jurídico, a hermenêutica se preocupa com a construir uma fábrica de tintas. Na época da aquisição, não
interpretação da lei. Interpretar uma lei importa, previamente, havia lei impedindo esta atividade na região em que se
em compreendê-la na plenitude de seus fins sociais, a fim de localizava o terreno. Passado o tempo, porém, antes de André
poder-se, desse modo, determinar o sentido de cada um de iniciar qualquer construção, sobreveio lei impedindo o
seus dispositivos. desenvolvimento de atividades industriais naquela área, por
razões ambientais. A lei tem efeito
12.1- Método de Interpretação (A) imediato e atinge André, que não tem direito adquirido
1. Método gramatical: como as leis se expressam por meio ao regime jurídico anterior a seu advento.
de palavras, o intérprete de analisá-las, tanto individualmente (B) retroativo e atinge André, por tratar de questão de
como na sua sintaxe. ordem pública.
2. Método lógico sistemático: exame em suas relações com (C) imediato, mas não atinge André, que possui direito
as demais normas que compõem o ordenamento e à luz dos adquirido ao regime jurídico anterior a seu advento.
princípios gerais que o informam. (D) retroativo, mas não atinge André, que possui direito
3. Método histórico: análise das vicissitudes sociais de que adquirido ao regime jurídico anterior a seu advento.
resultou e das aspirações a que correspondeu. (E) retroativo mas não atinge André, por tratar de direito
4. Método comparativo: os ordenamentos jurídicos, além disponível.
de enfrentarem problemas idênticos ou análogos, avizinham-
se e se influenciam mutuamente. 02. (UECE - Advogado – FUNECE/2017) Atente ao
seguinte dispositivo legal: “A lei posterior revoga a anterior
12.2- Espécies de Interpretação quando expressamente o declare, quando seja com ela
Consoante ilustrado, a interpretação será: incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que
tratava a lei anterior”.
1. Declarativa: a interpretação que atribui à lei o exato (§1º do art. 2º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro)
sentido proveniente do significado das palavras que a
expressam. O dispositivo em destaque remete ao critério de solução de
2. Extensiva: considera a lei aplicável a casos que não estão antinomias jurídicas denominado
abrangidos pelo seu teor literal. (A) critério cronológico.
3. Restritiva: a interpretação que limita o âmbito de (B) critério da especialidade.
aplicação da lei a um círculo mais estrito de casos do que o (C) critério ontológico.
indicado pelas suas palavras. (D) critério hierárquico.
4. Ab-rogante: a interpretação que, diante de uma
incompatibilidade absoluta e irredutível entre dois preceitos 03. (PC-GO - Delegado de Polícia Substituto –
legais ou entre um dispositivo de lei e um princípio geral do CESPE/2017) A Lei n.º XX/XXXX, composta por quinze
ordenamento jurídico, conclui pela inaplicabilidade da lei artigos, elaborada pelo Congresso Nacional, foi sancionada,
interpretada. promulgada e publicada.
A respeito dessa situação, assinale a opção correta, de
Importante frisar que para interpretar a lei processual, acordo com a Lei de Introdução às Normas do Direito
não se leva em consideração apenas a norma em si, mas Brasileiro.
também os princípios processuais. (A) Se algum dos artigos da lei sofrer alteração antes de ela
entrar em vigor, será contado um novo período de vacância
13- Conflitos intertemporais. para o dispositivo alterado.
Esses conflitos dizem respeito a obrigatoriedade e (B) Caso essa lei tenha revogado dispositivo da legislação
cessação, que não pode ser confundida com a aplicação da lei anterior, automaticamente ocorrerá o efeito repristinatório se
no tempo e no espaço, tendo em vista que estes são objetivos nela não houver disposição em contrário.
do direito intertemporal do Direito Internacional Privado (C) A lei irá revogar a legislação anterior caso estabeleça
respectivamente. disposições gerais sobre assunto tratado nessa legislação.
A lei deve ser publicada para que se torne obrigatória, feito (D) Não havendo referência ao período de vacância, a nova
isso, gera a presunção legal de que todos conhecem o seu texto, lei entra em vigor imediatamente, sendo eventuais correções
devendo se sujeitar aos seus preceitos, não tendo que se falar em seu texto consideradas nova lei.
em desconhecimento da lei. A lei assegura aos brasileiros e (E) Não havendo referência ao período de vacância, a lei
estrangeiros, residentes no Brasil, que os direitos à vida sejam entrará em vigor, em todo o território nacional, três meses
inviolados, a propriedade, liberdade, entre outros. após sua publicação.

Vale enfatizar que ninguém poderá exigir o cumprimento 04. (TJM-SP - Escrevente Técnico Judiciário –
da lei se ela não for publicada. VUNESP/2017) Quanto à vigência das leis, assinale a
alternativa correta.
A lei é obrigatória, devendo ser cumprida, por pessoas (A) Uma lei é revogada somente quando lei posterior
cultas ou incultas, que conheçam ou não os seus dispositivos, declare expressamente sua revogação.
já que o interesse público fala mais alto. (B) Lei nova, que estabeleça disposições gerais ou
especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei
anterior.

Noções de Direito Civil 5


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(C) A lei revogada se restaura por ter a lei revogadora Ocorre a ultratividade de uma norma jurídica quando essa
perdido a vigência. norma continua a regular fatos ocorridos antes da sua
(D) As correções a texto de lei já em vigor consideram- -se revogação.
a mesma lei. ( ) Certo
(E) É expressamente proibida a revogação de uma lei ( ) Errado
repristinada.
10. (PC-PA - Delegado de Polícia Civil – FUNCAB/2016)
05. (SEDF - Analista de Gestão Educacional - Direito e Assinale a resposta correta, de acordo com a Lei de Introdução
Legislação – CESPE/2017) Julgue o seguinte item, que trata às Normas do Direito Brasileiro.
de vigência das leis, direitos da personalidade e pessoas (A) A escusa ao cumprimento da lei exige a demonstração
jurídicas. de seu desconhecimento.
Caso uma lei nova não dispuser sobre a data de início da (B) As obrigações são regidas pela lei do país em que
sua vigência, entende-se que ela entrará em vigor na data da constituídas.
sua publicação. (C) Perdendo a lei revogadora sua vigência, não se admite
( ) Certo a previsão legal de repristinação da lei revogada.
( ) Errado (D) As regras sobre a capacidade e o direito de família são
regidas pela lei do país onde nascida a pessoa.
06. (SEDF - Professor – Direito – QUADRIX/2017) (E) Na omissão da lei, deve o juiz recorrer a livre
Julgue o item subsecutivo no que se refere ao Direito Civil. discricionariedade.

A regra geral, no que tange à vigência de uma lei, prevista Respostas


no artigo 1.º da Lei de Introdução ao Código Civil, é que começa 01. A / 02. A / 03. A / 04. B / 05. Errado
a vigorar em todo o País 45 dias após oficial publicação, 06. Certo / 07. C / 08. B/ 09. Certo / 10. B
contudo poderá constar expressamente da própria lei outra
data para que entre em vigor, até mesmo a data de sua
publicação oficial, não ocorrendo, assim, a vacatio legis.
( ) Certo
2 Pessoas naturais. 2.1 Existência.
( ) Errado 2.2 Personalidade. 2.3
Capacidade. 2.4 Nome. 2.5 Estado.
07. (PC-PA - Delegado de Polícia Civil – FUNCAB/2016)
De acordo com a Lei de Introdução às Normas do Direito
2.6 Domicílio. 2.7 Direitos da
Brasileiro: personalidade. 2.8 Ausência.
(A) a revogação de lei por lei posterior, quando houver
incompatibilidade entre elas, deve ser expressa.
(B) o Direito Brasileiro admite de forma ampla o fenômeno DAS PESSOAS NATURAIS
da repristinação.
(C) a lei, quando não se destinar à vigência temporária, terá O artigo 1º do Código Civil conceitua pessoa natural como
vigor até que outra a modifique ou a revogue. sendo todo sujeito de direitos e deveres (art. 1º).
(D) salvo disposição em contrário, uma lei entra em vigor
no país 60 (sessenta) dias depois de oficialmente publicada. Segundo a teoria natalista o momento do início da
(E) a lei revogada se restaura na hipótese de a lei personalidade civil da pessoa é o nascimento com vida.
revogadora ter perdido a vigência.
Embora o início da personalidade seja a partir do
08. (TRT - 20ª REGIÃO (SE) - Analista Judiciário - Área: nascimento com vida, a lei protege desde a concepção os
Judiciária – FCC/2016) Maria trabalhou durante o tempo direitos do nascituro. Entretanto, esses direitos estão
previsto, em legislação pertinente, para pedir sua aposentação. condicionados ao nascimento com vida, ou seja, se nascer
Não obstante, optou por continuar trabalhando, deixando de morto, os direitos eventuais que viria a ter estarão frustrados.
formular pedido de concessão do benefício. Caso lei nova
altere as regras para a aposentação, Maria Quem é nascituro?
(A) poderá alegar direito adquirido ao benefício, mas este É um ser em expectativa, tendo em vista ainda não ter
se regerá pela lei nova, a qual tem efeito imediato. personalidade. Sendo um titular de direitos eventuais, aplica-
(B) poderá alegar direito adquirido ao benefício, que será se ao nascituro o previsto no artigo 130 do Código Civil7, que
regido pela lei revogada. permite ir a juízo a fim de que se tomem precauções em
(C) será atingida pela lei nova, pois possui mera relação aos seus direitos.
expectativa de direito ao benefício.
(D) será atingida pela lei nova, pois possui mera faculdade 2- Capacidade.
jurídica de requerer o benefício. É elemento da personalidade.
(E) poderá alegar direito adquirido ao benefício, mas este No Brasil temos duas espécies de capacidade:
se regerá pela lei nova, a qual tem efeito retroativo. - de direito ou de gozo: é a capacidade de aquisição de
direitos, não importando a idade da pessoa (artigo 1º do
09. (FUNPRESP-JUD - Analista – Direito – CESPE/2016) Código Civil);
A respeito da Lei de Introdução às Normas do Direito - de fato ou de exercício: é a capacidade de exercício de
Brasileiro, das pessoas, dos negócios jurídicos, da prescrição e direitos, de exercer, por si só, os atos da vida civil (artigo 2º do
da prova do fato jurídico, julgue o item seguinte. Código Civil).

Toda pessoa tem capacidade de direito, mas não


necessariamente a capacidade de fato, pois pode lhe faltar a

7 Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou


resolutiva, é permitido praticar os atos destinados a conservá-lo.

Noções de Direito Civil 6


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consciência sã para o exercício dos atos de natureza privada. que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos
Quem tem as duas espécies de capacidade têm a chamada tenha economia própria.
capacidade civil plena; aqueles que não possuem a Consigne-se que a idade núbil tanto do homem quanto da
capacidade de fato são chamados incapazes, tendo a chamada mulher é de 16 anos (art. 1.517 do CC), sendo possível o
capacidade limitada. No Brasil não existe incapacidade de casamento do menor se houver autorização dos pais ou dos
direito. seus representantes. O divórcio, a viuvez e a anulação do
casamento não implicam no retorno à incapacidade.
3- Incapacidade.
Considera-se incapacidade a restrição legal ao exercício 4- Extinção da Personalidade Natural
dos atos da vida civil. De acordo com o disposto no artigo 6º do Código Civil,
termina a existência da pessoa natural com a morte (morte
A incapacidade pode se apresentar em duas espécies: real), presumindo-se esta quanto aos ausentes nos casos dos
artigos 37 a 39 e 1.784 do Código Civil.
- absoluta: enseja na proibição total para os atos da vida
civil, sob pena de nulidade (artigo 166, inciso I, do Código A morte natural ocorre com a parada do sistema
Civil). O ato poderá ser praticado pelo representante legal do cardiorrespiratório e a cessação das funções vitais do
absolutamente incapaz. indivíduo, atestada por médico, ou na falta de especialista, e
- relativa: o incapaz pode praticar os atos da vida civil, duas testemunhas.
porém deve ser assistido, sob pena de anulabilidade (artigo
171, inciso I, do Código Civil). No entanto, alguns atos podem DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
ser praticados pelo relativamente sem que esteja na presença
de seu representante, como por exemplo, ser testemunha, Os direitos da personalidade são inerentes à pessoa
aceitar mandato, fazer testamento, ser eleitor. humana, estando ligados à ela perpetuamente.

3.1- Incapacidade absoluta Podemos conceitua-los como aptidão, reconhecida pela


Desde 2015 são considerados absolutamente incapazes ordem jurídica a alguém, para exercer direitos e contrarir
apenas os menores de 16 (dezesseis) anos (art. 3º, CC). obrigações".8

3.2- Incapacidade relativa A doutrina divide os direitos da personalidade em três


Segundo disposto no artigo 4º do Código Civil, são espécies:
considerados relativamente incapazes:
a- os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; a) direitos físicos: referentes à integridade corporal
b- os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (componentes materiais da estrutura humana), como os
c - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não direitos à vida, à integridade física, ao corpo, à imagem e à voz;
puderem exprimir sua vontade; b) direitos psíquicos: atinentes aos apanágios intrínsecos
d - os pródigos. da personalidade, como os direitos à liberdade, à intimidade, à
integridade psíquica e ao segredo;
3.3- Cessação da Incapacidade c) direitos morais, ligados ao complexo valorativo da
Cessa a incapacidade quando desaparece a sua causa ou pessoa, projetado nela mesma e no meio social em que vive e,
quando ocorre a emancipação (exemplo: se a causa da nesta última categoria, estariam inseridos os direitos à
incapacidade é a menoridade, quando a pessoa completar 18 identidade, à honra, ao respeito e às criações intelectuais.
anos, cessará a incapacidade), conforme artigo 5º do Código
Civil. São características do direito de personalidade:
A emancipação pode ser de três espécies: voluntária, a- Intransmissibilidade e irrenunciabilidade;
judicial e legal. b- Imprescritibilidade;
c- Impenhorabilidade;
a) Emancipação voluntária d- Não sujeição a desapropriação;
Aquela decorrente da vontade dos pais, por concessão de e- Vitaliciedade;
ambos ou de um deles na falta do outro. Em casos tais, não é f- Absolutismo;
necessária a homologação perante o juiz, eis que é concedida g- Não limitação;
por instrumento público e registrada no Cartório de
Registro Civil das Pessoas Naturais. Para que ocorra a A proteção jurídica desses direitos ocorre com a cessação
emancipação parental, o menor deve ter, no mínimo, 16 anos dos atos que perturbam e desrespeitam a integridade física,
completos. intelectual ou moral do ser e, em seguida, com a averiguação
da existência da lesão ou não, no ressarcimento dos danos
b) Emancipação judicial morais e patrimoniais experimentados pela vítima, conforme
É aquela decretada pelo juiz, por sentença, em casos como disposto no artigo 12 do Código Civil.
em que um dos pais não concorda com a emancipação,
contrariando um a vontade do outro. O menor sob tutela só Diz o art. 5°, X, da CF: "são invioláveis a intimidade, a vida
poderá ser emancipado por ordem judicial, tendo em vista que privada a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
o tutor não pode emancipar o tutelado. direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação".
c) Emancipação legal
Decorre das hipóteses previstas nos incisos II a V do A intimidade pode ser definida como a esfera secreta da
parágrafo único do ar. 5º, como através do casamento, pelo vida do indivíduo na qual este tem o poder legal de evitar os
exercício de emprego público efetivo, pela colação de grau em demais, inclusive seus familiares se assim quiser (liberdade de
curso de ensino superior, pelo estabelecimento civil ou pensamento). Em sentido prático, porém, o que a
comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde interpretação sistemática do texto constitucional nos leva a

8 https://jus.com.br/artigos/4493/os-direitos-da-personalidade

Noções de Direito Civil 7


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concluir é que a intimidade abrangeria o sigilo de III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não
correspondência, a inviolabilidade do domicilio (CF: art. 5°, XI) puderem exprimir sua vontade; (Redação dada pela Lei nº
e o segredo profissional. 13.146, de 2015)
A intimidade é considerada um direito diverso dos direitos IV - os pródigos.
à vida privada, à honra e à imagem, sendo que o chamado Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada
direito à privacidade tomado em sentido genérico e amplo por legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de
deve englobar todas essas manifestações da esfera intima 2015)
privada e da personalidade.
Já o direito de preservação da honra e da imagem das Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos,
pessoas não representam um desdobramento do direito à quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da
intimidade ou do direito à privacidade, mas sim direitos vida civil.
conexos. A honra revela-se como o conjunto de qualidades que Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
caracterizam a dignidade da pessoa, considerada em si mesmo I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro,
e em relação aos demais, como o bom nome e a reputação. mediante instrumento público, independentemente de
A inviolabilidade da imagem da pessoa consiste na tutela homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se
do aspecto físico como é perceptível visivelmente; subdivide- o menor tiver dezesseis anos completos;
se em dois tipos: II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
a) imagem retrato (como fotografia) descrita no inciso X do IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
art. 5° da CF; e V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela
b) imagem atributo (publicitária p. ex) descrita no art. 5°, existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o
V da CF9. menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.

No Código Civil temos a seguinte disciplina: Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a morte;
presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei
a) Direito ao corpo vivo ou morto: artigos 13 a 15; autoriza a abertura de sucessão definitiva.
b) Direito ao nome: CC, artigos 16 a 19;
c) Direito à imagem: CC, art. 20; Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem
d) Direito à privacidade: CC, art. 21. decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em
Veja os dispositivos legais acerca do tema: perigo de vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito
TÍTULO I prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da
DAS PESSOAS NATURAIS guerra.
CAPÍTULO I Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses
DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as
buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável
Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem do falecimento.
civil.
Art. 8º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma
Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes
nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.
os direitos do nascituro.
Art. 9º Serão registrados em registro público:
Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer I - os nascimentos, casamentos e óbitos;
pessoalmente os atos da vida civil: II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do
I - os menores de dezesseis anos; juiz;
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa;
tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; IV - a sentença declaratória de ausência e de morte
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem presumida.
exprimir sua vontade.
Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer Art. 10. Far-se-á averbação em registro público:
pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do
anos. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) casamento, o divórcio, a separação judicial e o restabelecimento
I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) da sociedade conjugal;
II - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou
III - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) reconhecerem a filiação;
III - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009)
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à
maneira de os exercer: (Redação dada pela Lei nº 13.146, de
2015)
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação
dada pela Lei nº 13.146, de 2015)

9 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a indenização por dano material, moral ou à imagem;
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à (...)
propriedade, nos termos seguintes: X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
(...) assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação;

Noções de Direito Civil 8


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CAPÍTULO II (B) absolutamente incapazes, contra eles não correndo a


DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE prescrição.
(C) relativamente incapazes, contra eles não correndo a
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos prescrição.
da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não (D) absolutamente incapazes, contra eles correndo a
podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. prescrição, mas possuindo ação contra seus assistentes que a
ela tiverem dado causa.
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a (E) relativamente incapazes, contra eles correndo a
direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prescrição, e não possuindo ação contra seus assistentes que a
prejuízo de outras sanções previstas em lei. ela tiverem dado causa.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação
para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge 02. Com base no disposto no Código Civil acerca de
sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral personalidade e capacidade jurídica, julgue o item a seguir.
até o quarto grau.
As crianças e os adolescentes com menos de dezesseis anos
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de de idade são absolutamente incapazes de exercer
disposição do próprio corpo, quando importar diminuição pessoalmente os atos da vida civil.
permanente da integridade física, ou contrariar os bons ( ) Certo
costumes. ( ) Errado
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido
para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial. 03. Com base nas disposições do Código Civil, julgue o item
seguinte.
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a
disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para Situação hipotética: Fábio e Cristiano, ao transportarem
depois da morte. Batista, que se encontrava seriamente enfermo, para um
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente hospital, colidiram o veículo em que estavam com um poste.
revogado a qualquer tempo. Em virtude do acidente, todos os três morreram, não tendo
sido possível verificar quem morreu primeiro. Assertiva:
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com Nesse caso, considerando-se o debilitado estado de saúde de
risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. Batista, presume-se que ele morreu primeiro.
( ) Certo
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele ( ) Errado
compreendidos o prenome e o sobrenome.
04. Com base nas disposições do Código Civil, julgue o item
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por seguinte.
outrem em publicações ou representações que a exponham ao
desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. Sendo o ser humano sujeito de direitos e deveres, a
capacidade é a medida da personalidade.
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em ( ) Certo
propaganda comercial. ( ) Errado

Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza 05. Assinale a alternativa correta com base nas disposições
da proteção que se dá ao nome. do código civil brasileiro sobre os direitos da personalidade.
(A) Os direitos da personalidade são intransmissíveis e
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à irrenunciáveis, não havendo qualquer possibilidade da lei
administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a criar exceções a tal regra.
divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a (B) Os direitos da personalidade são intransmissíveis e
publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma irrenunciáveis, havendo a possibilidade de exceções a tal regra
pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo apenas por meio de contrato.
da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama (C) Os direitos da personalidade são plenamente
ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. transmissíveis e renunciáveis, não havendo qualquer
(Vide ADIN 4815) possibilidade da lei criar exceções a tal regra.
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são (D) Os direitos da personalidade são plenamente
partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os transmissíveis e renunciáveis, havendo a possibilidade de
ascendentes ou os descendentes. exceções a tal regra apenas por meio de contrato.
(E) Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não
a requerimento do interessado, adotará as providências podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.
necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta
norma. (Vide ADIN 4815) 06. (TRE-SP - Analista Judiciário - Área Administrativa
– FCC/2017) O menor de dezesseis anos
Questões (A) não possui personalidade, a qual é adquirida com a
maioridade civil.
01. Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não (B) possui personalidade e tem resguardados todos os
puderem exprimir sua vontade, são considerados, pelo Código direitos inerentes a ela, mas é absolutamente incapaz para os
Civil, atos da vida civil.
(A) relativamente incapazes, contra eles correndo a (C) possui personalidade, mas os direitos inerentes a ela,
prescrição, mas possuindo ação contra seus assistentes que a bem como os atos da vida civil, poderão ser exercidos
ela tiverem dado causa. pessoalmente apenas aos dezesseis anos completos, quando é
adquirida capacidade plena.

Noções de Direito Civil 9


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(D) possui personalidade, mas os direitos inerentes a ela, (E) Muda-se o domicílio, transferindo-se a residência,
bem como os atos da vida civil, poderão ser exercidos, sob ainda que sem a intenção manifesta de o mudar.
representação, apenas aos dezesseis anos completos, quando
é adquirida capacidade relativa. 10. (EBSERH - Advogado (HUGG-UNIRIO) – IBFC/2017)
(E) possui personalidade e tem resguardados todos os Assinale a alternativa correta sobre a capacidade civil nos
direitos inerentes a ela, mas é relativamente incapaz para os termos da Lei Federal nº 10.406, de 10/01/2002 (Código
atos da vida civil. Civil), daqueles que, por causa transitória ou permanente, não
puderem exprimir sua vontade.
07. (PC-GO - Delegado de Polícia Substituto – (A) São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente
CESPE/2017) No que concerne à pessoa natural, à pessoa os atos da vida civil.
jurídica e ao domicílio, assinale a opção correta. (B) São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira
(A) Sendo o domicílio o local em que a pessoa permanece de os exercer.
com ânimo definitivo ou o decorrente de imposição normativa, (C) São perfeitamente capazes para todos os atos da vida
como ocorre com os militares, o domicílio contratual é civil.
incompatível com a ordem jurídica brasileira. (D) São incapazes, absolutamente a certos atos ou à
(B) Conforme a teoria natalista, o nascituro é pessoa maneira de os exercer.
humana titular de direitos, de modo que mesmo o natimorto (E) São perfeitamente capazes para os atos da vida civil
possui proteção no que concerne aos direitos da que impliquem disposição de direitos imobiliários.
personalidade.
(C) De acordo com o Código Civil, deve ser considerado 11. (Câmara de Mogi das Cruzes – SP - Procurador
absolutamente incapaz aquele que, por enfermidade ou Jurídico – VUNESP/2017) Cláudia, apresentadora de um
deficiência mental, não possuir discernimento para a prática telejornal na televisão aberta, teve sua foto na praia divulgada
de seus atos. em revista de circulação nacional. Além da foto divulgada, a
(D) A ocorrência de grave e injusta ofensa à dignidade da revista fez uma matéria afirmando que Cláudia estaria
pessoa humana configura o dano moral, sendo desnecessária usufruindo suas férias com dinheiro ilícito. Um escritório de
a comprovação de dor e sofrimento para o recebimento de contabilidade aproveitou a foto e a notoriedade do fato para
indenização por esse tipo de dano fazer propaganda dos serviços oferecidos pelo escritório.
(E) Na hipótese de desaparecimento do corpo de pessoa Diante dos fatos narrados, responda corretamente.
em situação de grave risco de morte, como, por exemplo, no (A) É civilmente responsável pelo ressarcimento de dano,
caso de desastre marítimo, o reconhecimento do óbito decorrente de publicação pela imprensa, apenas o autor do
depende de prévia declaração de ausência. escrito.
(B) Para Cláudia ter direito a indenização, é necessário
08. (EBSERH - Advogado (HUJB – UFCG) – INSTITUTO fazer prova do prejuízo sofrido.
AOCP/2017) Em relação aos direitos da personalidade, (C) O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem
analise as assertivas e assinale a alternativa que aponta as em publicações ou representações que a exponham ao
corretas. desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.
I. São instransmissíveis, irrenunciáveis, ilimitados e (D) Por se tratar de fato notório, o escritório de
absolutos. contabilidade pode usar o nome de Cláudia em propaganda
II. São imprescritíveis, ilimitados, relativos e eternos. comercial.
III. São inalienáveis, impenhoráveis, imprescritíveis e (E) Não é cabível indenização por dano moral no caso
vitalícios. descrito uma vez que a publicação das fotos de Cláudia não
IV. São vitalícios, limitados e transmissíveis. causaram a ela dor e sofrimento.

(A) Apenas I e III. 12. (SEDF - Professor – Direito – QUADRIX/2017)


(B) Apenas II e III. Julgue o item subsecutivo no que se refere ao Direito Civil.
(C) Apenas II e IV. Individualizando‐se a pessoa natural, tem‐se que o nome,
(D) Apenas I, II e IV. composto de prenome e sobrenome, seja a designação pela
(E) Apenas I, III e IV. qual a pessoa é conhecida no seio familiar e social. É correto
afirmar que os prenomes podem ser substituídos oficialmente
09. (MPE-RS - Secretário de Diligências – MPE- por apelidos públicos notórios.
RS/2017) Acerca da disciplina contida no Código Civil que ( ) Certo
trata da personalidade, da capacidade e do domicílio, assinale ( ) Errado
a alternativa correta.
(A) São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente 13. (TJ-MT - Técnico Judiciário – UFMT/2016) De
os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos; os que, acordo com a Lei n.º 10.406, de 10 de janeiro de 2002, Código
por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o Civil, NÃO é considerado relativamente incapaz de exercer
necessário discernimento para a prática desses atos; e os que, certos atos da vida civil:
mesmo por causa transitória ou permanente, não puderem (A) O menor de dezesseis anos.
exprimir sua vontade. (B) O viciado em tóxico.
(B) A capacidade civil, implementada aos 18 (dezoito) (C) O pródigo.
anos, não poderá ser antecipada. (E) O ébrio habitual.
(C) São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira
de os exercer aqueles que, por causa transitória ou 14. (Prefeitura de Paulínia – SP - Guarda Municipal –
permanente, não puderem exprimir sua vontade. FGV/2016) Sobre o regime jurídico das incapacidades
(D) O domicílio da pessoa natural é o local onde ela atualmente vigente no Direito Civil, é correto afirmar que:
estabelece a sua residência. Se, porém, a pessoa natural tiver (A) a pessoa natural considerada absolutamente incapaz
diversas residências, onde, alternativamente, viva, considerar- não poderá praticar atos jurídicos da vida civil;
se-á domicílio seu somente aquela em que ela por último se (B) o pródigo poderá praticar pessoalmente atos jurídicos
estabeleceu. válidos que não impliquem a redução do seu patrimônio;

Noções de Direito Civil 10


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(C) a pessoal natural, considerada relativamente incapaz, Para os casos de pessoa natural que não tenha domicílio
terá declarada a nulidade dos atos que praticar sem certo ou fixo, como por exemplo o cigano ou viajantes, terá por
representação; domicílio o local que for encontrado. Trata-se, portanto de
(D) o menor de dezesseis anos, que agir sem domicílio aparente ou ocasional, já que cria a aparência de um
representação, terá declarada a anulabilidade dos seus atos; domicílio num local que pode ser considerado por terceiro
(E) o maior de dezesseis e menor de dezoito anos, que agir como o seu domicílio.
sem assistência, poderá sofrer a nulidade dos seus atos.
Domicílio da Pessoa Jurídica: As pessoas jurídicas têm
15. (Prefeitura de Paulínia – SP - Guarda Municipal – seu domicílio, que é sua sede jurídica, onde os credores podem
FGV/2015) Carla, de quatorze anos, acaba de colar grau no demandar que as obrigações sejam cumpridas. Este será o
curso de ensino superior em Ciência da Computação. Sobre a local de suas atividades humanas.
situação narrada, é correto afirmar que:
(A) embora não se tenha extinguido a menoridade, Carla é Domicílio dos Incapazes: o domicílio do incapaz é legal,
considerada capaz civilmente; pois sua fixação dar-se-á por determinação de lei e não por
(B) embora absolutamente incapaz, Carla é considerada volição. Os absoluta ou relativamente incapazes terão por
maior; domicílio o de seus representantes legais (pais, tutores ou
(C) embora relativamente incapaz, Carla é considerada curadores).
maior;
(D) a colação de grau em curso de nível superior não altera Domicílio do Militar: o domicílio do militar do Exército é
a situação de incapacidade civil do menor; o lugar onde servir, e o da Marinha ou Aeronáutica em serviço
(E) apenas a maioridade faz cessar a incapacidade e ativo é a sede do comando a que se encontra imediatamente
habilita o agente para os atos da vida civil. subordinado. O militar reformado não tem domicílio legal. No
entanto, se o militar estiver exercendo suas funções fora do
Respostas local de seu domicílio, este será o da sede de sua guarnição ou
quartel.
01. A. / 02. Certo. / 03. Errado. / 04. Certo. / 05. E.
06. B / 07. D / 08. A / 09. C / 10. B Domicílio do Preso: é o local onde cumpre a sentença. Se
11. C / 12. Certo / 13. A. / 14. B. / 15. A. for internado em manicômio judiciário será competente o local
DOMICÍLIO para julgar o pedido de sua interdição. Caso se trate de preso
ainda não condenado, seu domicílio será o voluntário.
Domicílio é o local onde a pessoa é encontrada. Eis os artigos referentes:

Dispõe o artigo 70 do Código Civil “é o local em que a TÍTULO III


pessoa estabelece a sua residência com ânimo definitivo”. Do Domicílio

Da leitura do dispositivo extraímos dois elementos: Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela
- elemento objetivo: é a residência; estabelece a sua residência com ânimo definitivo.
- elemento subjetivo: é o ânimo definitivo.
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas
Segundo o artigo 71 do Código Civil a pessoa poderá ter residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á
mais de um domicílio quando: domicílio seu qualquer delas.
- tenha mais de uma residência onde alternadamente viva;
- tenha vários centros de ocupações habituais. Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às
relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida.
O artigo 73 do Código Civil dispõe que as pessoas que não Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares
tiverem residência fixa terão como domicílio o local onde diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações
forem encontradas. que lhe corresponderem.

Temos duas espécies de domicílio: necessário e Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não
voluntário. tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada.

Necessário: é determinado pela lei. Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com
a intenção manifesta de o mudar.
Voluntário: pode ser: Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que
- comum: é aquele escolhido pela pessoa e poderá ser declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e
mudado por ela. A conduta da pessoa vai mostrar se ela teve para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria
ou não intenção de mudar o seu domicílio; mudança, com as circunstâncias que a acompanharem.
- especial (artigo 78 do Código Civil): é aquele que
possibilita aos contratantes estabelecer um local para o Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:
cumprimento das obrigações (foro de contrato) ou um local I - da União, o Distrito Federal;
para dirimir quaisquer controvérsias surgidas em decorrência II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
do contrato (foro de eleição). A pessoa privilegiada poderá, no III - do Município, o lugar onde funcione a administração
entanto, renunciar ao foro eleito para se utilizar do foro do municipal;
domicílio do réu. Não terá validade o foro de eleição em IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem
contrato de adesão, salvo se não prejudicar o aderente. as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem
domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
Em caso de pluralidade domiciliar, poderá ser considerado § 1º Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em
domicílio qualquer um deles. lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio
para os atos nele praticados.

Noções de Direito Civil 11


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§ 2º Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no (D) Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não
estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada.
tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas (E) Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a
agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela intenção manifesta de o mudar.
corresponder.
04. Considerando as disposições do código civil brasileiro
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor sobre o domicílio da pessoa natural, assinale a alternativa
público, o militar, o marítimo e o preso. correta.
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu (A) O domicílio do incapaz é aquele declarado pelo juiz e
representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em independe do estabelecido pelo seu representante ou
que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde assistente.
servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do (B) O domicílio do servidor público é o lugar em que tomou
comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do posse pela primeira vez para o exercício de suas funções.
marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar (C) O domicílio do militar é o lugar onde servir e, sendo da
em que cumprir a sentença. Marinha, a sede do comando a que se encontrar
imediatamente subordinado.
Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, citado no (D) O domicílio do marítimo é o lugar onde o navio estiver
estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde atracado.
tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito (E) O domicílio do preso é o lugar em que tiver sido
Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve. condenado.

Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes 05. Com relação ao domicílio, é correto afirmar que
especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e (A) para a mudança de seu domicílio, a pessoa natural
obrigações deles resultantes. deverá requerê-lo por escritura pública.
(B) o domicílio de uma sociedade empresária é, em regra,
Questões o local onde funciona sua diretoria e administração.
(C) o militar e o marítimo possuem domicílio itinerante.
01. Cirlene reside com ânimo definitivo em São Luís, mas (D) o domicílio da pessoa natural é, em regra, o local de seu
se desloca todas as sextas-feiras a Grajaú, onde permanece os nascimento.
finais de semana, a trabalho. Retorna na segunda-feira à São (E) o domicílio do Município coincide com o local de
Luís. De acordo com o Código Civil, residência do prefeito.
(A) admite-se a pluralidade de domicílios; contudo, Grajaú
não constitui domicílio de Cirlene porque somente se 06. (TRE-SP - Analista Judiciário - Área Administrativa
considera como tal o local em que a pessoa reside com ânimo – FCC/2017) Manoel trabalha na cidade de Cajamar, reside,
definitivo. alternadamente, nas cidades de Jundiaí e Campinas, com
(B) não se admite a pluralidade de domicílios e Cirlene ânimo definitivo, e passa férias, ocasionalmente, na cidade de
possui domicílio somente em São Luís, porque é lá que reside Itatiba. De acordo com o Código Civil, considera(m)-se
com ânimo definitivo. domicílio(s) de Manoel
(C) não se admite a pluralidade de domicílios e Cirlene (A) Jundiaí e Campinas, apenas.
possui domicílio somente em Grajaú, porque o domicílio (B) Cajamar, apenas.
profissional prevalece sobre o local em que se reside com (C) Cajamar, quanto às relações concernentes à profissão,
ânimo definitivo. Jundiaí e Campinas, apenas.
(D) admite-se a pluralidade de domicílios e Cirlene possui (D) Cajamar, Jundiaí, Campinas e Itatiba.
domicílio em São Luís e também em Grajaú, para as relações (E) Jundiaí, Campinas e Itatiba, apenas.
concernentes à profissão.
(E) admite-se a pluralidade de domicílios, Cirlene possui 07. (TRT - 20ª REGIÃO (SE) - Analista Judiciário - Área
domicílio em São Luís e Grajaú somente será considerada Judiciária Especialidade Oficial de Justiça Avaliador
domicílio caso Cirlene tenha a intenção de lá residir com ânimo Federal – FCC/2016) Flávio trabalha em empresas situadas
definitivo, ainda que apenas aos finais de semana. nas cidades A, B e C, reside com ânimo definitivo na cidade D e
visita sua mãe, ocasionalmente, a passeio, na cidade E. Exerce
02. Com base nas disposições do Código Civil, julgue o item sua principal atividade na cidade C. Considera(m)-se
seguinte. domicílio(s) natural(is) de Flávio o(s) lugar(es) situado(s) em
(A) D, somente.
Se a pessoa natural tiver diversas residências onde viva (B) A, B e C, quanto às relações concernentes às respectivas
alternadamente, qualquer uma delas é considerada seu atividades profissionais, e D.
domicílio. (C) C, somente.
( ) Certo (D) C, quanto às relações concernentes à profissão ali
( ) Errado exercida, e D.
(E) A, B, C, D e E.
03. Assinale a alternativa INCORRETA sobre o que dispõe
o código civil brasileiro em relação ao domicílio da pessoa 08. (AL-MS - Consultor de Processo Legislativo –
natural. FCC/2016) Arlindo reside com ânimo definitivo em
(A) O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela Corumbá/MS, exerce atividade profissional em Campo
estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Grande/MS e pesca, a lazer, ocasionalmente, em
(B) Se a pessoa natural tiver diversas residências, onde, Dourados/MS, onde se hospeda em hotéis diversos. De acordo
alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer com o Código Civil, Arlindo possui domicílio
delas. (A) apenas em Corumbá, onde reside com ânimo definitivo,
(C) É também domicílio da pessoa natural, quanto às pois não se admite pluralidade de domicílios.
relações concernentes à profissão, um único lugar onde esta é (B) em Corumbá, onde reside com ânimo definitivo, em
exercida de forma principal. Campo Grande, quanto às atividades concernentes à profissão

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ali exercida, e em Dourados, para onde habitualmente se AUSÊNCIA


desloca.
(C) em Corumbá, onde reside com ânimo definitivo, e em A doutrina conceitua a ausência como “um estado de fato,
Campo Grande, quanto às atividades concernentes à profissão em que uma pessoa desaparece de seu domicílio, sem deixar
ali exercida. qualquer notícia”.10
(D) apenas em Campo Grande, pois se considera domicílio
somente o local em que se exercem as atividades profissionais. O ordenamento jurídico disciplinou sobre a ausência de
(E) em qualquer local em que vier a ser encontrado. modo a preservar o patrimônio da pessoa ausente, seja para
sua necessidade, seja pensando no interesse dos herdeiros.
09. (Prefeitura de Quixadá – CE - Assistente Jurídico –
SERCTAM/2016) Acerca de domicílio, julgue as assertivas e Assim, se um indivíduo desaparece sem deixar
depois marque a alternativa correta. representante para administrar seus bens caberá ao juiz, a
I- A mudança de domicílio opera-se com a transferência da requerimento de qualquer interessado, ou do Ministério
residência aliada à intenção manifesta de o alterar. A prova da Público, declarar a ausência, e nomear curador.
intenção resulta do que declarar a pessoa às municipalidades
do lugar que deixa e para onde vai, ou, se tais declarações não Entretanto, temos outra hipótese em que o juiz nomeará
fizer, a própria mudança, com as circunstâncias que a curador ao ausente: caso o ausente deixe mandatário, mas ele
determinaram. não quer ou não pode exercer o múnus ou até mesmo
II- Em regra, o domicílio civil da pessoa jurídica de direito continuar o mandato nomeia-se novo mandatário.
privado é o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e
administrações, ou, então, se possuir filiais em diversos A ausência passa por três fases:
lugares, cada um deles será considerado domicílio para os atos 1ª curadoria do ausente;
nele praticados. 2ª sucessão provisória, e
III- O critério legal para fixação do domicílio das pessoas 3ª sucessão definitiva.
jurídicas de direito público sempre se identifica com a regra
adotada para determinar a competência de foro ou territorial. A primeira fase é subsequente ao desaparecimento, o
IV- O domicílio do servidor público é o lugar onde exerce ordenamento jurídico procura preservar os bens por ele
suas funções permanentemente. A assunção em cargos deixados, para a hipótese de seu eventual retorno. Aqui, o
comissionados ou funções de simples confiança, de caráter curador cuida do patrimônio do ausente.
transitório, não implicam alteração do domicílio anterior. Na segunda fase, há uma improvável possibilidade do
V- O domicílio do incapaz é o do seu representante ou retorno da pessoa desaparecida, por isso há maior interesse
assistente; o do servidor público; o do militar, onde servir, e, em proteger o interesse dos sucessores; é a fase da sucessão
sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que provisória.
se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, Depois de longo período de ausência, é autorizada a
onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que abertura da sucessão definitiva.
cumprir a sentença.
A curadoria do ausente fica restrita aos bens.
(A) Os itens II e III estão errados.
(B) Todos os itens estão errados. Equipara-se à morte (é chamada de “morte presumida”)
(C) O item II está certo e os itens IV e V errados. somente para o fim de permitir a abertura da sucessão.
(D) Apenas o item V está correto.
(E) Os itens II e IV estão corretos. Com a comunicação da ausência ao juiz, este determinará
a arrecadação dos bens do ausente e os entregará à
10. (Prefeitura de Ilhéus – BA - Procurador – administração do curador nomeado.
CONSULTEC/2016) A empresa J&J Silva possui seu principal
estabelecimento em Olivença e mais outros dois em Aracaju e O período de duração da curadoria dos bens do ausente é
Natal. A Diretoria funciona em Aracaju. de um ano, durante o qual serão publicados editais, de dois em
Nesse caso, entende-se por localidade do domicílio da dois meses, convocando o ausente a reaparecer (CPC, art. 745).
empresa: Passado o prazo, sem que o ausente reapareça, ou se tenha
(A) Apenas Natal. notícia de sua morte, ou se ele deixou representante ou
(B) Apenas Olivença procurador, e, passando três anos, poderão os interessados
(C) Natal e Aracaju, independente do local em que foi requerer a abertura da sucessão provisória (CC, art. 26).
praticado o ato.
(D) Olivença e Natal, independente do local em que foi A curadoria cessará:
praticado o ato. a) pelo comparecimento do ausente, do seu procurador ou
(E) Olivença, Natal e Aracaju para os atos praticados nos de quem o represente;
estabelecimentos de cada localidade. b) pela certeza da morte do ausente;
c) pela sucessão provisória. A abertura desta, com a
Respostas partilha dos bens aos herdeiros, faz cessar, portanto, a
curadoria do ausente.
01. D. / 02. Certo. / 03. C. / 04. C. / 05. B.
06. C / 07. B / 08. C / 09. A / 10. E Sucessão provisória:
Os legitimados estão elencados no art. 25, CC:

a) cônjuge do ausente, desde que não esteja separado


judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da
declaração da ausência;

10 http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7085

Noções de Direito Civil 13


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b) pais ou aos descendentes, nesta ordem; A ausência é uma causa de incapacidade reconhecida pelo
c) descendentes. Código Civil, de maneira que, se ela for declarada
judicialmente, deve-se nomear curador ao ausente.
Como há remota probabilidade de retorno do ausente o ( ) Certo
legislador prescreveu algumas medidas para assegurar a ( ) Errado
restituição dos bens ao ausente. São elas:
a- a sentença que determina a abertura da sucessão 04. Murilo desapareceu em alto mar. Considerando que
provisória só produz efeitos após 6 meses depois de publicada; Murilo era casado e convivia maritalmente com Gabriela, que
b- a partilha dos bens do ausente só ocorre após os possui um filho maior, Carlos, e que seus pais, Marta e Manoel
herdeiros derem garantias de restituição, mediante penhor ou são vivos, declarada a sua ausência será nomeado seu curador
hipoteca; (A) Manoel, apenas.
c- a venda dos bens do ausente só ocorrerá em caso de (B) Carlos, apenas.
desapropriação e para evitar ruína ou quando convenha para (C) Marta, apenas.
converter em títulos da dívida pública. (D) Gabriela, apenas.
d- as rendas produzidas pelos bens do ausente pertencem (E) Marta ou Manoel.
aos herdeiros, em sua totalidade.
05. Poderão os interessados requerer que se declare a
Sucessão Definitiva: ausência e se abra provisoriamente a sucessão se decorrido
A sucessão definitiva ocorre se transcorrerem dez anos, (A) um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele
sem retorno do ausente ou se o ausente contar com 80 anos e deixou representante ou procurador, em se passando seis
de cinco anos datam suas últimas notícias. meses.
(B) um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele
Caso o ausente reaparece após os 10 anos seguintes à deixou representante ou procurador, em se passando três
abertura da sucessão definitiva receberá os seus bens anos.
existentes e no estado em que se encontrarem. (C) seis meses da arrecadação dos bens do ausente, ou, se
ele deixou representante ou procurador, em se passando um
A ausência está disciplinada no Código Civil nos arts. 22 a ano.
39. (D) seis meses da arrecadação dos bens do ausente,
inclusive se tiver deixado representante ou procurador.
Questões (E) três anos da arrecadação dos bens do ausente, ou, se
ele deixou representante ou procurador, em se passando seis
01. Considerando as disposições do código civil sobre a meses.
curadoria dos bens do ausente, assinale a alternativa
INCORRETA. Respostas
(A) Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela 01. D. / 02. B. / 03. Errado. / 04. D. / 05. B
haver notícia, se não houver deixado representante ou
procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a
requerimento de qualquer interessado ou do Ministério 3 Pessoas jurídicas.
Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.
3.1 Constituição. 3.2 Extinção.
(B) Será declarada a ausência, e se nomeará curador,
quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não 3.3 Domicílio. 3.4 Sociedades de
possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes fato, grupos despersonalizados,
forem insuficientes.
(C) O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e
associações. 3.5 Sociedades,
obrigações, conforme as circunstâncias, observando, no que fundações. 3.6 Desconsideração
for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores. da personalidade jurídica.
(D) O cônjuge do ausente, ainda que separado 3.7 Responsabilidade.
judicialmente, ou de fato, será o seu legítimo curador.
(E) Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente
incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não
havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo. PESSOAS JURÍDICAS

02. Benjamin da Silva Xavier, soldado brasileiro das Forças As pessoas jurídicas são entidades que a lei confere
Armadas do Brasil, embarcou para uma operação militar na personalidade, permitindo sua capacitação, estando dessa
região de fronteira Amazônica. Decorridos dois anos do forma sujeitas a direitos e obrigações.
término dos confrontos na área, esgotadas todas as
possibilidades de busca, Benjamin não foi encontrado. Nesse 1- Requisitos para a constituição da pessoa jurídica
caso, de acordo com a vigente lei civil, poderá ser: - Vontade humana;
(A) declarada a ausência de Benjamin, com simultânea - Registro (ou ato constitutivo);
nomeação de curador. - Autorização do Governo;
(B) declarada a morte presumida de Benjamin, sem prévia
decretação de ausência. 2- Classificação das pessoas jurídicas
(C) decretada a ausência de Benjamin para, Pessoas Jurídicas de Direito Público Externo: Estados
posteriormente, ser declarada a presunção de sua morte. estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito
(D) decretada a ausência de Benjamin e, passados dez anos internacional público.
sem que dele se tenha notícias, ser declarada sua morte
presumida. Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno da
administração direta: União, Estados, Distrito Federal,
03. Com referência a tutela, curatela, ausência, casamento, Territórios, Municípios
relações de parentesco e sucessão, julgue os próximos itens. Por sua vez, as Pessoas Jurídicas de Direito Público
Interno da administração indireta são órgãos descentralizados,
Noções de Direito Civil 14
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criados por lei, com personalidade jurídica própria para os Por outro lado, por força do art. 37, §6º, CF, as pessoas
exercícios de atividades de interesse público (Autarquias, jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras
Associações Públicas, Fundações Públicas). de serviços públicos respondem independentemente de dolo
ou culpa de seus prepostos, pelos danos que causarem a
Pessoas Jurídicas de Direito Privado: Associações, terceiros.
Sociedades, Fundações, Organizações religiosas e Partidos
políticos. São instituídas por iniciativa de particulares. As pessoas jurídicas de direito público interno são
civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa
Vamos abordar um pouco a respeito das pessoas jurídicas qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito
de direito privado. regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte
destes, culpa ou dolo (art. 43 – CC)
a- Associações (arts. 53 a 61).
União de pessoas que se organizem para fins não A responsabilidade é objetiva, mas na modalidade do risco
econômicos (art. 53). administrativo (não do risco integral, em que o Estado
Os requisitos para a constituição do estatuto estão responde em qualquer circunstância).
elencados no art. 54.
Assim, a vítima não tem mais o ônus de provar culpa ou
b- Sociedades. dolo do funcionário, mas o Estado se exonerará da obrigação
Estão disciplinadas no título II do Código Civil (arts. 981 e de indenizar se provar culpa exclusiva da vítima, caso fortuito,
ss). força maior ou fato exclusivo de terceiro.
Celebram contrato de sociedade as pessoas que
reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, 3- Extinção da pessoa jurídica
para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, A pessoa jurídica extingue-se por quatro formas: a
dos resultados.11 convencional, a legal, a administrativa e a judicial.
As sociedades podem ser simples e empresarial.
A dissolução convencional é deliberada pelos seus
c- Fundações (arts. 62 a 69). membros, pois da mesma forma que a vontade pode criar o
Fundação é um acervo de bens, que recebe personalidade ente, pode decidir por extingui-lo. Para tanto é necessário que
jurídica para a realização de fins determinados, de interesse haja quórum previsto nos estatutos ou na lei;
público, de modo permanente e estável.
As fundações podem ser: particular ou pública. A dissolução legal ocorre em razão de motivo determinado
- particular: reguladas pelo CC. por lei, sobretudo, o ordenamento reprime certos tipos de
- pública: instituídas pelo Estado, é regida pelas normas de pessoas jurídicas. Exemplo: finalidade belicosa.
direito administrativa. Já em potros casos algumas pessoas jurídicas são criadas
para determinado fim e que se extinguem quando seu objetivo
Para a criação de uma fundação a lei exige forma solene de é alcançado ou se esvai, deixando de ter razão a sua existência.
escritura pública ou do testamento.
A dissolução administrativa as pessoas jurídicas
O estatuto da fundação só será modificado sob três necessitam de aprovação ou autorização do Poder Público.
condições: deliberação da maioria dos administradores e Podem ter a autorização cassada, quando incorrerem em atos
representantes; respeito a sua finalidade original; aprovação opostos a seus fins ou nocivos ao bem público.
da autoridade competente.
A dissolução judicial, quando se configura alguns dos casos
d- Organizações religiosas. de dissolução previstos em lei ou estatuto e a sociedade
A elas serão aplicas as normas referentes às associações, continua a existir, fazendo com que om dos sócios tenha que
naquilo em que forem compatíveis. ingressar em juízo.

e- partidos políticos Os partidos políticos possuem O desaparecimento da pessoa jurídica, ao contrário da


natureza própria. pessoa física, por necessidade material dar-se
instantaneamente, pois, havendo patrimônios e débitos, a
Por fim, no estudo das pessoas jurídicas há de se atentar pessoa jurídica entrará em fase de liquidação, subsistindo tão-
que as pessoas jurídicas elencadas no art. 44 do CC não são só para a realização do ativo e para o pagamento dos débitos,
taxativas, ou seja, é possível que outras surjam. vindo a terminar completamente quando o patrimônio atingir
seu destino.12
3- Responsabilidade Civil.
No direito brasileiro tempos duas espécies de As pessoas jurídicas estão disciplinadas no CC nos arts. 40
responsabilidade, a contratual e extracontratual. a 69.
A primeira diz respeito às pessoas jurídicas de direito
privado em geral, desde que se tornem inadimplentes, TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE
responderão por perdas e danos, nos termos do art. 309 do JURÍDICA
Código Civil.
Já na segunda, as pessoas jurídicas de direito privado Para Carlos Roberto Gonçalves13 O ordenamento jurídico
respondem civilmente pelos atos causados por culpa ou dolo confere às pessoas jurídicas personalidade distinta da dos seus
de seus prepostos, tenham ou não fins lucrativos (arts. 186 e membros. Esse princípio da autonomia patrimonial possibilita
932, III - CC). que sociedades empresárias sejam utilizadas como
instrumento para a prática de fraudes e abusos de direito
contra credores, acarretando-lhes prejuízos. Pessoas

11Pedro Lenza. Direito Civil Esquematizado. 13 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil esquematizado® v. 1 / Carlos
12 http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,fundacao-alteracao-e-extincao- Roberto Gonçalves – 3. ed. – São Paulo: Saraiva, 2013. Bibliografia. 1. Direito civil
da-pessoa-juridica,25177.html 2. Direito civil – Brasil I. Título.

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inescrupulosas têm-se aproveitado desse princípio com a A teoria maior divide-se ainda em:
intenção de se locupletarem em detrimento de terceiros, i- objetiva: a confusão patrimonial é o pressuposto
utilizando a pessoa jurídica como uma espécie de “capa” ou necessário e suficiente para a desconsideração. Isso significa
“véu” para proteger os seus negócios escusos. que basta a existência de bens de sócio registrados em nome
da sociedade e vice-versa.
A reação a esses abusos ocorreu em diversos países, dando ii- subjetiva: dispensa o elemento anímico presente nas
origem à teoria da desconsideração da personalidade jurídica, hipóteses de desvio de finalidade e de fraude.
que recebeu o nome de disregard doctrine ou disregard of
legal entity no direito anglo-americano; abus de la notion de O Código Civil adotou a teoria maior.
personnalité sociale no direito francês; teoria do superamento
della personalità giuridica na doutrina italiana; teoria da Atenção! O Código de Defesa do Consumidor adota a
penetração — Durchgriff der juristischen Personen na teoria menor.
doutrina alemã.
3- Desconsideração inversa.
Segundo essa teoria, ao juiz é permitido nos casos de A desconsideração inversa se caracteriza pelo afastamento
fraude e de má-fé que desconsidere o princípio de que as do princípio da autonomia patrimonial da pessoa jurídica para
pessoas jurídicas têm existência distinta da de seus membros responsabilização da sociedade por dívidas do sócio.
e os efeitos dessa autonomia para atingir e vincular os bens
particulares dos sócios à satisfação das dívidas da sociedade TÍTULO II
(lifting the corporate veil, ou seja, erguendo-se o véu da DAS PESSOAS JURÍDICAS
personalidade jurídica). CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Como bem esclarece Fábio Ulhoa Coelho, “a decisão
judicial que desconsidera a personalidade jurídica da Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno
sociedade não desfaz o seu ato constitutivo, não o invalida, ou externo, e de direito privado.
nem importa a sua dissolução. Trata, apenas e rigorosamente,
de suspensão episódica da eficácia desse ato. Quer dizer, a Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
constituição da pessoa jurídica não produz efeitos apenas no I - a União;
caso em julgamento, permanecendo válida e inteiramente II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
eficaz para todos os outros fins... Em suma, a aplicação da III - os Municípios;
teoria da desconsideração não importa dissolução ou anulação IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;
da sociedade”. (Redação dada pela Lei nº 11.107, de 2005)
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Cumpre distinguir, pois, despersonalização de Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas
desconsideração da personalidade jurídica. A primeira jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de
acarreta a dissolução da pessoa jurídica ou a cassação da direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu
autorização para seu funcionamento, enquanto na segunda funcionamento, pelas normas deste Código.
“subsiste o princípio da autonomia subjetiva da pessoa
coletiva, distinta da pessoa de seus sócios ou componentes, Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os
mas essa distinção é afastada, provisoriamente e tão só para o Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo
caso concreto”. direito internacional público.

1- A desconsideração no direito brasileiro14 Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são
No Código Civil a desconsideração da pessoa jurídica está civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa
prevista no art. 50. qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito
regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte
“Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, destes, culpa ou dolo.
caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão
patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, I - as associações;
que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações II - as sociedades;
sejam estendidos aos bens particulares dos administradores III - as fundações.
ou sócios da pessoa jurídica.” IV - as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 10.825,
de 22.12.2003)
Embora o dispositivo transcrito não utilize a expressão V - os partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de
“desconsideração da personalidade jurídica”, a redação 22.12.2003)
original do Projeto de Código Civil e as emendas apresentadas VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.
demonstram que a intenção do legislador era a de incorporá- (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011)
la ao nosso direito. § 1º São livres a criação, a organização, a estruturação
interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo
2- Teorias da desconsideração. vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro
O direito brasileiro prevê 2 teorias: a “menor” e a “maior”. dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento.
(Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)
a- teoria maior: para essa teoria os requisitos para a § 2º As disposições concernentes às associações aplicam-se
desconsideração é comprovação de fraude e abuso por subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da
parte dos sócios. Parte Especial deste Código. (Incluído pela Lei nº 10.825, de
b- teoria menor: basta o simples prejuízo do credor. 22.12.2003)

14 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil esquematizado® v. 1 / Carlos


Roberto Gonçalves – 3. ed. – São Paulo: Saraiva, 2013. Bibliografia. 1. Direito civil
2. Direito civil – Brasil I. Título.

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§ 3º Os partidos políticos serão organizados e funcionarão Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e
conforme o disposto em lei específica. (Incluído pela Lei nº obrigações recíprocos.
10.825, de 22.12.2003)
Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de conterá:
direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo I - a denominação, os fins e a sede da associação;
registro, precedida, quando necessário, de autorização ou II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos
aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas associados;
as alterações por que passar o ato constitutivo. III - os direitos e deveres dos associados;
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a IV - as fontes de recursos para sua manutenção;
constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito V - o modo de constituição e funcionamento dos órgãos
do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua deliberativos e administrativos;
inscrição no registro. V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos
deliberativos; (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)
Art. 46. O registro declarará: VI - as condições para a alteração das disposições
I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o estatutárias e para a dissolução.
fundo social, quando houver; VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das
II - o nome e a individualização dos fundadores ou respectivas contas. (Incluído pela Lei nº 11.127, de 2005)
instituidores, e dos diretores;
III - o modo por que se administra e representa, ativa e Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o
passivamente, judicial e extrajudicialmente; estatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais.
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à
administração, e de que modo; Art. 56. A qualidade de associado é intransmissível, se o
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, estatuto não dispuser o contrário.
pelas obrigações sociais; Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino fração ideal do patrimônio da associação, a transferência
do seu patrimônio, nesse caso. daquela não importará, de per si, na atribuição da qualidade de
associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa
Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos do estatuto.
administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos
no ato constitutivo. Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo
justa causa, obedecido o disposto no estatuto; sendo este omisso,
Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as poderá também ocorrer se for reconhecida a existência de
decisões se tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo motivos graves, em deliberação fundamentada, pela maioria
se o ato constitutivo dispuser de modo diverso. absoluta dos presentes à assembleia geral especialmente
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as convocada para esse fim.
decisões a que se refere este artigo, quando violarem a lei ou Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 11.127, de 2005)
estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude.
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo
Art. 49. Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure
juiz, a requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-á direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto.
administrador provisório. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exercer
caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão direito ou função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a
patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto.
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que
os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam Art. 59. Compete privativamente à assembleia geral:
estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios I - eleger os administradores;
da pessoa jurídica. II - destituir os administradores;
III - aprovar as contas;
Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou IV - alterar o estatuto.
cassada a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os
para os fins de liquidação, até que esta se conclua. incisos II e IV é exigido o voto concorde de dois terços dos
§ 1º Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver presentes à assembleia especialmente convocada para esse fim,
inscrita, a averbação de sua dissolução. não podendo ela deliberar, em primeira convocação, sem a
§ 2º As disposições para a liquidação das sociedades maioria absoluta dos associados, ou com menos de um terço nas
aplicam-se, no que couber, às demais pessoas jurídicas de direito convocações seguintes.
privado.
§ 3º Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento Art. 59. Compete privativamente à assembleia geral:
da inscrição da pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)
I – destituir os administradores; (Redação dada pela Lei nº
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a 11.127, de 2005)
proteção dos direitos da personalidade. II – alterar o estatuto. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de
2005)
CAPÍTULO II Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os
DAS ASSOCIAÇÕES incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembleia
especialmente convocada para esse fim, cujo quórum será o
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas estabelecido no estatuto, bem como os critérios de eleição dos
que se organizem para fins não econômicos. administradores. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)

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Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do
forma do estatuto, garantido a 1/5 (um quinto) dos associados Estado onde situadas.
o direito de promovê-la. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de § 1º Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território,
2005) caberá o encargo ao Ministério Público do Distrito Federal e
Territórios. (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015)
Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu § 2º Se estenderem a atividade por mais de um Estado,
patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério
ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será Público.
destinado à entidade de fins não econômicos designada no
estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é
instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou mister que a reforma:
semelhantes. I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir
§ 1º Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por e representar a fundação;
deliberação dos associados, podem estes, antes da destinação do II - não contrarie ou desvirtue o fim desta;
remanescente referida neste artigo, receber em restituição, III - seja aprovada pelo órgão do Ministério Público, e, caso
atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem este a denegue, poderá o juiz supri-la, a requerimento do
prestado ao patrimônio da associação. interessado.
§ 2º Não existindo no Município, no Estado, no Distrito III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo
Federal ou no Território, em que a associação tiver sede, máximo de 45 (quarenta e cinco) dias, findo o qual ou no caso de
instituição nas condições indicadas neste artigo, o que o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a
remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do requerimento do interessado. (Redação dada pela Lei nº 13.151,
Estado, do Distrito Federal ou da União. de 2015)

CAPÍTULO III Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por
DAS FUNDAÇÕES votação unânime, os administradores da fundação, ao
submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público,
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por requererão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-
escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, la, se quiser, em dez dias.
especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a
maneira de administrá-la. Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o
para fins de: (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015) órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe
I – assistência social; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em
artístico; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual
III – educação; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) ou semelhante.
IV – saúde; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
V – segurança alimentar e nutricional; (Incluído pela Lei nº Questões
13.151, de 2015)
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e 01. Com base no disposto no Código Civil acerca de
promoção do desenvolvimento sustentável; (Incluído pela Lei nº personalidade e capacidade jurídica, julgue o item a seguir.
13.151, de 2015)
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias A pessoa jurídica, assim como a física, é capaz de direitos e
alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e deveres na ordem civil.
divulgação de informações e conhecimentos técnicos e ( ) Certo
científicos; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) ( ) Errado
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos
direitos humanos; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) 02. Dispõe a Lei n.º 10.406, de 10 de janeiro de 2002,
IX – atividades religiosas; e (Incluído pela Lei nº 13.151, de Código Civil, que é pessoa jurídica de direito privado:
2015) (A) A autarquia.
X – (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) (B) O Município.
(C) A organização religiosa.
Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os (D) O Distrito Federal.
bens a ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o
instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a 03. Sobre o tema “pessoas jurídicas”, é correto afirmar que:
fim igual ou semelhante. (A) os Estados estrangeiros, a União e o Distrito Federal
são pessoas jurídicas de direito público externo;
Art. 64. Constituída a fundação por negócio jurídico entre (B) todas as entidades de caráter público criadas por lei
vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou são pessoas jurídicas de direito público interno;
outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão (C) as pessoas jurídicas de direito público interno são
registrados, em nome dela, por mandado judicial. civilmente responsáveis por atos de seus agentes, desde que
não tenham eles condições de responder com seu patrimônio
Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do pelo ressarcimento dos prejuízos causados à vítima;
patrimônio, em tendo ciência do encargo, formularão logo, de (D) os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito
acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundação público interno;
projetada, submetendo-o, em seguida, à aprovação da (E) as associações são constituídas por pessoas que se
autoridade competente, com recurso ao juiz. organizam para fins econômicos.
Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo
assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em cento e
oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público.

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04. Considerando as disposições do código civil brasileiro 09. (SEDF - Professor – Direito – QUADRIX/2017)
sobre as pessoas jurídicas, assinale a alternativa que indique Julgue o item subsecutivo no que se refere ao Direito Civil.
apenas pessoas jurídicas de direito privado. Considerando‐se o conceito e o início da personalidade da
(A) Autarquias municipais, partidos políticos e sociedades. pessoa jurídica e o entendimento dos tribunais, é correto
(B) Empresa individual de responsabilidade limitada, afirmar que um sindicato a adquire quando se registra junto
União e entidades religiosas. ao Cartório de Registro de Títulos e Documentos e Registro
(C) União, Distrito Federal e Municípios. Civil das Pessoas Jurídicas e, também, junto ao Ministério do
(D) União, partidos políticos e empresa individual de Trabalho.
responsabilidade limitada. ( ) Certo
(E) Fundações, organizações religiosas e partidos políticos. ( ) Errado

05. Considere o disposto no código civil brasileiro sobre o 10. (Câmara de Santa Maria Madalena – RJ -
direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito Procurador Jurídico - IBADE) No ordenamento pátrio, a
privado, por defeito do ato respectivo e assinale a alternativa pessoa jurídica tem existência legal a partir da:
correta. (A) inscrição no cadastro nacional de pessoas jurídicas.
(A) O direito decai em 3 (três) anos contados da publicação (B) integralização do capital social
da inscrição no registro. (C) abertura do estabelecimento empresarial
(B) O direito prescreve em 3 (três) anos contados do (D) assinatura do contrato social.
requerimento da inscrição no registro. (E) inscrição do ato constitutivo no registro competente.
(C) O direito prescreve em 3 (três) anos contados da
publicação da inscrição no registro. Respostas
(D) O direito decai em 5 (cinco) anos contados da 01. Certo. / 02. C. / 03. B. / 04. E. / 05. A.
publicação da inscrição no registro. 06. C / 07. E / 08. Errado / 09. Errado / 10. E
(E) O direito prescreve em 5 (cinco) anos contados da
publicação da inscrição no registro.
4 Bens.
06. (TRT - 11ª Região (AM e RR) - Técnico Judiciário - 4.1 Diferentes classes.
Área Administrativa – FCC/2017) A respeito das pessoas
jurídicas, é correto afirmar que
(A) as associações públicas são pessoas jurídicas de direito BENS
privado.
(B) velará pelas fundações o Ministério Público Federal, I- Conceito.
quando estenderem a atividade por mais de um Estado da Bens são valores materiais ou imateriais que podem ser
Federação. objeto de uma relação de direito.
(C) as associações não podem ter finalidade econômica,
mesmo com expressa previsão estatutária. II- Classificação dos Bens.
(D) os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito
público. 1. Dos bens considerados em si mesmos
(E) o registro dos atos constitutivos das organizações a) Bens imóveis
religiosas depende de autorização do poder público. São os que não podem ser transportados sem destruição
de um lugar para outro.
07. (EBSERH - Advogado (HUJB – UFCG) – INSTITUTO Nos artigos 79 e 80, o Código Civil classifica os bens
AOCP/2017) Com base no Código Civil, para a imóveis em:
desconsideração da personalidade jurídica, é preciso Bens imóveis por natureza: o solo e seus acessórios e
(A) abuso da pessoa jurídica, caracterizado pela má-fé ou adjacências, ou seja, tudo aquilo que adere ao solo
pela confusão patrimonial, e o juiz decidirá de ofício naturalmente, a exemplo das árvores, frutos e subsolo.
independente de requerimento das partes. Bens imóveis por acessão industrial (artificial): tudo aquilo
(B) abuso da personalidade jurídica, caracterizado pela má que resulta do trabalho do homem, tornando-se
administração dos sócios da empresa. permanentemente incorporado ao solo. Ex: construções.
(C) abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo Bens imóveis por acessão intelectual (por destinação do
desvio de finalidade e pela confusão patrimonial e o juiz proprietário): são aqueles bens móveis que aderem a um bem
decidirá de ofício. imóvel pela vontade do dono, para dar maior utilidade ao
(D) desvio de finalidade caracterizado pela má-fé dos imóvel ou até mesmo para o seu embelezamento,
administradores. aformoseamento.
(E) abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo Bens imóveis por determinação legal: são aqueles bens
desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial e o juiz imóveis em razão da vontade do legislador que resolveu
decidirá a pedido da parte ou do Ministério Público quando lhe enquadrá-los como tal.
couber intervir no processo.
NÃO PERDEM O CARÁTER DE IMÓVEIS: As edificações
08. (SEDF - Analista de Gestão Educacional - Direito e que, separadas do solo, porém conservando sua unidade,
Legislação – CESPE/2017) Julgue o seguinte item, que trata forem removidas para outro local; Os materiais
de vigência das leis, direitos da personalidade e pessoas provisoriamente separados de um prédio, para
jurídicas. reempregarem ao mesmo.
A União é considerada pessoa jurídica de direito público
interno, ao passo que as autarquias são consideradas pessoas b) Bens móveis
jurídicas de direito privado. Estão elencados no art. 82 do CC. São aqueles bens
( ) Certo suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força
( ) Errado alheia. Podem ser classificados da seguinte maneira:

Noções de Direito Civil 19


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Bens móveis por natureza: são bens móveis por natureza f) Bens singulares e bens coletivos
não só aqueles que têm movimento próprio, como também Os bens são singulares ou coletivos conforme a maneira
aqueles que não têm movimento próprio. Subdividem-se em como são encarados. Desse modo, se encararmos uma árvore
bens móveis propriamente ditos (aqueles que não têm isoladamente, ela será um bem singular, se encararmos várias
movimento próprio) e bens semoventes (aqueles que têm árvores numa floresta, será um bem coletivo.
movimento próprio). O Código Civil chama as coletividades de universalidades,
que podem ser de fato ou de direito. O Código, ao falar das
Bens móveis por antecipação: aqueles bens imóveis que universalidades de direito, menciona como exemplos a
têm uma finalidade última como móvel. Assim, mesmo herança e o patrimônio, mesmo se constituídas somente de
temporariamente imóveis não perdem o caráter de bem direitos e obrigações, sem demais bens materiais.
móvel, em razão de sua finalidade, a exemplo das árvores
plantadas para corte. 2. Dos bens reciprocamente considerados.
Dividem-se em principais e acessórios.
Bens móveis por determinação legal: são alguns bens que a
lei considera móveis por determinação legal, e Bem principal: é aquele que existe por si.
consequentemente, aplicando as disposições sobre bens
móveis nas relações que os envolvam. São eles: Os direitos Bem acessório: é aquele que depende da existência do bem
reais sobre objetos móveis e respectivas ações; os direitos de principal. Exemplo: a árvore é bem principal, já os frutos são
obrigação, e respectivas ações; além dos direitos do autor. bens acessórios.
A lei permite, por exceção, que navios e aviões, que são
bens móveis, sejam dados em hipoteca, todavia, sem perder a O artigo 92 do Codex dispõe que a coisa acessória segue a
característica de bens móveis. principal, salvo disposição especial em contrário. Essa regra,
que atende ao conteúdo disposto no brocardo jurídico
c) Bens fungíveis e bens infungíveis accessorium sequitur suum principale, causa várias
O artigo 85 do Código Civil aplica essa classificação apenas consequências:
aos bens móveis. São bens fungíveis aqueles bens móveis que
podem ser substituídos por outros da mesma espécie, - presume-se que o dono do principal também é dono do
natureza e qualidade. Com efeito, certos bens são infungíveis acessório;
porque possuem características especiais que os tornam - determina ter o acessório a mesma natureza jurídica do
distintos de outros da mesma espécie e qualidade, não principal;
permitindo, destarte, a sua substituição. - extinto o principal, extingue-se também o acessório, mas
A fungibilidade ou a infungibilidade, podem decorrer a recíproca não se mostra verdadeira.
também da vontade das partes, a exemplo de bens fungíveis
emprestados para ornamentação e posterior devolução, a que Categoria dos bens acessórios.
a doutrina dá o nome de comodatum ad pompam vel
ostentationem. Entram na categoria dos bens acessórios os frutos, os
produtos, os rendimentos, as pertenças e as benfeitorias.
d) Bens consumíveis e bens inconsumíveis
O artigo 86 considera consumíveis os bens móveis cuja Frutos se diferem dos produtos. Os frutos se renovam
utilização acarreta a destruição da sua substância, a exemplo quando utilizados ou separados da coisa, não consistindo em
dos alimentos, e os destinados à alienação, como um livro, um extinção parcial do bem principal. Destarte, colhendo frutas de
disco, ou demais bens expostos para venda. Assim, há bens uma árvore, nascerão outras tantas. Já os produtos, se exaurem
consumíveis de fato, ou materialmente consumíveis, como os com o uso, pois extinguem, ainda que parcialmente, a própria
alimentos em geral, e há bens consumíveis de direito, fonte.
juridicamente consumíveis, como veículos, aparelhos elétricos
colocados à venda etc. Acrescenta o diploma civil que também são acessórios da
coisa as benfeitorias (artigo 96 do Código Civil), salvo a
e) Bens divisíveis e bens indivisíveis (artigo 87 do pintura em relação à tela, a escultura em relação à matéria-
Código Civil) prima e qualquer trabalho gráfico em relação ao papel
São divisíveis as coisas que podem ser partidas em porções utilizado. Essas exceções foram criadas para valorizar o
distintas, formando, cada porção, um todo perfeito. Assim, o trabalho artístico. Assim, os acessórios dos trabalhos artísticos
bem é divisível quando cada porção continua com as serão, nesses casos, a tela, a matéria prima e os papéis.
características do todo. Benfeitoria é todo melhoramento ou acréscimo feito em
A indivisibilidade pode resultar da natureza, da lei e da coisa já existente. Há uma diferença entre benfeitoria e acessão
vontade das partes: industrial (construções e plantações), uma vez que esta
Bem indivisível por natureza: é aquele que, se for dividido, representa toda construção ou plantação nova. O artigo 96 do
perde a característica do todo, a exemplo de um animal. Código Civil apresenta e conceitua três espécies de
Bem indivisível por lei: existem alguns bens que por benfeitorias. Estas podem ser:
natureza talvez fossem considerados divisíveis, entretanto a
lei os torna indivisíveis. - Necessárias: são aquelas benfeitorias destinadas a
Bem indivisível por vontade das partes: há a possibilidade, conservar a coisa, indispensáveis; são aquelas que, se não
nos casos de condomínio, de as partes convencionarem a forem feitas, a coisa pode perecer, ou seu uso ser
indivisibilidade do bem. Essa indivisibilidade poderá valer por impossibilitado. São entendidas de forma ampla, como o
cinco anos no máximo (artigo 1.320, § 2.º, do Código Civil), pagamento de impostos, medidas judiciais de conservação da
podendo ser prorrogada por mais cinco. Nos casos de coisa etc.
testamento e doação, não se pode, se o bem for considerado - Úteis: são as benfeitorias que aumentam ou facilitam o
indivisível por vontade do doador ou testador, entende-se que uso da coisa; não são indispensáveis, mas, se forem feitas,
o foi somente por cinco anos, sem possibilidade de darão mais aproveitamento à coisa, a exemplo da construção
prorrogação do prazo. de mais um cômodo em uma casa.

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- Voluptuárias: são as benfeitorias de mero deleite ou Em síntese: ocorre a desafetação quando a lei autoriza a
recreio, que vêm a aformosear o bem, aumentar-lhe o valor, venda de um bem público, desligando-o da função pública a
embora não interfiram na normal utilização da coisa, como que ele serve. Ocorre a afetação quando o bem dominical passa
exemplo, a construção de uma piscina com cascata, ao redor de a ser utilizado como bem público.
jardins, em uma casa.
4- Bens no comércio e fora do comércio
Por fim, relativamente às benfeitorias, salienta-se que a Os bens no comércio são aqueles que podem ser
classificação acima não tem caráter absoluto, devendo ser alienáveis ou disponíveis, se achando livre de quaisquer
analisada de acordo com o caso concreto. restrições que possam impossibilitar sua transferência ou
apropriação, podendo ser de forma gratuita ou onerosa.
O artigo 93 do Código Civil, estabelece: "São pertenças os
bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de Os bens fora do comércio, estão elencados no artigo 69
modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de do Código Civil e dizem respeito as coisas insuscetíveis de
outro". Apesar de acessória, a pertença conserva sua apropriação e as que sejam inalienáveis de forma legal.
individualidade e autonomia, tendo apenas com a principal
uma subordinação econômico-jurídica, pois, sem haver Assim, encontramos:
qualquer incorporação, vincula-se à principal para que esta - inapropriáveis por sua natureza (trata dos que são
atinja suas finalidades. Temos como exemplo a turbina de um inesgotáveis. Ex: ar atmosférico);
avião, o órgão de uma igreja ou o motor de um automóvel. - legalmente inalienáveis (ainda que possa ser adquirido
pelo homem, a lei exclui sua comercialidade. Ex: bens públicos;
3. Dos bens quanto aos titulares do domínio (público e - inalienáveis pela vontade humana (imposição de cláusula
privado) de inalienabilidade, temporária ou vitalícia, com previstos em
Sob esse aspecto, os bens se dividem em públicos e lei, por ato inter vivos ou causa mortis).
particulares. O artigo 98 do Código Civil considera públicos os
bens que pertencem à União, aos Estados, ao Distrito Federal Veja os artigos correspondentes:
e aos Municípios; todos os demais são considerados
particulares. Tem-se, no caso, verdadeira definição por LIVRO II
exclusão. DOS BENS
TÍTULO ÚNICO
Os bens públicos dividem-se em (artigo 99 do Código Das Diferentes Classes de Bens
Civil): CAPÍTULO I
Dos Bens Considerados em Si Mesmos
- de uso comum do povo: todos aqueles de utilização Seção I
comum, sem maiores ônus, pela coletividade, a exemplo das Dos Bens Imóveis
estradas, ruas, mares, praças; ressalte-se que é uma
enumeração meramente exemplificava; Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe
incorporar natural ou artificialmente.
- de uso especial: bens destinados ao funcionamento e
aprimoramento dos serviços prestados pela máquina estatal, Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
de utilização, por vezes, concedida aos particulares, em regra I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os
mediante contraprestação. Temos como exemplo os edifícios asseguram;
onde funcionam os serviços públicos; II - o direito à sucessão aberta.

- dominicais (ou dominiais): aqueles que pertencem ao Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:
domínio privado do poder público, e desde que desafetados de I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a
qualquer utilização pública, podem ser alienados, de acordo sua unidade, forem removidas para outro local;
com as regras previstas para alienação de bens da II - os materiais provisoriamente separados de um prédio,
administração, a exemplo da licitação. para nele se reempregarem.

Os bens públicos têm características especiais, seguindo Seção II


regras próprias, não sendo tratados no Direito Civil. Os bens Dos Bens Móveis
dominicais, entretanto, ainda que sejam bens públicos, seguem
as regras dos bens particulares, com algumas modificações Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento
operadas em sede de legislação especial, como a Lei de próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da
Licitações (Lei n. 8.666/93). substância ou da destinação econômico-social.
Os artigos 100 e 101 do Código dispõem que a
inalienabilidade, que é peculiar dos bens públicos, somente Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais:
poderá ser afastada por lei, que por sua vez retira do bem a I - as energias que tenham valor econômico;
função pública à qual este se liga. A tal procedimento dá-se o II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações
nome de desafetação. Quando um bem dominical for utilizado correspondentes;
para uma finalidade pública, ele será tratado como bem III- os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas
público, portanto, inalienável, em razão de sua afetação a uma ações.
função eminentemente pública. A afetação não depende de lei.
Os bens públicos, desde a vigência do Código Civil de 1916, não Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção,
podem ser objetos de usucapião, visto serem inalienáveis. Tal enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de
entendimento também é expresso na Constituição Federal e na móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da
Súmula n. 340 do Supremo Tribunal Federal. O novo Código demolição de algum prédio.
Civil também estabelece que os bens públicos também não
estão sujeitos a usucapião no seu artigo 102.

Noções de Direito Civil 21


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Seção III CAPÍTULO III


Dos Bens Fungíveis e Consumíveis Dos Bens Públicos

Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional
outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno;
todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que
Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa pertencerem.
destruição imediata da própria substância, sendo também
considerados tais os destinados à alienação. Art. 99. São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas,
Seção IV ruas e praças;
Dos Bens Divisíveis II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos
destinados a serviço ou estabelecimento da administração
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas
alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, autarquias;
ou prejuízo do uso a que se destinam. III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas
jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou
Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se real, de cada uma dessas entidades.
indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes. Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário,
consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas
Seção V jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de
Dos Bens Singulares e Coletivos direito privado.

Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso
consideram de per si, independentemente dos demais. especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua
qualificação, na forma que a lei determinar.
Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de
bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados,
destinação unitária. observadas as exigências da lei.
Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade
podem ser objeto de relações jurídicas próprias. Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.

Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito
relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico. ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela
entidade a cuja administração pertencerem.
CAPÍTULO II
Dos Bens Reciprocamente Considerados Questões

Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou 01. É uma hipótese de imóvel para os efeitos legais:
concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do (A) o veículo automotor de porte médio;
principal. (B) o veículo automotor de porte grande;
(C) o direito à sucessão aberta;
Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes (D) as pessoas interditadas;
integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço (E) o direito autoral.
ou ao aformoseamento de outro.
02. São considerados bens fungíveis:
Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem (A) os imóveis estabelecidos por Lei ou pela vontade das
principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário partes contratantes;
resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das (B) os consumíveis;
circunstâncias do caso. (C) os divisíveis;
(D) os que podem ser substituídos por outros da mesma
Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os espécie, qualidade e quantidade;
frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico. (E) os que podem ser fracionados sem que haja dano ou
alteração em sua substância
Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou
necessárias. 03. Considerando que Francisco, José e Luiz tenham-se
§ 1º São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não reunido, em janeiro de 2014, para criar a Associação X, com a
aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais finalidade de auxiliar pessoas carentes em projetos para
agradável ou sejam de elevado valor. aquisição de moradia, além de ajudar a executar projetos de
§ 2º São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem. construção e cadastramento dos demais associados, no âmbito
§ 3º São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou de programas governamentais e assistenciais, julgue os itens
evitar que se deteriore. subsequentes.

Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos Em regra, os bens vinculados à Associação X adquiridos
ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do por Francisco, José e Luiz não serão considerados bens
proprietário, possuidor ou detentor. públicos, ainda que a entidade venha a desenvolver atividade
de cunho social.
( ) Certo
( ) Errado

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04. Assinale a alternativa que apresenta afirmação correta


a respeito da disciplina dos bens no Código Civil. 10. (PC-PA - Delegado de Polícia Civil – FUNCAB/2016)
(A) São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar Segundo o regime previsto pelo Código Civil brasileiro para os
natural ou artificialmente. bens:
(B) Consideram-se móveis, para os efeitos legais, os (A) as praias e as ruas são bens públicos de uso especial.
direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram. (B) consideram-se benfeitorias todos os acréscimos
(C) Consideram-se imóveis, para os efeitos legais, os sobrevindos ao bem, independentemente de intervenção do
direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. proprietário, possuidor ou detentor.
(D) São consumíveis os móveis que podem ser substituídos (C) os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem
por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. principal não abrangem as pertenças, salvo disposição legal,
(E) Constitui universalidade de direito a pluralidade de contratual ou circunstâncias do caso.
bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham (D) constitui universalidade de direito a pluralidade de
destinação unitária. bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham
destinação unitária.
05. Quanto aos bens, considera-se fungível (E) os bens dominicais são inalienáveis, enquanto
(A) a joia de família. conservarem a sua qualificação.
(B) a obra de arte de um determinado artista famoso.
(C) o dinheiro. Respostas
(D) um livro com edição esgotada. 01. C. / 02. D. / 03. Certo. / 04. A. / 05. C.
(E) um gado reprodutor. 06. C / 07. C / 08. E / 09. Errado / 10. C

06. (UECE - Advogado – FUNECE/2017) Os bens


pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se 5 Ato jurídico. 5.1 Fato e ato
tenha dado estrutura de direito privado são considerados bens
(A) de uso comum do povo.
jurídico.
(B) de uso especial. 6 Negócio jurídico.
(C) dominicais. 6.1 Disposições gerais.
(D) de uso excepcional.
6.2 Classificação, interpretação.
07. (EBSERH - Advogado (HUPEST-UFSC) – IBFC/2016) 6.3 Elementos. 6.4 Representação,
De acordo com o Código Civil de 2002 (Lei nº 10.406, de 10 de condição. 6.5 Termo. 6.6 Encargo.
janeiro de 2002) avalie as alternativas abaixo, no tocante aos
bens principais e os bens acessórios, e assinale a INCORRETA.
6.7 Defeitos do negócio jurídico.
(A) Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou 6.8 Validade, invalidade e
concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do nulidade do negócio jurídico.
principal
(B) As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou
6.9 Simulação.
necessárias 7 Atos jurídicos. 7.1 Lícitos e
(C) Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem ilícitos.
principal e abrangem as pertenças, salvo se o contrário
resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das
circunstâncias do caso
(D) São pertenças os bens que, não constituindo partes FATO JURÍDICO
integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao
serviço ou ao aformoseamento de outro 1- Conceito.
(E) Apesar de ainda não separados do bem principal, os É todo acontecimento natural ou humano que deflagra
frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico efeitos na órbita do direito, ou seja, é todo aquele fato
relevante para o direito (Agostinho Alvim).
08. (TRT - 20ª REGIÃO (SE) - Analista Judiciário - Área
Judiciária Especialidade Oficial de Justiça Avaliador 2- Classificação.
Federal – FCC/2016) Marcos ganhou como presentes de - Fato jurídico em sentido estrito (ordinário ou
casamento, um quadro assinado por seu autor; um extraordinário)
liquidificador de marca conhecida e disponível no mercado, - Fato jurídico: Ato-fato Jurídico (Pontes de Miranda)
um relógio de parede, único, que havia pertencido a seu bisavô, - Ações Humanas:
e certa quantia em dinheiro. São considerados bens infungíveis • Ato jurídico (ação humana lícita):
o Ato jurídico em sentido estrito.
(A) quadro, o relógio e o dinheiro. Negócio jurídico.
(B) dinheiro, apenas. • Ato ilícito (ação humana ilícita).
(C) relógio, apenas.
(D) relógio e o liquidificador. - FATO jurídico em sentido estrito: todo acontecimento
(E) quadro e o relógio. natural que deflagre efeitos na órbita do direito, podendo ser
ordinário (como decurso do tempo ou uma chuva de verão,
09. (PGE-AM - Procurador do Estado – CESPE/2016) morte, nascimento) ou extraordinário (tsunami no Brasil –
Com relação a pessoas jurídicas de direito privado e bens caso fortuito/força maior).
públicos, julgue o item a seguir.
Consideram-se bens públicos dominicais aqueles que - Ações humanas: subdividem-se em duas categorias:
constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito • Ato jurídico;
público como objeto de direito pessoal ou real, tais como os • Ato ilícito.
edifícios destinados a sediar a administração pública.
( ) Certo ( ) Errado Ato Jurídico se divide em:
a. Ato jurídico em sentido estrito (não negocial);

Noções de Direito Civil 23


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b. Negócio jurídico. NEGÓCIO JURÍDICO

- ATO jurídico em sentido estrito (Marcos Bernardes de Disposições gerais.


Melo, Antônio Junqueira, José Abreu): o ato jurídico em sentido Considerando o estudo dos fatos jurídicos, partindo da
estrito consiste em um comportamento humano voluntário e análise do ato jurídico lato sensu, que constitui-se do ato
consciente, que deflagra efeitos jurídicos predeterminados na jurídico em sentido estrito e do negócio jurídico, temos que
lei. o negócio jurídico pode ser tido como todo fato jurídico
consistente em declaração de vontade, a que todo o
Neste ato jurídico não há autonomia, liberdade na escolha ordenamento jurídico atribui os efeitos designados como
dos efeitos jurídicos produzidos. A lei predetermina os efeitos queridos, respeitados os pressupostos de existência, validade
jurídicos do ato em sentido estrito. Ex: atos materiais = “A” está e eficácia impostos pela norma jurídica que sobre ele incide. O
andando na rua e vê pedra no chão. Esta pedra tem natureza negócio jurídico constitui o principal exercício da autonomia
jurídica de coisa de ninguém (Res nullius). Ao se apoderar privada, da liberdade negocial.
daquela pedra “A” está se apropriando, adquirindo a pedra O Código Civil de 2002, nesse ponto distante da
(efeito automático). simplicidade, não buscou conceituar tanto o ato jurídico stricto
sensu quanto o negócio jurídico, demonstrando somente quais
A tomada de posse é ato jurídico em sentido estrito; são os seus elementos estruturais, conforme art. 104 do CC.
quando se toma posse de imóvel automaticamente está se Assinala-se que o Código Civil de 1916 conceituava o ato
produzindo os efeitos daquele ato. jurídico em seu art. 81, da seguinte forma: “Todo o ato lícito,
Diferentemente, o negócio jurídico, categoria desenvolvida que tenha por fim imediato adquirir, resguardar,
pela Escola Alemã, é espécie de ato jurídico de envergadura transferir, modificar ou extinguir direitos, se denomina
muito maior, na medida em que, à luz do princípio da ato jurídico”.
autonomia privada, em maior ou menor grau, sempre haverá
algum espaço de liberdade de escolha no âmbito dos efeitos Princípio da conservação do Negócio Jurídico
jurídicos que se pretendem alcançar. Este princípio pode ser encontrado nos artigos 144, 157, §
O negócio jurídico movimenta as engrenagens das relações 2º, 479, 662, 1.268, 1.551, 1.553, 1.554, 1.561 e 1.859 do
jurídicas de todo o planeta. Código Civil de 2002.

O ato fato, diferentemente do ato jurídico em sentido O Princípio da Conservação dos Negócios Jurídicos
estrito, é um comportamento que, embora derive do homem, é fundamenta-se na ideia de sua função social, pois eles criam e
desprovido de vontade consciente na sua realização e permitem a circulação de riqueza, propiciando acesso a bens e
produção dos seus efeitos jurídicos. serviços que defendem o desenvolvimento econômico e social
da pessoa humana e, por sua vez, a sua dignidade.
Pergunta de concurso:
Desta maneira, o legislador trouxe, com o advento do
Qual a natureza jurídica do tempo? Código Civil de 2002, para a lei civil, a aplicação de princípios
O decurso do tempo é um fato jurídico em sentido estrito constitucionais com foco no bem comum.
ordinário. O decurso do tempo gera efeitos na órbita do direito
(ex: prescrição). Neste sentido Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade
Nery
Ato Ilícito.
“A cláusula geral da função social do contrato é decorrência
Segundo lições do prof. Silvio Salvo Venosa, “os atos
lógica do princípio constitucional dos valores da solidariedade e
ilícitos, que promanam direta ou indiretamente da vontade,
da construção de uma sociedade mais justa. (...) As várias
são os que ocasionam efeitos jurídicos, mas contrários, lato
vertentes constitucionais estão interligadas, de modo que não se
sensu, ao ordenamento. No campo civil, importa conhecer os
pode conceber o contrato apenas do ponto de vista econômico,
atos contrários ao Direito, à medida que ocasionam dano a
olvidando-se de sua função social.”
outrem.”
Ao preservarmos o contrato, protege-se os frutos,
Atos ilícitos caracterizam-se por uma ação ou omissão
permitindo entender o princípio da conservação dos contratos
voluntária, negligência ou imprudência de alguém,
em detrimento de sua resolução. Quando se busca a
culminando na ofensa de um direito ou em prejuízo a outrem.
preservação do liame contratual, o operador do direito busca
alternativas para manter a possibilidade de riqueza e
Requisitos para a configuração do ato ilícito:
circulação de divisas.
a- fato lesivo precisa ser voluntário, ou então imputável ao
Se a autonomia para contratar observa os parâmetros da
agente por ação ou omissão voluntária, negligência ou
função social do contrato, de outro lado, a preservação do
imprudência;
contrato não pode prosperar caso não estejam presentes a
b- o dano existente precisa ser material ou moral;
manutenção da equivalência material das prestações mútuas e
c- nexo de causalidade, ou seja, relação causal entre o dano
a possibilidade de resgatar a declaração de vontade que fez
e o comportamento do agente.
nascer o contrato.
Os atos ilícitos são classificados em:
Convalidação dos negócios anuláveis
- contratual: contratual: quando ocorrer o
A convalescença dá-se por confirmação, convalidação e
descumprimento de uma obrigação contratual e aquele que
prescrição.
descumpriu fica obrigado a reparar o prejuízo por ele causado;
- extracontratuais: quando há violação uma lei penal ou
a. Confirmação: conhecida como ratificação, trata-se da
civil.
declaração negocial de renúncia à faculdade de pedir para que
se anule o contrato.
A ilicitude decorrente do ato ilícito gera o dever de
obrigação do causador em indenizar o dano causado.

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b. Convalidação: é a forma de convalescença do contrato - Negócios jurídicos bilaterais – são aqueles em que há
pela superveniência de requisito que será apurado depois de duas manifestações de vontade coincidentes sobre o objeto ou
sua formação. bem jurídico tutelado. O negócio jurídico bilateral por
excelência é o contrato.
Convalesce o contrato anulável pela prescrição. Caso a
parte legitimada a propor a ação de anulação não agir no lapso - Negócios jurídicos plurilaterais – são os negócios
de tempo referente na lei para a defesa do seu interesse...” jurídicos que envolvem mais de duas partes, com interesses
coincidentes no plano jurídico.
Conversão do contrato
O Princípio da Conservação dos Negócios Jurídicos está Quanto às vantagens patrimoniais para os envolvidos:
presente no Código Civil e a intenção do legislador é em salvar
os negócios considerados como nulos, tentando preservar a - Negócios jurídicos gratuitos – são os atos de
intenção emanada pelas partes naquele ato. liberalidade, que outorgam vantagens sem impor ao
beneficiado a obrigação de uma contraprestação. Exemplo é o
Um contrato nulo pode produzir os efeitos de um contrato contrato de doação pura.
diverso. Este fenômeno é conhecido como conversão. O
exemplo clássico de conversão é a transformação de um - Negócios jurídicos onerosos – são os atos que envolvem
contrato de compra e venda, nulo por defeito de forma. sacrifícios e vantagens patrimoniais para todas as partes no
Os efeitos deste contrato são diversos, mas se admite a negócio, como é o caso dos contratos de locação e de compra e
substituição em determinadas circunstâncias. venda.

A conversão requer que o contrato nulo contenha os Quanto aos efeitos, no aspecto temporal:
requisitos substanciais e formais de outro e que as partes
prefiram o outro contrato, se houver conhecimento da - Negócios jurídicos inter vivos – são aqueles destinados
nulidade. a produzir efeitos desde logo.
- Negócios jurídicos mortis causa – aqueles cujos efeitos
Para Pontes de Miranda “a conversão é o aproveitamento só ocorrem após a morte de determinada pessoa, como o
do suporte fático, que não bastou a um negócio jurídico, razão testamento.
da sua nulidade, ou anulabilidade, para outro negócio jurídico,
ao qual é suficiente. Para isso, é preciso que concorram o Quanto à necessidade ou não de solenidades e
pressuposto objetivo dessa suficiência e o pressuposto formalidades:
subjetivo de corresponder à vontade dos figurantes a
conversão, se houvessem conhecido a nulidade, ou a - Negócios jurídicos formais ou solenes – são aqueles
anulabilidade.” que obedecem a uma forma ou solenidade prevista em lei para
a sua validade e aperfeiçoamento, caso do casamento e do
A conversão pode ser a favor de negócio jurídico aformal, testamento.
ao invés de negócio jurídico formal deficiente e também entre - Negócios jurídicos informais ou não solenes – são
negócios reais e obrigacionais. aqueles que admitem forma livre, constituindo regra geral,
pelo que prevê o art. 107 do CC.
Concentração
Ocorrida a concentração pelo devedor, ou seja, a escolha da Quanto à independência ou autonomia:
obrigação a ser realizada, passa ela a ter validade mediante a
aplicação da teoria da declaração, quando for expedida a - Negócios jurídicos principais ou independentes – são
concentração para o conhecimento do credor sobre a opção os negócios que não dependem de qualquer outro negócio
adotada pelo devedor. jurídico para terem existência e validade.
- Negócios jurídicos acessórios ou dependentes – são
Na obrigação alternativa a impossibilidade do aqueles cuja existência está subordinada a outro negócio
cumprimento de uma das prestações causa a concentração jurídico, denominado principal.
necessária na realização da outra, o que não causa a obrigação
de dar coisa incerta, pois o gênero não perece. Quanto às condições pessoais especiais dos
negociantes:
Classificação.
A classificação do negócio jurídico tem como objetivo - Negócios jurídicos impessoais – são aqueles que não
enquadrar um determinado instituto jurídico, bem como dependem de qualquer condição especial dos envolvidos,
demonstrar sua natureza jurídica: podendo a prestação ser cumprida tanto pelo obrigado quanto
por um terceiro.
Quanto às manifestações de vontade dos envolvidos: - Negócios jurídicos personalíssimos ou intuitu
personae – são aqueles dependentes de uma condição
- Negócios jurídicos unilaterais – são aqueles atos e especial de um dos negociantes, havendo uma obrigação
negócios em que a declaração de vontade emana de apenas infungível, como ocorre no contrato de fiança.
uma pessoa, com um único objetivo. São exemplos de negócios
jurídicos unilaterais o testamento, a renúncia a um crédito e a Quanto à sua causa determinante:
promessa de recompensa.
Os negócios unilaterais podem ser classificados em - Negócios jurídicos causais ou materiais – são aqueles
receptícios – aqueles em que a declaração deve ser levada a em que o motivo consta expressamente do seu conteúdo.
conhecimento do seu destinatário para que possa produzir - Negócios jurídicos abstratos ou formais – são aqueles
efeitos – e em não receptícios – em que o conhecimento pelo cuja razão não se encontra inserida no conteúdo, decorrendo
destinatário é irrelevante. dele naturalmente.

Noções de Direito Civil 25


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Quanto ao momento de aperfeiçoamento: São elementos acidentais do negócio jurídico a condição, o


termo e o encargo, tratados nominal e especificamente entre
- Negócios jurídicos consensuais – são aqueles que os arts. 121 a 137 do CC.
geram efeitos a partir do momento em que há o acordo de
vontades entre as partes, como ocorre na compra e venda pura Condição
(art. 482 do CC). A condição é o elemento acidental do negócio jurídico, que,
derivando exclusivamente da vontade das partes, faz o mesmo
- Negócios jurídicos reais – são aqueles que geram efeitos depender de um evento futuro e incerto (art. 121 do CC).
a partir da entrega do objeto, do bem jurídico tutelado. De acordo com a primeira parte do art. 122 do CC devem
ser consideradas lícitas todas as condições não contrárias à lei,
Quanto à extensão dos efeitos: à ordem pública e aos bons costumes. A segunda parte desse
mesmo dispositivo – art. 122 do CC – prevê que são proibidas
- Negócios jurídicos constitutivos – são os negócios que todas as condições que privarem de todo o efeito o negócio
geram efeitos ex nunc, a partir da sua conclusão, pois jurídico ou que sujeitem o mesmo à vontade de somente uma
constituem positiva ou negativamente determinados direitos, das partes.
como ocorre com a compra e venda. Segundo o art. 124 devem ser consideradas inexistentes
(não escritas) as condições impossíveis, quando resolutivas,
- Negócios jurídicos declarativos – são os negócios que bem como as de não fazer coisa impossível.
geram efeitos ex tunc, a partir do momento do fato que Condições suspensivas – são aquelas que, enquanto não se
constitui o seu objeto, caso da partilha de bens no inventário. verificarem, impedem que o negócio jurídico gere efeitos (art.
125 do CC), enquanto as condições resolutivas – são aquelas
Elementos/Requisitos: que, enquanto não se verificarem, não trazem qualquer
São elementos essenciais: a capacidade do agente; o objeto consequência para o negócio jurídico, vigorando o mesmo,
lícito, possível, determinado ou determinável; a vontade ou cabendo inclusive o exercício de direitos dele decorrentes (art.
consentimento livre e a forma prescrita ou não defesa em lei. 127 do CC).

Agente Capaz: para que um contrato seja válido, o agente Termo


deverá ser capaz. No caso de incapacidade, esta deverá ser O termo é o evento futuro e certo cuja verificação se
suprida pelos meios legais. A incapacidade absoluta será subordina o começo ou o fim dos efeitos dos atos jurídicos; é a
suprida pela representação e a incapacidade relativa será indicação do momento em que começam ou terminam os
suprida pela assistência. efeitos do ato jurídico, conforme arts. 131 a 135 do CC. A
diferença entre a condição e o termo é que na condição, o
Objeto Lícito: o objeto deve ser lícito, possível, evento é futuro e incerto, enquanto no termo, o evento é futuro
determinado ou determinável, conforme a redação do artigo e certo.
104, inciso II, do Código Civil. Somente será considerado válido
o negócio jurídico que tenha como conteúdo um objeto lícito, Encargo
nos limites impostos pela lei, não sendo contrário aos bons O encargo ou modo é o elemento acidental do negócio
costumes, à ordem pública, à boa-fé e à função social ou jurídico que traz um ônus relacionado com uma liberalidade;
econômica de um instituto. representa uma limitação trazida a uma liberalidade. O
encargo difere da condição porque é coercitivo, isto é, a parte
Forma Prescrita e Não Defesa em Lei: nos casos em que não pode se eximir de cumprir o encargo.
a lei dispõe sobre a forma que o ato deverá ser realizado, esta
forma será considerada requisito de validade. Nos casos em 7. Defeitos do negócio jurídico
que a forma é colocada como condição de validade, diz-se que São aqueles defeitos que decorrem, em geral, da
a formalidade é ad solemnitatem (artigo 108 do Código Civil). manifestação de vontade. São seis as hipóteses de vícios, se
Algumas vezes, entretanto, a lei exige uma determinada subdividindo em vícios do consentimento (erro, dolo, coação,
forma que não será usada como requisito de validade, mas estado de perigo e lesão) e o vício social da fraude contra
facilitará a prova. Essa forma, chamada de ad probationem credores. Foi retirada a simulação dos vícios, sendo inserida a
tantum, se não for observada, não será o contrato considerado hipótese entre os atos nulos.
nulo, entretanto haverá uma dificuldade de se provar o que foi Nos vícios do consentimento, há uma contradição entre
acordado. aquilo que a pessoa deseja e o que ela faz, ou seja, o que a
pessoa manifesta não é o que ela realmente desejaria fazer. A
A vontade ou consentimento livre: a manifestação de vontade declarada não corresponde com a intenção do agente.
vontade exerce papel importante no negócio jurídico, sendo Nos vícios sociais, a vontade declarada corresponde
seu elemento basilar e orientador, sendo que a vontade é que exatamente à intenção do agente, no sentido de prejudicar
diferencia o negócio. O consentimento pode ser expresso – terceiros ou fraudar a lei.
escrito ou verbal, de forma pública e explícita – ou tácito –
quando resulta de um comportamento implícito do I. Erro:
negociante, que importe em concordância ou anuência. É a falsa noção sobre alguma coisa, objeto ou pessoa que
Segundo o art. 111 do CC/2002, o silêncio importa acaba por influir na declaração de vontade do agente. A
anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, ignorância, embora se caracterize pela ausência parcial ou
e não for necessária a declaração de vontade expressa. completa de conhecimento sobre algo, foi equiparada ao erro
pelo legislador. O único erro que torna anulável o ato jurídico é
Elementos acidentais o erro substancial (CC. art. 138). Continuam a existir, então,
Os elementos acidentais do negócio jurídico são aqueles dois tipos de erro:
“que se lhe acrescentam com o objetivo de modificar uma ou - erro substancial: que recai sobre as qualidades essenciais
algumas de suas consequências naturais” (DINIZ, Maria da pessoa, coisa ou objeto; onde o legislador, mais cauteloso,
Helena. Curso de direito civil brasileiro..., p. 435). agora houve por bem definir quais os tipos de erro que são
substanciais e, portanto, anulariam o negócio, vejamos:

Noções de Direito Civil 26


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APOSTILAS OPÇÃO

“Art. 139. O erro é substancial quando: requisitos de existência do negócio jurídico, que é a
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da manifestação de vontade. Não é um vício do consentimento,
declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; visto que sequer houve o consentimento;
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa
a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha Relativa: também chamada de coação moral, ocorre
influído nesta de modo relevante; quando o coator faz uma grave ameaça à vítima, que terá a
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da opção de ceder ou de resistir à ela. Neste caso, existe um vício
lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.” do consentimento, visto que houve a manifestação da vontade,
embora sob pressão.
- erro acidental: que diz respeito a uma qualidade
secundária da coisa objeto ou pessoa e, portanto, seria Nos casos de negócio jurídico, o artigo 151 do Código Civil
escusável, não acarretando a anulabilidade do ato (CC. arts. faz uma série de exigências para que se caracterize a coação
142, 143 e 144). que vicie o negócio. São requisitos da coação:

II. Dolo: - a coação deve ser a causa do negócio, ou seja, se não


Considera-se o dolo como artificio usado para enganar houvesse a coação não haveria o negócio;
alguém (CC. arts. 145 a 149). Dolo é o induzimento malicioso à - a coação deve ser grave, ou seja, quando causa um
prática de um ato que é prejudicial ao agente. Segundo o fundado temor, um receio na vítima. O artigo 153 do Código
disposto no artigo 146 do Código Civil, o dolo pode ser: Civil não considera coação o simples temor reverencial, visto
que não tem gravidade suficiente;
- Principal: aquele que é a causa do negócio, ou seja, é o - a coação deve ser injusta, ou seja, coação ilegal. O artigo
dolo que foi responsável pelo negócio. Se não houvesse o 153, na 2.ª parte, não considera coação o exercício normal de
induzimento, a pessoa não faria o negócio. um direito;
- Acidental: aquele que a seu despeito o negócio teria sido - a coação deve ser proporcional, ou seja, o legislador exige
realizado, mas em condições melhores para a vítima. Como que haja uma certa proporção entre os prováveis prejuízos que
não é a causa do negócio, o dolo acidental não anula o mesmo, a vítima possa ter. Deve-se levar em consideração que essa
mas dá direito a perdas e danos. proporcionalidade é relativa, visto que existem coisas que
possuem grande valor estimativo;
Há uma segunda classificação doutrinária, que divide o - a coação deve recair sobre a pessoa do contratante,
dolo em: alguém de sua família ou seus bens. A doutrina entende que a
palavra “família” descrita na lei deve ser entendida no seu mais
- Dolus bonus (dolo bom): é o dolo tolerável nos negócios amplo sentido, devendo ser incluídas todas as pessoas que
em geral, ou seja, as pessoas não se sentem enganadas porque possuem uma relação de intimidade com o contratante que
já esperam esse tipo de dolo; é normal, fazendo parte do está sendo coagido.
comércio, e não causa nulidade do negócio. O artigo 152 do Código Civil dispõe que, ao apreciar a
- Dolus malus (dolo mau): é aquele exercido com a intenção gravidade da coação, o Juiz deve levar em conta as condições
de prejudicar e, se for provado, causa nulidade do negócio. pessoais da vítima, ou seja, a idade, a saúde, o temperamento,
o sexo e outras circunstâncias que possam influir na gravidade
O dolo pode ser exercido por ação ou por omissão. da coação.
Geralmente o dolo é praticado por ação. O artigo 147, no A coação pode ser da própria parte ou de terceiros. O
entanto, prevê um dolo por omissão, situação em que um dos legislador entendeu que a coação é mais grave que o dolo e,
contratantes omite uma circunstância relevante que, se fosse por consequência, a coação exercida por terceiro sempre
conhecida pelo outro contratante, não haveria o negócio. O viciará o ato, ainda que o outro contratante não tenha sabido
legislador quis, com isso, proteger a boa-fé nos negócios. Essa que houve coação por parte de terceiro.
omissão dolosa pode ser chamada de reticência.
O dolo pode ser da parte ou de terceiros. O Código Civil tem IV. Lesão e estado de perigo:
uma regra especial sobre o dolo de terceiro; em geral, o dolo Disciplina o artigo 157 do Código Civil: "Ocorre a lesão
de terceiro não anula o ato, visto que o terceiro não é parte no quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por
negócio, salvo se a outra parte souber do dolo; caso o terceiro inexperiência, se obriga a prestação manifestamente
tenha agido por si só, não tendo o outro contratante desproporcional ao valor da prestação oposta. § 1.º
conhecimento do dolo, só caberá à vítima ação de perdas e Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os
danos contra o terceiro que agiu de má-fé. Dispõe o artigo 148: valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio
"Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de jurídico. § 2.º Não se decretará a anulação do negócio, se for
terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida
ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o concordar com a redução do proveito".
negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas Na lesão, o contratante experimenta um prejuízo quando,
e danos da parte a quem ludibriou". em contrato comutativo, deixa de receber valor
Pode o dolo também ser unilateral e bilateral. O dolo correspondente ao da prestação que forneceu. É uma
bilateral é quando os dois contratantes tentam enganar-se um instituição fundada na equidade e se inspira na ideia de
ao outro, ou seja, há dolo de ambas as partes. Neste caso, não equivalência das prestações.
há ação cabível para nenhuma das partes, visto terem ambas Apresenta como principais requisitos:
agido de má-fé.
- Comutatividade contratual. Deve haver presunção de
III. Coação: equivalência das prestações, tendo ambas as partes pré-
Considera-se coação a violência física ou moral que impede ciência de suas prestações;
alguém de proceder livremente. A coação pode ser: - Desequilíbrio entre as prestações no momento da
celebração do contrato;
Absoluta: quando o coator usa força física e a vítima não - Grande desproporção, gerando enriquecimento para uma
chega a manifestar a sua vontade, agindo mecanicamente. das partes e empobrecimento para outra;
Neste caso, o ato é inexistente, visto que não houve um dos

Noções de Direito Civil 27


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- Decisão judicial. Só o juiz pode rescindir ou modificar o Quando o devedor já está insolvente e privilegia o
contrato; pagamento a um credor que tem uma dívida ainda não
- Possibilidade da parte reequilibrar o contrato. vencida. Se isso ocorrer, os outros devedores poderão
ingressar com uma ação contra o credor que recebeu. Havendo
Dispõe o artigo 156 do Código Civil: "Configura-se estado o pagamento de dívida não vencida, a presunção de fraude se
de perigo quando alguém, premido da necessidade de torna absoluta.
salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano
conhecido pela outra parte, assume obrigação d) Concessão de garantia real a um credor
excessivamente onerosa. Parágrafo único. Tratando-se de quirografário, estando o devedor insolvente (artigo 163 do
pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz Código Civil)
decidirá segundo as circunstâncias". Quando o devedor, já insolvente, resolve privilegiar um
dos credores quirografários, dando-lhe uma garantia real
No estado de perigo ocorreu a hipótese de alguém, (exemplo: hipoteca de um imóvel). Neste caso, os outros
ameaçado por perigo iminente, assume obrigação credores podem ingressar com uma ação para anular essa
excessivamente onerosa, para salvar-se ou pessoa de sua garantia.
família, de grave dano conhecido pela outra parte.
A obrigação assumida no caso deve ser excessivamente Simulação:
onerosa, considerando os elementos usuais para aquele tipo É a declaração enganosa da vontade, visando produzir
de contratação, sendo vinculada a finalidade de livrar-se o efeito diverso do ostensivamente indicado, com o fim de criar
devedor de grave dano que seja conhecido pela outra parte. uma aparência de direito, para iludir terceiros ou burlar a lei.
É geralmente um ato bilateral, em que duas ou mais pessoas
V. Fraude contra credores: fingem a pratica de um ato jurídico, como por exemplo a
Baseia-se no princípio da responsabilidade patrimonial: “é doação de homem casado à concubina, através de uma compra
o patrimônio do devedor que responde por suas obrigações”. e venda simulada.
Ocorre a fraude contra credores quando um devedor pratica
negócios que o torne insolvente. Ainda que o devedor venda A simulação apresenta, então, características específicas:
algum bem, se restarem bens suficientes para pagar as dívidas, a) falsa declaração bilateral de vontade;
não será considerado insolvente. b) a exteriorização do ato não reflete a intenção real das
O Código Civil dispõe quatro situações em que podem partes;
ocorrer fraudes contra credores, as quais passamos a analisar: c) estará sempre a iludir ou prejudicar terceiro
O art. 167 do CC. trata da simulação e da dissimulação de
a) Alienações onerosas (artigo 159 do Código Civil) formas distintas. Enquanto a simulação causa falsa crença num
É a situação mais comum de fraude contra credores. Se o estado não real, a dissimulação oculta ao conhecimento de
devedor vende seus bens, tornando-se insolvente, caracteriza- outrem uma situação existente:
se fraude contra credores. O terceiro adquirente poderá estar
de boa-fé (quando não sabe da situação real do devedor) ou de Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas
má-fé (quando sabe da situação real do devedor). Havendo subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e
boa-fé do terceiro adquirente, os bens não retornam ao na forma.
devedor para o pagamento dos credores. § 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
São dois os requisitos exigidos para que os credores I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a
tenham sucesso na ação contra o devedor que vende seus bens pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem,
para fraudar os credores: ou transmitem;
- eventus damni: o credor deve provar que, com a venda, o II - contiverem declaração, confissão, condição ou
devedor se tornou insolvente, não mais possuindo bens cláusula não verdadeira;
suficientes para o pagamento de suas dívidas; III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou
- consilium fraudis (má-fé do terceiro adquirente): não há pós-datados.
necessidade de se provar que o terceiro adquirente estava § 2º Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em
combinado com o devedor, bastando a prova de que ele estava face dos contraentes do negócio jurídico simulado.
ciente da situação financeira do devedor.
O artigo 159 do Código Civil prevê duas presunções de má- A simulação não será um defeito do ato jurídico se não
fé do terceiro adquirente: houver prejuízo a alguém ou violação da lei. Nenhum dos
- quando era notória a insolvência do devedor; simuladores pode alegar a simulação em juízo num eventual
- quando o terceiro adquirente tinha motivos para litígio que possa surgir entre os comparsas. Só terceiros
conhecer a má situação financeira do devedor. Os tribunais lesados pela simulação é que podem demandar a nulidade dos
estabeleceram quando o terceiro teria motivos (parentes atos simulados.
próximos, amizade íntima, negócios feitos anteriormente etc.). A simulação comporta, ainda, a seguinte classificação:
Essa presunção não é absoluta, visto que o legislador deixou a) absoluta: quando a declaração enganosa de vontade
meio vago quanto aos motivos. exprime um negócio jurídico bilateral ou unilateral, não
havendo intenção real de celebrar negócio algum
b) Alienações à título gratuito e remissões de dívidas b) relativa: quando resulta de desacordo entre a vontade
(artigo 158 do Código Civil) interna e a declarada, quando a pessoa, através de um negócio
Quando o devedor faz doações de seus bens. Quando se aparentemente verdadeiro pretende realizar outro.
trata de doações, o único requisito que os credores devem
provar é a insolvência do devedor. Não há necessidade de 8. Validade, invalidade e nulidade e anulabilidade do
prova da má-fé do terceiro adquirente. Ocorre fraude na negócio jurídico.
remissão de dívidas quando o devedor é credor de terceiro e A falta de algum elemento substancial ou essencial do ato
deixa de cobrar o seu crédito, perdoando o terceiro devedor. jurídico pode torna-lo nulo ou anulável. A diferença entre ser
o negócio nulo ou anulável é uma diferença de grau ou
c) Pagamento de dívida ainda não vencida, estando o gravidade do defeito, a critério da lei. A nulidade absoluta pode
devedor insolvente (artigo 162 do Código Civil) ser arguida a qualquer tempo, por qualquer pessoa, pelo

Noções de Direito Civil 28


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Ministério Público e declarada pelo juiz de ofício, não se (C) a validade dos negócios jurídicos não depende de
admitindo convalidação nem ratificação; já a nulidade relativa forma especial, exceto se a lei dispuser em contrário ou
só pode ser arguida pelos interessados diretos, dentro de cominar sanção distinta.
prazos previstos em lei, admitindo convalidação e ratificação. (D) a emissão de notas promissórias, representativas das
Pela convalidação o ato anulável passa a ser plenamente parcelas do preço, em garantia do cumprimento da obrigação,
válido. Dá-se a convalidação pela prescrição, pela correção do não representa novação de dívida.
vício, pela revogação da exigência legal preterida, pela (E) a reserva mental somente nulifica a manifestação de
ratificação, etc. vontade quando dela o destinatário não tinha conhecimento.

Ato jurídico inexistente é o que contém um grau de 02. (Câmara Municipal de Atibaia/SP - Advogado –
nulidade tão grande e visível, que dispensa ação judicial para CAIP-IMES/2016). Assinale a resposta incorreta. São
ser declarado sem efeito. anuláveis os negócios jurídicos:
(A) quando as declarações de vontade emanarem de erro
Ato jurídico ineficaz é o que vale plenamente entre as substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência
partes, mas não produz efeitos em relação a certa pessoa normal, em face das circunstâncias do negócio.
(ineficácia relativa), ou em relação a todas as outras pessoas (B) de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida,
(ineficácia absoluta). se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à
insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados
A anulabilidade (nulidade relativa), só pode ser arguida pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.
dentro de prazo de 4 anos, em regra, somente por meio dos (C) por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de
interessados diretos, admitindo a convalidação e a ratificação. perigo, lesão ou fraude contra credores.
Seus efeitos são ex nunc e pode ser invocada a apenas pelo (D) quando tiver por objetivo fraudar lei imperativa.
interessado, conforme consta no artigo 177 do Código Civil.
03. (Prefeitura de Uberaba/MG - Procurador do
A anulabilidade é ratificável, segundo regra do art. 172 do Município – FUNDEP/2016). A respeito dos negócios
Código Civil. A anulabilidade deve ser invocada nos prazos jurídicos, assinale a alternativa CORRETA.
previstos em lei. (A) A teoria da base objetiva ou da base do negócio jurídico
aplica-se às relações contratuais puramente civis.
Boa-fé nos negócios jurídicos (B) A novação, conquanto modalidade de extinção de
obrigação em virtude da constituição de nova obrigação
A boa-fé não constitui um imperativo ético abstrato, mas substitutiva da originária, impede a revisão dos negócios
sim uma norma que condiciona a experiência jurídica, desde a jurídicos antecedentes, máxime diante do princípio do pacta
interpretação dos mandamentos legais e cláusulas contratuais sunt servanda.
até as suas últimas consequências. (C) Ocorrendo confusão, por incompatibilidade lógica e
expressa previsão legal, extingue-se a obrigação.
Ela deve ser analisada como conditio sine qua non da (D) A transferência de cota de bem imóvel do alimentante
realização da justiça ao longo da aplicação dos dispositivos para os alimentandos, com vistas a saldar débito alimentar,
emanados das fontes do direito, legislativa, jurisdicional e representa adiantamento da legítima
negocial.
04. (TRF/3ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto – TRF 3ª
A boa-fé tem dupla face, que é a objetiva e a subjetiva. Esta Região/2016). Sobre os defeitos do negócio jurídico, assinale
última, corresponde a uma atitude psicológica, denotando o a alternativa incorreta:
convencimento individual da parte em conformidade com o (A) O erro de cálculo não invalida o negócio jurídico; ele
direito. A boa-fé objetiva é uma exigência de lealdade, pelo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade.
qual impõe o poder-dever que cada pessoa ajuste a própria (B) O erro não invalida o negócio jurídico quando a pessoa,
conduta. a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para
executá-la na conformidade da vontade real do manifestante.
A boa-fé objetiva se qualifica como normativa de (C) A lesão não invalida o negócio jurídico se for oferecido
comportamento leal, sinônimo de honestidade pública, suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com
exigindo que a conduta individual ou coletiva, seja avaliada no a redução do proveito.
conjunto concreto das circunstâncias que existem em cada (D) O estado de perigo não invalida o negócio jurídico se a
caso. parte beneficiada oferecer justa reparação pelo fato de ter se
aproveitado da premente necessidade de a outra parte salvar-
O art. 104 do Código Civil, dispõe sobre a validade do se.
negócio jurídico, referindo-se ao objeto lícito, neste está
implícita a sua configuração conforme à boa-fé, devendo ser 05. (PFE/INSS - Estagiário de Direito – AGU/2015). No
declarado ilícito todo ou parte do objeto que com ela conflite. Direito Civil, as nulidades absolutas:
(A) só podem ser pronunciadas pelo juiz a partir de
Questões requerimento das partes, podendo supri-las se houver pedido
expresso nesse sentido, tendo em vista a finalidade almejada
01. (Prefeitura de São Luiz/MA - Procurador do pelas partes.
Município – FCC/2016). Sobre negócio jurídico, é (B) dependem sempre da prova de má-fé das partes que
INCORRETO afirmar que celebraram o negócio jurídico.
(A) a obrigação propter rem é aquela cujo sujeito ou (C) devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do
sujeitos são determinados através da titularidade de um negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas,
direito real. não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento
(B) o falso motivo possibilita a anulação do negócio das partes.
jurídico quando expresso, na declaração de vontade, como fato (D) só podem ser alegadas pelas partes interessadas,
determinante. defesa a intervenção de terceiros ou do órgão ministerial.

Noções de Direito Civil 29


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APOSTILAS OPÇÃO

06. (Secretaria da Criança/DF - Especialista Ainda que o negócio jurídico seja celebrado com termo
Socioeducativo - Direito e Legislação – FUNIVERSA/2015). inicial, este não suspende a aquisição do direito.
A respeito de negócios jurídicos, assinale a alternativa correta. ( ) Certo
(A) A doação, como negócio jurídico, admite interpretação ( ) Errado
ampliativa.
(B) Nos negócios jurídicos, a literalidade da manifestação 12. (MGS - Advogado – IBFC/2016) Assinale a alternativa
de vontade prepondera sobre o que foi realmente correta, considerando as normas do código civil brasileiro
intencionado pelas partes. sobre o negócio jurídico.
(C) É nulo o negócio jurídico celebrado por pessoa (A) A incapacidade relativa de uma das partes pode ser
relativamente incapaz sem assistente. invocada pela outra em benefício próprio, e aproveita aos
(D) É das partes, com exclusividade, a legitimidade para cointeressados capazes, salvo se, neste caso, for indivisível o
arguir nulidades no negócio jurídico. objeto do direito ou da obrigação comum.
(E) Um negócio jurídico em princípio inválido pode, ainda (B) A impossibilidade inicial do objeto invalida o negócio
assim, ser eficaz. jurídico, ainda quando cessar antes de realizada a condição a
que ele estiver subordinado.
07. (TCE-CE - Analista de Controle Externo-Atividade (C) A validade da declaração de vontade não dependerá de
Jurídico – FCC/2015) Os negócios jurídicos nulos forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir.
(A) prescrevem em 10 anos. (D) O silêncio jamais importa anuência.
(B) decaem em 4 anos.
(C) são cognoscíveis de ofício, inclusive em segunda Respostas
instância. 01. E / 02. D / 03. C / 04. D / 05. C
(D) podem ser confirmados pela vontade das partes, desde 06. E / 07. C. / 08. A. / 09. D.
que capazes. 10. B. / 11. Certo. / 12. C
(E) podem ser confirmados pela vontade das partes, ainda
que incapazes.

08. (PFE-INSS - Estagiário de Direito – AGU/2015) Em 8 Prescrição e decadência.


relação à prova dos negócios jurídicos:
(A) Aquele que se nega a submeter-se a exame médico
necessário não poderá aproveitar-se de sua recusa. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
(B) A confissão é possível em face de direito de qualquer
natureza, é irrevogável e não é passível de anulação em O decurso do tempo tem grande influência na aquisição e
nenhuma hipótese. extinção de direitos. Entre os institutos que se referem aos
(C) As pessoas que não podem ser admitidas como lapsos temporais podemos destacar a prescrição e a
testemunhas não poderão ser ouvidas em juízo, salvo se decadência por ser os mais utilizados em nosso ordenamento
prestarem compromisso de veracidade de suas declarações. jurídico.
(D) O instrumento particular, feito e assinado por quem Embora alguns doutrinadores prefiram estudá-los
esteja na livre disposição e administração de seus bens, prova conjuntamente, trazemos os dois institutos separados para
as obrigações convencionais de qualquer valor e, maior compreensão.
independente de registro público, operam seus efeitos em
relação a terceiros de imediato. PRESCRIÇÃO
A prescrição no Direito Civil é a perda da pretensão do
09. (TRT - 11ª Região (AM e RR) - Técnico Judiciário - titular de um direito que não o exerceu em determinado lapso
Área Administrativa – FCC/2017) Rafael vendeu uma temporal.
fazenda para Valdir, estabelecendo que o comprador só
entrará na posse do imóvel quando tiver construído uma igreja Requisitos da prescrição:15
para os colonos. Tal negócio está sujeito - a violação do direito, com o nascimento da pretensão;
(A) a termo final. - a inércia do titular;
(B) a termo inicial. - o decurso de tempo fixado em lei.
(C) à condição resolutiva.
(D) à condição suspensiva. Prazos da prescrição:
(E) a encargo. Os prazos prescricionais devem ser seguidos de acordo
com o que resulta a lei, não podendo ser modificados, nem em
10. (TJ-MA - Titular de Serviços de Notas e de Registros caso de disposição em contrário, por acordo entre as partes,
– Remoção – IESES/2016) Considera-se _____________a devendo ser alegada por qualquer parte que tiver interesse
cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, como prescreve o artigo 192 do Código Civil.
subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e
incerto. Art. 192, Código Civil: Os prazos de prescrição não podem
(A) Termo. ser alterados por acordo das partes.
(B) Condição.
(C) Encargo. Os prazos estão discriminados taxativamente na Parte
(D) Concessão. Geral do Código Civil (art. 205 regra geral) e art. 206 (regra
especial).
11. (FUNPRESP-JUD - Analista – Direito – CESPE/2016)
A respeito da Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro, das pessoas, dos negócios jurídicos, da prescrição e
da prova do fato jurídico, julgue o item seguinte.

15Gonçalves, Carlos Roberto, Direito Civil 1 Esquematizado, 2ª edição, 2012,


editora: Saraiva.

Noções de Direito Civil 30


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APOSTILAS OPÇÃO

Espécies de prescrições I - pendendo condição suspensiva;


II - não estando vencido o prazo;
Prescrição Intercorrente: Ocorrerá quando o autor do
processo já iniciado permanece inerte durante determinado Nos dois primeiros incisos do artigo 199, Código Civil o
lapso temporal capaz de fazer com que ocorra a perda da direito ainda não é exigível e, portanto não há que se falar em
pretensão que busca. Interrompida a prescrição, o prazo prescrição.
voltará a correr do último ato do processo ou do próprio ato
que a interrompeu (a citação válida), devendo o processo ser III - pendendo ação de evicção.
impulsionado pelo autor. Não pode este permanecer inerte, Já o inciso III, fala da evicção e desta forma enquanto
abandonando o andamento da causa durante prazo superior houver este tipo de ação, a prescrição fica suspensa até seu
àquele fixado em lei para prescrição a pretensão.16 término.

Artigo 202, parágrafo único do Código Civil: Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser
(...) apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a respectiva sentença definitiva.
correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do
processo para a interromper. Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores
solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível.
IMPORTANTE: São pretensões imprescritíveis:
- as que protegem os direitos de personalidade (à honra, à Como a prescrição é um benefício pessoal ela só irá
liberdade, à vida, obras literárias e artísticas). favorecer as pessoas previstas no rol taxativo do artigo.
- as que dizem respeito ao estado das pessoas (a condição Mesmo que exista quatro credores contra devedor de
conjugal, estado de filiação). importância em dinheiro, por exemplo, se um deles for
- as referentes a bens públicos de qualquer natureza. absolutamente incapaz a prescrição correrá normalmente
- a proteção ao direito de propriedade contra os demais credores, tendo em vista que o pagamento
- as pretensões de reaver bens confiados à guarda de em dinheiro é divisível e ficará suspensa somente em relação
outrem. ao absolutamente incapaz.
- as destinadas a anular inscrição de nome empresarial. Já para o direito indivisível, a suspensão aproveita a todos.
Por exemplo, na entrega de coisa certa e, que tenha um menor
Causas que suspendem a prescrição: de 16 anos envolvido na relação, a prescrição começa a fluir
A suspensão permite o aproveitamento do lapso temporal quando o mesmo completasse 16 anos de idade.
que fora anteriormente transcorrido, pois continua o seu
curso, logo que desaparece o impedimento. Interrupção da prescrição:
Para saber quais as causas que suspendem a prescrição A interrupção da prescrição depende do comportamento
devemos levar em consideração o lapso temporal existente. do credor torna o prazo até então transcursado inútil, pois
Por isso, o Código Civil traz as causas de suspensão da deverá ser reiniciada a contagem do lapso prescricional a
prescrição. partir do zero, desprezando-se o tempo anteriormente
transcorrido.
DICA: No artigo 197 do Código Civil, a justificativa que se
encontra para a suspensão da prescrição é que determinadas Espécies de Renúncia da prescrição:
pessoas, por sua condição em que se encontram são impedidas
de agir, seja por motivo de laços familiares, amizade, lealdade. A desistência do direito de arguir a prescrição pode se dar
de forma expressa ou tácita.
Art. 197, CC Não corre a prescrição:
I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal; Expressa: é feita de forma escrita ou verbal.
II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder Tácita: é feito por qualquer forma de reconhecimento da
familiar; dívida por parte do devedor, por exemplo, no caso de solucionar
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou algum débito pendente.
curadores, durante a tutela ou curatela.
Art. 191. CC. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou
Suspendem a prescrição: tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois
que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se
A grande preocupação que se tem é em conseguir proteger presume de fatos do interessado, incompatíveis com a
um grupo de pessoas que se encontra em situações especiais, prescrição.
podendo-se dizer diferentes da rotineira do homem-médio.
DA DECADÊNCIA
O artigo 198, Código Civil menciona quais são essas
pessoas que se encontram nessas situações: No direito civil, decadência é a extinção de um direito por
não ter sido exercido no prazo legal, ou seja, quando o sujeito
Art. 198. Também não corre a prescrição: não respeita o prazo fixado por lei para o exercício de seu
I - contra os incapazes de que trata o art. 3º; direito, perde o direito de exercê-lo. Desta forma, nada mais é
II - contra os ausentes do País em serviço público da União, que a perda do próprio direito pela inércia de seu titular.17
dos Estados ou dos Municípios; O prazo começa a fluir no momento em que o direito nasce.
III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, Portanto, no momento em que o agente adquire o direito já
em tempo de guerra. começa a correr o prazo decadencial.
Ocorre quando um direito potestativo não é exercido
Art. 199. Não corre igualmente a prescrição: extrajudicialmente ou judicialmente. Os direitos potestativos

16Gonçalves, Carlos Roberto, Direito Civil 1 Esquematizado, 2ª edição, 2012, 17 Disponível em:
editora: Saraiva. http://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/865/Decadencia.

Noções de Direito Civil 31


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APOSTILAS OPÇÃO

são direitos sem pretensão, pois não podem ser violados, pois 05. (MPE-SP - Analista de Promotoria – VUNESP/2015)
não é conferido à alguém um dever e sim uma simples sujeição. A respeito da decadência, assinale a alternativa correta.
(A) Não corre a decadência contra os que se acharem
Quanto ao prazo: servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.
Os prazos decadenciais são os estabelecidos como (B) Em qualquer caso pode ser interrompida ou suspensa.
complemento de cada artigo tanto na Parte Especial quanto na (C) Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado
Parte Geral. no juízo criminal, não correrá a decadência antes da respectiva
A decadência no âmbito do Código Civil. sentença definitiva.
(D) Não pode ser reconhecida de ofício, quando
No Código Civil, a decadência é abordada apenas na parte convencional.
geral, mais precisamente. (E) Fixada em lei, pode ser renunciada pela parte a quem
aproveita.
Questões
06. (PGE-AC - Procurador do Estado - FMP-RS/2014) É
01. (Prefeitura de Chopinzinho/PR - Procurador causa interruptiva da prescrição:
Municipal – FAU/2016). Assinale a alternativa que (A) a pendência de condição suspensiva.
estabelece afirmação correta em relação aos institutos da (B) o fato de a dívida ainda não estar vencida.
prescrição e da decadência: (C) o protesto cambial.
(A) A prescrição pode ser alegada até o segundo grau de (D) pendência de ação de evicção.
jurisdição, pela parte a quem aproveita.
(B) Suspensa a prescrição em favor de um dos credores 07. (Prefeitura de Rio de Janeiro – RJ – Advogado –
solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for divisível. Prefeitura de Rio de Janeiro/2014) Os prazos decadenciais
(C) A interrupção produzida contra o principal devedor não fluem:
não prejudica o fiador. (A) contra os absolutamente incapazes
(D) A prescrição ocorre em quinze anos, quando a lei não (B) pendendo condição suspensiva
lhe haja fixado prazo menor. (C) contra os ausentes do país
(E) É nula a renúncia à decadência fixada em lei. (D) pendendo ação de evicção.

02. (TRT/14ª Região (RO e AC) - Analista Judiciário - Respostas


Oficial de Justiça Avaliador Federal – FCC/2016). Sobre a 01. E / 02. D / 03. B / 04. C / 05. D.
prescrição e decadência, nos termos estabelecidos pelo Código 06. C. / 07. A.
Civil é INCORRETO afirmar:
(A) O protesto cambial interrompe a prescrição,
interrupção esta que somente poderá ocorrer uma vez.
(B) Não corre prescrição contra os ausentes do País em Anotações
serviço público da União.
(C) As pessoas jurídicas têm ação contra os seus
representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a
alegarem oportunamente.
(D) A suspensão da prescrição em favor de um dos
credores solidários sempre aproveita os outros.
(E) A interrupção da prescrição produzida contra o
principal devedor prejudica o fiador.

03. (DER/CE - Procurador Autárquico – UECE-


CE/2016). A renúncia da prescrição
(A) somente pode ser expressa, e só valerá, sendo feita,
sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar.
(B) pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita,
sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar.
(C) somente pode ser tácita, e só valerá, sendo feita, sem
prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar.
(D) é vedada no direito brasileiro.

04. (DPE/ MT - Defensor Público – UFMT/2016). Sobre


a prescrição e a decadência, assinale a afirmativa correta.
(A) Não corre prescrição contra o relativamente incapaz.
(B) O termo inicial da prescrição nas ações de indenização
é a data do fato, e não a data em que restar constatada a lesão
ou seus efeitos, em observância ao princípio da actio nata.
(C) A renúncia à prescrição poderá ser expressa ou tácita e
deve ser realizada depois que se consumar.
(D) A interrupção da prescrição, que somente poderá
ocorrer uma vez, dar-se-á por qualquer ato, judicial ou
extrajudicial, que constitua em mora o devedor.
(E) A renúncia à decadência fixada em lei será válida, mas
não se admite, nesse caso, a modalidade tácita.

Noções de Direito Civil 32


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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL

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APOSTILAS OPÇÃO

característica da unidade, a jurisdição constitui um monopólio


do Judiciário. Por outro lado, de acordo com as características
da secundariedade, a função jurisdicional é secundária no
sentido de que só atuará em último caso, quando esgotadas
todas as possibilidades de resolução do conflito instaurado.

c- Substitutividade.
Como o Estado é um terceiro estranho ao conflito, ao
exercer a jurisdição, estará ele substituindo, com atividade
1 Jurisdição: conceito; sua, a vontade daqueles diretamente envolvidos na
modalidades; poderes; relação de direito material, os quais obrigatoriamente se
sujeitarão ao que restar decidido pelo Estado-juízo. É nesse
princípios e órgãos. sentido que se fala em substitutividade da jurisdição. Em
outras palavras, as partes poderiam, cada uma, cumprir o seu
dever, evitando o conflito. Surgindo o conflito, poderiam, per
JURISDIÇÃO si, buscar uma forma de resolve-lo. Em não agindo assim, a
última possibilidade consiste em bater às portas do Judiciário
A jurisdição é provocada mediante o direito de ação em busca de uma tutela jurisdicional. Uma vez provocada a
e será exercida por meio daquele complexo de atos que jurisdição, instaurado e desenvolvido o processo, o Estado-juiz
é o processo. editará a sentença, uma verdadeira lei regedora do caso
concreto, a qual uma vez imutabilizada pela coisa julgada,
1- Conceito. substituirá completamente a vontade das partes. A solução
Jurisdição é o poder, a função e a atividade exercidos e dada, por exemplo, julgando improcedente o pedido
desenvolvidos, respectivamente, por órgãos estatais previsto formulado na petição inicial, nem de longe integrava a vontade
em lei, com a finalidade de tutelar direitos individuais ou do autor, mas ele terá que se submeter ao que fora decidido.
coletivos. Uma vez provocada, atua no sentido de, em caráter Goste ou não as partes do que restou decidido, terão que
definitivo, compor litígios ou simplesmente realizar direitos obedecer ao comando da sentença. Esse é o sentido de
materiais previamente acertados, o eu inclui a função de substitutividade da jurisdição.
acautelar os direitos a serem definidos ou realizados, Em razão da substitutividade, a jurisdição é espécie de
substituindo, para tanto, a vontade das pessoas ou entes heterocomposição dos conflitos, gênero que se contrapõe à
envolvidos no conflito. Mesmo quando o Supremo Tribunal autocomposição (solução do litígio pelos próprios sujeitos da
Federal exerce o controle concentrado de constitucionalidade relação material, como se dá na conciliação e transação), que
por meio de procedimentos – ADI/ADC e ADPF – nos quais não tem como pressuposto o respeito integral à autonomia da
há partes, num plano mediato se pode vislumbrar a tutela vontade.
preventiva de direitos individuais, embora o objeto da tutela
jurisdicional, num plano imediato, seja a própria lei. d- Imparcialidade.
No exercício da jurisdição deve predominar o interesse
2- Características. geral de administração da justiça, devendo os agentes
estatais zelar para que as partes tenham igual tratamento e
a- Unidade. igual oportunidade de participar na formação do
A jurisdição, dizem os clássicos, é função exclusiva do convencimento daquele que criará a norma que passará a
Poder Judiciário, por intermédio de seus juízes, os quais reger o conflito de interesses. É nesse sentido que se diz que a
decidem monocraticamente ou em órgãos colegiados, daí por jurisdição é atividade imparcial do Estado.
que se diz que ela é una. A distribuição funcional da jurisdição Resumindo: a imparcialidade constitui característica de
em órgãos (Justiça Federal, Justiça do Trabalho, varas cíveis, toda a atividade jurisdicional; mas há atividade típica da
varas criminais, entre outros) tem efeito meramente Administração para a qual também se exige o requisito da
organizacional. A jurisdição, como ensina Lopes da Costa, será imparcialidade.
sempre o poder-dever de o Estado declarar e realizar o Direito.
Nesse sentido, se diz que a jurisdição é una, ou seja, é função d- Criatividade.
monopolizada dos juízes, os quais integram uma magistratura Agindo em substituição à vontade dos conflitantes, o
nacional, não obstante um segmento seja pago pela União Estado, ao final do processo, criará uma norma individual
(magistratura federal e trabalhista, por exemplo) e outro pelos que passará a regular o caso concreto, inovando a ordem
Estados-membros (magistrados estaduais). jurídica.
A tutela jurisdicional vai além, inovando o mundo
b- Secundariedade. jurídico, criando e não apenas reconhecendo algo já existente.
A jurisdição é o derradeiro recurso (ultima ratio), a
última trincheira na busca da solução dos conflitos. O normal e- Inércia.
e esperado é que o Direito seja realizado independentemente A jurisdição é atividade equidistante e desinteressada
da atuação da jurisdição, sobretudo em se tratando de direitos do conflito e, por isso, num primeiro momento, só age se
patrimoniais. Em geral, o patrão paga os salários sem que seja provocada pelas partes, por intermédio de seus advogados
acionado para tanto; o locatário paga o aluguel sem que o (art. 2º).
locador tenha que recorrer à Justiça para fazer valer seu
direito; o pai, uma vez separado de sua mulher, paga alimentos f- Definitividade.
ao filho, independentemente de qualquer ação de alimentos. Traço marcante e distintivo da jurisdição em relação às
Prevalece, portanto, a observância ao dever decorrente da lei, demais funções estatais (administrativa e executiva) e meios
o convencionado pelas partes, o ato jurídico perfeito. Quando de pacificação social é a aptidão para a definitividade, quer
se descumpre o dever jurídico oriundo de tais atos, o que se dizer, a suscetibilidade para se tornar imutável. A essa
espera é que as partes envolvidas busquem os meios para caraterística de definitividade da jurisdição dá-se o nome de
solucionar o litígio de forma consensual. Nessa perspectiva, a coisa julgada.
secundariedade constitui o reverso da unidade. Segundo a

Noções de Direito Processual Civil 1


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APOSTILAS OPÇÃO

3- Princípios da Jurisdição. justiças especializadas em razão da matéria ou da função


a- Princípio do juízo natural exercida pelas pessoas. À Justiça Estadual resta a competência
O princípio do juízo natural deve ser compreendido sob residual, tanto em matéria criminal quanto em matéria civil.
dois enfoques: objetivo e subjetivo.
Objetivamente, o princípio do juízo natural desdobra-se A jurisdição civil, em sentido amplo, é composta pelas
em duas garantias básicas: preexistência do órgão demais espécies de pretensões de natureza civil, tributária
jurisdicional ao fato, ou proibição de juízo ou tribunal de administrativa, trabalhista, comercial etc. A jurisdição civil é
exceção (art. 5º, XXXVII); e o respeito absoluto às regras exercida pela Justiça Federal, pela Justiça Trabalhista, pela
objetivas de determinação de competência (art. 5º, LIII). Justiça Eleitoral e pela Justiça estadual.
Há, ainda, um aspecto subjetivo que também integra o
princípio do juízo natural: a imparcialidade. Ressalte-se que Ressalte-se que, apesar da distinção, é impossível isolar
a imparcialidade figura como uma das características da completamente a relação jurídica, determinando competência
função jurisdicional, como princípio da jurisdição e como exclusiva à jurisdição penal, ou à civil. É que o ilícito penal não
pressuposto processual. difere, na substancia, do civil, sendo as definições dos direitos
violados naquele extraídas do direito civil.
b- Princípio da improrrogabilidade
Os limites da jurisdição, em linhas gerais, são traçados na Aludiu-se a existência de organismos judiciários a que a
Constituição, não podendo o legislador ordinário restringi-los Constituição distribui competência para julgar casos em
nem amplia-los. A improrrogabilidade traçará, então, os matéria criminal e civil. Com base nessa divisão, classifica-se a
limites de atuação dos órgãos jurisdicionais. Todos os jurisdição também em especial e comum, integrando a
juízes são investidos de jurisdição, mas só poderão atuar primeira a Justiça Militar, a Eleitoral, a Trabalhista e as Justiças
naquele órgão competente para o qual foram designados, Militares Estaduais, compondo a segunda a Justiça federal e a
e somente nos processos distribuídos para aquele órgão. Justiça estadual.

c- Princípio da indeclinabilidade (ou da Ressalte-se que, prevendo nosso ordenamento o duplo


inafastabilidade) grau de jurisdição, tem-se a divisão em jurisdição inferior,
Se, por um lado, não se permite ao julgador atuar fora dos composta pelas instâncias ordinárias em primeiro grau, com
limites definidos pelas regras de competência e distribuição, julgamentos proferidos por juízes singulares, e jurisdição
por outro, também a ele não se permite escusar de julgar nos superior, composta pelas instâncias superiores, em segundo
casos a que a tanto está compelido. O órgão jurisdicional, grau pelos tribunais de Justiça dos estados, Tribunais
uma vez provocado, não pode recusar-se, tampouco regionais federais e Tribunais das Justiças Especializadas, bem
delegar a função de dirimir os litígios, mesmo se houver como o Superior Tribunal de Justiça, a zelar em última
lacunas na lei, caso em que poderá o juiz valer-se de outras instância pela correta aplicação da lei federal, e o Supremo
fontes do direito, como a analogia, os costumes e os princípios Tribunal federal, ao qual compete, em última instância, zelar
gerais (art. 4º da LINDB). pelo respeito à Constituição, sendo o julgamento proferido por
um colegiado de juízes.
d- Princípio da inevitabilidade
Relaciona-se com a autoridade da decisão judicial, que, 5- Jurisdição Contenciosa e Jurisdição Voluntária.
uma vez transitada e julgado, se impõe independentemente da Por jurisdição contenciosa entende-se a função estatal
vontade das partes. exercida com o objetivo de compor litígios. Por sua vez, a
Assim, se não concordar com a decisão, deve-se recorrer; jurisdição voluntária cuida da integração e fiscalização de
caso contrário, as partes a ela ficarão sujeitas em caráter negócios jurídicos particulares. Particularmente no que
inevitável. tange à jurisdição voluntária, ainda reina acirrada
controvérsia a doutrina a respeito da sua natureza jurídica.
e- Princípio da indelegabilidade
Relaciona-se com os princípios da improrrogabilidade e da
indeclinabilidade. Tal como não se admite a prorrogação da 6- Limites da jurisdição.
atividade de um julgador fora dos limites traçados pelas regras Todos os juízes, incluindo os órgãos colegiados, possuem
de competência, salvo nos casos expressos em lei, e igualmente jurisdição, ou seja, poder para solucionar os conflitos,
não se permite que o juiz se escuse de decidir uma causa que aplicando a lei ao caso concreto. Entretanto, o exercício deste
lhe foi distribuída, também não pode ele ou o tribunal delegar poder está condicionado ao território nacional e as disposições
suas funções a outra pessoa ou órgão jurisdicional. constantes no ordenamento jurídico pátrio.
Fora das situações elencadas no CPC a jurisdição nacional
4- Modalidades ou Espécies de Jurisdição. não poderá atuar, respeitando-se assim a soberania dos outros
Enquanto poder estatal, a jurisdição é una; no entanto, por países.
motivos de ordem prática, principalmente pela necessidade da Os limites da jurisdição nacional estão elencados nos arts.
divisão do trabalho, costuma-se dividir as atividades 21 a 25 do CPC.
jurisdicionais segundo vários critérios.
Assim, quando a doutrina fala em espécies de jurisdição, Atenção! tem-se entendido que o rol dos arts. 21 e 23 do
trata, na verdade, da distribuição do conjunto de processos em CPC não é exaustivo.
determinadas categorias.
Distingue-se entre a jurisdição penal e a civil. O critério 7- Órgãos jurisdicionais.
para classificação é o objeto da pretensão deduzida perante o No Brasil a função de compor o litígio cabe ao Judiciário.
estado-juiz, sendo a penal uma pretensão punitiva, que tem Segundo o disposto no art. 92 da Constituição Federal o
por objeto privar temporariamente a liberdade do acusado Poder Judiciário é composto por:
pela prática de determinado ilícito, definido em lei como - Supremo Tribunal Federal;
crime. Seu exercício é dividido entre juízes estaduais comuns, - Conselho Nacional de Justiça;
pela Justiça Militar estadual, pela Justiça federal, pela Justiça - Superior Tribunal de Justiça;
Militar Federal e pala Justiça Eleitoral, cuja competência é - Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
definida pela Constituição federal, que confere atribuições às - Tribunais e Juízes do Trabalho;

Noções de Direito Processual Civil 2


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- Tribunais e Juízes Eleitorais; (B) No procedimento da notificação e da interpelação, o


- Tribunais e Juízes Militares; juiz em qualquer caso irá ouvir o requerido antes do
- Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e deferimento da notificação, podendo apresentar contestação
Territórios. escrita em 15 (quinze) dias.
(C) Na ação de divórcio direto consensual, é obrigatória a
A distribuição do exercício da jurisdição entre esses órgãos realização de audiência de conciliação ou ratificação.
retrata o fenômeno da competência, que nada mais é do que, (D) O tabelião somente lavrará a escritura pública de
quantidade de jurisdição cujo exercício é atribuído a cada órgão divórcio consensual se os interessados estiverem assistidos
ou grupo de órgãos. por advogado ou por Defensor Público, cuja qualificação e
assinatura constarão do ato notarial.
Referências: (E) O CPC/2015 não prevê o cabimento de separação
Elpídio Donizetti. Curso Prático de Direito Processual Civil. consensual.
Atlas, 2016.
Sabrina Dourado. Resumão de Jurisdição. Publicado no sítio 03. (MPE-RJ - Técnico do Ministério Público -
eletrônico Jusbrasil.com.br. Notificações e Atos Intimatórios – FGV/2016) No tocante à
inércia, uma exceção a tal característica da jurisdição, de
Veja os dispositivos relacionados com o assunto: acordo com a legislação processual vigente, é a:
(A) interdição;
LIVRO II (B) reintegração de posse de imóvel público;
DA FUNÇÃO JURISDICIONAL (C) restauração de autos;
TÍTULO I (D) anulação de contrato administrativo;
DA JURISDIÇÃO E DA AÇÃO (E) nulidade de casamento.

Art. 16. A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos 04. (MPE-PB - Técnico Ministerial – Sem Especialidade
tribunais em todo o território nacional, conforme as disposições - FCC) A respeito da ação e da jurisdição, considere:
deste Código. I. O direito de ação depende do direito material ou da
eventual relação jurídica entre as partes.
Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e II. O direito de ação é o direito subjetivo público de pleitear
legitimidade. ao Poder Judiciário uma decisão sobre uma pretensão.
III. A jurisdição é o poder, função e atividade de aplicar o
Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome direito a um fato concreto pelos órgãos públicos destinados a
próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico. tal, obtendo-se a justa composição da lide.
Parágrafo único. Havendo substituição processual, o
substituído poderá intervir como assistente litisconsorcial. Está correto o que se afirma APENAS em
(A) II e III.
Art. 19. O interesse do autor pode limitar-se à declaração: (B) I e II.
I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma (C) II.
relação jurídica; (D) I.
II - da autenticidade ou da falsidade de documento. (E) III.

Art. 20. É admissível a ação meramente declaratória, ainda 05. (TJ-BA - Técnico Judiciário - Escrevente - Área
que tenha ocorrido a violação do direito. Judiciária - FGV) A jurisdição representa uma atividade
estatal voltada à composição dos conflitos de interesses. No
Questões Brasil, uma das características fundamentais da jurisdição é a:
(A) inércia;
01. (Câmara de Conceição do Mato Dentro) Em relação (B) diametricidade;
aos limites da jurisdição nacional prevista no Novo CPC, é (C) eleição direta;
CORRETO afirmar: (D) dualidade;
(A) A ação proposta perante tribunal estrangeiro induz (E) formalidade.
litispendência e obsta a que a autoridade judiciária brasileira
conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, Respostas
ressalvadas as disposições em contrário de tratados 01. C/ 02. D. / 03. C / 04. A / 05. A
internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil.
(B) Compete à autoridade judiciária brasileira o
processamento e o julgamento da ação quando houver 2 Ação: conceito; natureza
cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato jurídica; condições;
internacional, arguida pelo réu na contestação.
(C) Compete à autoridade judiciária brasileira processar e classificação.
julgar as ações em que, no Brasil, tiver de ser cumprida a
obrigação. AÇÃO.
(D) Compete à autoridade judiciária brasileira, com
exclusão de qualquer outra, julgar as ações em que o credor 1- Conceito.
tiver domicílio ou residência no Brasil. O Estado tem o poder-dever de prestar a tutela
jurisdicional, isto é, de dirimir os conflitos de interesses. A
02. (DPE/MT – Defensor Público – UFMT/2016) Em jurisdição, no entanto, só age se provocada. É necessário
relação aos procedimentos de jurisdição voluntária no Código discorrer, assim, sobre o meio de se provocar a tutela
de Processo Civil (CPC/2015), assinale a afirmativa correta. jurisdicional: a ação.
(A) Contra sentença prolatada em procedimentos de A par desse poder-dever do Estado de prestar a tutela
jurisdição voluntária não cabe recurso. jurisdicional, surge para o indivíduo um direito público
subjetivo de acionar a jurisdição (direito de ação). O direito de

Noções de Direito Processual Civil 3


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APOSTILAS OPÇÃO

ação é público, porque se dirige contra o Estado-juízo. É Subdivide-se a causa de pedir em causa remota, que se
subjetivo, porque o ordenamento jurídico faculta àquele relaciona com o fato, e causa próxima, que se relaciona com
lesado em seu direito pedir a manifestação do Estado as consequências jurídicas desse fato, ou seja, a valoração
(provocar a tutela jurisdicional) para solucionar o litígio, do fato pela norma jurídica
dizendo qual é o direito de cada uma das partes no caso Pedido
concreto. Ação, portanto, numa concepção eclética, é o direito É a conclusão da exposição dos fatos e fundamentos
a um pronunciamento estatal que solucione o litígio, fazendo jurídicos constantes na petição inicial; é o resultado da
desaparecer a incerteza ou a insegurança gerada pelo conflito valoração do fato pela norma jurídica -, a qual constitui a
de interesses, pouco importando qual seja a solução a ser dada pretensão material formulada ao Estado-juízo.
pelo juiz. Desdobra-se o pedido em imediato, que é a providência ou
Destarte, mediante o direito de ação, provoca-se a o “tipo de tutela” jurisdicional solicitada pelo autor, e pedido
jurisdição estatal, a qual, por sua vez, será exercida por mediato, que constitui o bem jurídico pretendido.
meio daquele complexo de atos que é o processo.
4- Classificação das Ações.
2- Condições da Ação. Ação é um termo equívoco, que comporta diversas
O novo CPC e as “Condições da Ação” acepções. Ora se refere ao procedimento, ora ao direito
Segundo a concepção eclética, conquanto abstrato o direito material veiculado (ação de usucapião, ação monitória...). Para
à ação, porque consiste no direito público subjetivo de invocar nós, o que importa é que a ação é o poder, o direito público
a tutela jurisdicional do Estado, sem qualquer preocupação subjetivo de acionar e pleitear o provimento jurisdicional.
quanto ao resultado, seu manejo ou nascimento pressupõe o
preenchimento de certas condições, denominadas “condições Vamos, agora, classificar as ações de acordo com os
da ação”, sem as quais o Estado se exime de prestar a tutela critérios apontados pela doutrina majoritária.
jurídica recamada, isto é, extingue o processo sem resolução
de mérito. Segundo a natureza do provimento jurisdicional
O CPC de 1973 consagrou expressamente essa categoria no pretendido
artigo 267, VI, o qual autoriza a extinção do processo, sem Este é o critério mais aceito pela doutrina para classificar
resolução do mérito, quando não concorre qualquer das as ações. Assim, temos:
seguintes condições da ação: possibilidade jurídica do
pedido, legitimidade das partes e interesse processual. Ação de cognição (ou de conhecimento) – Visa ao
No novo Código, entretanto, não há mais referência à acertamento do direito.
“possibilidade jurídica do pedido” como hipótese geradora
da extinção do processo sem resolução do mérito, seja quando Ação de execução – Busca a satisfação ou realização de
enquadrada como condição da ação ou como causa para o um direito já acertado, por meio de um título extrajudicial ou
indeferimento da petição inicial. judicial, podendo ocorrer, respectivamente, por processo
Com relação às outras “condições”, o texto do novo artigo autônomo ou mera fase do processo de conhecimento, caso em
17 estabelece que “para postular em juízo é necessário que se denomina cumprimento de sentença.
interesse e legitimidade”. O artigo 485, VI, por sua vez,
prescreve que a ausência de qualquer dos dois requisitos, A ação de cognição, por sua vez, classifica-se em ação
passíveis de serem conhecidos de ofício pelo magistrado, declaratória, condenatória e constitutiva.
permite a extinção do processo, sem resolução do mérito.
Como se pode perceber, o Código não utiliza mais o termo A ação declaratória tem por objeto a simples declaração
“condições da ação”. da existência ou inexistência de uma relação jurídica (artigo
19, I). Na sistemática do novo CPC a ação declaratória
3- Elementos da Ação. incidental deixará de existir. Assim, todas as questões
As ações (ou causas) são identificadas pelos seus prejudiciais, desde que observado o contraditório, se
elementos subjetivos e objetivos. Os elementos subjetivos submeterão à coisa julgada (artigo 503, §§1º e 2º).
são as partes; e os objetivos, o pedido e a causa de pedir. A
identificação da ação é tão importante que a lei expressamente A ação constitutiva, afora a declaração do fato ensejador
a exige como pressuposto da petição inicial (artigo 319). A da constituição/desconstituição, tem por finalidade criar,
falta de indicação de um dos elementos da ação poderá modificar ou extinguir um estado ou relação jurídica. De regra,
acarretar o indeferimento da inicial, por inépcia, com a opera em mão dupla, isto é, a um só tempo desconstitui uma
consequente extinção do feito sem resolução do mérito. situação jurídica e constitui outra.

Vejamos, separadamente, cada um dos elementos da ação: A ação condenatória, além da declaração do fato gerador
da obrigação, ou seja, da certificação do direito, objetiva a
Parte condenação do réu a prestar uma obrigação de fazer, não fazer,
É quem participa da relação jurídico processual, entregar coisa ou pagar quantia.
integrando o contraditório. Fala-se em partes principais, que
são aquelas que formulam ou têm contra si pedido formulado A doutrina admite, ainda, a ação mandamental, na qual o
(autor e réu nas ações de cognição, exequente e executado nas provimento judicial ordena que se cumpra alguma coisa.
execuções; requerente e requerido nas ações cautelares), e
partes auxiliares (coadjuvantes), como o assistente simples. Segundo a natureza da relação jurídica discutida
Com base na relação jurídica material discutida, divide-se
Causa de Pedir a ação em real e pessoal.
São os fatos e fundamentos jurídicos do pedido. O autor, na
inicial, deverá indicar todo o quadro fático necessário à Segundo o objeto do pedido mediato (bem jurídico
obtenção do efeito jurídico pretendido, bem como demonstrar pretendido)
de que maneiras esses fatos autorizam a concessão desse Distinguem-se, sob esse prisma, as ações imobiliárias (se o
efeito (teoria da substanciação). bem jurídico pretendido é um bem imóvel) das ações
mobiliárias (se o objeto mediato for bem móvel).

Noções de Direito Processual Civil 4


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APOSTILAS OPÇÃO

5- Cumulação dos Pedidos.


O art. 327 do CPC estabelece que a cumulação de pedidos é
admitida mesmo que os pedidos não sejam conexos.
3 Sujeitos do processo: partes e
Segundo o entendimento do STJ, é possível a cumulação de procuradores; Juiz; Ministério
pedidos mesmo que a demanda seja proposta com formação Público, serventuários da justiça,
de litisconsórcio passivo. Nessa hipótese, basta o
preenchimento dos requisitos previstos no art. 327, §1º do
oficial de justiça (funções,
CPC. deveres e responsabilidades).
Para que haja a cumulação é preciso preencher alguns
requisitos: SUJEITOS PROCESSUAIS.
- pedidos não podem ser incompatíveis entre si;
- mesmo juízo competente para todos os pedidos; Noções Gerais.
- identidade procedimental; A relação jurídico-processual é formada não apenas pelas
partes, juiz e réu, mas também pelos peritos, escrivão,
Questões Ministério Público e os terceiros intervenientes.
01. (Prefeitura de Belo Horizonte – MG - Procurador Os sujeitos processuais podem ser imparciais ou parciais.
Municipal – CESPE/2017) A respeito de ação e preclusão, São imparciais o perito, escrivão, juiz e Ministério Público,
assinale a opção correta. quando atua como “custus legis”), já os parciais são autor, réu
(A) A consequência processual da inobservância dos e interveniente.
prazos impróprios aplica-se a todos os atos processuais,
incluído o efeito preclusivo. Nesse momento estudaremos acerca das partes e dos
(B) De acordo com a doutrina, constitui ação cognitiva de procuradores. Os ensinos a respeito do perito e escrivão
natureza constitutiva aquela que, além de apresentar um ocorrerá quando falarmos sobre os auxiliares da justiça. O
conteúdo declaratório, também cria, modifica ou extingue um Ministério Público e o juiz também serão estudados em fase
estado ou uma relação jurídica. posterior.
(C) Em uma relação processual, a legitimidade ativa e a
passiva são, exclusiva e respectivamente, daquele que sofre a 1- Partes são os sujeitos parciais do processo, que pedem
ameaça ou lesão a um direito e daquele que ameaça ou pratica ou contra quem é pedida uma providência jurisdicional, e, por
o ato ofensivo. essa razão, integram o contraditório e são atingidos pelos
(D) Sempre que a parte deixar de praticar determinado ato efeitos da coisa julgada.
processual dentro do prazo estipulado pelas partes, pelo juízo
ou por lei, ficará caracterizada a preclusão consumativa. Capacidade de ser parte
A capacidade de ser parte, a princípio, relaciona-se com a
02. (Prefeitura de Belo Horizonte – MG - Procurador capacidade de gozo ou de direito, com a ressalva de que
Municipal – CESPE/2017) No que se refere a pressupostos àqueles entes aos quais a lei reconheça o mínimo resquício de
processuais e condições da ação, assinale a opção correta. direito substancial é assegurado o direito de ingresso em juízo.
(A) Na fase de cumprimento definitivo da sentença, o juiz
poderá conhecer de ofício a falta de pressuposto de Capacidade processual
constituição ocorrido na fase cognitiva e declarar a nulidade Possui capacidade processual quem pode litigar por si
da sentença exequenda. mesmo. Relaciona-se com a capacidade de fato ou de exercício.
(B) A falta de condição da ação, ainda que não tenha sido
alegada em preliminar de contestação, poderá ser suscitada Observe:
pelo réu nas razões ou em contrarrazões recursais. Legitimidade para a causa ≠ Legitimidade para o
(C) Constatada a carência do direito de ação, o juiz deverá processo ≠ Capacidade de ser parte ≠ Capacidade
determinar que o autor emende ou complemente a petição postulatória.
inicial e indique, com precisão, o objeto da correção ou da
complementação. Capacidade processual dos cônjuges
(D) A inépcia da petição inicial por falta de pedido e a Ativa: ações que versem sobre os direitos reais
existência de litispendência são exemplos de defeitos imobiliários (consentimento do cônjuge pode ser suprimido
processuais insanáveis que provocam o indeferimento in pelo juiz – art. 74, CPC/2015);
limine da petição inicial. Passiva: litisconsórcio necessário (art. 73, §1º,
CPC/2015): ambos os cônjuges serão necessariamente
03. (TJ-MG - Titular de Serviços de Notas e de Registros citados.
– Remoção – CONSUPLAN/2017) Com relação à função Quanto às Ações Possessórias relacionadas aos cônjuges,
jurisdicional (jurisdição e ação), as assertivas abaixo estão com posse ou ato por ambos praticado): necessidade de
corretas, EXCETO: participação do cônjuge d autor ou do réu (art. 73, §2º,
(A) A impossibilidade jurídica é uma das condições da CPC/2015).
ação.
(B) A jurisdição civil é exercida pelos juízes e tribunais em Substituição Processual
todo o território nacional. Substituição Processual = Legitimação Extraordinária =
(C) Para postular em juízo é necessário ter interesse e Legitimação Anômala: ocorre quando a Lei autoriza
legitimidade. propositura de ação em nome próprio para pleitear direito
(D) Ninguém poderá pleitear em nome próprio direito alheio.
alheio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico.
Sucessão das Partes
Respostas Pode ocorrer de forma facultativa, se a lei permitir (art.
01. B. / 02. B. / 03. A 108, CPC/2015), e na hipótese de morte de uma das partes
(obrigatória).

Noções de Direito Processual Civil 5


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APOSTILAS OPÇÃO

São outros casos de sucessão processual: ação civil pública - qualificação do outorgante/mandante;
e ação popular, quando a parte originária desiste da ação. - nome do advogado (outorgado/mandatário);
- número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil;
Incapacidade Processual e Irregularidade de - endereço profissional completo e correio eletrônico.
Representação
O juiz, suspendendo o processo, marcará prazo razoável Os poderes do advogado devem estar definidos na
para que seja sanado o vício (art. 76, CPC/2015). procuração.
Não sendo cumprido o despacho dentro do prazo:
* Se a providência cabia ao autor, o juiz extinguirá o A revogação da procuração por parte do outorgante
processo sem resolução do mérito; poderá ocorrer a qualquer momento. Nesse caso, a parte
* Se competia ao réu, este será reputado revel; deverá comunicar ao advogado e ao juízo, constituindo novo
*Se a determinação não for observada por terceiro, ele será patrono nos autos.
considerado revel ou excluído do processo, dependendo do Se o advogado pretender renunciar deverá continuar
polo em que se encontre. representando seu cliente durante 10 dias seguintes à
notificação da renúncia, salvo se for substituído antes do
Deveres das Partes e dos Procuradores (Art. 77, término do prazo.
CPC/2015)
Expor os fatos em juízo conforme a verdade; A sucessão dos procuradores pode ocorrer em razão da
Não formular pretensão ou apresentar defesa quando renúncia ou da revogação do mandato.
cientes de que são destituídas de fundamento;
Não produzir provas e não praticar atos inúteis ou Veja os dispositivos sobre o tema:
desnecessários à declaração ou à defesa do direito;
Cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de Código de Processo Civil
natureza provisória ou final, e não criar embaraços à sua
efetivação; LIVRO III
Declinar, no primeiro momento que lhes couber falar nos DOS SUJEITOS DO PROCESSO
autos, o endereço residencial ou profissional onde receberão TÍTULO I
intimações, atualizando essa informação sempre que ocorrer DAS PARTES E DOS PROCURADORES
qualquer modificação temporária ou definitiva; CAPÍTULO I
Não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou DA CAPACIDADE PROCESSUAL
direito litigioso.
Art. 70. Toda pessoa que se encontre no exercício de seus
Litigância de má-fé (Art. 80, CPC/2015) direitos tem capacidade para estar em juízo.

Considera-se litigante de má-fé aquele que: Art. 71. O incapaz será representado ou assistido por seus
Deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei pais, por tutor ou por curador, na forma da lei.
ou fato incontroverso;
Alterar a verdade dos fatos; Art. 72. O juiz nomeará curador especial ao:
Usar do processo para conseguir objetivo ilegal; I - incapaz, se não tiver representante legal ou se os
Opuser resistência injustificada ao andamento do interesses deste colidirem com os daquele, enquanto durar a
processo; incapacidade;
Proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital
do processo; ou com hora certa, enquanto não for constituído advogado.
Provocar incidente manifestamente infundado; Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela
Interpuser recurso com intuito manifestamente Defensoria Pública, nos termos da lei.
protelatório.
Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro
Consequências: para propor ação que verse sobre direito real imobiliário,
Praticadas quaisquer dessas condutas, o juiz condenara o salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de
litigante a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta bens.
sofreu, mais os honorários advocatícios e todas as despesas § 1º Ambos os cônjuges serão necessariamente citados
que o prejudicado efetuou (art. 81). Também será aplicada para a ação:
multa superior a 1% e inferior a 10% sobre o valor corrigido I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando
da causa. casados sob o regime de separação absoluta de bens;
II - resultante de fato que diga respeito a ambos os
2- Procuradores. cônjuges ou de ato praticado por eles;
Para postular em juízo é imprescindível que a parte tenha III - fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a
habilitação de advogado. Entretanto, faltando essa capacidade bem da família;
técnica-formal deverá ela ser representada em juízo por IV - que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição
advogado legalmente habilitado, sob pena de nulidade ou a extinção de ônus sobre imóvel de um ou de ambos os
processual. cônjuges.
§ 2º Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do
Note bem! Ato praticado por advogado sem autor ou do réu somente é indispensável nas hipóteses de
mandato/procuração nos autos é ineficaz, passível de composse ou de ato por ambos praticado.
ratificação. O ato praticado por quem não tem habilitação é § 3º Aplica-se o disposto neste artigo à união estável
inexistente. comprovada nos autos.

O poder conferido aos advogados para representar a parte Art. 74. O consentimento previsto no art. 73 pode ser
emana do mandato/procuração. suprido judicialmente quando for negado por um dos cônjuges
São requisitos da procuração: sem justo motivo, ou quando lhe seja impossível concedê-lo.

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APOSTILAS OPÇÃO

Parágrafo único. A falta de consentimento, quando III - não produzir provas e não praticar atos inúteis ou
necessário e não suprido pelo juiz, invalida o processo. desnecessários à declaração ou à defesa do direito;
IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de
Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e natureza provisória ou final, e não criar embaraços à sua
passivamente: efetivação;
I - a União, pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou V - declinar, no primeiro momento que lhes couber falar
mediante órgão vinculado; nos autos, o endereço residencial ou profissional onde
II - o Estado e o Distrito Federal, por seus procuradores; receberão intimações, atualizando essa informação sempre
III - o Município, por seu prefeito ou procurador; que ocorrer qualquer modificação temporária ou definitiva;
IV - a autarquia e a fundação de direito público, por quem VI - não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem
a lei do ente federado designar; ou direito litigioso.
V - a massa falida, pelo administrador judicial; § 1º Nas hipóteses dos incisos IV e VI, o juiz advertirá
VI - a herança jacente ou vacante, por seu curador; qualquer das pessoas mencionadas no caput de que sua
VII - o espólio, pelo inventariante; conduta poderá ser punida como ato atentatório à dignidade
VIII - a pessoa jurídica, por quem os respectivos atos da justiça.
constitutivos designarem ou, não havendo essa designação, § 2º A violação ao disposto nos incisos IV e VI constitui ato
por seus diretores; atentatório à dignidade da justiça, devendo o juiz, sem prejuízo
IX - a sociedade e a associação irregulares e outros entes das sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao
organizados sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem responsável multa de até vinte por cento do valor da causa, de
couber a administração de seus bens; acordo com a gravidade da conduta.
X - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, § 3º Não sendo paga no prazo a ser fixado pelo juiz, a multa
representante ou administrador de sua filial, agência ou prevista no § 2º será inscrita como dívida ativa da União ou do
sucursal aberta ou instalada no Brasil; Estado após o trânsito em julgado da decisão que a fixou, e sua
XI - o condomínio, pelo administrador ou síndico. execução observará o procedimento da execução fiscal,
§ 1º Quando o inventariante for dativo, os sucessores do revertendo-se aos fundos previstos no art. 97.
falecido serão intimados no processo no qual o espólio seja § 4º A multa estabelecida no § 2º poderá ser fixada
parte. independentemente da incidência das previstas nos arts. 523,
§ 2º A sociedade ou associação sem personalidade jurídica § 1º, e 536, § 1º.
não poderá opor a irregularidade de sua constituição quando § 5º Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a
demandada. multa prevista no § 2º poderá ser fixada em até 10 (dez) vezes
§ 3º O gerente de filial ou agência presume-se autorizado o valor do salário-mínimo.
pela pessoa jurídica estrangeira a receber citação para § 6º Aos advogados públicos ou privados e aos membros
qualquer processo. da Defensoria Pública e do Ministério Público não se aplica o
§ 4º Os Estados e o Distrito Federal poderão ajustar disposto nos §§ 2º a 5º, devendo eventual responsabilidade
compromisso recíproco para prática de ato processual por disciplinar ser apurada pelo respectivo órgão de classe ou
seus procuradores em favor de outro ente federado, mediante corregedoria, ao qual o juiz oficiará.
convênio firmado pelas respectivas procuradorias. § 7º Reconhecida violação ao disposto no inciso VI, o juiz
determinará o restabelecimento do estado anterior, podendo,
Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a ainda, proibir a parte de falar nos autos até a purgação do
irregularidade da representação da parte, o juiz suspenderá o atentado, sem prejuízo da aplicação do § 2º.
processo e designará prazo razoável para que seja sanado o § 8º O representante judicial da parte não pode ser
vício. compelido a cumprir decisão em seu lugar.
§ 1º Descumprida a determinação, caso o processo esteja
na instância originária: Art. 78. É vedado às partes, a seus procuradores, aos juízes,
I - o processo será extinto, se a providência couber ao aos membros do Ministério Público e da Defensoria Pública e
autor; a qualquer pessoa que participe do processo empregar
II - o réu será considerado revel, se a providência lhe expressões ofensivas nos escritos apresentados.
couber; § 1º Quando expressões ou condutas ofensivas forem
III - o terceiro será considerado revel ou excluído do manifestadas oral ou presencialmente, o juiz advertirá o
processo, dependendo do polo em que se encontre. ofensor de que não as deve usar ou repetir, sob pena de lhe ser
§ 2º Descumprida a determinação em fase recursal perante cassada a palavra.
tribunal de justiça, tribunal regional federal ou tribunal § 2º De ofício ou a requerimento do ofendido, o juiz
superior, o relator: determinará que as expressões ofensivas sejam riscadas e, a
I - não conhecerá do recurso, se a providência couber ao requerimento do ofendido, determinará a expedição de
recorrente; certidão com inteiro teor das expressões ofensivas e a colocará
II - determinará o desentranhamento das contrarrazões, se à disposição da parte interessada.
a providência couber ao recorrido.
Seção II
CAPÍTULO II Da Responsabilidade das Partes por Dano Processual
DOS DEVERES DAS PARTES E DE SEUS
PROCURADORES Art. 79. Responde por perdas e danos aquele que litigar de
Seção I má-fé como autor, réu ou interveniente.
Dos Deveres
Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:
Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei
deveres das partes, de seus procuradores e de todos aqueles ou fato incontroverso;
que de qualquer forma participem do processo: II - alterar a verdade dos fatos;
I - expor os fatos em juízo conforme a verdade; III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
II - não formular pretensão ou de apresentar defesa IV - opuser resistência injustificada ao andamento do
quando cientes de que são destituídas de fundamento; processo;

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V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou do Brasil e o nome da sociedade de advogados da qual
ato do processo; participa, para o recebimento de intimações;
VI - provocar incidente manifestamente infundado; II - comunicar ao juízo qualquer mudança de endereço.
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente § 1º Se o advogado descumprir o disposto no inciso I, o juiz
protelatório. ordenará que se supra a omissão, no prazo de 5 (cinco) dias,
antes de determinar a citação do réu, sob pena de
Art. 81. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o indeferimento da petição.
litigante de má-fé a pagar multa, que deverá ser superior a um § 2º Se o advogado infringir o previsto no inciso II, serão
por cento e inferior a dez por cento do valor corrigido da causa, consideradas válidas as intimações enviadas por carta
a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e registrada ou meio eletrônico ao endereço constante dos
a arcar com os honorários advocatícios e com todas as autos.
despesas que efetuou.
§ 1º Quando forem 2 (dois) ou mais os litigantes de má-fé, Art. 107. O advogado tem direito a:
o juiz condenará cada um na proporção de seu respectivo I - examinar, em cartório de fórum e secretaria de tribunal,
interesse na causa ou solidariamente aqueles que se coligaram mesmo sem procuração, autos de qualquer processo,
para lesar a parte contrária. independentemente da fase de tramitação, assegurados a
§ 2º Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a obtenção de cópias e o registro de anotações, salvo na hipótese
multa poderá ser fixada em até 10 (dez) vezes o valor do de segredo de justiça, nas quais apenas o advogado constituído
salário-mínimo. terá acesso aos autos;
§ 3º O valor da indenização será fixado pelo juiz ou, caso II - requerer, como procurador, vista dos autos de qualquer
não seja possível mensurá-lo, liquidado por arbitramento ou processo, pelo prazo de 5 (cinco) dias;
pelo procedimento comum, nos próprios autos. III - retirar os autos do cartório ou da secretaria, pelo prazo
legal, sempre que neles lhe couber falar por determinação do
[...] juiz, nos casos previstos em lei.
§ 1º Ao receber os autos, o advogado assinará carga em
CAPÍTULO III livro ou documento próprio.
DOS PROCURADORES § 2º Sendo o prazo comum às partes, os procuradores
poderão retirar os autos somente em conjunto ou mediante
Art. 103. A parte será representada em juízo por advogado prévio ajuste, por petição nos autos.
regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil. § 3º Na hipótese do § 2º, é lícito ao procurador retirar os
Parágrafo único. É lícito à parte postular em causa própria autos para obtenção de cópias, pelo prazo de 2 (duas) a 6 (seis)
quando tiver habilitação legal. horas, independentemente de ajuste e sem prejuízo da
continuidade do prazo.
Art. 104. O advogado não será admitido a postular em juízo § 4º O procurador perderá no mesmo processo o direito a
sem procuração, salvo para evitar preclusão, decadência ou que se refere o § 3º se não devolver os autos tempestivamente,
prescrição, ou para praticar ato considerado urgente. salvo se o prazo for prorrogado pelo juiz.
§ 1º Nas hipóteses previstas no caput, o advogado deverá,
independentemente de caução, exibir a procuração no prazo CAPÍTULO IV
de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período por DA SUCESSÃO DAS PARTES E DOS PROCURADORES
despacho do juiz.
§ 2º O ato não ratificado será considerado ineficaz Art. 108. No curso do processo, somente é lícita a sucessão
relativamente àquele em cujo nome foi praticado, voluntária das partes nos casos expressos em lei.
respondendo o advogado pelas despesas e por perdas e danos.
Art. 109. A alienação da coisa ou do direito litigioso por ato
Art. 105. A procuração geral para o foro, outorgada por entre vivos, a título particular, não altera a legitimidade das
instrumento público ou particular assinado pela parte, habilita partes.
o advogado a praticar todos os atos do processo, exceto § 1º O adquirente ou cessionário não poderá ingressar em
receber citação, confessar, reconhecer a procedência do juízo, sucedendo o alienante ou cedente, sem que o consinta a
pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre o qual se parte contrária.
funda a ação, receber, dar quitação, firmar compromisso e § 2º O adquirente ou cessionário poderá intervir no
assinar declaração de hipossuficiência econômica, que devem processo como assistente litisconsorcial do alienante ou
constar de cláusula específica. cedente.
§ 1º A procuração pode ser assinada digitalmente, na § 3º Estendem-se os efeitos da sentença proferida entre as
forma da lei. partes originárias ao adquirente ou cessionário.
§ 2º A procuração deverá conter o nome do advogado, seu
número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil e Art. 110. Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-
endereço completo. se-á a sucessão pelo seu espólio ou pelos seus sucessores,
§ 3º Se o outorgado integrar sociedade de advogados, a observado o disposto no art. 313, §§ 1º e 2º.
procuração também deverá conter o nome dessa, seu número
de registro na Ordem dos Advogados do Brasil e endereço Art. 111. A parte que revogar o mandato outorgado a seu
completo. advogado constituirá, no mesmo ato, outro que assuma o
§ 4º Salvo disposição expressa em sentido contrário patrocínio da causa.
constante do próprio instrumento, a procuração outorgada na Parágrafo único. Não sendo constituído novo procurador
fase de conhecimento é eficaz para todas as fases do processo, no prazo de 15 (quinze) dias, observar-se-á o disposto no art.
inclusive para o cumprimento de sentença. 76.

Art. 106. Quando postular em causa própria, incumbe ao Art. 112. O advogado poderá renunciar ao mandato a
advogado: qualquer tempo, provando, na forma prevista neste Código,
I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o que comunicou a renúncia ao mandante, a fim de que este
endereço, seu número de inscrição na Ordem dos Advogados nomeie sucessor.

Noções de Direito Processual Civil 8


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APOSTILAS OPÇÃO

§ 1º Durante os 10 (dez) dias seguintes, o advogado (B) O réu revel, ainda que compareça extemporaneamente
continuará a representar o mandante, desde que necessário ao processo, não receberá intimações e ficará impedido de
para lhe evitar prejuízo praticar atos processuais, inclusive, interpor recurso.
§ 2º Dispensa-se a comunicação referida no caput quando (C) De acordo com o CPC, a petição inicial será considerada
a procuração tiver sido outorgada a vários advogados e a parte inepta se a parte for manifestamente ilegítima ou se faltar ao
continuar representada por outro, apesar da renúncia. autor o interesse em agir.
(D) O Ministério Público, atuando como parte ou como
Questões fiscal da lei, deve ser intimado de todos os atos do processo,
além de poder produzir provas e ter legitimidade para
01. (BAHIAGÁS – Analista de Processos interpor recurso.
Organizacionais em Direito – IESES/2016) O novo CPC (E) A decisão do juiz pelo indeferimento total da petição
trouxe mudanças importantes que alteram substancialmente inicial possui natureza interlocutória e deve ser impugnada
o processo civil. Assinale dentre as proposições seguintes s por intermédio do recurso de agravo de instrumento.
que estiver INCORRETA.
(A) Os Atos Processuais: o juiz e as partes poderão acordar 04. (TRT – 8ªR – Analista Judiciário – CESPE/2016) No
a respeito dos atos e procedimentos processuais, podendo que se refere à atuação dos sujeitos processuais e ao
alterar o tramite do processo. procedimento ordinário previsto no CPC, assinale a opção
(B) Os juízes e tribunais serão obrigados a respeitar correta.
julgamentos do STF e STJ. O juiz também poderá arquivar o (A) A decisão do juiz pelo indeferimento total da petição
pedido que contraria a jurisprudência, a pedido das partes. inicial possui natureza interlocutória e deve ser impugnada
(C) Conciliação e Mediação: os Tribunais serão obrigados a por intermédio do recurso de agravo de instrumento.
criar centros para realização de audiências de conciliação. A (B) Somente mediante expresso requerimento das partes
audiência de conciliação poderá ser feita em mais de uma é permitido ao juiz realizar o julgamento antecipado da lide,
sessão e durante a instrução do processo o juiz poderá fazer sob pena de violação ao princípio constitucional do devido
nova tentativa de conciliação. processo legal.
(D) Ações Repetitivas: foi criada uma ferramenta para dar (C) O réu revel, ainda que compareça extemporaneamente
a mesma decisão a milhares de ações iguais, por exemplo, ao processo, não receberá intimações e ficará impedido de
planos de saúde, operadoras de telefonia, bancos, etc., dando praticar atos processuais, inclusive, interpor recurso.
mais celeridade aos processos na primeira instância. (D) De acordo com o CPC, a petição inicial será considerada
(E) Prazos: a contagem dos prazos será feita apenas em inepta se a parte for manifestamente ilegítima ou se faltar ao
dias úteis e serão suspensos os prazos no fim de ano. Os prazos autor o interesse em agir.
para Recursos serão de 15 dias e somente Embargos de (E) O Ministério Público, atuando como parte ou como
Declaração terá prazo de 5 dias. fiscal da lei, deve ser intimado de todos os atos do processo,
além de poder produzir provas e ter legitimidade para
02. (TRT – 8ªR – Analista Judiciário – CESPE/2016) interpor recurso.
Pedro e Caio, domiciliados em Macapá – AP, foram vítimas de
acidente automobilístico em uma rodovia. Supostamente, o 05. (Prefeitura de Ilhéus/BA – CONSULTEC/2016) São
acidente foi provocado por Rafael, domiciliado em Belém – PA. deveres das partes, de seus procuradores e de todos aqueles
As vítimas propuseram, separadamente, ações de indenização que, de qualquer forma, participem do processo, dentre
contra Rafael na justiça comum de Macapá. outros:
A respeito dessa situação hipotética, assinale a opção I. Expor os fatos em juízo conforme a verdade.
correta de acordo com disposições do CPC. II. Não formular pretensão ou de apresentar defesa quando
(A) Como a demanda indenizatória foi proposta na justiça cientes de que são destituídas de fundamento.
comum, o processo deverá seguir necessariamente o III. Não produzir provas e não praticar atos inúteis ou
procedimento ordinário, rito que viabiliza o contraditório e a desnecessários à declaração ou à defesa do direito.
ampla defesa ao réu nessa situação. IV. Cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de
(B) A citação do réu deve ser feita necessariamente por natureza provisória ou final, e não criar embaraços à sua
oficial de justiça: o CPC veda a citação por via postal nas ações efetivação.
de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo V. Declinar, no primeiro momento que lhes couber falar
de via terrestre. nos autos, o endereço residencial ou profissional onde
(C) Caso Rafael interponha oportunamente exceção de receberão intimações, atualizando essa informação sempre
incompetência relativa, o juiz deve declinar de sua que ocorrer qualquer modificação temporária ou definitiva.
competência. A alternativa em que todos os deveres estão corretamente
(D) Caso as ações sejam distribuídas para órgãos judicias indicados é a
distintos, os processos poderão ser posteriormente reunidos (A) I e III apenas.
em razão da existência de continência. (B) III e IV apenas.
(E) Pedro e Caio poderiam ter optado por ingressar em (C) IV e V apenas.
litisconsórcio ativo, caso em que seriam considerados como (D) I, II, e V apenas.
litigantes distintos em suas relações com a parte adversa, por (E) I, II, III, IV e V.
força do princípio da autonomia dos litisconsortes.

03. (TRT – 8ªR – Analista Judiciário – CESPE/2016) No Respostas


que se refere à atuação dos sujeitos processuais e ao 01. B/02. E/03. D/04. E/05. E.
procedimento ordinário previsto no CPC, assinale a opção
correta. DO JUIZ.
(A) Somente mediante expresso requerimento das partes
é permitido ao juiz realizar o julgamento antecipado da lide, O magistrado de atuar observando os comandos
sob pena de violação ao princípio constitucional do devido normativos do art. 139 do CPC, são eles:
processo legal. - igualdade de tratamento às partes;
- duração razoável do processo;

Noções de Direito Processual Civil 9


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APOSTILAS OPÇÃO

- repressão a atos contrários à dignidade da justiça; VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento
- indeferimento de postulações protelatórias; pessoal das partes, para inquiri-las sobre os fatos da causa,
- medidas para assegurar a efetividade da tutela hipótese em que não incidirá a pena de confesso;
jurisdicional; IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e
- autocomposição; o saneamento de outros vícios processuais;
- dilação dos prazos processuais e ordem de produção dos X - quando se deparar com diversas demandas individuais
meios de prova; repetitivas, oficiar o Ministério Público, a Defensoria Pública e,
- poder de polícia; na medida do possível, outros legitimados a que se referem o art.
- comparecimento pessoal das partes; 5o da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985, e o art. 82 da Lei no
- regularização do processo; 8.078, de 11 de setembro de 1990, para, se for o caso, promover
- demandas coletivas. a propositura da ação coletiva respectiva.
Parágrafo único. A dilação de prazos prevista no inciso VI
Segundo dispõe o art. 140 do CPC o juiz não pode se eximir somente pode ser determinada antes de encerrado o prazo
de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade no regular.
ordenamento jurídico, é que uma vez provocada a jurisdição é
inexorável. Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de
lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico.
Cabe ao juiz proferir uma sentença, que constitui resposta Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos
ao pedido formulado pelo autor e, eventualmente pelo réu. O previstos em lei.
juiz deve decidir nos limites propostos pelas partes, não
podendo conhecer questões não suscitadas. A sentença não Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas
pode ser citra petita (aquém do pedido), ultra petita (além partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a
do pedido) nem extra petita (fora do que foi pedido). cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.

Atenção! O princípio da identidade física do juiz foi Art. 142. Convencendo-se, pelas circunstâncias, de que autor
retirado da legislação processual civil atual. e réu se serviram do processo para praticar ato simulado ou
conseguir fim vedado por lei, o juiz proferirá decisão que impeça
Uma atuação irregular por parte do magistrado pode lhe os objetivos das partes, aplicando, de ofício, as penalidades da
render responsabilidades na esfera crimina, civil ou litigância de má-fé.
administrativa.
O art. 143 do CPC traz as hipóteses que o juiz responderá Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por
civilmente: perdas e danos quando:
- no exercício de suas funções, proceder com dolo ou I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;
fraude. II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo,
- recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a requerimento da
providência que deva ordenar de ofício, ou a requerimento da parte.
parte. Parágrafo único. As hipóteses previstas no inciso II somente
serão verificadas depois que a parte requerer ao juiz que
No Novo Código de Processo Civil o impedimento ou determine a providência e o requerimento não for apreciado no
suspeição do magistrado ou dos servidores devem ser prazo de 10 (dez) dias.
alegados por simples petição, no prazo de 15 (quinze) dias da
ciência do ato. CAPÍTULO II
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO
Veja os dispositivos sobre o assunto:
Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer
TÍTULO IV suas funções no processo:
DO JUIZ E DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como
CAPÍTULO I perito, funcionou como membro do Ministério Público ou
DOS PODERES, DOS DEVERES E DA RESPONSABILIDADE prestou depoimento como testemunha;
DO JUIZ II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo
proferido decisão;
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições III - quando nele estiver postulando, como defensor público,
deste Código, incumbindo-lhe: advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou
I - assegurar às partes igualdade de tratamento; companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em
II - velar pela duração razoável do processo; linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou
da justiça e indeferir postulações meramente protelatórias; companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta
IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o V - quando for sócio ou membro de direção ou de
cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham administração de pessoa jurídica parte no processo;
por objeto prestação pecuniária; VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou
V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, empregador de qualquer das partes;
preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores VII - em que figure como parte instituição de ensino com a
judiciais; qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de
VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de prestação de serviços;
produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do VIII - em que figure como parte cliente do escritório de
conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito; advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente,
VII - exercer o poder de polícia, requisitando, quando consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro
necessário, força policial, além da segurança interna dos fóruns grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro
e tribunais; escritório;

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APOSTILAS OPÇÃO

IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado.


§ 1º Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica Art. 148. Aplicam-se os motivos de impedimento e de
quando o defensor público, o advogado ou o membro do suspeição:
Ministério Público já integrava o processo antes do início da I - ao membro do Ministério Público;
atividade judicante do juiz. II - aos auxiliares da justiça;
§ 2º É vedada a criação de fato superveniente a fim de III - aos demais sujeitos imparciais do processo.
caracterizar impedimento do juiz. § 1º A parte interessada deverá arguir o impedimento ou a
§ 3º O impedimento previsto no inciso III também se verifica suspeição, em petição fundamentada e devidamente instruída,
no caso de mandato conferido a membro de escritório de na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos.
advocacia que tenha em seus quadros advogado que § 2º O juiz mandará processar o incidente em separado e sem
individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que suspensão do processo, ouvindo o arguido no prazo de 15
não intervenha diretamente no processo. (quinze) dias e facultando a produção de prova, quando
necessária.
Art. 145. Há suspeição do juiz: § 3º Nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1º será
I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de disciplinada pelo regimento interno.
seus advogados; § 4º O disposto nos §§ 1º e 2º não se aplica à arguição de
II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse impedimento ou de suspeição de testemunha.
na causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar
alguma das partes acerca do objeto da causa ou que Questões
subministrar meios para atender às despesas do litígio;
III - quando qualquer das partes for sua credora ou 01. (TJ/DFT – Técnico Judiciário – CESPE) A respeito do
devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, Ministério Público, do juiz e dos auxiliares da justiça, julgue o
em linha reta até o terceiro grau, inclusive; próximo item com base nas disposições do Código de Processo
IV - interessado no julgamento do processo em favor de Civil.
qualquer das partes. É defeso ao juiz eximir-se de sentenciar ou despachar
§ 1º Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro alegando lacuna ou obscuridade da lei.
íntimo, sem necessidade de declarar suas razões. (. ) Certo
§ 2º Será ilegítima a alegação de suspeição quando: (..) Errado
I - houver sido provocada por quem a alega;
II - a parte que a alega houver praticado ato que signifique 02. (TRE-SP - Analista Judiciário - Área Judiciária –
manifesta aceitação do arguido. FCC/2017) Acerca dos impedimentos e suspeições do juiz,
segundo o novo Código de Processo Civil, considere:
Art. 146. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do I. Há suspeição do juiz quando promover ação contra a
conhecimento do fato, a parte alegará o impedimento ou a parte ou seu advogado.
suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo, na II. Há impedimento do juiz que for amigo íntimo ou inimigo
qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com de qualquer das partes ou de seus advogados.
documentos em que se fundar a alegação e com rol de III. Há impedimento do juiz quando qualquer das partes for
testemunhas. sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou
§ 1º Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao receber de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive.
a petição, o juiz ordenará imediatamente a remessa dos autos a IV. Há impedimento do juiz no processo em que figure
seu substituto legal, caso contrário, determinará a autuação em como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge,
apartado da petição e, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentará companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta
suas razões, acompanhadas de documentos e de rol de ou colateral, até o terceiro grau, inclusive.
testemunhas, se houver, ordenando a remessa do incidente ao V. Há suspeição do juiz interessado no julgamento do
tribunal. processo em favor de qualquer das partes.
§ 2º Distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus
efeitos, sendo que, se o incidente for recebido: Está correto o que consta APENAS em
I - sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr; (A) I e III.
II - com efeito suspensivo, o processo permanecerá suspenso (B) I e II.
até o julgamento do incidente. (C) II e IV.
§ 3º Enquanto não for declarado o efeito em que é recebido (D) III e V.
o incidente ou quando este for recebido com efeito suspensivo, a (E) IV e V.
tutela de urgência será requerida ao substituto legal.
§ 4º Verificando que a alegação de impedimento ou de 03. (EBSERH - Advogado (HUAP-UFF) – IBFC/2016)
suspeição é improcedente, o tribunal rejeitá-la-á. Assinale a alternativa correta sobre o impedimento e
§ 5º Acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de suspeição após analisá-las a seguir e considerar as normas da
manifesta suspeição, o tribunal condenará o juiz nas custas e Lei Federal nº 13.105, de 16/03/2015 (Novo Código de
remeterá os autos ao seu substituto legal, podendo o juiz Processo Civil).
recorrer da decisão. (A) Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer
§ 6º Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o tribunal suas funções no processo quando nele estiver postulando,
fixará o momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado. como defensor público, advogado ou membro do Ministério
§ 7º O tribunal decretará a nulidade dos atos do juiz, se Público, seu cônjuge ou companheiro, ou primo
praticados quando já presente o motivo de impedimento ou de (B) Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer
suspeição. suas funções no processo quando receber presentes de
pessoas que tiverem interesse na causa, antes ou depois de
Art. 147. Quando 2 (dois) ou mais juízes forem parentes, iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca
consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às
grau, inclusive, o primeiro que conhecer do processo impede que despesas do litígio
o outro nele atue, caso em que o segundo se escusará, remetendo (C) Há suspeição do juiz que seja amigo íntimo ou inimigo
os autos ao seu substituto legal. de qualquer das partes ou de seus advogados

Noções de Direito Processual Civil 11


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(D) Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer Aos membros do Ministério Público se aplicam as mesmas
suas funções no processo quando qualquer das partes for sua causas de impedimento e suspeição do juiz (arts. 144 e 145,
credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de CPC).
parentes destes, em linha reta até o quarto grau, inclusive
(E) Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro O Ministério Público possui legitimidade para recorrer,
íntimo, devendo declarar suas razões seja atuando como parte, seja como custus legis.
Atenção! exercendo a função de fiscal da lei não tem o MP
04. (FUNPRESP-JUD - Analista – Direito – CESPE/2016) legitimidade para interpor recurso adesivo.
Com relação aos poderes, aos deveres e à responsabilidade do
juiz, julgue o item seguinte. Segue os dispositivos acerca do tema:

O magistrado poderá solicitar o comparecimento da parte TÍTULO V


caso entenda ser necessário o esclarecimento de fatos DO MINISTÉRIO PÚBLICO
narrados na contestação. Nessa situação, a parte será ouvida
informalmente. Art. 176. O Ministério Público atuará na defesa da ordem
( ) Certo jurídica, do regime democrático e dos interesses e direitos
( ) Errado sociais e individuais indisponíveis.

05. (FUNPRESP-JUD - Analista – Direito – CESPE/2016) Art. 177. O Ministério Público exercerá o direito de ação em
Com relação aos poderes, aos deveres e à responsabilidade do conformidade com suas atribuições constitucionais.
juiz, julgue o item seguinte.
Art. 178. O Ministério Público será intimado para, no prazo
Ao analisar a especificidade do caso, o juiz da causa poderá de 30 (trinta) dias, intervir como fiscal da ordem jurídica nas
conferir prazo de vinte e cinco dias para que o réu apresente hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e nos
sua contestação, mesmo após o encerramento do prazo processos que envolvam:
regular. I - interesse público ou social;
( ) Certo II - interesse de incapaz;
( ) Errado III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana.
Parágrafo único. A participação da Fazenda Pública não
Respostas configura, por si só, hipótese de intervenção do Ministério
01. Certo. / 02. E / 03. C / 04. Certo / 05. Errado Público.

DO MINISTÉRIO PÚBLICO. Art. 179. Nos casos de intervenção como fiscal da ordem
jurídica, o Ministério Público:
É uma instituição permanente, essencial à função I - terá vista dos autos depois das partes, sendo intimado de
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem todos os atos do processo;
jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e II - poderá produzir provas, requerer as medidas processuais
individuais indisponíveis (art. 127, CF). pertinentes e recorrer.

No âmbito processual civil é “órgão incumbido de tutelar Art. 180. O Ministério Público gozará de prazo em dobro
interesse público, que compreende os interesses e direitos para manifestar-se nos autos, que terá início a partir de sua
sociais e individuais indisponíveis, e a ordem jurídica, na intimação pessoal, nos termos do art. 183, § 1o.
relação processual e nos procedimentos de jurisdição § 1º Findo o prazo para manifestação do Ministério Público
voluntária”1. sem o oferecimento de parecer, o juiz requisitará os autos e dará
andamento ao processo.
O Ministério Público defende o regime democrático, § 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando
portanto, possui natureza de cláusula pétrea. a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o
Ministério Público.
São princípios institucionais:
- unidade: todos os membros fazem parte de único órgão. Art. 181. O membro do Ministério Público será civil e
- indivisibilidade: significa que seus membros podem ser regressivamente responsável quando agir com dolo ou fraude no
substituídos uns pelos outros, sem prejuízo de atuação. exercício de suas funções.
- independência funcional: é a liberdade de agir de acordo
com sua convicção jurídica. Questões

O Ministério Público poderá atuar como parte ou como 01. (MPE/SC – Promotor de Justiça – MPE/SC/2016)
fiscal da lei (custus legis). Atuará como parte no desempenho Nos termos do novo Código de Processo Civil, a legitimidade
de suas atribuições institucionais (art. 177, CPC), a atuação do Ministério Público para promover interdição em caso de
como fiscal da lei seguirá as hipóteses do art. 178, CPC. doença mental grave é subsidiária e extraordinária,
funcionando como substituto processual e intervirá como
Atuando como fiscal da lei, a ausência de intimação do fiscal da ordem jurídica nas ações de interdição que não
Ministério Público poderá acarretar a nulidade do processo propõe.
(art. 279, CPC). (....) Certo
(....) Errado
Com a vigência do CPC de 2015, o Ministério Público, a
Fazenda Pública e a Defensoria Pública têm prazo em dobro 02. (MPE/SC – Promotor de Justiça – MPE/SC/2016)
para qualquer manifestação nos autos. Nos termos do novo Código de Processo Civil, o Ministério
Público será intimado para, no prazo de trinta dias, intervir

1 Elpídio Donizetti. Curso Didático de Direito Processual Civil. Atlas. 2016.

Noções de Direito Processual Civil 12


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como fiscal da ordem jurídica nos processos que envolvam CPC/1973, para 13, conforme o art. 149, caput, do CPC/2015,
litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana. respectivamente.
(....) Certo A expressão “além de outros”, para indicar ainda que
(....) Errado outros profissionais são “auxiliares da justiça”, existe nas duas
redações.
03. (MPE/SC – Promotor de Justiça – MPE/SC/2016) No Não houve alteração, contudo, ao caráter teleológico da
que se refere à competência, chamam-se absolutos os critérios função de “auxiliares da justiça”. Sob o regime do CPC/1973 ou
criados para proteger interesses públicos e critérios relativos do CPC/2015, o fato é que todos esses profissionais têm como
são aqueles criados para a tutela de interesses particulares. função principal participarem da movimentação do processo
Nos termos do novo Código de Processo Civil, a incompetência de algum modo e auxiliarem o magistrado nessa condução e,
relativa pode ser alegada pelo Ministério Público nas causas ao final, permitir que essa confira a prestação jurisdicional.
em que atuar. Tradicionalmente, os “Auxiliares da Justiça” não são
(....) Certo mencionados como sujeitos do processo (tríade entre autor,
(....) Errado juiz e réu), mas indubitavelmente permitem que o juiz
participe de diversas relações processuais ao mesmo tempo e,
04. (Prefeitura de Itupeva – Procurador Municipal – ainda, conferindo a prestação jurisdicional (STJ, 4ª T., REsp nº
FUNRIO/2016) Havendo necessidade de intervenção do 213799/SP, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, unânime,
Ministério Público como fiscal da ordem jurídica, nos termos j. em 24/6/2003, DJ de 29/9/2003, p. 253, e RT vol. 820, p.
do Código de Processo Civil de 2015, deverá intervir no 188).
processo com prazo de: Como se verá a seguir, há uma grande heterogeneidade
(A) dez dias entre as funções que podem ser exercidas decorrente da
(B) quinze dias grande heterogeneidade de demandas que podem ser
(C) vinte dias apresentadas no Judiciário.
(D) vinte e cinco dias Alguns desses auxiliares são permanentes (“esquema fixo
(E) trinta dias do tribunal”), isto é, pertencem aos quadros do Poder
Judiciário enquanto outros são eventuais, chamados a
05. (Prefeitura de Itupeva – Procurador Municipal – participar apenas em processos específicos e para exercer
FUNRIO/2016) Ainda que não figure como autor da ação, o funções específicas.
Ministério Público detém legitimidade para proceder a
execução da sentença condenatória em ação por improbidade, Escrivão
caso aquele reste inerte após a publicação da sentença. O escrivão pertence ao denominado esquema fixo do
(....) Certo tribunal. É responsável pelo auxílio mais próximo nas
(....) Errado atividades do dia a dia do juiz na condução dos processos e
pela prática de alguns atos por conta própria no processo, sem,
06. (MPE/SC – Promotor de Justiça – MPE/SC/2016) O no entanto, deixar de ter a função precípua de auxiliar o
Ministério Público, caso não intervenha no processo regulado magistrado. Recebe essa denominação em função das
pela Lei de Improbidade Administrativa como parte, atuará, de Ordenações que vigeram no Brasil ainda Colônia e que serve
acordo com a referida norma, necessariamente como fiscal da para designar uma função típica da Justiça Estadual.
lei, sob pena de nulidade.
(....) Certo Chefe de secretaria
(....) Errado O chefe de secretaria, na verdade, é o escrivão da Justiça
Federal. Exerce as mesmas funções e tem as mesmas
Respostas atribuições do escrivão, como se verá a seguir, mas atuando
01. Certo. / 02. Certo. / 03. Certo. / 04. E. em uma ou em outra esfera do Judiciário.
05. Certo. /06. Certo.
Oficial de justiça
SERVENTUÁRIOS DA JUSTIÇA O oficial de justiça é o auxiliar do juiz para atividades
externas e eventualmente acumula algumas funções internas.
Conceito de auxiliar da justiça2 Tem a função precípua de levar ou anunciar as decisões e
O aumento da complexidade social, com um número cada ordens dos magistrados até os seus destinatários. Também
vez maior de tipos de demandas, bem como de simples pertence ao chamado esquema fixo do tribunal.
quantidade de processos, torna necessária a ampliação da
estrutura judicial de modo a acompanhar tal realidade. Perito
Ademais, a demanda por maior acesso à Justiça, mote de Perito é o profissional cuja função é fornecer
diversas iniciativas nas três décadas finais do século XX, conhecimento ao magistrado acerca de questões técnicas e
produziu seus resultados mais latentes nos anos 2000. Trata- específicas. É muito comum sua atuação em processos que
se de um aumento exponencial nos processos trazidos ao demandem conhecimento profundo nas áreas de
Judiciário e nos novos atores que passaram a buscar a Contabilidade, Economia, Engenharia, Medicina, por exemplo.
efetivação dos seus direitos. Cidadãos que estavam à margem Além de uma análise do caso, geralmente elabora um laudo
da esfera jurisdicional foram nela incluídos. técnico com o escopo de esclarecer ou elucidar uma
Exatamente nesse sentido, a estrutural de pessoal dos determinada questão específica ao magistrado. Não pertence
tribunais também precisa ser não só aumentada, detalhada, de ao esquema fixo do Tribunal e é indicado por ter a confiança
modo a conter um número crescente de profissionais com do magistrado.
diferentes habilidades e aptos para atender às questões
apresentadas pelas demandas propostas pelos cidadãos. Depositário
Não por acaso, o rol enumerado de “auxiliares da justiça” Existem algumas demandas judiciais que dependem da
existentes cresceu de 6, conforme o art. 139, caput, do guarda de objetos, de modo que seja garantido o seu resultado
prático. É essa a função do depositário, guardar determinado

2 Luis Fernando Guerreo.

Noções de Direito Processual Civil 13


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objeto e restituí-lo quando determinado pelo magistrado. Em definia o funcionamento de seu núcleo de conciliação. A
algumas circunstâncias, o depositário é uma das partes, que conciliação também pode ser realizada extra processualmente.
adquire também este encargo. Contudo, aqui, trata-se de um
terceiro neutro, que não litiga nessa determinada demanda, Partidor
que exerce tal função de modo remunerado. Também não Atua o partidor especialmente em processos que envolvam
pertence ao esquema fixo do tribunal, sendo remunerado Direito de Família e das Sucessões.
pelas partes, ao final a sucumbente. Tem por incumbência realizar cálculos e elaborar plano de
partilha de bens hereditários, em casos de menores como
Administrador herdeiros, por exemplo, em caráter obrigatório, ou do casal,
Outros tipos de demandas judiciais exigem que um conforme necessário pelo regime de núpcias e litigiosidade da
profissional neutro assuma a administração de uma pessoa separação. Além disso, também analisa as partilhas que forem
jurídica (sociedades, associações, etc.) ou quase pessoas apresentadas nas demandas judiciais correlatas com esses
(espólios, condomínios, massas falidas, etc.). Nesse caso, um temas. Pertence ao esquema fixo do tribunal. Não estava
terceiro neutro é chamado a atuar de modo a também garantir previsto especificamente no texto do CPC/1973 como auxiliar
o resultado útil do processo ao final da demanda. Esse da justiça.
profissional também não pertence ao esquema fixo do tribunal
e é remunerado pelas partes, ao final a sucumbente. Contabilista
Pertence ao esquema fixo do tribunal, diferente do perito
Intérprete contábil, por exemplo. As funções também são diversas. O
O intérprete traduz a um terceiro aquilo que uma pessoa contabilista, nesse caso, será responsável por cálculos mais
diz ou expressa. Não necessariamente em uma linguagem complexos, não simplesmente aritméticos, que algumas vezes
falada, mas também em sinais, no caso do código de libras ou são necessários nos processos e na verificação da regularidade
o braile. Também não pertence ao esquema fixo do tribunal. das custas recolhidas e a recolher em demandas judiciais.
Também atua em situações em que há dúvidas nos cálculos
Tradutor realizados pelas partes.
Trata-se de uma função que não era especificada no
CPC/1973. Nada mais é do que uma especificação de um Regulador de avarias
gênero que pode ser atribuído ao intérprete. Especificamente, Trata-se de profissional cuja denominação é originária do
os tradutores têm conhecimentos em idiomas estrangeiros e Direito Empresarial, embora seja existente e atue desde a
realizam traduções escritas, especialmente de documentos, e época em que a disciplina ainda recebia a denominação técnica
orais, na hipótese de necessário depoimento de estrangeiros. de Direito Comercial, em qualquer circunstância ou época de
Não pertence ao esquema fixo do tribunal, mas os modo mais específico no Direito Marítimo e Securitário.
denominados tradutores juramentais são certificados pelas Classifica os prejuízos causados por avaria grossa ou comum,
Juntas Comerciais e são concursados, são os chamados feita pelo ajustador, fixando a contribuição de cada
tradutores juramentados. interessado e para fins de indenização. Via de regra, apura a
responsabilidade, os direitos e deveres entre segurado e
Mediador segurado. Considerando a maior relevância que o CPC/2015
O mediador não estava indicado no CPC/1973, embora a aplica aos julgamentos do Tribunal do Mar, o profissional pode
sua existência e sua atuação venham crescendo ainda no bojo ganhar maior destaque. Não pertence ao esquema fixo do
do antigo Código. Trata-se de uma atividade resultante da tribunal.
política de incentivo aos denominados métodos adequados de
solução de conflitos, e a mediação encontrou ampla e Outros profissionais
destacada utilização. Trata-se de um método de solução de Diversos profissionais podem ser necessários em uma
conflitos consensual, que guarda relação próxima com a demanda judicial. Sem que se possa indicar todos, sob pena de
conciliação e, excetuando-se o fato de que o mediador não se esquecer de algum ou não abranger profissionais ou
propõe solução às partes, apenas tenta facilitar-lhe o canal de profissões ainda não existentes que se tornem necessárias, o
comunicação. O termo “mediação” passou a ser utilizado no legislador mantém uma cláusula geral como válvula de escape,
Direito brasileiro a partir dos anos 1990 em legislações já existente também no CPC/1973. São profissionais que se
esparsas até o advento de projeto de lei específico no final da incluem nessa categoria, por exemplo, o liquidante, espécie de
década. A Resolução nº 125 do CNJ regulou inicialmente a administrador, para casos de liquidação judicial, o escrevente,
atividade no Judiciário em âmbito nacional. Antes, cada o técnico judiciário, o menor aprendiz, o estenotipista, enfim,
tribunal definia o funcionamento de seu núcleo de mediação. diversos que ao longo do tempo exercem atividades no âmbito
Não se sabe por qual motivo o legislador não indicou o adjetivo forense.
judicial ao substantivo mediador, o mesmo que foi feito com Ainda no contexto do processo eletrônico, profissionais
conciliador judicial. Talvez por um lapso, mas pertencerá ao das áreas de informática e processamento de dados ganham
esquema fixo do tribunal. A mediação também pode ser destaque no âmbito judicial, quer contratados ou terceirizados
realizada extra processualmente. para o desenvolvimento, supervisão e manutenção de
softwares, quer profissionais responsáveis pelo help-desk ou
Conciliador judicial auxílio aos usuários.
O conciliador não estava indicado como auxiliar da justiça Seguem abaixo os respectivos artigos do CPC:
no CPC/1973, embora a conciliação como método adequado
de solução de conflitos tivesse diversas disposições no antigo CAPÍTULO III
Código, que se ampliaram com o passar dos anos, DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA
especialmente com as reformas do início dos anos 2000 e a
implantação das audiências preliminares. A iniciativa não teve Art. 149. São auxiliares da Justiça, além de outros cujas
os resultados práticos esperados, mas ampliou-se a utilização atribuições sejam determinadas pelas normas de organização
do instituto, previsto em nosso ordenamento jurídico desde a judiciária, o escrivão, o chefe de secretaria, o oficial de justiça, o
época colonial. Pertencerá ao esquema fixo do tribunal. A perito, o depositário, o administrador, o intérprete, o tradutor, o
Resolução nº 125 do CNJ regulou inicialmente a atividade no mediador, o conciliador judicial, o partidor, o distribuidor, o
Judiciário em âmbito nacional. Antes, cada tribunal também contabilista e o regulador de avarias.

Noções de Direito Processual Civil 14


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APOSTILAS OPÇÃO

Seção I VI - certificar, em mandado, proposta de autocomposição


Do Escrivão, do Chefe de Secretaria e do Oficial de apresentada por qualquer das partes, na ocasião de realização
Justiça de ato de comunicação que lhe couber
Parágrafo único. Certificada a proposta de autocomposição
Art. 150. Em cada juízo haverá um ou mais ofícios de justiça, prevista no inciso VI, o juiz ordenará a intimação da parte
cujas atribuições serão determinadas pelas normas de contrária para manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sem
organização judiciária. prejuízo do andamento regular do processo, entendendo-se o
silêncio como recusa.
Art. 151. Em cada comarca, seção ou subseção judiciária
haverá, no mínimo, tantos oficiais de justiça quantos sejam os Art. 155. O escrivão, o chefe de secretaria e o oficial de
juízos. justiça são responsáveis, civil e regressivamente, quando:
I - sem justo motivo, se recusarem a cumprir no prazo os atos
Art. 152. Incumbe ao escrivão ou ao chefe de secretaria: impostos pela lei ou pelo juiz a que estão subordinados;
I - redigir, na forma legal, os ofícios, os mandados, as cartas II - praticarem ato nulo com dolo ou culpa.
precatórias e os demais atos que pertençam ao seu ofício;
II - efetivar as ordens judiciais, realizar citações e Seção II
intimações, bem como praticar todos os demais atos que lhe Do Perito
forem atribuídos pelas normas de organização judiciária;
III - comparecer às audiências ou, não podendo fazê-lo, Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do
designar servidor para substituí-lo; fato depender de conhecimento técnico ou científico.
IV - manter sob sua guarda e responsabilidade os autos, não § 1º Os peritos serão nomeados entre os profissionais
permitindo que saiam do cartório, exceto: legalmente habilitados e os órgãos técnicos ou científicos
a) quando tenham de seguir à conclusão do juiz; devidamente inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao
b) com vista a procurador, à Defensoria Pública, ao qual o juiz está vinculado.
Ministério Público ou à Fazenda Pública; § 2º Para formação do cadastro, os tribunais devem realizar
c) quando devam ser remetidos ao contabilista ou ao consulta pública, por meio de divulgação na rede mundial de
partidor; computadores ou em jornais de grande circulação, além de
d) quando forem remetidos a outro juízo em razão da consulta direta a universidades, a conselhos de classe, ao
modificação da competência; Ministério Público, à Defensoria Pública e à Ordem dos
V - fornecer certidão de qualquer ato ou termo do processo, Advogados do Brasil, para a indicação de profissionais ou de
independentemente de despacho, observadas as disposições órgãos técnicos interessados.
referentes ao segredo de justiça; § 3º Os tribunais realizarão avaliações e reavaliações
VI - praticar, de ofício, os atos meramente ordinatórios. periódicas para manutenção do cadastro, considerando a
§ 1º O juiz titular editará ato a fim de regulamentar a formação profissional, a atualização do conhecimento e a
atribuição prevista no inciso VI. experiência dos peritos interessados.
§ 2º No impedimento do escrivão ou chefe de secretaria, o § 4º Para verificação de eventual impedimento ou motivo de
juiz convocará substituto e, não o havendo, nomeará pessoa suspeição, nos termos dos arts. 148 e 467, o órgão técnico ou
idônea para o ato. científico nomeado para realização da perícia informará ao juiz
os nomes e os dados de qualificação dos profissionais que
Art. 153. O escrivão ou o chefe de secretaria atenderá, participarão da atividade.
preferencialmente, à ordem cronológica de recebimento para § 5º Na localidade onde não houver inscrito no cadastro
publicação e efetivação dos pronunciamentos judiciais. disponibilizado pelo tribunal, a nomeação do perito é de livre
(Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016). escolha pelo juiz e deverá recair sobre profissional ou órgão
§ 1º A lista de processos recebidos deverá ser técnico ou científico comprovadamente detentor do
disponibilizada, de forma permanente, para consulta pública. conhecimento necessário à realização da perícia.
§ 2º Estão excluídos da regra do caput:
I - os atos urgentes, assim reconhecidos pelo juiz no Art. 157. O perito tem o dever de cumprir o ofício no prazo
pronunciamento judicial a ser efetivado; que lhe designar o juiz, empregando toda sua diligência,
II - as preferências legais. podendo escusar-se do encargo alegando motivo legítimo.
§ 3º Após elaboração de lista própria, respeitar-se-ão a § 1º A escusa será apresentada no prazo de 15 (quinze) dias,
ordem cronológica de recebimento entre os atos urgentes e as contado da intimação, da suspeição ou do impedimento
preferências legais. supervenientes, sob pena de renúncia ao direito a alegá-la.
§ 4º A parte que se considerar preterida na ordem § 2º Será organizada lista de peritos na vara ou na
cronológica poderá reclamar, nos próprios autos, ao juiz do secretaria, com disponibilização dos documentos exigidos para
processo, que requisitará informações ao servidor, a serem habilitação à consulta de interessados, para que a nomeação
prestadas no prazo de 2 (dois) dias. seja distribuída de modo equitativo, observadas a capacidade
§ 5º Constatada a preterição, o juiz determinará o imediato técnica e a área de conhecimento.
cumprimento do ato e a instauração de processo administrativo
disciplinar contra o servidor. Art. 158. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações
inverídicas responderá pelos prejuízos que causar à parte e
Art. 154. Incumbe ao oficial de justiça: ficará inabilitado para atuar em outras perícias no prazo de 2
I - fazer pessoalmente citações, prisões, penhoras, arrestos e (dois) a 5 (cinco) anos, independentemente das demais sanções
demais diligências próprias do seu ofício, sempre que possível na previstas em lei, devendo o juiz comunicar o fato ao respectivo
presença de 2 (duas) testemunhas, certificando no mandado o órgão de classe para adoção das medidas que entender cabíveis.
ocorrido, com menção ao lugar, ao dia e à hora;
II - executar as ordens do juiz a que estiver subordinado; Seção III
III - entregar o mandado em cartório após seu cumprimento; Do Depositário e do Administrador
IV - auxiliar o juiz na manutenção da ordem;
V - efetuar avaliações, quando for o caso; Art. 159. A guarda e a conservação de bens penhorados,
arrestados, sequestrados ou arrecadados serão confiadas a

Noções de Direito Processual Civil 15


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APOSTILAS OPÇÃO

depositário ou a administrador, não dispondo a lei de outro § 1º A confidencialidade estende-se a todas as informações
modo. produzidas no curso do procedimento, cujo teor não poderá ser
utilizado para fim diverso daquele previsto por expressa
Art. 160. Por seu trabalho o depositário ou o administrador deliberação das partes.
perceberá remuneração que o juiz fixará levando em conta a § 2º Em razão do dever de sigilo, inerente às suas funções, o
situação dos bens, ao tempo do serviço e às dificuldades de sua conciliador e o mediador, assim como os membros de suas
execução. equipes, não poderão divulgar ou depor acerca de fatos ou
Parágrafo único. O juiz poderá nomear um ou mais elementos oriundos da conciliação ou da mediação.
prepostos por indicação do depositário ou do administrador. § 3º Admite-se a aplicação de técnicas negociais, com o
objetivo de proporcionar ambiente favorável à autocomposição.
Art. 161. O depositário ou o administrador responde pelos § 4º A mediação e a conciliação serão regidas conforme a
prejuízos que, por dolo ou culpa, causar à parte, perdendo a livre autonomia dos interessados, inclusive no que diz respeito à
remuneração que lhe foi arbitrada, mas tem o direito a haver o definição das regras procedimentais.
que legitimamente despendeu no exercício do encargo.
Parágrafo único. O depositário infiel responde civilmente Art. 167. Os conciliadores, os mediadores e as câmaras
pelos prejuízos causados, sem prejuízo de sua responsabilidade privadas de conciliação e mediação serão inscritos em cadastro
penal e da imposição de sanção por ato atentatório à dignidade nacional e em cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal
da justiça. regional federal, que manterá registro de profissionais
habilitados, com indicação de sua área profissional.
Seção IV § 1º Preenchendo o requisito da capacitação mínima, por
Do Intérprete e do Tradutor meio de curso realizado por entidade credenciada, conforme
parâmetro curricular definido pelo Conselho Nacional de Justiça
Art. 162. O juiz nomeará intérprete ou tradutor quando em conjunto com o Ministério da Justiça, o conciliador ou o
necessário para: mediador, com o respectivo certificado, poderá requerer sua
I - traduzir documento redigido em língua estrangeira; inscrição no cadastro nacional e no cadastro de tribunal de
II - verter para o português as declarações das partes e das justiça ou de tribunal regional federal.
testemunhas que não conhecerem o idioma nacional; § 2º Efetivado o registro, que poderá ser precedido de
III - realizar a interpretação simultânea dos depoimentos concurso público, o tribunal remeterá ao diretor do foro da
das partes e testemunhas com deficiência auditiva que se comarca, seção ou subseção judiciária onde atuará o conciliador
comuniquem por meio da Língua Brasileira de Sinais, ou ou o mediador os dados necessários para que seu nome passe a
equivalente, quando assim for solicitado. constar da respectiva lista, a ser observada na distribuição
alternada e aleatória, respeitado o princípio da igualdade
Art. 163. Não pode ser intérprete ou tradutor quem: dentro da mesma área de atuação profissional.
I - não tiver a livre administração de seus bens; § 3º Do credenciamento das câmaras e do cadastro de
II - for arrolado como testemunha ou atuar como perito no conciliadores e mediadores constarão todos os dados relevantes
processo; para a sua atuação, tais como o número de processos de que
III - estiver inabilitado para o exercício da profissão por participou, o sucesso ou insucesso da atividade, a matéria sobre
sentença penal condenatória, enquanto durarem seus efeitos. a qual versou a controvérsia, bem como outros dados que o
tribunal julgar relevantes.
Art. 164. O intérprete ou tradutor, oficial ou não, é obrigado § 4º Os dados colhidos na forma do § 3o serão classificados
a desempenhar seu ofício, aplicando-se lhe o disposto nos arts. sistematicamente pelo tribunal, que os publicará, ao menos
157 e 158. anualmente, para conhecimento da população e para fins
estatísticos e de avaliação da conciliação, da mediação, das
Seção V câmaras privadas de conciliação e de mediação, dos
Dos Conciliadores e Mediadores Judiciais conciliadores e dos mediadores.
§ 5º Os conciliadores e mediadores judiciais cadastrados na
Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução forma do caput, se advogados, estarão impedidos de exercer a
consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões advocacia nos juízos em que desempenhem suas funções.
e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento § 6º O tribunal poderá optar pela criação de quadro próprio
de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a de conciliadores e mediadores, a ser preenchido por concurso
autocomposição. público de provas e títulos, observadas as disposições deste
§ 1º A composição e a organização dos centros serão Capítulo.
definidas pelo respectivo tribunal, observadas as normas do
Conselho Nacional de Justiça. Art. 168. As partes podem escolher, de comum acordo, o
§ 2º O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos conciliador, o mediador ou a câmara privada de conciliação e de
em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá mediação.
sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de § 1º O conciliador ou mediador escolhido pelas partes
qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as poderá ou não estar cadastrado no tribunal.
partes conciliem. § 2º Inexistindo acordo quanto à escolha do mediador ou
§ 3º O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em conciliador, haverá distribuição entre aqueles cadastrados no
que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos registro do tribunal, observada a respectiva formação.
interessados a compreender as questões e os interesses em § 3º Sempre que recomendável, haverá a designação de mais
conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da de um mediador ou conciliador.
comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais
que gerem benefícios mútuos. Art. 169. Ressalvada a hipótese do art. 167, § 6º, o
conciliador e o mediador receberão pelo seu trabalho
Art. 166. A conciliação e a mediação são informadas pelos remuneração prevista em tabela fixada pelo tribunal, conforme
princípios da independência, da imparcialidade, da autonomia parâmetros estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justiça.
da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da
informalidade e da decisão informada.

Noções de Direito Processual Civil 16


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§ 1º A mediação e a conciliação podem ser realizadas como justiça, julgue o próximo item com base nas disposições do
trabalho voluntário, observada a legislação pertinente e a Código de Processo Civil.
regulamentação do tribunal. Incumbe ao escrivão dar, independentemente de
§ 2º Os tribunais determinarão o percentual de audiências despacho, certidão de qualquer ato ou termo do processo a
não remuneradas que deverão ser suportadas pelas câmaras quem demonstrar interesse nos autos, sendo ou não parte ou
privadas de conciliação e mediação, com o fim de atender aos procurador.
processos em que deferida gratuidade da justiça, como (....) Certo
contrapartida de seu credenciamento. (....) Errado

Art. 170. No caso de impedimento, o conciliador ou 02. (TJ-MG - Titular de Serviços de Notas e de Registros
mediador o comunicará imediatamente, de preferência por – Provimento – CONSUPLAN/2016) No que tange à guarda e
meio eletrônico, e devolverá os autos ao juiz do processo ou ao à conservação de bens penhorados, arrestados, sequestrados
coordenador do centro judiciário de solução de conflitos, ou arrecadados serão confiadas a depositário ou a
devendo este realizar nova distribuição. administrador, julgue as afirmações a seguir:
Parágrafo único. Se a causa de impedimento for apurada I. Por seu trabalho o depositário ou o administrador
quando já iniciado o procedimento, a atividade será perceberá remuneração que o juiz fixar, levando em conta a
interrompida, lavrando-se ata com relatório do ocorrido e situação dos bens, o tempo do serviço e às dificuldades de sua
solicitação de distribuição para novo conciliador ou mediador. execução, não podendo extrapolar o limite de cinco por cento
sobre o valor total dos bens.
Art. 171. No caso de impossibilidade temporária do II. O juiz poderá nomear um ou mais prepostos por
exercício da função, o conciliador ou mediador informará o fato indicação do depositário ou do administrador.
ao centro, preferencialmente por meio eletrônico, para que, III. O depositário ou o administrador responderá pelos
durante o período em que perdurar a impossibilidade, não haja prejuízos que, por dolo ou culpa, causar à parte, perdendo a
novas distribuições remuneração que lhe foi arbitrada, embora seja-lhe
assegurado o direito de haver o que legitimamente despendeu
Art. 172. O conciliador e o mediador ficam impedidos, pelo no exercício do encargo.
prazo de 1 (um) ano, contado do término da última audiência IV. O depositário infiel responde civilmente pelos prejuízos
em que atuaram, de assessorar, representar ou patrocinar causados, sem prejuízo de sua responsabilidade penal e da
qualquer das partes. imposição de sanção por ato atentatório à dignidade da justiça.

Art. 173. Será excluído do cadastro de conciliadores e Está correto o que se afirma em:
mediadores aquele que: (A) I, II e III, apenas.
I - agir com dolo ou culpa na condução da conciliação ou da (B) II, III e IV, apenas.
mediação sob sua responsabilidade ou violar qualquer dos (C) II e III, apenas.
deveres decorrentes do art. 166, §§ 1º e 2º; (D) I, II, III e IV.
II - atuar em procedimento de mediação ou conciliação,
apesar de impedido ou suspeito. 03. (TJ/PI – Analista Judiciário – FGV/2015) Sobre o
§ 1º Os casos previstos neste artigo serão apurados em regime jurídico dos auxiliares da justiça, de acordo com o
processo administrativo. Código de Processo Civil de 1973, a jurisprudência e a
§ 2º O juiz do processo ou o juiz coordenador do centro de doutrina, é correto afirmar que:
conciliação e mediação, se houver, verificando atuação (A) o oficial de justiça é civilmente responsável pela prática
inadequada do mediador ou conciliador, poderá afastá-lo de de ato nulo apenas quando configurado o dolo da conduta;
suas atividades por até 180 (cento e oitenta) dias, por decisão (B) incumbe ao oficial de justiça entregar, em cartório, o
fundamentada, informando o fato imediatamente ao tribunal mandado, em até 60 (sessenta) dias após o seu cumprimento;
para instauração do respectivo processo administrativo. (C) incumbe ao oficial de justiça estar presente às
audiências e coadjuvar o juiz na manutenção da ordem;
Art. 174. A União, os Estados, o Distrito Federal e os (D) o oficial de justiça possui funções de comunicação,
Municípios criarão câmaras de mediação e conciliação, com certificação e avaliação, devendo solicitar a designação de
atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no outros auxiliares de justiça para atos de constrição e polícia;
âmbito administrativo, tais como: (E) é atribuição do oficial de justiça efetuar avaliações
I - dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da quando reconhecida pelo Juiz a necessidade de conhecimento
administração pública; técnico especializado.
II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de
conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da administração Respostas
pública; 01. Errado. / 02. B / 03. C
III - promover, quando couber, a celebração de termo de
ajustamento de conduta.
4 Atos processuais.
Art. 175. As disposições desta Seção não excluem outras
formas de conciliação e mediação extrajudiciais vinculadas a
órgãos institucionais ou realizadas por intermédio de ATOS PROCESSUAIS (Arts. 188 a 235)
profissionais independentes, que poderão ser regulamentadas
por lei específica. 1- Conceito.
Parágrafo único. Os dispositivos desta Seção aplicam-se, no Ato processual é espécie do gênero ato jurídico, este
que couber, às câmaras privadas de conciliação e mediação. tem por fim imediato adquirir, resguardar, transferir,
modificar ou extinguir direitos, ou seja, tem efeito sobre a
Questões relação jurídica de direito material. Já o ato processual é
aquele que tem por fim instaurar, desenvolver, modificar ou
01. (TJ/DFT – Técnico Judiciário – CESPE/2015) A extinguir a relação jurídico-processual.
respeito do Ministério Público, do juiz e dos auxiliares da

Noções de Direito Processual Civil 17


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Note bem! ato processual é toda ação humana que produz Outras pessoas, como oficiais de justiça, peritos,
efeito-jurídico em relação ao processo. testemunhas, leiloeiros, arrematantes, etc., também praticam
atos no processo.
Ato processual é modalidade de fato processual. Fato
processual é todo acontecimento com influência sobre o 3- Forma dos Atos Processuais.
processo. O ato processual também tem influência sobre o Os atos jurídicos, quanto à forma, são classificados em
processo, com uma diferença: decorre da manifestação da atos solenes e não solenes. Solenes são aqueles para os quais
pessoa humana. São exemplos de fato processual: a morte da a lei prevê uma forma como condição de validade;
parte, a perda da capacidade processual e o decurso do tempo, subordinam-se, geralmente, à forma escrita, a tempo e lugar
porquanto independem da vontade humana e têm influência previstos na lei. Não solenes são os atos que podem ser
sobre o processo. A petição inicial, o interrogatório e a praticados de forma livre.
sentença são exemplos de atos processuais. A regra é a forma livre dos atos jurídicos (artigo 107
do CC). Excepcionalmente, a lei condiciona a validade do ato
2- Classificação dos Atos Processuais. jurídico à forma, como ocorre com os atos que visem à
Diversos critérios são adotados para classificar os atos constituição, à transferência, à modificação ou à renúncia de
processuais. O critério adotado pelo ordenamento jurídico direitos reais sobre imóveis de valor superior a 30 vezes o
brasileiro leva em conta o sujeito que o pratica. maior salário mínimo vigente no País. Nesses casos, a escritura
pública é essencial.
O novo Código divide os atos processuais em: O ato processual, como espécie do ato jurídico, segue a
Atos da parte (Artigos 200 a 202); mesma regra. A validade do ato processual não requer forma
Pronunciamentos ou atos do juiz (Artigos 203 a 205); determinada, a não ser quando a lei expressamente o exigir
Atos do escrivão ou chefe de secretaria (Artigos 206 a 211). (art. 188).

2.1- Atos da parte. Convenção acerca da forma dos atos processuais


Atos da parte (ou das partes) são os praticados pelo autor, O novo CPC prevê a possibilidade de alteração do
pelo réu, pelos terceiros intervenientes e pelo Ministério procedimento para “ajustá-lo às especificidades da causa” (art.
Público. Em regra, tais atos produzem seus efeitos 190). O dispositivo é claramente inspirado nos movimentos do
imediatamente (art. 200). Determinados atos, entretanto, para contratualismo processual, que permitem uma adequação
produzir efeitos processuais, exigem homologação judicial. É o do instrumento estatal de solução de litígios aos interesses das
que ocorre com a desistência da ação (art. 200, parágrafo partes e ao direito material que os consubstanciam.
único). A inovação é bastante significativa e, se utilizada com
cautela, pode trazer maior efetividade ao processo. Para tanto,
2.2- Pronunciamentos (ou atos) do juiz – Atos Judiciais. é imprescindível a cooperação entre os jurisdicionados e a
Os pronunciamentos judiciais consistem em sentenças, fiscalização por parte do magistrado, que pode anular a
decisões interlocutórias e despachos (art. 203). A relação é convenção em caso de abuso.
exemplificativa, pois contém apenas os atos, subscritos pelo É possível, ainda, de acordo com o artigo 191, que seja
juiz, que encerram conteúdo decisório ou ordinatório. Além de formalizado um calendário, com a anuência do juiz, para a
tais provimentos, o juiz pratica outros atos, que são prática dos atos processuais. Caso o juiz aceite a fixação de um
registrados por termos, lavrados nos autos pelo escrivão, tais calendário, os seus prazos, geralmente impróprios, passarão a
como: inquirição de testemunhas, interrogatório de partes e ser próprios. Isso porque o CPC/2015 dispõe, expressamente,
inspeção judicial. que o calendário não somente vinculará as partes, mas
também o juiz.
a- sentença: é o pronunciamento por meio do qual o juiz,
com fundamento nos artigos 485 e 487, põe fim à fase Atos processuais praticados por meio eletrônico
cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a Em busca de adequação entre a realidade atual e a
execução (art. 203, §1º). ritualística processual civil, o novo CPC privilegiou a utilização
b- acórdão: é o julgamento proferido pelos órgãos dos meios eletrônicos para a prática dos atos processuais.
colegiados (turma, câmara, seção, órgão especial, plenário, Assim, ainda que os autos sejam apenas parcialmente virtuais,
entre outros previstos em regimento interno) dos tribunais todos os atos processuais poderão ser produzidos,
(art. 204). comunicados, armazenados e validados por meio eletrônico
c- decisão Interlocutória: é todo o procedimento judicial (art. 193).
que não se enquadra no conceito de sentença (art. 203, §2º).
d- despachos: todos os demais pronunciamentos do juiz Assinatura eletrônica
praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte O novo CPC não modificou a regra constante na Lei nº
(art. 203, §3º). A rigor, é todo provimento, emitido pelo juiz, 11.419/2006, já que continuou a conferir aos tribunais a
que tem por fim dar andamento ao processo; que não função de regulamentar, mesmo que de maneira supletiva, a
decide qualquer questão, seja de cunho processual ou prática e a comunicação oficial dos atos processuais por meio
material. eletrônico (art. 196).
Os despachos, porque desprovidos de conteúdo
decisório, de regra não têm aptidão para causar lesão às Informática jurídica
partes. Por isso, nos termos do art. 1001, deles não cabe O novo CPC trouxe disposiçao sobre a pratica eletronica
recurso algum. dos atos processuais, nos artigos 194 e 195.

2.3- Atos do escrivão. Publicidade dos atos processuais


Os atos do escrivão ou do chefe de secretaria são elencados Em geral são públicos os atos processuais (artigo 189),
nos artigos 206 a 211, bem como nas leis de organização assim, qualquer pessoa pode obter traslados e certidoes a
judiciária. Classificam-se em atos de documentação, como a respeitos dos atos e termos contidos no processo. Ha, porem,
lavratura de termos e de comunicação (citações e intimações) casos em que, por interesse publico ou social, bem como pelo
e a autuação de processos. respeito que merecem as questoes de foro íntimo, o Codigo
reduz a publicidade dos atos, verificando-se o procedimento

Noções de Direito Processual Civil 18


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chamado “segredo de justiça”, ao qual apenas as partes e seus 4- O tempo e o Lugar dos Atos Processuais.
procuradores tem acesso aos termos e atos do processo. A Em regra, os atos processuais realizar-se-ão em dias
exceçao de publicidade dos atos processuais esta prevista nos úteis, das 6 às 20 horas (artigo 212).
incisos do art. 189. Nao se confunde horario para pratica de ato processual
com horario de expediente forense. O expediente pode
A publicidade dos atos processuais deve observar as encerrar-se as 17, 18 ou 19 horas. Nesse caso, se o ato tiver que
mesmas regras do artigo 189. ser praticado por meio de petiçao, esta devera ser apresentada
Para que se cumpra o princípio da publicidade e se permita no protocolo, no horario de expediente, nos termos da lei de
o acesso e participaçao das partes e procuradores no processo, organizaçao judiciaria local (artigo 212, §3º), ressalvada a
deve estar garantida a disponibilidade, ou seja, a nao pratica eletronica de atos processuais, que podera ocorrer ate
interrupçao do acesso. a ultima hora do ultimo dia do prazo (artigo 213).
A independência da plataforma computacional, “[...] Os atos processuais realizam-se, de ordinário, na sede
refere-se a garantia de que os sistemas nao devem ser do juízo, podendo, no entanto, realizar-se em outro lugar, em
projetados para funcionamento atrelado a determinado razao de deferencia, de interesse da justiça, da natureza do ato
sistema operacional, software, estrutura de dados ou ou de obstaculo arguido pelo interessado e acolhido pelo juiz
equipamento, e nem dependentes de tecnologias específicas, (artigo 217).
garantindo a inovaçao e o aprimoramento das ferramentas a Os atos processuais que hajam de realizar-se fora dos
medida que avancem as tecnologias disponíveis e evitando a limites territoriais da comarca serão requisitados por
imposiçao de padroes, inclusive de marcado, que estagnem a carta, que pode ser precatória, de ordem ou rogatória.
automaçao”. Na atual conjuntura, com a realidade inexoravel do
A acessibilidade tem relaçao com a garantia de utilizaçao processo eletronico, o local dos atos processuais tem pouca
do sistema e se complementa com a norma prevista no artigo relevancia. Isso porque, se a parte, o advogado e o juiz podem
198, que determina que as unidades do Poder Judiciario praticar atos de seus computadores pessoais, por meio da
mantenham gratuitamente, a disposiçao dos interessados, os Internet, a depender da modalidade desse ato, nada impedira
equipamentos necessarios a pratica dos atos processuais e a que seja ele realizado ate mesmo fora do país, haja vista que as
consulta e ao acesso ao sistema e aos documentos dele informaçoes a ele atinentes estarao disponíveis na rede
constantes. mundial de computadores, a qual, em princípio, esta acessível
A interoperabilidade, por sua vez, pode ser traduzida da a todos em praticamente todos os rincoes do planeta.
seguinte forma: o sistema de um tribunal deve se comunicar
com o de outro, de modo que o advogado nao precise de uma Férias e feriado forenses
senha para protocolar petiçao na Justiça Federal, outra na Art. 214 (Art. 173 do CPC/1973)
Justiça de Sao Paulo, outra para a Justiça de Minas Gerais, Independentemente de autorizaçao judicial, no período
enfim, nao precise guardar uma infinidade de codigos para de férias forenses e nos feriados permite-se a realização
atuar no Poder Judiciario. de citações, intimações, penhoras e a apreciação de
A autenticidade visa garantir que a autoria do documento pedidos de tutelas de urgência. O dispositivo refere-se a
ou a pratica do ato processual seja atribuída a quem realmente pratica do ato na sua materialidade. Nos orgaos do Judiciario
o tenha produzido ou realizado. Ja a integridade visa garantir onde ha previsao de ferias forenses (ferias coletivas do
o conteudo do documento, tal qual ele foi formulado antes da Judiciario), praticado o ato, nao se conta prazo. Exemplo: feita
transmissao ao sistema. a citaçao, a contagem do prazo para contestaçao nao se inicia.
A temporalidade e a garantia de que serao registrados O artigo 214, repita-se, autoriza apenas as praticas do ato na
“data e hora de determinado evento, de modo a permitir a sua materialidade, e nao a contagem de prazo.
constataçao, em eventual necessidade de comparaçao, da
ordem cronologica em que ocorreram”. Art. 220 (sem correspondência no CPC/1973)
O não repúdio, por sua vez, trata do obstaculo imposto as Tambem contempla exceçao a regra geral. Trata o
partes, aos advogados, ao juiz, ao promotor e ao perito, entre dispositivo das férias dos advogados.
outros sujeitos do processo, de negarem o conteudo ou autora
do documento virtual. Quando se pratica um ato por meio Conciliando os referidos dispositivos, pode-se concluir:
eletronico, quem o praticou nao pode negar a autoria nem o Os atos mencionados no artigo 214 podem ser
conteudo. praticados em qualquer dia (férias ou feriados), em
A conservação consiste na adoçao de “[...]um conjunto de qualquer juízo ou tribunal. O prazo so começara a correr no
medidas e estrategias de ordem administrativa, política e primeiro dia util seguinte ao feriado ou as ferias, onde houver.
operacional para a preservaçao da integridade das Durante as férias forenses (janeiro e julho) – a regra
informaçoes disponíveis, inclusive com políticas claras de tem como destinatarios os tribunais superiores -, os
copias de segurança e recuperaçao em relaçao a incidentes de processos elencados no artigo 215 terão seu curso normal.
danos a estrutura de funcionamento dos sistemas ou as bases Contudo, no período de 20 de dezembro a 20 de janeiro, os
de dados, pelo tempo que esta preservaçao for necessaria”. prazos serao suspensos e nao se realizarao atos que dependam
Por fim, a confidencialidade e requisito que deve garantir da presença de advogados, como, por exemplo, audiencias e
que somente as partes envolvidas no processo, bem como os sessoes de julgamentos, entre outros.
seus respectivos advogados, tenham acesso ao conteudo dos
documentos, despachos, sentença e todos os outros atos Nas ações que não têm curso nas férias, não são nulos,
processuais. e muito menos inexistentes, os atos processuais nelas
praticados. O prazo, porem, somente começara a correr no dia
Linguagem utilizada nos atos processuais seguinte ao primeiro dia util, subentendendo-se que neste o
A exteriorizaçao dos atos jurídicos se faz por intermedio da ato foi praticado (VI ENTA, aprovada por unanimidade – RTFR
linguagem, que pode se oral ou escrita. O ato escrito e aquele 152/69; RT 545/108).
que vem redigido na forma escrita (petiçao). O ato oral deve Por fim, importa salientar que o novo Código equiparou
ser reduzido a termo elo escrivao para sua documentaçao nos a feriado o sábado e os dias em que não há expediente
autos. O artigo 192 preceitua que em todos os atos e termos do forense (artigo 216).
processo e obrigatorio o uso da língua portuguesa.
Seguem abaixo os respectivos artigos do CPC:

Noções de Direito Processual Civil 19


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APOSTILAS OPÇÃO

LIVRO IV Art. 194. Os sistemas de automação processual respeitarão


DOS ATOS PROCESSUAIS a publicidade dos atos, o acesso e a participação das partes e de
TÍTULO I seus procuradores, inclusive nas audiências e sessões de
DA FORMA, DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS julgamento, observadas as garantias da disponibilidade,
PROCESSUAIS independência da plataforma computacional, acessibilidade e
CAPÍTULO I interoperabilidade dos sistemas, serviços, dados e informações
DA FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS que o Poder Judiciário administre no exercício de suas funções.
Seção I
Dos Atos em Geral Art. 195. O registro de ato processual eletrônico deverá ser
feito em padrões abertos, que atenderão aos requisitos de
Art. 188. Os atos e os termos processuais independem de autenticidade, integridade, temporalidade, não repúdio,
forma determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir, conservação e, nos casos que tramitem em segredo de justiça,
considerando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe confidencialidade, observada a infraestrutura de chaves
preencham a finalidade essencial. públicas unificada nacionalmente, nos termos da lei.

Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam Art. 196. Compete ao Conselho Nacional de Justiça e,
em segredo de justiça os processos: supletivamente, aos tribunais, regulamentar a prática e a
I - em que o exija o interesse público ou social; comunicação oficial de atos processuais por meio eletrônico e
II - que versem sobre casamento, separação de corpos, velar pela compatibilidade dos sistemas, disciplinando a
divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda incorporação progressiva de novos avanços tecnológicos e
de crianças e adolescentes; editando, para esse fim, os atos que forem necessários,
III - em que constem dados protegidos pelo direito respeitadas as normas fundamentais deste Código.
constitucional à intimidade;
IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre Art. 197. Os tribunais divulgarão as informações constantes
cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade de seu sistema de automação em página própria na rede
estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo. mundial de computadores, gozando a divulgação de presunção
§ 1º O direito de consultar os autos de processo que tramite de veracidade e confiabilidade.
em segredo de justiça e de pedir certidões de seus atos é restrito Parágrafo único. Nos casos de problema técnico do sistema
às partes e aos seus procuradores. e de erro ou omissão do auxiliar da justiça responsável pelo
§ 2º O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode registro dos andamentos, poderá ser configurada a justa causa
requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como prevista no art. 223, caput e § 1º.
de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação.
Art. 198. As unidades do Poder Judiciário deverão manter
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam gratuitamente, à disposição dos interessados, equipamentos
autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular necessários à prática de atos processuais e à consulta e ao acesso
mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da ao sistema e aos documentos dele constantes.
causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e Parágrafo único. Será admitida a prática de atos por meio
deveres processuais, antes ou durante o processo. não eletrônico no local onde não estiverem disponibilizados os
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz equipamentos previstos no caput.
controlará a validade das convenções previstas neste artigo,
recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de Art. 199. As unidades do Poder Judiciário assegurarão às
inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte pessoas com deficiência acessibilidade aos seus sítios na rede
se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade. mundial de computadores, ao meio eletrônico de prática de atos
judiciais, à comunicação eletrônica dos atos processuais e à
Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar assinatura eletrônica.
calendário para a prática dos atos processuais, quando for o
caso. Seção III
§ 1º O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele Dos Atos das Partes
previstos somente serão modificados em casos excepcionais,
devidamente justificados. Art. 200. Os atos das partes consistentes em declarações
§ 2º Dispensa-se a intimação das partes para a prática de unilaterais ou bilaterais de vontade produzem imediatamente a
ato processual ou a realização de audiência cujas datas tiverem constituição, modificação ou extinção de direitos processuais.
sido designadas no calendário. Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeitos
Art. 192. Em todos os atos e termos do processo é obrigatório após homologação judicial.
o uso da língua portuguesa.
Parágrafo único. O documento redigido em língua Art. 201. As partes poderão exigir recibo de petições,
estrangeira somente poderá ser juntado aos autos quando arrazoados, papéis e documentos que entregarem em cartório.
acompanhado de versão para a língua portuguesa tramitada
por via diplomática ou pela autoridade central, ou firmada por Art. 202. É vedado lançar nos autos cotas marginais ou
tradutor juramentado. interlineares, as quais o juiz mandará riscar, impondo a quem as
escrever multa correspondente à metade do salário-mínimo.
Seção II
Da Prática Eletrônica de Atos Processuais Seção IV
Dos Pronunciamentos do Juiz
Art. 193. Os atos processuais podem ser total ou
parcialmente digitais, de forma a permitir que sejam Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em
produzidos, comunicados, armazenados e validados por meio sentenças, decisões interlocutórias e despachos.
eletrônico, na forma da lei. § 1º Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos
Parágrafo único. O disposto nesta Seção aplica-se, no que for especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz,
cabível, à prática de atos notariais e de registro. com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do

Noções de Direito Processual Civil 20


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APOSTILAS OPÇÃO

procedimento comum, bem como extingue a execução. CAPÍTULO II


§ 2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS
de natureza decisória que não se enquadre no § 1º. Seção I
§ 3º São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz Do Tempo
praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte.
§ 4º Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a Art. 212. Os atos processuais serão realizados em dias úteis,
vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser das 6 (seis) às 20 (vinte) horas.
praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando § 1º Serão concluídos após as 20 (vinte) horas os atos
necessário. iniciados antes, quando o adiamento prejudicar a diligência ou
causar grave dano.
Art. 204. Acórdão é o julgamento colegiado proferido pelos § 2º Independentemente de autorização judicial, as citações,
tribunais. intimações e penhoras poderão realizar-se no período de férias
forenses, onde as houver, e nos feriados ou dias úteis fora do
Art. 205. Os despachos, as decisões, as sentenças e os horário estabelecido neste artigo, observado o disposto no art.
acórdãos serão redigidos, datados e assinados pelos juízes. 5º, inciso XI, da Constituição Federal.
§ 1º Quando os pronunciamentos previstos no caput forem § 3º Quando o ato tiver de ser praticado por meio de petição
proferidos oralmente, o servidor os documentará, submetendo- em autos não eletrônicos, essa deverá ser protocolada no
os aos juízes para revisão e assinatura. horário de funcionamento do fórum ou tribunal, conforme o
§ 2º A assinatura dos juízes, em todos os graus de jurisdição, disposto na lei de organização judiciária local.
pode ser feita eletronicamente, na forma da lei.
§ 3º Os despachos, as decisões interlocutórias, o dispositivo Art. 213. A prática eletrônica de ato processual pode ocorrer
das sentenças e a ementa dos acórdãos serão publicados no em qualquer horário até as 24 (vinte e quatro) horas do último
Diário de Justiça Eletrônico. dia do prazo.
Parágrafo único. O horário vigente no juízo perante o qual
Seção V o ato deve ser praticado será considerado para fins de
Dos Atos do Escrivão ou do Chefe de Secretaria atendimento do prazo.

Art. 206. Ao receber a petição inicial de processo, o escrivão Art. 214. Durante as férias forenses e nos feriados, não se
ou o chefe de secretaria a autuará, mencionando o juízo, a praticarão atos processuais, excetuando-se:
natureza do processo, o número de seu registro, os nomes das I - os atos previstos no art. 212, § 2º;
partes e a data de seu início, e procederá do mesmo modo em II - a tutela de urgência.
relação aos volumes em formação.
Art. 215. Processam-se durante as férias forenses, onde as
Art. 207. O escrivão ou o chefe de secretaria numerará e houver, e não se suspendem pela superveniência delas:
rubricará todas as folhas dos autos. I - os procedimentos de jurisdição voluntária e os necessários
Parágrafo único. À parte, ao procurador, ao membro do à conservação de direitos, quando puderem ser prejudicados
Ministério Público, ao defensor público e aos auxiliares da pelo adiamento;
justiça é facultado rubricar as folhas correspondentes aos atos II - a ação de alimentos e os processos de nomeação ou
em que intervierem. remoção de tutor e curador;
III - os processos que a lei determinar.
Art. 208. Os termos de juntada, vista, conclusão e outros
semelhantes constarão de notas datadas e rubricadas pelo Art. 216. Além dos declarados em lei, são feriados, para
escrivão ou pelo chefe de secretaria. efeito forense, os sábados, os domingos e os dias em que não haja
expediente forense.
Art. 209. Os atos e os termos do processo serão assinados
pelas pessoas que neles intervierem, todavia, quando essas não Seção II
puderem ou não quiserem firmá-los, o escrivão ou o chefe de Do Lugar
secretaria certificará a ocorrência.
§ 1º Quando se tratar de processo total ou parcialmente Art. 217. Os atos processuais realizar-se-ão ordinariamente
documentado em autos eletrônicos, os atos processuais na sede do juízo, ou, excepcionalmente, em outro lugar em razão
praticados na presença do juiz poderão ser produzidos e de deferência, de interesse da justiça, da natureza do ato ou de
armazenados de modo integralmente digital em arquivo obstáculo arguido pelo interessado e acolhido pelo juiz.
eletrônico inviolável, na forma da lei, mediante registro em
termo, que será assinado digitalmente pelo juiz e pelo escrivão Questões
ou chefe de secretaria, bem como pelos advogados das partes.
§ 2º Na hipótese do § 1º, eventuais contradições na 01. (Câmara de Marília – Procurador Jurídico –
transcrição deverão ser suscitadas oralmente no momento de VUNESP/2016) Assinale a alternativa correta, no que
realização do ato, sob pena de preclusão, devendo o juiz decidir concerne aos atos processuais.
de plano e ordenar o registro, no termo, da alegação e da (A) Os atos e termos processuais sempre dependem de
decisão. forma determinada, reputando-se nulos os que forem
realizados de outro modo.
Art. 210. É lícito o uso da taquigrafia, da estenotipia ou de (B) Todos os atos processuais sao publicos, sem exceçao.
outro método idôneo em qualquer juízo ou tribunal. (C) O direito de consultar os autos e de pedir certidoes de
seus atos em processo que tramite em segredo de justiça e
Art. 211. Não se admitem nos atos e termos processuais restrito as partes e a seus procuradores.
espaços em branco, salvo os que forem inutilizados, assim como (D) O terceiro, ainda eu demonstre interesse jurídico, nao
entrelinhas, emendas ou rasuras, exceto quando expressamente pode requerer ao juiz certidao de dispositivo de sentença, bem
ressalvadas. como de inventario.
(E) Nao existe a obrigatoriedade do uso do vernaculo em
todos os atos e termos do processo.

Noções de Direito Processual Civil 21


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APOSTILAS OPÇÃO

02. (MPE/SC – Promotor de Justiça – MPE/SC/2016) Em


respeito ao princípio da economia e eficie ncia processual, o
novo Codigo de Processo Civil, nao admite a convalidaçao de
atos processuais eivados de vício.
(....) Certo (....) Errado

03. (TCE/RN – Assessor Jurídico – CESPE/2015) No que


diz respeito as normas processuais, a funçao jurisdicional, a
petiçao inicial e ao tempo e lugar dos atos processuais,
conforme o Novo Codigo de Processo Civil, julgue o item que se
segue.
Em razao de criterio territorial, pode-se alegar a
incompetencia como preliminar de contestaçao
(....) Certo (....) Errado

04. (Câmara de Marília – SP - Procurador Jurídico –


VUNESP/2016) Assinale a alternativa correta, no que
concerne aos atos processuais.
(A) Os atos e termos processuais sempre dependem de
forma determinada, reputando-se nulos os que forem
realizados de outro modo.
(B) Todos os atos processuais sao publicos, sem exceçao.
(C) O direito de consultar os autos e de pedir certidoes de
seus atos em processo que tramite em segredo de justiça e
restrito as partes e a seus procuradores.
(D) O terceiro, ainda eu demonstre interesse jurídico, nao
pode requerer ao juiz certidao de dispositivo de sentença, bem
como de inventario.
(E) Nao existe a obrigatoriedade do uso do vernaculo em
todos os atos e termos do processo.

05. (TCE-PA - Auditor de Controle Externo –


Procuradoria – CESPE/2016) A luz do Novo Codigo de
Processo Civil, julgue o item seguinte, referentes aos prazos e
aos atos processuais.
As partes poderao negociar as datas em que os atos
processuais serao praticados, desde que essas datas atendam
as especificidades do processo.
(....) Certo (....) Errado

Respostas
01. C. / 02. Errado. / 03. Certo. / 04. C. / 05. Certo.

Anotações

Noções de Direito Processual Civil 22


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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

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Quanto ao resultado:
a) Declarativa: a letra da lei corresponde exatamente
àquilo que o legislador quis dizer.
b) Extensiva: amplia-se o alcance da palavra do texto para
se chegar até a vontade ou intenção do texto.
c) Restritiva: restringe-se o alcance da palavra do texto
1 Aplicação da Lei Penal. para se chegar à vontade ou intenção do texto.

Observação: a interpretação extensiva não se confunde


APLICAÇÃO DA LEI PENAL (arts. 1º a 12 do Código com a interpretação analógica, pois nesta o significado que se
Penal) busca é extraído do próprio dispositivo, levando-se em conta
as expressões genéricas e abertas utilizadas pelo legislador.
ANTERIORIDADE DA LEI Exemplos: art. 121, § 2º, I, CP (“ou por outro motivo torpe”);
art. 121, § 2º, III (“ou outro modo insidioso ou cruel, ou de que
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há possa resultar perigo comum”). Em ambos os exemplos dados,
pena sem prévia cominação legal. o legislador, por não conseguir prever todos os modos,
exemplificou uma conduta e terminou os incisos com
O teor da norma contida no artigo 1.º do Código Penal ordenamento genérico.
desdobra-se em dois enunciados tidos como garantias
fundamentais no direito penal: a) o princípio da legalidade É importante frisar que as hipóteses de interpretação
(reserva legal) e b) o da anterioridade da lei penal. acima expostas (extensiva e analógica) não se confundem com
a analogia. Nesse caso, ao contrário dos anteriores, partimos
a) Princípio da Legalidade: foi também recepcionado na do pressuposto de que não existe uma lei a ser aplicada ao caso
Constituição Federal, sendo nela destacado em seu art. 5.º, inc. concreto, socorrendo-se daquilo que o legislador previr para
XXXIX, arrolado entre as garantias fundamentais da outro similar.
Constituição Federal.
Significa, em resumo, que somente a lei em sentido estrito ANALOGIA
pode descrever crimes e cominar penas.
Analogia não é fonte do Direito Penal, mas sim, uma forma
Atenção! As normas penais em branco não ferem o de integração da lei, isto é, havendo lacuna na lei, o juiz
princípio da reserva legal. deverá valer-se deste instituto (ou também dos costumes e dos
princípios gerias do direito) para suprir a norma penal diante
b) Princípio da anterioridade da lei penal: a norma penal de um determinado caso concreto.
só se aplica aos fatos praticados após sua vigência. Esse
princípio também foi recepcionado pela Constituição Federal No direito penal, a analogia também pode ser:
(art. 5º, XL). - in bonam partem: quando o sujeito é beneficiado pela
Desse princípio decorre a irretroatividade da lei penal, sua aplicação.
já que ela não alcançará os fatos praticados antes de sua - in malam partem: quando o sujeito é prejudicado pela
vigência, ainda que venham a ser futuramente tidos como sua aplicação.
crime (salvo a exceção do art. 2º, parágrafo único, do Código
Penal). Entretanto, o direito penal brasileiro admite apenas a
analogia in bonam partem, isto é, a lacuna da lei penal poderá
INTERPRETAÇÃO ser suprida somente quando for para beneficiar o réu; nunca
para prejudicá-lo.
A doutrina estuda a interpretação da lei penal sobre três
enfoques: quanto ao sujeito, quanto ao modo, quanto ao EFICÁCIA DA LEI PENAL
resultado.
A lei penal, assim como as demais leis nasce, vive e morre
Quanto ao sujeito (origem): e tem efeito em um determinado espaço geográfico. A isso
a) Autêntica (legislativa): feita pela própria lei (ex: chama-se eficácia, que pode ser temporal ou geográfica, como
conceito de funcionário público previsto no art. 327 do CP). se passa a estudar.
b) Doutrinária ou científica: feita pelos estudiosos do
direito. - Eficácia Temporal.
c) Jurisprudencial: fruto das decisões reiteradas de nossos A lei penal para ter vigência precisa ser sancionada,
tribunais. Em regra, não vincula, salvo as súmulas vinculantes. promulgada e publicada. Após a publicação a lei já pode surtir
efeito, hipótese em que seu próprio texto prevê “essa lei entra
Quanto ao modo: em vigor na data de sua publicação”.
a) Gramatical: leva em conta o sentido literal das palavras. Pode ainda ser outro o momento do efeito, basta que o
b) Teleológica: indaga-se a vontade ou intenção objetivada texto legal expresse quando ela passa a vigorar.
na lei. Caso o texto seja silente, então, aplica-se a regra geral
c) Histórica: indaga-se a origem da lei (analisam-se os fatos contida no art. 4º da Lei de Introdução do Código Civil que diz
sociais, as discussões no Congresso Nacional). que, não havendo determinação expressa, a lei entra em vigor
d) Sistemática: interpreta-se a lei considerando o sistema, 45 dias após a sua publicação.
ou seja, a lei é interpretada com o conjunto da legislação ou dos Esse período entre a publicação e a eficácia da lei, chama-
princípios gerais de direito. se vacatio legis.
e) Progressiva: interpreta-se a lei de acordo com o Uma vez em vigor, a lei somente para de surtir efeito com
progresso da ciência. a revogação. São duas as formas de revogação, a saber:
Ab-rogação: extinção total da lei;
Observação: o uso de um modo de interpretação não Derrogação: extinção parcial da lei, quando apenas parte
obsta que outro seja usado concomitantemente. da lei é revogada, um artigo, por exemplo.

Noções de Direito Penal 1


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APOSTILAS OPÇÃO

A revogação pode ser expressa ou tácita. Logo, se alguém cometeu adultério antes de 28 de março
Na primeira, a lei nova diz expressamente que a lei anterior de 2005, incorreu em prática delituosa. Ocorre que nessa data,
está revogada. Na segunda, embora a lei nova não diga que a esse crime foi abolido pela Lei nº 11.106/05. Logo, deve-se
anterior está revogada, elas são incompatíveis. aplicar o disposto no art. 2º, CP. Assim, se o sujeito ainda não
foi processado, não mais poderá ser.
Algumas leis têm seu fim determinado desde o início de Caso o processo esteja em andamento, deverá ser
sua vigência. É o caso da lei temporária e da lei excepcional. trancado, visto que a abolitio criminis é causa extintiva de
A lei temporária é aquela que traz em seu próprio corpo punibilidade de acordo com o art. 107, CP1.
a data de sua revogação; Se o sujeito já foi condenado por sentença transitada em
Já a lei excepcional é aquela que tem sua vigência julgado, não poderá sofrer a execução e, se acaso já estiver
condicionada à determinada condição. Ex: guerra, calamidade cumprindo pena, deverá ser solto, por conta da extinção de
pública, etc. punibilidade.
Essas leis são chamadas de autorrevogáveis, posto que a
lei temporária se autorrevoga na data estabelecida e a lei A sentença condenatória tem efeitos penais primários e
excepcional se autorrevoga assim que os motivos que secundários. Por primários tem-se a própria condenação com
ensejaram sua criação terminam. a consequente aplicação da pena. Tanto os efeitos primários
quanto os secundários desaparecem com a abolitio criminis.
CONFLITOS DE LEI NO TEMPO Contudo, os efeitos civis permanecem. Assim, imagine que
o sujeito que cometeu o adultério fora condenado tanto na
A eficácia da lei está situada entre sua entrada em vigor e a vara criminal, quanto na cível, sendo que nessa última fora
revogação. Logo, em regra, não atinge fatos anteriores à sua condenado ao pagamento de indenização por danos morais. Os
vigência e nem posteriores a sua revogação, por causa do efeitos penais, sejam eles primários ou secundários,
princípio que prega que o tempo rege o ato. desaparecem mas, os efeitos cíveis não, de sorte que, o sujeito
O conflito da lei no tempo surge quando a pessoa comete o deverá arcar com a reparação do dano moral a que foi
crime na vigência de uma lei e é julgado na vigência de outra, condenado.
ou quando o comportamento se dá na vigência de uma lei e o
resultado na vigência de outra. b) Novatio Legis Incriminadora: lei nova cria uma figura
Para solucionar o conflito é preciso atentar para dois criminosa, ou seja, tipifica comportamento que anteriormente
princípios, quais sejam: não era considerado crime.

Princípio da irretroatividade da lei penal mais severa: c) Novatio Legis in Pejus: é a lei mais severa, aquela que,
prega que a lei que agrava a situação do réu não pode ser de alguma forma prejudica o réu.
retroativa, ou seja, não pode ser aplicada a fatos passados.
Assim, se alguém comete um crime sob a vigência de uma d) Novatio Legis in Mellius: é a lei mais benéfica, ou seja,
lei e, posteriormente entra em vigor lei mais severa, essa não aquela que, de alguma forma, favorece o réu.
retroagirá, ou seja, o sujeito irá responder pela lei mais A competência para a aplicação da lei mais benéfica é do
benigna que, no caso apresentado, é a anterior, a que vigia ao juiz que for sentenciar o caso e, se já houver sentença
tempo da ação ou omissão. transitada em julgado, do juiz da execução.
Dizemos que a lei mais benéfica é dotada de ultra
atividade, que é a capacidade que tem a lei de surtir efeito A LEI PENAL NO TEMPO
mesmo após sua revogação.
A eficácia da lei penal no tempo é regulamentada pelo
Princípio da retroatividade da lei mais benigna: ao artigo 2º do Código Penal, que diz:
contrário da lei mais severa, a lei que favorece o réu é
retroativa. LEI PENAL NO TEMPO
Imagine que um sujeito cometeu um crime com pena Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior
abstrata de 10 a 15 anos. Alguns meses depois, entra em vigor deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução
uma lei que prevê para o mesmo crime pena abstrata de 05 a e os efeitos penais da sentença condenatória.
10 anos. Essa lei, por ser mais benéfica, retroage, ou seja, o Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo
sujeito, embora tenha cometido o crime sob a égide da lei mais favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que
severa, irá responder pela lei mais benéfica. decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
É o que se chama de extra-atividade, qualidade que
possui a lei de surtir efeito para casos ocorridos antes de sua Assim, temos que, em regra, a lei penal não pode retroagir
vigência. (irretroatividade da lei penal). Porém, há exceção: poderá
retroagir quando trouxer algum benefício para o agente no
O conflito de leis no tempo pode ocorrer das seguintes caso concreto. Vale lembrar que isto se restringe somente às
formas: normas penais.
a) Abolitio Criminis: ocorre quando a lei nova deixa de
considerar como crime comportamento que anteriormente O parágrafo único do artigo 2º trata do fenômeno da
era. O art. 2º, CP determina que ninguém pode ser punido por extratividade da lei penal, ou seja; a lei pode retroagir
fato que a lei posterior deixa de considerar crime e que os SOMENTE quando para beneficiar o agente.
efeitos penais e a execução devem ser cessados.

1 Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação
I - pela morte do agente; privada;
II - pela anistia, graça ou indulto; VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
criminoso; VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
IV - pela prescrição, decadência ou perempção; IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

Noções de Direito Penal 2


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Extratividade: É o fenômeno pelo qual a lei produz efeitos execução daquele, ou ainda como mero exaurimento. Por tal
fora de seu período de vigência. Divide-se em duas motivo, aplica-se somente a lei que tipifica o crime. “A lei
modalidades: retroatividade e ultratividade. consuntiva prefere a lei consumida”.
Na retroatividade, a lei retroage aos fatos anteriores à sua Esse princípio ocorre especificamente nas situações
entrada em vigor, se houver benefício para o agente; enquanto abaixo:
na ultratividade, a lei produz efeitos mesmo após o término de - Crimes Complexos: são aqueles formados pela união de
sua vigência. dois ou mais crimes. Ex: roubo (furto + constrangimento
Não há que se falar em conflito de leis entre o artigo ilegal). Parte da doutrina afirma tratar-se de consunção, uma
primeiro (legalidade) e o parágrafo único do artigo 2º vez que o crime complexo absorveria os crimes autônomos.
(extratividade). - Crime Progressivo: é aquele em que o sujeito,
pretendendo alcançar um resultado, desenvolve
LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA comportamentos anteriores. Ex: desejando matar Pedro, João
desfere-lhe várias facadas. O objetivo é o homicídio mas, para
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido alcançá-lo é necessário o cometimento de lesão corporal.
o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a Nesse caso, as lesões são absorvidas pelo homicídio.
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. -Progressão Criminosa: ocorre quando o sujeito tem uma
pretensão inicial, realiza os atos a fim de alcançá-la mas, após,
As leis acima citadas são autorrevogáveis, ou seja, são muda seu desígnio, passando a desejar crime mais grave. Ex:
exceções à regra de que uma lei se revoga por outra lei. sujeito pretende ferir seu desafeto, para tanto desfere-lhe
Subdividem-se em duas espécies: vários socos. Durante essa conduta, resolve que quer matá-lo
- leis temporárias: Aquelas que já trazem no seu próprio e passa a sufoca-lo. Dessa feita, responderá por homicídio e
texto a data de cessação de sua vigência, ou seja, a data do não pela lesão corporal, há, portanto, absorção.
término de vigência já se encontra explícito no texto da lei. - Fatos impuníveis: são anteriores, simultâneos ou
- leis excepcionais: Aquelas feitas para um período posteriores.
excepcional de anormalidade. São leis criadas para regular um
período de instabilidade. Neste caso, a data do término de TEMPO DO CRIME
vigência depende do término do fato para o qual ela foi
elaborada. Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação
Estas duas espécies são ultrativas, ainda que prejudiquem ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
o agente (Exemplo: Num surto de febre amarela é criado um
crime de omissão de notificação de febre amarela; caso alguém Importante ainda a fixação do tempo em que o delito se
cometa o crime e logo em seguida o surto seja controlado, considera praticado para sabermos qual lei que deve ser
cessando a vigência da lei, o agente responderá pelo crime). Se aplicada; para estabelecer a imputabilidade do sujeito ou
não fosse assim, a lei perderia sua força coercitiva, visto que o mesmo para fixar o marco prescricional.
agente, sabendo qual seria o término da vigência da lei,
poderia retardar o processo para que não fosse apenado pelo Trata-se da fixação do tempo em que crime reputa-se
crime. praticado. Existem três teorias sobre o tempo do crime:
- Teoria da atividade: é o tempo da prática da conduta, ou
CONFLITO APARENTE DE NORMAS PENAIS seja, é o tempo que se realiza a ação ou a omissão que vai
configurar o crime, ainda que outro seja o momento do
Ocorre o conflito de leis penais quando o mesmo fato resultado;
concreto seja subsumido a mais de uma norma penal - Teoria do resultado: é o tempo que se produz o
incriminadora.2 resultado, sendo irrelevante o tempo da ação;
Diz-se que o conflito é aparente, porque depois da - Teoria mista ou da ubiquidade: O tempo do crime será
interpretação da lei penal através de princípios, aplica-se a tanto o tempo da ação quanto o tempo do resultado.
norma pertinente e o conflito desaparece.
A teoria utilizada pelo Código Penal (CP) é a teoria da
Os requisitos estão inseridos no próprio conceito de atividade (art. 4º do Código Penal). Na teoria da atividade o
conflito aparente de normas, quais sejam: agente, em caso de lei nova, responderá sempre de acordo com
- unidade de fato; a última lei vigente, seja ela mais benéfica ou não.
- pluralidade de normas penais;
- vigência simultânea de todas as normas. A teoria da atividade apresenta as seguintes
consequências:
Princípios para solução do conflito aparente de leis - aplicação da lei em vigor ao tempo da conduta, exceto se
penais: ao tempo do resultado for mais benéfica;
- a imputabilidade do agente é verificada ao tempo da
a- Princípio da Especialidade: a norma especial afasta a conduta;
aplicação da norma geral. É a regra expressa pelo brocardo “ex - no caso de crime permanente em que a conduta tenha se
specialis derrogat generali”3. iniciado durante a vigência de uma lei, e prossiga durante o
império de outra, aplica-se a lei nova, ainda que mais severa.
b- Princípio da Subsidiariedade: os crimes subsidiários Fundamenta-se o raciocínio na reiteração de ofensa ao bem
são aqueles que somente são punidos se não constituírem jurídico, já que a conduta criminosa continua a ser praticada e
fatos mais graves. pois da entrada em vigor da lei nova, mais gravosa.4
- no crime continuado em que os fatos anteriores eram
c- Princípio da Consunção ou da absorção: por esse punidos por uma lei, operando-se o aumento da pena por lei
princípio, o fato mais amplo e grave absorve os fatos menos nova, aplica-se esta última a toda unidade delitiva, desde que
amplos e graves, atuando como meio normal de preparação ou sob a sua vigência continue a ser praticada. O crime

2 Direito Penal Esquematizado. Parte Geral. André Estefam e outro. Saraiva. 4 Idem
3 Idem.

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continuado, em que pese ser constituído de vários delitos como consideram-se extensão do território nacional as
parcelares, é considerado crime único para fins de aplicação da embarcações e aeronaves mencionadas nos §§ 1º e 2º do art.
pena (teoria da ficção jurídica).5 5º do Código Penal.
O alto-mar não está sujeito à soberania de qualquer Estado.
Fique por dentro: Súmula 711 do STF: A lei penal mais Regem-se, porém, os navios que lá navegam pelas leis
grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se nacionais do pavilhão que os cobre; no tocante aos atos civis e
a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da criminais a bordo praticados. No tocante ao espaço aéreo,
permanência. sobre a camada atmosférica da imensidão do alto-mar e dos
territórios terrestres não sujeitos a qualquer soberania,
- no caso de crime habitual em que haja sucessão de leis, também não existe o império da ordem jurídica de Estado
deve ser aplicada a nova, ainda que mais severa, se o agente algum, salvo a do pavilhão da aeronave, para os atos nela
insistir em reiterar a conduta criminosa.6 verificados, quando cruzam esse espaço tão amplo. Assim,
cometido um crime a bordo de um navio pátrio em alto-mar,
ATENÇÃO: O Código Penal adotou a teoria do resultado em ou de uma aeronave brasileira no espaço livre, vigoram as
matéria de prescrição, tendo em vista que a causa extintiva de regras sobre a territorialidade: os delitos assim cometidos se
punibilidade tem por termo inicial a data da consumação da consideram como praticados em território nacional.
infração penal. Cabe ressaltar ainda o princípio da passagem inocente,
onde se um fato cometido a bordo de navio ou avião
A LEI PENAL NO ESPAÇO estrangeiro de propriedade privada, que esteja apenas de
passagem pelo território brasileiro, não será aplicada a nossa
A importância da questão relativa à eficácia da lei penal no lei, se o crime não afetar em nada nossos interesses.
espaço reside na necessidade de apresentar solução aos casos
em que um crime viole interesses de dois ou mais países, ou Portanto, a lei penal no espaço é regida pelos seguintes
porque a conduta foi praticada no território nacional e o princípios:
resultado ocorreu no exterior, ou porque a conduta foi a) Princípio da territorialidade: regra geral. Aplica-se a
praticada no exterior e o resultado ocorreu no território lei brasileira aos crimes cometidos no território nacional.
nacional. Contudo, o Código Penal adota a territorialidade temperada ou
mitigada quando brasileiro pratica crime no exterior ou
TERRITORIALIDADE estrangeiro comete crime no Brasil.
b) princípio da nacionalidade ou da personalidade:
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de autoriza a aplicação da lei brasileira por crime praticado por
convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime brasileiro em território estrangeiro ou contra vítima
cometido no território nacional. brasileira.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão O artigo 7º, inciso I, alínea “d” e inciso II, alínea “b”, prevê a
do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, aplicação da lei brasileira independentemente da
de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer nacionalidade do sujeito passivo e do bem jurídico ofendido
que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações (personalidade ativa).
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, O artigo 7º, §3º do Código Penal, prevê que no caso de
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto- vítima brasileira com autor que esteja em território nacional,
mar. aplica-se também a lei brasileira (personalidade passiva).
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes
praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras c) princípio da defesa, real ou da proteção: Leva em
de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no conta a nacionalidade do bem jurídico lesado pelo crime,
território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, independentemente do local de sua prática ou da
e estas em porto ou mar territorial do Brasil. nacionalidade do sujeito ativo. Assim, por exemplo, seria de
aplicar-se a lei brasileira a um fato criminoso cometido no
A territorialidade é a regra, sendo a principal forma de estrangeiro, lesivo ao interesse nacional, qualquer que fosse a
delimitação do espaço geopolítico de validade da lei penal nacionalidade de seu autor7 (artigo 7º, inciso I, alíneas “a”, “b”
entre Estados soberanos. e “c”).
Território é o espaço em que o Estado exerce sua
soberania. d) princípio da justiça universal: adotado pelo artigo 7º,
Existem várias teorias para fixar o âmbito de aplicação da inciso II, alínea “a” do Código Penal, preconiza o poder de cada
norma penal a fatos cometidos no Brasil: Estado de punir qualquer crime, seja qual for a nacionalidade
a) Princípio da territorialidade: a lei penal só tem do delinquente e da vítima, ou do local de sua prática. Para
aplicação no território do Estado que a editou, pouco imposição da pena basta encontrar-se o criminoso dentro do
importando a nacionalidade do sujeito ativo ou passivo. território de um país.8
b) Princípio da territorialidade absoluta: só a lei Seu fundamento se encontra no interesse de punir de todos
nacional é aplicável a fatos cometidos em seu território. os povos em relação a certos delitos, como, por exemplo, o
c) Princípio da territorialidade temperada: a lei genocídio, o tráfico de drogas etc.
nacional se aplica aos fatos praticados em seu território, mas, Este princípio também é conhecido como princípio da
excepcionalmente, permite-se a aplicação da lei estrangeira, competência universal, justiça cosmopolita, jurisdição
quando assim estabelecer algum tratado ou convenção universal, jurisdição mundial, repressão mundial ou da
internacional. Foi este o princípio adotado pelo art. 5º do universalidade do direito de punir
Código Penal.
Abrange todo o espaço em que o Estado exerce sua e) princípio da representação: adotado pelo artigo 7º,
soberania: solo, rios, lagos, mares interiores, baías, faixa do inciso II, alínea “c”, do Código Penal, deve ser aplicada a lei
mar exterior ao longo da costa (12 milhas) e espaço aéreo. Bem penal brasileira aos crimes cometidos em aeronaves ou

5 Idem 7 JESUS, Damásio de. Código Penal anotado. 22ª edição. Editora Saraiva. 2014.
6 Idem 8 Idem

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embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade Lugar do Crime = teoria da ubiquidade.


privada, quando estiverem em território estrangeiro e aí não Tempo do Crime = teoria da atividade.
sejam jugadas. 9
Este princípio também é conhecido como princípio da EXTRATERRITORIALIDADE
bandeira, do pavilhão, subsidiário ou da substituição.
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no
ATENÇÃO: E se a embarcação ou aeronave brasileira estrangeiro:
for pública ou estiver a serviço do Brasil? I - os crimes:
Esta questão resolve-se com o artigo 5º, §1º, do Código a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
Penal, ou seja, incide o princípio da territorialidade e não da b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito
representação, pois nestes casos, as embarcações e aeronaves Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa
constituem extensão do território nacional. pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação
instituída pelo Poder Público;
f) princípio do domicílio: Segundo Cleber Masson10, o c) contra a administração pública, por quem está a seu
autor do crime deve ser julgado em consonância com a lei do serviço;
país em que for domiciliado, pouco importando sua d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
nacionalidade. Previsto no artigo 7º, inciso I, alínea “d” domiciliado no Brasil;
(“domiciliado no Brasil”) do Código Penal, no tocante ao crime II - os crimes:
de genocídio no qual o agente não é brasileiro, mas penas a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a
domiciliado no Brasil. reprimir;
b) praticados por brasileiro;
LUGAR DO CRIME c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, quando em território
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que estrangeiro e aí não sejam julgados.
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei
se produziu ou deveria produzir-se o resultado. brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira
Para aplicação do princípio da territorialidade da lei penal depende do concurso das seguintes condições:
no espaço é necessário identificar o lugar do crime. a) entrar o agente no território nacional;
O Código Penal adotou a teoria mista ou da ubiquidade b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
(artigo 6º), considerando como lugar do crime, tanto aquele c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei
em que foi praticada a conduta (ação ou omissão), quanto brasileira autoriza a extradição;
aquele em que se produziu ou deveria produzir-se o resultado. d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter
Tal teoria foi adotada para resolver os chamados crimes aí cumprido a pena;
de espaço máximo ou a distância (crimes executados em um e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por
país e consumados em outro). Assim, o julgamento do fato será outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei
de competência de ambos os países. mais favorável.
Contudo, não se aplica a teoria da ubiquidade nos § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido
seguintes casos: por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as
- Crimes conexos: são crimes relacionados entre si, mas condições previstas no parágrafo anterior:
cada um deles deve ser processado e julgado no país em que a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
foi cometido. b) houve requisição do Ministro da Justiça.
- crimes plurilocais: são aqueles em que a conduta ocorre
em uma Comarca e o resultado em outra, mas dentro do A extraterritorialidade é a possibilidade de aplicação da lei
mesmo país. Neste caso foi adotada a teoria do resultado (art. penal brasileira a fatos criminosos ocorridos no exterior.
70 do Código de Processo Penal), ou seja, o foro competente é
o do local do resultado ou, no caso de crime tentado, o local em EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA: O art.
que foi praticado o último ato de execução. 7º do CP prevê a aplicação da lei brasileira a crimes cometidos
Importante ressaltar, que no caso de crimes dolosos contra no estrangeiro. São os casos de extraterritorialidade da lei
a vida plica-se a teoria da atividade (lugar do crime é aquele penal.
em que foi praticada a ação ou omissão), em razão da O inciso I refere-se aos casos de extraterritorialidade
conveniência da instrução criminal, para descoberta da incondicionada, uma vez que é obrigatória a aplicação da lei
verdade real dos fatos. brasileira ao crime cometido fora do território brasileiro.
- infrações penais de menor potencial ofensivo: Nas As hipóteses contidas no inciso I, com exceção da última
infrações de competência dos Juizados Especiais Criminais, a (d), são fundadas no princípio de proteção, onde o que impera
Lei 9.099/95 (artigo 63) seguiu a teoria da atividade, ou seja, é a defesa do interesse nacional. Se o interesse nacional foi
o foro competente é o da ação. afetado de algum modo, justifica-se a incidência da legislação
- crimes falimentares: artigo 183 da Lei 11.101/2005: pátria.
“Compete ao juiz criminal da jurisdição onde tenha sido
decretada a falência, concedida a recuperação judicial ou EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA: O inciso
homologado o plano de recuperação extrajudicial, conhecer da II, do art. 7º, prevê três hipóteses de aplicação da lei brasileira
ação penal pelos crimes previstos nesta Lei.” a autores de crimes cometidos no estrangeiro. São os casos de
- atos infracionais: artigo 147, §1º da Lei 8.069/90 – é extraterritorialidade condicionada, pois dependem dessas
competente a autoridade do lugar da ação ou omissão para as condições:
infrações cometidas por crianças e adolescentes. a) Crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se
obrigou a reprimir. Utilizou-se o princípio da justiça ou
Memorize: L.U.T.A. competência universal;

9MASSON. Cleber. Direito Penal Esquematizado. Parte Geral. Vol. 1. Ed. Médodo. 10 Idem
8ª edição. 2014.

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b) Crimes praticados por brasileiro. Tendo o país o dever absolvido pelo juiz territorial, aplicar-se-á a regra do non bis in
de obrigar o seu nacional a cumprir as leis, permite-se a idem (não permissão da dupla condenação pelo mesmo fato)
aplicação da lei brasileira ao crime por ele cometido no para impedir o persecutio criminis (art. 7º, § 2º, d, do CP). No
estrangeiro. Trata-se do dispositivo da aplicação do princípio entanto no caso de condenação, se o condenado se subtrair à
da nacionalidade ou personalidade ativa; execução da pena, será julgado pelos órgãos judiciários
c) Crimes praticados em aeronaves ou embarcações nacionais e, se for o caso, condenado de novo, solução,
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em inclusive, consagrada no art. 7º, §2º, d e e, do Código Penal.
território estrangeiro e aí não sejam julgados. Inclui-se no
Código Penal o princípio da representação. PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO
A aplicação da lei brasileira, nessas três hipóteses, fica
subordinada a todas as condições estabelecidas pelo § 2º do Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena
art. 7º. Depende, portanto, das condições a seguir imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é
relacionadas: computada, quando idênticas.
- A entrada do agente no território nacional;
- Ser o fato punível também no país em que foi praticado. Considerando que, sendo possível a aplicação da lei
Na hipótese de o crime ter sido praticado em local onde brasileira a crimes cometidos em território de outro país,
nenhum país tem jurisdição (alto-mar, certas regiões polares), ocorrerá também a incidência da lei estrangeira, dispõe o
é possível a aplicação da lei brasileira. código como se deve proceder para se evitar a dupla posição.
- Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei Cumprida a pena pelo sujeito ativo do crime no
brasileira autoriza a extradição estrangeiro, será ela descontada na execução pela lei
- Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por brasileira, quando forem idênticas, respondendo efetivamente
outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei o sentenciado pelo saldo a cumprir se a pena imposta no Brasil
mais favorável. for mais severa. Se a pena cumprida no estrangeiro for
superior à imposta no país, é evidente que esta não será
O art. 7º, § 3º, prevê uma última hipótese da aplicação da executada. No caso de penas diversas, aquela cumprida no
lei brasileira: A do crime cometido por estrangeiro contra estrangeiro atenuará a aplicada no Brasil, de acordo com a
brasileiro fora do Brasil. É ainda um dispositivo calcado na decisão do juiz no caso concreto, já que não há regras legais a
teoria de proteção, além dos casos de extraterritorialidade respeito dos critérios de atenuação que devem ser obedecidos.
incondicionada. Exige o dispositivo em estudo, porém, além
das condições já mencionadas, outras duas: EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA
- Que não tenha sido pedida ou tenha sido negada a
extradição (pode ter sido requerida, mas não concedida); Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei
- Que haja requisição do Ministro da Justiça. brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser
homologada no Brasil para:
Alguns princípios que devem ser observados para a I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições
aplicação da extraterritorialidade: e a outros efeitos civis;
- Nacionalidade ou personalidade ativa: aplica-se a lei II - sujeitá-lo a medida de segurança.
brasileira ao crime cometido por brasileiro fora do Brasil. Parágrafo único - A homologação depende:
Neste caso o único critério observado é a nacionalidade do a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte
sujeito ativo (art. 7º, II, b, do CP). interessada;
- Nacionalidade ou personalidade passiva: aplica-se a b) para os outros efeitos, da existência de tratado de
lei brasileira ao crime cometido por estrangeiro contra extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a
brasileiro fora do Brasil. O que importa é a nacionalidade da sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da
vítima, mesmo que o crime tenha sido praticado no exterior Justiça.
(art. 7º, §3º).
- Real, da defesa ou proteção: aplica-se a lei brasileira ao Quanto à eficácia de sentença estrangeira, o Código Penal,
crime cometido fora do Brasil, que afeta interesse nacional em seu art. 9°, em consonância com o art. 105, I, alínea “i”, da
(art. 7º, I, a, b e c, do CP). Constituição Federal, prescreve que a sentença estrangeira,
- Justiça Universal ou princípio da universalidade: todo quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as
Estado tem o direito de punir qualquer crime, seja qual for a mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para: I
nacionalidade do delinquente e da vítima ou o local de sua – obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a
prática, desde que o criminoso esteja dentro de seu território. outros efeitos civis; II – sujeitá-lo a medida de segurança.
É como se o planeta se constituísse em um só território para Essa homologação compete ao Superior Tribunal de
efeitos repressão criminal (art. 7, I, d e II, a, do CP). Justiça, que, por sua vez, só pode homologar sentença já
- Princípio da representação: a lei penal brasileira transitada em julgado.
também é aplicável aos delitos cometidos em aeronaves e
embarcações privadas quando realizados no estrangeiro e aí Súmula 420 do STF: Não se homologa sentença proferida
não venham a ser julgados. no estrangeiro sem prova do trânsito em julgado.
- Princípio da preferência da competência nacional:
havendo conflito entre a justiça brasileira e a estrangeira, O fundamento da homologação da sentença estrangeira
prevalecerá a competência nacional. está no entendimento de que nenhuma sentença de caráter
- Princípio da limitação em razão da pena: não será criminal que emane de autoridade jurisdicional estrangeira,
concedida a extradição para países onde a pena de morte e a terá eficácia em determinado Estado sem o seu consentimento,
prisão perpétua são previstas, a menos que deem garantias de pois o direito penal é fundamentalmente territorial.
que não irão aplica-las.
- Jurisdição subsidiária: verifica-se a subsidiariedade da CONTAGEM DE PRAZO
jurisdição nacional nas hipóteses do inciso II e do § 3º do art.
7º do Código Penal. Se o autor de um crime praticado no Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.
estrangeiro for processado perante esse juízo, sua sentença Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.
preponderará sobre a do juiz brasileiro. Caso o réu seja

Noções de Direito Penal 6


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A contagem do prazo penal tem relevância especial nos Questões


casos de duração de pena, do livramento condicional, do
sursis, da decadência, da prescrição, etc., institutos de direito 01. (TJ-RS - Assessor Judiciário – FAURGS/2016) Sobre
penal. a aplicação da lei penal, assinale alternativa correta.
Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário (A) Em se tratando de crimes temporários e excepcionais,
comum. Há no caso imprecisão tecnológica; pouco importando a nova lei penal mais benéfica deverá ser aplicada
se o mês tenha 30 ou 31 dias, ou se o ano é ou não bissexto. O retroativamente em benefício do réu, desde que encerrado o
calendário comum a que se refere o legislador tem o nome de período de vigência da norma especial.
“gregoriano”, em contraposição ao juliano, judeu, árabe, etc. (B) Em se tratando de crimes permanentes, a nova lei
O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Assim, se penal mais gravosa não poderá retroagir em relação aos fatos
uma pena começa a ser cumprida às 23h30min, os 30 minutos já realizados pelo agente; todavia, esta deverá ser utilizada
restantes serão contados como sendo o 1º dia. pelo juiz no momento da prolação da sentença, caso se
O prazo penal distingue-se do prazo processual, pois, verifique a permanência delitiva após a sua entrada em vigor.
neste, exclui-se o 1º dia da contagem, conforme estabelece o (C) Segundo dispõe a legislação penal brasileira
art. 798, § 1º, do Código de Processo Penal. Assim, se o réu é atualmente em vigor, em obediência ao princípio do ne bis in
intimado da sentença no dia 10 de abril, o prazo para recorrer idem, não se admite que um cidadão brasileiro venha a ser
começa a fluir apenas no dia 11 (se for dia útil). processado novamente no território nacional caso tenha
Os prazos penais são improrrogáveis. Desta forma, se o praticado um crime contra o patrimônio da União ou de
prazo termina em um sábado, domingo ou feriado, estará ele empresa pública em um país estrangeiro e lá tenha sido
encerrado. Ao contrário dos prazos processuais que se absolvido.
prorrogam até o 1º dia útil subsequente. (D) Em se tratando de crimes praticados por estrangeiros
contra brasileiros fora do território nacional, aquele poderá
ser punido pela legislação brasileira mesmo que a conduta
PRAZO PENAL (Art. 10 do O dia do começo inclui-se imputada não seja tipificada como ilícito penal no local dos
CP) no cômputo do prazo. fatos.
(E) Segundo estabelece a Constituição Federal, vereadores,
Não se computará no deputados estaduais, deputados federais e senadores gozam
PRAZO PROCESSUAL (Artigo prazo o dia do começo, de imunidade penal absoluta por todo e qualquer crime
798, §1º do CPP) incluindo-se, porém, o do decorrente da manifestação de opiniões, palavras e votos
vencimento. praticado no exercício do mandato eletivo, desde que a
realização da conduta delitiva tenha ocorrido nos limites
FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA territoriais do estado pelo qual foram eleitos.

Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e 02. (TJ-PA - Titular de Serviços de Notas e de Registros
nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de – Provimento – IESES/2016) Atinente à aplicação da Lei
multa, as frações de cruzeiro. penal no tempo e no espaço, é correto afirmar:
(A) No que tange ao tempo do crime, o código penal adotou
Também se tem entendido que, por analogia com o art. 11, a teoria da ubiquidade.
deve ser desprezada a fração de dia multa, como se faz para o (B) Leis temporárias e excepcional (art. 3, CP) são
dia de pena privativa de liberdade. Extintos o cruzeiro antigo hipóteses excepcional de ultra atividade maléfica.
e o cruzado, o novo cruzeiro e o cruzeiro real, o real é a unidade (C) Para os efeitos penais, consideram-se como extensão
monetária nacional, devendo ser desprezados os centavos, do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras,
fração da nova moeda brasileira. Ex. pessoa condenada a pagar de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde
R$ 55,14 pagará apenas R$ 55,00. quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
LEGISLAÇÃO ESPECIAL privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo
correspondente ou em alto-mar. Tal instituto é denominado
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos Extraterritorialidade.
incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo (D) De acordo com o princípio da territorialidade, não é
diverso. possível, por conta de regras internacionais, que um crime
cometido no Brasil não sofra as consequências da Lei
Esse dispositivo consagra a aplicação subsidiária das Brasileira.
normas gerais do direito penal à legislação especial, desde que
esta não trate o tema de forma diferente. Ex.: o art. 14, II, do 03. (POLÍCIA CIENTÍFICA – PE - Conhecimentos Gerais
Código Penal, que trata do instituto da tentativa, aplica-se aos – CESPE/2016) No que se refere à aplicação da lei penal no
crimes previstos em lei especial, mas é vedado nas espaço, assinale a opção correta.
contravenções penais, uma vez que o art. 4º da Lei de (A) De acordo com o princípio da nacionalidade, é possível
Contravenções Penais declara que não é punível a tentativa de a aplicação da lei penal brasileira a fato criminoso lesivo a
contravenção. interesse nacional ocorrido no exterior.
Segundo Cleber Masson:11 (B) A aplicação da lei penal brasileira a cidadão brasileiro
Acolheu-se o princípio da convivência das esferas que cometa crime no exterior é possível, de acordo com o
autônomas, segundo o qual as regras gerais do Código Penal princípio da defesa.
convivem em sintonia com as previstas na legislação especial. (C) De acordo com o princípio da representação, a lei penal
Todavia, caso a lei especial contenha algum preceito geral, brasileira poderá ser aplicada a delitos cometidos em
também disciplinado pelo Código Penal, prevalece a aeronaves ou embarcações brasileiras privadas, quando estes
orientação da legislação especial, em face do seu específico delitos ocorrerem no estrangeiro e aí não forem julgados.
campo de atuação.

11 MASSON. Cleber. Direito Penal Esquematizado. Parte Geral. Vol. 1. Ed.


Método. 8ª edição. 2014.

Noções de Direito Penal 7


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APOSTILAS OPÇÃO

(D) De acordo com o princípio da justiça penal universal, a (B) Ninguém pode ser punido por fato que lei ou decreto
aplicação da lei penal brasileira é possível independentemente posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela
da nacionalidade do delinquente e do local da prática do crime, a execução e os efeitos penais e civis da sentença condenatória.
se este estiver previsto em convenção ou tratado celebrado (C) A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o
pelo Brasil. agente, aplica-se aos fatos anteriores, com exceção se houver
(E) Segundo o princípio da territorialidade, a lei penal sentença condenatória transitada em julgado.
brasileira poderá ser aplicada no exterior quando o sujeito (D) A lei excepcional ou temporária, uma vez decorrido o
ativo do crime praticado for brasileiro. período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a
determinaram não se aplica ao fato praticado durante a sua
04. (Câmara de Marília – SP - Procurador Jurídico – vigência.
VUNESP/2016) Aplica-se a lei penal brasileira ao crime (E) Considera-se praticado o crime no momento da ação ou
cometido no território nacional. O art. 5° do CP estende a omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
aplicação da lei penal brasileira para fato cometido em
(A) embarcação privada brasileira atracada em portos 08. (TRF - 2ª REGIÃO - Analista Judiciário - Oficial de
estrangeiros. Justiça Avaliador Federal – CONSUPLAN/2017) Sobre a
(B) embarcação estrangeira de propriedade privada aplicação da lei penal, analise as afirmativas a seguir.
navegando no mar territorial do Brasil. I. Considera-se praticado o crime no momento da ação ou
(C) aeronave privada brasileira pousada em aeroportos omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
estrangeiros, desde que o país respectivo tenha acordo de II. Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu
extradição com o Brasil. a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se
(D) sede de embaixada ou unidade consular do Brasil no produziu ou deveria produzir-se o resultado.
estrangeiro. III. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.
(E) residência do embaixador brasileiro em país Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.
estrangeiro que faça parte do Mercosul.
Estão corretas as afirmativas
05. (Prefeitura de Registro – SP - Advogado – (A) I, II e III.
VUNESP/2016) Assinale a alternativa correta. (B) I e II, apenas.
(A) O prazo penal tem contagem diversa da dos prazos (C) I e III, apenas.
processuais e o dia do começo inclui-se no cômputo do prazo, (D) II e III, apenas.
ainda que se trate de fração de dia.
(B) As regras gerais do Código Penal sempre terão 09. (TJM-SP - Escrevente Técnico Judiciário –
aplicação aos fatos incriminados por lei especial. VUNESP/2017) Nos termos previstos no Código Penal, é
(C) Nas penas privativas de liberdade desprezam-se as correto afirmar que
frações de dias, o mesmo não ocorrendo nas penas restritivas (A) se considera praticado o crime no momento do
de direitos. resultado.
(D) A lei penal não contém dispositivo a respeito da (B) a lei posterior, que de qualquer modo favorecer o
prorrogação dos prazos penais e, assim, podem ser agente, aplica-se aos fatos anteriores, salvo se decididos por
prorrogáveis. sentença condenatória transitada em julgado.
(E) Os prazos prescricionais e decadenciais são prazos de (C) o dia do começo deve ser excluído no cômputo do
direito processual e não material. prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário
comum.
06. (CODEBA - Analista Portuário – Advogado – (D) o funcionário público que se apropria, por negligência,
FGV/2016) Em uma embarcação pública estrangeira, em mar de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
localizado no território do Uruguai, o presidente do Brasil particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou o desvia,
sofre um atentado contra sua vida pela conduta de João, em proveito próprio, comete o crime de peculato-culposo.
argentino residente no Brasil, que conseguiu se infiltrar no (E) exigir, para outrem, indiretamente, fora da função mas
navio passando-se por funcionário da cozinha, já planejando o em razão dela, vantagem indevida caracteriza o crime de
cometimento do delito. O presidente do Brasil, porém, é concussão.
socorrido e se recupera, enquanto João é identificado e preso
na Bahia, um mês após os fatos. 10. (PC-PE - Agente de Polícia – CESPE/20165)
Considerando a situação narrada, sobre a aplicação da lei Considere que tenha sido cometido um homicídio a bordo de
penal no espaço, é correto afirmar que a João um navio petroleiro de uma empresa privada hondurenha
(A) não pode ser aplicada a lei brasileira, já que o crime foi ancorado no porto de Recife – PE. Nessa situação hipotética,
cometido no estrangeiro. (A) o comandante do navio deverá ser compelido a tirar,
(B) poderá ser aplicada a lei brasileira, com base no imediatamente, o navio da área territorial brasileira e o crime
princípio da territorialidade. será julgado em Honduras.
(C) poderá ser aplicada a lei brasileira, ainda que o autor (B) o crime será apurado diretamente pelo Ministério
do crime tenha sido absolvido ou condenado no estrangeiro. Público brasileiro, dispensando-se o inquérito policial, em
(D) poderá ser aplicada a lei brasileira, desde que o autor função da eventual repercussão nas relações diplomáticas
do crime não seja julgado no estrangeiro. entre os países envolvidos.
(E) não poderá ser aplicada a lei brasileira, já que o autor (C) a investigação e a punição do fato dependerão de
do crime é estrangeiro. representação do comandante do navio.
(D) nada poderá fazer a autoridade policial brasileira:
07. (SEJUS-PI - Agente Penitenciário (Reaplicação) – navios e aeronaves são extensões do território do país de
NUCEPE/2017) Em relação à aplicação da lei penal, marque a origem, não estando sujeitos às leis brasileiras.
alternativa CORRETA. (E) caberá à autoridade policial brasileira instaurar, de
(A) Não há crime sem lei ou decreto anterior que o defina. ofício, o inquérito policial para investigar a materialidade e a
Não há pena sem prévia cominação legal. autoria do delito, que será punido conforme as leis brasileiras.

Noções de Direito Penal 8


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Respostas Há ainda o autor intelectual, que é aquele que, embora não


01. B. / 02. B. / 03. D. / 04. B. / 05. A. execute a ação delituosa, planeja ou dá ordem para que se
06. C / 07. E / 08. A / 09. E / 10. E. realize. Ex: mandante de crime
Tem-se ainda o autor mediato que é aquele que usa de
outra pessoa, sem discernimento para a realização do crime.
2 Crime. Ex: sujeito pede para uma criança de quatro anos colocar
veneno no copo de seu desafeto, dizendo à criança que se trata
de açúcar.
Nesse tópico iremos estudar todos os aspectos pertinentes O partícipe pode ser material, quando ajuda materialmente
a Teoria do Crime. Vamos lá! na realização do crime, ex: empresta a arma. Pode ainda ser
moral quando induz ou instiga a prática delituosa.
TEORIA DO CRIME Para ser sujeito ativo, contudo, se faz necessário possuir
capacidade penal, que é capacidade para que o sujeito se torne
A teoria do crime compreende o estudo dos elementos sujeito de direitos e obrigações penais. Tal capacidade precisa
necessários à configuração do crime, além dos pressupostos estar presente no momento da ação ou da omissão, ou seja, no
para imposição da sanção penal. momento da prática delituosa.
Em regra, somente as pessoas naturais podem ser sujeitos
Segundo a teoria majoritária, crime é fato típico, ilícito e ativos dos crimes, porém, há casos em que a pessoa jurídica
culpável (teoria tripartite). pode figurar nessa posição.
A Constituição Federal atribui à pessoa jurídica
Iniciaremos nossos estudos acerca da teoria do crime responsabilidade nos crimes contra a ordem econômica e
conceituando infração penal, crime, delito e contravenção financeira, nos crimes contra a economia popular e nos crimes
penal. contra o meio ambiente.
Por falta de regulamentação legal nos demais casos, o STF
1- Infração Penal. somente tem entendido haver a responsabilidade da pessoa
Rogério Greco conceitua infração como: “[...] gênero, jurídica nos crimes ambientais, visto que a Lei n° 9.605/98
refere-se de forma abrangente aos crimes/delitos e às trouxe previsão legal a esse respeito, veja-se:
contravenções penais como espécies”12.
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas
O Brasil adota o critério bipartido, ou seja, crimes e delitos administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei,
são expressões sinônimas enquanto contravenções penais nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu
possuem outro significado. representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no
interesse ou benefício da sua entidade.
Podemos ainda caracterizar infração penal como ação Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas
humana que se enquadra a uma norma penal incriminadora não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes
(crime/delito ou contravenção), que ofende bem jurídico de do mesmo fato.
outra pessoa e que merece punição por parte do Estado.
O sujeito passivo, como já dito anteriormente, é o titular
Mas, o que vem a ser crime/delito e contravenção: do bem jurídico lesado. O Estado sempre será sujeito passivo
dos delitos, porquanto toda atividade criminosa o atinge em
- Crime: pena sempre de reclusão ou detenção, cumulada maior ou menor grau, por isso diz-se que ele é sujeito passivo
ou não com multa. Tem caráter repressivo, situando o Direito indireto, formal ou mediato. Porém, há crimes em que ele
somente após a ocorrência do dano a alguém. Pune-se a figura como sujeito passivo direto, como nos crimes contra a
tentativa. As penas privativas de liberdade têm por limite o Administração Pública.
tempo de 30 anos. Ex.: alguém, conduzindo imprudentemente A pessoa jurídica também pode ser sujeito passivo de
um veículo, atropela outrem e lhe causa ferimentos. crimes mas, é preciso que haja compatibilidade com a sua
- Contravenção (Lei nº 3.688/41): é uma infração de natureza. Assim, ela pode ser sujeito passivo do crime de
menor gravidade. Também fere o ordenamento jurídico, logo, difamação mas, não pode ser do crime de homicídio.
assim como os crimes são fatos típicos e antijurídicos, mas, Há os chamados crimes vagos, em que o sujeito passivo não
como a lesão é menor, o legislador optou por dar tratamento possui personalidade jurídica.
mais sutil àqueles que a cometem. É punido com prisão
simples e multa ou só multa. Possui caráter preventivo, 3- Objetos do crime.
visando a Lei das Contravenções Penais coibir condutas O objeto do crime pode ser jurídico ou material e se
conscientes que possam trazer prejuízo a alguém. A tentativa referem ao bem contra o qual é dirigida a conduta criminosa.
não é punível. A pena de prisão não pode ser superior a 5 anos. - Objeto jurídico: é o bem jurídico, ou seja, interesse ou
Exemplo: omissão de cautela na guarda ou condução de valor protegido pelo tipo penal. Exemplo: vida, no crime de
animais. homicídio (Artigo 121 do Código Penal).
- Objeto material: o objeto é a pessoa ou coisa sobre o qual
Mas, quem serão os sujeitos da infração penal? recai a conduta criminosa. Exemplo: a pessoa que teve sua vida
tirada pela conduta do agente.
2- Sujeitos (ativo e passivo) do crime.
O sujeito ativo é a pessoa que realiza, ainda que 4- Estrutura do Crime.
indiretamente, o verbo do tipo, ou seja, que pratica a ação
criminosa. Pode fazê-lo sozinho ou em concurso com outras A estrutura do crime, bem como de seus requisitos, sofre
pessoas. profunda diferenciação de acordo com a teoria que se adote
Denomina-se autor aquele que sozinho ou em coautoria em relação à conduta, que é o primeiro elemento componente
realizam o verbo do tipo. O partícipe é aquele que, embora não do fato típico. Assim, uma vez adotada a teoria clássica
realize o verbo do tipo, contribui para sua realização. (causal ou naturalista), a teoria finalista da ação, ou a teoria

12
Curso de Direito Penal. Volume 1. Impetus. 2015.

Noções de Direito Penal 9


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constitucionalista do delito, haverá grandes divergências b) exigibilidade de conduta diversa;


acerca do significado dos temas que envolvem a conduta, dolo, c) potencial consciência da ilicitude.
culpa e culpabilidade.
Observações:
TEORIA TRIPARTITE – Corrente Majoritária: - A culpabilidade é pressuposto de aplicação da pena.
- Fato típico - O inimputável comete crime, mas não tem culpabilidade,
- Antijurídico não tendo pena e sim Medida de Segurança.
- Culpável
Importante: O inimputável é absolvido nas duas
A conduta é tratada como simples exteriorização de correntes, aplicando não pena, mas, Medida de Segurança.
movimentos ou abstenção de comportamento, desprovida de
qualquer finalidade. Corresponde a teoria clássica (causal ou 4.1- FATO TÍPICO.
naturalista), que teve sua origem no tratado de Fraz von Liszt. Fato humano antissocial, consistente numa conduta
produtora de um resultado com ajuste (formal e material) a
Para essa teoria o crime tem a seguinte estrutura: um tipo penal.
1) Fato típico, que tem os seguintes elementos: Na análise do fato típico é importante destacarmos a
a) conduta (na qual não interessa a finalidade do agente); divisão dos delitos em: material, formal e de mera conduta. O
b) resultado; crime de mera conduta não tem resultado naturalístico. O
c) nexo causal; tipo penal só descreve a conduta. No crime formal, o tipo
d) tipicidade. penal até descreve a conduta e o resultado naturalístico,
porém não exige para a consumação a ocorrência do resultado.
2) Antijuridicidade. Cometido um fato típico presume-se E, por fim, no crime material, o tipo penal descreve a conduta
ser ele antijurídico, salvo se ocorrer uma das causas e o resultado e exige para a consumação a realização do
excludentes de ilicitude previstas na lei. resultado.

3) Culpabilidade, composta pelos seguintes elementos: Conduta.


a) Imputabilidade; Conforme visto acima, a conduta é um dos elementos do
b) Exigibilidade de conduta diversa; fato típico. Temos várias teorias para explica-la (causalista,
c) Dolo e culpa. neokantista, social da ação, finalista, funcionalismo moderado
e funcionalismo radical). Entretanto, iremos nos ater a que
O dolo é normativo, possuindo os seguintes requisitos: prevalece em nosso ordenamento jurídico, a saber: a teoria
- Consciência da conduta e do resultado; finalista.
- Consciência do nexo de causalidade; Para essa teoria conduta seria um comportamento
- Consciência da antijuridicidade; humano voluntário, psiquicamente dirigido a um fim (ilícito).
- Vontade de realizar a conduta e produzir o resultado. A conduta pode ser comissiva (ação) ou omissiva. A ação
exige um fazer, uma conduta positiva do agente. Em regra, os
Observações: tipos penais são comissivos. A conduta omissiva significa um
- A culpabilidade é limite e fundamento de aplicação da não fazer aquilo que o agente tinha o dever jurídico e a
pena. possibilidade de realizar. Os delitos omissivos podem ser
- O inimputável não comete crime, mas pode receber próprios ou impróprios.
Medida de Segurança. - Delito omissivo próprio: a conduta negativa é descrita no
preceito primário da lei penal. Ex: omissão de socorro (art.
TEORIA BIPARTITE – Corrente Minoritária: 135, Código Penal).
- Fato típico - Delito omissivo impróprio: significa a não execução de
- Antijurídico uma atividade predeterminada juridicamente exigida do
agente.
A conduta é o comportamento humano, voluntário e
consciente (doloso ou culposo) dirigido a uma finalidade. São causas excludentes da conduta: caso fortuito ou de
Corresponde à teoria finalista que teve origem com Hans força maior, involuntariedade (ausência de capacidade) e a
Weltel. coação física irresistível.
O crime, para essa teoria, é um fato típico e antijurídico e,
em suma, tem a seguinte estrutura: E o que venha a ser a coação irresistível e obediência
hierárquica (art. 22):
1) Fato típico, que possui os seguintes elementos: 1) Coação física irresistível: Coação física é o emprego de
a) conduta dolosa ou culposa. O dolo é natural, pois deixa força física para que alguém faça ou deixe de fazer alguma
de integra a culpabilidade, passando a integrar o fato típico, coisa. Ex.: O sujeito mediante força bruta impede que o guarda
tendo apenas os seguintes elementos: ferroviário combine os binários e impeça uma colisão de trens.
- Consciência da conduta e do resultado; Quando o sujeito pratica o fato sob coação física
- Consciência do nexo causal; irresistível, significa que não está agindo com liberdade
- Vontade de realizar a conduta e provocar o resultado. psíquica. Não há a vontade integrante da conduta, que é o
primeiro elemento do fato típico. Então não há crime por
b) resultado ausência de conduta. A coação que exclui a culpabilidade é a
c) nexo causal moral. Tratando-se de coação física, o problema não é de
d) tipicidade culpabilidade, mas sim de fato típico, que não existe em relação
ao coagido por ausência de conduta voluntária.
2) Antijuridicidade. Não houve modificações em relação à
teoria clássica. 2) Coação moral irresistível: Coação moral é o emprego
A culpabilidade, que não é requisito do crime, é composta de grave ameaça para que alguém faça ou deixe de fazer
dos seguintes elementos: alguma coisa. Moral não é física. Atua na cabeça, na vontade do
a) imputabilidade

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sujeito. Ex.: O sujeito constrange a vítima sob ameaça de morte, CAUSAS DE EXCLUSÃO DA ANTIJURIDICIDADE
a assinar um documento falso.
Quando o sujeito comete o fato típico e antijurídico sob Antijuricidade ou ilicitude, como já mencionado acima, é a
coação moral irresistível não há culpabilidade em face da contradição do fato, eventualmente adequado ao modelo legal,
inexigibilidade de conduta diversa. A culpabilidade desloca-se com a ordem jurídica, constituindo lesão de um interesse
da figura do coato para a do coator. protegido.
A coação moral deve ser irresistível. Tratando-se de coação A antijuricidade pode ser afastada por determinadas
moral resistível não há exclusão da culpabilidade, incidindo causas, as determinadas causas de exclusão de antijuricidade;
uma circunstância atenuante. quando isso ocorre, o fato permanece típico, mas não há crime,
São necessários os seguintes elementos: excluindo-se a ilicitude, e sendo ela requisito do crime, fica
- Existência de um coator: responderá pelo crime excluído o próprio delito; em consequência, o sujeito deve ser
- Irresistível: Não tem como resistir. absolvido; são causas de exclusão de antijuricidade, previstas
- Proporcionalidade: Proporção entre os bens jurídicos. no artigo 23 do Código Penal: estado de necessidade; legítima
defesa; estrito cumprimento de dever legal; exercício regular
3) Obediência hierárquica: Relação de direito público. de direito.
Subordinação pública. Ordem de superior hierárquico é a Assim, apesar de todo crime, em um primeiro momento,
manifestação de vontade de um titular de função pública a um ser considerado um ato ilícito, haverá situações em que
funcionário que lhe é subordinado, no sentido de que realize mesmo cometendo um crime, isto é, praticando uma conduta
uma conduta positiva ou negativa. expressamente proibida pela lei, a conduta do agente não será
Se a ordem é legal, nenhum crime comete o subordinado (e considerada ilícita.
nem o superior), uma vez que se encontram no estrito As causas de exclusão da ilicitude (também chamadas
cumprimento de dever legal. Quando a ordem é ilegal, exclusão da antijuridicidade, causas justificantes ou
respondem pelo crime o superior e o subordinado. Ex.: O descriminantes) podem ser:
soldado recebe uma ordem do delegado para torturar o preso. - causas legais: são as quatro previstas em lei (estado de
Não é aceitável, pois é ilegal. necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever
São necessários os seguintes elementos: legal e o exercício regular de direito);
- Obediência às formalidades legais. - causas supralegais: são aquelas não previstas em lei,
- Não manifestamente ilegal (Ex.: Tortura, matar) que podem ser admitidas sem que haja colisão com o princípio
- Obediência estrita. da reserva legal, pois aqui se cuida de norma não
incriminadora (exemplo: colocação de piercing; não se trata de
COAÇÃO IRRESISTÍVEL E OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA crime de lesão corporal, pois há o consentimento do ofendido).
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em Existem também causas excludentes específicas, previstas
estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de na própria Parte Especial do Código Penal, e que somente são
superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da aplicáveis a determinados delitos:
ordem. a) no aborto para salvar a vida da gestante ou quando a
gravidez resulta de estupro (art. 128, I e II);
4.2- ILICITUDE (ou ANTIJURIDICIDADE) b) nos crimes de injúria e difamação, quando a ofensa é
É a contradição entre a conduta e o ordenamento jurídico, irrogada em juízo na discussão da causa, na opinião
consistindo na prática de uma ação ou omissão ilegal. Todo desfavorável da crítica artística, literária ou científica e no
fato típico, em princípio, também é ilícito. O fato típico cria conceito emitido por funcionário público em informação
uma presunção de ilicitude. É o caráter indiciário da ilicitude. prestada no desempenho de suas funções;
Se não estiver presente nenhuma causa de exclusão da c) na violação do domicílio, quando um crime está ali sendo
antijuridicidade, o fato também será ilícito, confirmando-se a cometido (art. 150, § 3º, II).
presunção da ilicitude. A ilicitude pode ser:
Todo fato típico, em princípio, também é ilícito. O fato EXCLUSÃO DE ILICITUDE
típico cria uma presunção de ilicitude. É o caráter indiciário da Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
ilicitude. Se não estiver presente nenhuma causa de exclusão I - em estado de necessidade;
da antijuridicidade, o fato também será ilícito, confirmando-se II - em legítima defesa;
a presunção da ilicitude. A ilicitude pode ser: III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício
a) formal: contradição do fato com a norma de proibição regular de direito.
(é o mesmo conceito de antinormatividade). É o fato típico não
acobertado pelas causas de exclusão da ilicitude; EXCESSO PUNÍVEL
b) material: a antijuridicidade ocorre quando o fato Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste
contraria a norma e causa uma lesão ou um perigo concreto de artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
lesão ao bem jurídico. A conduta não somente está contrária à
lei, mas também contraria o sentimento de justiça da ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL
sociedade (é injusta); Estrito Cumprimento do Dever Legal: É o dever
c) subjetiva: o fato só é ilícito se o agente tiver capacidade emanado da lei ou de respectivo regulamento. O agente atua
de avaliar seu caráter criminoso (para essa teoria, inimputável em cumprimento de um dever emanado de um poder genérico,
não comete fato ilícito); abstrato e impessoal. Se houver abuso, não há a excludente, ou
d) objetiva: independe da capacidade de avaliação do seja, o cumprimento deve ser estrito. Exemplo: um soldado
agente. Nosso sistema adota essa teoria – porque o mata assaltante que faz jovem de refém, por ordem de seu
inimputável comete fato ilícito. superior hierárquico.
A antijuridicidade é sempre objetiva porque independe da Como a excludente exige o estrito cumprimento do dever,
culpabilidade do agente. Exemplo: menor pode praticar fato deve-se ressaltar que haverá crime quando o agente
antijurídico, contudo não responde porque não tem extrapolar os limites deste.
culpabilidade. Crime, sob o aspecto analítico, é um fato típico e
antijurídico. A antijuridicidade é o segundo requisito do crime. EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO
Exercício Regular do Direito: consiste na atuação do
agente dentro dos limites conferidos pelo ordenamento legal.

Noções de Direito Penal 11


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APOSTILAS OPÇÃO

O sujeito não comete crime por estar exercitando uma Requisitos para a existência do estado de necessidade:
prerrogativa a ele conferida pela lei. Assim, o exercício de um - Perigo deve ser atual ou iminente, ou seja, deve estar
direito não configura fato ilícito. Exceto se a pretexto de acontecendo naquele momento ou prestes a acontecer.
exercer um direito, houver intuito de prejudicar terceiro. Quando, portanto, o perigo for remoto ou futuro, não há o
Exemplos: estado de necessidade.
- Perigo deve ameaçar um direito próprio ou um direito
a) Ofendículos e defesa mecânica predisposta: os alheio. Abrange qualquer bem protegido pelo ordenamento
ofendículos são aparatos visíveis destinados à defesa da jurídico. Se o bem não for tutelado pelo ordenamento, não se
propriedade ou de qualquer outro bem jurídico. O que os admite estado de necessidade.
caracteriza é a visibilidade, devendo ser perceptíveis por - Perigo não pode ter sido criado voluntariamente. Quem dá
qualquer pessoa (exemplos: lança no portão da casa, caco de causa a uma situação de perigo não pode invocar o estado de
vidro no muro etc.). Defesa mecânica predisposta é aparato necessidade para afastá-la. Aquele que provocou o perigo com
oculto destinado à defesa da propriedade ou de qualquer outro dolo não age com estado de necessidade porque tem o dever
bem jurídico. Podem configurar delitos culposos, pois alguns jurídico de impedir o resultado.
aparatos instalados imprudentemente podem trazer trágicas - Quem possui o dever legal de enfrentar o perigo não pode
consequências. invocar o estado de necessidade. A pessoa que possui o dever
Observação: Para o Prof. Damásio de Jesus, nos dois casos, legal de enfrentar o perigo deve afastar a situação de perigo
salvo condutas manifestamente imprudentes, é mais correta a sem lesar qualquer outro bem jurídico.
aplicação da justificativa da legítima defesa. A predisposição - Inevitabilidade do comportamento lesivo, ou seja,
do aparelho constitui exercício regular de direito, mas, no somente deverá ser sacrificado outro bem se não houver outra
momento em que este atua, o caso é de legítima defesa maneira de afastar a situação de perigo.
preordenada (aquela posta anteriormente a agressão). - É necessário existir proporcionalidade entre a gravidade
do perigo que ameaça o bem jurídico do agente ou alheio e a
b) Lesões esportivas: Pela doutrina tradicional, a violência gravidade da lesão causada pelo fato necessitado.
desportiva é exercício regular do direito, desde que a violência
seja praticada nos limites do esporte. Assim, mesmo a ESTADO DE NECESSIDADE
violência que acarreta alguma lesão, se previsível para a Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem
prática do esporte, será exercício regular do direito (exemplo: pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por
numa luta de boxe poderá haver, inclusive, a morte de um dos sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou
lutadores). alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável
exigir-se.
c) Intervenções cirúrgicas: Amputações, extração de § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o
órgão etc. constituem exercício regular da profissão do dever legal de enfrentar o perigo.
médico. Se a intervenção for realizada em caso de emergência § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito
por alguém que não é médico, será caso de estado de ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.
necessidade.
LEGÍTIMA DEFESA
d) Consentimento do ofendido: O consentimento do Trata-se de causa de exclusão da ilicitude consistente em
ofendido exclui a tipicidade quando a discordância da vítima repelir injusta agressão, atual ou iminente, a direito próprio ou
for elemento do tipo. Exemplo: não há invasão de domicílio se alheio, usando moderadamente dos meios necessários.
a “vítima” autorizou a entrada em sua casa.
Requisitos da Legítima Defesa
Requisitos para exclusão da tipicidade: - Agressão: é todo ataque praticado por pessoa humana.
- ser o bem jurídico disponível; Não pode ser confundida com uma simples provocação.
- capacidade da vítima em poder dispor do bem; Segundo NUCCI, a possibilidade de legítima defesa contra
- ser o consentimento dado antes ou durante o fato; provocação é inadmissível, pois a provocação (insulto, ofensa
- a consciência do agente de que houve consentimento. ou desafio) não é o suficiente para gerar o requisito legal, que
Quando a discordância não for elemento do tipo, ocorre é a agressão. No entanto o autor faz uma ressalva: quando a
causa supralegal de exclusão da ilicitude. O que pode ocorrer provocação for insistente, torna-se agressão, justificando,
no crime de dano, por exemplo, artigo 163 do Código Penal. E assim, a reação, que deve, contudo, respeitar o requisito da
os requisitos são: disponibilidade do bem; capacidade da moderação. Se o ataque é comandado por animais irracionais,
vítima em poder dele dispor. não é legítima defesa e sim estado de necessidade.
O exercício abusivo do direito faz desaparecer a - Atual ou iminente: atual é a agressão que está
excludente. acontecendo e iminente é a que está prestes a acontecer. Não
cabe legítima defesa contra agressão passada ou futura e
ESTADO DE NECESSIDADE também quando há promessa de agressão.
Estado de necessidade é uma situação de perigo atual de - A direito próprio ou de terceiro: é legítima defesa própria
interesses protegidos pelo direito, em que o agente, para quando o sujeito está se defendendo e legítima defesa alheia
salvar um bem próprio ou de terceiro, não tem outro meio quando o sujeito defende terceiro. Pode-se alegar legítima
senão o de lesar o interesse de outrem; perigo atual é o defesa alheia mesmo agredindo o próprio terceiro (ex.: em
presente, que está acontecendo; iminente é o prestes a caso de suicídio, pode-se agredir o terceiro para salvá-lo).
desencadear-se. - Meio necessário: é o meio menos lesivo colocado à
O estado de necessidade é uma causa de exclusão de disposição do agente no momento da agressão.
ilicitude, encontra-se tipificado no art. 24 do CP. Consiste em - Moderação: é o emprego do meio necessário dentro dos
uma conduta lesiva praticada para afastar uma situação de limites para conter a agressão.
perigo. Não é qualquer situação de perigo que admite a
conduta lesiva e não é qualquer conduta lesiva que pode ser Espécies de legítima defesa
praticada na situação de perigo. Existindo uma situação de - Legítima defesa putativa: é a legítima defesa imaginária. É
perigo que ameace dois bens jurídicos, um deles terá que ser a errônea suposição da existência da legítima defesa por erro
lesado para salvar o outro de maior valor.

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de tipo ou erro de proibição. Os agentes imaginam haver O excesso doloso ou culposo é também aplicável nas
agressão injusta quando na realidade esta inexiste. demais excludentes de ilicitude (estado de necessidade, estrito
- Legítima defesa subjetiva: é o excesso cometido por um cumprimento do dever legal, exercício regular de direito etc.).
erro plenamente justificável, o agente, por erro supõe ainda
existir a agressão e, por isso, excede-se. Nesse caso, excluem- LEGÍTIMA DEFESA
se o dolo e a culpa (art. 20, § 1º, 1ª parte). Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando
- Legítima defesa sucessiva: é a repulsa do agressor inicial moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão,
contra o excesso. Assim, a pessoa que estava inicialmente se atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
defendendo, no momento do excesso, passa a ser considerada
agressora, de forma a permitir legítima defesa por parte do 4.3- CULPABILIDADE.
primeiro agressor. É a possibilidade de se considerar alguém culpado pela
Atenção, enquanto a legitima defesa real é causa de prática de uma infração penal. Por essa razão, costuma ser
exclusão da ilicitude do fato. A legítima defesa putativa definida como juízo de censurabilidade e reprovação exercido
excluirá o dolo e consequentemente o fato típico. Isto porque sobre alguém que praticou um fato típico e ilícito. Não se trata
a denominada legitima defesa putativa na verdade caracteriza de elemento do crime, mas pressuposto para imposição de
erro de tipo, ou seja, o agente tem uma falsa percepção da pena, porque, sendo um juízo de valor sobre o autor de uma
realidade que faz com que o mesmo pense que está agindo em infração penal, não se concebe possa, ao mesmo tempo, estar
uma situação de legitima defesa, quando, de fato, não está dentro do crime, como seu elemento, e fora, como juízo
sofrendo agressão alguma. externo de valor do agente. Para censurar quem cometeu um
crime, a culpabilidade deve estar necessariamente fora dele.
Hipóteses de cabimento da legítima defesa: Com isso, podemos considerar a existência de etapas
- Cabe legítima defesa real de legítima defesa putativa. sucessivas de raciocínio, de maneira que, ao se chegar à
Exemplo: uma pessoa atira em um parente que está entrando culpabilidade, já se constatou ter ocorrido um crime. Verifica-
em sua casa, supondo tratar-se de um assalto. O parente, que se, em primeiro lugar, se o fato é típico ou não; em seguida, em
também está armado, reage e mata o primeiro agressor. caso afirmativo, a sua ilicitude; só a partir de então, constatada
- Cabe legítima defesa putativa de legítima defesa real. a prática de um delito (fato típico e ilícito), é que se passa ao
Exemplo: A vai agredir B. A joga B no chão. B, em legítima exame da possibilidade de responsabilização do autor.
defesa real, imobiliza A. Nesse instante, chega C e, Na culpabilidade afere-se apenas se o agente deve ou não
desconhecendo que B está em legítima defesa real, o ataca responder pelo crime cometido. E nenhuma hipótese será
agindo em legítima defesa putativa de A (legítima defesa de possível a exclusão do dolo e da culpa ou da ilicitude nessa fase,
terceiro). uma vez que tais elementos já foram analisados nas
- Cabe legítima defesa putativa de legítima defesa putativa. precedentes.
Ex.: dois desafetos se encontram e, equivocadamente, acham Teoria adotada pelo Código Penal brasileiro: teoria
que serão agredidos um pelo outro. limitada da culpabilidade. Nessa teoria, o erro recai sobre
- Cabe legítima defesa real contra agressão culposa. Isso uma situação de fato (descriminante putativa fática) é erro de
porque ainda que a agressão seja culposa, sendo ela também tipo, enquanto o que incide sobre a existência ou limites de
ilícita, contra ela cabe a excludente. uma causa de justificação é o erro de proibição. As
- Cabe legítima defesa real contra agressão de inimputável. descriminantes putativas fáticas são tratadas como erro de
Os inimputáveis podem agir voluntária e ilicitamente, embora tipo (art. 20, §1º), enquanto as descriminantes putativas por
não sejam culpáveis. Para agir contra agressão de inimputável, erro de proibição, ou erro de proibição indireto, são
exige-se, no entanto, cautela redobrada, porque nesse caso a consideradas erro de proibição (art. 21).
pessoa que ataca não tem consciência da ilicitude de seu ato. Elementos da culpabilidade segundo a teoria do Código
Pergunta: Cabe legítima defesa real contra legítima defesa Penal, são três:
subjetiva? a) imputabilidade;
Resposta: Em tese caberia, pois a partir da continuidade da b) potencial consciência da ilicitude;
agressão a vítima se torna agressora. Para a jurisprudência, c) exigibilidade de conduta diversa.
entretanto, não é aceita quando o excesso for repelido pelo
próprio agressor, porque não pode invocar a legítima defesa Causas dirimentes: são aquelas que excluem a
quem iniciou a agressão, mas o excesso pode ser repelido por culpabilidade. São elas: imputabilidade (doença mental,
terceiro. desenvolvimento mental retardado, desenvolvimento mental
incompleto e embriaguez acidental completa); potencial
Excesso consciência da ilicitude (erro de proibição ou escusável) e
É a intensificação de uma conduta incialmente justificada. exigibilidade de conduta diversa (coação moral irresistível,
Em um primeiro momento o agente está agindo coberto por obediência hierárquica à ordem não manifestamente ilegal).
uma excludente, mas, em seguida, a extrapola.
O excesso pode ser: POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE
a) doloso: descaracteriza a legítima defesa a partir do
momento em que é empregado o excesso, e o agente responde A ninguém é dado descumprir a lei alegando que a
dolosamente pelo resultado que produzir. Ex.: uma pessoa desconhece (artigo 3.º da Lei de Introdução ao Código Civil). O
inicialmente estava em legítima defesa consegue desarmar o desconhecimento da lei é inescusável (artigo 21 do Código
agressor e, na sequência, o mata. Responde por homicídio Penal). Essa é uma presunção que não admite prova em
doloso. contrário. Na Lei das Contravenções Penais, há uma exceção:
b) culposo (ou excesso inconsciente, ou não no artigo 8.º, em que o erro de direito traz uma consequência
intencional): é o excesso que deriva de culpa em relação à penal: permite ao juiz conceder o perdão judicial. O erro de
moderação, e, para alguns doutrinadores, também quanto à proibição não possui relação com o desconhecimento da lei.
escolha dos meios necessários. Nesse caso, o agente responde Trata-se de erro sobre a ilicitude do fato, e não sobre a lei. Lei
por crime culposo. Trata-se também de hipótese de culpa é a norma escrita editada pelos órgãos competentes do Estado.
imprópria. Ilicitude de um fato é a contrariedade que se estabelece entre
esse fato e a totalidade do ordenamento jurídico vigente.
Consciência da ilicitude é o conhecimento profano do injusto

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(não se exige do leigo um juízo técnico-jurídico). É saber que o irresistível não exclui o crime, pois resta um resquício de
fato é antinormativo; ter a consciência de que se faz algo vontade, mas exclui a culpabilidade. Ocorre o que a doutrina
contrário ao sentimento de justiça da sociedade. A simples chama de inexigibilidade de conduta diversa. A coação moral
consciência da ilicitude não é requisito da culpabilidade, pode ser resistível. No caso da coação moral resistível, a pessoa
porque o que se investiga é se o agente tinha ou não condições atua sob influência de ameaça contra a qual podia resistir. Essa
de saber o que era errado, e possibilidade de evitar o erro. forma de coação não elimina o fato típico, a ilicitude, nem a
Assim, o que constitui requisito da culpabilidade é a potencial culpabilidade. Trata-se de uma circunstância atenuante
consciência da ilicitude. (artigo 65, inciso III, alínea “c”, primeira parte, do Código
Deve-se sair do aspecto subjetivo e indagar aspectos Penal). Atenção: A coação física (vis absoluta), que consiste no
objetivos do caso concreto para averiguar se o agente possuía emprego de força física, exclui a vontade (o dolo e a culpa),
condições de saber e evitar o erro. No erro de proibição, o eliminando a conduta. O fato é considerado atípico.
agente pensa agir plenamente de acordo com o ordenamento São necessários os seguintes elementos:
global, mas na verdade, pratica um ilícito em razão de - Existência de um coator: responderá pelo crime
equivocada compreensão do Direito. Mesmo conhecendo o - Irresistível: Não tem como resistir.
Direito, pois todos presumidamente o conhecem, em - Proporcionalidade: Proporção entre os bens jurídicos.
determinadas circunstâncias as pessoas podem ser levadas a
pensar que agem de acordo com o que o ordenamento jurídico Obediência Hierárquica
delas exige (acham que estão inteiramente certas). Ordem de superior hierárquico é a manifestação de
vontade de um titular de função pública a um funcionário que
Espécies de erro de proibição: lhe é subordinado, no sentido de que realize uma conduta
a) inevitável ou escusável: o agente não tinha como positiva ou negativa. Se a ordem é legal, nenhum crime comete
conhecer a ilicitude do fato, em face das circunstâncias do caso o subordinado (e nem o superior), uma vez que se encontram
concreto. Se não tinha como saber que o fato era ilícito, no estrito cumprimento de dever legal. Quando a ordem é
inexistia a potencial consciência da ilicitude, logo, esse erro ilegal, respondem pelo crime o superior e o subordinado.
exclui a culpabilidade. O agente fica isento de pena; e A obediência à ordem não manifestamente ilegal de
b) evitável ou inescusável: embora o agente superior hierárquico torna viciada a vontade do subordinado
desconhecesse que o fato era ilícito, ele tinha condições de e afasta a exigência de conduta diversa. O agente atua em
saber, dentro das circunstâncias, que contrariava o cumprimento de uma ordem específica de um superior que
ordenamento jurídico. Se ele tinha possibilidade, isto é, tenha com ele uma relação de Direito Público. O comando deve
potencial para conhecer a ilicitude do fato, possuía a potencial ser ilegal com aparência de legalidade, porque se o
consciência da ilicitude. Logo, a culpabilidade não será subordinado cumprir ordem manifestamente ilegal,
excluída. O agente não ficará isento de pena, mas, em face da acreditando que seja legal, estará incluso em erro de proibição
inconsciência atual da ilicitude, terá direito a uma redução de evitável (que permite apenas redução de pena nos termos do
pena de 1/6 a 1/3. artigo 21 do Código Penal). Se o subordinado cumprir ordem
O erro de proibição jamais exclui o dolo, pois este se trata ilegal, conhecendo sua ilegalidade, responde pelo crime
de elemento psicológico (e não normativo) que se encontra no praticado, bem como seu superior. Ex.: O soldado receber uma
tipo. ordem do delegado para torturar o preso. Não é aceitável, pois
No erro de tipo é o que incide sobre as elementares ou é ilegal.
circunstâncias da figura típica, sobre os pressupostos de fato São necessários os seguintes elementos:
de uma causa de justificação ou dados secundários da norma - Obediência às formalidades legais.
penal incriminadora; é o que faz o sujeito supor a ausência de - Não manifestamente ilegal (Ex.: Tortura, matar).
elemento ou circunstância da figura típica incriminadora ou a - Obediência estrita.
presença de requisitos da norma permissiva. No erro de tipo,
há erro quanto ao próprio fato, ao contrário do erro de CAUSAS SUPRALEGAIS DE EXCLUSÃO DE
proibição que trata-se de erro sobre a ilicitude do fato e não CULPABILIDADE
sobre a lei. Ex: sujeito dispara um tiro de revólver no que supõe Atualmente, o Superior Tribunal de Justiça sustenta que,
seja um animal bravio, vindo a matar um homem; o erro de além da coação moral irresistível e da obediência hierárquica
tipo pode ser essencial e acidental. (previstas em lei), qualquer circunstância que, no caso
O erro de tipo exclui sempre o dolo, seja evitável ou concreto, venha tornar inexigível conduta diversa, conduz à
inevitável; como o dolo é elemento do tipo, a sua presença exclusão de culpabilidade. Argumenta-se que a exigibilidade
exclui a tipicidade do fato doloso, podendo o sujeito responder de conduta diversa é um verdadeiro princípio geral da
por crime culposo, desde que seja típica a modalidade culposa. culpabilidade. Contraria frontalmente o pensamento finalista
punir o inevitável. Só é culpável o agente que se comporta
EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA ilicitamente, podendo orientar-se de modo diverso.

É a expectativa social de que o agente tenha outro Em resumo:


comportamento e não aquele que se efetivou. A exigibilidade Confira quadro esquemático com os substratos do crime.
de conduta diversa, como causa de exclusão da culpabilidade,
funda-se no princípio de que só podem ser punidas as
condutas que poderiam ser evitadas. No caso, a inevitabilidade
não tem a força de excluir a vontade, que subsiste como força
propulsora da conduta, mas certamente a vicia, de modo a Fato ilícito
Culpável Punibilidade
tornar incabível qualquer censura ao agente. Em nosso típico (antijurídico)

ordenamento jurídico, a exigibilidade de conduta diversa pode


ser excluída por duas causas: a coação moral irresistível e a
obediência hierárquica.

Coação Moral Irresistível Pelo quadro nota-se que a punibilidade não se encontra na
A coação moral irresistível é a grave ameaça contra a qual estrutura do crime. A punibilidade é consequência jurídica
o homem médio não consegue resistir. A coação moral do crime.

Noções de Direito Penal 14


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Vamos ao estudo dela a partir de agora. Elementos do dolo:


- Consciência
5- PUNIBILIDADE. - Vontade
É o direito que tem o Estado de aplicar a pena cominada no
preceito incriminador contra quem praticou conduta A consciência é seu elemento intelectual, ao passo que a
criminosa causando dano ou perigo de dano ao bem jurídico vontade desponta como elemento volitivo.13
tutelado. Primeiramente verifica-se a consciência da conduta e do
resultado. Após o sujeito manifesta sua consciência sobre o
6- “INTER CRIMINIS”. nexo causal entre a conduta a ser praticada e o resultado que
É o conjunto de fases que se sucedem cronologicamente no será produzido com tal conduta.
desenvolvimento do delito. Finalmente, o sujeito exterioriza sua vontade de praticar a
A doutrina o divide em 2 macrofases: interna e externa. conduta e produzir o resultado.
Importante ressaltar que para verificação do dolo, basta
a- Macrofase Interna: é constituída da: que o resultado seja produzido de acordo com a vontade que o
- Cogitação: simples ideia do crime. agente teve no momento da conduta. Exemplo: “Maria” quer
CUIDADO! não implica necessariamente a premeditação. matar “João” e para isso, dispara três tiros contra ele.
ATENÇÃO! por força do princípio da materialização do Outrossim, com relação ao nexo causal (entre conduta e
fato, a mera cogitação é impunível. resultado), não é necessário que o Iter criminis (caminho do
crime) aconteça exatamente da forma planejada pelo agente.
- Atos Preparatórios (“conatus remotus”): o agente Basta que o objetivo do agente seja alcançado, ainda que de
procura criar condições para a realização da conduta modo diverso. Exemplo: se no caso exemplificado, de Maria e
delituosa. João, este não morre com os tiros, mas na fuga “cabaleando”
Em regra, os atos preparatórios são impuníveis. cai e bate a cabeça e morre em decorrência disso, Maria
Exceção (hipóteses de atos preparatórios puníveis): responde pelo resultado “morte”.
associação criminosa (art. 288, CP) e petrechos de falsificação Contudo, é necessário destacar que há necessidade de que
de moeda (art. 291, CP). o agente, por exemplo, no caso destacado, saiba que sua
conduta “mata alguém” e que tenha vontade de fazê-lo, pois o
b- Macrofase Externa: dolo deve englobar todas as elementares e circunstâncias do
- Atos Executórios: traduz a maneira pela qual o agente a tipo penal. Faltando qualquer parte do tipo penal, ocorre o
atua exteriormente para realizar o núcleo do tipo. erro de tipo.
ATENÇÃO! inauguram a possibilidade de punição.
Na busca da diferença entre atos preparatórios e de Espécies de Dolo
execução, existem várias teorias:
1ª) Teoria da hostilidade ao bem jurídico ou critério Dolo normativo: É o dolo segundo a teoria clássica, causal
material: atos executórios são aqueles que atacam o bem ou naturalista. É o dolo que integra a culpabilidade e não a
jurídico, criando-lhe uma situação concreta de perigo (Nelson conduta, e tem como elementos a consciência (sei o que faço),
Hungria). a vontade (quero fazer) e a consciência da ilicitude (sei que é
2ª) Teoria objetiva-formal: ato executório é o que inicia a errado). É o dolo que depende de um juízo de valor.
realização do núcleo do tipo (Frederico Marques).
3ª) Teoria objetivo-individual: atos executórios são Dolo natural: É o dolo segundo a doutrina finalista. Para
aqueles que, de acordo com o plano do agente, realizam-se no os finalistas, o dolo passou a constituir elemento do fato típico
período imediatamente anterior ao começo da realização do (conduta dolosa), deixando de ser requisito para a
núcleo típico (Zaffaroni). Prevalece na doutrina moderna. culpabilidade. A consciência da ilicitude se destacou do dolo
e passou a integrar a culpabilidade. Assim, o dolo que passou
- Consumação: assinala o instante da composição plena do para a conduta é aquele composto apenas por consciência e
fato criminoso. vontade (sem a consciência da ilicitude, que passou a integrar
a culpabilidade). É uma manifestação psicológica, que
CRIME DOLOSO (ART.18, I) prescinde de juízo de valor. É o dolo adotado pelo Código
Penal.
Dolo é a vontade e a consciência de realizar os elementos
constantes do tipo penal. Mais amplamente, é a vontade Dolo genérico: É a vontade de realizar o verbo do tipo sem
manifestada pela pessoa humana de realizar a conduta. qualquer finalidade especial.

Existem três teorias que falam sobre o conceito de dolo: Dolo específico: É a vontade de realizar o verbo do tipo
-Teoria da vontade: dolo é a vontade de praticar a com uma finalidade especial. Sempre que no tipo houver um
conduta e produzir o resultado. O agente quer o resultado. elemento subjetivo, para que o fato seja típico, será necessário
- Teoria do assentimento ou da aceitação: dolo é a o dolo específico. Ex.: extorsão mediante sequestro (art. 159),
vontade de praticar a conduta com a aceitação dos riscos de cujo tipo penal é sequestrar pessoa com o fim de obter
produzir o resultado. O agente não quer, mas não se importa vantagem como condição ou preço do resgate.
com o resultado.
- Teoria da representação ou da previsão: dolo é a Dolo de perigo: É a vontade de expor o bem a uma
previsão do resultado. Para que haja dolo, basta o agente situação de perigo de dano. O perigo pode ser concreto ou
prever o resultado. O Código Penal adotou as teorias da abstrato. Quando o perigo for concreto, é necessária a efetiva
vontade e do assentimento. Ao conceituar crime doloso, o comprovação de que o bem jurídico ficou exposto a uma real
legislador indiretamente conceituou dolo: “quando o agente situação de perigo (exemplo: crime do artigo132 do Código
quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo” (artigo 18, Penal). O perigo abstrato, também conhecido como presumido
inciso I, do Código Penal). A teoria da representação, que é aquele em que basta a prática da conduta para que a lei
confunde culpa consciente com dolo, não foi adotada. presuma o perigo (exemplo: artigo 135 do Código Penal). Os

13 Cf. STJ: HC 44.015/SP, Rel. Min. Gilson Dipp, 5ª Turma, j. 13.12.2005.

Noções de Direito Penal 15


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Professores Damásio de Jesus e Luiz Flávio Gomes sustentam - resultado naturalístico involuntário;
que os crimes de perigo abstrato não existem mais na ordem - nexo causal;
jurídica. - tipicidade;
- previsibilidade objetiva: é a possibilidade de qualquer
Dolo de dano: Existe quando a vontade é de produzir uma pessoa ter previsto o resultado; o que se leva em conta é se o
efetiva lesão ao bem jurídico. Quase todos os crimes são de resultado era ou não previsível para uma pessoa de prudência
dano (exemplos: furto, homicídio etc.). mediana, e não a capacidade do agente de prever o resultado;
- ausência de previsão: não prever o previsível. Exceção: na
Dolo direto ou determinado: Existe quando o agente culpa consciente há previsão;
quer produzir resultado certo e determinado; é o dolo da - quebra do dever objetivo de cuidado: é o dever de
teoria da vontade. cuidado imposto a todos. Existem três maneiras de violar o
dever objetivo de cuidado. São as três modalidades de culpa.
Dolo indireto ou indeterminado: É aquele que existe
quando o agente não quer produzir resultado certo e 2. Modalidades de Culpa
determinado. Pode ser: - Imprudência: É a culpa de quem age (exemplo: passar no
a) Eventual: quando o agente não quer produzir o farol fechado). É a prática de um fato perigoso, ou seja, é uma
resultado, mas aceita o risco de produzi-lo (exemplo: o ação descuidada. Decorre de uma conduta comissiva.
motorista que, em desabalada corrida, para chegar em seu - Negligência: É a culpa de quem se omite. É a falta de
destino, aceita o resultado de atropelar uma pessoa). Nélson cuidado antes de começar a agir. Ocorre sempre antes da ação
Hungria lembra a fórmula de Frank para explicar o dolo (exemplo: não verificar os freios do automóvel antes de colocá-
eventual: “Seja como for, dê no que der, em qualquer caso não lo em movimento).
deixo de agir”. - Imperícia: É a falta de habilidade no exercício de uma
b) Alternativo: quando o agente quer produzir um ou profissão ou atividade.
outro resultado (exemplo: o agente atira para ferir ou para
matar; nesse caso, responde pelo resultado mais grave, No caso de exercício de profissão, arte ou ofício, se não for
aplicando-se o princípio da consunção). observada uma regra técnica o fato poderá enquadrar-se nos
artigos 121, § 4.º, e 129, § 7.º, do Código Penal. Observe-se que
Dolo geral ou erro sucessivo: Conhecido também como só haverá aumento de pena se o agente conhecer a regra
erro sobre o nexo causal ou aberratio causae, ocorre quando o técnica e não aplicá-la. Não incide o aumento de pena se o
agente, supondo já ter produzido o resultado, pratica nova agente desconhece a regra. Se a imperícia advier de pessoa que
agressão, que para ele é mero exaurimento, mas é não exerce a arte ou profissão, haverá imprudência ou
nesse momento que atinge a consumação (exemplo: negligência (exemplo: motorista sem habilitação). Difere-se a
“A” quer matar “B” por envenenamento; após o imperícia do erro profissional, que ocorre quando são
envenenamento, supondo que “B” já está morto, “A” joga o que empregados os conhecimentos normais da arte ou ofício e o
imagina ser um cadáver no rio e “B” acaba morrendo por agente chega a uma conclusão equivocada.
afogamento; nesse caso, o erro é irrelevante, pois o que vale é
a intenção do agente, que responderá por homicídio doloso). O O tipo culposo é um tipo aberto, pois não há descrição da
Professor Damásio de Jesus entende que o agente deve conduta. Assim, se o legislador tentasse descrever todas as
responder por tentativa de homicídio, aplicando-se a teoria da hipóteses em que ocorresse culpa, certamente jamais
imputação objetiva. esgotaria o rol. Compara-se a conduta do agente, no caso
concreto, com a conduta de uma pessoa de prudência mediana.
Dolo de primeiro grau e de segundo grau: o primeiro Se a conduta do agente se afastar dessa prudência, haverá a
grau consiste na vontade de produzir as consequências culpa. Será feita uma valoração para verificar a existência da
primárias do delito, ou seja, o resultado típico inicialmente culpa.
visado, ao passo que o de segundo grau abrange os efeitos O tipo culposo, como vimos, é um tipo aberto.
colaterais da prática delituosa, ou seja, as suas consequências Excepcionalmente, o tipo culposo é um tipo fechado.
secundárias, que não são desejadas originalmente, mas Exemplos: receptação culposa, tráfico culposo (ministrar dose
acabam sendo provocadas porque indestacáveis do primeiro evidentemente maior) etc.
evento. No dolo de segundo grau, portanto, o autor não
pretende produzir o resultado, mas se dá conta de que não 3. Excepcionalidade da Culpa: Um crime só pode ser
pode chegar à meta traçada sem causar tais efeitos acessórios. punido como culposo quando há previsão expressa na lei. Se a
Por exemplo, a situação na qual o agente, desejando matar lei é omissa o crime só é punido como doloso (artigo 18,
determinada pessoa que está em ambiente público, usa de parágrafo único, do Código Penal).
explosivo que, ao detonar, certamente matará outras pessoas
que ali também se encontram. Nesse caso, embora o agente 4. Compensação de Culpas: No Direito Penal, não existe
não quisesse atingir outras vítimas, esse resultado era compensação de culpas. O fato de a vítima ter agido também
absolutamente esperado na explosão do artefato. com culpa não impede que o agente responda pela sua conduta
culposa. Somente nos casos em que existir culpa exclusiva da
CRIME CULPOSO (ART. 18, II) vítima haverá exclusão da culpa do agente. Não confundir com
concorrência de culpas que ocorre quando dois ou mais
Culpa é o elemento normativo da conduta (não confundir agentes, culposamente, contribuem para a produção do
com elemento normativo do tipo), pois sua existência decorre resultado (exemplo: choque de dois veículos num
da comparação que se faz entre o comportamento do agente cruzamento).
no caso concreto e aquele previsto na norma, que seria o ideal.
Essa norma corresponde ao sentimento médio da sociedade 5. Graus de Culpa: Para efeito de cominação abstrata de
sobre o que é certo e o que é errado. pena, não há diferença. Na dosagem da pena concreta,
entretanto, é levado em conta o grau da culpa na primeira fase
1. Elementos do Fato Típico Culposo de sua fixação (artigo 59 do Código Penal). São três níveis:
São elementos do fato típico culposo: grave, leve e levíssima.
- conduta voluntária;

Noções de Direito Penal 16


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Cabe ao juiz aferir, em cada caso concreto, o grau da culpa forma de culpa gravíssima. A culpa temerária expressa uma
(isto é, o grau de descuido frente ao bem jurídico). Isso retrata especial intensificação da culpa, é uma conduta praticada de
a culpabilidade como fator de graduação da pena (CP, art. 59). modo especialmente perigoso. O resultado, no contexto de
Saliente-se que a culpabilidade, no contexto do art. 59 do uma culpa temerária, apresenta-se como altamente provável.
CP, significa a posição do agente frente ao bem jurídico A previsibilidade é patente. A atitude do agente na culpa
afetado. Tem ela, no Direito penal, tríplice função: temerária é altamente censurável, chega mesmo à leviandade,
(a) de fundamento da pena; por isso que justifica maior nível de reprovação15.
(b) de limite da pena (cada um é punido nos limites da sua
culpabilidade – CP, art. 29) e 6. Participação no Crime Culposo: Sobre a possibilidade
(c) de fator de graduação da pena (CP, art. 59). de participação em crime culposo, há duas posições na
doutrina:
Como fator de graduação da pena, já se disse, a 1.ª posição: não é possível a participação em crime
culpabilidade conduz à análise da posição do agente frente ao culposo. Isto porque, o tipo culposo é aberto, logo não há
bem jurídico, que pode ser: descrição da conduta. Assim, não há que se falar em conduta
(a) de menosprezo, acessória e em conduta principal.
(b) de indiferença ou 2.ª posição: é possível a participação em crime culposo,
(c) de descuido14. sendo o autor aquele que realiza o núcleo do tipo doloso e
. partícipe quem concorre para tal.
A primeira está vinculada com o dolo direto, a segunda com Exemplo: motorista dirige de forma imprudente e,
o dolo eventual e a terceira com o crime culposo. Quanto mais instigado pelo acompanhante, acaba atropelando uma pessoa.
intenso o menosprezo ao bem jurídico (isso se revela, por O motorista matou a vítima, pois foi ele quem a atropelou; o
exemplo, na crueldade de um assassinato) mais reprovação se acompanhante teve participação nesta morte. A primeira
justifica. Quando mais indiferença, mais pena. Quanto à culpa, posição prevalece na doutrina, pois a culpa é um tipo aberto,
seus graus (culpa leve, levíssima, grave e gravíssima ou não possuindo, por esse motivo, conduta principal distinta da
temerária) é que comandam o nível da censura penal. secundária. É a nossa posição.
A culpa, desse modo, tanto é relevante para a tipicidade
penal (não existe crime culposo sem a criação de risco 7. Espécies de Culpa:
proibido relevante), como para a culpabilidade (daí falar-se -Culpa inconsciente ou sem previsão: É a culpa sem
em tipo de ilícito culposo e tipo de culpabilidade). previsão, em que o agente não prevê o que era previsível.
Enquanto a inobservância do cuidado objetivo necessário - Culpa consciente ou com previsão: É aquela em que o
(leia-se: criação de risco proibido) é relevante para a agente prevê o resultado, mas acredita sinceramente que ele
composição do tipo de ilícito, os graus desse descuido (leve, não ocorrerá. Não se pode confundir a culpa consciente com o
grave etc.) são fundamentais para a aferição da pena no âmbito dolo eventual. Tanto na culpa consciente quanto no dolo
da culpabilidade mencionada no art. 59 do CP. Se cada agente eventual o agente prevê o resultado, entretanto na culpa
deve ser punido na medida da sua culpabilidade (CP, art. 29), consciente o agente não aceita o resultado, e no dolo eventual
cumpre ao juiz aferir esse nível de censura para fazer a correta o agente aceita o resultado.
dosimetria da pena. - Culpa indireta ou mediata: É aquela em que o sujeito dá
A intensidade do dolo e da culpa não cumpre, em princípio, causa indiretamente a um resultado culposo (exemplo: o
grande papel no momento da configuração do injusto penal assaltante aponta uma arma a um motorista que está parado
(do tipo de ilícito), salvo, evidente, quando o próprio tipo penal no sinal; o motorista, assustado, foge do carro e acaba sendo
a exige (crime cometido com crueldade, crime cometido com atropelado). A solução do problema depende
culpa temerária etc.). Sua função primordial acaba sendo da previsibilidade ou imprevisibilidade do segundo resultado.
revelada no momento da aplicação da pena, que é justamente - Culpa imprópria: Também é chamada culpa por
quando o juiz tem que dar sentido para a palavra culpabilidade extensão, por assimilação ou por equiparação. Nesse caso, o
dentro do art. 59 do CP. resultado é previsto e querido pelo agente, que age em erro de
Não nos parece acertado dizer que não tem nenhum tipo inescusável ou vencível. Exemplo: “A” está em casa
sentido falar em intensidade do dolo e da culpa. Essa assistindo televisão quando seu primo entra na
intensidade é muito relevante em Direito penal, sobretudo no casa pelas portas dos fundos; pensando tratar-se de um ladrão,
momento da aplicação da pena, quando então é fundamental “A” efetua disparos de arma de fogo contra seu azarado
constatar a dimensão da intensidade do dolo (nível da posição parente. Nesse caso, “A” acredita estar agindo em legítima
do agente frente ao bem jurídico) assim como da culpa (nível defesa. Como “A” agiu em erro de tipo inescusável ou vencível
de descuido do agente frente ao bem jurídico). (se fosse mais atento e diligente perceberia que era seu
Os denominados delitos de atitude (ou delitos de atitude primo), responde por homicídio culposo nos termos do artigo
interna), que são os que expressam estados anímicos que 20, §1.º, do Código Penal. Observe-se que a culpa imprópria, na
fundamentam ou reforçam o juízo de desvalor do fato, ou seja, verdade, diz respeito a um crime doloso que o legislador aplica
o juízo de reprovação do fato, bem evidenciam a intensidade pena de crime culposo. Se “A”, no entanto, tivesse agido em
do dolo do agente. A crueldade, a traição, a evidente má-fé, os erro de tipo escusável ou invencível, haveria exclusão de dolo
crimes cometidos inescrupulosamente etc. revelam o alto nível e culpa, hipótese em que “A” ficaria impune. Qual a solução se
de censurabilidade da posição do agente frente ao bem o primo (do exemplo citado acima) não tivesse morrido? Há
jurídico protegido. A atitude interna do agente, que revela a duas posições na doutrina: 1.ª posição: “A” responderia por
intensidade do dolo, deve sempre ser levada em conta no lesões corporais culposas. 2.ª posição: “A” responderia
momento da cominação da pena ou da sua aplicação. por tentativa de homicídio culposo. Preferimos a primeira
Pode-se afirmar a mesma coisa em relação ao nível de posição, pois não admitimos a tentativa em crime culposo.
descuido do agente frente ao bem jurídico. Quanto mais
intensa a culpa, isto é, quanto mais descuidado for o agente, 8. Fundamentos da culpa:
mais censurável será seu fato. Esse nível de descuido encontra Antigamente, vários autores se manifestavam pela
seu ponto mais extremado na chamada culpa temerária, que é inutilidade da aplicação de pena para o crime culposo,

14(cf. GOMES, Luiz Flávio, Direito penal, v. 7, Coleção Manuais para concursos e 15 (cf. SANTANA, Selma Pereira de, A culpa temerária, São Paulo: RT, 2005).
graduação, São Paulo: RT, 2005, p. 75)

Noções de Direito Penal 17


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sustentando que o objetivo do Direito é punir o indivíduo que - Execução: começa a agressão ao bem jurídico. Nessa fase,
gera periculosidade, o que inexiste no sujeito que não previu a o agente inicia a realização do núcleo do tipo e o crime já se
lesão quando deveria prever, ou seja, este indivíduo não teve torna punível. A execução começa com a prática do primeiro
impulso contrário ao direito, motivo pelo qual a pena não se ato idôneo e inequívoco à consumação do crime. Ato idôneo é
mostraria eficaz. o capaz de produzir o resultado e ato inequívoco é o que, fora
Contudo, com o advento da Escola Positiva, a punição da de qualquer dúvida, induz ao resultado. Assim, a execução está
culpa passou a ser reclamada por necessidade social, por ligada ao verbo de cada tipo. Quando o agente começa a
ser a sanção penal uma reação constante e independente praticar o verbo do tipo, inicia-se a execução.
da vontade. O homem seria responsável tanto pelo crime - Consumação: quando todos os elementos do fato típico
culposo como pelo crime doloso, porque vive em sociedade. são realizados.
Atualmente, encontra-se encerrada a discussão acerca da
obrigatoriedade de punição do crime culposo. O interesse A consumação nas várias espécies de crimes:
público impõe consequências penais àqueles que agem a) materiais: com a produção do resultado naturalístico;
culposamente, visando a preservação de bens indispensáveis b) culposos: igual os materiais, com a produção do
ou relevantes à vida em sociedade. resultado naturalístico;
Em respeito ao menor desvalor da conduta, porém, os c) de mera conduta: com a ação ou omissão delituosa;
crimes culposos são apenados de modo mais brando do que os d) formais: com a simples atividade, independente do
dolosos.16 resultado;
e) permanentes: o momento consumativo se protrai no
Consciência Vontade tempo;
f) omissivos próprios: com a abstenção do comportamento
Prevê o Quer o devido;
Dolo direto
resultado resultado g) omissivos impróprios: com a produção do resultado
naturalístico;
Não quer,
Dolo Prevê o h) qualificados pelo resultado: com a produção do resultado
mas assume o
eventual resultado agravador;
risco
i) complexos: quando os crimes componentes estejam
Não quer, integralmente realizados;
não assume o j) habituais: com a reiteração de atos, pois cada um deles,
Culpa Prevê o isoladamente, é indiferente à lei penal. O momento
risco e pensa
consciente resultado consumativo é incerto, pois não se sabe quando a conduta se
poder evitar por
sua habilidade tornou um hábito, por essa razão, não cabe prisão em flagrante
nesses crimes.
Não prevê o Não que e
Culpa
resultado (que era não aceita o TENTATIVA (ART.14, II)
inconsciente
previsível) resultado
Tentativa é a não consumação de um crime, cuja execução
Art. 18 - Diz-se o crime: foi iniciada, por circunstâncias alheias à vontade do agente.
De acordo com o que dispõe o artigo 14, II do Código Penal.
CRIME DOLOSO
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o 1. Aplicação da Pena
risco de produzi-lo; A tentativa é punida com a mesma pena do crime
consumado, reduzida de 1/3 a 2/3. O critério para essa
CRIME CULPOSO redução é a proximidade do momento consumativo, ou seja,
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por quanto mais próximo chegar da consumação, menor será a
imprudência, negligência ou imperícia. redução.

Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém 2. Espécies de Tentativa


pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o Tentativa imperfeita ou inacabada: Ocorre quando a
pratica dolosamente. execução do crime é interrompida, ou seja, o agente, por
circunstâncias alheias à sua vontade, não chega a praticar
CRIME CONSUMADO (ART.14, I) todos os atos de execução do crime.
Tentativa perfeita ou acabada: Também conhecida como
Crime consumado é aquele em que foram realizados “crime falho”. Ocorre quando o agente pratica todos os atos de
todos os elementos da definição legal. Crime exaurido é aquele execução do crime, mas o resultado não se produz por
em que o agente já consumou o crime, mas continua atingindo circunstâncias alheias à sua vontade.
o bem jurídico. O exaurimento influi na primeira fase da Tentativa branca ou incruenta: Classificação para os
fixação da pena (art. 59, caput, do Código Penal). crimes contra a pessoa; ocorre quando a vítima não é atingida.
Tentativa cruenta: Classificação para os crimes contra a
Inter criminis: são as fases que o agente percorre até pessoa; ocorre quando a vítima é atingida, mas o resultado
chegar à consumação do delito. A doutrina aponta quatro desejado não acontece por circunstância alheia à vontade do
etapas diferentes no caminho do crime: agente.
- Cogitação: nesta fase, o agente somente está pensando, Tentativa idonêa: É aquela em que o sujeito pode alcançar
idealizando, planejando a prática do crime. Nessa fase o crime a consumação, mas não consegue fazê-lo por circunstâncias
é impunível. alheias à sua vontade. É a tentativa propriamente dita, definida
- Preparação: é a prática dos atos necessários ao início da no art. 14, II, do Código Penal.
execução. Não existe fato típico ainda, salvo se o ato Tentativa inidonêa: Sinônimo de crime impossível (art.
preparatório constituir crime autônomo. 17) ocorre quando o agente inicia a execução, mas a

16 MASSON, Cleber. Direito Penal. Vol.1. Parte Geral. Editora Método. 8ª edição. 2014.

Noções de Direito Penal 18


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consumação do delito era impossível por absoluta ineficácia não se pode falar em tentativa de furto, porque, para que haja
do meio empregado ou por absoluta impropriedade do objeto tentativa, é necessário que o agente não tenha conseguido a
material. Nesse caso, não se pune a tentativa, pois a lei consumação por circunstâncias alheias à sua vontade, e, na
considera o fato atípico. hipótese, o agente não consumou o furto por vontade própria.
Em razão disso é que a lei determina que a punição deve ser
3. Infrações que Não Admitem Tentativa apenas em relação aos atos já praticados, não havendo punição
Crimes culposos: Parte da doutrina admite no caso de pela tentativa. Nesse exemplo, o agente responde apenas pelo
culpa imprópria. crime de dano (no vidro do veículo).
Crimes preterdolosos: No caso dos crimes preterdolosos
ou preterintencionais, o evento de maior gravidade não Arrependimento eficaz (art. 15, 2ª parte): O agente
querido pelo agente, é punido a título de culpa. No caso de executa o crime até o último ato, esgotando-os, e logo após se
latrocínio tentado, o resultado morte era querido pelo agente; arrepende, impedindo o resultado. Só é possível no caso da
assim, embora qualificado pelo resultado, o latrocínio só tentativa perfeita ou acabada. Ocorre somente nos crimes
poderá ser preterdoloso quando consumado. materiais que se consumam com a verificação do resultado
Crimes omissivos próprios: São crimes de mera conduta naturalístico.
(exemplo: crime de omissão de socorro, artigo 135 do Código Exemplo: o agente quebra o vidro de um carro para furtar
Penal). seu DVD automotivo. Após retirá-lo do painel, ele
Contravenção penal: A tentativa não é punida (artigo 4.º imediatamente resolve colocá-lo de volta no local. Responde
do Decreto-lei n. 3.688/41). apenas pelo crime de dano (do vidro). Se o crime, entretanto,
Delitos de atentado: São crimes em que a lei pune a já se tinha consumado e, algum tempo depois, o sujeito resolve
tentativa como se fosse consumado o delito (exemplo: crime devolver o bem à vítima, poderá haver, dependendo das
de evasão mediante violência contra a pessoa, artigo 352 do circunstâncias, o arrependimento posterior (art. 16), cuja
Código Penal). consequência é a simples redução da pena.
Crimes habituais: Tais crimes exigem, para consumação,
a reiteração de atos que, isolados, não configuram fato típico. A desistência ou o arrependimento não precisa ser
Inviável a verificação da tentativa, posto que uma segunda espontâneo, mas deve ser voluntário. Mesmo se a desistência
conduta já caracteriza o delito. ou a resipiscência for sugerida por terceiros subsistirão seus
Crimes unissubsistentes: Que se consumam com um efeitos. A tentativa abandonada, em suas duas modalidades,
único ato. Ex.: injúria verbal. exclui a aplicação da pena por tentativa, ou seja, o agente
Crimes que a lei só pune se ocorrer o resultado: Trata-se, responderá somente pelos atos até então praticados.
por exemplo, do crime de induzimento, instigação ou auxílio a
suicídio (artigo 122 do Código Penal). Nesse delito, se a pessoa ARREPENDIMENTO POSTERIOR (ART. 16)
empresta um revolver para outra se matar e esta não se mata,
o fato é atípico, mas se ela comete o suicídio, o crime está Nos termos do artigo 16 do Código Penal, “Nos crimes
consumado. cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o
dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da
Observações: Parte da doutrina entende que os crimes queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de
formais e de mera conduta não admitem tentativa. Não um a dois terços”. A expressão utilizada pelo legislador é
concordamos com esse entendimento. O crime de ameaça, por redundante, pois todo arrependimento é posterior. Na
exemplo, trata-se de crime formal, mas admite a tentativa no verdade o arrependimento é posterior à consumação do crime.
caso de ameaça por escrito, em que a carta é interceptada por Trata-se de causa obrigatória de redução de pena. É causa
terceiro. Alguns crimes de mera conduta também admitem objetiva de diminuição de pena, portanto, estende-se aos
tentativa, como a violação de domicílio (o agente pode, sem coautores e partícipes condenados pelo mesmo fato.
sucesso, tentar invadir domicílio de outrem). O crime
unissubsistente comporta tentativa em alguns casos, por Requisitos:
exemplo, quando o agente efetua um único disparo contra a Só cabe em crime cometido sem violência ou grave ameaça
vítima e erra o alvo. contra a pessoa. Visa o legislador a dar oportunidade ao
agente, que pratica crime contra o patrimônio sem violência
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO ou grave ameaça, de reparar o dano ou restituir a coisa. Na
EFICAZ (ART. 15) jurisprudência, prevalece o entendimento de que a lei só se
refere à violência dolosa, podendo a diminuição ser aplicada
A desistência voluntária e do arrependimento eficaz aos crimes culposos em que haja violência, como o homicídio
dispõe sobre o afastamento da aplicação da tentativa, culposo. Assim, a intenção do legislador foi criar um instituto
respondendo o agente apenas pelos atos anteriores, uma vez para os crimes patrimoniais, mas a jurisprudência estendeu ao
que, por ato voluntário, desistiu ele de prosseguir na execução homicídio culposo.
do crime ou impediu a produção do resultado. Nesses casos, - Reparação do dano ou restituição da coisa (deve ser
não se pode cogitar de tentativa, porque a consumação foi integral).
evitada pelo próprio agente e não por circunstâncias alheias à - Por ato voluntário do agente. Não há necessidade de ser
sua vontade. É chamado pela doutrina de “ponte de ouro”. ato espontâneo, podendo haver influência de terceira pessoa.
- O arrependimento posterior só pode ocorrer até o
Desistência voluntária (art. 15, 1ª parte): O agente recebimento da denúncia ou queixa. Após, a reparação do dano
interrompe voluntariamente a execução do crime, impedindo, será somente causa atenuante genérica (artigo 65, inciso III,
desse modo, a sua consumação. Ocorre antes de o agente alínea “b”).
esgotar os atos de execução, sendo possível somente na
tentativa imperfeita ou inacabada. Não há que se falar em Critérios para Aplicação da Redução da Pena:
desistência voluntária em crime unissubsistente, visto que São dois os critérios para se aplicar a redução da pena:
este é composto de um único ato. espontaneidade e celeridade. O arrependimento posterior não
Exemplo: visando furtar o DVD de um automóvel, o agente precisa ser espontâneo, mas se for a pena sofrerá
quebra o vidro deste, mas, antes de se apossar do bem, desiste maior diminuição. Também, quanto mais rápido reparar
de cometer o crime e vai embora sem nada levar. Nesse caso, o dano, maior será a diminuição.

Noções de Direito Penal 19


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Relevância da Reparação do Dano: O Código Penal brasileiro adotou a teoria objetiva


- Cheque sem fundos: o pagamento até o recebimento da temperada pela qual só há crime impossível se a ineficácia do
denúncia ou queixa extingue a punibilidade (Súmula 554 do meio e a impropriedade do objeto forem absolutas. Por isso, se
Supremo Tribunal Federal). forem relativas, haverá crime tentado. Ex.: tentar matar
- Crimes contra a ordem tributária: o pagamento do tributo alguém com revólver e projéteis verdadeiros que, entretanto,
até o recebimento da denúncia ou queixa também extingue não detonam por estar velhos. Aqui a ineficácia do meio é
a punibilidade. acidental e existe tentativa de homicídio.
- Peculato culposo (artigo 312, § 3.º): se a reparação do
dano precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; Art. 14 - Diz-se o crime:
se lhe é posterior reduz de metade a pena imposta.
- Crimes de ação penal privada ou pública condicionada à CRIME CONSUMADO
representação (artigo74, parágrafo único, da Lei n. 9.099/95): I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de
havendo composição civil do dano em audiência preliminar, sua definição legal;
extingue-se o direito de queixa ou representação.
TENTATIVA
Delação eficaz ou premiada: II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma
Instituto distinto do arrependimento posterior é o da por circunstâncias alheias à vontade do agente.
delação premiada, no qual se estimula a delação feita por um
coator ou participe em relação aos demais, mediante o PENA DE TENTATIVA
benefício da redução obrigatória da pena. Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a
tentativa com a pena correspondente ao crime consumado,
CRIME IMPOSSÍVEL (ART. 17) diminuída de um a dois terços.

O crime impossível também chamado de tentativa DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO


inidônea, tentativa inadequada ou quase-crime. É aquele que, EFICAZ
pela ineficácia total do meio empregado ou pela Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de
impropriedade absoluta do objeto material, é impossível de se prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza,
consumar. Não se trata de causa de isenção de pena, como só responde pelos atos já praticados.
parece sugerir a redação do art. 17 do Código Penal, mas de
causa geradora de atipicidade, pois não se concebe queira o ARREPENDIMENTO POSTERIOR
tipo incriminador descrever como crime uma ação impossível Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave
de se realizar. ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o
recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do
Ineficácia absoluta do meio: O meio empregado jamais agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
poderia levar à consumação do crime. A ineficácia do meio
deve ser absoluta (exemplo: um palito para matar um adulto, CRIME IMPOSSÍVEL
uma arma de brinquedo). Deve-se lembrar, que um Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia
determinado meio pode ser ineficaz para um crime, mas eficaz absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é
para outro. Exemplo: num crime de roubo, uma arma impossível consumar-se o crime.
totalmente inapta a produzir disparos pode ser utilizada para
intimidar a vítima. Questões

Impropriedade Absoluta do Objeto: A pessoa ou a coisa 01. (Câmara de Conceição do Mato Dentro - Advogado
sobre a qual recai a conduta jamais poderia ser alvo do crime. – FUMARC/2016) No que tange ao conceito de crime, nos
Assim, haverá crime impossível quando o objeto sobre o qual termos do Código Penal brasileiro, é CORRETO afirmar:
o agente faz recair sua conduta não é protegido pela norma (A) A tentativa é punida mesmo quando, por ineficácia
penal incriminadora ou quando ele (objeto) sequer existe. absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é
Exemplo: atirar em alguém que já está morto. impossível consumar-se o crime.
O crime impossível pela absoluta impropriedade do objeto (B) A omissão é penalmente relevante quando o omitente
é também chamado delito putativo por erro de tipo, pois se devia e podia agir para evitar o resultado.
trata de um crime imaginário; o agente quer cometer um (C) Considera-se crime tentado quando nele se reúnem
crime, mas devido ao desconhecimento da situação de fato, todos os elementos de sua definição legal.
comete um irrelevante penal (exemplo: mulher pensa que está (D) O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir
grávida e ingere substância abortiva). Não se confunde com o na execução ou impede que o resultado se produza, responde
erro de tipo, pois neste o agente não sabe, devido a um erro de nas mesmas penas aplicáveis ao crime consumado.
apreciação da realidade, que está cometendo um crime
(exemplo: compra cocaína pensando ser talco). 02. (PC-GO - Escrivão de Polícia Substituto –
CESPE/2016) Considerando os aspectos legais, doutrinários e
Crime de ensaio ou experiência: Também chamado jurisprudenciais sobre a infração penal quanto aos elementos
“delito putativo por obra do agente provocador” ou “crime de constitutivos, às espécies e aos sujeitos, bem como à ilicitude,
flagrante preparado”, ocorre quando a polícia ou terceiro às excludentes e ao excesso punível, à consumação e tentativa
(agente provocador) prepara uma situação, que induz o agente e ao concurso de pessoas, assinale a opção correta.
a cometer o delito (exemplo: detetive simula querer comprar (A) O concurso de agentes na realização de um crime
maconha e prende o traficante). O agente é protagonista de pressupõe sempre o prévio ajuste de vontades na consecução
uma farsa. A jurisprudência considera a encenação do de um resultado danoso desejado por todos.
flagrante preparado uma terceira espécie de crime impossível, (B) Não será punível o excesso de legítima defesa se a
entendendo não haver crime ante a atipicidade do fato pessoa usar energia exagerada para repelir uma agressão atual
(Súmula n. 145 do Supremo Tribunal Federal). ou iminente, porque, em tais casos, não se pode exigir do
homem médio agir moderadamente quando tomado de
violenta emoção.

Noções de Direito Penal 20


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(C) Diz-se antijurídica e, portanto, punível a título doloso 07. (Câmara de Natal – RN - Guarda Legislativo –
toda conduta contrária ao direito, ainda que praticada na COMPERVE/2016) Considera-se o crime consumado, quando
crença sincera de se estar agindo com amparo em causa nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal.
excludente de ilicitude. Entretanto, a tentativa de crime pode gerar várias
(D) São exemplos de excludentes de ilicitude a coação repercussões jurídicas. Nessa matéria, o código penal
moral irresistível, a legítima defesa, o estado de necessidade e determina que
o exercício regular de um direito. (A) a tentativa é punível mesmo quando, por ineficácia
(E) Nos crimes materiais, a consumação só ocorre ante a absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é
produção do resultado naturalístico, enquanto que, nos crimes impossível consumar-se o crime.
formais, este resultado é dispensável. (B) o crime é tentado, quando, iniciada a execução, não se
consuma por circunstâncias decorrentes da vontade do
03. (PC-PA - Escrivão de Polícia Civil – FUNCAB/2016) agente.
Sobre o crime culposo, é correto afirmar que: (C) a tentativa é punida, salvo disposição expressa em
(A) sua caracterização independe da previsibilidade contrário, com pena correspondente ao crime consumado,
objetiva do resultado. diminuída de um a dois terços.
(B) é dispensável a verificação do nexo de causalidade (D) o ajuste, a determinação ou instigação mesmo sem
entre conduta e resultado. disposição expressa em contrário, são puníveis, ainda que o
(C) encontra seu fundamento legal no artigo 18, I, de crime não chegue a ser tentado.
Código Penal.
(D) se alguém ateia fogo a um navio para receber o valor 08. (POLÍCIA CIENTÍFICA – PE - Conhecimentos Gerais
de contrato de seguro, embora saiba que com isso provocará a – CESPE/2016) Em relação ao fato típico e aos elementos do
morte dos tripulantes, essas mortes serão reputadas culposas. crime, assinale a opção correta.
(E) há culpa quando o sujeito ativo, voluntariamente, (A) É isento de pena o agente que, por embriaguez
descumpre um dever de cuidado, provocando resultado completa, proveniente de culpa ou de caso fortuito, ao tempo
criminoso por ele não desejado. da ação ou da omissão, era parcialmente incapaz de entender
o caráter ilícito desse fato ou de determinar-se conforme esse
04. (PC-PA - Escrivão de Polícia Civil – FUNCAB/2016) entendimento.
Leia as alternativas a seguir e assinale a correta. (B) É caracterizada como estado de necessidade a conduta
(A) A pessoa jurídica só pode ser sujeito passivo em crimes praticada por bombeiro para salvar de perigo atual ou
patrimoniais. iminente, não provocado por sua vontade, direito próprio ou
(B) A pessoa jurídica pode ser sujeito passivo em crime de alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável
difamação. exigir-se.
(C) A pessoa jurídica pode figurar como sujeito ativo de (C) Os elementos imputabilidade, potencial consciência da
crime contra a administração pública previsto no Código ilicitude, inexigibilidade de conduta diversa e punibilidade são
Penal. requisitos da culpabilidade penal.
(D) Os inimputáveis não podem ser vítimas de crimes (D) A coação física e a coação moral irresistível excluem a
contra a honra. conduta do agente, pois eliminam totalmente a vontade pelo
(E) O inimputável por embriaguez proveniente de caso emprego da força, de modo que o fato passa a ser atípico.
fortuito não pode figurar como sujeito passivo. (E) É considerado erro evitável, capaz de reduzir a pena,
aquele em que o agente atue ou se omita sem a consciência da
05. (TCE-PR - Analista de Controle – Jurídica – ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias,
CESPE/2016) Considerando a relação de causalidade prevista ter ou atingir essa consciência.
no Código Penal, assinale a opção correta.
(A) As causas supervenientes relativamente 09. (PC-ES - Escrivão de Polícia - FUNCAB) Infração
independentes possuem relação de causalidade com conduta penal significa:
do sujeito e não excluem a imputação do resultado. (A) Quando um caso não previsto em lei é regulado por um
(B) As causas preexistentes relativamente independentes preceito legal, que rege um semelhante.
não possuem relação de causalidade com a conduta do sujeito (B) Ofensa real ou potencial a um bem jurídico, levando-se
e excluem a imputação do resultado. em consideração os elementos subjetivos do tipo, a ilicitude e
(C) As causas preexistentes absolutamente independentes a culpabilidade.
possuem relação de causalidade com a conduta do sujeito e (C) Todos os valores ético-sociais que estejam a exigir uma
não excluem o nexo causal. proteção especial, no âmbito do direito penal, por se revelarem
(D) As causas concomitantes relativamente independentes insuficientes à proteção dos outros ramos do direito.
não possuem relação de causalidade com a conduta do sujeito (D) Quando o princípio para o caso omitido se deduz do
e não excluem a imputação do resultado. espírito e do sistema do ordenamento jurídico, considerado
(E) As causas concomitantes absolutamente em seu conjunto.
independentes não possuem relação de causalidade com a (E) Que o delito é sinônimo de contravenção penal no
conduta do sujeito e excluem o nexo causal. Brasil.

06. (SEGEP-MA - Auditor Fiscal da Receita Estadual - 10. (PC-GO - Agente de Polícia – UEG) Sobre o sujeito da
Administração Tributária – FCC/2016) O Código Penal, ao infração penal, tem-se que
tratar da relação de causalidade do crime, considera causa a (A) nos denominados crimes vagos, não se faz possível
(A) emoção ou a paixão. determinar o sujeito passivo.
(B) delação. (B) a pessoa jurídica pode figurar como sujeito ativo nos
(C) ação ou omissão sem a qual o resultado não teria crimes contra o sistema financeiro, tendo em vista a
ocorrido. regulamentação legal.
(D) excludente de ilicitude. (C) os crimes de concurso necessário são aqueles que
(E) descriminante putativa. necessitam da participação de mais de um autor, todos
imputáveis.

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APOSTILAS OPÇÃO

(D) sujeito passivo do crime e prejudicado pelo crime (A) há hipóteses em que a lei se refere à vítima em relação
sempre se reúnem na mesma pessoa. às suas condições físicas ou psíquicas, embora nem todas as
pessoas possam ser sujeito passivo do crime.
11. (PC-RN - Escrivão de Polícia Civil - CESPE) Em (B) sujeito passivo do crime não é o titular do bem jurídico
relação à infração penal, assinale a opção correta. ameaçado pela conduta criminosa.
(A) Considera-se crime a infração penal a que a lei comina (C) sujeito ativo do crime é aquele que pratica a conduta
pena de reclusão, de detenção ou prisão simples, quer descrita em lei, ou seja, o fato típico.
isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a (D) capacidade penal do sujeito ativo ou inimputável pode
pena de multa. não ter a capacidade penal se passar a sofrer de doença mental
(B) Considera-se contravenção penal a infração penal a após o delito.
que a lei comina pena máxima não superior a dois anos de
reclusão. 16. (PC-PB - Agente de Investigação e Agente de Polícia
(C) No ordenamento jurídico brasileiro, a diferença entre - CESPE) Em relação aos sujeitos ativo e passivo da infração
crime e delito está na gravidade do fato e na pena cominada à penal no ordenamento jurídico brasileiro, assinale a opção
infração penal. incorreta.
(D) A infração penal é gênero que abrange como espécies (A) A pessoa jurídica não pode ser sujeito ativo de infração
as contravenções penais e os crimes, sendo estes últimos penal.
também identificados como delitos. (B) Sujeito ativo do crime é aquele que pratica a conduta
(E) Os crimes apenados com reclusão se submetem aos descrita na lei.
regimes fechado e semiaberto, enquanto os apenados com (C) Sujeito passivo do crime é o titular do bem jurídico
detenção se submetem aos regimes aberto e prisão simples. lesado ou ameaçado pela conduta criminosa.
(D) O conceito de sujeito ativo da infração penal abrange
12. (TJ-AC - Titular de Serviços de Notas e de Registro não só aquele que pratica a ação principal, mas também quem
– FMP_RS) Assinale a alternativa correta. colabora de alguma forma para a prática do fato criminoso.
(A) O conceito de infração penal é mais amplo do que o (E) Parte da doutrina entende que, sob o aspecto formal, o
conceito de crime. Estado é sempre sujeito passivo do crime.
(B) O conceito de infração penal coincide com o conceito
de delito. 17. (POLÍCIA CIENTÍFICA-PR - Odontolegista-
(C) O conceito de infração penal coincide com o conceito de IBFC/2017) Considere as regras básicas aplicáveis ao Direito
crime. Penal e ao Direito Processual Penal para assinalar a alternativa
(D) O conceito de infração penal é menos amplo do que o correta sobre a legítima defesa.
conceito de crime. (A) Entende-se em legítima defesa quem, usando
moderadamente dos meios necessários, repele injusta
13. (PC-PB - Agente de Investigação e Agente de Polícia agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem
- CESPE) A respeito da infração penal no ordenamento jurídico (B) Entende-se em legítima defesa quem, usando
brasileiro, assinale a opção correta. moderadamente ou não dos meios de que dispuser, repele
(A) Crimes, delitos e contravenções são termos sinônimos. injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem
(B) Adotou-se o critério tripartido, existindo diferença (C) Entende-se em legítima defesa quem, usando
entre crime, delito e contravenção. moderadamente dos meios necessários, repele injusta
(C) Adotou-se o critério bipartido, segundo o qual as agressão, atual ou iminente, a direito próprio e não de outrem
condutas puníveis dividem-se em crimes ou contravenções (D) Entende-se em legítima defesa quem, usando
(como sinônimos) e delitos. moderadamente ou não dos meios de que dispuser, repele
(D) O critério distintivo entre crime e contravenção é dado injusta agressão, atual ou iminente, a direito próprio e não de
pela natureza da pena privativa de liberdade cominada. outrem
(E) A expressão infração penal abrange apenas crimes e (E) Entende-se em legítima defesa quem, usando dos
delitos. meios de que dispuser, repele injusta agressão ou persegue
quem a praticou, atual ou iminente, a direito próprio e não de
14. (TRE-SP - Analista Judiciário - Área Administrativa outrem
- FCC) Com relação ao sujeito ativo e passivo do crime, é
correto afirmar que 18. Em relação à legítima defesa, assinale a opção
(A) a pessoa jurídica, como titular de bens jurídicos INCORRETA.
protegidos pela lei penal, pode ser sujeito passivo de (A) Na legítima defesa, pode-se utilizar de qualquer meio à
determinados crimes. disposição para repelir ataque injusto.
(B) sujeito ativo do crime é o titular do bem jurídico lesado (B) A legítima defesa deve ser dirigida somente contra o
ou ameaçado pela conduta criminosa. agressor e não contra terceiros.
(C) sujeito passivo do crime é aquele que pratica a conduta (C) Não há que se falar em legítima defesa se uma pessoa
típica descrita na lei, ou seja, o fato típico. se defende de um animal raivoso que a ataca na rua.
(D) o Estado, pessoa jurídica de direito público, não pode (D) Considera-se requisito da legítima defesa: defesa de
ser sujeito passivo de crime, sendo apenas o funcionário direito próprio (legítima defesa própria) ou de terceiros
público diretamente afetado pela conduta criminosa. (legítima defesa de terceiros).
(E) o homem pode ser, ao mesmo tempo, sujeito ativo e (E) Considera-se a existência da legítima defesa somente
sujeito passivo de crime, como no caso de autolesão para a quando se está diante de uma injusta agressão.
prática de fraude contra seguro (art. 171, parágrafo 2º, inc. V,
CP). 19. Quanto ao estado de necessidade, é CORRETO afirmar:
(A) Há estado de necessidade, quando a pessoa atua diante
15. (PC-GO - Escrivão de Polícia Civil – Reaplicação - de um perigo a que deu causa propositalmente.
UEG) Sobre sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal, (B) Em situação que não extrapole os limites legais do
verifica-se que exercício de sua profissão, pode o bombeiro militar deixar de
socorrer uma pessoa em perigo alegando estado de
necessidade.

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(C) Pode-se reconhecer o estado de necessidade se havia 23. (TCE-CE - Procurador de Contas – FCC/2015) São
outro modo de evitar o perigo. elementos do crime doloso:
(D) Caracteriza-se o estado de necessidade mesmo diante (A) previsibilidade objetiva e dever de cuidado objetivo.
de situação de perigo que não seja atual ou iminente. (B) previsibilidade subjetiva e dever de cuidado objetivo.
(E) Um dos pressupostos do estado de necessidade é a (C) desejo do resultado e assunção do risco de produzi-lo.
demonstração da inevitabilidade do comportamento, ou seja, (D) previsão do resultado pelo agente, mas que não se
a demonstração de que não havia outra forma de atuar diante realize sinceramente a sua produção e especificidade do dolo.
da situação de perigo. (E) elemento subjetivo do tipo e previsibilidade subjetiva.

20. Considera-se em estado de necessidade quem Respostas


(A) pratica o fato para salvar de perigo atual, que não 01. B. / 02. E. / 03. E. / 04. B. / 05. E.
provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, 06. C. / 07. C. / 08. E. / 09. B / 10. A
direito próprio ou alheio, ainda que nas circunstâncias seja 11. D / 12. A / 13. D / 14. A / 15. C
exigível sacrifício. 16. A / 17. A. / 18. A. / 19. E. / 20. C.
(B) exclusivamente em situação de calamidade pública, 21. A. / 22. B / 23. C.
pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou
por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito
próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era 3 Imputabilidade penal.
razoável exigir-se.
(C) pratica o fato para salvar de perigo atual, que não
provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, IMPUTABILIDADE PENAL (ART. 26)
direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias,
não era razoável exigir-se Imputabilidade penal é o conjunto de condições pessoas
(D) exclusivamente em situação de calamidade pública, que dão ao agente capacidade para lhe ser juridicamente
pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou imputada a prática de um fato punível. O conceito de sujeito
por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito imputável é encontrado no artigo 26, caput, do Código Penal,
próprio (excluído direito alheio), cujo sacrifício, nas que trata dos inimputáveis. Imputável é o sujeito mentalmente
circunstâncias, não era razoável exigir-se são e desenvolvido, capaz de entender o caráter ilícito do fato e
(E) pratica o fato para salvar de perigo iminente ou atual, determinar-se de acordo com esse entendimento.
que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo Em princípio, todos são imputáveis, exceto aqueles
evitar, direito próprio ou alheio, ainda que nas circunstâncias abrangidos pelas hipóteses de inimputabilidade enumeradas
seja exigível sacrifício. na lei, que são as seguintes:
a) doença mental ou desenvolvimento mental incompleto
21. (MPE-RJ - Analista do Ministério Público – ou retardado;
Processual – FGV/2016) Diz-se que o crime é doloso quando b) menoridade;
o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo, e c) embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou
que o crime é culposo, quando o agente deu causa a resultado força maior;
previsível por imprudência, negligência ou imperícia. Sobre o d) dependência de substância entorpecente.
tema, é correto afirmar que:
(A) o dolo direto de segundo grau também é conhecido Pode ser a inimputabilidade absoluta ou relativa. Se for
como dolo de consequências necessárias; absoluta, isso significa que não importam as circunstâncias, o
(B) para a teoria finalista da ação, o dolo e a culpa integram indivíduo definido como "inimputável" não poderá ser
a culpabilidade; penalmente responsabilizado por seus atos.
(C) no crime culposo, a imprudência se caracteriza por Se a inimputabilidade for relativa, isso indica que o
uma conduta negativa, enquanto a negligência, por um indivíduo pertencente a certas categorias definidas em lei
comportamento positivo; poderá ou não ser penalmente responsabilizado por seus atos,
(D) o crime culposo admite como regra a forma tentada; dependendo da análise individual de cada caso na Justiça,
(E) na culpa consciente, o agente prevê o resultado como segundo a avaliação da capacidade do acusado, as
possível, mas com ele não se importa. circunstâncias atenuantes ou agravantes, as peculiaridades do
caso e as provas existentes.
22. (Câmara Municipal de Atibaia – SP - Advogado - A imputabilidade possui dois elementos:
CAIP-IMES/2016) Complete corretamente as frases abaixo - intelectivo (capacidade de entender);
assinalando a alternativa correta. - volitivo (capacidade de querer).
Faltando um desses elementos, o agente não será
I- Configura-se o crime _____________, quando nele se reúnem imputável.
todos os elementos de sua definição legal.
II- Configura-se o crime _____________, quando o agente quis Critérios para a definição da inimputabilidade:
o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. - Biológico: leva em conta apenas o desenvolvimento
III- Configura o crime _____________, quando por ineficácia mental do acusado (quer em face de problemas mentais ou da
absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, a idade do agente).
finalização e consumação do ato típico, antijurídico e culpável - Psicológico: considera apenas se o agente, ao tempo da
é afetada. ação ou omissão, tinha a capacidade de entendimento e
IV- Configura – se o crime _____________, quando o agente deu autodeterminação.
causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. - Biopsicológico: considera inimputável aquele que, em
razão de sua condição mental (causa), era, ao tempo da ação
(A) I. doloso; II. culposo. III. impossível; IV. consumado ou omissão, totalmente incapaz de entender o caráter ilícito do
(B) I. consumado; II. doloso; III. impossível; IV. culposo fato e de determinar-se de acordo com tal entendimento
(C) I. impossível; II. consumado; III. culposo; IV. doloso (consequência).
(D) I. culposo, II. impossível, III. doloso; IV. Consumado
DISTÚRBIOS MENTAIS:

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Doença mental: É a perturbação mental de qualquer Culposa: Ocorre quando o indivíduo, que não queria se
ordem (exemplos: psicose, esquizofrenia, paranoia, epilepsia embriagar, ingere, por imprudência, álcool ou outra substância
etc.). A dependência patológica de substância psicotrópica de efeitos análogos em excesso, ficando embriagado. Não está
configura doença mental. acostumado, começa a beber e fica bêbado: Será considerado
Desenvolvimento mental incompleto: É o imputável, pois no momento da decisão de beber, optou pela
desenvolvimento que ainda não se concluiu. É o caso do menor bebida. Poderia ter evitado. Exceção: O bêbado que bebe há
de 18 anos e do silvícola inadaptado à sociedade. muito tempo (alcoolismo) doença mental.
Desenvolvimento mental retardado: É o caso dos A embriaguez voluntária ou culposa não exclui a
oligofrênicos, que se classificam em débeis mentais, imbecis e imputabilidade, ainda que no momento do crime o embriagado
idiotas, dotados de reduzidíssima capacidade mental, e dos esteja privado inteiramente de sua capacidade de entender ou
surdos-mudos que, em consequência da anomalia, não têm de querer.
qualquer capacidade de entendimento e de autodeterminação.
Adotou-se, quanto aos doentes mentais, o critério b) Embriaguez acidental: A embriaguez acidental
biopsicológico. somente exclui a culpabilidade se for completa e decorrente de
caso fortuito ou força maior.
SEMI-IMPUTABILIDADE OU RESPONSABILIDADE Exemplo de Força maior. Alguém obrigar outra pessoa a
DIMINUÍDA: ingerir bebida alcoólica.
Difere da inimputabilidade apenas no requisito Exemplo de caso fortuito: quando sujeito está tomando
consequencial. Enquanto na inimputabilidade a perda da determinado remédio e, inadvertidamente, ingere bebida
capacidade de entender ou querer é total, na semi- alcoólica, cujo efeito é potencializado em face dos remédios,
imputabilidade, é parcial. A semi-imputabilidade não exclui a fazendo com que uma pequena quantia de bebida o faça ficar
culpabilidade, e após análise do caso concreto, a lei confere ao em completo estado de embriaguez. Embriaguez involuntária.
juiz a opção de aplicar medida de segurança ou pena diminuída
(redução de1/3 a 2/3). c) Embriaguez patológica: Embriaguez patológica é a
decorrente de enfermidade congênita existente, por exemplo,
MENORIDADE (ART. 27): nos filhos de alcoólatras que se ingerirem quantidade irrisória
Nos termos do art. 27 do Código Penal, os menores de 18 de álcool ficam em estado de fúria incontrolável. Se for o
anos são inimputáveis, ficando sujeitos às normas agente, ao tempo da ação ou omissão, inteiramente incapaz de
estabelecidas na legislação especial. Adotou-se, portanto, o entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
critério biológico, que presume, de forma absoluta, ser o menor acordo com esse entendimento, estará excluída sua
de 18 anos inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito imputabilidade (aplica-se a regra do art. 26, caput). Se houver
do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento. mera redução dessa capacidade, o agente responderá pelo
A menoridade cessa no primeiro instante do dia que o crime, mas a pena será reduzida (art. 26, parágrafo único).
agente completa os 18 anos, ou seja, se o crime é praticado na
data do 18º aniversário, o agente já é imputável e responde d) Embriaguez preordenada: Embriaguez preordenada
pelo crime. ocorre quando o indivíduo, voluntariamente, se embriaga para
A legislação especial que regulamenta as sanções criar coragem para cometer um crime. Não há exclusão de
aplicáveis aos menores inimputáveis é o Estatuto da Criança e imputabilidade. O agente responde pelo crime, incidindo sobre
do Adolescente (Lei nº 8.069/90), que prevê a aplicação de a pena uma circunstância agravante prevista no artigo 61,
medidas socioeducativas aos adolescentes (pessoas com 12 inciso II, alínea “a” CP.
anos ou mais e menores de 18 anos), consistentes em
advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de DEPENDÊNCIA DE SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE:
serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade ou Segundo o art. 45, caput, da Lei nº 11.343/2006 (Lei de
internação, e a aplicação de medidas de proteção às crianças Tóxicos), é isento de pena (inimputável) o agente que, em
(menores de 12 anos) que venham a praticar fatos definidos razão da dependência, ou sob o efeito de substância
como infração penal. entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica
proveniente de caso fortuito ou força maior, era ao tempo da
EMOÇÃO E PAIXÃO (art. 28, I): ação ou omissão, qualquer quer tenha sido o resultado da
A emoção é um sentimento súbito, repentino, de breve infração praticada (do Código Penal, da Lei de Tóxicos ou
duração, passageiro e intenso (ira momentânea, o medo, a qualquer outra lei), inteiramente incapaz de entender o
vergonha). A paixão é duradoura, perene (o amor, a ambição, caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
o ódio). Nem a emoção nem a paixão excluem a imputabilidade entendimento. Se a redução dessa capacidade for apenas
penal. Somente a emoção pode funcionar como redutor de parcial, o agente é considerado imputável, mas sua pena será
pena. A emoção pode ser causa de diminuição de pena em reduzida de 1/3 a 2/3 (parágrafo único).
alguns crimes, dependendo das circunstâncias (artigos 121,
§1.º, e 129, § 4.º, do Código Penal), ou pode constituir Questões
atenuante genérica (artigo 65, inciso III, alínea “c”, do Código
Penal). Ex: O marido chega em casa e encontra a esposa com 01. (Câmara de Natal – RN - Guarda Legislativo –
outro, comete um homicídio. Foi movido por forte emoção. COMPERVE/2016) Conforme a ideia de imputabilidade penal,
como condição para atribuir a alguém a aplicação de uma pena,
EMBRIAGUEZ (art. 28, II): só pode sofrer a sanção aquele que, ao tempo da infração
Embriaguez é a intoxicação aguda e transitória causada penal, tinha capacidade e autodeterminação para a análise do
pelo álcool ou substancia de efeitos análogos (cocaína, ópio fato. Sobre esse tema, o Código Penal estabelece:
etc), cujas consequências variam desde uma ligeira excitação (A) a pena pode ser reduzida de dois terços, se o agente,
até o estado de paralisia e coma. por embriaguez voluntária, não possuía, ao tempo da ação ou
A embriaguez divide-se em: da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do
a) Embriaguez não acidental: A embriaguez não fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
acidental pode ser voluntária ou culposa. (B) é isento de pena o agente que, por embriaguez,
Voluntária: Ocorre quando o indivíduo ingere substância voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos
tóxica, com o intuito de embriagar-se. análogos, era, ao tempo da ação ou da omissão, totalmente

Noções de Direito Penal 24


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incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar- 05. (TJ-DFT - Analista Judiciário – Psiquiatria –
se de acordo com esse entendimento. CESPE/2015) Para a avaliação da imputabilidade penal, o
(C) a pena pode ser reduzida de um terço, se o agente, em Código Penal brasileiro adota o critério biopsicológico. No que
virtude de perturbação de saúde mental ou por se refere à imputabilidade penal, julgue o item a seguir.
desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de A avaliação da imputabilidade é sempre retroativa.
determinar-se de acordo com esse entendimento ( ) Certo
(D) é isento de pena o agente que, por doença mental ou ( ) Errado
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de 06. (TRE-RS - Analista Judiciário – Administrativa –
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de CESPE/2015) Em relação à imputabilidade penal, assinale a
acordo com esse entendimento. opção correta.
(A) Será isento de pena o agente que, por embriaguez
02. (PC-PE - Escrivão de Polícia – CESPE/2016) Em habitual, não for capaz de entender o caráter ilícito do fato.
relação à imputabilidade penal, assinale a opção correta. (B) Para definir a maioridade penal, a legislação brasileira
(A) Situação hipotética: João, namorado de Maria e por ela seguiu o sistema biopsicológico, ignorando o desenvolvimento
apaixonado, não aceitou a proposta dela de romper o mental do menor de dezoito anos de idade.
compromisso afetivo porque ela iria estudar fora do país, e (C) A embriaguez não acidental e culposa exclui a
resolveu mantê-la em cárcere privado. Assertiva: Nessa imputabilidade no caso de ser completa.
situação, a atitude de João enseja o reconhecimento da (D) Os menores de dezoito anos de idade, por presunção
inimputabilidade, já que o seu estado psíquico foi abalado pela legal, são considerados inimputáveis somente nos casos de
paixão. possuírem plena capacidade de entender a ilicitude do fato.
(B) Na situação em que o agente, com o fim precípuo de (E) Se a embriaguez acidental for completa, acarretará a
cometer um roubo, embriaga-se para ter coragem suficiente irresponsabilidade penal.
para a execução do ato, não se aplica a teoria da actio libera in
causa ou da ação livre na causa. Respostas
(C) Situação hipotética: Elizeu ingeriu, sem saber, bebida 01. D. / 02. C. / 03. B / 04. B. / 05. Certo. / 06. E.
alcoólica, pensando tratar-se de medicamento que costumava
guardar em uma garrafa, e perdeu totalmente sua capacidade
de entendimento e de autodeterminação. Em seguida, entrou 4 Concurso de pessoas.
em uma farmácia e praticou um furto. Assertiva: Nesse caso,
Elizeu será isento de pena, por estar configurada a sua
inimputabilidade. CONCURSO DE PESSOAS (arts. 29 a 31 do Código
(D) Situação hipotética: Paulo foi obrigado a ingerir álcool Penal)
por coação física e moral irresistível, o que afetou
parcialmente o controle sobre suas ações e o levou a esfaquear Segundo Victor Eduardo Rios Gonçalves concurso de
um antigo desafeto. Assertiva: Nesse caso, a retirada parcial da pessoas ocorre quando uma infração penal é cometida por
capacidade de entendimento e de autodeterminação de Paulo duas ou mais pessoas17.
não enseja a redução da sua pena no caso de eventual
condenação. Classificação do delito quanto ao concurso de pessoas:
(E) Situação hipotética: Em uma festa de aniversário, Elias, 1- Concurso eventual ou monossubjetivo: pode ser cometido
no intuito de perder a inibição e conquistar Maria, se por uma ou várias pessoas. É a regra em nosso ordenamento.
embriagou e, devido ao seu estado, provocado pela Ex: homicídio, furto, roubo, estupro, etc.
imprudência na ingestão da bebida, agrediu fisicamente o 2- Concurso necessário ou plurissubjetivo: só pode ser
aniversariante. Assertiva: Nessa situação, Elias não será praticado por número plural de agentes. O concurso é
punido pelo crime de lesões corporais por ausência total de elementar do tipo e se subdivide em 03 tipos:
sua capacidade de entendimento e de autodeterminação. 2.1- De condutas paralelas: as várias condutas auxiliam-se
mutuamente. Ex: quadrilha ou bando.
03. (POLÍCIA CIENTÍFICA – PE - Conhecimentos Gerais 2.2- De condutas contrapostas: as condutas são praticadas
(Perito Papiloscopista e Auxiliar) – CESPE/2016) Constitui umas contra as outras. Ex: crime de rixa.
causa que exclui a imputabilidade a 2.3- De condutas convergentes: as condutas se encontram e
(A) embriaguez preordenada completa proveniente da desse modo nasce o crime. Ex: bigamia.
ingestão de álcool.
(B) embriaguez acidental completa proveniente da Vejamos em separado o concurso eventual:
ingestão de álcool. Pode ser praticado:
(C) embriaguez culposa completa proveniente da ingestão a) Por uma só pessoa (autor);
de álcool. b) Por número plural de pessoas (autor + partícipe ou
(D) emoção. vários autores (coautores)).
(E) paixão.
Alguns conceitos importantes para compreender
04. (TJ-MT - Técnico Judiciário – UFMT/2016) Segundo concursos de pessoas.
o Decreto Lei n.º 2.848 de 7 de dezembro de 1940, Código
Penal, começa a imputabilidade penal aos - Autor:
(A) dezesseis anos. Há várias teorias, entretanto, a que prevalece é a teoria do
(B) dezoito anos. domínio do fato, segundo essa teoria o autor é quem tem o
(C) quatorze anos. domínio final do fato, aquele que tem poder de decisão.
(D) doze anos. ATENÇÃO! só tem aplicação nos delitos dolosos.

17 Victor Eduardo Rios Gonçalves. Direito Penal Parte Geral. Saraiva.

Noções de Direito Penal 25


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APOSTILAS OPÇÃO

Consequências da aplicação da Teoria do Domínio do Fato: Atenção! na dúvida, os dois concorrentes respondem por
a) É autor aquele que, possuindo todo o domínio da tentativa (aplicação do in dubio pro reo).
conduta, pratica diretamente o fato (autor direto ou executor).
b) Também é autor aquele que, mesmo não praticando Segundo o art. 29 do Código Penal todos os envolvidos em
diretamente o fato, possui uma atividade indispensável no um fato criminoso responderam pelo mesmo crime (Teoria
plano global (é o autor ou coautor funcional). Monista ou Unitária).
c) Aquele que se vale de um terceiro (agente instrumento)
para executar o fato também é autor (autor mediato). Comunicabilidade das Elementares e das Circunstâncias
(art. 30):
- Coautor: As circunstâncias e as elementares se subdividem em:
Duas ou mais pessoas praticam ato de execução do crime objetivas (ligadas ao meio, modo de execução) e subjetivas
conjuntamente. (ligadas ao motivo, estado anímico ou condição pessoal do
agente).
# O que é coautor sucessivo? - Circunstâncias: são os dados agregados ao tipo que
A regra é que todos os autores iniciem, juntos, a interferem na pena. Somente as circunstâncias objetivas se
empreitada criminosa. Mas pode acontecer que alguém ou um comunicam aos partícipes, desde que conhecidas por eles.
grupo adira subjetivamente a conduta criminosa depois de
começado o iter criminis. - Elementares: são dados agregados ao tipo que interferem
na tipicidade. As elementares objetivas e as subjetivas se
# É possível a coautoria em crimes de mão própria? comunicam aos partícipes, desde que conhecidas por eles.
Como o tipo penal exige qualidade ou condição especial do
agente só se admite participação. Nota-se que para a comunicação de circunstância e/ou
elementar é imprescindível que o partícipe tenha
- Partícipe: conhecimento da situação.
Partícipe é aquele que não realiza os atos de execução, mas
de alguma forma, concorre, intencionalmente, para o crime.18 Questões

O partícipe será punido segundo a teoria da acessoriedade 01. (TRE-PI - Analista Judiciário – Judiciária –
média ou limitada, ou seja, para que seja punido é fundamental CESPE/2016) A respeito do concurso de pessoas, assinale a
que a conduta principal seja típica e ilícita. opção correta.
(A) As circunstâncias objetivas se comunicam, mesmo que
- Autoria Mediata: o partícipe delas não tenha conhecimento.
É aquele que, sem realizar diretamente a conduta prevista (B) Em se tratando de peculato, crime próprio de
no tipo, comete o fato punível por meio de outra pessoa, usada funcionário público, não é possível a coautoria de um
como seu instrumento. particular, dada a absoluta incomunicabilidade da
circunstância elementar do crime.
Atenção! aproxima-se do conceito de partícipe, mas com (C) A determinação, o ajuste ou instigação e o auxílio não
ele não se confunde, pois não se trata de conduta acessória. são puníveis.
(D) Tratando-se de crimes contra a vida, se a participação
Diferença entre autor mediato e partícipe: for de menor importância, a pena aplicada poderá ser
Autor Mediato Partícipe diminuída de um sexto a um terço.
Não realiza o núcleo do Não realiza o núcleo do (E) No caso de um dos concorrentes optar por participar
tipo tipo de crime menos grave, a ele será aplicada a pena referente a
Comportamento não Comportamento este crime, que deverá ser aumentada mesmo na hipótese de
acessório acessório não ter sido previsível o resultado mais grave.

Requisitos – concurso de pessoas: 02. (PC-PE - Escrivão de Polícia – CESPE/2016) A


a) Pluralidade de agentes. respeito do concurso de pessoas, assinale a opção correta.
b) Relevância causal das várias condutas (A) Em relação à participação no concurso de pessoas, a
c) Liame subjetivo entre os agentes. legislação penal brasileira adota a teoria da acessoriedade
mínima.
Obs.1: é imprescindível a homogeneidade de elementos (B) Situação hipotética: José, gerente de loja, mesmo ciente
subjetivos (não existe participação culposa em crime doloso e de que um dos vendedores subtraía dinheiro do caixa, nada fez
vice versa; só existe participação culposa em crime culposo). para impedir o crime, agindo sem liame subjetivo e intenção
Obs.2: liame subjetivo não significa, necessariamente, de obter vantagem econômica. Assertiva: Nessa situação, o
acordo de vontades, reclamando apenas vontade de participar gerente responderá em coautoria pelo crime de furto, com
e cooperar na ação de outrem. ação omissiva.
(C) Em se tratando de crimes plurissubjetivos, como, por
Saiba mais: exemplo, o crime de rixa, não há que se falar em participação,
Autoria Colateral: Fala-se em autoria colateral quando dois já que a pluralidade de agentes integra o tipo penal: todos são
agentes, embora convergindo suas condutas para a prática de autores.
determinado fato criminoso, não atuam unidos pelo liame (D) Situação hipotética: O motorista João e sua mulher,
subjetivo. Maria, trafegavam por uma rodovia, quando ambos,
Atenção! o agente responsável pelo resultado responde deliberadamente, deixaram de prestar socorro a uma pessoa
por crime consumado; o outro, pela tentativa. gravemente ferida, sem que houvesse risco pessoal para
Autoria Incerta: Nada mais é do que espécie de autoria qualquer um deles. João foi instigado por Maria, que estava no
colateral, porém não se consegue determinar qual dos banco do carona, a não parar o veículo, e, por fim, em acordo
comportamentos causou o resultado. de vontades com Maria, assim efetivamente procedeu.

18 Victor Eduardo Rios Gonçalves. Direito Penal Parte Geral. Saraiva.

Noções de Direito Penal 26


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APOSTILAS OPÇÃO

Assertiva: Nessa situação, João responderá como autor pelo pretensão (pedido para que o réu seja punido por determinado
crime de omissão de socorro e Maria será tida como crime).
inimputável.
(E) Haverá participação culposa em crime doloso na Encontra fundamento no art. 5º, XXXV da Constituição
situação em que um médico, agindo com negligência, fornece Federal: "a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
ao enfermeiro substância letal para ser ministrada a um lesão ou ameaça a direito".
paciente, e o enfermeiro, embora percebendo o equívoco,
decide ministrá-la com a intenção de matar o paciente. Somente o Judiciário pode realizar a jurisdição, sendo
vedado ao particular exercer justiça com as próprias mãos e ao
03. (Câmara Municipal de Atibaia – SP - Advogado - próprio Estado executar diretamente o Direito Penal.
CAIP-IMES/2016) Assinale a alternativa incorreta.
Para que se configure o concurso de pessoas na esfera O Estado (detentor do poder de punir) conferiu ao
penal faz-se mister: Ministério Público ou a vítima a legitimidade para interpor a
(A) a presença de dois ou mais agentes e haver nexo de ação penal, dependendo da modalidade do crime praticado –
causalidade material entre as condutas realizadas. se de ação penal pública ou de ação penal privada (art. 100,
(B) a vontade de obtenção do resultado (vínculo de CP).
natureza psicológica).
(C) o reconhecimento da prática do mesmo delito para O parágrafo 1º desse artigo diz: “a ação pública é
todos os agentes sendo que se antijuridicidade atingir um dos promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei
coautores, se estenderá para os demais. o exige, de representação do ofendido ou de requisição do
(D) o ajuste prévio entre os agentes. Ministro da Justiça”.

04. (PC-PA - Escrivão de Polícia Civil – FUNCAB/2016) 3- Ação Penal Pública e Ação Penal Privada.
Sobre a participação em sentido estrito, é correto afirmar que:
(A) adota-se, no Brasil, a teoria da acessoriedade máxima. a- Ação Penal Pública Condicionada e Incondicionada.
(B) o auxílio material é ato de participação em sentido O art. 129, I da Constituição Federal dispõe que cabe ao
estrito, ao passo em que a instigação é conduta de autor. Ministério Público, privativamente, promover ação penal
(C) assume a condição de participe aquele que executa o pública, na forma da lei. Já o art. 24 do Código Processual Penal,
crime, salvo quando adotada a teoria subjetiva. preceitua que, nos crimes de ação pública, esta será promovida
(D) não há participação culposa em crime doloso. por denúncia do Ministério Público, dependendo, quando
(E) na teoria do domínio do fato, partícipe é a figura central exigido por lei, de requisição do ministro da Justiça ou de
do acontecer típico. representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para
representá-lo.
05. (PC-PA - Papiloscopista – FUNCAB/2016) Sobre a Da leitura desses dois artigos extraímos a distinção entre
participação em sentido estrito, é correto afirmar que: ação penal pública condicionada e incondicionada.
(A) adota-se, no Brasil, a teoria da acessoriedade máxima.
(B) o auxílio material é ato de participação em sentido Será incondicionada quando promovida pelo Ministério
estrito, ao passo em que a instigação é conduta de autor. Público sem que haja necessidade de manifestação de
(C) não há participação culposa em crime doloso. vontade da vítima ou de outra pessoa, e condicionada
(D) na teoria do domínio do fato, partícipe é a figura central quando depender da representação da vítima ou da
do acontecer típico. requisição o Ministro da Justiça para a interposição da
(E) assume a condição de participe aquele que executa o ação.
crime, salvo quando adotada a teoria subjetiva.
Dica! Quando a ação penal for condicionada, a lei o dirá
Respostas expressamente, trazendo, em geral ao fim do artigo, o preceito
01. D. / 02. C. / 03. D / 04. D. / 05. C de que somente proceder-se-á mediante representação.

O que vem a ser representação?


5 Ação penal. Nada mais é que uma espécie de pedido-autorização por
meio do qual o ofendido ou seu representante legal expressam
o desejo de instauração da ação, autorizando a persecução
DA AÇÃO PENAL (arts. 100 a 106 do Código Penal) penal. É necessária até mesmo para abertura de inquérito
policial.
1- Conceito: é o procedimento judicial iniciado pelo titular
da ação quando há indícios de autoria e de materialidade, a fim Com o advento da Lei nº 9.099/95, Lei dos Juizados
de que o juiz declare procedente a pretensão punitiva estatal e Especiais, os crimes de lesões corporais leves e lesões culposas
condene o autor da infração penal19. também passaram a ser de ação pública condicionada. A
representação é irretratável. É um direito da vítima e pode
2- Características da ação penal. ser exercido por ela ou por seu representante legal, ou, ainda,
a) autônomo: distinto do direito material (direito de por procurador (da vítima ou do seu representante legal) com
punir); poderes especiais, mediante declaração escrita ou oral. Esta
b) abstrato: independe da existência do direito material e, representação não há de necessariamente ser feita por
portanto, da sentença favorável; intermédio de profissional dotado de capacidade postulatória,
c) público: exercido perante o Estado para a invocação da por tratar-se de figura processual.
tutela jurisdicional;
d) subjetivo: dado potencialmente a qualquer pessoa; Outra condição de procedibilidade, a requisição do
e) instrumentalmente conexa a uma situação concreta: a Ministro da Justiça é um ato administrativo, discricionário e
ação, quando exercida, contém necessariamente uma irrevogável, que deve conter a manifestação de vontade para

19 Direito Penal Esquematizado. Parte Geral. André Estefam e outro. Saraiva.

Noções de Direito Penal 27


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APOSTILAS OPÇÃO

instauração da ação penal, com menção do fato criminoso, a prescrição). A decadência extingue o direito de ação (queixa)
nome e qualidade da vítima, nome e qualificação do autor do e o direito de representação (nas ações públicas
crime etc., embora não exija forma especial. condicionadas).
Trata-se de prazo de direito material contado de acordo
Atende a razões de ordem política, que levam à com o artigo 10 do Código Penal, computando-se o dia do
dependência de uma ordem ministerial determinados casos começo e excluindo-se o do final; não se prorroga se terminar
elencados no Código Penal, a seguir enumerados: nos crimes no domingo ou feriado. Interrompe-se com o oferecimento da
contra a honra praticados contra o Presidente da República ou queixa, e não com o seu recebimento. O recebimento
chefe de governo estrangeiro, nos delitos praticados por interrompe a prescrição.
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, e, ainda, em A decadência do direito de queixa subsidiária não extingue
determinados crimes praticados através da imprensa. a punibilidade, só extingue o direito de ação, portanto, o
Ministério Público pode oferecer a denúncia a qualquer tempo,
Assim como a representação, a requisição não implica a mesmo após os seis meses.
obrigatoriedade da propositura da ação pelo Ministério
Público. A requisição pode ser feita a qualquer tempo, até que 4- Princípios da ação penal pública.
seja extinta a punibilidade do agente infrator. a- Princípio da obrigatoriedade: presentes as condições da
ação penal e havendo justa causa o Ministério Público é
O prazo para se exercer o direito de representação é obrigado a oferecer denúncia.
decadencial de seis meses, contados a partir do dia em que a Esse princípio é mitigado pelo princípio discricionariedade
vítima ou o seu representante legal tomar conhecimento da regrada presente nas ações penais de menor potencial
autoria do crime. ofensivo (Lei nº 9.099/95), previstos os requisitos do art. 76
dessa lei há a possibilidade de oferecimento de proposta de
Em se tratando de vítima menor de idade, o prazo contará transação penal.
para seu representante legal a partir do dia em que tomar
conhecimento do fato, desde que tal não se venha a dar após o b- Princípio da indisponibilidade: instalada a ação penal seu
representado atingir a maioridade. Neste caso, em que o titular não poderá desistir.
representante legal, ignora o fato acontecido, o prazo passará
a ser contado a partir do momento em que a vítima atingir a c- Princípio da Intranscendência: a peça acusatória só pode
maioridade. ser oferecida em face do suposto autor ou partícipe do fato
delituoso.
Em se tratando de doente mental, isto, obviamente, não se
aplica, pois a representação legal não cessa até que cesse a d- Princípio da Oficialidade: o órgão titular para promover
incapacidade; logo, o prazo não poderá fluir para a vítima, pois ação penal é um órgão público, o Ministério Público.
se ela não pode exercer o direito, como iria este prescrever.
e- Princípio da Divisibilidade: oferecimento da denúncia em
B- Ação Penal Privada: É a ação proposta pelo ofendido face de um dos autores do crime não exclui a possibilidade de
ou seu representante legal. O Estado, titular exclusivo do propositura de ação penal em face dos demais autores, sendo
direito de punir (artigo 129, inciso I, da Constituição Federal), possível o aditamento da denúncia, para a inclusão de corréu,
por razões de política criminal, outorga ao ofendido o direito e até mesmo a propositura de nova ação em face de corréu não
de ação. O ofendido, em nome próprio, defende o interesse do incluído inicialmente em processo já sentenciado.
Estado na repressão dos delitos.
6- Princípios Ação Penal Privada.
Espécies de Ação Penal Privada:
Ação penal exclusivamente privada: é aquela proposta pelo a- Princípio da Oportunidade: mediante critérios próprios
ofendido ou seu representante legal, que permite, no caso de de oportunidade ou conveniência, cabe ao ofendido optar pelo
morte do ofendido, a transferência do direito de oferecer oferecimento (ou não) da queixa-crime.
queixa ou prosseguir na ação ao cônjuge, ao ascendente, ao
descendente ou ao irmão (artigo 31 do Código de Processo b- Princípio da Disponibilidade: Significa que o querelante
Penal). pode dispor do processo em andamento.
Ação penal privada personalíssima: é aquela que só pode
ser promovida única e exclusivamente pelo ofendido. c- Princípio da Indivisibilidade: o processo de um dos
Exemplo: adultério (artigo 240 do Código Penal), induzimento coautores ou partícipes obriga ao processo de todos.
a erro essencial (artigo 236, parágrafo único, do Código Penal).
Assim, falecendo o ofendido, nada há que se fazer a não ser 7- Denúncia e Queixa.
aguardar a extinção da punibilidade do agente. a- Requisitos da Denúncia (artigo 41 do Código de
Ação penal privada subsidiária da pública: aquela proposta Processo Penal)
pelo ofendido ou por seu representante legal na hipótese de - Endereçamento;
inércia do Ministério Público em oferecer a denúncia. - Descrição completa dos fatos em todas as circunstâncias;
Conforme entendimento pacífico do Supremo Tribunal - Classificação jurídica dos fatos;
Federal, a ação subsidiária não tem lugar na hipótese de - Qualificação do denunciado;
arquivamento de inquérito policial. - Rol de testemunhas;
- Pedido de condenação;
Prazo - Nome, cargo e posição funcional do denunciante;
Em regra, o prazo para o oferecimento da queixa é de 6 - Assinatura;
(seis) meses a contar do conhecimento da autoria. Tratando-
se de ação penal privada subsidiária, o prazo será de seis b- Denúncia alternativa é a descrição alternativa de fatos,
meses a contar do encerramento do prazo para o Ministério de maneira que, não comprovado o primeiro fato, pede-se a
Público oferecer a denúncia. É um prazo decadencial, pois seu condenação do segundo subsidiariamente (princípio da
decurso leva à extinção do direito de queixa. A decadência não eventualidade). A denúncia alternativa é inepta, pois
extingue o direito de punir (o que leva tal direito à extinção é inviabiliza o direito de defesa.

Noções de Direito Penal 28


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APOSTILAS OPÇÃO

narrado é atípico ou que está acobertado por causa de exclusão


c- Requisitos da queixa. de ilicitude, porque falta uma condição da ação – uma
São os mesmos requisitos da denúncia, acrescida a verdadeira impossibilidade jurídica do pedido. O artigo 43,
formalidade do artigo 44 do Código de Processo Penal. Na inciso I, do Código de Processo Penal faz coisa julgada material
procuração, devem constar os poderes especiais do (não pode ser oferecida a denúncia novamente).
procurador, o fato criminoso e o nome do querelado. A
finalidade de a procuração outorgada pelo querelante conter o - Quando já estiver extinta a punibilidade do agente:
nome do querelado e a descrição do fato criminoso é a de fixar Falta uma condição da ação, que é o interesse de agir. Faz coisa
eventual responsabilidade por denunciação caluniosa no julgada material (artigo 43, inciso II, do Código de Processo
exercício do direito de queixa. O Superior Tribunal de Justiça Penal).
já decidiu que a assinatura do querelante na queixa, em
conjunto com seu advogado, isentará o procurador de - Ilegitimidade de parte: Quando se verifica impertinência
responsabilidade por eventual imputação abusiva, não sendo, subjetiva da ação (artigo 43, inciso III, do Código de Processo
nessa hipótese, necessária procuração. Penal). Ocorre, por exemplo, quando o Ministério Público
oferece queixa em ação privada. Haverá também ilegitimidade
d- Omissões quando um menor de 18 anos ingressar com a queixa em uma
Podem ser suprimidas até a sentença (artigo 569 do ação privada. Nesse caso, opera-se a chamada ilegitimidade ad
Código de Processo Penal). processum (incapacidade processual).

e- Prazo para a Denúncia (artigo 46 do Código de - Quando faltar condição de procedibilidade: Exemplo:
Processo Penal) apresentar a denúncia sem representação quando esta for
O prazo é de 15 dias se o indiciado estiver solto. Se estiver exigida por lei (artigo 43, inciso III, 2.ª parte, do Código de
preso, o prazo é de 5 dias. O excesso de prazo não invalida a Processo Penal).
denúncia, podendo provocar o relaxamento da prisão.
- Quando faltar justa causa para a denúncia: É preciso
Prazos especiais: um mínimo de lastro da existência do crime ou sua autoria
- crime eleitoral: 10 dias; (artigo 648, inciso I, do Código de Processo Penal).
- crime contra a economia popular: 2 dias;
- abuso de autoridade: 48 horas; 9- Renúncia.
- crime previsto na lei de tóxico: 10 dias. Ato unilateral do ofendido (ou seu representante legal),
abdicando do direito de promover a ação penal privada,
f- Prazo para a Queixa (artigo 38 do Código de Processo extinguindo-se por consequência, o direito de punir do Estado.
Penal) É a desistência de propor ação penal privada.
Seis meses, contados do dia em que o ofendido vier a saber
quem é o autor do crime. No caso de ação penal privada Características da Renúncia:
subsidiária, o prazo será de seis meses, a contar do - Em regra só é cabível na ação penal privada, contudo,
esgotamento do prazo para o oferecimento da denúncia. excepcionalmente é cabível na ação penal pública
condicionada a representação, nos crimes de menor potencial
g- Aditamento da Queixa ofensivo (art. 74 da Lei 9099/95);
O Ministério Público pode aditar a queixa para nela incluir - É um instituto pré-processual (ocorre antes do
circunstâncias que possam influir na caracterização do crime oferecimento da denúncia ou queixa);
e na sua classificação, ou ainda na fixação da pena (artigo 45 - Obsta a formação do processo penal;
do Código de Processo Penal). - Renunciando, expressa ou tacitamente, o direito de
O Ministério Público não poderá incluir na queixa outros queixa não pode ser exercido (art. 104 do CP);
ofensores se o querelante optou por não processar os demais, - A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo
pois estaria invadindo a legitimidade do ofendido. Nesse caso, ofendido, por seu representante legal, ou procurador com
de não inclusão injustificada, há renúncia tácita do direito de poderes especiais (art. 50 do CPP);
queixa e consequente extinção da punibilidade dos que não - A renúncia do representante legal do menor, não privará
foram processados, que se estende aos querelados, por força este do direito de queixa quando completar 18 anos, nem a
do princípio da indivisibilidade (artigo 48 do Código de renúncia do último excluirá o direito do primeiro (Súmula 594
Processo Penal). No caso de não inclusão justificada do STF);
(desconhecimento da identidade do coautor, por exemplo), - A renúncia tácita é a prática de ato incompatível com a
não se trata de renúncia tácita. Tão logo se obtenham os dados vontade de exercer o direito de queixa (ex. nas infrações de
identificadores necessários, o ofendido deverá aditar a queixa menor potencial ofensivo, a composição civil gera a renúncia
incluindo o indigitado, sob pena de, agora sim, incorrer em tácita);
renúncia tácita extensiva a todos. - Segundo o parágrafo único do art. 104, CP, não implica em
O prazo para aditamento da queixa pelo Ministério Público renúncia tácita o fato do ofendido receber indenização do dano
é de três dias, a contar do recebimento dos autos pelo órgão causado pelo crime;
ministerial. Aditando ou não a queixa, o Ministério Público - No concurso de agentes, a renúncia ao direito de queixa
deverá intervir em todos os termos do processo, sob pena de em relação a um dos autores do crime, a todos estenderá,
nulidade. importando em renúncia tácita (Princípio da Indivisibilidade,
Tratando-se de ação penal privada subsidiária da pública, art. 49 do CPP);
o Ministério Público poderá, além de aditar a queixa, repudiá- - Havendo 2 vítimas, a renúncia de uma não prejudica o
la, oferecendo denúncia substitutiva (artigo 29 do Código de direito da outra, possuindo cada qual direitos autônomos;
Processo Penal). - No caso de morte da vítima, a renúncia do direito de
queixa por parte de um dos seus sucessores não impede a
8- Causas de Rejeição da Denúncia ou Queixa. propositura da ação penal pelos demais, respeitado o prazo
legal;
- Quando o fato narrado evidentemente não constituir - É ato unilateral, independe da vontade do querelado.
crime: O juiz rejeitará a denúncia quando concluir que o fato

Noções de Direito Penal 29


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10- Perdão. (B) O princípio da indivisibilidade determina que a ação


O perdão do ofendido é ato bilateral, pelo qual o ofendido penal pública incondicionada abranja todos os crimes
ou seu representante legal, desiste de prosseguir com o praticados em concurso formal.
andamento do processo já em curso, desculpando o ofensor (C) O princípio da intranscendência determina que a ação
pela prática do crime, dependendo de aceitação do ofendido. É penal incondicionada seja sempre promovida apenas contra as
a desistência do prosseguimento da ação penal privada pessoas a quem se impute a prática de uma infração.
propriamente dita. (D) O princípio da oficialidade determina que a ação penal
pública incondicionada seja intentada preferencialmente pelo
Características do Perdão: MP, órgão oficial do Estado.
- Cabível somente na Ação Penal Privada; (E) O princípio da indisponibilidade determina que o MP
- Pode ser processual ou extraprocessual; pode desistir da ação penal pública incondicionada até a
- Pode ser expresso ou tácito; edição da sentença.
- É ato bilateral, sendo indispensável que o perdão seja
aceito expressa ou tacitamente pelo querelado; 03. (MPE-RJ - Analista do Ministério Público –
- Tanto o perdão quanto a aceitação são atos Processual – FGV/2016) Promotor de Justiça com atribuição
incondicionais (perdoa-se sem exigências, aceita-se sem recebe autos de inquérito policial em que se apura a prática do
condições); crime de estupro de vulnerável, crime este de ação penal
- Pode ser oferecido depois do início da ação penal, até o pública incondicionada. Entendendo que não há prova de que
trânsito em julgado da sentença (não é admissível o perdão o crime ocorreu, 05 dias após receber os autos, promove pelo
depois de transitada em julgado a sentença); arquivamento, encaminhando o inquérito para homologação
- O perdão concedido a qualquer dos querelados a todos do magistrado. Tomando conhecimento dessa informação, a
aproveita; avó da vítima apresenta queixa em ação penal privada
- O perdão concedido por um dos querelantes não subsidiária da pública. Considerando o fato narrado, é correto
prejudica o direito do outro. afirmar que tal queixa:
(A) deve ser recebida e, em caso de negligência do
Do exposto dá para perceber que os dois institutos são bem querelante, deve ser reconhecida a perempção;
semelhantes. A única grande diferença entre ambos é que a (B) não deve ser recebida, tendo em vista que o instituto
renúncia ocorre antes do ajuizamento da ação e o perdão, da ação penal privada subsidiária da pública não foi
depois. recepcionado pela Constituição de 1988;
Tanto a renúncia como o perdão podem ser expressos ou (C) deve ser recebida, podendo o Ministério Público
tácitos. Expressos, quando ocorrem por meio de declaração oferecer denúncia substitutiva ou aditar a queixa;
escrita e assinada pelo ofendido ou por seu procurador, com (D) não deve ser recebida, pois não houve omissão do
poderes especiais (não obrigatoriamente advogado). Tácitos, Ministério Público;
quando o querelante praticar atos incompatíveis com o desejo (E) deve ser recebida e, em caso de negligência do
de processar o ofensor (art. 104, parágrafo único, 1.ª parte, e querelante, o Ministério Público deverá assumi-la como parte
art. 106, § 1.º, CP). Ex.: reatamento de amizade, não se principal, já que não perde natureza de ação pública.
incluindo nisso as relações de civilidade ou profissionais.
É preciso salientar a indivisibilidade da ação penal: 04. (MPE-RJ - Técnico do Ministério Público -
havendo renúncia no tocante a um, atinge todos os querelados Notificações e Atos Intimatórios – FGV/2016) Determinada
(art. 49, CPP), exceto quando não conhecida a identidade de vítima de um crime de injúria, ou seja, delito de ação penal
um deles. O mesmo ocorre quanto ao perdão. No caso de dois privada, comparece ao Ministério Público e solicita reunião
titulares do direito de representação, a renúncia de um não com o promotor de justiça para esclarecimentos. Na ocasião,
afeta o direito do outro. O mesmo acontece no tocante ao narra que identificou serem duas as autoras do crime, Joana e
perdão: a concessão feita por um dos querelantes não afeta o Carla, que confessaram. Entretanto, como Joana é amiga de sua
direito dos demais. filha, a vítima não tem interesse em oferecer queixa em face da
Na hipótese do art. 31 do CPP, no entanto, o perdão mesma, mas somente contra Carla. Considerando os princípios
concedido por um sucessor deve contar com a concordância aplicáveis às ações penais privadas e a situação exposta,
dos demais. Afinal, se dois quiserem acionar, o juiz deve deverá o promotor esclarecer que:
respeitar a ordem do art. 31, e não seria justo que o cônjuge (A) aplica-se o princípio da obrigatoriedade às ações
ingressasse com a ação penal para, dois dias depois, por penais privadas, de modo que a queixa deverá ser formulada
exemplo, perdoar o querelado. em face das duas autoras;
(B) aplica-se o princípio da oportunidade às ações penais
Questões privadas, razão pela qual poderá a vítima formular queixa
apenas em face de uma das autoras do crime;
01. (EGEP-MA - Técnico da Receita Estadual – (C) o princípio da indivisibilidade é exclusivo das ações
FCC/2016) Nas ações penais em que a lei exige a penais públicas, já que o promotor está sujeito ao princípio da
representação do ofendido, a retratação pode ocorrer obrigatoriedade;
enquanto NÃO: (D) aplica-se o princípio da disponibilidade às ações penais
(A) oferecida a denúncia. privadas, razão pela qual poderá a vítima formular queixa
(B) julgada a ação penal. apenas em face de uma das autoras do crime;
(C) concluído o inquérito policial. (E) aplica-se o princípio da oportunidade às ações penais
(D) oferecida a queixa crime. privadas, mas a renúncia em relação a um dos autores do crime
(E) pronunciado o acusado. se estende aos demais.

02. (POLÍCIA CIENTÍFICA – PE - Conhecimentos Gerais 05. (IPSMI - Procurador – VUNESP/2016) Caio, jovem de
– CESPE/2016) No que se refere aos princípios da ação penal 18 anos, não aceitando o namoro da mãe com Mévio, em
pública incondicionada, assinale a opção correta. coautoria com Tício, seu amigo de infância, no dia 30 de abril
(A) O princípio da obrigatoriedade impõe ao MP o dever de de 2015, munidos de dois megafones, dirigiram-se ao local
promover a ação penal pública incondicionada quando este onde Mévio trabalhava e lá passaram a relatar fatos e
considerá-la conveniente para a sociedade. circunstâncias íntimas do namorado da mãe, especialmente,

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que ele havia sido traído pela ex-mulher, tendo descoberto exposto não é taxativo, pois existem outras causas extintivas
recentemente não ser o pai biológico da filha. Mévio, de punibilidade previstas na parte especial do Código Penal e
envergonhado com o episódio, largou o emprego e em leis especiais. Extingue-se a punibilidade:
desmanchou o namoro. Em consideração à ex-namorada, - Pela morte do agente;
Mévio decide perdoar Caio do crime contra a honra praticado. - Pela anistia, graça ou indulto;
Contudo, em relação a Tício, deseja que ele seja processado e - Pela retroatividade de lei que não mais considera o fato
exemplarmente punido pela vergonha infligida. A respeito da como criminoso;
situação retratada, assinale a alternativa correta. - Pela prescrição, decadência ou perempção;
(A) Tendo sido vítima de crime contra a honra, Mévio - Pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito,
deverá representar em face de Tício, a fim de que ele seja nos crimes de ação privada;
processado e, ao final, condenado pelo crime praticado. - Pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
(B) Tendo sido vítima de crime contra a honra, Mévio - Pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
deverá propor queixa-crime em face de Tício, até o dia 30 de
outubro de 2015, sob pena de decair do direito de processá-lo. 1) Morte do Agente: O juiz de posse da certidão de óbito
(C) Tendo Mévio perdoado Caio, não poderá representar do agente, após ouvir o Ministério Público, decretará a
Tício, pois, em se tratando de crime de ação penal pública extinção punibilidade. Esta certidão deve ser expedida pelo
condicionada, o perdão concedido a um dos ofensores a todos Cartório de Registro Civil.
aproveita.
(D) Tendo Mévio perdoado Caio, não poderá ofertar 2) Anistia, graça ou indulto: Nesses institutos o Estado,
queixa-crime em face de Tício, pois, em se tratando de crime por razões de política criminal, abdica de seu direito de punir,
de ação penal privada, o perdão concedido a um dos ofensores em nome da pacificação social. Os crimes hediondos e
a todos aproveita. assemelhados não estão sujeitos à anistia, graça ou indulto.
(E) O perdão concedido a Caio não obsta o direito de Mévio Assim se define os três institutos:
processar Tício pelo crime praticado, devendo exercê-lo até o a) anistia – Consiste na decisão do Estado de não punir as
dia 29 de outubro de 2015, sob pena de decadência. pessoas já condenadas ou que podem vir a ser condenadas por
certos atos praticados, que são tipificados penalmente. Ela tem
06. (Prefeitura de Paulínia – SP - Guarda Municipal – como objetivo evitar a punição, para os casos em que já houve
FGV/2015) Bruna, em razão de uma briga com sua mãe, foi a condenação penal pelo tribunal. Trata-se de uma clemência
morar na residência de sua tia Lucia, de 50 anos de idade, irmã soberana concedida por lei para atingir todos que tenham
de seu pai. Após 04 meses morando no local, Bruna subtrai, praticado determinado delito. A anistia divide-se em própria
sem autorização, a motocicleta de Lucia, que ela nunca deixou ou imprópria, irrestrita ou parcial, incondicionada e
a sobrinha usar, e foge para outra cidade juntamente com seu condicionada.
namorado. A tia, chateada com a situação, apenas conta o fato b) indulto – é concedido a determinado grupo de
para a mãe de Bruna, mas afirma que nada fará do ponto de condenado de forma coletiva. Sua concessão compete ao
vista criminal ou civil, pois gosta muito da sobrinha. O Presidente da República, que pode delegá-la;
ocorrido, porém, chega ao conhecimento do Ministério c) graça – é concedida em caráter individual para benefício
Público, que oferece denúncia em face de Bruna pela prática de determinado agente.
do crime de furto. Nessa situação, o promotor de justiça agiu:
(A) corretamente, pois, no caso, é irrelevante a condição da 3) Abolitio criminis: Quando a lei pela sua retroatividade
vítima e seu interesse na persecução penal; não mais considera determinado fato criminoso como delito. A
(B) de maneira incorreta, pois o crime praticado por Bruna lei penal discriminaliza determinada conduta. Pode ocorrer
foi de estelionato; antes ou depois da condenação e apaga todos os efeitos penais.
(C) de maneira incorreta, pois a ação penal, no caso, é
pública condicionada à representação; 4) Decadência: Quando o ofendido ou seu representante
(D) de maneira incorreta, pois não é punível o crime legal perde o direito de oferecer a queixa, nos crimes de ação
patrimonial praticado em detrimento da tia; penal privada. Em regra, o prazo é de 6 meses.
(E) corretamente, pois a vítima tinha mais de 50 anos, o
que impede a aplicação das escusas absolutórias. 5) Prescrição: Quando o Estado não exerce a pretensão
punitiva ou a pretensão executória após o decurso de
07. (CESPE) No que se refere a concurso de pessoas, determinado período de tempo. A tabela com os prazos
aplicação da pena, medidas de segurança e ação penal, julgue prescricionais consta no artigo 109 do CP.
os itens a seguir.
Salvo disposição expressa em contrário, o direito de queixa 6) Perempção: É uma sanção aplicada ao querelante, em
ou de representação do ofendido decai no prazo de seis meses, virtude da perda do direito de prosseguir na ação penal
contado do dia em que tiver ocorrido o crime. privada, por inércia ou negligência processual. Esse instituto é
( ) Certo aplicado exclusivamente nas ações penais privadas. A
( ) Errado perempção só pode ocorrer depois de recebida a queixa e até
Respostas o trânsito em julgado do processo penal.
01. A. / 02. C. / 03. D. / 04. E. / 05. D.
06. C. / 07. Errado. 7) Renúncia: Ato unilateral em que o ofendido abdica do
seu direito de oferecer a queixa. Instituto exclusivo da ação
penal privada. A renúncia só pode ocorrer antes do
6 Extinção da punibilidade. recebimento da queixa. Não necessita da concordância do
ofendido.

CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 8) Perdão do ofendido: O ofendido (querelante) desiste


do prosseguimento da ação penal privada, desculpando o
Causas extintivas da punibilidade são causas que fazem autor da ofensa (querelado) pela infração penal praticada. É
desaparecer o direito punitivo do Estado, impedindo-o de concedido no decorrer da ação penal privada. Ele pode ser
iniciar ou prosseguir com a persecução penal. O rol a seguir processual ou extraprocessual. O perdão oferecido a um dos

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querelados aproveitará os demais. Quando houver mais de um A prescrição não pode ser confundida com a decadência,
querelante, o perdão por parte de um deles, não prejudicará o que é a perda do direito de ação, nem com a perempção, perda
direito do outro continuar a ação. do direito de prosseguir no processo.
A prescrição pode ser declarada de ofício, a requerimento
9) Retratação do agente: Ocorre quando o agente admite da parte, em qualquer fase do processo, sendo possível a
que praticou o fato criminoso erroneamente. É admitida nos obtenção de sua declaração através de "habeas corpus" ou de
crimes de calúnia, difamação, falso testemunho e falsa perícia. revisão e, no caso de requerimento, ao requerente cumpre o
A retratação deve ocorrer antes da sentença condenatória de ônus da prova.
primeira instância. Os crimes de racismo ou ação de grupos armados contra a
ordem constitucional são imprescritíveis.
10) Perdão judicial: Causa extintiva de punibilidade por
meio da qual o juiz, diante de certos requisitos previstos em Prazos da prescrição do direito de punir: previsão: artigo
lei, renuncia o direito de punir, geralmente fundado na 109, que leva em conta o máximo da pena estabelecida para o
desnecessidade da pena. O Juiz reconhece a prática do fato crime, da seguinte forma: Se o máximo da pena for superior a
delituoso, mas deixa de aplicar a pena. A sentença concessiva 12 anos, a prescrição se opera em vinte anos. Se é superior a
do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, oito anos, não excedendo a 12, a prescrição ocorre em 16 anos.
não subsistindo qualquer efeito condenatório. Pena superior a 04 anos e não superior a 08, prescrição em 12
anos. Pena superior a 02 anos, não excedendo a quatro,
A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, prescrição em 08 anos. Para pena igual a 01 ano que não
elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro não supere 02, prescrição em quatro anos. Se a pena for inferior a
se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da um ano a prescrição se opera em 03.
punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a Para apuração do máximo da pena devem ser consideradas
agravação da pena resultante da conexão. as causas de aumento e diminuição de pena, inclusive as
qualificadoras.
Vejamos o Código Penal: Existe possibilidade de aplicação de penas cumuladas
(detenção e multa), ou ainda de regimes diversos (reclusão e
Extinção da punibilidade detenção). Neste caso, ocorrendo a prescrição em relação a
pena mais grave, automaticamente estará prescrita a pena
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: mais leve. Quando a multa é a única cominada a prescrição
I - pela morte do agente; ocorre em dois anos.
II - pela anistia, graça ou indulto; Nos casos de concurso de crimes a prescrição terá por base
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato a pena cominada a cada crime separadamente.
como criminoso; O prazo da prescrição é contado na forma do artigo 10 do
IV - pela prescrição, decadência ou perempção; C.P., incluindo o dia do início, não estando sujeito a suspensão
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, por férias domingos e feriados, sendo também improrrogável.
nos crimes de ação privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a Prazo da prescrição da pretensão executória: previsão
admite; artigo 110. Os limites 20, 16, 12, 08, 04 e 03 anos continuam a
VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) valer, entretanto, considera-se a pena concretamente aplicada,
VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) havendo um aumento de 1/3 no prazo da prescrição, caso o
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. condenado seja reincidente.
No caso de concurso material, as penas serão consideradas
Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é isoladamente, não havendo, portanto, o cúmulo material, para
pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante efeito da prescrição. Se for concurso formal ou crime
de outro não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da continuado, será utilizada somente a pena de um dos crimes,
punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a sem a exacerbação.
agravação da pena resultante da conexão. Fugindo o condenado ou sendo revogado o "sursis" ou o
livramento condicional, a prescrição se regulará pelo restante
PRESCRIÇÃO da pena. O tempo de prisão provisória deve ser descontado
para efeito da prescrição.
PRESCRIÇÃO: É a perda do direito de punir do Estado pelo A medida de segurança estará prescrita no prazo
decurso do tempo. estipulado de acordo com a pena fixada em abstrato, salvo no
Decorrido certo tempo, desaparece o interesse do Estado caso de substituir a privativa de liberdade, que será regulada
em punir o autor do crime, principalmente porque se torna pela pena aplicada e substituída.
esquecido.
Podem ser apresentadas duas espécies de prescrição. A Redução dos prazos: Ocorre nos casos de menores de 21 e
primeira delas é a PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA, maiores de 70 anos de idade, pela metade, matéria que já foi
que ocorre antes do trânsito em julgado da sentença, tendo estudada.
por base a espécie do crime praticado e o máximo da pena
estipulada em abstrato, fazendo apagar todas as Início do prazo da prescrição da pretensão punitiva:
consequências da prática do crime, como se ele não tivesse Previsão, artigo 111 do C.P.
sido praticado. 01- Dia da consumação do delito. Nos crimes formais ou de
A segunda espécie ocorre após o trânsito em julgado da mera conduta, que não necessitam de resultado material, no
sentença, denominada PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO dia em que ocorreu a ação ou omissão. Nos qualificados, a
EXECUTÓRIA. Havendo uma sentença condenatória tem o partir da ocorrência da qualificadora.
Estado um título a ser executado (cumprimento da pena), que 02- No caso de crime tentado, no dia em que se praticou o
deve ocorrer dentro de determinado tempo, estabelecido com último ato executório.
base na pena concretamente aplicada e que, não sendo 03- Nos crimes permanentes, no dia em que esta cessar.
executada, perde a força, extinguindo, como consequência, a Caso não cesse, o prazo da prescrição passa a correr do dia em
pena, permanecendo os efeitos secundários da condenação. que se instaura o inquérito policial ou a ação penal.

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04- Nos crimes de bigamia e nos de falsificação de As causas acima se referem ao prazo da prescrição
assentamentos do registro civil, por geralmente ficarem punitiva, havendo casos em que o prazo da prescrição
ignorados por muito tempo, o prazo da prescrição passa a executória, como o tempo em que o condenado está preso por
correr do dia em que o fato se torna conhecido. outro motivo, também suspende a prescrição.
05- Nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e Embora não haja previsão legal, no período de prova do
adolescentes, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) "sursis", haverá também a suspensão do prazo de prescrição,
anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação pois o estado, durante este período não pode executar a pena.
penal.
Prescrição intercorrente: Já definidas a prescrição da
Início do prazo da prescrição da pretensão executória: pretensão punitiva e executória, espécies já apresentadas,
artigo 112 do C.P. resta examinar as hipóteses em que se opera a prescrição da
01- Do dia em que transitou em julgado a sentença para a pretensão punitiva, mesmo após proferida a sentença.
acusação, pois, não poderá mais haver aumento da pena. Estabelece o legislador que, transitada em julgado a sentença
Também é termo inicial a data da publicação da decisão que para a acusação (fato que impede o aumento da pena) ou se
revoga o "sursis" ou o livramento condicional. improvido o recurso interposto pela acusação, a prescrição
02- Inicia-se também a prescrição da pretensão executória terá por base a pena aplicada na sentença havendo a extinção
quando a execução da pena é interrompida, salvo o caso de da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva, se o
superveniência de doença mental. prazo decorreu entre o trânsito em julgado para a acusação, ou
No caso da pena de multa, quando for a única aplicada, o improvimento do seu recurso e o trânsito em julgado para a
inicia-se o prazo no dia do trânsito em julgado da sentença. Se defesa ou o julgamento de seu recurso, opera-se a prescrição
tratando de aplicação cumulativa, inicia-se o prazo a partir da intercorrente, devendo o prazo obedecer ao aumento de 1/3
extinção das outras penas. previsto para o caso de reincidência. Por exemplo: "pena
aplicada de 2 anos por furto, da qual recorre apenas a defesa.
Interrupção do prazo de prescrição da pretensão punitiva: Se a sentença não transitar em julgado em menos de 4 anos,
artigo 117. Existem causas que interrompem o prazo prescreve. Entretanto, se o Ministério Público recorrer, mas
prescricional e, ocorrendo tal fato, um novo prazo passará a tiver insucesso no seu apelo, o prazo para a prescrição
correr, por ter o Estado, de alguma forma, demonstrado sua intercorrente corre da mesma forma, tal como se não tivesse
intenção de punir. havido o recurso."
São causas que interrompem a prescrição da pretensão Geralmente, esta prescrição ocorre durante a tramitação
punitiva: do recurso especial ou extraordinário. Essa prescrição tem
01- Recebimento da denúncia e da queixa. como destinatário o tribunal – se o tribunal demorar muito
02- Pela pronúncia: ato através do qual se remete o agente para julgar o recurso irá prescrever.
a julgamento pelo Tribunal do Júri, mesmo havendo
desclassificação do crime. Prescrição retroativa: Ocorre a prescrição retroativa
03- Pela decisão confirmatória da pronúncia. quando se verifica que o prazo, calculado pela pena em
04- Pela sentença condenatória recorrível, salvo quando concreto se escoou entre a data do fato e o recebimento da
for anulada, da mesma forma o acórdão recorrível também denúncia, entre a denúncia e a sentença condenatória, com o
interrompe o prazo de prescrição, quando reforma a aumento de 1/3 para a reincidência.
absolvição. Se o recurso da acusação for provido, havendo aumento da
Em relação à sentença que concede o perdão judicial, se pena, não ocorrerá a prescrição intercorrente.
entendida como condenatória, interrompe o prazo de Esta espécie de prescrição pode ser declarada em grau de
prescrição, se declaratória, não. recurso, por "habeas corpus" ou ainda, pela revisão criminal,
entretanto não pode ser reconhecida pelo juiz que proferiu a
Interrupção do prazo da prescrição da pretensão sentença ou pelo juízo das execuções.
executória: 1- início ou continuação do cumprimento da pena,
lembrando-se sempre que, no caso de continuação do Recurso da acusação: Susta provisoriamente o
cumprimento da pena, a prescrição se regula de acordo com o reconhecimento da prescrição intercorrente e, caso haja
restante da pena a ser cumprida. 2- Reincidência, que se aumento de pena, e somente quando o recurso é dirigido neste
verifica pela sentença condenatória, e não pela prática de novo sentido, não será reconhecida a extinção da punibilidade. Se o
crime, embora haja decisões contrárias. recurso não visar o aumento de pena, a prescrição poderá ser
reconhecida. O mesmo se diz do recurso oferecido pelo
Comunicabilidade das causas de interrupção: Todas as querelante ou por assistente de acusação.
causas de interrupção, salvo as de caráter pessoal, A condenação em segunda instância não impede o
(reincidência e prisão), se comunicam a todos os coautores de reconhecimento da prescrição.
crimes. Da mesma forma, havendo concurso de crimes, em Em relação ao perdão judicial, duvida existe em relação ao
conexão, a interrupção em qualquer deles, se estende aos prazo de prescrição intercorrente, já que não há aplicação de
demais. pena, uns entendendo ocorrer no prazo mínimo de 2 anos,
outros entendendo que a prescrição se regula pelo mínimo da
Suspensão do prazo: São causas que suspendem o curso da pena e, por fins os que defendem a ocorrência da prescrição
prescrição: 1- se o reconhecimento da existência do crime regulada pelo máximo da pena, sendo a primeira corrente a
depende de um outro processo (chamadas questões mais aceitável e coerente.
prejudiciais), podendo ser obrigatória, quando se relaciona a Admitindo o legislador a prescrição intercorrente, é
dúvidas quanto ao estado civil de pessoa, ou facultativa, em possível que o prazo desta e da pretensão executória corram
outras hipóteses. Nenhum processo administrativo suspende paralelamente. Assim, transitada em julgado a sentença para a
a prescrição. defesa, não mais se fala em prescrição intercorrente,
2- cumprimento de pena no estrangeiro; continuando a fluir normalmente o prazo da pretensão
3- nos casos de imunidades parlamentares, o executória.
indeferimento do pedido de licença, ou a não deliberação a Prescrição e legislação especial: As regras sobre
respeito do pedido, haverá a suspensão do prazo de prescrição, por serem gerais aplicam-se a fatos disciplinados
prescrição, até a autorização ou o término do mandato. por leis especiais, se estas não dispuserem de modo contrário

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(por exemplo, a lei de imprensa, em que a prescrição da 05. (MPE-SC - Promotor de Justiça – Matutina - MPE-
pretensão punitiva se dá em 2 anos após a veiculação da SC/2016) Em relação às causas interruptivas da prescrição
matéria, e o dobro da pena aplicada determina o prazo da previstas no art. 117 do Código Penal, o prazo sempre começa
prescrição da pretensão executória). A lei de falências também a correr, novamente, do dia da interrupção.
tem disposições próprias. ( ) Certo
( ) Errado
As causas de extinção da punibilidade estão previstas nos
arts. 107 a 120 do Código Penal. 06. (TCE-SC - Auditor Fiscal de Controle Externo –
Direito – CESPE/2016) Em relação ao direito penal, julgue o
Questões item a seguir.

01. (DPE-ES - Defensor Público – FCC/2016) Interrompe Em se tratando de crimes em que somente se procede
a prescrição a publicação mediante queixa, o perdão do ofendido obsta ao
(A) da sentença condenatória integralmente anulada em prosseguimento da ação. Entretanto, não extingue a
grau de apelação. punibilidade se ofertado após o trânsito em julgado da
(B) da sentença condenatória, ainda que reformada sentença condenatória. Além disso, concedido por um dos
parcialmente em grau de apelação para a redução da pena ofendidos, o perdão não prejudica o direito dos outros.
imposta. ( ) Certo
(C) da sentença absolutória imprópria. ( ) Errado
(D) do acórdão confirmatório da condenação.
(E) da sentença concessiva do perdão judicial. 07. (MPE-RJ - Analista do Ministério Público –
Processual – FGV/2016) Marco, 40 anos, foi denunciado pela
02. (PC-PA - Delegado de Polícia Civil – FUNCAB/2016) prática do crime de lesão corporal culposa praticada na
Sobre as causas extintivas de punibilidade, é correto afirmar direção de veículo automotor, cuja pena privativa de liberdade
que: prevista é de detenção de 06 meses a 02 anos. Os fatos
(A) o indulto depende de lei ordinária para sua concessão. ocorreram em 02.02.2011, e, considerando que não houve
(B) o prazo de prescrição da pretensão executória é interesse em aceitar transação penal, composição dos danos
aumentado em um terço quando o condenado é reincidente. ou suspensão condicional do processo, foi oferecida denúncia
(C) na ação privada subsidiária da pública, a perempção em 27.02.2014 e recebida a inicial acusatória em 11.03.2014.
determina a extinção da punibilidade do réu. Após a instrução, foi Marco condenado à pena mínima de 06
(D) a retratação do agente e possível na falsa comunicação meses em sentença publicada em 29.02.2016, tendo a mesma
de crime ou contravenção. transitado em julgado. Considerando os fatos narrados e a
(E) a concessão de perdão judicial não interfere na atual previsão do Código Penal, é correto afirmar que:
possibilidade de reconhecimento da reincidência. (A) deverá ser reconhecida a extinção da punibilidade de
Marco em razão da prescrição da pretensão punitiva pela pena
03. (DPE-BA - Defensor Público – FCC/2016) Sobre a em abstrato;
prescrição, é correto afirmar que (B) deverá ser reconhecida a extinção da punibilidade de
(A) o oferecimento da denúncia ou queixa é causa Marco em razão da prescrição da pretensão punitiva pela pena
interruptiva da prescrição. em concreto;
(B) o prazo da prescrição da pretensão executória regula- (C) deverá ser reconhecida a extinção da punibilidade de
se pela pena aplicada na sentença, aumentado de um terço, se Marco em razão da prescrição da pretensão executória;
o condenado for reincidente. (D) não deverá ser reconhecida a extinção da punibilidade
(C) no caso de concurso de crimes, as penas se somam para de Marco, pois não ocorreu prescrição;
fins de prescrição. (E) o oferecimento da denúncia funciona como marco
(D) é reduzido de metade o prazo de prescrição quando o interruptivo do prazo prescricional.
agente for menor de 21 anos na data da sentença.
(E) no caso de fuga ou evasão do condenado a prescrição é Respostas
regulada de acordo com o total da pena fixada na sentença. 01. B. / 02. B. / 03. B. / 04. D. / 05. Errado.
06. Certo. / 07. D.
04. (PC-PE - Delegado de Polícia – CESPE/2016) A
respeito da prescrição penal, assinale a opção correta.
(A) Caso o tribunal do júri venha a desclassificar o crime 7 Lei nº 8.429/1992, e suas
para outro que não seja de sua competência, a pronúncia não alterações.
deverá ser considerada como causa interruptiva da prescrição.
(B) A reincidência penal caracteriza causa interruptiva do
prazo da prescrição da pretensão punitiva. Nesse tópico vamos estudar apenas os aspectos penais da
(C) Para crimes praticados em 2016, a prescrição Lei de Improbidade Administrativa (Lei n. 8.429/1992).
retroativa deverá ser regulada pela pena aplicada, tendo-se
por termo inicial data anterior à da denúncia ou da queixa. ASPECTOS PENAIS DA LEI DE IMPROBIDADE
(D) O prazo de prescrição da pretensão executória deverá ADMINISTRATIVA
iniciar-se no dia em que transitar em julgado a sentença
condenatória para a acusação, ainda que haja recurso Os atos de improbidade administrativa possuem previsão
exclusivo da defesa em tramitação contra a sentença constitucional no art. 37, §4º, CF/88:
condenatória.
(E) No caso de revogação do livramento condicional, a Art. 37. A administração pública direta e indireta de
prescrição deverá ser regulada pelo total da pena aplicada na qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
sentença condenatória, não se considerando o tempo de e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
cumprimento parcial da reprimenda antes do deferimento do impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
livramento. ao seguinte: § 4º - Os atos de improbidade administrativa
importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função

Noções de Direito Penal 34


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pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao 'Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade
erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da administrativa competente para que seja instaurada
ação penal cabível. investigação destinada a apurar a prática de ato de
improbidade.
Os atos de improbidade estão elencados nos arts. 9º a 11 § 1 º A representação, que será escrita ou reduzida a termo
da Lei n. 8.429/92, e são os seguintes: e assinada, conterá a qualificação do representante, as
informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas
Art. Atos de Improbidade Administrativa que de que tenha conhecimento.
9º Importam Enriquecimento Ilícito § 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação,
Art. Atos de Improbidade Administrativa que em despacho fundamentado, se esta não contiver as
10 Causam Prejuízo ao Erário formalidades estabelecidas no § 1 º deste artigo. A rejeição não
Art. Dos Atos de Improbidade Administrativa impede a representação ao Ministério Público, nos termos do
10-A Decorrentes de Concessão ou Aplicação art. 22 desta lei.
Indevida de Benefício Financeiro ou § 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade
Tributário determinará a imediata apuração dos fatos que, em se tratando
Art. Atos de Improbidade Administrativa que de servidores federais, será processada na forma prevista nos
11 Atentam Contra os Princípios da arts. 148 a 182 da Lei nº 8. 112, de 11 de dezembro de 1.990 e,
Administração Pública em se tratando de servidor militar, de acordo com os respectivos
regulamentos disciplinares.
Esses atos não configuram ilícitos penais, mas sim
ilícitos que são apurados em ação civil pública. A representação é feita à autoridade administrativa com
atribuição para apurar a prática do ato de improbidade.
O que nos interessa nesse ponto da apostila é apenas o
artigo 19 da referida lei, pois é o único dispositivo que trata O delito se consuma no momento da realização da
de matéria penal na lei. representação.

Veja sua redação: Atenção! não se exige a efetiva instauração do


procedimento administrativo, basta a comunicação.
[...]
CAPÍTULO VI Para esse crime é possível a proposta de suspensão
Das Disposições Penais condicional do processo, prevista no art. 89 da Lei 9.099/95.

Art. 19. Constitui crime a representação por ato de Referências:


Coordenação Leonardo de Medeiros Garcia. Leis Penais Especiais. Tomo II.
improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário, Juspodivm.
quando o autor da denúncia o sabe inocente.
Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está
sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais
ou à imagem que houver provocado.
Anotações
O bem jurídico protegido pelo artigo é a honra e a
integridade moral do agente público.

Recordando:
Para a lei de improbidade administrativa o conceito de
agente público é mais abrangente do que o fornecido pelo art.
327 do Código Penal, já que não importa a forma de
investidura ou vínculo com o Estado, uma vez que esse vínculo
pode decorrer de eleição, nomeação, designação, contratação
ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo.

Quanto ao sujeito ativo, não exigiu o legislador nenhuma


condição especial, portanto, esse crime poderá ser praticado
por qualquer pessoa (crime comum). O sujeito passivo será o
agente público.

Para a configuração do crime o tipo penal exige a


comprovação do dolo direto, ou seja, que o autor da
representação saiba da inocência do representado.
Concluímos, que o tipo não abrange o dolo indireto eventual.

A representação que se fala o artigo, não é aquela condição


de procedibilidade na ação penal pública condicionada à
representação, mas sim a mera comunicação da ocorrência de
um ato de improbidade administrativa imputando a algum
agente público.

A representação está p revista no art. 14 da lei:

Noções de Direito Penal 35


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APOSTILAS OPÇÃO

Noções de Direito Penal 36


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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

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Portanto, como se percebe, a regra é que todo e qualquer


processo penal que surgir no território nacional deva ser
solucionado consoante as regras do Código de Processo Penal
(locus regit actum). Há, todavia, exceções.

Hipóteses de Não Aplicação do Código de Processo


Penal
I - os tratados, as convenções e regras de direito
internacional;
1 Princípios gerais: aplicação Para iniciarmos essa discussão acerca da não aplicação do
Código de Processo Penal, imperioso mencionar que, os crimes
da lei processual no tempo, no cometidos a bordo de navios ou aeronaves públicas
espaço em relação às pessoas; estrangeiras, em águas territoriais e espaço aéreo brasileiro,
sujeitos da relação processual; não se aplica a lei penal, tampouco a lei processual penal.
Inaplicável também aos agentes diplomáticos que gozam
de imunidade, por serem representantes do Governo em
conferências, congressos ou organismos internacionais, sendo
ainda por este motivo esses privilégios irrenunciáveis.
O Direito Processual Penal possui 2 finalidades:
Importante ressaltar que tal prerrogativa consiste em
- mediata: que se confunde com a própria finalidade do
responder no seu país de origem pelo delito praticado no
Direito Penal, a saber – a paz social;
Brasil (Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas,
- imediata: é de tornar realidade o Direito Penal.
aprovada pelo Decreto Legislativo nº 103/64, e promulgada
É através do Processo Penal que aplica-se a sanção do
pelo Decreto nº 56.435, de 08/06/65). Para o doutrinador
direito, visto que toda pena é imposta “processualmente”.
Mossin entende-se com tais prerrogativas também, os
cidadãos que vivam sob mesmo teto do diplomata, no caso, os
1- Lei Processual Penal no Espaço.
pais, a mulher, filhos etc. Se por acaso o funcionário vir a
O Código de Processo Penal adota o princípio da
falecer continuará gozando dos mesmos privilégios até que o
territorialidade ou do lugar (lex fori).
tempo juridicamente relevante se extinga.
Isso significa que, a lei processual penal aplica-se a todas
Como se percebe, por conta de tratados ou convenções que
as infrações penais cometidas em território brasileiro, sem
o Brasil haja firmado, ou mesmo em virtude de regras de
prejuízo de convenções, tratados e regras de Direito
Direito Internacional, a lei processual penal deixa de ser
Internacional. É a redação do art. 1º do Código de Processo
aplicada aos crimes praticados por tais agentes no território
Penal:
nacional, criando-se, assim, verdadeiro obstáculo processual à
aplicação da lei processual penal brasileira.
Art. 1º O processo penal reger-se-á, em todo o território
Para facilitar a compreensão do assunto importante
brasileiro, por este Código, ressalvados:
conceituar o que é tratado, convenção e regras de direito
I - os tratados, as convenções e regras de direito
internacional.
internacional;
Pode-se proclamar pelo texto que tratado é acordo
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da
firmado entre duas ou mais países, quando se vinculam a
República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os
competir e venerar as cláusulas e condições da declaração
do Presidente da República, e dos ministros do Supremo
como se fossem preceitos de direito positivo, com conteúdo
Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição,
político. Não obstante, convenção é o ajuste sobre assuntos de
arts. 86, 89, § 2o, e 100);
veemência entre nações de caráter não político, e sim civil.
III - os processos da competência da Justiça Militar;
Vale ressaltar por Tourinho Filho a distinção entre tratado e
IV - os processos da competência do tribunal especial
convenção. A primeira é um pacto internacional concluído em
(Constituição, art. 122, no 17);
Estados de forma escrita e regulado pelo Direito Internacional,
V - os processos por crimes de imprensa. (Vide ADPF nº 130)
constituindo em um único instrumento, ou dois ou mais
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos
instrumentos consubstanciados. Por outro lado, convenção
processos referidos nos ns. IV e V, quando as leis especiais que os
seria tratado que designa norma gerais. Consta exceção à regra
regulam não dispuserem de modo diverso.
de territorialidade prevista na Constituição Federal e por
tratados e convenções internacionais, perpetra com que o
Em resumo: No processo penal vigora o princípio da
conflito ocorrido fora do território nacional possa contar com
absoluta territorialidade.
a aplicação da lei brasileira, como exemplo as cartas
rogatórias.
Vimos até agora então que o Processo Penal será aplicado
Por sua vez, as regras de direito internacional, são
em todo território brasileiro, certo?!
princípios fundamentais de direito, retirados, principalmente
Mas, o que viria a ser “território brasileiro”?
da lei, estando todos os países coibidos a cumprir, como por
exemplo: as imunidades diplomáticas o que ocasiona a
Em sentido estrito conceituamos território como "solo (e
exclusão da jurisdição (Convenção de Viena- art. 1º, I e art. 5º
subsolo) sem solução de continuidade e com limites
do CPP), composto de embaixadores, secretários de
reconhecidos, as águas interiores, o mar territorial, a
embaixada, pessoal técnico administrativo, bem como seus
plataforma continental e o espaço aéreo" (MIRABETE, 2004, p.
familiares. O STF entende que o cônsul não goza de ampla
63)1. Por extensão, ele implica nas embarcações e aeronaves
imunidade, somente em casos de atos conseguidos no
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo
emprego das funções consulares (agentes administrativos).
brasileiro, onde quer que se encontrem, bem como nas
aeronaves e nas embarcações brasileiras, mercantes ou de
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da
propriedade privada, que se achem, respectivamente, no
República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os
espaço aéreo correspondente ou em alto mar (art. 5°, § 1°, CP).

1 Coleção Sinopses para Concursos. Direito Processual Penal – Parte Geral.


Juspodivm. 2015.

Noções de Direito Processual Penal 1


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do Presidente da República, e dos ministros do Supremo pela Constituição Federal todo o conjunto de dispositivos da
Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade; Lei nº 5.250/67.
As prerrogativas para os crimes de responsabilidade do Como decidiu a própria Suprema Corte, a não recepção da
Presidente da República, dos ministros de estado, nos crimes Lei de Imprensa não impede o curso regular dos processos
conexos, previsto na legislação – art. 1º, II do CPP e art. 5º até fundamentados nos dispositivos legais da referida lei, nem
12 da Lei nº 1.079/50 - respectivos atos que atentarem contra tampouco a instauração de novos processos, aplicando-se lhes,
a constituição possuindo como alguns requisitos a existência contudo, as normas da legislação comum, notadamente, o
da união; livre exercício dos poderes constituídos; exercício Código Civil, o Código Penal, o Código de Processo Civil e o
dos direitos políticos e sociais; segurança interna do país etc. Código de Processo Penal.
Fundamentalmente, o elenco de agentes que possui a
prerrogativa de função, nos crimes de responsabilidade 2- LEI PROCESSUAL NO TEMPO.
corresponde ao Presidente da República, aos Ministros de Justapõe a lei processual quando a mesma entra em vigor,
Estado, aos Ministros do Supremo Tribunal Federal; de acordo com o artigo 2° do CPP que dispõe, “a lei processual
Governadores e Secretários de Estado; Governador do Distrito penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos
Federal e seus Secretários; Procurador Geral da República e atos realizados sob a vigência da lei anterior”, e não quando
Advogado Geral da União, presente na Lei nº 1079, de ocorre o período para a ciência do teor da norma pela
10.04.1950, Lei nº 7.106/1983 e art. 52 da Constituição sociedade em geral. Antes de entrar em vigor, o prazo que
Federal. medeia a publicação da lei e a entrada em vigor como apronta
o artigo 1° da LICC, “salvo disposição contrária, a lei começa a
III - os processos da competência da Justiça Militar; vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de
O que se alude ao processo de competência da Justiça oficialmente publicada”, o vacatio legis, refere-se a norma que
Militar Federal e Estadual, não se aplica ao Código de Processo não alude a criminalização de conduta, e três meses para seu
Penal, pois as mesmas têm suas legislações especiais. emprego nos Estados Estrangeiros, quando a esta é admitida.
Conforme mostra Mussin, o Código Penal Militar (CPM) Passando a valer imediatamente, apreciando processos em
formado pelo Decreto-lei n. 1.001, de 21 de outubro de 1969, pleno desenvolvimento, porém não compromete os atos
e o Código de Processo Penal Militar (CPPM) formado pelo alcançados na vigência da lei anterior. Com isso, a lei
Decreto-lei n. 1.002, de 21 de outubro de 1969, situando as processual penal não tem efeito retroativo, pois se fosse, o
normas processuais para o exame dos crimes militares. Junto legislador teria invalidado as ações processuais exercidos até
com os dois Decretos, existe a Lei de Organização Judiciária a data da vigência da lei nova, uma vez que o princípio é tempus
Militar (LOJM), formado pelo Decreto-lei n. 1.003, de 21 de regit actum (o tempo rege o ato), conforme ratifica TOURINHO.
outubro de 1969. Elucida-se nos casos em que uma lei nova estabelece
Foram formadas várias Súmulas pelo Supremo Tribunal de outras regras para a citação do réu e para a intimação do
Justiça, entre as quais discorre que, compete à Justiça comum defensor, tornando-se valido o chamamento já realizado sob a
Estadual julgar acusado civil por cometer crime contra vigência da norma anterior. As intimações posteriores serão
instituições militares estaduais. Outra é a Súmula 75 que fala: regidas pela nova lei. A exceção ocorre quanto ao transcurso
“Compete à Justiça Estadual processar e julgar o policial de prazo já principiado, que em regar, ocorre pela lei anterior.
militar por crime de promover ou facilitar a fuga de preso de Por ações já exercitadas, necessita-se entender também, os
estabelecimento penal”. Se o profissional militar praticar respectivos efeitos e/ou consequências jurídicas. Como no
delito de mesma natureza, em outra unidade da federação, seu exemplo citado por Pacelli: “Sentenciado o processo e em
julgamento deve ser prolatado pela Justiça Militar do Estado curso o prazo recursal, a nova lei processual que altera o
onde exercita sua atividade, pois a Justiça do local onde aludido prazo não será aplicada, respeitando-se os efeitos
ocorreu o delito não pode lhe julgar disciplinarmente, preclusivos da sentença tal como previstos na época de sua
garantindo o princípio da autonomia dos Estados Federados. prolação.”
A Súmula 90 do Tribunal Superior discorre sobre “a O doutrinador Aury Lopes distingue leis penais puras, leis
competência da Justiça Estadual Militar processar e julgar o processuais penais puras e as leis mistas. A primeira é aquela
policial militar pela prática do crime militar, e a comum pela que disciplina o poder punitivo estatal, é o conteúdo material
prática do crime comum simultâneo àquele”, pois cada justiça do processo, cabendo para o Direito Penal (tipificação de
julga o crime consoante sua competência. crimes, pena máxima e mínima, regime de cumprimento) a
retroatividade da lei penal mais branda e irretroatividade da
IV - os processos da competência do tribunal especial lei mais maléfica. A segunda regula o início, desenvolvimento
(Constituição, art. 122, no 17); ou fim de um processo, e seus institutos processuais (perícia,
Os artigos citados referem-se à Constituição de 1937, rol de testemunhas, forma de realizar atos processuais, ritos),
sendo que esse tribunal especial a que faz menção o inciso IV ademais, aplicando-se o princípio da imediatidade, não ocorre
é o antigo Tribunal de Segurança Nacional, que já não existe o efeito retroativo. Por fim, a última possui peculiares
mais, visto que foi extinto pela Constituição de 1946. O art. características penais e processuais, aplicando-se para tais
122, n2 17 da Carta de 1937 previa que “os crimes que casos as regras do Direito Penal, no caso a lei mais branda
atentarem contra a existência, a segurança e a integridade do retroage e a mais gravosa não.
Estado, a guarda e o emprego da economia popular serão Existem as normas processuais penais materiais, que são
submetidos a processo e julgamento perante tribunal especial, normalmente institutos mistos/híbridos, estudados tanto no
na forma que a lei instituir”. Direito Penal, como no Processo Penal, nesses casos aceita-se
sua retroatividade, em razão de sua dupla natureza. Como
V - os processos por crimes de imprensa. outros exemplos, temos perempção, o perdão, a renúncia, a
Outra ressalva constante do art. 1º do CPP diz respeito aos decadência, e outros. Quando alguma regra é alterada
processos penais por crimes de imprensa. Referidos delitos acontecerá, por vezes, reflexos incontestáveis no Direito Penal.
estavam previstos na Lei nº 5.250/67. Dizemos que estavam Por exemplo: nos casos em que a norma inclua outra forma de
previstos na Lei nº 5.250/67 porque, no julgamento da perempção, mesmo se referindo a circunstâncias futuras,
arguição de descumprimento de preceito fundamental nº 130, podem ocorrer, em casos concretos, que o processado seja
o Supremo Tribunal Federal julgou procedente o pedido ali favorecido com a norma recém-criada. Ela é retroativa para o
formulado para o efeito de declarar como não recepcionado fato de extinguir a punibilidade do réu, pois tem efeito no
direito material (art. 107, IV, CP).

Noções de Direito Processual Penal 2


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Ocorrem também os institutos conectados à prisão do A) Princípio do efeito imediato. No direito penal, a lei
querelado, que são consideradas normas processuais penais penal não retroage, salvo para beneficiar o réu.
materiais, pois condiz com a liberdade do indivíduo. A Já no processo penal, a lei processual rege-se pelo
finalidade do processo penal é resguardar a eficiente aplicação “Princípio do Efeito Imediato” (“tempus regit actum”), segundo
da lei penal, beneficiando o acusado. De tal forma, não tem o qual a nova lei processual será aplicada em todos os
aceitação a prisão cautelar inteiramente dissociada do processos em curso, não importando se beneficia ou não o réu.
conjunto de direito material. A própria tem razão de existir, a Quanto aos atos processuais já realizados, estes permanecerão
respeito do princípio da presunção de inocência, pois há válidos.
acusados de cometer um crime, que a sua liberdade pode E se a lei tiver natureza híbrida, isto é, aspectos tanto de
colocar em risco a sociedade. Isso pode ser confirmado nos direito material como de direito processual? Neste caso,
casos em que o sistema autoriza a decretação de prisões apesar de alguma celeuma doutrinária, prevalece o
cautelares, cuja hipótese que prevalece é a de aplicação de entendimento de que o aspecto penal da norma deve
penas privativas de liberdade e em regime fechado. preponderar, não se aplicando de imediato o dispositivo se
É notório ratificar que não teria sentido estabelecer a menos benéfico ao acusado. Agora, se mais benéfico ao
prisão preventiva do réu por contravenção penal ou por delito, acusado, há uma retroatividade parcial apenas da parte penal,
em que a pena cominada é de multa. Considerando tais normas enquanto a parte processual penal vige do instante presente
processuais de conteúdo material, retroagindo para envolver para frente;
situações ocorridas antes da sua existência, com isso
colaborando para garantir a liberdade do réu. No artigo 2° da B) Contagem de prazo. Há se distinguir o “prazo penal”, do
Lei de Introdução ao Código de Processo Penal define que “à “prazo processual”.
prisão preventiva e à fiança aplicar-se-ão os dispositivos que No “prazo penal”, conta-se o dia do começo. Assim, ainda
forem mais favoráveis” ao réu, quando houver a vigência de lei que o ato tenha sido praticado às 22h30min do dia cinco, p. ex.,
nova que obtenha situação processual em desenvolvimento. tal dia já conta como sendo o primeiro da contagem do prazo.
Quanto ao que se refere o artigo 3° do CPP, “A lei Ademais, o prazo penal é improrrogável, ou seja, caso termine
processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação em sábado, domingo, ou feriado, não se o prorroga até o
analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de próximo dia útil subsequente.
direito”. Essas modalidades de hermenêutica, coloca-se no Já no “prazo processual”, exclui-se o dia do começo e inclui-
processo de auto-integração das leis e do Direito, perante a se o dia do vencimento. Desta maneira, se o ato foi praticado
necessidade de resolução dos casos concretos contidos à no dia cinco, p. ex., o prazo começa a contar do dia seis.
jurisdição, como em casos de normas incriminadoras, as que Ademais, o prazo processual é prorrogável para o primeiro dia
definem o tipo penal, suas qualificadoras ou causas de útil subsequente caso termine em sábado, domingo, feriado ou
aumento da pena, ou que agravem a situação do réu. recesso judiciário.
Não se pode falar em aplicação da analogia ou Ainda, acerca do prazo processual penal, há se observar a
interpretação extensiva, exceto quando a lei expressamente Súmula nº 310, do Supremo Tribunal Federal, segundo a qual
permitir, em razão da esfinge de se prever um significado quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação
casuístico definitivo, quão ocorre com expressões do tipo: com efeito de intimação for neste dia, o prazo judicial terá
outro meio qualquer, de qualquer maneira, etc. Porém, em se início na segunda-feira imediata, salvo se não houver
tratando de normas de conteúdo não incriminador, pode-se expediente, caso em que começará no primeiro dia útil que se
aplicar a analogia e a interpretação extensiva. No que versa seguir.
sobre às normas de competência, é necessário modificação da
competência por lei processual nova, fazendo com que o novo 3- Lei Processual Penal em Relação às Pessoas.
órgão competente julgue aqueles feitos anteriores, como
aclara Carlos Maximiliano: É sabido que o sistema jurídico nacional fixa a
a) em sendo abolida uma autoridade, o processo corre obrigatoriedade da lei penal a todos que se encontrem em
perante a que a substitui; nosso território, sem qualquer distinção pessoal, sendo
b) mudada a hierarquia dos juízes pelos quais transitará aplicada a todos.
sucessivamente determinada causa, a alteração aplicar-se-á Todavia, esta aplicabilidade da lei penal possui limites
tanto aos efeitos iniciados, como aos futuros: por exemplo, diante de princípios advindos da própria Constituição Federal,
suprimida a instancia superior, para ali não se vai nos casos a qual, se por um lado, consagra o princípio da igualdade
em curso; previsto no artigo 5º, por outro, concede atributos e funções a
c) variando o número ou a qualidade dos magistrados determinados cargos públicos, cujo exercício tornaria inviável,
componentes de tribunal, câmara ou turma, julga-se pelo novo caso a incidência do referido princípio não fosse ponderada.
modo a causa pendente: por exemplo, em vez de juiz único, um Deste modo, o sistema jurídico penal concedeu imunidades
colégio e vice-versa. à determinadas funções públicas, justamente para viabilizar o
seu exercício. Embora existam algumas discussões sobre o
De acordo com o artigo 2° do LICC, que elucida, “não se tema, a imunidade penal não é vista como privilégio, mas um
destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra mecanismo jurídico para assegurar as garantias e os direitos
a modifique ou revogue.” Finaliza-se vigência da lei com a sua fundamentais estipulados na Constituição Federal, bem como
revogação, que pode ser expressa, revogam-se as disposições respeitar o exercício da soberania dos demais estados, em
em contrário, ou tácita, incompatibilidade da novatio legis com obediência a tratado ou convenção internacional.
a lei velha ou lei nova regular inteiramente matéria que tratava As imunidades possuem as seguintes características:
a anterior. A revogação pode ser parcial, quando designa-se a) possuem natureza restritiva, já que impedem a
derrogação; ou total, denomina-se de ab-rogação. Há também aplicação do ordenamento jurídico ao representante de outro
a autorrevogação (exceção), que vigora por período Estado, salvo quando o Estado acreditante renunciar de forma
determinado, acontece quando susta a ocorrência de expressa à imunidade (“A imunidade de jurisdição não se
emergência ou anormalidade na lei excepcional ou acabar com verifica de plano, isto é, não se aplica de forma automática,
o prazo da lei temporária. notadamente pelo fato de que há a possibilidade de renúncia
pelo Estado estrangeiro” – HC 149.481/DF, STJ);
Em resumo, são particularidades vigentes para a lei b) visam garantir o eficaz desempenho das funções de
processual no tempo: defender o interesse dos Estados que representam;

Noções de Direito Processual Penal 3


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c) o representante do Estado em missão diplomática ou desaparecendo depois de terminado o mandato, pois é uma
consular deve respeitar as normas locais e não intervir nos prerrogativa em razão da função, e não da pessoa.
assuntos internos. - Imunidade relativa à prisão (art. 53, § 2º, da CF): “§ 2º
Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso
IMUNIDADES Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime
inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de
Há pessoas que, em virtude das suas funções, desfrutam de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da
imunidade. Trata-se, portando, de uma prerrogativa funcional, maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.” Deputados
uma proteção ao cargo, e não à pessoa do agente. e senadores são insuscetíveis de prisão provisória, mas cabe
prisão definitiva. Essa é a posição do Supremo.
a) IMUNIDADE DIPLOMÁTICA Exceção: é possível flagrante em caso de crime
É uma prerrogativa de direito público internacional da inafiançável. Nesta hipótese, os autos têm que ser remetidos
qual desfrutam os Chefes de governo e Estado Estrangeiro e ao Congresso para que a Casa respectiva delibere e a decisão é
membros da Comitiva, o Embaixador e sua família, os política (conveniência e oportunidade) e não jurídica. A
funcionários do corpo diplomático e respectivas famílias e os jurisprudência entende que também não podem ser
funcionários das organizações internacionais, quando em submetidos à prisão civil.
serviço. - Imunidade em relação ao processo (art. 53, §§ 3º, 4º e 5º):
A corrente dominante quanto à natureza jurídica da “§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por
imunidade diplomática diz que trata-se de causa pessoal de crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal
isenção de pena, tratando outros como causa impeditiva da Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de
punibilidade. Essa imunidade é irrenunciável, pois é uma partido político nela representado e pelo voto da maioria de
prerrogativa do cargo que ocupa. Cabe, porém, ao país de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento
origem a possibilidade de retirar expressamente essa da ação. § 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa
imunidade. respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do
Esta imunidade tem natureza absoluta: Ficam imunes às seu recebimento pela Mesa Diretora. § 5º A sustação do
consequências da lei brasileira, ficando sujeitos às leis dos seus processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato”.
países de origem. A imunidade diplomática não diz que ele não Essa imunidade depois da Emenda Constitucional nº
deve respeito à nossa lei. Mas se desrespeitar, não sofrerá as 35/01 só alcança infração praticada após a diplomação. O
consequências aqui, mas no seu país. Quantos aos agentes Supremo Tribunal Federal não depende mais de autorização
diplomáticos, a imunidade se aplica da seguinte forma: para processar. Porém, a Casa Legislativa respectiva pode
- EMBAIXADOR: Tem imunidade em crime comum; tem sustar o processo, não correndo, então, a prescrição.
imunidade em crime funcional. Essa imunidade é parlamentar. Não impede a investigação.
- AGENTE CONSULAR – CÔNSUL: Tem imunidade em crime O Congresso não poderá sustá-la. É a posição do Supremo: “a
funcional; não tem imunidade em crime comum. prerrogativa extraordinária da imunidade formal não se
Apesar de minoria em sentido contrário, prevalece, de estende e nem alcança atos investigatórios contra membros do
acordo com a Convenção de Viena, o entendimento de que a Congresso Nacional”.
Embaixada não é extensão do território que representa, apesar - Imunidade relativa à prova: “§ 6º Os Deputados e
de ser inviolável. O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre
que não se pode realizar buscas e apreensões em Embaixadas. informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do
mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles
b) IMUNIDADE PARLAMENTAR receberam informações.”
É prerrogativa inerente à função parlamentar, garantidora Essa imunidade só alcança o parlamentar enquanto
do exercício do mandato parlamentar, com plena liberdade. testemunha, não como investigado.
1. Imunidade absoluta: Está prevista no artigo 53, caput,
da Constituição Federal e é também chamada de material, “Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República,
substancial, real ou inviolabilidade. Prevê que “Os Deputados os senadores e deputados federais, os ministros de Estado, os
e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer governadores de Estados e Territórios, os secretários de
de suas opiniões, palavras e votos”. Para o Supremo Tribunal Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos Municípios, os
Federal, esta imunidade exime seu titular de qualquer deputados às Assembleias Legislativas Estaduais, os
responsabilidade criminal, civil, administrativa e política. membros do Poder Judiciário, os ministros e juízes dos
Sendo as duas últimas acrescidas pelo Supremo. Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito
- Natureza jurídica: Na visão de Pacell, a imunidade Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão inquiridos
material a estes conferida consubstancia uma causa em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o
excludente de criminalidade, sendo que, para o STF, é causa de juiz.”
atipicidade. Segundo a Súmula 245 do STF, “A imunidade
parlamentar não se estende ao corréu sem essa prerrogativa”. Esse art. 221 também não se aplica ao investigado. É a
Esta Súmula está restrita, hoje, à imunidade parlamentar posição do Supremo Tribunal Federal. Ele só marca hora, se
relativa, não se estendendo à imunidade parlamentar testemunha.
absoluta. As imunidades permanecem durante o estado de sítio,
- Limites: É necessário um nexo funcional para haver esta segundo o § 8º, do art. 56:
imunidade. Assim nas dependências da Casa Legislativa,
presume-se o nexo. Fora das dependências da Casa Legislativa,
“§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores
o nexo deve ser comprovado, sob pena de o parlamentar
subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser
responder pelo delito.
suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da
Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto
2. Imunidade relativa: Refere-se ao foro por prerrogativa
do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a
da função exercida pelo parlamentar e está prevista no artigo
execução da medida.”
53, §1º da Constituição Federal. A prerrogativa de função se dá
a partir da expedição do diploma e não da posse. E o foro
especial só terá incidência nas infrações de natureza criminal,

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Deputados e senadores que se licenciam para exercer e o presidente do STF podem optar pelo depoimento escrito. O
cargo no executivo perdem a imunidade parlamentar. A presidente e o vice-presidente da República, os senadores, os
Súmula n. 4 do STF que previa essa garantia foi cancelada: deputados federais, os deputados estaduais, os ministros de
“Não perde a imunidade parlamentar o congressista nomeado Estado, os governadores, os prefeitos, os membros do
Ministro de Estado. (Cancelada pelo Inq. 104 RTJ-99/477 – Judiciário e os juízes do Tribunal de Contas e do Tribunal
26/08/1981)”. Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora previamente
ajustados entre eles e o juiz.
- No âmbito estatual: Pelo princípio da isonomia as
imunidades concedidas aos deputados federais se aplicam por e) IMUNIDADE DO ADVOGADO
inteiro aos deputados estaduais. O art. 7º, § 2º, da Lei n. 8.906/94, prescreve que o advogado
“Art. 27, § 1º – Será de quatro anos o mandato dos tem imunidade profissional, não constituindo injúria,
Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua
Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem
imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, prejuízo das sanções disciplinares, perante a OAB, pelos
impedimentos e incorporação às Forças Armadas.” excessos que cometer.
Quanto aos vereadores, estes gozam apenas de imunidade Em face do disposto no Estatuto da OAB, no cumprimento
absoluta, restrita ao território em que exerce a vereança. Não do seu dever de ofício, ou seja, na ação restrita à causa de seu
possuem, portanto, imunidade relativa. patrocínio, o advogado tem a cobertura da imunidade
Constituição estadual pode conceder foro especial ao profissional, tratando-se de crimes contra a honra. Cabe
vereador. Há 2 Estados que fazem isso: Rio de Janeiro e Piauí. ressaltar que, em face da ADIN 1.127/DF, a imunidade
Quem julga deputado federal por homicídio é o STF e não profissional do advogado não compreende o desacato, pois
o Júri. Como os dois têm status constitucional, entende-se que conflita com a autoridade do magistrado na condução da
o STF excepciona o júri neste caso. atividade jurisdicional.
Quem julga deputado estadual por homicídio é o Tribunal Em matéria processual, o advogado somente poderá ser
de Justiça e não o Júri. Isso porque o foro especial para preso em flagrante, por motivo de exercício da profissão, em
deputado estadual tem previsão na Constituição Federal, a caso de crime inafiançável, desde que o flagrante seja lavrado
qual excepcionou a si mesma. na presença de representante da OAB, em homenagem à
Quem julga o vereador por homicídio é o Júri. Isso porque inviolabilidade de sua atuação profissional.
o julgamento pelo júri tem previsão na Constituição Federal. A O ordenamento jurídico não lhe confere absoluta liberdade
Constituição Estadual não pode excepcionar. Logo, por para praticar atos contrários à lei, sendo-lhe, ao revés, exigida
homicídio o vereador vai a júri, mesmo que tenha foro especial a mesma obediência aos padrões normais de comportamento
previsto na Constituição Estadual (como ocorre no Rio de e de respeito à ordem legal. A defesa voltada especialmente à
Janeiro e Piauí). Nesse sentido Súmula n. 721 do STF: “A consagração da imunidade absoluta do advogado esbarra em
competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre evidente dificuldade de aceitação, na medida em que altera a
o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente sustentabilidade da ordem jurídica: a igualdade perante a lei
pela Constituição estadual”. (Informativo 335, STJ).

c) IMUNIDADE PRISIONAL2 f) IMUNIDADE DOS CHEFES DO EXECUTIVO


São pessoas imunes ao flagrante: Na imunidade penal temporária ou relativa, o Presidente
- menores de 18 anos (CF, art. 228; CP, art. 27; ECA); da República somente é responsabilizado na vigência do seu
- diplomatas estrangeiros, em decorrência de tratado ou mandado por crimes funcionais.
convenção internacional (art. 1º, I, do CPP); Em relação aos não funcionais, a punição será feita
- o Presidente da República (art. 86, § 3º, da CF); somente após término do mandato. Trata-se de prerrogativa
- autores de crime de trânsito que socorram de forma do Presidente da República que não pode ser estendida aos
imediata e integral a vítima de acidente (art. 301 do CTB); Governadores e Prefeitos, pois estes não exercem a chefia de
- quem se apresente espontaneamente (art. 317, do CPP, a Estado: “A imunidade do chefe de Estado à persecução penal
contrario sensu). deriva de cláusula constitucional exorbitante do direito
O autor de infração de menor potencial ofensivo não será comum e, por traduzir consequência derrogatória do
preso em flagrante quando for imediatamente encaminhado postulado republicano, só pode ser outorgada pela própria CF.
ao juizado especial criminal ou assumir o compromisso de a Precedentes: RTJ 144/136, Rel. Min. Sepúlveda Pertence; RTJ
ele comparecer, nos termos da Lei n. 9.099/95. 146/467, Rel. Min. Celso de Mello” (ADI 1.021, Rel. Min. Celso
São pessoas que somente podem ser presas em de Mello, julgamento em 19-10-1995, Plenário, DJ 24-11-
flagrante de crime inafiançável: 1995).
- senadores (art. 53, § 1º, da CF); Prerrogativa ligada ao tema responsabilidade criminal do
- deputados (art. 53, § 1º, da CF); Presidente da República na vigência do mandato, a imunidade
- magistrados (art. 33, da LC n. 35/79); impede o processo criminal durante esse período, com
- membros do Ministério Público (art. 40, III, da LOMP); suspensão do prazo prescricional:
- advogados no exercício da profissão (art. 7º, IV e § 3º, da a) no caso de crimes funcionais, pode ser punido na
Lei n. 8.906/94). vigência do mandato;
b) no caso de crimes não funcionais, não pode e
d) IMUNIDADE PARA SERVIR COMO TESTEMUNHA responderá pelo crime após o término do mandato perante a
Os deputados e senadores não são obrigados a Justiça Comum: “O que o art. 86, § 4º, confere ao presidente da
testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em República não é imunidade penal, mas imunidade temporária
razão do exercício do mandato nem sobre as pessoas que lhes à persecução penal: nele não se prescreve que o presidente é
confiaram ou deles receberam informações. irresponsável por crimes não funcionais praticados no curso
O presidente e o vice-presidente da República, o do mandato, mas apenas que, por tais crimes, não poderá ser
presidente do Senado, o presidente da Câmara dos Deputados responsabilizado, enquanto não cesse a investidura na

2Messa, Ana Flávia. Curso de direito processual penal. 2. ed. São Paulo: Saraiva,
2014.

Noções de Direito Processual Penal 5


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presidência. Da impossibilidade, segundo o art. 86, § 4º, de 1.3. Quanto ao resultado:


que, enquanto dure o mandato, tenha curso ou se instaure - Declarativa: há perfeita correspondência entre a palavra
processo penal contra o presidente da República por crimes da lei e sua vontade.
não funcionais” (HC 83.154, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, - Restritiva: a interpretação vai restringir o seu
julgamento em 11-9-2003, Plenário, DJ 21-11-2003). significado, pois a lei disse mais do que queria.
O Presidente da República é imune a qualquer tipo de - Extensiva: a interpretação vai ampliar o seu significado,
prisão processual, ou seja, a decretada antes do trânsito em pois a lei disse menos do que queria.
julgado da sentença penal condenatória.
Há uma corrente doutrinária que sustenta a possibilidade 2. Interpretação da Norma Processual Penal
de o Presidente sofrer prisão por sentença condenatória A lei processual admite interpretação extensiva, pois não
recorrível, com a qual não concordamos, já que o Supremo contém dispositivo versando sobre direito de punir. Exceções:
Tribunal Federal, quando julga o Presidente da República pela tratando-se de dispositivos restritivos da liberdade pessoal
prática de crime comum, não possibilita duplo grau de (prisão em flagrante, por exemplo), o texto deverá ser
jurisdição, ou seja, não há recurso para qualquer outro rigorosamente interpretado. O mesmo quando se tratar de
tribunal. regras de natureza mista.
A imunidade prisional do Presidente da República não é
estendida para Governadores nem para Prefeitos Municipais, 3. Formas de Procedimento Interpretativo
pois se trata de prerrogativa extraordinária garantida somente - Equidade: correspondência ética e jurídica da
ao Presidente da República, na qualidade de Chefe de Estado: circunscrição – norma ao caso concreto;
“Os Estados-membros não podem reproduzir em suas - Doutrina: estudos, investigações e reflexões teóricas dos
próprias Constituições o conteúdo normativo dos preceitos cultores do direito;
inscritos no art. 86, §§ 3. e 4., da Carta Federal, pois as - Jurisprudência: repetição constante de decisões no
prerrogativas contempladas nesses preceitos da Lei mesmo sentido em casos semelhantes.
Fundamental – por serem unicamente compatíveis com a
condição institucional de Chefe de Estado – são apenas ANALOGIA
extensíveis ao Presidente da República. Precedente: ADIn
978/PB, Rel. p/ o acórdão Min. Celso de Mello”. Trata-se de forma de integração da lei (e não de “método
O Presidente da República possui imunidade processual, de interpretação”, como erroneamente se pensa) que almeja a
ou seja, só pode ser processado por crime comum ou de supressão de lacunas. Através deste instituto, aplica-se a fato
responsabilidade, após a admissibilidade da acusação pela não regido pela norma jurídica disposição legal aplicada a fato
Câmara dos Deputados, por um quórum de 2/3 de seus semelhante (“ubi eadem ratio, ubi idem ius”).
membros. Tal imunidade é estendida aos Governadores. No Enquanto o direito penal veda a analogia “in malam
caso dos Ministros de Estado, a autorização da Câmara dos partem” (isto é, em prejuízo do agente), o direito processual
Deputados é necessária nos crimes comuns e de penal admite o emprego de analogia “para o bem ou para o
responsabilidade, conexos com os delitos da mesma natureza, mal”.
imputados ao Presidente da República. Há se tomar o mais absoluto cuidado, contudo, em
O Prefeito não tem imunidade, apenas possui foro diferençar a “analogia”, da “interpretação analógica”, pois,
privilegiado no Tribunal competente. A competência do enquanto naquela inexiste norma reguladora para o caso
Tribunal de Justiça para julgar Prefeitos restringe-se aos concreto (devendo ser aplicada norma que regula casuística
crimes de competência da Justiça comum estadual; nos demais semelhante), nesta a norma traz, após uma enumeração
casos, a competência originária caberá ao respectivo tribunal casuística de fatos que podem ser abarcados pela previsão legal,
de segundo grau, nos termos da Súmula 702 do STF. uma previsão genérica de que outros fatos não expressamente
previstos também podem ser atingidos pelo objetivo do
4- Interpretação da Lei Processual Penal. dispositivo legal. Neste diapasão, para melhor se entender,
tem-se como exemplo de interpretação analógica o inciso III,
Interpretação é a atividade que consiste em extrair da do segundo parágrafo, do art. 121, CP, que trata do homicídio
norma seu exato alcance e real significado. Interpretar uma qualificado com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia,
norma significa buscar a vontade da lei, aquilo que quis tortura “ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa
disciplinar quando criada. resultar perigo comum”. Veja-se que o Diploma Penal traz um
rol de casuísticas que qualificam o homicídio, como o veneno,
1. Espécies o fogo, o explosivo e a asfixia, mas diante da impossibilidade
1.1. Quanto ao sujeito que elabora: de prever todas as formas que destas expressas podem
- Autêntica ou legislativa: feita pelo próprio órgão decorrer, faz-se a previsão genérica de qualquer outro meio
encarregado da elaboração da lei. Pode ser: insidioso ou cruel ou de que possa resultar perigo comum.
a) contextual: feita pelo próprio texto interpretado; Em suma, veja-se, enquanto na analogia não há norma para
b) posterior: feita após a entrada em vigor da lei. o caso concreto, devendo-se tomar emprestada outra, na
- Doutrinária ou científica: feita pelos estudiosos e interpretação analógica a norma existe, mas não regula todas
doutores do Direito. Observação: as exposições de motivos as casuísticas, deixando esse papel a uma disposição genérica.
constituem forma de interpretação doutrinária, uma vez que
não são leis. Questões
- Judicial: feita pelos órgãos jurisdicionais.
01. (TJ/PE - Analista Judiciário - Administrativa - FCC)
1.2. Quanto aos meios empregados: A respeito da aplicação da lei processual no espaço, considere:
- Gramatical, literal ou sintática: leva-se em conta o I. embarcações brasileiras de natureza pública, onde quer
sentido literal das palavras. que se encontrarem.
- Lógica ou teleológica: busca-se a vontade da lei, II. aeronaves brasileiras a serviço do governo brasileiro,
atendendo-se aos seus fins e à sua posição dentro do onde quer que se encontrem.
ordenamento jurídico. III. embarcações brasileiras mercantes ou de propriedade
privada, que se acharem em alto mar.

Noções de Direito Processual Penal 6


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IV. aeronaves brasileiras mercantes ou de propriedade (D) A lei processual penal posterior, que de qualquer modo
privada que se acharem no espaço aéreo brasileiro. favorecer o agente, aplicar-se-á aos fatos anteriores, ainda que
V. embarcações brasileiras mercantes ou de propriedade decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
privada, que se acharem no espaço aéreo de outro país. (E) De acordo com o princípio da territorialidade, aplica-se
Considera-se território brasileiro por extensão as a lei processual penal brasileira a todo delito ocorrido em
indicadas APENAS em território nacional, sem exceção, em vista do princípio da
(A) I e V. igualdade estabelecido na Constituição Federal de 1988.
(B) III e IV.
(C) II e III. 06. (TJ/PE - Titular de Serviços de Notas e de Registros
(D) I, II, IV e V. - FCC) Sobre a aplicação da lei processual penal e a
(E) I, II, III e IV. interpretação no processo penal, é INCORRETO afirmar:
(A) A legislação brasileira segue o princípio da
02. (TRE/CE - Analista Judiciário - Administrativa - territorialidade para a aplicação das normas processuais
FCC) Mário comete um crime de homicídio a bordo de um penais.
navio brasileiro de grande porte em alto mar, que faz o trajeto (B) O princípio da territorialidade na aplicação da lei
direto entre Santos (São Paulo/Brasil) e Cape Town (África do processual penal brasileira pode ser ressalvado por tratados,
Sul) e será processado e julgado pela justiça. convenções e regras de direito internacional.
(A) da comarca de São Paulo, Capital do Estado de São (C) A lei processual penal aplica-se desde logo, sem
Paulo, de onde o navio partiu. prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei
(B) da Capital Federal do Brasil (Brasília), pois o crime anterior.
ocorreu em alto mar. (D) A norma processual penal mista constitui exceção à
(C) da África do Sul, em Cape Town, primeiro porto que regra da irretroatividade da lei processual penal.
tocará a embarcação após o crime, pois este foi cometido em (E) No processo penal, assim como no direito penal, é
alto mar, em águas internacionais. sempre admitida a interpretação extensiva e aplicação
(D) da comarca de Santos, último porto que tocou. analógica das normas.
(E) da África do Sul, na cidade de Bloemfontein, capital
judiciária do país. 07. (OAB - Exame de Ordem Unificado - XI - Primeira
Fase - FGV) Em um processo em que se apura a prática dos
03. (MPE/AL - Promotor de Justiça - FCC) De acordo com delitos de supressão de tributo e evasão de divisas, o Juiz
o Código de Processo Penal, a lei processual penal Federal da 4ª Vara Federal Criminal de Arroizinho determina
(A) retroage para invalidar os atos praticados sob a a expedição de carta rogatória para os Estados Unidos da
vigência da lei anterior, se mais benéfica. América, a fim de que seja interrogado o réu Mário. Em
(B) não admite aplicação analógica. cumprimento à carta, o tribunal americano realiza o
(C) admite suplemento dos princípios vitais de direito. interrogatório do réu e devolve o procedimento à Justiça
(D) admite interpretação extensiva, mas não suplemento Brasileira, a 4ª Vara Federal Criminal. O advogado de defesa de
dos princípios gerais de direito. Mário, ao se deparar com o teor do ato praticado, requer que o
(E) admite aplicação analógica, mas não interpretação mesmo seja declarado nulo, tendo em vista que não foram
extensiva. obedecidas as garantias processuais brasileiras para o réu.
Exclusivamente sobre o ponto de vista da Lei Processual no
04. (TJ/AC - Técnico Judiciário Área Judiciária - CESPE) Espaço, a alegação do advogado está correta?
Acerca dos princípios aplicáveis ao direito processual penal e (A) Sim, pois no processo penal vigora o princípio da
da aplicação da lei processual no tempo e no espaço, julgue o extraterritorialidade, já que as normas processuais brasileiras
item seguinte. podem ser aplicadas fora do território nacional.
(B) Não, pois no processo penal vigora o princípio da
A extraterritorialidade da lei processual penal brasileira territorialidade, já que as normas processuais brasileiras só se
ocorrerá apenas nos crimes perpetrados, ainda que no aplicam no território nacional.
estrangeiro, contra a vida ou a liberdade do presidente da (C) Sim, pois no processo penal vigora o princípio da
República e contra o patrimônio ou a fé pública da União, do territorialidade, já que as normas processuais brasileiras
Distrito Federal, de estado, de território e de município. podem ser aplicadas em qualquer território.
(D) Não, pois no processo penal vigora o princípio da
(A) Certo extraterritorialidade, já que as normas processuais brasileiras
(B) Errado podem ser aplicas fora no território nacional.

05. (TRE/MS - Analista Judiciário - Área Judiciária - 08. (DEPEN - Agente Penitenciário - CESPE) Julgue o
CESPE) No que diz respeito à aplicação da lei processual no item a seguir.
tempo, no espaço e em relação às pessoas, assinale a opção Aos crimes militares aplicam-se as mesmas disposições do
correta. Código de Processo Penal, excluídas as normas de conteúdo
(A) Por força do princípio tempus regit actum, o fato de lei penal que tratam de matéria específica diversa do direito
nova suprimir determinado recurso, existente em legislação penal comum.
anterior, não afasta o direito à recorribilidade subsistente pela (A) Certo
lei anterior, quando o julgamento tiver ocorrido antes da (B) Errado
entrada em vigor da lei nova.
(B) A nova lei processual penal aplicar-se-á 09. (DEPEN - Agente Penitenciário - CESPE) Julgue o
imediatamente, invalidando os atos realizados sob a vigência item a seguir.
da lei anterior que com ela for incompatível.
(C) O princípio da imediatidade da lei processual penal A competência do Senado Federal para o julgamento do
abarca o transcurso do prazo processual iniciado sob a égide presidente da República nos crimes de responsabilidade
da legislação anterior, ainda que mais gravosa ao réu. constitui exceção ao princípio, segundo o qual devem ser
aplicadas as normas processuais penais brasileiras aos crimes
cometidos no território nacional.

Noções de Direito Processual Penal 7


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(A) Certo após o cometimento do crime. Não podemos olvidar, ainda, que
(B) Errado o inquérito serve à composição das indispensáveis provas pré-
constituídas que servem de base à vítima, em determinados
10. (DEPEN - Agente Penitenciário - CESPE) Julgue o casos, para a propositura da ação penal privada. 3
item a seguir.
Considerando este conceito é possível destacar alguns
Em regra, a norma processual penal prevista em tratado pontos que se apresentam relevantes para o estudo do
e(ou) convenção internacional, cuja vigência tenha sido inquérito policial, quais sejam:
regularmente admitida no ordenamento jurídico brasileiro, - O inquérito é um procedimento preparatório da ação
tem aplicação independentemente do Código de Processo penal, de caráter administrativo, ou seja, inquérito policial não
Penal. é processo
(A) Certo - Sua finalidade é a apuração do crime e sua autoria, e à
(B) Errado colheita de elementos de informação do delito no que tange a
sua materialidade e seu autor.
11. (DEPEN - Agente Penitenciário - CESPE) Julgue o
item a seguir. A presidência do inquérito é realizada pela autoridade
policial de onde se deu a consumação do delito, no exercício de
Considere que, diante de uma sentença condenatória e no funções de polícia judiciária. Cabe frisar que essa função
curso do prazo recursal, uma nova lei processual penal tenha exercida pela polícia judiciária pode ser acompanhada de
entrado em vigor, com previsão de prazo para a interposição perto pelo Ministério Público, no exercício do controle externo
do recurso diferente do anterior. Nessa situação, deverá ser da atividade policial (art. 129, inciso VII, da Constituição
obedecido o prazo estabelecido pela lei anterior, porque o ato Federal), papel este que não implica em qualquer submissão
processual já estava em curso. hierárquica.
(A) Certo
(B) Errado São características do inquérito policial:
a) Inquisitivo: Com a finalidade de se fomentar a agilidade
12. (OAB - Exame de Ordem Unificado - XI - Primeira da investigação, no inquérito policial, não há contraditório e
Fase - FGV) A Lei n. 9.099/95 modificou a espécie de ação ampla defesa, não sendo permitido que o investigado participe
penal para os crimes de lesão corporal leve e culposa. De dele.
acordo com o Art. 88 da referida lei, tais delitos passaram a ser b) Inexistência de nulidades: Sendo o inquérito mero
de ação penal pública condicionada à representação. procedimento informativo e não ato de jurisdição, os vícios
Tratando-se de questão relativa à Lei Processual Penal no nele acaso existentes não afetam a ação penal a que deu
Tempo, assinale a alternativa que corretamente expõe a regra origem. A desobediência a formalidades legais pode acarretar
a ser aplicada para processos em curso que não haviam apenas a ineficácia do ato em si (prisão em flagrante, por
transitado em julgado quando da alteração legislativa. exemplo, que, se ilegal, deve ser relaxada), mas não influi na
(A) Aplica-se a regra do Direito Penal de retroagir a lei, por ação já iniciada. Se a prova irregular era a única do inquérito,
ser norma mais benigna. a consequência é que a denúncia deve ser rejeitada por falta de
(B) Aplica-se a regra do Direito Processual de suporte probatório mínimo (justa causa).
imediatidade, em que a lei é aplicada no momento em que c) Escrito (art. 9º CPP): O procedimento deve ser todo
entra em vigor, sem que se questione se mais gravosa ou não. escrito, nos termos do art. 9° do CPP. Quanto aos atos orais,
(C) Aplica-se a regra do Direito Penal de irretroatividade devem ser reduzidos a termo.
da lei, por ser norma mais gravosa. d) Dispensável: Caso o titular da ação penal obtenha
(D) Aplica-se a regra do Direito Processual de elementos de informação a partir de uma fonte autônoma,
imediatidade, em que a lei é aplicada no momento em que poderá dispensar a realização do inquérito policial;
entra em vigor, devendo-se questionar se a novatio legis é mais e) Sigiloso (art. 20 CPP): O inquérito não está
gravosa ou não. disponibilizado para qualquer do povo, pois não há a
publicidade, o que serve de proteção ao investigado contra as
Respostas investidas da imprensa, em atenção ao princípio da presunção
01. E / 02. D / 03. C / 04. B / 05. A / 06. E da inocência;
07. B / 08. B / 09. A / 10. A / 11. A / 12. A f) Oficialidade: o inquérito policial deve ser presidido por
órgão oficial do Estado, no caso, a Polícia Judiciária;
g) Autoritariedade: O inquérito policial é presidido por
Inquérito. autoridade Pública, o Delegado de Polícia;
h) Discricionário: A autoridade policial possui liberdade
para realizar aquelas diligências investigativas que ela julga
INQUÉRITO POLICIAL (arts. 4º a 23 do Código de mais adequadas para aquele caso;
Processo Penal) i) Oficiosidade: Nos crimes de ação penal pública
incondicionada, a autoridade policial tem o dever de ofício de
Conceito bastante completo de inquérito policial é proceder à apuração do fato delitivo (art. 5ª, inciso 1, do CPP);
apresentado por Guilherme de Souza Nucci, que merece ser j) Indisponibilidade (art. 17 CPP): É característica
transcrito em seu inteiro teor e com destaque: aplicável à autoridade policial, que não pode determinar o
É um procedimento preparatório da ação penal, de caráter arquivamento do inquérito policial, nos termos do art. 17 do
administrativo, conduzido pela polícia judiciária e voltado à CPP, mesmo se não existirem indícios suficientes da autoria ou
colheita preliminar de provas para apurar a prática de uma prova da materialidade do fato delitivo e ainda que ele tenha
infração penal e sua autoria. Seu objetivo precípuo é a formação instaurado o inquérito de ofício.
da convicção do representante do Ministério Público, mas
também a colheitas de provas urgentes, que podem desaparecer, O inquérito policial possui diversas formas de instauração.

3NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal. 5. ed.


São Paulo: RT, 2008.

Noções de Direito Processual Penal 8


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Tudo dependerá da espécie de ação penal correspondente ao Adolescente), o membro do Ministério Público ou o delegado
crime perpetrado. Vejamos: de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder
A) Se o crime a ser averiguado for de ação penal privada ou público ou de empresas da iniciativa privada, dados e
condicionada à representação. O inquérito começa por informações cadastrais da vítima ou de suspeitos. (Incluído
representação da vítima ou de seu representante legal; pela Lei nº 13.344, de 2016)
B) Se o crime a ser averiguado for de ação penal pública Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo
condicionada à requisição do Ministro da Justiça. Neste caso, o de 24 (vinte e quatro) horas, conterá: (Incluído pela Lei nº
ato inaugural do inquérito é a própria requisição do Ministro 13.344, de 2016)
da Justiça; I - o nome da autoridade requisitante; (Incluído pela Lei nº
C) Se o crime a ser averiguado for de ação penal pública 13.344, de 2016)
incondicionada. Neste caso, será iniciado: II - o número do inquérito policial; e (Incluído pela Lei nº
- de ofício (quando a autoridade policial, em suas 13.344, de 2016)
atividades, tomou conhecimento dos fatos. Neste caso, o III - a identificação da unidade de polícia judiciária
procedimento inicia-se por portaria); responsável pela investigação. (Incluído pela Lei nº 13.344, de
- por requisição do juiz ou do Ministério Público 2016)
- por requerimento da vítima;
- por “delatio criminis” (trata-se de notícia oferecida por Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos
qualquer do povo ou pela imprensa, de modo que esta não crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do
pode ser “anônima”. Ministério Público ou o delegado de polícia poderão requisitar,
- por auto de prisão em flagrante (neste caso, a peça mediante autorização judicial, às empresas prestadoras de
inaugural do inquérito é o próprio auto de prisão em flagrante). serviço de telecomunicações e/ou telemática que
disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados –
Se o inquérito policial tramitar perante a Justiça Estadual, como sinais, informações e outros – que permitam a
em se tratando de investigado solto, ele deve ser concluído localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso.
em 30 (trinta) dias, mas se o fato for de difícil elucidação, será (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
possível que a autoridade policial requeira ao magistrado a § 1º Para os efeitos deste artigo, sinal significa
dilação deste prazo, que poderá ser concedida ou não. Se, posicionamento da estação de cobertura, setorização e
porém, o investigado está preso, o prazo é de 10 (dez) dias, intensidade de radiofrequência. (Incluído pela Lei nº 13.344,
não podendo ser dilatado. de 2016)
§ 2º Na hipótese de que trata o caput, o sinal: (Incluído pela
Recebido o inquérito policial, tem o agente do Ministério Lei nº 13.344, de 2016)
Público as seguintes opções: I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de
A) Oferecimento de denúncia. Ora, se o promotor de justiça qualquer natureza, que dependerá de autorização judicial,
é o titular da ação penal, a ele compete se utilizar dos conforme disposto em lei; (Incluído pela Lei nº 13.344, de
elementos colhidos durante a fase persecutória para dar o 2016)
disparo inicial desta ação por intermédio da denúncia; II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel
B) Requerimento de diligências. Somente quando forem celular por período não superior a 30 (trinta) dias, renovável
indispensáveis; por uma única vez, por igual período; (Incluído pela Lei nº
C) Promoção de arquivamento. Se entender que o 13.344, de 2016)
investigado não constitui qualquer infração penal, ou, ainda III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso
que constitua, encontra óbice nas máximas sociais que II, será necessária a apresentação de ordem judicial. (Incluído
impedem que o processo se desenvolva por atenção ao pela Lei nº 13.344, de 2016)
“Princípio da Insignificância”, por exemplo, o agente § 3º Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial
ministerial pode solicitar o arquivamento do inquérito à deverá ser instaurado no prazo máximo de 72 (setenta e duas)
autoridade judicial; horas, contado do registro da respectiva ocorrência policial.
D) Oferecer arguição de incompetência. Se não for de sua (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
competência, o membro do MP suscita a questão, para que a § 4º Não havendo manifestação judicial no prazo de 12
autoridade judicial remeta os autos à justiça competente; (doze) horas, a autoridade competente requisitará às
E) Suscitar conflito de competência ou de atribuições. empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou
Conforme o art. 114, do Código de Processo Penal, o “conflito telemática que disponibilizem imediatamente os meios
de competência” é aquele que se estabelece entre dois ou mais técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que
órgãos jurisdicionais. Já o “conflito de atribuições” é aquele que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em
se estabelece entre órgãos do Ministério Público. curso, com imediata comunicação ao juiz. (Incluído pela Lei nº
13.344, de 2016)
Se esgotadas todas as diligências cabíveis (em não havendo
esse esgotamento, é caso de remessa dos autos à Delegacia de “Notitia criminis”. É o conhecimento, pela autoridade
Polícia para a realização de novas diligências, consoante o art. policial, acerca de um fato delituoso que tenha sido praticado.
16 do CPP), percebendo o órgão do Ministério Público (e São as seguintes suas espécies:
apenas ele, nunca a autoridade policial - art. 17 do CPP) que A) “Notitia criminis” de cognição imediata. Nesta, a
não há indícios suficientes de autoria e/ou prova da autoridade policial toma conhecimento do fato por meio de
materialidade delitiva, ou, em outras palavras, em sendo caso suas atividades corriqueiras (exemplo: durante uma
de futura rejeição da denúncia (art. 395 do CPP) ou de investigação qualquer descobre uma ossada humana
absolvição sumária (397 do CPP), deverá ser formulado ao juiz enterrada no quintal de uma casa);
pedido de arquivamento do inquérito policial. B) “Notitia criminis” de cognição mediata. Nesta, a
autoridade policial toma conhecimento do fato por meio de um
Atenção a novidade legislativa ocorrida em 2016: expediente escrito (exemplo: requisição do Ministério Público;
Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, requerimento da vítima);
no § 3º do art. 158 e no art. 159 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 C) “Notitia criminis” de cognição coercitiva. Nesta, a
de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei no autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso por
8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do intermédio do auto de prisão em flagrante.

Noções de Direito Processual Penal 9


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Questões (C) poderá ser instaurado de ofício nos crimes de ação


penal pública incondicionada, mas apenas mediante
01. (PC/SC - ESCRIVÃO - ACAFE) Assinale a alternativa requisição do Ministério Público ou do juiz.
correta que completa o enunciado a seguir: Nos termos do (D) poderá ser arquivado pelo Delegado Geral de Polícia
Código de Processo Penal brasileiro a reprodução simulada dos quando reconhecida, pela autoridade policial, a ocorrência de
fatos, no inquérito policial (...): legítima defesa.
(A) somente poderá ser determinada pela autoridade (E) se o investigado já foi identificado civilmente não
judicial e a requerimento das partes, com o objetivo de deverá ser indiciado.
verificar a possibilidade de ter a infração sido praticada de
determinado modo, desde que esta não contrarie a moralidade 05. (Polícia Civil/PI - Escrivão Civil - NUCEPE/UESPI)
ou a ordem pública. Acerca do Inquérito Policial, assinale a alternativa incorreta.
(B) poderá ser determinada pela autoridade policial com o (A) Nos crimes de ação penal pública incondicionada, o
objetivo de verificar a possibilidade de ter a infração sido inquérito policial não pode ser instaurado de ofício pela
praticada de determinado modo, desde que esta não contrarie autoridade policial.
a moralidade ou a ordem pública. (B) Nos crimes de ação penal privada, o inquérito policial
(C) somente poderá ser ordenada pelo órgão do Ministério não pode ser instaurado por requisição do Ministério Público.
Público, o dominus litis, com o objetivo de verificar a (C) Nos crimes de ação penal privada, o inquérito policial
possibilidade de ter a infração sido praticada de determinado somente pode ser instaurado mediante requerimento da parte
modo, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem legitimada para ajuizar a ação penal.
pública. (D) Nos crimes de ação penal pública condicionada, o
(D) somente poderá ser determinada pela autoridade inquérito policial não pode ser instaurado de ofício pela
policial, em crimes dolosos contra a vida ou dos quais resulte autoridade policial.
morte, com o objetivo de verificar a possibilidade de ter a (E) Nos crimes de ação pública incondicionada, cabe à
infração sido praticada de determinado modo, desde que esta autoridade policial instaurá-lo de ofício ou mediante
não contrarie a moralidade ou a ordem pública. requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público,
ou diante de requerimento do ofendido ou de seu
02. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário – NUCEPE) Sobre representante.
inquérito policial, assinale a alternativa INCORRETA.
(A) Para os delitos previstos na lei de entorpecentes (Lei 06. (TJ/RS - Analista Judiciário - FAURGS) Sobre o
nº11.343/06), o prazo para a conclusão do inquérito será de inquérito policial, considere as afirmações abaixo.
30 dias se o indiciado estiver preso e de 90 dias se estiver solto. I - Se o crime for de ação penal privada, a instauração do
(B) O Ministério Público poderá oferecer denúncia sem inquérito policial suspende o prazo para o oferecimento da
prévio inquérito policial ou peças de Informação. queixa.
(C) Há normas que disciplinam o tempo de determinados II - Segundo o entendimento do Supremo Tribunal Federal,
atos que integram o inquérito policial, como aqueles que é direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso
limitam direitos fundamentais. amplo aos elementos de prova que, já documentados em
(D) O inquérito policial é unidirecional, não cabendo à procedimento investigatório realizado por órgão com
autoridade policial emitir juízo de valor acerca do fato competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício
delituoso. do direito de defesa.
(E) “Função endoprocedimental do inquérito policial”, diz III - Nas comarcas em que houver mais de uma
respeito à sua eficácia interna na fase processual, servindo circunscrição policial, a autoridade com exercício em uma
para fundamentar as decisões interlocutórias tomadas no seu delas poderá, nos inquéritos que conduza, ordenar diligências
curso. em circunscrição de outra, independentemente de precatórias
ou requisições.
03. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário – NUCEPE) Com IV - O arquivamento do inquérito pela insuficiência de
relação à notitia criminis, é INCORRETO afirmar: material probatório disponível no que se refere à
(A) notitia criminis inqualificada corresponde à notícia comprovação da autoria e materialidade do crime pode ser
anônima do crime; ordenado pela autoridade judiciária ou policial; nesse caso, a
(B) delatio criminis simples é aquela cuja comunicação é polícia judiciária, se de outras provas tiver conhecimento,
feita por qualquer pessoa do povo, à autoridade policial, poderá proceder a reabertura das investigações.
quando tiver ciência da existência de infração penal em que Estão corretas?
caiba ação pública incondicionada; (A) Apenas I e II.
(C) notitia criminis provocada é a transmitida pelas (B) Apenas II e III.
diversas formas previstas na legislação processual penal; (C) Apenas II e IV.
(D) a notícia do crime será considerada coercitiva, quando (D) Apenas III e IV.
houver requisição do Ministério Público; (E) Apenas IV e V.
(E) dá-se a notitia criminis provocada, de cognição mediata,
por conhecimento indireto ou comunicação formal. 07. (PC/AL - Delegado de Polícia - CESPE) Julgue o item
subsequente.
04. (MPE/AL – Promotor de Justiça – FCC) Em relação ao
inquérito policial, é correto afirmar que No curso do inquérito policial, as partes poderão indicar
(A) é direito do defensor, no interesse do representado, ter assistentes técnicos para a produção e elaboração da prova
acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados pericial, podendo apresentar quesitos aos peritos oficiais e
em procedimento investigatório realizado por órgão com elaborar laudo em sentido diverso.
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício
do direito de defesa. (A) Certo
(B) a autoridade policial poderá requerer a devolução dos (B) Errado
autos do juiz para a realização de ulteriores diligências quando
o indiciado estiver preso em flagrante e a diligência for célere. 08. (MPE/SE – Analista do Ministério Público – FCC) Em
relação ao inquérito policial,

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(A) o ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado sejam apurados de acordo com a linha investigativa que
poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou estiver sendo desenvolvida no momento.
não, a juízo da autoridade.
(B) nos crimes de ação penal de iniciativa pública, somente 12. (Polícia Militar/SC – Soldado - IOBV) Considerando
pode ser iniciado de ofício. o Código de Processo Penal vigente, logo que tiver
(C) a autoridade policial poderá mandar arquivar os autos conhecimento da prática da infração penal, a autoridade
de inquérito policial em caso de evidente atipicidade da policial deverá:
conduta investigada. (A) Dirigir-se ao local, providenciando para que não se
(D) se o indiciado estiver preso em flagrante, o inquérito alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos
policial deverá terminar no prazo máximo de cinco dias, salvo peritos criminais.
disposição em contrário. (B) Deixar na posse das vítimas os objetos que tiverem
(E) é indispensável à propositura da ação penal de relação com o fato.
iniciativa pública. (C) Colher no máximo três provas que servirem para o
esclarecimento do fato e suas circunstâncias.
09. (CNJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - CESPE) A respeito do (D) Ouvir apenas as testemunhas e jamais ouvir o
disposto na Constituição Federal de 1988 (CF) e no Código de ofendido, visto que este não possui condições psicológicas
Processo Penal, julgue o próximo item: para expressar-se corretamente no momento da ocorrência.

Em que pese a previsão constitucional de publicidade dos 13. (Polícia Militar/GO – Soldado - UEG) O inquérito
atos processuais, isso não ocorre no inquérito policial que, por policial, segundo o Código de Processo Penal,
ser procedimento administrativo informativo, é acobertado pelo (A) deverá ser concluído no prazo de 10 dias, se o indiciado
sigilo. tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventiva ou
temporariamente, contado o prazo, nestas últimas hipóteses, a
(A) CERTO partir da data da decretação da prisão.
(B) ERRADO (B) poderá ser arquivado por determinação expressa da
autoridade policial.
10. (TJ/PE - Titular de Serviços de Notas e de Registros (C) acompanhará a denúncia ou a queixa, sempre que
– FCC) Com relação ao inquérito policial, é correto afirmar que servir de base a uma ou a outra.
(A) poderá ser iniciado de ofício, por ordem da autoridade (D) depois de ordenado o arquivamento pela autoridade
policial, ou mediante requisição da autoridade judiciária ou de policial, não é possível ser desarquivado, mesmo se de outras
membro do Ministério Público, ou, ainda, a requerimento do provas se tiver notícia.
ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
(B) qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da 14. (SEJAP/MA - Agente Penitenciário - FGV) Com
existência de infração penal em que caiba ação de iniciativa relação ao inquérito, assinale a afirmativa incorreta.
pública deverá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à (A) O inquérito é um procedimento investigatório prévio,
autoridade policial e esta, verificada a procedência das no qual diversas diligências são realizadas na busca da
informações, mandará instaurar inquérito. obtenção de indícios que permitam o titular da ação propô-la
(C) deverá, em regra, terminar no prazo de 10 (dez) dias, contra o autor da infração penal.
se o indiciado estiver preso, ou no prazo de 30 (trinta) dias, se (B) O inquérito policial é inquisitivo, não vigorando o
estiver solto, sendo admissível a prorrogação desses prazos, princípio do contraditório pleno, apesar de autoridade que o
em ambos os casos, quando o fato for de difícil elucidação e presidir ter a obrigação de agir dentro dos termos da lei.
houver autorização judicial. (C) Apesar de o inquérito ser sigiloso, é direito do defensor,
(D) o ofendido e o indiciado não podem requerer no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos
diligências à autoridade policial. de prova que, já documentados, digam respeito ao exercício do
(E) a autoridade policial poderá mandar arquivar os autos direito de defesa.
do inquérito policial, se não forem encontrados indícios de (D) O inquérito, que é obrigatório, pode ser iniciado de
crime e de sua autoria. ofício, por requisição da autoridade judiciária ou do Ministério
Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver
11. (Polícia Civil/PA- Escrivão- UEPA) Sobre inquérito qualidade para representa-lo.
policial, é correto afirmar que: (E) O inquérito, nos crimes em que a ação pública depende
(A) comparecer ao local do crime, para garantir a sua de representação, não poderá ser iniciado sem ela.
integridade, e apreender objetos que tenham relação com o
fato, são atribuições do delegado de polícia civil, que não 15. (Polícia Civil/GO - Escrivão de Polícia - UEG) O
podem ser executadas por investigadores. inquérito policial
(B) uma vez determinado o arquivamento do inquérito (A) deve ser submetido ao contraditório, nos casos em que
pelo juiz competente, a autoridade policial não pode o investigado estiver preso.
empreender novas investigações sobre o mesmo fato, a menos (B) é sigiloso, não podendo o defensor, no interesse de seu
que seja requisitada para fazê-lo pelo Ministério Público. representado, ter acesso aos elementos de informação
(C) se o recomendarem as circunstâncias do caso, o juiz produzidos.
pode determinar a incomunicabilidade do indiciado, por até (C) poderá ser arquivado por determinação da autoridade
três dias, quando o mesmo não poderá manter contato com policial.
familiares, advogados ou terceiros, a fim de prevenir a perda (D) é procedimento inquisitório e preparatório, presidido
de provas ou influências sobre testemunhas. pela autoridade policial.
(D) tanto o acusado quanto o suposto ofendido pelo crime
podem requerer diligências para elucidação dos fatos, à 16. (Polícia Civil/GO - Escrivão de Polícia - UEG) Se o
autoridade policial, mas esta tem liberdade para deferir ou não membro do Ministério Público Estadual requer o
os pedidos, sem que se possa falar em nulidades. arquivamento do inquérito policial, mas se o magistrado
(E) investigadores de polícia não podem participar da considerar improcedentes as razões invocadas, o juiz deve,
reconstituição do crime, para prevenir o risco de que os fatos segundo o Código de Processo Penal:

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(A) encaminhar o inquérito policial ao ofendido para, caso (E) proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, se
queira, propor queixa subsidiária ou insistir no pedido de possível, à inquirição das testemunhas arroladas pela
arquivamento. acusação e pela defesa.
(B) enviar o inquérito policial à autoridade policial para
continuidade das investigações ou oferecimento da denúncia. Respostas
(C) remeter o inquérito policial ao procurador-geral de 01. B / 02. B / 03D / 04. A / 05. A
justiça para que este ofereça denúncia, designe outro órgão do 06. B / 07. B / 08. A / 09. A / 10. A
Ministério Público para oferecê-la ou insista no pedido de 11. D / 12. A / 13. C / 14. D / 15. D
arquivamento. 16. C / 17. A / 18. A / 19. D / 20. B
(D) devolver o inquérito policial ao promotor de justiça
determinando que este ofereça a denúncia.
2 Ação penal. 2.1 Conceito,
17. (Polícia Civil/ES - Escrivão de Polícia - FUNCAB) São
características do inquérito policial: condições e pressupostos
(A) Procedimento preparatório, formal, escrito, processuais.
inquisitorial e instrutor, sigiloso, dispensável, sistemático,
unidirecional.
(B) Processo preparatório, material, escrito ou verbal, AÇÃO PENAL
inquisitorial, sigiloso com exceções, indispensável, sistêmico,
bidirecional. De acordo com a doutrina majoritária, ação penal é o
(C) Procedimento preparatório, material, instrutor, direito público subjetivo de pedir ao Estado-Juiz a aplicação do
sigiloso mitigado, dispensável, sistemático, bidirecional. direito penal objetivo a um caso concreto. Funciona, portanto,
(D) Processo preparatório, formal, escrito, inquisitorial, como o direito que a parte acusadora - Ministério Público ou o
sigiloso, dispensável, sistêmico, bidirecional. ofendido (querelante) – tem de, mediante o devido processo
(E) Procedimento preparatório, informal, escrito, legal, provocar o Estado a dizer o direito objetivo no caso
inquisitorial e instrutor, sigiloso, dispensável, sistemático, concreto.
bidirecional.
Segundo Guilherme de Souza Nucci, a ação penal “É o
18. (Polícia Civil/ES - Escrivão de Polícia - FUNCAB) O direito do Estado-acusação ou do ofendido de ingressar em
inquérito policial poderá ser iniciado por: juízo, solicitando a prestação jurisdicional, representada pela
I. auto de prisão em flagrante. aplicação das normas de direito penal ao caso concreto”.
II. auto de resistência.
III. representação do ofendido ou seu representante legal. Considerada a ação penal um direito, suas principais
IV. requerimento do ofendido ou seu representante legal. características são:
a) direito público: a atividade jurisdicional que se
Assinale a opção que contempla as assertivas corretas. pretende provocar é de natureza pública. Daí se dizer que a
(A) I, II, III e IV. ação penal é um direito público. Mesmo nas hipóteses em que
(B) I, II e III, apenas. o Estado transfere ao ofendido a possibilidade de ingressar em
(C) I e II, apenas. Juízo. Por isso, por exemplo, o mais correto seria dizer ação
(D) II e III, apenas. penal “de iniciativa privada”, e não “ação penal privada”, afinal,
(E) III e IV, apenas. toda ação penal é pública.
b) direito subjetivo: o titular do direito de ação penal
19. (Polícia Civil/ES - Escrivão de Polícia - FUNCAB) pode exigir do Estado-Juiz a prestação jurisdicional,
Consoante os ditames do Código de Processo Penal, a relacionada a um caso concreto;
autoridade policial deverá: c) direito autônomo: o direito de ação penal não se
(A) arquivar o inquérito policial, quando restar provada a confunde com o direito material que se pretende tutelar;
inexistência de crime ao final das investigações. d) direito abstrato: o direito de ação existe e será
(B) representar pela liberdade provisória, quando não exercido mesmo nas hipóteses em que o juiz julgar
estiverem presentes os requisitos da prisão processual de improcedente o pedido de condenação do acusado. Ou seja, o
natureza cautelar. direito de ação independe da procedência ou improcedência
(C) conceder fiança nos casos de infração cuja pena da pretensão acusatória. O fato de alguém ser alvo de uma ação
privativa de liberdade máxima não seja superior a 5 (cinco) penal não importa pré-condenação deste agente;
anos. e) direito determinado: o direito de ação é
(D) representar acerca da prisão preventiva. instrumentalmente conexo a um fato concreto, já que pretende
(E) apreender os objetos que tiverem relação com o fato, solucionar uma pretensão de direito material;
antes de liberados pelos peritos criminais. f) direito específico: o direito de ação penal apresenta um
conteúdo, que é o objeto da imputação, ou seja, é o fato
20. (Polícia Civil/ES - Escrivão de Polícia - FUNCAB) De delituoso cuja prática é atribuída ao acusado.
acordo com o Código de Processo Penal, para verificar a
possibilidade de haver a infração sido praticada de Condições da ação penal.
determinado modo, a autoridade policial poderá:
(A) determinar o desarquivamento de inquérito policial. 1. Condições genéricas
(B) proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que Grande parte da doutrina entende que, no processo penal,
esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública. as condições genéricas da ação penal não apresentam
(C) proceder ao sequestro dos bens imóveis, adquiridos conceituações distintas daquelas pensadas para o processo
pelo indiciado com os proventos da infração, ainda que já civil, em face de uma teoria geral do processo, acrescentando-
tenham sido transferidos a terceiro. se apenas a justa causa como uma quarta condição. Logo, para
(D) proceder ao arresto do imóvel utilizado pelos o exercício regular do direito de ação penal, exige-se a
indiciados. legitimidade das partes, o interesse de agir, a possibilidade
jurídica do pedido e a justa causa.

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Sem o preenchimento dessas condições genéricas, teremos provocação do ofendido ou de terceiros. O Ministério Público
o abuso do direito de ação, autorizando, pois, a rejeição da peça não necessita qualquer autorização para oferecer denúncia.
acusatória.
1.2 Ação penal pública condicionada. Quando a
2 Condições específicas. São condições exigidas apenas promoção da ação penal pública pelo Ministério Público
para alguns delitos. Assim, por exemplo, nos crimes de ação de depender de representação do ofendido ou de requisição do
iniciativa pública condicionada, indispensável será o Ministro da Justiça, diz-se que a ação penal é pública
oferecimento de representação pelo ofendido, nos termos do condicionada. Diz-se que é pública, pois promovida pelo órgão
art. 39, do Código de Processo Penal, ou a requisição do do Ministério Público; diz-se que é condicionada, já que o
Ministro da Justiça, em se tratando de crime contra a honra Parquet não poderá promovê-la sem que haja o implemento da
praticado contra o Presidente da República, contra chefe de condição imposta pela lei: representação do ofendido ou
governo estrangeiro, conforme art. 145, parágrafo único, do requisição do Ministro da Justiça.
Código Penal. Os princípios que norteiam esta espécie de ação são os
Deste modo, ausente condição específica de mesmos da ação penal pública incondicionada.
procedibilidade exigida pela lei, de rigor será a rejeição da
denúncia ou queixa. Condições de procedibilidade:
A) Representação do ofendido. É a manifestação do
Classificação das ações penais. ofendido ou de seu representante legal no sentido de que tem
No âmbito processual penal, a doutrina costuma classificar interesse na persecução penal do fato delituoso. Ela deve ser
a ação penal a partir da legitimação ativa. Tem-se, assim, a ação oferecida por pessoa maior de dezoito anos através de
penal pública e a ação penal de iniciativa privada. Assim, a advogado, ou, se menor de dezoito anos, é o representante
classificação das ações penais observa, em regra, o titular para legal deste quem procura um advogado para que o faça. Se
sua propositura. houver colisão de interesses entre o menor e seu
representante, nomeia-se curador especial, na forma do art.
1 Ação penal pública. É de iniciativa exclusiva do 33, do Código de Processo Penal.
Ministério Público. Na ação pública vigora o princípio da Ademais, com fundamento no primeiro parágrafo, do art.
obrigatoriedade, ou seja, havendo indícios suficientes, surge 24, CPP, no caso de morte do ofendido ou quando declarado
para o Ministério Público o dever de propor a ação. A peça ausente por decisão judicial, o direito de representação
processual que dá início à ação penal pública é a denúncia. passará ao cônjuge (ou convivente), ao ascendente, ao
descendente, ou irmão;
1.1 Ação penal pública incondicionada. É a regra no B) Natureza jurídica da representação do ofendido. Em
ordenamento processual penal. Para que ação penal seja de regra, a representação funciona como condição específica de
outra espécie, isso deve estar expressamente previsto. Se não procedibilidade aos processos que ainda não tiveram início.
houver previsão diversa, entende-se pública a ação penal. Por outro lado, se o processo já está em andamento, a
Nesta espécie de ação penal, a atuação do Ministério representação passa a ser uma condição de prosseguibilidade
Público independe do implemento de qualquer condição. Ou da ação penal, já que, para que o processo prossiga, uma
seja, verificando a presença das condições da ação e havendo condição superveniente tem de ser sanada;
justa causa para o oferecimento da denúncia, a atuação do C) Forma da representação do ofendido. Trata-se de peça
Representante ministerial prescinde do implemento de sem rigor formal, bastando que fique devidamente
qualquer condição. demonstrado o interesse da vítima ou de seu representante
São princípios aplicados à ação penal pública legal em representar o ofensor. Conforme o art. 39, da Lei
incondicionada: Processual Penal, o direito de representação poderá ser
A) Princípio da inércia da jurisdição. Com adoção do exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes
sistema acusatório, ao juiz não é dado iniciar o processo de especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao
ofício. O juiz precisa ser provocado, para sair de sua posição órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial. Ato
estática, inerte; contínuo, o primeiro parágrafo do mencionado dispositivo
B) Princípio do “ne bis in idem”. Ninguém receberá prevê que a representação feita oralmente ou por escrito, sem
condenação por crime a que já tenha sido condenado. Logo, assinatura devidamente autenticada do ofendido, de seu
ninguém pode ser processado duas vezes pela mesma representante legal ou procurador, será reduzida a termo,
imputação. perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do MP,
C) Princípio da intranscendência. A ação penal não pode quando a este houver sido dirigida. Por fim, o parágrafo
passar da pessoa do autor do delito (art. 5º, XLV, da CF); segundo do art. 39 prevê que a representação conterá todas as
D) Princípio da obrigatoriedade. Por tal, presentes as informações que possam servir à apuração do fato e da
condições da ação, o Ministério Público é obrigado a oferecer autoria;
denúncia. D) Direcionamento da representação. É feita à autoridade
E) Princípio da indisponibilidade. Se o Ministério Público é policial, ao Ministério Público, ou ao juiz, pessoalmente ou por
obrigado a oferecer denúncia, não pode, consequencialmente, represente com procuração atribuidora de poderes especiais
desistir da ação penal pública (art. 42, CPP). para tal;
F) Princípio da divisibilidade. Para os tribunais superiores, E) Prazo para oferecimento da representação. Assim como
o Ministério Público pode denunciar alguns dos corréus, sem a queixa-crime, a representação está sujeita ao prazo
prejuízo do prosseguimento das investigações em relação aos decadencial de seis meses, em regra contados do
demais. Há quem entenda, todavia, que havendo elementos de conhecimento da autoria. Trata-se de prazo penal, isto é, o dia
informação, o Ministério Público é obrigado a denunciar todos do início é contabilizado (art. 10, CP);
os suspeitos, de modo que o princípio aplicável à ação penal F) Retratação da representação. Antes do oferecimento da
pública seria o “da indivisibilidade”, e não o “da divisibilidade”. denúncia pode ocorrer a retratação. Depois de oferecida a
Contudo, o posicionamento majoritário na doutrina e denúncia, não é mais possível retratar-se da representação. Eis
jurisprudência é o da divisibilidade. o teor do art. 25, do Código de Processo Penal;
G) Princípio da oficiosidade. Em se tratando de crimes de G) Retratação da retratação da representação. Trata-se de
ação penal pública incondicionada, os órgãos incumbidos da uma nova representação, ou seja, o agente representou, se
persecução penal devem agir de ofício, independentemente de retratou, e então se retrata da retratação. Ela é possível, desde

Noções de Direito Processual Penal 13


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que dentro do prazo decadencial de seis meses; D) De acordo com o art. 45, CPP, a queixa, ainda quando a
H) Não vinculação do Ministério Público mesmo que haja ação penal for privativa do ofendido, poderá ser aditada pelo
representação. A representação oferecida não vincula o agente Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os termos
ministerial a oferecer denúncia se averiguar que o fato subsequentes do processo;
descrito não constitui delito, ou, ainda que constitua, não mais E) O prazo para oferta de queixa-crime é decadencial de
é possível sua punibilidade; seis meses, contados com a natureza de prazo penal (art. 10,
I) Requisição do Ministro da Justiça. É condição específica CP) do conhecimento da autoridade delitiva, tal como o prazo
de procedibilidade (ex.: crimes contra a honra do Presidente para a representação do ofendido nos delitos de ação penal
da República, nos moldes do art. 145, CP). Trata-se, pública condicionada à representação. A exceção ao início da
essencialmente, de ato político praticado pelo Ministro da contagem de prazo se dá no caso do crime previsto no art. 236,
Justiça, endereçado ao Ministério Público na figura de seu do Código Penal (crime de induzimento a erro essencial e
Procurador Geral; ocultação de impedimento ao casamento), em que o prazo de
J) A requisição do Ministro da Justiça está sujeita a prazo seis meses para queixa começa a contar do trânsito em julgado
decadencial? Não. O crime contra o qual se exige a requisição da sentença que anule o casamento no âmbito cível, conforme
está sujeito à prescrição, mas a requisição do Ministro da disposto no parágrafo único do mencionado dispositivo;
Justiça não se sujeita a prazo decadencial; F) Da decisão que recebe a queixa não cabe qualquer
K) Possibilidade de retratação da requisição. Há divergência recurso, devendo-se utilizar, se for o caso, habeas corpus ou
na doutrina. Para uma primeira corrente, não se admite mandado de segurança, que não são recursos, mas sim meios
retratação da requisição, justamente pela grande natureza autônomos de impugnação. Já da que rejeita a queixa ou a
política que este ato importa; para uma segunda corrente, essa acolhe apenas parcialmente cabe recurso em sentido estrito,
retratação é, sim, admitida, desde que feita antes do nos termos do que prevê o art. 581, I, CPP.
oferecimento da peça acusatória. O posicionamento que vem
se consolidando na doutrina bem como nos Tribunais é que Sem prejuízo, feitas estas considerações acerca da queixa-
não é cabível a retratação da requisição (Tourinho Filho, crime, insta apresentar as 03 (três) espécies de ação penal de
Fernando Capez). iniciativa privada.
L) Não vinculação do Ministério Público mesmo que haja
requisição. Vale o mesmo que foi dito para a representação. 2.1 Ação penal exclusivamente privada. Em sede de
ação penal de iniciativa privada, funciona a ação penal
2 Ação penal de iniciativa privada. Existem algumas exclusivamente privada como a regra. É possível sucessão
situações em que o Estado, titular exclusivo do direito de processual, já que, apesar de competir ao ofendido a iniciativa
punir, transfere a legitimidade para a propositura da ação de manejo, o art. 31, CPP, permite que cônjuge (ou convivente),
penal à vítima ou ao seu representante legal. Trata-se de ascendente, descendente ou irmão nela prossigam no caso de
oportunidade conferida ao ofendido de oferecer queixa- morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão
crime, caso entenda ter sido vítima de delito. Cabe destacar judicial.
que, como a regra no silêncio do legislador é a ação penal Mediante critérios de oportunidade ou conveniência, o
pública incondicionada, para que a ação penal seja de iniciativa ofendido pode optar pelo oferecimento ou não da queixa
privada deve haver previsão legal neste sentido. (princípio da conveniência). Extrai-se desse princípio o
Nessas hipóteses, podemos dizer que o interesse particular instituto da renúncia, onde a vítima (ou seu representante
prevalece sobre o público. Isso porque se entende que, nas legal ou procurador com poderes especiais) demonstra seu
situações sujeitas a ação penal de inciativa privada, a vítima desejo, de maneira expressa (quando o faz explícita e
deve ter o direito de "optar entre expor a sua intimidade em deliberadamente mediante declaração assinada) ou tácita
juízo ou quedar-se inerte, pois, muitas vezes, o sofrimento (quando tem condutas incompatíveis com seu desejo de
causado pela exposição ao processo é maior do que a própria processar o ofensor, como, por exemplo, mantém com ele
impunidade do criminoso". relações amigáveis), de não exercer a ação.

Vamos discorrer em seguida sobre algumas das A renúncia é instituto pré-processual. Uma vez
características principais da queixa-crime: realizada, não se admite retratação.
A) De acordo com o art. 30, do Código de Processo Penal,
ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo
(querelante) caberá intentar ação privada contra o ofensor Na ação privada, a decisão de prosseguir ou não é do
(querelado). Ademais, no caso de morte do ofendido ou ofendido. É uma decorrência do princípio da conveniência. O
quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de particular é o exclusivo titular dessa ação, porque o Estado
oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge (ou assim o desejou, e por isso, lhe é dada a prerrogativa de exercê-
convivente), ascendente, descendente, ou irmão. la ou não, conforme suas conveniências. Mesmo o fazendo,
Como se não bastasse, de acordo com o art. 36, CPP, se ainda lhe é possível dispor do conteúdo do processo (a relação
comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa, terá jurídica material) até o trânsito em julgado da sentença
preferência o cônjuge (ou convivente), e, em seguida, o parente condenatória, por meio do perdão ou da perempção.
mais próximo da ordem de enumeração constante do art. 31
(cônjuge, ascendente, descendente, irmão), podendo, Dentro de tal postulado, temos ainda que estudar dois
entretanto, qualquer delas prosseguir na ação, caso o institutos, a saber, o perdão da vítima e a perempção.
querelante desista da instância ou a abandone;
B) Com supedâneo no art. 44, CPP, a queixa poderá ser O perdão é ato bilateral, isto é, precisa ser aceito pelo
dada por procurador com poderes especiais, devendo constar imputado (ao contrário da renúncia, que é ato unilateral).
do instrumento do mandado o nome do querelante e a menção Ocorre quando já instaurado o processo (não é pré-processual
do fato criminoso (salvo quando tais esclarecimentos como a renúncia); é irretratável; pode ser expresso ou tácito (o
dependerem de diligências que devem previamente ser silêncio do acusado, de acordo com o art. 58, CPP, implica
requeridas no juízo criminal); aceitação do perdão); processual ou extrajudicial (de acordo
C) A queixa-crime deve conter todos os elementos da com o art. 59, CPP, a aceitação do perdão fora do processo
denúncia previstos no art. 41, CPP, valendo a mesma ressalva constará de declaração assinada pelo querelado, ou por seu
feita no art. 259, CPP; representante legal, ou por procurador com poderes
especiais); e por fim, pode ser ofertado até o trânsito em
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julgado da sentença final. TÍTULO III


Já a perempção, prevista no art. 60, CPP, revela a desídia DA AÇÃO PENAL
do querelante quando, iniciada a ação penal, deixa de
promover o andamento do processo durante trinta dias Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por
seguidos (inciso I); quando, falecendo o querelante ou denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o
sobrevindo sua incapacidade, não comparece em juízo para exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação
prosseguir no processo dentro do prazo de sessenta dias do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo (ressalvado o §1º No caso de morte do ofendido ou quando declarado
disposto no art. 36, CPP) (inciso II); quando o querelante deixa ausente por decisão judicial, o direito de representação passará
de comparecer sem motivo justificado a qualquer ato do ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
processo a que deva estar presente (inciso III, primeira parte); §2º Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento
quando o querelante deixa de formular o pedido de do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação
condenação nas alegações finais (inciso III, segunda parte); penal será pública.
quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir
sem deixar sucessor (inciso IV); Art. 25. A representação será irretratável, depois de
oferecida a denúncia.
Por fim, importante ainda mencionar que o processo de um
obriga ao processo de todos. Portanto, se o querelante Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será iniciada com
renuncia ao direito de queixa em relação a um dos ofensores, o auto de prisão em flagrante ou por meio de portaria expedida
isto se estende aos demais. Eis o teor que se pode extrair do pela autoridade judiciária ou policial.
art. 48, do Código de Processo Penal. Da mesma maneira, o
perdão dado a um dos ofensores se estende aos demais Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a
querelados, desde que estes também aceitem-no (art. 51, CPP). iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação
pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e
2.2 Ação penal privada personalíssima. Nesta espécie a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de
de ação penal de iniciativa privada, o direito de ação só pode convicção.
ser exercido pelo ofendido; não é possível a sucessão
processual. No caso de morte da vítima, extingue-se a Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de
punibilidade por não admitir sucessão. apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito
policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de
Um direito personalíssimo e considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do
intransferível. inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este
oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério
Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento,
Os princípios aplicáveis à ação penal exclusivamente ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.
privada também se aplicam à ação penal privada
personalíssima. Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação
pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao
2.3 Ação penal privada subsidiária da pública (ou ação Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer
penal privada supletiva). Diz a Constituição Federal, em seu denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo,
art. 5°, inciso LIX, que será admitida ação privada nos crimes fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo,
de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal. no caso de negligência do querelante, retomar a ação como
Somente é cabível diante da inércia deliberada do parte principal.
Ministério Público.
No mesmo sentido, o art. 29, d, do Código Processual Penal, Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para
regulamenta o preceito constitucional e prevê que será representá-lo caberá intentar a ação privada.
admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não
for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado
aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou
intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente
prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência ou irmão.
do querelante, retomar a ação como parte principal (o terceiro
parágrafo, do art. 100, CP, também trata da ação penal privada Art. 32. Nos crimes de ação privada, o juiz, a requerimento
supletiva que aqui se estuda). da parte que comprovar a sua pobreza, nomeará advogado para
Para ser cabível tal ação, é necessária deliberada desídia do promover a ação penal.
agente do Ministério Público. Caso tal membro não tenha §1º Considerar-se-á pobre a pessoa que não puder prover às
ofertado denúncia, porque entendeu não ser o caso, despesas do processo, sem privar-se dos recursos indispensáveis
desautorizado fica o agente ofendido a manejar a ação privada ao próprio sustento ou da família.
subsidiária da pública. Assim, tendo o órgão do Ministério §2º Será prova suficiente de pobreza o atestado da
Público promovido o arquivamento dos autos do inquérito autoridade policial em cuja circunscrição residir o ofendido.
policial, resta claro que não houve sua inércia, logo, não cabe
ação penal privada subsidiária da pública. Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente
enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal,
Por fim, cabe ressaltar que caso o Ministério Público ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de
retome a ação penal manejada pelo querelante subsidiário por queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de
negligência deste, a doutrina costuma designar tal retomada ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz
de “ação penal indireta”. competente para o processo penal.
Assim, dispõe o CPP sobre o tema:

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Art. 34. Se o ofendido for menor de 21 e maior de 18 anos, o quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que
direito de queixa poderá ser exercido por ele ou por seu devem ser previamente requeridas no juízo criminal.
representante legal.
Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa
Art. 35. Revogado pela Lei nº 9.520/97. do ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério Público, a quem
caberá intervir em todos os termos subsequentes do processo.
Art. 36. Se comparecer mais de uma pessoa com direito de
queixa, terá preferência o cônjuge, e, em seguida, o parente mais Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o
próximo na ordem de enumeração constante do art. 31, réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do
podendo, entretanto, qualquer delas prosseguir na ação, caso o Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15
querelante desista da instância ou a abandone. dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se
houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16),
Art. 37. As fundações, associações ou sociedades legalmente contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério
constituídas poderão exercer a ação penal, devendo ser Público receber novamente os autos.
representadas por quem os respectivos contratos ou estatutos §1º Quando o Ministério Público dispensar o inquérito
designarem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios- policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á da
gerentes. data em que tiver recebido as peças de informações ou a
representação
Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu §2º O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias,
representante legal, decairá no direito de queixa ou de contado da data em que o órgão do Ministério Público receber
representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, os autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-
contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, se-á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos
no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o demais termos do processo.
oferecimento da denúncia.
Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de Art. 47. Se o Ministério Público julgar necessários maiores
queixa ou representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos esclarecimentos e documentos complementares ou novos
arts. 24, parágrafo único, e 31. elementos de convicção, deverá requisitá-los, diretamente, de
quaisquer autoridades ou funcionários que devam ou possam
Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, fornecê-los.
pessoalmente ou por procurador com poderes especiais,
mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime
Ministério Público, ou à autoridade policial. obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela
§1º A representação feita oralmente ou por escrito, sem sua indivisibilidade.
assinatura devidamente autenticada do ofendido, de seu
representante legal ou procurador, será reduzida a termo, Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em
perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá.
Ministério Público, quando a este houver sido dirigida.
§2º A representação conterá todas as informações que Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração
possam servir à apuração do fato e da autoria. assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou
§3º Oferecida ou reduzida a termo a representação, a procurador com poderes especiais.
autoridade policial procederá a inquérito, ou, não sendo Parágrafo único. A renúncia do representante legal do
competente, remetê-lo-á à autoridade que o for. menor que houver completado 18 (dezoito) anos não privará
§4º A representação, quando feita ao juiz ou perante este este do direito de queixa, nem a renúncia do último excluirá o
reduzida a termo, será remetida à autoridade policial para que direito do primeiro.
esta proceda a inquérito.
§5º O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados
com a representação forem oferecidos elementos que o aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação
habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a ao que o recusar.
denúncia no prazo de quinze dias.
Art. 52. Se o querelante for menor de 21 e maior de 18 anos,
Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os o direito de perdão poderá ser exercido por ele ou por seu
juízes ou tribunais verificarem a existência de crime de ação representante legal, mas o perdão concedido por um, havendo
pública, remeterão ao Ministério Público as cópias e os oposição do outro, não produzirá efeito.
documentos necessários ao oferecimento da denúncia.
Art. 53. Se o querelado for mentalmente enfermo ou
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato retardado mental e não tiver representante legal, ou colidirem
criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do os interesses deste com os do querelado, a aceitação do perdão
acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a caberá ao curador que o juiz Ihe nomear.
classificação do crime e, quando necessário, o rol das
testemunhas. Art. 54. Se o querelado for menor de 21 anos, observar-se-á,
quanto à aceitação do perdão, o disposto no art. 52.
Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação
penal. Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador com
poderes especiais.
Art. 43. Revogado pela Lei nº 11.719/08.
Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão extraprocessual expresso o
Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com disposto no art. 50.
poderes especiais, devendo constar do instrumento do mandato
o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos
os meios de prova.

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Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa 03. (PM/GO - Soldado da Polícia Militar - FUNCAB)
nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro de três dias, Marque a alternativa que está de acordo com as regras do
se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o Código de Processo Penal sobre a ação penal.
seu silêncio importará aceitação. (A) Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento
Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a
punibilidade. ação penal será pública.
(B) A representação só poderá ser retratada até a prolação
Art. 59. A aceitação do perdão fora do processo constará de da sentença condenatória.
declaração assinada pelo querelado, por seu representante legal (C) O Ministério Público poderá desistir da ação penal
ou procurador com poderes especiais. pública condicionada à representação.
(D) Nas ações penais privadas, a renúncia ao direito de
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa em relação a um dos autores do crime não se estenderá
queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: aos demais.
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o (E) Na ação penal pública, o prazo para oferecimento da
andamento do processo durante 30 dias seguidos; denúncia, se o réu estiver preso, será de quarenta dias,
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua contados do dia em que o Ministério Público receber o
incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no inquérito policial.
processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das
pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; 04. (OAB - Exame de Ordem Unificado - II - Primeira
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo Fase - FGV) Relativamente às regras sobre ação civil fixadas
justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar no Código de Processo Penal, assinale a alternativa correta.
presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas (A) São fatos que impedem a propositura da ação civil: o
alegações finais; despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se informação, a decisão que julgar extinta a punibilidade e a
extinguir sem deixar sucessor. sentença absolutória que decidir que o fato imputado não
constitui crime.
Art. 61. Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer (B) Sobrevindo a sentença absolutória no juízo criminal, a
extinta a punibilidade, deverá declará-lo de ofício. ação civil não poderá ser proposta em nenhuma hipótese.
Parágrafo único. No caso de requerimento do Ministério (C) Transitada em julgado a sentença penal condenatória,
Público, do querelante ou do réu, o juiz mandará autuá-lo em a execução só poderá ser efetuada pelo valor fixado na mesma,
apartado, ouvirá a parte contrária e, se o julgar conveniente, não se admitindo, neste caso, a liquidação para a apuração do
concederá o prazo de cinco dias para a prova, proferindo a dano efetivamente sofrido.
decisão dentro de cinco dias ou reservando-se para apreciar a (D) Transitada em julgado a sentença penal condenatória,
matéria na sentença final. poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito
da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou
Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista seus herdeiros.
da certidão de óbito, e depois de ouvido o Ministério Público,
declarará extinta a punibilidade. 05. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário – NUCEPE) Sobre
ação penal, assinale a alternativa CORRETA.
Questões (A) A ação penal é pública condicionada à representação
nos casos de crime de furto cometido em prejuízo de tio ou
01. (MPE/RN - Agente Administrativo – FCC) A ação sobrinho, com quem o agente coabita.
penal será promovida (B) A ação penal privada exclusiva só pode ser proposta
(A) pelo juiz, se o Ministério Público não a promover no pelo ofendido.
prazo legal. (C) Dá-se ação penal privada personalíssima quando o
(B) pelo Ministério Público, sempre e em qualquer exercício compete exclusivamente ao ofendido, havendo, no
hipótese. entanto, sucessão por morte ou ausência.
(C) pelo ofendido ou, se este preferir, pelo Ministério (D) Segundo entendimento do STF, não é concorrente a
Público mediante representação, em qualquer hipótese. legitimidade do ofendido e do Ministério Público, para a ação
(D) pelos familiares da vítima, no caso de falecimento penal por crime contra a honra de servidor público em razão
desta, qualquer que seja o crime. do exercício de suas funções.
(E) pelo Ministério Público, privativamente, nos crimes de (E) Inexiste possibilidade de ação penal de iniciativa
ação pública incondicionada. pública extensiva nos casos em que o crime elementar
constitutivo do tipo do crime de iniciativa privada é de ação
02. (MPE/RN - Agente Administrativo – FCC) Sobre a penal pública incondicionada.
ação penal privada, é INCORRETO afirmar:
(A) mulher casada não poderá exercer o direito de queixa 06. (MPE/SP - PROMOTOR DE JUSTIÇA - MPESP) No
sem consentimento do marido, salvo quando estiver separada tocante à reparação dos danos causados pela infração penal,
dele ou quando a queixa for contra ele. analise os seguintes itens:
(B) No caso de morte do ofendido ou quando declarado I. Intentada a ação penal, o juiz deverá suspender o curso
ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou da ação civil para ressarcimento do dano decorrente da
prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, infração penal até o julgamento definitivo daquela.
descendente ou irmão. II. A execução da sentença penal condenatória transitada
(C) Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para em julgado pelo valor mínimo fixado para reparação dos danos
representá-lo caberá intentar a ação privada. causados pela infração impede a liquidação para apuração do
(D) Nos crimes de ação privada, o juiz, a requerimento da dano efetivamente sofrido pelo ofendido.
parte que comprovar a sua pobreza, nomeará advogado para III. Tratando-se de crime de ação penal pública
promover a ação penal. condicionada à representação, caracterizada a hipótese de
(E) Será admitida ação penal privada nos crimes de ação infração penal de menor potencial ofensivo, o acordo relativo
pública, se esta não for intentada no prazo legal.

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à composição dos danos civis homologado pelo Juiz acarreta a (B) A falta de justa causa está prevista no Código de
renúncia ao direito de representação. Processo Penal como apta a justificar a absolvição sumária.
IV. A não reparação do dano sem motivo justificado é causa (C) A denúncia ou queixa deverá conter necessariamente a
de revogação facultativa da suspensão condicional do qualificação completa do acusado, não podendo ser suprida
processo prevista na Lei nº 9.099/95 (Juizados Especiais pela indicação de características ou esclarecimentos pelos
Criminais). quais se possa identificá-lo.
V. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a (D) Nas ações penais públicas condicionadas à
prévia composição do dano ambiental, salvo comprovada representação, exige-se declaração formal escrita por parte do
impossibilidade, é condição para a proposta de transação ofendido ou seu procurador com poderes especiais.
penal prevista no art. 76 da Lei nº 9.099/95 (Juizados (E) Caberá retratação da representação até o momento do
Especiais Criminais). recebimento da denúncia.
Está correto apenas o que se afirma em:
A) I e II. 11. (MPE/AL – Promotor de Justiça – FCC) No tocante à
B) I e III. denúncia, de acordo com o Código de Processo Penal, é correto
C) II e IV. afirmar que
D) III e V. (A) estando o réu preso, o prazo para seu oferecimento é
E) IV e V. de 3 dias, contado da data em que o órgão do Ministério
Público receber os autos do inquérito policial.
07. (PC/ES - DELEGADO DE POLÍCIA - CESPE) Julgue o (B) deverá, necessariamente, estar acompanhada de
item a seguir: inquérito policial.
(C) se o réu estiver solto ou afiançado, o prazo para seu
Rose recebeu sentença penal condenatória transitada em oferecimento é de 15 dias.
julgado pela prática do crime de roubo qualificado pelo uso de (D) deverá conter a exposição do fato criminoso, com todas
arma de fogo. Nessa situação, considerando que Lina tenha sido as suas circunstâncias, e a qualificação do acusado, sendo
a única vítima do delito, a correspondente ação civil ex delicto indispensáveis a classificação do crime e o rol de testemunhas.
somente poderá ser promovida pela ofendida. (E) será rejeitada quando o juiz verificar a existência
manifesta de causa excludente da ilicitude do fato.
(A) CERTO
(B) ERRADO 12. (PC/AL - Delegado de Polícia - CESPE) Julgue o item
subsequente.
08. (TJ/PE - Analista Judiciário - Administrativa - FCC)
A respeito da titularidade da ação penal pública e da ação Um indivíduo, penalmente imputável, foi preso em
penal privada, é incorreto afirmar que: flagrante pela prática de homicídio. Após cinco dias do
(A) a ação penal privada não pode ser proposta pelo recebimento do inquérito policial pelo MP, o laudo de exame
Ministério Público, mesmo se houver requisição do Ministro cadavérico da vítima ainda não havia sido anexado aos autos.
da Justiça. Nessa situação, a falta do laudo cadavérico, impedirá a
(B) a ação penal privada não pode ser proposta pelo propositura da ação penal por parte do MP.
Ministério Público, mesmo se houver representação do
ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo. (A) Certo
(C) o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação, no (B) Errado
caso de morte do ofendido, passará ao cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão. 13. (TJ/PE - Técnico Judiciário Área Judiciária e
(D) a ação penal pública pode ser ajuizada por qualquer do Administrativa - FCC) A ação penal proposta pelo ofendido
povo, no caso de inércia do Ministério Público, e nesse caso, nos crimes de ação pública quando o Ministério Público deixar
denomina-se ação penal popular. de oferecer denúncia no prazo legal denomina-se ação penal
(E) o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação, caso (A) popular.
o ofendido seja declarado ausente por decisão judicial, passará (B) pública condicionada.
ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. (C) privada.
(D) privada subsidiária da pública.
09. (TJ/PE - Analista Judiciário - Administrativa - FCC) (E) pública incondicionada.
“Direito do Estado-acusação ou da vítima de ingressar em juízo,
solicitando a prestação jurisdicional, representada pela 14. (TJ/PE - Técnico Judiciário Área Judiciária e
aplicação das normas de direito penal ao caso concreto”. Administrativa - FCC) A representação do ofendido ou de
(Guilherme de Souza Nucci, Código de Processo Penal quem tenha qualidade para representá-lo, nos casos previstos
Comentado, Ed. RT, 9. Ed. p. 126) em lei, é
Esse conceito é correto para (A) causa de extinção da punibilidade.
(A) o processo penal. (B) pressuposto processual de toda ação penal.
(B) a ação penal. (C) condição de procedibilidade da ação penal privada.
(C) a relação processual. (D) pressuposto processual da ação penal privada.
(D) o Direito Processual Penal. (E) condição de procedibilidade da ação penal pública.
(E) a representação.
15. (TJ/RS - Analista Judiciário - FAURGS) Sobre ação
10. (Polícia Civil/MA - Escrivão de Polícia - FGV) A penal, assinale a alternativa que apresenta afirmação
persecução penal em juízo pode ter início com o oferecimento INCORRETA.
de denúncia ou queixa. Sobre tais instrumentos e seus (A) Na ação penal privada, em razão da sua
requisitos essenciais, assinale a afirmativa correta. indivisibilidade, o querelante, desejando perdoar um dos
(A) A justa causa é comumente definida pela doutrina querelados, dá a oportunidade para que todos os coautores
brasileira como lastro probatório mínimo a justificar o dele se beneficiem.
oferecimento da denúncia ou queixa. (B) Se o querelante, intimado para indicar o paradeiro do
querelado para citação, deixar transcorrer, injustificadamente,

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mais de trinta dias sem resposta, a autoridade judiciária iniciativa exclusivamente privada, o prazo máximo, em regra,
declarará extinta a punibilidade do querelado pela perempção. para o oferecimento da queixa-crime é de
(C) Na contagem do prazo decadencial, inclui-se o dia do (A) um mês, contado da data do fato.
começo e exclui-se o dia final. (B) um mês, contado do dia em que o ofendido ou seu
(D) Na hipótese de requerimento de arquivamento do representante legal vier a saber quem é o autor do crime.
inquérito policial pelo Ministério Público, o ofendido poderá (C) seis meses, contados do dia em que o ofendido ou seu
intentar a ação penal privada subsidiária da pública. representante legal vier a saber quem é o autor do crime.
(E) O direito de representação poderá ser exercido, (D) três meses, contados do dia em que o ofendido ou seu
pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, representante legal vier a saber quem é o autor do crime.
mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do (E) seis meses, contados da data do fato.
Ministério Público, ou à autoridade policial.
20. (TJ/PE - Titular de Serviços de Notas e de Registros
16. (PC/AL - Delegado de Polícia - CESPE) Julgue o item - FCC) Sobre a ação penal, é correto afirmar:
subsequente. (A) É inadmissível propor ação penal de iniciativa priva da
em crime de ação penal pública.
No caso de o querelado, na ação penal privada, se (B) O Ministério Público poderá desistir da ação penal, uma
manifestar no sentido de perdoar um dos réus, o perdão vez constatada a falta de prova da autoria e materialidade da
oferecido se estenderá a todos quantos alegadamente hajam infração penal.
intervindo no cometimento da infração penal, (C) A ação penal pública é de iniciativa do Ministério
independentemente de aceitação ou não. Público, mas, em alguns casos, depende de prévia requisição
(A) Certo do Ministro da Justiça ou de representação do ofendido, ou de
(B) Errado quem tiver qualidade para representá-lo.
(D) Em caso de ação penal de iniciativa privada, o ofendido
17. (MP/DFT – Promotor de Justiça – MPDFT) Assinale pode optar por exercer o direito de queixa contra alguns dos
a alternativa CORRETA: autores já conhecidos do crime.
(A) O prazo decadencial excepcionalmente se aplica ao (E) Nas infrações de menor potencial ofensivo, a
Ministério Público na ação penal privada subsidiária da composição civil dos danos, homologada judicialmente, gera a
pública. perempção do direito de queixa.
(B) É pública condicionada à representação a ação penal
por crime contra a dignidade sexual cometido sem violência Respostas
real, desde que demonstrada a miserabilidade da vítima ou de 01. E / 02. A / 03. A / 04. D / 05. A
seu representante legal. 06. D / 07. B / 08. D / 09. B / 10. A
(C) Em sede de juízo de admissibilidade da acusação, a 11. B / 12. B / 13. D / 14. E / 15. D
verificação das condições da ação penal e dos pressupostos 16. B / 17. E / 18. C / 19. C / 20. C
processuais implica cognição judicial exauriente e ampla.
(D) O aditamento decorrente de mudança da imputação
(mutatio libelli) serve para corrigir a equivocada classificação 3 Juiz, Ministério Público,
dada ao fato criminoso, corretamente descrito na denúncia.
(E) Mantida a descrição do fato contida na denúncia ou acusado, defensor, assistentes
queixa, o juiz pode atribuir-lhe definição jurídica diversa e, por e auxiliares da justiça.
conseguinte, aplicar pena mais grave ao acusado, mesmo sem
aditamento do Ministério Público.
SUJEITOS DO PROCESSO
18. (MPE/AC - Analista - Processual - Direito - FMP/RS)
Assinale a alternativa correta.
Os sujeitos do processo são todas as pessoas que atuam no
(A) Em ocorrendo negligência na condução da ação penal
processo, juiz, promotor acusado, defensor, assistentes e
privada subsidiária da pública, dela será afastado o querelante,
auxiliares da justiça.
que estará impedido de voltar a atuar nesse processo sob a
condição de assistente do Ministério Público.
A doutrina os divide em principais e secundários.
(B) Em ocorrendo negligência na condução da ação penal
- sujeitos principais (ou essenciais): compõem a relação
privada subsidiária da pública, dela não será afastado o
jurídico-processual. São aqueles cuja presença é essencial para
querelante, devendo ser advertido pelo magistrado quanto à
que se tenha uma relação jurídica processual regularmente
possibilidade de sua substituição por acusador nomeado pelo
instaurada. São eles, o juiz, o Ministério Público ou querelante
juízo.
e o acusado.
(C) Em ocorrendo negligência na condução da ação penal
- sujeitos secundários (acessórios ou colaterais): são sujeitos
privada subsidiária da pública, dela será afastado o querelante,
de determinados atos processuais. Não possuem poder de
que não estará impedido de voltar a atuar nesse processo sob
iniciativa nem de decisão. Ex: assistente da acusação e
a condição de assistente do Ministério Público.
terceiros interessados.
(D) Em ocorrendo negligência na condução da ação penal
privada personalíssima, dela será afastado o querelante, que
Vamos estudar cada um deles separadamente:
estará impedido de voltar a atuar nesse processo sob a
condição de assistente do Ministério Público.
a- Juiz (arts. 251 a 256).
(E) Em ocorrendo negligência na condução da ação penal
De acordo com o art. 251, do Código de Processo Penal, ao
privada subsidiária da pública, pelo juiz será declarada, de
juiz incumbirá prover a regularidade do processo e manter a
ofício, a extinção da punibilidade do agente em razão da
ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim,
incidência da perempção.
requisitar a força pública.
Assim, para garantir a regularidade do processo, o juiz
19. (MPE/SE – Analista do Ministério Público – FCC)
exerce os seguintes poderes:
Nos casos de crimes processados mediante ação penal de

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a) de polícia: para garantir o desenvolvimento regular e Atenção! o impedimento ou suspeição decorrente de


impedir atos capazes de perturbar o bom andamento do parentesco por afinidade cessará pela dissolução do
processo; casamento (união estável) que lhe tiver dado causa, salvo
b) jurisdicionais: que compreendem atos ordinatórios, sobrevindo descendentes; mas, ainda que dissolvido o
que ordenam e impulsionam o processo; e casamento sem descendentes, não funcionará como juiz o
c) instrutórios: que compreendem a colheita de provas. sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem for
parte no processo (art. 255, CPP).
Garantias (art. 95, CF). Por fim, a suspeição não poderá ser declarada nem
A) Vitaliciedade: adquirida após dois anos de exercício, reconhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de propósito der
dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação motivo para criá-la (art. 256, CPP).
do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos,
de sentença judicial transitada em julgado; b- Ministério Público (arts. 257 a 258).
B) Inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, Na seara penal a atividade do Ministério Público é de suma
na forma do art. 93, VIII, da Constituição Federal; importância, seja porque titular da ação penal pública (art.
C) Irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos 129, I, CF), seja porque fiscal da lei. Eis as duas funções que lhe
arts. 37, X e XI, 39, §4º, 150, II, 153, III, e 153, §2º, I, todos da são expressamente atribuídas em rol meramente
CF. exemplificativo pelos dois incisos do art. 257, do Diploma
Processual Penal.
Vedações impostas aos juízes (art. 95, parágrafo único,
CF). Princípios institucionais do Ministério Público.
A) Exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou A) A unidade. Todos os membros do Ministério Público
função, salvo uma de magistério; formam um órgão único;
B) Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou B) A indivisibilidade. Todos os membros do Ministério
participação em processo; Público formam um órgão indivisível;
C) Dedicar-se à atividade político-partidária; C) A independência funcional. A independência funcional
D) Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou decorre da autonomia do Ministério Público, que é tanto
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou administrativa, como normativa e financeira.
privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;
E) Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se Garantias atribuídas aos membros do Ministério
afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo Público (art. 128, §5º, CF).
por aposentadoria ou exoneração. A) Vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo
perder o cargo senão por sentença judicial transitada em
Hipóteses em que o juiz não poderá exercer jurisdição julgado;
(art. 252, CPP). B) Inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público,
A) Tiver funcionado seu cônjuge (convivente) ou parente, mediante decisão da maioria absoluta de órgão colegiado do
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro Ministério Público, assegurada ampla defesa, obviamente;
grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do C) Irredutibilidade de subsídio, em regra.
Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou
perito; Vedações aos membros do Ministério Público (art.
B) Ele próprio houver desempenhado qualquer dessas 128, §5º, II, CF).
funções ou servido como testemunha; A) Receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto,
C) Tiver funcionado como juiz de outra instância, honorários, percentagens ou custas processuais;
pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão; B) Exercer a advocacia;
D) Ele próprio ou seu cônjuge (convivente) ou parente, C) Participar de sociedade comercial, na forma de lei;
consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro D) Exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra
grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito. função pública, salvo uma de magistério;
E) Exercer atividade político-partidária, em regra;
Ademais, nos juízos coletivos, não poderão servir no F) Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou
mesmo processo os juízes que forem entre si parentes, contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou
consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei.
terceiro grau, inclusive (art. 253, CPP).
Suspeição/impedimento/proibição do exercício de
Hipóteses de suspeição/impedimento do juiz (art. 254, jurisdição do membro do Ministério Público. Consoante o
CPP). art. 258, CPP, os órgãos do Ministério Público não funcionarão
A) Se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer nos processos em que o juiz ou qualquer das partes for seu
deles; cônjuge (convivente), ou parente, consanguíneo ou afim, em
B) Se ele, seu cônjuge (convivente), ascendente ou linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, e a eles se
descendente, estiver respondendo a processo por fato estendem, no que lhe for aplicável, as prescrições relativas à
análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia; suspeição e aos impedimentos dos juízes.
C) Se ele, seu cônjuge (convivente), ou parente,
consanguíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar c- Assistente (arts. 268 a 273).
demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado O assistente o é do Ministério Público, e será representado
por qualquer das partes; pelo ofendido ou seu representante legal, ou, na falta destes,
D) Se tiver aconselhado qualquer das partes; qualquer pessoa mencionada no art. 31, CPP (cônjuge,
E) Se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer convivente, ascendente, irmão).
das partes; Convém frisar, apenas, que o corréu no mesmo processo
F) Se for sócio, acionista ou administrador de sociedade não poderá intervir como assistente do Ministério Público (art.
interessada no processo. 270, CPP).

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Finalidade da participação do assistente. da Lei Processual, não caberá recurso, devendo, entretanto,
A finalidade de sua participação nos autos tanto pode se constar dos autos o pedido e a decisão.
dar em razão de ver aplicada uma pena condizente à gravidade
do dano ao acusado (num clamor meramente de justiça), como d- O acusado e defensor (arts. 259 a 267).
interessado em futura reparação civil partindo-se de decreto Conforme o art. 261, CPP, nenhum acusado, ainda que
penal. ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor.
Afinal, vale lembrar que, a depender da espécie de decisão Nesta frequência, de acordo com a Súmula nº 523, do Supremo
penal, se poderá ou não manejar a ação civil ex delicto. São Tribunal Federal, no processo penal, a falta de defesa constitui
muitos, pois, os interesses envolvidos: se a decisão penal nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver
afirmar categoricamente que o fato não ocorreu, isso faz coisa prova de prejuízo para o réu.
julgada no cível e impede a ação de reparação; se a decisão Com isso, deve ficar superado qualquer entendimento
penal aplicar uma pena branda, provavelmente a reparação quanto à possibilidade de se imaginar um réu no processo
possível de ser pleiteada será em um valor menor; se a decisão penal, qualquer que seja a gravidade do delito, desprovido de
aplicar pena grave, provavelmente a reparação pleiteada será defesa e de defensor. Uma prova dessa necessidade pode ser
maior. Veja-se, portanto, que a despeito de entendimento observada no segundo parágrafo, do art. 396-A, CPP, segundo
minoritário que defende a inconstitucionalidade da figura do o qual não apresentada a resposta à acusação no prazo legal,
assistente de acusação, são muitos os interesses em jogo ou se o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará
defendidos por este agente que só recentemente vem tendo defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos pelo
seu prisma de atuação maximizado. prazo de dez dias.
Ato contínuo, a defesa do acusado divide-se em autodefesa
Delitos que admitem a figura do assistente. Nem todo (que é aquela exercida pelo próprio acusado, como quando
tipo de delito admite a figura do assistente de acusação. Para simplesmente assinala no mandado de intimação o seu
que isso seja possível, mister se faz que o delito tenha um interesse de recorrer da decisão) e em defesa técnica (que é
sujeito passivo determinado. Em um delito contra o meio aquela feita por profissional competente e especializado).
ambiente, p. ex., não é possível a figura assistencial, dada a Neste sentido, consoante o parágrafo único, do art. 261, CPP, a
absoluta impropriedade de se saber quais foram, realmente, os defesa técnica, quando realizada por defensor público ou
sujeitos passivos do delito. dativo, será sempre exercida através de manifestação
fundamentada.
Admissão e atos do assistente. A admissão do assistente Se o acusado não tiver defensor, lhe será nomeado um pelo
é possível enquanto não passar em julgado a sentença juiz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear outro
(lembrando que o assistente receberá a causa no estado em de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha
que esta se encontrar) (art. 269, CPP). Durante a audiência de habilitação (art. 263, caput, CPP).
instrução, debates e julgamento, do procedimento comum, o A constituição de defensor independerá de instrumento de
assistente terá o prazo de dez minutos para falar mandato, se o acusado o indicar por ocasião do interrogatório
(prorrogáveis) após a fala do membro do Ministério Público. (art. 266, CPP). Este defensor tanto poderá ser um advogado
Já no procedimento do júri, o assistente somente será admitido particular, como um advogado dativo, como um defensor
se tiver requerido sua habilitação até cinco dias antes da data público.
da sessão de julgamento na qual pretende atuar (art. 430, Ainda, o defensor não poderá abandonar o processo senão
CPP). por motivo imperioso, comunicando previamente o juiz, sob
Ainda, ao assistente será permitido propor meios de prova, pena de multa de dez a cem salários mínimos, sem prejuízo das
requerer perguntas às testemunhas, participar do debate oral demais sanções cabíveis (art. 265, caput, CPP). A audiência
e arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público ou poderá ser adiada se o defensor, por motivo justificado, não
por ele próprio (art. 271, caput, CPP). A título ilustrativo, o art. puder comparecer (art. 265, §1º, CPP).
598, CPP, prevê que, nos crimes de competência do tribunal do
júri ou do juiz singular, se da sentença não for interposta e- Auxiliares da Justiça/Dos Funcionários da Justiça
apelação pelo Ministério Público no prazo legal, o ofendido ou (arts. 274 a 281).
qualquer das pessoas elencadas no art. 31, CPP (cônjuge, São pessoas estranhas à relação jurídico-processual,
convivente, ascendente e irmão), ainda que não se tenha dotadas de fé pública e incumbidas da realização de diversas
habilitado como assistente, poderá interpor apelação, que não atividades destinadas a integrar o movimento processual.
terá, porém, efeito suspensivo. Isso significa que, habilitado ou
não, diante da desídia ministerial, poderá o assistente recorrer Durante toda a instrução processual, vários atos são
via apelação. realizados pelos funcionários da justiça, em decorrência das
Noutro exemplo, há se defender a revogação tácita da atribuições inerentes aos próprios cargos ou funções, de
Súmula nº 208, do Supremo Tribunal Federal, a qual dispõe acordo com as respectivas normas regulamentadoras, em
que o assistente do Ministério Público não pode recorrer regra, são os chamados atos ordinatórios que independem de
extraordinariamente da decisão concessiva de habeas corpus. despacho e podem ser praticados de ofício.
A revogação tácita de tal dispositivo deve-se à grande
tendência de legitimação recursal do assistente de acusação. De acordo com o art. 274 do Código de Processo Penal,
Dando prosseguimento às funções do assistente, o juiz, estendem-se aos funcionários da justiça as disposições
ouvido o agente ministerial, decidirá acerca da realização das relativas aos casos de impedimento e suspeição dos juízes.
provas propostas pelo assistente (art. 271, §1º, CPP). O Nesses casos, estes deverão abster-se de servir no processo e
processo prosseguirá independentemente de nova intimação imediatamente prestar declaração nos autos, de acordo com o
do assistente quando este, intimado, deixar de comparecer a art. 112 do referido diploma. Caso isto não ocorra, o
qualquer dos atos da instrução ou do julgamento, sem motivo impedimento poderá ser arguido pelas partes, através do
de força maior devidamente comprovado (art. 271, §2º, CPP). instrumento da exceção de suspeição, nos termos do art. 105
O Ministério Público será ouvido previamente sobre a do CPP.
admissão do assistente (art. 272, CPP).
f- Peritos e Intérpretes (arts. 275 a 281).
Decisão que admite ou não a figura do assistente. Do São os auxiliares do juízo, isto é, agentes que, embora não
despacho que admitir ou não o assistente, preceitua o art. 273, servidores da justiça propriamente ditos, fornecem

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esclarecimentos e conhecimentos específicos acerca de Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo
determinados temas quando consultados. em que:
Os peritos e intérpretes, ainda quando não-oficiais, estão I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou
sujeitos à disciplina judiciária, e as partes não intervirão em afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive,
sua nomeação. Em contrapartida, o perito/intérprete não como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público,
poderá se furtar de seu ofício de forma injustificável, sob pena autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito;
de multa, e, se for o caso, condução coercitiva (também II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas
incorrerão em multa se deixarem de atender à intimação ou a funções ou servido como testemunha;
chamado de autoridade, se não comparecerem no dia e local III - tiver funcionado como juiz de outra instância,
designados para o exame, ou se não derem o laudo ou pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão;
concorrerem para que a perícia não seja feita nos prazos IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou
estabelecidos). afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for
Ademais, de acordo com o art. 279, do Código de Processo, parte ou diretamente interessado no feito.
não poderão ser peritos os que estiverem sujeitos à interdição
de direito mencionada no art. 47, I (proibição de exercício de Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo
cargo, função ou atividade pública) e II (proibição do exercício processo os juízes que forem entre si parentes, consanguíneos ou
de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive.
especial, de licença ou autorização do poder público), do
Código Penal (inciso I); os que tiverem prestado depoimento Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá
no processo ou opinado anteriormente sobre o objeto da ser recusado por qualquer das partes:
perícia (inciso II); bem como os analfabetos e menores de vinte I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;
e um anos (inciso III). II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver
Por fim, há se lembrar que é extensivo aos peritos e respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter
intérpretes, no que lhes for aplicável, o disposto sobre criminoso haja controvérsia;
suspeição de juízes (art. 280, CPP). III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim,
até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder
g- Vítima ou Ofendido. a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes;
O ofendido é o sujeito passivo do crime, o titular do direito IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;
ofendido. Somente participará e deporá no Processo Penal se V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer
for pessoa física, a pessoa jurídica não o poderá fazer nem das partes;
mesmo através do representante. Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade
O artigo 201 do Código de Processo Penal diz: “Sempre que interessada no processo.
possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre as
circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente de
autor, as provas que possa indicar, tomando-se por termo as parentesco por afinidade cessará pela dissolução do casamento
suas declarações”. que Ihe tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas,
Importante lembrar que essa possibilidade só existe nas ainda que dissolvido o casamento sem descendentes, não
ações públicas, pois quando é o autor da queixa-crime ele não funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou
vai depor na qualidade de ofendido, e sim como parte autora. enteado de quem for parte no processo.
Como claramente reza o artigo o depoimento só
acontecerá diante da possibilidade, caso não o seja, o juiz pode Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada nem
entender pela dispensabilidade do depoimento, em casos de reconhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de propósito der
inconveniência ou impossibilidade. motivo para criá-la.
Caso seja entendido pela necessidade e pela possibilidade
o ofendido será intimado para prestar declarações, e nesse CAPÍTULO II
caso terá tratamento parecido ao dado às testemunhas, ou DO MINISTÉRIO PÚBLICO
seja, se deixar de comparecer sem motivo justo à audiência
para qual foi intimado poderá ser conduzido coercitivamente Art. 257. Ao Ministério Público cabe:
à autoridade. I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma
estabelecida neste Código; e
Ainda no que diz respeito ao ofendido, o juiz poderá decidir II - fiscalizar a execução da lei.
pela necessidade de preservação deste, podendo determinar
segredo de justiça em relação aos dados, depoimentos e outras Art. 258. Os órgãos do Ministério Público não funcionarão
informações constantes dos autos a seu respeito, como nos nos processos em que o juiz ou qualquer das partes for seu
mostra o parágrafo 6º do art. 201 do CPP. E ainda a lei de cônjuge, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou
proteção às testemunhas incluiu o ofendido como protegido. colateral, até o terceiro grau, inclusive, e a eles se estendem, no
Caso o juiz determine que o seja, ele deporá sem a presença do que lhes for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e aos
réu ou através de videoconferência. No caso de deferimento a impedimentos dos juízes.
qualificação do ofendido deverá ser ocultada.
CAPÍTULO III
Vamos acompanhar a seguir os dispositivos contidos no DO ACUSADO E SEU DEFENSOR
Código de Processo Penal referente ao presente assunto:
Art. 259. A impossibilidade de identificação do acusado com
CAPÍTULO I o seu verdadeiro nome ou outros qualificativos não retardará a
DO JUIZ ação penal, quando certa a identidade física. A qualquer tempo,
no curso do processo, do julgamento ou da execução da
Art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do sentença, se for descoberta a sua qualificação, far-se-á a
processo e manter a ordem no curso dos respectivos atos, retificação, por termo, nos autos, sem prejuízo da validade dos
podendo, para tal fim, requisitar a força pública. atos precedentes.

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Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o §2º O processo prosseguirá independentemente de nova
interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem intimação do assistente, quando este, intimado, deixar de
ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar comparecer a qualquer dos atos da instrução ou do julgamento,
conduzi-lo à sua presença. sem motivo de força maior devidamente comprovado.
Parágrafo único. O mandado conterá, além da ordem de
condução, os requisitos mencionados no art. 352, no que Ihe for Art. 272. O Ministério Público será ouvido previamente
aplicável. sobre a admissão do assistente.

Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, Art. 273. Do despacho que admitir, ou não, o assistente, não
será processado ou julgado sem defensor. caberá recurso, devendo, entretanto, constar dos autos o pedido
Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por e a decisão.
defensor público ou dativo, será sempre exercida através de
manifestação fundamentada. CAPÍTULO V
DOS FUNCIONÁRIOS DA JUSTIÇA
Art. 262. Ao acusado menor dar-se-á curador.
Art. 274. As prescrições sobre suspeição dos juízes estendem-
Art. 263. Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado se aos serventuários e funcionários da justiça, no que Ihes for
defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, aplicável.
nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso
tenha habilitação.
Parágrafo único. O acusado, que não for pobre, será CAPÍTULO VI
obrigado a pagar os honorários do defensor dativo, arbitrados DOS PERITOS E INTÉRPRETES
pelo juiz.
Art. 275. O perito, ainda quando não oficial, estará sujeito à
Art. 264. Salvo motivo relevante, os advogados e disciplina judiciária.
solicitadores serão obrigados, sob pena de multa de cem a
quinhentos mil-réis, a prestar seu patrocínio aos acusados, Art. 276. As partes não intervirão na nomeação do perito.
quando nomeados pelo Juiz.
Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será obrigado a
Art. 265. O defensor não poderá abandonar o processo aceitar o encargo, sob pena de multa de cem a quinhentos mil-
senão por motivo imperioso, comunicado previamente o juiz, sob réis, salvo escusa atendível.
pena de multa de 10 (dez) a 100 (cem) salários mínimos, sem Parágrafo único. Incorrerá na mesma multa o perito que,
prejuízo das demais sanções cabíveis. sem justa causa, provada imediatamente:
§1º A audiência poderá ser adiada se, por motivo justificado, a) deixar de acudir à intimação ou ao chamado da
o defensor não puder comparecer. autoridade;
§2º Incumbe ao defensor provar o impedimento até a b) não comparecer no dia e local designados para o exame;
abertura da audiência. Não o fazendo, o juiz não determinará o c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja
adiamento de ato algum do processo, devendo nomear defensor feita, nos prazos estabelecidos.
substituto, ainda que provisoriamente ou só para o efeito do ato.
Art. 278. No caso de não comparecimento do perito, sem
Art. 266. A constituição de defensor independerá de justa causa, a autoridade poderá determinar a sua condução.
instrumento de mandato, se o acusado o indicar por ocasião do
interrogatório. Art. 279. Não poderão ser peritos:
I - os que estiverem sujeitos à interdição de direito
Art. 267. Nos termos do art. 252, não funcionarão como mencionada nos ns. I e IV do art. 69 do Código Penal;
defensores os parentes do juiz. II - os que tiverem prestado depoimento no processo ou
opinado anteriormente sobre o objeto da perícia;
CAPÍTULO IV III - os analfabetos e os menores de 21 anos.
DOS ASSISTENTES
Art. 280. É extensivo aos peritos, no que Ihes for aplicável, o
Art. 268. Em todos os termos da ação pública, poderá disposto sobre suspeição dos juízes.
intervir, como assistente do Ministério Público, o ofendido ou seu
representante legal, ou, na falta, qualquer das pessoas Art. 281. Os intérpretes são, para todos os efeitos,
mencionadas no art. 31. equiparados aos peritos.

Art. 269. O assistente será admitido enquanto não passar em Questões


julgado a sentença e receberá a causa no estado em que se
achar. 01. (PC/PE - Agente de Polícia - CESPE/2016) No que se
refere à atuação do juiz, do Ministério Público, do acusado, do
Art. 270. O corréu no mesmo processo não poderá intervir defensor, dos assistentes e auxiliares da justiça e aos atos de
como assistente do Ministério Público. terceiros, assinale a opção correta.
(A) O acusado detém a prerrogativa de silenciar ao ser
Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios de interrogado, mas esse direito pode ser interpretado contra ele,
prova, requerer perguntas às testemunhas, aditar o libelo e os consoante o aforismo popular: quem cala consente.
articulados, participar do debate oral e arrazoar os recursos (B) Assegura-se ao acusado a ampla defesa e o
interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos casos contraditório, mas isso não lhe retira plenamente a autonomia
dos arts. 584, §1º, e 598. de vontade, de sorte que poderá dispensar advogado dativo ou
§1º O juiz, ouvido o Ministério Público, decidirá acerca da defensor público, promovendo, por si mesmo, a sua defesa,
realização das provas propostas pelo assistente. ainda que não tenha condições técnicas para tanto.

Noções de Direito Processual Penal 23


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APOSTILAS OPÇÃO

(C) O réu denunciado em processo, por coautoria ou serventuários e funcionários da justiça, no que lhes for
participação, pode atuar como assistente de acusação nesse aplicável. Nos exatos termos do art. 254 do mesmo Código de
mesmo processo se a defesa imputar exclusivamente ao outro Processo Penal, o juiz é considerado suspeito se
acusado a prática do crime. I. for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das
(D) No processo, o juiz exerce poderes de polícia — para partes;
garantir o desenvolvimento regular e tolher atos capazes de II. tiver aconselhado qualquer das partes;
perturbar o bom andamento do processo — e poderes III. tiver funcionado como juiz de outra instância,
jurisdicionais — que compreendem atos ordinatórios, que pronunciando- se, de fato ou de direito, sobre a questão.
ordenam e impulsionam o processo, e instrutórios, que
compreendem a colheita de provas. É correto o que se afirma em
(E) Dados os princípios da unidade, da indivisibilidade e da (A) I, apenas.
independência funcional, não se aplicam ao Ministério Público (B) I e II, apenas.
as prescrições relativas a suspeição e impedimentos de juízes. (C) I e III, apenas.
(D) II e III, apenas.
02. (TJ/DFT – Juiz - CESPE/2016) Assinale a opção (E) I, II e III.
correta de acordo com o disposto no CPP sobre os assistentes.
(A) O ofendido ou seu representante legal ou, na falta de 06. (TJ/SP - Escrevente Técnico Judiciário – VUNESP)
um deles, o cônjuge, os ascendentes, os descendentes ou Considere as seguintes assertivas:
irmãos, poderão intervir como assistentes do MP em ações I. a suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida,
penais públicas condicionada ou incondicionada. quando a parte injuriar o juiz ou de propósito der motivo para
(B) Na falta do ofendido ou de seu representante legal, criá-la;
apenas o cônjuge poderá atuar como assistente da acusação, II. nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo
seja a ação penal pública condicionada ou incondicionada. processo os juízes que forem entre si parentes, consanguíneos
(C) O irmão do ofendido, por ser parente colateral, não tem ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau,
o direito de atuar como assistente da acusação em ação penal inclusive;
pública condicionada ou incondicionada. III. o juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser
(D) Tratando-se de ação penal pública condicionada à recusado por qualquer das partes, se ele, seu cônjuge,
representação, não poderão intervir como assistentes do MP ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo
nem o ofendido nem parente seu, pois seu direito foi exercido por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja
por meio da própria representação. controvérsia.
(E) Em se tratando de ação penal pública incondicionada,
somente o MP poderá sustentar acusação, não sendo É correto o que se afirma em
permitida a assistência, sob pena de se caracterizar a vingança (A) III, apenas.
privada. (B) I e II, apenas.
(C) I e III, apenas.
03. (TRF/4ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC) O (D) II e III, apenas.
juiz não poderá exercer função no processo em que: (E) I, II e III.
(A) for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer
das partes. 07. (TRE/TO - Analista Judiciário - Administrativo -
(B) ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente estiver FCC) De acordo com o Código de Processo Penal brasileiro, ao
respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter juiz
criminoso haja controvérsia. (A) é permitido atuar no processo em que parente afim, na
(C) seu parente, consanguíneo ou afim em linha reta ou linha colateral, em terceiro grau, seja parte.
colateral até o terceiro grau, inclusive, for diretamente (B) não é vedado exercer a jurisdição no processo, mesmo
interessado no feito. que tenha funcionado como juiz em outra instância,
(D) tiver aconselhado qualquer das partes. pronunciando-se de fato ou de direito sobre a questão.
(E) ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até (C) não é vedado atuar no processo em que for amigo
o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a íntimo de qualquer das partes.
processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes. (D) é permitido atuar no processo em que parente afim, na
linha direta, em segundo grau, não sendo parte, tenha
04. (MPE/RN - Agente Administrativo – FCC) Em relação interesse direto no feito.
ao processo penal, é correto afirmar que (E) cabe prover a regularidade do processo, bem como
(A) a impossibilidade de identificação do acusado com o manter a ordem dos respectivos atos.
seu verdadeiro nome ou outros qualificativos não retardará a
ação penal, quando certa a identidade física. 08. (TJ/RJ - Juiz - VUNESP) O modelo de nosso processo
(B) não cabe ao Ministério Público a fiscalização da penal é acusatório. Tal regra não impede, entretanto, que o
execução da lei quando for parte na ação penal. juiz, de ofício,
(C) o órgão do Ministério Público não funcionará nos I. decrete prisão preventiva e temporária;
processos em que o juiz for seu parente, consanguíneo ou afim, II. conceda habeas corpus contra ato de autoridade judicial
em linha reta ou colateral, até o quarto grau, inclusive. inferior;
(D) não se aplicam aos órgãos do Ministério Público as III. determine, no processo condenatório, a realização de
prescrições relativas às suspeições e impedimentos dos juízes. diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.
(E) o Ministério Público não pode requerer a volta do
inquérito policial à autoridade policial para novas diligências, Completa corretamente a proposição o que se afirma em
uma vez que ele tem competência para promovê-las (A) II, apenas.
pessoalmente. (B) III, apenas.
(C) II e III, apenas.
05. (TJ/SP - Escrevente Técnico Judiciário - VUNESP) (D) I, II e III.
Normatiza o art. 274 do Código de Processo Penal: as
prescrições sobre suspeição dos juízes estendem-se aos

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APOSTILAS OPÇÃO

09. (TJ/PE - ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC) Incumbe ao - Atos dispositivos são aqueles por meio dos quais as
juiz, como sujeito da relação processual penal: partes renunciam a algum direito ou vantagem processual, tais
(A) extinguir o processo, quando o Ministério Público não como a desistência da ação e a renúncia ou desistência do
lhe der andamento. recurso, a transação e a desistência de algum prazo ou de certa
(B) instaurar de ofício o processo, quando houver prova já proposta e admitida pelo juiz.
interesse público. - Atos reais ou materiais são aqueles que as partes
(C) instaurar o processo, quando houver representação da praticam através de uma conduta processual concreta, tais
vítima. como o comparecimento a uma audiência, a entrega em
(D) exercer o poder de polícia na condução do processo, cartório de alguma petição ou documento, o pagamento de
podendo requisitar a força pública. custas, etc.
(E) instaurar o processo, quando houver representação do
Delegado de Polícia. Atos do Juiz
Segundo a classificação empregada pelo legislador
10. (TJ/SP - Escrevente Técnico Judiciário – VUNESP) brasileiro, os atos do juiz consistem:
Nos termos do art. 257 do CPP cabe, ao Ministério Público, 1) Atos decisórios lato sensu (ou pronunciamentos
I. promover, privativamente, a ação penal pública, na judiciais):
forma estabelecida no CPP; 1.1 - despachos (ou despachos simples ou despachos de
II. buscar a condenação dos indiciados em inquérito mero expediente ou despachos de expediente); visam ao
policial; simples movimento do processo. Não têm conteúdo decisório
III. fiscalizar a execução da lei. no sentido estrito do termo.
1.2 - decisões interlocutórias. Decidem questões de
É correto o que se afirma em natureza processual, sem força de pôr fim ao processo.
(A) I e II, apenas. 1.3 – sentenças. Põe fim ao processo, com ou sem o
(B) II e III, apenas. julgamento do mérito.
(C) I e III, apenas. a) sentenças terminativas: coloca fim ao processo sem a
(D) I, II e III. apreciação do mérito.
(E) I, apenas. b) sentenças definitivas: coloca fim ao processo apreciando
o mérito.
Respostas
01. D / 02. A / 03. C / 04. A / 05. B 2) Atos não decisórios (praticados no exercício de
06. E / 07. E / 08. C / 09. D / 10. C atividades de ordem meramente material):
2.1 - instrutórios: são relativos a atos da instrução
probatória (tomada de depoimentos das partes, ouvida de
4 Atos das partes, dos juízes, testemunhas, acareação de testemunhas, inspeção de pessoas
dos auxiliares da justiça e de ou coisas, exercício de poder de polícia nas audiências).
2.2 - de documentação (subscrição pelo juiz do termo de
terceiros. audiência; subscrição pelo juiz de documentos relativos a atos
de que tenha participado, v.g. de termo de penhora).
ATOS PROCESSUAIS
NOTA: O principal ato das partes: a petição inicial, que
Atos processuais são os atos do processo, que têm por efeito é o principal ato constitutivo da relação processual. O
a constituição, conservação, desenvolvimento, modificação ou principal ato do juiz: a sentença, que é o ato que extingue o
cessação da relação processual. Diferenciam-se dos demais processo.
atos jurídicos pelo fato de pertencerem ao processo e
produzirem efeito jurídico direto e imediato sobre a relação Atos dos Auxiliares de Justiça
processual, seja na sua constituição, desenvolvimento ou
extinção. Os atos processuais são espécies de atos jurídicos. São aqueles atos realizados pelo escrivão ou por
serventuários da justiça e destinados à documentação do
ATOS JUDICIAIS processo. São realizados pelo Cartório (Justiça Estadual) ou
Secretaria (esta, na Justiça Federal): mandados (citação,
Atos das Partes intimação, prisão, alvarás, carta precatória, carta de ordem,
Parte, em sentido processual, é aquela que ingressa com a carta rogatória, carta de arrematação etc.).
ação postulando a tutela jurisdicional (autor/parte ativa) e
aquela contra quem se ingressa com a ação (réu/parte Podem ser classificados em atos:
passiva). Os demais participantes da relação processual (juiz) a) De Manutenção: carimbo de recebimento, petição,
ou do processo (advogado, MP, auxiliares da justiça etc) não intimação.
são partes. b) De Execução: escrivão executando ordem do juiz.
Esses atos podem classificar-se em: a) atos postulatórios; c) De Documentação: carimbar páginas, autuação.
b) atos instrutórios; c) atos dispositivos; e d) atos reais ou
materiais. Atos de Terceiros
- Atos postulatórios são aqueles por meio dos quais as a) Terceiro Interessado - prestar fiança, etc.;
partes procuram obter um pronunciamento do juiz a respeito b) Terceiro Desinteressado - prestar testemunho, etc.;
da lide ou do desenvolvimento da própria relação processual
(petição inicial; contestação, recursos, etc.). Espécies de Atos e Classificação
- Atos instrutórios são aqueles praticados pelas partes a) atos simples – são os resultam da manifestação de
com o fim de trazer ao processo elementos de prova com os vontade de uma só pessoa, de um só órgão monocrático ou
quais pretendam comprovar suas alegações. colegiado (denúncia, sentença, acórdão, etc.);
- Atos probatórios são aqueles pelos quais a parte formula b) atos complexos – são aqueles em que observa uma série
o pedido de prova e atos por meio dos quais ela realiza a de atos entrelaçados (audiências, sessões, etc.);
produção da prova.

Noções de Direito Processual Penal 25


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c) atos compostos - é o que resulta da manifestação de O juiz ou o presidente fará retirar da sala os desobedientes,
vontade de uma só pessoa, dependendo, contudo, para ter que, em caso de resistência, serão presos e autuados. Se o réu
eficácia da verificação e aceitação feita por outro (perdão do se portar inconvenientemente, os atos de instrução ou
ofendido, que depende da aceitação do querelado, etc). julgamento prosseguirão com a assistência do defensor.
c) Formalidade do ato: Em regra, os atos e termos
Termos processuais processuais não dependem de forma determinada senão
São aqueles atos realizados pelo escrivão ou por quando a lei expressamente a exigir. Em todos os atos e termos
serventuários da justiça e destinados à documentação do do processo, é obrigatório o uso do vernáculo (língua pátria).
processo: termo de autuação, de juntada, de remessa, de Poderão as partes exigir recibo das petições, arrazoados,
apensamento, de desentranhamento, de vista, de conclusão, de papéis e documentos que entregarem em cartório.
recebimento, de compromisso (fiel depositário, curador); de Os despachos, decisões, sentenças e acórdãos serão
audiência (se documenta o ocorrido na audiência), de redigidos, datados e assinados pelos juízes.
interrogatório (interrogatório do réu). Quando forem proferidos verbalmente, o taquígrafo ou
São os registros escritos de um ato processual, feitos por datilógrafo os registrará, submetendo-os aos juízes para
serventuários da justiça no exercício de suas atribuições. revisão e assinatura. A assinatura dos juízes, em todos os graus
Existem as seguintes espécies de termos: de jurisdição, pode ser feita eletronicamente, na forma da lei.
a) termo de autuação: o escrivão atesta o início do processo Ao receber a denúncia ou queixa, o escrivão a autuará,
criminal, inclusive a apresentação da peça acusatória e os mencionando o juízo, a natureza do feito, o número de seu
documentos que a acompanham; registro, os nomes das partes e a data do seu início; e
b) termo de juntada: o escrivão atesta a entrada nos autos procederá do mesmo modo quanto aos volumes que se forem
do processo de uma petição, um requerimento ou um formando. O escrivão numerará e rubricará todas as folhas dos
documento; autos, procedendo da mesma forma quanto aos
c) termo de vista: o escrivão atesta que possibilitou o suplementares.
acesso dos autos para manifestação processual às partes ou ao Às partes, aos advogados, aos órgãos do Ministério Público,
Ministério Público; aos peritos e às testemunhas, é facultado rubricar as folhas
d) termo de conclusão: o escrivão atesta que os autos vão correspondentes aos atos em que intervieram.
subir ao juiz, para algum despacho ou sentença; Os espaços em branco serão inutilizados. É possível
e) termo de intimação: o escrivão cientifica as partes ou o entrelinhas, emendas ou rasuras quando expressamente
Ministério Público de algum despacho ou sentença; ressalvadas. É lícito o uso de taquigrafia, da estenotipia ou de
f) termo de remessa: o escrivão atesta a remessa dos autos outro método idôneo, em qualquer juízo ou tribunal. É vedado
a outro juízo; o uso de abreviaturas.
g) termo de recebimento: o escrivão atesta que os autos Os atos e termos do processo serão datilografados ou
voltaram a cartório, vindos de outro juízo; escritos com tinta escura e indelével, assinando-os as pessoas
h) termo de apensamento: o escrivão atesta que aos autos que nele intervieram. Quando estas não puderem ou não
principais foram apensados outros autos; quiserem firmá-los, o escrivão certificará, nos autos, a
i) termo de desentranhamento: o escrivão atesta que, por ocorrência.
despacho do juiz, foram desentranhados dos autos d) Retirada dos autos: Salvo nos casos expressos em lei,
determinadas peças ou documentos. é proibida a retirada de autos do cartório, ainda que em
confiança, sob pena de responsabilidade do escrivão.
Forma dos atos processuais Nos casos permitidos em lei, surge o dever de restituí-los
a) Publicidade dos atos processuais: A regra é a no prazo legal, sob pena de punição disciplinar e criminal.
publicidade dos atos processuais, ou seja, as audiências,
sessões e os atos processuais serão públicos e se realizarão nas Lugar dos atos processuais
sedes dos juízos e tribunais, com assistência dos escrivães, do Em regra, os atos processuais realizam-se na sede do juízo.
secretário, do oficial de justiça que servir de porteiro, em dia e Podem, todavia, efetuar-se em outro lugar, nos casos previstos
hora certos, ou previamente designados. em lei ou em razão da natureza do ato, como o interrogatório
Porém, se da publicidade da audiência, da sessão ou do ato do réu no estabelecimento prisional (art. 185, § 1º, do CPP).
processual, puder resultar escândalo, inconveniente grave ou As audiências, as sessões e os atos processuais, em caso de
perigo de perturbação da ordem, o juiz, ou o tribunal, câmara necessidade, poderão realizar-se na residência do juiz, ou em
ou turma, poderá, de ofício ou a requerimento da parte ou do outra casa por ele especialmente designada.
Ministério Público, determinar que o ato seja realizado a
portas fechadas, limitando o número de pessoas que poderão Momento dos atos processuais
estar presentes. Com exceção das sessões de julgamento, que não serão
b) Audiências e sessões: Em todos os juízos e tribunais marcadas para domingos ou feriados, os demais atos do
do crime, além das audiências e sessões ordinárias, haverá as processo poderão ser praticados em período de férias, em
extraordinárias, de acordo com as necessidades do rápido domingos e feriados. Contudo, os julgamentos iniciados em dia
andamento dos feitos. útil não se interromperão pela superveniência de feriado ou
Nas audiências e nas sessões, os advogados, as partes, os domingo.
escrivães e os espectadores poderão estar sentados. Todos,
porém, deverão levantar-se quando se dirigirem aos juízes ou Questões
quando estes se levantarem para qualquer ato do processo.
Nos atos da instrução criminal, perante os juízes singulares, os 1. (Questão Adaptada – 2015) Com relação aos atos
advogados poderão requerer sentados. judiciais praticados pelas partes, podemos classifica-los em:
A polícia das audiências e das sessões compete aos (A) atos postulatórios; atos instrutórios; atos dispositivos
respectivos juízes ou ao presidente do tribunal, câmara ou e atos reais ou materiais.
turma, que poderão determinar o que for conveniente à (B) atos instrutórios; atos não decisórios e atos reais ou
manutenção da ordem. Para tal fim, requisitarão força pública, materiais.
que ficará exclusivamente à sua disposição. Os espectadores (C) atos postulatórios; atos dispositivos e atos de
das audiências ou das sessões não poderão manifestar-se. documentação.

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APOSTILAS OPÇÃO

(D) atos postulatórios; atos instrutórios e atos Em resumo, podemos definir PRAZO, como o lapso de
dispositivos. tempo dentro do qual é ordenada, proibida ou facultada a
prática de um ato.
2. (Questão Adaptada – 2015) Julgue os itens a seguir:
I - Atos instrutórios são aqueles praticados pelas partes
com o fim de trazer ao processo elementos de prova com os Princípios que regem os atos
quais pretendam comprovar suas alegações. Além da improrrogabilidade e da continuidade dos prazos
II - Atos probatórios são aqueles por meio dos quais as são os mesmos regidos pelos seguintes princípios:
partes renunciam a algum direito ou vantagem processual, tais a) Princípio da utilidade – o prazo deve ser maior ou
como a desistência da ação e a renúncia ou desistência do menor conforme a relevância do ato a ser praticado.
recurso, a transação e a desistência de algum prazo ou de certa b) Princípio da igualdade de tratamento – as partes não
prova já proposta e admitida pelo juiz. podem ser tratadas desigualmente, devendo o prazo para
III - Atos dispositivos são aqueles pelos quais a parte determinado ato ser idêntico para todas com exceção
formula o pedido de prova e atos por meio dos quais ela realiza referente ao defensor público.
a produção da prova. c) Princípio da brevidade – os prazos processuais não
IV - Atos reais ou materiais são aqueles que as partes podem ser muito dilatados, exigindo-se que a lei fixe prazos de
praticam através de uma conduta processual concreta, tais modo a não alongar o processo;
como o comparecimento a uma audiência, a entrega em d) Princípio da irredutibilidade – os prazos não podem
cartório de alguma petição ou documento, o pagamento de ser reduzidos, por qualquer pretexto, pelo juiz;
custas, etc. e) Princípio da preclusão – é a perda do direito de
praticar ato processual por ter se escoado o seu prazo. O
Está INCORRETO o que se afirma apenas em: princípio da preclusão pode ser:
(A) I e IV. 1. Preclusão lógica – é prevista no artigo 96 CPP. Às vezes
(B) II, III e IV. a preclusão decorre do fato de haver sido cumprida uma
(C) II e III. faculdade incompatível com o exercício de outra. As exceções
(D) I, II e IV. estão previstas no art. 95, como exemplo a arguição de
Respostas suspeição precederá a qualquer outra salvo quando fundada
1. A / 2. C em um motivo superveniente.
2. Preclusão Máxima – quando a sentença for de mérito,
escoando-se o prazo para eventual recurso, ou seja, ocorre a
coisa julgada.
5 Prazos: características,
princípios e contagem. Classificação
Os prazos podem ser:
a) Prazo legal – é aquele determinado por lei (art. 46, 395,
401, 499, 500, 586, 593, etc.;
DOS PRAZOS: CARACTERÍSTICAS, PRINCÍPIOS E b) Prazo judicial – é o prazo fixado pelo juiz (art. 10 § 3º,
CONTAGEM. 364, 786, etc.);
c) Prazo convencional – é o prazo ajustado entre as
Características partes. No processo penal não há prazo convencional, não
O processo exterioriza-se como uma sucessão ordenada de podendo o prazo legal ou judicial ser sequer prorrogado por
atos, desde a petição inicial até o ato-fim, que é a sentença, vontade das partes;
podendo prosseguir em segundo grau de jurisdição havendo d) Prazos comuns – que correm para ambas as partes,
recurso. A fim de impedir o prolongamento interminável do como aqueles previstos para o assistente para as alegações no
processo, a lei estabelece prazos dentro dos quais os atos processo do júri (art. 406, § 1º);
devem ser praticados, quer para as partes, quer para o juiz e e) Prazos particulares – são os que correm para uma das
auxiliares da justiça. partes apenas (art. 46, 395, 499, 500, etc.).
Ensina o eminente jurista Humberto Theodoro Júnior que f) Prazos improrrogáveis ou peremptórios – são os
"o impulso do processo rumo ao provimento jurisdicional prazos que não admitem prorrogação (art. 798 – sábado,
(composição do litígio) está presidido pelo sistema da domingo e feriado), porém com exceções, por exemplo,
oficialidade, ou sorte que, com ou sem colaboração das partes, quando o prazo termina no domingo vale para o 1º dia útil
a relação processual segue sua marcha procedimental em seguinte.
razão de imperativos jurídicos lastreados, precipuamente, no g) Prazos prorrogáveis – permitem a dilatação (art. 798,
mecanismo dos prazos". § 3º e art. 93);
Nesse contexto, merece ser relembrada a imagem de h) Prazos contínuos – Os prazos fluem de uma só vez, sem
Couture, para quem "o processo não é uma coisa feita, um interrupção ou suspensão (art. 798, § 4º)
caminho que se deva percorrer, senão uma coisa que se deve
fazer ao largo do tempo". Contagem
O insigne doutrinador Theodoro Júnior ao conceituar Com relação à contagem dos prazos, está se faz
prazo leciona que "é o espaço de tempo em que o ato continuadamente, computando-se também os dias feriados. O
processual da parte pode ser validamente praticado". dia inicial exclui-se da contagem, contando-se porém o do
Para Ada Pellegrini Grinover prazos "são a distância vencimento.
temporal entre os atos do processo". No processo penal os prazos são fixados em minutos,
Todo prazo é delimitado por dois termos: o inicial (dies a horas, dias, meses e anos.
quo) e o final (dies ad quem). Pelo primeiro, nasce a faculdade - Minutos – art. 798, § 2º
de a parte promover o ato; pelo segundo, extingue-se a - Horas – quando abaixo de 24 horas
faculdade, tenha ou não sido levado a efeito o ato. - Dias – art. 39, § 5º, 58, 60
O ato processual que dá início à contagem do prazo é a - Meses e ano – previsto de acordo com a lei 810/40 e art.
intimação, exceto no caso de formação da relação jurídica 38 e 687, I, CPP
processual, em que o réu é citado para exercer, se quiser, o - Anos – art. 749, 743 e 696, CPP.
direito de defesa.

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A contagem do prazo está compreendida entre os termos acusado, o dia do começo inclui-se no prazo (art. 10, 1ª parte
inicial e final: do CP).
Termo – é o acontecimento ou momento que limita o Estando o mesmo prazo previsto no Código Penal e no
prazo; Código de Processo Penal, aplica-se a contagem mais
Termo inicial (a quo) e termo final (ad quem) – Face ao art. favorável ao acusado. O que se deve levar em conta é a
798, § 1º, não se computará no prazo o dia do começo, natureza do prazo: se de direito penal, em benefício do réu,
incluindo-se porém o do vencimento. aplica-se o art. 10 do CP, se de direito processual, o art. 798, §
1, do CPP, independentemente da lei em que venha
Atenção! Não se pode esquecer da Súmula nº 310, do estabelecido.
Supremo Tribunal Federal, segundo a qual quando a
intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com Tempestividade
efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá A tempestividade é uma característica daquilo que é
início na segunda-feira imediata, salvo se não houver tempestivo. Em outras palavras, diz respeito ao que foi
expediente, caso em que começará no primeiro dia útil que realizado no tempo oportuno.
se seguir. Assim, uma petição tempestiva é aquela que foi
protocolada dentro do prazo legal. Já uma petição que tenha
sido apresentada fora do prazo concedido é considerada como
Cabe ainda conferir os dispositivos do CPP pertinentes ao intempestiva.
tema: Em um sentido mais amplo, é considerado tempestivo no
processo tudo aquilo que ocorre no momento apropriado, ou
Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão na ocasião certa.
contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias,
domingo ou dia feriado. Questões
§ 1º Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-
se, porém, o do vencimento. 01. (DPE/RR - Defensor Público - CESPE) A respeito dos
§ 2º A terminação dos prazos será certificada nos autos pelo prazos no processo penal, assinale a opção correta.
escrivão; será, porém, considerado findo o prazo, ainda que (A) De acordo com o CPP, a contagem dos prazos
omitida aquela formalidade, se feita a prova do dia em que processuais deve ser feita conforme o estabelecido no CP, ou
começou a correr. seja, conta-se o dia inicial, o dies a quo, que corresponde ao da
§ 3º O prazo que terminar em domingo ou dia feriado intimação, e exclui-se o do vencimento, o dies ad quem.
considerar-se-á prorrogado até o dia útil imediato. (B) Ao MP e à DP, por serem órgãos estatais, fazem jus a
§ 4º Não correrão os prazos, se houver impedimento do juiz, prazo em dobro para a interposição de recurso e em quádruplo
força maior, ou obstáculo judicial oposto pela parte contrária. para a contestação.
§ 5º Salvo os casos expressos, os prazos correrão: (C) Em relação aos recursos interpostos pela DP e pelo MP,
a) da intimação; os prazos devem ser contados a partir da ciência pessoal do
b) da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se órgão oficiante no feito, e não da data do ingresso dos autos na
a ela estiver presente a parte; sede da instituição.
c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência (D) De acordo com a doutrina, os prazos legais, como os
inequívoca da sentença ou despacho. fixados pela lei, vinculam os sujeitos processuais, e sua
inobservância acarreta preclusão.
(...) (E) Segundo preceito expresso no CPP, todos os prazos do
processo devem ser contínuos e peremptórios, não se
Art. 800. Os juízes singulares darão seus despachos e interrompendo por férias, domingo ou dia feriado.
decisões dentro dos prazos seguintes, quando outros não
estiverem estabelecidos: 02. (TRF - 2ª REGIÃO - Analista Judiciário - Área
I - de dez dias, se a decisão for definitiva, ou interlocutória Judiciária - FCC) O réu e seu defensor constituído foram
mista; pessoalmente intimados da sentença condenatória no dia 3 de
II - de cinco dias, se for interlocutória simples; fevereiro de 2012, sexta-feira. O prazo de 5 dias para apelação
III - de um dia, se se tratar de despacho de expediente. terminará no dia
§ 1º Os prazos para o juiz contar-se-ão do termo de (A) 13 de fevereiro, segunda-feira.
conclusão. (B) 07 de fevereiro, terça-feira.
§ 2º Os prazos do Ministério Público contar-se-ão do termo (C) 08 de fevereiro, quarta-feira.
de vista, salvo para a interposição do recurso (art. 798, § 5º). (D) 09 de fevereiro, quinta-feira
§ 3º Em qualquer instância, declarando motivo justo, poderá (E) 10 de fevereiro, sexta-feira.
o juiz exceder por igual tempo os prazos a ele fixados neste
Código. 03. (TJ/PE - Oficial de Justiça - Judiciária e
§ 4º O escrivão que não enviar os autos ao juiz ou ao órgão Administrativa – FCC) Os prazos processuais penais
do Ministério Público no dia em que assinar termo de conclusão
ou de vista estará sujeito à sanção estabelecida no art. 799. (A) que terminarem no sábado serão acrescidos de dois
dias úteis.
Art. 801. Findos os respectivos prazos, os juízes e os órgãos (B) serão contados em dobro se o réu estiver preso.
do Ministério Público, responsáveis pelo retardamento, (C) serão contados em quádruplo para o Ministério
perderão tantos dias de vencimentos quantos forem os Público.
excedidos. Na contagem do tempo de serviço, para o efeito de (D) serão contados excluindo-se o dia do começo,
promoção e aposentadoria, a perda será do dobro dos dias incluindo-se, porém, o do vencimento.
excedidos. (E) suspendem-se nos domingos e feriados.

Prazo processual penal e prazo penal Respostas


Diverso é o tratamento do prazo processual penal no 01. E / 02. E / 03. D
confronto com o prazo penal, para o qual, em benefício do

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precatória será imediatamente devolvida, para efeito de


citação por hora certa (art. 355, §2º, CPP).
6 Citações e intimações.
3 Citação por carta rogatória.
Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será
CITAÇÃO E INTIMAÇÃO (arts. 351 a 372 do Código de citado mediante carta rogatória, suspendendo-se o curso do
Processo Penal) prazo de prescrição até o seu cumprimento (art. 368, CPP).
Disso infere-se que a carta rogatória somente será utilizada se
CITAÇÃO o réu estiver no estrangeiro, mas em lugar sabido. Eis um
De acordo com o art. 363, da Lei Processual, o processo detalhe que merece ser observado.
terá completada a sua formação quando realizada a citação do Por fim, as citações que houverem de ser feitas em legações
acusado. estrangeiras serão efetuadas mediante carta rogatória (art.
Neste diapasão, nada obstante o entendimento importado 369, CPP).
do Direito Processual Civil, segundo o qual o processo começa As cartas rogatórias serão, pelo respectivo juiz, remetidas
antes, com o mero despacho da decisão que recebe a petição ao Ministro da Justiça, a fim de ser pedido o seu cumprimento,
inicial (o que, aqui no Processo Penal, funcionaria com o por via diplomática, às vias estrangeiras competentes (art.
recebimento da denúncia, guardadas as devidas proporções), 783, CPP). As cartas rogatórias emanadas de autoridades
há se entender a citação como o ato que formaliza a estrangeiras competentes não dependem de homologação e
participação do acusado no processo em curso instaurado serão atendidas se encaminhadas por via diplomática e desde
exatamente contra ele, o que torna a citação um pressuposto que o crime, segundo a lei brasileira, não exclua a extradição
processual de validade. (art. 784, caput, CPP).

1 Citação por mandado. 4 Citação por carta de ordem.


Quando o réu estiver em território sujeito à jurisdição da É a maneira como se cita quando o processo tramita nos
autoridade que a ordenar, a citação será feita por mandado, via tribunais. A carta de ordem é uma forma de citação semelhante
oficial de justiça, o qual indicará, conforme o art. 352, da Lei à carta precatória.
Processual Penal:
A) O nome do juiz (inciso I); 5 Formas especiais de citação.
B) O nome do querelante nas ações iniciadas por queixa São elas:
(inciso II); A) Citação do militar. Far-se-á por intermédio do chefe do
C) O nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais respectivo serviço (art. 358, CPP);
característicos (inciso III); B) Citação do réu preso. Se o réu estiver preso, será
D) A residência do réu, se for conhecida (inciso IV); pessoalmente citado (art. 360, CPP);
E) O fim para que é feita a citação (inciso V); C) Citação do funcionário público. O dia designado para o
F) O juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá funcionário público comparecer em juízo, como acusado, será
comparecer (inciso VI); feita a ele bem como ao chefe de sua repartição (art. 359, CPP);
G) A subscrição do escrivão e a rubrica do juiz (inciso VII). D) Citação por hora certa. A citação por hora certa é
O mandado de citação deve ser acompanhado de cópia da inovação trazida ao processo penal pela Lei nº 11.719/08, e
denúncia/queixa-crime (a chamada “contrafé”), para permitir encontra-se contemplada no art. 362, CPP, segundo o qual, se
ao acusado defender-se dos fatos que lhe são imputados. o oficial de justiça verificar que o réu se oculta para não ser
Ademais, quando da prática do ato, deve o oficial de justiça citado, certificará a ocorrência e agirá nos moldes do que
ler o mandado ao citando. Se houver aceitação ou recusa em preveem os arts. 227 a 229 do Código do Processo Civil.
receber a citação, isso deve constar da certidão de entrega da
contrafé. Cabe destacar, que com embora o artigo 362 do CPP não
Por fim, há se lembrar que o processo seguirá sem a tenha sofrido nenhuma alteração expressa, com a revogação
presença do acusado que, citado ou intimado pessoalmente da Lei nº 5.869/1973 (CPC) pela Lei nº 13.105/2015 (Novo
para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo Código de Processo Civil) foram modificados os dispositivos
justificado, ou, no caso de mudança de residência, não que disciplinam o instituto, sendo a citação por hora certa
comunicar o novo endereço ao juízo (art. 367, CPP). prevista agora nos artigos 252 a 254 do NCPC.
Neste contexto, o art. 252, NCPC, preceitua que, quando,
2 Citação por carta precatória. por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o
A citação por carta precatória será utilizada quando o réu citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar,
estiver fora do território da jurisdição do juiz processante, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer
devendo constar na precatória, de acordo com o art. 354, CPP: pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que,
A) O juiz deprecado e o juiz deprecante (inciso I); no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora
B) A sede da jurisdição de um e de outro (inciso II); que designar. Atenção! A quantidade de vezes que o
C) O fim para que é feita a citação, com todas as oficial vai até a residência foi reduzida de 3 (três), para
especificações (inciso III); 2 (duas).
D) O juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá Isto posto, pelo art. 253, do NCPC, no dia seguinte, o
comparecer (inciso IV). oficial de justiça, independentemente de novo despacho,
A precatória será devolvida ao juiz deprecante, comparecerá ao domicílio ou residência do citando, a fim de
independentemente de traslado, depois de lançado o “cumpra- realizar a diligência. Por fim, feita a citação por hora certa, o
se” e de feita a citação por mandado do juiz deprecado (art. art. 254, do NCPC, dispõe que o escrivão enviará carta,
355, caput, CPP). Verificando que o réu se encontra em telegrama ou radiograma, dando ao citado ciência do ato
território sujeito à jurisdição de outro juiz, a este remeterá o praticado.
juiz deprecado os autos para efetivação da diligência, desde
que haja tempo para fazer-se a citação (a chamada “carta E) Citação por edital. Se o réu não for encontrado, será
precatória itinerante”) (art. 355, §1º, CPP). Certificado pelo citado por edital, com o prazo de quinze dias (art. 361, CPP).
oficial de justiça que o réu se oculta para não ser citado, a Consoante o art. 365, CPP, o edital de citação indicará o
nome do juiz que a determinar (inciso I), o nome do réu, ou, se

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não for conhecido, os seus sinais característicos, bem como sua Enunciado da Súmula: "O período de suspensão do
residência e profissão, se constarem do processo (inciso II), o prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena
fim para que é feita a citação (inciso III), o juízo e o dia, a hora cominada".
e o lugar em que o réu deverá comparecer (inciso IV), e o
prazo, que será contado do dia da publicação do edital na
imprensa, se houver, ou de sua afixação (inciso V). Assim, se o delito prescreve, abstratamente, em 12 anos, é
Ademais, o edital será afixado à porta do edifício onde por esse tempo que a contagem da prescrição deve ficar
funcionar o juízo e será publicado pela imprensa, onde houver, suspensa, após o que volta a correr pelo saldo restante. Esse
devendo a afixação ser certificada pelo oficial que a tiver feito entendimento, além de evitar, na prática, a imprescritibilidade
e a publicação provada por exemplar do jornal ou certidão do dos delitos, afigura-se proporcional, na medida em que o prazo
escrivão, da qual conste a página do jornal com a data da de prescrição ficará suspenso por mais ou menos tempo, de
publicação (parágrafo único, do art. 365, do CPP). acordo com a maior ou menor gravidade do delito. Um mesmo
prazo de suspensão da prescrição para todos os delitos
violaria, flagrantemente, o princípio da proporcionalidade.
Observação: somente quando citado pessoalmente
pode ser decretada a revelia do acusado acaso este não tome
6.3 Determinação de produção antecipada de provas.
nenhuma providência. Do contrário, será citado por edital,
Conforme a Súmula nº 455, do Superior Tribunal de
podendo ter o processo suspenso e a prescrição punitiva
Justiça, a decisão que determina a produção antecipada de
também suspensa, mas não será considerado revel.
provas com base no art. 366, CPP, deve ser concretamente
fundamentada, não se justificando meramente o decurso do
6 Suspensão do processo e do prazo prescricional (art. tempo.
366, CPP). Desta maneira, a simples incidência da hipótese de
Segundo o art. 366, da Lei Processual Penal, se o acusado, suspensão do processo/prazo prescricional não é suficiente
citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, para se determinar a perpetuação da memória da prova. É
ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, preciso que haja algum risco de que a prova se perca durante
podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas o período de suspensão, como por exemplo, o falecimento de
consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão uma testemunha.
preventiva, nos termos do art. 312, do Código de Processo
Penal. 6.4 Determinação de prisão preventiva.
Disso infere-se, preliminarmente, que a revelia no Conforme já explicado quando se tratou da necessidade de
processo penal somente se aplica para quem foi citado fundamentação da decisão que decreta prisão preventiva, a
regularmente e ainda assim insiste em manter-se inerte. Para suspensão do processo e do prazo prescricional não traz como
que é citado por edital e não comparece nem constitui efeito automático a decretação de prisão preventiva. Para que
defensor há incidência da suspensão do processo e do prazo o juiz assim determine, faz-se necessário a presença dos
prescricional. requisitos previstos no art. 312, CPP.

6.1 Natureza da norma prevista no art. 366, CPP. INTIMAÇÃO E NOTIFICAÇÃO.


Apesar de, à época do advento da Lei nº 9.271/96, que deu Consoante o art. 370, da Lei Processual Penal, nas
ao dispositivo a atual redação, ter havido grande discussão intimações dos acusados, das testemunhas, e demais pessoas
quanto em ser a norma do art. 366 de natureza processual que devam tomar conhecimento de qualquer ato, será
(caso em que incidiria o “Princípio do Efeito Imediato”, apenas observado, no que for aplicável, o que se falou para a citação.
para os delitos cometidos na sua vigência) ou de natureza Desta maneira, a intimação do réu preso será feita em seu
penal (caso em que poderia retroagir se mais benéfica ao nome, bem como será possível à intimação por hora certa,
acusado, o que não ocorreu, uma vez que foi firmado o como exemplos.
posicionamento de que a suspensão do prazo prescricional é Enquanto a citação é um ato de formalização processual
mais gravosa ao réu), prevaleceu o entendimento de que se por intermédio da ciência do acusado, a intimação vale para
trata de norma de natureza mista, hipótese em que prevalece a ambas as partes da relação jurídica, consistindo em avisos
natureza penal. coercitivos ou em meros ônus às partes acerca do que deve
Assim, para fatos praticados antes da Lei nº 9.271, acontecer para que a marcha procedimental chegue ao seu fim.
suspende-se o processo, mas não o prazo prescricional; para Doutrinariamente diferencia-se intimação de notificação,
fatos praticados após a Lei nº 9.271, suspende-se o processo e distinção não observada no Código de Processo Penal e,
o curso do prazo prescricional. É esse o entendimento exatamente por isso, desconhecida pela maioria dos
consagrado no Supremo Tribunal Federal, inclusive (RHC operadores do Direito. Na prática, não há qualquer relevância
105730, Relator: Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, na distinção entre intimação e notificação. Na verdade, pelo
julgado em 22/04/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-086 que se percebe da própria redação do CPP e da legislação
DIVULG 07-05-2014 PUBLIC 08-05-2014). especial, é comum a utilização equivocada de tais expressões.
Geralmente, o que se costuma denominar de intimação se trata
6.2 Prazo em que o curso do processo e do prazo de notificação, pois intimação é a comunicação de ato
prescricional ficam suspensos. processual já efetuado, enquanto que a notificação serve para
Como o art. 366 apenas dispõe que a prescrição deve ficar comunicar ato ainda a ser realizado. Assim, intima-se de algo
suspensa durante a suspensão do processo, sem indicar por já produzido e notifica-se para ato a ser cumprido. A intimação
quanto tempo, doutrina e jurisprudência debruçaram-se sobre volta-se ao passado, ao passo que a notificação volta-se ao
a questão, na busca de uma solução hermenêutica para a futuro. Exemplificando, intima-se de uma decisão judicial,
omissão legislativa. enquanto que se notifica uma testemunha ou um perito para
Para um primeiro entendimento, com grande força no STF, depor.
o processo e o curso do prazo prescricional ficam suspensos
por prazo indeterminado; para um segundo entendimento, 1 Intimação do Ministério Público e do defensor
consagrado na Súmula nº 415, do Superior Tribunal de Justiça, nomeado.
o prazo de suspensão regula-se pelo máximo da pena A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado
cominada ao delito. será pessoal (art. 370, §4º, CPP). Apesar da ausência de

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expressa previsão legal, também a intimação do Defensor Art. 357. São requisitos da citação por mandado:
Público será pessoal. I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da
contrafé, na qual se mencionarão dia e hora da citação;
2 Intimação do defensor constituído, do advogado do II - declaração do oficial, na certidão, da entrega da
querelante, e do assistente. contrafé, e sua aceitação ou recusa.
A intimação do defensor constituído, do advogado do
querelante, e do assistente far-se-á por publicação no órgão Art. 358. A citação do militar far-se-á por intermédio do
incumbido da publicidade dos atos judiciais da comarca, chefe do respectivo serviço.
incluindo, sob pena de nulidade, o nome do acusado (art. 370,
§1º, CPP). Caso não haja órgão de publicação de atos judiciais Art. 359. O dia designado para funcionário público
na comarca, a intimação far-se-á diretamente pelo escrivão, comparecer em juízo, como acusado, será notificado assim a ele
por mandado, ou via postal com comprovante de recebimento, como ao chefe de sua repartição.
ou por qualquer outro meio idôneo (art. 370, §2º, CPP).
Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado.
3 Súmula nº 310, STF.
Não se pode esquecer da Súmula nº 310, do Supremo Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por edital,
Tribunal Federal, segundo a qual quando a intimação tiver com o prazo de 15 (quinze) dias.
lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação
for feita nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado,
imediata, salvo se não houver expediente, caso em que o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação
começará no primeiro dia útil que se seguir. com hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei
no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
Veja os dispositivos acerca do assunto: Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o
acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo.
TÍTULO X
DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES Art. 363. O processo terá completada a sua formação quando
CAPÍTULO I realizada a citação do acusado.
DAS CITAÇÕES I - (revogado);
II - (revogado).
Art. 351. A citação inicial far-se-á por mandado, quando o § 1º Não sendo encontrado o acusado, será procedida a
réu estiver no território sujeito à jurisdição do juiz que a houver citação por edital.
ordenado. § 2º (VETADO)
§ 3º (VETADO)
Art. 352. O mandado de citação indicará: § 4º Comparecendo o acusado citado por edital, em qualquer
I - o nome do juiz; tempo, o processo observará o disposto nos arts. 394 e seguintes
II - o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa; deste Código.
III - o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais
característicos; Art. 364. No caso do artigo anterior, no I, o prazo será fixado
IV - a residência do réu, se for conhecida; pelo juiz entre 15 (quinze) e 90 (noventa) dias, de acordo com as
V - o fim para que é feita a citação; circunstâncias, e, no caso de no II, o prazo será de trinta dias.
VI - o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá
comparecer; Art. 365. O edital de citação indicará:
VII - a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz. I - o nome do juiz que a determinar;
II - o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus sinais
Art. 353. Quando o réu estiver fora do território da característicos, bem como sua residência e profissão, se
jurisdição do juiz processante, será citado mediante precatória. constarem do processo;
III - o fim para que é feita a citação;
Art. 354. A precatória indicará: IV - o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá
I - o juiz deprecado e o juiz deprecante; comparecer;
II - a sede da jurisdição de um e de outro; V - o prazo, que será contado do dia da publicação do edital
III - o fim para que é feita a citação, com todas as na imprensa, se houver, ou da sua afixação.
especificações; Parágrafo único. O edital será afixado à porta do edifício
IV - o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá onde funcionar o juízo e será publicado pela imprensa, onde
comparecer. houver, devendo a afixação ser certificada pelo oficial que a tiver
feito e a publicação provada por exemplar do jornal ou certidão
Art. 355. A precatória será devolvida ao juiz deprecante, do escrivão, da qual conste a página do jornal com a data da
independentemente de traslado, depois de lançado o "cumpra- publicação.
se" e de feita a citação por mandado do juiz deprecado.
§ 1º Verificado que o réu se encontra em território sujeito à Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer,
jurisdição de outro juiz, a este remeterá o juiz deprecado os nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso
autos para efetivação da diligência, desde que haja tempo para do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção
fazer-se a citação. antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso,
§ 2º Certificado pelo oficial de justiça que o réu se oculta decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312.
para não ser citado, a precatória será imediatamente devolvida, (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996) (Vide Lei nº
para o fim previsto no art. 362. 11.719, de 2008)
§ 1º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 356. Se houver urgência, a precatória, que conterá em § 2º (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
resumo os requisitos enumerados no art. 354, poderá ser
expedida por via telegráfica, depois de reconhecida a firma do Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusado que,
juiz, o que a estação expedidora mencionará. citado ou intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar de

Noções de Direito Processual Penal 31


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comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de mudança de (D) o processo seguirá sem a presença do acusado que,
residência, não comunicar o novo endereço ao juízo. citado ou intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar de
comparecer sem motivo justificado.
Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, (E) se o réu estiver preso, será pessoalmente citado.
será citado mediante carta rogatória, suspendendo-se o curso
do prazo de prescrição até o seu cumprimento. 03. (TJ/SP - Escrevente Técnico Judiciário – VUNESP)
Estabelece o art. 366 do CPP que o acusado citado por edital
Art. 369. As citações que houverem de ser feitas em legações que não comparece nem nomeia defensor
estrangeiras serão efetuadas mediante carta rogatória. (A) será declarado revel, com consequente nomeação de
defensor dativo, o qual acompanhará o procedimento até seu
CAPÍTULO II final.
DAS INTIMAÇÕES (B) será declarado revel, admitindo-se verdadeiros os
fatos articulados na denúncia ou queixa.
Art. 370. Nas intimações dos acusados, das testemunhas e (C) terá, obrigatoriamente, decretada prisão preventiva
demais pessoas que devam tomar conhecimento de qualquer em seu desfavor.
ato, será observado, no que for aplicável, o disposto no Capítulo (D) terá o processo e o curso do prazo prescricional
anterior. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996) suspensos.
§ 1º A intimação do defensor constituído, do advogado do (E) será intimado por hora certa.
querelante e do assistente far-se-á por publicação no órgão
incumbido da publicidade dos atos judiciais da comarca, 04. (MPE/AL – Promotor de Justiça – FCC) Em relação às
incluindo, sob pena de nulidade, o nome do acusado. (Incluído citações e intimações, é correto afirmar que
pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996) (A) a intimação do defensor nomeado far-se-á por
§ 2º Caso não haja órgão de publicação dos atos judiciais na publicação no órgão incumbido da publicidade dos atos
comarca, a intimação far-se-á diretamente pelo escrivão, por judiciais da comarca, omitindo-se o nome do acusado.
mandado, ou via postal com comprovante de recebimento, ou (B) a intimação do defensor constituído será pessoal.
por qualquer outro meio idôneo. (Redação dada pela Lei nº (C) nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a
9.271, de 17.4.1996) denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente,
§ 3º A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dispensará a recebê-la-á e ordenará a intimação do acusado para responder
aplicação a que alude o § 1º. (Incluído pela Lei nº 9.271, de à acusação, por escrito, no prazo de dez dias.
17.4.1996) (D) se o acusado é citado por hora certa e não comparece
§ 4º A intimação do Ministério Público e do defensor ao processo, será, então, citado por edital.
nomeado será pessoal. (Incluído pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996) (E) no caso de o acusado estar no estrangeiro, em lugar
sabido, será citado mediante carta rogatória, suspendendo-se
Art. 371. Será admissível a intimação por despacho na o curso do prazo de prescrição até o seu cumprimento.
petição em que for requerida, observado o disposto no art. 357.
05. (TJ/PE - Analista Judiciário - Administrativa - FCC)
Art. 372. Adiada, por qualquer motivo, a instrução criminal, O defensor constituído do acusado foi pessoalmente intimado
o juiz marcará desde logo, na presença das partes e para praticar determinado ato processual no prazo de 5 dias
testemunhas, dia e hora para seu prosseguimento, do que se no dia 06 de setembro de 2011, terça-feira. Dia 7 de setembro
lavrará termo nos autos. foi feriado nacional. Os dias 8 e 9 de setembro foram dias úteis.
Dia 10 foi sábado e 11 foi domingo. O prazo processual terá
Questões início no dia
(A) 8 e vencimento no dia 12 de setembro.
01. (TJ/SP - Escrevente Técnico Judiciário - VUNESP) (B) 6 e vencimento no dia 13 de setembro.
Considere as seguintes situações com relação à citação: réu (C) 8 e vencimento no dia 13 de setembro.
militar; réu que não é encontrado; réu que se oculta para não (D) 7 e vencimento no dia 12 de setembro.
ser citado. Assinale a alternativa que traz, correta e (E) 9 e vencimento no dia 13 de setembro.
respectivamente, as modalidades de citação que estão
adequadas às três situações mencionadas, nos termos dos arts. 06. (TJ/SP - Escrevente Técnico Judiciário – VUNESP)
351 a 369 do Código de Processo Penal. Determina o art. 353 do CPP: quando o réu estiver fora do
(A) Por correio; por hora certa; por edital. território da jurisdição do juiz processante será citado
(B) Por carta de ordem; por edital; por rogatória. mediante
(C) Pessoal, por mandado; por hora certa; por hora certa. (A) carta de ordem.
(D) Por intermédio do chefe de serviço; por edital; por hora (B) publicação em jornal de grande circulação.
certa. (C) carta com aviso de recebimento ou telegrama.
(E) Por intermédio do chefe de serviço; por hora certa; por (D) edital.
correio. (E) precatória.

02. (PC/AP - Delegado de Polícia - FGV) Com relação ao 07. (TJ/AC - Técnico Judiciário Área Judiciária - CESPE)
tema citações, assinale a afirmativa incorreta. Julgue o seguinte item.
(A) no processo penal o réu que se oculta para não ser
citado poderá ser citado por hora certa na forma estabelecida De acordo com o Código de Processo Penal (CPP), como
no Código de Processo Civil. regra geral, os prazos começam a correr da data da intimação,
(B) estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, a da audiência ou sessão em que for proferida a decisão — se a
citação far-se-á por carta ou qualquer meio hábil de ela estiver presente a parte a ser intimada — ou do dia em que
comunicação. a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da sentença ou
(C) se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem do despacho, contando-se com a exclusão do dia inicial e com
constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do a inclusão do dia do vencimento.
prazo prescricional. (A) Certo
(B) Errado

Noções de Direito Processual Penal 32


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APOSTILAS OPÇÃO

08. (TJ/AC - Técnico Judiciário Área Judiciária - CESPE)


Julgue o seguinte item.

Em se tratando de citação por hora certa, o prazo de dez


dias para o réu apresentar resposta à acusação inicia-se na
data do ato citatório e, caso o réu citado não o faça, o juiz
nomeará defensor para apresentá-la.

(A) Certo
(B) Errado

09. (TJ/RO - Analista Processual - CESPE) Acerca das


citações e das intimações das partes no processo penal,
assinale a opção correta.
(A) A lei processual penal determina que as intimações do
defensor constituído e do representante do MP sejam feitas
pessoalmente, por força de mandado.
(B) Se o réu estiver preso no mesmo estado da Federação
em que o juiz processante exerce jurisdição, é válida a sua
requisição ao diretor do estabelecimento prisional, como
forma de chamamento ao processo.
(C) Havendo necessidade da oitiva de testemunha por
carta precatória, para não haver nulidade, é obrigatória a
intimação das partes, inclusive do promotor de justiça, do dia
designado para a audiência.
(D) Se o acusado, citado por edital, não comparecer nem
constituir advogado, deverá o magistrado suspender o
processo, bem como o curso do prazo prescricional, sem
prejuízo da realização de provas antecipadas.
(E) As citações que houverem de ser feitas em legações
estrangeiras serão efetuadas mediante carta rogatória com a
devida chancela do tribunal superior competente.

10. (SEJAP/MA - Agente Penitenciário - FGV) No tocante


à citação, aponte a afirmativa correta.
(A) No direito processual penal não previsão da citação por
hora certa.
(B) Na citação ficta, realizada por meio de edital, o acusado
não comparecendo ou não tendo constituído advogado no
prazo legal, o processo deve ficar suspenso, bem como o prazo
prescricional.
(C) A citação do militar é feita por mandado.
(D) O réu que se encontra preso e tenha advogado
constituído com poderes especiais, pode ser citado por meio
deste para apresentar resposta preliminar.
(E) Quando o processo for suspenso em razão da não
localização do acusado, tal circunstância, por si só, autoriza o
juiz a decretar a prisão preventiva e determinar a produção
antecipada de provas.

Respostas
01. D / 02. B / 03. D / 04. E / 05. A
06. E / 07. A / 08. A / 09. D / 10. B

Anotações

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