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INSTITUTO FILOSÓFICO E TEOLÓGICO DO SEMINÁRIO

ARQUIDIOCESANO SÃO JOSÉ DE NITERÓI

HUGO FARIAS SILVA

EGÍDIO ROMANO

NITERÓI
2018
HUGO FARIAS SILVA

EGÍDIO ROMANO

Trabalho apresentado ao Instituto Filosófico e


Teológico do Seminário São José de Niterói,
como requisito parcial para a conclusão da
disciplina de História da Filosofia III, sob a
orientação do Professor Robson Oliveira.

NITERÓI
2018
2

Egídio Romano ou Gil de Roma (1247-1316), do latim Ægidius Romanus, nasceu em


Roma e entrou, em 1260, para a recém fundada ordem dos Eremitas de Santo Agostinho. Tendo
lecionado em Paris, foi o primeiro catedrático de sua ordem, a qual tomou a sua doutrina como
oficial em 1287. Em 1292, foi eleito ministro-geral e, em 1295, nomeado arcebispo de Bourges1 .
Foi marcado pela História como discípulo de Santo Tomás de Aquino, a quem efetivamente
teve por mestre em Paris, mas cuja doutrina não se limita a repetir. Egídio é um tomista em
sentido lato. Aprendendo com Tomás, tem sua própria filosofia; apresenta questões próprias e
mesmo respostas diferentes para questões comuns, eventualmente até se afastando do mestre
dominicano e se aproximando de Santo Agostinho2 .
Egídio comentou as obras de Aristóteles, produziu Questões Disputadas, Theoremata, um
Comentário sobre as Sentenças, entre outros textos. Desenvolveu conhecidas contribuições para
a Metafísica, mas passou para a História sobretudo pelo seu trabalho político, que se destaca nas
suas obras mais conhecidas, o De regimine principum e o De ecclesiastica potestate.
Nas seções que seguem, apresenta-se o pensamento de Egídio no que diz respeito aos
problemas metafísicos, epistemológicos e éticos, respectivamente.

Metafísica

A principal tese metafísica de Egídio Romano lhe mereceu um lugar na História dessa
disciplina, por conta de uma sua polêmica com Henrique de Gante.
Sua posição foi documentada nos Theoremata de esse et essentia, que responde ao Quo-
dlibetal I, de Henrique, e nas Quæestiones disputatæ de esse et essentia. Como Santo Tomás
de Aquino, ele sustenta a distinção real entre essentia e esse, mas em seus próprios termos.
Entente ele que os conceitos aristotélicos de matéria e forma explicam a geração e a corrupção;
analogamente, o par essência e esse explicam a criação e a possível aniquilação das formas puras.
Ainda, a matéria é anterior à forma e só está em ato por meio dela; a essência, que em algum
sentido precede a existência, está em ato apenas por meio do esse. Assim como o gênero entra
na composição de espécies opostas, a título de elemento constitutivo (o mesmo que a matéria),
assim a essência é determinada pelo esse ao existir concreto3 . Pode-se dizer que neste ponto,
Egídio radicaliza a posição de Santo Tomás, afirmando que o esse deve ser concebido como
res adita à essência. O resultado final de sua teoria foi posteriormente considerado próximo à
posição de Avicena4 .
1
Cf. GILSON, Etienne. A filosofia na Idade Média. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 678.
2
Cf. LAMBERTINI, Roberto. Giles of Rome. In: ZALTA, Edward N. (Ed.). The Stanford Encyclopedia of
Philosophy. Winter 2014. [S.l.]: Metaphysics Research Lab, Stanford University, 2014.
3
Cf. SARANYANA, Josep-Ignasi. La filosofía medieval desde sus orígenes patrísticos hasta la escolástica
barroca. Pamplona: EUNSA, 2007. (Colección de pensemiento medieval y renacentista). p. 322.
4
Cf. LAMBERTINI, op. cit.
3

Anos mais tarde, Egídio retornou à questão da distinção de essência e esse, no seu Quodli-
betal V, o qual não visa mais responder à posição de Henrique de Gante. Ali, ele entende que
a origem da polêmica fora provocada por problemas de terminologia. O termo esse admitiria
quatro significados:

i. Esse pode significar que a essência é um ser (esse essentiae).

ii. Esse pode expressar que uma natureza dá o ser (forma dat esse materiae), no sentido em
que a forma dá o ser à matéria.

iii. Fala-se também do esse quando uma natureza dá o ser a uma subsistência (esse subsisten-
tiæ), no sentido de que é pela natureza que a subsistência se define, como a humanidade
faz o homem ser homem.

iv. E ainda, distingue-se o esse nas naturezas que o tem em si mesmas, as substâncias, das
que o tem em outro, os acidentes5 .

Ainda contra a posição de Henrique de Gante, Egídio Romano discorda de Tomás sobre
o princípio de individuação, que para este seria a materia signata quantitate, enquanto para
aquele, a quantitas materiæ. Para Egídio, para que uma porção de matéria seja capaz de receber
uma forma ela precisa de um tipo de quantidade, a qual não é identificável com as dimensões
do corpo, mas um tipo de montante invariável de matéria, algo comparável à noção atual de
massa. Por fim, apesar de na juventude admitir a hipótese da criação ab eterno, Egídio a rejeita
posteriormente, aproximando-se da posição de Agostinho, e defendendo a possibilidade de
provar a temporalidade da criação, embora admitindo a inexistência até então de um argumento
conclusivo; e negou a unicidade do intelecto possível, afirmando que o conhecimento atual
depende do corpo ser informado por sua própria alma intelectiva6 .

Epistemologia

Não há uma grande produção de Egídio em Epistemologia. Há alguma contribuição sua em


Lógica Epistêmica, ramo da Lógica Modal que visa formalizar a relação entre o conhecimento, a
crença e a ignorância. Mas para além disso, propriamente com relação à Teoria do Conhecimento,
defende algumas posições em seus trabalhos metafísicos; especificamente, que os seres humanos
possuem um desejo natural pelo conhecimento que é satisfeito por uma compreensão limitada
das substâncias separadas, no que discorda de Tomás de Aquino7 .
5
Cf. SARANYANA, 2007, p. 324.
6
Cf. LAMBERTINI, op. cit.
7
Cf. ibid.
4

Ética

Egídio Romano vigora na História especialmente por suas contribuições para a Ética. No
debate acerca da relação entre razão e vontade na determinação das ações humanas, ele afirma
que a vontade é uma potência passiva e não pode mover a si mesma, mas requer um objeto, um
bonum apprehensum, que a atraia a si. Contudo, esse ponto de partida não postula sua liberdade,
pois a vontade, uma vez movida por esse objeto, pode determinar a si mesma e outras potências
com respeito à ação8 .
Seu grande destaque se deu, contudo, na Política, que segue. São duas as suas obras nesse
tema: De regimine principum e De ecclesiastica sive summi pontificis potestate.9
Provavelmente escrito entre 1277 e 1280, para o rei Felipe, o Belo, o De regimine principum
é um “espelho de príncipes”, o mais bem sucedido do gênero de toda Idade Média. Compõe-
se de uma coleção de três volumes - ética, economia e política - baseada em grande parte
na Suma Teológica, de Santo Tomás de Aquino, bem como nos escritos de Aristóteles, dos
quais se apresenta como sintetizador, apesar de chegar a discordar deste em não poucos pontos,
mesmo citando-o para refutá-lo. O livro, partindo de pressupostos naturais, apresenta importantes
discussões sobre a teoria das virtudes, em particular tratando das virtudes esperadas de um
príncipe; tira de princípios naturais o fundamento da autoridade civil; e, ainda, argumenta que a
monarquia é a melhor das formas de governo10 .
Escrito entre fevereiro e setembro de 1302, para justificar a posição do Papa Bonifácio
VIII - mais tarde, no mesmo ano, imortalizada pela bula Unam Sanctam -, o De ecclesiastica
potestate discute as prerrogativas temporais e espirituais do poder eclesiástico. Sendo esse texto
outra amostra do movimento de Egídio do campo tomista para a influência agostiniana, aqui o
autor identifica Igreja e sociedade e entende o sacerdócio como possuidor de uma precedência
política, ou seja, o poder espiritual antecede o temporal. Como consequência última, cabe ao
Papa, enquanto sumo sacerdote, a custódia de todo poder e por meio dele que toda autoridade se
legitima. Daí conclui a ilicitude da soberania dos infiéis, discordando de Santo Tomás11 . Aliás,
até mesmo o direito individual de propriedade seria ilegítimo se não expressamente reconhecido
pela suprema autoridade religiosa12 .
Tanto as ideias do De potestate ecclesiastica permaneceriam nas discussões medievais
sobre a relação entre o poder do papa e o do imperador, como o De regimine principum seguiria
como o mais usado manual de ética aristotélica. Ainda que seu nome não brilhe tanto perto dos
grandes mestres medievais, suas ideias tomaram parte nas mais importantes discussões de uma
era, ou mesmo as ocasionaram.
8
Cf. LAMBERTINI, 2014.
9
Cf. SARANYANA, op. cit., p. 326.
10
Cf. LAMBERTINI, op. cit.
11
Cf. SARANYANA, op. cit., p. 326-329.
12
Cf. LAMBERTINI, op. cit.
5

Referências Bibliográficas

GILSON, Etienne. A filosofia na Idade Média. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
LAMBERTINI, Roberto. Giles of Rome. In: ZALTA, Edward N. (Ed.). The Stanford
Encyclopedia of Philosophy. Winter 2014. [S.l.]: Metaphysics Research Lab, Stanford
University, 2014.
SARANYANA, Josep-Ignasi. La filosofía medieval desde sus orígenes patrísticos hasta la
escolástica barroca. Pamplona: EUNSA, 2007. (Colección de pensemiento medieval y
renacentista).

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