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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ANALISTA DA ANTT
PROFESSOR RENATO FENILI

Prezado(a) amigo(a) concursando(a),

Como foram esses dias de estudo? Espero que tudo esteja correndo de
acordo com o planejado.
Em nosso encontro de hoje estaremos, de certa forma, nos
aprofundando no estudo de características próprias do modelo gerencial da
administração pública. Eis a programação:

AULA CONTEÚDO
6. Empreendedorismo governamental e novas lideranças no
setor público. 9. Excelência nos serviços públicos. 10.
3
Gestão de resultados na produção de serviços públicos. 11.
O paradigma do cliente na gestão pública.

Tudo pronto? Então vamos ao trabalho!!

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ANALISTA DA ANTT
PROFESSOR RENATO FENILI

I. EMPREENDEDORISMO GOVERNAMENTAL

1. O conceito de empreendedorismo

Definir empreendedorismo não é tarefa das mais simples. Trata-se de um


conceito de múltiplas dimensões, cujo estudo remonta do século XVIII,
havendo ênfase em sua abordagem ao longo do século XX.
Apesar de o empreendedorismo ter sido estudado por uma série de ramos
do conhecimento (psicologia, sociologia, pedagogia, administração etc.), foi
no âmbito da teoria econômica que este conceito obteve maior destaque
inicial.
O termo “empreendedor”, na língua portuguesa, é uma adaptação da
expressão inglesa “entrepreneur” que, por sua vez, provém do verbo francês
“entreprendre”1. Esta expressão surge originalmente ainda no século XII,
sendo empregada para designar aquele que se lança a brigas ou a disputas
militares. Já no século XVII o termo passou a ser utilizado para designar o
responsável por coordenar uma ação militar.
Somente a partir de meados do século XVII houve uma ampliação do
conceito, passando a “incluir os contratados que se encarregavam de
construções para militares: estradas, pontes, portos e fortificações etc.
Naquela época, economistas franceses também empregavam a expressão
para descrever pessoas que corriam riscos e suportavam incertezas a fim de
realizar inovações” (CUNNINGHAM; LISCHERON, 1991, p. 50).
A primeira referência na literatura econômica ao termo “empreendedor”
remonta de 1755, na obra póstuma Ensaio Geral da Natureza do Comércio2,
de autoria do banqueiro franco-irlandês Richard Cantillon. Para este autor, o
empreendedor é o indivíduo que se lança a satisfazer uma demanda incerta
no mercado, admitindo-se o risco como inerente às suas atividades em busca
de retorno financeiro. De forma mais concreta, Cantillon considerava
empreendedor o indivíduo que comprava matéria-prima por preços módicos3
e a vendia já como produto acabado ou semiacabado, por um valor maior.

1
“Entre” = recíproca, mútua + “prehendre”= tomar, utilizar, empregar.
2
Essai sur la Nature du Commerce em Général, no original.
3
Módico = modesto, barato.
2
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No início do século XIX, o economista francês Jean-Baptiste Say surgiu


como pioneiro a expor algumas das bases do conceito de
empreendedorismo, sendo, por este motivo considerado por Filion (1999) o
“pai do empreendedorismo”.
Para Say, o empreendedor era um agente fundamental de transformações
econômicas e sociais. Um aspecto que irá permanecer ao longo da teoria
econômica é a análise de Jean-Baptiste Say de que o empreendedor não
necessariamente ser o detentor do capital (separação das figuras do
empreendedor e do capitalista), mas sim aquele que assume riscos e busca a
inovação.
Apesar desses estudos iniciais, a projeção do empreendedorismo como
um campo específico de estudo só foi efetivada por meio do trabalho do
economista austríaco Joseph Schumpeter, na primeira metade do século
XX. Para Schumpeter, o empreendedorismo está intimamente relacionado à
capacidade de inovação. Em suas palavras:

“A essência do empreendedorismo está na percepção e no aproveitamento


das novas oportunidades no âmbito dos negócios (...) sempre tem a ver com
criar uma nova forma de uso dos recursos nacionais, em que eles sejam
deslocados de seu emprego tradicional e sujeitos a novas combinações”
(SCHUMPETER, 1982, p. 57)

Na visão de Schumpeter, o empreendedorismo não só está associado à


inovação, como também possui papel fundamental como propulsão do
desenvolvimento econômico. Apesar de sua visão estar voltada ao setor
privado, é pertinente termos uma visão mais acurada de traços da visão
schumpeteriana. É o que veremos a seguir.

2. Empreendedorismo, Inovação e a “Destruição


Criadora”

Para Schumpeter, empreendedor é o agente que combina recursos de


forma inovadora, promovendo assim o crescimento econômico. Aquele
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economista, voltado à análise do setor privado, lista cinco casos possíveis de


inovação no mercado:

 introdução de um novo bem (ou de uma nova qualidade do bem) ainda


não familiar aos consumidores;
 introdução de um novo método de produção (inovação de processo);
 abertura de novo mercado, em que o produto de determinada
indústria4 não tivera acesso antes;
 domínio ou usufruto de nova fonte de oferta de matérias-primas ou de
bens semimanufaturados, e
 reorganização de uma indústria, com a decorrente trustificação5 ou
ruptura de uma posição de monopólio.

Há, na visão de Schumpeter (1984), uma estreita relação entre


empreendedorismo, inovação e capitalismo. Para este autor (1984, p.
112), a inovação é a força motriz que impinge um caráter evolutivo à
máquina capitalista, sendo decorrente de “novos bens de consumo, novos
métodos de produção ou transporte, dos novos mercados, das novas formas
de organização industrial que a empresa capitalista cria”. Merecedora de
destaque é a visão de que na concorrência atrelada à inovação repousa o
cerne do processo de “destruição criadora”, denominação empregada por
Schumpeter (1984) ao referir-se à contínua revolução da estrutura
econômica, na qual novas combinações substituem antigas, e posições de
mercado (oligopolistas ou monopolistas) não detém caráter permanente
“devido às incessantes atividades tecnológicas realizadas por outras firmas”
(GONÇALVES, 1984, p. 106).

Ok...mas qual a razão das empresas empreenderem (inovarem)?

Empresas empreendem para, por meio da inovação, tornarem-se mais


competitivas. A razão para tanto, no setor privado, não poderia ser mais
objetiva: lucro. Schumpeter (1984) destaca a busca por lucros
extraordinários como a razão pela concorrência, em uma dinâmica na qual
4
Indústria, em análise econômica, corresponde a um determinado nicho de atividades econômicas conduzidas no
mercado. Por exemplo: à indústria de aço, correspondem as empresas produtoras, fornecedoras de matéria-prima, e
até mesmo a regulamentação governamental.
5
Trustificação = formação de monopólio.
4
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firmas almejam a obtenção de vantagens competitivas ao se diferenciarem


umas das outras em termos tecnológicos ou de mercado. A mesma linha de
raciocínio é defendida por Penrose (2006), para quem o motor da inovação é
a antecipação de uma situação de maior lucro por empresários, usando seus
recursos de modo mais eficiente.
Logicamente, ao falarmos de organizações públicas, a motivação do
empreendedorismo não será o lucro, mas sim a prestação de um serviço
mais eficiente à sociedade, por simples atendimento a um Princípio
Constitucional. Contudo, alguns dos pilares do empreendedorismo aqui
discutidos permanecem os mesmos, em especial a busca pela inovação.
Muitas são as maneiras de se conceituar inovação. Para os propósitos de
nosso curso, considera-se a definição oferecida pela Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e registrada no Manual
de Oslo:

[Inovação é] “a implementação de um produto (bens ou serviços) novo ou


significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de
marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócio, na
organização do local de trabalho ou nas relações externas” (OCDE, 2005, p.
55).

Uma vez entendido o empreendedor como o “agente da inovação”, há de


se registrar as facetas que o empreendedorismo assume quando exercido
nas diversas organizações. Vejamos o esquema a seguir:

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Nesse ponto, estamos aptos a abordarmos o empreendedorismo no setor


público.

3. O empreendedorismo no setor público

Diversos são os autores que defendem a visão do empreendedorismo


como um conceito amplo, passível de ser transposto para o setor público.
Nesse sentido, eis a avaliação de Drucker (1987, p. 245):

As instituições de serviços públicos, tais como órgãos


governamentais, sindicatos trabalhistas, igrejas, universidades, escolas,
hospitais, organizações comunitárias e beneficentes, associações
profissionais e comerciais, e semelhantes precisam ser tão inovadoras e
empreendedoras como qualquer negócio.

Logicamente, ao fazer esta transposição, as especificidades da esfera


pública devem ser consideradas, moldando a ação de empreender de acordo
com as características inerentes à gestão governamental.
A gestão pública empreendedora não visa à maximização do lucro, em
contradição à gestão privada. O intuito é a promoção da eficiência e a
melhoria da prestação de serviços públicos, sendo o empreendedorismo
entendido como um processo de criação de valor para os cidadãos (MORRIS;
JONES, 1999).
Uma vez entendido o empreendimento como um esforço no sentido de
inovar, a criatividade na combinação dos recursos (de acordo com a
concepção de Schumpeter) passa a ser uma das principais competências do
empreendedor. No entanto, o exercício da criatividade, no setor público, é
limitado pela estrita observância dos preceitos legais, em obediência do
Princípio da Legalidade. De forma geral, são três os fatores que dificultam a
plenitude o empreendedorismo no setor público, evidenciados no quadro a
seguir:

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BARREIRAS AO EMPREENDEDORISMO NO SETOR PÚBLICO


BARREIRA DESCRIÇÃO
Ao setor público, só cabe a execução daquilo
estritamente previsto em normas legais. Desta
O Princípio da
forma, a inovação inerente ao empreendedorismo
Legalidade
é mais cerceada, se comparada com a realidade
da iniciativa privada.
Empreender e inovar consomem recursos, sejam
eles de pessoal ou financeiros. Tendo em vista
que a limitação orçamentária e de funcionários
públicos é a realidade em muitos órgãos públicos,
Limitação de recursos
os escassos recursos acabam por serem
consumidos em atividades operacionais, não
restando disponibilidade para seu emprego em
atividades empreendedoras.
A cultura organizacional não é algo que se muda
facilmente, ou em curto espaço de tempo. Há
usualmente uma inércia cultural, que se perpetua
e que somente é gradualmente transformada. No
caso brasileiro, o serviço público foi marcado por
uma cultura (disfuncionalmente) burocrática na
Cultura
maior parte do século XX (cerca de 6 décadas),
organizacional
sendo que ainda há traços severos de práticas
excessivamente burocráticas nos dias de hoje.
Estruturar uma cultura gerencial empreendedora,
voltada a resultados, é um esforço conduzido na
administração pública do Brasil desde meados da
década de 1990, e que ainda carece de avanços.

Vejamos uma interessante questão cobrada em concurso:

1. (CESPE / ANATEL / 2006) Devido ao princípio administrativo da


legalidade, o qual estabelece que ao gestor público compete
fazer o que a lei determina, a inovação é uma característica
indesejada na administração pública.

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O atendimento ao Princípio da Legalidade é um obstáculo ao uso


indiscriminado da criatividade do gestor público. No entanto, não são
raras as oportunidades de o gestor atuar com certa liberdade dentro de
margens definidas em lei – eis a discricionariedade. É dentro dessa janela
de atuação que se deve buscar a inovação, sendo a criatividade e o
empreendedorismo, nesse caso, uma das competências mais desejadas
no administrador público. O fato é que a administração pública
empreendedora busca, a todo instante, inovar – seja no desenho de de
seus processos, no uso de TICs, na elaboração de ferramentas
subsidiárias à sua atuação, em maneiras de prover uma accountability
eficaz etc.
A assertiva está, portanto, errada.

Historicamente, o empreendedorismo no setor público, nos moldes de sua


concepção mais atual, toma forma em diversos países a partir da década de
1980, motivado por diversos fatores, dentre os quais merecem destaque:
 crise fiscal dos Estados;
 desenvolvimento de novas técnicas gerenciais e de formas de
organização;
 maior complexidade das relações sociais, demandando um novo
papel ao Estado;
 ascensão de valores neoliberais (“Estado-Mínimo”).
Dos fatores listados, os destacados em negrito tiveram influência
preponderante, levando o modelo de gestão burocrático então vigente a
severas críticas, dada sua morosidade, ineficiência, e foco excessivo nos
processos de trabalho.
Com este contexto, surge o Gerencialismo, cujos pilares são dois modelos
pós burocráticos: o New Public Management (já estudado em nosso curso) e
a Gestão Empreendedora.
No que concerne à Gestão Empreendedora, diversos são os autores
(SECCHI, 2009; PALUDO, 2012, entre outros) que avaliam a obra
Reinventando o Governo: como o espírito empreendedor está transformando
o setor público, de Osborne e Gaebler (1992), como o marco teórico
principal do governo empreendedor. A ESAF já cobrou isso no concurso
para a CGU, em 2008:

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2. (ESAF / CGU / 2008) O movimento que incorporou à gestão


pública características como a competição na prestação dos
serviços, a perspectiva empreendedora, a descentralização, o
foco em resultados e a orientação para o mercado é
denominado:

a) Patrimonialista.
b) Governança Corporativa.
c) Reinventando o Governo.
d) Administração Pública Societal.
e) Pós-Burocrático.

A relevância do livro Reinventando o Governo é tanta que, nos Estados


Unidos, iniciou-se um movimento rumo à gestão
pública empreendedora que levou o mesmo nome da
obra de Osborne e Gaebler.
As ideias deste livro foram aplicadas com grande
intensidade nos Estados Unidos, em especial no
programa de governo do Partido Democrático nas
eleições presidenciais de 1992 e, posteriormente, no
programa National Performance Review, durante a
gestão Clinton (presidente) – Gore (vice).
Osborne e Gaebler (1992) sintetizaram em 10
mandamentos as orientações para transformar um
governo disfuncionalmente burocrático em um governo empreendedor.
Vejamos o quadro a seguir:
MANDAMENTOS DA GESTÃO EMPREENDEDORA
MANDAMENTO DESCRIÇÃO
O governo não deve assumir, sozinho, a
competência para a implementação de
políticas públicas, mas sim harmonizar a ação
1. Governo Catalisador de diferentes agentes sociais na solução de
problemas coletivos. Assim, o governo passa a
coordenar uma série de esforços, e não mais
se mostra restrito à simples execução.

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MANDAMENTOS DA GESTÃO EMPREENDEDORA


MANDAMENTO DESCRIÇÃO
Deve-se transmitir responsabilidades aos
cidadãos, ao invés de simplesmente servi-los.
2. Governo que pertence
As comunidades, uma vez estando mais
à comunidade
próximas aos problemas, devem atuar
proativamente na tomada de decisão.
A competição (entre órgãos públicos, e entre
entidades públicas e privados) deve ser
3. Governo competitivo
fomentada, como maneira de promover a
qualidade na prestação dos serviços públicos.
O governo (e seus órgãos) deve ser orientado
4. Governo orientado
conforme sua missão, e não se ater
por missões
obsessivamente à normas e regras formais.
A atuação governamental deve ser norteada
por seus objetivos estratégicos. Deve-se
5. Governo de resultado minimizar o excesso de controle em recursos
(inputs) e pautar-se pelos resultados
almejados (outputs).
O governo deve valorizar os cidadãos como
seus clientes, abandonando as práticas da
6. Governo orientado ao burocracia disfuncional, e passando a adotar
cliente técnicas e ferramentas de qualidade, bem
como promovendo a transparência na gestão
(accountability).
O governo deve criar novas maneiras de
ampliar seus ganhos financeiros e vincular sua
7. Governo
dotação orçamentária a resultados almejados
empreendedor
perante a sociedade, bem como ampliar o
leque de serviços públicos remunerados.
Deve-se evitar a simples postura reativa,
passando-se a planejar estrategicamente,
8. Governo preventivo como forma de prevenção e preparo perante
cenários futuros.

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MANDAMENTOS DA GESTÃO EMPREENDEDORA


MANDAMENTO DESCRIÇÃO
A descentralização deve ser vista como uma
forma não só de responder mais rapidamente
às demandas sociais, mas também de
promover maiores motivação aos funcionários
9. Governo
públicos e capacidade de inovação.
descentralizado
Logicamente, a descentralização e a maior
autonomia conferida aos órgãos e aos
servidores públicos demandam maior
responsabilização e controle.
O governo deve ingressar na lógica
competitiva do mercado, atuando não só
10. Governo orientado como agente regulatório, mas também
para o mercado conduzindo atividades econômicas, adotando
princípios de gestão de negócios e investindo
recursos em aplicações de risco.

Assim, retornando à questão proposta, a resposta correta é a alternativa


C.

3. (ESAF / SMF – RJ / 2010) Em um contexto de gestão


empreendedora, é incorreto afirmar que a administração fiscal
deve:

a) coletar tributos visando atender, com maior eficácia, o bem


comum.
b) adotar princípios de gestão de negócios, como a proatividade
e o controle por objetivos e metas.
c) ser gerenciada como uma empresa que visa maximizar o
lucro, aqui medido sob a forma de arrecadação.
d) submeter seus resultados a avaliações feitas pela sociedade.
e) incorporar novas tecnologias, facilitando e estimulando a
troca de informações com o cidadão-cliente.

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Vejamos os comentários às alternativas:

a) Todas as ações efetuadas pela administração pública, em atendimento


ao Princípio da Finalidade, visam ao interesse comum. Dessa forma, o
mesmo ocorre com a gestão fiscal, em especial com a aplicação dos
tributos coletados. A alternativa está correta.
b) A alternativa traz duas características vistas no quadro “Mandamentos
da Gestão Empreendedora”: o governo orientado para o mercado
(“adotar princípios de gestão de negócios”) e governo de resultado
(proatividade e controle por objetivos e metas”). Assim, a alternativa
está correta.
c) Esta alternativa acaba por contradizer o já comentado na alternativa
“a”. A gestão pública não deve almejar a maximização do lucro (ou da
arrecadação por si só). O intuito é a consecução do bem comum, sendo
os recursos arrecadados por meio de tributos apenas um meio para
alcançar-se este fim. A alternativa está, portanto, errada.
d) Uma vez que o governo empreendedor é voltado ao cliente (cidadão),
é mandatório o controle social e a accountability. A alternativa está
correta.
e) As tecnologias de informação e comunicação (TICs) são ferramentas
essenciais ao governo empreendedor, tendo em vista que promovem
maior qualidade no exercício de suas atribuições, bem como
capacidade de interação com a sociedade. A alternativa está correta.
Resposta: C.

4. (ESAF / AFRFB / 2009) No âmbito da administração pública, o


empreendedorismo pressupõe a incorporação dos seguintes
comportamentos, exceto:

a) participação dos cidadãos nos momentos de tomada de


decisão.
b) substituição do foco no controle dos inputs pelo controle dos
outputs e seus impactos.
c) criação de mecanismos de competição dentro das
organizações públicas e entre organizações públicas e privadas.

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d) adoção de uma postura reativa, em detrimento da proativa, e


elaboração de planejamento estratégico, de modo a antever
problemas potenciais.
e) aumento de ganhos por meio de aplicações financeiras e
ampliação da prestação de serviços remunerados.

Vejamos os comentários às alternativas:

a) Tendo em vista que o “governo pertence à comunidade” (veja quadro


anterior “Mandamentos da Gestão Empreendedora”), deve-se envolver
o cidadão na responsabilidade da tomada de decisão relativa a
assuntos de interesse da sociedade. A alternativa está correta.
b) A alternativa apresenta a caraterística do governo de resultado, a
espinha dorsal da gestão empreendedora. Está, assim, correta.
c) Como vimos, na gestão empreendedora, a competição (entre órgãos
públicos, e entre entidades públicas e privados) deve ser fomentada,
como maneira de promover a qualidade na prestação dos serviços
públicos. A alternativa está correta.
d) Apenas a primeira parte da assertiva está incorreta. O governo
empreendedor deve assumir uma postura proativa, antevendo cenários
futuros. Trata-se da característica “governo preventivo”, vista no
quadro exposto anteriormente. A alternativa está errada.
e) A assertiva espelha de forma apropriada o mandamento “governo
empreendedor”, conforme Osborne e Gaebler (1992). A alternativa
está, portanto, correta.
Resposta: D.

5. (CESPE / CNJ / 2013) Empreender, para o governo, significa


mobilizar competências individuais e organizacionais para
provocar inovações e mudanças tecnológicas nos sistemas
informatizados nos modelos de gestão exceto nas políticas
públicas.

A questão contém, ao menos, dois erros centrais.

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Primeiramente, empreender não se restringe a inovações e a


mudanças em termos de sistemas informatizados. A inovação, cerne do
empreendedorismo, dá-se nos mais diversos sentidos: em termos
tecnológicos, de processo, de desenvolvimento de produtos, de prestação
de serviços.
O outro erro diz respeito à afirmação de que às políticas públicas não
cabe inovação. Sendo tais políticas o papel principal do Estado, é
exatamente nelas que o empreendedorismo se faz mais necessário.
A questão está errada.

6. (ESAF / AFT – MTE / 2010) A aplicação do empreendedorismo,


no âmbito da Administração Pública, implica saber que:

a) normas rígidas e exaustivas são o melhor suporte para a


tomada de decisão em ambientes complexos sob constante
mudança.
b) não se deve estimular a competição entre entidades
prestadoras de serviços públicos semelhantes.
c) a administração por resultados perde espaço para a
supervisão hierárquica e para a realização de auditorias de
gestão.
d) quanto maior a autonomia conferida a servidores públicos,
novas formas de controle ou responsabilização devem ser
adotadas.
e) tal como ocorre na iniciativa privada, incentivos econômicos
são o principal fator motivacional de gerentes e chefes.

Vejamos os comentários às alternativas:

a) Ambientes complexos sob constante mudança demandam flexibilidade


da gestão. Nesse sentido, a gestão empreendedora vem a contrapor-se
ao modelo burocrático, passando a focar o resultado, e não a ater-se
excessivamente à rigidez das normas que regem o processo. A
alternativa está errada.
b) Como vimos, na gestão pública empreendedora, a competição (entre
órgãos públicos, e entre entidades públicas e privados) deve ser
fomentada, como maneira de promover a qualidade na prestação dos
serviços públicos. A alternativa está errada.

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c) De acordo com o modelo empreendedor, a gestão pública volta-se a


resultados, perdendo espaço a excessiva supervisão hierárquica e à
rigidez de normas que permeiam os processos (disfunções
burocráticas). A alternativa está, portanto, errada.
d) O empreendedorismo no setor público implica maior descentralização e
autonomia conferida a órgãos e a servidores públicos. Contudo, ao
passo que se confere a autonomia, a responsabilização e o controle
devem ser fortalecidos, como forma de garantir a busca pelo interesse
comum. A assertiva está correta.
e) A concepção de que o incentivo econômico é o principal motivador de
um colaborador está ultrapassada desde os estudos de Frederick
Herzberg, ainda no século passado, que culminaram na chamada
Teoria dos Fatores. Salários e outros incentivos econômicos são
entendidos como fatores que impedem a desmotivação do funcionário
– mas não o motivam. Como fatores motivadores, citam-se o
reconhecimento, a maior responsabilidade e demais aspectos que
atuam junto aos sentimentos de crescimento individual. Assim, a
alternativa está errada.
Resposta: D.

7. (CESPE / TSE / 2007 – adaptada) Empreendedorismo


governamental significa a capacidade de promover a sintonia
entre os governos e as novas condições sócio-econômicas,
políticas e culturais.

Uma das marcas do empreendedorismo governamental é a busca pela


gestão participativa voltada a programas e projetos. É um dos exemplos que
ilustra uma nova postura do setor público a fim de se coadunar com
condições socioeconômicos, políticas e até mesmo culturais que, há algumas
décadas, eram inéditas.
Assim, a alternativa está correta.

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8. (ESAF / AFTN / 1996) São muitos os teóricos da administração


e os administradores públicos que defendem a necessidade de
se proceder a uma "reinvenção" dos governos. Para eles, as
atuais estruturas governamentais estão fortemente abaladas
pelas inovações tecnológicas, pelo ritmo intenso das mudanças
pelo surgimento de uma economia global "pós-industrial" e de
uma sociedade baseada no conhecimento e na informação.
Neste novo contexto, a máquina administrativa rígida e
hierarquizada, estruturada por setores e assentada em
burocracias complexas e extensivas, passa a enfrentar grandes
e incontornáveis dificuldades. A saída estaria, então, na adoção,
pelos governos, da perspectiva do empreendedorismo
governamental, capaz de promover a sintonia entre os
governos e as novas condições socioeconômicas, políticas e
culturais. Indique a opção que apresenta com maior clareza e
precisão a ideia de governo empreendedor.

a) O governo empreendedor define-se por buscar a incorporação


de práticas e posturas empresariais, utilizando-se do poder de
alavancagem das obras públicas, sobretudo no terreno da
construção civil e da infraestrutura urbana.
b) O governo empreendedor caracteriza-se pela adoção de novas
formas de utilização de seus recursos, de modo a maximizar a
produtividade e a eficiência, buscando, ao mesmo tempo,
organizar sistemas participativos descentralizados com base na
mobilização de setores comunitários.
c) O governo empreendedor caracteriza-se pela determinação com
que torna suas decisões, concentra-se na administração
criteriosa do dinheiro público e busca opor, às demandas e
pressões da sociedade, um conjunto de políticas e programas
racionalmente concebidos.
d) O governo empreendedor distingue-se por não temer assumir
riscos, busca a maximização dos recursos públicos a qualquer
preço e apoia-se firmemente na geração de receitas financeiras.
e) O governo empreendedor caracteriza-se pela preocupação em
responder com rapidez às demandas da sociedade, mas procura
sempre moderar suas iniciativas de investimento, para não
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colidir a dinâmica e os interesses do mundo dos negócios


privados.

Vejamos os comentários às alternativas:

a) “Poder de alavancagem” é uma expressão empregada na área de


finanças para designar situações capazes de aumentar muito a
rentabilidade de determinado investimento. Ora, o Estado, ao lançar-
se a obras públicas voltadas à construção civil e à infraestrutura
urbana não visa à sua alavancagem financeira, mas sim ao
atendimento às demandas sociais e à consecução do interesse
público. Assim, a alternativa está errada.
b) Todas as características citadas na assertiva estão de acordo com o
que vimos acerca do governo público empreendedor. Trata-se de um
governo voltado para resultados, descentralizado e pertencente à
comunidade. A alternativa está correta.
c) O erro da alternativa está apenas em sua parte final. O governo
público empreendedor não concebe políticas e programas a fim de se
opor às demandas sociais: ao contrário, trata-se de um programa
pertencente à comunidade, integralmente voltado às demandas de
seu cliente (cidadão). A alternativa está errada.
d) O governo público empreendedor, apesar de buscar a maximização de
seus recursos, não o faz “a qualquer preço”. Há características básicas
do governo empreendedor que não podem ser deixadas de lado:
gestão por resultados, atenção ao cliente etc. A alternativa está
errada.
e) Como vimos, o governo público empreendedor é orientado para o
mercado, devendo atuar não só como agente regulatório, mas
também conduzindo atividades econômicas, adotando princípios de
gestão de negócios e investindo recursos em aplicações de risco. A
alternativa está errada.
Resposta: B.

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9. (CESPE / TRE – BA / 2010 - adaptada) Em um município, o seu


gestor público, depois de dois anos de governo, firmou alianças
entre esferas de poder de elites políticas locais, de modo a
garantir recursos necessários para a realização de
determinados projetos urbanos.

Com base nessa situação hipotética, julgue o item a seguir,


acerca do empreendedorismo governamental:
Se o referido gestor público foi capaz de atrair o poder político
local para atuar conjunta e permanentemente com vistas à
realização de determinados projetos urbanos, então ele
apresentou capacidade de empreendedorismo governamental.

Na situação hipotética em análise, nota-se a observância dos


mandamentos “Governo catalisador” e “Governo que pertence à
comunidade”, inseridos em um contexto de empreendedorismo
governamental.
A assertiva, assim, está corrreta.

4. Gestão Pública empreendedora no Brasil

Conforme elucida Mello (2006), a reforma gerencial observada no Brasil a


partir de meados da década de 1990 passa, a partir de 2000, a receber a
denominação Gestão Empreendedora.
Conforme já estudamos, no Brasil, os primeiros esforços rumo à
implantação de uma gestão pública empreendedora têm como marco central
a publicação do Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado (Pdrae),
elaborado pelo então ministro Bresser-Pereira, em 1995. Aliás, o próprio
Pdrae teve como fundamento teórico principal a obra Reinventando o
Governo, de David Osborne e Ted Gaebler, mencionada na seção anterior.
Em 2000, o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, por
intermédio de sua Secretaria de Gestão, publicou um documento de nome
Gestão Pública Empreendedora6 que, de forma geral, expõe orientações para
a implantação do empreendedorismo no setor público federal.

6
Disponível em: http://empreende.org.br/pdf/Estado/Gestão%20pública%empreendedora.pdf
18
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ANALISTA DA ANTT
PROFESSOR RENATO FENILI

O trecho abaixo, extraído daquele documento (p. 11), traz uma ideia clara
do processo de mudança pretendido com a gestão empreendedora:

A primeira mudança [na gestão] consiste em deslocar o foco da


preocupação de obedecer regras em compartimentos estanques -
ministério, secretarias, departamentos e respectivos programas - e
estabelecer o processo inverso. Primeiro, identificar objetivamente o
que precisa ser feito e, depois, subordinar a organização, a
estruturação, a normatização, o conhecimento, a qualificação e o
arranjo de pessoas em equipes à busca do resultado. Este é um ponto
importante de mudança da qualidade gerencial.
Empreender significa obter resultados. Gestão empreendedora
significa gestão voltada para resultados. Pressupõe agilidade,
dinamismo, flexibilidade e assim por diante, mas sua conexão filosófico-
conceitual alinha-se com o que está descrito no plano de reforma do Estado.

ATENÇÃO!
As principais características da Gestão Pública Empreendedora, no
Brasil, podem ser assim apresentadas:

 oposição às práticas burocráticas;


 gestão por resultados;
 busca por parcerias (inclusive na formulação de políticas públicas) e
pelo trabalho em rede (coordenação de esforços);
 autonomia da gestão e responsabilização;
 promoção da transparência e do controle social (accountability);
 estímulo ao diálogo público (um conceito mais amplo do que o controle
social, já que implica o estabelecimento de uma via de mão dupla);
 desenvolvimento da gestão da informação e da avaliação (“não há
mudança de padrão gerencial, nem transparência e melhoria do diálogo
público sem boas informações. É preciso prestar contas e, para isso, saber
o que está acontecendo”).

19
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ANALISTA DA ANTT
PROFESSOR RENATO FENILI

De forma mais concreta, é possível afirmar que o Brasil vem adotando


postura empreendedora (PALUDO, 2012), especialmente no que diz respeito
à busca por resultados em termos de infraestrutura e crescimento
econômico. Tal realidade pode ser verificada pelo apanhado cronológico dos
principais Planos Plurianuais conduzidos nas últimas duas décadas:

PLANOS PLURIANUAIS BRASILEIROS


PLANO PERÍODO DESCRIÇÃO
Trata-se de uma inciativa inserida no
governo de Fernando Henrique Cardoso,
com o intuito de priorizar 427
empreendimentos voltados para a
promoção do desenvolvimento
sustentável do País e estrategicamente
Brasil em Ação 1996 - 1999
escolhidos pela capacidade de induzir
novos investimentos produtivos e reduzir
desigualdades regionais e sociais. Há o
entendimento geral de que este
Programa foi o embrião para o Programa
de Aceleração de Crescimento (PAC)
No Avança Brasil, adotou-se um novo
conceito de programa, segundo o qual as
ações e os recursos do Governo são
organizados de acordo com os objetivos
a serem atingidos (gestão por
resultados). Contudo, para Martins
Avança Brasil 2000 – 2003 (2001), o Programa Avança Brasil teve
uma baixa importância estratégica,
devido à pouca adesão de atores
econômicos públicos e privados, bem
como à limitações metodológicas
inerentes aos programas constantes do
Plano.
Plano Gestão Este PPA contemplou os seguintes macro
Pública para um 2004 – 2007 objetivos:
Brasil de Todos  crescimento com geração de trabalho,

7
Em 1999, houve a ampliação para 58 empreendimentos.
20
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ANALISTA DA ANTT
PROFESSOR RENATO FENILI

PLANOS PLURIANUAIS BRASILEIROS


PLANO PERÍODO DESCRIÇÃO
emprego e renda, ambientalmente
sustentável e redutor das
desigualdades regionais;
 inclusão social e redução das
desigualdades sociais;
 promoção e expansão da cidadania e
fortalecimento da democracia.
Este PPA fundamentou-se em três pilares
principais: política assistencialista
(transferindo rendas com
Desenvolvimento condicionalidades), o Plano de
com Inclusão Desenvolvimento e Educação (PDE) e o
Social e 2008 – 2011 Programa de Aceleração do
Educação de Crescimento (PAC). Com relação ao
Qualidade PAC, há de se frisar que se trata da mais
expressiva ação de empreendimento em
infraestrutura já conduzida pelo Governo
brasileiro.
Dá-se continuidade ao PAC (agora
chamado de PAC 2), bem como institui-
se plano assistencialista denominado
Plano Brasil sem Miséria (PBSM). Dentre
os objetivos contemplados no PAC 2,
citam-se: redução do déficit habitacional
Mais Brasil 2012 – 2015 (Programa Minha Casa, Minha Vida),
universalização do acesso à água e à
energia elétrica (Programa Água e Luz
para Todos), incremento da oferta de
serviços básicos à população e garantia
da presença do Estado (Programa
Comunidade Cidadã) etc.

21
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ANALISTA DA ANTT
PROFESSOR RENATO FENILI

II. A EXCELÊNCIA E A GESTÃO DE RESULTADOS NO SETOR


PÚBLICO BRASILEIRO: PROGRAMAS DE QUALIDADE E O
GESPÚBLICA

1. A Gestão da Qualidade na Administração Pública brasileira

Podemos listar quatro iniciativas formais principais, datadas do final do


século passado, responsáveis pela implantação de programas de qualidade
na Administração Pública brasileira. São elas:

 Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade (PBQP – 1990);


 Programa de Qualidade e Participação na Administração Pública
(QPAP – 1996);
 Programa de Qualidade no Serviço Público (PQSP – 1999), e
 Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização
(GesPública – 2005).

A disposição temporal destes programas, bem como seus focos principais


são apresentados pelo Documento de Referência do GesPública (2008 /
2009) da seguinte forma:

22
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ANALISTA DA ANTT
PROFESSOR RENATO FENILI

Tais iniciativas, conforme salienta o Documento de Referência do


GesPública (2008 / 2009), não representam rupturas, mas sim
incrementos importantes na relação entre qualidade e o exercício da
atividade pública.
A seguir, falaremos sobre as características principais de cada um desses
Programas.

Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade


(PBQP – 1990)

De forma geral, o marco inicial a partir do qual se discute formalmente a


implantação de um programa de qualidade na administração pública
brasileira é o início da década de 1990.
Em 1990, durante o governo Collor, a Secretaria de Ciência e Tecnologia
da Presidência da República, em conjunto com o Departamento da Indústria
e Comércio (DIC) do Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento 8,
lançou o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade (PBQP),
com o objetivo de apoiar a modernização de empresas brasileiras que
necessitavam de suporte frente a recente abertura econômica e a forte
concorrência estrangeira. Desta maneira, o PBQP voltava-se,
primordialmente, à iniciativa privada, tendo desempenhado progressos de
destaque em pequenas e micro empresas.

8
Trata-se da denominação dada ao Ministério da Fazenda durante o Governo Collor (1990 a 1992).
23
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ANALISTA DA ANTT
PROFESSOR RENATO FENILI

Contudo, no âmbito do PBQP, criou-se, em 1991, o Subprograma de


Qualidade e Produtividade na Administração Pública, com o intuito de
implantar programas de qualidade em órgãos públicos. Nesse momento
inicial, o foco foi a melhoria de processos, bem como o uso intensivo de
ferramentas de qualidade, de forma a tornar as organizações públicas menos
(disfuncionalmente) burocráticas e mais voltadas ao atendimento às
demandas sociais.
Ainda em conformidade com um dos subprogramas do PBQP, que
preconizava a instituição de prêmios destinados ao reconhecimento das
contribuições em prol da qualidade e da produtividade, criou-se, em outubro
de 1991, a Fundação Nacional da Qualidade, uma entidade privada, sem
fins lucrativos, cujo objetivo era a coordenação do recém-instituído Prêmio
Nacional de Qualidade. Inicialmente voltado ao setor privado, a premiação
voltada ao setor público foi instituída a partir de 1998.

ATENÇÃO!
O Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade (PBQP) foi
pioneiro ao destacar a qualidade na administração pública como importante
instrumento para a eficiência do aparelho estatal. No entanto, conforme
ressaltado no Caderno MARE nº 4 (p. 11), havia “total desvinculação das
diretrizes da reforma da estrutura organizacional e administrativa implantada
no Governo da época com o PBQP”. De qualquer forma, “o saldo alcançado
pelos esforços de sensibilizar as organizações públicas [para a importância
da implantação de programas de qualidade] foi positivo”.

Programa de Qualidade e Participação na Administração Pública


(QPAP – 1996)

Em 1995, formaliza-se o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do


Estado (Pdrae), entendido como marco principal da Reforma Gerencial.
Inserido no âmbito do Pdrae, em 1996 é instituído o Programa de
Qualidade e Participação na Administração Pública, contemplando dois
objetivos gerais:

 Contribuir para a melhoria da qualidade dos serviços públicos, por


meio da institucionalização dos seus princípios, com ênfase na
participação dos servidores;
 Apoiar o processo de mudança de uma cultura burocrática para a
cultura gerencial, fortalecendo a delegação, o atendimento ao cidadão,

24
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ANALISTA DA ANTT
PROFESSOR RENATO FENILI

a racionalidade no modo de fazer, a definição clara de objetivos, a


motivação dos servidores e o controle dos resultados.9

O Programa de Qualidade e Participação na Administração Pública


(QPAP) cumpriu a função de principal instrumento para a mudança de
uma cultura burocrática para gerencial. Para tanto, enfatizava dois
aspectos:
 Qualidade: contava com uma dimensão formal, referente à
competência para produzir e aplicar métodos, técnicas e
ferramentas de qualidade, e com uma dimensão política,
referente à competência para projetar e realizar organizações
públicas que atendam às necessidades dos clientes-cidadãos.
 Participação: representava o envolvimento de todos os
servidores – independentemente do nível, cargo ou função – com
a melhoria do serviço público, havendo compromisso de
cooperação entre gerentes e gerenciados com vistas à busca de
solução de problemas, ao aperfeiçoamento contínuo e à
satisfação dos clientes-cidadãos.

ATENÇÃO!
O Programa de Qualidade e Participação na Administração Pública
(QPAP) promoveu uma mudança cultural no sistema de gestão, passando
a dar base à Reforma Gerencial. Entre os novos valores estabelecidos pelo
QPAP, citam-se: participação, reconhecimento do potencial do servidor e de
sua importância no processo produtivo, igualdade de oportunidades e a
opção pela cidadania. A qualidade é inserida, como forma de promover o
melhor atendimento ao cliente-cidadão. Para tanto, seguem-se 8 (oito)
princípios:
 satisfação do cliente;
 envolvimento de todos os servidores (com a qualidade);
 gestão participativa dos funcionários (disseminação de informações e
cooperação);
 gerência de processos;
 valorização do servidor público;
 constância de propósitos (objetivos de longo prazo);

9
Fonte: Programa da Qualidade e Participação na Administração Pública, Caderno MARE nº 4, 1997, p. 16.
25
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ANALISTA DA ANTT
PROFESSOR RENATO FENILI

 melhoria contínua, e
 não aceitação de erros.

10. (ESAF / CGU / 2006) O Programa de Qualidade e


Participação da Administração Pública instituído no âmbito da
Reforma do Estado de 1995 tem como princípios:

I. Avaliação e premiação das melhores práticas.


II. Gestão participativa dos funcionários.
III. Gestão participativa dos clientes.
IV. Gerência por processos.
V. Identificação dos clientes.
VI. Descentralização das ações.

Selecione a opção que indica corretamente princípios desse


Programa.

a) I e II;
b) I e III;
c) III e IV;
d) V e VI;
e) II e IV

Trata-se de uma questão um pouco “decoreba”. Exige do candidato o


conhecimento dos princípios do QPAP, listados anteriormente.
Das assertivas, apenas II e IV são, efetivamente, princípios daquele
Programa (há uma diferença conceitual entre gestão DE processos e gestão
POR processos, não considerada pela ESAF nesta questão).
Assim, a alternativa E está correta.

Programa de Qualidade no Serviço Público (PQSP – 1999)

Em 1999, no âmbito do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão


(MPOG), é criado o Programa de Qualidade no Serviço Público (1999).
De modo geral, é possível a seguinte interpretação resumida: o PBQP
(voltado ao setor público) visava à melhoria da gestão de processos,
revelando um foco preponderantemente interno, ou seja, restrito às
fronteiras operacionais da administração pública. Já o QPAP, ao promover
uma mudança cultural no sistema de gestão, contemplava tanto o foco
26
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ANALISTA DA ANTT
PROFESSOR RENATO FENILI

interno quanto o externo (inerente à relação da administração pública com a


sociedade).
Ao chegarmos no Programa de Qualidade no Serviço Público
(PQSP), decorrida uma década desde a primeira iniciativa formal de
implementação de um programa de qualidade na administração pública, a
atenção volta-se principalmente para o cidadão-usuário (foco externo).
Os objetivos gerais do PQSP eram:
 apoiar as organizações públicas no processo de transformação
gerencial, com ênfase na produção de resultados positivos para a
sociedade, na otimização dos custos operacionais, na motivação e na
participação dos servidores, na delegação de atribuições, na
racionalidade do modo de fazer, na definição clara de objetivos e no
controle de resultados;
 promover o controle social.

ATENÇÃO!
Com o Programa de Qualidade no Serviço Público (PQSP), há um novo
enfoque na promoção de qualidade do atendimento ao cidadão. O cidadão,
nessa ótica, passa a ser considerado como parte interessada e essencial à
boa gestão pública. São instituídos projetos de avaliação da satisfação dos
usuários dos serviços públicos, padrões de atendimento ao cidadão e
fomento à criação de unidades integradas de atendimento. Neste caso, o
principal indicador do PQSP é o nível de satisfação dos usuários ao
utilizarem os serviços públicos.

11. (FCC / TRT 11ª Região / 2012) O principal indicador utilizado


pelo Programa de Qualidade no Serviço Público para medir o
sucesso das organizações públicas que aderiram ao Programa é
o índice de:

a) satisfação dos usuários


b) absenteísmo dos servidores
c) produtividade da média
d) execução orçamentária
e) efetividade

Como vimos, o principal indicador do PQSP é o nível de satisfação dos


usuários. A alternativa A está correta.

27
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ANALISTA DA ANTT
PROFESSOR RENATO FENILI

Resposta: A.

Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização


(GesPública – 2005)

O Programa Nacional de Gestão Pública e


Desburocratização (GesPública) é entendido como o
resultado da evolução dos programas anteriores. Instituído
pelo Decreto nº 5.378/2005, trata-se de uma política
pública que visa a apoiar órgãos e entidades, das três
esferas da federação, na melhoria de sua capacidade de
produzir resultados efetivos para a sociedade.
É merecedor de destaque o art. 2º do citado Decreto,
que contempla os objetivos gerais do GesPública:

Art. 2o O GESPÚBLICA deverá contemplar a formulação e


implementação de medidas integradas em agenda de transformações da
gestão, necessárias à promoção dos resultados preconizados no plano
plurianual, à consolidação da administração pública profissional voltada ao
interesse do cidadão e à aplicação de instrumentos e abordagens gerenciais,
que objetivem:

I - eliminar o déficit institucional, visando ao integral atendimento


das competências constitucionais do Poder Executivo Federal;

II - promover a governança, aumentando a capacidade de


formulação, implementação e avaliação das políticas públicas;

III - promover a eficiência, por meio de melhor aproveitamento dos


recursos, relativamente aos resultados da ação pública;

IV - assegurar a eficácia e efetividade da ação governamental,


promovendo a adequação entre meios, ações, impactos e resultados; e

V - promover a gestão democrática, participativa, transparente e


ética.

As características principais do GesPública são assim listadas pelo


Documento de Referência (2008/2009):

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO GESPÚBLICA


Característica Discriminação

28
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ANALISTA DA ANTT
PROFESSOR RENATO FENILI

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO GESPÚBLICA


Característica Discriminação
O GesPública é uma política formulada a partir da
premissa de que a gestão de órgãos e entidades
públicos pode e deve ser excelente e ser comparada
Trata-se de uma com padrões internacionais de qualidade em gestão,
política de gestão mas não pode nem deve deixar de ser pública. A
essencialmente qualidade da gestão pública tem que ser orientada
pública para o cidadão, e desenvolver-se dentro do espaço
constitucional demarcado pelos princípios da
impessoalidade, da legalidade, da moralidade, da
publicidade e da eficiência.

Sair do serviço à burocracia e colocar a gestão


pública a serviço do resultado dirigido ao
cidadão tem sido o grande desafio do GesPública.
A política de gestão Entenda-se por resultado para o setor público o
é focada em atendimento total ou parcial das demandas da
sociedade traduzidas pelos governos em políticas
resultados para o
públicas. Neste sentido, a eficiência e a eficácia serão
cidadão tão positivas quanto a capacidade que terão de
produzir mais e melhores resultados para o cidadão
(impacto na melhoria da qualidade de vida e na
geração do bem comum).
A base conceitual e os instrumentos do
GesPública não estão limitados a um objeto
específico a ser gerenciado (saúde, educação,
previdência, saneamento, tributação, fiscalização
etc.). Aplicam-se a toda administração pública
A política de gestão em todos os poderes e esferas de governo. Essa
é federativa generalidade na aplicação, assim como a estratégia do
Programa de formar uma rede de organizações e
pessoas voluntárias – a Rede Nacional de Gestão
Pública – fez com que, pouco a pouco, o GesPública
recebesse demandas de órgãos e entidades públicos
não pertencentes ao Poder Executivo Federal.
Fonte: adaptado do Documento de Referência do GesPública (2008/2009).

12. (FGV / POTIGÁS / 2006) No Brasil, a primeira proposta


formal de qualidade para o setor público, criada em 1990,
denomina-se Sub-Programa da Qualidade e Produtividade na
Administração Pública, enfatizando a gestão de processos. A ele
29
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ANALISTA DA ANTT
PROFESSOR RENATO FENILI

seguiram o Programa da Qualidade e Participação na


Administração Pública (QPAP – 1996) e o Programa de
Qualidade no Setor Público (PQSP – 2000). Finalmente, em
2005 o Governo Federal lançou o GESPÚBLICA, direcionando
para gestão por resultados orientada para o cidadão. Esse
programa também recebe o nome de:

a) Programa de Qualidade no Serviço Público.


b) Programa de Qualidade no Setor Público.
c) Gestão de Qualidade na Administração Pública.
d) Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização.
e) Programa Nacional de Qualidade e Produtividade na
Administração.
Apesar de as datas, no enunciado, não estarem 100% corretas, é
muito apropriada a revisão feita.
O GesPública, como vimos, é um nome alternativo para o Programa
Nacional de Gestão Pública e Desburocratização.
Resposta: D.

O Modelo de Excelência em Gestão Pública e os Critérios para a


Avaliação da Gestão Pública

O Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização


(GesPública) é marcado pela gestão por resultados, voltada ao cidadão.
Toma por base um modelo de gestão próprio, denominado Modelo de
Excelência em Gestão Pública (MEGP), cujos pilares, por sua vez, são os
próprios princípios constitucionais aplicáveis à administração pública (art. 37
da CF/88) e os fundamentos da excelência gerencial contemporânea, ambos
dispostos nos esquemas ilustrativos abaixo:

30
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ANALISTA DA ANTT
PROFESSOR RENATO FENILI

O MEGP, de acordo com o documento de referência do Gespública


(BRASIL, 2009, p. 29), é “a representação de um sistema gerencial
constituído de oito partes integradas, que orientam a adoção de práticas de
excelência em gestão com a finalidade de levar as organizações públicas
brasileiras a atingir padrões elevados de desempenho e de excelência em
gestão”.
Importante é a noção de que as oito partes que compõem do MEGP
foram adotadas como critérios para a avaliação da gestão pública:

Para efeito de avaliação da gestão pública, as oito partes do Modelo de


Excelência em Gestão Pública foram transformadas em Critérios para
Avaliação da Gestão Pública. A esses critérios foram incorporados
referenciais de excelência (alíneas) a partir dos quais a organização pública
pode implementar ciclos contínuos de avaliação e melhoria de sua gestão.

A representação gráfica do MEGP, de acordo com o citado documento


de referência, é assim ilustrado:

O Modelo acima contém 4 (quatro) blocos, passíveis de serem assim


analisados pelo documento de referência do Gespública:

31
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ANALISTA DA ANTT
PROFESSOR RENATO FENILI

MEGP E OS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA GESTÃO PÚBLICA


“Por meio da liderança forte da alta
administração, que focaliza as
necessidades dos cidadãos-usuários, os
1º bloco – Planejamento serviços, produtos e processos são
planejados conforme os recursos
disponíveis, para melhor atender esse
conjunto de necessidades”.

“Nesse espaço, concretizam-se as ações


que transformam objetivos e metas em
2º bloco – Execução do resultados. São as pessoas, capacitadas e
Planejamento motivadas, que efetuam esses processos e
fazem com que cada um deles produza os
resultados esperados”.

“Serve para acompanhar o atendimento à


satisfação dos destinatários dos serviços e
da ação do Estado, o orçamento e as
3º bloco – Controle finanças, a gestão das pessoas, a gestão
(Resultados) de suprimento e das parcerias
institucionais, bem como o desempenho
dos serviços/produtos e dos processos
organizacionais.”

“Nesse bloco, são processados e avaliados


os dados e os fatos da organização
(internos) e aqueles provenientes do
4º bloco – Inteligência da ambiente (externos), que não estão sob
Organização seu controle direto, mas, de alguma
(Informações e forma, podem influenciar o seu
Conhecimento) desempenho. Esse bloco dá à organização
a capacidade de corrigir ou melhorar suas
práticas de gestão e, consequentemente,
seu desempenho”.

Cada um dos oito critérios são desdobrados em itens, assim dispostos:

32
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ANALISTA DA ANTT
PROFESSOR RENATO FENILI

FONTE: Instrumento para Avaliação da Gestão Pública - Ciclo 2010, p. 35

33
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ANALISTA DA ANTT
PROFESSOR RENATO FENILI

13. (FCC / TCE – GO / 2009) No modelo de excelência em gestão


pública:

a) a ausência de um enfoque sistêmico da gestão é uma de suas


principais deficiências pois é composto por sete critérios
organizados em quatro grandes blocos.
b) um dos critérios avaliados é a liderança, parte constitutiva do
bloco de planejamento, e que no item formulação de estratégias
analisa como a organização participa da formulação das
políticas públicas na sua área de atuação.
c) o bloco pessoas e processos representa a execução do
planejamento e serve para acompanhar a própria execução e o
atendimento da satisfação dos destinatários dos serviços
públicos.
d) o bloco de resultados, composto apenas pelo critério de mesmo
nome, analisa como o desempenho da organização evoluiu
quanto à satisfação dos cidadãos e à melhoria dos seus
processos organizacionais.
e) o item gestão de processos de apoio analisa como é feita a
gestão dos projetos de serviços e produtos, destacando-se o
tempo de ciclo dos projetos e as transferências de lições
aprendidas anteriormente.

Vejamos os comentários às alternativas:


a) Uma das qualidades do MEGP é justamente o enfoque sistêmico.
Contempla não só planejamento, execução e controle, mas também
adiciona um diagnóstico interno e externo (no bloco “inteligência da
organização”) a fim de possibilitar a melhoria contínua em termos de
qualidade dos serviços. A alternativa está errada.
b) A “formulação de estratégias” é um item inerente ao critério
“Estratégia e Planos”, e não a “Liderança”. Por esse motivo, a assertiva
está errada.
c) O acompanhamento da execução e o atendimento da satisfação dos
destinatários dos serviços públicos são representados no 3º bloco –
Controle (Resultados). A alternativa está errada.

34
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ANALISTA DA ANTT
PROFESSOR RENATO FENILI

d) A alternativa espelha de modo acertado o critério inerente ao 3º bloco,


exposto na tabela anterior. Está, portanto, correta.
e) Na realidade, a alternativa refere-se ao critério “Informações e
Conhecimento”. Está, portanto, errada.
Resposta: D

14. (CESPE / TRE – BA / 2010) O modelo de excelência na


gestão, tanto no setor público quanto no privado, possui
intrínseca relação com a capacidade gerencial de aferir
resultados. A democratização das informações de interesse da
sociedade e a prestação de contas dos atos de governo são
também fatores primordiais a serem observados na adoção
desse modelo.

Entre os fundamentos do GesPública – baseado no Modelo de Excelência


em Gestão Pública (MEGP) – dois são diretamente relacionados ao
enunciado. Trata-se da gestão participativa (“democratização das
informações de interesse da sociedade”) e do controle social (“prestação
de contas”).
A questão está correta.

15. (CESPE / TRE – BA / 2010 – adaptada) A construção de


uma área de lazer destinada à promoção de atividades
turísticas e culturais por meio de parcerias com empresas
privadas é um exemplo de empreendedorismo governamental,
pois promove a integração entre o governo e determinado
grupo social.

Ao integrar a comunidade em projetos de interesse público, o governo


assume uma postura empreendedora. Há a congregação de esforços, o
envolvimento social, e a orientação ao cliente-cidadão.
A afirmativa está correta.

35
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ANALISTA DA ANTT
PROFESSOR RENATO FENILI

16. (CESPE / TRE – ES / 2011) De acordo com a visão


empreendedora da gestão pública pautada em pressupostos da
administração pública gerencial, os resultados da ação do
Estado só serão considerados bons se atenderem às
necessidades do cidadão-cliente.

Considero esta questão bastante relevante. A “Gestão Pública


Empreendedora” é uma postura do governo, inserida no modelo de
administração gerencial do Estado. Dessa forma, prevalece o foco no
cidadão-cliente, priorizando-se a persecução dos resultados em detrimento
do formalismo e da rigidez nos métodos. Sem que, ao final, sejam agregados
valores à comunidade, não ocorre o exercício do empreendedorismo público.
A questão está correta.

17. (CESPE / TRE – MA / 2009 – adaptada) O


empreendedorismo na gestão pública caracteriza-se pela
elaboração de políticas públicas que atendam prioritariamente
às necessidades dos grupos de interesses, mesmo que
divergentes das demandas e pressões da sociedade, pois tais
grupos possibilitam maior repercussão em face do processo de
sucessão eleitoral.

A gestão pública empreendedora é, em si, uma gestão para resultados.


Em se tratando do setor público, há de se observar o Princípio da Finalidade,
que orienta os esforços do Estado para fins da consecução do interesse
público. Não há, pois, em se falar de atendimento a demandas de grupos de
interesse, ainda mais se divergirem das necessidades da comunidade.
A assertiva está errada.

Bom, ficaremos por aqui nesta terceira aula. Espero uma participação
ativa no fórum.
Ótimos estudos!

36
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ANALISTA DA ANTT
PROFESSOR RENATO FENILI

QUESTÕES APRESENTADAS NESTA AULA

1. (CESPE / ANATEL / 2006) Devido ao princípio administrativo da


legalidade, o qual estabelece que ao gestor público compete
fazer o que a lei determina, a inovação é uma característica
indesejada na administração pública.

2. (ESAF / CGU / 2008) O movimento que incorporou à gestão


pública características como a competição na prestação dos
serviços, a perspectiva empreendedora, a descentralização, o
foco em resultados e a orientação para o mercado é
denominado:

a) Patrimonialista.
b) Governança Corporativa.
c) Reinventando o Governo.
d) Administração Pública Societal.
e) Pós-Burocrático.

3. (ESAF / SMF – RJ / 2010) Em um contexto de gestão


empreendedora, é incorreto afirmar que a administração fiscal
deve:

a) coletar tributos visando atender, com maior eficácia, o bem


comum.
b) adotar princípios de gestão de negócios, como a proatividade
e o controle por objetivos e metas.
c) ser gerenciada como uma empresa que visa maximizar o
lucro, aqui medido sob a forma de arrecadação.
d) submeter seus resultados a avaliações feitas pela sociedade.
e) incorporar novas tecnologias, facilitando e estimulando a
troca de informações com o cidadão-cliente.

4. (ESAF / AFRFB / 2009) No âmbito da administração pública, o


empreendedorismo pressupõe a incorporação dos seguintes
comportamentos, exceto:
37
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a) participação dos cidadãos nos momentos de tomada de


decisão.
b) substituição do foco no controle dos inputs pelo controle dos
outputs e seus impactos.
c) criação de mecanismos de competição dentro das
organizações públicas e entre organizações públicas e privadas.
d) adoção de uma postura reativa, em detrimento da proativa, e
elaboração de planejamento estratégico, de modo a antever
problemas potenciais.
e) aumento de ganhos por meio de aplicações financeiras e
ampliação da prestação de serviços remunerados.

5. (CESPE / CNJ / 2013) Empreender, para o governo, significa


mobilizar competências individuais e organizacionais para
provocar inovações e mudanças tecnológicas nos sistemas
informatizados nos modelos de gestão exceto nas políticas
públicas.

6. (ESAF / AFT – MTE / 2010) A aplicação do empreendedorismo,


no âmbito da Administração Pública, implica saber que:

a) normas rígidas e exaustivas são o melhor suporte para a


tomada de decisão em ambientes complexos sob constante
mudança.
b) não se deve estimular a competição entre entidades
prestadoras de serviços públicos semelhantes.
c) a administração por resultados perde espaço para a
supervisão hierárquica e para a realização de auditorias de
gestão.
d) quanto maior a autonomia conferida a servidores públicos,
novas formas de controle ou responsabilização devem ser
adotadas.
e) tal como ocorre na iniciativa privada, incentivos econômicos
são o principal fator motivacional de gerentes e chefes.

7. (CESPE / TSE / 2007 – adaptada) Empreendedorismo


governamental significa a capacidade de promover a sintonia
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entre os governos e as novas condições sócio-econômicas,


políticas e culturais.

8. (ESAF / AFTN / 1996) São muitos os teóricos da administração


e os administradores públicos que defendem a necessidade de
se proceder a uma "reinvenção" dos governos. Para eles, as
atuais estruturas governamentais estão fortemente abaladas
pelas inovações tecnológicas, pelo ritmo intenso das mudanças
pelo surgimento de uma economia global "pós-industrial" e de
uma sociedade baseada no conhecimento e na informação.
Neste novo contexto, a máquina administrativa rígida e
hierarquizada, estruturada por setores e assentada em
burocracias complexas e extensivas, passa a enfrentar grandes
e incontornáveis dificuldades. A saída estaria, então, na adoção,
pelos governos, da perspectiva do empreendedorismo
governamental, capaz de promover a sintonia entre os
governos e as novas condições socioeconômicas, políticas e
culturais. Indique a opção que apresenta com maior clareza e
precisão a ideia de governo empreendedor.

a) O governo empreendedor define-se por buscar a incorporação


de práticas e posturas empresariais, utilizando-se do poder de
alavancagem das obras públicas, sobretudo no terreno da
construção civil e da infraestrutura urbana.
b) O governo empreendedor caracteriza-se pela adoção de novas
formas de utilização de seus recursos, de modo a maximizar a
produtividade e a eficiência, buscando, ao mesmo tempo,
organizar sistemas participativos descentralizados com base na
mobilização de setores comunitários.
c) O governo empreendedor caracteriza-se pela determinação com
que torna suas decisões, concentra-se na administração
criteriosa do dinheiro público e busca opor, às demandas e
pressões da sociedade, um conjunto de políticas e programas
racionalmente concebidos.

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d) O governo empreendedor distingue-se por não temer assumir


riscos, busca a maximização dos recursos públicos a qualquer
preço e apoia-se firmemente na geração de receitas financeiras.
e) O governo empreendedor caracteriza-se pela preocupação em
responder com rapidez às demandas da sociedade, mas procura
sempre moderar suas iniciativas de investimento, para não
colidir a dinâmica e os interesses do mundo dos negócios
privados.

9. (CESPE / TRE – BA / 2010 - adaptada) Em um município, o seu


gestor público, depois de dois anos de governo, firmou alianças
entre esferas de poder de elites políticas locais, de modo a
garantir recursos necessários para a realização de
determinados projetos urbanos.

Com base nessa situação hipotética, julgue o item a seguir,


acerca do empreendedorismo governamental:
Se o referido gestor público foi capaz de atrair o poder político
local para atuar conjunta e permanentemente com vistas à
realização de determinados projetos urbanos, então ele
apresentou capacidade de empreendedorismo governamental.

10. (ESAF / CGU / 2006) O Programa de Qualidade e


Participação da Administração Pública instituído no âmbito da
Reforma do Estado de 1995 tem como princípios:

I. Avaliação e premiação das melhores práticas.


II. Gestão participativa dos funcionários.
III. Gestão participativa dos clientes.
IV. Gerência por processos.
V. Identificação dos clientes.
VI. Descentralização das ações.

Selecione a opção que indica corretamente princípios desse


Programa.

a) I e II;
b) I e III;
c) III e IV;
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d) V e VI;
e) II e IV

11. (FCC / TRT 11ª Região / 2012) O principal indicador utilizado


pelo Programa de Qualidade no Serviço Público para medir o
sucesso das organizações públicas que aderiram ao Programa é
o índice de:

a) satisfação dos usuários


b) absenteísmo dos servidores
c) produtividade da média
d) execução orçamentária
e) efetividade

12. (FGV / POTIGÁS / 2006) No Brasil, a primeira proposta


formal de qualidade para o setor público, criada em 1990,
denomina-se Sub-Programa da Qualidade e Produtividade na
Administração Pública, enfatizando a gestão de processos. A ele
seguiram o Programa da Qualidade e Participação na
Administração Pública (QPAP – 1996) e o Programa de
Qualidade no Setor Público (PQSP – 2000). Finalmente, em
2005 o Governo Federal lançou o GESPÚBLICA, direcionando
para gestão por resultados orientada para o cidadão. Esse
programa também recebe o nome de:

a) Programa de Qualidade no Serviço Público.


b) Programa de Qualidade no Setor Público.
c) Gestão de Qualidade na Administração Pública.
d) Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização.
e) Programa Nacional de Qualidade e Produtividade na
Administração.

13. (FCC / TCE – GO / 2009) No modelo de excelência em gestão


pública:

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a) a ausência de um enfoque sistêmico da gestão é uma de suas


principais deficiências pois é composto por sete critérios
organizados em quatro grandes blocos.
b) um dos critérios avaliados é a liderança, parte constitutiva do
bloco de planejamento, e que no item formulação de estratégias
analisa como a organização participa da formulação das
políticas públicas na sua área de atuação.
c) o bloco pessoas e processos representa a execução do
planejamento e serve para acompanhar a própria execução e o
atendimento da satisfação dos destinatários dos serviços
públicos.
d) o bloco de resultados, composto apenas pelo critério de mesmo
nome, analisa como o desempenho da organização evoluiu
quanto à satisfação dos cidadãos e à melhoria dos seus
processos organizacionais.
e) o item gestão de processos de apoio analisa como é feita a
gestão dos projetos de serviços e produtos, destacando-se o
tempo de ciclo dos projetos e as transferências de lições
aprendidas anteriormente.

14. (CESPE / TRE – BA / 2010) O modelo de excelência na


gestão, tanto no setor público quanto no privado, possui
intrínseca relação com a capacidade gerencial de aferir
resultados. A democratização das informações de interesse da
sociedade e a prestação de contas dos atos de governo são
também fatores primordiais a serem observados na adoção
desse modelo.

15. (CESPE / TRE – BA / 2010 – adaptada) A construção de


uma área de lazer destinada à promoção de atividades
turísticas e culturais por meio de parcerias com empresas
privadas é um exemplo de empreendedorismo governamental,
pois promove a integração entre o governo e determinado
grupo social.

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16. (CESPE / TRE – ES / 2011) De acordo com a visão


empreendedora da gestão pública pautada em pressupostos da
administração pública gerencial, os resultados da ação do
Estado só serão considerados bons se atenderem às
necessidades do cidadão-cliente.

17. (CESPE / TRE – MA / 2009 – adaptada) O


empreendedorismo na gestão pública caracteriza-se pela
elaboração de políticas públicas que atendam prioritariamente
às necessidades dos grupos de interesses, mesmo que
divergentes das demandas e pressões da sociedade, pois tais
grupos possibilitam maior repercussão em face do processo de
sucessão eleitoral.

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GABARITO

1- E 2- C
3- C 4- D
5- E 6- D
7- C 8- B
9- C 10- E
11- A 12- D
13- D 14- C
15- C 16- C
17- E

Sucesso!

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