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4-A) SUBCOMISSÃO DO SISTEMA ELEITORAL E PARTIDOS POLITICOS

Helio Bicudo – Representante do PT

Assunto: sistema eleitoral e partidos políticos no Brasil

O partido político não é mais do que um instrumento da

representação. E não é o que vem acontecendo

em nosso País. Na verdade, os partidos

políticos não representam os vários segmentos

da sociedade e a lei eleitoral não tem permitido

que haja a liberdade que deve existir na

organização de um partido político que não deve ser instrumentalizado pelo Estado, mas
que

deve ter a liberdade para se formular, a liberdade

para existir e a liberdade até para se

desconstituir, independentemente de uma

legislação eleitoral que nós tivemos e que ainda

temos e que amarra os partidos políticos aos

objetivos de um determinado sistema político.


Por que, o que são

partidos grandes e o que são partidos fortes?

Será que só os Partidos grandes são os partidos

fortes? Ou os partidos pequenos, mas,

ideologicamente formulados, são, realmente, os

mais representativos do conjunto da opinião

pública e do conjunto da sociedade civil?

E, com isso,

abriu um grande espectro para a participação do

povo na representação política, que não se faz

só através dos partidos políticos, mas que se faz

também através dos vários segmentos da

sociedade civil. E, hoje, o Brasil conta com uma

sociedade civil que tem consciência daquilo que

ela realmente representa no contexto político

institucional do País.

Não é pelo voto obrigatório que nós

vamos politizar o eleitorado brasileiro. Essa

politização compete aos Partidos políticos. Os


Partidos políticos que tenham o poder de

mobilização e de organização do povo. Não

acredito que foi pelo voto obrigatório que nós

saímos, em 1984, às ruas, e às praças públicas

do Brasil, clamando pelas eleições diretas. Não é

pelo voto obrigatório que o povo sai às

praças públicas e às ruas e pretende a

modificação das nossas instituições. Então, a

questão da educação política não tem nada a ver

com o voto obrigatório. Muito pelo contrário,

ela tem a ver com o voto de consciência, e o voto

de consciência é o voto que o militante do Partido

dá ao seu Partido, na medida em que

esse Partido corresponde aos reclamos desse

militante, ou desse simpatizante do Partido,

desse eleitor, enfim. Então, essa questão eu

não a ponho como voto reacionário, ou como

voto antidemocrático; muito pelo contrário,

eu acho que a politização tem muito que dizer


com as eleições, e as eleições têm que dizer

com a organização que os Partidos políticos

tiverem e com a força que esses

Partidos tiverem, para fazer passar as suas

mensagens e recolhê-las nos momentos

eleitorais.
O que

está acontecendo hoje é exatamente que nós

partimos para um jogo democrático, sem

realmente abrirmos o processo democrático.

Nós todos estamos cansados de saber como

é que correu o processo eleitoral do ano

passado, como é que aconteceram as

propagandas eleitorais – em que alguns

candidatos tinham alguns segundos, outros

não tinham nenhum, para fazer passar as

suas mensagens, e outros tinham o tempo

sobejo para até falar dos seus netos, dos seus

filhos e das suas pretensões políticas em

paralelo. De sorte que, se passarmos por um

processo equivocado, a Constituinte teria e

deveria ter todo o poder de estabelecer, após

a elaboração da Carta Constitucional, a

dissolução do Congresso Constituinte, as

eleições diretas para Pr esidente da República,


para Governadores de Estado, para as

Assembléias Legislativas, para as Prefeituras,

fazendo com que realmente pudéssemos abrir

os caminhos para o estabelecimento de um

Estado democrático no Brasil.

A verdade é que precisamos, no meu

ponto de vista, perseguir um sistema político

onde o Presidente não seja imperador do País e

também onde o Legislativo não exerça

ditatorialmente o seu Poder. Deve haver pesos e

contrapesos nas atribuições do Presidente da

República, dos seus Ministros e do Legislativo,

no sentido de que a representatividade

necessária ao exercício democrático realmente

prevaleça.

Por isso os debates que

se travam aqui têm esse aspecto de considerar

que nós lutamos – e espero que assim aconteça

– por uma constituição efetivamente moderna,

democrática e progressista. Não é apenas uma

formulação geral dessa questão. Isso importa

numa necessidade histórica. As instituições

brasileiras estão ultrapassadas no tempo. O

Brasil progrediu, avançou, a Nação brasileira

adquiriu maturidade e, na realidade, nós

precisamos reajustar, pelo menos, essa

defasagem que existe entre a realidade mais


avançada da sociedade brasileira, as conquistas

obtidas e, afinal, a formulação Jurídico-

constitucional retrógada que vem de dezenas

e dezenas de anos.

Penso, meus amigos, que do ponto de

vista histórico, os partidos políticos no Brasil

representaram instituições, representaram

regimes políticos nem sempre adequados às

realidades e às necessidades brasileiras.

Temos uma visão de que deve ser, e é

pensamento nosso colocar, dentro da

Constituição, o projeto popular.

E analisamos também a figura do veto

popular o veto popular a determinados projetos

oriundos das Casas do Congresso: desde que

um determinado número de ações populares se

adentrem na Justiça, aquele projeto é vetado e

submetido ao referendum popular. É uma

maneira de procurar democratizar, na realidade,

mais o processo eleitoral, com a participação

plena da população nos destinos políticos do

País. E dizemos o motivo: sabemos que,

infelizmente, muitos companheiros vão para as

ruas, apresentam projetos que representam o

sentimento da população, mas, na prática, ao

assumir o mandato, defendem justamente o

inverso do que propagaram nas ruas. E a


maneira de o povo cobrar, será, na realidade,

através do repúdio a determinadas proposições

apresentadas por aqueles que estão traindo a

consciência política.

Mas, no entanto, houve a pressão dos

grandes partidos do momento, principalmente do

célebre PDS, que foi o maior partido, hoje

esfacelado; partido que não tem conteúdo

ideológico, um dos chamados partidos-ônibus – é

o nome que lá dentro do nosso partido nós

damos, "partido-ônibus" porque nele entra de

tudo, a tendência com o passar do tempo, com a

evolução do processo democrático é que esses

partidos acabem e nós possamos chegar ao que

não é uma utopia: aos partidos ideológicos que

devem existir dentro de um regime democrático

pleno, cada um tendo a coragem de se colocar

dentro do seu posicionamento político no partido

que representar as suas idéias.

Acho que estamos numa sociedade muito mais

desenvolvida democraticamente; estamos num

processo especial muito mais avançado, porque

pode-se chegar a uma posição em que o eleitor

tenha possibilidade de controlar diretamente o

eleito e substituí-lo, assim que considerar

necessário, se ele infringe os compromissos

assumidos com o eleitorado.


Numa sociedade como a nossa, não é

um processo tão simples. Em todo caso, parece-

me que, em certa medida, a vinculação deve-se

dar. O sujeito foi eleito pelo partido e tem que

respeitar suas diretrizes na medida em que o

partido seja fiel a seu programa, a suas idéias,

etc.

Jorge Coelho de Sá – Presidente do PDC

Assunto: idem

Nós sabemos que, na Europa, grande

número de países adotam a democracia cristã e

ela está no poder, e por que no Brasil a

democracia cristã não há de crescer de tal

maneira a chegar próximo ao poder ou ao

poder?

Penso que o voto

facultativo é aquele que foge à educação cívica

da grande massa da população. Penso que o

voto deve ser obrigatório. O voto obrigatório é

uma conquista democrática, porque entra na

questão de que todos os eleitores têm

compromissos com a Nação, têm compromissos

com a constituição do poder político e que não se

podem furtar ao exercício desse direito. Hoje em dia, já

se vê, com os olhos mais amplos, caminhos


diferentes na esfera política brasileira. O futuro

da política brasileira é o futuro ideológico – não

há condição de ser diferente.

Jamil Haddad – Presidente do PSB

Assunto: idem

Então, como podemos politizar, dar

consciência política à população brasileira? Com

processos eleitorais repetitivos: a pessoa

aprende a votar com a repetição do voto. Pode

até errar na sua análise política na primeira vez,

errar na segunda, mas na terceira geralmente ela

não erra. E essa consciência, essa politização

com o voto, só se dará com o voto obrigatório.

E analisamos também a figura do veto

popular, o veto popular a determinados projetos

oriundos das Casas do Congresso: desde que

um determinado número de ações populares se

adentrem na Justiça, aquele projeto é vetado e

submetido ao referendum popular. É uma

maneira de procurar democratizar, na realidade,

mais o processo eleitoral, com a participação

plena da população nos destinos políticos do

País. E dizemos o motivo: sabemos que,

infelizmente, muitos companheiros vão para as

ruas, apresentam projetos que representam o


sentimento da população, mas, na prática, ao

assumir o mandato, defendem justamente o

inverso do que propagaram nas ruas. E a

maneira de o povo cobrar, será, na realidade,

através do repúdio a determinadas proposições

apresentadas por aqueles que estão traindo a

consciência política.

Na realidade, o que verificamos

foi que houve um entendimento das classes

conservadoras no sentido de que não se

debatesse a Constituinte neste País.

Marcaram-se as eleições para as prefeituras

das capitais, em 1985, na hora inclusive em

que vários partidos estavam-se organizando,

o debate político passou, pura e

simplesmente, pelos candidatos às prefeituras

das capitais. Em 1986, novamente houve um

debate sobre os candidatos aos governos dos

estados e os candidatos à deputados federal

e estadual. Não houve a possibilidade, com a

radicalização dos programas dos governos

estaduais, de se debater o problema político

da Constituinte, dentro dos partidos políticos.

O que se viu na prática foram organismos

paralelos, como a ABI, ABB, CNBB,

discutirem o problema da Constituinte, quando

essa discussão deveria passar por dentro dos


partidos políticos. Foi um acordo da elite

política dirigente, conservadora, para que a

população não se conscientizasse dos

problemas que deveriam ser debatidos na

Constituição.

Há uma série

de coisas que infelizmente a nossa

consciência democrática nos revolta,

porque as leis existem e não são

cumpridas.

Fernando Gabeira – Representante do PV

Assunto: idem

A base dessa reflexão dos companheiros, que nós

respeitamos, é uma base que se situa na idéia de que o

Parlamento sempre foi, no Brasil, um elemento de reação, um

elemento de detenção das forças progressistas brasileiras,

que todas as grandes propostas de progresso, no Brasil,

acabavam morrendo ou pelo menos se atenuando no

Parlamento.

O que é necessário para organizar um partido no

Brasil? Nós achamos que a questão da representatividade é

fundamental.

Estamos vivendo uma crise final desse mecanismo de

dominação. Temos que mudar profundamente. A Constituinte

representa para nós uma das esperanças de mudança deste


País. Talvez não a única, mas uma das esperanças. Uma

outra esperança evidentemente é uma esperança que

queremos já colocar nas ruas o mais rapidamente possível,

que são as eleições diretas para Presidente da República, a

curto prazo, porque achamos também, que, através das

eleições diretas para a Presidência da República, vamos fazer

finalmente o que queríamos fazer há muito tempo: ter um

governo Iegitimamente eleito, com a base popular, com a base

política necessária para realizar as reformas, que em muitos

pontos foram sabotadas, dentro do próprio governo, e em

alguns momentos pelos meios de comunicação, mas as

reformas necessárias ao Brasil. Achamos que é fundamental,

não apenas mudar o sistema político, não apenas eleger o

novo Presidente, mas mudar a concepção de fazer política.

Agora, nossa reflexão sobre coligação e o debate que

houve, que foi o grande problema para nós, fomos um pouco

condenado à coligação, foi uma coisa que transcendeu um

pouco a questão eleitoral, foi uma compreensão do processo

de transformação do Brasil. Pelo tipo de Partidos que somos

temos uma consciência muito clara de que não seremos os

responsáveis únicos pela transformação do Brasil. E que

esse processo de transformação, que acreditamos que se dá

agora, no fim do século, ele vai depender de uma conjugação

de forças muito ampla. A primeira idéia mostra que iremos

trazer para o processo de transformação brasileira é da

justiça social. E nesse sentido consideramos o Partido dos

Trabalhadores um Partido preferencial nas nossas


coligações, porque ele traz dentro dele não só uma prática,

como uma aspiração de justice social.

Mauro Benevides – Representante do PMDB

Assunto: idem

No que tange ao voto facultativo, acho que o Brasil

ainda não atingiu um estado de amadurecimento democrático

que lhe permita subtrair da Constituição a conotação de voto

obrigatório; portanto, acho que esse voto obrigatória ainda

deve permanecer no texto constitucional brasileiro.

A nível nacional os dois Partidos debatem,

discutem, se conflitam, e realmente a nível de Estado, foi possível,

sob o aspecto estritamente eleitoral, que houvesse essa

conjugação de forças que se refletiu no resultado favorável das

urnas. Acho que dificilmente os Partidos Políticos teriam

condições de impedir que, a nível municipal, fossem feitas

coligações com esse ou com aquele Partido. Não há condições.

Quem tem vivência política, quem conhece o dia-a-dia do interior

do País, a formação dos Partidos, as disputas eleitorais

que se processam, não pode admitir que a direção nacional ou a direção regional
interfira para impedir

coligações estritamente eleitorais que ai se realizam.

Quando se oferece ao eleitorado uma

série de opções, 14 ou 15 partidos que aí estão, já

formalmente constituídos, não teria sentido que a sublegenda

viesse a prevalecer na estrutura eleitoral brasileira. É uma


excrescência, tem que ser abolida, e aquele que achar que

não se comporta nas fileiras e na militância de seu partido

busque uma outra sigla em que possa exercitar a sua

atividade política. Sou frontalmente contrário à sublegenda na

legislação eleitoral brasileira.

Arnaldo Malheiros – Professor e jurista em assuntos eleitorais

Assunto: idem

A minha idéia sobre a Constituição

de que ela tem que ser um instrumento

destinado a assegurar os direitos e as

garantias dos indivíduos, dos cidadãos, e ao

mesmo tempo, limitar os poderes do Estado

respeitando os princípios republicanos e

federativos.

Esse conceito, transportado para o

tema de trabalho da Subcomissão, impõe

algumas afirmações preliminares, básicas,

que vão depois ser desenvolvidas nestas

anotações que fiz. A meu ver, a Constituição

deve:

Concordo com o que foi dito. Acho até que a

obrigatoriedade do voto, que corresponde ao

princípio de que o voto é, ao mesmo tempo,

um poder e um dever do eleitor, tem até uma

função pedagógica de habituá-lo a participar


das decisões políticas e a participação maior

que ele posse ter é na eleição. Como disse o

Professor Cavalcanti, o questionamento da

autoridade e da legitimidade do Governo,

razão até que leva a sugestão da eleição dos

cargos executivos por maioria absoluta, que

tem o mesmo fundamento e a mesma razão

de ser, eu acho que a disposição deve ser

mantida, sem alteração.

Bolivar Lamounier – Membro da Comissão Afonso Arinos

Assunto: idem

O primeiro desses pontos é a adoção de

um regime de governo misto para o País,

inspirado, até certo ponto, na Constituição

francesa, mas um pouco mais parlamentarista

que a Constituição francesa, sendo este o

espírito do projeto da Comissão Afonso Arinos.

Na estrutura dessa proposta, a Câmara dos

Deputados adquire um papel absolutamente

crucial no sistema político. Então, muitas das

regulamentações referentes aos Partidos

políticos e ao sistema eleitoral decorrem dessa

opção inicial. Assim, é necessário também que

se veja isso. A própria idéia de que o Presidente

da República não deve ser filiado a Partido está


vinculada à diferente natureza do cargo

presidencial, num regime misto de governo. Se o

regime for presidencialista, eu estaria de acordo

com o Dr. Malheiros.

Finalmente, a questão crucial, meus

Senhores. A questão crucial a respeito do

sistema eleitoral é evidentemente qual é o efeito

político que desejamos produzir, quando

adotamos o sistema eleitoral. Os

proporcionalistas ortodoxos querem que o efeito

político seja a justiça entre os partidos, a

representação perfeita das opiniões, que cada

partido tenha o número de cadeiras que

corresponda a sua votação. Para isso,

desenvolveu-se o sistema da representação

proporcional. Os majoritários puros – e eu

gostaria de assinalar, desde já, que vou usar

sempre a expressão "distrito", porque acho que é

uma expressão leiga que mais confunde do que

ajuda – os sistemas eleitorais são proporcionais

ou são majoritários. Não existe um sistema

proporcional e outro distrital. O que existe são

sistemas proporcionais e sistemas majoritários.

Então, para nós

pretendermos uma mudança temos que

perguntar, com muita clareza, mudar o quê?

Em que direção e com que finalidade?


Temos de verificar se a mudança compensa,

os riscos, a instabilidade, a mudança de

prática e de hábitos a que se propõe. Esta

é uma questão fundamental.

O Brasil é a única grande Nação que

tem Partidos frágeis, desorganizados,

indisciplinados. Acho que isso não é um tema

absolutamente consensual. O Brasil não teve, na

sua história, nenhum dos grandes processos que

formaram e que sedimentaram partidos pelo

mundo a fora.

Os problemas de natureza

política, de reforma social, de reestruturação

social e econômica que este País tem diante

de si, para as próximas décadas, exigem,

impõem, uma estabilização do processo

político partidário, pelo menos, no nível

federal, deixando-se ampla liberdade para

o desenvolvimento, para a avaliação, e

para experimentação, no nível estadual e

municipal.

Pedro Celso Cavalcanti – Professor

Assunto: idem

Não tenho certeza, mas quero só

dizer que a questão não é simples. Aqui está


escrito regime democrático, pluralismo

partidário. Talvez, o pluralismo partidário deva

existir dentro do próprio partido.

Eu acho que o voto deve

ser obrigatório na medida em que é o mínimo

que a democracia – e ela é muito frágil em

nosso País – deve exigir dos cidadãos e

cidadãs.

Defende-se muito que em várias

democracias estáveis o voto não é

obrigatório. Isto é verdade.

A estabilidade democrática tem a ver

com várias outras razões históricas e

culturais. Mas há países, também de

estabilidade democrática, que têm formas

eleitorais que não julgo muito democráticas.

A questão da estabilidade tem a ver

uma pluralidade de fatores muito grande. Eu

acho que no caso do Brasil, o mínimo que a

democracia pode exigir a cada cidadão e

cidadã é que a cada 4 anos ele tenha essa

preocupação com política. Isto é coercitivo?

É. Mas o poder é coercitivo. A questão é se

eu quero ser coercitivo; para garantir,

implementar, sedimentar a democracia.

Acho que a questão da

incorporação dos militares na vida


democrática é fundamental para o

estabelecimento da democracia e não colocá-

los à margem da vida democrática. Ter essa

esperança de que eu não tratando de política

com os militares, eles não vão se meter em

política – V. Sª não disse isso, eu é que estou

exagerando no argumento – é um argumento

muito perigoso. Os militares são cidadãos,

eles não moram na lua, moram aqui. Então,

eu prefiro chamá-los à participação

democrática, dar-lhes esse direito, fazê-los

debater do que empurrá-los a fazer isto fora

do sistema.

A minha preocupação a

defender a obrigatoriedade do voto, além

dessa mencionada e outras, e vou ser breve,

é a questão da estabilidade da democracia no

País. Eu acho que um governo, ou mesmo um

parlamento, um Congresso Nacional, com

uma baixa porcentagem de participação

eleitoral fica muito exposto às correntes

golpistas que ainda existem no País e vão

existir durante muito tempo.

Francisco Weffort – Professor

Assunto: idem
Esta preocupação vale ser colocada particularmente num País como o nosso, que tem
uma pesada tradição normativizante, legiferaste, corporativista – e também essa é uma
questão que deve ser colocada, num País como o nosso, em que às vezes, a
argumentação em favor de uma Constituição enxuta, de princípios, acaba sendo uma
argumentação em favor de uma Constituição que defina generalidades que não se
sustentam.

Gostaria de deixar clara a minha opinião que, no meu entendimento, o voto é um direito
do cidadão, o voto é uma espécie de umbral de acesso à cidadania, o voto é também um
dever no sentido de que é um dever cívico. Mas, no meu entendimento, não vejo como
compatibilizar com uma concepção democrática a tradição brasileira, segundo a qual se
estabelece a obrigatoriedade do voto.

Penso que nós não podemos tratar o voto na mesma categoria do dever cívico que é, por
exemplo, pagar impostos. Aquele que atrasa no pagamento de impostos terá que pagar
uma multa, normalmente, em Estados democráticos, por falhar com certo dever em
relação à comunidade, em relação à sociedade, em relação ao Estado.

Parece-me que o voto é uma outra coisa. O voto é uma afirmação de vontade de
participar dos destinos da Nação. O voto é uma reivindicação de acesso à cidadania.
Não vejo como se possa estabelecer a noção do dever do voto, no sentido em que temos
na tradição brasileira, acaba se criando uma multa ou um impedimento burocrático de
qualquer natureza para aquele que não exerce o direito do voto. Portanto, acho que o
voto deve ser facultativo. Isto há de significar, a meu ver, uma função educativa do
ponto de vista democrático para o exercício do direito do voto, uma função educativa no
sentido de que o cidadão consciente é aquele que também é consciente da
responsabilidade das suas omissões. Não vejo como é que se possa já naquilo que é o
primeiro degrau de acesso à participação democrática, estabelecer regulamentações do
gênero que a tradição política brasileira tem definido nesse tópico.

Aqui também sou de opinião que uma Constituição poderia, em outras circunstâncias,
inclusive se omitir, a propósito do sistema de voto a ser adotado no País, uma vez
definidos os direitos fundamentais do cidadão quanto à sua capacidade eleitoral. Mas
uma Constituição poderia eventualmente, em outro país, se omitir quanto à definição
dos mecanismos eleitorais ou poderia mesmo se omitir quanto à definição daquilo que
entendo seja a sua concepção dos partidos políticos. No caso do nosso País, eu creio é
dever dos Constituintes, creio que é dever de todos os cidadãos brasileiros propugnarem
por uma Constituição que defina princípios fundamentais com relação ao sistema de
voto e com relação ao sistema partidário.

Evidentemente, nenhuma Constituição

pode determinar qual venha a ser o sistema

partidário, mas ela pode, sim, definir princípios

que impulsionem num sentido ou no outro.


Penso que nós deveríamos trabalhar com o

critério da Constituição de um pluralismo

partidário, da pluralidade partidária, da

expressão das diferentes correntes de opinião

com a mais ampla liberdade. Mas, ao mesmo

tempo, penso eu, que a Constituição deve abrir

toda a liberdade de organização partidária.

Não pode também deixar de estimular uma

certa razoabilidade do sistema de expressão

partidária.

Acho que seja

importante discutir esse tema, levando em

conta certas coisas que a História informa.

Quer dizer, por que as mulheres demoraram a

conquistar o direito de voto? É porque se

supunha que elas fossem dependentes do

homem. São cada vez menos! Supunha-se

que fossem dependentes do homem. Por que

os pobres, os trabalhadores demoraram a

conquistar o direito do voto? Porque se

supunha que fossem dependentes dos

patrões. Então, por que se discute, polemiza-

se em torno da possibilidade do soldado ter

ou não o direito de voto? É porque se supõe

que ele seja dependente do sargento, dos

oficiais etc., e tal. Então, há um critério

democrático, provavelmente mais antigo


ainda do que a democracia, um critério liberal,

de origem liberal que postula o seguinte: para

que se defina a condição da cidadania é

preciso que se defina o mínimo de condições

culturais e sociais de independência da

pessoa. Ora, eu creio que, se eu tiver que

fazer uma avaliação com a maior serenidade

possível a respeito desse tema, eu ficaria nos

18.

Aliás, eu expressei essa opinião aqui.

No caso a Direção Nacional do meu partido

cuja deliberação a respeito e tenho que

acatar, mas da qual eu discordo, ela entra

numa questão que é muito complicada, que é

o seguinte: pois bem, podemos admitir a

possibilidade de rebaixar o limite de idade

para o acesso à cidadania, mas não

admitiremos a possibilidade de rebaixar

o limite de idade da responsabilidade

criminal.

Essa é uma contradição grave na

discussão sobre a cidadania, porque eu não

posso admitir como cidadão alguém que é

criminalmente irresponsável. Do mesmo modo

que eu não posso admitir como cidadão o

enfermo mental. Precisamos saber quando nós

estamos discutindo idade, nós podemos nos


fixar nos 18, ou nos 16, ou nos 21, ou onde os

Constituintes entenderem. Mas têm que saber

que estamos tocando na pedra de toque da

definição da cidadania. E não dá para ser

contraditório nessa premissa. Essa é a

premissa do sistema democrático. Sobre isso houve muita luta na história; sobre a
questão

de saber quem é cidadão e quem não é; quem

entra, quem não entra; quem vota, e quem não

vota; quem se elege e quem não se elege.

Essas questões de base para a definição da

cidadania.

Eu digo que vejo lá fora um crédito

menor concedido à Constituinte do que aquele

que eu gostaria que ela tivesse, também vejo

uma participação popular menor do que

aquela que eu esperaria ou eu desejaria que

rodeasse a atividade dos Constituintes.

isso não me leva a descrer

das possibilidades de trabalho que

tem a Constituinte. A Constituinte

tem a possibilidade de fazer para o Brasil

uma Constituição democrática, tem

a possibilidade de varrer heranças

autoritárias que, vêm algumas de pois de 1964, outras que vêm de há muito

mais tempo.

A Constituinte tem a possibilidade de


iniciar um novo processo de construção

democrática no País.

A minha impressão é a seguinte: de

que este é o momento em que a qualidade da

Iiderança, ou seja, a qualidade dos

Constituintes joga um papel decisivo, a

qualidade e o esforço deles, a capacidade de

trabalho, a capacidade de pensar, de refletir,

de discutir e de fazer propostas e de tentar

saídas.

Orlando de Carvalho – Professor e pesquisador do Direito Público e de Sociologia


Eleitoral

Assunto: idem

A doutrina do voto facultativo se

assenta na doutrina de que é um direito do

cidadão e, sendo um d

reito do cidadão, ele

exerce ou não. Mas é preciso partir de um

ponto de vista doutrinário que e este: o

indivíduo tem o direito de participar. Agora, se

ele tem, se é um direito, ele exerce ou não, aí

o voto é facultativo.

O voto é obrigatório quando ele

decorre da doutrina de que o direito da


escolha dos representantes é da Nação, que

vem do Direito Público francês do Século

passado que se generalizou logo após a

Revolução Francesa em que a Nação delega

ao cidadão o dever de exercer a competência

que é dela. Então, é um dever do cidadão e

ele não pode fugir.

Estaremos caminhando para o

chamado partido predominante, que é um

defeito do sistema democrático, que pode

resultar, com o tempo, no tipo mexicano, no

partido revolucionário institucional? Já no

nome é uma contradição.

Também a idéia de igualar os sexos já

está estabelecida na prática brasileira, não há

nenhum problema, só nos falta o problema

que não foi mencionado aqui, o que fazer com

os índios? Os índios agora estão na moda,

são 200 mil índios que perturbam o Brasil,

somo 140 milhões, esses 200 mil estão nos

jornais, todos os dias, eles podem votar ou

não? Qual é a qualidade eleitoral do índio?

Esse é um problema, mas não aqui, nos

partidos políticos, mas lá atrás, em direitos

fundamentais da pessoa humana. Também o

voto do analfabeto é outra polêmica que o

Brasil já resolveu, autorizando o voto, mas


que fracassou. Estatisticamente o número de

analfabetos inscritos na última eleição é

ridículo, em face das estatísticas que falam

em milhões.

David Fleischer – Professor

Assunto: idem

Lamento profundamente que os meios

de comunicação de massa neste País não

dão a devida atenção à Constituinte ou dão

uma cobertura e uma atenção extremamente

desviadas, de acordo com os interesses

empresariais que esses meios de

comunicação defendem, defendem de uma

maneira muito cruamente.

Em termos de mudanças estruturais

profundas no País, quer dizer, a concentração

de renda, a mortalidade infantil a todos esses

outros problemas estruturais que temos no

País, obviamente, a Constituição não vai

resolver esses problemas. É com as leis e

Iegislações ordinárias que se vai resolver

isso, à Iuz da Constituição, posteriormente.

Então, esse é um outro problema que

a população do País espera grandes

mudanças imediatamente, já, com a


Constituinte. Essa imagem está mudando um

pouco, ao longo desses meses e eu espero

que a população não tenha essas

expectativas de grandes mudanças,

imediatamente.

Em primeiro lugar, a ligação entre o

sistema eleitoral e o sistema partidário é

absolutamente necessário que o partido seja

desvinculado do Estado. Como o Professor

Orlando levantou, nós ternos esta herança

dos portugueses do Estado cartorial. Como já

está se processando com relação aos

sindicatos que estão sendo desvinculados do

Estado, seria interessante que o Partido fosse

desatrelado desse vínculo com o Estado.

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