Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
A Reforma Protestante foi, sobretudo, uma tentativa de restauração do
verdadeiro cristianismo, ou seja, um retorno às doutrinas dos apóstolos (At
2.42) e ao ideário da missão da Igreja primitiva.
Além de ser um marco histórico para a Igreja de Cristo na terra, esse
movimento também impactou fortemente a estrutura política, económica e
social das nações. Desde esse acontecimento de elevada notoriedade, a Igreja
de Cristo e o mundo jamais foram os mesmos.
1. DEFINIÇÃO DO TERMO
Entende-se por Reforma Protestante o fato histórico ocorrido na Europa no
século 16, especificamente no ano de 1517. Naquela época, densas trevas
cobriam a Igreja, por conta dos desvios perpetrados por seus representantes
oficiais, seus doutores e também por aqueles que professavam a fé popular.
Foi um tempo de total declínio, do ponto de vista espiritual e moral.
Como consequência, ensinos bíblicos de viés distorcido passaram a fazer parte
das doutrinas da Igreja; e os sacerdotes adotaram a corrupção e toda espécie
de abuso no corolário de suas práticas pessoais e eclesiais.
Por Meio da Reforma Protestante, a Igreja Medieval foi passada a limpo; assim,
experimentou um dos maiores avivamentos espirituais de todos os tempos.
Suas doutrinas, teologias e liturgias foram profundamente modificadas.
1.1. Aplicação prática
O conhecimento da Reforma é um pré-requisito para compreendermos a
realidade eclesiástica atual, uma vez que somos todos frutos desse
monumental evento que gerou, no Brasil e no mundo, as igrejas chamadas
evangélicas.
Isso significa que todo verdadeiro cristão, para construir sua identidade de fé,
precisa saber de onde veio, qual é a sua história e em que direção está
seguindo para, então, investir tempo no estudo detalhado de seus princípios
doutrinários e aplicá-los em sua vida.
1.2. Identidade reformista
A falta de consciência relacionada à identidade reformada pode ser trágica
para a Igreja e para todos que professam a fé evangélica.
Não há como negar a genuinidade bíblica dos ensinos dos reformadores;
portanto, a eles devemos total fidelidade. Suas doutrinas sobre a singularidade
da fé e da Graça e sobre a salvação oferecida a todos — sem qualquer
intermediação, mas unicamente por meio do sacrifício do Senhor Jesus — são
pilares dos quais não podemos nos afastar (At 4.12; 1Tm 2.5; Rm 11.36).
A perda dessa identidade tem levado a Igreja a toda sorte de desvios
doutrinários, ventos de doutrina, modismos e esfriamento espiritual.
2. ANTECEDENTES HISTÓRICOS
Como todo grande acontecimento só ocorre com o auxílio dos fatos que o
precedem, assim também a Reforma aconteceu dentro de um cenário
composto por alguns fatores.
2.1. Fator litúrgico
No período que antecedeu a Reforma, a Igreja passou por um processo
chamado clericalização da liturgia.
3. OS MOVIMENTOS PRÉ-REFORMISTAS
Por conta dos desvios teológicos da Igreja e da conduta amoral dos seus
dirigentes durante a Idade Média (séculos 13—15), começaram a surgir
movimentos populares que clamavam por mudanças e por reformas no sistema
religioso vigente.
Esses movimentos dividiam-se em dois segmentos: os aceitos e
os rejeitadospela Igreja.
Os rejeitados divergiam doutrinariamente de pontos importantes ensinados
pela Igreja Romana e, por isso, seus adeptos foram perseguidos, presos e
martirizados. Dentre esses movimentos, destacaram-se os listados a seguir.
3.1. Os valdenses
Movimento iniciado por Pedro Valdo, um comerciante rico que ouviu a Palavra
de Deus na cidade de Lyon, França.
Pedro Valdo, renunciando aos seus bens, deu tudo quanto possuía para viver
na pobreza e seguir o exemplo de pregação dos apóstolos. Ele utilizava
Mateus 10 como base para seus sermões e atraía multidões; também ensinava
que todos deviam ler a Bíblia — por ser ela autoridade final sobre fé e vida — e
que qualquer leigo poderia entendê-la e pregar sobre seus ensinos.
Os seguidores de Pedro Valdo, mesmo ameaçados, continuaram a pregar.
Foram perseguidos e, em 1184, excomungados. Fundaram seu próprio clero e,
mais tarde, no século 16, juntaram-se aos protestantes reformados.
3.2. Os cátaros
Combatiam o enriquecimento e a corrupção do Clero; cultivavam um estilo de
vida baseado na simplicidade; e viviam em jejuns e orações, com um
ascetismo acentuado. Foram acusados de hereges, porque, segundo as
autoridades eclesiásticas de Roma, criam na dualidade entre o bem e o mal e
negavam a humanidade de Cristo.
Perseguidos pela inquisição medieval, os cátaros foram exterminados à espada
em 1209.
3.3. Os pré-reformadores
A mão de Deus operou de forma poderosa no período que antecedeu a
Reforma, levantando homens consagrados, estudiosos das Escrituras e
dedicados à oração, para serem uma voz profética em meio às trevas
espirituais e aos desvios do Clero.
A atuação desses homens — sobre alguns estudaremos na próxima lição —
rendeu-lhes a prisão, tortura e morte; porém, também abriu um imenso
caminho para a pregação dos reformadores.
CONCLUSÃO
Desde a Reforma Protestante, a voz dos reformadores ecoa nos corações
daqueles que anelam pela presença de Deus e pela habitação sobrenatural do
Espírito Santo.
Que o Divino intérprete das Escrituras nos ajude a compreender a importância
da Reforma e de seus ensinos, cujas premissas nos farão sábios para
herdarmos a vida eterna.
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
A Reforma Protestante foi um grande divisor de águas que deixou marcas
indeléveis na caminhada da Igreja na terra. Embora alguns personagens
tenham destacada participação nessa obra singular, ninguém pode reivindicar
para si a sua autoria isolada. O que aconteceu naquela ocasião foi obra do
Espírito Santo, pela instrumentalidade de várias pessoas que, dentro da sua
época e contexto de vida, promoveram uma mudança radical na maneira de
interpretar as realidades espirituais e entender os grandes temas da teologia
bíblica.
CONCLUSÃO
A Reforma Protestante foi possível porque o Deus Altíssimo, em Seu poder
soberano, decidiu colocar um basta na grande crise espiritual que se instaurou
na Igreja.
O período que antecedeu a Reforma foi de verdadeiras trevas; o Senhor,
todavia, levantou destemidos heróis da fé para levar adiante a grande missão
cristã: evangelizar os povos da terra e estabelecer o Seu Reino entre os
homens.
A vida desses servos fiéis e o seu grande legado possibilitaram que fôssemos
salvos e, assim, fizéssemos parte da Igreja que, a despeito dos perigos,
percalços e todo tipo de ameaça, triunfará sobre tudo e todos. Como disse
Jesus: as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mt 16.18).
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
Em 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero subiu os degraus da catedral de
Wittenberg, na Alemanha, para afixar em suas portas as 95 teses que
desencadeariam a Reforma Protestante. Esse dia, sem sombra de dúvidas, foi
o grande marco de transição na história universal.
Esse movimento, de profundas repercussões sociais, políticas e culturais —
conforme veremos na Lição 11 —, destacou algumas verdades bíblicas, as
quais formam o alicerce de nossa evangelização — todos os cristãos
evangélicos, sem exceção, de um modo ou outro, são herdeiros dessa
revolução.
Nesta lição e nas próximas (Lições 3—6), discorreremos sobre os fundamentos
teológicos da Reforma Protestante, especialmente no que tange à soteriologia
dos reformadores [(sola fide = somente a fé); sola Scriptura (somente a
Escritura); solus Christus (somente Cristo); sola gratia (somente a Graça)].
2. SOLA FIDE
A adequada compreensão do termo justificação é essencial para o contexto da
fé cristã; portanto, neste tópico, veremos em que consiste a doutrina da
justificação pela fé (sola fide).
2.1. Em que implica a justificação?
Sem a justificação, o cristianismo não existiria como realidade redentiva. Os
reformadores tinham convicção da relevância do tema; eles entendiam que é
por meio da justificação que o Senhor nos oferece a possibilidade de sermos
considerados kustos diante de Deus.
Martinho Lutero denominou a justificação de artigo principal de toda a doutrina
cristã, que, de fato, faz cristãos.
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
Nesta lição, especificamente, discorreremos sobre a centralidade das
Escrituras na Reforma, trazendo, no decorrer do estudo, uma reflexão sobre os
desvios teológicos atuais — especialmente entre os cristãos de confissão
protestante —, que poderiam ser evitados, se a herança dos reformadores
fosse o princípio norteador de nossas práticas e intenções.
1. A TRADIÇÃO CRISTÃ
A Tradição( lt.traditto, tradere = entregar; passar adiante) sempre foi uma
autoridade espiritual presente na teologia cristã (medieval e hodierna), uma vez
que representa a continuidade e permanência da doutrina e cosmovisão da
Cristandade.
A Tradição é corretamente qualificada de oral; no entanto, no decorrer dos
tempos, ela também foi fixada por escrito (sendo registrada, muitas vezes, em
documentos pontifícios, como as bulas e encíclicas papais, por exemplo).
Para uma melhor apreensão do conteúdo
desta lição, vejamos, resumidamente, em que consistem as tradições oral e
escrita da Igreja.
1.1. A tradição oral
Entende-se por tradição oral tudo aquilo que a Igreja recebeu dos apóstolos —
e que a eles foi confiado pelo próprio Cristo —,- deste modo, está
essencialmente radicada no testemunho daqueles a quem Jesus deixou a
missão de anunciar o Evangelho (Mc 16.15), testemunho esse assumido por
seus sucessores (2 Tm 2.2).
O entendimento romano é este: a Igreja não pode ser guiada unicamente pela
revelação escrita (a Bíblia), mas precisa ser dirigida também pela revelação
oral, pois, sem essa última, nem mesmo o texto bíblico existiria do modo como
o conhecemos hoje, uma vez que ele (o texto) foi vivido e — apenas décadas
depois — redigido pela Igreja.
O termo Igreja Católica é posterior ao Concílio de
Trento (1545-1563), uma forma de diferenciá-la da Igreja Protestante. Antes da
Reforma, só existia o que se convencionou chamar de Cristandade.
1.2. A tradição escrita
Diz respeito ao texto bíblico — produto da tradição oral —, escrito pelos quatro
evangelistas e por outros autores sagrados, inspirados pelo Espírito Santo.
Vale ressaltar, neste ponto, que boa parte da tradição oral não foi registrada,
sequer, em livros apócrifos; algumas são transmitidas, ainda hoje, por bispos e
papas, estando presentes apenas em documentos pontifícios. Exemplo: a
assunção e virgindade eterna de Maria. De acordo com o Magistério da Igreja
Romana, tais eventos não são citados explicitamente na Bíblia, porque,
segundo o corpo clerical, o objetivo do texto sagrado é falar de Jesus.
1.3. A posição ocupada pelas Escrituras na Igreja Medieval
Por muitos séculos, a Igreja Romana considerou a autoridade da tradição oral
superior à autoridade das Escrituras. Isso explica a razão de, nos dias de
Lutero, os fiéis terem-se desviado dos valores primordiais do cristianismo: suas
práticas não estavam baseadas única e exclusivamente nos escritos sagrados;
muitos ensinamentos, inclusive, não eram interpretações do texto bíblico, mas
instrumentos de manipulação do Clero, utilizados para alcançar os objetivos
pretendidos.
O fato de a Igreja Romana sobrepor a autoridade da Tradição à autoridade das
Escrituras levou os fiéis a adotarem práticas absolutamente contrárias aos
ensinamentos bíblicos, tais como: as orações aos santos, a mariolatria
(veneração a Maria, mãe do Senhor), a transubstanciação, o batismo de
crianças, o pagamento de indulgências e a autoridade papal, por exemplo.
2. SOM SCRIPTURA
Aprioristicamente, é preciso dizer que a Tradição jamais foi rejeitada pelo
simples fato de ser tradição; os autores sagrados, inclusive, tanto destacam
sua importância (2 Ts 2.15) quanto criticam o mau uso dela (Mt 15.2,3,6; Mc
7.3,5,8,9,13).
A partir desse entendimento, precisamos responder ao seguinte
questionamento: o que a Igreja de Cristo precisa rejeitar, então? A resposta é
simples: todo conjunto de ideias e valores culturais, morais e espirituais que
contradigam, de algum modo, a Palavra de Deus.
Os reformadores, indiscutivelmente, consideravam a autoridade dos Credos
(Apostólico; Niceno e Calcedoniano); entretanto, opuseram-se à autoridade da
tradição oral, independente da tradição escrita; eles defendiam que a única e
infalível autoridade dentro da Igreja é a Bíblia.
2.1. O marco histórico do conceito de sola Scriptura
Lutero divergia dos ensinos de sua época, que eram baseados na Tradição
(bulas, declarações, concílios, dentre outros documentos pontifícios). Ao ser
ameaçado de excomunhão e morte, caso não se re-tratasse formalmente de
suas posições expressas nas 95 teses afixadas na Catedral de Wittenberg,
Lutero disse: Não posso submeter minha fé quer ao Papa quer aos concílios,
porque é claro como o dia, que eles têm frequentemente errado e se contradito
um ao outro (...)• Esse evento serve de marco histórico para o conceito de sola
Scriptura (somente a Escritura).
2.2. Em que consiste o conceito de sola Scriptura
Apologistas romanos, desde a Reforma, por ignorância — culposa ou dolosa
tentam distorcer, de forma irónica, a doutrina de sola Scriptura a seu bel prazer.
Deste modo, é importante dizer que a teologia reformada, quando utiliza a
expressão sola Scriptura, não está rejeitando a realidade de que a Palavra de
Deus, antes de ser escriturada, foi transmitida oralmente aos homens; também
não está negando que o Eterno revela-se à humanidade por meio de
elementos naturais (revelação geral, não salvífica); do mesmo modo, não está
minimizando a atuação do Espírito Santo na vida do crente; tampouco está
questionando a necessidade de haver, na Igreja, mestres, pastores e
evangelistas.
O grito "sola Scriptura!" declara, fundamentalmente, que a Palavra de Deus —
anunciada ao longo dos séculos por profetas e apóstolos — encontra-se, hoje,
registrada nas Sagradas Escrituras, e que essa revelação escrita é clara o
suficiente para ensinar ao povo de Deus quanto à salvação e à santificação.
A teologia reformada entende que a tradição oral pode, sim, ser útil na
compreensão das origens do cristianismo — desde que se possa demonstrar
que ela (a tradição oral) tem origem no ensino apostólico — ; entretanto,
também defende que nenhum tratado teológico, nenhuma opinião religiosa,
nenhum concílio que contradiga as Escrituras pode servir de fundamento para
a fé cristã.
Sola Scriptura significa, antes de tudo, que as Escrituras Sagradas (do Antigo
e do Novo Testamento) são a única regra de fé e prática para os cristãos, pela
simples razão de elas — e tão somente elas — serem inspiradas por Deus.
2.3. A base bíblica da doutrina reformada
Obviamente, não encontraremos no texto bíblico qualquer menção ao termo
sola Scriptura — ao menos não como frase declarativa. Entretanto, o próprio
texto sagrado revela-nos duas realidades indiscutíveis:
• a Bíblia é inspirada por Deus;
• por meio dela, o Senhor fala de maneira autoritativa e definitiva ao Seu povo
(Jo 5.24; 20.30,31; 2 Pé 1.20,21; 2 Tm 3.14-17; l Co 14.37,38).
2.4. O texto canónico
Não se pode falar em sola Scriptura, um dos fundamentos teológicos da
Reforma Protestante, sem mencionar a diferença existente entre a Bíblia
Romana e a Bíblia Protestante.
Desde os tempos de Lutero, tem havido um sério debate sobre se a coleção de
livros apócrifos deve ou não pertencer à Bíblia. A divergência crucial surgiu em
torno de 11 obras literárias do período do Antigo Testamento [sete livros
(Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, l e 2 Ma-cabeus) e quatro
partes de outros tomos (adições a Daniel e adições a Ester)].
Os judeus e os protestantes, unanimemente, consideram-
-nos como não canónicos, e os católicos romanos declararam-
-nos canónicos, ou canónicos de segunda chamada, no Concílio de Trento
(1546).
Sempre houve escritos seculares que tentaram tratar os livros apócrifos como
tendo o mesmo grau de autoridade que um texto canónico, ou como tendo
ainda maior autoridade. Contudo, precisamos lembrar-nos de que confiar em
informações contidas em livros que foram considerados espúrios, desde os
primórdios do cristianismo, é um ato de grande insensatez.
CONCLUSÃO
Mas, afinal, se nem a Tradição, nem o Papa, nem as denominações cristãs
têm a palavra final, qual é a autoridade normativa, segundo a qual a Igreja deve
moldar a sua fé? Para a Igreja Reformada, não são os costumes (por mais
arraigados que estejam), não é a opinião das pessoas (por mais
intelectualizadas que sejam), nem a história das instituições (por mais
respeitáveis que sejam) que deve nortear a nossa fé, mas sim o Espírito Santo,
que fala na Escritura.
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
Nesta lição, especificamente, discorreremos sobre a centralidade das
Escrituras na Reforma, trazendo, no decorrer do estudo, uma reflexão sobre os
desvios teológicos atuais — especialmente entre os cristãos de confissão
protestante —, que poderiam ser evitados, se a herança dos reformadores
fosse o princípio norteador de nossas práticas e intenções.
1. A TRADIÇÃO CRISTÃ
A Tradição( lt.traditto, tradere = entregar; passar adiante) sempre foi uma
autoridade espiritual presente na teologia cristã (medieval e hodierna), uma vez
que representa a continuidade e permanência da doutrina e cosmovisão da
Cristandade.
A Tradição é corretamente qualificada de oral; no entanto, no decorrer dos
tempos, ela também foi fixada por escrito (sendo registrada, muitas vezes, em
documentos pontifícios, como as bulas e encíclicas papais, por exemplo).
Para uma melhor apreensão do conteúdo
desta lição, vejamos, resumidamente, em que consistem as tradições oral e
escrita da Igreja.
1.1. A tradição oral
Entende-se por tradição oral tudo aquilo que a Igreja recebeu dos apóstolos —
e que a eles foi confiado pelo próprio Cristo —,- deste modo, está
essencialmente radicada no testemunho daqueles a quem Jesus deixou a
missão de anunciar o Evangelho (Mc 16.15), testemunho esse assumido por
seus sucessores (2 Tm 2.2).
O entendimento romano é este: a Igreja não pode ser guiada unicamente pela
revelação escrita (a Bíblia), mas precisa ser dirigida também pela revelação
oral, pois, sem essa última, nem mesmo o texto bíblico existiria do modo como
o conhecemos hoje, uma vez que ele (o texto) foi vivido e — apenas décadas
depois — redigido pela Igreja.
O termo Igreja Católica é posterior ao Concílio de
Trento (1545-1563), uma forma de diferenciá-la da Igreja Protestante. Antes da
Reforma, só existia o que se convencionou chamar de Cristandade.
1.2. A tradição escrita
Diz respeito ao texto bíblico — produto da tradição oral —, escrito pelos quatro
evangelistas e por outros autores sagrados, inspirados pelo Espírito Santo.
Vale ressaltar, neste ponto, que boa parte da tradição oral não foi registrada,
sequer, em livros apócrifos; algumas são transmitidas, ainda hoje, por bispos e
papas, estando presentes apenas em documentos pontifícios. Exemplo: a
assunção e virgindade eterna de Maria. De acordo com o Magistério da Igreja
Romana, tais eventos não são citados explicitamente na Bíblia, porque,
segundo o corpo clerical, o objetivo do texto sagrado é falar de Jesus.
1.3. A posição ocupada pelas Escrituras na Igreja Medieval
Por muitos séculos, a Igreja Romana considerou a autoridade da tradição oral
superior à autoridade das Escrituras. Isso explica a razão de, nos dias de
Lutero, os fiéis terem-se desviado dos valores primordiais do cristianismo: suas
práticas não estavam baseadas única e exclusivamente nos escritos sagrados;
muitos ensinamentos, inclusive, não eram interpretações do texto bíblico, mas
instrumentos de manipulação do Clero, utilizados para alcançar os objetivos
pretendidos.
O fato de a Igreja Romana sobrepor a autoridade da Tradição à autoridade das
Escrituras levou os fiéis a adotarem práticas absolutamente contrárias aos
ensinamentos bíblicos, tais como: as orações aos santos, a mariolatria
(veneração a Maria, mãe do Senhor), a transubstanciação, o batismo de
crianças, o pagamento de indulgências e a autoridade papal, por exemplo.
2. SOM SCRIPTURA
Aprioristicamente, é preciso dizer que a Tradição jamais foi rejeitada pelo
simples fato de ser tradição; os autores sagrados, inclusive, tanto destacam
sua importância (2 Ts 2.15) quanto criticam o mau uso dela (Mt 15.2,3,6; Mc
7.3,5,8,9,13).
A partir desse entendimento, precisamos responder ao seguinte
questionamento: o que a Igreja de Cristo precisa rejeitar, então? A resposta é
simples: todo conjunto de ideias e valores culturais, morais e espirituais que
contradigam, de algum modo, a Palavra de Deus.
Os reformadores, indiscutivelmente, consideravam a autoridade dos Credos
(Apostólico; Niceno e Calcedoniano); entretanto, opuseram-se à autoridade da
tradição oral, independente da tradição escrita; eles defendiam que a única e
infalível autoridade dentro da Igreja é a Bíblia.
2.1. O marco histórico do conceito de sola Scriptura
Lutero divergia dos ensinos de sua época, que eram baseados na Tradição
(bulas, declarações, concílios, dentre outros documentos pontifícios). Ao ser
ameaçado de excomunhão e morte, caso não se re-tratasse formalmente de
suas posições expressas nas 95 teses afixadas na Catedral de Wittenberg,
Lutero disse: Não posso submeter minha fé quer ao Papa quer aos concílios,
porque é claro como o dia, que eles têm frequentemente errado e se contradito
um ao outro (...)• Esse evento serve de marco histórico para o conceito de sola
Scriptura (somente a Escritura).
2.2. Em que consiste o conceito de sola Scriptura
Apologistas romanos, desde a Reforma, por ignorância — culposa ou dolosa
tentam distorcer, de forma irónica, a doutrina de sola Scriptura a seu bel prazer.
Deste modo, é importante dizer que a teologia reformada, quando utiliza a
expressão sola Scriptura, não está rejeitando a realidade de que a Palavra de
Deus, antes de ser escriturada, foi transmitida oralmente aos homens; também
não está negando que o Eterno revela-se à humanidade por meio de
elementos naturais (revelação geral, não salvífica); do mesmo modo, não está
minimizando a atuação do Espírito Santo na vida do crente; tampouco está
questionando a necessidade de haver, na Igreja, mestres, pastores e
evangelistas.
O grito "sola Scriptura!" declara, fundamentalmente, que a Palavra de Deus —
anunciada ao longo dos séculos por profetas e apóstolos — encontra-se, hoje,
registrada nas Sagradas Escrituras, e que essa revelação escrita é clara o
suficiente para ensinar ao povo de Deus quanto à salvação e à santificação.
A teologia reformada entende que a tradição oral pode, sim, ser útil na
compreensão das origens do cristianismo — desde que se possa demonstrar
que ela (a tradição oral) tem origem no ensino apostólico — ; entretanto,
também defende que nenhum tratado teológico, nenhuma opinião religiosa,
nenhum concílio que contradiga as Escrituras pode servir de fundamento para
a fé cristã.
Sola Scriptura significa, antes de tudo, que as Escrituras Sagradas (do Antigo
e do Novo Testamento) são a única regra de fé e prática para os cristãos, pela
simples razão de elas — e tão somente elas — serem inspiradas por Deus.
2.3. A base bíblica da doutrina reformada
Obviamente, não encontraremos no texto bíblico qualquer menção ao termo
sola Scriptura — ao menos não como frase declarativa. Entretanto, o próprio
texto sagrado revela-nos duas realidades indiscutíveis:
• a Bíblia é inspirada por Deus;
• por meio dela, o Senhor fala de maneira autoritativa e definitiva ao Seu povo
(Jo 5.24; 20.30,31; 2 Pé 1.20,21; 2 Tm 3.14-17; l Co 14.37,38).
2.4. O texto canónico
Não se pode falar em sola Scriptura, um dos fundamentos teológicos da
Reforma Protestante, sem mencionar a diferença existente entre a Bíblia
Romana e a Bíblia Protestante.
Desde os tempos de Lutero, tem havido um sério debate sobre se a coleção de
livros apócrifos deve ou não pertencer à Bíblia. A divergência crucial surgiu em
torno de 11 obras literárias do período do Antigo Testamento [sete livros
(Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, l e 2 Ma-cabeus) e quatro
partes de outros tomos (adições a Daniel e adições a Ester)].
Os judeus e os protestantes, unanimemente, consideram-
-nos como não canónicos, e os católicos romanos declararam-
-nos canónicos, ou canónicos de segunda chamada, no Concílio de Trento
(1546).
Sempre houve escritos seculares que tentaram tratar os livros apócrifos como
tendo o mesmo grau de autoridade que um texto canónico, ou como tendo
ainda maior autoridade. Contudo, precisamos lembrar-nos de que confiar em
informações contidas em livros que foram considerados espúrios, desde os
primórdios do cristianismo, é um ato de grande insensatez.
CONCLUSÃO
Mas, afinal, se nem a Tradição, nem o Papa, nem as denominações cristãs
têm a palavra final, qual é a autoridade normativa, segundo a qual a Igreja deve
moldar a sua fé? Para a Igreja Reformada, não são os costumes (por mais
arraigados que estejam), não é a opinião das pessoas (por mais
intelectualizadas que sejam), nem a história das instituições (por mais
respeitáveis que sejam) que deve nortear a nossa fé, mas sim o Espírito Santo,
que fala na Escritura.
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
Como mencionamos na lição anterior, o ser humano, via de regra, não se sente
confortável com o fato de depender de outrem para satisfazer suas
necessidades e anseios — elementares ou profundos —, e esse desconforto
estende-se a todas as áreas da vida. De modo geral, o homem não consegue
aceitar que a salvação de sua alma não depende, em nada, dele mesmo, mas
única e exclusivamente de Deus.
Nesta lição, veremos que na Idade Média, sobretudo, a doutrina da salvação
pela Graça foi completamente abandonada, sendo restabelecida pela teologia
reformada.
2. SOM GRATIA
Lutero defendeu arduamente a ideia de que o pecador é incapaz de, por si só,
prover ou apropriar-se da salvação. Assim, atacou todo sistema de
indulgências, peregrinações e penitências adotado pela Igreja Medieval,
opondo-se, do mesmo modo, à doutrina do purgatório.
O monge agostiniano compreendeu que, para derrotar a ideia de
meritocracia apregoada por Roma, ele teria de ir à raiz da controvérsia: a
graça divina (Ef 2.8,9).
2.1. Definição do termo
Esse termo indica, antes de tudo, que o onipotente Deus Trino, o Criador dos
céus e da terra, o Soberano da salvação, oferece Sua graça remidora a
homens e mulheres, culpados e indignos, de modo tal, que se lhes torna
impossível não responder a esse favor imerecido com regozijo e submissão
voluntária.
A teologia reformada entende que, quando o cristão verdadeiramente
experimenta a graça soberana do Altíssimo, ele compreende também seu real
significado: se a Graça não for livre e soberana, ela não é Graça.
2.2. As epístolas paulinas
Paulo, não os reformadores, foi quem maior destaque deu ao tema graça. Das
155 referências existentes em relação ao favor imerecido concedido por Deus
aos homens, 133 são dele. A Graça abre e fecha boa parte de suas epístolas;
sendo a nota primordial de seus escritos (1Co 3.10; 2 Co 4.15; 8.1; Fp 1.7; Cl
1.6; 1Ts 5.28; 2 Ts 2.16; 1Tm 1.14; 2 Tm 1.9; Tt 2.11; 3.7).
Vejamos o que ele destacou em três de suas cartas (aos romanos, aos gaiatas
e aos efésios).
2.2.1. Romanos
A carta aos romanos é um dos livros neotestamentários que mais enfatiza a
maravilhosa graça divina. O tema central da epístola é: o justo Senhor justifica
e, por fim, une judeus e gentios pela Graça, mediante a fé, tornando-nos,
todos, coerdeiros do Reino dos céus (Rm 4.16) — esse capítulo de Romanos
(4), aliás, é central para a afirmação de que a justificação ocorre somente pela
graça de Deus, mediante a fé. Além disso, nessa carta, Paulo diz que a Graça
determina a paz entre os homens e Deus (Rm 5.2); traz verdadeira libertação
do domínio do pecado (Rm 5.20,21; 6.14) e capacita os cristãos a servirem à
Igreja (Rm 12.6).
2.2.2. Gálatas
Paulo utilizou duas personagens veterotestamentárias (Sara e Agar) para
apresentar aos gaiatas as diferenças entre os dois Concertos: a Lei e a Graça
(Gl 4.21-31). Com essa ilustração, o apóstolo reiterou a impotência da Lei no
que diz respeito à justificação do homem (Gl 3.10-14). O apóstolo concluiu a
alegoria dizendo que a observância à Torah é desnecessária, pois somos filhos
não da escrava (a Lei), mas da livre (a Graça) (Gl 4.31).
2.2.3. Efésios
Paulo diz, em sua carta aos efésios, que o homem está morto em seus delitos
e pecados (Ef 2.1,2). Não se deve entender com essa afirmativa que todas as
pessoas são igualmente más, ou que todas são tão más quanto poderiam ser,
ou que todas estão destituídas de quaisquer virtudes, ou que a natureza
humana é má em si mesma.
O homem natural, pela graça comum de Deus, pode, sim, ser um bom cidadão,
cultivar virtudes elevadas e ter valores morais sólidos; todavia, nada do que ele
faça nesta vida pode livrá-lo de seu pecado original (Rm 3.23; 6.23), senão a
graça salvífica (Ef 2.8,9).
Se a fé é o meio humano pelo qual alcançamos a salvação (Ef 2.8), a Graça é
o recurso divino no qual depositamos a nossa fé.
CONCLUSÃO
A doutrina das indulgências e a doutrina do purgatório relativizaram a doutrina
da salvação unicamente pela Graça, retomada por Lutero e desdobrada, com
fervor, pelos teólogos reformados.
Que esse entendimento seja, para a Igreja de Cristo, o grande legado da
Reforma Protestante: alcançamos as bênçãos divinas (materiais e/ou
espirituais; para esta vida e/ou para a vindoura) pela Graça, somente.
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
Uma das bandeiras levantadas pelos reformadores foi a que defendia os dois
primeiros mandamentos divinos: Não terás outros deuses diante de mim. Não
farás para ti imagem de escultura (Êx 20.3,4a). Contrários às doutrinas
apresentadas à Igreja naquela ocasião — como a veneração aos santos e às
relíquias —, esses homens de fé corajosamente anunciaram: soli Deo gloria
(somente a Deus, glória)!
Nesta lição, veremos que a teologia reformada não nega que houve, no
passado, homens e mulheres que se destacaram em sua profissão de fé;
entretanto, ao mesmo tempo, reafirma que o Senhor é o único digno de
adoração (Êx 20.3,4a).
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
Como dito em lições anteriores, os fundamentos soteriológicos da fé cristã
foram drasticamente afetados pela Reforma Protestante, a partir dos princípios
de sola fide, sola Scriptura, solus Christus e sola gratia.
Nesta lição, destacaremos dois sistemas soteriológicos — adotados por igrejas
reformadas em todo mundo —, considerando sua preeminência e relevância
histórica, a saber: calvinismo e arminianismo. Antes, porém, veremos de que
forma a salvação é apresentada no Antigo e no Novo Testamento.
1. SOTERIOLOGIA: A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
Todas as religiões do mundo possuem, de um modo ou de outro, sua própria
soteriologia (doutrina da salvação): algumas enfatizam o relacionamento entre
Deus e os homens; outras, por sua vez, põem ênfase no aprimoramento do
auto-conhecimento como forma de alcançar a redenção.
Vejamos a seguir de que forma o manual de fé e prática do cristão reformado
(a Escritura) apresenta a salvação.
1.1. No Antigo Testamento
Yahweh é o Ser soberano que, invariavelmente, toma a iniciativa de
restabelecer com o homem o elo (de amor e verdadeira comunhão) rompido
com Ele, no Éden.
Pode-se afirmar que, para Israel, a ideia de aliança constitui-se na chave-
mestra capaz de abrir as portas que levam ao conhecimento da identidade do
Eterno.
Nas alianças estabelecidas com Israel — destacadas a seguir —, dentre outras
promessas, Yahweh assegurou que salvaria o Seu povo.
São elas: edênica — da Criação à Queda (Gn 1—3.24); adâmica — de
Adão ao Dilúvio (Gn 3.24—9.13); noética — de Noé a Abraão (Gn 9.13—
10.32); abraâmica — de Abraão a Moisés (Gn 12—Êx 3.6-10); mosaica — de
Moisés a Davi (Êx 3.4; 2 Sm 7.1-29); davídica — de Davi a Cristo (2 Sm 7—Mt
1.1).
1.2. No Novo Testamento
No Novo Testamento, o conceito de salvação (gr. soteria = libertação,
salvação, livramento, restituição do homem à ple na comunhão com o Eterno)
inclui a maioria dos rudimentos e exterioridades mencionadas no Antigo
Testamento (ajudar, libertar, livrar e salvar em situações de grandes ameaças)
acrescentando-lhe dimensões espirituais (Fp 2.8).
A teologia reformada entende e apregoa que todo o Novo Testamento deixa
transparecer a manifestação da graça salvadora de Deus em Cristo Jesus (Jo
3.16). Aliás, esse é o tema central da Nova Aliança, que está diretamente
fundamentada na obra sacrificial de Cristo na cruz (que foi prefigurada pelo
sistema de sacrifícios de Israel); [o Salvador] tira o pecado e purifica a
consciência por meio da fé nele (Hb 10.2,22) [...] (RADMACHER; ALLEN;
HOUSF, 20101), p. 437).
LEIA TAMBÉM:
O Cenário Histórico da Reforma Protestante
Os Ícones da Reforma Protestante
A Justificação Unicamente pela Fé (Sola Fide)
A Singularidade das Escrituras (Sola Scriptura)
A Centralidade de Cristo (Solus Christus)
A Centralidade da Graça (Sola Gratia)
CONCLUSÃO
Em relação aos temas principais apresentados nesta lição
(predestinação e livre-arbítrio), o que os cristãos reformados precisam ter em
mente é que Deus não se limita a sistematizações e/ou a epistemologias, ao
tempo e/ou ao espaço. Deste modo, precisamos prender-nos à verdade
incontestável de Seu amor, que a todos quer envolver, porque Ele amou o
mundo de tal maneira — e até mesmo além da percepção humana —, que
enviou Seu único Filho para redimir o perdido, indistintamente. É Ele quem
salva e transforma aqueles que Nele creem, dia a dia, à imagem do Seu Filho
(Jo 3.16; Fp 1.6).
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
Quem é o homem? De onde ele veio? O que os reformadores afirmaram sobre
ele? O que a Bíblia diz sobre o assunto? Ele é um ser essencialmente bom e o
meio o corrompe ou ele é essencialmente mau e corrompe tudo que está a sua
volta?
Nesta lição, trataremos desse ser distinto e especial, a quem o Altíssimo
coroou de glória e honra (SI 8.5).
2.1. Racionalidade
Por imagem natural de Deus, devemos entender, dentre outras coisas, a
capacidade de raciocínio que torna o homem extremamente diferente dos
animais.
Exemplificando: só o homem cria, inventa, utiliza ferramentas, formula teorias,
toma decisões, desenvolve-se em diversas áreas do conhecimento e faz
história.
2.2. Personalidade
A personalidade humana é formada por razão, sentimentos e volição (ou
vontade). Não há na Criação outro ser, além do homem, que possua tais
atributos. Deus dotou-o dessas características porque desejava criar alguém
com quem pudesse ter comunhão.
2.3. Espiritualidade
Só o homem anela pela presença de Deus e deseja ardentemente prestar-lhe
culto (SI 42.1,2; Rm 12.1,2). Ao estudarmos a história das civilizações,
encontramos um ser voltado para o Sagrado e para a devoção às entidades, às
quais ele atribui poderes sobrenaturais — por esse motivo, há inúmeras
religiões e seitas que se contrapõem às Escrituras Sagradas.
2.4. Infinitude
A eternidade é um atributo exclusivo do Criador; o homem, no entanto, foi feito
para a infinitude. Os animais são extintos quando morrem; o homem, todavia, é
um ser imorredouro. Ao final desta existência, ele é projetado para o seu
destino eterno (Ec 12.7), definido por suas escolhas pessoais, em vida, no que
tange à cruz de Cristo (1Co 15.19; Hb 9.27).
4. O PECADO NO ÉDEN
A Queda é um dos temas mais importantes da teologia cristã. Ela demarca a
entrada do pecado no mundo e é a razão de todas as tragédias e desgraças da
espécie humana. A falta de conhecimento sobre sua natureza cria o cenário
ideal para a ignorância quanto ao amor e a graça de Deus. Quem não entende
a Queda, também não entenderá a Cruz.
Infelizmente, o homem não permaneceu no elevado estado para o qual fora
originalmente criado. Pela desobediência, o ser feito à imagem e semelhança
de Deus comeu do fruto proibido, da árvore da ciência do bem e do mal (Gn 3).
CONCLUSÃO
A morte de Cristo estendeu a graça divina a todos os homens. Assim, todos,
indistintamente, podem obter o perdão do Pai e restabelecer a comunhão
perdida no Éden: Aquele que crê no Filho tem a vida eterna (Jo 3.36a).
Ter a vida significa viver na presença de Deus e desfrutar da Sua comunhão;
isso nem mesmo a morte pode impedir (Jo 11.25,26).
Lição 10: A Doutrina da Igreja Reformada
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
Vimos até agora que a Igreja Romana na Europa — entre o final da Idade
Média e o início da Idade Moderna — tornou-se uma instituição marcada pela
decadência teológica, moral e espiritual.
Toda espécie de distorção era praticada pelos sacerdotes que a representavam
— incluindo aberrações doutrinárias, desvio de dinheiro, abuso de poder,
sacrilégios inomináveis e homossexualismo —, e tudo isso era feito em nome
da fé em Deus e em nome da Igreja.
CLIQUE E LEIA TAMBÉM:
LIÇÕES BÍBLICAS CLASSE DE ADULTOS
LIÇÕES BÍBLICAS CLASSE DE JOVENS
LIÇÕES BÍBLICAS CLASSE DE JUVENIS
ESTUDOS PARA PROFESSORES DA EBD
SUBSÍDIOS GRÁTIS
Paulo, por exemplo, pergunta à igreja de Corinto coletivamente: Não sabeis vós
que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? (1Co
3.16). (...) Porque o templo de Deus, que sois vós, é santo (1Co 3.17b). Na
mesma carta, o apóstolo dirige-se aos cristãos, individualmente: Acaso não
sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo que habita em
vocês, que lhes foi dado por Deus (1Co 6.19a NVI)?
4. O PROPÓSITO DA IGREJA
Cristo entregou-se em favor da Igreja e revestiu-a com o poder do Espírito
Santo, não para que ela existisse em função de si mesma, mas para que
pudesse cumprir o plano divino relacionado à vida em sociedade e à vida
eterna.
Desde o início, o Senhor deu à Sua Igreja a missão de comunicar o Evangelho
(At 1.8), edificar-se mutuamente (Rm 14.19) e apoiar os necessitados (Tg
1.27). Vejamos a seguir.
4.1. Comunicação do Evangelho
A parte central das últimas instruções de Jesus aos seus discípulos, antes de
ascender aos céus, é esta: ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda
criatura (Mc 16.15). Cristo não abandonou aqueles evangelistas à sua própria
capacidade ou técnica. Ele os comissionou a ir sob a Sua autoridade (Mt 28.18)
e no poder do Espírito Santo (At 1.8) - os discípulos proclamariam o Evangelho,
e o Espírito convenceria o mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8-11).
A Igreja é constituída por pessoas que foram regeneradas por Cristo e
habitadas pelo Espírito Santo. Elas receberam um chamado divino para viver
fora do mundo e dos seus princípios; da mesma forma, foram vocacionadas ao
serviço do Reino.
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Jesus disse: Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está
nos céus (Mt 5.48). Seria possível ao ser finito chegar a esse nível de
desenvolvimento? É certo que não, porém, vemos nesse verso o
estabelecimento de uma meta para nós (cristãos) idêntica à que Deus propôs a
Abraão: anda em minha presença e sê perfeito (Gn 17.1).
Perfeição é o desenvolvimento harmónico de todas as faculdades humanas; é
levar ao mais alto nível possível todas as capacidades que estão em nós e
realizá-las tão completamente quanto possível.
Não será esse o ideal áureo, sem precedentes, do seu trabalho junto à Escola
Dominical, professor?
Excelente aula!
CONCLUSÃO
O legado dos reformadores tem atravessado as barreiras temporais e
geográficas. Seus ares benfazejos alcançaram as gerações e chegaram até
nós, trazendo-nos luz, desenvolvimento e esperança.
Sem a Reforma Protestante, o mundo certamente seria um lugar muito pior de
se viver; um lugar de densas dúvidas e sombras; um lugar marcado pelo caos.
OBJETIVOS
Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá:
• saber que católicos e protestantes têm entendimentos distintos acerca do
modo como o Espírito Santo dá vida à Igreja;
• saber que o que mais nitidamente distingue um católico de um protestante é
o senso de presença do Espírito Santo no ser;
• refletir coerentemente acerca da seguinte questão: o ecumenismo cristão é
possível?
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Caro professor,
Tenha sempre em mente a importância da aprendizagem no processo
educacional.
No binómio ensino-aprendizagem, o segundo item merece destaque. As
pessoas querem muito ensinar, porém, às vezes, esquecem-se de que só
podemos transmitir as experiências e os conteúdos apreendidos anteriormente.
Todos os esforços em torno do trabalho da Escola Dominical visam às
mudanças na vida do educando, pela aprendizagem.
Seus alunos têm experimentado crescimento por melo das suas aulas?
Não se esqueça: a eficiência do ensino é confirmada na aprendizagem.
Excelente aula!
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
O evangelista anglicano David Christopher Knight Watson (1933—1984),
ferrenho defensor da unidade entre os cristãos, disse certa vez que a Reforma
Protestante foi uma verdadeira tragédia na história da Igreja. Suas afirmações
geraram grande controvérsia à época.
Ao ser confrontado por suas alegações, defendeu-se dizendo que, apesar de
ter havido inúmeros aspectos positivos no movimento reformador, a Igreja ficou
dividida, e ambos os lados, desde então, carregam consigo marcas de
amargura.
Mas, afinal, existe alguma possibilidade de as diferenças entre católicos e
protestantes serem dirimidas algum dia? Qual deve ser a atitude dos
protestantes em relação aos católicos romanos?
1. A DOUTRINA DA TRINDADE
A doutrina da Trindade tanto distingue o cristianismo das demais religiões,
quanto une os cristãos em todo o mundo — vale ressaltar que grupos como as
Testemunhas de Jeová, por exemplo, não são considerados cristãos, por
negarem a Trindade.
Católicos e protestantes têm o mesmo entendimento em relação à
manifestação de Deus-Pai e Deus-Filho no mundo; ambos também
compreendem que o Espírito Santo á o Espírito de Cristo, que dá vida à Igreja;
entretanto, há divergência entre os dois segmentos em relação a como isso
acontece.
É o que veremos a seguir.
1.1. Teologia reformada versus teologia romana
Os protestantes entendem que a obra do Espirito Santo acontece, em primeiro
lugar, no interior, resultando om mudança no coração e na mente (Rm 6). Por
esse motivo, Lutero reafirmou, insistentemente, que o cristão é justificado pela
fé, somente (sola fide; conforme estudamos na lição 3), não pelas obras
praticadas.
A teologia romana, em contrapartida, afirma que a obra do Espírito Santo é
externa e objetiva. De acordo com os romanistas, se uma pessoa é batizada
corretamante, ela recebe o dom do Espírito Santo e é nascida de novo,
independente da opinião dela a respeito disso.
Para os católicos, sem as obras — especialmente as obras sacramentais
(batismo, crisma, eucaristia, penitência, unção dos enfermos, ordem e
matrimónio) —, não há evidência de fé, pois as exterioridades, segundo eles,
estimulam e fortalecem a esperança.
1.2. Ponto de cisão
Para os romanistas, Lutero estava dizendo que bastava a pessoa crer para ser
salva, independente de o seu comportamento corresponder à sua profissão de
fé ou não. Não é incomum encontrarmos católicos acusando evangélicos de
apostasia, por acreditarem que eles (os evangélicos) pensam que podem fazer
o que bem entendem nesta vida, sem que isso afete sua salvação — essa
acusação, no entanto, ilustra bem o próprio modo de pensar de um católico.
Os reformadores, na verdade, com base em Romanos 6, apregoavam que, se
uma pessoa é nascida de novo, seu comportamento (suas obras) será um
reflexo natural dessa realidade; mas, se o Espírito Santo não mudou o seu
coração, nem todas as obras sacramentais juntas podem fazer alguém nascer
de novo.
A concepção evangélica não é outra senão esta: quando uma pessoa nasce de
novo, ela não pensará em errar levianamente, porque sabe que quem está em
Cristo é nova criatura, e o antigo modo de pensar foi substituído por um novo
entendimento (Rm 6.1-14; 2 Co 5.17). O cristão protestante sabe que depende
de Deus para vencer o pecado, e sabe que é o Espírito Santo, dentro dele, que
lhe dará condições de vencer as lutas e tentações.
O protestante entende que, se para ter acesso ao céu fosse necessário que o
homem possuísse algum mérito, nem milhões de anos no Purgatório seriam
suficientes para absoivê-lo dos seus pecados. Em outras palavras, a segurança
da salvação do evangélico não é questão de falta de modéstia, mas de fé,
somente.
CONCLUSÃO
É um engodo pensar que apenas a partir do século 16a Igreja voltou a
experimentar a manifestação do Espírito Santo. O Consolador não foi retirado
do mundo, depois de Constantino instituir o cristianismo como a religião oficial
do Império Romano.
O mesmo Espírito que desceu sobre a Igreja primitiva é o que não permitiu — e
não permitirá — que as portas do inferno prevaleçam contra a Noiva do
Cordeiro (Mt 16.18).
Aqueles que amam a Verdade andam na luz; e os que andam na luz jamais
perderão de vista Aquele que é a Luz do mundo; nessa Luz, enxergaremos o
caminho a seguir.
A frase em latim é atribuída ao teólogo reformado holandês Gilbertus Voet (1589-1676). Ela
teria sido proferida durante o Sínodo de Dort, realizado em Dordrecht, Holanda, entre
novembro de 1618 e maio de 1619.
É certo que há muitas interpretações para esta frase, mas abaixo declaro minha
compreensão, tentando ser fiel ao reformador holandês.
1. A igreja não consegue mudar a si mesma. Quem muda e transforma a igreja é o
Cabeça, nosso Senhor Jesus Cristo.
2. A igreja reformada sempre se reformando não quer dizer que a cada geração a
igreja adeque seu ensino ao sabor das ideologias políticas, sociais, sexuais, de
gênero ou seja o que for.
3. A igreja precisa de uma reforma constante em cada geração, isto é, retornar
sempre às Sagradas Escrituras sob a orientação e iluminação do Espírito Santo. Pois,
a cada geração, surgem novas heresias ou velhas heresias ganham um novo
colorido. O Espírito Santo, Aquele que capacita a igreja para compreender as
Escrituras e responder os desafios de cada geração, está presente para transformar,
orientar e fazer a igreja florescer e frutificar. As reformas das quais a igreja precisa em
cada geração são no sentido de uma compreensão das Sagradas Escrituras e que
levem a uma aplicação e uma prática relevante para que Cristo seja glorificado.
4. A igreja de Cristo precisa compreender que dentro da igreja institucionalizada
(qualquer que seja o modelo de estrutura), lobos devoradores surgem do meio do
rebanho procurando desviar os fiéis das doutrinas da Graça. É necessário que a
igreja seja sempre restaurada ao primeiro amor, à fé em Cristo, à certeza de que a
salvação é unicamente pela Graça, por intermédio de Cristo Jesus e que todo crente
deve dar Glória somente ao Deus vivo.
5. A igreja pode viver uma firmeza doutrinária (ortodoxa) mas uma ortodoxia fria,
sem fervor, sem paixão, sem amor a Cristo. É doutrina com um fim em si mesma. Ela
precisa ser reformada.
6. A igreja pode viver um frenesi de misticismos idólatras no qual a palavra
humana e os sentimentos humanos sobrepõem as evidentes verdades bíblicas. A
igreja precisa ser reformada.
7. A igreja pode viver em busca da prosperidade material e do dinheiro
exclusivamente e não pregar mais o arrependimento, a fé, e a santificação, a doutrina
sobre o inferno, a volta de Cristo, os novos céus e nova terra. Quando a ênfase da
mensagem está no dinheiro e prosperidade financeira, a igreja precisa ser reformada.
8. A igreja pode viver apenas voltada para a religião, o religiosismo e o legalismo,
em que os frequentantes são apenas consumidores de cultos, produtos e programas
religiosos sem piedade verdadeira e sem buscar a santificação. A igreja precisa ser
reformada.
9. A igreja pode viver apenas na sua força da carne quando firma em seus
diplomas, cursos, doutorados, seminários, milhares de fiéis, orçamento grande, ampla
estrutura administrativa, etc. sem aquela humildade e dependência da unção e
capacitação do Espírito Santo. A igreja precisa ser reformada.
10. A igreja pode mundanizar-se: Suas práticas conciliares, tomadas de decisões,
a maneira como usa o dinheiro, a conduta dos crentes nos negócios, na política, no
lar, na escola, na prática da ética e na conduta sexual não difere dos que não temem
a Cristo. A igreja precisa ser reformada.
A igreja precisa mesmo ser reformada e restaurada no seu compromisso pessoal com o
estudo da Palavra de Deus. Restaurar o amor e a comunhão tanto entre os de casa quanto
no templo.
A igreja precisa ser reformada em seu amor por missões, amor pelos que sofrem, amor
pelos perdidos e enfatizar as grandes doutrinas da graça: Sola Scriptura, Sola Fide, Solus
Christus, Sola Gratia, Soli Deo Gloria, isto é, Só a Escritura, Só a Fé, Só Cristo, Só a Graça
e Glória somente a Deus.
1. Só a Escritura – A Bíblia não é apenas uma fonte da revelação de Deus ao homem, mas a
única regra de fé e prática. As tradições humanas, os dogmas da igreja, as decisões dos
concílios, bem como todo pensamento humano precisam passar pelo crivo da Palavra de
Deus. Ela é a única autoridade da vontade revelada de Deus para o homem. Não são as
experiências que julgam a bíblia, mas a Bíblia que julga as experiências. A igreja não está
acima da Palavra, mas é governada por ela.
3. Só a Graça – A graça é um dom imerecido de Deus. Fomos escolhidos por Deus para a
salvação não por causa dos nossos méritos, obras ou religiosidade, visto que éramos
inimigos de Deus, estávamos cativos do diabo, do mundo e da carne. Estávamos cegos,
perdidos e mortos nos nossos delitos e pecados. Mas, a despeito da nossa terrível condição,
Deus nos amou e graciosamente nos salvou.
5. Só a Deus toda a glória – Deus não reparte a sua glória com ninguém. Ele e não o
homem é o centro e a medida de todas as coisas. Dele, por meio dele e para ele são todas
as coisas. Não é Deus quem vive para a glória do homem, mas é o homem que deve viver
para a glória de Deus. Deus e não o homem é o centro do universo.
Mas a Reforma continua. A igreja reformada sempre deve se reformar. Em que sentido?
Sempre que a igreja se desvia da verdade, ela precisa parar e confrontar sua teologia e sua
vida à luz das Escrituras e voltar ao seu primeiro amor. Muitas vezes, ao longo da história, a
igreja desviou-se das antigas veredas. Após a Reforma, no afã de defender a ortodoxia, a
igreja tornou-se árida. Ortodoxia sem piedade produz racionalismo. A reação à frieza
espiritual foi o Pietismo, que partiu para o outro extremo: buscou a piedade sem a ortodoxia.
Piedade sem ortodoxia produz misticismo. Hoje, estamos precisando de uma nova reforma.
Algumas igrejas estão descambando para o liberalismo teológico negando os postulados
essenciais da fé. Outras, estão se desviando para o misticismo sincrético, importando
novidades estranhas à Palavra de Deus, abraçando um outro evangelho e não o evangelho
da graça. Há aquelas igrejas que caíram na sedução do pragmatismo, que estão buscando
sucesso e resultado a qualquer custo. Trocaram a mensagem da cruz pela pregação da
prosperidade e da cura. Estão mais fascinadas pela riqueza do que pela glória de Deus. Há
ainda outras igrejas, que, embora, fiéis na doutrina estão vivendo sem piedade. Possuem
uma ortodoxia morta. A crise na teologia desemboca na crise da ética. A igreja evangélica
cresce em número, mas não em santidade. As pessoas correm aos borbotões para os
templos evangélicos, mas suas vidas não são efetivamente transformadas. Na mesma
medida em que a igreja evangélica cresce em nossa nação, cresce também a corrupção.
Deixamos de ser sal e luz. Em vez de a igreja abalar o mundo, é o mundo que está abalando
a igreja. Em vez de a igreja entrar no mundo para resgatar os que perecem, é o mundo que
está entrando na igreja e influenciando os crentes. Ó que Deus tenha misericórdia de nós.
OBJETIVOS
Ao término
do estudo bíblico, o aluno deverá:
• compreenderque o avivamento é um processo duradouro e contínuo, cujo
artífice e agente cardeal é o Espírito Eterno;
• conhecer os grandes movimentos avivalistas oriundos da Reforma
Protestante;
• ser encorajado a dar ouvidos à voz do Espírito Santo, arrepender-se e voltar
à devoção espiritual e ao estudo das Escrituras Sagradas.
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Caro professor,
A tarefa principal de quem ensina é motivar o aluno a aprender. Por mais que o
professor seja vocacionado, tenha experiência e domine as técnicas didáticas,
ele não pode ensinar sem a participação ativa do aluno.
O médico obstetra ou a parteira auxiliam a mãe na hora do parto, porém a
tarefa de dar à luz um filho é da parturiente. Assim, o professor não pode
aprender pelo aluno, não pode ensiná-lo sem sua cooperação e, muito menos,
ser alheio a ele. O educador apenas indica o caminho e mostra a importância
do conhecimento, ajudando e orientando o educando em sua aprendizagem.
Pensando assim, inicie a aula de hoje com a certeza de que seus alunos estão
predispostos a aprender.
Excelente aula!
Palavra introdutória
O avivamento não é um movimento emocional de curta duração, tampouco é
um subproduto dos muitos eventos eclesiásticos. Ao contrário, ele é um
processo duradouro e contínuo, ele é filho legítimo do desejo de mudanças.
Seu artífice e agente cardeal é o Espírito Eterno. Suas características
principais, dentre outras, são: busca pela verdade, intrepidez, retorno da
vibração e da alegria em servir ao Senhor, e ao próximo, de maneira pura e
genuína.
1. REFORMA E AVIVAMENTO
Mais do que um processo revolucionário que alterou significativamente a
cultura, a economia, o modo de produção e a política medievais, a Reforma foi
um movimento espiritual que varreu a Europa, atravessou os séculos e chegou
até os tempos atuais — e o que a caracterizou foi um avivamento de grande
magnitude.
É certo dizer que, desde então, o mundo jamais foi o mesmo. As mudanças
ocorridas naquela época continuarão influenciando a raça humana por todos os
séculos.
Vejamos alguns resultados dessa portentosa obra do Espírito Santo.
1.1. Os cristãos voltaram a priorizar a Bíblia como regra de fé e prática
O reencontro com a Palavra de Deus levou a comunidade cristã à contestação
de verdades doutrinárias, aparentemente inabaláveis. Os dogmas haviam sido
sacralizados pela Igreja Romana e postos no mesmo grau de importância da
Bíblia.
Só mesmo um gigantesco reavivamento poderia abrir o entendimento e o
coração das pessoas para a necessidade de retornarem à Verdade e à
devoção legítima ao Criador.
Os cristãos daquele tempo deixaram de lado a passividade e a dependência do
Clero na maneira de entenderem as questões de fé e prática cotidiana. A fé e o
modo de viver o cristianismo foram radicalmente transformados. A capacidade
de escutar a voz do Espírito Santo, pelas Escrituras, foi aguçada, e eles
tornaram-se pessoas comprometidas com a busca da genuína comunhão com
o Altíssimo (Rm 15.4; 2Tm 3.14-17; 2Pe 1.20,21).