Vous êtes sur la page 1sur 75

Conteúdos do módulo

1. Introdução e história da Ativação Comportamental (AC).

2. Técnicas de AC.

3. Protocolo terapêutico na AC.

4. Parentalidade Mindful: uma perspetiva pais-filhos sobre o


mindfulness.

5. Recursos clínicos e pedagógicos.


1.ª PARTE

Introdução e História da Ativação Comportamental


Perspetiva Histórica (1)

 Modelos comportamentais da depressão


 Skinner (1953)
 Depressão = interrupção de sequências estabelecidas de comportamento
saudável, previamente reforçadas pelo contexto social

 Lewinsohn (1974, 1984)


 Causas da redução de comportamentos saudáveis reforçados positivamente:
  número/amplitude de estímulos reforçadores para esse(s) comportamento(s)
 Défice de competências (sociais) na obtenção de reforço
 Aumento da frequência da punição

 Perspetiva Funcional-Analítica (Ferster, 1973)


 A persistência no investimento em comportamentos depressivos resulta de uma
combinação entre:
 Reforço do comportamento depressivo
 Ausência de reforço (ou mesmo punição) do comportamento alternativo +saudável
Perspetiva Histórica (2)

 Processo de “desvio-amplificador” (Coyne, 1976)


• Comportamento/afeto depressivo pode ser mantido por reforço positivo (e.g.,  atenção por
parte dos próximos significativos)
• 2.º momento: comportamento depressivo  consequências sociais aversivas (i.e., respostas
negativas por parte dos outros)
• Processo “desvio-amplificador”: ao procurar recuperar o apoio social, o comportamento
sintomático depressivo do indivíduo pode aumentar as consequências sociais negativas.

 Terapia comportamental para a depressão (Lewinsohn et al., 1973, 1980, 1984)


• Objetivos
  acesso a acontecimentos agradáveis e reforços positivos
  intensidade/frequência de acontecimentos e consequências aversivos
• Estratégias de ativação:
 Monitorização diária das atividades e estados de humor
 Agendamento de atividades
 Desenvolvimento de competências sociais
 Treino em gestão do tempo
Perspetiva histórica (3)

 Terapia cognitiva (Beck et al., 1979)


 Ênfase nas técnicas de reestruturação cognitiva
 Capítulo dedicado à monitorização/agendamento de atividades para
sentimentos de mestria e prazer, e competências sociais

 Pouca mudança tende a ocorrer com as técnicas cognitivas,


após implementação das comportamentais (Gorter, Gollan, Dobson, &
Jacobson, 1998; Hayes et al., 2004, 2006)

 Novo modelo de ativação comportamental (Martell et al., 2001)


 Abordagem direta de varáveis cognitivas (e.g., ruminação)
 Ênfase na aplicação flexível, idiográfica das técnicas (≠ formato
estruturado, por sessões).
Perspetiva histórica (4)

 Behavioral Activation Treatment for Depression (BATD) (Lejuez,


Hopko, & Hopko, 2001)
 Depressão como função do reforço de comportamentos depressivos (e.g.,
ficar na cama, chorar, ruminar)
 Reforço reduzido de comportamentos saudáveis, não depressivos
 Mudança dos rácios de reforço: monitorização das atividades;
avaliação dos valores; agendamento de atividades; manejo de
contingências.
Perspetiva histórica (5)

 Evidência empírica atual


 De acordo com as orientações da APA, a AC deve ser designada como
“um tratamento empiricamente validado bem consolidado” (Mazzuchelli,
Kane, & Rees, 2009).
 Eficácia da BATD: doentes em internamento (Hopko, Lejuez, LePage, Hopko, &
McNeil, 2003); cessação tabágica em fumadores com níveis elevados de
depressão (MacPherson et al., 2010); indivíduos com abuso de substâncias
ilícitas com sintomatologia depressiva aumentada (Daughters et al., 2008);
intervenção de 1 sessão para alunos universitários deprimidos
(Gawrysiak, Nicholas, & Hopko, 2009); diferentes estudos de caso, incluindo
doentes com cancro deprimidos; casos de comorbilidade de
depressão/ansiedade (cf. Kanter et al., 2010).

 Três meta-análises principais sobre a AC:


 Cuijpers et al., 2007; Ekers et al., 2008; Mazzuchelli et al., 2009.
Porquê retomar as abordagens puramente
comportamentais?

1. Necessidade de intervenções breves E empiricamente


validadas (Peak & Barusch, 1999).

2. Mudanças cognitivas ocorrem tanto com intervenções


cognitivas como com modificações no contexto/ambiente
(Jacobson et al., 1996).

3. Os ganhos terapêuticos observados na validação de


protocolos TCC para a depressão, ocorrem frequentemente
nas sessões iniciais do tratamento – período coincidente com
maior proeminência das componentes
comportamentalistas (Hollon et al., 1993; Otto et al., 1996).
Ativação Comportamental Revisitada – Novos
contributos (1)

1. Maior atenção às contingências ambientais únicas, que


mantêm o comportamento depressivo.

2. Abordagem funcional-analítica ( assunções nomotéticas sobre o que é


agradável ou reforçador):
• Análise detalhada das contingências na manutenção do comportamento depressivo
• Avaliação idiográfica das necessidades/objetivos do doente e do(s) comportamento(s)-
alvo associados
• O que é bom, agradável? – observação do  da frequência/duração desse
comportamento ao longo do tempo   sintomas depressivos
Ativação Comportamental Revisitada – Novos
contributos (2)

3. Dialética Aceitação-Mudança
• Formulação e alcance de objetivos comportamentais, independentemente da experiência de
certos pensamentos e estados emocionais aversivos.
• Foco no comportamento torna desnecessário procurar modificar e controlar diretamente esses
pensamentos e estados de humor.
• ACT (Hayes et al., 1999) – quebra da literalidade do comportamento verbal, prévia ao
comportamento independente do humor.

• AC: esse exercício é dispensado. ESSENCIALMENTE: estilo de vida evitante  estilo de vida
ativo.

4. Cognições não são o alvo direto da intervenção.


• O modelo reconhece a importância da cognição na génese e manutenção da depressão
MAS
• As cognições não são vistas como causas proximais do comportamento observável, nem se
tentam modificar diretamente na terapia.
Caracterização comportamentalista da depressão
(Leahy & Holland, 2000)

Défices Excessos Precursores


Competências sociais Lamentação Conflitos
interpessoais/conjugais
Assertividade Comportamento negativo ou Abandonos de relações
punitivo para com os outros
Autorreforço Autocriticismo Adversidades do dia-a-dia
Reforço por outros Punições pelos outros Acontecimentos de vida 
Privação de sono Perda precoce de pai/mãe
Competências de resolução Pais com estilo de atribuição
de problemas negativo
Experiências agradáveis e Falta de carinho/orientação
gratificantes pelos pais
Autocontrolo e auto- Dissociação de
orientação comportamentos e reforços
Capacidade de gratificar os
outros
Modelo da Depressão baseado no estilo de
resposta ruminativo (Nolen-Hoeksema, 1987, 1990)

Sentimentos de tristeza (disforia)


normativos, universais

Coping focado na acção Resposta Ruminativa


(pensamentos e emoções)

comportamento instrumental;
acesso a memórias negativas;
 probabilidade de atribuição
causal interna da depressão

Controlo eficaz da frequência,


intensidade e duração da
Depressão Persistente
resposta depressiva
Características psicobiológicas

 Desvio Funcional Depressivo Biológico (DFDB)

1. Alterações do apetite, interesse sexual e do sono:


 Insónia inicial
 Insónia terminal (a mais característica da depressão).

2. Nos jovens, o DFDB pode estar invertido, podendo existir uma hipersónia e
aumento do apetite.

3. A fadiga depressiva, ao contrário da fadiga física, diminui com o exercício (i.e.


quanto mais parada está, mais cansada a pessoa se sente).

4. Os neurotransmissores implicados na patofisiologia dos EDM incluem a


norepinefrina, serotonina, acetilcolina, dopamina e ácido-gama-aminobutírico.
Ativação comportamental – teoria e racional

 2 focos essenciais:
1. Uso das atividades evitadas como guia para o agendamento de atividades
2. Análise funcional dos processos cognitivos que envolvem evitamento

 A AC assenta no funcionalismo contextual:


• …não se trata de agendamento de atividades de mestria e prazer
• … não se foca nas causas internas da depressão

• O foco é na totalidade do evento e nas variáveis que podem influenciar a


ocorrência de respostas disfuncionais (incluindo comportamentos e
padrões/processos de pensamento)

• Ênfase nos aspetos funcionais do comportamento depressivo e não-depressivo


• Objetivo:  atividade do doente;  acesso a fontes de reforço.
Ativação Comportamental em síntese…

 Processo terapêutico focado em tentativas estruturadas de


gerar aumento de comportamentos observáveis…

 … capazes de trazer o indivíduo para o contacto com


contingências ambientais reforçadoras…

 … produzindo melhorias correspondentes nos pensamentos,


humor e qualidade de vida geral.
2.ª PARTE

Técnicas de Ativação Comportamental


Manuais de tratamento de AC e suas componentes
técnicas (Kanter et al., 2010)
Monitorização das Atividades (1)

 Funções da monitorização das atividades:


 Baseline dos níveis de atividade e níveis de humor associados (especificidade
dos agendamentos posteriores).
 Facilitação do racional do tratamento: existe uma relação a valorizar entre
atividade e humor.
 Diferentes formatos:
 Pleasant Events Schedule (PES; Lewinsohn, 1982) – disponível em
http://www.healthnetsolutions.com/dsp/PleasantEventsSchedule.pdf (how often - how
pleasant).
 Pleasant and Unpleasant Events Calendar (cf. Segal, Williams, Teasdale, 2002) –
disponível em
https://health.ucsd.edu/specialties/mindfulness/programs/mbsr/Documents/Mindfulne
ss%20-%20Pleasant-Unpleasant%20Events.pdf
Monitorização das Atividades (2)

 Quadros de atividades semanais (cf. Beck et al., 1979)


 Nível geral de atividade; comportamentos de evitamento; humor associado com
diversas experiências; experiências de mestria/prazer associadas;
amplitude/restrição das atividades; consistência com valores (Martell et al., 2001)
 Estratégia de avaliação para orientar a modificação comportamental
 Eficácia demonstrada como técnica isolada na redução de ruminação (Frederickson,
1975), e episódios de empanturramento (Latner & Wilson, 2002).
Pleasant and Unpleasant Events Calendar
Avaliação de objetivos e valores

 Versão simplificada da avaliação de valores na ACT (Hayes et


al., 1999)
 Valued Living Questionnaire (Wilson & Groom, 2002), disponível em:
https://www.div12.org/wp-content/uploads/2015/06/Valued-Living-
Questionnaire.pdf
 Reflexão sobre uma lista de domínios de valores potencialmente
valorizados
 Reconhecimento , afirmação específica de valores
 Identificação e verbalização de valores (reforços verbais)  orientação
para reforços positivos idiográficos
 Função aumentativa dos valores  motivação para manutenção de
comportamentos não imediatamente reforçados; manutenção do
comportamento em face de circunstâncias adversas (≠ extinção,
evitamento).
Agendamento de atividades (1)

 Função: aumentar o contacto com fontes de reforço positivo no


ambiente (Lewinsohn et al., 1970).
 Diferentes formatos: escrita nos quadros de atividades;
agendas semanais/diárias; ou simplesmente verbalizadas.
 Avaliação do nível de prazer/mestria experienciado
(atividades de mestria ≠ atividades de prazer; Beck et al., 1979).
 Agendamento gradual de atividades; comportamentos como
alternativas à ruminação e ao evitamento (Beck et al., 1979).
 Potenciação dos ganhos (Martell et al., 2001):
 Ensaio verbal ou imagético das tarefas/atividades (incl. role-playing),
para identificação de obstáculos
 Ênfase no desenvolvimento de rotinas
Agendamento de atividades (2)

 Hierarquia gradual de atividades (BATD)


 Semelhantes à hierarquização nos tratamentos de exposição para os
distúrbios de ansiedade (ranking por nível de dificuldade) (e.g., Franklin
& Foa, 2008).

 Instruções de TPC
 Especificação do comportamento de interesse:
 “O quê”, “Quando”, “Onde”, e “Como” do comportamento
 Outras formas de controlo de estímulos para facilitação do
comportamento
 Deixar o saco de ginástica preparado de véspera, para ir ao ginásio
(Martell et al., 2001)
Treino de competências

 Treino de competências
 Sociais
 (competências de assertividade, competências interpessoais ou de comunicação)
 Importância do role-playing, terapeuta como auxiliador de modelamento
(Martell et al., 2001)
 Não sociais
 Resolução de problemas; preferencialmente associados com TPC (Kanter et al.,
2009)
 Treino de resolução de problemas (Nezu et al., 1979): (1) delineação do
problema; (2) brainstorming sobre alternativas de soluções; (3) avaliação das
alternativas; (4) identificação dos passos necessários à implementação da
alternativa selecionada; (5) implementação e avaliação da solução.
 Racional
 Em certos casos, o agendamento de atividades falha porque, na possibilidade
de reforço social, o doente pode não dominar as competências para manter o
contacto com essa fonte de reforço (Lewinsohn, 1974)
Consciência sobre as dificuldades de comunicação…
(Saltzman & Goldin, 2008)

Descreve a Como é O que é que O que é que Como é que Já


situação de que o tu querias a(s) outra(s) te sentiste resolveste
interação, problema/a realmente da pessoa(s) durante e esta
com quem? questão pessoa ou da queria(m)? depois questão?
Sobre o surgiu? situação? O que é que desse Como?
quê? O que é que conseguiram momento?
(efetivamente) ?
conseguiste?
Treino de relaxamento

 Primeiramente, uma técnica opcional paras as alterações do


sono (Lewinsohn et al., 1976).
 Uso do relaxamento para fortalecer a agradabilidade no
envolvimento em atividades de prazer (Zeiss et al., 1979).
 Eficácia do relaxamento muscular progressivo na redução da
sintomatologia de adolescentes e adultos deprimidos;
particularmente útil na comorbilidade ansiedade/depresão
(Morgan & Jorm, 2008).

 Outras formas de relaxamento (e.g., respiração).


Manejo/gestão de contingências

 Foco em duas situações (Kanter et al., 2010):


 …quando o comportamento desejado é punido ou ignorado pelo ambiente
 … quando o comportamento-problema é mantido por reforço positivo ou
negativo (no ambiente)
 Reforço
 Reforço de comportamentos ativos, não depressivos na relação terapêutica
(Kohlenberg & Tsai, 1991).
 Outras formas: contratos comportamentais; sessões com pais (e.g., reforço de
comportamento depressivo)
 Autorreforço
 Aprendizagem de autorreforço sobre um comportamento, na ausência de fontes
de apoio no ambiente (Rehm, 1977).
 Autorreforço na sequência do confronto/envolvimento com atividades de AC
que não são necessariamente reforçadoras (e.g., saída/jantar/cinema após um
teste/reunião difícil).
Intervenções sobre o comportamento verbal

 Procedimentos clássicos:
 Monitorização de pensamentos; substituição de pensamentos negativos
por positivos; ensaio de pensamento positivos sobre si; modelamento de
monólogo positivo pelo terapeuta.

 Ativação comportamental - modelos atuais (Martell et al., 2001)


 Visão contextualista dos pensamentos  desvalorização dos esforços
diretos para suprimir ou substituir o conteúdo cognitivo (e.g., pop-ups;
lista de tarefas do Billy)
 Ênfase na análise funcional dos padrões de pensamento (ruminação 
evitamento)
 Ruminação  contacto com o meio ambiente, com a experiência
 Atenção sobre o exterior, tornar-se melhor observador do ambiente
Intervenções sobre o comportamento de evitamento

 Estratégia de eleição (Martell et al., 2001):


 Agendamento de atividades (contacto com reforço positivo)
 Mapa dos evitamentos para potenciar o sucesso da ativação

 Princípios (Martell et al., 2001):


 “agir de acordo com um objetivo em vez de acordo com um sentimento”
(p. 116)
 “trabalhar de fora para dentro” (p. 63)

 O papel do evitamento [experiencial] é amplamente


reconhecido na psicopatologia (e.g., Hayes et al., 1996).
Estratégia TRAP & TRAC(K) (Martell et al., 2001)

 TRAP (& TRAC)


 Utilizado para ajudar o doente a fazer sentido da relação entre
acontecimentos, reações emocionais e comportamentos de evitamento.

Queres vir sair


comigo?

Acho que vou continuar


Trigger aqui na escola... Trigger

Response Sentir-se um Response


cromo, ansioso

Avoidance- Sentar-se nas escadas a Alternative-


Pattern ruminar
Coping
Estratégias de intervenção na AC:
O modelo ACTION

 Assess how this behaviour serves you

 Choose to either avoid or activate

 Try out whatever behaviour has been chosen

 Integrate any new behaviours into a routine

 Observe the outcome

 Never give up
Alvos da Intervenção na AC

 Aplicações do registo de atividades


1. Avaliação do nível geral de atividade
2. Avaliação das conexões entre atividade e humor
3. Variedade de sentimentos
4. Pontuação de mestria e prazer
5. Amplitude/restrição das atividades
6. Atividades guiadas
7. Auxiliar o doente na monitorização dos comportamentos de evitamento
8. Avaliar o progresso em direção aos objetivos de vida
3.ª PARTE

Protocolo Terapêutico na Ativação Comportamental


Processo terapêutico na Ativação Comportamental

 Primeira fase
1. Racional positivo da depressão: de que forma as soluções do doente são o problema
– ao manterem/aumentarem o distress e a incapacidade? (procurar ilustrações)
2. Compreensão contextual da depressão (e.g., conflito interpessoal, perda
significativa)
3. Depressão = consequência de evitar ou fugir de pensamentos e sentimentos aversivos
(evitamento experiencial).
4. Enfâse na depressão como resposta natural e compreensível.

 Segunda fase
• O doente aprende a analisar as consequências indesejáveis das suas respostas,
incluindo a inatividade e a ruminação (e.g., tentar encontrar razões para o passado,
tentar resolver problemas insolúveis…)
• Evitamento de atividades normais/sociais   ruminação, privação de experiências
de prazer, críticas   depressão
Exemplos de evitamento (experiencial) na
depressão

Isolamento social Evitamento não-social


Não atender o telefone Não se envolver em atividades desafiantes
Evitar os amigos Passar demasiado tempo na cama

Evitamento cognitivo Evitamento por distração


Não pensar em problemas relacionais Ver “o que há p’ra ver” na TV
Não tomar decisões sobre o futuro Jogar jogos de PC
Não aproveitar oportunidades Jogo patológico
Não ser sério sobre o trabalho/educação Comer para tranquilizar/alegrar
Ruminar Exercício excessivo

Evitamento emocional
Uso de álcool e outras substâncias
Exemplo de formulação de caso (Veale, 2008)
ABCDE – Análise Funcional Contextual (e.g., “Eu
não presto”)

 Antecedentes (contexto)
1. Em que outras situações no passado pensou que não tinha valor?

 B (Processos cognitivos e comportamentais de resposta)


 O que costuma fazer logo a seguir a pensar que não tem qualquer valor?
 Essa sua resposta envolve algum aspeto de evitamento?

 Consequências
• Que efeito imediato tem essa atividade?
• Isso fá-lo sentir-se mais confortável? Isso elimina o sofrimento?
• Que consequências indesejáveis é que essa atividade tem?
• Isso fá-lo sentir-se mais desesperado, cansado, deprimido?
• Que efeitos tem isso nos outros? Eles tornam-se críticos?
ABCDE – Análise Funcional Contextual (e.g., “Eu
não presto”)

 Direções
1. Que outras coisas podia fazer e que o aproximariam dos seus objetivos e
daquilo que valoriza na sua vida?

 Efeito
 Que efeito teve/teria o seguimento do seu objetivo/direção valorizada de
vida?
AC para a Depressão – Protocolo de intervenção
passo a passo
(Jacobson, Martell, & Dimidjian, 2001)

I. Estabelecimento de uma boa relação terapêutica e apresentação


do modelo.
1. Apresentação do modelo na 1.ª sessão e seguintes; formatos de discussão e
panfleto informativo.
 Discussão das relações entre humor, atividade, e ambiente/contexto
• Ciclo vicioso de humor deprimido  menor ativação/isolamento/evitamento  
depressão
 AC é a forma de quebrar o ciclo: o comportamento deve ser dirigido por
objetivos, e não tanto pelo humor.
 O modelo de intervenção é “de fora para dentro”, e não “de dentro para fora”
( mito: “as mudanças de humor têm de acontecer antes das mudanças de
comportamento”).

2. Ênfase na importância da ativação focada.


  recomendações de “maior atividade” ou de “atividades de prazer”
 Que comportamentos e atividades serão reforçadores e quebrarão a espiral da
depressão para aquele indivíduo…
AC para a Depressão – Protocolo de intervenção
passo a passo
(Jacobson, Martell, & Dimidjian, 2001)

3. Racional da intervenção com otimismo


 Transmissão de empatia sobre a dificuldade de mudança (a depressão
pode tirar-nos a energia, a motivação, a esperança)
 Tónica na ARMADILHA DA DEPRESSÃO: “esperar por mudanças de
humor antes de mudanças do comportamento”
 Salientar a evidência de que a AC direta pode melhorar o humor,
ajudar as pessoas a mudarem os problemas na sua vida, e a prevenirem
futuros episódios depressivos

4. Foco na relação como EMPIRISMO COLABORATIVO


 Uso de metáforas: e.g., terapeuta como “treinador”, “consultor”,
“orientador”
 O terapeuta não vai prescrever… o doente não estará sozinho no
processo de mudança…
 Uma boa análise funcional para cada doente, vai permitir a
individualização do tratamento
AC para a Depressão – Protocolo de intervenção
passo a passo
(Jacobson, Martell, & Dimidjian, 2001)

II. Desenvolvimento dos objetivos terapêuticos


1. Recolha de informação sobre:
 Comportamentos-problema secundários (e.g., padrões de evitamento, quebra
de rotinas, inatividade)
 Circunstâncias de vida “macro” (precipitantes/manutenção da depressão).

2. Definição de objetivos
 Objetivos gerais tipo “sentir-me melhor”, “recuperar a minha felicidade” ou
“fazer alguma coisa da vida”  operacionalização em objetivos a curto e
longo prazo (i.e., sequenciais)

3. O foco é na adoção de novos comportamentos – não em “sentir-se bem”, não em


“pensar de forma diferente”
 Facilitação da articulação pelo cliente de quando e onde vai investir em
atividades específicas
 Desligar(-se) do julgamento sobre o(s) resultado(s), até os observar
AC para a Depressão – Protocolo de intervenção
passo a passo
(Jacobson, Martell, & Dimidjian, 2001)

III. Formulação de análise funcional


1. Foco: ativadores contextuais da depressão, e respostas elicitadas por esses ativadores (e.g.,
padrões de evitamento, quebra de rotinas)
2. Ativadores contextuais: contextos atuais e/ou histórias de aprendizagem caracterizadas por
baixos níveis de reforço positivo e/ou controlo aversivo
3. Questões específicas para desenvolvimento de hipótese(s):
1. O que desencadeou a depressão?
2. Que sintomas depressivos em particular está o doente a experienciar?
3. Como é que o doente está a responder ou a tentar lidar com a depressão?
4. Até que ponto existem padrões de evitamento a exacerbarem a depressão?
5. Que rotinas foram quebradas?

4. Avaliação pragmática da adequação da(s) hipótese(s) (Hayes, 1993):


 A análise funcional traduz-se num tratamento que resulta na reversão efetiva da
depressão?
 A análise funcional é base de todo o tratamento
 Ao longo do processo, o doente aprende a concretizar as suas próprias análises funcionais
AC para a Depressão – Protocolo de intervenção
passo a passo
(Jacobson, Martell, & Dimidjian, 2001)

iv. Revisão do processo e prevenção da recaída


1) Autonomia na condução das suas próprias análises funcionais
2) (Re)conhecimento dos ativadores contextuais da disforia (ou de
manutenção)
3) Modificação do comportamento ou evitamento do comportamento
depressivo
4) Desenvolvimento de um plano de resposta/prevenção da recaída
AC para a Depressão – Protocolo de intervenção
passo a passo
(Jacobson, Martell, & Dimidjian, 2001)

 Ultrapassar obstáculos no tratamento


a) O doente não acredita que a inatividade lhe está a causar problemas, e como tal não
adere às prescrições de ativação.
 Adotar uma atitude experiencial, empírica, com suspensão do julgamento até observação dos resultados.
 Obter registos paralelos de atividade e de estado humor na fase inicial do tratamento.
 Ligar ao doente entre consultas para encorajar a adesão à ativação, de forma prudente, no início da terapia
e com rápido “fade out”
 Ponderar a divisão da atividade em componentes “menores” de forma a potenciar o sucesso
 Descrição clara, detalhada das prescrições → abordar dúvidas e questões do doente

b) O doente experiencia ideação suicidária (→prevenção do suicídio; Linehan, 1997)


a) Reconhecer a universalidade da ideação suicidária
 Reconhecer o poder de escolha do doente (caráter irreversível da escolha)
 Discussão “exaustiva” dos motivos para se viver (e.g., ver um próximo CD a solo de Annie Lennox)
 Desencorajar o suicídio (como quer ser recordado? Consequências irreversíveis para o próprio e para os
outros)
 Reconhecer a crise suicidária como “crise” (i.e., passageira) e desenvolver planos de coping (incluindo uso do
apoio social e do recurso ao terapeuta).
4.ª PARTE

Mindfulness – uma perspetiva pais-filhos:


A Parentalidade Mindful
A importância de uma perspetiva pais-filhos

Our clinical observations suggest that the more parents are engaged in the
program, the greater the observed development of mindfulness in the child.
Semple, Lee, & Miller, 2006, p. 163

 Estados emocionais positivos e negativos coocorrem na prestação de


cuidados/parentalidade.
 Emoções positivas podem facilitar o coping adaptativo e baseado no
significado (reenquadramento, res. de problemas, criação de
acontecimentos positivos) (Folkman, 1997).
 Mindfulness intencional pode gerar emoções positivas nos pais e
“alargar e construir” os seus reportórios de coping (Carona, 2013; Larson, 2010).
 Perceção reduzida de gratificações em certas situações de
parentalidade; pais como “proto-terapeutas”.
Dialógo socrático como ferramenta facilitadora de
aceitação e consicência plena… (Ciarrochi, 2008)

 Com o que é que se tem andado a debater?


 Como é que tentou ultrapassar isso?
 Como é que esses esforços resultaram? (no imediato e depois)
 De que é que desistiu por causa deste(s) problema(s)?
 Porque é que é tão difícil mudar os seus pensamentos e os seus
sentimentos?
 Se tentar mudar os pensamentos/sentimentos não resulta,
então o que pode(mos) fazer?
Broad-Minded Affective Coping [BMAC] (Tarrier, 2010)
Enquadramento

 As gratificações (i.e. perceções positivas) podem aliviar o


impacto (efeito buffer) do(s) desgaste(s) na adaptação de
pais (Carona, 2013; Silva, 2015).
 Primariamente descrita como uma “ferramenta positiva de
TCC” (Tarrier, 2010).
 BMAC pode contribuir para (Johnson, 2013):
 Melhorar a focalização da atenção
 Melhorar a regulação emocional
 Facilitar o insight sobre como a atenção influencia estados emocionais
 BMAC pode ser útil no treino/desenvolvimento de
competências de mindfulness.
Broad-Minded Affective Coping [BMAC] (Tarrier, 2010)
Procedimento
Mindfulness no contexto da parentalidade

Influência distinta do contexto


Envolvimento dos pais nos
familiar no desenvolvimento do
processos de intervenção
adolescente

Semple, Lee, & Miller, 2006

 Um modelo de  Evidência crescente sobre


parentalidade mindful: a eficácia dos programas
de mindful parenting:
 Escuta com atenção plena;
 Aceitação não-valorativa do
self e do filho;  Relação pais-filho mais
 Consciência emocional do self positiva
e do filho;  Qualidade das competências
 Regulação do self na relação parentais
pai-filho;  Ajustamento psicológico de
 Compaixão pelo self e filho. pais e filhos
(Duncan, Coatsworth, & Greenberg, 2009) (Harnett & Dowe 2012)
Práticas de parentalidade mindful
na interação pais-filhos (Duncan, Coatsworth, & Greenberg, 2009)

Dimensões da Comportamentos de parentalidade Comportamentos de


Parentalidade Mindful promovidos parentalidade reduzidos
Escutar com atenção plena  Discernir corretamente as mensagens uso e influência de
comportamentais do filho. expectativas e construções
 Perceber de forma precisa a cognitivas.
comunicação verbal do filho.
Aceitação não ajuizadora  Equilíbrio saudável entre objetivos expectativas irrealistas
do self e do filho orientados para a criança, pai e relação. sobre os atributos do filho.
 Sentido de autoeficácia parental.
 Apreciação dos traços do filho.
Consciência emocional do  Resposta sensível às necessidades e Desligamento das emoções
self e do filho emoções do filho. do filho.
 acerto nas atribuições de Disciplina derivada de
responsabilidade. emoções negativas (raiva,
desilusão, vergonha).
Autorregulação na relação  Regulação da emoção no contexto Disciplina
pai-filho parental. “automática”/reativa
 Parentalidade congruente com valores e Dependência das emoções
objetivos. do filho
Compaixão pelo self e  Afeto positivo na relação pai-filho. afeto negativo na relação.
pelo filho  Visão mais compassiva dos próprios autoculpabilização quando
esforços parentais. os objetivos n são atingidos.
Parentalidade mindful, interações pai-filho e
adaptação das crianças/adolescentes
(Duncan, Coatsworth, & Greenberg, 2009)
Treino de Mindfulness para Pais e Adolescentes com
Perturbações Externalizantes (1) (Bögels et al., 2008)
Treino de Mindfulness para Pais e Adolescentes com
Perturbações Externalizantes (2) (Bögels et al., 2008)
Exercício de Parentalidade Mindful
(Bögels & Restifo, 2014) - Introdução

 Curso para pais em situações de elevado stress (e.g.,


problemas na relação pais-filhos, psicopatologia nos pais ou
filhos).
 Cada sessão com um tema específico:
 Exercícios gerais: prática da gratidão; exercícios de imagética;
tolerância de emoções fortes com gentileza.
 Exercícios de meditação (meditação de scan corporal; meditação de
“loving-kindness”; mindfulness da respiração, sons, emoções e
pensamentos)
 Encorajamento para prática entre sessões
 Individual
 Interação pai-filho
Exercício de Parentalidade Mindful
(Bögels & Restifo, 2014) – Exemplo de exercício
(In)Disciplina: a importância do (auto)controlo

 Disciplina e “disciplinar”
 Disciplinar  intimidar, punir…
 Componente essencial do desenvolvimento socioemocional (e.g.,
tolerância ao distress, resolução de dificuldades, construção de relações
estáveis, tomada de decisão, organização do comportamento/rotinas)

 (Auto)disciplina (Shapiro & White, 2014)


 capacidade de regulação do (próprio) comportamento e de ação com
os próprios valores e aspirações

 Discipline leads to freedom. (The Buddha)


Transmissão da Disciplina (Shapiro & White, 2014)

Autodisciplina

Inteligência
emocional

Resiliência

EDUCAÇÃO (cuidar, criar)


 Calor
Educação  Espaço
 Importância
Disciplina
 Limites saudáveis
 Atitude perante o erro
Controlo rígido vs. Apoio à autonomia - Resultados

Responsabilidade
Julgamento
Duro Competência

Desobediência, Autonomia
oposição ou
deterioração

Controlo Apoio à
Rígido Autonomia
Questões para uma reflexão mindful

 Eu quero que o(a) eu/minha filho(a) viva a vida sobretudo num registo de
ameaça?

 Eu quero que o(a) eu/minha filho(a) apenas seja capaz de seguir ordens
de uma fonte de autoridade exterior?

 Eu quero que o(a) eu/minha filho(a) responda às situações com uma


aplicação rígida das “regras”?

 Eu quero que o(a) eu/minha filho(a) se dissocie da sua orientação interna


e da sua inteligência (emocional)?
Três níveis de autodisciplina

Self
Autêntico

Julgador

Self
Impulsivo
Três estados de consciência

REATIVO RESPONSIVO INTUITIVO


Os Cinco Elementos Essenciais
de uma Disciplina Mindful

1. Amor incondicional
2. Espaço
3. Modelamento (mentorship)
4. Limites saudáveis
5. (Mal-)Entendidos (mis-takes)
Os Frutos do Amor Incondicional

Autoestima
frágil Valor intrínseco
Medo/ansiedade Base de confiança

Amor Amor
Condicional Incondicional
Desenvolver um sentido de valor intrínseco…

Objetivos Riscos
Relaxar e enfrentar altos e baixos da Forçar a barra para tentar tornar tudo
caminhada. positivo.

Dar-lhes espaço para eles saborearem os Elogiá-los em excesso.


seus próprios sucessos.

Proporcionar feedback que favoreça o Proporcionar elogio fixo, de traço [vs. de


crescimento (growth). crescimento, de esforço) – cf. Pink, 2009;
Young-Eisendrath, 2008).
Enfatizar a nossa humanidade comum e
interdependência. Ênfase excessivo no ser-se especial.

Permitir que se cometam erros (pais e Superprotegê-los.


filhos).
Espaço:
Os Frutos do Apoio à Autonomia

Responsabilidade

Julgamento crítico Competência


Autonomia
Oposição ou
colapso
Controlo Apoio à
Rígido Autonomia
Incentivo à autonomia vs. Controlo rígido

 “Controlo gera obediência; autonomia gera compromisso”


(Pink, 2009, p. 108).

 Exercício de Espaço entre Reação e Ação


 Quando a criança necessita de uma resposta, pausar antes de agir.
 Respirar pelo menos uma vez (contando), e sentir o estado interior e o
corpo.
 Se adequado: sorrir simplesmente. Objetivo: criar um espaço entre as
reações habituais e (porventura) permitir a emergência de uma
resposta mais genuína.
 Racional: criar um espaço entre a nossa reação interna, e a nossa ação
externa.
Os Frutos da Orientação (Mentorship)

Rigidez
Inteligência
dogmática
emocional Promover (cuidar, criar)
Ansiedade e Valores claros  Rotinas
compulsões  Responsabilidades
Hábitos saudáveis
 Rituais
 Boas maneiras
Parentalidade  Gratidão/apreciação
Autocrática Orientação
Os Frutos dos Limites Saudáveis

Valores
Não-adaptativo
claros
Impulsivo Adaptabilidade
Controlo de impulsos

Parentalidade Limites
Permissiva Saudáveis
Limites saudáveis no dia-a-dia

 Definição de limites regular


 Distração (“não, não… olha para aqui”)
 Escolha (“queres vestir as calças azuis ou as calças vermelhas?”)
 Racional e 50/50 (“ires para o castelo é muito longe, eu não vejo e não
te ouço… brincas aqui no parque em frente?”

 Definição de limites para adaptação


 Lidar com sentimentos de vulnerabilidade (desilusão, tristeza,
perda/insucesso, impotência)
 ≠ evitamento  para se tornar corajoso, autêntico, carinhoso e livre
 Clareza e firmeza (≠ racional, ≠ debates)
 Compaixão emocional: “vai correr bem, vais ficar bem”
 Compaixão elaborada: acompanhar, orientar, até acalmar
Os Frutos dos Erros, Falhas, Mal-entendidos…
(mis-takes)

Rigidez
dogmática Humildade
Três direções de perdoar
(Self as a process)
Medo e  Pedir desculpa por algo que
Perdão
ansiedade fizemos aos outros.
Compaixão  Perdoarmo-nos por termos
feito mal a nós mesmos.
Perfecionismo Mis-takes  Perdoarmos outra pessoa que
nos magoou.
5.ª PARTE

Recursos clínicos e pedagógicos


Recursos clínicos e pedagógicos

 Manuais
 Martell, C. R., Addis, M. E., & Jacobson, N. S. (2001). Depression in context: Strategies for guided
action. New York: Norton.
 McCauley, E., Schloredt, K. A., Gudmundsen, G. R., Martell, C. R., & Dimidijan, S. (2016). Behavioral
activation with adolescents: A clinician’s guide. NY: Guilford.

 Bögels, S. M., & Restifo, K. (2014). Mindful Parenting: A Guide for Mental Health Practitioners. NY:
Springer.
 Race, K. (2013). Mindful Parenting. London: St Martin’s Griffin.
 Shapiro, S., & White, C. (2014). Mindful discipline. Oakland: New Harbinger

 Artigo
 Huguet, A., Rao, S., McGrath, P. J., Wozney, L., Wheaton, M., Conrod, J., & Rozario, S. (2016). A
systematic review of cognitive-behavioral therapy and behavioral activation Apps for depression.
PlosOne, 11(5), e0154248.

 Website
 Mindful Parent, Happy Child: www.mindfulparenthappychild.com

Vous aimerez peut-être aussi