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com pedido de medida cautelar, contra o art. 59-A da Lei 9.504, de 30 de setembro de
1997 (Lei das Eleições), incluído pelo art. 2º da Lei 13.165, de 29 de setembro de 2015,
que determina a impressão de cada voto no processo de votação eletrônica.
Esta petição está acompanhada de cópia do ato impugnado (consoante o art. 3 o-parágra-
fo único da Lei 9.868/1999).
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A norma impugnada
Art. 59-A. No processo de votação eletrônica, a urna imprimirá o registro de cada voto,
que será depositado, de forma automática e sem contato manual do eleitor, em local pre-
viamente lacrado.
Parágrafo único. O processo de votação não será concluído até que o eleitor confirme a
correspondência entre o teor de seu voto e o registro impresso e exibido pela urna eletrô-
nica.
De acordo com a nova sistemática, cada voto realizado pelo eleitor na urna eletrônica
deverá ser impresso automaticamente. Para a finalização do processo de votação, o eleitor de-
verá conferir a versão impressa automaticamente com o voto eletrônico que emitiu, o que
deve ser feito sem contato manual do eleitor. O voto impresso será depositado automatica-
mente em local previamente lacrado.
Fundamentação
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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
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Conforme explica Néviton Guedes, a proteção do voto livre e, por conseguinte, do voto
secreto abrange não somente o momento da manifestação do voto mas também os momentos
anteriores e posteriores ao exercício desse direito:
O problema torna-se mais grave caso ocorra algum tipo de falha na impressão ou trava-
mento do papel na urna eletrônica. Tais situações demandarão intervenção humana para a sua
solução, com a iniludível exposição dos votos já registrados e daquele emanado pelo cidadão
que se encontra na cabine de votação. Há ainda que se considerar a situação das pessoas com
deficiência visual e as analfabetas, que não terão condições de conferir o voto impresso sem o
auxílio de terceiros, o que, mais uma vez, importará quebra do sigilo de voto.
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bora o art. 59-A da Lei 9.504/1997 não possua normas com conteúdo exatamente igual, a obri-
gatoriedade do voto impresso nele contida traz implicações semelhantes às analisadas pelo
STF naquele julgamento, tanto porque o anonimato do voto será mitigado, como porque colo-
ca em risco efetivo a confiabilidade do sistema eleitoral.
Nas eleições de 2002, foi adotado o sistema de voto impresso nos termos da Lei
10.408/2002 em 150 Municípios. Segundo o Relatório das Eleições de 2002 do Tribunal Su-
perior Eleitoral, foram identificados os seguintes problemas: “(a) maior tamanho das filas; (b)
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nual.4 Conclui-se que a obrigatoriedade do voto impresso não servirá ao propósito de conferir
a higidez do processo de votação eletrônica e, ainda, causará entraves e embaraços ao sistema
de apuração.
Nessa linha, considerando que o sistema eletrônico instituído tem se mostrado consis-
tente e eficaz e que a reintrodução do modelo impresso potencializa falhas e fraudes no pro-
cesso eleitoral, o art. 59-A da Lei 9.504/1997 consubstancia verdadeiro retrocesso para o pro-
4 Segundo o relatório do TSE, no Distrito Federal e Sergipe, que tiveram voto impresso em 100% das seções
nas Eleições de 2002, 1% das seções demandou votação manual em decorrência da quebra da urna
eletrônica, ao passo que a média nacional foi de 0,20%.
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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
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Conclusão
Pedido Cautelar
O sinal do bom direito (fumus boni iuris) caracteriza-se por todos os argumentos expos-
tos nesta petição e pelo precedente do Plenário do Supremo Tribunal Federal.
Pede-se, portanto, a concessão de medida cautelar, até por decisão monocrática do emi-
nente relator, ad referendum do plenário, a fim de se suspender a eficácia do art. 59-A da Lei
9.504/1997, incluído pelo art. 2º da Lei 13.165/2015, com efeitos ex tunc.
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Pedido Final
CCC