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FLG 0114 – Mudanças Climáticas

Globais e Implicações Atuais


Disciplina Ministrada pelo Prof. Dr. Ricardo

Sistemas de Defesa da Atmosfera Terrestre


– A Ozonosfera –

1 – Introdução

O presente resumo de aula visa instruir os alunos de graduação em Geografia


sobre a formação do ozônio da atmosfera (troposfera e estratosfera) bem como
exemplificar os diversos processos de reação deste gás com moléculas naturais e
antropogênicas. O estudo pretende formar uma opinião crítica e esclarecida sobre
conceitos preservacionistas. As informações apresentadas baseiam-se nas incertezas
da quantidade de dados e de resultados científicos e não nos relatórios duvidosos dos
organismos internacionais e a especulação da mídia em geral.

Para tanto, são abordados todos os mecanismos de defesa do planeta Terra,


findando na ozonosfera, o último recurso natural de defesa.

2 – Defesas do Planeta Terra

Quando abordamos um planeta pela óptica cósmica, notamos que a sua


existência, por si só, pode ser considerada uma bênção. Longe de entrar em méritos
espiritualistas e religiosos, mas levando em conta todo um caos existente no
Universo. A complexa formação de um sistema planetário requer equilíbrio entre
forças descomunais. Aliado a isto, temos a formação de uma estrela central (ou duas,
formando um sistema binário, ou três, formando um ternário) que devem se acender
pela fusão de seus átomos primordiais de Hidrogênio, quando as forças
gravitacionais são imensas. Forma-se o gás nobre Hélio e libera-se colossal
quantidade de energia e partículas ionizadas pelo espaço interplanetário (espaço
compreendido dentro do sistema Solar). Esta é uma descrição muito simplória da
formação de um sistema. Internamente, ainda existem os planetas. Cada um deles
têm uma particularidade. Quando se observa bem de perto, as características de um,
não se aplicam aos outros. O que nos mostra que a Natureza, como um todo, tem
muitas facetas desconhecidas. Contudo, a vida na Terra existe e aqui mostraremos
como ela é um desafio ao grande reino cósmico. Abordaremos, criteriosamente, os
sistemas de defesa do planeta, os quais incluem a sua atmosfera.

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Astronômicas: Dentro do próprio sistema Solar temos muitos corpos celestes
de pequenas dimensões que vagam pelo espaço
interplanetário. Suas origens são as mais diversas. A maior
parte é composta de gases congelados com poeira. Outros são
silicatados e ainda há os ferrosos. Estima-se que a maior parte
destes surjam por restos de cometas, colisões de planetóides
do sistema Solar original e outros do cinturão de cometas da
borda do nosso sistema, conhecido por Cinturão de Oort.
Denominamos estes corpúsculos celestes de Meteoróides.
Defesa: A maior parte dos meteoróides é afastada do sistema Solar interior
devido aos planetas gigantes que habitam o sistema Solar exterior. A
principal barreira de proteção é exercida por Júpiter que tem cerca de 1000
vezes o volume da Terra. A gravidade destes “irmãos mais velhos” é
tamanha que cerca de 99,99% dos meteoróides caem nestes planetas ou são
desviados de suas rotas com destino ao centro do sistema (Fig.1).
Núcleo do Planeta: Pela colossal quantidade de ferro e níquel e pelo giro veloz do
movimento de rotação que o planeta Terra possui, forma-se
naturalmente, um imenso campo magnético como uma
espécie de bobina. A força do campo é tamanha que suas
espiras magnéticas atingem a marca de mais de 65.000km de
distância (mais de 10 vezes o raio da Terra). Este escudo
recebe o nome de Magnetosfera (Fig.2).
Defesa: primeira linha de defesa do material particulado de alta energia
emitido pelo Sol (prótons e elétrons) extremamente nocivo. Esta “chuva” de
particulados recebe o nome de Vento Solar e é barrada ao atingir a
magnetosfera. Pouquíssimo consegue passar, pois a maior parte colide, sendo
ricocheteada. Outra parte é desviada e segue o campo magnético. A
convergência do campo ocorre sobre os pólos geográficos. A incidência
deste material na atmosfera (principalmente na alta e média) forma os
eletrometeoros conhecidos por Auroras (Boreal, no Norte e Austral, no Sul).
Cinturões Radioativos: Compostos por particulados e átomos radioativos (a maior
parte de prótons, mas há elétrons também) que foram
aprisionados pelo campo magnético atuante da
magnetosfera, porém, estão bem mais próximos da Terra.
Os mais famosos são os cinturões de Van Allen (que
atuam de 10.000 a 58.000km) e, o mais recente,
descoberto pelo mesmo cientista, durante o Ano
Geofísico Internacional – IGY, em 1958, que atua entre
400 a 1.300km. Estes cinturões são naturais, contudo, a
humanidade já “implantou” seus próprios cinturões
artificiais, pelas detonações de artefatos termonucleares
na atmosfera, ocorridos até a década de 1980 e alguns
científicos, na alta atmosfera (1958, IGY até 1962, Fig.3).

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Defesa: atuam como uma segunda linha de defesa eletrônica ao material
particulado de alta energia emitido pelo Sol. O que tem muita energia,
ficou barrado da magnetosfera. As partículas de menor energia que
passaram serão bloqueadas nos cinturões radioativos, tanto os naturais
como os artificiais. Desta maneira, a atuação da magnetosfera e cinturões
radioativos em conjunto fazem uma defesa seletiva das partículas
energéticas que rumam em direção a Terra (Fig.4).
Atmosfera: Partindo da superfície do planeta e atingindo cerca de 400km de
altitude, a atmosfera da Terra exerce proteção física e
eletromagnética. Cada camada da atmosfera possui interação
característica, ora com material particulado radioativo, ora pela
interação da radiação incidente. Ela, como um todo, exerce
proteção por atrito dinâmico contra um corpo invasor.
Defesas no aspecto físico: levamos em conta a atuação sobre os
meteoróides que porventura, conseguiram penetrar no sistema Solar
interior e que por sua vez estão em rota de colisão com a Terra. A defesa
ocorrerá por atrito dinâmico, o meteoróide passará para a categoria de
meteoro e será queimado durante a entrada. A composição do meteoro é
de suma importância para seu tempo de vida na atmosfera. Se a maior
parte for de gelo, este será sublimado na entrada. O risco potencial de
impacto é baixo, desde que seu raio não ultrapasse +/-500m (se forem
maiores, normalmente se partem). Os meteoros silicatados e ferrosos são
preocupantes, pois a queima é lenta e sobrevivem bem a entrada.
Meteoros deste tipo, com +/-200m de raio são potencialmente perigosos.
Defesas biológicas: possível vida extraterrestre microbiana que porventura
viajasse em um meteoróide seria extinta na entrada, devido ao calor
gerado na queima. Isto exerceria uma proteção contra uma suposta
“contaminação” hipotética ao sistema biológico da Terra.
Defesas contra radioatividade e de radiação eletromagnética: Cada
camada da atmosfera exerce uma proteção seletiva. A ionosfera exerce
proteção contra material particulado radioativo de menor intensidade que
sobreviveu tanto à magnetosfera quanto aos cinturões radioativos.
Também exerce proteção aos comprimentos de onda eletromagnéticos de
alta energia como o Raio Gama e Raio X. Quando muito ionizada, reflete
ondas eletromagnéticas de baixa energia (rádio) emitidos da superfície.
Desta maneira, a ionosfera é a interface entre as defesas radioativas e
eletromagnéticas. A partir dela, em direção a superfície, teremos a
termosfera, mesosfera e estratosfera, todas também exercem proteção, mas
esta será cada vez mais eletromagnética do que radioativa. Em suma, as
camadas da alta atmosfera fazem a defesa seletiva das energias incidentes.
Quanto mais alto for o nível de energia (da partícula ou do comprimento
de onda), mais alta na atmosfera ela será inibida ou transformada (Fig.5).

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Fig.1 - Planetas Gigantes:

Fornecem a proteção astronômica contra os


meteoróides que vagam pelo sistema Solar
(o espaço interplanetário) pela atuação do
seu grande campo gravitacional. Júpiter tem
papel decisivo neste campo de defesa.
Primeiro por ser o maior do sistema e
segundo, por estar bem próximo da borda do
sistema interior (quinto planeta).

Fig.2 - Núcleo do Planeta:

Composto de materiais ferrosos pesados e


aliado ao rápido movimento de rotação, o
planeta forma uma imensa bobina
magnética. Surge a Magnetosfera como
meio de defesa eletrônico. Este escudo
protege a Terra da atuação do Vento Solar.
Exerce também proteção para a atmosfera,
pois inibe a ação de perda de massa para o
espaço por causa das colisões com os
particulados do vento solar.

Fig.3 – Cinturões Radioativos:

Descobertos por Van Allen, atuam nas faixas


baixas de 400 a 1.300 km e nas altas de
10.000 a 58.000km. As explosões
termonucleares na atmosfera livre (militares)
e na atmosfera superior (científicas)
formaram outros cinturões artificiais.
Exercem defesa contra os particulados de
alta energia provenientes do Sol que
passaram pela magnetosfera.

Fig.4 – Magnetosfera e Van Allen:

Atuando em conjunto, a magnetosfera e os


cinturões radioativos de Van Allen fazem a
defesa seletiva dos particulados. Os de alta
energia serão barrados ou defletidos pela
magnetosfera. Os remanescentes de energia
ligeiramente inferior que passarem, serão
barrados nos cinturões radioativos.

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Fig.5 – Partículas radioativas ou
comprimentos de onda eletromagnéticos de
alta energia são barrados nas camadas mais
altas da atmosfera. Conforme os níveis
energéticos diminuem, a interação ocorre nas
camadas mais baixas. Esta é a ação seletiva
de defesa da atmosfera.

Para saber mais:


Meteoróide: corpúsculo celeste que vaga pelo espaço interplanetário, menores que asteróides, sem rota
definida. Caem cerca de 1 milhão deles na Terra por dia, a maior parte do tamanho de poeira. Júpiter defende
bem o sistema Solar interior. A última grande defesa foi em 1994 quando o cometa Shulmaker se despedaçou
ao se aproximar do planeta gigante;
Meteoro: por definição clássica, corpo suspenso na atmosfera terrestre (nuvem, gota, avião, passarinho). Na
definição moderna, acrescenta-se a expressão “que produzem fenômeno meteorológico”. Portanto, quando um
meteoróide penetra na atmosfera, torna-se um meteoro (produz luminescência, por exemplo). O último
registro de um grande meteoro que passou pela atmosfera e não caiu (portanto, não tornou-se meteorito) foi
em 1978, no Canadá. A grande velocidade adquirida na sua entrada na atmosfera e o pequeno ângulo de
incidência foram suficientes para que ele voltasse ao espaço;
Meteorito: é o meteoro que sobreviveu à queima na atmosfera e atingiu a superfície. Enquanto estiver
suspenso na atmosfera, ele é denominado meteoro. De cada dez, sete caem no mar. Dos três remanescentes,
um será encontrado na Antártida. Um meteorito de 2km de raio é suficiente para extinguir a vida na Terra. Em
simulações de modelos, se o mesmo caísse no oceano, conseguiria colocá-lo em órbita.

Para saber mais:


A radioatividade é diferente de radiação eletromagnética.
Radioatividade é a energia irradiante, emitida por material que sofre decaimento de partícula. Normalmente o
material emite partículas em forma de nêutrons e prótons, mas há elétrons também.
Radiação é a energia em forma de onda eletromagnética, gerada por fótons (raio X, ultravioleta, luz visível,
infravermelho etc.).

Neste estudo, estamos interessados na última camada de defesa de todo esse


complexo sistema: a Ozonosfera. Conforme vimos na Fig.5, o nível de energia
determina a interação com a camada atmosférica. Como a radiação de comprimento
de onda da freqüência do ultravioleta é a de menor energia (em relação às outras
radiações extremamente nocivas como Gama e X), a sua interação será máxima na
camada mais baixa de defesa, ou seja, na estratosfera. Então, a defesa máxima aos
raios ultravioletas ocorrerá nesta camada.

3 – A Ozonosfera (“Camada de Ozônio”)

Para descrever o surgimento da ozonosfera, precisamos relembrar alguns


fatores importantes: Os constituintes atmosféricos, a distribuição dos valores de
pressão atmosférica em relação à altitude e conceitos de físico-química:

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3.1 Constituintes atmosféricos: A distribuição dos gases naturais na atmosfera
permanece inalterável, pois sua variação é considerada mínima, seja qual for a
amostra escolhida, em local ou altitude. Com isto, notamos que a atmosfera possui
uma enorme quantidade de nitrogênio (78,00%), seguida de oxigênio (21,00%). O
argônio, um dos gases nobres, é o terceiro majoritário dos constituintes (0,93%).
Todos os outros gases são considerados traços (porque literalmente formam um
traço em qualquer gráfico de síntese). Inclua nesta lista todos os outros gases nobres
e o dióxido de carbono (CO2) que é representado por 0,033% do total (Fig.6 e 7).

Fig.6 – Constituintes majoritários da Fig.7 – Ampliação dos gases traços que


atmosfera terrestre e suas porcentagens permite obter a noção de proporção.
proporcionais.

Como vimos, o gás oxigênio, chamado também de oxigênio molecular, pois


possui dois átomos de oxigênio em sua formação, é um dos constituintes
majoritários. Ele será fundamental como matéria prima para a formação do gás
ozônio (ou ozona), um estado transitório do oxigênio e que possui três átomos em
sua formação (Fig.8).

Oxigênio Atômico – O Oxigênio Molecular – O2


(altamente reativo) (estável) Ozônio – O3
(instável e altamente reativo)
Fig.8 – Estados do Oxigênio: como gás, o oxigênio molecular, com formação par (O2) é
estável, mas nas formações ímpares, apresentando-se na forma de oxigênio atômico (O) ou
gás ozônio (O3) são altamente reativos, com tempo de vida curto.

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3.2 Pressão atmosférica X Altitude: a troposfera responde por praticamente toda a
massa da atmosfera, pois cerca de 90% desta está abaixo da altitude de 16km,
simplesmente pela ação da força de gravidade (Fig.9). Logo em seguida temos a
tropopausa e acima desta, a estratosfera. Nesta camada, a densidade do ar é baixa (a
pressão atmosférica é um pouco maior que 50mb em 20km de altitude). Porém,
mesmo com uma densidade tênue, temos massa atmosférica suficiente para que as
interações com os comprimentos de onda curta eletromagnéticos provenientes do
Sol possam ocorrer. Portanto, em toda a extensão da estratosfera ocorrem as
interações da radiação ultravioleta. Como a densidade é maior na camada mais
baixa da estratosfera, teremos como resultante a maior concentração do gás
ozônio (Fig.10). Didaticamente, é exatamente nesta posição que situaremos a
Ozonosfera, mas devemos sempre lembrar que ela não se limita abruptamente em
uma certa altitude. Simplesmente vai se diluindo conforme subimos. Já no sentido
oposto, observando-se para o lado de baixo da estratosfera, onde se situa a
tropopausa, a queda na concentração é mais visível, tendo em vista que esta camada
é caracterizada por uma forte isotermia. Esta propriedade atenua os movimentos
verticais de mistura (Fig.11).

Fig.9 – Distribuição de massa da atmosfera


nas primeiras camadas. Cerca de 90% está
inclusa na troposfera.
Fig.10 – Perfil de temperatura nas camadas
atmosféricas. A concentração de ozônio
máximo ocorre na camada mais baixa da
estratosfera (entre 20 e 30km de altitude).

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Fig.11 – distribuição do ozônio na troposfera
e estratosfera. Note que a alta concentração
situa-se na baixa estratosfera. Quase a
totalidade do ozônio está nesta camada.

3.3 Conceitos de físico-química: como vimos, o ozônio é um estado instável e


transitório do gás oxigênio que, por sua vez, é estável. Então, para que o ozônio
possa existir, há a necessidade de se provocar a instabilidade do oxigênio molecular
(O2). Como todo processo de mudança, a geração de instabilidade requer energia
(alguém tem que fazer o trabalho!). A única fonte natural disponível é a energia
incidente de ondas curtas, provenientes do Sol, em forma de radiação ultravioleta e
luz visível. Com a adição deste último elemento ao sistema, a instabilidade poderá
ocorrer, portanto, as moléculas de gás oxigênio (O2) poderão ser quebradas para
gerar átomos livres de oxigênio. Estes são essenciais para a formação do ozônio.
Na química, os processos existentes para quebra de moléculas com
fornecimento de energia são: pirólise (através do plasma do fogo), eletrólise (através
da passagem de eletricidade) e fotólise (através da incidência de energia
eletromagnética, ou seja, fótons). É exatamente este último processo, a fotólise,
também chamado de fotodissociação, que ocorre na estratosfera para a formação do
ozônio. Veremos detalhadamente as fases deste processo mais adiante.

4 – A Medição do Ozônio

Dobson é o responsável pelo método de quantificar o ozônio presente na


atmosfera. A idéia consiste em reduzir todo o gás contido em uma coluna
atmosférica à pressão em superfície, com uma temperatura conhecida. Então, se todo
o ozônio sobre uma certa área fosse comprimido para 1atm (1013,25mb) que é a
Pressão Média ao Nível do Mar – PMNM, com uma temperatura de zero grau
Celsius (0ºC), teríamos a formação de uma lâmina de 3mm de espessura,
correspondendo a 300 Unidades Dobson – UD. Este é o valor médio do ozônio,
usado como a primeira referência de normalidade (Fig.12).

Quanto aos métodos de medição, eles podem ser ativos ou passivos,


localizados em superfície ou embarcados em plataformas espaciais. É importante
notar que quanto mais simples for o método de medição, menores serão as
interações diretas que geram maiores probabilidades de erros.

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Fig.12 – Conceituando a unidade de medida de concentração de ozônio formulada por
Dobson e seu padrão de normalidade primário de 300UD.

Medição Passiva da Superfície: É considerada a mais eficiente. Utiliza radiômetros


especiais para a freqüência do espectro eletromagnético do ultravioleta B (UV B). A
quantidade de radiação incidente fora da atmosfera é conhecida (teórica da constante
solar). Quando se subtrai a radiação UV B medida pelo instrumento, pode-se avaliar
quanto interagiu na ozonosfera. Com isto, sabe-se a quantidade de ozônio (Fig.13).

Medição Passiva do Espaço: No espaço, a plataforma espacial sustenta o


radiômetro UV B posicionado para baixo. Ele observa uma faixa de UV B refletida
pela superfície, devido ao albedo teórico. A medida é muito mais complexa e exige
auxílio de processamento de dados e outros comprimentos de onda (faixa azul do
visível). O resultado final é o saldo do UV B que chegou ao radiômetro do satélite
apontado para o Sol (ou o valor teórico obtido da constante solar) menos o valor
obtido das interações na atmosfera pelo radiômetro UV B apontado para baixo
(Fig.13).

Medição Ativa da Superfície: É realizada por dispositivos ativos que iluminam o


alvo e aguardam a resposta da interação com o mesmo. O aparelho que faz a
medição ativa é chamado LIDAR. É semelhante ao processo do RADAR, porém
utiliza ondas de luz ao invés de rádio para iluminar os alvos. As ondas normalmente
são geradas por pulsadores LASER de UV. Tem suas limitações de uso, como por
exemplo, interações diversas com outros gases, particulados e nebulosidade, o que
exige processamento matemático extra (Fig.14).

Medição Ativa do Espaço: A plataforma espacial sustenta outro dispositivo


chamado sondador. Há uma complexidade do uso de diversos canais (as vezes, mais
de 2700 canais) e de processamento matemático para se estimar os valores de UV B.

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Fig.13 – Métodos de medição passiva do ozônio. Esquerda: Radiômetro UV B na
superfície é o processo mais simples e eficiente. Direita: Satélite embarca um ou dois
radiômetros UV B (se forem dois, um deles apontará para o Sol). A quantidade de
interações requer mais processamento para obter valores estimados confiáveis de UV B. As
setas vermelhas indicam a parcela de energia que interagiu e aqueceu a estratosfera.

Fig.14 – Método de medição ativa do ozônio através de LIDAR. O dispositivo tem a


vantagem de poder ser utilizado tanto de dia como de noite, pois ilumina os seus alvos. As
interações com outros gases, particulados e até nebulosidade, presentes na atmosfera,
inferem alguns problemas de medição que necessitam processamento matemático extra.

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Para saber mais:
Os dispositivos passivos são chamados sensores e necessitam de uma fonte externa que ilumine os alvos para
que estes possam ser observados (nossos olhos, por exemplo). Os dispositivos ativos possuem suas próprias
fontes de iluminação. Após emitir seus feixes, passam para o estado passivo e registram o que iluminaram
(salvo aqueles que possuem os dois processos concomitantes). Note que a palavra iluminação está no seu
sentido amplo e envolve qualquer forma de energia, como ondas mecânicas sonoras e não somente luz.
Exemplos:
RADAR – Radio Detection and Ranging (detecção e rastreamento por rádio), utiliza ondas eletromagnéticas
na freqüência do rádio (1 a 3 metros de comprimento);
SODAR – Sound Detection and Ranging (detecção e rastreamento por som), utiliza ondas sonoras mecânicas
(freqüências de 20 a 30.000Hz ou mais e podem ser ouvidos por humanos – apelidados de arapongas); e
LIDAR – Light Detection and Ranging (detecção e rastreamento por luz), utiliza ondas eletromagnéticas nas
freqüências do Infravermelho até o raio X, normalmente pulsadores LASER – Light Amplification by
Stimulated Emission of Radiation (amplificação de luz por emissão estimulada de radiação).

5 – A Formação do Ozônio

O ozônio é um gás que existe em estado puro e livre na atmosfera terrestre. O


prefixo “ozo” vem do grego que significa com aroma ou cheiro forte e característico
(em algumas definições de ozônio, ele é penetrante e desagradável).

O ozônio está presente na troposfera, em baixíssima concentração (sendo aqui


considerada poluente) e na estratosfera, em concentração elevada (com seus efeitos
protetores benéficos).

Ozônio na Troposfera: surge nos processos de queima de combustíveis em motores


veiculares (álcool e gasool), processos industriais e pela interação do gás oxigênio
(O2) com a fraquíssima radiação UV C remanescente (raro). Notamos o porquê deste
gás ser considerado um poluente na troposfera. Além de tóxico para os seres vivos
(reage com as mucosas) ele tem origem categoricamente antropogênica.

Ozônio na Estratosfera: surge pela fotodissociação do gás oxigênio (O2) através da


radiação ultravioleta C (UV C) altamente energética e nociva (dentro do espectro do
ultravioleta).

Concluímos então, que a formação do ozônio está ligada à existência do gás


oxigênio (O2) na estratosfera e a incidência da radiação UV C sobre ele (Fig.15).

Fig.15 – Espectro eletromagnético. O ultra-


violeta C, o mais energético e nocivo, é o
precursor da formação do ozônio, pois esta
freqüência reage no gás oxigênio (O2), cau-
sando sua fotodissociação. Com a quebra da
molécula, surgem dois átomos de oxigênio,
fundamentais para a formação do ozônio.

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Observando o processo por partes, a uma altura suficientemente elevada, na
estratosfera, os raios ultravioleta C do Sol são suficientemente intensos para
fotodissociar (desmantelar) a molécula de gás oxigênio (O2) produzindo dois átomos
de oxigênio atômico excitado, O, ou também conhecido por 1D (Fig.16). Por ser
muito reativo, o oxigênio atômico (O) poderá reagir com qualquer outra molécula,
mas como a quantidade de gás oxigênio é majoritária (lembre-se de que ele é um dos
constituintes atmosféricos), a probabilidade de um encontro entre o oxigênio
atômico e o molecular é grande. Quando isto ocorre, surge a molécula do ozônio
(Fig.17). Contudo, o ozônio também sofrerá fotodissociação, mas desta vez com o
UV B. É exatamente este o seu papel protetor. Logo que sofrer a incidência de
ultravioleta B, a molécula é desmantelada, formando novamente oxigênio molecular
(O2) e oxigênio atômico (O). O processo rapidamente recomeça (Fig.18).

Fig.16 – Passo 1, surgimento do oxigênio


atômico pela incidência de UV C sobre a
molécula de gás oxigênio:

O2 + γ = O + O
sendo γ, a radiação UV C.

Fig.17 – Passo 2, surgimento do ozônio pelo


encontro do oxigênio atômico reativo
(gerado no passo 1) com uma molécula
estável de gás oxigênio. Esta etapa é
imediata e rápida:

O 2 + O = O3
Fig.18 – Passo 3, interação do ozônio com a
incidência de UV B. Este é o processo de
proteção que a molécula produz. Na
interação, o ozônio é fotodissociado, libe-
rando infravermelho termal (IV Ter) que
aquece a estratosfera. No final, teremos gás
oxigênio e oxigênio atômico, reiniciando o
processo:
O 3 + γ = O + O2
sendo γ, a radiação UV B.

Em suma, este é o processo natural de formação da molécula de ozônio.


Então, qual seria o problema com a camada de ozônio? O próximo capítulo aborda a
hipótese de destruição antrópica. Vejamos com mais detalhes este problema.

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6 – Hipótese Antrópica

Vimos, anteriormente, que o ciclo de formação do ozônio é rápido e depende


exatamente da presença do gás oxigênio (O2) e a incidência da radiação ultravioleta
C (UV C). Levantemos agora os seguintes fatos:

{ O ozônio é um gás de formação ímpar, altamente reativo;


| Seu tempo de vida é extremamente curto, pois irá reagir com quase todas as
outras formações químicas que encontrar;
} Por ter essa propriedade reativa, não é a toa que o ozônio é utilizado como
desinfetante bacteriológico/químico.

Na hipótese antrópica, o ozônio tem diminuído por causa dos gases tipo CFC
– Clorofluorcarbono, lançados pelos processos industriais. Estes gases CFCs
afetariam a permanência do ozônio, pois o cloro (Cl) de suas moléculas quebrariam
seu ciclo de regeneração, ou simplesmente reduziriam a formação do ozônio,
alterando a rápida interação entre o oxigênio atômico (O) e o oxigênio molecular
(O2). Observemos o quadro abaixo (Fig.19):

Fig.19 – Ciclo de formação do ozônio. Notamos que no passo 4 do ciclo, o ozônio possui
dois “inimigos naturais”. O próprio ozônio, pois duas moléculas de O3 se cancelam
mutuamente, formando três moléculas de O2, ou o encontro com um oxigênio atômico (O),
formando duas moléculas de O2. A terceira reação seria com gases traços antrópicos, como
o cloro (Cl) derivado de CFC, por exemplo.

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Notamos na Fig.19 que o problema antrópico aparece nas supostas reações
com gases do tipo CFC que liberam cloro atômico quando sofrem fotodissociação na
estratosfera. Contudo, o processo é lento e as chances de um cloro livre achar uma
molécula de ozônio são mínimas. Embora alguns estudos afirmem categoricamente
que seu tempo de vida é longo, as chances da colisão são infinitamente pequenas.
A pergunta é saber se os gases traços antropogênicos interferem mais no ciclo
do ozônio do que os gases traços naturais.

IMPORTANTE: Quase todas as moléculas que entrarem na estratosfera, naturais


ou antropogênicas, estarão sujeitas os processo de fotodissociação causado pela
incidência das radiações de alta energia (UV por exemplo). Ou seja, não é apenas o
gás oxigênio e ozônio que sofrem esse processo. Água, dióxido de carbono, dióxido
de nitrogênio etc. também sofrerão a fotodissociação e são fatores pouco explorados
no ciclo do ozônio.

7 – Os CFCs e os Fluidos Refrigerantes

Até por volta de 1930, eram usados como fluidos refrigerantes principalmente
a amônia (NH3), o butano (C4H10), o isobutano [HC(CH3)3], o propano (C3H8), o
dióxido de enxofre (SO2) e o cloreto de metil (CH3Cl). Contudo, como são
substâncias tóxicas e/ou explosivas, podendo colocar em risco a vida humana em
caso de vazamento, foram abandonadas (exceto em algumas aplicações mais ou
menos especializadas) e substituídas pelos clorofluorcarbonos (CFCs).
A amônia, em particular, sendo o fluido de maior efeito refrigerante, continua
sendo utilizada em instalações de grande porte como fábricas de gelo, armazéns
frigoríficos, equipamentos de refrigeração industrial e em pistas de patinação, onde
conta o fator energético e onde podem ser implementados procedimentos de
segurança.
Além de equipamentos de refrigeração, os CFCs passaram a ser usados em
aparelhos condicionadores de ar, em borrifadores (sprays), na fabricação de espuma
de poliestireno (isopor®) e em uma série de outros produtos. Os CFCs são
compostos orgânicos cujas moléculas contêm carbono e flúor e, em muitos casos,
outros halogênios, principalmente o cloro, se apresentam no estado líquido ou
gasoso a temperatura ambiente e são não tóxicos, incolores, sem cheiro, não
inflamáveis e não corrosivos. Alguns dos CFCs mais usados atualmente são: R11 –
Freon 11® (CCl3F), R12 – Freon 12® (CCl2F2), R22 (CHClF2) e R502 (mistura de
48,8% de CHClF2 com 51,2% de C2ClF5).
Desde a sua criação, os CFCs foram liberados na atmosfera sem maiores
preocupações porque eram considerados gases seguros e estáveis. O suposto dano na
camada de ozônio causado pelos CFCs foi descoberto no final da década de 1970.
Então, acordos internacionais foram estabelecidos para eliminar progressivamente o
uso desses produtos e foram desenvolvidos, para serem usados numa fase
intermediária de transição, os hidroclorofluorcarbonos (HCFCs), compostos à base

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de hidrogênio, cloro, flúor e carbono, que supostamente danificam muito menos a
camada de ozônio. Atualmente, são usadas como fluidos refrigerantes
principalmente misturas binárias de CFCs com HFCs (hidrofluorcarbonos) ou com
HCFCs.
Contudo, existem centenas de gases antropogênicos lançados na atmosfera e
o CFC é apenas uma pequena parcela deles. Vejamos o processo de fotodissociação
de uma molécula de Freon 12®, o dicloro-difluor-carbono (CCl2F2) que conseguiu
atingir a estratosfera. Os raios ultravioleta do Sol conseguem quebrar a forte coesão
desta grande molécula, mas liberam apenas um cloro atômico (Cl) e o restante forma
cloro-difluor-carbono (CClF2), permanecendo na estratosfera (Fig.20). No passo
seguinte, o cloro atômico livre encontra uma molécula de ozônio e reage com ela,
formando monóxido de cloro (ClO) e gás oxigênio (Fig.21). Na etapa final, o
monóxido de cloro necessita encontrar (difícil de acontecer) um oxigênio atômico
para se estabilizar. Quando isto ocorrer, formar-se-á gás oxigênio e o cloro ficará
livre novamente (Fig.22).
Fig.20 – Passo 1, surgimento do cloro
atômico pela incidência de UV sobre a
molécula de dicloro-difluor-carbono:

CCl2F2 + γ = CClF2 + Cl
sendo γ, a radiação UV.

Fig.21 – Passo 2, a molécula de ozônio reage


ao encontrar um cloro atômico reativo
(gerado no passo 1). Esta etapa é lenta, no
sentido de ser difícil de ocorrer. Do produto,
forma-se monóxido de cloro e gás oxigênio:

Cl + O3 = ClO + O2
Fig.22 – Passo 3, o monóxido de cloro só
conseguirá liberar o cloro em forma atômica
se porventura encontrar um oxigênio
atômico. Se isto ocorrer, teremos a formação
de gás oxigênio (molecular) e a liberação de
cloro atômico (no box vermelho):

ClO + O = Cl + O2

Há várias contestações do processo. A mais evidente é que as chances são


mínimas de um cloro atômico livre achar um ozônio (estatisticamente, há cerca de

15
três moléculas de ozônio para cada litro de ar estratosférico). Em seguida, o
monóxido de cloro precisa encontrar um oxigênio atômico livre, o que também é
difícil de acontecer. Só assim, um cloro atômico voltaria a estratosfera para poder
reagir novamente com outro ozônio. Em teoria, o passo 2 se repetiria por até 50
vezes antes do cloro atômico se combinar em algo mais estável.
Para saber mais:
Os materiais halógenos têm propriedades refrigerantes muito boas, principalmente quando formam moléculas
leves. Pertencem a família 7A da Tabela Periódica que são o Flúor (F), Cloro (Cl), Bromo (Br), Iodo (I) e
Astato (At), este último, um dos três artificiais abaixo do Urânio (U).

8 – Combinações com os Naturais

Observemos agora o efeito sobre os gases naturais. Sabemos que a


fotodissociação também atua sobre eles. No caso, dióxido de nitrogênio (NO2),
dióxido de carbono (CO2) e o vapor d’água (H2O) representam uma parcela muito
maior que os outros gases traços, inclusive antrópicos. A ação do ultravioleta sobre
estas moléculas na estratosfera forma compostos que neutralizam o ozônio ou
retardam a sua formação. Suas origens são as mais diversas como a ação dos
relâmpagos na formação das bases nitrogenadas, os processos convectivos, que
levam vapor d’água para as altas altitudes, a queima de biomassa, a respiração dos
seres vivos e o mais terrível de todos, a erupção ou explosão de um vulcão (Fig.23).

Fig.23 – Diversas origens dos gases naturais: relâmpagos, vegetação, oceanos e vulcões.

16
Quando estas moléculas naturais chegam à estratosfera, sofrerão o processo
de fotodissociação, gerando outras moléculas inibidoras ou retardadoras de ozônio.
No caso, tanto pela combinação com oxigênio atômico que estiver livre ou pela
neutralização da própria molécula de ozônio.

Dióxido de Nitrogênio (NO2): atua como inibidor de formação de ozônio, pois uma
vez que atinge a estratosfera, procura se estabilizar com um oxigênio atômico livre,
não necessitando de radiação solar (Fig.24). O produto desta combinação é
monóxido de nitrogênio (NO) e oxigênio molecular (O2). Uma vez formado, o
monóxido de nitrogênio é muito estável. O problema ocorre se, porventura, ele
encontrar uma molécula de ozônio (como sempre, altamente reativo). De imediato,
haverá síntese e como resultado teremos o retorno do dióxido de nitrogênio (NO2) e
gás oxigênio (Fig.25).

Fig.24 – Passo 1, a molécula de dióxido de


nitrogênio reage ao encontrar um oxigênio
atômico reativo. O processo independe da
presença de luz solar, embora as chances de
se encontrar oxigênio atômico sejam grandes
apenas na presença desta:

NO2 + O = NO + O2

Fig.25 – Passo 2, a molécula de monóxido


de nitrogênio é muito estável. Somente um
encontro com o ozônio poderia formar novos
compostos. Ou seja, o ozônio foi destruído
ao invés de fazer seu papel de interagir com
o UV B. No produto, forma-se dióxido de
nitrogênio e gás oxigênio:

NO + O3 = NO2 + O2
Dióxido de Carbono (CO2) e Vapor D’água (H2O): contribuem como retardadores
da formação do ozônio, pois estas duas moléculas, ao serem fotodissociadas, geram
radicais altamente reativos. O processo começa com a incidência de radiação UV
sobre as duas moléculas que atingiram a estratosfera. O dióxido de carbono gera
monóxido de carbono (CO) mais estável e oxigênio atômico (O) reativo. O vapor
d’água gera o radical hidroxila (OH) e um átomo de hidrogênio (H). Estes produtos
servem como retardadores de formação de ozônio, pois necessitam de oxigênio
atômico para se estabilizar. Podem também destruir ozônio quando reagem com ele
para a mesma finalidade de estabilização (Fig.26).

17
Fig.26 – retardadores gerados pela
fotodissociação do dióxido de
carbono e água. Os produtos reagem
com o oxigênio atômico ou com a
molécula de ozônio para tentar se
estabilizarem:
CO2 + γ = CO + O
H2O + γ = OH + H

Resumindo...
O ozônio (O3) reage praticamente com tudo e não somente com os CFCs.
O oxigênio atômico, que auxilia na formação do ozônio, também reage com
tudo, incluindo o próprio O3.

Pergunta...
Será que não existem fatores de maior potencial neste processo?

9 – Atividade Solar

Se o ozônio é um estado transitório do oxigênio e necessita de radiação


ultravioleta para existir, então é mais notório estabelecer uma relação diretamente
proporcional à quantidade de energia desta freqüência que incide sobre a Terra e a
produção de ozônio na estratosfera (Fig. 27).

Fig.27 – Interação da produção de ozônio


com a quantidade de energia incidente na
estratosfera no comprimento de onda do UV.
A sugestão de proporcionalidade é plausível.

A quantidade de energia do Sol é praticamente uma constante, mas as


freqüências de emissão não o são. Ele pode compensar emissões de energia em
outros comprimentos de onda. Por exemplo, emitir um pouco menos no visível, mas
emitir mais no ultravioleta. Sabemos que a atividade solar possui ciclos de 11 anos,
alternando máximos e mínimos. Durante esse processo, diversos fenômenos solares
ocorrem como manchas solares, flares, protoplasmas, grupo de manchas etc. O que
se percebe é que o número de manchas solares incide na quantidade de radiação
ultravioleta emitido pelo Sol. Quanto menos manchas, menos radiação ultravioleta,
mínimo solar (e mais radiação visível, ou seja, brilho).

18
Notemos que o ano de 1996 coincidiu com um "mínimo solar", ciclo 23, ou
seja, quando a atividade solar esteve num mínimo, o Sol produziu menos radiação
ultravioleta (UV) que é essencial para a produção de O3, isto é, menos UV, menor
concentração de O3. O Sol atingiu um máximo (não tão máximo) de atividade em
2000, ciclo 23 (Fig.28) e a concentrações de O3 aumentaram. Em 2007-2008, o Sol
estará num novo mínimo, menos UV, e o “buraco” na camada de ozônio voltará a
crescer. O máximo solar de 2000 foi suficiente para aumentar as concentrações
globais de O3 em cerca de 3% acima da média (Fig.29). Um ponto interessante, é
que existe um possível ciclo solar, de cerca de 90 anos (Ciclo de Gleissberg). Este,
prevê que o Sol vai estar num grande mínimo de atividade (minimum minimorum)
nos próximos dois ciclos solares (próximos 22 anos), ou seja, de agora até os anos
2022-2023, caso se repitam os ciclos anteriores (1890-1915 e 1800-1825).

Fig.28 – Ciclo solar 23. Notamos que o número de manchas solares indica a atividade solar.
Quanto maior o número, maior a atividade e maior é a produção de ozônio. Há pequenas
flutuações, consideradas anomalias normais durante os períodos de curtíssimo prazo.

Fig.29 – Notar o contraste das concentrações de ozônio nos ano de 1996 e 2000/2001.

19
A Climatologia estuda exatamente os grandes ciclos de variação dos
parâmetros. As concentrações de ozônio são cíclicas. Elas interagem com os ciclos
solares de +/-90 anos, de 11 anos, os ciclos sazonais das estações do ano e o ciclo
diurno. Muitos trabalhos iniciais, inclusive do próprio Dobson indicavam mudanças
abruptas de mais de 1000% nas medidas de concentrações de ozônio em questão de
uma hora, tamanho é o efeito reativo desta molécula de estado transitório do
oxigênio.

Na Antártida: Como o ozônio necessita de radiação UV C para existir, concluímos


que durante o inverno polar, a concentração deste gás deverá cair abruptamente.
Aliado a isto, temos as correntes de jato ao redor de toda a Antártida que
praticamente formam um circuito fechado em altitude. Este fenômeno cria um
considerável isolamento, não permitindo a facilidade de troca das massas de ar
superiores. Ou seja, dificulta a mistura de ar com concentração elevada de ozônio
(baixa latitude) com um outro, deficiente deste gás (alta latitude). Contudo, ao
chegar a primavera, a situação se estabiliza e as concentrações aumentam até o verão
austral (Fig.30A a D). Em anos de mínimo solar, as concentrações são baixas sobre
a Antártida, mas não devem ser consideradas como alarmantes, mas sim
pertencentes ao seu ciclo natural, ou seja, anomalias da normalidade (Fig.31).

Fig.30A a D – Concentrações de ozônio crescem sobre a Antártida, conforme aumenta a


incidência da luz solar pela mudança das estações do ano, desde a primavera, até o verão.

20
Fig.31 – Alguns anos são mais custosos para a normalização das concentrações do ozônio
sobre a Antártida, com a chegada da primavera. Os anos de 1997 e 1998 foram muito
próximos do mínimo solar. O ano de 1999 não foi, mas deve ser considerado uma
anomalia. Isto chama a atenção para mostrar que o processo não é completamente
compreendido.

10 – Cômputo do Ozônio e a Controvérsia do Nimbus 7

Anomalias na camada de ozônio sempre existiram e já eram divulgadas desde


1930. Em 1950, R. Penndorf, do Laboratório da Força Aérea, em Cambridge,
EEUU, analisou os dados do período 1926-1942, da estação de Tronsoe, Norte da
Noruega. Ele notou registros de concentrações de ozônio de valores tão baixos
quanto 50UD e uma grande variabilidade diária, com um fator quase 10 (ou seja,
1000%) entre o máximo e o mínimo registrados, ou seja, existiam registros muito
maiores que 500UD. Ele chamou essa anomalia de baixas concentrações de
“buracos na camada de ozônio”. Porém, a expressão só ficou famosa depois que J.B.
Farman, do British Antarctic Survey (BAS) publicou um trabalho na revista Nature
em 1985, utilizando as informações do satélite meteorológico de órbita polar da
série Nimbus. No caso, o Nimbus 7 possuía espectrômetro para medição de radiação
total e constatou baixas concentrações de ozônio. A expressão também foi usada por

21
causa de problemas computacionais. As placas geradoras de vídeos da época
formavam apenas 4 cores. Algumas conseguiam gerar 16. Como a cor preta foi
atribuída à valores de concentrações baixas de ozônio (como 150UD) surgia, no
meio do monitor de vídeo, sobre o cartograma da Antártida, uma enorme mancha
preta!

Mas o que ficou obscuro em toda a divulgação sobre o ozônio foi a questão:
Se os gases CFCs são emitidos pelo mundo inteiro (principalmente pelos países
desenvolvidos do Hemisfério Norte) por que o “Buraco na Camada de Ozônio” só
aparece sobre a Antártida?

Poderemos tentar responder a essa pergunta com alguns fatos históricos e


hipóteses interessantes. Em 1960, o cientista Gordon Dobson, utilizando dados
coletados na Antártida durante o Ano Geofísico Internacional (1957-1958) escreveu
em seu livro que “as anomalias na camada de ozônio sobre a Antártida são naturais”.
Ele não utilizou a expressão “buraco” e sim “anomalia”. A hipótese sugerida é que o
Hemisfério Sul possui uma climatologia totalmente diferente do Hemisfério Norte.
A Antártida, dentro deste contexto, tem as suas particularidades. As diferenças são
marcantes como a alta atividade de ciclones extratropicais, distribuição do campo de
temperatura, tamanho da superfície dos oceanos, existência da Corrente Circumpolar
Antártica – CCA, existência de um continente no pólo Sul, corrente de jato fechada
em altitude, albedo etc. É mais lógico imaginar que há uma singularidade para o
ozônio também (Fig.32).

Fig.32 – Esquerda, concentrações de ozônio no final do inverno de 2004. É possível notar


que as maiores concentrações coincidem com a região do cinturão de ciclones
extratropicais, mostrada no mosaico de imagens de satélites de órbita polar, à direita.

22
Para saber mais:
No início, os computadores de console emitiam sinais de vídeo apenas para caracteres ou poucos pontos
gráficos. Os aceleradores de vídeo dos computadores são algo recente. Os primeiros foram os Computer
Graphics Array – CGA que geravam 4 cores. Em seguida, Extended Graphics Array – EGA que geravam 16
cores. Nos anos 1990 surgem os Video Graphics Array – VGA, com 255 cores e os Super Video Graphics
Array – SVGA que geravam, dependendo da resolução, 16 milhões de cores. Atualmente passamos do Ultra
Video Graphics Array – UVGA, de altíssima resolução e todo o espectro de cores.

Para saber mais:


Existem uma infinidade de satélites para os mais diversos propósitos, entretanto, só existem três maneiras
seguras de orbitar o planeta que dependem da aplicação do satélite.
Órbita Geossincrônica – o satélite percorre o espaço sempre observando o mesmo ponto da superfície do
planeta. Exige órbitas afastadas (mais de 36.000km) e altas velocidades;
Órbita Equatorial – o satélite percorre o Equador terrestre, mas em sentido contrário de rotação do planeta. As
órbitas são baixas, na faixa dos 500km de altitude e grandes velocidades;
Órbita Polar – o satélite percorre de um pólo ao outro, com uma inclinação superior à 95º. Desta maneira, ele
pode observar várias latitudes durante um dia. As órbitas são baixas também, com grandes velocidades.

Para saber mais:


O satélite Nimbus 7 era um satélite de órbita polar e foi
lançado em 1978. Era equipado com o Total Ozone Mapping
Espectrometer – TOMS, Espectrômetro para Mapeamento de
Ozônio Total. Um dispositivo do fino estado da arte, com o
máximo de tecnologia da época e que foi desenvolvido para
quantificar o ozônio total presente na atmosfera. Note que os
resultados apresentados são médias. Estas, dissimulam ou
amenizam as informações de máximos e mínimos, tão
importantes no cômputo do ozônio.

11 – Considerações Finais

Após nosso estudo das defesas do planeta Terra, em especial a Camada de Ozônio,
podemos resumir os principais aspectos importantes abordados:

{ As defesas da atmosfera terrestre são seletivas e vão eliminando os riscos


potenciais de origem extraterrestre (partículas radioativas, radiações nocivas)
conforme estas penetram nas camadas. Os mais nocivos são extintos nas camadas
altas.
| Há suficiente quantidade de radiação solar ultravioleta na estratosfera de modo
que possa existir fotodissociação de moléculas de gases que lá habitam.
} A radiação UV C e o gás oxigênio (O2) são os responsáveis pela formação do
ozônio na estratosfera, ou seja, formam a ozonosfera (camada de ozônio).
~ Uma vez formado o ozônio, este irá interagir com a radiação UV B através de
fotodissociação. No processo, o ozônio libera radiação infravermelha termal que
aquece a estratosfera, daí seu perfil de temperatura ser inverso ao da troposfera.
 Durante o processo de recombinação entre oxigênio atômico, gás oxigênio e
ozônio, outras moléculas “oportunistas” podem atrapalhar o ciclo. Notamos que

23
estas moléculas podem ser tanto de origem antrópica (CFCs, por exemplo) quanto
de origem natural, sendo estas últimas, de influência infinitamente maior.
€ A variação da concentração de ozônio, em geral, está associada aos diversos
ciclos solares e atividades vulcânicas e não somente a ação de gases que atrapalham
a sua formação. Sobre a Antártida, notamos que há particularidades sazonais entre as
estações do ano. Destaca-se que estas particularidades devem ser próprias das
diferenças encontradas entre os dois hemisférios do planeta.

Quando se tem dúvida sobre algo desconhecido, a posição tática mais


aplicável é a contenção. Está é a idéia de conservadorismo: “Não se expor aos
riscos!”. É importante esclarecer a todos sobre as incertezas científicas atuais, pois
as nossas bases de dados ainda são muito pequenas e insuficientes. Não há indícios
reais que os gases do tipo CFC estejam destruindo o ozônio estratosférico e criar
falsas verdades para argumentar os conceitos conservadores não é correta. Deve-se
lembrar que nem sequer levaram em conta a magnânima fonte de cloro do nosso
planeta: os oceanos. Ou, afinal de contas, esqueceram que NaCl também chega até a
estratosfera, através das correntes de ar, e sofre os efeitos da fotodissociação,
liberando cloro?

Anexo 1: Posições entre a Política X Ciência

O lado alarmista:

"Estamos frente ao maior perigo que a humanidade já enfrentou". Esta foi a frase
dita pelo Dr. Mostafa Toba, diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para
o Meio Ambiente e ganhador do prêmio Nobel pela descoberta, em seu projeto de
pesquisa, da “Destruição da Camada de Ozônio pelos CFCs”.

O lado da contestação: com argumentos fortes, e que foram recentemente revelados


ao mundo (muitos incluídos nesta explanação de aula). Faço minhas as palavras do
Prof. PhD. Luiz Carlos Baldicero Molion, descritas abaixo:

“Se me permitirem, eu gostaria de tecer alguns comentários sobre emissões de gases


de efeito-estufa para a atmosfera, provenientes das atividades humanas. Eu sou
professor no Departamento de Meteorologia da Universidade Federal de Alagoas e
venho estudando o assunto há mais de 15 anos. Em primeiro lugar, gostaria de
alertá-lo para não acreditar em tudo que é publicado por organizações pertencentes a
ONU, pois, muitas vezes, tais ações e orientações têm o objetivo de fazer com que
países de primeiro mundo continuem a manter sua hegemonia, em termos
econômicos e tecnológicos.
“Este parece ser o caso do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas), ONU, que tem tratado de emissões de gases e que liberou recentemente

24
seu “Third Assessment on Climate Change” (3° avaliação sobre mudanças
climáticas) que aumentou, ainda mais, as estimativas de aumento da temperatura
global se a concentração de CO2 e outros gases de efeito-estufa dobrarem, variando
agora de 1,5 °C a 5,6°C. A figura 10 do Sumário Técnico do próprio IPCC mostra
que, para os últimos 17 anos, houve uma tendência na concentração de metano
(CH4) de -0,09% ao ano, o que significa que seu crescimento tem sido negativo e
que a concentração de CH2 poderá se estabilizar em 2005 e diminuir a partir desse
ano, apesar de os rebanhos de ruminantes terem crescido nesse mesmo período. As
taxas de aumento de CO2 também têm decrescido, passando de 0,45% ao ano no
começo dos anos 1980 para 0,41% ao ano no início dos anos 1990 (decréscimo de
0,04%), enquanto as emissões humanas passaram de 5,4 Gigatoneladas de carbono
(GtC) por ano para 6,8 GtC/ano, um aumento de 26% no mesmo período. As
concentrações desses gases de efeito-estufa dependem muito da temperatura dos
oceanos que cobrem 71% do planeta. Os oceanos são os grandes reservatórios
desses gases, contendo, por exemplo, cerca de 60 vezes mais CO2 que a atmosfera.
Quando os oceanos estão quentes, a absorção de gases diminui, quando eles se
esfriam a absorção de gases aumenta. Assim, bastaria um pequeno resfriamento da
temperatura dos oceanos para mudar completamente as projeções feitas pelo IPCC
sobre o aquecimento global.
“Há quase 10 anos, reanalisei as séries de ozônio de Oslo e Tronsoe, Noruega, e
escrevi um trabalho mostrando que as concentrações de ozônio estratosféricos são
altamente variáveis e dependem da variação de fatores internos e externos ao
sistema Terra-atmosfera, como produção de radiação ultravioleta pelo Sol e a
presença de aerossóis vulcânicos. A verdade é que não há evidências científicas de
que a camada de ozônio na estratosfera esteja sendo destruída pelos compostos de
clorofluorcarbono (CFCs), que são gases utilizados em refrigeração (geladeira, ar
condicionado), como Freon 11® e Freon 12® da Du Pont. O que ocorreu foi que,
como os CFCs se tornaram de domínio público e já não podiam ser cobrados
direitos de propriedade (royalties)sobre sua fabricação, as indústrias, que controlam
a produção dos substitutos (ICI, Du Pont, Atochem, Hoechst, Allied Chemicals),
convenceram “certos” governos de países de primeiro mundo (começou com Sra.
Margareth Tatcher, ex-ministra da Inglaterra) a darem apoio para a “a farsa da
destruição da camada de ozônio e do aumento do buraco de ozônio na Antártida”
pois, agora, os seus substitutos recebem royalties.
“O Freon 12®, por exemplo, custava US$1,70/kg e seu substituto R-134 custa quase
US$20,00/kg (hoje, na cotação média de R$32,00/kg). Como essas 5 indústrias têm
suas matrizes em países de primeiro mundo e pagam impostos lá, não fica difícil de
se concluir para onde vai nosso dinheiro e de quem é o interesse de sustentar uma
idéia, ou hipótese tão absurda como essa da destruição da camada de ozônio pelo
homem. Na minha opinião, essa hipótese é uma atitude neocolonialista, ou seja, de
domínio dos países ricos sobre os pobres, através da tecnologia e das finanças.
Países tropicais, como Brasil e Índia, precisam de refrigeração a baixo custo. A
hipótese da destruição da camada de ozônio é uma forma de transferir dinheiro de

25
países pobres para países ricos, que já não possuem recursos naturais e têm que
sobreviver explorando os outros financeiramente.
“Uma das minhas preocupações é que o assunto já está sendo tratado nos livros
de Ciências que as crianças usam e parece que vamos formar uma geração
inteira, ou mais, baseados em afirmações, ou "dogmas", sem fundamento
científico.
“O Brasil foi forçado a assinar o Protocolo de Montreal, que bania os CFCs. Era
uma das exigências do FMI para renegociar a dívida externa e receber mais
empréstimos. Daí, eu ter afirmado, e continuo convicto, que a “eliminação dos CFCs
como argumento que destroem a camada de ozônio” nada mais é do que uma atitude
neocolonialista. Daqui alguns anos (100 anos??) quando provarem a verdade, ou
seja, que a camada de ozônio jamais foi ameaçada pelo atividades humanas, vão ver
quão medíocres eram os cientistas do final do século XX e início do século XXI e
certamente receberemos os mesmos comentários e adjetivos que utilizamos hoje
para criticar a atitude da Igreja Católica durante o período da Inquisição na Idade
Média que atravancou o desenvolvimento da Ciência com “dogmas” absurdos.
“O desinteresse atual sobre o estado da Camada de Ozônio (O3), ou seja,
porque o PNUMA , OMM e as ONGs da vida não falam mais sobre o assunto,
reside no fato de a Indústria já ter conseguido seu intento, ao forçar a aceitação
dos substitutos (R-134, por exemplo), e voltar a faturar mais, transferindo
recursos de países pobres, carentes de refrigeração a baixo custo, para os países
ricos, detentores da patentes e dos “royalties”, ou seja, a eliminação dos CFCs
foi um ato de NEOCOLONIALISMO. Portanto, o assunto “ficou fora de
moda”.
“Para complicar a situação dos que defendem, com propósitos escusos, que o
homem possa destruir a Camada de Ozônio ou aumentar o “Buraco de
Ozônio”, este diminuiu depois de 1996*.
(*visto durante a explanação deste texto de estudo dirigido).
(...)
“Dessa forma, é possível que a camada de O3 naturalmente diminua em função do
menor fluxo de UV. (Dentre as centenas de estudiosos – e consultores de indústrias
de gases de refrigeração – será que só eu sei disso?!).
“Será que acertarei minha “previsão”? E aí? Serão os “substitutos”, ou os
remanescentes dos CFCs, os causadores da diminuição (flutuação??) da camada de
O3 no futuro? Esperar e ver o que acontece!”

Para completar as afirmações do Prof. Molion, aqui estão alguns dados:

A retirada completa dos CFCs do mercado está prevista para 2010 e a retirada
dos HCFCs para 2030, data esta que coincide com a publicação de sua patente
também. O objetivo final será manter apenas os HFC’s, compostos de hidrogênio,
flúor e carbono, que não causam dano à camada de ozônio, mas são extremamente
caros.

26
Anexo 2: Outras Atividades Danosas ao Ozônio

Há muitas atividades que geram sub-produtos gasosos que são descartados


como lixo na atmosfera. Dentre estas temos os lançamentos de foguetes espaciais ou
bélicos, vôos de aviões (principalmente os estratosféricos) e atividades industriais
em geral. Como experiência profissional própria na carreira de meteorologista,
posso demonstrar o exemplo vivido no pólo petroquímico de Camaçari, Bahia, o
segundo maior do mundo. Neste local, realizávamos o controle de 38 gases tóxicos
lançados na atmosfera (não eram todos) e constatávamos que as vezes, 19 deles
(50%) passavam dos limites impostos pelos órgãos e normas de meio ambiente.
Note que quase todos possuem cloro e, uma vez atingido a estratosfera, sofrerão
fotodissociação como o CFC, mas nem por isso estão proibidos de serem emitidos.

Cloreto de Metileno; Estireno;


1,2 Dicloroetano; Clorometano;
1,2 Diclorobenzeno; Clorofórmio;
1,4 Diclorobenzeno; Triclorofluormetano;
Tolueno; 1,1,2 Triclorotrifluormetano;
Etilbenzeno; Tetracloreto de Carbono;
Benzeno; 1, 3, 5 Trimetilbenzeno;
Cloreto de Vinila; 1, 2, 4 Triclorobenzeno;
Diclorotetrafluoretano 1, 1, 2, 2 Tetracloroetano;
m-p-Xilenos.

Anexo 3: Efeito do Ultravioleta na Saúde

Só para recordarmos, o ultravioleta C (UV C) não chega à superfície, pois é


absorvido totalmente pelo oxigênio molecular (O2). O Ultravioleta B (UV B) chega
à superfície em quantidade que vai depender exatamente de quanto que o ozônio
(O3) conseguiu bloqueá-lo na estratosfera. Mas o ultravioleta A (UV A) que é mais
fraco de todos, chega praticamente ileso à superfície (Fig.A).

Fig.A – Espetro do ultravioleta e a Camada de


Ozônio. O UV C é extinto na estratosfera pelo
gás oxigênio (O2). O UV B vai chegar à
superfície em quantidades que vão depender
das concentrações do ozônio (O3). O UV A
praticamente chega ileso à superfície, pois não
tem energia suficiente para fotodissociar
moléculas ou provocar outras interações
relevantes.

27
Existem muitas pesquisas feitas, até o momento, sobre a ação direta do
ultravioleta, em diversas faixas (A, B e C). A maioria é de laboratório e em
condições controladas. Elas testam a incidência destas radiações sobre animais e
vegetais. Os resultados são deveras alarmistas. Contudo, quando o laboratório é
natural e os espécimes são da Antártida e regiões sub-antárticas, os resultados são
diferentes. Estes seres vivem durante a primavera, verão e início do outono nestes
lugares e não sofrem, aparentemente, danos por estarem expostos às anomalias do
ozônio. Conclui-se que a vida selvagem tem outros mecanismos de defesa, ou então,
as anomalias do ozônio sempre existiram e seus genótipos sabem lidar com elas.

Contudo, há um paradoxo biológico em relação aos seres humanos. Era de se


esperar que as radiações ultravioleta menos nocivas não causassem problemas, mas
não é assim que ocorre. O UV A, de menor energia (maior comprimento de onda)
deveria interagir menos nos seres vivos (particularmente, nos seres humanos, a ação
do UV A sobre o tecido tegumentar deveria ser superficial). Analogamente, o UV B,
de maior energia (menor comprimento de onda, Fig.B) sob responsabilidade de ser
filtrado pelo ozônio, deveria interagir mais profundamente no tecido tegumentar.
Mas infelizmente não é isso que ocorre. Exatamente o UV A, que não possui
bloqueios naturais e chega à superfície, é o mais nocivo. Sua ação ocorre nas
camadas profundas da pele o que causa distúrbios preocupantes como tumores e
envelhecimento precoce da pele (Fig.C).

Fig.B – Recordando o espectro


eletromagnético e as posições dos
diversos tipos de ultravioleta. Note que o
UV A, de menor energia (próximo do
visível) deveria interagir pouco no tecido
tegumentar dos seres vivos (em especial,
os humanos) mas não é isto que de fato
ocorre.

Quanto aos produtos que exercem proteção aos raios ultravioleta, 90% deles
atuam sobre o UV B (justamente aquela radiação sob responsabilidade do ozônio) e
nada sobre o UV A. Salvo as exceções que registram em seus rótulos que a ação
Fator de Proteção Solar – FPS se aplica às duas radiações. Se isto não ocorrer, a
proteção é apenas para o UV B.

Para saber mais:


Os produtos de proteção solar se dividem pelo fator de proteção que podem exercer. Eles são cinco: óleo
bronzeador, loção bronzeadora, moderador solar, protetor solar e bloqueador solar.
É importante registrar os efeitos de envenenamento da pele com as substâncias bloqueadoras. Se um produto
tem FPS30 e garante proteção de 95% enquanto que outro, de FPS60 garante proteção de 97%, não há lógica
em se aplicar 100% a mais de substâncias químicas à pele para se ter um ganho nominal de apenas 2% de
garantia.

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Fig.C – Esquema pictórico da ação das radiações UV A e UV B sobre o tecido tegumentar.
Há efeitos benéficos e maléficos. Deve-se se expor com cuidado aos raios solares. O
verdadeiro segredo é o equilíbrio.

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Em suma, o UV B, em dose certa, é necessário, pois estimula melanócitos,
aumenta a pigmentação, encapsula DNA celular e produz pré-vitamina D que depois
será convertida em vitamina D, essencial para a fixação de cálcio nos ossos. A
radiação UV A não tem utilidade conhecida.

Algumas pesquisas médicas, ainda não divulgadas por poderem alarmar as


pessoas ou formar opiniões errôneas devido a mal entendidos, obtiveram resultados
contraditórios. As peles negras ou brancas, sob incidência do UV A, indicaram
alternância de resultados maléficos. Quanto maior foi o espaço amostral (número de
pessoas) mais visível tornou-se esta indicação. Isto sugere que a interação do ser
vivo com o UV A e UV B seja um caráter individual, onde alguns desenvolvem
mais defesas que outros, tornando mito que peles negras sejam mais resistentes que
as brancas. Contudo, que fique bem claro que estas características são pessoais de
cada ser vivo. A cautela e a moderação à exposição ainda são os melhores conselhos
para ambos os tipos de pele. Ao que tudo indica, os problemas de aumento de câncer
de pele devem ser atribuídos a um problema cultural, já que as pessoas preferem ir
às praias ao meio-dia e não nas horas corretas. Afinal, um bóia-fria não fica com o
corpo exposto às intempéries durante o seu trabalho, mas sim, todo coberto. Por que
será? Outra pergunta interessante: onde estão os casos de câncer de pele?

Anexo 4: Resumo das Combinações Químicas

Para auxiliar o estudante deste material, segue uma síntese das combinações
químicas do oxigênio puro, abordadas no texto e as descrições retratadas diversas
vezes.
Diferentes Formas de Descrever as Combinações Esquema Pictórico do
Alotrópicas do Elemento Oxigênio Número de Átomos
Significado idêntico onde se lê Oxigênio Atômico ou
Oxigênio Reativo ou Átomo de Oxigênio, pois referem- Forma Ímpar – O
se ao átomo solitário (excitado) ou elementar do oxigênio. (instável e reativo)
Significado idêntico onde se lê Oxigênio Molecular ou
Gás Oxigênio, pois são a mesma molécula com dois
átomos de oxigênio. Forma Par – O2
(estável)
Significado idêntico onde se lê Ozônio ou Ozona ou
Molécula de Ozônio ou Gás Ozônio, pois são a mesma
molécula com três átomos de oxigênio.
Forma Ímpar – O3
(instável e reativo)

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Ricardo Augusto Felicio
B.Sc. Meteorologista – USP
M.Sc. Meteorologia Antártica – INPE
Dr.Sc. Climatologia Antártica – FFLCH – DGF – USP
Prof. Dr. Climatologia – Depto. Geografia – FFLCH – USP

Correio eletrônico: ricaftnt@yahoo.com

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