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CIENTÍFICA
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___________________________________________________Sumário
______________________________________________Apresentação
apresentação
O conjunto de textos e atividades que você está recebendo é um
instrumento de aprendizagem que, mais do que uma coletânea de conteúdos e
verdades, é um roteiro de estudos: um mapa que o ajudará a compreender os
processos de produção e de circulação do conhecimento.
No dia-a-dia de suas atividades acadêmicas e profissionais, a leitura
deverá estar muito presente. Saber ler é fundamental. Para auxiliá-lo na sua
leitura, faça uso de um bom dicionário.
A disciplina Metodologia da Pesquisa Científica o auxiliará na
compreensão dos procedimentos que permitirão a você realizar seus estudos e
organizar suas produções acadêmicas de forma coesa e significativa.
Disponibilizará, também, instrumentais indispensáveis para que você
atinja seus objetivos nesse curso: o estudo e a pesquisa nas áreas de
conhecimento em que está inserido.
Neste caderno de conteúdos e atividades, você conhecerá os vários
tipos de conhecimento humano e suas principais diferenças. Saberá, também,
que o conhecimento científico é um tipo de conhecimento que utiliza
determinados métodos e procedimentos para alcançar seus objetivos. Você
entrará em contato com as diferentes modalidades de pesquisa científica e
conhecerá o instrumental de cada uma delas. Além disso, aprenderá como
registrar e comunicar trabalhos científicos, bem como as técnicas de
elaboração do projeto de pesquisa, do artigo científico e do trabalho de
conclusão de curso – TCC.
Ao preparar este material, buscamos lhe oferecer subsídios nessa
perspectiva.
Portanto, o que se verá nele é resultado de nossa experiência como
professores da disciplina, tendo por base a pesquisa bibliográfica por meio da
produção e da síntese de textos. A bibliografia indicada pode e deverá ser
referência para suas consultas. Faça bom uso do material. Ele será seu grande
companheiro para sistematizar suas atividades de produção acadêmica.
Plano de Ensi
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_____________________________________________Plano de curso
EMENTA
Fundamentos da teoria do conhecimento, epistemologia, ciência,
ideologia, crise paradigmática e pós-modernidade. Disciplinaridade,
interdisciplinaridade e perspectivas multidisciplinares e multir-referenciais na
produção e difusão do conhecimento científico. Métodos e técnicas de estudo.
Tipos de trabalho científicos e normas de elaboração: resenha, resumo, artigo
científico e comunicação científica.
OBJETIVOS
• Compreender os pressupostos teórico-metodológicos básicos de
iniciação à pesquisa científica.
• Refletir sobre as diferentes abordagens metodológicas utilizadas em
pesquisa.
• Discutir a contribuição das abordagens multi e interdisciplinares na
produção e na divulgação do conhecimento científico.
• Utilizar as técnicas de elaboração do trabalho acadêmico-científico.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
• O processo de construção do conhecimento
• O conhecimento científico e o método
• A pós-modernidade e a crise dos paradigmas
• Múltiplos olhares do conhecimento científico
• A pesquisa científica: tipos e técnicas
• Tipos de registro do trabalho acadêmico: resumo, fichamento e resenha
• Tipos de apresentação do trabalho acadêmico: seminário, painel,
comunicação
• Normas técnicas da ABNT
• O projeto de pesquisa
• O trabalho de conclusão de curso (TCC) e o artigo científico
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
ANDRE, Marli Eliza D. A. O papel da pesquisa na formação e prática dos
professores. Campinas: Papirus, 2001. (Prática Pedagógica)
BARROS, Aidie de Jesus Paes. LEHFELD, Neide Ap. de Souza. Projeto
de pesquisa. Propostas metodológicas. 12. ed. Petrópolis: Vozes, 2001.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues (Org.). Repensando a pesquisa
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__________________________________________________Aula 01
O conhecimento e suas principais modalidades
Objetivo
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
• identificar as características do senso comum, da teologia e da filosofia.
Pré requisito
Para esta primeira aula, na qual se inicia a construção de novos saberes
que o auxiliarão nessa caminhada na universidade, sugerimos leituras sobre o
que é conhecimento e sobre como se constituiram os vários tipos de
conhecimento.
Assim, no sítio <http://www.puc-io.br/sobrepuc/depto/dad/lpd/download/
tiposdeconhecimento>, você encontrará um texto que discorre sobre os tipos
de conhecimento – senso comum, conhecimento mítico/religioso, filosófico e
científico - e, também, sobre os tipos de métodos científicos.
Introdução
O conhecimento é uma peculiaridade humana, pois o ser humano é o
único ser que, em sua vivência, é capaz de planejar a sua ação sobre o meio
que o cerca e construir um conhecimento sobre essa ação. Alguma vez você já
se perguntou se o conhecimento de um astrônomo, de um líder religioso, de
um renomado intelectual e das demais pessoas têm alguma relação? Num
primeiro momento, parece que não, pois temos a tendência de julgar as
modalidades de conhecimento por meio de uma hierarquia, ou seja, colocando
uns como mais importantes que outros. Atribuímos um papel de destaque ao
conhecimento produzido pelos estudiosos e depreciamos a experiência
cotidiana da qual todos nós participamos. Nesta aula, optamos por tratar as
modalidades de conhecimento como diferentes, sem julgá-las como inferiores
ou superiores umas às outras, pois, de certa forma, todos nós nos servimos
delas em graus diversos e valorizamos as diversas maneiras de conhecer o
mundo. Assim, temos o senso comum ou conhecimento vulgar; a teologia ou
conhecimento religioso; a filosofia ou conhecimento especulativo e a ciência ou
conhecimento científico. Este último será tratado detalhadamente na próxima
aula. Vejamos, agora, a definição de conhecimento e em seguida os principais
aspectos do senso comum, da teologia e da filosofia.
1.1 O que é conhecimento?
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branca. E assim temos várias outras situações que são por nós vividas
diariamente, das quais nos servimos para a nossa existência sem maiores
preocupações. Segundo Aranha e Martins,
chamamos senso comum ao conhecimento adquirido por tradição,
herdado dos antepassados e ao qual acrescentamos os resultados da
experiência vivida na coletividade a que pertencemos. Trata-se de um conjunto
de idéias que nos permite interpretar a realidade, bem como de um corpo de
valores que nos ajuda a avaliar, julgar e, portanto agir (ARANHA; MARTINS,
2002, p. 35, grifo do autor).
O senso comum é, portanto, aquele conhecimento primeiro, que nos
situa frente aos desafios do cotidiano, ao qual recorremos nas mais variadas
situações e no qual, também confiamos, pois faz parte da experiência de
nossos antepassados.
Entre as principais características desse conhecimento, destacamos
• o senso comum é um tipo de conhecimento empírico baseado na
experiência vivida das pessoas, ou seja, desenvolve-se pelo acúmulo de
situações vividas. Por exemplo, uma doceira com vários anos de experiência
não saberia explicar as propriedades químicas dos ingredientes que usa, nem
porque seus bolos são tão deliciosos, no entanto é reconhecida pelo seu
trabalho;
• é um conhecimento ingênuo, isto é, não passa por nenhum tipo de
julgamento ou crítica. As situações vividas são tratadas como coisas naturais,
ou seja, desde sempre foi assim. Um exemplo que atesta esse caráter é a
maneira como as famílias definem desde cedo o papel social do homem e da
mulher. Você já reparou que os presentes que costumamos dar às crianças
diferem por aquilo que acreditamos ser papel social masculino ou feminino? Se
for um menino, provavelmente, ganhará uma bola ou carrinho de brinquedo; se
menina, uma boneca, fogãozinho, maquiagem de brinquedo.
Esses objetos não são neutros. Nós usamos o carro para sair de casa,
da mesma forma a bola pode ser utilizada para se jogar em um campo ou
quadra, ambos em sua simbologia apontam que lugar de homem é fora de
casa. Por outro lado, a boneca é uma imitação do bebê e pode significar que a
responsabilidade pela educação das crianças é do gênero feminino.
Da mesma forma, o fogãozinho representa os afazeres domésticos aos
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Nesta aula, você pôde observar que, apesar de serem tratados de forma
hierarquizada, os saberes não estão em níveis diferenciados, mas procuram
dar conta da diversidade de elementos que compõem a realidade. O
conhecimento permite que nossa consciência se relacione com o mundo
externo. Da mesma forma que em uma viagem, podemos escolher vários
roteiros para chegar ao nosso destino, no conhecimento, várias são as vias de
acesso. Precisamos descobrir qual a que melhor nos conduzirá em nossa
eterna busca da verdade.
Referência
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins
Fontes, 1999.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires.
Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2002.
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1995.
Na próxima aula
Na próxima aula, refletiremos sobre o conhecimento científico e seus
métodos e sobre como esse conhecimento pode contribuir para o seu
desenvolvimento acadêmico, por meio da utilização de mecanismos para
realizar pesquisas e trabalhos acadêmicos. Veremos, também, que o
conhecimento científico é diferente do senso comum, da teologia e da filosofia
pelo fato de ser racional, sistemático, confiável.
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____________________________________________________Aula 02
O conhecimento científico e o método
Objetivo
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
• identificar as principais características do conhecimento científico;
• compreender as principais concepções metodológicas desde Galileu
até hoje.
Pré requisito
Você terá mais facilidade para acompanhar esta aula se revisar a aula
anterior e observar as diferenças entre as outras formas de conhecimento –
baseiamse na opinião, na fé ou na reflexão - e o conhecimento científico que se
funda na comprovação empírica. Além disso, no sítio
<http://www.ecientificocultural. com/ECC2/artigos/metcien1.htm> você
encontrará artigos que versam sobre o tema desta aula: o que é conhecimento
científico, quais suas principais características, o que é método, quais são os
mais relevantes, entre outras temáticas afins.
Introdução
A ciência ou o conhecimento científico é visto pelas pessoas de maneira
antagônica: para algumas, seria o caminho de redenção da humanidade, pois
permite ao ser humano obter um conhecimento que não tem limites. Ela seria,
dessa forma, uma oportunidade de superar as limitações que nossa condição
humana nos impõe. Por outro lado, muitos a interpretam como uma forma
muito perigosa de relacionar-se com o mundo, pois abre a possibilidade de
dominar e de modificar a natureza e os seres humanos. São várias as
definições sobre o conhecimento científico. Vamos encontrar nessas definições
elementos comuns que o diferenciam de outras formas de conhecimento que
produzimos, tais como o senso comum, a filosofia, a religião, a arte.
Além disso, o método tornou-se fundamental nas ciências para que
chegássemos aos resultados que temos hoje, pois ele é o elemento que
garante o rigor e a correção em seu desenvolvimento sistemático. Porém, é
muito difícil falarmos de um método científico, uma vez que, com a
fragmentação do saber, há uma infinidade de ciências que possuem métodos
específicos. Apresentaremos nesta aula, também, as linhas gerais do método.
2.1 O que é o conhecimento científico?
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etapas;
• o conhecimento científico é falível, ou seja, não é definitivo, absoluto ou
final. O próprio progresso científico descortina novos horizontes, induz a novas
indagações, sugere novas hipóteses derivadas da própria combinação das
idéias existentes. É, portanto, aberto, ou seja, não conhece barreiras que, a
priori, limitem o conhecimento;
• o conhecimento científico é geral em decorrência de situar os fatos
singulares em modelos gerais, os enunciados particulares em esquemas mais
amplos. Procura na variedade e na unicidade a uniformidade e a generalidade.
A descoberta de leis ou princípios gerais permite ao pesquisador a elaboração
de modelos ou sistemas mais amplos de explicação dos fenômenos;
• O conhecimento científico é útil em decorrência de sua objetividade,
pois, na busca da verdade, cria ferramentas de observação e experimentação
que lhe conferem um conhecimento adequado das coisas e mantém a ciência
em conexão com a tecnologia (LAKATOS; MARCONI, 2003, p. 30-42).
Como você pode observar, o conhecimento científico se contrapõe ao
senso comum, na medida em que este se baseia em hábitos, preconceitos,
tradições cristalizadas e é um conhecimento ametódico e assistemático. As
ciências, ao contrário, caracterizam-se pela utilização de métodos científicos.
Mas afinal, o que é método?
2.4 O que é método?
Lakatos e Marconi (2000, p. 44) observam que todas as ciências
precisam de um caminho seguro para chegar a seus objetivos. Esse caminho é
o método.
Mas, em contrapartida, nem todos os ramos de estudo que empregam
esses métodos são ciências. Ainda para as autoras citadas, a utilização de
métodos científicos não é da alçada exclusiva da ciência, mas não há ciência
sem o emprego de métodos científicos.
O método proposto por Bacon seria, daí em diante, cânone, regra para a
pesquisa científica. A adoção deste método trouxe uma série de avanços, o que
influenciou de forma decisiva o mundo ocidental. Esses avanços serviram de
base para o desenvolvimento posterior do capitalismo por meio da pesquisa
tecnológica.
O método científico proposto por Bacon traz algumas conseqüências
éticas em pelo menos dois aspectos: o ser humano, enquanto objeto de
pesquisa, pode ser manipulado, experimentado livremente? Que tipo de
consequências a exploração da natureza, por meio do método científico, pode
acarretar para o equilíbrio ecológico?
Sendo o conhecimento científico o único caminho seguro para a verdade
dos fatos, ele deve acompanhar os seguintes passos, conforme a abordagem
de Lakatos e Marconi (2000, p. 48):
a) Experimentação – nessa fase, o cientista, para poder observar e
registrar, de forma sistemática, todas as informações que têm possibilidade de
coletar, realiza experimentos acerca do problema.
b) Formulação de hipóteses – tendo por base os experimentos e a
análise dos dados obtidos por seu intermédio, as hipóteses procuram explicitar
(e explicar) a relação casual entre os fatos.
c) Repetição – os experimentos devem ser repetidos em outros lugares
por outros cientistas, tendo por finalidade acumular dados que, por sua vez,
servirão para a formulação de hipóteses.
d) Testagem das hipóteses – por intermédio da repetição dos
experimentos, testam-se as hipóteses; nessa fase, procura-se obter novos
dados, assim como evidências que confirmem as hipóteses, pois seu grau de
confirmação depende da quantidade de evidências favoráveis.
e) Formulação de generalizações e leis – o cientista, desde que tenha
percorrido todas as fases anteriores, formula a lei ou as leis que descobriu,
fundamentado nas evidências que obteve, e generaliza suas explicações para
todos os fenômenos da mesma espécie. As hipóteses são teses provisórias
que procuram explicar determinado fenômeno e devem ser demonstradas.
Dessa forma, o método de Bacon consiste em testar as hipóteses construídas
a partir da experimentação para, posteriormente, sendo elas validadas,
construir as leis de explicação para todos os fenômenos da mesma espécie.
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o movimento era a passagem de uma realidade para o seu oposto. Assim, era
impossível compreender a doença sem saber o que era a saúde, compreender
a escuridão sem saber o que era a luz, o quente sem o frio...
Hegel (1770-1831) também reconhecia que a realidade era
processo contínuo. E poderia ser compreendida porque era perfeitamente
racional, mas não uma racionalidade estática, e sim dinâmica.
O método usado para compreender a realidade era a dialética, única
forma de apreender a realidade em sua totalidade, abarcando o afirmativo e o
negativo, as coisas e sua contradição.
Hegel desenvolve a dialética em três momentos:
a) Tese – afirmação de uma idéia
b) Antítese – negação da tese afirmada
c) Síntese – é o momento de união entre as partes postas pela tese e
antítese em um todo único, em que são anuladas as imperfeições e se
conserva a positividade de cada uma delas.
Como Hegel propunha a dialética no campo das idéias, Marx e Engels
propuseram a dialética materialista, isto é, não é a consciência humana que
transforma a realidade, como queria Hegel, mas é o contrário, é a realidade
material que transforma a mentalidade, a consciência humana.
Como desdobramentos posteriores da dialética materialista, teremos,
então, a construção das leis da dialética que passam a fundamentar os
procedimentos do método dialético:
• Lei da passagem da quantidade à qualidade – o processo de
transformação das coisas se faz por saltos. Mudanças mínimas de quantidade
vão se acrescentando e provocando em determinado momento uma mudança
qualitativa: o ser passa a ser outro. O exemplo clássico é o da água
esquentando; ao alcançar 100ºC, deixa o estado líquido e passa para o
gasoso. [...] Na biologia, segundo a teoria evolucionista de Darwin, alterações
acumuladas levam à formação de uma nova espécie [...].
• Lei da interpenetração dos contrários – a dialética considera a
contradição inerente à realidade das coisas. E justamente a contradição é a
força motriz que provoca o movimento e a transformação. A contradição é o
atrito, a luta que surge entre os contrários. Mas os dois pólos contrários são
também inseparáveis, e a isso chamamos de unidade dos contrários, pois,
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Referência
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires.
Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2002.
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1995.
LAKATOS, Eva M.; MARCONI, Marina de. A metodologia científica. São
Paulo: Atlas, 2000.
______. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2003.
Na próxima aula
Como você observou, o conhecimento não é estático. Ele muda à
medida que a sociedade e os indivíduos que a compõem também elegem
novas formas de compreender o mundo que os cerca. O pano de fundo da
nossa próxima aula é o desafio de enfrentar a complexidade dos fenômenos
humanos sem reduzilos a apenas um enfoque disciplinar, o que empobreceria
sua compreensão. Refletiremos sobre a crise dos paradigmas científicos e
sobre as novas abordagens que daí resultam, tais como a interdisciplinaridade
e a multirreferencialidade.
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____________________________________________________Aula 03
Pós-modernidade e conhecimento: a interdisciplinaridade e a
multirreferencialidade
Objetivo
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
• reconhecer os limites e as vantagens de uma prática integradora do
conhecimento nas pesquisas.
Pré requisito
Você poderá aproveitar melhor esta unidade se revisar o método
cartesiano, visto na unidade 2. Busque compreender o processo de
fragmentação que é imposto ao objeto a ser investigado. Dessa forma, terá
mais clareza e compreensão de que, por mais especializado que seja um
conhecimento, ele estará limitado a perceber alguns dos aspectos da realidade
complexa que compõem a investigação, sobretudo em ciências humanas. Você
poderá também visitar o sítio a seguir e encontrar uma boa discussão sobre a
multidisciplinaridade, a pluridisciplinaridade e a interdisciplinaridade o que
favorecerá a sua compreensão sobre o tema da aula:
<http://www.unb.br/ppgec/dissertacoes/proposicoes/
proposicao_jairocarlos.pdf>.
Introdução
Como você pôde perceber na aula 2, o método analítico proposto por
Renée Descartes tornou-se procedimento corriqueiro nas investigações
científicas. Em função disso, todo e qualquer problema deveria ser investigado
decompondo-o em suas menores partes para que pudesse ser mais bem
estudado. A principal conseqüência dessa postura epistemológica foi a
especialização e a fragmentação do saber. Como você também pôde observar,
são inúmeras as especialidades dos saberes científicos. Por um lado, isso
representou a possibilidade de um conhecimento aprofundado; mas, por outro,
causou uma separação entre as diferentes formas do conhecimento que chega,
em muitos casos, a dificultar a percepção do todo. Um exemplo dessa
tendência são as especialidades médicas.
Geralmente, vai-se a um clínico geral para que ele possa realizar um
exame prévio e encaminhar o enfermo a um especialista. Esse especialista
responde apenas por sua especialidade. Em muitos casos, para se chegar a
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____________________________________________________Aula 04
A pesquisa científica: conceitos e modalidades
Objetivo
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
• identificar o conceito de pesquisa científica e os seus principais níveis;
• descrever os diferentes tipos de pesquisa.
Pre requisito
Para uma compreensão mais ampla dos conteúdos desta aula, releia o
tópico sobre o conhecimento científico e suas características na aula 2. Procure
refletir sobre a maneira como se dá o processo de desenvolvimento da ciência.
Com isso, será mais bem interpretado o sentido da pesquisa científica e sua
importância para a atividade acadêmica. Sobre os tipos de pesquisa, no sítio
<http://www. sbi_web.ifsc.usp.br/metodologia_pesquisa_cientifica.pdf>, você
encontrará slides identificando os principais tipos quanto aos objetivos, às
fontes de dados e aos procedimentos de coleta. É apenas uma pequena
introdução que o familiarizará com o tema desta aula.
Introdução
É muito comum associarmos a pesquisa à atividade daqueles cientistas
geniais, meio doidos, às vezes trancados em seus laboratórios, realizando
experiências mirabolantes. Na verdade, a pesquisa pode ser feita por todos
aqueles que tenham a curiosidade necessária e dominem os métodos
adequados. O pesquisador individual, hoje, é um personagem em extinção. As
agências financiadoras aprovam projetos que tenham abordagem
interdisciplinar, com a formação de grupos de pesquisadores.
A pesquisa em rede, viabilizada pela Internet, possibilita que um mesmo
problema seja investigado por vários grupos de vários países, em intercâmbio
sistemático. Problemas na área ambiental, de saúde, de educação, entre
outros, que afetam o globo, em suas várias regiões, são investigados em rede.
Pesquisar, como você verá nesta aula, é algo extremamente importante para o
desenvolvimento de habilidades cognitivas e para a produção de novos
conhecimentos necessários para a solução dos problemas que nossa
sociedade enfrenta.
Os diferentes níveis de pesquisa apontam para a necessidade de
distinção entre os vários tipos de pesquisa quanto aos objetivos, às fontes e
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de estudo e, muitas vezes, você irá descobrir que o problema (ou um de seus
aspectos) que pretende investigar já foi solucionado.
Quando você respondeu a pergunta anteriormente colocada – o que
pretendo alcançar com a pesquisa que vou realizar? –, você, praticamente, já
definiu se sua pesquisa será descritiva ou explicativa. Vejamos por quê.
b) Descritivas: seu principal objetivo é descrever as características de
uma determinada população ou fenômeno, por meio do estabelecimento de
relação entre variáveis. É feita na forma de levantamento de dados
sistematicamente organizados. As pesquisas descritivas podem visar ao estudo
das características de um grupo, obter a opinião de uma determinada
população ou investigar como se dá o atendimento do sistema público de
saúde em uma localidade, por exemplo. Em geral, a pesquisa descritiva
objetiva descrever um fenômeno por meio de seus efeitos, utilizando como
procedimento de coleta de dados a estatística, com ênfase na análise
quantitativa.
c) Explicativas: são consideradas as mais profundas porque buscam
explicar as razões ou fatores que determinam a ocorrência de determinado
fenômeno.
Como não se resumem a apenas descrever ou explorar um fenômeno,
as hipóteses levantadas podem não ser validadas, e novas hipóteses serão
elaboradas para novas investigações. Não se pode, aqui, desmerecer as outras
modalidades de pesquisa, tendo em vista que uma pesquisa explicativa pode
ser o desdobramento de uma pesquisa exploratória ou descritiva.
Por exemplo, o resultado fornecido por uma pesquisa descritiva sobre os
efeitos, no mercado de trabalho, da não qualificação da mão-de-obra
necessária pode provocar indagações diversas que levam a uma pesquisa
explicativa: quais as razões da não qualificação da mão-de-obra necessária a
determinado tipo de trabalho?
4.5 Pesquisas segundo as fontes de dados
Uma pesquisa só é possível desde que exista a disponibilidade de fontes
de dados para que se possa coletá-los e analisá-los. Em uma analogia
bastante simples, da mesma forma que um automóvel se locomove porque
queima combustível, a pesquisa depende de dados para que possa elaborar
seus raciocínios, pois “entende-se pesquisa como atividade intelectual, como
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____________________________________________________Aula 05
Tipos de registro e apresentação de trabalhos acadêmicos
Objetivo
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
• identificar os diferentes tipos de registro e apresentação de trabalhos
acadêmicos;
• utilizar os procedimentos de elaboração e apresentação de trabalhos
acadêmicos.
Pré requisito
Para um melhor aproveitamento desta aula, sugerimos que você leia os
capítulos IV e V do livro Metodologia do trabalho científico de Antônio Joaquim
Severino, que está na bibliografia do plano de ensino dessa disciplina no
caderno de conteúdos e atividades. A leitura do capítulo IV desse livro é
importante, pois nele você encontrará as diretrizes para a realização de um
seminário e, no capítulo V, no item 3, encontrará as formas de trabalho
científico: o resumo e a resenha. No sítio
<http://www.caminhosdalingua.com/Resenha. html>, você encontrará, também,
algumas dicas que o ajudarão a produzir textos acadêmicos.
Introdução
Ao adentrar o universo acadêmico, você lidará com uma série de leituras
de textos científicos. A linguagem desses textos é bem diferente daquela com
que estamos habituados no nosso dia-a-dia: jornal, revista, texto literário.
Muitos trabalhos didáticos e científicos serão solicitados para as diversas
disciplinas com as quais você entrará em contato. Daí a importância de saber
sintetizar um texto, retirar as principais idéias de determinado autor, relacionar
essas idéias a outros autores ou textos. Ao familiarizar-se com as técnicas de
elaboração de resumos, fichamentos e resenhas, você encontrará menos
dificuldade em reconhecer um texto científico, bem como em construí-lo.
Existem, também, diferentes maneiras de apresentar trabalhos
acadêmicos: seminários, mesas redondas, painéis, palestras, comunicações,
conferências, etc. Os seminários são a forma mais utilizada; portanto, conhecer
suas técnicas de organização é fundamental para que você compreenda como
apresentar ou divulgar um trabalho acadêmico.
5.1 A redação científica
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• a crítica social, por meio da sátira impiedosa dos tipos de São Luís: o
comerciante rico e grosseiro, a velha beata e raivosa, o padre relaxado e
assassino, e uma série de personagens que resvalam sempre para o imoral e
para o grotesco. Já dissemos que esses tipos são, muitas vezes, pessoas que
realmente viveram em São Luís, conhecidas pelo autor;
• anticlericalismo, projetado na figura do padre e depois cônego Diogo,
devasso, hipócrita e assassino;
• oposição ao preconceito racial, que é o fulcro de toda a trama;
• o aspecto sexual, referido expressamente em relação à natureza carnal
da paixão de Ana Rosa pelo mulato Raimundo;
• o triunfo do mal, já que, no desfecho, os crimes ficam impunes e os
criminosos são gratificados:
a heroína acaba se casando com o assassino de Raimundo (grande
amor de sua vida), e o Padre Diogo, responsável por dois crimes, é promovido
a cônego.
Contudo, há fortes resíduos românticos. Escrito em plena efervescência
da Campanha Abolicionista, Aluísio Azevedo não manteve a postura neutra,
imparcial, que caracteriza os autores realistas/naturalistas. Ao contrário, ele
toma partido do mulato, do homem de cor, idealizando exageradamente
Raimundo, que mais parece o herói dos romances românticos (ingênuo,
bondoso, ama platonicamente Ana Rosa e ignora a sua condição de homem de
cor). Observe que Raimundo é cientificamente inverossímil (filho de pai branco
e mãe negra retinta, o filho tem “grandes olhos azuis, cabelos pretos e
lustrosos, tez morena e amulatada, mas fina”). A trama da narração é romântica
e desenvolve o velho chavão romântico da história de amor que as tradições e
o preconceito impedem de se realizar. Além disso, a história é verdadeiramente
rocambolesca (complicada, “enrolada”) (Disponível em:
<http//www.algosobre.com.br/assunto/ler.asp?conteúdo=202>. Acesso em: 21
jul. 2006).
As principais vantagens dos resumos estão no fato de que eles reduzem
o texto, sem destruir-lhe o conteúdo essencial, além de favorecerem a
apreensão de informações essenciais, situação que possibilita a participação
ativa na aprendizagem.
5.3 Como elaborar um fichamento
52
apresentado.
Se achar incompleto, pode recomendar outros estudos.
5.6 Eventos para a divulgação de trabalhos científicos
Além do seminário, existem outros meios de divulgação de trabalhos
acadêmicos e pesquisas científicas como, por exemplo, os painéis, as mesas
redondas, conferências, palestras, comunicações, etc.
Os Congressos, Encontros, Semanas, Fóruns, etc., são os eventos mais
comuns para tais divulgações. Nesses eventos, os pesquisadores expõem
seus trabalhos. Normalmente, são as Instituições de Ensino Superior (IES) que
promovem esses eventos, dando o devido caráter cientifico para que os
trabalhos sejam divulgados. Assim existem as Comissões Científicas, para a
análise e seleção dos trabalhos enviados pelos participantes, formadas por
pessoas reconhecidas no meio acadêmico/científico.
Os formatos mais comuns de apresentação, de acordo com Magossi,
disponíveis no sítio <http://geocities.yahoo.com.br/wmagossi/texto.doc>, são:
a) painéis: apresentações em que geralmente um palestrante discorre
brevemente sobre determinado tema e duas ou mais pessoas apresentam
trabalhos referentes ao mesmo tema, abrindo posteriormente para perguntas
da platéia que podem ser dirigidas ao palestrante ou a um dos relatores. São
também assim denominados os suportes, contendo a apresentação de trechos
de trabalhos de pesquisa, feitos por desenhos, esquemas, gráficos ou mesmo
fotos, sempre procurando explicar ao público o objeto da pesquisa;
b) palestras: apresentações orais de trabalhos normalmente feitas pelos
próprios pesquisadores, para um público seleto;
c) mesas redondas: apresentações de trabalhos, realizadas por mais de
um participante sob a coordenação de um especialista;
d) seminários: apresentações feitas por vários especialistas, cada um
deles se ocupando de uma parte do assunto;
e) conferências: apresentações semelhantes às palestras, mas têm um
caráter mais abrangente, de modo que o conferencista pode mesmo apresentar
um ensaio;
f) comunicações: (como espaços destinados às apresentações) este é o
modelo mais usado para a divulgação de pesquisas e demais trabalhos
concluídos ou em andamento, em Congressos ou outro evento de vulto.
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____________________________________________________Aula 06
O projeto de pesquisa: normas de elaboração
Objetivo
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
• identificar os elementos básicos para estruturar um projeto de
pesquisa;
• elaborar um projeto de pesquisa.
Pré requisito
Como pré-requisito para esta aula, sugerimos que você leia o capítulo 4,
item 3, do livro Metodologia do trabalho científico, de Antonio Joaquim
Severino, cuja referência está relacionada no plano de ensino dessa disciplina.
A leitura desse capítulo é fundamental, pois nele você encontrará os principais
elementos que constituem um projeto de pesquisa. Reveja, também, o conceito
e as modalidades de pesquisa abordadas na aula 4. No sítio
<http://www.univille.br/ arquivos/2340_LV_Guiaprojeto_2006digital.pdf>, você
também encontrará um roteiro para construção de projetos de pesquisa.
Introdução
Como você já teve a oportunidade de aprender ao longo deste semestre,
a pesquisa é fator fundamental para a construção do conhecimento da
sociedade.
Muitas descobertas foram encontradas por mero acaso. Mas, mesmo
frente a esse “acaso”, havia, da parte do observador (pesquisador), um
propósito científico.
Podemos definir esse propósito como um projeto. Desde sua matrícula
nessa universidade ao que você deseja fazer depois de formado, a delimitação
de objetivos, metas e caminhos a serem seguidos estão contidos no seu
propósito de vida. Com as atividades acadêmicas não acontece de forma
diferente.
6.1 Ponto de partida
Há uma série de métodos que podem ser utilizados na pesquisa;
portanto, não há, evidentemente, regras fixas acerca da elaboração de um
projeto. O desenvolvimento de uma pesquisa está muito ligado ao estilo
pessoal de seus autores, bem como ao tipo de problema a ser resolvido.
Porém é preciso definir com clareza quais as etapas por que passará a
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____________________________________________________Aula 07
Artigo e TCC: normas de elaboração
Objetivo
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
• identificar os elementos constituintes do Trabalho de Conclusão de
Curso e do artigo científico;
• utilizar as normas da ABNT na elaboração de trabalhos acadêmicos.
Pré requisito
Você terá mais facilidade no acompanhamento desta aula, se for capaz
de operacionalizar os aplicativos de construção de texto disponíveis em micro
computadores, como Word e Open Office. No sítio <http://www.bu.ufsc.br/
ArtigoCientifico.pdf>, você encontrará um esquema de elaboração do artigo
científico que lhe dará subsídios para melhor compreender a aula. Da mesma
forma, no sítio
<http://www.unesc.net/intranet/index_camp.php?campanha=28>, o TCC é o
foco, e as normas de elaboração que lá se encontram o ajudarão, também, a
ter uma compreensão antecipada dos temas desta aula.
Introdução
Ao iniciar a elaboração de trabalhos acadêmicos – artigos, monografias,
teses e dissertações – para a conclusão do curso de graduação, pós-
graduação etc., o acadêmico deverá estruturar um “projeto de pesquisa”, visto
na aula 6. Para tal, deve ter em mente um “assunto” sobre o qual deseja
dissertar, assim como um orientador que aceitará as responsabilidades e
atribuições descritas nas normas para elaboração do trabalho de conclusão de
curso da Instituição na qual o aluno está matriculado.
Não há, ainda, uma norma rígida que defina exatamente como um
trabalho deve ser formatado na Universidade. A ABNT, contudo, possui uma
norma (NBR 14724) para apresentação de trabalhos acadêmicos
caracterizados como monografia, dissertação e tese. Nota-se que as normas
estão em constante revisão. Antes de formatar o material produzido, verifique
se há alterações na norma, bem como faça as adequações à estrutura
fornecida pela instituição em que você está estudando. Vamos, agora, observar
as normas da ABNT e, em seguida, os passos para a elaboração do TCC e do
artigo científico.
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facilitar sua tarefa. Este modelo foi adaptado do livro Como fazer uma
monografia, escrito pelo professor Délcio Vieira Salomon:
1943. v. 2.
______. Sobrados e mucambos: decadência do patriarcado rural no
Brasil. São Paulo: Nacional, 1936.
A forma como o texto do trabalho de conclusão de curso vai ser
estruturado já foi estabelecida anteriormente com relação às normas da ABNT.
7.8 O Artigo Científico
“Artigo científico é parte de uma publicação com autoria declarada, que
apresenta e discute idéias, métodos, técnicas, processos e resultados nas
diversas áreas do conhecimento” (ABNT. NBR 6022, 2003, p. 2). A extensão de
cada artigo deverá ser de, no máximo, 20 (vinte) páginas, incluindo referências,
ilustrações, gráficos, mapas e tabelas e deve obedecer à estrutura que
apresentaremos agora.
a) Identificação no alto da página incluindo • título do artigo – deve ser
claro e objetivo, podendo ser completado por um subtítulo;
• nome(s) do(s) autor(es) – titulação máxima, instituição à qual se
vincula, e-mail (opcional), em nota de rodapé.
b) Resumo
É a apresentação sintetizada dos pontos principais do texto, destacando
os aspectos de maior interesse e importância. O resumo deve apresentar, de
forma concisa, os objetivos, a metodologia e os resultados alcançados, não
ultrapassando 250 palavras. Não deve conter citações. “Deve ser constituído
de uma seqüência de frases concisas e não de uma simples numeração de
tópicos. Deve-se usar o verbo na voz ativa e na terceira pessoa do singular”
(ABNT. NBR 6028, 2003, p. 2). Deve, ainda, ser redigido em um único
parágrafo.
c) Palavras-chave
São descritores, que identificam o conteúdo do artigo. O número de
descritores desejado é de no mínimo três e, no máximo, cinco.
Observação: o resumo (abstract) e as palavras-chave (keywords) em
língua estrangeira moderna (inglês) devem obedecer aos mesmos padrões de
exigência em língua portuguesa.
d) Corpo do texto
O texto deve ser dividido em três partes:
• introdução: é nesse momento que serão apresentados conceitos
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