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PARECER JURÍDICO

Ilustríssimo Senhor Dr. Laércio Júnior, Professor da Prática


Supervisionada Cível e TI

1. Ementa:

a) Ausência de responsabilidade concorrente em face dos eventuais prejuízos


causados a terceiros pela autoridade julgadora no exercício de suas funções,
a teor do art.37, §6º, da CF/88;

b) Legitimidade passiva reservada ao Estado e entendimento doutrinário da


irresponsabilidade acerca dos atos típicos;

c) Hipóteses de responsabilidade Art. 143ª do CPC, Artigo 5ª inciso LXXV


da CF;

2. Relatório
A seguinte proposição de parecer fundamenta-se na necessidade de
análise da possibilidade de responsabilização do Estado e dos juízes por
eventuais erros, demoras, atrasos ou falhas na solução e trâmite das ações
judiciais. Em que pese a atividade dos magistrados seja pública, vislumbra-
se que o desenvolvimento de suas funções apresenta diferenciações das
demais atividades estatais, visto que envoltas ao assunto inúmeras
implicações valorativas.
O Estado, por meio do Poder Judiciário e na pessoa do magistrado,
detém o poder-dever de prestar a jurisdição, função esta que deve ser
exercida com responsabilidade e eficiência, visando sempre o desenvolver
correto dos processos e a promulgação de decisões que objetivem os ditames
da justiça. O estudo da evolução histórica do tema em questão revela a
tendência da doutrina e dos Tribunais brasileiros em alargar cada vez mais o
campo da responsabilidade do Poder Público, muito embora a
responsabilidade por atos jurisdicionais seja ainda ponto de enorme
controvérsia

3. Fundamentação

Deve-se ter em mente que a análise do tema não pode ser feita de
maneira abstrata, de modo que a responsabilidade deve ser inerente a um
elemento concreto, constituído por um sistema jurídico e a uma ordem
judiciária. A responsabilidade judicial possui manifestações diferentes, por
exemplo, nos sistemas que consideram o processo civil como matéria de
interesse público e naqueles em que as partes possuem pleno poder de
disposição do processo, o que também ocorre em ordenamentos onde
diferentes o grau de prestígio, a criatividade do judiciário e o caráter público
ou secreto dos procedimentos. De fato, o assunto é carregado de implicações
valorativas, eis que envolve diversos valores sociais, que, por óbvio, não são
os mesmos em todas as sociedades

A origem da palavra responsabilidade remete ao sujeito que detêm um


ônus sobre determinada coisa, este ônus que recai sobre o sujeito, se
danificado transformará a obrigação suportada, em reparação por meio de
indenização. O magistrado brasileiro tem natureza jurídica de agente
público, notadamente a Constituição em seu artigo 37 parágrafos §6
determina:

“As pessoas jurídicas de direito público e as de direito


privado prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem
a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa.”

O artigo em questão aponta a hipótese de responsabilidade objetiva do


ente público em relação aos atos praticados por seus agentes no exercício da
função.

“Prevaleceu, ainda, durante um grande lapso de tempo a opinião de que o


Estado não seria responsável por atos jurisdicionais, sob o argumento da
independência dos poderes. Tal posição hoje se demonstra superada por
várias vozes que se levantam contra essa posição dogmática, que se baseava
no fato de que se o Executivo não poderia interferir nas decisões judiciais,
não poderia responder por tais atos. Tratar-se-ia o Judiciário como um poder
soberano (VENOSA, p.223, 2015). ”

No Brasil, uma parte da doutrina entende que o magistrado não deve


ser responsabilizado por erro judicial, com o argumento de que se deve
preservar a atividade jurisdicional do magistrado e que o Poder Judiciário é
soberano. Porém, considere-se que o magistrado deveria sim ser
responsabilizado por seus atos. Se assim fosse, ele seria mais cauteloso ao
decidir, diminuindo com isso, a ocorrência de erros. Dispõe o atual Código
Civil em seu art. 927:

“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de


culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.”
O Poder Judiciário pode, sim, cometer erros uma, duas e inúmeras
vezes, inclusive em um mesmo caso concreto. Seria injusto e de certa forma
autoritarista firmar convicção em contrário, restringindo o direito
constitucional ao livre acesso ao poder judiciário ou inafastabilidade da
jurisdição (art. 5º, XXXV da CF). Nas palavras de Venosa: “além do fato do
termo soberania ser equívoco, sem exata precisão em qualquer contexto, o
Judiciário não pode ser considerado um superpoder, colocado sobre os
outros” (2005, p. 99). Desta forma, a responsabilidade do Estado pelos atos
jurisdicionais não é somente uma forma de recomposição do patrimônio dos
cidadãos, mas é também uma maneira de controle do próprio Poder
Judiciário, visando a qualidade dos serviços prestados. O juiz não poderá
também ser responsabilizado pessoalmente por erros decorrentes da culpa
(imprudência, negligencia, imperícia), assim observamos o Art. 143 do
código de processo civil:

Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por


perdas e danos quando: I - no exercício de suas funções,
proceder com dolo ou fraude; II - recusar, omitir ou
retardar, sem justo motivo, providência que deva
ordenar de ofício ou a requerimento da parte.

O Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o


que ficar preso além do tempo fixado na sentença; Há que se entender
que, sendo admitida em nosso ordenamento jurídico a responsabilidade
subjetiva do magistrado, a credibilidade jurisdicional não ficará prejudicada,
uma vez que essa responsabilização somente se dará quando do
preenchimento dos quatro elementos indispensáveis para a caracterização do
dever de indenizar, são eles: ação ou omissão, culpa ou dolo, nexo causal e
dano.
4. Conclusão

Não resta dúvida de que a indenização por dano decorrente de ato


jurisdicional consiste significativa conquista do indivíduo em face do Poder
Público. Direito e responsabilidade caminham lado a lado, de modo que não
há como excluir os atos jurisdicionais, cobrindo-os com o manto da isenção.
Os atos realizados pelos membros do Poder Judiciário integram serviço
público, devendo o Estado zelar pela sua eficiência e reconhecer a
responsabilidade pelos danos deles decorrentes.
Todavia, não deve essa responsabilidade ser irrestrita, pois, como já
observado, a atividade de interpretação do Direito não é tão somente lógica,
mas construtiva. O juiz tem o papel de modificar a realidade, empregando as
normas jurídicas em conformidade com critérios de equidade e exigências
do bem comum. A responsabilidade objetiva, assim, deve existir apenas
quando a solução dada pelo juiz estiver fora da moldura que representa o
Direito, contrariando as regras e os princípios jurídicos.
Ante o exposto, o magistrado só poderá ser responsabilizado pelo erro
judiciário nas seguintes hipóteses: no exercício da função preceder de dolo
ou fraude, recusar, omitir, retardar, atos que deveriam ser feitos, sem justo
motivo, e o preso que ficar detido além do tempo determinado na sentença,
sendo que essa demanda deve ser realizada por meio de ação regressiva
protocolada pelo ente público, observados os requisitos de dolo e culpa,
também não poderá ser pessoalmente demandado em face da
responsabilidade pelo dano causado.
É o parecer.

Natal, 24 de abril de 2018


______________
Advogado/OAB-UF

Discente: Ana Cristina Lopes Araujo de Maria, 7MA - RF

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