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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ

ACÓRDÃO Nº
SECRETARIA 1ª CÂMARA CÍVEL ISOLADA
APELAÇÃO COMARCA DA CAPITAL
PROCESSO Nº 2009.3.001398-9
APELANTE: MARIA DO CARMO SOUZA DE FIGUEIREDO
ADVOGADO: LENICE PINHEIRO MENDES E OUTROS
APELADO: ANTÔNIO JORGE ALVES BASTOS
ADVOGADO: WALDEMAR NOVA DA COSTA FILHO
RELATORA: Marneide trindade Pereira Merabet.

EMENTA. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ALIMENTOS MOVIDA EM FACE DE EX-MARIDO. DESCABIMENTO. COM
O ADVENTO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 FICOU ESTABELECIDA A IGUALDADE JURÍDICA ENTRE OS
CÔNJUGES, SENDO CADA UM RESPONSÁVEL PELA SUA PRÓPRIA MANUTENÇÃO (ART. 226, § 5º). A PENSÃO
ALIMENTÍCIA DO MARIDO PARA A MULHER SÓ É CABÍVEL, EM CARÁTER EXCEPCIONAL, CASO FIQUE
COMPROVADA A EXTREMA PENÚRIA DA POSTULANTE. NO CASO SOB EXAME HOUVE PARTILHA DOS BENS,
QUANDO DA SEPARAÇÃO DOS CÔNJUGES, FICANDO A MULHER COM BENS IMÓVEIS, QUE LHE
ASSEGURAVAM RENDA SUFICIENTE PARA SUA SUBSISTÊNCIA. INCABÍVEL A OBRIGAÇÃO DO CÔNJUGE
VARÃO DE PRESTAR ALIMENTOS À EX-ESPOSA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS MANTIDOS EM 10% (DEZ POR
CENTO) SOBRE O VALOR DA CAUSA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. DECISÃO UNÂNIME.

ACORDAM os Excelentíssimos Senhores Desembargadores que integram a Turma Julgadora da 1ª Câmara Cível
Isolada do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Pará, à unanimidade de votos, em CONHECER e NEGAR
PROVIMENTO ao RECURSO DE APELAÇÃO, nos termos do voto da relatora.
Julgamento presidido pela Desembargadora MARIA HELENA D'ALMEIDA FERREIRA.
Belém, 14 de setembro de 2009.
DESA. MARNEIDE MERABET RELATOR

RELATÓRIO.

Trata-se de APELAÇÃO CÍVEL interposto por MARIA DO CARMO SOUZA DE FIGUEREDO, contra a sentença do
Juízo de Direito da 3ª Vara de Família da Capital, que, reconhecendo a total improcedência dos pleitos formulados em
sua inicial (fls. 2/5) da ação de alimentos nº. 2007.109.2161-7, movida por MARIA DO CARMO SOUZA DE
FIGUEIREDO em face de ANTÔNIO JORGE ALVES BASTOS, condenou a apelante ao pagamento de custas
processuais e honorários de advogado, no importe de 10% sob o valor da causa.
Vejamos trechos da decisão apelada, constante às fls. 183/190:
Inexiste o trinômio da necessidade-possibilidade-razoabilidade outra sorte não resta ao pedido que não seja o seu
indeferimento.
Isto posto, INDEFIRO O PEDIDO de arbitramento de pensão alimentícia proposta por MARIA DO CARMO SOUZA DE
FIGUEREDO em desfavor de ANTONIO JORGE ALVES BASTOS.
Tendo em vista a sucumbência da requerente, condeno-a ao pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios em favor do advogado requerido, os quais arbitro em 10 % (dez por cento) sobre o valor da causa.

Cuida-se de APELAÇÃO interposta de sentença que julgou improcedente AÇÃO DE ALIMENTOS movida pela apelante
contra seu ex-marido, do qual se encontra DIVORCIADA desde o mês de março de 2006.

A apelação foi interposta às fls. 191/196, visando a reforma da sentença de primeiro grau, onde a recorrente alega que
a decisão guerreada deixou de analisar vários fatores importantes para o deferimento da pensão alimentícia requerida,
como o fato de tal requerimento ser inerente a prazo certo, qual seja, junho de 2009, quando a apelante completará 60

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anos de idade, logrando concretizar sua aposentadoria, o que lhe valeria renda fixa complementar.
Aduz que foi o autor quem, após mais de 20 anos de casamento, passou a ignorar e descuidar da apelante, o que
tornou insubsistente e inaturável a relação conjunta.
Informa que inobstante os bens amealhados pela recorrente em meação, a quando do divórcio do casal, a mesma teve
de transformá-los em espécie financeira, podendo assim comprar um imóvel onde pudesse viver, e uma sala comercial
que lhe renderia alguma fonte fixa de sustento.
Afirma que após sua estabilização, não restou à Apelante qualquer montante poupado, e que com a renda advinda do
aluguel do imóvel supracitado, sequer consegue arcar com suas despesas fixas.
Alega que pelas informações, contidas dos autos, pode-se observar que o recorrido conta com boa condição financeira
e patrimonial, sendo mister, desta forma, que o mesmo auxilie sua ex-companheira, em seu sustento, eis que esta
inclusive está sofrendo com problemas de saúde.
Requereu total reforma da sentença, devendo ser arbitrada pensão alimentícia em seu favor, e correção no decisum
especialmente no ponto que condenou a apelante ao pagamento de honorários advocatícios.
Em contra-razões de fls. 205/220, o recorrente sustentou, por sua vez que o acordo firmado nos autos do DIVÓRCIO,
no qual não foi acordado pensão alimentícia em favor da apelante, advindo de livre consenso das partes é legitimo,
irrevogável e formou coisa julgada, não podendo ser revisto.
Informou o arrepio das alegações constantes da exordial, de que a requerente estaria passando por situação de
necessidade, afirmando que a mesma exerce vida social assaz suntuosa, freqüentando os mais nobres e requintados
clubes sociais da capital, além frequentemente receber visitas em sua residência.
Aduziu que no depoimento das partes tomado em Juízo ficou suficientemente caracterizada a situação de desigualdade
patrimonial/financeira resultante do acordo de partilha homologado judicialmente.
Afirmou que improcedem por completo as razões da apelação, devendo a sentença ser mantida em todos os termos,
sendo ademais, condenada a requerente em multa por litigância de má-fé, na forma do art. 18, § 2º do CPC.
Vieram-me redistribuídos.
Em parecer de fls. 227/234 a representante do Ministério Público opinou pelo conhecimento e improvimento do
presente recurso interposto.
É o relatório.
À revisão.
Belém, 27 de abril de 2009.
DESA. MARNEIDE MERABET - RELATORA

VOTO

Trata-se de APELAÇÃO interposto por MARIA DO CARMO SOUZA DE FIGUEREDO, contra a sentença do Juízo de
Direito da 3ª Vara de Familia da Capital, que, reconhecendo a total improcedência dos pleitos formulados em sua inicial
(fls. 2/5) da ação de alimentos nº. 2007.109.2161-7, movida em face de ANTÔNIO JORGE ALVES BASTOS, condenou
a apelante ao pagamento de custas processuais e honorários de advogado, no importe de 10% sob o valor da causa.
O APELO é tempestivo e isento de preparo.

A sentença (fls. 183/190), ora apelada, julgou improcedente o pedido formulado pela autora/apelante, por inexistente o
trinômio da necessidade possibilidade razoabilidade, indeferindo o pedido de arbitramento de pensão alimentícia por
MARIA DO CARMO SOUZA DE FIGUEREDO em desfavor de ANTÔNIO JORGE ALVES BASTOS e tendo em vista a
sucumbência da requerente, condenou-a ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios em favor do
advogado do requerido, os quais foram arbitrados em 10 % (dez por cento) sobre o valor da causa.
A Apelante requer a total reforma da sentença, devendo ser arbitrada pensão alimentícia em seu favor, e correção no
decisum especialmente no ponto que condenou a apelante ao pagamento de honorários advocatícios.
De conformidade com os autos, verifico:
Que a quando do DIVÓRCIO do casal, a partilha de bens foi feita de forma igualitária, não cabendo, agora, a
requerente pleitear alimentos de seu ex-cônjuge, pois lhe coube bens suficientes para garantir rendimentos à sua

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subsistência,.
Observei que a Apelante não se encontra em estado de penúria, capaz de autorizar a imposição de encargo alimentar
ao seu ex-cônjuge, pois a mesma pode contar com imóvel onde reside, além de bens que lhe garantam diversões e
valores financeiros suficientes para auxiliar em suas despesas.
Vale notar, ademais, que os tribunais pátrios há muito já aplicam o entendimento de que, com a nova ordem
constitucional consagrada em 1988, descabe qualquer interpretação de outro paternalista e protetora no âmbito do
direito de família:
Vejamos os arestos a seguir:

DIREITO CIVIL. FAMILIA. SEPARAÇÃO. PARTILHA DE BENS FAVORÁVEL AO CÔNJUGE MULHER. ALIMENTOS.
DESCABIMENTO.
I Com o advento da Constituição Federal de 1988 ficou estabelecida a igualdade jurídica entre os cônjuges, sendo
cada um responsável pela sua própria manutenção (art. 226, § 5º).
II A pensão alimentícia do marido para a mulher só é cabível, em caráter excepcional, caso fique comprovada a
extrema penúria da postulante.
III no caso sob exame se houve partilha dos bens, quando da separação dos cônjuges, ficando a mulher com bens
imóveis, que lhe asseguravam renda suficiente para sua subsistência, torna-se incabível a obrigação do cônjuge varão
de prestar alimentos à esposa.
IV. Negou-se provimento aos embargos infringentes (TJDF; Acórdão Número: 155341; Data de Julgamento:
13/03/2002; Órgão Julgador: 2ª Câmara Cível; Relator: Souza Ávila

Ementa:
AÇÃO DE ALIMENTOS PRETENSÃO DEDUZIDA PELA MULHER AUTORA CAPAZ DE PROVER SUA
SUBSISTÊNCIA NECESSIDADE NÃO COMPROVADA.
A Constituição Federal, ao estabelecer a igualdade entre os cônjuges, afastou a hipótese da dependência paternalista,
não havendo, hoje em dia lugar para albergue.
Daí por que se eleva, como nunca, o exame das condições do requerente de verba alimentar. Uma vez reunindo
condições para prover sua subsistência, os alimentos não são devidos, ainda que o cônjuge demandado venha a
conseguir uma posição economicamente privilegiada após a separação do casal.
(TJDF; Acórdão Número: 134447; Data de Julgamento: 27/11/2000; Órgão Julgador: 2º Turma Cível; Relator Alfredo
Smaniotto).

Partindo destas assertivas, chego à conclusão de que a requerente possui condições financeiras suficiente para lhe
garantir a sua subsistência, sendo desnecessário o arbitramento de alimentos em desfavor de seu ex-esposo, uma vez
que não restou comprovada sua necessidade ao percebimento da pensão.
Quanto ao pagamento de custas e os honorários, tendo em vista a sucumbência da Apelante, não acolho o pedido de
correção no decisum e mantenho os 10% arbitrados (dez por cento) sobre o valor da causa, de acordo com:
Art. 20 do CPC
A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os honorários advocatícios. Essa
verba honorária será devida, também, nos casos em que o advogado funcionar em causa própria.
§ 3º
Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez por cento (10%) e o máximo de vinte por cento (20%), sobre o
valor da condenação.

Ante o exposto, acolho o parecer do Ministério Público, VOTO pelo CONHECIMENTO do APELO e pelo seu
IMPROVIMENTO, mantendo-se in totum a decisão hostilizada.
É o voto.
Belém, 14 de setembro de 2009.
DESA. MARNEIDE MERABET - RELATORA

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