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O serviço social e O Sistema Único de Assistência Social (SUAS):


desafios éticos ao trabalho profissional

Berenice Rojas COUTO*


Tiago MARTINELLI**

Resumo: Propõe uma reflexão concernente à implantação do Sistema Único de Assistência Social
(SUAS), no que diz respeito ao trabalho do Assistente Social, como membro da equipe dos Centros de
Referência da Assistência Social (CRAS) e Centros de Referência Especializados de Assistência Social
(CREAS) na prestação de serviços e na execução das ações. Contextualiza o debate, a partir da
realidade da contra reforma do Estado brasileiro e situa o Serviço Social como especialização do
trabalho coletivo, fundado no projeto de formação em Serviço Social, bem como o projeto ético-
político da profissão sob a lógica dos eixos que dizem respeito à formação (ético-político, teórico-
metodológico, técnico-operativo) nas competências da profissão, sobre os novos espaços sócio-ocupa-
cionais dos Assistentes Sociais, espaços esses nos quais, diante das transformações societárias, se situa
o SUAS. Para tanto, o texto constrói um diálogo com as diretrizes do SUAS e os princípios enunciados
no Código de ética dos Assistentes Sociais, apontando os elementos que aproximam essas diretrizes e
problematizando as categorias que são centrais.
Palavras-chave: Serviço Social. Assistência Social. Sistema Único de Assistência Social.

Social work and the Unified Social Work System (SUAS): ethical
challenges to professional performance

Abstract: This article proposes a reflection on the implantation of the Unified Social Work System
(SUAS) concerning the social worker’s job as a team member of the Social Work Reference Centers
(CRAS) and the Specialized Social Work Reference Centers (CREAS), in the rendering of services and
performance of actions. The debate is contextualized in the counter-reform reality of the Brazilian State.
Social Work is placed as the specialization of collective work, based on the project of graduation in
Social Work, as well as on the ethical-political project of this profession under the logic of the axes
concerning graduation (ethical-political, theoretical-methodological, technical-operational) according
to the professional sphere, and about the new socio-occupational spaces of the social workers. Spaces
in which, due to society transformations, SUAS is located. Thus, the text builds a dialogue with the
guidelines of SUAS and the principles enunciated for the Social Workers Code of Ethics, pointing out
elements to approach these guidelines and problematizing the categories that are central to it.
Key-words: Social Service. Social Work. Unified Social Work System

Recebido em 30.05.2009. Aprovado em 16.10.2009.

* Assistente Social, doutora em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul (PUCRS), professora da Faculdade de Serviço Social (PUCRS). Integrante do Núcleo de Estudos
em Políticas e Economia Social (NEPES). Autora do livro O Direito Social e a Assistência Social na
Sociedade Brasileira: uma equação possível? E-mail: berenice.couto@pucrs.br
** Assistente Social, doutorando no Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da PUC-RS, inte-

grante do NEPES. E-mail: timartinelli@yahoo.com.br

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O Serviço Social e O Sistema Único de Assistência Social (SUAS): desafios éticos ao trabalho profissional

Introdução político, o teórico-metodológico e o téc-


nico-operativo), problematizando as
competências da profissão e refletindo

D
esde 1980, o Serviço Social bra-
sobre os novos espaços sócio-ocupacio-
sileiro é desafiado a concretizar
nais dos Assistentes Sociais, no caso, as
o projeto profissional, na pers-
demandas que se apresentaram após a
pectiva de trabalhar na garantia da segu-
constituição do Sistema Único de Assis-
ridade social pública. A seguridade so-
tência Social- SUAS (BRASIL, 2005).
cial, definida como sistema de proteção
social na Constituição Federal de 1988, Para além do desafio de executar a polí-
composta pelas políticas de Previdência tica no espaço estatal, os Assistentes So-
Social, Saúde e Assistência Social, en- ciais deparam-se com o trabalho nas Ins-
frenta a disputa teórica com os ideários tituições privadas/filantrópicas, que
do neoliberalismo e com a consequente compõem a rede de atendimento, e com
configuração sócio-ocupacional que se esse artigo, pretende-se apontar a neces-
conforma nesse ideário. Surgem, então, sidade de problematizar não só o traba-
com o processo de reestruturação pro- lho desenvolvido nos espaços públi-
dutiva, novas formatações da organiza- cos/estatais, como também na rede so-
ção social para dar conta das diversas cioassistencial prevista no SUAS. Torna-
formas de expressões da questão social, se relevante entender como se consti-
colocando-se em destaque, pelo menos, tuem esses espaços, a fim de evidenciar o
duas tendências. Uma defendida pela debate sobre público e privado, por-
lógica constitucional, com a centralidade quanto espaços de contradição, em que
do Estado e de natureza pública, e outra se efetivam as políticas sociais públicas,
caracterizada pela transferência para en- através das organizações governamen-
tidades privadas/filantrópicas, indicando tais e as organizações e entidades de As-
um processo de privatização do social sistência Social, de caráter jurídico de
com forte direito privado.
Na relação estabelecida entre Es-
[...] tendência de complementaridade e de
mixagem das ações do Estado, da socie-
tado/Sociedade Civil, propõe-se analisar,
dade civil e do mercado, fomentando as enquanto desafio imposto pela legisla-
ações privadas na área da seguridade so- ção, a construção de uma esfera pública
cial (SILVA, 2004, p. 137). na sociedade brasileira que contemple
também a unicidade do sistema.
Essa realidade vai impor aos Assistentes Para tanto, busca-se, a partir dos docu-
Sociais uma análise crítica das demandas mentos que fundamentam a implantação
que se colocam nos processos de traba- do Sistema Único de Assistência Social
lho, no campo da seguridade social e a (SUAS) no Brasil e suas normas opera-
viabilidade de concretizar o projeto cionais, identificar a constituição de área
ético-político do Serviço Social, constru- de atuação dos Assistentes Sociais, a
ído na década de 80, do século passado. compatibilidade de seus preceitos éticos
Para tanto, é necessário retomar os eixos com o espaço sócio- ocupacional da polí-
da formação em Serviço Social (o ético- tica de Assistência Social, seja no espaço

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Berenice Rojas Couto; Tiago Martinelli

estatal, seja das entidades que compõem Cardoso (1994-1998) e durante seus dois
a rede. mandatos foram colocadas em prática.
Verifica-se que, conforme as propostas,
A análise é introduzida com o debate
tanto em âmbito teórico como prático,
sobre a realidade brasileira e os movi-
dadas as limitações temporais, essa
mentos de contra-reforma (BEHRING,
contra reforma foi viabilizada por suas
2003) que buscaram desarticular a re-
estratégias institucional-legal (reforma
forma constitucional de 1988, seus im-
do sistema jurídico e das relações de
pactos na formação e no exercício profis-
propriedade), cultural (cultura burocrá-
sional e buscam analisar a necessidade
tica para uma cultura gerencial) e de
da implantação do SUAS dentro da
gestão pública (introdução da adminis-
perspectiva da manutenção da Seguri-
tração gerencial). Os objetivos e os prin-
dade Social, tal como desenhada pela
cípios previstos no plano passaram a ser
Constituição de 1988.
implementados de forma gradual.
A capacidade de implementação das
O contexto da contra reforma do Estado
propostas das políticas econômicas de
e o projeto de formação em Serviço
recorte neoliberais, através do plano di-
Social
retor para a ‚contra reforma‛, fez com
que, no Brasil, a reforma defendida na
Em plena transição e aprovação de me- Constituinte fosse problematizada, ha-
canismos democráticos e públicos, no vendo a tentativa de desmontar a re-
Brasil, ao final da década de 90, do sé- forma democrática instituída pela Cons-
culo XX, constituíram-se leis que, impli- tituição de 1988 que, mesmo com o po-
cadas pela contra reforma1 do Estado, der de persuasão da retórica neoliberal,
começaram a formatar o projeto identifi- acabou demonstrando mecanismos con-
cado com preceitos neoliberais os quais solidados, como os Conselhos de Políti-
tentaram impor uma redução considerá- cas Públicas e de Defesa dos Direitos, nas
vel da gestão pública através do Estado. Câmaras Setoriais, nos Orçamentos Par-
Essas regulamentações pretendiam am- ticipativos, nos meios políticos, intelec-
pliar, portanto, a iniciativa empresarial e tuais e da sociedade civil (BEHRING,
as prerrogativas voltadas aos fins priva- 2000; DINIZ, 1996).2
dos.
No Brasil, a contra reforma também foi
As reformas do Estado foram sistemati- implementada pelo mecanismo da ‚[...]
zadas em decorrência do Plano Diretor política de defesa do capital de emprés-
da Reforma do Estado (BRASIL, 1995), timo [...]‛ e da ‚[...] política fiscal de
elaborado pelo Ministério da Adminis- isenção do capital [...]‛. Dessa maneira, a
tração Federal e da Reforma do Estado, perversidade do sistema conquista os
aprovado pela Câmara da Reforma do países do Terceiro Mundo, incluindo o
Estado, no primeiro governo do Presi- Brasil, onde a
dente da República Fernando Henrique
2 Para um maior aprofundamento da discussão
1 Termo destacado por opção dos autores, base- da proposta de reforma do Estado que culmina
ado na crítica desenvolvida por Behring (2003). em tais experiências, ver Diniz (1996, p. 25).

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O Serviço Social e O Sistema Único de Assistência Social (SUAS): desafios éticos ao trabalho profissional

[...] adaptação à dinâmica do capitalismo ção coletiva dos diferentes campos de


contemporâneo foi destrutiva das possibi- trabalho.
lidades de autonomia de um país que deu
saltos para frente pela via de processos de A construção do projeto ético-político da
modernização conservadora, mas que, na profissão surge, justamente, a partir dos
última década, deu passos para trás pela
debates e da reformulação das Diretrizes
via da ‘contra reforma’ do Estado [...]
(BEHRING, 2003, p. 247).
Curriculares e do Código de Ética. Inse-
ridos no contexto do mundo do trabalho
e de contra reforma do Estado, depois de
O período pós-Constituição de 1988 foi muitos debates coletivos, em torno dos
revelador de uma grande disputa no rumos da profissão, ao longo das últimas
campo da política social brasileira. Em- décadas, em novembro de 1996, no Rio
bora as propostas que basearam a re- de Janeiro, com base no Currículo
forma do estado tivessem, sistematica- Mínimo aprovado em Assembleia Geral
mente, sido colocadas, movimentos soci- Extraordinária, foram traçadas as Dire-
ais, trabalhadores e a sociedade em geral trizes gerais para o curso de Serviço Social
mantiveram sua luta pela implementa- (ABESS/CEDEPSS, 1996; ASSOCIAÇÃO
ção dos princípios constitucionais e pela BRASILEIRA DE ENSINO..., 1996). Com
defesa da Seguridade Social. Nesse base em princípios, como as construções
campo, a construção de uma institucio- éticas profissionais, a regulação da
nalidade no campo da Assistência Social, profissão e o trato teórico, histórico e
como integrante da Seguridade Social, metodológico da realidade social e do
demarcará um dos movimentos mais Serviço Social procurou-se embasar as
significativos nessa área. diretrizes da formação profissional, as
O Serviço Social brasileiro, enquanto quais se configuram em três eixos de ca-
profissão inserida na divisão sociotécnica pacitação: teórico-metodológico, ético-
do trabalho, tem os seus processos de político e técnico-operativo.
trabalho impactados por esse tipo de re- Esses eixos, portanto, são estratégias que
forma. A formação teórica, pautada pela buscam saídas para a viabilização da
orientação dialético-crítica, capacita o efetividade da intervenção profissional,
Assistente Social a compreender o con- através de conhecimentos teórico-meto-
texto social, econômico, cultural e polí- dológicos, pelo engajamento político,
tico, e a pautar o projeto profissional3 identificando as necessidades das classes
voltado aos interesses da população com subalternas e de forma técnico-operativa,
a qual trabalha, possibilitando a orienta- a fim de atender às demandas do mer-
cado de trabalho (KOIKE, 1999, p. 110).
A lógica explícita da constituição forma-
3 O projeto profissional está pautado na supera- tiva profissional é não separar história,
ção do conservadorismo, em vista das novas con-
teoria e método, sendo coerente com a
figurações societárias, buscando qualificação e
sustentando-se nas diretrizes curriculares, na matriz crítico-dialética, que:
regulamentação da profissão, nas discussões que
pontuam a questão social como objeto de traba- [...] possibilita a reconstrução de distintas
lho e nos princípios que fundamentam o código realidades e do fazer profissional em dife-
de ética profissional dos assistentes sociais. rentes espaços sócio-ocupacionais, a partir

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das mediações realizadas (SIMIONATTO, para a intervenção profissional. O Có-


2004, p. 34). digo de Ética de 1993, as diretrizes curri-
culares e a nova lei de regulamentação
Em vista disso, a conformação de um da profissão foram a materialização
projeto profissional coletivo- permeando dessa construção.
ética, legal e politicamente e o processo A Lei nº 8.662 (BRASIL, 1993) regula-
constituinte da práxis dos Assistentes menta a profissão, apresentando como
Sociais, está envolvida em atribuições privativas dos Assistentes
Sociais, dentre outras: coordenar, elabo-
[...] projetar ações, orientando-as para a
rar, executar, supervisionar e avaliar es-
objetivação de valores e finalidades [...].
Afirmar que essa projeção é ética e política tudos, pesquisas, planos, programas e
significa considerar que a teleologia im- projetos, dirigir serviços técnicos em en-
plica valores e que sua objetivação supõe a tidades públicas ou privadas, na área de
política como espaço de luta entre projetos Serviço Social. Os instrumentos consti-
diferentes (BARROCO, 2003, p. 65).
tutivos dos processos de trabalho em que
participam os Assistentes Sociais são im-
Nessa ótica, o Serviço Social brasileiro portantes e facilitam os trabalhos junto
engajou-se na defesa da Constituição de aos empregadores e demais profissio-
1988 e na luta da garantia de Seguridade nais, principalmente, por serem
Social, com controle social e na defesa de
uma política social pública e universal. O [...] viabilizadores do acesso dos usuários
projeto profissional sintetizou o elo cole- às políticas sociais públicas. Portanto, de-
vem ser conhecidos pelos usuários, que
tivo capaz de colocar a profissão em mo-
devem receber informações de que proce-
vimento, reconhecendo, portanto, que dimento o Assistente Social utilizará para
encaminhamento de sua demanda
[...] o projeto ético-político profissional é (COUTO, 1999, p. 210-211).
socialmente necessário para a recuperação
de uma ética e princípios humanistas que
estão se perdendo na sociedade contempo- A instrumentalidade não só se refere aos
rânea (IAMAMOTO, 2006, p. 8). instrumentos e às técnicas da intervenção
profissional, mas vai além das definições
A construção do projeto ético-político foi operacionais (o que faz, como faz), bus-
pautada pelo diálogo constante com a cando os objetivos (para quem, onde e
teoria dialético-critica, tornando-se es- quando fazer) e analisando as conse-
sencial conhecer e decifrar o ser social, o quências no mediato que as ações pro-
papel do trabalho, da política, das classes fissionais produzem. Ela é um campo
e dos grupos sociais, das formas de cons- saturado de mediações que não foram,
ciência e da representação da vida social, suficientemente, discutidas na e pela ca-
das ideologias, ou seja, a vida em socie- tegoria profissional (GUERRA, 1995, p.
dade, a realidade social (IAMAMOTO, 30-38). Busca-se um aperfeiçoamento dos
2006). Essa filiação teórica iluminou a processos de trabalho, dos quais partici-
construção de um novo arcabouço jurí- pem os Assistentes Sociais e demandem
dico-institucional que deu bases sólidas novas e diferentes formas, métodos, téc-

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O Serviço Social e O Sistema Único de Assistência Social (SUAS): desafios éticos ao trabalho profissional

nicas e instrumentos de atuação, como A participação do Assistente Social na


forma de operacionalização do projeto composição da equipe de referência do
ético-político. SUAS
Essa compreensão impõe analisar as
mudanças societárias que, na contempo- A política de Assistência Social é, des-
raneidade, vêm impactando, especifica- tarte, uma política de Seguridade Social
mente, no mundo do trabalho, com inú- não contributiva, de direito do cidadão e
meras transformações que recolocam dever do Estado, que provê os mínimos
novas expressões da questão social, indi- sociais, realizada mediante um conjunto
cando a necessidade de repensar as for- integrado de ações de iniciativa pública e
mas de reação à opressão sofrida pelas da sociedade, para garantir o atendi-
classes subalternas. Cada vez torna-se mento às necessidades básicas (BRASIL,
mais importante o reforço à garantia do 1993). Sua regulação, em 1993, decorre
sistema de seguridade social. Sistema da Lei Orgânica da Assistência Social (lei
esse que tem sofrido alterações na lógica 8742/93), quando se iniciam os processos
da reestruturação produtiva e da flexibi- de construção da gestão pública e parti-
lização das relações de trabalho, im- cipativa da assistência social, principal-
pondo restrições de acesso a serviços, mente, pelos conselhos deliberativos e
precarizando e terceirizando os traba- paritários nas esferas federal, estadual e
lhadores a eles vinculados. municipal.
Embora o ideário neoliberal tenha intro- Passada mais de uma década de avanços
duzido os alicerces para a derrubada do e retrocessos na política de assistência
sistema público e universal de atendi- social, em um contexto de ‚contra re-
mento às necessidades sociais básicas, a forma‛ do Estado — onde as relações
construção do sistema público tem avan- estabelecidas pelas políticas econômicas
çado, principalmente, no tocante à polí- de recorte teórico neoliberal buscaram a
tica de Assistência Social, em um espaço privatização das políticas sociais públi-
contraditório – pois, absolutamente insu- cas —, o Brasil constitui um dos poucos
ficiente –, se não se consolidar na lógica países da América Latina que possui
do Sistema de Seguridade Social. Assim, uma Política Nacional de Assistência So-
destaca-se que as perspectivas sistemati- cial (PNAS) (BRASIL, 2004), subsidiada
zadas, neste texto, para a construção do pela Constituição da República Federa-
projeto profissional estão condicionadas tiva do Brasil de 1988 (BRASIL, 1988),
a uma base social de sustentação política pela Lei Orgânica de Assistência Social
que rompa com a lógica da desigual- (LOAS) (BRASIL, 1993). Consubstanci-
dade, pautando-se nas lutas pelos direi- almente, possui uma Norma Operacional
tos sociais, vislumbrando uma sociedade Básica do Sistema Único de Assistência
democrática, voltada à justiça social e à Social (NOB/SUAS) (BRASIL, 2005) que
igualdade. se constitui por uma gestão amparada
por Planos e Fundos de Assistência So-
cial. Democraticamente, é gerida por
conselhos deliberativos e implantada

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através de programas, projetos, benefí- [...] surge num contexto de reestruturação


cios, serviços. e requalificação do setor público no Brasil,
com um decisivo investimento na máquina
A implantação do SUAS foi regulamen- administrativa estatal e nos servidores pú-
tada em julho de 2005, quando o Conse- blicos federais (BRASIL, 2007, p. 41).
lho Nacional de Assistência Social
(CNAS) aprovou a Norma Operacional Na NOB-RH/SUAS, estão previstas as
Básica, encaminhando uma decisão da V equipes de referência que são constituí-
Conferência Nacional de Assistência So- das por servidores efetivos responsáveis
cial, estabelecendo assim um conjunto pela organização e pela oferta de servi-
de regras que disciplinam a operaciona- ços, programas, projetos e benefícios de
lização da Assistência Social. Esse sis- proteção social básica e especial, le-
tema integra uma política nacional que vando-se, em consideração, o número de
prevê uma organização participativa e famílias e indivíduos referenciados, o
descentralizada da assistência social. Ba- tipo de atendimento e as aquisições que
seado em critérios e procedimentos devem ser garantidas aos usuários
transparentes, o sistema altera, funda- (BRASIL, 2007).
mentalmente, operações como o repasse
A Norma prevê a participação de profis-
de recursos federais para estados, muni-
sionais, que são distribuídos segundo o
cípios e Distrito Federal, a prestação de
porte dos municípios. A composição da
contas e a maneira como serviços e mu-
equipe de referência dos Centros de Re-
nicípios estão hoje organizados (BRASIL,
ferência da Assistência Social (CRAS), no
2005). A NOB/SUAS disciplina a opera-
âmbito da Proteção Social Básica nos
cionalização da gestão da Política de As-
municípios, a partir do porte, se con-
sistência Social, abordando, dentre ou-
forma da seguinte maneira: Pequeno
tras coisas: a divisão de competências e
Porte I - dois técnicos de nível superior
de responsabilidades entre as três esferas
(um profissional assistente social e outro,
de governo; os níveis de gestão de cada
preferencialmente, psicólogo); Pequeno
uma dessas esferas; as instâncias que
Porte II - três técnicos de nível superior
compõem o processo de gestão e controle
(dois profissionais assistentes sociais e,
dessa política e como elas se relacionam;
preferencialmente, um psicólogo); Mé-
a nova relação com as entidades e orga-
dio, Grande Porte Metrópole e DF - qua-
nizações governamentais e não gover-
tro técnicos de nível superior (dois pro-
namentais; os principais instrumentos de
fissionais assistentes sociais; um psicó-
gestão a serem utilizados; e a forma da
logo; e um profissional que componha o
gestão financeira que considera os meca-
SUAS). Em âmbito de Proteção Social
nismos de transferência, os critérios de
Especial, a equipe de referência para a
partilha e de transferência de recursos.
prestação de serviços e de execução das
(BRASIL, 2005). De acordo com o SUAS,
ações, no âmbito da Proteção Social Es-
em janeiro de 2007, é aprovada a Norma
pecial de Média e Alta Complexidade,
Operacional Básica de Recursos Huma-
alocada nos Centros de Referência Espe-
nos – NOB-RH/SUAS (BRASIL, 2007),
cializados (CREAS), nos municípios em
que,
Gestão Inicial e Básica - um assistente

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O Serviço Social e O Sistema Único de Assistência Social (SUAS): desafios éticos ao trabalho profissional

social; municípios em Gestão Plena e os espaços sócio-ocupacionais e reconhe-


Estados com Serviços Regionais - dois. cer o campo da política social de Assis-
Portanto, abre-se um espaço profissional tência Social como um lócus privilegiado
importante para os Assistentes Sociais desse trabalho, o que implica compreen-
que devem estar atentos para que seus der o espaço contraditório onde se solidi-
trabalhos possam incidir na mudança da fica e expande o SUAS.
cultura tuteladora, tão tradicional na Implica em compreender o desafio de
área, e criem condições objetivas para desvendar as formas de vida das popu-
que esses trabalhos traduzam, não só os lações subalternas, identificando a desi-
princípios éticos enunciados na gualdade, como fenômeno constitutivo
NOB/RH/SUAS, como também os que dessa sociedade, assim como suas formas
informam a formação profissional. de resistência a tudo que os aniquila,
Está previsto na NOB-RH, que a ‚Assis- para construir um trabalho na perspec-
tência Social deve ofertar seus serviços tiva da garantia de uma vida digna,
com o conhecimento e compromisso pautada no reconhecimento de seu pro-
ético e político de profissionais que ope- tagonismo na construção de uma socie-
ram técnicas e procedimentos impulsio- dade mais justa.
nadores das potencialidades e da eman- Nessa perspectiva, tanto o Código de
cipação de seus usuários‛. Esse enunci-
Ética Profissional como o de Indicadores
ado apresenta-se em convergência com o Éticos para os trabalhadores da Assistên-
projeto ético-político da profissão, e as cia Social são construtos históricos que
competências a serem efetivadas nesse mantêm uma simetria entre si, como
espaço sócio-ocupacional, devem rea- também entre a teleologia buscada.
firmá-los. É preciso lembrar que princí-
pios éticos das profissões são considera- O Quadro 1, a seguir, aponta as
dos ao se elaborarem, implantarem e im- convergências entre o que é exigido
plementarem padrões, rotinas e proto- pelos compromissos éticos dos
colos específicos, para normatizar e re- trabalhadores da Assistência Social e o
gulamentar a atuação profissional. Código de Ética Profissional dos
Assistentes Sociais (1993).
O Assistente Social está desafiado a ma-
terializar o projeto profissional em todos

QUADRO 1: Princípios éticos e fundamentais para os trabalhadores da assistência social e do código


de ética profissional dos assistentes sociais
Princípios éticos para os trabalhadores Princípios fundamentais do código de ética
da assistência social (BRASIL, 2007) profissional dos assistentes sociais (CONSELHO
FEDERAL..., 1996)

a) Defesa intransigente dos direitos so- a) Reconhecimento da liberdade como valor ético central
cioassistenciais. e das demandas políticas a ela inerentes - autonomia,
emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais.
b) Compromisso em ofertar serviços, b) Defesa intransigente dos direitos humanos e recusa
programas, projetos e benefícios de do arbítrio e do autoritarismo.
qualidade que garantam a oportunidade

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Berenice Rojas Couto; Tiago Martinelli

de convívio para o fortalecimento de


laços familiares e sociais.
c) Promoção aos usuários do acesso à c) Ampliação e consolidação da cidadania, considerada
informação, garantindo conhecer o tarefa primordial de toda sociedade, com vistas à garan-
nome e a credencial de quem os atende. tia dos direitos civis sociais e políticos das classes tra-
balhadoras.
d) Proteção à privacidade dos usuários, d) Defesa do aprofundamento da democracia, enquanto
observado o sigilo profissional, preser- socialização da participação política e da riqueza soci-
vando sua privacidade e opção e resga- almente produzida.
tando sua historia de vida.
e) Compromisso em garantir atenção e) Posicionamento em favor da equidade e justiça social,
profissional direcionada para construção que assegure universalidade de acesso aos bens e servi-
de projetos pessoais e sociais para auto- ços relativos aos programas e políticas sociais, bem
nomia e sustentabilidade. como sua gestão democrática.
f) Reconhecimento do direito dos usuá- f) Empenho na eliminação de todas as formas de pre-
rios a ter acesso a benefícios e renda e a conceito, incentivando o respeito à diversidade, à parti-
programas de oportunidades para inser- cipação de grupos socialmente discriminados e à discus-
ção profissional e social. são das diferenças.
g) Incentivo aos usuários para que estes g) Garantia do pluralismo, através do respeito às cor-
exerçam seu direito de participar de rentes profissionais democráticas existentes e suas ex-
fóruns, conselhos, movimentos sociais e pressões teóricas, e compromisso com o constante apri-
cooperativas populares de produção. moramento intelectual.
h) Garantia do acesso da população à h) Opção por um projeto profissional vinculado ao pro-
política de assistência social sem discri- cesso de construção de uma nova ordem societária, sem
minação de qualquer natureza (gênero, dominação,exploração de classe, etnia e gênero.
raça/etnia, credo, orientação sexual,
classe social, ou outras), resguardados
os critérios de elegibilidade dos dife-
rentes programas, projetos, serviços e
benefícios.
i) Devolução das informações colhidas i) Articulação com os movimentos de outras categorias
nos estudos e pesquisas aos usuários, no profissionais que partilhem dos princípios deste Código
sentido de que estes possam usá-las e com a luta geral dos trabalhadores.
para o fortalecimento de seus interesses.
j) Contribuição para a criação de meca- j) Compromisso com a qualidade dos serviços prestados
nismos que venham desburocratizar a à população e com o aprimoramento intelectual, na
relação com os usuários, no sentido de perspectiva da competência profissional.
agilizar e melhorar os serviços presta-
dos.
k) Exercício do Serviço Social sem ser discriminado, nem
discriminar, por questões de inserção de classe social,
gênero, etnia, religião, nacionalidade, opção sexual,
idade e condição física.
FONTE: BRASIL, 2007; CONSELHO FEDERAL..., 1996. Sistematização dos autores

O Quadro 1 mostra que há um claro assistente social nas suas relações com os
compromisso ético a ser cumprido pelos usuários, pautando-se o resguardo, a
trabalhadores da assistência social, privacidade, o sigilo profissional e o
também expressos como deveres do esclarecimento aos usuários sobre os

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O Serviço Social e O Sistema Único de Assistência Social (SUAS): desafios éticos ao trabalho profissional

objetivos e sobre a amplitude de sua É bom lembrar que a NOB-RH/SUAS


atuação profissional, assim como, o (BRASIL, 2007) impõe os princípios e
retorno das informações colhidas nos diretrizes nacionais para a gestão do tra-
estudos e nas pesquisas aos usuários, no balho no âmbito do SUAS. Nos serviços
sentido de que estes possam usá-los para públicos, o preenchimento de cargos,
o fortalecimento dos seus interesses. criados por lei, por meio de nomeação
dos aprovados em concursos públicos,
Está prevista, tanto no Código de Ética
compatibilizada com seus respectivos
Profissional dos Assistentes Sociais
Planos de Assistência Social (Nacional,
quanto na NOB-RH/SUAS, a contribui-
Estaduais, do Distrito Federal e Munici-
ção para a criação de mecanismos que
pais), a partir de parâmetros que garan-
venham desburocratizar a relação com os
tam a qualidade da execução dos servi-
usuários, no sentido de agilizar e melho-
ços. E, nas entidades privadas, indica a
rar os serviços prestados e a defesa do
necessidade de um contrato de trabalho
aprofundamento da democracia, en-
pautado pelos direitos sociais e pela
quanto socialização da participação polí-
qualidade na relação com o empregador.
tica e da riqueza socialmente produzida.
O papel da rede socioassistencial privada
Dirige-se, aos mesmos princípios, a ga-
também está contemplada e prevista por
rantia plena de informação, sem discri-
parte dos trabalhadores da área que se
minação de qualquer natureza (gênero,
encontram nas entidades e organizações
raça/etnia, credo, orientação sexual,
de Assistência Social. Para tanto, estão
classe social, ou outras), resguardados os
previstas diretrizes para as entidades e
critérios de elegibilidade dos diferentes
organizações de assistência social, tais
programas, projetos, (serviços e benefí-
quais: 1) valorizar seus trabalhadores, de
cios) sobre as possibilidades e conse-
modo a ofertar serviços com caráter pú-
quências das situações apresentadas,
blico e de qualidade, conforme realidade
respeitando democraticamente, as deci-
do município; 2) elaborar e executar
sões dos usuários, mesmo que sejam
plano de capacitação, em consonância
contrárias aos valores e às crenças indi-
com as diretrizes da Política Nacional de
viduais dos profissionais, com o com-
Capacitação; 3) viabilizar a participação
promisso de garantir atenção profissio-
de seus trabalhadores em atividades e
nal direcionada à construção de projetos
eventos de capacitação e de formação
pessoais e sociais para sua autonomia e
nos âmbitos municipal, estadual, distrital
sustentabilidade.
e federal, na área de assistência social; 4)
Dentre outras afluências, tem-se ainda o buscar, em parceria com o poder público,
reconhecimento do direito dos usuários a o tratamento salarial isonômico entre os
ter acesso a benefícios e renda e a pro- trabalhadores da rede pública e da rede
gramas de oportunidades para inserção prestadora de serviços socioassistenciais;
profissional e social, através da demo- 5) manter atualizadas as informações
cratização de informações e do acesso sobre seus trabalhadores, disponibili-
aos programas disponíveis no espaço zando-as aos gestores para a alimentação
institucional.

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102
Berenice Rojas Couto; Tiago Martinelli

do Cadastro Nacional de Trabalhadores Destaca-se que a política de assistência


do SUAS (BRASIL, 2007, p. 43). social não pode ser entendida como uma
Esses princípios estão sendo colocados
[...] política exclusiva de proteção social,
em confronto com uma realidade em que mas articular seus serviços e benefícios aos
o trabalho precarizado ainda pauta direitos assegurados pelas demais políticas
muito das relações, tanto no campo pú- sociais, a fim de estabelecer, no âmbito da
blico (via tercerização) como nas entida- seguridade social, um amplo sistema de
proteção social (BOSCHETTI, 2005, p. 12).
des privadas. A luta pela constituição de
um espaço de trabalho com garantias de
direitos sociais é também uma das for- Considerações finais
mas concretas de garantir que a política
de Assistência Social se concretize como O Serviço Social brasileiro construiu um
uma política de Seguridade Social. projeto ético-político direcionado para a
Os espaços sócio-ocupacionais propostos construção de uma sociedade mais justa
na conformação do SUAS, apesar de es- e igualitária, explicitado, claramente, em
tarem inseridos em um sistema de pro- seus compromissos com um projeto soci-
dução capitalista, podem ser referências etário que propõe a construção de uma
para o protagonismo da população usuá- nova ordem social pautada na equidade,
ria, na direção de sua emancipação e, na liberdade, na justiça social e na soli-
como ferramenta, é preciso reiterar a dariedade. Esse projeto, embora hege-
interface entre os princípios éticos dos mônico, encontra-se em disputa, nem
trabalhadores da assistência social e a todos Assistentes Sociais, nos seus pro-
formação e o projeto ético-político dos cessos de trabalho, lhe fazem eco.
Assistentes Sociais. Pode-se afirmar que a maioria dos pro-
O sistema, assim, constrói-se na contra- fissionais estão inseridos nos processos
mão do movimento da ‚contra reforma‛, societários, comprometidos na defesa
que está alicerçado na redução da inter- dos direitos sociais, no entendimento do
venção estatal nos processos sociais, e de processo histórico e das possibilidades e
amplos investimentos nos mercados fi- desafios que a sociedade configura. Mas,
nanceiros. Embora incipiente para iden- esse trabalho encontra-se atravessado
tificar um claro compromisso do Estado por suas próprias condições objetivas,
brasileiro com a Seguridade Social, a rota que têm, no movimento de ‚contra-re-
cumprida pela regulamentação da polí- forma‛ brasileiro, uma forte incidência
tica de Assistência Social no Brasil vem no mercado de trabalho profissional.
avançando na identificação de criar es-
Torna-se fundamental, nessa perspec-
paços de disputa social importantes para tiva, compreender os projetos em dis-
a problematização da pobreza, de seu puta na sociedade brasileira, para refor-
lugar na sociedade e da necessidade de çar os que estão em consonância com os
incorporar, com autonomia, parcela sig- princípios democráticos, de direito so-
nificativa da população brasileira que se cial, de garantia de acesso, de atendi-
encontra alijada do processo societário. mento às necessidades sociais básicas,

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O Serviço Social e O Sistema Único de Assistência Social (SUAS): desafios éticos ao trabalho profissional

buscando romper com os projetos frag- rativo, no cotidiano da prática institucio-


mentados, compensatórios que são apre- nal, ainda se tem dificuldades para a
sentados como solução para a interven- efetivação das Diretrizes Curriculares.
ção profissional. Destarte, uma breve sistematização dos
processos de trabalho em que participam
É absolutamente necessário que os As-
os Assistentes Sociais deve proceder, não
sistentes Sociais assumam, de maneira
como manual, mas com a capacidade
propositiva, criativa e competente, as
dialética e crítica da leitura da realidade
tarefas impostas hoje pelo SUAS, da
que os processos societários exigem.
mesma forma que é absolutamente es-
sencial compreenderem que a proteção Reconhecer que hoje existem, na ordem
social só será exequível, quando garan- da regulamentação, instrumentos que
tida no âmbito da Seguridade Social, o podem ajudar na construção de proces-
que impõe ao Assistente Social não só sos de trabalho, com base na inclusão de
efetivar o acesso à Assistência Social todos na vida societária, embora insufici-
como política pública, mas reafirmar sua ente, é um excelente caminho para estu-
efetividade no conjunto das demais polí- dos e pesquisas que tenham o compro-
ticas sociais. misso com o trabalho pautado no projeto
profissional, construído pelo serviço so-
Este ensaio demonstra a latência e a ne-
cial, nas últimas décadas.
cessidade de realização de estudos sobre
a política de assistência social, com in-
formações referentes aos serviços presta- Referências
dos, principalmente da conformação do
SUAS, a partir da composição da equipe ABESS. Diretrizes gerais para o curso de
referente aos recursos humanos. As di- Serviço Social: com base no currículo
retrizes para a gestão do trabalho, pre- mínimo aprovado em Assembléia Geral
vistas na NOB-RH/SUAS, estão voltadas, Extraordinária de 8 de novembro de
justamente, para a lógica dos direitos 1996. Disponível em:
sociais e em concordância com o projeto <http://www.abepss.org.br/briefing/grad
profissional que pressupõe princípios de uacao/Lei_de_Diretrizes_Curriculares_19
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lidade e participação da população. Con- ABESS/CEDEPSS. Proposta básica para o
solidar-se-ão, também, os processos de projeto de formação profissional. Serviço
trabalho nos quais participam os Assis- Social & Sociedade, São Paulo, ano 18, n.
tentes Sociais, quando estiver clara a 50, abr. 1996.
função política a ser desempenhada pelo
profissional, em concomitância aos eixos BARROCO, Maria Lúcia Silva. Ética e
da formação e na defesa do projeto pro- Serviço Social: fundamentos ontológicos.
fissional. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2003.
Apesar de a formação profissional indi-
car a importância dos eixos - ético-polí- BATTINI, Odária. Construindo o
tico, teórico-metodológico e técnico-ope- método: das referências teórico-

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