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Processos

Processos Trabalhistas
Trabalhistas Processos
Trabalhistas Edson Ganymedes Costa

Fundação Biblioteca Nacional


ISBN 978-85-387-3086-6

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


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Edson Ganymedes Costa

Processos Trabalhistas

Edição revisada

IESDE Brasil S.A.


Curitiba
2012

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© 2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor
dos direitos autorais.

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
__________________________________________________________________________________
C871p

Costa, Edson Ganymedes


Processos trabalhistas / Edson Ganymedes Costa. - 1. ed. rev. - Curitiba, PR : IESDE
Brasil, 2012.
106 p. : 28 cm

Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-3086-6

1. Direito do trabalho - Brasil. 2. Justiça do trabalho - Brasil. 3. Administração de pes-


soal - Legislação - Brasil. I. Título.

12-7701.
CDU: 349.2(81)

22.10.12 26.10.12 040053


__________________________________________________________________________________

Capa: IESDE Brasil S.A.


Imagem da capa: Shutterstock

Todos os direitos reservados.

IESDE Brasil S.A.


Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200
Batel – Curitiba – PR
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Sumário
Rotinas trabalhistas I | 7
Registro de empregados | 7
Figuras do contrato de trabalho: empregado e empregador | 9
Contrato individual de trabalho | 10
Alteração do contrato individual de trabalho | 12
Interrupção e suspensão do contrato individual de trabalho | 13
Jornada de trabalho | 14

Rotinas trabalhistas II | 25
Férias, terço constitucional e abono pecuniário | 25
Principais hipóteses de extinção do contrato
individual de trabalho e assistência na rescisão contratual | 27
Aviso prévio | 29
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED)
e Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) | 31
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) | 34
Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) e Previdência Social (INSS) | 35

Do processo trabalhista | 47
Da distribuição | 47
Da notificação (citação) | 47
Atos, termos e prazos processuais | 48
Ação trabalhista | 50
Da Comissão de Conciliação Prévia (CCP) | 51
Da audiência de conciliação e da defesa da reclamada | 52
Da instrução processual e das provas | 54
Sentença | 60
Recursos | 61

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Do processo administrativo do trabalho | 71
Noções gerais do poder de polícia | 71
Da competência | 72
Da atuação e poderes da autoridade competente | 72
Da lavratura do Auto de Infração | 77
Da defesa administrativa | 78
Da decisão e do recurso administrativo | 79
Do modo e do cumprimento da obrigação | 81

Do processo fiscal | 87
Processo de execução fiscal (Lei 6.830/1980) | 87
Sujeito ativo e passivo | 88
Da petição inicial | 90
Da citação do executado e da garantia à execução | 91
Da defesa do executado | 94
Dos recursos | 96
Das provas | 97

Referências | 103

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O presente trabalho foi idealizado no intuito de proporcionar ao
discente a importância das regras de conduta, em grande parte de
cunho de ordem pública ou de caráter indisponível, que regulam a
relação capital X trabalho, principalmente no orbe urbano.

As normas que regem essa relação são de suma importância para a


salubridade das empresas e demandam cuidado especial na célula
organizacional denominada Gestão de Recursos Humanos.

Assim, o gestor de Recursos Humanos ou seus colaboradores (prepostos)


devem conhecer as rotinas trabalhistas e interagir com as demais
células de competência da organização (Financeiro, Comercial etc.),
com competências e habilidades próprias e cuidados especiais na
documentação, no que tange à sua regularidade e sintonia com
a legislação vigente, servindo de suporte para o êxito nas ações
trabalhistas, e do contencioso administrativo e fiscal.

Nesse passo, é necessário que o gestor de Recursos Humanos e


seus colaboradores adquiram excelente conhecimento das rotinas
trabalhistas; do processo judicial trabalhista; da fiscalização do
trabalho, do processo administrativo e do processo de execução fiscal
(Lei 6.830/80).

Para tanto, o presente livro tem por finalidade:

a) Explorar e demonstrar as rotinas trabalhistas, dando o universo da


linha de estudo, notadamente, no que tange ao registro de empregados;
às figuras do contrato individual de trabalho (empregado e empregador);
ao contrato individual de trabalho; à alteração, suspensão e interrupção
do contrato individual de trabalho; à jornada de trabalho e acordo de
prorrogação ou de compensação; à extinção do contrato individual de
trabalho e à assistência na rescisão contratual etc.

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b) Verificar o processo trabalhista, com a visão de um procedimento para
a devida prestação judicial, sob a máxima do amplo direito de defesa e
do contraditório, dando subsídios para o desenvolvimento da atividade
de preparo de defesas e outros procedimentos judiciais, com a análise
dos seguintes temas: da distribuição; da notificação (citação); da ação
trabalhista; da audiência de conciliação e instrução; das provas; da
defesa; da sentença; dos recursos etc.

c) Analisar o processo administrativo no âmbito da atuação do poder de


polícia, nas transgressões às normas que regem o capital e o trabalho,
tudo em consonância com o princípio do devido processo legal, amplo
direito de defesa e do contraditório. Averiguar o procedimento e suas
repercussões, tratando dos principais temas, tais como: noções gerais
do poder de polícia; competência; atuação e poderes da autoridade
competente; lavratura do Auto de Infração; defesa administrativa;
decisão; embargos à execução; recursos etc.

d) Mostrar o processo fiscal, com seus devidos procedimentos e


repercussões, em conformidade com os princípios; com análise do
processo de execução fiscal (Lei 6.830/80); sujeito ativo e passivo; inicial;
citação do executado; meios de defesa (embargos à execução); recursos
e provas.

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Rotinas trabalhistas I
Edson Ganymedes Costa*

Registro de empregados
A Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) é o documento de identificação do trabalhador que
serve não só para constatar que ele mantém contrato de trabalho com o empregador, provando sua exis-
tência, mas também para comprovar o tempo de serviço que foi prestado a outras empresas, pelo obreiro,
servindo como verdadeiro atestado de antecedentes do trabalhador (MARTINS, 2007, p. 467-468).
O artigo 41, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), preleciona que:
Art. 41. Em todas as atividades será obrigatório para o empregador o registro dos respectivos trabalhadores, podendo
ser adotados livros, fichas ou sistema eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho.
[...]

Em consonância com referido artigo, as anotações referentes ao registro do empregado – CTPS


e livro ou ficha de registro – deverão ser efetuadas no momento em que o mesmo começa a prestar
serviço, sendo expressamente proibido ao empregador manter empregado sem registro, ainda que por
um único dia (VIANA, 2004, p. 56).
Deverão ser anotados na CTPS a qualificação civil ou profissional do empregado, além de todos
os dados relativos à sua admissão no emprego: duração do trabalho, período de férias, ocorrência de
acidentes e todas as demais circunstâncias que interessem à proteção do trabalhador (CLT, art. 41,
parágrafo único).
A empresa que mantiver empregado não registrado incorrerá em multa aplicada pela Delegacia
Regional do Trabalho (DRT). No caso de reincidência será aplicada nova multa (CLT, arts. 47 e 48).
Sergio Pinto Martins (2007, p. 471) assevera que:
As anotações da CTPS deverão ser feitas pelo empregador. Nenhum empregado pode trabalhar sem apresentar sua
CTPS ao empregador. Se o empregado não quer apresentá-la, por qualquer motivo, deve o empregador não admitir o
empregado, ou, admitindo-o, fazer as anotações pertinentes na ficha de registro de empregado e demais comunicações
pertinentes.

* Especialista em Direito e Processo do Trabalho pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pós-graduando em Docência no Ensino Superior
pela Universidade Cidade
Estedematerial
São Pauloé (UNICID). Professor da
parte integrante doUNICID.
acervoAdvogado.
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8 | Rotinas Trabalhistas I

Apresentada a CTPS pelo empregado – contrarrecibo – o empregador terá 48 horas para realizar a
devida anotação, especificando a data de admissão, a remuneração e as condições especiais, se houver
(CLT, art. 29). Se a empresa retiver a CTPS por mais de 48 horas, ficará sujeita à multa imposta pela DRT,
ocorrendo o mesmo no caso de extravio ou inutilização do documento por culpa da empresa (CLT, arts.
52 e 53).
As anotações referentes à remuneração devem especificar o salário, qualquer que seja sua forma
de pagamento, seja ele efetuado em dinheiro ou na forma de salário utilidade, ex.: alimentação, habitação
etc. Também deve especificar a estimativa da gorjeta recebida pelo trabalhador (CLT, art. 29, §1.°).
Outros tipos de anotações serão efetuados (CLT, art. 29, §2.°):
a) na data-base;
b) a qualquer tempo, por solicitação do trabalhador;
c) no caso de rescisão contratual;
d) por necessidade de comprovação perante a Previdência Social.
Se o empregador não efetuar as devidas anotações no prazo determinado, acarretará a lavratura
do auto de infração, pelo fiscal do trabalho, que deverá, de ofício, comunicar a falta de anotação ao
órgão competente, para o fim de instaurar o processo de anotação.
Alice Monteiro de Barros (2007, p. 254) salienta que é vedado ao empregador efetuar anotações
desabonadoras à conduta do empregado em sua CTPS; o descumprimento dessa exigência enseja
compensação por dano material e/ou moral e multa (CLT, art. 29, §§ 4.° e 5.°).
Sobre o assunto, Sergio Pinto Martins (2007, p. 472) aduz que:
Mesmo o empregador não poderá opor na CTPS do empregado que este foi dispensado por justa causa e quais foram
os fundamentos da conduta desabonadora do empregado, pois isso dificultaria a obtenção de novo emprego e até
mesmo a defesa do empregado. Isso também implicaria ferir a liberdade de trabalho do empregado, pois não obteria
novo emprego com tanta facilidade, visto que nenhum empregador iria querer admiti-lo em sua empresa, em razão de
seu passado desabonador.

Recusando-se a empresa a fazer as anotações ou a devolver a CTPS, poderá o empregado


comparecer pessoalmente ou por meio de seu sindicato perante a DRT ou órgão autorizado e apresentar
reclamação (CLT, art. 36 ). A DRT lavrará o termo de reclamação e notificará o reclamado para comparecer
nas suas dependências e prestar esclarecimentos ou efetuar as devidas anotações na CTPS (CLT, art. 37).
Se o reclamado não comparecer à DRT para prestar esclarecimentos, será considerado revel1 e confesso
sobre os termos da reclamação feita, devendo as anotações serem efetuadas pela autoridade que tenha
processado a reclamação (CLT, art. 37, parágrafo único).
Se o empregador comparecer à DRT e se recusar a anotar a CTPS será lavrado um termo de
comparecimento, assegurando-se-lhe o prazo de 48 horas para apresentar defesa (CLT, art. 38). Se na
defesa a reclamada negar a relação de emprego ou se for impossível verificar essa informação pelos
meios administrativos, o processo será encaminhado à Justiça do Trabalho, com a paralisação do
julgamento do auto de infração (CLT, art. 39 ). Isso se deve ao fato de que a autoridade administrativa
jamais poderá decidir sobre a existência ou não da relação de emprego, pois a competência nesse caso
é da Justiça do Trabalho (CF, art. 114) (MARTINS, 2007, p. 473).

1 Revelia é a ausência imotivada do réu em juízo para defender-se, assim deixando correr contra si os demais prazos processuais e confissão o
ato pelo qual a parte admite a verdade de um fato contrário ao seu interesse e favorável ao adversário (SIDOU, 2001, p. 193 e 756).

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Rotinas Trabalhistas I | 9

Se não houver acordo na Justiça do Trabalho e restar comprovado a ocorrência do vínculo


empregatício (após o trânsito em julgado da sentença)2 o juiz ordenará que a empresa/reclamada efetue
a devida anotação na CTPS, e na sua recusa ou impossibilidade, que a Secretaria da Vara do Trabalho o
faça. Após, o magistrado remeterá ofício comunicando a autoridade competente (DRT) para aplicar a
multa cabível (CLT, art. 39, §1.°).
O trabalhador poderá ingressar diretamente com ação trabalhista para pleitear o vínculo empre-
gatício e, consequentemente, a anotação na CTPS sem a necessidade de postular antes na área admi-
nistrativa perante a DRT. Isso porque não é condição da ação o empregado postular primeiro no âmbito
administrativo, pois “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito” (CF,
art. 5.°, XXXV).
Quanto ao exame médico admissional dos candidatos selecionados ao cargo disponível, vale
aduzir que deverão ser realizados pelo empregador, gratuitamente, com avaliação clínica efetuada por
médico do trabalho, antes que o trabalhador assuma suas atividades essenciais (VIANNA, 2004, p. 52).
No caso de constatação de doenças profissionais e das produzidas como consequência de condições
especiais de trabalho, comprovadas ou objeto de suspeita, será obrigatória a notificação, de conformidade
com as instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho (GUIMARÃES, 2007, p. 62).
Vale salientar que é proibida a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para
efeito de acesso a relação de emprego, ou para sua manutenção, por motivo de sexo, raça, cor, estado
civil, situação familiar ou idade. Constitui crime a exigência de teste, exame, perícia, laudo, atestado,
declaração ou qualquer outro procedimento relativo à esterilização ou a estado de gravidez, entre
outros (Lei 9.029/1995).

Figuras do contrato de trabalho: empregado e empregador


O artigo 3.°, da CLT, preleciona que:
Art. 3.o Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob
a dependência deste e mediante salário. [...]

Nota-se pela definição que o empregado deve ser pessoa física, e não jurídica, trabalhando de
forma contínua, permanente, sob a dependência e subordinação do empregador.
A subordinação advém do poder de direção que é a faculdade mantida pelo empregador, de
determinar o modo de execução da prestação do trabalho para que possa satisfazer o seu interesse,
dando ordens de serviço, dizendo ao empregado como deverá trabalhar, o que deverá fazer, em que
horário, em que local etc. (NASCIMENTO, 2007, p. 164).
Outra característica do empregado é a pessoalidade, haja vista que ele não pode fazer-se substi-
tuir na sua atividade laboral, sem o devido consentimento do empregador. O empregador, ao contratar
o empregado, quer que ele realize o serviço, e não outra pessoa, pois é nele, trabalhador, que deposita
a sua confiança para desempenhar as funções determinadas no contrato de trabalho.

2 Trânsito em julgado: situação da sentença que se tornou imutável e indiscutível por não mais sujeita a recurso, originando a coisa julgada
(SIDOU, 2001, p. 854).

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10 | Rotinas Trabalhistas I

Por essa razão é que se assevera que o contrato de trabalho é intuito personae, ou seja, realizado
por certa e determinada pessoa, não podendo o empregado fazer-se substituir por outra pessoa física,
sob pena de o vínculo formar-se com a última (MARTINS, 2007, p. 94).
O empregado trabalha mediante o recebimento de salário, com onerosidade, e não gratuitamente,
advindo a sua remuneração da contraprestação dos serviços prestados ao empregador.
Já o artigo 2.° caput, e parágrafo 1.°, do mesmo diploma legal, assevera que:
Art. 2.º Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica,
admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.
§1.º Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as institui-
ções de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores
como empregados.

Vale asseverar que, por um lado, o empregador detém o comando da empresa, admitindo o
empregado, pagando salário e dirigindo a prestação pessoal dos serviços e por outro lado, assume os
riscos da atividade econômica, ou seja, aufere os lucros da empresa ou arca com os resultados negativos,
não podendo repassar os prejuízos ao empregado.

Contrato individual de trabalho


Reza o artigo 442, da CLT:
Art. 442. Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego. [...]

O referido artigo aduz que o contrato de trabalho pode ser formalizado na forma expressa escrita
(contrato escrito de trabalho) ou expressa verbal (formalizado pela troca de palavras entre empregado e
empregador). Também pode ser formalizado na forma tácita, “caracterizado pela inexistência de palavras,
escritas ou verbais, depreendido em decorrência de um comportamento, daí porque será a prestação de
serviços de alguém, sem oposição de outro para quem é dirigida, o comportamento do qual serão tiradas
as conclusões indicativas de que há um vínculo de emprego” (NASCIMENTO, 2007, p. 153).
O contrato de trabalho é bilateral, sinalagmático, consensual, oneroso, comutativo e de trato
sucessivo. Bilateral por ser celebrado apenas entre duas pessoas – empregado e empregador;
sinalagmático, por ter obrigações recíprocas; consensual por haver um consenso entre as partes; oneroso,
pois o empregado recebe uma remuneração pelos serviços prestados ao empregador; comutativo e de
trato sucessivo, pois há continuidade na prestação de serviços.
O contrato de trabalho poderá ser acordado por prazo indeterminado (sem prazo estipulado para
sua cessação) ou determinado, cuja vigência dependa de termo prefixado ou da execução de serviços
especificados ou ainda da realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada (CLT,
art. 443 e §1.°).
Importante ressaltar que: se as partes nada mencionam quanto a prazo, presume-se que o
contrato seja por prazo indeterminado, que é o mais empregado (Martins, 2007, p. 105).
O parágrafo 2.°, do artigo 443 da CLT preleciona que o contrato a prazo determinado só será
válido em se tratando:

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Rotinas Trabalhistas I | 11

a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo; [...]


Trata aqui o legislador de serviços de breve duração, ainda que seja a atividade empresarial
permanente, como serviços de auditoria em uma empresa de fabricação de móveis. Nessa hipótese,
a atividade empresarial (fabricação de móveis) é permanente, mas o serviço de auditoria tem breve
duração, podendo, portanto, os auditores serem contratados por prazo determinado, visto ser o serviço
transitório, cuja natureza justifique a predeterminação do prazo.
b) de atividades empresariais de caráter transitório; [...]
Nessa hipótese, refere-se o legislador a atividades que possuem sua duração determinada, sem
que sejam permanentes, como acontece com empresas que são constituídas somente ao final de cada
ano, para fabricação de enfeites natalinos ou, ainda, de restaurante aberto em cidade praiana em época
de veraneio.
c) de contrato de experiência.
Contrato pelo qual as partes (empregador e empregado) analisarão o efetivo exercício da função
ajustada, a adaptação ao local e à subordinação existente e a capacitação técnica e profissional exigida
para o cargo (VIANNA, 2004, p. 138-139).
O contrato de trabalho por prazo determinado não poderá ser estipulado por mais de dois anos
e somente poderá haver uma prorrogação dentro desse limite estipulado, sob pena do contrato passar
a vigorar sem prazo determinado. Já o contrato de experiência não poderá exceder de 90 dias (CLT, art.
445, e parágrafo único).
Em qualquer modalidade de contrato por prazo determinado, para que seja celebrado novo
contrato com o mesmo empregado, é necessário um intervalo de, no mínimo, seis meses, sob pena
de o referido contrato transformar-se em prazo indeterminado (CLT, art. 452). O contrato por prazo
determinado e sua modalidade, assim como o período ajustado, deve ser registrado pelo empregador
na CTPS do trabalhador na parte chamada Anotações Gerais (VIANNA, 2004, p. 139).
Nos contratos por prazo determinado, o empregador que, sem justa causa, despedir o empregado,
será obrigado a pagar-lhe, a título de indenização, e por metade, a remuneração a que teria direito até o
término do contrato (CLT, art. 479). Isso significa que, ex.: se o empregado for contratado por um prazo
de 90 dias recebendo uma remuneração de R$500,00 por mês e for dispensado no 30o (trigésimo) dia,
o empregador terá de pagar o salário do período laborado mais uma indenização de R$500,00, pois é a
metade dos R$1.000,00 que o trabalhador receberia até o final do contrato.
Quanto ao contrato de experiência, vale ressaltar que é a espécie de contrato de trabalho a
prazo determinado mais utilizado nas empresas. Esse contrato serve para que o empregador conheça o
empregado e vice-versa, sendo um verdadeiro teste para ambas as partes. Conforme supracitado, sua
duração é de no máximo 90 dias, podendo ser prorrogado por uma única vez, dentro desse prazo, sob
pena de se transformar em contrato a prazo indeterminado.3
É de se salientar que o artigo 29 da CLT dispõe que as condições especiais de trabalho, entre as
quais se inclui o contrato de experiência, sejam anotadas na CTPS do empregado no prazo improrrogável
de 48 horas (BARROS, 2007, p. 474).
Na rescisão de contrato de experiência por extinção automática – fim do prazo estipulado – o
empregado tem direito a receber: saldo de salário; 13.° salário proporcional; férias proporcionais mais
3 TST, enunciado 188: “O contrato de experiência pode ser prorrogado, respeitado o limite de 90 (noventa) dias”.

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12 | Rotinas Trabalhistas I

1/3 constitucional; FGTS do mês e da rescisão e salário-família. Na rescisão antecipada por iniciativa
do empregador recebe, ainda, além dos direitos supracitados, a multa do FGTS. Quando a rescisão é
por culpa do empregado, somente recebe: saldo de salário; 13° salário proporcional e salário-família
(MARTINS, 2007, p. 875).
Em nenhuma hipótese de rescisão do contrato por prazo determinado, o empregado terá direito
a receber o aviso prévio, pois esse somente é devido no término do contrato por prazo indeterminado
ou na rescisão indireta4 (CLT, art. 487, caput e §4.°).

Alteração do contrato individual de trabalho


O artigo 468 da CLT preleciona que:
Art. 468. Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consen-
timento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de
nulidade da cláusula infringente desta garantia. [...]

Como o contrato de trabalho (prazo indeterminado) prolonga-se pelo tempo, é passível de


mudança. Essas alterações podem ser individuais, quando atinge um empregado, ou coletivas, quando
atingem um grupo de trabalhadores.
Analisando o artigo supracitado, verifica-se que as mudanças no contrato de trabalho devem ter o
consentimento de ambas as partes – empregado e empregador – não havendo que se falar em alteração
unilateral e, mesmo assim, não podem acarretar prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da
mudança, devendo, caso ocorra prejuízo, o empregado retornar ao estado anterior à alteração.
Mas, conforme nos ensina Amauri Mascaro do Nascimento (2007, p. 250):
O empregador pode alterar a função do empregado em casos excepcionais. Alguns são previstos em lei, como
o retorno do empregado de confiança para a função anterior. A CLT (art. 468, parágrafo único) dispõe que “não se
considera alteração unilateral a determinação do empregador para que o respectivo empregado reverta ao cargo
efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de confiança”. Portanto, cessada a confiança que o
empregador deposita no empregado, a lei permite que este seja desinvestido do cargo, voltando a ocupar o anterior.
Também prevê a CLT outra hipótese (art. 450): “Ao empregado chamado a ocupar, em comissão, interinamente, ou em
substituição eventual ou temporária, cargo diverso do que exercer na empresa serão garantidas a contagem do tempo
de serviço, bem como a volta ao cargo anterior”. A alteração de função não prevista em lei é tolerada quando a empresa
extingue cargos, não dispensa seus ocupantes e os aproveita em outras funções. Desde que estas não importem
alteração substancial das qualificações, é de se permitir a validade do ato, fundamentado no princípio do jus variand.
Em caso contrário, deve ser assegurado ao empregado o direito de se considerar rescindido o contrato de trabalho,
configurando-se a justa causa do empregador, pressuposto da dispensa indireta (CLT, art. 483, “d”). Outro exemplo de
alteração de função está no artigo 461, §4.°, da CLT, de empregado readaptado em razão de deficiência física ou mental
atestada pelo INSS.

Alice Monteiro de Barros (2007, p. 831) salienta que,


[...] enquanto durar a substituição do empregado e desde que ela não seja meramente eventual, assegura-se ao subs-
tituto o mesmo salário contratual do substituído (TST, Súmula 159, I). A substituição de colega titular do cargo em
férias não é considerada eventual, pois é passível de programação, consideram-se eventuais as substituições de curta
duração e insuscetíveis de serem programadas, como as que ocorrem por ter faltado o empregado por motivo de fale-
cimento de familiares, na forma do artigo 47, da CLT.

4 Rescisão indireta do contrato de trabalho (CLT, art. 483).


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Tratando-se de transferência de empregado, a CLT prevê que (art. 469):


Art. 469. Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para localidade diversa da que resul-
tar do contrato, não se considerando transferência a que não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio.
§1.o Não estão compreendidos nessa proibição os empregados que exercem cargos de confiança e aqueles cujos
contratos tenham como condição a transferência, quando esta decorra de real necessidade de serviço.

[...]
A condição contratual pode ser implícita ou explicita. A implícita é a que estiver subentendida
no pacto laboral, como o aeronauta, o vendedor viajante, o atleta profissional, o artista do circo etc.
(MARTINS, 2007, p. 315).
É lícita essa alteração quando ocorrer extinção do estabelecimento em que trabalhar o empre-
gado (CLT, §2.°, art. 469). Também em caso de necessidade de serviço, o empregador poderá transferir
provisoriamente o empregado para localidade diversa da que resultar do contrato, ficando obrigado a
um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% dos salários que o empregado recebia naquela loca-
lidade, enquanto durar essa situação (CLT, art. 469, §3.°).

Interrupção e suspensão do contrato individual de trabalho


Suspensão do contrato de trabalho é a paralisação temporária dos seus principais efeitos; e inter-
rupção do contrato é a paralisação durante o qual a empresa paga salários e conta o tempo de serviço
do empregado (NASCIMENTO, 2007, p. 252).
Assim, haverá interrupção quando o empregado for remunerado normalmente, embora não
preste serviços, contando-se também seu tempo de serviço, mostrando a existência de uma cessação
provisória e parcial dos efeitos do contrato de trabalho. Na suspensão, o empregado fica afastado, não
recebendo salário; nem conta-se seu tempo de serviço, havendo a cessação provisória e total dos efeitos
do contrato de trabalho (MARTINS, 2007, p. 322).
Resumindo: na interrupção, o empregado não trabalha, mas recebe salário do seu empregador,
enquanto que na suspensão, o empregado também não trabalha, mas não recebe salário.
Por exemplo, nos 15 primeiros dias de afastamento do empregado, no caso de doença ou acidente
do trabalho, o empregador paga o salário ao empregado, sendo o caso de interrupção do contrato de
trabalho, e a partir do 16.° dia de afastamento o empregado recebe auxílio-doença do INSS, passando a
ser suspensão do contrato.
Também são consideradas interrupção do contrato de trabalho as faltas legais – justificadas –
estipuladas no artigo 473 da CLT, ex.: até dois dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge,
ascendente, descendente, irmão ou pessoa que, declarada em sua carteira de trabalho e previdência
social, viva sob sua dependência econômica; até três dias consecutivos, em virtude de casamento etc.
O exemplo mais comum de interrupção do contrato de trabalho são as férias, pois o empregado
não presta serviços, mas recebe salários, não ficando privado de sua remuneração (CLT, art. 129), sendo,
também, contado o tempo de serviço para todos os efeitos (CLT, art.130, §2.°) (MARTINS, 2007, p. 336).

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Alice Monteiro de Barros (2007, p. 846) salienta que tanto na suspensão quanto na interrupção há a
paralisação transitória da prestação de serviço, e não a cessação contratual. Também em ambos os casos
são assegurados ao empregado, afastado do emprego, por ocasião de sua volta, todas as vantagens que,
em sua ausência, tenham sido atribuídas à categoria a que pertencia na empresa (CLT, art. 471).
O contrato de trabalho também poderá ser suspenso por um período de dois a cinco meses para
participação do empregado em curso ou programa de qualificação profissional oferecido pelo empre-
gador, com duração equivalente à suspensão contratual, mediante previsão em convenção ou acordo
coletivo de trabalho e consentimento formal do empregado, assegurando-se, por ocasião de sua volta,
todas as vantagens adquiridas pela categoria em sua ausência (CLT, arts. 476-A e 471).
O empregador poderá, durante a participação no curso (período de suspensão contratual), con-
ceder ao empregado ajuda compensatória mensal, sendo que essa não terá natureza salarial.

Jornada de trabalho
A duração normal do trabalho para os empregados em qualquer atividade privada não excederá
de oito horas diárias e 44 semanais, com limite máximo de 220 horas mensais, desde que não seja
fixado expressamente outro limite, facultada ainda, a compensação de horário e a redução da jornada,
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho (CLT, art. 58 e CF, art. 7.°,XIII).
Logo, a legislação permite a possibilidade de fixação de outros limites por meio do contrato indi-
vidual de trabalho, ex.: jornadas menores (CLT, art. 58) – ou estipuladas por norma coletiva de trabalho,
como as jornadas específicas de algumas categorias – hospitais, vigilância, entre outras – com labor em
escala de revezamento, no sistema 12x36 – 12 horas de trabalho por 36 de descanso, 4x2; 5x2 etc.
Vale salientar que os acordos e as convenções coletivas são utilizadas para fixar adicionais de
horas extraordinárias acima dos mínimos legais, redução de jornada e as regras que prevalecerão, inter-
valos de descanso com duração diferente da prevista em lei, além de jornadas específicas de algumas
categorias (NASCIMENTO, 2007, p. 268).
O regime de tempo parcial é aquele cuja duração não excede 25 horas semanais, e o salário a ser
pago será proporcional a sua jornada em relação aos empregados que cumprem tempo integral nas
mesmas funções (CLT, art. 58-A, § 1.°).

Da prorrogação de horas
O artigo 59 da CLT preleciona que:
Art. 59. A duração normal do trabalho poderá ser acrescida de horas suplementares, em número não excedente
de 2 (duas), mediante acordo escrito entre empregado e empregador, ou mediante contrato coletivo de trabalho.
[...]

Assim, o trabalhador poderá realizar duas horas extras por dia de labor (totalizando 10 horas),
com acréscimo de no mínimo 50% sobre a hora normal (CF, art. 7.°, XVI)5, desde que tenha um acordo
5 O artigo 59, §1.° da CLT preleciona que a remuneração da hora extra será, no mínimo, 20% superior a da hora normal. Mas, posteriormente, o artigo
7.°, XVI, da Constituição Federal majorou a porcentagem para 50%, no mínimo, fazendo-se prevalecer por ser norma mais benéfica ao trabalhador.

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escrito de prorrogação de horas entre empregado e empregador ou permissão estipulada expressa-


mente em acordo ou convenção coletiva de trabalho.
É claro que se o empregado prestar mais de duas horas extras por dia terá que recebê-las, pois geraria enriquecimento
ilícito do empregador em detrimento do esforço do empregado, além do que as partes não poderiam voltar ao estado
anterior, devolvendo ao obreiro a energia despendida. Excedido o limite de duas horas por dia, haverá multa adminis-
trativa (MARTINS, 2007, p. 501).

As variações de horário no registro de ponto não excedente de cinco minutos – observado o


limite de 10 minutos diários – não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária
(CLT, art. 58, §1.°). Se ultrapassar esse limite, será considerada como extra a totalidade do tempo que
exceder a jornada normal (Enunciado 366 do TST).
Isso se deve ao fato de que o empregado, muitas vezes, registra o ponto antes ou após seu horário
de trabalho, como no caso da empresa que emprega uma grande quantidade de trabalhadores, o que
pode ocasionar uma demora no registro de ponto. Não seria justo que o empregador tivesse que arcar
com o pagamento desses minutos a mais na forma de horas suplementares.
À luz da Súmula 366, do TST (BARROS, 2007, p. 652):
[...] o tempo gasto pelo empregado com troca de uniforme, lanche e higiene pessoal, dentro das dependências da
empresa, após o registro de entrada e antes do registro de saída, considera-se tempo à disposição do empregador,
sendo remunerado como extra o período que ultrapassar, no total, a 10 minutos da jornada de trabalho diário.

Da compensação da jornada
A compensação da jornada de trabalho está prelecionada no parágrafo 2.°, do artigo 59, da CLT
que assevera:
§2.° Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso
de horas em um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda,
no período máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite
máximo de dez horas diárias.

O artigo supracitado regulamenta o banco de horas que “é o acordo pelo qual as horas excedentes
das normais prestadas num dia são deduzidas em outros dias, ou as horas não trabalhadas são futura-
mente repostas” (NASCIMENTO, 2007, p. 298).
Nesse passo, as horas suplementares laboradas pelo trabalhador – que não poderão ultrapassar
o limite máximo de 10 horas diárias – serão registradas, podendo ser compensadas em outro período
determinado pelo empregador. No prazo máximo de um ano deverá o empregador quitar as horas
laboradas pelo empregado que não foram compensadas no período, sempre com acréscimo de no
mínimo 50% à da hora normal de trabalho.
A compensação de horas deverá ser realizada mediante acordo ou convenção coletiva de
trabalho, conforme preleciona o artigo 7.°, XIII, da CF. Mas, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) entende
(Enunciado 85) que a compensação da jornada de trabalho deve ser ajustada por acordo individual
escrito, acordo coletivo ou convenção coletiva. Na visão do TST, o acordo individual é válido desde que
não haja norma coletiva em sentido contrário.
Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho, sem que tenha havido a compensação integral
da jornada extraordinária, fará jus o trabalhador ao pagamento das horas extras não compensadas,
calculadas sobre o valor da remuneração na data da rescisão.

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16 | Rotinas Trabalhistas I

As horas extras serão remuneradas juntamente com o adicional, pois são horas extraordinárias.
Assim, o trabalhador não receberá apenas o adicional, mas as horas extras com o adicional, pois, se não
compensadas, serão tidas por extra (MARTINS, 2007, p. 513).
Se na rescisão, o empregado for devedor por não ter feito a reposição de horas ou dias nos quais
trabalhou, duas diferentes teses podem ser suscitadas:6
a) a teoria do risco que veda o desconto dessas horas no Termo de Rescisão do Contrato de
Trabalho (TRCT), haja vista que o empregador é quem deve assumir o risco da atividade
econômica;
b) a teoria da compensação, segundo a qual o empregador estaria autorizado a descontar o valor
dessas horas com outros direitos trabalhistas do empregado.

O limite legal (CLT, art. 58 e 59 ) ou convencional poderá ser excedido no caso de necessidade
imperiosa, seja para fazer face a motivo de força maior (sem limite de horas), seja para fazer atender à
realização ou conclusão de serviços inadiáveis ou cuja inexecução possa acarretar prejuízo manifesto
(com limite diário de 12 horas de labor), devendo tais horas serem remuneradas com acréscimo de
no mínimo 50% (CLT, art. 61, §2.°).
Naquele caso (necessidade imperiosa), o excesso de horas trabalhadas poderá ser exigido
independentemente de acordo ou contrato coletivo e deverá ser comunicado, no prazo de 10
dias, à autoridade competente em matéria de trabalho (DRT), ou, antes desse prazo, justificado no
momento da fiscalização sem prejuízo dessa comunicação (CLT, art. 61, §1.°).
Entende-se como força maior todo acontecimento inevitável em relação à vontade do empre-
gador, e para a realização do qual este não concorreu, direta ou indiretamente, ex.: incêndio; terre-
moto etc. (CLT, art. 501). Serviços inadiáveis são aqueles que não podem ser terminados durante a
própria jornada de trabalho, como o trabalho com produtos perecíveis, que devem ser acondicio-
nados em refrigeradores e que não podem ser interrompidos, sob pena de deterioração do produto
(MARTINS, 2007, p. 515).

Os empregados excluídos do percebimento de horas suplementares, ou seja, aqueles que podem


trabalhar em regime de sobrejornada sem ter o direito de receber horas extras são:
CLT, art. 62 [...]
I - os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horários de
trabalho, (ex.: o vendedor externo sem controle de horário), devendo tal condição ser anotada
na CTPS e no registro de empregados;
II - os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam,
para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial.
[...]
Ressalta-se, todavia, que, se o empregado, embora exercendo função externa, estiver sujeito a
controle de jornada, como por meio de tacógrafo e de rotas previamente conhecidas, com previsão da
6 NASCIMENTO, op. cit., p. 298-299. Na visão de Sergio Pinto Martins: “Se houver crédito de horas de compensação a favor do empregado na
rescisão do contrato de trabalho, podem ser compensadas com outro crédito do empregado na rescisão. Do contrário, haveria enriquecimento
ilícito do empregado. Haverá, porém, de se respeitar o limite de um mês de remuneração do empregado para efeito de compensação (§5.° do
art. 477 da CLT)”.

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duração de viagens, a jurisprudência tem-se orientado no sentido de autorizar ao pagamento das horas
extras (BARROS, 2007, p. 664).
No caso dos empregados exercentes de cargos de gestão, vale salientar que pouco importa o nome
do cargo, devendo o empregado deter poder de comando na empresa, “investido de poder decisório, sendo
válidos os atos que venha a praticar em nome do empregador, como se proprietário fosse do estabeleci-
mento”. Também deve ter um padrão mais elevado de vencimentos, percebendo uma gratificação de função
“superior ao valor do respectivo salário efetivo em, no mínimo, 40%” (VIANNA, 2004, p. 329). Isso se deve pela
responsabilidade da função exercida e para compensar a falta de recebimento de horas extras.

Do Intervalo Interjornada
Entre duas jornadas de trabalho haverá um período mínimo de descanso de 11 horas consecutivas
(CLT, art. 66). O intervalo interjornada serve para que o empregado descanse entre o término de uma
jornada e o início de outra “e sua ausência implica ao empregador o pagamento como extraordinária
das horas não concedidas”7.
O intervalo intrajornada está prelecionado no artigo 71 da CLT, que assevara:
Art. 71. Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo
para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em
contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas.
§1.º Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um intervalo de 15 (quinze) minutos
quando a duração ultrapassar 4 (quatro) horas. [...]

Em consonância com o artigo em comento, o empregador deverá conceder um intervalo para


refeição e descanso de, no mínimo, 15 minutos para o empregado que laborar de quatro a seis horas
e um descanso de, no mínimo, uma hora para o labor que exceder a seis horas. Não pode o horário
intrajornada exceder de duas horas, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário. Para a
jornada diária de até quatro horas, o empregador não é obrigado a conceder intervalo para refeição e
descanso.
Sobre o assunto, Sergio Pinto Martins (2007, p. 534) explica que:
Assim, o empregador pode conceder, v. g., um intervalo de uma hora e 30 minutos, uma hora e 55 minutos. Para que
o intervalo seja superior a duas horas, há a necessidade de acordo escrito com o empregado, seja por intermédio de
cláusula do contrato de trabalho ou termo separado, ou de contrato coletivo.

Os intervalos de descanso não serão computados na duração do trabalho (CLT art. 71, §2.°), “ou
seja, eles não são contados para a apuração da jornada diária do empregado. Assim, um empregado
que trabalha das 8:00 às 12:00 , tem intervalo das 12:00 às 13:00 horas, retorna ao trabalho às 13:00
horas e lá permanece até às 17:00, tem jornada diária de 8 horas (o período de 12:00 às 13:00 não deve
ser computado)” (VIANNA, 2004, p. 360).
O intervalo não pode ser fracionado em várias vezes por dia, nem ser concedido no início da
jornada, pois não representa pausa para repouso, pois nem sequer se iniciou o trabalho e o trabalhador
ainda não está cansado para descansar (MARTINS, 2007, p. 534).

7 VIANNA, op. cit., p. 359. No mesmo sentido: NASCIMENTO, op. cit., p. 311. Em sentido contrário: MARTINS, op. cit., p. 541 asseverando que: “A
inobservância do artigo 66 da Consolidação das Leis do Trabalho importa apenas infração administrativa, sendo devida a multa do artigo 75
da CLT, e não pagamento de hora extra”.

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Reza o parágrafo 4.° do artigo 71, da CLT:


Art. 71. [...]
§4° Quando o intervalo para repouso e alimentação não for concedido pelo empregador, este ficará obrigado a remu-
nerar o período correspondente com um acréscimo de no mínimo 50% sobre o valor da remuneração da hora normal
de trabalho.

Nesse passo, se o empregador não conceder o intervalo intrajornada, fazendo com que o empre-
gado trabalhe nesse período – que é destinado para refeição e descanso – deverá arcar com o paga-
mento da hora, com acréscimo de 50%, mais a multa administrativa para a União8.
Esse é o entendimento do TST externado pela Orientação Jurisprudencial 307 da SDI-1, que aduz:
[...] após a edição da Lei 8.923/94, a não concessão total ou parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e
alimentação, implica o pagamento total do período correspondente, com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor
da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT).

Para os estabelecimentos com mais de dez trabalhadores será obrigatória a anotação de horário
de entrada, saída e da intrajornada (destinado para refeição e descanso), em registro manual, mecânico
ou eletrônico (CLT, art. 74, §2.°).
Coexistem, portanto, diversos meios:
a) o cartão de ponto que o empregado marca no relógio de ponto ou na forma manual;
b) a marcação em catracas com um cartão magnético;
c) o ponto eletrônico, no qual os horários podem ser registrados pelo próprio empregado em
computador mediante senha individual de ingresso, caso em que, periodicamente, a empresa
fornecerá a cada empregado as anotações registradas para conferência. (NASCIMENTO, 2007,
p. 312-313).
O repouso mínimo de uma hora pode ser reduzido apenas por ato do Ministério do Trabalho e ouvida a Secretaria de
Segurança e Medicina do Trabalho, desde que se verifique que o estabelecimento atende integralmente às exigências
concernentes à organização dos refeitórios e quando os respectivos empregados não estiverem sob o regime de horas
extras (CLT, art. 71, §3.º) (MARTINS, 2007, p. 535).

Assim, o horário de intrajornada não pode ser reduzido por norma coletiva de trabalho, neces-
sitando de autorização expressa do Ministério do Trabalho e do Emprego, que tem a competência
de “avaliar se o local onde serão feitas as refeições oferece condições para que elas sejam realizadas
em tempo inferior a uma hora” (BARROS, 2007, p. 667).

Esse também é o entendimento do TST ao asseverar que:


É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho contemplando a supressão ou redução do intervalo
intrajornada porque este constitui medida de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantido por norma de ordem
pública (art. 71 da CLT e art. 7.°, XXII, da CF), infenso à negociação coletiva (OJ 342 da SDI-1).

8 Nesse sentido: NASCIMENTO, op. cit., 312; MARTINS, op. cit., 537 e; BARROS, op. cit., p. 668.

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Rotinas Trabalhistas I | 19

Do trabalho noturno
O trabalho noturno – urbano – é aquele realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco
horas do dia seguinte e terá um acréscimo (adicional noturno) de 20%, pelo menos, sobre a hora diurna. A
hora do trabalho noturno será computada como de 52 (cinquenta e dois) minutos e 30 (trinta) segundos
(CLT, art. 73, §1.º). Nessa toada, “o empregado que trabalhar das vinte e duas horas às cinco horas prestará
sete horas de trabalho, mas ganhará oito, em razão da hora noturna reduzida” (MARTINS, 2007, p. 527).
No meio rural, o horário noturno é aquele realizado entre as vinte e uma horas de um dia e as
cinco horas do dia seguinte, para os empregados que laboram na lavoura; e entre as vinte horas de um
dia e as quatro horas do dia seguinte, para os empregados que trabalham na pecuária, com adicional de
25% sobre a remuneração normal de trabalho (Lei 5.889/73, art. 7.º, parágrafo único).
Cumprida integralmente a jornada no período noturno e prorrogada esta, devido também o
adicional quanto às horas prorrogadas, conforme exegese do artigo 73, §5.° da CLT (Súmula 60 do TST),
porque a prorrogação da jornada após o cumprimento do horário noturno implica maior desgaste
físico e psíquico para o trabalhador, não ocorrendo o mesmo com as horas que antecederem o período
noturno (BARROS, 2007, p. 671).

Texto complementar
Princípios do Direito do Trabalho
(GUIMARÃES, 2007)
Como introdução ao presente trabalho, torna-se útil e necessário que se discorra sobre os
princípios que regem o Direito do Trabalho e, para tanto, serão utilizadas as definições do sempre
lembrado mestre Américo Plá Rodriguez (Princípios do Direito do Trabalho, Editora LTr, 1978).
O ilustre doutrinador define princípios como as “linhas diretrizes que informam algumas normas
e inspiram direta ou indiretamente uma série de soluções, pelo que, podem servir para promover e
embasar a aprovação de novas normas, orientar a interpretação das existentes e resolver os casos
não previstos”.
A partir desse conceito, Plá Rodriguez ordena, delimita e define os princípios gerais do Direito
do Trabalho, princípios específicos que constituem o fundamento do ordenamento jurídico do
trabalho, sendo eles os seguintes:

Princípios de proteção
“O princípio de proteção se refere ao critério fundamental que orienta o Direito do Trabalho,
pois este, em vez de inspirar-se num propósito de igualdade, responde ao objetivo de estabelecer
um amparo preferencial a uma das partes: o trabalhador.

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20 | Rotinas Trabalhistas I

Enquanto no Direito comum uma constante preocupação parece assegurar a igualdade jurí-
dica entre os contratantes, no Direito do Trabalho a preocupação central parece ser a de proteger
uma das partes com o objetivo de, mediante essa proteção, alcançar-se uma igualdade substancial
e verdadeira entre as partes.”
Alguns autores atribuem denominações diferentes a esse princípio, por exemplo, “princípio
pró-operário ou de aplicação da norma mais favorável” (Miguel Hermain Márquez) ou “princípio de
proteção tutelar” (Mozart Victor Russomano).

Princípio da irrenunciabilidade
A renúncia é um ato jurídico unilateral e deságua na perda do direito ou na sua extinção, e o
princípio em tela é definido como “a impossibilidade jurídica de privar-se voluntariamente de uma
ou mais vantagens concedidas pelo Direito Trabalhista em benefício próprio”.
Na fundamentação desse princípio, que alguns estudiosos denominam princípio da indisponi-
bilidade ou do caráter imperativo das normas trabalhistas, Plá Rodriguez assevera que:
[...] ao contrário do que ocorre no Direito comum, o qual rege o princípio da renunciabilidade, no Direito do Tra-
balho rege o princípio oposto, que é o da irrenunciabilidade. Ou seja, nos restantes ramos do Direito alguém pode
privar-se voluntariamente de uma faculdade ou de uma possibilidade ou de um benefício que possuiu, enquanto
neste setor do Direito isso não é possível: ninguém pode privar-se das possibilidades ou vantagens estabelecidas
em seu proveito próprio.

Princípio da continuidade
Preleciona o mestre que para o entendimento desse princípio:
[...] devemos partir da base que o contrato de trabalho é um contrato de trato sucessivo, ou seja, que a relação de
emprego não se esgota mediante a realização instantânea de certo ato, mas perdura no tempo. A relação não é
efêmera, mas pressupõe uma vinculação que se prolonga.

Tudo o que visa a conservação da fonte de trabalho, a dar segurança ao trabalhador, constitui
não apenas um benefício para ele, enquanto lhe transmite uma sensação de tranquilidade, mas
também redunda em benefício da própria empresa e, por meio dela, da sociedade, na medida em
que contribui para aumentar o lucro e melhorar o clima social das relações entre as partes. Por isso,
diz Krotoschin, que essa proteção não somente constitui “uma medida de segurança econômica,
mas também garante a incorporação do trabalhador na empresa como meio de integração para os
fins específicos do direito social”.

Princípio da primazia da realidade


Significa que “em caso de discordância entre o que ocorre na prática e o que emerge de
documentos ou acordos, deve-se dar preferência ao primeiro, isto é, ao que sucede no terreno
dos fatos”, o que leva alguns doutrinadores à conclusão de que o contrato de trabalho é um
contrato-realidade.

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Rotinas Trabalhistas I | 21

Plá Rodriguez, fazendo referência aos estudos de Mario de La Cueva quanto à natureza jurídica
do contrato de trabalho, reproduz que:
[...] A existência de uma relação de trabalho depende, em consequência, não do que as partes tiveram pactuado,
mas da situação real em que o trabalhador se ache colocado, porque, como diz Scelle, a aplicação do Direito do
Trabalho depende cada vez menos de uma relação jurídica subjetiva do que uma situação objetiva, cuja existência
é independente do ato que condiciona seu nascimento. Donde resulta errôneo pretender julgar a natureza de
uma relação de acordos com o que as partes tiverem pactuados, uma vez que, se as estipulações consignadas no
contrato não correspondem à realidade, carecerão de qualquer valor.

Em razão do exposto é que o contrato de trabalho foi denominado contrato-realidade, posto


que existe não no acordo de abstrato de vontades, mas na realidade da prestação do serviço. E que
é esta e não aquele acordo que determina a sua existência.

Atividades
1. O empregador é obrigado a efetuar o registro de seus empregados? Caso o empregador mantenha
empregado sem registro poderá sofrer alguma espécie de penalidade?

2. Quem são as figuras do contrato individual de trabalho e suas principais características?

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22 | Rotinas Trabalhistas I

3. Conceitue o contrato individual de trabalho e disserte sobre suas principais características.

4. Discorra sobre a jornada normal de trabalho e sobre a possibilidade de fixação de outros limites
de jornadas.

Gabarito
1. O artigo 41 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) preleciona que em todas as atividades será
obrigatório para o empregador o registro dos respectivos trabalhadores, podendo ser adotados
livros, fichas ou sistema eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do
Trabalho. A empresa que mantiver empregado não registrado incorrerá em multa aplicada pela
Delegacia Regional do Trabalho, por empregado não registrado. No caso de reincidência será
aplicada nova multa (CLT, arts. 47 e 48).

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Rotinas Trabalhistas I | 23

2. As figuras do contrato individual de trabalho são o empregado e o empregador. Considera-se


empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob
a dependência deste e mediante salário (CLT, art. 3.º). Entre suas principais características vale
ressaltar a subordinação, que se traduz pelo poder de direção do empregador em face do em-
pregado; a pessoalidade, pois o empregado não pode fazer-se substituir; e a onerosidade, que é
o percebimento de salário em contraprestação ao serviço prestado. Considera-se empregador a
empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assa-
laria e dirige a prestação pessoal de serviço (CLT, art. 2.º). O empregador assume os riscos da ati-
vidade econômica e detém o comando da empresa – admitindo o empregado, pagando salário e
dirigindo a prestação pessoal dos serviços.

3. Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de em-


prego (CLT, art. 442). O contrato de trabalho pode ser formalizado na forma expressa escrita
(contrato escrito de trabalho), expressa verbal (formalizado pela troca de palavras entre empre-
gado e empregador) e na forma tácita. O contrato de trabalho é bilateral, sinalagmático, con-
sensual, oneroso, comutativo e de trato sucessivo. Bilateral por ser celebrado apenas entre duas
pessoas – empregado e empregador; sinalagmático, por ter obrigações recíprocas; consensual
por haver um consenso entre as partes; oneroso, pois o empregado recebe uma remuneração
pelos serviços prestados ao empregador; comutativo e de trato sucessivo, pois há continuidade
na prestação de serviços.

4. O artigo 58 da Cosolidação das Leis de Trabalho (CLT) e o artigo 7.° da Constituição Federal (CF) es-
tipulam que a duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada,
não excederá de oito horas diárias e 44 semanais, desde que não seja fixado expressamente outro
limite, facultada ainda, a compensação de horário e a redução da jornada, mediante acordo ou
convenção coletiva de trabalho. Assim, a legislação permite a possibilidade de fixação de outros
limites por meio do contrato individual de trabalho ou por norma coletiva de trabalho – acordo
ou convenção coletiva de trabalho.

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24 | Rotinas Trabalhistas I

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Rotinas trabalhistas II
Férias, terço constitucional e abono pecuniário
Todo empregado terá direito anualmente ao gozo de um período de férias sem prejuízo da remu-
neração, ou seja, o empregado não trabalha nesse período, mas recebe salário do empregador, acrescido
de um terço (CF, art. 7.°, XVII). Trata-se, assim, de interrupção do contrato de trabalho (CLT, art. 129),
computando-se o período de férias, para todos os efeitos, como tempo de serviço (CLT, art.130, §2.°).
A cada 12 meses de trabalho o empregado adquire o direito às férias – período aquisitivo – tendo
o direito de gozá-las na seguinte proporção (CLT, art. 130):
Art. 130. [...]
I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5 (cinco) vezes;
II - 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 6 (seis) a 14 (quatorze) faltas;
III -18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 23 (vinte e três) faltas;
IV -12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e quatro) a 32 (trinta e duas) faltas.
[...]

Se o empregado faltar ao serviço mais de 32 dias, não terá direito às férias.


Não são consideradas faltas ao serviço as hipóteses previstas no artigo 131 da Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT), como no caso das faltas legais (CLT, art. 473); licença-maternidade da empregada
por motivo de maternidade ou aborto e; por motivo de acidente do trabalho ou enfermidade atestada
pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

As férias serão concedidas – período concessivo – pelo empregador, nos 12 meses subsequentes
à data em que o empregado tiver adquirido o seu direito. Nesse passo, o empregador terá que
disponibilizar o gozo de férias ao seu empregado entre os 12 meses posteriores ao do período em
que o trabalhador tenha adquirido o direito às férias.

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26 | Rotinas trabalhistas II

As férias serão concedidas em um só período e somente em casos excepcionais poderão ser


concedidas em dois períodos, um dos quais não poderá ser inferior a 10 dias corridos (CLT, art. 134
e §1.°). Já para os menores de 18 anos e maiores de 50 anos de idade, as férias serão sempre conce-
didas em um só período (CLT, art. 134, §2.°).
Importante salientar que o empregador deverá avisar o empregado da concessão das férias
na forma expressa escrita, com a entrega de recibo e com antecedência de, no mínimo, 30 dias, no
intuito de o trabalhador ter tempo hábil de programar suas férias. O empregado não poderá entrar
em gozo de férias sem que apresente ao empregador sua Carteira de Trabalho e Previdência Social
(CTPS), para que nela seja anotada a respectiva concessão, devendo o empregador também anotar
a concessão das férias no livro ou na ficha de registro do empregado (CLT, art. 135, §§1.° e 2.°).
O empregador é quem escolhe a época da concessão das férias, desde que seja dentro do
período concessivo. Os membros de uma mesma família, que trabalharem na mesma empresa,
terão direito de gozar férias no mesmo período, se assim desejarem e desde que disto não resulte
prejuízo para o serviço. Já o estudante menor de 18 anos terá direito a fazer coincidir suas férias na
empresa com as férias escolares (CLT, art. 136, §1.° e 2.°).

Sempre que as férias forem concedidas após o prazo de que trata o artigo 134 da CLT, ou seja,
após os 12 meses subsequentes à data em que o empregado tiver adquirido o direito, o empregador
pagará em dobro a respectiva remuneração. “O empregador não vai pagar dois períodos de férias em
vez de um. A dobra é da remuneração. Não são devidos 60 dias de férias” (MARTINS, 2007, p. 564).
Se o prazo vencer e o empregador não tiver concedido as férias, o empregado poderá ajuizar
ação trabalhista pleiteando a fixação, por sentença, da época de gozo das mesmas, devendo o juiz
cominar pena diária devida ao empregado até que o empregador cumpra a decisão e conceda as
férias. O juiz também enviará cópia da decisão judicial ao órgão local do Ministério do Trabalho, para
fins de aplicação da multa de caráter administrativo (CLT, art. 137, §§1.º, 2.° e 3.°).
O empregado poderá pleitear a conversão de 1/3 das férias a que tiver direito em abono pecu-
niário. “Assim, o empregado que tem direito a 30 dias de férias poderá receber 10 dias em dinheiro,
gozando 20 dias de férias” (NASCIMENTO, 2007, p. 321). Tanto o pagamento das férias quanto o do
abono deverá ser efetuado pelo empregador até dois dias antes do início do respectivo gozo (CLT,
arts. 143 e 145).
Esse pagamento é efetuado, geralmente, por meio do formulário “Recibo de férias”, em duas
vias, no qual deverão estar indicados o início e o término das férias, bem como a que período aquisi-
tivo se referem, dando quitação o empregado, que ficará com a segunda via (CLT, art. 145) (VIANNA,
2004, p. 460).
As horas extras habitualmente prestadas, os adicionais noturnos, os adicionais de insalubridade
e periculosidade incorporar-se-ão também ao cálculo das férias e do terço constitucional (CLT, art.
142, §5.°), assim como as gorjetas cobradas pelo empregador, habitualmente, na nota de serviço ou
oferecidas espontaneamente pelos clientes (CLT art. 457, TST Súmula1 354) (BARROS, 2007, p. 722).

1 Súmula indica a condensação de série de acórdãos do mesmo tribunal, revelando sua orientação para casos análogos (COSTA, 2001, p. 269).
Obs.: Na visão dos Tribunais, Enunciado e Súmula têm o mesmo sentido. As Orientações Jurisprudenciais representam a reiterada jurisprudência
manifestada em decisões proferidas em ações coletivas ou individuais, sem a uniformidade exigida para sua elevação a Súmula. (CARRION, 2007,
p. 902).

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Rotinas trabalhistas II | 27

Principais hipóteses de extinção do contrato individual de


trabalho e assistência na rescisão contratual
O artigo 7.°, inciso I, da Constituição Federal (CF) preleciona que são direitos dos trabalhadores a:
Art. 7.o [...]
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que
preverá indenização compensatória, dentre outros direitos; [...]

Como a lei complementar ainda não foi editada, a única indenização que o empregador paga ao
empregado na despedida sem justa causa é 40% sobre os valores depositados no Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS), mais 10% a título de contribuição social, depositado na conta do empregado
(art. 10, I, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT), além dos consectários legais
devidos – aviso prévio, 13.° salário, férias etc.
Na rescisão sem justo motivo dos contratos a prazo determinado, o empregador será obrigado a
pagar, a título de indenização, a metade da remuneração a que teria direito o empregado até o término
do contrato (CLT, art. 479).
Outra forma de cessação do contrato de trabalho é a justa causa advinda de ato grave praticado
pelo empregado, com motivo devidamente evidenciado, de acordo com as hipóteses previstas em lei
(MARTINS, 2007, p. 353).
Os requisitos da justa causa são (NASCIMENTO, 2007, p. 400):
a) a culpa do empregado;
b) a gravidade do seu comportamento;
c) o imediatismo, sob pena de ser considerado o perdão tácito do empregador;
d) a causalidade, ou seja, o nexo de causa e efeito entre a justa causa e a dispensa;
e) a singularidade, sendo vedada a dupla punição ao empregado pelo mesmo ato praticado.
As figuras da justa causa estão prelecionadas no artigo 482 da CLT (ato de improbidade; incon-
tinência de conduta ou mau procedimento; violação de segredo da empresa; ato de indisciplina ou de
insubordinação; abandono de emprego etc).
Outras figuras da justa causa estão estipuladas:
a) na CLT artigo 158 (recusa do empregado em utilizar EPIs – equipamentos de proteção individual);
b) na CLT artigo 240 (recusa injustificada de trabalho em sobrejornada no caso de urgência ou de
acidente em ferrovias);
c) na CLT artigo 508 (a falta contumaz do empregado bancário ao pagamento de dívidas legal-
mente exigíveis);
d) no Decreto 5.598/2005, artigo 28 (falta disciplinar grave do aprendiz);
e) no Decreto 95.247/87, artigo 7.°, §3.° (a declaração falsa ou o uso indevido do vale-transporte).

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28 | Rotinas trabalhistas II

Já a rescisão indireta ou dispensa indireta é a forma de cessação do contrato de trabalho por


decisão do empregado em virtude da justa causa praticada pelo empregador. Deve o empregado
avisar o empregador dos motivos por que está retirando-se do serviço, sob pena de a empresa poder
considerar a saída do trabalhador como abandono de emprego (MARTINS, 2007, p. 370).

Na prática, o empregado ajuíza uma ação trabalhista pleiteando a rescisão indireta do contrato de
trabalho alegando algum dos motivos prelecionados no artigo 483 da CLT, como por exemplo se:
a) forem exigidos serviços superiores as suas forças, defesos por lei, contrários aos bons costumes
ou alheios ao contrato;
b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo;
c) não cumprir o empregador e as obrigações do contrato.
O empregado também poderá suspender a prestação dos serviços ou rescindir o contrato quando
tiver de desempenhar obrigações legais, incompatíveis com a continuação do serviço ou no caso de
morte do empregador constituído em empresa individual (CLT art. 483, §§1.° e 2.°).
O pedido de demissão ou recibo de quitação de rescisão do contrato de trabalho – homologação
dos haveres finais – firmado por empregado com mais de um ano de serviço só será válido quando feito
com a assistência do respectivo sindicato ou perante a autoridade do Ministério do Trabalho (sem ônus
para o empregado e empregador – (CLT, art. 477, §7.°), devendo especificar a natureza de cada parcela
paga ao empregado com discriminação do seu valor, sendo válida apenas a quitação relativa a cada
parcela (CLT, art. 477, §1.° e 2.°).
Amauri Mascaro Nascimento (2007, p. 413) leciona que:
Quitação é o ato pelo qual o credor dá a dívida como paga e o instrumento jurídico no qual essa declaração é
consubstanciada. A quitação trabalhista é cercada de algumas garantias legais. Os cuidados são necessários para
evitar os casos em que o que constar do documento de quitação não venha a corresponder exatamente à realidade
dos pagamentos efetuados.

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) entende que a quitação passada pelo empregador, com
assistência de entidade sindical de sua categoria, ao empregado, tem eficácia liberatória em relação às
parcelas consignadas no recibo, salvo se oposta ressalva expressa e especificada ao valor dado à parcela
ou parcelas impugnadas. A quitação não abrange parcelas não consignadas no recibo de quitação e,
consequentemente, seus reflexos em outras parcelas, ainda que essas constem desse recibo. Quanto a
direitos que deveriam ter sido satisfeitos durante a vigência do contrato de trabalho, a quitação é válida
em relação ao período expressamente consignado no recibo de quitação.
Para esse fim, deverá ser utilizado o Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho, em quatro vias
assinadas, sendo as três primeiras entregues ao empregado (uma para a sua documentação pessoal e
as outras duas para a movimentação do Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS) junto ao banco
depositário) e a quarta ficando em poder do empregador (VIANNA, 2004, p. 845).
O pagamento das parcelas constantes do instrumento de rescisão contratual deverá ser efetuado
até o primeiro dia útil imediato ao término do contrato, no caso de aviso prévio trabalhado ou até o
décimo dia, contado da data da notificação da demissão, quando da ausência do aviso prévio, do seu
pagamento na forma indenizada ou dispensa do seu cumprimento (CLT, art. 477, §6.°).

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Rotinas trabalhistas II | 29

No caso de pagamento fora do prazo citado, o empregador ficará sujeito ao pagamento de multa
de 160 BTN, hoje UFIRs, por trabalhador, em favor da União, além do pagamento de uma multa em favor
do empregado em valor equivalente ao seu salário, devidamente corrigido, salvo quando o trabalhador
der causa à mora (CLT, art. 477, §8.°).

Aviso prévio
Não havendo prazo estipulado, a parte que, sem justo motivo, quiser rescindir o contrato deverá
avisar a outra da sua resolução com antecedência mínima de 30 dias, conforme preleciona o artigo 487
da CLT e artigo 7.°, XXI, da Constituição Federal (CF).2
A CLT exige aviso prévio nos contratos por prazo indeterminado (art. 487). É inexigível nos contratos
por prazo determinado. Explica-se essa dualidade de tratamento porque nesses contratos as partes
conhecem antecipadamente o seu termo final, o que não acontece naqueles. Assim, em todos os contratos
a prazo, inclusive o contrato de experiência, não cabe aviso prévio (NASCIMENTO, 2007, p. 424).
O aviso prévio concedido pelo empregador tem a finalidade de possibilitar ao empregado a
procura de um novo emprego, antes de ter rescindido totalmente seu contrato de trabalho, de forma
a garantir-lhe salário durante esse período, proporcionando-lhe meios de subsistência. Se concedido
pelo empregado, quando este pede demissão, a finalidade é fornecer ao empregador a oportunidade
de contratar outro empregado para o cargo (VIANNA, 2004, p. 866).
O direito ao aviso prévio é irrenunciável pelo empregado. O pedido de dispensa por parte do
empregado não exime o empregador de pagar o respectivo valor do aviso prévio, salvo se o trabalhador
comprovar haver obtido novo serviço (Enunciado 276 do TST).
A lei não estabelece forma para o aviso prévio. Nesse passo, Sergio Pinto Martins (2007, p. 387)
salienta que:
Para que não haja dúvidas, recomenda-se que o aviso prévio sempre seja concedido por escrito, em pelo menos duas
vias, ficando uma em poder do empregado e outra com o empregador, representando, assim, uma prova concreta em
relação a parte que pretendeu rescindir o contrato de trabalho.

O parágrafo 1.° do artigo 487 da CLT aduz que:


Art. 487. [...]
§1.° A falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo
do aviso, garantida sempre a integração desse período no seu tempo de serviço. [...]

Nessa toada, se o empregador dispensar o empregado de cumprir o aviso prévio, deverá pagá-lo
na forma indenizada e seu período integrará o tempo de serviço para todos os efeitos.
O parágrafo 6.° do artigo 487 da CLT vem ratificar o supracitado, pois assevera que o reajusta-
mento salarial coletivo, determinado no curso do aviso prévio, beneficia o empregado pré-avisado da
despedida, mesmo que tenha recebido antecipadamente os salários correspondentes ao período do
aviso, que integra seu tempo de serviço para todos os efeitos legais.

2 A CF, em seu artigo 7.°, XXI, garantiu aos trabalhadores urbanos e rurais o aviso prévio mínimo de 30 dias, não fazendo diferença quanto à
forma de pagamento do salário.

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30 | Rotinas trabalhistas II

O valor das horas extras extraordinárias habituais também integra o aviso prévio indenizado, ou
seja, se o trabalhador labora em sobrejornada habitual, o valor das horas extras estará integrado no
pagamento do aviso prévio, cumprido ou indenizado.
A falta do aviso prévio por parte do empregado dá ao empregador o direito de descontar os salá-
rios correspondentes ao prazo respectivo. “Se é o empregado que se omitiu, o empregador terá o direito
de reter o saldo do seu salário (CLT, art. 487, §2.°) no valor correspondente ao número de dias do aviso
prévio não concedido” (NASCIMENTO, 2007, p. 425).
O horário normal de trabalho do empregado durante o prazo do aviso prévio e se a rescisão tiver
sido promovida pelo empregador, será reduzido de duas horas diárias, sem prejuízo do salário integral.
É facultado ao empregado trabalhar sem a redução das duas horas diárias, podendo faltar ao serviço,
sem prejuízo do salário integral, por sete dias corridos (CLT, art. 488 e parágrafo único).
Na visão de Cláudia Salles Vilela Vianna (2004, p. 868):
A redução diária de duas horas será devida, qualquer que seja o número de horas trabalhadas pelo empregado, ou seja,
mesmo em se tratando de jornada reduzida. Exemplo: jornada de quatro ou seis horas todo dia, em que o empregado
trabalhará duas ou quatro horas diárias, respectivamente.

Sobre o assunto, Sergio Pinto Martins (2007, p. 390) leciona que:


Se o empregador não concede a redução do horário de trabalho, tem-se que o aviso prévio não foi concedido, pois não
se possibilitou ao empregado a procura de novo emprego, que é a finalidade do instituto, mostrando que houve sua
ineficácia. Assim, deve ser concedido ou pago de maneira indenizada outro aviso prévio.

Não pode o empregador substituir o período de redução do aviso prévio por horas extras,
compensações, ou mesmo pelo pagamento do respectivo período em dinheiro – Enunciado 230 do TST
(VIANNA, 2004, p. 868).
Dado o aviso prévio, a rescisão torna-se efetiva depois de expirado o respectivo prazo, mas, se a
parte notificante – que tanto pode ser o empregador quanto o empregado – reconsiderar o ato, antes
de seu termo, à outra parte é facultado aceitar ou não a reconsideração. No caso de ser aceito o pedido
de reconsideração ou continuando a prestação depois de expirado o prazo, o contrato continuará a
vigorar, como se o aviso prévio não tivesse sido dado (CLT, art. 489, parágrafo único).
Assim, tanto o empregado quanto o empregador podem reconsiderar a dispensa, de comum
acordo, continuando, dessa forma, o contrato individual de trabalho. No entanto, deve-se tomar cuidado
para que a empresa não permita que o empregado continue trabalhando após a expiração do prazo do
aviso prévio, pois, dessa maneira, seja por erro ou consentimento tácito, o contrato continua vigorando,
como se o aviso prévio não tivesse existido, e caso o empregador queira dispensar o empregado, deverá
conceder novo aviso prévio ou pagá-lo na forma indenizada.
O empregador que, durante o prazo do aviso prévio dado ao empregado, praticar ato que
justifique a rescisão imediata – indireta – do contrato, sujeita-se ao pagamento da remuneração
correspondente ao prazo do referido aviso, sem prejuízo da indenização que for devida. No caso do
empregado que, durante o prazo do aviso prévio, cometer qualquer das faltas consideradas pela lei
como justas para a rescisão, perde o direito ao restante do respectivo prazo (CLT, arts. 490 e 491).
À luz da Orientação Jurisprudencial 82 da SDI-1 do TST, a data de saída a ser anotada na CTPS
do empregado deverá corresponder à do término do aviso prévio, ainda que concedido na forma
indenizada e, em consequência disso, o prazo prescricional começará a fluir no final da data do término
do aviso prévio (Orientação Jurisprudencial 83 da SDI-1 do TST) (BARROS, 2007, p. 935).
Necessário salientar que é devido o recolhimento do FGTS sobre o período do aviso prévio traba-
lhado ou indenizado (Enunciado 305 do TST).
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Rotinas trabalhistas II | 31

Cadastro Geral de Empregados e Desempregados


(CAGED) e Relação Anual de Informações Sociais (RAIS)

CAGED
A Lei 4.923, de 23 de dezembro de 1965, instituiu o CAGED e estabeleceu medidas contra o
desemprego e de assistência aos desempregados, com o objetivo de servir como fonte de informações
necessárias à elaboração de estudos, pesquisas, projetos e programas ligados ao mercado de trabalho,
subsidiando a tomada de decisões para as ações governamentais (GUIMARÃES, 2007, p. 69).
Reza a Lei 4.923/65 (art. 1.o, §1.°):
§1.° As empresas que dispensarem ou admitirem empregados ficam obrigadas a fazer a respectiva comunicação
às Delegacias Regionais do Trabalho, mensalmente, até o dia sete do mês subsequente ou como estabelecido
em regulamento, em relação nominal por estabelecimento, da qual constará também a indicação da Carteira de
Trabalho e Previdência Social ou, para os que ainda não a possuírem, nos termos da lei, os dados indispensáveis a
sua identificação pessoal.

O Caged deverá ser encaminhado ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) até o dia sete do
mês subsequente àquele em que ocorreu movimentação de empregados (Portaria 235/2003, art. 3.o).
A falta da comunicação a que se refere o parágrafo primeiro do artigo 1.º dessa Lei, no prazo ali
estipulado, importará na aplicação automática de multa no valor de 1/3 do salário mínimo regional,
por empregado, de competência da Delegacia Regional do Trabalho (DRT). A multa prevista no artigo
ficará reduzida para 1/9 e 1/6 do salário mínimo regional, por empregado, quando, antes de qualquer
procedimento fiscal por parte do Ministério do Trabalho e Previdência Social, a comunicação for feita,
respectivamente, dentro de 30 ou 60 dias após o término do prazo fixado (Lei 4.923/65, art. 10 e pará-
grafo único, Portaria 235/2003, art. 4°).
Sobre a supracitada multa, Cláudia Salles Vilela Vianna (2004, p. 94) explica que:
O artigo 10 da Lei 4.923/65 (redação do Decreto-Lei 193/67) estipula multa em percentuais de salário mínimo; a Lei
6.205/75 estabelece a descaracterização do salário mínimo como fator de correção monetária; e a Lei 8.383/91 instituiu
a Unidade Fiscal de Referência (UFIR), que, inclusive, se encontra extinta. (Medida Provisória 1.973-67 – atualmente
Medida Provisória 2.176-79, de 23/08/2001 – DOU de 24/08/2001).
Assim, cumpre ao empregador utilizar dos valores constantes da Portaria 290, de 11/04/1997, do Ministério de Estado
do Trabalho (DOU de 18/04/1997), fixados em número de UFIR e com aplicação proporcional ao número de dias de
atraso, contados da data em que deveriam os formulários ter sido postados. São, portanto, os valores de multa a serem
recolhidos em DARF, código 2877: até 30 dias de atraso = 4,2 UFIR por empregado; de 31 a 60 dias de atraso = 6,3 UFIR
por empregado; acima de 60 dias de atraso = 12,6 UFIR por empregado.

A portaria 235, de 14 de março de 2003, do Ministério do Trabalho e Emprego, estabeleceu o


procedimento de envio das informações por meio eletrônico (internet ou disquete) com a utilização do
Aplicativo do CAGED Informatizado (ACI) ou outro aplicativo fornecido pelo Ministério; a sistemática
passou a vigorar a partir da competência de março de 2003 (GUIMARÃES, 2007, p. 69).
O ACI deve ser utilizado para gerar e/ou analisar o arquivo do Caged pelas empresas nas quais
tenha ocorrido movimentação de empregados regidos pela CLT (Portaria 235/2003, art. 1.o, §1.°).

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32 | Rotinas trabalhistas II

O arquivo gerado deverá ser enviado ao Ministério do Trabalho e Emprego via internet ou
entregue em suas Delegacias Regionais do Trabalho, Subdelegacias ou Agências de Atendimento. A
cópia desse arquivo, o recibo de entrega e o Extrato da Movimentação Processada deverão ser mantidos
pelo prazo de 36 meses a contar da data do envio, no estabelecimento a que se referem, para fins de
comprovação perante a fiscalização trabalhista (Portaria 235/2003, art. 1.o, § 2°).
As empresas que possuem mais de um estabelecimento deverão remeter ao Ministério do
Trabalho e Emprego arquivos específicos referentes a cada estabelecimento, conforme preleciona o
artigo 2° da Portaria 235/2003.

RAIS
O Decreto 76.900/1975 instituiu a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), a ser preenchida
pelas empresas, contendo elementos destinados a suprir as necessidades de controle, estatística e
informações das entidades governamentais da área social (art. 1.° do Decreto).
O parágrafo único do artigo 1.° do Decreto em comento assevera:
Art. 1.º [...]
Parágrafo único. A RAIS deverá conter as informações periodicamente solicitadas pelas instituições vinculadas aos
Ministérios da Fazenda, Trabalho, Interior e Previdência e Assistência Social, especialmente no tocante:
a) ao cumprimento da legislação relativa ao Programa de Integração Social – PIS e ao Programa de Formação do
Patrimônio do Servidor Público (PASEP), sob a supervisão da Caixa Econômica Federal;
b) às exigências da legislação de nacionalização do trabalho;
c) ao fornecimento de subsídios para controle dos registros relativos ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
(FGTS);
d) ao estabelecimento de um sistema de controle central da arrecadação e da concessão e benefícios por parte do
Instituto Nacional de Previdência Social (INPS);
e) à coleta de dados indispensáveis aos estudos técnicos, de natureza estatística e atuarial, dos serviços especializados
dos Ministérios citados.

A Portaria 205, de 21 de dezembro de 2006, estipulou em seu artigo 2.° que:


Art. 2.º Estão obrigados a declarar a RAIS:
I - empregadores urbanos e rurais, conforme definido no art. 2.º da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e no arti-
go 3.º da Lei nº 5.889, de 8 de junho de 1973, respectivamente;
II - filiais, agências, sucursais, representações ou quaisquer outras formas de entidades vinculadas à pessoa jurídica
domiciliada no exterior;
III - autônomos ou profissionais liberais que tenham mantido empregados no ano-base;
IV - órgãos e entidades da administração direta, autárquica e fundacional dos governos federal, estadual, do Distrito
Federal e municipal;
V - conselhos profissionais, criados por lei, com atribuições de fiscalização do exercício profissional, e as entidades
paraestatais;
VI - condomínios e sociedades civis; e
VII - cartórios extrajudiciais e consórcios de empresas.

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Rotinas trabalhistas II | 33

Parágrafo único. O estabelecimento inscrito no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ que não manteve
empregados ou que permaneceu inativo no ano-base está obrigado a entregar a RAIS – RAIS NEGATIVA – preenchendo
apenas os dados a ele pertinentes.
O artigo 4.°, da Portaria 205/2006 preleciona que:
Art. 4.° O empregador, ou aquele legalmente responsável pela prestação das informações, deverá relacionar na RAIS
de cada es0tabelecimento os vínculos laborais havidos ou em curso no ano-base e não apenas os existentes em 31 de
dezembro, abrangendo:
I - empregados urbanos e rurais, contratados por prazo indeterminado ou determinado;
II - trabalhadores temporários regidos pela Lei 6.019, de 3 de janeiro de 1974;
III - diretores sem vínculo empregatício para os quais o estabelecimento tenha optado pelo recolhimento do Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS;
IV - servidores da administração pública direta ou indireta federal, estadual, do Distrito Federal ou municipal, bem
como das fundações supervisionadas;
V - servidores públicos não efetivos, demissíveis ad nutum ou admitidos por meio de legislação especial, não regidos
pela CLT;
VI - empregados dos cartórios extrajudiciais;
VII - trabalhadores avulsos, aqueles que prestam serviços de natureza urbana ou rural a diversas empresas, sem vínculo
empregatício, com a intermediação obrigatória do órgão gestor de mão de obra, nos termos da Lei 8.630, de 25 de
fevereiro de 1993, ou do sindicato da categoria;
VIII - trabalhadores com contrato de trabalho por prazo determinado, regidos pela Lei 9.601, de 21 de janeiro de
1998;
IX - aprendiz contratado nos termos do art. 428 da CLT, regulamentado pelo Decreto 5.598, de 1º de dezembro de
2005;
X - trabalhadores com contrato de trabalho por tempo determinado, regidos pela Lei 8.745, de 9 de dezembro de
1993;
XI - trabalhadores regidos pelo Estatuto do Trabalhador Rural, Lei 5.889, de 8 de junho de 1973;
XII - trabalhadores com contrato de trabalho por prazo determinado, regidos por Lei Estadual;
XIII - trabalhadores com contrato de trabalho por prazo determinado, regidos por Lei Municipal;
XIV - servidores e trabalhadores licenciados; e
XV - servidores públicos cedidos e requisitados.
Parágrafo único. Os empregadores deverão, ainda, informar na RAIS:
I - os quantitativos de arrecadação das contribuições sindicais previstas no art. 579 da CLT, devidas aos sindicatos
das respectivas categorias econômicas e profissionais ou das profissões liberais e as respectivas entidades sindi-
cais beneficiárias;
II - a entidade sindical a qual se encontram filiados; e
III - os empregados que tiveram desconto de contribuição associativa, com a identificação da entidade sindical
beneficiária.

Vale salientar que o estabelecimento é obrigado a manter arquivado, durante cinco anos, à
disposição do trabalhador e da Fiscalização do Trabalho, o relatório impresso ou a cópia dos arquivos
gerados em disquete e o Recibo de Entrega da RAIS, que são documentos comprobatórios do
cumprimento das obrigações relativas ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) (art. 8.° da Portaria
205 do MTE).

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34 | Rotinas trabalhistas II

As modalidades de apresentação da RAIS, bem como o prazo de entrega e a forma de


preenchimento das informações são anualmente publicadas por Portaria do Ministério do Trabalho e
do Emprego, geralmente na competência dezembro de cada ano civil, devendo o empregador manter-
se atento à publicação do referido instrumento normativo, que trará informações sobre a retificação de
dados, prazos, penalidades etc. (VIANNA, 2004, p. 99).

Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)


O FGTS foi instituído pela Lei 5.107, de 13 de setembro de 1966, passando a reger-se pela Lei
8.036/90, regulamentada pelo Decreto 99.684/90.
Sergio Pinto Martins (2007, p. 442) leciona que:
O FGTS é um depósito bancário destinado a formar uma poupança para o trabalhador, que poderá ser sacado nas
hipóteses previstas na lei, principalmente quando é dispensado sem justa causa. Outrossim, servem os depósitos como
forma de financiamento para aquisição de moradia pelo Sistema Financeiro de Habitação.

Com a Constituição de 1988, o ingresso no FGTS passou a ser automático, não havendo mais
opção; logo, a antiga estabilidade na empresa, que se adquiria ao completar 10 anos de serviço junto ao
mesmo dador de trabalho, foi extinta, respeitado o direito adquirido dos que já possuíam em 05/10/1988,
início da vigência da nossa Constituição (Lei 8.036/90, art. 14) (BARROS, 2007, p. 982).
O FGTS será regido por normas e diretrizes estabelecidas por um Conselho Curador, composto
por representação de trabalhadores, empregadores e órgãos e entidades governamentais, na forma
estabelecida pelo Poder Executivo (Lei 8.036/90, art. 3.º).
Todos os empregadores ficam obrigados a depositar, até o dia sete de cada mês, em conta bancária
vinculada, a importância correspondente a 8% da remuneração paga ou depositada, no mês anterior,
a cada trabalhador, incidindo no FGTS as parcelas referentes às gorjetas, comissões, porcentagens,
gratificações ajustadas, diárias para viagens, abonos, salário utilidade (alimentação; habitação etc.),
além da gratificação natalina que o empregado receber (Lei 8.036/90, art. 15; CLT arts. 457 e 458 e Lei
4.090/62).
Os depósitos na conta vinculada do FGTS são devidos nos casos de interrupção do contrato, como nos 15 primeiros
dias de afastamento por doença, concessão de férias, licença-paternidade, entre outras, e em algumas hipóteses de
suspensão do contrato, como afastamento para prestação do serviço militar, acidente do trabalho e licença-maternidade
(art. 28 do regulamento do FGTS – Decreto 99.684, de 8 de novembro de 1990). (BARROS, 2007, p. 984)

No entendimento do Tribunal Superior do Trabalho (TST) também há incidência do FGTS nas


horas extras e adicionais pagos pelo empregador e sobre o aviso prévio trabalhado ou indenizado(TST
enunciados 63 e 305).
O FGTS não terá incidência sobre as diárias para viagem que não excedam a 50% do salário
percebido pelo empregado, pois essa parcela não integra o salário (CLT, art. 457, §2.°).
Os empregadores ficam obrigados a comunicar mensalmente aos trabalhadores os valores
recolhidos ao FGTS, repassando todas as informações sobre suas contas vinculadas recebidas da Caixa
Econômica Federal ou dos bancos depositários (Lei 8.036/90, art. 17).

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Rotinas trabalhistas II | 35

Se o empregador rescindir o contrato de trabalho, ficará obrigado a depositar na conta vinculada


do trabalhador no FGTS os valores relativos aos depósitos referentes ao mês da rescisão e ao imediata-
mente anterior, que ainda não houver sido recolhido, sem prejuízo das cominações legais (Lei 8.036/90,
art. 18).
Já o artigo 20 da Lei em comento traz as hipóteses em que a conta do FGTS poderá ser movimen-
tada pelo empregado, ex.: a) na despedida sem justa causa, na rescisão indireta, por culpa recíproca ou
por motivo de força maior; b) na aposentadoria concedida pela Previdência Social; c) para os empregados
ou seus dependentes portadores do vírus HIV, entre outras.
O empregador que não realizar os depósitos do FGTS no prazo legal responderá pela incidência
da Taxa Referencial (TR) sobre a importância correspondente (Lei 8.036/90, art. 22), acrescida de juros
de mora de 5% ao mês ou fração e multa, sujeitando-se, também, às obrigações e sanções previstas no
Decreto-Lei 368/68 (MARTINS, 2007, p. 452).
A Lei 9.528/97 introduziu a obrigatoriedade de apresentação da GUIA de Recolhimento do FGTS
e informações à Previdência Social (GFIP), a partir da competência janeiro de 1999, quando os dados
da empresa, dos trabalhadores, os fatos geradores de contribuições previdenciários e valores devidos
ao INSS, bem como a remuneração dos trabalhadores e valor a ser recolhido ao FGTS passaram ser
necessariamente informados (GUIMARÃES, 2007, p. 73-74).
A Portaria Interministerial MT/MPAS 326, de 19 de janeiro de 2000, instituiu a obrigatoriedade da
entrega da GFIP em meio eletrônico (SEFIP), de forma progressiva, conforme a região do país, a partir da
competência 4/2000 (VIANNA, 2004, p. 775/776).

Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) e


Previdência Social (INSS)

IRRF
No processo admissional, a empresa deve exigir do novo empregado a apresentação do seu
cartão de Cadastro de Pessoa Física (CPF), documento que identifica o contribuinte perante a Secretaria
da Receita Federal (SRF) e por meio do qual são armazenados as informações cadastrais da pessoa,
fornecidas pelo próprio contribuinte e pelos demais sistemas de dados da Secretaria da Receita. O
número de inscrição é único e definitivo (GUIMARÃES, 2007, p. 72).
O artigo 2.°, da Instrução Normativa SRF 15, de 06 de fevereiro de 2001 assevera que:
Art. 2.o Constituem rendimentos tributáveis todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os ali-
mentos e pensões e, ainda, os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais
não correspondentes aos rendimentos declarados.

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36 | Rotinas trabalhistas II

Assim, “os rendimentos do trabalho assalariado são aqueles que decorrem de qualquer espécie
de remuneração por trabalho ou serviço prestado no exercício de empregos, cargos ou funções e sobre
eles ocorre a retenção do IR Fonte” (VIANNA, 2004, p. 743).
O artigo 5.° da Instrução Normativa SRF 15, de 6 de fevereiro de 2001 traz os rendimentos isentos
ou que não se sujeitam ao Imposto de Renda. Entre eles, vale destacar:
Art. 5.o [...]
I - alimentação, inclusive in natura, transporte, vale-transporte e uniformes ou vestimentas especiais de trabalho,
fornecidos gratuitamente pelo empregador a seus empregados, ou a diferença entre o preço cobrado e o valor de
mercado;
II - diárias destinadas, exclusivamente, ao pagamento de despesas de alimentação e pousada, por serviço eventual
realizado em município diferente do da sede de trabalho ou no exterior;
III - ajuda de custo destinada a atender às despesas com transporte, frete e locomoção do beneficiário e seus familiares,
em caso de remoção de um município para outro, sujeita à comprovação posterior pelo contribuinte;
IV - indenizações por acidente de trabalho;
V - indenização e aviso prévio pagos por despedida ou rescisão de contrato de trabalho, até o limite garantido pela
lei trabalhista (Consolidação da Legislação do Trabalho – CLT) ou por dissídio coletivo e convenções trabalhistas
homologados pela Justiça do Trabalho;
VI - montante recebido pelos empregados e diretores, ou respectivos beneficiários, creditado nos termos da legislação
do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS);
VII - montante creditado em contas individuais pelo Programa de Integração Social e Programa de Formação do Patri-
mônio do Servidor Público (PIS/PASEP);
VIII - contribuições pagas pelos empregadores, relativas a programas de previdência privada, em favor de seus empre-
gados e dirigentes; [...]
XV - serviços médicos, hospitalares e dentários mantidos ou pagos pelo empregador em benefício de seus empre-
gados; [...]
[...]
XXI - quantias recebidas a título de seguro-desemprego, auxílio-natalidade, auxílio-doença, auxílio-funeral e auxílio-
-acidente, quando pagos pela previdência oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e
pelas entidades de previdência privada.

O artigo 6.° da Instrução Normativa em comento relaciona os rendimentos tributáveis exclusiva-


mente na fonte, valendo destacar os valores recebidos a título de gratificação natalina (13.º salário);
Reza o artigo 7.° da mesma Instrução Normativa que:
Art. 7.o Para efeito da apuração do imposto de renda na fonte, a gratificação natalina (13.º salário) é integralmente
tributada quando de sua quitação, com base na tabela do mês de dezembro ou do mês da rescisão do contrato de
trabalho.
§1.º A tributação ocorre exclusivamente na fonte e separadamente dos demais rendimentos recebidos no mês pelo
beneficiário.
§2.º Não há retenção na fonte pelo pagamento de antecipação do 13.º salário.
§3.º Na apuração da base de cálculo do 13.º salário deve ser considerado o valor total desta gratificação, inclusive ante-
cipações, sendo permitidas as deduções previstas no art. 15, desde que correspondentes ao 13.º salário.
§4.º No caso de pagamento de complementação do 13.º salário, posteriormente ao mês de quitação, o imposto deve
ser recalculado tomando-se por base o total desta gratificação, mediante utilização da tabela do mês de quitação,
deduzindo-se do imposto assim apurado o valor retido anteriormente.

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§5.º Os rendimentos pagos acumuladamente, a título de 13.º salário e eventuais acréscimos, são tributados exclusiva-
mente na fonte, em separado dos demais rendimentos acumulados, sujeitando-se ao imposto de renda com base na
tabela progressiva mensal vigente no mês do pagamento acumulado.
§6.º Cabe ao sindicato de cada categoria profissional de trabalhador avulso a responsabilidade pela retenção e o re-
colhimento do imposto incidente sobre o 13.º salário, no mês de quitação, considerando como base de cálculo do
imposto o valor total do 13.º salário pago, no ano, pelo sindicato.
§7.º Considera-se mês de quitação o mês de dezembro, o mês da rescisão do contrato de trabalho, ou o mês do paga-
mento acumulado a título de 13.º salário.
§8.º Considera-se pagamento acumulado, a título de 13.º salário, o pagamento desta gratificação relativa a mais de um
ano-calendário.

O artigo 9.° dispõe sobre os rendimentos tributáveis na fonte a título de antecipação. Referido
artigo assevera que:
Art. 9.o Estão sujeitos à incidência do imposto na fonte, calculado de acordo com a tabela progressiva mensal prevista
no artigo 24, a título de antecipação do devido na Declaração de Ajuste Anual, os rendimentos do trabalho assalariado
pagos por pessoa física ou jurídica e os demais rendimentos pagos por pessoa jurídica a pessoa física, tais como:
I - rendimentos de trabalho sem vínculo empregatício, proventos de aposentadoria, de reserva e de reforma e
pensões civis e militares; [...]
VII - gratificações e participações pagas aos empregados ou quaisquer outros beneficiários;
VIII - despesas ou encargos, cujo ônus seja do empregado, pagos pelo empregador em favor daquele, tais como
aluguel, contribuição previdenciária, imposto de renda e seguro de vida;
IX - juros e indenizações por lucros cessantes, decorrentes de sentença judicial;
X - salário-educação, auxílio-creche e auxílio pré-escolar;
XI - multas ou vantagens por rescisão de contrato; [...]
[...]
§1º Considera-se fonte pagadora a pessoa física ou a pessoa jurídica que pagar rendimentos. [...]
[...]
§4.º As importâncias recebidas pelos trabalhadores a título de participação nos lucros ou resultados das empresas são
tributadas na fonte, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês.

A base de cálculo para o pagamento de férias – inclusive as em dobro – corresponde ao salário


relativo ao mês de férias, acrescido, conforme o caso, de um terço do seu valor e do abono previsto no
artigo 143 da CLT (art. 11 da Instrução Normativa SRF 15, de 06/02/2001).
§1.º O cálculo do imposto deve ser efetuado em separado de qualquer outro rendimento pago no mês, inclusive no
caso de férias indenizadas, ainda que proporcionais, pagas em rescisão de contrato de trabalho.
§2.º O valor da diferença de férias decorrente de reajuste salarial em mês posterior deve ser tributado em separado, no
mês do pagamento.
§3.º Na determinação da base de cálculo podem ser efetuadas as deduções previstas no art. 15, desde que correspon-
dentes às férias.
§4.º Na Declaração de Ajuste Anual, as férias devem ser tributadas em conjunto com os demais rendimentos.

Quanto às normas de retenção na fonte, o imposto deve ser retido por ocasião de cada paga-
mento e, se houver mais de um pagamento pela mesma fonte pagadora, aplica-se a alíquota corres-
pondente à soma dos rendimentos pagos à pessoa física, no mês, a qualquer título, compensando-se o
imposto retido anteriormente. Quando houver mais de um pagamento no mês a títulos diferentes, deve

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ser utilizado o código correspondente ao rendimento de maior valor pago no mês (art. 16, caput e §1.°,
Instrução Normativa SRF 15, de 06/02/2001).
A empresa é obrigada a entregar aos empregadores o Comprovante de Rendimentos Pagos e de
Retenção do Imposto de Renda na Fonte, em duas vias, para fins de Declaração Anual de Rendimentos,
devendo ser fornecidos no ano subsequente ao do pagamento dos rendimentos ou por ocasião da
rescisão do contrato de trabalho (VIANNA, 2004, p. 767).

INSS
A Lei 8.212/91 dispõe sobre a organização da Seguridade Social e institui o Plano de Custeio,
enquanto que a Lei 8.213/91 dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social. Já o Decreto
3.048/99 aprova o regulamento da Previdência Social. Ambas as leis e o Decreto citados trazem outras
providências.
A Previdência Social, mediante contribuição, tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios
indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada,
tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente
(Lei 8.213/91 art. 1.°).
Reza o artigo da Lei 8.212/91 que:
Art. 1.o A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da socie-
dade, destinado a assegurar o direito relativo à saúde, à previdência e à assistência social.

Entre outros, são segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas (Lei
8.213/91, art. 11):
I - como empregado:
a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não-eventual, sob sua subordinação
e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado;
b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, definida em legislação específica, presta serviço
para atender a necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordi-
nário de serviços de outras empresas. [...]
V - como contribuinte individual:
a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária ou pesquisa, em caráter permanente ou
temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos e com o auxílio de empregados, utilizados a qualquer
título, ainda que de forma contínua; [...]
VI - como trabalhador avulso: quem presta, a diversas empresas, sem vínculo empregatício, serviço de natureza
urbana ou rural definidos no Regulamento; [...]

Consideram-se empresa a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econô-
mica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração
pública direta, indireta ou fundacional. Equipara-se a empresa, o contribuinte individual em relação
ao segurado que lhe presta serviço, bem como a cooperativa, a associação ou a entidade de qualquer
natureza ou finalidade (Lei 8.213/91, art. 14, caput e parágrafo único).

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Quanto ao segurado, o Regime Geral de Previdência Social compreende as seguintes prestações:


a) aposentadoria por invalidez;
b) aposentadoria por idade;
c) aposentadoria por tempo de contribuição;
d) aposentadoria especial;
e) auxílio-doença;
f ) salário-família;
g) salário-maternidade;
h) auxílio-acidente.
Tais prestações são devidas inclusive em razão de eventos decorrentes de acidente do trabalho,
expressas em benefícios e serviços.
A Seguridade Social será financiada por toda sociedade, de forma direta e indireta, mediante
recursos provenientes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de contribuições
sociais. Constituem contribuições sociais (Lei 8.212/91, arts. 10 e 11):
::: as das empresas, incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados a seu
serviço;
::: as dos empregados domésticos;
::: as dos trabalhadores, incidentes sobre o seu salário de contribuição;
::: as das empresas, incidentes sobre faturamento e lucro;
::: as incidentes sobre a receita de concursos de prognósticos.3
Cláudia Salles Vilela Vianna (2004, p. 665) salienta que:
A contribuição do empregado, inclusive o doméstico, e a do trabalhador avulso são calculadas mediante a aplicação da
correspondente alíquota (8, 9 e 11%) sobre o seu salário de contribuição mensal, de forma não cumulativa, observan-
do-se a tabela vigente e respeitando-se o teto de contribuição.

Entende-se por salário de contribuição para o empregado e trabalhador avulso a remuneração


auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou
creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua
forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decor-
rentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição
do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou
acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa (Lei 8.212/91, art. 28).
A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no artigo 23,
é de 20% sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês,
aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços (Lei 8.212/91, art. 22).

3 O artigo 26, §1.° da Lei 8.212/91 preleciona que: “Consideram-se concursos de prognósticos todos e quaisquer concursos de sorteios de
números, loterias, apostas, inclusive as realizadas em reuniões hípicas, nos âmbitos Federal, Estadual, do Distrito Federal e municipal”.

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O artigo 23 da Lei em comento preleciona que as contribuições a cargo da empresa provenientes do


faturamento e do lucro, destinadas à Seguridade Social, são calculadas mediante a aplicação de 2% sobre sua
receita bruta e sobre 10% do lucro líquido do período-base, antes da provisão para o Imposto de Renda.
É devida uma contribuição adicional de 2,5% nos seguintes casos (Lei 8.212/91, art. 22, §1.º):
::: bancos comerciais;
::: bancos de investimentos;
::: bancos de desenvolvimento;
::: caixas econômicas;
::: sociedades de crédito, financiamento e investimento;
::: sociedades de crédito imobiliário;
::: sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários;
::: empresas de arrendamento mercantil;
::: cooperativas de crédito;
::: empresas de seguros privados e de capitalização;
::: agentes autônomos de seguros privados e de crédito;
::: entidades de previdência privada abertas e fechadas.
A empresa deverá recolher, ainda, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no
decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos, para o financiamento do benefício
concedido em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais
do trabalho o montante de 1% para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes
do trabalho seja considerado leve; 2% se o risco for considerado médio; e 3% se o risco for considerado
grave (Lei 8.212/91, art. 22, II).
A empresa é obrigada a arrecadar as contribuições dos segurados empregados e trabalhadores
avulsos a seu serviço, descontando-as da respectiva remuneração até o dia 10 do mês seguinte ao da
competência (Lei 8.212/91, art. 30). As contribuições sociais pagas com atraso ficam sujeitas a correção
monetária, juros e multa, conforme legislação em vigor.

Texto complementar
Função do Direito do Trabalho
O sistema de valores do Direito do Trabalho

(NASCIMENTO, 2007)

Qual é o sistema de valores que o Direito do Trabalho pretende realizar? O tema, como
observam os autores espanhóis Martín Valverde e Murcia, nem sempre muito claro, refere-se aos

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Rotinas trabalhistas II | 41

objetivos ou propósitos do ordenamento trabalhista, tratando, portanto, de saber qual é o papel que
desempenha na sociedade, e que é, para os mesmos autores, tuitivo no seu início, ou seja, a defesa da
vida, da saúde, da integridade física e de outros bens jurídicos do trabalhador, compensatório diante
da desigualdade econômica do operário, construtivo do sistema normativo pela atuação direta das
associações sindicais na negociação coletiva, e uma finalidade produtiva de organização empresarial
da força de trabalho para o desenvolvimento econômico.
Há várias respostas, independentes ou intercomunicantes, tudo dependendo da compreensão
que o intérprete possa ter da nossa realidade.
Estamos num terreno cheio de dificuldades, polêmico e sobre o qual não há uniformidade
de conclusões. Pesam diversos fatores de ordem ideológica ou corporativista e interesses de
natureza econômica, política ou social.

Função tutelar
Para alguns, o Direito do Trabalho cumpre uma função tutelar do trabalhador, protegendo-o
do poder econômico para que não seja por este absorvido; tutela que se faz mediante leis que o
Estado elabora, ou poderes reconhecidos aos sindicatos restritivos da autonomia individual. Não
há dúvidas sobre isso, porque o direito do trabalho nasceu para dar proteção ao empregado. A CLT
cumpriu, assim, importante missão educativa, a par de ter gerado o clima propício à industrialização
do país, sem conflitos trabalhistas violentos (Sussekind. Instituições de Direito do Trabalho, 2002).

Função conservadora ou opressora do Estado


Outros sustentarão que o Direito do Trabalho é, ao contrário, expressão da vontade opressora
do Estado, vendo nele nada mais que uma força de que o Estado sempre se utilizou, desde os tempos
em que se falava em legislação industrial, para sufocar os movimentos operários. Nesse caso, as leis
trabalhistas não teriam outra função senão a de aparentar a disciplina da liberdade, a de restringir
a autonomia privada coletiva e impedir as iniciativas que, embora legítimas, possam significar de
algum modo a manifestação de um poder de organização e de reivindicação dos trabalhadores.
Para comprovar opiniões divergentes, basta citar algumas: A CLT incorpora “dispositivos que
expropriam do trabalhor a capacidade de decisão e controle sobre a sua vida”, pois “no seu espírito
e no processo de seu implemento, carrega as marcas das lutas operárias, mas também as de sua
derrota” (Munakata. A Legislação Trabalhista no Brasil, 1981). “Nessas condições, simultaneamente
à legislação social promulgada no governo Vargas, entra em gestação a ideologia do trabalhismo.
O Estado, a sua moda, procuraria apropriar-se da palavra operária, reelaborando-a, tanto quanto
possível, ao sabor dos interesses dominantes”. (Paranhos. O Roubo da Fala, 1999).

Função econômica
Outros ainda dirão que o Direito do Trabalho visa à realização de valores econômicos, de modo
que toda e qualquer vantagem atribuída ao trabalhador deve ser meticulosamente precedida de
um suporte econômico, sem o qual nada lhe poderá ser atribuído.

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42 | Rotinas trabalhistas II

Dentro dessa linha estão aqueles que consideram o Direito do Trabalho parte do Direito
Econômico, que é matéria pluridisciplinar, analisando, dogmaticamente, as novas instituições
jurídicas no campo das relações de Direito Privado. (Gomes; Varella. Direito Econômico, 1977).

Função social
Outros pensarão no Direito do Trabalho como meio de realização de valores sociais, e não
de valores econômicos, em especial de preservação de um valor absoluto e universal, a dignidade
do ser humano que trabalha. “Essa norma social de emprego, que alcança seu auge nos anos 70,
caracteriza-se por uma forte padronização: relação assalariada, estável, com jornada integral e com
perspectiva de promoção profissional. Além disso, o emprego é protegido pela legislação social
e está regulado basicamente por um contrato relativo de trabalho – firmado, geralmente, por
organizações sindicais e empresariais de caráter nacional – que define as condições de trabalho em
cada ramo da indústria. A definição de regras de caráter relativamente homogêneo para o mercado
de trabalho gerou grande estabilidade na regulação do emprego e criou condições para uma
concorrência empresarial mais equilibrada”. (Schultz. Globalização, Trabalho e Emprego: notas
para debate, in: Revista Crítica Jurídica, 18, jun. 2001).

Função coordenadora
Reúne aqueles que entendem que o Direito do Trabalho destina-se a coordenar os interesses
entre o capital e o trabalho.
Como expressão dessa diretriz, sustentam alguns autores que a função do Direito do Trabalho
não é a proteção dos trabalhadores, mas a coordenação entre o capital e o trabalho, ainda que por
meio de medidas nem sempre caracterizadas como protecionistas ou tutelares.
No mesmo sentido, põe-se a concepção dos doutrinadores que admitem um Direito do
Trabalho de crise, restritivo, conquanto transitoriamente, das vantagens normalmente asseguradas
aos trabalhadores, sempre que a situação da economia do país o exigir.

Flexibilização do Direito do Trabalho


Na Europa, com reflexos no Brasil, diante da crise do petróleo de 1973, a necessidade do
desenvolvimento das comunidades econômicas internacionais, o avanço da tecnologia e o
desemprego levaram à revisão de algumas leis trabalhistas que influíram na formação de propostas
destinadas a reduzir a rigidez de algumas delas, para que não dificultassem a criação de novos
tipos de contratos individuais de trabalho que permitissem o aproveitamento de trabalhadores
desempregados, como o contrato a tempo parcial, o contrato de reciclagem profissional por prazo
determinado e a ruptura dos contratos de trabalho motivada por causas econômicas, técnicas ou
de reorganização das empresas.
Deu-se o nome, a essas ideias, de flexibilização do Direito do Trabalho, que segundo as leis
trabalhistas não devem dificultar o desenvolvimento econômico e devem compatibilizar-se com as
exigências da economia de mercado e com a valorização das negociações coletivas.

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Rotinas trabalhistas II | 43

A Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Negociar la Flexibilidad, sob a coordenação de


Muneto Ozaki (2000), conceitua emprego flexível como toda forma de trabalho que não seja a tempo
completo e não tenha duração indefinida. Inclui o tempo parcial, o temporário – que corresponde ao
nosso contrato a prazo determinado – o eventual, o emprego para qualificação profissional, como a
aprendizagem, o contrato estacional – que é o nosso contrato sazonal ou para atividade transitória.
Há doutrinadores europeus, como Giuseppe Pêra (Itália) e Couturier (França), que sustentam
que é indispensável conjugar o máximo de justiça social possível com a garantia de eficiência
e do desenvolvimento econômico. Admitiu-se, na Europa, um Direito do Trabalho de crise ou
de emergência.
O que é flexibilização do Direito do Trabalho? É, portanto, o afastamento da rigidez de algumas
leis para permitir, diante de situações que a exijam, maior dispositividade das partes para alterar ou
reduzir as condições de trabalho. Mas a flexibilização desordenada do Direito do Trabalho faria dele
mero apêndice da economia e acabaria por transformar por completo a sua fisionomia originária,
uma vez que deixaria de ser uma defesa do trabalhador contra a sua absorção pelo processo econô-
mico, para ser preponderantemente um conjunto de normas destinadas à realização do progresso
econômico, atritando-se com a sua finalidade, que é a proteção do trabalhador diante da sua infe-
rioridade econômica no contrato de trabalho.
Lobo Xavier, em Portugal, no Curso de Direito do Trabalho (1993), mostra que o Direito do
Trabalho passa por fases diferentes: a da conquista, a proporcional e a de adaptação à realidade
atual, com as convenções coletivas de trabalho estipulando cláusulas in melius e in pejus, na tentativa
de dar atendimento às condições de cada época e de cada setor.
No Brasil, as leis foram flexibilizadas, inicialmente em 1966, com o Fundo de Garantia do Tempo
de Serviço (FGTS), que facilitou a dispensa dos empregados optantes para os quais foi extinta a
indenização de dispensa, substituída pelos depósitos mensais que o empregador faz na conta
do empregado no fundo e pela estabilidade no emprego que antes adquiriam ao completar dez
anos no mesmo emprego; em 1974, a autorização legal para o trabalho temporário; em 1988, a
Constituição permitiu a redução salarial por acordo ou convenção coletiva, a participação nos lucros
ou resultados da empresa desvinculada dos salários e a lei criou o contrato por prazo determinado
para admissão de pessoal acima do quadro fixo da empresa; em 1989, foram eliminadas proibições
para o trabalho da mulher em horário noturno, extraordinário, em ambiente com insalubridade ou
periculosidade, em subterrâneos, minas, subsolos e obras de construção civil; em 1994, os reajustes
salariais anuais coletivos, que eram indexados, foram transferidos para a livre negociação coletiva;
no mesmo ano, a lei passou a dispor que não configurava vínculo de emprego o trabalho de
cooperados entre estes e a empresa utilizadora dos seus serviços; em 1998, foi autorizado trabalho
voluntário sem vínculo de emprego; em 1999, a lei permitiu o trabalho em tempo parcial; em 2001,
a lei autorizou a compensação anual das horas, desaparecendo a obrigação de pagar horas extras
quando concedida folga substitutiva do excesso de horário; no mesmo ano, foram retirados os
encargos sociais de diversas utilidades, como educação, transporte, assistência médica, hospitalar,
odontológica, seguro-saúde, seguro de vida, seguro de acidentes pessoais e previdência privada,
e foi permitida a suspensão temporária coletiva do contrato de trabalho, de dois a cinco meses,
diante de causas econômicas, de reorganização ou crise da empresa com manutenção dos direitos
previdenciários, bolsas de requalificação e vantagem voluntariamente ajustadas pelo empregador
por acordo ou convenção coletiva.

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44 | Rotinas trabalhistas II

Direito alternativo
Uma concepção revolucionária é a proposta pela corrente denominada direito alternativo,
visão progressista, segundo a qual a aplicação do Direito do Trabalho deve tender para a proteção
dos oprimidos, até mesmo, para alguns, pela interpretação contra legem, como forma de defesa dos
hipossuficientes, em função da realização da justiça social.
As bases teóricas do direito alternativo estão assentadas em mais de uma premissa: para
alguns, a concepção marxista do direito como instrumento revolucionário da ordem econômica
e social; para outros a visão jusnaturalista do Direito, justificante da realização do ideal de justiça
social. As dimensões do direito alternativo também não são uniformes; maior para aqueles que
sustentam que o direito pode ser aplicado ainda que contra legem, desde que tal atitude corres-
ponda a um imperativo da justiça social de ajuda aos oprimidos; para outros, a realização dos
mesmos objetivos por meio da interpretação ampliativa não extrapolante dos limites do ordena-
mento jurídico.

Humanismo do Direito do Trabalho


(NASCIMENTO, 2007. p. 67-71)

O Direito do Trabalho é expressão de humanismo jurídico e arma de renovação social pela


sua total identificação com as necessidades e as aspirações concretas do grupo social diante dos
problemas decorrentes da questão social.
Representa uma atitude de intervenção jurídica para a reestruturação das instituições
sociais e para melhor relacionamento entre o homem que trabalha e aqueles para os quais o
trabalho é destinado.
Visa também a uma plataforma de direitos básicos do trabalhador, impostergáveis, como
o direito a um salário, ao descanso diário, semanal e anual, à proteção da integridade física e
saúde com a reparação econômica dos danos que suportar pelo exercício do trabalho. O Direito
do Trabalho é legítima manifestação da ordem jurídica voltada para o homem como a medida
de todas as coisas.
O debate sobre as funções do Direito do Trabalho não pode perder de vista as suas origens,
nitidamente tutelares dos assalariados, inerentes a sua própria natureza, presentes em nossos dias,
ao lado de imperativos de ordem econômica que acentuam a sua finalidade coordenadora entre o
capital e o trabalho.
Desse modo, o Direito do Trabalho cumpre uma função tutelar e coordenadora das relações
individuais e coletivas de trabalho.

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Rotinas trabalhistas II | 45

Atividades
1. Quais são os requisitos para a obtenção do direito às férias e qual é o período de seu gozo?

2. Quais são os requisitos da justa causa?

3. Quais são as consequências da falta de aviso prévio por parte do empregador e do empregado?

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46 | Rotinas trabalhistas II

Gabarito
1. O empregado adquire o direito às férias a cada período de 12 meses de vigência do contrato de
trabalho. É o chamado período aquisitivo. As férias serão concedidas pelo empregador, nos 12
meses subsequentes à data em que o empregado tiver adquirido o seu direito. É o chamado pe-
ríodo concessivo.

2. Os requisitos da justa causa são: (a) a culpa do empregado; (b) a gravidade do seu comportamen-
to; (c) o imediatismo, sob pena de ser considerado o perdão tácito do empregador; (d) a causali-
dade, ou seja, o nexo de causa e efeito entre a justa causa e a dispensa; (e) a singularidade, sendo
vedada a dupla punição ao empregado pelo mesmo ato praticado.

3. A falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado o direito aos salários corres-
pondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração desse período no seu tempo de ser-
viço. Assim, se o empregador dispensar o empregado de cumprir o aviso prévio deverá pagá-lo
na forma indenizada e seu período integrará o tempo de serviço para todos os efeitos. A falta do
aviso prévio por parte do empregado dá ao empregador o direito de descontar os salários corres-
pondentes ao prazo respectivo.

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Do processo trabalhista
Da distribuição
Cleber Lúcio de Almeida (2006, p. 456) leciona que:
A distribuição é o ato pelo qual se fixa a competência1 para conciliar e julgar o dissídio quando para fazê-lo forem
competentes mais de uma Vara do Trabalho ou Juiz de Direito investido na jurisdição trabalhista.

A distribuição tem a finalidade de dividir igualmente os processos aos juízes que são competentes
para examiná-los. Visa, também, evitar a possibilidade da escolha do juízo pelo autor (MARTINS, 2003, p. 244).
A distribuição das reclamações trabalhistas será feita pela ordem rigorosa de sua apresentação
ao distribuidor, quando o houver (CLT, art. 783). Nas localidades que não existirem Varas do Trabalho, os
Juízes de Direito são competentes para apreciarem as ações trabalhistas (CLT, arts. 668 e 669).
Nas localidades em que houver apenas uma Vara do Trabalho ou um Juízo Cível, a reclamação
será apresentada diretamente à secretaria da Vara ou ao Cartório do Juízo (CLT, art. 837).
O distribuidor deverá fornecer um recibo ao interessado do qual constarão, essencialmente, o
nome do reclamante e do reclamado, a data da distribuição, o objeto da reclamação e a Vara ou Juízo a
que coube a distribuição. Após, o distribuidor remeterá a reclamação à Vara do Trabalho ou Juízo
competente (CLT, arts. 785 e 788).

Da notificação (citação)
O artigo 841 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) aduz que:

1 Capacidade, no sentido de aptidão, pela qual uma pessoa pode exercer ou fruir um direito. Capacidade, no sentido de poder, em virtude do
qual a autoridade possui legalmente atribuições para conhecer de certos atos jurídicos e deliberar a seu respeito. Significa também o alcance
da jurisdição de um magistrado (COSTA, 2001, p. 121).

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48 | Do processo trabalhista

Art. 841 Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou chefe de Secretaria, dentro de 48 horas, remeterá a
segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo, para comparecer à audiência do
julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de cinco dias. [...]

A notificação será feita em registro postal com franquia, sendo realizada por edital (inserto no
jornal oficial ou no que publicar o expediente forense, ou, na falta, afixado na sede da Junta ou Juízo) se
o reclamado criar embaraços ao seu recebimento ou não for encontrado (CLT, art. 841,§1.°).
Entretanto, é praxe forense que a comunicação da designação da audiência seja feita por oficial
de justiça, caso o reclamado se localize em zona não servida por entrega domiciliar de correspondência,
para evitar gastos com a publicação de editais e para assegurar a certeza do recebimento, evitando-se
alegação e eventual acolhimento de nulidade por deficiência da citação (GIGLIO, 2007, p. 194).
A notificação via postal pode trazer alguns problemas, como o extravio da correspondência ou
até mesmo a incerteza da data do recebimento pela Reclamada. O Tribunal Superior do Trabalho (TST)
tentou solucionar esses problemas com o Enunciado 16, que preleciona:
Presume-se recebida a notificação 48 (quarenta e oito) horas depois de sua postagem. O seu não recebimento ou a
entrega após o decurso desse prazo constituem ônus de prova do destinatário.

Assim, cabe à Reclamada comprovar perante o juízo que não recebeu a notificação ou que a
recebeu fora do decurso de prazo.
Nas reclamações enquadradas no procedimento sumaríssimo2 não se fará citação por edital,
incumbindo ao autor a correta indicação do nome e endereço do reclamado (CLT, art. 852-B, II).
Da notificação deverá constar a advertência de que a defesa poderá ser apresentada na audiência e de que o não
comparecimento à audiência implicará revelia e confissão em relação aos fatos narrados na inicial (CPC, art. 223)
(ALMEIDA, 2006, p. 472).

A citação ou notificação postal presume-se realizada quando tenha sido entregue na empresa a
empregado do réu, a zelador de prédio comercial ou depositada em caixa postal de empresa; incumbe
à parte provar o não recebimento sem sua culpa [...]3 (CARRION, 2007, p. 690).

Atos, termos e prazos processuais


O processo é um caminhar no sentido do pronunciamento do Poder Judiciário sobre a lide, que
se inicia, desenvolve e extingue em razão de atos processuais praticados por seus sujeitos (partes, juiz e
auxiliares da justiça) (ALMEIDA, 2006, p. 389).

2 A ação fica submetida ao procedimento sumaríssimo quando seu valor não exceder a 40 salários mínimos vigentes na data do seu ajuiza-
mento (CLT, art. 852-A). Obs.: O procedimento sumaríssimo foi criado com a intenção de agilizar os processos com valor que não ultrapassem
a 40 salários mínimos. Para isso, o pedido deverá ser certo e determinado e indicará o valor correspondente da ação; não haverá citação por
edital; a apreciação da reclamação deverá ocorrer no prazo máximo de 15 dias do seu ajuizamento; as demandas serão instruídas e julgadas
em audiência única etc.
3 No mesmo sentido: ALMEIDA, op. cit., p. 472 e MARTINS, op. cit., p. 149.

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Do processo trabalhista | 49

Os atos processuais serão públicos salvo quando o contrário determinar o interesse social,
e realizar-se-ão nos dias úteis das 6 (seis) às 20 (vinte) horas. Já a penhora4 poderá realizar-se em
domingo ou dia de feriado, mediante autorização expressa do juiz ou presidente do Tribunal (CLT,
art. 770 e parágrafo único).
Na visão de Carlos Henrique Bezerra Leite (2007, p. 335):
Somente em casos excepcionais se admite que o processo, na Justiça do Trabalho, corra em segredo de justiça, assim
mesmo quando “o interesse público ou social” o determinar. Ex.: nas lides que envolvam assédio moral, danos morais
em virtude de discriminação por motivo de sexo, doença etc.

Os atos processuais que tiverem que ser praticados por petição devem ser apresentados no
protocolo, dentro do horário de expediente, nos termos da lei de organização judiciária local (CPC,
art. 172, §3.°).
O TST, por meio da Resolução 132/2005 editou a Instrução Normativa 28/2005 e criou o e-DOC,
que faculta às partes, advogados e peritos, a utilização do correio eletrônico (e-mail) para a prática de
atos processuais que antes só eram admitidos por petição escrita e devidamente protocolada (LEITE,
2007, p. 339).
Termo é a reprodução gráfica dos atos processuais que poderão ser consignados nos autos à tinta,
datilografados ou carimbados, e os termos relativos ao movimento dos processos constarão de simples
notas, datadas e rubricadas pelos diretores de secretaria ou pelos escrivães (GIGLIO, 2007, p. 97-98).
As partes devem assinar os atos e os termos processuais. Caso as partes – por motivo justi-
ficado – fiquem impossibilitadas de fazê-lo, os atos e os termos processuais deverão ser assinados a
rogo, na presença de duas testemunhas, sempre que não houver procurador legalmente constituído
(CLT, art. 772).
Sergio Pinto Martins (2003, p. 147) salienta que:
Na maioria dos casos, a pessoa não assina porque não sabe assinar o nome ou porque é analfabeta, apondo sua
impressão digital, ou quando tenha doença que impeça a articulação normal da mão [...].

Para que o processo alcance a sua finalidade – o mais rápido possível – são estabelecidos os
espaços de tempo de que dispõem os que dele participam para a prática dos atos que lhes competem,
isto é, os prazos, que são medidos em ano, mês, dia, hora e minutos (ALMEIDA, 2006, p. 422).
Os prazos contam-se a partir do recebimento da notificação, da publicação do edital no jornal
oficial ou que publicar o expediente da Justiça do Trabalho, ou, ainda, daquela em que for afixado o
edital na sede da Junta, Juízo ou Tribunal (CLT, art. 774).
Reza o parágrafo único do artigo 774 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT):

4 “No sentido jurídico, significa o ato judicial, pelo qual se apreende ou se tomam os bens do devedor para que nele se cumpra o pagamento
da dívida ou da obrigação executada”. SILVA, De Plácido. Vocabulário Jurídico. Nagib Slaibi Filho e Glaúcia Carvalho 27. ed. Rio de Janeiro, 2007,
p. 1024.

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50 | Do processo trabalhista

Art. 774. [...]


Parágrafo único. Tratando-se de notificação postal, no caso de não ser encontrado o destinatário ou no de recusa de
recebimento, o Correio ficará obrigado, sob pena de responsabilidade do servidor, a devolvê-la, no prazo de 48 horas,
ao Tribunal de origem.

Os prazos contam-se com exclusão do dia do começo e inclusão do dia do vencimento, e são
contínuos e irreleváveis, podendo, entretanto, ser prorrogados pelo tempo estritamente necessário
pelo juiz ou tribunal, ou em virtude de força maior, devidamente comprovada.
Os prazos que se vencerem em sábado, domingo ou feriado, terminarão no primeiro dia útil
seguinte (CLT, art. 775 e parágrafo único). Também serão prorrogados os prazos para o primeiro dia
útil se o vencimento cair em dia que for determinado o fechamento do fórum e em que o expediente
forense for encerrado antes da hora normal (CPC, art. 184, §1.°, I e II).
O TST, por meio do Enunciado 262, entende que se a parte for intimada ou notificada no sábado,
o início do prazo se dará no primeiro dia útil imediato, e a contagem no subsequente.
Se o prazo não for estabelecido por lei nem assinalado pelo juiz, será de cinco dias o prazo para a
prática de ato processual a cargo da parte (CPC art. 185).
Decorrido o prazo sem que a parte se manifeste, extingue-se, independentemente de declaração
judicial, o direito de praticar o ato, ressalvado à parte provar que não o realizou por justa causa – evento
imprevisto, alheio à vontade da parte – e que a impediu de praticar o ato por si ou por mandatário. Veri-
ficada a justa causa, o juiz permitirá à parte a prática do ato no prazo devido (CPC, art. 183, §1.° e 2.°).
[...]
Trata-se da preclusão temporal, que é efeito da inércia da parte, consistente na perda do direito de praticar o ato se não
for observado o prazo assinado para a sua prática [...]. (ALMEIDA, 2006, p. 431)

Ação trabalhista
Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar as ações oriundas da relação de trabalho (CF, art.
114). “A ação é o direito de provocar o exercício da tutela jurisdicional pelo Estado, para solucionar dado
conflito existente entre certas pessoas” [...] (MARTINS, 2003, p. 217).
O artigo 840 da CLT preleciona que:
Art. 840. A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
§1.° Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem
for dirigida, a qualificação do reclamante e do reclamado, uma breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o
pedido, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante.
§2.° Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em 2 (duas) vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário,
observado, no que couber, o disposto no parágrafo anterior.

A reclamação poderá ser apresentada pelos empregados e empregadores, pessoalmente, ou


por seus representantes, pelos sindicatos de classe ou por intermédio das Procuradorias Regionais da
Justiça do Trabalho (CLT, art. 839).
Reclamante é quem apresenta em juízo o pedido de tutela jurisdicional; reclamado é aquele em
face de quem o pedido de tutela é apresentado. Ambos, respectivamente, correspondem a autor e réu
no processo civil (ALMEIDA, 2006, p. 453).

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Do processo trabalhista | 51

O artigo 840 da CLT não traz rigor excessivo para a petição inicial, podendo a mesma ser redigida
de forma simplificada. Isso se dá, conforme supracitado, porque na Justiça do Trabalho a ação pode ser
proposta verbalmente, tanto pelo empregado como pelo empregador, vigorando assim o Jus Postulandi
(CLT, art. 791).
Nesse passo, Wagner D. Giglio (2007, p. 179) assevera que:
[...] a petição inicial deve conter apenas os fatos essenciais. Nos casos mais simples eles se resumem às cláusulas do
contrato e sua duração: data da admissão, ou início da prestação de serviços, remuneração ajustada, horário de trabalho,
data e narração do ato lesivo [...].

A petição inicial deverá conter duas vias (CLT, art. 787), pois uma delas será a peça vestibular do
processo e a outra irá acompanhar a citação do reclamado. Se houver mais de um reclamado, deverá ser
fornecida uma via para cada réu [...] (MARTINS, 2003, p. 229).
Os maiores de 18 anos poderão litigar livremente na Justiça do Trabalho. Já a reclamação traba-
lhista do menor de 18 anos será feita por seus representantes legais e, na falta destes, pela Procuradoria
da Justiça do Trabalho, pelo sindicato, pelo Ministério Público Estadual ou curador nomeado em juízo
(CLT, art. 792 e 793).

Da Comissão de Conciliação Prévia (CCP)


O artigo 625-A da CLT preleciona que:
Art. 625-A. As empresas e os sindicatos podem instituir Comissão de Conciliação Prévia, de composição paritária,
com representantes dos empregados e dos empregadores, com a atribuição de tentar conciliar os conflitos indivi-
duais do trabalho.

A Comissão será composta de, no mínimo, dois e, no máximo, dez membros, sendo a metade
indicada pelo empregador e a outra metade eleita pelos empregados em votação secreta, com a fisca-
lização do sindicato da categoria profissional.
As CCPs foram criadas com o intuito de desafogar a Justiça do Trabalho, agindo como meio alter-
nativo da solução do conflito laboral.
O artigo 625-D da CLT aduz que:
Art. 625-D. Qualquer demanda de natureza trabalhista será submetida à Comissão de Conciliação Prévia se, na localidade
da prestação de serviços, houver sido instituída a Comissão no âmbito da empresa ou do sindicato da categoria. [...]

Pela redação do artigo supracitado, pode-se entender que a demanda trabalhista será obrigato-
riamente submetida à CCP antes de ser submetida à apreciação da Justiça do Trabalho. Alguns autores
sustentam que a submissão da demanda trabalhista à CCP é obrigatória quando houver Comissão insti-
tuída na localidade da prestação de serviços do trabalhador (VIANNA, 2004, p. 564)5.
Mas, conforme explica Alice Monteiro de Barros (2007, p. 209), outros autores alegam que a Lei 9.958,
de 2000 (que instituiu a CCP), não previu a obrigatoriedade da tentativa de conciliação como condição da

5 No mesmo sentido, Valentin Carrion, ao asseverar que a exigência da submissão da demanda trabalhista à CCP coloca-se como condição da
ação trabalhista, já que, inobservado esse requisito, faltaria interesse de agir (CARRION, 2007, p. 481-482).

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52 | Do processo trabalhista

ação trabalhista e que essas comissões violam o artigo 5.°, XXXV, da Constituição Federal, segundo a qual
“a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito”.
Submetida a demanda à Comissão de Conciliação Prévia, essa será formulada por escrito ou será
reduzida a termo por qualquer membro da Comissão, devendo ser entregue uma cópia assinada e
datada aos interessados (CLT, artigo 625-D, §1.°).
A CCP terá o prazo de 10 dias para realizar a sessão de conciliação entre as partes. Se for
ultrapassado esse prazo sem que tenha ocorrido a sessão de conciliação pela CCP, será fornecido
ao empregado e ao empregador, no último dia do prazo, uma declaração da tentativa conciliatória
frustrada com a descrição de seu objeto para ser juntada em eventual reclamação trabalhista (CLT, art.
625-F e parágrafo único).
Se houver conciliação, será lavrado um termo assinado por empregado e empregador ou seu
preposto e também pelos membros da CCP, fornecendo-se cópias às partes. O termo de conciliação
é título executivo extrajudicial com eficácia liberatória geral, salvo quanto às parcelas expressamente
ressalvadas pelas partes (CLT, art. 625-E e parágrafo único).
Não havendo conciliação, será entregue ao empregado e ao empregador uma declaração de
conciliação frustrada, com a descrição de seu objeto, firmada pelos membros da CCP para ser juntada a
eventual reclamação trabalhista (CLT, art. 625-D, §2.°).
Qualquer motivo que impossibilite a submissão da demanda à CCP deverá ser declarada na
petição inicial da ação intentada perante a Justiça do Trabalho (art. 625-D, §3.°, da CLT).

Da audiência de conciliação e da defesa da reclamada

Da audiência
Audiência é o ato jurídico consistente, como indica o vocabulário, na sessão da Corte para
serem ouvidos os litigantes, colhidas as provas, realizados os debates e o julgamento do feito [...]
(GIGLIO, 2007, p. 195).
O artigo 813 da CLT aduz que:
Art. 813. As audiências dos órgãos da Justiça do Trabalho serão públicas e realizar-se-ão na sede do Juízo ou Tribunal
em dias úteis previamente fixados, entre 8 (oito) e 18 (dezoito) horas, não podendo ultrapassar 5 (cinco) horas seguidas,
salvo quando houver matéria urgente. [...]

Em casos especiais, poderá ser designado outro local para a realização das audiências e sempre
que for necessário, poderão ser convocadas audiências extraordinárias, mediante edital afixado na sede
do Juízo ou Tribunal, com a antecedência mínima de 24 horas (CLT, art. 813, §§1.° e 2.°).
A audiência será aberta pelo juiz presidente na hora marcada, com a chamada, pelo secretário ou
escrivão das partes, testemunhas e demais pessoas que devam comparecer em juízo. Se o juiz ou presi-
dente não houver comparecido à audiência até 15 minutos após a hora marcada, os presentes poderão
retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro de registro (CLT, art. 815 e parágrafo único).

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Do processo trabalhista | 53

O reclamante e o reclamado deverão estar presentes na audiência, independentemente do


comparecimento de seus representantes6. Nos casos de Reclamatórias Plúrimas7 ou Ações de Cumprimento8,
os empregados poderão fazer-se representar pelo Sindicato de sua categoria (CLT, art. 843).
O empregador poderá fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que tenha
conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o proponente (CLT, art. 843 e §1.°). O TST entende
que exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, o preposto deve ser necessariamente
empregado do reclamado (Enunciado 377).
O artigo 843, §2.° da CLT aduz que:
Art. 843. [...]

§2.° Se por doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente comprovado, não for possível ao empregado
comparecer pessoalmente, poderá fazer-se representar por outro empregado que pertença à mesma profissão, ou
pelo seu sindicato.

Se o reclamante não comparecer à audiência, a ação trabalhista será arquivada. Já o não compa-
recimento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato (CLT, art. 844).
Sergio Pinto Martins (2003, p. 249) ensina que:
[...] “Revelia vem a ser a ausência de defesa por parte do réu, que não comparece ao juízo quando é citado na ação que
lhe foi proposta. Confissão é a presunção de serem verdadeiros os fatos alegados na inicial”.

O reclamante que por duas vezes seguidas der causa ao arquivamento da ação trabalhista incor-
rerá na pena de perda, pelo prazo de seis meses, do direito de reclamar perante a Justiça do Trabalho
(CLT, arts. 731 e 732).
No caso de motivo relevante, o juiz ou presidente poderá suspender o julgamento, designando
nova audiência. O reclamante e o reclamado comparecerão à audiência acompanhados das suas
testemunhas e apresentarão as demais provas para comprovar os fatos alegados (CLT, art. 844, parágrafo
único e art. 845).
A audiência será contínua, salvo por motivo de força maior que a impeça de concluí-la no mesmo
dia, devendo o juiz marcar a sua continuação para a primeira desimpedida, independentemente de
nova notificação (CLT, art. 849).
Em conformidade com o princípio da celeridade processual, a audiência deverá ser una e
contínua (CPC, art. 455), com a realização no mesmo ato da conciliação, instrução e julgamento. Nessa
audiência, o juiz proporá a conciliação e se essa se mostrar infrutífera, realizará a instrução processual,
podendo as partes, em seguida, aduzir razões finais. Após, o juiz renovará a proposta de conciliação e,
não se realizando esta, será proferida a sentença (CLT, art. 850).

6 A representação da pessoa jurídica por preposto em audiência exige (em virtude de interpretação jurisprudencial) que este seja sócio, diretor
ou empregado da representada [...] (CARRION, 2007, p. 844).
7 Ações plúrimas são aquelas em que há mais de um empregado no polo ativo, ou seja, há mais de um reclamante na mesma ação trabalhista.
8 O cumprimento do dissídio coletivo (quer se trate de acordo homologado ou de decisão), quando os empregadores não satisfizerem o
pagamento devido, se obtém por meio de reclamação individual, denominada de ação de cumprimento, perante a Vara do Trabalho”. [...] “A
ação de cumprimento pode ser proposta tanto pelo empregado (reclamação comum), como por mais de um empregado (reclamação Plúrima).
O sindicato da categoria profissional também poderá promover a ação, em nome próprio, defendendo direitos alheios, configurando-se a
substituição processual. [...] (MARTINS, 2004, p. 938-940).

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54 | Do processo trabalhista

Alguns juízes adotam a prática de três audiências, a primeira para tentar conciliar as partes - chamada de inicial; a
segunda em que são ouvidos os depoimentos pessoais e testemunhais - chamada de instrução e; a terceira em que é
proferida a sentença – chamada de julgamento. (MARTINS, 2003, p. 246)

Da conciliação
Aberta a audiência, o juiz ou o presidente proporá a conciliação. Se houver acordo, esse será reduzido
a termo na ata da audiência, com a devida assinatura do presidente (Juiz da Vara do Trabalho) e pelos
litigantes, consignando-se o prazo e demais condições para seu cumprimento (CLT, art. 846 caput e, §1.°).
Entre as condições do acordo poderá ser estabelecida a de ficar a parte que não cumpri-lo obri-
gada a satisfazer integralmente o pedido ou pagar uma indenização convencionada, sem prejuízo do
cumprimento da transação (CLT, art. 846, §2.º). Na prática, convenciona-se uma multa em favor do recla-
mante para o caso da reclamada não honrar com o pagamento do acordo realizado.

Da defesa (contestação) da reclamada


O artigo 847 da CLT assevera que:
Art. 847. Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação,
quando esta não for dispensada por ambas as partes.

Na Justiça do Trabalho, a defesa pode ser realizada na forma verbal e reduzida a termo na ata da
audiência, em consonância com princípio da oralidade. Na praxe, a reclamada, por meio de seu advoga-
do apresenta contestação escrita após a tentativa frustrada de conciliação.
Compete ao reclamado alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, manifestando-se
precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial, expondo as razões de fato e de direito, com que
impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir (CPC, arts. 300 e 302).
Assim, na defesa, a reclamada deve impugnar todos os pedidos do reclamante, ex.: jornada de
trabalho, horas extras, vínculo empregatício etc., ou seja, “tem o ônus de afrontar particularmente todos
os fatos alegados pelo autor, sob pena de os não afrontados serem tidos como verdadeiros pelo órgão
julgador” (MACHADO, 2004, p. 427).
Deve também expor as razões de fato que são circunstâncias de um determinado caso e as razões
de direito que são a base legal para a resolução do mesmo caso. Exemplo:

O empregado não gozou férias dentro do período concessivo – circunstância de fato. O direito
está prelecionado nos artigos 134 e 137 da CLT ao asseverar que se o empregador não conceder as
férias ao empregado nos 12 meses subsequentes à data em que o trabalhador tiver adquirido o
direito, o empregador pagará em dobro a respectiva remuneração.

Da instrução processual e das provas


Terminada a defesa, terá início a instrução processual, com a oitiva das partes ou seus
representantes, das testemunhas, dos peritos e dos técnicos, se houver (CLT, art. 848). “A instrução é

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Do processo trabalhista | 55

a fase do processo de conhecimento em que são colhidas as provas que esclarecerão o juiz para que
possa proferir decisão” [...] (LEITE, 2007, p. 524).

Das provas
Prova vem do latim probare, que significa exame, verificação, demonstração. Provar é convencer
alguém sobre alguma coisa. A finalidade da prova no processo é a formação da convicção do juiz a
respeito dos fatos da causa (MARTINS, 2007, p. 319).
O artigo 131 do Código de Processo Civil (CPC) aduz que:
Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e às circunstâncias constantes dos autos, ainda que
não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos que Ihe formaram o convencimento.

Assim, a prova constante nos autos será livremente apreciada pelo juiz, em consonância com o
princípio da persuasão racional da prova ou da livre convicção do magistrado, mas sua decisão deverá
ser motivada.
A lei não traz um conceito exato de prova, mas a relação dos artigos 5.°, LVI, da Constituição Federal
(CF) e o artigo 332 do CPC levam à conclusão que provas são todos os meios lícitos e moralmente admitidos,
destinados a demonstrar a verdade dos fatos alegados pelas partes (SAKO, 2006, p. 29).
O juiz conhece o direito, sendo que narrados os fatos o juiz dará o direito e somente os fatos
deverão ser provados em juízo, pois o direito é de conhecimento do magistrado. A prova deverá constar
dos autos, pois o que deles não constar o juiz não terá obrigação de saber (MARTINS, 2003, p. 312).
O juiz procura reconstituir os fatos valendo-se dos dados que lhe são oferecidos e dos que pode
procurar por si mesmo nos casos em que está autorizado a proceder de ofício, sendo, sua missão, análoga
a de um historiador, porque tende a averiguar como ocorreram as coisas no passado para decidir a lide
que lhe foi posta (NASCIMENTO, 2005, p. 215).
O Direito federal é de conhecimento obrigatório do juiz. Mas, se a parte alegar Direito municipal,
estadual, estrangeiro ou consuetudinário (costumeiro) deverá fazer prova do seu teor e vigência (CPC, art.
337). O mesmo se dá em relação às normas coletivas de trabalho e regulamento interno da empresa e,
ainda, quanto aos tratados e convenções internacionais que, apesar de terem força de lei federal, devem
ser juntados ao processo para comprovar seu vigor e sua ratificação pelo Brasil (MARTINS, 2003, p. 312).
Reza o artigo 334 do CPC que:
Art. 334. Não dependem de prova os fatos:

I - notórios;

II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária;

III - admitidos, no processo, como incontroversos;

IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.

Ao iniciar a instrução, o juiz, ouvidas as partes, fixará os pontos controvertidos sobre que incidirá
a prova (CPC, art. 451). Nesse passo, após serem ouvidas as partes – que podem confessar ou desistir de
certos pedidos – o juiz examinará os autos do processo para instruí-lo somente quanto aos fatos contro-
vertidos, em conformidade com o princípio da celeridade processual.

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56 | Do processo trabalhista

Conclui-se que a finalidade da prova é convencer o Estado, personificado na figura do juiz,


sobre os fatos alegados na inicial e contestados na defesa, com o intuito de se obter uma decisão
pautada na verdade, para a plena satisfação dos litigantes e do próprio Estado, que não pode furtar-
-se de dar uma resposta para a lide imposta, devendo acabar com o conflito existente, objetivando o
bem comum da sociedade.

Meios de prova
Todos os meios legais e os moralmente legítimos, ainda que não especificados no CPC, são válidos
para provar a verdade dos fatos alegados na ação ou na defesa (CPC, art. 332).
Entre os meios de prova contidos na legislação estão o depoimento pessoal, a prova documental,
a testemunhal, a pericial etc. Os meios de provas contemplados nos códigos são meramente exempli-
ficativos, e não taxativos, pois o sistema jurídico permite a produção de todos os meios lícitos e moral-
mente legítimos, além dos especificados nos diplomas legais.9

Depoimento pessoal
Sergio Pinto Martins (2003, p. 317) leciona que:
Consiste o depoimento pessoal na declaração prestada pelo autor ou pelo réu perante o juiz, sobre os fatos objeto do
litígio. Não serve apenas para obter a confissão, mas também para esclarecer o juiz a respeito dos fatos do processo,
delimitando a prova, para que esta possa ser avaliada.

Parte da doutrina10 sustenta que a oitiva das partes é faculdade do juiz e que seu indeferimento
não constitui cerceamento de defesa. Isso porque o artigo 848 da CLT assevera que “terminada a defesa,
seguir-se-á a instrução do processo, podendo o presidente, ex officio11 ou a requerimento de qualquer
juiz temporário, interrogar os litigantes”. Entende-se assim, que o legislador, ao colocar a palavra
“podendo”, no citado artigo, facultou ao mero arbítrio do juiz a oitiva dos litigantes.
Outros doutrinadores, no entanto, asseveram que o depoimento das partes não é faculdade do
magistrado, podendo ser requerida pela parte ou por seus procuradores. Esse entendimento está alicerçado
no artigo 343 do CPC, que assevera competir a cada parte requerer o depoimento pessoal da outra, a fim
de interrogá-la na audiência de instrução e julgamento, quando o juiz não o determinar de ofício.

Prova documental
Documento vem do latim documentum, que significa ensinar, mostrar, indicar. É a forma como
algo pode ser conhecido por alguém, de modo a reproduzir certa manifestação de pensamento
(MARTINS, 2003. p. 323).

9 SAKO, op. cit., p. 72. No mesmo sentido: TEIXEIRA, op. cit., p. 60 e NASCIMENTO, op. cit., p. 219.
10 ALMEIDA, op . cit., p. 579. No mesmo sentido: Martins, op. cit., 317 ao aduzir que: “Pelo artigo 848 da CLT o interrogatório seria uma faculdade
do juiz, pois o referido dispositivo usa a expressão, podendo o presidente, ex officio interrogar os litigantes. O juiz somente irá reinquirir as
partes por solicitação delas, seus representantes e advogados. Logo, se não for ouvida a parte, não poderá ser reinquirida”.
11 Ato processual determinado pelo juiz, segundo os termos da lei, sem que se torne necessário pedido ou requerimento das partes. SILVA, De
Plácido e Vocabulário Jurídico/atualizadores: Nagib Slaibi Filho e Glaúcia Carvalho 27. ed. Rio de Janeiro, 2007, p. 1.024.

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Do processo trabalhista | 57

A CLT reserva um único artigo à regulamentação dos documentos, devendo o intérprete valer-se,
subsidiariamente, da regulamentação do Código Civil e do CPC (GIGLIO, 2007, p. 232).
O artigo 830 da CLT preleciona que:
Art. 830. O documento oferecido para prova só será aceito se estiver no original ou em certidão autêntica, ou quando
conferida a respectiva pública-forma ou cópia perante o juiz ou Tribunal.

Assim, se a parte fizer a juntada de documentos aos autos do processo em cópia simples, o juiz
pode requisitar a juntada dos originais para verificar sua autenticidade.
As normas coletivas de trabalho apresentadas em cópia simples possuem valor probante, desde
que não sejam impugnados pelas partes, pois se trata de documento comum às partes (OJ 36 da SDI-1,
do TST).
O documento público faz prova da sua formação, assim como dos fatos que o escrivão, o tabelião,
ou o funcionário declarar que ocorreram em sua presença (CPC, art. 364).
Compete à parte, contra quem foi produzido documento particular, alegar no prazo de 10 dias,
se lhe admite ou não a autenticidade da assinatura e a veracidade do contexto; presumindo-se, com o
silêncio, que o tem por verdadeiro (CPC, art. 372).
Assim, a parte contra quem foi produzido o documento pode alegar a sua falsidade na contestação
ou no prazo de 10 dias, contados da intimação da sua juntada aos autos (CPC, art. 390).
Conforme assevera o artigo 375 do CPC:
Art. 375. O telegrama ou o radiograma presume-se conforme com o original, provando a data de sua expedição e do
recebimento pelo destinatário.

Os livros comerciais provam contra o seu autor. É lícito ao comerciante, todavia, demonstrar, por
todos os meios permitidos em direito, que os lançamentos não correspondem à verdade dos fatos. O
juiz pode ordenar, a requerimento da parte, a exibição integral ou parcial dos livros comerciais e docu-
mentos, extraindo-se deles a suma que interessar ao litígio, bem como reproduções autenticadas (CPC,
arts. 378, 381 e 382).
Qualquer reprodução mecânica, como a fotográfica, a cinematográfica, a fonográfica ou de outra
espécie, faz prova dos fatos ou das coisas representadas, se aquele contra quem foi produzida Ihe
admitir a conformidade. Se a parte impugnar a autenticidade da reprodução mecânica, o juiz ordenará
a realização de exame pericial (CPC, art. 383 e parágrafo único).
Quando se tratar de fotografia, esta terá de ser acompanhada do respectivo negativo, e se a prova
for uma fotografia publicada em jornal, será exigido o original e o negativo (CPC, art. 385, §§1.° e 2.°).
Os documentos redigidos em língua estrangeira só poderão ser juntados aos autos quando esti-
verem acompanhados de versão traduzida, firmado por tradutor juramentado (CPC, art. 157).
Cessa a fé do documento particular quando lhe for contestada a assinatura e enquanto não se Ihe
comprovar a veracidade ou quando assinado em branco, for abusivamente preenchido (CPC, art. 388).
Compete à parte instruir a petição inicial (art. 283), ou a resposta (art. 297), com os documentos
destinados a provar-lhe as alegações, sendo lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos
documentos novos, quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados, ou para
contrapô-los aos que foram produzidos nos autos (CPC, art. 396 e 397).

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58 | Do processo trabalhista

No processo do trabalho, a prova é essencial para a comprovação do pagamento de salários (CLT,


art. 464), do acordo de prorrogação de jornada (CLT, art. 59), concessão e pagamento de férias (arts.
134 e 145), para tornar legítima a quitação passada pelo empregado ao seu empregador no término do
contrato de trabalho etc. (CLT, art. 477) (SAKO, 2006, p. 80).

Prova testemunhal
“A testemunha é um terceiro em relação à lide, que vem prestar depoimento em juízo, por ter
conhecimento dos fatos narrados pelas partes” [...] (MARTINS, 2003, p. 332).
O depoimento das partes e testemunhas que não souberem falar a língua nacional será feito
por meio de intérprete nomeado pelo juiz ou presidente. O mesmo procedimento deverá ser utilizado
quando se tratar de surdo-mudo, ou de mudo que não saiba escrever. Nesses casos, as despesas correrão
por conta da parte a que interessar o depoimento (CLT, art. 819). [...]
Na Justiça do Trabalho, cada parte só poderá indicar e ouvir, no máximo três testemunhas, salvo
no processo de rito sumaríssimo, quando ficam limitadas a duas, (CLT, art. 852-H, §2.°), e em processo
de inquérito para apuração de falta grave de empregados estáveis, quando esse número é elevado para
seis (CLT, art. 821) [...] (GIGLIO, 2007, p. 239).
Carlos Henrique Bezerra Leite (2007, p. 546) leciona que:
É importante salientar que o princípio inquisitivo permite ao juiz, não obstante o limite fixado em lei, determinar a
intimação de testemunhas referidas nos depoimentos das partes ou de outras testemunhas, cuja oitiva seja essencial
para o deslinde da controvérsia [...].

É vedado ao empregador efetuar qualquer desconto pelas faltas ao serviço dos seus empregados
ocasionados pelo seu comparecimento para depor em juízo, como testemunha arrolada ou convocada
(CLT, art. 822).
O depoimento de uma testemunha não será ouvido pelas demais testemunhas que tenham de
depor no processo (CLT, art. 824).
As testemunhas comparecerão à audiência, juntamente com as partes, independentemente de
notificação ou intimação e as que não comparecerem serão intimadas, ex officio ou a requerimento da
parte, ficando sujeitas a condução coercitiva, além do pagamento de multa, caso, sem motivo justificado,
não atendam à intimação (CLT, art. 825, parágrafo único).
O artigo 828 da CLT aduz que:
Art. 828. Toda testemunha, antes de prestar o compromisso legal, será qualificada, indicando o nome, nacionalidade,
profissão, idade, residência, e, quando empregada, o tempo de serviço prestado ao empregador, ficando sujeita, em
caso de falsidade, às leis penais. [...]

A testemunha não pode mentir em juízo sob pena de reclusão de um a três anos, e multa (Código
Penal, art. 342).
Na audiência, os depoimentos das testemunhas serão resumidos a termo pelo chefe de Secretaria
da Vara ou funcionário para esse fim designado, devendo a súmula ser assinada pelo juiz da Vara do
Trabalho ou presidente do Tribunal e pelos depoentes (CLT, art. 828 parágrafo único).
A testemunha que for parente até o terceiro grau civil, amigo íntimo ou inimigo de qualquer das
partes, não prestará compromisso, podendo o juiz ouvir seu depoimento como simples informação
(CLT, art. 829).

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Do processo trabalhista | 59

No entendimento do TST, o simples fato de a testemunha estar litigando ou ter litigado contra o
mesmo empregador não a torna suspeita, podendo servir como testemunha para outros empregados
da mesma empresa (Enunciado 357).

Prova pericial
Quando faltam ao juiz conhecimentos especializados, a prova de fatos que dependam desses
conhecimentos será feita por meio de exame (laudo pericial) procedido por um especialista, chamado
perito, que funciona como auxiliar do juízo (GIGLIO, 2007, p. 248).
Assim, quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz será assis-
tido por perito, fixando o prazo para a entrega do laudo, podendo as partes indicar assistente técnico e
apresentar quesitos (CPC, arts. 145 e 421).
A prova pericial será produzida quando for exigida por lei, ex.: apuração do trabalho em condições
insalubres12 ou perigosas (CLT, art. 195, §2.°) ou quando a prova do fato depender de conhecimento
especial de técnico (CLT, arts. 852-H, §4.° e 420, parágrafo único, I, do CPC) (ALMEIDA, 2006, p. 623).
O perito pode ser substituído quando carecer de conhecimento técnico ou científico ou quando,
sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que Ihe foi assinado (CPC, art. 424).
Reza o artigo 429 do CPC:
Art. 429. Para o desempenho de sua função, podem o perito e os assistentes técnicos utilizar-se de todos os meios
necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder da parte ou
em repartições públicas, bem como instruir o laudo com plantas, desenhos, fotografias e outras quaisquer peças.

As partes terão ciência da data e local designados pelo juiz ou indicados pelo perito para ter início
a produção da prova pericial. Após a apresentação do laudo pelo perito, as partes serão intimadas para
oferecerem seus pareceres (CPC, arts. 431-A e 433, parágrafo único).
O juiz não precisa decidir segundo as conclusões do laudo pericial, podendo formar a sua
convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos. Pode ainda determinar, de ofício ou a
requerimento da parte, a realização de nova perícia, quando a matéria não lhe parecer suficientemente
esclarecida (CPC, arts. 436 e 437).
A parte vencida no objeto da perícia será a responsável pelo pagamento dos honorários periciais,
salvo se beneficiária de justiça gratuita (CLT, art. 790-B).

Ônus da prova
A palavra ônus vem do latim onus, que tem significado de carga, fardo, peso.
Ônus probandi é o encargo da parte provar em juízo suas alegações para convencimento do juiz.
Não é uma obrigação ou um dever, mas um encargo da parte para provar suas alegações (MARTINS,
2003. p. 312). Afinal, mencionar e não provar é o mesmo que nada dizer.
12 Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condição ou métodos de trabalho, exponham os
empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo
de exposição aos seus efeitos (CLT art. 189). São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada
pelo Ministério do Trabalho, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis ou
explosivos (CLT art. 193).

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60 | Do processo trabalhista

O artigo 818 da CLT preleciona in verbis:


Art. 818. A prova das alegações incumbe à parte que as fizer.

Já o artigo 333, do Código de Processo Civil - CPC aduz que:


Art. 333. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.

Sobre o tema, Wagner D. Giglio 2007, p. 227-228) nos explica que:


[...]
Em síntese, incumbe ao reclamante (autor) provar os fatos constitutivos de seu direito (ex.: a existência da relação
de emprego, o despedimento, o trabalho em feriado etc.), e à reclamada (ré), os fatos extintivos desse direito (ex.: o
cumprimento integral do contrato a termo, o pagamento das indenizações legais, o pagamento da remuneração do
feriado em dobro etc.) ou a existência de outros fatos, impeditivos ou modificativos, que obstem que os primeiros
alcancem seus efeitos normais (ex.: a existência de pedido de demissão, a ocorrência de justa causa para o despedimento,
o gozo de descanso em outro dia da semana etc.)

Não dependem de prova os fatos notórios; aqueles afirmados por uma parte e confessados pela
parte contrária; os admitidos, no processo, como incontroversos; e em cujo favor milita presunção legal
de existência ou de veracidade (CPC, art. 334).

Sentença
Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. Sentença é o
ato do juiz que extingue o processo sem julgamento do mérito, ex.: quando o juiz indeferir a petição
inicial; quando o processo ficar parado mais de um ano por negligência das partes; quando o autor
desistir da ação etc. (CPC, art. 267) ou com julgamento do mérito, ex.: quando acolher ou rejeitar o
pedido do autor; quando o réu reconhecer a procedência do pedido; quando as partes transigirem
etc. (CPC, art. 269).
Decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve questão incidente
e despachos são todos os demais atos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da
parte (CPC, art.162, §2.° e 3.°).
O artigo 850 da CLT assevera que terminada a instrução, o juiz renovará a proposta de conciliação
e não se realizando esta, proferirá a decisão.
Da decisão deverão constar o nome das partes, o resumo do pedido e da defesa, a apreciação
das provas, os fundamentos da decisão e a respectiva conclusão. Quando a decisão concluir pela
procedência do pedido, determinará o prazo e as condições para o seu cumprimento (CLT, art. 832, §1.°).
As sentenças serão fundamentadas, sob pena de nulidade (CF, art. 93, IX).
As decisões cognitivas ou homologatórias13 de acordo deverão sempre indicar a natureza jurídica
das parcelas constantes da condenação ou do acordo homologado, inclusive, se for o caso, deverão

13 [...] “Decisões cognitivas serão as que decidem o processo na fase de conhecimento. São as sentenças que julgam o mérito da postulação. Deci-
sões homologatórias são as decisões em que o juiz irá apenas homologar o acordo estabelecido pelas partes”. [...] (MARTINS, 2004, p. 884).

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Do processo trabalhista | 61

indicar também o limite de responsabilidade de cada parte pelo recolhimento da contribuição previ-
denciária (CLT, art. 832, §3.°).
No procedimento sumaríssimo, a sentença mencionará os elementos de convicção do juízo, com
resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência, dispensado o relatório14 (CLT, art. 852-I).
A União será intimada das decisões homologatórias de acordos que contenham parcela indeni-
zatória, facultada a interposição de recurso relativo aos tributos que lhe forem devidos, podendo ainda
interpor recurso relativo à discriminação da natureza jurídica das parcelas constantes da condenação ou
do acordo homologado (CLT, art. 832, §4.° e 5.°).
Se na decisão existirem evidentes erros ou enganos de escrita, de datilografia ou de cálculo,
poderão os mesmos, antes da execução, ser corrigidos, ex officio – pelo próprio juiz – ou a requerimento
dos interessados ou da Procuradoria da Justiça do Trabalho (CLT, art. 833).
Da decisão serão os litigantes notificados, pessoalmente, ou por seu representante, na própria
audiência ou por meio de publicação, salvo no caso de revelia em que a notificação far-se-á por registro
postal com franquia ou por edital no caso da parte encontrar-se em local incerto ou criar embaraços ao
seu recebimento (CLT, arts. 852 e 841, §1.°).

Recursos
O presente tópico é uma explanação sintética sobre os recursos no processo do trabalho, haja
vista a complexidade de tais procedimentos. A finalidade é instruir o aluno para que adquira os conhe-
cimentos necessários no intuito de apoiar o advogado na elaboração dos recursos trabalhistas.
A palavra recurso tem origem no latim recursus, de recorrere, que dá a ideia de regressar, retroagir,
recuar, refluir. Recurso é o meio processual estabelecido para provocar o reexame de determinada
decisão, visando à obtenção de sua reforma ou modificação (MARTINS, 2003, p. 385).
Sergio Pinto Martins (2003, p. 392) explica que:
“No processo do trabalho, a regra é de os recursos terem apenas efeito devolutivo (CLT, art. 899)
podendo a parte requerer a extração de carta de sentença para a liquidação provisória do julgado, que
vai até a penhora.”15
Quando o recurso for interposto, o recorrido será notificado para oferecer suas razões, no mesmo
prazo ao que tiver o recorrente (CLT, art. 900).
O artigo 893 da CLT assim prevê:
Art. 893. Das decisões são admissíveis os seguintes recursos:
I - embargos;
II - recurso ordinário;
III - recurso de revista;
IV. agravo. [...]

14 [...] o relatório da sentença é a exata relação do feito, que antecede aos fundamentos, em que se baseia o juiz para pronunciar sua decisão.
Segundo Pontes de Miranda, o relatório é a história relevante do processo. SILVA, De Plácido e Vocabulário Jurídico/atualizadores: Nagib Slaibi
Filho e Glaúcia Carvalho 27. ed. Rio de Janeiro, 2007, p. 1.193.
15 MARTINS, op. cit., p. 392.
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62 | Do processo trabalhista

Embargos de declaração
Caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão, no prazo de cinco dias, admitido efeito
modificativo da decisão nos casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame
dos pressupostos extrínsecos do recurso (CLT art. 897-A).
Os erros materiais poderão ser corrigidos de ofício – pelo juiz – ou a requerimento de qualquer
das partes (CLT, art. 897-A, parágrafo único).
Cabem embargos de declaração quando houver, na sentença ou no acórdão, obscuridade ou
contradição ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se o juiz ou tribunal. Serão opostos, no
prazo de cinco dias, em petição dirigida ao juiz ou relator, com indicação do ponto obscuro, contraditório
ou omisso, não estando sujeitos a preparo (CPC, arts. 535-536).
Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de outros recursos, e
quando forem manifestamente protelatórios, o juiz ou o tribunal condenará o embargante a pagar ao
embargado multa não excedente de 1%, podendo esta ser elevada até 10%, em caso de reiteração,
ficando condicionada a interposição de qualquer outro recurso ao depósito do valor respectivo (CPC
art. 538, parágrafo único).

Recurso ordinário
Cabe recurso ordinário para a instância superior das decisões defin0itivas das Varas do Trabalho e
das decisões definitivas dos Tribunais Regionais, em processos de sua competência originária, no prazo
de oito dias, quer nos dissídios individuais, quer nos dissídios coletivos (CLT, art. 895).
Para a interposição de Recurso Ordinário é necessário o recolhimento do depósito recursal, que
deve ser efetivado em conta vinculada do FGTS, aberta para esse fim específico, mediante Guia de Reco-
lhimento do FGTS e Informações à Previdência (GFIP) avulsa e apresentada em três vias no código 418.
Cada GFIP conterá um único depósito, identificado no campo 17, e poderá ser autenticado em qualquer
agência bancária, no ato da efetivação do depósito (MARTINS, 2007, p. 400-401).
Também é ônus da parte recorrente efetuar o depósito legal, integralmente, em relação a cada
novo recurso interposto, sob pena de deserção. Atingido o valor da condenação, nenhum depósito mais
é exigido para qualquer recurso (TST, enunciado 128).
O depósito recursal visa garantir a execução, e o valor corresponderá ao valor da condenação até
o limite fixado em lei (ALMEIDA, 2006, p. 700).
Também será necessário para a interposição do recurso ordinário o recolhimento das custas
processuais, que deverá ser efetuado em Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF), no
código 8019. São isentos do pagamento de custas processuais os beneficiários da justiça gratuita; o
Ministério Público do Trabalho; a União; os Estados; o Distrito Federal, os Municípios etc. (CLT, art. 790-A).

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Do processo trabalhista | 63

Recurso de revista
Das decisões proferidas em grau de recurso ordinário pelos Tribunais Regionais do Trabalho, cabe
Recurso de Revista, no prazo de oito dias, para Turma do Tribunal Superior do Trabalho, quando (CLT, art.
896):
Art. 896. [...]
a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado outro Tribunal Regional do
Trabalho ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou a Súmula de Jurisprudência Uniforme
dessa Corte;
b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa
ou regulamento empresarial de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional
prolator da decisão recorrida, interpretação divergente, na forma da alínea a;
c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e literal à Constituição Federal. [...]

Poderá ser denegado seguimento ao Recurso de Revista se a decisão recorrida estiver em confor-
midade com a Súmula do Tribunal Superior do Trabalho. Da mesma forma, será denegado seguimento
ao Recurso nas hipóteses de intempestividade (interposição do Recurso fora do prazo legal), deserção
(falta de depósito recursal ou de custas) etc., cabendo, nesses casos, a interposição de Agravo de instru-
mento (CLT, art. 896, §5.°).
Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, somente será admitido recurso de revista por
contrariedade à Súmula do Tribunal Superior do Trabalho e violação direta da Constituição da República
(CLT, art. 896, §6.°).
O Recurso de Revista se presta a corrigir a decisão que violar a literalidade da lei e a uniformizar a
jurisprudência nacional concernente à aplicação dos princípios e normas de direito material e processual
do trabalho (LEITE, 2007, p. 734). Nesse passo, o Recurso de Revista é incabível para reexame de fatos e
provas (TST, Enunciado 126).
Para recorrer de revista, a parte deverá fazer o depósito da condenação (depósito recursal) ou
o seu complemento e efetuar o recolhimento das custas se a condenação for acrescida pelo acórdão
regional, sob pena de deserção (MARTINS, 2007, p. 428).

Agravo de Petição
Cabe Agravo de Petição, no prazo de oito dias, das decisões do juiz ou presidente, nas execuções
trabalhistas. O Agravo de Petição só será recebido quando o agravante delimitar as matérias e os valores,
objetos de discordância, haja vista que será permitida a execução imediata da parte incontroversa, nos
próprios autos ou por carta de sentença16 (art. 897, da CLT).
Valentim Carrion (2007, p. 796) leciona que: “O Agravo de Petição é o recurso específico contra
qualquer decisão do juiz na execução, após o julgamento de embargos do executado (art. 884)” [...].
Na interposição do Agravo de Petição, não será necessário o pagamento das custas processuais,
pois essas serão quitadas ao final do processo pelo executado (CLT art. 789-A).

16 Documento judicial formado de autos especiais extraídos do processo para promover a execução provisória da sentença, quando esta, por
motivos imperiosos, não pode ser executada nos autos originais ou suplementares (COSTA, 2001, p. 104).

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64 | Do processo trabalhista

Fluxograma: Dissídios individuais


Reclamação escrita Reclamação verbal
(CLT art. 840, §1.º) (CLT art. 840, §2.º e art. 786, caput)

Distribuição
(CLT art. 713-715) (CLT * 837 – vara única)

Redução a termo de reclamação verbal


(art. 786, § único)

Notificação do reclamando

Audiência (CLT art. 843)

Reclamante não comparece As partes comparecem Reclamado não comparece


(CLT art. 844) (CLT art. 845) (CLT art. 844)

Proposta de conciliação Revelia e confissão quanto à


Arquivamento
(CLT art. 846) matéria de fato

Defesa (CLT art. 847) Acordo (art. 846, §§1.º e 2.º)

Instrução do processo
– ouvida das partes, testemunhas, peritos, técnicos, colheita de provas, diligencias (CLT art. 848)

*Razões Finais (CLT art. 850)

Proposta de conciliação (CLT art. 850)

Sentença (CLT art. 852)

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Do processo trabalhista | 65

Texto complementar
Nulidades processuais
(LEITE, 2006)

Conceito
Durante muito tempo persistiu a ideia de que a falta de alguma formalidade dos atos
processuais implicava a nulificação de todo o processo. Era o chamado sistema legalista ou formalista.
Felizmente, com a nova fase de instrumentalidade do processo, passou-se a mitigar o rigor das
formalidades dos atos e termos do processo e, consequentemente, das nulidades processuais. O
moderno sistema processual prestigia, pois, os fins sociais do processo. Daí falar-se em sistema
teleológico das nulidades.
O próprio artigo 154 do CPC de 1973 estabelece que os atos e termos processuais não
dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir, reputando-se válidos
os atos e os termos que, realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial.
A lei não define nulidade do ato processual, o que deixa à doutrina a tarefa de conceituá-la.
À luz da teoria civilista, diz-se comumente que a nulidade de um ato ocorre quando lhe falta
algum requisito que a lei prescreve como necessário para a sua validade.
Do ponto de vista do Direito Processual, a nulidade de um ato significa o estado em que ele
se encontra em determinada fase do processo e que pode privá-lo de produzir seus próprios efeitos
ou destituir os efeitos já produzidos.
É importante destacar que alguns atos processuais, embora nulos, continuam produzindo
efeitos, sendo, portanto, necessário o ajuizamento de ação própria para que deixem de produzir
tais efeitos. É o que se dá, por exemplo, com a sentença (ato processual) definitiva proferida por juiz
impedido ou absolutamente incompetente, que produz todos os efeitos até que seja desconstituída
por ação rescisória (CPC, art. 485, II).

Atos processuais nulos, anuláveis e inexistentes


É preciso não confundir as nulidades no Direito Processual com as nulidades previstas no
Direito Material.

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66 | Do processo trabalhista

No Direito Civil há os atos nulos e os anuláveis, enquanto que no Direito do Trabalho,


muito embora haja cizânia doutrinária no tocante aos atos anuláveis, o artigo 9.º da CLT declara
nulos os atos praticados com o objetivo de impedir, fraudar ou desvirtuar os preceitos e normas
de natureza trabalhista.
Já no Direito Processual Civil ou Trabalhista, os atos processuais podem ser nulos, anuláveis
ou inexistentes.
Da mesma forma que os atos jurídicos, em geral, podem conter irregularidades ou vícios que
contaminam ou podem contaminar a sua validade, os atos processuais também podem conter irre-
gularidades, vícios ou defeitos que os tornam nulos ou anuláveis.
As irregularidades ou vícios processuais são classificados segundo a gravidade que representam
para o processo. Assim, de acordo com as consequências que acarretam para o processo, temos
quatro grupos de vícios processuais:
::: meras irregularidades sem consequências – alguns atos pro­cessuais podem não revestir-se
das formalidades legais, mas não trazem consequência alguma, tais como o uso de abreviaturas
ou o termo lavrado com tinta clara ou lápis (CPC, art. 169 e seu parágrafo único);
::: irregularidades com sanções extraprocessuais – alguns atos praticados com inobser-
vância de algum requisito legal geram apenas sanções fora do processo, como é o caso do
juiz que retarda a prática de algum ato (CPC, art. 133, II);
::: irregularidades que acarretam nulidades processuais – há aqui uma consequência
processual de acordo com a gravidade da nulidade, que, por isso mesmo, pode ser relativa
ou absoluta;
::: irregularidades que acarretam a inexistência do ato processual – a sentença sem assi-
natura do juiz é, segundo entendimento quase unânime, inexistente. A própria lei instru-
mental civil prevê expressamente que os atos processuais não ratificados praticados por
advogado que atua sem instrumento de mandato são considerados inexistentes (CPC, art.
37, parágrafo único).
A doutrina geralmente classifica os vícios ou as irregularidades pro­cessuais em sanáveis e
insanáveis.
Os vícios sanáveis podem implicar a nulidade relativa ou a anulabilidade do ato. A nulidade
relativa depende de provocação do interessado, uma vez que não pode ser pronunciada ex officio. A
incompetência relativa, por exemplo, constitui um vício sanável, na medida em que pode ser pror-
rogada se o réu, na sua defesa, não excepcioná-la. Trata-se, pois, de nulidade relativa.
Já os vícios insanáveis implicam a nulidade absoluta ou, ainda, a inexistência do ato. A
nulidade absoluta prescinde de arguição do interessado, uma vez que deve ser decretada de ofício
pelo próprio juiz. A carência do direito de ação, por exemplo, constitui vício insanável, razão pela
qual, mesmo se as partes não a suscitarem, o juiz deverá decretá-Ia de ofício (CPC, art. 267, §3.º).

(LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Ato Processual do Trabalho. 4.ª ed. São Paulo: LTR, 2006. p. 320-322.)

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Do processo trabalhista | 67

Atividades
1. Quais são as formas de apresentação da reclamação trabalhista e quais são os seus requisitos
fundamentais?

2. Quais são as consequências do não comparecimento do reclamante e da reclamada na


audiência trabalhista?

3. Quais são os principais meios de prova? Explique.

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68 | Do processo trabalhista

4. Quando o Recurso de Revista tem cabimento na lide trabalhista?

Gabarito
1. A reclamação trabalhista poderá ser apresentada na forma verbal e escrita. Se verbal, a reclama-
ção será reduzida a termo, em duas vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário. Se for
apresentada na forma escrita, a reclamação deverá conter a designação do presidente da Junta,
ou do juiz de Direito a quem for dirigida, a qualificação do reclamante e do reclamado, uma breve
exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura do reclamante ou de
seu representante.

2. O não comparecimento do reclamante à audiência importa no arquivamento da ação trabalhista


e se ele der causa ao arquivamento da ação por duas vezes incorrerá na pena de perda, pelo prazo
de seis meses, do direito de reclamar perante a Justiça do Trabalho. O não comparecimento do
reclamado importa revelia – que é a ausência de defesa – e confissão quanto à matéria de fato
com a presunção de serem verdadeiros os fatos alegados da inicial.

3. Os principais meios de prova são o depoimento pessoal, que consiste na declaração prestada
pelo autor ou pelo réu perante o juiz sobre os fatos objeto do litígio; a prova documental, que é
a forma de algo ser conhecido por alguém, de modo a reproduzir certa manifestação de pensa-
mento, competindo à parte instruir a petição inicial ou a defesa com os documentos necessários
a provar as alegações; a prova testemunhal, que é um terceiro em relação à lide que vem prestar
depoimentos em juízo, por ter conhecimento dos fatos narrados pelas partes; e a prova pericial
para fatos, que dependem de conhecimentos especializados, com resultado por meio de um lau-
do realizado por um perito, que funciona como auxiliar do juiz.

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Do processo trabalhista | 69

4. O Recurso de Revista tem cabimento em face das decisões proferidas em grau de recurso ordiná-
rio pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando: (a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal
interpretação diversa da que lhe houver dado outro Tribunal Regional, no seu Pleno ou Turma, ou
a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou a Súmula de Jurisprudência
Uniforme dessa Corte; (b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de
Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância obri-
gatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão recor-
rida, interpretação divergente, na forma da alínea a; (c) quando proferidas com violação literal de
disposição de lei federal ou afronta direta e literal à Constituição Federal.

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70 | Do processo trabalhista

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Do processo
administrativo do trabalho
Noções gerais do poder de polícia
O artigo 78 e seu parágrafo único do Código Tributário Nacional (CTN) asseveram que:
Art. 78. Considera-se poder de polícia a atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito,
interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segu-
rança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas
dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e
aos direitos individuais ou coletivos.
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente
nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discri-
cionária, sem abuso ou desvio de poder.

Segundo Hely Lopes Meirelles (2002, p. 127), “Poder de polícia é a faculdade de que dispõe a
Administração Pública para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos
individuais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado”.
Poder de polícia é a atividade do Estado consistente em limitar o exercício dos direitos individuais
em benefício do interesse público e a Administração Pública, no exercício desse poder, regulamenta as
leis e controla a sua aplicação, preventivamente (por meios de ordens, notificações, licenças ou autori-
zações) ou repressivamente (mediante imposição de medidas coercitivas) (DI PIETRO, 2007, p. 75).
Para Rober Renzo (2007, p. 245):

O poder de atuação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) é um nítido exemplo de poder


de polícia no âmbito da inspeção do trabalho. Exsurge como poder de polícia judiciária quando o MTE
necessita impor sanções pelo descumprimento das disposições legais, sendo que, primordialmente, o
agente de inspeção utiliza-se de seu poder de polícia administrativa enquanto desenvolve atividades
preventivas e orientativas, que visam resguardar a legislação protetiva do trabalhador.

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72 | Do processo administrativo do trabalho

Da competência
O artigo 626 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) preleciona que:
Art. 626. Incumbe às autoridades competentes do Ministério do Trabalho, ou àquelas que exerçam funções delegadas,
a fiscalização do fiel cumprimento das normas de proteção ao trabalho. [...]

Segundo a Constituição Federal em seu artigo 21, XXIV:


Art. 21. Compete à União: [...]
XXIV - Organizar, manter e executar a inspeção do trabalho; [...]

A fiscalização do trabalho visa, administrativamente, ao cumprimento da legislação laboral, para-


lelamente à atuação judiciária, estando os direitos do trabalhador protegidos em dois níveis distintos:
a inspeção ou fiscalização do trabalho, de natureza administrativa, e a proteção judicial, por meio dos
Tribunais da Justiça do Trabalho [...] (CARRION, 2007, p. 484).
Francisco Antonio de Oliveira (2005, p. 557) ensina que:
A fiscalização do trabalho tem caráter preventivo de velar pelo cumprimento da legislação que rege a espécie. Tem
também atuação repressiva, quando presente o descumprimento, pela correção do ato e pela aplicação da pena pecu-
niária ou sanções outras, como o fechamento temporário ou definitivo do estabelecimento [...].

Da atuação e poderes da autoridade competente


Os inspetores exercem funções internas ou externas na Delegacia Regional do Trabalho (DRT).
As funções internas estão relacionadas à movimentação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
(FGTS), à assistência nas rescisões contratuais de empregados com mais de um ano de trabalho na
empresa (CLT, art. 477, §1.°) etc., e as funções externas consistem na fiscalização das empresas (MARTINS,
2007, p. 654).

A fiscalização nas empresas deve observar o critério da dupla visita no intuito de instruir os
responsáveis para o cumprimento das leis do trabalho. Essa fiscalização será realizada nos seguintes
casos (CLT, art. 627):
a) quando ocorrer promulgação ou expedição de novas leis, regulamentos ou instruções
ministeriais, sendo que, com relação exclusivamente a esses atos, será feita apenas a
instrução dos responsáveis;
b) em se realizando a primeira inspeção dos estabelecimentos ou dos locais de trabalho,
recentemente inaugurados ou empreendidos.
c) quando se tratar de estabelecimento ou local de trabalho com até 10 trabalhadores, salvo
quando for constatada infração por falta de registro de empregado ou de anotação da
Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), bem como na ocorrência de reincidência,
fraude, resistência ou embaraço à fiscalização (Decreto 4.552/2002 art. 23, III).

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Do processo administrativo do trabalho | 73

Instrução é o dever que tem o inspetor de não autuar na primeira visita que faz a uma empresa,
mas apenas orientá-la quando se tratar de descumprimento de leis ou portarias novas ou de primeira
inspeção em estabelecimento de recente inauguração, devendo-se observar o critério da dupla visita, o
que significa que somente na segunda visita deverá o inspetor tomar medidas coativas (NASCIMENTO, 2007,
p. 510).
Outro procedimento que pode ser instaurado pelo órgão competente é o procedimento especial
para a ação fiscal, com o objetivo de orientar sobre o cumprimento das leis de proteção ao trabalho,
bem como a prevenção e o saneamento de infrações à legislação mediante um Termo de Compromisso
(CLT, art. 627-A).
Na visão de Rober Renzo (2007, p. 72-73):
[...] foi disciplinado no âmbito do MTE a possibilidade de instauração das Mesas de Entendimento, com o objetivo de
sanar irregularidades (independente de lavratura prévia do auto de infração), sendo que tal procedimento contará
com a participação de membros integrantes da Fiscalização do Trabalho que, por sua vez, convocarão o empregador e,
conforme o caso, as entidades sindicais representativas das categorias e dos segmentos econômicos e profissionais.

O procedimento especial para a ação fiscal iniciará com a notificação para comparecimento das
pessoas sujeitas à inspeção do trabalho, à sede da unidade descentralizada do MTE. A notificação deverá
explicitar os motivos ensejadores da instauração do procedimento especial (Decreto 4.552/2002 art. 28,
§§1.° e 2.°).
Esse procedimento poderá resultar na lavratura de termo de compromisso que estipule as
obrigações assumidas pelo compromissado e os prazos para seu cumprimento. Durante o prazo
fixado no termo, o compromissado poderá ser fiscalizado para a verificação de seu cumprimento,
podendo sofrer ação fiscal caso sejam constatadas outras irregularidades que não estejam contem-
pladas no compromisso (Decreto 4.552/2002 art. 28, §§3.° e 4.°).
Se a parte, no procedimento especial, não comparecer à convocação ou se comparecendo, não
firmar o termo de compromisso ou ainda se descumprir qualquer cláusula compromissada serão lavrados
imediatamente os respectivos autos de infração, podendo ser encaminhado relatório circunstanciado ao
Ministério Público do Trabalho (Decreto 4.552/2002, art. 28, §5.°).
Sem prejuízo de sua ação específica, as fiscalizações trabalhista e previdenciária prestarão, priori-
tariamente, orientação à microempresa e à empresa de pequeno porte, sendo observado o critério da
dupla visita para lavratura de autos de infração, salvo quando for constatada infração por falta de registro
de empregado, ou anotação da Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), ou ainda na ocorrência de
reincidência, fraude, resistência ou embaraço à fiscalização (Lei 9.841/99, art. 12).
O fiscal do trabalho não tem apenas a função de aplicador de multas ou de fiel cumpridor das leis,
mas também de orientador, no sentido de mostrar às empresas como a lei deve ser aplicada, principal-
mente em se tratando de legislação recente (MARTINS, 2004, p. 707).
O auditor-fiscal do trabalho, para exercer as atribuições do seu cargo, deverá exibir a Carteira de
Identidade Fiscal, devidamente autenticada, fornecida pela autoridade competente (CLT, art. 630).
É proibida a outorga de identidade fiscal a quem não seja autorizado a exercer ou praticar atos de
fiscalização no âmbito da legislação trabalhista, seja em razão do cargo ou de função (CLT, art. 630, §1.°).
O artigo 12 do Decreto 4.552/2002, que aprovou o Regulamento da Inspeção do Trabalho, aduz que:
Art. 12. A exibição da credencial é obrigatória no momento da inspeção, salvo quando o Auditor-Fiscal do Trabalho julgar
que tal identificação prejudicará a eficácia da fiscalização, hipótese em que deverá fazê-lo após a verificação física.

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74 | Do processo administrativo do trabalho

O auditor-fiscal do trabalho somente poderá exigir a exibição de documentos após a apresentação


da credencial (Decreto 4.552/02, art. 12, parágrafo único).
A credencial do auditor-fiscal do trabalho deverá ser devolvida para inutilização, sob as penas da
lei em casos de provimentos em outro cargo público, exoneração ou demissão, bem como nos de licen-
ciamento por prazo superior a 60 dias e de suspensão do exercício do cargo (CLT, art. 630, §2.°).
O auditor-fiscal do trabalho terá livre acesso a todas as dependências dos estabelecimentos sujeitos
ao regime da legislação. Os dirigentes ou prepostos das empresas são obrigados a prestar todo e qualquer
esclarecimento necessário ao desempenho das funções do auditor-fiscal, que poderá exigir quaisquer docu-
mentos que digam respeito ao fiel cumprimento das normas de proteção ao trabalho (CLT, art. 630, §3.°).
O Precedente Administrativo 22 do MTE assevera que:
[...] livre acesso compreende não só o direito de ingressar nas dependências da empresa, mas também o de permanecer
no local para o exercício de sua ação fiscal.

Os precedentes administrativos resultam de decisões reiteradas da Coordenadoria-Geral de


Recursos, que é subordinada à Secretaria de Fiscalização do Trabalho (SEFIT), com o objetivo de orientar
a ação dos auditores-fiscais do Trabalho no exercício de suas funções (RENZO, 2007, p. 288).
O artigo 12 da Convenção 81 da Organização Internacional do Trabalho concernente à inspeção
do Trabalho na indústria e no comércio, assevera que:
Art.12.
1. Os inspetores do trabalho, munidos de qualquer meio de identificação justificativo das suas funções serão autoriza-
dos:
a) a entrar livremente, sem aviso prévio, a qualquer hora do dia ou da noite, em todos os estabelecimentos sujeitos à
fiscalização;
b) a entrar, de dia, em todos os locais, sempre que possa haver um motivo razoável para supor que estejam sujeitos à
fiscalização da inspecção;
c) a proceder a todos os exames, fiscalização e inquéritos julgados necessários para se certificarem de que as disposições
legais são efetivamente observadas, e designadamente:
I. interrogar, quer a sós, quer na presença de testemunhas, o patrão ou o pessoal da empresa acerca de tudo o que se
relacione com a aplicação das disposições legais;
II. pedir todos os livros, registros e documentos exigidos pela legislação do trabalho, a fim de verificarem a sua confor-
midade com as disposições legais e de os copiar ou extrair quaisquer apontamentos;
III. exigir a afixação de mapas nos casos em que a lei assim o determinar;
IV. recolher e levar para análise amostras de matérias e substâncias utilizadas ou manipuladas, desde que de tal fato seja
dado conhecimento à entidade patronal ou ao seu representante.

Entre outras atribuições, compete aos auditores-fiscais do trabalho (Decreto 4.552/02, art. 18):
I - verificar o cumprimento das disposições legais e regulamentares, inclusive as relacionadas à segurança e à saúde
no trabalho, no âmbito das relações de trabalho e de emprego, em especial:
a) os registros em Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), visando à redução dos índices de informalidade;
b) o recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), objetivando maximizar os índices de arrecadação;
c) o cumprimento de acordos, convenções e contratos coletivos de trabalho celebrados entre empregados e
empregadores; e
d) o cumprimento dos acordos, tratados e convenções internacionais ratificados pelo Brasil;

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Do processo administrativo do trabalho | 75

II - ministrar orientações e dar informações e conselhos técnicos aos trabalhadores e às pessoas sujeitas à inspeção do
trabalho, atendidos os critérios administrativos de oportunidade e conveniência;
[...]
V - examinar e extrair dados e cópias de livros, arquivos e outros documentos, que entenda necessários ao exercício de
suas atribuições legais, inclusive quando mantidos em meio magnético ou eletrônico;
VI - proceder a levantamento e notificação de débitos;
VII - apreender, mediante termo, materiais, livros, papéis, arquivos e documentos, inclusive quando mantidos em meio
magnético ou eletrônico, que constituam prova material de infração, ou, ainda, para exame ou instrução de processos;
VIII - inspecionar os locais de trabalho, o funcionamento de máquinas e a utilização de equipamentos e instalações;
IX - averiguar e analisar situações com risco potencial de gerar doenças ocupacionais e acidentes do trabalho, determi-
nando as medidas preventivas necessárias;
X - notificar as pessoas sujeitas à inspeção do trabalho para o cumprimento de obrigações ou a correção de irregula-
ridades e adoção de medidas que eliminem os riscos para a saúde e segurança dos trabalhadores, nas instalações ou
métodos de trabalho;
[...]
XIII - propor a interdição de estabelecimento, setor de serviço, máquina ou equipamento, ou o embargo de obra,
total ou parcial, quando constatar situação de grave e iminente risco à saúde ou à integridade física do trabalhador,
por meio de emissão de laudo técnico que indique a situação de risco verificada e especifique as medidas corretivas
que deverão ser adotadas pelas pessoas sujeitas à inspeção do trabalho, comunicando o fato de imediato à autori-
dade competente;
XIV - analisar e investigar as causas dos acidentes do trabalho e das doenças ocupacionais, bem como as situações com
potencial para gerar tais eventos;
XV - realizar auditorias perícias e emitir laudos e relatórios;
[...]
XVII - lavrar termo de compromisso decorrente de procedimento especial de inspeção;

O auditor-fiscal do trabalho não poderá exigir a exibição de documentos que não tenham relação
ou alguma afinidade jurídica com a legislação do trabalho, tais como controles internos, planilhas etc.
(RENZO, 2007, p. 132).
No caso da empresa criar resistência ou embaraço à fiscalização do trabalho isso justificará a
lavratura do respectivo auto de infração cominando em multa que deverá levar em conta, além das
circunstâncias atenuantes ou agravantes, a situação econômico-financeira do infrator e os meios a seu
alcance para cumprir a lei (CLT, art. 487, §6.°).
Valentim Carrion (2007, p. 634) explica que:
O artifício, ardil, simulação, desacato, embaraço ou resistência à ação fiscalizadora elevam até o grau máximo as multas,
devendo-se levar em conta, como atenuante ou agravante, a situação econômica e os meios ao alcance do infrator (Lei
7.855/89)” [...].

O auditor-fiscal do trabalho pode requisitar das autoridades policiais a assistência de que neces-
sitarem para o fiel cumprimento de suas atribuições legais (CLT, art. 630, §8.°). Assim, o auditor-fiscal do
trabalho pode requisitar auxílio policial quando a empresa criar qualquer resistência a sua fiscalização,
como no caso de impedi-lo de entrar na empresa ou em certos departamentos.
Na prestação de esclarecimentos, pode o inspetor requisitar informações ao empregador, chefe do
pessoal, contador etc., além de poder dirigir-se diretamente aos empregados, perguntando-lhes sobre
aspectos que considerar necessários para o cumprimento da diligência de fiscalização (NASCIMENTO,
2007, p. 510).
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76 | Do processo administrativo do trabalho

Vale salientar que as fitas do caixa bancário são consideradas documentos necessários à inspeção
do trabalho. O sigilo das informações financeiras é da responsabilidade do auditor-fiscal do trabalho,
que também, por lei, deve guardar sigilo profissional (Precedente Administrativo 11 do MTE).
É vedado aos auditores-fiscais do trabalho e aos agentes de higiene e segurança do trabalho
revelar, sob pena de responsabilidade, mesmo na hipótese de afastamento do cargo, os segredos de
fabricação ou comércio, bem como os processos de exploração de que tenham tido conhecimento
no exercício de suas funções. Também é vedado revelar as fontes de informações, reclamações ou
denúncias e inspecionar os locais em que tenham qualquer interesse direto ou indireto, caso em que
deverão declarar o seu impedimento (Decreto 4.552/2002, art. 35).

As empresas são obrigadas a possuir o Livro de Inspeção do Trabalho, em que o auditor-fiscal


do trabalho registrará a sua visita ao estabelecimento, declarando a data e a hora do início e término
da mesma, bem como o resultado da inspeção, nele consignando, se for o caso, todas as irregulari-
dades verificadas e as exigências legais feitas, com os respectivos prazos para seu atendimento, e,
ainda, de modo legível, os elementos de sua identificação funcional (CLT, art. 628, §§1.° e 2.°).
O auditor-fiscal do trabalho incorrerá em falta grave se restar comprovada a má-fé quanto à
omissão ou lançamento de qualquer elemento no livro ou a lavratura de autos contra empresas
fictícias e de endereços inexistentes, assim como a apresentação de falsos relatórios, respondendo
ele por falta grave no cumprimento do dever, ficando passível, desde logo, da pena de suspensão
até 30 dias, instaurando-se, obrigatoriamente, em caso de reincidência, inquérito administrativo
(CLT, art. 628, §§3.° e 4.°).
As microempresas e as empresas de pequeno porte não são obrigadas a possuir o Livro de
Inspeção do Trabalho, conforme aduz o artigo 11 da Lei 9.841/99.

Reza o artigo 630, parágrafo 4° da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT):


Art. 630. [...]
§4.° Os documentos sujeitos à inspeção deverão permanecer, sob as penas da lei nos locais de trabalho, somente
se admitindo, por exceção, a critério da autoridade competente, sejam os mesmos apresentados em dia e hora
previamente fixados pelo agente da inspeção.

A notificação para apresentação de documentos em dia certo, sem indicação de hora, caracteriza
infração somente quando transcorrer completamente o dia sem a devida apresentação (Precedente
Administrativo 51 do MTE).
A expressão a partir de constante da notificação para apresentação de documentos indica o horário
a partir do qual, no dia assinalado, o auditor-fiscal comparecerá para inspecioná-lo. Ao empregador
cabe disponibilizar os documentos no dia assinalado e no horário constante da notificação e, a partir
daquele horário, mantê-los disponíveis para exame (Precedente Administrativo 52 do MTE).
Em caso de ser o empregado deslocado para prestar serviço em outro estabelecimento da
empresa, devem acompanhá-lo para o novo local de trabalho o seu controle de jornada e seus registros
funcionais, onde será anotada a respectiva transferência (Precedente Administrativo 40 do MTE).
Os empregadores estão obrigados a permitir a visita em seus estabelecimentos de representantes
dos trabalhadores que acompanhem ação de inspeção trabalhista das condições de segurança e saúde
do trabalhador (Precedente Administrativo 38 do MTE).

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Do processo administrativo do trabalho | 77

O auditor-fiscal do trabalho – no território do exercício de sua função – gozará de passe livre nas
empresas de transportes públicas ou privadas, devendo para tal apresentar sua Carteira de Identidade
Fiscal (CIF) (CLT, art. 630, §5.°).
Qualquer funcionário público federal, estadual ou municipal ou representante legal de associação
sindical poderá comunicar à autoridade competente do MTE as infrações que verificar nas empresas, e
a autoridade competente, de posse dessa comunicação, procederá às necessárias diligências, lavrando
os autos de infração necessários (CLT, art. 631 e parágrafo único).
É o caso do juiz do trabalho, que pode, de ofício, ou a requerimento da parte, comunicar à Delegacia
Regional do Trabalho (DRT) para que esta proceda a fiscalização em qualquer empresa com a finalidade de
apurar possíveis irregularidades, ex.: a manutenção de empregados sem o devido registro laboral.

Da lavratura do Auto de Infração


Na falta de disposição especial, a imposição das multas incumbe às autoridades regionais compe-
tentes em matéria de trabalho, ou seja, as DRTs. A aplicação da multa não eximirá o infrator da respon-
sabilidade em que incorrer por infração das leis penais (CLT, art. 634, parágrafo único).
A Portaria 148, de 25 de janeiro de 1996, do MTE assim prevê:
Art. 9.° O Auto de Infração, pré-numerado sequencialmente, será lavrado em 3 (três) vias e conterá os seguintes
elementos:
I - nome, endereço e CEP do autuado;
II - ramo de atividade (CNAE), número de empregados e número de inscrição no CGC ou CPF do Ministério da Fazenda
ou CEI do Ministério da Previdência Social;
III - ementa da autuação e seu código;
IV - descrição clara e precisa do fato caracterizado como infração, com referência às circunstâncias pertinentes, relacio-
nando pelo menos um empregado em situação ou atividade irregular, exceto quando a lei cominar multa per capita,
hipótese em que deverão ser relacionados todos os empregados em situação ou atividade irregular;
V - capitulação do fato mediante citação expressa do dispositivo legal infringido;
VI - elementos de convicção;
VII - ciência do prazo para apresentação de defesa e indicação do local para sua entrega;
VIII - local, data e hora da lavratura;
IX - assinatura e carimbo do autuante contendo nome, cargo e matrícula;
X - assinatura e identificação do autuado, seu representante ou preposto. [...]
§2.º O Auto de Infração será lavrado em 3 (três) vias que terão a seguinte destinação: a 1.ª via será entregue no
protocolo da Delegacia Regional do Trabalho, para instauração do processo administrativo em 48 (quarenta e oito)
horas contados de sua lavratura; a 2.º via será entregue ao autuado, e a 3.º via ficará com o autuante. [...]
§5.º Havendo recusa no recebimento do Auto de Infração durante a ação fiscal, a 1.ª via do mesmo será entregue no setor/
seção de multas e recursos que a enviará, via postal, com Aviso de Recebimento (AR).
§6.º Persistindo a recusa após envio postal, o Auto de Infração será publicado, através de edital, no DOU ou em jornal
de grande circulação local.
Redação dada pela Portaria nº 241, de 15 de abril de 1998 (DOU 16/04/98).

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78 | Do processo administrativo do trabalho

O auto de infração será lavrado no local da infração pelo auditor-fiscal do trabalho, salvo havendo
motivo justificado, que deverá ser declarado no próprio auto, quando então deverá ser lavrado no prazo
de 24 horas, sob pena de responsabilidade do auditor. O auto não necessitará da assinatura do infrator
ou de testemunhas para ter o seu valor probante. (CLT, art. 629, §1.°).
Mas, a presunção de veracidade do auto de infração não desobriga o auditor-fiscal do Trabalho
de demonstrar os fatos que o levaram a concluir pela existência do ilícito trabalhista (Precedente Admi-
nistrativo 56 do MTE).
Lavrado o auto de infração, não poderá ele ser inutilizado, nem sustado o curso do respectivo
processo, devendo o agente da inspeção apresentá-lo à autoridade competente, mesmo se incidir em
erro (CLT, art. 629, §2.°).
O auto de infração será registrado com a indicação sumária de seus elementos característicos,
em livro próprio, que deverá existir em cada órgão fiscalizador, de modo a assegurar o controle do seu
processamento (CLT, art. 629, §4.°).
Vale ressaltar que, a toda verificação em que o auditor-fiscal do trabalho concluir pela existência
de violação de preceito legal deve corresponder, sob pena de responsabilidade administrativa, a lavra-
tura de auto de infração, salvo no caso da dupla visita ou no procedimento especial (CLT, art. 628).
Os auditores-fiscais do trabalho, médicos e engenheiros têm competência para lavrar auto de
infração quando constatarem falta de registro de empregado (Precedente Administrativo 44 do MTE).

Da defesa administrativa
O infrator terá o prazo de 10 dias para apresentar defesa administrativa, contados do recebimento
do auto de infração (CLT, art. 629, §3.°).
A defesa, formalizada por escrito e instruída com documentos que a fundamentarem, será
apresentada à DRT no prazo de 10 dias, contados do recebimento do Auto de Infração (MTE Portaria
148/96, art. 23).
A Portaria 148/96 do Ministério do Trabalho e Emprego ainda prevê:
Art. 24. A defesa mencionará:
I - a autoridade a quem é dirigida;
II - a qualificação do interessado;
III - os motivos de fato e de direito em que se fundamentar;
IV - as diligências que o interessado pretende que sejam efetuadas.
§1.° A defesa quando assinada por procurador legalmente constituído será acompanhada do respectivo mandato.
§2.° As provas documentais, se apresentadas por cópia, deverão ser autenticadas.
§3.° As irregularidades verificadas nos documentos de que tratam os parágrafos anteriores serão, a critério da autoridade
regional, notificadas ao interessado para querendo, saneá-las no prazo de 10 (dez) dias.

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Do processo administrativo do trabalho | 79

Quanto as provas, o artigo 632 da CLT assevera que:


Art. 632. Poderá o autuado requerer a audiência de testemunhas e as diligências que lhe parecerem necessárias à
elucidação do processo, cabendo, porém, à autoridade, julgar da necessidade de tais provas.

Em comento ao referido artigo, Sergio Pinto Martins (2004, p. 715) nos ensina que:
Esse preceito complementa o inciso LV do artigo 5.° da Constituição Federal, que assegura o contraditório e a ampla
defesa também nos processos administrativos. Se as diligências ou oitiva de testemunhas forem protelatórias, poderão
ser indeferidas pela autoridade competente, porém esta não poderá indeferir a prova do infrator, sob pena de se
evidenciar, dependendo do caso, cerceamento de defesa.

“O indeferimento das provas pela autoridade administrativa somente deverá existir quando claro
e induvidoso a investida procrastinatória, pois se houver dúvida deverá ser deferido o pleiteado para
que se evite nulidade futura em sede jurisdicional” (OLIVEIRA, 2005, p. 559).
No caso do autuado residir em localidade diversa daquela em que estiver a autoridade compe-
tente, os prazos para defesa ou recurso poderão ser prorrogados por meio de despacho expresso dessa
autoridade (CLT, art. 633).
A defesa protocolada fora do prazo legal não deve ter seu mérito analisado – conhecido – haja
vista a falta de um dos pressupostos de sua admissibilidade – a tempestividade (Precedente Adminis-
trativo 32 do MTE).
O Precedente Administrativo 64 do Departamento de Fiscalização do Trabalho aduz, in verbis:
A revelia na fase de defesa não tem como consequência a confissão ficta em relação à matéria de fato. O autuado pode,
mesmo revel na fase de defesa, interpor recurso contra a decisão regional, inclusive com a apresentação de documentos.

Assim, diferente do processo judicial trabalhista, no processo administrativo, segundo o próprio


MTE, a falta de defesa não acarreta a confissão ficta1 quanto aos fatos narrados no auto de infração,
podendo a parte interpor recurso contra a decisão regional, instruindo-o com os documentos que achar
necessário.

Da decisão e do recurso administrativo


De toda decisão que impuser multa por infração das leis e disposições reguladoras do trabalho
caberá recurso para órgão que for competente na matéria. As decisões serão sempre fundamentadas
(CLT art. 635, parágrafo único), sob pena de nulidade (CF art. 93, IX).
Reza o artigo 14, da Portaria 148/96, do MTE:
Art. 14. O julgamento do processo compete:
I - em primeira instância, aos delegados Regionais do Trabalho;
II - em segunda instância, ao Secretário de Fiscalização do Trabalho ou ao Secretário de Segurança e Saúde no Trabalho,
conforme a matéria objeto da autuação ou notificação.

1 [...] no sentido da lei processual, a confissão ficta, consequência da pena de confesso, imposta em vista da recusa em prestar depoimento,
sem qualquer justificativa, traz a presunção de verdade aos fatos alegados, se outras circunstâncias corroboram na veracidade dos fatos. [...]
SILVA, De Plácio e Vocabulário Jurídico/atualizadores: Nagib Slaibi Filho e Glaúcia Carvalho 27. ed. Rio de Janeiros, 2007, p. 344).

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80 | Do processo administrativo do trabalho

A DRT dará ciência da decisão ao autuado ou notificado para recolher o valor da multa adminis-
trativa ou do débito para com o FGTS, no prazo de 10 dias (Portaria 148/96 do MTE, art. 31).
A guia de depósito para recurso ou recolhimento de multa obedecerá ao modelo e instruções
próprias do Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF), sendo utilizados os seguintes
códigos:
a) 0289 – Multas da Legislação Trabalhista;
b) 2877 – Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), Seguro-Desemprego e Cadastro Perma-
nente de Admissão e Dispensa (CAGED);
c) 7309 – Depósito para Recurso (Portaria 148/96 do MTE art. 31. §1.º).
Os recursos devem ser interpostos no prazo de 10 dias para autoridade que houver imposto a
multa, a qual, depois de os informar, remeterá à autoridade de instância superior. O prazo de 10 dias
deve ser contado a partir do recebimento da notificação (CLT, art. 636).
Para seguimento do recurso será necessário que a parte recorrente instrua o recurso com
depósito do valor total da multa (CLT, art. 636, §1.°). Não é suficiente para o conhecimento do recurso a
efetivação do depósito dentro do prazo legal. É necessário também que o recurso administrativo seja
protocolado no decêndio legal (Precedente Administrativo 7 do MTE).
O recurso administrativo protocolizado intempestivamente, ou seja, fora do prazo, não deve ter
seu mérito analisado, uma vez que, ausente um dos pressupostos de sua admissibilidade, não pode ser
conhecido (Precedente Administrativo 32 do MTE).
A notificação é feita pelo correio e somente será realizada por meio de edital, publicada no
órgão oficial, quando o infrator estiver em lugar incerto e não sabido. Da notificação deverá constar o
prazo de 10 dias para o recolhimento do valor da multa, sob pena de cobrança executiva (CLT, art. 636,
§§2.° e 3.°).
O artigo 16 da Portaria 148/96 do MTE aduz que:
Art. 16. Considera-se feita a notificação:
I - pessoal, na data da ciência do interessado;
II - por via postal, telegráfica, ou outro meio de telecomunicação escrita, 48 (quarenta e oito) horas após a sua regular
expedição, mesmo que o destinatário não tenha colocado a data no Aviso de Recebimento (AR);
III - por edital, 10 (dez) dias após sua publicação.

Os prazos são contínuos e se contam com a exclusão do dia da notificação ou ciência e inclusão
do dia do vencimento. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal do órgão onde
tramitar o processo (Portaria 148/96 do MTE, art. 17).
Vale salientar que as guias de depósito ou recolhimento serão emitidas em três vias e o
recolhimento da multa deverá preceder-se dentro de cinco dias às repartições federais competentes,
que escriturarão a receita a crédito do Ministério do Trabalho. Já a segunda via da guia do recolhimento
será devolvida pelo infrator até o sexto dia depois de sua expedição à repartição que a emitiu, para a
averbação no processo (CLT, art. 636, §§4.° e 5.°).
A multa será reduzida de 50% se o infrator, renunciando ao recurso a recolher dentro do prazo de
10 dias contados do recebimento da notificação ou da publicação do edital. Para a expedição da guia,
no caso de pagamento de 50% da multa, deverá o infrator juntar a notificação com a prova da data do
seu recebimento, ou a folha do órgão oficial que publicou o edital (CLT, art. 636, §§6.° e 7.°,).
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Do processo administrativo do trabalho | 81

Todas as decisões proferidas que impliquem no arquivamento de processo administrativo refe-


rente a infração das leis de proteção ao trabalho terão recurso de ofício, isto é, sem qualquer provocação
das partes, para as autoridades competentes de instância superior (CLT, art. 637).
O artigo 638 da CLT aduz:
Art. 638. Ao Ministro do Trabalho, é facultado avocar ao seu exame e decisão, dentro de 90 (noventa) dias do despacho
final do assunto, ou no curso do processo, as questões referentes à fiscalização dos preceitos estabelecidos nesta
Consolidação.

Sobre o artigo supracitado, Sergio Pinto Martins (2004, p. 718) explica que:
Passados os 90 dias, o Ministro do Trabalho não mais poderá avocar o processo, tornando-se definitiva a decisão admi-
nistrativa. Avocar quer dizer chamar para si, independentemente de provocação de alguém.

A avocação pelo Ministro do Trabalho deverá acontecer em sede de excepcionalidade, quando


o assunto extrapolar ao corriqueiro e ao comum, pois a politicagem não deverá ser prestigiada em
homenagem ao princípio da seriedade que deve orientar os procedimentos administrativos (princípio
da moralidade) (OLIVEIRA, 2005, p. 560).
Proferida a decisão de segunda instância, os autos serão devolvidos à DRT para ciência do interes-
sado e para o seu cumprimento (MTE Portaria 148/96, art. 38).

Do modo e do cumprimento da obrigação

Do depósito, da inscrição e da cobrança


Reza os artigos 639 e 640 da CLT:
Art. 639. Não sendo provido o recurso, o depósito se converterá em pagamento.

Art. 640. É facultado às Delegacias Regionais do Trabalho, na conformidade de instruções expedidas pelo Ministro de
Estado, promover a cobrança amigável das multas antes do encaminhamento dos processos à cobrança executiva.

Decorrido o prazo de defesa do auto de infração sem a manifestação do autuado ou julgadas


improcedentes suas razões ou esgotados os prazos recursais, o processo de multa administrativa será
encaminhado à Procuradoria da Fazenda Nacional para que esta prossiga com a inscrição na Dívida
Ativa da União, procedendo com a devida execução fiscal (RENZO, 2007, p. 411).
A cobrança judicial das multas impostas pelas autoridades administrativas do trabalho obe-
decerá ao disposto na Lei 6.830, de 22 de setembro de 1980, aplicável à cobrança da dívida ativa
da União.

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82 | Do processo administrativo do trabalho

Texto complementar
Fiscalização
(NASCIMENTO, 2007, p. 509-512)

Cabe aos agentes da inspeção exercer serviços internos e externos da Delegacia Regional do
Trabalho. Entre os primeiros, acham-se atribuições relacionadas com a autorização para movimen-
tação dos depósitos do FGTS, em alguns casos dependentes dessa formalidade, a homologação
de pagamentos resultantes da rescisão contratual de trabalho (CLT arts. 477, §1.º, e 500) e funções
atinentes aos processos de reclamação por falta ou recusa de anotações da Carteira de Trabalho e
Previdência Social (CLT, art. 36). Entre os segundos estão as funções de fiscalização.
A fiscalização nos estabelecimentos ou locais de trabalho deve ser precedida da identificação
do inspetor (CLT, art. 630).
São atribuições do fiscal a instrução, o livre acesso, a exigência de exibição de documentos e de
prestação de esclarecimentos (CLT, arts. 627, 628, §§1.º e 2.º, e 630, §3.º).
Instrução é o dever que tem o inspetor de não autuar na primeira visita que faz a uma empresa,
mas apenas orientá-la quando se trata de descumprimento de leis ou portarias novas ou de primeira
inspeção em estabelecimento de recente inauguração. O critério a ser observado nesses dois casos
será o de dupla visita, significando que somente na segunda visita deverá o inspetor tomar medidas
coativas.
Livre acesso é o direito de o inspetor ingressar em qualquer dependência da empresa, desde
que se relacione com o objetivo da sua fiscalização. Caso haja resistência, o inspetor pode, inclusive,
solicitar força policial (CLT, art. 630, §8.º).
Exibição de documentos é a apresentação que o empregador está obrigado a fazer ao
inspetor, do livro de inspeção do trabalho (CLT, art. 628, §§1.º e 2.º), no qual verificará as últimas
anotações e o fiel cumprimento pelo empregador das determinações lançadas pelo inspetor
que o antecedeu; o inspetor poderá solicitar qualquer documento que julgar necessário, como
fichas de registro, guias de recolhimento de contribuição sindical, cartões de ponto, acordos de
compensação de horas extras, atestados médicos de mulheres etc. A inspeção sobre segurança
e higiene do trabalho também é de competência do Ministério, caso em que pode ser requerida
inspeção prévia na empresa a fim de que todas as irregularidades sejam localizadas. Nesse caso,
o inspetor pode anotar no livro um prazo para que o empregador regularize as suas instalações,
quanto a extintores de incêndio, escadas contra fogo, vestiários, instalações sanitárias, portas,
espaços para que os empregados transitem etc.
Prestação de esclarecimentos é outro poder do inspetor, devendo, nesse caso, o empregador, o
chefe do pessoal, o contador da empresa etc. informá-lo sobre as indagações que fizer. Igual direito
tem o inspetor de dirigir-se diretamente aos empregados, perguntando-lhes sobre aspectos que
considerar necessários para o cumprimento da diligência de fiscalização.

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Do processo administrativo do trabalho | 83

Em se tratando de irregularidades sanáveis, o inspetor deverá dar prazo para que o empre-
gador tome as providências necessárias, mas, sendo insanáveis a infração (ex.: falta de registro de
empregados), autuará a empresa, em duplicata, especificando os motivos e fundamentos legais,
deixando uma cópia do auto de infração com o empregador. Este poderá conformar-se com a autu-
ação, caso em que, recolhendo o valor da multa no prazo de dez dias contados da sua notificação,
terá redução de 50% (CLT, art. 636, §6.º).
Todavia, não se conformando com a autuação, o empregador requer audiência para fazer
provas (CLT, art. 632). O auto poderá ser invalidado se procedentes as razões do empregador. Caso
contrário, mantida a autuação, haverá a imposição de multa, que comportará recursos em dez dias,
mediante o depósito prévio do seu valor. O recurso contra a multa será decidido pela DRT. Cabe ao
Ministro do Trabalho avocar para reexame essas decisões (CLT, art. 683).
Para facilitar a atuação da fiscalização do trabalho, o Departamento de Fiscalização do Trabalho
aprovou precedentes administrativos que orientam a ação dos auditores fiscais.
A Fiscalização do Trabalho desempenha importante papel no desenvolvimento dos programas
de combate à discriminação no trabalho e profissão, à exploração do trabalho infantil e para coibir
o trabalho degradante.

Atividade
São suas atribuições:
a) política e diretrizes para a geração de emprego e renda de apoio ao trabalhador;
b) política e diretrizes para a modernização das relações de trabalho;
c) fiscalização do trabalho, inclusive do trabalho portuário, bem como aplicação das sanções
previstas em normas legais ou coletivas;
d) política salarial;
e) formação e desenvolvimento profissional;
f) segurança e saúde no trabalho;
g) política de imigração.
As Delegacias Regionais do Trabalho homologam os pagamentos aos empregados com mais
de um ano de emprego, por ocasião da rescisão contratual, prevista pelo artigo 477, §1.º, da CLT, na
qual se encarrega da verificação da exatidão dos cálculos dos pagamentos para efeito de quitação
dos valores pagos, sem prejuízo, no entanto, da reapreciação judicial.
O Ministério, mediante mesas-redondas – nome que teve origem nas mediações realizadas no
Rio de Janeiro quando sediava o Governo, realizadas em uma mesa redonda – , faz a mediação dos
impasses que se verificam nas negociações coletivas entre entidades sindicais com a finalidade de
levar as partes a um acordo, terminando, com este, a controvérsia. Não havendo entendimento,
segue-se o dissídio coletivo perante os Tribunais Regionais do Trabalho. A mediação não é

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julgamento. Trata-se de uma simples tentativa de fazer com que as partes cheguem, diretamente,
a uma autocomposição.
A classificação de ocupações, decorrentes das Portarias 3.654/67 e 13/78, permitiu a elaboração
da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), destinada a facilitar a sistematização de informações
sobre o mercado de trabalho, uniformizando e codificando os tipos de ocupações a serem observados
pelos órgãos oficiais, pelas partes de relação de emprego e anotações na Carteira de Trabalho e
Previdência Social.
O Decreto 76.900/75 instituiu a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), a ser preenchida
pelas empresas, contendo elementos destinados a suprir às necessidades de controle, estatística e
informações das entidades governamentais da área social.
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) (Lei 4.923, de 1965) é um registro
de admissões e dispensas que servem de base para estudos e pesquisas sobre a movimentação de
trabalhadores no mercado de trabalho.
O Ministério é gestor da Fundação de Amparo ao Trabalhador (FAT), destinado ao custeio
do seguro-desemprego, sob aprovação do Conselho Deliberativo do FAT (CODEFAT), celebrando
convênios com centros sindicais, confederações sindicais e instituições de ensino para promoção
de cursos de qualificação profissional.

Atividades
1. Qual é a finalidade do livro de Inspeção do Trabalho e qual é a penalidade do auditor-fiscal do
trabalho no caso de agir com má-fé no lançamento desse livro?

2. Quais são os principais requisitos para a lavratura do Auto de Infração?

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Do processo administrativo do trabalho | 85

3. Quais são os procedimentos da empresa no caso de deferimento da decisão que mantiver a


imposição da multa administrativa?

Gabarito
1. O Livro de inspeção do Trabalho é obrigatório nas empresas. Nesse livro, o auditor-fiscal do tra-
balho deve registrar a sua visita ao estabelecimento, com a devida declaração da data e da hora
do início e término da fiscalização, bem como o resultado da inspeção. Se for o caso deve regis-
trar todas as irregularidades verificadas e as exigências legais feitas, com os respectivos prazos
para seu atendimento, e, ainda, de modo legível, os elementos de sua identificação funcional.
No caso do auditor-fiscal agir com má-fé no lançamento de qualquer elemento no livro ou na
lavratura de autos contra a empresa, responderá por falta grave no cumprimento do dever, fi-
cando passível da pena de suspensão de até 30 dias, com a instauração obrigatória de inquérito
administrativo no caso de reincidência.

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86 | Do processo administrativo do trabalho

2. O Auto de Infração será lavrado em duplicata, sendo uma via para a fiscalização e a outra para o
infrator, para que este possa se defender plenamente, que deverá ser entregue contrarrecibo, ou
enviado para o mesmo dentro de 10 dias da lavratura em registro postal, com franquia e recibo
de volta. Deve ser fundamentado e indicar o artigo de lei violado e uma vez lavrado não poderá
ser inutilizado, nem sustado o curso do respectivo processo, devendo o agente da inspeção apre-
sentá--lo à autoridade competente, mesmo se incidir em erro. O Auto de Infração será registrado
com a indicação sumária de seus elementos característicos, em livro próprio, que deverá existir
em cada órgão fiscalizador, de modo a assegurar o controle do seu processamento.

3. A empresa, no caso de deferimento da decisão que mantiver a multa administrativa poderá in-
terpor recurso administrativo para a autoridade que houver imposto a multa, a qual, depois de
os informar remeterá à autoridade de instância superior. O prazo para a interposição do recurso é
de 10 dias, contados do recebimento da notificação. Para seguimento do recurso, será necessário
que a parte recorrente instrua o recurso com depósito do valor total da multa. A empresa, no caso
de renunciar à interposição do recurso, poderá pagar a multa com redução de 50% do seu valor
no prazo de 10 dias contados do recebimento da notificação da decisão ou da publicação do
edital. Se a empresa não efetuar o pagamento da multa, far-se-á a competente inscrição em livro
especial, existente nas repartições das quais se tiver originado a multa ou penalidade, ou de onde
tenha provindo a reclamação que a determinou, sendo extraída cópia autêntica dessa inscrição e
enviada às autoridades competentes para a respectiva cobrança judicial, valendo tal instrumento
como título de dívida líquida e certa.

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Do processo fiscal
Processo de execução fiscal (Lei 6.830/1980)
A Lei 6.830, de 22 de setembro de 1980 dispõe sobre a Cobrança Judicial da Dívida Ativa da
Fazenda Pública e dá outras providências. Em seu artigo 1.°, preleciona que:
Art. 1.o A execução judicial para cobrança da Dívida Ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e
respectivas autarquias será regida por esta Lei e, subsidiariamente, pelo Código de Processo Civil.
Em consonância com os princípios adotados pelo sistema legal vigente, o artigo 1.°, da Lei 6.830/80 explicita que a
execução para a cobrança da chamada Dívida Ativa, expressão que significa crédito da União, dos estados, dos municípios,
de suas respectivas autarquias e fundações, se processa perante o Poder Judiciário. (BOTTESINI, 2000, p. 30)

Marcos Cavalcante de Albuquerque (2003, p. 21) aduz que:


[...] O termo cobrança da dívida da fazenda significa o conjunto de ações do fisco na esfera administrativa, com a ante-
rior inscrição do crédito tributário para a promoção da execução fiscal visando à arrecadação do erário público.

No geral, a sistemática do processo de execução fiscal é a mesma do Código de Processo Civil


(CPC) relativa à execução por quantia certa, como processo de pura atividade de realização do direito
do credor (THEODORO, 2007, p. 7).
O CPC preleciona que:
Art. 646. A execução por quantia certa tem por objeto expropriar bens do devedor, a fim de satisfazer o direito do
credor (art. 591).
Art. 591. O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros,
salvo as restrições estabelecidas em lei.

A execução por quantia certa – que tanto pode se fundar em título judicial como extrajudicial –
tem por escopo a invasão do patrimônio do devedor com o fim de transformar os seus bens em dinheiro
para entregá-lo ao credor (excepcionalmente, bens de terceiros, e não do devedor, é que são atingidos
pela execução, daí a referência ao art. 591) (MACHADO, 2004, p. 962).

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88 | Do processo fiscal

No que diz respeito à apuração e inscrição da Dívida Ativa da União, o artigo 2.° da Lei 6.830/80
prevê:
§4.° A Dívida Ativa da União será apurada e inscrita na Procuradoria da Fazenda Nacional.
§5.° O Termo de Inscrição de Dívida Ativa deverá conter:
I - o nome do devedor, dos corresponsáveis e, sempre que conhecido, o domicílio ou residência de um e de outros;
II - o valor originário da dívida, bem como o termo inicial e a forma de calcular os juros de mora e demais encargos
previstos em lei ou contrato;
III - a origem, a natureza e o fundamento legal ou contratual da dívida;
IV - a indicação, se for o caso, de estar a dívida sujeita à atualização monetária, bem como o respectivo fundamento
legal e o termo inicial para o cálculo;
V - a data e o número da inscrição, no Registro de Dívida Ativa; e;
VI - o número do processo administrativo ou do auto de infração, se neles estiver apurado o valor da dívida. [...]

José da Silva Pacheco (2000, p. 46) assevera que:


Em relação ao valor da dívida, deve estar expresso no termo: (a) o valor originário, que é a quantia correspondente ao
total do débito, excluídas as parcelas alusivas à atualização monetária, aos juros e aos demais encargos (art. 5.° da Lei
5.421, de 25/04/1968); (b) os juros que incidem sobre o valor original do débito, a data a partir da qual devem aqueles
ser computados e a forma de calcular ou a taxa aplicável; (c) os demais encargos previstos em lei ou no contrato, assim
como o seu fundamento legal e a data do seu início.

A presunção de certeza e liquidez que goza a Dívida Ativa regularmente inscrita é relativa e
pode ser ilidida por prova inequívoca apresentada pelo executado ou por terceiro interessado (Lei
6.830/80, art. 3.°).
O Código Tributário Nacional conceitua Dívida Ativa a proveniente de crédito regularmente
inscrita na repartição administrativa competente, depois de esgotado o prazo fixado, para pagamento,
pela lei ou por decisão final proferida em processo regular (art. 201).
A certeza diz respeito a sua existência regular, com origem, desenvolvimento e perfazimento
conhecidos, com natureza determinada e fundamento legal ou contratual induvidoso e a liquidez
concerne ao valor original do principal, juros, multa, demais encargos legais e correção monetária,
devidamente fundamentados em lei (PACHECO, 2000, p. 64).

Sujeito ativo e passivo


O rito simplificado da Lei 6.830/80 aplica-se tão somente às execuções por quantia certa que têm
no polo ativo uma pessoa jurídica de Direito Público como a União, os Estados-membros, o Distrito Fe-
deral, os Municípios, as respectivas autarquias e, desde a Constituição de 1988, as fundações públicas
(BOTTESINI, 2000, p. 30).
O sujeito passivo da obrigação tributária está prelecionado no artigo 4°, da lei 6.830/80, que reza:
Art. 4.° A execução fiscal poderá ser promovida contra:
I - o devedor;
II - o fiador;

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Do processo fiscal | 89

III - o espólio;
IV - a massa;
V - o responsável, nos termos da lei, por dívidas, tributárias ou não, de pessoas físicas ou pessoas jurídicas de direito
privado; e
VI - os sucessores a qualquer título.
§1.º Ressalvado o disposto no artigo 31, o síndico, o comissário, o liquidante, o inventariante e o administrador, nos
casos de falência, concordata, liquidação, inventário, insolvência ou concurso de credores, se, antes de garantidos os
créditos da Fazenda Pública, alienarem ou derem em garantia quaisquer dos bens administrados, respondem, solida-
riamente, pelo valor desses bens.
§2.º À Dívida Ativa da Fazenda Pública, de qualquer natureza, aplicam-se as normas relativas à responsabilidade prevista
na legislação tributária, civil e comercial.
§3.º Os responsáveis, inclusive as pessoas indicadas no §1.º deste artigo, poderão nomear bens livres e desembaraçados
do devedor, tantos quantos bastem para pagar a dívida. Os bens dos responsáveis ficarão, porém, sujeitos à execução,
se os do devedor forem insuficientes à satisfação da dívida.
§4.º Aplica-se à Dívida Ativa da Fazenda Pública de natureza não tributária o disposto nos artigos 186 e 188 a 192 do
Código Tributário Nacional.

Assim, pode ser sujeito passivo da obrigação tributária: o devedor, que responde por seus bens
para o cumprimento de suas obrigações; o fiador, que é a pessoa que garante satisfazer ao credor uma
obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra; o espólio, representado pelo inventariante,
que responde pelas dívidas do falecido; a massa falida, que é a totalidade dos bens de pessoa falida
(COSTA, 2001, p. 213); o responsável, nos termos da lei, por dívidas de pessoas físicas ou jurídicas e; os
sucessores aos quais os bens são transmitidos.
O parágrafo 1.° assevera que o síndico e outros administradores respondem solidariamente1 pelo
valor dos bens se os vender ou derem como garantia antes de quitar os créditos da Fazenda Pública.
A norma do artigo 31 proíbe a alienação sem prévia quitação fiscal nos processos de falência,
concordata, liquidação, inventário, arrolamento ou concurso de credores, mas a permite se houver a
prova da quitação fiscal ou se a Fazenda concordar com a venda (PACHECO, 2000, p. 81).
Os responsáveis pelo pagamento do crédito poderão nomear bens do devedor para quitar a
dívida. Mas se o devedor não possuir bens ou esses forem insuficientes para quitar a dívida, os bens
dos responsáveis ficarão sujeitos à execução para pagar o crédito. Trata-se do benefício de ordem, “que
consiste na faculdade reconhecida ao responsável tributário, quando executado pessoalmente, de poder
nomear à penhora bens livres e desembaraçados do verdadeiro devedor” (THEODORO, 2007, p. 66).
A Dívida Ativa da Fazenda Pública prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo
de sua constituição, salvo os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente do trabalho.
São os créditos privilegiados que devem ser quitados antes dos demais créditos, pois o devedor pode
possuir bens que satisfaçam apenas uma parte de sua dívida.

1 Solidariedade: estado ou condição de duas ou mais pessoas que dividem igualmente entre si as responsabilidades de uma ação ou de uma
empresa ou negócio, respondendo todas por uma e cada uma por todas; responsabilidade, interdependência. (DICIONÁRIO HOUAISS).

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90 | Do processo fiscal

Da petição inicial
A Lei 6.830/80, em seu artigo 6.° aduz que:
Art. 6.o A petição inicial indicará apenas:
I - o Juiz a quem é dirigida;
II - o pedido; e
III - o requerimento para a citação.
§1.º A petição inicial será instruída com a Certidão da Dívida Ativa, que dela fará parte integrante, como se estivesse
transcrita.
§2.º A petição inicial e a Certidão de Dívida Ativa poderão constituir um único documento, preparado inclusive por
processo eletrônico.
§3.º A produção de provas pela Fazenda Pública independe de requerimento na petição inicial. [...]

Sobre o artigo em comento, José da Silva Pacheco (2000, p. 107) explica que:
O art. 6°. constitui exceção à regra do art. 2822 do CPC. A petição inicial é simplificada, tendo como elementos indispen-
sáveis apenas o pedido, a menção ao juízo e o requerimento para a citação. Pode ser impressa, datilografada, mimeo-
grafada, manuscrita ou preparada por processo eletrônico. Nada impede que a Fazenda Pública, por ato normativo
interno, crie modelos de petição que já contenham em si o termo de inscrição da dívida pública (art. 6, §2.°, e 36).

“A Lei 6.830/80, acompanhando a evolução tecnológica, autoriza expressamente a formação da


Certidão de Dívida Ativa e a elaboração da petição inicial mediante processo eletrônico (art. 6°, §2.°)”
(THEODORO, 2007, p. 77).
A distribuição eletrônica apresenta grande vantagem e é um aperfeiçoamento do sistema docu-
mental de fichas, livros, autuação de processos de cada execução fiscal, para o controle cartorário e evita
o uso abusivo de papéis, de impressos, reduz custos e espaço físico para a acomodação dos autos. [...]
(BOTTESINI, 2000, p. 104).
O valor da causa será o da dívida constante da certidão, com os encargos legais (Lei 6.830/80 art.
6.°, §4.°).
Na visão de Humberto Theodoro Júnior (2007, p. 76), o artigo 6.° da Lei 6.830/80 não exige que
a inicial do executivo fiscal explicite o valor da causa, de sorte que sua omissão não deve ser causa de
indeferimento da postulação, pois como dispõe o parágrafo 4.° do dispositivo em questão, “o valor da
causa será o da dívida constante da certidão, com os encargos legais”, sendo certo que dita certidão,
legalmente, fará parte integrante da inicial.
Correto o seu entendimento, haja vista que a petição inicial será instruída, obrigatoriamente, com
a Certidão de Dívida Ativa na qual já constará o valor da dívida, conforme preleciona os parágrafos 1.° e
4.°, do artigo 6.° da lei em comento.
Se o juiz verificar que a petição inicial está incompleta, ou não se acha acompanhada dos docu-
mentos indispensáveis à propositura da execução, determinará que o credor a corrija, no prazo de 10
dias, sob pena de ser indeferida (CPC art. 616).

2 O artigo 282, do CPC traz os requisitos da petição inicial: “A petição inicial indicará: I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida; II - os nomes,
prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido, com as
suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - o requerimento
para a citação do réu”.

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Do processo fiscal | 91

Indeferida a petição inicial, a Fazenda Pública poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 48
horas, e reformar sua decisão. Não sendo reformada a decisão que indeferiu a petição inicial, os autos
serão imediatamente encaminhados ao Tribunal competente para apreciar o recurso (CPC, art. 296 e
parágrafo único).
Se a petição inicial for deferida, o despacho do juiz importa em ordem para a citação do execu-
tado para pagamento do crédito exequendo ou para oferta de bens no intuito de garantir a execução;
para a penhora de bens, se não for paga a dívida, nem garantida a execução, por meio de depósito ou
fiança; para o arresto, se o executado não tiver domicílio ou dele se ocultar; para o registro da penhora
ou do arresto e; para a avaliação dos bens penhorados ou arrestados (Lei 6.830/80, art. 7°).
O arresto serve para garantir a futura penhora, sempre que o devedor não é encontrado para
o ato citatório. Já o registro da penhora é uma importante medida de prevenção contra a fraude de
execução, pois havendo alienação do bem penhorado, não poderá o terceiro adquirente escudar-se em
boa-fé para subtrair-se à ineficácia da aquisição, pois prevalece a publicidade erga omnes inerente ao
registro público (THEODORO, 2007, p. 81).

Da citação do executado e da garantia à execução


Reza o artigo 8.° da Lei 6.830/80:
Art. 8.° O executado será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, pagar a dívida com os juros e multa de mora e encargos
indicados na Certidão de Dívida Ativa, ou garantir a execução, observadas as seguintes normas:
I - a citação será feita pelo correio, com aviso de recepção, se a Fazenda Pública não a requerer por outra forma;
II - a citação pelo correio considera-se feita na data da entrega da carta no endereço do executado, ou, se a data for
omitida, no aviso de recepção, 10 (dez) dias após a entrega da carta à agência postal;
III - se o aviso de recepção não retornar no prazo de 15 (quinze) dias da entrega da carta à agência postal, a citação será
feita por Oficial de Justiça ou por edital;
IV - o edital de citação será afixado na sede do Juízo, publicado uma só vez no órgão oficial, gratuitamente, como expe-
diente judiciário, com o prazo de 30 (trinta) dias, e conterá, apenas, a indicação da exequente, o nome do devedor
e dos corresponsáveis, a quantia devida, a natureza da dívida, a data e o número da inscrição no Registro da Dívida
Ativa, o prazo e o endereço da sede do Juízo.
§1.º O executado ausente do País será citado por edital, com prazo de 60 (sessenta) dias.
§2.º O despacho do Juiz, que ordenar a citação, interrompe a prescrição.

O ato de citação é conceituado pelo CPC que aduz:


Art. 213. Citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de se defender.

A citação do executado é necessária no processo de execução fiscal, como, aliás, em qualquer


outro, pois a sua falta induz nulidade. Para a validade do processo é indispensável a citação do executado,
cujo comparecimento espontâneo supre a falta (PACHECO, 2000, p. 117).
A citação postal foi adotada como regra para os processos de execução fiscal. Foi um avanço, e o
critério até hoje encontra resistência do legislador em estendê-lo para as execuções comuns, nas quais
não cabe citação postal, segundo o artigo 222, “d”, do CPC. A Fazenda Pública pode, no entanto, requerer
que a citação seja feita por oficial de justiça (BOTTESINI, 2000, p. 113).

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92 | Do processo fiscal

O executado terá o prazo de cinco dias após a citação para quitar a dívida ou garantir a execução.
A garantia da execução é condição para o executado oferecer embargos à execução3, que é a peça
processual adequada para realizar a impugnação no processo executório.
Quanto a garantia da execução, o artigo 9° da Lei em comento assim preleciona:
Art. 9.° Em garantia da execução, pelo valor da dívida, juros e multa de mora e encargos indicados na Certidão de
Dívida Ativa, o executado poderá:
I - efetuar depósito em dinheiro, à ordem do Juízo em estabelecimento oficial de crédito, que assegure atualização
monetária;
II - oferecer fiança bancária;
III - nomear bens à penhora, observada a ordem do artigo 11; ou
IV - indicar à penhora bens oferecidos por terceiros e aceitos pela Fazenda Pública.
§1.° O executado só poderá indicar e o terceiro oferecer bem imóvel à penhora com o consentimento expresso do
respectivo cônjuge. [...]

Já o artigo 11 da Lei 6.830/80 assevera que:


Art. 11. A penhora ou arresto de bens obedecerá à seguinte ordem:
I - dinheiro;
II - título da dívida pública, bem como título de crédito, que tenham cotação em bolsa;
III - pedras e metais preciosos;
IV - imóveis;
V - navios e aeronaves;
VI - veículos;
VII - móveis ou semoventes; e
VIII - direitos e ações. [...]

Em qualquer dos casos (penhora ou arresto do bem) o Oficial de Justiça lavrará um auto circuns-
tanciado, com a avaliação dos bens, entregando-o de imediato a um depositário, que poderá ser o
próprio devedor, ou removê-los para o depósito judicial ou, ainda, para o depósito da Fazenda Pública.
[...] (ALBURQUERQUE, 2003, p. 37).
Excepcionalmente, a penhora poderá recair sobre estabelecimento comercial, industrial ou
agrícola, bem como em plantações ou edifícios em construção. A penhora efetuada em dinheiro será
convertida em depósito, à ordem do Juízo em estabelecimento oficial de crédito, que assegure atua-
lização monetária.
O juiz ordenará a remoção do bem penhorado para depósito judicial, particular ou da Fazenda
Pública exequente, sempre que esta o requerer, em qualquer fase do processo. A prova do depósito,
da fiança bancária ou da penhora dos bens do executado ou de terceiros serão juntados aos autos do
processo.

3 Os embargos à execução é a ação apropriada que o executado pode opor na fase executória, após garantida a execução ou penhorados seus
bens (CLT, art. 884). Amauri Mascaro Nascimento explica que: [...] “Realizada a penhora, o executado tem uma oportunidade para se manifestar,
na qual pode arguir matéria restrita pela lei. A esse ato se dá o nome de embargos à execução ou embargos à penhora”. [...]

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Do processo fiscal | 93

De acordo com a Lei 6.830 de 22 de setembro de 1980, os depósitos judiciais em dinheiro serão
obrigatoriamente feitos:
I - na Caixa Econômica Federal, de acordo com o Decreto-Lei n.º 1.737, de 20 de dezembro de 1979, quando relacio-
namos com a execução fiscal proposta pela União ou suas autarquias;
II - na Caixa Econômica ou no banco oficial da unidade federativa ou, à sua falta, na Caixa Econômica Federal, quando
relacionados com execução fiscal proposta pelo Estado, distrito Federal, Municípios e suas autarquias.
§1.° Os depósitos de que trata este artigo estão sujeitos à atualização monetária, segundo os índices estabelecidos
para os débitos tributários federais.
§2.° Após o trânsito em julgado da decisão, o depósito, monetariamente atualizado, será devolvido ao depositante ou
entregue à Fazenda Pública, mediante ordem do Juízo competente.

O executado poderá pagar parcela da dívida, que julgar incontroversa, e garantir a execução do
saldo devedor (Lei 6.830/80, art. 9.°, §6.°).
Não ocorrendo o pagamento nem a garantia da execução, a penhora poderá recair em qualquer
bem do executado, exceto os que a lei declare absolutamente impenhoráveis. Um exemplo de bem que
a lei considera impenhorável é o bem de família – prelecionado na Lei 8.009/90 – que é o imóvel resi-
dencial próprio do casal ou da entidade familiar, que não responderá por qualquer tipo de dívida civil,
comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais e filhos
que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas em lei.
Na execução fiscal, a intimação da penhora ao executado será realizada mediante publicação no
órgão oficial, do ato de juntada do termo ou do auto de penhora. Nas comarcas do interior dos Estados,
a intimação poderá ser feita pela remessa de cópia do termo ou do auto de penhora, pelo correio, com
aviso de recepção, se a Fazenda Pública não a requerer por outra forma, ex.: por oficial de justiça (Lei
6.830/80 art. 12 e §1.°).
Marcos Cavalcante de Albuquerque (2003, p. 38) leciona que:
Cuida-se aqui da intimação da penhora que deve ser pessoal ao executado e seu cônjuge se o bem penhorado for
imóvel. Essa intimação é a ciência da apreensão feita para ter início o prazo de oposição dos embargos, que é de 30 dias
(art. 16, III), como meio de defesa do executado. A lei estabeleceu a forma de intimação pela remessa do termo ou auto
de penhora pelo correio; todavia, na prática não funciona, sendo o meio mais seguro e eficaz a ciência através do Oficial
de Justiça, que, por isso mesmo, é o método mais usado para se afastar qualquer argüição de nulidade.

Em qualquer fase do processo, será deferida pelo juiz, ao executado, a substituição da penhora por
depósito em dinheiro ou fiança bancária e à Fazenda Pública, a substituição dos bens penhorados por outros,
bem como o reforço da penhora insuficiente (art. 15 da Lei 6.830/80).
O §2.°, do artigo 8.° da Lei 6.830/80 aduz que a citação interrompe a prescrição4 que é a “perda do
direito de ação em face do transcurso de um prazo legal, ou seja, o modo pelo qual o direito se extingue,
em vista do não exercício dele durante certo lapso de tempo” (COSTA, 2001, p. 239).

4 [...] a prescrição, pressupondo a existência de um direito anterior, revela-se, propriamente, a negligência ou a inércia na defesa desse direito
pelo respectivo titular, dentro de um prazo assinalado em lei, cuja defesa é necessária para que não o perca ou ele não se extinga. [...] SILVA, De
Plácido e. Vocabulário Jurídico. Atualizadores: Nagib Slaibi Filho e Glaúcia Carvalho. 27. ed. Rio de janeiro: Forense, 2007. p. 104.

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94 | Do processo fiscal

Da defesa do executado
O artigo 16 da Lei 6.830/80 preleciona que:
Art. 16. O executado oferecerá embargos, no prazo de 30 (trinta) dias, contados:
I - do depósito;
II - da juntada da prova da fiança bancária;
III - da intimação da penhora.
§1.° Não são admissíveis embargos do executado antes de garantida a execução.
Assim, os embargos à execução serão opostos no prazo de 30 dias após garantida a execução,
ou seja, após a garantia do crédito executado pelo credor. Essa garantia pode ser efetuada por meio
de depósito do valor executado; pela fiança bancária “na qual o fiador garante o cumprimento da obri-
gação principal assumida pelo afiançado, caso este não vier a cumpri-la” [...] (COSTA, 2001, p. 175) ou;
pela penhora que é o “ato judicial pelo qual se tomam os bens do devedor, a fim de com eles realizar o
pagamento da dívida ou da obrigação executada” (COSTA, 2001, p. 232).
Em linhas gerais, os embargos à execução fiscal serão processados e julgados, com observância
do mesmo procedimento dos embargos do devedor pelo CPC (THEODORO, 2007, p. 132).
O artigo 736, caput e seu parágrafo único do CPC asseveram que o devedor poderá opor-se à
execução por meio de embargos, que serão autuados em apenso5 aos autos principais.
A autuação da ação de embargos em apenso possibilita o dasapensamento e remessa tão so-
mente desses autos ao Tribunal, em caso de apelação contra sentença que os julga improcedentes,
permitindo o prosseguimento do processo de execução até o leilão do bem, pois o recurso tem efeito
meramente devolutivo (BOTTESINI, 2000, p. 193).
Nesse passo, se o executado interpor recurso de apelação ao Tribunal para a revisão da matéria, os
embargos à execução julgados improcedentes serão desapensados dos autos principais e enviados ao
tribunal competente, prosseguindo a execução nos autos principais até o leilão do bem penhorado.
Reza o artigo 16, parágrafo 2.°, da Lei 6.830/80:
Art. 16. [...]
§2.° No prazo dos embargos, o executado deverá alegar toda matéria útil à defesa, requerer provas e juntar aos autos os
documentos e rol de testemunhas, até três, ou, a critério do juiz, até o dobro desse limite.

José da Silva Pacheco (2000, p. 194) leciona que:


O executado pode, nos embargos, alegar toda matéria útil à defesa de seus direitos, inclusive a relativa a exceções,
como preliminares.
Assim, pode-se arguir: (1) inexigibilidade do título executivo; (2) ilegitimidade das partes; (3) cumulação indevida de
execuções; (4) excesso de execução; (5) nulidade do processo até a penhora, como, por exemplo, falta de citação;
(6) qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação,
transação ou prescrição; 7) incompetência do juízo da execução, bem como suspensão ou impedimento do juiz; 8)
qualquer defesa de ordem material ou processual tributária. Tudo que possa servir de defesa ao réu pode ser articulado

5 Autos em apenso designa o documento ou o processo que está junto a outro processo por apensamento, não formando, assim, parte
integrante da folha dos autos. Está dependurado neles ou a eles se anexou exteriormente. SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico./
Atualizadores: Nagib Slaibi Filho e Glaúcia Carvalho. 27. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. p. 119.

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Do processo fiscal | 95

nos embargos, de uma só vez, dentro do prazo, a exemplo de: a) inconstitucionalidade da lei incidente ou do tributo
cobrado (p. ex., RE 29.313, DCM, Seção II, p. 851, 16 maio 1959); b) nulidade do processo administrativo de que proveio
a multa ou dívida fiscal cobrada; c) nulidade processual ou qualquer exceção processual; d) qualquer matéria de mérito
ou de procedimento.

Recebidos os embargos à execução, o juiz mandará intimar a Fazenda, para impugná-los no prazo
de 30 dias, designando, em seguida, audiência de instrução e julgamento. Não se realizará audiência,
se os embargos versarem sobre matéria de Direito, ou, sendo de Direito e de fato6, a prova for exclusi-
vamente documental, caso em que o juiz proferirá a sentença no prazo de 30 dias (Lei 6.830/80 art. 17,
parágrafo único).
Tanto no processo comum como no fiscal, fica o juiz autorizado a conhecer diretamente do pedido
quando a questão de mérito dos embargos for exclusivamente jurídica ou, sendo de direito e de fato,
não houver necessidade de produção de prova oral em audiência (MACHADO, 2004, p. 740).
Não sendo embargada a execução ou no caso dos embargos serem rejeitados, os bens serão alie-
nados para o pagamento do crédito exequendo.
A alienação de quaisquer bens penhorados será feita em leilão público, no lugar designado pelo
juiz (Lei 6.830/80, art. 23). Cumpre ao leiloeiro publicar o edital, anunciando a alienação; expor aos
pretendentes os bens ou as amostras das mercadorias; receber do arrematante a comissão estabelecida
em lei ou arbitrada pelo juiz; receber e depositar, dentro em 24 horas, à ordem do juiz, o produto da
alienação e; prestar contas nas 48 horas subsequentes ao depósito (CPC, art. 705).
A Fazenda Pública – antes do leilão – poderá adjudicar7 os bens penhorados pelo preço de
avaliação. Finalizado o leilão, se não houver licitante (proposta para adquirir o bem), a Fazenda Pública
poderá adjudicar os bens pelo preço da avaliação ou se houver licitantes terá preferência, em igualdade
de condições com a melhor oferta, no prazo de 30 dias (art. 24 da Lei 6.830/80).
A Fazenda Pública não está sujeita ao pagamento de custas e emolumentos. A prática dos atos
judiciais de seu interesse independerá de preparo ou de prévio depósito. Se a Fazenda Pública for
vencida, ou seja, com a procedência dos embargos ou da apelação ficará obrigada a ressarcir o valor
das despesas feitas pela parte contrária (Lei 6.830/80, art. 39).
Caso o devedor não seja localizado ou não forem encontrados bens sobre os quais possa recair
a penhora, o juiz suspenderá o curso da execução e, nesses casos, não correrá o prazo de prescrição.
Decorrido o prazo máximo de um ano, sem que seja localizado o devedor ou encontrados bens penho-
ráveis, o juiz ordenará o arquivamento dos autos (Lei 6.830/80, art. 40, §1.° e §2.°).
Encontrados que sejam, a qualquer tempo, o devedor ou os bens, serão desarquivados os autos
para prosseguimento da execução (Lei 6.830/80, art. 40, §3.°). Vale salientar que a Lei 11.051/2004 intro-
duziu o parágrafo 4.° ao artigo 40 da Lei em comento. O referido parágrafo preleciona:
§4.° Se da decisão que ordenar o arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional, o juiz, depois de ouvida a
Fazenda Pública, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la de imediato.

Humberto Theodoro Júnior (2007, p. 223) ensina que:

6 Razões de fato é a circunstância de um determinado caso e as razões de direito é a base legal para a resolução do mesmo caso. Exemplo: O
empregado não gozou férias dentro do período concessivo – circunstância de fato. O direito está prelecionado no artigo 134 e 137 da Conso-
lidação das Leis do Trabalho (CLT) ao asseverar que se o empregador não conceder as férias ao empregado nos 12 meses subseqüentes à data
em que o trabalhador tiver adquirido o direito, o empregador pagará em dobro a respectiva remuneração.
7 Adjudicar: Conceder a posse de algo, por decisão judicial ou sentença judicial ou administrativa. [...] (FERREIRA, 2004, p. 95)

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96 | Do processo fiscal

Antes da Lei 11.051/2004, houve época em que o tema da prescrição ensejava polêmica, porque o sistema de inter-
rupção adotado pelo Código Civil somente previa a retomada do fluxo prescricional depois de encerrado o processo.
Depois de muito debate, o entendimento da jurisprudência firmou-se no sentido de que a Fazenda Pública não podia
abandonar a execução fiscal pendente sem correr o risco da prescrição intercorrente, desde, é claro, que a paralisação
durasse mais que o quinquênio legal.

Nesse passo, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) resta sedimentado na Súmula
314, que aduz in verbis:
Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o processo por um ano, findo
o qual se inicia o prazo da prescrição quinquenal intercorrente.
Sobre o assunto, vale transcrever o seguinte julgado:
REsp 621601/MG - RECURSO ESPECIAL - 2003/0231613-6 Relator(a) Ministra ELIANA CALMON (1114) Órgão Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento 02/09/2004 Data da Publicação/Fonte DJ 29.11.2004 p. 296 Ementa - PRO-
CESSO CIVIL - EXECUÇÃO FISCAL - ART. 40 DA LEF - SUSPENSÃO - PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE - DECRETAÇÃO - PLEITO
FORMULADO POR - DEFENSOR PÚBLICO - VERBA HONORÁRIA - VENCIDA A FAZENDA PÚBLICA - ART. 20, §4.º DO CPC
- SÚMULA 7/STJ.
1. Em execução fiscal, o artigo 8.º, §2.º da Lei de Execuções Fiscais (LEF) deve ser examinado com cautela, pelos limites
impostos no artigo 174 do CTN, de tal forma que só a citação regular tem o condão de interromper a prescrição.
2. Interrompida a prescrição, com a citação pessoal, não havendo bens a penhorar, pode o exeqüente valer-se do artigo
40 da LEF, restando suspenso o processo e, conseqüentemente, o prazo prescricional por um ano, ao término do qual
recomeça a fluir a contagem até que se complete cinco anos.
3. Paralisado o feito por mais de cinco anos, após a suspensão do prazo de um ano de que trata o artigo 40 da LEF,
correta a decretação da prescrição intercorrente a pedido de defensor público nomeado.

Recurso especial improvido.

Dos recursos
O artigo 34 da Lei 6.830/80 aduz:
Art. 34. Das sentenças de primeira instância proferidas em execuções de valor igual ou inferior a 50 (cinquenta) Obriga-
ções Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTN), só se admitirão embargos infringentes e de declaração.
§1.º Para os efeitos deste artigo considerar-se-á o valor da dívida monetariamente atualizado e acrescido de multa e
juros de mora e de mais encargos legais, na data da distribuição.
§2.º Os embargos infringentes, instruídos, ou não, com documentos novos, serão deduzidos, no prazo de 10 (dez) dias
perante o mesmo Juízo, em petição fundamentada.
§3.º Ouvido o embargado, no prazo de 10 (dez) dias, serão os autos conclusos ao Juiz, que, dentro de 20 (vinte) dias, os
rejeitará ou reformará a sentença.

O artigo em comento preleciona que das decisões de primeiro grau de jurisdição8, nas execu-
ções de valor igual ou inferior a 50 ORTN somente serão admitidos embargos infringente9 ou embargos

8 Primeiro grau de jurisdição: fase processual que vai da apresentação da ação até a sentença do juiz competente. Após a sentença, a parte
pode interpor recurso que será remetido ao Tribunal para reapreciação da matéria, instaurando-se assim o segundo grau de jurisdição.
9 Os embargos infringentes, ou simplesmente embargos, visam atacar a sentença, impugnando-a no todo ou em parte. [...] (PACHECO, 2000, p. 34).
10 Os embargos de declaração é o recurso cabível quando houver na sentença ou no acórdão, obscuridade ou contradição ou for omitido
ponto sobre o qual devia pronunciar-se o juiz ou tribunal.

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Do processo fiscal | 97

de declaração10. Os embargos infringentes serão interpostos no prazo de 10 (dez) dias da prolação da


sentença e poderá ser instruído com documentos novos. Após a oitiva da Fazenda Pública, no prazo de
10 (dez) dias, os autos serão conclusos ao juiz que rejeitará os embargos infringentes ou reformará a
sentença, dentro de 20 dias.
Humberto Theodoro Júnior (2007, p. 191) ensina que:
Tendo sido extinto o indexador previsto no artigo 34 da Lei 6.830/80, deve-se proceder à atualização
das 50 ORTN, de maneira a substituí-las segundo os índices de correção dos tributos federais.
Para as decisões proferidas em execuções de valor superior ao estipulado no artigo 34, da Lei de
Execução Fiscal, o recurso cabível é a apelação.

Das provas
O parágrafo 3.°, do artigo 6.°, da Lei 6.830/80 assevera que:
Art. 6.o [...]
§3.º A produção de provas pela Fazenda Pública independe de requerimento na petição inicial.

Conforme já mencionado, a Lei 6.830/80 simplificou a petição inicial, não trazendo a mesma
exigência dos requisitos contidos no artigo 282 do CPC para o conhecimento da exordial.
Nessa toada, em relação às provas, a LEF (Lei de Execução Fiscal) não contemplou o prelecionado
no inciso VI do artigo supracitado, que ordena a indicação na petição inicial das provas com que o autor
pretende demonstrar a verdade dos fatos.
Assim, a Fazenda Pública não necessitará indicar na petição inicial a produção de provas, pois
a dívida regularmente inscrita goza da presunção relativa, juris tantum, de certeza e liquidez. É ônus do executado
produzir provas capazes de ilidir a presunção decorrente da regular inscrição da Dívida Ativa, garantindo à Fazenda
Pública o direito de oferecer contraprovas capazes de manter a integridade do título executivo. (BOTTESINI, 2000, p. 103)

Já o executado não tem o mesmo privilégio, haja vista que o parágrafo 2.° do artigo 16 da
LEF aduz:
Art. 16. [...]
§2.º No prazo dos embargos, o executado deverá alegar toda matéria útil à defesa, requerer provas e juntar aos autos
os documentos e rol de testemunhas, até três, ou, a critério do juiz, até o dobro desse limite.

O executado, então, deverá, no prazo dos embargos, indicar as provas com que pretende
demonstrar a verdade dos fatos alegados, juntar todos os documentos indispensáveis à propositura da
ação e o rol com até três testemunhas, podendo, a critério do juiz, arrolar o dobro desse limite, ou seja,
seis testemunhas.
José da Silva Pacheco (2000, p. 195), sobre o tema, leciona que:
Deve o executado indicar ou requerer as provas em que se funda, juntar aos autos as que constarem de documentos
e, quando houver, o rol de testemunhas, assim como apontar, mencionar, determinar, designar os meios com que
pretende provar as suas alegações e, quando algum desses meios depender de requerimento, deve o réu, no mesmo
ato, requerer ao juiz, pedindo o deferimento da produção dessa prova. Assim, pode requerer perícia, exame ou exibição
de documentos, requisição de processos ou de informações. Lícita é a requisição de processos administrativos. [...]

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98 | Do processo fiscal

Texto complementar
Intróito
(THEODORO JÚNIOR, 2007)

A nova lei sobre cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública (Lei 6.830 de 22/09/1980)
foi editada com o claro e expresso propósito de agilizar a execução fiscal, criando um procedimento
especial diverso do da execução forçada comum de quantia certa, regulado pelo Código de Processo
Civil.
Seu advento, contudo, foi acolhido com cepticismo e sérias resistências pelos empresários em
geral e, particularmente, pela classe jurídica.
Na verdade, padece a nova Lei de Execução Fiscal de, pelo menos, dois graves defeitos
fundamentais:
a) a descodificação de um procedimento que já se integrara ao Código de Processo Civil, como
peça de um todo harmônico e funcional;
b) a instituição de privilégios exagerados e injustificáveis para a Fazenda Pública, que foi
cumulada com favores extremos que chegam, em vários passos, a repugnar à tradição e à consciência
jurídica do Direito nacional.
Sem dúvida, o Direito moderno anseia pela codificação, e o empenho dos legisladores mais
evoluídos tem sido no sentido de cada vez mais reunir os diversos ramos do Direito. A sistemati-
zação de todo um setor da vida jurídica numa lei ampla redunda em benefício não só para quem
tem de aplicar a lei ao caso concreto, como aos próprios indivíduos que a ela têm de se submeter,
e, principalmente, para o próprio Direito em si, posto que a harmonia das regras e o seu mais fácil
entendimento são fatores de mais eficácia da norma jurídica, por sua maior observância prática e
mais enérgica e efetiva imposição.
Por isso mesmo, toda vez que, sem razão séria ou motivo imperioso, um instituto é retirado do
bojo de uma codificação já estruturada e com eficiência já comprovada, comete-se uma imprudência
e realiza-se, no plano legislativo, um retrocesso.
No caso concreto da execução fiscal, não será difícil prever que a aplicação da nova lei espe-
cial, incompleta como é, virá redundar num sem-número de conflitos e dificuldades hermenêuticas,
quando tiver de ser interpretada à margem do Código de Processo Civil.
Esqueceu-se, lamentavelmente, o legislador de 1980 da advertência clássica notável e
insuperável Clóvis, para quem “as codificações, além de corresponder às necessidades mentais de

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Do processo fiscal | 99

clareza e sistematização, constituem, do ponto de vista social, formações orgânicas do Direito, que
lhe aumentam o poder de precisão e segurança, estabelecendo a harmonia e recíproca elucidação
dos dispositivos, fecundando princípios e institutos que, no isolamento, se não desenvolveriam
suficientemente, contendo, canalizando e orientando energias, que se poderiam prejudicar na sua
ação dispersiva”1.
Quanto aos privilégios exagerados que a lei nova institui em prol da Fazenda Pública, não se
deve esquecer que no sistema democrático um dos princípios mais caros, na ordem constitucional,
é o da isonomia, ou seja, o da igualdade de todos perante a lei. Por isso, o Código de Processo
Civil está impregnado desse princípio ao longo de toda a sua regulamentação, e chega, mesmo, a
impor ao juiz o dever funcional de assegurar, sempre, às partes “igualdade de tratamento”, enquanto
tramitar a causa em juízo (art. 125, I).
Em matéria processual, conforme o melhor entendimento dos doutos, privilégios e prerroga-
tivas a determinados litigantes só se toleram como exceções, quando os exigir indiscutível interesse
público ou social, como, por exemplo, se dá na ampliação de prazo para defesa da Fazenda Pública,
diante da notória dificuldade com que o advogado tem de lutar para obter no aparelhamento buro-
crático os elementos necessários à defesa do Poder Público.
Afastada, porém, a ratio essendi do tratamento privilegiado, qualquer forma processual que
institua regime desigual para as partes que deveriam litigiar em igualdade de condições atrita com
o preceito constitucional da isonomia, ao qual se pode furtar o próprio Estado, quando se coloca
numa situação em que nenhum motivo especial determina ou justifica a usufruição de privilégios e
prerrogativas negados ao outro litigante2.
Assim, apenas para exemplificar, é odiosa a discriminação que a Lei 6.830 faz no tocante à
intimação dos advogados das partes, exigindo que a intimação do representante da Fazenda seja
sempre pessoal, enquanto o do executado continuará normalmente a ser intimado pela imprensa.
O mesmo se dá com a substituição de bens penhorados, que ao executado só é permitida em casos
restritos e à Fazenda é franqueada em termos amplíssimos, sem qualquer motivação ou critério.
Injustificável é, outrossim, a permissão, contra toda a tradição de nosso direito, de interromper-se a
prescrição do critério fazendário com o simples despacho da petição inicial, sem seguir-se a citação,
podendo, ainda, tornar-se perpétua a suspensão do fluxo prescricional, caso não sejam localizados
bens a penhorar ou até mesmo o devedor para a citação. Igual censura é de merecer a possibilidade,
expressamente prevista, de cancelar a Fazenda a inscrição ilegal de Dívida Ativa, mesmo depois de
ajuizada a execução, sem ônus para as partes, e outros absurdos privilégios semelhantes.
Se algumas medidas procedimentais criadas pela Lei 6.830 aperfeiçoam e tornam mais expe-
dito o processo executivo de cobrança de quantia certa, razão não se encontra, por último, para que
tivessem sido instituídas apenas para a execução fiscal.
O lógico e o razoável, a meu ver, seria a introdução delas, em caráter geral, dentro do próprio
Código de Processo Civil, o que beneficiaria todo e qualquer credor, mantendo o princípio da
isonomia, aperfeiçoando o Código como um todo e preservando, acima de tudo, a unidade do
direito processual.
1 Código Civil dos Estados Unidos do Brasil (comentado), 12. ed., v. 1, p. 9.
2 Cf. Ada Pellegrini Grinover. Os Princípios Constitucionais e o Código de Processo Civil, 1975, p. 30-42, n. 8.3.

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100 | Do processo fiscal

Há, portanto, sérios motivos para as justas críticas que se têm feito à nova LEF.
A essas observações, feitas em edições anteriores, é bom acrescentar que muitos dos privi-
légios injustificáveis com que a Lei 6.830 tentou tutelar a Fazenda Pública foram afinal repelidos
pela jurisprudência.

Atividades
1. Quem são os sujeitos ativos e passivos do processo de execução fiscal?

2. Quais são os principais requisitos da petição inicial e da defesa no processo fiscal?

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Do processo fiscal | 101

3. Quais são os recursos cabíveis para as decisões de primeiro grau de jurisdição no processo fiscal?

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102 | Do processo fiscal

Gabarito
1. Os sujeitos ativos do processo de execução fiscal são pessoas jurídicas de Direito Público como
a União, os estados-membros, o Distrito Federal, os municípios, as respectivas autarquias e as
fundações públicas. Já os sujeitos passivos são o devedor, que responde por seus bens para o
cumprimento de suas obrigações; o fiador, que é a pessoa que garante satisfazer ao credor uma
obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra; o espólio, representado pelo inven-
tariante que responde pelas dívidas do falecido; a massa falida, que é a totalidade dos bens de
pessoa falida; o responsável, nos termos da lei, por dívidas de pessoas físicas ou jurídicas e os
sucessores aos quais os bens são transmitidos.

2. A petição inicial indicará apenas o juiz a quem é dirigida; o pedido; o requerimento para a citação.
Será instruída com a Certidão da Dívida Ativa, que dela fará parte integrante, como se estivesse
transcrita. A petição inicial e a Certidão de Dívida Ativa poderão constituir um único documento,
preparado inclusive por processo eletrônico. A produção de provas pela Fazenda Pública inde-
pende de requerimento na petição inicial e o valor da causa será o da dívida constante da cer-
tidão, com os encargos legais. A defesa do executado é os embargo à execução, que deverá ser
oferecido no prazo de 30 dias, contados do depósito; da juntada da prova da fiança bancária ou
da intimação da penhora. O executado deve garantir a execução para opor os embargos à execu-
ção, sob pena de indeferimento. Deve, ainda, alegar toda matéria útil à defesa, requerer provas e
juntar aos autos os documentos e rol de testemunhas, até três, ou, a critério do juiz, até o dobro
desse limite.

3. Se a decisão de primeiro grau de jurisdição for de valor igual ou inferior a 50 ORTN, somente se-
rão admitidos embargos de declaração e embargos infringentes. Os embargos infringentes serão
interpostos no prazo de 10 dias da prolação da sentença e poderá ser instruído com documentos
novos. Após a oitiva da Fazenda Pública, no prazo de 10 dias, os autos serão conclusos ao juiz,
que rejeitará os embargos infringentes ou reformará a sentença, dentro de 20 dias. Vale salientar
que o indexador ORTN foi extinto, devendo ser substituído pelos índices de correção dos tributos
federais. Para as decisões proferidas em execuções de valor superior ao estipulado no artigo 34
da Lei de Execução Fiscal, o recurso cabível é a apelação.

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Referências
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CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. 32. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
COSTA, Wagner Veneziani. Dicionário Jurídico. São Paulo: W.V.C, 2001.
DI PIETRO, Maria Silvia Zanella. Direito Administrativo. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio: o minidicionário da língua portuguesa. 6. ed.
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GIGLIO, Wagner D. Direito Processual do Trabalho. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
GUIMARÃES, João Carlos Siqueira. Roteiro de Legislação Trabalhista. 4. ed. São Paulo: LTr, 2007.
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 4. ed. São Paulo: LTr, 2007.
MACHADO, Antônio Cláudio da Costa. Código de Processo Civil (interpretado). 4. ed. Barueri:
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MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 27. ed. São Paulo: Malheiros, 2002.
Nascimento, Amauri Mascavo. Iniciação ao Direito do Trabalho. 33 ed. São Paulo: LTR, 2007.
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104 | Referências

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SAKO, Emília Simeão Albino. A Prova no Processo do Trabalho. São Paulo: LTr, 2006.
SIDOU, J. M. Othon. Dicionário Jurídico: Academia Brasileira de Letras Jurídicas. 7. ed. Rio de Janeiro:
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THEODORO Júnior, Humberto. Lei de Execução Fiscal. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
VIANNA, Cláudia Salles Vilela. Manual Prático das Relações Trabalhistas. 6. ed. São Paulo: LTr, 2004.

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Anotações

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Processos

Processos Trabalhistas
Trabalhistas Processos
Trabalhistas
Edson Ganymedes Costa

Fundação Biblioteca Nacional


ISBN 978-85-387-3086-6

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