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AVALIAÇÃO 3º BIMESTRE
Prof.º: Edney Cavalcante
Sartre, no início da Quarta parte do livro, diz que “[...] o ato é expressão da
liberdade”1. Dessa maneira, Sartre nos mostra que há efetividade da liberdade no ato, é
ela que possibilita a aparição do ato enquanto ato, ou como diz Sartre: “[...] a condição
fundamental do ato é a liberdade”2. A liberdade, na sua condição de liberdade, agencia e
expressa o ato.
Quando ora se diz que “uma ação é por princípio intencional”, é possível inferir
que: não há ato numa ação não intencional. Estabeleceu-se que a liberdade é expressa
pelo ato (de forma que um ato, em seu princípio, é intencional), ou seja, se não há
intenção, não há ato e, por consequência, não há expressão da liberdade. Sendo assim, é
possível colocar como “não ação” uma negligência ou uma acomodação gerada pela
1
. SARTRE, 2014, p. 541.
2
. Ibidem.
falta de reflexão já que se mostrou que a intenção é princípio da ação, se a intenção não
recai sobre o ato, não há ação. Segundo Bôas da Silva (2013, p. 96):
[...] a ação é intencional, todo ato humano é por princípio intencional. Neste
sentido, a característica fundamental da consciência, sabe-se, é a
intencionalidade, é a tendência de estar sempre voltada para fora. A
consciência é o nada, o que lhe propícia a capacidade de imaginar, de
transcender, de ir além da situação presente dos fatos imediatos.
Com efeito, sou um existente que aprende sua liberdade através de seus atos;
mas sou também um existente cuja existência individual e única temporaliza-
se como liberdade.3
Para o filósofo, a liberdade será intrínseca ao homem podendo ele ser ou não
livre. A respeito ele escreve: “O homem não poderia ser ora livre, ora escravo: é
inteiramente e sempre livre, ou não o é”6. Sendo assim, o homem está impossibilitado
de optar entre um revezamento da liberdade: ou ele é plenamente livre ou ele é
plenamente não-livre.
3
. Idem, p. 542-543.
4
. Idem, p. 540.
5
. Idem, p. 545.
6
. Ibidem.
Quando o homem assume de todo a sua liberdade, ou melhor, quando o homem
é inteiramente livre, ele assume a responsabilidade por suas escolhas e atos. Então, ao
percebermos essa relação, percebemos que é a liberdade que dá fundamento aos valores:
“[...] liberdade é o único fundamento dos valores e nada, absolutamente nada, justifica
minha doação dessa ou daquela escala de valores”7.
[...] liberdade é o alicerce de toda a moral, mas nada explica que este ou
aquele valor seja melhor. Se a liberdade do homem é o alicerce absoluto,
então, a moral não existe senão no próprio homem, manifesta,
exclusivamente, em seu agir concreto.
O homem, para Sartre, é um ser livre e dotado de existência. Ele é quem percebe
sua capacidade de ser livre na medida em que ser homem é ser liberdade. Esta
fundamenta e suscita uma série ligações que o homem tem com o mundo, é a partir dela
que ele poderá perceber o potencial das coisas. A partir da hora que o homem é livre,
ele é um ser-escolher-intencionalmente, ele se posta ante as possibilidades de escolha e
faz com que sua liberdade apareça.
Para Sartre, ele se torna um ser moral na medida em que ele é livre. A
moralidade só existe no homem e para o homem. Quando se tem um homem livre, ali se
tem um homem dotado de capacidade de agir-moralmente.
Referências
7
. Idem, p. 83.
SARTRE, Jean-Paul. O ser e o nada – Ensaio de ontologia fenomenológica. Tradução:
Paulo Perdigão. 23 ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2014.