Delinear as bases da pesquisa em salas de aula de segunda língua,
transitando pelas duas principais tradições em pesquisas que envolvam
sala de aula, por um breve panorama histórico, pelos conceitos de sala de aula e pesquisa e pelos impactos da tecnologia no ensino de línguas e no que se entende por sala de aula. A Pesquisa Psicométrica:
Busca pela medição de propriedades psicológicas – como atitude; e de
operações psicológicas – como a aprendizagem de língua; Também chamada de pesquisa experimental ou de pesquisa quantitativa; Na pesquisa em sala de aula de língua, tem sido utilizada para investigar possíveis mecanismos mentais que sustentariam a aquisição de uma língua; Investiga-se os efeitos de diferentes fatores como métodos, materiais e técnicas na aprendizagem de língua; Pergunta característica “O método X resulta em uma aprendizagem de língua mais efetiva que o método Y?” A Pesquisa Naturalista (investigação naturalista): O objetivo é a percepção das complexidades de ensino e aprendizagem por meio de observação não-controlada e descrição, ao invés de corroborar a alegação de que um método X funciona melhor que um método Y; Se concentra na documentação e análise do que ocorre de forma natural em sala de aula; Também chamada de pesquisa qualitativa; van Lier (1999, p. 37) justifica o foco na tradição subjetiva e qualitativa: Nosso conhecimento acerca do que de fato acontece em sala de aula é extremamente limitado; É relevante e válido aumentar esse conhecimento; O que só pode ser feito a partir da coleta de dados em sala de aula; Todos os dados devem ser interpretados considerando o contexto da sala de aula; Tal contexto não é apenas linguístico ou cognitivo, mas também essencialmente um contexto social. Termo geral para diferentes métodos de pesquisa: Etnográfico – considera a sala de aula de língua um sistema cultural cujos padrões podem ser descobertos por meio da coleta longitudinal e análise dos dados; Estudo de caso – estudo aprofundado de um exemplar específico do fenômeno que se pretende entender. Tradições combinadas: A pesquisa psicométrica e a pesquisa naturalista representam dois diferentes vieses da pesquisa empírica; Allwright and Bailey (1991) afirmam que os dados podem ser coletados e analisados tanto de forma quantitativa quanto qualitativa; Coleta de dados quantitativa Coleta de dados qualitativa Análise de Calcular comparações estatísticas Tabular a frequência observada de quantitativa pontuação dos aprendizes no teste certos erros em amostras de para ver se há alguma diferença feitos por aprendizes (Amostras estatística significante entre textos = dados que são coletados ensinados com métodos forma qualitativa; Tabulação da (Pontuação em testes = dados que ocorrência de erros = coletados de forma quantitativa; quantitativo de análise de dados) calcular comparação estatística = procedimento quantitativo de de dados)
Análise de Categorizar os alunos de língua Condensar notas de campo
qualitativa avançados, intermediários para produzir os perfis de estilo intermediários, intermediários ensino de vários professores em inferiores, a partir da pontuação estudo observacional (Notas de obtida nos testes. = dados coletados de forma (Pontuação em testes = dados que qualitativa; condensação = coletados de forma qualitativa; procedimento qualitativo de categorização de proficiência = de dados) procedimento qualitativo de de dados) Sala de aula: Lugar em que professores e aprendizes se reúnem para propósitos instrucionais; Além do espaço físico: com a possibilidade do aprendizado à distância, esse encontro pode acontecer de forma virtual. Pesquisa: “processo sistemático de investigação formado por três elementos ou componentes: (1) pergunta, problema, ou hipótese; (2) dados; (3) análise e interpretação” (Nunan, 1992, p.3). Dados: registros de eventos (gravações de áudio ou vídeo das aulas e tarefas executadas, transcrições, registros em diário, entrevistas, questionários, amostra de trabalhos escritos feitos pelos alunos, etc. Publicização dos resultados: Submissão à análise crítica e enriquecimento da área de pesquisa; Fornecer novas ideias e alternativas para a análise e interpretação de dados. A pesquisa-ação é única por ser conduzidas pelos praticantes, que investigam aspectos da própria prática; ou seja, por aqueles que estão melhor posicionados mudar e melhorar o que acontece em sala de aula; A principal motivação para a pesquisa-ação é a possibilidade de proporcionar mudança e melhorias para a sala de aula em que a pesquisa acontece; Carr and Kemmis (1986) enfatizam a natureza contínua e cíclica da pesquisa- ação: (1) desenvolver um plano para a ação; (2) implementar o plano e coletar dados para observar os efeitos da ação em seu contexto de apliação; (3) refletir criticamente sobre o processo e planejar uma segunda rodada de pesquisa (até que se atinja os objetivos estabelecidos); Cohen and Manion (1985) listam oito estágios no processo de pesquisa-ação: 1. Identificar o problema; 2. Desenvolver rascunho de proposta baseado em conversas e negociação entre as partes; 3. Revisar o que já foi escrito sobre o problema em questão; 4. Reiterar o problema ou formular hipóteses; discutir as suposições sobre o projeto; 5. Selecionar os procedimentos de pesquisa, fontes, materiais, métodos, etc.; 6. Escolher os procedimentos de avaliação; 7. Coletar e analisar os dados, e fornecer feedback aos envolvidos; 8. Interpretar os dados, extrair inferências e avaliar o projeto. A capacidade do computador em unir pessoas sem limites de tempo e espaço requer uma redefinição do conceito de sala de aula; As mudanças trazidas pela tecnologia “desafiam nosso autoconceito enquanto professores de língua, porque, muito mais que no passado, nós somos chamados a redefinir nossos papéis como educadores, uma vez que precisamos fazer a mediação entre o mundo da sala de aula e o mundo da aquisição natural de língua” (Legutke, 2000, p.1); Essas mudanças também têm efeito sobre pesquisadores, que agora têm que ir além dos muros da sala de aula tradicional para conduzir a pesquisa. Desvantagens: Leva tempo e pode ser desafiador; O processo inteiro pode ser frustrante se o pesquisador não tiver as ferramentas e orientação adequadas; O pesquisador pode se questionar a respeito da importância do esforço pela falta de valorização do professor-pesquisador; A pesquisa também pode ser frustrante se os resultados não forem os esperados, ou se a plateia não se impressionar ou hostilizar o trabalho em uma conferência; A pesquisa escrita pode ser rejeitada, após submissão, e pode ainda receber duras críticas dos editores; Vantagens: Contentamento com as descobertas sobre ensino e aprendizagem durante o processo de pesquisa; Ter o trabalho aceito para publicação, e assim difundir conhecimento e obter feedback; Os esforços durante a pesquisa influenciam a prática, e vice versa; O desenvolvimento de novas habilidades ao longo do tempo, como professores e como pesquisadores, e ter feito novos amigos e conhecidos devido ao envolvimento com a pesquisa. NUNAN, D.; BAILEY, K. M. Introducing Second Language Classroom Research. Exploring second language classroom research: a comprehensive guide. Boston (MA): Heinle Cangage Learning. 2009, p. 3-25.