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Antropologia e Mídia: Breve Panorama das

Teorias de Comunicação

Carmen Rial
2004
Antropologia em Primeira Mão é uma revista seriada editada pelo Programa de Pós-
Graduação em Antropologia Social (PPGAS) da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC). Visa a publicação de artigos, ensaios, notas de pesquisa e resenhas, inéditos ou não, de
autoria preferencialmente dos professores e estudantes de pós-graduação do PPGAS.

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Catalogação na Publicação Daurecy Camilo CRB-14/416

Antropologia em primeira mão / Programa de Pós Graduação em


Antropologia Social, Universidade Federal de Santa Catarina.
—, n.1 (1995)- .— Florianópolis : UFSC / Programa de
Pós Graduação em Antropologia Social, 1995 -
v. ; 22cm

Irregular
ISSN 1677-7174

1. Antropologia – Periódicos. I. Universidade Federal de


Santa Catarina. Programa de Pós Graduação em Antropologia
Social.

Antropologia e mídia: breve panorama das teorias de comunicação)1


1
Uma versão reduzida deste ensaio foi publicada em Grossi, M. et alli (2005).
4

Carmen Rial
Departamento de Antropologia da UFSC
rial@cfh.ufsc.br

A contar pelo número de estudantes de ciências sociais e

antropologia, da graduação ao doutorado, que me procuram propondo

“pesquisar a mídia”, este é um dos temas de investigação mais em voga já

há algum tempo. A conversa inicial com muitos deles tem me demonstrado

que é também um dos temas de mais difícil problematização: há os que

vêm propondo “estudar a mídia” sem praticamente nenhum recorte do

objeto e há os que chegam à primeira entrevista com uma idéia um pouco

mais burilada, do tipo “quero estudar o gênero (ou a sexualidade, ou as

mulheres, ou a opressão das mulheres) na televisão”.

Além da dificuldade de construção de um problema teórico, uns e

outros apresentam em comum uma pré-visão diabolizante da mídia,

especialmente da televisão: ela será sempre estudada para que se mostre o

quanto ela é perigosa e nociva à sociedade; esta nocividade ocorre

especialmente em relação as crianças, as mulheres e as camadas subalternas

da população, vistas como mais vulneráveis a sua retórica. Seus efeitos

perniciosos são mais presentes quando aborda certas temáticas, como a

violência e as relações de gênero: a TV é vista como incitando a violência e


5

deturpando a imagem da mulher2. O grau de diabolização também é

variável, os mais extremados sendo os que a consideram um “ópio do

povo”, ainda que não empreguem a velha expressão do Manifesto

Comunista, e que querem pesquisá-la para demonstrar seu efeito alienante

sobre os telespectadores. As vítimas, os alienados, invariavelmente são os

outros, nunca eles mesmos, que perguntados se assistem TV respondem

afirmativamente mas que não se incluem entre a audiência influenciável,

dando razão ao que a teoria da comunicação chama de efeito terceira

pessoa3.

É importante ressaltar que para estes estudantes mídia refere-se a

televisão e, na televisão, a televisão aberta, e nesta, o que aparecem como

perigos são certos programas dirigidos ao “público popular”4, ou seja, de

camadas subalternas. Programas pseudo-jornalísticos, como o Linha

Direta, ou de entretenimento, como os do Ratinho, Gugu Liberato, Faustão

(que de certo modo retomam o modelo de programa consagrado por

Chacrinha nos anos 60).

2
Os estereótipos de raça e etnia curiosamente não aparecem como preocupações
embora estudos mostrem o quanto são atualizados e reforçados na televisão,
especialmente em suas publicidades (Gastaldo 2000, Rial 2001; Beleli 2005), assim
como o são também no cinema (Shoat, E. e Stam, R. 1996).
3
Pesquisas sobre a TV mostram que os interlocutores costumam dizer que a TV tem
efeitos perversos. Quando perguntados se eles mesmos sofrem com esta influencia
negativa, tendem a responder negativamente, mantendo porém que com os outros
(terceira pessoa) isso ocorre.
4
A noção de popular já foi suficientemente criticada para que nos detenhamos aqui.
Popular aqui se refere às camadas subalternas da população, renda sendo apenas um
dos componentes em jogo nas escolhas de consumo e no gosto (Bourdieu 1979) -
outros fatores também o determinando como o capital cultural e simbólico.
6

No diálogo com estes estudantes, procuro inicialmente colocar

questões que os induzam a ver por outro ângulo estes programas que, como

não admitir, são plenos de estereótipos de gênero, raça, classe; são

homofóbicos, misógenos, machistas e racistas. Ainda assim, no contrapé de

uma visão estetizante ou sociologizante destes programas, na qual os

valores da estética moderna seriam acionados como parâmetro de bom

gosto, costumo perguntar a estes futuros pesquisadores, se estes programas

não revelariam nas suas opções de linguagem, cenário, construção de

personagens uma rebeldia contra a o padrão global dominante, de

inspiração hollywoodiano (Moreira 2000). Um padrão que, ainda que

possa ser admirado pelo seu "gênio do sistema"5, significou uma força

avassaladora homogeneizante na paisagem cultural brasileira. Pergunto se

estes programas populares não estariam transpondo para a mídia televisiva

esquemas retóricos e personagens encontrados em expressões da cultura

popular brasileira - como, por exemplo, o teatro mambembe nordestino,

que certamente inspirou a postura dos apresentadores: por exemplo, como

não pensar vendo um Ratinho indignado, discursando, usando cacetetes em

cena, na personagem masculina do professor (sério, autoritário) e como não

pensar nas personagens femininas das pastorinhas vendo as jovens

dançarinas com pouca roupa, chacretes e suas clones posteriores, presentes

5
Tomo emprestado aqui a expressão de Bazin (1991), para quem o cinema norte-
americano deveria ser admirado não pelos seus atores, diretores ou roteiristas mas por
seu sistema, suas convenções estéticas, "a riqueza de uma tradição sempre viva e sua
fecundidade ao contato de novos aportes" (Moreira 2000:55)
7

na maior parte dos programas populares na TV? É talvez ali, e também nas

chanchadas dos primeiros tempos do cinema brasileiro, que devemos

buscar os tropos desta TV tão salgada ao bom gosto dos estudantes e de

muitos intelectuais, por acionarem o humor grotesco (Bakhtin 1998),

característico da estética medieval, deve ser lembrado para que se

compreenda boa parte das opções estéticas desta mídia diabólica.

Costumo perguntar também se, apesar de um possível mau gosto

estes programas não manteriam um contato estreito com o universo

simbólico e o cotidiano de seu público, apresentando as brigas de vizinhos

e as disputas domésticas, seguidamente distante do retrato brasileiro

apresentado em uma mídia elitizada que até pouco tempo tinha como uma

de suas normas não mostrar "pessoas sem dentes"6. A conclusão a que

cheguei depois de muitas destas conversas é que a mídia televisiva

apresenta uma particularidade ao ser abordada como objeto empírico por

estes estudantes. A facilidade de relativização que demonstram ao

refletirem sobre gostos, práticas sociais e representações de camadas

subalternas desaparece num primeiro momento, quando se focaliza os

programas populares na televisão. Não se trata apenas de considerá-los

esteticamente ruins, adotando como critério de julgamento os seus próprios

valores, o que seria uma postura meramente etnocêntrica e em alguma

medida saudável - posso gostar mais da comida da minha infância, sim, do


6
Esta determinação constava das normas de redação elaboradas para os jornalistas da
rede Globo.
8

que a servida em outra casa - , mas, além disto, de considera-los nefastos

socialmente. Ou seja, trata-se de atribuir uma agencia a estes programas

populares, uma capacidade própria aos sujeitos e a qual os objetos, em

princípio, estariam destituídos – no caso, a capacidade de agir sobre as

mentes dos indivíduos que os assistem, influenciando-os negativamente,

tornando-os mais violentos ou discriminatórios. Conseqüência lógica, os

sujeitos que assistem a estes programas são pensados assim como

desprovidos eles mesmos de agencia, de poder de escolha: são vítimas

indigentes da poderosa mídia. E as crianças, então... A censura chega ser

evocada como uma possibilidade.

Bem, nem todas as primeiras entrevistas com futuros pesquisadores

chegam a este beco tenebroso. Algumas mídias, por exemplo, passam

incólumes e até saem glorificadas – é o caso da comunicação mediada por

computadores, a Internet, que aparece muitas vezes como a salvadora

destas almas atingidas pelo vício televisivo. O que não deixa de ser curioso,

pois também na Internet encontramos uma variedade enorme de programas

e as mesmas temáticas criticadas na televisão estão lá, às vezes até mais

explicitadas, como é o caso dos sites pornográficos e pedófilos. Tudo

funciona como se, num mcluhanismo ao contrário, o senso comum

absolvesse a comunicação mediada por computadores por ela estar imersa

na escrita e não na imagem7.


7
Não há novidade nesta negação da imagem, o movimento anti-imagem tem suas raízes
em Platão, segue na Idade Média, com os iconoclastas, e a polêmica em torno da
9

A partir do diálogo com estes estudantes, e que nem de longe

repetem a postura ingênua que caricaturei aqui, discuto algumas

possibilidades abertas aos que desejam “estudar a mídia” e especialmente a

mídia televisiva, e que ao meu ver devem conhecer as teorias de

comunicação existentes mesmo que optem por abordagens teóricas e

metodológicas mais antropológicas.

Os estudos da mídia: breve panorama das teorias de comunicação

Comecemos pelo início: o conceito de mídia que tem servido para

designar os meios de comunicação de massa e os meios de comunicação

que não poderiam ser considerados de massa, como os computadores. Ele

parece substituir com vantagem e proporcionar uma maior precisão do que

reprodução ou não de imagens sacras e continua até os nossos dias. Goody (2004) faz
um interessante bilan deste percurso. "L'image est la folle de la raison", dizia Sartre,
Lyotard (1986) citando o Êxodo 2,4 "Não esculpiras imagem", como sendo a passagem
mais sublime da Bíblia no sentido que proíbe qualquer representação do absoluto é a
aproxima dos axiomas da estética da vanguarda da pintura (portanto, moderna), fará ver
o invisível sem representá-lo ou, nas palavras de Lyotard: "como pintura esta estética
"apresentará" sem dúvida algo, mas o fará negativamente, evitara pois a figuração ou a
representação. Será "branca" como um quadro de Malevitch. fará ver na medida em que
proíbe de ver, procurara prazer dando dor". A pós-modernidade, ao contrário, recupera a
força dos ícones: sua retórica passa do convencimento à sedução, da argumentação à
imagem. Para Maffesoli (1985, 1987, 1990), a televisão é vista como o exemplo
máximo da imagem, como tendo uma função agregadora. Contrapondo-se a McLuhan
(1969) e a Maffesoli, Umberto Eco (1989) diz que nós não vivemos absolutamente na
idade da imagem: voltamos à época da escrita, com o computador, o videotexto, a
conferência televisionada, na qual as informações são transmitidas por intermédio da
tela: uma época de uma nova alfabetização. E prediz que a maior parte do que veremos
pela tela nos próximos anos será palavra escrita e não imagem, uma palavra que devera
ser lida a uma velocidade acelerada. Para Eco, estamos vivendo esse processo de re-
alfabetização, mesmo que as novas letras deste alfabeto possam parecer "sem alma" aos
intelectuais: "dir, park, copy, delete" (1989, p. 37).
10

o de massa que já há algumas décadas passou por um processo de crítica e

desconstrução - seria possível hoje ainda falarmos de massas, quando tanto

tem se enfatizado a heterogeneidade de públicos, a potência do localismo, a

fragmentação das mídias?8

Além de mídia e meios de comunicação de massa, outras

designações são correntes, como, por exemplo, indústria cultural ou

indústria televisiva, porém elas nos remeteriam aos escritos da escola de

Frankfurt e especialmente a Adorno e Horkheimer (1969) que as

empregaram para dar conta da característica central destes meios, qual seja

a reprodução do mesmo produto, no caso, os programas, músicas, filmes,

tal como na indústria9. Evitamos os conceitos de indústria cultural ou

indústria televisiva por estarem inseridos em um campo teórico cujas

premissas, bem definidas, refletem uma visão muito pessimista dos meios e

suas possibilidades.

Para melhor empreendermos a escolha entre as possibilidades

teóricas dos estudos de mídia, no entanto, proponho um flash-back mais

longo; proponho percorrermos diferentes teorias da comunicação mediática

8
Massa continua sendo aciona por autores de uma tradição frankfurdiana, como por
exemplo, Baudrillard (1985) para quem não importa o que a mídia diz, não importa o
seu discurso, pois teríamos ultrapassado o momento da comunicação. Para ele, não há
mais possível a comunicação através destes meios e a maioria da população é vista
como uma massa amorfa e silenciosa. Ver também Jameson (1992).
9
Indústria cultural permanece como um conceito muito usado, especialmente entre
autores dos Estudos Culturais norte-americanos, que enfatizam os processos políticos,
de dominação cultural, relacionados com a mídia. Ver, por exemplo, a interessante
análise da atuação global da mídia hoje e especialmente do cinema realizada por Shoat
e Stam (1996).
11

organizadas segundo uma classificação que, como toda a classificação, é

arbitrária e servirá apenas para estruturar inicialmente o universo das

possíveis abordagens teóricas. Esta minha tipologia toma como referência o

famoso paradigma de comunicação do sociólogo-político norte-americano

Harold Laswell, de 1948, (Emissor-Canal-Receptor), que, de fato, retoma

em outros termos, a classificação de Aristóteles (1998) expôsta na Retórica:

a) Estudos do meio: que se concentrariam no estudo dos

canais, das mídias enquanto aparato técnico, através dos

quais as mensagens são transmitidas (rádio, TV, Internet,

etc). Aqui se concentrariam entre outros os trabalhos de

McLuhan, Baudrillard e Virilio.

b) Análise textual: estudos de retórica da mídia, que se

concentrariam na análise das mensagens produzidas pelo

emissor, texto lingüístico e texto imagético.Aqui se

concentrariam as abordagens semióticas e as análises de

discurso.

c) Estudos de recepção (ou de audiência): de interpretação das

mensagens pelos auditores que se concentrariam no pólo

receptor. Aqui se concentrariam as etnografias de audiência.

É claro que ao dividirmos os autores alinhando-os no interior de um

destes conjuntos corremos o risco de deixarmos de fora perspectivas


12

transversais, que levam em conta todos ou pelo menos mais de um destes

conjuntos. Contudo, para efeito da análise a simplificação é eficaz, também

por destacar a enorme extensão coberta pelos estudos de mídia.

a) estudos do meio

Encontramos estudos do meio desde as origens dos estudos da

comunicação, mas neste caso foram os engenheiros e não os sociólogos que

desbravaram o território. Quase todos os levantamentos históricos sobre os

estudos de mídia se reportam a Claude Elwood Shannon e Warren Weaver

(1949), dois engenheiros da companhia telefônica norte-americana Bells

Companhie (Shannon publicou A Mathematical Theory of Communication

na revista Bell System Technical Journal (1948)), e os apontam como

fundadores deste campo teórico. O esquema que inventaram para explicar o

processo de comunicação (fonte de informação/transmissor/

sinal/ruído/sinal recebido/receptor/destino) conheceu um sucesso

duradouro e continua a influenciar uma boa parte dos estudos da sociologia

da mídia, embora as duras críticas que seus seguidores tem recebido, pela

simplificação de um processo complexo (Winkin 1981). Diria até que a de


13

Shannon está entre as duas teorias mais consagradas entre os estudos de

mídia em todos os tempos (a outra sendo a da Escola de Frankfurt, que

situaríamos simultaneamente no primeiro e segundo conjunto da nossa

classificação).

O quê diz o modelo de comunicação de Shannon e Weaver? Neste

modelo, a ênfase é colocada no processo de comunicação, assumida como

sendo a transferência de uma mensagem de A para B. A comunicação é

vista aí como passagem de informação de um lugar a outro, como numa

linha telefônica, e a preocupação central é a de aperfeiçoar o seu percurso.

Questões relativas à eficiência do meio de transmissão estavam em pauta, o

conteúdo da mensagem transmitida era secundário, poderia ser

transformado em unidades semelhantes, os bits10. Ou seja, Shannon e

Weaver se preocupavam basicamente com o ruído e como controla-lo.

Conceitos como o de redundância (aquilo que numa mensagem é previsível

ou convencional), entropia (desordem, o oposto de redundância), ruído

(algo acrescentado ao sinal durante sua transmissão e sem a intenção da

fonte) que serão utilizados por muitos teóricos posteriormente foram

10
Shannon considered a source of information which generates words composed of a
finite number of symbols. These are transmitted through a channel, with each symbol
spending a finite time in the channel. The problem involved statistics with the
assumption that if xn is the nth symbol produced by the source the xn process is a
stationary stochastic process. He gave a method of analysing a sequence of error terms
in a signal to find their inherent variety, matching them to the designed variety of the
control system. In A Mathematical Theory of Communication , which introduced the
word "bit" for the first time, Shannon showed that adding extra bits to a signal allowed
transmission errors to be corrected. Cf (http://www-groups.dcs.st-
and.ac.uk/~history/Mathematicians/Shannon.html).
14

forjados aqui. A fonte é, nesta teoria, o pólo mais importante na

comunicação, pois detém o poder de decisão escolhendo que mensagem

enviar. O meio deve ser controlado para evitar o ruído permitindo assim

que a mensagem emitida pela fonte chegue intacta ao receptor.

Alguns autores desta linha buscam inspiração para os seus estudos na

teoria matemática da comunicação, ou seja, na aplicação de noções como

termodinâmica, entropia, rentabilidade, “binary digit”11. Por esta opção

epistemológica receberam críticas provenientes dos que viam aí uma busca

de base de legitimação para suas teorias, e também efusivos elogios, como

o do antropólogo Lévi-Strauss (1980). No seu clássico ensaio Introduction

a l'oeuvre de M. Mauss, Lévi-Strauss defende como projeto para a

Antropologia Social a constituição de uma "vasta ciência da comunicação",

devendo a Antropologia para isso associar-se estreitamente à Lingüística, se

beneficiando, um dia, "das perspectivas abertas à lingüista ela mesma pela

aplicação do raciocínio matemático ao estudo dos fenômenos de

comunicação" para em seguida, em nota, remeter aos trabalho de Norbert

Wiener (1948) e de Shannon e Weaver (1949), explicando assim o que

entende por aplicação de raciocínio matemático ao estudo da comunicação.

Estas teorias de "raciocínio matemático" apareceram no cenário

acadêmico depois da descoberta do telefone em 1876, aplicam-se

inicialmente ao telefone, e mais tarde passaram a serem usadas para a


11
Binary digit significa na pratica uma escolha entre “sim” e “não”, usado para medir a
quantidade de informação no processo comunicativo.
15

compreensão também do rádio e da televisão. Norbert Wiener (1970, s/d)

aperfeiçoou este modelo enfatizando a importância do receptor, através do

seu conceito de feed-back, retroalimentação, que transforma este receptor

também em fonte. Comunicação entre os homens, entre os homens e as

máquinas ou entre as máquinas entre si – o modelo de Wiener é abrangente

para englobar todas estas possibilidades12. Embora esta teoria tenha sido

muito importante para o desenvolvimento posterior da ciência que Wiener

criou – a cibernética -, as teorias de comunicação contemporâneas retém

principalmente seu conceito de retroalimentação que encerra a idéia de que

os conteúdos transmitidos pela mídia podem ser influenciados pelos

receptores e constantemente adequados às novas demandas destes

receptores. Esta idéia foi rapidamente apreendida pelos agentes da

comunicação, por exemplo, com o uso sistemático atualmente de grupos

focais em pesquisas de audiência.

As diferentes pesquisas de audiência podem ser vistas como um

modo de se obter o feed-back e servem assim para modificar a grade de

programação e o andamento dos programas13. É interessante notar que

12
“Minha tese é que o funcionamento físico do indivíduo e o de algumas modernas
máquinas eletrônicas são totalmente paralelos em suas tentativas de regular a entropia
mediante a retroalimentação. Ambos possuem receptores sensoriais em uma etapa de
seu período de funcionamento” (Wiener, 1969).

13
Alguns levam ao extremo esta retroalimentação. O programa dominical de Gugu
Liberato na SBT inicia com a previsão do dobro de quadros do que os que
efetivamente podem ir ao ar; a escolha entre um ou outro assim como a duração de
cada um é uma decisão do animador do programa com base nas pesquisas de
audiências realizadas no decorrer do programa.
16

embora estes autores tenham se centrado na análise do meio, seus modelos

repercutiram também entre os autores que classifiquei no grupo b, o de

análise de mensagens.

O teórico da comunicação John Fisk (1990) enumera ainda outros

modelos que chama de "teorias processuais da comunicação" e que

poderiam ser desdobramentos das teorias que a estou reunindo no grupo

"a". Um dos mais conhecidos é o modelo de George Gerbner (1956), o qual

complexifica o de Shannon e Weaver ao relacionar a mensagem com o

contexto social. Isto permite que se trate de questões de percepção e

significação ao ver na comunicação duas dimensões que se alternam: uma

perceptiva ou receptiva e outra comunicante ou de meios e controle. Com

efeito, seu paradigma de comunicação não se afasta muito do de Shannon e

Weaver; é só posteriormente, quando abordou a violência na televisão

(Gerbner, 1956), que Gerbner incorporou teorias textuais que vão além de

sua proposta inicial.

O modelo de Lasswell (1987), ao qual já nos referimos, também

processual, teve grande impacto entre os sociólogos norte-americanos. Ele

restringe sua aplicação à comunicação de massas deixando fora a

comunicação inter-pessoal tratadas até então, pelos modelos anteriores.

Laswell teve o mérito de tentar delimitar os distintos campos de

investigação que o estudo da comunicação requeria, ainda que sob pena de

ter fracionado este objeto de estudo e induzir a interpretações isoladas de


17

distintos elementos em interação. O modelo de Lasswell propõem enfocar a

comunicação através das questões: quem diz o quê em que canal e com que

efeito. Aqui, a preocupação central é com o efeito da comunicação sobre o

público, preocupação que se situa na origem mesma da sociologia

funcionalista norte-americana, pois Laswell pode ser considerado um de

seus pais fundadores, ao lado de Lazarsfeld e Merton. Juntos, eles

empreenderam entre os anos quarenta e sessenta do século XX o que ficou

conhecido como mass communication research e resultou em um conjunto

de trabalhos sobre a influencia da mídia na política. Em “Comunicação de

massa, gosto popular e a organização da ação social”, por exemplo,

Merton e Lazarsfeld (1957) se preocupam com a influência dos meios de

comunicação sobre a Opinião Pública e com o papel dos gate-keepers

(formadores de opinião) sobre esta Opinião Pública, tema que a partir daí

se tornou uma obsessão para a sociologia norte-americana. A idéia

norteadora da pesquisa era de que, numa democracia como é o caso nos

Estados-Unidos, os gate-keepers deteriam um enorme poder, capaz de se

expressar nas urnas, podendo mesmo serem decisivos em uma eleição.

Como vemos, não há novidade alguma nesta visão de uma mídia

super-poderosa e perigosa, capaz de injetar ideologias venenosas nas

mentes dos outros e assim decidir rumos calamitosos para um país. Ela já

fazia parte da sociologia e da teoria da comunicação desde os seus inícios.

De fato, esta sociologia teve enorme impacto entre os estudos de mídia e


18

ainda permanece muito forte entre algumas correntes sociológicas, em

estudos sobre Opinião Pública, mídia e participação política, tendo, no

entanto, perdido importância entre os antropólogos e sociólogos. Sua

hipótese de que os meios de comunicação de massa têm grande poder de

influenciar o público foi desmentida pelos resultados de algumas de suas

próprias pesquisas, porém, embora permanentemente questionada,

estabeleceu-se fortemente e seus preceitos sobrevivem, como demonstram

bem meu diálogo com aqueles estudantes de que falei no início deste texto,

que revivem esta que ficou conhecida como "teoria hipodérmica": os meios

de comunicação injetam veneno em pessoas indefesas.

Poderíamos lembrar ainda outros modelos processuais menos

conhecidos. Como o de Newcomb (1953), que é triangular e não linear

como os anteriores e onde a sociedade é introduzida como um pólo

participante: A e B são o comunicador e o receptor e X faz parte de seu

ambiente social. O equilibro é mantido quando A e B tem atitudes similares

em relação a X. Ou o modelo de Westley e Maclean (1957), no qual a

função editorial-comunicativa é introduzida, isto é, o processo de decidir o

quê e como comunicar. Ou ainda o do lingüista Jakobson (1960), no qual

temos também a idéia linear de um emissor que envia uma mensagem a um

destinatário. Mas neste caso, a mensagem se refere a algo que não é ela

própria, refere-se ao que Jakobson chama de contexto da mensagem, que

formaria um vértice do triângulo, sem, no entanto, inovar muito em relação


19

a modelos anteriores. O que é novo aqui é a introdução de dois outros

fatores, o contato (canal físico e as ligações psicológicas entre o destinador

e o destinatário) e o código (sistema comum de significação pelo qual a

mensagem é estruturada). Cada um destes fatores determina segundo

Jakobson uma função14 diferente da linguagem e em cada ato de

comunicação podemos encontrar uma hierarquia das funções. Uma

excelente crítica destes modelos telegráficos foi feita pela Escola de Palo

Alto – assim chamada porque muitos destes pesquisadores residiam nesta

região californiana - e aparece sistematizada em Winkin (1981).

Participantes da Escola de Palo Alto, os antropólogos Gregory

Bateson, Erving Goffman, Ray Birdwhistell e Edward Hall e seus

companheiros psiquiatras (Jurgen Ruesch, Don D. Jackson, Paul

Watzlawick, Albert E. Scheflen), inspirados em Norbert Wiener (1970,

propuseram um modelo de comunicação não como um processo telegráfico

(onde uma mensagem é transmitida de um pólo a outro, tal um pacote via

Sedex que sai de um lugar e intacto e chega assim em outro lugar), mas de

um modo que Winkin chama de orquestral, onde todos os elementos

envolvidos na comunicação estão em interação, onde as vozes se


14
Estas funções são por ele denominadas de emotiva, referencial, poética, fática,
metalingüística e conotativa. A função emotiva (também chamada de “expressiva”)
descreve a relação da mensagem com o destinador, de comunicar o ethos do
destinador e é o que a torna pessoal; a função referencial busca a objetividade, a
factualidade; a função fática busca manter aberto o canal de comunicação, confirma
que a comunicação está acontecendo (são por exemplos os “hum, hum” ou os acenos
de cabeça num diálogo); a função metalingüística busca o reconhecimento do código
que está sendo usado; a conotativa descreve o efeito da mensagem no destinatário e,
finalmente, a função poética consiste na relação da mensagem consigo própria.
20

encontram em uma simultaneidade de falas e escutas. Bateson (1993),

especialmente, tinha como projeto epistemológico a compreensão da

comunicação humana em uma estrutura comum a todos os seres vivos.

Como elucida Samain (2001),

"Gregory Bateson, vejam, propõe-nos e procura


despertar dentro de nós um novo “estado do olhar” sobre
uma leitura comunicacional do mundo social (dos seres
vivos). Uma comunicação encarada não mais e apenas
como ato individual, e sim como um fato cultural, uma
instituição e um sistema social. Uma comunicação
refletida não mais e apenas como uma telegrafia
relacional, mas, sim como uma orquestração ritual,
eminentemente sensível e sensual".

Bem longe destes modelos está o de McLuhan (1964, 1969, 1973),

nos anos sessenta, e mais recentemente, Jean Baudrillard (1972, 1989,

1991, 1999), Paul Virilio (1973, 1993, 1999), e muitos dos pensadores

contemporâneos, alguns dos quais categorizados como pós-modernos.

Estes estudiosos, com variações imensas entre um e outro, vão privilegiar o

meio, inserindo-se no primeiro conjunto de nossa tipologia. As novas

mídias representariam uma ruptura social e um novo estágio na história e

na sociedade. Especialmente em Baudrillard, as mídias aparecem como

uma força autônoma e poderosa, exercendo diversos efeitos e um controle

sobre as relações sociais: o consumo, o trabalho em casa e até sobre o ócio.

Ainda que tenha criticado McLuhan em um ensaio (Baudrillard 1967), ele

passará nos anos 70 e 80 a repetir as formulas deste pensador canadense,

afastando-se das teorias marxistas que iluminaram os seus estudos iniciais


21

da sociedade de consumo (Baudrillard 1970). Seus ataques dirigem-se

especialmente a teoria marxista sobre a media de Hans Magnus

Enzensberger e a tentativa deste de desenvolver uma estratégia socialista

para a media. Baudrillard considera que a forma mesmo da comunicação de

massa fabrica não-comunicação, é anti-mediadora e intransitiva – isto

caracterizaria essencialmente a media, uma vez que se concorde em definir

comunicação como troca, como um espaço recíproco de fala e resposta e

assim sendo, de responsabilidade. A mídia não apenas não conseguiria

estabelecer esta troca, mas, além disso, impossibilitaria todos os processos

de troca (1972).

Baudrillard interpreta as medias, mecanismos centrais na vida

cotidiana, como sendo máquinas de simulação que fabricam hiper-

realidades. Ele aponta para uma reversão da relação entre real e

representação. Antes, a representação era tida como espelho; agora, se

constitui em uma hiper-realidade, "mais real do que o real".

Levando ao extremo o pensamento de McLuhan, Baudrillard dirá

que "O meio é a mensagem" não apenas significa o fim do significado da

mensagem, mas também o fim do próprio meio. Com o advento das medias

eletrônicas, não existiriam mais mídia – no sentido de uma mediação entre

uma realidade e outra, entre um estado do real e outro estado do real, nem

em conteúdo nem em forma. Significado e meio estão envoltos em um


22

estado nebuloso cuja verdade é indecifrável. Até mesmo a distinção de

McLuhan entre medias "hot" e mídias "cool" é anulada:

"Do not believe that it is a matter of the same game: one is


hot, the other is cool -- one is a contest where affect,
challenge, mise en scene, and spectacle are present, whereas
the other is tactile, modulated (visions in flash-back, replays,
close-ups or overhead views, various angles, etc.): a televised
sports event is above all a televised event, just as Holocaust
or the Vietnam war are televised events of which one can
hardly make distinctions" (Baudrillard 1989: 217).

É porque a comunicação chegou no seu êxtase que podemos

aproximar um festivo evento esportivo com o horror do Holocausto. Em O

êxtase da comunicação, Baudrillard compara a televisão com um

instrumento de obscenidade, transparência e êxtase (num sentido particular

da palavra) onde especialmente a esfera doméstica é atingida:

"os processos mais íntimos tornam-se o alimento virtual para


a mídia (a família norte-americana, as incontáveis cenas da
vida patriarcal ou camponesa da televisão francesa).
Inversamente, o universo inteiro desenrola-se arbitrariamente
nas telas domésticas (todas as informações inúteis que
chegam do mundo inteiro, como uma pornografia
microscópica do universo, inúteis, excessivas, tal como os
close-up sexuais em um filme pornográfico): tudo isto
explode em uma cena previamente preservada por uma
separação mínima entre o público e o privado, a cena que era
desenvolvida em um espaço restrito." (1983:130).

b) análises textuais
23

As análises textuais situam-se longe dos estudos que privilegiam a

forma tecnológica da mídia sobre o que poderíamos chamar seu aparato, e

assim subordinam o conteúdo, o significado e o uso da media a sua

estrutura puramente formal. Poderíamos localizar no semiólogo Ferdinand

Saussure a origem das teorias inseridas neste grupo. Diversas metodologias

são empregadas em estudos textuais (texto entendido aqui semioticamente,

como a materialização de uma linguagem). Uma das mais acionadas para a

análise das mensagens é a análise de conteúdo que “destina-se a produzir

uma explicação objetiva, mensurável, verificável, do conteúdo manifesto

das mensagens” (Fiske 1990, p.182) analisando a ordem de significação

denotativa, sua precisão variando segundo a escala: quanto mais tiver o que

analisar, maior é a exatidão alcançada. Neste método, opera-se através da

identificação e contagem de unidades escolhidas pelo próprio investigador.

Boa parte da validade da análise está na escolha destas unidades. Elas

devem ser facilmente identificáveis e devem ocorrer com uma freqüência

suficiente para que os métodos estatísticos possam valida-las.

Se assistir a todos os spots publicitários veiculados em um intervalo

de tempo determinado em canais determinados, e contar o número de

brancos e pretos que aparecem como personagens principais nestas

publicidades, verificarei que os brancos superam os pretos em X%. Isto

seria uma análise de conteúdo. Outro modo de realizar uma análise de

conteúdo, bastante recorrente, é a de contar quantas vezes são empregadas


24

certas palavras - por exemplo, por um jornalista durante uma reportagem

ou por personagens durante uma novela. Foi o que fez o famoso estudo

(Paisley 1967) que comparou os debates televisivos das campanhas

eleitorais de Kennedy e Nixon em 1960 contando o número de vezes em

que as palavras “tratado”, “ataque” e “guerra” foram empregadas:

PALAVRA KENNEDY NIXON


Tratado 14 4
Ataque 6 12
Guerra 12 18

Fica claro pela tabela acima que Nixon era um candidato mais

belicoso do que Kennedy. Porém - e está é a uma das restrições que faço,

acompanhando os críticos deste método - teria sido realmente necessário

contar 2.500 palavras para se chegar a esta conclusão? De outra parte, a

análise de conteúdo não captou a tão decisiva barba por fazer exibida por

Nixon durante o debate e que lhe conferiu um ar cansado e deprimido, nem

o bronzeado do jovem senador Kennedy, determinante para que vencesse o

debate nas pesquisas realizadas com telespectadores em contraste aos

resultados das enquête junto aos auditores de rádio que deram a vitória a

Nixon. Telespectadores e auditores de rádios tiveram acesso as mesmas

palavras mas o fato dos primeiros terem visto as imagens dos candidatos

fez toda a diferença.


25

O método parece ser empregado para garantir uma áurea de

cientificidade, chegando a conclusões que um pesquisador sensível

chegaria realizando uma etnografia de tela (ver mais adiante) sem precisar

de tantos números. O método desconsidera por outro lado, elementos

importantes que se agregam ao conteúdo do quê se diz modificando-o

radicalmente, elementos como a tonalidade da voz, as posturas corporais,

etc. Bourdieu (1996), entre outros, aponta estes elementos como sendo

determinantes do sentido da mensagem enviada e de sua interpretação pelo

receptor – um "obrigado" que legitima o que foi dito é muito diferente de

um "obrigado" que serve para cortar a palavra de um entrevistado. No

entanto, seriam tabulados do mesmo modo. Por outro lado, como muitos

outros métodos quantitativos e que empregam estatística, a análise de

conteúdo pode ser interessante para se evitar conclusões sem bases

empíricas suficientes.

A análise de conteúdo é um método que tem sido freqüente em

estudos sobre estereótipos de gênero na mídia, servindo para evidenciar

discriminações. Foi o que fizeram Seggar e Wheeler (1973) estudando os

estereótipos de trabalho na ficção televisiva, concluindo que as mulheres

eram apresentadas em ocupações inferiores a dos homens. À mesma

conclusão chegaram Dominick e Rauch (1972) usando análise de conteúdo

de anúncios publicitários, constatando que as mulheres estavam em

ocupações ligadas ao espaço doméstico sendo representadas duas vezes


26

mais no interior do que no exterior da casa, e cinco vezes mais no interior

das casas do que em ambientes de escritórios. Enquanto os homens

apareciam 44% das vezes fora de casa, as mulheres apenas 19%.

Gerbner e Gross (1976) também analisaram séries televisivas e

constataram que a probabilidade das mulheres serem associados a temas

românticos é muito maior do que a dos homens (uma em cada três

personagens principais homens são casados ou pretendem casar-se ao passo

que duas em cada três personagens principais mulheres são casadas ou

pretendem casar-se; uma em cada cinco personagens principais homens

pertence a uma faixa etária sexualmente elegível enquanto uma em cada

duas personagens principais mulheres pertence a uma faixa etária

sexualmente elegível.).

Etnografias de tela e análise de discurso

As etnografias de tela e as análises de discurso são duas abordagens

teóricas da mídia das mais utilizadas atualmente por antropólogos,

pesquisadores do campo dos estudos culturais, da literatura e de outras

áreas afins. Discurso é entendido aqui como na semântica: como sendo

uma unidade lingüística composta por um conjunto de sentenças, como

num argumento, numa conversação ou numa fala. O estudo dos discursos,

ou da linguagem usada pelos membros de uma comunidade de fala, é dita


27

análise de discurso. Partindo da idéia de Foucault (1983) de que os

discursos não são apenas textos mas práticas sociais, muitas destas análises

apontaram para o poder da mídia em desencadear fenômenos sociais e

estabelecer ou modificar estereótipos. Muito próxima a esta metodologia de

análise da mídia, temos a Análise Crítica do Discurso que é uma

abordagem interdisciplinar de textos, onde a linguagem é vista como uma

prática social (Fairclough 1989: 20) e que busca desvendar a ideologia

subjacente aos textos que, com o tempo, tornaram-se tão naturalizados que

passamos a tratá-los como modos aceitáveis e naturais de discurso.

Como nas análises de conteúdo, aqui o centro das atenções são os

textos da mídia e os seus significados, para o autor, para o receptor ou para

ambos. Que valores e pressupostos estão contidos nestes textos? Quais são

os significados apreendidos pelas audiências? São estes significados os

mesmos para todas as audiências, correspondem à intenção do autor do

texto? Quais os mecanismos de mediação entre o texto e sua leitura pela

audiência, e de que forma podem transformar o significado do texto? A

questão talvez deva ser formulada não em termos de uma audiência mas de

audiências no plural, que estão em diferentes lugares e vivem em diferentes

condições, e sobre como elas articulam sentidos as imagens, nos seus

encontros com as imagens, sejam estes escolhidos ou não.

Além de Foucault, também Bakhtin, Gramsci e Bourdieu são

influencias presentes nas análises de discurso. Bakhtin especialmente nos


28

seus conceitos de dialogismo, heteroglossia e cronotopos. Vejamos estes

conceitos. Para Bakhtin, toda a linguagem, todo o pensamento, é dialógico;

tudo o que é dito o é em resposta a algo que já foi dito ou em antecipação a

algo que será dito em resposta. Não falamos isoladamente, dialogamos, isto

é, mantemos conversações recíprocas com outras pessoas. Heteroglossia

(que vem do russo raznotechie, "different-speech-ness", diferentes falas)

remete a capacidade de coexistência de variedades distintas em um mesmo

código lingüístico. Bakhtin parece ter desenvolvido esta noção em

contraste com o estruturalismo lingüístico saussuriano que se centra na

noção de língua, ou seja, de um conjunto sistemático de regras

determinando a expressão correta. Esta noção, introduzida por Saussure,

enfatiza a idéia de que, para que a comunicação seja possível, se

pressupõem o compartilhamento dos falantes de um mesmo código

formado por normas lingüísticas. Bem ao contrário, Bahktin entendia que

as línguas eram divididas internamente, por dialetos regionais, mas também

pelas diferentes posições ocupadas pelos falantes na estratificação social.

Variações de classe, de etnia, de profissão, de idade e de gênero criam

assim linguagens específicas no interior de um mesmo código, coexistindo

em competição permanente. Cronotopos (literalmente, tempo-espaço),

segundo a definição dos seus tradutores Caryl Emerson e Michael Holquist

(Bakhtin 1981) significa "uma unidade de análises para o estudo da língua


29

de acordo com a relação e as características das categorias temporais e

espaciais representadas nesta língua".

Deste modo, toda a comunicação é dinâmica, relacional e engajada.

O dialogismo que Bakhtin apontou como característico da literatura

moderna tem sido estendido para os conteúdos veiculados pela mídia. Ás

vezes, com a forma do que Kristeva chamou (criando o termo depois

retomado por outros, entre os quais Umberto Eco) de intertextualidade15,

ou seja, a interdependência entre textos que citam, aludem um ao outro ou

se conectam de alguma outra forma.

A análise do discurso é utilizada nas etnografias de tela, mas estas,

partindo do método etnográfico, buscam ir além do texto e ao encontro do

contexto, das redes complexas em que estes textos se inserem e das quais

emergem. Neste sentido, os antropólogos estariam mais propensos a captar

os contextos dos textos da media. A etnografia, mais do que qualquer outro

método, apresenta a capacidade de revelar os "espaços sociais" da

televisão, a etnografia (de tela ou de audiência) sendo assumida aqui como

uma prática de trabalho de campo, fundada em uma prática de coleta e

análise de dados extensa e longa, que permite aos pesquisadores atingirem

um grau elevado de compreensão do grupo social ou do texto estudado,

mantendo uma reflexividade.

15
Barthes (1981) chamará de intertextualidade a idéia de que o significado de um texto
(no caso, de um trabalho de arte) não está exclusivamente no texto mas depende do
leitor.
30

A etnografia de tela, que tenho empregado em alguns estudos 16, os

mais recentes sobre as coberturas das guerras pós-11 de setembro, é uma

metodologia que transporta para o estudo do texto da mídia procedimentos

próprios da pesquisa antropológica, como a longa imersão do pesquisador

no campo (no caso, em frente a televisão), a observação sistemática e o seu

registro metódico em caderno de campo, etc; outras próprias da crítica

cinematográfica (análise de planos, de movimentos de câmera, de opções

de montagem, enfim, da linguagem cinematográfica e suas significações) e

outras próprias da análise de discurso.

As etnografias de tela vão além do texto buscando inseri-lo num

contexto mais amplo, importante de ser destacado especialmente em

coberturas onde intervenções externas são determinantes do formato do que

é transmitido, como é o caso da cobertura onde há censura e que são cada

vez mais freqüentes17.


16
Rial, 1995, 2001, 2003a, 2003b.
17
Pois, se é verdade que a guerra do Vietnam foi coberta com ampla liberdade de
imprensa, desde então o que temos visto é uma sucessão de impedimentos. Como a
que foi exercida pelos Ingleses durante a guerra das Malvinas onde o ministério de
defesa britânico determinou que apenas os jornalistas britânicos e credenciados
podiam acompanhar as forças de combate e assim mesmo desde que aceitassem
submeter todos os seus materiais a uma censura implacável. O pentágono parece ter
apreendido bem a lição inglesa, quando a colocou em prática durante os episódios da
invasão de Granada em 1963, e depois durante o ataque ao Panamá para depor o
general Antônio Noriega em 1990; o método foi aplicado fielmente na Guerra do
Golfo, e por todos os implicados. Bush proibiu que mostrasse corpos imagens de
soldados americanos mortos, ou que se divulgasse informações sobre número de
combatentes, navios, aviões e armamentos mobilizados; na Europa a televisão foi
proibida de entrevistar os soldados, ou de gravar imagens de instalações militares sem
autorização e acompanhamento de autoridade material ou militar; todo material
iconográfico gravado em Israel , tinha de ser submetido à censura antes da remessa ao
exterior, e em grande parte dos casos os censores militares editavam eles mesmos as
fitas para evitar versões indesejáveis dos setecentos jornalistas registrados junto ao
Ninguém contestaria a importância de se conhecer as condições em

que foram elaborados os textos mostrados na TV (as condições de

elaboração dos textos há muito sendo um dos pressupostos dos trabalhos

dos antropólogos, presentes nos seus capítulos metodológicos). No entanto,

os estudos que tenho desenvolvido mostram que raros são os canais de TV

que se preocupam em desvendar estas condições. Raras são as mídias que

nos mostram os jornalistas no momento da captação da informação. Um

exemplo para tornar mais evidente este ponto: vários canais de televisão de

diferentes países mostraram, durante os primeiros dias da invasão norte-

americana em Bagdá, a busca por soldados e civis iraquianos de possíveis

tripulantes de um helicóptero norte-americano supostamente derrubado no

rio Tigre. Vimos nestes canais cenas da população em barcos, com varas na

mão, pesquisando no rio os corpos destes soldados americanos. Apenas

uma cadeia de televisão, francesa, revelou o local de onde estas imagens

foram captadas: ou seja, a partir de uma grande varanda do hotel onde se

hospedavam os jornalistas. As imagens terminavam com uma grande

fogueira, cuja eficiência para a busca dos "corpos" era irrelevante, mas que

sem dúvida tinha um marcante efeito cenográfico. Tudo se passou em um

comando americano em Dahrã, na Arábia Saudita, só estava autorizada a transmitir em


pools, uma forma de nivelamento da produção que tornasse mais fácil o controle do
que era produzido, a influente agência européia Francepress foi excluída dos pools de
imprensa. Do outro lado, Sadam Hussein pediu que se mostrassem na televisão
imagens das baixas civis ou militares, promoveu excursões de jornalistas estrangeiros
a bairros residenciais bombardeados em Bagdá, e usou recorrentemente o corte de
energia elétrica para evitar que as imagens obtidas por jornalistas em Bagdá fossem
transmitidas ao exterior, isso sem falar na cooptação dos jornalistas pelos militares.
32

perímetro reduzido situado coincidentemente justamente em frente ao hotel

dos jornalistas! Ora, sabermos que tudo se passou em frente ao hotel dos

correspondentes estrangeiros faz toda a diferença no modo como

interpretamos estas imagens, no entanto, esta informação nos foi ocultada

pois não foi dado o passo atrás que a TV francesa (menos frequentemente

do que eu gostaria) é uma das poucas a realizar.

Os estudos de linguagem cinematográfica (Bazin, 1991; Nichols,

1981; Aumont, 1995; Gauthier, 1995; Metz, 1964; Xavier, 1977; Bernardet,

1990) são importantes aqui para se entender a retórica específica destes

textos (no caso, das imagens) e vem sendo atualizados pelos que abordam

uma antropologia das imagens (Rocha, 1999), analisam o cinema

etnográfico (Piault, 2000) ou a mídia televisiva (Hamburger, 2004).

Conceitos como tomada, planos, ângulos de câmera, diegesis, montagem

(Vertov, 1984; Eisenstein, 1990) são levadas em conta nestas análises.

c) estudos de recepção

Nos estudos de recepção, a mensagem é vista como uma construção

de signos que, na interação com os receptores, ganham significados. A

ênfase não está mais no emissor (sua intenção não prevalece na definição
33

do que é a mensagem), no meio, ou no texto, mas em suas possíveis

leituras.

Os estudos de recepção partem do pressuposto que a audiência não

pode nunca ser concebida como uma realidade constituída, sobre a qual

podemos falar; ao contrário, a audiência necessita ser entendida. Ou como

propõe Ang : "Watching television should be seen as a complex and

dynamic cultural process, fully integrated in the messiness of everyday life,

and always specific in its meanings and impacts" (Ang 1991:161). Nas

etnografias de audiência, as práticas relacionadas à audiência, só adquirem

significado quando são compreendidas como estando articuladas com

outras práticas que não as de audiência.

A escola funcionalista de sociologia, como vimos na origem desta

sub-disciplina que são os estudos de comunicação de massa, construiu uma

idéia desta audiência com imperfeita: se assiste os programas errados por

razões erradas e não se conseguem ler corretamente estes programas. Por

isto, a preocupação constante sobre os efeitos disfuncionais da televisão,

principalmente sobre audiências tidas como mais vulneráveis, como as

crianças, as mulheres, os velhos, e os pobres, grupos muitas vezes tidos

como heavy viewers e considerados despreparados para fazer face a

influência funesta da televisão. Esta escola tinha também como núcleo a

critica de uma homogeneização cultural segundo a qual haveria uma


34

ideologia dominante sendo imposta as audiências, que ironicamente foi

mais tarde reproduzida pela crítica neo-marxista.

Isto tudo cria uma idéia dessa audiência com apática e vulnerável,

uma passividade que tem sido contestada com veemência pela literatura de

recepção. Por exemplo, pela pesquisa Watching Dallas, dos anos 80 e

vários estudos também no Brasil. No contrapé desse pressuposto de inércia,

desenvolve-se a partir da Inglaterra e com uma rápida disseminação nos

Estados-Unidos a corrente otimista dos estudos culturais que pensa essa

audiência como sendo ativa produtora de significado de textos e

tecnologias, sendo estes significados dependentes de micro políticas da

vida cotidiana. Esta tendência pode ir ao extremo de um populismo

cultural, na qual esta audiência é concebida como um sujeito absolutamente

autônomo do qual também relativizar desconfiando pois, como John Fiske

(1993) apontou, se existe algum poder nesta audiência ele é o poder do

fraco: muda ou revoluciona estruturas mas negocia os efeitos

potencialmente opressivos destas estruturas nas quais tem que viver. A

romantização é muitas vezes inspirada em Michel de Certeau e sua

identificação do cotidiano como lugar de táticas subversivas, as quais ele

vai denominar de resistências. De qualquer modo, é justo reconhecer que

os estudos de recepção tiveram o grande mérito de refutarem a idéia de que

a audiência é vitima do sistema e apontarem a sua capacidade de fazer


35

escolhas e de resignificar as mensagens recebidas. Com eles, mudou-se o

foco da TV de uma opressão cultural para uma democracia cultural.

Estudos de recepção adotam, portanto, a premissa semiótica-

antropológica da possibilidade de leituras18 diversas de uma mensagem, de

re-elaborações motivadas por marcadores culturais, étnicas, de gênero, de

geração. A idéia central é de que de que há uma polissemia possível nas

mensagens. Desde o clássico Encoding-Decoding de Stuart Hall (1980)

uma parte significativa da produção dos estudos culturais tem se

concentrado neste campo ou, pelo menos, levado em conta fortemente os

seus pressupostos. É aqui que se situam muitos norte-americanos como

Robert Stam e Ella Shoat (1996), latino-americanos, como Cancline

(1998), Barbero (1997); europeus, como Umberto Eco (1983, 1988, 1989),

e muitos dos trabalhos etnográficos realizados no Brasil19.

O grau de autonomia atribuído ao receptor varia muito entre estes

autores. Para Hall, cada estágio da comunicação - produção, circulação,

consumo e reprodução - constrangeria o estágio seguinte e a pluralidade de

interpretação. Ele rejeita, no entanto, o determinismo textual sublinhando

que “decodings do not follow inevitably from encodings” (1980, p. 136).

Eco (1988) acentua o poder do leitor de decifrar diversos níveis da

18
O verbo ler refere-se aqui a ação de descobrir os significados através de uma
negociação com um texto, não necessariamente escrito. Assim, um filme, uma
emissão de rádio ou de televisão também é dita texto e a sua recepção, leitura.
19
Estudos na área da Teoria da Literatura (por exemplo, Eagleton, 1983) alinham-se
nesta corrente.
36

mensagem, criando as figuras do leitor ingênuo e do leitor crítico para

melhor caracterizar esta possibilidade. Haveria, portanto, uma negociação

entre o texto e o leitor, este trazendo para o processo de comunicação sua

experiência cultural e relacionando-a com os códigos e signos que formam

o texto.

Muito usado por antropólogos, estes estudos abordam através de

técnicas de pesquisa como as entrevistas e a observação participante as

interpretações das mensagens pelo público receptor, podendo seus

resultados contrariar estudos em que o poder do texto em promover uma

leitura dominante ou preferida é sobreestimado em detrimento da

capacidade dos leitores de conferirem sentido ao texto através de

modalidades que o relacionam diretamente com a sua situação social. Uma

análise de conteúdo ou uma análise semiótica de gênero dos textos de uma

telenovela dos anos sessenta poderia concluir, por exemplo, que as

mulheres estariam sendo treinadas para papéis submissos no casamento. No

entanto, etnografias de audiência podem chegar a resultados opostos,

mostrando que são mais complexas as estruturas de leitura das mensagens

da mídia e que é possível, neste caso, que as mulheres leitoras se

identificam com as raras heroínas rebeldes ou até com as vilãs.

Entre os estudos de recepção, devemos distinguir entre os que

efetivamente empregam etnografias de audiência e os que realizam

entrevistas pontuais e pesquisas entre grupos definidos ad hoc. Ainda que


37

todos se digam estudos de recepção, como bem assinala Abu-Lughod

(2001), não se pode comparar estudos que realizam algumas entrevistas e

depois utilizam citações fragmentadas e descontextualizas com pesquisas

que resultam de uma imersão do antropólogo entre o grupo de modo a

captar o contexto social e cultural no qual se inserem e que enquadra suas

interpretações dos produtos da mídia, sendo eles mesmos representados

nesta ou não20.

Os estudos de recepção levam em conta o contexto e a inserção

social dos auditores. Janice Radway, por exemplo, estudando a leitura de

romances populares por mulheres, mostrou que o contexto social de leitura

era mais importante do que o conteúdo do texto e que o fato de lerem um

romance significava criar um espaço próprio onde se colocavam em

primeiro lugar interrompendo os serviços domésticos e libertando-se, ainda

que num tempo curto, das exigências do marido e da família Para estas

mulheres, ler romances cor-de-rosa não era um ato conservador, como o

conteúdo deles poderia levar a crer, mas combativo:

"in the sense that it enables them to refuse the


other-directed social prescribed for them by their
position within the institution of marriage. In
picking up a book, as they have so eloquently told
us, they refuse temporally their family's otherwise
constant demand that they attend to the wants of
others even as they act deliberately to do

20
Neste sentido, o estudo de Rose Gerber sobre a recepção da cobertura de farra de boi
em um município do litoral de SC famoso pela realização de farras é um ótimo
exemplo de não reconhecimento dos atores sociais na representação que deles a mídia
faz.
38

something for their own private pleasure".


(1984:211).

O trabalho de Ondina Leal (1985) sobre a novela das oito foi um dos

primeiros a utilizar este método no Brasil, ao lado do de Carlos Eduardo

Lins da Silva (1985) sobre o Jornal Nacional. Leal opta por privilegiar a

variável econômica (comparando a recepção de famílias de diferentes

classes sociais), mas gênero, geração ou étnia poderiam ser outros recortes

possíveis numa comparação de diferentes leituras da novela da Globo. O

seu estudo mostra, por exemplo, que os telespectadores de camadas de

renda mais baixa da novela não se identificavam com o casal pobre

presente no drama, que tinha para eles um papel secundário ao passo que os

membros entrevistados de camadas superiores e de maior capital cultural

faziam questão de assinalar sua presença no enredo.

Ainda que nenhum dos dois autores tenha centrado seus estudos no

gênero ou na sexualidade, em ambos aparece claramente que as novelas

ainda eram vistas como "coisa de mulher" e que o Jornal Nacional era

assistido prioritariamente pelos homens – dados que novos estudos de

recepção poderiam contestar uma vez que se passaram 20 anos e seria de se

supor mudanças nas platéias televisivas.

William Galperin (1988), por exemplo, cruzando gênero e programas

de televisão, mostra como a "generificação" tem se alterado historicamente.

Se é verdade que as novelas eram programas tidos como femininos e os


39

programas esportivos eram tidos como masculinos, dirigidos e assistidos

para estes públicos respectivos, isto já não se sustenta hoje, pois

encontramos também um bom número de mulheres entre as auditoras dos

programas de esporte21 (assim como, encontramos mulheres produtoras e

jornalistas nestes programas) e a novela, pelo menos no horário nobre,

tornou-se um programa familiar. A pergunta que se coloca nestes casos é o

de saber se, embora a mudança do espectro da audiência, estes programas

continuam generificados, ou seja, considerados como masculinos ou

femininos. O que não significa inexistirem programas de uma assistência

quase que exclusivamente dos homens e de uma assistência quase que

exclusiva das mulheres, como é o caso, por exemplo, de programas de

combate de boxe, e lutas livres, e por outro lado os programas matinais em

TV aberta, como os de Ana Maria Braga.

Outros pesquisadores latino-americanos, entre os quais se destaca

Barbero (1997, 2001), mostram que as inserções sociais e culturais dos

leitores da mídia - que chama de mediação - influenciam decisivamente

suas interpretações das mensagens. O contexto social do espectador afetaria

decisivamente sua interpretação da mensagem, se interpondo entre esta e o

leitor. Isto tem sido verificado em etnografias de audiências. Não raramente

as audiências apresentam leituras inesperadas e distantes das intenções dos

agentes da comunicação. Vemos isso claramente em uma etnografia de


21
Ainda que no Brasil, estudos recentes mostrem que no Brasil 35% da audiência dos
programas esportivos já seja constituído por mulheres.
40

audiência realizada com estudantes australianos sobre uma telenovela

intitulada Prisioner que registrou o fato dos os alunos conferiam

significados especiais para o drama que se passava no interior de um

presídio, identificando as situações vividas pelas presidiárias na cadeia com

as que eles mesmos experienciavam na escola (Hodge e Tripp 1986).

Para Arlindo Machado (1997), todo telespectador – em maior ou

menor grau – é um pouco também um editor, na medida em que deve

comparar e analisar o material despejado no fluxo televisual, extraindo

deduções daquilo que foi dito e de que foi silenciado (1997:274-5).

Compartilha com outros estudiosos a idéia de que há múltiplas vozes, que a

televisão é polifônica, e que também as leituras dos telespectadores são

polifônicas, mas para que estas leituras se realizem é necessário um esforço

da parte do telespectador. Sua reflexão nos remete também ao

questionamento da sociologia norte-americana de que já tratei. Machado

fornece uma resposta à preocupação communication reaserch ao apontar

uma contradição na maneira como nós consideramos a democracia,

considerando o povo soberano, e a maneira como nós concebemos o

público de televisão considerando-o alienado (Wolton 1990:57). Acrescenta

que “não há retorno possível, a uma idade da inocência: o sonho orwelliano

de uma sociedade centralizada pela televisão está ainda muito longe da

realização".
41

Embora a maioria dos estudos de recepção busque identificar as

diferentes leituras realizadas e enfatizem a diversidade da recepção, há os

que ao contrário buscam o que há de comum nestas interperetações, ou

seja, o que os diferentes públicos compartilham. É o caso do importante

texto de Appadurai (1990) que lança o conceito de mediascape para se

referir as paisagens criadas pelos fluxos midiáticos, paisagens que tanto

podem ser exteriores quanto interiores aos sujeitos. Os mediascape abrem a

possibilidade de se criarem comunidades imaginarias globais, a partir da

disseminação planetárias das mesmas mensagens, transpondo assim à

escala do globo a tese de Anderson (1996) da importância do livro para a

afirmação de uma sentimento nacional e a consolidação dos estados-

nações.

No Brasil, Hamburger (2004) tem mostrado que a mídia fornece sim

um repertório comum, uma agenda ou pauta que destaca certos temas em

torno dos quais as discussões se organizam e as diferentes visões se

expressam22.

Não há uma oposição entre estas duas visões, pois mesmo a tese que

enfatiza a agenda comum aceita a fragmentação das interpretações. É como

se uma novela – o estudo de Hambuger centrou-se nos folhetins televisivos

no Brasil – fornecesse para todo o país temas de conversas das pessoas, não

22
“Para além das particularidades envolvidas em diferentes interpretações, a novela
funciona como um idioma, um repertório por meio do qual telespectadores aludem a
suas relações pessoais.” (Hamburger 2000:40).
42

necessariamente fornecendo as respostas. Uma relação homoerótica entre

duas jovens meninas deve ser aceita como sendo boa ou condenada? Uma

mulher alcoólatra tem direito de trabalhar em uma escola? Hamburger fala

da capacidade da televisão de construir "coletivos nacionais imaginários",

“os telespectadores se apropriam da novela como repertórios que exibem

padrões diferentes de comportamentos que eles não necessariamente

aprovam ou imitam, mas em relação aos quais se posicionam” (2000:41),

pois "ao definir cenários, pautas e enquadramentos, novela como o Rei do

Gado tomam parte na definição de coletivos imaginários e expandem os

limites do que e do que não é considerado assunto legítimo para discussão

pública.” (2000:46).

As etnografias de audiência (que merecem este nome) utilizam a

observação participante na qual o/a pesquisador/a assistem TV junto com o

grupo pesquisado, podendo assim ter uma visão mais precisa das diferentes

percepções de homens e mulheres sobre o foco da analise. Foi o que fez

Morey (1986) que estudando famílias urbanas de camadas baixas constatou

que a TV promovia o poder masculino: através de o quê ver, como ver e

como avaliar o que era visto. O controle remoto ficava nas mãos dos

homens que escolhiam a programação de acordo com os seus gostos; ver

TV para eles era uma atividade de lazer a qual se dedicavam com

exclusividade. Eles suportavam mal o fato das mulheres repartiam a TV

com outras atividades de trabalho domésticas e reclamavam do barulho que


43

elas faziam. Eles avaliavam como sendo sérios os programas de suas

preferências (esportes, documentários, jornais televisivos) depreciando a

escolha das mulheres que recaia sobre ficção23.

Também através da observação participante e com um recorte que

privilegiou uma faixa etária, Girardello (1998) estudou a recepção de

programas infantis em uma comunidade de pescadores em Florianópolis,

destacando o papel da mídia no trabalho da imaginação infantil,

contribuindo para a expansão da capacidade criativa das crianças.

Os estudos de recepção têm mostrado, portanto, que são perigosas as

inferências sobre a “influência” da mídia que enfocam unicamente o seu

texto, seja através de análise de conteúdo ou de outros métodos de análise

textuais. Muitas destes estudos de mídia apontam os estereótipos (de

gênero, de etnia, de geração) que de fato são observáveis nos textos

inferindo daí um poder nefasto que muitas vezes não tem a eficácia

denunciada por serem re-elaborados diferentemente pelos receptores.

Embora acatando a premissa foucaltiana de que os discursos são práticas

sociais, engendram práticas sociais, os estudos de recepção mostram que

eles inserem-se em uma constelação de outros discursos e são assim

confrontados pelas polifonia social, recebendo significados imprevisíveis.

23
Privilegiando as relações de gênero, Lila Abu-Lughod (2001:103-129) realizou um
estudo de recepção da telenovela Mothers in the house of love em uma pequena aldeia
do Alto Egito.
44

A guisa de conclusão

Retomando o problema levantado no início de como orientar

estudantes interessados em "estudar a mídia" diria que não necessariamente

as análises da mídia devem situar-se exclusivamente em um campo ou

outro desta minha classificação, podendo (e devendo) atravessa-los de

modo criativo, necessário quando se almeja dar conta das múltiplas faces

da comunicação. Como tem mostrado autores como Arjun Appadurai

(1990, 2001), a televisão, mais do que um instrumento de lazer e diversão,

é formadora de imaginários coletivos a partir dos quais as pessoas se

identificam. Em rede, ela é uma mídia ainda mais poderosa, um meio de

comunicação que se relaciona com a criação de fronteiras e identidades

nacionais assim com a transmissão de valores do mundo, globalmente, tais

como a liberdade individual, a democracia e especialmente, a família – uma

família nuclear, vivendo em casas de classe média confortáveis. Além

propagadora destes idéias familiares num imaginário nacional e até global,

a televisão, até a pouco instituicionalizada somente num modo centralizado

de difusão, foi também um poderoso instrumento de unificação capaz de

pontuar os ritmos e rituais da vida da nação. Neste sentido, ela até não foi

tão explorada quanto poderia. O exemplo de Marlowe (1946) citado por

Ang (1996) mostra um panorama de controle de consumo que de algo

moda já está em vigor na programação atual : a transmissão de programas


45

culinário, em uma televisão de rede, através dos quais milhares de pessoas

receberiam a mesma receita e preparariam a noite para o jantar. Um país

com uma super-safra de batatas, por exemplo, poderia bem incentivar por

esta via o consumo, transmitindo esta mesma receita com batatas para que

as donas de casa a executem. Este cenário opressivo, no entanto,

desconsidera a característica central da mídia eletrônica que é a sua

fragmentação: essas mesmas donas-de-casa vão estar em contato com

publicidade de outros alimentos durante o dia. Ainda assim, seria

interessante verificar através de uma pesquisa de audiência, o impacto que

tem a transmissão das receitas nos programas tipo Ana Maria Braga.

Dois paradigmas que parecem se afrontar, portando, neste estudo de

mídia: o paradigma sociológico e o semiológico. O semiológico concebe os

produtos da mídia como sendo textos, e se preocupa com questões relativas

ao discurso, ao modos de endereçamento que vão influenciar a leitura

destes textos por parte da audiência. Assumir este paradigma semiológico

não resolve de todo a questão é preciso também simultaneamente afastar-se

de uma abordagem que enfatiza a audiência como vítima, de um lado, e de

outro, de uma que enfatiza a audiência como imperatriz de uma liberdade

de escolha absoluta, a combinação dos dois paradigmas mostraria os meios

de comunicação de massa como tendo uma natureza dual, de que fala

Gardner quando diz que eles são ao mesmo tempo um sistema econômico

industrial, um meio de produção que tende a standartização das


46

mercadorias e um sistema de representação produzindo significados com

certa autonomia, o que os torna multivalentes e imprevisíveis (1984: 38).

Os programas de jornalismo na televisão como coloca Ellis delegam

à audiência não a posição de voyeur como faz o cinema segundo Metz mas

a de uma audiência que deve acreditar na televisão “como um meio seguro

de scanear o mundo lá fora.” (1982:’160). E o mundo é apresentado ali de

um modo bem específico, com um fluxo interminável, e onde uma imagem

não tem aparentemente conexão com a seguinte . 24

As pesquisas de mídia devem estar especialmente atentas as

mudanças por que tem passada a mídia nos últimos anos. No nosso caso

aqui, é preciso reconhecer que a televisão mudou muito nos últimos vinte

anos, impulsionada especialmente pela alteração no modo centralizado de

difusão. A transmissão centralizada deixou de ser predominante. Sabe-se

que na Europa a hegemonia das televisões públicas já foi colocada em

cheque pelo crescimento dos canais privados e pelo crescimento de uma

internacionalização, nos Estados Unidos o advento de dezenas, se não

centenas de pequenos canais localizados e especializados, mudou o

panorama da rede de televisão, e isso está acontecendo também nos países

periféricos, com a televisão por satélite, a cabo, e através também dos vídeo
24
Com diferentes graduações pois observamos no telejornalismo francês mais do que
no norte-americano ou brasileiro tentativas de conexões através do modo como
articula uma notícia a outra - o que no cinema nós poderíamos chamar de raccord.
Porem, enquanto no raccord coinematográfico é escamoteada a passagem de um plano
a outro de modo a se buscar naturalizar o que de outra forma pareceria abrupto, na
montagem televisiva o raccord teria a função contrária, a de interligar uma notícia a
outra tornando visível esta passagem.
47

cassetes, que desestabilizaram arranjos centralizados institucionais da

televisão, o controle estatal foi substituído pela iniciativa privada, pela TV

comercial. Há uma fragmentação e uma diversificação da audiência. A

audiência passa a ser vista como algo que precisa ser conquistado

permanentemente, há uma guerra pela audiência através do mundo para a

ampliação das fronteiras e colonização de novos mercados para a mídia. Os

países da Ásia, especialmente a China, sendo vistos como os mercados

mais auspicioso no momento. Estes mercados de audiências são vistos

enquanto nichos com gostos particulares e flexíveis. A TV por satélite

sucede, neste sentido, o papel importante que tiveram os vídeos cassetes a

partir dos anos 70, especialmente junto à grupos sociais como o dos

imigrantes entre os quais o VCRs propiciavam uma audiência ativa,

escolhas em relação ao que se vê. Descontentes com o que era transmitido

pela televisão aberta, esses grupos usaram o vídeo cassete para manter

ativo as suas preferências culturais, e isso significava em muitos casos

fortalecer identidades étnicas. O vídeo cassete também foi influente

politicamente na organização da oposição a regimes totalitários, com foi o

caso na Polônia onde, ainda que um vídeo cassete custasse o salário anual

de um trabalhador, redes eram organizadas para adquirir os aparelhos que

muitas vezes circulavam de bairro em bairro, transmitindo imagens de

manifestações através da oposição através do país, filmadas por simples

câmeras de VHS, ou de filmes censurados pelo governo autoritário. É claro


48

que este é um exemplo de resistência extremo, e que isso não está presente

cada vez que uma pessoa entra numa loja de vídeo, e simplesmente escolhe

um filme, até porque os limites da sua escolha vão estar também muito bem

enquadrados pelo mercado, não sendo muito diferentes do cardápio

oferecido pelas televisões a cabo ou pelas redes de cinema. Ainda assim,

temos que reconhecer o impacto da proliferação destas novas tecnologias e

da TV por satélite que se expandiu enormemente na última década e que

apenas anuncia a proliferação de ofertas que certamente virá com a com a

entrada da Internet neste campo. O que coloca a idéia de escolha como

central no estudo do consumo da mídia contemporânea. A questão hoje é

como vivem as pessoas nesta cultura saturada pela mídia, quais as escolhas

fazem as que são obrigadas a escolher.

Alguns estudos (Ang 1996) mostram estatística de que hoje nos

Estados-Unidos se tem a opção entre sete a quatorze mil programas por

semana de televisão. Para ajudar os consumidores neste emaranhado, os

menus eletrônicos estão cada vez mais presentes nas televisões, permitindo

a navegação entre estes programas. Assim, estas audiências ativas estão

definitivamente condenadas à liberdade de escolha e os movimentos de

resistência parecem adotar estratégias que recusam a escolha (como

algumas greves de audiência de TV, o dos anti-pub na França ou os de

consumo zero em NY). Fala-se hoje numa colonização crescente do espaço


49

e do tempo das vidas das pessoas pela mídia, mas este cenário está longe de

englobar a vida como uma totalidade.

Há um certo consenso que os meios eletrônicos de difusão (que

abrangem TV, vídeo, cinema, computador, telefone), ainda que não estejam

transformando as relações sociais de um modo radicalmente novo (como

querem alguns pensadores, Baudrillard (1972, 1989, 1991, 1999), Virilio

(1973, 1993, 1999), etc), agem de modo distinto dos meios de comunicação

de massa na era do impresso, estando no centro hoje do intenso trabalho da

imaginação, característico das subjetividades contemporâneas. Imaginação,

no sentido atribuído por Appadurai a esta noção que tem uma longa história

(Girardello 1998), é o que faz com que os grupos sociais, localizados ou

deslocalizados, internalizem as imagens e bens que circulam em fluxos

planetários. A mídia eletrônica é hoje a grande propulsora de um mundo

globalizado25, do mesmo modo que outras modalidades culturais

particulares, como os impressos (o livro, a imprensa), foram antes

propulsores do surgimento das nações (Anderson 1991).

As mudanças no que estou chamando de mediascape, porém,

iniciaram-se já ao final dos anos 70, relacionados com a aceleração dos

fenômenos da globalização, coincidindo com as mudanças nos padrões

geopolíticos entre as quais o enfraquecimento das fronteiras nacionais, a

25
Globalização está sendo usado no sentido anglo-saxão do termo, abrangendo tanto a
disseminação planetária de bens econômicos quanto a de bens culturais, não se
fazendo aqui a distinção dos franceses, retomada por Ortiz (1994) e outros entre um
fluxo econômico (globalização) e um cultural (mundialização).
50

queda dos regimes comunistas e a ascensão de economias asiáticas com a

integração de grandes populações nos fluxos midiáticos hegemônicos.

Concomitantemente às inovações tecnológicas, aos realinhamentos

industriais e às modificações nas regulamentações da mídia se produziram

mudanças na paisagem audiovisual. Até os anos 70, somente três regiões do

mundo (América do Norte, América Latina e Austrália) tinham sistemas

mistos de broadcasting, combinando setores públicos e privados. As outras

apresentavam sistemas fortemente regulados e protegidos da competição,

seja pelo Estado diretamente (Ásia e Oriente Médio) ou por serviços

públicos (Europa). As mudanças na indústria televisiva ocorreram aí e

também na rápida multiplicação do número de canais acessíveis,

especialmente os fechados. Descentralização, fragmentação, decréscimo da

censura, lutas por representação são palavras-chave para se pensar o

contexto atual.

Diante deste cenário, nos últimos anos o tema dominante nos estudos

de mídia tenha sido o da "resistência". Ao lado do reconhecimento da

sofisticação teórica de alguns destes estudos, a critica que a eles se pode

dirigir, concordando com Abu-Lughod (2001), concerne a sua pobreza

etnográfica. A chave para se entender este emaranhado no qual se situa a

mídia e especialmente a televisão reside muito provavelmente nas

etnografias. Só através de etnografias junto a seus produtores, textos e


51

auditores se pode captar o modo como a televisão se insere no contexto

social, histórico e cultural contemporâneo.


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ANTROPOLOGIA EM PRIMEIRA MÃO


Títulos publicados
1.MENEZES BASTOS, Rafael José de. A Origem do Samba como Invenção do Brasil: Sobre o "Feitio de Oracão " de
Vadico e Noel Rosa (Por que as Canções Têm Musica?), 1995.
2. MENEZES BASTOS, Rafael José de e Hermenegildo José de Menezes Bastos. A Festa da Jaguatirica: Primeiro e
Sétimo Cantos - Introdução, Transcrições, Traduções e Comentários, 1995.
3. WERNER Dennis. Policiais Militares Frente aos Meninos de Rua, 1995.
4. WERNER Dennis. A Ecologia Cultural de Julian Steward e seus desdobramentos, 1995.
5. GROSSI Miriam Pillar. Mapeamento de Grupos e Instituições de Mulheres/de Gênero/Feministas no Brasil, 1995.
6. GROSSI Mirian Pillar. Gênero, Violência e Sofrimento - Coletânea, Segunda Edição 1995.
7. RIAL Carmen Silvia. Os Charmes dos Fast-Foods e a Globalização Cultural, 1995.
8. RIAL Carmen Sílvia. Japonês Está para TV Assim como Mulato para Cerveja: lmagens da Publicidade no Brasil,
1995.
9. LAGROU, Elsje Maria. Compulsão Visual: Desenhos e Imagens nas Culturas da Amazônia Ocidental, 1995.
10. SANTOS, Sílvio Coelho dos. Lideranças Indígenas e Indigenismo Of icial no Sul do Brasil, 1996.
11. LANGDON, E Jean. Performance e Preocupações Pós-Modernas em Antropologia 1996.
12. LANGDON, E. Jean. A Doença como Experiência: A Construção da Doença e seu Desafio para a Prática Médica,
1996.
13. MENEZES BASTOS, Rafael José de. Antropologia como Crítica Cultural e como Crítica a Esta: Dois Momentos
Extremos de Exercício da Ética Antropológica (Entre Índios e Ilhéus), 1996.
14. MENEZES BASTOS, Rafael José de. Musicalidade e Ambientalismo: Ensaio sobre o Encontro Raoni-Sting,
1996.
15. WERNER Dennis. Laços Sociais e Bem Estar entre Prostitutas Femininas e Travestis em Florianópolis, 1996.
16. WERNER, Dennis. Ausência de Figuras Paternas e Delinqüência, 1996.
17. RIAL Carmen Silvia. Rumores sobre Alimentos: O Caso dos Fast-Foods,1996.
18. SÁEZ, Oscar Calavia. Historiadores Selvagens: Algumas Reflexões sobre História e Etnologia, 1996.
19. RIFIOTIS, Theophilos. Nos campos da Violência: Diferença e Positividade, 1997.
20. HAVERROTH, Moacir. Etnobotânica: Uma Revisão Teórica. 1997.
21. PIEDADE, Acácio Tadeu de C. Música Instrumental Brasileira e Fricção de Musicalidades, 1997
22. BARCELOS NETO, Aristóteles. De Etnografias e Coleções Museológicas. Hipóteses sobre o Grafismo Xinguano,
1997
23. DICKIE, Maria Amélia Schmidt. O Milenarismo Mucker Revisitado, 1998
24. GROSSI, Mírian Pillar. Identidade de Gênero e Sexualidade, 1998
25. CALAVIA SÁEZ, Oscar. Campo Religioso e Grupos Indígenas no Brasil, 1998
26. GROSSI, Miriam Pillar. Direitos Humanos, Feminismo e Lutas contra a Impunidade. 1998
27. MENEZES BASTOS, Rafael José de. Ritual, História e Política no Alto-Xingu: Observação a partir dos Kamayurá
e da Festa da Jaguatirica (Yawari), 1998
28. GROSSI, Miriam Pillar. Feministas Históricas e Novas Feministas no Brasil, 1998.
29. MENEZES BASTOS, Rafael José de. Músicas Latino-Americanas, Hoje: Musicalidade e Novas Fronteiras, 1998.
30. RIFIOTIS, Theophilos. Violência e Cultura no Projeto de René Girard, 1998.
31. HELM, Cecília Maria Vieira. Os Indígenas da Bacia do Rio Tibagi e os Projetos Hidrelétricos, 1998.
32. MENEZES BASTOS, Rafael José de. Apùap World Hearing: A Note on the Kamayurá Phono-Auditory System
and on the Anthropological Concept of Culture, 1998.
33. SAÉZ, Oscar Calavia. À procura do Ritual. As Festas Yaminawa no Alto Rio Acre, 1998.
34. MENEZES BASTOS, Rafael José de & PIEDADE, Acácio Tadeu de Camargo: Sopros da Amazônia: Ensaio-
Resenha sobre as Músicas das Sociedades Tupi-Guarani, 1999.
35. DICKIE, Maria Amélia Schmidt. Milenarismo em Contexto Significativo: os Mucker como Sujeitos, 1999.
36. PIEDADE, Acácio Tadeu de Camargo. Flautas e Trompetes Sagrados do Noroeste Amazônico: Sobre a Música
do Jurupari, 1999.
37. LANGDON, Esther Jean. Saúde, Saberes e Ética – Três Conferências sobre Antropologia da Saúde, 1999.
65

38. CASTELLS, Alicia Norma Gonzáles de. Vida Cotidiana sob a Lente do Pesquisador: O valor Heurístico da
Imagem, 1999.
39. TASSINARI, Antonella Maria Imperatriz. Os povos Indígenas do Oiapoque: Produção de Diferenças em
Contexto Interétnico e de Políticas Públicas, 1999.
40. MENEZES BASTOS, Rafael José de. Brazilian Popular Music: An Anthropological Introduction (Part I), 2000.
41. LANGDON, Esther Jean. Saúde e Povos Indígenas: Os Desafios na Virada do Século, 2000.
42. RIAL, Carmen Silvia Moraes e GROSSI, Miriam Pillar. Vivendo em Paris: Velhos e Pequenos Espaços numa
Metrópole, 2000.
43. TASSINARI, Antonella M. I. Missões Jesuíticas na Região do Rio Oiapoque, 2000.
44. MENEZES BASTOS, Rafael José de. Authenticity and Divertissement: Phonography, American
Ethnomusicology and the Market of Ethnic Music in the United States of America, 2001.
45. RIFIOTIS, Theophilos. Les Médias et les Violences: Points de Repères sur la “Réception”, 2001.
46. GROSSI, Miriam Pillar e RIAL, Carmen Silvia de Moraes. Urban Fear in Brazil: From the Favelas to the
Truman Show, 2001.
47. CASTELS, Alicia Norma Gonzáles de. O Estudo do Espaço na Perspectiva Interdisciplinar, 2001.
48. RIAL, Carmen Silvia de Moraes. 1. Contatos Fotográficos. 2. Manezinho, de ofensa a troféu, 2001.
49. RIAL, Carmen Silvia de Moraes. Racial and Ethnic Stereotypes in Brazilian Advertising. 2001
50. MENEZES BASTOS, Rafael José de. Brazilian Popular Music: An Anthropological Introduction (Part II), 2002.
51. RIFIOTIS, Theophilos. Antropologia do Ciberespaço. Questões Teórico-Metodológicas sobre Pesquisa de
Campo e Modelos de Sociabilidade, 2002.
52. MENEZES BASTOS, Rafael José de. O índio na Música Brasileira: Recordando Quinhentos anos de
esquecimento, 2002
53. GROISMAN, Alberto. O Lúdico e o Cósmico: Rito e Pensamento entre Daimistas Holandeses, 2002

54. Mello, Maria Ignez Cruz. Arte e Encontros Interétnicos: A Aldeia Wauja e o Planeta, 2003.

55. Sáez Oscar Calavia. Religião e Restos Humanos. Cristianismo, Corporalidade e Violência, 2003.

56. Sáez, Oscar Calavia. Un Balance Provisional del Multiculturalismo Brasileño. Los Indios de las Tierras Bajas
en el Siglo XXI, 2003.

57. Rial, Carmen. Brasil: Primeiros Escritos sobre Comida e Identidade, 2003.

58. Rifiotis, Theophilos. As Delegacias Especiais de Proteção à Mulher no Brasil e a «Judiciarização» dos
Conflitos Conjugais, 2003.

59. Menezes Bastos, Rafael José. Brazilian Popular Music: An Anthropological Introduction (Part III), 2003.

60. Reis, Maria José, María Rosa Catullo e Alicia N. González de Castells. Ruptura e Continuidade com o
Passado: Bens Patrimoniais e Turismo em duas Cidades Relocalizadas, 2003.

61. Máximo, Maria Elisa. Sociabilidade no "Ciberespaço": Uma Análise da Dinâmica de Interação na Lista
Eletrônica de Discussão 'Cibercultura'", 2003.
62. Pinto, Márnio Teixeira. Artes de Ver, Modos de Ser, Formas de Dar: Xamanismo e Moralidade entre os Arara

(Caribe, Brasil), 2003.

63. Dickie, Maria Amélia S., org. Etnografando Pentecostalismos: Três Casos para Reflexão, 2003.

64. Rial, Carmen. Guerra de Imagens: o 11 de Setembro na Mídia, 2003.

65. Coelho, Luís Fernando Hering. Por uma Antropologia da Música Arara (Caribe): Aspectos Estruturais das
Melodias Vocais, 2004.

66. Menezes Bastos, Rafael José de. Les Batutas in Paris, 1922: An Anthropology of (In) discreet Brightness,
2004.
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67. Menezes Bastos, Rafael José de. Etnomusicologia no Brasil: Algumas Tendências Hoje, 2004.

68. Sáez, Oscar Calavia. Mapas Carnales: El Territorio y la Sociedad Yaminawa, 2004.

69. Apgaua, Renata. Rastros do outro: notas sobre um mal-entendido, 2004.

70. Gonçalves, Cláudia Pereira. Política, Cultura e Etnicidade: Indagações sobre Encontros Intersocietários, 2004.

71. Menezes Bastos, Rafael José de. "Cargo Anti-Cult" no Alto Xingu: Consciência Política e Legítima Defesa
Étnica, 2004.

72. Sáez, Oscar Calavia. Indios, territorio y nación en Brasil. 2004.

73. Groisman, Alberto. Trajetos, Fronteiras e Reparações. 2004.

74. Rial, Carmen. Estudos de Mídia: Breve Panorama das Teorias de Comunicação. 2004.

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