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Quando emitir DO?
Todos os óbitos (natural ou violento);
Criança nasce viva e morre logo após o nascimento, independente da duração da
gestação, peso ou do tempo que tenha permanecido vivo;
Óbito fetal, se a gestação teve:
▫ Duração ≥ 20 semanas;
▫ Peso ≥ 500g;
▫ Estatura ≥ 25 cm.
Quando não emitir DO?*
Óbito fetal que não atinge os critérios supracitados;
Peças anatômicas amputadas.
*Nos casos que a família queira realizar sepultamento, torna-se facultativa a emissão
da DO.
Assinatura do atestado
Se for morte for por causa externa (homicídios, acidentes, suicídios, mortes
suspeitas), a assinatura fica a cargo do médico do IML (é um órgão da justiça). Se for por
causa natural e sem assistência médica, é o SVO (Serviço de verificação de óbito – Serviço
da secretaria do Estado da Saúde – são médicos patologistas). Se for por causa natural
com assistência médica com causa conhecida deve ser o médico do paciente ou substituto,
porém se for mal definido será o SVO. Deve-se sempre analisar a causa base.
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No atestado de óbito não se coloca parada cardiorrespiratória, nem falência múltipla
de órgãos como causa imediata, pois isso acontece em todas as mortes. Deve-se analisar
o caso melhor para definir a causa mortis imediata, como um choque hipovolêmico, por
exemplo. Não esquecer de preencher, ao lado da causa, a duração de tempo aproximado
da doença (do diagnóstico até a morte).
O médico não pode cobrar pelo atestado de óbito, mas pode cobrar para atestar uma
morte caso seja solicitado.
Ação do instrumento contundente, perfuro contundente, perfuro cortante – utiliza-se
essas terminologias ao invés de queda de andaime, tiro, facada etc.
Causa a determinar – sem lesões externas; isso é necessário ser colocado caso
você tenha que assinar um atestado em que não se sabe a morte e foi verificado que não
tem lesões externas e que você não acompanhou a história.
Em um local em que não se tem IML e SVO e o juiz solicita que o médico dê um
atestado a uma pessoa vítima de acidente, o médico deverá conceder.
Exemplo 01
Masculino, 65 anos. Há 35 anos, sabia ser hipertenso e não fez tratamento. Há dois
anos, começou a apresentar dispneia de esforço. Foi ao médico, que diagnosticou
hipertensão arterial e cardiopatia hipertensiva, e iniciou o tratamento. Há dois meses,
insuficiência cardíaca congestiva e, hoje, teve edema agudo de pulmão, falecendo após 5
horas. Há dois meses, foi diagnosticado câncer de próstata.
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Exemplo 02
Paciente diabético, deu entrada no pronto-socorro às 10h00 com história de vômitos
sanguinolentos desde às 6h00 da manhã. Desde às 8h00 com tonturas e desmaios. Ao
exame físico, descorado +++/4+, e PA de 0mmHg. A família conta que paciente é portador
de Esquistossomose mansônica há 5 anos, e que 2 anos atrás esteve internado com
vômitos de sangue, e recebeu alta com diagnóstico de varizes de esôfago após exame
endoscópico. Às 12h00, apresentou parada cardiorrespiratória e teve o óbito verificado pelo
médico plantonista, após o insucesso das manobras de reanimação.
Exemplo 03
Paciente chagásico, com comprometimento cardíaco, internado com história de
distensão progressiva do abdômen. Há 2 dias vem apresentando fraqueza, febre alta, e
não suporta que lhe toquem o abdômen. Sem evacuar há 3 dias, tem diagnóstico
colonoscópico de megacólon há 5 anos. Na visita médica das 8h00 da manhã, paciente
suava muito, e apresentava pressão sistólica de 20mmHg. O diarista, após avaliar o
hemograma trocou o antibiótico, e ao longo do dia ajustou várias vezes o gotejamento de
dopamina. Às 16h00, apresentou parada cardiorrespiratória e teve o óbito confirmado pelo
médico substituto, após o insucesso das manobras de reanimação.
Exemplo 04
Masculino, 25 anos, pedreiro, estava trabalhando quando sofreu queda de andaime
(altura correspondente a dois andares). Foi recolhido pelo serviço de resgate e
encaminhado ao hospital, onde fez cirurgia em virtude de traumatismo crânio encefálico.
Morreu após três dias.
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Exemplo 05
Falecimento de homem com traumatismo torácico consequente à perfuração na
região precordial, por projétil de arma de fogo.
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Exemplo 12
Médico de um município onde não existe IML é convocado pelo juiz local a fornecer
atestado de óbito de pessoa vítima de acidente. O médico pode se negar a fazê-lo? Sim!
Mas com apenas exame externo do cadáver.
Exemplo 13
Quando o médico for o único profissional da cidade, é dele a obrigação de emitir a
DO após o exame externo do cadáver?
Se não prestou assistência, deve examinar o corpo e, não havendo lesões externas
→ DO com “causa de morte desconhecida” com “ausência de sinais externos de violência”.
Colocar na parte II patologias anteriores referidas pela família ou acompanhantes
Lesão → emitir DO com a natureza da lesão e as circunstâncias do evento,
preenchendo os campos 56 e 60 do bloco VII.
Exemplo 14
De quem é a responsabilidade de emitir a DO de doente transferido de hospital,
clínica ou ambulatório para hospital de referência, que morre no trajeto?
Transferido sem acompanhamento médico mas com relatório que possibilite o
diagnóstico → DO pode ser emitida pelo médico que recebeu o doente ou pelo que
encaminhou;
Relatório não permite conclusão da morte → SVO;
Caso de morte suspeita → IML.
*Transferir sem médico e sem relatório é um ato ilícito ético → DO emitida pelo
médico que encaminhou.
Médico acompanhou a transferência → ele emite a DO, caso consiga firmar a causa
da morte. Se não conseguir →SVO. Morte suspeita →IML.
Exemplo 15
Quem deverá emitir a DO em caso de óbito de paciente assistido pelo Programa de
Saúde da Família (PSF)? O médico da família (prestava assistência médica ao falecido,
conhecida o quadro clínico e o prognóstico; mas deve verificar pessoalmente o cadáver).
*No SAMU o médico regulador não tem condições de assinar o DO nunca, pois ele
não vê o corpo. Deve-se mandar pro SVO.
Exemplo 16
Peças amputadas.
Fornecer relatório sobre as circunstâncias da amputação, em receituário ou
formulário próprio, mas nunca DO.
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RELATÓRIO
O relatório é a narração escrita e minuciosa de todas as operações de uma perícia
médica determinada por uma autoridade policial ou judicial a um ou mais profissionais
médicos. O relatório pode ser um laudo, quando o próprio perito escreve o que está vendo
ou um auto, quando existe um auxiliador (escrivão) que está digitando o que o perito está
vendo.
Estrutura do Relatório
Preâmbulo: hora, data e finalidade da perícia. Identificação, títulos e residências do
perito. Qualificação da autoridade que requereu e da que autorizou a perícia.
Qualificação do examidado;
Quesitos: perguntas formuladas pela autoridade judiciária ou policial, pela
promotoria ou advogados das partes;
Histórico: registro dos fatos mais significativos que motivaram o motivo da perícia ou
que possam esclarecer ou orientar a ação do perito;
Descrição: principal parte, descrição minuciosa, clara, metódica e singular de todos
os fatos apurados diretamente pelo perito;
Discussão: análise e comparação dos informes disponíveis relatados no histórico e
na descrição;
Conclusões: sumário de todos os elementos objetivos observados e discutidos pelo
perito;
Resposta aos quesitos: resposta aos quesitos iniciais que lhe foram solicitados.
Devem ser precisas e concisas.
PRONTUÁRIO
Constitui-se não apenas do registro da anamnese do paciente, mas sim de todo o
acervo documental padronizado, organizado e conciso, referente ao registro dos cuidados
médicos prestados, assim como dos documentos pertinentes a essa assistência. Mesmo
sendo um documento criado para interesses médicos, o prontuário pode produzir efeitos
jurídicos de grande significado médico-legal. O médico incorre em falta ética grave se deixar
de elaborá-lo.
Estrutura do Prontuário
Identificação; Queixa e duração; Anamnese; Exame físico geral; Exame físico
especial; Exames complementares; Diagnóstico; Conduta; Prognóstico.
Podem estar presentes outros elementos, tais como: Ficha de serviço social; Ficha
de serviço de enfermagem; Ficha de serviço de nutrição; Controle metabólico; Controle de
anestesistas; Descrição da cirurgia; Opiniões de Especialistas; Exames específicos; Ficha
radioterapia e/ou quimioterapia; Prontuário do RN + declaração de nascido vivo; Resumo
de alta; Relatório da necropsia / Atestado de óbito.
Importância
Médica: pesquisas, acompanhamentos
Jurídica: questões civis, penais, trabalhistas
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CONSULTA MÉDICO-LEGAL
Solicitação onde se ouve a opinião e um ou mais especialistas a respeito do valor
científico de determinado relatório médico legal.
PARECER MÉDICO-LEGAL
É a resposta escrita do médico, médicos ou de comissão de profissionais ou de
sociedade científica, a consulta formulada com intuito de esclarecer questões de interesse
jurídico.
Estrutura do parecer:
Preâmbulo;
Exposição
Discussão; e
Conclusão.
DEPOIMENTO ORAL
Esclarecimentos dados pelo perito acerca do relatório apresentado, perante júri ou
em audiência.
PERITOS E PERÍCIA
Perito, do latim perior: saber, experimentar. Os peritos podem ser oficiais (médicos
legistas e peritos criminais (são eles que fazem o corpo delito dos objetos), nomeados
(designados e não oficiais) e assistentes (indicados pelas partes em litígio nas pericias civil
e trabalhista). O perito pode escusar-se por motivo legítimo e pode ser recusado por
suspensão. Pode ser impedido legalmente por indignidade, incompatibilidade e
incapacidade.
O médico clínico não pode ser perito em processo que esteja envolvido seu paciente,
devendo declarar-se suspeito ao juiz.
A perícia compreende os procedimentos médicos e técnicos que tem como
finalidade esclarecer fatos. Podem ser realizadas no morto (cadáver e esqueletos), no vivo,
nos animais e em objetos.
No vivo, temos: exames de lesão corporal, exames de crimes sexuais,
determinação de idade, observação da gravidez, parto e puerpério;
determinação de aborto, doenças profissionais e de acidente de trabalho;
estudo da paternidade e maternidade, verificação de doenças psíquicas,
contágio por moléstia graves etc.
No morto: identificação de cadáver, diagnóstico da causa da morte, tempo
aproximado da morte, causa jurídica da morte nas suas mais variadas formas
(inclusive toxicológicas); se houve tortura, meio insidioso ou crueldade na
morte.
Nos objetos: procura-se os vestígios, DNA, sangue, saliva etc.
A perícia pode ser no foro penal (corpo delito, necropsia), no foro civil e no foro
trabalhista. O médico legista só exige no foro penal. A perícia pode ser direta, indireta,
contraditória ou complementar. Fazer falsa perícia pode dar pena de 1 a 3 anos e multa.
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ANTROPOLOGIA FORENSE
Identidade
Conjunto de caracteres que individualiza uma pessoa a fazendo distinta das demais.
Identificação
Processo pelo qual se estabelece a identidade. Baseia-se na comparação de uma
base de dados previamente declarada, antiga (passada) com uma base de dados atual
(presente). A identidade só pode ser estabelecida quando há certeza de terem sido
afastadas todos os pontos duvidosos. Há importância da identificação no foro civil, criminal
(penal), eleitoral e internacional.
Para que a identificação seja aceitável tem que ter:
Unicidade (individualidade) – uma característica que é única do ser humano
(ex. digital, tipos de tatuagem) (ex. o cabelo preto não é único);
Imutabilidade – tatuagem é para sempre;
Perenidade – ela “permanece” alguns dias após a morte;
Praticabilidade – qualidade de ser prático, fácil;
Classificabilidade – ser possível classificar. Ex.: digital.
Métodos de identificação
Empírico;
Sinais Individuais
▫ Mutilações (provocadas ou acidentais);
▫ Marcas (congênitas ou adquiridas);
▫ Tatuagens;
▫ Retrato falado.
Fotografia sinalética (idealizada por Alphonse Bertillon);
Antropometria
▫ Sinais profissionais (estigmas profissionais);
▫ Arcada dentária (método confiável, fidedigno);
▫ Identificação por superposição de imagem;
▫ Dactiloscopia/Papiloscopia (Juan Vucetich);
▫ Impressão genética – DNA;
Identificação médico-legal.
DACTILOSCOPIA
Sistema dactiloscópico de Vucetich
Esse sistema de classificação divide a digital em regiões: marginal, nuclear, delta e
basal. Com dois deltas temos verticilo, com um delta a direita temos presilha externa, com
um delta a esquerda temos presilha interna e sem deltas temos um arco.
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Para o polegar, usamos inicias dessas classificações e os demais dedos utilizamos
números. Ex: A1243.
Problemas de identificação
Crianças;
Cadáveres incompletos – restos humanos, esquartejados;
Cadáveres parcialmente destruídos – putrefeitos, carbonizados.
Obs: toda morte de causa externa, o corpo é propriedade do estado, até a DO ser
feita. Uma pessoa se morrer de causa externa, tem que ser enterrado, mesmo que não seja
reconhecido. Nesse caso não se faz DO, apenas emite o certificado de sepultamento. Já
de morte de causa interna, espera 1 mês um reconhecimento, se não der, vincula em jornal
de grande circulação um ano, se ainda assim não for identificado, pode-se doar para
instituições de estudo.
ABORTO
Feto com 20 semanas, 25cm ou 500g considera-se óbito fetal, porém antes disso
(ou menor que isso) é aborto. Com aborto não obrigatoriamente precisa ser enterrado e ter
DO, só se a família quiser, nos óbitos fetais é obrigatoriamente feita DO e enterro.
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