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ACONSELHAMENTO PASTORAL E DISCIPLINA ECLESIÁSTICA DAS

ASSEMBLEIA DE DEUS

Degnaldo Silva de Carvalho

Resumo

O objetivo deste trabalho é demonstrar inicialmente a partir de diferentes autores a


dimensão o conceito de disciplina eclesiástica e o seu desenvolvimento no seio da igreja. Depois
serão abordadas as três principais ações disciplinares aplicados aos membros das Igrejas
Evangélicas Assembléia de Deus. Abordaremos com qual a participação da poimênica e
aconselhamento pastoral e como pode contribuir no processo de crescimento junto com a
comunidade terapêutica

Palavras-chave: Disciplinas eclesiásticas; Poimênica; Aconselhamento pastoral; Luto.

Introdução

Esta pesquisa se origina da necessidade de ter uma compreensão melhor sobre conceito
da disciplina eclesiástica e como ela pode ser desenvolvida atráves do aconselhamento pastoral.

Nos dias atuais o ser humano padece em algumas igrejas pelo mau uso das disciplinas
eclesiásticas e falta de consolidação do aconselhamento pastoral causando muitas angústias e
sofrimentos. O tema deste estudo irá procurar conciliar de forma dinâmica à prática da disciplina
eclesiástica e aconselhamento pastoral, trazendo ajuda aos membros da comunidade de fé ou fora

Graduando em Teologia pela Faculdade de Teologia da Universidade Metodista de São Paulo, matrícula 162183.
Trabalho de Conclusão de Curso com vistas à obtenção de grau de Bacharel em Teologia, sob a orientação do Prof.
Dr. Jorge Schutz Dias – Maio de 2012.
dela, dão respostas para seus problemas e cuidado melhor para solucionar certos transtornos
causas pelo pecado cometido.

Assim, este estudo tem como objetivo refletir acerca da disciplina eclesiastica, e fazer
aproximação do motivo das práticas disciplinares na igreja, esclarecer que a comunidade precisa
e deve participar do processo disciplinar com foco de ser uma comunidade terapeutica de cura e
aconselhamento.

Em segundo e terceiro momento tratar da poimênica como função do pastor, que leva a
vida na maturidade cristã, junto com o aconselhamento pastoral que deve servir para tocar vidas,
modificá-las e levá-las em direção a maturidade tanto espiritual como emocional.

Será abordada a missão da igreja como função de libertar os seres humanos e afirmar que
a comunidade só pode ser terapêutica, quando pode socorrer, estender a mão a todas as pessoas
que estão à margem dos sofrimentos.

Disciplina eclesiástica

Uma definição clássica de disciplina eclesiástica poderia ser: “Todos os meios e medidas
pelas quais a Igreja busca a sua santificação e boa ordem necessária para sua edificação espiritual
e eliminação de tudo que ameaça seu bem-estar” (AMARAL FILHO; WILSON apud SHEDD,
1993, p. 11).

Sendo assim, disciplina cristã não é castigo e não deve ser encarada como vingança ou
revanchismo. É amor, antes de tudo, e deve ser praticada, exercida em amor (CASTRO, 2008, p.
90).

Disciplina: Do latim, ensinar para correção. Termo cognato de discipulo. Disciplina não é
punição, é ensino na tentativa de auxiliar a pessoa á formação do caracter cristão em sua
personalidade (CASTRO, 2008, p. 91).

No livro Aspectos Legais da Disciplina na Igreja, Castro nos mostra alguns termos
encontrados na Bíblia.

2
a) PAIDEIA – Educação, Hebreus 12.5
b) PARAKLÉSIS – Exortação, encorajamento, 1 Timóteo 4.13.
c) NOUTHESIA – Advertência (aviso) admoestação, 1 Coríntios 4.14.
d) ELEGXIS – “Expor a luz”, punir, arquir, Mateus 18.15.
e) ORTHO-PODEO – Andar com pés direitos, ir retamente. ORTHO = reto, firme;
PODEO = relativo aos pés, Hebreus 12.13.
f) APOKOPTO – Cortar cirurgicamente, amputar, Gálatas 5.12 e Marcos 9.43-45

Portando, para Elliff et al (2006, p. 11), a disciplina na igreja é um dos principais meios
que Deus usa para corrigir e restaurar seus filhos, quando caem em pecado. É também um modo
pelo qual Ele mantém a unidade, pureza, integridade e boa reputação.

Conforme Castro (2008, p. 90), o objetivo da disciplina cristã é colocar o membro da


Igreja que está fora do padrão, do lugar, no seu devido lugar, no padrão ético-biblico abraçado
pela Igreja. Isso deve ser feito com cuidado e amor, levando-o a compreender o seu verdadeiro
papel e o seu comprometimento no Corpo de Cristo, a comunidade de fé.

Entende-se que a prática disciplinar são meios elaborados que servi para conduzir a
pessoa de volta aos princípios cristãos, são ações tomadas para novamente dá continuidade de
onde houve o desvio, rompimento dos padrões ético-bíblico defendido pela cultura cristã ou
instituição religiosa.

As práticas disciplinares das Igrejas Assembléia de Deus

Antes de especificar as práticas disciplinares, a Assembleia de Deus no Brasil tem por


base o credo da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil, um dos credos utilizados é
o reconhecimento nas Sagradas Escrituras (2 Tm 3.16,17); que é inspirada por Deus. Esta
considera a única regra infalivel de fé normativa para vida e o caracter cristão.

O artigo 7º do capítulo III disciplina e penalidadea da Igreja Evangélica Assembleia de


Deus em São Miguel Paulista informa que todos os membros estão sujeitos às seguintes medidas
disciplinares:

3
I. Advertencia (nouthêsia)

Segundo Shedd (1983, p. 25), advertência, implica um sentido de maior urgência do que
a exortação, porque alerta para “um perigo que deve ser evitado” […] Esta palavra, mais do que
as anteriores, pressupõe erro de pensamento ou atitude que pela persuasão sábia e paciente deve
ser corrigido.

Paulo aos Efésios orienta aos pais a criar seus filhos na nouthesia do Senhor (Ef
6:4), advertindo os filhos quano à escolha de caminhos errados para andar.
“Quando um filho, cuja instrução boa não foi omissa, começa a ceder às
pressões de amigos menos louváveis, um pai naturamente tenta dissuadi-lo com
admoestação” (SHEDD, 1993, p. 25).

Elliff et al (2006, p. 16) classificam ações tais como aspereza, impaciência, murmuração,
reclamação, negativismo, mesquinharia, ostentação, irritabilidade, falar demais ou falar em
ocasiões improprias, falta de confiança, ansiedade, falta de coragem, egoìsmo, como falhas
menores, podendo ser resolvido somente com advertência. Somente se uma falha menor se
repetir frequentemente ou de modo tão perturbador, que cause dano à igreja, é que deve tomar
alguma medida que vá além de instrução, adverência e repreensão individual.

II. Suspensão

O regime interno da Assembleia de Deus – Ministério de Perus no Art. 22º, inciso II,
informa que a suspensão é temporária de comunhão e afastamento dos cargos e comissões.
Art.23º diz que no caso de suspensão temporária de comunhão, não excederá a seis meses, não
sendo impedido de participar dos cultos e reuniões normais da igreja.

III. Desligamento / exclusão rol de membros

O último recurso da disciplina é a excomunhão (do latim ex, “fora”, e communicare,


“comunicar”), na qual o ofensor é privado de todos os beneficios da comunhão.

Para Elliff et al (2006, p. 16), dependendo da natureza da ofensa, um membro reintegrado


pode se tornar desqualificado para exercer oficios biblicos na igreja, como, por exemplo,

4
presbítero ou diácono, devido à sua reputação maculada, quando as questões envolvem
casamento, divórcio ou alguma fraqueza em uma área específica (1 Tm3.2-3, 7,10; Tt 1.6-8; 1 Pe
5.3).

Elliff et al (2006, p. 14) consideram para exclusão do rol de membros três tipos de
ofensores, cujo comportamento deve ser considerado intolerável e que precisam ser excluidos
que são:

Transgressores impenitentes – aqueles que se recusam a reconhecer seu pecado e a se


arrependerem, mesmo após repreensão pública e exortação por parte de toda a igreja (Mt 18.17).

Pessoas culpadas de ofensas gravissimas – aquelas que cometem um pecado tão grave,
vergonhoso ou notório, que, se não forem excluídas, podem manchar a reputação de Cristo e de
sua igreja (Rm 2.21-24; 1 Co 5.1, 5, 13).

Transgressores que são afamados por suas iniquidades – cristãos professos que são
conhecidos publicamente por pecados tais como heresias, apostasia, divisões, imoralidade
sexual, embriaguez, lascivia.

Conforme Art. 22º Inciso III do regime interno da Assembleia de Deus – Perus, são
passíveis de exclusão aqueles que cometerem atos conforme os incisos VII e VIII do artigo 20º
do regimento, os atos descritos conforme o Artigo 20º e incisos VII e VIII são: Manisfetar-se
desobediente ou rebelde às normas da igreja, promover divisão, incentivar tumulto, praticar
agressão física ou moral.

O Capitulo II, Seção VI, Art.12º acrescenta:

Faltar com a ética de rebeldia e insubordinação contra a direção administrativa;

Praticar infidelidade conjugal;

Praticar imoralidade sexual, no conceito adotado pela igreja;

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Apresentar vicios de qualquer natureza, praticar homossexualismo, zoofilia, pedofilia e
outros atos que comprometam a pureza cristã de acordo com a Biblia Sagrada e doutrina da
igreja.

2. Poimênica

Segundo Clinebell (1987, p. 25), a poimênica é entendida como ministerio, um serviço de


ajuda “amplo e inclusivo de cura e crescimento mutuo” no seio da comunidade em todos os
momentos.

Para Schneider-Harpprecht, poimênica provém do termo grego “poimen” e tem sido


entendida como “ciência do agir do pastor”. O autor, porém, define poimênica como sendo “o
ministério de ajuda da comunidade cristã para os seus membros e para outras pessoas que
procuram na área da saúde” (2011, p.291).

O Aconselhamento pastoral é visto pelo autor como sendo um das dimensões da


poimênica que procura ajudar através da conversação e outras formas de comunicação
metodologica refletidas.

Segundo Collins (1984, p. 14), o aconselhamento pastoral deve servir para tocar vidas,
modificá-las e levá-las em direção a maturidade tanto espiritual como psicológica.

Sendo assim, o aconselhamento pastoral, para Collins, tem como objetivo estimular o
desenvolvimento da personalidade, ajudar as pessoas a entrentarem mais eficazmente os
problemas da vida, os conflitos intimos e os desequilibrios emocionais e providenciar
encorajamento para lidar com as decepções e perdas (COLLINS, 2004, p.17).

A poimênica e o aconselhamento pastoral podem ser vistos num primeiro momento


apenas como uma atividade do pastor, mas conforme Clinebell:

Ministros ordenados são como jogadores e treinadores, que tem a


responsabilidade de possibilitar o ministério mútuo de pessoas leigas e também

6
exercer seu proprio, singular e valioso ministerio de poimênica (CLINEBELL,
2007, p. 25).

“A base social do aconselhamento é a convivência no contexto da igreja”, é uma


dimensão da comunhão, assim como o culto (oração, canto, confissão de pecados, pregação do
evangelho, chamado a mudança de vida, fé), a catequese (orientação, informação, aprendizado) a
diaconia, (visitação, ceia e assistência social) e isso implica tambem todas as dimensões da
convivência pastoral e as outras dimensões da vida comunitária estão interligadas, conforme
explica Schneider-Harpprecht (2005, p. 292).

Conforme Clinebell (2007, p. 30), a poimênica e o aconselhamento pastoral são eficazes


na medida em que ajudam as pessoas a aumentar sua capacidade de relacionar-se de maneira que
fomentem a integralidade nelas mesma e nas outras pessoas.

2.1. Base do aconselhamento da Igreja Assembléia de Deus

No modelo bíblico de aconselhamento a abordagem fundamentalista só reconhece a


Bíblia, como único recurso para a realização do aconselhamento pastoral.

O fundamentalismo é um movimento pelo qual os partidários tentam salvar identidade


religiosa da absorção pela cultura moderna.

Os partidários da visão fundamentalista tem a bíblica como a infalível, suficiente e


inerrante, sendo rejeitada qualquer outra forma de Revelação (inspiração individual, magistério
eclesiástico, profecias modernas, teologia natural), por considerar superior aos outros métodos de
ajuda e julga todas as coisas pela Bíblia e desenvolver o julgamento somente por ela.

Os adeptos do movimento fundamentalista podem em alguns momentos desenvolver a


intolerância, a valorização exacerbada aos dogmas e costumes da comunidade de fé a qual está
inserida, a falta de um olhar amoroso para com o faltoso das doutrinas defendidas por esse
movimento ou igreja e separatismo das demais denominações, divulgam suas ideias de forma
particularmente polêmica contra outros crentes ainda que pertençam ao mesmo credo religioso.

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O fundamentalismo está muito mais interessado em guardar a letra da doutrina do que em
fazer vivificar o seu espírito. Essa forma de agir pode gerar intolerância e desprezo do outro e
das outras maneiras de compreender a verdade, provocando, inclusive, práticas violentas. Nesta
perspectiva, pode ser compreendida como fundamentalista a pessoa que se fecha em sua própria
concepção da verdade, não se abrindo para o diálogo e nem para novas construções de
identidade.

O aconselhamento eclesiástico deve e precisa levar não somente a Bíblia como único
livro para o desenvolvimento pastoral, é preciso rever novos métodos de apoio, levar em
consideração o contexto histórico, social, as estruturas de base familiar, respeitar a estrutura de
conhecimento bíblico.

Definição

Conforme Schneider-Harpprecht, o aconselhamento pastoral é dimensão da poimênica,


que por sua vez é definido como um ministério de ajuda que a comunidade cristã proporciona pra
seus membros e para outras pessoas que a procuram na aréa da saúde atraves da convivência
diaria no contexto da Igreja, tendo como objetivo ajudar as pessoas para que possam viver uma
relação com Deus, consigo mesma e com o próximo (SCHNEIDER-HARPPRECHT, 2005 p.
291).

Aconselhamento pastoral é uma dimensão da “poimência”, que utiliza uma


variedade de métodos terapêuticos e espirituais de cura para ajudar as pessoas a
lidar com suas crises, conflitos e problemas numa forma que conduz ao
crescimento e a experimentar a cura do seu estado de fraqueza, abatimento, sem
energia. Para o autro, o aconselhamento tem funcção reparadora quando o
crescimetno das pessoas é prejudicado ou bloqueado devido a crises
(CLINEBELL, 2007, p. 25).

Segundo Collins (1994, p. 14), o aconselhamento pastoral deve servir para tocar vidas,
modifica-las e levá-las em direção a maturidade tanto espiritual como emocional.

Hurding (1995, p. 36) define o aconselhamento como uma atividade com o objetivo de
ajudar aos outros em todo e qualquer aspecto da vida, dentro de um relacionamento de cuidado.

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Schneider-Harpprecht (2005, p. 292) define a poimênica e o aconselhamento pastoral em
primeiro lugar como uma expressão da vida da comunidade e não como uma tarefa específica
dos pastores.

Em suma, o texto acima nos descreve o aconselhamento pastoral como:

- Plano de salvamento ou redenção; “ tocar, ou modificar vidas”

- Direcionamento de um convívio; “ ajudar o proximo (…) ”

- Exteriorização da conduta cristã.

O que leva a entender a importância do aconselhamento pastoral, que, dentro da


comunidade o qual individuo está inserido, neste caso a Igreja, o Pastor em sua sutileza adota
métodos para trazer aos seus membros respostas das mais diversas situações cotidianas.

Isto traz o crescimento ao Cristão que pode então enfrentar o desafio, passando a ter uma
perspectiva positiva.

2.2 Comunidade de assistência e libertação

Segundo a compreensão neotestamentária, a poimênica é tarefa da congregação inteira,


que funciona como uma comunidade que presta assistência promove cura e possibilita
crescimento (CLINEBELL, 2007, p. 33).

Assim podemos entender a comunidade como uma comunidade cristã como uma
comunidade de cura, portanto terapêutica.

Uma comunidade de cura é aquela que reconhece sua realidade patológica e, por isso
mesmo, tem experiência suficiente para caminhar em direção à saúde (PEREIRA, 2010, p. 35).

Assim, pois, a missão da igreja é libertar os seres humanos de suas amarras e as doenças
são verdadeiras amarras que escravizam e submetem as pessoas.

Nós precisamos entender que a igreja de Deus é um lugar de vida, é um lugar de cura, é
uma comunidade terapêutica, é um lugar de restauração, é um lugar onde as pessoas machucadas

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e quebradas podem ser restauradas, aqueles vasos que estão em cacos podem ser refeitos em
vasos novos para a glória de Deus. 1

Uma igreja terapêutica trata com sensibilidade os que tropeçam. O apóstolo ordena:
“Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós que sois espirituais, corrigi-o com
espírito de brandura”. A palavra usada pelo apóstolo procede da medicina. Foi usada no grego
clássico para reparar um osso quebrado. Precisamos lidar com tato e sensibilidade com as
pessoas que caem. Devemos ser intransigentes com o pecado, mas cheios de ternura com aqueles
irmãos que são surpreendidos por ele. Não podemos esmagar aqueles que já estão quebrados
nem ferir ainda mais aqueles que já estão machucados pela queda. A correção ao faltoso precisa
ser com espírito de brandura e não com truculência. A disciplina visa à restauração do caído e
não sua destruição (LOPES, 2011, não paginado).2

2.3. Função terapêutica na e da comunidade cristã

Entendendo-se que terapêutica compreende o estudo e a prática de meios adequados para


aliviar ou curar os doentes, está é, efetivamente, função preponderante da comunidade cristã.

Devemos considerar dois aspectos que devem ser encarados: de um lado é a prática
comunitária de autocura, é o processo interno, é a busca da saúde daquela determinada
comunidade que, por sua vez, é agente terapêutico de uma comunidade maior para um mundo
mais amplo e mais complexo (PEREIRA, 2010, p. 33).

Conforme Pereira, Jesus declarou: “Eu vim para que tenham vida e esta em abundância”
(Jo 10.10). A vida em abundância compreende a integralidade do ser, onde a pesssoa inteira deve
estar bem, o que só é alcançado quando se está em harmonia com Deus, com o mundo e consigo
mesmo e, neste sentido, somos convidados a refletir sobre questões espirituais (PEREIRA, 2010,
p. 34).

De acordo com o autor, é o crescimento espiritual, pois a comunidade cristã não pode
conceber o mundo e as pessoas no mundo sem visão clara do ser humano como um ser espiritual.

1
Cf. http://www.verdadeevida.com.br/portal/pdf/254%20Igreja%20uma%20comunidade%20terapeutica.pdf.
Acesso em 24 abr. 2012.
2
Cf. http://www.amigodecristo.com/2011/01/igreja-uma-comunidade-terapeutica.html. Acesso em 24 abr. 2012.

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Cabe também uma reflexão sobre o sofrimento, pois ninguem está isento dele. A
comunidade cristã, como qualquer outro grupo humano, está sujeita a sofrimentos, a dor de
qualquer espécie, a frustrações (PEREIRA, 2010, p. 35).

Para que o processo terapeutico da comunidade e na comunidade seja bem-sucedido, é


necessario a fé como instrumento terapêutico.

Segundo Pereira (2010, p. 35), a fé por natureza é terapêutica. É próprio de a fé produzir


cura, ela é tambem salugência.

A fé está intimamente relacionada com a esperança. Não é possivel conceber fé sem a


esperança; quem crê, espera.

No ato de fé o divino e o humano se fundem dentro do próprio crente produzindo uma


perfeita integração do que antes estava cedido.

Collins, em seu livro Aconselhamento Cristão, defende a igreja local como pondendo
funcionar em sim mesma como uma comunidade terapêutica seguindo o exemplo da igreja do
primeiro século que não apenas evangelizava e fazia a prática do ensino, mas também exercia
função terapêutica. Como o aconselhamento pastoral está integrado na comunidade terapêutica
ela se torna um lugar de cura, onde obreiros e leigos com um profundo compromisso podem
oferecer apoio aos membros, cura aos indivíduos necessitados e orientações quando as pessoas
tomam decisões e seguem em direção à maturidade tanto espiritual como psicológica
(COLLINS, 2004, p. 21).

Conforme a definição de Bootz, os meios espirituais para Collins são:

(…) a confissão que leva a pessoa a arrepender-se de antigos pecados, a oração


por parte do consolador, do consolado e da comunidade auxilia o processo de
cura; o Espirito Santo oferece poder para a pessoa lutar contra a força do antigo
hábito, orienta a entrevista e capacita o conselheiro a executar sua tarefa. A fé é
um dom mais pode ser usada como efeito placebo (BOOZ, 2003, p. 33).

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3. Pecado – causa da morte espiritual e não relacionamento

Conforme Blanches de Paula (2009, p. 28), no Antigo Testamento há um vínculo entre


morte e o não relacionamento. Ebehard Jungel afirmou que o pecado leva ao não
relacionamento; ou seja, a quebra da Aliança com Deus gera morte nas relações e sem
relacionamento não há vida.

Segundo Paula (2009, p. 29), na concepção cristã a “morte eterna”, que significa o
Inferno; é fruto do pecado e da falta de arrependimento, em vida, dos “males” cometidos pela
pessoa.

Collins (2004, p. 374) afirma que pecado é rebelião contra Deus. Ele representa uma
desconfiança em relação à sinceridade de Deus e um desafio à sua perfeita vontade. O pecado
3
causa os conflitos interpessoais, as tentativas de autojustificação, a tendência de jogar a culpa
dos nossos erros em cima dos outros, os problemas psicocossomáticos, as agressões verbais e
físicas, a tensão e a falta de respeito a Deus.

É impossivel nos sentirmos bem conosco quando desobedecemos deliberadamente os


princípios de Deus para nossa vida. O pecado gera culpa, autocondenação, depressão e perda da
autoestima. Portanto, precisamos ajudar o aconselhando a reconhecer honestamente o seu
pecado, confessá-lo a Deus e lembrar que Deus perdoa e esquece (COLLINS, 2004, p. 382).

Quando cometemos um pecado e estamos em pleno relacionamento com Deus, através do


temor que sentimos nos direcionamos ao aconselhamento, na busca de um direcionamento e
perdão.

Por sua vez, se este temor não toca nossos sentimentos, acontece a falta de
arrependimento o que leva ao não relacionamento com Deus, ou seja, a morte espiritual.

3.1. Luto causado pelo não relacionamento em tempo de crise


Luto. S.m 1. Sentimento de tristeza profunda por motivo da morte de alguem. 2.
Luto originado por outras causas (separação, partida, rompimento, etc.) amargura,
desgosto. 3. Tempo durante o qual devem manifestar-se certos sinais do luto. 4. O
fato de perder um parente ou pessoa querida; perda por morte. […]

3
Instituto Antonio Houaiss. Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 1794.

12
Conforme Collins (2004, p. 407), o luto é uma reação natural à perda de qualquer pessoa,
objeto ou oportunidade que era importante para nós. Ele é uma sensação de privação e ansiedade
que pode ser manisfetar atraves do comportamento, das emoções, dos pensamentos, da fisiologia,
do modo como nos relacionamos com os outros e até da nossa espiritualidade. Dúvidas, a perda
da fé, o enfraquecimento da vitalidade espiritual e a incapacidade de encontrar significado na
vida são elementos que podem gerar a tristeza e o vazio caracteristicos do luto.

Quando um cristão membro de alguma comunidade de fé procede de forma contrária aos


seus princípios cristãos, essa pessoa passa a vivenciar e a enfrentar momentos de luto e crises,
tanto diante da comunidade de fé, como perante a sociedade em que está inserida.

Nas agruras da vida, há que desenhar o cuidado pastoral de forma curativa e preventiva,
bem como incluir o envolvimento das igrejas que se abrem à interlocução com outros grupos
cujo objetivo primordial é o cuidado com o ser humano (PAULA, 2009, p. 65).

4. Desenvolvimentos terapêuticos na comunidade

A missão da igreja envolve as duas facetas da disciplina. A igreja tem a responsabilidade


de ser escola do cristão. Cada membro desempenha o papel de discípulo, enquanto a igreja é seu
mestre. Mas pecado escandaloso tem necessidade de ser retirado. A disciplina negativa, que
afasta da comunhão o pecador até ele tormar um rumo novo, é, igualmente, responsabilidade da
igreja (SHEDD, 2010, p. 72).

O corpo de Cristo existe com vários propósitos, todos muitos benéficos para os
indivíduos, incluindo nossos pacientes. Quando funciona adequadamente, o corpo louva a Deus
mediante adoração, edifica as pessoas por meio da fraternidade qaue oferece, e se estende por
meio do serviço, incluindo o evangelismo (COLLINS, 164, p. 164).

A igreja tem por seu papel direcionar a pessoa/cristã a uma conduta exemplar dentro de
sua comunidade. Quando o mesmo assim realiza algo fora desta conduta cristã, deve ser
advertido. Logo a igreja utiliza de métodos disciplinares que constam em sua doutrina. Com o
intuito de levar o cristão a plena edificação de seu corpo e espírito.

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4.1. Responsabilidade do corpo orgânico – comunidade terapêutica

Conforme Collins (2005, p. 160), os psicólogos, há varios anos, descobriram a eficácia da


ajuda em grupos. Terapia do ambiente social foi o termo aplicado a esse tipo de tratamento. O
aconselhamento um a um fazia parte da cura, mas igualmente importante era o apoio, ajuda e
encorajamento diario recebido dos funcionários e que os pacientes trocavam entre si.

O aconselhamento em grupo é agora usado por muitos conselheiros, em parte por ser
menos dispendioso para os participantes (COLLINS, 2005, p. 161).

As suposiçoes da terapia moral e da do ambiente social foram primeiramente


estabelecidas na Bíblia, mas por alguma razão os cristãos falharam em seguir o modelo bíblico.
Como resultado, muitas igrejas negligenciaram seus papéis como comunidades terapêuticas ou
de ajuda. Em vez disso, algumas igrejas locais tornaram-se organizações relapsas onde o
aconselhamento é deixado para o pastor ou alguns leigos e onde as pessoas necessitadas de ajuda
são quase sempre ignoradas ou rejeitadas, especialmente se não forem membros ativos da igreja
ou não mostrarem maneiras socialmente aceitáveis, roupas, comportamento ou linguagem
religiosa (COLLINS, 2005, p. 161).

De um modo geral as igrejas perderam a visão de sua vocação como comunidade


terapêutica. Deixaram de desenvolver programas que priorizem e facilitem relacionamentos, que
ajudam no desenvolvimento da potencialidade de seus membros, que busquem a integralidade de
cada um.

Segundo Clinebell (1987, p. 30), “a poimênica e o aconselhamento pastoral são eficazes


na medida em que ajudam as pessoas a aumentar sua capacidade de relacionar-se de maneira que
fomentem a integralidade nelas mesma e nas outras pessoas.”

O apóstolo Paulo, que era extremamente sensível às necessidades das pessoas marcadas
pela vida, escreveu que nós, que somos fortes, devemos suportar as debilidades dos mais fracos e
ajudá-los a levar suas cargas (COLLINS, 2004, p. 16).

O objetivo final do cristão é ajudar os outros a se tornar discípulos de Cristo e a


disciplinares outras pessoas (Collins, 2004, p.16). Para Collins, a comunidade poderia fazer para
a pessoa que precisa de ajuda:

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- oferecer um sentimento de pertencer ou de comunhão;

- mostrar interessese e orar pelo aconselhado, por seu conselheiro e pelo


relacionamento deles;

- prover ajuda prática e concreta para os necessitados;

- dar oportunidade para o necessitado servir a outros;

- mostrar amor bíblico às pessoas que não se sentem amadas, mas precisam de
amor;

- prover uma filosofia significativa da vida;

- guiar os individuos em direção à maturidade em seu relacionamento com


Cristo;

- encorajar o ajudado enquanto desenvolve um novo comportamento;

- prover vários modelos de maturidade e estabilidade psicológico-espiritual


(COLLINS, 2005, p. 168).

Para Collins, a igreja é uma comunidade de fé dentro de outra, precisa perguntar a si


mesma como pode fazer diferença, tanto na vida dos incrédulos, como na de seus próprios
membros. Baseado no princípio bem conhecido de que devemos levar as cargas uns dos outros
(COLLINS, 2004, p. 70).

Nas citações acima, nota-se a importância que a igreja tem, ou melhor, tinha como uma
comunidade terapêutica. Era de grande valor o papel da igreja de trazer através do
aconselhamento, um melhor relacionamento entre as pessoas. Em uma situação de fraqueza, esta
sim deveria ser a comunidade que lhe traria forças. Por sua vez, esta essência encontra-se
perdida. O foco hoje das maiorias das igrejas estão voltadas para a teologia da prosperidade e
falando com enfoque no âmbito material.

É preciso haver, ou melhor, reacender o sentimento descrito no mandamento “Amai o


próximo como a ti mesmo”, pois assim cumpre-se a verdadeira função terapêutica.

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Considerações finais

Ao término deste trabalho conclui-se que a disciplina eclesiástica propõe auxiliar as


pessoas membros em conflitos e que estão fora do padrão, do lugar, no seu devido lugar, no
padrão ético bíblico abraçado pela igreja, ou melhor, comunidade de fé.

Fica claro que, a disciplina eclesiástica não é punição, como pensam muitos líderes
eclesiásticos, e sim, meios e medidas pelas quais busca a sua santificação e boa ordem necessária
para edificação espiritual do membro que pecou teologicamente. Sendo assim, um modo pelo
qual Ele mantém a unidade, pureza, integridade e boa reputação.

Para maior êxito no processo da ação disciplina eclesiastica na comunidade, a poimênica


exerce influência fundamental, pois é entendida como ministério, um serviço de ajuda, ou seja,
ciência do agir do pastor.

O agir do pastor é desenvolvido na sua práxis que nada mais é às práticas e reflexões às
atividades do pastor, esse trabalho é desenvolvido através do aconselhamento pastoral, com
objetividade de tocar vidas, modifica-las e levá-las em direção a maturidade tanto espiritual
como emocional.

Sendo assim, a contribuição do aconselhamento pastoral contribui para as Assembleias de


Deus como repensar de forma cuidadosa e com amor, os meios e métodos que serão utilizados
no processo de ajuda a pessoas /cristãos, para que juntos na dinâmica do amor de Deus possam
encontrar caminhos e vários métodos de cura para enfrentarem seus problemas de forma coerente
com os ensinamentos bíblicos.

O aconselhamento pastoral para os líderes das igrejas das Assembleias de Deus irá abrir
novos horizontes do saber ouvir, do saber se posicionar com empatia, a primeiro está preocupado
a ajudar e resolver as causas que veio levar a desobediência teológica e não primeiro está
preocupado a defender os dogmas das Assembleias de Deus, sendo essas também importantes
para os crentes.

Os líderes que desenvolver a disciplina eclesiàsticas por meio do aconselhamento


pastoral, desenvolveram de mãos dadas e com diálogo o crescimento espiritual do aconselhado.

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Entende-se que o aconselhamento não impõe ou não permite impor regras a serem obedecidas
segamente pelo aconselhado.

A relação da disciplina eclesiástica, poimênica e aconselhamento pastoral faz uma


comunidade desenvolver papel terapêutico, sendo assim a ação de processo de ajuda não
somente é papel do lider eclesiástico mas também de toda comunidade de fé.

O cuidado em todo processo de ajuda ao membro da comunidade de fé deve levar em


conta outro assunto, o luto. O luto é uma reação natural à perda, é a perda primária discutida aqui
é a sensação de ex-comunhão tanto com a comunidade de fé e com o próprio Deus.

Finalmente devemos levar em consideração o estado emocional, espiritual da pessoa e


sempre propor, conforme abordado, meios e caminhos para que esta possa voltar à comunhão
antes desenvolvida.

Referências bibliográficas

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da Religião, v.7, n.1, p. 203-232, 2009.
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