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sociológico escrito por volta do ano de 1904, no qual o autor apresenta a influência doutrinária
de algumas correntes do protestantismo (calvinismo, pietismo, metodismo e anabatistas)
sobre a economia capitalista.
Para Weber a ideia de capitalismo sempre existiu em diversas civilizações, no entanto, esta
concepção estava arraigada de um extrema ingenuidade. Alguns compreendiam o capitalismo
como um impulso para o ganho, uma busca desenfreada dinheiro. Mas não concepção
weberiana, isto não tem nada a ver com o capitalismo, nem mesmo com seu “espírito”, razão
pela qual Max Weber quer eliminar esta “noção ingênua” de capitalismo. Pois, este identifica-
se com uma busca do lucro sempre renovada e racional.
O que pretende Max Weber ao usar a expressão “espírito do capitalismo? Que significado ele
quer que devamos entender por ela? Segundo o pensamento weberiano, a compreensão
desta afirmação está ligada a uma “individualidade histórica”, com elementos associado a ela
que formaram um todo conceitual de um ponto de vista cultural. No entanto, Weber ressalta
que o percurso histórico que por ele está sendo abordado não é o único caminho possível para
explicar o surgimento do que ele entende por espírito do capitalismo. Alguns poderiam
produzir novos pontos de vista a partir de outros fenômenos históricos.
Estas e outras máximas são de Benjamin Franklin, elas expressam de um modo característico,
porém, não de uma forma exaustiva aquilo que Weber compreendia por “espírito do
capitalismo”. As máximas propostas por Benjamin servem como um guia para uma vida
parcimoniosa, ou seja, regida por uma ética. E, é esta qualidade ética que mais interessava ao
pensamento weberiano naquele momento. A ética proposta por Franklin conduz a vida de um
homem a ganhar mais e mais dinheiro, afastando completamente de todo prazer, vivendo
isento de qualquer influência eudemonista ou hedonista. O propósito final da vida do homem
é a aquisição econômica. O ganho financeiro torna-se um fim em si mesmo e, não mais para
satisfazer as necessidades materiais e naturais dos homens.
Um outro obstáculo que o capitalismo teve que superar foi o tradicionalismo. O que, afinal,
constitui esta tradicionalismo? Como é de costume de Weber, ele apresenta uma definição
provisória. Um caso citado por ele é o de que alguns empregadores modernos para garantir
um maior volume de trabalho de seus subordinados, utilizavam um sistema de pagamento
conhecido por “pagamento por tarefa”. Na agricultura, durante o período de colheita, para
que houvesse um maior desempenho dos trabalhadores na colheita e assim obtivessem
maiores lucros. Os empregadores aumentavam-lhes o salário, no intuito de que houvesse uma
maior eficiência. Assim,
Por outro lado, foi estabelecido uma política de baixos salários, que por sua vez, falha na mesma
proporção, sempre que o trabalho exigir para a produção de bens que exijam uma maior dose
de atenção. Para Weber o trabalho deve ser executado como um fim em si mesmo, como uma
vocação. Porém, esta mudança de atitude não provêm da natureza, nem tão pouco pode ser
estimulado por alto ou baixos salários, mas deve ser fruto de um longo processo educativo. Max
Weber chama a atenção para o fato de que aqueles que receberam uma educação religiosa, a
petista por exemplo, desenvolveram uma maior habilidade mental, e um sentimento de dever,
em relação ao trabalho, além de, possuírem uma parcimônia rígida, juntamente com uma
frugalidade que aumentavam o seu desempenho. Pergunta, então, Max Weber: “ora, como
pôde uma atividade que era, quando muito tolerada, se transformar em vocação, no sentido de
Benjamin Franklin?
No terceiro capítulo de sua obra, A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, Weber busca
demonstrar a ligação entre o moderno capitalismo e a concepção de vocação protestante.
Conforme ele mesmo diz, “não há dúvida de que já na palavra alemã Beruf, e, quem sabe, ainda
mais, na palavra inglesa calling, existe uma conotação religiosa – a de uma tarefa ordenada, ou
pelo menos sugerida por Deus, – que se torna tanto mais manifesta, quanto maior for a ênfase
do caso concreto”. Desta forma, o conceito de vocação foi, então, inserido entre os dogmas de
todas de todos as denominações protestantes. Porém, a divisão católica a descarta dos preceitos
éticos praecepta et concilia. O modo de vida estava numa transição e superação da moralidade
mundana de um ascetismo monástico para um cumprimento das obrigações do indivíduo no
mundo.
Ao longo dos seus primeiros anos como reformador, Lutero desenvolveu o conceito de vocação
com resquício da tradição medieval, representado, na pessoa do teólogo Tomás de Aquino. Este
concebia a atividade mundana como coisa da carne, ainda que fosse desejada por Deus. A vida
monástica vai aos poucos, perdendo, cada vez mais seu valor e justificativa perante Deus. O
modo de vida monástica passou a ser encarada como produto do egoísmo, por renunciar os
deveres e obrigações neste mundo. O trabalho a partir de uma vocação passa a ter uma
importância capital, por expressar um amor fraternal. No entanto, ainda que Lutero tenha
iniciado uma mudança na concepção de vocação, ele ainda permaneceu com um espírito
tradicionalista. O indivíduo, na concepção vocacional tradicionalista luterana, permanecia na
condição e vocação em que Deus o houvesse colocado, suas ações eram limitadas pela condição
de vida imposta a ele. A vocação do indivíduo era eminentemente, a aceitação incondicional e
absoluta obediência à vontade de Deus. O trabalho vocacional tornara-se uma atividade
confiada por Deus ao homem.
Max weber chama a atenção para o fato de que os reformadores não tinham em mente, a
intenção de promover o “espirito do capitalismo”, conforme a concepção weberiana. Eles não
propunham reformas que promovessem a fundação de sociedades sociais e ideais de cultura,
mas a salvação da alma era o centro do seu trabalho reformador. Por outro lado, Weber admite
que sua intenção não é sustentar uma tese doutrinária, em que o “espírito do capitalismo” seja
apenas o resultado da reforma. O que ele pretende é analisar e verificar até onde as reformas
religiosas tiveram sua participação na formação e expansão, tanto quantitativa quanto
qualitativa, desse espírito pelo mundo.