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UM LANCE DE DADOS* Stéphane


Mallarmé

JAMAIS
MESMO ATIRADO EM CIRCUNSTÂNCIAS ETERNAS

DO FUNDO DUM NAUFRÁGIO


PORQUE
o Abismo

Branco
se expõe
furioso

sob uma inclinação


desesperadamente plana
d’ asa

a sua

recaída prévia dum mal de se erguer no voo


cobrindo os impulsos
cortando rente os ímpetos

no âmago se resume

a sombra que se afunda nas profundas nessa alternativa vela

para adaptar
a tal envergadura

as suas horríveis profundas como o arcaboiço

duma construção
que balança dum lado
para o outro

O MESTRE

emerge
inferindo

dessa conflagração

que se

como uma ameaça

o único Número que não pode

hesita
cadáver descartado
em lugar
de jogar
como um velho maníaco
a partida
em nome das marés

um

naufrágio assim
livre dos antigos cálculos
esquecido o manobrar com a idade

outrora ele empunhava o leme

a seus pés
num horizonte unânime
prepara
se agita e se envolve
no punho que o ligará
ao destino dos ventos

ser um outro

Espírito
para o Lançar
na tempestade
e redobrar a divisão e passar altivo

pelo braço do segredo que encerra

invadiu o comandante
correndo pela barba submersa

vindo do homem

sem nau
insignificante
onde será vão

ancestralmente abrir ou não a mão


crispada
além duma cabeça inútil

legada em desaparição

a alguém ambíguo

imemorial ulterior demónio

nos seus lugares do nada

induz
o ancião a essa conjunção suprema com a probabilidade

o tal
da sombra pueril
acariciada e polida aparada e lavada
amaciada pela onda e afastada
dos ossos duros perdidos em bocejos

nascido
dum descuido
jogando o mar por antepassado ou o antepassado contra
o mar
numa sorte ociosa

São núpcias

da qual a ilusão é uma vela solta obcecada


com o fantasma dum gesto

que oscila até cair

na loucura

NÃO ABOLIRÁ

TAL COMO
Uma insinuação

ao silêncio

em algo próximo

esvoaça

simples

envolta em ironia
ou
precipitado
uivado
mistério

dum turbilhão hilariante e horrível

em redor do abismo
sem nele se fixar
nem fugir

a embalar todo o indício virgem

TAL COMO

perdida solitária pena

Salvo
quando o encontro ou o aflorar do toque
da meia-noite a deixa
imóvel
no veludo amarrotado por um riso sombrio
essa brancura rígida

irrisória
que se opõe ao céu
demasiado
para que não deixe marcas
exíguas
em qualquer
amargo príncipe de escolhos

e que disso se enfeita como de irresistível


heroísmo que sabe contido
pela sua curta e viril razão
em cólera

inquieto
expiatório e púbere
calado

A lúcida e senhorial crista


na fonte invisível
cintila
e depois sombreia
uma estatura gentil e tenebrosa
na sua torção de sereia

através de impacientes escamas

Riso
que

Se

de vertigem

de pé

o tempo
de esbofetear
bifurcadas

numa rocha

falsa mansão

evaporada na bruma

que impôs
fronteiras ao infinito

ERA
de origem estelar
Ou SERIA
pior
nem mais
nem menos
indiferentemente
mas tanto

O NÚMERO
SE EXISTISSE
diverso da alucinação esparsa da agonia

COMECASSE OU FINDASSE
ensucedor e não negado e preso quando aparecesse
enfim
através duma profusão ampliada e rara
SE CONTASSE

Como evidência da soma pouca uma


SE ILUMINASSE

O ACASO
Cai
a pena
rítmica suspensa do sinistro
para se afundar
na espuma original
recente onde explode o delírio até ao cimo
desvanecido
pela neutralidade idêntica do abismo

NADA

da memorável crise
em que teve lugar
o acontecimento
havido em vista de qualquer
resultado nulo
humano

TERÁ TIDO LUGAR


uma simples ascensão na direcção
da ausência

SENÃO O LUGAR
inferior marulhar como
para dispersar um acto vazio
abruptamente
e
através da mentira
decidir
a sua perdição

nestas paragens
do vago
em que toda a realidade se dissolve
EXCEPTO
a altitude
TALVEZ
tão longe como
o lugar

que com o além se funde


longe do interesse
que em geral se lhe assinala
segundo esta obliquidade ou aquela
delectividade
de fogos

para esse lugar que deve ser


o Setentrião também chamado Norte

UMA CONSTELAÇÃO

arrefece no olvido e no desuso


mesmo que ela enumere
em qualquer vaga e superior superfície
o choque sideral e sucessivo
do cálculo total em formação

velando
duvidando
brilhando e meditando

antes de se deter
em qualquer ponto derradeiro que o sagra

Todo o Pensamento produz um Lance de Dados

_______________________

*POEMA PUBLICADO NA VERSÃO PORTUGUESA EM «A TARDE DUM FAUNO» E «UM LANCE DE DADOS» PELA EDITORA RELÓGIO D'ÁGUA

RE-READING INTENDS TO BE A GLOBAL READING OF PUBLISHED ESSAYS AND ARTICLES UNDER THE SUBJECT IN DISCUSSION.

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